RIO - A linda águia hit-tech de Márcia e Renato Lage abriu desfile de ótimo nível da Portela. Candidata ao título, a maior campeã da festa contou a história do Rio antes do Rio - em "Guajupiá, terra sem males" - com fantasias e alegorias impecáveis e um samba muito bom. Madureira e Oswaldo Cruz foram dormir com dia claro, sonhando com o 23º título.
A apaixonante tradição portelense surgiu no início da escola, com a resiliência de Vilma Nascimento. A lendária porta-bandeira recuperou-se de uma cirurgia na cabeça, teve alta na véspera e, aos 81 anos, foi para a Sapucaí desfilar com sua tribo.
Sua herdeira atual, Lucinha Nobre, inovou ao parir um bebê indígena ao fim de cada apresentação para os jurados. Depois dela, veio uma escola que canta como nenhuma outra atualmente, entoando o belo samba de 2020.
As fantasias de Renato e Márcia Lage impressionaram pela elegância - ainda que não tenham conseguido driblar o perigo de enredos indígenas: a dificuldade para variar o tema das alas. O conjunto de alegorias foi especialmente inspirado - dos melhores que passaram no domingo.
Se não arrebatou, a Portela tem lugar certo nas campeãs - e, na matemática torturante dos décimos das notas, pode até ser como a vencedora de 2020.