Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

O Globo segunda, 09 de dezembro de 2019

RECEITA DE TORTELLINI DE BANA COM ESPUMA DE ASPARGOS

Segunda sem carne: chef da Le Cordon Bleu ensina tortellini de banana com espuma de aspargos

Renomada escola de gastronomia inaugura no Rio seu segundo restaurante fora da França, o Signatures, aberto a partir desta quarta-feira (11)
 
 
Le Corodn Bleu: tortellini de banana da terra, espuma de aspargos Chips de banana da terra e creme de cogumelos Foto: Divulgação
Le Corodn Bleu: tortellini de banana da terra, espuma de aspargos Chips de banana da terra e creme de cogumelos
Foto: Divulgação
 
 

Em operação no Rio desde 2018, a escola brasileira da Cordon Bleu abre seu restaurante nesta quarta-feira, o Signatures . Uma das opções do cardápio será a tortellini de banana da terra com espuma de aspargos (ainda sem preço), que o head chef da instituição, João Paulo Frankenfeld, ensina a preparar. O prato virá acompanhado de chips de banana da terra e creme de cogumelos.

 

— Uma combinação de sabores brasileiros, técnica italiana, pela massa, e ingrediente que são queridinhos dos franceses, cogumelos e aspargos — diz Frankenfeld, que dividirá o comando da cozinha com o francês Philippe Brye (confeitaria).

Bares e restaurantes do Rio: Veja o Guia Rio Show de Gastronomia

Le Corodn Bleu: Chef João Paulo Frankenfeld Foto: Divulgação/Lipe Borges
Le Corodn Bleu: Chef João Paulo Frankenfeld Foto: Divulgação/Lipe Borges

 

Este é o segundo restaurante da escola fora da França — o primeiro fica em Ottaw, Canadá.  O salão terá 60 lugares, e o serviço será à la carte, executivo ou menu degustação (ainda sem preços definidos). A Le Cordon Bleu abriu em Paris no ano de 1895.

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Receita de tortellini de banana da terra com espuma de aspargos

Massa

  • 100g de farinha de trigo
  • 1 ovo

Realizar uma massa tradicional adicionando os ingredientes em um bowl até chegar no ponto de elasticidade. Descansar por 1 hora.

Recheio

  • 4 bananas da terra
  • Creme de leite para dar o ponto (+-100ml)
  • Noz moscada

Refogar as bananas com manteiga creme de leite e noz moscada até virar uma massa

Molho de cogumelos

  • Manteiga
  • 500ml de creme de leite fresco
  • Sal e pimenta
  • Cogumelos Paris 1 kg

Cortar bem fino os cogumelos e depois refogar bem forte em uma frigideira com óleo e um pouco de manteiga;

Colocar o creme de leite e deixar cozinhar por 5 minutos;

Mixar tudo até virar um creme.

Espuma de aspargos

  • 2 maços de aspargos cortados e branquiados
  • Leite para dar ponto (+ ou - 250 a 300 ml)
  • 1 colher de café de lecitina de soja
  • 2 molhos de sal
  • Sal e pimenta a gosto

Branquiar os aspargos e depois mixar com leite e o restaurante dos ingredientes.

Chips de banana da terra

  • 8 bananas da terra

Cortar as bananas bem finas e desidratar no forno a 100C por 2 horas

Tempo de preparo: 120 minutos.

Rende: quatro porções.

Le Cordon Bleu Signatures: Rua da Passagem 179, Botafogo – 3189-3450. Ter a sáb, do meio-dia à meia-noite. Dom, do meio-dia às 16h. A partir de quarta-feira (11).


O Globo domingo, 08 de dezembro de 2019

NLBU: RESTAURANTE JAPA DE ROBERT DE NIRO, GANHA TEMPORADA NO RIO

 

Nobu: restaurante japa de Robert De Niro ganha temporada em Angra dos Reis

 
 
 
Robert De Niro e o chef Nobu Matsuhisa

 O Nobu, restaurante japa que tem como sócio o ator Robert De Niro, desembarca, pela primeira vez, no estado do Rio de Janeiro.

A casa, com filial em São Paulo desde o ano passado, estreia dentro do Iate Clube de Santos, em Angra dos Reis. Mas é só por curta temporada, do dia 26 de dezembro até o carnaval.
No pop up, a cozinha oriental sofisticada vai funcionar durante almoço e jantar, com menu assinado pela chef Letícia Shiotsuka, que cria sushis e sashimis utilizando também ingredientes peruanos.
 
 
 
Nobu abre em Angra durante o verão, dentro do Iate Clube de Santos
 
 
Haverá serviço personalizado no esquema to go para os barcos. Mas é preciso reservar com um dia de antecedência (reservas@noburestaurants.com.br).
Em cartaz com o épico "O irlandês", produzido e dirigido por Martin Scorsese para a Netflix (apontado por críticos como o melhor filme do ano), Robert De Niro é também um restaurateur de mão cheia, digno de Oscar. Desde 1984 (ano de "Era uma vez na América" e "Amor à primeira vista"), ele é sócio do Nobu, que nasceu em Nova York, junto com o chef Nobu Matsuhisa, o produtor de filmes Meier Tepper e o empresário Drew Nieporentno. De Niro ainda não confirmou sem vem ao Brasil para a abertura em Angra.
O Nobu é considerado pelo The New Yor Times um dos dez melhores restaurantes do mundo. Nada mal para dar um "chega pra lá" no baixo astral que paira no ar...
 
 
 
 
Cozinha Nobu em São Paulo

O Globo sábado, 07 de dezembro de 2019

JÁ É CARNAVAL: CONFIRA A AGENDA DE ENSAIO DE BLOCOS NO RIO

 

Já é carnaval! Confira agenda com ensaios de blocos no Rio

A região portuária é o point da pré-folia; destaque para o encontro da turma do Tome Conta de Mim! com a do Que Pena Amor no NAU Cidades
 
 
Minha Luz é de LED Foto: Divulgação/Ana Wander Bastos
Minha Luz é de LED Foto: Divulgação/Ana Wander Bastos
 
 

O carnaval parece já ter começado no Rio, com os blocos de rua agitando seus ensaios. Confira lista de atrações em ritmo de folia de 6 a 12 de dezembro.

 

Carnaval

Amigos da Onça

A temporada de ensaios do bloco começa com participação de Charanga Talismã, bateria da Mangueira e DJs Tales Mulatu e So Lyma.

 
 

HUB: Rua Professor Pereira Reis 50, Santo Cristo — 97173-1502. Ter, às 21h. R$ 20. Livre.

Feijoada da Família Portelense

Roberta Sá será a convidada especial da Velha Guarda da Portela na tradicional feijoada, animada também por Tempero Carioca.

Quadra da Portela: Rua Clara Nunes 81, Madureira — 3217-0983. Sáb, a partir das 13h. R$ 15 (entrada) e R$ 25 (feijoada). Livre.

Fica Comigo

O bloco celebra 8 anos com três pistas: Buteco do Amor, House of Lovvve (DJs de house) e show principal com participação do duo PK Delas (com mais de 16 milhões de visualizações no YouTube).

Fábrika: Estrada das Furnas 1.805, Itanhangá — 2143-1624. Sáb, das 19h às 6h. R$ 110. Não recomendado para menores de 18 anos.

Minha Luz é de LED

Ensaio do bloco.

HUB: Rua Professor Pereira Reis 50, Santo Cristo — 97173-1502. Sex, às 22h. R$ 20. 18 anos.

Mulheres de Chico

O bloco que só toca músicas de Chico Buarque inicia os ensaios com o tema “A gente vai levando”, inspirado na canção de 1975, composta com Caetano Veloso.

Teatro Rival Petrobras: Rua Álvaro Alvim 33/37, Centro — 2240-9796. Qui, às 20h. R$ 70. Livre.

NAU Cidades

Inaugurado há 15 dias, o espaço tem ensaios de blocos de carnaval nos fins de semana. Nesta sexta (6) tem Vem Cá, Minha Flor, com participação do Amigos da Onça e os DJs Mito, So Lyma e Júlio Rodrigues. Sábado (7) é a vez dos blocos Tome Conta de Mim! e Que Pena Amor, além dos DJs Lindote, Douglas (SP) e das festas Bagaceira e Cadê Tereza?.

 

NAU Cidades: Rua Professor Pereira Reis 36, Santo Cristo — 98238-9090. Sex, às 22h. Sáb, às 23h. R$ 20. 18 anos.


O Globo sexta, 06 de dezembro de 2019

RIO STAR: MAIOR RODA-GIGANTE VIRTUAL DA AMÉRICA LATINA

 

Faça um tour virtual na maior roda-gigante da América Latina, que começa a girar hoje no Rio

Rio Star, na Zona Portuária, tem expectativa de receber 1 milhão de visitantes no primeiro ano de funcionamento; saiba tudo sobre a nova atração da cidade
 
 
Roda-gigante Rio Star começa a receber o público nesta sexta-feira Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
Roda-gigante Rio Star começa a receber o público nesta sexta-feira Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
 
 

RIO — A Rio Star, nova roda-gigante da Zona Portuária, começa oficialmente a girar às 10h desta sexta-feira e a expectativa é que 1 milhão de pessoas visitem a atração em seu primeiro ano de operações, de acordo com os cálculos do responsável pela atração. O GLOBO preparou um tour virtual, onde é possível conferir todos os detalhes da nova atração da cidade.


O Globo quinta, 05 de dezembro de 2019

SABRINA SATO: DETALHES DA FESTA DE 1 ANO DE ZOE

 

Sabrina Sato revela detalhes da festa de 1 ano de Zoe

Aniversário terá opção de comida vegana e Patati Patatá
 
 
 
Duda Nagle, Zoe e Sabrina Sato Foto: Reprodução/ Instagram
Duda Nagle, Zoe e Sabrina Sato Foto: Reprodução/ Instagram
 
 

Sabrina Sato pensou em desistir da festa de aniversário de Zoe , que completou 1 ano no dia 29 de novembro, "umas cinco vezes". Mas seguiu firme e celebrará a data neste sábado ao lado do marido, o ator Duda Nagle . "Dá muito trabalho organizar um evento desse", contou a apresentadora, de 38 anos.

 

LEIA MAIS : Mãe de Sabrina Sato faz sucesso na web com montagem com look icônico de Jennifer Lopez

Sabrina Sato diz por que sua vida sexual é sempre assunto: 'Falo a verdade'

A Paulista entregou detalhes do grande dia: a dupla de palhações Patati Patatá será atração ao lado Mundo Bita, e o cardápio terá opções veganas. "No lugar de presentes para Zoe, pedi brinquedos para doar para as crianças do Instituto Sabrina Sato", avisou.

Zoe e Sabrina Sato: fashionistas Foto: Reprodução/ Instagram
Zoe e Sabrina Sato: fashionistas Foto: Reprodução/ Instagram

 

Em entrevista à ELA, Sabrina revelou que a herdeira tem espírito festeiro. "Já percebemos pela carinha dela quando estamos saindo. Fica de olho em tudo, adora uma bagunça, brincar, dar risada. Ela tem a quem puxar né, gente?" (risos) . Em Barcelona, parece que ela já sabia que estávamos de férias. Agora, só quer saber de rua."

Segundo a apresentadora, Zoe tem "bastante personalidade". A criança é decidida e faz só o que quer. "Coloco a menina de bruço para fazer uns exercícios e ela vira."


O Globo quarta, 04 de dezembro de 2019

FESTIVAL DO RIO 2019

 

Festival do Rio 2019: após ameaçar cancelamento, evento começa nesta segunda

Organizadores já pensam em estratégias para sobreviver em 2020
 
Adoráveis mulheres. Emma Watson, Saoirse Ronan, Eliza Scanlen e Florence Pugh Foto: Wilson Webb / Divulgação
Adoráveis mulheres. Emma Watson, Saoirse Ronan, Eliza Scanlen e Florence Pugh Foto: Wilson Webb / Divulgação
 
 

RIO - Se fosse um roteiro de filme, a luta para colocar o Festival do Rio 2019 de pé teria seu clímax três meses atrás. Foi ali, em setembro, que os organizadores de um dos mais revelantes eventos cinematográficos do país divulgaram um comunicado oficial para anunciar o risco real de cancelamento por falta de recursos. Mas o final do episódio da “franquia” foi feliz, e sua 21ª edição começa na próxima segunda-feira (9) em diversas salas da cidade.

— Não era marketing: o festival não ia acontecer. A partir dali surgiu um movimento de pessoas fazendo o bem para a cidade — diz Ilda Santiago, diretora do festival. — Foram quase 2 mil pessoas ajudando com quantias diversas.

Apesar do tom de gratidão, a situação é delicada. Os R$ 627 mil arrecadados em financiamento coletivo são apenas 14% dos R$ 4,5 milhões gastos para fazer o evento em 2018 — o orçamento deste ano Hilda não revela. A diretora reconhece que não era a favor da criação de uma vaquinha online, e chegou a dizer que o Festival do Rio “não se sustentaria” com os valores arrecadados entre fãs. Além disso, havia a preocupação de que o apelo a este tipo de estratégia afastasse de vez potenciais empresas patrocinadoras, fundamentais desde que o evento perdeu aportes da prefeitura (em 2017) e da Petrobras (este ano). Mas o efeito foi o contrário.

— O grande poder das redes é a mobilização. Há empresas sensíveis que perceberam o movimento das doações e ajudaram com quantias também. É interessante daqui para frente estreitar relações com elas e aprimorar estes patrocínios, que serão importantes para nossa reconstrução.

Renée Zellweger como Judy Garland em 'Judy' Foto: Divulgação
Renée Zellweger como Judy Garland em 'Judy' Foto: Divulgação

 O efeito da instabilidade é visível, é claro, na programação desta edição. Ilda teve que repensar a logística em várias frentes, incluindo a data do festival, que tradicionalmente ocorre entre setembro e outubro. Em 2018, a mostra já havia sido empurrada para novembro, também por problemas financeiros.

 

— Nos últimos dois anos, reduzimos os convidados estrangeiros. Em 2019, infelizmente, estamos trazendo menos filmes de fora — diz a diretora, que também tenta ver o copo meio cheio. — Já o adiamento para dezembro tem fatores positivos. Nossa ideia é que essa edição seja uma grande abertura do verão no Rio. Já vai ter muita gente de férias curtindo a cidade.

Na sessão de abertura, dia 9, será exibido “Adoráveis mulheres”, da americana Greta Gerwig (“Lady Bird: A hora de voar”), primeiro da fila de 100 filmes estrangeiros programados — metade da quantidade exibida no ano passado.

'Jojo rabbit' Foto: Divulgação
'Jojo rabbit' Foto: Divulgação

 A pouco mais de dois meses do Oscar, a proximidade de datas esquenta o interesse por títulos que estão na mira da premiação de Hollywood, cujos indicados saem em 13 de janeiro. “O escândalo”, de Jay Roach; “Jojo Rabbit”, de Taika Waititi; “Uma vida oculta”, de Terrence Malick; e “Judy”, de Rupert Goold, são alguns dos títulos que passarão pela mostra carioca.

Já a Première Brasil, com 83 obras entre curtas e longas de ficção e documentários, foi afetada de forma direta pelo adiamento, pois obras que poderiam estrear no festival já passaram por outras mostras.

'Acqua movie', de Lírio Ferreira, estará na Première Brasil Foto: Fred Jordão / Divulgação
'Acqua movie', de Lírio Ferreira, estará na Première Brasil Foto: Fred Jordão / Divulgação

 

Um exemplo é “Acqua movie”, de Lírio Ferreira, estrelado por Alessandra Negrini, que esteve na 43ª Mostra de São Paulo. Outro é “A febre”, de Maya Da-Rin, vencedor do Festival de Brasília, no sábado passado, após ter ganhado prêmios internacionais. Há poucas exceções, como “Pureza”, longa de Renato Barbieri protagonizado por Dira Paes, e “Quando a morte socorre a vida (M8)”, de Jeferson De.

 

— Muitos realizadores questionaram se não seria um problema suas obras terem uma trajetória prévia em outros festivais. Isso não atrapalha. Queremos que os filmes brasileiros sejam cada vez mais vistos — defende Ilda.

Mas, apesar do alívio ao ver o festival que comanda há duas décadas sobreviver, o foco da diretora é recuperar os patrocinadores de peso para 2020. E, se começamos este texto com comparações cinematográficas, Ilda olha para frente fazendo um paralelo com o evento mais tradicional da cidade:

— Aqui funcionamos como uma escola de samba no carnaval: quando ela está entrando na Sapucaí, já tem a cabeça no desfile do ano seguinte.


O Globo terça, 03 de dezembro de 2019

A CASA DO PORCO: UM DOS 5 MAIS ORIGINAIS DO MUNDO

 

A Casa do Porco: um dos cinco mais originais do mundo, segundo lista francesa

 

Os chefgs Jefferson e Janaína Rueda, com Marc Veyrat (La Maison des Bois)

 Restaurante do chef Jefferson Rueda que este ano foi eleito o 39º melhor do mundo no The World’s 50 Best Restaurants – e 6º na edição latino-americana do ranking – fecha 2019 contabilizando mais um prêmio internacional.

A casa foi consagrada entre os cinco endereços mais originais do planeta de acordo com La Liste, organização francesa que anuncia todos os anos uma lista dos melhores restaurantes do mundo. O anúncio foi feito nesta segunda (2), durante cerimônia realizada em Paris. O ranking geral ainda está para sair.

Com base na compilação de mais de 600 guias e publicações especializadas, além de avaliações online, eles estabelecem pontuações que geram um ranking global de 1000 restaurantes escolhidos a dedo por críticos gastronômicos nos diversos cantos do mundo.

De Paris, a chef Janaína Rueda segue para Lyon, onde vai preparar sua famosa feijoada num evento na quarta (4), a partir das 19h, no restaurante Sampa. A noite promete levar o tempero brasileiro, samba e caipirinha para a terra do super chef Paul Bocuse.


O Globo segunda, 02 de dezembro de 2019

CREPE DE AGRIÃO COM GORGONZOLA

 

Segunda sem carne: Claude Troisgros ensina seu crepe de agrião com gorgonzola

Prato é destaque no novo menu do Chez Claude, que faz dois anos: 'criei a receita para meu primeiro restaurante no Rio nos anos 1980', conta o chef Bruno Calixto
Chez Claude faz dois anos - Uma das novidades do menu comemorativo é a crepaze de mousse de agrião com gorgonzola Foto: Fabio Rossi / Agência O Globo
Chez Claude faz dois anos - Uma das novidades do menu comemorativo é a crepaze de mousse de agrião com gorgonzola
Foto: Fabio Rossi / Agência O Globo
 
 

Desde a sua chegada ao Rio há 40 anos até hoje, Claude Troisgros — que só veio para ficar dois anos — virou chef famoso e estrela de TV, abriu seis resturantes com seu nome, ganhou quatro netos e 462 mil seguidores no Instagram e se tornou, segundo admitiu à crítica Luciana Fróes, "um brasileiro de verdade". Este mês, uma de suas casas mais novas, a Chez Claude, faz dois anos, com direito a menu comemorativo com novas a antigas criações. Uma delas é o "crepaze": crepe de mousse de agrião com gorgonzola (R$ 46), que ele ensina a receita abaixo.

 

— Criei esta receita quando abri meu primeiro restaurante no Rio (Roanne), na Rua Conde Bernadotte, exatamente onde está o Chez Claude. Por acaso eu estava passando pela rua quando vi a plaquinha de "aluga-se". E agora, o crepe está de volta neste novo menu, que propõe uma retrospectiva — diz Claude — O  picante do agrião combina com o sabor peculiar do gorgonzola.

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Mais informal, o restaurante fica no Lelbon e não tem sommelier. É onde o chef "marravilha" cozinha na frente dos clientes, que chegam a 120 por noite. Só abre no jantar.

Veja o Guia Rio Show de Gastronomia

Crepe de agrião com gorgonzola do Chez Claude

Ingredientes massa de panqueca

  • 100g de farinha de trigo
  • 2 ovos
  • ¼ de litro de leite
  • 50g de manteiga noisette (manteiga derretida levemente queimada)
  • Sal

Bater ovos, leite, sal e farinha no liquidificador.

Acrescentar a manteiga noisette (cor marron clara)

Peneirar

Repousar 30 minutos na geladeira antes de usar

Fazer as crepes bem finas numa frigideira teflon

Ingredientes mousse de agrião

  • 1 molho de agrião
  • 5 ovos
  • ¼ de litro de leite
  • Sal e pimento do reino

Lavar bem o agrião e bater no liquidificador com ovos, leite, sal e pimenta

Peneirar e repousar 20 minutos

Retirar a espuma e encher as formas untadas com manteiga

Cozinhar no banho-Maria, forno 120 graus por 40 minutos

Colocar na geladeira uma noite

Envolver a mousse com uma panqueca e colocar num tabuleiro anti aderente coberto de azeite

 
Assar 10 minutos no forno a 180 graus ate corar

Ingredientes molho

  • 100ml de creme de leite fresco
  • 200g de queijo gorgonzola
  • Sal, pimenta moída na hora a gosto

Ferver o creme de leite e aos poucos colocar os pedacinhos de gorgonzola

Deixar derreter o queijo e temperar.

Toque final

Folhas de agrião temperado com azeite

Colocar uma concha de molho no centro do prato

Colocar a mousse de agrião no meio do prato

Decorar com agrião em cima

Porção: 4 pessoas

Tempo de preparo: 1h30 (fica geladeira de 1 dia pro outro)


O Globo domingo, 01 de dezembro de 2019

A FESTA DO ESPUMANTE NACIONAL

 

Letras garrafais: a festa do espumante nacional

A cabernet franc é a mãe de todas as uvas da grande família
 
 
06.12.2002 - Leonardo Aversa- JF - Clube do Espumante - FOTODIGITAL Foto: Leonardo Aversa : Leo Aversa
06.12.2002 - Leonardo Aversa- JF - Clube do Espumante - FOTODIGITAL Foto: Leonardo Aversa : Leo Aversa
 
 

Natal, Ano Novo, festas de fim de ano. A pergunta é: com que espumante eu vou? Com o brasileiro, é claro. Afinal, o mais famoso dos nossos estilos de vinho está cheio de novidades, de prêmios a sucessos de vendas lá fora, de orgulhar a qualquer patriota festeiro, para celebrar nos taças e no bolso.

Espumante nacional Foto: Pedro Mello e Souza
Espumante nacional Foto: Pedro Mello e Souza

Mas aí volta a pergunta: com que espumante brasileiro eu vou? Há vários, realmente, dos mais doces, do tipo moscatel, aos proseccos e dos bruts tradicionais aos natures descolados.

Já falamos aqui dos natures (pronuncia-se como em francês, com biquinho). É o estilo mais premiado, mais seco, menos alcoólico, mais natural e mais diet que temos — quase nenhum açúcar envolvido. Na lista dos melhores espumantes nacionais, metade são nature.

Consulte aqui:   Guia Rio Show de Gastronomia

Clima rosé Foto: Pedro Mello e Souza
Clima rosé Foto: Pedro Mello e Souza

Brut e extra-brut são estilos menos extremos de espumantes, bem no jeitão dos grandes champanhes e tidos como os mais elegantes e versáteis, da praia à mesa da vovó. Há os brancos e os chiquérrimos rosés, ambos com estrutura para acompanhar uma refeição inteira.

Dos estilos italianos de espumantes, temos dois ícones do nosso paladar, mais amigos do nosso cartão de crédito: moscatel e prosecco. Nada de torcer o nariz para os moscatéis, que estão cada vez mais macios e sem tanta carga no açúcar. São sucesso de vendas lá fora, especialmente na China, onde a cozinha acridoce quase grita por um moscatel. No caso do prosecco, são mais criativos, com vinhos de bom padrão, ótima leveza, altos aromas e baixos preços.

 

• Aurora Prosecco Brut, Serra Gaúcha, R$ 37, no Pão de Açúcar

• Rio Sol Gran Prestige Rosé, Vale do São Francisco, R$ 49, nas Americanas

• Casa Perini Moscatel, Farroupilha, R$ 60, na Divvino

• Clima Prosecco, R$ 60, Caxias do Sul, na Bardot, no Grajaú

• Adolfo Lona Brut Rosé, Serra Gaúcha, R$ 63, na Bebidas do Sul

• Dal Pizzol Charmat Brut, Serra Gaúcha, R$ 75, no Zona Sul

• Salton Évidence Brut, Serra Gaúcha, R$ 85,90, na Wine.com

• Lírica Crua Família Hermann, R$ 86,30, na Enoteca Decanter

• Dádivas Brut, Lídio Carraro, R$ 98, na Almendola, em Copacabana

• Cave Geisse Nature, Pinto Bandeira, R$ 119, na Cave Nacional, Botafogo

• Maria Maria Nature, Serra da Mantiqueira, R$ 120, na Venda, Leblon

• Chandon Cuvée Prestige, Serra Gaúcha, R$ 169, no Extra


O Globo sábado, 30 de novembro de 2019

BAR LUIZ TEM NOVA GESTÃO

 

Bar Luiz tem nova gestão já nesse fim de semana

POR LUCIANA FRÓES

 

Bar Luiz

 As dívidas são salgadíssimas, mas pagáveis, especialmente a partir de agora, quando o centenário Bar Luiz passa a ser tocado por um novo time. Um grupo de profissionais da área se juntou para ajudar Rosana Santos, viúva do neto do fundador, que continua à frente, mas com o reforço de dois veteranos e bons gestores: já estão a postos na Rua da Carioca, Waldec Rocha, que por décadas foi o braço direito do José Hugo Celidônio, e Rô Gouvea, chef, professora e consultora de gastronomia com larga experiência no setor.

A história da crise do Bar Luiz é indigesta, envolve, além da penúria em que se encontra a Rua da Carioca, fraudes e desvios no caixa. Mas isso eu conto depois que o time de advogados que está cuidando do imbróglio desatar os muitos nós. Coisa de polícia.


O Globo sexta, 29 de novembro de 2019

O BOLO DA CARNE DA VINGANÇA

 

O bolo de carne da vingança

POR MARIANA WEBER

 

Bolo de carne

 A vingança é um prato que se faz com dois quilos de carne e temperos industrializados. Leva duas horas para ser assada. Mas só fica pronta mesmo quando é lançada aos quatro ventos na internet. Pelo menos no caso da vingança de um usuário do Tumblr que publicou uma receita secreta da mãe como desforra por ela ter sido homofóbica quando ele se declarou gay.

 
 

Mais saborosa do que a receita em si, a história viralizou. Chegou para mim enviada por uma amiga que sabe do meu interesse por receitas de família e as memórias que elas trazem. E está aí uma memória marcante. Comida afetiva de verdade.

O usuário — ou usuária, não dá para definir pelo post — conta que desde pequeno seu prato favorito era o bolo de carne da mãe. Tinha uns 19 anos quando ela resolveu passar a receita, não sem avisar que ele não deveria contar para ninguém. 

Um clássico de muitas famílias: a receita top secret, que só os iniciados podem conhecer, por direito de nascimento ou, mais raramente, por ter passado por uma árdua prova de merecimento (décadas de casamento, por exemplo).

No caso do bolo de carne da vingança, o segredo, revelado, se mostrou besta como tanta coisa que só tem graça quando está envolvida em uma penumbra de mistério. De extraordinária, só a quantidade de carne pedida na lista de ingredientes: 1,8 a 2,7 quilos.

Estaria a anotação da receita errada? Seria outro clássico familiar. Assim como o uso de temperos prontos, conforme mostram cadernos de receitas de mães e avós cheios de recortes de embalagens de produtos industrializados. 

Se a história do bolo de carne abriu seu apetite, seguem abaixo o post original e a receita traduzida do inglês. Talvez você tenha dificuldade de encontrar os temperos (baratinhos em dólar, segundo o autor do post), mas pode tentar substituir. 

Caso sobre comida (alguma dúvida quanto a isso?), “os restos dão ótimos tacos” —  é só adicionar um pouco mais de tempero pronto.

De qualquer forma, não estranhe o sabor amargo da vingança.

(Para mais histórias e receitas, siga @ocadernodereceitas no Instagram)

 

Post do bolo de carne da vingança

 

 

Ingredientes

1,8 a 2,7 quilos de carne

1 pacote de pó de sopa de cebola ou de molho ranch para salada

1 colher (sopa) de ketchup

1 colher (sopa) de mostarda escura picante

1 colher (sopa) de molho barbecue

1 colher (sopa) de molho para carne (steak sauce)

1 ovo

Preparo

Misture, molde como um pão em uma forma, asse a 180ºC por duas horas (talvez duas horas e meia se você estiver se sentindo perigoso).


O Globo quinta, 28 de novembro de 2019

MIL-FOLHAS EM NOVA MODINHA

 

Mil-folhas em nova modinha: chefs dão cara nova aos folheados com camadas crocantes, cremosas e locais

Com queijos, jambu, bacalhau e muito mais
Mil-folhas da Chef Monique Giabatti, feito com queijo de cabra com tomate confit e salada de rúcula Foto: Rodrigo Galvão
Mil-folhas da Chef Monique Giabatti, feito com queijo de cabra com tomate confit e salada de rúcula Foto: Rodrigo Galvão
 
 
 
 

É preciso ser cuidadoso na hora de montar um mil-folhas. Camadas fininhas, normalmente de uma massa crocante e outra de um creme doce, uma sobre a outra, formam o prato que nasceu na Rússia e ficou famoso na França. Sempre dando cara nova às tradições, chefs andam desconstruindo a receita e juntando sabores diferentes em forma de folheados brasileiríssimos e salgados.

Mil-folhas de cará com jambu e velouté de castanha-do-pará do restaurante Bagatelle Foto: Leo Martins / Agência O Globo
Mil-folhas de cará com jambu e velouté de castanha-do-pará do restaurante Bagatelle
Foto: Leo Martins / Agência O Globo

O chef Ignácio Peixoto preparou uma versão intercalando creme de cará e jambu com velouté de castanha. “É uma técnica bem francesa com um sabor super brasileiro”, ressalta o chef do Bagetelle Rio. “Na cozinha, o meu desafio é adaptar receitas universais usando ingredientes daqui. Nessa opção, temos elementos que representam as duas culinárias: o velouté e a manteiga noisette da França, com a castanha, o cará e o jambu do Brasil.”

Um outro folheado adaptado é a batata brava do Venga! do Leblon, que ganhou o sobrenome La Barra e um menu novinho, que muda com frequência, criado pelo chef mineiro mas que viveu na Espanha por anos e anos Guilherme Furtado, ex-braço direito de Albert Adrià. Agora, a casa serve o aipim bravo, que vem laminado e em cubos para ser acompanhado com molho picante. “A ideia foi fazer uma versão bem brasileira de um dos petiscos mais clássico da Espanha”, conta o chef. Foi um acerto: a aposta que poderia ser vista com alguma estranheza virou um dos mais pedidos da casa. E quem quiser a versão tradicional, basta ir à filial de Ipanema.

No Oro, o quadradinho com couve tostada e polvo ainda leva caldo verde de sabor defumado e pimenta biquinho Foto: Tomás Rangel
No Oro, o quadradinho com couve tostada e polvo ainda leva caldo verde de sabor defumado
e pimenta biquinho Foto: Tomás Rangel

No novo menu do Oro, Felipe Bronze fez um quadradinho com couve tostada e polvo. O mil-folhas do chef ainda leva caldo verde de sabor defumado e pimenta biquinho na forma de um vinagrete para dar a acidez.

 

Monique Gabiatti, do Cozinha, no Be+Co, em Botafogo, serve dois tipo s de mil-folhas. Um com queijo de cabra, tomate confit e salada de rúcula e um brandade de bacalhau que vem em forma de fatias. Ela conta que o primeiro nasceu a partir de uma bruschetta que levava os mesmos ingredientes e fazia muito sucesso em eventos. “Como o meu doce favorito é esse, pensei em juntar as duas coisas e criar opções salgadas. Depois, resolvi fazer o de bacalhau. Eu queria algo mais delicado e mais Brasil também. Então, substituí a massa folhada por raízes, uso mandioca ou batata-baroa”, comenta Monique.

Há também algumas versões mais tradicionais e sempre irresistíveis, como a servida por Didier Labbé em seu restaurante no Jardim Botânico. A massa, que ele faz seguindo a tradição francesa, bem levinha, em várias camadas finíssimas, chega recheada com queijo gorgonzola, lascas de pera fresca e brotos de rúcula.

O chef Rafa Gomes, que depois do sucesso em Paris inaugurou o Itacoa Rio, no VillageMall, trouxe da capital francesa o preparo que leva mandioquinha crocante com pupunha, camarão rosa e vinagrete de tucupi preto. Já era sucesso por lá e promete ser aqui também. “Na França, é um clássico e, por isso, precisa ter um preparo perfeito. Quis colocar ingredientes que surpreendessem os franceses. Consegui: eles curtiram à beça”, diz Rafa. O tucupi preto é um concentrado do caldo reduzido cerca de 50 vezes, que lembra muito o café ou o alho negro. “A pupunha, que também é brasileira, tem uma acidez legal, combinou com o caldo. Essa mistura de sabores brasileiros com uma técnica tão francesa é o que gosto de fazer”, conta o chef, que nasceu em Nova Iguaçu, cresceu em Niterói, fez carreira em Paris, ganhou o “MasterChef” 2018 e agora chega ao shopping da Barra.

 
Mil-folhas desconstruído de framboesa do Chez Claude Foto: Tomás Rangel
Mil-folhas desconstruído de framboesa do Chez Claude Foto: Tomás Rangel

Há ainda as opções docinhas, mas que desconstroem a apresentação clássica. Claude Troisgros poderia servir uma versão bem tradicional da sobremesa no seu Chez Claude, no Leblon. Mas preferiu incluir no menu uma versão feita com uma base de geleia aos pedaços de framboesa com camadas de creme e folhas crocantes de massa quebradinha salpicadas.

O chef Márcio Dantas, que está comandando o Zazá Bistrô, criou um doce em forma de lâminas. As de frutas (são lascas de manga , melão pele-de-sapo, melão-gália, melão-cantaloupe, melancia e abacaxi) vêm acompanhadas por chantilly de capim-santo. “É uma sobremesa bem leve, boa para o verão. Ela veio de uma evolução da salada de frutas com calda de capim-limão”, diz Zazá Piereck, restauratrice que está sempre ao lado dos chefs da casa inventando novidades.


O Globo quarta, 27 de novembro de 2019

PÃO CASEIRO - RECEITA

 

Aprenda como preparar pão caseiro de fermentação natural

Passo a passo da receita é do chef José Hernani, confeiteiro da rede de hotéis Windso
 
 
Receita de pão caseiro de fermentação natural rende 2 unidades Foto: Marcos Ramos / Agência O Globo
Receita de pão caseiro de fermentação natural rende 2 unidades Foto: Marcos Ramos / Agência O Globo
 
 

RIO - Embora tenha um carinho especial pela confeitaria, o chef José Hernani, da rede de hotéis Windsor , resolveu, há três anos, abrir o horizonte de delícias e viajou até a Itália para um curso de panificação e pizzaria. Os segredos necessários para preparar a receita de pão caseiro de fermentação natural, detalhada a seguir,  é um dos ensinamentos adquiridos pelo profissional durante as aulas.  

 
 
 

Pão caseiro de fermentação natural (2 unidades)

Ingredientes:

500g de farinha de trigo forte; 350ml de água gelada; 125g de fermento natural; 10g de sal; 5g de germe de trigo (opcional).

Modo de preparo:

1. Misture a farinha e a água bem gelada até formar uma massa homogênea e sem grumos.

2. Coloque a massa num recipiente e cubra-o com um pano ou plástico. Leve à geladeira por uma hora.

3. Retire a massa da geladeira e observe se já está praticamente em ponto de véu (quando é aberta sem rasgar).

4. Acrescente o fermento natural e o germe de trigo, trabalhando a massa em forma de dobras com o fermento natural já incorporado a ela.

5. Acrescente o sal e faça o mesmo processo, sovando bem a massa, com cuidado para não rasgá-la. Deixe-a descansar por 30 minutos.

6. Faça o processo de dobras novamente, repetindo-o duas vezes com intervalo de 30 minutos.

7. Divida a massa, modele-a e coloque-a em um banneton (cesto de fermentação) enfarinhado. Deixe fermentar de três a seis horas, dependendo da temperatura ambiente. Ou, se preferir, leve à geladeira entre 12 e 24 horas, também de acordo com a temperatura ambiente. Com a fermentação completa, a massa vai dobrar de tamanho.

8. Com o forno já quente, a uma temperatura de 250°C, asse o pão entre 30 e 40 minutos.


O Globo terça, 26 de novembro de 2019

O QUE COMER NA COZINHA ITALIANA NO MUNDO

 

O que comer na Semana da Cozinha Italiana no Mundo

Terrazzo Belvedere, no Centro, tem cardápio especial durante o evento
 
 
Misturando comida de chefs renomados e apresentações culturais, o evento ganha sua 4ª edição no Rio, reunindo exposição, masterclasses, música, arte, happy hour com DJ e uma homenagem a Leonardo da Vinci Foto: Divulgação
Misturando comida de chefs renomados e apresentações culturais, o evento ganha sua 4ª edição no Rio, reunindo exposição,
masterclasses, música, arte, happy hour com DJ e uma homenagem a Leonardo da Vinci Foto: Divulgação
 
 

Ainda menos conhecido que seus outros talentos, Leondardo Da Vinci também era um bom cozinheiro.  E no ano em que se comemora os 500 de sua morte, é ele quem inspira a Settimana della Cucina Italiana nel Mondo.

 

Entre os dias 19 e 30 de novembro, o Terrazzo Belvedere, onde funciona o Consulado Geral da Itália, no Centro, vai ser o centro de uma série de eventos, como masterclasses e, claro, encontros à mesa. Em destaque na programação, debates sobre a “Educação alimentar: a cultura do paladar”.

Veja o Guia Rio Show de Gastronomia

Durante essas duas semanas,  chefs Marco Béchaz, do Chalet Eden di la Thuile, na região Val d’Aosta,, Maurizio Barbara, da Terrazza Miravalle, na Toscana, e a sorveteira Giorgia Proia, da sorveteria Casa Manfredi, em Roma, estarão por aqui mostrando um pouco do que fazem por lá, na Itália.

 

 

Do Rio, participam os chefs Nello Cassese, do Cipriani, Luigi Moressa, do Gero, Nicola Fedeli, do Fasano al Mare e Nello Garaventa, do Grado.

Concorrida nos outros anos, a happy hour Happy hour all’italiana estará sob os cuidados do chef paulistano Meguru Baba, do Coltivi, restaurante que tem o italiano Piero Zolin como um dos sócios. Além do cardápio abaixo, o chef promete pizzas de diferentes sabores.

PROGRAMAÇÃO E RESERVAS

Semana da Cozinha Italiana no Mundo: Terraço Belvedere. Av. Presidente Antônio Carlos 40, 9º andar - 3534-1390.

 

 

Almoço:

  • Antipastos: salada quente de polvo e batata, tomate recheado com arroz, batatas e mexilhões (R$20), nhoque de berinjela com tomate cereja e manjericão (R$ 25), salada caprese (R$ 20), tábua de frios (R$ 25).
  • Pratos principais: espaguete com creme de burrata e berinjela (R$ 35), pene com tomate, fiordilatte, azeitona, alcaparra e pimenta (R$ 35), rigatoni à bolonhesa (R$ 30), linguine de abobrinha e camarão (R$ 40), lula recheada (R$45), rolinhos de espada com molho de manga (R$40), gnudi nhoque rústico de ricota e semolino (R$ 35), rosticciana de costeletas de porco e salsichas temperadas com diversas especiarias (R$ 45).
  • Sobremesas: torta esfarelada com Nutella (R$20), pêssego com amaretti (R$ 15), tiramisú (R$ 20), torta de limão (R$ 20), sorvete (R$ 15).

Happy hour:

  • Antipastos: salada pantesca com batatas cozidas, tomates, cebolas, temperadas com azeitonas sem caroço, alcaparras de Pantelleria, orégano e azeite de oliva (R$20), almôndegas com molho (R$25), fritura mista com molho de manga (R$ 30).
  • Principal: espaguete cacio pepe (R$ 30), risoto de açafrão (R$ 35), omelete de 5 cm de altura com ervas ou especiarias (R$30), mexilhões e amêndoas (R$45), rosticciana costeletas de porco e salsichas temperadas com diversas especiarias (R$45).
  • Sobremesa: tiramisú (R$20), minicheesecake (R$ 20), sorvete (R$ 15), torta de chocolate (R$ 20).

Instituto Italiano de Cultura (Terraço Belvedere): Av. Presidente Antônio Carlos 40, 9º andar, Centro — 3534-1390. Diariamente, a partir do meio-dia. Até 30 de novembro. Ingressos em http://italianorio.com.br/


O Globo segunda, 25 de novembro de 2019

BAR DO ELIAS ABE FILIAL EM IPANEMA

 

Bar do Elias abre filial em Ipanema

 
 
Bar do Elias em casarão na Aníbal de Mendonça

 

Sabe o Bar do Elias, conhecido pela sua famosa comida árabe há 26 anos no Rio? Vai ganhar filial em Ipanema em dezembro, numa casa tombada na Rua Aníbal de Mendonça. 
 
 
Além do tradicional bufê a quilo comando pelo chef sírio Ali Mohamed, o espaço também vai funcionar como um bar no fim ‪de tarde‬ com torneiras de chopes artesanais, drinques e bufê de antepastos. Entre as sobremesas, os doces tradicionais árabes feitos por outro sírio, o chef doceiro Somar Ibrahim. Hza saeidaan!

O Globo domingo, 24 de novembro de 2019

FESTIVAL GASTRONÔMICO DE BÚZIOS CELEBRA ENCONTRO DA FRANÇA DOM O BRASIL

 

Festival gastronômico em Búzios celebra o encontro da França com o Brasil

 A turma está chegando para mais uma edição do Les Pantagruels

A turma está chegando para mais uma edição do Les Pantagruels | Divulgação
 
 

O que França, Goiás e Pernambuco têm em comum? Nos dois próximos fins de semana a resposta é Búzios, o balneário bacana do Rio de Janeiro que, pela oitava vez, recebe o Les Pantagruels, festival gastronômico que recebe o francês Patrick Gauthier, o goiano Humberto Marra e os pernambucanos César Santos e Cláudio Manoel, entre muitos outros.

O ponto de encontro é o Hotel La Borie, de frente para a Praia de Geribá, mais especificamente no restaurante Chez Françoise, onde acontecem três jantares, sempre a partir das 19h30 (R$ 230).

 Hotel La Borie, de frente para a Praia de Geribá

Dias 22 e 23, o estrelado Patrick Gauthier, do La Madeleine, em Sens, na Borgonha, cozinha ao lado de Humberto Marra (do Coralina), da carioca Joana Gallo (do Donna Jô), da argentina Sônia Persiani (do Cigalón) e do buziano Paulo Cezar Cordeiro (do Chez Françoise).

Dia 30 é a vez dos pernambucanos entrarem em ação ao lado de Joana Gallo e do baiano Marcones Deus (do Mauá).

Antes de começar, quem faz as honras é o mestre-cervejeiro Pedro Ribeiro, apresentado rótulos artesanais. Os jantares (tá pensando o quê?) serão harmonizados com vinhos do Vale do São Francisco. Não é uma mistura e tanta?

Reservas: (22) 2620-8504 ou (22) 98173-9138.


O Globo sábado, 23 de novembro de 2019

MORRE O APRESENTADOR GUGU LIBERATO, AOS 60 ANOS

 

Morre o apresentador Gugu Liberato, aos 60 anos

Uma das maiores personalidades da TV brasileira, paulistano sofreu um acidente doméstico nos Estados Unidos
 
 
Gugu Liberato morreu na noite desta sexta-feira, aos 60 anos, em Orlando Foto: Divulgação
Gugu Liberato morreu na noite desta sexta-feira, aos 60 anos, em Orlando Foto: Divulgação
 
 

RIO — Antônio Augusto Moraes Liberato, popularmente conhecido como Gugu Liberato , morreu nesta sexta-feira (22), aos 60 anos. Na quarta-feira (20), o apresentador sofreu um acidente em sua casa a 30 km de Orlando , no estado americano da Flórida.

 

Gugu tentava trocar o filtro do ar-condicionado de sua casa quando caiu de uma altura de quatro metros e bateu a cabeça em uma quina. No momento do acidente, estava acompanhado apenas de sua mulher, Rose Di Matteo. Foi hospitalizado na Unidade de Terapia Intensiva do Orlando Health Medical Center, mas não resistiu. Ainda não há detalhes sobre o traslado do corpo para o Brasil. Os órgãos de Gugu Liberato serão doados, atendendo à sua vontade.

Patrícia Kogut: Gugu  era um  comunicador de mão cheia

Devido à gravidade de seu estado de saúde, não foi realizado um procedimento cirúrgico. Durante a internação, foi constatada a ausência de atividade cerebral, diz a nota de falecimento divulgada pela família e funcionários. A morte encefálica foi confirmada pelo médico Guilherme Lepski. "Nosso Gugu sempre viveu de maneira simples e alegre, cercado por seus familiares e extremamente dedicado aos filhos", diz o texto.

Começo cedo na televisão

Gugu nasceu na Lapa, na Zona Oeste de São Paulo, em 10 de abril de 1959. Filho caçula dos portugueses Augusto Claudino Liberato, um caminhoneiro, e Maria do Céu Moraes, uma lavadeira. Ele tinha dois irmãos, Amandio Liberato e a numeróloga Aparecida Liberato.

Começou na televisão ainda aos 14 anos como auxiliar de produção do Silvio Santos , à época na TV Globo. Depois, acompanharia o "Patrão" em programas comandados por Silvio na Record e na extinta Tupi. Ele foi chamado pelo empresário porque escrevia cartas lhe sugerindo programas.

 
Um dos apresentadores mais famosos da televisão brasileira, Gugu Liberato caiu de uma altura de quatro metros de altura enquanto trocava o filtro do ar condicionado de sua casa, em Orlando, nos Estados Unidos. Ele estava acompanhado da esposa e dos três filhos no momento do acidente
 
Um dos apresentadores mais famosos da televisão brasileira, Gugu Liberato caiu de uma altura de quatro metros de altura enquanto trocava o filtro do ar condicionado de sua casa, em Orlando, nos Estados Unidos. Ele estava acompanhado da esposa e dos três filhos no momento do acidente

 Considerado um dos apresentadores mais marcantes da História da TV brasileira, Gugu Liberato esteve à frente no SBT de sucessos que uniam com gincanas, famosos e atrações músicais. Seu primeiro sucesso na emissora (então chamada TVS) foi o "Viva a noite" (1982-1992). Seguiram-se  "Sabadão sertanejo" (1991-1996) e "Domingo legal" (1993-2009), entre outros.

Na RecordTV, comandou o programa "Gugu" (2015-2017), o reality show "Power couple Brasil" e, agora, estava à frente do talent show "Canta comigo".

 

Silvio Santos e Gugu Liberato em registro do 'Programa Silvio Santos', em 1988 Foto: Arquivo O Globo / Agência O Globo
Silvio Santos e Gugu Liberato em registro do 'Programa Silvio Santos', em 1988 Foto: Arquivo O Globo / Agência O Globo

Sucesso no SBT

Gugu chegou a iniciar um curso de Odontologia na Universidade de Marília, em São Paulo, mas desistiu da faculdade para atender ao chamado de Silvio Santos.  No "Viva a noite", promoveu nomes como o grupo Menudo , popular pelo hit "Não se reprima", além de ter lançado com sua produtora conjuntos como Dominó e Polegar .

O apresentador vivia o auge do sucesso do programa no SBT, em agosto de 1987, quando recebeu uma proposta da TV Globo e decidiu assinar o contrato. Mas Silvio Santos interveio. O dono do SBT seria submetido a uma delicada cirurgia e fez uma proposta tentadora a Gugu: ofereceu-lhe parte da programação dominical e aumentou seu salário em dez vezes, fora os honorários com publicidade.

 

Em 17 de abril daquele mesmo ano, Gugu estreou aos domingos no SBT. À época, apresentava sozinho os quadros "Passa ou repassa" e "Cidade contra cidade". Apesar de estar à frente de parte das atrações dominicais, Gugu manteve-se na apresentação de programas exibidos aos sábados à noite, a exemplo do "Sabadão sertanejo".

Gugu Liberato, à frente do 'Domingo legal', do SBT, em 1996: auge da carreira Foto: Divulgação
Gugu Liberato, à frente do 'Domingo legal', do SBT, em 1996: auge da carreira Foto: Divulgação

Seu maior sucesso, no entanto, veio com o "Domingo legal", na década de 1990, que protagonizou com o "Domingão do Faustão" uma das maiores guerras de audiência da TV brasileira.

Na busca de repercussão, Gugu acabou cometendo um deslize grave: em 2003, o apresentador veiculou uma entrevista forjada com dois homens que se passaram por integrantes de uma facção criminosa. Quando a fraude foi descoberta, a emissora foi multada, o programa suspenso e Gugu foi processado.

O apresentador também atuou no cinema, ao lado de Xuxa Meneghel, Angélica e dos Trapalhões. Em 2003, Gugu Liberato participou de uma campanha para ajudar os brasileiros mais pobres, em conjunto com Faustão - os dois apresentadores interagiram no ar. Entre os muitos prêmios, ao longo da carreira, um disco de ouro, 11 estatuetas do Troféu Imprensa e o Troféu Internet em 2005.

No dia 18 de abril de 2018, na faixa das 22h30, logo após o "Jornal da Record", o apresentador assumiu a nova temporada do programa "Power couple Brasil", que passou a ser exibido de segunda a sexta-feira. Em 18 de julho daquele mesmo ano, estreou um novo programa na RecordTV, o talent show "Canta comigo", exibido às quartas-feiras, às 22h30.

 

O apresentador deixa três filhos, frutos do relacionamento com sua mulher Rose Miriam di Matteo: João Augusto, de 18 anos, e as gêmeas Marina e Sofia, de 15.

Leia a íntegra da nota de pesar:

"Este é um momento que jamais imaginamos viver. Com profunda tristeza, familiares comunicam o falecimento do pai, irmão, filho, amigo, empresário, jornalista e apresentador Antônio Augusto Moraes Liberato (Gugu Liberato), aos 60 anos, em Orlando, Florida, Estados Unidos.

"Nosso Gugu sempre viveu de maneira simples e alegre, cercado por seus familiares e extremamente dedicado aos filhos. E assim foi até o final da vida, ocorrida após um acidente caseiro.

"Ele sofreu uma queda acidental de uma altura de cerca de quatro metros quando fazia um reparo no ar condicionado instalado no sótão. Foi prontamente socorrido pela equipe de resgate e admitido no Orlando Health Medical Center, onde permaneceu na Unidade de Terapia Intensiva, acompanhado pela equipe médica local.

"Na admissão deu entrada em escala de Glasgow (usada para medir a consciência e a evolução das lesões cerebrais em um paciente) de 3 e os exames iniciais constataram sangramento intracraniano. Em virtude da gravidade neurológica, não foi indicado qualquer procedimento cirúrgico. Durante o período de observação foi constatada a ausência de atividade cerebral. A morte encefálica foi confirmada pelo Prof. Dr. Guilherme Lepski, neurocirurgião brasileiro chamado pela família, que após ver as imagens dos exames em detalhes, confirmou a irreversibilidade do quadro clínico diante de sua mãe Maria do Céu, dos irmãos Amandio Augusto e Aparecida Liberato, e da mãe de seus filhos, Rose Miriam Di Matteo.

 

"Ainda não temos detalhes sobre o traslado para o Brasil. Informações sobre velório e sepultamento serão passadas assim que tudo estiver definido.

"Ele deixa três filhos, João Augusto de 18 anos e as gêmeas Marina e Sophia de 15 anos.

"Atendendo a uma vontade dele, a família autorizou a doação de todos os órgãos.

"Gugu sempre refletiu sobre os verdadeiros valores da vida e o quão frágil ela se revela. Sua partida nos deixa sem chão, mas reforça nossa certeza de que ele viveu plenamente. Fica a saudade, ficam as lembranças - que são muitas - e a certeza que Deus recebe agora um filho querido, e o céu ganha uma estrela que emana luz e paz.

Familiares e funcionários

São Paulo, 22 de novembro de 2019


O Globo sexta, 22 de novembro de 2019

PIZZARIA FERRO E FARINHA: CRIATIVIDADE

 

Crítica: criatividade impera na pizzaria Ferro e Farinha

Entradas para compartilhar são destaque na casa do Leblon
 
 
RS - pizzaria Ferro e Farinha Foto: Divulgação/Rafael Mollica
RS - pizzaria Ferro e Farinha Foto: Divulgação/Rafael Mollica
 
 
As massas de fermentação natural do chef Sei Shiroma — que dão em pizzas leves e servem de base para outras criações interessantes — já correram pela cidade. Primeiramente, numa versão curiosa de pizzaria móvel, um forno turbinado que este nova-iorquino, de pai chinês, mãe japonesa e mulher carioca levava a reboque, de carro. Depois, migrou para um CEP fixo, no Catete: ali, sua Ferro e Farinha conquistou uma legião de fãs. Tanto que, recentemente, a casa aumentou a quilometragem: chegou ao Leblon. Mais precisamente, à Dias Ferreira.
 
Antes de chef, Sei foi músico (clássico) e redator de uma agência de publicidade em Manhattan. Talvez venha daí a pegada criativa que impera em tudo que faz. Do forno, logo na entrada, um “ecoforno” movido a serragem prensada, saem 20 itens que remetem a Nova York, Roma ou Tóquio, caso da pizza de couve, shoyo e gengibre; da fior do late com grana padano ou da “Vamos, baby”, caciocavallo, grana padano e salame e mel picantes. São para comer com a mão e custam em média R$ 40.

Consulte aqui:   Guia Rio Show de Gastronomia

Mas o que faz a diferença na Ferro e Farinha são as entradas para compartilhar: com as bordas das pizzas, servem o gostoso patê de galinha bio, Bourbon e sementes de mostarda (R$ 22); o carpaccio de atum, ciboulette, mostarda, agrião e rúcula (R$ 39) e a burrata com tomates marinados, morangos assados e pesto de hortelã (R$ 41). O steak tartare é de carne orgânica (R$ 36).

Para fechar, calzone de maçã verde com caramelo de gengibre (R$ 23). Para o tempo todo, o drinque passion mule geludo. Ou qualquer vinho da carta, na qual nenhum rótulo chega aos R$100. Para os padrões da Dias Ferreira, é animador.

Ferro e Farinha

Rua Dias Ferreira 48, Leblon — 3502-4898. Ter e qua, das 19h à meia-noite; qui, das 19h à 1h; sex e sáb, das 19h às 2h; dom, das 18h30 à meia-noite. C.C.: Todos.


O Globo quinta, 21 de novembro de 2019

PANETONES PARA ENFEITAR O NATAL

 

Panetones para antecipar o Natal

De brownie, com sorvete ou de fermentação natural. Conheça as novidades deste ano 
Lindt. Panetone com frutas e chocolate é um dos lançamentos deste ano Foto: Divulgação
Lindt. Panetone com frutas e chocolate é um dos lançamentos deste ano Foto: Divulgação
 
 

Já é Natal para os fãs de panetone, e a boa notícia é que está liberado queimar na largada. Afinal, são tantas as novidades este ano que se for esperar o Natal chegar, não vai dar tempo de experimentar tudo.

 

 

Você já ouviu falar em browniettones? É a versão natalina do Brownie do Luiz que, claro, também vem na latinha, decoradas para a ocasião. Os panetones com 160g podem ser com recheio de doce de leite ou de creme de avelã. Os dois levam cobertura e farofa de brownie (R$ 25, cada).

Com frutas ou com chocolate? Calma, não precisa decidir. A Lindt colocou as duas coisas num panetone só. A novidade tem pedaços de laranja da Sicília e gotas de chocolate amargo (R$ 99,90, 700g). Para quem não gosta de misturar as coisas, outro lançamento é o panetone trufado de chocolate ao leite com gotas de chocolate ao leite (R$ 119,1kg).

Este ano a Kopenhagen está lançando 21 produtos temáticos para o Natal. Principal aposta da loja de chocolates são os panetones. Nada menos do que oito versões. As novidades são os sabores palha italiana (R$ 84,90), o de pistache (R$ 94,90) e o soul good (R$ 69,90), com zero adição de açúcares, lactose e sem aromatizantes nem adoçantes artificiais.

Sucesso absoluto no ano passado, o de língua de Gato Exagero (R$ 119,90) está de volta. Além deles, tem o 70% Cacau,  Frutas, Língua de Gato e Mousse.

O panetone da Bráz é aquela coisa bonita por dentro e por fora. É que a lata vermelha é tão cobiçada quanto o pão recheado com gotas de chocolate, pedaços de laranja cristalizada e cobertura de amêndoas (R$78).

 

Durante dezembro, uma versão de sorvete de forno vai estar no cardápio da pizzaria. A massa do panettone intercalada com sorvete de creme com calda de chocolate, gotas de chocolate 70% e raspas de laranja. O doce ainda recebe uma cobertura de merengue italiano e dourada à lenha ao chegar à mesa (R$27).

A novidade desse ano  da Deias, no Uptown, é o naked panetone, com recheio de brigadeiro ou ganache de chocolate amargo e finalizado com frutas (R$90,650g).

Vai ser difícil escolher entre as duas opções de panetone artesanal do Rubaiyat Rio. A primeira é com massa tradicional e frutas cristalizadas. A segunda leva  gotas de chocolate e de doce de leite na massa  (R$ 69,90, cada).

São três receitas de panetone. O panetone Antica Ricetta Fasano (R$ 240),  passa por um processo de fermentação natural por mais de 72 horas, e leva passas do tipo sultana, mel italiano e frutas secas. Já o outro é o panetone Fasano Tradicional (R$ 170), de  fermentação biológica, com uvas passas do tipo sultana, e cobertura de glassato cristalizado. Outra opção é o Fasano Crema Cacao (R$ 170), com 100% de creme de cacau.

Onde comprar

Bráz:  Rua Maria Angélica 129, Jardim Botânico - 2535-0687.

Brownie do Luiz: Rua Cupertino Durão 79, loja B - 2529-8895.

 

Gero: Rua Aníbal de Mendonça 157, Ipanema - 2239-8158.

Hotel Fasano: Av. Vieira Souto 80 – Ipanema. Hotel Fasano - Tel: 3202-4000.

Kopenhagen: Av. Ataulfo de Paiva 1025, Leblon - 2511-1112.

Lindt: https://www.instagram.com/lindt_brasil/

Mercado dos Produtores (Shopping Uptown): Av. Ayrton Senna 5.500, Barra - 3030-5500.

Rubaiyat Rio: Rua Jardim Botânico 971, Jardim Botânico - 3204-9999.


O Globo quarta, 20 de novembro de 2019

RECEITA DE ARROZ COM CAMARÃO E CARNE-SECA

 

Dia da Consciência Negra: chef dá receita de arroz com camarão e carne-seca, típico da Nigéria

'Prato criado pelos povos Malês', diz Dandara Batista, à frente do Afro Gourmet
 
Afro Gpourmet: arroz de Hauçá Foto: Divulgação/Fabiana Cavalcante
Afro Gpourmet: arroz de Hauçá Foto: Divulgação/Fabiana Cavalcante
 
 

Afeto e resistência. São estes os dois temperos que não podem faltar na cozinha da chef carioca Dandara Batista que, em seu restaurante Afro Gourmet, no Grajaú, dedica-se à culinária africana e receitas brasileiras influenciadas pela gastronomia daquele continente.

Dia da Consciência Negra: 12 eventos para celebrar a herança africana

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— A culinária baiana, uma das minhas paixões, levou-me à comida africana. Sempre me perguntei por que não tínhamos algo assim no Rio. De alguma forma, isto me conectou à minha ancestralidade — diz Dandara.

No Dia da Consciência Negra, ela ensina a receita do seu arroz de Hauçá (R$ 40), um prato típica da Nigéria, à base de carne-seca, camarão fresco e dendê.

Veja o Guia Rio Show de Gastronomia

Chef Dandara Batista Foto: Divulgação
Chef Dandara Batista Foto: Divulgação

 

— Esta receita nigeriana foi o primeiro prato de origem africana que eu cozinhei, tem influência do povo Hauçá. Eles vieram da Nigéria para o Brasil e aqui foram chamados de Malês, termo usado no século XIX para designar os negros muçulmanos que sabiam ler e escrever em árabe — afirma.

Receita/arroz de Hauçá

Ingredientes

  • 2kg de carne-seca
  • 500g de arroz branco
  • 1,5kg de camarão fresco
  • 1,5L de leite de coco
  • 50ml de azeite de dendê
  • 1 coentro
  • 1 alecrim fresco
  • 50g de páprica picante
  • 50g de lemon pepper
  • 50ml de manteiga de garrafa

Modo de Preparo

Em uma panela refogue o arroz no azeite e alho. Coloque o dobro de água e deixe cozinhar até a água secar. Para o molho de camarão, refogue no azeite de dendê a cebola e o alho. Coloque o camarão e cozinhe por cinco minutos. Acrescente os temperos secos e sal a gosto, em seguida o leite de coco. Acerte o sal e está pronto. Triture a carne-seca dessalgada, e em seguida refogue na manteiga de garrafa por cinco minutos.

 

Montagem

Coloque o arroz em uma forma de pudim e vire no prato. Monte de forma harmônica a carne-seca em volta do arroz e em cima dele espalhe o molho de camarão.

Dica: sirva um pouco do molho de camarão separado para ser acrescentado ao logo da degustação.

Tempo de preparo: 90 minutos

Rende: cinco porções.

Afro Gourmet: Rua Barão do Bom Retiro 2.316, loja A, Grajaú — 3489-7354. Nesta quarta-feira (20), do meio-dia às 17h.


O Globo terça, 19 de novembro de 2019

RECEITA DE GNOCCHI ALLA SORRENTINA

 

Segunda sem carne: chef italiano ensina receita de gnocchi alla sorrentina

À frente de casa em Copacabana, Michele Petenzi estreia menu com técnicas tradicionais e sugere: 'molho de tomate de cozimento sempre em fogo baixo'
 
Lulivo: nhoque alla sorrentina Foto: Divulgação
Lulivo: nhoque alla sorrentina Foto: Divulgação
 

Desde que chegou ao Brasil em 2014 para fazer pós-doutorado em química na UFF até o lançamento  do seu primeiro menu autoral semana passada, o chef italiano Michele Petenzi trocou a vida acadêmica pela gastronomia (a bolsa para a qual ele foi selecionado foi cancelada), fixou residência no Rio, casou-se com uma brasileira e, mesmo enfurnada na cozinha, chegou a perder até 16kg.

 
 
 

Há oito meses, ele está à frente L’ulivo Cucina e Vini, em Copacabana, onde serve seu gnocchi alla sorrentina (R$ 48), uma das receitas em que conseguiu manter o preparo da forma tradicional, feita em seu país.

— É um desafio manter a tradição italiana e ao mesmo tempo agradar o gosto dos cariocas. Este prato faz sucesso pela complexidade da combinação de sabores da berinjela com o queijo scamorza defumado. Como em outras receitas, tem molho de tomate de cozimento sempre em fogo baixo, sem recursos como açúcar nem outros legumes para acelerar ou acentuar o dulçor — diz o chef, que ensina o passo a passo a seguir.

Chef Michele Petenzi, à frente do L’ulivo Cucina e Vini, Copacabana Foto: Divulgação
Chef Michele Petenzi, à frente do L’ulivo Cucina e Vini, Copacabana Foto: Divulgação

Nascido no pequeno vilarejo Costa Volpino (perto de Milão) há 33 anos, Michele Petenzi fez estágio no Mirazur (o melhor do mundo, hoje, segundo o "50best Restaurants"). No Rio, passou por casas como Il Borgo del Conte (que tinha menu tipico do Piemonte), Satyricon e Quadrifoglio. Em seu menu de estreia também há outros clássicos da culinária italiana, como carbonara e tiramisù.

Receita: gnocchi alla sorrentina

Ingredientes

  • 400g gnocchi
  • 200g molho de tomate
  • 80g berinjela
  • 80g queijo scamorza defumado
  • Azeite
  • Sal
  • Pimenta-do-reino
  • 1 alho
  • 1 cebola
  • 40g parmesão ralado
  • Ervas frescas (tomilho, manjericão, salsa)

Modo de preparo

Em uma panela refogue alho inteiro e cebola picada com um fio de azeite. Acrescente o tomate sem pele e sem sementes, batido no liquidificador. Deixe ferver, abaixe o fogo e tempere com sal, pimenta e manjericão a gosto. Cozinhe por 25 minutos. Reserve.Em uma frigideira, refogue o alho e a cebola picados com um pouquinho de azeite. Acrescente a berinjela cortada em cubinhos e cozinhe por três minutos. Acrescente o molho de tomate reservado e ajuste o sal e a pimenta a gosto.Cozinhe o gnocchi em água salgada por três minutos e misture na frigideira com o molho.

 
Cozinhe por mais dois minutos. Fora do fogo, acrescente o queijo scamorza defumado cortado em cubinhos e metade do parmesão.Finalização: Coloque o gnocchi em um prato fundo, polvilhe com o restante parmesão e sirva com ervas frescas a gosto.

Rendimento: duas porções
Tempo:  40 minutos

L’ulivo Cucina e Vini: Rua Miguel Lemos 54, Copacabana - 3576-7785. Ter a sex, das 11h30 às 15h e das 18h à 23h. Sáb, do meio-dia à 23h. Dom, do meio-dia às 18h.


O Globo segunda, 18 de novembro de 2019

INUNDAÇÃO EM VENEZA

 

Inundação faz Veneza reviver traumas de suas piores enchentes nos últimos 50 anos

 

Em 1966, Veneza enfrentou sua pior inundação da história

 

Os moradores de Veneza acordaram com a água na altura dos joelhos na última quarta-feira, após uma enchente que tomou conta da cidade. Quando a maré começou a subir na noite da véspera, caracterizando um fenômeno que os italianos chamam de “acqua alta”, as autoridades locais não previram que seu nível atingiria 1,87m, maior marca desde 1966, e que duas pessoas acabariam mortas na cidade. Com a inundação colocando em perigo até mesmo a histórica Basílica de São Marcos, Patrimônio da Humanidade, o governo da Itália declarou estado de emergência. Nas palavras do prefeito de Veneza, a situação está “apocalíptica”. Tudo isso fez a população local reviver traumas de enchentes anteriores, como a de 1966, quando nível da água chegou perto de 2 metros, e a cidade inteira ficou submersa. 

 
 

Pesquise páginas do jornal desde 1925 no site do Acervo O GLOBO

Com sucessivas promessas de conclusão e investimentos já estimados em seis bilhões de euros, a barreira submersa idealizada para conter o aumento da maré ainda não foi finalizada. O ano atual é mais um a entrar na preocupante estatística veneziana. Neste post, o Blog do Acervo resgata algumas das principais enchentes que, assim como esta, marcaram a cidade turística ao longo das últimas décadas.

Centro da vida pública, turística e religiosa da cidade, a praça de São Marcos abriga a basílica homônima. A construção bizantina do ano 828 carrega os restos mortais do santo que dá nome ao local, além de esculturas de mármore e mosaicos que preenchem o teto da catedral com ouro. Segundo Carlos Alberto Tesserin, um dos responsáveis pela conservação dos monumentos contidos no local, os danos causados pelas águas sujas foram estimados em milhões de euros.

 

Veneza sofreu novamente com as águas em 30 de outubro de 1976

 

Tesserin explica ainda que, com a pior inundação dos últimos 50 anos, a estrutura do templo pode estar em risco, já que o sal da água acelera a corrosão dos tijolos e do mármore. A Defesa Civil ainda avalia os prejuízos e, por enquanto, a basílica se encontra fechada para visitantes.

"No ano passado, advertimos que a basílica envelhece 20 anos durante cada maré alta, mas desta vez, envelheceu muito mais", lamentou, para a AFP, visivelmente abatido. 

Mesmo com os rastros de destruição deixados nesta quarta-feira, a enchente de 1966 continua trazendo pesadelos para os venezianos até os dias atuais. Trinta horas de chuva contínuas deixaram Veneza debaixo d’água em quatro de novembro daquele ano. A maré registrada naquela sexta-feira foi a mais alta desde a Segunda Guerra Mundial, alcançando 1,94m, segundo dados do Centro de Marés de Veneza. Canos rompidos, a escuridão provocada pela falta de energia elétrica e dificuldades na locomoção formaram um cenário bem semelhante esse ano. 

Além dessa, outras cidades italianas sofreram com a presença da água. Florença, na época com 450 mil habitantes, tornou-se uma ilha, sem acesso à água potável, energia elétrica ou a quaisquer outros pontos do país. Equipes de resgate de Bolonha e Roma foram acionadas, mas sequer conseguiram achegar até a cidade.

 

Em 8 de dezembro de 1992, o centro da cidade foi invadido por uma maré de 1,42 metro

 

 

Em Grosetto, cidade entre a capital Roma e Florença, os 47 mil habitantes naquele ano viram as águas do Rio Ombrone atingirem o segundo andar das casas.

Apenas dez anos após a pior ‘acqua alta’ da história da cidade, Veneza sofreu novamente com as águas em 30 de outubro de 1976. O encontro de duas frentes, uma quente e outra fria, provocaram naquele sábado violentos temporais.

As 10 horas contínuas de chuvas fortes causaram o desmoronamento de barreiras, o fechamento de cinco ramais ferroviários e, mais uma vez, a inundação da Praça de São Marcos.

O local voltou a ser violentamente atingido no ano de 1992, após cinco anos sem enchentes na cidade. Em 8 de dezembro, o centro da cidade foi invadido por uma maré de 1,42 metro acima do nível normal. A inundação, a mais forte desde 1986, que registrou 1,56 metro, foi causada pelas fortes chuvas e ventos de até 100km/h.

 

Em 2008, turistas aproveitaram a enchente para tirar fotos em Veneza

 

 A água suja de esgoto chegou a cobrir por inteiro as passarelas na Praça de São Marcos, construídas naquele ano pela prefeitura para que os pedestres pudessem trafegar pelo local em casos de emergência e enchentes.

Dezesseis anos após esse incidente, a cidade de Veneza registrou sua pior inundação em 20 anos. Em 1° de outubro de 2008, a marca de 1,56m acima do nível usual assustou os moradores e invadiu o centro histórico mais uma vez.

Por ordem do governo local, as sirenes soaram desde o início da manhã e as pessoas foram aconselhadas a não deixarem suas casas. De acordo com informações do Centro de Marés da Prefeitura de Veneza, moradias foram destruídas e pontes para pedestres foram interditadas.

 

Nível da água passou da altura dos joelhos na última quarta-feira, em Veneza

O Globo domingo, 17 de novembro de 2019

HOTEL NACIONAL REABRE

 

Hotel Nacional reabre com filosofia de resort urbano e planos de transformar jardim de Burle Marx em praça

Para combater crise, aposta é investir em eventos
 
 
O icônico Hotel Nacional, em São Conrado Foto: Gabriel Monteiro / Agência O Globo
O icônico Hotel Nacional, em São Conrado Foto: Gabriel Monteiro / Agência O Globo
 
 

RIO - Só de lobby, são 3 mil metros quadrados. Junto à decoração clean, figuram obras de arte originais, como o painel de 300 blocos esculpidos pelo artista Carybé. Mas, nesse espaço grandioso do Hotel Nacional , cujo piso cor de areia dá a ideia de extensão da praia, o vaivém é quase todo de funcionários. Do lado de fora, o tempo chuvoso dos últimos dias também não ajuda: a Piscina da Sereia — uma escultura de Alfredo Ceschiatti voltada para o mar de São Conrado — parece mais de enfeite. É que o icônico hotel em cilindro assinado por Oscar Niemeyer , depois de 21 anos fechado e de uma reabertura “relâmpago” entre o final de 2016 e o início de 2018, voltou às atividades há menos de dois meses.

 

E volta com um desafio à altura: o gigante de 33 andares e 413 apartamentos quer inovar para atrair, em meio à crise, turistas e também cariocas, com a ideia de resort urbano. A filosofia do hotel, que já foi um símbolo de luxo, é passar a ser visto como um espaço “divertido” para famílias e integrado ao bairro. Um plano já está no papel: abrir os jardins de Burle Marx, com suas espreguiçadeiras, para a população.

— Queremos criar um acesso para os jardins que não interfira na privacidade do hóspede e que seja prático aos moradores do bairro. Nossa intenção é que ali seja uma praça, com shows, feiras, entretenimento. Estamos trabalhando para isso com foco no verão — diz Alexandre Zubaran, diretor do grupo brasileiro WAM Hotéis, responsável pela operação do Nacional.

Há um projeto para esse acesso, mas falta levá-lo aos órgãos competentes (o hotel é tombado pelo município).

— O hotel só vai prosperar se o transformarmos num negócio divertido para crianças, adolescentes e adultos. Hoje, ele é só um hotel lindo e maravilhoso — diz Zubaran. — A gente quer que as pessoas curtam a praia, uma balada, a gastronomia. Não temos que ocupar camas para ganhar dinheiro. Para ter sucesso, precisamos transformar aquele quarteirão, transformar o bairro.

RI - Rio de Janeiro - (RJ) - 13/11/2019 - Hotel Nacional, São Conrado.Foto: Gabriel Monteiro / Agencia O Globo Foto: Gabriel Monteiro / Agência O Globo
RI - Rio de Janeiro - (RJ) - 13/11/2019 - Hotel Nacional, São Conrado. Foto: Gabriel Monteiro / Agencia O Globo
Foto: Gabriel Monteiro / Agência O Globo

A aposta é alta e arriscada. O Hotel Nacional, inaugurado em 1972, renasce remando contra a maré do setor, muito dependente de eventos. As tarifas contrastam com o cenário cinco estrelas: um casal, dependendo do dia, consegue se hospedar hoje desembolsando menos de R$ 450, com café da manhã e taxas incluídos e podendo dividir em dez vezes. O hotel ainda dá cortesia para duas crianças. Para quem se interessou, fica a dica dos quartos com banheira de frente para o mar.

Um dia de relax

Quando o empreendimento voltou à cena em 2016, a diária mais barata custava R$ 745. Dos 413 apartamentos, 112 seguem em reforma, mas deverão ficar prontos até o réveillon. Há outros projetos saindo do forno. Um deles é instalar no rooftop, hoje fechado, um bar até as férias de julho. Outro é movimentar a praia em frente. O hotel pensa até em contar com um quiosque na orla, o que depende de negociações. Já o centro de convenções está passando por obras estruturais, e ainda não tem data para reabrir.

Enquanto a praça de Burle Marx não é aberta, há outras formas de os cariocas desfrutarem do hotel. Uma delas é com o day use, que dá direito a mergulhos na piscina, uso das saunas, da academia e de um apartamento (sem pernoite). Sai a R$ 295. Fora isso, o spa já pode ser aproveitado por não hóspedes. Um banho aromático de 30 minutos dentro de uma jacuzzi custa R$ 68. Já a “experiência casal”, de duas horas, que alia banho de jacuzzi com cristais de sais marinhos e óleos essenciais e massagem com pedras quentes, tem preço de R$ 505. Programas que já atraem a vizinhança são a feijoada de sábado no restaurante A Sereia e o brunch de domingo.

 

 
A vista de cima do Hotel Nacional Foto: Gabriel Monteiro / Agência O Globo
A vista de cima do Hotel Nacional Foto: Gabriel Monteiro / Agência O Globo

No passado, o hotel abrigou o FreeJazz e o FestRio, festival de cinema que contou com nomes como Wim Wenders e Pedro Almodóvar. Michael Jackson, quando ainda era do The Jackson 5, se hospedou com os irmãos lá, assim como Ray Charles, B.B.King, Nina Simone e Liza Minnelli.

Durante o Rock in Rio, o hotel ficou completamente ocupado, mas agora a taxa gira em torno de 30%, o que explica a sensação de vazio.

— Para o nosso tipo de agressividade nas tarifas, é um percentual inaceitável — afirma do diretor do WAM Hotéis, que tem uma meta: chegar até o fim de 2020, quando a cidade sedia o Congresso Mundial de Arquitetos, com uma taxa de 60%.

Setor hoteleiro investe em eventos para combater crise

Este ano, a taxa média de ocupação do setor hoteleiro no Rio (incluindo hostels) está em 60%, sendo que no percentual calculado pela Associação de Hotéis do Rio (ABIH-RJ) ainda não foi incluído o período do Rock in Rio. As festas de fim de ano devem aumentar essa taxa, que já mostra uma recuperação em relação ao ano passado. Em 2018, auge da crise no estado, a média anual ficou em 52%. Alfredo Lopes, presidente da associação, diz que o fundo do poço do setor foi junho do ano passado, quando as diárias chegaram a valer 35% a menos que no período anterior à Olimpíada. Este ano, os preços já estão de 5% a 6% maiores.

 

—Mais de 60% da ocupação hoje no Rio são formados pelo público de convenções e eventos. Se não tem centro de convenções, fica difícil — avalia Lopes sobre a estratégia do Hotel Nacional. — Turismo de lazer não tem o ano inteiro.

O comando do Nacional pretende transformar o centro de convenções num local de programação para a cidade, com shows e exposições, recuperando a tradição de eventos como o Free Jazz. Sobre a possibilidade de construção de uma torre comercial ou residencial, ideia que gerou polêmica no bairro no passado, a nova direção diz que o assunto ainda não foi analisado.

Em 1995, a empresa que operava o hotel decretou falência. Somente em 2009 ele foi arrematado em leilão, por empresários de Goiás. O hotel, no entanto, só foi reaberto, sob a bandeira Meliá, após os Jogos. Quando as atividades foram encerradas no ano passado, uma das justificativas era a falta do centro de convenções.


O Globo sábado, 16 de novembro de 2019

LEILA DINIZ: 50 ANOS DA CÉLEBRE ENTREVISTA

 

Leila Diniz: coragem, liberdade e o privilégio que é dar para quem se tem vontade

No aniversário de 50 anos da célebre entrevista da atriz ao "Pasquim", como encarar a mulher que se tornou símbolo de contestação feminina
 
 
Leila Diniz virou símbolo da liberdade feminina e de um novo comportamento sexual Foto: Arte de Nina Millen sobre reprodução
Leila Diniz virou símbolo da liberdade feminina e de um novo comportamento sexual
Foto: Arte de Nina Millen sobre reprodução
 
 

O ano era 1969. Emílio Garrastazu Médici assumira a presidência do País em outubro, inaugurando o período mais violento da ditadura militar, que foi chamado pelos historiadores de “os anos de chumbo”, tantas foram as torturas e mortes. Mas, para não dizer que não falei das flores, no mês seguinte à posse, houve Leila Diniz em “O Pasquim”.

 

 

A atriz respondeu sobre quase tudo — da perda de sua virgindade ao trabalho com o cineasta Nelson Pereira do Santos — em uma conversa que fez dela “a imagem da alegria e da liberdade”, como diz o lead da entrevista. Depois de muita sinceridade e dos 72 asteriscos que substituíram seus palavrões, Leila perdeu trabalhos, teve que se apresentar ao DOPS , e a ditadura instaurou a censura prévia à imprensa, que passou para a História como “o decreto Leila Diniz”.

Mas, 50 anos depois de a entrevista arrepiar os cabelos dos militares, da "tradicional família brasileira" e até mesmo do movimento feminista, como encarar o mito Leila Diniz?

Voltemos ao “Pasquim”: a atriz foi entrevistada por seis homens brancos, uma falta de diversidade que, hoje, seria impensável até mesmo na “Playboy”. O resultado foram mais de 20 perguntas relacionadas à sua vida amorosa, entre elas “Quantos casos você já teve?”; “Vai ter strip tease?”; “Há alguma diferença sexual do negro pro branco?”; "Você deixou de ser virgem quando?" e “Você deu pro seu analista?”.

  Leila ainda é chamada de “mulherzinha do Domingos” (o diretor Domingos de Oliveira, com quem ela teve um relacionamento de três anos) e “professorinha”. A este último, ela rebate: “Professorinha uma (*). Fui professora.” E é justamente aqui que reside seu fascínio: ela não se intimida, conversa de igual para a igual, passa por cima do machismo e se afirma com coragem e liberdade.

“ “Você pode amar muito uma pessoa e ir pra cama com outra””

LEILA DINIZ
em entrevista a "O Pasquim"

 Liberdade que Leila esbanja ao tratar de sua sexualidade: “Na minha caminha, dorme algumas noites, mais nada”; "Quando eu quero, eu vou com o cara" e “Você pode amar muito uma pessoa e ir pra cama com outra”. Para entender a importância do discurso de Leila, basta pensarmos no que se diz ainda hoje sobre uma mulher que fala de sexo como algo tão essencial e natural. Reflitam.

Aqui vale um parêntese. O comportamento libertário de Leila Diniz foi criticado por integrantes do movimento feminista. Explica-se: a pauta da segunda onda feminista, que começou nos anos 1960 e se estendeu até a década de 80, estava concentrada na conquista de um lugar para as mulheres no mercado de trabalho e no combate às desigualdades legais, políticas e econômicas existentes no País e à violência doméstica. Em meio ao machismo e à misoginia dos ambientes profissionais e acadêmicos, a foi preciso afirmar a competência intelectual das mulheres. Pasmem.

Mas não só: a chegada da pílula anticoncepcional, em 1961, trouxe novas questões como direitos reprodutivos, planejamento familiar e a necessidade de uma legislação que protegesse os direitos das mães trabalhadoras. No fundo, Leila e as ativistas feministas tinham mais em comum do que sonha a nossa vã filosofia. Na entrevista ao "Pasquim", ela declara: "Eu resolvi ganhar meu dinheirinho, ter meu apartamento, ter o homem que eu quiser, pagar as minhas contas, eu trabalho. E gosto".

 

Virginia Woolf escreveu que as mulheres devem matar “o anjo do lar”, a voz interior que faz com que elas anulem suas personalides, desejos e vontades pelo bem do marido, do casamento e da família. De muitas formas, foi isso que Leila Diniz fez: liberou um grupo de mulheres para terem voz e desejo próprios — o que é muita coisa, sobretudo no contexto histórico em que viveu.

Mas o lugar de onde Leila fala não é para todas. A quarta (e atual) onda feminista nos ensina que é preciso pensar as diferenças de raça e de classe, como escreveu Angela Davis. As mulheres negras, muitas delas em situação econômica precária, formam a maioria da população brasileira. Vivendo em uma sociedade que nunca as colocou no papel de "anjo do lar", não é difícil entender que tenham outras prioridades como ficarem vivas no país em que são elas as principais vítimas do feminicídio e da violência sexual.

Diante disso, Leila Diniz segue revolucionária. Não é toda mulher que pode, mesmo em 2019, enfrentar o machismo de igual para igual ou mesmo desfrutar o sexo com liberdade. Frente às desigualdades que separam as mulheres brasileiras, ela vem lembrar a uma parcela de nós sobre o imenso privilégio que é ter um apartamento, um trabalho bem-remunerado, poder falar o que se pensa, dar para quem se quer e exibir a gravidez na praia de Ipanema.


O Globo sexta, 15 de novembro de 2019

MUSEU DA VAGINA SERÁ INAUGURADO EM LONDRES

 

Inédito no mundo, Museu da Vagina será inaugurado em Londres

Diretora da instituição promete abordagem didática para romper tabus sobre a genitália feminina e discutir questões de saúde pública
 
Visitante observa representação da vulva durante prévia para a imprensa no Museu da Vagina, em Londres, nesta quinta-feira Foto: ISABEL INFANTES / AFP
Visitante observa representação da vulva durante prévia para a imprensa no Museu da Vagina, em Londres, nesta quinta-feira
Foto: ISABEL INFANTES / AFP
 
 

LONDRES — O primeiro museu do mundo dedicado à vagina abrirá as portas no próximo sábado, em Londres, no Reino Unido. Cravado no bairro turístico de Camden, a nova atração londrina logo suscita a curiosidade de quem passa pelas ruas da região. A proposta de romper tabus e aprimorar o conhecimento do sexo feminino pretende, segundo a organização, se dar através de um lugar didático e para todos os públicos. A primeira exposição já tem tema: os mitos da vagina.

 
Objetivo é desmitificar essa parte do corpo feminino
Objetivo é desmitificar essa parte do corpo feminino

A ideia partiu da divulgadora científica Florence Schechter, que se deu conta de que, apesar da cidade islandesa de Reykjavik sediar um museu do pênis, não havia iniciativa equivalente para a genitália feminina em nenhum lugar do planeta. Antes, ela já havia organizado três exposições temporáreas sobre o tema.

No interior do museu, pôsteres confrontam boatos de senso comum e sem base científica, como "se você usa um absorvente interno, pode perder a virgindade" através de argumentos. Florence afirma que não se trata apenas de educar e melhorar a autoestima feminina, mas também de debater uma questão de saúde pública.

— Algumas pessoas têm muita vergonha de consultar um médico quando sentem sintomas e literalmente morrem por conta desses problemas de saúde, pois não descobrem a tempo doenças como o câncer de colo de útero — lamenta a organizadora do museu.

Um estudo realizado por uma associação britânica especialista na prevenção da doença revelou no ano passado que uma em cada quatro mulheres evita realizar o teste de Papanicolau, e quase metade delas justificam por sentirem vergonha.

Outra pesquisa, de autoria do instituto YouGov e divulgado em março, indicou que metade dos britânicos são incapazes de indicar a localização da vagina em uma representação da vulva feminina. O trabalho também mostrou que mulheres conhecem muito mal sua própria autonomia: mais de 50% das entrevistadas desconhecia, por exemplo, a necessidade de lavar a vagina.

Entrada do Museu da Vagina no bairro de Camden, no norte de Londres Foto: ISABEL INFANTES / AFP

Entrada do Museu da Vagina no bairro de Camden, no norte de Londres Foto: ISABEL INFANTES / AFP

 

Na entrada do museu, visitantes encontram um questionário para testar seus conhecimentos sobre a genitália feminina. Além disso, uma das partes da exposição é dedicada à higiene. São expostos produtos vendidos com promessas incríveis, como os "sabões da virgindade" e cremes que supostamente garantem firmeza à vagina.

— Esses produtos perpetuam entre as mulheres a ideia de que suas vaginas nunca estão suficientemente bem — questiona Sarah Creed, curadora da exposição.

Menstruação também é debatida

menstruação também é transformada em algo belo através de uma escultura de um tampão sobre a qual o sangue é substituído por lantejoulas brilhantes. Menos glamurosas, há também peças íntimas manchadas com secreção vaginal, para reforçar que elas fazem parte de um processo natural.

Sarah reconhece que as secreções são suas.

— São minhas calcinhas manchadas! Sinto muito, mamãe! — brinca a curadora.

Florence, por sua vez, acredita que o momento é extremamente adequado para a abertura do museu.

— Acredito que teremos seguramente mais visitantes do que teríamos há alguns anos — afirma a direotra, em referência à nova onda feminista. — Creio que estamos vivendo uma grande mudança social e fazemos parte dela.

 
Vulvas de crochê são uma das opções de lembranças na lojinha do Museu da Vagina Foto: ISABEL INFANTES / AFP
Vulvas de crochê são uma das opções de lembranças na lojinha do Museu da Vagina Foto: ISABEL INFANTES / AFP

A vizinhança do museu, no entanto, não está tão contente com a nova atração de Camden. A venda autorizada de bebidas alcoolicas no interior da instituição preocupa moradores da região, que temem que o local atraia jovens "desenfreados" para celebrar despedidas de solteiro.

No entanto, quem buscar excitação erótica corre o grande risco de se decepcionar — a exposição é mais pedagógica do que sensual. Estes, no entanto, poderão se consolar comprando lembranças na loja do museu, como brincos e pingentes com o formato de vaginas ou cartões postais com os dizeres "Viva la Vulva".


O Globo quinta, 14 de novembro de 2019

LUXEMBURGO: RESPEITE A TRADIÇÃO DO VASCO

 

Luxemburgo responde provocação de Bruno Henrique, do Flamengo: 'Respeite a tradição do Vasco'

'Nunca escondi que estamos brigando por manter a dignidade'
 
 
A comemoração de Marrony no segundo gol do Vasco Foto: ANTONIO SCORZA / Agência O Globo
A comemoração de Marrony no segundo gol do Vasco Foto: ANTONIO SCORZA / Agência O Globo
 
 

O clássico entre Flamengo e Vasco foi quente dentro e fora de campo. Isso porque, além do 4 a 4 no placar, o atacante Bruno Henrique deixou o gramado reclamando que a equipe tinha que ter "a cabeça no lugar" pois os clubes não estão "no mesmo patamar". Não tardou para o técnico Vanderlei Luxemburgo responder ao atacante rubro-negro e pediu respeito pela instituição.

- Quero dar os parabéns ao Flamengo pela forma como vem jogando, essa rivalidade existe há muitos e muitos anos. Mas alguns jogadores do Flamengo se equivocaram em dizer que o Flamengo já é campeão e os jogadores do Vasco estão brigando por nada. A história do futebol é bonita. Nunca escondi que estamos brigando por manter a dignidade. Respeite a tradição do Vasco - disse o treinador, antes de completar:

- Nossos jogadores tem que honrar essa história. Nós honramos a do Vasco como eles honram a do Flamengo. Esse clube está passando por dificuldade, mas quem vem lá de trás, que conhece a história desse clube. As vezes, uma declaração mal colocada causa isso. É por isso que estou no Vasco da Gama, estou satisfeito por honrar e brigar pela camisa do Vasco.

Sobre o empate, Luxemburgo se disse satisfeito com a atuação da equipe e brincou com a expectativa por um Vasco defensivo no Maracanã. O treinador explicou que a sua estratégia de explorar os zagueiros do Flamengo, o campeão brasileiro para ele, deu certo.

- O Vasco não ficou com medo do Flamengo, que é o provável campeão. Já é campeão. Quem imaginou que ficaríamos defensivos, estava enganado. Foi uma estratégia que criei com as duas linhas de quatro. Nós exploramos a velocidade no campo deles para deixar os zagueiros expostos.

 

Confira outras respostas de Luxemburgo:
Empate contra o Flamengo : "Não é proibido ganhar ou empatar com o Flamengo. Se estou no Vasco, acredito que vou fazer um grande jogo. A tradição mostra que favoritos podem sair com a derrota. A equipe está evoluindo, os jogadores se conhecem mais. Sete gols em dois jogos é bom"
Entrada de Ribamar:  "Os jogadores ficam questionados. Cada coisa um é culpado. Se eu fosse me preocupar com as críticas eu não teria time. O Ribamar é um guerreiro, disputa todas as bolas. Era um jogo com bola na área, a qualidade técnica foi ficando esquecida"
Estratégia do Vasco : "Precisava de um jogador como ele para disputar a jogada. Ele jogou os zagueiros do Flamengo para trás. Conseguimos adiantar a equipe"
Provocação em avião : "Estamos dentro de um avião e um torcedor vem provocar para você ter uma reação, criar tumulto. É um babaca. Ali não tem jogo de futebol. Ele provoca para esperar uma reação minha. Só serve para nada. Não é ambiente"
Soberba do Flamengo : "Não (houve soberba do outro lado). Antes do jogo não vi absolutamente nada. Depois do jogo, surgiram algumas palavras mal colocadas. Tem de rebater, porque de repente esses jogadores mais jovens não conhecem a tradição de um clube como o Vasco" 
Jorge Jesus : "Esse é um momento muito tenso no Brasil. O Jesus é um grande técnico, mas não podemos esquecer que no Palmeiras teve um argentino que fez grande trabalho. Tem outros estrangeiros que já vieram fazer grandes trabalhos"
Trabalho em crescente:  "Estamos num trabalho crescente. Aqueles jogadores do Flamengo parece que têm uma formiguinha dentro do calção. Eles mudam de lado e de direção a todo momento. Em uma oportunidade, eles matam. Estratégia é uma coisa, medo é outra"


O Globo quarta, 13 de novembro de 2019

SEIS CURIOSIDADES SOBRE O MATE, QUE COMPLETA 100 ANOS

 

Seis curiosidades sobre o mate, que completa 100 anos

Queridinha dos cariocas, bebida inspira livro
 
 
Tragga. O mate pode ser com ou sem limão (R$ 10). Rua Capitão Salomão 74, Botafogo - 3507-2235. Foto: Felipe Azevedo / Divulgação
Tragga. O mate pode ser com ou sem limão (R$ 10). Rua Capitão Salomão 74, Botafogo - 3507-2235.
Foto: Felipe Azevedo / Divulgação
 
 

- Você é carioca?

- Sim.

- Então fala: 'o que tem para beber?'.

- Tem mate?

 

A bebida queridinha do carioca está fazendo um século e saiu dos copos para as páginas. É o livro “O mate e a cultura do Rio - 100 anos de chá mate”, das jornalistas Sabrina Petry e Isabela Esteves, para a editora Lamparina Comunicação e Responsabilidade Social, que será lançado hoje, às 18h,  na Livraria da Travessa, no Barra Shopping.

O livro traz curiosidades da bebida desde a sua chegada na cidade até virar Patrimônio Cultural e Imaterial da cidade do Rio de Janeiro,  em 2012. A seguir, algumas curiosidades sobre o mate nosso de cada dia.

  • Em 1920, foi lançado o primeiro chá-mate do Brasil, pela empresa Real, na cidade de Curitiba. O novo tipo de consumo, com a erva-mate tostada, buscava imitar o aspecto escuro do famoso chá-preto inglês, produzido na Índia e no Ceilão.
  • Na década de 1930, a erva-mate se tornou um produto muito relevante para a economia do país. Tanto é que, em 1938, foi criado o Instituto Nacional do Mate, focado na exportação e na tentativa de popularização da erva-mate nos Estados Unidos.
  • Para fazer sucesso no Rio, a bebida passou por algumas modificações no modo de consumo. Por conta do calor das bandas de cá, foi preciso criar a versão gelada do chá.
  • O primeiro encontro entre o mate e o biscoito Globo foi no Maracanã, em 1950. Eles continuam inseparáveis até hoje.
  • A profissão mateiro começou na década de 1960, com os vendedores de galão circulando pelas praias da Zona Sul.
  • José de Oliveira Dias, o Seu Zé, foi um dos pioneiros na profissão, nas areias do Leblon. Seu Zé diz ter sido dele a ideia de misturar o mate de um tambor com o limão do outro. Obrigada, Seu Zé.

O Globo terça, 12 de novembro de 2019

TARTAR DE CARNE COM FRUTAS VERMELHAS

 

Saiba como preparar um tartar de carne com frutas vermelhas

Entrada leve, o prato pode ser acompanhado de torradas. Receita é do chef Rafael Gomes, do Itaoca
 
 
Tartare de Wagyu com frutas vermelhas Foto: Selmy Yassuda / Divulgação
Tartar de Wagyu com frutas vermelhas Foto: Selmy Yassuda / Divulgação
 
 

RIO — Prato tipicamente francês, o chef Rafael Gomes recomenda o uso da carne de wagyu, mais marmorizada, portanto mais macia. As frutas são adocicadas, mas a acidez equilibra o sabor delas. Gomes está à frente do restaurante Itaoca , cuja filial brasileira ele inaugurou há cerca de um mês no VillageMall , na Barra. O primeiro estabelecimento, ele abriu em Paris, em 2018. Também no ano passado, o Guia Michelin incluiu seu restaurante na lista das nove casas parisienses com melhor custo-benefício.

Tartar de carne (4 porções)

Ingredientes: 500g de carne wagyu sem gordura; 1 cebola roxa; 30ml de azeite 1 maço de cebolinha, 100g de queijo parmesão; 4 morangos, 8 amoras; 12 mirtilos, 100g de rúcula; vinagre balsâmico a gosto; sal a gosto; pimenta-do-reino a gosto.

Modo de preparo:

1. Corte a carne, a cebola e a cebolinha em pedaços bem pequenos. Depois misture em um bowl, adicionando um pouco de azeite, sal e pimenta-do-reino.

2. Corte as frutas vermelhas em diferentes formatos. Usando um fatiador de legumes, corte o parmesão em fatias bem finas.

3.   Ao empratar, tempere as frutas com o vinagre balsâmico e o azeite e misture com as lascas de parmesão. O tartar pode ser acompanhado de torradinhas.


O Globo segunda, 11 de novembro de 2019

BOLÍVIA: EVO MORALES ANUNCIA RENÚNCIA

 

Evo Morales denuncia 'golpe' e diz que há mandado de prisão 'ilegal' contra ele

Em meio a denúncias de fraude eleitoral, protestos e perda de apoio das Forças Armadas, presidente boliviano anunciou a renúncia neste domingo após quase 14 anos
 
no poder
Evo Morales Foto: Reprodução
Evo Morales Foto: Reprodução
 
 

Após renúncia de Evo Morales, o presidente da Bolívia publicou, na noite de domingo, em rede social que um "oficial da polícia anunciou publicamente que tem instrução para executar um mandado de prisão ilegal" contra ele.  Morales ainda denunciou que teve sua casa assaltada por 'grupos violentos'. "Os golpistas destroem o Estado de Direito", acrescentou na postagem publicada em sua conta do twitter.

LEIA MAIS:  Com a renúncia de Morales sob pressão militar, Bolívia volta a ciclo de instabilidade

Morales e seu vice Alvaro García Linera, que também renunciou, fizeram o pronunciamento da cidade de Chimoré, no departamento (estado) central de Cochabamba, berço político de presidente demissionário, onde chegaram no avião presidencial. Além deles, a presidente do Senado, Adriana Salvatierra, do MAS, terceira na linha de sucessão, também renunciou. Mais cedo, o presidente da Câmara, Victor Borda, do MAS, anunciara sua renúncia depois de ter sua casa incendiada por opositores. Com isso, configurou-se um vazio institucional.

A renúncia foi o desfecho dramático de um domingo que começou com outro pronunciamento de Morales, feito do hangar presidencial na base da Força Aérea em El Alto, cidade vizinha a La Paz, no qual ele propôs a convocação de novas eleições, depois que o resultado preliminar de uma auditoria feita pela Organização dos Estados Americanos (OEA) apontou irregularidades no pleito de 20 de outubro. Nesta votação, que motivou denúncias de fraude e os protestos opositores, Morales concorria a um quarto mandato que havia sido rejeitado em referendo em 2016 e foi declarado vencedor em primeiro turno pelo Tribunal Supremo Eleitoral (TSE).


O Globo domingo, 10 de novembro de 2019

DOMENICA, PIZZA GOSTOSA E CIFRAS EM CONTA

 

Domenica, pizza gostosa e cifras em conta como maior atrativo: crítica

Pizzaria abre filial em Ipanema com bar de drinques e boa adega
 
Domenica. No menu, 25 opções de pizza Foto: Divulgação
Domenica. No menu, 25 opções de pizza Foto: Divulgação

Por mais de uma década, no imóvel vizinho ao Rancho Português, quase na Lagoa, funcionou a Stravaganze, pizzaria que saiu de cena em agosto deste ano. É sempre melancólico ver um espaço no Rio fechado. Neste caso —viva! —,foi jogo rápido. Rapidíssimo até: a bonita casa já reabriu as portas, e mais uma vez como pizzaria, a Domenica, que veio da Tijuca e já tinha filial em Botafogo. Esta caçula tem as suas diferenças, como um bar de drinques no térreo, uma boa adega no mezanino e várias opções além das pizzas.

 

O restaurante anterior era mais bonito, projeto dos mais caprichados de Bel Lobo. A Domenica é mais simples, mas superfunciona, e até resgatou, na reforma, uma antiga parede de pedras que estava encoberta. Ali, fazem 25 tipos de pizzas clássicas, todas com a mesma massa base e sem complicações. Vai da margherita simples às incrementadas com mozzarella de búfala, grana padano, molho de tomate da casa (bom) e manjericão (R$ 41). Ou a carbonara com mozzarella de búfala, stracciatella, bacon, linguiça de lombo suíno, ovo, grana padano, pimenta e cebolinha, R$ 61, a mais cara da leva.

A burratta traz pesto e focaccia quentinha (R$ 47), o shiitake ao forno chega perfumado (R$ 47) e há em cartaz vários calzones (ficamos com o de mozzarela de búfala, gorgonzola e grana padano, R$ 49) e bruschettas , como a Crock e Pepe, de stracciatella e spianatta, embutido picante e crocante (R$ 25). Para acompanhar, escolhemos o Caparzo, um sangiove grosso, de Barollo, feito na vinícola onde filmaram “Cartas para Julieta”, luxo por enxutos R$ 90. E justamente são as boas cifras o maior trunfo dali. Domenica

  •  Domenica: Rua Maria Quitéria 132, Ipanema —3435-0046. Seg a qui e dom, das 18h à meia-noite. Sex e sáb, das 18h à 1h.

O Globo sábado, 09 de novembro de 2019

QUAL A IMPORTÂNCIA DA VOLTA DE LULA?

 

Qual a importância da volta de Lula ao cenário político? Veja a análise dos colunistas

Míriam Leitão, Merval Pereira e Ascânio Seleme analisam qual será o impacto da volta do ex-presidente
 
 
Lula deixa a prisão na superintedência da Polícia Federal em Curitiba Foto: Marcelo Andrade / Agência O Globo
Lula deixa a prisão na superintedência da Polícia Federal em Curitiba Foto: Marcelo Andrade / Agência O Globo
 
 

RIO — Após deixar a sede da Polícia Federal, em Curitiba, onde esteve preso 580 dias, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da silva discursou para os militantes e anunciou que vai percorrer o país. Ele também centrou fogo na força-tarefa da Lava-Jato e acentuou a sua oposição ao governo do presidente Jair Bolsonaro. Poucas horas depois, o petista adotou tom mais leve em vídeo publicado nas redes sociais. Disse que quer “construir um país melhor” e que não vai “ficar falando mal” do presidente Jair Bolsonaro.

Entenda : Lula poderá ser preso de novo? Ele pode ser  candidato?

Qual será a estratégia de Lula? Qual o impacto da volta do ex-presidente ao cenário político? Os colunistas do GLOBO Míriam Leitão, Merval Pereira e Ascânio Seleme analisam qual será o papel de Lula.

Míriam Leitão

Festa e fúria no solo do Brasil

O bonito da democracia é que ela nunca está terminada, como a vida, na linda definição de Guimarães Rosa. Os petistas que choraram de tristeza no dia 7 de abril de 2018 na sexta-feira choravam de alegria com a saída de Lula da prisão, depois de longos 580 dias. Os antipetistas que gritaram “mito” para o atual presidente tiveram ontem um dia de fúria. Mas não há só dois lados na política. E o correr da vida é que vai definir a dimensão dos acontecimentos intensos desta semana.

Leia : Lula foi solto, mas não inocentado no caso do tríplex; veja outros processos

A expectativa é exatamente qual será o caminho que Lula vai escolher. A parte enraivecida da militância quer que ele continue naquele tom da fala inicial, atacando “o lado podre da Justiça, o lado podre do Ministério Público, o lado podre da Polícia Federal e o lado podre da Receita Federal” que, segundo ele, “trabalharam para tentar criminalizar a esquerda, criminalizar o PT, criminalizar o Lula.” O desabafo era previsível. Mas, em uma conversa longa que tive com um dos políticos petistas esta semana ouvi frequentemente a expressão “frente ampla”. Haverá, como sempre, os raivosos e os que vão sugerir que ele amplie o diálogo para além do partido. (Leia mais) 

Merval Pereira

Meu malvado preferido

Não sei se Lula sabe jogar xadrez, mas desconfio que, se souber, deve jogar bem. E se não souber, tem jeito para o jogo. Sua estratégia neste caso foi perfeita, defendendo-se de uma manobra do Ministério Público com uma jogada altamente arriscada, mas que se mostrou eficiente do ponto de vista político.

Planos:   Lula planeja viajar pelo Brasil para reorganizar oposição

Recusando-se a sair da cadeia por ter cumprido um sexto da pena a que foi condenado, como se antecipou a pedir o Ministério Público, Lula evitou ter que aceitar as restrições do regime de prisão semi-aberta, que o obrigariam a dormir na cadeia ou, no mínimo, a uma prisão domiciliar com limitações que dificultariam sua atividade política. (Leia mais)

 

Ascânio Seleme

Solto, Lula será o adversário que Bolsonaro ainda não teve

Lula foi o primeiro e mais importante beneficiário da decisão do Supremo Tribunal Federal em proibir a prisão depois da condenação em segunda instância. Sua libertação se deu em cadeia nacional de TV e pipocou em todas as redes sociais. Foi o único assunto da sexta-feira no Brasil. Lula saiu da cadeia com base na decisão do STF, mas também poderia ter saído pelo cumprimento de um sexto da pena, de acordo com o Código do Processo Penal.

 

A forma que se deu a liberdade do ex-presidente, porque seu caso ainda não transitou em julgado, serve muito mais aos planos políticos do líder petista. Significa, em outras palavras, que ele ainda não foi condenado. Lula é inocente, estabeleceu a decisão do STF. E como inocente vai percorrer o país e liderar um movimento em favor da sua corrente política e, muito mais importante, vai trabalhar contra o governo Bolsonaro. Ao deixar a prisão, Lula se transformou imediatamente em um rival de tamanho e peso que até aqui Bolsonaro não tinha visto. (Leia mais)


O Globo sexta, 08 de novembro de 2019

DECISÃO DO STF: ENTENDA O QUE MUDA

 

Entenda: o que muda com a decisão do STF sobre prisão após o fim de recursos

Por 6 votos a 5, ministros mudaram entendimento que permitia prisão após condenações em segunda instância
 
 
O plenário do Supremo Tribunal Federal Foto: Jorge William / Agência O Globo/27-06-2019
O plenário do Supremo Tribunal Federal Foto: Jorge William / Agência O Globo/27-06-2019
 
 

RIO — O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira que condenados só podem ser presos após o trânsito em julgado de processos, ou seja, quando não for mais possível apresentar recursos no processo. 

Entenda o julgamento:

O que foi decidido?

O Supremo decidiu, por 6 votos a 5, que réus só podem ser presos após esgotadas todas as possibilidades de recurso (trânsito em julgado). Votaram contra a prisão em segunda instância  o relator Marco Aurélio Mello e os ministros Rosa Weber, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Celso de Mello e Dias Toffoli. Votaram a favor Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux e Cármen Lúcia.

A libertação dos presos será automática?

Não. Na proclamação do resultado do julgamento, os ministros do STF decidiram que os juízes de execução penal vão ter que analisar caso a caso. É possível, por exemplo, um réu ser libertado com base na tese da segunda instância, mas o juiz poderá decretar prisão preventiva contra esse mesmo réu, se considerar que ele preenche algum requisito previsto em lei - como, por exemplo, risco de obstruir as investigações e alta periculosidade.

Quando o ex-presidente Lula poderá ser solto?

A defesa do ex-presidente Lula deve pedir nesta sexta-feira a sua libertação. O mais provável é que a solicitação seja feita à Vara de Execuções Penais (VEP), que cuida do cumprimento da pena do petista. No caso de Lula, a responsável é a juíza Carolina Lebbos, da 12ª Vara de Execuções Penais do Paraná. A magistrada não tem prazo previsto em lei para responder.

 

Análise : Decisão do STF afasta Toffoli do Bolsonaro

Qual deve ser a estratégia jurídica da defesa de Lula após deixar a prisão?

No caso do tríplex do Guarujá , Lula já foi condenado pela 13ª Vara Federal Criminal (primeira instância), pelo TRF-4 (a segunda instância) e pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). No caso do sítio de Atibaia , foi condenado em primeira instância. Ele também é réu no processo sobre o imóvel do Instituto Lula e responde a outros seis processos. A defesa do petista Lula aguarda ainda o julgamento do pedido de suspeição do ex-juiz Sergio Moro, que atuou nos dois primeiros processos do petista. Se o STF deferir o pedido de suspeição, as condenações nos casos do tríplex e do sítio podem ser anuladas.

Se for solto, Lula poderá ser preso novamente? Quando?

Não se pode prever por enquanto. Seu processo em estágio mais avançado é o do tríplex do Guarujá, no qual ele já foi condenado pelo STJ . Se o Supremo Tribunal Federal, quando julgar seu último recurso, mantiver a condenação, ele poderá voltar para a cadeia.

Quem mais será beneficiado?

Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), foram expedidos 4.895 mandados de prisão para condenados em segunda instância. Em tese, eles podem ser beneficiados com a decisão do Supremo. Mas, dependendo do caso, mesmo com a decisão do STF, o juiz do caso poderá decretar uma ordem de prisão cautelar (antes do trânsito em julgado). Deste modo, o entedimento da Corte não beneficiaria detentos que também cumprem prisão preventiva ou temporária, como o ex-governador Sérgio Cabral  e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, que também cumprem prisão preventiva (sem prazo para terminar).

Quantos presos da Lava-Jato podem ser beneficiados?

Levantamento do GLOBO aponta que ao menos 15 presos da Lava-Jato podem ser soltos já que tiveram a prisão decretada assim que foram condenados em segunda instância. Além de Lula, também podem pedir para serem soltos o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu e o empreiteiro José Adelmário Pinheiro, o Léo Pinheiro, da OAS, que cumpre prisão domiciliar.

O Congresso pode alterar o entendimento do STF?

Parlamentares já anunciaram que tentarão mudar a lei para que réus condenados em segunda instância possam ser presos. Um grupo de senadores se prepara para votar uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) sobre o tema na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa.

O presidente do STF, Dias Toffoli, disse logo após o julgamento que o Congresso tem autonomia para mudar a regra do início do cumprimento da pena.

— O Parlamento pode alterar esse dispositivo. O Parlamento tem autonomia para dizer, neste momento, sobre eventual prisão em razão de condenação (em segunda instância).

 

A prisão após trânsito em julgado é cláusula pétrea?

Há controvérsia entre juristas se uma mudança na legislação que permita a prisão após a segunda instância é possível ou não. Quem defende a exigência do trânsito em julgado acredita que essa regra é uma cláusula pétrea da Constituição e, portanto, não pode ser alterada. No entanto, para os defensores da medida, permitir que o réu recorra a uma instância superior já seria o suficiente para atender o direito de ampla defesa.

Assassinos e estupradores poderão ser soltos?

Ministros do STF já vieram à público rebater esse argumento de defensores da prisão após segunda instância. Para eles, continua sendo possível mantê-los atrás das grades graças à decretação de prisão provisória, pela qual não é preciso haver condenação. Ela pode ser determinada, por exemplo, para a "garantia da ordem pública".

Leia : Idas e vindas do STF sobre prisão após condenação em segunda instância

O que ainda deve ser debatido?

O Supremo pode analisar em breve se, em casos de crimes dolosos contra a vida, como homicídios e latrocínios (roubo seguido de morte), as prisões devem ser imediatas, ou seja, logo após a sentença do tribunal do júri


O Globo quinta, 07 de novembro de 2019

30 ANOS DA QUEDA DO MURO DE BERLIM: A ESQUERDA SEM SEU EXEMPLO MATERIAL

 

Queda do Muro de Berlim: Com fim do socialismo real, esquerda perdeu seu exemplo material

Nova era teve efeitos também no Brasil, em todo o espectro político
 
 
Campanha de Roberto Freire pelo PCB, no ano da queda do muro; partido rachou e mudou de nome duas vezes Foto: Carlos Wrede / 5-8-89
Campanha de Roberto Freire pelo PCB, no ano da queda do muro; partido rachou e mudou de nome duas vezes
Foto: Carlos Wrede / 5-8-89
 
 

RIO - O ocaso do socialismo real, simbolizado pela queda do Muro de Berlim, produziu efeitos também no Brasil , sobretudo em sua esquerda, que se viu destituída da principal referência de fato existente, que a acompanhara durante a maior parte do século XX. As transformações de 1989, acompanhadas do fim da União Soviética dois anos depois, eliminaram o grande exemplo material do movimento comunista, o que deixou grande parte da esquerda, comunista ou não, à deriva — e a direita, por sua vez, em posição favorável para cantar vitória.

O golpe foi mais forte nos partidos comunistas, PCB e PCdoB. O último ainda conseguiu manter boa coesão interna, por ter independência em relação a Moscou. O “Partidão”, contudo, era diretamente ligado ao PC soviético, e entrou, em poucos anos, em uma guerra civil interna, entre os que queriam dissolver o partido para fundar um novo e os defensores de sua manutenção. O lado vitorioso seria o grupo de seu presidente, Roberto Freire, que, em 1992, declarou a extinção do então PCB e a fundação do PPS como substituto.

A nova sigla herdou registro eleitoral e patrimônio da agremiação, o que fez com que os derrotados, leais ao ideal comunista, recomeçassem a trajetória eleitoral do zero. Refundado em 1992, o PCB ainda existe, mas é inexpressivo. Já o PPS, hoje renomeado Cidadania, cada vez mais enveredou para a direita, até apagar as raízes. No segundo turno do ano passado, Freire declarou-se neutro:

 

— Tivemos muitos ex-militantes de perspectiva bastante ortodoxa que vão de um extremo ao outro. Quando há uma percepção dogmática, você muda facilmente de um dogma ao outro — disse Sidnei Munhoz, professor de história contemporânea da Universidade Estadual de Maringá e da UFSC. — As pessoas olhavam para aquele mundo quase como se fosse uma expressão do paraíso, não analisavam os modelos de forma crítica. Quando ele vem abaixo, perdem então qualquer perspectiva analítica.

Socialismo petista

Já na época o maior partido de esquerda do Brasil, o PT também não saiu ileso. Sua composição heterogênea, que incluía sindicalistas mais interessados em demandas concretas do que na revolução, intelectuais ligados à Igreja Católica e setores muito à esquerda, com vários matizes entre as alas, não conferia uma identidade precisa ao partido, que tinha grande indefinição sobre o seu projeto de sociedade.

Embora os setores majoritários fossem críticos aos regimes do Leste europeu, em seu V Encontro Nacional, em 1987, o partido afirmou um compromisso com o socialismo, assinalado, em uma vertente democrática, como um objetivo estratégico. Setores petistas de caráter trotskista recebiam com otimismo as reformas promovidas por Mikhail Gorbachev desde 1985, e não consideravam a possibilidade de uma restauração da ordem capitalista no Leste europeu. Pelo contrário, a perspectiva geral era de avanço rumo à concretização da utopia socialista.

 

A crise manifesta na queda do muro, aguçada depois pela dissolução da União Soviética, provou que o prognóstico otimista era incompatível com a realidade. Na nova etapa mundial, caberia à esquerda uma posição defensiva:

— Na época pós-1989 e, principalmente, 1991, com a desagregação da URSS, temos a expansão da ordem capitalista, inclusive de modo bastante voraz. Ou seja, muitos direitos sociais conquistados ao longo de décadas serão desfeitos — afirmou Munhoz.

As mudanças globais esfriaram a hipótese de um socialismo petista nos anos 90. A já majoritária tendência liderada por Luiz Inácio Lula da Silva, que nunca foi socialista, ganhou ainda mais preponderância, e o partido passou a ter composição mais homogênea, com a redução da pluralidade e o reforço de posições social-democratas. PDT e PSB, os outros partidos que tinham correntes socialistas, passaram por processos parecidos.

A direita, enquanto isso, utilizou a queda como um marco de que o projeto da esquerda como um todo ruíra. No dia 4 de novembro de 1989, a cinco dias da queda do muro e 11 dias do primeiro turno, o então candidato Fernando Collor de Mello já divulgara o jingle “Pula-lá”, uma paródia do slogan de Lula que fazia referência ao isolamento socialista. A estratégia de acusar a esquerda como um todo de ter vínculos com a URSS e com o Leste da Europa e de, portanto, pertencer ao passado, se tornaria um lugar comum:

 

— Principalmente em 1989, mas também ao longo dos 90, havia uma referência constante dos partidos de direita à queda do muro e ao Leste europeu para avançar o liberalismo econômico, que nunca fora muito forte no Brasil, exceto em períodos episódicos. Alardeavam, como chegou a dizer Francis Fukuyama, que tínhamos chegado “ao fim da História” — disse Segrillo.


O Globo quarta, 06 de novembro de 2019

A HORA E A VEZ DOS VINHOS VERDES

 

A hora e a vez dos vinhos verdes

POR CLAUDIA MENESES

 

Vinhos verdes: o frescor dos rótulos portugueses será tema de evento no MAM

 

 

A explosão de frescor dos vinhos verdes vai dominar o Museu de Arte Moderna nos dias 15 e 16. O Vinho Verde Wine Experience vai trazer um dos tesouros de Portugal para terras cariocas, com degustações de mais de 100 rótulos de vinhos, alguns ainda não disponíveis no mercado brasileiro. A estimativa de público é de 1,2 mil pessoas.

 Os produtores presentes são AB Valley Wines, Adega de Monção, Adega Ponte da Barca I Viniverde, Aveleda, Campelo, Enoport Wines, Provam, Quinta da Calçada, Quinta da Lixa, Quinta das Arcas, Quinta de Carapeços, Quinta de Curvos, Quinta de Linhares, Quinta de Santa Cristina, Quinta de Santa Caíz, Vinhos S. Caetano, Sogrape Vinhos, Vercoope e Vinhos Norte. No cardápio, brancos, rosés, tintos e espumantes.

Haverá ainda masterclasses com o jornalista Pedro Mello, a sommelière Laís Aoki, do Oteque; e o sommelier Elvis Baltar, do Oro. O programa inclui ainda show cookings com chefs renomados, cocktails e finger foods sob a batuta do Ricardo Lapeyre. Para elevar a temperatura, a música do DJ Lucce.

O ingresso dará direito a um copo oficial, provas livres com 19 produtores, uma masterclass, um showcooking/harmonização, coquetéis das 19 às 21h, finger food.

No cardápio do chef Ricardo Lapeyre para finger food, estão: Chips de raízes; guacamole; brusqueta de tomate concassé e queijo de cabra; brandade de bacalhau ao pesto; caponata de legumes; beringela no missô; homus tahine; terrine de Campagne; aperitivo de linguiça de porco; cesta de pães variados; queijos variados

Programação

15 de novembro

Aulas

- 18h30 – Masterclass - Elvis Baltar - Vinho Verde na gastronomia brasileira
- 19h – Showcooking - Ricardo Lapeyre - prato: Olhete Crudo; chantilly de caviar mujol; tartare cítrico
- 19h15 – Masterclass - Pedro Mello - As quatro castas de Vinho Verde
- 20h – Masterclass - Pedro Mello - As quatro castas de Vinho Verde
- 20h15 – Showcooking - Thaís Cruz - prato: camarão ao beurre blanc e aspargos
- 20h45 – Masterclass - Gonçalo Rowett - Descubra os novos Vinhos Verdes
- 21h30 – Masterclass - Daniel Perches - Vinho Verde: Vinhos que despertam os sentidos
- 21h45 – Showcooking - Rafael Ramos - prato: Carpaccio de vieiras com salada de funcho e rabanete no azeite de limão siciliano
- 22h15 – Masterclass - Gonçalo Rowett - Há um Verde para cada momento

Música e drinks

- 19h às 21h - Sunset drinks
- 18h às 21h - DJ Santo
- 21h às 23h - DJ Lucce

16 de novembro

- 18h30 – Masterclass - Laís Aoki - Além do Vinho Verde tradicional
- 19h – Showcooking - Ricardo Lapeyre - Olhete Crudo; chantilly de caviar mujol; tartare cítrico
- 19h15 – Masterclass - Laís Aoki - Além do Vinho Verde tradicional
- 20h – Masterclass - Elvis Baltar - Vinho Verde na gastronomia brasileira
- 20h15 – Showcooking - Thaís Cruz - prato: tartar de Salmão, funcho e chips de mandioca
- 20h45 – Masterclass - Gonçalo Rowett - Descubra os novos Vinhos Verdes
- 21h30 – Masterclass - Daniel Perches - Vinho Verde: Vinhos que despertam os sentidos
- 21h45 – Showcooking - Rafael Ramos - prato: Carpaccio de vieiras com salada de funcho e rabanete no azeite de limão siciliano)
- 22h15 – Masterclass - Gonçalo Rowett - Há um Verde para cada momento

Música e drinks

- 19h às 21h - Sunset Drinks (cocktail hour)
- 18h às 21h - DJ Santo
- 21h às 23h - DJ Lucce

Serviço

Vinho Verde Wine Experience
Data: 15 e 16 de novembro
Museu de Arte Moderna - Avenida Infante Dom Henrique 85, Parque do Flamengo
Ingressos - R$ 75 / compra via digital: R$50

 


O Globo terça, 05 de novembro de 2019

CANTOR SILVIO CESAR COMEMORA, COM LIVRO, SEUS 80 ANOS

 

Astro da canção romântica, Silvio Cesar comemora com livro os seus 80 anos

Do samba canção à jovem guarda, o cantor e compositor de 'Pra você' passa a limpo suas experiências musicais e grandes encontros
O cantor Silvio Cesar em 1965 Foto: Divulgação
O cantor Silvio Cesar em 1965 Foto: Divulgação
 
 

RIO - Uma testemunha da Copacabana do samba-canção (substituiu Dolores Duran na boate Bacará, do Beco das Garrafas) que passou pelo sambalanço e a jovem guarda, o cantor Silvio Cesar completou 80 anos em agosto e aproveitou para passar a limpo seus 60 anos de carreira no livro “Silvio Cesar 80 anos” (Editora Batel), que lança esta terça-feira, a partir das 19h, em noite de autógrafos na Livraria da Travessa do Leblon.

— É o retrato de uma época, das minhas experiências em 60 anos de trabalho, não um livro de memórias — adverte essa referência da música romântica brasileira, autor de sucessos como “Pra você” (gravada em 1965 em sua própria voz, depois por Gal Costa e mais recentemente por Roberta Sá ) e “O moço velho” (sucesso de Roberto Carlos , para quem Silvio fez a canção sob medida).

Detalhe da capa do livro
Detalhe da capa do livro "Silvio Cesar 80 anos" Foto: Reprodução

Nascido Silvio Rodrigues Silva em Raul Soares (MG), o cantor começou carreira na televisão (inaugurou a TV Continental) e como crooner das orquestra do saxofonista Waldemar Szpillman e da banda do organista Ed Lincoln , o Rei dos Bailes. Nesse início, ele participou também como ator do filme “Na onda do iê iê iê” (1966), ao lado dos futuros trapalhões Renato Aragão e Dedé Santana — o que lhe valeu até uma única participação no programa de TV “Jovem Guarda” , de Roberto Carlos.

Em “Silvio Cesar 80 anos”, estão, além de um farto material fotográfico que ele reuniu, muitas de suas histórias — algumas anedóticas, outras emocionantes — com figuras como Tom Jobim , Chico Buarque , Elis Regina , Gal Gosta, Pelé e outros nomes. Autor de mais de 250 músicas, gravadas por grandes intérpretes da MPB, Silvio Cesar não deixou de incluir no livro algumas denúncias, como a de “um padre muito famoso” que se apropriou do refrão da sua canção “Vamos dar as mãos” (gravada por Antônio Marcos ) e que trocou a letra para “vamos erguer as mãos” sem pedir autorização.

 
O maestro Tom Jobim e o cantor Silvio Cesar, nos anos 1980 Foto: Divulgação
O maestro Tom Jobim e o cantor Silvio Cesar, nos anos 1980 Foto: Divulgação

Formado em Direito, o cantor sabe bem do que está falando: ele hoje é presidente da Sociedade Brasileira de Proteção e Administração de Direitos Intelectuais (Socinpro).

— ( O direito autoral ) é um direito que ninguém sabe o que é ainda! — reclama ele, que seguiu com a carreira musical (em 2017, lançou seu mais recente CD, “Viagens paralelas"). — Tenho produzido de dois em dois anos, só não sou um artista de mídia, gosto de trabalhar com músicos que tocam jazz. Para mim, o prestígio é mais importante do que a popularidade.

"Silvio Cesar 80 anos"

Autor: Silvio Cesar

Editora: Batel

Páginas: 180

Preço: R$ 80

Lançamento: Terça-feira (05/11), às 19h, na Livraria da Travessa do Shopping Leblon — Av. Afrânio de Melo Franco, 290, loja 205 (3138-9600)


O Globo segunda, 04 de novembro de 2019

MELHORA DO EMPREGO FORMAL

 

Melhora do emprego formal é puxada por trabalhadores com até 24 anos

Segundo levantamento, grupo mais afetado na crise começa a recuperar espaço no mercado de trabalho
 
 
 
 
 

RIO - Os jovens brasileiros ainda têm à frente uma grande barreira de entrada no mercado de trabalho , mas que vem diminuindo nos últimos meses com a lenta recuperação da oferta de empregos nos últimos 12 meses.

 

Levantamento do GLOBO com base nos microdados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) aponta que a melhora do emprego formal tem sido puxada por trabalhadores com até 24 anos. Entre outubro de 2018 e setembro deste ano, cerca de 1,1 milhão de jovens foram contratados com carteira assinada em todo o país.

Renda: Jovens foram os que mais perderam desde 2014

Os números mostram que o segmento que mais sofreu com a crise, com taxa de desemprego superior a 28,1% em 2017, segundo a Pnad Contínua, do IBGE, é agora o primeiro a recuperar espaço no mercado de trabalho. O saldo de novos empregos formais só é positivo entre os trabalhadores até 29 anos.

Acima dos 30 anos, a perda de vagas continua, ainda que em menor intensidade, levando ao fechamento de mais de 613 mil vagas de outubro de 2018 a setembro deste ano. O fluxo divergente nas duas pontas resulta no saldo positivo de 478 mil vagas em 12 meses.

Trabalho: Aumenta 160% número de qualificados com jornada menor que o desejado

A melhoria, no entanto, é restrita aos trabalhadores mais qualificados, com ensino médio e superior completo. Profissionais menos escolarizados, mesmo os mais jovens, ainda enfrentam dificuldades em entrar no mercado formal.

 

A falta de experiência é um empecilho para boa parte dos 4 milhões de jovens desempregados. Tanto que o governo deve apresentar esta semana um pacote de medidas para estimular a geração de empregos nesse segmento, oferecendo benefícios fiscais para as empresas.

Para analistas, o movimento do mercado traz um alento para os jovens.

- A crise deixou marcas profundas. Os jovens foram os mais afetados, às vezes entrando na vida laboral e não conseguindo emprego. Ficaram anos nem trabalhando, nem estudando, o que prejudica a qualificação. Se ficassem à margem, poderiam se tornar adultos ou idosos com dificuldades financeiras — diz Thiago Xavier, da consultoria Tendências.

Renda:   Brasil vive o ciclo mais longo de aumento da desigualdade

Durante os dois anos em que esteve desempregado, Israel Lima, de 22 anos, percebeu que a falta de qualificação foi mais uma dificuldade na hora de ser chamado para as vagas às quais se candidatou. Para driblar o desemprego, apostou em trabalhos informais. Há três meses como operador de mercearia da rede de supermercados Mundial, ele afirma que ganhar o próprio dinheiro foi a estratégia para investir na carreira profissional.

- Fiz bicos como garçom, vigia e até vendendo bebidas na praia. Mesmo tendo feito curso de informática, na área de tecnologia e sabendo um pouco de inglês, não era o suficiente - conta. - Sem dinheiro não dá para se profissionalizar. É um ciclo, e você fica fechado ali, não dá para sair.

 

Balazeiro: 'Não podemos procurar soluções para emprego com redução de direitos'

Segundo especialistas, como os jovens foram os que mais sofreram com a desocupação na crise, eles têm maior facilidade para retornar ao mercado nesse momento, devido ao contingente disponível. São eles que se adaptam às vagas de até dois salários mínimos geradas nos últimos meses.

- Como o jovem não é o chefe de família, tem disposição para trabalhar com salários menores, ele se adapta a esse momento da economia. Tem disponibilidade, escolaridade e salário reserva menor (quando um trabalhador aceita um salário inferior ao que desejaria para aquela vaga). Se ele não tem experiência, às vezes aceita o primeiro salário de forma a se colocar no mercado -explica Maria Andreia Parente Lameiras, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Até 2023: Conheça as profissões que terão mais vagas na indústria

A contratação de jovens como Israel tem sido feita pensando no aumento da produtividade. Segundo Maria Andreia, o empresário, ao optar por contratar com carteira assinada, pensa a médio e longo prazos, podendo capacitar quem trabalha com salários mais baixos.

- Os mais novos não têm vícios, vamos colocando dentro da nossa filosofia de trabalho. Às vezes, uma pessoa de certa idade é mais resistente a mudanças — diz Lídia Maciel, gerente de RH do Mundial.

Ganho de escolaridade

Os empregadores ainda têm descoberto - e aproveitado - as características positivas da “geração perdida”. São profissionais que se qualificaram durante a crise, mas não conseguiram ocupação nos últimos anos.

- O trabalhador jovem teve um ganho de escolaridade nos últimos anos, que torna lucrativa a contratação formal. Estamos aproveitando parte dessa geração que se formou e não havia conseguido emprego - ressalta José Márcio Camargo, economista da Genial Investimentos.

Mão de obra: Desemprego avança entre os mais qualificados

A publicitária Ana Letícia Ribeiro, de 23 anos, faz parte desse grupo. Após entrar na faculdade durante a crise, em 2015, temeu por seu futuro profissional. Há três meses, conseguiu um emprego formal em uma agência na área de mídias sociais.

- Como não tinha vagas, pensava que não iria conseguir nada. Pensei várias vezes em mudar de área. Não queria me formar sem emprego algum. Conheci muita gente que não conseguiu - lembra.

Segundo analistas, a expectativa para os próximos meses é de mais contratações entre os jovens, principalmente por causa do trabalho de fim de ano. Jovens como Jiulianne dos Santos, de 25 anos, que retornaram ao mercado por meio de vagas temporárias, veem aí a chance de ser efetivados.

 

Fuga de cérebros: Desemprego e violência levam mão de obra qualificada a deixar o Rio

- Sei que gostaram de mim porque já estou certa de fazer o Natal em outra função, melhor do que naquela que me contrataram no Dia da Criança. Tenho esperanças de conseguir ser efetivada se surgir uma vaga na loja - diz Jiulianne, que agora quer a estabilidade financeira para realizar seus planos de cursar enfermagem.

Pacote deve estimular geração de emprego

O pacote de medidas para estimular a geração do primeiro emprego de jovens entre 18 e 29 anos, em elaboração pela equipe econômica, pode levar alento aos mais de quatro milhões de desempregados desse segmento, avaliam economistas. O programa deve conceder benefícios fiscais aos empregadores, como isenção da contribuição previdenciária e redução de outros encargos.

Para Maria Andreia Parente Lameiras, do Ipea, a despeito de os jovens estarem dentro do segmento que gerou 1,1 milhão de vagas nos últimos 12 meses, a criação de vagas sem que haja incentivos financeiros às empresas não é suficiente para absorver todo contingente fora do mercado.

Petróleo : Leilões dão fôlego extra para economia do Rio e podem gerar 400 mil novas vagas até 2022

— Mesmo gerando vagas, ainda temos muitos jovens desempregados. Precisamos de política para inserir esse contingente no mercado de trabalho. Se pensarmos a longo prazo, o ideal é estimular a contratação de pessoas mais jovens — afirma.

 

Na avaliação de Thiago Xavier, da Tendências, o pacote visa melhorar, no futuro, a produtividade os salários médios da economia. Cerca de 3 milhões de trabalhadores devem ser atingidos, segundo fontes da equipe econômica.

— As condições de entrada do mercado influenciam toda sua trajetória profissional. Se a pessoa ficar muito tempo desempregada, entrar na informalidade vai afetar sua trajetória e, consequentemente, o salário médio e a produtividade no futuro — diz Xavier.

*Estagiária, sob a supervisão de Alexandre Rodrigues 


O Globo domingo, 03 de novembro de 2019

MEGALEILÃO DO PRE-SAL

 

Com megaleilão do pré-sal, Brasil atrai 93% da renda global de rodadas de petróleo

Confirmadas as expectativas de arrecadação no megaleilão e na 6ª Rodada do pré-sal, o país chegará ao patamar de R$ 153,6 bilhões acumulados em bônus
 
 
Plataforma no pré-sal da Bacia de Santos. Foto: Andre Ribeiro / Agência O Globo
Plataforma no pré-sal da Bacia de Santos. Foto: Andre Ribeiro / Agência O Globo
 
 

RIO - Os leilões de petróleo marcados para esta semana consolidam o Brasil como o principal foco de investimentos das maiores petroleiras do mundo. Confirmadas as expectativas de arrecadação no megaleilão e na 6ª Rodada do pré-sal, o país chegará ao patamar de US$ 38,5 bilhões (ou R$ 153,6 bilhões) acumulados em bônus de assinatura desde a retomada dos certames, em 2017, pagos por petroleiras pelo direito de explorar áreas. Isso vai representar, segundo dados da consultoria britânica Wood Mackenzie, 93% de tudo que as companhias gastaram em leilões de petróleo pelo mundo em quase três anos.

O impacto para os cofres públicos e para a atividade econômica é de longo prazo. Com o apetite das petrolíferas, as áreas do pré-sal vão gerar para o governo outros R$ 92,7 bilhões até 2028, considerando apenas a participação da União nas vendas de petróleo. Além da entrada de recursos, a movimentação em torno da retomada da cadeia de óleo e gás aumenta as perspectivas de recuperação da economia do Rio, maior produtor nacional, com a atração de empresas, cursos de capacitação e geração de empregos.

Longe dos conflitos do Oriente Médio, o pré-sal já responde por mais da metade da produção nacional e ajudou a Petrobras a bater a marca dos três milhões de barris diários. A mudança de patamar já está no radar das empresas. Para os dois leilões desta semana, que vão oferecer nove áreas, há 18 petroleiras habilitadas, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Mudança de patamar

Na semana passada, o Brasil foi convidado pela Arábia Saudita a participar da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que reúne os maiores do setor. Se, do ponto de vista econômico, a mudança pode não interessar ao país, em razão da possibilidade de cortes na produção, entre outros aspectos citados por especialistas, não deixa de ser um retrato da ascensão brasileira na indústria global de petróleo. Com os leilões, o país tem a perspectiva de se tornar o quinto maior produtor mundial.

 

Um dos aspectos que justificam o interesse das petroleiras no pré-sal, segundo Marcelo de Assis, chefe de pesquisa de Exploração e Produção da Wood Mackenzie na América Latina, é a alta produtividade, com poços que geram mais de 45 mil barris por dia.

Viu isso ? Ministro Paulo Guedes compara cessão onerosa a 'suco da jabuticaba'

O megaleilão marcado para quarta-feira deve gerar a maior arrecadação da história do setor em todo o mundo. Caso todas as quatro áreas sejam arrematadas, o pagamento de bônus fixo chegará a R$ 106 bilhões. Deste total, R$ 69,9 bilhões já estão garantidos, pois a Petrobras exerceu o chamado direito de preferência — garantiu previamente seu interesse. A estatal fará propostas em parceria com outras petroleiras, afirmou Roberto Castello Branco, presidente da Petrobras, na última sexta-feira.

Na 6ª Rodada, o valor previsto é de R$ 7 bilhões, caso todos os blocos sejam arrematados. Do total, a Petrobras (com sócios) informou que vai fazer ofertas por três áreas, garantindo arrecadação de R$ 1,845 bilhão.

 

Ganhos do pré-sal se ampliam
Nos próximos dias 6 e 7, o governo vai leiloar novas áreas de exploração e produção no pré-sal
6ª Rodada de licitações
Norte
de Brava
Excedente da cesssão onerosa
RJ
!
SP
BACIA DE
SANTOS
Búzios
Itapu
Libra
BACIA DE
CAMPOS
 
Atapu
Sépia
 
Aram
Sudoeste de
Sagitário
Cruzeiro
do Sul
Bumerangue
Projeção de arrecadação nos
contratos de partilha
Em R$ bilhões
40,311
0,760
2,214
3,014
0,286
0,571
2028
2018
2019
2020
2021
2022
A atual legislação obriga as petroleiras a dividir com a União parte dos lucros obtidos com a produção em áreas do pré-sal, no regime chamado de partilha. Com os novos leilões, essa arrecadação vai somar mais de
R$ 90 bilhões
em uma década

 O regime de partilha — criado por causa da descoberta do pré-sal — determina que as petroleiras dividam com a União parte do óleo produzido após descontar os gastos com a sua extração. No jargão do setor, é o chamado óleo-lucro. No leilão, é definido um patamar mínimo a ser compartilhado com a União, e ganha quem oferecer o maior percentual. No megaleilão, o mínimo vai de 18,15% a 27,88%, dependendo da área.

 

Segundo Assis, os dados indicam que há, em cada área, de 2 a 5 bilhões de barris recuperáveis de petróleo.

— São áreas com uma qualidade que dificilmente é colocada no mercado mundial. Por isso, o Brasil concentra a arrecadação dos valores pagos nos leilões no mundo, mesmo tendo ocorrido certames em 14 países nos últimos anos, como EUA, México, Rússia, Argentina e Egito.

Especialistas : ingresso na Opep não é vantajoso para o Brasil

`Para Décio Oddone, diretor-geral da ANP, que vê uma mudança de patamar na indústria após os leilões, as mudanças regulatórias foram cruciais para o setor. A Petrobras deixou de ser a operadora única de todos os campos do pré-sal e não tem mais obrigação de disputar todas as áreas. Além disso, foram flexibilizadas as regras de conteúdo local, o patamar mínimo de insumos de fabricantes nacionais.

— O interesse no pré-sal pelo mundo ocorre por causa da qualidade dos ativos e das mudanças regulatórias, o que tornou o investimento atraente. Seremos um dos cinco maiores produtores no fim da década. Está aberto o caminho para um novo patamar. Esperamos investimentos de R$ 1,8 trilhão e entre 50 e 60 novas plataformas — diz Oddone.

Amazônia Azul: Governo quer explorar nova área de petróleo a 370 km da costa

 
 

Ainda assim, Assis avalia que as empresas podem fazer ofertas conservadoras no megaleilão, com lances que não fiquem muito acima do percentual mínimo definido:

— Todos sabem fazer contas. As companhias estão com forte disciplina de capital, projetando petróleo entre US$ 60 e US$ 65.

Mesmo considerando apenas a oferta mínima no certame, o governo levantaria, em 2028, R$ 20 bilhões somente com a venda de petróleo das áreas leiloadas no megaleilão, segundo estimativa da PPSA, estatal criada para gerir contratos de partilha do pré-sal.

Veja: Japoneses têm interesse em investir em minérios raros no Brasil, como o nióbio

Esses campos devem iniciar a produção já no fim de 2021, diz a PPSA. Quando se inclui na conta o volume esperado com a venda de petróleo nos outros 14 contratos de partilha no pré-sal já fechados, a receita com as vendas chega a R$ 92,7 bilhões até 2028.

— Nossa estimativa é conservadora, tendo como base o óleo-lucro mínimo. Com os leilões de novembro, os recursos vão crescendo e dobram em 2028 em relação à nossa estimativa anterior. Em vez de 250 mil barris só para a União em 2028, poderão ser 500 mil barris — prevê Eduardo Gerk, presidente da PPSA.

Petrobras vai vender óleo

A venda desse petróleo vem sendo feita através de leilões organizados pela PPSA. Segundo Gerk, até o fim do ano serão concluídas as negociações para a Petrobras se tornar a comercializadora desse óleo para a União.

 

— Como vão entrar muitas operações, não faz sentido fazer apenas leilões. Por isso, vamos ter uma definição sobre o processo de venda do petróleo até o fim do ano. É um dinheiro que entra direto no caixa do Tesouro Nacional. Os recursos vão para educação, área social e saúde através do Fundo Social— explica Gerk.

Castello Branco : cessão onerosa é 'monstrengo' criado no Brasil

O deputado federal Fernando Coelho, ex-ministro de Minas e Energia, lembrou que as mudanças nas regras do setor recolocaram o Brasil no mercado mundial de óleo e gás:

— Diante dos grandes produtores, o Brasil é um ambiente estável e porto seguro para os investidores e empresas de petróleo. Mas ainda há desafios, como a melhoria no processo de licenciamento e a redução de burocracia. Somos uma das bolas da vez.

Segundo Edmar Almeida, do Instituto de Economia da UFRJ, o modelo do leilão, baseado em bônus elevados, permite ao governo antecipar receitas futuras como forma de amortecer o impacto fiscal:

— Se esse bônus fixo fosse menor, poderia haver mais competição e mais arrecadação a longo prazo.

Regime ainda visto com ressalvas

O regime de partilha, criado para a exploração do pré-sal, já foi chamado de “jabuticaba” pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e costuma ser visto com ressalvas por boa parte dos especialistas. As críticas destacam a maior burocracia e a elevada concentração de recursos pelo governo.


O Globo sábado, 02 de novembro de 2019

SUSHI VEGANO: RECEITA COM COGUMELOS, ARROZ ROSA E MAIONESE DE PÁPRICA PICANTE

 

Sushi vegano? Aprenda uma receita com cogumelos, arroz rosa e maionese de páprica picante

 
.Org Bistrô. A sugestão da chef Tati Lund é o combinado  duplinhas de sushi vegano com arroz negro, melancia maçaricada, creme de wasabi; arroz com cúrcuma, berinjela no missô fermentado e harusame crocante; e suhsi com cogumelos, arroz rosa, cardoncello na brasa e maionese vegana de páprica picante (à direita) Foto: Divulgação/Tomás Rangel
.Org Bistrô. A sugestão da chef Tati Lund é o combinado  duplinhas de sushi vegano com arroz negro, melancia maçaricada, creme de wasabi; arroz com cúrcuma, berinjela no missô fermentado e harusame crocante; e suhsi com cogumelos, arroz rosa, cardoncello na brasa e maionese vegana de páprica picante (à direita) Foto: Divulgação/Tomás Rangel
 
 
 
RIO —  A chef Tati Lund , do  .Org Bistrô  , na Barra da Tijuca, se diverte fazendo releituras saudáveis de pratos clássicos. Por isso, esqueça o sushi com salmão, atum, peixe branco ou camarão. Para o Dia do Sushi , Tati sugere o Ta Combinado  — duplinhas de sushi vegano com arroz negro, melancia maçaricada, creme de wasabi; arroz com cúrcuma, berinjela no missô fermentado e harusame crocante; e o sushi com cogumelos, arroz rosa, cardoncello na brasa e maionese vegana de páprica picante , cuja receita você encontra abaixo.
 
 
 

LEIA MAIS: Aprenda a receita de Kata Yakisoba, da chef Alissa Ohara

Sushi de cogumelos com arroz rosa e maionese de castanha picante

Ingredientes:

Para o arroz de sushi rosa:

. 1 xícara de arroz cateto integral cozido

. 2 colheres de sopa de shoyu

. 2 colheres de sopa de mascavo

. 2 colheres de sopa de vinagre

. 1 beterraba pequena + 1 xícara de água

Para a maionese picante:

. 3/4 xícara de castanha de caju de molho

. 1/4 xícara de água (usar só o suficiente para bater)

. Sal a gosto

. 1 pitada de páprica defumada

. 1 pitada de pimenta caiena.

Para o sushi:

. 100g de cogumelos (cardoncello de preferência)

. Azeite, sal e pimenta a gosto

. 1 folha de alga nori

 

Modo de preparo:

Do arroz de sushi rosa:

1. Bater a beterraba com 1 xícara de água para formar um suco rosa.

2. Juntar todos os ingredientes em uma panela até reduzir o suco de beterraba e atingir a consistência de arroz de sushi.

3. Refrigerar e formar as bolinhas de arroz quando estiver firme.

Da maionese picante:

1. Bater tudo no liquidificador até uma consistência bem cremosa e refrigerar.

Do sushi:

1. Grelhar os cogumelos na frigideira com um fio de azeite sal e pimenta. Fatiar bem fininho.

 

2. Cortar filetinhos de nori para enrolar os sushis.

3. Montagem: 1 bolinha de arroz rosa, 1 gota de maionese, cogumelos em tirinhas e enrolar com a alga. Finalizar com mais uma gota de maionese, uma pitada de páprica e brotos.


O Globo sexta, 01 de novembro de 2019

FUTEBOL: FLAMENGO TEM GOLEIRO EXPULSO E EMPATA COM O GOIÁS

 

Flamengo cede empate para o Goiás, e vantagem sobre o Palmeiras cai para oito pontos

Rubro-negro abre 2 a 0 e, após ter o goleiro expulso, não segura a vantagem
 
 
 
 

Jorge Jesus estava preocupado com o risco de perder jogadores por suspensão. Não só teve um goleiro expulso e o artilheiro Gabigol levando terceiro amarelo, como também viu a vantagem para o Palmeiras cair de dez para oito pontos.

Seria a sétima vitória seguida do Flamengo no Brasileirão. Mas o time entrou em colapso na reta final do segundo tempo, quando vencia por 2 a 0. Levou um gol, viu César levar um cartão vermelho e não segurou o ímpeto do Goiás no Serra Dourada. Foi Michael, já aos 49 minutos da etapa final, o responsável pelo tropeço rubro-negro.

LEIA MAIS: Flamengo amplia superávit no 3º trimestre; dívida também cresce

A preocupação para o jogo contra o Corinthians, domingo, passa a ser não só voltar a vencer, evitando que o Palmeiras se aproxime ainda mais. O ingrediente a mais é ter que atuar com o terceiro goleiro, Gabriel Batista. A suspensão de César veio justamente quando Diego Alves está machucado, com uma torção no joelho. Embora não seja preocupação pensando na Libertadores, dificilmente estará em ação no Maracanã.

Gabigol também será desfalque porque levou o terceiro amarelo. Mas o jogo em Goiânia foi importante para o atacante por conta de uma marca pessoal. Ele abriu o placar e, com 36 gols, igualou-se a Hernane Brocador como maior artilheiro do Flamengo em uma única temporada deste século. E falta de jogos não é um problema para que o camisa 9 lidere a estatística sozinho ainda em 2019.

 

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Complicações

A vitória magra diante do CSA, na rodada passada, já tinha sido um alerta que a Série A pode reservar armadilhas. Mas Jorge Jesus escolheu dividir o contingente de titulares pendurados. Rafinha e Gerson começaram no banco, enquanto Gabigol e Willian Arão iniciaram jogando.

A consequência de ficar sem dois dos importantes articuladores era até esperada: a perda de qualidade na construção do jogo foi flagrante. A cada vez que é poupado, Gerson expõe o quanto faz diferença no time, justificando os R$ 57,2 milhões investidos nele, entre direitos econômicos e comissões, segundo balancete publicado pelo clube.

Mas os equívocos do Flamengo não se medem pela economia de minutos proposta por Jorge Jesus. O time não conseguiu o melhor posicionamento no ataque. No popular: o jogo virou pelada em vários momentos.

A chance mais clara veio com uma cabeçada na trave de Pablo Marí, após cobrança de escanteio, mostrando o caminho que viria a dar certo para o Flamengo.

O rubro-negro subiu de produção no segundo tempo e passou a chegar com mais facilidade diante do goleiro Tadeu. Mas o expediente que realmente funcionou foi o jogo pelo alto. No gol de Gabigol, foi Rodrigo Caio quem ganhou pelo alto a primeira bola, fazendo Tadeu rebater para o centro da área. O artilheiro do Brasileirão não desperdiçou. Em lance similar, de novo após escanteio, o próprio Rodrigo Caio tratou de fazer o segundo para o Fla.

 

O time de Jesus iludiu. O Goiás, por outro lado, não abandonou o jogo. De tão perto que a bola estava passando, o funcionário responsável por disparar um canhão de fumaça a cada gol do time da casa se enganou duas vezes. Numa delas, Rafael Vaz, que estava louco para marcar contra o ex-time, quase fez um golaço.

O Flamengo desandou de vez quando Rafael Moura diminuiu, aos 31 minutos. Na pressão, César saiu de forma atabalhoada, deu um pontapé em Yago Felipe fora da área e foi expulso. No fim, Michael usou da velocidade para estragar o jogo para o líder do Brasileirão.


O Globo quinta, 31 de outubro de 2019

LEWANDOWSKI CRITICA TESE INTERMEDIÁRIA PARA JULGAMENTO DA 2ª INSTÂNCIA

 

Lewandowski critica tese intermediária para julgamento da segunda instância

Ideia deve ser apresentada em plenário na próxima semana por Toffoli
 
 
O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal Foto: Jorge William / Agência O Globo/02-10-2018
O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal Foto: Jorge William / Agência O Globo/02-10-2018
 
 

BRASÍLIA – O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal ( STF ), criticou a tese que permite a prisão de condenados somente depois que o recurso do réu for analisado pelo Superior Tribunal de Justiça ( STJ ). A ideia é o meio do caminho entre as prisões em segunda instância e o trânsito em julgado – ou seja, quando se esgotarem todos os recursos à disposição da defesa. A solução intermediária deve ser proposta pelo presidente da Corte, Dias Toffoli, no dia 7, quando será retomado o julgamento.

 

— A tese que autoriza as prisões após pronunciamento do STJ não encontra nenhum amparo seja na Constituição, seja na legislação ordinária — disse Lewandowski ao GLOBO.

Para o ministro, a tese da segunda instância, hoje em vigor, será derrubada na próxima semana, dando lugar à exigência do trânsito em julgado para o início do cumprimento das penas. Lewandowski, que já votou, é defensor convicto do direitos dos réus permanecerem em liberdade até o julgamento de todos os recursos possíveis.

— Espero que o espírito dos constituintes de 1988 prevaleça no sentido de que o STF só permita prisões após a sentença condenatória transitada em julgado —afirmou.

Até agora, quatro ministros votaram pela tese da segunda instância e três pelo trânsito em julgado. A expectativa é de que, na próxima semana, fiquem cinco votos para cada lado. Toffoli desempataria a votação. Para Lewandowski, o colega deve se render ao time do trânsito em julgado. Ele explicou que, em ações desse tipo, não se pode proclamar um voto sem que haja ao menos seis ministros defendendo uma determinada posição.

— Não existe voto médio em ação direta de constitucionalidade — esclareceu.

Por outro lado, ministros que defendem a segunda instância cogitam a possibilidade de abraçar a tese de Toffoli, em nome de uma derrota menor. Para eles, seria menos maléfico permitir as prisões depois de julgado o recurso pelo STJ, do que deixar condenados aguardando em liberdade até o trânsito em julgado. Se houver migração nos votos, isso deve ocorrer durante a proclamação do resultado.


O Globo quarta, 30 de outubro de 2019

BACALHAU: ESTRELA DE FESTIVAL DE GASTRONOMIA

 

Bacalhau é estrela de festival gastronômico no Cadeg

Doze restaurantes do mercado estão com pratos especiais a preços mais acessíveis
 
 
Foto: © Flávio Jacomo
Foto: © Flávio Jacomo
 
 

De todos os eventos do Cadeg durante o ano, o mais esperado é o Festival do Bacalhau. Nesta 7ª edição, que acontece até o dia 24 de novembro, doze restaurantes do mercado participam com pratos a preços especiais. As opções vão de feijoada ao bacalhau empanado.

Consulte aqui: Guia Rio Show de Gastronomia

 

Os pratos do Festival de Bacalhau do Cadeg

  • Barsa

Bacalhau mediterrâneo (R$ 185, para dois): lombo de bacalhau gadus morhua refogado no azeite, alho e hadock, com azeitonas e cebolas portuguesas, pimentões, tomate-cereja e ervas frescas. O prato é finalizado com camarão e alho dourado e servido com arroz de brócolis.

  • Brasas Show

Feijoada de Bacalhau (R$ 159,90, para dois): Lascas de bacalhau morhua, calabresa e feijão branco cozido com legumes ao molho do bacalhau, com arroz branco. O prato serve duas pessoas e, de cortesia, o cliente ganha dois pastéis de nata.  A opção do prato com uma garrafa de vinho português sai por R$ 189,90.

  • Cantinho das Concertinas

Bacalhau na Brasa (R$ 130, para dois): posta de bacalhau assada na brasa, com batata cozida, cebola, alho, azeitonas portuguesas e pão. Com uma garrafa de vinho Pinta Negra, branco leve, o preço fica 165).

  • Corujão do Cadeg

Alegria do Coruja (R$ 79, individual): filé de bacalhau empanado, com batatas coradas, ovo corado, arroz de brócolis, camarão VG, pimenta biquinho, molho tártaro, azeitona e taça de vinho português.

  • Costelão do Cadeg

Bacalhau dos Sonhos (R$ 149,90, serve até três pessoas): bacalhau gadus morhua preparado com o sabor Costelão, com arroz com alho poró, batatas e pimentões salteados no azeite.

  • Cucina Penna

Lombo de bacalhau à Lagareiro: lombo de bacalhau gadus morhua ao forno, regado no azeite extra-virgem, alho e ervas finas, servido com batata ao murro, cebola charlote, brócolis e alho. O prato pode ser servido para uma pessoa (R$ 94,50), R$ 184,90 (para duas pessoas), e  R$ 349,90 (para quatro pessoas).

 
 
  • Empório Gourmet Steak House

Bacalhau à Portuguesa (R$ 179,90, para dois): Lombo de bacalhau gadus morhua cozido na água aromatizada do próprio bacalhau com alhos, batatas e cebolas, servido com flor de brócolis, ovos e azeitona portuguesa e azeite. O prato é servido com arroz branco. O preço, com uma garrafa de vinho português, é R$ 219,90.

  • Espetáculo Restaurante

Descobridor dos Sete Mares: Lombos de bacalhau assados na brasa, regados em um molho secreto de cebola e alho poró, com arroz de brócolis e frutos do mar e  batata rostie de hadock. o prato tem versões para duas (R$ 179,90) e quatro pessoas (R$ 332,90).

  • Garota do Cadeg

Posta de Bacalhau (R$ 65): 350g de bacalhau, batata, ovo, cebola, arroz branco e azeitona portuguesa.

  • Gruta São Sebastião

Bacalhau Bom Porto (R$ 119, para dois): Lombo de bacalhau assado no azeite com batatas, brócolis, cebola e ovos. Molho de lascas de alho dourado.

  • Rei do Bacalhau

Bacalhau à Primavera (R$ 149, para dois): Posta de bacalhau morhua frito na imersão com batatas coradas, cebola, brócolis americano, palmito e azeitona portuguesa e arroz de açafrão. O restaurante dá dois bolinhos de bacalhau como cortesia por prato pedido.

  • Vila Real

Bacalhau à moda Vila Real (R$ 189, para quatro):  Bacalhau, arroz de brócolis, cebola, batata e cenoura cozidas, salada de rúcula, palmito, tomate cereja, azeitona e alho torrado.

 

 

Festival do Bacalhau do Cadeg

Rua Capitão Félix 110, Benfica

Até 24 de novembro

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O Globo terça, 29 de outubro de 2019

GRAZI MASSAFERA: APRENDI MUITO COM AS TRAVESTIS

 

Aprendi muito com as travestis', diz Grazi Massafera sobre beleza

Atriz também conta que aplica Botox há sete anos
 
 
Grazi Massafera Foto: Divulgação
Grazi Massafera Foto: Divulgação
 
 

Toda vez que acaba um trabalho especial, Grazi Massafera costuma se dar de presente uma joia. Também tem o hábito de batizar as peças que ganha. "Mas não tenho muitas coisas, não! Gosto de praticidade no dia a dia", comenta a atriz paranaense, que está no ar na novela "Bom sucesso" . "Lá em casa, a gente ganhava de família um brinquinho da avó, sabe? Tenho o meu guardado, sou canceriana. Isso é muito afetivo."

Não é mero acaso que a estrela de TV tenha sido escolhida para ser o rosto da joalheria Monte Carlo, somando mais uma campanha fashion para seu currículo. Aliás, Grazi é queridinha da indústria. Protagoniza desfiles e capas de revistas, sempre com muita desenvoltura. "Para fazer fotos assim, levo minha concentração e disposição, além da vontade de fazem bem feito. Quero fazer um trabalho bonito e ter um bom ambiente, com humor e feliz. Adoro leveza e tento trazer isso também para meu lado profissional."
Grazi Massafera Foto: Divulgação
Grazi Massafera Foto: Divulgação

 

A trajetória da paranaense, de 37 anos, nesse universo de glamour começou nos competições de misses. "Aprendi muito com as travestis que me levavam para os concursos; elas eram minha referência de beleza. Gostava de extravagância, usava coisas em excesso. Aí fui ganhando umas revistas, né? Fui conhecendo coisas novas, me conhecendo melhor e mudando o olhar", diz ela, que já fez procedimentos estéticos no corpo. "Tenho silicone no peito e há sete anos coloco Botox. Mas não vivo em centros de estética, só vou de vez em quando à dermatologista. E não abro mão de malhar. Amo fazer exercícios, sou uma atleta frustrada."


O Globo segunda, 28 de outubro de 2019

MORRE O DIRETOR JORGE FERNANDO, AOS 64 ANOS

 

Morre, aos 64 anos, o diretor Jorge Fernando

Ele buscou atendimento após sentir mal estar na tarde deste domingo
 
 
 
 
 

RIO - Morreu neste domingo (27), aos 64 anos, o ator e diretor Jorge Fernando. Ele estava internado no Hospital CopaStar, em Copacabana, Zona Sul do Rio. Jorge Fernando era diretor da TV Globo e seu último trabalho como diretor e ator aconteceu este ano, na novela das 19h “Verão 90”. Foi o retorno dele após dois anos afastado da TV, tempo em que se recuperou de um AVC.

 

 O velório do ator e diretor Jorge Fernando foi marcado para esta terça-feira, na Capela Ecumênica do Crematório e Cemitério da Penitência, no Caju.

Em nota, o Hospital Copa Star informou que ele morreu após dar entrada no fim da tarde deste domingo devido a uma parada cardíaca "em decorrência de uma dissecção de aorta completa".

 Na Globo, Jorge Fernando dirigiu vários sucessos, como as novelas “Rainha da Sucata” e “Alma Gêmea”.

Ator, diretor, escritor e humorista, Jorge Fernando foi um artista completo que ajudou a revolucionar a forma de se fazer televisão no Brasil. Seu primeiro contato com a arte de atuar foi ainda adolescente na escola onde estudava no Méier, Zona Norte do Rio.

Na TV, ele estreou como ator em 1978, no seriado “Ciranda, Cirandinha”. Na década seguinte, Jorge Fernando trabalhou em várias produções, mas foi do outro lado das câmeras, como diretor, que ele encontrou sua verdadeira paixão.

Desde então, ele dirigiu 34 novelas, minisséries e seriados. Sua estreia como diretor foi em “Coração Alado”, de Janete Clair, em 1980.

 Um dos seus sucessos mais marcantes foi “Guerra dos Sexos”, que tinha como protagonistas Fernanda Montenegro e Paulo Autran. Por seu trabalho na trama das 19h, ele foi premiado pela Associação Paulista de Críticos de Arte como o melhor diretor, em 1983, ao lado de Guel Arraes.

 

É de “Guerra dos Sexos” a cena clássica do café da manhã, uma das mais importantes da teledramaturgia brasileira. Quase 30 anos, ele teve a chance de fazer tudo de novo, quando dirigiu o remake da novela, em 2012.

Na década de 1990, muitas novelas dirigidas por ele marcaram uma geração. Como “Rainha da Sucata”, “Vamp”, “Deus nos Acuda” e “A Próxima Vítima”, que fez o Brasil parar no último capítulo, à espera da revelação de quem era o grande assassino.

Além das novelas, Jorge Fernando também fez história no humor. Com “Sai de Baixo”, ele levou o teatro de volta à TV e obrigou muita gente a dormir mais tarde nos domingos.

Um de seus sucessos mais recentes foi “Alma Gêmea”, em 2005. Foi uma das novelas das 18h com melhor média de audiência da história da Globo.

Depois de uma longa temporada com diretor, Jorge Fernando voltou a atuar em 2011, no seriado “Macho Man”. Da TV para o teatro, dirigiu Cláudia Raia no musical “Não Fuja da Raia”.

Foi o ensaio geral para a peça autobiográfica, “Salve Jorge”. No espetáculo, Jorge Fernando reuniu histórias que marcaram sua trajetória profissional. TV, cinema e teatro juntos, recontando com muito humor um pouco da história de um dos maiores nomes da cultura brasileira.

  

O Globo domingo, 27 de outubro de 2019

ANA FURTADO FALA SOBRE A CURA DO CÂNCER

 

Ana Furtado fala sobre cura do câncer, menopausa forçada e decisão de trabalhar durante tratamento: 'Houve momentos de dor no palco'

Usando o aplicativo GERA, posicione seu celular para a capa da revista e assista em vídeo de realidade aumentada o depoimento da apresentadora
 
 
Ana Furtado Foto: Pedro Bucher
Ana Furtado Foto: Pedro Bucher
 
 

Ana Furtado mexe no celular até encontrar um vídeo de monja Coen, enviado por uma amiga meses atrás. Nas imagens, a líder zen-budista conta que uma cientista disse que as células cancerígenas, vistas pelo microscópio, são lindas. Um baque e tanto para uma paciente oncológica, caso de Ana na época e assunto sobre o qual ela fala na edição deste domingo da Revista Ela, que vem com um recurso especial: por meio do aplicativo GERA, é possível acionar o recurso da realidade aumentada, que permite que, a partir de uma imagem, seu celular acesse conteúdos especiais. As capas das revistas são o gatilho que faz com que os vídeos dos depoimentos sejam acionados automaticamente no smartphone, criando o efeito de uma foto que fala. ( Saiba como usar aqui ) O ensinamento da sequência era: por que usar verbos tão duros como “lutar” e “extirpar” para uma coisa tão bonita? Por que não transformar essa beleza não saudável em algo sadio?

 
Veio o clique na apresentadora, que vive seu primeiro Outubro Rosa depois da cura de um câncer de mama, descoberto em março de 2018. “Estava num momento de revolta, de (pensar) por que comigo? Sou uma pessoa tão boa, ajudo tanta gente. Depois, refleti: ‘Por que não comigo?’. Se essa doença veio, é porque tem um propósito maior do que imagino.”

Um dos primeiros efeitos disso recaiu sobre uma grande característica de Ana: a vaidade. Hoje, o corte de cabelo mais curto de toda a sua vida é resultado dessa mudança interna: “Quando me vi 100% transformada, cortei os fios, como se fosse um rito de passagem”. Nada fácil para quem passou pela quimioterapia com uma touca que resfriava o couro cabeludo para evitar a queda e se encheu de cílios postiços para aparecer no programa “É de casa” — mesmo com dores lancinantes em todo o corpo. “Houve momentos difíceis, de dor no palco, mas não me arrependo. Passei por um processo que muita gente nem percebeu e pensava: ‘ela é paciente oncológica mesmo?’.”

Em uma entrevista de duas horas e meia, a carioca de 46 anos falou pela primeira vez sobre tudo o que enfrentou, a menopausa forçada e até a diversão com as piadas nas redes sociais: “Se errei, caguei; se virei meme, amei.”

 

As revistas que vêm junto com os jornais O Globo e Extra têm uma edição especial no último fim de semana de outubro. Abordando o tema do Outubro Rosa, as capas da Revista Ela, com Ana Furtado, e Canal Extra, com Susana Naspolini, vão literalmente falar sobre o câncer de mama através de uma ação de realidade aumentada. Saiba como ver a surpresa da capa no vídeo em que as editoras Marina Caruso e Camilla Mota contam sobre a ação:  

 

Visitante inesperado

“Em setembro de 2017, fiz meus exames de rotina, tudo bem. Mas eu sentia um cisto. Sabia que tinha alguns, mas esse, na mama esquerda, era palpável. Nem esperei um ano e, em março, repeti os procedimentos e quis fazer biópsia. Conheço meu corpo e boto muita fé na minha intuição. Minha médica achou que pudesse ser uma atitude exagerada, mas respeitou a minha decisão. Recebi do laboratório o resultado: carcinoma não invasivo. Coloquei a expressão no Google e apareceu câncer. Liguei para a médica e perguntei: “O que eu tenho é câncer?” Meu marido escutou, desceu a escada com um olho desse tamanho e falou: “Como assim?”. Respondi: ‘Fodeu.’"

Eis a questão

“Primeiro, pensei em não contar (para o público) . Será que as pessoas me veriam vitimizada? Mas uma das primeiras amigas com quem falei — e que me ajudou muito — foi Ana Maria Braga. Ela disse: ‘Conta, sim. Você receberá uma onda de amor que fará toda a diferença’. Depois, pensei: ‘Sou muito ingênua. Estou me tratando no (hospital Albert) Einstein, entro pela porta da frente. Em algum momento, alguém vai descobrir e contar uma história errada’. Aí decidi fazer um vídeo no Instagram.”

 

As perdas

“É uma doença de muitas perdas: de cabelo, sobrancelha, cílio, energia, libido. Tem gente que perde amigos, marido. E até as mamas, o que deve ser o mais abalável em termos de reconhecimento. É o órgão mais feminino que temos. Angelina Jolie (que retirou os dois seios de forma preventiva) foi uma mulher de coragem, mas se eu soubesse que tinha grandes chances de ter a doença, também teria essa atitude. Na época, pensei: “Ela é louca”. Mas está certa, quer ver os filhos crescerem. Essa é a força que carreguei.”

Metade da laranja

“Boninho (diretor da TV Globo com quem Ana está casada há 23 anos) é divertido, um grande ator. É sério porque assume um cargo de chefia, mas ao mesmo tempo tem muito bom humor. Costumo dizer que é o meu doce ogro. Estava conversando com o meu irmão hoje e ele falou: ‘Bia (ela se chama Ana Beatriz) , seus médicos te ajudaram, mas quem te curou foi seu marido’. Ele tem razão. Quando eu perdia cabelo, ele imediatamente transformava o momento em algo positivo e me elogiava. Não me senti desamparada, e isso não é a realidade de muitas mulheres.”

 

Isabella

“Contei pra minha filha depois que operei (em abril) e recebi todos os resultados. Já sabia o que aconteceria dali em diante. Minha relação com a Isabella (de 12 anos) sempre foi muito franca. Ela ficou preocupada com o fato de eu perder cabelo com a quimioterapia. Respondi: ‘Vou tentar não ficar careca. Mas, se acontecer, vai fazer parte do processo’. Foi muito guerreira ao meu lado, pediu para ir a uma sessão de quimio comigo. E foi, com a minha mãe, no último dia do tratamento, na radioterapia.”

 

Amigo de fé

“Perdi 40% do cabelo, mas sempre tive muito. Depois de todo o processo, quando me vi transformada, cortei os fios. Eles estavam estressados, foram muito guerreiros junto comigo. Pedia ao cabelo: ‘Aguenta aí! Se segura, malandro’. Sempre foi a minha maior vaidade. Durante o tratamento, usei a touca inglesa (uma tecnologia de resfriamento do couro cabeludo que fecha o bulbo capilar, evitando parte da queda, um efeito colateral da medicação; o custo pode chegar a R$ 500 por sessão) . É eficiente, mas brutal: colocava duas horas antes do ciclo de remédio, duas horas durante e duas horas depois. Eu queria estar bonita. Meus cílios caíram muito, aí coloquei postiços. Não ia ficar desciliada, não! Nem todo mundo vai conseguir o mesmo visual que conquistei durante o processo, mas não percamos o foco: mais importante do que a beleza estética é a beleza de estar viva.”

Espelho

“Tenho esse corpo desde os 15 anos. Mas nunca foi por pressão externa, mas por um desejo incansável de saúde e de beleza também. Não tenho problema em dizer isso: sempre fui muito vaidosa. Hoje em dia, lido com isso de forma mais saudável. Passo para a minha filha a mensagem de ver a beleza na imperfeição. Mostro meus defeitos, principalmente os estéticos, porque é muito comum os filhos se espelharem nos pais. Tenho certeza de que sou uma referência de beleza para ela. Então, pode ser muito difícil a relação dela com isso.”

Crença e ciência

“Sou católica não praticante, mas sempre fui uma pessoa muito espiritualizada, atenta ao meu anjo da guarda. Minha filha começou o catecismo um dia antes da minha cirurgia. A freira que dá aula tinha tido câncer, inclusive tirado uma mama, e me falou tantas coisas lindas, me encheu de esperança, e acabei fazendo a catequese de novo com a Isabella, todo domingo. Terapia comecei a fazer só depois da doença. Nas seis primeiras sessões, me perguntei: ‘O que to fazendo aqui?’ Na sétima, veio.”

Zoeira

“Eu me levava muito a sério no começo. Tinha a obrigação de vencer e, ao longo dos anos, fui me desconstruindo. É claro que trabalho com muita responsabilidade. Mas é como digo: ‘Se eu errei, caguei; se virei meme, amei’. E são tantas brincadeiras. A mais divertida foi a do três (no ‘É de casa’, Ana ficou abismada com o preço de uma carteira e repetiu ‘três reais’ diversas vezes) . Aconteceu há tempos, mas continua presente.”

Melhor idade

“Estou em período de menopausa, há um ano tomando o tamoxifeno (uma droga que impede a secreção de estrogênio, uma espécie de combustível para o câncer de mama) . Mas essa fase não me causa tristeza. Se eu sinto calor, é porque estou viva. Então, vem calor! Escutava muito sobre libido, e todos os médicos sempre me falaram que isso está na cabeça — e é verdade.”

 
 

Pontapé inicial

“Apareci na abertura da novela ‘Explode coração’, mas meu primeiro grande trabalho na Globo foi no game show “Ponto a ponto”, em 1995. Fiz um teste grande. Lembro de demorar duas semanas para vir a resposta. Estava me preparando para um desfile, na São Paulo Fashion Week (ela foi modelo de 1992 a 1995) , e o diretor me ligou falando que era uma boa hora para um novo rosto na TV. Nem sei como desfilei naquele dia.”


O Globo sábado, 26 de outubro de 2019

JILÓ GANHA VERSÕES CRIATIVAS NOS BOTECOS

 

Amado por uns e odiado por outros, o jiló ganha versões criativas nos botequins

Sugestões vão do acarajé ao guacamole passando por espetinhos, pastéis, bolinhos e até lasanha
 
 
 
 

Jiló tem gosto de castigo, de comida ruim, amarga, que a gente é obrigado a comer quando é criança “porque tem que comer de tudo”. Fato, fake ou apenas preconceito?

— Preconceito. As pessoas pensam comida em blocos: tem comida de casa, comida de botequim e comida de restaurante — diz Roberta Sudbrack, que já dedicou cardápios a ingredientes pouco populares como chuchu e maxixe.

 

Consulte aqui: Guia Rio Show de Gastronomia

Ingrediente raríssimo nos menus de restaurantes, o fruto tem espaço garantido nos botequins. E não é de hoje. Além de barato, permite as mais variadas preparações e o amargor amacia uns bons tragos.

— O jiló é vagabundo por natureza, não consegue ficar sofisticado — brinca Raphael Vidal, da Casa Porto.

No quadro de cardápio, sempre está o jiló em conserva, com cebola roxa, bem com cara de boteco. Mas tem também a sacanagem de jiló, um espetinho com batata calabresa, jiló, queijo gratinado no maçarico e geleia de pimenta. Volta e meia ele aida aparece no almoço, seja à parmeggiana ou à milanesa.

Felipe Quintans, do Bar Madrid, também sai em defesa do coisa ruim.

— Não é considerado um alimento nobre. As pessoas acham que jiló é comida de passarinho ou de estufa de boteco — brinca Felipe, que serve duas opções no seu bar.

Nathalie Passos experimentou diferentes versões de jiló na Casa Porto Foto: Ana Branco / Agência O Globo
Nathalie Passos experimentou diferentes versões de jiló na Casa Porto
Foto: Ana Branco / Agência O Globo

 

 

A chef Nathalie Passos, do Naturalie, em Botafogo, esteve lá para experimentar uma delas, mas acabou comendo as duas: o pastel de jiló com linguiça e o recheado com camarão, gratinado no forno com mozzarella, molho de tomate e orégano (R$ 18).

— Nunca tinha comido jiló assim. O ponto está perfeito. E esse pastel eu já gostei só de olhar para a massa — elogiou Nathalie, que, apesar de ter um restaurante de vegetais e adorar jiló, só come mesmo na casa da mãe e explica o motivo de não colocá-lo no menu. — Está no inconsciente coletivo: as pessoas dizem que jiló é a pior comida do mundo. Fica difícil incluir num cardápio de restaurante.

Mas em boteco é fácil Da cozinha afetiva nordestina do Kalango, na Praça da Bandeira, saiu a caponata do sertão (R$ 22), servida com massa de pastel em vez de torradas.

— Tem jiló, maxixe, quiabo e jerimum. Tem tudo o que o povo não gosta — diz o criador do prato, Emerson Pedrosa.

 Frédéric Monnier aprovou a caponata do Sertão, do Bar Kalango, na Praça da Bandeira Foto: Ana Branco / Agência O Globo
Frédéric Monnier aprovou a caponata do Sertão, do Bar Kalango, na Praça da Bandeira
Foto: Ana Branco / Agência O Globo

 

Depende do povo. O francês Frédéric Monnier comeu, gostou, e repetiu.

— Isso aqui é muito bom, é um ratatouille do sertão. — elogiou o chef. — Você só sente o jiló no final. Não consigo parar de comer.

No Rio há 19 anos, ele só experimentou jiló quando chegou por aqui, na casa da sogra. Ainda que seja um sabor difícil, Monnier deu um jeitinho bem carioca de incluir o ingrediente no menu do extinto Casarão Ameno Resedá, no Catete.

 

— Era recheado com carne e linguiça e gratinado com queijo. Servia como couvert— relembra o chef sobre a ousadia da escolha para a casa de shows. — Lá era escuro. Quando se davam conta, já tinham comido e gostado.

Já um outro francês torceu (um pouco) o nariz. Foi Jérôme Bocuse, filho de Paul Bocuse, o criador da nouvelle cuisine, quando esteve no Brasil, em 2014. Experimentou o guacamole de jiló do Bar do Momo, com linguiça, tomate, cebola e tomilho.

“Gosto do sabor como um todo, mas talvez seja um pouco amargo para o meu paladar”, disse na época.

Toninho não se abalou com a crítica. Primeiro por ter apresentado um ingrediente a um chef gringo. Depois, porque o guacamole virou um petisco emblemático no Momo e na Liga dos Botecos (R$ 23,90). Foi Toninho, aliás, que deu o toque final no prato do Bar da Frente, na Tijuca, o chips de jiló com vinagrete.

— Ele meteu o bedelho e deu umas dicas no vinagrete — conta Mariana Rezende.

Sempre buscando um toque de originalidade nos petiscos, David Bispo, do Bar do David,criou um acarajé com massa de jiló com queijo, recheado com carne, bacon, calabresa e servido com couve frita e vinagrete de jiló.

— O jiló tem uma importância forte nos botecos, principalmente nos de Minas. Fiz duas homenagens num petisco só: aos mineiros e aos baianos. Mesmo quem não gosta de jiló se amarra — conta David, que acaba de abrir uma filial de seu bar do Chapéu Mangueira na Barata Ribeiro.

 

Apesar da concorrência forte do bolinho de camarão, o de jiló, com massa de salgadinho e recheio de jiló e linguiça (R$ 5,50), do Bracarense, “vende para caramba”, segundo Kadu Tomé.

—É uma homenagem ao Joaquim Ferreira dos Santos, que é fã de jiló — conta.

Em alguns bares, para provar quitute com jiló tem que chegar cedo

No Bar do Omar, no Morro do Pinto, nenhum jiló se perde, todos se transformam. Para evitar desperdícios, Omar Monteiro deu como missão para Ana, sua mulher, inventar algum bolinho com jiló. Se deu certo? Bom, a cada fim de semana ele vende, em média, 70 porções do bolinho (R$ 28), que ainda leva linguiça toscana. Detalhe, cada uma com seis unidades. Faz a conta.

Não menos popular é o jiló empanado no parmesão e servido com tapenade (R$ 37,90), do Cachambeer. O amarguinho com o croc do queijo desce que é uma beleza com um chope. No Marín Comes e Bebes, em Botafogo, a pedida para dividir é o jiló Luiz Gonzaga (R$ 24,90), um antepasto do fruto com tomate, balsâmico e pãozinho da casa. Para comer sozinho, dupla de pastel de jiló (R$ 11,95) — é impossível comer um só.

Criativa pacas é a trilogia de jiló do Bar da Gema, na Tijuca: caldinho de jiló (R$ 12), lasanha de jiló (R$ 15) e vinagrete de jiló, carinhosamente chamado de jilógrete (R$ 7). Outro bar que aposta em três versões de jiló é Os Imortais, em Copacabana. O trio ternura (R$ 25,90), na verdade, é uma régua de amargor, com opções para iniciantes, iniciados e para a coluna do meio. Na ordem: chips de jiló à milanesa, jiló na manteiga e alho e jiló à parmeggiana carregado no queijo.

 

No Bar da Portuguesa, em Ramos, o negócio é diferente. Por lá, jiló tem tratamento de protagonista, é feito aos domingos, e são apenas 50 unidades (R$ 7,50).

— Ele é ensopadinho com molho de tomate com o tempero da minha mãe (Dondon, a tal portuguesa) e muito queijo ralado por cima. É só aos domingos. Acabou, acabou — conta Paulinho Gomes.

Juntos na TV no programa “Mestre do Sabor”, Katia Barbosa e Claude Troisgros são amigos de longa data. Uma parceria que foi parar no cardápio do Aconchego Carioca, na Tijuca. É o jiló do Claude (R$ 27,90), marinado no aceto balsâmico e no mel, com queijo boursin de cabra. Uma criação de Kátia ao mestre, com carinho amargo.

Ponto certo de jiló bom no Grajaú é o bar Santo Remédio. Foi com um petisco de jiló que eles venceram a edição de 2015, do Comida di Buteco. O prato era atrevido: amo ela qui nem jiló: moela, “santo” jiló e o chutney de manga da casa(R$ 32).

— O jiló aqui recebe um tratamento especial. São fritos um a um, na mesma espessura — orgulha-se Wagner Duarte, que ensina o pulo do gato. — Tem que colocar um a um porque eles se amam. Se colocar junto, eles se abraçam e ficam de conchinha.

Destacando ingredientes brasileiros e num cardápio autoral, o Urukum, na Marina da Glória, é um dos poucos restaurantes da cidade a bancar o jiló no cardápio. A sugestão é a guacamole mineira (R$ 32), uma versão brasileira do prato mexicano, com jiló refogado com calabresa e temperado com limão, tomate, coentro e pimenta.

 

— Essa guacamole está no cardápio desde o lançamento da casa. E eu não encontro nenhuma resistência das pessoas em relação ao prato — garante o chef Jeferson Pacheco. —Pelo contrário, elas ficam curiosas e pedem sempre. E eu gosto disso.

Para provar o gosto amargo

  • Aconchego Carioca: Rua Barão de Iguatemi 245, Praça da Bandeira — 2273-1035.
  • Bar da Frente: Rua Barão de Iguatemi 388, Praça da Bandeira — 2502-0176.
  • Bar da Gema: Rua Barão de Mesquita 615, Tijuca — 3549-1480.
  • Bar da Portuguesa: Rua Custódio Nunes 155, Ramos — 3486-2472.
  • Bar do David: Rua Barata Ribeiro 7, Copacabana —3298-5975.
  • Bar do Momo: Rua General Espírito Santo Cardoso 50, Tijuca —2570-9389.
  • Bar do Omar: Rua Sara 114, Morro do Pinto, Santo Cristo — 95905-0680.
  • Bar Madrid: Rua Almirante Gavião 11, Tijuca —3594-8526.
  • Bracarense: Rua José Linhares 85, Leblon — 2294-3549.
  • Cachambeer: Rua Cachambi 475, Cachambi —3042-1640.
  • Casa Porto: Largo São Francisco da Prainha 4, Saúde — 97273-0502.
  • Kalango: Rua São Valentim 513, Praça da Bandeira —2504-0088.
  • Liga dos Botecos: Rua Álvaro Ramos 170, Botafogo —3586-2511.
  • Marín Comes e Bebes: Rua Voluntários da Pátria 32, Botafogo — 2266-1561.
  • Os Imortais: Rua Ronald de Carvalho 147, Copacabana — 3563-8959.
  • Santo Remédio:  Rua Barão de Mesquita 922, Grajaú —3217-3515.
  • Sud, o Pássaro Verde Café: Rua Visconde de Carandaí 35, Jardim Botânico —3114-0464.
  • Urukum: Marina da Glória, Aterro do Flamengo —2556-1201.

O Globo sexta, 25 de outubro de 2019

ROSA WEBER VOTA CONTRA PRISÃO EM SEGUNDA INSTÂNCIA

 

Rosa Weber vota contra prisão em segunda instância, e desempate deve ficar a cargo de Toffoli

 

Placar do julgamento está em 4 votos a 3 pela possibilidade de prisão antecipada dos réus; julgamento foi suspenso
 
 
A ministra do STF Rosa Weber 24/10/2019 Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo
A ministra do STF Rosa Weber 24/10/2019 Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo
 
 

BRASÍLIA — A ministra Rosa Weber votou nesta quinta-feira contra a prisão em segunda instância a favor do início da execução da pena somente após o trânsito em julgado, ou seja, após esgotados todos os recursos. Após Rosa, já votaram os ministros Luiz Fux, que entendeu pela prisão após a segunda instância, e Ricardo Lewandowski, acompanhando a ministra. O julgamento foi suspenso após o voto de Lewandowski. O placar está 4 a 3 a favor da prisão após condenação em segunda instância.

 

Entre os quatro ministros que ainda vão votar, a maioria defende que o réu aguarde por mais tempo em liberdade, antes de ir para a cadeia. A tendência é que, ao fim, não deve haver maioria nem para a segunda instância, nem para o trânsito em julgado, e o desempate deve caber ao presidente Dias Toffoli.

Prender ou não prender ? Visões pró e contra prisão após 2ª instância

Toffoli, que é o último a votar, já defendeu em outras ocasiões o julgamento de recurso pelo Superior Tribunal de Justiça como condição para o início do cumprimento da pena. A tese de ínicio do cumprimento da pena após o julgamento do primeiro recurso no STJ ganhou força nos últimos dias. Deste modo, o ex-presidente Luiz Inácio da Silva não seria beneficiado.

 

 

Ministros que historicamente defendem a segunda instância já disseram, em caráter reservado, que migrariam para a solução de Toffoli quando houver a proclamação do resultado do julgamento. Isso porque, se mantiverem seus votos originais, ganha o time do trânsito em julgado. Toffoli tenderia a migrar para esse lado, caso ninguém apoie sua tese, formando o placar de seis votos a cinco contra a segunda instância.

Após o fim da sessão de hoje, Toffoli disse que o voto dele ainda não está pronto e que muitas vezes o voto do presidente do STF não é o mesmo que ele daria como ministro sem o peso do cargo.

— Eu estou ainda pensando meu voto. Como o ministro Marco Aurélio sempre costuma dizer, estou aberto a ouvir todos os debates. Muitas vezes o voto nosso na presidência não é o mesmo voto (como ministro). Pelo menos eu penso assim, em razão da responsabilidade da cadeira presidencial. Não é um voto de bancada, é um voto que também tem o cargo da representação do tribunal como um todo — explicou a um grupo de jornalistas.

Em seu voto, Rosa Weber ressaltou que o "STF é o guardião do texto constitucional, não o seu autor".

- Goste eu pessoalmente ou não, esta é a escolha político-civilizatória manifestada pelo poder constituinte. Não reconhecê-la importa reescrever a Constituição para que ela espelhe o que gostaríamos que ela dissesse, em vez de observarmos  - disse Weber, completando:

- O STF é o guardião do texto constitucional, não o seu autor.

Leia : Idas e vindas sobre prisão após condenação em segunda instância

O voto dado pela ministra no ano passado, no julgamento de um recurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, gerou a falsa expectativa até mesmo entre alguns de seus colegas de que a ministra mudaria de ideia. Na ocasião, Weber votou pela prisão do réu depois da condenação em segunda instância. Mas explicou que fazia isso em respeito à decisão tomada pelo plenário em 2016, embora sua opinião pessoal sobre o tema fosse diferente. Ela seguiu o precedente do plenário em outras 66 decisões individuais.

 

Após Rosa, o ministro Luiz Fux, que votou pela prisão de condenados em segunda instância, citou alguns crimes violentos ou de corrupção que tiveram repercussão nacional para defender a prisão.

— O que a Constituição quer dizer é: até o trânsito em julgado, o réu tem condições de provar sua inocência. À medida que o processo vai tramitando, essa presunção de inocência vai sendo mitigada. Há uma gradação. É uma coisa simples de verificar. Um homem é investigado, depois é denunciado, depois é condenado. Posteriormente, o tribunal de apelação confirma a condenação dele. Os tribunais superiores não admitem reexame de fatos e provas. Esse homem vai ingressar no Supremo Tribunal Federal inocente, com presunção de inocência? — disse Fux.

Depois, o ministro Ricardo Lewandowski voltou a defender seu posicionamento contrário à prisão de condenados em segunda instância.

— Seja qual for a maneira como se dá a mutação do texto constitucional, ela jamais poderá vulnerar os valores fundamentais sobre as quais se sustenta. A Constituição Federal de 1988 definiu tais barreiras em seu artigo 60, parágrafo 4º, denominadas pela doutrina de cláusulas pétreas. A presunção de inocência, com toda certeza, integra a última dessas cláusulas, representando talvez a mais importante das salvaguardas do cidadão, considerado o congestionadíssimo e disfuncional sistema judiciário brasileiro — afirmou.


O Globo quinta, 24 de outubro de 2019

CANJA DE GALINHA - RECEITA

 

Canja de galinha para se sentir cuidado (porque funciona mesmo)

POR MARIANA WEBER

 

Canja

 

Criança gripada em casa, a gente faz o quê? Canja, claro. E aproveita para tomar também, porque, já sabe, cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém. 

Não é só dito popular, pelo menos a parte da comida. Alguns anos atrás, cientistas americanos colocaram a sabedoria de vó à prova no laboratório da Universidade de Nebrasca e concluíram: sopa de galinha pode, sim, funcionar como um remédio caseiro para gripes e resfriados, porque tem propriedades anti-inflamatórias, aliviando sintomas respiratórios, e ainda oferece hidratação e nutrição.

Ótimo que funcione. Mas tão importante quanto é aquela sensação quentinha de que estão cuidando da gente (ou a lembrança de quando cuidaram da gente). Uns sentimentos misturados: meu corpo dói, mas ganho mais beijinhos; não paro de espirrar, mas faltei na escola e a TV tá liberada.

A seguir, dou uma receita para traduzir tudo isso em prato na mesa. Mas uma dica: não siga a receita à risca, não. Uma das maravilhas da sopa é justamente aproveitar o que você tem. Dessa vez fiz com peito, porque era o que tinha, mas prefiro com sobrecoxa. E usei a carcaça de um frango assado, porque tinha comido um frango assado, mas pés de galinha também caem muito bem — são baratos e, cheios de colágeno, ajudam a dar consistência ao caldo.

(Quer mais receitas e histórias de comida? Siga @ocadernodereceitas no Instagram.)

Ingredientes

1 carcaça de frango (ou 4 pés de galinha)
1/2 peito de frango (ou sobrecoxas)
Azeite
1 cebola
2 dentes de alho
2 cenouras
1 talo de salsão
1 talo de alho-poró (a parte branca)
1 folha de louro
1 tomate
1 punhado de tomilho fresco
½ xícara de arroz
Sal
Pimenta-do-reino
1 punhado de salsinha

Modo de preparo

Asse a carcaça ou os pés de galinha no forno até dourar.

Coloque a carcaça ou os pés em uma panela de pressão cobertos de água — use parte dessa água para tirar as crostas que ficaram na assadeira e junte à panela. Feche a tampa e, quando pegar pressão, baixe o fogo e conte 30 minutos.

Em outra panela, doure o peito ou as sobrecoxas com um pouco de óleo.

Remova o frango e aproveita a gordura para refogar a cebola e o alho picados. Se precisar acrescente mais óleo. 

Retorne o frango à panela e coloque também a cenoura e o salsão picados, , o alho-poró em rodelas, louro, tomilho. Cubra tudo com água e tempere com sal e pimenta.

Desligue o fogo da panela de pressão e espere a pressão sair da panela. Então retire os pés ou a carcaça e coe o caldo, juntando-o à panela de sopa.

Quando a carne de frango estiver cozida, retire-a da sopa. Espere que esfrie um pouco, então desfie e coloque de volta na panela.

Coloque o arroz e o tomate picado. Quando estiver cozido, ajuste os temperos.

Sirva com salsinha por cima.


O Globo quarta, 23 de outubro de 2019

PREVIDÊNCIA: MUDANÇAS NA APOSENTADORIA

 

Entenda, em sete pontos, como a reforma da Previdência vai mudar as regras de aposentadoria

Proposta foi aprovada em 2º turno no Senado e deve ser promulgada nos próximos dias
 
Mudanças na Previdência terão regras do transição Foto: Editoria de Arte
Mudanças na Previdência terão regras do transição Foto: Editoria de Arte
 
 

RIO - A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da reforma da Previdência , apresentada no início deste ano pelo presidente Jair Bolsonaro , foi aprovada em segundo turno no Senado nesta terça-feira . O texto base recebeu 60 votos favoráveis e 19 contrários . Após a votação, os senadores apreciaram dois dos quatro destaques que não alteram os principais pontos da reforma.

 

No entanto, diante da possibilidade de derrota, a votação de outros dois destaques, que poderiam desidratar a reforma em R$ 77,1 bilhões em dez anos, ficaram para esta quarta-feira.

A aprovação em segundo turno no Senado era a última etapa que faltava para o texto ser promulgado, o que deve ocorrer depois que o presidente Jair Bolsonaro retornar de sua viagem ao exterior . A expectativa é de que o texto seja promulgado pelo Congresso até o dia 15 de novembro e, então, entrar em vigor.

A mudança na Constituição vai afetar as regras para a aposentadoria e pensão de trabalhadores da iniciativa privada, servidores públicos federais e professores. Para quem já contribui para o INSS ou para o regime de Previdência do setor público, haverá regras de transição. Os mais jovens, que ainda não ingressaram no mercado de trabalho, terão de seguir integralmente as novas exigências para se aposentar.

Quer saber quanto tempo falta para se aposentar? Clique aqui e simule na calculadora da Previdência do GLOBO .

Veja, abaixo, as principais mudanças aprovadas pelo Congresso.

1. Idade mínima 

O Brasil é um dos poucos países do mundo que não adotavam, até agora, idade mínima para se aposentar. Com a reforma da Previdência, a exigência foi criada e será válida para todos que não contribuem ainda para o INSS. Quem já está no mercado de trabalho, terá regras de transição.

 
  • Idade: Será preciso ter 65 anos (homens) ou 62 anos (mulheres) para pedir aposentadoria.
  • Tempo de contribuição: Homens precisarão contribuir por pelo menos 20 anos e mulheres, por 15 anos. Quanto menor for o tempo de contribuição, menor será o valor da aposentadoria.
  • Para quem vai valer: Estas regras valerão integralmente para quem ainda não contribui para o INSS ou para o regime de Previdência dos servidores da União. Quem já está no mercado de trabalho terá regras de transição.
  • Como é lá fora:  Na América Latina, somente o Equador não exige idade mínima. Na Europa, só a Hungria. A maioria dos países adotou pisos de 60 anos para cima. Na União Europeia, até o ano que vem, apenas sete países terão idade mínima inferior a 65 anos.
  Foto: Arte
  Foto: Arte

 

2. Regras de transição no INSS

Para os trabalhadores do setor privado, que já contribuem para o INSS, haverá quatro regras de transição, uma delas válida apenas para quem está perto de se aposentar. A aposentadoria por idade, modalidade voltada sobretudo para trabalhadores de baixa renda e já existente hoje, continuará a existir e também terá transição. Conheça as regras:

Quer saber o seu tempo de contribuição? Veja o passo a passo para consultar o site do INSS

As regras válidas para todos

São três regras que atendem a todos os trabalhadores da iniciativa privada. Dependendo da idade e do tempo de contribuição, uma regra pode ser mais vantajosa que a outra. É preciso checar também o valor do benefício porque, em caso de aposentadorias precoces, haverá reduções no montante a receber.

  • Sistema de pontos: Regra similar ao atual sistema 86/96. O trabalhador terá de somar idade e tempo de contribuição e precisa ter contribuído por 30 anos (mulheres) e 35 anos (homens). Em 2019, pode se aposentar aos 86 pontos (mulheres) e 96 pontos (homens). A tabela sobe um ponto a cada ano, até chegar aos 100 (mulheres) e 105 (homens).

 

Tabela mostra a progressão desse sistema
Como a pontuação aumenta a cada ano, é preciso ver em que ano a soma da idade e do tempo de contribuição do trabalhador coincide com os pontos exigidos pela Previdência para requerer aposentadoria
HOMEM
(PONTOS)
MULHER
(PONTOS)
ANO
96
97
98
99
100
101
102
103
104
105
105
105
105
105
105
86
87
88
89
90
91
92
93
94
95
96
97
98
99
100
2019
2020
2021
2022
2023
2024
2025
2026
2027
2028
2029
2030
2031
2032
2033
I
Idade
TC
Tempo de
contribuição
TAB
Resultado
da tabela
Tempo mínimo de contribuição:
30 anos (mulheres)
35 anos (homens)
APOSENTADORIA PELO SISTEMA DE PONTOS

 Idade mínima com tempo de contribuição: Quem optar por esse modelo terá de cumprir a idade mínima seguindo uma tabela da transição. E precisará ter contribuído por 30 anos (mulheres) e 35 anos (homens). Essa transição para as novas idades mínimas vai durar 12 anos para as mulheres e oito anos para os homens. Ou seja, em 2027, valerá para todos os homens a idade mínima de 65 anos. E, em 2031, valerá para todas as mulheres a idade mínima de 62 anos. A reforma prevê que a idade mínima começará aos 61 anos para os homens e 56 anos para as mulheres, subindo seis meses por ano até atingir 62 anos (mulher) e 65 anos (homem).

 

APOSENTADORIA POR IDADE MÍNIMA E TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
A tabela de idade mínima começa aos 61 anos para os homens e 56 para as mulheres.
 
Essa idade subirá
0,5 ponto (6 meses),
a cada ano, até atingir os 65 anos para os homens e 62 para as mulheres
HOMEM
(IDADE MÍNIMA)
MULHER
(IDADE MÍNIMA)
ANO
2019
61
56
2020
61,5
56,5
2021
62
57
2022
62,5
57,5
Tempo mínimo de contribuição:
30 anos (mulheres)
35 anos (homens)
2023
63
58
2024
63,5
58,5
2025
64
59
2026
64,5
59,5
2027
65
60
2028
65
60,5
2029
65
61
2030
65
61,5
2031
65
62

 

 

  • Pedágio de 100%: O trabalhador poderá pagar um pedágio sobre o tempo que falta para se aposentar. Ou seja, se faltam três anos para se aposentar, o trabalhador deverá trabalhar por mais três, no total de seis anos. Mas, neste pedágio, será exigida também uma idade mínima: 60 anos para homens e 57 anos para mulheres.

Pós-reforma: Para ex-secretário do Tesouro, foco deve ser corte de gastos como os do funcionalismo

A regra especial para quem está perto de se aposentar

  • Pedágio de 50%: Quem está a dois anos pelas regras atuais (35 anos de contribuição, no caso do homem, e 30, no da mulher), terá a opção de “pagar um pedágio” de 50%. Funciona assim: se pelas regras atuais faltar um ano para o trabalhador se aposentar, ele terá de trabalhar um ano e meio (ou seja, 1 ano + 50% do “pedágio”).
  • Fator previdenciário: Nesta regra de transição será  aplicado o chamado Fator Previdenciário, que reduz o valor do benefício para quem se aposenta ainda jovem. O fator muda a cada ano, de acordo com o aumento na expectativa de vida da população.

Viu isso? Fundos de pensão de grandes empresas abrem para dependentes

Transição na aposentadoria por idade

Esta modalidade é muito usada por trabalhadores de baixa renda, que têm pouco tempo de contribuição, e normalmente se aposentam pelo piso, recebendo apenas um salário mínimo. Ela também terá regras de transição.

  • Idade: Será mantida a exigência de idade mínima de 65 anos para homens. Para mulheres, será de 62 anos.
  • Tempo de contribuição: Para quem já contribui para o INSS, a exigência de tempo de contribuição será mantida em 15 anos para homens e mulheres.
  • Escadinha: Haverá uma transição para a nova idade mínima das mulheres, que vai subir seis meses a cada ano, até chegar a 62 anos em 2023.

 

APOSENTADORIA POR IDADE
EXIGÊNCIA DE IDADE
A tabela de idade mínima começa em 60 anos para as mulheres. Para os homens, já começará em 65 anos.
HOMEM
(IDADE MÍNIMA)
MULHER
(IDADE MÍNIMA)
ANO
2019
2020
2021
2022
2023
65
60
Essa idade subirá
0,5 ponto (6 meses),
a cada ano, até atingir os 62 anos para as mulheres.
65
60,5
65
61
65
61,5
65
62
Tempo mínimo de contribuição:
15 anos para homens e mulheres

 

Como será calculado o benefício?

  • Benefício integral: Para ter direito ao valor máximo possível de aposentadoria - ou seja, 100% média dos salários na ativa, limitado ao teto do INSS, que é hoje de R$ 5.839,45 — será exigido que o trabalhador tenha contribuído por 40 anos para a Previdência.
  • Escadinha: Quem tiver contribuído entre 15 anos (mulher) e 20 anos (homem) terá direito a apenas 60% do valor do benefício. A cada ano a mais de contribuição, a parcela sobe dois pontos percentuais, até chegar aos 100% com 40 anos de contribuição.
  • Na prática: Em três das quatro modalidades disponíveis para a aposentadoria, há a exigência de um tempo de contribuição de 30 anos para mulheres e de 35 anos para os homens. Então, na prática, as mulheres se aposentarão com pelo menos 80% do benefício e os homens, com 90%.
  • Piso: O valor mínimo da aposentadoria continua sendo o piso nacional. Mesmo que o trabalhador tenha contribuído por menos de 40 anos, terá direito a receber pelo menos o salário mínimo.

 

REGRA DE CÁLCULO DO BENEFÍCIO
COMO ERA
Hoje, o valor do benefício é calculado com base nos 80% maiores salários de contribuição
Os 20% menores salários são descartadas, não entram no cálculo
TODOS OS
SALÁRIOS
COMO FICOU
Com 20 anos de contribuição para o homem e 15 anos para a mulher, o trabalhador tem direito a 60% do valor do benefício. Quem ficar mais tempo na ativa ganhará um acréscimo de 2% ao ano até alcançar o limite de 100%, em 40 anos para o homem e 35 anos para a mulher
De acordo com a proposta de reforma, o valor do benefício passaria a ser calculado com base na média aritmética de todos os salários desde 1994 ou do início do tempo de contribuição e não mais levando em conta apenas os maiores.
HOMENS
NÍVEL DE BENEFÍCIO (EM %)
100
100
100
100
100
100
98
96
94
92
90
88
86
84
82
80
78
76
74
72
70
68
66
64
62
60
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
45
TEMPO DE
CONTRIBUIÇÃO
MULHERES
NÍVEL DE BENEFÍCIO (EM %)
100
100
100
100
100
100
98
96
94
92
90
88
86
84
82
80
78
76
74
72
70
68
66
64
62
60
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
TEMPO DE
CONTRIBUIÇÃO

 

3. Regras de transição para os servidores

A reforma muda a previdência dos servidores públicos. Os servidores já precisam cumprir uma idade mínima e só podem se aposentar aos 55 anos para mulheres e 60 anos para homens. Agora, a idade mínima vai subir para 62 anos (mulheres) e para 65 anos (homens). Mas haverá duas regras de transiçãos.

 

Transição pelo sistema de pontos

O servidor terá de somar idade e tempo de contribuição. A tabela de pontos, como no setor privado, começa em 86 pontos para a mulher e 96 pontos para os homens, chegando a 100 para as mulheres em 2033 e 105 para os homens em 2028. Mas além de somar os pontos, será preciso cumprir idade mínima e tempo de contribuição mínimo.

  • Idade mínima: Será preciso cumprir a idade mínima de 56 anos para mulheres e de 61 anos para os homens. Em 2022, essa idade sobe para 57 anos (mulheres) e 62 anos (homens).
  • Tempo de contribuição: O tempo mínimo de contribuição exigido será de 35 anos para os homens e 30 anos para as mulheres, como no regime do setor privado. Eles precisam estar há 20 anos no setor público e cinco anos no cargo.

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Valor do benefício no sistema de pontos

  • Pré-2003: Os servidores que ingressaram até 2003 têm direito a receber o último salário da carreira, o que é chamado de integralidade, e a ter o benefício reajustado toda vez que houver aumento para os funcionários na ativa, a chamada paridade. Mas esse benefício só será assegurado aos servidores que atingirem idade mínima de 65 anos para homem e 62 para mulher. Eles também podem optar por receber a média dos salários de contribuição desde 1994, ajustada pela inflação, se quiserem se aposentar antes da idade mínima.
  • Após 2003: Quem entrou depois de 2003, só receberá a média das contribuições desde 1994, corrigidas.Neste caso, quem entrou antes da implantação do fundo de pensão do servidor, em 2013, poderá ter o salário superior ao teto do INSS, com a média dos salários. Quem entrou depois de 2013 só terá direito ao teto do INSS (R$ 5.839,45), mas poderá contribuir para o fundo de pensão do servidor público.

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Transição pela regra do pedágio

  • Pedágio: Nesta regra de transição, o trabalhador vai pagar um "pedágio" de 100% sobre o tempo que falta para se aposentar pelas regras atuais. Ou seja, se hoje faltam quatro anos para se aposentar, terá de trabalhar por oito anos. Mas haverá também a exigência de idades mínimas, de 57 para as mulheres e 60 para homens.
  • Valor do benefício: Cumprido os requisitos do pedágio, os servidores pré-2003 terão direito à integralidade e à paridade antes de completarem 65 anos (homem) e 62 anos (mulher).
  Foto: Arte
  Foto: Arte

 

4. Pensão 

As pensões para viúvas e viúvos e para os filhos vão mudar também. E haverá reduções nos valores a receber em caso de pensionistas que venham a receber aposentadoria ou aposentados que venham a receber pensão. Na calculadora da pensão do GLOBO , é possível simular o valor a receber.

  • Percentual: Em caso de morte do trabalhador, a viúva receberá 60% do benefício que o marido recebia. Terá direito a um acréscimo de 10 pontos percentuais por cada filho menor de 21 anos, até 100% do salário que o contribuinte recebia. Se o filho tiver deficiência grave, física ou mental, a pensão será de 100% do benefício do contribuinte.
  • Cálculo do benefício: A regra vai valer para servidores públicos e trabalhadores da iniciativa privada. O cálculo das cotas será feito com base em 100% do salário do aposentado até o teto do INSS, mais 70% do que exceder aos R$ 5.839,45 (teto do INSS), no setor público. No setor privado será de 100%, limitado ao teto do INSS.
  • Salário mínimo: A pensão não poderá ser menor do que um salário mínimo se o pensionista não tiver outra fonte de renda formal.
  • Parcela do dependente: A cota de cada dependente será extinta quando eles perderem essa condição.
  • Acúmulo de benefícios: Trabalhadores e pensionistas terão limites para acumular aposentadoria e pensão. Quanto maior o valor a receber, maior o corte, que seguirá uma escadinha. Vai ser possível escolher o benefício de maior valor e 80% do outro benefício, desde que o benefício a ser acumulado não ultrapasse um salário mínimo. Se o outro benefício foi superior ao mínimo, o aposentado ou pensionista só poderá receber 60% do benefício até o limite de dois salários mínimos. Se o benefício for maior que dois salários mínimos, só poderá levar 40% do valor, limitado a três salários mínimos. Se o segundo rendimento for acima de três salários minimos, só poderá receber 20%, se não exceder quatro salários mínimos.

 

PENSÃO E OUTROS BENEFÍCIOS
COMO ERA O CÁLCULO DA PENSÃO
SERVIDORES
PRIVADO
70% da parcela que superar o teto do INSS
até alcançar
o teto do INSS
100% DO
SALÁRIO
100% DO
SALÁRIO
até alcançar
o teto do INSS
COMO FICOU
PROPOSTA ÚNICA
O beneficiário tem direito a receber
50% + 10% para cada dependente
1 dependente
(só o marido ou a mulher)
60% do benefício
2 dependentes
70%
3 dependentes
80%
4 dependentes
90%
5 dependentes ou mais
100%
Pensões já concedidas não serão afetadas.
Dependentes de servidores que ingressaram antes da criação da previdência complementar terão o benefício calculado sem limitação ao teto do RGPS.
EM CASO DE MORTE POR
ACIDENTE OU DOENÇAS
DO TRABALHO
Taxa de Reposição do Benefício de 100%
Acúmulo de benefícios
COMO ERA
COMO FICOU
É permitida a acumulação de diferentes tipos e regimes.
100% DO
MAIOR
BENEFÍCIO
Parcela da soma dos demais
EX: PENSÃO E APOSENTADORIA; RPPS E RGPS
PARCELA RECEBIDA DOS BENEFÍCIOS ADICIONAIS
SALÁRIOS
MÍNIMOS
NÍVEL DE BENEFÍCIO
(EM %)
ACIMA DE 4,5
20
ENTRE 2 E 3,5
40
ENTRE 1 E 2
60
ATÉ 1,5
80

 

 

5. Professores

  • Idade mínima: Será de 57 anos para a mulher e 60 anos para os homens, com 30 anos de contribuição para os homens e 25 anos para as professoras. Será mantida a aposentadoria especial, com cinco anos a menos em relação ao restante dos trabalhadores.
  • Setor público: Para os professores da rede pública, será preciso também ter dez anos no funcionalismo e cinco anos no cargo para ter direito à aposentadoria.
  • Setor privado: Na iniciativa privada, será preciso comprovar que trabalhou no período no ensino infantil, fundamental ou médio.
  • Regras de transição: Será pelo sistema de pontos. Mas sua tabela é diferente. Enquanto para o restante dos trabalhadores do setor privado a soma de idade e tempo de contribuição começa em 86 pontos para as mulheres e 96 para os homens, para o professor, vai começar em 81 para as mulheres e 91 para os homens. O fim da transição no sistema de pontos termina em 92 para as professoras e cem pontos para o professor. Será preciso ter 25 anos de contribuição (mulheres) e 30 anos (homens). E idade de 57 anos, se mulher, e 60, se homem. A tabela de transição na idade sobe seis meses a cada ano, até atingir 60 anos para ambos os sexos. Há a opção de pedágio de 100% sobre o tempo que falta para se aposentar. Com isso, no setor privado, os professoras deverão ter 52 anos e 55 anos, se for homem.  No setor público, além da idade menor para se aposentar, os profissionais que entraram até 2003 receberão o mesmo salário da ativa e os reajustes.

Aloísio Araújo: Reformas são mais importantes que abertura comercial, diz economista da FGV

6. Contribuição à Previdência

A mudança mais imediata da reforma será nas alíquotas de contribuição à Previdência. As novas alíquotas entram em vigor 90 dias após a promulgação da reforma. Será cobrado um percentual maior de quem tem os maiores salários. E as alíquotas serão progressivas, incidindo por faixa do salário, num modelo igual ao do Imposto de Renda.

 
  • No INSS: As alíquotas vão variar de 7,5% a 14%. Mas a incidência será por faixas de salário. Por isso, na prática, as alíquotas efetivas serão menores. Segundo o governo, para quem ganha o teto do INSS, de R$ 5.839,45, a cobrança efetiva seria de 11,68%.

 

AS NOVAS ALÍQUOTAS DO INSS
FAIXA DE RENDA
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA
ALÍQUOTA EFETIVA*
7,5%
9%
12%
14%
7,5%
7,5% a 8,25%
8,25% a 9,5%
9,5% a 11,68%
Até 1 salário mínimo
R$ 998,01 a R$ 2.000
R$ 2.000,01 a R$ 3.000
R$ 3.000,01 a R$ 5.839,45
EXEMPLO DE
ALÍQUOTA EFETIVA
PARA INSS
ALÍQUOTA
SALÁRIO
CONTRIBUIÇÃO
Diferença
do restante
do salário
Para um salário de
14%
R$ 397,52
R$ 5.839,45
COMO É HOJE:
Alíquota de 11%.
Contribuição de R$ 642,33
Até R$
3.000
12%
R$ 119,99
COMO É A PROPOSTA:
Alíquota progressiva
Até R$
2.000
Alíquota efetiva
R$ 90,17
9%
11,68%
Até 1 salário
mínimo
Contribuição total
7,5%
R$ 74,85
R$ 682,54
Fonte: Ministério da Economia *Calculada sobre todo o salário.

 

  • Servidores: Também serão progressivas. Vão de 7,5% sobre a parcela enquadrada no limite de um salário mínimo a até 22%.

 

AS NOVAS ALÍQUOTAS PARA O SERVIDOR
FAIXA DE RENDA
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA
ALÍQUOTA EFETIVA*
7,5%
9%
12%
14%
14,5%
16,5%
19%
22%
7,5%
7,5% a 8,25%
8,25% a 9,5%
9,5% a 11,68%
11,68% a 12,86%
12,86% a 14,68%
14,68% a 16,79%
16,79%
Até 1 salário mínimo
R$ 998,01 a R$ 2.000
R$ 2.000,01 a R$ 3.000
R$ 3.000,01 a R$ 5.839,45
R$ 5.839,46 a 10.000,00
R$ 10.000,01 a R$ 20.000,00
R$ 20.000,01 a R$ 39.000,00
Acima de R$ 39.000,00
EXEMPLO DE
ALÍQUOTA EFETIVA
PARA SERVIDORES
ALÍQUOTA
SALÁRIO
CONTRIBUIÇÃO
Diferença
do restante
do salário
Para um salário de
19%
R$ 1.900,00
R$ 30.000,00
COMO É HOJE:
Alíquota de 11%.
Contribuição de R$ 3.300
Até R$ 9.999,99
16,5%
R$ 1.649,99
COMO É A PROPOSTA:
Alíquota progressiva
Alíquota efetiva
16,11%
Até R$ 4.160,55
14,5%
R$ 603,27
Contribuição total
R$4.835,83
Até R$ 2.389,44
14%
R$ 397,52
Até R$ 999,99
12%
R$ 119,99
Até R$1.001,99
9%
R$ 90,17
Até 1 salário mínimo
7,5%
R$ 74,85
Fonte: Ministério da Economia *Calculada sobre todo o salário.

 

7. Servidores estaduais e municipais

  • Estados e municípios: Servidores estaduais e municipais com regimes próprios de aposentadoria não serão afetados pela reforma da Previdência - esses trabalhadores serão alvo de uma outra proposta de emenda constitucional, a PEC paralela de estados e municípíos.
  • PMs e bombeiros: Eles também estarão em projeto separado, mas neste caso na reforma da Previdência das Forças Armadas, que ainda está tramitando na Câmara.
  • Nas assembleias: Em paralelo aos projetos em discussão no Congresso, alguns governadores, como nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e Goiás, já começam a elaborar suas próprias propostas para mudar a aposentadoria e reduzir gastos com servidores.

O Globo terça, 22 de outubro de 2019

LOUVRE: MAIOR EXPOSIÇÃO DOBRE LEONARDO DA VINCI

 

Louvre inaugura a maior exposição já realizada sobre Leonardo da Vinci

Planejada há dez anos, mostra que marca os 500 anos da morte do pintor reúne obras como 'Homem vitruviano' e 'Madonna Benois'
 
 
A pintura
A pintura "Madonna Benois", emprestada pelo Museu Hermitage, de São Petersburgo Foto: Benoit Tessier / REUTERS
 
 

PARIS –  Um artista colossal como o italiano Leonardo da Vinci (1452-1519) merecia, nos 500 anos da sua morte, uma homenagem à altura de sua genialidade. Pode-se dizer que o Museu do Louvre não moderou esforços para isso. A instituição celebra a data reunindo um número inédito de obras de sua autoria num mesmo espaço para exibição ao público. “Leonardo da Vinci”, mostra que será aberta ao público nesta quinta-feira, e que promete se inscrever como um dos maiores eventos da história do museu parisiense, expõe mais de 160 trabalhos do mestre renascentista, entre pinturas, desenhos, esculturas e manuscritos.

 

A exposição inova também ao revelar o desenvolvimento do método criativo de Da Vinci por meio da exibição de reflectografias de infravermelho de telas do pintor, resultado de análises científicas feitas ao longo dos últimos anos. Ao final do percurso, o visitante poderá viver ainda uma experiência de realidade virtual com a “Mona Lisa”, um dos mais icônicos quadros do planeta.

Por que está todo mundo falando disso: Seis curiosidades sobre a mostra de Da Vinci no Louvre

 

'A última ceia', de Da Vinci; tela do acervo do Convento Santa Maria delle Grazie, em Milão, foi emprestada para a mostra Foto: Benoit Tessier / REUTERS
'A última ceia', de Da Vinci; tela do acervo do Convento Santa Maria delle Grazie, em Milão, foi emprestada para a mostra Foto: Benoit Tessier / REUTERS

No Brasil: Em seus 500 anos de morte, Da Vinci é celebrado em mostras no Rio e em São Paulo

Para preparar o acontecimento, os curadores Vincent Delieuvin e Louis Frank mergulharam durante dez anos no universo de Leonardo da Vinci, período em que também acumularam viagens pelo mundo. Os pedidos de empréstimos de obras começaram a ser expedidos a museus e colecionadores há quatro anos, em uma saga repleta de reviravoltas e de imbróglios diplomáticos e judiciais, provocando suspenses até o último minuto.

O Museu Hermitage, da cidade russa de São Petersburgo, só confirmou a liberação da tela “Madonna Benois” há pouco mais de dez dias. Após uma disputa entre os governos francês e italiano, o desenho “Homem vitruviano” - célebre estudo das proporções do corpo humano - , cujo empréstimo fora bloqueado por um tribunal de Veneza, foi finalmente autorizado na semana passada a incorporar a mostra parisiense.

 

E, mesmo que as chances sejam ínfimas, o Louvre ainda mantém um fio de esperança em poder contar com “Salvator Mundi”, a obra de arte mais cara do mundo , vendida por US$ 450 milhões em um leilão da Christie’s, em 2017, a um comprador anônimo (provavelmente um representante do príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman).

Toma lá, da cá: Itália vai emprestar obras de Da Vinci para a França em troca de pinturas de Rafael

Desatento? Leonardo da Vinci tinha déficit de atenção, defende pesquisador

De um total de 15 a 18 pinturas que são atribuídas a Da Vinci, o acervo do Louvre conta com cinco — a maior coleção do mundo — e mais 22 desenhos, e a isso o museu conseguiu somar um número expressivo de obras. Delieuvin lamenta a ausência de criações como “Ginevra de Benci”, da National Gallery of Art de Washington, “Dama com arminho”, do Museu Nacional da Cracóvia, e “A anunciação”, da Galleria degli Uffizi de Florença. Mas essas lacunas não ofuscam, segundo ele, o brilho e o ineditismo da exposição parisiense.

— A rainha da Inglaterra foi de extrema generosidade, pudemos escolher os desenhos que queríamos e obter o máximo permitido, em número de 24. O Vaticano de imediato nos deu o sim para o empréstimo de “São Jerônimo”. Também conseguimos o “Codex Leicester”, da Fundação Bill Gates. A exposição é excepcional porque é a primeira vez que se reúne um número tão grande de obras e desenhos importantes e que se pode explicar o conjunto da vida de Da Vinci, a evolução de sua arte e sua exigência pela pintura. As demais mostras se concentravam em um aspecto ou período de sua trajetória — disse Delieuvin ao GLOBO na última sexta-feira, durante uma das visitas organizadas para a imprensa, que tiveram a inscrição de cerca de 500 jornalistas do mundo inteiro.

 
Para o curador, a presença de um grande número de obras de todas as fases do artista cria na exposição a sensação de “se estar penetrando em seu ateliê”. A ideia foi também quebrar com a tradicional abordagem das transformações artísticas de Leonardo da Vinci em seis períodos cronológicos e geográficos, vinculados as suas viagens entre Florença, Milão, Roma e a França,. A mostra do Louvre está dividida em seções como “Sombra, luz, relevo”, “Liberdade”, “Ciência”, “Vida”, além de “Leonardo em Milão”, “O retorno a Florença” e “A partida para a França”.

— Por muito tempo se ficou preso a este tipo de leitura da vida de Leonardo a partir de seus deslocamentos geográficos. Mas nos demos conta de que as rupturas artísticas em sua vida estão em outro lugar, em outro momento. No final dos anos 1470, ele rompe com o imperativo da forma perfeita. No fim dos anos 1480, sente a necessidade de compreender o movimento do mundo. Isso o leva, na sequência, a dar uma base científica a sua arte, com os estudos de óptica, geometria, matemática, botânica ou anatomia. E se encerra com a realização de “A última ceia”, na metade dos anos 1490. Ao se analisar por suas viagens, há uma tendência a separar obras que possuem uma grande ligação artística e técnica e que pertencem ao mesmo período de desenvolvimento — sustenta.

 

Visitante verá primeiro desenho na tela da 'Mona Lisa'

Uma das novidades da exposição é a apresentação de importantes telas do artista, entre elas a “Mona Lisa”, no formato de reflectografia de infravermelho, em escala real, o que acabou se revelando também uma forma de suprir a falta de certas obras. Graças à investigação científica por meio de estudos realizados nos últimos anos em laboratórios da França, Itália ou Inglaterra, foi possível obter novos elementos para o entendimento da gênese das pinturas de Da Vinci.

— Em 2015, surgiu uma nova técnica, a cartografia de pigmentos, utilizada este ano no estudo da “Gioconda”. Já o infravermelho revela o primeiro desenho de Da Vinci na tela, todas as alterações feitas depois e também parte do começo do trabalho pictural. São informações extraordinárias. É como se estivéssemos atrás dele no ateliê, diante de seu cavalete, vendo como pintou ao longo do tempo. Ele levava cinco, dez ou 15 anos para pintar uma quadro, e fazia constantes modificações. É possível notar o aperfeiçoamento de sua técnica pictural. As primeiras reflectografias são bem diferentes das últimas, em que a matéria pictural é bem mais delicada, em obras nas quais a transição de sombra e luz é muito mais sutil — explica Delieuvin.

Vítima de seu sucesso, a “Mona Lisa” não deixará seu nobre espaço na Sala dos Estados, recentemente renovado, para se integrar à exposição. O visitante poderá admirá-la em seu local habitual, mas terá também a opção, ao final do percurso da exposição, de passar, de forma individual, por uma experiência de realidade virtual, a primeira realizada no Louvre: “Em tête-à-tête com a Gioconda”, de duração de sete minutos.

 

Mais de 180 mil ingressos já foram vendidos — em compra obrigatória pelo site do museu — para a mostra, que se encerrará em 24 de fevereiro de 2020. Delieuvin não escondia sua emoção às vésperas da inauguração, após dez anos de trabalho e três semanas acompanhando o desencaixotamento das obras e sua fixação nas paredes:

— Conhecia todas essas obras dispersas, e vê-las reunidas é quase como dar vida novamente ao ateliê de Leonardo. Por trás do mito e da “Mona Lisa”, há obras de arte com uma força e uma emoção impressionantes. Ele pintou muito pouco, deixou muitos quadros inacabados, não publicou nada, teve projetos extraordinários, e as pessoas ficaram fascinadas. Esta exposição é uma ocasião de ver o que fez de mais belo em sua vida, mas, sobretudo, de compreender o percurso excepcional deste inigualável gênio da pintura. Creio que ninguém sairá incólume desta visita — aposta.


O Globo segunda, 21 de outubro de 2019

MARIA LUIZA JOBIM

 

Maria Luiza Jobim fala sobre o peso do sobrenome e a dificuldade de encarar o palco

Cantora lança o seu primeiro disco solo: 'Estou descobrindo quem eu sou na música'
 
 
Maria Luiza Jobim Foto: Guilherme Nabhan
Maria Luiza Jobim Foto: Guilherme Nabhan
 
 

Com 1 ano e poucos dias de vida, Maria Luiza Jobim deu os primeiros passos. Um de seus apoios preferidos para exercitar o equilíbrio era o piano de cauda do pai, o maestro Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim. A família carioca vivia em Nova York.

Três décadas depois, no mesmo apartamento da Madison Avenue, pertinho do Central Park, Maria Luiza passou a caminhar em outra direção profissional. Enquanto fazia um curso de produção musical na Escola Juilliard, começou a compor para o seu primeiro disco solo, no qual incluiu a clássica “Meditação”. “É a primeira vez na minha vida adulta que gravo uma composição do meu pai. ‘Meditação’ é o início da música para mim, faz parte das minhas primeiras memórias. Na verdade, é ‘Meditation’, pois é em inglês que lembro dele cantarolando ao piano, lá em Nova York”, conta.
 
 
Tom Jobim e Maria Luiza em 1988, em Nova York Foto: Arquivo pessoal
Tom Jobim e Maria Luiza em 1988, em Nova York Foto: Arquivo pessoal

Não é pouca coisa: trata-se de uma canção de Tom Jobim que foi gravada por Frank Sinatra em 1967, com versão em inglês assinada pelo respeitado letrista Norman Gimbel. “A maternidade me deu essa coragem. Estou me mostrando de um jeito que nunca havia me mostrado”, revela a mãe de Antonia, de 1 ano e dois meses — o nome da menina é uma homenagem ao avô materno, sim, mas também ao avô paterno, o engenheiro químico Antonio Carlos Figueiredo.

Antonia também foi gerada na temporada nova-iorquina, praticamente junto com o disco “Casa branca”, trabalho independente que chega às plataformas digitais na próxima sexta-feira, dia 25. O título do álbum, composto por nove faixas, é uma referência à propriedade onde a família Jobim viveu no Jardim Botânico. “E à casa interna de cada um”, completa ela, que em agosto lançou o single que dá título à obra, com clipe recheado de fotos de sua própria infância. “O disco tem também uma música que fiz para Nova York, outra para a Antonia, uma baladinha. De modo geral, é uma carta de agradecimento a todo o amor que recebi na minha primeira infância.”

 

Alexandre Kassin assina a produção do álbum, que define como “eletrônico meditativo”. “Luiza é muito focada, uma artista autossuficiente. Todas as vezes em que nos encontramos, ela chegava ao estúdio com tudo o que queria praticamente pronto, bem programado”, diz. “Meditation”, especialmente, o emocionou. “Todo mundo que é músico é muito fã do Tom. Produzir essa música, então, foi um desafio, um prazeroso desafio. A versão está muito linda”, adianta o produtor musical.

Em breve, Luiza planeja fazer dois shows de lançamento, um no Rio e outro em São Paulo, cidade onde há seis meses vive com o marido, o advogado Paulo Figueiredo, e a filha. Mas fica um pouco temerosa com as apresentações ao vivo. “Palco não é um lugar tão natural para mim. É uma questão que ainda preciso trabalhar. Conversando com a minha mãe ( a empresária Ana Lontra Jobim ), descobri que o meu pai também não era tão de palco.”

Uma de suas referências de showoman é Alice Caymmi, que considera uma “irmã” — Danilo e Simone Caymmi foram integrantes da Banda Nova, grupo de músicos criado por Tom, em 1984, para acompanhá-lo em shows (Danilo ainda é padrinho de batismo e de casamento de Luiza). “Se deixarem, pego a Luiza pela mão e a levo para o palco ( risos )”, brinca Alice. “Lulu é tímida, mas tem muito carisma. Mesmo que ela queira, não fica ruim. Ela faz aquela cara de dúvida, mas sabe bem o que quer. E faz tudo muito bonito. Sempre.”

 

 
Maria Luiza Jobim Foto: Guilherme Nabhan
Maria Luiza Jobim Foto: Guilherme Nabhan

A timidez veio com o tempo. Em junho de 1998, aos 11 anos e aparelho ortodôntico nos dentes, Luiza mostrava desenvoltura ao cantar “Chega de saudade” no espetáculo “Vivendo Vinicius”, no qual dividia o palco do Metropolitan com Carlos Lyra, Toquinho, Miúcha e Baden Powell. “Eu era uma criança superexibida, cantava Mamonas Assassinas e fazia coreografia de axé para a galera da MPB. Mas era um momento em que eu não era protagonista da minha vida musical”, diz ela. Numa entrevista da época, a cantora contava que seu programa favorito era ir ao shopping, que era fã de Brad Pitt e adorava a música de Shakira. “As pessoas sempre tiveram muita curiosidade sobre mim”, observa. “No início da adolescência, eu me sentia muito perdida.”

Na adolescência, a caçula de Tom tentou se encontrar na cena techno. “A música eletrônica me salvou. De muitas maneiras. Eu ia para os festivais para soltar os bichos, uma catarse. Nunca fui do rolê das drogas. Ia de cara limpa. A dança era uma terapia. Vivia na La Cueva. Foi o momento em que elaborei as minhas perdas”, lembra ela. Aos 7 anos, Luiza perdeu o pai e, quatro anos depois, o irmão João Francisco ( em um acidente de carro no Aterro do Flamengo, em julho de 1998 ). “Foram duas grandes perdas, figuras essenciais para qualquer um... Mas a vida tem muitos ganhos. Acho lindo como existem tantas vidas dentro da vida. Adoro essa sensação.”

Depois do bate-estaca da música eletrônica, veio a introspecção. Até dois anos atrás, Maria Luiza não se sentia lá muito confortável para se apresentar como “cantora”. Preferia dizer que era “produtora musical e compositora”. E tentou seguir outras profissões. Primeiro, fez alguns períodos de Arquitetura. Nos estágios, porém, viu que não era boa de cálculos: “Como estagiária, tinha a função de pegar produtos em lojas chiques e arrumá-los nas casas dos clientes mais chiques ainda. Sempre fui distraída e estabanada, e simplesmente quebrava tudo. Eu era muito infeliz”, lembra. Depois de algum tempo, tentou fazer faculdade de Letras, que também acabou não concluindo.
 

Os cursos acadêmicos rolaram em paralelo a projetos musicais: a banda Baleia, na qual interpretava standards de jazz, e o Opala, duo de música eletrônica (calminha, para curtir com fone de ouvido) ao lado do músico Lucas Paiva. “A música sempre foi o pano de fundo da minha vida. Quando nasci, ela já estava lá, eu que cheguei depois. Mas sempre soube que era um lugar sagrado, pois tem relação com a memória do meu pai”, diz Luiza.

No apartamento onde vive, nos Jardins, a memória de Tom Jobim está materializada na forma de duas fotografias, assinadas por Otto Stupakoff, penduradas na parede, e de um piano de armário, no canto da sala. “Era o piano que o meu pai tinha no sítio ( onde ele compôs “Águas de março” ). Esse é o que ficou para mim”, diz ela, que toca ora para exercitar as mãos, ora para a filha. Caetano Veloso, Gilberto Gil e Adriana Calcanhotto fazem parte do repertório “para ninar Antonia”. “Mundo Bita eu nem preciso cantar para ela porque já toca em casa o dia inteiro. Sério, adoro Mundo Bita e Palavra Cantada, quem diria... Mas a Antonia também escuta tudo o que eu escuto, ou seja, muita música brasileira, de todos os tipos”, diverte-se Luiza.

 

O peso do sobrenome, ela não esconde, sempre foi uma questão — constantemente debatida nas sessões de análise. “Não é fácil para ninguém, na verdade. Qualquer pai é como uma grande sombra de árvore. Acolhe e, ao mesmo tempo, nos deixa à sombra. Virar um ser independente é muito difícil, um processo demorado. Acho que, depois de 32 anos, estou descobrindo de fato quem sou eu na música. Na verdade, estou fazendo algo que não sei se é o esperado de mim, mas é a minha verdade”, afirma Maria Luiza Helena. “Esse terceiro nome foi uma surpresa que o meu pai preparou para a minha mãe, quando foi me registrar no cartório. Disse que era mais uma opção, caso um dia eu precisasse fugir do país. Não é maravilhoso?”


O Globo domingo, 20 de outubro de 2019

SALTA DULCE TEM PRIMEIRA CELEBRAÇÃO NO BRASIL

 

Santa Dulce tem 1ª celebração no Brasil neste domingo

Cerimônia em Salvador reunirá fiéis e voluntários que multiplicam trabalho social realizado pela freira baiana
 
 
GABRIEL E SHEILAGabriel e Sheila. Ela voluntária das obras há 19 anos. Ele desde cedo se inspirou na mãe e aos 5 anos começou a fazer campanhas de doação. Ele doava parte da mesada. Hoje ele tem 12 anos. Ela conheceu Dulce e nasceu no mesmo dia que ela.foto: Felipe Iruatã/ Agencia O GLOBO Foto: Felipe Iruatã/ Agencia O GLOBO / Agência O Globo

 
 

SALVADOR — Irmã Dulce receberá neste domingo em Salvador a primeira celebração no Brasil após se tornar Santa Dulce dos Pobres . Com saúde frágil, ela se projetou pela capacidade de mobilizar centenas de forças, vindas de populares e figuras públicas, para ajudar quem precisava. A expectativa deste domingo é a reunião, na Arena Fonte Nova , de milhares de pessoas que reconhecem não apenas sua santidade, mas também foram atraídas pela e para a sua ação comunitária.

 Foi o que aconteceu com a servidora pública Sheila Kosminsky Weber, 42 anos. Filha de mãe judia, ela estava prestes a completar 7 anos quando se encantou, através de uma reportagem na TV, pela atuação social de Irmã Dulce. A princípio, a família minimizou. “É uma freira velhinha”, ouvia. Isso mudou no aniversário de Sheila, quando descobriu que no mesmo dia, 26 de maio de 1984, Irmã Dulce completava 70 anos.

Para a família, a coincidência explicava a conexão das duas. Eles passaram a visitar insistentemente o local em que a freira atendia até conseguir realizar o desejo da menina de conhecer pessoalmente a hoje Santa Dulce dos Pobres. Os encontros fizeram com que, já adulta e após o falecimento de Dulce, Sheila dedicasse 19 anos ao trabalho voluntário nas Obras Sociais Irmã Dulce (OSID).

Leia tambem: 'Papa percebeu como eu estava tremendo e segurou minhas mãos', diz fiel que foi curado de cegueira por Irmã Dulce

A história se repetiu. Quando tinha 5 anos, o filho de Sheila, Gabriel, se encantou pelo trabalho voluntário da mãe. Acostumado com os mantimentos que ela recolhia para doações dentro de casa e com as breves visitas ao hospital para buscá-la, com o pai, após alguma atividade do voluntariado, Gabriel decidiu ajudar as obras, primeiro com 1/3 da mesada de R$30 que recebia, depois criou sua própria campanha de arrecadação.

 

— Minha mãe me explicou que estavam construindo o setor de hemodiálise, que eu chamava de Hospital do Rim, e eu quis fazer uma campanha de R$ 100, achava que era um dinheirão e que daria para construir tudo — lembra Gabriel, hoje com 12 anos.

Mais profissionalização

Já na primeira campanha, o garoto mais que dobrou a meta, passou a mandar e-mails pedindo doações e mobilizar pessoas pelas redes sociais, escreveu um livro com arrecadação revertida para as OSID e inspirou a criação do grupo de voluntários mirins, atualmente com 60 crianças (e uma lista de espera), que faz atividades pontuais, especialmente nas férias escolares.

A história de Sheila e Gabriel é uma das muitas que se cruzam com a das OSID, que mantêm um dos maiores complexos hospitalares e de assistência social da Bahia. Atualmente, 300 voluntários atuam na sede e são gerenciados diretamente pela OSID, os chamados Anjos de Irmã Dulce. Essa rede se multiplica com grupos independentes.

As obras foram erguidas com o voluntariado, mas o perfil dessa atividade mudou ao longo dos anos, especialmente com a profissionalização da equipe. Os mais de três mil funcionários realizam, em média, mais de dois milhões de atendimento ambulatoriais, 12 mil cirurgias e 18 mil internamentos por ano, só em Salvador , pelo Sistema Único de Saúde (SUS). São os voluntários que fazem com que esse não seja mais um complexo hospitalar. É o que explica Salma Araújo, coordenadora do Anjos:

 

— Hoje eles atuam nas atividades de apoio social, administrativo e até mesmo religioso. O voluntário é a garantia do serviço humanizado, no acolhimento, e é a pessoa que está ali para perpetuar a mensagem de Irmã Dulce, que é amar e servir. Tem gente de todas as religiões, além da chegada de um público mais jovem, diferente de quem espera se aposentar para ser voluntário. As escolas e empresas incentivam, mas acredito que a canonização também tem contribuído muito com o crescimento da procura.

Atualmente, há uma lista de espera com mais de 800 pessoas inscritas através do site da instituição para atuar como Anjos de Dulce. Salma explica a necessidade de triagem, com identificação das necessidades e habilidades, além de treinamento e adequação de uma jornada, que é flexível e de em média duas horas.

Oferta quadruplicou

Onde não há espera é na busca por doadores. Fundado há dois anos, o grupo Amigas de Dulce faz atividades, como promoção de eventos, e trabalha na captação de doadores mensais às obras.

— No grupo temos domésticas, baianas de acarajé, donas de casa, médicas, empresárias advogadas... É um grupo diverso, como sempre Irmã Dulce esteve rodeada por muitas amigas a ajudando. Estamos todas unidas pela fé que vibramos por Santa Dulce dos Pobres — detalha Rosemma Maluf, organizadora do grupo.

 

Veja ainda: Dulce, a santa baiana

A empresária Alana Alves, 41 anos, é uma das Amigas e responsável pelo grupo de captação de sócios. Desde o anúncio de canonização, em maio, ela sente o crescimento do número de novos filiados, saltando de uma média de 70 por mês para quase 300. Com isso, o trabalho mudou da busca ativa para o atendimento de quem quer ajudar.

Cada um contribui com o que tem de melhor. A cantora Margareth Menezes , 57, por exemplo, empresta sua voz — inclusive na celebração deste domingo, em Salvador — e sua imagem para divulgar as Obras. Ela, que pessoalmente desenvolve ações sociais na região da Cidade Baixa, em Salvador, onde também atuou e está o complexo de saúde de Irmã Dulce, é considerada uma das embaixadoras das OSID.

— É a melhor maneira de retribuir o amor e o carinho que recebo das pessoas e tudo que tenho conquistado com meu trabalho. Pelo contingente de pessoas atendidas [pelas obras] dá para dimensionar como é importante a colaboração de todos — diz Margareth


O Globo sábado, 19 de outubro de 2019

LULA REJEITA PROGRESSÃO PARA O SEMIABERTO

 

Defesa de Lula pede à Justiça que negue progressão para semiaberto

Advogado argumenta que liminar no STF impede saída do ex-presidente da Polícia Federal
 
 
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está preso desde julho de 2018 Foto: ISABELLA LANAVE / AFP
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está preso desde julho de 2018 Foto: ISABELLA LANAVE / AFP

SÃO PAULO — A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai pedir nesta sexta-feira que a Justiça Federal negue a progressão para o regime semiaberto requerida pelo Ministério Público Federal (MPF).

No dia 27 de setembro, o MPF apresentou uma petição no processo de execução penal do ex-presidente em que dizia: "Uma vez certificado o bom comportamento carcerário (...) requer o Ministério Público Federal que seja deferida a Luiz Inácio Lula da Silva a progressão ao regime semiaberto". Preso desde abril do ano passado, o petista já cumpriu um sexto da pena de 8 e 10 meses a que foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro no caso d tríplex do Guarujá.

A juíza Carolina Lebbos notificou a defesa para que se manifestasse sobre o pedido do Ministério Público, o que deve ser feito nesta sexta-feira. Logo após o posicionamento do MPF, Lula escreveu uma carta em que dizia não aceitar "barganhas" para deixar a cadeia.

A defesa de Lula também argumenta que uma liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no mês passado impede que Lula deixe a cela que ocupa na Superintendência da Polícia Federal do Paraná até que o habeas corpus em advogados apontam suspeição do ex-juiz Sergio Moro no processo seja julgado.

e de afronta à sua dignidade no já referido episódio do “Tremembé”. OPeticionário não aceita exercer um direito relacionado a um processo ilegítimo". 

O Globo sexta, 18 de outubro de 2019

MAURÍCIO SHERMAN, O HOMEM QUE INVENTAVA

 

Patricia Kogut: Maurício Sherman, o homem que inventava

Um dos mais importantes e influentes diretores da história da televisão, ele se notabilizou pela criação de programas, como o 'Globo de Ouro', e pelo olhar afiado para descobrir talentos
 
 
Mauricio Sherman em 1990: pioneiro da televisão no Brasil Foto: Monique Cabral / Agência O Globo
Mauricio Sherman em 1990: pioneiro da televisão no Brasil Foto: Monique Cabral / Agência O Globo

 

 
 

RIO - Ao deixar a direção de “Zorra total”, Maurício Sherman não cogitou se retirar da vida artística. Em 2015, um ano depois sair do comando do “Zorra total”, ele começou os ensaios de “A atriz” como ator. Na peça, contracenaria com sua amiga Marília Pêra. Ambos acabaram fora do projeto por razões alheias à disposição para estar no palco - desavenças de bastidor que já não vêm ao caso aqui – e o espetáculo acabou sendo encenado com Betty Faria e Benvindo Siqueira. O episódio é pouco conhecido, mas vale ser mencionado só para ilustrar a dedicação à profissão que impulsionava Sherman. Àquela altura, já octogenário e com a saúde fragilizada, ele não tinha perdido esse entusiasmo. 

Vida e carreira:    Morre o diretor Mauricio Sherman

Tributo: Personalidades lamentam morte de Mauricio Sherman

Antes de se tornar um diretor dos mais importantes da História da televisão brasileira, teve reconhecimento também como ator. Passou pelo rádio, como, aliás, toda a geração de pioneiros da TV. Lá, dividiu os microfones com outros iniciantes, como Fernanda Montenegro, Fernando Torres e Chico Anysio. Em 1953, ganhou um prêmio de teatro e foi chamado para a TV Tupi. Depois passou pela TV Paulista, voltou para a Tupi, se transferiu para a Excelsior até chegar à Globo, em 1965. Poucos profissionais tiveram a influência que ele viria a conquistar na televisão.  

 Sherman esteve à frente de muitos programas de humor na emissora e ficou conhecido também por revelar talentos. Pelas mãos dele, Max Nunes e Haroldo Barbosa chegaram à Globo, só para citar dois nomes que hoje falam por si. Mas esse olhar afiado para enxergar possíveis estrelas sempre o acompanhou. O exemplo mais famoso disso é Xuxa Meneghel. Em sua passagem pela TV Manchete, nos anos 1980, ele anteviu nela o que logo confirmou: uma vocação incrível para programas infantis. Marlene Mattos sempre falou publicamente de Sherman com gratidão por causa disso. Quando a Globo contratou Xuxa, ele viu em Angélica, então uma menina, sua provável sucessora na extinta emissora. De novo estava certo. 

 

 Sherman voltou para a Globo no fim dos anos 1980 para atuar na área em que se sentia em casa: a linha de shows. Fez o “Globo de ouro”, um sucesso que até hoje mexe com o público quando reapresentado pelo Canal Viva; passou novamente pelo “Fantástico”, que tinha ajudado a implementar, e esteve à frente de “Os Trapalhões”. Será também lembrado pelas vinhetas de fim de ano em que o elenco da emissora se apresentava expondo facetas pouco conhecidas com a mensagem “Tente, invente, faça um 92 diferente”. É possível dizer, sem medo de errar, que essa foi uma das campanhas mais marcantes de todas. 

Depois, em 1999, veio o “Zorra total”. Ali também ele abriu espaço para novatos que logo ganharam o coração do público. Maria Clara Gueiros, Cláudia Rodrigues e tantos outros tiveram suas chances no humorístico. Sherman era atento aos jovens, frequentava o teatro, gostava de pesquisar.  

Com alguns colegas do palco e do estúdio, ele manteve amizades profundas e longevas. Foi assim com Agildo Ribeiro e Lúcio Mauro, companheiros de geração que frequentavam sua casa e por quem tinha carinho. Não se pode falar da nossa TV sem citar essa figura-chave presente em muito do que ainda se pratica no humor e no show.


O Globo quinta, 17 de outubro de 2019

NOVO ENTENDIMENTO DO STF PODE LIBERTAR LULA, DIRCEU E OUTROS ALVOS DA LAVA-JATO

 

Lava-Jato: Novo entendimento do STF sobre 2ª instância pode libertar Lula, Dirceu e outros alvos

Corte começa a debater a questão nesta quinta-feira, e tendência da maioria dos ministros seria condicionar prisão à sentença transitado em julgado
 
Em 2003, o então presidente Lula, conversa com o ex-ministro da Casa Civil, Jose Dirceu durante reunião ministerial Foto: Gustavo Miranda / Arquivo O Globo/19-05-2003
Em 2003, o então presidente Lula, conversa com o ex-ministro da Casa Civil, Jose Dirceu durante reunião ministeria
l Foto: Gustavo Miranda / Arquivo O Globo/19-05-2003
 
 

BRASÍLIA E SÃO PAULO — O Supremo Tribunal Federal (STF) começa nesta quinta-feira a julgar a legalidade das prisões após condenação em segunda instância, com possibilidade de rever o entendimento adotado em 2016 e que autoriza o início da execução da pena antes do trânsito em julgado. Se a Corte rever o entendimento e decidir que condenados só devem começar a cumprir a pena após trânsito em julgado, poderão ser libertados o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro José Dirceu e outros 13 condenados em segunda instância na Lava-Jato que tiveram mandados de prisão expedidos e cumprem pena em regime fechado.

A tendência, segundo ministros ouvidos pelo GLOBO, é o plenário permitir que os condenados fiquem em liberdade por mais tempo, enquanto recorrem da sentença. Mais do que definir a situação de Lula, o que eleva a pressão sob a Corte, parte do tribunal está interessada em dar um recado para os investigadores da Lava-Jato. É possível ainda que, se confirmada a mudança, os ministros deliberem também o alcance que terá a nova decisão.

 

A sessão desta quinta-feira vai começar com a leitura do relatório do ministro Marco Aurélio Mello, seguida de 13 sustentações orais. Devem se manifestar advogados interessados na causa, o procurador-geral da República, Augusto Aras, e o advogado-geral da União, André Mendonça. A votação dos onze ministros só vai começar na sessão seguinte, marcada para quarta-feira da semana que vem – que começa às 9h30 e deve se estender até o fim da tarde. A expectativa é de que a votação comece e termine no mesmo dia, colocando um ponto final na questão.

Saiba mais : A legislação para a prisão em 2ª instância em outros países

No Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que julga os processos da Lava-Jato do Paraná em segunda instância, 103 pessoas já foram condenadas no âmbito da operação, segundo levantamento feito pelo próprio TRF-4. Desses, 18 tiveram mandados de prisão expedidos, cumprem pena em regime fechado e, portanto, seriam os mais impactados por uma possível mudança no entendimento do Supremo.

 

Além de Lula e Dirceu, empreitreiros, lobistas e ex-funcionários da Petrobras condenados da Lava-Jato também poderiam deixar a prisão. Já o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, o ex-governador do Rio Sérgio Cabral e seu ex-secretário de governo Wilson Carlos não seriam soltos porque, além da condenação, têm prisões preventivas em vigor.

Leia : Idas e vindas do STF sobre prisão em 2ª instância

Ex-vice-presidente da Engevix, Gerson de Mello Almada também poderia deixar a prisão e responder as acusações em liberdade. Em 2018, ao determinar a execução de sua pena após condenação em segunda instância, o então juiz Sergio Moro citou ministros contrários à execução provisória da pena, em ato que foi considerado uma forma de pressão sobre o Supremo. Atualmente, Almada está detido no Complexo Médico Penal de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, mesmo local onde está Eduardo Cunha.

 

Casos que podem ser afetados pela decisão
191.480
são presos em execução provisória de pena — condenados, mas ainda com recursos a apresentar
Segundo o CNJ, desses 191 mil, só
4.895*
têm mandado de prisão expedido em segunda instância e podem ser beneficiados
Ao todo, o Brasil tem
836.820 presos
348 mil
presos preventivamente, ou seja, ainda sem condenção
294 mil
presos com condenação transitada em julgado
2 mil
presos civis, por não pagar pensão alimentícia
Dos 18 eventuais beneficiados da Lava-Jato, 15 podem ser soltos**
José Dirceu
Luiz Inácio Lula da Silva
EX-PRESIDENTE DA REPÚBLICA
EX-MINISTRO-CHEFE DA CASA CIVIL
Luiz Eduardo de Oliveira e Silva
Gerson de Mello Almada
IRMÃO DE JOSÉ DIRCEU
EX-VICE-PRESIDENTE MENDES JUNIOR
Waldomiro de Oliveira
Rogerio Cunha Oliveira
FUNCIONÁRIO DE ALBERTO YOUSSEF
EX-DIRETOR DA MENDES JUNIOR
Márcio Andrade Bonilho
Sergio Cunha Mendes
SÓCIO DA SANKO SIDER
EX-VICE-PRESIDENTE DA MENDES JUNIOR
Jayme Alves de Oliveira Filho
Alberto Elisio Vilaca Gomes
AGENTE DA POLÍCIA FEDERAL
EX-DIRETOR DA MENDES JUNIOR
Fernando Moura
EMPRESÁRIO/LOBISTA
Roberto Gonçalves
EX-GERENTE DE ENGENHARIA
DA PETROBRAS
Pedro Augusto Cortes Xavier Bastos
EX-GERENTE DA ÁREA
INTERNACIONAL DA PETROBRAS
Joao Augusto Rezende Henriques
Enivaldo Quadrado
LOBISTA/OPERADOR DO PMDB
DONO DA CORRETORA BÔNUS BANVAL
Três ainda vão continuar presos***
Sergio Cabral
Eduardo Cunha
Wilson Carlos
EX-GOVERNADOR
EX-PRESIDENTE
DA CÂMARA
EX-SECRETÁRIO DE
GESTÃO DE CABRAL
*Não necessariamente todos os presos beneficiados serão soltos. Autores de crimes violentos, como homicídio e estupro, afetados pela possível decisão do STF, podem ter a prisão preventiva decretada, por exemplo, por “ameaça à ordem pública”
**A depender da modulação definida pelo STF no caso demudança de entendimento sobre o início da execuçãode pena
***Têm prisão preventivaem vigor

 

 

"Espera-se que a jurisprudência que nos permitiu avançar tanto e que é legado do ministro Teori Zavascki não seja revista, máxime por uma Corte com o prestígio do Supremo Tribunal Federal e por renomados ministros como Rosa Weber, Celso de Mello, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Marco Aurélio e Ricardo Lewandowski", afirmou o juiz na ocasião.

 

Na ocasião, Moro sofreu uma reprimenda pública do ministro Marco Aurélio.
— Tempos estranhos. Juiz de primeiro grau fazendo apelo a ministro do Supremo — disse Marco Aurélio. ( Colaboraram Gustavo Maia e Marco Grillo )


O Globo quarta, 16 de outubro de 2019

PICADINHO E OUTROS CLÁSSICOS VOLTAM A TURBINAR CARDÁPIOS

 

Clássicos voltam turbinados aos cardápios

Chefs investem em releituras de receitas de sucesso, com um toque especial
 
 
Irajá Gastrô. Piamontese 2.0 Foto: Alexander Landau / Divulgação
Irajá Gastrô. Piamontese 2.0 Foto: Alexander Landau / Divulgação
 
 

Não há nada tão bom que não tenha como melhorar. Os chefs sabem disso e, volta e meia, dão uma turbinada em seus clássicos de sucesso.

Leia mais: Aprenda a fazer uma receita fácil de falafel

Astor. Picadinho veggie, com pupunha e cogumelos no molho de legumes, feijão azuke, arroz integral, banana empanada em panko, farofa de cebola e pastel de ricota com espinafre Foto: Angelo Dal Bo / Divulgação
Astor. Picadinho veggie, com pupunha e cogumelos no molho de legumes, feijão azuke, arroz integral, banana empanada em panko, farofa de cebola e pastel de ricota com espinafre Foto: Angelo Dal Bo / Divulgação

Comemorando 18 anos de Rio de Janeiro, o cardápio novo do Astor, no Arpoador, não tinha como deixar o picadinho de lado. A versão clássica do picadinho Astor (R$ 62), com mignon em ponta de faca,  pastéis de queijo, ovo frito, banana à milanesa, feijão preto, farofa e arroz, o bar agora tem a versão veggie (R$ 59), com pupunha e cogumelos no molho de legumes, feijão azuke, arroz integral, banana empanada em panko, farofa de cebola e pastel de ricota com espinafre.

 
 
 
 
Irajá Gastro. A nova versão do Piamontese, de Pedro Artagão Foto: Alexander Landau / Divulgação
Irajá Gastro. A nova versão do Piamontese, de Pedro Artagão Foto: Alexander Landau / Divulgação

O Irajá Gastro já está na segunda releitura do piamontese. O que já tinha passado por um banho de loja, ficou mais elegante com o  piamontese 2.0 (R$ 78). No lugar do arroz, risoni cozido em creme de grana Padano e gratinado com requeijão mineiro. E o champignon que fazia parte do molho agora é salteado e confitado e servido separado num toast com maionese de trufas
champignon.

— Tirei o excesso de carne e aumentei a quantidade de bacon, que é artesanal, com menos gordura do que um contra-filé, e vou gla — explica Pedro de Artagão. — Selo o bacon e ele vai cozinhando junto com a carte. A bossa é comer os dois ao mesmo tempo.

Maria e o Boi. O strogô é finalizado à mesa pelo cliente Foto: Tomás Rangel / Divulgação
Maria e o Boi. O strogô é finalizado à mesa pelo cliente Foto: Tomás Rangel / Divulgação

Presente na memória afetiva de muita gente, o estrogonofe é um abraço em forma de comida. O prato foi um dos escolhidos para entrar no capítulo de clássicos da Maria e o Boi, em Ipanema. Finalizado à mesa, o strogô (R$ 48) é preparado com vinho e mostarda da casa e o creme azedo é misturado pelo próprio cliente. O pedido vem ainda com batatas assadas.

— Todo mundo tem como referência um estrogonofe ou um picadinho. Por isso quisemos incluir clássicos que nunca saem de moda do nosso paladar — disse um dos chefs, Luizinho Petit Santos.

 

Onde comer:

Astor: Av. Vieira Souto 110, Ipanema - 2523-0085.
Irajá Gastrô: Rua Conde de Irajá 109, Botafogo - 2246-1395.
Maria e o Boi: Rua Maria Quitéria 111, Ipanema - 3502-4634.


O Globo terça, 15 de outubro de 2019

TEATRO: CONTOS NEGREIROS DO BRASIL

 

Vista por 60 mil pessoas, ‘Contos negreiros do Brasil’ ocupa Teatro Firjan

Peça baseada em livro de pernambucano discute preconceito e traz dados sobre a o negro no país
autor
 
Rodrigo França em cena de
Rodrigo França em cena de "Contos negreiros": ator também assina a pesquisa do espetáculo Foto: Divulgação
 
 

Em cartaz desde maio de 2017, a peça “Contos negreiros do Brasil” já foi vista por cerca de 60 mil pessoas e, após passar por 16 cidades, está em cartaz novamente no Rio, no Teatro Firjan Sesi. Adaptação do livro “Contos negreiros”, do pernambucano Marcelino Freire, publicado em 2005 e vencedor do Prêmio Jabuti do ano seguinte, o espetáculo trata, sem rodeios, de preconceito.

Oito dos 17 contos do livro são levados ao palco, com direção de Fernando Philbert, e apresentados junto com índices sobre população negra do país, lidos pelo elenco. Para Rodrigo França, ator que assina a pesquisa, o livro e a peça dão voz a personagens “marginalizados”.

— Os contos do Marcelino trazem vida a corpos objetificados, marginalizados, silenciados e hiperssexualizados. O espetáculo une essa estrutura literária com uma pesquisa em números estatísticos sobre o racismo. É uma forma de desmontar o mito da democracia racial brasileira — acredita França, que divide o palco com Marcelo Dias, Milton Filho, Aline Borges e Valéria Monã.

Marcelino Freire se mostra satisfeito com o resultado.

— Meu texto é ficcional, a partir dessa realidade que me toca, mas a dramaturgia e esses dados levantados pela pesquisa acentuam as questões colocadas no livro. O espetáculo ganha uma urgência — acredita Freire.

O conto “Coração”, por exemplo, fala sobre homossexualidade negra, e também sobre solidão. “Totonha” é inspirado em uma tia do autor que se recusava a aprender a ler e escrever. Projeções no palco retratam vivências negras, como mães que perderam seus filhos para a violência nas periferias.

 

— Quando pensamos em desemprego, homicídio, comunidade carcerária e baixa escolaridade, a maior incidência está no corpo negro como vítima — diz França.

Onde: Teatro Firjan Sesi. Av. Graça Aranha 1, Centro (2563-4163). Quando: Seg e ter, às 19h. Até 5 de novembro. Quanto: R$ 20. Classificação: 14 anos.


O Globo segunda, 14 de outubro de 2019

RODA GIGANTE NA ZONA PORTUÁRIA DO RIO EM FASE DE TESTES

 

Roda gigante na Zona Portuária entra em fase de testes a partir desta segunda-feira

A abertura da atração ao público está prevista para acontecer na primeira quinzena de dezembro
 
 
A instalação das 54 cabines da roda gigante Rio Star foi concluída e entra na fase dos testes de segurança a partir desta segunda-feira na Zona Portuária Foto: Fábio Guimarães / Agência O Globo
A instalação das 54 cabines da roda gigante Rio Star foi concluída e entra na fase dos testes de segurança a partir desta segunda-feira
na Zona Portuária Foto: Fábio Guimarães / Agência O Globo
 

RIO - A roda gigante Rio Star teve a instalação de suas 54 cabines concluída e entra na fase dos testes de segurança a partir desta segunda-feira na Zona Portuária . A abertura da atração ao público está prevista para acontecer na primeira quinzena de dezembro. As informações são de representantes da construtora JLCMT, responsável pela obra.

 

O formato das gôndolas lembra uma versão em miniatura dos bondinhos do Pão de Açúcar. Elas oferecem vista 360 graus e são climatizadas Foto: Fábio Guimarães / Agência O Globo
O formato das gôndolas lembra uma versão em miniatura dos bondinhos do Pão de Açúcar. Elas oferecem vista 360 graus e são
climatizadas Foto: Fábio Guimarães / Agência O Globo

De acordo com a empresa, mais de 80% dos trabalhos já estão concluídos. Além dos testes de segurança do equipamento, está em fase de finalização o parque de 2.530 metros quadrados na base do brinquedo, que abrigará bar, café, loja de souvenir e de fotografias e um deque.

Quando estiver pronta, a Rio Star terá 88 metros de altura e fará uma volta completa em 18 minutos, com ingressos a R$ 49 e meia-entrada nos casos previstos por lei. A expectativa é que a atração receba 1 milhão de visitantes por ano e gere 60 empregos.

Com formato que lembra uma versão em miniatura dos bondinhos do Pão de Açúcar, as gôndolas da roda gigante foram trazidas da China, oferecem vista 360 graus e são climatizadas. As cabines suportam até 640 quilos cada uma, contam com três travas externas e portas com abertura suficiente para passagem de uma cadeira de rodas. Além disso, os compartimentos têm um sistema de rádio para comunicação em casos de emergência.


O Globo domingo, 13 de outubro de 2019

ÓLEO QUE ATINGE O O NORDESTE PODE SER DE NAUFRÁGIO, DIZ BOLSONARO

 

Bolsonaro diz que óleo que atinge Nordeste pode ser de naufrágio

Segundo presidente, 140 navios petroleiros passaram pela região desde setembro
 
 
Presidente Jair Bolsonaro Foto: MAURO PIMENTEL / AFP
Presidente Jair Bolsonaro Foto: MAURO PIMENTEL / AFP
 
 

SÃO PAULO — O presidente Jair Bolsonaro disse neste sábado que o óleo que atinge praias do Nordeste pode ter vazado de um navio que naufragou no passado.

— Existe a possibilidade de que tenha sido um navio afundado no passado porque tem muito petroleiro com bandeira pirata na área — afirmou Bolsonaro, em entrevista ao chegar ao estádio do Pacaembu para assistir ao jogo entre Palmeiras e Botafogo, pelo Campeonato Brasileiro.

De acordo com o presidente, navios usam bandeiras piratas para transportar petróleo orinudo da Venezuela e escapar do embargos impostos ao país sul-americano.

— Se isso estiver acontecendo, é triste porque mais óleo pode aparecer nas praias — acrescentou o presidente.

Segundo Bolsonaro, 140 navios petroleiros passaram pela região desde setembro. Na quinta-feira, Bolsonaro havia afirmado ter "quase certeza" que o vazamento foi criminoso. Disse também "ter no radar um país" que pode ser responsável pelo óleo.

Uma hipótese semelhante sobre a origem do óleo foi levantada nesta semana por um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Ceará  (UFC), que acreditam que um navio  afundado décadas atrás pode estar sofrendo novo vazamento. Essa possibilidade está está sendo  investigada  pelo químico oceanógrafo Rivelino Cavalcante, que coletou amostras a serem enviadas para o Instituto de Oceanografia de Woods Hole (WHOI), nos EUA, que vai analisar a composição do material.

Um evento relativamente recente que acendeu a curiosidade dos cientistas foi o encontro de grandes pedaços de borracha em praias do Nordeste desde o fim do ano passado. O material foi identificado como sendo “fardos” de látex, forma típica que a indústria da borracha usa para transportá-los.

 

Carlos Teixeira, oceanógrafo da UFC, buscou registros de naufrágios no Atlântico e encontrou a localização de um navio alemão afundado em 1944 , a 1.000 km do Recife, que estava transportando essa carga. Um dos fardos achados na Bahia indicava “Indochina Francesa” (atuais Camboja, Laos e Vietnã) como a origem do produto.

— Como a Indochina Francesa deixou de existir em 1953, creio que respondemos à pergunta sobre de onde veio essa borracha — diz Teixeira: — Esse navio alemão navegava "disfarçado" com o nome de SS Rio Grande, uma coisa comum durante a Segunda Guerra. A localização dele, bastante profunda, já é conhecida com precisão.

Mais cedo neste sábado, Bolsonaro rebateu no Twitter as  críticas de que o governo demorou a reagir  ao vazamento de óleo que já chegou a mais de 150 praias do Nordeste. Segundo o presidente, desde 2 de setembro o governo estaria atrás dos responsáveis pelo derramamento de petróleo na região.

No mesmo post, Bolsonaro ironizou a atuação das Organizações das Nações Unidas (  ONU  ) e de ONGs ligadas ao meio ambiente.

"Estranhamos o silêncio da ONU e ONGs, sempre tão vigilantes com o meio ambiente", escreveu o presidente.

 

Mais de 150 praias atingidas

Segundo o último balanço divulgado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), nesta sexta-feira, 156 localidades   já foram atingidas pelas machas de óleo.

 

 

Também nesta sexta, o óleo chegou a  Salvador,  na  Bahia, e atingiu mais oito cidades do estado. Além da capital baiana, os municípios de  Lauro de Freitas,   Camaçari, Mata de São João, Entre Rios, Esplanada, Conde  e  Jandaíra  também foram afetados.

O cenário paradisíaco da  Praia do Forte,  localizada no município de  Mata do São João  (BA) e conhecida pelos seus recifes e água cristalina, deu lugar a grossas camadas de  óleo  cru. Voluntários dizem ter recolhido duas toneladas do material da região, conhecida por seus recifes e tartarugas.

As manchas atingiram ainda uma área de conservação da natureza: a Reserva Extrativista (Resex) Cururupu, no  Maranhão , a 157 km de São Luís.

 Na quinta, a Marinha decidiu que vai notificar 30 embarcações de 10 países para prestarem esclarecimentos no inquérito que apura a origem do material.


O Globo sábado, 12 de outubro de 2019

IRMÃ DULCE: A SANTA BAIANA

 

Artigo: Dulce, a santa baiana

Ela merece, tamanha a sua dedicação aos pobres. É a primeira santa genuinamente brasileira
 
 
 
Irmã Dulce. Foto: Divulgação / Arquidiocese Foto: Irmã Dulce vai ser a primeira santa genuinamente brasileira / Agência O Globo
Irmã Dulce. Foto: Divulgação / Arquidiocese Foto: Irmã Dulce vai ser a primeira santa genuinamente brasileira
/ Agência O Globo
 
 

Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, mais conhecida como Irmã Dulce, será canonizada pelo papa Francisco amanhã, 13 de outubro, em Roma. Ela merece, tamanha a sua dedicação aos pobres. É a primeira santa genuinamente brasileira. Madre Paulina, que viveu no sul do Brasil, nasceu na Itália. Os demais santos brasileiros são quase todos homens, muitos nascidos na Europa, como o espanhol Padre Anchieta. Exceções são o paulista Frei Galvão e os 23 mártires potiguares, entre os quais cinco mulheres.

 De fato, o Brasil tem multidão de santos. Santo é todo aquele que viveu segundo as bem-aventuranças anunciadas por Jesus (Mateus 5, 1-12, e Lucas 6, 21-49), ainda que não tenha tido fé, como atesta o capítulo 25 do Evangelho de Mateus (31-46).

Temos santos vivos, à beça: mulheres abandonadas por seus maridos e que, na pobreza, criam heroicamente filhos e netos; militantes que lutam por justiça e paz; políticos que, com risco de vida, ousam defender os direitos humanos; ambientalistas que enfrentam ameaças de morte; inúmeras pessoas, de diferentes classes sociais, que fazem de suas vidas um dom para que outros tenham vida. Esses santos anônimos, que não esperam reconhecimento ou recompensa, jamais serão elevados aos altares nem terão devotos.

A baiana Irmã Dulce foi uma mulher exemplar. Nascida na classe média alta, tornou-se freira e dedicou sua vida a cuidar dos mais pobres. Pena que a Igreja não a incentivou a estudar teologia. As religiosas, em sua maioria, são, ainda hoje, relegadas a funções subalternas e papéis secundários dentro da comunidade católica. Embora consagrem suas vidas a serviço do próximo, estão impedidas de acesso ao sacerdócio.

Grave falha da Igreja, sobretudo se considerarmos que a primeira apóstola foi uma mulher, a samaritana do poço de Jacó (João 4, 1-41). E Jesus integrou ao seu grupo várias mulheres, citadas em Lucas 8,1, inclusive Madalena, a primeira testemunha de sua ressurreição. A misoginia clericalista não encontra respaldo na prática de Jesus, que escolheu para liderar sua comunidade apostólica um homem casado, Pedro, conforme atesta o Evangelho de Marcos (1, 30-31).

 

Espero que a devoção à Irmã Dulce não venha a reforçar o assistencialismo que tanto predominou na Igreja em tempos passados. O sistema econômico injusto produz a desigualdade e a miséria, exclui milhares de famílias do acesso aos serviços de saúde e à educação de qualidade, e os religiosos abrem orfanatos, asilos, hospitais, lactários e casas da mãe solteira para aliviar o sofrimento oriundo da exclusão social.

Felizmente o Concílio Vaticano II e a Teologia da Libertação mudaram esse enfoque ao centrar a evangelização na promoção da justiça e no combate às causas da pobreza. O papa Francisco atua na mesma direção. E inclui, entre as principais vítimas do sistema, a Mãe Natureza. Daí a importância do Sínodo da Amazônia, reunido em Roma desde o dia 6 deste mês até o próximo dia 27.

Nesses tempos de hostilidade generalizada, do presidente que ofende índios, quilombolas e médicos cubanos cuidadores dos mais pobres, ao procurador que se arma no intuito de assassinar um juiz da suprema corte; nesses tempos de redes digitais, equivocadamente chamadas de sociais, transformadas em trincheiras de injúrias e mentiras; nesses tempos de feminicídio, homofobia e racismo; nesses tempos de xenofobia, eleuterofobia (medo à liberdade) e fundamentalismos, vale sublinhar esta frase lapidar da Santa Dulce: “As pessoas que espalham amor não têm tempo nem disposição para jogar pedras.”


O Globo sexta, 11 de outubro de 2019

DICAS PARA O DIA DAS CRIANÇAS

 

Shows, peças, oficinas, passeios: dicas para o Dia das Crianças

Peça dos 'DPA', show de Larissa Manoela e festa com Thalita Rebouças estão entre as atrações
 
 
 

P
 

A agenda infantil está cheia neste fim de semana. De carona no Dia das Crianças, uma série de eventos ocupa a cidade com atrações para diferentes gostos. Para dar uma força para os pais, fizemos uma seleção entre as novidades mais divertidas em cartaz. No roteiro, tem a escritora Thalita Rebouças comandando DJs, festivais de cinema e de teatro, dinossauros e dragões robotizados que soltam fogo pela boca, oficinas de culinária, trilhas mata afora... Destacamos, também, o melhor da programação gratuita. São 25 dicas que não cabem nas 24 horas do dia de amanhã.

 

Música

Larissa Manoela

Larissa Manoela: show no Km de Vantagens Hall Foto: Rodrigo Takeshi
Larissa Manoela: show no Km de Vantagens Hall Foto: Rodrigo Takeshi

A estrelinha teen está crescendo (completará 19 anos em dezembro) e, para felicidade geral de seus fãs, fará o show de lançamento de seu novo disco, “Além do tempo”, domingo, na Barra. O single “Hoje a noite é nossa” já está disponível nas plataformas digitais. Se correr, dá para aprender a cantar até lá!

Km de Vantagens Hall: Via Parque. Av. Ayrton Senna 3.000, Barra. Dom, às 19h. De R$ 120 (mesa lateral e poltrona) a R$ 320 (camarote). Menores de 12 anos só com responsável.

Big Beat

O festival promete 12 horas de festa para a família. Dividido em duas partes, o evento terá dois palcos: o Kids, na parte da manhã, e o Teen, à tarde. A festa dos menores, a partir das 10h, terá animação do coral Palavra Cantada e do bloco Gigantes da Lira, além do show do grupo Rockin’ Kidz, com suas misturas de cantigas de roda e clássicos do rock. Já os adolescentes participarão de uma matinê que terá a escritora best-seller Thalita Rebouças como mestre de cerimônias. Entre as atrações musicais da tarde estão a DJ mirim Rivkah (de apenas 11 anos) e o cantor Kayky, fenômeno recente da internet. Na varanda, rolam oficinas de sustentabilidade, contação de histórias e brincadeiras.

Vivo Rio: Av. Infante Dom Henrique 85, Parque do Flamengo — 2272-2901. Palco Kids: dom, das 11h às 15h. Palco Teen: dom, das 17h às 22h. R$ 130 (quem levar 1 Kg de alimento paga meia). Menores de 14 anos só com responsável.

Os Saltimbancos Sinfônico

A fábula musical de Chico Buarque será apresentada domingo, na Cidade das Artes, com arranjos para orquestra. Sob regência de Felipe Prazeres, a Orquestra Petrobras Sinfônica tocará “Bicharia, “Um dia de cão”, “História de uma gata” , “Todos juntos”...

Cidade das Artes: Av. das Américas 5.300, Barra — 3325-0102. Dom, às 11h30. R$ 80. Livre. Desconto para sócios do Clube O GLOBO.

New Kids on the Bloquinho

New Kids on the Bloquinho se apresenta no Teatro Riachuelo Foto: Divulgação
New Kids on the Bloquinho se apresenta no Teatro Riachuelo Foto: Divulgação

Cria do grupo New Kids on the Bloco, que há seis anos faz versões de Hanson, Sandy e Junior, Spice Girls e Back Street Boys no carnaval carioca, o show chama-se “Da infância dos pais à infância dos filhos”.

Teatro Riachuelo: Rua do Passeio 38/40, Centro — 3554-2934. Dom, às 11h. R$ 50 (balcão nobre e balcão) e R$ 70 (plateia Vip e plateia). Livre. 70 minutos.

Teatro e circo

Detetives do Prédio Azul

Depois de desvendarem mistérios em sua série televisiva e até no cinema, os detetives mais queridos da criançada, Bento (Anderson Lima), Sol (Letícia Braga) e Pippo (Pedro Henriques Motta) estreiam no teatro, em “D.P.A., a peça”. O texto, como sempre, é de Flávia Lins e Silva, e a direção, de Ernesto Piccolo. Ah, e o melhor, quem estiver assistindo também poderá participar da investigação.

 

Oi Casa Grande: Av. Afrânio de Melo Franco 290, Leblon — 2511-0800. Sáb e dom, às 15h e às 18h. R$ 50 (balcão, ingresso popular), R$ 70 (balcão) e R$ 120 (plateia). Livre. Até 3 de novembro.

Suelen Nara Ian

Falar sobre atualidades também é coisa de criança. É o que faz, de maneira lúdica, a peça “Suelen Nara Ian”, que trata sobre as novas configurações familiares. Nela, três crianças filhas de pais separados passam a morar juntas e têm que aprender a conviver. O espetáculo marca a estreia da atriz Luisa Arraes como autora e tem direção de Débora Lamm.

Teatro dos Quatro: Shopping da Gávea. Rua Marquês de São Vicente 54, Gávea. Sáb e dom, às 17h. R$ 60. Até 26 de janeiro.

Trilogia do amor

Três musicais, com a mesma temática, mesma direção (de Duda Maia) e apresentados em três diferentes palcos da cidade: é a Trilogia do Amor, que estreia amanhã. “A gaiola”, baseado no livro de Adriana Falcão, conta a história de amor entre uma menina e um passarinho, no Teatro Petra Gold. No Imperator, “Contos partidos de amor”, inspirado na obra de Machado de Assis, fala sobre personagens amorosos e ciumentos. Já “Vamos comprar um poeta”, no CCBB, relata o impacto da chegada de um poeta visitante a uma família.

CCBB: Teatro II. Rua Primeiro de Março 66, Centro — 3808-2020. Sáb e dom, às 11h e às 16h. Grátis (somente dia 12) e R$ 30. Até 8 de dezembro.

Imperator: Rua Dias da Cruz 170, Méier — 2597-3897. Sáb e dom, às 16h. R$ 40. Até 20 de outubro.

Teatro Petra Gold: Rua Conde de Bernadotte 26, Leblon — 2529-7700. Sáb e dom, às 11h. R$ 60. Até 3 de novembro.

FIL

"Onde eu guardo um sonho", no FIL Foto: Divulgação

Em sua 17ª edição, o Festival Internacional Intercâmbio de Linguagens ocupa diversos palcos com espetáculos nacionais e estrangeiros. Entre as atrações, está “A rainha e as abelhas”, da coreógrafa Andrea Jabor, que usa saias infláveis e mistura dança e teatro, de hoje a domingo, na Casa 38. Já no Teatro Ipanema, o grupo cearense Pavilhão da Magnólia conta a história de um pequeno ogro e sua dificuldade de fazer amigos, em “Ogroleto” (6 anos). A atriz Adelly Constantini encena o espetáculo de circo contemporâneo “Onde eu guardo um sonho”, no Teatro Prudential, sex, às 15h e às 20h; sáb e dom, às 16h. Sáb, às 14h30 e 15h30, no Sérgio Porto, “O Barquinho Amarelo” relembra as brincadeiras da infância no interior. Confira outras atrações no nosso site.

Casa 38: Rua Miguel Pereira 38, Humaitá. Sex, às 10h. Sáb e dom, às 17h. Grátis (até 2 anos), R$ 15 (até dez anos) e R$ 30 (adulto).

Espaço Cultural Sérgio Porto: Rua Humaitá 163, Humaitá — 2535-3846. “O barquinho amarelo”: sáb, às 14h30 e 15h30. R$ 50. “Solo Protocolo”: Dom, às 19h. R$ 50.

 

Teatro Ipanema: Rua Prudente de Morais 824, Ipanema — 2267-3750. Sex, às 15h30. Sáb e dom, às 17h. R$ 50.

Teatro Prudential: Rua do Russel 804, Glória — 3554-2934. “Onde eu guardo um sonho”: Sex, às 15h e 20h. Sáb e dom, às 16h. R$ 50.

Iara

Utilizando técnicas do Teatro de Sombras, a Cia. Lumiato, de Brasília, apresenta mitos indígenas, no Sesi de Jacarepaguá, com a peça “Iara — O encanto das águas”.

Teatro Firjan SESI: Av. Geremário Dantas 940, Jacarepaguá — 3312-3750. Sáb e dom, às 17h. Grátis.

Circo Crescer e Viver

Circo Crescer e Viver tem supervisão de Deborah Colker Foto: Stefano Figalo / Divulgação
Circo Crescer e Viver tem supervisão de Deborah Colker Foto: Stefano Figalo / Divulgação

Comemorando 15 anos, a equipe do circo convidou a coreógrafa Deborah Colker para supervisionar seu novo espetáculo, “Clássico”. Estão no picadeiro linguagens como teatro, literatura, ópera e dança. Além, claro, dos tradicionais trapezistas, malabaristas e palhaços. A trilha sonora é assinada por Toni Platão.

Circo Crescer e Viver: Rua Carmo Neto 143, Cidade Nova. Sex e sáb, às 20h. Dom, às 18h. R$ 30. Até 3 de novembro.

Grátis

Cidade das Artes

Além da apresentação do espetáculo “Os Saltimbancos Sinfônico” (no domingo, com entrada paga), a Cidade das Artes está com uma intensa programação gratuita no sábado, que inclui shows (às 13h e às 16h15), teatro (“O pequeno príncipe”, às 14h) e oficina de percussão (15h). E ainda dá para visitar a exposição “O dia seguinte”, que abre hoje e aborda, de modo lúdico, as mudanças climáticas e o futuro das cidades, com projeções e holografias.

 

Cidade das Artes: Av. das Américas 5.300, Barra — 3325-0102. Sáb, das 11h30 às 17h. Livre.

Casa Firjan

O jardim do casarão, em Botafogo, já virou point familiar e, no fim de semana das crianças, terá várias atrações infantis, como a Juntinha!, filhote da feira Junta Local. A chef Flavia Quaresma também estará por lá para ajudar a garotada a descobrir texturas e sabores de legumes (sábado, às 14h e às 16h; domingo, às 14h). Quer música? Tem: amanhã o show é de Marina Íris, às 17h; domingo, no mesmo horário, Pedro Miranda. No sábado, dentro da casa, acontece uma prévia do Festival Internacional de Cinema Infantil, com exibição de curtas de animação, do meio-dia às 18h.

Casa Firjan: Rua Guilhermina Guinle 211, Botafogo. Sáb e dom, do meio-dia às 18h.

Centro Cultural Banco do Brasil

O 12 de outubro é também o dia do aniversário do centro cultural, que em 2019 faz 30 anos no Rio. No sábado, das 10h às 17h, tem contação de histórias e, como o dia é de festa, a partir das 14h será oferecido um lanche gratuito, com bolo, guaraná natural e algodão doce. O programa educativo, amanhã e domingo, convidará a família a brincar em um jogo da memória. E ainda tem a abertura da exposição sobre o Egito Antigo!

 

CCBB: Rua Primeiro de Março 66, Centro — 3808-2020. Sáb e dom, das 11h às 13h e das 15h às 17h.

Parque Lage

Última edição do Jornadas de Outubro, no Parque Lage Foto: Divulgaçao
Última edição do Jornadas de Outubro, no Parque Lage Foto: Divulgaçao

Na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, desde 2016, o Dia das Crianças dura o mês inteiro, graças às Jornadas de Outubro. Amanhã, às 10h30, o projeto “Arte em família” promove um passeio pelo jardim, onde serão colhidos elementos, como folhas, para colagem. Das 15h às 18h, o banho de piscina é livre e animado pela festa Rebolinha (versão infantil da Rebola).

EAV Parque Lage: Rua Jardim Botânico 414, Jardim Botânico. Sáb, das 10h30 às 18h. Até 28 de outubro.

Oficina de cupcakes

Para ser doceiro por um dia, crianças podem participar de uma oficina de cupcakes com o chef confeiteiro Leandro Rosa, no mercado Farinha Pura. Com um detalhe: vão poder comer os bolinhos.

Farinha Pura: Rua Voluntários da Pátria 446, Botafogo — 3239-8000. Sáb, às 10h. Para maiores de 5 anos. Inscrições por ordem de chegada.

Burburinho

Burburinho, no Jockey Foto: Divulgação/Giulli Mandarino
Burburinho, no Jockey Foto: Divulgação/Giulli Mandarino

A feira faz edição especial, no Jockey, com oficinas de tiara, scrapbook e jardinagem, pintura em cavalete, jogos com palitos, mágica, brincadeiras com bambolê e bolhas de sabão.

Jockey Club Brasileiro: Praça Santos Dumont 31, Gávea. Sáb e dom, do meio-dia às 20h.

Museu da Vida

Oficinas de bolhas de sabão, de origami e pipas, visitas ao borboletário, brincadeiras no Parque da Ciência e duas peças (às 10h30, 11h e 11h30) fazem parte da programação do espaço, dentro da Fiocruz.

Fiocruz: Av. Brasil 4.365, Manguinhos — 2590-6747. Sáb, a partir das 10h. Senhas distribuídas às 9h30.

Museu do Amanhã

O museu da Praça Mauá também preparou uma série de atividades para os pequenos neste sábado, com destaque para um passeio de barco pela Baía de Guanabara, com foco na biodiversidade do lugar. Além disso, haverá edição especial da Horta Vivência, uma oficina de plantio seguida de bate-papo sobre consumo consciente e sustentabilidade. Outro destaque é a Yoga para Crianças, com objetivo de estimular a prática na criançada, aprimorando a respiração e o controle do corpo.

Museu do Amanhã: Praça Mauá 1, Centro — 3812-1800. Ter a dom, das 10h às 17h. Sábado, a partir das 9h30 (credenciamento para o barco às 9h). Grátis.

Brunchinho

O bucólico Parque Guinle, em Laranjeiras, abriga esta edição da feira dedicada ao público infantil. Entre as atividades recreativas estão música, oficinas de slime e costura, pintura facial, brinquedoteca, aulas sobre aproveitamento alimentar e parque inflável.

Parque Guinle: Rua Gago Coutinho 66, Laranjeiras. Sáb, das 9h às 18h.

 

Manaká

O casal de músicos Liv e Chico, da dupla Manaká, apresenta o show “Passarinhedo”, com músicas em ritmos bem brasileiros como xote e samba com letras autorais.

Sesc Madureira: Rua Ewbank da Câmara 90, Madureira — 3350-8055. Sáb, às 16h.

Saberes Estéticos do Brincar

O Centro do Teatro do Oprimido oferece atividades artísticas e culturais destinadas à primeira infância (até 6 anos). Amanhã, às 9h, a série “Chegança” propõe a encenação de contos de fadas com perspectivas atuais. A festa continua com a performance “Julgar meu cabelo afro”, do Grupo Ponto Chic, capoeira e cantigas. Entre uma brincadeira e outra, a garotada ganha lanche.

Centro: Av. Mem de Sá 31, Lapa. Sáb, das 9h ao meio-dia.

E mais

Casa Roberto Marinho

As atividades acontecem nos jardins do espaço cultural, no Cosme Velho. De manhã tem contação de histórias. À tarde, os recreadores propõem brincadeiras de ontem para as crianças de hoje, como amarelinha, pular corda, cama de gato, chicotinho queimado e bolinha de gude.

Casa Roberto Marinho: Rua Cosme Velho 1.105, Cosme Velho — 3298-9449. Sáb e dom, das 11h às 17h. R$ 10.

Dinos e dragões

Espetáculo
Espetáculo "Dinos e Dragões", no Via Parque Foto: Caio Gallucci / Divulgação

Ano passado, as réplicas robotizadas com dinossauros de até 8 metros de comprimento estiveram por aqui e fizeram o maior sucesso com a molecada. Agora, eles voltam no espetáculo “Dinos e Dragões — O grande combate”, com efeitos especiais e fumaça para todo lado.

 

Via Parque: Estacionamento. Av. Ayrton Senna 3.000, Barra — 2430-5100. Qua a sex: às 20h; de R$ 40 a R$ 96. Sáb e dom: às 14h, às 16h e às 18h; de R$ 50 a R$ 120 (diamante). Livre. Até 17 de novembro.

Jardim Botânico

Para as crianças (de 2 a 10 anos) que curtem atividades ao ar livre, uma boa opção no sábado é a trilha guiada no Jardim Botânico, em que monitores falam sobre plantas e monumentos do jardim. No gramado perto do Centro de Visitantes, há oficina de jardinagem gratuita, que ensinará como plantar manjericão, cebolinha e sálvia.

Jardim: Rua Jardim Botânico 1.008, Jardim Botânico. Trilha: sáb, às 9h, 11h, 13h e 15h; grátis (até 5 anos) e R$ 15. Oficina (grátis); sáb, às 10h e 14h.

Oficina de Chocolate

E o doce preferido da criançada não poderia faltar nessa festa. Domingo, os pequenos aprenderão várias receitas com alguém que fala sua língua: o chef mirim Lorenzo Raviolli. De manhã, a oficina é no Leme; de tarde, na Barra. As inscrições devem ser feitas pelo site www.zonasul.com.br/cursos

Zona Sul Barra: Av. das Américas 8.888, Barra. Dom, às 16h. R$ 30 (convertidos em compras).

Zona Sul Leme: Av. Atlântica 866, Leme. Dom, às 11h. R$ 30 (convertidos em compras).

Animarte

Entre os mais de 400 filmes do Festival Internacional de Animação Estudantil do Brasil, destaque para as sessões que acontecem na cúpula do Planetário da Gávea, com telão 360°. Amanhã, às 14h e às 16h, tem um sobre povos Maias, Mexicas (América do Norte) e Maori (Oceania).

 

Planetário: Rua Vice-Governador Rubens Berardo 100 — 2088-0536. Sáb, a partir das 14h. R$ 30.


O Globo quinta, 10 de outubro de 2019

IRÃ PERMITE QUE MULHERES ASSISTAM A JOGO DE FUTEBOL

 

Depois de 38 anos, mulheres poderão acompanhar jogo da seleção iraniana em Teerã

Após morte de torcedora e ameaça de suspensão da Fifa, Irã permitiu a entrada de mulheres no estádio Azadi; apenas 3.500 ingressos foram disponibilizados para o setor onde elas serão alocadas
 
 
RIO — Quando Irã e Camboja entrarem em campo pela segunda rodada da segunda fase das eliminatórias asiáticas para a Copa do Mundo de 2022, na manhã desta quinta-feira em Teerã, boa parte dos olhares do mundo estará voltada não para o gramado, mas sim para os setores de A6 A9 do estádio Azadi. Ali estarão sentadas cerca de 3 mil torcedoras, quebrando um longo período sem o apoio feminino nos jogos da seleção nacional, o “ Team Melli ”, em casa.
 

Desde um distante cinco de outubro de 1981, quando os dois times mais populares de Teerã, o Esteghlal e o Persepolis , jogaram naquele mesmo campo, mulheres não são permitidas nas arquibancadas do Azadi, com capacidade para 80 mil pessoas. Algumas até puderam acompanhar partidas de forma esporádica, como na final da Liga dos Campeões da Ásia, em 2018, mas sem comprar ingressos, como no duelo de hoje.

Não existe uma lei que proíba as torcedoras  — apenas interpretações feitas por algumas autoridades, que acabaram sendo adotadas pra valer. Isso não impede que as iranianas, há muito são apaixonadas pelo futebol, exijam mudanças. Ao longo dos anos, foram feitas algumas promessas, mas foi apenas depois de uma tragédia que as intenções começaram a sair do papel.

Em março, a jovem Sahar Khodayari tentava assistir ao seu time de coração, o Esteghlal, usando uma tática comum entre as torcedoras, mas altamente perigosa: se vestir de homem para enganar os policiais. Assim como as jovens do filme “Fora de Jogo”, do cineasta Jafar Panahi, ela foi detida, mas seu destino foi diferente do das protagonistas da ficção. Ao saber que seria processada e poderia ficar presa por até dois anos, se imolou diante do tribunal em setembro, morrendo dias depois .

 

Em um país que se orgulha de seus mártires, a morte de Sahar viraria bandeira do direito das mulheres frequentarem todos os lugares, inclusive as arquibancadas. A história da “ Menina Azul ”, uma alusão a uma das cores do Esteghlal, ganhou o mundo, chegando à sede da Fifa, em Zurique. A ameaça de suspender o país de torneios internacionais e o baixo interno apoio à proibição, mesmo entre os mais conservadores, abriu caminho para novas regras.

LEIA TAMBÉM: No Irã, futebol está na linha de frente da luta pela igualdade de gênero

Porém, a mudança não foi exatamente como as torcedoras queriam. Para o jogo de hoje, 3.500 lugares foram reservados para mulheres, contrastando com os mais de 75 mil disponíveis para o resto do Azadi, “ liberdade ”, em persa.

— Mulheres serão permitidas no estádio, mas em um número pequeno, o que provocou uma controvérsia, é um número ridiculamente pequeno, e o pior de tudo isso é que eles construíram grades e deixaram espaços entre a torcida e o resto do estádio — afirmou Pasha Hajjian , fundador do podcast Gol Bezan, dedicado ao futebol iraniano. No ano passado, elas puderam assistir a duas partidas da seleção iraniana no estádio, porém o time estava jogando na Rússia, na Copa do Mundo, e o jogo passou em telões.

 

Para Jasmin Ramsey , diretora de comunicação do Centro para Direitos Humanos no Irã, apesar de oferecer os ingressos, o Irã está longe de seguir os compromissos de igualdade no esporte exigidos pela Fifa.

"Essas restrições, que impedem que as mulheres acompanhem o jogo em pé de igualdade com os homens, deixam clara a necessidade de pressionar o Irã até que ele cumpra totalmente os estatutos da Fifa e coloque fim a essa política discriminatória", afirmou, em comunicado.

Ela também afirma que jornalistas e fotojornalistas mulheres relataram dificuldades para obter credenciais de imprensa, ou tiveram seus pedidos negados. Além disso, a TV estatal que possui os direitos do jogo não decidiu se vai transmitir o duelo, ou mesmo se vai mostrar as mulheres nas arquibancadas.

Segundo a ONG Open Stadiums , que luta pelo direitos das torcedoras, elas também deverão entrar por uma entrada separada, muito distante dos assentos. Por outro lado, há iniciativas positivas do lado de fora dos portões. Um aplicativo de transporte vai oferecer traslado gratuito entre o estádio e as estações de metrô mais próximas. No Twitter, a empresa disse que “essa não é uma partida como as outras, porque será acompanhada por alguém especial. Desta vez, torceremos todos por nossa seleção”.

 

Por enquanto, a permissão para que as mulheres voltem ao Azadi vale apenas para esta partida, e as autoridades não disseram se ela será aplicada à próxima rodada do campeonato nacional, no dia 21, ou no próximo jogo oficial da seleção no país, em março do ano que vem. Até lá, as torcedoras ficarão na expectativa de poder adaptar às arquibancadas os versos de uma das poetas mais famosas do Irã, Forough Farrokhzad , “eu vou saudar o Sol novamente; vou saudar a corrente que uma vez passou por mim”.


O Globo quarta, 09 de outubro de 2019

GASTRONOMIA: DO TUCUPI AO CHURRASCO

 

Mestre do sabor’: ‘Vamos do tucupi ao churrasco’, adianta Claude Troisgros

Reality comandado pelo chef franco-carrrrioca estreia nesta quinta-feira, na Globo
 
 
O chef Claude Troisgros apresenta o reality 'Mestre do sabor' Foto: Fábio Rocha/TV GLOBO / Divulgação
O chef Claude Troisgros apresenta o reality 'Mestre do sabor' Foto: Fábio Rocha/TV GLOBO / Divulgação
 
 

RIO — Claude Troisgros foi o primeiro chef de cozinha a entrar nas casas brasileiras. O ano era 2004, e o programa, o extinto “Armazém 41”, que trazia o quadro “Adivinha o que tem para jantar?”, no GNT. Como uma bomba de fumaça ninja, Troisgros fez o clichê de francês esnobe desaparecer a jato. O sotaque carregado passou de empecilho a tempero extra. De lá para cá, o cardápio comandado pelo chef só aumentou. Foram seis programas de TV, incluindo “The taste Brasil” e a série “Que marravilha!”, que deu filhotes como a versão infantil do show. Todos, sempre em canal fechado.

 

LEIA MAIS: Novo reality da Globo, 'Mestre do sabor' tem chefs profissionais e degustação às cegas

Quinze anos depois, o franco-carrrrioca, que esperava ficar apenas uns dias no Rio e já está aqui há quatro décadas, se aventura na TV aberta, à frente do primeiro reality dedicado exclusivamente à gastronomia na Globo . “Mestre do sabor” estreia nesta quinta-feira, logo após a novela “A dona do pedaço”, e vai ao ar toda quinta.

Dividindo o manche está João Batista, seu fiel escudeiro das panelas e dos estúdios. E, completando o elenco, três astros da gastronomia atual: a carioca Katia Barbosa, o mineiro Léo Paixão e o português José Avillez . Fora dali, o programa ganha conteúdos extras no Gshow, na Globo Portugal e também no GNT, onde será exibido um dia depois, com 20 minutos a mais.

No primeiro episódio, 50 cozinheiros profissionais disputam 24 vagas. Serão seis etapas, até a grande final, no dia 26 de dezembro. O vencedor levará um prêmio de R$ 250 mil. A seguir, Claude Troisgros dá detalhes do programa.

O que o programa tem de diferente dos outros?

A pegada é totalmente Brasil, valorizando ingredientes nacionais, como maxixe, quiabo, goiaba. Vamos do tucupi ao churrasco, da moqueca à galinhada e à carne seca com abóbora. É um formato original, menos dramático, mais educativo.

Serão receitas clássicas da gastronomia regional?

Queremos criatividade, mas respeitando a tradição. O tutu à mineira, por exemplo, é um prato clássico, rústico e regional que pode ser feito de forma diferente, com um produto melhor.

A degustação dos pratos é feita às cegas. Isso aumenta a adrenalina?

Avaliar um prato somente pelo sabor, sem saber quem preparou, nem como ele foi feito, tem um lado de verdade muito forte. Isso dá credibilidade ao programa.

Tem algum truque de bastidor que o público não vê?

Não, foi uma das coisas que eu fiz questão de não ter. Não sou ator. Os jurados experimentam exatamente o que os competidores fizeram, da forma que eles entregaram.

Todos os participantes são profissionais, já têm uma carreira. Você se arriscaria numa empreitada assim?

Se eu fosse jovem, diria que sim. Hoje não dá mais para mim ( risos ).

Nestes 15 anos, o que mudou na gastronomia com os programas de TV?

A gastronomia brasileira evoluiu de uma maneira inacreditável. E os programas de TV contribuíram para essa nova cozinha, que valoriza o produto local, o produtor, o cozinheiro, a panela, o fogão, a tradição. E, principalmente, houve uma evolução do paladar das pessoas. A gente consegue, através da câmera, influenciar as pessoas a comer melhor, a comprar melhor.

 
Claude Troisgros está à frente das câmeras há 15 anos Foto: divulgação/globo/VICTOR POLLAK

Claude Troisgros está à frente das câmeras há 15 anos Foto: divulgação/globo/VICTOR POLLAK

 

Essas mudanças extrapolam os limites da cozinha?

Sem dúvida. As casas ficaram diferentes, as cozinhas passaram a ser abertas, integradas. Através dos programas as pessoas descobriram que cozinhar é, também, uma terapia.

Hoje, você passa mais tempo na cozinha ou no estúdio?

Os meus estúdios são sempre uma cozinha, a diferença é que a gente conversa com as panelas quando está gravando.

Muda muito fazer um programa na TV aberta?

Passamos de quatro para 30 câmeras, temos plateia, é uma grande produção. Além de atingir um público bem maior.

As pessoas param você na rua para tietar. Você se considera um artista?

Eu e o Batista estamos na frente das câmeras há 15 anos. Não me considero artista, mas um apresentador.

A gastronomia está na moda?

Não é um modismo, veio para ficar e evoluir cada vez mais.


O Globo terça, 08 de outubro de 2019

ROCK IN RIO - O QUE VAI FICAR NA MEMÓRIA

 

Ao Ponto: De playback a piruetas no ar, o que vai ficar na memória do Rock in Rio

 
 Ao Ponto: De playback a piruetas no ar, o que vai ficar na memória do Rock in Rio Foto: Arte
Ao Ponto: De playback a piruetas no ar, o que vai ficar na memória do Rock in Rio Foto: Arte
 
 

Que momentos do Rock in Rio 2019 vão entrar na história do festival? O Globo listou o que houve de melhor neste ano, como o voo da cantora Pink, e os momentos polêmicos, como o playback de Anitta. No Ao Ponto de hoje, o repórter Bernardo Araújo e o editor-executivo André Miranda comentam essa edição do festival e contam os bastidores da cobertura. Nós ouvimos também a vice-vice-presidente do Rock in Rio, Roberta Medina.

Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o   Ao Ponto  é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Roberto Maltchik, sempre abordando acontecimentos relevantes do dia.


O Globo segunda, 07 de outubro de 2019

MOQUECA DE BANANA-DA-TERRA - APRENDA A FAZER

 

Segunda sem carne: aprenda a fazer a moqueca de banana-da-terra servida na Cave Nacional

Chef Luciano da Silva ensina a receita do prato vegano, que leva 10 minutos para ficar pronto
 
 
Cave Nacional: moqueca de banana-da-terra (R$ 39), temperada com pimentões, coentro, páprica doce, pimenta do reino com cominho, leite de coco e azeite de dendê. Rua Dezenove de Fevereiro 151, Botafogo - 2146-5334. Foto: Divulgação
Cave Nacional: moqueca de banana-da-terra (R$ 39), temperada com pimentões, coentro, páprica doce, pimenta do reino com cominho,
leite de coco e azeite de dendê. Rua Dezenove de Fevereiro 151, Botafogo - 2146-5334. Foto: Divulgação
 
 

Com 230 rótulos - só de pequeno produtor - na adega 100% brasileira, a Cave Nacional, em Botafogo, vem apostando forte no menu de comida. Uma das últimas investidas é vegana, moqueca de banana-da-terra (R$ 39),   temperada com pimentões, coentro, páprica doce, pimenta do reino com cominho, leite de coco e azeite de dendê. Receita que Luciano da Silva ensina abaixo. Veja o passo a passo.

 — A ideia de colocar a moqueca de banana da terra veio do período em que trabalhei preparando menu para atender ao setor de jatos executivos do Aeroporto Galeão. Tínhamos um cliente que estava na transição para o veganismo, adorava comida baiana e solicitou algo vegano para comer. Apesar de, na época, nunca ter feito algo nesse sentido, elaborei a receita —  explica o chef.

Receita de moqueca de banana da Terra

Ingredientes

  • 3 bananas grandes
  • 1 pimentão vermelho
  • 1 pimentão Amarelo
  • 1 cebola
  • 1 maço de coentro
  • Uma pitada de páprica doce
  • Pimenta do Reino com cominho a gosto
  • Um fio de azeite de dendê
  • 70 ml leite de coco
  • Sal a gosto
  • azeite de oliva a gosto

Modo de preparo

  • Refogar a cebola com os pimentões no azeite e adicionar os condimentos no refogado;
  • Em outra frigideira grelhar as bananas cortadas em forma de cunha e reservar;
  • Após 5 minutos do refogado no fogo, juntar as bananas e deixar apurar o sabor;
  • Servir com arroz branco.

Tempo de preparo: 10 minutos

Serve duas pessoas

Cave Nacional: Rua Dezenove de Fevereiro 151, Botafogo – 2146-5334.


O Globo domingo, 06 de outubro de 2019

ROCK IN RIO - IMAGINE DRAGONS, NICKELBACK & MUSE

 

Imagine Dragons, Nickelback e Muse mobilizam fãs no Rock in Rio

Sem gigantismo, bandas contam com fanbases apaixonadas no país
 
 
A partir da esquerda: Nickelback, Imagine Dragons e Muse, os destaques deste domingo no Rock in Rio Foto: Arte O Globo
A partir da esquerda: Nickelback, Imagine Dragons e Muse, os destaques deste domingo no Rock in Rio
Foto: Arte O Globo
 
 

RIO — O que o Muse tem a ver com o Nickelback ? E o que o Nickelback tem a ver com o Imagine Dragons ? A princípio, os destaques do último dia de Rock in Rio parecem não combinar muito entre si. Mas compartilham uma característica marcante: uma base com fãs fidelíssimos.

 Veja o caso do Nickelback: formada em 1995, a banda canadense liderada por Chad Kroeger desperta, para a maioria das pessoas, uma lembrança vaga de hits que tomaram as rádios FM nos anos 2000, como “How you remind me”. Ou, no caso das memórias recentes, faz lembrar a última controvérsia do presidente americano Donald Trump, que na semana passada editou o clipe de “Photograph” (sem autorização da banda) para atacar Joe Biden, seu adversário na campanha à reeleição.

No caso de pessoas como o piauiense Bruno Cavalcante, de 26 anos, porém, a coisa é diferente: morador de Altos, na Grande Teresina, o jovem, formado em Recursos Humanos, conta com 15 mil seguidores no Instagram. A grande maioria chegou à conta atraída pelo fato de ele ser o presidente do “Nickelback Brasil”. Bruno costuma receber mensagens de curiosos em saber como conseguiu tirar fotos com Chad Kroeger e o guitarrista Ryan Peake durante a última visita do Nickelback ao país, em 2013.

— Tenho uma tatuagem enorme da banda no meu peito. Da última vez em que eles vieram, fui para a porta do ( hotel ) Fasano ( em Ipanema ). Fiquei lá das 14h às 21h. Quando eles desceram pra conversar, pedi para autografarem minha tatuagem, e depois tatuei o autógrafo por cima.

 

Carregar a banda no peito é justamente um sinal de que a paixão pela música dos canadenses não é só uma fase.

— Quando estou sozinho, na bad , ouço o Nickelback e me traz uma paz, uma coisa tão positiva — Bruno diz. — Parece que eles têm a minha vida na ponta da caneta.

O baixista do Nickelback, Mike Kroeger, sabe disso. Ele garante que o show terá as faixas românticas que os fãs querem tanto ouvir.

— Tentamos dar a eles o que eles querem, além de nos divertir. O Rock in Rio é uma festa da música, os fãs cantam tudo, e estaremos aí para participar disso — garante.

Fã do Imagine Dragons, Marina Todescan, de 22 anos também é só empolgação. A analista de laboratório se encantou pela banda de Las Vegas na adolescência, com o hit “It's time”. Desde então, administra com mais oito pessoas uma página no Facebook sobre o grupo, que soma 44 mil seguidores.

— O público deles só cresce aqui no Brasil — conta ela, que já organizou eventos para os fãs em São Paulo, com apoio da gravadora da banda.

Disputa entre fanbases

Tanta adoração junta no mesmo espaço pode gerar disputas. Administrador da página Muse BR (com 92 mil seguidores), o agente de vendas Jonathan Gonçalves, de 28 anos, não duvida que surjam comparações sobre qual banda fará o melhor show da noite.

 

— Existe uma rixa entre fãs do Imagine Dragons e Muse. É uma besteira, mas ambos têm uma fanbase muito fanática — diz o morador de Teresópolis, na região serrana do Rio de Janeiro.

Ao explicar a importância da banda inglesa na sua vida, Jonathan define o Muse, banda de rock alternativo responsável por músicas como “Supermassive black hole”, como uma “família”.

— Graças e eles, conheci minha namorada, a maioria dos meus amigos. A gente faz praticamente uma assessoria para eles, até melhor do que a própria produtora da banda — comenta.

— Grandes eventos são palcos de performatividade dos fãs. Isso significa chegar muito cedo, ficar na fila, na grade, sem água. É um espaço de disputas.


O Globo sábado, 05 de outubro de 2019

ROCK IN RIO - BLACK EYED PEAS CRITICAM SUCESSO DE BUNDA E BEBIDAS

 

Rock in Rio: Black Eyed Peas criticam sucesso de 'bunda e bebidas'

Atração deste sábado, rapper Will.I.Am conta que procura casa para comprar na Praia da Joatinga
 
 
Apl de Ap, Will.I.Am. e Taboo: o grupo americano Black Eyed Peas Foto: Divulgação
Apl de Ap, Will.I.Am. e Taboo: o grupo americano Black Eyed Peas Foto: Divulgação
 
 

RIO — O Rock in Rio vai viver uma situação curiosa neste sábado (5). Atração solo do Palco Mundo em 2017, Fergie, a voz do Black Eyed Peas, cantou sucessos do grupo, como “Let’s get it started”, “My humps”, “Pump it” e “I gotta feeling” ( num show que não empolgou, diga-se ). Agora, os mesmos hits vão aparecer com os fundadores do grupo: os rappers Will.I.Am , Taboo e Apl de Ap .

 

Empolgou ou não? Saiba como foram os shows desta sexta-feira

Fergie deixou o Black Eyed Peas em fevereiro de 2018, numa saída meio misteriosa. Tanto que Will e Taboo não quiseram falar do assunto. As vozes femininas que vão acompanhar os dois no Palco Mundo, a partir das 22h20, ficarão a cargo da filipina Jessica Reynoso, revelada pelo programa "The Voice" de seu país, e da carioquíssima Anitta . Primeira atração do Palco Mundo neste sábado, às 18h, Anitta volta como participação especial no show do BEP, dias após ter lançado o clipe “eXplosion” em parceria com o grupo.

O que ela promete: Anitta terá bailarina trans em show no Rock in Rio: 'É uma mulher e ponto'

A  seguir, os rappers Will.I.Am e Taboo falam sobre a relação com o Brasil, onde já se apresentaram com certa frequência. A noite mais marcante, conta Will.I.Am, foi na virada de 2007 para 2008, na Praia de Ipanema, diante de uma multidão. Tarado por música brasileira, de Tom Jobim a Seu Jorge, o músico quer, inclusive, comprar uma casa na Praia da Joatinga, Zona Oeste do Rio. No papo, o rapper ainda aproveitou parar criticar a indústria musical atual, em que “músicas sobre bunda e bebidas fazem muito mais sucesso do que aquelas sobre amor”. E cravou: se a reflexiva “Where is the love?”, um dos grandes hits do BEP, tivesse sido lançada hoje, não teria o mesmo impacto de 16 anos atrás.

 

Planeje-se: Veja a programação com os horários dos shows

Vocês estão acostumados a grandes shows aqui no Rio. Há 12 anos, por exemplo, fizeram uma apresentação gratuita na praia de Ipanema. Do que se lembram naquela noite?

Will.I.Am: Aquele foi, até hoje, o maior público que já tivemos na nossa carreira. Me falaram que tinha 1,1 milhão de pessoas naquela praia. É como um sonho, ainda, eu lembro daquilo como um sonho. Estar num país que não era nosso, e eu ouvia bossa nova e samba há muitos anos. Então estar no nosso país preferido, de onde saiu nossa música preferida, diante de tantas pessoas… Foi uma oportunidade abençoada.

E já estiveram aqui muitas vezes. Como é a relação de vocês com o país?

Will.I.Am: Sim, nós passamos muito tempo no Brasil e temos uma penca de amigos aí. Quero comprar uma casa na Joatinga. Nós já tocamos em Recife, Porto Alegre, Fortaleza, Florianópolis, Bahia, Rio, claro, São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte… Tentamos estar nos maiores lugares. Muitas pessoas vão só para São Paulo e Rio, poucos vão para a Bahia, para Florianópolis, Recife, Fortaleza. É o melhor lugar do mundo por conta de Jorge Ben Jor, de Gilberto Gil, de Seu Jorge, Antonio Carlos Jobim… Por todas essas pessoas. Lendas do passado, e agora temos Anitta. Ela é parte da minha família, agora. Eu amo ela!

 

O Rio é diferente agora em comparação à última vez que vocês estiveram aqui. Melhorou em alguns aspectos, piorou em outros. Isso é algo que vocês reparam quando vêm para cá?

Will.I.Am: O Brasil é sempre de altos baixos. A economia está bem, e do nada passa a ficar mal. A violência aumenta, depois diminui. Na última vez, foi quando o Bope estava tentando “salvar” o Brasil para a Copa do Mundo. Então estava feia a coisa, um Brasil diferente do que eu já tinha visto. Eu amo o país, não importa as condições. Porque eu venho de um bairro muito violento, então não vejo o país como violento, amo-o por todas suas diferentes versões porque acredito nele. O país tem todos os elementos para funcionar, o melhor clima, a mistura de negros e brancos, latinos e gringos, morenas, a cultura, não tem desastres como terremotos… O problema do país é a corrupção, mas isso vai mudar no futuro. Eu vou ter uma casa aí.

Vocês estão vindo com uma nova cantora, a filipina Jessica Reynoso. O que nela chamou atenção do grupo?

Taboo: O Apl de Ap descobriu a Jessica quando estava sendo jurado no “The Voice Filipinas”. Ele rapidamente sentiu uma grande conexão com ela, porque eles têm uma história parecida, assim como a origem, ele viu o quanto ela era talentosa e a trouxe para realizar o sonho de ser cantora nos Estados Unidos. Ela ia para o estúdio conosco e eventualmente começou a fazer shows também, Apl diz que ela é uma nova integrante da família. Ela é um novo talento incrível. Sempre buscamos descobrir promessas, e JRey é uma.

 

Ano passado, vocês lançaram um novo álbum, “Masters of the sun vol. 1”, e eu li uma entrevista em que Taboo disse que é um trabalho que lembra muito “Behind the front”, o primeiro disco do BEP. Como?

Taboo: Nós celebramos “Behind the front” em uma turnê em 2018, como um aniversário de 20 anos. E pensamos em mostrar para as pessoas como éramos no começo da nossa carreira. Muita gente nos conhece por nossos grandes hits pop e não sabe que lançamos dois discos antes dessa fase. Então queríamos voltar às raízes, à pedra fundamental do Black Eyed Peas como um trio de hip hop, e mostrar para essas pessoas.

Vocês têm impressão de que uma música como “Where is the love?” é ainda mais atual e necessária do que era quando vocês lançaram, há 16 anos?

Taboo: Eu concordo.

Will.I.Am: É uma música muito importante em todos os momentos. Mas acho que se “Where is the love?” saísse hoje, ela não teria o impacto que teve em 2003.

Por quê?

Will.I.Am: Porque em 2003 a gente ainda tinha a rádio como peça-chave, e a MTV, nós não tínhamos todas as canções do mundo em computadores ou robôs que definiam o que você deveria ouvir. Agora, você tem telefones, todos os tipos de conteúdo. A cada dez pessoas que realmente querem passar uma mensagem, algo bom para o mundo, outras mil pessoas estão se esforçando para ganhar dinheiro ou atenção com merdas estúpidas. Os conteúdos sobre bunda e bebidas vêm antes daqueles sobre paixão e amor. Isso é algo estranho na sociedade atual.


O Globo sexta, 04 de outubro de 2019

ROCK IN RIO - IRON MAIDEN LIDERA MARATONA DO METAL NESTA SEXTA-FEIRA

 

Rock in Rio: Iron Maiden lidera maratona do metal nesta sexta-feira

Dia dedicado ao gênero, tradicional no festival, tem ainda Slayer, Scorpions, Anthrax, Helloween e Sepultura, entre outros
 
 
Bruce Dickinson em show do Iron Maiden Foto: Reprodução
Bruce Dickinson em show do Iron Maiden Foto: Reprodução

RIO - Os metaleiros andam preocupados.

- Cara, a que horas a gente vai comer? - disse um deles no último sábado, disfarçando a lágrima que caía ao som de "Burn", clássico do Deep Purple que encerrou o show do Whitesnake no Palco Sunset.

 
A perda de sono tem seus motivos. Nesta sexta-feira, o bicho pega no Rock in Rio, no dia dedicado ao rock pesado, uma tradição do festival desde 11 de janeiro de 1985, quando o Iron Maiden , em sua primeira passagem pelo Brasil, abriu o caminho para a noite do dia 19, que enfileirou Whitesnake, Ozzy Osbourne, Scorpions em AC/DC no mesmo palco, para um público na casa dos centenas de milhares.

ATENÇÃÃÃO: O que pode e o que não pode entrar na Cidade do Rock

DO BRT AO PRIMEIRA CLASSE:  Como ir e vir da Cidade do Rock

- Como qualquer coisa importante que você faz pela primeira vez na vida, o Rock in Rio de 1985 é inesquecível para mim - lembrou o cantor do Iron Maiden, Bruce Dickinson, quando a noite desta sexta-feira foi anunciada. - Quatro de outubro! Já está guardado. Aquela noite em janeiro de 1985 foi como um tsunami sobre nós, estourou o Iron Maiden em toda a América do Sul literalmente da noite para o dia.

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Desde então - quando foi criado o termo "metaleiro", que alguns dos adeptos preferem trocar pelo gringo headbanger, ou "sacudidor de cabeça" -, o gênero está sempre representado no festival, por artistas como Metallica, Slipknot, System of a Down ou os protagonistas da maratona de hoje.

 
A banda alemã Helloween Foto: Fábio Augusto Ferreira Santos / Divulgação/Fábio Augusto
A banda alemã Helloween Foto: Fábio Augusto Ferreira Santos / Divulgação/Fábio Augusto

Às 15h, no Palco Sunset, o trio Nervosa faz sua estreia no festival. Formado em São Paulo em 2010, o grupo conta hoje com Fernanda Lira (baixo e voz), Prika Amaral (guitarra) e Luana Dametto (bateria). Hoje radicadas em Berlim, na Alemanha, as três há anos correm a Europa com seu thrash metal de músicas como "Horrodome", "Kill the silence" e "Death!", apimentadas pelos vocais guturais de Fernanda. Às 16h2m, ainda no Sunset, os grupos Torture Squad e Claustrofobia, ambos de São Paulo, se reúnem para um pagode de Belzebu e recebem o gigante Chuck Billy, cantor do Testament, veterana banda thrash de São Francisco, na Califórnia.

PROGRAME-SE: Veja os horários dos shows do Rock in Rio

SEM SUFOCO: Como comer barato no Rock in Rio

Até aí, deu para respirar e tomar uma cerveja - que, segundo Roberto Medina, presidente do Rock in Rio, tem seu consumo multiplicado por dez nos dias do metal. Das 17h30m, quando o Sepultura começar sua apresentação, até por volta das 23h30m, haja pescoço, cabelo, coluna vertebral, joelho e outros órgãos vitais.

O grupo americano Slayer Foto: Divulgação
O grupo americano Slayer Foto: Divulgação

Acabou o Sepultura (possivelmente com "Roots, bloody roots"), são aqueles 800m com obstáculos de volta para o Sunset, onde começa o Anthrax às 18h30m. A banda formada em 1981 em Nova York compõe o Demoniacíssimo Quarteto do thrash, apelidado de Big Four, com Metallica, Slayer e Megadeth. Com o furioso Joey Belladonna à frente e Scott Ian, uma das maiores figuras do metal, na guitarra, o quinteto terá uma hora para mostrar standards como "Caught in a mosh", "Got the time" (cover de Joe Jackson) e "Indians", em que o cantor, que tem sangue iroquois, defende suas raízes. Essa, aliás, deve ser a última, sinal de que... partiu Palco Mundo, que tem Helloween .

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A banda alemã, que substituiu o Megadeth - cuja participação foi cancelada quando o cantor Dave Mustaine foi diagnosticado com câncer na garganta, em junho - traz ao Rio a turnê "Pumpkins united", em que, além da formação atual, convida seus ex-vocalistas Michael Kiske (titular nos discos "Keeper of the seven keys" partes 1 e 2, dos anos 1980, dois dos preferidos dos fãs) e Kai Hansen, cofundador da banda, para algumas canções.

- São três cantores e três guitarras - disse o titular de uma das três e também fundador da banda Michael Weikath ao GLOBO em junho. - Dá um certo trabalho, mas é muito divertido.

Representante do metal melódico (que em algum momento foi chamado de power metal), o Helloween também terá uma hora para mostrar seu som de temática influenciada por J. R. R. Tolkien. "I want out" ("Quero sair", apropriadamente) deve ser a última, e aí a casa cai de vez: às 20h30m o Slayer toca no Rio e no Brasil pela última vez. A banda formada em 1981 passa pelo Rock in Rio em sua turnê de despedida (os Scorpions estão nessa há uns 10 anos, mas o Slayer não tem vocação para Silvio Caldas do thrash), e serão 60 minutos de lágrimas ao som de "Raining blood", "Black magic", "Hell awaits" e outros quindins. O quarteto formado por Tom Araya (baixo e vocais), Kerry King e Gary Holt (guitarras) e Pau Bostaph (bateria) tem shows marcados até o fim de novembro, quando se despede dos palcos em dois shows no Forum de Los Angeles, sua cidade natal.

 

Quem sobreviver até "Angel of death" faz o trajeto mais uma vez até o Palco Mundo para a principal atração da noite, o Iron Maiden, que traz ao Rio às 21h30m a turnê "Legacy of the beast".

- O show está brilhante - diz Dickinson, que não é conhecido pela modéstia.

A maior produção da história do Maiden inclui um avião e cenários que remetem a discos como "The number of the beast" (1982), "Powerslave" (1984), "Fear of the dark" (1992) e "Brave new world" (2000), além do querido monstro-mascote Eddie, que pode aparecer em mais de uma encarnação. Esperto, o Iron Maiden pediu para se apresentar antes dos Scorpions, contrariando a ordem "natural".

- Acho que eles querem ir descansar mais cedo - brinca Medina.

A banda britânica sabe da maratona de shows prevista para o dia e resolveu não se apresentar para um público tão cansado. Quem resistir até um pouco depois da meia-noite verá os alemães Scorpions , outros remanescentes de 1985, voltarem ao festival com seu hard rock chicletudo, de músicas como "Blackout" e "Rock you like a hurricane", além das baladas "Still loving you", "Wind of change" e "Send me an angel". O Sindicato dos Metaleiros só carimbará a carteirinha de cada um de seus membros após a última canção, que deve ser... só que estiver lá saberá.


O Globo quinta, 03 de outubro de 2019

VASCO VENCE DE VIRADA O ATLÉTICO-MG, FORA DE CASA

 

Vasco vence de virada o Atlético-MG no Horto

Rossi e Marcos Júnior marcam na vitória em Belo Horizonte
 
 
Rossi comemora o primeiro gol do Vasco, de pênalti. Atacante fez a assistência para o segundo Foto: Carlos Gregório/Vasco
Rossi comemora o primeiro gol do Vasco, de pênalti. Atacante fez a assistência para o segundo
Foto: Carlos Gregório/Vasco
 
 

Mesmo no Horto, o Vasco fez nesta quarta-feira uma bela apresentação, talvez sua melhor como visitante no Brasileiro. E, com um gol no fim de Marcos Júnior, conseguiu a virada sobre o Atlético-MG , por 2 a 1. Tanto o volante como o atacante Rossi, autor do primeiro gol, entraram no segundo tempo.

 

Foi a terceira vitória do time de Vanderlei Luxemburgo fora do Rio. Antes, derrotara Chapecoense e Goiás.

— Quem tá no nosso dia a dia sabe que somos um grupo que merece coisas maiores — festejou o volante, que também marcara na vitória sobre o Goiás (1 a 0).

Desde o início, a equipe carioca tinha mais iniciativa no início do jogo, mas os donos da casa levaram perigo nas bolas paradas. Especialmente aos 10 minutos, quando Otero acertou cobrança de falta de longe no travessão.

Mas eram do Vasco as principais jogadas ofensivas. Andrey, cinco minutos depois, chutou com muito perigo. No minuto seguinte, o Atlético-MG saiu jogando mal, Ribamar invadiu a área e chutou para boa defesa de Cleiton.

Se o Vasco tinha Talles Magno e Marrony pelas pontas, o time mineiro contava com Luan e Cazares.

Em uma das melhores chances dos donos da casa na partida, após boa jogada de Luan, Patric chutou com perigo aos 24.

 Novamente, Talles era a principal peça cruz-maltina no ataque, dor de cabeça constante para os marcadores, especialmente no primeiro tempo. Por vezes, três jogadores tentavam impedir os avanços do camisa 43. Mas nem sempre tinha com quem dialogar. Como aos 31, quando deixou Patric e Otero no gramado, invadiu a área, mas errou a finalização.

Aos 46, o Vasco acertou a trave de Cleiton. Com Talles (de cabeça), claro. Foi a décima finalização da equipe antes do intervalo, contra cinco dos adversários.

Guarín será apresentado

Raul foi outro que voltou a jogar bem. Logo no primeiro minuto do segundo tempo, Marrony tabelou com o volante —que devolveu de calcanhar — e chutou para ótima defesa de Cleiton.

Embora o Vasco tivesse voltado melhor, o time de Rodrigo Santana precisou de um lance para abrir o placar. Aos 14, Vinicius (que acabara de entrar) cobrou escanteio, Igor Rabello desviou e o baixinho Otero, também de cabeça, estufou as redes. O árbitro Heber Roberto Lopes recorreu ao VAR para validar o gol.

A equipe de Luxemburgo não se abateu com a desvantagem no placar e chegou ao empate seis minutos depois. Marrony, que subiu de produção após o intervalo, invadiu a área e levou um chute no rosto de Patric. O árbitro consultou o VAR e marcou o pênalti, muito bem cobrado por Rossi. Foi o terceiro gol do atacante no ano, o primeiro no Brasileiro.

 Logo depois, o exausto Talles Magno foi substituído por Gabriel Pec, de 18 anos, outra joia da base cruz-maltina.

Mesmo sem sua maior estrela, o elenco carioca contou com uma ótima jogada de Rossi para chegar à virada. Marcos Júnior matou no peito e tocou sem chances para Cleiton.

 

A má notícia foi que Raul levou o terceiro cartão amarelo e desfalca o time contra o Santos, sábado, em São Janúario. Hoje, o time apresenta o colombiano Fredy Guarín.


O Globo quarta, 02 de outubro de 2019

QUATRO ANÔNIMOS E UM FAMOSO QUE ROUBARAM A CENA NO ROCK IN RIO

 

Quatro anônimos e um famoso que roubaram a cena no Rock in Rio 2019

Vovó fã de Bon Jovi e 'Mini Iza' foram algumas das figuras que chamaram atenção
 
 
RIO - No meio da multidão que tomou conta da Cidade do Rock , quatro pessoas “gente como a gente” se destacaram e acabaram chamando muita atenção nos três primeiros dias de Rock in Rio. “Mini Iza” ; a vovó fã Bon Jovi; Gustavo Fiuza, que dançou ao lado de Bebe Rexha, e a sortuda que subiu ao palco e ganhou um beijo de Jon Bon Jovi foram os fãs que destoaram e viralizaram nas redes.
 

 

O ator Channing Tatum também deu o que falar. O astro não estava no time de famosos com presença confirmada no festival e levou os fãs à loucura quando apareceu no Palco Sunset para filmar a apresentação da sua mulher, a cantora Jessie J , na noite deste domingo. Channing ainda foi conferir de perto o show da Elza Soares , no mesmo dia. 

Listamos estes personagens icônicos e contamos um pouco mais sobre essas participações especiais nas apresentações do Rock in Rio.  

'Mini Iza'

Laura Martins ficou conhecida como
Laura Martins ficou conhecida como "Mini Iza" Foto: Multishow/Reprodução

Todo o carisma da Iza somados à presença de Alcione não foram páreo para Laura Martins, a "Mini Iza" , que roubou a atenção do público com sua desenvoltura durante o show das cantoras no Palco Sunset, na noite deste domingo. 

A garota de apenas nove anos é dançarina e modelo mirim. Vestida como uma versão miniatura da Iza (as duas estavam com o mesmo look), ela subiu ao palco durante a apresentação e dançou como gente grande. 

 

 Luara é natural de Mongaguá, no litoral paulista e já soma mais de 97 mil seguidores nas redes sociais, onde posta suas coreografias. A menina dançou tão bem que conseguiu arrancar elogios de Alcione: "Ela arrasou demais", disse a artista em entrevista ao Multishow.

A menina, que é fã assumida de Iza, realizou o sonho de conhecer a cantora em julho, num programa de TV. Luara dança desde os 6 anos e participa de competições ao redor do Brasil.

'Vovó fã do Bon Jovi'

Dona Nirce Rosa, de 69 anos, garantiu um lugar na grade do Palco Mundo para ver de perto o show do Bon Jovi Foto: MARCELO THEOBALD / Agência O Globo
Dona Nirce Rosa, de 69 anos, garantiu um lugar na grade do Palco Mundo para ver de perto o show do Bon Jovi
Foto: MARCELO THEOBALD / Agência O Globo

Dona Nice Rosa, de 69 anos, é fã antiga da banda Bon Jovi e escolheu um lugar privilegiado para ver o show. Com seus 1,50m de altura, ela aguardou pela atração principal da noite na grade do Palco Mundo, cercada por outros fãs. 

Veterana no festival, a senhorinha simpática exibiu a camiseta que usou na primeira edição do Rock in Rio, em 1985, enquanto tirava fotos no letreiro do evento. Em entrevista ao G1, ela disse que gosta muito da banda e que acompanha a carreira do Bon Jovi há anos.

Um beijo no Jon Bon Jovi 

Fã subiu ao palco e ganhou um beijo de Jon Bon Jovi ao som de
Fã subiu ao palco e ganhou um beijo de Jon Bon Jovi ao som de "Bed of roses" Foto: Reprodução/TV Globo

Bon Jovi deu o que falar na noite deste domingo. No entanto, não foi somente a apresentação da banda, o carisma do vocalista e o seu charme que fizeram  do show um sucesso. Uma fã brasileira sortuda chamou muita atenção quando subiu no palco e acabou ganhando um beijo de Jon Bon Jovi. 

 

Ela ainda dançou agarradinha com o vocalista-galã ao som de "Bed of roses" e passou a mão no cabelo do astro. Sim, por mais de uma vez ela conseguiu fazer carinho em Jon, deixando muita gente com inveja.

Descendo até o chão com Bebe Rexha  

Bebe Rexha desceu até o chão com fã durante show na noite de sexta Foto: Terceiro / Agência O Globo
Bebe Rexha desceu até o chão com fã durante show na noite de sexta Foto: Terceiro / Agência O Globo

Para quem não sabia nem se iria no Rock in Rio, o influenciador digital Gustavo Fiuza até que se deu muito bem. Fã desde as primeiras músicas lançadas por Bebe Rexha , Fiuza conseguiu o ingresso há poucos dias do festival, desenhou a própria roupa e garantiu um lugar na grade do Palco Mundo.

A surpresa veio quando Bebe Rexha o convidou para subir ao palco, e os dois dançaram muito durante a apresentação da cantora. Gustavo ainda ajudou a ídola a descer até o chão ao som de uma batida de funk.

Depois do show, o influenciador ainda teve a oportunidade de conhecer melhor Bebe Rexha. Isso porque ele foi convidado para conversar com ela no camarim. "Me abraçou, tiramos foto e ainda elogiou minha roupa", disse.

Maridão fã número 1

Channing Tatum subiu no Palco Sunset para gravar de perto a apresentação de Jessie J Foto: Brenno Carvalho / Brenno Carvalho
Channing Tatum subiu no Palco Sunset para gravar de perto a apresentação de Jessie J Foto: Brenno Carvalho / Brenno Carvalho

A cantora britânica Jessie J também teve participação especial no seu show, na noite deste domingo no  Palco Sunset. Mas, dessa vez, não era uma pessoa desconhecida. Seu marido, o ator Channing Tatum , famoso pelo filme "Magic Mike", acompanhou o show da amada e ainda subiu ao palco para registrar mais de perto alguns momentos.

Mais cedo no mesmo dia, Tatum foi visto registrando momentos do show da Elza Soares, que também aconteceu no Palco Sunset.

O Globo terça, 01 de outubro de 2019

NEY MATOGROSSO: NUNCA PEDI DINHEIRO A NINGUÉM

 

Ney Matogrosso: 'Nunca pedi dinheiro a ninguém'

Cantor está no elenco de 'Caminhos Magnétykos', como um líder revolucionário
 
 
 

"Só um homem radicalmente egoísta é capaz de amar". A frase de efeito é de um político ditador no filme "Caminhos Magnétykos", do diretor português Edgar Pêra, que estreou na última quinta-feira (26) e traz Ney Matogrosso no elenco. Em cartaz nos cinemas brasileiros, o longa é uma ficção ambientada na guerra civil portuguesa em meados dos anos 1970, baseada na obra do escritor Branquinho da Fonseca (1905-1974). Entre os muitos personagens antinaturalistas, Ney faz André, o líder de um grupo revolucionário, que, em determinado momento, brinda o espectador cantando "A Rosa de Hiroshima".

 

Na entrevista, Ney fala de suas investidas no campo da atuação, de seu personagem e da "experiência lisérgica" que o filme proporciona: "Acho que tem gente que não vai entender nada". E, em tempo de recuo de patrocínios e investimentos, dispara: "Nunca pedi dinheiro a ninguém, faço tudo com o meu, graças a Deus".

Vencedor do Prêmio Vortex Sci-Fi & Fantasy Award no Rhode Island International Film Festival, "Caminhos Magnétykos" se desenrola no dia do casamento da filha de Raymond (Domique Pinon), um fotógrafo parisiense de 60 anos que, há 40, reside com a família em Lisboa, sob um regime autoritário militar. Durante uma noite e um dia de humilhações, Raymond irá viver uma revolta interior e uma viagem caleidoscópica numa cidade em vias de desmoronar.

Como você recebeu o convite para fazer o filme?

Edgar (Pêra) foi a um show meu em Lisboa e me convidou, mas não me disse nada, na ocasião, sobre o roteiro.

Como é seu personagem? Um espiritualista?

Não sei se tem uma mensagem, inicialmente eu achava que faria um médium trambiqueiro do Brasil, mas depois vi que ele se torna um revolucionário libertário.

 

A sua relação com o cinema é antiga, volta e meia você surge em um projeto de interpretação...

Comecei minha carreira de artista como ator, eu jurava que seria ator, até que a música me puxou e arrastou. Mas ficou aquela coisa dentro de mim, do não ter conseguido ter reconhecimento como ator. Por isto, de vez e quando eu topo fazer cinema. O teatro não daria para mim, não tenho a disponibilidade que ele exige, de temporada. Cinema é diferente, você vai lá, faz e pronto, acaba.

Você gostou do filme da primeira vez que viu?

Gostei, é muito diferente. Mistura muitas coisas interessantes, ele tinha me dito que o principal eram as cores e a iluminação do filme, uma estética lisérgica mesmo. Mas acho que alguma coisa da parte final mudou, vendo hoje novamente.

Como "A Rosa de Hiroshima" foi parar na história?

Foi depois que nós estávamos lá naquele lugar (um dos sets), aquilo ali era um cinema destruído, um lugar meio caótico. A gente ia filmar tudo ali, então ele (o diretor Edgar Pêra) me perguntou se eu poderia cantar e eu disse que sim. Alguém começou a tocar o violão e eu cantei.

 

 

Onde o filme foi rodado?

Numa cidade chamada Guimarães, que foi a primeira cidade de Portugal.

São personagens antinaturalistas. O realismo não está dando conta do cotidiano?

Não sei, mas na primeira parte eu apareço muito maquiado, como se fosse um vampiro. Aí eu pedi para não me caracterizarem tanto na segunda parte. Como eu disse, ele surge inicialmente como um trambiqueiro, mas não é. Há uma mudança no meio do filme.

O texto tem um forte teor satírico e político. Existe algo de atual?

Acho que tem de atual com o mundo. Ele quis acentuar a loucura, acentuar uma coisa fantástica. O diretor mistura muito as imagens. Para mim, parece meio lisérgico, mas não sei se isto é da ideia inicial dele. Tem que ver mais de uma vez. Hoje eu entendi melhor, é muito acelerado. Da primeira vez fiquei confuso, não do entendimento, mas da quantidade de estímulos. Hoje entendi com mais calma, gosto e acho um exercício bem interessante.

As pessoas irão entender?

Não sei, acho que tem gente que não vai entender nada. Por outro lado, uma senhora acabou de me dizer ali na saída da sala que achou o filme muito profundo, então de alguma forma a tocou.

 

Algum outro filme em mente?

Não. Aceito assim, de vez em quando. Já recebi umas propostas e não aceitei. Tenho que gostar, ler o roteiro e me ver ali dentro. Não sou ator profissional.

Qual sua agenda musical para o fim de 2019?

Acabei de gravar o DVD e CD de "Bloco na rua", tudo de uma vez só, num teatro sem plateia, com a câmera colada em meu rosto. Estou viajando direto e, em novembro, talvez, vamos lançar e continuar viajando com o show. Estou trabalhando este ano como não trabalhava há 30 anos.

Tem medo de ficar sem trabalho? Este Brasil de cortes de verbas para cultura e educação te apavora?

Nunca pedi dinheiro a ninguém, faço tudo com o meu, graças a Deus. Cheguei a este ponto, nunca precisei. A única vez que me aproximei da Lei Rouanet me foi negado, não entendi mas toquei o barco. Como não teve não teve, nem lembro quando e como foi.

O que viu recentemente que mais gostou?

Vejo muito filme de muita gente que eu gosto, mas vou ao cinema menos do que eu gostaria. "Bacurau" é inesperado, de onde este camarada foi tirar este assunto? Na minha cabeça ácido lisérgico não é para violência, e ali é para isso, eles tinham que se defender. Acabei de ver também "Clube dos canibais", um filme de terror que mostra o pensamento da elite brasileira, que é pérfido. O pior é que a gente reconhece.


O Globo segunda, 30 de setembro de 2019

ROCK IN RIO - ALTOS E BAIXOS DOS ÚLTIMOS TRÊS DIAS

 

Rock in Rio: veja os altos e baixos dos primeiros três dias

Festival encerra sua primeira fase com mais acertos do que erros
 
 
 
 

RIO —  Foram três dias de rock — e de pop, rap, eletrônico, até axé. O primeiro fim de semana do Rock in Rio 2019 chegou ao fim ontem com mais altos do que baixos e uma sensação geral de evento consolidado e maduro. Se contra a chuva não há o que fazer, o trânsito no entorno deveria ter sido mais organizado, e algumas atrações teriam rendido melhor em palcos diferentes. Veja, abaixo, o que deu muito certo ou não na primeira etapa do festival. A segunda começa na próxima quinta-feira e vai até domingo.

 

ALTOS

Coletividade

O preço acima do normal (R$ 4,05 para ir e R$ 11,75 para voltar) gerou protestos dos usuários. Ainda assim, quem apostou na dobradinha metrô e BRT para driblar o trânsito se deu bem. Apesar de cheios, os ônibus faziam o percurso Jardim Oceânico-Parque Olímpico em menos de 20 minutos. Durante a madrugada, o esquema de volta também funcionou.

O palco do New Dance Order, no Rock in Rio Foto: Divulgação/Gui Urban
O palco do New Dance Order, no Rock in Rio Foto: Divulgação/Gui Urban

Após o fim do Mundo

Depois dos shows principais, no Palco Mundo, a festa continuou no palco eletrônico New Dance Order e nas jam sessions do Sunset. Além de entreter o público por mais algumas horas, as atrações ajudaram a escalonar a saída da Cidade do Rock.

Voz do morro

Problematizado antes do início do evento pela maneira como recria as comunidades cariocas, o Espaço Favela tornou-se um sucesso de público . Teve baile promovido por Tati Quebra Barraco e MC Carol e apresentação emocionante do grupo Nós do Morro. Os próprios artistas aprovaram.

Miss simpatia

Mesmo com um público menor do que o de Alok, Bebe Rexha embala o público com hits no primeiro dia de Rock in Rio Foto: MAURO PIMENTEL / AFP
Mesmo com um público menor do que o de Alok, Bebe Rexha embala o público com hits no primeiro dia de Rock in Rio
Foto: MAURO PIMENTEL / AFP

Mesmo sem muitos hits no Brasil, a americana Bebe Rexha fez um belo show no primeiro dia de festival . Brincou com memes brasileiros, chamou vários fãs ao palco e levantou a galera.

Ganhou no show

Bastou Drake entrar no Palco Mundo para superar a má impressão que havia deixado antes, ao cancelar a transmissão do show e até a tirolesa . Numa apresentação cheia de sucessos, o rapper canadense interagiu muito com a plateia em sua primeira vez no Brasil e prometeu voltar.

 
Dave Grohl durante o show do Foo Fighters, no Rock in Rio 2019 Foto: MARCELO THEOBALD / O Globo
Dave Grohl durante o show do Foo Fighters, no Rock in Rio 2019 Foto: MARCELO THEOBALD / O Globo

 

Alto e bom som

Os Foo Fighters fizeram jus ao papel de atração principal do sábado, deixando o público de braços para o alto durante 2h10 . Dave Grohl confirmou ser um grande mestre de cerimônias.

Virou micareta

Ivete Sangalo começou seu show tocando uma bateria suspensa e não parou mais: abalou, sacudiu e balançou a Cidade do Rock .

Nasce uma estrela

Ok, fãs de Iza dirão que ela já era uma estrela. Mas a cantora atraiu uma multidão “de Palco Mundo” ao Sunset, num show vibrante que contou com a participação de luxo de Alcione.

BAIXOS

Poxa, São Pedro

O brinquedo radical mais disputado do Rock in Rio: a tirolesa Foto: Pedro Teixeira / Agência O Globo
O brinquedo radical mais disputado do Rock in Rio: a tirolesa Foto: Pedro Teixeira / Agência O Globo

Conforme previsto, a chuva não deu trégua nos primeiros dias de Rock in Rio. Fora o inconveniente, isso fez com que os brinquedos fossem fechados sexta e o sábado.

Salgado

Preços de comidas, como o da lanchonete que vende três esfihas por R$ 20 , viraram piada na internet — e fizeram muita gente levar lanche de casa.

Que deselegante

Não faltam lixeiras na Cidade do Rock. O que não impediu o público de ignorá-las e jogar lixo no chão.

Júnior Groovador subiu ao palco ao lado do Tenacious D Foto: Terceiro / Agência O Globo
Júnior Groovador subiu ao palco ao lado do Tenacious D Foto: Terceiro / Agência O Globo

Piada forçada

Fora a presença do potiguar Junior Groovador , o show do Tenacious D não rolou. O carisma de Jack Black não foi suficiente para o tamanho do Palco Mundo.

 

Fale com Ellie

A britânica Ellie Goulding , substituta de Cardi B no primeiro dia, não empolgou... Seus dois hits, “Burn” e “Love me like you do” cabiam no Sunset.


O Globo domingo, 29 de setembro de 2019

ROCK IN RIO - BON JOVI, DAVE MATTHEWS, GOO GOO DOLLS E IVETE SANGALO, NESTE DOMINGO

 

Bon Jovi, Dave Matthews, Goo Goo Dolls e Ivete Sangalo fazem domingo 'família' no Rock in Rio

Cidade do Rock também verá a força de Elza e o encontro Iza & Alcione
 
 
A partir da esquerda: Jon Bon Jovi, pela sétima vez no Brasil e terceira no Rock in Rio; o Goo Goo Dolls, do eterno sucesso
A partir da esquerda: Jon Bon Jovi, pela sétima vez no Brasil e terceira no Rock in Rio; o Goo Goo Dolls, do eterno sucesso "Iris",
que vem pela primeira vez; e a Dave Matthews Band, de volta ao festival após 18 anos Foto: Arte de André Mello / Agência O Globo
 
 

RIO — David Bryan é categórico:

— Apenas umas cinco bandas de rock no mundo podem se apresentar em estádios — diz o tecladista e fundador do Bon Jovi, aos 57 anos, obviamente escalando seu grupo nesse seleto time.

A sétima passagem do quinteto de Nova Jersey pelo Brasil mostrou que, exageros à parte (são umas 10 ou 15 bandas, né, David?), o músico está certo. Hoje à noite, a banda do galã grisalho Jon Bon Jovi, também 57 anos, aterrissa em seu terceiro Rock in Rio (já veio em 2013 e 2017). Chega à cidade depois de tocar no Estádio do Arruda, em Recife, no Allianz Parque, em São Paulo, e na Pedreira Paulo Leminski, em Curitiba.

A turnê mundial “This house is not for sale” começou em 2017 — era a mesma no último Rock in Rio. No meio deste ano, passou pela Europa amealhando até 80 mil fãs por show.

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O que explica o sucesso duradouro de uma banda que começou a frequentar o Brasil no Hollywood Rock de 1990? Bom, desde aquela época, Jon e o guitarrista Richie Sambora já derretiam corações — pessoalmente ou em baladas românticas como “Wanted dead or alive” e “I’ll be there for you”.

 

Mas há mais: em 36 anos desde sua fundação, a banda, de certa forma, herdou de Bruce Springsteen o cetro de cronistas dos EUA para o mundo – gigante em sua terra natal, o Boss não é idolatrado no resto do planeta. Em canções como “Someday I’ll be Saturday night” e “Livin’ on a prayer”, o grupo narra perrengues da classe trabalhadora americana.

 

Enfim: sem Sambora, que deixou o grupo em 2013, mas com Jon assumindo os charmosos cabelos brancos e o baterista Tico Torres no esplendor de seus 65 anos, lá estará o Bon Jovi, com hits antigos e vários posteriores, como “This house is not for sale”, “Knockout” e “Roller coaster”, do disco de 2016.

Para compor o domingo família de Rock in Rio, o festival inicia os trabalhos no Palco Mundo com Ivete Sangalo, presença praticamente prevista na legislação do evento desde sua retomada, em 2011. Entre covers roqueiras equivocadas como “More than words”, do Extreme, e grandes hits como “Festa” e “Sorte grande”, a baiana tem pouca contraindicação.

Banheira dos Goo Goo

Em seguida, o Rio vê pela primeira vez os Goo Goo Dolls, do eterno sucesso “Iris” (aquela do “I just want you to know who I am”). A banda acompanha o Bon Jovi no giro pela América do Sul, que ainda tem um show no Peru no próximo dia 2.

Num clima tiozão mais sofisticado, a atração imediatamente antes dos headliners no Palco Mundo é a Dave Matthews Band, voltando ao Rock in Rio após 18 anos, quando se apresentou na lendária noite encerrada pelo rebelde canadense Neil Young.

 

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Um improvável sucesso com seu rock jazzístico de poucos refrãos e longas passagens instrumentais, a DMB deve mandar um pessoal para o Espaço Gourmet, mas seus seguidores fiéis devem ir ao delírio com as levadas de violão do cantor e líder Dave Matthews, a bateria precisa de Carter Beauford e os sopros de Jeff Coffin e Rashawn Ross.

Um dos encontros mais esperados de todo o festival vem em seguida, por volta das 19h, com a onipresente Iza (escolhida na última semana para o posto de rainha da bateria da Imperatriz Leopoldinense!) e a diva Alcione, que já gravaram juntas “Você me vira a cabeça”, injetando quadris e melanina no festival.

A atração mais pop da tarde/noite fecha o Sunset: a inglesa Jessie J e seu som leve e dançante. Ou o mais pop é o próprio Bon Jovi? Bom assunto para o café da manhã em família da segunda-feira.


O Globo sábado, 28 de setembro de 2019

ROCK IN RIO: SAIBA COMO FOI O SHOW DE DRAKE

 

Rock in Rio: Sem transmissão, saiba como foi o show de Drake

Atração principal da primeira noite do festival, rapper vetou transmissão de seu show pela TV
 
 
Drake em show no Rock in Rio Foto: Reprodução da internet
Drake em show no Rock in Rio Foto: Reprodução da internet
 
 

RIO — Num certo ponto da madrugada de sábado no Rock in Rio, Drake confidenciou ao público que até estava nervoso antes do show, por causa da chuva. Mas que, no fim das contas, acabara fazendo a melhor apresentação de sua vida. "Todo artista fala isso, toda vez!", objetou a menina que passara a noite cantando todas as músicas, sob pesada chuva em alguns momentos.

 

O poder do rapper canadense, headliner do primeiro dia de festival, está justamente aí: não importa o que ele diga, as suas canções falam por ele bem mais do que qualquer outra coisa. E Drake não quis arriscar nadinha em sua primeira passagem pelos palcos brasileiros: em pouco mais de uma hora, cantou 27 delas, quase todas hits monstruosos, cuidando apenas para que a temperatura do público não diminuísse. E, nisso, foi genial.

Como artista de uma nova era, a da consolidação do rap como o novo rock, o cantor e MC usou de todos os recursos possíveis para chegar com estardalhaço e empatia. Com uma gravação de “Aquarela do Brasil” interrompida com mão pesada pelo DJ para a entrada de “Started from the bottom”, ele começou a noite tendo a bandeira brasileira ao fundo, no telão.

PROGRAME-SE:   Veja os horários dos shows do Rock in Rio 2019

Fez menção às horas de voo que enfrentou para fazer esse único show brasileiro e prometeu fazer a melhor festa que se poderia ter. O público jovem, em suas capas de chuva, reagiu com mãos para o alto, coros e coreografias à música do cantor, que alternou versões curtas de seus raps com muitos fogos e falatório, propondo jogos e brincadeiras para o público. 

Sozinho no palco, o hiperativo artista promoveu um desfile esquizofrênico de suas várias personalidades artísticas: o marrento, o festeiro, o sensível e o romântico, cada um com seus hits correspondentes. A todo momento, lembrava o fato de estar no Brasil pela primeira vez, pedia para o público fazer barulho e se virava do avesso para que ninguém ficasse parado ou entediado.

Drake mostrava ter o ímpeto de um MC iniciante que partia para o tudo-ou-nada em uma boate, só que num palco gigantesco, para um mar de gente. No seu planejamento de diversão a qualquer custo, ele não se furtava a mutilar algumas de suas músicas mais conhecidas para ir logo para a seguinte - "Hotline bling" foi uma dessas interrompidas bruscamente, justo num momento de arrepiar, em que o público cantava por ele.

No entanto, algumas sequências de canções fizeram valer a noite, com sobras. Uma foi quando ele se estendeu, reflexivo e melódico, por "Passionfruit", "Hold on we're coming home", "Controlla" e "Work", seu dueto com a ex-namorada Rihanna, que transcorreu em momento de chuva pesada. Ou então a do final, quando convocou todos a irem para o "próximo nível" e mandou, seguidas, "Nice for what" e "In my feelings".

O que Drake falou sobre as "sexy ladies" do Brasil, as mensagens no telão sobre a Amazônia em chamas, tudo mais foi ruído. Nada se compara ao poder do hit, interpretado por um rapper que conjuga flow, melodia e senso dramático como nenhum outro. Assim, com uma hora e 10 minutos de show "God's plan" encerrou a noite de forma sublime - algo que nem a palestra motivacional, que Drake fez em seguida, foi capaz de estragar.


O Globo sexta, 27 de setembro de 2019

ROCK IN RIO COMEÇA HOJE!

 

Rock in Rio 2019 começa nesta sexta, equilibrando-se entre o moderno e o vintage

Rock in Rio começa nesta sexta sua oitava edição na cidade, com mais palcos e tecnologia, unindo novidades do pop e velhos conhecidos em clima de parque de diversões
 
 
O Palco Mundo do Rock in Rio 2019 Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
O Palco Mundo do Rock in Rio 2019 Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo

RIO — Aos 32 anos, líder absoluto do streaming no mundo, o rapper canadense Drake faz nesta sexta-feira no Rock in Rio sua estreia na América do Sul. Foi a primeira noite a ter ingressos esgotados na pré-venda do festival. Aos 61, o inglês Bruce Dickinson, a voz consagrada do Iron Maiden, pisa pela quarta vez no evento na próxima sexta (4). Foi a primeira noite a ter ingressos esgotados na venda para o público em geral. 

 

 Entre nomes novos e veteranos, shows e brinquedos, pais e filhos, a Cidade do Rock reabre as portas, às 14h, para sete dias de programação. Desta sexta a domingo — e novamente na próxima semana, de quinta (3) a domingo (6) —, 670 artistas e 700 mil visitantes (60% de fora do Rio) são aguardados em palcos, ruas cenográficas, arenas, estandes. É a oitava edição brasileira. E ainda há entradas disponíveis no ingresso.com para três dias: domingo agora (Bon Jovi), quinta-feira (Red Hot Chili Peppers) e sábado da outra semana (P!nk, outra estreante no Brasil).

ATENÇÃÃÃO: O que pode e o que não pode entrar na Cidade do Rock

— Existem apenas 20, 30 bandas no mundo capazes de ser headliners ( atrações principais ) de uma noite do Rock in Rio — diz Roberto Medina, presidente do festival, quando o assunto é figurinha repetida (Bon Jovi e Red Hot, por exemplo, estiveram aqui na última edição, em 2017). — Mas o Rock in Rio não é só música, é a experiência. As pessoas entenderam isso. 

Nessa categoria, uma das novidades mais promissoras estará na Nave , que ocupa o Velódromo, logo na entrada da Cidade do Rock. Trata-se de uma megainstalação com 5 mil metros quadrados de projeções mapeadas e 168 caixas de som, simulando fenômenos da natureza. São 14 sessões por dia, a partir de 14h15, por ordem de chegada.

 

Sucesso em anos anteriores, porém, a tirolesa, a montanha-russa, a roda gigante e o megadrop estão de volta. Quem é repetente sabe, mas para os novatos fica o alerta: é preciso agendar no local, então... quem demora corre risco de não brincar.

Sim, vai ter de novo Ivete, Capital Inicial, Sepultura e muitos outros reincidentes. E vai ter a cantora americana H.E.R. e a banda indie, também americana, Weezer, que nunca passaram pelo Rio.

Ainda nas novidades, o Espaço Favela traz talentos (musicais e gastronômicos) de comunidades cariocas, o Supernova apresenta promessas que chamaram a atenção na internet, e o palco eletrônico (agora New Dance Order) ganhou 12 horas de programação, com capacidade triplicada.

PROGRAME-SE: Veja os horários dos shows do Rock in Rio 2019

A fórmula antigo-novo provou que funciona. Desde que Ney Matogrosso pisou no palco naquele 11 de janeiro de 1985 abrindo o primeiro Rock in Rio, o festival ganhou o mundo. Já foram 19 edições aqui, em Lisboa, Madri e Las Vegas. E a próxima carioca já está confirmada para 2021.

Pelos próximos dez dias, O GLOBO apresenta tudo o que acontece no maior festival de música do mundo. De entrevistas com atrações como a lenda Bootsy Collins a dicas de sobrevivência na Cidade do Rock, no ano mais hi-tech de sua história.  Dia e noite.


O Globo quinta, 26 de setembro de 2019

BUENOS AIRES: FESTIVAL GASTRONÔMICO

 

Buenos Aires recebe festival gastronômico com bons descontos

Food Week reúne restaurantes de diversas especialidades na capital argentina
 
 
Prato do Cabernet, um dos restaurantes que participam do Buenos Aires Food Week 2019 Foto: Facebook/Reprodução
Prato do Cabernet, um dos restaurantes que participam do Buenos Aires Food Week 2019
Foto: Facebook/Reprodução
 
 

RIO - Quem estiver na capital da Argentina nas próximas semanas poderá conhecer alguns dos melhores restaurantes da cidade com um bom desconto. O Buenos Aires Food Week, que começou em 23 de setembro, acontece até 13 de outubro, reunindo 48 estabelecimentos em diferentes pontos, de Puerto Madero a Palermo.

Durante o festival, em sua 14ª edição, os restaurantes oferecem dois tipos de menus fechados, com três etapas (entrada, prato principal e sobremesa) e preços fixos: 470 pesos argentinos no almoço (cerca de R$ 34) e 790 pesos no jantar (cerca de R$ 58).

A lista dos participantes mostra uma grande variedade de especialidades. Há desde casas dedicadas à típica parilla argentina, como La Cabaña, em Puerto Madero,  e Rufino Argentino, na Recoleta, à gastronomia asiática, como o Komyun, em Palermo, e o El Quinto Cocina Asiática, em Belgrano.

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Há opções para vegetarianos, como nos cardápios do Sagardi, de comida basca em San Telmo, e no Cabernet, em Palermo. Já restaurantes como o Green Bamboo, com gastronomia do Sudeste Asiático, e o italianoi Cucina D'Onore, em Puerto Madero, oferecem pratos sem glúten.

Para quem quer aproveitar a oportunidade de conhecer cidades vizinhas, na Grande Buenos Aires, o festival está presente também no Bestia, uma casa de carnes nobres e exóticas na charmosa San Isidro, e na La Panadería de Pablo Massey, em Olivos, bairro de Vicente Lopez.

Todos os menus virão acompanhados por um Aperol Spritz e alguns restaurantes terão também preços especiais para rótulos selecionados de vinhos, tanto a garrafa quanto a taça. E algumas casas terão o cardápio especial apenas durante o jantar, como o Taki Ongoy, restaurante fusion em Palermo, e o Anselmo Wine Bar, do hotel Curio by Hilton, em San Telmo.

 

Até 29 de setembro a promoção é exclusiva apenas para quem possui cartões Mastercard. Entre 1º e 13 de outubro, os menus especiais estarão disponíveis para todos os clientes. As reservas podem ser feitas pelo site bafoodweek.com , que tem também todos os menus dos restaurantes participantes.


O Globo quarta, 25 de setembro de 2019

FABIANA FABRO: A CARIOCA QUE FOI A TODAS AS EDIÇÕES DO ROCK IN RIO

 

'Quando coloco o pé na Cidade do Rock, é inexplicável', diz carioca que foi a todas as edições do Rock in Rio na cidade

 

 

A consultora de saúde Fabiana Fabro na última edição do Rock in Rio, em 2017
 

 

Letícia Lopes*

Como um maestro, o ícone Freddie Mercury, vocalista da banda britânica Queen, regeu um público de 250 mil pessoas que cantaram em coro o megahit “Love of my life”, enquanto o guitarrista Brian May dedilhava o violão. Aquele show de 11 de janeiro de 1985, na abertura do primeiro Rock in Rio, entrou para a história. No meio da multidão em sincronia, uma criança de 7 anos dançava ao lado de seus pais, "hipnotizada" por Mercury. A pequena Fabiana Fabro ficou tão encantada com a experiência que, ao longo dos 34 anos que se seguiram, foi a todas as oito edições do evento e já está com ingressos para o festival que começa nesta sexta

 
 

— As pessoas me perguntam até quando vou aguentar manter essa paixão pelo festival. É uma maratona, um evento super-cansativo. Mas a sensação que eu tenho é de bem-estar, de prazer. Para mim, é mágico. Sempre que coloco o pé na Cidade do Rock, é inexplicável — diz Fabiana, que este ano quer ver, principalmente, os shows do Foo Fighters e do Imagine Dragons, no Palco Mundo, no segundo e no último dias do evento, respectivamente. — Estou muito animada! Quero ver também o Lulu Santos cantando com o Silva, no Palco Sunset, e Muse, no Palco Mundo. 

 

Freddie Mercury durante apresentação do Queen no Rock in Rio de 1985

 

Em oito edições do Rock in Rio, a consultora de saúde viu shows inesquevíceis. A performance do Queen em 1985, por exemplo, ficou gravada na memória da própria banda. Em 2015, quando Brian May voltou à cidade para mais um Rock in Rio, com o cantor Adam Lambert nos vocais (Freddie Mercury morreu em 1991), ele disse que aquela apresentação de "Love of my life" foi especialmente marcante. Para Fabiana, porém, a exibição do Queen em 2015 superou a primeira. Ela estava lá, em meio a 80 mil pessoas, quando, durante as rendições de "Love of my life" e "Bohemian Rhapsody", a imagem de Mercury projetada no telão emocionou a todos. A menina, então com 37 anos, voltou à aquela noite mágica de sua infância: 

Veja a programação do Rock in Rio 2019 com os horários dos shows

— Minha lembrança do Freddie Mercury em 1985 é incrível. A produção abriu os portões e deixou a galera entrar para ver a passagem de som. Fiquei completamente encantada com ele — descreve a consultora de saúde. — Mas sem dúvida o show mais inesquecível foi o do Queen em 2015. Foi maravilhoso. Todo mundo estava com uma expectativa grande porque ocupar o lugar do Freddie não é tarefa para qualquer um. Mas o Adam Lambert foi impecável, super original, sem tentar imitá-lo.

 

Fabiana Fabro tinha apenas sete anos na primeira edição do festival, em 1985, quando acompanhou a passagem de som e o show do Queen
 

Em 2015, Fabiana apareceu em uma reportagem do "Fantástico", da TV Globo, que mostrou imagens de pessoas que foram filmadas no primeiro Rock in Rio e que voltariam àquela que seria a sexta edição do festival. Com números astronômicos de público, o festival que já teve dezenove edições em quatro cidades — Rio, Lisboa, Madrid e Las Vegas — acontece nos próximos dois fins de semana, entre os dias 27 e 29 de setembro e entre os dias 3 e 6 de outubro. Fabiana é só ansiedade e está contando os minutos para voltar à Cidade do Rock.

— Fiquei eufórica quando em 2011, quando aquele hiato de dez anos sem nenhum Rock in Rio acabou. Assim que começaram a dizer que o festival aconteceria de novo, fiquei empolgada para voltar lá. 

*Sob supervisão de William Helal Filho

 

Fabiana Fabro no Rock in Rio de 2015, diante do Palco Mundo

 

 

 

Página da edição do GLOBO de 12 de janeiro de 1985

O Globo terça, 24 de setembro de 2019

ACADEMIA DA CACHAÇA CHEGA AOS 30 ANOS

 

Academia da Cachaça chega aos 30 anos e reedita pratos que já fizeram parte do menu

Uma das primeiras a se dedicar à bebiba, a casa celebra o aniversário com a volta de pratos clássicos
 
 
Patrimônio. A chef Maria Bárbara está 20 anos à frente da cozinha da Academia da Cachaça da Barra Foto: Berg Silva/Divulgação
Patrimônio. A chef Maria Bárbara está 20 anos à frente da cozinha da Academia da Cachaça da Barra
Foto: Berg Silva/Divulgação
 
 

RIO — Um dos estabelecimentos mais tradicionais do Rio, a Academia da Cachaça está fazendo 30 anos e, para celebrar, até o fim do mês oferce aos clientes a chance de matar as saudades de pratos que já fizeram parte do seu menu.

 

 

Clássicos como o pastel de forno de maçã com peito de peru, a musse de salaminho e o carpaccio de carne de sol estão no cardápio de aniversário . Uma garantia de que os pratos serão preparados exatamente da forma como se lembram os fregueses mais antigos é a presença da chef Maria Bárbara, na função há 20 anos.

— Eu sou rigorosa, conheço bem os pratos. Quem quiser matar as saudades não vai se decepcionar — afirma.

Há quase 30 anos, Bárbara foi ser auxiliar de cozinha na filial do Leblon da Academia. Alguns anos depois, foi promovida. A maranhense revela que sua especialidade são os frutos do mar. Mas o prato que ela mais gosta de servir é um prato bem carioca e grande parceiro da cachaça: a feijoada.

Uma das primeiras casas do Rio dedicada à bebida, a Academia oferece mais de cem rótulos de cachaça. A brasilidade é uma proposta da casa, e está presente do cardápio à decoração.

Planos econômicos, mudanças de moeda, crises e até as obras do metrô, que tornaram a área onde está o restaurante inóspita, foram alguns dos percalços pelos quais a casa passou. A vitória sobre tudo isso, diz Hélcio Santos, fundador do restaurante, é mais um motivo para comemorar.

— Nós fomos muito resistentes e sempre fiéis aos nossos clientes e às nossas ideias — comenta.

 

APRENDA A FAZER TRÊS RECEITAS:

Carpaccio de carne de sol: saiba como fazer

Musse de Salaminho: os segredos da receita da Academia da Cachaça

Pastel de forno de maçã com peito de peru: aprenda a fazer


O Globo segunda, 23 de setembro de 2019

ERVAS MEDCINAIS E FOLHAS DÃO CARA NOVA A DRINQUES

Ervas medicinais e folhas dão cara nova a drinques

Há receitas com boldo, sálvia, brotos de coentro e salsa
 
 
 
 

E quem diria que a folha-de-boldo, aquela que muitos transformam em chá depois de exageros na noite anterior, iria parar no drinque? A erva de gosto amargo fica ótima no Porto Chileno, servido no Arp, restaurante do hotel Arpoador. A criação da mixologista Néli Pereira tem surpreendido a turma que gosta de apostas inusitadas. “Para essa carta, parti da diversidade dos biomas brasileiros. Busco sempre apresentar ingredientes pouco utilizados na coquetelaria, como boldo, fava-de-aridan e castanha-de-baru. É um bar voltado para as infusões de cascas e raízes, como se fossem garrafadas medicinais”, comenta Néli.

O boldo é só uma entre várias folhinhas diferentes que compõem receitas das bebidas que estão dando cara nova e surpreendente aos balcões da cidade. No Garoa, que agora tem endereços no Leblon e em Ipanema, há uma coleção de ervas na carta de bebidas. Apenas no Nossa Vitória entram sálvia, brotos de coentro e de salsa, além de folhas de limão. Junte esse buquê com gim, saquê, mel de agave, licor da casa, cava, pó de cardamomo, uma rodela de limão-siciliano desidratado e, pronto, está finalizado. “Recebemos as ervas duas vezes por semana para que as folhas estejam sempre fresquinhas, com seu sabor máximo. A minha inspiração para tal opção foi a rainha Vitória, da Inglaterra, que vivia em um castelo com jardins repletos de condimentos e temperos”, conta o mixologista Daniel Estevan, que escolheu como fornecedor os Orgânicos da Fátima.

Vinho do porto branco infusionado com boldo, água tônica do Arp Foto: Samuel Antonini
Vinho do porto branco infusionado com boldo, água tônica do Arp
Foto: Samuel Antonini

 

O uso desses verdinhos em bebidas rende possibilidades de apresentações que os mixologistas estão adorando. Copos cobertos por especiarias, grampinhos prendendo pequenos arranjos, folhas pousadas nas taças... Então, já sabe: além de uma hortinha, é preciso ter apetrechos para montar apresentações bacanas.

O barman Daniel Milão, do Julieta Bar, na Praia do Flamengo, conta que o visual do drinque Bouquet chama a atenção no salão. “A experiência de um coquetel começa com o visual, usei a parte de fora da taça para colocar as ervas da Provence. A ideia foi criar um drinque sensorial, onde é possível sentir o aroma das ervas em cada gole da bebida”, explica ele.

No Micro Bar, no Leblon, o manjericão e o coentro já são figurinhas fáceis na carta. O italiano Nicola Bara já tinha, claro, afinidade desde pequeno com a erva típica do país, mas no drinque foi novidade. “Sou italiano, então manjericão faz parte da minha vida desde sempre. Mas vi coentro pela primeira vez quando cheguei no Brasil, na carta do SubAstor, em São Paulo, onde trabalhei. Mesmo assim ele era usado apenas na finalização, e não no preparo do coquetel, como eu faço. O Leblon Smash é uma releitura do clássico Basil Smash, que tem como base gim e manjericão. Criei uma versão abrasileirada colocando cachaça, além de coentro, caju e óleo de pequi”, conta.

Em Copacabana, o asiático Toruk criou o Iwasaki, opção perfumada feita com canela defumada, lichia, chá de hibisco, limão e saquê. O legal é maçaricar a canela e já espalhar o aroma antes de servir para mexer com todos os sentidos.

Julieta Bar: bouquet feito com Gin Bombay, ervas de provence, mel com baunilha e limão tahiti Foto: Jose Renato Antunes
Julieta Bar: bouquet feito com Gin Bombay, ervas de provence, mel com baunilha e limão tahiti
Foto: Jo

O Globo domingo, 22 de setembro de 2019

XENIA FRANÇA RELEMBRA PRECONCEITO NO TEMPODE MODELO

 

Xenia França relembra preconceito nos tempos de modelo: 'Não entendia por que não me chamavam para trabalhar'

Nome forte da música brasileira na atualidade, baiana cantará com Seal no Rock in Rio
 
 
Xenia França Foto: Mar+vin
Xenia França Foto: Mar+vin
 
 

Ainda menina em Camaçari, na Bahia, Xenia adorava assistir à apresentadora Glória Maria na televisão. Era um de seus raríssimos exemplos de mulher negra bem-sucedida, embora ela ainda não elaborasse os porquês de tamanha admiração. “Só mais tarde fui entender. Como fui entender também por que chorei quando ouvi Milton Nascimento pela primeira vez, antes de saber quem ele era. A potência negra me emociona”, diz a cantora. Hoje, aos 33 anos, Xenia é guiada, artística e pessoalmente, por esta mesma potência, e sua obra é um reflexo de todas as experiências que viveu: “Quase acreditei que eu não existia, foi por pouco. Mas peguei esse sentimento e fiz um disco. Agora estou aqui. E minha integridade é inegociável.”

A consciência de sua negritude e as dificuldades intrínsecas a ela só lhe caíram como uma enorme ficha quando se mudou para a capital paulista, aos 17, para seguir a carreira de modelo. “Ter nascido na Bahia fez com que eu não fosse uma pessoa alienada. É o estado mais preto do Brasil e a cultura negra está em todo lugar”, diz. “Mas a minha identidade de mulher preta urbana nasceu em São Paulo”, conta. Filha de pais separados — Dalva é administradora e Jorge, já falecido, era químico e músico —, chegou a estudar Publicidade, mas abandonou o curso para se aventurar no mundo fashion. “Troquei de agência algumas vezes, nunca dava certo em nenhuma. Eu não entendia por que não me chamavam para trabalhar”, diz, referindo-se ao preconceito sofrido por ser negra. Hoje, a cantora enxerga com clareza exatamente as razões de tantas dificuldades: “Mais tarde conheci outras meninas negras como eu, que estavam na mesma batalha, e começamos a discutir essas questões. Desde coisas prosaicas, como ‘por que não namoramos ninguém?’ até ‘por que somos menos chamadas para trabalhos?’ Foi um caminho sem volta”, lembra ela.

Há dois meses, a cantora comprou um apartamento em São Paulo e, pela primeira vez, está morando sozinha (e sem precisar dividir contas com amigas). Nos idos de 2004, Xenia dividia uma casa com outras dez modelos. A atriz e empresária Samira Carvalho era uma delas: “Lembro como se fosse hoje: quando chegou de Camaçari, era uma menina ingênua, romântica, que demorou a perceber que as coisas na cidade grande não seriam muito fáceis, principalmente por estar longe da mãe. Naquela época, nossa vida era bem conturbada”.

 A carreira de modelo logo passou a seguir em paralelo à de cantora. “Eu pensava em ser muitas coisas, menos em seguir o caminho da música”, lembra. Mas amigos diziam que ela tinha uma linda voz e a convenceram, não sem esforço, a formar uma banda de garagem, que logo passou a tocar em bares. Mais tarde, passou a integrar o grupo paulistano de black music Aláfia, cujo repertório politizado a ajudou a engajar-se ainda mais, e gravou três álbuns, além de fazer uma participação especial em um álbum do rapper Emicida.

Mas foi o lançamento de seu primeiro e único disco solo, “Xenia”, em 2017, que de fato revolucionou a carreira da menina baiana. Duas indicações ao Grammy Latino — nas categorias Melhor Álbum Pop Contemporâneo e Melhor Canção em Língua Portuguesa, pela faixa “Por que me chamas?”, assinada em parceria com o namorado, o também músico Lucas Cirilo — abriram portas para festivais prestigiados, como Recbeat, Coala, Queremos e o celebrado Summer Stage Festival, no Central Park, em Nova York. “Nos últimos dois anos, não lembro de ter tido um dia totalmente livre”, conta. Os convites não param e um dos mais importantes veio no final do ano passado: cantar ao lado de Seal, ícone da música pop, no Rock in Rio, na próxima sexta-feira. O show de Xenia no Rock in Rio será no palco Sunset, que, segundo Roberta Medina, vice-presidente do festival, “privilegia encontros inéditos, em que os artistas têm a liberdade de apresentar concertos não-tradicionais, de propor conversas musicais únicas”.


O Globo sábado, 21 de setembro de 2019

ANGU DO GOMES: AOS 90 ANOS, UM DOS FUNDADORES CELEBRA A RESISTÊNCIA DA MARCA

 

Aos 90 anos, um dos fundadores do Angu do Gomes celebra resistência da marca

Após período conturbado, restaurante comemora retomada e se restabelece
 
 
Na foto Rigo Duarte e Basílio Moreira: receita de avô para neto no Angu do Gomes Foto: Marcos Ramos / Agência O Globo
Na foto Rigo Duarte e Basílio Moreira: receita de avô para neto no Angu do Gomes
Foto: Marcos Ramos / Agência O Globo
 
 

RIO — "Diz aí, 'vô', o que é que tinha aqui na Praça Mauá no seu tempo?", pergunta o chef Rigo Duarte, de 37 anos, a seu avô, Basílio Augusto Moreira, o único fundador vivo do Angu do Gomes.

— Ah, muita sacanagem, né? — responde Basílio, do alto de seus 90 aninhos completos na última quinta-feira.

O chef e herdeiro da marca que completa 64 anos em dezembro e o recém nonagenário comemoram a longevidade de Basílio e do Angu do Gomes, que foi resgatado em 2008, com uma festa fechada a amigos e familiares no próprio restaurante, na Saúde, neste sábado. No cardápio, terão muitas histórias, "causos" e, claro, angu.

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Português do Monte, Basílio chegou ao Rio aos nove anos de idade e chegou a ser engraxate. Ele foi morar no Centro em uma época bem diferente.

— Era uma coisa muito linda e elegante de se ver. Todo mundo só andava muito chique, de terno, bengala e chapéu — se lembra Basílio.O jovem português chegou ao angu através do pai de seu sócio, o também português Manuel Gomes. A inspiração veio na Praça Quinze, onde uma baiana preparava o angu em uma lata grande e vendia. Gostando da ideia, eles montaram o primeiro deles na Central do Brasil, no início dos anos 50 e o povo gostou. Nesta época, o angu, que ainda não era do Gomes, pois só seria patenteado em 1955, vendia uma média de 100 pratos por dia. Com a expansão do negócio e a criação da marca, eles chegaram a ter carrocinhas que vendiam 400 pratos em um dia, principalmente, durante o carnaval.— No auge, na década de 70, chegamos a ter 80 barraquinhas e também um restaurante na Rua São Francisco da Prainha, aqui na Saúde. Vinha muita gente famosa — disse Basílio.

 

Neto e avô posam com o tradicional Angu do Gomes Foto: Marcos Ramos / Agência O Globo
Neto e avô posam com o tradicional Angu do Gomes Foto: Marcos Ramos / Agência O Globo

 E a classe artística realmente ia em peso.  Roberto e Erasmo Carlos eram clientes e compareciam muito na Praça Quinze. O sambista João Nogueira, que era um frequentador assíduo, cita o angu famoso em um trecho da música "Espere oh! nega", do disco "Espelho", de 1977. João chegava a ligar para Basílio para pedir que a casa não fechasse enquanto ele não chegasse depois dos shows. A Vó Maria, a sambista viúva de Donga, também fez parte da história da marca que, em sua primeira encarnação, parou de existir no início dos anos 90.

— Meu avô teve muitos problemas com a nova Vigilância Sanitária, com produtos que encareceram demais, como os miúdos, e também com funcionários que vendiam o angu por fora enchendo ele de água, acabando com a qualidade — disse o chef.

A retomada

O estalo para o retorno se deu quando Beth Carvalho, ao completar 60 anos em 2006, quando a marca nem tinha voltado, contratou o angu por meio de Rigo, que cursava gastronomia, para a sua festa de aniversário por intermédio de Zeca Pagodinho. Lá, o chef percebeu o quanto o mundo do samba sentia falta da iguaria. Um pouco antes, o irmão de Rigo, o músico Diogo Duarte, fazia em 2003, no boêmio Bar do Bode Cheiroso, na Tijuca, um samba chamado Casca, que significava Confraria dos Amigos do Samba, Choro e Angu — sendo este último preparado por Rigo.

 

— Eu aprendi a fazer com o meu avô mesmo, já que em todo aniversário lá em casa era na base do angu — disse Rigo.

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Com o sucesso do samba, os dois irmãos decidiram que abririam um bar juntos. Porém, Diogo morreu após voltar de uma apresentação com a OSB, onde tocava, quando uma árvore caiu em seu carro. Assim, Rigo adiou um pouco o sonho até encontrar o sócio Marcelo Cavalcanti. Juntos, eles reergueram o Angu do Gomes em 2008, na Saúde, e para o júbilo de Basílio. Na primeira volta da retomada, o bar só cabia 30 pessoas. Há seis anos, eles conseguiram migrar para um sobrado que abrigava um antigo bar, no Largo de São Francisco da Prainha, onde estão até hoje. Agora, eles também mantém uma casa em Botafogo, aberta ano passado.

E, em tempos de lugares históricos sofrendo ameaças de fechamento, qual é o segredo para se manter um negócio com tanta história na cidade?
— O empenho que nós temos com o angu até hoje é o segredo, além de ser para todas as idades e classes sociais — finaliza Basílio.

 


O Globo sexta, 20 de setembro de 2019

PORTUGAL INTOCADO: CONHEÇA AS PRAIAS DESERTAS E OS PEQUENOS VILAREJOS DO ALENTEJO

 

Portugal intocado: conheça as praias desertas e os pequenos vilarejos do Alentejo

Um roteiro turístico genuíno a partir da quase desconhecida cidade de Melides
 
 
Crianças brincam na areia da Lagoa de Melides, no litoral do Alentejo, em Portugal Foto: Daniel Rodrigues / The New York Times
Crianças brincam na areia da Lagoa de Melides, no litoral do Alentejo, em Portugal
Foto: Daniel Rodrigues / The New York Times
 
 

MELIDES, Portugal – O açougueiro local, observado pela filha de pé ao lado dele, vende frango assado inteiro e filés de carne recém-fatiados a fregueses que fazem seus pedidos com um simples aceno de cabeça ao entrar na loja, cena que se repete há décadas nesse pequenino vilarejo localizado na encosta de um morro na região rural de Portugal .

O próprio Louboutin tem uma casa de praia aqui. Tem como vizinha Noemi Marone Cinzano, uma condessa e produtora de vinho cuja família era proprietária da famosa marca italiana de vermute.

- Viajei minha vida inteira e não encontrei nenhum lugar na Europa tão preservado - contou Cinzano, que construiu sua casa de praia em estilo rústico aqui.

 

Outras celebridades também possuem imóveis no local, entre elas Philippe Starck, decorador de interiores e projetista de hotéis; Anselm Kiefer, artista alemão; e Jason Martin, pintor abstrato britânico, que transformou uma antiga casa noturna com aparência de caverna em seu estúdio, além de ter construído uma casa na encosta vizinha, onde ele também produz vinho.

Não há nada de extravagante em Melides – os moradores se reúnem na praça da cidade para jogar cartas ou conversar efusivamente. A eles se misturam visitantes de capitais internacionais. Minha família e eu desembarcamos aqui no verão deste ano quase por acidente.

Compramos um voo da TAP para Lisboa, sem fazer nenhum outro plano. Foi então que lemos sobre a faixa de praias ininterruptas do Oceano Atlântico aqui e decidimos reservar um chalé modesto à beira-mar, com três quartos, nessa cidade que mal podíamos localizar no mapa (alugamos de um casal que vive em Lisboa por meio do booking.com, pagando US$ 192 por noite, inclusive as taxas).

 

A região do Alentejo há muito tempo é conhecida como uma das partes mais pobres e menos povoadas da Europa Ocidental, apesar do solo fértil e arenoso. Uva, arroz, trigo, aveia, azeitona, mel, aspargo, nozes, frutas silvestres, trufa, cogumelo e muitas outras coisas nascem ou são produzidas na região que é conhecida como o celeiro de Portugal.

O restaurante pé-na-areia Sal, na Praia de Pego, na cidade alentejana de Comporta Foto: Daniel Rodrigues / The New York Times
O restaurante pé-na-areia Sal, na Praia de Pego, na cidade alentejana de Comporta
Foto: Daniel Rodrigues / The New York Times

O interior do Alentejo – com suas cidades históricas e vinhedos – já atrai estrangeiros há algum tempo, mas a costa foi uma adição recente ao mapa do turismo mundial, que passou a atrair visitantes afluentes a partir de 2000, aproximadamente, quando muitos deles iam para o vilarejo costeiro de Comporta , próximo de Melides.

A terra daquela área, que já chegou a pertencer ao rei de Portugal, em 1950 passou para as mãos da família Espírito Santo, que, desde a década de 1990, começou a convidar os amigos para visitá-los, incluindo a princesa Caroline e o príncipe Albert de Mônaco.

Comporta ainda é um lugar que atrai o turismo, com praia própria nos arredores e ótimos lugares para comer, como a Cavalarica Comporta, além de uma cena noturna bastante animada. Há também uma oferta crescente de hotéis butique próximos, como o Quinta da Comporta e o Sublime Comporta. Carros luxuosos enchem as ruas movimentadas, casais com trajes em estilo boêmio andam por entre as galerias de arte, lojas de utensílios domésticos, casas noturnas e bares com mesas ao ar livre. (O número de mosquitos à noite é impressionante, já que o vilarejo foi construído à beira de um arrozal.)

 

Por isso, fiquei feliz de termos parado um pouco mais ao sul, perto de Melides, uma cidade simples com aproximadamente 1.500 habitantes, mais ou menos quatro restaurantes, uma igreja, poucas lojas e um supermercado. Na praça central de Melides, há uma agência de correio, um pequeno café, uma banca de jornal, uma casa funerária e um açougue, além de um aglomerado de mesinhas onde os moradores se reúnem para passar o tempo.

A casa que alugamos ficava a aproximadamente 15 minutos de Melides e a apenas dois quarteirões do que é, sem sombra de dúvida, a faixa de praia mais extraordinária que já vi em qualquer lugar do mundo, a Praia da Galé .

Os bosques são outro cenário constante nos arredores de Melides, no Alentejo Foto: Daniel Rodrigues / The New York Times
Os bosques são outro cenário constante nos arredores de Melides, no Alentejo
Foto: Daniel Rodrigues / The New York Times

Você anda por um longo caminho em direção à vastidão do Atlântico. Em seguida, precisa descer uma escadaria precária, talhada no penhasco de pedra, antes de ter acesso à praia. No caminho, passa por uma coleção deslumbrante de arenitos avermelhados que, devido à ação do tempo, parecem esculturas abstratas. Essas formações têm aproximadamente cinco milhões de anos e se erguem a 40 metros do chão; na base delas, há um tapete de flores selvagens e amarelas chamadas chorão das praias.

Finalmente, não há mais nada, a não ser uma imensidão de praia vazia e o pescador ocasional com a vara presa na areia ou algumas famílias e seus guarda-sóis. Poucas pessoas frequentam partes dessa praia cuja areia é como uma crosta que os pés quebram a cada passo.

 

Quilômetro após quilômetro, é possível caminhar sem ser interrompido. Nenhum hotel ou resort, apenas o eventual quiosque que vende comidinhas e, durante o dia, alguns salva-vidas fornecidos pela administração regional. Longas faixas dessa costa estão permanentemente sob proteção e gozam do status de parque nacional. Em outras áreas, há restrições que proíbem qualquer nova construção perto da praia. Mesmo longe da costa, qualquer pessoa que compre uma terra produtiva deve se comprometer a manter algum tipo de agricultura.

Não nos surpreendemos de encontrar um cardápio com todo tipo de atividade ao ar livre. A mais simples é a extensa rede das chamadas trilhas dos pescadores, que se estendem por 450 quilômetros para dentro do continente e ao longo do Atlântico, a chamada Rota Vicentina .

Você pode também fazer passeios a cavalo, ter aulas de surfe, ver golfinhos, pescar, andar de bicicleta, caiaque e até de balão. Em muitas das praias, incluindo uma área chamada Santo André, há piscinas naturais, com águas calmas e rasas que são seguras para as crianças pequenas. Santo André é também uma reserva natural que abriga mais de 240 espécies de pássaros e centenas de tipos de borboletas.

 

Melides também nos serviu como um ótimo ponto de partida para passeios de um dia pela região do Alentejo, incluindo Comporta.

 

Uma rua comercial no caminho dos turistas em Évora, uma das principais cidades do Alentejo, e uma das mais antigas de Portugal Foto: Daniel Rodrigues / The New York Times
Uma rua comercial no caminho dos turistas em Évora, uma das principais cidades do Alentejo, e uma das mais antigas de Portugal
Foto: Daniel Rodrigues / The New York Times

Dos campos de sobreiro, do qual se extrai a cortiça, chegamos à cidade perfeita de Évora , construída pelos romanos e depois dominada pelos mouros. Lá, é possível ver um templo romano do século II e a maior catedral medieval de Portugal, além de restaurantes, bares e lojas. Évora é listada como Patrimônio da Humanidade pela Organização das Nações Unidas, que classificou o lugar como "o melhor exemplo de uma cidade da era de ouro de Portugal após a destruição de Lisboa pelo terremoto de 1755". Esse foi o passeio mais turístico que fizemos na semana, mas valeu a pena.

Passamos a tarde em uma grande fazenda orgânica, a Herdade Aberta Nova, que recebe visitantes (incluindo famílias com crianças pequenas) e tem uma variada criação de animais, como pavão, porco, cavalo, burro, galinha e cabra, entre outros.

O mais longe que chegamos foi até Zambujeira do Mar , um vilarejo costeiro perto da base do Alentejo. À primeira vista, nos pareceu um local sem atrativos, mas, no início de agosto, ele abriga um grande festival de música, o Meo Sudoeste, que atrai multidões de mochileiros, a maioria de Portugal e da Espanha, que acampam em barracas perto da área do festival.


O Globo quinta, 19 de setembro de 2019

TIRADENTES, MINAS GERAIS: ARTE, NATUREZA E PROGRAMAÇÃO O ANO INTEIRO

 

Tiradentes, em Minas Gerais, tem arte, natureza e programação intensa o ano inteiro

História do Brasil passa pela cidade mineira
 
 
Serra de São José e o Centro Histórico Foto: Alberto Lopes / Divulgação
Serra de São José e o Centro Histórico Foto: Alberto Lopes / Divulgação
 
 

TIRADENTES - Não faltam ipês em Tiradentes . A árvore nativa do Brasil está em quase todas as suas esquinas. Do lado da Igreja Matriz, um pé floreia em amarelo toda primavera. Entre as casinhas históricas, que hoje abrigam restaurantes , museus e lojinhas, há diversos deles, que desabrocham em branco e roxo. Em meio ao verde da Serra de São José, que envolve o município, é possível avistá-los de quase qualquer ponto da cidade. Com 30 metros de altura, as árvores dão às ruas dessa cidade mineira um colorido único. Suas esquinas, no entanto, contam uma história bem menos bucólica do Brasil .

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Um dos símbolos da exploração do Ciclo do Ouro, Tiradentes nasceu em 1718 como Vila de São José, em homenagem ao príncipe de Portugal na época. Foi rebatizada em 1889 para relembrar a morte de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, que nasceu no local e foi o único condenado à morte pela Inconfidência Mineira . Enforcado em praça pública no Rio, no dia 21 de abril de 1792, teve partes do seu corpo expostas pela Estrada Real .

 
O ouro encontrado por lá era superficial, de fácil exploração. Foi o que proporcionou o auge e o declínio da cidade: em apenas algumas décadas, do início ao final do século XVIII, já não havia muito que ser descoberto. A cidade viveu então um longo período de decadência econômica até encontrar no turismo sua fonte de renda. A proximidade com grandes capitais (do Rio e BH, são quatro horas de distância; de São Paulo, são cinco) e a hospitalidade dos moradores começaram a atrair festivais que dão o tom no calendário.

Atualmente, são 13 permanentes, mas ao longo do ano outros 10, em média, acontecem. Dos fixos, o Festival de Gastronomia, em agosto, "transformou a cidade" quando chegou, há quase 20 anos, como conta Ana Carolina Barbosa, coordenadora da Tiradentes Mais, associação que reúne empresários e artistas locais em prol do turismo:

— A cidade foi se desenvolvendo de acordo com o festival. Foram abertos restaurantes, e a hotelaria foi se desenvolvendo, para receber mais turistas. Virou um ciclo. E a boa infraestrutura atraiu ainda mais festivais.

Hoje, Tiradentes é conhecida justamente pela sua diversidade gastronômica, que já vale a ida até lá. Ainda assim, há muito a ser explorado além da cozinha. Para continuar na pegada histórica, a Maria Fumaça é programa para toda a família. O trajeto (R$ 70)de 45 minutos vai até São João del-Rei.

 

A Serra de São José tem trilhas de todos os níveis, quedas d’água, piscinas naturais e diversidade de fauna e flora.Ela garante também as paisagens do trajeto até Bichinho, distrito do município de Prados, ao lado. Por lá, as simpáticas casas ficam abertas vendendo peças de artesanato.

 

Primeiro, olhe para baixo. O calçamento de Tiradentes é uma boa forma de descobrir seus personagens, sua história e sua trajetória de preservação.

O chão é todo de pedras. Mas uma visão mais atenta vai mostrar que elas diferem entre si. As do meio, grandes, são as “solteironas”, que, como nos explica Fabrício Rodrigues, um dos guias locais, foram assim nomeadas pela sua dificuldade “em se ajustar”. O apelido machista, é claro, vem de outros tempos.

No fim da década de 1930, o Iphan, ao tombar a cidade como Patrimônio Histórico, determinou obras de preservação para manter as características históricas de Tiradentes. E o calçamento de pedra, marca dos tempos da colônia, precisou ser refeito. Foram então usadas as tais “solteironas”. Nas laterais, no entanto, permanece o chão original. De pedras menores, o chamado chão pé de moleque foi todo construído pelos escravos no séc XVIII.

O calçamento é só uma das formas de entender a história de Tiradentes sob o ponto de vista dos escravizados. Conhecer os becos e ruelas da cidade é outro jeito de entender o país por essa perspectiva.

 

— Muitas pessoas que retornam para Tiradentes já fizeram aquele tour mais tradicional. Pensamos em narrar a partir de outros aspectos tão importantes quanto, mas que não entravam no básico da cidade — explica Rodrigues.

 

Passeio guiado pelos becos da cidade Foto: Divulgação
Passeio guiado pelos becos da cidade Foto: Divulgação

Ele se refere ao Tour dos Becos, da agência Estrada Real. O passeio descortina Tiradentes não pela rua principal, onde circulavam os nobres, mas pelas ruelas atrás das casas, os únicos locais onde os escravos podiam andar.

Um olhar diferente

São nelas, por exemplo, onde estão as senzalas. Chama atenção o tamanho minúsculo das janelas dessas construções. Eram os únicos pontos de circulação de ar para centenas de pessoas. Também resistem por lá pés de ora-pro-nóbis, erva de alto valor proteico usada pelos escravos para completar a refeição. Até hoje, muito comum nos pratos da região.

A parada na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, onde congregavam os alforriados, é obrigatória. Santos negros e imagens do candomblé contam um pouco da história do sincretismo brasileiro.

A Guerra dos Emboabas (1707-1709), cujas batalhas entre bandeirantes paulistas e a corte deram nome ao Rio das Mortes, ocorreram ao redor do centro histórico. A Inconfidência Mineira (1789) e a saga de Tiradentes (1746-1792) também são histórias contadas no tour.

 

Por essas ruas alternativas também se chegam aos pontos turísticos mais visitados, como a Igreja Matriz, que tem a segunda maior concentração de ouro do Brasil (482kg). Não deixe de observar os passos, capelinhas minúsculas a cada esquina. O guia vai atentar para elas.

Para ver tudo de um ponto só, suba até a igrejinha de São Francisco e aproveite a visão do mirante.

Trilhas, cachoeiras e pássaros no caminho

 

Cachoeira do Carteiro Foto: DivugaçãoCachoeira do Carteiro Foto: Divugação

A Serra de São José, que contorna Tiradentes, não passa despercebida. Porém, muito além de compor bem para as fotos de viagem, o maciço, que está dentro de uma Área de Proteção Ambiental (APA), tem opções para os fãs de ecoturismo.

Os trilheiros vão se animar com as possibilidades: dá para fazer a travessia inteira pelas montanhas, em uma caminhada de seis horas, com paradas para admirar o belo visual, em pontos que chegam a mais de mil metros de altitude. O trajeto, apesar de longo, não é difícil e pode ser realizado por iniciantes.

Mas quem não quiser encarar a jornada inteira pode “cortar” a travessia em pedaços menores. A trilha do carteiro é uma das opções mais compactas. O trajeto foi todo calçado pelos escravos no século XVIII para facilitar o transporte do ouro. São quatro quilômetros e cerca de três horas de caminhada dentro da Mata Atlântica até o topo da serra, com parada na Cachoeira do Carteiro.

 

Outra pedida curta é a Trilha do Mangue, a mais leve da serra. Com apenas 1km de extensão em uma caminhada praticamente toda plana, o ponto de chegada é a cachoeira de mesmo nome, onde o ouro foi explorado à exaustão no século XVIII. Ipês e orquídeas proliferam e colorem o percurso.

Além das trilhas a pé, há diversas outras formas de se adentrar pelo verde da região. Agências locais oferecem cavalgadas no pé da Serra de São José. O passeio, guiado, pode ser feito por crianças acima de 6 anos e, além das belezas da Mata Atlântica, o trajeto passa colado aos imponentes paredões de arenito das montanhas.

Não é fã de caminhar nem de andar a cavalo? Não se preocupe, pois é possível chegar às cachoeiras, mergulhar em rios e percorrer a mata também em tours guiados de bicicleta. O cicloturismo é um dos programas que mais atraem os turistas. Além de trajetos pela natureza, o passeio visita parte da área rural, em sítios e fazendas. E pode ser feito por crianças acima de 10 anos.

As trilhas também são muito procuradas para observação de aves. Já foram catalogadas mais de 400 espécies na região, além de cerca de 100 tipos de libélulas. A pousada Aromas da Montanha é uma que oferece o passeio guiado de birdwatching por lá.

Mas em qualquer caso, o aviso é sempre o mesmo: nunca vá sem um guia.

 
 
Artesanato exposto no Bichinho Foto: Divulgação
Artesanato exposto no Bichinho Foto: Divulgação

Um dos passeios mais recomendados para quem vai a Tiradentes é dar um pulo no distrito de Bichinho, no município vizinho de Prados. São apenas 30 minutos de distância, mas o percurso pela estradinha que leva até lá deve ser apreciado com calma. Durante todo o caminho, pequenas propriedades rurais com a quase onipresente Serra de São José ao fundo dão o toque rural à viagem. E há várias formas de fazer o trajeto, além de dirigindo. Agências locais oferecem a travessia em triciclos, cavalgando ou pedalando. A vantagem, nesses casos, é que dá para fazer pequenos desvios e conhecer algumas das propriedades da região.

Bichinho, cujo nome oficial é Vitoriano Veloso, também surgiu na época da exploração do ouro da região, mas entrou na rota turística pela produção do seu artesanato e pela revenda de móveis de demolição. Sua popularidade cresceu na década de 1990, através do artista plástico Antônio Carlos Bech, que criou a Oficina de Agosto. Além de loja, era uma escola de artesanato que começou a atrair outros artistas.

A Casa Torta, em Bichinho Foto: Carolina Mazzi
A Casa Torta, em Bichinho Foto: Carolina Mazzi

Hoje, além da oficina e loja, que permanecem abertas, quase todas as outras casas da rua principal desse distrito ficam de portas abertas, com produtos como peças de decoração, tecidos, móveis, quadros e obras de paisagismo e jardinagem. Vale caminhar para conhecer (e comprar). O trajeto é ideal para ser feito em uma tarde.

 

Não deixe de conhecer a Casa Torta que, como o nome, tem formato bastante peculiar. O centro cultural, elaborado por Renato Maia e Lu Gatelli, tem apresentações teatrais, brincadeiras para crianças e um café delicioso.

Carolina Mazzi viajou a convite da associação Tiradentes Mais


O Globo quarta, 18 de setembro de 2019

BANDA A COR DO SOM CELEBRA 40 ANOS DE CARREIRA

 

A Cor do Som faz show de hits e inéditas no Teatro Riachuelo

Grupo celebra 40 anos de carreira com formação original e mira disco de inéditas no ano que vem
 
Mú Carvalho, Armandinho, Gustavo Schroeter, Ary Dias e Dadi Carvalho: a formação original da banda A Cor do Som Foto: Daryan Dornelles / Divulgação
Mú Carvalho, Armandinho, Gustavo Schroeter, Ary Dias e Dadi Carvalho: a formação original da banda A Cor do Som
Foto: Daryan Dornelles / Divulgação
 
 

Pode-se considerar um um feito incomum: completar 40 anos de carreira com a formação original é algo que orgulha os integrantes da banda A Cor do Som. E é em clima de celebração que Dadi, Mú Carvalho, Armandinho, Gustavo Schroeter e Ary Dias sobem ao palco do Teatro Riachuelo nesta quarta-feira para levar aos fãs uma enxurrada de hits pós-tropicalistas.

— Vamos fazer nossos sucessos, como “Zanzibar”, “Swingue menina” e “Abri a porta”, mas também tem inéditas como “Alvo certo”, que eu compus com o meu filho, André Carvalho, e “Volúvel”, uma parceria minha com Arnaldo Antunes e Marisa Monte— diz Dadi, baixista do grupo, adiantando um reforço na apresentação de hoje. — São dois convidados, Luiz Lopes e Pedro Dias (da banda Filhos da Judith). Eles tocam baixo e guitarra, também fazem vocais, e dão outra cara nos arranjos.

O quinteto, predominantemente carioca (Armandinho e Ary Dias são baianos), gosta especialmente de tocar no Rio, cidade que abraçou o grupo em tantos shows disputados nos idos dos anos 1980.

— Foi aqui que tudo começou. Lembro dos nossos shows lotados no Teatro Ipanema, o pessoal ficava louco. Sempre foi muito alto astral — diz Dadi.

 

Na trajetória quarentona de respeito, novos projetos estão à vista:

— Queremos lançar um disco de inéditas para o ano que vem, um som novo — promete o baixista.

Onde: Teatro Riachuelo. Rua do Passeio 38/40, Centro (3554-2934). Quando: Qua, às 19h. Quanto: R$ 50 (balcão e balcão nobre) e R$ 60 (plateia). Classificação: 14 anos.


O Globo terça, 17 de setembro de 2019

RISOTO DE OSSOBUCO: RECEITA

 

Saiba como preparar a receita de risoto de ossobuco de vitelo do D.O.C. Ristorante

O açafrão dá o tom do prato, criação do chef Nicola Giorgio
 
 
Risotto de Ossobuco de Vitelo do D.O.C. Foto: Maria Mattos / Divulgação
Risotto de Ossobuco de Vitelo do D.O.C. Foto: Maria Mattos / Divulgação
 
 

RIO — Prato do Norte da Itália, o segredo do sabor do ossobuco de vitelo é marinar a carne, que fica em emulsão por um dia inteiro. A paciência vale a recompensa, já que a combinação da marinada com o risoto de açafrão proporciona uma mistura forte e muito rica em sabores. O prato é criação do chef italiano Nicola Giorgio .

 

Risoto de Ossobuco de Vitelo (1 porção)

Ingredientes: 80g de arroz arbóreo; 50g de cebola branca; 50g de azeite extravirgem; 100ml de vinho branco; 50g de rôti de vitela; 40g de queijo parmesão; 40g de manteiga; 10g de tomilho; 50g de cenoura; 50g de alho-poró; 25g de aipo; 50ml de vinho tinto; 300g ossobuco de vitelo; 50g de farinha de trigo; 10g de alho; 20g de sal; 2g de pimenta-do-reino e 2g de açafrão.

Modo de preparo:

1. Misture o vinho tinto, a cenoura, o aipo, o alho-poró, a cebola, o alho, o sal, a pimenta-do-reino e o tomilho. Coloque o ossobuco para marinar nesse preparado por um dia.

2. Depois de marinado, coloque o ossobuco para assar com o preparado em forno a 180ºC, por quatro horas.

3. Esquente levemente o azeite e acrescente o arroz e a cebola. Vá colocando o vinho branco aos poucos, para soltar do fundo da panela. Acrescente açafrão, manteiga, parmesão e sal. Mexa cuidadosamente, até que fique cremoso, deixando o arroz al dente.

4. Depois de pronto, coloque o arroz no centro de um prato fundo. Abra um espaço no centro do risoto e coloque os pedaços de ossobuco, soltos do osso, até preenchê-lo completamente. Regue suavemente com o molho do assado.


O Globo segunda, 16 de setembro de 2019

MAITÊ PROENÇA: SOU UM POÇO DE CARÊNCIA

 

'Sou um poço de carência', diz Maitê Proença

Atriz planeja transformar sua casa em espaço cultural, se dedica a vídeos no Instagram e comenta ataques às suas posições políticas
 
 
Maitê Proença Foto: Ana Branco / Agência O Globo
Maitê Proença Foto: Ana Branco / Agência O Globo
 
 

Maitê Proença quer transformar um de seus dois apartamentos no Edíficio Chopin, endereço elegante ao lado do Copacabana Palace, num "centro cultural de resistência", como define. Maria, sua filha de 28 anos, saiu de casa há sete meses para morar com o namorado, e a atriz, de 61 anos, está cheia de ideias para ocupar o "ninho vazio", agora compartilhado apenas com Isadora Duncan, uma schnauzer branca de 16 anos.

 

 

A estreia será em outubro, com Amir Haddad encenando sua adaptação teatral de “Assim falou Zaratustra” na sala com vista para o mar, decorada com obras de Tomie Ohtake e Cristina Canale. Ali, onde Maitê também grava os vídeos sobre mulheres históricas que tem postado no Instagram, só se pisa depois de "calçar" um saco de algodão sobre os sapatos. Eles ficam à disposição do visitante num vidro em frente à porta de entrada.

Adepta de uma vida saudável, Maitê não come carne há 18 anos, faz os próprios xampu, pasta de dente e sabão de lavar roupa. Colocou até um filtro na pia de seu banheiro para melhorar a água com a qual lava o rosto. No lavabo, porém, o que chama atenção é a frase escrita na parede dedicada a recados de amigos: "Todos contra a corrupção".

Foi por causa de política que a atriz esteve recentemente na berlinda. Depois de sair em defesa de Regina Duarte, que apoiou a candidatura de Jair Bolsonaro, em 2018, foi bastante criticada nas redes sociais. Ela também foi atacada por quase ter virado ministra do Meio Ambiente de Jair Bolsonaro . O nome da atriz foi sugerido por um grupo de ambientalistas, mas a ideia acabou não indo para frente. No mês passado, se viu novamente no alvo após de aparecer num protesto pró-Amazônia ao lado de artistas que erguiam cartazes contra o governo e sua política ambiental.

 

Como é a ideia do centro cultural em casa?

Quero fazer um polo de cultura, um centro cultural de resistência. Um lugar para as pessoas ensaiarem e darem uma contribuição para pagar a faxineira, com pré-estreias em que se passe o chapéu. Coisas que a gente faz na velhice, quando começa a querer fazer mais para o coletivo. Imagina, aos 100 anos, eu ficar uma velha sábia, generosa, com gente criando em volta e cheia de bisneto?

Está com vontade de ser avó?

Estou louca para ser avó. O namorido da Maria tem duas filhas. A que tem 4 anos é igualzinha a mim. Divertida, aventureira, destemida. A gente vai à praia e ela quer se enfiar na onda. Maria diz que tem mais medo de deixá-la comigo do que com a Isadora, a cachorra ( risos ). O que é injusto porque a Maria nunca quebrou um osso.

Aos 40 anos de carreira, como enxerga sua trajetória?

Não sei. Poderia ter sido melhor se soubesse o que sei hoje. Eu tinha perrengues emocionais com os quais não estava preparada para lidar publicamente, abrir meu coração e me dilacerar ( em 2005, Faustão pegou a atriz de surpresa ao revelar no "Arquivo confidencial", detalhes da história familiar de Maitê, que, aos 12 anos, teve a mãe assassinada a facadas pelo pai por ciúmes. Ele foi julgado duas vezes e absolvido com ajuda do depoimento dela ). Achava que podia morrer daquilo. Hoje, tenho instrumental para lidar com eles. Tenho dores, mas não tomo remédio. Nunca tomei um Rivotril.

 

Como eram seus pais?

Meus pais eram complexos, tinham defeitos terríveis, avassaladores. Mas qualidades também. Minha mãe era uma hedonista, amava a vida acima de todas as coisas. Estudou em colégio interno, não teve mãe nem pai, precisava seduzir o mundo. Era professora de filosofia, foi secretária de cultura de Campinas ( Maitê nesceu em São Paulo e foi criada em Campinas ), minha casa vivia cheia de artistas. Contrariava o que os médicos mandavam, inclusive, para os filhos.

Era encantadora, divertida e irresponsável. Eu não botei roupa até os 12 anos de idade, andava pelada em casa. Não me lembro de ter saído com ela para comprar roupa. Quando a gente morou em Ubatuba, eu andava com umas tangas, uns trapos amarrados. Meu pai era honesto, justo, duro inflexível, o oposto da minha mãe. Quando fui morar na Europa ( aos 16 anos, em Paris, para terminar os estudos ), escrevia cartas para ele, que voltavam marcadas com os erros de português. Eu tinha que ser perfeita, era impossível agradar.

Em que momento da sua vida sentiu mais falta da sua mãe?

Hoje. Antes, eu negava isso. Não aguentava pensar em tudo que a levou, era insuportável. Quando tive estrutura para ir dentro de mim, comecei a sentir muita falta. De ela saber que eu sabia quem era ela. Queria que ela tivesse espaço para poder ser comigo o que não podia ser com ele ( o pai ). Muito da minha vida fiz em homenagem a ela ( chora ). Ela não pôde viver plenamente. Então, fui louca para ela, tive os namorados para ela, fui amar enlouquecidamente para ela, fazer sexo para ela.

 

Você se considera liberada no sexo? Em 2004, escreveu uma crônica sobre 69 para a revista "Época"...

A vida inteira achei complexo fazer 69. Pensava: "Nossa, tenho que fingir que estou achando isso bom? Tenho que estar relaxada embaixo e, em cima, ativa e hábil. Dando e recebendo ao mesmo tempo". Parece culpa católica ( risos ). Não sei se sou liberada, mas não acho que sexo seja tudo isso que as pessoas dizem. 

Você interpretou muitos personagens sensuais, tinha essa consciência?

Não tinha consciência de nada. Nem que as mulheres não gostavam quando eu entrava num lugar. Os homens ficavam mexidos porque pensam com a cabeça de baixo e ficam menos inteligentes. Então, vivi num mundo imbecilizado. Me achava esperta pra sacar o comportamento das pessoas, mas descobri que sou uma tonta, uma ingênua enganável.

Descobri que fui traída pelas minhas melhores amigas. Tive uma secretária que ficou 25 anos comigo e me roubou muito. Eu não sabia nem assinar um cheque. Uma outra amiga roubou de dentro da minha bolsa quando fui ao banheiro no restaurante. Os psicopatas têm atração profunda por mim. Por causa dessa carência. Eu sou um poço de carência. Olha que coisa imbecil de se dizer! Uma mulher adulta de 60 anos de idade falar que ainda está mal resolvida nessa área... Mas é verdade! É uma ilusão achar que você amadurece e se cura. A gente aprende a lidar com quem é, mas o buraco fica.

 

Sofreu assédio? Como lidou?

Sofri, com força física, inclusive. Fora todas as ameaças de ser humilhada, colocada para escanteio. Mas essa postura de vítima com quem não é me incomoda. Temos que dar voz a mulheres obrigadas a casar com homens que não escolheram, impedidas de estudar e trabalhar. Mas, você, toda inteligente, com confortos e instrumental para colocar aquele homem no lugar dele? Em último caso, dê-lhe um safanão físico.

Você já disse ter aprendido que, se ficasse inteligente, faria inimigos. Se escondeu atrás da beleza?

A beleza é avassaladora e vira um estigma. Quando junta outros atributos, fica mais complicado. Quando vim morar no Rio ( aos 19 anos, depois de estudar em Paris ), a beleza era mais valorizada do que em todos os lugares em que tinha pisado. Havia uma herança da corte, códigos que eu não entendia. Quanto mais me fechava, mais parecia metida, que estava me achando. Uma hora achei que tinha conseguido agradar, mas aí cansei de ter um personagem. Acho que até hoje sou inábil, um pouco desagradável. Sempre fui desastrada como bicho social. Algo em mim é incômodo para o outro.

 

Como é envelhecer?

Muda a forma como o mundo olha para você. Essa história com a Brigitte Macron ( Bolsonaro endossou um comentário que zombava dela ) foi preconceito de idade. Na época do Sarkozy ( ex-presidente da França ) com a ( cantora ) Carla Bruni ninguém comentava a diferença de idade ( de 13 anos ). Agora, como a mulher é a mais velha... O mundo faz você perceber que agora representa outra coisa, talvez as pessoas te queiram menos.

De onde veio a ideia da série de vídeos "Mulheres de fibra", em que fala de Dercy Gonçalves, Ada Rogato, Florence Nightingale e Nair de Teffé no Instagram?

É um bom jeito de falar da mulher sem ficar levantando bandeiras bobas, de contar quem abriu caminho para a gente hoje poder falar. Qualquer movimento que se torne forte por motivos justos depois tem desvios, né? Está cheio de gente que fala sem conhecer a história do feminismo só para pertencer ao grupo.

E as peças que estava encenando no ano passado (" A mulher de Bath" e "À beira do abismo me cresceram asas"), vão voltar?

Como ficou muito difícil fazer teatro, fui para as redes. Hoje, se você é uma pessoa pública e não está nas redes, desaparece. Preciso delas para promover minhas peças. Não tenho dinheiro nem patrocinador. Levei trambique dos produtores, que não me pagaram. Estava em cena há três anos e parei para acertar as contas. Fiz tudo sem lei de incentivo e queria levar para comunidades, aldeias, quilombos. Eu estava na Rouanet, mas agora, com todo esse mau humor com a lei, meu patrocinador recuou...

 

Acha que há má vontade com a cultura e com os artistas?

É ignorância, as pessoas não sabem o que é Lei Rouanet. O que torna o Brasil conhecido é a sua cultura: o carnaval, o samba, a bossa nova. Não se ama o Brasil pelos bifes, as galinhas das granjas, ou a soja transgênica. O país está deprimido e isso torna as pessoas odientas, falando barbaridades. E quem está no poder mente e desmente dados do Inpe Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais ), por exemplo...

Você está falando da Amazônia?

Existe um vazio imenso e irresponsável, um desmonte do que se construiu durante 30 anos por revanchismo com o governo do PT. Hoje, com satélite, dá para ver o desmatamento e multar. Mas o presidente não acredita em satélite. Tá cheio de terra abandonada pelo agronegócio que pode ser reutilizada. Não precisa fazer isso com a Amazônia.

Você foi cotada para ser ministra do meio ambiente do governo Bolsonaro?

Não fui chamada pelo grupo do Bolsonaro, mas por ambientalistas que sugeriram o meu nome. Eu não estava preparada, mas conversei com pessoas que acharam uma boa ideia. Sou ativista ambiental há anos, conselheira da Conservation Internacional ( ong ambiental criada em 1990 ). Eles ( o governo ) não queriam alguém do Ibama, achavam que era órgão de comunista. Eu sabia que ia levar paulada da minha classe. Ficam pensando "ah, bolsimínia". Eu, no desespero, me ofereci em sacrifício. Pela Amazônia, era para todo mundo dar as mãos e deixar a ideologia de lado.

 

Também foi criticada por defender Regina Duarte, que apoiou Bolsonaro...

Acho feio, agressivo e malvado a minha classe, que conhece a Regina e sabe de sua honestidade, jogar pedra porque ela pensa diferente. Onde é que nós estamos? Em 1964? Me coloquei não porque concordo com ela, mas porque quero que preservem o direito de pensar diferente. Fiquei com vergonha da minha classe, da mesma forma quando destruíram a carreira do José Mayer. Em nome de que? De um feminismo torto?

Muitas atrizes saíram em defesa da figurinista Su Tonani, que o acusou de assédio. Acha mesmo que houve um exagero?

Já trabalhei com o Zé, ele nunca avançou em mim. Aquela história foi caluniosa e oportunista. Não deveria ter vindo a público. Era pra ser resolvida com a namorada, eles tinham uma relação. A gente não deve se meter no que não conhece. Feminismo é coisa séria demais pra virar instrumento de maldade!

Em quem votou na última eleição? Se arrepende?

Votei na Marina ( Silva ) e, no segundo turno, não votei porque estava fazendo minha peça em Porto Alegre. Simplesmente não fui votar. Foda-se. Não tive vontade, não tinha opção. Então, fui lá e fiz a minha arte, política à minha maneira. O teatro me salvou.

Você viveu com o empresário Paulo Marinho, pai da sua filha e que esteve diretamente envolvido na campanha de Bolsonaro (o “quartel-general” da campanha bolsonarista ficava na casa do empresário, no Rio). Vocês conversaram sobre política?

No momento da campanha, houve um afastamento, uma tensão entre a Maria e o pai. Comigo também. Não dava pra conversar, falei: "Tem limite, né, Paulo?". Eu e ele nunca pensamos igual. Rio com ele, mas às vezes não levo a sério determinadas coisas. Ainda que ele seja articulado, inteligente, engraçado, me parece que tem uma pitada de loucura quando bota o Bolsonaro para morar, praticamente, dentro da casa dele. Não posso falar pelo Paulo, evito esse assunto com ele, mas suponho que tenha havido um desencantamento.

Uma crítica que fazem a você é o fato de nunca ter se casado oficialmente para não perder a pensão deixada por seu pai...

As pessoas falam demais, dizem que meu pai era militar, mas ele nunca foi ( era desembargador e foi  procurador de Justiça de São Paulo ). Aos 20 anos, quando conheci o Paulo, não tinha conhecimento do benefício, e tampouco podia imaginar que meu pai fosse se matar anos depois ( o pai de Maitê, assim como um de seus dois irmãos, se suicidou ).

 

Mas, sobretudo, não acredito na instituição. A minha experiência era de que os casamentos acabam em sofrimento, por isso não me casei. Mas isso ( a pensão ) já tramitou em juízo, é um direito adquirido. Porque aquele funcionário público ( o pai ) pagou impostos durante toda a vida  para que a pensão acontecesse. Se não concordam com a lei, que é de 1940 e talvez seja anacrônica, devem mudá-la de agora para a frente. Não podem fazer isso com as pessoas.


O Globo domingo, 15 de setembro de 2019

JACKSON DO PANDEIRO: NO ANO DE SEU CENTENÁRIO GANHA TRIBUTO DO CASUARINA

 

No ano de seu centenário, Jackson do Pandeiro ganha tributo do Casuarina

Em temporada na Caixa Cultural, quarteto carioca apresenta espetáculo focado nos sambas escritos pelo Rei do Ritmo
 
 
 Em sua estreia discográfica, em 2005, no autointitulado Casuarina, o grupo carioca de samba encerrava o álbum com um pot-pourri de cinco músicas de Jackson do Pandeiro: “Quadro negro”, “Babá de cachorro”, “Cabo Tenório”, “Mundo cão” e “Rosa”.

Quase 15 anos depois, o agora quarteto volta a celebrar a obra do cantor e compositor paraibano, cujo centenário é comemorado neste ano. Nesta sexta (13/9), na Caixa Cultural, o Casuarina estreia o show “Cem anos do Rei do Ritmo — Casuarina canta os sambas de Jackson do Pandeiro”. A temporada, de sexta a domingo, segue também no próximo fim de semana.

 

— A gente sabia que ele receberia muitas homenagens. Por isso, resolvemos focar no seu cancioneiro como sambista, um lugar que ele sempre quis se situar de maneira veemente. Ele fazia samba com quebrada, com uma divisão muito bonita — conta o idealizador do tributo, Gabriel Azevedo (voz e pandeiro), que forma o grupo ao lado de João Fernando (bandolim e voz), Rafael Freire (cavaquinho) e Daniel Montes (violão).

Após um recorte de quase 50 músicas, Azevedo chegou às 26 faixas que compõem o roteiro.

— Ele tinha o papo de que tudo que fazia era coco, mas não era bem assim. Vamos apresentar facetas diferentes dele. Tem o Jackson mais conhecido, o engraçado, mas também o romântico e o político, como em “O trabalhador”, na qual ele toca em feridas abertas de nossa sociedade ainda hoje — diz.

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No palco, os quatro tocam acompanhados pelos percussionistas Fabiano Salek, Luiz Fernando, Renato Albernaz e Rodrigo Reis.

— Tivemos que nos adaptar, inserir o triângulo, por exemplo, coisas da música nordestina que davam aquele toque único dele ao samba. Ficou um show enxuto e dinâmico — afirma Azevedo, que planeja levar a homenagem ao resto do país. — A ideia é também levar para a Paraíba, a terra dele, que está em festa neste ano.


O Globo sábado, 14 de setembro de 2019

RECEITA: PICOLÉ DE CAIPIRINHA

 

Picolé de caipirinha para o Dia Nacional da Cachaça

POR MARIANA WEBER

 

Picolé de caipirinha

 

 

Se você pensa que cachaça é água, repense. Mas picolé ela pode ser. Como nesta receita de picolé de caipirinha que eu aproveito hoje, 13 de setembro, Dia Nacional da Cachaça, para publicar aqui no blog.

Sugiro fazer com limão e maracujá porque foram os sabores que testei, mas você pode variar com as frutas de sua preferência, ou mesmo tentar inventar outros picolés de drinques. Só não exagere no teor alcoólico, porque:

 - A gente tem a tendência de consumir o picolé mais rápido do que toma um drinque, até para evitar que o gelo derreta.

- Álcool congela a uma temperatura mais baixa que água. Se a proporção dele na mistura for alta, talvez não solidifique. (O site The Spruce Eats sugere quatro partes de água ou suco para uma parte de bebida alcoólica; foi mais ou menos isso que eu segui).

Respeitados os princípios acima, o preparo é simples. Tão fácil quanto fazer uma caipirinha. E, assim como numa caipirinha, o resultado é bem melhor quando se usa uma cachaça de qualidade.

Ah, um cuidado adicional: se você tiver criança em casa, não dê bobeira com o picolé no freezer para evitar confusões.

(Para ver outras receitas com cachaça, confira o que eu vou postar hoje no Instagram @ocadernodereceitas)

Receita


Ingredientes
200 ml de água
50 ml de cachaça boa
Suco de 1 limão ou polpa de 1 maracujá ou a fruta da sua preferência
3 colheres (chá) de açúcar (ou a gosto; prove).

Modo de preparo

Misture os ingredientes.

Coloque em formas ou copinhos e espete palitos. Se quiser, no picolé de limão acrescente fatias bem finas da fruta.

Leve ao congelador e espere firmar.


O Globo sexta, 13 de setembro de 2019

OBRAS-PRIMAS DE VIDRO E COR: OS VITRAIS DO RIO

 

Obras-primas de vidro e cor: os vitrais do Rio

Góticos, clássicos e abstratos: vitrais de diferentes estilos e épocas enfeitam edifícios históricos, igrejas e shoppings e inspiram roteiro pela cidade
 
 
Vitrais alemães decoram o foyer do Teatro Municipal com musas das artes Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo
Vitrais alemães decoram o foyer do Teatro Municipal com musas das artes Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo
 
 

Diariamente, quando clareia o céu da cidade, musas gregas das artes ganham vida no foyer do Municipal. Urânia, deusa da astronomia, aparece imponente na escadaria do Mast, em São Cristóvão. No Centro Cultural Justiça Federal, no Centro, uma mulher de olhos vendados surge no hall de entrada.

 

Os vitrais resistem — e nos levam ao Rio de Janeiro do começo do século XX, o Rio da Belle Époque, uma cidade que mirava tendências europeias e importava conceitos arquitetônicos para se glamorizar. A seguir, um roteiro inspirado nesta arte em extinção na cidade.

Teatro Municipal

Da Cinelândia, pouco se notam as figuras entre os pilares da fachada do Teatro Municipal. Inaugurado em 1909, o prédio tem ali seus três maiores vitrais, com 4,10m de altura e 3,20m de largura, cada. Lá dentro, as peças se engrandecem com a luz externa: deusas da dança, do drama e da música colorem o teatro.

Os vitrais do Municipal foram desenhados por Feuerstein e Fugel, dois artistas alemães de Stuttgart, e executados pela fábrica Franz Mayer, de Munique. Além das musas, há conjuntos nas escadas laterais, nas rotundas e na cúpula do foyer.

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— Todos estão no andar onde ficam os gabinetes do presidente e do governador, que tinha que ser o andar mais bonito. No vitral da cúpula do foyer, Apolo tem símbolos do zodíaco atrás da cabeça: peixes e aquário. Em uma livre interpretação, indica que o prédio representava uma nova era. O Municipal já nasceu republicano — diz Fátima Cristina Gonçalves, chefe do centro de documentação do Teatro.

 
Os três principais vitrais do Teatro Municipal, no foyer Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo
Os três principais vitrais do Teatro Municipal, no foyer Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo

Um dos principais vitralistas em atividade no Brasil, Luidi Nunes, da Luidi & Gonçalves, restaurou os vitrais do teatro em 2010, e não poupa elogios às peças feitas por Feuerstein e Fugel.

— Eles eram professores de Belas Artes, e a Franz Meyer é a mais prestigiada fábrica de vitrais que já existiu. Considero os vitrais do Municipal os mais bonitos do Rio — diz.

Praça Floriano s/nº, Cinelândia — 2332-9191. Visitas guiadas: ter a sex, às 12h, às 14h30 e às 16h. Sáb e feriados, às 11h, às 12h e às 13h. R$ 20 (reversível para compra de ingresso de espetáculos).

Centro Cultural Justiça Federal

Se no teatro as alegorias dos vitrais fazem referência às artes, na antiga sede do Supremo Tribunal Federal, no Centro, o tema é, naturalmente, a justiça.

— Era comum que os desenhos dos vitrais estivessem ligados à função do local onde seriam instalados — diz Helder Viana, arquiteto e subgerente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, especialista no assunto.

Também de 1909, o edifício projetado pelo espanhol Adolfo Morales de los Rios, que abriga hoje o CCJF, tem seu principal vitral atrás da escadaria monumental, no hall de entrada. A peça é de autoria de Gastão Formenti, filho do italiano Cesare Formenti, importante vitralista da época, e traz a figura feminina representando a justiça, vendada, segurando uma espada na mão direita e uma balança na esquerda.

 
Um dos vitrais do CCJF exibe uma figura feminina representando a justiça. Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo
Um dos vitrais do CCJF exibe uma figura feminina representando a justiça. Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo

Outros vitrais do espaço também evocam o tema da lei, como os que representam o jurista americano John Marshall e Justiniano, imperador bizantino do século VI. Estes últimos são de autoria do belga François Frank Urban, desenhista da Casa Conrado, de São Paulo, provavelmente a mais importante oficina de vitrais que já funcionou no Brasil.

Av. Rio Branco 241, Centro — 3261-2550. Ter a dom, do meio-dia às 19h. Grátis.

Catedral Metropolitana

Pelo estilo incomum, os vitrais da Catedral Metropolitana de São Sebastião são, talvez, os mais conhecidos dos cariocas. Estão nas quatro faixas que acompanham a cruz do teto da catedral, de arquitetura cônica, inaugurada em 1979. Os vitrais somam 4.750 m² de cores vivas e traços modernistas.

— São de Lorenz Heilmair, um alemão que, além de ter desenhado, fabricou os vidros e executou a obra — conta Helder Viana.

 

Técnica empregada nos vitrais da Catedral Metropolitana é incomum: além do uso do concreto no lugar de ligadura de chumbo, os tijolos vidros tem espessura de 2,5 cm Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo
Técnica empregada nos vitrais da Catedral Metropolitana é incomum: além do uso do concreto no lugar de ligadura de chumbo,
os tijolos vidros tem espessura de 2,5 cm Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo

Segundo Luidi Nunes, os vitrais de Heilmair merecem destaque por se tratar de uma técnica diferente.

—Foram feitos com tijolos de vidro pesados, com 2,5 cm de espessura. O resto é feito em concreto — conta Luidi.

Av. Chile 245, Centro — 2240-2669. Diariamente, das 7h às 17h. Missa aos domingos, às 10h. Grátis.

Basílica da Imaculada Conceição

A igreja na Praia de Botafogo tem um dos conjuntos de vitrais mais preciosos do Rio, segundo os especialistas. São de 1891 e foram projetados pelo francês Lucien Bégule, de Lyon, sob encomenda das irmãs da Congregação das Filhas da Caridade. São 19 vitrais de temas religiosos. Uma série retrata o evangelho. Outra narra a vida de Maria. Uma composição reproduz “A primeira missa do Brasil”, pintura histórica de Victor Meirelles.

 

 
De arquitetura neogótica, Basílica da Imaculada Conceição, em Botafogo, tem conjunto de 19 vitrais datados de 1891 Foto: Ana Branco / Agência O Globo
De arquitetura neogótica, Basílica da Imaculada Conceição, em Botafogo, tem conjunto de 19 vitrais datados de 1891
Foto: Ana Branco / Agência O Globo

— É uma das igrejas neogóticas mais antigas e belas do Brasil, feita de pedra e não de concreto armado. Os vitrais são de altíssima qualidade, feitos com técnicas medievais, com vidros especiais, soprados artesanalmente — comenta Helder Viana.

Praia de Botafogo 266, Botafogo — 2551-7948. Seg a qui, das 7h às 18h40. Sex e sáb, das 9h às 18h40. Dom, das 7h às 19h40. Grátis.

Edifício Touring

 

No Edifício Touring, vitral da escadaria tem inspiração na fauna brasileira Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo
No Edifício Touring, vitral da escadaria tem inspiração na fauna brasileira Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo

Ponto de embarque e desembarque portuário, o Touring, na Praça Mauá, abriga, até o dia 29, mais uma edição do Casa Cor. Projetado pelo francês Joseph Gire — o mesmo do Copacabana Palace — e inaugurado em 1926, tem, entre outros elementos art déco , vitrais de Cesare Formenti.

—Os vitrais são importantes porque, além da passagem de luz, eles adornam e trazem elementos decorativos e educativos. Os do Touring mostram a flora brasileira, com uma grande palmeira e as bromélias. O vitral na entrada retrata a chegada dos portugueses ao Brasil, com caravelas, paisagem da Baía de Guanabara e relevo do Rio de Janeiro — explica o arquiteto Mario Santos, um dos responsáveis pela escolha do local para abrigar o Casa Cor.

Casa Cor: Praça Mauá s/nº, Centro —2512-2411. Ter a sáb, do meio-dia às 21h. Dom, do meio-dia às 21h. R$ 50 (ter a sex) e R$ 60 (sáb e dom). Nesta sexta (13), durante a happy hour (das 17h às 21h), ingresso a R$ 25. Até 29 de setembro.

 

Museu de Astronomia e Ciências Afins

Urânia é a musa do Mast. Plena, descansa diante das escadarias em mármore carrara do museu, em São Cristóvão. É o principal vitral entre os sete do prédio, e também tem a assinatura de Cesare Formenti. De pé, a deusa da astronomia segura um compasso e uma luneta. Ao seu redor, signos do zodíaco.

Rua General Bruce 586, São Cristóvão — 3514-5229. Ter a sex, das 9h às 17h. Sáb, das 14h às 19h. Dom, das 14h às 18h. Grátis.

Norte Shopping

Vitral em shopping? Sim, e não é pouca coisa. O Norte Shopping tem mais de 1.200m² de vitrais no teto do segundo piso. Os conjuntos foram desenhados pelo britânico Brian Clarke, vitralista com projetos espalhados no mundo inteiro. É o primeiro abstrato da lista, e foi colocado no shopping em 1996 pela oficina Franz Meyer.

Av. Dom Hélder Câmara 5.474, Cachambi — 3315-4300. Seg a sáb, das 10h às 22h. Dom, das 13h às 22h.

Palácio Tiradentes

 

Vitral do Palácio Tiradente reproduz o céu do Rio às 9h15 do dia 15 de novembro de 1889, o chamado
Vitral do Palácio Tiradente reproduz o céu do Rio às 9h15 do dia 15 de novembro de 1889, o chamado "exato momento"
da proclamação da república Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo

Antigo Congresso Nacional (até 1960) e hoje sede da Assembleia Legislativa do estado do Rio, o Palácio Tiradentes tem em seu vitral de cúpula um simbolismo republicano. Em tons claros de azul, a composição retrata o céu do Rio às 9h15 do dia 15 de novembro de 1889, o chamado “momento exato” da Proclamação da República. Desenhado por Rodolfo Chambelland e também executado por Gastão Formenti, o vitral abobadado tem 2,5 mil fragmentos de vidro e passou por uma reforma recente, também feita por Luidi Nunes.

 

Rua Primeiro de Março s/nº, Praça Quinze — 2588-1251. Seg a sáb, das 10h às 17h. Grátis.

Real Gabinete Português de Leitura

Quem entra ali olha logo para cima. Impressiona a funcionalidade do vitral de cúpula do Real Gabinete, que ilumina o interior do edifício com pé direito triplo.

— Veio pronto de Portugal, e a parte de ferro, da Inglaterra — explica Luidi Nunes, com uma observação técnica. — Não é exatamente um vitral, pois não tem ligadura de chumbo. É de ferro fundido, com vidros coloridos.

Rua Luís de Camões 30, Centro — 2221-3138. Seg a sex, das 9h às 18h.

Outros vitrais:

Igreja Bom Pastor (Tijuca): Também fabricados pela oficina alemã Franz Meyer, são de 1907. São cerca de 50 vitrais que decoram portas e janelas da igreja, todos religiosos.

Confeitaria Colombo (Centro): De autoria desconhecida, os vitrais de cúpula da confeitaria são de 1925. Para Luidi Nunes, que fez uma réplica em menor escala no Galeão, provavelmente foram feitas pela Casa Conrado.

Casa Julieta de Serpa (Flamengo): O lugar tem vitrais importados, assinados pelo francês Charles Champigneulle, o mesmo que fez os vitrais do Palácio Laranjeiras. São de 1920.

Fluminense (Laranjeiras): O salão nobre do clube tem vitrais franceses, encomendados pelo então presidente Arnaldo Guinle em 1920 para compor a arquitetura do catalão Hypolito Pujol.

Igreja da Candelária (Centro): Os vitrais da Candelária são do final do século XIX e foram projetados pelo alemão Franz Zettler, de Munique. São de cunho religioso e necessitam de restauração por conta de vandalismo.

Museu da República (Catete): De procedência alemã, os vitrais do museu são os mais antigos da cidade. O da claraboia é de 1863, com desenho de Gustav Waehneldt.


O Globo quinta, 12 de setembro de 2019

ELZA SOARES: O BRASIL SÓ ESTÁ GRIPADO, VAI PASSAR LOGO

 

Elza Soares: 'O Brasil só está gripado, vai passar logo'

Em seu novo disco, 'Planeta Fome', cantora traça retrato de país doente, mas apontando caminhos da cura, ao lado de convidados como BaianaSystem e BNegão
 
 
Elza Soares: 'Planeta Fome' Foto: Ana Branco / Agência O Globo
Elza Soares: 'Planeta Fome' Foto: Ana Branco / Agência O Globo
 
 

RIO - Sobre a potência da base do BaianaSystem , a voz de Elza Soares rasga o ar com uma declaração sintética, carta de intenções de uma vida: “Eu não vou sucumbir”. As palavras que abrem “Libertação” (inédita de Russo Passapusso) soam como eco. Em “Mulher do fim do mundo” , de 2015, ela já tinha gritado: “até o fim eu vou cantar”. Em 2002, assumindo os versos que Chico Buarque escreveu pra ela, afirmou-se “dura na queda”. 

Os primeiros segundos de “Planeta Fome” (Deckdisc), seu novo disco, dialogam portanto com essa certeza de sobrevivência e força que sempre acompanhou Elza. E preparam terreno para o que virá em seguida: um retrato de um Brasil doente, mas que carrega nele mesmo a cura.

— Já vi o país caidinho e doente assim. Mas o Brasil só está gripado, vai passar logo — diz Elza, no estúdio da Deckdisc, onde gravou o álbum. — O remédio, o chá, o própolis dessa gripe é o povo. Já passamos por isso nos anos 1960, pra mim era uma gripe que já tinha acabado, mas ela continua. Mas o chá do povo tá fraco, o povo anda com medo, parece que botaram Lexotan na água do povo.

“É um absurdo a gente ainda ter que gritar uma letra como a de 'Não recomendado' (de Caio Prado, com versos que acusam a homofobia da sociedade brasileira), ou dizer que a mulher é importante. ”

 

Elza se supreende por ter que repisar temas que, a seu ver, deveriam estar superados:

— É um absurdo a gente ainda ter que gritar uma letra como a de “Não recomendado” (de Caio Prado, com versos que acusam a homofobia da sociedade brasileira) , ou dizer que a mulher é importante. Por isso o Brasil é motivo de chacota hoje.

“Planeta Fome” é esse lugar doente cantado por Elza no disco — e retratado por Laerte na capa. A cantora retoma a expressão que usou para responder Ary Barroso em 1953, quando ela, jovem caloura do programa do compositor e apresentador, ouviu dele a pergunta: “De que planeta você veio, minha filha?”. Ele fazia chacota com seu jeito de falar e de se vestir, que indicava sua origem pobre.

 

— A concepção desse disco começou quando dei aquela resposta a Ary Barroso — explica Elza, que termina o álbum fazendo uma referência aos Titãs, como o verso “Você tem fome de quê?”. — Naquela época, a fome era de comida. Hoje é de tudo: de respeito, de sáude, de amor. Esse país sempre viveu de amor. Cadê o amor desse país?

“Não me considero uma 'Chica Buarca', mas minhas músicas são mensagens de dor, da dor que vivi. Não preciso ler livros para contar histórias, elas estão na minha vida.”

 

Já na segunda faixa, a inédita “Menino” (composta pela própria Elza, cantada à capela), ela mesmo tenta indicar caminhos para a resposta, ou ao menos seu início. Dirigindo-se ao personagem título com ternura e voz embargada, ela diz: “Venha cá, menino/ Não faça isso não/ Sei que é muito triste/ Não ter casa, não ter pão/ Não te leva a nada/ Destruir o seu irmão/ Você representa/ O futuro da nação”.

— Na Água Santa ( bairro da Zona Norte onde ela foi criada ), via sempre garotos brigando, jogando pedras um no outro. Então fiz essa canção pensando nisso, ela é antiga à beça. Tenho muita música minha. Não me considero uma Chica Buarca , mas minhas músicas são mensagens de dor, da dor que vivi. Não preciso ler livros para contar histórias, elas estão na minha vida.

Nos seus premiados discos anteriores, “A mulher do fim do mundo” (2015) e “Deus é mulher" (2018), Elza esteve sob a produção de Guilherme Kastrup — e cercada de músicos identificados com certa cena experimental paulistana, como Kiko Dinucci, Romulo Fróes e Marcelo Cabral. Desta vez, sob a produção de Rafael Ramos, ela aparece novamente cercada de artistas mais jovens, mas de outros ares. O rap está representado por BNegão (“Blá blá blá”) e Rafael Mike (“Não tá mais de graça”). Além de BaianaSystem (que em “Libertação” tem o reforço dos arranjos de Letieres Leite e os vocais de Virginia Rodrigues), há participações de músicos como Pupillo. Pedro Loureiro canta “Me dê motivo” como música incidental em “Blá blá blá” — Pedro é empresário de Elza ao lado de Juliano Almeida, além de diretor artístico do disco. 

— Adoro cantar o verso do Rafael Mike: “A carne mais barata do mercado não tá mais de graça/ O que não valia nada agora vale uma tonelada”. Sou eu — afirma Elza, lembrando que Mike descobriu recentemente que era filho de José Baptista Ribeiro, que foi baterista na banda da cantora. — O sorriso dele é igual ao do pai.

“Não sei se vou ver um Brasil melhor. Mas tô trabalhando pra isso.”

ELZA SOARES
Cantora

 

Sucesso na voz de Tim Maia, “Me dê motivo” (de Michael Sullivan e Paulo Massadas) entra como referência à classe média que estão deixando o país (“Me dê motivo/ Pra eu ir embora”):

— Sou contra. Quando o país precisa de colo vai deixar a criança no chão? Não é só praia e futebol, não. Tem que cuidar.

Elza dá seus sermões no menino Brasil, como em “Comportamento geral”, de Gonzaguinha. Além dessa, ela gravou outra do compositor no disco, “Pequena memória de um tempo sem memória”.

— Gravei Gonzaguinha no início da carreira dele, “O gato” (em 1972) — lembra Elza. — As duas que gravei agora são duas porradas. E eu uso a minha voz pra dizer o que se cala (citação ao verso de “O que se cala”, de Douglas Germano, cancão que ela lançou em “Deus é mulher”) .

Rafael Ramos conta que Elza comandou o processo de escolha de músicas e foi voz ativa na sonoridade (“Assim que começamos, ela disse: ‘quero guitarra!’”, conta o produtor, completando que “ela respirou no cangote do disco”). Um dos compositores que ela queria no disco era Pedro Luís (“Virei o jogo”), que na reta final do disco reafirma o que ela cantou no início: “Nunca arreguei/ Quando tropecei sempre me ergui/ Já quebrei a cara/ Enfrentei as feras, nunca me rendi”.

 

— Não sei de onde tiro a força. Tem que perguntar para a força porque ela insiste em ficar em mim — diz a cantora, que parece não ter curiosidade na resposta, apenas quer seguir. — Não sei se vou ver um Brasil melhor. Mas tô trabalhando pra isso.

 Retrato musical de um país

Bernardo Araujo

Retratada em musical de sucesso, enredo da sua Mocidade em 2020, atração do Rock in Rio, Elza Soares está com tudo e não está prosa. Furiosa, talvez, como mostra desde a abertura, com “Libertação”, uma pancada com a cara do BaianaSystem — e produção e acompanhamento do próprio. A forma gutural como Elza canta “Eu não vou sucumbir” faz Russo Passapusso parecer um dos Canarinhos de Petrópolis. Apesar de ser produzida pelo trio baiano, a faixa dá uma pista de algo que aparece por todo o disco: a batucada, orgânica ou eletrônica, que emoldura a voz rascante da cantora do início ao fim.

Depois da vinheta “Menino”, o carimbó-enredo “Brasis” atualiza as tradicionais homenagens ao país, sem exaltar apenas as qualidades, mas com um amor igualmente incondicional — ou maior ainda. BNegão brilha com seu fraseado perfeito de rap em “Blá blá blá”. O Tim Maia incidental (na voz de Pedro Loureiro) com “Me dê motivo”,) acaba quebrando a levada planethêmpica da música.

 

Em versão reggae, o clássico “Comportamento geral”, de Gonzaguinha, se encaixa como uma luva no diagnóstico de um Brasil doente. O arranjo, leve, quase dançante, se contrapõe com precisão ao bico na canela que é a letra.

O conceito do disco, aliás, nem sempre joga a favor. Apesar de alguma variação na sonoridade, o tema acaba soando repetitivo em canções como a balada “Tradição”, que ecoa Benito Di Paula, “Lírio rosa” e “Não tá mais de graça”, em que ela retoma o tema de “A carne”, dizendo “A carne mais barata do mercado não tá mais de graça”. Elza e sua equipe (Rafael Ramos assina a produção), aliás, levam 10 no quesito conceito: o disco é todo bem amarradinho, em som, letra e música. Os arranjos passeiam pela MPB moderna, com rap, soul e outras levadas black misturadas.

“País do sonho” traz uma mensagem mais esperançosa, com direito a batida nervosa e homenagem ao ex-marido Mané Garrincha, antes de mais uma pancada de Gonzaguinha, “Pequena memória para um tempo sem memória”. O disco acaba bem, com a excelente “Não recomendado”, lembrando que no Planeta Fome ainda reina muita desnutrição. Em várias acepções, infelizmente.


O Globo quarta, 11 de setembro de 2019

CASO NEYMAR: POLÍCIA INDICIA NAJILA POR DENÚNCIA CALUNIOSA

 

Caso Neymar: polícia indicia Najila por denúncia caluniosa, extorsão e fraude processual

Ex-marido Estivens Alves também é indiciado por fraude processual e por divulgar material da modelo com conteúdo erótico
 
 
Neymar e Najila Foto: REUTERS e Reprodução SBT
Neymar e Najila Foto: REUTERS e Reprodução SBT

RIO — A Polícia Civil de São Paulo concluiu nesta terça-feira outros dois inquéritos relacionados à denúncia de agressão e estupro feita contra Neymar . A modelo Najila Trindade , que acusou o jogador do PSG, foi indiciada por denúncia caluniosa, extorsão e fraude processual.

Estivens Alves , ex-marido da modelo, também foi indiciado pelo crime de fraude processual e ainda vai responder pela divulgação de conteúdo erótico de Najila a um jornalista. Segundo a polícia, ele teria cometido este crime em troca de uma publicação na internet.

LEIA MAIS: Neymar está no top 3 do game 'Fifa 20' e do 'PES 2020'; Messi é o melhor jogador

O primeiro inquérito sobre o caso, que investigava a suposta agressão e o estupro foi concluído em julho. A delegada Juliana Lopes Bussacos, titular da 6ª Delegacia de Defesa da Mulher, alegou que não havia provas suficientes e decidiu não indiciar ojogador.

O inquérito foi então para o Grupo de Atuação Especial de Enfrentamento à Violência Doméstica do Ministério Público de São Paulo, que manteve a decisão da delegada. A juíza Ana Paula Vieira de Moraes, da Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, aceitou o pedido da promotoria para arquivar a denúncia contra Neymar no início de agosto.

Porém, duas outras investigações ainda estavam em curso. Uma delas foi pedida pela defesa do próprio Neymar que alegou que houve denunciação caluniosa e extorsão por parte de Najila. O outro inquérito foi aberto voluntariamente pelos delegados para apurar o desaparecimento de aparelhos eletrônicos da casa a modelo.

Após a decisão da delegada Monique Lima pelo indiciamento do casal, os inquéritos, que estão sob segredo de Justiça, foram encaminhados ao Tribunal de Justiça para apreciação pelos representantes do Ministério Público e do Poder Judiciário.

Procurado, Cosme Araújo, advogado de Najila, afirmou que só iria se pronunciar após ter acesso ao inquérito policial.


O Globo terça, 10 de setembro de 2019

CINCO DICAS PARA USAR BICICLETA ELÉTRICA E PATINETE

 

Cinco dicas para usar bicicleta elétrica e patinete em sua próxima viagem

Há regras, inclusive no Brasil, para circulação dos veículos
 
 
Como usar o patinete Foto: Lars Leetaru / NYT
Como usar o patinete  Foto: Lars Leetaru / NYT

 

 
Curioso para saber qual é a das bicicletas elétricas e patinetes que se veem por aí? Há uma explosão de veículos elétricos de aluguel em cidades de todo o mundo , oferecendo boas alternativas de locomoção ao transporte público.

Essas opções, baseadas em aplicativos – a maioria com nomes simples como Lime e Bird –,  foram criadas em sua maioria para ajudar a população local na movimentação do dia a dia, mas entrar na onda do transporte elétrico parece inevitável para os visitantes também.

 
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É claro que a adoção rápida desse meio não ocorre sem polêmicas ou problemas. Dois anos atrás, três empresas despejaram duas mil patinetes nas ruas de São Francisco sem licença nem permissão. Resultado: calçadas intransitáveis, cruzamentos atravancados e cadeiras de rodas impossibilitadas de usar as rampas. Sem demora, a prefeitura proibiu a operação e criou regras para integrar as bicicletas e patinetes elétricos na infraestrutura de transporte. (Paris está enfrentando problemas semelhantes depois de liberar a operação de doze empresas simultaneamente; em Nova York, a introdução de mil patinetes da Revel este ano em dois distritos já levanta questões sobre sua segurança).

A promessa universal dessas empresas – a de uma opção de transporte ecologicamente correta – também não é muito clara. Um estudo publicado em agosto na revista científica "Environmental Research Letters" concluiu que os recursos exigidos para a coleta e o carregamento das patinetes, bem como sua manufatura, não são necessariamente anulados pela "limpeza energética" de seu uso (várias companhias inclusive compram créditos de CO² para equilibrar as emissões). Apesar disso, e embora não sejam perfeitos, esses veículos são notavelmente mais ecologicamente corretos do que o carro, por exemplo, e se tornaram muito populares entre locais e turistas.

 

Pensando em dar uma voltinha de bicicleta elétrica ou patinete na próxima viagem? Veja aqui por onde começar.

 

Encontre a opção ideal

Os aplicativos facilitam muito a vida de quem tem mais de 18 anos na hora de encontrar bicicletas elétricas e patinetes, sem o inconveniente de ter de achar uma loja de aluguel (e muito provavelmente ter de discutir preços em uma língua estrangeira). Um dos maiores nomes nesse setor, o que não é surpresa, é a Uber, que administra a Jump (bicicletas e patinetes em 32 cidades de dez países) e recentemente se uniu em parceria à Lime (patinetes em 100 cidades de 25 países). Nos EUA, sua concorrente, a Lyft, também entrou na onda das patinetes (20 cidades) e opera o compartilhamento de bicicletas em oito cidades.

Entre outros nomes estão a Bird (patinetes em mais de cem cidades), que há pouco tempo adquiriu a Scoot, de San Francisco (patinetes, bicicletas normais e elétricas, em várias combinações, em San Francisco, Barcelona e Santiago). A maioria dessas empresas tem presença nos EUA e no exterior, e está crescendo rápido; verifique a disponibilidade no site da empresa antes da viagem e baixe o aplicativo. Se já estiver cadastrado no Uber ou no Lyft, você pode acessar as bicicletas e patinetes sem precisar abrir uma nova conta.

As interfaces diferem um pouco, mas geralmente mostram onde encontrar o veículo, como destravá-lo, o alcance do dispositivo e os preços. Normalmente, ele não precisa ser devolvido em um local determinado ou estação de acoplamento, mas sim em zonas pré-designadas (deixá-lo fora dessas áreas acarreta multas). A maioria dos aplicativos permite o aluguel de um veículo por conta, com exceção das parcerias de compartilhamento de bicicleta da Lyft (a Lime também está testando a função Group Ride na Europa e na América Latina).

 

Segurança em primeiro lugar

Os aplicativos usam imagens para demonstrar como usar a bicicleta ou patinete com segurança; muitos inclusive oferecem mapas e informações específicas da cidade onde se está alugando. O Scoot exige que você assista a um vídeo de orientação antes de pegar uma de suas bicicletas elétricas (mas você também pode ir à sede, em San Francisco, para receber orientações pessoalmente, se preferir).

Todas as operadoras recomendam que, ao usar o veículo pela primeira vez, tente fazê-lo em áreas menos congestionadas. Mantenha-se nas ciclovias quando possível (a menos que esteja em um ciclomotor, que deve ser usado na faixa para automóveis). Preste atenção no trânsito.

"A tecnologia é nova, ainda há muita coisa para absorver. Temos de dividir a rua com os carros que, por sua vez, também estão aprendendo a dividir o espaço", diz Andrew Savage, vice-presidente de sustentabilidade da Lime.

Embora muitas empresas distribuam capacetes na época do lançamento, o aluguel do veículo não inclui o equipamento (com exceção das motos da Scoot e ciclomotores da Revel). Você pode procurar um nas lojas de bicicletas e serviços de aluguel, mas Morgan Lommele, diretora de políticas estaduais e municipais da ONG PeopleForBikes, recomenda levar o próprio; está crescendo o número de opções dobráveis, o que facilita muito o acondicionamento.

 

Regras de trânsito

As regras e a cultura de locomoção mudam de acordo com a cidade e o país, como também a disponibilidade de ciclovias e rotas. Lommele aconselha uma pesquisa rápida de antemão.

"Da mesma forma que você sai à procura de um bom restaurante, hotel ou concerto, dá para fazer o mesmo com o transporte. E vá com calma, prestando atenção ao que há à sua volta", ensina ela.

Além de estudar trajetos e caminhos, aprender as regras da cidade é fundamental. A pesquisa preliminar ajuda, mas Michael Keating, fundador e presidente da Scoot, tem outro conselho para quem vai se locomover por conta própria em um lugar novo: imite o pessoal local.

"Se vir que os moradores andam na ciclovia e param a bicicleta em determinado lugar, imite! E nunca dê a primeira saída na hora do rush."

Cada cidade tem suas regras, mas, no geral, é pouco provável que você possa andar de bicicleta ou patinete na calçada de qualquer lugar.

Aproveite o passeio

Um dos benefícios de explorar uma cidade nova de bicicleta ou patinete? É divertido.

"Estando de patinete ou bicicleta, se vir um lugar que lhe interesse ou algo que o atraia, é muito mais fácil parar e ir lá conferir", afirma Rachel Holt, diretora de nova mobilidade da Uber.

Keating concorda: "Quando você está viajando, a jornada em si se torna o destino. Contar com um meio divertido e versátil de ver um lugar vale toda a pena."

 

No Brasil

RIO. Por aqui, as principais capitais e outras cidades têm empresas que oferecem o serviço de aluguel de patinetes, como São Paulo, Rio, Florianópolis, Goiânia, Curitiba, Recife, Porto Alegre, Brasília, Belo Horizonte e Vitória, além dos municípios paulistas de Santos, Campinas e São José dos Campos.

Rio e São Paulo têm legislação própria para o uso do patinete, que inclui, entre outras normas, o limite máximo de velocidade de 20km/h e a proibição de trafegar nas calçadas e de caronas (cada patinete só pode comportar uma pessoa). O uso é permitido em ruas cuja velocidade máxima seja de até 40km/h e em vias fechadas ao lazer, ciclovias, ciclofaixas, faixas compartilhadas, parques e praças.

As autoridades de trânsito de Belo Horizonte, onde um homem morreu ao cair de um patinete, preparam um conjunto de regras para regulamentar o uso do veículo na cidade.

Nas cidades sem legislação específica, valem as regras do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Nesse caso, os patinetes precisam obedecer às mesmas normas dos "equipamentos de mobilidade autopropelidos" (com algum tipo de motorização). Esses veículos não podem rodar na rua, em meio aos carros e às motos, mas estão liberados nas calçadas desde que observem certos limites de velocidade.

 

Em áreas de circulação de pedestres, ciclovias e ciclofaixas, não podem passar de 6km/h. Também é obrigatório o patinete ter indicador de velocidade, campainha e sinalização noturna, dianteira, traseira e lateral ( Carolina Mazzi ).


O Globo segunda, 09 de setembro de 2019

FUNDADO EM 1887, O BAR LUIZ VAI FECHAR: MAIS UMA TRAGÉDIA NO RIO

Mais uma tragédia no Rio: fundado em 1887, o Bar Luiz vai fechar

POR ANCELMO GOIS

 

Bar Luiz fundado em 1887

 

 

A notícia de que o “Bar Luiz” iria fechar as portas caiu que nem uma bomba entre os boêmios cariocas. O bar, primeiro ponto de chope no Centro, é de 1887. Portanto, antes da libertação dos escravos e da República. Ali tem História, como lembra o antropólogo e coleguinha Paulo Thiago de Mello, autor de “Memória afetiva do botequim carioca”, em parceria com Zé Octávio Sebadelhe.

 Segue...

No período da Segunda Guerra, quando o Bar Luiz se chamava Bar Adolf, os estudantes do Pedro II invadiram o lugar para quebrar tudo, mas Ary Barroso, que almoçava lá no momento, subiu numa cadeira e explicou que o nome era em homenagem ao dono Adolf Rumjaneck, nada a ver com o líder nazista: “Ele salvou o boteco, que mudou de nome pra Bar Luiz, para evitar novas confusões.”


O Globo domingo, 08 de setembro de 2019

O QUE É PORNOGRAFIA?

 

Do beijo ao sexo explícito, estudiosos debatem o que é pornografia

Casos de censura, como apreensão de livro LGBT na Bienal, reacenderam a polêmica sobre a palavra
 
 
O que é pornografia? Foto: Arte
O que é pornografia? Foto: Arte
 
 

RIO — Em 1896, “The kiss”, de William Heise, chocou a sociedade americana com uma cena de beijo entre um homem e uma mulher. O curta-metragem, um dos primeiros filmes a serem exibidos comercialmente no mundo, foi considerado pornográfico. Afinal, beijar em público era proibido. Corta para 2019. Alegando tratar-se de material pornográfico, a prefeitura do Rio manda confiscar uma história em quadrinhos vendida na Bienal do Livro que mostra, em uma página interna, um beijo entre dois super-heróis.

LEIA MAIS: Prefeitura volta a tentar recolher livros na Bienal e público reage com protestos e beijos

Na sexta-feira, agentes da prefeitura foram à Bienal em busca de mais do que consideravam “possível material pornográfico”. A ação ocorreu um dia depois de o prefeito Marcelo Crivella pedir a suspensão da HQ “Vingadores — A cruzada das crianças”, que mostra o tal beijo de dois rapazes. A organização da Bienal respondeu que não embalaria nem colocaria advertência em nenhum livro, como queria a prefeitura, porque não considerava o conteúdo impróprio ou pornográfico.

O termo também tem sido atribuído com frequência ao cinema, como na última terça-feira, quando o ministro da Cidadania, Osmar Terra, disse ao GLOBO que “filmes brasileiros não podem ser só pornográficos”, mesmo que a Ancine afirme não fomentar filmes do tipo (procurada, a agência não quis detalhar os critérios) . Até “Bruna Surfistinha” (2011), que nunca havia sido categorizado como pornográfico, já foi usado como exemplo pelo presidente Jair Bolsonaro.

 

O fato é que o adjetivo pode ser mais complexo do que se pensa.

— Para o senso comum, o pornográfico é o que “mostra tudo”, enquanto o erótico é o “ velado”; contudo, para o estudioso do erotismo literário, essa distinção é falsa, se não moralista... — argumenta Eliane Moraes, professora de Literatura Brasileira na Universidade de São Paulo (USP), que tem pesquisas sobre as relações entre estética e erótica. — A rigor, livros como os do Marquês de Sade, Georges Bataille, Hilda Hilst ou Reinaldo Moraes são muito mais obscenos do que a pornografia comercial de uma E. L. James, autora do best-seller “50 tons de cinza”. Ou seja: o valor de um texto nunca se mede pela moralidade, mas pela qualidade estética.

Cada época tem sua visão do que é pornografia. Hoje um clássico, o “Ulisses” de James Joyce foi tachado de pornográfico por jornalistas quando foi lançado, no início do século XX. E acabou proibido em todos os países de língua inglesa.

O sociólogo Rodrigo Gerace, autor de “Cinema explícito: representações cinematográficas do sexo” (Perspectiva), concorda que a perspectiva depende do nível de conservadorismo das sociedades:

— O beijo do curta “The kiss“ foi tido como pornográfico na época, e hoje seu efeito não é o mesmo. “Garganta profunda” (1972), pornô de Gerard Damiano, tornou-se adiante um cult . Uma cena de sexo explícito tem diferentes moralidades num filme cult e numa produção da ( produtora pornô ) Brasileirinhas.

 

A tentativa de censura à HQ dos Vingadores, na Bienal, causou indignação na comunidade LGBT porque a representação em nada remetia à pornografia. Os personagens apareciam vestidos e trocavam um gesto de afeto. Os fiscais da prefeitura que apareceram para apreender livros com conteúdo “pornográfico” ou “homossexual” pretendiam lacrar ambos com um aviso de “conteúdo impróprio”, como se fossem a mesma coisa.

Para o fundador do Somos, primeiro grupo de liberação homossexual no Brasil, o escritor João Silvério Trevisan, o caso mostra que a pornografia está na “na cabeça das pessoas”.

— Muitos tentam ditar o que é pornografia em função de suas crenças religiosas e acabam ditando aquilo que querem que seja pornográfico — diz Trevisan. — E nós LGBTs somos vítimas preferenciais, sempre que eles precisam de bode expiatório. Usam essas acusações porque sabem que toda pauta LGBT é de fácil apelo.

Mas, enquanto estudiosos divergem sobre o que define pornografia, o ator e deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP), que nos anos 2000 atuou em filmes de sexo explícito, tem uma distinção mais objetiva.

— Pornografia é exatamente o tipo de filme que fiz no passado — categoriza Frota, que critica a “hipocrisia” existentes hoje no país. — Os filmes exibidos nas salas de cinema podem produzir sensualidade, cenas às vezes quentes de sexo bem fotografadas e com atores de renome se entregando aos personagens. Você assiste se quiser, há classificação indicativa. Por outro lado, você sabe quando um filme é pornográfico: tem que entrar num site e passar o cartão, é trancado. Não é qualquer pessoa que pode ver.

 

Diretor de dois filmes, “Boi neon” (2015) e “Divino amor” (2019), que ganharam a classificação máxima de 18 anos (por conter “situação sexual complexa de forte impacto”, segundo o Ministério da Justiça ), Gabriel Mascaro acredita que o rótulo não é algo a ser temido:

— A pornografia sempre esteve à frente do seu tempo. A investigação ou uso do corpo, sexo e erotismo é parte da história da arte, da indústria cultural e do consumo de massa. Grande parte dos filmes VR (realidade virtual), para assistir com um headset ( óculos 3D ), de forma interativa, tem conteúdo pornográfico. A pornografia sempre esteve na vanguarda tecnológica.


O Globo sábado, 07 de setembro de 2019

NEYMAR VOLTA À SELEÇÃO COM GOL E ASSISTÊNCIA

 

Neymar volta à seleção com gol e assistência em empate com a Colômbia

Camisa 10 ainda sofreu pênalti não marcado e trocou provocações ao fim do jogo
 
 
Neymar comemora o gol de Casemiro no empate da seleção com a Colômbia, em Miami Foto: RHONA WISE / AFP
Neymar comemora o gol de Casemiro no empate da seleção com a Colômbia, em Miami Foto: RHONA WISE / AFP
 
 

No retorno de Neymar após pouco mais de três meses, a seleção brasileira mostrou evolução no segundo tempo e ficou no empate em 2 a 2 com a Colômbia, em amistoso em Miami. Em que pese a nítida falta de ritmo, o camisa 10 fez uma assistência no primeiro tempo e também estufou as redes de Ospina. Ao fim do jogo, Neymar e Barrios trocaram provocações.

O 61º gol de Neymar em 98 jogos pelo Brasil foi fruto da melhor jogada da equipe. Philippe Coutinho lançou Daniel Alves, que, de primeira, tocou para o camisa 10 na pequena área. Bola nas redes e emoção na comemoração.

Empurrado por Sánchez, a principal estrela do Brasil ainda sofreu um pênalti não marcado aos 28 do segundo tempo.

Neymar não jogava desde 5 de junho, nos 2 a 0 sobre o Qatar, em Brasília, no primeiro amistoso no país para a Copa América. Naquela partida, ele deixou o campo ainda no início, após uma ruptura parcial do ligamento do tornozelo esquerdo.

Fora a lesão, o camisa 10 brasileiro enfrentou recentemente a frustração de não ter concretizado a saída do Paris Saint-Germain, já que negociava o retorno ao Barcelona.

Com 14 minutos de jogo, eram os colombianos os melhores em campo, com quatro finalizações (contra apenas duas da equipe de Tite).

Mas bastou um cruzamento milimétrico de Neymar para o Brasil abrir o placar. O camisa 10 cobrou escanteio da direita, e Casemiro, de cabeça, não perdoou.

A Colômbia nem teve tempo para lamentar. E precisou de apenas nove minutos para virar. Alex Sandro deu um pisão no peito de Muriel na área. A partida nem teve VAR. Mas este lance nem precisaria, de tão claro que foi. O mesmo atacante bateu o pênalti com categoria e empatou.

 

O lado esquerdo da defesa brasileira seguia dando espaço. E Muriel ampliou ao receber ótimo passe de Zapata e tocar na saída de Ederson.

Laterais avançam

A equipe de Tite tinha dificuldade de invadir a área colombiana. Na melhor chance após o gol, Richarlison entrou em velocidade, mas foi desarmado quando tentava driblar o goleiro Ospina, aos 38 minutos.

Na volta do intervalo, com os laterais indo mais ao ataque, a seleção brasileira teve o controle, embora não tivesse conseguido a virada. E o gol de Neymar no início deu novo ânimo.

A seleção brasileira teve o controle da partida no segundo tempo. Em um raro contra-ataque dos adversários, aos 42, Díaz se enrolou com a bola, na saída de Ederson, e acabou desarmado.

Se faltou pontaria para transformar a superioridade no segundo tempo em vitória, sobrou tempo para Tite fazer testes.

E terça-feira, contra o Peru, em novo amistoso, desta vez em Los Angeles, é possível que a seleção entre com caras novas.


O Globo sexta, 06 de setembro de 2019

O QUE TEM DE BOM PARA COMER NO MONDIAL DE LA BIÈRE

 

O que tem de bom para comer no Mondial de la Bière

São 18 food-trucks estacionados no Píer Mauá até domingo. Confira os destaques dos cardápios
 
 
Espírito de Porco. O sanduíche de porchetta é especialidade da casa Foto: Emily Almeida / Agência O Globo
Espírito de Porco. O sanduíche de porchetta é especialidade da casa Foto: Emily Almeida / Agência O Globo
 
 

Nem só de lúpulo vive o Mondial de la Bière , que acontece até domingo, no Píer Mauá. É preciso, também, cuidar da hidratação e da alimentação para a máquina não dar defeito. Para facilitar a sua vida lá dentro dos armazéns 2, 3 e 4, selecionamos os destaques dos cardápios dos 18 food-trucks estacionados lá dentro durante o festival.

 

Belga

XBelga (R$ 26): hambúrguer artesanal com queijo Serra do Salitre (MG), cebola caramelizada e maionese caseira de alho, no brioche tostado, P.C.Q. (R$ 23): pão, carne e queijo, batata frita (R$ 15), combo de hambúrguer e batata (R$36, XBelga e R$ 33, P.C.Q).

Belisque

Palito de mozzarela (R$ 24), tirinha de tapioca com queijo coalho (R$ 20), frango empanado(R$ 25), bolinho de feijoada (R$ 24) e coxinha de frango (R$ 20).

Caliente Cocina Mexicana

Burguer mexicano (R$ 25):200g de picanha, queijo, jalapeño grelhado, nachos e guacamole no brioche, nachos (R$ 25), burritos (R$ 22), inclusive vegano, de proteína de soja, arroz mexicano, feijão vermelho, guacamole, tomate e alface, tacos R$ 10 e quesadillas (R$ 24).

Ceviche da Fabi

Ceviche da Fabi. O taco de ceviche é uma das opções do cardápio no Mondial de la Bière Foto: Divulgação
Ceviche da Fabi. O taco de ceviche é uma das opções do cardápio no Mondial de la Bière Foto: Divulgação

Ceviche clássico (R$ 30): peixe branco marinada cítrica, cebola roxa e pimenta dedo de moça, Ceviche Trocpical (R$ 30), peixe branco, tomatinhos, manga, em marinada cítrica com cebola roxa e pimenta dedo-de-moça, camarão croc (R$ 30): camarão frito crocante com tempero especial, arroz thai (R$ 20): arroz  com frango ao curry, abacaxi e tempero thailandês, e taco de ceviche (R$  25).

Dogaria NY

Manhattan: cheddar com farofa de bacon, Brooklyn: catchup ao curry e maionese temperada,  Astoria, cebola caramelizada, maionese de bacon e cheddar  (R$ 26, cada), Bronx, chilli, maionese temperada e farofa de bacon (R$ 28), com linguiça artesanal.

Espírito de Porco

Hot pig (R$ 22): sanduíche de linguiça do Espirito de Porco, no pão francês do Talho Café, maionese, mozzarela derretida e fritas, porcheta (R$ 26): corte de lombo, costela e barriga suino desossado, temperado com ervas e especiarias mediterrâneas, assado por horas em forno lento, servido no pão francês do Talho Cafe, com molho harissa, porção de porchetta (R$ 30), Espirituoso (R$ 32): 180g de hambúrguer de copa lombo suíno, bacon crocante, lingüiça grelhada , maionese, tudo coberto com mussarela derretida servido no pão de brioche com batatas fritas .

 

Hell´s Burger

Hell’s Burguer e seus sanduíches com 200g de carne, queijo cheddar e pão macio Foto: Fabio Seixo / Agência O Globo
Hell’s Burguer e seus sanduíches com 200g de carne, queijo cheddar e pão macio Foto: Fabio Seixo / Agência O Globo

Hell´s: 180g de filé de costela, cheddar em pão com gergelim, Fifty: 180g de  blend 50% carne bovina, 50% bacon (moídos juntos), queijo cheddar em pão com gergelim, snakedog: linguiça defumada, receada com queijo, mais queijo cheddar em pão com gergelim (R$ 25, cada), Double (2 carnes - hells ou fifty), queijo cheddar em pão com gergelim, Leviatã: - uma carne de Hell´s e uma linguiça defumada, queijo cheddar em pão com gergelim(R$ 45, cada). Todos podem ter aioli e geleia de bacon.

Las Empanadas

Las empanadas. Serão sete sabores no Mondial de La Bière Foto: Divulgação
Las empanadas. Serão sete sabores no Mondial de La Bière Foto: Divulgação

Empanadas de carne, carne picante, queijo cebola, calabresa Catupiry, integral espinafre e  frango com Catupiry. Uma empanada custa R$ 10, duas custam R$ 18 e o combo com duas empanadas com uma bebida custa R$ 22).

Meza Bar

Bolinho de risoto de açafrão com queijo minas padrão e pesto de manjericão (R$ 15, com três), crocante de costela com molho de pequi (R$ 20, com quatro),  arroz jambalaya (R$ 20), com camarão, linguiça mineira e especiarias e  sanduíche crioulo (R$ 25), com carne com especiarias, maionese de gim e farofa de camarão.

Filhos D´Mãe

Primogênito: cheese burger (R$ 25), com 180gr de blend Angus  e 2 fatias de cheddar inglês, baconportado (R$ 29), 180gr de blend, cheddar inglês, bacon grelhado, farofa de bacon e cebola caramelizada,  Abestado (R$ 29): blend 180gr, queijo Monterrey jack, mix de cogumelos shiitake, Paris e funghi, e futuro burger:hambúrguer vegetariano, com Monterrey jack. As fritas saem por R$ 8.

 

Pão de Queijo Nuu

Pão de queijo artesanal, da Nuu Foto: Tomas Rangel/DivulgaçãoPão de queijo artesanal, da Nuu Foto: Tomas Rangel/Divulgação

 

Pão de queijo grande (R$ 8), pão de queijo grande e recheado (R$ 15): as opções são linguiça mineira com cebola caramelizada, porquinho derretido com goiabada barbecue, queijo de cabra tomate seco e manjericão, queijo curado epesto. Recheios doces (R$ 12): goiabada e doce de leite.

Pappa Jack

Pappa Jack. Delícia de leite, com camada dupla de doce de leite, amêndoas e gotas de chocolate belga branco Foto: Wagner Soares / Divulgação
Pappa Jack. Delícia de leite, com camada dupla de doce de leite, amêndoas e gotas de chocolate belga branco
Foto: Wagner Soares / Divulgação

Pizza  marguerita gourmet (R$ 25): folhas de manjericão fresco, mozzarella de búfala e tomate cereja temperado, gratinada com grana padano, Delicia de Leite (R$ 25): massa crocante aberta ao meio, com dupla camada de doce de leite, amêndoas e gotas de chocolate belga branco. As massa podem ser tradicional ou integral.

Vulcano

Vulcano Muuu (R$ 26, R$ 36 com batatas): costela bovina desfiada, queijo meia cura, geleia de cebola caramelizada, crispy de cebola, pao de batata-doce, hot dog (R$ 24, R$ 34 com batatas): linguiça defumada, barbecue, cream cheese, crispy de cebola.

Mondial de la Bièr 2019

Armazéns 2, 3 e 4 do Píer Mauá. Av. Rodrigues Alves 10, Praça Mauá. Sex, das 16h à eia-noite. Sáb, das 14h até meia-noite. Dom, do meio-dia às 21h. R$ 120 (quem levar 1kg de alimento paga meia). Ingressos para sábado esgotados.UW 


O Globo quinta, 05 de setembro de 2019

MONIQUE EVANS ADIA CIRURGIA PAR A VOLTAR ÀS PASSARELAS

 

Monique Evans adia cirurgia para voltar às passarelas: 'Estou muito insegura'

Ela estará com Xuxa e ex-marido, Pedrinho Aguinaga
 
 
Monique Evans Foto: Reprodução/ Instagram
Monique Evans Foto: Reprodução/ Instagram
 
 

Aposentada do mundo da moda há décadas, Monique Evans fará seu retorno às passarelas num desfile que fará uma homanagem à icônica Yes, Brazil . A apresentação acontecerá no Rio, no dia 12 de setembro. "Estou morrendo de vergonha", diz a loura, de 63 anos.

 

Monique dividirá a a cena com Xuxa Meneghel Pedrinho Aguinaga , com quem foi casada no fim dos anos 1970 e teve um filho, Armando. Pedrinho também era conhecido como o "homem mais bonito do Brasil". "Estou muito insegura porque não desfilo há séculos e estou mais velha. Tudo é grilo, mas não posso deixar de homenagear o Simāo Azulay (o fundador da marca, morto em 1988). Era um grande amigo", conta.

Monique Evans e Pedrinho Aguinaga num desfile da Yes, Brazil Foto: Arquivo pessoal
Monique Evans e Pedrinho Aguinaga num desfile da Yes, Brazil Foto: Arquivo pessoal



O tributo será feito por Patrick Doering e Thomaz Azulay, filho de Simão, na nova coleção da grife carioca The Paradise. "Quando convidei ela topou na mesma hora. Monique foi a maior musa da Yes, Brazil e do meu pai. Ela até adiou uma cirurgia para participar do desfile. Mas não é nada sério", comenta Thomaz, sem dar maiores detalhes.


O Globo quarta, 04 de setembro de 2019

XUXA VOLTA AOS TEMPOS DE MODELO

 

Xuxa Meneghel volta aos tempos de modelo e vira musa de grife carioca 

Apresentadora revela cachê dos anos 1980 e diz que ainda tem as famosas botas brancas
 
 
Xuxa para a The Paradise Foto: Miro
Xuxa para a The Paradise Foto: Miro
 
 

Dia desses, Xuxa Meneghel foi descer as escadas de casa e sentiu uma dor nas pernas. Não tinha feito exercício ou qualquer outro esforço. Veio o estalo. O incômodo físico tinha a ver com as horas trancadas num estúdio se desdobrando e contorcendo para fotografar a nova campanha da grife carioca The Paradise. Aos 56 anos, a apresentadora está mais na moda do que nunca , literalmente. Além de rosto da marca, ela também retornará às passarelas, relembrando os tempos de manequim. "Não sou mais modelo. Essa não é minha praia e não é o que eu gosto de fazer, mas não consegui recusar o convite", diz.

Sua escolha para representar a coleção não foi aleatória. Xuxa esteve pela primeira vez na passarela aos 18 anos, numa apresentação da mítica Yes, Brazil , fundada em 1979 por Simão Azulay , pai de Thomaz Azulay, que toca a The Paradise com o parceiro Patrick Doering. E a dupla está justamente homenageando o legado de Simão, morto em 1988. "Ele fazia as roupas pensando em mim; me colocava para dividir um ensaio com uma pantera... Eu topava tudo. Cheguei a interromper as gravações do'Xou da Xuxa' para desfilar para a Yes. Era um negócio meio doido, não conseguia recusar seus pedidos. Dávamos força um para o outro. Pegava looks com ele para a TV. Estávamos realmente juntos e sem qualquer tipo de interesse. Era carinho, de verdade, sem obrigações comerciais."

Xuxa para a The Paradise Foto: Miro
Xuxa para a The Paradise Foto: Miro

 

Xuxa ainda guarda as botas brancas de amarrar ("Estão duras e envelhecidas") da década de 1980 no armário e outros modelos de camurça, todos criados por Simão. "E a Sasha (sua filha de 21 anos)acabou de levar para Nova York meu robe da Yes. Estou com medo da minha menina rasgar, ela corta todos os meus panos antigos", diverte-se a apresentadora, reforçando que só aceitou estar na passarela, no dia 12 de setembro, no Rio, porque tem um Azulay envolvido na história. "Estou me achando gorda e velha, mas farei pelo Thomaz."

 

 

R$ 50 mil por mês

Quando conheceu Simão, Xuxa já tinha estrelado mais de 50 capas de revistas e namorava com o jogador de futebol Pelé. "Aos 16, comecei a trabalhar com moda. Era chamada para fotografar editorial e publicidade quase todo santo dia. Com um ano de carreira, meu rosto era bastante conhecido, mas meu nome ainda não era popular. Mas eu ganhava muita grana, não era pouca. Para desfiles internos, eu cobrava o equivalente a R$ 1 mil. Se fosse algo maior, R$ 2 mil. Por mês, eu faturava R$ 50 mil."

 

Toma lá, dá cá

Há 40 anos trabalhando com sua imagem, Xuxa brinca que as pessoas a "redescobriram". "Se raspo os cabelos, viro notícia. Se pinto os fios, comentam. Se digo que não vou fazer plástica é um ti-ti-ti... Aliás, esse negócio de não fazer plástica é a maior sacanagem. Quero fazer, sim! Só não tenho vontade agora. Sei que não estou linda e que vou precisar daqui a algum tempo. Se dependesse de muita gente, eu ainda estaria de chuquinha. Não aceitam o fato do meu envelhecimento em frente às câmeras. Se eu me olhando no espelho não gosto de muita coisa que vejo, imagina eles. Leio coisas sem noção. Escrevem que eu estou feia, velha, gorda, enrugada. Estão exagerando, achando que podem tudo. Não pedi a opinião de ninguém. É uma falta de respeito. Não entro na página dos outros para meter o pau. Então, não gostaria que fizessem isso comigo."

Xuxa para a The Paradise Foto: Miro
Xuxa para a The Paradise Foto: Miro

Ela continua: "Antigamente, era necessário enviar uma carta e ser sorteado. Agora, qualquer um entra no meu Instagram e fala comigo bem ou mal. E se eu não respondo, ainda sou xingada. Se rebato, dizem que sou rude. Mas minha mãe me ensinou que é toma lá, dá cá. Se eu ganhasse 50 centavos por cada crítica, eu iria alimentar muita instituição por aí. Já ouvi que eu tenho que aguentar porque estou há muito tempo na mídia, que compraram meus discos e que estou em tal posição por causa deles. Não falo o que quero porque fiquei velha. Sempre foi assim. Apenas não vou escutar coisas desagradáveis e ficar quieta."

 

O Globo terça, 03 de setembro de 2019

GAROTINHO E ROSINHA PRESOS

 

Operação do MP prende ex-governadores Garotinho e Rosinha

Motivo é suspeita de superfaturamento em contratos entre Prefeitura de Campos e Odebrecht, para construção de casas populares dos programas Morar Feliz I e Morar Feliz II
 
 
Rosinha (entrando no carro) e Garotinho são presos em operação do MP Foto: Reprodução
Rosinha (entrando no carro) e Garotinho são presos em operação do MP Foto: Reprodução
 
 

RIO - Os ex-governadores AnthonyGarotinho e Rosinha Matheusforam presos na manhã desta terça-feira em operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado ( Gaeco ) e da Coordenadoria de Segurança e Inteligência, órgãos vinculados aoMinistério Público do estado. Os pedidos foram feitos em razão de investigações sobre superfaturamentoem contratos celebrados entre a Prefeitura de Campos e a construtoraOdebrecht , para a construção de casas populares dos programas Morar Feliz I e Morar Feliz II durante os dois mandatos de Rosinha como prefeita (2009/2016).

 
 
O ex-governador Garotinho é preso em operação do MP e da Coordenadoria de Segurança e Inteligência Foto: Reprodução TV Globo
O ex-governador Garotinho é preso em operação do MP e da Coordenadoria de Segurança e Inteligência
Foto: Reprodução TV Globo

 LEIA : Construídas pela Odebrecht, casas ligadas a Garotinho não têm porta, telhado e janela

Garotinho e Rosinha foram presos em seu apartamento, no Flamengo, na Zona Sul do Rio, e levados para a Cidade da Polícia, no Jacaré, na Zona Norte da cidade, onde chegaram por volta de 7h40min. Além deles, outras três pessoas são alvo da operação: Sérgio dos Santos Barcelos, Ângelo Alvarenga Cardoso Gomes e Gabriela Trindade Quintanilha.

Garotinho e Rosinha irão para o Instituto Médico Legal (IML) e, em seguida, serão levados para Benfica. Ainda não há definição sobre qual será o destino final do casal: a decisão cabe à Secretaria de Administração Penitenciária (Seap). Os ex-governadores não irão prestar depoimento à polícia nesta terça-feira. Cumprirão apenas os procedimentos comuns necessários à entrada no sistema carcerário. Garotinho e Rosinha devem ser os primeiros a deixar a Cidade da Polícia, antes dos demais suspeitos presos.

A ação é baseada na delação premiada de dois executivos da Odebrecht homologadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Leandro Andrade Azevedo e Benedicto Barbosa da Silva Junior afirmaram que a construtora foi favorecida em concorrências superfaturadas avaliadas em R$ 1 bilhão para construção de cerca de 10 mil moradias. De acordo com o MPRJ, o superfaturamento nos contratos foi da ordem de R$ 50 milhões.

 
A ex-governadora Rosinha Garotinho é levada pelos agentes do MP Foto: Reprodução TV Globo
A ex-governadora Rosinha Garotinho é levada pelos agentes do MP Foto: Reprodução TV Globo

São duas as concorrências detalhadas pelo Ministério Público na ação. Em outubro de 2009, a prefeitura de Campos e a Odebrecht firmaram o contrato 306 (Morar Feliz I) para a construção de 5 100 unidades habitacionais e a urbanização de seus respectivos loteamentos com pagamento inicial de R$ 357 milhões, além dos aditivos.

Estudos técnicos do MP-RJ apontam superfaturamento neste contrato na ordem de R$ 29,1 milhões. No Morar Feliz II, feito após a reeleição de Rosinha, o MP-RJ aponta que o contrato 85, que previa a construção de 4.574 unidades por R$ 476 milhões, foi superfaturado em R$ 33,3 milhões. 

Com as prisões desta terça-feira, são quatro os ex-governadores do Rio presos: Rosinha, Garotinho, Pezão e Cabral.


O Globo segunda, 02 de setembro de 2019

BURACO SHOW ESTÁ DE VOLTA

 

Buraco Show está de volta com musical burlesco 'Estranhas'

Depois de seis temporadas no Buraco da Lacraia, grupo vai ocupar o Vizinha 123 em todas as segundas de setembro
 
 
Simone Mazzer, Pedroca Monteiro, Letícia Guimarães, Elber Inácio e Sidnei Oliveira: o elenco de 'Estranhas' Foto: Thiago Sacramento / Divulgação
Simone Mazzer, Pedroca Monteiro, Letícia Guimarães, Elber Inácio e Sidnei Oliveira: o elenco de 'Estranhas'
Foto: Thiago Sacramento / Divulgação
 

É festa no cabaré: a turma do Buraco Show está de volta. Desta vez com “Estranhas”, novo espetáculo que estreia hoje, no Vizinha 123, em Botafogo, onde o grupo se apresentará todas as segundas-feiras de setembro.

 

 

A pegada é a mesma, climão burlesco, música e muito humor, mas com algumas novidades. Agora, o elenco formado por Simone Mazzer, Pedroca Monteiro, Letícia Guimarães, Eber Inácio e Sidnei Oliveira leva para o palco um show ao vivo — antes, as canções eram mostradas via karaokê. Eles interpretam cerca de 15 músicas com o auxílio da dupla Anti-Art, formada por Arthur Martau e Antônio Fischer-Band.

— Eles têm 20 anos, são nossos bebês. E são uma orquestra sinfônica, tocam baixo, guitarra, teclado, bateria, bandolim e sampler — diz Éber Inácio, um dos atores do grupo, que assina coletivamente a direção do espetáculo.

No repertório, hits consagrados do cancioneiro popular, como “Bandoleiro”, música marcada na voz de Fafá de Belém, e “Jeito sexy”, do grupo Fat Family. Além de uma curiosa e inusitada lista “alternativa”.

— Vamos cantar também as músicas mais bizarras do Brasil. Mas não posso adiantar quais são — brinca Élber.

Já se vão sete anos desde que o grupo estreou o “Buraco da Lacraia dance show”, na boate Buraco da Lacraia, na Lapa, e de lá para cá fez outras cinco temporadas. A partir de hoje, a casa é nova, mas o mesmo desbunde continua.

 

—Partimos para um novo ciclo. Vamos ser estranhos em outro buraco. A gente fala sobre o que é ser estranho, tiramos proveito dessas músicas divertidas do nosso repertório para mostrar a beleza que existe em ser estranho — diz o ator.

Onde: Vizinha 123. Rua Henrique de Novaes 123, Botafogo (99999-8633).Quando: Seg, às 20h. Até 30 de setembro. Quanto: R$ 20 (somente em dinheiro). Classificação: 18 anos.


O Globo domingo, 01 de setembro de 2019

SÔNIA BRAGA: CABELO BRANCO COMBINA COMIGO

 

Cabelo branco combina mais comigo', diz Sonia Braga

Às vésperas de fazer 70 anos, estrela de ‘Bacurau’ diz que é pé no chão, comenta o Brasil de hoje e, há três décadas nos EUA, quer mais trabalhos em português:
 
'Língua é pátria'
 
 
Sonia Braga Foto: Anette Alencar
Sonia Braga Foto: Anette Alencar
 
 

RIO — Faltava pouco para a pré-estreia de “ Bacurau ”, segunda-feira (26), e Sonia Braga não saía do saguão do Cine Odeon, no Centro do Rio. Cumprimentava todo mundo com um selinho. Foi assim com o amigo Daniel Filho. E com o funcionário da limpeza, que lhe pediu uma selfie.

— Sou muito simples. Só estou vestida assim porque tenho respeito às cerimônias, mas gosto mesmo é da minha calça normal — diz a atriz, usando um vestido preto que contrasta com seus cabelos, agora branquíssimos. No peito, um colar com pingente em forma de Brasil.

 Ao sentar-se no sofá do hall do cinema para esta entrevista, Sonia troca o scarpin de salto 15 pelo chinelo que saca de uma bolsa de pano. Pede desculpas pela voz rouca. Na véspera, havia estado na manifestação pró-Amazônia , na Praia de Ipanema. Aliás, diz que ficou surpresa com a “reação fraca” da plateia quando gritou “salvem a Amazônia!” ao microfone do Odeon, assim que o elenco subiu ao palco para apresentar o filme de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles . No longa, vencedor do Prêmio do Júri em Cannes e em cartaz no Brasil desde quinta-feira (29), ela dá vida à médica Domingas, mulher sem papas na língua e importante figura da cidadezinha de Bacurau.

Aos 69 anos, Sonia falou por uma hora e meia sobre a carreira e o país que deixou há 30 anos para morar nos EUA — primeiro, em Los Angeles, em seguida, em Nova York, onde vive há duas décadas. Depois, esticou no tradicional bar Amarelinho, ao lado do cinema, onde fez questão de chamar os garçons pelo nome.

 

Como se sente às vésperas de fazer 70 anos, em junho?

Do mesmo jeito de quando fiz 50. Aprecio bastante, queria ter chegado aqui com outras condições de cultura, que às vezes me faltam. Acho que poderia ter formação acadêmica. Mas, depois de 50 anos fazendo o que eu faço, criei uma academia própria. Tenho vontade de conhecer muitos lugares do mundo, aí começou a me dar aquela ansiedade de “não vai dar tempo”. Então, tive uma ideia fabulosa: vou acreditar em reencarnação! Vou escolher cinco lugares ótimos para ir nesta vida e, quando reencarnar, vou aos outros.

E os cabelos brancos?

Quando fiz “Aquarius” ( 2016) , a gente já queria deixar branco. Tentamos, mas ficou meio rosa, aí a gente pintou porque não dava tempo de esperar. Agora, o da Domingas ficou vermelho, é o que acontece quando a gente tenta descolorir cabelo preto, a tinta agarra. Você não sabe o que é não ter que pintar o cabelo, é uma libertação, um símbolo de liberdade. Primeiro que faz mal, né? Eu sou vegana, tudo que faço é saudável, me protejo. Não estou dizendo que jamais volte ao cabelo negro, porque não suporto peruca... Mas, se você me vir de cabelo preto, é porque há uma razão muito especial. Acho que o cabelo branco combina mais comigo.

 

Há 30 anos fora do país, você encontrou novos rumos na carreira com “Aquarius” e “Bacurau”. Que impacto esses personagens, que lutam por justiça social, tiveram em você?

Nunca parei de falar das questões do Brasil, talvez de uma maneira errada até, por não ter uma formação acadêmica, política. Sabe quando essa consciência aconteceu na minha vida? Quando meu pai morreu, eu tinha 8 anos, e minha mãe, dona de casa, ficou com sete filhos e sem um tostão, em São Paulo. Nos mudamos para a periferia, ela virou costureira e alugou uma padaria. Eu, que até então, estudava em colégio de freira e tinha aula de piano, passei a carregar lenha para botar no forno da padaria, fui para colégio público e vi a vida como ela é. As freiras ofereceram que eu voltasse a estudar no colégio delas. Aí, no meio da aula de religião, eu perguntei: “Irmã, se todo mundo é igual por que não tem uma criança negra na escola?” Não tenho como olhar uma criança pobre e não pensar sobre o processo dela até chegar à rua e pedir esmola.

Antes de “Aquarius”, você estava há 20 anos sem fazer cinema brasileiro...

Estava nos EUA, com a intenção de estudar fotografia. A experiência em “Aquarius” foi incrível, ficamos morando a alguns metros da locação, conheci pessoas, trocamos WhatsApp. Sou do tempo do telegrama. Quando saí do Oscar, chegou um telegrama para mim ( em 1986, “O beijo da mulher aranha”, de Hector Babenco em que ela atua, concorreu a melhor filme, direção, roteiro adaptado e ator, categoria vencida por William Hurt ). Imagina hoje? Não ia dar para acompanhar as mensagens. Quando a gente foi pra Cannes ( onde a equipe do filme protestou contra o impeachment de Dilma Rousseff ), foi uma loucura! Voltei e tive que bloquear metade dos meus seguidores, porque falaram coisas horríveis para mim. Não sabia que esse tipo de insulto poderia sair de um brasileiro para outro. Não entendo essas agressões a mim. Sempre fui simples, quis o bem.

 

Qual é o lugar do Brasil na sua vida hoje?

Meu coração tem a noção de que língua é pátria. Ser atriz e não fazer mais filmes e novelas em português me faz falta. Fui para os Estados Unidos de férias ( em meados dos anos 1980 ), antes de fazer um filme que estava certo no Brasil. Como não faço dois trabalhos ao mesmo tempo, havia dito “não” a todos os outros que tinham me oferecido. Só que o filme furou, resolveram fazer com outros atores. Eu estava em Nova York desempregada. Como tinha grana na época, resolvi ficar e estudar inglês. Aí começamos a divulgação de “ O beijo da mulher aranha ”, veio o Oscar, fui integrar o júri de Cannes... Enfim, iam me convidando, eu, aceitando. Sempre com a ideia de “quando me chamarem para trabalhar no Brasil, eu vou”. Aí, o Paul Mazursky me chamou para o filme “Luar sobre parador”. Fiz “The Milagro Beanfield War”, do Robert Redford, e “The rookie”, do Clint Eastwood, Comecei a fazer TV lá também. Para o Brasil, não me chamaram. Mas eu estava aberta...

E de olho no Brasil?

Tenho essa consciência do mundo, do planeta Terra. Desde os anos 1960, quando vi uma foto da Nasa com o nosso planeta do tamanho de uma bolinha de gude... Era a época dos Beatles... Falo para essa geração que me olha torto quando não sei mexer no celular: “Ah, você não estava no lançamento do LP dos Beatles, não foi hippie... Fuma maconha agora...”.

 

Você ainda fuma maconha?

Não, parei. Ficava muito paranoica. Mas sou a favor.

Como foi ver a “Bacurau” com os moradores de Barra, povoado onde o foi filmado?

Incrível. Quando rodamos o filme, vi que lá não tinha nem posto de saúde. A porta da escola estava caindo, nós é que consertamos. Não dava para deixar aquele lugar sem alertar as autoridades, como fiz em um post no Facebook. A governadora ( Fátima Bezerra ) e o prefeito ( Alexandre Petronilo ) foram assistir com a gente, assumiram um compromisso. Precisamos deixar coisas boas pra trás. As pessoas viajam em suas férias para Fernando de Noronha e só deixam lixo!

De uns tempos para cá, os artistas vêm sendo criticados por usarem leis de incentivo. Como vê isso?

Lembra o Caetano no Festival da Canção ( em 1968 ) gritando: “É essa juventude que quer tomar o poder?” As pessoas pensam: “Ah, vocês são artistas, pessoas ricas que moram no exterior e vêm aqui dizer o que a gente tem que fazer.” Antes de ser atriz, sou trabalhadora. As pessoas não compreendem a arte como uma profissão. Acho que a maioria dos artistas também não diz a palavra “trabalhador”, sabe? Fui a Brasília ( em 1980 ) com Betty Faria, Nelson Pereira dos Santos e Luiz Carlos Barreto falar com Figueiredo ( João Figueiredo, presidente do Brasil entre 1979 e 1985) sobre a importância da Embrafilme e dos direitos autorais conexos. Depois, os dubladores fizeram greve por três anos por melhores condições de trabalho. Olha a resistência, a união que tínhamos! Quando vejo os ataques aos artistas, penso: “Será que é porque a gente não resistiu?”

 

No filme, a população de Bacurau é consciente, luta por seus direitos. Como seria seu Brasil ideal?

Um país digno para todos, o Brasil que está na Constituição, em que todos são iguais, têm três refeições por dia, moradia e agricultura sem agrotóxico. Como chegamos ao ponto de ver criança na rua e fechar o vidro de medo? O Brasil nunca foi ok, resolvido. Mas quando vejo direitos conquistados com luta sendo destruídos e um presidente defendendo tortura, não entendo. Entendo menos ainda as pessoas que votaram nele.

No Festival de Gramado, você dedicou sua personagem a Marielle Franco. Por quê?

Conheci Marielle num debate sobre violência na época da Intervenção Militar no Rio. Fiquei impressionada. Ela contava o que estava acontecendo e dizia: “O importante é que a gente continue vivo.” Quinze dias depois, vem a notícia de sua morte quando filmávamos “Bacurau”. Não que minha personagem seja parecida com ela, o coração é que é. É gente que quer fazer o bem para o outro, que se preocupa com sua comunidade. Marielle estava presente ali comigo, achei que era justo dedicar aquele tempo que passei no sertão a ela.

 
 Você fez o filme “Amazônia em chamas”, sobre Chico Mendes (de 1994), esteve na manifestação pró-Amazônia, no Rio, domingo passado. Como está a repercussão do assunto entre seus amigos estrangeiros?

Eles me mandaram mensagens perguntando se eu e minha família estávamos bem. Sabiam que eu estava em São Paulo quando o dia virou noite. A imagem lá é: “O Brasil está pegando fogo, a Amazônia vai acabar depois de amanhã”. A reação do exterior não é porque estão preocupados com o Brasil, mas pelo impacto da Amazônia no clima do mundo, por saberem que vão morrer antes do que esperavam.

O que sentiu ao ver que tinha pouca gente na manifestação?

Podia estar mais cheio. Como poderia ter sido mais alta a resposta aqui no Odeon quando gritei “salvem a Amazônia”. Está sendo forte, para mim, estar no meu país. Eu vinha de Recife, cheguei ao Rio, e me jogaram no meio da rua, aí, pá, segurei aquela faixa escrito “Amazônia” e comecei a sentir um negócio difícil de descrever. O Caetano ( autor de "Tigresa", música dedicada a ela, que namorou o compositor nos anos 1970 ) estava ao meu lado, ele cantou. Não há o que te prepare para esse nível de emoção. Gente, estão destruindo a Amazônia!

 

Acha que a questão foi partidarizada, passou a ser encarada por alguns como bandeira de “esquerda”?

Não sei. A gente só pode pedir, falar, avisar... Não podemos exigir ou cobrar nada de ninguém. Em 1968, eu ia a passeatas com a minha primeira diretora de teatro, Heleny Guariba. Naquele momento, no Brasil, teve isso, um grupo de pessoas que desbundou. Uns saíram, outros ficaram na guerrilha. Heleny ficou, e é uma das desaparecidas políticas. Tenho que conviver com isso ( a voz embarga ). Quando você vê que ela deu a vida... porra! ( chora ).


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