RIO - Se o futuro presidente da República resolver descansar do corre-corre da campanha eleitoral passando uns dias no Palácio Rio Negro — residência de veraneio que já foi usada por 16 antecessores no cargo, como Juscelino Kubitschek, Fernando Henrique e Luiz Inácio Lula da Silva —, vai levar um susto. O imóvel, no Centro Histórico de Petrópolis, está em péssimas condições: infiltrações e cupins, entre outras mazelas, ofuscam o brilho da casa erguida em 1889.
As paredes da Sala do Gabinete, onde são feitos os despachos oficiais, estão descascando depois de terem recebido sucessivas camadas de tinta, que davam uma “maquiada” rápida no ambiente, antes da chegada de FH e Lula. O problema, no entanto, se confunde com pontos de prospecção — retalhos propositais feitos para deixar à mostra a pintura original, um trabalho sobre a cafeicultura do século XIX.
Devorados por cupins
Os arcos em madeira das janelas, além das portas, foram devorados por cupins. Infiltrações podem ser vistas em vários pontos da casa, que tem varandas escoradas para que não desabem.
A falta de manutenção surpreende os visitantes logo na entrada: os degraus em mármore que dão acesso ao palácio estão quebrados. Num deles, um cone de trânsito é usado para evitar acidentes.
O diretor do museu, Mário Chagas, que também está à frente do Museu da República, no Rio, reconhece a precariedade, mas diz que uma ação civil pública, proposta por um juiz de Petrópolis, em 2005, em defesa do patrimônio, já transitou em julgado e determina que a União, através do Instituto Brasileiro de Museus e do Ministério da Cultura, faça a restauração do palácio. Segundo Chagas, a determinação judicial chegou às suas mãos no dia 4 de outubro:
— O projeto executivo da obra deve custar R$ 2,5 milhões, e a reforma mais R$ 11, 5 milhões. A decisão da Justiça deve fazer com que os recursos sejam liberados pelo Ministério da Cultura.