Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Sem Lei & Sem Alma (Notícias do Velho Oeste) segunda, 17 de janeiro de 2022

MORGAN FREEMAN, O DEUS NEGRO DE HOLLYWOOD

MORGAN FREEMAN, O DEUS NEGRO DE HOLLYWOOD  

Altamir Pinheiro 

 


 

Conhecido por seus papéis em filmes como  Invictus, Todo Poderoso, Conduzindo Miss Daisy, Menina de Ouro, Um Sonho de Liberdade ou Os Imperdoáveis, este, um filme faroeste dirigido  e protagonizado pelo velho e bom  Clint Eastwood. Morgan Freeman,  84 anos,  ficou em primeiro lugar entre os 10 atores mais bem pagos de 2018 segundo a revista  People With Money. O ator norte-americano tem um patrimônio líquido bastante  rechonchudo. Ele deve a sua fortuna a investimentos inteligentes em ações, propriedades imobiliárias substanciais, acordos lucrativos de patrocínio com os cosméticos CoverGirl. Freeman também é proprietário de vários restaurantes (a rede "Morgan Gordão") em Washington, um time de futebol (os "Anjos de Memphis"); lançou sua própria marca de vodca ("Pure Wonderfreeman - USA"), e está entrando no mercado jovem com um perfume líder em vendas ("De Morgan com Amor") e uma marca de roupas chamada "Sedução by Morgan Freeman". 

 

Morgan Freeman sempre foi um ator inovador, destemido e totalmente desprendido de expectativas. Seja interpretando um coronel, um chofer, um assassino confesso, um assistente em uma academia de boxe, cafetão ou pistoleiro de aluguel, Morgan consumou cada um de seus personagens carregando sua alma, mostrando também seu lado mais humano. Em que pese, nos Estados Unidos, os brancos possuírem  um patrimônio líquido médio mais de 15 vezes maior do que os negros, Morgan é um negro que venceu sem cotas. Para ele, negro não é sinônimo de pedir esmola e ser coitadinho... Creditado em mais de 120 filmes, nomeado cinco vezes ao Oscar e premiado pela Academia em 2005 pela sua participação como ator coadjuvante em "Menina de Ouro" (2004), Freeman é considerado um dos profissionais mais famosos da indústria cinematográfica. 

 

A propósito, o faroeste Os Imperdoáveis(1992) foi realizado como a grande despedida de Clint Eastwood  à frente das câmeras. Envolvido cada vez mais com seu trabalho como diretor, o astro escolhera esta trama, mostrando o lado nada glorioso do Velho Oeste, para aposentar sua carreira de ator de uma vez por todas, no gênero que lhe rendeu seus maiores sucessos.  Os imperdoáveis traz  Clint Eastwood  como o assassino aposentado William Munny que se junta com seu antigo colega o bom de mira Ned Logan(Morgan Freeman). Considerado um western ultraviolento, Os Imperdoáveis (ganhador de 4 Oscar em 1993)  é a despedida perfeita do ator/diretor do gênero que lhe deu uma carreira bem sucedida no cinema. Dedicado aos seus mestres Sergio Leone e Don Siegel, o filme é uma bela homenagem e uma prova concreta de que o cineasta aprendeu com os melhores. 

 

Através de pesquisa comprava-se que, O primeiro destaque de Morgan Freeman, foi em 1987, em Armação Perigosa, filme que rendeu uma indicação ao Oscar na categoria de Melhor Ator Coadjuvante. Mas a popularidade do ator veio só em 1989, quando ele já estava com 52 anos de idade, no filme Conduzindo Miss Daisy, Morgan Freeman, no filme interpretou um motorista de uma senhora emocionalmente distante do filho, interpretada por Jessica Tandy, o filme é uma história comovente de amizade. Morgan Freeman, venceu pelo papel, o Globo de Ouro, de Melhor Ator, e recebeu uma nomeação na categoria de Melhor Ator, no Oscar. Outros filmes de sucesso que concretizaram sua fama de ator com uma voz autoritária e um comportamento calmo, foram, Um Sonho de Liberdade, baseado na obra de Stephen King, que lhe rendeu uma indicação ao Globo de Ouro, A Fogueira das Vaidades, contracenando ao lado de Tom Hanks e Bruce Willis, Robin Hood: O Príncipe dos Ladrões, O Poder de um Jovem, Impacto Profundo, Os Sete Pecados Capitais e Todo Poderoso, onde interpretou Deus. 

 

Há três anos, uma frase atribuída ao ator Morgan Freeman começou a se espalhar através das redes sociais e foi bastante compartilhada em grupos do WhatsApp. O texto colado em uma imagem do ator diz que O MUNDO DEVERIA SE PREOCUPAR MAIS COM A CONSCIÊNCIA HUMANA DO QUE COM A CONSCIÊNCIA NEGRA e que, no dia em que isso acontecer, o racismo desaparecerá!!! Eis a frase na íntegra: "O dia em que pararmos de nos preocupar com Consciência Negra, Amarela ou Branca e nos preocuparmos com Consciência Humana, o racismo desaparece". 

 

Outro  episódio marcante na vida de Morgan foi  em 2009, quando ele foi convidado para estrelar o filme INVICTUS. Um belo filme, com final previsível, porém, são aqueles finais, que torcemos para que dê certo. Um enredo enxuto, muito bem distribuído, uma direção segura e sincera de Clint Eastwood, o que não é nenhuma novidade e a atuação de Morgan Freeman que convence como  um autêntico Nelson Mandela, o carismático líder mundial. Quando Invictus foi aprovado, o compositor Kyle Eastwood estava na África do Sul, para participar de um festival de jazz. Clint Eastwood, seu pai, pediu que ele pesquisasse pelas bandas locais, para incluir na trilha sonora do filme.  O Soweto String Quartet, a banda favorita de Nelson Mandela, foi contratado para trabalhar no filme. 

 

A palavra invictus significa invencível, em latim.  Antes das filmagens começarem, Morgan Freeman visitou Nelson Mandela, pedindo sua bênção para o filme. Naquela oportunidade Nelson Mandela declarou que apenas Morgan Freeman poderia interpretá-lo em Invictus. Morgan Freeman assistiu a diversos vídeos de Nelson Mandela, para aperfeiçoar o sotaque e o ritmo de sua fala. Conheça melhor todo o desenrolar dessa  fantástica  história assistindo ao vídeo abaixo: 

 


Sem Lei & Sem Alma (Notícias do Velho Oeste) segunda, 10 de janeiro de 2022

AO MESTRE COM CARINHO, SIDNEY POITIER, NOSSAS CONDOLÊNCIAS POR TER SE ENCANTADO AOS 94 ANOS

AO MESTRE COM CARINHO, SIDNEY POITIER,  NOSSAS CONDOLÊNCIAS POR TER SE ENCANTADO AOS 94 ANOS  

Altamir Pinheiro 

 

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No próximo mês,  fevereiro,  Sidney Poitier completaria 95 anos de idade.  Em 1963 fez história ao se tornar o PRIMEIRO ATOR NEGRO DA HISTÓRIA a receber o prêmio Oscar de melhor ator principal por sua performance no drama Uma Voz nas Sombras (Lilies of the Field) em 1963. Ao apresentar Sidney Poitier como ganhador da estatueta do Oscar, a consagrada atriz Ann Bancroft lhe deu um beijo na face, um gesto que causou escândalo entre o público mais conservador. Três anos depois, Poitier, contracenando com Katherine Houghton, protagonizaram uma das mais comentadas cenas, ao trocarem um ardente e prolongado beijo – o primeiro beijo inter-racial da tela cinematográfica – em Adivinhe Quem Vem para Jantar (1967). 

 

Morreu nesta sexta-feira(7), nas Bahamas, o cidadão bahamense-americano Sidney L. Poitier. A informação foi confirmada pelo ministro das Relações Exteriores das Bahamas, Fred Mitchell    aos sites internacionais. A causa e  da morte não foi informada.   Sua última aparição no Oscar foi em 2014, quando apresentou o prêmio de Melhor Diretor ao lado da atriz Angelina Jolie. Na ocasião, o ator foi ovacionado de pé pelos presentes.  

 

O chamado BLACK WESTERN num país racista tipo os Estados Unidos era coisa impensável, na década de 60,  um negro protagonizar um filme de Cawboy... Como diz o pesquisador e cinéfilo de bang bang Darci Fonseca, Nos anos 60 os Estados Unidos viram crescer as manifestações políticas pelos direitos civis e o mundo assistiu constrangido à morte do líder negro Martin Luther King. Muitos avanços ocorreram na sociedade norte-americana como reflexo dessa turbulência social e na década de 70 ocorreu a explosão dos chamados BLACK MOVIES(filmes com negros). JOHN FORD havia sido o diretor que mais incisivamente focalizou um personagem negro em um faroeste em "Audazes e Malditos" (1960) e o cinema teve que esperar até 1972 para ver produzido um autêntico Black Western. 

 

No mundo artístico ninguém mais que Harry Belafonte lutou pelos direitos dos afro americanos, que é como os negros de lá gostam de ser chamados.  Este consagrado cantor foi quem produziu, em 1972, "UM POR DEUS, OUTRO PELO DIABO", contratando para estrelar esse western seu amigo de passeatas Sidney Poitier.  Esse primeiro verdadeiramente grande astro negro de Hollywood havia sido, em 1968, o campeão de bilheterias dos Estados Unidos estrelando os filmes "Adivinhe quem Vem para Jantar" e "Ao Mestre com Carinho nesses dois filmes Poitier personificou o negro digno e exemplar, produto tipicamente hollywoodiano. 

 

O faroeste "Um Por Deus, Outro Pelo Diabo" tem história similar à do belíssimo "Caravana de Bravos", de John Ford. Porém a saga das famílias negras atravessando desertos e toda sorte de perigos rumo ao desconhecido para fugir do terrível passado, dá lugar às aventuras da dupla Buck e o Reverendo. Aos poucos o filme de Sidney Poitier segue como modelo "Butch Cassidy e Sundance Kid", o western que dois anos antes obteve o mais retumbante sucesso que um faroeste havia alcançado na história do cinema. Paul Newman e Robert Redford disputam a preferência entre  Poitier e Belafonte, não faltando nem mesmo o elemento feminino na figura de Ruth (Ruby Dee), perfazendo um inequívoco triângulo amoroso. "Um Por Deus, Outro Pelo Diabo", até hoje um faroeste único e que merece ser revisto nem que seja para rir um pouco com Harry Belafonte e para saber que os heróis nem sempre eram brancos. 

 

Por se recusar sistematicamente a representar papéis com chavões ou clichês a ele oferecido como ator negro, Poitier tornou-se um pioneiro para si mesmo e para outros atores negros. À época recebeu indicação de Melhor Ator por sua atuação em Acorrentados (1958). Seu trabalho em filmes como Sementes da Violência fez dele o primeiro astro cinematográfico negro de destaque. Entretanto, o filme que consagrou definitivamente Sidney Poitier foi AO MESTRE, COM CARINHO (1967). Um jovem professor, Mark Thackeray, enfrenta alunos indisciplinados neste filme clássico que refletiu alguns dos problemas e medos dos adolescentes dos anos 60. Sidney Poitier tem uma extraordinária performance como um engenheiro desempregado que resolve dar aulas, num conhecido  bairro operário em Londres. 

 

Da última geração de mitos do cinema, ainda com os pés no clássico, Poitier via sempre  um tempo de transformações. As questões raciais eram levadas às telas. Nascido em Miami, ele logo sentiu os problemas da população negra nos Estados Unidos. Tentou ingressar no Teatro Americano Negro, ainda nos anos 40, só conseguindo na segunda tentativa. Eis os cinco filmes que tornaram Sidney Poitier o maior ator negro de todos os tempos: ACORRENTADOS, de Stanley Kramer; NO CALOR DA NOITE, de Norman Jewison; UMA VOZ NAS SOMBRAS, DE RALPH NELSON(Com a personagem Homer Smith, Poitier tornou-se o primeiro afro-americano a ganhar o Oscar na categoria principal); AO MESTRE, COM CARINHO, de James Clavell; ADIVINHE QUEM VEM PARA JANTAR, de Stanley Kramer. O beijo entre a menina branca e seu noivo negro é visto pelo retrovisor do veículo, de forma distante. O impacto, na época, foi grande, ainda que hoje o filme pareça comportado demais. 

 

Com o filme  Acorrentados, vem a primeira indicação ao Oscar. A estatueta chegaria pouco depois, pelo seu papel em UMA VOZ NAS SOMBRAS, de 1963, que marcou época. Um ator à altura de seus grandes filmes. Em 2002, a Academia Cinematográfica de Hollywood lhe conferiu o Prêmio Honorífico por sua obra, sempre representando a indústria do cinema com dignidade, estilo e inteligência. Possui uma estrela na Calçada da Fama, localizada em Hollywood Boulevard. Poitier foi embaixador das Bahamas no Japão e na Unesco, além de ter recebido em 2009, das mãos do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, a Medalha Presidencial da Liberdade, a condecoração civil mais importante do país. 

 

CLIC no endereço abaixo para assistir ao TRAILER  e  entender o contexto histórico da época do filme ADIVINHE QUEM VEM PARA JANTAR.          É um filme que funciona apenas quando você tem ideia do contexto histórico: Em 1967, 17 estados americanos ainda proibiam o "casamento inter-racial''.   Spencer Tracy e Katherine Hepburn (que foi premiada com o OSCAR por sua atuação) estão inesquecíveis como os atônitos pais, neste filme de 1967 que é um macro sobre as questões de miscigenação racial no casamento. 

 

 


Sem Lei & Sem Alma (Notícias do Velho Oeste) quarta, 29 de dezembro de 2021

SEM LEI SEM ALMA

 

SEM LEI E SEM ALMA  

Por  Altamir Pinheiro 

 


 

O título que dá nome a esta coluna é baseado no filme do conhecido diretor de cinema John Sturges, protagonizados pelos estupendos Burt Lancaster e Kirk Douglas. Trata-se do  filme SEM LEI E SEM ALMA, que ainda nos proporciona uma bela canja com a participação da lindíssima ruiva Rhonda Fleming, uma das atrizes mais bonitas de seu tempo, que coestrelou vários western roubando cenas apenas com sua beleza encantadora que morreu em agosto de 2020 com 97 anos de idade. Quanto ao diretor John Sturges, este faleceu no ano de 1992 aos 82 anos. SEM LEI E SEM ALMA é mais um clássico de Sturges, que já nos dera Punido Pelo Próprio Sangue, antes deste e após, Joe Kid, com Clint Eastwood, Duelo de Titãs, Sete Homens e Um Destino, dentre outros. No filme em tela também temos a presença de ótimos atores coadjuvantes que não deixa de ser um deleite ver grandes figuras como Lee Van Cleef, DeForrest Kelley e Dennis Hopper em início de carreira!!!  

A  sinopse do filme nos conta que, Wyatt Earp (Burt Lancaster), lendário homem da lei, aposenta-se e vai visitar a família no Arizona. Lá ele se une a Doc Holliday (Kirk Douglas) - um dentista de formação, famoso pela rapidez no gatilho, gravemente doente e viciado em jogo, que também acaba de chegar na cidade para combater o temido bando de Ike Clanton (Lyle Bettger). Esta obra relata uma versão romanceada de um fato real ocorrido no Velho Oeste dos Estados Unidos da América: o famoso tiroteio do O.K. Corral em Tombstone, ocorrido de 26 de outubro de 1881. Este famoso duelo, que colocou Wyatt Earp e Doc Holliday frente a frente com a quadrilha dos Clanton, foi refilmado várias vezes pelo cinema, mas não de forma tão espetacular como neste clássico nomeado ao Oscar. 

Na projeção há dois momentos com Wyatt(Lancaster) e Doc(Douglas) enfrentando bandidos não chegam a emocionar o espectador ávido por ação. No primeiro deles o enorme bando de desordeiros liderado por Shangai Pierce  é facilmente dominado por Wyatt e Doc. Os bandidos são encarcerados na pequena cadeia de Dodge City e não se ouve mais falar deles. O confronto seguinte passa-se à noite quando três bandidos atacam Doc e Wyatt acreditando que ambos estão dormindo e o trio é morto pelo marshal e pelo jogador-pistoleiro. O assassinato de James, o mais novo dos irmãos Earp abrevia o clímax de "Sem Lei e Sem Alma" com o confronto marcado para o amanhecer no OK Corral. É quando o western de Sturges se torna eletrizante com os três Earps e mais Doc Holliday liquidando os cinco temíveis oponentes.  

SEM LEI E SEM ALMA é um dos maiores clássicos do cinema, uma fita quase que imortal, sem falar nas atuações de Burt Lancaster e Kirk Douglas  ambos no melhor de suas formas. Perfeito, bem dirigido, bem interpretado, mas com falhas no roteiro, segundo o que o próprio Earp deixou escrito. De qualquer forma o melhor de todos feito sobre o tema.  a fotografia é simplesmente espetacular. O  enredo é  baseado em fatos reais da famosa veracidade dos acontecimentos ocorridos no O.K.CORRAL. Vale destacar a ótima direção de John Sturges e a trilha sonora de Dimitri Tiomkin que são simplesmente maravilhosas.  Cena marcante é quando presenciamos um desolado Xerife  Wyatt Earp(Burt Lancaster), com a morte do seu  irmão,  ao retirar o distintivo jogando-o ao chão, repetindo o gesto de Will Kane (Gary Cooper) em "Matar ou Morrer".   

Conforme nos conta o estudioso de cinema bang bang, Darci Fonseca, "Sem Lei e Sem Alma" (Gunfight at The OK Corral) foi um grande sucesso quando de seu lançamento. E não poderia ser de outra forma já que o elenco era encabeçado por Burt Lancaster (Wyatt Earp) e Kirk Douglas (Doc Holliday), ambos no auge de suas respectivas carreiras. Mas não foi fácil para o produtor Hall B. Wallis convencer Lancaster a fazer este filme. Como o ator de "Apache" havia a princípio se recusado a atuar nesse western, Wallis chegou a oferecer o papel de Wyatt Earp para Richard Widmark, Jack Palance e Van Heflin. Porém Hall B. Wallis sabia que a dupla Lancaster-Douglas atrairia muito mais público, o que significaria maior lucro para ele. Afinal de contas era Wallis quem estava bancando o filme que seria distribuído pela Paramount. Na verdade, Sem Lei e Sem Alma é um  Western de raiz em questão presentes todos os elementos caros ao gênero como honra, lealdade e acerto de contas naquele tiroteio final, no O.K.CORRAL. Um baita filme!!! 

 

Assista na íntegra ao filme que tem duração de  2 horas. 

 


SEM LEI & SEM ALMA (Notícias do Velho Oeste) segunda, 13 de dezembro de 2021

...ERA UMA VEZ NO OESTE, JÁ É UM FILME CINQUENTÃO

 

...ERA UMA VEZ  NO OESTE,  JÁ É UM FILME CINQUENTÃO 

Por Altamir Pinheiro 

 

 

Um anos antes e outro depois de 1968(aliás, muitos afirmam que 1968  foi um ano que nunca terminou). Enquanto o mundo vivia em efervescência com o movimento estudantil de maio/68  em Paris; também acontecia o festival de música de Woodstock em Nova Iorque; o clima apreensivo pela morte do  guerrilheiro Che Guevara na Bolívia, alheio a todos esses movimentos em curso,  numa  vasta área arenosa do Monument Valley, o cineasta Sergio Leone comandava uma tropa de atores  formada por Charles Bronson,  Woody Strode, Henry Fonda,  Jack Elam, Jason Robards e tantos outros,  além da divina e maravilhosa Claudia Cardinale.

 

Estamos falando das filmagens da película ERA UMA VEZ NO OESTE, donde,  todo cenário se passa no Monument Valley, no Arizona(palco  do lendário ator  John Wayne e do baita diretor John Ford). Pois bem, o filme em tela que se tornou num divisor de águas entre Hollywood e a cinematografia italiana, caracteriza-se pela  modalidade conhecida como faroeste spaghetti, adequadamente dirigido por Sergio Leone e com a trilha sonora empolgante e extremamente melancólica do também italiano, o  excepcional maestro Ennio Morricone que faleceu no ano de 2020 aos 91 anos  de idade.  

 

O interessante que àqueles personagens que compõem o elenco não são heroicos, bonitos, com topetes e pele clara,  de jeito nenhum!!!  Seus respectivos protagonistas são sujos, suados, com aspectos grudentos e maltrapilhos, afinal, estamos no Velho Oeste, e o diretor Leone dá características únicas para cada um de seus personagens, desde a mosca na cena inicial a gaita de Charles Bronson, passando pelas muletas de snaky e o ranger  dos dentes de Frank...  

 

Há quem diga que, na década de 1960, os westerns estavam atravessando uma nova linha, já que o formato norte-americano de se observar o cotidiano cansativo  das coisas já estava consumindo os  amantes do bang bang. Como  relatado acima, nesta época, muitas mudanças culturais estavam ingressando na sociedade. Pareciam que os westerns americanos já eram clichês passados, se não fosse a interferência da Itália em realizar também suas próprias produções.  Na verdade,  o  gênero estritamente americano por excelência, mas que conseguiu adeptos de fãs no mundo inteiro, o cinema norte americano levou para todos os costumes dos velhos pioneiros na conquista da terra bravia, caravanas, diligências, salons, homens da lei e bandidos ou mocinhos.  

 

O que se via era  herói salvando a mocinha e beijando-a no final, e principalmente, a característica do herói, sempre limpinho, arrumadinho e barbeado, que nas brigas nunca caía o chapéu  de cowboy? Sim, isto era o contraste dos verdadeiros homens do oeste, que em sua grande parte eram sujos e desalinhados.  Quando víamos cowboys alinhados como Randolph Scott, Audie Murphy, Gary Cooper, John Wayne, George Montgomery, Jock Mahoney, e tantos outros, analisamos o quanto é contrastante para com a realidade do que foi o Velho Oeste e seus contemporâneos.  

 

O cinéfilo de muita  grandeza e  especialista em filmes faroestes, o carioca  Paulo Telles, faz uma pergunta bastante interessante aos aficionados desta modalidade de cinema,  mas por que um país da Europa se interessaria em realizar westerns se este é um gênero somente americano?!?!?! Ele mesmo responde,  simples: somente um cineasta italiano, que era um fã dos westerns americanos, queria apresentar ao mundo o que os americanos nunca ousaram mostrar nas telas, e este cineasta era Sergio Leone que lamentavelmente morreu em 1989 com apenas 60 anos de idade. 

 

Leone queria mostrar ao público o que era, na realidade, o velho oeste americano, retratando seus "mocinhos e bandidos" sujos, suados, poeirentos, e com barba por fazer, e tramas nada românticas, afastando definitivamente toda legenda áurea que Hollywood mostrou ao longo de quase 50 anos. Doravante, surgia uma nova etapa no gênero, o "WESTERN SPAGHETTI", como era definido o gênero além mar, produzido por cineastas italianos e rodados em alguns lugares na própria Itália, mas precisamente também na Espanha, na região de Alméria, lembrava também alguns lugares do deserto do Oeste dos Estados Unidos, como o Monument Valley, no Arizona (Estado de Utha), que é tida como a "Terra de John Ford", pelo fato do grande Mestre ter dirigido muitas de suas películas westerns neste local. 

 

O enredo do  filme propriamente dito começa  com Jill McBain (Claudia Cardinale)  que é uma ex-prostituta de New Orleans que chega à cidade de Flagstone, no Arizona, para conhecer seu marido, o irlandês Brett McBain (Frank Wolff), com quem se casara um mês antes em New Orleans. McBain é proprietário de terras por onde passará a estrada de ferro pertencente a Morton (Gabriele Ferzetti). Este quer as terras de McBain e contrata o pistoleiro Frank (Henry Fonda) para intimidar o irlandês, mas Frank assassina friamente McBain e seus três filhos. A princípio Jill pensa em se desfazer da propriedade chamada Sweetwater, porém após conhecer o bandido mexicano Manuel 'Cheyenne' Gutierrez (Jason Robards) e ainda um estranho apelidado 'Harmônica' (Charles Bronson), Jill muda de ideia. A mulher passa então a acalentar o sonho do marido de transformar Sweetwater não apenas em uma mera estação, mas em uma pequena cidade. 

 

Esta história relativamente simples, escrita por Dario Argento, Bernardo Bertolucci e pelo próprio Sergio Leone rendeu um roteiro de 420 páginas das quais somente 14 eram de diálogos. Leone costumava citar uma frase de John Ford na qual o Mestre das Pradarias afirmara que "um bom filme de ação não pode ter muitos diálogos". Contraditoriamente, "Era Uma Vez no Oeste" não foi concebido por seu diretor para ser um filme de ação, mas sim uma espécie de ópera onde pudesse exercitar sua criatividade cinematográfica. Assim como em muitas óperas, cada personagem é caracterizado por um tema musical e disso se encarregou magistralmente Ennio Morricone. Além  da música Leone contou com um bom diretor de arte para construir os impressionantes cenários para a magna ópera-western que o delirante diretor imaginou. Não se canta em "Era Uma Vez no Oeste", mas este monumental e compassado western é um espetáculo que bem poderia ser encenado no Scala de Milão ou no Metropolitan Opera de Nova York.  

 

O cinéfilo paulista Darci  Fonseca nos afirma com grande precisão que, Leone pretendeu mostrar a chegada da civilização ao Velho Oeste realizando um filme majestoso e deslumbrante. Atingiu seu objetivo pois nenhum outro western se compara a "Era Uma Vez no Oeste" quanto a impressionar pelo lirismo de suas imagens. Reconhecido tanto por sua criatividade quanto por seus excessos, Leone não dosou seu estilo e concebeu uma grande ópera-western, a suprema teatralização do gênero que mais justo seria ser creditada como um filme de Sergio Leone e Ennio Morricone. 

 

  


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