RIO — O timbre para lá de particular de Priscila Tossan, como se saboreasse cada sílaba com tempero carioquês, intrigou Lulu Santos, Ivete Sangalo, Michel Teló e Carlinhos Brown logo nos primeiros versos de “Ainda é cedo”, clássico da Legião Urbana. Conforme a cantora avançava, segura, pela canção, o quarteto de jurados do “The voice Brasil” não teve dúvidas: todos viraram a cadeira em aprovação.
‘Às vezes, você sai de um vagão com cinquenta centavos, em outras, com R$ 40, R$ 50. Dá para viver. Tem gente que abraça, mas também aqueles que fecham a cara, dizem que não é arte. Já sofri, agora levo numa boa’
Nascida e criada em Campo Grande, Zona Oeste do Rio, Priscila, de 28 anos, nem sempre contou com unanimidade ao expressar sua arte. Como relatou en passant no programa que foi ao ar anteontem, ela passou os últimos meses tentando a sorte nos metrôs do Rio.
— Às vezes, você sai de um vagão com cinquenta centavos, em outras, com R$ 40, R$ 50. Dá para viver. Tem gente que abraça, mas também aqueles que fecham a cara, dizem que não é arte. Já sofri, agora levo numa boa — conta, com o mesmo alto astral que encantou Ivete. — Acontece direto dos seguranças expulsarem. É um serviço privado, né, estão apenas seguindo ordens. A gente sai, paga nova passagem, e volta.
— Eu tinha a música no meu coração, na mente, mas ainda não tinha decidido. Aprendi muito na cozinha, gostava de observar o semblante das pessoas. Sou muito observadora, gosto de dizer que sou um esponja. Isso me ajuda a escrever as músicas — revela ela, que cresceu ouvindo Djavan, Cartola, Roberto Carlos e Elis Regina.
No “The voice”, a nova integrante do time de Lulu Santos (“um cara legal, pra frente, doidão”) foi acompanhada pela namorada, Gabriela. Priscila afirma que foi natural expor sua sexualidade em rede nacional:
— Todo mundo tá ligado, o bairro inteiro, minha mãe... Minha mãe é um doce. Ela diz que não concorda, mas me ama e não vai deixar de me amar. A Gabi me empurrou, viveu muita coisa comigo, me ajudou a enxergar a música, a entregar currículo. Estamos juntas há dois anos e meio. Devo tudo a ela, a Deus e à minha mãe, que sempre me incentivou.
— Sempre quis ter um carrinho para botar meu skate dentro e ficar rodando pelo Rio. E também tenho vontade de ter uma casa de madeira (risos). É meu sonho.