Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)
Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.
O Globo sábado, 21 de março de 2020
COMO A JANELA GANHOU UM NOVO SIGNIFICADO
Como a janela ganhou um novo significado em tempos de pandemia
Confinada por causa do coronavírus, gente de todo o mundo constrói outras formas de interação social
Bolívar Torres
21/03/2020 - 04:30
Mulher usa a lanterna de seu celular em um flashmob nas janelas organizado por italianos confinados Foto: ANDREAS SOLARO / AFP
RIO — Enquanto portas se fecham e ruas se esvaziam para conter o avanço do coronavírus, janelas de todo o mundo abrem-se para fazer contato. Começou na Itália, com pessoas cantando nas sacadas, e crianças pendurando no parapeito desenhos para lembrar: “Tutto andrà bene!” (Tudo ficará bem!). Logo, vieram os aplausos aos profissionais de saúde saindo das ventanas espanholas. E iniciativas das mais variadas correram o planeta, casa por casa: de serenatas a aplausos, de acenos solidários a protestos políticos, como se viu no Brasil nos últimos dias. Em tempos de quarentena, a janela virou a nova rua.
Tradicionalmente representada como espaço de contemplação, ela ganha novos significados. No famoso poema “Tabacaria”, de Fernando Pessoa, era o lugar em que o poeta pensava sobre seu fracasso enquanto tinha em si “todos os sonhos do mundo”. Agora, mais do que um ponto de reflexão individual, a janela pode ser uma metáfora da esperança coletiva.
Engenhosos e solidários
Em quarentena desde o início da semana, o filósofo Adauto Novaes, organizador do tradicional ciclo de conferências “Mutações”, lembra a prosa poética de Charles Baudelaire no livro “O spleen de Paris”, quando o autor francês escreve: “Aquele que olha de fora através de uma janela aberta jamais vê tantas coisas do que aquele que olha uma janela fechada. Não existe objeto mais profundo, mais misterioso, mais fecundo (...) que uma janela iluminada por uma chama...”
— Da mesma forma, há hoje (nessa interação social pelas janelas) uma flama contra o individualismo da sociedade — diz Novaes. — Vivemos, sim, uma mutação dos valores dominados pelos bens monetários. Esperamos que outros valores possam surgir a partir dessa crise. Mas não sei se é delírio de quem está confinado.
Um homem e seu filho tocam na janela de seu apartamento na Itália, país gravemente afetado pela pandemia Foto: GUGLIELMO MANGIAPANE / REUTERS
Sentimento parecido de esperança vem tomando a escritora inglesa Olivia Laing. Ela sabe bem o que é isolamento. Passou meses vivendo sozinha em Nova York para escrever os ensaios do seu elogiado “A cidade solitária: as aventuras na arte de estar sozinha”, de 2017, um livro sobre as dificuldades de se conectar com outras pessoas. Na obra, a janela aparece como um elemento-chave na solidão contemporânea: é nela que, em tempos normais, vemos as interações sociais dos outros, enquanto nos sentimos presos entre os vidros. Agora, nota Laing, o que podia ser gatilho de melancolia nos solitários serve para aquecer corações.
— No isolamento, a janela é menos uma tela e mais uma abertura, um espaço aberto que pode ser alcançado — diz a autora. — É tão comovente ver esses vídeos, em que as pessoas aparecem apoiando enfermeiras e médicos, celebrando, cantando. Humanos podem ser tão engenhosos e solidários às vezes. Acho que as pessoas estão encontrando maneiras muito criativas de se conectar.
Estamos tão acostumados à visão de nossas janelas que nem pensávamos a respeito. E quantos de nós nem sequer olhamos através delas nos últimos tempos? Ao descobrir a janela como um meio de comunicação, vemos seu potencial, mas também suas limitações.
— Percebemos que podemos fazer muitas coisas com as janelas: nos comunicar com o mundo, resistir, comemorar que estamos vivos ou conversar com os vizinhos — diz Sonia Montaño, professora e pesquisadora em Ciências da Comunicação na Universidade do Vale do Rio dos Sinos. — E isso é ainda mais importante se nos ensinar que todos os tipos de janela têm limitações. Quando esquecemos que elas são apenas um recorte, instauramos fronteiras, dualismos, totalitarismos. Uma janela fechada é o espaço do fascismo, do desejo de aniquilação do outro, mas uma janela aberta também não é, necessariamente, uma visão absoluta.
Ver e ser visto
Não à toa, os artistas renascentistas se utilizavam das janelas em seus primeiros retratos pictóricos, aproveitando o princípio da câmera obscura, como lembra o fotógrafo e cineasta Walter Carvalho, codiretor do documentário “Janela da alma” (2001), ao lado João Jardim. O retratado ficava na luz pelo lado de fora, enquanto o artista no interior transformava a imagem precária em obra-prima.
— Fotografar, aliás, é olhar pela janela da câmera — lembra ele. — Ou seja, o dentro é o fora. Da janela, eu vejo e sou visto. O que vejo é o que me olha. Da minha janela, eu alcanço o mundo.
A DJ Luisa Feijó e o beatmaker Gabriel Lossio tocando na janela do apartamento na Tijuca durante o período de quarentena Foto: Gabriel Monteiro / Agência O Globo
Após dias de confinamento, o poeta e crítico gaúcho Eduardo Sterzi atingiu aquilo que considera seu “novo grau de loucura”: procurar megafones à venda na internet. Em tempos de quarentena e distanciamento social, porém, querer amplificar sua voz na janela talvez não possa mais ser considerado um exercício de excentricidade.
— A janela sempre foi uma espécie de limiar secundário entre os âmbitos público e privado — observa ele, que é professor de Literatura da Unicamp e autor de “Aleijão” (2009). — A porta é o limiar por excelência, aquele espaço pelo qual saímos ao mundo, enquanto a janela parece ter sido sempre um espaço de interiorização. Pela janela, mais do que olhar, espiamos o mundo. Mas, com o que estamos vivendo agora, algo mudou decisivamente na sua configuração. Ela passou a ser o espaço de exteriorização.
O Globo sexta, 20 de março de 2020
CORONAVÍRUS: SAIBA POR QUE GOVERNOS E CIENTISTAS INDICAM CONFINAMENTO
Coronavírus: saiba por que governos e cientistas indicam confinamento para conter a Covid-19
Medida controversa compensaria falta de conhecimento sobre contágio; mas pesquisadores alertam que isolamento pode provocar 'efeitos colaterais'
Renato Grandelle
20/03/2020 - 07:00 / Atualizado em 20/03/2020 - 08:13
Espanhóis fazem panelaço em suas varandas contra o rei emérito Juan Carlos I: população cumpre quarentena desde segunda-feira e reivindica investimento de US$ 100 milhões no combate ao coronavírus Foto: JUAN MEDINA/REUTERS/18-3-2020
RIO — Quando um vírus circula descontrolado, o jeito é trancar a população. Foi este o pensamento que norteou os governos de diversos países, como China, Cingapura, Itália, Espanha e França, ao instituírem políticas de confinamento. A medida é radical e os resultados nem sempre são certeiros — limitou a disseminação do coronavírus em nações asiáticas, mas a Europa, onde encontra mais resistência, ainda registra centenas de novos casos por dia.
Professor titular de Epidemiologia da UFRJ, Roberto Medronho defende a estratégia de isolamento, que poderia compensar, ao menos temporariamente, a falta de conhecimento científico sobre o novo coronavírus.
— Estamos diante de uma doença sobre a qual temos pouco experiência. É como trocar o pneu de um carro em movimento — compara Medronho, que é coordenador de um grupo de trabalho dedicado ao estudo do patógeno da UFRJ. — Alguns países, especialmente os asiáticos, mostraram que o confinamento restringiu o crescimento exponencial de transmissão. A Itália demorou para adotar esta estratégia e viu um rápido colapso de seu sistema de saúde.
Medronho reconhece que "é mais difícil fazer do que falar", inclusive porque confinar a população provoca um grave impacto econômico. Além disso, não se sabe por quanto tempo este método seria bem sucedido — caso obtenha, de fato, um bom resultado.
O epidemiologista sublinha que o governo brasileiro deveria adotar o confinamento para compensar o estrago que poderia ser provocado pela desigualdade social:
— No Brasil, o coronavírus chegou como uma doença da elite e da classe média, de pessoas que trouxeram o vírus do exterior, e agora estão internadas em hospitais privados. Agora, está migrando para camadas populares, que usam hospitais públicos, que já são sobrecarregados e têm funcionários mal pagos. Como não há condições de construir novos hospitais em poucos meses, precisamos restringir a mobilidade das pessoas, já que é uma doença sem vacina ou tratamento específico e transmitida pelo ar.
Jairo Werner, psiquiatra da UFF, retornou recentemente da Antártica, onde estudou o isolamento e o confinamento de pesquisadores do continente gelado.
— Precisamos preparar pessoas que têm problemas como ansiedade, transtorno obsessivo compulsivo e depressão, para que consigam se preparar para uma internação compulsória — explica. — É natural que, no início, haja uma resistência a esta nova realidade. Por isso, todos devem ser orientados não apenas a enfrentar a vida cotidiana, mas também a se comportar em a família. Algumas pessoas recorrem ao álcool para compensar o confinamento.
Para o psiquiatra, as diferenças culturais explicam por que nações asiáticas conseguiram uma melhor resposta ao confinamento do que as ocidentais. A população de países como Japão, Coreia do Sul, Cingapura e da região autônoma de Hong Kong teriam maior predisposição a aceitar medidas draconianas em nome do bem-estar coletivo do que a Europa, atual epicentro da Covid-19.
Some-se a isso políticas que, embora controversas, foram desenvolvidas sem grande resistência, como uma campanha que realizou testes de diagnóstico de mais de 250 mil sul-coreanos. Estas iniciativas são aplaudidas pela Organização Mundial da Saúde. O diretor da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, assinala que nenhum país pode controlar a epidemia de "olhos vendados".
O argumento é corroborado pelo epidemiologista Marcel Salathé. Em entrevista à "Science", o pesquisador do Instituto Federal de Lausanne, na Suíça, afirmou que, "neste momento, 100% das nações que controlam o coronavírus o fazem com base em testes em testes e rastreamento, isolamento e quarentena".
— É necessário determinar iniciativas que ajudem a encontrar as infecções, acompanhe as exposições em potencial do coronavírus e interrompa todas as cadeias de transmissão possíveis — ponderou.
Pesquisadores do Imperial College London publicaram um estudo on-line no último dia 16 afirmando que mesmo um isolamento social completo não evitaria milhares de mortes. Por isso, os autores sugerem que a quarentena seja esporadicamente relaxada, permitindo a livre circulação das pessoas, e depois reimposta, quando os casos de Covid-19 voltassem a aumentar. Desta forma, a população conseguiria um índice de imunidade ao vírus.
Médica do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Marilia Santini assinala a dificuldade para conseguir a colaboração da população.
De acordo com a pesquisadora, a lógica científica do confinamento é reduzir a quantidade de casos que ocorrerão simultaneamente.
— É uma intervenção necessária para reduzir a incidência das infecções e permitir que os serviços de saúde tenham condições a atender a todos — explica. — Há um apelo para que a população de diversos locais do mundo, como França e Espanha, aceitem o confinamento, mas existe um equilíbrio frágil entre impor uma política de saúde pública e respeitar os direitos individuais - ressalta. Em cada país haverá uma reação, dependendo de condições socioeconômicas e da infraestrutura domiciliar.
Preparando a casa
Uma casa deve estar preparada para isolar um morador que for infectado. O paciente deve evitar contato com outros moradores — se tiver que se aproximar, precisará usar máscara. Também deve ter seus próprios utensílios, como prato e talheres, e ser responsável por trocar sua roupa de cama. Ela deve ser colocada em um saco plástico antes de ser jogada na máquina de lavar.
Mais de 80% dos casos de coronavírus limitam-se a sintomas leves, como mal-estar, diarreia, falta de apetite, cansaço e tosse seca. A recomendação é que apenas pessoas com problemas pulmonares procurem o hospital.
O Globo quinta, 19 de março de 2020
CORONAVÍRUS: COMO HIPERTENSOS E CARDÍACOS DEVEM SE CUIDAR?
Coronavírus: como hipertensos e cardíacos devem se cuidar? Cardiologista responde
Médicos orientam isolamento imediato e não descontinuar tratamento com medicamentos controlados
Ana Lucia Azevedo
19/03/2020 - 04:34 / Atualizado em 19/03/2020 - 08:46
Pacientes só devem ir ao hospital se tiverem quadro de agravamento de infecção respiratória Foto: Brian Snyder / Reuters
Pessoas com doenças coronarianas, hipertensos, portadores de doenças cardíacas em geral, junto com os diabéticos, têm maior risco de desenvolver quadro grave da Covid-19, segundo estudos na China. Pesquisadores observaram que, em pacientes internados, o vírus podia atingir o coração e provocar arritmias, isquemia miocárdica, miocardite e choque.
No Brasil, a primeira vítima do novo coronavírus — um porteiro de 62 anos, em São Paulo—, tinha doenças pré-existentes, como diabetes e hipertensão.
Por isso, médicos reforçam a recomendação de que esse grupo fique em casa e se isole imediatamente em caso de sinais respiratórios. O cardiologista Cláudio Domênico ressalta que evitar o contato social é a melhor medida de prevenção.
Ele alerta que os pacientes não devem, de forma alguma, interromper o uso de medicamentos conhecidos como inibidores de enzima conversora de angiotensina (IECA) e bloqueadores de receptores de angiotensina (BRA), sem consultar um médico.
Essas classes de drogas têm emprego no tratamento de insuficiência cardíaca e no controle da hipertensão. São remédios de amplo uso, como captopril, losartana e enalapril.
Uma série de estudos recentes sugere que essas drogas poderiam agravar a Covid-19. Mas tanto a Sociedade Brasileira de Cardiologia quanto as demais sociedades internacionais da área não recomendam a interrupção sem prescrição.
— Esses estudos são preliminares e esses medicamentos fundamentais para o paciente cardíaco e os hipertensos de forma geral controlarem a doença. Interromper o uso agravará a condição que já têm e aumenta o risco de infarto e outros problemas graves — afirma Domênico.
Segundo ele, a aspirina também não deve ser descontinuada sem que um médico mande, a não ser em caso de dengue.
A recomendação é que, se o paciente apresentar sinais de infecção respiratória, deve ligar para o médico para orientações. E só deve ir ao hospital se realmente tiver um quadro de agravamento de infecção respiratória, como falta de ar.
Nesse caso, deve ir direto para a emergência:
— Neste momento, essas pessoas têm que ficar em casa. Ir ao médico aumenta o risco de contrair o vírus. Só saia de casa se realmente tiver sinais de agravamento. Aí, a orientação é buscar a emergência — diz o médico.
Outra orientação é tomar a vacina contra a gripe. A campanha nacional começa em 23 de março. O cardiologista ressalta o cuidado em não cair na cilada das fake news:
— Fake news em saúde pode matar. Não confie no que lê nas redes sociais e grupos de Whatsapp — destaca.
O Globo quarta, 18 de março de 2020
QUARENTENA VIRTUAL
Quarentena virtual: formas criativas de manter a rotina, mesmo à distância, em tempos de coronavírus
Bandas, profissionais e estudantes usam tecnologia para se conectar durante período de isolamento
Emiliano Urbim
18/03/2020 - 04:30
Por vídeo, Daniel Palatnik apresenta o cão Pipo a seus colegas da Escola Sá Pereira, em Botafogo Foto: Arquivo pessoal
RIO — Em meio a tantas mudanças nesses tempos de epidemia, Daniel Palatnik, 9 anos, viveu uma na tarde de ontem. Por volta das 14h30, como de costume, ele fez um lanche acompanhado dos colegas do colégio. Mas, pela primeira vez, cada um estava em sua casa. A conference call do 4º ano da Escola Sá Pereira, em Botafogo, foi uma iniciativa da mãe de Daniel, a advogada Olivia Fürst — a turma utilizou o Zoom, aplicativo normalmente utilizado em reuniões corporativas.
— Como advogada colaborativa, trabalho com gestão de crises e facilitação de diálogo. Meu lado profissional ajuda nesta nova rotina pessoal, seja marcando chamadas de vídeo com amigos e parentes ou estimulando a conversa das crianças.
Agarrar-se a hábitos (novos e antigos) tem sido um alívio em meio à pandemia global. A ideia é manter a rotina — parcial, virtual, diferente, mas rotina. À distância, colegas se reúnem para colocar em dia o trabalho — e a fofoca. Ratos de academia recorrem a aplicativos para continuar treinando. Professores transferem aulas presenciais para as redes sociais. Bandas seguem ensaiando: os músicos tocam simultaneamente, cada um no seu estúdio caseiro. E tem até amigos se encontrando on-line para manter vivas as noites de carteado.
Olivia está com os dois filhos em casa desde sexta-feira — além de Daniel, Sofia, de 14 anos. A advogada não tem dúvidas de que é importante manter o convívio da turma do colégio durante a quarentena anti-Covid-19. Está em produção, inclusive, uma mostra coletiva de desenhos via WhatsApp com o tema “qual a cara do coronavírus?”.
Excitadas por rever os colegas após “tanto tempo” — a última aula foi sexta-feira passada — as crianças consideraram a reunião produtiva: Daniel mostrou seu chihuahua, Pipo; alguns fizeram questão de ressaltar que estão participando das atividades domésticas; a máscara cirúrgica de uma menina foi elogiada como “um charme”. A ideia é repetir o encontro todos os dias.
— Essa crise deixa explícito que existe uma necessidade básica do ser humano de estar conectado — diz Olivia, que planeja lives sobre gestão de conflitos direcionadas a famílias que agora vão passar mais horas sob o mesmo teto. — Não basta escrever, postar, mandar zap, telefone. A gente percebe a falta que faz ver o outro, a expressão, o olhar.
Válvula de escape
Em São Paulo, o Estúdio Anacã Corpo Movimento, de Ana Maria Diniz, suspendeu suas aulas no sábado. Desde então, a escola tem postado aulas para os clientes na plataforma InPulse. Em uma delas, Luyz Baldijão, professor de sapateado, dá dicas para quem precisar praticar descalço, sem incomodar vizinhos “quarentenados”. Dá para ensinar isso em vídeo?
— No mundo dá pra fazer de tudo, basta achar um meio — resume Baldijão — Boa parte dos alunos vem à aula de dança buscando esquecer dos problemas. É fundamental manter essa válvula de escape.
O coronavírus também provocou uma mudança na rotina de um restaurante em Botafogo. Aberto em 2018, o Cru Natural Wine Bar nunca trabalhou com entregas — a ideia dos proprietários Dominic e Selene Parry era justamente promover o convívio e o senso de comunidade. Desde ontem, no entanto, o Cru trabalha só com delivery — e o “senso de comunidade” será cultivado nas redes.
— Não queríamos deixar nossos fornecedores, funcionários e clientes na mão. Há toda uma cadeia que não pode se romper — diz Selene, grávida de nove meses e já afastada do restaurante. — Não sei até quando sustentaremos esse esquema. Mas vamos em frente. A gente está tentando não pirar.
Academias de ginástica do Rio de Janeiro fecharão as portas a partir de hoje, seguindo recomendação do governador Wilson Witzel, que consta no decreto n° 46.973, publicado na manhã de ontem. Uma saída encontrada por muitos frequentadores é o uso de aplicativo visando manter a prática de exercícios; a BodyTech, rede de academias que anunciou fechamento de suas filiais pelo período de 15 dias, disponibiliza em seu aplicativo BTFIT uma série de métodos diferentes para manter o isolamento recomendado pelas autoridades e não perder a rotina de treinos.
A atriz e estudante de nutrição Isadora Pereira, 27 anos, diz que há uma década é frequentadora assídua de academia. Antes mesmo da Covid-19, ela já utilizava aplicativo durante viagens “para não descuidar”:
— Sou de Santa Catarina. Quando viajo para lá, não vou à academia, mas acompanho as aulas e as séries de treino que já tenho no aplicativo. Agora, com a necessidade de se proteger do vírus, é mais uma ajuda — comentou Isadora.
A assessoria da BodyTech informou que somente os gestores estarão na unidade para tirar dúvidas. Funcionários ficarão em casa. Outra grande rede de academias, a SmartFit informou em nota que suspenderá suas atividades por tempo indeterminado.
Enquanto o número de infectados com o novo coronavírus no Brasil aumenta, as restrições de deslocamento enrijecem e, com isso, até mesmo velórios se adaptam à quarentena. O Cemitério da Penitência, no Caju, na Zona Norte do Rio, já está oferecendo a cerimônia pela internet. No Rio, o Cemitério da Penitência avisou que o esquema de velório online estará disponível pelos próximos 30 dias.
O Globo terça, 17 de março de 2020
CORONAVÍRUS: EUA SUSPENDEM ENTREVISTA PARA VISTOS NO BRASIL POR TEMPO INDETERMINADO
Coronavírus: EUA suspendem entrevistas para vistos no Brasil por tempo indeterminado
A decisão vale para os consulados de todo o país, incluindo a Embaixada em Brasília
Carolina Mazzi
17/03/2020 - 04:23
Fila para pedidos de visto na porta do consulado dos Estados Unidos no Rio Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
RIO - As entrevistas para obtenção de visto na Embaixada dos Estados Unidos em Brasília e nos consulados em Rio, São Paulo, Recife, Belo Horizonte e Porto Alegre estão suspensas a partir desta terça-feira (17/3). A decisão inclui os pedidos para documentação de imigrante e não imigrante, como as permissões de entradas para turistas e estudantes. Segundo comunicado divulgado na segunda-feira (16/3), os serviços serão retomados “o mais rápido possível, mas não podemos fornecer uma data específica até o momento”.
As entrevistas poderão ser reagendadas assim que o serviço for retomado, informa a nota. O consulado disse também que quem já pagou a taxa, mas ainda não tinha agendado a entrevista, não precisa se preocupar, já que ela é válida para o período de um ano. Em alguns poucos casos, há a possibilidade de obter um visto de emergência, mas cada pedido será analisado separadamente.
Até o momento, só os Estados Unidos suspenderam o atendimento para obtenção de visto. Outras nações que exigem a autorização de viagem, como Canadá, Austrália e Japão, continuam com as embaixadas e consulados abertos.
Os brasileiros que já possuem o visto estão liberados para entrar no país, mas é preciso ficar atento: a American Airlines, por exemplo, está com todos os seus voos suspensos saindo daqui para território americana até o dia 6 de maio. Quem já tinha comprado o bilhete poderá remarcar a viagem, sem custos.
O governo dos Estados Unidos já havia suspendido a entrada de pessoas que estiveram em diversos países 14 dias antes de ingressar nos EUA, inclusive os que fazem parte da União Europeia, além de Reino Unido, China e Irã. O presidente Donald Trump também suspendeu, no último dia 11, todos os voos saindo da Europa em direção ao país. Na época, Reino Unido e Irlanda estavam fora da lista. Desde o dia 14, no entanto, os dois locais foram incluídos na proibição.
O Globo segunda, 16 de março de 2020
VEJA COMO É A PIRÂMIDE DE DJOSER, A MAIS ANTIGA DO MUNDO
Veja como é a pirâmide de Djoser, a mais antiga do mundo, reaberta ao turistas no Egito
Sítio arqueológico de mais de 4.700 anos estava fechado para reformas desde 2006
O Globo
15/03/2020 - 04:30
Turista salta para uma foto em frente à pirâmide de Djoser, a mais antiga do mundo, reaberta à visitação no Egito Foto: Mohamed el-Shahed / AFP
RIO - Os turistas que pretendem visitar o Egito podem colocar mais uma pirâmide na lista. A de Djoser, a mais antiga ainda de pé não só no país, mas no mundo, foi reaberta à visitação na última semana, após 14 anos fechada para reformas.
Com mais de 4.700 anos, a necrópole está na zona arqueológica de Memphis, antiga capital do Egito faraônico, a 20km do Cairo. Declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco, a pirâmide se destaca por ser ter sido construída em degraus, diferentemente das mais famosas, em Gizé. A entrada custa 60 libras egípcias (R$ 17).
Um visitante caminha numa das alas internas da pirâmide, recentemente reaberta aos turistas Foto: Mohamed el-Shahed / AFP
A pirâmide de Djoser (ao fundo) faz parte da necrópole de Saqqara, parte do complexo arqueológico da antiga capital Memphis Foto: Mohamed el-Shahed / AFP
O Globo domingo, 15 de março de 2020
SILVIO SANTOS TEM A TRAJETÓRIA CONTADA EM FILME E SÉRIE
Tema de musical, Silvio Santos vem aí em filme e série
Prestes a fazer 90 anos, o apresentador e empresário de televisão tem sua trajetória contada em vários formatos
Giuliana de Toledo, de São Paulo
15/03/2020 - 04:30
Cena de ensaio do musical 'Silvio Santos vem aí' Foto: Adriano Doria/Divulgação
SÃO PAULO — Camelô na infância, radialista, locutor de barca e paraquedista do Exército na juventude. Na vida adulta, uma senhora reviravolta: se torna um bilionário dono de um canal de televisão e de um banco, se candidata à Presidência da República e passa pela tragédia de ser vítima de um sequestro. As histórias que se acumulam na vida de Silvio Santos mais parecem coisa da ficção. Agora, a poucos meses do seu aniversário de 90 anos, em 12 de dezembro, sua trajetória, de fato, invade o território das criações artísticas.
A primeira produção é a comédia musical “Silvio Santos vem aí”, que estreou na sexta no 033 Rooftop, espaço cultural no terraço do Teatro Santander, no shopping JK Iguatemi, em São Paulo. O espetáculo, com o ator Velson D’Souza, que já fez novelas do SBT, no papel principal, fica em cartaz até 17 de maio com sessões às sextas, sábados e domingos — como a capacidade do teatro é menor do que o limite de pessoas estabelecida pelo governo de São Paulo para conter o coronavírus, a temporada por ora está mantida. Até 2021 acabar, está prevista também a chegada de dois filmes, uma série de TV e um livro.
Para o musical, o recorte de tempo vai da infância até os anos 1980, quando o SBT já está consolidado. Ficam de fora, assim, as polêmicas mais recentes de falas machistas durante seus programas e também o período tenso do sequestro da filha Patrícia Abravanel, seguido do seu próprio sequestro, em 2001. O clima é de alegria quase que constante, lembrando a dinâmica dos seus próprios programas.
— É um tributo ao grande comunicador do país. Eu acredito que é uma festa — afirma a diretora Fernanda Chamma, que também assina a coreografia.
Ela divide o comando com Marília Toledo, responsável ainda pelo texto, ao lado de Emílio Boechat. A direção musical fica a cargo de Marco França, que trabalhou por 15 anos com o grupo teatral Clowns de Shakespeare, de Natal.
Já que é uma festa, o espetáculo recepciona a plateia como o canal recebe as caravanas que lotam os auditórios: câmeras cenográficas se deslocam entre o palco e as cadeiras e, em cada assento, há um saquinho com lanche e um pompom para interagir com as cenas. Há também, claro, o aviso das clássicas placas de “aplausos” levantadas pelo assistente de palco Roque, aqui vivido por Roquildes Junior.
Musical traz o júri do 'Show de Calouros', com jurados inesquecíveis, como Aracy de Almeida e Pedro de Lara (centro) Foto: Adriano Doria/Divulgação
Não se trata de uma biografia autorizada, explica Fernanda. Segundo ela, tampouco houve patrocínio do “homem do Baú”. Os recursos da montagem, de R$ 2,5 milhões, vieram via Lei Rouanet por meio de um banco, uma farmacêutica e uma marca de toalhas sem relação com Silvio. Na reta final da preparação, porém, o homenageado aceitou receber Fernanda e Marília durante um programa, em uma espécie de apadrinhamento da ideia. Nos últimos dias, uma sessão especial para ele e sua família foi agendada a pedido do SBT. Com o sinal positivo, outras caras do canal também devem aparecer nas sessões, com pontas no roteiro.
— Como é um tributo para o patrão, todo mundo quer participar. O telefone não para — ri Fernanda, que já tem nomes como Ivo Holanda e Mara Maravilha confirmados na agenda.
Além do musical, a produtora Paris, que estreia no gênero teatral mas já atua desde 1960 no cinema, está aprontando um filme. Segundo Renata Rezende, diretora executiva, o projeto está na fase de preparação de roteiro, ainda sem definição do enfoque, mas deve ser acelerado em breve, para ser rodado ainda em 2020 e estrear no primeiro semestre de 2021. Os testes para definir o protagonista começam em breve.
— Temos o desejo de encontrar um desconhecido para vivê-lo no cinema — adianta.
Mais adiantado está o filme “Silvio Santos —O sequestro”, previsto para dezembro de 2020 nos cinemas, com direção de Mauricio Eça. Rodrigo Faro vive o apresentador na trama centrada no episódio, que também deve inspirar um livro do jornalista Leo Dias.
Já a série de TV, da Fox, deve sair em 2021, com duas temporadas confirmadas. Nem o elenco nem o foco da história foram divulgados por enquanto.
O Globo sábado, 14 de março de 2020
MORRE EX-MINISTRO GUSTAVO BEBIANNO. AOS 56 ANOS, DE INFARTO
Pré-candidato do PSDB à prefeitura do Rio, ex-ministro Gustavo Bebianno morre em Teresópolis, aos 56 anos
Informação foi dada pelo presidente do PSDB fluminense, Paulo Marinho. Ambos atuaram na campanha presidencial de Jair Bolsonaro, mas romperam com ele no primeiro ano de governo
Thiago Prado
14/03/2020 - 06:30 / Atualizado em 14/03/2020 - 07:29
Gustavo Bebianno na cerimônia de lançamento da pré-candidatura à Prefeitura do Rio Foto: Fotoarena / Agência O Globo
RIO - O ex-secretário geral da Presidência e pré-candidato a prefeito do Rio, Gustavo Bebianno, morreu esta manhã após um infarto fulminante, aos 56 anos. A informação é do presidente estadual do PSDB, Paulo Marinho.
Bebianno estava em seu sítio em Teresópolis junto com um caseiro e seu filho. Segundo Marinho, por volta de 4h30 ele comunicou ao filho que estava passando mal e se dirigiu ao banheiro para ingerir um remédio. Minutos depois, sofreu uma queda e teve ferimentos na cabeça.
Bebianno foi levado para uma unidade hospitalar da cidade, mas não resistiu.
O ex-ministro, neto do ex-presidente do Botafogo, Adhemar Bebianno, era um apaixonado por jiu-jítsu. Em 1990, depois de receber a faixa preta, o advogado trancou o curso de Direito na PUC do Rio e foi tentar a vida dando aulas da arte marcial em Miami. Abriu uma academia na cidade que chegou a ter cem alunos. Mas, quatro anos depois, voltou ao Rio para retomar os estudos e se formou.
Em 2006, voltou à Flórida, desta vez como sócio de Rilion Gracie, um dos filhos da família de lutadores. Investiu cerca de US$ 60 mil em uma academia com Gracie, com quem treinava desde os 18 anos em Ipanema. Em 2008, voltou ao Brasil.
Seu contato com o então candidato Jair Bolsonaro aconteceu por intermédio do engenheiro Carlos Favoretto, amigo do ex-publicitário Gutemberg Fonseca, ex-secretário de governo de Wilson Witzel, governador do Rio. Ainda durante a campanha, Bebianno, na condição de fã, apareceu em um estúdio na Barra da Tijuca onde Bolsonaro era fotografado. Se aproximou ofertando auxílio jurídico voluntário à campanha do atual presidente da República.
De outsider político, manobrou para arrancar a candidatura de Bolsonaro do nanico Patriota e levá-la ao PSL de Luciano Bivar. O êxito na manobra lhe garantiu a vaga de presidente interino do partido e culminou com a sua nomeação para o primeiro escalão do governo, com gabinete no Palácio do Planalto.
Depois de diversas crises e brigas internas, inclusive com os filhos do presidente Bolsonaro, foi demitido o cargo de ministro da Secretaria-Geral da Presidência em 18 de fevereiro do ano passado.
Ex-professor de artes marciais em Miami, Gustavo Bebianno era neto do ex-presidente do Botafogo, Adhemar Bebianno, estudou Direito na PUC e já fez pessoalmente a segurança de Jair Bolsonaro Foto: Marcos Ramos/Agência O Globo/08-10-2018
O Globo sexta, 13 de março de 2020
GISELE BÜNDCHEN QUER PLANTAR 40 MIL ÁRVORES NO BRASIL, EM SEU ANIVERSÁRIO DE 40 ANOS
Gisele Bündchen quer plantar 40 mil árvores no Brasil em seu aniversário de 40 anos, diz revista
Modelo também produziu documentário com temática ambiental que estreia em abril
O Globo
13/03/2020 - 07:17 / Atualizado em 13/03/2020 - 07:45
Gisele Bündchen Foto: George Pimentel / Getty Images
Julho de 2020 será um marco na vida de Gisele Bündchen. Não só porque a modelo vai fazer 40 anos, mas por causa, justamente, de seus planos para a data. Segundo a edição americana da revista ˜Marie Claire", a brasileira pretende plantar 40 mil árvores.
"Como parte de seus esforços contínuos de reflorestamento, Bündchen planeja plantar outras 40 mil árvores (na entrevista, ela diz que já plantou esse número em cerca de cinco anos de trabalho na causa) em seu nativo Brasil para honrar seu 40º aniversário", diz a legenda de uma das fotos do ensaio.
Na matéria, a supermodelo detalhou também um novo passo na carreira: a produção-executiva de um documentário com temática ambiental.
"Recentemente, eu produzi um documentário chamado Kiss onde the Ground, que mostra como nossa saúde e a saúde do nosso planeta estão profundamente conectadas. Ele fica no conceito de agricultura regenerativa, um sistema de cultivo que aumenta a biodiversidade, enriquece o solo e melhora a qualidade da água".
O filme estreia no Festival de Tribeca, em Nova York, em abril, para marcar o aniversário de 50 anos do dia da Terra, comemorado em 22 de abril.
O Globo quinta, 12 de março de 2020
JESUS PEDE QUASE 40 MILHÕES POR ANO PARA FICAR NO FLAMENGO
Jesus pede quase R$ 40 milhões por ano ao Flamengo para ficar
Ténico sinaliza com pedida de cerca de 7 milhões de euros líquidos, e clube tenta fixar valor da moeda de dezembro para abater ao menos 25% do custo
Diogo Dantas
11/03/2020 - 19:01 / Atualizado em 11/03/2020 - 19:40
Jorge Jesus em ação no Flamengo Foto: Divulgação
Jorge Jesus quer renovar com o Flamengo, mas já sinalizou ao clube que seu salário precisará alcançar outro patamar. Segundo O GLOBO apurou, antes mesmo da proposta ser oficializada de parte à parte, o técnico português fez uma pedida na casa dos 7 milhões de euros por ano, líquidos, ou seja, livres de impostos. O que dá R$ 37,1 milhões na cotação atual da moeda estrangeira, em forte alta.
O valor representaria um rendimento mensal na ordem de R$ 3 milhões, bem mais em relação ao que Jorge Jesus recebeu em seu primeiro contrato no Flamengo. O novo vínculo ainda teria previstas bonificações de mais de 1 milhão de euros por conquista. Desta forma, caso repita os dois títulos do ano passado, receberia R$ 10 milhões.
Vale lembrar que os troféus mais importantes erguidos já em 2020, da Recopa Sul-Americana e Supercopa do Brasil, tinham premiações bastante inferiores, e serão incluídos no novo contrato a ser renovado com bonificações maiores.
O Flamengo trata o caso com o chamado "gelo no sangue" máximo. E já ciente do montante pedido por Jesus, promete levar a renovação até seu prazo máximo em busca de uma redução. Não se pode esquecer que renovação de Jesus prevê ainda a permanência de sua comissão técnica, composta de oito membros, que também esperam valorização para permanecer.
Embora tenha noção que o treinador recebeu ofertas superiores ao que pede ao Flamengo, o clube não quer estourar o seu orçamento, e começará a "escalar a montanha" com calma. Tudo dependerá também de possíveis concorrentes europeus, e o Benfica é um deles.
Em seu último contrato em Portugal, Jesus recebeu 8 milhões de euros brutos por temporada. Na Arábia Saudita, retirava o mesmo valor, mas líquido, e recusou renovação com aumento generoso de salário.
No entendimento do Mister, o novo contrato com o Flamengo na verdade o colocaria em seu nível normal de custo, já que o primeira acordo ainda tinha um viés de experiência, em função do trabalho inaugural no Brasil, com total sucesso. Além disso, os títulos que podem se repetir pagariam quase todo o custo.
Na visão do Flamengo, os números não assustam, pois os dirigentes têm noção da valorização do treinador, mas buscam uma estratégia para amortizar o custo. Uma das ideias é tentar renovar com o gatilho cambial de dezembro, ou seja, fixar um valor do euro sem levar em conta a sua valorização de quase 25% no período.
Vale lembrar que havia no contrato atual uma opção de rescisão sem custos par os dois lados no último mês de 2019. Nenhuma das partes exerceu a cláusula. O que demonstra boa vontade e confiança mútua.
O clube também pretende trabalhar melhor as premiações, ampliando para mais competições e elevando o valor final que Jesus terá direito. No ano passado, o técnico recebeu R$ 9 milhões por dois títulos. E, claro, ainda será discutido formalmente o tempo de contrato, que pode sofrer interferência em função dos valores.
Tudo isso está sendo tratado pelo vice de futebol Marcos Braz, que não abre mão da renovação de Jesus. Ao lado dele, o diretor executivo Bruno Spindel trata de valores com o agente Bruno Macedo, que está de volta ao Brasil para retomar as reuniões que prometem durar mais algumas semanas para que se chegue a um denominador comum. O atual vínculo vence em maio.
O Globo quarta, 11 de março de 2020
ENTENDA COMO LAS VEGAS SE TORNOU UM DOS MELHORES LUGARES PARA COMER PIZZA NOS ESTADOS UNIDOS
Entenda como Las Vegas se tornou um dos melhores lugares para comer pizza nos EUA
Restaurantes da cidade servem receitas e estilos tradicionais de diversas partes do país
Robert Spuhler / 2020 / The New York Times
11/03/2020 - 04:30
LAS VEGAS, Nev. — BC-TRAVEL-TIMES-VEGAS-PIZZA-ART-NYTSF — Vincent Rotolo, the founder of Good Pie, arranges pizza for display. He is part of a passionate community of pizzamakers dedicated to expanding the profile of Sin City’s pizza scene. (Bridget Bennett/The New York Times) -- ONLY FOR USE WITH ARTICLE SLUGGED -- BC-TRAVEL-TIMES-VEGAS-PIZZA-ART-NYTSF -- OTHER USE PROHIBITED. Foto: Bridget Bennett / NYT
Em uma cidade que combina a Torre Eiffel, a Space Needle e uma pirâmide egípcia com a iluminação feérica da Strip, ninguém deveria se surpreender com a diversidade e variedade na oferta de pizzas em Las Vegas.
Mas o que pode causar espanto é o capricho com que são feitas; não usam como base aquelas bolas congeladas de massa e não existe nada parecido com linhas de produção. Todas são criações de gente apaixonada pelo que faz, que acabou formando uma comunidade superunida cujos membros trocam receitas e oferecem apoio uns aos outros.
- Para podermos fazer uma pizza melhor do que a que era servida há dez anos, ou mesmo há uma semana ou ontem, temos de honrar o compromisso de ajudar os membros da nossa comunidade e do nosso setor. A mágica está em conseguirmos isso - explica o proprietário e pizzaiolo da Good Pie, Vincent Rotolo, que saiu do Brooklyn para se instalar em Las Vegas em 2011.
Atualmente, o centro, famoso e prestigiado pela iguaria, conta com uma comunidade aberta de pizzaiolos dedicados a expandir esse setor na Cidade do Pecado e recebe de braços abertos a influência de quem está chegando agora com ideias da terra natal para contribuir para a definição de um estilo local.
O pizaiolo John Arena, que se mudou do Brooklyn para Las Vegas em 1980, e lá fundou a Las Vegas Pizza Alliance Foto: Bridget Bennett / The New York Times
Rotolo e John Arena – que é meio que considerado o "pai da pizza" de Las Vegas, tendo saído do Brooklyn em 1980 para comprar uma pizzaria na cidade – são dois dos sócios que abriram a Las Vegas Pizza Alliance, que já tem dois anos. A qualquer hora do dia eles podem ser vistos trocando figurinhas e receitas com outros pizzaiolos.
A casa realizou o primeiro Festival da Pizza em 16 de novembro de 2019, atraindo uma verdadeira multidão e praticamente lotando um espaço para eventos pertinho da Strip, onde, sob um céu sem nuvens, moradores e visitantes puderam provar as muitas variedades artesanais e levar para casa caixas e mais caixas, garantindo o abastecimento da iguaria para vários dias.
Arena gosta de visitar pizzarias e também solucionar dúvidas de pizzaiolos de todo o mundo, incluindo Brasil e China, e chegou até a dar uma aula sobre as redondas na Universidade de Nevada em Las Vegas. Em uma ocasião, o restaurante Flour & Barley, na Strip, pediu consultoria de Rotolo sobre o preparo de versões sem glúten, uma de suas especialidades – e acabou levando o primeiro lugar na categoria da edição de 2017 da USA Caputo Cup, competição realizada no Pizza & Pasta Northeast, em Atlantic City, Nova Jersey.
Pizza do restaurante The Naked City Pizza, que serve a iguaria à moda de Buffalo, no estado de Nova York, com muito queijo Foto: Bridget Bennett / The New York Times
Esse compartilhamento do que antes era segredo faz todo o sentido, considerando-se as diversas nacionalidades dos donos das pizzarias. Alguns, como Arena, são de famílias do ramo, enquanto outros, como Chris Palmeri, do Naked City Pizza, criado em Buffalo, Nova York, foram para Las Vegas a princípio como chefs da alta gastronomia para descobrir que o mundo corporativo dos cassinos da Strip era decepcionante.
Tudo acrescenta aquele "algo a mais" que parece oferecer um estilo para todos os gostos. Ao contrário das famosas imitações da cidade, incluindo a da Estátua da Liberdade do New York-New York Hotel & Casino, as pizzas são versões autênticas, muitas vezes preparadas por expatriados, outras por estudiosos da história do prato.
Há opções aclamadas – e, em alguns casos, premiadas – da pizza quadrada de molho por cima do queijo da vovó; das sem glúten e de massa grossa e borrachuda no estilo de Detroit na Good Pie; das carregadas no queijo, como se come em Buffalo; das completas, com pepperoni "cup & char" na Naked City Pizza; das quadradas e redondas de massa pan da Arena's Metro Pizza; e das altas e grossas à moda de Chicago da Amore Taste of Chicago.
Clientes em uma das cinco unidades da rede Metro Pizza em Las Vegas Foto: Bridget Bennett / The New York Times
De fato, ela aparece nos cardápios de casas que nem pizzarias são; James Trees, que já trabalhou com o chef premiado Michael Mina do Aqua Las Vegas (entre outros restaurantes), acrescentou um cardápio próprio de redondas de massa lêveda ao seu Esther's Kitchen, no Arts District Italian.
Esse ecletismo se espalha também para a experiência gastronômica. O Metro Pizza, com cinco endereços em Las Vegas e na área que a cerca, tem um clima simpático e receptivo para todas as idades na filial maior, no bairro de Centennial Hills, com cabines de assentos confortáveis e acolchoados e um mapa pintado a mão das "Pizzarias de Família dos EUA" na parede.
Para homenagear a "pizza de vó" e todas as nonnas que a fazem ou fizeram, Rotolo encheu uma parede de fotos delas – as suas e as de outros, incluindo a personagem "Grandmama", personagem que Larry Johnson, ex-atacante da Universidade de Nevada em Las Vegas e astro do basquete profissional, tornou famosa nos comerciais da Converse de meados dos anos 90. Rotolo garante que a parede vai ser expandida, já que tem planos de instalar a Good Pie no Arts District nos próximos meses, colocando-a ao lado dos novos bares, galerias e restaurantes da cidade.
Pizzas quadradas no balcão da pizzaria Good Pie, em Las Vegas Foto: Bridget Bennett / The New York Times
E há também as experiências mais tradicionais: o balcão do Cosmopolitan, por exemplo, que vende fatias no fim de um corredor sem placas, forrado de discos, no terceiro andar do hotel, conhecido como "Pizza Secreta", cujo movimento cresce quando a casa noturna do estabelecimento começa a esvaziar; o Evel Pie, onde Rotolo já foi o principal pizzaiolo, que tem uma estética punk-rock/Evel Knievel, com direito a uma máquina de fliperama inspirada no motociclista, bandeirinhas e música dos anos 70 e a expressão "Viva a toda, acelere e coma pizza" em luzes sobre o balcão.
O Globo terça, 10 de março de 2020
PRACINHAS NA EUROPA: HÁ 75 ANOS, TROPAS BRASILEIRAS VENCERAM NAZISTAS NA BATALHA DE CASTELNUOVO
PRACINHAS NA EUROPA
Há 75 anos, tropas brasileiras venceram nazistas na Batalha de Castelnuovo, na Itália, durante Segunda Guerra Mundial
Pedro Medeiros*
Aqueles dois dias de março foram determinantes para a Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Segunda Guerra Mundial. Menos de duas semanas após o êxito na árdua Batalha de Monte Castello, no Norte da Itália, as tropas nacionais foram empregadas em mais um passo importante para o avanço das Forças Aliadas na Europa. Nos dias 5 e 6 de março de 1945, há 75 anos, nossos pracinhas enfrentaram campos minados e pesado fogo alemão durante a Batalha de Castellnuovo, uma aldeia da comuna de Vergato, de onde a FEB saiu vitoriosa, apesar de sofrer 70 baixas, entre mortos e feridos.
Ambas as batalhas estavam inseridas na série de esforços para vencer a chamada Linha Gótica, uma das últimas grandes defesas da Alemanha Nazista na Europa.
"Não será em vão o sacrifício de tantos bravos, nem terá sido inconsequente a participação do Brasil na luta destes dias por um mundo de justiça e liberdade", dizia um trecho da reportagem de primeira página da edição de 8 de fevereiro de 1945 do GLOBO Expedicionário, suplemento de O GLOBO que era distribuído entre os soldados brasileiros na Itália. Àquela altura, a FEB ainda estava às voltas com a dura Batalha de Monte Castelo, na qual os brasileiros lutaram ao lado dos americanos ao longo de três meses. O conflito terminou no dia 21 de fevereiro, com vitória das Forças Aliadas. Mas houve 417 baixas brasileiras.
Durante a Campanha da Itália, nas batalhas de Monte Castelo, La Serra, Castelnuovo e Montese, as tropas brasileiras alcançaram suas principais vitórias e tiveram sua atuação destacada por oficiais-generais aliados. Até o relevo montanhoso da região era um inimigo, pois possibilitava ao inimigo a vantagem de ter ampla visão das vias de acesso ao reduto defendido por eles.
A operação de Castelnuovo foi executada pelo I Batalhão do 6º Regimento de Infantaria e pelo II Batalhão do 11º Regimento de Infantaria, como explica o pesquisador Cesar Campiani, doutor em História pela USP:
— A operação de Castelnuovo foi a culminação do Plano Encore, iniciado a 19 de Fevereiro de 1945 com o ataque da 10ª Divisão de Montanha ao Monte Serrasciccia, objetivando desbaratar a defesa alemã que se estendia sobre o Vale do Reno — disse Campiani — A partir da conquista das forças brasileiras e americanas sobre as fortificações alemãs foi possível desobstruir a Rota 64, que levava até Bolonha e, assim, atacar a porção final de terreno montanhoso que incluía Montese para, finalmente, deslanchar sobre o Vale do Rio Pó e expulsar os alemães da Itália.
A Segunda Guerra terminou na Europa em 8 de maio de 1945, com a rendição das forças alemãs. Numa entrevista coletiva em Recife, Pernambuco, já no mês de julho, após a volta das tropas brasileiras, o marechal Mascarenhas de Moraes, que comandou a FEB durante a Segunda Guerra, exaltou a armada nacional e pontuou que os feitos em território italiano seriam motivo de glória eterna para o Brasil:
— As intervenções da FEB serão incorporadas à Historia Militar do Brasil. Monte Castelo deve ser considerado como uma dos mais dignificantes façanhas do soldado brasileiro, e Castelnuovo é um arremate vitorioso das operações no vale do Reno. Exemplos dos mais espetaculares feitos de nossas armas neste século.
O Brasil enviou um total de 25.334 soldados para a Campanha da Itália, que levou as vidas de 454 dos integrantes da FEB, sepultados no cemitério de Pistória. A Força era formada por uma divisão de infantaria, uma esquadrilha de conhecimento e um esquadrão de caças. O lema do nosso esforço de guerra, "A cobra está fumando", era uma alusão irônica a algo que muito se afirmava. Naquela época, dizia-se que seria mais fácil uma cobra fumar cachimbo do que o Brasil lutar numa guerra.
O Globo segunda, 09 de março de 2020
GIGOGAS NAS LAGOAS DA BARRA: INEA FAZ OPERAÇÃO PARA CONTÊ-LAS
Inea faz operação para conter gigogas nas lagoas da Barra
Sol reaparece no penúltimo fim de semana do verão
Ana Clara Veloso
09/03/2020 - 04:30
Inea retira 60 toneladas de gigogas das lagoas da Barra da Tijuca e Jacarepaguá Foto: Divulgação
Depois de uma temporada de muita chuva e nuvens no céu, o sol voltou a brilhar no Rio no penúltimo fim de semana de verão. Logo pela manhã, os termômetros registraram 26 graus e, claro, levaram cariocas e turistas a lotarem as areias das praias da cidade. Mas, para grande parte dos banhistas, a diversão foi mesmo fora d’água. Com o mar agitado, bandeiras vermelhas avisavam do perigo de um mergulho. Mesmo assim, o Corpo de Bombeiros precisou atuar em quatro salvamentos no Leme, Ipanema, Leblon e Grumari.
Com o aviso, muitos banhistas procuravam algum ponto em que a maré estivesse mais calma. O designer Vitor Maia, que frequenta Ipanema, entre os postos 8 e 9, foi matar a saudade do sol:
— A água está limpa, a temperatura, uma delícia, mas está puxando um pouco.
Cariocas e turistas lotam a Praia do Leblon; bandeiras vermelhas indicam perigo no mar, mesmo assim Corpo de Bombeiros tem trabalho Foto: Marcio Alves / Agência O Globo
Quem comemorou as ondas foram os surfistas.
— Os ventos viraram para sudeste e aqui fica bom assim. Então a galera está se divertindo. Tem sol, onda boa, e dá para ficar o tempo todo na água sem sentir frio — explicou o instrutor de surfe Magno Neves.
Segundo o Climatempo, um sistema de baixa pressão atmosférica se afastou e, no lugar dele, entrou um sistema de alta pressão, diminuindo a incidência de chuvas. O tempo estável deve continuar nos próximos dias na cidade. Segundo o Alerta Rio, a temperatura máxima registrada ontem foi de 31,7 graus, em Santa Cruz. A mínima foi de 17,4 graus, no Alto da Boa Vista.
Com as areias lotadas, os vendedores correram atrás do prejuízo acumulado nas últimas semanas.
— Venho à praia até em dias nublados, mas às vezes não vendo nem um quilo de açaí. Em dia de sol, vendo dez quilos, mesmo diante de tanta concorrência — contabilizou Rosa Conceição, vendedora de açaí.
60 toneladas de gigogas
Uma operação do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) retirou 60 toneladas de gigogas das lagoas da Barra da Tijuca e de Jacarepaguá neste fim de semana. A ação tem por objetivo impedir que as plantas aquáticas, que indicam o nível de poluição da água e têm função de limpar o ambiente, alcancem o Quebra-Mar e, consequentemente, cheguem em blocos às praias da Barra e da Zona Sul da cidade.
Na última quinta-feira, o serviço de balsas no Canal Marapendi chegou a ficar suspenso porque as plantas cobriram todo o espelho d’água, o que impediu a circulação das embarcações.
A proliferação das gigogas aumenta ainda mais em épocas de chuva e calor. Segundo o Inea, o problema é causado pela grande quantidade de esgoto sem tratamento que é despejado em todo o sistema lagunar. Nos últimos dias, o movimento das marés tem contribuído para a permanência das gigogas na região que ultrapassou a ecobarreira mas não invadiu o mar. No carnaval, no entanto, a grande quantidade de planta deixou as areias da praia bem sujas.
O Globo domingo, 08 de março de 2020
DIA INTERNACIONAL DA MULHER - AS LIÇÕES DE UMA MILITANTE DE 95 ANOS
Dia internacional da Mulher: as lições de uma militante de 95 anos
Maria dos Santos Soares participou da versão carioca da performance feminista "Um violador em teu caminho". Em vídeo, ela fala sobre o racismo que já sofreu e conta como superou seus próprios preconceitos para abraçar as causas feminista e LGBT
Carla Nascimento
08/03/2020 - 06:00
Maria Soares, a Dona Santinha, ativista de 95 anos que inspira a luta de feministas mais jovens por direitos Foto: Fernando Lemos
RIO - Dezenas de mulheres cantavam contra o estupro em um ato na Cinelândia, Centro do Rio, na noite de 3 de dezembro 2019. “E a culpa não era minha, nem onde estava, nem como me vestia”, diziam, em uníssono. Em meio ao coro, no entanto, um rosto chamava atenção: Maria dos Santos Soares, a Dona Santinha, como é chamada pela família. Aos 95 anos, ela entoava a letra e executava a coreografia que aprendera horas antes ao lado de pelo menos outras quatro gerações de mulheres.
Seu rosto se tornou símbolo de resistência durante as manifestações por justiça após a morte de Marielle Franco, em 2018, quando subiu no caminhão usado por manifestantes, na mesma Cinelândia, e disse: “Eu sei quem matou Marielle. Quem matou Marielle foi o sistema. Alguém que armou a mão daquele atirador para calar uma voz que defendia minorias”. Embora Santinha já militasse nos encontros políticos e manifestações desde 1984, foi a partir daí que se tornou uma influencer do mundo real, celebrada e parada para selfies em passeatas. O reconhecimento nas ruas também ganhou caráter oficial com homenagens, entre elas a Medalha de Honra ao Mérito Desembargadora Ivone Caetano, concedida pela OAB-RJ, e a Medalha Pedro Ernesto, da Câmara Municipal do Rio de Janeiro. A próxima já tem data marcada: no dia 21 de maio, Maria Soares voltará a subir as escadarias da Alerj, que já foi palco de tantos protestos, para receber a Medalha Tiradentes.
O rosto de Maria dos Santos Soares, a Dona Santinha, se tornou símbolo de resistência durante as manifestações após a morte de Marielle Franco, em 2018. Ela, mesmo com 95 anos, é presença certa em manifestações por direitos das mulheres no Rio de Janeiro e tornou-se um símbolo da luta feminista na cidade.
Maria está em tantas manifestações quanto pode, desde as de movimentos feministas, antirracistas e LGBTQ+ a mobilizações contra remoções e privatizações. Certa vez (ela conta, sem citar o ano), em um protesto na Cedae, lembra-se de ouvir a multidão cantando “E se assinarem o pacotão, nós paramos a nação" e pensar "Não para nada. Tem que parar todo mundo para parar a nação. Um grupo só não consegue”. Talvez o pensamento no coletivo ajude a explicar o hábito da enfermeira aposentada de sair da própria bolha para abraçar tantas causas. Mas o ponto de partida na sua trajetória de militância, no entanto, foi uma tragédia pessoal: a morte do irmão.
Filiado ao Partido Comunista, perseguido e preso inúmeras vezes durante a ditadura militar, o irmão de Santinha morreu em 1984, antes de ver a democracia ser restabelecida no Brasil.
— Estava no hospital trabalhando e o acompanhando à noite. Quando ele morreu, segurei na mão dele e disse: vou seguir a sua luta. Então eu procurei a célula do PC do B, mas achei muito rígido, e eu gosto de ser livre. Fui ao MDB e não sei o que houve, mas não me inscrevi. O terceiro partido que procurei foi o PDT, na época do Brizola. Peguei o estatuto para ler e tinha a quarta cláusula, que era pelos negros. Pensei "esse é meu partido" e me inscrevi — narra a militante, que passou a ir às ruas para além da política partidária, como forma de expiar o que chama de seu “início de preconceito”.
Maria Soares nasceu em 19 de abril de 1924 em Além Paraíba, Minas Gerais, terra onde passou boa parte da infância. Ficava sabendo das notícias por meio do jornal "O lar católico", que o pai, analfabeto, comprava para informar a família. Cresceu sem ouvir falar em feminismo — as mulheres só passariam a ter direito ao voto em 32, quando ela tinha 8 anos — e menos ainda de racismo, embora as desigualdades sempre a tivessem incomodado. "Deixa Deus com seu mundo", ouvia de sua mãe, em uma tentativa de apaziguar a mente questionadora da filha. Com o tempo, afastou-se da religião. “Não concordo com esse Deus que me ensinaram”, afirma.
— Não sei se é porque meu início foi de preconceito, agora acho que tenho a obrigação de me redimir e ajudar outras pessoas. Por exemplo, a comunidade LGBT. Como religiosa, a gente abominava, era contra. Agora estou de mãos dadas com eles — conta ela.
‘O feminismo é um movimento necessário’
Quando chegou a vez de o Rio, no fim do ano passado, reproduzir os protestos contra o estupro que começaram no Chile e tomaram conta do mundo, dona Santinha não hesitou. Ela tinha acabado de ler sobre o número de vítimas de abuso sexual em São Paulo e, motivada, sentiu que deveria agir. Uma parte da manifestação, no entanto, a deixou desconfortável:
— Foi um ato muito bonito, mas eu não sou muito moderna… É porque eu não gosto de ofender ninguém. Então tinha uma cena que dizia "O estuprador era você", aí parecia que era para um daqueles que estavam ali. Mesmo assim, achei o ato bonito — diz Maria, que vai completar 96 anos em abril.
Para ela, o movimento feminista é uma resposta necessária diante do aumento de casos de violência contra a mulher.
— O que fazem com as mulheres não é justo. Fico pensando o que leva os homens a matarem tanto as mulheres, estuprarem. Isso acaba com a vida da pessoa. Não sei se antigamente não vinha à tona, se o pessoal não denunciava, mas agora está demais — completa a enfermeira.
Maria não sabe explicar de onde vem tanta disposição para protestar, mas tem certeza que “não adianta nada falar mal do governo” do sofá de casa e que o carinho recebido nas ruas a mantém em movimento.
— Eu continuo indo, acho que a gente tem que ir, tem que fazer algo. Tem dia que estou muito fraca, mas me animo porque já vi tanta gente dizer que vai por minha causa. Uma moça me disse que veio de Belo Horizonte, que nunca tinha militado antes. Acho que alguma coisa vale o sacrifício —, conta a militante que, nesses 36 anos de luta, enfrenta também o próprio medo de protestar:
— Eu me exponho muito e isso incomoda, né? Mas faço isso porque acho que alguém tem que falar. E uma pessoa de 95 anos não faz muita falta se levar um tirinho na testa. Triste é essa mortandade de jovens todo dia, que podem dar muito ainda. Eu, indo agora, vou tranquila. Acho que fiz o que podia, o que acho certo. Errando, acertando, caindo, levantando — completa.
'Parei de ver TV porque só tinha branco'
Há 10 anos Maria não tem aparelho de TV. Ela cansou de esperar para se ver representada na tela e, apesar de sentir que houve melhora na quantidade de pessoas negras em postos de trabalho e posições de destaque, ainda não é o que espera da programação de um país de maioria negra e parda.
— Às vezes, eu esperava 30, 40 minutos, mas só tinha branco na televisão. Isso quando a maioria da população é negra. Por que isso? Mesmo assim já melhorou. Antigamente, eu andava 10, 20 farmácias e não encontrava um preto. Para comprar boneca, andava em 50 lojas e não tinha. Agora tem uma bonequinha preta. Fazer o quê? O mundo está nas mãos dos brancos — diz ela, que perdeu a conta de quantas vezes foi vítima de racismo:
— Já fui do tempo de chegar em uma loja ali no Centro, cujo nome esqueci, onde me disseram "Senhora, aqui a gente não atende negro". Hoje pode até não querer, mas não dizem mais isso. Alguma coisa mudou — reflete ela, que completa: — Eu acho que são os sistemas, não são as pessoas que comungam com essa desigualdade.
No final da entrevista, o fotógrafo Fernando Lemos, um homem branco, perguntou se podia se despedir de Maria Soares com um beijo. Ela consentiu, colocou a mão no rosto dele, e afirmou: “Veja que coisa mais bonita. Precisamos estar separados?”.
O Globo sábado, 07 de março de 2020
DIA INTERNACIONAL DA MULHER - O QUE OS HOMENS PODEM FAZER PELA EQUIDADE DE GÊNERO?
Dia Internacional da Mulher: o que os homens podem fazer pela equidade de gênero?
Neste 8 de março, em vez de oferecer flores e bombons, homens podem repensar atitudes cotidianas e abrir mão de privilégios
Raphaela Ramos
05/03/2020 - 06:00 / Atualizado em 06/03/2020 - 12:02
Apesar de não serem protagonistas, homens podem contribuir para a luta pela equidade de gênero. Foto: Arte de Paula Cruz
O Dia Internacional da Mulher é celebrado em 8 de março e com a aproximação da data cresce a procura por ideias de "lembrancinhas" para presentear mães, namoradas e amigas. Nos últimos anos, no entanto, cada vez mais mulheres têm questionado a distribuição de flores e bombons nessa data, que se fortalece como um momento significativo para o movimento feminista e é marcada por diversas manifestações pelo mundo.
O problema não está em dar presentes, mas sim no consequente apagamento da luta histórica das mulheres por direitos e oportunidades igualitárias. Existe outra forma pela qual os homens podem prestar suas homenagens: apoiando a equidade de gênero por meio de atitudes e posicionamentos no cotidiano. Que tal aproveitar a data para refletir sobre eles?
Para a antropóloga Debora Diniz, o lugar dos homens na luta pela igualdade é decisivo e essencial para que ela de fato aconteça.
— Cabe aos homens manter permanentemente a voz sobre a igualdade de gênero ao lado das mulheres, porque elas não vão reescrever sozinhas as normas naturalizadas de desigualdade.É um lugar de atenção e combate aos privilégios do patriarcado e de todas as marcas indevidas da masculinidade e do machismo.
A pesquisadora explica que a questão do lugar de fala faz com que muitos homens acreditem não ter espaço nessa causa, mas defende que todos aqueles que usufruem de algum privilégio têm também o dever de estar ao lado dos que não são favorecidos.
— Muitos vão afirmar "eu não sou mulher, então não tenho nada a dizer." Eu diria exatamente o contrário. Quanto mais privilégio nós temos, maior nosso dever de falar junto. O homem não tem o mesmo lugar das mulheres, mas ele tem um papel de pensar a masculinidade. Assim como é meu papel como mulher branca pensar o racismo e a branquitude, cabe aos homens se questionarem sobre como o patriarcado oferece privilégios indevidos e onde eles, talvez inadvertidamente, tiram proveito disso.
Maíra Liguori, diretora da organização Think Olga, concorda que essa luta precisa envolver também os homens, que podem ajudar apoiando e reconhecendo sua importância, além de identificar e abrir mão de privilégios. Ela menciona a existência de uma confusão muito comum, que contribui para o afastamento deles, de que o feminismo seria o contrário do machismo.
— O machismo é um sistema em que o homem se coloca na sociedade de forma superior à mulher. Já o feminismo parte da igualdade de oportunidades. A gente está falando de equidade, na verdade, para que cada um tenha as mesmas oportunidades de executar tarefas e se colocar na sociedade de igual para igual: homens e mulheres, com as mesmas possibilidades.
Ela afirma ser importante abrir espaço para as pessoas que queiram colaborar e participar da mudança, mas ressalta ser fundamental que eles não tirem o protagonismo feminino. Ela cita como exemplo as empresas que contratam homens para palestrar aos funcionários nessa data.
— A luta feminista é sobre mulheres, brancas e negras, que ocupam um lugar de opressão na sociedade, e vem para colocá-las em posição de equidade em relação aos homens. No dia 8 de março muitas mulheres atuam nesse sentido e os homens não são agentes da transformação da luta feminista nesse momento. Eles têm outra transformação em curso que é a de olhar para a masculinidade. Se a gente tira o lugar da mulher e minimiza seu conhecimento para colocar um homem falando de suas dores, estamos reafirmando o status quo e não mudamos nada.
Com base na conversa com as duas especialistas, a equipe de CELINA listou algumas ações que podem ser realizadas pelos homens em prol da equidade de gênero não só no dia 8 de março, mas o ano todo:
1 - Agir pelo fim da violência contra a mulher
Mais de 1,23 milhão de mulheres sofreram violência no Brasil entre 2010 e 2017, de acordo com dados da plataforma EVA, do Instituto Igarapé. Em 90% dos casos, o agressor é uma pessoa próxima da vítima. Refletir sobre esses dados e repensar comportamentos que legitimam a violência é um ponto urgente.
— Nosso país tem uma das piores estatísticas do mundo em relação à violência contra a mulher, então acho que esse seria passo número zero: encerrar os comportamentos de violência contra mulheres. Que tal parar de assediar, de bater, de matar? — defende Maíra Liguori.
2 - Parar de falar 'eu ajudo em casa'
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres dedicam quase o dobro do tempo dos homens a tarefas domésticas. Em 2018, elas trabalharam, em média, 21,3 horas por semana realizando esses serviços, enquanto os homens dedicaram apenas 10,9 horas.
Quando realizam esses afazeres, muitos afirmam estar "ajudando em casa", o que contribui para a ideia de que essa seria uma função feminina.
— Os homens não são hóspedes, filhos eternos, nem visitantes. Então precisamos mudar essa linguagem: homens não "ajudam" em casa, eles fazem trabalho doméstico, assim como as mulheres, e precisam também experimentar a dupla e tripla jornada — explica Diniz.
Liguori destaca que houve um crescimento na participação das mulheres no mercado de trabalho, mas que ele não veio acompanhado pela divisão das responsabilidades em casa.
— Hoje o homem não é mais o provedor, existe uma divisão das responsabilidades financeiras da família, e falando de mulheres de baixa renda esse número de provedoras do lar é infinitamente maior. Porém, os homens não assumiram a outra parte, que são as tarefas da casa, o cuidado com os filhos e com os idosos — afirma.
O Globo sexta, 06 de março de 2020
ABERTURA DA NIEMEYER - ESPECIALISTA SE DIVIDEM
Especialistas se dividem sobre abertura da Niemeyer; laudo técnico do MP sai hoje
Na quarta-feira, pedaços de uma pedra se desprenderam da encosta do Morro do Vidigal e deslocaram a rede de proteção, atingindo parte da pista da avenida
RIO — O imbróglio envolvendo a Avenida Niemeyer, interditada há nove meses e nove dias, pode estar mais perto de um desfecho. O Ministério Público deve receber hoje um laudo feito pelos técnicos do órgão, que analisaram as intervenções da prefeitura no local. Os promotores terão até 48 horas para dizer se concordam, ou não, com a reabertura da via, que será decidida pela Justiça. Especialistas ouvidos pelo GLOBO se dividem sobre a segurança da Niemeyer.
Para o engenheiro Luiz Roberto Charnaux Sertã Junior, líder da equipe de peritos da Justiça que acompanhou as obras feitas pela prefeitura, o episódio de anteontem mostra a fragilidade da encosta. O especialista diz ter causado “estranheza” a decisão do município de não construir um muro de contenção na parte mais alta do morro, como era previsto inicialmente. Em dezembro, a Geo-Rio afirmou que a obra não era mais necessária porque “o projeto foi revisto e essa intervenção suprimida, já que não há necessidade por conta de todas as outras obras de contenção”.
— Se afirmar que não existe risco é algo complexo. Óbvio que em época seca a probabilidade é menor, mas se garantir 100% que não vai ter deslizamento não se pode. Não entendo o motivo e compreendo que permanece o risco. Lá em cima existia um conjunto de pedras soltas que mereciam atenção — afirma Sertã.
Já Maurício Ehrlich, professor de geotecnia da Coppe/UFRJ, acredita ser viável a reabertura da Niemeyer em dias sem chuva. Porém, alerta que é preciso um monitoramento constante, que compreenda quatro dias consecutivos, já que a água pode saturar aos poucos o solo.
— O ideal seria ter uma drenagem na comunidade para a água não infiltrar no terreno. Enquanto não acontece isso, é preciso analisar também as chuvas dos últimos quatro dias, já que uma chuva um pouco mais forte pode causar problemas — conta.
A Associação de Moradores de São Conrado e outras 20 entidades fizeram um manifesto, há duas semanas, defendendo a reabertura da via. No texto, “Deixem o Rio andar”, eles pediram uma solução para a interdição e listaram problemas acarretados pelo fechamento da Niemeyer, como engarrafamento em vias da Barra da Tijuca, da Zona Sul e do Autoestrada Lagoa-Barra.
O Globo quinta, 05 de março de 2020
ADELAIDE CHIOZZO - MORRE, AOS 88 ANOS, A INTÉRPRETE DE BEIJINHO DOCE
Morre aos 88 anos a cantora Adelaide Chiozzo, intérprete de 'Beijinho doce'
Canção, composta na década de 1950, virou hit da novela 'A favorita', em 2008
O Globo
04/03/2020 - 15:29
Compositora de 'Beijinho doce', na década de 1950, Adelaide viu a canção virar hit com a novela 'A favorita' Foto: Simone Avellar
RIO — A cantora e compositora Adelaide Chiozzo, intérprete do hit "Beijinho doce", morreu na manhã desta quarta-feira. Ela faleceu às 8h no Hospital Evangélico, na Tijuca, Zona Norte do Rio, em decorrência de uma tromboembolia pulmonar.
Adelaide estava hospitalizada há cerca de duas semanas, após sofrer uma queda. Passou por cirurgia na região da bacia e, de acordo com o neto Roberto Chiozzo, estava se recuperando. Chegou até a ser transferida para o Hospital Evangélico, na ocasião. Posteriormente, apareceram uma infecção urinária e outra no pulmão.
"Ela vinha se recuperando bem", afirma o neto. "Era uma idosa de 88 anos. É tudo mais difícil nesta idade. Mas ela estava melhor do problema mais complicado, a cirurgia, tinha conseguido. E acabou não resistindo agora."
O sepultamento está previsto para esta quinta-feira, às 16h, no Memorial do Carmo, também na Zona Norte do Rio.
Roberto lembra com carinho da avó. Disse que ela teve uma vida linda e que sempre fez o que amou.
"Ela foi uma estrela importante na época do rádio, na década de 1950. Mas para a gente, ela era a vó Di. Ela teve uma vida linda. Era maravilhosa. E fazia o que amava", conta Roberto.
A canção "Beijinho doce" foi composta em 1951, mas voltou a fazer sucesso anos atrás, na novela "A favorita", protagonizada por Claudia Raia e Patrícia Pilar, em 2008.
O Globo quarta, 04 de março de 2020
CINCO MOTIVOS PARA VISITAR A ETIÓPIA EM 2020
Cinco motivos para visitar a Etiópia em 2020
Diversidade cultural e belas paisagens atraem turistas para o país
O Globo
03/03/2020 - 04:30 / Atualizado em 03/03/2020 - 10:26
Paisagem na Etiópia Foto: Divulgação
RIO - Café, cultura religiosa e belas paisagens naturais. A Etiópia ainda é um destino pouco visitado pelos brasileiros, mas não faltam atrativos na nação africana, que tem se destacado em listas de lugares para visitar em 2020. Diretor da Latitudes, empresa que promove turismo de experiência pelo mundo, Alexandre Cymbalista separou cinco locais imperdíveis para conhecer por lá.
"Conhecida também como um dos países de origem do cristianismo, a Etiópia é composta primordialmente por cristãos ortodoxos. Acredita-se que na Igreja Santa Maria do Sião, na cidade de Axum, está escondida a Arca da Aliança, uma relíquia bíblica que, onde reza a tradição, foram guardadas as tábuas dos Dez Mandamentos.
Além disso, os ritos religiosos permeiam todo o cotidiano e cultura dos etíopes. A cidade de Lalibela, no norte do país, abriga as famosas 11 igrejas subterrâneas, esculpidas nas rochas no século 12, com o objetivo de se tornar uma nova Jerusalém para os cristãos. Patrimônio Cultural da Humanidade da Unesco, elas são visitadas por muitos turistas diariamente, especialmente na Semana Santa, quando se tornam locais de peregrinação".
A Etiópia respira a nossa história e a nossa história respira a Etiópia
"O país africano é conhecido como o berço da humanidade, pois acredita-se que foi onde começou a caminhada do homem pela terra. Lá foram encontrados os fósseis da famosa Lucy, o mais antigo humano primitivo, que teria vivido há 3,2 milhões de anos. Os fósseis se encontram no Museu Nacional da Etiópia, na capital Adis Abeba, que possui uma vasta coleção de achados arqueológicos e é parada obrigatória para quem viaja ao país".
Paisagens da Etiópia Foto: Divulgação
O café
"Na Etiópia surgiram os primeiros grãos de café, e hoje a bebida é parte de um ritual muito valorizado no país. Assistir ao preparo do café, uma cerimônia importante do cotidiano, realizada apenas por mulheres usando utensílios e processos ancestrais, é uma experiência única, e nem só para quem é amante da bebida. Além disso, o país é conhecido por ter um dos melhores cafés do mundo".
"Adis Abeba, a capital, se expande em um ritmo alucinante, sendo exemplo claro da ascensão da Etiópia. O Aeroporto Internacional de Bole acaba de passar por uma reforma de US$ 363 milhões e conta até mesmo com um hotel cinco estrelas. A Ethiopian Airlines, companhia aérea do país, está investindo em projetos de expansão de voos diretos vindos do mundo todo, inclusive do Brasil".
População da Etiópia Foto: Divulgação
Roteiros na Semana Santa
"Seja para os religiosos ou para quem se interessa em presenciar um dos mais extraordinários espetáculos do mundo, estar na Etiópia na Semana Santa é vivenciar um momento único na religiosidade e cultura do país. São nestas festividades que os peregrinos preenchem as ruas e igrejas revelando tradições de centenas de anos em uma grande e emocionante atmosfera de fé".
O Globo terça, 03 de março de 2020
STELLA McCARTNEY FAZ PROTESTO CONTRA USO DE PELES COM MODELOS VESTIDOS DE ANIMAIS NA PASSARELA
Stella McCartney faz protesto contra uso de peles com modelos vestidos de animais na passarela
Desfile na Semana de Moda de Paris apoiou o movimento cruelty free
O Globo
02/03/2020 - 15:04 / Atualizado em 02/03/2020 - 15:06
Modelos vestidas como animais no desfile de Stella McCartney Foto: Pascal Le Segretain / Getty Images
Coelhos, vacas e zebras invadiram a passarela do desfile de Stella McCartney na Semana de Moda de Paris nesta segunda-feira (2). Mas não eram animais de verdade e, sim, modelos vestidas com chamativas fantasias. A ideia era chamar a atenção e fazer um protesto contra o uso de peles e a crueldade como animais no mundo da moda.
Coelho na passarela de Stella McCartney Foto: Bertrand Rindoff Petroff / Getty Images
A estilista, que é uma voz conhecida no movimento cruelty free, usou seu último desfile para colocar sua opinião. Dias atrás ela já vinha postando em seu Instagram desenho animados de diferentes animais criticando seu uso na moda.
A marca Stella McCartney já declarou abertamente que não utiliza couros, penas ou peles em seus designs desde 2001. Segundo a empresa, 75% da coleção desta temporada foi composta de materiais ecológicos.
"[E] um casaco de pele tem um impacto muito maior no meio ambiente do que um casaco de pele falsa por muitas e muitas razões", disse McCartney em uma entrevista em 2019 à revista Vogue americana. "Um deles é a crueldade animal, com a qual ninguém parece se importar ou querer falar, mas, em minha opinião, é uma parte importante da conversa".
O Globo segunda, 02 de março de 2020
DESFILE DAS CAMPEÃS: O QUE ROLOU
Confira o que rolou no Camarote 'Quem'/ O GLOBO no Desfile das Campeãs
Famosos e leitores acompanharam os desfiles no Sambódromo
O Globo
01/03/2020 - 14:49
Camarote O Globo e Quem Foto: ROBERTO MOREYRA / Agência O Globo
RIO — O Camarote “Quem”/O GLOBO reuniu no Desfile das Campeãs do carnaval 2020 personalidades como Viviane Araújo, Jorge Aragão e o casal Taís Araújo e Lázaro Ramos. Além disso, curtindo pela primeira vez um desfile da Marquês de Sapucaí, os leitores vencedores do concurso para o Camarote Quem/Globo estavam radiantes com a oportunidade de assistir ao desfile das Campeãs.
A advogada Célia Regina Fernandes Silva, de 60 anos, convidou o marido Evandro de Oliveira Filho para ser seu acompanhante. Moradora de Nova Iguaçu, Célia estava feliz porque divide o coração entre o Salgueiro e a Beija-flor, e teve a chance de assistir as duas.
Já o também advogado Thiago Seraphim, de 36 anos, assinante de O Globo há quatro, disse que entrou no sorteio por insistência da.mulher Fernanda Sepúlveda, também advogada, de 36 anos. Moradores de Copacabana, ja desfilaram duas vezes no Sambódromo, mas nunca tiveram , ate entâo, a chance de assistir aos desfiles.
Rainha da Sapucaí e fã de sertanejo
Atores aproveitaram camarote 'Quem'/ O GLOBO
Rainha de bateria do Salgueiro, Viviane Araújo se despediu da Sapucaí debaixo de chuva e de olho no próximo trabalho. A atriz está escalada para “Mal Secreto”, série de suspense de Bráulio Mantovani que será exibida pelo GloboPlay.
— Gravo de maio a junho — disse ela. — fiquei muito feliz com o convite.
Quem pensa que o ator Eri Johnson ama o samba acima de todos os ritmos está completamente enganado. Ele tem dividido seu tempo entre o Rio e Goiânia, onde apresenta o programa Mistura Geral, na Positiva FM. No ar, quem dá o tom é o sertanejo.
— É um programa de música ao vivo, nos moldes do que o Chacrinha fazia no início de carreira — contou, orgulhoso.
Campeões de selfies
Taís Araújo e Lázaro Ramos curtiram desfile
Camarote O Globo e Quem no Desfile das campeãs Foto: ROBERTO MOREYRA / Agência O Globo
Os fãs de Taís Araújo e Lázaro Ramos, que não economizaram em pedidos de selfies com o casal no Camarote Quem O Globo, terão novas oportunidades de vê-los de pertinho. Assim que acabar a novela “Amor de mãe”, que tem Taís como uma das protagonistas, eles voltam a viajar o país com a peça “O topo da montanha”, que conta uma história fictícia sobre o último dia de vida de Martin Luther King. Antes disso, porém, Lázaro estreia outra peça — “O método em busca de um emprego” — com Luís Lobianco e Raphael Logan no elenco. Lázaro encenou o texto com Taís há dez anos e agora dirige o espetáculo.
— É um tema muito atual, porque fala dos limites para se conseguir um emprego, mas do ponto de vista da comédia — disse Lázaro.
35 anos de carnaval
Jorge Aragão foi convidado de honra do camarote
Jorge Aragão no Camarote O Globo e Quem - Foto: ROBERTO MOREYRA / Agência O Globo
Autor do samba da Unidos da Tijuca, Jorge Aragão tem 35 anos de carnaval nas costas, mas nunca foi frequentador assíduo do Sambódromo. Sua praia é o Cacique de Ramos e a folia de rua. Mas ele é só elogios para a estrutura da Sapucaí. Como convidado de honra do Camarote Quem O Globo teve direito até a bolo para festejar seus 71 anos de idade.
— Antigamente, era só a arquibancada e olhe lá. Hoje, tem mais conforto, até em um carnaval tão chuvoso como esse — comentou ele, que lotou a pista cantando sucessos como “Identidade” e “Coisa de pele”.
Atriz, roteirista e mecenas do empreendedorismo criativo por meio de seu Instituto Dona de Si, Suzana Pires curtiu o carnaval Quem O Globo já de olho nos projetos que lança ainda este semestre. No cinema, ela assina o roteiro e atua na comédia “De perto ela não é normal”, com Angélica, Gabi Amarantos e Ivete Sangalo, e direção de Cininha de Paula. E, pelo instituto, dá início à primeira turma de empreendedorismo criativo em gastronomia, na Unisuam, com o objetivo de atender às comunidades da região. Serão entre 70 e 100 mulheres na primeira fase, de capacitação técnica. Na segunda etapa, dez projetos passarão por um processo de aceleração.
“Nossa luta ainda está no meio, mas, nós, mulheres que já conquistamos o que queríamos, temos que dar as mãos e ajudar quem precisa se desenvolver. O meu brilho é para repartir com as outras — afirmou.
Mangueirense desde pequena
Larissa Manoela destacou energia das pessoas na Sapucaí
A atriz Larissa Manoela Foto: ROBERTO MOREYRA / Agência O Globo
A atriz Larissa Manoela estava radiante por conseguir assistir ao Desfile das Campeãs. Os compromissos profissionais a impediram de acompanhar a folia durante o Carnaval, mas, finalmente, a musa teen conseguiu uma folguinha na agenda. Larissa, que estava com os cabelos pintados de rosa, contou que seus pais, desde pequena, diziam que ela era mangueirense.
— Amo todas as escolas. É encantadora essa energia das pessoas e o amor que elas têm pelo samba e pelo carnaval — disse a atriz.
No top parade do Camarote Quem O Globo, três músicas se destacaram: “Combatchy”, de Anitta, Luiza Sonza, Lexa e MC Rebecca; “Tudo ok”, de Thiaguinho MT, Milla e JS Mão de Ouro; e “Amor de Que”, de Pablo Vittar. A lista é do DJ Guilherme Acrízio, que animou todas as noites da folia, nos intervalos entre uma escola e outra.
— O povo quer dançar, principalmente o pop atual, o brega funk e o axé. Agora, essas três músicas são aposta certa para encher a pista — afirmou ele, cujo figurino, em lycra, também foi desenhado pelo estilista Allan Lenhel, que veste, entre outros, Anitta, Pablo Vittar, Pocah, MC Rebecca.
O Globo domingo, 01 de março de 2020
PAOLA ANTONINI POSA NA SAPUCAÍ
Paola Antonini posa na Sapucaí e fala sobre convite para BBB 20: 'Seria um desafio de vida'
Influenciadora digital sofreu amputação de uma das pernas há cinco anos e hoje coleciona mais de dois milhões de seguidores
Talita Duvanel
01/03/2020 - 04:30 / Atualizado em 01/03/2020 - 07:17
Paola Antonini no Camarote Quem O GLOBO Foto: BRUNO RYFER
A Marquês de Sapucaí se preparava para receber a Inocentes de Belford Roxo, segunda escola da Série A a desfilar no sábado (22), quando a grade do Camarote Quem O GLOBO se abriu para Paola Antonini pisar na Avenida. Pela primeira vez, a influenciadora mineira, com 2,6 milhões de seguidores, levou sua “perninha brilhante” para a passarela sagrada do samba. “Amo passar carnaval no Rio. Até desfilei uma vez, antes da amputação. Mas nunca tinha pisado na avenida depois do acidente.”, diz a belo-horizontina, de 25 anos.
Paola é, atualmente, uma das maiores influenciadoras do Brasil, muito por causa de sua alegria de viver e dos exemplos de superação que dá nas redes sociais. Há cinco anos, ela perdeu a perna esquerda minutos antes de uma viagem de réveillon. A jovem estava colocando as malas no bagageiro quando uma motorista perdeu o controle do carro que dirigia e bateu em Paola. Vinte e quatro horas depois, ela estava sem a perna. Dois meses após o acidente, recebeu sua primeira prótese. “Fisicamente, foi difícil, mas eu nunca chorei. O que senti foi uma gratidão muito grande por estar viva. Eu me respeitei muito, sem pressão. Não olhei para minha perna amputada de cara, só dias depois. Também demorei a me ver no espelho. Tive muita calma, não tive pressa para ter reações”, relembra Paola, que afirma nunca ter feito terapia. “Fui indo aos pouquinhos e deu muito certo”.
Paola começou a ser conhecida pelo público adolescente nos idos de 2009 ao participar da Galera Capricho, uma ação anual da tradicional revista teen para acompanhar a vida de um grupo de jovens. Da mesma turma saiu Manu Gavassi, uma de suas melhores amigas e participante da edição atual do “Big Brother Brasil”. “Sabe que também fui convidada (para o BBB)? Assisto desde que me entendo por gente. Seria um desafio de vida, mas eu teria que abrir mão de tudo que estou fazendo”, diz ela.
O Globo sábado, 29 de fevereiro de 2020
MONOBLOCO E ANITTA SÃO ATRAÇÕES NO FIM DE SEMANA DE BLOCOS NO RIO
Monobloco e Anitta são atrações no último fim de semana de blocos no Rio; veja a programação
Ao todo, 38 cortejos devem movimentar cerca de 570 mil pessoas em diferentes pontos da cidade no sábado e no domingo, de acordo com a prefeitura
Saulo Pereira Guimarães
28/02/2020 - 04:30 / Atualizado em 28/02/2020 - 15:32
Anitta comanda o Bloco das Poderosas neste sábado Foto: Leonardo Aversa / Agência O Globo
RIO - Cerca de 570 mil pessoas devem ir às ruas no último fim de semana de carnaval no Rio em 2020. O desfile do Bloco da Anitta, neste sábado, e do Monobloco, neste domingo, são as grandes atrações da programação. Ao todo, 38 cortejos acontecem em diferentes pontos da cidade nos dois dias, de acordo com informações do Centro de Operações Rio (COR).
No sábado, os 21 desfiles que estão previstos devem movimentar mais de 230 mil pessoas no Centro e nas zonas Norte, Oeste e Sul, segundo a prefeitura. O Climatempo informa que a possibilidade de chuva é de 80% e que as temperaturas devem variar entre 22 e 26 graus. Só o Bloco da Anitta deve arrastar 200 mil pessoas no Centro, onde se concentra a partir das 7h na Rua Primeiro de Março e sai às 8h, em direção à Avenida Presidente Antônio Carlos.
O mesmo circuito será percorrido no domingo pelo Monobloco, que se concentra às 7h e sai às 9h. A expectativa do COR é que 300 mil pessoas acompanhem o cortejo, um dos 17 que acontecem na cidade neste dia. Os termômetros devem ficar na casa dos 23 graus ao longo do dia, de acordo com o Climatempo - que prevê 90% de chances de chuva na cidade.
Confira os principais blocos que desfilam no Rio neste fim de semana:
NA CORDA DO BLOCO: A BELEZA NA FRONTEIRA ENTRE O TRABALHO E A DIVERSÃO NO CARNAVAL
Aperto. Pelas ruas de Santa Teresa foliões ficaram espremidos em alguns momentos no entorno da corda, durante cortejo do Céu na Terra, no sábado Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
Solidarierade. A corda que separa, também une, não importa de qual lado se está Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
CONFIRA O MELHOR DOS BLOCOS DESTE DOMINGO DE PRÉ-CARNAVAL
Foliona curte o bloco Empolga às 9, que 'desfilou parado' na Praia de Ipanema Foto: MARCELO THEOBALD / Agência O Globo
Mulheres de pernas de pau desfilam à frente do Cordão do Boitatá, que saiu no centro do Rio Foto: PILAR OLIVARES / REUTERS
Domingo (1/3)
Filhos da P!
Horário: 9h
Local: Avenida Delfim Moreira
Bairro: Leblon
Monobloco
Horário: 9h
Local: Rua Primeiro de Março
Bairro: Centro
União dos Blocos da Ilha do Governador
Horário: 12h
Local: Praça Iaiá Garcia
Bairro: Ribeira (Ilha do Governador)
Eu amo cerveja
Horário: 14h
Local: Avenida Mem de Sá
Bairro: Centro
Aí sim
Horário: 14h
Local: Praça Comandante Xavier de Brito
Bairro: Tijuca
Broxadão
Horáio: 16h
Local: Rua Figueiredo de Magalhães
Bairro: Copacabana
Sambado no miudinho
Horário: 16h
Local: Rua Soares Caldeira 115
Bairro: Madureira
Bloco Infantil Pipoca no Mel
Horário: 17h
Local: Praça Coronel Assunção
Bairro: Gamboa
Tô no Recreio
Horário: 18h
Local: Avenida Lúcio Costa
Bairro: Recreio
Quem vai vai, quem não vai, não cagueta!
Horário: 18h
Local: Praça Jerusalém
Bairro: Ilha do Governador
7 de paus
Horário: 19h
Local: Boulevard 28 de setembro 238
Bairro: Vila Isabel
O Globo sexta, 28 de fevereiro de 2020
CORONAVÍRUS E CRUZEIROS: O QUE VOCÊ PRECISA SABER ANTES DE EMBARCAR
Coronavírus e cruzeiros: o que você precisa saber antes de embarcar
Navios em quarentena têm deixado passageiros apreensivos com risco de contágio
Eduardo Maia e Carolina Mazzi
28/02/2020 - 04:00
Fila de navios. Mulher caminha na praia de Seven Mile Beach, em George Town, nas Ilhas Cayman, com transatlânticos ao fundo Foto: Gary Hershorn / Gary Hershorn/Reuters
RIO - O Brasil confirmou o seu primeiro caso do Covid-19, o novo coronavírus, se tornando o único país da América Latina com infectado. O paciente veio da Itália, que confirmou que um surto acontece no país: até agora, já são mais de 370 casos e 14 mortes, principalmente no Norte da nação europeia.
Segundo Estevão Portela Nunes, vice diretor de Servicos Clinicos do Instituto Nacional de Infectologia da Fiocruz, não há motivo para pânico:
- Eventualmente, o vírus ia chegar por aqui. O que temos que fazer são aqueles cuidados básicos que devemos ter sempre inclusive que é de lavar sempre as mãos, evitar contato com olho e boca e estar sempre com o cartão de vacinação em dia, nos protegendo das doenças que podem debilitar nossa saúde e nos tornar mais vulneráveis. O corona causa mais receio pois é desconhecido ainda, mas não há razão para pânico.
Prestes a embarcar num cruzeiro pelo litoral brasileiro já na primeira semana de março, a advogada Isis Barreto, de 32 anos, é uma das que estão apreensivas com as notícias, principalmente sobre navios que precisaram ficar em quarentena por conta da epidemia. Somente nos primeiros dois meses do ano, passageiros de três transatlânticos encararam algum tipo de retenção: o Costa Smeralda, na Itália, o Diamond Princess, no Japão, e o MS Westerdam, no Camboja.
Ela não desistiu de viajar, mas ainda tem dúvidas sobre como se prevenir e os reais riscos para sua saúde:
— Até pouco tempo atrás, não sabia direito nem como se pegava. Como não havia casos no país, não me preocupava tanto. Mas dentro de um navio, em contato com diversas pessoas, fico mais receosa, ainda mais sabendo dos casos de quarentena.
A precaução da carioca tem fundamentos, mas não há motivos para cancelar a viagem caso o destino não tenha registrado casos concretos de pessoas infectadas pelo vírus, afirmam médicos. É preciso ficar atento, pois a lista de países afetados pelo coronavírus aumenta. Nos últimos dias, foi a vez de a Itália, onde pelo menos 14 pessoas já morreram em decorrência da doença, e para onde viajou o primeiro brasileiro diagnosticado com o vírus.
A seguir, veja o que dizem especialistas dos ramos da saúde sobre e do direito do consumidor, e o que as empresas estão para fazendo para proteger os passageiros e evitar que o novo coronavírus embarque em mais transatlânticos pelo mundo.
É arriscado embarcar durante a epidemia?
Pasageiros do Diamond Princess, navio impedido de deixar o porto de Yokohama, no Japão, por ter pessoas infectadas com o coronavírus a bordo Foto: Athit Perawongmetha / Reuters
O infectologista Edimilson Migowski, especialista em Medicina do Viajante pela UFRJ, afirma que o coronavírus Covid-19 tem levantado apreensão na comunidade médica internacional com razão. Mas não vê motivo para pânico, principalmente no Brasil.
— Não recomendaria o cancelamento da viagem, especialmente se ela for pela litoral nacional ou aqui perto, já que ainda não foram confirmados casos no país. O fato de estarmos no verão, e o vírus ter se propagado no inverno do Hemisfério Norte, demonstra uma adaptação ao clima de lá, o que também nos favorece — esclarece Migowski.
O médico, no entanto, alerta para a taxa de letalidade da doença, que chega a 2%, número maior do que o do H1N1 e da própria dengue, já velha conhecida dos brasileiros. Portanto, é preciso ter atenção:
— É um vírus novo, portanto quase 100% das pessoas não têm imunidade. Além disso, a transmissão é feita entre humanos, diferentemente do que acontece com a dengue. Então, basta estar em ambientes fechados ou encostar em algo contaminado para que a disseminação seja facilitada.
É possível minimizar os riscos, diz o médico Estevão Nunes, vice-diretor de Serviços Clínicos da Fiocruz. Os cuidados de higiene são os mais importantes, principalmente dentro de um transatlântico. E não apenas em relação ao Covid-19:
— Lavar as mãos e os alimentos é fundamental, em qualquer época, inclusive, para evitar a proliferação também de outros vírus. Assim como usar álcool gel sempre que possível. E evitar contato com pessoas que apresentem sintomas e que tenham estado em áreas contaminadas nos últimos meses também é importante. Navios de cruzeiro reúnem muitas pessoas em espaço relativamente pequeno, o que aumenta a probabilidade de transmissão.
Com isso, evitar ambientes ainda mais confinados lá dentro é uma boa opção:
— Já temos observado que as companhias estão precavendo seus passageiros e tripulantes, oferecendo mais informações a todos na embarcação. Em caso de qualquer alteração na saúde, é preciso comunicar imediatamente os órgãos responsáveis no navio. Não há motivo para ter medo ou cancelar a viagem. Só é preciso estar atento.
O passageiro que tiver comprado bilhetes ou contratado pacotes para navios que passarão por destinos em alerta por causa do Covid-19, como a China, a Coreia do Sul, o Irã e, agora, a Itália, podem pedir reembolso ou cancelamento sem multa, segundo a advogada Luciana Atheniense, especializada em direito do consumidor voltado para o turismo.
A advogada ressalta, no entanto, que o mesmo não se aplica se o cruzeiro em questão incluir apenas portos em regiões onde não há casos da doença ou apenas poucos infectados comprovados, como o Brasil.
— Quem vai embarcar para uma viagem marítima no Brasil ou no Caribe, por exemplo, corre um baixo risco de entrar em contato com a doença. Principalmente se a companhia de cruzeiro estiver tomando as medidas determinadas pelas autoridades competentes, como a triagem de passageiros que estiveram em locais mais atingidos pelo surto — explica Luciana.
Para ela, a situação da Itália pode justificar ainda um questionamento junto às empresas quanto a roteiros por outros destinos europeus:
— A gente observa que na Europa é diferente, pela facilidade de ir e vir dos turistas integrantes da Comunidade Europeia ser muito maior, assim como a vulnerabilidade de contrair essa doença.
A advogada orienta os viajantes que já comprara bilhetes ou pacotes, ou já reservaram hospedagem, em lugares mais afetados pelo Covid-19, que procurem o quanto antes as empresas (agências de turismo, companhias aéreas, de cruzeiros ou hotéis) para uma conciliação. Com a justificativa de o destino contratado já ter confirmado a presença de pessoas infectadas, principalmente para as cidades onde o governo local já restringiu o deslocamento da população para locais públicos (praças, estádios e museus, entre outros.
Que medidas estão tomando as empresas?
Agente de saúde verifica temperatura de passageiros no terminal de cruzeiros em Port Kiang, na Malásia Foto: Lim Huey Teng / Reuters
As principais armadoras de cruzeiros do mundo estão adotando protocolos de segurança comuns em relação ao novo coronavírus. Um deles é a triagem de passageiros e tripulantes.
Costa Cruzeiros e MSC estão impedindo a entrada no navio daqueles que estiveram na China continental, Hong Kong ou Macau (ainda que apenas em conexões em seus aeroportos) e Coreia do Sul, e nas cidades italianas Casalpusterlengo, Codogno, Castiglione D'Adda, Fombio, Maleo, Somaglia, Bertonico, Terranova dei Passerini, Castelgerundo e San Fiorano, na região de Lodi, na Lombardia, e na cidade de Vò Euganeo, situada em Pádua, na região de Veneto, num período de 14 dias antes do embarque.
Nos navios do grupo da Royal Caribbean, a restrição de embarque é para pessoas que estiveram na China continental, Hong Kong ou Macau, Coreia do Sul e as regiões italianas do Vêneto e da Lombardia num período de 15 dias antes da data de início do cruzeiro.
A Disney Cruise Line também ampliou suas restrições para quem esteve nas regiões de Lombardia e do Veneto até 14 dias antes de embarcar. Quem esteve na China continental, Hong Kong ou Macau até 15 dias antes também não poderão embarcar.
Já a triagem dos passageiros e tripulantes da Norwegian Cruise Line está restrita, até o momento, apenas aos que estiveram na China continental, Hong Kong ou Macau, 30 dias antes do embarque.
Em todas as companhias de cruzeiros, passageiros e tripulantes que que tiveram contato com pessoas diagnosticadas com o vírus ou apenas com suspeita de infecção, antes da data do embarque, também estão sendo proibidos de entrar nos navios. Todas as pessoas estão passando por uma espécie de questionário e devem assinar um termo de responsabilidade para garantir a veracidade das informações fornecidas à companhia de cruzeiros e às autoridades portuárias.
Além disso, todas as pessoas estão tendo suas temperaturas medidas antes do embarque. Se o termômetro marcar 37,8°C ou mais, a pessoa será barrada, assim como se apresentar sintomas como calafrios, tosse ou dificuldades respiratórias. As empresas anunciaram também ter reforçado a limpeza nos navios.
Como o vírus afetou as rotas dos cruzeiros?
Desde que a epidemia estourou na China, em janeiro, as companhias cancelaram cruzeiros saindo ou parando nos portos daquele país, um dos maiores mercados do setor atualmente. A MSC, por exemplo, precisou modificar o roteiro de seus navios Splendia e Bellissima, trocando portos chineses por escalas em Cingapura e Vietnã, entre outros. Já a Norwegian tirou portos do Sudeste Asiático dos próximos roteiros do Norwegian Spirit. Em vez de terminar em Cingapura, o cruzeiro de 24 dias saindo da África do Sul agora será concluído em Pireu, na Grécia. Já a Costa suspendeu temporariamente a oferta de excursões em terra às regiões de Piemonte, Lombardia e Vêneto (onde fica Veneza, por exemplo).
O Globo quinta, 27 de fevereiro de 2020
CARNAVAL CARIOCA 2020 - VIRADOURO CAMPEÃ
Análise: Receita da Viradouro campeã foi conjugar estrutura e paixão carnavalesca
Escola de Niterói empoderou sua comunidade e investiu em excelentes profissionais para conquistar o título do Carnaval 2020
Aydano André Motta
26/02/2020 - 20:31 / Atualizado em 26/02/2020 - 21:51
Viradouro surpreendeu público com sereia debaixo d'água na comissão de frente da escola Foto: Alexandre Cassiano / Agência O Globo
RIO — A conjugação de paixão e estrutura — nesta ordem — num projeto que sempre se entendeu coletivo explica o título da Viradouro. De volta ao Grupo Especial há apenas dois anos, a escola de Niterói apostou na valorização de seus componentes e da estrutura profissional, para chegar pela segunda vez ao topo do carnaval (a primeira foi em 1997, no entardecer da carreira de Joãosinho Trinta). Os ensaios dominicais na Avenida Amaral Peixoto — endereço do desfile na capital do antigo Estado do Rio — mostravam o empenho dos componentes na busca pela vitória.
Do outro lado da Ponte, na Cidade do Samba, o barracão bem estruturado construía o conjunto alegórico mais imponente do ano. Com cronograma rígido - a Viradouro se planejou para terminar cedo o trabalho, concentrando-se em ajustes nas semanas anteriores ao desfile. E ainda se manteve a salvo do cenário de terra arrasada no orçamento de quase todas as adversárias: além de contar com o dinheiro da contravenção — via o presidente de honra, Marcelo Calil —, teve aporte de R$ 2,5 milhões da Prefeitura de Niterói.
(Aqui, uma lição para Liesa e as escolas cariocas, na hora das escolhas eleitorais. Na campanha de 2016, foram todas bater palma para o bispo Marcelo Crivella que, ao se sentar na cadeira de prefeito, virou as costas ao samba.)
Cada item da bula carnavalesca foi cumprido num desenho lógico pela Viradouro. As escolas têm dois diretores de carnaval - Alex Fab e Dudu Falcão —, um ótimo casal de mestre-sala e porta-bandeira — Julinho e Rute, nota máxima dois anos seguidos —, um dos melhores puxadores da festa — Zé Paulo Sierra — e um consagrado mestre de bateria — Ciça, campeão na Estácio. Talentos experientes que deram o suporte necessário aos carnavalescos Tarcísio Zanon e Marcus Ferreira, estreantes no Grupo Especial.
RELEMBRE O DESFILE DA CAMPEÃ VIRADOURO
Unidos do Viradouro conta na avenida a história de mulheres que lutaram para construir o Brasil Foto: PILAR OLIVARES / REUTERS
O enredo "Viradouro de alma lavada" da vermelho e branco fala do empoderamento feminino através das ganhadeiras de Itapoã, grupo de cantigas folclóricas criadas por lavadeiras escravas do século XIX Foto: PILAR OLIVARES / REUTERS
A dupla, aliás, foi contratada às pressas, para substituir Paulo Barros, que deixou a vermelho e branco intempestivamente, quando os principais profissionais estavam contratados. Os dois chegaram com três propostas de enredo — a que eles achavam menos provável de ser aceita terminou como a escolhida pela direção: a história das ganhadeiras de Itapuã.
Desde o fim do ano, a rádio corredor da folia apontava a Viradouro favorita, com o senão da posição no desfile — segunda de domingo — como obstáculo. Até nisso, a vitória dos bambas niteroienses tem utilidade: derruba o cacoete do júri da Liesa, de considerar dia e hora como critério de avaliação.
Em outra cidade da Região Metropolitana, a crueldade da derrota no desempate esconde virtudes importantes da Grande Rio. A tricolor de Caxias voltou-se à sua comunidade, diminuiu drasticamente o número de artistas e escolheu num personagem da cidade como enredo. Teve o melhor samba do ano e, não fosse a acidentada entrada do abre-alas, que atrapalhou a evolução, poderia ter finalmente chegado ao título. Bateu — de novo — na trave, mas está no caminho certo. A aposta em talentos de sua comunidade, como a porta-bandeira Taciana Couto (dona de 50 pontos do júri, ao lado do mestre-sala Daniel Werneck) o mestre de bateria Fafá e o puxador Evandro Malandro, pavimentou a recuperação da escola, 10º lugar em 2019. Porque carnaval campeão se faz com quem é apaixonado pelo babado.
O Globo quarta, 26 de fevereiro de 2020
CARNAVAL PAULISTANO: ÁGUIA DE OURO É CAMPEÃ
Águia de Ouro é a campeã do carnaval de São Paulo
É a primeira vez que a escola conquista o título no grupo especial do carnaval paulistano; Mancha Verde ficou em segundo lugar
Dimitrius Dantas
25/02/2020 - 17:35 / Atualizado em 25/02/2020 - 19:34
Comissão de frente da Águia de Ouro, que desfilou na segunda noite no sambódromo Foto: José Cordeiro / Prefeitura de São Paulo
SÃO PAULO — A escola Águia de Ourofoi a campeã este ano do grupo especial do carnaval de São Paulo. Desde que foi criada, há 44 anos, a agremiação esperava pelo título. A Águia somou 259,9 pontos e venceu por uma diferença de apenas um décimo da segunda colocada, a Mancha Verde. O presidente da escola, Jurandir Leonardo, destacou a relevância da conquista.
— Eu estou nessa escola nesses 44 anos. Entrei com 9 anos de idade e passei em todos os setores até chegar na diretoria. Esse é um momento histórico para nós — disse Leonardo.
Também bem cotada, a Mancha Verde ficou em terceiro lugar. A Acadêmicos do Tatuapé, que homenageou a cidade de Atibaia, no interior de São Paulo, liderou a maior parte da apuração, mas viu sua pontuação cair durante julgamento do penúltimo quesito. A Águia levou para o sambódromo do Anhembi a evolução do conhecimento humano, num passeio desde a idade da pedra até a geração dos robôs.
—Tenho que agradecer demais a bateria da Águia. Dois dias antes do desfile não tínhamos todas as fantasias. Terminamos a última indo para a avenida — contou o responsável pela bateria da escola, Mestre Juca.
Um dos destaques da Águia de Ouro, escola sediada no bairro da Pompéia, foi um carro alegórico lembrando a bomba atômica de Hiroshima. Integrantes da comunidade japonesa também participaram do desfile.
O presidente da Acadêmicos do Tatuapé, Eduardo dos Santos, lamentou o quarto lugar. A escola ficou quase toda a apuração na liderança da disputa. A reviravolta nos minutos finais da apuração desanimou os dirigentes que acompanhavam as notas.
— Esse ano, diferente do ano passado, a gente achava que tinha feito um bom trabalho e novamente perdemos ponto. Mas vamos acatar, entender o que fizemos de errado. Um carnaval competitivo como o nosso, a gente liderar 7 dos 9 quesitos é um indicador do trabalho bem feito — disse.
Foram rebaixadas para o grupo de acesso X-9 Paulistana e Pérola Negra. A Gaviões da Fiel, sob comando do aclamado carnavalesco carioca Paulo Barros, amargou o 11º lugar. As escolas Vai-Vai e Acadêmicos do Tucuruvi subiram para o grupo especial.
Em dois dias de desfile pelo sambódromo do Anhembi, Zona Norte da capital, 14 escolas entraram na avenida. Os enredos foram da revolução tecnológica à resistência negra.
No primeiro dia, desfilou a Tom Maior, que homenageou a ex-vereadora carioca Marielle Franco, assassinada em 2018. A escola levou para a avenida um enredo sobre personalidades negras.
Na noite seguinte, a Rosas de Ouro fechou o carnaval falando de inovações tecnológicas e abusou da interatividade, com imagens nos carros que poderiam ser filmadas por um aplicativo e interagia com o público no celular. Na frente da bateria, um robô também fez as vezes de destaque.
A Mocidade Alegre deixou a passarela no último dia de desfile como favorita, mas acabou em terceiro lugar. A Mocidade falou sobre o poder feminino e levantou arquibancada com o samba-enredo e alegorias luxuosas.
A Liga das Escolas de Samba de São Paulo apostou este ano na ousadia das baterias. As escolas só conseguiriam nota 10 se apresentassem alguma performance diferente no sambódromo. Além disso, a paradinha (quando os integrantes da ala param de tocar os instrumentos por algum segundo) e outros efeitos passaram a ser obrigatórios.
Mais um ano a apuração do carnaval de São Paulo não teve a presença de torcida. Desde o episódio em que um representante de uma escola rasgou fichas dos jurados em 2012 durante a apuração, a divulgação das notas passou a ter a presença apenas para a diretoria das agremiações.
O Globo terça, 25 de fevereiro de 2020
CARNAVAL CARIOCA 2020 - GRANDE RIO LEVA O ESTANDARTE DE OURO
Grande Rio leva Estandarte de Ouro de melhor escola do Grupo Especial
Agremiação ainda foi premiada em samba-enredo, puxador, baianas e na categoria especial Fernando Pamplona
Carolina Heringer e Carolina Callegari
25/02/2020 - 06:35 / Atualizado em 25/02/2020 - 08:56
"Respeita o meu axé": frase do samba foi estampada no tripé da comissão de frente Foto: BRENNO CARVALHO / Agência O Globo
RIO — A Acadêmicos da Grande Rio foi eleita pelo júri do Estandarte de Ouro como a melhor escola do Grupo Especial deste ano. A agremiação também foi premiada em mais quatro categorias: samba-enredo, puxador, baianas e Fernando Pamplona, criada este ano. A escola homenageou o pai de santo Joãozinho da Gomeia, buscando seu primeiro título completamente renovada, com a estreia da dupla de carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora (ex-Cubango). Evandro Malandro foi premiado como melhor puxador.
Religiosidade do candomblé foi levada para avenida pela Grande Rio Foto: Guito Moreto / Agência O Globo
Ogan mais velho do país, Bangbala desfilou num dos carros aos 101 anos de idade Foto: Agência O Globo
O puxador Evandro Malandro embalou o público com o samba-enredo "Tata Londirá - o canto do caboclo no quilombo de Caxias", ambos premiados. A categoria especial Fernando Pamplona, que destaca as criações com poucos recursos, também ficou com a verde, vermelha e branca pela criação de seu abre-alas. A colorida ala das baianas também foi premiada.
O Estandarte de Ouro é organizado desde 1972 pelo GLOBO. O troféu também tem a participação do jornal Extra. A premiação tem 15 troféus para o Grupo Especial e dois para a Série A, vencidos este ano pela Imperatriz Leopoldinense (melhor escola) e pela Acadêmicos de Santa Cruz (melhor samba-enredo da série A).
A Viradouro, segunda escola a desfilar no primeiro dia do Grupo Especial, conquistou o melhor enredo, que viajou até a Bahia, para cantar o empoderamento feminino das Ganhadeiras de Itapuã. Uma das justificativas levantadas para a escolha da escola foi a facilidade de comunicação com o público, dada a facilidade de compreensão do enredo.
VEJA FOTOS DO DESFILE DA VIRADOURO
Unidos do Viradouro conta na avenida a história de mulheres que lutaram para construir o Brasil Foto: PILAR OLIVARES / REUTERS
O enredo "Viradouro de alma lavada" da vermelho e branco fala do empoderamento feminino através das ganhadeiras de Itapoã, grupo de cantigas folclóricas criadas por lavadeiras escravas do século XIX Foto: PILAR OLIVARES / REUTERS
A Vila Isabel foi premiada como melhor bateria, sob o comando do Mestre Macaco Branco. No ano passado, ele foi premiado em Revelação. A azul e branco de Noel Rosa cantou a cidade de Brasília.
PUBLICIDADEA Portela encerrou o primeiro dia de desfiles com o céu já claro. Nem assim o símbolo da agremiação passou despercebido. A águia, a grande expectativa da agremiação, movia as asas na Avenida e deu o prêmio de inovação. A carnavalesca Márcia Lage explicou que ela foi feita de ferro coberto com espelhos e um tecido de paetês
Águia high-tech de Márcia e Renato Lage abre desfile de ótimo nível da Portela, a maior campeã de todas Foto: Alexandre Cassiano / Agência O Globo
"A viúva alegre", da ala das damas, no Salgueiro rendeu o prêmio de melhor ala para a escola. A agremiação ainda teve o casal de mestre-sala e porta-bandeira Sidclei Santos e Marcella Alves premiados. A cantora Elza Soares foi escolhida como personalidade, tendo desfilado na Mocidade Independente de Padre Miguel.
Série A
A Imperatriz Leopoldinense ganhou o Estandarte de Ouro de melhor escola da Série A de 2020, reeditando o samba-enredo "O teu cabelo não nega (Só dá Lalá)", dos compositores Zé Katimba, Gibi e Serjão, com o qual foi bicampeã em 1981. Desta vez, o enredo foi desenvolvido pelo carnavalesco Leandro Vieira, o mesmo da Mangueira, campeão na Estação Primeira no Grupo Especial em 2019. Na primeira edição, o carnavalesco foi Arlindo Rodrigues.
Já o melhor samba-enredo da Série A foi o da Acadêmicos de Santa Cruz, "Santa Cruz de Barbalha - Um conto popular no Cariri Cearense", dos compositores Samir Trindade, Junior Fionda, Elson Ramires e Rildo Seixas. Pesaram na escolha a bela melodia e a concisão da letra. O Estandarte de Ouro não premia sambas-enredo reeditados.
O Estandarte de Ouro 2020 será entregue no Armazém 1 do Píer Mauá, no dia 13 de março.
Confira o preço dos ingressos:
Inteira - R$ 70
Meia - R$ 35
Mesa quatro lugares - R$ 280
As vendas começarão nesta de quinta-feira (dia 27/2) neste link.
O Globo segunda, 24 de fevereiro de 2020
CARNAVAL CARIOCA 2020: PORTELA ENTRE AS FAVORITAS
Carnaval 2020: Desfile correto deixa Portela entre as favoritas no 1º dia do Grupo Especial na Sapucaí
Agremiação foi a última escola a desfilar neste primeiro dia na Sapucaí
Aydano André Motta
24/02/2020 - 06:49 / Atualizado em 24/02/2020 - 08:04
Portela foi a última escola a desfilar neste primeiro dia na Sapucaí Foto: Gabriel Monteiro / Agência O Globo
RIO - A linda águia hit-tech de Márcia e Renato Lage abriu desfile de ótimo nível da Portela. Candidata ao título, a maior campeã da festa contou a história do Rio antes do Rio - em "Guajupiá, terra sem males" - com fantasias e alegorias impecáveis e um samba muito bom. Madureira e Oswaldo Cruz foram dormir com dia claro, sonhando com o 23º título.
VEJA IMAGENS DO DESFILE DA PORTELA
Símbolo da escola, a águia da Portela encantou o público Foto: BRENNO CARVALHO / Agência O Globo
Comissão de frente da Portela doi coreografada por Carlinhos de Jesus Foto: BRENNO CARVALHO / Agência O Globo
A apaixonante tradição portelense surgiu no início da escola, com a resiliência de Vilma Nascimento. A lendária porta-bandeira recuperou-se de uma cirurgia na cabeça, teve alta na véspera e, aos 81 anos, foi para a Sapucaí desfilar com sua tribo.
Sua herdeira atual, Lucinha Nobre, inovou ao parir um bebê indígena ao fim de cada apresentação para os jurados. Depois dela, veio uma escola que canta como nenhuma outra atualmente, entoando o belo samba de 2020.
As fantasias de Renato e Márcia Lage impressionaram pela elegância - ainda que não tenham conseguido driblar o perigo de enredos indígenas: a dificuldade para variar o tema das alas. O conjunto de alegorias foi especialmente inspirado - dos melhores que passaram no domingo.
Se não arrebatou, a Portela tem lugar certo nas campeãs - e, na matemática torturante dos décimos das notas, pode até ser como a vencedora de 2020.
O Globo domingo, 23 de fevereiro de 2020
CARNAVAL CARIOCA: IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE GANHA ESTANDARTE DE OURO DA SÉRIE A
Imperatriz Leopoldinense ganha Estandarte de Ouro de melhor escola da Série A
Verde e branco da Zona Norte reeditou enredo de 1981. Prêmio de melhor samba-enredo foi para Acadêmicos de Santa Cruz, que homenageou a cidade cearense de Barbalha
O Globo
23/02/2020 - 07:31 / Atualizado em 23/02/2020 - 08:23
Bom gosto no acabamento das fantasias da bateria se repetiu em outras alas Foto: DIEGO MARTINS MENDES / Agência O Globo
RIO - A Imperatriz Leopoldinense ganhou o Estandarte de Ouro de melhor escola da Série A de 2020, reeditando o samba-enredo "O teu cabelo não nega (Só dá Lalá)", dos compositores Zé Katimba, Gibi e Serjão, com o qual foi bicampeã em 1981. Desta vez, o enredo foi desenvolvido pelo carnavalesco Leandro Vieira, o mesmo da Mangueira, campeão na Estação Primeira no Grupo Especial em 2019. Na primeira edição, o carnavalesco foi Arlindo Rodrigues.
IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE GANHA ESTANDARTE DE OURO DE MELHOR ESCOLA DA SÉRIE A EM 2020; VEJA IMAGENS
Imperatriz levou bonde da alegria à Sapucaí com Zé Catimba e Elymar Santos Foto: Diego Martins Mendes / Agência O Globo
Além do sambão, a escola de Ramos encantou os jurados com fantasias e alegorias de estilo romântico, lembrando os carnavais antigos, já que o enredo é uma homenagem a Lamartine Babo, autor de diversas marchinhas e dos hinos dos maiores clubes de futebol cariocas.
O melhor samba-enredo da Série foi o da Acadêmicos de Santa Cruz, "Santa Cruz de Barbalha - Um conto popular no Cariri Cearense", dos compositores Samir Trindade, Junior Fionda, Elson Ramires e Rildo Seixas. Pesaram na escolha a bela melodia e a concisão da letra. O Estandarte de Ouro não premia sambas-enredo reeditados.
O Estandarte de Ouro 2020 será entregue no Armazém 1 do Píer Mauá, no dia 13 de março.
Confira o preço dos ingressos: Inteira - R$ 70 Meia - R$ 35 Mesa quatro lugares - R$ 280
CARNAVAL CARIOCA 2020: DRAMA DO IMPÉRIO SERRANO - BAIANAS SEM AS SAIAS
Drama do Império Serrano e críticas políticas marcam defiles do primeiro dia da Série A
Acadêmicos de Vigário Geral abriu a noite, que teve mais seis escolas
João Paulo Saconi, Leticia Lopes, Rafael Nascimento de Souza e Saulo Pereira Guimarães
22/02/2020 - 08:23 / Atualizado em 22/02/2020 - 08:49
Ala das Baianas do Império Serrano não teve a fantasia completa, faltando as tradicionais saias Foto: Diego Martins Mendes / Agência O Globo
RIO — O primeiro dia de desfiles da Séria A no Sambódromo foi marcado por críticas políticas, em especial nas alegorias, e pelo drama do Império Serrano, com fantasias incompletas. A Acadêmicos de Vigário Geral abriu a noite — que teve uma pausa na chuva — com uma crítica ao presidente Jair Bolsonaro. No fim do desfile, um tripé trazia um palhaço com uma faixa presidencial. No início do evento, antes da primeira escola, representantes da Liga das Escolas de Samba do Rio (Lierj), que organiza o desfile da Série A, apresentaram uma faixa com apelos ao governador Wilson Witzel no setor 1.
A costureira Dalva Reis atravessou a Marquês de Sapucaí na primeira noite dos desfiles da Série A aos prantos. As lágrimas alternavam a emoção de estar por mais um ano no Sambódromo e a revolta por não estar com a fantasia completa. As baianas do Império Serrano desfilaram sem as tradicionais saias, apenas com a parte superior da fantasia. Na bateria, ritmistas estavam sem os cocares que davam acabamento ao figurino.
— Estou sentindo uma decepção grande, e uma sensação de impotência. Nós entramos mais como uma forma de protesto, para não deixar a escola na mão. Foi uma falta de planejamento — lamentou Dalva, que há quatro anos desfila na ala das baianas da agremiação.
CONFIRA FOTOS DA 1ª NOITES DE DESFILES DA SÉRIE A NO SAMBÓDROMO
Palhaço com faixa presidencial fechou desfile da Vigário Geral Foto: DIEGO MARTINS MENDES / Agência O Globo
Comissão de Frente da Vigário Geral comentou a situação política do país Foto: DIEGO MARTINS MENDES / Agência O Globo
O drama do Império Serrano, no entanto, não ficou restrito à pista da Sapucaí. Na dispersão, ao descer do carro abre-alas, a presidente, Vera Lúcia Corrêa, foi abordada por uma componente revoltada com os problemas da escola e, após o tumulto, deixou o local às pressas antes de o cronômetro marcar o encerramento da apresentação. Ela não cumprimentou a comunidade, não deu explicações às baianas e também não quis falar com a imprensa.
— Não vou falar. Não tem o que dizer — afirmou Vera, que se limitou a confirmar que não permanecerá à frente do Império. — Temos eleições em maio e não vou ser candidata.
Quinta escola a desfilar, a Acadêmicos do Cubango também enfrentou problemas ao atravessar a Sapucaí. Um dos carros alegóricos desacoplou em frente à primeira cabine de jurados, o que fez um buraco se formar na evolução da escola. Em seguida, o carro que vinha logo atrás quebrou.
Antes do início dos desfiles, representantes da Liga das Escolas de Samba do Rio (Lierj) protestaram contra o governador Wilson Witzel por meio de uma faixa, afirmando que a Série A “sofre pela falta de apoio do poder público”. Segundo a direção da liga, as escolas estão “agonizando”.
— Quem decidiu fazer esse protesto foram todas as escolas da Série A. Todo mundo tem apoio, menos a Série A. Somos um patinho feio — desabafou o presidente da Lierj, Wallace Palhares.
O presidente Jair Bolsonaro também foi alvo de críticas na primeira noite de desfiles. A Acadêmicos de Vigário Geral, com o enredo “O conto do vigário”, levou para a Avenida um tripé com um palhaço com faixa presidencial.
A Acadêmicos da Rocinha levou inclusão para a avenida. Na ala sobre a luta por direitos e liberdades, 26 integrantes tinham um adereço a mais. Por serem deficientes visuais, estavam com bengalas, e muita disposição. Para entrar com a terceira escola da noite, o grupo ensaiou por três meses.
Apesar de a Liesa dizer que a maior parte dos ingressos esgotou para o primeiro dia de desfiles, arquibancadas vazias eram visíveis. Para o presidente da Lierj, a chuva foi a culpada.
— Teve um aviso de chuva muito forte, de tempestade, e isso afastou o pessoal. Foi bem na hora que todo mundo está saindo de casa — argumentou o Wallace Palhares.
O Globo sexta, 21 de fevereiro de 2020
CARNAVAL CARIOCA 2020: CRIATIVIDADE NOS NOMES DOS BLOCOS CARIOCAS
Do clássico Só o Cume Interessa ao novato CPF do Crivella, carioca mostra que criatividade é matéria-prima bem usada na folia
Quando a diversão no bloco já começa no batismo
Thaís Sousa
21/02/2020 - 04:30
O Prata Preta homenageia o capoeirista Horário José da Silva, herói da Revolta da Vacina. Já o Caetano Virado celebra o cantorFoto: Amanda Santos / Arquivo
RIO — O carnaval se renova, e a criatividade do folião também. Todos os anos, a realidade do carioca vira matéria-prima para a folia. A começar pelos nomes dos blocos. De protestos a homenagens, tudo vira samba. Ou melhor, desfile. A programação completa do carnaval de rua do Rio, São Paulo e Belo Horizonte você encontra no site do jornal O GLOBO.
Este ano sobrou para Marcelo Crivella e as ameaças da prefeitura do Rio de multar organizadores do carnaval não oficial. Para ironizar a decisão (e provocar, é claro), nada melhor do que criar, justamente, um bloco informal. Assim nasceu o CPF do Crivella.
— Ele multou um bloco em que tocamos e ameaçou outros organizadores. Daí surgiu a ideia de um bloco-protesto criticando a atitude do prefeito, que caminha contra um dos maiores ativos culturais e turísticos da cidade — explicou um dos organizadores, que não quis se identificar para não receber multa no próprio CPF.
Os protestos, aliás, sempre deram o tom do carnaval de rua do Rio. Prata Preta, por exemplo, é uma homenagem ao capoeirista Horário José da Silva, herói da Revolta da Vacina. E o Escravos da Mauá foi criado por um grupo de trabalhadores do Instituto Nacional de Tecnologia, nas proximidades da Praça Mauá, que se sentiam explorados.
Órfãos do Brizola e Caetano Virado são outros blocos que seguem a trilha de homenagens. O primeiro ao ex-governador Leonel Brizola, o segundo a Caetano Veloso. Sargento Pimenta também celebra os Beatles e arrasta milhares de fãs. E até movimento artístico ganha espaço na festa popular.
Dalí Sai Mais Cedo é outro grupo que nasceu de forma quase espontânea quando amigos tiveram a ideia de criar um bloco surrealista. Como todos tocavam em diferentes blocos de carnaval, decidiram que sairiam no pré-carnaval. Ou seja, mais cedo...
Trocadilho: o bloco Só o Cume Interessa desfila pelas ruas da Urca Foto: Divulgação / Riotur
Salvador Dalí já havia sido escolhido para simbolizar a homenagem ao surrealismo quando os fundadores do bloco perceberam que o artista era uma personalidade tanto controversa. Eles até pensaram em mudar, mas já era tarde, e o trocadilho falou mais alto.
— Não deu para fugir do trocadilho. Dalí pegou e, apesar de não ter sido a melhor pessoa, é uma referência e faz parte da homenagem ao surrealismo — conta Luana, uma das fundadoras do bloco, que estreou em 2018 num desfile com mais de 5 mil foliões.
Humor dá o tom
Por falar em trocadilho, como não se lembrar de pérolas como Só o Cume Interessa, Butano na Bureta, Balança Meu Catete, Chroma Aqui Na Minha Mão e Vai Tomar no Grajaú? Alguns são recentes, outros têm décadas de história, mas sempre se renovando.
Entre os clássicos, o Rola Preguiçosa - Tarda, Mas Não Falha é outro clássico da folia, com 27 anos de desfiles em Ipanema. Nos anos 80, época da fundação, HIV era tabu, e o bloco abordava o tema de forma leve. Com o passar dos anos, outras pautas foram abraçadas. Em 2020, Queiroz e o escândalo das “rachadinhas” vão embalar o desfile.
O Globo quinta, 20 de fevereiro de 2020
CARNAVAL 2020: MUSAS DESCOBREM NO SAMBA O ALÍVIO PARA OS PROBLEMAS
Musas descobrem no samba o alívio para os problemas
Mulheres contam como transformam a energia da Marquês de Sapucaí em combustível no dia a dia
Giselle Ouchana e Rafael Galdo
20/02/2020 - 04:30
Paula, da Vila Isabel, aprendeu a sambar aos 50 Foto: Roberto Moreyra / Agência O Globo
Foi aos 50 anos que a paisagista Paula Bergamin aprendeu a sambar. Começou espiando aulas de dança na academia de Ipanema onde treinava. E achava que o primeiro desfile na Sapucaí, em 2014, satisfaria seu sonho de brilhar na Sapucaí. Ledo engano... A energia da Avenida a viciou. E atualmente, aos 58, musa da Unidos de Vila Isabel, fez do requebrado um estilo de vida. Uma superdose de alegria que compartilha com outras mulheres, também musas na Passarela, que descobriram no samba uma força vital.
— Pode parecer piegas, mas é realmente um remédio para a alma. É químico, emocional. Aconselho a todos — diz Paula, que ganhou o apelido Madonna da Vila, pelo vigor e pela aparência física que lembram a diva da música pop: — A primeira vez que pisei na Sapucaí era como se meu corpo estivesse tomado por uma corrente elétrica.
Conhecida por projetar jardins de famosos como o artista plástico Vik Muniz e frequentadora dos bailes da high society, Paula não se contentou em ser uma “visitante” na escola de samba. Ela se integrou à comunidade, não falta a um ensaio de rua e participa de ações sociais da Azul e Branco. Já quando o assunto é a idade, a musa diz que passou a receber, nas redes sociais, dezenas de mensagens de mulheres que a pedem dicas e dizem que ela as incentiva. Mas conta que enfrenta, sim, alguns preconceitos — o que poderia parecer assunto já superado, démodé para os dias de hoje. Com sorriso no rosto e samba no pé, no entanto, ela logo reverte qualquer tipo de prejulgamento.
— No mínimo sou uma surpresa onde chego. Vejo olhares muito céticos quando veem uma mulher madura como musa, como se associassem a idade a não conseguir fazer o que faço. Mas tenho um prazer que você não tem ideia de desarmar essas pessoas quando mostro que minha alegria de desfilar é verdadeira, que eu me dedico ao samba. O meu maior prêmio é mudar esse pensamento preconceituoso — afirma a paisagista, que tem quatro netos.
A projetista vive intensamente o dia a dia da escola Foto: Roberto Moreyra / Agência O Globo
Para Joany Macias, musa da União da Ilha do Governador, o samba também é um combustível que, além de prazer, é uma terapia de fato. Aos 23 anos, ela começou a tratar Lúpus, doença inflamatória autoimune que, nela, se manifesta com fortes dores pelo corpo e fraqueza. A paixão pelo carnaval, porém, sempre fala mais alto. E, quando pisa no Sambódromo, é como se todas as consequências da doença desaparecessem.
— Mesmo com o fôlego limitado, é o meu lugar. Apesar das dores, eu me recuso profundamente a não poder viver essa paixão por causa da minha condição — afirma.
Panamenha, desde a adolescência ela vive na cidade de Los Angeles, nos Estados Unidos. Contudo, há mais de duas décadas vem ao Brasil religiosamente durante o Reinado de Momo. E, há quatro anos, exibe puro gingado enquanto atravessa a Passarela do Samba.
Pé quente colocado à prova
Neide Rocha, de 58 anos, musa da Beija-Flor de Nilópolis, tampouco consegue se enxergar longe da Sapucaí. Desde o fim da década de 1970, ela desfila na escola. Por muito tempo, foi ritmista, numa época em que se contavam nos dedos as integrantes femininas nas baterias das agremiações. Muito popular entre os componentes e dedicada aos compromissos da Azul e Branco, Neide Tamborim, como é carinhosamente conhecida, diz ter se surpreendido quando recebeu o título de musa, há dois anos.
Neide desfila na Beija-Flor desde o fim da década de 1970 Foto: Pedro Teixeira / Agência O Globo
— Levei um susto. Achava que musas eram aquelas mulheres altas, famosas... Eu, uma simples ritmista, com 56 anos na época, achei que foi uma consideração incrível da minha escola — ressalta Neide, que não abriu mão de desfilar com seu tamborim: — Foi um passo incrível que abriu caminho para outras mulheres que chegam a certa idade e acreditam que não têm mais condições.
Já são 43 carnavais de Beija-Flor. Pé quente, ela emprestou seu talento a uma outra escola apenas em 1992, quando a Grande Rio foi campeã do Grupo de Acesso e subiu para o Especial. Numa trajetória de tantas folias, Neide lembra de dois momentos de cuidado redobrado na pista, porém, inesquecíveis: em 1986 e em 2002, desfilou grávida de nove meses. Em todo esse tempo, afirma a musa, só agora ela busca uma preparação mais específica para os desfiles:
— É um trabalho muito desgastante, tanto na parte física quanto mental. Eu toco e sambo sem perder o ritmo. Não posso atrapalhar a bateria. Agora, com quase 60 anos, faço pilates para fortalecer os músculos, principalmente os braços. No dia do desfile, me mantenho concentrada. Não bebo, não fumo e opto por comidas mais leves.
Paixão sem fronteiras
Embora não ostente o mesmo currículo de Neide, a promotora de Justiça americana Simone Michele, de 41 anos, foi nomeada musa da Acadêmicos de Vigário Geral. Ela fará sua estreia amanhã, na Série A, e voltará à Sapucaí no domingo, pela Unidos do Viradouro. O samba, conta ela, tem servido “para ver a vida por outros ângulos”. Acostumada a lidar com histórias de violência por causa da profissão, Simone encontrou no carnaval uma válvula de escape.
— Trabalho em um tribunal e meu dia a dia é pesado demais. Pelo segundo ano, venho para compartilhar da alegria dessa festa extremamente democrática, onde não há ricos ou pobres, pretos ou brancos, brasileiros ou estrangeiros. Há gente feliz — diz Simone, que faz aulas de samba há um ano e leva um pouco da cultura brasileira a regiões pobres de Nova York.
A cobertura do carnaval de rua no jornal O Globo tem apoio de Ame Digital.
O Globo quarta, 19 de fevereiro de 2020
CARNAVAL CARIOCA 2020: O QUE USAR NOS BLOCOS
Não sabe o que usar no bloco de rua? Veja as dicas para montar uma fantasia no carnaval 2020
Nas lojas da Saara, bodies e conjuntos metalizados, arcos de sol e cerveja são as tendências para a folia este ano
Marjoriê Cristine
19/02/2020 -
A estudante Kézia Rodrigues com o arco de R$ 3,50 para a sua fantasia de sol Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
RIO - Montar uma fantasia criativa para fazer sucesso no bloco, mas sem estourar o orçamento, é um desafio que muitos foliões têm procurado resolver na região da Saara. O centro comercial popular, no Centro do Rio, anda lotado de gente em busca de adereços. O que tem feito mais sucesso este ano são os arquinhos, um item barato e de efeito. Bodies metalizados, as onipresentes saias de tule e até mesmo fantasias de cerveja também garantiram espaço no coração da turma que não perde um cortejo.
A operadora de loja Fernanda Monteiro montou uma fantasia de cerveja Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
Os arcos de unicórnio e de sereia são do carnaval passado. Este ano, quem não quer ter nenhuma dúvida de que vai brilhar durante os desfiles de rua tem investido nos acessórios em formato de sol. O acessório não pesa quase nada no bolso: cada um é vendido por R$ 3,50. Kézia Rodrigues, que esteve anteontem na Saara, já garantiu o dela:
— Eu opto pelas roupas e acessórios mais baratos, porque as fantasias prontas são mais caras. Gastei cerca de R$ 100 para comprar saias, arcos, glitters e body. Com eles, vou montar cinco fantasias diferentes. Achar esse arco de sol, bem barato, foi ótimo.
Body de cerveja (R$ 30) + Arco "Eu amo cerveja" (R$ 3,50) = R$ 33,50 Foto: FABIANO ROCHA / O Globo
O acessório de cabeça se tornou o mais vendido em uma das lojas da Rua Senhor dos Passos. O fiscal da loja Jorge Lucas conta que precisa repor o estoque do item várias vezes por dia.
Outra opções também vêm fazendo a cabeça das folionas, como os arcos contra o assédio, com a inscrição “Não é Não” e inspirados em músicas famosas, como “Contatinho”, dos cantores Leo Santana e Anitta.
Outro item que ganhou destaque nas ruas da Saara foi o body estampado com marcas de cerveja. É possível montar uma fantasia alcóolica por menos de R$ 35, incluindo o arco “Eu amo cerveja”. Esta foi a opção de Fernanda Monteiro , que vai se fantasiar com o marido. No sábado, ela optou por uma fantasia inspirada em uma série de TV.
— Teve muita gente pedindo para fazer foto. Foi muito legal – diz.
Serviço da Saara
Rua Senhor dos Passos, 289
Body metalizado (prata, dourado, verde, azul) - R$ 25
Hot pant metalizada - R$ 15
Arco - R$ 3
Zeca Biju - Rua Senhor dos Passos, 286
Arco de Sol, Eu amo cerveja, Contatinho, Ranço - R$ 3
Rua Senhor dos Passos, 286
Short metalizado - R$ 12
Body metalizado - R$ 15
Body Skol Beats e outros temáticos - R$ 12
Rua Senhor dos Passos, 250
Viseira colorida - R$ 24
Fantasia anjo - R$ 25
Óculos em formato de cerveja, caneca de chopp e caipirinha - R$ 10
Top de cerveja - R$ 15
Lumir Moda Íntima - Rua Senhor dos Passos, 239
Saia metalizada - R$ 12
Fantasia de água - R$ 29,90 - Só a plaquinha e o arco - R$ 12,90
Plaquinha do Uber/arco - R$ 12,90
Rua Senhor dos Passos, 196
Pochete - R$ 20 no varejo (R$ 18 atacado)
Viseira - R$ 12 no varejo (R$ 10 no atacado)
Rua Senhor dos Passos, 147
Body de temas e marcas (Kinder Ovo, Mate Leão, Biscoito Globo, Guaravita, Bala Junquinha, Cerveja, Mostarda Heinz, super-herois) - R$ 15
Rua Senhor dos Passos, 179
Body metalizado - R$ 30
Conjunto metalizado (hot pant/short + top) - R$ 35
NOVA YORK: CONHEÇA DEZ LUGARES PARA OBSERVÁ-LA DO ALTO
Conheça dez lugares para observar Nova York do alto
Em março, cidade ganha seu mais novo e alto mirante, o Edge, no complexo Hudson Yards
O Globo
18/02/2020 - 04:30
Parte da ilha de Manhattan vista a partir do observatório do Empire State Building, em Nova YorkFoto: Julienne Schaer / NYC & Company / Divulgação
RIO - Nova York é uma cidade para se ver de cima. Não por acaso, sobram por lá mirantes, observatórios, bares e restaurantes com vistas deslumbrantes para o mar de arranha-céus que formam o inconfundível cartão-postal local. Seja no clássico topo do Empire State Building, totalmente repaginado em 2019, seja no Edge, o novo deque de observação do complexo de Hudson Yards, que será inaugurado em março de 2020, esse tipo de atração precisa estar na lista de qualquer viajante que queira ter a real dimensão da cidade, com seus rios, parques e pontes. E vale até pegar um bondinho para isso.
Edge (Hudson Yards)
Desenho mostra como será o observatório Edge, em Nova York Foto: Divulgação
A 344 metros acima do solo, o Edge será o mais alto deque de observação do Ocidente. Sua inauguração está prevista para 11 de março de 2020 e ele ficará quase no topo do prédio mais alto das Américas, que está sendo finalizado no complexo Hudson Yards.
Os visitantes terão vistas panorâmicas do rio Hudson e da paisagem urbana de Nova York em 360 graus, e poderão caminhar sobre um piso de vidro . Espaços internos nos 100º e 101º andares terão bares, restaurantes e área para eventos.
Empire State Building
Observatório no 102º andar do Empire State Building, em Nova York Foto: Evan Joseph Images / Divulgação
Um dos mais clássicos símbolos do desenvolvimento da cidade no século XX foi completamente remodelado no ano passado: ganhou um museu interativo no segundo andar e um observatório renovado no 102º piso, com janelões que vão do chão ao teto e permitem uma visão de 360.
One World Observatory
Celebrando seu quinto aniversário em 2020, o One World Observatory se orgulha das vistas do mais alto edifício no hemisfério ocidental, posto que manterá até a inauguração do Edge. Três níveis de janelas que vão do chão ao teto, um café, um bar, passeios interativos guiados e muito mais fazem com que a experiência seja imperdível.
Top of the Rock
Top of the Rock, Midtown, Manhattan Foto: Julienne Schaer / NYC & Company / Divulgação
Muita gente que vai ao Empire State Building tem apenas uma reclamação em relação à vista: não vê o próprio Empire State. Para quem quer ver o mais famoso prédio nova-iorquino do alto, o ponto mais tradicional é do Top of the Rock Observation Deck, outro clássico da cidade.
Com mirantes em três níveis distintos, o deque oferece vistas de 360 graus da cidade, incluindo o Central Park. Poucos andares abaixo, o Bar SixtyFive, do outro lado do renomado Rainbow Room, conta com opções saborosas para jantar com belas paisagens e um menu sazonal.
MET
Em 2020, o Metropolitan Museum of Art, o popular MET, completa 150 anos. Após visitar as British Galleries, que serão reabertas em 2 de março, após renovação, vá para o terraço que também possui obras de arte e vistas esplêndidas do Central Park. A sucursal deste icônico museu – o The Met Cloisters – foca em obras da Idade Média em um monastério de estilo francês sobre o Fort Tryon Park, contando ainda com belas vistas do rio Hudson, do parque e do bairro de Inwood, no extremo norte de Manhattan.
Prédios e Central Park: o skyline de Nova York visto do MET Foto: Julienne Schaer / Divulgação
High Line
O calçadão suspenso no lado oeste de Manhattan não é tão alto quanto os mirantes nos topos dos arranha-céus de Nova York, mas ainda assim oferecem uma interessante perspectiva da cidade. Criado no lugar de uma linha de trem desativada, esse jardim suspenso ganhou recentemente mais um trecho. Batizado de High Line Plinth, exibe obras de arte distribuídas em meio a lindas vistas, incluindo Brick House, de Simone Leigh, em exposição até 20 de setembro.
Savanna Rooftop
Vista do Savanna Rooftop, o bar no alto do Z NYC Hotel, em Long Island City, Nova York Foto: Divulgação
Outra verdadeira instituição de Nova York são os bares em rooftops, geralmente em hotéis. Essa tradição que começou em Manhattan logo se espalhou para os outros distritos da cidade. Um rooftop bar que tem dado o que falar por lá é o Savanna Rooftop, no alto do Z NYC Hotel, que fica em Long Island City, bairro do Queens às margens do East River. Essa localização garante um visual incrível do rio, para o skyline de Manhattan e para a Queensboro Bridge.
Roosevelt Island Tramway
Falando em East River, uma atração imperdível na cidade, mas que muitos turistas deixam passar, é o bondinho para a Roosevelt Island. Ele liga a Segunda Avenida à pequena ilha, que fica entre Manhattan e Long Island City, e chega a 76 metros de altura, com os trilhos acompanhando o desenho da Queensboro Bridge. A viagem não dura mais que cinco minutos, mas a vista compensa. O preço é o mesmo de uma passagem de metrô e você pode usar o MetroCard.
O bondinho da Roosevelt Island, em Nova York Foto: Tagger Yancey IV / /NYC & Company / Divulgação
Saindo de Manhattan, no litoral do Brooklyn, fica o pitoresco bairro de Coney Island, endereço de parques de diversão à beira-mar. O mais famoso deles é o Luna Park, dono de brinquedos que são verdadeiras máquinas de viagem no tempo. Duas delas, em especial, oferecem ótimas vistas para o bairro e o Oceano Atântico: a roda-gigante Wonder Wheel e a centenária montanha-russa Cyclone (cuja estrutura é de madeira).
Bronx Zoo Treetop Adventure Climb & Zipline
Para quem busca adrenalina, o Bronx Zoo Treetop Adventure Climb & Zipline merece ser explorado. Essa experiência única transporta os visitantes para fora da selva de concreto, seja fazendo arvorismo ou tirolesa sobre o Bronx River.
O Globo segunda, 17 de fevereiro de 2020
CARNAVAL CARIOCA: O CARNAVAL É BOM NEGÓCIO
O carnaval é bom negócio: Rio deve ter maior receita desde 2017 durante a folia
Estado deve faturar R$ 2,6 bi com a festa, que já movimenta as ruas da cidade
Selma Schmidt
16/02/2020 - 04:30 / Atualizado em 16/02/2020 - 13:33
Loja Caçula de Copacabana preparada para o carnaval; negócios se aquecem com a chegada da foliaFoto: Guilherme Pinto / Agência O Globo
A animação não é só de quem vai se fantasiar e cair na folia. Representantes de hotéis, bares, restaurantes, agências de viagem e lojas de fantasias e adereços estão sorrindo de orelha a orelha, de olho no faturamento que a festa vai trazer. Do dia 21 até a Quarta-Feira de Cinzas, o Estado do Rio terá o melhor carnaval em receitas com atividades formais desde 2017. Estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostra que devem ser injetados na economia fluminense R$ 2,68 bilhões, um terço dos R$ 7,99 bilhões projetados para todo o país. A estimativa é que, em seis dias de Momo, sejam gerados aproximadamente 8.500 empregos temporários no Rio, o maior número desde 2016.
A FOLIA É BOM NEGÓCIO: SETORES DA ECONOMIA DO RIO GANHAM FORÇA NO CARNAVAL
Turistas chilenas Ludmila Canalles e Sandra Burgos vieram para carnaval no Rio Foto: Guilherme Pinto / Agência O Globo
Turistas em Copacabana: uruguaios Julio Perreira e Ana Urrestarazu tiram foto em Copacabana Foto: Guilherme Pinto / Agência O Globo
No Rio, o faturamento real em seis dias, segundo o estudo da CNC, deve superar os de São Paulo, Minas Gerais e de todos os estados do Nordeste somados. Descontada a inflação, o crescimento esperado é de 2,3% no Rio contra 1% no país. A alimentação fora do domicílio deve abocanhar a maior fatia (R$ 1,53 bilhão, no Rio).
— A recuperação gradual da economia, a inflação baixa e a desvalorização da taxa de câmbio estão estimulando os gastos com turismo no Brasil e, especialmente, no Estado do Rio — avalia Fabio Bentes, economista da CNC responsável pela pesquisa.
A Riotur chega a alardear R$ 4 bilhões de faturamento só na capital. Porém, os cálculos são de duas semanas e incluem o comércio informal.
Diante do bom momento para engordar o orçamento, a maquiadora Juliana Monteiro não pensou duas vezes. Ela vai deixar os dois filhos, de 3 e 5 anos, com o pai para que possa atender hóspedes no hotel LSH, na Barra. O emprego temporário vai ter até horário camarada: de sábado a terça, das 14h às 18h:
— Vou receber R$ 2 mil pelos quatro dias, quase o que ganho no salão durante um mês. Dá para fazer uma maquiagem a cada 20 minutos — diz.
O diretor-geral do LSH, Aloysio Duarte, não acredita que sejam formadas filas:
— Vamos oferecer shiatsu para quem estiver esperando. O hóspede também poderá ficar no bar enquanto aguarda a vez.
Os mimos têm sido uma estratégia dos hotéis para fidelizar os hóspedes para, quem sabe, ocupar novas datas. Entusiasmada, Laura Castagnini, diretora do Sindicato dos Meios de Hospedagem do município (SindRio), afirma que, este ano, além de Ipanema e Copacabana, os hotéis da Barra também devem se aproximar dos 100% de lotação no carnaval:
— Os números no pré-carnaval já superam os 80%.
Pela primeira vez no Rio, as chilenas Ludmilla Canales e Sandra Burgos já movimentam a economia. As duas não vão ficar na cidade até os desfiles no Sambódromo, mas planejam aproveitar o carnaval de rua.
A festa em números
Pesquisa da CNC estima que, do dia 21 à Quarta-Feira de Cinzas, o Estado do Rio tenha o maior faturamento com o carnaval no país
No Rio de Janeiro
PROJEÇÃO DE RECEITAS COM O CARNAVAL
ESTIMATIVA DE POSTOS FORMAIS DETRABALHO TEMPORÁRIO
Em R$ bilhões
Em milhares
20,07
3,38
3,17
3,41
2,89
2,68
3,10
2,52
2,62
2,57
10,23
8,52
8,18
7,26
6,91
6,20
5,91
5,74
2012
13
14
15
16
17
18
19
2020
2012
13
14
15
16
17
18
19
2020
*valores atualizados para janeiro de 2020
FATURAMENTO ESTIMADO DURANTE O CARNAVAL DE 2020NO ESTADO DO RIO SEGUNDO SEGMENTOS
Em R$ bilhões
1,53
0,06
0,51
0,27
0,31
Alimentação forado domicílio
Transporte elocação deveículos
Atividadesartísticas ede lazer
Hospedagem
Agênciasde viagens
No Brasil
VOLUME FINANCEIRO ESTIMADO*
FATURAMENTO ESTIMADO POR ESTADO
Em R$ bilhões
Em R$ bilhões
Demais unidades
0,51
9,35
8,39
7,99
7,91
9,07
7,75
8,87
Ceará
Pernambuco
0,32
7,91
0,38
7,73
Bahia
1,39
Minas Gerais
0,81
São Paulo
Rio de Janeiro
1,93
2,68
2012
13
14
15
16
17
18
19
2020
*valores atualizados para janeiro de 2020
Fonte: Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo
— A cidade é, mesmo, maravilhosa — elogia Sandra: — Chegamos antes do carnaval, mas não saímos daqui sem ir aos blocos deste fim de semana.
Com as reservas bombando e de olho ainda no público em geral, hotéis estão disputando feijoadas carnavalescas (entre R$ 220 e R$ 480, com direito a apresentação de grupos de escolas de samba e open bar) e festas.
Cem por cento ocupado para o carnaval contra 89% no ano passado, o Copacabana Palace espera receber entre 120 e 130 pessoas no Restaurante Pérgula em cada uma das suas feijoadas, nos dois próximos sábados. As receitas serão preparadas pelo chef João Melo e regadas por rodas de samba de Mangueira e Vila Isabel.
Contratados para baile
Só para atender à altura durante o Baile do Copa, no sábado de carnaval, o hotel precisou contratar uma turma extra de 250 pessoas, que inclui garçons, serventes e seguranças. Com valores a partir de R$ 2.300, pelo menos metade dos dois mil convites para a festa já está vendida. E os seis camarotes da noite black tie, para o mínimo de dez convidados cada (R$ 5.786 por pessoa), não estão mais disponíveis.
— Sempre dá um frio na barriga quando chega o dia do baile — revela o chef executivo do Copa, o italiano Nello Cassese, com quatro anos de hotel e que divide a organização do evento com Luiz Guilherme Cyrino, chef de banquetes: — São três dias de produção e, no sábado, chegamos cinco horas antes.
A cervejaria Tio Ruy, na Barra, e o bar Carioca da Gema, na Lapa, são alguns dos estabelecimentos que também estarão com quadro extra no carnaval. No ramo de lojas, a Caçula começou a contratação temporária ainda em dezembro. Com o mercado aquecido, espera aumentar em 23% este ano as vendas de fantasias e adereços. O resultado positivo levou a Caçula a efetivar este mês alguns de seus extras, como as atendentes Sandra Santos Melo e Jessica Medeiros Portela, da filial de Copacabana, ambas desempregadas há cerca de um ano.
— Que surpresa! Estava vivendo de bico — diz Jessica.
Tão contente quanto ela está o presidente regional da Associação Brasileira de Agentes de Viagem, Luiz Strauss.
— Tivemos um crescimento da venda de pacotes entre 13% e 15%. Será um carnaval diferenciado — celebra ele: — Até turistas europeus e americanos, que cancelaram viagens para a China (por causa do coronavírus), virão para o Rio.
A cobertura do carnaval do jornal O GLOBO tem apoio de Ame Digital.
O Globo domingo, 16 de fevereiro de 2020
CARNAVAL CARIOCA: MARATONA DE BLOCOS DE RUA
Maratona de blocos de rua exige preparação; especialistas dão as dicas
Foliões levam o carnaval a sério e recorrem até a fisioterapia para aproveitar o carnaval sem deixar faltar o fôlego
Thaís Sousa
16/02/2020 - 04:30 / Atualizado em 16/02/2020 - 08:05
Rafael Feler e Jorge Ricardo, o Kadinho, se preparam para a folia Foto: Maria Isabel Oliveira / O Globo
RIO — Tem que se preparar e manter o ritmo — de preferência queimando a largada no pré-carnaval. Quando a folia chega, milhões de cariocas viram atleta e mostram que não falta fôlego para encarar a maratona momesca. Afinal, com centenas de blocos de rua, elevar o rendimento é indispensável. Mas especialistas alertam: é preciso cuidar da saúde para chegar bem à Quarta-Feira de Cinzas.
Jorge Ricardo dos Santos, o Kadinho, como é conhecido, se intitula “maratonista de carnaval”. E os números mostram que errado ele não está. Em 2018, o carioca da Rocinha conquistou a incrível marca de 42 blocos. Ano passado, dores no joelho reduziram a lista a 40.
Para encarar a maratona de 2020, ele já está em preparação intensa. Fisioterapia e acupuntura, para recuperar o joelho, fazem parte da rotina de treinos de Kadinho antes de se entregar ao carnaval. Já a natação melhora o condicionamento físico. Nos dias de folia, até com a alimentação esse folião consciente se preocupa.
— Eu almoço logo pela manhã. Como arroz, salada de alface, frango grelhado e tomo suco de abacaxi com hortelã. Ou, então, tomo um café da manhã de novela, com muitas frutas, pão de forma, leite com achocolatado e iogurte — relata.
Álcool, só com moderação
Folião de carteirinha, Jorge prefere diminuir o consumo de álcool durante o carnaval para não perder o ritmo. Principalmente depois de um coma alcoólico após o Bloco da Favorita, em 2015. O episódio rendeu uma noite na enfermaria e o trauma de beber demais.
— Cervejinha, só uma no fim do bloco e com a consciência pesada. Já bebi muito, mas depois de 2015, fiquei traumatizado — relembra.
Para curtir de forma saudável
Faça boas refeições antes de sair de casa
Use filtro solar
Hidrate-se! Bebidas alcoólicas desidratam. Tem que consumir água, água de coco, açaí e picolé de frutas
Alongamento e massagens são indicados no pós-bloco
Snacks, oleaginosas, barra de nuts e frutas desidratadas são fáceis de levar para o bloco
Durma bem. Uma boanoite de sono deixa o folião pronto para o que der e vier
Tênis de caminhada ou corrida são as melhores opções para aproveitar os desfiles
As diferenças entre os atletas
Beba com moderação
•
Lata de cerveja:
MARATONA
BLOCO
155 calorias
Distância
42km
42km(42 desfiles)
•
10 latas de cerveja:
1.550 calorias
Duração
4 horas
126 horas(tempo depermanência)
•
Gasto calórico por hora de bloco:
350 calorias
•
Tempo de folia para queimar 10 latas de cerveja:
3.400calorias
45.360calorias
Gastocalórico
4h15m
O pique de Kadinho deixa até atleta de queixo caído. Enquanto se prepara para a Maratona do Rio, o economista Rafael Feler, de 32 anos, também faz planos para a folia. Mas, apesar de correr 42km em provas de rua, Feler nem pensa em pular o carnaval em 42 blocos.
Foi dada a largada para a maratona de carnaval Foto: Maria Isabel Oliveira / O Globo
— Eu aproveito bem. Chego a 15, 20 blocos, mas 42 não tem como — diverte-se o economista, que já correu maratonas em Santiago e Nova York.
A preparação de Feler se intensifica a poucos meses de cada prova:
— Mantenho uma rotina de treinos durante o ano inteiro, com alguns curtos e outros longos. De três a quatro meses antes da prova, começo a esticar mais.
Alimentação em dia
Como ninguém é de ferro, ele pretende fazer sua própria maratona de blocos. Aí, fica difícil manter o mesmo ritmo do resto do ano e, como folião, o economista precisa se adaptar.
— A alimentação nunca é tão boa quanto para uma corrida. Acabamos comendo o que dá, e normalmente o que aparece é comida pouco saudável. O importante é ter a mesma atenção na hidratação, principalmente no calor de fevereiro — ressalta Feler, que, no entanto, faz algumas concessões no período de folia: — Cerveja no bloco sim, alivia o calor. Mas tem que compensar com água. E evitar o excesso para não desidratar demais.
FOI DADA A LARGADA PARA A MARATONA DO CARNAVAL DE RUA
Jorge Ricardo e Rafael Feler são maratonistas Foto: Maria Isabel Oliveira / Agência O Globo
Especialistas concordam com o atleta: álcool não é lá muito amigo da folia, e se alimentar direito é essencial.
— Cerveja não hidrata. Só a sem álcool — alerta a nutricionista Roberta Lima, aconselhando os foliões a levarem snacks e lanchinhos de casa: — Oleaginosas, frutas secas e barras de nuts são boas opções.
Já o educador físico André Leta diz que usar tênis de corrida ou caminhada, se alongar e dormir bem devem fazer parte da vida do folião maratonista.
— Tem que repor energia, se hidratar, dormir bem e fazer uma boa refeição — avisa Leta.
A cobertura do carnaval de rua do jornal O GLOBO tem apoio de Ame Digital.
O Globo sábado, 15 de fevereiro de 2020
CARNAVAL CARIOCA: FIM DE SEMANA TEM VÁRIAS OPÇÕES DE BLOCOS
Fim de semana tem várias opções de blocos infantis para curtir com toda a família
Bloquinhos vão agitar as ruas do Rio com muito confete e serpentina neste último fim de semana de pré carnaval no Rio
Carolina Moura
14/02/2020 - 18:46 / Atualizado em 14/02/2020 - 19:37
Desfile do bloco Gigantes da Lira, em Laranjeiras Foto: Marcelo Carnaval / Agência O Globo
RIO — A programação de carnaval da criançada já começou em diversos pontos da cidade. Há várias opções para a família brincar e curtir junto. Bloquinhos como o da Sá Pereira, da Pracinha, da Mamadeira, Minibloco, Gigantes da Lira e outros vão agitar as ruas neste fim de semana com muita música, confete, serpentina e espuma.
Criado há 13 anos, o bloco da Pracinha sai neste sábado às 10h, na Praça Pio XI, no Jardim Botânico, com um repertório infantil criado pela professora de artes Barbara Lau. As crianças vão poder se fantasiar e brincar nas oficinas de arte. Pais e filhos também podem levar seus próprios instrumentos.
— Sou cantora, diretora musical e estou há seis anos fazendo o carnaval das crianças. Acho maravilhoso tudo isso, porque sou educadora e junto minhas duas profissões no carnaval. Quem quiser pode levar instrumento para tocar e ficar a vontade. A gente quer uma coisa bem alegre e interativa — diz Barbara Lau.
Na Tijuca, o Mini Bloco vai agitar a Praça Xavier de Brito, a partir das 9h, com uma folia aberta para todas as idades. Além disso, no Mercadão de Madureira, a banda "Mini Seres do Mar" vai se apresentar às 11h com um repertório variado e um cortejo:
— Seremos nove músicos, uma formação menor do que o bloco, mas vai ter muita alegria. É uma delícia tocar para crianças. É sempre uma surpresa, diferente e leve — conta a produtora do Mini Seres do Mar, Gisela Cardoso.
Para quem quer curtir os blocos sem preocupação, a prefeitura orienta o uso do transporte público. O MetrôRio vai disponibilizar pulseiras de identificação para crianças e adolescentes nas estações próximas aos blocos infantis. Elas são coloridas e impermeáveis, com espaços em branco para o nome e o número de telefone.
Programação
Sábado
Sá Pereira Infantil
Horário: 8h
Local: Rua Capistrano de Abreu, 29 (Botafogo)
Bloco da Pracinha
Horário: 10h
Local: Praça Pio XI, Jardim Botânico
Bloco da Mamadeira
Horário: 16h
Local: Lauro Muller - Botafogo
Bailinho do Botafogo Praia Shopping
Horário: 14h
Local: Botafogo Praia Shopping
Mini Bloco
Horário: 9h
Local: Praça Xavier Brito - Tijuca
Bloco Orquestra Para Crianças
Horário: 9h
Local: Avenida José Luiz Ferraz, 1.079 - Recreio dos Bandeirantes
Domingo
Gigantes da Lira
Horário: 8h
Local: Rua General Glicério - Laranjeiras
Põe na Quentinha Infantil
Horário: 13h
Local: Praça do Lido
Bloco dos Palhacinhos
Horário: 16h
Local: Estrada do Quitungo, 1221 - Brás de Pina
A cobertura do carnaval de rua do jornal O GLOBO tem apoio de Ame Digital.
O Globo sexta, 14 de fevereiro de 2020
CARNAVAL CARIOCA: RIO TERÁ 95 BLOCOS NO FIM DE SEMANA
Rio terá 95 blocos no fim de semana; confira a programação
Chora Me Liga, Bloco da Preta e Simpatia é Quase Amor estão entre as atrações
Carolina Moura
14/02/2020
O Boitatá desfila pelas ruas do Centro do Rio Foto: Divulgação
RIO - O último fim de semana de pré-carnaval promete arrastar multidões pelas zonas Sul, Norte e Oeste do Rio. São 95 blocos e megablocos que vão fazer a alegria da galera que esperou o ano todo para curtir a folia. Chora Me liga, Simpatia é Quase Amor, Cordão do Boitatá, Suvaco do Cristo, Bloco da Preta, Empolga às Nove e vários outros vão desfilar. A expectativa é de mais de 200 mil pessoas nas ruas.
Para quem gosta de sertanejo, o Chora Me Liga vai se apresentar no sábado, no Centro do Rio, depois de passar 11 anos desfilando pelos cartões postais da cidade, como Praia do Leblon, São Conrado, Copacabana e Aterro.
— A expectativa é um ponto de interrogação. No ano passado não conseguimos autorização, por isso não saímos. Este ano é tudo novo para gente — conta Marcelo Vital, um dos organizadores do grupo: — Estamos com frio na barriga. Parece que é o nosso primeiro show, espero que todos se divirtam muito e cantem junto.
O tradicional Cordão do Boitatá vai sair no domingo, levando brilho e um repertório musical clássico pelas ruas tradicionais do Centro.
— Estamos muito animados para este fim de semana. Esse bloco é completamente independente, nossa vaquinha online foi um sucesso, conseguimos arrecadar R$ 120 mil. Estamos preparando uma apresentação bem bonita — diz o músico Kiko Horta, que participa há 24 anos do cortejo: — São mais de cem músicos tocando, sem carro de som. Vamos ter a ala das baianas, da pernas de pau e outras surpresas.
Ainda no Centro, no bucólico bairro Santa Teresa, o Céu na Terra vai colorir as ruas de paralelepípedos com as cores da Bahia, tema deste ano.
O Pérola da Guanabara enche Paquetá de cores Foto: Divulgação
— Fizemos fitinhas coloridas do Bonfim com o dizer ‘o céu abraça a terra, deságua o rio na Bahia’. Nossa inspiração é a música ‘Nação’ do cantor João Bosco — conta Péricles Monteiro, um dos organizadores do bloco: — Queremos manter a graça e a beleza do carnaval carioca com muitas cores, amores, respeito ao próximo e amor nos corações.
O Pérola da Guanabara desembarca na Ilha de Paquetá neste sábado, e a CCR Barcas começou a vender os bilhetes especiais já nesta quinta-feira. No total, vão ser disponibilizados 10 mil cartões que podem ser adquiridos até sábado. De acordo com o balanço, 1.200 já foram comercializados no preimeiro dia das vendas. Não será aceito Bilhete Único, e os moradores vão precisar mostrar comprovante de residência na roleta.
Esquema Metrô Rio
No sábado, a circulação dos trens do Metrô será das 5h à meia-noite e não vai precisar ser feita a transferência de vagão na Linha 2. No domingo, as estações vão funcionar das 7h às 23h e haverá extensão de uma hora no horário de funcionamento das estações Praça Onze e Central, após o teste de luz do Sambódromo (que está previsto para terminar meia-noite). A Linha 2 também funcionará direto da Pavuna até General Osório.
Neste fim de semana, as estações Catete e Presidente Vargas ficarão fechadas. A bilheteria vai funcionar na parte externa da estação Carioca durante o período de maior fluxo.
Programação dos blocos
Sexta-feira (14 de fevereiro)
Badalo de Santa Teresa
Horário: 18h
Local: Santa Teresa
SÁBADO
Bloco Brasil
Horário: 8h
Local: Copacabana
Só o Cume Interessa
Horário: 10h
Local: Urca
Pérola da Guanabara
Horário: 14h
Local: Ilha de Paquetá
Bloco da Ansiedade
Horário: 14h
Local: Laranjeiras
Alegria do Sapê
Horário: 14h
Local: Honório Gurgel
Bloco das Divas
Horário: 15h
Local: Recreio dos Bandeirantes
Chá da Alice
Horário: 15h
Local: Centro
Bloco das Carmelitas
Horário: 16h
Local: Centro
Simpatia é Quase Amor
Horário: 16h
Local: Ipanema
Ih, É Carnaval
Horário: 20h
Local: Urca
Chora Me liga
Horário: 7h
Local: Centro
DOMINGO
Bloco da Preta
Horário: 7h
Local: Centro
Empolga às 9
Horário: 14h
Local: Ipanema
Vai tomar no Grajaú
Horário: 15h
Local: Grajaú
Escravos da Mauá
Horário: 16h
Local: Saúde
Fogo e Paixão
Horário: 8h
Local: Centro
Cordão do Boitatá
Horário: 8h
Local: Centro
Gigantes da Lira
Horário: 8h
Local: Laranjeiras
Suvaco do Cristo
Horário: 8h
Local: Jardim Botânico
A cobertura do carnaval de rua do jornal O GLOBO tem apoio de Ame Digital.
O Globo quinta, 13 de fevereiro de 2020
PRISÃO EM SEGUNDA INSTÂNCIA: PRESSÃO NO SENADO
Grupo no Senado retoma pressão por prisão em segunda instância
Abaixo-assinado será entregue ao presidente da Casa, Davi Alcolumbre, pedindo que texto seja pautado sem depender de PEC que tramita na Câmara
Amanda Almeida
13/02/2020 - 03:30
Senador Major Olímpio (PSL-SP) Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
BRASÍLIA - Um grupo de senadores decidiu retomar a pressão pela votação do projeto de lei que abre caminho para a prisão imediata de condenados em segunda instância. O líder do PSL no Senado, Major Olímpio (SP), começou a recolher assinaturas para um abaixo-assinado que pretende entregar ao presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), pedindo que o texto seja pautado independentemente da tramitação da proposta de emenda à Constituição (PEC) que trata do assunto na Câmara.
Até a tarde desta quarta-feira, o senador já havia recolhido 31 assinaturas para entregar a Alcolumbre. Ele não antecipou os nomes de quem já o apoiou. Olímpio pretende conseguir a adesão de pelo menos 41 dos 81 senadores.
— Nesse abaixo-assinado, estamos pedindo que o presidente do Senado que paute a votação da prisão em segunda instância. É a pauta mais importante que o Brasil quer hoje. Prisão em segunda instância já — diz Olímpio.
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou, em dezembro, projeto do senador Lasier Martins (Podemos-RS), que altera o Código de Processo Penal (CPP), permitindo que a pena de condenados em segunda instância seja imediatamente executada.
Em acordo com líderes, Davi Alcolumbre não pautou o projeto para o plenário. A decisão foi da preferência à PEC em tramitação na Câmara, que tem um rito mais demorado. A proposta está em uma comissão especial, em fase de audiências públicas.
O acordo entre Alcolumbre e os defensores da prisão em segunda instância foi o de aguardar a votação da Câmara até abril. Caso ela não ocorra, o presidente do Senado se comprometeu em pautar o texto dos senadores.
O grupo liderado por Olímpio, no entanto, diz que o ritmo na Câmara está lento e que o Senado está se desgastando ao deixar o projeto na gaveta à espera da decisão dos deputados.
Os defensores da prisão em segunda instância sofrem um desgaste no Senado. Isso porque faz parte do grupo e foi relatora do projeto na CCJ a senadora Selma Arruda (Podemos-MT). Ela foi condenada pelo Tribunal Regional Eleitoral do Mato Grosso e pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder econômico e caixa dois. No julgamento, os ministros do TSE decidiram pela cassação imediata da senadora, independentemente da eventual apresentação de recurso ao Supremo.
Quase dois meses depois da decisão, no entanto, a senadora segue no cargo. Alcolumbre anunciou que a cassação será submetida à Mesa Diretora. Selma é defendida por integrantes do grupo Muda Senado, o mesmo que encabeça os apelos pela votação do projeto da prisão em segunda instância. No plenário, senadores como Lasier Martins (Podemos-RS) e Alvaro Dias (Podemos-PR) alegaram que é preciso esperar uma decisão do Supremo sobre o caso dela antes de cassá-la.
Na semana passada, ao comentar o caso, o ministro Supremo Gilmar Mendes ironizou a situação:
— Eu estava ouvindo algumas manifestações (de senadores), de que devíamos esperar o Supremo Tribunal Federal em matéria eleitoral. E são os mesmos personagens que defendem o cumprimento da decisão após condenação em segunda instância.
O Globo quarta, 12 de fevereiro de 2020
CARNAVAL NO RIO: A HISTÓRIA DE NAIR PEQUENA
A história de Nair Pequena, passista fundadora da Mangueira que morreu sambando, há 50 anos, e virou canção de Alcione
Por William Helal Filho
Na história da Estação Primeira de Mangueira, poucos dias foram mais tristes do a Quarta-feira de Cinzas de 11 de fevereiro de 1970, há 50 anos. A escola estava em pleno desfile quando a querida passista Nair Pequena, uma das fundadoras da Verde-e-Rosa, sofreu um mal súbito e foi levada para o Hospital Municipal Souza Aguiar. Os componentes da agremiação ainda estavam por completar o trajeto quando chegou a notícia da morte da veterana, aos 72 anos. Atordoados, eles tentaram continuar o espetáculo, mas não teve jeito. A bateria parou, e o então presidente da Mangueira, Juvenal Portela, anunciou o óbito ao microfone, com voz emocionada. A partir de então, o desfile virou marcha fúnebre, com os integrantes caminhando de cabeças baixas ao som de um surdo triste, em toque de funeral.
- Não podemos continuar sem Nair, uma de nossas diretoras, a imagem de luta e sacrifícios da nossa escola. Ela começou esse desfile conosco, e só a morte a retirou da escola. Não podemos prosseguir - disse Portela ao público, de acordo com a edição do GLOBO de 12 de fevereiro.
Na tarde daquele 11 de fevereiro, o corpo de Pequena Nair jazia em cima de uma mesa, com quatro velas ao redor e um cruscifixo, na quadra da Mangueira, que por conta do luto tinha sua bandeira a meio-pau. O compositor Cartola, autor de tantos sambas clássicos, chorava muito, num canto, enquanto sua mulher, Zica, não saía do lado da amiga, que estava com ela quando passou mal, na madrugada anterior. Mais de 2,5 mil pessoas foram ao Cemitério do Caju. Coberto com a bandeira da Mangueira, o caixão foi carregado pelos baluartes Jamelão e Cartola, junto com Juvenal Portela e o vice-presidente da escola, Djalma dos Santos, entre outros. O relógio marcava 17h quando a passista foi enterrada, em cova rasa. Muita gente chorou naquele que era o último cortejo da passista.
A passista seria lembrada diversas vezes depois de sua morte. Ainda em 1970, os compositores Ubirajara Cabral e Carlos Pereira de Sousa escreveram "Quero morrer sambando", em homenagem a Nair. Quase 40 anos mais tarde, a cultuada cantora Alcione lançou "Nair Grande", faixa do disco "Acesa", de 2009.
- Nair era minha madrinha. Naquela época, os pais levavam seus filhos recém-nascidos para ela mostrar a lua cheia. Era uma tradição no Morro da Mangueira. Nair era uma pastora, muito conhecida e respeitada na comunidade - relembra Edson Marcos, presidente do Conselho Deliberativo e Fiscal da escola, que, aos 11 anos, estava na Presidente Vargas no momento da morte da passista. - Nair também era uma cozinheira excelente, fazia as feijoadas da vitória, quando a Mangueira era campeã, junto com a dona Zica e a dona Neuma.
Nair dos Santos foi uma das fundadoras da Mangueira, em 1928. Ela também criou a primeira ala feminina da escola, a Ala das Cozinheiras, mas foi na ala das baianas que a veterana ganhou fama nos desfiles. A passista morreu quando a Mangueira participava do desfile das campeãs, em 1970, por volta das 3h da madrugada, na Avenida Presidente Vargas, onde as escolas se apresentavam até a inauguração do Sambódromo, em 1984. Já tinham passado pela via no Centro do Rio o Bloco Canários de Laranjeiras e as escolas Unidos do Cabuçu e Unidos do Jacarezinho, quando entrou a Verde-e-Rosa. A notícia de seu falecimento decretou o luto na Presidente Vargas. Pouca gente ficou para ver a exibição da Acadêmicos do Salgueiro, que começou às 4h15 da manhã.
- Eu uma criança, mas já tocava caixa na bateria. Quando soubemos do falecimento da Nair, o desfile parou, e chamaram o Baiano, que tocava o surdo treme terra, um surdo gigante, para fazer a batida fúnebre. A escola inteira tirou os chapéus, enquanto a arquibancada toda aplaudia. Fico todo arrepiado quando lembro. Os componentes da escola choravam como se tivessem perdido a mãe - conta Elmo José dos Santos, ex-presidente da Mangueira.
O Globo terça, 11 de fevereiro de 2020
CARNAVAL 2020: CARNAVAL DE TODOS OS RITMOS
Carnaval de todos os ritmos: funk, rock, forró, sertanejo... até samba!
Com ritmos bem diferentes, blocos de rua têm opções para todos os gostos
Carolina Moura
10/02/2020 - 21:40
O Sargento Pimenta faz este ano o décimo desfile de sua história Foto: Divulgação / Agência O Globo
Nem só de samba é feito o carnaval de rua no Rio. Funk, rock, MPB, brega e até forró são opções para quem quer curtir de tudo um pouco na folia. Para os que gostam de xote, este ano vai marcar a estreia do primeiro bloco de forró, o Caramuela. São mais de 90 integrantes na bateria, que conta apenas com zabumba, triângulo e caixa.
Caramuela estreia este ano tocando forró Foto: Pedro Damasio / Divulgação / Agência O Globo
— A maioria dos blocos de carnaval toca forró e xote com instrumentos do samba, como tamborim, cuíca e cavaquinho, entre outros. A gente quis fazer diferente e manter o ritmo — diz Igor, anunciando que o bloco vai em cortejo da Central do Brasil, no Centro, em direção ao Méier, na Zona Norte: — A gente escolheu se apresentar no Méier porque a Zona Sul e o Centro já são contemplados com muita cultura. A Zona Norte é mais esquecida”.
A ex-mulher e parceira de Dominguinhos, Anastácia, de 80 anos, é madrinha do Caramuela e vai marcar presença para brincar (e cantar) com os foliões no Méier.
Anastácia vai se apresentar com o Caramuela Foto: Pedro Damasio / Divulgação / Agência O Globo
O carnaval tem ritmos para todos os gostos — e não é de agora. O Sargento Pimenta, um dos maiores blocos do Rio, está completando dez anos. O grupo, que começou a tocar em Botafogo, na Zona Sul, ficou famoso por levar o rockn’roll inglês dos Beatles para as ruas.
— O bloco surgiu de amigos com a ideia de unir mundos. A gente toca baião, xote, maracatu, funk... vários estilos com as músicas dos Beatles — afirma um dos fundadores, Leandro Donner, de 31 anos: — Queremos diversidade. Nem todo mundo gosta de rock, mas pode gostar só de ouvir no ritmo de samba. Os que amam rock acabam gostando de carnaval por causa do Sargento. É gratificante ver o bloco crescer.
Toca Raul: rock no carnaval Foto: Divulgação / Agência O Globo
Já para os que preferem música brasileira, o Toca Raul agita as ruas do Centro do Rio com um repertório só de canções de Raul Seixas. Fundado em 2011, o bloco conta com 14 músicos no palco na Praça Tiradentes.
— Nossa infância foi marcada Raul Seixas. A gente se juntou para fazer esse bloco e arrecadou dinheiro para o nosso primeiro desfile, em 2012, através de crowdfunding — conta um dos fundadores, Eduardo Marques, de 42 anos: — Este ano vai ser de resistência, com toda essa política e censura. Estamos ansiosos e não vamos recuar. O tema do bloco é ‘Faze o que queres’. Vai ser bonito.
Toca Raul homenageia o Maluco Beleza Foto: Divulgação / Agência O Globo
Para quem quer algo mais agitado e (ainda mais) animado, sem ser samba, pode escolher o Bloco da Anitta. Conhecido como Poderosas, toca só funk e músicas da cantora. Além dele, o Bloconcé promete arrastar os fãs da diva do Pop, Beyoncé, pelas ruas do Rio. Como o carnaval é para todas as idades, os fãs de Roberto Carlos não precisam se preocupar: tem um bloco só de músicas do Rei, o Exalta Rei, que embala os foliões com clássicos como “Emoções”, “Detalhes” e outras canções famosas.
CARNAVAL 2020: ENREDO DA MOCIDADE SOBRE ELZA SOARES
Enredo da Mocidade sobre Elza Soares ganha exposição na Biblioteca Parque Estadual
A partir desta segunda (10), espaço recebe público em mostra com vídeos, fotos e fantasias do desfile deste ano
Pedro Willmersdorf
10/02/2020 - 04:30
Elza Soares no desfile da Mocidade Independente de Padre Miguel, em 1976 Foto: Sebastião Marinho
RIO — Faltando menos de duas semanas para os desfiles das escolas de samba na Sapucaí, os amantes da folia já estão precisando controlar a ansiedade. Mas quem estiver quase no limite pode esquentar um pouco os tamborins com a exposição “Elza Deusa Soares”, que a Mocidade Independente de Padre Miguel abre hoje na Biblioteca Parque Estadual, no Centro.
Este ano, a agremiação da Zona Oeste fará na Avenida uma celebração a uma das grandes divas da MPB. E decidiu investir num aquecimento para o seu desfile exibindo algumas das fantasias desenhadas pelo carnavalesco Jack Vasconcelos para o desfile do próximo dia 24. Vídeos e fotos que contam a trajetória de Elza pelos olhos da Mocidade também serão expostos, além do trono em que a cantora se sentou no abre-alas em 2019.
— A Elza gera interesse no grande público por si só, mas a exposição ajuda a despertar ainda mais a expectativa sobre o desfile — acredita Jack Vasconcelos, que pela primeira vez expõe seu trabalho antes de o desfile acontecer.
Outro aspecto da iniciativa da Mocidade, segundo o carnavalesco, é a conexão estabelecida entre o ambiente popular da folia com o universo, em princípio, erudito de uma exposição, ainda muito vinculada a determinada visão sobre quem frequenta museus.
— Para grande parte da população, carnavalesco não é artista. Mas há uma mudança, acredito eu. A internet permite que as pessoas acompanhem todo o processo de criação, durante muitos meses. Há também mais veículos de mídia cobrindo a preparação dos desfiles — diz.
Quem for à exposição, cuja entrada é gratuita, também vai encontrar um material explicativo sobre o desenvolvimento do enredo, que parte da origem humilde da homenageada na favela de Moça Bonita, atual Vila Vintém. Também haverá um sorteio de um par de fantasias, além de rodas de bate-papo com personalidades da escola, do samba e da cidade.
Taisa Ferreira, do Departamento Cultural da Mocidade, conta que os itens levados ao público foram reunidos basicamente com o material que a escola já havia conseguido sem o reforço do acervo pessoal de Elza. Afinal, são mais 40 anos de relação entre a escola e sua musa, que já foi do posto de puxadora, nos anos 1970, ao de rainha de bateria, em 2010.
— Foi uma iniciativa arriscada, ainda mais em tempos de carnaval, mas ela merece. Assim como a Mocidade, Elza foi pioneira, brigou com Deus e o mundo para mostrar poder — celebra Taisa.
O Globo domingo, 09 de fevereiro de 2020
CARNAVAL 2020: ESTANDARTE DE OURO VAI TER A CATEGORIA FERNANDO PAMPLONA
Estandarte de Ouro vai ter a categoria Fernando Pamplona, que incentiva uso de material barato
Pamplona já aproveitou caixas de requeijão para fazer argola, em 1960
O Globo
09/02/2020 - 04:00 / Atualizado em 09/02/2020 - 08:55
Desfile da Vila Isabel em 2012: criatividade de Rosa Magalhães foi o destaque Foto: Gabriel de Paiva/2012
RIO - “Tem que se tirar da cabeça aquilo que não se tem no bolso” está para Fernando Pamplona como “Penso, logo existo” para Descartes. Assim como o filósofo e matemático francês, o carnavalesco pioneiro tinha uma frase que orientava seu trabalho. Para o mestre, que estreou há 60 anos, fazer fantasias e alegorias de grande efeito com material barato era essencial. E a capacidade de driblar a falta de dinheiro, este ano mais do que nunca, não será em vão: o Estandarte de Ouro, prêmio O GLOBO/Extra aos melhores do carnaval, terá a categoria especial Fernando Pamplona, para estimular quem enche os olhos do público com poucos recursos.
O professor da Escola Nacional de Belas Artes se encantou com o Salgueiro ao ser jurado em 1959 e virou seu carnavalesco no ano seguinte. Estreou campeão, usando caixas de Catupiry para fazer argolas de guerreiros africanos. Integrou o júri do Estandarte de Ouro e, já afastado, ganhou um prêmio especial pelo conjunto da obra. Morreu em 2013. Em 1986, enredo da vermelho e branco em sua homenagem foi “Tem que se tirar da cabeça aquilo que não se tem no bolso", frase que ouviu do diretor de teatro Mário Brasini e adotou.
O carnavalesco Pamplona Foto: Daniela Dacorso
Seus discípulos aprenderam a lição. Maria Augusta, hoje jurada do Estandarte de Ouro, decorou pranchas de isopor com feltro numa ala de surfistas no enredo “Domingo”, na União da Ilha em 1977. A tricolor ganhou o prêmio do GLOBO de melhor escola e por um ponto não foi campeã no júri oficial. Rosa Magalhães criou na Vila Isabel, em 2012, a alegoria “Imbondeiro, a árvore da vida”, revestida de retalhos em cores fortes, conquistando o troféu de melhor escola.
Em 1999, a Mocidade levou o Estandarte de melhor escola trazendo um pierrô cuja gola era de copos descartáveis, criação de Renato Lage.
A entrega do Estandarte de Ouro será dia 13 de março, no Armazém 1 do Pier Mauá. Na ocasião, os autores de “... E o povo na rua cantando é feito uma reza, um ritual”, da Portela de 2012, receberão o prêmio “Samba da década”, escolhido por votação na internet.
Pamplona aproveitou caixas de requeijão para fazer argola em 1960 Foto: Reprodução
Outros premiados
Além da categoria Fernando Pamplona, serão premiados escola, samba-enredo, bateria, enredo, comissão de frente, mestre-sala, porta-bandeira, inovação, personalidade, ala, ala das baianas, puxador, ala de passistas e destaque do público, no Grupo Especial; na Série A, escola e samba-enredo. No “Destaque do público”, internautas vão votar a partir de uma seleção feita pelos sites do GLOBO e do “Extra”. Na terça-feira, após a última escola, o leitor elegerá um item de uma das 13 agremiações do Grupo Especial.
Compõem o júri o jornalista Argeu Affonso, presidente; o escritor Alberto Mussa; o jornalista Aloy Jupiara; o empresário Bruno Chateaubriand; a cantora Dorina; o professor da Uerj Felipe Ferreira; o ator, produtor e escritor Haroldo Costa; o jornalista Leonardo Bruno; o produtor musical Luis Filipe de Lima; o pesquisador Luiz Antonio Simas; o jornalista Marcelo de Mello, coordenador; a professora e carnavalesca Maria Augusta; o músico Mestre Odilon; e a pesquisadora e escritora Rachel Valença. Ferreira e Rachel não julgarão a Série A.
Em 2021, prêmio terá a 50ª edição
Sempre tradição
O desfile era na Avenida Presidente Vargas; a Beija-Flor,uma escola modesta do Segundo Grupo; Leandro Vieira, carnavalesco da Mangueira, não tinha nascido quando o Estandarte de Ouro foi criado em 1972. Na sua 50ª edição, em 2021, quase nada vai lembrar aquele distante desfile em que o Império Serrano venceu com “Alô, alô, taí Carmen Miranda”. Mas o prêmio EXTRA/O Globo aos melhores do carnaval continua uma tradição.
Atrações
A comemoração terá prêmios especiais, conteúdos digitais exclusivos para os assinantes, lembranças dos premiados e enquetes, seguindo a tendência de abrir espaço à interatividade, que motivou a criação da categoria Destaque do Público em 2018.
Destaque
“O Estandarte formou uma galeria de notáveis. Ao submetê-los à votação popular,estaremos elegendo quem conseguiu o reconhecimento de especialistas na ocasião e ao mesmo tempo passou pelo filtro da história a ponto de se destacar até hoje. Será o melhor de 50 anos de carnaval” , elogia o jornalista Marcelo de Mello.
Autonomia
A principal diferença do Estandarte de Ouro para o júri oficial é que os jurados podem ignorar falhas técnicas se acharem que são detalhes num conjunto empolgante. No desfile do Cristo Mendigo,em 1989, a Beija-Flor abriu pequeno buraco e parte das alas se embolou. A Azul e branco ficou em segundo lugar, mas ganhou o troféu de melhor escola dos jurados do GLOBO.
O Globo sábado, 08 de fevereiro de 2020
OSCAR 2020 - QUER SABER COMO É A VOTAÇÃO?
Quer saber como é a votação do Oscar? Com a palavra, a jurada
Produtora Vânia Catani conta como é o trabalho de escolher os melhores filmes do ano, como integrante da Academy of Motion Pictures Arts and Science
O Globo
07/02/2020 - 05:00 / Atualizado em 07/02/2020 - 09:37
Premiação do Oscar acontece no domingo (9), em Los Angeles Foto: Arte
A produtora Vânia Catani já participou de mais de 25 produções, como "O Palhaço", de 2011, e "O filme da minha vida", de 2017, e tem seu nome reconhecido no Brasil e no exterior. Não à toa, desde a edição do Oscar em 2019, ela é uma entre as oito mil pessoas escolhidas para votar na maior festa do cinema mundial, portanto, integrante da Academy of Motion Pictures Arts and Science ou, simplesmente, a Academia. No Ao Ponto desta sexta-feira, Catani conta como é o trabalho de escolher os melhores filmes do ano. Só não pode entregar em quem votou. Por isso, o critico de cinema e editor-executivo do GLOBO André Miranda também participa deste episódio e fala sobre suas apostas para a edição deste domingo (9). Ele também comenta as chances de "Democracia em Vertigem", um dos indicados para o prêmio de Melhor Filme Internacional.
Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Roberto Maltchik, sempre abordando acontecimentos relevantes do dia.
O Globo sexta, 07 de fevereiro de 2020
CARNAVAL 2020 : CLAUDIA LEITTE, BANDA DE IPENEMA, SPANTA...
Claudia Leitte, Banda de Ipanema, Spanta... Rio tem fim de semana com 40 blocos oficiais; programe-se
Lista de cortejos já começa nesta sexta-feira e vai até domingo; Imprensa Que Eu Gamo e GB, em Laranjeiras, e ensaio do Bloco das Carmelitas também são alguns dos destaques
Arthur Leal
06/02/2020 - 18:22 / Atualizado em 06/02/2020 - 19:32
Banda de Ipanema é um dos destaques do fim de semana Foto: Fábio Guimarães em 5 de março de 2019 / Agência O Globo
RIO — Rio 40 blocos: a partir desta sexta-feira, até domingo, a cidade viverá um fim de semana de pré-carnaval para ninguém pôr defeito. Da Zona Norte à Zona Sul, do Centro à Zona Oeste, a extensa lista oficial de cortejos autorizados pela Riotur para estes três dias conta com desfiles dos mais tradicionais e procurados pelo público, como a Banda de Ipanema, o Desliga da Justiça, o Spanta Neném e o Imprensa que eu Gamo.
Há destaque, também, para o megabloco Carnaval Square, que levará Claudia Leitte e a bateria da Beija-Flor ao Centro. Outra boa notícia fica por conta da previsão do tempo: após dias de temporal, deve chover apenas de forma fraca e isolada durante a tarde de sexta, mas sábado e domingo devem ser dias ensolarados, com temperaturas podendo chegar aos 38 graus, um convite à folia. Prepare a fantasia, junte bastante purpurina e confete e programe-se.
Claudia Leitte irá tocar no carnaval do Rio este ano, em bloco que deve levar 1 milhão de pessoas ao Centro no domingo Foto: Divulgação
Sexta-feira
Bloco dos Bancários Vestiu Uma Camisinha Listrada e Saiu Por Aí
O Bloco dos Bancários se concentra às 16h na Rua Miguel Couto, no Centro, na esquina com a Avenida Presidente Vargas. O público estimado pela prefeitura é de cerca de 800 pessoas.
Bloco da Harmonia
O Bloco da Harmonia começa a aquecer os batuques às 18h na Rua Pedro Lessa, altura do número 35, e depois desfila até a Avenida Rio Branco. É esperado um público de mil foliões.
Badalo de Santa Teresa
O G.R.B.C. Badalo de Santa Teresa também promete animar o pós-expediente nesta sexta-feira. A festa concentra às 18h no Largo das Neves em, Santa Teresa. Expectativa de mil pessoas.
A concentração para o primeiro desfile oficial do tradicionalíssimo Banda de Ipanema começa às 17h, na Rua Visconde de Pirajá, altura do número 61. Há expectativa de um público em torno de 50 mil pessoas.
Desliga da Justiça
O Desliga começa a tocar seus instrumentos cedinho, às 8h da manhã, na Praça Santos Dumont, na Gávea. Há expectativa de cerca de 7 mil foliões.
Spanta Neném
Ali perto, na Lagoa, às 11h, é a vez do tradicional Spanta Neném começar sua festa. Há expectativa de um público de 5 mil pessoas.
GB Bloco
O popular GB começa a aquecer os tamborins às 13h na Praça do Chorinho, em Laranjeiras. Um público de 5 mil foliões é esperado pela prefeitura.
Imprensa Que Eu Gamo
O Imprensa é outro cortejo tradicional que vai às ruas neste sábado. O bloco começa sua concentração às 13h, na Rua Gago Coutinho, altura do número 51, em Laranjeiras. Três mil pessoas são esperadas por lá.
O ensaio do Bloco das Carmelitas acontece neste sábado, na Praça Tiradentes, no Centro do Rio. A concentração começa às 16h. O público esperado é de 2,5 mil pessoas.
Calma Amor
O ensaio do bloco Calma Amor, representante da Zona Norte do Rio, que costuma arrastar bastante gente, também acontece neste sábado. A concentração começa às 14h, na Praça da Rosa Fernandes, no Irajá. A expectativa é de 4 mil foliões na festa.
Os 20 de Ouro do Mestre Odilon
O bloco Os 20 de Ouro do Mestre Odilon também promete animar a Zona Norte. A bateria começa a aquecer Às 16h, na Estrada do Rio Jequiá, altura do número 482, no bairro Zumbi, na Ilha do Governador. Sete mil pessoas são esperadas na batucada.
Domingo
Bloco Carnaval Square
No domingo, a lista de cortejos começa cedo, com um megabloco que deve arrastar uma verdadeira multidão. O início do Bloco Carnaval Square está marcado às 7h da manhã, na Avenida Presidente Antônio Carlos, no Centro, e terá como atração Claudia Leitte, a bateria da Beija-flor, e a banda da Nova Orquestra. A expectativa da Riotur é de um público de 1 milhão de pessoas.
Bloco Me Esquece
Às 10h, tem início a concentração do tradicional Me Esquece, na esquina da Rua Pacheco Leão com a Rua Jardim Botânico. O cortejo deve arrastar um público estimado de 10 mil pessoas até a Praça Santos Dumont.
O Bloco Me Chama começa a se concentrar às 9h, na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca. A prefeitura espera por um público em torno de 10 mil pessoas.
Banda Amigos da Barra
Logo depois, às 13h, o bloco da Banda Amigos da Barra começa a aquecer os batuques, também na Avenida Lúcio Costa, na altura do posto 4 da Praia da Barra da Tijuca. A prefeitura espera um público de aproximadamente 15 mil pessoas.
O Foliões do Rio promete levar muita música sertaneja à Zona Norte. A concentração começa às 14h, na Praça Jerusalém, na Ilha do Governador. Há expectativa de 4,5 mil pessoas.
Novos sabores: de caipirinha de banana a mais um bar que só vende cerveja
Depois de dez anos em Botafogo, o boteco Colarinho ganha filial em Copacabana
O Globo
31/01/2020 - 04:30 / Atualizado em 05/02/2020 - 08:16
Caipirinha de banana (R$ 28) no Vizu no hotel Grand Mercure Copacabana Foto: Divulgação/Alessandro Mendes
Se você não vai ao melhor bar do mundo, o melhor bar do mundo vem até você. Número 1 do ranking das premiações “The World’s 50 Best Bars” e “Tales of the Cocktail” em 2019, o Dante NYC, de Nova York, abre uma filial temporária no Astor. Também diante do mar, o restaurante do Grand Mercure, em Copacabana, está novinho em folha. O que você vai saber melhor abaixo.
Para bebericar com vista para o mar
Grand Mercure Copacabana: novo restaurante no terraço Foto: Divulgação/Carla Alves
O restaurante do hotel Grand Mercure (3545-5400) está de cara e menus novos. Com vista para o mar, o Vizu tem tábuas de petiscos para compartilhar (como a de espetinho de picanha, linguiça, coração de galinha, drumet e queijo coalho, a R$ 80) e drinques como a diferente caipirinha de banana (R$ 28).
Colarinho ganha filial em Copacabana
Colarinho: carne-seca com aipim e coalho Foto: Divulgação
Depois de dez anos em Botafogo, o boteco Colarinho acabou de ganhar uma filial em Copacabana (3489-9989), quase no Arpoador, com 24 torneiras de chopes artesanais, carta de coquetéis clássicos e petiscos como tábua de carne-seca com aipim e queijo coalho (R$ 64,90), além de feijoada de sexta a domingo (R$ 74,90, para dois).
Vá com muita sede (e nada de fome) ao pote
Noi Tijuca Foto: Divulgação/Photo Honorato
Já ouviu falar em “tap room”? Pois saiba que eles estão cada vez mais na moda. São espaços que só vendem cerveja, e nada de comida. Esta semana, a Noi inaugurou um no Tower Park, na Tijuca (98405-3388), com dez opções da marca de Niterói. Entre elas, Bionda (pilsen), Avena (belgian pale ale) e Fiorella (IPA), a partir de R$ 9.
Comida e arte de verão no casarão do Cosme Velho
Kátia Hannequim (combinado árabe da foto, com quibe, esfirra de carne, cafta e tabule) Foto: Divulgação/Guiga Lessa
Nomes como Kátia Hannequim (combinado árabe da foto, com quibe, esfirra de carne, cafta e tabule, R$ 48), The Curadoria (hambúrguer, R$ 36) e Monique Gabiatti (paella, R$ 59) ocupam o Solar dos Abacaxis a partir de hoje pelo projeto “Estação Solar”. Por três meses, o casarão colonial do Cosme Velho vai abrir de sexta a domingo (em horários diferentes), com revezamento de chef a cada semana, além de atrações de arte, cultura e até baile de carnaval. A entrada é gratuita.
O Globo quarta, 05 de fevereiro de 2020
VASCO ESTREIA NA SUL-AMERICANA
Vasco estreia na Sul-Americana à espera de brilho de Talles Magno
Atacante ainda não teve atuação de destaque em 2020; time enfrenta o Oriente Petrolero
Bruno Marinho
05/02/2020 - 03:00
Talles Magno ainda não marcou gols e nem deu assistências na temporada Foto: Carlos Gregório Jr/Vasco.com.br
Em um Vasco ainda atrás de identidade coletiva, o talento individual serve de válvula de escape, a chave mestra que abre as portas do jogo. O problema é que Talles Magno, teoricamente o principal responsável por essas soluções que independem de entrosamento, ainda não deu o ar da graça de fato nesta temporada. Nesta quarta-feira, às 21h30, contra o Oriente Petrolero, em São Januário, pela Copa Sul-Americana, o jovem terá mais uma chance para estrear de fato e amenizar a falta de resultados do time.
Há razões para o desempenho abaixo do esperado. O principal é a mudança tática idealizada pelo técnico Abel Braga. Mais centralizado e recuado, o garoto é mais meia do que ponta nesta temporada. Ele está mais suscetível à marcação, com menos oportunidades para ficar no um contra um. Sua distribuição de jogo teve lampejos nas primeiras rodadas do Estadual, mas não é nada perto do que o Vasco precisa para convencer o torcedor.
Com Vanderlei Luxemburgo, a equipe atuava à base dos contra-ataques, um jogo reativo que partia em transição veloz da defesa para o ataque. Isso também beneficiava o jogador de passadas largas e dribles na direção do gol. Agora, com a tentativa do Vasco de ter maior posse de bola e atuar no campo do rival, o cenário para Talles Magno muda.
Outro fator que justifica as atuações discretas é o tempo parado depois da lesão muscular que sofreu no começo de novembro, atuando pela seleção sub-17. O problema não foi dos mais graves, mas fez com que ele ficasse cerca de dois meses parado, emendando recuperação e férias. O jogador de 17 anos está levando certo tempo para retomar o ritmo de jogo ideal.
Até agora já são quatro partidas em 2020, sem gols ou assistências. Para o Vasco começar a brilhar este ano, seria bom que o garoto que impressionou a torcida vascaína e crítica ano passado brilhasse também.
Para o goleiro Fernando Miguel, titular esta noite, é hora de o Vasco acordar.
— Nada melhor que um jogo grande desses, em uma competição que gera expectativa, para começarmos a crescer na temporada — afirmou o jogador.
Em relação à escalação, a grande novidade pode ser a entrada de Vinícius entre os titulares. O atacante de 18 anos tem agradado o técnico Abel Braga e pode aparecer no lugar de Marrony.
O Globo terça, 04 de fevereiro de 2020
INSTITUTO MOREIRA SALLES REÚNE 46 MIL GRAVAÇÕES 78 ROTAÇÕES EM SITE
Instituto Moreira Salles reúne 46 mil gravações de 78 rotações em site
Ferramenta permite criação de playlists com fonogramas de artistas como Carmen Miranda, Francisco Alves e João Gilberto
Helena Aragão
04/02/2020 - 03:33 / Atualizado em 04/02/2020 - 07:57
Discos Foto: Arte
RIO - Foi um caso de amor à primeira vista — e audição. O disco de 78 rotações chegou ao Brasil em 1901, e seu processo de produção, gravado em cera, adaptou-se como uma luva ao calor tupiniquim. Para completar, os músicos locais logo tomaram gosto pela coisa: em 6 meses, 300 gravações foram feitas, e a primeira foi lançada no ano seguinte. Cinco décadas da história fonográfica brasileira estão registradas em cerca de 35 mil disquinhos pequenos, em geral com uma música de cada lado. Nos anos 1950, começou a decadência do formato, que tinha como matéria-prima a goma-laca, pesada e frágil. O LP — um pouco maior, gravado em fita magnética, com 33 rotações por minutos, e feito em vinil, material mais leve e resistente — passou a reinar. As matrizes do antigo rei em muitos casos viraram sucata, vendidas como ferro-velho por ter prata em sua composição. Por isso, o recém-lançado Discografia Brasileira, site do Instituto Moreira Salles (IMS) que reúne significativa parte da produção daquela fase, com 46 mil arquivos de áudio, merece atenção.
á se foi o tempo em que era um sofrimento ouvir uma música específica. Mesmo gravações consideradas raras se tornaram relativamente fáceis de se encontrar, através da internet. Por exemplo, alguns discos de 78 rotações por minuto, como os presentes neste vídeo, podem ser ouvidos no site Discografia Brasileira, que tem 46 mil arquivos de áudio.
Estão lá o disco pioneiro lançado no país (“Isto é bom”, de Xisto Bahia, cantado por Bahiano em 1902), o primeiro samba de sucesso (“Pelo telefone”, de Donga, em duas gravações de 1917, uma instrumental e outra cantada), o disco pioneiro do sistema elétrico de gravação (com “Passarinho do má” e “Albertina”, por Francisco Alves, em 1927), o início da era do baião (“Baião”, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, com Quatro Ases e Um Coringa, em 1946), o primeiro rock brasileiro gravado (“Rock n’ roll em Copacabana”, por Cauby Peixoto, em 1957) e o início da bossa nova (com “Chega de saudade”, de João Gilberto, em 1958).
O Globo segunda, 03 de fevereiro de 2020
CARNAVAL 2020 - ALESSANDRA NEGRINI
Alessandra Negrini: 'Carnaval de SP é dos mano, das mina, das trava, dos gay'
No elenco de duas séries inéditas, a rainha do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta, de São Paulo, diz ter a sensação de ‘rock star’ ao subir no trio e comenta a imagem
de mulher sexy: ‘Ruim não é’
Maria Fortuna
03/02/2020 - 04:30 / Atualizado em 03/02/2020 - 08:04
Alessandra Negrini no ensaio do blobo Acadêmicos do Baixo Augusta Foto: Frâncio de Holanda / Divulgação
Ô abre-alas que ela vai passar... no metrô. Alessandra Negrini apareceu pulando carnaval no coletivo paulista num vídeo que viralizou, na semana passada. Há oito anos, ela é rainha do Acadêmicos do Baixo Augusta e voltava do ensaio do bloco, que, este ano, tem a frase “Viva a resistência” como tema.
— Carnaval é a grande resistência, festa pagã da alegria. As pessoas estão precisando desse transbordamento, uma espécie de saudades do Brasil — diz a atriz, que começou a gravar a série “Fim”, da Globo, baseada na obra de Fernanda Torres. No final de 2019, ela rodou “Cidade invisível”, dirigida por Carlos Saldanha para a Netflix e com previsão de estreia para este ano.
Nesta entrevista, feita por WhatsApp, Alessandra diz que tem sensação de um “rock star” ao subir no trio. Prestes a completar inacreditáveis 50 anos (em agosto), ela fala ainda da imagem de sexy e da paixão pelo Corinthians.
Alessandra Negrini, rainha do Bloco Acadêmicos do Baixo Augusta Foto: Frâncio de Holanda / Divulgação
Quem é rainha não perde a majestade nem no metrô?
Foi espontâneo. Ainda estava brincando de rainha, mas na vida civil (risos). Adoro andar de metrô, é o rolê mais chique e civilizado que tem. Fora, é claro, quando dá pra ir a pé. Aí, a cabeça esfria, a ansiedade baixa. Mesmo sem ter a praia , a gente sente uma brisa. Cada vez mais procuro aproveitar a cidade assim, usando minha coroa de cidadã.
Quais as novidades do Baixo Augusta prepara este carnaval?
Além da nossa banda, comandada pelo Simoninha, e da nossa madrinha, Tulipa Ruiz, teremos Fafá de Belém, Elza Soares e Nação Zumbi.
Uma experiência particular. Às vezes dá preguiça, né? Fantasia, exposição, foto, é trabalhoso. Mas quando vai chegando perto, lembro daquela sensação de rock star, o coração começa a bater mais forte e, daqui a pouco, tô em cima do trio de novo, e mais um ano, dançando como se não houvesse amanhã.
O que diria para quem fala que o carnaval de SP é frio ou “mauricinho”?
Isso é intriga da oposição. Carnaval de São Paulo é rolê dos “Maurício”, dos mano, das mina, das trava, dos gay e de quem mais chegar.
Curte amor de carnaval?
Já vivi umas poucas experiências bem marcantes e diria que incríveis. No carnaval, lembramos que não estamos no controle da vida, que somos parte do bloquinho que baila e vai passando.
Que costume machista mais te irrita no carnaval?
Tenho a sensação de que, finalmente, os homens estão começando a aprender a se comportar com respeito. As mulheres estão mais assertivas, o rolê tá ficando mais civilizado, mais moderno.
Alessandra Negrini no ensaio do Acadêmicos do Baixo Augusta Foto: Francio de Holanda / Divulgação
Você faz projetos alternativos de teatro com a galera da Praça Roosevelt, textos de jovens autores. Por que é importante contar essas histórias?
Não faço distinção de alternativo ou oficial, faço o que acredito que tenha valor.
Como avalia o tratamento dado à Cultura pelo atual governo e o que deseja a Regina Duarte?
Sorte. Espero que possa realizar algo e, sendo a atriz gabaritada que é, devolva à Cultura o tratamento digno que ela merece. Que possa mostrar a esse governo e aos que o apoiam que a Cultura não é um inimigo a ser combatido. É uma potência a ser explorada, expandida, incentivada, e que é através da nossa cultura e só dela, que podemos ser fortes.
Você é super corinthiana. Tem inveja do Flamengo como todo não-flamenguista?
Nunca! Aqui é Corinthians, na saúde ou na doença, na alegria ou na tristeza, sempre serei apaixonada pelo meu time.
Você explodiu com “Engraçadinha” e fez muitos papéis sexys. Já confundiram personagem e atriz? Enfrentou assédio?
Nunca enfrentei assédio, sempre fui respeitada como atriz antes de qualquer coisa. O que me interessa é chegar ao coração das pessoas. O resto é fantasia que a gente põe e tira, brinca de ser sexy, engraçada, má, boa. O que me interessa é trabalhar com a verdade humana. Falar do quanto é difícil e lindo ser gente. Da luta, da saga heroica que é a vida de qualquer um de nós.
Ficou quatro anos afastada das novela até “Orgulho e Paixão” (2018). O personagem te interessou?
Eu queria fazer um personagem cômico. Normalmente, chamam você sempre para a mesma coisa.
Seu filho está estreando como ator em "Amor de mãe". Acha que ele leva jeito?
Ele é profundo e verdadeiro, além de lindo, é claro, (risos). O resto é experiência e treino. No mais, desejo que saiba ser feliz e que seja forte para aguentar o tranco. Ele é.
Antes do empoderamento estar no centro do debate contemporâneo, você se comportava de maneira livre. Teve educação sem moralismo?
Ninguém é livre de moralismos, temos que equilibrar as pressões. Liberdade, pra mim, é um valor, assim como o amor. Nunca soube ser diferente de mim mesma, até quando tentei. A gente vai aprendendo a conviver com os outros, amar e, ainda assim, ser fiel a si próprio.
Na sua opinião, qual é a questão mais difícil para o feminismo hoje?
Ser livre versos se deixar amar; ser forte e saber se entregar; ser independente e poder ser acolhida. Enfim, contradições que podem nos atordoar. O desfio é pacificarmo-nos internamente, na nossa condição feminina, mas antes de tudo humana. Ser mulher pode ser rótulo, somos gente. Às vezes, eu só quero ser. Nem mulher, nem bonita, nem feia, nem ter tantos anos, nem nada, só ser eu, Alessandra.
Por que acha que te consideram sexy e veem tanto borogodó em você?
Sei lá, deixa eles verem. Ruim não é.
Em tempos de fluidez na sexualidade, você se permite transitar entre os gêneros?
Nunca tive vontade.
Você tem fama de temperamental. Melhorou com a idade ou, quando precisa, a “Engraçadinha” volta?
Não sei que fama é essa (risos)... Me acho mó fofa.
O Globo domingo, 02 de fevereiro de 2020
ZECA PAGODINHO APRESENTA RODA DE SAMBA NA GÁVEA
Zeca Pagodinho apresenta roda de samba na Gávea
Cantor recebe Monarco, Adriano Ribeiro, Mingo Silva, Renato da Rocinha e Thiago Martins
Sérgio Luz
01/02/2020 - 03:30
O cantor Zeca Pagodinho Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo
No último ano, quando completou 60 primaveras, Zeca Pagodinho prometeu que ia pegar mais leve. Mas o bamba segue em plena atividade e leva hoje ao Jockey Club a 5ª edição do Samba do Zeca, roda de samba que terá Monarco, Adriano Ribeiro, Mingo Silva, Renato da Rocinha e Thiago Martins como convidados especiais.
— Em 2019 tive esse projeto, o show com a Maria Bethânia e a turnê “Ser humano”. Não diminuí o ritmo ainda, mas vou conseguir. Esses trabalhos estavam marcados. Depois vou viajar com meus filhos e netos, curtir a vida — garante Zeca, que se diz cansado da rotina da estrada. — O show é mole, o negócio difícil é a viagem. Até chegar no palco tem que ficar trancado no quarto do hotel.
rdas (direção musical e violão), Jorge Gomes (bateria), Alessandro Cardoso (cavaquinho), Dudu Oliveira (sopros), Waltis Zacarias, Rodrigo Jesus e Paulino Dias (percussões), o bamba canta sucessos da carreira, como “Vai vadiar” e “Deixa a vida me levar”, além de sambas de Cartola, Nelson Cavaquinho e Elton Medeiros, entre outros.
— A roda é legal, tem convidados, meus amigos. Vai todo mundo, não é um show, que tem figurino, essas coisas. Eu só vou. E eu vou beber — brinca Zeca, que usa um teleprompter para lembrar das letras. — É só para dar um toque, ajuda.
'Eu também sou difícil'
Segundo Paulão, que trabalha com o amigo há 36 anos, o recurso caiu nas graças do cantor:
— Rola até na roda, as pessoas se acostumam, é um vício — gargalha. — Mas é um esquema bacana, uma configuração do espaço que nos aproxima do público, é quase uma roda suspensa de samba, com um palco retangular elevado. A banda é muito cascuda, tem uma sonoridade muito legal. E o formato da roda eu tiro de letra, fiz isso a vida inteira.
Com cerca de três horas, a roda tem quase o dobro de duração de um show normal do artista, como “De Santo Amaro a Xerém”, com Maria Bethânia, que tem fama de ser muito exigente.
— Eu também sou difícil. Todo o tempo que tivemos juntos foi maravilhoso. A gente ria, cantava e contava histórias antigas — afirma Zeca, que lembra da amiga Beth Carvalho, morta em abril do ano passado. — Foi ela quem me lançou, é minha madrinha do samba, minha querida. A vida é assim mesmo.
Onde: Jockey Club. Praça Santos Dumont 31, Gávea (3534-9061). Quando: Sáb, às 16h.Quanto: De R$ 180 a R$ 320. Classificação: 18 anos.
O Globo sábado, 01 de fevereiro de 2020
CARNAVAL 2020: COMO APROVEITAR EM MONTEVIDÉU
Montevidéu em tempo de carnaval: veja como aproveitar a folia mais longa do mundo
Uruguai tem programação oficial por cerca de 50 dias, até meados de março
O Globo
01/02/2020 - 04:30
Integrantes de um grupo de murga, uma das expressões culturais mais tradicionais do carnaval uruguaio, durante o desfile de abertura da folia em Montevidéu Foto: Pablo Porciuncula / AFP
RIO - Se há algo que orgulhe mais os uruguaios do que o Maracanazzo é o tal “carnaval mais longo do mundo”, que dura cerca de 50 dias. De fato, enquanto por aqui o clima momesco ainda está esquentando, no país vizinho a folia de 2020 já começou e vai até 13 de março.
A abertura oficial dos festejos em Montevidéu aconteceu em 23 de janeiro, um mês antes do domingo de carnaval, com um grande desfile, que reuniu diversos grupos carnavalescos na Avenida 18 de Julio, a principal da cidade. O evento teve direito a carros alegóricos, passistas e um grupo de bonecos gigantes, criados pelos franceses do Les Grand Personnes.
O carnaval uruguaio é marcado pela diversidade de expressões artísticas, de batuques populares a apresentações quase teatrais, passando por escolas de samba, ao melhor estilo brasileiro.
Uma dessas expressões mais conhecidas é o candombe, ritmo de origem africana, tocado por grandes grupos de percussão (comparsas), que desfilam nas ruas dos bairros Palermo e Barrio Sur. Os grandes desfiles são as Llamadas, que acontecerão nos dias 7 e 8 de fevereiro.
VEJA AS IMAGENS DA ABERTURA DO CARNAVAL EM MONTEVIDÉU, NO URUGUAI
A 'rainha de bateria' em frente a um grupo de percussionistas durante a abertura do carnaval de Montevidéu, que aconteceu em 23 de janeiro Foto: Pablo Porciuncula / AFP
A interação da passista com o público que esteve presente na Avenida 18 de Julio, para assistir ao desfile inaugural do carnaval Foto: Pablo Porciuncula / AFP
Outra importante face do carnaval uruguaio são as murgas, apresentações de grupos que misturam música, teatro, um visual extravagante e muito humor para falar sobre assuntos do cotidiano uruguaio. Não faltam sátiras políticas e sociais, usando rimas e um ritmo conhecido como “marcha camión”. As apresentações acontecem em palcos espalhados pela cidade e também no Teatro de Verano, o principal ao ar livre da cidade. A programação está em no website descubrimontevideo.uy.
O Globo sexta, 31 de janeiro de 2020
CARNAVAL 2020: MANGUEIRA
Mangueira, que contará a vida de Jesus na Sapucaí, abre seu barracão para representantes de diferentes religiões
As muitas bênçãos para um enredo em verde e rosa
Renan Rodrigues
31/01/2020 - 04:30 / Atualizado em 31/01/2020 - 07:4
Harmonia: Leandro Vieira (sentado no centro) recebe religiosos no barracão Foto: Guito Moreto / Agência O Globo
RIO — Diante da onda de boatos envolvendo o enredo da Mangueira, que contará a vida de Jesus na Sapucaí este ano, a verde e rosa decidiu abrir as portas de seu barracão nesta quinta-feira em busca das bênçãos de 17 líderes religiosos. O grupo, integrado por rabino, frei, pastor e babalaô, percorreu as alegorias na Cidade do Samba para entender o que o carnavalesco Leandro Vieira vai mostrar na Avenida. Depois do passeio, não houve condenação.
— Não vejo qualquer tipo de profanação. Vejo uma manifestação com conceitos do povo, que, de forma alguma, profana a imagem de Jesus. Pelo contrário, acho que teria a aprovação até mesmo do próprio — disse o rabino Nilton Bonder, da Congregação Judaica do Brasil.
O enredo “A verdade vos fará livre” despertou uma série de ataques virtuais nas últimas semanas. Para a pastora Lusmarina Campos Garcia, da Igreja Luterana, “há uma grande manipulação da figura de Cristo e do discurso religioso por parte de alguns grupos que querem colocar Jesus a serviço do mercado, do capitalismo”.
Apesar de convidada, a Arquidiocese do Rio não enviou representante à visita.
— Não fui porque não achamos que seria o caso. Eu já conversei algumas vezes com o Leandro. Ele vem nos mostrando que pretende ter todo o cuidado para não ferir sentimentos religiosos — disse a diretora jurídica da Arquidiocese, Claudine Dutra.
Morador do Morro da Mangueira, o babalaô Ivanir dos Santos, que organizou o encontro com o carnavalesco, disse que os religiosos vão desfilar à frente da escola:
— Vamos ter uma faixa, que ainda é surpresa. Esse enredo é uma ode à liberdade. O Jesus que a Mangueira vai levar para a Avenida é o Jesus da gen
Leandro , que recebeu o grupo, afirmou que está aberto ao diálogo:
— Quem quer Jesus no meio do povo, no meio da gente, está abraçando a Mangueira. Já quem quer que Jesus fique num trono, preso eternamente na cruz, quer que a Mangueira nem desfile.
O Globo quinta, 30 de janeiro de 2020
FLUMINENSE VENCE O FLAMENGO COM GOL DE CALCANHAR DE NENÊ
Fluminense vence o Flamengo com gol de calcanhar de Nenê
Tricolor mantém 100% no Carioca; rubro-negro sofre primeira derrota no ano
O Globo
29/01/2020 - 22:30 / Atualizado em 29/01/2020 - 22:39
Nenê comemora com a torcida o gol da vitória do Fluminense sobre o Flamengo, no MaracanãFoto: Guito Moreto
Não foi do jeito que muitos esperavam. Mas a maior rodagem do Fluminense prevaleceu sobre o time sub-20 do Flamengo. A vitória foi magra: 1 a 0. Mas com um gol marcado justamente por quem sabe usar a experiência a seu favor: Nenê. De calcanhar, o meia de 38 anos definiu o clássico no Maracanã.
A vitória manteve os 100% de aproveitamento da equipe de Odair Hellmann. Com 12 pontos, pode garantir vaga nas semifinais da Taça Guanabara na próxima rodada, quando enfrenta o Boavista, sábado. Já o Flamengo, que conheceu sua primeira derrota no ano, se manteve com sete e perdeu a liderança do Grupo A. Mas segue na zona de classificação. Na segunda-feira, enfrenta o Resende.
As expectativas não se cumpriram. Embora fosse o jogo de um Flamengo sub-20 contra um Fluminense quase todo formado por jogadores já experientes (exceção feita a Miguel, de 16 anos), o duelo foi equilibrado. Na verdade, os rubro-negros, mais organizados, até começaram melhor.
Nenê cobra falta no travessão e Ramon, do Flamengo, apenas observa Foto: Guito Moreto
Sem um centroavante, a equipe tricolor sofreu com a falta de jogadas mais incisivas. A medida que a partida foi se tornando mais equilibrada, o time de Odair Hellmann conseguiu se igualar em volume. Mas não em objetividade. Ainda assim, foi dela a melhor oportunidade do primeiro tempo: uma bola na trave em cobrança de falta de Nenê, aos 39 minutos.
Odair Hellmann demorou a mexer no segundo tempo. E, conforme os rubro-negros desperdiçavam suas oportunidades, o jogo caminhava para um 0 a 0 injusto diante da movimentação em campo. O gol tricolor só veio após a entrada de Lucas Barcellos em campo. Mas, curiosamente, não foi sua entrada que levou ao feito.
Em rápido contra-ataque pela direita, Yago cruzou pelo alto. Richard hesitou em cortar, e a bola ficou com Nenê. De costas para o gol, ele recorreu à única opção que tinha: tentar de calcanhar. Deu certo. A jogada pegou a zaga rubro-negra desprevenida. E a bola cruzou lentamente a linha: 1 a 0, aos 23.
A torcida do Fluminense foi ao delírio. Com músicas de incentivo, ela empurrou o time nos minutos finais. Uma cena bem mais bonita e que merece ser mais lembrada do que a protagonizada por alguns tricolores no primeiro tempo. Aos 20, durante a parada para hidratação, parte deles gritou "Time assassino". Uma referência ao incêndio do Ninho do Urubu, que matou 10 jovens no ano passado, usada para atacar o Flamengo. Um episódio tão lamentável que, por isso mesmo, só foi citado no fim do texto. O espetáculo protagonizado pelas arquibancadas no restante do jogo merece mais destaque.
O Globo quarta, 29 de janeiro de 2020
FUNK DISPUTA ESPAÇO COM MARCHINHAS NO CARNAVAL CO RIO
Funk disputa espaço com marchinhas e axé e lança hits para o carnaval
Na era do streaming, apelo do batidão leva a indústria a investir em lançamentos do gênero; conheça os hits de 2020
Silvio Essinger
29/01/2020 - 04:30 / Atualizado em 29/01/2020 - 08:31
Pocah, Rennan da Penha, Ludmilla, Ivete Sangalo e Anitta: lançamentos para o carnaval
RIO - O carnaval começa oficialmente no dia 22 de fevereiro, e o efeito dessa proximidade começa a ser sentido na produção de funk. Depois de alguns hits que se infiltraram no repertório dos blocos e bandas de bailes dos anos anteriores, o gênero partiu para uma programada invasão do espaço sagrado da folia. Na sexta-feira passada, o DJ Rennan da Penha abriu os trabalhos com a MC Pocah lançando nas plataformas digitais o funk “Carnaval chegando”.
A música foi apresentada em primeira mão no último dia 14, durante a gravação do DVD de Rennan, no Espaço Hall, em Jacarapeguá, para um público de cerca de seis mil pessoas, que repetiram os versos “Ai, meu Deus, é agora/ já tô vendo minha dignidade ir embora/ quem tá namorando, nessa hora sempre chora/ mas quem tá solteiro, adora”.
'Aquecimento da Lexa'
Na sexta passada, a cantora Lexa também soltou o “Aquecimento da Lexa”, a primeira de suas músicas para o carnaval, que será seguida, no próximo dia 7, pelo lançamento de “Treme tudo”. Lexa, por sinal, será rainha de bateria do desfile da Unidos da Tijuca.
— O funk sempre foi carregado de liberdade de expressão. A linguagem é divertida, jovem, descontraída e democrática, assim como o clima do carnaval — explica Tatiana Cantinho, gerente artística e de conteúdo da Som Livre, a gravadora de Lexa.
No momento em que a sonoridade do funk evolui para novas frentes como o 150 bpm, funk pop e brega funk, Cantinho acredita que o crescimento do consumo digital abriu grandes portas para o gênero.
— O funk ganhou forte investimentos em feats (parcerias entre astros de diferentes estilos) de peso e hoje transita por diversas classes sociais.
'Te prometo'
Rennan da Penha, que renovou o funk com a novidade do 150 bpm, tem mais duas músicas para sair até o carnaval, mas elas ainda não estão definidas (e uma delas deve ter o MC Livinho). Já o outro grande DJ do estilo, Dennis, promete reforçar nos próximos dias, no esquenta dos blocos, o ataque do seu brega funk “Te prometo”, parceria com o MC Don Juan, lançada em novembro. Enquanto isso, o produtor WC no Beat lança, com Pedro Sampaio e FP do Trem Bala, o “Balança”. E dia 7, o MC Pk lança, com Tati Zaqui, o funk “Escandalosa”.
— Não fiz especificamente para o carnaval. Ela não tem pegada de marcha, é modernizada, mas acho que pode dar muito certo. O funk hoje é candidato a ocupar esse espaço que durante tantos anos foi da música baiana — analisa Pk.
Para o MC, o funk pegou forte no pós-bloco.
— É aquela música que faz todo mundo beijar na boca. Ele não estava ainda 100% ajustado ao carnaval, mas do ano passado pra cá, músicas minhas, do Kevin O Chris, ajudaram a dar uma virada.
'Contatinho'
Gravadora de Pk, a Warner aposta para o carnaval em uma faixa de Anitta com Gabriel do Borel (“Joga sua potranca”, lançada dia 17), e na força de suas funkeiras no encontro com a música da Bahia, em duetos ainda a serem lançados: de Pocah com Leo Santana (“Lei da gravidade”), de Anitta, também com Santana (“Contatinho”), e um não definido de Ludmilla com Ivete Sangalo.
— O carnaval é festa. O funk é a realidade do sucesso e é o que toca no auge da festa, então tinha que virar música de carnaval também. É bom lançar funk no carnaval, é um momento em que a música vira notícia — analisa Luciana Costa, gerente de marketing da Warner Music Brasil. — Tem músicas como “Verdinha”, da Ludmilla, que saiu em novembro e que não foi feita para o carnaval, mas que depois se percebeu ser perfeita para ele. São músicas cujo sucesso pode durar até lá.
Diretora de marketing e promoção da Sony Music (que lança as músicas de Rennan da Penha, Dennis e WC no Beat), Cris Simões destaca uma vantagem, nos dias de hoje, para o funk da folia:
— A velocidade da indústria do streaming nos permite encontrar músicas mais próximo ao período do carnaval, já que não há mais necessidade de tanta antecedência no processo, como era com qualquer lançamento físico.
Outra gravadora que investe num calendário de lançamentos de funk para o carnaval é a Universal Music. Dia 31, ela solta “Mexendo” (DJ Batata e MC Melody), dia 7 o “Tudo aconteceu” (MC Du Black e Delacruz), e dia 14 o “150” (MC Zaac). Presidente da Universal, Paulo Lima lembra que o funk tem vindo num contínuo carnavalesco, estourando em 2017 o “Olha a explosão” (MC Kevinho), em 2018 o “Vai malandra” (Anitta), e ano passado o “Bola rebola” (também de Anitta).
— Não é de hoje que as próprias escolas de samba inserem a batida do funk nas performances de suas baterias. O funk é um gênero que veio das comunidades, um ritmo democrático que hoje conquistou pessoas de todas as idades e classes sociais, conquistou o mundo — acredita Lima.
Para Felipe Ferreira, professor e estudioso da história do Carnaval e autor do “Livro de ouro do Carnaval brasileiro” (Ediouro), a identificação do Brasil com um estilo de música da folia é algo “positivo, mas não impositivo” — daí ser saudável a abertura ao funk.
— Durante muito tempo, o Brasil tinha a ideia de lançar músicas feitas para períodos específicos do ano: Carnaval, músicas juninas, Natal... Isso de uma certa forma passou, foi se perdendo dentro da coisa da indústria, que amplia, trabalha a música para o ano inteiro. Mas com a internet, veio a segmentação. Então, talvez a gente também esteja vendo um sintoma de um retorno disso, da ideia da música feita especialmente para o carnaval. A transformação das músicas de diversos gêneros em marchinha pelos blocos é outro sintoma. Acho muito bem-vindo.
Aos 81 anos, o mestre das marchinhas de carnaval, João Roberto Kelly (compositor dos clássicos “Cabeleira do Zezé” e “Mulata bossa nova”, cantados até hoje nos bailes e blocos de carnaval) observa:
— Não é que essa tradição de lançar música de carnaval se perdeu, o que falta é divulgação. Você lança uma música e ela não toca na rádio, as televisões não se interessam. Isso afasta o compositor de música de carnaval de fazer coisas novas. Se não vai tocar, para que compor? Mas outros tipos de música viraram modismo. Se você lança um funk todo mundo quer saber o que é. E nada contra o funk o carnaval é para todo mundo. Só não gosto de música estrangeira no carnaval, tipo Beatles, acho que não casa muito.
O Globo terça, 28 de janeiro de 2020
NEYMAR: JOGADOR EM MELHOR FORMA NA EUROPA NO MOMENTO
Brasileiro da semana: Neymar, o jogador em melhor forma na Europa no momento
Atacante tem nove gols e cinco assistências nos últimos sete jogos
Yellow and Green Football
28/01/2020 - 04:24
Neymar cobra pênalti com categoria na vitória do PSG sobre o Lille Foto: PASCAL ROSSIGNOL / REUTERS
Neymar está livre de lesões e até cancelou sua festa de aniversário - fará 28 anos no dia 5 de fevereiro. Até o verão, não saberemos se a mudança de atitude do jogador e sua conduta profissional representam uma genuína dedicação ao Paris Saint-Germain ou uma forma de se colocar na vitrine, candidatando-se a uma mudança para o Barcelona.
De acordo com o jornal espanhol "Mundo Deportivo", um reencontro do brasileiro com Messi e Luis Suárez depende, basicamente, de Neymar se manter longe das salas de cirurgia e dos problemas extracampo. Ao mesmo tempo, no entanto, fontes próximas à Ligue 1 - o Campeonato Francês - indicam que o atacante de 27 anos está perto de assinar um novo contrato de cifras elevadíssimas, o que o faria dedicar o resto de seus dias como jogador de futebol em Paris.
De volta ao aqui e agora, no entanto, Neymar é sem dúvida o jogador mais em forma da Europa no momento. Nos últimos sete jogos, marcou nove gols e deu cinco assistências. Na vitória por 2 a 0 sobre o Lille, fora de casa, marcou um belo gol aos 28 minutos de jogo, com uma finalização no ângulo. Depois, marcou de pênalti aos sete minutos do segundo tempo. De forma tocante, o segundo gol foi dedicado a seu amigo pessoal Kobe Bryant, que morreu em um acidente de helicóptero na Califórnia, domingo, junto com sua filha de 13 anos e outras sete pessoas.
Além dos gols, Neymar recuperou seis bolas, deu cinco dribles e acertou 86% dos seus passes no jogo com o Lille. Sem falar nas três chances de gol criadas. O brasileiro da semana parece estar atingindo novamente o topo de seu rendimento justamente quando a fase de mata-mata da Champions League se aproxima.
FIRMINO SEGUE BEM
Além de Neymar, outro brasileiro que vive grande momento é Roberto Firmino, do Liverpool. É dele o segundo lugar na semana. Seu time já estava em alta após ter batido o maior rival, o Manchester United, mas não descansou seus principais jogadores na viagem para enfrentar o Wolverhampton, na última quinta-feira. Jordan Henderson marcou o primeiro gol logo aos oito minutos, mas os donos da casa reagiram e o jogo parecia se encaminhar para o segundo empate do Liverpool na temporada. No entanto, Firmino logo reapareceu para colocar seu time com 16 pontos de vantagem na liderança da Premier League. De seus últimos oito gols, sete decretaram vitórias para o Liverpool. Com um jogo a menos do que o Manchester City, seu perseguidor mais próximo o título já parece a caminho dos Reds.
O Globo segunda, 27 de janeiro de 2020
CARNAVAL 2020: SÃO PAULO DEIXA O RIO PARA TRÁS COMO DESTINO MAIS PROCURADO
São Paulo deixa o Rio para trás como destino mais procurado no carnaval
Apesar do segundo lugar na pesquisa, o presidente da Riotur, Marcelo Alves, afirma estar satisfeito com os números do turismo no Rio
Letycia Cardoso e Renan Rodrigues
27/01/2020 - 03:30 / Atualizado em 27/01/2020 - 08:32
Destino mais procurado por turistas no Carnaval é São Paulo, segundo pesquisa de empresa de viagens Foto: BRENNO CARVALHO / Agência O Globo
RIO — A cidade de São Paulo passou o Rio como destino mais procurado por turistas no carnaval. A reviravolta no reinado da folia aparece num levantamento feito pela Decolar, que considera apenas as vendas de produtos de turismo com 80 dias de antecedência, por meio da própria plataforma. Com base nesses parâmetros, este é o segundo ano consecutivo com a capital fluminense na vice-liderança. Em 2019, foi Salvador que ficou à frente da festa carioca.
A plataforma avalia que a terra da garoa e o Rio ocupam o topo do ranking porque concentram os desfiles das maiores escolas de sambas e dos principais blocos. Já Salvador, com seus tradicionais trios elétricos, caiu este ano para a terceira posição.
— As pessoas têm procurado São Paulo porque, além de vários blocos, há boas opções de gastronomia e compras. O resultado é muito positivo. Há 20 anos, não tínhamos nem 5% de ocupação hoteleira no carnaval — comemorou Bruno Omori, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis São Paulo (ABIH-SP), prevendo 60% dos quartos ocupados nos dias de folia deste ano.
Com a fuzarca paulista crescendo — a expectativa este ano é de 15 milhões de foliões nas ruas, com 861 desfiles de blocos — mais gente decide não sair da cidade. A administradora Thaís Gonçalves, de 30 anos, já curtiu o carnaval no Rio, mas, em fevereiro, decidiu não viajar:
— Acho que vale mais a pena ficar em São Paulo. Há muitos blocos e gente bonita.
Apesar do segundo lugar na pesquisa, o presidente da Riotur, Marcelo Alves, afirma estar satisfeito com os números do turismo no Rio.
— A um mês da festa, temos grande parte dos hotéis com ocupação de 100%. Vamos bater o maior público do carnaval — ressalta Alves
O Globo domingo, 26 de janeiro de 2020
CARNAVAL 2020: DÉBORA NASCIMENTO
Débora Nascimento fala sobre planos para 2020 e novo namoro: 'Sou respeitada e respeito'
Filme que lhe rendeu prêmio de melhor atriz entra em circuito em março
Talita Duvanel
26/01/2020 - 04:30
Débora Nascimento Foto: Chico Cerchiaro
Depois de ouvir que Bella, a bebê de 1 ano e 9 meses que brinca na suíte do sítio Lago Buriti, em Guaratiba, é a cópia do pai, o ator José Loreto, Débora Nascimento saca o celular da bolsa com a “contraprova”. A atriz mostra uma foto sua quando criança para atestar que a menina também se parece com ela. “Todo mundo acha que é a cara dele até ver como eu era pequenininha”, diz a paulistana, de 34 anos, em tom de brincadeira.
Se na aparência ela já reconhece semelhanças, na personalidade tem dificuldades em prever. E Débora se encanta com as nuances de um ser em construção. Na verdade, dois seres: a criança e a mãe. “Sou uma mãe fluida. A cada semana, a cada mês, ela é uma bebê; e eu, uma mulher diferente.”
As mudanças se intensificaram não só com a maternidade, mas também por causa da exposição pública de sua separação em fevereiro de 2019. O casamento com José Loreto, de 35, chegou ao fim em meio à especulação de que ele teria tido um caso com uma colega de trabalho. O que era um momento privado virou assunto nacional: Loreto traiu ou não Débora? Se sim, com quem?
Quase um ano depois, a atriz não responde a essas perguntas, mas reflete sobre o ti-ti-ti: “Foi uma montanha-russa de emoções e acontecimentos ímpares que me trouxeram crescimento pessoal e percepções que antes eu não tinha”, diz Débora. “O que as pessoas falavam, questionavam, impunham ou exigiam, dizia muito mais sobre a história delas do que sobre a minha”, relembra a atriz.
Passada a separação propriamente dita, a curiosidade do povo não cessou, e a vida privada de Débora se manteve nas manchetes. Vários veículos chegaram, inclusive, a cravar que ela estava ficando com uma mulher, em maio do ano passado. A fofoca foi tanta que, ao se escrever “Débora Nascimento” no Google, a ferramenta autocompleta com “namorada”. “Ficam com um frisson de me imaginar com qualquer pessoa, mas acho que, de novo, isso diz muito sobre o outro e a nossa sociedade. O que mais me chocou foi: com tudo o que estamos passando no nosso país e no mundo, a comoção foi o sexo de quem eu podia estar interessada.”
DÉBORA NASCIMENTO POSA COM EXCLUSIVIDADE NO LAGO BURITI, NO RIO
Débora usa vestido usa vestido Wasabi na Pitanga e anéis, todos Louis Vuitton Foto: Fotos: Chico Cerchiaro. Styling: Antonio Frajardo. / Edição de moda: Patricia Tremblais. Beleza: Chico Toscano com produtos Sisley e L’Oréal Professionnel. Produção de moda: Giusepe Botelho e Fernanda Martins. Assistente de fotografia: Layla de Otero. Tratamento de imagem: RG Imagem. Agradecimentos: Lago Buriti.
Vestido Aya Foto: Chico Cerchiaro
A poeira, no entanto, baixou e deu a clareza de que 2020 é um ano para se cercar de cuidados. Por isso, ela admite ser vaga ao falar do novo namorado, um médico de São Paulo. “Por tudo o que aconteceu, de as pessoas se sentirem no direito de colocar o dedo, decidi proteger aqueles que me cercam. Estou feliz, sim. Sou respeitada e respeito. A base de uma relação tem que ser essa.”
O namoro tem sido à distância e administrado em meio aos cuidados com a filha, que já convive com o novo membro da família. “Bella sabe que tenho grandes amigos, e meu namorado é um amigo mais constante. Não tem esse peso”, diz. Nos fins de semana, Débora reveza com José os cuidados da menina, da mesma forma que ela viveu na infância. “Não foi um pânico ter me separado com a Bella pequena. Meus pais se divorciaram quando eu tinha 2 anos e meio e meu irmão, meses. Fiquei bem e sabia que ela ficaria também”, diz, garantindo que mantém uma boa relação com o ex-marido. “Eu e José somos amigos até hoje. Não o amo como homem, mas vou amá-lo como amigo para sempre. Moramos perto, e Bella pode ver os dois no mesmo dia. Somos muito parceiros.”
Ficar longe da menina, diz ela, gera uma preocupação que ainda está aprendendo a administrar. “Não se culpar por cada coisinha é o mais difícil da maternidade. Se ela é picada por um mosquito, tenho que entender que é só um mosquito, sabe? Se estou viajando num fim de semana e ela está com o pai, não posso me culpar. Não sou perfeita. Sou uma mulher que está correndo atrás dos sonhos, mas mantém o afeto e os cuidados.”
Débora também quer, em 2020, usar a fama (“não sou celebridade, sou artista”) para colocar na rua seus projetos de arte. Há uma peça (um thriller policial chamado “Lôca”, com direção de Diego Fortes) e a produção de uma série começando a serem lapidadas. Em março, entra em circuito comercial “Pacificado”, filme de Paxton Winters, que lhe rendeu o prêmio de melhor atriz no Festival de Aruanda, na Paraíba, no ano passado. No longa, ela interpreta uma dependente química moradora do Morro dos Prazeres. “Fiz o filme grávida, e ele necessitava de um corpo totalmente desprendido de vaidade. Foi uma experiência deliciosa, com zero maquiagem, com espinhas. Tudo que eu peço são papéis assim”, diz ela, cujo último personagem na TV foi a socialite Gisela, em “Verão 90”.
Bukassa Kabengele, um dos protagonistas de “Pacificado”, conviveu diariamente com ela por dois meses, entre preparação e gravação, boa parte desse tempo no Morro dos Prazeres. “Eu a vi frequentar esse espaço da comunidade se despindo do glamour, tentando se adequar cada vez mais ao povo local para que pudesse tirar o máximo da complexidade daquelas vidas simples e difíceis”, relembra o ator. “Ela faz o personagem brilhantemente, saindo do estereótipo da sex symbol.”
Nascida na Zona Leste de São Paulo, em 1985, filha de mãe esteticista e pai delegado de polícia, Débora começou a trabalhar como modelo aos 15 anos, depois de ser selecionada num concurso de uma agência. A inscrição foi feita por um parente, quando a menina nem sabia o que era vaidade. Três meses depois do primeiro trabalho, já estava morando fora e conhecendo, de relance, o mundo das artes.
Foi nessa mesma época que passou por um dos maiores obstáculos pessoais de sua vida: a anorexia. “Eu tinha 92cm de quadril, e eles queriam 88cm.” Nessa fase, uma amiga modelo, inclusive, morreu por causa de distúrbios alimentares. “Lembro de tê-la encontrado 20 dias antes, e ela ter falado de como estava feliz. Quanto mais emagrecia, mais trabalhava e mais diziam que ela estava linda. E eu pegando dicas de como ficar daquele jeito.” Foi a mãe de Débora que percebeu algo errado com a filha: o quadril chegou a 90cm, a menina estava constantemente tonta e desfalecendo pelos cantos. Foi necessário muita conversa e marcação cerrada para que a autoestima entrasse nos eixos.
Hoje, a atriz é uma das maiores vozes do meio em defesa da não objetificação e da aceitação do corpo da mulher. Por isso, não aceita o posto de rainha de bateria de uma escola de samba para não estar no centro de pressões sociais. “Atualmente, considero meu corpo muito mais bonito do que há dez anos. Não falo: ‘Nossa, agora super me aceito’, porque é claro que passo por períodos de receios. Não nego que há resquícios do que vivi, até porque o sistema está aí. Somos cobradas todo o santo dia, mesmo que você seja completamente consciente de si. Ainda mais nesse período de carnaval”, diz.
Leitora voraz de obras feministas (a mais recente foi “O feminismo é para todo mundo”, de Bel Hooks), Débora chegou a presentear os convidados do chá de bebê de Bella com um livreto com trechos de “Para educar crianças feministas”, de Chimamanda Adichie. “Achava muito esquisito e lutava dentro da minha casa para ser tratada como o meu irmão. Então, sou feminista desde pequena. Essa palavra entrou no meu cotidiano há pouco tempo, porque o assunto se tornou mais conversado.” Ao lado dos ídolos atuais, a mãe e as mulheres que cuidaram da pequena Débora permanecem como referência. “Ela trabalhava demais, e eu ficava muito com as minhas tias e com as amigas dela. E lembro sempre da minha alegria quando ela voltava. Isso é ser mulher. É sair de casa graças a uma rede de apoio.”
Por causa da militância atual, Débora acredita que Bella vai crescer num mundo mais justo. Se a atriz, que viveu num ambiente familiar machista, conseguiu expandir seus ideais, a filha, então, vai nadar de braçadas nesse universo. “Com a rede social e a internet, muita coisa é propagada. Muita porcaria, mas também muito diálogo. Se você está aberto, disposto a olhar, está tudo aí. O que estamos conquistando não tem volta.”
O Globo sábado, 25 de janeiro de 2020
BATATA FRITA: DICAS PARA PREPARÁ-LA EM CASA
As definições de batata frita foram atualizadas: chefs usam limão caipira, raspinha de atum e até urucum para reeditar o clássico que todo mundo ama
Aprenda as dicas para preparar a batata frita perfeita em casa; os processos demoram dias, com congelamentos, duas fritadas e tantos outros passos
Lívia Breves
25/01/2020 - 04:30
Batata da Comuna, em Botafogo vem acompanhada por maionese caseira, katsuobushi (lasquinhas de atum seco) e cebolinha. Foto: Divulgação
Bem crocante por fora, macia por dentro e salgadinha na medida certa. Batata frita é coisa séria e algumas têm até receitas secretas. Elas podem demorar horas para chegar ao ponto e passar por uma série de etapas até ficarem prontas. A da Comuna, em Botafogo, é considerada uma das melhores da cidade, e ainda vem acompanhada por maionese caseira, katsuobushi (lasquinhas de atum seco) e cebolinha. A receita inicial veio de um post do chef americano James Kenji López-Alt, em que ele se propõe a fazer uma versão melhor que a do McDonald’s. A partir daí, os chefs Tatiana Fernandes e Bruno Negrão atualizaram o preparo, que conta com seis passos (separar, cortar, cozinhar com sal e vinagre, fritar por 1,5 minuto, congelar e fritar novamente por 4 minutos).
Batata frita do Arp, criada por Roberta Sudbrack, vem com maionese de limão caipira, é frita em três temperaturas diferentes (100°, 140° e 180°) e resfriada antes da última fritura para garantir a crostinha crocante Foto: Samuel Antonini
A chef Roberta Sudbrack tem duas receitas para as batatas: uma que serve no Arp, no Arpoador, e outra na Garagem da Roberta, no Leblon. A primeira, que vem com maionese de limão caipira, é frita em três temperaturas diferentes (100°, 140° e 180°) e resfriada antes da última fritura para garantir a crostinha crocante. Já a outra, feita para ser lambuzada em aioli de urucum, só dá certo quando preparada com o ingrediente orgânico e novinho. “Ficam com menos umidade, o que garante uma crosta superdourada e o interior bem cremoso. O outro segredo é a temperatura do óleo, precisa estar acima de 180° para fritar muito rápido. Detalhe: cozinhamos as batatas inteiras e as despedaçamos na mãos antes da fritura”, conta a chef.
Batata frita souflê do Rubaiyat Foto: Divulgação
Parecem infladinhas com ar. No Rubaiyat Rio, a batata suflê passa pro vários processos para inflar e ficar super crocante. Tudo começa na compra. "De acordo com a safra, usamos a Asterix ou a 'Cesar', que têm menos água. Depois, ela é selecionada e fica próxima ao forno de barro para tirar a umidade. Só depois ela é descascada e laminada no fatiador de frios a mais ou menos 2 mm", conta. Em seguida, as lâminas são colocadas, uma a uma, sobre um papel toalha e separada por papéis, para puxar ainda mais a umidade. Só aí vai para o óleo a 70°. Quando ela fica levemente inflada. Ainda tem mais. Vai pra geladeira por algumas horas. Depois volta para gordura, dessa vez a 120°. O choque térmico é que faz ela inflar e chegar no ponto. Há uma perda de aproximadamente 20%, pois nem todas inflam dentro do padrão.
Batata frita do Micro Bar é finalizada com sal e um toque de azeite trufado Foto: Filico
O Micro Bar, no Leblon, tem, além de ótimos drinques, french fries para ficar melhor ainda. A chef consultora Juliana Reis conta que tem alguns macetes para chegar ao ponto ideal: “Usamos a batata fresca, cortada na faca com casca, e fritamos a 130°, 140°. Em seguida, secamos e guardamos no congelador. No momento do pedido, ela passa por uma segunda fritura, dessa vez a 180°”. A receita é finalizada com sal e um toque de azeite trufado.
No Seu Vidal, em Copacabana, ela é cozida, depois assada para retirar o excesso de água e, finalmente, frita.Na versão 3.0, tem ainda cobertura de cheddar, carne assada da vovó Bebel (receita de família) e sour cream. Foto: Tomás Rangel
Tem ainda aquelas que são cozidas inteiras e ficam bem rústicas. O chef Philipe Martins explica que a versão do Seu Vidal, em Copacabana, é cozida, depois assada para retirar o excesso de água e, finalmente, frita. Em seguida, é quebrada na mão. Ela ganhou uma versão 3.0, com cobertura de cheddar, carne assada da vovó Bebel (receita de família) e sour cream.
As receitas variam, mas uma coisa é certa: batata frita industrializada nunca mais.
O Globo sexta, 24 de janeiro de 2020
ANTONIO FAGUNDES: TORÇO PARA QUE REGINA NÃO SAIA QUEIMADA
Antonio Fagundes sobre Regina Duarte: 'Torço para que não saia queimada'
Par romântico da atriz em novelas, ele diz que tem pena dos artistas que entram para a política e também fala sobre o fim de 'Bom sucesso', novela que termina nesta sexta (24)
Maria Fortuna
24/01/2020 - 04:30 / Atualizado em 24/01/2020 - 07:44
Antonio Fagundes conta que foi “uma choradeira só” nos últimos dias de gravação de “Bom sucesso”. Na novela, cujo derradeiro capítulo vai ao ar nesta sexta-feira (24), ele interpreta o editor de livros Alberto e contracena com Grazi Massafera, Armando Babaioff, Fabiula Nascimento, entre outros.
— Está todo mundo tristinho, sentindo falta dos personagens e das relações. A gente se gostou muito, acho que a novela passou esse nosso prazer para o público — diz.
O folhetim deixa pelo menos um fruto. O podcast “Clube do Livro do Fagundes”, com ele dando suas dicas de leitura, que terá uma segunda temporada no Gshow.
Agora, o ator de 70 anos se concentra na peça “Baixa terapia”, em cartaz em São Paulo, e com estreia carioca marcada para o dia 1º de maio, no Teatro Clara Nunes.
Antonio Fagundes diz que já está com saudades da novela 'Bom sucesso' Foto: TV Globo / Victor Pollak
Nesta entrevista, feita por telefone — o aparelho tocou exatamente na hora marcada por Fagundes, famoso pela pontualidade britânica —, ele fala sobre suas convicções ao fazer teatro sem incentivo fiscal, da fama de galã ("Nunca me especializei em ser galã. Você não se faz galã, as pessoas é que te fazem. Eu, particularmente, não sou meu tipo de homem. Bonito, para mim, é Mastroianni e Brad Pitt") e de sua estreia no Instagram ("Me rendi. Sempre me senti um 'analfabyte' e quanto li o livro 'O cérebro no mundo digital', percebi que estava atrasado"). Também comenta a provável ida de Regina Duarte, seu par romântico em “Vale tudo” e “Por amor”, para a pasta da Cultura de Bolsonaro.
- Tenho sempre pena de artista que entra nessa jogada. Temos tanta coisa para fazer e o jogo sujo da política só pode trazer coisa ruim. Torço para que a Regina não saia queimada - afirmou.
O Globo quinta, 23 de janeiro de 2020
GOL ANULADO DO VASCO: ESTREIA DO VAR NO CAMPEONATO CARIOCA
Gol anulado do Vasco estreia recurso do VAR do Carioca para checar impedimentos
Contra o Flamengo, comemoração de Ribamar é frustrada após uso do vídeo
Bruno Marinho
23/01/2020 - 03:45
Ribamar, do Vasco, comemora gol que viria a ser anulado Foto: MARCELO THEOBALD / Agência O Globo
Parece até roteiro pronto. No jogo em que o VAR estreia no Campeonato Carioca deste ano, ele é acionado para anular um gol logo aos dois minutos do primeiro tempo. Lucas Ribamar marcou, comemorou, mas dois minutos depois, antes de a partida ser reiniciada, foi apontado o impedimento pela arbitragem. Dessa vez com o auxílio de cinco câmeras, em vez de duas, apontadas para o gramado do Maracanã.
Essa é a principal novidade do recurso na edição deste ano do Carioca. Os times podem até não terem prestigiado tanto assim o duelo, com escalações de reservas e garotos do sub-20 em campo, mas ao menos na cabine o tratamento foi digno de Copa do Mundo.
Somente a Fifa e três campeonatos nacionais em todo mundo — Alemão, Inglês e Italiano — utilizam a tecnologia de triangulação. A primeira competição internacional que contou com ela foi o Mundial de Clubes, em dezembro. No Campeonato Brasileiro do ano passado, a título de comparação, a tecnologia utilizada foi a anterior, baseada na determinação do ponto a partir de duas linhas, uma vertical e outra horizontal.
De acordo com a Federação de Futebol do Estado do Rio e a Hawk Eye, empresa responsável pelo desenvolvimento e pela operação da tecnologia, espera-se uma precisão maior nas marcações e também maior agilidade até que o árbitro de campo tome suas decisões.
Ribamar adiantado
Coube a Bruno Arleu de Araújo operar o VAR durante o clássico — de acordo com a Ferj, todos os árbitros da entidade estão habilitados para tal. Segundo ele, a vantagem trazida pelo advento de mais câmeras apontadas para o gramado dá mais segurança ao trabalho da arbitragem.
— É uma tecnologia nova, disponível em poucos lugares do mundo. Ela vai ter um impacto direto, especialmente com o passar do tempo, com o treinamento e prática da equipe. Fizemos testes e vimos que existe um ganho efetivo de tempo na checagem dos lances.
Cabine do VAR no Carioca Foto: MARCELO THEOBALD / Agência O Globo
Na jogada protagonizada por Lucas Ribamar, a imagem que fez com que o gol fosse anulado foi disponibilizada no telão do Maracanã. O atacante do Vasco recebeu cruzamento de Tiago Reis, aproveitou que Dantas foi mal no corte, dominou e deu um toque com categoria, por cima do goleiro Gabriel Batista. Na ausência de uma transmissão de TV, o frame da Ferj foi a única maneira que clubes e torcedores tiveram para conferir que o camisa 9 do Vasco estava à frente de Ramon, que o marcava.
De acordo com a explicação dos técnicos responsáveis pela operação do VAR no clássico, antes, com as duas câmeras à disposição, existia a possibilidade de que uma delas tivesse a visão do lance encoberta, dificultando assim a precisão na hora de os árbitros marcarem o ponto mais avançado do jogador de ataque. Agora, as cinco câmeras oferecem mais opções, inclusive dos dois lados do campo. Uma vez marcado o ponto, o software do VAR realiza todos os cálculos necessários para determinar se o jogador está ou não em posição regular. Cabe ao árbitro de vídeo comunicar o resultado para o de campo.
Extra de R$ 17 mil
Outra novidade na operação do VAR este ano é a divisão da equipe em duas. Antes, os mesmos árbitros de vídeo eram responsáveis pela checagem e disponibilização da imagem que seria divulgada para o público. Agora, enquanto o árbitro de vídeo principal está conferindo um lance de impedimento, outro pode estar preparando a análise de uma entrada violenta imediatamente anterior, por exemplo.
O contrato entre a Federação de Futebol do Estado do Rio e a Hawk Eye foi assinado ano passado. A reportagem apurou que a implementação da nova tecnologia, incluindo as câmeras que foram adquiridas, custou algo em torno de R$ 17 mil para a entidade.
O VAR no Estadual não contempla todas as partidas. Somente em clássicos e nas partidas decisivas (semifinais e finais) que o recurso será usado.
O Globo quarta, 22 de janeiro de 2020
OMELETE VIDA LOKA
Omelete vida loka e outras roubadas das comidas das pousadas
POR MARIANA WEBER
Não é pela comida que você está lá, é pela praia. Ou pela montanha. Mas você precisa comer. Tem mais: você gosta de comer. Problema seu. Porque, em algumas pousadas, as refeições entram na categoria de perrengues das férias, junto com os mosquitos, a fila da balsa e o engarrafamento na estrada.
Pior quando o regime é de pensão completa ou o lugar é isolado, sem grandes (talvez nem pequenas) opções ao redor. De repente você se vê jogado numa espécie de spa involuntário. Poderia ser uma oportunidade para emagrecer, não fosse a cerveja – se bem que às vezes o gelo acaba.
A seguir, uma lista de roubadas gastronômicas que as fotos do Instagram não mostram (aliás, já segue @ocadernodereceitas por lá?). Aconteceram comigo ou com pessoas próximas. Mas acho que todo mundo tem um perrengue de férias que entrou para a história.
Omelete vida loka
Já se sabe de outras temporadas que a comida da pousada não é grande coisa. Mas a gente insiste por causa da localização, da piscina, do parquinho para as crianças. E porque brasileiro não desiste nunca.
À noite, para não errar, omelete com salada. A omelete vegetariana, com vegetais, e não a outra do cardápio, de presunto e queijo. Um acerto: a omelete é grande, recheada de queijo e vegetais variados, de cenoura a batata.
Na noite seguinte, depois de um almoço de camarão frito murcho, frio e que gera controvérsias quanto ao frescor, volta-se à omelete. Aquela descrita como vegetariana, com vegetais.
Chega à mesa um rolinho de ovo esbelto, bem diferente da omelete gordinha do dia anterior. Dentro, outra surpresa: o recheio vegetariano tem presunto picado.
No próximo pedido, o apelo: “Quero minha omelete vegetariana com vegetais e sem presunto”. Pode-se dizer que funciona: ela vem com folhas e queijo.
Então um casal pede duas panquecas vegetarianas. Cerca de uma hora depois, vem só uma, esquálida, recheada de cenoura e queijo (a essa altura o pessoal já entendeu que presunto não é vegetal). O casal pergunta pela outra panqueca. O garçom vai à cozinha e volta com a notícia: “Acabaram os vegetais. Pode ser só de queijo?”
Omelete vida loka vira a piada da noite. E seguem as férias na praia.
PS. No dia seguinte, é a vez da salada, também vida loka, vir sem o ovo adicional que havia sido pedido. O problema chega à cozinha, e um hóspede escuta a repercussão: "É ovo que eles querem, é?". E assim acaba esta história, porque este é um blog de comida.
Tilápia marítima
Nada contra a tilápia, inclusive tenho amigos, mas numa vila à beira-mar, ao lado de uma colônia de pescadores? É quase ofensivo.
Parece que está na moda ser ofensivo, então tem dono de pousada que apela para esse peixe congelado, prático como presunto e tão dissociado da cultura local quanto. Na verdade, tem também dono de restaurante de praia que prefere tilápia congelada ou peixe importado a pescados locais, mas isso fica pra outro post.
Café
A pousada pé na areia era de um mineiro bom anfitrião, que fazia a gente se sentir em casa. Veio o filho e imprimiu o próprio estilo, começando pelo café da manhã. No primeiro dia era razoavelmente farto e variado, no segundo já não tinha tanta coisa, no terceiro menos ainda e, no último, era biscoito e banana ou quase isso (acho que tinha café também). Triste, dei adeus a um lugar querido – assim que consegui encontrar alguém disposto a calcular a conta pra fazer o check out.
Chapjam
Como assim você não sabe o que é chapjam?
Ok, eu também não sabia. Mas estava no cardápio de uma pousada no litoral norte de São Paulo e gerou uma curiosidade daquelas. De onde vem? É bicho ou planta? Depois, descobrimos, não era nem um nem outro, era cogumelo, do tipo mais comunzinho. Chapjam era só um jeito peculiar de escrever champignon. E acabou virando o apelido do meu gato.
Diferentona
O jantar estava incluso na diária, não tinha muito restaurante por perto e a dona não gostava da mesmice dos cardápios de praia. Então nos regalava com pratos do seu receituário que não se veem nas demais pousadas, como repolho com coco ralado e creme de leite. Sorrindo, agradecíamos. E sonhávamos com um PF de peixe.
Fome na ilha
O que você levaria para uma ilha deserta? Não sei, mas a dona da pousada em que passei um réveillon anos atrás não levou. Ok, não era uma ilha deserta. Era só uma praia pouco abastecida da Ilha Grande. Mas a sensação era de isolamento alimentar.
Já na chegada, o que deveria ser um café da manhã de boas vindas foi uma frutinha na mão de cada novo hóspede. Depois, a refeição incluída na diária foi sendo preparada cada dia mais tarde, desafiando os estômagos atiçados pelas horas passadas em praias com congestionamento de escunas. Pelo menos teve espumante doce na noite de Ano Novo chuvosa.
Contrabando de carne
Aqui não dá para dizer que o hóspede não sabia o que iria encontrar. Ele não só sabia como se preparou. Foi para a pousada declaradamente vegetariana e levou na bagagem espetinhos de carne para assar no chalé.
Se alguém sentiu o cheiro, não reclamou. Vai ver que quem sentiu foi aquele outro hóspede que muquiava fatias de presunto para colocar no sanduíche do café da manhã.
Sinta-se em casa – e cuide da louça
Dizia a placa: você não é obrigado, mas pode lavar a própria louça. Em dúvida, constrangido, o casal lavou. E até agora discute se vai voltar à pousada e, se voltar, quem vai cuidar da louça.
O Globo terça, 21 de janeiro de 2020
BRINCAR SEM OFENDER: FANTASIAS PARA EVITAR NESTE CARNAVAL
Para brincar sem ofender ninguém, veja dez fantasias para evitar neste Carnaval
Já está pensando no que vai vestir nos bloquinhos deste ano? Saiba o que evitar para não desrespeitar ninguém!
Raphaela Ramos
21/01/2020 - 06:00
Saiba o que evitar para não desrespeitar ninguém! Foto: Gabriel Paiva / Agência O Globo
O Carnaval está chegando! As escolas de samba finalizam os preparativos para os desfiles e alguns blocos já marcam presença nas ruas. Faltando um mês para o início oficial da festa, que começa no dia 21 de fevereiro, os foliões já estão planejando suas fantasias. Sabemos que Carnaval é sinônimo de celebração e brincadeira, mas nos últimos anos algumas discussões têm sido levantadas a respeito de trajes que podem ser considerados ofensivos, e que para alguns, não deveriam nem ser considerados como “fantasias”. Isso porque reforçam estereótipos negativos ou se apropriam de culturas que durante o resto do ano sofrem por serem marginalizadas.
Por isso, a equipe de CELINA preparou uma lista do que deve ser evitado por quem quiser aproveitar o feriado sem o risco de ofender nenhum grupo. Afinal, é possível se divertir sem desrespeitar ninguém!
“Nega maluca”
Por muito tempo a figura de “nega maluca” foi comum nos dias de festa. Ela é um exemplo de “blackface”, quando alguém branco se pinta de preto ou marrom para imitar uma pessoa negra. Essa técnica foi muito usada como uma forma de satirizar essa população, reforçando preconceitos. Por isso, é considerada ofensiva.
“Índia” ou “índio”
Durante a folia, os trajes com penas e cocares costumam ser acompanhados de pinturas pelo corpo. Para alguns indígenas, no entanto, essa caracterização é vista como desrespeitosa. Esses adereços fazem parte da cultura desses povos, que enfrentam dificuldades para garantir seus direitos até hoje. Alguns desses acessórios também são considerados símbolos sagrados. Além disso, os povos indígenas são múltiplos e reduzi-los a um estereótipo contribui para inviabilizá-los.
Homem vestido de mulher
Também é comum ver homens vestidos de mulheres durante a folia. O problema é que essa inversão costuma ser feita de uma forma caricaturada tanto nas roupas e acessórios quanto nos gestos. Dessa forma, acaba ridicularizando a figura feminina, além de reforçar estereótipos de gênero.
Iemanjá
A Iemanjá é uma divindade da Umbanda e do Candomblé, religiões que até hoje são alvo de intolerância e racismo. Por isso, se vestir de Iemanjá, assim como de outros orixás, pode ser desrespeitoso.
Muçulmano
Da mesma forma, se fantasiar de muçulmano desrespeita a religião islâmica. Principalmente porque essa caracterização costuma ser relacionada ao conceito de “terrorista”, reforçando uma visão preconceituosa dessas pessoas. O mesmo vale para outras religiões: reflita antes de brincar com uma crença que não é a sua.
Cigana
O povo cigano é um dos mais marginalizados em todo o mundo, e também está presente no Brasil. Existem muitas ideias pré-concebidas sobre essa comunidade, como o fato de que seriam trapaceiros ou ladrões. Por isso, colocar uma bandana e acessórios que remetem ao ouro para se caracterizar como esse povo pode soar ofensivo.
Baiana
A fantasia de baiana utiliza elementos pertencentes às religiões de matriz africana. Portanto, usar adereços como o turbantes e colares que imitam guias pode ser considerado uma forma de apropriação cultural.
“Mendigo”
Pessoas em situação de rua passam por diversas dificuldades: fome, frio, insegurança… Essa questão é um problema social no país: de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), em 2016, a estimativa era de mais de 101 mil brasileiros nessa situação. Será que é válido fazer piada com esse problema?
Japonesa
Pintar o rosto de branco, puxar os olhos, usar trajes típicos… A fantasia de japonesa, ou de “gueixa”, é mais uma forma de apropriação e desrespeito com outra cultura.
Máscara de Fábio Assunção
No último Carnaval, após a repercussão de situações e vídeos envolvendo o ator Fábio Assunção, que lutava contra a dependência química, máscaras com seu rosto se popularizaram pela ruas. O caso despertou a solidariedade de muitos artistas, que questionaram o uso dessa situação como piada.
Mas então, o que usar?
Depois de ler essa lista você pode pensar que escolher uma fantasia sem incomodar ninguém é uma tarefa complicada. Mas não é bem assim: existem muitas outras opções de trajes que podem ser usados sem insultar nenhum grupo. Personagens de desenhos, séries e filmes, elementos da natureza, celebridades, criaturas mitológicas, memes… É só usar a criatividade!
O Globo segunda, 20 de janeiro de 2020
VERÃO EM BUENOS AIRES: 5 DICAS PARA APROVEITAR A TEMPORADA
Verão em Buenos Aires: cinco dicas para aproveitar a temporada de calor na cidade
Parques, ciclovias e eventos especiais são algumas atrações na capital argentina
O Globo
20/01/2020 - 04:30
Garda-sóis na praia artificial criada no Parque de los Niños, uma das áreas que recebem o projeto Buenos Aires Playa 2020 Foto: Divulgação
RIO - Muitos brasileiros associam Buenos Aires a um clima mais frio, ideal para tirar do armário aquelas roupas de inverno elegantes e harmonizar bifes de chorizo com encorpados vinhos tintos argentinos. Mas a cidade também tem muito a oferecer no verão, quando seus parques ficam lotados de portenhos e visitantes e em suas é possível até ouvir batuques carnavalescos.
E estação tem muito calor (é comum os termômetros registrarem acima dos 30°C) e dias bem longos, com sol até quase as 20h, o que permite aproveitar bastante a cidade ao ar livre, seja em passeios de bicicleta ou relaxando nas áreas verdes.
A seguir, confira cinco ideias de como aproveitar a capital argentina durante o verão:
Ir às 'playas' portenhas
Uma das atividades especiais do projeto Buenos Aires Playa 2020, no Parque de los Niños Foto: Divulgação
Uma das grandes atrações dos verões portenhos é o projeto Buenos Aires Playa 2020, quando áreas de lazer especiais são montadas em dois parques, cada um numa ponta da cidade. São espaços com areia, guarda-sóis, espreguiçadeiras, chuveiros, jogos aquáticos, quadras de futebol e vôlei de praia, além de setores de leitura, além de aulas de dança e ginástica aeróbica. Às sextas e aos sábados e domingos, acontecem também apresentações musicais de diversos estilos.
Uma das praias urbanas fica no Parque de los Niños, localizado na zona norte da cidade, às margens do Rio da Prata, no bairro de Nuñez, perto de importantes zonas turísticas, como Palermo. Já o outro, é o Parque Indoamericano, no extremo sul portenho, no bairro de Villa Soldati, que o turista pode combinar com uma visita à famosa Feira de Mataderos ou ao bairro de La Boca.
O projeto começou em 10 de janeiro e vai até 1º de março. A programação completa está no site
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Aproveitar os parques
Jardim Botânico de Buenos Aires Foto: Baiardi Juan Marcelo/ Turismo de Buenos Aires / Divulgação
Uma das características mais marcante de Buenos Aires é a quantidade de parques, praças e áreas verdes. Nos meses mais quentes do ano, é para lá que correm os portenhos em busca de sol, agitação e um lugar agradável para tomar o mate.
Nesse quesito, o bairro de Palermo é um destino preferencial. É lá que ficam alguns dos principais parques e jardins da cidade. Como o Jardim Botânico Carlos Thays, um dos programas preferidos de quem viaja em família, com sua grande coleção de plantas de diversas partes do mundo e a Biblioteca Infantil da Natureza.
Em frente ao Jardim Botânico fica o Ecoparque, um espaço público para educação ambiental e conservação de espécies, que tem atividades especiais durante o verão. Mais adiante, o Parque 3 de Fevereiro, cujo grande atrativo é o Rosedal e o belo lago artificial dos Bosques de Palermo, cheio de barquinhos e pedalinhos.
Ao lado de Puerto Madero, a Reserva Ecológica, a maior área verde de Buenos Aires, como 350 hectares cobertos por flora nativa do estuário do Rio da Prata, repleta de bosques, pradarias, lagos, lagoas e pântanos. E um bom lugar também para avistamento de aves, com mais de 340 espécies já observadas por ali.
Pedalar pelos bairros
Passeio guiado de bicicleta pelo bairro de La Boca, em Buenos Aires Foto: Divulgação
Plana como é, Buenos Aires é uma ótima cidade para se pedalar. Tanto em áreas bem abertas, como os calçadões de Puerto Madero ou os parques, quanto pelos bairros. De Palermo a Boca, de San Telmo a Recoleta, é muito agradável circular sobre duas rodas pela capital argentina, que tem cerca de 230 quilômetros de ciclovias (veja o mapa aqui).
É também barato. O serviço de bicicletas públicas da cidade, o Ecobici, é gratuito, e funciona as 24 horas do dia. Para os turistas, é preciso se registrar no site do serviço, baixar o aplicativo e, com ele, realizar a retirada das bicicletas. O passaporte e um cartão de crédito são exigidos para o registro.
Para quem não quiser pedalar sozinho, o Departamento de Turismo de Buenos Aires promove passeios guiados (alguns gratuitos) por diversas partes da cidade. A lista completa está aqui.
Apresentação carnavalesca em Buenos Aires Foto: Divulgação
Fora do Brasil, o carnaval mais conhecido do Cone Sul é o do Uruguai. Mas a capital argentina também tem seu gingado para a folia. Durante todo o mês de fevereiro, acontecem as murcas, apresentações de tradicionais grupos carnavalescos que se destacam pela variedade de ritmos e crítica social bem humorada. Mais de cem desses grupos se apresentam em diversos pontos da cidade, todos abertos ao público, com danças, apitaços, tambores de disco e tocadores de bumbo.
Este ano, a folia acontecerá em todos os finais de semana de fevereiro, e no carnaval propriamente dito (de 22 a 25). Na terça-feira de carnaval, aliás, acontece o encerramento desses espetáculos, com uma grande festa na Avenida de Mayo.
Uma escapada
A cerca de 30 quilômetros de distância do centro de Buenos Aires, a cidade de Tigre é uma das escapadas mais interessantes para se fazer na Província de Buenos Aires. Localizado no delta do Rio Paraná, esse balneário cheio de casarões antigos, parques e restaurantes, rende um ótimo passeio de um dia, principalmente a bordo de um dos muitos barquinhos que deslizam calmamente pelos canais e braços de rio. Ao contrário dos outros deltas do mundo, este não deságua no mar, e sim no estuário do Rio da Prata, o que permite a grande variedade de "caminhos" fluviais.
Também dá para passear a pé pelas alamedas arborizadas de Tigre, vendo de perto as fachadas dos casarões. O Museu de Arte Tigre merece ser visitado, graças à beleza de sua arquitetura e sua coleção de arte figurativa argentina, que abrange desde o final do século XIX até meados do século XX.
Há trens saindo regularmente da estação de Retiro, o principal terminal ferroviário de Buenos Aires, e a viagem costuma durar mais ou menos uma hora.
O Globo domingo, 19 de janeiro de 2020
KOCHI, CALDEIRÃO CULTURAL DA ÍNDIA
Um roteiro histórico e gastronômico por Kochi, um caldeirão de culturas à beira-mar na Índia
Antiga colônia portuguesa, cidade atrai atenção de estrangeiros desde as Grandes Navegações
Sarah Khan / 2020 / The New York Times
19/01/2020 - 04:24
A Catedral de Santa Cruz é uma das muitas igrejas construídas pelos antigos colonizadores europeus (neste caso, portugueses) em Kochi, na Índia Foto: Atul Loke / The New York Times
Dizem que Kerala é a "terra de Deus", reconhecimento da sua beleza natural luxuriante, dos seus remansos sedutores e da riqueza em especiarias que há gerações representa o Santo Graal para tantos navegadores. O slogan turístico chamativo também pode ser um tributo às diversas tradições religiosas que abundam ali, especialmente na cidade portuária de Kochi, há milhares de anos. Graças a uma geografia única – isolada do resto da Índia pelas montanhas ao leste, mas aberta para o mundo pelo Mar Arábico a oeste –, o estado da região sudoeste indiana sempre foi um cadinho cosmopolita de culturas variadas. Hindus, cristãos, judeus e muçulmanos já viviam lado a lado e mantinham uma relação comercial com árabes e chineses muito antes da chegada dos portugueses (era a Kerala que Colombo queria chegar, em 1492, quando se viu nas Bahamas) para estabelecer o primeiro núcleo europeu, em Cochin, em 1500, abrindo caminho para ondas colonizadoras sucessivas de portugueses, holandeses e britânicos.
Atualmente, Kochi, como Cochin foi rebatizada, é uma parada popular de cruzeiros e escala para os viajantes interessados em pegar um dos barcos que cruzam as paragens idílicas de Alappuzha. Seu passado complexo, entretanto, merece uma estada mais longa: passe um fim de semana explorando a histórica Fort Kochi, em cujas ruelas estreitas se vê um legado de milhares de anos de fusão cultural. E, se estiver na região entre dezembro de 2020 e março de 2021, você não pode perder a Bienal Kochi-Muziris, um dos eventos de arte contemporânea mais estimulantes do mundo.
Dê uma volta
Fort Kochi é meio que um termo equivocado, já que o forte português original não existe mais; o nome, na verdade, hoje se refere à parte histórica da cidade. Um passeio por ali revela as muitas camadas de influências que deixaram suas marcas. Comece perto das redes de pesca chinesas penduradas sobre os varões de bambu e teca que estão ali, de uma forma ou outra, desde o século XV. Embora hoje existam apenas como pano de fundo para fotos turísticas, é possível entender como os pescadores as usaram como instrumento de trabalho durante séculos. A seguir, atravesse a Praça Vasco da Gama rumo à Igreja de São Francisco, uma das mais antigas da Índia. Erguida pelos portugueses em 1503, foi reconstruída como templo protestante pelos holandeses e depois consagrada como igreja anglicana pelos britânicos. Vasco da Gama foi enterrado ali, antes que seus restos mortais fossem enviados para Lisboa.
Faça uma pausa para o chai no charmoso Teapot Café antes de continuar rumo à Basílica da Catedral de Santa Cruz. De lá, perambule pelas ruas ladeadas por construções azuis e amarelas com telhados de terracota, vitrais coloridos e escondidas por buganvílias para chegar ao Museu Indo-Português, que abriga relíquias e resquícios das igrejas antigas locais, como exemplares da Bíblia, imagens da Virgem Maria e até um altar de teca do século XVI. Entrada: 40 rupias.
Drama e dança
Uma performance da tradicional dança kathakali em Kochi, na Índia Foto: Atul Loke / The New York Times
Kerala é sinônimo do kathakali, a dança clássica conhecida pelas histórias dramáticas de deuses e demônios e as máscaras, maquiagem e adereços elaborados que a acompanham. Para quem não conhece nada dessa arte, o Kerala Kathakali Centre é um bom começo: há uma demonstração às 17h, durante a qual os artistas explicam como a maquiagem é aplicada, como são feitos os passos intrincados e quais são os personagens e as tramas. A seguir, às 18h, é encenado o espetáculo de verdade. Entrada: 350 rupias.
Peixe fresco
Kerala fica na Costa do Malabar, o que significa que os frutos do mar são ingredientes básicos da cozinha local. E uma casa que os prepara de forma primorosa em Fort Kochi é o restaurante do Fort House, hotel de 16 quartos de frente para o mar. Destaque para o peixe com curry de manga verde (420 rupias), o camarão com gengibre e alho (450 rupias) com appams (panquecas de arroz fermentado) e a parotta, o pão chato e folhado comum da região. O jantar para duas pessoas sai por volta de 1.500 rupias.
O restaurante Fort House, com suas mesas ao ar livre, na beira do mar, é um dos mais recomendados em Kochi, na Índia Foto: Atul Loke / The New York Times
Café da manhã artístico
A Kochi histórica já foi dividida em duas partes: Fort Kochi, onde viviam os cristãos, e Mattancherry, onde moravam judeus, hindus e muçulmanos. Saia cedinho para explorar a segunda, que já foi também um centro vibrante de comércio de especiarias. Comece com um café da manhã no Mocha Art Café, que funciona em um galpão de 300 anos. Experimente o appam com cozido de ovos (230 rupias), banana, abacaxi e panqueca de nutella (de 200 a 250 rupias) ou a omelete de queijo keema (270 rupias), acompanhados de uma boa xícara de mocha (190 rupias), é claro. Antes de sair, dê uma espiada nas exposições de obras de artistas locais dispostas nas paredes de tijolo aparente.
O Mocha Art Café fica quase ao lado da Sinagoga Paradesi, do século XVI, a mais antiga em atividade da Comunidade Britânica, com influências globais na forma de azulejos azuis chineses pintados a mão, candelabros belgas e um tapete oriental que foi presente do imperador etíope Haile Selassie I. Há apenas um punhado de judeus praticantes na cidade, que contam com os turistas para encher a congregação.
O histórico bairro judeu de Fort Kochi é cheio de lojinhas que vendem de tudo Foto: Atul Loke / The New York Times
De lá, siga para o Mattancherry Palace, também conhecido como Palácio Holandês, embora tenha sido presente dos portugueses para o rei de Cochin em 1555. A estrutura é uma mescla curiosa dos estilos europeu e indiano e abriga murais elaborados do século XVI que retratam o épico hindu "Ramayana". De lá, explore os mercados de Jew Town que oferecem de tudo, de frascos de perfume a sombrinhas bordadas, passando por montículos de tinta em pó em tons brilhantes. Logo ao lado ficam a loja de antiguidades Ethnic Passage, a contemporânea Via Kerala e a butique do estilista Joe Ikareth.
Almoço sem pressa
De volta a Fort Kochi, almoce no Indian Oven, dentro do Cochin Club, cenário relaxante para uma refeição para lá de tranquila. Além de janelões que dão vista para o mar e o jardim sossegado, há murais extravagantes nas paredes e almofadas coloridas espalhadas nas cadeiras de bambu. Os pratos à base de frutos do mar são imperdíveis, como a lula assada à moda de Kerala e o karimeen pollichathu (crometo verde na folha de bananeira). O almoço para duas pessoas sai por cerca de mil rupias.
Tarde com arte
O David Hall Art Gallery, em Kochi, Índia, exibe obras de artistas de todas as pertes do mundo Foto: Atul Loke / The New York Times
É verdade que, durante três meses, ano sim, ano não, a Bienal Kochi-Muziris chama a atenção do mundo da arte para Kochi, mas há um grupo de galerias que valem uma visita em qualquer época. Em Fort Kochi, a David Hall Art Gallery funciona em uma casa colonial holandesa e realiza desde exposições de artistas famosos até leituras, passando por apresentações de música devocional sufi; já o Kashi Art Café apoia os artistas emergentes.
Inovações culinárias
O East Indies, restaurante que dá para a piscina do Eighth Bastion Hotel, de inspiração colonial holandesa, é um verdadeiro paraíso da alta gastronomia moderna com ares históricos. No salão contemporâneo são servidas combinações interessantes com apresentações artísticas como o camarão-gigante com gengibre, pimenta, cominho e coco (900 rupias); malli peralan de frango com coentro (700 rupias); camarão com gengibre e alho envolto em papadum (550 rupias); e rabanada com crème brûlée (400 rupias).
Café da manhã ao ar livre
Dois galpões históricos à beira-mar foram transformados em um só para se tornar o delicioso Pepper House, mistura de café ao ar livre, galeria e loja de grife que se torna um dos principais palcos da Bienal. O público é composto de tipos criativos e turistas, todos atraídos pelas mesas espalhadas em um pátio gramado e espaçoso. É uma grande opção para o café da manhã: uma boa pedida é a rabanada com açúcar mascavo e frutas frescas (250 rupias).
Todos a bordo
Um dos melhores meios para circular por Kochi e suas ilhas é pegando as balsas públicas Foto: Atul Loke / The New York Times
Kochi é conhecida como a "rainha do Mar Arábico", e a água é um elemento intrínseco da cidade. Você pode alugar um barco para fazer o passeio de uma hora nas cercanias do porto, mas, se preferir uma experiência mais genuína, pegue a balsa pública (a passagem custa só 4 rupias). Embarque no pontão da Calvathy Road com o pessoal local para passar por algumas das ilhas que compõem a metrópole – Vypin, Willingdon, Vallarpadam e Bolgatty – antes de desembarcar, 20 minutos depois, na parte mais movimentada da cidade no continente, conhecida como Ernakulam. Subhash Bose Park, com gramados bem cuidados e de frente para o mar, vale um passeio.
Onde ficar
Ginger House Museum Hotel. Inaugurado em 2016, é um oásis opulento no centro de Mattancherry, localizado acima de uma loja de antiguidades e restaurante amplos. Os nove quartos têm detalhes vintage riquíssimos, como os azulejos em art déco de ouro 24 quilates e o teto enfeitado com espelhos com moldura de teca. Diária do quarto duplo a partir de 25 mil rupias.
Forte Kochi. Tem 27 quartos e funciona em uma casa do século XVIII em amarelo vivo, praticamente ao lado das redes de pesca chinesas e de várias das principais atrações de Fort Kochi. Diária do quarto duplo a partir de 14 mil rupias.
Aluguel por temporada. Muitas casas coloniais de Fort Kochi foram transformadas em hotéis e pousadas, o que significa várias opções charmosas pertinho das principais atrações da região histórica. No Airbnb, a diária de um quarto pode variar de US$ 15 a US$ 100.
O Globo sábado, 18 de janeiro de 2020
APÓS DEMISSÃO DE ROBERTO ALVIM, COMO FICA A GUERRA CULTURAL NO GOVERNO?
Após a demissão de Roberto Alvim, como fica a guerra cultural no governo Bolsonaro?
Ex-secretário parecia ter o perfil ideal para o presidente: fiel e conservador, com projeto focado numa arte nacionalista. E ambos creem que a cultura pode e deve ser controlada
Helena Aragão
18/01/2020 - 04:30 / Atualizado em 18/01/2020 - 07:55
Fernanda Montenegro posando como bruxa contra a censura, o secretário de cultura Roberto Alvim e ator de 'Abrazo', peça censurada na Caixa Foto: Montagem em fotos de divulgação
RIO — Qual é o projeto de Jair Bolsonaro para a cultura brasileira? A resposta não é simples.
O candidato Bolsonaro não tratava do tema em sua proposta de governo. Naquela época, a arte era lembrada apenas em discursos “contra”. Contra a Lei Rouanet, que só serviria para artistas “mamarem nas tetas do governo”. Contra os próprios artistas, já que eles seriam todos, para o político, alinhados à esquerda.
Uma vez eleito presidente da República, Bolsonaro acabou com o Ministério da Cultura, rebaixando-o uma secretaria. Cogitou acabar com a Lei Rouanet, mas foi desaconselhado por assessores. Sob o Ministério da Cidadania, a pasta foi responsável por estabelecer mudanças no principal instrumento de incentivo fiscal para o setor no Brasil, com limites mais radicais de financiamento.
Já que o governo seguiria fomentando projetos culturais, Bolsonaro passou a defender “filtros” para o que levaria dinheiro público, usando como exemplo o filme “Bruna Surfistinha” e testando os limites constitucionais de suas intenções. Pode-se dizer que mora aí o cerne de seu entendimento de cultura: ele anda junto com sua cruzada pelos costumes da tradicional família brasileira. Por isso, chegou a suspender um edital para a TV pública, que tinha linha para séries LGBT. Naquele episódio, em agosto, Henrique Pires, então secretário especial de Cultura, deixou o governo.
Em setembro, Roberto Alvim, então diretor do Centro de Artes Cênicas da Funarte, enviou uma mensagem para Bolsonaro com uma proposta. Num arquivo de áudio, revelado pelo blog do colunista Lauro Jardim, diz que quer apresentar “um projeto gigantesco, que vai gerar a partir de janeiro um bombardeio de arte conservadora na população”.
O arsenal de Alvim, àquela altura, já era conhecido. No mesmo mês do primeiro contato direto com o presidente, ele ofendeu Fernanda Montenegro justamente para defender Bolsonaro, em episódio que o tornou conhecido no país. Antes, em junho, ele havia convocado, pelas redes sociais, para reunir artistas conservadores e criar uma “máquina de guerra cultural”.
Bolsonaro empossou em novembro o que parecia ser secretário ideal: fiel e conservador. E mais: Alvim tinha, de fato, um projeto para a Cultura do país, focado numa arte nacionalista.
Realocada no Ministério do Turismo, sua gestão já começou com nomeações controversas, colocando em órgãos tradicionais como a Biblioteca Nacional e a Funarte personagens desconhecidos, alinhados ideologicamente com ele e sem credenciais para os cargos. O exemplo mais gritante — e revertido na Justiça — foi o de Sérgio Camargo, jornalista que acredita que a escravidão foi benéfica para descendentes de negros, para a Fundação Palmares.
Janeiro chegou, e com ele o anúncio do tal iniciativa “gigantesca”. Que pouco tinha de gigante: R$ 20 milhões para serem divididos entre 145 projetos de ópera, música, artes visuais (divididas nas redutoras subcategorias pintura e escultura), teatro e literatura. Para comparar: o espetáculo “A família Addams”, de 2015, custou R$ 25 milhões.
O valor seria distribuído como prêmio, formato perfeito por ser mais fácil de “filtrar” os eleitos. Ao participar da live semanal de Bolsonaro, anteontem, para apresentar a proposta, Alvim reforçou que “curadoria não é censura”.
No vídeo de divulgação do prêmio, ele fala em arte “de nacionalidade plena”. Setembro seria o “Mês do renascimento da arte brasileira”, com apresentação dos resultados (quem duvida que seria no dia 7?). Se não tivesse caído em desgraça por parafrasear Goebbels, Alvim teria passado o dia de ontem refutando a irrelevância da proposta. Mas Bolsonaro seguiria achando que colocou a cultura brasileira no caminho certo.
Difícil saber o que vem por aí. A queda por causa da referência ao nazismo acabou nublando o fato de que Alvim ascendeu graças a um discurso sobre guerra cultural e arte nacionalista recebido com entusiasmo por Bolsonaro. E de que ambos creem que a cultura pode e deve ser controlada.
O Globo sexta, 17 de janeiro de 2020
AGENDA DE VERÃO
Festivais e shows de verão esquentam os palcos cariocas
Eventos espalhados pela cidade apresentam nomes como Elza Soares, Barão Vermelho, Duda Beat e Martinho da Vila
Sérgio Luz
17/01/2020 - 03:30
A cantora Elza Soares Foto: Bárbara Lopes / Agência O Globo
Não há como contestar que o verão é a estação que tem a cara do Rio. Sol escaldante, praias lotadas, a ansiedade em torno do carnaval no ar e muita música. E essa vocação da cidade está em oito festivais espalhados pelo balneário de São Sebastião, com shows para diferentes gostos e estilos.
E o melhor: boa parte deles gratuita. Na Praia de Ipanema, o Verão Tim apresenta neste sábado (18) Elza Soares e Baile do Almeidinha. Perto dali, na Casa de Cultura Laura Alvim e no Parque Garota de Ipanema, o Claro Verão Rio traz atrações como Barão Vermelho e Rodrigo Santos. Tudo naquele esquema 0800 para aliviar os bolsos dos cariocas.
'Ana e Vitória Foto: Divulgação
Já na Marina da Glória o segundo fim de semana do Verão do Spanta vai de Anavitória a uma homenagem a Beth Carvalho, com o bamba Nelson Sargento, Moacyr Luz, Roberta Sá e Mumuzinho.
— São quatro sábados e mais de 50 shows. Tem samba e carimbó, sem esquecer do funk, axé, sertanejo e da música pop, incluindo de blocos do carnaval carioca até estrelas da música popular. A programação eclética reflete a cara do verão do Rio — diz Chico Nogueira, diretor do bloco Spanta Neném, que comanda a festa.
No sábado (18), mais perto de outro canto da orla, na Cidade das Artes, o REP Festival exalta o bom momento do rap brasileiro, com um line-up que inclui Djonga e BK, além do rapper americano Jeremih. Já na próxima semana, na mesma batida, é a vez do Tropikal, no Posto 10 de Ipanema, que começa com 3030 (dia 24), Onze:20 (25) e Atitude 67 (26), todos com entrada gratuita.
A série Verão na Fundição também começou quente, e leva para a Lapa Pietá e Ava Rocha, nesta sexta (17), e Ana Carolina, amanhã (18). Na agenda, tem ainda nomes como Alcione e Jorge Aragão, dia 25, e Gal Costa e Rubel, dia 1º de fevereiro.
Vanessa da Mata Foto: Marcos Hermes
Ali ao lado, o Circo Voador apresenta neste fim de semana Vanessa da Mata (sexta, 17), Duda Beat (sábado, 18) e o DJ Marlboro (domingo, 19).
E, em Niterói, o Sesc Verão 2020, que segue até o dia 16 de fevereiro na Praia de São Francisco, abre nesta sexta (17) os trabalhos com o cantor Toni Garrido. Opções não faltam para quem quer curtir a estação com boa música ao vivo. A seguir, confira o roteiro completo, programa-se e, como já advertia Carlinhos Brown, não esqueça da boa e velha água mineral.
De Elza a Iza, 0800, em Ipanema e Copacabana
O festival gratuito Verão TIM leva neste sabado (18) à Praia de Ipanema dois shows de MPB de alto nível: a diva Elza Soares, com a turnê de seu disco mais recente, “Planeta fome”, e Hamilton de Holanda e o Baile do Almeidinha, um dos mais festejados eventos musicais do calendário carioca.
— O Baile do Almeidinha é aquele tipo de projeto que nunca vai acabar, porque o repertório e o público sempre se renovam — diz o virtuose bandolinista Hamilton de Holanda, que comanda a festa. — Agora, por exemplo, nos apresentamos com duas novas cantoras maravilhosas, que dão um outro colorido e timbre. Apesar de mantermos músicas já consagradas, temos o compromisso de compor canções novas para sempre surpreender. Quem não nos conhece é apresentado à nossa sonoridade, que mistura música improvisada instrumental e música cantada.
Baile do Almeidinha, com Hamilton de Holanda Foto: Divulgação
Semana que vem, ainda em Ipanema, o festival tem Cidade Negra e a festa Eu Amo Baile Charme (dia 26), e, em Copacabana, no Posto 4, Diogo Nogueira e Baile do Saddam (dia 25).
Dia 1º de fevereiro, no palco de Ipanema, é a vez de Gloria Groove com participação de Johnny Hooker e a Festa da Raça, e, em Copa, sobe ao palco, no dia 2, Martinho da Vila, com a presença de Criolo, seguido pela Festa Moo. O encerramento do festival, dia 9, fica por conta de Iza, seguida pelo Samba que Elas Querem.
Praia de Ipanema: na altura da Rua Paul Redfern, sáb, às 17h, Elza Soares e Baile do Almeidinha; dom, às 17h, Melim e festa Discopédia. Grátis. Livre.
No parque e no centro cultural, grátis
A ideia do projeto Claro Verão Rio é simples: música brasileira gratuita em Ipanema. Nesta sexta (17), no Parque Garota de Ipanema, o repaginado Barão Vermelho, com Rodrigo Suricato à frente da banda, toca seus clássicos, como “Pro dia nascer feliz”, e mostra a nova safra de canções do recém-lançado disco “Viva”.
A atual formação do Barão Vermelho Foto: Leo Aversa / Divulgação
Os escalados para a Casa de Cultura Laura Alvim são Rodrigo Santos (18), Priscila Tossan (19) e Toni Garrido (20).
— Amo o verão, me conecto demais da conta. Tento praticar o surfe há alguns anos e gosto de frequentar a Barra da Tijuca, mas Ipanema é sempre Ipanema — diz Priscila, que participou do programa “The Voice Brasil”.
Casa de Cultura Laura Alvim: Av. Vieira Souto 176, Ipanema — 2332-2016. Às 19h, Rodrigo Santos (sáb), Priscila Tossan (dom) e Toni Garrido (seg). Parque Garota de Ipanema: Av. Francisco Bhering s/nº, Arpoador. Às 19h, Barão Vermelho (sex). Grátis. Livre.
Verão do Spanta
No ano em que atinge a maioridade, o bloco de carnaval consolida a sua marca com o festival na Marina da Glória. Além de Henrique & Juliano, Kevin O Chris, Anavitória, Gabz e É O Tchan, o destaque de amanhã é o tributo a Beth Carvalho.
— Beth é a luz de nosso samba, temos o dever de exaltá-la para sempre. A ideia desse show em homenagem a ela é um grande presente para nós e para o público — resume o baluarte Nelson Sargento, de 95 anos.
RI Rio de Janeiro (RJ) 16/08/2017 - Perfil do sambista Nelson Sargento. Foto: Leo Martins / Agencia O Globo Foto: Leo Martins / Agência O Globo
Outra atração do dia é a cantora Malía, uma das promessas do pop brasileiro.
— Estou muito feliz com o fato do meu primeiro show do ano ser o do Spanta. Como boa carioca, amo intensamente o verão e me sinto muito honrada — diz.
Marina da Glória: Av. Infante Dom Henrique s/nº, Aterro do Flamengo — 2555-2200. Sáb, às 16h. R$ 240. Até 1º de fevereiro. 18 anos.
Verão na Fundição
Dentro de sua programação da estação, a casa tem dois shows de MPB nesta sexta (17): um do trio Pietá, formado por Juliana Linhares (voz) Frederico Demarca (voz, violão e guitarra) e Rafael Lorga (voz, percussão e violão), que leva ao palco as músicas de do disco “Santo sossego”; e outro da cantora Ava Rocha, com “Trança”.
Rafael Lorga, Juliana Linhares e Frederico Demarca, o trio Pietá Foto: Elisa Mendes / Divulgação
No dia seguinte é a vez da cantora e compositora Ana Carolina, que promete “blocos de samba, baladas e sets mais intimistas” no espetáculo “Fogueira em alto-mar”, a 12ª turnê de sua carreira. Ela toca seus maiores sucessos acompanhada por Thiago Anthony (teclado, programações, violão e pandeiro), Theo Silva (guitarra, violões e pandeiro), Marcos Maia (baixo, violões e pandeiro) e Leo Reis (bateria, pad eletrônico, pandeiro e violões).
O Verão na Fundição tem na agenda, que vai até fevereiro, dobradinhas de luxo: Alcione e Jorge Aragão, dia 25, e Rubel e Gal Costa, dia 1º de fevereiro.
Fundição Progresso: Rua dos Arcos 24, Lapa — 3212-0800. Pietá e Ava Rocha: sex, às 22h; R$ 120. Ana Carolina: sáb, às 22h; R$ 160 (pista) e R$ 200 (cadeira). Quem levar 1kg de alimento paga meia-entrada. 18 anos.
Circo Voador
Também pertinho dos Arcos, a lona da Lapa traz neste fim de semana a MPB temperada da mato-grossense Vanessa da Mata (sex, 17), o pop melancólico-dançante da pernambucana Duda Beat (sáb, 18) e o batidão carioca do DJ Marlboro (dom, 19), que comemora os 30 anos de lançamento de seu primeiro disco, o seminal “Funk Brasil”.
— Essa turnê tem sido confirmada como uma das melhores da minha carreira, não só pela linguagem poética, mas também pela autoria reafirmada, já que (o álbum) foi produzido por mim, pelo estilo, pela linguagem — diz Vanessa, que mostra o show “Quando deixamos nossos beijos na esquina”.
A cantora apresenta seus hits com participação especial de Lucas Santtana Foto: Fabio Rocha / Agência O Globo
Já Duda celebra o fim da turnê de sua estreia em estúdio, “Sinto muito”, que rendeu sucessos como “Bixinho” e “Bolo de rolo”. Com ingressos esgotados para amanhã, a cantora volta ao Circo no dia 1º de fevereiro para se despedir desse ciclo:
— É sempre maravilhoso e emocionante tocar nesse palco tão importante para a cena brasileira. É uma honra ter show esgotado lá e repetir esse espetáculo — comemora.
Circo Voador: Rua dos Arcos s/nº, Lapa — 2533-0354. Sex a dom, às 22h. R$ 120 (quem levar 1kg de alimento paga meia-entrada). 18 anos.
REP Festival
A segunda edição do evento dedicado ao rap ocupa neste sábado (18) a Cidade das Artes com 16 horas ininterruptas de shows. A programação traz destaques da nova cena nacional, como Djonga e BK, o veterano MV Bill, o coletivo de trap Racayd Mob, o grupo baiano 3030 e nomes como Vitão, Xamã, Cynthia Luz e Orochi. A atração principal é o americano Jeremih, dos hits “Birthday sex”, “Oui” e “Down on me”.
— O Rio de Janeiro é o lugar mais criativo do mundo — acredita BK. — É um lugar que te obriga a ser assim, criativo, pela sobrevivência, e a nossa arte é um reflexo. Eu acho que o rap tá mostrando muito bem isso por ser um universo gigante numa cidade onde a criatividade não tem limites.
O rapper carioca BK Foto: Divulgação / Divulgação
Prtes: Av. das Américas 5.300, Barra — 3325-0102. Sáb, a partir das 14h. R$ 140 (pista) e R$ 280 (pista VIP). 16 anos.
Sesc Verão 2020
O evento promove apresentações gratuitas em Niterói. Neste sábado tem show de Toni Garrido.
A agenda do festival inclui Leandro Sapucahy (dia 25), Roberta Sá (dia 1º de fevereiro), Serjão Loroza (8/2), Mulheres de Chico (9/2) e Fernanda Abreu (15/2). Há ainda sets de DJs a partir das 16h: Cris Panttoja (amanhã), Gustavo Magoo (domingo e dia 26), Daniel Ruiz (dia 25 e 2 de fevereiro), Tata Ogan (1º de fevereiro), Camila Cidade (8 e 9/2) e João Pinaud (15 e 16/2).
Praia de São Francisco: Niterói. Sáb, às 16h (DJ) e às 18h (Toni Garrido). Até 16 de fevereiro. Grátis. Livre.
Tropikal
Outro festival gratuito, o Tropikal, que estreia na próxima sexta-feira, dia 24, aposta em jovens nomes da música brasileira: 3030 (24/1), Onze:20 (25/1), Atitude 67 (26/1), Oriente (31/1), Vitor Kley (1/2) e Lagum (2/2).
— Tocar no Rio é uma alegria muito grande. Sempre que volto pro Rio me sinto muito em casa, ver os montes, o recorte da natureza, pego umas ondinhas, me sinto muito conectado com a cidade. Tenho um carinho muito grande pelo Rio, gosto de estar no palco, do calor — diz o gaúcho Kley, do hit arrasa-quarteirão “O Sol”.
O cantor e compositor gaúcho Vitor Kley Foto: Divulgação
O Globo quinta, 16 de janeiro de 2020
PÉ-SUJO: OS MELHORES ACHADOS DE 2019 NO RIO
Pé-sujo: os melhores achados de 2019 no Rio
Coluna elege as surpresas gastroetílicas 'mais marotas' do último ano na cidade
03/01/2020 - 14:15 / Atualizado em 14/01/2020 - 14:38
Pensão Santa Luzia: uma pérola no Centro, com comida boa, farta e barata Foto: Divulgação
Esse foi um ano de reencontros, caro leitor. Bares excelentes em novas leituras, e casas tradicionais sendo salvas do naufrágio pelas mãos de gente que ama o espírito boêmio dos nossos botequins. Mas também teve achadinhos marotos, casas simples que a gente não sabe como não conheceu antes. Eis os melhores achados da coluna em 2019:
Há mais de 40 anos, este restaurante popular alimenta o corpo e a alma — sem machucar o bolso — de quem trabalha nas imediações do Castelo. Tudo com o talento de uma família moldada para a gastronomia. Não por acaso dona Rita, que comanda as panelas, é irmã de Conceição, a dona do Salsa e Cebolinha, na Lapa, outro marco da comida boa, farta e barata. Destaque para o delicioso frango com batatas coradas a R$ 28, com direito a sobremesa.
Endereço: Rua Santa Luiza 405, 5º andar, Centro — 2220-8218. Seg a sex, das 10h30 às 16h).
Boteco do Raoni, no Grajaú, na Zona Norte do Rio Foto: Juarez Becoza / Agência O Globo
Um bar da rapaziada que ama beber e se divertir com qualidade e sem frescura. Foi o que encontrei quando visitei esse boteco tipicamente tijucano, uma ação entre amigos cervejeiros que nasceu na internet e está dando muito certo unindo amores diversos: pela cerveja artesanal, pelos jogos, pela música. Destaque para a carta de cervejas fluminenses e o excelente guacamole, a R$ 25.
Endereço: Rua Barão de Mesquita 965, Grajaú — 3570-6162. Ter a qui, das 17h às 23h. Sex e sáb, das 17h à meia-noite. Dom, das 16h às 23h).
O restaurante Galeto Diplomata, no Centro do Rio Foto: Juarez Becoza / Agência O Globo
Outro quarentão do Centro, que já viveu dias de glória e hoje sobrevive com dificuldade, mas sem deixar cair a dignidade, que se reflete nos preços honestos e no serviço eficiente de pratos feitos e sanduíches. Tudo naquele balcão lindo que relembra os tempos em que o Centro do Rio convivia com bondes. Destaque para o galeto desossado com farofa de ovos e fritas, por R$ 35.
Endereço: Av. Graça Aranha 57, Centro — 2240-5281. Seg a sex, das 6h às 20h. Sáb, das 6h às 15h).
O Globo quarta, 15 de janeiro de 2020
MORAES MOREIRA: ROUBEI MUITOS ACORDES DE JOÃO GILBERTO
Moraes Moreira: 'Roubei muitos acordes de João Gilberto'
O Globo
15/01/2020 - 04:30
Moraes Moreira prepara o show Elogio à inveja Foto: Ana Branco / Agência O Globo
RIO — Aos seis meses de idade, Moraes Moreira teve uma crise de asma e foi entregue aos avós maternos. Os pais tinham ido morar numa fazenda distante e consideraram mais seguro que o menino, terceiro filho de quatro, fosse criado numa cidade onde havia médicos ("eles me achavam muito desgraçadinho", brinca o compositor).
Assim, cresceu até os 13 anos em Ituaçu, no interior da Bahia, perto da Chapada Diamantina. Era uma Bahia longe do mar e quando deu de cara com ele pela primeira vez, aos 15 anos, em Salvador (onde desistiu de prestar vestibular para Medicina após conhecer Tom Zé num seminário de música), levou o que considera um dos maiores sustos de sua vida.
— Tive muito medo, foi forte, até cruel — lembra. — Até hoje, vou só até onde dá pé e volto correndo. Não sei nadar.
Voltando à infância em Ituaçu, foi ali que Moraes construiu sua base musical. Acompanhava as serenatas madrugada a dentro ("isso é hora de menino tá na rua?", ralhavam comigo), as festas regadas a sanfona e ouvia rádio na "casa dos outros".
O alto-falante da praça, que depois da hora da Ave-Maria tocava músicas pedida pelos moradores, foi outra fonte das canções que até hoje ecoam na cabeça do compositor. No repertório, Luiz Gonzaga, Angela Maria, Cauby Peixoto, Dalva de Oliveira, Herivelto Martins, entre outros.
Inspirado nessa memória, Moraes, de 72 anos, formulou um novo show. "Elogio à inveja", que será apresentado sábado (10), no Manouche, é um apanhado das músicas que ele adoraria ter feito. "Quem há de dizer", de Lupicínio Rodrigues, "Gente humilde", de Vinicius de Moraes, Chico Buarque e Garoto, e "Aos pés da cruz", de Orlando Silva, são algumas. A apresentação também é um descanso do próprio repertório.
— "Preta pretinha" e todo o "Acabou chorare"... Porra, bicho, tô meio cansado disso — diz ele, que entre os próximos projetos tem um show com mais de 20 inéditas compostas recentemente, e um novo livro com cordéis e poesias. - Fiz até um programa explicando o que é o show para não aparecer um cara lá no meio gritando "toca Preta pretinha!".
Foi, no entanto, o repertório clássico que emocionou o compositor quando assistiu, em São Paulo, ao musical "Novos baianos", que estreia dia 31, no Teatro Riachuelo ("chorei do começo ao fim"). Entre as músicas, claro, "Preta pretinha" e as demais registradas em "Acabou chorare", disco que teve, segundo Moraes, o criador da bossa nova como "produtor espiritual".
— Roubei muito acorde de João Gilberto. Eu e Pepeu ficávamos só de butuca olhando ele tocar — diverte-se. — João era um rádio, tocava canções que ninguém sabia ou lembrava mais. Eram músicas dos anos 1940, de Noel Rosa, Assis Valente...
Você teve uma úlcera em 2017, que o fez cancelar shows com os Novos Baianos. Como está a saúde?
A saúde está de 72 (anos). Gostava muito de tomar cachaça, aprendi nas serenatas, é uma coisa cultural, do interior. Mas o médico mandou, disse que eu teria úlcera o resto da vida se continuasse. Nunca mais bebi. Eu era um bom cachacista. Agora, tomo um vinho, mas nem isso quero mais.
E a voz, sofre com o passar dos anos?
Perdi uns agudos, mas ganhei graves. Com 72 anos ninguém canta como aos 22. O menino do U2 (Bono Vox) baixou o tom de todas as músicas dele, o Roberto Carlos também. Todo mundo faz isso e acho honesto falar. É físico, é o desgaste. A gente vai inventando outras coisas...
Como no disco "Ser tão" (2018), dedicado ao cordel, em que você afirmou estar fazendo sua transição de cantor para cantador...
Perfeitamente. Hoje, declamo em show. A gente se reiventa. Esse show de agora é todo no chão, tranquilo. É outro Moraes Moreira, que não o do frevo. Esse ainda existe também. Mas tenho feito muito show voz e violão, como o em comemoração aos 50 anos de carreira de Luiz Caldas, na Bahia (em Salvador, no ano passado). Hoje, eu boto o violão nas costas e vou embora.
Você foi gravado por muitas gente, várias cantoras. Alguma gravação te toca especialmente?
"Festa do interior" com a Gal (Costa) é imbatível. Tenho um sonho de fazer um disco chamado "Mulheres que me (en)cantaram". Bethânia, Gal, Ivete, Margareth (Menezes), Cássia (Eller), Elba (Ramalho), Angela Maria... Gostaria de ter Alcione nessa produção, cantando algo novo que eu fizesse.
Como o compositor de "Lá vem o Brasil descendo a ladeira" enxerga o país hoje?
Pior que no tempo da ditadura. Primeiro porque naquele tempo tocava música brasileira no rádio. E hoje tem essa coisa que a gente não sabe direito... Amanhã a Ancine pode acabar, depois da amanhã pode não ter mais teatro. É uma pressão psicológica. Vejo um cenário péssimo para a juventude na música. Antes tinha aquela coisa de "chega no Rio e fala com o João Araújo (produtor musical), com o André Midani (executivo do mercado fonográfico)". Umas figuras que faziam acontecer, sabe? Hoje, fala com quem?
Apesar de ser baiano, você mora no Rio há mais de 50 anos. O que tem achado da cidade?
Tá uma merda, né? Mas é aquela merda que a gente ama (risos).
Você curte os baianos novos, como BaianaSystem, Luedji Luna, ÀTTØØXXÁ?
Adoro o BaianaSystem. Quando vi Chico Science em Pernambuco, quando começou, pensei "é parecido com os Novos Baianos". Mas não, o Baiana é que é. Tem pouca coisa assim que me encanta tanto, uma cantora assim como a Céu. Gosto dos rappers, Emicida, por exemplo, por causa da poesia. É uma boa saída pra falar politicamente, o que já é uma arma.
Os Novos Baianos não queriam saber de política, né? Vocês vieram de Salvador para o Rio em 1968, época da ditadura. Como foi?
Era a política comendo e a gente dando risada. A gente não viu a ditadura passar, só a banda... (risos). Brincadeira, é que a gente tava numa onda totalmente diferente. Éramos amigos do pessoal do Partido Comunista, que dizia para a gente: "Vocês não podem ser do partido porque são muito alegres".
Foram considerados alienados?
Alienados não, alegres. Se bem que a polícia achava a gente alienado. Falavam: "comunistas eles não são". A polícia, com a gente, dava prensa, só pra ver se tinha uma baganinha... Encontrava sempre, né? (gargalhada). Davam batida no nosso carro. A gente tinha um JK que o Galvão tinha trazido de Juazeiro. Não tínhamos casa, então, moramos nele por 3 meses. Eram umas 8 pessoas. A gente parava o carro em algum lugar e dormia.
E quando passava o JK a polícia ia atrás...
Era "olha lá os Novos Baianos", e corriam atrás. Mas a gente driblava o Emílio (Garrastazu Médici, então chefe do Serviço Nacional de Informação, que se tornaria presidente em 1969). As pessoas ficavam com pena e acolhiam a gente em suas casas. Até que conseguimos alugar um apartamento em Botafogo. Resolvemos que para ser Novos Baianos tinha que cantar e viver junto. Foi ali que começou toda a filosofia dos Novos Baianos.
Foi nesse apartamento que João foi visitá-los e Dadi (Carvalho, baixista) não o reconheceu ao olhar pelo olho Mágico, né?
Foi. Ele chegou no Rio nos anos 1970 e (Luiz) Galvão (compositor), conseguiu o telefone. Fomos nós dois e Paulinho (Boca de Cantor) à casa dele em Ipanema. Quando começou a tocar, me senti um miserável, pensei "não toco porra nenhuma, nunca mais pego o violão". Quando menos esperávamos, ele apareceu no nosso apartamento com o violão e sentou no closet, que tinha uma acústica maravilhosa. Fazia o som e mandava a gente fazer vozes. Roubei muitos acordes de João Gilberto (risos). Eu e Pepeu (Gomes) ficávamos disfarçando, só de butuca, olhando ele tocar e fumando maconha a noite inteira com a gente. Ele me chamava de "vaqueiro do som", porque era rústico, vinha do interior, e tocava aquele violão interiorano. Aí ele disse "chama aquele vaqueiro lá pra tocar". A última música que a gente tinha composto era "Deu um rolê", um rock/blues. Pensamos "João não vai gostar disso". Ficou aquele silêncio depois...
Ele não gostou?
Ele perguntou: "De quem é essa música?". E Galvão: "Da gente aqui". E ele: "Da gente de quem?". Aí Galvão disse que era minha e dele. Essa pergunta foi fundamental na nossa vida, porque aí virou Moraes e Galvão, a dupla dos Novos Baianos. Se não ia ficar Baby do Brasil que não fez porra nenhuma, sabe? Ficaria uma autoria geral do grupo. A música é de quem fez, né, não?
E que ele disse sobre a música?
Ele disse: "Tá bom, mas vocês precisam olhar pra dentro de vocês mesmos" (risos)". Aí a gente saiu de cuca fundida sem saber o que significava aquilo. Casa vez que João saía das noitadas lá de casa, mandava comprar um café da manhã pra gente. Éramos fodidos, né? Foram os maiores cafés da manhã da minha vida.
Aí vocês foram para o sítio de Jacarepaguá?
O apartamento começou a ficar bandeira. Todos os malucos que vinham da Bahia se hospedavam lá. Tinha dia que eram uns 18. Nego jogava bola na sala, balançava o lustre da vizinha... Ou a gente mudava de lugar ou seríamos considerados um aparelho subversivo. Conseguimos o sítio magicamente, ninguém sabe como, quem foi o fiador... Aí, a gente começou a viver de música, futebol (havia um campo gramado na casa) e de chupar laranja. A gente não tinha dinheiro pra comprar comida e acabamos com o laranjal do sítio.
E as drogas?
Ah, muito LSD. Quando casei com Marília (com quem teve os filhos Davi e Ciça), que foi morar comigo no sítio, ela tinha ganho 200 LSDs de um americano. Ele tinha ouvido que o Brasil era um mercado maravilhoso, que era só chegar no Arpoador. Mas ele foi denunciado e escolheu a Marilia para dar os ácidos. Aí, pronto, era todo dia.
Quais músicas compuseram à base ácido?
"Mistério do planeta"... Acho que todas praticamente. Se não foi de ácido foi de fumo. Mas eu me preocupava em tocar. Foi ali que me aprimorei junto com o Pepeu.
Você ainda usa drogas? É a favor da legalização?
Eu fumo (maconha). Não me importo com legalização, porque pra mim já está legalizado, o resto é hipocrisia. Vai legalizar daqui a pouco, agora que o canabidiol já é remédio... Não tem mais como segurar...
Voltando aos baianos, como era a convivência de vocês?
Até cinco, seis anos, deu para viver bem feliz, dando risada. Mas o desgaste chega. Na nossa pelada, a gente sabia quem não tava bem com quem. Era uma entrada mais pesada, outro que não passava a bola pro um...
Quando e por que você decidiu ir embora?
Fui embora por causa dos meus filhos, Davi e Ciça. Como aqueles meninos iam se alimentar se os caras tomavam o leite deles no mingau da larica? Marília corria pra casa da mãe e ia ajeitando. Mas esse ajeitamento pela vida toda não dava, né? Foi foi um drama absurdo na minha vida.
Pepeu e Baby também seguiram com a parceria deles. Ficou tudo bem?
Depois de muita briga comigo eles seguiram. Esse negócio de dizer que acaba numa boa não existe. Separa numa ruim mesmo, brigando. Eles ficaram putos comigo. Eu queria me mudar, mas continuar fazendo as músicas. No Brasil já estava tendo abertura (política), mas nos Novos Baianos não (risos). Aí falei, "ah, não querem? Então vou fazer música sozinho. Já estava entrosado o Guilheme (Araújo, produtor que fez alguns dos primeiros shows solos de Moraes), a Gal...
E como foram os retornos dos Novos Baianos?
O de 1995 foi insignificante, fizemos o disco e tchau. Esse de agora (2016 e 2017) teve tudo que se tem direito, brigas... Mas a gente conseguiu produzir um DVD, fazer uma turnê pelo Brasil, que arrastou muita gente...
Que tipo de briga?
De convivência. A Baby quer ser dona dos Novos Baianos e não querem deixar. Eu mesmo não quero deixar. Por aí vai...
O Globo terça, 14 de janeiro de 2020
ILHA DA REUNIÃO: O HAVAÍ DA FRANÇA
"Havaí da França": conheça a Ilha da Reunião, território no Oceano Índico que pertence ao país
Arquipélago fica no Oceano Índico
Rowan Moore Gerety/2020/The New York Times
14/01/2020 - 04:30
Montanhas em Mafate Foto: GULSHAN KHAN / NYT
Digamos que a solidão faz a caminhada parecer mais longa.
Quando eu tinha 22 anos e estava na melhor forma da minha vida, costumava ir de carona até as montanhas da Ilha da Reunião todos os fins de semana para curtir as paisagens estonteantes e as florestas elevadas repletas de musgo. Depois de me formar na faculdade, vivi lá durante um ano e dava aulas de inglês no ensino fundamental. Nos meus dias de folga, caminhava até escurecer, comia minha marmita e montava a rede na beira da trilha.
Doze anos depois, passo a maior parte do tempo trabalhando em um laptop. Por isso, resolvi voltar à ilha para caminhar pelas montanhas com minha esposa, embora não sejamos tão ágeis como antigamente. No primeiro dia, depois de dez horas de caminhada sob a chuva, atravessamos a ilha de leste a oeste – primeiro para cima, depois para baixo –, saímos de dentro da floresta com a ajuda das nossas lanternas e aceitamos de bom grado a carona oferecida por um motorista que estava no fim da trilha. O apelido de "ilha extrema" é merecido.
A Ilha da Reunião, uma antiga colônia francesa que se tornou um departamento ultramarino em 1960, é um pontinho de rocha vulcânica a cerca de 650 quilômetros de Madagascar. Um paraíso natural com enormes cachoeiras e pontos de surfe famosos no mundo todo, a ilha faz jus ao apelido. Porém, nos últimos tempos, a Ilha da Reunião ficou conhecida por um extremo que não ajuda em nada o turismo: desde 2011, foi palco de um em cada três ataques fatais de tubarão no mundo.
Essa informação causou uma crise no turismo desse lugar que é considerado o Havaí da França: Um relatório publicado em 2014 revelou que cerca de 60 por cento dos turistas com planos de visitar a ilha cancelaram suas viagens nos dias seguintes a ataques de tubarão. Mas o choque parece ter incentivado as autoridades do turismo regional a assumir o ponto de vista da população local, que sempre se gabou do interior montanhoso da ilha.
Ilha da Reunião Foto: GULSHAN KHAN / NYT
Em 2014, a secretaria de turismo da Ilha da Reunião lançou uma campanha com o slogan "Pensando em fazer uma trilha? Venha para a Ilha da Reunião", ao lado de imagens de casais bronzeados curtindo a vista da montanha. A secretaria passou a investir mais em mercados apaixonados por trilhas, como a Alemanha, e enviou pelo correio um abacaxi da Ilha da Reunião para dois mil franceses que visitaram o site da ilha. Agora, as campanhas de turismo dizem que a Ilha da Reunião é "intensamente relaxante" e a secretaria firmou uma parceria com a revista francesa "Géo" para um concurso on-line que escolheu uma das trilhas mais conhecidas da ilha, a GRR1, como "a trilha mais bonita da França".
Decidimos percorrer essa trilha e optamos por um percurso de três dias que nos levaria aos três cirques – ou crateras – formados por um vulcão dormente que deu origem à Ilha da Reunião. Em nossa primeira manhã, saímos do litoral para o Cirque de Salazie até Hellbourg, um vilarejo de ruas estreitas e casinhas de boneca às margens da cratera. O trecho que leva à GRR1 conta com várias trilhas que começam na cidade. Do ponto de partida, passamos por enormes bambuzais e pés de chuchu, que crescem naturalmente no lado leste da ilha, e ziguezagueamos por um penhasco até a Floresta de Bélouve.
Ali, você pode parar para tomar um café no Bélouve Inn e visitar uma pequena exposição sobre a história da floresta, na qual aprendemos que apenas um artesão continua a fazer as tradicionais telhas de tamarindo, que já foram comuns em toda a ilha.
De lá, a GRR1 segue na direção noroeste até uma floresta fechada e incrivelmente úmida, cheia de samambaias gigantes e recoberta com mais de 60 centímetros de musgo. A trilha é difícil, mas é mantida impecavelmente pelo serviço florestal francês. Escadas de alumínio e pequenas pontes ajudam nos trechos mais perigosos, assim como as longas passarelas de aço, que dão firmeza nas áreas pantanosas.
Ilha da Reunião Foto: GULSHAN KHAN / NYT
A Ilha da Reunião tem apenas 48 quilômetros de uma ponta à outra, mas, no centro, o antigo pico vulcânico da Piton des Neiges ultrapassa as nuvens e alcança mais de três mil metros de altitude, criando uma infinidade de microclimas em suas encostas e dividindo a ilha em um lado "úmido" e outro "seco". Em um mesmo dia de chuva torrencial em Bras Panon, onde vivi em uma fazenda de lichias na costa leste, poderia haver 12 horas de sol forte nos pomares de cítricos no lado oeste.
Em Cilaos, chegamos a Case Nyala, uma charmosa pousada de cinco quartos, a tempo de tomar banho e correr para o jantar. No Chez Noé, você poderá provar especialidades locais, como frango cozido com baunilha e gruyère gratinado com chuchu, ou palmito fresco, além de muitas opções de bebida – uma garrafa de vinho local, ou uma caneca da cerveja fabricada na ilha, a "Dodo". (Gastamos 50 euros no jantar para dois com bebidas.)
Na manhã seguinte, aproveitamos a vista panorâmica das montanhas escarpadas na Case Nyala enquanto tomávamos café e comíamos uma pilha de crepes com iogurte caseiro e mais de uma dezena de geleias artesanais (tomate-de-árvore, laranja com papaia, abacaxi com morango). Depois de uma parada na farmácia para reforçar os curativos, encurtamos a próxima fase da caminhada e tomamos um ônibus municipal cor-de-rosa até o início da trilha, alguns quilômetros adiante.
Finalmente, pudemos curtir a vista enquanto subíamos, e observamos a sombra das nuvens no cânion sinuoso que vai de Cilaos até a costa oeste da Ilha da Reunião, onde as pessoas costumavam ir para surfar. Depois de duas horas de subida constante, chegamos ao Col du Taibit, onde encontramos um santuário dedicado à Virgem Maria às margens da trilha. Esse caminho rochoso é a entrada de Mafate, a terceira e mais inacessível cratera da Ilha da Reunião, batizada em homenagem a um líder quilombola que fugiu da escravidão no início do século XVIII e fundou um quilombo nas montanhas.
Trezentos anos depois, ainda não existem estradas até Mafate. Em vez disso, os cerca de dez vilarejos espalhados pela cratera são abastecidos a pé, no lombo de mulas ou, cada vez mais, de helicóptero. Atualmente, a economia de Mafate depende dos turistas que fazem trilhas e passam em busca de relaxamento e vistas estonteantes da montanha.
Ilha da Reunião Foto: GULSHAN KHAN / NYT
Um dos maiores prazeres de mochilar pela Ilha da Reunião é não ser obrigado a dormir em barracas – nem ter de carregar mais de uma muda de roupas e alguns lanchinhos para a trilha. Na densa rede de vilarejos da montanha em Mafate, é possível passar a noite em um gîte, ou pousada, onde há sempre cama e comida quente.
Caminhar por Mafate em um dia limpo faz você suspirar o tempo todo com as incontáveis paisagens, de tirar o fôlego, nos desfiladeiros às margens da cratera. Um dos meus lugares prediletos na ilha surgiu durante uma pausa na saída do cirque: a Plaine des Tamarins, um vale sombreado repleto de troncos retorcidos e folhas oblongas perfeito para um encontro de druidas.
Depois de uma pausa, caminhamos até a barreira que separa Mafate de Salazie, onde a neblina havia frustrado nossas tentativas anteriores de ver o lado oeste da ilha. Na passagem, finalmente pudemos ver uma paisagem tão incrível quanto a topografia; a água jorrava de cachoeiras em todos os cantos da montanha em frente a Hellbourg, onde a trilha começou.
Quando cheguei pela primeira vez à Ilha da Reunião, as montanhas eram meu refúgio contra a saudade de casa nos fins de semana em que estava sozinho. Foi muito bom poder voltar acompanhado.
O Globo segunda, 13 de janeiro de 2020
PINTURAS 3D, AO LADO DO BONDINHO DO PÃO DE AÇÚCAR
Ao lado do Bondinho do Pão de Açúcar, museu usa pinturas em 3D para criar novos cenários
Museu de Ilusões chega pela primeira vez ao Rio e reúne 40 painés desenhados à mão por artistas nacionais e internacionais
Gilberto Porcidonio
13/01/2020 - 03:30 / Atualizado em 13/01/2020 - 07:51
O menino Gabriel, de 5 anos, se diverte ‘voando’ de asa delta pelo Rio, com o Pão de Açúcar ao fundo Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo
RIO — Na primeira sala, uma fila de crianças e adultos espera para registrar o seu momento de serem “presos” em uma taça gigante por um ciclope. Logo ao lado, um jovem é flagrado subindo nos ombros do Cristo Redentor. No ambiente seguinte, turistas se equilibram no pandeiro de um sambista na Lapa e tubarões atacam um bote e seus tripulantes. No Museu de Ilusões, que chega pela primeira vez ao Rio, os únicos limites para a imaginação são a câmera do celular e o ângulo da foto.
MUSEU DE ILUSÕES USA PINTURAS 3D DESENHADAS À MÃO PARA ENGANAR O PÚBLICO
Público interage com obras expostas em mostra Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo
Visitantes "entram" nos 40 painéis expostos Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo
Depois de passar pela Europa, Ásia e também Estados Unidos, a instalação está ao lado da estação do Bondinho do Pão de Açúcar, na Praia Vermelha, na Urca. A partir da próxima quarta-feira, o museu deixará o esquema de soft-opening para abrir oficialmente. Até ontem, duas mil pessoas já tinham se aventurado no espaço de 300 metros quadrados, com 40 painéis desenhados à mão nas paredes por artistas nacionais e internacionais.
Nas salas, os visitantes podem tirar fotos: a impressão, com os cenários 3D, é de “entrar” no universo das culturas e dos pontos turísticos do Rio e da América Latina. A entrada do museu, que é um dos mais “instagramável” do mundo, custa R$ 66 (inteira).
Gabriel, de 5 anos, ficou fascinado de “voar” de asa delta com o Pão de Açúcar ao fundo.
— Acho que ele não deixa muita dúvida sobre qual lugar ele gostou mais — revelou Raquel Almeida, mãe do garoto.
O Globo domingo, 12 de janeiro de 2020
DEZ FILMES DIRIGIDOS E PROTAGONIZADOS POR MULHERES PARA VER EM 2020
Dez filmes dirigidos e protagonizados por mulheres para ver em 2020
Por trás ou em frente às câmeras, elas contam histórias reais ou de fantasia que inspiram, empolgam e emocionam
O Globo
11/01/2020 - 05:00 / Atualizado em 11/01/2020 - 10:43
A atriz irlandesa Saoirse Ronann dá vida à heroína Jo March no remake do clássico da literatura 'Mulherzinhas', dirigido por Greta Gerwig Foto: Arte Ana Luiza Costa sobre foto de Divulgação
Embora nenhuma mulher tenha sido indicada ao prêmio de melhor direção no Globo de Ouro ou no Bafta (o Oscar do cinema britânico), as cineastas estão por trás de boa parte dos filmes mais esperados do ano. Grandes atrizes também protagonizam longas que devem render aplausos e reconhecimento na temporada de premiações em Hollywood.
CELINA selecionou dez filmes dirigidos, produzidos ou protagonizados por mulheres que você precisa assistir em 2020. Se não estão por trás das câmeras, elas estão no centro da narrativa, em histórias que inspiram, empolgam e emocionam.
E tem cinema para todos os gostos, de filmes aclamados pela crítica a grandes sucessos de público. Desde o remake do clássico da literatura "Mulherzinhas", em "Adoráveis Mulheres", de Greta Gerwin, passando pelo premiado em Cannes "Retrato de uma jovem em chamas", até histórias de super-heroínas, com "Viúva Negra" e "Mulher-Maravilha 1984".
Veja abaixo a nossa lista e aproveite!
1. 'Adoráveis Mulheres'
Escrito em 1868 pela norte-americana Louisa May Alcott, o clássico "Mulherzinhas" (Little women) volta ao cinema em remake com roteiro e direção de Greta Gerwig. O filme narra a história das irmãs March, Jo (Saoirse Ronan), Beth (Eliza Scanlen), Meg (Emma Watson) e Amy (Florence Pugh), que vivem a virada da adolescência para a vida adulta enquanto os Estados Unidos atravessam a Guerra Civil.
Nesta nova leitura do clássico, Gerwig escolheu colocar a verve independente da heroína Jo March em primeiro plano. O elenco ainda conta com Meryl Streep e Laura Dern. O filme já está em cartaz nos cinemas do Brasil. A estreia aconteceu na última quinta-feira, dia 9.
As irmãs March: Meg (Emma Watson), Jo (Saoirse Ronan), Amy (Florence Pugh) e Beth (Eliza Scanlen) Foto: Divulgação/Sony Pictures
2. 'Retrato de uma jovem em chamas'
Dirigido pela francesa Céline Sciamma, o filme conta a história de Marianne (Noémie Merlant), uma pintora contratada para fazer o retrato de casamento de Héloïse (Adèle Haenel), que deixou o convento para casar com um nobre italiano. A tarefa tem que ser cumprida em segredo porque Héloïse não aceita o casamento imposto pela mãe (Valeria Golino), e recusa-se a posar para pintores homens. Dali floresce um sentimento avassalador entre as duas.
Ambientado na França de 1770 e quase sem nenhum personagem masculino, o drama ganhou prêmio de melhor roteiro no Festival de Cannes e foi indicado a melhor filme estrangeiro no Globo de Ouro e no Bafta. O filme está em cartaz nos cinemas do Brasil desde o dia 9.
3. 'Judy - Muito além do arco-íris'
A atriz Renée Zellwegger dá vida à Judy Garland nesta emocionante cinebiografia sobre uma das maiores estrelas dos musicais da Era de Ouro de Hollywood. Sua atuação já lhe rendeu o Globo de Ouro de melhor atriz e pode garantir o seu segundo Oscar, desta vez como atriz principal.
O filme dirigido por Rupert Goold marca o retorno Zellwegger aos holofotes e faz um retrato da estrela do clássico imortal 'O Mágico de Oz' (1939) do seu auge até seu esquecimento. O filme chega aos cinemas no dia 16 de janeiro.
A atriz Renée Zellwegger dá vida à lendária artista Judy Garland, que marcou a Era de Ouro dos musicais de Hollywood Foto: David Hindley / Divulgação
4. 'O Escândalo'
Protagonizado e produzido por Charlize Theron, o longa é baseado em uma história real e narra o escândalo envolvendo o ex-editor-chefe da Fox News, Roger Ailes (John Lithgow), após ser acusado de assédio sexual por grupo de mulheres que trabalhavam com ele.
O drama ainda reúne no elenco Nicole Kidman, que interpreta a jornalista Gretchen Carlson, e Margot Robbie, indicada ao Bafta como atriz coadjuvante pelo papel fictício da produtora Kayla Pospisil. O filme é dirigido por Jay Roach e chega aos cinemas no dia 30 de janeiro.
5. 'Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fabulosa'
A atriz Margot Robbie também brilha no seu retorno às telonas como Arlequina. O filme, dirigido por Cathy Yan, narra o "projeto de emancipação" da antiheroína após a separação de Coringa. Desta vez, ela se junta a outras quatro mulheres — Caçadora (Mary Elizabeth Winstead), Canário Negro (Jurnee Smollett-Bell), Renee Montoya (Rosie Perez) e Cassandra Cain (Ella Jay Basco) — para salvar uma menina de um perigoso criminoso que assola Gotham. Aves de Rapina chega aos cinemas no dia 6 de fevereiro.
O documentário marca a estreia de Bárbara Paz como diretora e já levou dois troféus no Festival de Veneza: melhor documentário sobre cinema e Prêmio da Crítica Independente. O filme é uma crônica dos últimos dias do diretor Hector Babenco, brasileiro de origem argentina, morto em 2016, depois de décadas lutando contra o câncer. A estreia acontece em 9 de abril.
8. 'Viúva Negra'
Um dos filmes mais esperados do ano, "Viúva Negra" inicia uma nova fase nas produções da Marvel. A popular personagem Natasha Romanoff, interpretada por Scarlett Johansson, ganha seu próprio longa. Dirigido por Cate Shortland, o filme tem previsão de estreia para o dia 30 de abril.
Scarlett Johansson volta aos cinemas como a personagem Natasha Romanoff, a Viúva Negra Foto: Divulgação
9. 'Mulher-Maravilha 1984'
A atriz Gal Gadot e a diretora Patty Jenkins voltam às telonas com "Mulher-Maravilha 1984", após o primeiro filme baseado na heroína amazônica da DC Comics faturar US$ 820 milhões em todo o mundo em 2017. Como indica o título, neste segundo longa, a amazona aparece em um mundo mais próximo do contemporâneo, nos anos 80, cerca de 40 anos a frente do enredo da primeira trama. O filme chega aos cinemas no dia 4 de junho.
10. 'Respect'
Em 2020 chega aos cinemas a cinebiografia da lendária rainha do soul, Aretha Franklin, que morreu em 2018, aos 76 anos. O filme será estrelado pela ganhadora do Oscar por "Dreamgirls", a atriz e cantora Jennifer Hudson. O longa também marca a estreia da diretora Liels Tommy no cinema, após trabalhar em séries como Jessica Jones, Insecure e Queen Sugar. 'Respect' tem estreia prevista para agosto.
O Globo sábado, 11 de janeiro de 2020
IRÃ ADMITE QUE DERRUBOU AVIÃO DA UCRÂNIA POR ERRO HUMANO
Irã admite que derrubou avião da Ucrânia 'por erro humano'
Segundo comunicado militar, Boeing foi confundido com 'alvo inimigo' ao voar sobre base da Guarda Revolucionária; chanceler e presidente pedem desculpas por 'erro imperdoável'
O Globo
11/01/2020 - 01:58 / Atualizado em 11/01/2020 - 03:48
Fusilagem do avião vista nos arredores do aeroporto internacional de Teerã
Foto: Wana News Agency / VIA REUTERS / 08-01-2020
TEERÃ — Depois de dois dias de negativas, o Irã admitiu na manhã deste sábado em Teerã (início da madrugada no Brasil) que derrubou "por erro humano" o Boeing 737-800 da Ukraine International Airlines que caiu perto de Teerã na quarta-feira com 176 pessoas a bordo. Na quinta-feira, os governos dos Estados Unidos, do Canadá e do Reino Unido haviam levantado essa possibilidade, citando informações de inteligência.
O presidente do Irã, Hassan Rouhani, disse, pelo Twitter, que o país "lamenta profundamente" o incidente, que chamou de "grande tragédia" e "erro imperdoável". "A investigação interna das Forças Armadas concluiu que lamentavelmente mísseis lançados por erro humano causaram o impacto terrível no avião e a morte de 176 pessoas inocentes", afirmou Rouhani.
"Um dia triste. Conclusões preliminares de uma investigação interna das Forças Armadas: um erro humano em tempo de crise causada pelo aventureirismo americano levou ao desastre. Nossas profundas condolências e pedidos de desculpas ao nosso povo, às famílias das vítimas e às outras nações afetadas", escreveu o chanceler do país, Javad Zarif, também pelo Twitter.
O comunicado divulgado pelos militares iranianos afirmou que o o avião "assumiu a posição de voo e a atitude de um alvo inimigo" ao se aproximar de uma base da Guarda Revolucionária. "Nessas circunstâncias, por causa de erro humano", o avião "ficou sob fogo", disse o comunicado.
O texto acrescentou que a pessoa responsável por derrubar o avião seria legalmente responsabilizada, e que os militares fariam "uma grande reforma operacional de todas as forças armadas" do país para garantir que o erro não se repita. A nota disse ainda que oficiais da Guarda Revolucionária iriam à TV para dar uma explicação completa sobre o ocorrido.
Na sexta-feira, o governo iraniano havia informado que faria um comunicado neste sábado sobre a tragédia, depois de uma reunião da Comissão de Investigações de Acidentes, que contou com representantes de outros países que tinham cidadãos no voo, incluindo investigadores ucranianos que estão no Irã desde quinta-feira.
O Boeing 737-800 da empresa ucraniana deixou o aeroporto de Teerã-Imã Khomeini às 6h12 de quarta-feira pelo horário local (23h42 de terça-feira no Brasil), com 176 pessoas a bordo. Pouco mais de dois minutos depois, a aeronave desapareceu dos radares, e caiu às 6h18 em um terreno nos arredores da capital iraniana. Ninguém sobreviveu.
Cinco horas antes da queda do avião, o Irã lançou uma série de mísseis contra posições americanas no Iraque, uma retaliação ao assasinato do general Qassem Soleimani, morto por um drone dos EUA quando saia do aeroporto de Bagdá no dia 3 de janeiro.
Nas redes sociais, muitos iranianos que dias antes haviam se reunido para lamentar a morte de Soleimani começaram a expressar raiva dos militares. "Supunha-se que eles se vingariam dos Estados Unidos, não do povo", disse a jornalistab Mojtaba Fathi.
Segundo disseram na quinta-feira fontes da inteligência americana, teriam sido disparados dois foguetes do sistema de defesa SA-15, de fabricação russa e que estariam posicionados perto do aeroporto. As suspeitas haviam sido reforçadas pelo premier canadense Justin Trudeau no mesmo dia: ele disse que os indícios apontavam que o avião foi abatido por um míssil iraniano terra-ar. Ainda na quinta, o governo do Irã chamou especialistas do Canadá e da Junta Nacional de Transportes dos EUA para participar das investigações.
Segundo a contabilidade da Ucrânia, havia 82 iranianos, 63 canadenses, dez suecos, quatro afegãos e três britânicos a bordo do Boeing. Outros 11 eram ucranianos, incluindo nove tripulantes.
A autoridade de aviação iraniana, por sua vez, informou que 146 passageiros tinham passaporte iraniano; 10, passaporte afegão; cinco, passaporte canadense; quatro, sueco; e 11, ucraniano. A diferença na contabilização ocorre porque muitos dos passageiros tinham dupla nacionalidade, e entraram no Irã com seu passaporte do país.
No dia do acidente, as autoridades de aviação iranianas haviam sustentado que o avião caiu por causa de uma falha técnica. Os primeiros rumores de que o Boeing poderia ter sido abatido por engano começaram dentro do Irã. Cidadãos do país questionavam por que o tráfego aéreo não havia sido interrompido depois que a Guarda Revolucionária realizou o ataque às bases no Iraque que abrigam soldados dos EUA.
O Globo sexta, 10 de janeiro de 2020
FEIJOADAS: UMA TRADIÇÃO EM RITMO DE CARNAVAL
Feijoadas: uma tradição em ritmo de carnaval
Prato é servido em diferentes versões, do clássico na escola de samba a criações de chef de hotel bacana
O Globo
10/01/2020 - 04:30
Feijoada do Copa Foto: Divulgação/Tomas Rangel
O clima já é de folia à mesa, com a tradicional feijoada servida em diferentes versões, desde clássicas como a da Tia Surica, que depois de 15 anos de Portela agora serve o prato numa escola do terceiro grupo em Pilares, até criações de chef em hotel bacana. Tem para todo gosto.
Baródromo
Aos sábados de janeiro e fevereiro, com exceção dos primeiros do mês, o endereço oferece feijoada com roda de samba. O Grupo Arquibancada é o anfitrião da casa, e recebe convidados.
Endereço: Rua do Lavradio 163, Centro — 2504-5754. Sáb, do meio-dia às 19h. Grátis (até 14h) e R$ 10 (após 14h). O prato de feijoada custa R$ 25. Não recomendado para menores de 18 anos.
Chapéu de Palha
O grupo de samba e choro liderado por Valdir Silva comanda o evento semanal, com bufê liberado.
Cariocando: Rua Silveira Martins 139, Catete — 2557-3646. Sáb, às 12h30. R$ 49,90 (com feijoada liberada e uma caipirinha de cortesia). Não recomendado para menores de 18 anos.
Feijoada da Tia Surica
A integrante da Velha Guarda da Portela encontrou nova casa para sua feijoada regada a roda de samba, que recebe, nesta primeira edição do ano, Marquinhos de Oswaldo Cruz e Ana Quinta.
G.R.E.S. Difícil é o Nome: Av. Dom Hélder Câmara 6.990, Pilares — 96906-6913. Sáb, às 13h. O prato de feijoada custa R$ 25. Livre.
Uma roda de samba com o grupo Mistura Fina anima o bufê com estações dos restaurantes Cipriani e Mee, além de carnes nobres grelhadas, uma caipirinha de cortesia e chope liberado. O evento ganha uma edição amanhã e também nos dias 22 e 29 de fevereiro. Nos outros sábados, a feijoada não tem roda de samba
Belmond Copacabana Palace: Av. Atlântica 1.702, Copacabana — 2548-7070. Sáb, das 13h às 16h. R$ 230 + 10%. Com roda de samba nos dias 11/1, 22 e 29/2.
Feijoada com bateria da Portela no Fairmont
Feijoada de chef com escola de samba. Esta é a receita do primeiro carnaval promovido no hotel inaugurado no Posto 6, em Copa, que acontece em dois momentos: amanhã e dia 22/2. Haverá bufê de carnes (separadas), além de leitão à pururuca, acompanhamentos, sobremesas e bebidas liberadas (refrigerante, suco, gim tônica, caipirinha, caipivodca, cerveja e chope). A animação é da bateria da Portela (durante todo o almoço, com intervalos) com 15 ritmistas, além de passistas.
Fairmont: Av. Atlântica 4.240, Copacabana — 2525-1110. Sáb, das 13h às 17h. R$ 350 (+ 10%).
Feijoada do Leão
A edição homenageia Rosa Magalhães com Luiz Camilo, Marcio Souto, Paulo Luiz, Chacal do Sax, Marquinhos Sensação e integrantes da Estácio de Sá.
Quadra da Estácio: Av. Salvador de Sá 206, Cidade Nova — 2504-2883. Sáb, às 14h. R$ 30 (entrada). R$ 20 (feijoada). Não recomendado para menores de 15 anos.
O Globo quinta, 09 de janeiro de 2020
CORAÇÃO DE GALINHA, FÍGADO E MOELA EM DESTAQUE EM CARDÁPIOS CARIOCAS
Trocando em miúdos: coração de galinha, fígado e moela em destaque nos cardápios
Confira opções de menus pelo Rio e diferentes combinações à mesa
O Globo
08/01/2020 - 04:30 / Atualizado em 08/01/2020 - 11:39
Caju Gastrobar: moela Foto: Divulgação/Bruno de Lima
Rejeitados por uns e amados por muitos, os miúdos (que já foram tema de aula de chef no Rio Gastronomia) ganham destaque em diferentes combinações nos cardápios cariocas, seja na forma porção (pura e simples), seja no palitinho ou misturados a outros itens, como aipim e manteiga de garrafa. Assunto para quem tem alma e coração de botequeiro. Veja abaixo.
CORAÇÃO DE GALINHA, FÍGADO E MOELA EM DESTAQUE NOS CARDÁPIOS
Coração de Galinha da Momus Foto: Divulgação/Filico
Coração
Azumi
O japinha serve espetinhos (os yakitori) de moela (R$ 19), fígado (R$ 22) e coração (R$ 22).
Rua Ministro Viveiros de Castro 127, Copacabana — 2295-1098.
Bobô Bar
Coração flambado na cachaça (R$ 39), servido com farofa de alho e aipim frito.
Rua Manuela Barbosa 45, Méier — 99057-0462.
Forma Bar
O mix de miúdos é servido com coração de galinha, língua e moela empanados (R$ 20).
Rua Arnaldo Quintela 51-B, Botafogo — 3435-2364.
Galeto Sat's
Nas duas unidads, as estrelas são os galetinhos (R$ 23) assados na brasa, mas a porção de coração de galinha é um clássico: marinado no vinho com ervas (R$ 28).
Rua Barata Ribeiro 7, Copacabana - 2275-6197.
Rua Real Grandeza 212, Botafogo - 2266-6266.
Lilia
Nas duas unidades da casa de comida orgânica tem coração de galinha, grelhado com folhas murchadas na brasa e farofa de pão. O menu fechado (couvert, entrada + principal + sobremesa) muda todo dia e sai a R$ 54.
Rua do Senado 45, Centro — 3852-5423.
CCBB. Rua Primeiro de Março 66, Centro — 2283-4018.
Momus
Uma panelinha de coração de galinha? No italiano tem (R$ 30). Leia crítica.
A porção de moela vem com tomate fresco, cebola, torresmo picado e coentro, em purê de batata doce (R$ 25). Há também o Infarto Completo (R$ 112) que leva coração de galinha, torresmo, carne de sol, isca a milanesa, linguiça acebolada, ovo de farofa e manteiga de garrafa para compartilhar.
Rua Álvaro Ramos 170, Botafogo — 3586-2511.
Miúdos de porco
Afro Gourmet
A chef Dandara Batista serve o sarapatel (R$ 26), um prato típico da culinária nordestina muito apreciado na Bahia, em Alagoas e Pernambuco. É um cozido de miúdos de porco temperado com folhas de hortelã, louro e pimenta de cheiro. Acompanhado de angu.
Rua Barão do Bom Retiro 2.316, Grajaú — 3489-7354.
Corrientes 348
A casa de carnes oferece, entre as opções do cardápio, Rueda de Achuras: um combinadão de molleja, morcilla, riñones, chinchulines e chorizo (R$ 72).
Marina da Glória: Av. Infante Dom Henrique s/nº — 2557-4027.
O Globo quarta, 08 de janeiro de 2020
PEÇA SOBRE A IMPERATRIZ LEOPOLDINA
Peça sobre Imperatriz Leopoldina, mulher de Dom Pedro I, estreia no CCBB
‘Leopoldina, independência e morte’, de Marcos Damigo, valoriza, com liberdade poética, a atuação política da imperatriz, vivida por Sara Antunes
Gustavo Cunha
08/01/2020 - 08:41 / Atualizado em 08/01/2020 - 08:46
'Leopoldina, independência e morte': Sara Antunes interpreta a protagonista da montagem que, depois de temporadas em São Paulo e Belo Horizonte, chega ao Rio Foto: Divulgação/Victor Riemini
Numa das passagens de mais liberdade poética de “Leopoldina, independência e morte”, que estreia nesta quarta-feira (8), no CCBB, a personagem histórica retratada em cena — interpretada pela atriz Sara Antunes — entende, já no fim da vida, e com certo amargor, que jamais deixou de ser uma “moeda de troca” ao longo de sua trajetória como imperatriz e mulher de Dom Pedro I. “Nós, princesas, somos dados que são jogados”, diz a mulher, enquanto reivindica para si a autoria da independência do Brasil. Há razão para a ficção.
Escrito e dirigido por Marcos Damigo — com consultoria de Paulo Rezzutti, autor do livro “D. Leopoldina, a história não contada” —, o espetáculo se ancora em pesquisas em torno de documentos, cartas e manuscritos do Brasil Império para descortinar a jornada de uma figura feminina gradualmente diminuída na historiografia oficial do país, apesar de sua importância. (Foi Leopoldina, ressalta o autor da peça, quem tomou a iniciativa de reunir o conselho de ministros, em 2 de setembro de 1822, para decidir pela independência da nação, durante a ausência de Dom Pedro I no Rio — no dia 7, às margens do Ipiranga, e com uma correspondência assinada pela imperatriz em mãos, ele ratificaria a ação da mulher).
— Ela era muito amada no país. Existiu até certa mobilização, nos bastidores da política brasileira, para que Leopoldina assumisse o Império e Dom Pedro fosse mandado para Portugal — afirma Damigo. — Ao longo do tempo, porém, ela foi sendo apagada, a ponto de hoje mal ser citada nos livros didáticos.
A provocação em torno do papel político da imperatriz Leopoldina permeia a trama do início ao fim, como ressalta o autor, quase com um caráter “pedagógico”. Dividida em três partes — encenadas por Sara, a protagonista, e Plínio Soares, intérprete de José Bonifácio, além da musicista Ana Eliza Colomar, que faz inserções sonoras ao vivo —, a narrativa pincela momentos importantes na transformação de uma princesa, cujo destino havia sido delineado previamente pela família, numa espécie de estadista.
— A história daria um maravilhoso filme hollywoodiano, inclusive com direito a fugas em carroças — diz Marcos Damigo.
No texto que leva aos palcos, o autor e diretor reserva à sua protagonista um papel primordial nos rumos que o Brasil tomou.
— Leopoldina foi uma mulher que tentou tomar as rédeas da própria vida nas mãos e, com isso, acabou realizando a independência do Brasil — defende Damigo. — As pessoas, quando assistem, perguntam: “Mas ela fez tudo isso mesmo?”
Centro Cultural Banco do Brasil (Teatro I): Rua Primeiro de Março 66, Centro (3838-2020). Qua a dom, às 19h. Até 23 de fevereiro. R$ 30. 12 anos.
O Globo terça, 07 de janeiro de 2020
MOMUS: RESTAURANTE SE FIRMA COMO PONTO ALTO DA LAPA
Momus se firma como ponto alto na Lapa
Antigo restaurante italiano, endereço troca de cozinha e aposta em sabores brasileiros: guinada é para bem melhor
03/01/2020 - 13:04 / Atualizado em 07/01/2020 - 08:51
O pão de queijo com linguiça, da Momus
Entrar na Momus, na Rua do Lavradio, e dar de cara com a imponente estante que foi da Lidador — um móvel de madeira maciça centenário, que hoje ocupa a parede principal da casa — é emocionante. Os então donos dali, três italianos (hoje é um só), arremataram a peça no leilão feito pouco antes de a matriz da Lidador, na Rua da Assembleia, vir abaixo. Já tive muita raiva dessa história, mas hoje acho uma tremenda sorte esse lance (literalmente) dos italianos. Afinal, sabe-se lá qual seria o destino do móvel...
E foi voltada para ela, a bela estante, que almocei na Casa Momus, aberta em 2014. Há tempos não voltada a esse sobrado tombado e bem conservado da Lapa. Sua cozinha já foi italiana, mas hoje aposta em sabores brasileiros e cariocas, guinada providencial do chef Nahuel Villegas. Pelo ponto, faz mais sentido. É gostoso ficar ali beliscando e bebericando. ou fazer uma refeição completa, entre peças de bom gosto, pratos bem cuidados e uma trilha musical espetacular.
CASA MOMUS: CARDÁPIO COM SABORES BRASILEIROS
Casa Momus: salmão com mousseline de baroa, tomate confit e azeite de limão siciliano Foto: Filico / Divulgação
O prato com coração de galinha, da Casa Momus Foto: Frederico de Souza / Divulgação
Os pães de queijo chegam com linguiça artesanal mineira coroada com melado de cana, delícia (R$ 39). Os pastéis de rabada trazem a carne bem temperadinha (R$ 32). A abobrinha é recheada com cogumelos e palha de alho-poró (R$ 39), e a sardinha, brasileiríssima, é empanada no fubá, crocante (R$ 14, a porção). A glória.
O picadinho com ovo poché, couve e farofa e o delicado risoto de moqueca de camarão (R$ 52) brilham entre os principais. Já o pudim de leite com cumaru (R$ 22) fecha bem a rodada. A Casa Momus é um achado, um porto seguro que destoa do entorno. Para muito, muito melhor...
Cotação: 3 garfinhos
Momus: Rua do Lavradio 11, Centro — 3852 8250. Seg, das 11h30 às 17h; ter a sex, das 11h30 à meia-noite; sáb, das 17h às 2h. C.C.: todos.
O Globo segunda, 06 de janeiro de 2020
ENTREGA DE COMIDA SAUDÁVEL NA PRAIA
Entrega de comida saudável na praia: casa de poke lança serviço no Rio
Comida saudável entregue na praia? Neste verão, uma das novidades nas areias da Zona Sul do Rio é o serviço delivery do Pokee-se (@pokee_se), restaurante que mistura culinária havaiana com ingredientes da cozinha japonesa.
Instalada num contêiner (são vários na cidade) em Ipanema, a casa do chef Pedro Mattos (MasterChef Profissionais, em 2018) oferece pratos coloridos e balanceados, servidos em um bowl (nome bacana para tigela) de 500g.
São quatro opções (R$ 30) no menu, incluindo itens como arroz japonês, atum marinado no shiro dashi, maionese de beterraba, avocado, cebola roxa, chuchu fermentado, gengibre, pepino, nori e chips de batata de doce), entre outros.
Os pedidos podem ser feitos por WhatsApp (99920-6680 ), telefone da loja ou com a equipe de vendas distribuída entre os postos 8 e 12.
Por enquanto, avisa Pedro Mattos, as entregas são feitas somente nos fins de semana.
O Globo domingo, 05 de janeiro de 2020
INCÊNDIOS NA AUSTRÁLIA
É uma bomba atômica': número de militares atuando em incêndios na Austrália é inédito desde a 2ª Guerra Mundial
Cerca de 3.000 reservistas, juntamente com aeronaves e navios, estão sendo disponibilizados para ajudar nos esforços de evacuação e combate a incêndios
Livia Albeck-Ripka , Isabella Kwai , Thomas Fuller e Jamie Tarabay, do The New York Times
04/01/2020 - 16:56 / Atualizado em 04/01/2020 - 17:11
Morador de Nowra, em New South Wales, se protege da fumaça com toalha enrolada no rosto Foto: Tracey Nearmy/Reuters / Tracey Nearmy/Reuters
HASTINGS, Austrália - Os evacuados desceram a passarela do gigantesco navio da Marinha até o cais, cada um carregando apenas alguns itens de bagagem. Alguns estavam com bebês. Outros, com seus cães, cujas pernas ainda tremiam pelas 20 horas de viagem pela costa da Austrália. Eles estavam cansados e suas roupas cheiravam a fumaça, mas os terríveis infernos finalmente ficaram para trás.
Quatro dias após um incêndio florestal devastar a remota cidade costeira de Mallacoota, forçando as pessoas a se abrigar na praia sob um céu vermelho-sangue, mais de 1.000 moradores e turistas chegaram no sábado em Hastings, uma cidade perto de Melbourne.
As autoridades afirmam que essa era provavelmente a maior operação de resgate marítimo em tempos de paz da história da Austrália. Era também o símbolo de um país em fuga perpétua do perigo durante uma temporada catastrófica de incêndio — e do desafio que o governo enfrenta em controlar as chamas.
O calor abrasador e os ventos da tarde impulsionaram incêndios em grandes áreas da Austrália no sábado, aumentando a devastação de uma temporada de incêndios mortal que já deixou 23 vítimas. Milhares de pessoas já foram evacuadas, enquanto muitas cidades ainda estão ameaçadas com chamas ferozes que assolavam o campo no início da semana.
Mais de 12 milhões de acres queimaram até agora, uma área maior que a Suíça, e os danos devem piorar apenas nas condições extremamente áridas que permitem que os incêndios se espalhem. Os incêndios também são tão quentes e tão grandes que eles estão criando seus próprios padrões climáticos, o que pode piorar as condições.
Governo sob críticas
Por conta da temporada de incêndios que já dura mais de um mês, o governo federal anunciou neste sábado o uso em larga escala de ativos militares, uma implantação não vista desde a Segunda Guerra Mundial, dizem especialistas. Cerca de 3.000 reservistas do Exército, juntamente com aeronaves e navios, estão sendo disponibilizados para ajudar nos esforços de evacuação e combate a incêndios.
— É a primeira vez que reservas são chamadas dessa maneira na memória viva — afirma a ministra da Defesa, Linda Reynolds.
Antecipando as más condições do sábado, milhares de pessoas foram evacuadas, principalmente de comunidades ao longo da costa Sudeste, onde as cidades se enchem de turistas durante o verão. O primeiro-ministro Scott Morrison anunciou que um terceiro navio da Marinha Australiana, o Adelaide, seria usado para evacuar pessoas.
Morrison, que tem sido amplamente criticado por sua resposta aos incêndios, resistiu a uma grande intervenção do governo nacional, dizendo que o combate a incêndios tem sido tradicionalmente o domínio de cada estado. Ele também minimizou a ligação entre o aquecimento global e as condições extremas que alimentaram os incêndios.
Os estados e a força esmagadora de Bombeiros voluntários nas áreas rurais foram levados ao limite por conta de uma temporada de incêndios que começou mais cedo e tem sido especialmente feroz. Enquanto a Austrália lida há muito tempo com as queimadas florestais, uma seca de anos e temperaturas recordes criaram uma estação mais volátil e imprevisível.
O Bureau of Meteorology informou que o subúrbio de Penrith, no oeste de Sydney, que atingiu 48,9 graus Celsius, era o lugar mais quente do mundo no sábado. No mês passado, a Austrália registrou seu dia mais quente em todo o continente.
Futuro reserva problemas
À medida que a mudança climática piora, os cientistas estão prevendo que os incêndios se tornarão mais frequentes e mais intensos.
John Blaxland, professor do Centro de Estudos Estratégicos e de Defesa da Universidade Nacional da Austrália, disse que o país não havia visto uma catástrofe nessa escala, afetando tantas pessoas em tantos locais diferentes, desde que o país se tornou independente em 1901.
Com outras obrigações no Pacífico e no Sudeste Asiático, as forças armadas não estavam necessariamente equipadas para lidar com uma crise climática iminente, disse ele.
— Se esse é o novo normal, esse modelo está quebrado — disse ele.
Autoridades disseram neste sábado que um grande incêndio cruzou o estado de Victoria, no norte de New South Wales, e se espalhou rapidamente. Tempestades geradas por fogo apareceram sobre chamas em dois lugares diferentes. Trabalhadores de emergência estavam usando guindastes e caminhões-tanque para combater o fogo, pois os ventos que subiam a costa estavam causando a fusão de alguns dos incêndios.
No sul da Austrália, o fogo destruiu uma popular reserva natural conhecida por seus coala, leões marinhos e outros animais selvagens, matando um homem e seu filho.
Nas cidades ao longo da costa Sudoeste, entre Melbourne e Sydney, as lojas estão fechadas, a energia foi cortada e as autoridades foram de porta em porta pedindo evacuações.
Em Nowra, uma cidade costeira a duas horas ao Sul de Sydney, o céu ficou escuro, e o ar cheio de fumaça sufocante.
Em um clube de boliche transformado em centro de evacuação, as pessoas usavam máscaras de gás, enquanto os cães latiam freneticamente. Um capelão ministrou aos ansiosos.
— Não há lugar seguro — disse Liddy Lant, uma faxineira de hospital ainda de uniforme que fugiu de casa no sábado. — Eu poderia seriamente apenas sentar e chorar.
Mais de 200 focos de incêndio
O comissário do Corpo de Bombeiros Rural de New South Wales, Shane Fitzsimmons, disse a repórteres neste sábado que mais de 148 incêndios ativos estavam queimando apenas em seu estado, com 12 em nível de emergência. Mais ao sul, em Victoria, as autoridades contaram mais de 50 focos.
— Isso não é um incêndio florestal — disse Andrew Constance, ministro dos Transportes de New South Wales, à rádio ABC. — É uma bomba atômica.
Para a vida selvagem da Austrália, o pedágio tem sido incalculável. Cerca de 87% da fauna e flora australiana é endêmica no país, o que significa que ela só pode ser encontrada neste continente insular.
E muitas dessas espécies, como o coala, o bandicoot marrom do sul e o potoroo de pés longos, têm populações que vivem nas regiões agora sendo obliteradas pelos incêndios. Como o fogo nesta temporada tem sido tão intenso, consumindo áreas úmidas e florestas secas de eucalipto, existem poucos lugares em que muitos desses animais podem buscar refúgio.
— Nunca vimos incêndios como esse, nem sequer de uma só vez, e o reservatório de animais que poderia vir e repovoar as áreas, eles podem não estar lá — disse Jim Radford, pesquisador da Universidade La Trobe, de Melbourne.
População busca ajuda
No Centro de Evacuação em Nowra, cerca de cem pessoas procuraram ajuda durante o dia. As crianças corriam enquanto paramédicos amarravam máscaras de oxigênio em idosos.
Lant, 71 anos, disse que recebeu um alerta de emergência na tarde de sábado, pedindo-lhe que evacuasse imediatamente de North Nowra. Ela correu para casa para buscar seu cachorro Kaiser e seu pássaro. O gato dela fugiu. Bombeiros batiam nas portas dizendo aos vizinhos para sair. Seu irmão está em Mallacoota, a cidade onde os moradores estão sendo evacuados pela Marinha.
— Acabei de comer — disse ela.
Na mesa ao lado, a família Barwick e seus dois cães estavam esperando por dias. Embora sua casa em Worrigee não estivesse na linha direta de fogo, eles chegaram aqui na terça-feira à noite, depois de terem vivido um incêndio em 2017.
As duas crianças ficaram traumatizadas com a experiência há três anos. Naquela época, eles tiveram que fugir das chamas que se aproximavam, passando horas na praia.
— Não preciso que eles passem por isso novamente — disse Daniel Barwick. — Estou apenas tentando protegê-los o máximo possível.
Quando as pessoas desembarcaram dos navios em Hastings, no sábado, os trabalhadores do serviço de emergência ofereceram apoio emocional e sanduíches pré-fabricados. Os ônibus os levaram a Melbourne ou a um centro de ajuda na cidade vizinha, Somerville, onde muitos seriam apanhados por amigos e parentes.
As pessoas disseram que estavam agradecidas por estarem em segurança em terra. Um homem que havia descido de um ônibus em Somerville abraçou uma mulher que veio encontrá-lo e soluçou.
O que Darcy Brown, 16, mais ansiava era um banho. O jovem acabara de se mudar com sua família para Mallacoota quando o incêndio destruiu sua nova casa e piorou sua asma. Foi "devastador", disse ela.
Outros disseram que seu contato pessoal com o desastre climático cristalizou sua visão de que o governo precisava fazer mais, não apenas para reduzir as emissões de aprisionamento de calor, mas também para ajudar o país a se adaptar a um mundo mais quente.
Uma mulher que desembarcou no barco, Corrin Mueller, 23 anos, carregava uma placa que dizia “custos de inação mais”, que ela descreveu como se referindo ao fracasso do governo australiano em reduzir as emissões.
— Estamos aqui apenas porque ninguém agiu rápido o suficiente — disse ela. — E há muito mais que ainda podemos fazer para impedir que mais pessoas passem por isso.
O Globo sábado, 04 de janeiro de 2020
FORAGIDO ASSUME ATAQUE AO PORTA DOS FUNDOS
Foragido assume autoria de ataque ao Porta dos Fundos e diz que pedirá asilo na Rússia
Procurado há quatro dias, Eduardo Fauzi afirma em entrevista que soube com antecedência da expedição do mandado de prisão do qual era alvo
O Globo
03/01/2020 - 20:34 / Atualizado em 03/01/2020 - 21:0
Eduardo Fauzi em Praga, na República Checa: autor do ataque ao Porta dos Fundos viaja com frequência para o exterior e foi para a Rússia na véspera de passar a ser procurado pela polícia Foto: Reprodução
RIO - Procurado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro desde terça-feira, o economista e empresário Eduardo Fauzi Richard Cerquise, de 41 anos, assumiu nesta sexta-feira a autoria do ataque à sede da produtora de vídeos Porta dos Fundos, no Humaitá, Zona Sul do Rio, na véspera de Natal, e afirmou que irá pedir asilo político na Rússia, para onde viajou no dia 29 de dezembro.
Em entrevista concedida ao "Projeto Colabora", Fauzi também declarou que soube com antecedência sobre a expedição de um mandado de prisão contra ele, cumprido em operação policial na última terça-feira. Ele não foi encontrado e, desde quinta-feira, com a informação de que viajou para Moscou, seu nome foi incluído na lista de procurados da Interpol.
— Eu sou o candidato típico (ao asilo). Mas a decisão é política. Se não houver interesse político eles não me não me asilam — disse Fauzi ao portal, ao afirmar que passou os três primeiros dias do ano ocupado com os trâmites para encaminhar seu pedido às autoridades russas.
Com 20 anotações anteriores em sua ficha criminal, Fauzi foi reconhecido por investigadores em vídeos de uma câmera de segurança registrados após o ataque. Ele aparece em Botafogo, bairro vizinho ao Humaitá, enquanto desembarca e retira uma fita que protegia a placa do carro utilizado no atentado. A polícia acredita que ele dirigia o veículo utilizado na ação que envolveu pelo menos outras quatro pessoas.
— Achavam que fui muito estúpido pra não cobrir o rosto e não alterar a voz, mas fui conectado o suficiente pra ser avisado do mandado a tempo de viajar pra fora do país — justificou Fauzi ao "Colabora".
Questionado sobre os objetivos do ataque, Fauzi, que é filiado ao PSL, disse que agiu apenas por motivação política. Na entrevista e em um vídeo divulgado durante a semana, ele demonstrou insatisfação com o especial de Natal do Porta dos Fundos ("A primeira tentação de Cristo"), na qual Jesus Cristo foi retratado como homossexual.
— O ato não foi motivado por qualquer razão eleitoral ou financeira, como resta evidente — disse Fauzi, que atribuiu a origem dos R$ 139 mil apreendidos pela polícia em um dos seus endereços ao trabalho de seu pai no comércio.
Fauzi tem uma passagem de volta comprada para o Brasil e marcada para o dia 29 de janeiro. Ele tem mulher e filho em Moscou e viajou para a capital russa três vezes ao longo do ano passado. O Ministério da Justiça aguarda uma solicitação do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) para encaminhar o pedido de extradição do brasileiro à Rússia. O juiz responsável pelo caso é Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal da Comarca do Rio.
O Globo sexta, 03 de janeiro de 2020
LIVERPOOL MASSACRA SHEFFIELD
Liverpool massacra Sheffield, e última derrota na Premier League fará aniversário
Líder do inglês com sobras, time de Klopp vence em Anfield com gols de Salah e Mané
Carlos Eduardo Mansur
02/01/2020 - 19:23 / Atualizado em 02/01/2020 - 19:25
Salah e Mané comemoram gol do Liverpool Foto: CARL RECINE / Action Images via Reuters
Completa um ano nesta sexta-feira a última derrota do Liverpool pela Premier League. A vitória do imparável time de Jürgen Klopp sobre o Sheffield United, pro 2 a 0, nesta quinta, assegurou que fará aniversário o último resultado negativo do time no Campeonato Inglês. Salah e Mané, ambos donos de autações notáveis em um jogo marcado por um domínio massacrante dos Reds, marcaram os gols.
A temporada do Liverpool, com o título virtualmente garantido - o primeiro após 30 anos de jejum -, torna-se uma briga de um time formidável contra os números. Uma corrida por recordes. Desde 3 de janeiro de 2019, quando foi batido pelo Manchester City, o Liverpool jogou 37 vezes, das quais venceu 32. Em Anfield, chegou a 18 vitórias seguidas, sequência mais significativa de uma outra marca: 51 partidas sem perder em seu estádio. Na atual edição da Premier League, já são 58 pontos ganhos em 20 jogos, com 19 vitórias e um empate. Uma brutalidade. Faltam 42 pontos em 54 possíveis para igualar os 100 pontos do Manchester City na temporada 2017-2018.
Um desavisado que visse o jogo desta quinta-feira poderia imaginar que do outro lado estava um time desqualificado, candidato a rebaixamento. Mas o Sheffield United, hoje oitavo colocado, perdeu nas duas últimas rodadas seus dois primeiros jogos como visitante na temporada atual. Chegou a ser quinto colocado e tinha, no início da rodada, a segunda melhor defesa da Premier League. Se pareceu um time menor, inofensivo, é obra do tamanho do domínio do Liverpool. Times como este têm a capacidade de fazer rivais parecerem piores do que, de fato, são.
O jogo foi um monólogo, talvez facilitado por um acontecimento infeliz logo aos quatro minutos, quando o defensor Baldock escorregou após um passe longo que acabou encontrando livre o lateral Robertson. Do cruzamento, saiu o gol de Salah. Estava desmontado o plano do Sheffield, de se defender e tentar saídas em velocidade.
Antes do intervalo, o Liverpool criou ao menos três ótimas chances, mostrando ser capaz de chegar ao gol de todas as formas. Com construção paciente, com bolas longas ou em ações rápidas, seja em trocas de passes ou contragolpes rápidos. Mas é justamente quando tem espaço para correr ou consegue terminar rápido seus ataques que é efetivamente um time excepcional. Resultado da pressão sufocante que exerce, não deixava o Sheffield pensar em jogar, retomava a bola rapidamente e tentava construir ataques rápidos. Chegou a 970 passes num jogo de 75% de posse de bola.
No segundo tempo, o domínio prosseguiu e Salah, num lance que originalmente era um passe, acertou a trave. Pouco depois, aos 19 minutos, demorou 15 segundos entre Alisson fazer uma defesa e Mané empurrar para a rede a bola do segundo gol. Um contra-ataque mortal, que terminou em belo passe de Salah para o senegalês fechar o placar.
O Globo quinta, 02 de janeiro de 2020
CETOGÊNICA, LOWCARB OU JEJUM INTERMITENTE?
Cetogênica, lowcarb ou jejum intermitente? Os prós e contras de cada dieta
Descubra qual delas pode te ajudar a queimar os exageros do fim de ano
Mariana Coutinho
02/01/2020 - 04:30 / Atualizado em 02/01/2020 - 09:0
Grãos, frutas e legumes fazem parte das dietas Foto: Shutterstock
Criada nos anos 1920 para ajudar no tratamento da epilepsia, a cetogênica propõe um consumo de até 90% das calorias diárias em gorduras, vindas de oleaginosas e azeite. Ela é pobre em proteínas e, especialmente, em carboidratos, com apenas 50g por dia (equivalente a uma batata pequena). Famosa pela rapidez com que promove a perda de peso, a dieta já foi adotada por celebridades como Giovanna Antonelli e Marília Mendonça. No entanto, fazê-la por muito tempo é difícil e pode causar danos à saúde, como sobrecarga nos rins. “A cetogênica é muito restritiva; não deve passar de três semanas. Também não pode ser feita por pacientes diabéticos, com problemas renais ou com gordura no fígado ”, afirma Catia. Ela diz que o regime também pode provocar mau humor e pode ser muito penoso para quem não abre mão dos farináceos.
Prós: Efeito rápido com perda de até 10kg por mês.
Contras: É muito restritiva; até frutas estão proibidas.
Pode causar fraqueza e fornece pouca energia para atividades físicas.
Lowcarb
Indicada para quem quer diminuir, mas não cortar os carboidratos, a lowcarb tem proporção de 35% desse grupo alimentar no cardápio (uma rotina comum costuma ter entre 45% e 65%). Além disso, propõe uma troca de carboidratos simples por outros complexos, como batata-doce e inhame.
Prós: Não corta totalmente os farináceos, além de ser mais prática e dar opções no dia a dia. Indicada para quem deseja queimar calorias com exercícios.
Contras: Perda mais lenta, de até 5kg por mês.
Jejum intermitente
Estratégia adotada por Sabrina Sato,
Juliana Paes e Jennifer Aniston, o jejum intermitente restringe as horas de alimentação para acelerar o metabolismo
e diminuir a quantidade total de calorias ingeridas. A prática, que divide nutricionistas, propõe de 12 a 23 horas sem comer. Geralmente, uma refeição é pulada, e a pessoa pode beber apenas água e chás. A nutricionista Marcela Araújo ressalta, no entanto, que essa estratégia não é para todo mundo. “Podemos recomendar para pacientes específicos, que já têm hábito de pular o café da manhã ou que se sentem mal comendo
à noite”, explica. Também não adianta restringir as horas e comer mal nos períodos de alimentação. Por isso, a estratégia costuma ser usada junto a outra dieta, como a lowcarb.
Prós: Promove emagrecimento de cerca de 3kg por mês sem restrição de alimentos.
Contras: Não é indicada para quem tem alguma doença crônica e pode causar mau humor.
O Globo quarta, 01 de janeiro de 2020
MEGA DA VIRADA: QUATRO DIVIDEM O PRÊMIO - VEJAM OS NÚMEROS
Mega da Virada: Quatro apostadores dividem prêmio; veja os números
Vencedores são de São Paulo, Santa Catarina e Mato Grosso
O Globo
31/12/2019 - 20:55 / Atualizado em 31/12/2019 - 22:34
Cartelas da Mega-Sena Foto: O Globo / Arquivo
Os números da Mega da Virada foram sorteados nesta terça-feira. As dezenas foram: 03 - 35 - 38 - 40 - 57 - 58.
O prêmio do concurso, de R$ 304.213.838,63 milhões, será dividido em quatro apostas que levaram R$ 76.053.459,66 cada uma.
Dois ganhadores são de São Paulo; um, de Criciúma (SC); e um, de Juscimeira (MT), município que tem cerca de 11 mil habitantes.
O Globo terça, 31 de dezembro de 2019
BRUNA MARQUEZINE USA LOOK PODEROSO EM TRANCOSO
À espera de 2020, Bruna Marquezine usa look poderoso em Trancoso
Atriz 'causou' na web com fenda e decote
O Globo
31/12/2019 - 07:20 / Atualizado em 31/12/2019 - 07:49
Bruna Marquezine Foto: Reprodução/Instagram
Parece que Bruna Marquezine está ansiosa para a virada do ano. Direto de Trancoso, na Bahia, a atriz postou no Instagram duas imagens em que aparece de look poderoso, com fenda e decote que chamam a atenção. "Esperando por 2020", escreveu a jovem estrela na legenda das fotos. Não demorou para receber uma chuva de elogios.
"A mulher mais linda do Brasil", "Essa hora um tiro desse? Quer me matar?", "Quem aguenta tanta beleza, né?", "Meu Deus... Perfeita" e "Socorre aqui, moço" foram alguns dos comentários deixados pelos seguidores de Bruna.
Bruna, aliás, foi a brasileira mais badalada esse ano entre as grifes internacionais. Foi vista nas primeiras filas de desfiles concorridos, como Dior, Chloé, Maison Margiela e Boss.
BRUNA, ISIS, MARINA, SABRINA... AS BRASILEIRAS QUE OFUSCARAM AS CELEBRIDADES GRINGAS PELO MUNDO
As estrelas brasileiras brilharam pelo mundo em desfiles e tapetes vermelhos, ofuscando as celebridades internacionais. Na imagem, Isis Valverde, de look Azzaro, no Festival de Cannes Foto: Daniele Venturelli / WireImage
Todo o poder de Isis Foto: Daniele Venturelli / WireImage
O Globo segunda, 30 de dezembro de 2019
LENTILHA DE MIL MANEIRAS
Lentilha de mil maneiras: aprenda receitas com o grão da sorte para a sua mesa da virada
Chefs ensinam o passo a passo das suas receitas preferidas com lentilha
Lívia Breves
30/12/2019 - 04:30
Salada da sorte de Lentilha com passas, nozes, hortelã e damasco, do Farinha Pura Foto: Filico
Fresca na salada, quentinha em textura quase de sopa, geladinha com frutas... São muitos os pratos possíveis tendo a lentilha como ingrediente principal. Clássica tradição de Ano Novo, a crença de que a lentilha traz sorte nasceu na Itália, onde seu formato arredondado era comparado ao de moedas. Como boas energias nunca são demais, pedimos para chefs da cidade contarem o passo a passo das suas receitas preferidas com a lentilha. Escolha a sua e incremente a sua festa.
Paleta de cordeiro com lentilha du Puy do Le Vin Bistrô, do chef Fred Barroso
Paleta de cordeiro com lentilha du Puy do Le Vin Bistrô, do chef Fred Barroso Foto: Fabio Rossi
Ingredientes:
200ml vinho branco
1 alho poró
1 salsão
1 cebola
1 cabeça de alho
1 cenoura picada
10g pimenta branca em grão
1 fio de azeite
3 galhos tomilho
3 galhos alecrim
2 folha de louro
250g lentilha du Puy
1 cenoura
2 cebolas
1 folha de louro
Pimenta e sal a gosto
1 litro de caldo de legumes
50g bacon
2 dentes de alho
200ml creme de leite
100ml molho tomate
1 tomate concassé
Modo de preparo:
Para o cordeiro: misture todos os ingredientes e coloque a paleta de cordeiro para marinar durante 12 horas. Em seguida, confite em uma panela com gordura hidrogenada durante 6 horas em fogo baixo. Para finaliza, leve para o forno a 200 graus durante 20 minutos para dourar. Para a lentilha: cozinhe a lentilha no caldo de legumes (prepare esse caldo com uma cebola, cenoura, folha de louro e pimenta e sal a gosto). Frite o bacon cortado em cubos, junto com uma cebola e o alho. Junte com a lentilha, o creme de leite, o molho de tomate, a cenoura (cozida junto com a lentilha) cortada em brunoise e o tomate concassé e deixar no fogo até encorpar.
Salada de lentilha verde du puy com carambola, salmão defumado e romã, do chef Jérôme Dardillac
Salada de lentilha verde du puy com carambola, salmão defumado e romã, do chef Jérôme Dardillac Foto: Agência O Globo
Ingredientes:
120g de lentilha verde
200g de salmão defumado fatiado
1/2 cebola-roxa
1 carambola
1 romã
Sal e pimenta
60ml de azeite exrtravirgem
20ml de vinagre de Jerez
Cebolinha e flores comestíveis para decorar
Bouquet garni (ramo de cheiro com tomilho, louro, talo de salsa)
1 limão-siciliano
Modo de fazer:
Cozinhe a lentilha em uma panela com água, sal e o bouquet garni. Corte a cebola roxa e a carambola em brunoise (cubos bem pequenos). Retire as sementes do romã. Pique a cebolinha. Faça um suco de limão-siciliano. Em um bowl, misture todos os ingredientes, exceto o salmão defumado. Coloque em uma travessa bonita com as fatias de salmão defumado. Decore com brotos e pétalas de flores comestíveis.
Ragú de lentilha com cogumelos, gremolata de alho assado e quiabo crocante, da chef Roberta Ciasca
Ragú de lentilha com cogumelos, gremolata de alho assado e quiabo crocante, da chef Roberta Ciasca Foto: Divulgação
Ingredientes:
250 ml de caldo de legumes
2 cebolas
150g de lentilha
1 cenoura pequena cortada em cubinhos
1 talo de aipo cortado em cubinhos
280g de quiabo
10g de pimenta calabresa
Partes iguais de cogumelo Paris, shimeji e shiitake
8 cabeças de alho
1 limão-siciliano
1 colher de sopa de salsa picada
Sal e pimenta-do-reino a gosto
Modo de fazer:
Em uma panela, refogue metade da cebola, da cenoura e do aipo, coloque a lentilha e deixe refogar mais um pouco. Cubra com caldo de legumes e deixe cozinhar até ficar com consistência de feijão, caldo grosso e grão ainda inteiro. Em uma frigideira, refogue o aipo, a cebola e a cenoura restantes até ficar cozido, mas ainda com textura. Misture o refogado na panela de lentilha já cozida e deixe cozinhar por mais 10 minutos. Tempere com sal e pimenta-do-reino. Lave os quiabos inteiros e seque. Corte-os ao meio. Aqueça bem uma frigideira, doure levemente a cebola no azeite, acrescente o quiabo, salteie rapidamente até ficar cozido mas crocante, tempere com sal, pimenta calabresa e cúrcuma. Reserve. Corte os cogumelos em pedaços grandes e salteie no azeite para dourar. Tempere com sal e pimenta. Reserve. Para a gremolata, corte o topo das cabeças de alho e asse envolvidas em papel alumínio até ficarem macias. Esmague com um garfo e tempere com suco e raspas de limão-siciliano, sal, pimenta-do-reino e azeite. Coloque no prato fundo a lentilha, os legumes por cima, e, para decorar, um pouco da gremolata e um fio de azeite. Sirva em seguida.
Lentilha francesa com pato defumado, do Christophe Lidy
Lentilha francesa com pato defumado, do Christophe Lidy Foto: Fabio Rossi
Ingredientes:
200g de lentilha verde “Du Puy”
1 cebola
1 cenoura
1 bouquet garni (ramo de cheiros)
1 maçã-verde
Magret de pato defumado
1 ramo de aipo
0,5 ml de azeite de trufas negras
1,5 ml de vinagrete clássica
Sal a gosto
Pimenta-do-reino a gosto
Modo de fazer: Em uma panela, cozinhe as lentilhas com água, uma cebola e uma cenoura cortadas ao meio, o bouquet garni e sal grosso por aproximadamente 30 minutos. Reserve. Corte a maçã em cubos. Reserve. Descasque e corte o aipo em cubos. Reserve as folhas. Corte as pontas do magret em cubos e fatie em lâminas o restante. Tempere a salada: em um recipiente, misture lentilhas, maçã, aipo, cubos de pato, vinagrete, sal, pimenta e um filete de azeite de trufas. Montar o prato: no centro de um prato, enforme com a ajuda de um aro de inox a salada de lentilha, coloque ao lado as fatias de pato defumado e enfeite com folhas de aipo. Dica de vinagrete: junte uma colher de sopa de mostarda de Dijon, 2 colheres de sopa de vinagre de jerez, 2 colheres de sopa de azeite, 3 colheres de sopa de óleo de girassol.
Salada da sorte de Lentilha com passas, nozes, hortelã e damasco, do Farinha Pura
Ingredientes:
1 xícara de lentilha
1/2 xícara de azeite
Folhas de hortelã
Folhas de manjericão
2 dentes de alho
1/2 cebola
1/2 xícara de nozes
1 maço de cheiro verde
5 tomates cereja para decorar
½ pimentão amarelo para decorar
½ pimentão vermelho para decorar
Sal a gosto
Modo de fazer: Cozinhe a lentilha em água fervendo por 10 minutos até ficar al dente. Pique a cebola, o cheiro verde, o alho e as nozes. Refogue a cebola em azeite para depois misturar na lentilha. Reserve. Em um recipiente, prepare um molho com o azeite, alho, manjericão e cheiro verde picados, e uma pitada de sal. Por fim, misture as lentilhas com a cebola refogada e o molho. Finalize com as nozes e decore com hortelã, tomate cereja e pimentões coloridos de sua preferência.
Letilha amarela, beterraba assada com balsâmico, burrata e folhas verdes, da Nathalie Passos
Letilha amarela, beterraba assada com balsâmico, burrata e folhas verdes, da Nathalie Passos Foto: Fabio Rossi
Ingredientes:
1 xícara de lentilha amarela
4 betarrabas
1 burrata
Mix de folhas verdes
Azeite
Vinagre balsâmico
Tomilho
Sal e pimenta
Modo de fazer:
Cozinhe a lentilha na água até que ela fique al dente. Reserve e resfrie. Descasque a beterraba, tempere com azeite, vinagre balsâmico, sal e tomilho e asse no forno a 180° por 20 minutos ou até ficar macia. Misture delicadamente o mix de folhas de sua preferência (uma boa mistura é alface americana, rúcula, agrião) <QL>com a lentilha e tempere com sal, azeite e pimenta. Finalize com as beterrabas assadas e uma burrata cortada ao meio.
O Globo domingo, 29 de dezembro de 2019
ZILDA CARDOSO, A DONA CATIFUNDA
'Catifunda era tão forte que tomou conta de mim', disse a comediante Zilda Cardoso, que morreu nesta sexta-feira
Ela estreou como Dona Catifunda em 1961, no programa humorístico "O riso é o limite". Produzida e exibido pela TV Rio, a atração terminava com o quadro "Escolinha do Professor Raimundo", do comediante Chico Anysio. A partir de então, a atriz Zilda Cardoso, que morreu nesta sexta-feira, aos 83 anos, até que interpretou outros personagens ao longo de sua carreira, mas jamais abandonou seu papel mais marcante, que se tornou mais famosa do que a própria intéprete.
Em homenagem a Zilda, o Blog do Acervo resgatou uma entrevista sua publicada pela "Revista da TV", do Jornal O GLOBO, em 15 de dezembro de 1991.
- A Catifunda é a minha homenagem ao Golias, que sempre adorei. E quem me deu o famoso charuto foi o contra-regra Amaral, que bebia muito e me ofereceu o charuto que estava fumando. Agradou e hoje já virou microfone do João Canabrava. Quem sofre com as baforadas é o Professor Raimundo - contou a comediante.
Nos primeiros anos como Catifunda, Zilda até que tentou mudar, chegou a pedir outros personagens para os redatores dos programas de humor. Sem sucesso. Ninguém queria abrir mão da moradora de rua desbocada. Com chapéu torto, jornal debaixo do braço e o inseparável charuto, ela eternizou seu bordão: "Saravá".
- Comecei a observar que o Renato Aragão era o Didi, o Golias era sempre o Golias e o Charles Chaplin foi sempre o Carlitos. Que pretensão a minha falar isso.. Mas, então, compreendi que a Catifunda era tão forte que tinha tomado conta de mim. Passamos a ser uma só e assumi a personagem - disse ela.
Com a mesma personagem, Zilda participou de programas como "Praça da Alegria" e "A praça é nossa". Ela também voltou à "Escolinha" quando o quadro de humor já estava na TV Globo. Além disso, Zilda atuou em filmes como "O lamparina" (1963) e "Se meu dólar falasse" (1970). A atriz também viveu Elza na novela "Meu bem, meu mal" (1990), da Globo, na qual contracenou com Jorge Doria. Em quase todos os seus trabalhos, o humor estava presente. O talento para fazer rir era algo que desde a infância fazia parte da artista nascida em São Paulo.
- Eu era uma aluna desinteressada, rebelde e já gostava de fazer gracinha, aprontava muito e cheguei a ser expulsa de classe algumas vezes. Acho até que nasci meio palhaça mesmo. Bastava abrir a boca e pronto. A turma toda caia na gargalhada. Hoje, porém, adoro ler muito e estudar. Gosto imensamente de antropologia, sociologia, filosofia e mitologia grega.
O Globo sábado, 28 de dezembro de 2019
MARCOS VALLE - ENTREVISTA
Marcos Valle: 'Se eu não botar música para fora vou ficar maluco!'
Aos 76, astro da bossa prepara turnê no exterior para 2020 e lança o segundo disco pop em menos de um ano, com Emicida, Bem Gil e Jorge Vercillo
Silvio Essinger
28/12/2019 - 04:30
O cantor e compositor Marcos Valle Foto: Jorge Bispo / Divulgação
RIO - Não bastou para Marcos Valle fazer apenas um disco pop. Depois de lançar em junho, pelo selo inglês Far Out, o dançante “Sempre”, ele volta no próximo dia 10 com “Cinzento” (Deck), um álbum que surgiu como uma sugestão do produtor Rafael Ramos: que Marcos retornasse ao estúdio da gravadora (onde ele produziu, junto com Roberto Menescal, o disco “O Tom da Takai”, de 2018, da cantora Fernanda Takai), aproveitasse seus instrumentos e equipamento vintage e assim retomasse a pegada balançada de um de seus álbuns mais cultuados, “Previsão do tempo” (1973).
Aos 76 anos (mas com entusiasmo e gás de menos de 30), o cantor encarou o desafio e produziu o disco sozinho, com sua banda base (o baixista Alberto Continentino e o baterista Renato Massa), mas recorrendo a uma nova leva de parceiros, como Emicida, Bem Gil, Moreno Veloso, Domenico Lancellotti, Jorge Vercillo e Kassin (que abriu o seu estúdio para Marcos finalizar o disco tocando em todos os sintetizadores que quisesse). O resultado foi um disco balançado, que remete a “Previsão do tempo” também pela alternância de letras que tratam do amor e de um difícil período político.
— Nesse momento cinzento, de ódios e brigas, não há melhor antídoto do que o amor — ensina Marcos, que estreia o repertório de “Cinzento” no Rio, em show no dia 18 de janeiro na Madrugada no Centro do CCBB, e antes se apresenta no réveillon de Inhotim.
São dois discos pop em menos de um ano, não?
Sim. Antes do “Sempre”, meus discos tinham sido numa linha mais jazzística, mais da bossa. Tudo isso me deu imenso prazer, mas havia esse lado do ritmo, dos grooves, que é tão forte para mim quanto o meu lado melódico. Estava sentindo falta dele. Com o “Sempre” ficou essa sementinha. Quando o Rafael puxou por esse meu outro lado, falando que a Polysom (fábrica de LPs da Deck) iria reeditar o “Previsão do tempo”, aquilo bateu.
Em que ponto de sua carreira você percebeu que tinha começado a falar com um público mais jovem?
Foi no começo da década de 1990, quando eu soube que os DJs lá de Londres estavam tocando minhas músicas nas pistas de dança para os jovens. E quem me falou isso foi a Joyce, que já estava tocando naquela cena. A partir dali, em pouco tempo eu comecei a ser chamado para fazer shows, e logo no primeiro, em 1994, no Jazz Café, vi a garotada vibrando. E aí vieram convites para gravar discos novos, já que os antigos estavam sendo até pirateados.
Mas isso não tinha acontecido antes, em 1983, com o “Estrelar”?
Sim, ela puxou uma geração nova que muitas vezes nem me conhecia, porque eu tinha passado muito tempo fora (nos EUA, gravando com a cantora Sarah Vaughan e o grupo Chicago). Ed Motta e Toni Garrido diziam que a partir dali é que eles começaram a seguir a minha música. Mas foi uma música só, e eu nem fiz shows naquela época, só os playbacks nos bailes de subúrbio. Onde eu fui sentir mais a presença de um público novo foi nos anos 1990, porque aí era a minha banda e várias músicas.
Alguma vez sentiu que não entendia a juventude ou que a juventude não o entendia?
Nunca, eu tenho essa coisa de criança em mim, meu lance é ouvir o que os jovens dizem. Meus filhos nasceram depois que eu tinha 49 anos, tudo isso me trouxe uma proximidade com o pessoal mais novo. Musicalmente, também, eu sempre fui muito curioso. E uma vantagem é que eu gosto muito do ritmo, e o ritmo me aproxima do jovem.
Detalhe da capa de "Cinzento", álbum de Marcos Valle Foto: Reprodução
Como surgiram as novas parcerias de “Cinzento”?
Como eu tinha feito as letras para o “Sempre”, pensei que em “Cinzento” era melhor entregar as músicas para outros letristas. E como saíram muitas melodias na onda do “Previsão do tempo”, resolvi mandá-las para as pessoas de outras gerações que foram influenciadas por esse disco, como o Moreno Veloso, o Bem Gil, o Domenico Lancellotti e o Kassin.
Além dos novos parceiros, “Cinzento” tem a volta do seu irmão, Paulo Sérgio Valle, com quem você fez clássicos...
A gente não fazia música juntos há bastante tempo, mas continuamos amigos. Desta vez eu quis ter o Paulo Sérgio, até porque ele estava no “Previsão do tempo”. Então eu mandei pra ele uma valsa e pedi uma letra que não fosse objetiva, que fosse sobre um amor mais espiritual, e o resultado (“Nada existe”) ficou ótimo. Somos irmãos de idades muito próximas e, quando começamos profissionalmente na música, tínhamos a vantagem de morar na mesma casa. Tínhamos uma maneira muto próxima de pensar. Quando eu fazia uma melodia, ele falava: “É isso que você quer dizer?” E quase sempre era. É como se a minha música tivesse uma transparência do que eu estava imaginando.
Por que um disco tão solar foi se chamar “Cinzento”?
Ao mesmo tempo em que esse disco tem groove, balanço, essa parte musical tão solar e variada, ele não pode escapar do fato de que estamos vivendo uma era complicada. Principalmente em relação às artes e à cultura, esse ódio, esse clima desagradável, de ofensas a artistas, isso me passou um clima totalmente cinzento. Ao mesmo tempo em que estava muito feliz no estúdio, vivia muito inseguro pela cultura no Brasil. E quando o Emicida, numa das músicas que fez comigo, pediu para botar o título de “Cinzento”, vi que era aquilo ali. Eu não digo que está preto, nem que está solar. Está cinzento, é o meu receio do que vai rolar.
Em 2020, o que você faz depois de lançar “Cinzento”?
Em maio vou para o Japão com Os Bossa Nova (grupo com Roberto Menescal, Carlos Lyra e João Donato), em junho para Los Angeles para lançar o disco “Jazz is dead” (com os produtores Adrian Younge e Ali Shaheed Muhammad) e mais adiante faço turnê pela Europa. Existe uma ideia de um disco novo com o (músico e produtor inglês) Tom Misch, um talento de 23 anos, mais jovem que os meus filhos. Ele esteve aqui, trabalhamos três músicas e queremos fazer um projeto juntos. Acho que agora não vou mais parar de gravar, não. Acho que serão pelo menos dois discos por ano, tenho muita música na cabeça, e se não botar para fora vou ficar maluco!
O Globo sexta, 27 de dezembro de 2019
RÉVEILLON EM COPACABANA
Réveillon em Copacabana terá patrocínio de R$ 5,5 milhões de empresas privadas
Dinheiro será empregado na festa por meio da Lei de incentivo à cultura
Carolina Heringer
26/12/2019 - 17:56 / Atualizado em 26/12/2019 - 18:00
Queima de fogos na Praia de Copacabana em 2018 Foto: Guito Moreto / Agência O Globo
A festa de réveillon em Copacabana, na Zona Sul do Rio, que tem estimativa de público de 2,8 milhões de pessoas, terá patrocínio de R$ 5,5 milhões de empresas privadas por meio da Lei de Incentivo à Cultura estadual. A verba será repassada diretamente pela TIM e Ambev para a SRCOM, contratada pela prefeitura do Rio para promover a festa. Em troca, as empresas terão desconto no ICMS que seria pago ao estado. A estimativa da prefeitura do Rio é de que a festa custe R$ 13 milhões.
O anúncio sobre os patrocínios foi feito pelo governador do Rio, Wilson Witzel, após uma reunião no Palácio Guanabara com representantes da SRCOM e da TIM. Representantes da Ambev não compareceram ao evento. A SRCOM está negociando o fechamento de outros dois patrocínios pela Lei de Incentivo à Cultura federal (popularmente conhecida como Rouanet) que somam mais R$ 1,5 milhões. O valor restante será custeado pela própria prefeitura, responsável pela realização da festa.
Questionado sobre o patrocínio destinado à festa, Witzel afirmou que o governo do estado fez uma contribuição “decisiva” para o réveillon. Há cerca de dez anos, os investimentos das empresas privadas no réveillon de Copacabana ocorrem vinculados às leis de incentivo à cultura no âmbito federal e estadual. No ano passado, a festa teve o patrocínio de R$ 5,5 milhões da Caixa Econômica Federal, Antarctica (BOA) e Light. Em troca, as empresas divulgam suas marcas no evento, além de receberem a isenção fiscal.
O recebimento dos recursos de incentivo fiscal previstos na Lei de Incentivo à Cultura estadual do Rio depende de análise e aprovação da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (SECEC), com posterior publicação no Diário Oficial do estado. Já em âmbito federal, o projeto precisa ser aprovado pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério da Cidadania para que o benefício seja concedido. O aporte desses recursos, via de regra, é negociado pelos responsáveis pela organização da festa.
- O que nós queremos é colaborar. Tenho ajudado todos os municípios, na medida em que os prefeitos têm me procurado. O município do Rio recebe, sem duvidas, uma atenção especial. Tudo que for possível fazer para ajudar e melhorar mais ainda os eventos do final do ano nós vamos fazer. Este ano, fizemos uma contribuição decisiva para a realização da festa do ano novo e ao longo do ano para todos os eventos realizados, o estado ajudou mutio com a Lei de Incentivo. Quem quiser, estamos aqui para ajudar sempre - afirmou Witzel durante a entrevista.
Este ano, o réveillon de Copacabana terá quatro palcos: o principal, em frente ao Hotel Belmond Copacabana Palace; e outros três, na altura da Rua Anchieta, no Leme; na altura da Rua Hilário de Gouveia; e entre as ruas Bolívar e Barão de Ipanema.
O Globo quinta, 26 de dezembro de 2019
PRAIAS CHEIAS: PREVISÃO DE SOL E CALOR ATÉ O ANO NOVO, NO RIO DE JANEIRO
Praias cheias: previsão é de céu claro e calor até ao Ano Novo
A máxima prevista para esta quinta-feira é de 35 graus
Natália Boere
25/12/2019 - 23:15 / Atualizado em 26/12/2019 - 09:36
Praia de Copacabana lotada neste Natal Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
RIO - Papai Noel foi generoso: espantou a chuva e deu de presente um Natal de sol para os cariocas, que deverá se estender até a noite de Ano Novo. Com dias típicos de verão, as praias ficaram lotadas ontem e atraem muitos banhistas nesta quinta-feira, que á fazem a contagem regressiva para 2020.
Até o fim de semana, a previsão é de temperaturas acima dos 30 graus. Segundo o sistema Alerta Rio, da prefeitura, a máxima prevista para hoje é de 35 graus. No domingo, a previsão é que os ponteiros cheguem a 36 graus.
E o calor vai permanecer até a virada do ano. No dia 31, já durante os festejos de réveillon, pode ter pancada de chuva, de acordo com o Climatempo. Nada que atrapalhe o show da virada na orla, porque a noite promete ser de céu claro.
O Globo quarta, 25 de dezembro de 2019
FAKE NEWS: MANIPULAÇÃO EM VÍDEO É NOVO DESAFIO PARA AS ELEIÇÕES EM 2020
Fake news: Manipulação em vídeo é novo desafio para eleições 2020
Redes sociais tentam reagir à divulgação de notícias falsas
Elisa Martins
25/12/2019 - 04:30
Redes sociais tentam reagir à divulgação de notícias falsas nas eleições de 2020 Foto: Arquivo
SÃO PAULO — No embate contra disseminação de notícias falsas e robôs na internet nas eleições municipais do ano que vem, as principais redes e plataformas de internet — Facebook, Google, Twitter, WhatsApp e YouTube — investem em mecanismos de checagem de informações, em cartilha e educação para usuários e, recentemente, fecharam acordos e treinamentos com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A Justiça Eleitoral aprovou, na semana passada, punição a partidos ou candidatos que disseminarem conteúdo falso.
Manipulações de vídeos, quando o rosto de um candidato aparece falando algo que não disse, os deepfakes, são o novo alvo de preocupação. Tanto empresas quanto especialistas reconhecem, porém, que o cenário eleitoral pode trazer desafios ainda não previstos, uma aposta também compartilhada por especialistas.
A tecnologia usada nos deepfakes ainda é um entrave. Várias plataformas lançaram desafios públicos para treinar seus sistemas a identificar imagens falsas. Para isso, precisam construir uma base de dados de deepfakes, que ainda não é ampla o suficiente no país para “ensinar” máquinas a reconhecê-los. Quando a máquina identifica uma imagem, cria uma espécie de DNA dela. Toda vez que alguém tenta subir essa imagem, ela é removida.
“Estamos comprometidos em desenvolver as melhores práticas de inteligência artificial para reduzir o potencial de danos e abusos”, diz o YouTube em relação aos vídeos falsos. A plataforma apresentou recentemente dois recursos para evitar a desinformação: avisos que mostram se conteúdos exibidos como resultados de algumas pesquisas são verdadeiros, falsos ou parcialmente verdadeiros, e informações sobre a origem do financiamento de canais. As checagens no YouTube são fornecidas por agências aprovadas pela plataforma.
— Não é simples prever o que se destacará. De 2017 para 2018, todo mundo estava preocupado com o Facebook, que foi a grande questão nas eleições de Donald Trump nos Estados Unidos. Mas, nas eleições do ano passado no Brasil, o grande tema acabou sendo o WhatsApp — lembra Francisco Brito Cruz, diretor do centro de pesquisa em direito e tecnologia InternetLab.
Rumores virais
Para ele, 2020 terá uma eleição bem diferente da de 2018, com demandas variadas:
— O número de candidatos está na casa de centenas de milhares. Cidades pequenas, grandes, do Norte, do Sul, terão questões muito distintas. E não há mão de obra para acompanhar de perto 5,5 mil disputas.
As plataformas afirmam que vão aumentar os investimentos em iniciativas como checagem de fatos, treinamentos e cursos de educação digital.
Em outubro, Google, Facebook, WhatsApp e Twitter aderiram ao Programa de Enfrentamento à Desinformação do TSE. Na prática, as plataformas se comprometeram a desenvolver mais ações que combatam a proliferação de informações falsas e a aprimorar as ferramentas de verificação de desinformação para 2020.
Conteúdos que podem enganar eleitores, além de perfis impostores que incentivam determinada posição política, também deram trabalho ao Facebook ano passado e continuam como desafio para 2020. A plataforma não tem política específica para notícias falsas: recebe ordens judiciais para remover conteúdos específicos e as cumpre. Muitas vezes, também, quem compartilha esse tipo de conteúdo viola outras políticas da plataforma, como contas falsas e discursos de ódio, e o conteúdo é removido. O Facebook deve lançar uma função em que posts considerados falsos pela parceria com agências de checagem fiquem com a imagem embaçada.
— Temos feito investimentos para identificar melhor novas ameaças e vulnerabilidades, removendo contas falsas e conteúdos que violam nossas políticas — diz um porta-voz do Facebook. — Temos trabalhado para priorizar o jornalismo profissional na plataforma e para dar mais contexto às pessoas sobre os conteúdos.
Já o WhatsApp afirma que o foco é reduzir os rumores virais, limitando o encaminhamento de mensagens. A plataforma mudou configurações de privacidade para grupos e adicionou um ícone de seta dupla para identificar mensagens encaminhadas frequentemente, como uma corrente de mensagens.
“No mês passado, enviamos ao TSE uma proposta que inclui a proibição expressa de mensagens em massa e outras práticas proibidas pelo WhatsApp e outras empresas de tecnologia em seus termos de serviço”, afirmou a companhia, em nota. Em 2018, 400 mil contas foram banidas no combate à desinformação.
Em 2018, no Twitter, contas automatizadas, os robôs, foram apontadas como propagadoras de notícias falsas. A plataforma diz que vai reforçar o trabalho de verificação de contas. E destacou, para 2020, o apoio ao trabalho do TSE e dos TREs, com treinamentos para juízes e assessores de comunicação, além de um e-mail específico de contato com a Justiça Eleitoral.
A verificação também ganhou espaço no Instagram. Segundo o aplicativo, os usuários receberão um aviso de que determinada publicação é falsa. As postagens terão distribuição limitada, não aparecerão na busca ou pesquisa por hashtag. No lugar, a plataforma vai oferecer links de artigos que desmentem o conteúdo.
O Google afirmou que pretende aprimorar os algoritmos para privilegiar conteúdos de fontes confiáveis e de qualidade na busca e no YouTube. A plataforma fez parcerias para combater notícias enganosas e investe em programas de educação midiática. “Criadores de desinformação nunca param de tentar encontrar novas maneiras de enganar os usuários”, diz o Google, em nota. “Nosso objetivo é formar parcerias e tomar ações que possibilitem lidar com a desinformação de maneira responsiva e adequada”, acrescenta o texto.
O Globo terça, 24 de dezembro de 2019
MORO É ELEITO UMA DAS 50 PERSONALIDADES DA DÉCADA PELO FINANCIAL TIMES
Moro é eleito uma das 50 personalidades da década pelo 'Financial Times'
Jornal escolheu políticos, empresários, atletas e ativistas que se destacaram e 'refletem o desenvolvimento' dos últimos dez anos
O Globo
24/12/2019 - 14:46 / Atualizado em 24/12/2019 - 14:48
O ministro Sérgio Moro Foto: Adriana Lorete / Agência O Globo
RIO — O ex-juiz e ministro da Justiça, Sergio Moro, foi eleito pelo jornal "Financial Times" uma das 50 pessoas que marcaram a década. A lista dos eleitos foi publicada nesta terça-feira. "De seu cargo de juiz em uma cidade provinciana brasileira, Sergio Moro encabeçou uma investigação de corrupção que abalou o establishment político da América Latina", informa a publicação.
O jornal elegeu políticos, empresários, atletas e ativistas que se destacaram e "refletem o desenvolvimento" dos últimos dez anos. "A segunda década do século 21 começou com medidas de austeridade para lidar com a desaceleração causada pela crise financeira global e terminou com governos populistas e regimes iliberais em todo o mundo."
Além de Moro, há políticos como Barack Obama, Vladimir Putin, Emmanuel Macron, Angela Merkel e os irmãos Koch. Na parte de tecnologia e economia, estão Jeff Bezos, Tim Cook, Bill e Melina Gates, Elon Musk, Thomas Piketty, Kylie Jenner e Elizabeth Holmes.
O Globo sexta, 20 de dezembro de 2019
ÍTALO FERREIRA É CAMPEÃO MUNDIAL DE SURFE
Italo Ferreira é campeão mundial de surfe
Em decisão brasileira, potiguar derrota Gabriel Medina na final da etapa de Pipeline, no Havaí
Renato de Alexandrino
19/12/2019 - 15:45 / Atualizado em 19/12/2019 - 23:12
Italo Ferreira entubando em Pipeline Foto: Tony Heff / WSL via Getty Images
Foi uma das decisões mais emocionantes e apertadas do circuito mundial de surfe. Disputando o troféu da temporada, Italo Ferreira e Gabriel Medina venceram ontem suas baterias no Pipe Master até se encontrarem na decisão da etapa final do ano, em Pipeline, no Havaí — o palco mais icônico do esporte. Quem vencesse levaria não só o campeonato, mas o título mundial. Em um duelo de tubos de lado a lado, Italo levou a melhor para se tornar campeão mundial pela primeira vez.
Ao sair da água, o potiguar de 25 anos, emocionado e chorando muito, quase não conseguia falar. Ele dedicou a conquista a um tio e uma avó falecidos recentemente.
— Este é meu sonho. Dediquei toda minha vida para isso. Não consigo acreditar. Gabriel é um grande competidor, está de parabéns, mas esse é o meu momento.
Os dois serão os representantes brasileiros nos Jogos de Tóquio-2020, quando o surfe fará sua estreia olímpica. Entre as mulheres, o Brasil classificou Tatiana Weston-Webb e Silvana Lima.
Italo é o terceiro brasileiro a levar o título mundial. Gabriel venceu em 2014 e 2018, e Adriano de Souza foi o melhor em 2015.
No caminho para o título, Italo venceu três etapas: a de abertura, na Austrália, a penúltima, em Portugal, e em Pipeline.
Na decisão, Italo não quis perder tempo e logo achou um bom tubo para a direita, recebendo nota 7,83. Medina reagiu quase na mesma moeda: 7,77. O bicampeão, porém, não achou mais ondas boas, e viu o potiguar de 25 anos vencer a bateria por 15,56 a 12,94 pontos.
O dia decisivo em Pipeline começou com o americano Kolohe Andino ainda na briga pelo troféu, esperança que se desfez logo no primeiro duelo das oitavas, quando Italo passou pelo paranaense Peterson Crisanto, acabando com as chances matemáticas de Andino.
Nas quartas, Italo manteve seu bom momento e derrotou outro brasileiro, Yago Dora: 15,66 a 13,50 pontos. Na semifinal, ele não deu chances ao americano Kelly Slater, 11 vezes campeão mundial, vencendo por 14,77 a 2,57.
Gabriel Medina derrotou Caio Ibelli nas oitavas em uma bateria com polêmica e emoção no fim. O bicampeão mundial vencia, mas Caio tinha a prioridade e precisava uma nota 5,67 a poucos segundos do fim. Caio remou em uma onda e Medina entrou também, sendo penalizado com uma interferência, perdendo uma de suas notas. Como Caio tinha pontuação muito baixa, mesmo assim Medina venceu - uma manobra estratégica, que eliminou a possibilidade de Caio pontuar na reta final do confronto.
- Joguei o jogo. Eu sabia que mesmo com a interferência teria a maior nota da bateria. Tive que jogar o jogo. Se está na regra, às vezes você tem q fazer isso. Eu sabia o que estava fazendo - explicou Medina.
O Brasil pode até ter demorado a entrar na onda do surfe profissional, mas desde que os principais surfistas brasileiros chegaram nos torneios mundiais da modalidade, o país se consolidou como berço de novos talentos na água. Conheça os principais expoentes da 'Brazilian Storm'.
Derrotado, Caio não ficou feliz com o que aconteceu.
- Consegui ouvir o padrasto dele (Charles Medina, que é tecnico de Gabriel), da areia, gritando para ele entrar na minha onda. Seria minha melhor nota. Acho que nunca vi isso. É a mentalidade de um campeão. Mostra que tipo de competidor ele é. Joga sujo se precisa, faz de tudo para vencer - desabafou o paulista.
- Ele pediu desculpas dentro da água. Vou treinar e estudar melhor, e vou vencê-lo na próxima vez. Isso só me faz ter mais vontade de vencer.
O livro de regras da World Surf League prevê que uma bateria pode ser disputada novamente em caso de "séria interferência antidesportiva", mas a WSL confirmou que a vitória de Gabriel Medina foi oficializada.
O duelo entre Medina e Caio já veio com um histórico da etapa anterior, em Portugal. Lá, também nas oitavas, Medina também entrou em uma onda do adversário, mas acreditando que tinha a prioridade. Os juízes, porém, haviam dado a prioridade para Caio, que tinha o direito de ir na onda. Medina foi penalizado e perdeu aquela bateria.
Nas quartas de final, Medina não precisou de nenhum artifício estratégico. Ele derrotou o havaiano John John Florence, bicampeão mundial e um dos grandes nomes em Pipeline, com autoridade, conseguindo notas 9,23 e 8,40 - somou 17,63 a 12,33 pontos. Na semifinal, Medina superou o americano Griffin Colapinto por 13,00 a 7,10.
FINAL:
Italo Ferreira (BRA) 15,56 x 12,94 Gabriel Medina (BRA)
BATERIAS DAS SEMIFINAIS:
Italo Ferreira (BRA) 14,77 x 2,57 Kelly Slater (EUA) Gabriel Medina (BRA) 13,00 x 7,10 Griffin Colapinto (EUA)
BATERIAS DAS QUARTAS DE FINAL:
1 - Italo Ferreira (BRA) 15,66 x 13,50 Yago Dora (BRA) 2 - Jack Freestone (AUS) 9,26 x 12,94 Kelly Slater (EUA) 3 - Gabriel Medina (BRA) 17,63 x 12,33 John John Florence (HAV) 4 - Griffin Colapinto (EUA) 9,84 x 8,77 Michel Bourez (FRA)
BATERIAS DAS OITAVAS DE FINAL:
1 - Italo Ferreira (BRA) 11,84 x 4,23 Peterson Crisanto (BRA) 2 - Yago Dora (BRA) 7,50 x 6,27 Julian Wilson (AUS) 3 - Ricardo Christie (NZL) 4,23 x 5,00 Jack Freestone (AUS) 4 - Seth Moniz (HAV) 6,20 x 7,33 Kelly Slater (EUA) 5 - Gabriel Medina (BRA) 4,23 x 1,13 Caio Ibelli (BRA) 6 - John John Florence (HAV) 5,66 x 3,90 Soli Bailey (AUS) 7 - Jesse Mendes (BRA) 8,50 x 10,67 Griffin Colapinto (EUA) 8 - Michel Bourez (FRA) 13,43 x 9,50 Kolohe Andino (EUA)
O Globo quinta, 19 de dezembro de 2019
RABANADA DE BROA DE MILHO, COM CREME DE TAPIOCA E DOCE DE LEITE
Receita de Natal: chef ensina rabanada de broa de milho, com creme de tapioca e doce de leite
Criação de Emerson Pedrosa é vendida no bar Kalango, de comida nordestina
O Globo
19/12/2019 - 04:30 / Atualizado em 19/12/2019 - 08:24
Rabanada de Broa com Tapioca e Doce de Leite do Bar Kalango Foto: Divulgação/Eduardo Almeida
Um clássico natalino, a rabanada ganhou uma roupagem diferente nas mãos do chef Emerson Pedrosa, do bar Kalango, de comida nordestina, localizado na Praça da Bandeira, Zona Norte do Rio. A sobremesa ali é feita de broa de milho, com creme de tapioca e doce de leite, vendida por R$ 15 (a fatia).
RABANADAS TRADICIONAIS E DIFERENTONAS
Farinha Pura: rabanada doce de leite Foto: Divulgação/Filico
Rabanada da chef Monique Gabiatti, do Cozinha Foto: Divulgação/Rodrigo Galvão
— A inspiração foi juntar o melhor do Rio com o melhor do Nordeste. A rabanada, que é tão comum aqui no fim do ano, e a tapioca, ingrediente que é um ícone nordestino, numa sobremesa que pudesse trazer o melhor das festas para o ano todo — diz o chef.
Receita
Creme de tapioca
1L de leite
500ml leite Coco
1 xícara de açúcar
1/2 xícara de tapioca granulada Granfino
1 xícara leite condensado
1 pedaço de canela em pau
Casca de 1 limão
Junte leite, leite de coco, açúcar, leite condensado, canela e casca de limão. Aguarde ferver. Apague o fogo, retire a canela e a casca limão, adicione a tapioca e mexa até engrossar. Leve à geladeira.
Passe rapidamente a fatia (2 dedos de espessura) na mistura de ovos, leite e açúcar.
Frite em óleo quente e deixe escorrer. Depois empanar em açúcar.
RECEITAS #SEGUNDASEMCARNE
Chef da Le Cordon Bleu ensina tortellini de banana com espuma de aspargos
Foto: Divulgação
Renomada escola de gastronomia inaugura no Rio seu segundo restaurante fora da França, o Signatures. Veja receita
Claude Troisgros ensina seu crepe de agrião com gorgonzola
Foto: Fabio Rossi / Agência O Globo
Prato é destaque no novo menu do Chez Claude, que faz dois anos: 'criei a receita para meu primeiro restaurante no Rio nos anos 1980', conta o chef. Veja receita
Chef do Teva ensina abobrinha ao pesto com farofa de panko
Foto: Divulgação/Paulo Lima
Daniel Biron mudou todo o cardápio do bar vegetal, em Ipanema: 'acrescentei este molho versátil e saboroso, ainda pouco conhecido por aqui'. Veja receita
Aprenda a fazer a moqueca de banana-da-terra servida na Cave Nacional
Foto: Divulgação
Chef Luciano da Silva ensina a receita do prato vegano, que leva 10 minutos para ficar pronto. Veja receita
Aprenda a fazer um ceviche vegano de mamão verde
Foto: Fabianni Ciraudo / Divulgação
Passo a passo mostra versatilidade do ingrediente que é pouco usado. Veja receita
À frente de casa em Copacabana, Michele Petenzi estreia menu com técnicas tradicionais e sugere: 'molho de tomate de cozimento sempre em fogo baixo'. Veja receita
Aprenda a fazer croquete de palmito pupunha do Capim Santo
Foto: Victor Carnevale / Divulgação
Chef Morena Leite ensina o passo a passo da entrada do novo menu 'Seleção Capim Santo'. Veja receita
Saiba como fazer um hambúrguer de quinoa com macarrão de arroz
Foto: Divulgação
Com cara de lanche, prato é uma refeição nutritiva e saborosa. Veja receita
Pad thai: chef ensina receita vegetariana de tradicional macarrão tailandês
Foto: Divulgação/Souza
David Zisman dá o passo a passo do prato que leva pasta de chili Sriracha (pimenta coreana) e fica pronto em 15 minutos. Veja receita
Montagem
Numa louça para sobremesa coloque uma concha de creme de tapioca.
Em cima, coloque a rabanada e depois uma colher de doce de leite para finalizar.
CEIA DE NATAL POR ENCOMENDA
Dom Rodrigo na Alda Maria Dces Portugueses Foto: Divulgação
Tasca Foto: Marcelo de Jesus / Divulgação/Marcelo de Jesus
Tempo de preparo: 40 minutos.
Rendimento: 20 fatias.
Kalango: Rua São Valentim 513, Praca da Bandeira — 2504-0088. A rabanada pode ser encomendada para as festas de fim de ano (R$ 65, 8 porções).
O Globo quarta, 18 de dezembro de 2019
CEIA DE NATAL PRONTA NO RIO: ONDE ENCOMENDAR
Ceia de Natal pronta no Rio: para manter distância do fogão
Para otimizar o seu tempo, está aberta a temporada de encomendas. Veja lista
O Globo
14/12/2019 - 04:26 / Atualizado em 17/12/2019 - 14:07
Ceia do Quitéria Foto: Divulgação/Samuel Antonini
Quer garantir a ceia de Natal sem encostar a barriga no fogão? Listamos alguns cardápios por encomenda na cidade. Aproveite.
CEIA DE NATAL POR ENCOMENDA
Tasca Foto: Marcelo de Jesus / Divulgação/Marcelo de Jesus
Farofa chiquérrima (castanha de caju, castanha do Pará, farinha panko e pêra seca) do Zazá. Foto: Agência O Globo/Marcos Ra
Ceia
Amir
Clássico restaurante libanês de Copacabana, o Amir mantém as encomendas com pratos quentes, saladas, pastas, salgados e sobremesa. As encomendas podem ser feitas até o dia 22, para o Natal, e até o dia 29, para o Réveillon, e entregues em toda a zona sul. Entre as opções, pernil de cordeiro assado (2kg), que vem acompanhado de arroz marroquino ou arroz com lentilha e a cebola frita do Amir (R$ 320, para 6 pessoas); mini kibe, mini esfiha (carne, ricota e espinafre), burreca (carne, queijo e berinjela), mini esfiha folhada (ricota e carne), mini kibe vegetariano (espinafre ou coalhada), falafel e croquete de cordeiro, a partir de R$180, o cento. E mini doces árabes (como o ninho de macarrão cabelinho de anjo recheado com damasco, pistache, amêndoas, nozes e ganache de chocolate e o ataife com recheio de nozes ou damasco – a partir de R$6 a unidade). 2275-5596 e amir@amirrestaurante.com.br.
RECEITAS #SEGUNDASEMCARNE
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Chef da Le Cordon Bleu ensina tortellini de banana com espuma de aspargos
Foto: Divulgação
Renomada escola de gastronomia inaugura no Rio seu segundo restaurante fora da França, o Signatures. Veja receita
Claude Troisgros ensina seu crepe de agrião com gorgonzola
Foto: Fabio Rossi / Agência O Globo
Prato é destaque no novo menu do Chez Claude, que faz dois anos: 'criei a receita para meu primeiro restaurante no Rio nos anos 1980', conta o chef. Veja receita
Chef do Teva ensina abobrinha ao pesto com farofa de panko
Foto: Divulgação/Paulo Lima
Daniel Biron mudou todo o cardápio do bar vegetal, em Ipanema: 'acrescentei este molho versátil e saboroso, ainda pouco conhecido por aqui'. Veja receita
Aprenda a fazer a moqueca de banana-da-terra servida na Cave Nacional
Foto: Divulgação
Chef Luciano da Silva ensina a receita do prato vegano, que leva 10 minutos para ficar pronto. Veja receita
Aprenda a fazer um ceviche vegano de mamão verde
Foto: Fabianni Ciraudo / Divulgação
Passo a passo mostra versatilidade do ingrediente que é pouco usado. Veja receita
À frente de casa em Copacabana, Michele Petenzi estreia menu com técnicas tradicionais e sugere: 'molho de tomate de cozimento sempre em fogo baixo'. Veja receita
Aprenda a fazer croquete de palmito pupunha do Capim Santo
Foto: Victor Carnevale / Divulgação
Chef Morena Leite ensina o passo a passo da entrada do novo menu 'Seleção Capim Santo'. Veja receita
Saiba como fazer um hambúrguer de quinoa com macarrão de arroz
Foto: Divulgação
Com cara de lanche, prato é uma refeição nutritiva e saborosa. Veja receita
Pad thai: chef ensina receita vegetariana de tradicional macarrão tailandês
Foto: Divulgação/Souza
David Zisman dá o passo a passo do prato que leva pasta de chili Sriracha (pimenta coreana) e fica pronto em 15 minutos. Veja receita
Assunção
Pratos e saladas para até quatro pessoas, entre paleta de cordeiro (R$ 240) e leitão assado (R$ 420), com arroz de açafrão, batatas coradas e farofa de castanha caramelizada. Entre as opções de sobremesas, rabanada (R$ 6,50, a fatia). As encomendas serão aceitas até o dia 21 pelos telefones 2537-2732/97649-1272 ou e-mail: assuncaorestaurante@gmail.com. Deverão ser retiradas no dia 24, do meio-dia às 13h30h. Rua Assunção 184, Botafogo.
O Farinha Pura criou uma receita de fermentação natural de 48 horas, feita com gotas de chocolate callebaut. Tem também com frutas cristalizadas (R$ 49,90). Foto: Divulgação/Filico
No Bar Leblon, tem panetone (R$87) recheado com chocolate meio amargo, frutas, gotas de cacau, coberto com chocolate branco e biscoito Oreo. Foto: Divulgação/Rio Art Com
Casa Carandaí
O menu da casa conta com cerca de 30 receitas, desde entradas, como a Terrine de Campagne (R$ 65/250g e R$ 130/500g) até as sobremesas, passando por todos os clássicos das festas de fim de ano. Entre os destaques de pratos principais: tender caramelizado (R$ 220/1kg), bacalhau em lascas com tomate concassé e azeite de ervas (R$ 260/1kg e R$ 390/1,5kg) e rosbife ao molho de cogumelos (R$ 210/1kg e R$ 315/1,5kg). As encomendas serão aceitas até o dia 20 de dezembro.
Casa Mortadella’s
Tábua de embutidos e queijos é a proposta. O comensal escolhe quatro opções por R$ 69,90). Queijo prato está incluso. Encomendas devem ser feitas até o dia 22.Travessa dos Tamoios 7, Flamengo - 3264-7848.
Da Silva
Até o dia 23, o cliente pode ligar para a unidade de Botafogo (2237-9028 e 2237-9086) e reservar pratos (R$ 120/kg) como arroz de pato, bacalhau espiritual, toucinho do céu, entregues no Natal ou Ano Novo. Entre as sobremesas (R$ 95/travessa), toucinho do céu, encharcada e siricaia.
Diamantes na Cozinha
O projeto social do chef João Diamante prepara Ceia de Natal vegana (R$ 360, para seis pessoas). O Kit conta com bolinho de pupunha com mandioca para começar; jacalhau de forno, uma versão do clássico bacalhau feito com jaca, é a sugestão de prato principal. Para acompanhar, cuzcuz festivo de painço. As reservas devem ser feitas até o dia 21 de dezembro. Rua Lopes da Cruz 322, Meier - 983838741.
Esplanada Grill
O restaurante em Ipanema também aposta em encomendas para a Ceia de Natal. Os pedidos podem ser feitos até o dia 20. Entre as estrelas do cardápio, destaque para o rosbife de ancho e o rosbife de chorizo (R$ 300, cada). Os pratos principais são bem acompanhados de opções, como arroz de carreteiro (R$ 45, para duas pessoas), arroz de polvo (R$ 100, para duas pessoas, palmito grelhado (R$ 59), panachè de legumes (R$ 50) e farofa crispe (R$ 35).
Kitchen Café
O restaurante na Gávea preparou duas opções de saladas que servem oito pessoas, entre elas o couscous marroquino e frutas secas, camarão paulista e manjericão (R$ 220). Tem ainda pratos, como peito de peru fatiado com coulis de amora e pimenta biquinho (R$ 364), e sobremesas, como cheesecake de amora (R$ 85). Até o dia 19. Rua Marquês de São Vicente 225 — 2239-6001.
Liga dos Botecos
Os bolinhos de bacalhau podem ser fritos em casa (R$ 80 – 1kg) ou entregues pronto (R$ 90). Encomendas até dia 20. Rua Álvaro Ramos 170, Botafogo - 3586-2511.
L’ulivo Cucina e Vini
Ceia de Natal para encomendas e desconto em vinhos. O menu do chef italiano Michele Petenzi está disponível para pedidos por telefone (3576-7785), e-mail(contato@lulivorestaurante.com.br) e também pessoalmente, até o dia 20 de dezembro. A entrega será feita no restaurante, em Copacabana, no dia 24, das 11h30 às 14h. Pedido mínimo de R$ 50. Destaques: pollo alla cacciatora (R$ 178), frango com molho de tomate, cebola, cogumelos e ervas típico da região central da Itália, além de filé de peixe mediterrâneo (R$ 268) e filé-mignon ao funghi (R$ 238), todos em porções que servem de 8 a 10 pessoas.
Rubaiyat Rio
O baby pork pode ser encomendado, um leitãozinho, criado na fazenda do grupo, que é assado e vem acompanhado de arroz, farofa de frutas secas, batatas à provençal e molho jerez. O pedido serve pelo menos oito pessoas e custa R$ 560. As encomendas devem ser feitas com pelo menos 24 horas de antecedência no telefone 3204-9999.
Quitéria
O bar e restaurante oferecerá pela primeira vez um serviço de encomendas para as festas de fim de ano. Entre as opções de entrada, polvo a vinagrete com pão artesanal (R$ 80) e de principal, bacalhau com natas, lâminas de batata e cebolas carameladas com parmesão gratinado (R$ 299), pernil de leitão assado com pêras e pêssegos (R$ 251) e peru (R$ 242). Fechando, rocambole de mousse de chocolate e morango (R$ 98) e outros. Cada prato serve até quatro pessoas e a retirada deverá ser feita nos dias 24 e 31 de dezembro, do meio-dia às 17h. Rua Maria Quitéria 27, Ipanema. Pelo e-mail quiteria@ipanemainn.com.br ou telefone 2267-4603.
Sim Sim
O chef sírio Anas Rjab aceita encomendas até dia 20, entre as opções tem itens como pastas (homus, homus com beterraba, berinjela defumada, coalhada com ervas) - R$ 60/kg; torradas de pão sírio no azeite (R$ 45/kg); ninho de quibe de carne (R$ 1,50/unidade); bolo de tâmara com caramel salgado e crocante de nozes (R$ 95); figo assado no melado de romã e pistache, servido com coalhada seca (R$ 6,50/porção). 98855-4160.
Zona Sul
Até o dia 21 de dezembro, o supermercado aceitará encomendas de suas ceias de Natal assinadas pelo chef Christophe Lidy. Entre as opções, pratos clássicos como o peru assado e recheado (para 10 pessoas, R$ 439), o lombo suíno ao molho de vinho tinto e alecrim (para 5 pessoas, R$ 169) e o bacalhau com natas (pra 4 pessoas, R$ 99). Para acompanhar, arroz com amêndoas tostadas (R$ 34,50 – 500 g), batatinhas ao murro com cogumelos (R$ 32,90 – 600 g) e arroz de lentilha com crispy de cebola.
Tasca Filho D’Mãe
O restaurante preparou um cardápio especial para a ceia de Natal e Ano Novo. Entre as opções, bolinho de bacalhau (R$ 90, 1kg), pernil com abacaxi e farofa (R$ 149) e peru com molho de laranja e farofa (R$ 259), além de quatro tipos de bacalhau, que servem até 6 pessoas, a partiir de R$ 358. Até 22 de dezembro, no site.
Tragga
Além do panetone feito com Dulce de Leche, uva-passas e nozes (R$ 69,90), elaborou um cardápio especial para o Natal e Ano Novo. Entre os destaques, o leitão assado recheado com farofa natalina serve no mínimo 20 pessoas e o seu tamanho é a partir de 5 kg (R$ 128/kg). E também Chester assado finalizado na manteiga clarificada e recheado com farofa natalina (R$ 84/kg). Encomendas devem ser feitas até o dia 20/12 (Natal) e 27/12 (Ano Novo). Rua Capitão Salomão 74 — 3507-2235. Av das Américas 8585, Barra — 3559-7450. Estrada da Gávea 899, São Conrado — 3324-1395.
Zazá em Casa
A ceia está disponível para encomenda até o dia 20, podendo ser entregue (taxa sob consulta) ou retirado no ateliê do Zazá, em São Cristovão (Rua Antônio Henrique de Noronha 50 — 96741-3110). Entre as opções, "Farofa chiquérrima" (R$ 200; aproximadamente 1kg), com Castanha do Pará, castanha de caju, farinha japonesa panko, pedacinhos de pera seca e fava de baunilha. Também tem rabanadinhas de Maracujá (25 unidades – R$ 65).
O espaço oferece sobremesas tradiocionais, como o mil Folhas de creme ou doce de leite (R$ 100 – 10 fatias) e o strudel de Maçã (R$ 60 – 6 fatias) – o doce segue à risca a tradição alemã e a massa é aberta a mão. Até 21 de dezembro.
Conflor
Encomendas de sobremesas veganas, como o pavê de panetone (R$ 115) e bolo Red Velvet com chantilly e biscoitos de gengibre (R$ 75) pelo site www.conflorvegan.com até dia 23 de dezembro.
Kurt
Entre as tortas criadas especialmente para esta época, estão a Belga Trufada Natalina (R$ 190), torta mousse de chocolate belga levemente trufada com crocante de nozes e a Choco Caramel (R$ 165), torta mousse de chocolate belga com base crocante e flor de sal, com cobertura de caramelo. Até 22 de dezembro.
Farinha Pura
Rabanadas clássicas (R$ 6,98 – 100g) e as especiais com recheio de doce de leite ou de Nutella (R$ 7,98 – 100g). 3239-8000. Até 22 de dezembro.
Malu Mello Cataring
Até o dia 21, a chef Malu Mello prepara Banoffee (R$ 120), uma torta preparada com biscoito de leite maltado, chocolate meio amargo, doce de leite, creme de confeiteiro de doce de leite, ganache de chocolate, banana in natura e chantilly. A taxa de entrega varia conforme região. Encomendar pelo e-mail malumelloconsultoria@gmail.com ou telefone 97014- 8878.
Parmê
A casa lança sua torta de palha italiana composta por duas fatias finas de bolo de chocolate, o tradicional recheio de palha italiana – que leva brigadeiro e biscoito maizena -, cobertura de gotas de creme de chocolate e placas ao redor do mesmo (R$ 75). Encomendas no site.
Talho Capixaba
Oferece rabanadas clássicas (R$ 5,50). Encomendas pelos telefones 2422-1270 e 2249-1652 (Gávea) ou 2512.8760 (Leblon).
O Globo terça, 17 de dezembro de 2019
FAROFA COM PERA E FAVA DE BAUNILHA
Segunda sem carne de Natal: chef do Zazá ensina farofa com pera e fava de baunilha
Uma das apostas de fim do ano no bistrô está disponível para encomenda até o dia 20 de dezembro
O Globo
16/12/2019 - 04:30 / Atualizado em 16/12/2019 - 09:36
Farofa chiquérrima (castanha de caju, castanha do Pará, farinha panko e pêra seca) do Zazá. Foto: Agência O Globo/Marcos Ramos
De nome nada modesto, "Farofa chiquérrima" faz parte da ceia de Natal do Zazá Bistrô (R$ 200; aproximadamente 1kg), que aceita encomendas até o dia 20. Leva Castanha do Pará, castanha de caju, farinha japonesa panko, pedacinhos de pera seca e fava de baunilha. Criação do chef Marcio Dantas, que ensina a receita abaixo. Bom Natal!
RECEITAS #SEGUNDASEMCARNE
1 de 9
Chef da Le Cordon Bleu ensina tortellini de banana com espuma de aspargos
Foto: Divulgação
Renomada escola de gastronomia inaugura no Rio seu segundo restaurante fora da França, o Signatures. Veja receita
Claude Troisgros ensina seu crepe de agrião com gorgonzola
Foto: Fabio Rossi / Agência O Globo
Prato é destaque no novo menu do Chez Claude, que faz dois anos: 'criei a receita para meu primeiro restaurante no Rio nos anos 1980', conta o chef. Veja receita
Chef do Teva ensina abobrinha ao pesto com farofa de panko
Foto: Divulgação/Paulo Lima
Daniel Biron mudou todo o cardápio do bar vegetal, em Ipanema: 'acrescentei este molho versátil e saboroso, ainda pouco conhecido por aqui'. Veja receita
Aprenda a fazer a moqueca de banana-da-terra servida na Cave Nacional
Foto: Divulgação
Chef Luciano da Silva ensina a receita do prato vegano, que leva 10 minutos para ficar pronto. Veja receita
Aprenda a fazer um ceviche vegano de mamão verde
Foto: Fabianni Ciraudo / Divulgação
Passo a passo mostra versatilidade do ingrediente que é pouco usado. Veja receita
Chef italiano ensina gnocchi alla sorrentina
Foto: Divulgação
À frente de casa em Copacabana, Michele Petenzi estreia menu com técnicas tradicionais e sugere: 'molho de tomate de cozimento sempre em fogo baixo'. Veja receita
Aprenda a fazer croquete de palmito pupunha do Capim Santo
Foto: Victor Carnevale / Divulgação
Chef Morena Leite ensina o passo a passo da entrada do novo menu 'Seleção Capim Santo'. Veja receita
Saiba como fazer um hambúrguer de quinoa com macarrão de arroz
Foto: Divulgação
Com cara de lanche, prato é uma refeição nutritiva e saborosa. Veja receita
Pad thai: chef ensina receita vegetariana de tradicional macarrão tailandês
Foto: Divulgação/Souza
David Zisman dá o passo a passo do prato que leva pasta de chili Sriracha (pimenta coreana) e fica pronto em 15 minutos. Veja receita
A ceia está disponível para encomenda podendo ser entregue (taxa sob consulta) ou retirado no ateliê do Zazá, em São Cristovão (Rua Antônio Henrique de Noronha 50 — 96741-3110).
Numa frigideira grande, refogue a cebola na manteiga. Depois vá acrescentando os outros ingredientes, misturando tudo, e tempere com sal a gosto. Mexa até ficar dourado.
MARCOS PALMEIRA: O BRASIL TEM A CULTURA DE PULSEIRINHA VIP
Marcos Palmeira: 'O Brasil tem a cultura da pulserinha vip'
Único ator a protagonizar três longas neste Festival do Rio, ele vai estrear na direção de cinema ao lado do pai, diz que o Brasil vive o reflexo da falta de educação dos últimos 40 anos e revela: ‘Sempre carreguei a culpa de não ser um intelectual’
Maria Fortuna
16/12/2019 - 04:30
Aos 56 anos, Marcos Palmeira é protagonista de filmes inéditos Foto: LEO AVERSA / Divulgação
Marcos Palmeira protagoniza três filmes no Festival do Rio. É o personagem-título de “Boca de ouro” (hoje às 18h45, no Roxy), um delegado em “A divisão”, e um major da PM em “Intervenção”.
— Nunca imaginei que, aos 56 anos, trabalharia tanto — diz ele, prestes a estrear em outra função. Ao lado do pai, o cineasta Zelito Viana, codirigirá o longa “Sedução”, do qual também será protagonista (deve ser rodado em maio).
Foi, aliás, por causa de um filme do pai, “Terra dos índios” (1979), que tomou contato com a causa indígena que defenderia ao longo da vida. Batizado pelos Xavante de “Tsiwari” (sem medo), lembra, rindo, da temporada numa aldeia, comendo arroz. Ardendo em febre por causa de uma pneumonia, delirava pedindo hambúrguer e batata frita. Hoje, produtor de alimentos orgânicos, acabou de encarar dieta que o fez perder 18 quilos.
— Percebi que precisava quando me vi apoiando o braço na barriga — ri o ator, nascido e criado nas areias de Copacabana e famoso por ser bom de bola. — Se jogo bem não sei, mas quando batem par ou ímpar me chamam rápido.
Em seu apartamento, no Jardim Botânico, ele também falou sobre política, casamento e sexo, numa conversa regada à água com limão.
Como os três filmes mostram a realidade brasileira?
Em "Boca de Ouro" há o paternalismo com que o bicheiro lida com a comunidade e a ligação com a milícia. Em "A divisão", o delegado está no meio de um esquema corruto, mas seu discurso é “vamos mudar”. “Intervenção” é a polícia fingindo que protege e a população fingindo que é protegida. Quem se dá bem são milícia e políticos corruptos. É sempre assim no Brasil: todos dizem não roubar e têm o discurso do “vou acabar com a mamata”.
E nunca acabam...
Da ditadura para cá, não construímos projeto de governo. Foi tudo paliativo. Por isso, defendo o discurso da Marina (Silva), que incomoda porque não traz solução. Diz que todos somos responsáveis, que precisamos caminhar juntos. Mas ainda queremos um Ciro Gomes, que bate na mesa e diz “vou resolver este país”. Estamos sempre botando para o outro resolver, é a coisa do herói. Quero saber quem vai construir pontes.
A sociedade é omissa?
No Bope, um policial me falou: "A polícia está doente". A polícia está corrompida porque é um reflexo do político que está do lado dela, bancando, e do eleitor que o elegeu esse cara. Quem está disposto a abrir mão das corrupções nossas do dia a dia? Não furar fila... É o lixo jogado do carro, o peteleco na guimba para o chão. Fomos criados comprando carteira de motorista. O Brasil tem a cultura da pulserinha vip. O governo atual é o reflexo da falta de educação dos últimos 30, 40 anos. Construímos essa figura (Jair Bolsonaro). O cara foi eleito durante 28 anos e não fez nada. É um governo que governa pra si, para ele e para os filhos. Foi multado porque pescou em áea de proteção ambiental? Vai lá e demite o cara que o multou. Tira o radar porque não quer levar multa, a cadeirinha de bebê... É o brasileirão, o miliciano. A gente está sempre atrás do "meu corrupto favorito", isso é que tem que acabar. Estamos expurgando o que há de mais podre na nossa sociedade. Talvez, precisássemos mergulhar no lodo. É da merda que nasce a flor.
Como vê os governos anteriores?
Foram 14 anos de PT, oito de Fernando Henrique. Acreditei em todos. Até no Collor, o tal “caçador de marajá” (risos). Fui fiscal do Sarney (neto do advogado e deputado estadual Sinval Palmeira, cassado pela ditadura, o ator cresceu ouvindo a família falar de política e promovendo encontros com candidatos em casa). Acho a reeleição o grande bode. Se pudesse, não reelegeria ninguém. Tem gente há 20 anos no cargo! É difícil separar o joio do trigo, quem é honesto de verdade? O povo ainda prefere o Collor à Heloisa Helena! A esquerda continua elegendo a direita. Tem que acabar com ideologia, política é gestão.
Tem vontade de exercer um cargo público?
Não tenho temperamento. Não conseguiria ficar num debate com o Garotinho... Marina queria que eu fosse Senador, candidato à governador. Eu ficaria aflito. O que sei é que falta uma política de verdade, a gente ainda vive com o espírito da colônia, de exploração e esse governo atual escancara isso.
Sua fazenda, Vale das Palmeiras, é a maior produtora de laticícios orgânicos do estado do Rio e produz hortaliças. Como vê a liberação de tantos agrotóxicos?
O interesse é financeiro. O produtor do agrotóxico é o mesmo do remédio. Agora, o caminho é o consumidor recusar. A Europa já não está aceitando. Os produtores de grãos brasileiros estão sendo recusados pelo mundo.
Como avalia o tratamento dado à questão indígena pelo governo atual?
Todas as lideranças que aparecem no filme "Terra dos índios" (dirigido por seu pai, Zelito Viana, em 1979), foram assassinadas. Os índios estão sendo assassinados há muitos anos. Marina no Ministério do Meio Ambiente fez coisa para caramba, mas percebeu que Lula não entendia nada desse assunto, não tinha nenhuma preocupação. A gente vem de muitos anos sob uma cortina de fumaça, agora escancarou. O índio e o desmatamento da Amazônica nunca estiveram tão em evidência. O Bolsonaro fala mal de (Leonardo) Di Caprio (ator) e (da ativista ambiental sueca) Greta (Thunberg) e o foco vira ele.
Você interpreta playboy, policial, mas faz sucesso mesmo com os capiaus. Por quê?
Sempre que me vejo em algum trabalho, falo: "olha lá o brasileirinho". Eu sou o brasileirinho típico. Nunca achei que fosse ser protagonista, não me vejo com glamour. Quando vou para esse lugar do peão pé no chão, funciona. Talve pelo Brasil ser um país rural, a identificação seja maior. Adoro ir para um sotaque, ajuda na composição. Quando comecei, fiz filmes como "Dedé Mamata". Aí, me falaram: "cuidado para não ficar marcado como playboy carioca". Depois, "como galã rural", agora "com policia". Tem um teflon que não deixa pegar. Não me preocupa repetir papel, quero bons personagens.
Se arredendeu de ter aceitado algum personagem ou projeto?
Já errei muito por culpa minha, personagens que não achei. A gente tem mania de classificar, né? Agora, Wagner Moura é o melhor ator do Brasil. É mesmo, mas já foi o Lázaro (Ramos) também... Quando o Rodrigo Santoro começou lá fora, todo mundo dizia: "ah, não vai dar certo". E ele está provando que deu. Para mim, nesse momento da vida estar com três filmes em cartaz é maravilhoso. Nunca imaginei que, aos 56 anos, estaria trabalhando tanto.
Você fez o filme "E aí comeu?". Acha machista? O nome é triste...
É de uma época. Se você olhar, são três idiotas inseguros no bar, mas ninguém faz merda com mulher, estão todos querendo se apaixonar. É um discurso machista na mesa de bar, mas a atitude é de amor à mulher. Talvez o nome não ajude mesmo... Mas queria fazer esse filme hoje.
Como deve se comportar o homem contemporâno? O homem tem que se repensar mesmo. O machismo foi cômodo, coloca a mulher num lugar e ponto. Fez a gente não refletir. Cadê a sensibilidade, o afeto? A mulher sempre precisou de espaço e era oprimida. Agora, caça às bruxas também é complicado. O caso do José Mayer foi muito triste. Ele pediu desculpas, pagou, não pode virar o mártir desse lugar. Pô, o cara não é o João de Deus.
Como foi ser dirigido por sua ex-mulher, Amora Mautner (na novela "A dona do pedaço"), com quem você tem uma filha (Júlia, de 12 anos)? Aliás, você disse que seu personagem era "meio bobo"...
Walcyr (Carrasco, autor da novela) não me prometeu nada, só que ia fazer uma novela de sucesso para todo mundo. Então, não tenho como cobrar do personagem. Era um super papel? Não, mas estava dentro de um contexto que aconteceu. Ser dirigido pela Amora agora foi bom para a gente selar uma fase. Ex é sempre difícil. Ali, quebramos uma bolha, aproximou a relação. Tinha um prazer de estar junto, um carinho e a Júlia ficou feliz de nos ver trabalhando juntos, entendeu que a vida continua. Foi importante. Saí aliviado e hoje temos um diálogo melhor. Mesmo quando a gente discute, é mais maduro, não vai para aquele lugar infantilizado ou histérico do ex.
Você é a personaficação do carioca gente boa, do cara do bem. O que faz de errado?Tem algum podre?
(Gargalha) Faço várias coisas erradas, não sou exemplo para ninguém. Sempre fui de agregar, bebo cerveja, como carne, sou vascaíno... Meus pais dizem que sou compreensivo desde criança. Fizemos sete anos de análise em família, o que ajudou muito. O problema era eu, que não estudava. Sempre fui um vagabundo na escola, pronto, falei (risos). Isso incomodava a minha mãe, que é pedagoga. Meu pai é cineasta, mas se formou em engenharia, minha irmã (a cineasta Betse de Paula, um ano mais velha do que Marcos) se formou em sociologia com 18 anos. Eu só tenho o segundo grau completo.
Isso te incomoda?
Sempre carreguei essa culpa de não ser um intelectual, de não ter lido tantos livros. Por outro lado, vivo as experiências intensamente. Tenho a agenda lotada de coisas. Sempre fui mais das artes, do teatro, da curtição. Prezo o prazer. Sempre fui o último a sair das festas. Sou esse brasilerinho que desenrola, meio Macunaíma. Tem um lado complexo em ir para esse lugar... trabalha pouco a agressividade. Então, a terapia me ajuda, o futebol descarrega. Não gosto de discutir, mas às vezes, é preciso pôr o pau na mesa. É um exercício, para mim, dizer não. Mas é isso, não dá para ficar no comodismo, querer ser o queridinho o tempo todo.
Como se enxerga aos 56 anos?
O pilates me ajuda a ter energia, mas já estou no segundo tempo, o primeiro, eu já joguei. Mas ainda tenho um tempo. Olha aí a Fernanda Montenegro, o Barretão... A crise não bateu na porta claramente, mas o cabelo começa a ficar mais ralo. Emagrecer ajudou na autoetima.
Como está o casamento atual (ele vive há quatro anos com a diretora Gabriela Gastal)? Acha que sexo tem toda essa importância?
Casamento é um exercício, né? A parte boa é a parceria e Gabriela é parceiraça. Sexo é fundamental na vida, todo mundo tem que praticar. Às vezes, o casal está em crise, e percebe que tem dias que não transa. Aí, quando rola tudo fica maravilhoso, relaxa. O exercício do cotidiano é complicado, dividir... Mas também não tem o compromisso com a eternidade. É enquanto está bom. Tá bom hoje? Então continua. Só por hoje. O AA (Alcoólicos Anônimos) não é isso? O amor é meio assim: só por hoje (risos).
O Globo domingo, 15 de dezembro de 2019
CEIA DE NATAL COM RECEITAS TÍPICAS PORTUGUESAS
Aprenda a fazer uma ceia de Natal com receitas típicas portuguesas
Bacalhau à lagareiro e misto de frutos do mar colorem uma mesa com clima da terrinha
O Globo
15/12/2019 - 04:30 / Atualizado em 15/12/2019 - 08:40
Mesa de Natal com decoração e pratos portugueses Foto: Foto: Rodrigo Azevedo. Food styling: Lou Bittencourt
As louças de Portugal fazem bonito à mesa. Para combinar com receitas da terrinha, como o bacalhau à lagareiro do restaurante Rancho Português, a curadora do projeto Bordallo Brasil Renata Lima recomenda as travessas de Bordallo Pinheiro que imitam folhas e tomates.
Misto de frutos do mar
Ingredientes:
300g de bacalhau em postas
2 unidades de lagostim com casca
100g de lula
2 tentáculos de polvo
4 camarões
5 dentes de alho
Azeite e salsa para decorar
Modo de fazer: Em uma grelha, coloque todos os frutos do mar e deixe por cinco minutos em uma temperatura de aproximadamente 200º graus. Em uma frigideira, coloque o azeite e o alho, em fogo baixo até que fique dourado. Em seguida, acrescente na frigideira todos os frutos do mar grelhados. Finalize com a salsa.
Rendimento: 2 porções.
Bacalhau à lagareiro
Ingredientes:
800g de bacalhau em posta
2,5 litros de água
230g de batata bolinha
80g de brócolis
5g de alho frito
8 azeitonas
50g de cebola fatiada
50ml de azeite
3 fatias de pimentões coloridos
Salsa para decorar
Sal a gosto.
Modo de fazer: Tire as espinhas do bacalhau. Coloque de molho por 3 a 4 dias antes do preparo, para tirar o sal. Troque a água 2 vezes por dia. Coloque o bacalhau para cozinhar. Para que fique macio, retire o bacalhau assim que formar uma espuma por cima da água. Retire o bacalhau com uma escumadeira, deixe esfriar. Nesta mesma água em que foi cozido o bacalhau, coloque as batatas para cozinhar, até que fiquem macias. Verifique o sal da água e se necessário acrescente mais um pouco para que as batatas fiquem temperadas. Após o bacalhau cozinhar, leve a grelha junto com as batatas por 5 minutos cada lado. Depois de grelhar o bacalhau e as batatas, coloque em uma travessa. Acrescente as cebolas fatiadas fritas no azeite, pimentões em tiras, alho frito, salsinha e azeitona portuguesa.
O Globo sábado, 14 de dezembro de 2019
AÇAÍ O NUTELLA?
Açaí raiz ou Nutella? Casas servem ele puro ou com até 60 'toppings'
Com farinha ou jujuba, biscoito e leite condensado, veja diferentes versões da apresentação do fruto em restaurantes e lanchonetes
Bruno Calixto
13/12/2019 - 04:30 / Atualizado em 13/12/2019 - 11:02
ASA Açaí Foto: Agência O Globo/Leo Martins
Você prefere açaí raiz ou açaí Nutella? O meme pode até estar datado, mas a polarização (esta sim, palavra da moda) em torno da fruta está mais em dia do que nunca. De um lado, a turma que defende a versão sem aditivos, o mais puro possível, e encontra porto seguro em casas que servem açaí especial, com até 16% de concentração. Do outro, a galera do “quanto mais incrementada com guloseimas (como chocolate e leite condensado), melhor”, que bate ponto em filiais de lojas como Maria Açaí e Oakberry, que em menos de dois anos abriram, respectivamente, 31 e 35 pontos na cidade.
A POLARIZAÇÃO CHEGOU AO AÇAÍ
Grão-Pará, na Tijuca Foto: Agência O Globo/Leo Martins
Grão-Pará, na Tijuca Foto: Agência O Globo/Leo Martins
Fruto típico da Região Norte, o açaí virou mania nas casas de suco cariocas no início dos anos 90, mas precisou se adaptar ao paladar local. Enquanto no Pará — estado que responde por 95% da produção no Brasil, segundo o IBGE — ele é consumido numa consistência mais líquida (como uma sopa grossa), sem qualquer tipo de adoçante, em geral em temperatura ambiente e, junto com farinha d’água, acompanhando pratos salgados, aqui ele ficou popular ao ser servido gelado, quase um sorvete cremoso, adoçado com xarope de guaraná e acompanhado de granola, tapioca e frutas.
— O açaí que chegava ao Rio era de polpa feita a partir de frutas de qualidade inferior, pois as melhores eram destinadas ao consumo no Pará mesmo ou para exportação — diz o geógrafo João Hermeto, que criou, há três anos, o projeto Ação Sustentável da Amazônia (ASA) para fazer a ponte entre cooperativas na Amazônia e comerciantes no Sudeste.
Açaí da Mata Atlântica: Fruto da palmeira-juçara, juçaí é o ‘açaí’ da Mata Atlântica
Hoje, o ASA traz para o Rio mais de cem toneladas por ano de açaí especial, termo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para o produto com mais de 14% de fruta na polpa:
— Antes, o padrão carioca era de 8% a 10%, alguns até de 6% a 8%, como as “raspadinhas”.
ASA Açaí, na Saúde Foto: Agência O Globo/Leo Martins
ASA Açaí
Aberto há três anos a 500 metros da Praça Mauá, era para ser só um rede de distribuição de produtos do Norte, mas virou restaurante. Num único dia chega a vender cem tigelas de açaí especial (R$ 13, 250ml, e R$ 20, 500ml), que pode ser acompanhado de paçoca de castanha de baru, granola e frutas. O menu traz ainda pratos como pirarucu grelhado (R$ 42), caranguejo com arroz de jambu (R$ 42) e galinha ao tucupi com beiju (R$ 29).
Rua Sacadura Cabral 79, Saúde (2263-9094). Seg a sex, das 11h30 às 18h. Sáb, das 11h30 às 17h.
Grão-Pará, na Tijuca Foto: Agência O Globo/Leo Martins
Grão-Pará
A casa aberta em 2017 em Copacabana pelo carioca Gabriel Tavares para homenagear o pai, paraense, é a única na cidade a servir também o açaí branco — que, na verdade, é esverdeado. O mais pedido, porém, é mesmo o tradicional roxo (R$ 21, 400ml). Tanto na matriz quanto na filial, inaugurada em agosto, na Tijuca.
— Às vezes comem com unha de caranguejo empanada (R$ 10). Geralmente na Tijuca, onde recebemos mais paraenses — explica Tavares.
No menu típico há pedidas como bolinho de maniçoba ou de pirarucu (R$ 8) e porção do peixe filhote em cubinhos (R$ 15). Dá para fazer degustação com potinhos de 150ml (R$ 6, cada): maniçoba, caruru, vatapá, tacacá...
Rua Barão de Ipanema 94, Copacabana — 3489-0262. Rua Barão de Mesquita 280, Tijuca — 3258-4679. Dom a qui, das 9h às 21h. Sex e sáb, das 9h às 22h. Neste domingo, há apresentação de carimbó, ao meio-dia, na loja da Tijuca.
Chef da Le Cordon Bleu ensina tortellini de banana com espuma de aspargos
Foto: Divulgação
Renomada escola de gastronomia inaugura no Rio seu segundo restaurante fora da França, o Signatures. Veja receita
Claude Troisgros ensina seu crepe de agrião com gorgonzola
Foto: Fabio Rossi / Agência O Globo
Prato é destaque no novo menu do Chez Claude, que faz dois anos: 'criei a receita para meu primeiro restaurante no Rio nos anos 1980', conta o chef. Veja receita
Chef do Teva ensina abobrinha ao pesto com farofa de panko
Foto: Divulgação/Paulo Lima
Daniel Biron mudou todo o cardápio do bar vegetal, em Ipanema: 'acrescentei este molho versátil e saboroso, ainda pouco conhecido por aqui'. Veja receita
Aprenda a fazer a moqueca de banana-da-terra servida na Cave Nacional
Foto: Divulgação
Chef Luciano da Silva ensina a receita do prato vegano, que leva 10 minutos para ficar pronto. Veja receita
Aprenda a fazer um ceviche vegano de mamão verde
Foto: Fabianni Ciraudo / Divulgação
Passo a passo mostra versatilidade do ingrediente que é pouco usado. Veja receita
À frente de casa em Copacabana, Michele Petenzi estreia menu com técnicas tradicionais e sugere: 'molho de tomate de cozimento sempre em fogo baixo'. Veja receita
Aprenda a fazer croquete de palmito pupunha do Capim Santo
Foto: Victor Carnevale / Divulgação
Chef Morena Leite ensina o passo a passo da entrada do novo menu 'Seleção Capim Santo'. Veja receita
Saiba como fazer um hambúrguer de quinoa com macarrão de arroz
Foto: Divulgação
Com cara de lanche, prato é uma refeição nutritiva e saborosa. Veja receita
Pad thai: chef ensina receita vegetariana de tradicional macarrão tailandês
Foto: Divulgação/Souza
David Zisman dá o passo a passo do prato que leva pasta de chili Sriracha (pimenta coreana) e fica pronto em 15 minutos. Veja receita
Tacacá do Norte
Tacacá do Norte, no Flamengo Foto: Agência O Globo/Leo Martins
Conhecida como o lugar para se comer um dos melhores açaís da cidade, a lanchonete, aberta em 1973, serve a fruta sem aditivos, com acompanhamentos como farinha d’água e tapioca em flocos, para ser comida no balcão em porções de 400ml (R$ 21) ou 600ml (R$ 24). Fora isso, há sucos e sorvetes de frutas típicas do Norte, casquinha de caranguejo (R$ 27), unha de caranguejo (R$ 10) e tacacá (R$ 27).
Rua Barão do Flamengo 35, Flamengo — 2205-7545. Seg a sáb, das 9h às 23h. Dom, das 9h às 21h.
Açaí nos cardápios: Do drinque à sobremesa, passando pelo prato principal
Arataca
Faz 65 anos que a casa abriu com cardápio 100% amazônico. São oito lugares no balcão, e o açaí é um dos itens mais pedidos, servido puro, com farinha d’água ou tapioca, de R$ 22 a R$ 25. Os iniciados (ou seriam paraenses?) comem com carne de sol (R$ 40, para dois).
Rua Domingos Ferreira 41, Copacabana — 2548-6624. Diariamente, das 9h às 21h.
Amazônia Soul, em Ipanema Foto: Agência O Globo/Leo Martins
Amazônia Soul
O açaí servido na casa aberta há dez anos (de R$ 14,90 a R$ 27,90) é cultivado pelos próprios donos, Carlos e Eduardo Castilho, pai e filho, que moram em Belém e enviam 600kg da fruta a cada dois meses. No salão com música ambiente regional e artesanato pelas paredes, também são servidos vatapá (R$ 34,90) e casquinha de caranguejo (R$ 23,90).
Rua Teixeira de Melo 37, Ipanema — 2247-1028. Diariamente, das 11h30 às 21h.
Açaí Concept
Jububa, Ovomaltine, amendoim, bombom. A lista de acompanhamentos possíveis para o açaí da marca, que tem três pontos no Rio, vai muito além da granola. São 21 opções para porções de 300ml (R 13) a 750ml (R 24). Isso sem contar as caldas (mais R 1), como leite condensado, polpa de maracujá e doce de leite, e os “extras”, que vão de Bis (R 2) a Nutella (R 3).
Metrô General Osório: Praça General Osório, Ipanema — 99248-8902. Seg a sex, das 9h às 20h30. Sáb, das 10h às 18h.
Belém Belém
Sabe o Empório, aquele bar de rock em Ipanema? Desde o início do ano, no fim de semana também vende açaí em duas versões (R 30): paraense (puro) e carioca (batido com xarope de guaraná e banana). Se a ideia é petiscar, unha de caranguejo (R 15) e bolinhos de piracuí (R 30), além de cachaça de jambu (R 20).
Rua Maria Quitéria 37, Ipanema — 3813-2526. Sáb e dom, do meio dia às 18h.
Casa do Açaí
Um cardápio só de açaí. Com preços a partir de R 7,90 (300ml), ele chega batido com xarope, mel ou melaço ou fruta e mais três acompanhamentos, que podem ser escolhidos entre opções como chocolate, menta, castanhas, granola, amendoim e aveia. Tem ainda com chocolate em pó e Ovomaltine. A novidade é a opção mais cremosa, com flocos de tapioca, e uma outra com xarope diet.
— De uns anos para cá houve um aumento de pessoas buscando outras experiências. Quem experimenta sem xarope gosta, mas o açaí puro ainda é desconhecido — diz o sócio Rafael Marques.
Rua Siqueira Campos 143, Copacabana — 3437-1408. Seg a sáb, das 7h30 às 21h. Dom, das 7h30 às 20h.
Manta Beach
Aberto no mês passado, o quiosque aposta no açaí cremoso e puro, servido numa taça de milk-shake daquelas clássicas (R 15, 330ml). De acompanhamento, só granola, crocante de castanha e frutas.
Av. Lúcio Costa s/nº, Recreio — 3514-2829.
Maria Açaí, em Ipanema Foto: Agência O Globo/Leo Martins
Maria Açaí
Trinta e uma lojas em menos de dois anos. É este o saldo da empreitada da franquia de Santa Catarina em solo carioca — no país, são 69. O açaí é adoçado com xarope de guaraná e servido em vários tamanhos, do kids (R$ 6,50) ao família (R$ 21,50). No balcão que lembra o das lojas de sorvete de iogurte, são mais de 60 opções de toppings, desde limão, mamão e paçoca a leite em pó, confete, bombom Ferrero Rocher, biscoito recheado (cada uma tem um valor, de R$ 1,50 a R$ 5, cada).... Uma das lojas mais novas é em Ipanema.
Rua Farme de Amoedo 76, Ipanema — 3259-2330. Diariamente, das 10h às 23h.
RS Rio de Janeiro (RJ) - 28/11/2019 - Açaí. Oakberry, em Ipanema. Foto: Leo Martins / Agencia O Globo Foto: Leo Martins / Agência O Globo
OakBerry
Com 175 pontos no Brasil (sendo 35 no Rio, desde 2018) e em países como Estados Unidos, Austrália, Espanha, Portugal, Emirados Árabes, Arábia Saudita e Peru, a rede paulista serve açaí sem xarope de guaraná, mas também capricha nos 15 toppings e algumas opções extras — desde os mais básicos como banana, granola de castanha e mel até chia, whey protein, pasta de amendoim e paçoca. Um dos mais populares é o leite Ninho. São três tamanhos de copo (350ml, 500ml e 700ml) com preços a partir de R$ 11,90.
Av. Vieira Souto s/nº, Ipanema, altura da Rua Farme de Amoedo. Diariamente, das 8h às 22h.
Porto do Sabor
São 27 lojas no Rio, a mais nova em Ipanema. Creme de cupuaçu, maracujá ou tapioca são algumas das opções para acompanhar o açaí (R$ 8,50 a R$ 26,50; 200ml a 720ml), que também pode chegar com paçoca, granola (R$ 2) e fruta (R$ 1,50).
Rua Visconde de Pirajá 303, Ipanema — 3088-6174. Diariamente, das 8h às 22h.
Tapí Foto: Divulgação/Alex Woloch
Tapí
Se o cliente quiser, o açaí é adoçado, mas com melado de cana ou banana.
— Adoça e ainda mantém a cremosidade de que o carioca gosta — explica a sócia Marianna Ferolla, que já comprou quatro toneladas da polpa para 2020.
O pequeno custa R$ 15, acompanhado de farofinha de três castanhas brasileiras (Pará, baru e caju). O açaizão na cumbuca com seis complementos (farofinha de três castanhas, morango, banana, chia, coco fresco e granola) é R$ 25. A Tapí tem lojas no Centro, Leblon, Galeão, em Niterói e, mais recentemente, em Botafogo.
Praia de Botafogo 400, 3° piso Botafogo — 3807-9096.Seg a sáb, das 10h às 22h. Dom, do meio-dia às 21h.
Fazenda Culinária, no Museu do Amanhã: peixe do dia sobre molho de açái comchips de banana-da-terra Foto: Divulgação/Leo Aversa
Do drinque à sobremesa, passando pelo prato principal
Aprazível
Tem sorbet (R$ 26) e caipirinha com a fruta (R$ 27), m as o mais diferente é a receita salgada: guacamole de açaí, servido com beiju de jambu (R$ 35). Rua Aprazível 62, Santa Teresa — 2508-9174.
ARP
Um dos coquetéis da nova carta é o “ponche celebra”, feito com espumante, gim, licor de açaí, suco de laranja, xarope de hibisco e catuaba (R$ 95; serve três copos). Rua Francisco Otaviano 177, Arpoador — 3600-4000.
Fazenda Culinária
No restaurante do Museu do Amanhã, um dos pratos mais pedidos é o peixe do dia servido com molho de açaí, purê de banana-da-terra e farofa de castanhas (R$ 69). Praça Mauá 1, Centro — 99628-0101.
Flutuante
O bar ancorado a 200m da Mureta da Urca serve sangria (R$ 100) feita com gelo de açaí, calda de maracujá, manga, laranja, lichia em calda, licor de pêssego, rum ouro e vinho tinto. Av. João Luiz Alves s/nº, Urca — 99901-0236.
Julieta
A fruta está no o drinque sabor da terra (R$ 28), na sobremesa (biscuit com sorvete de açaí, banana caramelizada, crocante de amêndoas e chantilly, R$ 34) e no prato principal, um robalo confitado com crosta de farinha d’água, arroz de castanha e sorbert de açaí (R$ 78). Praia do Flamengo 340 — 2551-1278.
Signatures, do Le Cordon Bleu Foto: Divulgação/Lipe Borges
Signatures
Aberto esta semana, o restaurante do Cordon Bleu serve uma sobremesa de creme de cupuaçu, calda de taperebá, bolo sponge de açaí, telha crocante de castanha de caju, terra de cacau e sorvete de cumaru (R$ 42). Rua da Passagem 179, Botafogo — 3189-3450.
Urukum
Uma das opções na carta de drinques é em homenagem a Santos Dumont, feita com gim, suco de limão, xarope de açúcar e licor de açaí (R$ 32). Marina da Glória. Av. Infante Dom Henrique s/nº, Glória — 2556-1201.
Fruto da palmeira-juçara, juçaí é o ‘açaí’ da Mata Atlântica
.Org Bistrô: juçaí com granola Foto: Divulgação/Tomas Rangel
Dia desses comi (ou seria tomei?) potes e potes de juçaí, o açaí da nossa região, fruto de uma das mais icônicas palmeiras da Mata Atlântica, a juçara, que, aliás, corre o risco de desaparecer do planeta se a turma insistir em extrair o seu palmito prematuramente. Tristeza.
Orgânico e sustentável, esse primo turbinado do açaí tem quatro vezes mais antioxidantes do que o fruto amazônico e alta concentração de fósforo e ferro. Tipo categoria superalimento.
Na boca (e eis a minha “praia”), acho o juçaí mais delicado e menos terroso, o que, a meu ver, quer dizer mais gostoso.
Já é encontrado em alguns poucos restaurantes, como os vegetarianos .ORG (Barra), Naturalie (Botafogo e Ipanema) e Prana (Jardim Botânico). Mas é mais fácil achá-lo em mercados e délis, onde chega pronto para consumo. É o Juçaí, já com letra maiúscula, porque também é o nome do produto à base do fruto, um adorável sorbet combinado com banana, maracujá, guaraná... Os frutos são cultivados na Serrinha do Alambari , em Resende.
Açaí ou juçaí? Fica ao gosto do freguês, mas uma coisa é certa: ambos são a bola da vez. (Luciana Fróes)
O Globo sexta, 13 de dezembro de 2019
NORI, JAPINHA DO LEBLON, FAZ 5 ANOS DOM CARDÁPIO RECHEADO
Crítica: Nori faz cinco anos com cardápio recheado de criações interessantes
Em menu festivo, japinha do Leblon mostra o seu potencial
Luciana Fróes
13/12/2019 - 04
RS- Nori - sushi tempura de king crab com tuna spicy Foto: Divulgação
Não resisto a contar a história de Paulo Araujo, o sushiman do Nori, que veio do Ceará para ser jóquei no Rio. Pequeninho e leve, sonhava em correr pelas pistas do Jockey Club, na Gávea, que, por obra do destino, consegue avistar do janelão desse que é o único japonês do Shopping Leblon. Este mês, o Nori está fazendo cinco anos. Paulo, que assina o inspirado cardápio festivo, tem o dobro de tempo de profissão.
O Nori é daqueles espaços que cruzam o meu caminho. Não lembro de ter saído de casa um dia com o propósito de comer ali, mas já perdi as contas de quantas vezes almocei ou jantei na casa, entre uma compra e um cinema. Afinal, ele fica num shopping que frequento bastante, especialmente nestes tempos natalinos. Despretensioso e com bons peixes, que é o que interessa, o Nori nunca me deixou na mão. Na última investida na casa, sua cozinha me surpreendeu.
O menu festivo assinado por Paulo Araujo foge do burocrático e, felizmente, não escorrega ou inclui aberrações. Entre os frios, traz tempura de shisô (folhinha de gosto único) com tartar de atum e ovas de massago (R$ 17); vieiras com foie gras ao molho de alho negro e brotos de rúcula (R$ 68) e sushi tempura de king crab com tuna spicy (R$38). Nos quentes, tem ovo mollet com cogumelos e aioli de espinafre (R$ 31), o atum com crosta de especiarias e pimenta jalapeño (R$ 36) e o bao bun, o pão chinês no vapor, com porco empanado, molho tonkatsu de maçã verde e crispy de flor de lótus (R$ 23). E, correndo por fora, o creme de tofu com chocolate e maracujá (R$ 22). Não é uma boa surpresa?
Chef da Le Cordon Bleu ensina tortellini de banana com espuma de aspargos
Foto: Divulgação
Renomada escola de gastronomia inaugura no Rio seu segundo restaurante fora da França, o Signatures. Veja receita
Claude Troisgros ensina seu crepe de agrião com gorgonzola
Foto: Fabio Rossi / Agência O Globo
Prato é destaque no novo menu do Chez Claude, que faz dois anos: 'criei a receita para meu primeiro restaurante no Rio nos anos 1980', conta o chef. Veja receita
Chef do Teva ensina abobrinha ao pesto com farofa de panko
Foto: Divulgação/Paulo Lima
Daniel Biron mudou todo o cardápio do bar vegetal, em Ipanema: 'acrescentei este molho versátil e saboroso, ainda pouco conhecido por aqui'. Veja receita
Aprenda a fazer a moqueca de banana-da-terra servida na Cave Nacional
Foto: Divulgação
Chef Luciano da Silva ensina a receita do prato vegano, que leva 10 minutos para ficar pronto. Veja receita
Aprenda a fazer um ceviche vegano de mamão verde
Foto: Fabianni Ciraudo / Divulgação
Passo a passo mostra versatilidade do ingrediente que é pouco usado. Veja receita
À frente de casa em Copacabana, Michele Petenzi estreia menu com técnicas tradicionais e sugere: 'molho de tomate de cozimento sempre em fogo baixo'. Veja receita
Aprenda a fazer croquete de palmito pupunha do Capim Santo
Foto: Victor Carnevale / Divulgação
Chef Morena Leite ensina o passo a passo da entrada do novo menu 'Seleção Capim Santo'. Veja receita
Saiba como fazer um hambúrguer de quinoa com macarrão de arroz
Foto: Divulgação
Com cara de lanche, prato é uma refeição nutritiva e saborosa. Veja receita
Pad thai: chef ensina receita vegetariana de tradicional macarrão tailandês
Foto: Divulgação/Souza
David Zisman dá o passo a passo do prato que leva pasta de chili Sriracha (pimenta coreana) e fica pronto em 15 minutos. Veja receita
Nori: Shopping Leblon. Av, Afrânio de Mello Franco 290, 3 º piso, Leblon — 2294-9543. Seg a qui, de meio-dia às 23h. Sex e sáb, de meio-dia à meia-noite. Dom, de meio-dia às 22h. C.C.: todos.
O Globo quinta, 12 de dezembro de 2019
PAELLA DE FRUTOS DO MAR: APRENDA COMO FAZER
Inspiração espanhola: aprenda como preparar paella de frutos do mar
Receita do La Piedra, em Vargem Pequena, rende 3 porções
O Globo
11/12/2019 - 07:00 / Atualizado em 11/12/2019 - 19:28
Receita de paella de frutos do mar rende 3 porções Foto: Gabriel Monteiro / Agência O Globo
RIO - Conhecido por seus pratos com frutos do mar, o restaurante La Piedra , em Vargem Pequena, não poderia deixar de oferecer em seu cardápio uma variação bastante popular no Brasil de um clássico da gastronomia espanhola: a paella de frutos do mar. Veja a seguir o passo a passo da receita, detalhada pelo chef da casa Nildo Ribeiro .
Paella de frutos do mar (3 porções)
Ingredientes: 3 dentes de alho; meio pimentão verde; meia cebola; 1 coentro; 100g de lula anel; 100g de polvo cozido; 100g de mexilhão; 100g de camarão; 4 camarões VG; 100g de ervilha; 1 colher de sopa de caldo de galinha ou de peixe; 1 colher de chá de açafrão; 50ml de azeite; 250g de arroz; sal e pimenta a gosto.
Modo de preparo:
1. Cozinhe os quatro camarões VG em um litro e meio de água com sal e açafrão e reserve.
2. Em uma paelleira aquecida, coloque um fio de azeite e refogue o alho, a cebola e o pimentão, todos picados.
3. Acrescente a lula, o polvo, o mexilhão e o caldo aos camarões, usando a água em que estes foram cozidos.
4. Quado levantar fervura, acrescente o arroz e tampe a paelleira por cerca de 15 a 20 minutos, até o arroz cozinhar (durante esse período, se necessário, acrescente mais caldo do camarão). Quem não tiver paelleira pode usar uma panela de aço fundido ou de alumínio mais grosso, para não queimar o fundo.
5. Junte os 100g de camarão e o coentro e espere a água secar.
6. Decore com os quatro camarões VG, as ervilhas e um pouco mais de coentro e azeite.
O Globo quarta, 11 de dezembro de 2019
COMO É O CRUZEIRO DE LUXO QUE EXPLORA A AMAZÔNIA PERUANA
Como é o cruzeiro de luxo que explora a Amazônia peruana
Empresa chega ao país com pacotes de até 15 dias
O Globo
11/12/2019 - 04:30
Aria Amazon Foto: Divulgação
RIO - A Amazônia peruana é o mais novo destino para quem desejar fazer cruzeiros fluviais. As rotas acontecem na embarcação Aria Amazon , da Uniworld Boutique River Cruise Collection. Serão duas opções de roteiro: o "Peruvian Amazon & Machu Picchu Exploration", cujo objetivo é mostrar um pouquinho dos principais pontos turísticos do país, e o " Peruvian Rivers & Rainsforest Discovery", focado apenas na floresta .
É o primeiro destino na América do Sul para a empresa, cujo navio foi especialmente projetado para navegar pela bacia e desenhado para que hóspedes não percam nenhum detalhe da floresta. Para isso, todas as janelas das suítes vão do chão ao teto da cabine, permitindo visualizar e admirar a selva pelos mais diversos ângulos. O deque superior contará com um espaço aberto para observação da natureza.
- É um destino completamente novo para nós. Sabemos que esses itinerários na Amazônia peruana mesclam a combinação perfeita de luxo, aventura e conforto, algo que nossos passageiros tanto apreciam - segundo a presidente Ellen Bettridge.
Vista do quarto Foto: Divulgação
Por se tratar de uma experiência em meio a um dos maiores celeiros de biodiversidade do planeta, o cruzeiro contará com guias especializados em flora e fauna da Região Amazônica para uma maior imersão nesse ecossistema.
Confira detalhes dos roteiros abaixo:
‘Peruvian Amazon & Machu Picchu Exploration’. São 15 dias, começando com três dias na capital, Lima. Após o embarque, são sete dias de navegação pela região de selva de Iquitos. Na sequência da viagem, vem o legado inca no Vale Sagrado, com hospedagem e visitas a Machu Picchu (uma das Sete Novas Maravilhas do Mudo) e Cusco, cidade declarada Patrimônio da Humanidade da Unesco por abrigar os maiores tesouros da cultura inca.
‘Peruvian Rivers & Rainsforest Discovery’. Tem 11 dias de duração. No pacote, três dias em Lima antes do embarque no Aria Amazon para sete dias seguidos de navegação com visita à Pacaya-Samiria National Reserve, berço e habitat de uma impressionante vida selvagem e ida às cabeceiras do Rio Amazonas.
Tem regime all-inclusive, que inclui aperitivos, vinhos e outras bebidas alcoólicas, refeições com menu padrão cinco-estrelas, agendamento de transfers para aeroporto, gorjetas a bordo e em terra, passeios e excursões e variada oferta de entretenimento a bordo. O navio ainda conta com menu assinado pelo chef Pedro Miguel Schiaffin.
Vista do navio Foto: Richard Mark Dobson / Divulgação
Ambos os roteiros estão programados para temporada de 2020 com saídas em 23 de setembro, 14, 21 e 28 de outubro, 4 de novembro e 9 de dezembro. Os valores para esses cruzeiros começam em US$ 11.999 por pessoa (sem parte aérea).
O Globo terça, 10 de dezembro de 2019
A NOVA MISS UNIVERSO É UMA MULHER NEGRA
A nova Miss Universo é uma mulher negra. Por que isso é importante?
Flávia Oliveira, Gabi de Pretas, Luiza Brasil e Luana Génot refletem sobre a relevância do título da sul-africana Zozibini Tunzi, sobretudo para as mulheres negras, mas fazem ressalvas ao concurso
Amanda Pinheiro
09/12/2019 - 16:10 / Atualizado em 09/12/2019 - 18:10
Zozibini Tunzi, a Miss Universo 2019: 'Eu cresci num mundo em que uma mulher com a minha pele, a minha aparência e o meu cabelo não era considerada bonita. Quero que as crianças enxerguem o reflexo dos seus rostos no meu' Foto: Arte de Clara Brandão sobre foto de AFP
Zozibini Tunzi é o nome da Miss Universo 2019 . A sul-africana, de 26 anos, foi coroada na noite de ontem, em Atlanta, nos EUA, onde aconteceu o concurso. Após a vitória, a discussão sobre representatividade e, principalmente, por uma mulher negra ser um símbolo de beleza mundial, voltou a circular nas redes sociais. Mas, afinal, por que esse título é importante? Quatro mulheres negras respondem.
Luana Génot Foto: Jorge Bispo
Luana Genót , diretora do Instituto Identidades do Brasil (ID_BR) afirma que essa conquista é uma possibilidade de projeção para um novo futuro:
— É um acalanto nos dias de hoje, um respiro, é um oxigênio de esperança. É entender que representatividade importa , sim. Há duas semanas, a pequena Maria se sentiu representada ao ver a Maria Júlia Coutinho na televisão. Isso abre n ovos horizontes no campo profissional, na autoestima e faz com que as pessoas tenham novas perpectivas e se projetem em outras que as inspiram. É a possibilidade de projetar um futuro a partir de uma referência que você vê. E todo mundo ganha. Isso é muito importante para o nosso país e para o mundo. Então, viva Zozibini Tunzi! — comenta Luana, que é ex-modelo e acredita que, mesmo com a vitória de Zozibini, ainda falta uma mudança efetiva no mundo da moda.
— Não sei se uma Miss Universo é capaz de causar a virada de chave sistêmica que a moda precisa. Estamos avançando e podemos ver isso aos poucos nas revistas, nas campanhas etc. Mas, de maneira global, há muito a ser feito. Espero que Zozibini possa servir como mais um exemplo para criar novas referências e parâmetros de beleza na moda. Acredito que uma única pessoa não pode carregar o peso de mudar essa estrutura. Precisamos de mil mulheres como ela nas capas das revistas para ter a mudança efetiva e a representatividade que a população negra merece. Inclusive, as empresas precisam repensar para além das figuras externas, mas internamente também. Precisamos de pessoas negras pensando as campanhas e ocupando cargos de liderança para isso refletir em uma mudança externa — completa.
Luiza Brasil é jornalista e influenciadora digital de moda Foto: Reprodução
Para a jornalista e influenciadora digital Luiza Brasil , de 31 anos, o concurso deve ser repensado, mas a vitória de Zozibini é significativa, sobretudo por ela ser uma mulher negra fora dos padrões embranquecidos impostos pela sociedade.
— É importante a gente refletir sobre esses concursos de beleza e o quanto eles são opressores . E, além disso, questionar: o que é ser belo hoje em dia?. Mas acho que é interessante e inspirador uma mulher como ela, negra de pele escura e cabelo crespo , estar no espaço de uma instituição tradicional como o Miss Universo. É um avanço e uma grande virada de chave porque é recorrente ver as mulheres negras que ocupam esses espaços com características embranquecidas. Para mim, é surpreendente essa mulher, com todo esse perfil de n egritude , asssumir o posto de maior destaque dentro do Miss Universo — afirma a influencer de moda.
Gabi de Pretas, como é conhecida, não concorda com o concurso, mas acredita que esse título é significativo Foto: Reprodução
A youtuber Gabriela Oliveira, a Gabi de Pretas , de 27 anos tem críticas ao concurso Miss Universo, mas, para ela, enquanto ele existe é significativo uma mulher negra como a ganhadora do título.
— É um concurso que reforça muitos estereótipos sobre a mulher. Carrega todo um simbolismo, com análise de discursos e uma elegância que é sinonimo de magreza. Isso tudo em meio a debates sobre gordofobia e quebra de padrões . Mas não dá para negar que, para as mullheres negras, que por muito tempo foram afastadas dessa visão do belo, ter um título vindo com uma mulher negra de cabelo curto , de pele escura e traços negros é significativo tanto para nós adultos quanto para as crianças também. Porque acredito que devemos construir imagens positivas ligadas às pessoas negras em diversas áreas, não só na moda — come
Flávia Oliveira News Foto: Marcelo Carnaval / Agência O Globo
A jornalista Flávia Oliveira , acredita que, além da imagem, o discurso feito por Zozibini foi representativo.
— Zozi foi a quinta negra vencedora em 68 edições do Miss Universo. Embora concursos de beleza sejam competições, muitas vezes, questionáveis, foi uma vitória importante, sim. Não apenas pelo reconhecimento à beleza negra, historicamente depreciada, mas pelo discurso que a sul-africana exibiu. Ela defendeu a representatividade e se colocou como referência para a autoestima de meninas negras mundo afora. A repercussão nas redes sociais no Brasil confirma o significado simbólico da escolha.