Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

O Globo domingo, 10 de dezembro de 2017

MORRE A ATRIZ EVA TODOR, AOS 98 ANOS DE IDADE

 

Morre a atriz Eva Todor, aos 98 anos

Ela sofria de Mal de Parkinson e estava longe da TV desde a novela 'Salve Jorge'

RIO — Morreu em casa por volta das 8h50 da manhã deste domingo a atriz Eva Todor, aos 98 anos. A informação foi confirmada por amigos da artista. A causa da sua morte foi pneumonia. Ela estava com os enfermeiros, empregados e o amigo Marcelo Delcima, que frisou que ela vinha sendo bem cuidada, recebendo toda a assistência, com visitas frequentes dos amigos e esteve doente ao longo de todo o ano. Ainda não há informações sobre o velório.

— A Eva vinha sendo muito bem cuidada pelos enfermeiros e recebia visita de amigos com frequência. Ela esteve doente todo o ano e morreu de pneumonia. Eu estava aqui na hora com alguns enfermeiros e empregados. A Eva toda a assistência — disse Marcelo.

Eva Todor sofria de Mal de Parkinson e estava longe da TV desde a novela “Salve Jorge”, exibida em 2012. A última aparição pública da atriz foi em novembro de 2014, quando recebeu uma homenagem feita por amigos artistas no Teatro Leblon. Nascida na Hungria, Eva tem mais de 80 anos de profissão, com trabalhos no teatro e na televisão. A veterana começou a carreira nos palcos ainda criança, como bailarina.

 

 


O Globo sexta, 10 de novembro de 2017

MORRE A ATRIZ MÁRCIA CABRITA, AOS 53 ANOS DE IDADE

RIO – O mundo ficou um pouco mais sem-graça nesta sexta-feira, quando morreu, durante a madrugada, a atriz carioca Márcia Cabrita, aos 53 anos. Comediante de grande talento, que conquistou o amor do público com a personagem Neide Aparecida, de "Sai de baixo", Márcia vinha lutando contra um câncer no ovário, diagnosticado em 2010. Ela estava internada há dez dias, no hospital Quinta D'Or, na Zona Norte do Rio, em decorrência do agravamento da doença.

A atriz deixa uma filha, Manoela, de 16 anos. De acordo com o ex-marido, o psicanalista Ricardo Parente, com quem foi casada por quatro anos, a atriz morreu "em paz" e sem sofrer.

ARTIGOEm 2011, Márcia Cabrita relatou sua luta contra o câncer

Mesmo após o diagnóstico da doença, a comediante continuou trabalhando. Ela atuou na novela "Morde & Assopra", em 2011, e fez várias participações em séries como "Vai que cola", do Multishow, e "Pé na cova", da Globo. Há três meses, ela precisou se afastar das gravações da novela "Novo Mundo" para cuidar da saúde. Este mês, Márcia começaria a gravar um filme baseado em "Sai de baixo".

A atriz Cacau Protasio publicou uma foto ao lado da artista para se despedir.

 

"Amiga Vai com Deus, eu tive o prazer, à alegria, a sorte de trabalhar, conviver, contracenar com você, eu amo você, o céu está em festa, pois está recebendo o anjo mais lindo, você fará muita falta, nos encontramos no céu", escreveu Cacau, com uma foto bem-humorada com a amiga.

 

 Filha de imigrantes portugueses, Márcia Martins Alves nasceu em Niterói, no estado do Rio, em 20 de janeiro de 1964. Ao estudar artes cênicas, conheceu Luís Salem, seu parceiro durante toda a carreira. Com ele, fez uma peça infantil produzida por Aloísio Abreu, outro com quem sempre trabalhou.

Juntos, os três montaram o espetáculo "Subversões", encenado no antigo Crepúsculo de Cubatão, em Copacabana. Na trilha sonora, paródias de hits como "Meu nome é Creuza", versão de "Como uma deusa", de Rosana, que acabou fazendo sucesso.

A TRAJETÓRIA DE MÁRCIA CABRITA NA TV E NO TEATRO

 

  • A atriz Márcia Cabrita em um clique de 1991Foto: Paula Johas

  • Márcia Cabrita e Miguel Falabella em 'Sai de Baixo'. Atriz se despediu do programa no ano 2000Foto: Márcio Sillane

  • Gravação do programa 'Sai de Baixo' em 1997Foto: Márcio Sillane

  • O último trabalho de Márcia Cabrita na TV foi na novela 'Novo Mundo' (2017). Na foto, ela posa ao lado do ator Cesar CardadeiroFoto: Paulo Belote

  • Márcia Cabrita, Luís Salém e Aloísio de Abreu em clique de 1998. Os três eram companheiros no espetáculo "Subversões", encenado no antigo Crepúsculo de Cubatão, em CopacabanaFoto: Cristina Granato / Divulgação

  • Marcia Cabrita, Marco Nanini e Mauro Faria em foto de janeiro de 2006Foto: Cristina Granato / Divulgação

  • Márcia Cabrita ao lado de sua parceira de 'Sai de Baixo', Marisa Orth em agosto de 1997Foto: Camilla Maia

  • Márcia Cabrita e Cláudia Jimenez no Copacabana Palace em 1997Foto: Cristina Granato / Divulgação

  • Márcia Cabrita posa com os comediantes Marcelo Adnet, Fernando Caruso, Rafael Queiroga em novembro de 2004Foto: Divulgação

  • Márcia Cabrita posa ao lado do elenco de 'Trair e Coçar é só Começar'Foto: Divulgação

  • Márcia Cabrita e Tadeu Mello participam do Video Game, comandado por Angélica, em janeiro de 2002Foto: Gianne Carvalho / Divulgação

  • Márcia Cabrita posa de sutiã e casaco de pele em 1997Foto: Divulgação

  • Fotos dos 30 anos do Grupo Navegando. Peça 'Ponto e vírgula', de 1998, com Fábio Pilar e Márcia Cabrita.Foto: Guga Melgar / Guga Melgar

  • Márcia Cabrita e Luís Salém caracterizados como Cosme e DamiãoFoto: Ricardo Gomes

  • Foto da peça 'Toalete', de 2007, com Márcia Cabrita, Catarina Abdalla e Suzana Pires Foto: Divulgação

  • Márcia Cabrita e Rita Lee fazem bico nesta foto de outubro de 1998Foto: Divulgação

 

Sua primeira aparição da TV foi em 1992, na minissérie "As noivas de Copacabana", de Dias Gomes. Fez ainda "Sete pecados" (2007), "Beleza pura" (2008) e "Morde & assopra" (2011).

Irreverente, a atriz publicava posts cômicos em suas redes sociais. Em 2015, escreveu: "Cada vez que um famosão da TV diz que ‘o bichinho do teatro me mordeu’, nasce uma espinha interna no nariz de algum diretor de teatro mundo afora."

Em texto como colunista convidada para Revista O GLOBO, publicado em 2011 - época em que alimentava o blog "Força na peruca", sobre sua relação com o câncer, Márcia criticou a cobrança sofrida por pessoas com a doença. "Ao contrário do que muitos fantasiam, não tirei de letra. Não sei o porquê, mas existe uma ideia estapafúrdia de que quem está com câncer tem que, pelo menos, parecer herói. Nãnãninã não! Quem recebe uma notícia dessas não consegue ter pensamentos belos. Bem... eu não conseguia. A cobrança de positividade acabou se tornando um problema. Me olhava no espelho branca, magrela e de cabelos curtinhos (antes de caírem) e me achava pronta para fazer figuração na Lista de Schindler".

 


O Globo sexta, 06 de outubro de 2017

JUSTIÇA DECRETA PRISÃO PREVENTIVA DE CESARE BATTISTI

Justiça decreta prisão preventiva de Cesare Battisti

Juiz federal de Mato Grosso do Sul considerou que italiano tentava fugir do Brasil

POR RENATA MARIZ

O ex-ativista Cesare Battisti foi preso em Corumbá, quando tentava ir para a Bolívia - FABIO MARCHI / AFP 05/10/2017

BRASÍLIA — O ex-ativista italiano Cesare Battisti teve prisão preventiva decretada nesta quinta-feira pela Justiça Federal de Mato Grosso do Sul por suspeita de evasão de divisas e lavagem de dinheiro. O juiz federal Odilon de Oliveira considerou que há indícios "robustos" de que Battisti iria fugir para a Bolívia, sem declarar a quantia que portava (6 mil dólares e 1.300 euros) às autoridades brasileiras, temendo ser extraditado. (LEIA MAIS: Relembre o caso Battisti

Battisti chegou algemado para a audiência de custódia, realizada na tarde desta quinta-feira por videoconferência. O juiz afirmou na sentença que, apesar de a audiência não se tratar de exame de provas nem julgamento de mérito, é reprovável que o italiano, acolhido no Brasil com todos os direitos dos brasileiros, tente burlar a legislação do país.

O histórico de Battisti também pesou na decisão. O juiz Odilon ressaltou que o italiano sofreu quatro condenações penais em seu país de origem relacionados a fatos gravíssimos. E lembrou que há um pedido de extradição da Itália, onde foi sentenciado à prisão perpétua na Itália.

— Seus antecedentes, gravíssimos, impõem a decretação da prisão preventiva — afirmou o magistrado.

O ex-ativista italiano foi preso ontem em Corumbá (MS) enquanto tentava deixar o país. Segundo a Polícia Federal (PF), ele portava uma “quantia significativa em moeda estrangeira”, o que levou os agentes a detê-lo no momento em que saía do Brasil a bordo de um táxi boliviano. 

Ameaçado por um novo pedido de extradição feito pela Itália, Battisti havia sido parado por uma blitz da Polícia Rodoviária Federal (PRF) pouco antes. Os policiais identificaram o italiano, que estava acompanhado por duas pessoas, e acionaram integrantes da PF. Eles, então, seguiram o veículo até a fronteira com a Bolívia, quando Battisti teria cometido o crime de evasão de divisas, caracterizado pela remessa de valores ao exterior sem declarar às autoridades.

SENTENCIADO À PRISÃO PERPÉTUA NA ITÁLIA

Integrante do grupo guerrilheiro Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), na Itália, Cesare Battisti foi acusado de participar de quatro assassinatos no país — de um joalheiro, um policial, um carcereiro e um militante. Os crimes, que são negados pelo ativista, teriam ocorrido entre 1977 e 1979. Após dois anos preso, Battisti escapou da prisão em Roma em 1981 e fugiu para a França, onde viveu clandestinamente, e, no ano seguinte, para o México. Em 1987, ele foi condenado à revelia na Itália, sentenciado à prisão perpétua.

 

A volta para a França ocorreu em 1990, quando ex-ativistas italianos foram acolhidos pelo presidente François Mitterand. Porém, em 2004, sua condição de refugiado foi revogada pelo governo francês, e Battisti veio para o Brasil.

Depois de três anos no país, o italiano foi preso, no Rio. Sua situação no Brasil mudou em janeiro de 2009, quando o então ministro da Justiça Tarso Genro concedeu ao italiano status de refugiado político. A decisão provocou uma crise diplomática com a Itália, que chegou a chamar de volta seu embaixador no Brasil. Em novembro daquele ano, o STF decidi extraditar o ativista. Porém, no último dia de seu mandato, em dezembro de 2010, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou um parecer para manter Battisti no Brasil. Somente em junho de 2011, o italiano deixou a prisão.

O ativista italiano voltou a ser preso pelas autoridades brasileiras em 2015, depois que a Justiça Federal do Distrito Federal determinou a deportação de Battisti. Porém, o italiano ficou apenas um dia na prisão, já que um desembargador concedeu habeas corpus. Na última quarta-feira, Battisti foi preso no Brasil pela terceira vez.

 


O Globo segunda, 02 de outubro de 2017

ATIRADOR DE LAS VEGAS TINHA DEZ ARMAS E FOI ACHADO MORTO EM QUARTO DE HOTEL

Atirador de Las Vegas tinha dez armas e foi achado morto em quarto de hotel

Aos 64 anos, Stephen Paddock feriu 406 pessoas e matou 50 em festival coun

POR O GLOBO / AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Policiais em Frente ao resort Mandalay Bay - John Locher / AP

LAS VEGAS — O Departamento de Polícia Metropolitana de Las Vegas informou que os agentes encontraram Stephen Craig Paddock, de 64 anos, morto no quarto do hotel em que abriu fogo contra mais de 22 mil pessoas no festival Route 91 Harvest. Ele se matou antes da entrada dos policiais. Havia dez rifles no cômodo, disse o xerife. O homem, de cor branca e morador de Mesquite, no estado americano de Nevada, disparou do 32º andar do Hotel Mandala Bay por volta de 22h20m deste domingo e deixou ao menos 50 mortos — o maior ataque armado da História moderna dos Estados Unidos. 

Segundo a polícia, agentes foram deslocados para atender ao chamado de emergência e, ao explodir a porta do quarto de hotel, encontraram o suspeito já morto. O Departamento de Bombeiros do Condado de Clark afirmou que 406 pessoas foram levadas a hospitais da região, sem detalhar o estado de saúde delas.

Entre os mortos, há um policial que não estava em serviço. Outros dois agentes que patrulhavam o local ficaram feridos e têm condição de saúde estável. A polícia destacou que a investigação e o processo de identificação das vítimas está em curso. O FBI solicitou o envio de fotos e vídeos que possam ajudar na apuração do ataque, cuja motivação ainda não foi esclarecida.

O autor do massacre atirou do 32º andar do hotel Mandalay Bay, localizado na avenida central Strip, onde acontecia a terceira e última noite do evento musical. A polícia confirmou a identidade dele e informou que a suposta namorada de Stephen, Marilou Danley, também estava na mira. Mais tarde, a "CNN" destacou que os policiais eximiram a mulher de culpa pelo massacre após interrogatório.

 

ATAQUE ARMADO LEVA PÂNICO A SHOW DE LAS VEGAS

 

  • Pessoas procuram por abrigo durante o ataque armado em um festival de música country em Las Vegas, nos EUAFoto: David Becker / AFP

  • O atirador chamava-se Steven Paddock, e tinha 64 anos. Morador local, foi morto pela polícia de Las VegasFoto: David Becker / AFP

     

  • O autor do massacre atirou do 32º andar do hotel Mandalay Bay, localizado na Avenida Central StripFoto: David Becker / AFP

     

  • A polícia encontrou diversas armas no quarto do hotel que estava sendo ocupado pelo atiradorFoto: David Becker / AFP

     

  • A polícia disse que acreditava ter encontrado uma mulher chamada Marilou Danley, que seria companheira do atiradorFoto: Ethan Miller / AFP

     

  • Dentre os feridos, estão dois policiais. Um deles encontra-se em estado crítico, e outro tem ferimentos leves, segundo agentes de segurança. Outro agente de segurança, que estava de folga assistindo ao show, morreu vítima dos disparosFoto: Ethan Miller / AFP

     

  • Uma mulher ferida é socorrida. Diversas vítimas foram encaminhadas para hospitais após o ataqueFoto: Chase Stevens / AP

     

  • Um par de botas de cowboy é largado no meio da calçada Foto: Steve Marcus / Reuters

"Esta noite vai além do horrível. Ainda não sei o que dizer, mas gostaria de informar a todos que minha equipe e eu estamos seguros. Meus pensamentos e orações vão para todos os afetados esta noite. Meu coração está partido que isto tenha acontecido com qualquer pessoa que estava aqui para ter uma noite divertida", escreveu Aldean no Instagram.

 

A polícia fechou grande parte da Las Vegas Strip, a avenida onde ficam os principais hotéis-cassinos da cidade, e as autoridades pediram às pessoas que não transmitissem ao vivo ou compartilhassem (nas redes sociais) a posição dos agentes no local. O aeroporto de Las Vegas desviou vários voos após o incidente, mas começou a retomar suas atividades pela manhã.


O Globo quinta, 28 de setembro de 2017

EMPRESÁRIO DIZ QUE ASSINOU RECIBOS DE LULA EM UM MESMO DIA

 

Empresário diz que assinou recibos de Lula em um mesmo dia

Segundo Costamarques, documentos foram levados pelo advogado do ex-president

POR GUSTAVO SCHMITT, ENVIADO ESPECIAL

Glaucos da Costamarques em depoimento ao juiz Sergio Moro sobre apartamento que alugou para o ex-presidente Lula - Reprodução

CURITIBA — Dono do apartamento alugado para o ex-presidente Lula em São Bernardo do Campo, o empresário Glaucos da Costamarques diz ter assinado, de uma vez só, todos os recibos de aluguel referentes ao ano de 2015. Os documentos foram assinados pelo empresário quando ele estava internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, em novembro daquele ano. A defesa de Lula apresentou, na segunda-feira, 26 comprovantes de aluguel entre agosto de 2011 e novembro de 2015. Todos com a letra de Costamarques. Segundo a defesa do empresário, os recibos foram levados ao hospital pelo contador financeiro João Muniz Leite, a pedido de Roberto Teixeira, advogado e compadre de Lula

 A defesa de Costamarques avalia ajuizar hoje uma petição na 13ª Vara da justiça Federal de Curitiba, onde despacha o juiz Sergio Moro, apresentando justamente a informação de que os recibos foram entregues pelo contador e ainda que parte dos comprovantes foi assinado um seguido do outro. Os advogados pretendem, com isso, provar que os documentos foram confeccionados pela defesa de Lula. Os recibos foram entregues por Costamarques ao contador logo após as assinaturas, ainda no Sírio-Libanês. O empresário ficou hospitalizado entre 22 e 28 de novembro para colocação de um stent.

Na petição, os advogados devem solicitar imagens do circuito interno do hospital. O objetivo é comprovar as visitas feitas a Costamarques pelo compadre de Lula e o contador.

Investigadores da Lava-Jato avaliam o episódio como uma possível tentativa de obstrução à Justiça por parte de Lula, uma vez que a defesa procurou um dos réus ainda com as investigações em curso. No início da Operação Lava-Jato, durante a sétima fase, Moro considerou obstrução à Justiça o fato de empreiteiras apresentaram recibos de pagamento a empresas de fachada do doleiro Alberto Youssef. Na ocasião, a Justiça considerou esse fato para pedir prisões de alguns empreiteiros.

Costamarques sustenta que, apesar de ter firmado o contrato com a ex-primeira-dama Marisa Letícia em 2011, só passou a receber os valores referentes ao aluguel em novembro de 2015, após a prisão do seu primo e pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula. Ainda assim, o empresário disse que alguns pagamentos foram feitos em espécie, por meio de depósitos não identificados, entre novembro de 2015 e fevereiro deste ano, quando a ex-primeira-dama Marisa Letícia morreu em decorrência de um aneurisma.

DEFESA DE LULA FALA EM 'ESPECULAÇÕES'

Desde então, Costamarques passou a receber os pagamentos por meio de transferência eletrônica disponível (TED).

A defesa do ex-presidente Lula informou que “não comenta especulações”. Já o advogado de Teixeira, Antônio Cláudio Mariz de Oliveira — que foi responsável pela defesa do presidente Michel Temer até a semana passada —, disse que deve conversar com seu cliente hoje.

Assinatura de Glaucos Costamarques - Reprodução

Em depoimento ao juiz Sergio Moro, no último dia 13, Glaucos da Costamarques admitiu ter declarado os valores dos pagamentos à Receita Federal, apesar de, segundo ele, “não ter visto a cor do dinheiro até novembro de 2015”.

O aluguel em questão refere-se à cobertura vizinha ao apartamento onde mora Lula, em São Bernardo do Campo (SP). Nos dois mandatos do petista, a Presidência da República alugou o imóvel para garantir a segurança do então presidente. Quando ele deixou o cargo, em 2011, continuou a ocupar o imóvel. A Lava-Jato revelou que, no fim de 2010, o apartamento foi comprado por Costamarques. Para a Lava-Jato, o empresário é intermediário de uma negociação suspeita.

O apartamento teria sido comprado pela Odebrecht e entregue ao ex-presidente Lula como forma de pagar propina pelos benefícios obtidos pela empreiteira no governo federal.

Em interrogatório ao juiz Sergio Moro no processo que apura o uso do apartamento, no último dia 13, Lula disse desconhecer a inadimplência nos pagamentos após ser questionado pelo juiz e prometeu procurar os recibos. Na ocasião, o ex-presidente disse que procuraria pelos recibos para entregá-los à Justiça.

— Tem recibo, deve ter, posso procurar com os contadores para saber se tem — disse o ex-presidente a Sergio Moro.

No mesmo dia, também em depoimento a Moro, Costamarques disse que “levou calote” durante quase cinco anos da família Lula, mas que teria passado a receber os valores devidos apenas depois da prisão de Bumlai, justamente em novembro de 2015.

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O Globo sexta, 22 de setembro de 2017

FUNARO DIZ QUE TEMER, CUNHA E ALVES LEVARAM 250 MILHÕES DA CAIXA

 

Funaro diz que Temer, Cunha e Alves levaram R$ 250 milhões da Caixa

Segundo delator, propina era repassada por vice-presidências controladas pelo PMDB

POR CLEIDE CARVALHO E GUSTAVO SCHMITT

O presidente Michel Temer - DARREN ORNITZ / REUTERS 20/09/2017

SÃO PAULO — Em delação premiada, o doleiro Lúcio Bolonha Funaro afirmou que o grupo político formado pelo presidente Michel Temer e pelos ex-deputados Eduardo Cunha e Henrique Alves recebeu cerca de R$ 250 milhões em propinas decorrentes de créditos da Caixa Econômica Federal, repassados pelas vice-presidências de Pessoa Jurídica e Fundos de Governo e Loterias. As duas áreas foram controladas pelo PMDB e comandadas por Geddel Vieira Lima e Fábio Cleto. Operador financeiro do partido, Funaro disse que Cunha funcionava como um “banco de propina” para deputados e, depois, virava o “dono” dos mandatos de quem era beneficiado.

O doleiro afirmou não saber exatamente o valor da propina repassada a Cunha, “mas sabe que este sempre distribuía parte da propina recebida com Henrique Eduardo Alves e Michel Temer, fora outros deputados aliados”.

O ex-ministro Geddel Vieira Lima ocupou o cargo na Caixa entre 2011 e 2014. Segundo Funaro, apenas na área de Geddel o grupo liberou entre R$ 5 bilhões e R$ 8 bilhões para empresas em troca de vantagens. Um valor igual ou superior a este teria sido liberado pelo setor comandado por Cleto. Funaro disse que Geddel recebeu, sozinho, no mínimo R$ 20 milhões e continuou a operar mesmo depois de deixar o cargo, até fevereiro de 2015.

A assessoria do Planalto afirmou, por e-mail, que “o valor da delação e das palavras do doleiro Lúcio Funaro é zero, como já registrou a própria Procuradoria-Geral da República”.

Trecho da delação de Lúcio Funaro, operador do PMDB - Reprodução

Para o Grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, relatou Funaro, foram liberados cerca de R$ 3,04 bilhões em troca de propinas. Foram R$ 1,35 bilhão para a holding J&F e o restante para empresas do grupo — R$ 200 milhões para a Vigor, R$ 250 milhões para a Flora e R$ 300 milhões em crédito para exportação para a Eldorado, além de R$ 940 milhões de debêntures adquiridas. Os irmãos Batista só não pagaram o pedágio dos políticos, segundo o delator, para o empréstimo de R$ 2,7 bilhões feito para a compra da Alpargatas e outro R$ 1 bilhão tomado pela Seara — os dois feitos após Geddel deixar o cargo. Em uma única operação, de R$ 300 milhões para a holding J&F, o grupo político de Temer teria recebido R$ 9,75 milhões. O percentual das propinas, segundo o delator, variava de 2,7% a 3,4% da operação.

PAGAMENTOS ENTRE 2013 E 2015

O grupo também recebeu propina de operações do FI-FGTS. Segundo Funaro, a indicação de Fábio Cleto para a área de fundos e loterias da Caixa foi feita por Eduardo Cunha e Henrique Alves a Antonio Palloci, que encaminhou o pleito ao ex-ministro Guido Mantega. Funaro disse que soube por Cunha que Temer “avalizou a indicação”. 

A primeira operação ilícita do FI-FGTS, segundo ele, foi a liberação de valores para a Cibe, empresa do Grupo Bertin. A propina alcançou R$ 12 milhões — 4% do total da operação. Bertin também teria pagado propina por um crédito de R$ 2 bilhões dado à SPMar, concessionária do Rodoanel em São Paulo, outra empresa do grupo. A propina teria igualmente beneficiado Cunha, Henrique Alves e Geddel e, segundo Funaro, os pagamentos foram feitos pela empresa Contern entre março de 2013 e fevereiro de 2015 por meio de notas fiscais fictícias.

Para entregar dinheiro em espécie, contou Funaro, Bertin teria usado a empresa Alambari Construções. Funaro disse que Silmar Bertin lhe contou que em 2010 saíram do caixa da empresa R$ 50 milhões para doações eleitorais por caixa 2. A SPMar afirmou, em nota, que os financiamentos ao Rodoanel e para empresas da família Bertin sempre seguiram o trâmite normal e as doações eleitorais se limitaram a recursos devidamente declarados.

OUTROS LADOS

A defesa de Eduardo Cunha nega as acusações do reincidente em delações Lúcio Funaro e afirma que sua atuação parlamentar sempre se deu dentro dos limites legais.

 

A defesa do ex-ministro Geddel afirmou que não se manifesta sobre documento ao qual não teve acesso.

A J&F informou que os colaboradores apresentaram documentos que complementam os esclarecimentos prestados à Procuradoria-Geral da República e segue à disposição da Justiça.

A defesa de Henrique Alves afirmou que não é verdade que ele tenha recebido qualquer propina de operações da Caixa e “desafia o delator, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, ou qualquer outro órgão persecutório, a provarem o contrário.”

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O Globo quinta, 21 de setembro de 2017

CUNHA DISTRIBUÍA PROPINA A TEMER, DIZ FUNARO

 

‘Cunha distribuía propina a Temer, com 110% de certeza’, diz Funaro

Segundo delator, Yunes lavava dinheiro para o presidente com imóvei

POR ANDRÉ DE SOUZA

O doleiro Lucio Bolonha Funaro - André Coelho / Agência O Globo 17/07/2017

 

BRASÍLIA — “Eduardo Cunha redistribuía propina a Temer, com ‘110%’ de certeza”. A frase, que liga o presidente Michel Temer ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, está em um dos depoimentos prestados em 23 de agosto pelo delator Lúcio Bolonha Funaro, apontado como operador de políticos do PMDB em esquemas de desvio de dinheiro público. Nos depoimentos, há várias citações a casos em que Temer, Cunha e outros integrantes do partido teriam levado propina. Mas também há menções a episódios em que houve divergências internas, como na definição de quem indicaria um cargo na Caixa Econômica Federal (CEF) que renderia vantagens indevidas. Funaro disse ainda que José Yunes, amigo e ex-assessor de Temer, lavava dinheiro para o presidente e que a maneira mais fácil para isso era por meio da compra de imóveis.

Segundo Funaro, durante os governos do PT, os então deputados Michel Temer (PMDB-SP), Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Henrique Alves (PMDB-RN) disputavam cargos, mas de formas diferentes. Cunha atuava no “varejo”, ou seja, focava em alguns cargos. Os outros dois agiam no “atacado”. Na semana passada, Janot denunciou Temer e outros seis peemedebistas, acusando-os de integrarem uma organização criminosa que desviou dinheiro de diversos órgãos públicos e empresas estatais, como Petrobras, Furnas, Caixa, Ministério da Integração Nacional e Câmara dos Deputados.

Segundo o delator, Cunha lhe contou que o ex-sindicalista André Luiz de Souza explicou a Temer como funcionava o FI-FGTS, o fundo de investimento alimentado com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. Souza fazia parte do conselho do fundo e é acusado de desviar dinheiro de lá. Segundo o termo de depoimento de Funaro, “Cunha disse que André de Souza explicou para Temer como funcionava o FI-FGTS, que aquilo seria como um ‘mini BNDES’”. É uma referência ao banco de desenvolvimento que, assim como o FI-FGTS, libera recursos para as empresas investirem em projetos de infraestrutura.

Ainda de acordo com a delação, “Moreira Franco falou para o Temer que isso seria uma ‘oportunidade para fazer dinheiro’”. Assim, “inicia uma briga” entre o grupo formado por Cunha, Funaro e Henrique Alves, contra Moreira Franco. Ele queria manter um indicado seu numa das vice-presidência da Caixa. Moreira conseguiu isso por algum tempo, mas depois o cargo foi preenchido por alguém ligado aos adversários internos. Funaro é claro: o objetivo de seu grupo político “era conseguir o FI-FGTS, pois era uma fonte de renda”.

 ‘Moreira Franco falou para o Temer que isso (FI-FGTS) seria uma oportunidade para fazer dinheiro’

- LÚCIO FUNARO, OPERADOR DO PMDBEm delação premiada

O delator deu detalhes sobre como Yunes lavaria dinheiro para Temer. Segundo ele, o amigo do presidente, “além de administrar, investia os valores ilícitos em sua incorporadora imobiliária”. Mais adiante disse que “não sabe se tais imóveis adquiridos por Michel Temer estão em nome de Michel, familiares ou fundos”, mas “sabe, por meio de Eduardo Cunha, que Michel Temer tem um andar inteiro na Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo/SP, num prédio que tinha sido recém-inaugurado”.

Funaro disse ainda que Yunes sabia que havia dinheiro em uma caixa entregue a ele no escritório do amigo de Temer. Nessa caixa, afirmou o operador do PMDB, haveria R$ 1 milhão de propina endereçada a Temer. Os recursos viriam do caixa dois da Odebrecht.

 

Em relação a Moreira, além das irregularidades na Caixa, Funaro citou uma informação que, segundo ele, lhe foi repassada pelo empresário Henrique Constantino, da família proprietária da Gol. Moreira, que já foi ministro da Secretaria de Aviação Civil (SAC), teria atuado na Infraero para transferir sem licitação um hangar da falida Varig para a empresa.

Em nota, Moreira Franco atacou Funaro: “Veja a que ponto chegamos: um sujeito com extensa folha corrida com crédito para mentir. Não conheço essa figura, nunca o vi. Bandidos constroem versões 'por ouvir dizer' a lhes assegurar a impunidade ou alcançar um perdão por seus inúmeros crimes”.

O GLOBO procurou o Planalto, mas a orientação foi falar com a defesa do presidente. O GLOBO não conseguiu contato com a o advogado de Temer, nem com José Yunes e Henrique Constantino.

 


O Globo quarta, 20 de setembro de 2017

LULA E GILBERTO CARVALHO SE TORNAM RÉUS POR VENDA DE MEDIDAS PROVISÓRIAS

Lula e Gilberto Carvalho se tornam réus por venda de MPs investigada na Zelotes

Juiz federal do DF aceitou denúncia contra o ex-presidente, que se torna réu pela sétima vez

POR ANDRÉ DE SOUZA

O ex-presidente Lula prestou depoimento ao juiz Sergio Moro - Reprodução

BRASÍLIA — O juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal, aceitou nesta terça-feira denúncia feito pelo Ministério Público Federal (MPF) contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro Gilberto Carvalho e mais cinco pessoas. Com isso, é a sétima vez que Lula se torna réu: são quatro casos na Justiça Federal do Distrito Federal e três na do Paraná. Na denúncia aceita agora, ele é acusado de, em conjunto com Carvalho, ter aceitado promessa de R$ 6 milhões de um grupo de lobistas. Em troca, teria favorecido algumas montadoras com a edição de uma medida provisória.

 
 

Lula e Carvalho foram denunciados por corrupção passiva. Três lobistas - José Ricardo da Silva, Alexandre Paes dos Santos e Mauro Marcondes Machado - e dois empresários - Paulo Arantes Ferraz (da MMC, que monta veículos da Mitsubishi) e Carlos Alberto de Oliveira Andrade (do Grupo Caoa, que monta veículos da Hyunday) - foram denunciados por corrupção ativa.

O caso teve início na Operação Zelotes, que investigou inicialmente irregularidades no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), ligado ao Ministério da Fazenda, mas depois ampliou seu leque de atuação. Lula já era réu numa ação penal da Zelotes, suspeito de ter recebido dinheiro para ajudar a empresa sueca Saab numa licitação de caças da Força Aérea Brasileira (FAB).

Vallisney também deu dez dias para os réus se manifestarem, "oportunidade em que poderão arguir preliminares e alegar tudo o que interesse à defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas". Com a ação penal aberta, o caso terá prosseguimento podendo, ao final, levar à condenação ou absolvição dos acusados.

"Está demonstrada até agora a plausibilidade das alegações contidas na denúncia em face da circunstanciada exposição dos fatos tidos por criminosos e as descrições das condutas em correspondência aos documentos constantes do inquérito policial nº 0001/2016-GINQ/DICOR/DF, havendo prova da materialidade e indícios da autoria delitiva", anotou Vallisney em sua decisão.Segundo ele, o MPG descreve "de modo claro e objetivo os fatos imputados aos denunciados, não se tratando de hipótese de indeferimento liminar da peça acusatória", Assim Vallisney conlui não vislumbar neste momento "qualquer elemento probatório cabal capaz de infirmar a acusação".

Dos sete processos em que ele é réu, Lula já foi condenado uma vez. O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelos processos da Operação Lava-Jato, aplicou-lhe uma pena de nove anos e meio de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso da aquisição do tríplex do Guarujá (SP). A execução da pena ainda não começou, porque não houve até o momento confirmação na segunda instância.

A defesa do ex-presidente Lula afirmou em nota que a inocência dele deverá ser reconhecida neste novo processo, pois ele não praticou qualquer ilícito.

“A denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal não tem materialidade e deve ser compreendida no contexto de lawfare que vem sendo praticado contra Lula, usando de processos e procedimentos jurídicos para fins de perseguição política. O ex-presidente jamais solicitou, aceitou ou recebeu qualquer valor em contrapartida a atos de ofício que ele praticou ou deixou de praticar no cargo de Presidente da Republica", disse o advogado Cristiano Zanin Martins, em nota.

Também em nota, o advogado Daniel Gerber, que defende Alexandre Paes dos Santos, afirmou que seu cliente é inocente.

"Lamentável que a cultura punitivista que temos, atualmente, transforme qualquer atividade lícita em suspeita. Ressalta que seu cliente é um empresário respeitado no país e irá demonstrar, nos autos, a inexistência de qualquer ilícito no desenvolver de suas atividades", diz a nota.

 


O Globo quarta, 06 de setembro de 2017

JANOT DENUNCIA LULA, DILMA E MAIS SEIS POR ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA

Janot denuncia Lula, Dilma e mais seis por organização criminosa

Inquérito tem origem na Operação Lava-Jato

POR ANDRÉ DE SOUZA

A ex-presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2016 - Givaldo Barbosa / Agência O Globo / 12-5-16

BRASÍLIA — O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou nesta terça-feira os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff pelo crime de organização criminosa. Trata-se de um dos inquéritos abertos no Supremo Tribunal Federal (STF) em decorrência da Operação Lava-Jato. O valor da propina recebida por eles e outros seis políticos do PT, segundo Janot, chegou a R$ 1,485 bilhão. O procurador-geral apontou Lula como líder e "grande idealizador" da organização criminosa, devendo inclusive ser condenado a uma pena maior por isso.

 

Somente Lula teria recebido R$ 230,8 milhões de propina entre 2004 e 2012 paga pelas empresas Odebrecht, OAS e Schahin com recursos desviados de contratos firmados com a Petrobras. O grupo teria atuado de 2002, quando Lula venceu a eleição presidencial, a maio de 2016, quando Dilma deixou interinamente o cargo de presidente em razão do processo de impeachment no Congresso. O crime de formação de quadrilha prevê pena de três a oito anos, podendo ser aumentada em até dois terços dependendo da situação.

A propina de Dilma chegaria a R$ 170,4 milhões, mas, segundo Janot, os valores não ficaram apenas com ela e serviram também aos "interesses do seu grupo político amplamente beneficiado com a sua permanência no poder".

Também foram denunciados: a senadora Gleisi Hoffmann, presidente do PT; os ex-ministros Antonio Palocci, Guido Mantega e Paulo Bernardo, além de Edinho Silva, atual prefeito de Araraquara (SP); e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. De acordo com Janot, a organização criminosa praticou ações não só na Petrobras, mas também em outros órgãos públicos, como o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Ministério do Planejamento. Janot pede ainda que eles paguem ao todo R$ 6,8 bilhões, o que inclui devolução de dinheiro desviado e reparações por danos morais e materiais.

"Pelo menos desde meados de 2002 até 12 de maio de 2016, os denunciados, integraram e estruturaram uma organização criminosa com atuação durante o período em que Lula e Dilma Rousseff sucessivamente titularizaram a Presidência da República, para cometimento de uma miríade de delitos, em especial contra a administração pública em geral", escreveu Janot. 

INQUÉRITO FOI DIVIDIDO EM QUATRO

Este é um dos quatro inquéritos abertos no STF para investigar quadrilhas que supostamente se beneficiaram do esquema de corrupção montado na Petrobras. Além dos políticos do PT, há uma investigação voltada a integrantes do PP, uma focada no PMDB da Câmara e outra no PMDB do Senado. A propina nesses outros três casos, segundo Janot, chegou a 1,605 bilhão pelo menos. Somando aos valores do PT, a cifra ultrapassa os R$ 3 bilhões. Ao todo, o prejuízo à Petrobras foi de pelo menos R$ 29 bilhões, segundo dado do Tribunal de Contas da União (TCU) citado por Janot.

Na avaliação de Janot, o papel do PT foi mais preponderante, em razão de ter ocupado a presidência da República entre 2003 e 2016, com Lula e Dilma. No cargo, eles tinham a prerrogativa de fazer as nomeações mais importantes para ocupação de cargos públicos.

"Lula foi o grande idealizador da constituição da presente organização criminosa, na medida em que negociou diretamente com empresas privadas o recebimento de valores para viabilizar sua campanha eleitoral à presidência da República em 2002 mediante o compromisso de usar a máquina pública, caso eleito (como o foi), em favor dos interesses privados deste grupo de empresários. Durante sua gestão, não apenas cumpriu com os compromissos assumidos junto a estes, como atuou diretamente e por intermédio de Palocci, para que novas negociações ilícitas fossem entabuladas como forma de gerar maior arrecadação de propina", escreveu Janot.

O procurador-geral disse ainda que ele foi o responsável pela indicação de Dilma para ser candidata do PT em 2010, o que lhe permitiu continuar influenciando o governo e "a fazer disso mais um balcão de negócios para recebimento de vantagens ilícitas".

Ainda segundo Janot, Lula, "na qualidade de Presidente da República por 8 anos, atuou diretamente na negociação espúria em torno da nomeação de cargos públicos com o fito de obter, de forma indevida, o apoio político necessário junto ao PP e ao PMDB para que seus interesses e do seu grupo político fossem acolhidos no âmbito do Congresso Nacional".

Em relação a Dilma, Janot disse que ela passou a integrara a organização em criminosa em 2003, quando se tornou ministra de Minas e Energia no governo Lula. "Desde ali contribuiu decisivamente para que os interesses privados negociados em troca de propina pudessem ser atendidos, especialmente no âmbito da Petrobras, da qual foi Presidente do Conselho de Administração entre 2003 e 2010. Cumpre ressaltar que compete ao Conselho a nomeação dos diretores da Companhia", anotou Janot.

Em seguida, acrescentou: "Durante sua gestão junto à Presidência da República deu seguimento a todas as tratativas ilícitas iniciadas no governo Lula, com destaque para a atuação direta que teve nas negociações junto ao grupo Odebrecht. Outras vezes atuou de forma indireta, por intermédio de Mantega e Edinho Silva, na cobrança de valores ilícitos junto a empresários".

PROTAGONISMO PASSOU PARA PMDB DA CÂMARA

A partir do impeachment de Dilma, Janot afirmou que o protagonismo passou do PT para o grupo do PMDB na Câmara. Segundo ele, "com a reformulação do núcleo político da organização criminosa, a partir de maio de 2016, os integrantes do PMDB da Câmara passaram a ocupar esse papel de destaque dentro da organização". O grupo reúne políticos próximo ao atual presidente Michel Temer, que é do PMDB e era vice de Dilma antes de assumir o cargo no lugar dela.

O procurador-geral destacou que houve transferências bancárias internacionais para mascarar os valores das propinas e até mesmo a aquisição, por parte da empreiteira Odebrecht, de uma instituição financeira no exterior para facilitar isso.Para que os oito investigados se tornem réus e passem a responder ação penal, é preciso que a Segunda Turma do STF, composta por cinco ministros, aceite a denúncia. Ainda não há data para isso ocorrer. Somente depois é que haverá o julgamento que levará à condenação ou absolvição. O relator é o ministro Edson Fachin, que cuida dos procesos da Lava-Jato no STF.

Além da condenação, Janot quer que, ao fim do mandato, seja declarada a perda de cargo público dos denunciados que possuam algum. Quer também que devolvam R$ 6,5 bilhões à Petrobras, além de pagarem danos materiais no valor de R$ 150 milhões e danos morais também no valor de R$ 150 milhões.

Janot também solicitou que as investigações de outros petistas e pessoas associdadas vá para o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelos processos da Lava-Jato na primeira instância. São eles: os ex-ministros Ricardo Berzoini e Erenice Guerra; o ex-governador da Bahia Jaques Wagner; o ex-senador Delcídio Amaral; Giles de Azevedo, ex-chefe de gabinete de Dilma; o pecuarista José Carlos Bumlai; Paulo Okamoto, presidente do Instituto Lula; e o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli.

No caso de Wagner, o mais provável é que o caso não vá para Moro, mas para o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), em função do cargo que ele ocupa atualmente: secretário de Desenvolvimento Econômico da Bahia. Janot também pediu que as investigações ligadas a Lula, Paulo Bernardo e Vaccari que tratem de organização criminosa em tramitação na Justiça Federal de São Paulo e do Distrito Federal sejam remetidas ao STF.

JANOT UTILIZOU DIVERSAS DELAÇÕES

Janot apontou ação de Lula em 2004 para que José Eduardo Dutra, então presidente da Petrobras, nomeasse Paulo Roberto Costa para a diretoria de Abastecimento da estatal. Caso contrário, todos os integrantes do Conselho da Petrobras seriam demitidos. A indicação de Costa, que se tornou o primeiro delator da Lava-Jato, era para atender o PP, partido cujo apoio era cobiçado por Lula. Uma vez no cargo, ele atuou para desviar dinheiro da Petrobras.

 

Outros cargos teriam sido negociados com políticos do PP e do PMDB, como a presidência da Transpetro, empresa subsidiária da Petrobras, e a diretoria internacional da estatal. Nesses dois postos, passaram respectivamente Sérgio Machado e Nestor Cerveró, que também firmaram acordos de delação e admitiram ter desviado dinheiro.

Em nota, a defesa de Lula negou irregularidades envolvendo ex-presidente. "Essa denúncia, cujo teor ainda não conhecemos, é mais um exemplo de mau uso das leis para perseguir o ex-presidente Lula, que não praticou qualquer crime e muito menos participou de uma organização criminosa. É mais um ataque ao Estado de Direito e à democracia. O protocolo dessa denúncia na data de hoje sugere ainda uma tentativa do MPF de mudar o foco da discussão em torno da ilegalidade e ilegitimidade das delações premidas no país", escreveu o advogado Cristiano Zanin Martins, fazendo referência a possíveis irregularidades na delação de executivos da JBS.

Para embasar a denúncia, Janot usou elementos obtidos a partir de várias delações premiadas. Entre os colaboradores estão Paulo Roberto Costa, Nestor Cerveró, o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, os marqueteiros João Santana e Mônica Moura e executivos da Odebrecht e da JBS. Além da Petrobras, Janot sustentou que houve desvios em outras obras, como a da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Também fez algumas considerações sobre desvios cometidos por integrantes do PMDB, em especial na Caixa Econômica Federal, embora o inquérito para tratar desse assunto seja outro. 

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O Globo quarta, 12 de julho de 2017

MORO PROÍBE LULA DE OCUPAR CARGOS PÚBLICOS POR 19 ANOS

 

Moro proíbe Lula de ocupar cargos públicos por 19 anos

Proibição precisa ser ratificada por instâncias superiores

POR DIMITRIUS DANTAS* E GUSTAVO SCHMITT

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - Pedro Kirilos / Agência O Globo / 15-9-16
 

 

Lula foi condenado a nove anos e meio de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá. Lula está neste momento na sede do Instituto Lula, onde recebeu a notícia. O Instituto Lula e a defesa do ex-presidente ainda não se manifestaram sobre a condenação.

O ex-presidente recorrerá da sentença em liberdade, segundo o juiz Sérgio Moro. Entretanto, o juiz chegou a afirmar que caberia cogitar a decretação da prisão preventiva do ex-presidente em razão de suas declarações recentes sobre o processo e os depoimentos de Léo Pinheiro e Renato Duque de que Lula teria ordenado a destruição de provas.

 

"Aliando esse comportamento com os episódios de orientação a terceiros para destruição de provas, até caberia cogitar a decretação da prisão preventiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entretanto, considerando que a prisão cautelar de um ex-presidente da República não deixa de envolver certos traumas, a prudência recomenda que se aguarde o julgamento pela Corte de Apelação antes de se extrair as consequências próprias da condenação. Assim, poderá o ex-presidente Luiz apresentar a sua apelação em liberdade", decidiu Moro.

SENTENÇA

Moro deu a sentença, no começo da tarde desta quarta-feira. Na ação, o Ministério Público Federal (MPF) acusa Lula de ter recebido o tríplex da OAS como propina por contratos obtidos pela OAS na Petrobras.

Apesar da condenação por ter sido o beneficiário da propriedade e reformas de um apartamento tríplex no Guarujá, Lula foi absolvido da acusação feita pelo Ministério Público Federal pelos pagamentos feitos pela empreiteira OAS para o armazenamento de parte do acervo presidencial.

O juiz Sergio Moro considerou que existiram irregularidades no custeio, mas que não há prova de que ela tenha envolvido crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

 

Para determinar a pena de nove anos, Moro considerou que Lula agiu com "culpabilidade extremada" uma vez que os crimes teriam ocorrido em razão de sua posição como presidente da República.

"O condenado recebeu vantagem indevida em decorrência do cargo de presidente da República, ou seja, de mandatário maior. A responsabilidade de um presidente da República é enorme e, por conseguinte, também a sua culpabilidade quando pratica crime", escreveu Moro.

Essa é a primeira vez que um ex-presidente da República é condenado por corrupção no Brasil.


O Globo quarta, 28 de junho de 2017

RENAN DEIXA A LIDERANÇA DO PMDB DO SENADO

Renan anuncia saída da liderança do PMDB no Senado

Senador diz que não tem 'vocação para ser marionete'

POR CRISTIANE JUNGBLUT

O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) - Ailton Freitas / Agência O Globo

BRASÍLIA — O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) anunciou na tarde desta quarta-feira sua saída da liderança do partido no Senado. Ao discursar, Renan disse que deixa uma "âncora pesada" e que não tem "vocação para ser marionete ou líder de papel". E voltou a dizer que o governo do presidente Michel Temer é "desacreditado".

— Deixo a liderança do PMDB. Não tenho vocação para ser marionete. Não serei líder de papel e deixo uma âncora pesada — disse Renan, que discursa neste momento.

 

Segundo peemedebistas, o clima "azedou" de uma forma dentro da bancada, conforme adiantou a coluna Poder em Jogo do GLOBO.

O presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR), se irritou efetivamente com as últimas manobras e declarações de Renan, que tem adotado esse comportamento, porque está em dificuldades sobre o seu futuro eleitoral em Alagoas, onde a rejeição ao presidente Michel Temer é enorme.

O senador Jader Barbalho (PMDB-PA) foi sondado para assumir o cargo de líder, mas recusou. Outro nome apontado é do senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), de perfil conciliador e ex-presidente da Casa.

 


O Globo terça, 20 de junho de 2017

POLÍCIA FEDERAL ENCONTRA INDÍCIOS DE CRIME DE CORRUPÇÃO CONTRA TEMER

 

PF encontra indícios de crime de corrupção contra Temer

Supremo Tribunal Federal recebeu relatório parcial das investigações

POR SERGIO FADUL E CAROLINA BRÍGIDO

Rocha Loures era identificado em Brasília como uma pessoa próxima de Temer, de quem foi assessor
. - Divulgação/Rodrigo Rocha Loures

BRASÍLIA — O Supremo Tribunal Federal (STF) recebeu relatório parcial das investigações da Polícia Federal no inquérito do qual o presidente Michel Temer faz parte. Para os investigadores, houve crime de corrupção. A conclusão leva em consideração, além dos indícios e de outras provas, duas conversas entre o diretor da JBS Ricardo Saud e o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures que já foram periciadas e ajudam a reforçar os indícios de crime. 

Procurada, a Polícia Federal não comentou o relatório e nem quis se manifestar. Foi pedido ainda um prazo adicional de cinco dias para apresentar uma conclusão sobre o crime de obstrução de Justiça. Esse tempo será usado para concluir a perícia no audio da gravação do dono da JBS Joesley Batista com o presidente Temer. A PF teria optado por ser mais cautelosa nesse ponto.

O prazo inicial dado pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato, foi de dez dias. Depois, a pedido da PF, foram concedidos mais cinco dias. Agora, o ministro vai decidir se estende ainda mais o prazo.

JANOT OPINA CONTRA ARQUIVAMENTO

Michel Temer é investigado pela Procuradoria-Geral da República, que deve oferecer denúncia contra eles nos próximos dias com base na delação dos donos e executivos da JBS. Na semana passada, a defesa de Temer pediu o arquivamento do inquérito, argumentando que não havia elementos probatórios mínimos na investigação para justificar a apresentação de denúncia.

Nesta segunda-feira, o procurador-geral, Rodrigo Janot, enviou ao STF parecer contrário ao pedido de arquivamento do inquérito. Janot argumentou, no entanto, que só vai analisar o pedido mais a fundo quando receber a conclusão das investigações da Polícia Federal. Com o material em mãos, o procurador-geral vai decidir se arquiva ou se apresenta denúncia contra Temer perante o STF.

 

“Assim, considerando que os autos do inquérito ainda não aportaram a esse Tribunal — já que ainda não foi finalizado o prazo assinalado, a Procuradoria-Geral da República aguardará o recebimento das peças de informação para analisá-las, juntamente com os argumentos aqui expendidos”, escreveu o procurador.

AÇÃO CONTRA JOESLEY

A defesa de Temer entrou hoje com uma ação por calúnia, injúria e difamação contra o dono da JBS, Joesley Batista, na 12ª Vara Federal de Brasília. O motivo é a entrevista concedida pelo empresário à revista “Época”, na qual acusa Temer de chefiar “a maior e mais perigosa organização criminosa do Brasil”. Segundo Joesley, Temer não fazia cerimônia para pedir-lhe dinheiro em nome do PMDB e que o presidente articulava uma campanha para estancar a operação Lava-Jato.

Michel Temer também divulgou, nesta segunda-feira, um vídeo nas redes sociais no qual diz que "criminosos não sairão impunes". Ele não citou o empresário Joesley Batista.

 


O Globo sábado, 17 de junho de 2017

TEMER LIDERA MAIOR E MAIS PERIGOSA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA DO PAÍS, DIZ JOESLEY BATISTA

 

Temer lidera maior e mais perigosa organização criminosa do país, diz Joesley Batista

Em entrevista à "Época", dono da JBS relata pedidos de propina feitos pelo presidente e seu grupo político

POR O GLOBO

O empresário e dono da JBS, Joesley Batista - VANESSA CARVALHO / AFP

RIO - O empresário Joesley Batista, dono da JBS e delator na Operação Lava-Jato, afirmou que o presidente Michel Temer lidera “a maior e mais perigosa organização criminosa” do Brasil. A declaração foi dada em entrevista à revista "Época", na qual descreve a relação que mantinha com Temer, os pedidos de propina que teriam sido feitos pelo presidente e seu grupo político e as negociações para os pagamentos ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha depois de preso.

Joesley descreveu Temer como o líder do grupo político do PMDB que comanda a Câmara dos Deputados. Fariam parte desse grupo os ministros Eliseu Padilha (Casa-Civil) e Moreira Franco (Secretaria de Governo), os ex-ministros Henrique Eduardo Alves, que está preso, Geddel Vieira Lima e Cunha.

“Essa é a maior e mais perigosa organização criminosa desse país. Liderada pelo presidente”, declarou Joesley. “O Temer é o chefe da Orcrim da Câmara. Temer, Eduardo, Geddel, Henrique, Padilha e Moreira. É o grupo deles. Quem não está preso está hoje no Planalto”.

À revista, o dono da JBS disse que se aproximou de Temer “em 2009, 2010”, por meio do ex-ministro Wagner Rossi, e desde então manteve uma “relação institucional” com o presidente, a quem via como uma “condição de resolver problemas” de seus negócios.

“Acho que ele me via como um empresário que poderia financiar as campanhas dele — e fazer esquemas que renderiam propina. Toda vida tive total acesso a ele. Ele por vezes me ligava para conversar, me chamava, eu ia lá”, disse o delator.

O primeiro pedido de dinheiro teria sido feito em 2010. Um deles diz respeito ao pagamento de aluguel de escritório na Praça Pan-Americana, em São Paulo; outro pedido se refere à campanha de Gabriel Chalita à prefeitura paulista em 2012. Temer também teria pedido dinheiro para seu grupo político em 2014. O dono da JBS afirmou que o presidente pediu R$ 300 mil para fazer campanha na internet sobre sua imagem antes do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

“O Temer não tem muita cerimônia para tratar desse assunto. Não é um cara cerimonioso com dinheiro”, declarou.


O Globo sexta, 16 de junho de 2017

TRUMP CANCELA ACORDO DE REAPROXIMAÇÃO COM CUBA

Trump cancela acordo de reaproximação com Cuba de Obama

Presidente restringe comércio e diz que manterá sanções, mas sem romper relações

POR O GLOBO / AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Em Miami, Trump assina cancelamento de acordos de reaproximação econômica com Cuba, acompanhado por dissidentes
e o governador Rick Scott (centro, ao fundo) e o senador de origem cubana Marco Rubio (direita, ao fundo) - CARLOS BARRIA / REUTERS
 

MIAMI — O presidente americano, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira em Miami que cancelou o acordo de seu antecessor, Barack Obama, com Cuba, recuando a aproximação feita pelo seu antecessor. O presidente anunciou restrições a viagens de americanos à ilha, a negociações com empresas militares do país e a manutenção de sanções econômicas, denunciando o que chamou de "caráter brutal" do regime de Raúl Castro. A decisão, no entanto, não acarreta numa nova ruptura diplomática como a que durou até recentemente.

Trump condicionou uma possível nova aproximação com a ilha à ampliação das liberdades do povo cubano. Ele afirmou que não vai suspender sanções contra Cuba até que o governo da ilha liberte todos os presos políticos, legalize todos os partidos e organize eleições livres:

— Imediatamente, eu estou cancelando inteiramente o acordo completamente unilateral da última gestão feito com Cuba — anunciou Trump em encontro com a comunidade cubana em Miami. — O alívio da gestão anterior sobre restrições a respeito de viagens e comércio não ajuda o povo cubano, apenas enriquecem o regime cubano.

Ele disse que a embaixada dos Estados Unidos permanecerá aberta na ilha "na esperança de que nossos países possam moldar um caminho muito melhor e mais forte:

— Então iremos respeitar a soberania cubana, mas nunca viraremos as costas ao povo cubano — defendeu.

 

Trump disse que, agora como presidente, os EUA denunciarão os crimes do regime de Castro, que causou sofrimento ao povo cubano por mais de seis décadas, segundo ele. Antes de começar seu discurso, Trump elogiou três dissidentes do regime cubano presentes no local:

— Pessoas muito corajosas — afirmou. — Os exilados e dissidentes hoje aqui testemunharam o comunismo destruir uma nação, como o comunismo destruiu cada nação onde já foi testado. Mas nós não silenciaremos mais frente à opressão comunista.

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  • Um carro americano antigo é visto estacionado em frente a um hotel em Havana Foto: Ramon Espinosa / AP

    Antes da aproximação

    Antes de Barack Obama se reaproximar de Cuba em 2014, a maioria dos americanos sem família no país viajava para a ilha em visitas guiadas caras, dedicadas à interação em tempo integral com os cubanos. Atividades que poderiam ser consideradas turismo, que era ilegal, eram evitadas. As empresas precisavam de licenças especiais do governo.
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GOVERNO REGULAMENTARÁ MEDIDAS

Trump anunciou medidas administrativas como a proibição de qualquer transação financeira com uma empresa estatal cubana que, de acordo com Washington, beneficia diretamente os chefes das forças armadas do país. Além disso, o governo americano restabelecerá o grupo de 12 categorias de americanos que podem receber o visto para viajar para Cuba.

Nenhuma das novas regulamentações entram em vigor imediatamente, disse uma fonte da Casa Branca. As agências governamentais ainda vão emitir emendas regulatórias nos próximos meses.

Mais de 250 mil americanos visitaram Cuba nos primeiros cinco meses de 2017, o que representa o crescimento de 145% em comparação com o mesmo período de 2016, segundo o portal governista Cubadebate, citando fontes oficiais.

 

Companhias aéreas e de cruzeiros até Cuba fizeram investimentos milionários nos últimos dois anos para se preparar ao novo cenário. Ainda não se sabe o impacto que as novas medidas de Trump podem provocar neste setor.

A decisão afeta um dos mais notáveis legados políticos do ex-presidente Obama, que junto ao líder cubano, anunciou em dezembro de 2014 o início de uma nova fase nas relações bilaterais, depois de mais de 50 anos de ruptura. Desde o histórico anúncio, os dois países restabeleceram suas relações diplomáticas, e Washington avançou com o progressivo desmonte de normas administrativas para permitir o início de um fluxo de intercâmbio comercial, abrindo as portas para que americanos pudessem viajar para Cuba. 

Prevendo um impacto negativo, o setor hoteleiro mostrou sua preocupação.

"Pedimos ao governo de Trump que utilize o turismo como uma ferramenta estratégica para melhorar as relações com Cuba, ao invés de retroceder a políticas do passado", expressou em uma nota Arne Sorenson, presidente do grupo Marriott.

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  • Na Casa Branca, Obama conversa por telefone com Raúl Castro na presença de Ben Rhodes e Ricardo Zúñiga Foto: Casa Branca

    Conversas secretas

    Durante um ano e meio, Barack Obama e Raúl Castro se aproximaram em conversas secretas, debatendo etapas que seriam possíveis para restaurar os laços diplomáticos rompidos no início da década de 1960. No dia anterior ao histórico anúncio do degelo, Obama foi fotografado na Casa Branca conversando ao telefone com o par cubano.

O Globo sexta, 16 de junho de 2017

CHEFE DE GABINETE EM SÃO PAULO COORDENOU REFORMA NA CASA DA SOGRA DE TEMER

Chefe de gabinete em SP coordenou reforma na casa da sogra de Temer

Arlon Vianna admitiu à TV Globo ter selecionado profissionais para obra em 2014

POR O GLOBO

Arlon Vianna, chefe de gabinete da Presidência em São Paulo - Reprodução / TV Globo

RIO — Chefe de gabinete da Presidência em São Paulo e tesoureiro do PMDB de São Paulo, Arlon Vianna foi escalado pelo presidente Michel Temer em 2014 para selecionar profissionais para trabalhar em uma reforma na casa de Norma Tedesco, sogra do presidente, de acordo com reportagem do "Jornal Nacional", da TV Globo. À época, Arlon Vianna era assessor da Vice-presidência

Temer se reuniu nesta quarta-feira em seu escritório em São Paulo com Arlon Vianna, o ministro Moreira Franco e sua filha, Maristela Temer. Arlon foi o responsável pela indicação de profissionais para a pintura, limpeza e reparos no imóvel alugado. O Planalto confirmou que ele somente indicou profissionais para "pequenos reparos".

Ao Jornal Nacional, Arlon disse, inicialmente, que "nunca se envolveu" na reforma. "Estou te dizendo, de coração, que não me envolvo nessas coisas. De jeito nenhum. Eu trabalho com doutor Michel há 17 anos, tenho relação muito legal". Informado, então, de que o próprio Planalto havia confirmado que ele indicara profissionais para a reforma, Arlon Vianna atualizou a resposta:

"Não indiquei empresa. Indiquei, se não me falha a memória, um pintor. Que nem sei aonde está. Estou até procurando ele para ele esclarecer. Um pintor, um pedreiro, uma coisa assim. Parou aí. Nem me recordo direito. Pintor ou pedreiro. É a mesma pessoa. Se você vai fazer uma reforminha, tapar buraco, uma pessoa só. Foi até junto com o pai dele. Me parece", disse.

 

A assessoria presidencial disse que está fazendo um levantamento sobre quanto custou a reforma. Auxiliares do presidente afirmam que Temer pagou a reforma. Perguntado se Arlon fez pagamentos pelos serviços a pedido de Temer, o Planalto afirma que foi realizada com o dinheiro do presidente. Arlon alega que não fez pagamentos.

"Deve ter sido ele [Temer]. Eu não me envolvi, não entreguei dinheiro. Se foi feito foi feito por lá. Não paguei nada. Estou tranquilo, deito e durmo. Toda essa movimentação que estou vendo me choca".

A reforma foi feita em uma casa alugada para que a mãe de Marcela Temer, que morava no interior, pudesse se mudar para São Paulo e ficar perto da filha e do neto. O presidente tem uma casa no mesmo bairro. Arlon Vianna é amigo do ex-coronel João Baptista Lima, responsável pela reforma na casa de outro familiar de Temer, Maristela.

 


O Globo sexta, 16 de junho de 2017

QUEM É O AMÉRICO PISCA-PISCA CITADO POR GILMAR MENDES

Quem é o Américo Pisca-pisca citado por Gilmar Mendes

Ministro usou personagem criado por Monteiro Lobato para justificar seu voto contra a cassação da chapa Dilma-Temer no TSE

Ministro Gilmar Mendes se inspira em fábula de Monteiro Lobato - Ailton Freitas / Agência O Globo

POR O GLOBO

Jabuticabas, abóboras e um personagem que nem todos conhecem: Américo Pisca-pisca. Na argumentação usada para justificar seu voto contra a cassação da chapa Dilma-Temer, no julgamento realizado na noite desta sexta (9) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Gilmar Mendes usou e abusou das referências à literatura nacional. Em específico, à fábula sobre o "reformador do mundo", contada pela personagem Dona Benta no livro "A reforma da natureza", de Monteiro Lobato.

Américo Pisca-pisca, em ilustração de LeBlanc - Reprodução

Na história de Lobato, Américo discorre sobre o que ele considera uma imperfeição da natureza. Diz que as colossais abóboras, por seu tamanho, deveriam ser sustentadas pelas árvores maiores no lugar das jabuticabas. E dorme com esta certeza até a queda de uma jabuticaba em sua cabeça, quando vê que, sendo a jabuticaba uma abóbora, ele poderia estar morto. Na conclusão da fábula, Américo se vê convencido a "deixar as coisas como estão", perdendo a "cisma" de corrigir a natureza.

Veja como votou cada ministro do TSE

No paralelo criado por Gilmar Mendes, ele opina que a corte eleitoral não seja o espaço de solução para a crise política do país e vota pela manutenção da chapa com Temer. Em seu discurso, Gilmar conclui: "Não sejamos Américos Pisca-pisca".

A conclusão do discurso não é exatamente a conclusão da história criada por Monteiro Lobato. Se Américo Pisca-pisca se conforma com a perfeição da natureza e quase todos os personagens do sítio o acompanham na reflexão, a teimosa Emília insiste em aperfeiçoar a natureza: "Sempre achei a Natureza errada – disse ela – e depois de ouvir a história do Américo Pisca-Pisca, acho-a mais errada ainda. Pois não é um erro fazer um sujeito pisca-piscar? Para que tanto “pisco”? Tudo que é demais está errado. E quanto mais eu “estudo a natureza” mais vejo erros. (...) Por que dois chifres na frente das vacas e nenhum atrás? Os inimigos atacam mais por trás do que pela frente. E é tudo assim. Erradíssimo. Eu, se fosse reformar o mundo, deixava tudo um encanto, e começava reformando essa fábula e esse Américo Pisca-Pisca."

 

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O Globo quinta, 15 de junho de 2017

MORENO, REPÓRTER: VIDA DEDICADA AO JORNALISMO

MORENO, REPÓRTER: Vida dedicada ao jornalismo

Aos 63 anos, colunista, mestre da leitura dos fatos políticos, deixa órfã legião de amigos e admiradores

POR MARIA LIMA / CRISTIANE JUNGBLUT / ANDRÉ DE SOUZA /

Jorge Bastos Moreno - Leo Martins / Agência O Globo

 

Em meados da década de 1970, o menino cuiabano recém saído da UnB, magrelo, preto, pobre, de cabelo escovinha e figurino mal ajambrado, atrevido e de inteligência muito acima da média, iniciava, no “Jornal de Brasília", uma trajetória que o pôs no topo do jornalismo político nacional, passando por diversos veículos de comunicação. Datilografando com apenas dois dedos, como estagiário, repórter de jornal, rádio, TV, blog e plataformas digitais, Jorge Bastos Moreno, ou apenas Moreno, foi espectador privilegiado e protagonista dos principais fatos históricos dos últimos 40 anos. Por 35 anos, escreveu para O GLOBO, como repórter e depois colunista.

 Obcecado pela notícia, repórter de corpo e alma, como descreveu um dos companheiros do início de carreira, Moreno tinha um faro apurado e logo pulou da cobertura de cidades para a editoria de política. Numa tarde de 1978, ao cruzar com o fotógrafo do GLOBO Orlando Brito, na saída do trabalho, perguntou por que ele estava carregando tanto equipamento. Brito confidenciou que no dia seguinte iria fazer uma campana no Regimento de Cavalaria da Presidência da República para fotografar o general João Batista Figueiredo, porque estava desconfiado que ele seria o escolhido do presidente Ernesto Geisel para sucedê-lo.

No dia seguinte, enquanto Brito fotografava o general, Moreno apareceu. Depois de desencilhar o cavalo, Figueiredo passou pelos dois. Chamou para tomar um café. Moreno perguntou:

— Tão dizendo que o senhor vai ser, que o senhor pode ser, o futuro presidente da República...

— Quem te falou?

— As fontes, general, as fontes que falam as coisas aí, e tal.

— Não, eu sou o futuro presidente. Eu fui escolhido para ser o futuro presidente da República.

— Nisso, o Orlando Brito, do GLOBO, passa por mim e diz 'você tá com um furo, você tá com um furo'. Eu comecei a ficar nervoso — contou o próprio Moreno, em depoimento ao Memória Globo.

 

O furambaço no “Jornal de Brasília” catapultou Moreno para O GLOBO. Era o rei do bastidor, um contador de estórias de humor e ironia finos. Sedutor e agregador, Moreno tinha fontes de todos os matizes políticos nos banquetes preparados pela chef e companheira Carlúcia, na casa do Lago Norte, reunia jornalistas da casa e concorrentes, os presidentes da República, artistas e personalidades de todas as áreas.

Capaz de interpretar excepcionalmente os movimentos políticos, e com um senso de humor refinado e afiado, Jorge Bastos Moreno acabou se aproximando do maior expoente da política brasileira na década de 80, o Dr. Ulysses Guimarães. Políticos que conviveram com ambos lembram que Moreno tornou-se um confidente para Ulysses Guimarães. A amizade foi tamanha que Moreno pediu uma breve licença do jornal e se tornou assessor de Ulysses na campanha presidencial de 1989. Anos depois, Moreno lançou em 2013 o livro “A História de Mora. A saga de Ulysses Guimarães”, pela editora Rocco, onde ele conta episódios da trajetória de Ulysses tendo Dona Mora como o fio condutor da narrativa.

Moreno acompanhava os passos de Ulysses em especial quando o parlamentar se tornou presidente da Assembleia Nacional Constituinte, que elaborou a Constituição de 1988. Foi neste ambiente que o repórter se tornou figura presente no gabinete do peemedebista, em conversas longas. O relator da Constituinte, então deputado Nelson Jobim (PMDB-RS), lembra que o trabalho era frenético, mas que à noite o Dr. Ulysses, Moreno, Heráclito Fortes e, às vezes, ele próprio iam para o restaurante Piantela. O restaurante ganhou fama de ser o local dos políticos — e, claro, dos jornalistas. O ‘point’ permaneceu por gerações seguintes.

— Conheci o Moreno via Dr. Ulysses. Ele estava sempre ao lado do Dr. Ulysses. Moreno também adorava o Severo Gomes (que morreu juntamente com Ulysses em acidente de helicóptero). Terminavam as sessões da Constituinte e iam jantar no Piantela. Moreno se tornou confidente do Dr. Ulysses, mas era um confidente curioso, porque Dr. Ulysses também se tornou ouvinte, era bilateral. Moreno fazia confidência a ele, mas ele nunca contava. Era fiel ao silêncio — disse Jobim ao GLOBO.

Já eram 22h56 no dia 7 de dezembro de 2015, quando o blog do jornalista Jorge Bastos Moreno no site do GLOBO anunciava “Exclusivo: Carta de Temer a Dilma". O furo de reportagem, mais um entre os vários na carreira de Moreno, tornava pública uma queixa que ficaria famosa quase que imediatamente: o hoje presidente Michel Temer reclamava à ex-presidente Dilma Rousseff que era apenas um “vice decorativo", sem participação efetiva no governo. Foi também mais um passo em direção ao impeachment de Dilma, que viria a ocorrer meses depois.

Como bom repórter, Moreno contou também com a sorte. Em 22 de julho de 1992, ele passou pela tabacaria da barbearia do Senado para comprar um cigarro e encontrou um amigo que trabalhava no Banco Central (BC). Na conversa, esse amigo, sem se dar conta de que estava revelando uma informação a que nenhum jornalista ainda tivera acesso, lhe disse: “Agora que todos sabem que o Fiat Elba do Collor foi pago com o cheque do fantasma José Carlos Bonfim, não há como mais negar que o presidente estava fora do esquema do PC".

Moreno ficou surpreso. Até então não se sabia o nome que aparecia no cheque. Mas ele teve sangue frio para fingir que aquilo não era nada de mais. O motivo? Ele próprio explicou no texto publicado em 2012: “Se você se mostra interessado, o interlocutor percebe o que fez e vai te implorar de joelhos para você não publicar".

Repórter político experiente, ele também foi responsável por um grande furo do jornalismo econômico. Em 12 de janeiro de 1999, por volta das 19h, começou a circular em Brasília um forte rumor de que o então presidente do Banco Central (BC) Gustavo Franco sairia do cargo. O atual chefe da sucursal do GLOBO em Brasília, Sérgio Fadul, coordenava em 1999 a equipe de economia do jornal na cidade. Ele conta que o horário de fechamento da edição que circularia no dia seguinte se aproximava sem confirmação da notícia. Os primeiros exemplares impressos naquela noite continham uma reportagem apenas mencionando a possibilidade de troca de comando no BC. Fadul pegou então o telefone e ligou para Moreno.

 

— Perguntei: você pode nos ajudar? Ele respondeu: pode deixar. Em menos de uma hora, ele ligou: pode cravar (a demissão) — conta Fadul.

Veio então a ordem para parar as máquinas do novo parque gráfico do GLOBO, inaugurado apenas horas antes. Seria rodada uma nova edição, com a informação recém-confirmada.

O jornalista Jorge Bastos Moreno morreu no início da madrugada de ontem, no Rio, aos 63 anos. Moreno morreu de edema agudo de pulmão decorrente de complicações cardiovasculares. O corpo do jornalista será sepultado hoje em Cuiabá, onde ele nasceu.


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N. E. - A Coluna do Moreno foi publicada aqui no Almanaque Raimundo Floriano desde quando assinamos o Globo.com. Que ele segure na mão de Deus e vá!


O Globo quarta, 14 de junho de 2017

MORRE O JORNALISTA JORGE BASTOS MORENO, COLUNISTA DO GLOBO

Morre o jornalista Jorge Bastos Moreno, colunista do GLOBO

Um dos mais respeitados repórteres de política do país sofreu edema agudo de pulmão, decorrente de complicações cardiovasculares

POR O GLOBO

O jornalista Jorge Bastos Moreno trabalhava no GLOBO há 35 anos - Leo Martins / Agência O Globo

RIO - O jornalista Jorge Bastos Moreno, colunista do GLOBO, morreu à 1h desta quarta-feira, no Rio, aos 63 anos, de edema agudo de pulmão decorrente de complicações cardiovasculares. Um dos mais respeitados repórteres políticos do Brasil, Moreno nasceu em Cuiabá e viveu em Brasília desde a década de 1970. Há 10 anos morava no Rio.

 Com mais de 40 anos de carreira, Moreno era dono de uma invejável agenda de fontes, que inclui os principais políticos e os grandes nomes do mundo artístico do país.

Trabalhou no jornal O GLOBO por cerca de 35 anos, onde chegou a dirigir a sucursal de Brasília. Seu primeiro grande furo de reportagem foi no "Jornal de Brasília": a nomeação do general João Figueiredo como sucessor do general Ernesto Geisel. Foi apenas o primeiro de grandes furos, conseguidos graças à sua imensa capacidade de conquistar fontes. Sua importância era tamanha que, nos corredores do Congresso, enquanto repórteres costumavam chamar "Senador, Senador" ou "Deputado, Deputado", em busca de uma informação, com Moreno era o contrário: ao entrar no Congresso, eram os políticos que o chamavam, "Moreno, Moreno".

Entre tantos furos, dois se destacam. Durante o impeachment do presidente Fernando Collor, em 1992, quando a própria CPI do PC procurava uma prova cabal que ligasse o presidente aos cheques de "fantasmas" que vinham do esquema PC, foi Moreno que revelou que um Fiat Elba de propriedade do presidente tinha sido comprado pelo "fantasma" José Carlos Bonfim. Uma informação que ainda não era do conhecimento nem do relator da CPI, deputado Benito Gama, nem de seu presidente Amir Lando. A manchete do GLOBO selava o destino do presidente.

Venceu também o Prêmio Esso de Informação Econômica de 1999 com a notícia da queda do então presidente do Banco Central Gustavo Franco e a consequente desvalorização do real. Moreno teve acesso à noticia no início da madrugada, avisou aos diretores e conseguiu um feito com que todos os jornalistas sonham: parou as máquinas do jornal para que seus leitores tivessem ao acordar a notícia explosiva.

No fim da década de 1990, estreou sua coluna de sábado. O primeiro título - "Nhenhenhém" - era inspirado num desabafo do então presidente Fernando Henrique Cardoso para que os jornais "parassem de nhenhenhém" e tratassem do que ele considerava temas mais importantes. Apesar do título, a coluna nada tinha de superficial: no seu estilo irônico, publicava as notícias mais relevantes do bastidor político brasileiro. A coluna, publicada até o último sábado, passou há alguns anos a levar o nome do próprio Moreno. Mais recentemente, passou a escrever o "Cantinho do Moreno", na coluna "Poder em jogo", de Lydia Medeiros.

 

Era um apaixonado por todas as plataformas de notícia. A todo instante, abastecia também o Blog do Moreno. Desde 10 de março, comandava o talk show "Moreno no Rádio", na CBN, às sextas-feiras à tarde. Era também o âncora do programa "Preto no Branco", do Canal Brasil. E fazia imenso sucesso com suas participacões frequentes na GloboNews.

Também em março, Moreno lançou o livro “Ascensão e queda de Dilma Rousseff”, transformando em relato histórico aquela que talvez seja a forma mais efêmera de comunicação dos tempos digitais: as mensagens de Twitter. Em centenas de microtextos de até 140 caracteres, Moreno teceu comentários que remontam a meados de 2010, quando Dilma se preparava para sua primeira eleição à Presidência da República, e vão até agosto de 2016, mês em que a petista teve seu mandato cassado no Senado.

Moreno era também autor de "A história de Mora - a saga de Ulysses Guimarães", lançado em 2013, após ser publicado em forma de série pelo GLOBO. O livro, que mistura realidade e ficção, traz episódios em torno da figura de Ulysses contados por um narrador especial: dona Ida Maiani de Almeida, carinhosamente apelidada de Mora.

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N.E. Moreno é també uma grande perda para o Almanaque Raimundo Floriano, que vinha publicando sua coluna desde quando passamos a assinar o  Globo.com. Que ele segure na mão de Deus e vá!

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O Globo domingo, 11 de junho de 2017

PERFIL DE HERMAN BENJAMIN: FIRME COM A TOGA E AFÁVEL PARA OS AMIGOS

Herman Benjamin: Firme com a toga e afável para os amigos

Relator do processo contra a chapa Dilma-Temer mostrou habilidades lapidadas há muito tempo

POR RENATA MARIZ

Benjamin tem livros publicados sobre direito ambiental - Ailton Freitas / Agência O Globo

BRASÍLIA - Raciocínio rápido e capacidade de entremear fundamentos jurídicos a expressões de efeito são habilidades lapidadas há muito pelo ministro Antonio Herman de Vasconcellos e Benjamin. Aos 59 anos, o paraibano nascido em Catolé do Rocha, cidade de 30 mil habitantes na Paraíba, exercitou os dotes ao longo do julgamento da ação que poderia ter cassado o mandato do presidente Michel Temer.

 Falou em “muralha da China” ou “chinese wall” para enfatizar o quanto o caso Odebrecht, no início da ação, era blindado e pouco conhecido. Explicou o caixa dois do tipo “barriga de aluguel” e classificou a investigação da chapa presidencial vencedora em 2014 como um “milagre” com prova “oceânica”. Discreto, mas vaidoso intelectualmente, Herman estendeu expediente e varou fins de semana a para montar seu extenso voto na ação mais importante da história do TSE.

Os últimos dez anos como ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), não lhe tiraram a verve de promotor. No MP de São Paulo, onde atuou entre 1982 e 2006, é apontado como juiz duro. No trato pessoal, afável e bem-humorado.

Mesmo diante da pressão do julgamento combinada com uma gripe forte, Herman encontrou tempo para achar graça de uma espécie de meme sobre o Dia dos Namorados, segundo uma pessoa próxima. A mensagem sugeria algo como ter, na data comemorativa, uma companhia como Herman, que valoriza as “preliminares” — numa brincadeira com as nove questões de ordem discutidas exaustivamente pelo TSE antes de iniciar o julgamento do mérito.

Avesso a badalações, o círculo de amigos íntimos não é extenso. O adversário contumaz de plenário, ministro Gilmar Mendes, quis se colocar, em certo momento do julgamento, numa situação de proximidade com Herman, ao dizer que voaram juntos de monomotor para Águas de São Pedro (SP). Era a lembrança de mais de 30 anos de um voo para a capital paulista que teve muita turbulência.

 

GOSTO PELA REALIDADE

Histórias de sufocos em aviões pequenos durante viagens de trabalho, Herman gosta de contar. Chefe do hoje ministro durante os quatro anos como procurador-geral de Justiça de São Paulo, Luiz Antonio Marrey conta que, certa vez, o então promotor voara ao Monte Roraima a serviço quando problemas na aeronave levaram o piloto a ligar para a própria mãe meio que se despedindo. Passado o pânico, o avião pousou a salvo.

—É um episódio engraçado mas que demonstra uma característica forte do Herman Benjamin, de não ficar somente nos tapetes vermelhos. Ele sempre foi de sair do gabinete, de ver a realidade — diz Marrey.

Herman deixou Catolé do Rocha entre o fim da infância e início da adolescência. Não seguiu a carreira do pai, médico. Formou-se em direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Fez mestrado em Illinois (EUA), onde também foi professor visitante, assim como em instituições do Texas e na Bélgica. Tornou-se uma referência no direito do consumidor e principalmente no direito ambiental, hoje reconhecido internacionalmente na área. Tem nove livros publicados e convites frequentes para palestras.

Uma coleção extensa de gravatas na cor verde, uma referência ao meio ambiente, é motivo de comentários de colegas de STJ. Gosta de colecionar tapetes e artesanatos trazidos das muitas viagens internacionais , mas apesar do passaporte abarrotado de carimbos, Herman costuma seguir, de carro, para locais próximos recomendados por amigos.

Gosta da companhia dos sobrinhos nas aventuras a quatro rodas. O ministro tem duas irmãs, que cuidam mais de perto da mãe, de idade avançada. O pai morreu em 2011. O velório contou com a presença de pessoas próximas a família Benjamin, como o cantor e compositor Chico César, também de Catolé do Rocha.

Benjamin tem hábitos naturebas. Não come carne vermelha, prioriza os orgânicos, prefere chá a café e flerta com a homeopatia. Toma vinho moderadamente. É vigilante em relação à balança e preza por cabelos bem pintados e cortados e cuida da pele.

 

Disciplinado e detalhista, o ministro preparou minuciosamente os capítulos finais da atuação no TSE. Projetou trechos de leis e da ação em telão no plenário da Corte e escancarou contradições do ministro Gilmar Mendes usando o voto do próprio colega, que defendeu a necessidade de ir fundo nas investigações quando a inquilina do Palácio do Planalto era Dilma Rousseff.

Advogados veem o ministro com reservas e queixas. Reclamam de atendê-los em pé e somente se o processo em questão já tiver sido pautado para julgamento. Critério que adotou para repelir a romaria de advogados à porta do gabinete. Desde que assumiu a ação de cassação da chapa Dilma-Temer, especula-se que almeja chegar ao Supremo Tribunal Federal.


O Globo sábado, 10 de junho de 2017

MICHEL TEMER NÃO RESPONDE QUESTÕES DA POLÍCIA FEDERAL E CRITICA CONTEÚDO DAS PERGUNTAS

Michel Temer não responde questões da PF e critica conteúdo das perguntas

Defesa do presidente enviou ao STF 48 razões para ele não prestar esclarecimentos ao órgão

POR RAYANDERSON GUERRA

Presidente Michel Temer se recusa a responder questões enviadas pela Polícia Federal
- Givaldo Barbosa / Agência O Globo

RIO — A defesa do presidente Michel Temer enviou uma petição ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira criticando as 82 perguntas enviadas pela Polícia Federal sobre a delação de Joesley Batista, dono do frigorífico JBS, e de outros executivos da empresa. A defesa pede ainda o arquivamento do inquérito que, aberto após a Operação Patmos, investiga Temer por suspeita de corrupção passiva, obstrução da Justiça e organização criminosa.

 

Em 14 páginas dirigidas ao ministro do Supremo Luiz Edson Fachin, relator da Lava-Jato, os advogados do presidente apresentam 48 razões para Temer não responder às questões da PF. De acordo com a defesa, o presidente foi "coadjuvante de uma comédia bufa, encenada por um empresário e criminoso confesso e agora está sendo objeto de uma inquirição invasiva, arrogante, desprovida de respeito e do mínimo de civilidade."

"O questionário é um acinte à sua dignidade pessoal e ao cargo que ocupa, além de atentar contra vários dispositivos legais, bem como contra direitos individuais, inseridos no texto constitucional."

A Polícia Federal enviou o questionário ao presidente com autorização de Fachin. As perguntas foram remetida com um prazo inicial de 24 horas para Temer responder, mas a janela foi prolongada para até esta sexta-feira. As 82 perguntas se referem, principalmente, à conversa entre o presidente e Joesley Batista que foi gravada pelo empresário durante um encontro fora da agenda oficial. Entre outras questões, a PF pediu a Temer para esclarecer o que ele quis dizer com a frase "Tem que manter isso", após o dono da JBS dizer que estava bem com ex-deputado federal Eduardo Cunha.

O documento enviado pela defesa ao STF nesta sexta, porém, alega que as autoridades estão mais preocupadas em comprometer o presidente do que mostrar a verdade dos fatos.

"Cumpre inicialmente ponderar que, houvesse Vossa Excelência sido o autor dos questionamentos feitos por escrito ou em colheita de depoimento oral, teria havido, com certeza, uma adequada limitação das perguntas ao objeto das investigações. Indagações de natureza pessoal e opinativa, assim como outras referentes aos relacionamentos entre terceiras pessoas ou aquelas que partem de hipóteses ou de suposições e dizem respeito a eventos futuros e incertos não teriam sido formuladas. No entanto, foram feitas e demonstram que a autoridade mais do que preocupada em esclarecer a verdade dos fatos desejou comprometer o Sr. Presidente da República com questionamentos por si só denotadores da falta de isenção e de imparcialidade por parte dos investigadores ", diz um dos trechos.

 

A defesa alega que, mesmo sem aguardar a perícia do áudio entre Temer e Joesley Batista, o ministro determinou a formulação das questões para serem respondidas pelo presidente. Segundo a defesa, várias perguntas não dizem respeito às funções presidenciais de Temer.

‘Há pergunta verdadeiramente invasivas, e portando inoportunas, que procuram simplesmente entrar na vida pessoal do Presidente, afrontando a sua intimidade, sem nenhuma conexão com as investigações’

- ADVOGADOS DO PRESIDENTE MICHEL TEMER em petição enviada ao STF

"Desde já, e antecipando alguma das razões que trazem dificuldade para o Sr. Presidente da República responder às perguntas da autoridade policial, deve ser salientado, como se fez acima, que diversos questionamentos dizem respeito a fatos estranhos às funções presidenciais; outros referem-se a períodos não cobertos pelo seu mandado; alguns ao relacionamento entre terceiras pessoas. Note-se, que muitos deles partem da premissa do cometimento induvidoso de delitos e não objetivam perquirir a verdade, mas sim revelar meras circunstâncias de crimes que já estariam provados. "

Um dos argumentos enviados por Temer ao STF é que o questionário demonstra falta de elementos incriminadores contra o presidente .

"O questionário demonstra que os trabalhos investigativos, diante da ausência de elementos incriminadores, perderam-se no caminho. Razões que escapam à nossa razão parecem estar conduzindo as investigações por caminhos e veredas que estão, ao que parece, sendo percorridos à revelia de Vossa Excelência. Buscam, sem nenhum critério, métodos ou limites, encontrar qualquer indício, o mais tênue e frágil que seja, para, com o auxílio da mídia, dar uma repercussão a fato que enganosamente possa parecer grave. Assim tem sido e assim será, até que barreiras éticas impeçam o avanço da incompreensão, da intolerância e da falta de respeito que nos vêm atingindo. "

Em outro ponto, a defesa alega que Michel Temer está sendo "alvo de um rol de abusos e de agressões aos seus direitos individuais e à sua condição de mandatário da Nação que colocam em risco a prevalência do ordenamento jurídico e do próprio Estado Democrático de Direito."

"O vulgo tem questionado “mas o que estão fazendo com o Presidente da República ?” e os seus amigos indagam “por que o Michael está sendo tratado desta forma ?”


O Globo terça, 06 de junho de 2017

POLÍCIA FEDERAL PRENDE HENRIQUE EDUARDO ALVES, EX-MINISTRO DE TEMER E DILMA

 

PF prende Henrique Eduardo Alves, ex-ministro de Temer e Dilma

Ele foi presidente da Câmara dos Deputados no biênio 2013 e 2014

POR O GLOBO

O ex-ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves - Jorge William / Agência O Globo

 

RIO — A Polícia Federal prendeu, na manhã desta terça-feira, o ex-ministro e ex­-presidente da Câmara dos Deputados Henrique Eduardo Alves (PMDB­/RN). A ação é um desdobramento da operação Lava-Jato, com base nas delações premiadas de executivos da Odebrecht. A informação é da "GloboNews".

A PF também cumpre mandado de prisão contra o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, que já está preso no Paraná. Nesta manhã, 80 policiais federais cumprem 33 mandados judiciais — cinco deles de prisão preventiva e seis de condução coercitiva.

Na Operação Catilinárias, a casa do ex-ministro já havia recebido policiais para o cumprimento de mandado de busca e apreensão. Os investigadores apuraram crimes de corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro no favorecimento de duas empreiteiras responsáveis por construir a Arena das Dunas, em Natal.

O mandado de prisão contra Alves foi expedido pela Justiça Federal do Rio Grande do Norte. Ele foi ministro do Turismo nos governos Dilma Rousseff e Michel Temer, e pediu demissão em junho de 2016 após ser citado em delação de Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, subsidiária da Petrobras.

Em 2014, Alves concorreu ao governo do Rio Grande do Norte, mas foi derrotado no segundo turno.

 

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O Globo domingo, 04 de junho de 2017

NANDO REIS SERÁ HOMENAGEADO PELA ORQUESTRA PETROBRAS SINFÔNICA

Nando Reis será homenageado pela Orquestra Petrobras Sinfônica

POR MARIA FORTUNA

 
Nando Reis

 

 

Depois dos Los Hermanos, é Nando Reis quem ganhará uma homenagem da Orquestra Petrobras Sinfônica. O maestro Isaac Karabtchevsky vai reger um concerto com 13 sucessos do compositor — entre eles, “O segundo sol”, “Relicário” e “Por onde andei”—, que terão novos arranjos de Rafael Smith, Alexandre Caldi e Jessé Sadoc. O encontro único, em outubro, no Teatro Municipal, marca a estreia do projeto “Série Convidados”, da orquestra. 


O Globo domingo, 04 de junho de 2017

GLEISI HOFFMAN É ELEITA PRESIDENTE DO PT

Gleisi Hoffmann é eleita presidente do PT com 60% dos votos

Gleise defende Lula e fala sobre o fato de ser ré na Lava-Jato

POR FERNANDA KRAKOVICS / CATARINA ALENCASTRO

Os senadores Lindberg Farias e Gleisi Hoffmann, candidatos a presidência do Partido dos Trabalhadores durante
o Congressodo partido em Brasília - ANDRE COELHO / Agência O Globo

BRASÍLIA - Ré na Lava-Jato, a líder do PT no Senado, senadora Gleisi Hoffmann (PR), foi eleita nova presidente do PT, com 60% dos votos. Seu principal concorrente, o senador Lindbergh Farias (RJ), ficou em segundo lugar, com 38% dos votos dos delegados. Gleisi substitui Rui Falcão no cargo e exercerá a função por dois anos. A eleição contou com o voto de 596 delegados e ocorreu no 6° Congresso Nacional do PT, que contou com a presença dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Ela será a primeira mulher a presidir o partido.

Em sua primeira entrevista coletiva após ser eleita, Gleisi foi perguntada sobre o fato de ser ré na Lava-Jato e se isso pode ser danoso para a imagem do partido.

– Mais do que já fizeram (para manchar a imagem do partido)? – perguntou, ao responder à pergunta.

A senadora reafirmou declarações que Lula fez em seu discurso, minutos antes, e disse que apesar dos ataques que vem sofrendo, o ex-presidente continua liderando as pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais.

– O PT foi desconstruído nesse processo. A gente não teve condições de fazer uma defesa. Não vejo como tentar desconstruir mais a imagem do partido como já foi feito. Quando se faz uma pesquisa de opinião, quem ganha é o presidente Lula. Quem tem ligação com o povo, quem tem legado não é fácil ser desconstruído.

Candidata de Lula, Gleisi afirmou que o partido não fará autocrítica porque não quer fortalecer o discurso de seus adversários. Reunido em seu 6º Congresso, o PT era cobrado, inclusive por setores à esquerda do partido, a reconhecer supostos erros, como o envolvimento em escândalos de corrupção e alianças com partidos como o PMDB.

 

– Não somos organização religiosa, não fazemos profissão de culpa, tampouco nos açoitamos. Não vamos ficar enumerando os erros que achamos para que a burguesia e a direita explorem nossa imagem – disse Gleisi, ao discursar no congresso petista.

A senadora, que é líder do PT no Senado, reconheceu, no entanto, que o partido se afastou dos movimentos sociais enquanto comandou o governo federal:

 

– É certo que ficamos com relação mais institucional do que política.

Em campanha para a presidência do PT, Gleisi ressaltou êxitos dos governos petistas, como distribuição de renda e geração de empregos:

– Não teve na história de 500 anos do Brasil governos melhores do que os do PT. Não foi João Goulart, não foi Getúlio Vargas. Temos que erguer nossa cabeça para defender nosso legado e nosso governo.

Ela defendeu bandeiras históricas petistas, como taxação de grandes fortunas e regulação dos meios de comunicação. Para a senadora, um dos desafios da nova direção do PT é nacionalizar o partido, tradicionalmente concentrado em São Paulo. Gleisi também defendeu a candidatura de Lula à Presidência da República e eleições diretas em caso de afastamento do presidente Michel Temer.

Gleisi é acusada de receber R$ 1 milhão do esquema de corrupção na Petrobras para sua campanha em 2010. Ela e seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, respondem por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, mas negam as acusações.

Gleisi enfrentou o senador Lindbergh Farias (RJ) na disputa pela presidência do partido. Candidato pela corrente Muda PT, Lindbergh adotou o discurso da radicalização. Em sua fala final, para pedir os votos dos filiados, o senador afirmou que o partido precisa se preparar para o “enfrentamento”. Ele defendeu que a militância seja fortalecida para “barrar o avanço” do neoliberalismo e da burguesia.

Lindbergh criticou o “afastamento” da atual direção partidária da “realidade”, ao permitir que houvesse o apoiamento a candidaturas de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a presidência da Câmara e Eunício Oliveira (PMDB-CE) para a presidência do Senado.

— Precisamos de um partido preparado para o enfrentamento. Houve um distanciamento da nossa direção da realidade, parecia que não tinha havido um golpe, alguém pensar em apoiar Rodrigo Maia, Eunício Oliveira. Ali eu vi que a gente tinha que dar uma sacudida na burocracia, e encorajar a militância. Petista não vota em golpista — discursou, sendo aplaudido por grande parte da plateia.

O senador pregou a candidatura de Lula e afirmou que o partido tem que defender Lula contra as denúncias que recaem sobre ele. O ex-presidente é réu em cinco ações penais e neste domingo o Ministério Público pediu sua condenação.

 

— O que fazem com Lula é a campanha mais infame que já fizeram. Lula não está acima da lei, mas não está abaixo da lei. Temos que fazer uma defesa incansável de Lula. Um ataque a Lula é um ataque ao trabalhador brasileiro. Ele é a única possibilidade que o Brasil tem de deter o avanço neoliberal — afirmou.

Para integrantes da CNB, Gleisi errou ao viajar em busca de votos ao lado de Lindbergh, confiando que ele retiraria a candidatura mais à frente. Com isso, a candidatura do senador acabou crescendo no partido. Gleisi intensificou suas articulações e conseguiu, horas antes da votação, contar com a apoio das correntes Movimento PT e Optei, garantindo a ela uma margem segura.

Ainda de acordo com integrantes da CNB, Gleisi chegou a se arrepender de ter aceitado o pedido de Lula para concorrer à presidência do partido.

 


O Globo sábado, 03 de junho de 2017

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PEDE CONDENAÇÃO DE LULA E MULTA DE 87 MILHÕES NO CASO DO TRÍPLEX

MPF pede condenação de Lula e multa de R$ 87 milhões no caso do tríplex

De acordo com MPF, imóvel está em nome da OAS mas seria, de fato, do ex-presidente

POR CLEIDE CARVALHO

O ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva - ANDRE COELHO / Agência O Globo 01/06/2017

BRASIL - O Ministério Público Federal pediu a condenação e prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá. Os procuradores também pedem que sejam devolvidos aos cofres públicos R$ 87,6 milhões, referentes a contratos da OAS com a Petrobras. De acordo com o MPF, o tríplex está em nome da OAS mas seria, de fato, do ex-presidente, como contrapartida por contratos que a OAS fechou com a Petrobras no governo do petista.

No documento de alegações finais entregue ao juiz Sergio Moro, os procuradores pedem a condenação com base em provas indiciárias. Afirmam que o Supremo Tribunal Federal tem externado que a prova por indícios é apta a lastrear a condenação, mesmo quando baseada em presunções.

Para eles, a dificuldade de produzir provas de que o apartamento pertence à família de Lula é fruto da profissionalização dos crimes de lavagem de dinheiro.

"O ponto aqui é que disso tudo flui que os crimes perpetrados pelos investigados são de difícil prova. Isso não é apenas um “fruto do acaso”, mas sim da profissionalização de sua prática e de cuidados deliberadamente empregados pelos réus", dizem os procuradores.

Para o MPF, o fato de o apartamento ter se mantido em nome da OAS foi a forma encontrada para que a propriedade fosse ocultada de terceiros.

Os procuradores afirmam que Lula foi o responsável pelo esquema de corrupção na Petrobras, pois no lugar de "buscar apoio político por intermédio do alinhamento ideológico " para governar o país, comandou a formação de um esquema criminoso de desvio de recursos públicos destinados a comprar apoio parlamentar de outros políticos e partidos, que enriqueceu envolvidos e financiou as "caras campanhas eleitorais" do PT.

 

O MPF afirma ainda que as modernas técnicas de investigação e de coleta de provas admite probabilidades, evidências e "inferência para uma melhor explicação". E lembram que no apartamento de Lula foram apreendidos documentos referentes ao tríplex 164-A, alguns com adulteração.

"Assim, o que se deve esperar no processo penal é que a prova gere uma convicção para além de uma dúvida que é razoável, e não uma convicção para além de uma dúvida meramente possível. É possível que as cinco testemunhas que afirmam não se conhecer, e não conhecer suspeito ou vítima, mintam por diferentes razões que o suspeito matou a vítima, mas isso é improvável", afirmaram no documento.

Os procuradores dizem ainda que, ao depor ao juiz Sergio Moro, Lula admitiu dar a palavra final na nomeação dos diretores da Petrobras e que o modus operandi de manter o triplex registrado em nome da OAS Empreendimentos "serviu para ocultar a origem e dissimular a verdadeira propriedade do apartamento perante terceiros, uma vez que a unidade pertencia materialmente" a Lula e sua mulher, Marisa Letícia, já falecida, facilitando o repasse de valores ilícitos.

 


O Globo sábado, 03 de junho de 2017

POLÍCIA FEDERAL PRENDE EX-DEPUTADO ROCHA LOURES, O HOMEM DA MALA

Ex-deputado Rocha Loures é preso em Brasília

No pedido de prisão, Janot diz que ex-parlamentar é o executor das ordens de Temer

POR JAILTON DE CARVALHO

O ex-deputado Rodrigo Rocha Loures - Ricardo Weg/Presidência da República/Divulgação

BRASÍLIA - O ex-deputado e ex-assessor especial do presidente Michel Temer, Rodrigo Rocha Loures, foi preso na manhã deste sábado, segundo informou a Polícia Federal. Ele foi preso em casa em Brasília, onde deve permanecer até o fim das investigações, e levado para a Superintendência Regional da PF na capital. A prisão de Loures complica ainda mais a situação de Temer, investigado no mesmo inquérito do ex-parlamentar, cuja defesa já sondou investigadores da Lava-Jato sobre chande de fazer delação premiada.

A ordem de prisão foi expedida pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal a pedido do procurador-geral Rodrigo Janot. Loures é acusado de receber propina da JBS em nome de Temer. Ambos respondema inquérito por corrupção no STF.

 

O Ministério Público Federal reapresentou o pedido de prisão de Rocha Loures na quinta-feira, depois que foi formalizada a posse do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) que saiu do Ministério da Justiça e retornou à Câmara. Com o posse de Serraglio, Loures perdeu a vaga por ser apenas suplente de deputado.

No pedido de prisão, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse que Rocha é "verdadeiro longa manus do presidente Michel Temer". A expressão em latim é usada para descrever aquele que atua como executor das ordens de outro.

"Vale ressaltar que o envolvimento de Rodrigo Santos da Rocha Loures se deu na condição de homem de "total confiança" - verdadeiro Ionga manus do Presidente da Republica Michel Miguel Elias Temes Lulia. Este último permanece detentor de foro por prerrogativa de função no Supremo Tribunal Federal. Em suma, Rodrigo Loures aceitou e recebeu com naturalidade, em nome de Michel Temer, a oferta de propina (5% sobre o benefício econômico a ser auferido) feita pelo empresário Joesley Batista, em troca de interceder a favor do Grupo J & F, mais especificamente em favor da EPE Cuiabá, em processo administrativo que tramita no CADE. Após esse acordo inicial, momento em que o crime de corrupção se consumara, o deputado federal ainda recebeu os valores da propina acertada do também colaborador Ricardo Saud", diz o procurador no novo pedido de prisão.

Em sua defesa, o ex-deputado argumentou que o novo pedido de prisão é uma forma de pressioná-lo para fazer delação premiada. “Por que não diz a verdade, isto é, que quer a prisão para forçar uma delação, como tem sido usual nos últimos tempos?”, questionou o advogado Cezar Bitencourt na peça encaminhada ao relator da Lava-Jato, ministro Edson Fachin.

Em depoimento de delação, o dono da JBS Joesley Batista afirmou que Rocha Loures foi indicado pelo presidente Michel Temer para tratar de assuntos de interesse da empresa.

 

Numa conversa gravada pelo dono da JBS no porão do Palácio do Jaburu, Temer indicou Loures para conversar sobre "tudo" de interesse do empresário. Logo depois Loures foi flagrado acertando cargos e decisões estratégicas do governo federal com Batista.

Num segundo momento, o ex-deputado foi filmado recebendo uma mala recheada com R$ 500 mil repassada à ele por Ricardo Saud, operador da propina da JBS. A mala de dinheiro fazia parte de uma propina de R$ 480 milhões a ser paga ao longo de 20 anos, conforme indica a investigação.

 


O Globo terça, 30 de maio de 2017

ROBIN WRIGHT CHEGA AOS 51 NO AUGE DA CARREIRA E DA BELEZA

Robin Wright chega aos 51 anos no auge da carreira e da beleza

Atriz é a tia da heroína em "Mulher-Maravilha" e retorna com a série "House of cards"

POR EMILIANO URBIM

BELA E FERA. Robin Wright em cena de "Mulher-Maravilha" - Warner / Divulgação

RIO - Uma das expressões menos lisonjeiras da língua portuguesa é “ficar para titia”. Traz embutida a ideia de que o Plano A de toda a mulher é casar e ter filhos e que, caso exista uma criança próxima por laço de sangue ou amizade, há este ambíguo prêmio de consolação. Para demolir este conceito antiquado, nada melhor que a tia da Mulher-Maravilha no filme que estreia quinta-feira seja Robin Wright, uma atriz engajada e poderosa, que chega aos 51 anos (sim, 51) no auge da carreira e da beleza.

Robin vive a General Antíope, irmã da rainha Hipólita (Connie Nielsen). Ao contrário da soberana das amazonas, ela quer preparar a sobrinha (Gal Gadot) e futura super-heroína para o mundo. Basta assistir ao trailer para ver que ela não dá mole durante o treino: entre uma espadada e outra, diz que não se pode esperar justiça nas batalhas que virão.

“O mais legal deste filme é que se trata de um blockbuster sobre uma super-heroína, algo que nunca foi feito antes. Muitos garotos e garotas entrarão em contato com uma mensagem que não tem só a ver com amor e justiça, mas também com afirmação feminina”, disse a atriz à revista “Variety”.

ENGAJADA

Robin hoje está em posição de destaque na indústria do entretenimento, a ponto de comprar briga para ter salário igual ao de Kevin Spacey na série “House of cards” — cuja quinta temporada chega à Netflix na terça-feira, dia 30. “Me disseram que eu estava recebendo o mesmo que Kevin, e eu acreditei. Mas descobri recentemente que não é verdade. E isso é algo a ser investigado”, disse ela em entrevista coletiva no Festival de Cannes 2017, onde está divulgando seu primeiro projeto como diretora, o curta-metragem “The dark of night”.

 

PRIMEIRA DAMA. Robin Wright e Kevin Spacey em cena da quinta temporada da série "House of cards" (Netflix)
- David Giesbrecht / Netflix 
 

Além disso, Robin atua por causas que acredita: é porta-voz de uma ONG do Texas (ela nasceu em Dallasl) contra abuso de álcool e ativista de direitos humanos na República Democrática do Congo.

No início da carreira, a texana teve alguns papéis de destaque, mas parecia estar sempre à sombra do ex-marido Sean Penn (foram casados de 1996 a 2010). Hoje, além de brilhar como a maquiavélica primeira-dama Claire Underwood de “House of cards”, ela estará na aguardada sequência “Blade Runner 2049” — unindo “marcas" que só melhoraram com o tempo.

 

Robin Wright na quinta temporada de "House of cards" - David Giesbrecht/Netflix

O Globo segunda, 29 de maio de 2017

TEMER PLANEJA FICAR NO CARGO PELO MENOS 4 MESES, MESMO SE FOR CASSADO PELO TSE

Temer planeja ficar no cargo por pelo menos 4 meses, mesmo se for cassado no TSE

Presidente ganharia tempo com recursos e conta com demora na convocação de eleições

POR CRISTIANE JUNGBLUT

O presidente Michel Temer, durante encontro coma Câmara Brasileira da Indústria da Construção e grupo de empresários (CBIC)
- Givaldo Barbosa / Agência O Globo

BRASÍLIA — O presidente Michel Temer definiu uma estratégia jurídica para tentar ter um desfecho favorável no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e traçou diferentes cenários nos quais pode permanecer no cargo por pelo menos 120 dias. O primeiro passo foi tentar devolver ao Ministério da Justiça o status perdido, com a escolha do jurista Torquato Jardim para comandar a Pasta. O Planalto avalia que o respaldo do jurista e especialista Torquato Jardim resulte num ambiente mais favorável no TSE, onde Temer já tem aliados. Torquato é muito respeitado no setor jurídico e foi advogado de vários partidos em questões eleitorais. Em caso de cassação da chapa vencedora da eleição de 2014 e do mandato do presidente, Temer ganharia tempo com vários recursos e contaria com uma demora na decisão de chamar eleições indiretas.

 

O Globo domingo, 28 de maio de 2017

FUTEBOL - VASCO COMEMORA SEGUNDA VITÓRIA SEGUIDA

Milton Mendes comemora segunda vitória seguida do Vasco e elogia Nenê

Meia é chamado de 'iluminado' pelo treinador após clássico contra o Fluminense

POR RAFAEL OLIVEIRA

O técnico do Vasco, Milton Mendes, cumprimenta o zagueiro Breno no clássico contra o Fluminense
- Marcelo Theobald / Agência O Globo
 

A vitória por 3 a 2 sobre o Fluminense, em partida eletrizante, deixou Milton Mendes em êxtase. O técnico, que começara mal o Brasileiro com o Vasco, agora vê o time chegar ao G-4, ainda que provisoriamente, e a reconquista da torcida. Após o jogo, ele não escondeu o alívio.

- Essa vitória nos dá um alento muito grande. Não só pelos pontos. Mas pela exibição, pelos jogadores, que entraram e conseguiram fazer algo diferente - comemorou o técnico. - Estamos felizes por tudo. Quando se trabalha intensamente, o homem lá de cima olha e diz: 'Vou botar a mão ali". Foi uma grande e enorme vitória. Nos dá tranquilidade. E foi contra uma equipe muito boa

Ainda que não goste de individualizar a atuação dos jogadores, ele acabou se rendendo a Nenê. O meia saiu do banco para marcar o gol da vitória, aos 48 minutos do segundo tempo, e saiu de campo exaltado pela torcida.

- O Muriqui entrou muitíssimo bem, o Nenê também entrou bem... Ele é iluminado. A bola sobrou e ele fez o gol.

Apesar dos elogios, o técnico não quis adiantar se o gol da vitória pode recolocar o meia no time titular. Ele deixou bem claro que suas opções são baseadas no rendimento, e não no nome do jogador.

 

- O Nenê é um jogador como os outros. Eu, como treinador, não individualizo. O técnico não olha para o rosto. Mas para o corpo e o rendimento. Não é porque tem mais ou menos nome que vai jogar. O que importa, para mim, é o rendimento. E o Nenê, como os outros que estão fora, estão à espera de uma oportunidade neste momento.

Comemorações à parte, o técnico passou por um susto antes de a bola rolar. O ônibus que levaria o time ao estádio enguiçou, e os jogadores tiveram que concluir o percurso de táxi. Viraram motivo de chacota nas redes sociais. Mas, com a vitória garantida, o técnico pareceu não estar nem um pouco incomodado. E até riu da situação.

- Quando se ganha da forma como ganhamos fica marcado. O que ocorreu antes foi engraçado. Quer dizer, agora é engraçado. Mas naquele momento me passaram tantas coisas na cabeça... Mas são coisas que acontecem. O ser humano erra, as máquinas avariam, não temos que botar culpa em ninguém. Tanto que entramos muito bem em campo.

 


O Globo terça, 23 de maio de 2017

POLÍCIA FEDERAL PRENDE ASSESSOR ESPECIAL DE TEMER E EX-GOVERNADORES DO DE ARRUDA E AGNELO

PF prende assessor especial de Temer e ex-governadores do DF Arruda e Agnelo

De acordo com as investigações, superfaturamento na construção do estádio Mané Garrincha chega a quase R$ 900 milhões

POR JAILTON DE CARVALHO

Tadeu Filippelli, assessor especial do presidente Michel Temer, é conduzido por policiais federais
- Andre Coelho / O Globo

BRASÍLIA - A Polícia Federal prendeu nesta terça-feira os ex-governadores do Distrito Federal José Roberto Arruda (PR) e Agnelo Queiroz (PT) e o ex-vice governador Tadeu Filippelli — também assessor especial do presidente Michel Temer. Eles foram presos em suas residências em Brasília. A operação - denominada "Panatenaico" - cumpre, ao todo, 15 mandados de busca e apreensão, 10 mandados de prisão temporária e três conduções coercitivas.

Filippelli é mais um dos assessores próximos a Temer com problemas com a polícia. Os outros são Rodrigo Rochas Loures, José Yunes e o ex-ministro Geddel Vieira Lima. Os ministros mais próximos ao presidente - Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral) - também respondem a inquérito no Supremo Tribunal Federal.

Filipelli, preso pela PF hoje, dividia sala com Rocha Loures, a exemplo da que fica ao lado do gabinete presidencial, afirma o blog do colunista Lauro Jardim, no terceiro andar do Palácio do Planalto, hoje reservada para Marcela Temer.

O assessor especial do presidente Michel Temer e os ex-governadores Agnelo Queiroz e José Roberto Arruda
- Montagem/O GLOBO

A operação é baseada em delação premiada da Andrade Gutierrez sobre um esquema de corrupção nas obras do estádio Mané Garrincha. De acordo com as investigações, o superfaturamento na construção chega a quase R$ 900 milhões — com custo previsto de R$ 600 milhões, o estádio saiu a R$ 1,575 bilhão ao fim de 2014. Trata-se da arena mais cara de toda a competiçã 

A renovação da arena seguiu modelo diferente ao dos outros estádios da Copa do Mundo do Brasil, financiados por dinheiro público, com empréstimos do BNDES. Na arena de Brasília, os aportes vieram da Terracap — companhia estatal do DF com 49% de participação da União — embora a companhia não tivesse essa operação financeira prevista entre suas atividades. Sem estudos prévios de viabilidade econômica do Mané Garrincha, a Terracap encontra-se em estado de iminente insolvência.

 

Segundo a PF, a suspeita é de que com a intermediação dos operadores, os agentes públicos tenham realizado um conluio e simulado etapas das da licitação. A operação também mira agentes públicos, construtores e operadores de propina que atuaram durante três gestões do governo do Distrito Federal.

O nome da operação, "Panatenaico", se refere ao Stadium Panatenaico, sede dos jogos panatenaicos, anteriores aos jogos olímpicos. A arena dos helênicos, que tinha assentos de madeira, foi toda remodelada em mármore por Arconte Licurgo, no ano 329 a.C., e ampliado por Herodes Ático, no ano 140 d.C. Atingiu então a capacidade para 50 mil pessoas. O estádio voltou a receber obras em 1895, para as Olimpíadas de 1896.

BLOQUEIO DE BENS

Além de autorizar a prisão temporária de Tadeu Filippelli, assessor do presidente Michel Temer, e de dois ex-governadores do Distrito Federal (DF), José Roberto Arruda (PR) e Agnelo Queiroz (PT), o juiz da 10ª Vara Federal de Brasília determinou que os três tivessem R$ 26 milhões em bens bloqueados, sendo R$ 6 milhões de Filippelli e R$ 10 milhões de cada ex-governador. Foi determinado ainda o bloqueio de bens de mais sete pessoas, totalizando mais R$ 29,1 milhões, além de outros R$ 100 milhões da Via Engenharia.


O Globo sexta, 19 de maio de 2017

UMA EMBOSCADA MUITO LUCRATIVA, A DE JOESLEY

Uma emboscada muito lucrativa

Joesley, como é conhecido, é essencialmente um apostador do mercado financeiro. Jogou e lucrou com a crise nas últimas dez semanas.

José Casado, O Globo

Michel Temer passou o dia de ontem no Palácio do Planalto dando vazão à sua incredulidade diante da rápida desintegração do seu governo. Estava a milhares de quilômetros de distância do seu algoz, Joesley Batista, principal acionista do conglomerado agroindustrial JBS, maior exportador mundial de proteína animal.

Temer, um político que atravessou mais da metade dos 71 anos de vida escapando de armadilhas, acabou emboscado pelo empresário bilionário de 45 anos de idade numa noite de março, em Brasília. O teor da conversa nada republicana sobre a Lava-Jato, gravada por Batista na residência oficial, expôs Temer no centro de uma trama suspeita para obstrução da justiça, levando o Supremo Tribunal Federal a determinar uma investigação criminal contra o presidente da República.

Temer não sabe como será o amanhã no poder, mas Batista encerrou a jornada de ontem com bons motivos para celebrar nos Estados Unidos, para onde migrou com permissão do Ministério Público Federal: multiplicou sua fortuna desde que grampeou o presidente, e aplainou o caminho para um acordo de leniência empresarial com plena imunidade para si e sua família. Ele e o irmão são protagonistas de cinco inquéritos criminais derivados da Lava-Jato.

Joesley, como é conhecido, é essencialmente um apostador do mercado financeiro. Jogou e lucrou com a crise nas últimas dez semanas. Ganhou cerca de US$ 500 milhões no período em negócios de câmbio no mercado futuro, contam empresários, enquanto negociava um acordo com o Ministério Público.

Lucrou, também, cerca de US$ 100 milhões com discretas operações de venda de ações da JBS para a JBS, empresa sob controle da sua família (44% do capital) e que tem o BNDES e a Caixa Econômica Federal como acionistas minoritários. Juntos, os bancos estatais detêm um terço conglomerado agro-industrial.

Da sede de negócios em Nova York, no antigo edifício Seagram, joia da arquitetura que serviu de cenário para Audrey Hepburn no filme "Tiffany", Joesley vendeu ações na alta, compradas pelos acionistas minoritários da JBS - entre eles BNDES e Caixa -, antes de detonar a crise institucional que está aí. Na última semana também intensificou operações de hedge (espécie de seguro cambial), como revelou ontem a coluna "Poder em Jogo", do GLOBO.

O apostador Joesley fez fama, no período 2006 a 2014, quando chegou a acumular lucros financeiros na proporção de cinco dólares para cada dólar de rentabilidade nas atividades agro-industriais da JBS. Sua principal "alavanca" era o dinheiro barato obtido nos bancos públicos a partir de estranhas transações com a oligarquia partidária do PT e ndo PMDB que atravessou os governos Lula, Dilma e Temer.

Ele ganhou todas as apostas. Por enquanto. Porque a ira de acionistas minoritários, que se julgam perdedores, tende a ser revertida em pressão sobre a Justiça, a comissão de valores, o BNDES e a Caixa para punir os acionistas, e não a empresa JBS, obrigando a família Batista a se retirar do controle do grupo.

Ontem, Joesley mandou divulgar uma nota em que a JBS "pede desculpas aos brasileiros" e lembra que em outros países, como os EUA, onde vive, seus negócios continuam - "sem transgredir valores éticos", garante

 

Armadilha (Foto: Arquivo Google)

José Casado é jornalista


O Globo quinta, 18 de maio de 2017

POLÍCIA FEDERAL PRENDE ANDRÉA NEVES, IRMÃ DO SENADOR AÉCIO NEVES

PF prende Andréa Neves, irmã do senador Aécio Neves

Polícia Federal fez operação no imóvel de Andréa Neves, no Rio

POR O GLOBO

Policia Federal chega a casa da irma de Aecio Neves, Edificio Chopin, av. atlantica 2016
- Antonio Scorza / O Globo
PF cumpre mandado de busca em fazenda de Aécio em Minas

RIO — A irmã do senador Aécio Neves (PSDB-MG), Andréia Neves, foi presa na manhã desta quinta-feira pela Polícia Federal, cumprindo mandado de prisão expedido pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). Informações davam conta de que ela estava fora do Brasil, mas Andréia foi presa em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Ela foi a responsável pela primeira abordagem ao empresário Joesley Batista, por telefone e via WhatsApp (as trocas de mensagens estão com os procuradores), conforme revelado pelo colunista Lauro Jardim, do GLOBO.

A Polícia Federal fez operação no imóvel da irmã do senador, Andréa Neves, em Copacabana, no Rio, dando início ao cumprimento do mandado de busca e apreensão no edifício Tancredo Neves. No entanto, lá Andréa não foi encontrada. Os policiais precisaram da ajuda de um chaveiro para entrar no apartamento do oitavo andar, onde moraria Andréa Neves. A PF aguardou cerca de uma hora para abrir a porta.

Segundo um morador do prédio, que pediu para não ser identificado, os apartamentos têm 600 metros quadrados e o do oitavo andar estava desocupado.

A OPERAÇÃO

A operação da Polícia Federal foi deflagrada a partir da delação da JBS, revelada pelo GLOBO. Nela, Aécio Neves aparece pedindo R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, dono da empresa que é a maior exportadora de proteína animal do mundo, sob a justificativa de que precisava da quantia para pagar despesas com sua defesa na Lava-Jato.

A PF está na manhã desta quinta-feira em diferentes endereços ligados ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), presidente nacional do PSDB. A operação se estende ainda aos gabinetes no Congresso do próprio Aécio Neves, Zeze Perella e Rocha Loures, além da residência de Andréa Neves.

 

A fazenda do senador, localizada em Cláudio, no interior de Minas Gerais, também é alvo de mandado de busca e apreensão. Ainda há uma equipe da PF em outra fazenda em Cláudio, esta pertencente a Frederico Pacheco de Medeiros. Primo e homem de confiança de Aécio, ele é apontado como responsável por receber R$ 2 milhões dos donos da JBS a pedido do tucano.

Aécio Neves já responde a seis inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) em decorrência da operação Lava-Jato.

Em nota, o senador afirmou que a relação com Joesley Batista era "estritamente pessoal" e sem envolvimento com o setor público. O parlamentar afirma ainda estar tranquilo em relação aos seus atos.

 


O Globo quinta, 18 de maio de 2017

REPÚBLICA GRAMPEADA: REPERCUSSÃO E ANÁLISE DAS NOVAS DENÚNCIAS

 

República grampeada: repercussão e análises das novas denúncias

Confira o que o GLOBO publicou sobre a delação dos donos da JBS

POR ASCÂNIO SELEME, DIRETOR DE REDAÇÃO

RIO — Caro leitor, o colunista Lauro Jardim nos trouxe revelações bombásticas capazes de mudar os rumos do país. Preparamos esta edição extraordinária da nossa newsletter para que você possa acompanhar toda a cobertura do grampo que chocou a República. Lauro informou que o presidente Michel Temer foi grampeado pelo dono da JBS dando aval ao pagamento de um cala-boca para o ex-deputado Eduardo Cunha. E mostrou, em outro grampo, o senador Aécio Neves pedindo R$ 2 milhões ao empresário para pagar a um advogado da sua causa na Lava-Jato. O resultado desses grampos será o grande assunto dos próximos dias no país. O GLOBO deu um grande furo hoje. Para um jornal, isso significa muito. Mas, para nós, ainda mais importante que o furo jornalístico é que mais uma vez O GLOBO cumpriu o seu papel de bem informar. Não importa quem seja o objeto da denúncia, se ela for sólida e verdadeira, O GLOBO vai publicá-la em todas as suas plataformas, atendendo ao compromisso permanente que mantém com o seu leitor.

 
Joesley Batista e Michel Temer - João Quesada / Agência O Globo/12-12-2012

O grampo da JBS

O colunista Lauro Jardim conta os detalhes de uma delação bombástica: o empresário Joesley Batista, dono da JBS, gravou o presidente Michel Temer dando aval à compra de silêncio de Eduardo Cunha.

‘Tem que manter isso, viu?’

Presidente Michel Temer a Joesley Batista, quando avisado de que o empresário estava dando mesada a Eduardo Cunha e ao doleiro Lúcio Funaro

'Fale com o Rodrigo'

Polícia Federal filma indicado por Temer recebendo propina.

'Jamais solicitou pagamentos'

Em nota do Planalto, Temer confirma encontro com Joesley e diz que "não solicitou" pagamentos a Eduardo Cunha. Presidente se reúne com ministros e auxiliares.

Blog do Moreno

Temer diz que não renuncia e quer ver a fita da conversa com Joesley.

 

O senador Aécio Neves - Jorge William / Agência O Globo/03-05-2017

 

 

Tempestade tucana

Grampo revela que o senador Aécio Neves, presidente do PSDB, pediu R$ 2 milhões ao dono da JBS.

Tranquilidade

Aécio diz que está tranquilo e que relação com Joesley era estritamente pessoal.

 

O ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega - Givaldo Barbosa / Agência O Globo/08-09-2014

 O elo com o PT

Joesley Batista diz que Guido Mantega distribuía propina a parlamentares petistas.

Quem é Joesley

O empresário que fez sua empresa multiplicar de tamanho e se tornou alvo da Polícia Federal.

E agora, Brasil?

O jornalista Alan Gripp analisa os possíveis impactos da delação bombástica de Joesley Batista na política e na economia brasileiras.

 

Parlamentares da oposição gritam 'Fora Temer' no plenário da Câmara - Givaldo Barbosa/Agência O Globo

Pedido de impeachment

Presidente da Câmara encerra sessão em meio a gritos de "Fora, Temer". Oposição entra com dois pedidos de impeachment. Parlamentares pedem renúncia e eleições diretas.

"Fatos estarrecedores, repugnantes e gravíssimos"

Claudio Lamachia, presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)

 

Efeitos na economia

Parte da equipe econômica do governo Temer já dá como perdidos os esforços para aprovar as reformas da Previdência e trabalhista no Congresso. "Esquece as reformas", diz um economista.

Manifestantes pedem a saída do presidente Michel Temer em frente ao Palácio do Planalto
- Jorge William / Agência O Globo

Nas ruas

Manifestantes vão às ruas pedindo a saída de Michel Temer.

 

Memes inundaram a internet após a divulgação de gravações da JBS relativas ao presidente Michel Temer
- Reprodução Internet

Nas redes

O brasileiro não perde o bom humor: gravação rende piadas e memes na internet.

 


O Globo quarta, 17 de maio de 2017

CESSÃO GRACIOSA DE DINHEIRO PÚBICO À JBS

Para começo de conversa: A 'cessão graciosa' de dinheiro público à JBS

Veja os principais destaques na manhã desta quarta-feira

POR O GLOBO

Linha de produção da JBS em Lapa, no Paraná - André Coelho / Agência O Globo/21-03-2017
 

 

Perda milionária

Exclusivo: relatório da área técnica do TCU mostra que o BNDES amargou um prejuízo de R$ 711,3 milhões em operações com o grupo JBS. A investigação da PF sobre as operações financeiras tinha, inicialmente, outro alvo: o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antonio Palocci.

 

Foto do ex-presidente Lula no sítio em Atibaia que foi anexada ao processo sobre o tríplex - Reprodução

 Lula e Léo

A PF anexou novas provas contra Lula aos processos da Lava-Jato, entre elas esta foto do ex-presidente com Léo Pinheiro, da OAS, em Atibaia.

 

 


O Globo terça, 16 de maio de 2017

RELATOR LIBERA PARA JULGAMENTO PROCESSO DE CASSAÇÃO DA CHAPA DILMA-TEMER

 

Relator libera para julgamento processo de cassação da chapa Dilma-Temer

Presidente do TSE deve marcar no início de junho

POR O GLOBO

Dilma e Temer são alvo de ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) - Givaldo Barbosa/ Agência O Globo 01/02/2016
 

BRASÍLIA – O ministro Herman Benjamin liberou nesta segunda-feira para a pauta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o processo de cassação da chapa de Dilma Rousseff e Michel Temer. Agora, caberá ao presidente da corte, ministro Gilmar Mendes, marcar o dia do julgamento. Gilmar está em uma viagem à Rússia para participar de uma conferência sobre gestão eleitoral e volta ao Brasil na quinta-feira, quando deve agendar uma data. O mais provável é que seja no início de junho. 

Inicialmente, a expectativa do início do julgamento era ainda em maio. O atraso será importante para os ministros Admar Gonzaga e Tarcísio Vieira, que tomaram posse no TSE recentemente e precisarão de mais tempo para estudar melhor o processo – que já soma 29 volumes, com várias provas anexadas e depoimentos de mais de 50 testemunhas. O voto do relator deve ser pela condenação da chapa. No entanto, cresce entre os demais ministros a preocupação de costurar uma solução pela absolvição de Temer, para que a crise política e econômica não tome proporções grandiosas no país.

 

No processo, o PSDB acusou a chapa de ter cometido abuso do poder econômico e político na campanha. De acordo com os autores da ação, houve “desvio de finalidade de pronunciamentos oficiais em cadeia nacional, eminentemente utilizados para a exclusiva promoção pessoal da futura candidata”. Os tucanos também afirmam que houve veiculação de ampla propaganda institucional em período vedado; uso do Palácio do Planalto para atividades de campanha; uso de gráficas de fachada; uso indevido dos Correios na campanha; despesas de campanha acima do limite legal; financiamento irregular; além de falta de comprovantes idôneos para algumas despesas.

Depois que o processo foi instaurado, outros elementos foram incluídos. Houve inclusive o compartilhamento de provas da Operação Lava-Jato por parte do juiz Sérgio Moro, que conduz as investigações em Curitiba. Os documentos atestariam que boa parte das doações eleitorais registradas corresponde a propina acertada no esquema de desvio de dinheiro da Petrobras. Há também indícios de que o marqueteiro João Santana recebeu dinheiro de empreiteiras da Lava-Jato por serviços prestados à campanha eleitoral petista.

O vice-procurador-geral Eleitoral Nicolao Dino voltou a pedir a cassação da chapa Dilma-Temer em parecer apresentado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na sexta-feira. Caso seja aprovado, o pedido do vice-procurador-geral eleitoral resultaria no afastamento do presidente Michel Temer do cargo. A ex-presidente Dilma Rousseff, que já teve o mandato cassado em processo de impeachment no Senado, se tornaria inelegível por oito anos.

 


O Globo sábado, 13 de maio de 2017

A MINHA GARANTIA ERA LULA, AFIRMA MÔNICA MOURA

A minha garantia era Lula’, afirma Mônica Moura

Delatora diz que confiava no ex-presidente, que teria pedido calma a João Santana sobre dívida de campanha de Hugo Chávez

POR RENATA MARIZ

 
 

BRASÍLIA - Ao relatar que tomou "cano" da Andrade Gutierrez e de Nicolás Maduro, atual presidente da Venezuela, na campanha que reelegeu Hugo Chávez em 2012, a empresária Mônica Moura foi questionada como fazia as cobranças de valores acertados por meio de caixa dois sem contrato formal. Ela disse que a garantia era o ex-presidente Lula e que o marido, o marqueteiro João Santana, chegou a pressioná-lo para receber valores nunca pagos. Lula pediu calma, disse ela.

— A minha garantia era Lula. Eu confiava muito em Lula, que ele ia resolver. E no nosso próprio trabalho, que foi crescendo de uma maneira que...

De forma mais específica, a investigadora pergunta como exatamente Mônica falava com o executivo da Andrade Gutierrez, que arcou com uma parte da campanha de Chávez por caixa dois, na Venezuela:

— Já cheguei a ameaçar: "Gente, se vocês não me pagarem eu vou ter que conversar no Brasil, quem me chamou para cá foi o presidente Lula. Ele não era presidente na época, mas sempre chamei Lula assim. Vou ter que conversar com ele porque não dá".

A procuradora questiona, então, se Lula chegou a ser acionado sobre o assunto:

— O João cobrou, várias vezes. Chegava para ele e conversava. Já tinha acabado a campanha. Chávez foi eleito. Nós estávamos sendo incensados pela mídia venezuelana como os melhores não-sei-o-quê. E o dinheiro não saía (...) O João, uma vez, conversou com Zé Dirceu, que saía fora, dizia que não tinha nada a ver com financiamento, 'só fiz a intermediação'. João conversava com Lula: 'Não, se acalme, vou conversar com o presidente Chávez, isso vai ser resolvido'.

Seis meses depois, Chávez morreu, deixando um "cano de mais ou menos 15 milhões de dólares", afirmou Mônica. Maduro, que mandava buscá-la de carro blindado para entregar "malas de dinheiro", ainda conforme a empresária, tornou-se presidente e nem retornava mais as ligações dela. A Andrade Gutierrez só teria pago US$ 2 milhões de uma dívida apontada como US$ 5 milhões, numa primeira declaração de Mônica, e depois US$ 4 milhões.

 

— Sucesso por um lado e um fracasso financeiro retumbante — lamenta a empresária, ao falar da campanha que reelegeu Chávez com vantagem ampla.

Ontem, o relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, quebrou o sigilo da delação do marqueteiro João Santana, da mulher dele, Mônica Moura, e do assessor do casal, André Santana. Nesta sexta-feira, href="https://oglobo.globo.com/brasil/divulgados-os-videos-da-delacao-de-joao-santana-monica-moura-21331189" title="">foram divulgados os vídeos dos depoimentos.

  1. Mônica Moura delata empresas que receberam dinheiro de caixa 2 em campanhas - Reprodução

O Globo sexta, 12 de maio de 2017

MORRE CRÍTICO LITERÁRIO ANTONIO CANDIDO, AOS 98 AN0S

Morre o crítico literário Antonio Candido, aos 98 anos

Vencedor de prêmios como o Jabuti e o Camões estava internado em São Paulo

POR O GLOBO

O estudioso e crítico Antonio Candido de Mello e Souza - André Gomes de Melo / Reprodução Ministério da Cultura

 

RIO – Morreu na madrugada desta sexta-feira, aos 98 anos, o escritor Antonio Candido. O mais influente crítico literário do Brasil no século XX estava internado no hospital Albert Einstein, em São Paulo. Segundo comunicado da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo, o velório será realizado nesta sexta no Hospital Albert Einstein, das 9h às 17h.

Por sua obra, Candido venceu quatro vezes o Jabuti, principal prêmio literário do Brasil, por "Formação da literatura brasileira" (1960), "Os parceiros do Rio Bonito" (1965), de poesias, e "Brigada ligeira e outros escritos" (1993), reunindo ensaios. Em 1966, recebeu o Jabuti de personalidade do ano. Em 1998, venceu o prêmio Camões.

Nascido 24 de julho de 1918, Antonio Candido de Mello e Souza era filho do médico Aristides Candido de Mello e Souza e de Clarisse Tolentino de Mello e Souza. Natural do Rio de Janeiro, pouco tempo viveu na então capital federal. Neto de barões do Império, descendente de uma tradicional família do interior de Minas Gerais, morou dos 3 aos 10 anos de idade na mineira Santa Rita de Cássia. Dos 10 aos 12 anos, viveu na França e, passando um verão em Berlim, pôde sentir, através de seu olhar de menino, a ascensão das forças nazistas.

Chegou a prestar exame para a faculdade de medicina antes de ingressar, em 1939, nos cursos de Direito e Ciências Sociais na Universidade de São Paulo (USP). Nessa mesma época, em 1940, estreou na imprensa no exercício da crítica literária, na revista "Clima".

A linguagem fluente e a visão aguda fizeram com que rapidamente, somente três anos depois, fosse contratado para assinar críticas “de rodapé” na “Folha da Manhã” (atual “Folha de S. Paulo”) e, em seguida, no “Diário de S. Paulo”. Desde o início, seus textos se caracterizaram pela clareza — assim como o dos modernistas do período, que cultivavam o coloquialismo —, embora, diferentemente destes, Candido pertencesse às primeiras gerações de formação universitária na área de ciências humanas no país, identificado com um estilo de raciocínio estético então novo no país.

Foi um intelectual que transitou, como poucos no país, entre esses dois universos — o da clareza exigida no cotidiano jornalístico e o da profundidade acadêmica —, tendo consolidado em sua obra, sobretudo no clássico “A formação da literatura brasileira”, de 1957, conceitos fundamentais para se entender não apenas a literatura brasileira, como para aprofundar as interpretações sobre a cultura nacional. A crítica e o trabalho teórico de Candido se beneficiaram de sua dupla formação, na área de Ciências Sociais e na de Letras.

 

Em 1936, foi estudar em São Paulo e, nos anos 1940, os primeiros de sua carreira, formou um primeiro conjunto de estudos nos quais, de acordo com o crítico Roberto Schwarz, os mais de 150 trabalhos publicados na imprensa “são unidos pelo propósito militante de ampliar a compreensão da atualidade”.

Em 1945, publica o seu primeiro livro, “Brigada ligeira”, no qual reúne artigos da coluna semanal Notas de Crítica Literária, da “Folha da Manhã”. A coletânea retrata a literatura brasileira daquela década, com, entre outros, um ensaio sobre Oswald de Andrade e artigos sobre autores então desconhecidos, a quem Candido saudou a estreia, como Clarice Lispector, com “Perto do coração selvagem”, Fernando Sabino, com “A marca”, e o poeta João Cabral de Melo Neto.

A década de 1940 foi o período de maior engajamento na vida do crítico, que já trabalhava, então, como professor assistente de Sociologia na Universidade de São Paulo (USP). Na primeira metade daquela década, Candido se empenhou na oposição ao Estado Novo e foi segundo secretário da sessão paulista da primeira diretoria da Associação Brasileira de Escritores, fundada em 1942. A organização arregimentou intelectuais contra a ditadura e, em 1945, realizou o histórico 1º Congresso Brasileiro de Escritores, em São Paulo, marcando posição contra o governo vigente. Candido era o membro mais jovem da delegação paulista.

Paralelamente às atividades jornalística e política, defendeu em 1945 a tese “O método crítico em Sílvio Romero”, sobre o crítico literário que estabeleceu, em sua monumental obra, segundo Candido, “o cânon” da literarura brasileira. Com o trabalho, obteve o título de livre-docente e começou a abrir caminho para sua transferência para ser aceito como professor do curso de Letras, que era o seu objetivo. Mas não deixou de colaborar com a imprensa e, nos anos 1950 — decisivos em sua carreira —, elaborou o projeto do Suplemento Literário lançado pelo jornal “O Estado de S. Paulo”.

A passagem para a área de Letras só viria a acontecer em 1958, quando se tornou professor de literatura brasileira da Faculdade de Assis, atualmente parte da Universidade Estadual Paulista, no interior do estado de São Paulo, e já tinha publicado sua obra máxima, “Formação da literatura brasileira”.

No prefácio do clássico, Candido faz uma célebre declaração sobre a literatura brasileira, que, segundo disse, “é galho secundário da portuguesa, por sua vez arbusto de segunda ordem no jardim das Musas... Os que se nutrem apenas delas são reconhecíveis à primeira vista, mesmo quando eruditos e inteligentes, pelo gosto provinciano e falta de senso de proporções. Estamos fadados, pois, a depender da experiência de outras letras, o que pode levar ao desinteresse e até menoscabo das nossas. Este livro procura apresentá-las, nas fases normativas, de modo a combater semelhante erro”.

Diz ele ainda: “Comparada às grandes, a nossa literatura é pobre e fraca. Mas é ela, não outra, que nos exprime. Se não for amada, não revelará a sua mensagem”.

 A obra é tão profunda em sua tentativa de revelar os caminhos de formação literária do Brasil quanto os clássicos de Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda na busca das raízes da brasilidade. De acordo com Candido, o livro busca reconstituir a história dos brasileiros no seu desejo de terem uma literatura. A crítica, ao observar a aliança entre esforço artístico e missão nacional, realiza a análise interna das obras literárias, assim como salienta seu papel do ponto de vista da cultural nacional.

Para Candido, a crítica equilibrada era a que atenta aos aspectos estéticos, assim como ao conteúdo do texto, levando em conta “o sistema”, do qual fazem parte autor, obra e público. Ele mostrava como a originalidade é “a ilusão dos parvos” e identificava o caráter empenhado da literatura brasileira, com um sentimento de missão que faz dos artistas brasileiros “delegados da realidade”. Sua visão, porém, segundo o próprio crítico, não pretendia ser impositiva, “mas apenas um dos modos possíveis de encarar a contradição entre histórico e estético, fundindo-os dialeticamente no conceito de sistema”.

Candido foi casado com a filósofa, crítica literária e ensaísta Gilda de Mello e Souza (1919-2005), com quem teve três filhas, Ana Luísa, Laura e Marina.

 

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O Globo sexta, 12 de maio de 2017

LULA DENUNCIA MORO NO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA

Ex-presidente Lula denuncia Sergio Moro no Conselho Nacional de Justiça

Defesa do petista pede que juiz federal seja notificado a prestar informações em 15 dias

POR RAYANDERSON GUERRA

Lula denuncia Sérgio Moro no Conselho Nacional de Justiça, um dias antes de prestar depoimento - Reprodução
 

RIO — Os advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um dia antes do depoimento ao juiz Sergio Moro, nesta quarta-feira, entraram com uma reclamação disciplinar (nº 0003865-65.2017.2.00.0000) contra o juiz federal no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Na petição, assinada também por Lula, a defesa pede providências sobre a decisão de Moro de proibir a gravação independente da audiência. Antes do depoimento, os advogados entraram com recursos no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para anular a decisão, mas tiveram os pedidos negados nas duas instâncias

 Os advogados Cristiano Zanin e Roberto Teixeira pedem que o juiz Sergio Moro seja notificado para prestar informações no prazo de 15 dias, "sem prejuízo de outras diligências necessárias para apurar as verossimilhanças da imputação". Após o processamento do pedido, os advogados pedem que “sejam adotadas as medidas previstas no Regimento Interno do CNJ, com a eventual imposição de sanções disciplinares” a Sérgio Moro.

O GLOBO entrou em contato com a assessoria da Justiça Federal do Paraná, mas ainda não obteve uma resposta do juiz Sérgio Moro.





O Globo quinta, 11 de maio de 2017

PETISTAS AVALIAM QUE DEPOIMENTO NÃO DEVE IMPEDIR CONDENAÇÃO DE LULA NA LAVA-JATO

 

Petistas avaliam que depoimento não deve impedir condenação de Lula na Lava-Jato

Dirigentes do partido entendem que ex-presidente se saiu bem diante de Moro

POR SÉRGIO ROXO

Em ato após depoimento, Lula criticou imprensa e o judiciário - Heuler Andre / AFP
 

CURITIBA - Dirigentes petistas avaliam que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se saiu bem no depoimento de quarta-feira ao juiz Sergio Moro, mas entendem que isso não deverá ser suficiente para que ele seja absolvido pelo magistrado.

 — O depoimento nos deu elementos para absolver o Lula nas praças e nas ruas — disse o vice-presidente da legenda, Jorge Coelho. 

Questionado se existe risco do ex-presidente ser impedido de disputar a eleição presidencial do ano que vem, o dirigente petista respondeu:

— Para quem fez o impeachment e deu essa pernada, dar outro golpe é pouco. A política está nas mãos do Judiciário.

 

O secretário de organização da legenda, Florisvaldo Souza, também acredita que o ex-presidente tem poucas chances de ser inocentado.

— Não existe um processo contra o Lula, existe uma disputa política e uma perseguição.

Florisvaldo avalia que Lula foi bem no depoimento porque teve "firmeza e não deixou de explicar nada".

Lula deixou Curitiba ainda na noite de quarta-feira, após um discurso a militantes no centro da cidade.

 

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O Globo quinta, 11 de maio de 2017

LULA NÃO EXPLICA REVELAÇÃO DO TRÍPLEX EM 2010, FEITA PELO GLOBO

Lula não explica revelação de tríplex em 2010, feita pelo GLOBO

Ex-presidente é questionado por Moro sobre reportagem

POR SILVIA AMORIM

SÃO PAULO - Em depoimento ao juiz Sergio Moro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não conseguiu explicar a revelação do tríplex feita pelo GLOBO em 2010. Na versão apresentada pelo petista, ele só soube do imóvel em 2013.

 

- Consta no processo uma matéria do jornal O GLOBO, de 10 de fevereiro de 2010, na qual se afirmava naquela época, abro aspas: "A família Lula da Silva deverá ocupar a cobertura tríplex com vista para o mar". Relativamente a esse prédio em Guarujá. O senhor saberia me explicar como a jornalista em 2010 poderia afirmar que a cobertura tríplex seria do ex-presidente? - pergunta o juiz.

Lula responde:

- Eu vou lhe explicar, talvez não explique tudo. Mas o jornal O GLOBO nesse mesmo período fez 530 matérias negativas contra o Lula e só duas favoráveis. Então só posso entender que alguém do Ministério Público em São Paulo, que eu não vou dizer o nome, fomentava a imprensa, que fomentava ele (a jornalista). E isso foi tempo. Nós fizemos inclusive representação no Conselho Nacional do Ministério Público.

Moro, então, questiona a divergência nas datas apresentadas por Lula.

 

– Mas a questão que eu coloco, essa questão do tríplex que o senhor afirma aqui, ela só teria surgido em 2013, segundo o senhor. O senhor tem ideia como o jornalista, lá em 2010, do GLOBO, poderia ter feito uma matéria se referindo a essa cobertura tríplex que o senhor iria ficar? Nesse mesmo local, nesse mesmo prédio?

Lula volta a acusar os procuradores:

- Por que deve ser uma invenção do Ministério Público.

Moro insiste:

- Mas em 2010 nem tinha processo.

 

E Lula:

– Sei lá quando, fazer ilação se faz em qualquer momento.

 

O prédio no Guarujá onde ficar o tríplex que seria de Lula - Marcos Alves / Agencia O Globo 27/01/2016

 

 

O Globo quarta, 10 de maio de 2017

STJ NEGA TERCEIRO HABEAS CORPUS À DEFESA DE LULA

STJ nega terceiro habeas corpus da defesa do ex-presidente Lula

Ministro Felix Fisher nega última cartada do ex-presidente Lula para adiar depoimento

POR JÚLIA COPLE / RAYANDERSON GUERRA / ANDRÉ DE SOUZA

RIO — O ministro Felix Fisher, do Superior Tribunal de Justiça, negou o terceiro habeas corpus impetrado pela defesa do ex-presidente Lula, que ainda faltava ser julgado pelo tribunal. O habeas corpus nº 398570 pedia que o STJ considerasse o juiz federal Sérgio Moro suspeito para julgar a ação penal em que Lula . Essa era a última cartada dos advogados do petista para tentar adiar o interrogatório de seu cliente ao juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sergio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava-Jato na primeira instância.

Os advogados recorreram na noite de ontem, contra decisões do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) que contrariam pedidos feitos anteriormente pela defesa. No depoimento que vai prestar nesta quarta, Lula será questionado sobre a aquisição de um apartamento triplex no Guarujá, no litoral de São Paulo. As íntegras das decisões do STJ não foram divulgadas ainda.

Em um dos pedidos negados, os advogados queriam que fosse concedida uma medida liminar para suspender a tramitação da ação penal em até 90 dias, adiando, portanto, o depoimento. No pedido, os advogados alegaram que não teriam tempo de preparar o cliente por causa do volume de documentos. A defesa estimava que cerca de 100 mil páginas foram juntadas ao processo entre 28 de abril e 2 de maio.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Lula foi beneficiado por uma melhora do apartamento, que passou a ser o tríplex, e pelas reformas feitas no imóvel, assim como a compra de móveis sob medida. O tríplex está em nome da empreiteira OAS, investigada na Lava-Jato. O ex-presidente nega ser dono da unidade.

Em outro pedido, dessa vez apresentado pela Defensoria Pública, o ministro Raul Araújo, também do STJ, manteve a decisão da Justiça de Curitiba que proibiu a montagem de acampamentos nas ruas e praças da capital paranaense nesta quarta-feira. Ele também manteve o bloqueio de áreas específicas da cidade para pedestres e veículos, nas imediações da Justiça Federal.

 


O Globo terça, 09 de maio de 2017

JUIZ CONFIRMA DECISÃO DE MORO E LULA NÃO PODERÁ GRAVAR INTERROGATÓRIO

Juiz confirma decisão de Moro e Lula não poderá gravar interrogatório

Na decisão, Nivaldo Brunoni disse que pedido da defesa era inusitado

POR DIMITRIUS DANTAS*

O ex-presidente Luiz Inacio Lula da Silva - STRINGER / REUTERS 05-05-2017

SÃO PAULO — O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) negou nesta terça-feira também o pedido da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de gravar o interrogatório do petista ao juiz Sergio Moro, marcado pata amanhã. A decisão foi do juiz federal Nivaldo Brunoni. Mais cedo, o juiz federal, convocado para substituir o desembargador João Pedro Gebran Neto, também negou o pedido da defesa pelo adiamento do depoimento.

Na decisão de ontem, Moro negou o pedido de Lula e manteve o formato atual dos depoimentos, com a câmara focada no réu, além de proibir a gravação em áudio e vídeo pela defesa do ex-presidente. No entanto, o juiz afirmou que, no caso da audiência de amanhã, também será efetuada uma gravação adicional, feita lateralmente e que retratará a sala de audiência com um ângulo mais amplo. As duas gravações serão disponibilizadas após o interrogatório.

 Em sua decisão de hoje, Nivaldo Brunoni considerou o pedido inusitado e disse que, após uma década em que as gravações de audiência são realizadas, não há notícia de que alguma tenha sido prejudicial a algum réu.

No pedido, os advogados de Lual afirmaram que seria importante capturar todo o ato, inclusive as expressões faciais e corporais do procurador e do juiz Sérgio Moro. Nivaldo Brunoni, todavia, não concordou com o argumento.

“Ora, o Ministério Público Federal e o juízo não são réus ou testemunhas do processo”, disse Brunoni.

No início da decisão, Brunoni também criticou o uso exagerado do habeas corpus na Lava-Jato. Segundo o juiz, o habeas corpus tem sido utilizado com a finalidade de enfrentar, de modo precoce, questões processuais. Para o juiz, embora o procedimento deva ser utilizado em ilegalidades no curso do processo, seu foco deveria ser quando há risco ao direito de ir e vir dos investigados. O magistrado chegou a chamar a Operação Lava-Jato de “grandiosa” ao criticar o uso do recurso.

“Não está em pauta, pois, o cerceamento à liberdade do paciente, tampouco o risco de que isto venha a ocorrer”, escreveu Nivaldo Brunoni, que completou: “A intervenção do juízo recursal de modo prematuro deve ser evitada, de modo a resguardar o curso natural das ações penais relacionadas à tão complexa e grandiosa 'Operação Lava-Jato'”.

 

No caso do pedido de Lula, Brunoni considerou que não tinha relação com o exercício do contraditório e da ampla defesa no processo.

“O pedido da defesa não tem adequação ao rito do habeas corpus, pois não há como apontar qualquer nulidade no registro audiovisual do interrogatório do paciente exclusivamente pela serventia. A construção de uma tese indireta de suposta violação à ampla defesa somente se justifica nos dizeres da defesa, pois, de rigor, nem sequer existe pertinência lógica entre uma coisa e outra. Nesse contexto, não merece seguimento a presente impetração, motivo pelo qual indefiro liminarmente o habeas corpus.”

 


O Globo terça, 09 de maio de 2017

JUSTIÇA DECIDE NESTA TERÇA-FEIRA SOBRE PEDIDO PATA ADIAR DEPOIMENTO DE LULA

Justiça decide nesta terça-feira sobre pedido para adiar depoimento de Lula

Audiência com o juiz Sergio Moro está marcada para quarta-feira

POR CLEIDE CARVALHO / TIAGO DANTAS

Sede da Justiça Federal em Curitiba, onde Lula vai prestar depoimento ao juiz Sergio Moro
 Geraldo Bubniak/AGB / Agência O Globo

SÃO PAULO - O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) deve decidir nesta terça-feira sobre o pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para adiar a data do depoimento dele ao juiz Sergio Moro, marcada para amanhã. A defesa de Lula afirma que precisa de no mínimo três meses para analisar documentos da Petrobras, que somariam cerca de 100 mil páginas e foram incorporados ao processo no fim de abril. Por isso, pediu ontem a suspensão dos prazos do processo em um habeas corpus ajuizado no TRF-4. 

A defesa de Lula tenta adiar o depoimento argumentando que os advogados não tiveram acesso a documentos da Petrobras que estariam relacionados a três contratos da estatal com a construtora OAS, que são alvo de investigação no processo. Lula é acusado de receber da empreiteira um tríplex no Guarujá, litoral paulista, como contrapartida por ter conseguido esses acordos. O advogado Cristiano Zanin Martins afirma ter solicitado os dados em outubro do ano passado. Inicialmente, Moro rejeitou o pedido de inclusão dos dados. Depois, permitiu que as peças entrassem no processo entre 28 de abril e 2 de maio.

“É simplesmente impossível analisar cerca de 5,42 gigabytes de arquivos digitais sem organização e índice, mais de 5 mil documentos técnicos, jurídicos e negociais (estimativa de cerca de 100 mil folhas sem organização e índice) até o próximo dia 10”, afirma o pedido de habeas corpus. Em nota enviada à imprensa, os advogados dizem que a impressão dos documentos ainda não tinha sido concluída ontem, “a despeito da contratação de uma gráfica para essa finalidade”. Para a defesa, como a acusação já conhecia essas informações, não há “paridade de armas".

Outro ponto de discórdia entre o juiz Moro e os advogados de Lula está ligado à gravação do depoimento. Em todas as audiências da Lava-Jato, a câmera fica imóvel e enquadra apenas quem está prestando depoimento, seja ele réu ou testemunha. Na semana passada, os advogados de Lula haviam pedido que a câmera fosse móvel. Eles também tentaram autorização para fazer a própria gravação. Moro negou a solicitação, alegando que o petista quer transformar o interrogatório em “evento político-partidário”. O juiz afirmou que o tribunal vai providenciar a gravação também de imagens de “um ângulo mais amplo” da sala da audiência, que mostrará o réu lateralmente.

  • Ex-presidente da OAS confirma que tríplex era de Lula
  • Foto: Marcos Alves / Agencia O Globo 27/01/2016

    Depoimento será sobre caso do tríplex

    Lula é réu, acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex no Guarujá. O MPF afirma que ele é o verdadeiro dono do imóvel, que teria sido reformado pela OAS. A empreiteira também teria usado dinheiro de propina para pagar o armazenamento do acervo do ex-presidente. Veja todas as acusações contra Lula.

 

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Os advogados recorreram ao TRF-4 também contra essa decisão, que classificaram como “mais uma arbitrariedade” de Moro. Eles disseram que pretendem denunciar o magistrado à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), pois todo defensor tem direito a filmar a audiência.

Um dos objetivos do PT em gravar o depoimento, segundo o blog do colunista do GLOBO Lauro Jardim, é usar as imagens em eventual campanha de Lula à Presidência . Ao negar o pedido, Moro citou a convocação de militantes petistas para manifestações em Curitiba.(Colaborou Marina Oliveira, especial para O GLOBO)

 


O Globo segunda, 08 de maio de 2017

PROCURADORES REAGEM A LULA CONTRA AMEAÇA

Procuradores reagem a Lula e afirmam que ‘ameaça’ não vai deter ‘marcha serena da Justiça’

Nota da Associação Nacional dos Procuradores da República repudia declarações de ex-presidente na etapa paulista do 6º congresso do PT

POR O GLOBO

Lula participa da abertura da etapa paulista do 6º congresso do partido
ao lado do ex-presidente do Uruguai José Mujica - Edilson Dantas / Agência O Globo

BRASÍLIA - Em resposta à fala do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que disse, na abertura da etapa paulista do 6º congresso do PT, ser vítima de uma conspiração incriminatória da operação Lava-Jato, a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) emitiu uma nota neste domingo em que classifica o discurso do petista como uma “ameaça” e defendendo a “marcha serena da Justiça”.

A nota é assinada pelo presidente da ANPR, José Robalinho Cavalcanti, que defende a operação Lava-Jato. Ele diz que as investigações são “técnicas e impessoais” e que uma prova é a semelhança entre o discurso de Lula, de vitimização, e de outros réus. Cavalcanti também afirma que o argumento de que há “uma conspiração universal contra o ex-presidente Lula não se sustenta em fatos”.

Na conclusão da nota, Cavalvanti lamenta a declaração de Lula, de que, se eleito presidente mais uma vez, poderia mandar prender pessoas que publicarem notícias infundadas sobre sua suposta prisão. Cavalcanti afirma que tal declaração não é “digna de quem foi por oito anos foi o supremo mandatário do país”, e que as ameaças não irão deter “qualquer agente de estado ou a marcha serena e impessoal da Justiça”.

Na última sexta-feira (5), Lula usou a abertura da etapa paulista do 6º congresso do PT para se depender de acusações, ainda que não tenha citado diretamente o ex-diretor da Petrobras Renato Duque. Ele disse que nunca pediu dinheiro a empresários e afirmou que a mídia e a Lava-Jato firmaram um “pacto diabólico” contra sua pessoa.

 

— Essa mesma imprensa que dizia que o PT acabou, dizia todo dia: amanhã, o Lula vai ser preso. Faz dois anos que eu ouço isso. Se eles não me prenderem logo, quem sabe um dia eu mando prendê-los por mentir — declarou o ex-presidente, que participou do evento ao lado de José Mujica e ainda criticou Bolsonaro, a quem chamou de fascista, e João Dória.

Confira a íntegra da nota da ANPR:

“As investigações e processos da Lava-Jato são sérias, técnicas e impessoais. Se prova precisasse disso, é só observar que o discurso do ex-presidente Lula é exatamente o mesmo de dirigentes de outros partidos políticos, também investigados e processados na Lava-Jato.

O argumento de que há uma grande conspiração universal contra o ex-presidente Lula não se sustenta em fatos, muito menos uma conspiração, a que a cada testemunho de um ex-aliado com conhecimento interno da matéria a defesa e o ex-presidente acusam de também participar.

Todos, segundo a defesa, mentem. Apenas o ex-presidente falaria a verdade.

A ampla defesa permite todos os argumentos, é direito de qualquer réu alegar o que quiser. A justiça - independente e técnica - decidirá.

 

De resto, apenas lamentar a frase, que soa como ameaça, de que - supõe-se legitimamente que depois de mais uma vez eleito presidente - irá mandar prender os que investigam. Isto não irá deter qualquer agente de estado ou a marcha serena e impessoal da Justiça, mas não é uma declaração digna de quem foi por oito anos foi o supremo mandatário do país.

O ex-presidente sabe muito bem que chefes do executivo não 'mandam prender' ninguém em um estado de direito. A justiça é que o faz.”

José Robalinho Cavalcanti, presidente da ANPR

 


O Globo domingo, 07 de maio de 2017

FERNANDA LIMA FALA SOBRE CHEGADA AOS 40, NUDEZ, FILHOS E MARIDÃO

FERNANDA LIMA FALA SOBRE CHEGADA AOS 40, NUDEZ, FILHOS E MARIDÃO

Em ensaio, apresentadora despe-se de preconceitos para ser, simplesmente, uma mulher

A apresentadora posou com exclusividade para a primeira edição da Ela Revista, suplemento do jornal "O Globo" que será publicado todos os domingos - Claudio Carpi

POR JOANA DALE

RIO - O lançamento do novo filme da Mulher-Maravilha, que chega aos cinemas mês que vem, inspirou a Ela Revista a convidar a apresentadora Fernanda Lima para estampar a capa de sua primeira edição. Linda, bem-sucedida, mãe de gêmeos fofos, casada com um dos homens mais desejados do país e feminista engajada, não poderia ela representar a nossa Mulher-Maravilha?

 

Fernanda Lima trata a nudez com naturalidade: “Explico para os meus filhos que é só um corpo, um peito.
Não quero que essas questões virem tabu para eles” - Claudio Carpi
 

Convite aceito, sexta-feira retrasada, o fotógrafo Claudio Carpi, o stylist Dudu Bertholini e o maquiador Lau Neves — profissionais de confiança da apresentadora — estavam a postos. Acompanhada do seu empresário, Antonio Amancio, ela chega ao estúdio de Claudio, numa simpática casa no Horto, vestida de calça jeans, camisa de linho, casaquinho amarrado na cintura e New Balance vinho nos pés.

Diante dos corpetes, maiôs estrelados, botas e braceletes garimpados pela produção de moda, empresário, fotógrafo, repórter, stylist e apresentadora debatem sobre os caminhos deste ensaio. Fala-se de representatividade, conquistas femininas, cultura brasileira... E chega-se à conclusão de que iremos desconstruir um estereótipo. Os cliques começam com Fernanda metida num macacão preto fechado com zíperes dourados dos pés ao pescoço. Aos poucos, ela vai se despindo de todas as armas e amarras, terminando livre para ser, simplesmente, uma mulher — só de bracelete.

— Brasileiro é assim, Claudio: fala, fala, e acaba pelado — Fernanda brinca com o fotógrafo italiano.

Brincadeiras à parte, a apresentadora encara a nudez com muita naturalidade:

— Meus filhos reclamam que quando faço prova de roupa fico pelada na frente de todo mundo. Explico que é só um corpo, um peito. Não quero que essas questões virem tabu para eles.

 Sobre as mulheres-maravilha, ela aponta quem são as suas.

— É aquela que acorda às quatro da manhã, faz café, prepara quentinha para o marido, pega o ônibus, demora três horas para chegar ao trabalho, rala, volta para casa, faz o jantar e dorme no máximo cinco horas por noite. Qualquer outra não é Mulher-Maravilha. Então, não me considero como tal — diz a apresentadora do “Amor & sexo”, da TV Globo. — Acho que acabo ganhando o título de mulher forte, que trabalha, que tem filhos, que tem marido, mais pelo meu discurso no programa do que pelo que sou de fato. Porque eu sou o que toda mulher é.

 Na vida real, Fernanda assume o papel da dona de casa que adora trocar os móveis de lugar, molhar as plantas e cuidar do cardápio dos filhos gêmeos, João e Francisco, de 9 anos:

— Levo uma vida muito simples. Um dia tem arroz, feijão, farofa e ovo. No outro, arroz, feijão, banana e farofa. Depois, franguinho ensopado com macarrão. Não tem frescura.

No apartamento onde Fernanda vive com os filhos e o marido, o também apresentador Rodrigo Hilbert, do “Tempero de família” (GNT), todos levam uma vida “de campo na cidade”. Tem café da tarde, bolinho de chuva e chimarrão — maratonas na Netflix estão longe de ser uma realidade (“Prefiro ir ao cinema”, diz ela). Fora isso, marido e mulher priorizam os momentos no aconchego do lar.

— O Rodrigo vem de uma cidade do interior de Santa Catarina (Orleans), então dá muito valor à família — conta a gaúcha radicada no Rio (os gêmeos são cariocas). — Rodrigo é um ferreiro de origem humilde, que ralou muito e sabe fazer as coisas por necessidade. Exalto todas as virtudes dele, que às vezes vêm com marcas difíceis, mas que hoje servem inclusive profissionalmente para ele, que virou um cozinheiro na TV.

 

Feminista engajada: “Saí de casa com 14 anos e fui para o mundo, São Paulo, Japão, Milão, Suíça.
Tive que me dar ao respeito, colocar limites” - Claudio Carpi
 

Sobre o fato de o marido arrancar suspiros por onde passa, ela acha graça.

— Rodrigo já virou um patrimônio público. Realmente, ele é suspirante — diverte-se Fernanda, que na última temporada do “Amor & sexo” surpreendeu a todos ao levar o marido ao palco caracterizado como uma drag queen.

A apresentadora está cada vez mais engajada na luta pela igualdade de gênero:

— Acho que sempre fui feminista. Saí de casa com 14 anos e fui para o mundo, São Paulo, Japão, Milão, Suíça. Tive que me dar ao respeito, colocar limites. Com abusos e assédios morais lidamos toda a vida, então temos que estar realmente preparadas.

Por conta da repercussão do programa, no ar desde 2009 e que deve voltar no ano que vem, Fernanda acabou virando uma “especialista” em sexo. Na farmácia, na fila do supermercado, na sala de espera do pediatra dos filhos, no posto de gasolina, em qualquer lugar, alguém lhe pede conselhos.

— As pessoas passaram a me enxergar como uma vizinha, uma amiga. No começo, sentia o peso da responsabilidade, mas logo vi que as questões se repetem e que eu posso ajudar com uma palavra — conta Fernanda, que ao longo das temporadas foi se soltando. — Quando me ofereceram o programa, achei que não seria capaz de falar sobre sexo na TV. Mas fui lendo mais sobre o assunto, vendo documentários e hoje é mais natural para mim. Gosto de falar sobre sexo com meus amigos, com meus filhos e em casa com o Rodrigo, claro.

Mês que vem, Fernanda faz 40 anos. Ela mantém o corpo escultural praticando ioga, jogando vôlei na praia e, nos últimos meses, fazendo uma série de levantamento de peso.

 

 

— Sempre fui muito moleca, então ainda não consigo me ver como uma senhora (risos). Até pela minha maneira de ser, de andar, de me vestir. Jogo futebol com as crianças, danço, tento fazer coisas que me tragam essa sensação de juventude. Sou super ativa. Acho que daqui a uns dez anos eu ainda vou estar me sentindo assim — conclui Fernanda.

 


O Globo sábado, 06 de maio de 2017

PRÉ-SAL RENDEU US$ 133 MILHÕES DE PROPINA AO PT, AFIRMA DUQUE

Pré-sal rendeu US$ 133 milhões de propina ao PT, afirma Duque

No total, estaleiros teriam repassado US$ 200 milhões ao esquema

POR CLEIDE CARVALHO E DIMITRIUS DANTAS

Renato Duque volta a prestar depoimento à Justiça - Reprodução

SÃO PAULO - Os contratos de sondas para exploração do pré-sal renderam ao PT cerca de US$ 133 milhões em propina, segundo calculou o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque. Esse valor, segundo ele, seria dividido entre o partido, o ex-ministro José Dirceu e o ex-presidente Lula, cuja parcela seria gerenciada pelo ex-ministro Antonio Palocci. Em depoimento ao juiz Sergio Moro na sexta-feira, Duque disse ter feito, na época, uma planilha para justamente calcular quanto ele e os petistas receberiam de propina dos estaleiros responsáveis pelo fornecimento de sondas para a Petrobras.

— Os dois terços do partido Vaccari me informou que iriam para o PT, para José Dirceu e para Lula, sendo que a parte do Lula seria gerenciada por Palocci. Na época eu conversei com (Pedro) Barusco e passei essa informação para ele, falei que ele não estava lidando com peixe pequeno — disse Renato Duque.

 

O ex-diretor da Petrobras contou que quem primeiro negociou a propina com os estaleiros foi Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras que foi trabalhar na Sete Brasil. O acerto era de 1% sobre o valor do contrato, à exceção dos estaleiros Keppel e Jurong, que pagariam 0,9%. A intenção de Barusco era dividir a propina meio a meio: metade para “casa”, representada pelos executivos da Sete Brasil e Petrobras, metade para o PT.

Quando Vaccari chegou com a determinação de que o PT ficaria com dois terços da propina, Barusco teria reclamado, pois tinha negociado com as empresas e ficaria com a menor fatia.

 

— Eu intervi. Calma, não é bom reclamar, você pode ser tirado daí e ficar com zero — contou Duque.

O ex-diretor da Petrobras disse que já tinha saído da estatal quando o contrato das sondas foi fechado e que Barusco pediu para usar uma conta bancária dele no exterior, no banco Cramer, na Suíça, para receber os depósitos, pagando em troca um percentual.

Em seu depoimento, Duque contou ainda que toda propina recebida era administrada pelo então gerente executivo da Diretoria de Serviços, Pedro Barusco, que cobrava as empreiteiras e providenciava o depósito nas contas que mantinha na Suíça e em Mônaco. Duque prometeu atuar a partir de agora para tentar facilitar a devolução para a Petrobras de propina depositada no exterior.

O ex-diretor da estatal informou ter recebido valores por meio de três contas, cujo saldo somaria aproximadamente € 20,5 milhões. Os valores foram bloqueados por autoridades do Principado de Mônaco e da Suíça no início de 2015, por causa das investigações da Operação Lava-Jato.

— Gostaria de enfatizar meu interesse de assinar uma repatriação, o que for necessário, para que esse dinheiro venha e volte aí para quem de direito — afirmou o ex-dirigente.

Duque já foi condenado à prisão em função dos valores que detinha no exterior, em contas mantidas no Banco Julius Baer, de Mônaco, em nome das offshores Milzart Overseas (€ 10,2 milhões) e Pamore Assets (€ 10,2 milhões).

DINHEIRO DE SOBRA

Segundo Duque, Barusco o informava dos depósitos. No entanto, após as propinas chegarem a um determinado valor, ele diz ter parado de controlar os pagamentos.

 

 

— Não é questão de preguiça. Quando atingiu determinado valor, aquilo era mais do que suficiente. Por que vai querer juntar, juntar, juntar dinheiro? E eu não usei — afirmou Duque, emendando: — Quando atingiu US$ 10 milhões, eu disse “Isso é muito mais do que eu preciso para viver... e a minha terceira geração”. A partir daí, eu nem controlava.

Duque foi delatado por Barusco que, em 2015, disse ter repassado quinzenalmente R$ 50 mil provenientes de propina ao seu ex-chefe. Barusco revelou que Duque era desorganizado com suas finanças, o que o obrigava a administrar suas propinas e a repassar ao ex-diretor da estatal. Segundo Barusco, Duque recebia sempre em dinheiro vivo.

Duque deixou a Petrobras em 2012, mas disse que chegou a receber um pedido, que seria de Lula, para que não saísse.

 

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O Globo sexta, 05 de maio de 2017

CASOS POLÊMICOS DA LAVA-JATO IRÃO AO PLENÁRIO DO STF, DETERMINA FACHIN

Casos polêmicos da Lava-Jato irão ao plenário do STF, determina Fachin

Mudança de procedimento é para evitar maioria pela libertação dos presos formada na Segunda Turma

POR CAROLINA BRÍGIDO

O ministro Edson Fachin, relator dos processos da Operação Lava-Jato - Jorge William / Agência O Globo 16/03/201

 

BRASÍLIA - Depois de seguidas derrotas na Segunda Turma, o relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, decidiu levar ao plenário do STF não apenas o julgamento sobre o habeas corpus do ex-ministro Antonio Palocci, mas todos os casos mais polêmicos sobre as investigações. A decisão foi tomada em conjunto com a presidente do tribunal, ministra Cármen Lúcia, na quarta-feira à tarde. Depois de uma conversa de cerca de uma hora, o ministro Fachin tomou a primeira providência nesse sentido: liberou para julgamento em plenário o habeas corpus de Palocci, cuja liminar tinha acabado de negar.

As decisões da Segunda Turma, que pôs em liberdade quatro investigados na Lava-Jato que cumpriam prisão preventiva ou aguardavam o julgamento de recurso detidos, como era o caso do petista José Dirceu, também provocaram reações do juiz Sergio Moro,

Normalmente, os processos da Lava-Jato são julgados pela Segunda Turma do STF, composta por Fachin e outros quatro ministros. Oficialmente, a mudança de procedimento em casos mais rumorosos tem a intenção de dividir a responsabilidade dessas decisões entre os onze integrantes do tribunal. Mas existe uma outra consequência, não declarada. Enquanto na Segunda Turma tinha se formado uma maioria sólida em favor da liberação dos presos da Lava-Jato, com votos de Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli contra os de Fachin e Celso de Mello, no plenário a decisão volta a ficar em aberto.

Recentemente, com o voto contrário de Fachin, a Segunda Turma decidiu libertar três investigados na Lava-Jato: o ex-assessor parlamentar João Cláudio Genu, o pecuarista José Carlos Bumlai e, o mais polêmico de todos, o ex-ministro José Dirceu. Já na Primeira Turma do STF, com os outros cinco ministros — a presidente não integra nenhum dos dois colegiados —, a tendência era a de manter os investigados presos. Assim, a decisão em plenário pode fixar um entendimento de todo o tribunal.

Os habeas corpus concedidos aos três investigados da Lava-Jato na semana passada deixaram nítida a divergência entre a Primeira e a Segunda Turma do STF. Isso porque, também na semana passada, a Primeira Turma determinou o retorno do goleiro Bruno Fernandes para a prisão. Em todos os casos, havia condenação apenas em primeira instância, sem confirmação de um tribunal de segunda instância.

 


O Globo terça, 02 de maio de 2017

MINISTROS DO SUPREMO DECIDEM NESTA TERÇA-FEIRA SE SOLTAM OU NÃO JOSÉ DIRCEU

Ministros do Supremo decidem nesta terça-feira se soltam ou não José Dirceu

Fachin tem mantido decisões de Moro, mas 2ª Turma do STF diverge

POR ANDRÉ DE SOUZA E CAROLINA BRÍGIDO

 

BRASÍLIA - Há três meses como relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Edson Fachin tem mostrado sintonia com o trabalho do juiz Sergio Moro, que conduz as investigações em Curitiba. Até agora, Fachin julgou sozinho pelo menos nove pedidos de libertação de investigados. Negou todos, mantendo integralmente as decisões de Moro.

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Isso nem sempre acontece quando o julgamento é feito pela Segunda Turma do STF, responsável por analisar os processos da Lava-Jato. Dos quatro pedidos de liberdade julgados pelo colegiado, a decisão de Moro foi mantida em apenas um caso. O voto de Fachin foi derrotado em dois desses julgamentos.

A dissonância mais recente foi na semana passada, quando a Segunda Turma concedeu liberdade ao ex-assessor do PP João Cláudio Genu e ao pecuarista José Carlos Bumlai. Fachin votou contra os dois benefícios.

O colegiado vai julgar nesta terça-feira o habeas corpus do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, em prisão preventiva há quase dois anos. Fachin já votou contra a libertação do petista. Ainda faltam os votos dos outros quatro integrantes da turma: Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Celso de Mello.

Com base nos benefícios concedidos a dois réus da Lava-Jato na semana passada, a defesa de Dirceu nutre esperança de vê-lo em liberdade. No entanto, a aparente maré de libertação não necessariamente beneficiará o petista. Os próprios integrantes da Segunda Turma do tribunal advertem que, em casos de habeas corpus, não existe uma tendência decisória porque cada investigado teve a prisão baseada em argumentos diferentes.

 

— Cada caso é um caso — disse Dias Toffoli na quarta-feira.

— O STF é imprevisível. Pode dar qualquer resultado — analisou um integrante da Segunda Turma ouvido pelo GLOBO.

Levantamento feito pelo GLOBO localizou 20 recursos de investigados da Lava-Jato nos quais Fachin se manifestou. Nos 14 casos em que houve decisão monocrática, ou seja, sem consultar nenhum outro ministro, Fachin negou as solicitações. O ministro negou nove pedidos de liberdade apresentados por Dirceu, pelo ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, entre outros. O caso de Genu foi revertido depois na Segunda Turma.

Dos cinco recursos em que não havia pedido de liberdade, Fachin negou solicitação de Cunha para anular sua transferência para outra carceragem. Ele também rejeitou dois pedidos do ex-ministro Antonio Palocci para suspender um processo que está sob os cuidados de Moro, e para mandar o Superior Tribunal de Justiça julgar um habeas corpus. Por fim, foram negados dois pedidos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do senador Aécio Neves (PSDB-MG) para ter acesso a delações premiadas.


O Globo segunda, 01 de maio de 2017

OBRAS DE R$ 120 BILHÕES FORAM FEITAS PARA MANTER ESQUEMA DE PROPINA

Obras de R$ 120 bilhões foram feitas para manter esquema de propina

Odebrecht se envolveu em quatro empreendimentos por causa de tráfico de influência

POR DANIELLE NOGUEIRA E JEFERSON RIBEIRO

 

RIO - Aos olhos de Emílio e Marcelo Odebrecht, a empreiteira da família se envolveu em quatro empreendimentos que não teriam ido adiante se não houvesse tráfico de influência ou se o objetivo não fosse o de alimentar o esquema de corrupção no governo petista, revelam as delações. Juntos, esses investimentos — Sete Brasil, Belo Monte, Arena Itaquera e Porto de Mariel, em Cuba — somam quase R$ 120 bilhões.

 

Os dois últimos já estão de pé e em funcionamento. Belo Monte deve ser inaugurada em 2019, com quatro anos de atraso. Já o futuro da Sete Brasil é incerto. Criada em 2010 para gerenciar a construção de 28 sondas para o pré-sal e entregá-las à Petrobras, a empresa enfrenta graves dificuldades financeiras. Das 28 sondas, estimadas em US$ 27 bilhões ou R$ 85,6 bilhões, apenas cinco estão em construção. A conclusão depende do plano de recuperação judicial, que será votado em assembleia de credores nesta semana.

Fontes do setor avaliam que, no caso da Sete Brasil, são fortes os indícios de que a criação da companhia visava a irrigar o sistema de propina da Petrobras. Em outubro de 2009, a Petrobras chegou a enviar cartas-convite a estaleiros para que participassem da licitação das duas primeiras sondas, segundo documento ao qual o GLOBO teve acesso. Pouco tempo depois, o leilão foi cancelado, e a Sete foi criada para intermediar as encomendas.

 


O Globo domingo, 30 de abril de 2017

MORRE O CANTOR E COMPOSITOR BELCHIOR, AOS 70 ANOS

Morre o cantor e compositor Belchior, aos 70 anos

Causa da morte ainda é desconhecida

POR O GLOBO

 

RIO — O cantor e compositor Belchior morreu na noite deste sábado, em casa, em Santa Cruz (RS), aos 70 anos. A causa da morte ainda é desconhecida. O governador do Ceará, Camilo Santana, decretou luto de três dias. O corpo deve ser levado para a cidade de Sobral, no Ceará, onde deverá acontecer o velório e o enterro.

 

Nascido em Sobral (CE) em 26 de outubro de 1946, Belchior tomou gostou pela música através do estudo na escola e do contato com a cultura popular, nas rua. Estudou medicina até o quarto ano da universidade, mas optou por fazer carreira como cantor e compositor. Entre 1965 e 1970, tentou a sorte em festivais estudantis e tornou-se apresentador de um programa musical na TV local, em Fortaleza.

No Rio, junto a Fagner, Ednardo e outros artistas, integrou um coletivo chamado Pessoal do Ceará. Estreou em disco solo em 1974 e, a partir do segundo álbum, "Alucinação", firmou-se como jovem talento da MPB.

Em 1972, ao gravar "Mucuripe", parceria de Belchior com Fagner, Elis Regina deu grande impulso à carreira do compositor cearense que no ano anterior havia trocado Fortaleza pelas grandes metrópoles do país — primeiro, o Rio, depois, São Paulo.

Sucesso popular e de crítica nos anos 1970 e começo dos 80, Antonio Carlos Belchior desenvolveu uma longa e regular carreira fonográfica até 1999. Nas últimas duas décadas, mesmo sem lançar discos, tornou-se objeto de culto e viu trabalhos como o álbum "Alucinação", de 1976, serem aclamados como obras fundamentais da MPB.

O auto-exílio imposto a partir de 2009, com sumiços da mídia e breves reaparições, só aumentou o culto a seu repertório, que inclui clássicos como "Galos, noites e quintais", "Paralelas", "Apenas um rapaz latino-americano" e "Medo de Avião".


O Globo sábado, 29 de abril de 2017

MORRE VÍTIMA DE ACIDENTE COM CARRO ALEGÓRICO DA PARAÍSO DO TUIUTI
 

MORRE VÍTIMA DE ACIDENTE COM CARRO ALEGÓRICO DA PARAÍSO DO TUIUTI

A radialista Liza estava internada em estado grave no Quinta D’Or, Zona Norte do Rio

 

 

O marido da radialista, Paulo Guterres, chegou a pedir nas redes sociais orações para a mulher:

"Amigos por favor peço uma grande corrente de orações pela minha Liza Carioca o quadro dela se agravou mais e estamos muito preocupados. Quem puder me ajudar o nome dela é: Elizabeth Ferreira Jofre para as pessoas q nao sabem. Obg a tds".

 

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O Globo sábado, 29 de abril de 2017

MORO AUTORIZA QUE PRESIDÊNCIA BUSQUE 21 PRESENTES GUARDADOS POR LULA

Moro autoriza que Presidência busque 21 presentes guardados por Lula

Em depoimento, ex-presidente disse que recebeu ‘tralhas’ quando terminou o mandato

POR O GLOBO

SÃO PAULO — O juiz Sérgio Moro autorizou que a Presidência da República busque 21 itens que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva guardava em um cofre no Banco do Brasil e foram erroneamente liberados para seu acervo pessoal. Segundo relatório produzido pela Secretaria de Administração da Presidência, como os itens foram recebidos por Lula em trocas de presentes com outros chefes de estado, deveriam ter sido incorporados ao acervo da Presidência e não ao seu acervo pessoal. Outros 155 itens poderão permanecer com Lula.

“Agentes públicos não podem receber presentes de valor e quando recebidos, por ser circunstancialmente inviável a recusa, devem ser incorporados ao patrimônio público”, decidiu o juiz.

Entre os itens que a Presidência pediu que retornassem ao acervo estão esculturas, uma coroa, três espadas e uma adaga. O próprio ex-presidente Lula classificou, em seu depoimento à Polícia Federal, que recebeu “tralhas” quando deixou a Presidência.

— Eu falei tralhas, que eu nem sei o que é, mas é tralha, é coisa... — disse Lula, que completou depois: — Tem bens pessoais e tem bens... Como é que trata os bens, ou seja, são coisas minhas de interesse de domínio público, certo?

O ex-presidente é acusado, em um dos processos em que é réu na Lava-Jato, sobre pagamentos feitos pela empreiteira OAS para o armazenamento de parte de seu acervo pessoal.

O relatório produzido pela Secretaria de Administração baseia-se em um posicionamento do Tribunal de Contas da União que afirma que presentes oferecidos pelo Presidente da República a outros chefes de estado ou de governo estrangeiros são adquiridos com dinheiro dos cofres da União e, portanto, os presentes que recebe em troca também devem ser revertidos ao patrimônio da União.

 
 

“Por outro lado, consignaram que os demais bens apreendidos, especialmente medalhas, canetas, insígnias, arte sacra, por terem caráter personalíssimo, devem ser considerados como acervo próprio do Presidente da República”, afirmou Moro.

Moro determinou que os 21 bens sejam entregues à Presidência pelo Banco do Brasil, onde estão guardados.

“Os bens deverão ser entregues pelo depositário à Secretaria de Administração da Presidência da República mediante termo”, disse.

 


O Globo sexta, 28 de abril de 2017

MANIFESTANTES LIBERAM PISTAS

Tempo real: depois de fecharem Ponte nos dois sentidos, manifestantes liberam pistas

No Rio, greve convocada contra reformas não paralisa serviços como metrô e trens. Nos ônibus, adesão é parcial, com problemas no BRT. Protestos organizados por grupos limitam acesso dos usuários aos transportes e prejudicam o trânsito em vias importantes

Manifestação de grevistas na Ponte Rio-Niteroí Foto: Gabriel Paiva / Agência O Globo


O Globo quinta, 27 de abril de 2017

PRESIDENTE DO SENADO, EUNÍCIO OLIVEIRA, DESMAIA E É INTERNADO NA UTI

Presidente do Senado, Eunício Oliveira desmaia e é internado na UTI

Suspeita inicial de Acidente Vascular Cerebral (AVC) foi descartada por exame

POR CATARINA ALENCASTRO

Reunião ocorreu na casa do presidente do Senado, Eunício Oliveira - Givaldo Barbosa / O Globo

 

Eunício foi atendido, primeiro, na Clínica Daher e, posteriormente, foi transferido ao Hospital Santa Lúcia, ambos em Brasília. Ele segue internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neste último, sob observação. Segundo o laudo médico, o senador "apresenta-se hemodinamicamente estável, sem necessidade de uso de drogas vasoativas".





O Globo quarta, 26 de abril de 2017

APÓS RECUO DE REQUIÃO, CCJ APROVA LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE

Após recuo de Requião, CCJ aprova lei de abuso de autoridade

Requião faz nova concessão e acaba com o crime de interpretação; projeto deve ser votado ainda hoje no Plenário

POR CATARINA ALENCASTRO

Comissão de Constituição Justiça e Cidadania CCJ, discute projeto de abuso de autoridade, que tem relatoria de Roberto Requião - Ailton Freitas / O Globo

BRASÍLIA - Foi aprovado por unanimidade o projeto que criminaliza o abuso de autoridade na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O resultado só foi possível depois que o relator do projeto, Roberto Requião (PR-PR), fez mais uma concessão, extinguindo a possibilidade de punição à divergência na interpretação da lei, por parte de investigadores e magistrados. A pedido de vários senadores, a CCJ discute agora se votará o fim do foro privilegiado.

 


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