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TENENTE JOCA E O CARNAVAL BALSENSE DE 1975
Raimundo Floriano
Tenente Joca e Raimundo Floriano
(Julho de 1980, no casamento da Maria Eugênia)
O Carnaval Balsense de 1975 ficará para sempre gravado em minhas recordações. É a mais terna lembrança de minha vida como trombonista carnavalesco. A começar pela forma como dele fui personagem.
Morando na Capital Federal e com tudo programado para o Carnaval Brasiliense, eis que surge uma novidade, fazendo-me dar meia-volta no planejado: um dos filhos de minha prima Iracy, residente em Fortaleza, Esmaragdo Neiva, então estudante, de férias em Balsas, fizera uma vaquinha com os foliões e comprara passagem ida-e-volta, para que eu fosse participar do Carnaval Balsense.
Juntou a fome com a vontade de comer! Não havia como recusar!
No Sábado Gordo, peguei um Avro da VARIG rumo a minha terra natal. Mais ou menos às duas da tarde, desembarcava em Balsas, onde me aguardava a grande surpresa, que, até hoje, me provoca lágrimas ao relembrá-la: fui recebido, na escada do avião, pelo Martinho Mendes, Edwaldo e batuqueiros, secundados pelo bloco Jardim da Infância, formado por foliões devidamente fantasiados:
Além dos já citados: Marinho, Esmaragdo - Claudinho - Dumingau - Júlio César
Cícero Joalheiro - Walber - Cláudio Pires - Elias Cury - Pedro Ivo - Carló
(Foto batida no Aeroporto)
Dali mesmo, embarcamos num caminhão, que fez as vezes de trio elétrico, comigo já fantasiado, e iniciamos a carreata musical, que, naquele dia, durou até o anoitecer. Nos dias seguintes, a cena se repetiu.
Mas surpresa maior ainda me aguardava: O Tenente Joca, Maestro Militar reformado, compusera a marcha-rancho Mais Carnaval especialmente para mim, que foi a maior atração daquele Carnaval, cantada nos bailes, nas matinês infantis e nas ruas, sobrepondo-se a qualquer outra música do passado ou recém-lançada.
Naquele ano, talvez impregnada pela marcha-rancho do Tenente, quase toda a cidade se enfeitou para os quatro dias de folia, como mostram estas fotos:
Na parte orquestral, contamos com os naipes de teclado, guitarras, percussão e vocal sob a batuta de Félix Matias e sua Banda FM, com Edwaldo na sanfona. O naipe de sopros era formado por Martinho Mendes, no sax, Raimundo Floriano, no trombone de vara, e Zé Raimundo, do Riachão, no pistom.
Sempre acalentei o sonho de, em alguma época, mandar gravar Mais Carnaval. Havia outros projetos na frente, como o Hino de Santo Antônio, o Hino de São Sebastião, ambos do Professor Eleutério Rezende, o Hino de Bom Jesus da Lapa, de domínio público, e o samba Balsas Cidade Sorriso, de Martinho Mendes e desconhecido Caixeiro Viajante, felizmente já concretizado, com a ajuda de Deus, de meus Santos de Devoção e de meu imenso amor pela terra que me viu nascer. Agora, novamente com a ajuda celestial, chegou a vez de homenagear o grande amigo Tenente Joca.
Eis a partitura inicial, transcrita pelo Tenente, ainda em forma de rascunho, por isso mesmo com alguma imperfeição:
De posse desse primeiro documento, levei-o à Professora Silvana Maria Sócrates Ferreira, da Escola de Música de Brasília, que, mediante minha orientação, elaborou as partituras finais para os naipes de trombone e sax alto; e de pistom clarineta e sax tenor:
Ainda em 1975, quando a música me foi apresentada, invoquei com a letra da segunda parte, mas o Tenente me explicou:
– A melhor fantasia, foi a que a menina não vestiu, portanto, ficou dependurada no cabide. Estou dizendo para ela tirar essa que está usando, e juntar à outra do cabide, ou seja: – Fique nua!
Malandro, meu amigo Tenente! Bridemos, pois!
Pouco se sabe da biografia desse grande Maestro Militar Brasileiro, que se chamava João Joca de Souza, nascido em Colinas, sertão sul-maranhense, no dia 27 de maio de 1901, e falecido em Balsas, no dia 1° de setembro de 1989. Era casado com Dona Inês Lopes Gomes de Souza, que lhe deu seis filhos: Maurício Gomes de Souza, Hugo Maranhão Gomes de Souza, Ney Guanabara Gomes de Souza, Neide Paraná Gomes de Souza, Otto Amazonas Gomes de Souza e Maria Gardênia Souza, quatro deles nominados em homenagem aos Estados dos quais o Tenente mais gostava.
Contei, na gravação inicial com os inestimáveis préstimos do amigo Maestro Antonio Gomes Sales e colegas seus, de Caraúbas (RN). A parte vocal contou com os brasilienses Felipe Rodrigues, no solo, e Mércia Cairis, compondo o coral. Espero que o resultado seja do agrado de meus conterrâneos:
Felipe Rodrigues e Mércia Cairis, os cantores
Mais Carnaval - Youtube
Mais Carnaval, áudio no formato MP3:
O ritmo é de marcha-rancho, um pouco lento. O Maestro Antonio Gomes Sales, no entanto, me enviou um youtube, apenas orquestral, com andamento mais acelerado: