Raimundo Floriano
Ary Lobo: morador da Lua
Gabriel Eusébio dos Santos Lobo, o Ary Lobo, cantor e compositor, nasceu em Belém do Pará, a 14.8.1930, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, a 22.8.1980, aos 50 anos de idade.
Era soldado da Aeronáutica, quando se apresentou em programas de calouros da Rádio Clube do Pará. Por essa época, fez parte do conjunto Namorados Tropicais, quando conheceu o então compositor Pires Cavalcanti que, além de influenciar sua maneira de cantar, convenceu-o a mudar-se para o Rio de Janeiro.
Na capital fluminense, entrou em contato com o pianista e compositor Gadé, que o levou para a Rádio Mauá, onde começou sua carreira como cantor regional nordestino.
Lançado em disco pela dupla Gadé/Valfrido Silva, gravou na RCA Victor vários discos 78 RPM, e um LP intitulado Aqui Mora o Ritmo, com A Mulher Que Vendia Siri, de Severino Ramos e Alias Ramos e Garoto do Amendoim, de B. Lobo e Manoel Moraes, sendo as músicas mais tocadas:
Em 1962, ainda na RCA, gravou o LP Ary Lobo, incluindo duas composições suas, Moça de Hoje, com Jacinto Silva e Eu Vou Pra Lua, com Luiz de França, que obteve estrondoso sucesso, dominando todas as paradas. No ano seguinte, lançou o LP Poeira de Ritmos, incluindo Quem Encosta em Deus Não Cai, de João do Vale, José Ferreira e Ary Monteiro, e Escada da Glória, de Adoniran Barbosa e Edmundo Cruz.
Sempre na RCA Victor, lançou os LPs Ary Lobo e Seus Grandes Sucessos,em 1964, destacando Último Pau-de-arara, de Venâncio, Corumba e J. Guimarães, e Vendedor de Caranguejo, de Gordurinha; Zé Mané, em 1965, com Cheiro de Gasolina, de Severino Ramos e Barros de Oliveira, e Madame Paraíba, dele e Dílson Dória; Quem É o Campeão, em 1966, com a faixa-título dele e Luiz Boquinha; Ary Lobo e Seus Maiores Sucessos, em 1971, com Evolução, de J. Cavalcanti, Lino Reis e Aguiar Filho, e Paulo Afonso, de Gordurinha.
Sua discografia contabiliza, além de fonogramas em 78 RPM, 9 LPs.
Meu acervo contém 121 faixas representativas do seu trabalho. Ele compôs mais de 600 títulos, gravados por ele e outros intérpretes, sempre defendendo ferrenhamente a música nordestina de raiz.
De estilo semelhante ao de Jackson do Pandeiro, e voz parecida, cantando ritmos variados, como baião, xote, coco, samba, frevo, samba-canção, arrasta-pé e toada, teve sua época de ouro nos Anos 1950 e 1960, retratando sempre a vida e os costumes do Nordeste, às vezes em números divertidos, como Cheiro de Gasolina e Madame Paraíba.
Seus maiores sucessos, Eu Vou Pra Lua, Súplica Cearense, de Gordurinha, e o Último Pau-de-arara, permanecem dominando até os dias correntes, merecendo constantes regravações pelos mais importantes forrozeiros deste país.
Para mostrar-lhes um pouco de seu trabalho, escolhi estas cinco faixas:
Cheiro de Gasolina, baião de Severino Ramos e Barros de Oliveira:
Eu Vou Pra Lua, baião de Ary Lobo e Luiz de França:
Último Pau-de-arara, baião de Venâncio, Corumba e J. Guimarães:
Súplica Cearense, toada de Gordurinha:
Vendedor de Caranguejo, baião de Gordurinha:
Baião do Acre, baião de Luiz Boquinha e Ary Monteiro, com Ary Lobo:
Baião da Vassoura, baião de J. Cavalcante e Estiano A. da Silva, com Ary Lobo:
Arcati, rojão de Geraldo Fgueiredo, com Ary Lobo:
A Cigana Mentiu, baião de Rodrigues da Silva e Mauro de Azevedo, com Ary Lobo: