SÃO PAULO - O tesoureiro do candidato à Presidência Fernando Haddad (PT), Francisco Macena, é réu desde junho deste ano em uma ação na Justiça Eleitoral de São Paulo por caixa dois na eleição de 2012. Naquele ano, Haddad foi eleito prefeito de São Paulo, e Macena atuou como seu tesoureiro. Ele foi denunciado em maio passado pelo recebimento de R$ 2,6 milhões de caixa dois da empreiteira UTC para pagar dívidas da campanha de 2012 de Haddad.
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A acusação foi do Ministério Público Eleitoral. Na mesma ação foram denunciados Haddad, o ex-tesoureiro nacional do PT João Vaccari Neto e o dono de gráficas Francisco Carlos de Souza.
Em junho, o juiz eleitoral Francisco Shintate aceitou a denúncia. Uma audiência para tentar um acordo que poderá levar ao arquivamento da ação foi marcada para novembro
A investigação começou em 2016, com o desdobramento da Operação Lava-Jato, a partir das delações do empresário Ricardo Pessoa, da UTC. Ele diz que, depois da campanha eleitoral de 2012, da qual Mecena foi tesoureiro, recebeu a visita de Vaccari. Segundo ele, o petista queria que a UTC pagasse uma dívida do partido com uma gráfica, no valor de R$ 3 milhões.
De acordo com o promotor Luiz Henrique Dal Poz, o pedido de contribuição foi renegociado para R$ 2,6 milhões. Para Dal Poz, a campanha de Haddad usou notas fiscais inidôneas para prestar contas.
Outra denúncia que envolve Macena em suspeitas de caixa dois foi relatada pela empresária Mônica Moura, mulher do marqueteiro João Santana. Em delação, ela afirmou que Macena sabia dos pagamentos de caixa dois para João Santana pela Odebrecht durante a campanha de 2012 porque participou de reuniões entre a empresária, Vaccari e o ex-ministro Antonio Palocci.
— Ele era o responsável pela parte oficial (do dinheiro) mas sabia também da parte (dos pagamentos) por fora — afirmou Mônica.
Depois de ser tesoureiro em 2012, Macena ocupou, por duas vezes, o cargo de secretário na gestão de Haddad na prefeitura . Ele também foi vereador na capital paulista. Na eleição deste ano, assumiu o caixa da campanha após Haddad ter sido anunciado como candidato ao Planalto no lugar do ex-presidente Lula.
ACUSADOS NEGAM
A defesa de Haddad diz que considera os depoimentos da empresária “frágeis e contraditórios” porque não apresenta “nenhuma prova material”. “É importante ressaltar que ela jamais disse que Fernando Haddad participou de qualquer conversa sobre pagamentos informais”, afirma.
Sobre as investigações a partir do depoimento de Pessoa, a defesa de Haddad diz que o “personagem já teve oito de suas delações desmentidas ou consideradas impossíveis de serem provadas”. “Pessoa teve seus interesses contrariados nos primeiros dias da gestão Haddad, quando o então prefeito cancelou as obras do túnel da avenida Roberto Marinho por claros indícios de superfaturamento”, diz.
Outros três ex-tesoureiros do PT — Delúbio Soares, Paulo Ferreira e Vaccari — já foram condenados na Lava-Jato. Vaccari e Delúbio estão presos em Curitiba. Além disso, José de Filippi Junior, tesoureiro das campanhas presidenciais do PT em 2006 e 2010, e Edinho Silva, tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff em 2014, também foram citados em investigações. Em agosto, Filippi foi denunciado, junto com Haddad, pelo Ministério Público de São Paulo numa ação de improbidade administrativa.
Macena nega ter cometido ilegalidades. A advogada dele, Danyelle da Silva Galvão, nega que Macena tenha participado de encontros em que tenham sido tratados pagamentos de caixa dois eleitoral:
— O Chico não participou de reunião nem nunca teve conhecimento de dinheiro por fora na campanha.