Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)
Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.
O Globo quarta, 26 de dezembro de 2018
DEZ FILMES E SÉRIES SOBRE GASTRONOMIA
Dez filmes e séries sobre gastronomia que você não pode perder
De documentários à ficção, passando por séries sobre chefs: uma lista em que a comida é a protagonista
Renata Izaal
25/12/2018 - 04:30 / Atualizado em 25/12/2018 - 14:04
Dia de Natal, um feriado inteiro para passar em casa curtindo o dolce far niente. Como essa festa acontece em torno da mesa - tanto na ceia do dia 24 quanto no almoço do dia 25 -, que tal um entretenimento que também passa pela gastronomia. Mesmo quem não é gourmand de carteirinha vai gostar da lista que sugerimos abaixo. São dez filmes, documentários e séries que têm a comida como personagem principal. São todos de dar água na boca, fazer salivar dar fome mesmo. Aproveitem! É um banquete para os olhos e a alma.
A festa de Babette
Se há um clássico do "cinema gastronômico" é o filme de Gabriel Axel. Baseado em conto da escritora dinamarquesa Isak Dinesen, acompanha a chegada da francesa Babette a um vilarejo escandinavo. Ela trabalha na casa das duas filhas de um pastor luterano recém-falecido. Depois de anos de serviço, ela recebe a notícia de que ganhou na loteria em seu país natal. Com o dinheiro, ela prepara um banquete que os moradores do lugar jamais esquecerão.
Como água para chocolate
O filme do mexicano Alfonso Arau também é baseado em uma obra literária. Em "Como água para chocolate", escrito por Laura Esquivel, Tita e Pedro se apaixonam, mas são proibidos de se casar pela mãe dela. Para ficar perto de seu amor, Pedro se casa com Rosaura, irmã de Tita. A história se desenrola em meio a pratos que saem da cozinha de Tita, gerando desejo, lágrimas e amor nos comensais.
Comer, beber, viver
Antes de fazer sucesso nos Estados Unidos, Ang Lee filmou em seu país natal, Taiwain. "Comer, beber, viver" conta a história do chef de cozinha Chu e suas três filhas. A vida da família gira em torno das relações amorosas das três mulheres e dos jantares de domingo preparados por Chu. Um daqueles filmes que mostram a importância dos encontros à mesa para a força dos laços afetivos.
Chocolate
Juliette Binoche vive a protagonista no filme de Lasse Halstrom. Recém-chegada a um vilarejo francês, ela abre uma loja de chocolates, causando apreensão na população controlada com mão de ferro pelo prefeito. Aos poucos, os doces feitos por ela conquistam a todos, suavizam comportamentos e ajudam a criar laçõs afetivos - inclusive para a protagonista, que inicia um relacionamento com o cigano vivido por Johnny Depp.
Chef's table
A série da Netflix está em sua quinta temporada, mostrando as ideias, o trabalho e a criatividade de alguns dos mais importantes chefs do mundo. Do italiano Massimo Bottura ao mexicano Enrique Olvera. Na segunda temporada, há um episódio dedicado ao brasileiro Alex Atala. O sucesso de "Chef's table" é tanto que há uma temporada dedicada aos chefs franceses. "Chef's table - France" traz episódios com Alain Passard, Michel Troisgros, Alexandre Couillon e Adeline Grattard.
Jiro: dreams of sushi
Jiro Ono tem 85 anos e comanda um pequeno restaurante em Tóquio. Seus sushis são tão especiais que ele se tornou uma lenda da cozinha, pela qualidade de sua comida e o perfeccionismo em seu trabalho. Comensais e chefs fazem reservas com meses de antecedência para conhecer seu restaurante. O documentário acompanha o trabalho do chef e do filho com quem divide a cozinha.
Julie & Julia
Meryl Streep vive Julia Child, a americana apaixonada por cozinha que, depois de temporada parisiense, ensinou seus conterrâneos o amor pela boa mesa - e as técnicas necessárias para cozinhar também. No filme, as receitas de Julia inspiram a nova-iorquina Julie Powell a encarar um desafio gourmet.
Ratatouille
A receita originária da Provence batiza uma animação em que Rémy, um rato que vive em Paris, sonha ser chef. Ele ajuda um rapaz sem talento culinário a recuperar a reputação de um restaurante, uma parceria que leva dupla a muitas aventuras.
Os sabores do palácio
O filme mostra a trajetória de Hortense Laborie, cujas receitas caseiras a levaram ao posto de chef do presidente da França. O filme é baseado na história de Danièle Mazet-Delpeuch, que durante dois anos, foi chef de François Miterrand no Palácio do Eliseu. No decorrer do filme, vamos o preparo de diversos pratos da cozinha francesa. Um deleite.
Tampopo - os brutos também comem espaguete
Nesse filme japonês dos anos 80, Tampopo é a dona de um restaurante que sonha dominar o preparo do rámen. Para isso, ela é orientada por Goro, um motorista de caminhão que se mostra um especialista no assunto.
O Globo terça, 25 de dezembro de 2018
ANO NOVO: CINCO DESTINOS INTERNACIONAIS PREFERIDOS PELOS CASAIS
Ano Novo: conheça os cinco destinos internacionais preferidos dos casais
Orlando e República Dominicana são alguns deles
O Globo
25/12/2018 - 04:30 / Atualizado em 25/12/2018 - 08:21
RIO - O Ano Novo é uma das épocas preferidas para viagens em casal. É o que afirma uma pesquisa do site e consultoria especializado em casamentos, Icasei. Ainda está sem destino para 2018? Confira os cinco preferidos dos casais brasileiros para se inspirar.
1. Cancún, no México.
A famosa cidade mexicana, banhada pelo Mar do Caribe, é o local mais procurado por casais para o Ano Novo, principalmente para passar a lua de mel, segundo a pesquisa. Um dos motivos é a abrangente oferta de resorts all inclusive, além das belas paisagens e a possibilidade de mergulhar, nadar com golfinhos, entre outras.
2. Punta Cana, República Dominicana
Há algum tempo que Punta Cana figura na lista dos locais preferidos dos casais brasileiros para passar a lua de mel. Agora, a cidade é também um dos pontos de preferência para celebrar o Ano Novo. Também no Caribe e repleta de resorts all inclusive, as águas cristalinas do local têm rendido popularidade entre os nacionais.
3. Orlando, Flórida
Os parques temáticos da Disney e Universal atraem não apenas famílias com crianças, mas também casais. Passar o reveillón ao lado de Mickey e Minnie ou descendo em uma montanha-russa? Só estando lá para escolher. A cidade ficou em 3º lugar dos destinos mais procurados por eles para as celebrações de fim de ano.
4. Buenos Aires, Argentina.
A capital argentina tem vasta oferta gastronômica e cultural e, para o Ano Novo, também oferece celebrações no dia da virada. A curta distância do Brasil e o câmbio favorável também explicam a alta procura pelo destino.
5. Nova York
Sempre presente na lista das mais procuradas pelos brasileiros, Nova York também atrai casais para comemorar a passagem de ano. Seja pela famosa bola do Times Square ou o passeio no Central Park, espetáculos na Broadway e vasta oferta gastronômica, cultural e de compras, a Big Apple nunca cansa.
O Globo segunda, 24 de dezembro de 2018
BRASILEIROS TROCAM FÉRIAS NO EXTERIOR POR RIO E PRAIAS DO NORDESTE
Com incerteza, brasileiros trocam férias no exterior por Rio e praias do Nordeste
Na alta temporada, vendas de viagens devem crescer de 18% a 20% na comparação com o verão passado
Glauce Cavalcanti
24/12/2018 - 04:30
RIO - Em um fim de ano marcado pela trajetória de alta do dólar e pela transição para um novo governo, o brasileiro escolheu passar o réveillon e as férias de verão no Brasil. O Rio de Janeiro subiu ao posto de destino mais procurado para o Ano Novo, enquanto cidades do Nordeste, como Salvador, Fortaleza e Maceió, despontam como escolha para janeiro, afirmam empresas do setor de turismo. Com isso, o segmento doméstico vai responder por 60% das vendas de viagens nesta alta temporada, segundo a Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav). A previsão é de aumento de 18% a 20% em vendas na comparação com o verão passado.
— No fim de 2017, sete entre os 15 destinos mais buscados eram internacionais, incluindo os dois primeiros. Este ano, há apenas quatro destinos no exterior na lista e apenas a partir da sexta posição. É efeito da alta do dólar, mas também mostra a prudência do viajante brasileiro diante da incerteza relativa ao início de 2019 — explica Eduardo Fleury, à frente do Kayak no Brasil.
Vantagem na América do Sul
O Decolar.com também tem o Rio entre os destinos mais buscados para o réveillon, além das férias no Nordeste como a vedete do verão.
— Sempre que há uma instabilidade do real frente ao dólar, deixando a moeda americana em um patamar mais alto, os destinos nacionais crescem frente aos internacionais, assim como os sul-americanos, na comparação com Europa e EUA — diz Alexandre Moshe, diretor-geral do portal.
Confira uma prévia da estação que começou na sexta-feira, de A a Z
O Globo sábado, 22 de dezembro de 2018
PRAIA NOTURNA VIRA HÁBITO NO RIO
Praia noturna vira hábito no Rio: cresce a turma que espera o 'segundo sol' chegar
Ir à praia de noite (e até de madrugada) passa de modismo a hábito antes mesmo do verão, que começou nesta sexta
Diego Amorim e Letícia Gasparini
22/12/2018 - 04:30 / Atualizado em 22/12/2018 - 07:02
RIO - Sexta-feira, primeiro dia do verão. A cena soa banal. Um dos termômetros do Leme marca 29 graus. Turistas e cariocas lotam os quiosques. A areia está cheia de banhistas. A brisa dá um refresco. A água do mar, cristalina e calma, reflete o céu estrelado. Estrelado? É isso. O mesmo totem que registra a temperatura “testemunha’’ o horário: 0h25m. Tendência nas últimas estações, ir à praia de noite deixou de ser um modismo e fincou o pé na areia como um hábito, que muitas vezes vara a madrugada.
— Está muito quente para ficar trancado no apartamento. Chamei os amigos, e viemos juntos para cá, sem hora para ir embora — justificou o motorista de aplicativo Hudson Lemos, de 37 anos, que levou mulher e dois filhos do Estácio para Copacabana, depois das 23h.
A troca do sol pela lua deixa a praia diferente. Nas areias, a ausência de comerciantes faz com que cadeiras deem lugar a um maior número de cangas e toalhas, que, somadas a mochilas, podem ser transformadas em camas improvisadas. Para facilitar na hora da cervejinha à beira-mar, um grupo de amigos da Tijuca levou uma mesa para as areias do Leme.
É proibido proibir
Proibido entre 8h e 17h, o clássico e tradicional altinho tem reinado no trecho de areia próximo ao mar durante as madrugadas. Mas nem tudo muda tanto no mundo. No Arpoador, caixinhas portáteis reverberam em alto e bom som versos de Anitta, Wesley Safadão e Diogo Nogueira.
— Aproveitamos o horário permitido e a falta de sol — diz o profissional autônomo Luciano Amaro, de 26 anos, morador de Laranjeiras.
Além daqueles que querem fugir do calor dentro de casa, a praia noturna é espaço para os mais variados perfis de banhistas: moradores da Zona Sul que decidem dar aquela esticada após o trabalho; turistas que não querem perder nem um minuto de seu tempo no Rio de Janeiro; e também famílias que moram em outras regiões do estado.
— Somos de Belford Roxo, na Baixada, e viemos para ficar até o fim do dia seguinte. Quem trabalha conseguiu uma folga. Juntamos o que tínhamos nos armários, colocamos dentro das mochilas e saímos para “farofar’’, mas sem o frango assado. E o que não tinha em casa, compramos no mercado — afirma a cabeleireira Marília Marques, de 36 anos, que levou sanduíches, biscoitos e até macarrão.
Quem não leva de casa, gasta. O comerciante Adriano Cavalcanti, de 36 anos, trabalha desde 1992 num quiosque do Arpoador. Segundo ele, a praia cheia após o pôr do sol aumentou seu movimento em cerca de 70%:
— De dia tem os barraqueiros, que vendem bebidas e acabam ficando com quase todo o público na areia. À noite eu consigo lucrar bem mais. A hora de ganhar dinheiro é essa.
Maria Célia da Rocha embarcou na oportunidade: trabalha de dia em sua pensão e vende sanduíches na praia durante a noite:
— Estou aqui há duas semanas, e o movimento está cada vez maior. O Brasil está em crise, e decidi aproveitar o verão, que atrai muita gente.
Arpoador e Leme, com maior iluminação, são as mais procuradas. Segundo a Guarda Municipal, a segurança é feita em turnos durante a madrugada. A PM informa que atua 24 horas na orla. Amanhã, o Rio começa a sentir os primeiros efeitos da chegada de uma “frente fria’’ (a temperatura máxima deve ficar na casa dos 35 graus), com nebulosidade e possibilidade de chuvas. Nada que atrapalhe uma boa praia noturna.
O Globo sexta, 21 de dezembro de 2018
SEU JORGE, HERMILA GUEDES E NARUNA COSTA ESTRELARÃO SÉRIE DA NETFLIX
Seu Jorge, Hermila Guedes e Naruna Costa estrelarão série da Netflix
ANNA LUIZA SANTIAGO
Seu Jorge, Hermila Guedes e Naruna Costa (Foto: Reprodução e TV Globo)
Seu Jorge vai estrelar uma série da Netflix. Ele fará par com Hermila Guedes. “A facção”, com direção de Pedro Morelli, está sendo gravada em São Paulo. O cantor vive um presidiário, líder de uma facção criminosa.
Naruna Costa, atriz que também tem uma carreira na música, será a irmã de Seu Jorge na trama. Advogada honesta, ela será obrigada pela polícia a se tornar informante e trabalhará contra o irmão. Ao se infiltrar no grupo criminoso, a personagem passará a questionar seus próprios valores sobre justiça.
A produção, em oito episódios, é desenvolvida pela O2 e tem previsão de estreia em 2019.
O Globo quinta, 20 de dezembro de 2018
O RETORNO DE MARY POPPINS
O retorno de Mary Poppins' une fantasia, esperança e toque contemporâneo
Longa, que estreia nesta quinta-feira, tem Emily Blut no papel-título e Lin-Manuel Miranda como coprotagonista
Bernardo Araujo e Eduardo Graça
20/12/2018 - 04:30
RIO - Lá pelos idos de 2015, Emily Blunt recebeu um telefonema de Rob Marshall, diretor com quem tinha trabalhado no filme “Caminhos da floresta” (2014, versão para as telas do clássico musical “Into the woods”), com uma proposta indecente: estrelar uma continuação de “Mary Poppins”, monolito do cinema de 1964 que trazia ninguém menos do que a rebelde noviça Julie Andrews no papel da babá voadora. A conversa com Marshall (famoso por filmes como “Chicago” e um dos volumes da franquia “Piratas do Caribe”) era simples: a atriz inglesa de 35 anos embarcava no projeto com que o diretor sonhava desde que tinha visto o filme original, na infância, ou ele partiria para outra.
— Só faremos se for com você — deu, delicadamente, o ultimato.
O resto, como o mundo já sabe, é história, que se conclui nesta quinta-feira com a estreia de “O retorno de Mary Poppins”, em que a babá de nariz empinado volta à casa da família Banks para dar uma força ao recém-viúvo Michael (Ben Whishaw), um bancário sem um tostão que tenta, com a ajuda da irmã, Jane (Emily Mortimer), criar os pequenos Anabel, John e Georgie.
— Emily Blunt é Mary Poppins — diz Marshall. — Eu me apaixonei por ela em “Caminhos da floresta”. Para fazer Mary você precisa ser uma grande atriz e entender a especificidade do personagem, uma mulher durona, mas, ao mesmo tempo, repleta de humanidade, e capaz de fazer rir. O humor dela é fundamental. E ela também tem que saber dançar e cantar. E também queria que ela fosse britânica, pronto, falei. É uma mulher iconicamente britânica. Se não fosse a Emily, não saberia o que fazer.
Depressão e Brexit
Como se vê, foi pequena a pressão nos ombros da atriz — que só cantou profissionalmente em “Caminhos da floresta”. Antes, tinha arranhado um violoncelo nos tempos de escola, na Inglaterra. Diferente do original, passado na década de 1910, o novo filme acontece nos anos 1930, como no livro da australiana (também radicada na Inglaterra) P.L. Travers. O que significa que Londres é ainda mais cinza do que o normal, mergulhada em uma crise econômica decorrente da Grande Depressão de 1929. Isso encontra um paralelo na vida real: quando o processo começou, em 2015, o Reino Unido ainda não tinha promovido o referendo que decidiu por sua saída da União Europeia — o Brexit, em discussão até hoje.
— Mary Poppins surgiu em 1934, logo após a Grande Depressão — conta Marshall. — A ideia é de uma mulher, uma figura mágica, tentando trazer alegria e deslumbramento para uma família e uma sensibilidade juvenil para os adultos, que perderam a capacidade de se conectar com o mágico por conta das dificuldades da vida real.
Além de Emily — que conseguiu, no meio de todo o projeto, uma licença-maternidade para se dedicar a Violet, sua segunda filha com o ator americano John Krasinski, nascida em julho de 2016 —, Marshall escalou outra estrela em ascensão do mundo do entretenimento, mas vindo de outro extremo: Lin-Manuel Miranda, autor e astro do consagrado musical “Hamilton” (antes, ele já tinha chamado a atenção com “In the Heights”), diretamente da Broadway (e de sua origem porto-riquenha) para a Londres estilizada da Disney. Ele interpreta Jack, o acendedor de lampiões amigo de Mary.
— Lin traz para o filme um quê fundamental de contemporaneidade — elogia o diretor. — Ele tem uma pureza, que, como o personagem, é essencial para fazer par com a Mary de Emily. Também é muito significativo ele ter decidido que este seria seu primeiro projeto depois de “Hamilton”. O filme se passa em 1934, mas foi feito em 2018. O personagem é um homem do povo. Lin entende isso como ninguém.
O Globo quarta, 19 de dezembro de 2018
MARIE LAFAYETTE, ESTILISTA QUE VESTIRÁ MICHELLE BOLSONARO
Marie Lafayette, estilista que vestirá Michelle Bolsonaro na posse: 'Minha superstição é carregar a Bíblia'
POR MARINA CARUSO
Marie Lafayette, estilista que assinou o vestido de Noiva de Michelle Bolsanaro, em 2013, será também responsável pelos looks que a futura primeira-dama e sua filha Laura, de 9 anos, usarão no dia da posse do presidente Jair Bolsonaro.
Na semana passada, Marie, de 37 anos, recebeu a coluna para um bate-papo em seu ateliê de alta costura, em Botafogo.
Como foi vestir Michelle Bolsonaro para o casamento, em 2013?
Foi legal. Fizemos o vestido em três meses, o que é relativamente pouco para noivas. O vestido foi super inovador, tinha um tule ilusión, aquele que parece uma segunda pele, com cristais Swarosky e um detalhe floral de renda nas costas. Michelle é clássica, discreta.
Gosta de tons neutros?
Gosta de tons noutros e também de um pouco de cor. É clássica, mas é um pouco eclética. Na verdade, ela mantém esse estilo da conscientização...
O que é estilo da conscientização?
Conscientização da realidade que o país vive, da nossa situação econômica, é uma pessoa muito bacana. Ela tem uma forma “sencilla” (simples, em espanhol) de se vestir, sem ostentação.
Qual é o modelo do vestido da posse? O tecido? A cor? Você não pode contar nada?
Posso te contar algo muito mais legal. A gente está com uma parceria muito bacana. As roupas da posse e outras, mais para frente, quando tivermos com um acervo legal, vão fazer parte de um bazar beneficente, tipo um leilão, sabe? Ela vai escolher as instituições de caridade. Uma coisa diferenciada, uma coisa sustentável...
Quantos vestidos de noiva você faz por mês?
Atualmente, faço entre 10 e 12, mas cheguei a fazer 40. É que agora, além de me dedicar ao atelier de alta costura, estou montando uma linha de prêt-à-porter. Estou até namorando um espaço em Ipanema para essa linha nova. Além disso, pretendemos expandir para São Paulo e para o Sul.
Qual é a sua formação?
Fiz uma especialização em Madri, na Espanha. Depois, fiz Esmod (tradicional escola de moda) em Paris. Ali aprendi muito do meu ofício. Roupas de princesa, noiva, coquetel, robe de soirée, robe denuit. Aí, quando voltei para o Brasil, comecei a fazer algo diferenciado, que ninguém fazia aqui: réplicas de vestidos de noivas em Barbies, e deu muito certo. Peguei casamentos que tiveram muito destaque na mídia, como o da Lívia Rossi e o da Fernanda Pontes, e tenho contratos assinados até setembro de 2020.
Mais difícil do que fazer vestido de noiva, só mesmo fazer o de uma primeira-dama, né?
É (risos). A noiva tem que estar impecável no álbum da família...
E a primeira-dama tem que estar bem na foto de uma nação.
É muita responsabilidade. Às vezes, demoro á dormir pensando nisso. Mas Deus escreve coisas na nossa vida. Eu já estava sendo preparada por Ele...
Você tem mandinga, ritual de proteção?
Não, há alguns anos, fui tocada por Deus e virei evangélica. Minha superstição é só carregar a Bíblia. Tenho uma na cabeceira da minha cama e outra aqui no ateliê. A gente combate as coisas através da oração. Deus tem propósitos na nossa vida, ele começou a me tocar quando contratei uma babá evangélica e parei de ver TV, há dois anos. Não vejo nem minhas roupas que saem nas novelas. Essa babá foi colocando salmos e louvores para a gente ouvir e isso me mudou. Deus escreve algumas coisas na nossa vida...
Como assim?
Quando eu tive a oportunidade de fazer o vestido dela, em 2013, eu já estava sendo tocada por Ele. Isso mudou muito minha conscientização. Tem certas coisas que estão predestinadas.
Quais foram suas referências de estilo?
Tudo partiu muito mais de uma conversa entre a gente do que de um estilo específico. Farei os dois looks dela, da posse e do jantar, e o da filha deles (Laura, de 9 anos) também
Eles agora são um casal histórico.
Michele Obama ou Carla Bruni? Que primeira-dama combina mais com você?
Carla Bruni é bem classuda. Mas eu gosto mesmo da Kate Middleton e da Grace Kelly. Grace Kelly é minha paixão, meu amor eterno, uma referência de estilo.
Você vai nesse caminho?
Outro dia um jornalista foi no meu Instagram, pegou uma foto minha e disse que o vestido dela era de florzinha. As pessoas distorcem demais as coisas.
Vai ser de florzinha?
(Silêncio). Não. De florzinha, não.
O Globo terça, 18 de dezembro de 2018
GABRIEL MEDINA É BICAMPEÃO MUNDIAL DE SURFE
Gabriel Medina é bicampeão mundial de surfe
Brasileiro conquista o título com desempenho incrível e vitória em Pipeline
Renato de Alexandrino
17/12/2018 - 20:56 / Atualizado em 17/12/2018 - 22:47
O título mundial de surfe pertence mais uma vez ao Brasil. Quatro anos depois de ter feito história ao se tornar o primeiro brasileiro campeão mundial, Gabriel Medina voltou a conquistar a taça, e novamente em Pipeline, no Havaí, a onda mais icônica do circuito.
O título veio com uma vitória emocionante sobre o sul-africano Jordy Smith nas semifinais. O rival iniciou bem, com notas 8,50 e 7,33, mas Medina reagiu e arrancou uma nota 9,10 em uma longa onda surfada para a direita. Com 16,27 pontos, o paulista de 24 anos superou os 15,83 de Jordy. Nos segundos finais, ainda na água, Medina recebeu os abraços de Kelly Slater e Julian Wilson, que já estavam prontos para a próxima bateria.
Ao chegar na areia, mais festa. Carregado por amigos, Gabriel Medina deu um longo abraço no padrasto e na mãe, aos gritos de "bicampeão".
- Nem tenho palavras. Estou muito feliz de ver minha família orgulhosa de mim, é isso que me faz buscar o melhor. Significa tudo. Trabalhei muito esse ano, foi um ano intenso, mas valeu à pena - comemorou o brasileiro.
Na decisão, Medina continuou seu show, e ainda conseguiu uma pequena revanche. Quando foi campeão em 2014, o brasileiro perdeu a final do Pipe Masters para o australiano Julian Wilson. Nesta segunda, quis o destino que o adversário fosse novamente Wilson. Medina não quis nem saber de 'ressaca de campeão' e foi com tudo em busca da vitória. Com notas 9,57 e 8,77, derrotou o australiano e venceu pela primeira vez em Pipeline.
Gabriel Medina chegou ao Havaí na liderança do ranking, com uma confortável vantagem de quase cinco mil pontos sobre os dois surfistas que ainda estavam na briga - o australiano Julian Wilson e o compatriota Filipe Toledo. Os dois precisavam de um desempenho quase perfeito no Havaí, atingindo no mínimo a final, para ficar com o título. Ou seja, Medina talvez nem precisasse avançar muitas baterias em Pipeline, bastando apenas com o tropeço dos seus perseguidores.
Filipinho deu adeus à briga na terceira fase em Pipeline, derrotado por Kelly Slater - que encheu o brasileiro de elogios . Julian Wilson, porém, fez o seu papel e foi avançando. Conseguiu uma vitória apertada sobre o francês Joan Duru e chegou às semifinais.
VIRADA INCRÍVEL NAS QUARTAS
Se fosse preciso escolher um momento decisivo para representar a conquista, seria impossível não pensar na bateria de quartas de final, contra o americano Conner Coffin. Medina começou mal e viu seu rival pegar duas boas ondas em poucos minutos. Contra as cordas, o brasileiro iniciou seu espetáculo. Primeiro, desceu uma esquerda em um belo tubo e, não contente, acertou um incrível aéreo. Pressionado, vibrou muito, com socos no ar. Nota 9,43. Logo depois, Medina encontrou uma onda ainda melhor, agora para a direita, para um tubo longo e difícil, do tipo que só pode ser completado pelo mais talentoso dos surfistas. Os juízes reconheceram o feito com um 10 unânime.
- Ele (Conner) começou muito bem, é um cara perigoso. Eu estava acreditando até o fim, sabia que precisava de duas ondas. Na onda nota 10 minha prancha tremeu quando estava dentro do tubo, mas escapei - revelou o brasileiro.
Ao contrário do que vinha ocorrendo nas últimas temporadas, quando tinha resultados fracos na primeira metade do ano para depois arrancar na reta final, Medina foi mais regular. A primeira etapa, na Gold Coast australiana, foi a única em que o brasileiro não passou da terceira fase. Na segunda, em Bells Beach, já alcançou as semifinais. Constante, teve ainda três quintos lugares antes de mostrar que 2018 seria, de fato, seu ano.
A primeira vitória da temporada veio nas tubulares esquerdas de Teahupoo, no Taiti, onde Medina já havia vencido em 2014 e costuma sempre ter bons resultados. Na sequência, outra vitória, agora nas ondas artificiais do Surf Ranch, na Califórnia. A liderança do ranking, porém, só foi conquistada no evento seguinte, quando chegou às semifinais na França e viu Filipe Toledo perder prematuramente. Outra semifinal, em Portugal, deixou o brasileiro praticamente com a mão na taça.
O Globo segunda, 17 de dezembro de 2018
MORRE NOS ESTADOS UNIDOS ODILE RUBIROSA, AOS 81 ANOS
Morre nos Estados Unidos Odile Rubirosa, aos 81 anos
Ela foi amiga de grandes personalidades do jet-set, como os Kennedy e os Onassis
Bruno Astuto
16/12/2018 - 14:25 / Atualizado em 16/12/2018 - 15:34
Morreu na quarta-feira (12), aos 81 anos, em New Hampshire, nos Estados Unidos, a socialite, pintora e ex-atriz francesa Odile Rodin. Uma das figuras mais queridas e trepidantes do Rio nos anos 1970, ela foi a quinta e última mulher do grande playboy internacional Porfirio Rubirosa, que morreu em 1965 num acidente de carro na França, deixando-a viúva.
Durante os anos em que viveu no Rio, dava festas nababescas em seu apartamento no Edifício Chopin, em Copacabana, sempre vestida por um de seus estilistas preferidos, Guilherme Guimarães. Amiga de grandes personalidades do jet-set, como os Kennedy e os Onassis (Odile chegou a namorar Alexandre, filho do armador grego Aristóteles Onassis), ela costumava receber com festas memoráveis estrelas internacionais que passavam pela cidade, como os atores Alain Delon e Marisa Berenson e o cantor Rod Stewart.
Dona de uma beleza felina e imbatível, a loura, Odile Marie-Josèphe Léonie Bérard, nascida em Lyon, adotou o sobrenome nome artístico Rodin por causa da beleza de seu corpo, comparado por escritores franceses dos anos 1950 às esculturas de Auguste Rodin. Odile atuou em dois filmes: “Futures Vedettes” (1955), com Brigitte Bardot, e “Si Paris nous était raconté (1956), com Danielle Darrieux.
Em 1987, Odile casou-se pela terceira vez, com o guitarista americano James “Jim” Moss, que conheceu no Rock in Rio de 1985. Nos anos 1990, eles se mudaram para Visconde de Mauá, inaugurando um novo estilo de vida para a francesa, que deixara as noitadas e as festas para trás. No lugar das boates que tanto adorava, Odile abriu uma casa de chás e passou a se dedicar a um novo hobby, a pintura.
– Eu e Jim paramos juntos de beber. Eu tinha pesadelos, e minha família, que é de médicos, ficou supresa como consegui isso sem precisar me internar – contou ela em entrevista a ELA em 1997.
No início dos anos 2000, Odile e o marido deixaram o Brasil para morar numa casa em Lee Rock, no estado de New Hampshire, Estados Unidos. Há três semanas, ela se internou num hospital para tratar de um câncer. Foi-se uma das estrelas mais divertidas e incandescentes de um Rio inesquecível.
O Globo domingo, 16 de dezembro de 2018
SÉRIES BRASILEIRAS APOSTAM EM DISTOPIA, COMÉDIA E BIOGRAFIAS PARA O ANO QUE VEM
Séries brasileiras apostam em distopia, comédia e biografias para o ano que vem
Entre as estreias, estão 'Shippados', '3%', 'Sessão de terapia' e 'Santos Dumont'
Bernardo Araujo e Fabiano Ristow
16/12/2018 - 04:30 / Atualizado em 16/12/2018 - 07:45
RIO — Em termos de ambição, o Brasil também não está de brincadeira. As séries nacionais previstas para 2019 prometem projetos grandiosos: de biografias de personalidades históricas a uma ficção científica reconhecida internacionalmente.
Cercada de expectativa, “Shippados” apresentará, com olhar cômico, a união de um casal obcecado por aplicativos de relacionamento. Projeto idealizado por Alexandre Machado e Fernanda Young, a produção estrelada por Tatá Werneck e Eduardo Sterblitch é um dos principais destaques da Globoplay para o próximo ano. Julia Rabelo e Rafael Queiroga também estão no elenco.
Na mesma plataforma, outra novidade chama atenção: escrita por Marcos Nisti e Estella Renner — e dirigida por Carlos Manga Jr. —, “Aruanas” reunirá as atrizes Débora Falabella, Leandra Leal, Taís Araújo e Camila Pitanga numa história sobre a rotina de ativistas ambientais no Amazonas.
Outra promessa é a volta da emocionante “Sessão de terapia”, do GNT. A quarta temporada vai trazer Morena Baccarin (“Homeland” e “Gotham”) em seu primeiro papel na TV brasileira. Ela vai atuar ao lado de Selton Mello, que também assina como diretor.
Na Netflix, “3%”, a tal ficção reconhecida internacionalmente, foi a primeira série original brasileira do serviço de streaming a fazer sucesso no mundo todo. A trama acompanha jovens separados entre o Continente, habitado pelos pobres, e o Maralto, onde vive uma parcela privilegiada da população. Na segunda temporada, porém, revelou-se que há uma outra área, chamada Concha.
Outra aposta da empresa é “Coisa mais linda”. Ambientada no fim dos anos 1950, seguirá os passos de Maria Luiza (Maria Casadevall), uma mulher conservadora que decide transformar a propriedade de seu marido no Rio em um clube de bossa nova. A série tem direção de Caito Ortiz, Julia Rezende e Hugo Prata — que também está envolvido em outra aguardada atração: “Elis — Viver é melhor que sonhar”, da Globoplay. Esta integra a programação especial de verão que a plataforma exibe a partir de 8 de janeiro, junto com “10 segundos para vencer”.
81 lutas, 2 derrotas
As duas, aliás, foram criadas a partir de filmes de 2016. “Elis” trazia a atriz Andreia Horta no papel de Elis Regina. Sucesso na tela grande, a obra ganhou mais cenas e um formato documental para sua versão em série.
— A história é narrada a partir de uma entrevista da Elis — diz o diretor Hugo Prata. — Nós pegamos diversos depoimentos dela ao longo da vida e filmamos uma entrevista fictícia, que é o fio condutor da trama.
Uma nova personagem também aparece exclusivamente na série: Rita Lee, vivida por Mel Lisboa, que já a tinha encarnado no teatro.
— As duas não se conheciam, mas a Elis foi visitar a Rita na cadeia quando soube que ela tinha sido presa — conta Mel. — É um momento emocionante.
“10 segundos para vencer” conta a história do pugilista Éder Jofre, campeão mundial dos pesos pena e galo nas décadas de 1960 e 70, com um cartel impressionante de apenas duas derrotas em 81 lutas, nenhuma delas por nocaute.
— Ele nunca ouviu os 10 segundos da contagem — lembra o ator Daniel de Oliveira, que vive Éder.
Na versão desdobrada, a história ganhou cerca de 25 minutos de cenas inéditas, que mergulham mais fundo na vida de Jofre e em sua ascensão, comandada com mão de ferro pelo pai, o argentino José Aristides, conhecido por Kid Jofre (vivido por Osmar Prado).
Saindo do universo musical e voltando ainda mais no tempo, a HBO vai trazer a história de Santos Dumont em “Mais leve que o ar”, ainda sem data de estreia. Com direção de Estevão Ciavatta e Fernando Acquarone, a minissérie de seis episódios vai trazer João Pedro Zappa na pele do pai da aviação.
O Globo sábado, 15 de dezembro de 2018
HÁ 100 ANOS, MULHERES VOTAVAM PELA PRIMEIRA VEZ
Na Grã-Bretanha, sufragistas conquistam o direito ao voto e inspiram feminismo
Há 100 anos, movimento liderado por Millicent Fawcett e Emmeline Pankhurst obtia conquista para mulheres. Pioneiras abriram caminho para novas lutas por igualdade
No dia 14 de dezembro de 1918, as mulheres britânicas saíram de casa para votar pela primeira vez em eleições gerais. O fato foi a efetivação de uma conquistas obtida meses antes: em seis de fevereiro daquele ano, após seis décadas de uma incansável campanha que provocou um efeito cascata em diferentes países, elas conquistaram o direito de ir às urnas. Determinadas a enfrentar a intolerância de uma sociedade que as considerava lunáticas, as sufragistas criaram o que viríamos a conhecer como a primeira onda do feminismo. E hoje, em meio ao renascimento das lutas feministas, o centenário dessa conquista ganhou um sentido mais amplo. Assim a jornalista Claudia Sarmento iniciava a reportagem sobre o movimento sufragista, publicada na capa do Segundo Caderno do GLOBO em 27 de janeiro de 2018.
— É quase impossível não ligar a campanha das sufragistas aos movimentos globais contemporâneos, como o #MeToo e a Marcha das Mulheres — compara a pesquisadora Rose Capdevilla, especialista em estudos de gênero da Open University e coeditora da publicação acadêmica “Feminism & Psychology”. — Ambos, passado e presente, são expressões de cidadania ativa por parte de quem não se vê representado pelas estruturas de poder dominante, o que pode ser diretamente atribuído ao gênero. Na virada do século XX, a maior parte da sociedade não entendia por que mulheres queriam votar.
Pioneira da luta sufragista, Millicent Fawcett lutou pelos direitos da mulher num tempo em que se acreditava que o cérebro feminino, como desenhou um cartunista inglês da época, era feito para pensar em vestido, chapéu, casamento, bebê, cachorro e bombom. Ela criou, ainda no século XIX, a maior organização pela defesa do sufrágio e fez campanha para que as universidades inglesas aceitassem alunas. Num mundo de leis escritas por homens, encabeçou uma batalha pacífica e viu militantes presas, internadas em hospícios e espancadas. Em 1918, o voto foi aprovado apenas para eleitoras acima dos 30 anos e com certas condições sociais. Millicent esperou mais uma década para celebrar a inclusão de todas as mulheres.
Foi uma batalha longa e de várias frentes, uma delas liderada por outro ícone do movimento, Emmeline Pankhurst, a líder da ala mais radical das militantes, conhecidas como suffragettes — apelido resgatado agora para definir mulheres do século XXI que perderam o medo de erguer a voz contra desigualdades que persistem.
— O movimento #MeToo denunciou o comportamento patriarcal de homens poderosos. As mulheres envolvidas nas campanhas atuais pela igualdade são as suffragettes do nosso tempo — compara Elaine De Fries, coordenadora do Centro Pankhurst, em Manchester, fundado na casa onde Emmeline viveu com as filhas, e que abriga um museu e uma organização de apoio a vítimas de violência doméstica. O #MeToo é um movimento criado na internet para denunciar assédio sexual no meio cinematográfico de Hollywood.
A Grã-Bretanha programou uma série de comemorações para celebrar o legado das sufragistas. Para ativistas e instituições que fazem campanha pela igualdade de gênero, o mais importante é se debruçar sobre as lições deixadas por aquelas primeiras militantes feministas, que se vestiam de branco, verde e roxo — já demonstrando o aspecto político que a moda pode incorporar.
Diversas manifestações utilizaram outras cores, como mostraram as estrelas vestidas de preto no Globo de Ouro de 2018, e as causas se expandiram — das denúncias de assédio à briga contra o gap salarial. Entre as sufragistas e as feministas contemporâneas houve ainda uma revolução sexual ao longo do século XX. Mas as ligações persistem.
A ativista Lisa Clarke, porta-voz de uma campanha contra a objetificação da mulher nos populares tabloides britânicos, aponta convergências entre a sua briga e a que as mulheres do passado travaram. Lisa integra o coletivo No More Page 3, que fez pressão contra a publicação de fotos de mulheres de topless na página três do tabloide “The Sun”, o mais vendido do país. Considerada sexista, a prática se arrastou por 44 anos, mas acabou abolida em 2015, após as ativistas reunirem centenas de milhares de assinaturas de protesto.
— Temos uma enorme dívida com as sufragistas — reconhece ela. — Primeiro, aprendemos que é preciso muita força e ativismo implacável para conseguir mudanças. Segundo, é importante lembrar que mulheres de todas as classes sociais e raças lutaram pelo sufrágio, mas só uma parte conquistou esse direito em 1918. As operárias e mulheres mais pobres tiveram que esperar mais dez anos. Portanto, a mensagem é que nem todos os avanços beneficiam imediatamente todas. Ainda estamos aprendendo como unir e apoiar as que são afetadas por discriminações e intolerâncias múltiplas. Todo avanço importa, mas podemos maximizar o impacto se incluirmos mais mulheres nas nossas vitórias — observa a feminista, que defende abordagens diversas para impulsionar transformações, como as sufragistas fizeram.
Para ela, ser uma feminista no século XXI não é diferente do que era no início do século XX: lutar pela igualdade de direitos, de representatividade e de oportunidades. Os tempos eram outros, mas a resistência de Millicent, Emmeline e milhares de heroínas anônimas serviu de molde para o que viria nas décadas seguintes em diferentes pontos do planeta.
A disputa ideológica entre as sufragistas lideradas por Millicent Fawcett, que defendiam métodos constitucionais de pressão sobre as autoridades britânicas, e as suffragettes, que pregavam a desobediência civil e sofreram maior repressão, mostra que o feminismo que saiu vitorioso em 1918 não seguia apenas uma linha de pensamento. Era diverso dentro de um mesmo objetivo, como continua a ser um século depois. Mas a união que se formou entre mulheres que arriscaram tudo, entre família e empregos, também ficou como lição.
— Elas se juntaram e lutaram por algo no qual acreditavam. As sufragistas nunca desistiram, pressionando o Parlamento, escrevendo para deputados, fazendo um trabalho importante que não ganhava as manchetes. Já as suffragettes partiram para a ação direta e chamaram mais atenção — explica Gilliam Murphy, curadora da Women’s Library, que guarda o maior acervo sobre a história das mulheres no Reino Unido, na London School of Economics (LSE). — Mas o fato mais poderoso foi a solidariedade entre as mulheres demonstrada em eventos como as grandes manifestações pelo voto, semelhantes às marchas femininas que vimos em janeiro de 2017, após a posse de Trump.
Quando as sufragistas britânicas começaram a fazer campanha, mulheres nem sequer costumavam sair às ruas desacompanhadas em cidades como Londres. Tampouco podiam lutar pela guarda dos filhos. Autoridades espalharam a crença de que, se elas pudessem participar da vida política, o caos se instalaria nos lares da Inglaterra eduardiana, e famílias seriam destruídas. Vivida no cinema por Meryl Streep no filme “As Sufragistas” (2015), Emmeline Pankhurst cansou de ser ignorada, rachou o movimento e partiu para a clandestinidade convocando as militantes a fazer barulho, apedrejando vidraças, incendiando caixas de correio e se acorrentando às grades de prédios públicos, entre outras táticas. As detidas — e foram mais de mil — faziam greve de fome e eram alimentadas à força. Até que a Primeira Guerra eclodiu e não havia clima para uma guerrilha urbana.
— As sufragistas enfrentaram muitos obstáculos e derrotas. Mas persistiram. Seu triunfo nos faz acreditar que tudo é possível. Em 2018, estamos num ponto de ruptura. Mulheres, meninas e seus aliados do sexo masculino estão juntos para rejeitar a misoginia, a violência e o sexismo. Mas há aqueles que gostariam de voltar o relógio do tempo e desfazer avanços. A verdade é que a igualdade não virá por conta própria. Temos que continuar a brigar até chegar à geração que impulsionará as mudanças — acredita Sam Smethers, executiva-chefe da Fawcett Society, organização inspirada no legado de Millicent, que luta pela igualdade de direitos na Grã-Bretanha, onde 52% das mulheres dizem ter enfrentado assédio sexual no trabalho, por exemplo, segundo pesquisa divulgada em 2017.
Em fila. Escoltadas por homens, "suffragettes" fazem manifestação pelo direito ao voto
na Grã-Bretanha 1908 / Reprodução
O Globo sexta, 14 de dezembro de 2018
KENDALL JENNER DESBANCA GISELLE
Kendall Jenner lidera a lista de modelos mais bem pagas do mundo em 2018
Gisele Bündchen saiu do segundo lugar em 2017 para quinto em 2018
O Globo
14/12/2018 - 10:10 / 14/12/2018 - 10:27
O reinado de Gisele Bündchen na lista de modelos mais bem pagas do mundo parece ter realmente chegado ao fim. Pelo segundo ano, ela foi desbancada por Kendall Jenner, de 23 anos, que ganhou US$ 22,5 milhões (cerca de R$ 88 milhões) no período de junho de 2017 a junho de 2018. As informações são da revista "Forbes".
A queda de Gisele nesse ano, no entanto, foi mais intensa do que em 2017, quando ficou em segundo lugar. Dessa vez, ela ocupa a quinta posição, com faturamento de US$ 10 milhões (aproximadamente R$ 40 milhões).
O segundo lugar de 2018 ficou com a americana Karlie Kloss (US$ 13 milhões). Em terceiro, Chrissy Teigen (US$11,5 milhões) seguida de Rosie Huntington-Whitely, que ganhou praticamente o mesmo valor.
Confira abaixo a lista completa:
1. Kendall Jenner - US$22,5 milhões
2. Karlie Kloss - US$13 milhões
3. Chrissy Teigen - US$11.5 milhões
3. Rosie Huntington-Whitely - US$11.5 milhões
5. Gisele Bündchen - US$10 milhões
5. Cara Delevingne - US$10 milhões
7. Gigi Hadid - US$9,5 milhões
8. Bella Hadid - US$8,5 milhões
8. Joan Smalls -US$8,5 milhões
10. Doutzen Kroes - US$8 milhões
O Globo quinta, 13 de dezembro de 2018
AS PEÇAS QUE SE DESTACARAM EM 2018
As peças que se destacaram em 2018
Selecionamos os 10 melhores espetáculos apresentados no Rio neste ano, que foi marcado (sim, mais uma vez!) pela crise do Municipal e pelo debate de temas como colorismo e identidade
Macksen Luiz e Patrick Pessoa
13/12/2018 - 07:12 / 13/12/2018 - 08:27
RIO — A montagem do clássico "Grande sertão: veredas", encenado por Bia Lessa no foyer do CCBB, e a volta do mítico "‘O rei da vela" por José Celso Martinez Corrêa, foram alguns dos destaques de 2018, ano em que os palcos abordaram questões como identidade, gênero e censura. As peças foram selecionadas com votos dos críticos Patrick Pessoa e Macksen Luiz.
As melhores peças de 2018
'Grande sertão: veredas'
Bia Lessa transformou o foyer do CCBB numa grande instalação cênica para apresentar ali a sua adaptação para o palco do romance épico de Guimarães Rosa. A saga de Riobaldo, interpretada com paixão pelo elenco liderado por Caio Blat, conjugou a força poética do texto a uma encenação vigorosa e com imagens arrebatadoras construídas pelos corpos dos atores.
'O rei da vela'
Cinquenta anos depois da encenação original no Teatro Oficina, em São Paulo, José Celso Martinez Corrêa trouxe à Cidade das Artes sua remontagem para o romance de Oswald de Andrade. O país já não era o mesmo daquele que vivia sob uma ditadura, mas a criatividade, a iconoclastia, e o talento do diretor ao contar “a vida, paixão e morte de um burguês brasileiro” sobreviveram, intactos, no espetáculo que ainda recuperou os primorosos cenários de Hélio Eichbauer.
'Preto'
Em época de debates sobre identidade e lugar de fala, a Cia Brasileira de Teatro estreou no CCBB uma peça contundente. Com direção de Marcio Cruz e elenco espetacular, que incluía Grace Passô (foto) e Renata Sorrah, “Preto” partia de uma situação ficcional — a conferência pública de uma mulher negra — para abordar racismo, a condição do negro no país, construção e desconstrução de identidades, imagens sociais e estereótipos.
'Cérebrocoração'
Primeira incursão de Mariana Lima na dramaturgia, a peça que ocupou o palco do Oi Futuro com direção de Renato Linhares e Enrique Diaz costurava ficção e realidade, razão e emoção, delírio poético e discurso científico, num veículo perfeito para a atuação densa e envolvente da atriz.
'A invenção do Nordeste'
O Grupo Carmin, de Natal, apresentou no Teatro Sesi Firjan esta peça exemplar do teatro-documentário brasileiro. Uma questão aparentemente simples — qual será, afinal, a essência do nordestino? —, se desdobrava, diante do espectador, de modo irônico, inteligente e bem-humorado, em diferentes registros de atuação conduzidos pela diretora Quitéria Kelly: tragédia, comédia, teatro épico, dança contemporânea.
'A última aventura é a morte'
Dirigido por MIguel Vellinho, o novo espetáculo da Cia Pequod subverteu as noções de palco e plateia para promover uma reflexão vigorosa sobre dramas coletivos da História. O espectador se deslocava pelo ambiente do CCBB numa experiência imersiva e intensa, que reunia teatro, cinema, artes visuais e manipulação de bonecos.
‘Traga-me a cabeça de Lima Barreto’
Um congresso de eugenistas brasileiros vai dissecar o cérebro de Lima Barreto para descobrir como um cérebro de raça “inferior” poderia ter produzido tantas obras literárias. A ótima premissa do texto de Luiz Marfuz, dirigido por Fernanda Júlia, foi veículo para Hilton Cobra ( brilhar como o escritor redivivo no palco do Centro Cultural da Justiça Federal no espetáculo que ecoava como um grito contra o racismo.
'Domínio público'
Vítimas de episódios de censura, os performers Wagner Schwarz, Renata Carvalho, Maikon K e Elisabeth Finger se reuniram neste espetáculo que estreou no festival Panorama para propor uma outra maneira de relação com a arte. Como ponto de partida, diferentes abordagens de uma obra icônica da cultura odcidental: a “Mona Lisa”.
‘Elza, o musical’
O musical de Vinícius Calderoni mirou na emoção da plateia para narrar a trajetória de uma vida repleta de situações-limite, mas também de sucesso e riso. No palco do Teatro Riachuelo, dirigidas por Duda Maia, sete atrizes representaram Elza Soares, no espetáculo que ainda tinha um trunfo poderoso: o repertório da cantora.
‘A ordem natural das coisas’
O ator Leonardo Netto escreveu e dirigiu este seu segundo espetáculo, que aborda o quanto de controle se tem sobre a própria vida e a interferência do outro sobre ela. O texto bem estruturado e sem desperdício chamou a atenção da crítica
O Globo quarta, 12 de dezembro de 2018
JUIZ ORDENA QUE ATRIZ PORNÔ PAGUE US$300 MIL A TRUMP
Juiz ordena que atriz pornô pague US$ 300 mil a Trump
Advogado de Stormy Daniels, que afirma ter feito sexo com o presidente na década passada, vai recorrer da decisão
O Globo
11/12/2018 - 23:25 / 12/12/2018 - 07:51
WASHINGTON — Nesta terça-feira, um juiz federal americano ordenou que a atriz pornô Stormy Daniels pagasse quase US$ 300 mil ao presidente Donald Trump para cobrir os honorários de seus advogados em uma ação de difamação que foi rejeitada.
O juiz S. James Otero “ordena que o autor pague à defesa US$ 293.052,33 relativos às horas e custos dos advogados, e sanções”, disse a sentença.
Em outubro, Otero rejeitou um processo por difamação que Daniels, cujo nome verdadeiro é Stephanie Clifford, apresentou após Trump dizer em abril que a atriz inventou ter sido vítima de ameaças para silenciar sua suposta relação com o presidente.
Daniels mantém outro processo aberto contra Trump sobre a nulidade de um acordo de confidencialidade que ela assinou para manter silêncio sobre um suposto caso entre os dois entre 2006 e 2007.
Este processo, que foi indeferido por Otero, refere-se a um tweet de Trump após Daniels fazer um retrato falado de um homem que a teria ameaçado em Las Vegas para que não falasse sobre seu suposto caso com o presidente. Trump disse que ele era um “homem inexistente” e que a história era uma “fraude total” e parte de fake news sobre ele.
O juiz Otero reiterou na terça-feira que esse tuíte era “uma hipérbole retórica e que, portanto, era uma opinião protegida”.
O advogado do presidente, Charles Harder, explicou em um comunicado enviado à AFP que o valor corresponde a “75% das taxas totais” além de US$ 1.000 “em sanções contra Daniels por ter entrado em uma reivindicação sem mérito”. Segundo Harder, essa decisão, junto com a decisão anterior que rejeitou o caso de difamação, “constitui uma vitória total para o presidente e uma derrota total para Stormy Daniels”.
Michael Avenatti, advogado de Daniels, chamou Harder e Trump de “desonesto” e avisou que sua cliente não terá que pagar um centavo.
“Se Stormy tem que pagar US$ 300 mil a Trump no caso de difamação e Trump tem que pagar US$ 1,5 milhão no caso de acordo de confidencialidade, como esta pode ser uma vitória de Trump?”, ele escreveu no Twitter.
O Globo terça, 11 de dezembro de 2018
DEZ ATRAÇÕES IMPERDÍVEIS DO MAIOR NAVIO DE CRUZEIRO
Dez atrações imperdíveis do maior navio de cruzeiros no Brasil
MSC Seaview tem mais espaço ao ar livre que qualquer outra embarcação do tipo
Eduardo Maia
11/12/2018 - 04:30
SANTOS - "Um navio projetado pensando no Brasil". O CEO da MSC Cruzeiros, Gianni Onorato, pode ter usado de um certo exagero latino ao falar sobre o MSC Seaview durante a abertura oficial da temporada brasileira do navio, no último dia 6, em Santos. Mas as palavras condizem bem com o espírito solar da embarcação para 5,3 mil passageiros, a maior dedicada ao turismo a navegar por águas brasileiras.
Com uma proporção de áreas ao ar livre maior que qualquer outro grande navio de passageiros, a família Seaside, da qual o Seaview é o segundo representante, foi, de fato, projetada para explorar zonas quentes e ensolaradas, como o Caribe, o Mediterrâneo e, claro, o litoral brasileiro.
Um longo calçadão que circunda o casco no oitavo deque, assim como uma piscina na parte traseira, no deque 7, aproximam ainda mais o passageiro do mar. Assim como as amplas janelas envidraçadas inundam o interior do navio de luz natural. Seja pelo tamanho, seja pelo projeto inovador, o Seaview é a principal atração da recém-aberta temporada nacional de cruzeiros . A seguir, listamos dez atrações imperdíveis a bordo do navio.
1 - Passarelas transparentes
Caçadores da selfie perfeita já elegeram seu lugar favorito a bordo do MSC Seaview: a Bridge of Sighs ("Ponte dos Suspiros"), a estrutura mais famosa dos dois navios da classe Seaside. A passarela, com piso transparente, fica no deque 16, a 40 metros de altura, e se sustenta sobre um vão na parte traseira do navio. Abaixo dela, os banhistas na piscina Sunset Beach Pool, no deque sete, parecem formiguinhas tomando margueritas e mojitos em volta de uma poça d'água. A vista é impactante, sobretudo nos momentos de navegação. Para quem tem medo de altura, é um desafio a mais. E para a experiência ficar completa, pegue o elevador panorâmico que trafega justamente entre os deques 7 e 16.
Como se a Ponte dos Suspiros não fosse suficiente, o navio tem outra passarela transparente. A Infinity Bridge ("Ponte do Infinito") fica em uma das laterais e também permite ao passageiro "caminhar sobre o céu", só que mais perto da água. Ela é parte integrante da próxima inovação da classe Seaside presente nesta lista.
2 - Um calçadão "à beira-mar"
Oficialmente a pista que circunda quase todo o navio no deque 8 é chamada de "promenade". Mas, enquanto o Seaview estiver circulando entre Santos e Salvador, até abril, o termo correto deveria ser calçadão. Uma ampla pista que chega a uns cinco metros de largura, ideal para as caminhadas diárias, momentos de contemplação e até refeições ao ar livre (o principal bufê do navio tem acesso a essa área, com mesas e cadeiras).
A volta só não é de 360 graus porque ela não chega exatamente à proa do navio, onde fica a ponte de comando, e o calçadão na altura do spa é exclusivo para quem compra um day use, como veremos a seguir.
3 - Spa com vista para o mar
Todo navio tem um spa a bordo. Mas, no Brasil, apenas no Seaview é possível fazer tratamentos ao ar livre. São quatro cabanas na área externa do Aurea Spa, justamente na área do calçadão do deque 8 que é bloqueada ao passageiros em geral. Há ainda, no outro lado do casco, uma pequena piscina com hidromassagem, acessível apenas a quem comprou um day use na área termal - esta, aliás, tem uma sala coberta com gelo que é difícil encontrar em outros navios de cruzeiro.
O spa é anexo à academia, que também é maior que na média dos navios, com 870 metros quadrados. Além das tradicionais bicicletas ergométricas de frente para os janelões que dão vista para o mar e equipamentos bastante modernos de musculação, pilates e treino funcional, chama a atenção uma área com barra e espelho para a prática de exercícios de balé.
4 - Uma piscina na popa
São cinco as piscinas do MSC Seaview. A mais famosa já é a Sunset Beach Pool, que fica na popa do navio (ou seja, na parte de trás), no deque 7. O acesso a ela se dá por escadas a partir do calçadão do deque 8 ou pelo elevador panorâmico que chega à Ponte dos Suspiros. Ou seja, ela está conectada com duas das principais inovações do projeto. O grande diferencial aqui é a proximidade com o mar. Nenhum outro transatlântico desse porte tem uma piscina num deque tão baixo.
Quase sempre as piscinas ficam no topo do navio, nos deques mais altos, como é o caso da Panorama Pool, no 16º andar. Cercada por uma ampla área cheia de espreguiçadeiras, que ajuda na contabilidade de metros quadrados ao ar livre do navio, ela é a mais agitada do Seaview, com atividades que vão de festas noturnas às aulas de dança que todo navio de cruzeiro que se preze oferece. Se a ideia é algo mais tranquilo, dê preferência à piscina do Jungle Lodge, cujo teto retrátil abre em momentos de sol e fecha quando escurece, esfria, venta ou chove. Ou seja: é a piscina ideal para relaxar enquanto o navio estiver ancorado em Santos, seu porto de operações no Brasil.
5 - O átrio "infinito"
O salão central do navio é o primeiro ambiente interno em que o passageiro pisa assim que embarca. E por isso costuma resumir o estilo proposto para aquela embarcação. No do MSC Seaview não é diferente. O ambiente foi projetado para que mesmo dali o viajante aviste o mar ou o céu, o que não é comum. Janelões laterais inundam a área com luz natural e as superfícies espelhadas e a altura do salão, que sobe por quatro andares, ampliam o espaço real do ambiente.
No átrio, que fica no deque 5, funciona um bar com um pequeno palco para música ao vivo e apresentações de DJs. Três telões de alta definição, um em cima do outro, dão ajudam a compor um visual ainda mais futurista, junto com o jogo de luzes, que vai mudando ao longo do dia. Isso sem falar nas escadas com degraus ornamentados com cristais Swarovski, uma tradição dos navios mais recentes da companhia italiana, muitos com histórico no Brasil, como o Preziosa e o Fantasia (este, aliás, baseado no Rio nesta temporada).
6 - Estrelas Michelin que navegam
O valor do bilhete inclui dois bufês (abertos para cinco refeições) e dois restaurantes a la carte (para o jantar), ambos com cardápio internacional. No entanto, quem quiser variar o sabor pode reservar uma mesa nos três restaurantes de especialidades presentes no deque 16, com destaque para o Ocean Cay por Ramón Freixa. Como o próprio nome indica, o restaurante dedicado aos frutos do mar tem menu assinado pelo chef espanhol, dono de duas estrelas Michelin pela casa que leva seu nome em Madri. Não deixe de provar o robalo assado ao sal de alecrim, o sanduíche de salmão ou a vieira a la gallega com presunto ibérico.
Outro chef celebridade a bordo é Roy Yamaguchi, japonês com um pezinho no Havaí, dono de uma coleção respeitável de restaurantes. No MSC Seaview, o espaço idealizado por ele conta com três cozinhas com propostas distintas: a fusion, com seu toque nipo-havaiano; o sushi bar, com peças bem sofisticadas; e a teppanyaki, com pratos quentes sendo preparados na chapa na frente do cliente. Vale o show. O complexo conta ainda com o Butcher's Cut, típica steak house no estilo americano, com cortes expostos em uma vitrine e boa carta de vinho. Quer opção para a sobremesa? Avance ao próximo item.
7 - Fábrica de chocolate em alto-mar
Apesar de atualmente estar sediada na Suíça, a MSC Crociere nasceu e se criou na Itália e esse DNA está presente em quase todos os cantos de seus navios. No Seaview, um aspecto più dolce dessa herança está na grande loja da chocolateria Venchi, uma das mais tradicionais da Itália. Em diversos momentos do dia é possível acompanhar a fabricação ali mesmo, no deque 6, de doces, como bombons e barras, ou estruturas mais extravagantes de chocolate, apenas para exibição. Estamos num navio de cruzeiros, não se esqueça. Se o clima pedir um sorvete, há ainda uma gelateria da marca em frente à Sunset Beach Pool. Mas é bom lembrar: tanto os chocolates quanto os sorvetes são pagos à parte. E em dólar!
8 - Bons drinques com vista
Sim, o MSC Seaview tem muito espaço ao ar livre. Mas tem hora em que preferimos o conforto do ar condicionado e um ambiente mais tranquilo para apreciar um drinque, uma cerveja ou mesmo um chá. Para esses momentos corra para os bares e lounges localizados no deque 8, o mesmo do "calçadão à beira-mar". O mais elegante deles é o Seaview Lounge, um ótimo ponto para se apreciar a saída do navio do porto (a passagem pela Baía de Guanabara, por exemplo, rende imagens inesquecíveis).
A carta de drinques contempla os clássicos. Escolha seu preferido e se acomode num dos confortáveis sofás para curtir a vista e, dependendo, a música ambiente - eventualmente há apresentações ao vivo ali, o que não necessariamente é uma boa notícia para quem quer paz.
9 - Um pouco de adrenalina
Tomar um Cosmopolitan apreciando o mar sentado em um sofá confortável ao som de bossa-nova parece um pouco entediante para você? Então vá até o deque 20 para experimentar a tirolesa que desliza sobre boa parte da parte superior do navio (US$ 9 por volta). A descida não é tão rápida quanto os mais radicais poderiam desejar, pelo contrário. Seus 105 metros de comprimento são percorridos em uma velocidade ideal para apreciar o visual.
Um andar abaixo da plataforma da tirolesa estão as entradas para os dois toboáguas do navio, ambos com trechos transparentes e que se projetam para fora da embarcação. Um deles, com 112 metros de comprimento, tem música e iluminação especial dentro do tubo.
10 - Strike no balanço da maré
Quer outro desafio? Que tal tentar um strike durante com o navio balançando em alto-mar? As duas pistas de boliche em tamanho real estão entre as atrações in door mais populares do Seaview. Há diversas modalidades de jogos, então não se acanhe em pedir uma dica ao tripulante responsável por essa área. A não ser que você seja um especialista na arte de derrubar pinos com uma esfera maciça, claro. Uma dica de quem esteve lá: jogue a bola mais para a direita, para que ela acerte em cheio os pinos do meio.
A mesma área dos jogos conta com um simulador de Fórmula-1, uma coqueluche no segmento de navios de cruzeiros, e um cinema 4D, que na verdade é uma espécie de videogame 3D com cadeiras que se mexem e pistolas para matar zumbis virtuais. Diversão garantida para as longas noites a bordo.
Eduardo Maia viajou a convite da MSC Cruzeiros.
O Globo segunda, 10 de dezembro de 2018
FESTA DA FILHA DO HOMEM MAIS RICO DA ÍNDIA
Pré-casamento da filha do homem mais rico da Índia reúne de Beyoncé a Hillary Clinton
Cantora também se apresentou na celebração
O Globo
10/12/2018 - 07:56 / 10/12/2018 - 08:43
Você sabe que estará na melhor festa da sua vida quando, na lista de convidados, está o nome de Beyoncé. A cantora americana foi uma das estrelas presentes na união dos indianos Isha Ambani e Anand Piramal. Isha vem a ser a filha do homem mais rico da Índia, Mukesh Ambani.
A cantora teve papel de destaque na celebração, que, na verdade, é considerada como um pré-casamento: fez um show especial para os noivos, em Udaipur. Segundo a imprensa internacional, a núpcia acontece mesmo na próxima quarta-feira.
A cantora americana fez questão de usar um modelito de um estilista local, Abu Jani Sandeep Khosla. Também não perdeu a oportunidade de fazer um ensaio fotográfico para suas redes sociais.
Além de Queen B, a lista tinha nomes que mostram o poder de fogo do pai da noiva. Hillary Clinton, que foi candidata à presidência dos Estados Unidos pelo partido Democrata na última eleição, esteve por lá e posou com a noiva.
Hillary também posou com o pai da noiva Mukesh Ambani, que é presidente da Reliance Industries, um conglomerado industrial que tem empresas de petróleo, energia e entretenimento.
Quem também passou por lá foram os recém-casados Nick Jonas e Priyanka Chopra. A atriz indiana acaba de entrar na lista feita pela revista "Forbes" das cem mulheres mais poderosas do mundo.
O Globo domingo, 09 de dezembro de 2018
FLÁVIA ALESSANDRA E O SÉTIMO GUARDIÃO
Flávia Alessandra diz que temia rejeição do público à sua personagem em 'O Sétimo Guardião' e fala do casamento de 12 anos com Otaviano Costa
Logo nos primeiro capítulos de "O Sétimo Guardião", o público se surpreendeu quando Rita de Cássia (Flávia Alessandra) descobriu que o marido, o delegado Machado (Milhem Cortaz), gosta de usar calcinhas. A atriz conta que ela e seu colega de elenco estavam apreensivos com a reação dos telespectadores à história:
- Eu e Milhem ficamos com medo de sofrer algum tipo de rejeição do público, mas, até o momento, só recebemos comentários positivos dos fãs. Outro dia uma telespectadora escreveu que esse é o casal que mais se ama na história. Acho que faz sentido, porque eles têm uma cumplicidade única.
A relação, porém, enfrentará momentos conturbados, já que Machado não aceita o fato de a mulher sonhar em aparecer tomando banho seminua num filme. Em cenas que irão ao ar em breve, o policial inclusive vai flagrar Rita sendo filmada por Leonardo (Jaffar Bambirra).
- Acho que ele vai acabar dando o braço a torcer no decorrer da trama e os dois ficarão felizes juntos. Não vejo o Machado como um personagem machista. Ele teve o choque inicial com essa ideia e está enciumado. Mas creio que eles construíram uma relação sólida e de muita confiança - opina Flávia.
Acostumada a ensaiar com os colegas antes das gravações, Flávia combinou com Milhem de gravar sem qualquer preparação prévia:
- Ele é um ator muito caxias, assim como eu, e chega com o texto na ponta da língua. Como nunca tínhamos trabalhado juntos, as cenas sempre rendem reações surpreendentes e improvisos que têm dado muito certo.
Segundo ela, até mesmo as cenas mais quentes, normalmente mais delicadas de fazer, estão sendo executadas de forma tranquila:
- O momento mais difícil até agora foi a primeira cena que fizemos. Quando entrei no estúdio e o vi usando aquela tanguinha, foi um choque. Mas logo descontraímos.
Desde o início de "O Sétimo Guardião", os telespectadores têm feito brincadeiras na internet sobre a aparência jovem de Flávia e também de Carolina Dieckmann e Leticia Spiller. De acordo com os comentários nas redes sociais, elas mergulharam na fonte mística de Serro Azul.
- Não tem nenhuma fonte mágica ou segredo na minha aparência. Me cuido bem, mas não tenho obsessão pela beleza eterna. Além disso, acho que dei sorte com uma boa genética.
O Globo sábado, 08 de dezembro de 2018
MÉDIUM ACUSADO DE ABUSO SEXUAL
Médium João de Deus é acusado de abuso sexual: leia na íntegra os relatos de seis vítimas
Casos teriam acontecido entre 2010 e fevereiro de 2018, dentro do ‘hospital espiritual’ mantido pelo médium, em Abadiânia (GO)
POR HELENA BORGES E CRISTINA FIBE
/ atualizado
Doze mulheres denunciaram terem sido sexualmente abusadas por João Teixeira de Faria, médium conhecido como João de Deus. Famoso pela realização de “cirurgias espirituais”, ele já atendeu desde a apresentadora americana Oprah Winfrey até o ex-presidente Lula, passando pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso.
No programa que foi ao ar ontem de noite, a produção do “Conversa com Bial”, na TV Globo, relatou que dez mulheres se dizem vítimas de João de Deus, das quais quatro também foram ouvidas por O GLOBO.
Esta reportagem traz essas quatro denúncias e duas novas, exclusivas. Os seis relatos documentados por escrito, que o leitor do GLOBO tem acesso na íntegra abaixo, datam de 2010 a fevereiro deste ano. Os textos são longos e detalhados. Eles foram colhidos ao longo de três meses de investigação. Todos passaram pela aprovação das seis vítimas, das quais cinco pediram sigilo de identidade.
O último capítulo desta matéria é a resposta enviada pela assessoria de João de Deus exclusivamente para O GLOBO.
Denúncias revelam padrão de ação
As denúncias revelam um processo sistemático e padronizado. As mulheres contam que foram desacompanhadas à Casa de Dom Inácio, o “hospital espiritual” mantido pelo médium em Abadiânia (GO). Todas tinham entre 30 e 40 anos no momento em que relatam terem sofrido os abusos. Elas dizem que o médium, durante os atendimentos ao público — quando estaria incorporado por uma entidade espiritual — indicava que deveriam encontrá-lo após o encerramento da sessão.
Sempre colocadas como últimas na fila de espera para o atendimento pessoal, entravam em um escritório que dava acesso à sala de cirurgias. Neste momento, ficariam no local apenas o médium e a paciente. Com a porta trancada e as luzes apagadas, seriam tocadas nos seios pelo líder espiritual de 76 anos, e/ou ordenadas a tocá-lo no pênis, parte de uma “limpeza espiritual”.
Por videoconferência, a holandesa Zahira Lieneke afirma ter sido estuprada em 2014. Ela foi a única vítima a autorizar a publicação de seu nome. Também é a única que conta ter sido penetrada por João.
Assessoria chama denúncias de "fantasiosas"
A assessoria de João de Deus afirma que as acusações são “falsas e fantasiosas”, questiona o motivo pelo qual as vítimas não procuraram as autoridades e afirma que “a sala em questão é pública, qualquer um tem acesso a ela e jamais fica trancada”. A assessoria ainda afirma que a situação “é lamentável, uma vez que o Médium João é uma pessoa de índole ilibada”.
As vítimas contam que não procuraram a polícia logo após os abusos pelo mesmo motivo que pedem para suas identidades serem protegidas: medo de serem perseguidas.
Essa não é a primeira vez que João Teixeira de Farias é acusado de crimes sexuais. Ele já foi acusado de sedução de menor, atentado ao pudor, contrabando de minério e até por assassinato. Em nenhum dos casos o médium foi julgado culpado.
“Quatro anos atrás, quando eu estava em um dos meus momentos mais vulneráveis, viajei para Abadiânia para ver o mundialmente conhecido 'curandeiro' chamado João de Deus. Vi muitos vídeos sobre seu trabalho no YouTube, li dois livros e assisti atentamente à entrevista de Oprah com ele. Então organizei uma viagem de cinco semanas a Abadiânia.
Chegando à Casa de Dom Inácio, você entra em uma longa fila de atendimentos. João, incorporado por uma entidade, te dá um máximo de três desejos. Um dos meus foi curar meu trauma sexual. A 'entidade' me disse, então, que eu deveria voltar ao fim da sessão para conversar pessoalmente com João, sem ele estar incorporado.
Esperei junto a outras mulheres que formavam uma pequena fila do lado de fora de seu escritório, aos fundos da casa onde as crirugias são feitas, todas aguaradavam para a 'consulta' individual. Fui a última. Assim que entrei, a equipe de staff saiu. Fiquei sozinha com ele.
Ele me perguntou por que eu estava ali. Respondi que queria curar meu trauma sexual. Ele assentiu, se levantou e me pediu para ficar em sua frente, de costas para ele.
Ele tocou meu corpo. Me cheirou.
Cheguei ali impressionada com esse homem. Acreditava que ele faria um milagre. No entanto, durante aquela 'consulta' algo se apoderou de mim: o sentimento de que ele era um homem sujo. Mas continuei ali, mantendo a fé em seus poderes de cura.
Ele me levou para seu banheiro, em um espaço dentro do escritório. Me colocou em frente ao espelho e me perguntou o que eu via. Eu não entendi o que ele queria dizer. 'Ehm, eu?', respondi.
Posicionado atrás de mim, ele pegou minha mão e a colocou em seu pênis. Eu congelei. 'O que está acontecendo?', pensei. Ele então me moveu para fora do banheiro. De volta ao escritório, se sentou em uma grande poltrona e me colocou de joelhos em sua frente. Novamente, colocou minha mão em seu pênis e, colocando sua mão sobre a minha, me fez masturbá-lo. Disse para eu sorrir e me 'sentir alegre'. Eu só sentia repulsa.
Estava congelada pelo pânico. Minha mente seguia girando, continuamente repetindo a pergunta 'que p*rra é essa?'.
Enquanto isso, ele falava sobre energia e meus chacras. Eu acreditava em milagres. 'Meu trauma desaparecerá com isso?', me perguntei, em silêncio.
Ele ejaculou. Disse para eu dar a ele uma toalha e me mandou lavar as mãos. Quando voltei ao escritório, ele me deu pedras preciosas como um presente. Me sentei no sofá, congelada. Me sentia tão suja enquanto olhava para aquelas pedras... Então uma das funcionárias da Casa chega e olha para mim com uma expressão de raiva e de desconfiança. Tudo que eu quero dizer é 'SOCORRO', mas estava muda. 'Que m*rda é essa?', de novo, eu penso.
Eventualmente, eu consigo levantar e sair. Lembro de ouvi-lo dizendo: 'você é sempre bem vinda aqui'.
Eu ainda levaria alguns dias antes de voltar à Holanda.
Depois disso, ganhei privilégios especiais na Casa. Todo dia eu entrava nas salas de cura, sentava em uma das cadeiras grandes e ali permanecia por oito horas com os olhos fechados. Durante essa meditação, sentia como se as doenças dos outros passassem através de mim: tossia, quase vomitei várias vezes, me senti comovida. Senti a dor e o coração do povo. Tenho fé que ajudei as entidades a curar outras pessoas. Senti que estava fazendo algo importante.
Em outro dia, em seu escritório, não sei por que entrei lá novamente... ele me puxou violentamente para o banheiro. Enfiou a língua na minha boca. Me virou. Puxou minhas calças e me penetrou por trás. Ele ejaculou. Depois me deu uma toalha.
Meu pensamento foi: 'O que aconteceria se eu engravidasse? Sentia um total e completo congelamento.'
Quando estava fora daquele lugar, eu confiei na mulher que eu havia conhecido por lá e que comecei a namorar. Quando estávamos longe, dois meses depois, contei o que aconteceu. Nós duas nunca voltamos a nos falar.
Eu tenho medo até agora."
37 anos, Rio Grande do Sul
"Demorei alguns anos para processar e falar sobre o que aconteceu. Cheguei a pensar em divulgar meu nome, mas sabemos que a pessoa de quem estamos falando é bem poderosa. Foi em 2010, eu tinha um conhecido que já frequentava a casa e tive acesso direto ao médium. Desde a primeira vez que eu o tinha visto, eu me senti mal e via como ele tratava mal alguns dos funcionários, mas o lugar era muito pacífico e tinha uma energia forte. Eu ia para a corrente e ajudava muito nas cirurgias, sentia uma energia especial ali.
Na terceira vez em que fui, fui sozinha. Fiquei uma semana e, em um desses momentos, num dos últimos dias, ele comentou durante um atendimento que ele queria 'me ajudar' e que era para eu ir ao encontro dele por volta das 6 horas da manhã no dia seguinte. Entrei na sala, ele falava que eu estava com os chacras bloqueados, principalmente com o chacra da sexualidade.
Ele se sentou na poltrona, pediu que eu sentasse ao lado. Ele estava com uma camisa branca, pegou a minha mão, colocou-a no peito dele e começou a respirar fundo. Sentia que ele estava tentando me hipnotizar. Eu fiquei tão abismada que congelei. Ele foi descendo a minha mão. Senti uma pele úmida e enrugada tocar a minha mão. Abri os olhos e notei que era o pênis dele. Levantei na hora, indignada e cheia de raiva, me perguntando porque aquilo estava acontecendo comigo. Saí da sala e voltei para a sala da corrente, me sentei para rezar e processar o que aconteceu. Cinco minutos depois, ele me chamou de volta.
Já cheguei com cara de quem não gostou. E ele começou a explicar que estava incorporado, inconsciente, durante aquele momento. Eu sabia que aquilo era balela. Ele pegou um cristal e me deu. A pedra é enorme, um cristal transparente enorme.
Quem passa por isso fica calada porque a gente sente tanta vergonha de pensar no que passou que não tem nem para quem falar. Se eu não tivesse medo dos riscos, até publicaria meu nome, mas já ouvi tantos relatos que não sei como ainda não o pegaram. Deve tentar calar muita gente. Mas sei que foi abuso sexual no meu caso, o cara pegou a minha mão e colocou no pênis dele contra a minha vontade. Óbvio que foi abuso."
35 anos, São Paulo
"Em 2015 eu fui pela segunda vez à cidade de Abadiânia (GO) buscar ajuda para diversos problemas de saúde meus e de familiares. Quando entrei na fila para passar com a entidade, faltavam mais ou menos umas seis pessoas na minha frente. Ele me viu e, a partir daí, não tirava o olho de mim. As pessoas que paravam em sua frente, ele fazia sinal com a mão para que fossem logo. Na minha frente tinha uma senhora que provavelmente tinha um câncer, pois estava careca. Na sua vez, ela ajoelhou, agradecendo fervorosamente, e ele praticamente a empurrou para que fosse logo. Então foi minha vez.
Ele pegou na minha mão e perguntou no que poderia ajudar. Eu disse que tentaria resumir mas que, no geral, era depressão. Não me sentia pertencente a esse mundo, tinha pensamentos suicidas... então ele falou para eu 'falar com o médium João' em sua sala.
Fui feliz da vida. 'Que legal poder ter ajuda assim tão de perto', pensei. Mas, por diversas vezes, não pude ser atendida. Hoje eu agradeço por isso, porque assim vi cenas estranhas acontecerem: ele tratando mal pessoas que o esperavam, o filho dele trazendo bolos de dinheiro e ele colocando no bolso... Isso me intrigava, mas eu estava confiante. No último dia, consegui passar na sala dele, no horário de almoço.
Quando entrei, ele perguntou o que me trazia ali e eu disse poucas palavras. Na verdade ele nem ouviu, já pediu para eu ficar em pé, disse que iria fazer uma limpeza em mim. Fiquei de costas para ele e ele passava a mão no meu tronco, dizendo que estava limpando os chacras.
Até aí eu pensava que tudo bem. Era um ser tão divino, nada a ver eu desconfiar. Foi quando ele me virou, pediu que colocasse a mão na barriga dele e fizesse um movimento, como se fosse uma massagem. Pensei que também tudo bem. Se o super médium João de Deus pediu, beleza.
Ele me pedia pra olhar nos olhos dele, mas eu não conseguia. Fiquei de olhos fechados, talvez porque algo dentro de mim estava muito desconfortável com aquilo tudo. Então ele colocou o pênis para fora e falou, segurando meu braço: 'Olha como você me deixa'. Disse que tinha sonhado comigo, que me viu nos sonhos.
Eu estava em estado de torpor, algo não me deixava me mover. Parece coisa de filme, mas eu estava hipnotizada.
Ele continuou com uma lorota: 'Nos conhecemos de outras vidas, nós temos uma história'. Eu dei uma risada sem graça e disse: 'Eu considero você como um pai'. Não conseguia me mover.
Nisso, pessoas batiam na porta que ele havia trancado. Ele sentou e pediu que eu abrisse a porta. Então entravam pessoas pra agradecer, o pessoal que trabalhava na casa vinha com questões, e eu pensava: 'agora vou embora'.
Falava pra ele: 'vou sair, você fica à vontade'. Ele dizia pra eu sentar, eu obedecia. Pediu almoço para mim, almocei com ele. Pediu pra eu trancar a porta. Eu fui lá e tranquei! Algo em mim sabia que não estava certo, mas eu só conseguia obedecer.
Ele então falou que iria fazer a limpeza de novo. Nisso eu falava dos meus problemas de saúde, da minha família... e ele mal respondia.
De novo, o pênis, a lorota: 'Nos conhecemos' e 'Quando você volta aqui de novo?'.
Então ele pegou minha mão para eu 'ver como ele estava por mim'. Meu marido estava lá fora, ele falava para eu não contar nada.
Pessoas batiam à porta, ele mandava eu abrir, eu dizia, 'vou te deixar a vontade'. A fila pra falar com ele estava enorme. Ele não deixava, me mandava sentar, eu sentava. Ele me falava o quanto eu era corajosa, o quanto eu era forte. Eu ficava de olhos fechados.
No final, ele me presenteou com uma esmeralda. Já estava na hora do atendimento começar. Ele falou para eu ir pela porta que ele ia para o centro. Ele me falou: 'Queria te ver como te vi no sonho'.
Na sala da corrente, sentei numa cadeira na frente. Ele entrou, falou como um macho querendo impressionar sua presa. Falou um monte de coisas. Eu estava anestesiada. Queria sair, mas algo me segurava. Era tão confuso que no fim eu pensava que estava louca por pensar mal dele. Ele segurou bem forte minha cabeça, pensei: 'nossa, ele está me ajudando'.
Quando vinha uma entidade, pedia pra falar comigo. Dizia que me protegia, que cuidava de mim e que não era pra eu comentar com ninguém o que ocorria ali. Me chamou nas cirurgias. Eu segurava a bandeja, ele enfiava coisas no nariz das pessoas, sempre com um ar de macho alfa, me mostrando seus feitos.
Eu tinha comentado que sentia muita dor no joelho, pedi para ele fazer a cirurgia em mim. No meio do palco, ele falou que nunca iria me cortar, que eu estava curada. Um show. Pessoas de muletas, que ele jogava no chão, e a pessoa entrava na sala sem muleta. Sempre me mostrando, querendo me mostrar tudo. Isso foi no domingo.
Somente na quarta-feira, já em casa, eu acordei. Não dá pra explicar como ele fez isso, como ele me segurou na energia e me deixou em torpor. Só sei que fiquei alguns dias nesse estado. Quando acordei, foi porque uma voz gritou bem alto dentro de mim: 'Acorda!'.
Tinha uma foto dele no meu criado mudo. Na hora eu queimei. Tudo o que tinha dele eu dei ou joguei fora, inclusive a esmeralda.
Logo em seguida ele foi internado para retirar um câncer. Como ele não se cura? Precisa de médicos? Eu só desejava que ele morresse. E que morresse com muita dor. Ele não morreu. Está aí pra ser feito justiça, aqui na Terra. A justiça tem que ser feita."
36 anos, São Paulo
"Entre 2010 e 2011 meu sogro ficou muito doente e falaram pra minha sogra sobre o João de Deus. Fui duas vezes lá e fiquei durante o fim de semana. Em uma delas a 'entidade' pediu para que eu participasse no dia seguinte como 'assistente' na cirurgia espiritual. Como não soube muito o que isso significava, não encontrei o lugar onde deveria ir e acabei perdendo a hora.
Na outra vez, quando passei pela 'entidade', ele pediu que eu esperasse o João de Deus do lado de fora da sala dele, que ele queria falar comigo. Fui.
A sensação era um pouco de medo, ao mesmo tempo me sentindo levemente especial, e uma ponta de esperança de ouvir algo bom em relação ao meu sogro. Para minha surpresa, só havia mulheres na fila. Novas e de boa aparência. Isso me deixou bastante intrigada e me fez reparar nisso todos os dias e todas as vezes que estive lá. Sempre igual.
Que eu lembre, entrei duas vezes na sala dele: uma com meu sogro e uma sem ele. Nas duas vezes me senti bem incomodada, travada. João de Deus é uma figura que não causa nenhuma simpatia.
Quando entrei sozinha, ele disse que seria eu que curaria meu sogro e que, por isso, ele teria que fazer um trabalho comigo. Me levou para um corredor escuro dentro da sala dele, onde tinha um colchão encostado na parede. Me colocou de costas pra ele e começou a tocar em mim de forma que fiquei bem desconfortável.
Ele encostou em meus seios e na minha barriga. Lembro que me senti extremamente incomodada com aquela situação. Fiquei tensa e não consegui falar nada, mas peguei uma grande antipatia dele e deixei de acreditar naquilo.
Não comentei com meus sogros, pois ir ao João de Deus era algo que trazia muita esperança para eles e não queria cortar essa energia. Comentei apenas com a minha mãe quando cheguei em casa.
Lembro que fiquei me questionando o tempo todo se aquilo havia tido más intenções ou não. Fiquei com medo de ser perseguida caso levantasse esse assunto em algum lugar, pois ele de alguma forma faz bem a tantas pessoas, provavelmente ninguém acreditaria em mim.
Algumas vezes cheguei a pesquisar na internet se alguma mulher já havia relatado situação parecida, mas nunca encontrei nada. Ao ver recentemente um post no Facebook, me senti à vontade para me abrir.
Só espero que ele pague pelo que fez com tantas mulheres que passaram por lá. Ele, que se aproveitando de sua posição, abusou fisicamente delas com o pretexto tão sagrado da cura. Que ele pague na justiça por tudo que cometeu."
40 anos, Paraná
“Fui seis vezes a Abadiânia. A primeira em 2015, a última este ano. Fiquei muito animada porque estava conseguindo obter resultados positivos em vários aspectos relacionados a uma doença crônica, com a qual convivo há muitos anos. E este foi o principal motivo pelo qual fui à Abadiânia: visitar a Casa Dom Inácio de Loyola, através do médium João de Deus.
Depois dos atendimentos naquela manhã, eu entrei na fila para falar com o médium João em uma sala onde são realizados os atendimentos individuais. Ele pediu insistentemente para eu ser a última do atendimento, na fila. Quando entrei, ele trancou a porta e me perguntou se preferia a luz acesa ou apagada. Falei que não sabia o que era melhor. Ele insistiu e eu, por fim, disse que preferia acesa.
Naquele momento comecei a relatar várias situações da minha vida, conforme ele ia perguntando e a conversa prosseguia.
Ele me pediu para ficar de pé e passar a mão na minha barriga. Depois, pediu que eu virasse de costas. Na sequência, que eu passasse a mão na barriga dele, que estava sentado numa poltrona e pedia constantemente que eu ficasse com os olhos fechados. E começou a falar como deveria passar a mão. Às vezes eu abria os olhos e ele pedia para eu fechá-los. Pedia para respirar fundo e contar até nove.
Enquanto isso, ia me perguntando quantas vezes eu tinha ido à Casa, se eu estava sozinha, quando eu ia embora da cidade, se seria a última vez que aquela situação aconteceria. Eu não entendia a intenção dos questionamentos.
Uma hora eu abri os olhos rapidamente, insegura, e percebi que a camisa dele estava meio aberta. Ele foi guiando a minha mão e, de repente, senti algo encostar na parte de baixo da minha mão: era o pênis dele. Eu tirei a mão, me assustei. A última coisa que você quer acreditar é que um líder espiritual está te abusando.
Então ele disse: 'eu sei muito bem o que estou fazendo e que isso seria considerado assédio, eu não sou louco'. Dizia que estava me livrando das energias negativas, me tirando da solidão. Em um determinado momento, disse que não era mais a entidade ali, que era o homem.
Colocou a mão por dentro da minha blusa e tocou rapidamente debaixo dos meus seios. Quando eu abri os olhos, ele estava com o pênis parcialmente para fora. Fiquei extremamente assustada, tensa e enojada. Meu coração batia acelerado. Depois de tudo, me disse: 'Não conte para ninguém o que aconteceu. Não conte para ninguém que eu te ajudei'.
Após, disse que ia me dar um presente. Me deu um livro e pediu a algumas pessoas, que estavam do lado de fora da sala, para que dessem depoimentos para mim de como a vida delas havia melhorado. Naquela manhã me denominou 'Filha da Casa'.
Saí em choque, atordoada. Como estava sozinha, não sabia para quem contar. Minha ficha foi caindo aos poucos. Fui conversar com um conhecido que era terapeuta, que também estava em Abadiânia naquele período. Ele que me falou que eu tinha sofrido abuso sexual. Ele sabia de outros casos. Depois entrei em contato com outras mulheres e descobri que havia inúmeras histórias. Nunca mais voltei e levei tempo para me recuperar da dor e da decepção.”
38 anos, São Paulo
"Fiz uma série de viagens a Abadiânia. Na primeira delas fiz a cirurgia espiritual e voltei para casa. Eu tinha um problema de saúde e, vinte dias depois de ter ido à Abadiânia pela primeira vez, refiz meus exames e alguns dos meus índices estavam dando como se fossem perfeitos. Nenhum médico sabia explicar, então comecei a correlacionar.
A partir da terceira vez, nem pensava mais no meu problema, mas sim como uma cura espiritual, um lugar que me fazia bem. As pessoas comentavam que dava para ver que eu estava muito envolvida, porque eu levava pessoas, eu me sentia muito bem.
Todas as vezes em que eu ia, a entidade (o médium supostamente incorporado) falava comigo. Mas, um dia, a entidade pediu que eu falasse com o médium. Eu não fui sozinha, o que o deixou muito irritado. Ele me pediu que voltasse em alguns dias para pedir por outra pessoa. Então fui, levei fotos e coisas da pessoa pela qual eu queria pedir. Novamente, a entidade me disse 'vá falar com o médium'. Fiquei sem entender.
Tem uma sala ao lado da sala de cirurgia, uma porta azul. Eu estava do lado de fora dessa porta, em uma fila de pessoas que se forma ali, esperando o atendimento do médium. Mas a sessão da tarde já estava próxima e com certeza não daria para todos serem atendidos. Ele abriu a porta, apontou para mim e disse 'venha'. Logo que entrei, um voluntário fez um gesto dizendo que os atendimentos tinham sido encerrados, as pessoas se afastaram. Eu fui a última.
Logo que entrei, quis abordar o assunto da outra pessoa pela qual eu queria pedir. Mas, na hora em que pisei dentro da sala, ele perguntou se eu estava sozinha. Quando respondi que sim, ele apagou a luz e trancou a porta com a chave. Logo de cara falou: 'Minha filha, para a sua vida andar eu preciso destravar algumas coisas'. Eu argumentei que não tinha ido ali para falar de mim, mas ele me ignorou. Tirou da minha mão tudo que eu tinha trazido, como se não tivesse a menor importância. Me chamou em um canto da sala, que é bem pequena e tem duas poltronas. Esse canto tem como um banheiro, onde tem uma pia e um box de vidro.
Ali ele ficou de costas para a pia e pediu para eu ficar de costas para ele. Ele repetia 'vem aqui', 'vem mais perto'. E eu pensando que se chegasse mais perto iria encostar nele. Então, ainda assim, tentei ficar o mais longe que conseguisse. Aquilo me gerou um incômodo muito grande, eu comecei a chorar.
Ele disse 'eu preciso te passar energia' e colocou a mão levemente entre meus dois seios, por cima da roupa. Depois colocou a mão em cima da coxa, por cima da roupa. Ele repetia que precisava me passar energia 'ou sua vida não vai destravar'. Eu fiquei nervosa, chorava, soluçando, aos prantos, de desespero. Ele dizia que era para eu parar, 'assim eu não dou conta', repetia. Dizia que precisava fazer aquilo.
Naquele momento eu queria sair dali, mas tive muito medo. Medo que ele me fizesse mal, afinal de contas é uma pessoa muito poderosa, tanto no campo espiritual quanto físico.
Ainda comigo de costas para ele, ele pegou minha mão, puxou para trás e colocou na barriga dele, logo abaixo do umbigo. Pedia que eu girasse nove vezes a mão. E mandava que eu fizesse três perguntas. Eu achava tudo estranho e pensava 'isso não faz sentido'.
Então ele começou a dizer que eu era médium, que eu já tinha trabalhado com ele em outras vidas, dizendo que com minha fé e mediunidade eu ia fazer mil coisas e que ainda trabalharíamos muito juntos.
Nisso, mandou eu virar de frente. Eu soluçava de tanto chorar. Até que, para piorar a situação, ele disse: 'olha, calma, eu não estou com tesão, mas preciso fazer isso para te curar'. E eu pensei: 'Meu Deus, esse homem, para estar falando isso, é porque está pensando em algo, mesmo'. Ele estava com uma camisa azul, de manga curta e botão. Quando virei de frente, a camisa estava aberta. Aquilo me deu um pânico. Pensei: 'Estou trancada aqui com um cara de setenta e tantos anos de idade… o que é isso?!'.
Aí ele pegou de novo meu dedo e colocou embaixo do umbigo dele, e falava para eu virar a mão nove vezes. Tudo era nove vezes.
Ele tinha como um buraco abaixo do umbigo, que a pele afundava. Eu só rezava para Deus me tirar dali.
A gente passou, nessa pia, uns quarenta minutos. Depois disso, ele viu que eu estava bem irritada. Aí perguntou se eu queria parar. Fiz um gesto de positivo e ele se afastou de mim. Pensei comigo: 'Graças a Deus, acabou essa tortura'. Ele começou a fechar a camisa.
Quando finalmente achei que tinha terminado, fui na direção da porta, mas ele se meteu no meu caminho. Quando olho, ele está com a calça aberta. Olhei aquilo e fiquei absolutamente transtornada. Não acreditava que aquilo estava acontecendo. Foi quando, de fato, caiu a ficha.
Ele olhou para mim, pegou minha mão e simplesmente colocou no pênis dele. Puxei de volta, tirando. Ele pegava e colocava no pênis dele de novo. Eu não sei quantas vezes isso aconteceu. Novamente, ele falava 'Nove vezes'. Eu estava em pânico e não raciocinava. Não conseguia reagir e sair dali. Uma hora, quando mais uma vez ele colocou minha mão no pênis dele, ela ficou melada. Eu não fiquei fazendo movimento, só puxava minha mão de volta e ele colocava lá, forçadamente.
Todo esse tempo eu estava em prantos. E ele visivelmente estava irritado com isso.
Aí ele me pegou pelo punho, me levou até a pia e lavou a minha mão.
Saindo dali, ele me levou para a sala de cirurgias (só havia uma porta de vidro com uma cortina entre onde estávamos e a sala), onde muitas pessoas o esperavam.
Lá, ele levantou minha mão, na frente de todos. Eu completamente suada e com uma cara de desespero. E ele disse 'vocês estão todos operados'. Eu, que já tinha estado naquele lugar outras vezes, me senti extremamente violentada.
Fique imaginando o quanto aquelas pessoas, que estavam ali pelos mesmos motivos que eu, tampouco podiam imaginar o que acontecia nos intervalos do atendimento. Pior, teve um voluntário que claramente percebeu o que estava acontecendo e nada fez.
Depois fui entender que aquilo é muito mais comum do que se imagina, e que muitos voluntários da Casa sabem o que acontece por ali. Mas as pessoas se calam. Eu queria pedir ajuda, mas não tinha a quem pedir.
Nunca mais voltei lá. Permaneci em silêncio até agora porque, do mesmo jeito que eu tive a cura, fiquei achando que com o poder que ele tem também poderia me fazer o mal.
Segundo, eu não conseguia raciocinar o que tinha acontecido, permaneci em choque. É muito difícil acreditar que, no lugar onde você busca sua espiritualidade, você pode ser abusada. É uma experiência horrível, inenarrável, que vou ter que lidar para o resto da vida."
O que diz a assessoria de João de Deus
“A situação trazida, além de ser fantasiosa, é lamentável, uma vez que o Médium João é uma pessoa de índole ilibada. Tal situação é muito grave. Se estivéssemos falando no âmbito Jurídico, para que uma situação se caracterizasse como criminosa, a parte lesada teria que demonstrar a materialidade do ocorrido. Neste caso em especial a vítima está do lado oposto, uma vez que fatos alegados e não provados são fatos inexistentes. Há um nítido cerceamento de defesa, onde a busca da verdade real não está sendo averiguado pelo veiculador desta situação. Situação esta que é temerosa, uma vez que a forma escolhida pelas supostas vítimas não foram verificadas e investigadas, tendo em vista que não se sabe a razão ou qual objetivo que visa atingir. A imprensa precisa antes de acusar, ter provas. Exemplo: Ela verificou qual é a condição destas pretensas vítimas? Qual a razão deste tipo de atitude? Porque as supostas veiculadoras de uma situação falsa e fantasiosa não procuram as autoridades competentes neste tipo de situação. Embora falsas, porque procuraram a mídia, neste caso a imprensa. No caso o Jornalismo tem que ter cautela, pois cabe a ela zelar pelo que é veiculado, uma vez que o alicerce do jornalismo está na credibilidade do que traz a público. Se houver, por parte do jornalismo, uma irresponsabilidade, ela estará denegrindo a imagem de quem realmente é a vitima em notícias trazidas por palavras de pessoas vazias e sem credibilidade, apenas para satisfazer o próprio ego sem saber a extensão do que uma inverdade pode causar. A sala em questão é pública e qualquer um tem acesso a ela e jamais fica trancada, é livre para o entra e sai das pessoas, é aberta a todos. A imprensa investigativa, em conformidade com os fatos narrados, deveria averiguar primeiro a sua fonte e credibilidade da mesma. Uma vez que está sendo atingido a honra e imagem de uma pessoa pública conhecida mundialmente, e muito respeitada, pergunto o que as motivam? Estas pessoas não só estão prejudicando ao médium João, mas milhares de pessoas que precisam de cuidados na casa de Dom Inácio, além de elas mesmas serem prejudicadas, em razão do que foi dito, da índole cristalina do Médium João. Pergunto novamente, porque não procuraram a delegacia ou o Ministério Público, e se não o fizeram, qual a razão desta omissão?”
O Globo sexta, 07 de dezembro de 2018
FALCÃO, O MAIOR NOME DO FUTSAL DE TODOS OS TEMPOS
Relembre momentos da carreira de Falcão, maior nome do futsal de todos os tempos
Falcão saúda a torcida no Rio, durante jogo contra a Ucrânia, na Copa do Mundo de Futsal de 2008,
vencida pelo Brasil | Alexandre Cassiano/Agência O Globo
Para boa parte da torcida e da crítica, Falcão foi o maior jogador de futsal de todos os tempos. Aos 41 anos, o ala encerra a carreira nesta quinta-feira, defendendo o Sorocaba, contra o Corinthians, na decisão da Liga Paulista de Futsal, na cidade do interior de São Paulo. Uma carreira de 24 anos, iniciada em 1994, que inclui 10 clubes, todos do Brasil, e duas décadas de serviço à seleção brasileira. Com a amarelinha, foi decisivo para a conquista de duas Copas do Mundo: 2008 (Brasil) e 2012 (Tailândia), além da medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio. Essas glórias fazem parte de sua galeria de mais de 100 títulos.
Paulista, Alexandre Rosa Vieira herdou do pai, João Eli Vieira, o apelido de Falcão. Ele era conhecido pela semelhança física com o ex-jogador Paulo Roberto Falcão, do Internacional e da seleção brasileira e, na época, o filho, que sempre o acompanhava, era chamado de "Falcãozinho". Aos poucos, o astro vinha dando pistas de que a carreira se aproximava do fim. Em 2012, anunciou que se aposentaria da seleção, mas mudou de ideia para disputar o Mundial de Colômbia, o seu quinto, quatro anos depois.
A eliminação precoce, nas oitavas de final, para o Irã, nos pênaltis, teve sabor amargo: foi a pior campanha da história da seleção brasileira na competição. Embora tivesse, aos 39 anos, marcado 10 gols em quatro jogos, o ala canhoto decidiu se aposentar de vez da seleção. No fim da partida, foi ovacionado pelos rivais, que se uniram para levantá-lo em quadra, em um gesto de reverência. Na partida anterior, o camisa 12 marcou quatro gols na vitória por 15 a 3 sobre Moçambique. O feito o transformou no maior artilheiro da história das Copas do Mundo, superando a marca de 43 gols do também brasileiro Manoel Tobias. Terminou a competição com 48. Ao todo, com a camisa do Brasil, foram 401.
O sucesso nas quadras provocou um dos poucos momentos delicados na carreira de Falcão: a tentativa de fazer carreira no futebol de campo. Em 2005, foi contratado pelo São Paulo, onde conquistou o Campeonato Paulista, mas não teve espaço com o técnico Emerson Leão, que não fora consultado para a contratação do jogador e o considerava "atleta do presidente". Com apenas seis jogos oficiais, e só um como titular, decidiu voltar aos ginásios.
Falcão está no Sorocaba desde 2014 e, também no clube, vinha reduzindo seu ritmo. Não era mais titular no time do técnico Ricardinho, que procurava preservar o experiente atleta para os momentos mais decisivos. Na atual temporada da Liga Nacional de Futsal, participou de apenas 11 dos 24 jogos e não marcou gols.
O Globo quinta, 06 de dezembro de 2018
SARGENTO LOTADO NA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA É PRESO POR DESVIAR MUNIÇÃO
Sargento lotado na Presidência da República é preso por desvio de munições
Ele é apontado como um dos líderes de uma organização criminosa que remetia munições de uso restrito a morros cariocas, especialmente para o Comando Vermelho
Ele é apontado como um dos líderes de uma organização criminosa que remetia munições para fuzil, de uso restrito, a morros cariocas, especialmente para o Comando Vermelho. Na casa de Gonçalves, os policiais encontraram munições de calibre 5,56 mm e 9 mm e granadas de luz e som. Os investigadores recolheram também caixas vazias de projéteis com registro dos lotes. Essa informação será cruzada com dados de munições apreendidas no Rio de Janeiro.
O GSI informou em nota que, no curso das investigações da Polícia Civil de Brasília, "não foram encontradas munições desviadas deste Gabinete". Destacou ainda que o bombeiro militar "não apresentou qualquer indício que pudesse colocar os seus atos sob suspeita, dentro ou fora das atividades profissionais" durante o período em que ficou no GSI. O órgão ressaltou que "não admite desvios de conduta de qualquer natureza" dos servidores.
O bombeiro militar manteve 382 chamadas telefônicas com outro investigado, apontado no inquérito como um dos intermediários das negociações, no período de 3 de janeiro a 19 de agosto de 2018. É uma média de três ligações a cada dois dias.
Além do bombeiro, mais quatro pessoas foram alvo de mandado de prisão na Operação Fogo Amigo. Dois já estavam presos no Rio de Janeiro: Eduardo Vinícius Brandão e William Sebastião Pessoa. Mesmo assim, eles precisam ser notificados, uma vez que as novas ordens de detenção podem evitar que saiam do presídio caso o prazo da prisão atual vença.
As investigações começaram a partir da prisão de Eduardo e William, com o apoio da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme) da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Eduardo foi flagrado em fevereiro deste ano ao tentar retirar 1.529 balas de fuzil de uma transportadora de cargas, no Rio. Em junho, William teve o mesmo destino ao ser flagrado na BR-040 com 1.390 projéteis escondidos em um carro de passeio.
A origem das munições acendeu o sinal de alerta dos investigadores: tinham sido compradas pela Polícia Militar do DF e Comando do Exército, segundo informou aos investigadores a empresa fabricante, que marca todos os projéteis vendidos a órgãos de segurança pública por determinação do Estatuto do Desarmamento. A partir dessas informações repassadas pela polícia do Rio, onde os dois homens continuam presos, os investigadores de Brasília aprofundaram as apurações, chegando aos demais suspeitos.
O esquema ocorria desde pelo menos 2017, segundo as investigações. "É possível constatar a atuação de uma organização criminosa responsável pelo desvio de munição comprada pelo Estado para posterior revenda para facções criminosas instaladas no Rio de Janeiro, em especial o Comando Vermelho", aponta o inquérito, observando ainda que os grupos "travam uma guerra urbana no estado do Rio, que ironicamente está sob intervenção militar".
O objetivo da operação Fogo Amigo é desbaratar, a partir do material apreendido e depoimentos dos alvos de prisão, outras conexões da organização criminosa, sobretudo dentro dos órgãos oficiais de onde a munição vem sendo desviada. Um dos suspeitos que atualmente está solto, Luís Pino, já foi preso por receptação de carro roubado.
O "modus operandi" do grupo era variado. Eles já tentaram enviar munição ao Rio dissimulada em pacotes por meio de empresas de transporte rodoviário de cargas. Outra estratégia é aliciar "mulas", ou seja, pessoas para levar o material até o ponto de entrega. As investigações mostraram que a mulher de Eduardo atuava no esquema após a prisão do marido, no início do ano.
Foi ela quem acionou William, em meados deste ano, oferecendo R$ 2 mil para que ele levasse, dentro de um Fiat Stilo, mais de 1,3 mil projéteis de uso restrito para o Rio de Janeiro. Conforme planejado, segundo o inquérito, um motorista de Uber o encontrou próximo à chegada ao estado e colocou uma garota de programa no carro de William, na tentativa de que um casal levantasse menos suspeitas. O condutor do Uber, então, foi na frente, fazendo as vezes de guia até o local da entrega das munições.
Antes disso, porém, uma blitz da Polícia Rodoviária Federal (PRF), em Duque de Caxias, flagrou as caixas de munição debaixo do banco de trás do carro e dentro do painel da frente. William e a mulher que o acompanhava foram presos. Com o compartilhamento das provas desse caso pela Justiça do Rio, a polícia de Brasília conseguiu avançar nas investigações, culminando na deflagração da operação desta quarta-feira.
O Globo quarta, 05 de dezembro de 2018
IATE DE EIKE BATISTA VAI A LEILÃO
Iate de Eike Batista vai a leilão por R$ 18 milhões
Embarcação tem capacidade para 22 pessoas, sendo 21 passageiros e um tripulante, e tem quatro quartos, sendo duas suítes – uma delas, com sauna e closet
Juliana Castro
04/12/2018 - 16:34 / 05/12/2018 - 08:23
RIO — Um iate do empresárioEike Batista será leiloado no próximo dia 13 de dezembro, às 13h, na sede da Justiça Federal do Rio. O lance mínimo é de R$ 18 milhões . A ordem para que a embarcação fosse a leilão foi do juiz Marcelo Bretas, responsável por julgar os casos da Lava-Jato no Rio. Em julho deste ano, o magistrado condenou o empresário a 30 anos de prisão e ao pagamento de uma multa de R$ 53 milhões.
Caso o iate não receba lances no primeiro certame, um segundo leilão será realizado no dia 18 de dezembro, também às 13h. Nesse caso, o valor mínimo para a compra passa a ser de R$ 14,4 milhões.
A embarcação tem capacidade para 22 pessoas, sendo 21 passageiros e um tripulante, e tem quatro quartos, sendo duas suítes – uma delas, com sauna e closet. Há ainda três cabines para viagens de longa duração, sendo duas para tripulantes e uma para o capitão; cozinha decorada em aço escovado. Além disso, o iate conta com sistema de som MP3 e vídeo, TV LCD de 67 polegadas na sala e TVs menores em outros ambientes; espaço para guardar dois jet-skis.
IATE DE EIKE BATISTA VAI A LEILÃO POR R$ 18 MILHÕES
De acordo com o edital do leilão, a embarcação não vem sendo utilizada para navegação, por ter sido apreendida antes por determinação da 3ª Vara Federal Criminal. Por esse motivo, a Capitania dos Portos não emitiu o documento de autorização para navegação dos anos de 2016, 2017 e 2018. As taxas e impostos estão em dia.
Eike chegou a ser preso na Lava-Jato, em janeiro do ano passado.
O Globo terça, 04 de dezembro de 2018
RECEITAS DOM BACALHAU - CHEF ÁLVARO ANDRÉ DA COSTA
Chef Álvaro André da Costa, do Tasca Filho d’Mãe, na Barra, aposta em cardápio mais despojado
O chef Álvaro André Costa está há três meses na Tasca Filho D’Mãe e fez alterações no menu
Jacqueline Costa
04/12/2018 - 04:30 / 04/12/2018 - 08:43
RIO — O chef Álvaro André da Costa está há três meses no restaurante português Tasca Filho d’Mãe. Antes de sua chegada, o estabelecimento, que acaba de completar dois anos no Vogue Square, tinha opções bem mais clássicas no cardápio.
— Este é um boteco português. Com a minha chegada, trouxe uma proposta mais despojada e que condiz com as opções de uma tasca. No novo cardápio, incluí muitos petiscos, como a coxinha de bacalhau (R$ 8, a unidade; ou R$ 30, quatro unidades) e camarões no espeto enrolados em bacon (R$ 42). Isso trouxe um novo leque de clientes. Hoje, atendo tanto a família que vem em busca dos clássicos quanto os mais jovens que buscam apenas petiscos — diz o neto e bisneto de portugueses, fiel guardião de um caderno de receitas que pertenceu à sua bisavó, nascida em Évora.
Militar da Força Aérea Brasileira, Costa conta que só decidiu se dedicar à gastronomia aos 40 anos.
— Percebi que a aposentadoria se aproximava e decidi fazer outra faculdade. Vi a gastronomia como uma possibilidade de unir um hobby a uma nova profissão — lembra Costa, que, logo após se formar, passou dois meses trabalhando em restaurantes de Nova York.
O Globo segunda, 03 de dezembro de 2018
TRÊS RECEITAS PARA O NATAL, DE ALEXANDRE HENRIQUES, DA GRUTA DE SANTO ANTÔNIO
Alexandre Henriques, da Gruta de Santo Antônio, ensina três receitas para o Natal
No cardápio, bolinho de bacalhau com queijo Serra da Estrela, bacalhau à lagareiro e pastel de natas com Nutella
Priscilla Aguiar Litwak
02/12/2018 - 04:30 / 02/12/2018 - 07:00
NITERÓI — A seção Toque de Chef, já famosa em outros cadernos dos Jornais de Bairro, será publicada no site GLOBO-Niterói, de hoje ao dia 23, sempre aos domingos, com o passo a passo de receitas para o Natal. Serão menus completos, com entrada, prato principal e sobremesa. E quem estreia a boa-nova é o premiado chef Alexandre Henriques, da Gruta de Santo Antônio. O filho de Dona Henriqueta ensina a preparar um trio português de respeito: bolinho de bacalhau com queijo Serra da Estrela, bacalhau à lagareiro e pastel de natas com Nutella.
Antes de assumir a cozinha ao lado da mãe e se tornar um profissional estelar, Alexandre foi, aos 15 anos, guitarrista de uma banda de blues. Ele dividia seu tempo entre os ensaios, um estágio como programador de vinhetas numa rádio — o salário era ingressos para shows — e ajudando Dona Henriqueta no restaurante da Ponta D’Areia. Aos 22 anos, durante uma viagem à Europa, um primo português lhe deu um conselho:
— Ele disse “Você tem a faca o queijo na mão, não pode deixar essa oportunidade passar”. Então mudei meu modo de pensar e comecei a estudar (para ser chef).
O que veio depois, quase todo mundo já sabe: ele ficou craque na cozinha e, carismático, passou a frequentar programas de TV; criou uma canal no YouTube; e só de Prêmio Água na Boca, promovido pelo GLOBO-Niterói, já levou 19.
O Globo domingo, 02 de dezembro de 2018
MORO VAI INVESTIGAR A ORIGEM DE R$174 BILHÕES QUE ESTAVAM NO EXTERIOR
Moro vai investigar a origem de R$ 174,5 bilhões que foram regularizados
Dinheiro estava no exterior sem registro na Receita Federal e foi regularizado graças a programas de incentivo editados por Dilma Rousseff e Michel Temer
Thiago Herdy
02/12/2018 - 04:30 / 02/12/2018 - 08:00
SÃO PAULO — A gestão do futuro ministro da Justiça, Sergio Moro, quer investigar a origem dos R$ 174,5 bilhões que pertencem a brasileiros, estavam no exterior sem registro na Receita Federal e foram regularizados graças a dois programas de incentivo editados nos governos de Dilma Rousseff e Michel Temer.
As medidas promoveram a anistia de crimes como evasão de divisas e sonegação fiscal, mediante mera declaração de posse dos valores e de sua licitude, sem que houvesse qualquer tipo de análise sobre a origem dos recursos ou da capacidade econômico-financeira de seus beneficiários.
O plano de Moro é incrementar a integração entre a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e unidades de inteligência financeira, em especial o Conselho de Atividades Financeiras (Coaf), para verificar o uso dos valores por organizações criminosas — tanto aquelas com atuação violenta, como tráfico de drogas e armas, quanto as envolvidas em crimes de colarinho branco. Essas condutas não estão anistiadas pela lei.
Criado em janeiro de 2016 para aumentar a arrecadação federal, o Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária (Rerct) permitiu que brasileiros declarassem recursos mantidos no exterior mediante pagamento de 30% do valor ao governo na forma de tributos e multa. Em 2017, uma nova fase do programa foi lançada. Nas duas edições, 27 mil contribuintes e 123 empresas declararam valores que resultaram em promessa de pagamento de multa de R$ 52,6 bilhões.
A lei que formalizou o programa proibiu a abertura de investigação tendo a declaração como único indício de crime, com o intuito de incentivar adesão e evitar autoincriminação, um direito constitucional.
No entanto, a perspectiva da equipe de Moro é destravar essa barreira a partir de outros caminhos investigatórios, em especial aqueles oferecidos pela integração do Coaf aos órgãos de investigação criminal e o cruzamento de bases de dados que hoje operam isoladas umas das outras.
Desde que aceitou ir para o governo a convite de Jair Bolsonaro (PSL), Moro solicitou a transferência do Coaf do ministério da Fazenda para o da Justiça. Naquele momento, o ex-juiz já pensava no nome de quem o ajudaria a otimizar a atuação da unidade de inteligência financeira: o auditor fiscal Roberto Leonel Lima, chefe da área de investigação da Receita Federal em Curitiba e cérebro do órgão na atuação na Lava-Jato do Paraná. Relatórios de evolução patrimonial e movimentações financeiras e fiscais produzidos pela equipe liderada por Lima ajudaram a revelar desvios de mais de R$ 40 bilhões na Petrobras.
O auditor foi convidado a integrar a equipe de transição do governo Bolsonaro. Na sexta-feira, foi oficialmente anunciado como futuro chefe do Coaf, com atuação ampliada.
A função do órgão é detectar qualquer operação financeira acima de R$ 10 mil e informar autoridades financeiras e policiais, para que verifiquem indícios de atividades ilícitas. Transações como a repatriação de valores no âmbito dos programas dos governos Dilma e Temer também serão alvo do Coaf. Por exemplo: contribuintes que declararam valores, trouxeram-nos para o país e repassaram a terceiros serão alvo de investigação caso não exista lastro econômico a justificar a posse dos recursos.
O Globo sábado, 01 de dezembro de 2018
SAIBA COMO REDUZIR AÇÚCARES E CARBOIDRATOS DA ALIMENTAÇÃO
Saiba como reduzir açúcares e carboidratos da alimentação
Para especialistas, o primeiro passo para uma dieta mais saudável é priorizar comida de verdade, reduzindo o consumo de industrializados
Madson Gama*
30/11/2018 - 04:30 / 30/11/2018 - 10:35
RIO — Nos próximos quatro anos, as indústrias de alimentos, de refrigerantes e de bebidas não alcoólicas devem reduzir, em mais de 140 mil toneladas, a quantidade de açúcar adicionado em diferentes categorias de produtos. Só os biscoitos devem ter uma redução de 62,4%. É o que estabelece um acordo fechado entre as empresas e o governo federal nesta semana. O primeiro passo para uma alimentação mais saudável, porém, pode partir de uma atitude individual. Segundo especialistas, o consumo desenfreado de açúcar pode causar doenças como diabetes e obesidade. Por isso, entenda a importância da mudança de hábitos alimentares e saiba como fazê-la.
Açúcares
De acordo com especialistas, o açúcar é um alimento pobre, sem qualquer nutriente e que oferece nada mais que calorias. A nutricionista Clarissa Godoy afirma que a sacarose, que é o açúcar refinado utilizado no dia a dia, e saúde não combinam.
— O açúcar refinado deve ser evitado, porque está associado não só ao ganho de peso, mas a todas as doenças crônicas. A sacarose também é extremamente inflamatória, e a gente sabe que que é em ambientes inflamatórios que as doenças acontecem, sejam neurológicas, seja um câncer — explica.
Thalita Fialho, professora de nutrição da Faculdade Arthur Sá Earp Neto/Fase, diz que, mesmo os açúcares menos refinados, como o demerara e o mascavo, não devem ser adotados na alimentação diária. Eles são mais recomendados para uma eventualidade.
— Independentemente do tipo de açúcar, é açúcar. Sendo menos refinado ou não, ele pode ir levando à hiperglicemia (glicose elevada) e causando os efeitos do excesso, como a diminuição da expectativa de vida — opina.
Para a nutricionista Luiza Marina, o ideal seria que o hábito de evitar açúcar fosse ensinado desde o início da vida.
— O problema é que, desde criança, as pessoas se habituam a adoçar tudo, e estranham o verdadeiro sabor dos alimentos sem adição de nada, como um café puro — opina.
Segundo Ana Carolina Feldenheimer, professora de nutrição da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), quando o assunto é ingerir menos açúcar, a regra de ouro é reduzir o consumo de alimentos industrializados, como refrigerantes e sucos de caixinha, priorizando os alimentos naturais. Outra estratégia é analisar a tabela nutricional.
— Olhar os rótulos é muito importante. Alguns iogurtes têm mais açúcar que refrigerante. Se o primeiro ingrediente da tabela nutricional for açúcar, esse é o ingrediente que mais tem no alimento. Até certos produtos aparentemente salgados comprados nos mercados levam açúcar para ficar mais atrativos — esclarece.
Para quem deseja fazer uma reeducação alimentar, a nutricionista e professora de bioquímica da Unisuam Ana Cláudia Mariano explica que não precisa começar com uma mudança radical.
— O ideal é ingerir a menor quantidade possível de açúcar, reduzindo aos poucos, com metas semanais, até acostumar o paladar. Para quem não consegue, existem alguns tipos de adoçantes, como o Xilitol. Mas o ideal é não usar adoçante — orienta.
DE OLHO NO RÓTULO: APRENDA A IDENTIFICAR O AÇÚCAR
Conheça também alimentos com grande teor de açúcar
Os ingredientes do rótulo estão em ordem decrescente, ou seja, do ingrediente em maior quantidade para o de menor quantidade. A atenção deve ser redobrada com alimentos que contenham como primeiros ingredientes qualquer tipo de açúcar. Veja exemplos:
1 Fatia de bolo de chocolate (60g) =6,8 colheres de chá de açúcar (34g)
2 a 3 unidades de biscoito recheado (30g) =2 colheres de chá de açúcar (10g)
2/3 de xícara de cereal matinal de milho (30g) =2 colheres de chá de açúcar (10g)
1 copo de néctar de uva (200ml) =5 colheres de chá de açúcar (25g)
1 lata de refrigerante de 380ml =7,4 colheres de chá de açúcar (37g)
1 sachê de suco em pó (25g) =3,6 colheres de chá de açúcar (18g)
Fonte: Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC)/ Nutricionista Luiza Marina
Carboidratos
As nutricionistas defendem que, de forma geral, os carboidratos não devem ser evitados, mas consumidos com moderação, já que ele representa um importante nutriente. A ressalva é com relação à qualidade dele. Isso porque existem os carboidratos simples — como pão francês, biscoito, açúcar refinado, farinha branca e arroz branco — e os complexos, representados basicamente por alimentos integrais. O que diferencia os dois é a velocidade de absorção pelo organismo, o que vai influenciar, principalmente, na quantidade de gordura abdominal.
— O carboidrato simples é rapidamente absorvido pelo organismo, gerando um pico de glicemia (açúcar) no sangue. Isso faz com que o hormônio insulina seja liberado em grande quantidade para retirar esse excesso de açúcar da corrente sanguínea. O pico de insulina está diretamente relacionado com o acúmulo de gordura corporal — explica Luiza Marina.
Os carboidratos complexos são os mais recomendados, mas sem deixar de lado a moderação. Por serem alimentos ricos em fibras, vitaminas e minerais, eles são digeridos mais lentamente e não demandam alta liberação de insulina.
— Quais seriam as melhores opções de carboidratos? Os tubérculos: batata-doce, aipim, inhame e batata-baroa; as frutas, uma excelente fonte de antioxidantes; assim como arroz integral e outros grãos, como grão de bico e feijão. Esses são carboidratos do bem — diz Clarissa Godoy.
Sobre o consumo de carboidrato à noite, as especialistas orientam evitar, mas dizem que o que mais impacta na saúde e na estética é a quantidade total consumida durante todo o dia.
*Estagiário sob supervisão de Renata Izaal
O Globo sexta, 30 de novembro de 2018
PARA CELEBRAR O DIA DO SAMBA NO DOMINGO
Batucada de bamba: Um roteiro de rodas de samba em alta pelo Rio
Inspirados no Dia do Samba, comemorado no domingo, listamos dez rodas que estão fazendo sucesso pela cidade
Ricardo Ferreira
30/11/2018 - 06:00 / 30/11/2018 - 08:41
Os cavacos choram o ano inteiro pelas ruas e esquinas da cidade num dos mais genuínos encontros cariocas: a roda de samba. Da Barra a Madureira, diferentes gerações de músicos reúnem fãs da causa reverenciando mestres e abrindo espaço para o novo, fazendo a roda girar.
Aproveitando o Dia do Samba, celebrado neste domingo, montamos um roteiro com dez rodas que estão em alta pelo Rio. Sem pretensão de ranquear e com a licença de inúmeras rodas consagradas, traçamos um recorte de onde estalam os tamborins, do sambão tradicional ao pagode moleque, onde a moçada aplaude e pede bis.
— Acho que desde que surgiu o Samba do Trabalhador em 2005, esse jeito de fazer roda de samba cresceu bastante. O carioca sacou a importância disso, o cara que vai para a roda se sente parte do grupo. A garotarada está muito ligada na velha guarda, e isso é bom — diz Moacyr Luz, uma espécie de guru de rodas de samba no Rio.
Samba do Peixe
“A gente faz um peixe!”, disse o dono da Toca do Baiacu, na Rua do Ouvidor, quando um time de músicos despretensiosamente planejava começar uma roda de samba em frente ao bar, há cerca de um ano e meio.
— O (Eduardo) Gallotti é louco por peixe. Fizemos a primeira, as pessoas começaram a vir, e se tornou essa coisa fora do controle. Criamos um monstro — brinca Chico Alves, uma das vozes do grupo, que promove o samba em um domingo “surpresa” por mês, divulgado no Facebook.
— A gente tem um lance bem bacana, que são as diferentes formações musicais minha, do Gallotti e do Ernesto (Pires). Isso gera uma mistura legal para a roda. Cada edição é uma surpresa — diz Alves.
O repertório adotado pela roda inclui lados B, clássicos de bambas como Mauro Duarte, Roberto Ribeiro e Roque Ferreira e sucessos que estão na boca do povo. Além de Alves, Gallotti e Ernesto Pires, participam do grupo Thiago Pratinha, Anderson Balbueno, Guilherme Pecly e Paulo Maudonet.
Samba do Bilhetinho
A galera que começou o Bilhetinho pulou de bar em bar, em Botafogo, até se consolidar no Fuska Bar, no Humaitá. Os integrantes chegaram a ser quase expulsos de um deles porque o barulho incomodava uma vizinha .
— Um dia a gente estava fazendo um partido-alto e juntou uma galera de capoeira em volta, com umas meninas. Quando elas foram embora, deixaram dois bilhetes para gente com telefones — conta Murillo Sabino, um dos percussionistas, explicando o batismo do grupo.
Com 17 músicos, o Samba do Bilhetinho, toda quinta, a partir das 19h, é uma das quatro rodas que animam o boteco na esquina da Rua Visconde de Caravelas com a Capitão Salomão. O samba é acústico, com muitos vocais, e privilegia sambas de terreiro, partido-alto e sambas de escolas como Salgueiro, Mangueira, Portela e Império Serrano.
Cozinha Arrumada
Há cerca de um ano é o grupo Cozinha Arrumada que dá o tom das sextas-feiras no Bar dos Irmãos, no Catete, a partir das 21h. Liderado pelo cantor e cavaquinista João Borsoi, o Cozinha lota o trecho em frente ao número 371 da Rua Pedro Américo com um repertório de samba “mais pagodeado”, como explica Borsoi, na linha do grupo Fundo de Quintal e de João Nogueira.
— É um clima de noitada, com pessoas de todas as idades. A gente faz algumas coisas que fogem do roteiro tradicional das rodas, como uma versão pagodeada de uma música do Black Alien, por exemplo — diz o músico.
Outra grata surpresa é a inserção de um trombone de pisto nas mãos de Antônio Neves, que também cuida da percussão ao lado de Lucas Videla, Marcos Antônio e Cadinho Caramujo. No violão, Daniel Ganc completa a mesa.
Além do samba no Bar dos Irmãos, o Cozinha Arrumada também toca na Praça Cardoso Fontes, junto ao Armazém Cardosão, em Laranjeiras, todo segundo sábado do mês, e no restaurante Santa Pizza, em Santa Teresa, todo domingo.
Projeto Criolice
Presente na Arena Fernando Torres, no Parque de Madureira, todo terceiro domingo do mês, às 15h, o Criolice ultrapassou a roda de samba e se tornou um projeto consolidado que reúne, em média, segundo a organização, 1.500 pessoas. Além da música, tem feira de artesanato com cerca de 20 expositores e uma parte gastronômica com quitutes como acarajés, churrasquinhos e caldos.
— O projeto nasceu da necessidade de se fazer uma roda com mais profissionalismo, com músicos mais empenhados e comprometidos, com um repertório de qualidade. A maioria das expositoras são mulheres que antes estavam desempregadas e hoje fazem do projeto parte seu sustento — conta Vander Araújo, um dos coordenadores do Criolice.
A mesa conta com 11 músicos, e o repertório vai de sambas clássicos de Candeia a novos compositores, como Nego Alvaro.
Samba Independente dos Bons Costumes
Um israelense que aprendeu violão no Acre, um músico de fanfarra, um mestre de bateria: a variedade de bagagens do grupo moldou o repertório eclético do Samba Independente dos Bons Costumes, que ocupa a Fundição Progresso, toda quinta-feira, em rodas que rolam até 4h da matina (entrada gratuita até as 22h, e R$ 10, depois).
— Quem disse que a gente não pode fazer uma versão instrumental de Caymmi, passando por um BaianaSystem, dialogando com Dona Ivone Lara, partindo para Luiz Gonzaga e depois terminar com axé? — diz Vandro Augusto, intérprete do SIBC, que foi criado há quatro anos, no dia de São Jorge.
O cantor também falou sobre a "responsabilidade" de quem faz rodas de samba.
— O samba é uma ferramenta política, social, uma ferramenta transformadora que tem uma capacidade de comunicação absurda. O samba é uma entidade, é grandioso. A gente respeita o samba, respeita os mais velhos que vieram atrás. Ao sentar numa roda, você carrega uma responsabilidade muito grande. É muito importante a gente ter sempre isso em mente — afirma.
Gloriosa
Há quatro anos, no terceiro domingo de cada mês, a roda de samba comandada pelo craque Paulão 7 Cordas dá um charme a mais à Feira da Glória, a partir das 16h. Com frequência, há participações surpresa de sambistas que pintam por lá. Este domingo, Dia do Samba, tem edição extra, e, além da Gloriosa, tocam Sambastião e Pagode do Time de Crioulo.
— Tocamos uns dois ou três choros, o resto é samba. A Gloriosa nasceu do Bloco Arteiros da Glória. Hoje é misturada, vem bastante gente da área e alguns músicos de peso aparecem de vez em quando — conta Paulão.
Casa de Marimbondo
A cuíca de Byron Prujansky e a flauta transversa de Cauã Waismann são alguns diferenciais das rodas promovidas pelo grupo Casa de Marimbondo no Bar da Nalva, na Rua Sílvio Romero, na Lapa, nas noites de sexta, às 21h30m. A casa costuma ficar cheia e sobra gente na calçada, mas perto o suficiente para cantar junto as músicas conhecidas.
— O grupo surgiu de um encontro de amigos que a música e o samba uniram. Buscamos manter viva a cultura do samba de rua carioca com roda e povo cantando junto. O repertório passa por grandes compositores — diz o violonista Vitor Goes, citando Dona Ivone Lara, Candeia, Wilson Moreira e Martinho da Vila entre as inspirações.
Rodas do Vaca Atolada
No número 533 da Avenida Gomes Freire, coração da Lapa, o bar Vaca Atolada abriga rodas de samba de terça a sábado, a partir das 19h, mas o xodó da casa é Margarete Mendes, que faz do Caldeirão do Vaca Atolada (no segundo sábado e na terceira sexta-feira do mês) um sucesso.
— Eu não passei pela Lapa, eu sou a Lapa. Para ficar na Lapa tem que ter sabedoria. Fico muito satisfeita de ter um público jovem muito forte — diz a cantora, que coloca divas do samba no repertório, como Jovelina Pérola Negra, Dona Ivone Lara e Clara Nunes.
Samba da Gávea
É quase um samba privê, num espaço para apenas 50 pessoas, o restaurante Da Casa da Táta (Rua Manoel Ferreira 89). Chegando cedo, porém, é possível garantir um bom lugar perto dos músicos, entre eles nomes como Alfredo Del-Penho, Luís Felipe de Lima e João Cavalcanti, que se reúnem, há cerca de um ano, toda segunda-feira, às 20h, com ingresso a R$ 30.
— É uma proposta diferente, mais intimista, acústica. É também um espaço em que nós e compositores amigos apresentam músicas novas— diz Del-Penho.
Na Linha do Mar
A Barra não é lá um berço de bambas, mas faz algum tempo que o morador do bairro não precisa cruzar o túnel para encontrar boas rodas. Uma delas é a do grupo Na Linha do Mar, que anima os domingos no Brewteco da Av. General Guedes da Fontoura, em pleno burburinho da Olegário Maciel, no Baixo Barra.
Antes mensal, o samba já está marcado para todos os domingos de dezembro a fevereiro.
— Tocamos muita coisa dos mestres Cartola, Noel Rosa, Dorival Caymmi, Paulinho Viola e Chico Buarque, entre outros, além de Fundo de Quintal e Zeca Pagodinho, e coisas dos anos 80. Na primeira vez em que tocamos tinha só uma mesa assistindo. Agora, é sempre casa cheia — conta Júnior, o cavaco da roda na Barra.
O Globo quinta, 29 de novembro de 2018
PERSONALIDADES DE VÁRIAS ÁREAS DECLARAM AMOR AOS LIVROS
A convite do GLOBO, personalidades de várias áreas fazem declarações de amor aos livros
Iniciativa sucede o desabafo sobre a crise do editor Luiz Schwarcz, que convocou leitores nesta terça-feira
O Globo
29/11/2018 - 04:30
RIO — Em desabafo sobre a crise, editor Luiz Schwarcz convocou leitores a mostrar seu amor pelos livros . A convite do GLOBO, personalidades de várias áreas escreveram sobre o assunto e se declaram a seguir:
Leticia Novaes, cantora e compositora
"Livro:
Tenho relação de profundo amor contigo desde "A Curiosidade Premiada", que minha mãe me deu e guardo até hoje, que benção, que presente. Livros me revelaram um mundo novo de possibilidades: um segredo, gosto, tesão, medo, um jeito diferente até mesmo de escrever. Só amo escrever por que amo ler e assim é a roda da fortuna. Minha vida é melhor por conta de todos os livros que já li (talvez um ou dois, não, risos), e queria eu ter mais tempo para ler tudo, todos os clássicos, todas as pessoas que conheço. Só posso agradecer e torcer para que sua trajetória seja perene. Um beijo da Letícia"
Joyce Moreno, cantora e compositora
"Minha relação com os livros vem desde a infância, lendo Monteiro Lobato, tudo que caía na minha mão. Aprendi a ler sozinha, porque tinha muita curiosidade pelos livros, sempre foram um objeto de desejo. Tenho cartão de fidelidade em todas as livraris que frequento no Rio e sempre que estou numa cidade estranha a primeira coisa que procuro é uma livraria próxima. Quando fiz 12 anos minha mãe me deu de presente a obra completa de Machado de Assis, caí naquelea leitura e por aí foi. Tenho escritores do meu coração na Turquia, Japão, Israel. Não imagino a vida sem livros. Uma vida sem livro pra mim é inimaginável, igual a uma vida sem música."
Milton Hatoum, escritor
"O que não encontrei na vida, descobri nos livros. A leitura me levou a margens desconhecidas, onde a gente tem necessidade de indagar e pensar sobre coisas essenciais do mundo e dos seres. Neste tempo sombrio, que anuncia o colapso do humanismo, o livro é uma das nossas poucas esperanças. Só um sistema totalitário conceberia um mundo sem livros. No grande silêncio da leitura habitam os sonhos, a vertigem, o êxtase, os sentimentos e o conhecimento humanos. O livro é um objeto mais duradouro e mais belo do que o mais puro diamante."
Renata Carvalho, atriz, diretora e fundadora do Movimento Nacional de Artistas Trans
"Oi, meus amores,
Amores no plural mesmo, não me levem a mal, mas foram tantos, e ainda os são, e quero que sejam mais, muito mais.
Não pensem que seja leviano de minha parte, mas tenho um carinho especial por cada um deles, tá certo que uns devorei ferozmente, e outros foi difícil de engolir.
Mas amo-os em suas diferentes formas, tamanhos, espessuras, texturas e cheiros... Não importa,toco cada um de forma diferente, gosto de senti-los.
Não achem que foi fácil, mas para cada um dei a atenção devida, mesmo naqueles dias que você não está a fim de fazer nada, lá estava eu com ele ou eles. E era em qualquer lugar, eu particularmente prefiro na minha casa, na cama, entre um cigarro e outro, mas eles são tentadores e estão em todos os lugares, difícil resistir.
Sei que sou eu e sempre fui eu que fui atrás de vocês, mas precisava encontrar em vocês pelo menos um que contasse a nossa história. E não me venham com desculpas esfarrapadas, vocês falam sobre tudo e todo mundo, por quê de nós não?
E agora que querem te calar? Quem vai contar as nossas histórias?
Estão destruindo, queimando e deteriorando as universidades, museus, escolas, laboratórios... É natural que chegariam em vocês. São vocês que nos provocam, nos alimentam, nos ensinam, nos transformam e nos libertam.
Podem te queimar em praça pública, te censurarem, te proibírem... mas vocês resistirão... sempre resistiram... Somos imorríveis, meus amores.
Com todo amor."
Raphael Vidal, agitador cultural
"Prezada Odisseia,
Vinte anos se passaram. Lembro de ter entrado naquela garagem da Zona Norte cheia de livros, com os olhos desistentes, em sua busca. Perguntei pro pedreiro que guardava livros achados na rua se você estaria por lá. Eu precisava te conhecer. Mas não tinha como pagar por isso. Dei sorte. Entre milhares, encostei em sua capa, abri suas folhas empoeiradas. E a levei pra mim. Pelo tempo que eu quisesse. Nem precisei dizer meu nome.
Vinte anos se passaram. Fiz faculdade de Filosofia, virei editor, escritor, cozinheiro e dono de bar. Fiz minha própria odisseia. Mas nunca esqueci da sua. Hoje há uma biblioteca igualzinha àquela da garagem na Casa Porto. Outros como eu no passado podem pegar o livro que desejar sem nem dizer o nome. Só peço o mesmo que me pediram: ler.
É o que pode nos salvar.
Até daqui a vinte anos.
Agradeço por existir,
Aquele abraço!"
Lenine, cantor e compositor
"Querido parceiro,
Te escrevo pela saudade que me acomete, e que me impõe a reiterar a importância fundamental que você tem na minha formação.
Os romances e aventuras, que através de você pude viver e experimentar, a poesia e a prosa que deram direção e sentido a meu caminho sonoro, por tudo isso tenho um debito gigante contigo.
Não imagino um mundo sem você e aproveito para desejar vida longa e prospera pra tu e pros teus.
Cheiro"
Jr. Tostoi, guitarrista e produtor musical
"A primeira vez que te vi, estava no colo de minha mãe, e ela mesmo me amamentando não te deixava de lado. Alguns anos depois ainda era muito pequeno pra te alcançar nas prateleiras. Quando finalmente aprendi a ler, me apaixonei. Te paquerava desde sempre. O amor que minha mãe tinha por você, passou pra mim. Até hoje sou apaixonado e te carrego pra todos os lugares.
Sou ciumento mesmo que te deixe com amigos queridos por pouco tempo. Essa paixão carregarei pra sempre."
Mailson Furtado Viana, escritor vencedor do Prêmio Jabuti
"Comecei leitor ainda menino, folheando livros perdidos de meus pais, e daí a paixão que se estendeu, rastreou e explodiu sem ter pra quê em minha adolescência pela descoberta de autores e livros que ainda hoje pra mim os descubro, e me puseram de pé onde hoje estou. Nesse período veio os primeiros sonhos com livros - o de ter uma biblioteca, essa que pudesse ter tudo o que procurasse, e daí o vício incondicional de comprar (livros), de ter qualquer que seja a obra (hábito que mantenho mais feroz ainda hoje), e por conseguinte veio a escrita, a literatura (independente), que me faz buscar acreditar mais ainda, sempre.
No entanto é duro abrir jornais que pra além das páginas policiais que noticiam tragédias, outra como a que o mercado editorial e do livro passa. Ver livrarias fechando portas, editoras diminuindo catálogo, meu deus! é quase que um punhal carne adentro daqueles que acreditam que o Brasil pode sim ser maior e mais bonito através da arte, das letras, como eu insisto em acreditar, e acredito!
“Nos livros as palavras ficam guardadas num freezer cheio de calor. Uma estante pode ter alimento para a vida inteira. A leitura de quem lê com amor ativa esse calor. Esse calor ativa o leitor. Nos livros os mundos se oferecem, mas ainda não estão prontos. Só quem lê é que realiza o livro. Os livros são muitos. Cada é cada um. Concordam e discordam, não é isso que importa. Assim como se abrem e se fecham em suas mãos, podem abrir ou tentar fechar a sua cabeça e o seu coração, a sua alma e o seu espírito. Mas nenhum decretará o ponto final. A existência de livros aumenta vida, faz as pontas e os pontos se tocarem, faz os pólos passarem pela terceira margem, faz a gente ser gente. Além disso, os livros acontecem no silêncio, no precioso silêncio, no necessário silêncio. A seu modo, ler é escutar o sopro do pensamento, ouvir a concha do ruído do mar. Deixar-se ocupar pela existência do outro, habitar a existência do outro, sem a paranoia de que o outro ocupe o seu lugar.”
Bia Lessa, diretora teatral
Os livros são o que os homens poderiam ser.
"Acho que foi Borges que disse que o livro nos escolhe. Muitos ali na prateleira, outros nas mãos dos amigos, e quando vemos um deles pula diante de nos. Comigo é exatamente assim, esse jogo entre a escolha recíproca acontece como magica. Chegam a mim, quase misteriosamente, os livros necessários, que me apontam caminhos, me tiram do rumo e me transformam por completo. Acima das linguas ergue-se a linguagem escreveu Thomas Mann, nas primeiras paginas de O Eleito, obra que me foi dada por Haroldo de Campos e que me levou a realizar meu primeiro filme Crede+mi. Essa linguagem que faz de cada livro “o” livro, que encontra na forma o seu próprio conteúdo, e que passa adiante, para todo o sempre, o que um dia foi rascunho. Essa pequena caixa fechada com uma capa, geralmente com atrativos, como quem diz me escolhe, e que dentro encontramos letras organizadas de forma a criarem sentidos. Falar de livros. Começo pela Hanna Arendt “sabemos que vamos morrer, mas sabemos que não nascemos para morrer. Nascemos para continuar”. Essa constatação de que passamos para o outro nossa trajetória - os livros são a concretização desses diálogos infinitos, com incomensuráveis possibilidades de associações.
Entre ler um Grande Sertão: veredas ao lado do Homem sem Qualidades de Musil, passando por Clarice Lispector e indo para Verdade Tropical de Caetano, ou fazendo o movimento inverso, começando pelo Caetano e indo direto para Musil. Livros que conforme a ordem que o lemos se constroem de forma diferente dentro de nós.
Uma constelação de relações entre linguas e linguagens que vamos costurando durante nossa vida. Um jogo de dados. Galáxias, que vamos formando ao nosso redor e que se transformam em nossas próprias produções.
Rosa. “o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam, verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra montão”construção e desconstrução continua. Criando uma espécie de O Vôo da Madrugada, onde solitários, como somos todos, vamos amparando nossos escombros. Com o tempo, a seleção do que escolhemos ler, se confunde com nós mesmos. Nesse jogo infinito, sem regras rígidas, num labirinto de possibilidades, os homens, através dos livros, travam uma ligação unica construindo um tempo e um espaco próprio. As vezes penso que os livros sao o que os homens poderiam ser.
Não tem mais não, como diz Mario de Andrade como uma afirmação/negação do que foi e o que está por vir".
Tony Bellotto, músico e escritor
"Querido Pedro Páramo, sinto saudades daqueles dias que passamos juntos na ilha de Santorini, na Grécia. Foram dias intensos em que a vida vibrava no vento, no céu azul e no silêncio do mar Egeu.
No entanto, naqueles dias, você me falava do mundo dos mortos e dos tristes trópicos em que vivemos, você e eu.
Apesar de toda aquela vida que exuberava na Grécia, foram nas tuas visões da morte que eu enxerguei melhor a vida.
Não desapareça."
Marco Lucchesi, presidente da Academia Brasileira de Letras
"O livro é um exercício de emancipação. Uma janela para a liberdade. A leitura de Clarice causa arritmia. Machado é uma comunidade de destino. E Guimarães Rosa desata um terremoto. Porque o livro é a pátria da possibilidade. Casa do ainda-não. De janelas abertas para o Outro. Subo e desço as ladeiras do Rio. Bato às portas das escolas públicas, sobretudo no limite das regiões conflagração. Os livros representam, ao mesmo tempo, uma bandeira de paz, um gesto solidário e silencioso. Um horizonte para a cidadania. E mando livros e mais livros para as escolas das unidades socioeducativas e prisionais. Procuro abarrotá-las de livros infinitos, como disse um poeta argentino, de modo que não haja mais lugar para os detentos, transformando as carceragens em vastas bibliotecas, mantidas por uma legião de leitores, a formar um longo poema de amizade entre os homens."
Marina Lima, cantora e compositora
"Eu adoro ler. Adoro ler romances, biografias, poesia. Comecei a ler quando tinha uns 10, 11 anos nos Estados Unidos, porque não gostava de morar lá. A leitura aplacava um pouco uma angústia que eu sentia de estar morando fora do Brasil. A leitura me fazia bem. Eu achava um universo onde eu cabia. E não era nos Estados Unidos, era na leitura e na minha imaginação.
O primeiro livro que eu li que foi um grande impacto pra mim foi "O vermelho e o negro", de Stenshal. Por conta desse livro, fui ler um tratado que ele fez sobre o amor, que se chama "Do amor", é inteligentíssimo. Gosto muito de ler biografias e livros sobre música. Livros de entrevistas também. Quando acaba um grande livro é como se eu estivesse me despedindo de um amigo, é uma tristeza danada.
Poesia eu adoro ler. No Brasil, quem eu mais gosto é Drummond, que me impressiona, me encanta, me deixa louca. Com o surgimento da internet, ainda com 24h e pouco tempo pra distribuir, deu uma balançada no meu tempo disponível pra leitura. Acabei ficando muito tempo online, e não gosto de ler online. Gosto de ler no livro. Agora, há alguns anos, consegui organizar meu dia-a-dia e voltei a ler. Graças a Deus."
Simone Mazzer, cantora
"Querido livro,
coisa louca esse mundo, né? Por tantos motivos me mantive longe de você, sem te conhecer, por muitos anos. Eu não lia. Só na escola e, confesso, quando era obrigada. E ainda uns livros que os adultos achavam que eram bons pra gente. Mas, na boa, eu não curtia. Naquela época, nada daquelas histórias me pegava. Não naquela idade, daquela forma. Não tava pronta pra entender "Vidas secas", "O ateneu", "O cortiço", "Viuvinha", "Os cinco minutos". Não entrava na minha cabeça rock inglês daquele momento. Mas depois isso muda. Eu amava aquela coleção "Para gostar de ler". Isso era ótimo. Mas foi bem depois de a gente ter sido apresentado oficialmente. Eu comecei a te curtir bastante, juro.
"Meninos sem pátria" foi o primeiro que me chamou pra um outro mundo. Eu pouco me lembro da história, lembro bem pouca coisa, mas lembro da sensação de querer ler mais e mais e mais... Pra saber onde é que aquela história ia me levar. "Feliz ano velho", por exemplo, me mostrou que eu gostava de ler, que era possível ler um livro inteiro em dois dias. E sem ler o resumo! Eu fiquei fãzoca do Marcelo naquela época. Descobri que ler podia ser o momento mais legal do dia. Mais do que ficar na escada do prédio brincando sozinha. Mais do que ver TV o dia inteiro. Tão legal quanto ouvir música, assistir ao "Sítio do Picapau Amarelo", andar de patins, jogar vôlei. Um tempo depois, aí sim, eu entendi que tinha passado pela ditadura, porque naquela época não falava disso nas escolas em Londrina. Aí eu me aproximei definitivamente de você.
Comecei a cantar, a fazer teatro. E foi aí que eu aprendi muita coisa e conheci muitos artistas geniais e suas expressões nas artes. Graças a você. Eu fui levada a obras que só conhecia de ouvir falar. Shakespeare, Sófocles, Nelson Rodrigues, Will Eisner, Platão, Paul Auster. E aí todo um universo se abriu. Música, artes plásticas, filosofia, física, teatro fotografia, cinema, história, mitologia, tudo. Tava tudo ali. Era só ler.
Muito obrigada por ter sido esse cara tão importante na minha formação artística, na minha formação como cidadã. O que seria de mim sem "Grade sertão: veredas"? Sem "Cem anos de solidão"? Sem a biografia da Billie? Sem "O homem e seus símbolos", do Jung? Sem "O universo numa casca de noz", do Stephen Hawking? Sem "O som e o sentido", do Wisnik? Sem Fernando Pessoa e todos os outro eus dele? Sem "O anjo pornográfico", do Ruy Castro? Sem os poemas de Mauricio Arruda Mendonça, da Florbela Espanca? Sem o "Crossroads", do Furio Lonza? Sem Hilda Hilst? Sem a poesia de Alexandre Guarnieri? E tantos outros de você que me inspiraram e me deram luz e ainda me dão luz nessas trevas todas que aparecem vez ou outra.
Cara, você é mágico. E daqui do meu mundinho espero e torço para que você nunca desapareça de nossas vidas. E das de quem está vindo aí. Apesar de todo o esforço que essa gente grande do famoso mercado faz pra acabar com você, torço pra que apareça cada vez mais gênios, com espaço, com mercado pra produzir seus contos, romances, fantasias, poemas, cantos, toda essa mágica que nos mantém vivos e pensantes.
Eu deixo um "não" bem grandão pra esses seres sem luz que insistem em queimar você pelo mundo até hoje. Um monte de gente que não suporta a ideia de nos ver pensando e agindo por conta própria, nos querendo massa de manobra ignorantes e mais fáceis de manipular. Eu quero que você saiba que isso é sim uma declaração de amor. mas é mais do que tudo um profundo agradecimento. Muito obrigada por estar do meu lado há tanto tempo.
Com muito amor (mesmo que às vezes você fique empoeirado na estante, meio amareladinho, com algumas orelhas e todo rabiscado),
Simone Mazzer"
Paulinho Moska, cantor e compositor
“O livro é a casa das palavras. Quando abrimos sua porta/capa e entramos nessa casa com nossa leitura somos levados a criar em nosso pensamento a imagem de cada uma dessas palavras, formando as frases e os sentidos que nossa imaginação é capaz de construir. O cérebro necessita desse exercício, dessa prática, desse estímulo para se desenvolver. Nosso espírito se alimenta dessas imagens do pensamento. Os livros se alimentam uns dos outros, através de nós. A leitura de um livro é como um mergulho profundo no oceano da aventura da vida, a verdadeira transcendência. A cada página carinhosamente virada com as mãos subimos mais um degrau dessa escada infinita da alma.
Eu queria ser um livro, para ser manuseado e lido nas minhas entrelinhas, nas minhas vírgulas, nos meus pontos de interrogação e exclamação. Ser os personagens, as paisagens, as histórias, as palavras em si. Todo livro é um livro de poesia.
E eu queria ser a poesia de um livro.”
Jacques Fux, escritor
"Aos seis anos de idade, desesperadamente apaixonado por uma coleguinha de sala que não sabia meu nome e minhas dores, escrevi-lhe, como último e único recurso, uma carta de amor. Ridícula.
Anos depois, ainda jovem e sem nenhum tato com esses seres encantadores, estranhos e com olhos de jabuticaba, transformei a carta em poema, desobedecendo os precisos conselhos do poeta. Fui desprezado por cair no banal. Toleima.
E na minha adolescência, vivendo dias de spleen, me imaginando um Tristão com o desejo quixotesco de sentir o sabor de alguma Isolda – e impossibilitado de tal façanha – encontrei conforto na autocomiseração onanista. Fábula.
Mas eu nunca estive sozinho. Os livros, os famigerados autores, as carrolianas histórias e cabalísticas ficciones se misturavam e se metamorfoseavam em mim. Eu era um pouco de Pessoa, Machado, Rilke, Rosa, Baudelaire, Cervantes, Roth, Joyce, Carroll, Borges, Kafka, Lispector, Drummond, e eles se tornavam muito de mim. E esse desmesurado afeto se transformou numa necessidade de fazer, e ser, parte. Epifania.
É piegas declarar amor aos livros? É asneira ainda achar que o livro transforma? É estupidez romântica dar batalha para preservar a letra e continuar penetrando surdamente no reino das palavras?
Não. Por isso espero despertar desses momentos tão agitados."
Alceu Valença, cantor e compositor
"A leitura sempre foi um hábito na minha família, desde os tempos em que morávamos na Fazenda Riachão, no agreste de Pernambuco. Minha avó materna era uma grande leitora de clássicos e isso me influenciou bastante. Para ela, uma vírgula fora de lugar era uma ofensa imperdoável.
Ainda menino, estudei num colégio de padres em Garanhuns. Como eu era meio arisco, de vez em quando recebia punições. Só que eu gostava das punições porque o castigo era passar horas lendo os clássicos na biblioteca. Então, por bem ou por mal, a literatura sempre foi algo presente em minha vida.
Meu tio Geraldo Valença era poeta dos grandes, com livros publicados. Cheguei a musicar um de seus poemas, “Junho”, uma canção de que me orgulho muito. Aos poucos, conheci a poesia de Fernando Pessoa e de Drummond, as crônicas de Rubem Braga e Gilvan Lemos, que também era nosso parente. E havia os poetas que viviam no Recife, como Ascenso Ferreira e Carlos Pena Filho, nosso vizinho na rua dos Palmares.
Na Faculdade de Direito do Recife, me interessei pela Filosofia. Li bastante os gregos, mas gostava sobretudo de Ortega y Gasset, com quem aprendi que “eu sou eu e as minhas circunstâncias”. Através do contato com a Filosofia, fui selecionado para um curso de férias na universidade de Harvard por conta de um texto que escrevi sobre marxismo e religião. E minha música possui diversos exemplos de diálogo com a literatura. Cervantes, Pessoa, Jorge Amado, Rubem Braga, Mario Quintana, entre outros, têm trechos de suas obras citadas em canções minhas.
Recentemente, lancei um livro de poemas, “O Poeta da Madrugada”, inspirado pelas noites insones que passo em Lisboa. O prefácio é de um dos maiores escritores lusófonos atuais, o angolano José Eduardo Agualusa, cuja obra deveria ser ainda mais difundida por aqui.
Torço para que o Brasil retome urgentemente o amor pelo pensamento."
Gabriela Amaral Almeida, cineasta
Meu sonho ainda é ter uma biblioteca intergalática
"Não tenho memória do primeiro livro que li na vida porque “lia” antes mesmo de aprender a ler. Meu pai dizia que era o segredo das pessoas inteligentes, ler. Lembro da minha coleção do Mundo da Criança, encadernada em vermelho, cujas páginas eu comia (sentido literal: do verbo comer mesmo) porque ainda não era alfabetizada. E dos livros de Julio Verne do meu pai. Lembro também do mundaréu de títulos da casa da minha avó, onde iam parar todos os livros que já não cabiam nas estantes das casas de meus tios (eu tinha/tenho oito tios). Os livros estavam por toda parte: nas estantes, em cima de armários, escondidos em caixas de papelão amontadas em quartinhos e até nos banheiros. Sidney Sheldon, Robert Louis Stevenson, Agatha Christie, José Lins do Rego, toda a Coleção Vaga-Lume, toda a coleção Para Gostar de Ler, Machado de Assis, Stephen King. Tudo junto e misturado. Todas as casas tinham a sua estante-de-livros. Ler era das raras atividades que ninguém ousava interromper: “ah, tá lendo? Então deixa”.
Na minha estante-de-livros principal – que fica, obviamente, na sala – estão livros lidos e esquecidos, livros lidos e relidos, (muitos) livros ainda a serem descobertos. Geralmente, quem me visita pela primeira vez acaba gastando um tempinho olhando os volumes, descobrindo pontos de conexão – “você também gosta disso?!” –, descobrindo tesouros – “isso existe?” – e, por que não, me zoando – “que gosto, o seu, credo!”. Ainda é através dos livros, de suas histórias mas também da sua materialidade, que eu me relaciono com o mundo.
Da minha estante, puxo um livro que, acredito, me marcou profundamente: os contos completos de Flannery O’Connor (no Brasil, editados num único volume pela já extinta Cosac Naify). Localizo no índice o conto “Um homem bom é difícil de encontrar”, o meu preferido dela. É inevitável não cheirar as páginas passando (um vício). O conto narra a história de uma família americana – pai, mãe, duas crianças (menino, menina, chatos) e uma avó cheia de racismo dentro dela –, que atravessam os Estados Unidos rumo às férias que nunca vão ter porque, desgraçadamente, topam com um fugitivo da lei. O Desajustado. Grifei apenas uma frase, lá para o fim do texto, que diz assim: “Seria até boa mulher”, o Desajustado disse, “se a cada instante de sua vida houvesse alguém nas cercanias para lhe dar um tiro”.
Releio: “se a cada instante de sua vida houvesse alguém nas cercanias para lhe dar um tiro”. A frase me atinge. No peito, um tiro, como deve ter pretendido a autora quando a escreveu. Fecho o livro, a frase ecoando na minha cabeça. Devolvo o livro à estante. Algumas partículas de poeira dançam no ar. Todas as partes moles e minúsculas e sensíveis do meu corpo vibram. Eu estou viva.
Meu sonho ainda é ter uma biblioteca intergalática."
Roberto Menescal, músico
"NÃO DÁ PARA VIVER SEM MÚSICA, ASSIM COMO NÃO DÁ PARA VIVER SEM LIVRO!!!
Só pude entender alguns detalhes da vida de meu super amigo-parceiro Paulo Coelho ao ler agora seu recente lançamento "Hippie", mesmo tendo convivido 40 e poucos anos com ele.
Achava que conhecia razoavelmente bem o Pop Star artista Lobão, mas só ao acabar de ler “50 anos à mil” pude desfrutar de sua louca, divertida e inacreditavel vida até aqui, um dos melhores livros que li, graças a minha curiosidade que procura também o que não está ao meu redor.
E o “Raul que me contaram”? Trabalhei ligado à Raul Seixas durante vários anos como meu contratado nos tempos da gravadora Polygram, mas só através desses delicioso livro, pude conhecer profundamente um universo imenso que desconhecia.
Outro artista com quem trabalhei e que sempre me fascinou, Rita Lee, através de sua biografia descobri sua vida mágica, emocionante o que aumentou em muito minha admiração por esta pessoa, aliás ontem comprei seu mais recente lançamento, “FavoRita”.
Hoje tenho consciencia que sem tudo que li, minha vida teria sido bem vazia. Sou um cara de muita sorte e muito feliz por ter tido um aprendizado incrivel através dessa coisa magica que é O LIVRO!"
Aniela Jordan, produtora teatral e gestora cultural do Imperator – Centro Cultural João Nogueira
“Não consigo imaginar uma vida fértil sem leitura. Ler é cor, é vida, é imaginação! Ler constrói o nosso mundo interior e aprimora o ser humano”
Gustavo Pacheco, diplomata e escritor estreante
Os livros têm vida
Saindo de uma livraria com ele, digo:
– Sempre que saio de uma livraria, sinto o coração apertado.
– Por quê, papai?
– Porque imagino os livros tristonhos dizendo: "ei, não vai embora, volta aqui, não me deixe!"
Ele me olha, faz beicinho e começa a chorar. Perplexo, pergunto o que está acontecendo.
O Globo quarta, 28 de novembro de 2018
ÁRVORES GIGANTES QUE SOBREVIVERAM NA MATA ATLÂNTICA
Levantamento inédito mostra as árvores gigantes que sobreviveram na Mata Atlântica
Novo livro mostra as grandes remanescentes da floresta que já foi um dos maiores biomas brasileiros
Cesar Baima
27/11/2018 - 08:00 / 27/11/2018 - 09:26
RIO – Quando os portugueses chegaram no Brasil, em 1500, deram de cara com uma floresta luxuriante, densa e diversa, com árvores que facilmente passavam dos 40 metros de altura. Era a Mata Atlântica, um dos maiores biomas brasileiros, que então se espalhava por mais de 1,3 milhão de quilômetros quadrados, ou cerca de 15% do território do país. Hoje reduzida a menos de 13% desta cobertura, distribuída em aproximadamente 245 mil fragmentos, pouco resta de sua exuberância original, praticamente desconhecida da população atual. E foi para preencher esta lacuna que o botânico e paisagista Ricardo Cardim liderou o projeto do livro “Remanescentes da Mata Atlântica: as grandes árvores da floresta original e seus vestígios” (Ed. Olhares), com lançamento previsto para esta terça-feira, dia 27.
Maior árvore documentada do bioma em termos de massa, possivelmente um jequitibá-rosa ( Cariniana legalis ), estima-se que tinha um tronco com 6,20 metros de diâmetro e 19,50 metros de circunferência a 1,30 metro do solo, com sua copa provavelmente alcançando uma altura de mais de 40 metros. Supostamente localizada na região de Campinas, era uma árvore famosa, alvo de diversos fotógrafos na época da virada do século XIX para o XX. Apesar disso, seu destino é desconhecido e não há outros indícios de sua existência além das fotos antigas.
— As pessoas veem os remanescentes da Mata Atlântica nas cidades, como a Floresta da Tijuca, e no interior e imaginam que eles são representativos da floresta intacta, mas muitas vezes não passam de uma sombra da floresta original — conta Cardim. — Apesar de 60% a 70% da população brasileira hoje viver em áreas que eram da Mata Atlântica, não nos é ensinado nas escolas como era esta floresta original, nem temos um museu ou qualquer outro lugar que conte sua história. Então eu tinha esta curiosidade muito grande de saber como era esta floresta, qual era o tamanho de suas árvores, sua distribuição e verificar se os remanescentes atuais são de algum modo parecidos com a Mata Atlântica que nossos antepassados conheceram entre o fim do século XIX e início do século XX.
Assim, as gigantes do livro não estão só no passado. Boa parte da obra é focada na busca de grandes árvores que sobreviveram à destruição da Mata Atlântica — processo que também é documentado por imagens desoladoras que integram um capítulo à parte —, registradas em uma série de expedições realizadas por Cardim com o também botânico Luciano Ramos Zandoná e o fotógrafo Cássio Campos Vasconcellos, nas quais percorreram mais de 12,5 mil quilômetros em visitas a algumas das principais áreas de remanescentes da Mata Atlântica do país.
— Já tivemos muitas árvores gigantes na Mata Atlântica, e felizmente ainda temos algumas, que evidenciam o muito que a gente perdeu — diz. — Elas são as últimas testemunhas dos tempos de exuberância do bioma, árvores com séculos de vida. São seres especiais que cresceram antes dos ciclos de desmatamento, antes da destruição da floresta.
Gigantes que dificilmente serão substituídas
Gigantes estas que, uma vez mortas, dificilmente terão substitutas, já que são resultado da competição em uma floresta densa e contínua que praticamente não existe mais, lamenta Cardim.
— Se a gente plantar uma semente de um jequitibá desses agora, mesmo se esperarmos muitos anos ele não vai chegar no tamanho do antigo Jequitibá do Brejão porque não tem ambiente para isso. Será como uma árvore de praça, de copa baixa e tronco curto — explica. — Árvores gigantes como essas precisam de muita competição e uma floresta madura, com topos de 40 metros como era a floresta original, para crescerem tanto. É um ambiente que praticamente não existe mais.
Mas a continuidade da floresta não é necessária só para o crescimento de novas gigantes. Segundo Cardim, as mortes recentes de dois jequitibás centenários na Bahia sugerem que a reconexão dos fragmentos da Mata Atlântica, para além de uma importante estratégia de preservação, é fundamental para a sobrevivência destas últimas grandes árvores do bioma. Exemplo disso é a atual árvore mais alta conhecida do bioma, um jequitibá localizado pelos pesquisadores na região de Ubatã, na Bahia. Apesar de sua copa alcançar espantosos 64 metros de altura, é uma árvore “magrinha”, com um tronco de apenas 2,5 metros de diâmetro, longe dos mais de seis metros do Jequitibá do Brejão e dos estimados até oito metros que atingiam outras gigantes em tempos idos.
— Temos a oportunidade de fazer a ponte entre a Mata Atlântica que nossos antepassados viram e a que as futuras gerações terão acesso — defende. — Mais que reconectar a floresta, precisamos aproximar as pessoas dela. Só estar debaixo de uma árvore de 22 andares de altura emociona mesmo o coração mais duro. É difícil ficar indiferente frente a uma gigante dessas. Acho que esta é a principal contribuição de nosso livro: formar uma linha de pensamento de como foi a floresta original, como ela foi destruída, se transformou e o que sobreviveu, traçando um caminho para restaurar a Mata Atlântica em harmonia com a atividade humana.
O Globo terça, 27 de novembro de 2018
TOFFOLI CONFIRMA JULGAMENTO DA SEGUNDA INSTÂNCIA APÓS O CARNAVAL
Toffoli confirma julgamento da segunda instância após o carnaval: 'é tema de penitência'
Ministro pretende anunciar todos os casos que serão analisados pela corte com seis meses de antecedência
Paulo Celso Pereira
27/11/2018 - 01:30 / 27/11/2018 - 08:12
BRASÍLIA — Em evento na noite desta segunda-feira, promovido pelo site Poder 360, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli , confirmou que o julgamento da ação que discute a execução da pena a partir da condenação em segunda instância será entre março e abril . O tema pode atingir diretamente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que começou a cumprir pena em Curitiba após a condenação pelo Tribunal Regional Federal.
— Esse é tema para a Quaresma, é tema de penitência, (pra ser julgado) entre o carnaval e a Semana Santa. Conversei com o Marco Aurélio e ele autorizou a colocar na Quaresma.
O ministro prometeu ainda conversar nos próximos dias com o ministro Alexandre de Moraes para definir a data de julgamento de outro processo polêmico que ficará para o próximo ano: a possibilidade de a corte descriminalizar o porte de drogas para consumo pessoal.
Durante a gestão da presidente Carmen Lúcia, a pauta passou a ser divulgada com antecedência de até um mês. Agora, o objetivo de Toffoli é definir até o fim do ano quais julgamentos serão realizados ao longo de todo o primeiro semestre.
— Minha ideia agora é fazer a pauta para o primeiro semestre inteiro do ano que vem. Aí a imprensa e as empresas poderão fazer análises e nós como juízes saberemos quais são as consequências (das decisões). Porque, às vezes, na melhor das boas vontades, a gente erra. Se você administra uma pauta com antecedência, vai permitir que a própria sociedade, que a academia, universidades, pesquisadores possam nos trazer subsídios —
O Globo segunda, 26 de novembro de 2018
PALMEIRAS É CAMPEÃO BRASILEIRO
Palmeiras vence o Vasco em São Januário e é campeão brasileiro de 2018
Time paulista tem trabalho contra o cruz-maltino, mas conquista o décimo título da Série A
O Globo
25/11/2018 - 19:03 / 25/11/2018 - 20:15
Chega de adiamentos. O título de campeão brasileiro de 2018 tem um dono: o Palmeiras. Com uma campanha de respeito, de um time que alcançou a 22ª rodada seguida sem perder, a equipe paulista faturou pela décima vez o troféu mais importante do país. A confirmação se deu neste domingo, com a vitória sobre o Vasco, por 1 a 0, com um gol do atacante Deyverson.
Para o vascaíno, um sentimento paradoxal de saber que o placar ainda o mantém sob ameaça de rebaixamento, mas, ao mesmo tempo, sepulta as pretensões do maior rival, o Flamengo.
Assim, o jogo contra o Vitória, na rodada final, será de festa para os palmeirenses. Já o Vasco visitará o Ceará, em Fortaleza.
Quando o imponente alviverde surgiu no gramado de São Januário, já se sabia que a tarde poderia ser histórica. A vantagem de cinco pontos sobre o principal perseguidor dava a responsabilidade que trazia consigo a ansiedade para acabar com qualquer ameaça matemática ao título.
Por conta disso, explica-se a dificuldade de dar fluência ao jogo, sobretudo porque o Vasco não economizou esforços, segurando-se enquanto deu. Mas depois de um primeiro tempo truncado, o talento de Dudu abriu um clarão na defesa vascaína. O passe daquele que tem tudo para receber os louros de melhor jogador da competição deixou Willian muito bem posicionado para escorar em direção ao meio da área. Lá, a bola encontrou o atacante Deyverson, que fez o gol da confirmação do título.
O Globo domingo, 25 de novembro de 2018
ERIKA JANUZA FALA DA RETA FINAL DA DANÇA DOS FAMOSOS E DO ATAQUES RACISTAS NA INTERNET
Erika Januza fala da reta final da 'Dança dos famosos' e dos ataques racistas que vem sofrendo na internet: 'Quero encontrar os responsáveis'
GABRIELA ANTUNES
Erika Januzza (Foto: Elderth Theza / Thz Imagens)
Depois de quatro meses de competição, Erika Januza é uma das semifinalistas da "Dança dos famosos", quadro do "Domingão do Faustão". O pasodoble é o próximo ritmo da disputa:
- É bem técnico. Como não tem relação com a nossa cultura, há umas posições que não estamos acostumados a fazer e achamos estranhas. É o caso do jogo com os braços.
Na última rodada, a atriz ficou em sexto lugar e correu o risco de deixar o programa.
- Eu estava apreensiva. Mas a minha competição é comigo mesma, não com os outros participantes. Somos muito amigos, então, no momento das apresentações, minha vontade que todos se saiam bem. Não tem o clima negativo de disputa. Nem comemorei quando vi que tinha continuado no quadro, porque outros três casais deixaram o programa - conta ela, que tem dificuldade para lidar com a emoção. - O corpo já age automaticamente e vai absorvendo as informações. Mas não consegui vencer o nervosismo.
Musa das escolas de samba Vai Vai, de São Paulo, e Grande Rio, do Rio, a atriz começará sua preparação para os desfiles logo depois do programa.
- Assim que acabar, vou passar a investir na musculação. Todo ano penso: 'Por que não malhei bem o ano todo para não precisar correr atrás do prejuízo perto do carnaval?'. Mas não adianta. Ainda vêm as festas de fim de ano e não tem como deixar de comer um pouco mais. Vou me esforçar para estar bem nos desfiles. Gosto de me cuidar, mas sem loucuras.
Recentemente, Erika revelou que está recebendo ofensas racistas em suas redes sociais e por e-mail. Ela decidiu registrar ocorrência na Delegacia de Repressão a Crimes de Informática:
- Já vinha lendo ofensas nas redes sociais e, de umas três semanas para cá, passei a receber também por e-mail. Já foram uns 20, de remetentes diferentes, mas que, pelo teor, parecem vir da mesma pessoa. Juntei tudo e levei à delegacia. Fui muito bem atendida pelos policiais e também estou contando com a ajuda de um advogado, que irá acompanhar o processo para mim. Meu desejo é encontrar os responsáveis e mostrar que eles que não podem se esconder atrás de nomes falsos na internet.
A atriz espera incentivar outras pessoas a denunciarem casos de racismo:
- Acho que falar e mostrar que fiz a denúncia ajuda os outros a enxergarem que é possível. Muita gente acha que é mais fácil para os famosos. Mas o crime é o mesmo para todos. A delegacia está aberta a qualquer cidadão. Peço que as pessoas tenham coragem e denunciem. Quem tem que temer é aquele que comete o crime.
Erika Januza na 'Dança dos famosos' (Foto: Reprodução / Instagram)
O Globo sábado, 24 de novembro de 2018
MOURÃO DEVE ASSUMIR A PRESIDÊNCIA POR DUAS SEMANAS EN JANEIRO
Mourão deve assumir a Presidência durante duas semanas após cirurgia de Bolsonaro
Presidente eleito terá de ficar pelo menos cinco dias hospitalizado e cerca de dez dias em casa
Jussara Soares
24/11/2018 - 04:30 / 24/11/2018 - 08:24
SÃO PAULO — Com o adiamento da cirurgia do presidente eleito,Jair Bolsonaro , para depois da posse no dia 1º de janeiro, o vice-presidente eleito, generalHamilton Mourão , deverá assumir a Presidência por pelo menos duas semanas, tempo médio para recuperação da operação de retirada da bolsa de colostomia. A cirurgia foi adiada após Bolsonaro passar por exames na sexta-feira, que indicaram inflamação do peritônio (membrana da parede do abdome). Inicialmente, a nova cirurgia estava prevista para 12 de dezembro, com tempo suficiente para a recuperação total antes da posse.
O Globo sexta, 23 de novembro de 2018
CUBANOS DEIXAM BRASIL ÀS PRESSAS, DIVIDIDOS ENTRE A VONTADE DE FICAR E A SAUDADE DA FAMÍLIA
Cubanos deixam Brasil às pressas divididos pela vontade de ficar e a saudade da família
Profissionais relatam ter recebido mensagens curtas da entidade que gerencia o programa
Vinicius Sassine, enviado especial
23/11/2018 - 04:30 / 23/11/2018 - 06:58
TERESINA DE GOIÁS — A vida damédica Kenia Flores Perez, de 35 anos, ganhou outro ritmo a partir do meio desta semana – um ritmo indesejado por ela. No fim da tarde de quarta-feira, Kenia terminou de empacotar suas coisas. À noite, participou de uma festa de despedida, regada a música sertaneja. Acordou cedo na quinta e recebeu a visita de moradores da pacata Teresina de Goiás, de 4 mil moradores. O policial apareceu, a vizinha apareceu, a dona da casa ficou o tempo inteiro ao lado. Num clima quase fúnebre, deu um longo abraço no secretário de Saúde da cidade. Às 10h, rumou para Brasília, a 280 quilômetros do município. Foi direto para um hotel, e passou as últimas horas no Brasil esperando o voo que a levaria para Cuba , nesta sexta.
As decisões sobre o destino dos médicos cubanos foram comunicadas em e-mails curtos, disparados diretamente aos profissionais, sem passar pelos secretários de saúde. Os contatos foram feitos pelos cubanos que estão à frente da área responsável na Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) no Brasil, entidade que gerencia os contratos do Mais Médicos, e pelo próprio governo cubano.
Kenia foi pega de surpresa. Seu contrato venceria somente no fim de 2019. Por e-mail, foi avisada da necessidade de voltar a Cuba. Primeiro, informaram a ela que era preciso estar num hotel em Brasília após as 14 horas de quinta. Depois, a informação repassada foi para ela chegar ao hotel antes do meio-dia. E assim foi feito.
A outra médica cubana que fazia atendimentos em Teresina, Mabel Hernandez Gonzalez, deixou a cidade antes de Kenia. Foi uma saída ainda mais apressada, sem chances de despedida dos pacientes e da comunidade local. As médicas são adoradas pelas pessoas – não há um único relato contrário à atuação profissional das duas. Mabel foi a Brasília para o voo a Cuba antes mesmo de Kenia.
O improviso e a pressa no retorno surpreenderam o secretário de Saúde do município, Josene Pereira Lopes. Ele planejava uma festa de despedida para as duas. Conseguiu fazer a festa apenas para uma delas. A música sertaneja não abafou a frustração e a tristeza das pessoas que foram à despedida.
Kenia não disfarçava a frustração em ter de antecipar o encerramento de um contrato previsto para durar até o fim do ano que vem. A médica já estava adaptada ao Brasil, à pequena comunidade onde vivia e trabalhava. Parcelou o pagamento da compra de diversos móveis, que ficaram para trás. Empacotou o que foi possível, seguiu para Brasília sem saber se conseguiria despachar todos os seus pertences.
A experiência no Brasil é a segunda dela no plano internacional. Antes, trabalhou como médica em Maracaibo, na Venezuela, entre 2008 e 2011. Voltou para Cuba e, desde novembro de 2016, atendia pacientes de uma das regiões mais pobres e isoladas do Centro-Oeste brasileiro, onde raramente um médico se dispõe a morar na cidade. Encontrou um Brasil diferente do que ela via nas novelas brasileiras transmitidas em Cuba.
– Aqui existe demasiada desigualdade social. É muito diferente do que eu via nas telenovelas brasileiras. Eu tinha outra noção. Deveria existir o básico em saúde e educação. Mas na zona rural, onde está uma comunidade quilombola, quase todos são analfabetos, por exemplo – diz Kenia.
Segundo a médica, o primeiro ano no Brasil - de busca por aceitação dos moradores da cidade - foi o mais difícil. O segundo ano foi de adaptação completa. Por isso o sentimento de frustração, diante da decisão repentina comunicada por e-mail.
Kenia voltará para sua cidade, Las Tunas, e reencontrará a filha de sete anos, que ficou com os pais. Ela planejava uma visita da filha e dos pais ao Brasil, plano que não foi possível em razão do alto preço das passagens aéreas.
A médica, apesar da contrariedade com o retorno apressado, não critica o modelo adotado para os cubanos no Mais Médicos. Por outro lado, ela critica a posição de Bolsonaro em relação aos profissionais de Cuba que vieram ao Brasil. O presidente eleito já disse mais de uma vez que os médicos cubanos oferecem atendimento inferior ao oferecido por brasileiros, e lançou dúvidas até mesmo sobre serem médicos de fato.
– Ele nos depreciou, mas é a população que vai sentir os efeitos, principalmente da Amazônia, indígenas, quilombolas, que nunca tiveram atendimento médico. Nós não viemos ao Brasil enganados. Assinamos um contrato – afirma Kenia.
O fato de ficarem apenas com uma parte do dinheiro repassado a Cuba pelo Mais Médicos também é minimizado pela médica:
– O governo não pega o dinheiro para eles, mas usa em equipamentos, em saúde, em educação.
Kenia descarta pedir asilo no Brasil e não vê possibilidades de um visto de residência, uma vez que não há facilitadores como ter se casado com um brasileiro. Ela voltará a trabalhar na mesma unidade básica de saúde onde atuava em Las Tunas antes de se mudar para o Brasil. Receberá 1.550 pesos cubanos, ou cerca de 60 dólares. No Brasil, recebia R$ 3 mil (788 dólares) dos R$ 11,8 mil destinados a cada profissional do Mais Médicos.
– Pode parecer pouco, mas em Cuba todos trabalham. Na minha casa, por exemplo: meu pai é professor, minha cunhada é médica, meu irmão trabalha numa estatal de exploração de níquel.
Depois das despedidas que foram possíveis, um carro levou Kenia e uma colega médica que atuava em Cavalcante, cidade vizinha, para Brasília. Os consultórios dela e da outra médica cubana de Teresina de Goiás estão fechados.
O Globo quinta, 22 de novembro de 2018
MICHELLE BOLSONARO: MEU MARIDO É UM PRÍNCIPE
Michelle Bolsonaro diz que todos os rótulos sobre o marido vão cair
Futura primeira-dama conta que já brigou com marido pela forma como ele fala
Frederico Lima
21/11/2018 - 20:43 / 22/11/2018 - 08:03
BRASÍLIA — Futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro disse, em entrevista à Rede Super de Televisão, divulgada nesta quarta-feira, que brigou com o marido "muitas vezes" pela maneira como "ele colocava as palavras". Ela diz que, na Presidência da República, todos os "rótulos" sobre Jair Bolsonaro vão cair.
— Todos esses rótulos vão cair por terra, porque ele não é essa pessoa, meu marido é um príncipe — disse, em referências às críticas que ele recebeu durante a campanha.
Michelle diz que orou para que Bolsonaro tenha sabedoria.
— Eu creio que seja o momento que o Senhor está nos dando para mostrar quem é o Jair Bolsonaro. O coração quebrantado... Já errou? Já errou. Quem nunca errou? Ele tem 63 anos, teve uma educação totalmente diferente da minha. Temos uma diferença de idade grande, mas está amadurecendo, está crescendo. Esse é o momento para ele crescer. Esse é o momento para ele ter sabedoria, discernimento para falar. Sempre orei. "Senhor dá sabedoria para o meu marido".
E completou:
— Acha que eu concordo? Concordo com ele em 99%, mas não concordava com a forma como ele falava, como ele colocava as palavras. Isso me feria também. E muitas vezes, eu briguei com ele, e lembrava: "Olha que você tem um pastor, você tem uma família e, graças a Deus, não é pela força também, né". O Senhor preparou esse momento, com todos os detalhes, quebrantou ele primeiro, todas aquelas orações que a gente teve para que ele tivesse esse momento.
Segundo Michelle, Bolsonaro "é uma pessoa totalmente diferente dentro de casa".
— Eu falo para ele: "Você é um personagem fora de casa, eu até gostaria que você fosse um pouquinho assim dentro de casa, tivesse um pouquinho mais de energia. Mas ele é uma pessoa extremamente com o coração lindo.
A futura primeira-dama diz que o marido terá dificuldade de deixar o Rio de Janeiro.
— Ele ama praia, ama liberdade e não pode mais. Ele quebra todos os protocolos de segurança. Vamos nos mudar pra Brasília após o Natal. Para o Bolsonaro, vai ser mais complicado. Ele ama essa cidade (Rio de Janeiro) de paixão.
Michelle relembrou o atentado sofrido por Bolsonaro, em Juiz de Fora (MG), durante a campanha presidencial:
— Eu parti para Juiz de Fora tranquila, mas, quando eu cheguei na UTI, eu olhei e falei: "Senhor, ele não merecia estar nessa situação". Mas eu nunca tive medo de perdê-lo. O senhor tem controle e eu me apeguei. O quadro dele era para morte. A intenção era para matar. O Jair levantava as mãos para os céus sempre.
O Globo quarta, 21 de novembro de 2018
POLÍCIA FEDERAL INVESTIGA DUAS AMEAÇAS CONTRA BOLSONARO
Polícia Federal investiga duas ameaças contra Bolsonaro
Vídeos mostram homens armados falando em atirar no presidente eleito
Jailton de Carvalho
21/11/2018 - 04:30 / 21/11/2018 - 07:58
BRASÍLIA — O serviço de inteligência da Polícia Federal(PF) investiga duas novasameaças surgidas na internet contra o presidente eleito, Jair Bolsonaro . Dois vídeos que circulam nas redes sociais mostram homens armados fazendo ameaças e falando em atirar contra Bolsonaro.
“Subestimar este tipo de ameaça diária contra todo brasileiro e tratá-los como vítimas é combustível do caos em nosso país. Bandido no Brasil deita e rola em cima de nossas leis e da Justiça! Se Deus quiser, isso acabará em breve!”, escreveu o vereador.
Num dos vídeos, um homem exibe uma submetralhadora em direção a uma rua escura e, sem mostrar o rosto, faz ameaças. No outro vídeo, um homem segura duas pistolas e diz: “Bolsonaro, tu vai entrar na bala”. Ele está de frente para a câmera e mostra o rosto, sem qualquer receio de ser reconhecido.
A PF está tentando identificar e localizar os autores das ameaças. Para os agentes, tudo indica que são bandidos de alguma facção criminosa.
Um dos objetivos da investigação será descobrir se as declarações fazem parte de um plano de ataque ou se seriam meras bravatas de criminosos em busca de fama.
Antes dos tuítes do vereador, o futuro ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, disse ao GLOBO que foi informado sobre um suposto plano de ataque terrorista a Bolsonaro. O general não forneceu mais detalhes do caso nem disse quais as providências tomadas. O assunto foi tema de reuniões na PF e na Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Em meio às questões de segurança, o presidente eleito avalia ir no domingo a São Januário, onde o Vasco receberá o Palmeiras pelo Campeonato Brasileiro. Apesar da vontade do vencedor da última disputa presidencial, a equipe de segurança ainda tenta demovê-lo da ideia, lembrando os riscos envolvidos em uma operação desse tipo. Depois de sofrer o ataque a faca, em setembro, Bolsonaro passou a usar colete à prova de balas em todos os deslocamentos.
O Globo terça, 20 de novembro de 2018
CONCEIÇÃO EVARISTO: NOVO LIVRO
Conceição Evaristo, celebrada por usar suas experiências de mulher negra na escrita, lança novo livro
Escritora acredita que, após sua candidatura, autores negros se sentirão mais à vontade para disputar eleição da ABL
Bolívar Torres
20/11/2018 - 04:30 / 20/11/2018 - 07:42
RIO — Desde que explodiu como uma das mais celebradas autoras do país, Conceição Evaristo tem sido tão solicitada que demorou dois anos e meio para terminar seu novo livro, “Canção para ninar menino grande” (Editora Unipalmares). Vencedora do Prêmio Jabuti em 2015, com a reunião de contos “Olhos d’água”, e do Faz Diferença/Literatura, do GLOBO, em 2016, a autora mineira virou a atração mais desejada de nove entre dez festivais literários do país, deu palestras pelo mundo e teve sua candidatura lançada à Academia Brasileira de Letras.
Na semana passada, no Rio, ela deu palestra na Aliança Francesa, participou do Festival Mulheres do Mundo, ministrou oficinas de escrita e viajou para a 6ª Festa do Conhecimento, Literatura e Cultura Negra (Flinksampa), em São Paulo, onde é homenageada e lança “Canção para ninar...”.
Entre um compromisso e outro, posou para O GLOBO na esquina da Rua da Conceição com Rua Júlia Lopes de Almeida (a grande autora carioca que foi barrada na ABL após participar ativamente da sua fundação) e subiu até o Morro da Conceição. Reconhecida durante a caminhada, foi parada por fãs, recebeu convites para cafés e pedidos de selfie... Houve até um grupo que desceu do táxi antes do fim da viagem para que ela pudesse voltar para casa.
Com toda essa moral, Conceição diz estar curiosa para saber como o público irá receber seu novo livro. Isso porque o romance — quinta obra de ficção da autora— pode soar um pouco diferente aos leitores habituados à escrita dela. Conhecida por colocar suas experiências pessoais e subjetividades de mulher negra nas histórias, a autora parece concentrar-se agora num personagem masculino.
Um pequeno ‘twist’
Fio Jasmim é um ferroviário negro que coleciona mulheres por onde passa. Machista, é o tipo de sujeito que escolhe uma mulher para casar e trata as outras como “brincadeiras”. Há, porém, um pequeno twist . A figura de Jasmim se desenha pela lembrança de suas amadas. E, se a princípio pode parecer que a masculinidade está no centro da história, logo se vê que é o contrário. O que faz Jasmim existir como personagem é justamente o olhar que essas mulheres têm sobre ele. Suas capacidades de vocalizar as marcas deixadas pelo Don Juan irresponsável.
— O homem acaba ficando no centro da cena, mas só porque está sendo falado pelas mulheres — argumenta Conceição. — Esse homem é, na verdade, extremamente só. Ele se vê despido no centro da cena e logo percebe-se que são as mulheres que estão no comando, que definem o espaço que o homem tem na vida delas. As mulheres mostram-se mais fortes do que ele.
Como se vê, as coisas são mais complexas do que parecem. E o próprio Jasmim, com suas fragilidades, foge do estereótipo de cafajeste. Ao fazer amizade com uma mulher lésbica, questiona sua relação com o sexo oposto e tem seu momento de desconstrução.
Diversidade na ABL
A interseção entre racismo e machismo é outro ponto importante de “Canção para ninar menino grande” . “A única hora em que homem negro está par a par com o homem branco é a hora em que ele exerce o seu machismo”, cita Conceição Evaristo.
O Globo segunda, 19 de novembro de 2018
ROBERTO CASTELLO BRANCO SERÁ O NOVO PRESIDENTE DA PETROBRAS
Roberto Castello Branco será novo presidente da Petrobras
Ex-diretor da Vale e do BC, ele foi indicado por Paulo Guedes e já aceitou o convite
O Globo
19/11/2018 - 07:52 / 19/11/2018 - 08:59
RIO - O economista Roberto Castello Branco será o novo presidente da Petrobras, informou a equipe de Jair Bolsonaro nesta segunda-feira. Ex-diretor do Banco Central e da Vale, el foi indicado ao presidente eleito Jair Bolsonaro para o cargo pelo futuro ministro da Economia, Paulo Guedes. Segundo a nota, Catello Branco aceitou o convite.
Economista, com pós-doutorado pela Universidade de Chicago, Castello Branco já ocupou cargos de direção no Banco Central e na mineradora Vale, fez parte do Conselho de Administração da Petrobras e desenvolveu projetos de pesquisa na área de petróleo e gás.
Atualmente é diretor no Centro de Estudos em Crescimento e Desenvolvimento Econômico da Fundação Getúlio Vargas. O atual presidente da Petrobras, Ivan Monteiro, permanece no comando da estatal até a nomeação do novo presidente, disse a Petrobras em nota.
Castello Branco fazia parte do time de especialistas que participava das discussões com Guedes durante a campanha.
O Globo domingo, 18 de novembro de 2018
INSTRUMENTOS DE SOPRO GANHAM NOVO FÔLEGO NA CENA CARIOCA
Instrumentos de sopro ganham novo fôlego na cena festeira carioca
Trompetes, trombones, saxofones e tubas se multiplicam em blocos, fanfarras e até nos sets de DJs de música eletrônica
Natália Boere
18/11/2018 - 04:30 / 18/11/2018 - 09:03
RIO - Um sopro de música vem arrebatando os cariocas. Trompetes, trombones, saxofones e tubas, outrora instrumentos “de poucos amigos”, agora arrastam multidões em blocos de carnaval, festivais de fanfarras e festas — e conquistam o coração e a dedicação de quem nunca tinha pensado em tocar nem caixa de fósforo. Gente como Ana Melo, de 32 anos, designer que, há um ano e meio, também pode ser chamada de trompetista.
A chegada ao Brasil de instrumentos de sopro vindos da China, que, na internet, são vendidos a R$ 700 (menos de um terço do valor dos nacionais, americanos e europeus), ajudou a popularizá-los no Rio. Mas a “mãe” do fenômeno é mesmo a Orquestra Voadora. Em 2008, amigos que já tocavam juntos no carnaval resolveram se unir em um bloco de música instrumental com ritmos que iam além das marchinhas.
— Queríamos tocar em qualquer lugar, sem precisar de amplificação, nos movimentando no meio do público — conta o saxofonista André Ramos, um dos fundadores da Orquestra Voadora.
O primeiro cortejo da trupe no carnaval, em 2009, reuniu 4 mil foliões nos jardins do Museu de Arte Moderna (MAM), no Parque do Flamengo. O de 2010 atraiu 15 mil. A reboque do sucesso da iniciativa, foram surgindo outros blocos e bandas de fanfarra, como Amigos da Onça, Damas de Ferro e Fanfarra Black Clube. O boom foi tamanho que, este ano, o desfile da Orquestra Voadora arrastou 100 mil pessoas pela pista do Aterro ao som dos 13 instrumentistas do grupo, além de outros 400 que se incorporam informalmente durante a folia. Boa parte é formada na oficina criada por eles em 2013, a pedido dos próprios foliões.
— A galera que viajava no carnaval começou a ficar no Rio, e muitos não se interessavam mais por participar dos blocos apenas como foliões. Queriam tocar também — observa o percussionista Marcelo Azevedo, da Orquestra Voadora e da TechnoBrass.
JAZZ COM FOLIA
Formada por sete músicos da cena jazz e do carnaval alternativo do Rio, a banda TechnoBrass aumenta essa onda. O grupo pilota uma festa de mesmo nome que mistura instrumentos de sopro com o batidão da música eletrônica. Virou um hit da noite carioca.
— Adoro música eletrônica e aprendi a gostar de fanfarra nas festas. A junção das duas e a presença dos músicos animando a plateia fazem você querer dançar ainda mais — diz a publicitária Julia Vasconcelos, que foi às duas primeiras edições do evento e já se prepara para a próxima, no dia 7 de dezembro, em lugar da Zona Portuária ainda não revelado.
Outra festa de estilo parecido é a Manie Dansante, nome inspirado no fenômeno europeu “dancing mania”, ocorrido entre os séculos XIV e XVII, em que grupos de pessoas dançavam até a exaustão. Na pista, predomina o electroswing, mescla da música eletrônica com o swing jazz, tocado por DJs, um trompetista e um saxofonista.
O Globo sábado, 17 de novembro de 2018
FESTIVAL MULHERES DO MUNDO
Shows gratuitos são destaque do Festival Mulheres do Mundo
Elza Soares, Dona Onete, Karol Conka, Tássia Reis e Tiê são alguns dos nomes que se apresentam até domingo na Praça Mauá
Ricardo Ferreira
16/11/2018 - 06:00 / 16/11/2018 - 15:18
Organizado pela ONG Redes da Maré e inspirado no Women of The World Festival, evento que, desde 2010, já aconteceu em 23 países, o Festival Mulheres do Mundo reúne vasta programação gratuita exaltando a força feminina em diversos setores. As atrações ocupam, até domingo, a Praça Mauá e arredores, incluindo Museu de Arte do Rio, Museu do Amanhã e Píer Mauá.
Na seção “Mulheres empreendedoras”, por exemplo, uma seleção de 150 produtos e serviços comandados por mulheres ocupará um trecho entre os dois museus. Culinária, artesanato e moda estão no roteiro.
Em “Mulheres em diálogo”, estão marcados 140 encontros com brasileiras e estrangeiras, como a sérvia Marijana Savic, fundadora da ONG Atina, que se dedica ao combate ao tráfico de pessoas, à violência contra a mulher e à exploração psicológica e sexual.
Na parte cultural, destaque para os shows que vão ocupar o palco montado na Praça Mauá. O time de apresentações desta sexta-feira inclui as cantoras Elza Soares, Letrux e Anelis Assumpção. Sábado é a vez de de Karol Conka, Tássia Reis, Flora Mattos e Tiê.
— Estou muito feliz em participar desse projeto. É um festival muito bem-vindo para a cidade, junta mulheres fortes, de grande conhecimento. É sempre bom divulgar a força feminina — comenta a cantora Tiê.
Destaques do Festival Mulheres do Mundo — Wow.Sex: O bloco Ilu Oba de Min, Elza Soares, Letrux e Anelis Assumpção. Sáb: Karol Conka, Tássia Reis, Flora Mattos e Tiê. Dom: grupo Afrolaje, bloco Mulheres Rodadas, Maria Beraldo, Luedji Luna e Dona Onete. Detalhes da programação no site www.festivalmulheresdomundo.com.br.
O Globo sexta, 16 de novembro de 2018
CUBA QUER RETIRAR TODOS OS MÉDICOS DO BRASIL EM 40 DIAS
Cuba quer retirar todos os médicos do Brasil em 40 dias
Informação foi repassada pela embaixada cubana ao conselho de secretários municipais de saúde nesta quinta-feira
Renata Mariz
15/11/2018 - 19:12 / 15/11/2018 - 21:32
BRASÍLIA - O governo de Cuba quer retirar todos os médicoscubanos do Brasil nos próximos 40 dias. Hoje, há 8.332 profissionais daquele país participando doprograma Mais Médicos . Eles devem voltar a Cuba até 25 de dezembro. A informação foi transmitida ao Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) em reunião nesta quinta-feira na Embaixada de Cuba. Segundo o presidente da entidade, Mauro Junqueira, o representante do governo cubano afirmou que a decisão é "irrevogável" e que o caso está sendo conduzido diretamente pelo presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel. Os médicos sairão de forma gradual, em grupos. Os primeiros devem sair em no máximo dez dias. Eles estão sendo notificados.
- A partir do dia 25 de novembro, segundo nos informaram, já haverá um voo diário, providenciado pelo governo cubano, para levar os médicos. Será uma situação muito difícil para as áreas que ficarão desassistidas - afirmou Junqueira.
O termo de cooperação com o Brasil foi rescindido por Cuba por conta de declarações do presidente eleito Jair Bolsonaro, que propôs mudanças nas regras da parceria, como a obrigatoriedade de fazer a revalidação do diploma no Brasil, para comprovar a competência, e receber o salário integral - hoje a maior parte é destinada ao governo da ilha.
O Ministério da Saúde informou que abrirá um edital para contratar novos médicos . O programa Mais Médicos tem hoje 18.240 vagas, das quais 8.332 ocupadas por cubanos. A iniciativa serve para levar os profissionais a lugares com falta de assistência, desde periferias de grandes cidades a aldeias indígenas e populações ribeirinhas.
Junqueira se reunirá com o ministro da Saúde, Gilberto Occhi, nesta segunda-feira para tratar da contratação dos novos médicos. A ideia é abrir as vagas com prioridade para brasileiros formados no país, depois para brasileiros diplomados no exterior e, só em último caso, para médicos estrangeiros.
A Associação Brasileira dos Municípios (ABM) divulgou na noite de quarta-feira uma carta aberta ao presidente eleito pedindo que ele tome "ações imediatas" para reverter a decisão do governo cubano de retirar-se do programa Mais Médicos . O pedido, segundo o texto, é feito em nome dos prefeitos do Brasil. Em nota divulgada nesta quinta-feira, outra entidade de prefeitos, a Confederação Nacional de Municípios (CNM), diz que o fim da parceria com Cuba "aflige" prefeitos que fazem parte da confederação. Para a entidade, a situação é de extrema preocupação, podendo levar a "estado de calamidade pública, e exige superação em curto prazo”
O Globo quinta, 15 de novembro de 2018
SE COMEÇAR NESSE TOM COMIGO, A GENTE VAI TER PROBLEMA, DIZ JUÍZA A LULA
'Se começar nesse tom comigo, a gente vai ter problema', diz juíza a Lula
Ao ser questionado pela magistrada, petista disse que não sabia do que estava sendo acusado
Dimitrius Dantas e Sérgio Roxo
14/11/2018 - 19:45 / 14/11/2018 - 21:24
SÃO PAULO - A juíza Gabriela Hardt , que substituiu Sergio Moro no interrogatório do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quarta-feira, advertiu o ex-presidente logo no início da sessão, após o petista questionar se era ou não dono do sítio de Atibaia. ( VÍDEO:Assista ao momento em que a juíza adverte Lula )
Ao iniciar o depoimento, a magistrada fez uma pergunta de praxe ao petista, questionando-o se sabia da acusação à qual estava se defendendo, mas se surpreendeu com a resposta do petista, que negou. Após um breve resumo feito por Gabriela Hardt, lembrando o ex-presidente de que era acusado de ser o beneficiário de reformas feitas no sítio de Atibaia, Lula respondeu que achava que a acusação era de que respondia à denúncia de ser o dono da propriedade.
- Mas, doutora, eu só queria perguntar, para o meu esclarecimento, porque eu estou disposto a responder toda e qualquer pergunta: eu sou dono do sítio ou não?
- Isso é o senhor quem tem que responder, não eu, doutor, e eu não estou sendo interrogada nesse momento - respondeu Hardt.
- Não, quem tem que responder é quem me acusou - disse Lula.
- Doutor, e assim, senhor ex-presidente, esse é um interrogatório e se o senhor começar nesse tom comigo a gente vai ter problema - disse Hardt, que completou: - Então, vamos começar de novo: eu sou a juíza do caso, eu vou fazer as perguntas que eu preciso para que o caso seja esclarecido para que eu possa sentenciá-lo ou para que um colega possa sentenciá-lo. Num primeiro momento, você tem direito de ficar em silêncio mas, nesse momento, eu conduzo o ato.
Após a advertência da juíza, o advogado José Roberto Batochio afirmou que o ex-presidente tinha, naquele momento, sua oportunidade de falar no processo e tinha liberdade para questionar sobre sua acusação. Neste momento, a juíza repreendeu o advogado:
- Eu posso fazer as perguntas ao seu cliente? O senhor o orientou do que está sendo acusado nesse processo? Ele está apto a ser interrogado ou o senhor precisa sair dessa sala e conversar com ele e ele retornar? - disse a juíza.
Hardt, então, retorna para Lula e questiona se ele já está apto a começar a responder as questões.
- E quando eu posso falar, doutora? - disse Lula.
- O senhor pode falar, responder, quando eu perguntar no começo - respondeu Hardt.
- Mas pelo que eu sei, é meu tempo de falar - afirmou Lula.
- Não, é o tempo de responder às minhas perguntas. Eu não vou responder interrogatório nem questionamentos aqui. Está claro? Que eu não vou ser interrogada? - questionou a juíza.
- Eu não imaginei que fosse assim. Como eu sou vítima de uma mentira...
- Eu também não imaginava, então vamos começar com as perguntas. Eu já fiz o resumo e vou fazer perguntas: O senhor fica em silêncio ou o senhor responde.
O Globo quarta, 14 de novembro de 2018
LULA PRESTA DEPOIMENTO HOJE NO PROCESSO DO SÍTIO DE ATIBAIA
Lula presta depoimento nesta quarta-feira no processo do sítio de Atibaia
Ex-presidente é acusado de ter sido beneficiado por reformas feitas por OAS e Odebrecht
O GLOBO
14/11/2018 - 04:30 / 14/11/2018 - 08:08
RIO — O ex-presidente Luiz InácioLula da Silva prestará depoimento nesta quarta-feira à juíza Gabriela Hardt, que substitui o juiz Sergio Moro na 13ª Vara Federal de Curitiba. Essa será a primeira vez que Lula sairá da Superintendência da Polícia Federal desde que foi preso no dia 7 de abril. O depoimento está marcado para as 14h no prédio da Justiça Federal da capital paranaense.Após ter sido condenado a 12 anos e um mês de prisão no caso do tríplex do Guarujá, Lula enfrenta agora a fase final do processo sobre o sítio de Atibaia , no interior de São Paulo.
O ex-presidente é réu junto com outras 12 pessoas na ação que investiga os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do sítio de Atibaia . Lula é acusado de ser o real proprietário do imóvel e de ter sido beneficiado por reformas orçadas em R$ 1.020.500, e feitas pelas construtoras OAS e Odebrecht entre o fim 2010, quando ele ainda ocupava a Presidência da República, e 2014.
Segundo a denúncia, a Odebrecht gastou R$ 700 mil com a reforma do sítio em troca de três contratos com a estatal e a OAS pagou R$ 170 mil por ter sido beneficiada em outros três contratos. Os R$ 150,5 mil restantes vieram das contas do pecuarista José Carlos Bumlai, tido como amigo do petista, e que também tem depoimento marcado nesta quarta-feira.
A defesa de Lula afirma que ele não é o dono do sítio, que está registrado em cartório em nome de Jonas Suassuna e Fernando Bittar.
A juíza Gabriela Hardt já ouviu executivos da Odebrecht e da OAS e também Fernando Bittar, um dos donos do sítio, que negou ser laranja de Lula e disse que as obras feitas no sítio eram para abrigar o acervo presidencial trazido de Brasília e que acreditava que Lula e dona Marisa iriam pagar. Os três também são réus nos mesmo processo.
O Globo terça, 13 de novembro de 2018
CINCO DESTINOS QUE SÃO TENDÊNCIA PARA BRASILEIROS EM 2019
Cinco destinos que são tendência para brasileiros em 2019
Locais, como Toronto e João Pessoa, tiveram aumento de procura e queda de preço
O Globo
13/11/2018 - 04:30
RIO - Ainda não sabe para onde viajar em 2019? Um levantamento do site Viajala apontou os destinos tendência para o ano que vem: locais que, ou registraram grande busca pelos brasileiros ou tiveram queda expressiva nos preços das passagens aéreas. O estudo avaliou mais de 47 milhões de buscas feitas em setembro, além do comportamento do viajante brasileiro.
Por exemplo: nós somos os que mais tempo ficam longe de casa, comparado com outras nações na América Latina. Em geral, a duração de viagens internacionais é de 20 dias e metade para destinos dentro do país.
As mulheres brasileiras também são uma das mais ativas e realizam 67% das buscas por destinos. A média latina é de 60%. Além disso, somos também o país que mais usa celular e tablet para buscar passagens aéreas: 64%.
Confira os destinos que são tendência para os brasileiros em 2019:
São Luís. A capital maranhense apresentou um aumento de 106% nas buscas de passagens a partir dos aeroportos de todo o Brasil, a maior entre os destinos nacionais. Nas buscas com origem no Rio de Janeiro, o crescimento foi de 231%, e, nas com origem em São Paulo, 268%. O preço médio subiu 8,6% saindo do Rio, e 7,6% saindo de São Paulo.
O estado tem explorado seu potencial turístico nos últimos anos. Nove cidades registraram crescimento: em Barreirinhas, a porta de entrada para os Lençóis, e a região da Chapada das Mesas, tiveram cerca de 90% de ocupação hoteleira na alta temporada.
João Pessoa. A capital da Paraíba foi a segunda que mais cresceu em buscas: 78% mais procurada que o ano passado. Saindo do Rio de Janeiro, o aumento de interesse foi de 172% e o preço médio da passagem com essa origem caiu 5,5%. E não são só os brasileiros que estão vendo potencial turístico do estado nordestino. A cidade teve aumento de quase 200% na ocupação hoteleira estrangeira.
Portugal. Portugal é o grande fenômeno do turismo internacional em 2018. Lisboa teve um crescimento de 436% na procura dos turistas brasileiros este ano, em relação ao ano passado, e o Porto apresentou um aumento de 331%. Apesar da alta do dólar, houve queda de 5% no preço médio para Lisboa, e de 8% no preço médio para o Porto.
Canadá : O Canadá tem sido escolhido pelos brasileiros não apenas para passar férias, diz o site, mas também estudar e trabalhar. Toronto teve crescimento de 240% na preferência dos usuários esse ano e queda de 30% no preço médio da passagem - foi a queda mais alta registrada pelo Viajala no preço médio dos destinos internacionais.
Equador: Com o início dos voos diretos entre o país e a capital, Quito, o Equador deve atrair cada vez mais brasileiros para alguns de seus destinos, como o arquipélago de Galápagos. O preço médio para viajar até lá, em 2019, começa em R$1.600. O país teve alta de 7% no número de visitantes.
O Globo segunda, 12 de novembro de 2018
BAILARINOS DO TEATRO NACIONAL ENSAIAM COREOGRAFIA PARA O CARNAVAL
Bailarinos do Teatro Municipal coreografam seis comissões de frente do Grupo Especial
No próximo carnaval do Rio, o balé clássico e contemporâneo vai ditar o ritmo do samba
Natália Boere e Rafael Galdo
11/11/2018 - 10:33 / 11/11/2018 - 10:36
RIO - Os pliés do balé clássico não são estreantes no requebrado do samba na Sapucaí. Mas, no próximo carnaval, pode-se dizer que ditarão o ritmo, ao menos nas comissões de frente das escolas do Grupo Especial. Seis delas serão coreografadas por profissionais do Theatro Municipal. No comando do bailado que conduzirá as agremiações rumo à Apoteose, estarão veteranos como Marcelo Misailidis, na Beija-Flor, e um debutante de Avenida: o primeiro bailarino Filipe Moreira, na Paraíso do Tuiuti.
— A escola queria uma pegada clássica, uma movimentação mais versátil, um alongamento diferenciado. Estou nervoso, porque é muita responsabilidade. A comissão é um expoente, um show à parte — afirma Filipe, que dividirá o desafio com a mulher, Elida Brum, também bailarina do Municipal.
O enredo da Tuiuti, “O Salvador da Pátria”, conta a história do Bode Ioiô, eleito vereador em Fortaleza em 1922, num ato de protesto da população da capital cearense. Sem adiantar detalhes, Filipe promete impressionar pela emoção da narrativa engajada traduzida em dança:
— A Tuiuti tem uma vertente política. Este ano, foram os escravos negros. Em 2019, será a resistência do povo, cansado da corrupção, do voto de cabresto e da politicagem.
Filipe lembra que a própria história dele é política: ano passado, em meio à crise que afetou o teatro e após ficar quase cinco meses sem salário, com um filho de 7 anos para sustentar, ele trabalhou como motorista do aplicativo Uber por dois meses, durante 12 horas por dia. E conta que levará o aprendizado da experiência para Avenida.
Apesar de premiados na folia, o casal Priscilla Motta e Rodrigo Negri, primeiros solistas do Municipal, também terão um gostinho de estreia na Avenida. Depois de Grande Rio e Unidos da Tijuca (quem não se lembra da comissão que trocou de roupa num passe de mágica em 2010?), eles desembarcam agora na Estação Primeira de Mangueira. E levam à Verde e rosa a expectativa da surpresa.
O Globo domingo, 11 de novembro de 2018
TRAGÉDIA EM NITERÓI
Tragédia em Niterói deixa ao menos 14 mortos e 11 feridos
Deslizamento aconteceu na Comunidade da Boa Esperança, na Região Oceânica; uma pedra rolou e atingiu ao menos cinco casas
Livia Neder
11/11/2018 - 07:21 / 11/11/2018 - 07:55
RIO - Subiu para 14 o número de mortos na tragédia no Morro Boa Esperança, em Piratininga, Região Oceânica de Niterói. Mais quatro corpos foram encontrados durante a madrugada deste domingo, que foi marcada por silêncio e emoção durante os últimos resgates das vítimas soterradas pelo deslizamento de uma rocha na comunidade Boa Esperança, em Piratininga, Região Oceânica de Niterói. Às 5h40m, o último corpo foi retirado dos escombros. O Corpo de Bombeiros totalizou 25 resgates, sendo 14 mortos e 11 pessoas com vida. Não há relatos e confirmação de mais vítimas.
Incansável, Eliane Martins, que perdeu sete membros da família na tragédia, incluindo o filho Marcos, de 9 anos, encontrado pela manhã de sábado, só deixou o local após o corpo da sua filha mais velha, Beatriz, de 18, ser removido. Beatriz estava dormindo no mesmo quarto que a tia Maria Aparecida, de 19, e a prima Jéssica, de 15. As jovens foram as últimas vítimas a serem encontradas, por volta de 4h45.
- A Beatriz e o Marcos, meus enteados, vieram para a casa da avó para uma festa de aniversário. Perdemos sete pessoas da nossa família nessa tragédia - relatou Pedro Thiago, marido de Eliane que apesar de desolado tentava consolar a esposa em choque. O casal tem, ainda, um filho de 4 anos.
- Por que, Deus? - questionava Eliane, que além dos dois filhos perdeu avó, mãe, irmã padrasto e sobrinha.
Um pouco antes do resgate dos corpos das três jovens, a diarista Marta, de 60 anos, foi encontrada pelos Bombeiros. Ela morava sozinha e aparentava estar dormindo na hora do deslizamento, segundo relatos de voluntários que participaram do resgate do corpo.
O esforço dos voluntários chamou atenção. Moradores ou não da Boa Esperança, muitos se uniram em uma lição de solidariedade.
A tragédia, que matou 14 pessoas , é a segunda pior enfrentada pela cidade. Em 2010, 46 pessoas morreram no Morro do Bumba, no bairro Viçoso Jardim, após intensas chuvas que caíram na cidade. O menino está em estado gravíssimo. A irmã, Nicole, de 10 meses, está entre os mortos, segundo informações da Globo News. A mãe de Arthur uma tia são duas das 11 vítimas resgatadas com vida pelos bombeiros. Com base em relatos de familiares, as equipes trabalham com um total de quatro desaparecidos.
O Globo sábado, 10 de novembro de 2018
POR QUE O BRASILEIRO TIRA SARRO DE TUDO E DE TODOS
Por que o brasileiro tira sarro de tudo e todos — e como o riso pode fortalecer a democracia
Antropólogos, psicólogos e humoristas debatem nossa tendência de fazer humor até nos momentos mais tensos
Luccas Oliveira
10/11/2018 - 04:30
RIO — Sebastião da Costa virou Grande Otelo em 1932, ano em que a Revolução Constitucionalista cindiu o país. Quando Chico Anysio estreava “Chico City”, em 1973, o Brasil vivia os Anos de Chumbo. Em 1984, enquanto o povo exigia eleições diretas, saía o primeiro “Planeta Diário”, jornal que foi embrião do grupo “Casseta & Planeta”. Em 2018, na eleição bipolar que implodiu famílias, uma profusão de memes ofereceu alívio cômico.
Parece piada, e é: o brasileiro apela para o chiste mesmo (ou principalmente) nos momentos mais tensos de sua História. Dois exemplos recentes: a chuva de memes gerados ainda no primeiro tempo de Alemanha 7 x 1 Brasil, em 2014, e a hashtag #FicaTemer que, diante da polarização política, brinca com o desejo de manter o impopular presidente no poder com frases como “eu vou morrer de saudade do meu vampirinho preferido! #FicaTemer”.
— O humor é parte da alma brasileira. Sempre tivemos de lidar com bruscas mudanças de rumo. É aí que entra o humor: nos permite encarar o que não conseguimos consertar — diz o cineasta Álvaro Campos, codiretor de“Tá rindo de quê?” e “Rindo à toa”, documentários em cartaz no Festival do Rio (ambos têm sessões sábado e domingo).
O discurso é uma deixa para André Gardel, professor de Teoria do Teatro da Unirio e especialista em comédias clássicas. Segundo Gardel, nossa tendência à avacalhação está ligada a uma piada interna e coletiva: a tal identidade nacional:
— O que chamamos de “brasileiro” não pode transformar a diferença e o outro em inimigo mortal. Pelo contrário: tem que pensar a vida como trânsito feliz entre múltiplas perspectivas.
— Embora falte consciência política no Brasil, a piada é uma forma de aumentar o debate — observa Marcelo Adnet, ele próprio uma figura que marcou essas eleições com as imitações dos políticos no “Tutorial dos candidatos”, série no site do GLOBO.
Contribuindo para o debate, os dois documentários em cartaz analisam momentos complementares da comédia no Brasil. “Tá rindo de quê?” foca na ditadura e nos artistas que usaram seu talento como forma de resistência — ou válvula de escape. A lista é ilustre: Millôr Fernandes, a trupe do “Pasquim” até os televisivos Chico Anysio, Jô Soares e Os Trapalhões.
Já “Rindo à toa” remete ao período seguinte. Na redemocratização, como diz o cartunista e roteirista Cláudio Paiva em seu depoimento, “ninguém queria ser tachado de censor”. Assim, programas como “TV Pirata” e “Casseta & Planeta” chegam à TV aberta com piadas que pouco antes eram inimagináveis.
Hoje, com a facilidade para veiculação na internet somada à incessante discussão sobre limite do humor, criou-se um terceiro momento, afirma o casseta Claudio Manoel — que dirige os dois filmes ao lado de Campos e Alê Braga:
— Todo mundo tem poder midiático hoje, e o feedback passou a ser instantâneo, o que é uma conquista. Não adianta ficar olhando para trás, quando podia fazer piadas escrotas.
O humorista Fábio Porchat faz coro:
— Quando você contava uma piada, dez pessoas riam e dez não gostavam. Na internet, tem três mil que dão like e três mil que dão dislike — diz Porchat, um dos sócios do canal Porta dos Fundos, que fez vídeos tirando sarro de temas das últimas eleições, como as fake news.
O Globo sexta, 09 de novembro de 2018
POLÍCIA FEDERAL PRENDE JOESLEY BATISTA E VICE-GOVERNADOR DE MINAS
Joesley Batista, Ricardo Saud e vice-governador de MG são presos pela Polícia Federal
Eles são investigados por participação em suposto esquema na Agricultura durante governo da presidente Dilma Rousseff (PT)
O Globo
09/11/2018 - 07:14 / 09/11/2018 - 08:52
RIO E SÃO PAULO — O vice-governador de Minas Gerais,Antonio Andrade (MDB), um dos donos da JBS , Joesley Batista , os executivos da empresa Ricardo Saud e Demilton de Castro, o deputado estadual eleito Neri Geller (PP-MT) e o deputado estadual João Magalhães (MDB-MG) foram presos nesta sexta-feira por agentes da Polícia Federal (PF). Eles são alvos de uma operação que investiga um suposto esquema decorrupção no Ministério da Agricultura e na Câmara dos Deputados entre 2014 e 2015, durante o governo da presidente Dilma Rousseff(PT).
A operação é um desdobramento da operação Lava-Jato em Minas Gerais e teve origem na delação do doleiro Lucio Funaro . Segundo os investigadores, a JBS pagou propina para políticos e dirigentes do ministério com o objetivo de se beneficiar de mudanças na legislação e de atos normativos e licenciamentos da pasta.
Segundo a PF, as propinas eram negociadas por um deputado federal e entregues por Funaro. Segundo a delação do doleiro, o grupo empresarial teria pago R$ 2 milhões para conseguir a regulamentação da exportação de miúdos e despojos bovinos, além de R$ 5 milhões para aprovar a proibição do uso da ivermectina (um veneno de longa duração).
O advogado de Joesley, André Calegari, afirmou, em nota, que seu cliente é colaborador da Justiça e já prestou depoimentos no inquérito que deu origem à operçaão de hoje. "Causa estranheza o pedido de sua prisão no bojo de um inquérito em que ele já prestou mais de um depoimento na qualidade de colaborador e entregou inúmeros documentos de corroboração", diz o comunicato do advogado. "A prisão é temporária e ele vai prestar todos os esclarecimentos necessários", completa.
O Globo quinta, 08 de novembro de 2018
ODEBRECHT E OBRA NO SÍTIO DE ATIBAIA
Marcelo Odebrecht diz que obra no sítio de Atibaia foi a 1ª destinada à 'pessoa física de Lula'
Ex-diretor da empreiteira Alexandrino Alencar contou que ex-primeira dama queria dar presente a petista
O Globo
07/11/2018 - 22:25 / 08/11/2018 - 00:20
SÃO PAULO — Os ex-presidentes da Odebrecht , Marcelo e Emilio Odebrehct, confirmaram nesta quarta-feira, em depoimento à juíza federal Gabriela Hardt, substituta de Sergio Moro, que a empresa bancou obras de sítio em Atibaia para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva . Marcelo disse que as intervenções realizadas na propriedade foram a primeira destinada à "pessoa física do Lula".
- Seria a primeira vez que a gente estaria fazendo uma coisa pessoal para presidente Lula. Até então, por exemplo, tinha tido o caso do terreno do instituto, bem ou mal, era para o Instituto Lula, não era pra pessoa física dele.
Marcelo e o seu pai, Emilio, fecharam acordo de delação premiada. Então presidente da empresa, Marcelo disse que só ficou sabendo da obra no sítio quando ela já estava em andamento. Ele inicialmente resistiu por causa dos riscos de que a obra fosse descoberta.
Depois de aceitar a obra, o então presidente da empreiteira acertou que os valores gastos para as intervenções seria descontados da planilha italiano, gerenciada pelo ex-ministro Antonio Palocci. Essa propina reuniria dinheiro de propina destinado ao PT.
- Eu até combinei com o Palocci. Vamos fazer aqui um débito na planilha italiano de R$ 15 milhões, eu e você, que é para atender esses pedidos que nem eu e você ficamos sabendo que Lula e meu pai acertam.
Também prestou depoimento em audiência do processo no âmbito daLava-Jato o ex-diretor da empreiteira Alexandrino Alencar. Ele disse que as obras no sítio foram feitas a pedido da ex-primeira dama Marisa Leticia, que teria manifestado interesse em presentear Lula quando ele deixasse o comando do país. As obras tiveram início em 2010.
Ao receber o pedido para realizar intervenções no sítio, Alexandrino, que também fez acordo de delação premiada, procurou Emílio, na época presidente do conselho da Odebrecht.
- Emílio disse: 'não, lógico'. Eu acho que nós temos uma retribuição a isso, a tudo que o presidente fez pela organização' - afirmou o ex-diretor.
Já Emilio confirmou que aprovou o pedido de realização da obra no sítio feito por Marisa Leticia para Alexandrino. Contou também que recomendou ao diretor que fosse o "mais discreto possível" na execução das intervenções.
O ex-presidente do conselho da empresa relatou ainda que autorizou a obra por causa das relações que mantinha com Lula, classificadas por ele com "ativo intangível que não tem preço".
- Os intangíveis que o presidente Lula sempre teve com a minha pessoa e naturalmente com a organização, de eu puder ter oportunidade de dialogar com ele, de influenciar sobre o que nós achávamos que era importante para o Brasil.
Emilio afirmou que Lula "pessoalmente" nunca lhe pediu nada.
O Globo quarta, 07 de novembro de 2018
PÃO À BOLSONARO, COM LEITE CONDENSADO, GANHA ADEPTOS NO RIO
O ‘pão à Bolsonaro’, com leite condensado, ganha adeptos no Rio
Padeiros e fregueses experimentam hábito inusitado do presidente eleito
Diego Amorim
07/11/2018 - 04:30
RIO — A chegada de Jair Bolsonaro (PSL) ao Palácio da Alvorada promete mudar parte do cardápio da residência oficial do presidente da República. Ao aparecer tomando café da manhã, em casa, em reportagem do “Jornal Nacional” na véspera do segundo turno, o presidente eleito revelou um inusitado hábito à mesa: comer pão francês com leite condensado .
Se causou alguma estranheza a quem assistiu o ainda candidato espremendo uma caixinha de leite condensado sobre um pão, nas padarias não se trata de um gosto tão incomum.
— Eu adoro pão com azeite e açúcar e tenho um amigo que come pão com pastel, então eu entendi perfeitamente esse gosto peculiar — divertiu-se a empresária Fernanda Hipólito, de 48 anos, que comanda a padaria Flor da Tijuca, na Zona Norte do Rio. — Vou colocar à venda um pão com leite condensado na chapa, para gratinar, e batizá-lo com o nome do presidente.
Trabalhando como padeiro há mais de 20 anos, Inaldo Alves, de 48, elabora uma receita inspirada no presidente eleito. Ela teria ingredientes incomuns em pães, o que, para Inaldo, agradaria em cheio a Bolsonaro.
— Já que ele gosta de recheios exóticos, eu prepararia um pão rústico, com massa de cerveja preta, açúcar mascavo, levedura caseira e tomate seco no pão.
A combinação peculiar e simples pode encontrar paralelos também na alta gastronomia. O chef do restaurante Bagatelle, no Jockey Club, Ignácio Peixoto, sugere a variação de uma sobremesa que ele classifica como sendo um clássico do Sudeste: o pudim, nesse caso, de pão. O especialista destaca o reaproveitamento dos alimentos.
— O pudim de pão deixa essa combinação bem mais elaborada. O leite condensado é bastante utilizado dentro da culinária, principalmente aqui no Rio e em São Paulo.
A assistente administrativa Mônica Araújo, de 52 anos, topou a proposta de experimentar o pão com leite condensado.
— É bem saboroso, está aprovado. Vou virar freguesa dessa novidade — brincou, no balcão da padaria.
O Globo terça, 06 de novembro de 2018
BOLSONARO AMEAÇA DISPENSAR ASSESSOR ECONÔMICO QUE DEFENDE NOVO IMPOSTO
Bolsonaro ameaça dispensar assessor econômico que defende novo imposto
Presidente eleito não gostou de defesa de tributo similar à CPMF pelo economista Marcos Cintra, que recusa comparação
O Globo
05/11/2018 - 21:39 / 06/11/2018 - 07:12
RIO - O presidente eleito Jair Bolsonaro ameaçou, na noite desta segunda-feira, afastar o economista Marcos Cintra da equipe de transição do novo governo. Em entrevista ao apresentador José Datena, da Band, Bolsonaro reagiu à informação de que Cintra publicara na internet um artigodefendendo sua proposta de criação de um imposto sobre transações bancárias nos moldes da antiga CPMF. O economista rebate críticas à ideia, argumenta que a comparação com a CPMF é indevida porque sua proposta elimina outros tributos federais e critica a ideia de um Imposto de Valor Agregado (IVA), defendida por outros integrantes da equipe econômica do presidente eleito.
Na última sexta-feira, após reportagem do GLOBO revelar que a equipe do presidente eleito cogitou criar um imposto sobre movimentações financeiras para acabar com a contribuição ao INSS que as empresas recolhem sobre os salários dos funcionários, Bolsonaro usou as redes sociais para desautorizar "quaisquer informações prestadas junto à imprensa por qualquer grupo intitulado 'equipe de Bolsonaro' especulando sobre os mais variados assuntos, tais como CPMF, previdência, etc". A informação de que o plano estava sendo analisado havia sido confirmada por Cintra.
- Esse cara já foi deputado. Está lá na equipe de transição. Já conversei com ele para não falar aquilo que não estiver acertado com o Guedes, comigo - disse o presidente eleito ontem ao ser informado do artigo por Datena, que leu ao vivo uma matéria da Agência Estado no site UOL. - Parece que tem certas pessoas, se é verdade a informação, que não podem ver uma lâmpada e se comportam como mariposa. Não pode haver crítica, não interessa quem seja. Não pode um assessor do Paulo Guedes, que ele confia, fazer críticas. Quem critica é oposição. E quem quer ser oposição tem que estar fora do meu governo. Espero que não seja (verdade a notícia), até porque tenho profundo apreço pelo Marcos Cintra.
O presidente eleito afastou qualquer possibilidade de recriar a CPMF:
- Eu tenho falado para a equipe econômica. Às vezes um outro colega pensa apenas em números, como um jogou aí. Vamos criar uma CPMF de 0,45%, mas paga quem recebe e quem também saca. Falei: negativo. Primeiro, não existe essa coisa da CPMF. A imprensa deu um cacete em cima de mim no tocante a isso daí. E muito menos uma hipótese absurda dessa de 0,9%. No meu entender, toda cadeia produtiva é onerada mais de uma vez. Isso está sendo organizado e conduzido pelo Paulo Guedes e a gente sempre puxa a orelha de um ou outro assessor.
A ideia de tributar movimentações financeiras cogitada na equipe de Bolsonaro foi revelada pelo jornal “Folha de S. Paulo” ainda no primeiro turno e causou uma crise na campanha de Bolsonaro, devido à impopularidade do “imposto do cheque”. Na ocasião, o então candidato negou a criação de impostos. Depois do episódio, Guedes cancelou encontros e a campanha não tocou mais no assunto.
O Globo segunda, 05 de novembro de 2018
EM RETOMADA, SETOR DE PETRÓLEO VOLTA A CONTRATAR
Em retomada, setor de petróleo volta a contratar
Preço da commodity em alta e calendário de leilões motivam as admissões
Bruno Rosa
05/11/2018 - 04:30 / 05/11/2018 - 06:43
RIO - A retomada do setor de óleo e gás no Brasil já começa a aquecer o mercado de trabalho neste fim de 2018, depois de anos com redução do quadro de funcionários e fechamento de fábricas. Com o preço do petróleo em alta no mercado internacional — o barril é negociado acima dos US$ 70 — e o calendário de leilões a todo vapor, as empresas do setor já se preparam para a maior demanda de projetos, com a contratação de pessoal e a criação de políticas de retenção de funcionários.
Esse otimismo já foi verificado entre empresas de recrutamento de executivos. A Hays, por exemplo, vê contratação 20% maior no quarto trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, com o maior número de vagas para áreas de geociência e gerenciamento de projetos.
O movimento é liderado por petroleiras que arremataram campos ao longo deste ano nos leilões. Para 2019, diz a consultoria, o movimento tende a crescer 30% e ganhar força para diversas áreas da cadeia de óleo e gás.
Segundo projeções da Abespetro, que reúne as empresas prestadoras de serviço da cadeia de petróleo, a expectativa é que o total de empregos passe dos 399 mil neste ano para 515 mil no ano que vem. Atualmente, há cinco plataformas em concorrência e, para 2019, há a previsão de pelo menos outras cinco unidades de empresas como Petrobras, Equinor e Shell.
O Globo domingo, 04 de novembro de 2018
O HUMOR POPULAR QUE ATRAPALHA
O humor popular que atrapalha
PATRÍCIA KOGUT
Cena de 'O tempo não para' (Foto: TV Globo)
Em “O tempo não para”, Solange Couto vive Coronela , a dona de uma pensão. É aquela típica personagem popular. Usa um vocabulário cheio de gírias e forma uma dupla com Januza (Bia Montez), que a ajuda a cuidar do restaurante e com quem passa grande parte das cenas falando da vida alheia. É uma coadjuvante com uma tarefa que parece compulsória nas novelas: representar o “núcleo cômico”. Quando Coronela aparece, o volume de decibéis sobe e algum desentendimento explode. É uma dinâmica esquemática e previsível já vista em quase todas as tramadas das 19h. Sem entrar no mérito do talento da atriz, trata-se de uma repetição que se estende até à sua escalação para o papel. Parece que estamos reencontrando a Dona Jura de “O clone” (de 2001), dona da lanchonete que imortalizou o bordão “não é brinquedo, não”. Solange tem momentos melhores com a filha, WalesKa (Carol Castro), em cenas dramáticas. É quando Coronela ganha uma função na história que vai além de um histrionismo que nem sempre resulta em graça.
Personagens secundários podem se destacar. Mas isso só ocorre quando não estão presos a algum estereótipo inescapável. Um exemplo disso está acontecendo em “Espelho da vida”. É o caso da parceria de Ana Lúcia Torre (Gentil) e Felipe Camargo (Américo). Ela também é a dona de uma pensão e ele, seu hóspede, um pilantra. Gentil sofre de um tipo de incontinência verbal bem característico: ela “diz verdades na cara”. É uma daquelas figuras que, pretextando franqueza, faz afirmações que magoam os outros. Américo finge ser um homem bom e ocupa um quarto no estabelecimento dela. Não paga as contas, mas usa de sedução: se oferece para lavar a louça, elogia a comida etc. Ela disfarça, mas está apaixonada. Ele se vale desse sentimento para esticar a estadia de graça. É um núcleo lateral, mas que chama a atenção com a qualidade do trabalho dos atores. É tudo sutil e delicado, até o batom vermelho que Gentil passou a usar desde que se encantou com o golpista.
Os núcleos menores fazem parte das novelas, que são longas e não podem ser puxadas apenas pelos personagens principais. Porém, eles precisam se justificar e ter presença na história. É o que acontece no enredo de Elizabeth Jhin. Mas, no caso de “O tempo não para”, que já tem comédia da melhor qualidade, as sequências da pensão estão deslocadas. As tramas modernas são diferentes daquelas que a TV já ofereceu. Suas cenas são mais breves, é tudo mais enxuto. Então essa ideia do núcleo cômico obrigatório caiu no anacronismo. Talvez seja uma boa hora para reconsiderar isso.
O Globo sábado, 03 de novembro de 2018
COM O FIM DO MINISTÉRIO DA CULTURA, PRODUTORES AVALIAM NOVOS CAMINHOS
Com o fim do Ministério da Cultura, produtores avaliam os caminhos para criar pontes com o novo governo a partir de 2019
Vitrine e vidraça, Lei Rouanet é considerada fundamental pelo setor, mas sempre foi alvo de críticas e deve ser reavaliada pelo novo governo
Emiliano Urbim e Alessandro Giannini
03/11/2018 - 04:30
RIO DE JANEIRO E SÃO PAULO — Em maio de 2016, o fim do Ministério da Cultura via medida provisória na posse de Temer provocou intensa mobilização do setor. Em 21 capitais, o movimento Ocupa MinC se instalou em prédios ligados à pasta, com o Palácio Gustavo Capanema convertido em polo de manifestação no Centro do Rio. Resultado: nove dias depois de extinto, o órgão foi recriado.
Agora, o setor terá os próximos meses para se adaptar e discutir mudanças. O governo eleito, que toma posse em janeiro, cumpre a promessa de campanha e, no plano de enxugar a máquina, anuncia que a pasta será incorporada como secretaria do novo Ministério da Educação, Cultura e Esporte. Diante disso, representantes da Cultura perguntam: e agora?
Várias questões-chave, que dizem respeito às principais ações do ministério nas últimas décadas, precisam ser respondidas nessa transição. Por exemplo: como fica a situação dos órgãos vinculados ao MinC, como a Funarte e o Iphan? Como fica a tão criticada e nem sempre compreendida Lei Rouanet? (leia mais abaixo). E, por fim, como será o diálogo com um governo que não tinha incluído a Cultura em seu programa?
A empresária Paula Lavigne, à frente do grupo de artistas 342 Artes, comenta:
— Promessa feita, promessa cumprida. Não é surpresa que o presidente eleito ia acabar com o MinC. Acho uma pena e acho que, sim, vai ter uma piora muito grande em toda a indústria cultural, que gera tanto emprego. É uma pena as pessoas não saberem o que a cultura gera para o Brasil.
Marcelo Calero esteve no meio da morte anunciada do MinC em 2016: foi nomeado secretário da Cultura e assumiu como ministro de Temer, cargo que ocuparia por cerca de seis meses. Recém-eleito deputado federal pelo PPS-RJ, ele afirma que o momento não é de enfrentamento, mas de diálogo.
O Globo sexta, 02 de novembro de 2018
PACOTE ANTICORRUPÇÃO SERÁ BASE DA GESTÃO MORO
Pacote anticorrupção será base da gestão Moro no Ministério da Justiça
Propostas reunidas pela Transparência Internacional defendem maior rapidez na análise de recursos judiciais
Thiago Herdy
02/11/2018 - 04:30 / 02/11/2018 - 07:53
SÃO PAULO — O pacote com 70 propostas legislativas para ocombate à corrupçãoapresentado por duas centenas de especialistas liderados pela Transparência Internacional (TI), Fundação Getúlio Vargas e organizações da sociedade civil é o principal ponto de partida e base da futura gestão do juiz Sergio Moro à frente do superministério da Justiça e Segurança Pública.
Diversos procuradores da Lava-Jato participaram da construção da proposta. Um ponto central do pacote, já chancelado por Moro no passado, é a necessidade de mudanças no sistema judicial para reduzir a impunidade em crimes de colarinho branco.
Uma das medidas propõe o aperfeiçoamento da prescrição penal e o fim da necessidade de se aguardar até a sentença judicial para a pena pode ser aplicada ou não.
Atualmente, a prática é percebida como verdadeira “aberração” do sistema penal brasileiro, causadora de desperdício de recursos e da energia do Judiciário.
Imprimir maior celeridade ao sistema de recursos judiciais, sem eliminar garantias processuais e o direito à ampla defesa, também é tratada como prioritária dentro do pacote.
Do ponto de vista dos integrantes da Lava-Jato e especialistas consultados pelo projeto, há espaço para avanço também no que diz respeito à recuperação de valores de crime, medidas de transparência pública, criminalização do caixa 2, ficha limpa para servidores públicos, incentivo ao compliance nas empresas e proteção do delator.
Na condição de ministro, Moro não será o único agente a propor as mudanças, que dependem em grande parte do Congresso Nacional. No entanto, sua posição no governo é entendida como privilegiada para um papel de articulação das mudanças.
Estarão diretamente sob sua influência órgãos importantes de combate à corrupção, como Polícia Federal e o próprio Conselho de Atividades Financeiras (Coaf), responsável por verificar movimentações financeiras atípicas.
Durante a Lava-Jato, por diversas vezes Moro registrou o descontentamento com o fato de que muitas das transações ilegais detectadas no âmbito do órgão não resultaram em providências em tempo devido. Alterar este quadro é uma das agendas do futuro ministro.
Moro também busca no pacote da Transparência Internacional inspiração para medidas que vão além do direito penal e são muito próximas de seus posicionamentos públicos, como iniciativas de prevenção à corrupção (em especial aquelas que buscam promover políticas de integridade do setor público e privado), o aperfeiçoamento da cooperação jurídica internacional (para dar mais celeridade às investigações) e o fortalecimento do controle interno na administração pública.
O pacote de dez medidas da corrupção, desfigurado pela Câmara, também deve ser retomado, mas em seu desenho original.
O Globo quinta, 01 de novembro de 2018
DECISÃO DE MORO PODE TIRAR PROCESSO DA LAVA-JATO
Decisão de Moro pode tirar processos da Lava-Jato de Curitiba
Juíza substituta assumiria provisoriamente a 13ª Vara Federal e poderia interrogar o ex-presidente Lula
Cleide Carvalho
01/11/2018 - 04:30 / 01/11/2018 - 07:45
SÃO PAULO — Os processos da Lava-Jato deverão ser conduzidos provisoriamente pela juíza substituta Gabriela Hardt, caso o juiz Sergio Moro aceite o convite para ser ministro da Justiça do presidente eleito, Jair Bolsonaro. Ela assumiria provisoriamente a 13ª Vara Federal de Curitiba, uma vez que, segundo a Lei da Magistratura, Moro fica proibido de exercer qualquer cargo na administração pública. Ele pode apenas dar aula.
Se assumir o posto, caberá a Gabriela interrogar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no próximo dia 14, no processo referente ao sítio de Atibaia.
Gabriela Hat também poderia assumir o processo que envolve a compra de um prédio para o Instituto Lula e de uma cobertura vizinha ao apartamento do ex-presidente em São Bernardo do Campo, pela Odebrecht. A defesa de Lula tem até meia-noite de hoje para apresentar as alegações finais e, a partir de então, a ação pode ser julgada.
Nesse caso, Gabriela teria de decidir se daria uma sentença ou aguarda pela nova configuração da 13º Vara.
Na prática, a Lava-Jato pode estar perto do fim em Curitiba. A 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) já havia retirado das mãos de Moro novas investigações, como as menções a Lula e ao ex-ministro Guido Mantega por delatores da JBS. O presidente do STF, Dias Toffoli, também suspendeu uma ação penal na 13ª Vara Federal contra Mantega, sob argumento de que os supostos repasses da Odebrecht devem ser analisados pela Justiça Eleitoral.
Na condição de juíza substituta, Gabriela não poderá assumir definitivamente a vaga de Moro, que é juiz titular. Pelas regras da magistratura federal, o lugar, se vago, deverá ser oferecido inicialmente aos demais juízes federais titulares da região, que inclui Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul . São 223 nomes no total.
Prisão de Dirceu
Moro é o responsável por todos os processos da Lava-Jato. Os que estão na 13ª Vara, mas sem relação com a operação, já são tocados por Gabriela, ex-juíza corregedora do presídio federal de Catanduvas (PR).
Nos afastamentos do juiz federal titular, como férias ou licença médica, por exemplo, a substituição é automática. Como substituta de Moro, Gabriela determinou, por exemplo, a prisão do ex-ministro José Dirceu em maio passado. A decisão acabou revista pelo Supremo.
Todos que tiverem interesse em ser transferidos para Curitiba podem pleitear a vaga, que será destinada ao que estiver há mais tempo no cargo de juiz federal, independentemente da idade. A 13ª Vara é especializada em lavagem de dinheiro.
A escolha do juiz que substituirá Moro será feita em sessão do Conselho de Administração do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).
Um juiz substituto só chegará ao cargo se nenhum juiz titular manifestar interesse. A regra é a mesma para passar de juiz substituto para titular, com a diferença que há alternância: uma promoção por antiguidade no cargo, e outra por mérito.
A previsão é que Gabriela conduziria a Lava-Jato até fevereiro — período previsto para que seja feito os trâmites burocráticos de exoneração, dos pedidos de remoção e da posse do escolhido. Até lá, a juíza poderá contar com um juiz auxiliar indicado pelo TRF-4.
O Globo quarta, 31 de outubro de 2018
PROFESSOR COLECIONA VISITAS A BARBEARIAS AO REDOR DO MUNDO
Professor coleciona visitas a barbearias ao redor do mundo
Nesses estabelecimentos, Bruno Dieguez captura a essência das cidades visitadas
e Eduardo Vanini
30/10/2018 - 10:32 / 30/10/2018 - 16:27
Fazia um calor daqueles em Sevilha, na Espanha, e Bruno Dieguez tinha algumas horas para aproveitar a cidade, em meio a uma viagem de trabalho. Saiu batendo perna pela região do hotel e, quando deu de cara com uma barbearia com pinta de tradicional, resolveu entrar para dar um tapa no visual. Cruzar aquela porta foi um caminho sem volta. O professor universitário e diretor de comunicação de uma empresa especializada em hotelaria descobriu, naquele momento, o quão rico esses ambientes podem ser e passou a colecionar visitas a barbearias ao redor do mundo.
Depois disso, vieram outra experiência parecida em Siena, na Itália e, finalmente, a definitiva, em Santa Mônica, nos Estados Unidos, quando Bruno dedicou ainda mais tempo para explorar as barbearias. De lá para cá, já foram 16 estabelecimentos no Brasil e no mundo, devidamente registrados em sua página no Instagram (@zeugch).
Para dar conta do hobby, o professor desenvolveu algumas estratégias. A primeira delas diz respeito a um fator natural: <QL>o crescimento do cabelo. Ao programar uma viagem, ele lança mão de uma matemática para que os fios estejam prontos para serem cortados enquanto estiver no destino. E, para chegar até os endereços mais interessantes, faz pesquisas pela internet ou busca informações com locais, quando tem menos tempo a perder zanzando pela cidade. Foi assim que chegou até uma barbearia “secreta” em Paris.
— Estava chovendo, e queria algo perto do hotel. Consultei a concierge, e ela me mandou a um lugar com atmosfera daqueles bares em que você tem que ser convidado para entrar. A funcionária do hotel, inclusive, havia me dito que eu teria uma surpresa, o que aconteceu ao final do atendimento. Fui convidado a cruzar uma porta que dava num bar cheio de gente. Chamei um amigo que mora em Paris para conhecer, e até ele ficou surpreso com o espaço — lembra Bruno.
Outra experiência inusitada se deu do outro lado do mundo. Em viagem pelo Japão, o professor não poderia abrir mão de testar as tesouradas daquele intrigante país e entrou num espaço pinçado durante as suas andanças. Só esbarrou num detalhe: o idioma.
— Ninguém falava inglês, exceto algumas palavras-chave, e o jeito foi explicar por mímica o que eu queria — diz Bruno, adiantando que o resultado final foi aprovado. — Mas interessante mesmo foi observar todo o gestual. O cabeleireiro quase não tocava em mim, parecia que estava flutuando. Além disso, o local era extremamente silencioso.
Encarar tantas barbearias diferentes tem seus riscos. O resultado, digamos, mais infeliz foi em Nova Orleans, nos Estados Unidos. Bruno foi à cidade para um casamento e, ao passar por um estabelecimento que julgou “pitoresco”, decidiu experimentar.
— O barbeiro me perguntou o que eu queria, e pedi que sugerisse algo. Estava cansado e não prestei muita atenção <QL>no que ele estava fazendo. Quando vi, estava com um bigode triangular, no formato de uma asa-delta, bem esquisito — descreve. — Por sorte, estava todo mundo bêbado no casamento e ninguém reparou.
A vantagem é que, entre erros e acertos, Bruno aprendeu a “farejar” os melhores lugares e não esconde o jogo sobre os critérios. Um dos primeiros pontos a serem observados, segundo ele, são as estratégias de comunicação. Um bom site e uma conta caprichada no Instagram costumam ser indicativos positivos. Ao visitar o local, vale dar uma conferida na decoração e nos instrumentos que estão sobre a bancada de trabalho. O mesmo olhar clínico deve ser direcionado aos profissionais que lá estão.
— Quando se trata da primeira visita, não ser atendido logo de cara pode ser vantajoso. Com isso, você ganha tempo para observar as técnicas de trabalho dos atendentes. Eu mesmo já usei uma desculpa para deixar a barbearia, depois de perceber que as pessoas estavam cortando o cabelo dos clientes com total descaso — conta, frisando que, para a experiência ser boa, o barbeiro precisa estar fazendo aquilo de que realmente gosta.
Com o passaporte recheado de carimbos, Bruno não olha com menos interesse para as barbearias em solo brasileiro, incluindo os endereços no Rio, onde mora. De tão apaixonado por esse tema, o professor já chegou a comemorar o seu aniversário num desses locais:
— Foi numa barbearia em Botafogo, que fica numa casa com um quintal na parte de trás. O espaço foi transformado em área de convivência, com uma mesa de sinuca. As pessoas começaram a chegar, e eu ainda estava cortando o cabelo. Acharam que eu era louco, mas adoraram.
Agora, Bruno anda com todas essas vivências debaixo do braço, na expectativa de transformá-las num programa de TV. O mote seria contar as histórias desses endereços, por meio de seus donos e clientes.
— É um universo muito grande. Certamente renderia ótimas histórias —diz, ao vender o seu peixe.
Difícil discordar.
O Globo terça, 30 de outubro de 2018
CATHERINE DENEUVE LEILOA ROUPAS DA ALTA-COSTURA DE YVES SAINT LAURENT
Catherine Deneuve leiloa roupas da alta-costura de Yves Saint Laurent
Atriz francesa foi uma das musas do estilista
O Globo
29/10/2018 - 12:12 / 29/10/2018 - 13:46
Catherine Deneuve está fazendo uma limpeza no armário e vai leiloar nada mais nada menos que várias peças de alta-costura do estilista Yves Saint Laurent. A venda começa no dia 23 de janeiro, durante a semana de moda de Paris, e será feita pela filial francesa da casa de leilões Christie's e pela internet. Serão cerca de 300 peças, que estarão em exibição para o público geral entre 19 e 24 de janeiro.
A atriz, de 75 anos, uma das musas do estilista francês, disse que tomou essa decisão porque não tem mais espaço para guardar os itens, já que colocou no mercado também sua enorme propriedade na Normandia, onde está boa parte de seu armário.
"Hoje, estou deixando minha casa na Normandia, onde mantenho essa coleção, com muita tristeza. Elas são criação de um homem muito talentoso e que só queria fazer as mulheres mais bonitas", disse ela.
Deneuve tinha 22 anos quando encontrou Saint Laurent pela primeira vez, por indicação de seu marido na época, David Bailey. Ela tinha um evento com a rainha Elizabeth e pediu ao estilista que fizesse um vestido para a ocasião. A francesa chegou ao ateliê de YSL com uma foto de uma modelo usando um modelito do ano anterior que ela tinha gostado muito. A partir daí, começou uma longa amizade e, logo depois, ela o convidou para criar o figurino do filme "A Bela da tarde" (1967).
O Globo segunda, 29 de outubro de 2018
TRUMP LIGOU DESEJANDO BOA SORTE
Bolsonaro diz que recebeu ligação de Trump para desejar 'boa sorte' após eleição
Presidente eleito ressaltou que pretende 'pacificar' o país e relações com países sem 'viés ideológico'
Henrique Gomes Batista e Júlia Cople
28/10/2018 - 21:27 / 29/10/2018 - 06:27
RIO — O presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro (PSL), afirmou em transmissão ao vivo no Facebook que recebeu telefonemas de líderes internacionais com felicitações pela vitória nas eleições, neste domingo — entre eles, o presidente americano,Donald Trump . Segundo o parlamentar, o republicano lhe desejou "boa sorte" em um "contato bastante amigável".
— Acabei de receber ligações de alguns líderes, entre eles, o presidente dos Estados Unidos. Acabou de nos ligar e desejou boa sorte. E, obviamente, foi um contato bastante amigável. Nós queremos nos aproximar de vários países do mundo sem o viés ideológico — ressaltou o parlamentar na rede social.
A porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, confirmou na noite deste domingo que Trump ligou para parabenizar Bolsonaro "e o povo brasileiro" pelas eleições.
— Ambos expressaram um forte compromisso de trabalhar lado a lado para melhorar a vida das pessoas dos Estados Unidos e do Brasil —, afirmou Sanders em uma nota.
A ideia de aproximar o Brasil da comunidade internacional, disse Bolsonaro, precisa de um ministro das Relações Exteriores que "converse com o mundo todo, pensando em um projeto de o Brasil fazer comércio, logicamente sem prejudicar o nosso empresário, o nosso industrial". A intenção, segundo o presidente eleito, é firmar parcerias para que "a economia comece a andar".
Na transmissão, Bolsonaro se dirigiu inicialmente aos milhares de apoiadores que se reúnem em frente a seu condomínio na orla da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. O presidente eleito agradeceu pela celebração e ressaltou que, como seus eleitores, estava "muito feliz" com o resultado. O parlamentar ponderou que, por "questões de segurança", não poderia sair de casa para festejar com eles.
O Globo domingo, 28 de outubro de 2018
CASAIS SUBSTITUEM SOLENIDADE DAS IGREJAS POR CERIMÔNIAS AO AR LIVRE NA RUA DO OUVIDOR
Casais substituem a solenidade das igrejas por cerimônias ao ar livre na Rua do Ouvidor
Noivos atravessam um longo tapete vermelho estendido bem do lado da Saara, no Centro
Diego Amorim
28/10/2018 - 04:30 / 28/10/2018 - 08:35
RIO - Felizes para sempre, com a benção das ruas. A crise e a vontade de ousar estão levando casais do Rio a trocarem o altar de igrejas tradicionais, geralmente caro, pela informalidade dos espaços públicos. A Rua do Ouvidor — uma das mais importantes do Rio no século passado, onde se concentravam os principais jornais e para onde afluíam cariocas em busca de notícias — saiu na frente e já está com o burburinho habitual do dia a dia em ritmo de marcha nupcial. Mas sem cerimônia. Os noivos atravessam um longo tapete vermelho estendido bem do lado da Saara, mercado popular que ferve a céu aberto.
Decidido a economizar — o que de fato aconteceu, com as despesas despencando cerca de 70% —, o casal chegou a cogitar substituir a igreja por um bistrô. Mas, após uma visita à Rua do Ouvidor, não teve dúvidas:
— Quando percebemos a beleza da Rua do Ouvidor e a chance de nos casarmos no meio da rua, optamos pelo local. Não queríamos nada grandioso, que custasse muito — conta a noiva.
Para a ousadia não custar caro, os pretendentes a um casamento livre, leve e solto numa rua da cidade devem pedir à prefeitura um alvará de autorização de uso transitório. É preciso se cadastrar no site Carioca Digital e indicar as características do evento, numa consulta prévia.
Com a aprovação do município, alguns documentos pessoais e relativos ao casório devem ser entregues. Também deve ser paga a Taxa de Uso de Área Pública (TUAP), que varia de acordo com o lugar que será usado e o tempo de ocupação do espaço.
O Globo sábado, 27 de outubro de 2018
MEGHAN MARKLE GANHA APELIDO CARINHOSO
Meghan Markle é chamada de 'Di 2' por funcionários do palácio
Semelhanças com o jeito da princesa Diana fizeram com que surgisse apelido, diz revista
O Globo
26/10/2018 - 07:42 / 26/10/2018 - 12:38
"Alteza real" que nada. Pelas costas, Meghan Markle ganhou um apelido carinhoso dos funcionários do palácio de Kensington, onde ela reside com o marido, o príncipe Harry: "Di 2". A brincadeira se deu por causa da semelhança entre o jeito da ex-atriz americana e da princesa Diana, diz a revista "Vanity Fair".
O paralelo entre as duas tem chamado atenção também durante a turnê que Meghan e Harry estão fazendo pela Oceania.
"Meghan tem a confiança em frente às câmeras como Diana tinha e o mesmo amor pela moda", comentou Mark Stewart, fotógrafo veterano em cobertura de realeza. "Diana amava Versace; Meghan ama Givenchy. O estilo das duas é semelhante: clássico, elegante e com blocos de cor".
O Globo sexta, 26 de outubro de 2018
MARTINHO DA VILA LANÇA NOVO DISCO CO MÚSICAS SOBRE BARRA DA TIJUCA, PORTUGAL E RACISMO: TUDO É ASSUNTO PARA SAMBA
Martinho da Vila lança disco com músicas sobre Barra da Tijuca, Portugal e racismo: ‘Tudo é assunto para samba’
'Bandeira da fé' tem participação de Gloria Maria e celebra os 80 anos do sambista
Leonardo Lichote
26/10/2018 - 03:00 / 26/10/2018 - 08:08
RIO — Aos 80 anos, Martinho da Vila expõe em “Bandeira da fé” (Sony) aquilo que tem passado por seus olhos, mente e coração de sambisa-cronista-filósofo. O disco está sendo lançado hoje e será apresentado em show no Teatro Municipal no dia 3. Pelas 12 faixas, a maioria delas inéditas, passam a delícia da preguiça e a nobreza do trabalho. Passa também a força da mulher, a ida de brasileiros em massa para Portugal, a Barra da Tijuca, onde mora, o Brasil atual, coisas da vida e da morte.
— Tudo é assunto pra samba — sintetiza Martinho. — Inicialmente o assunto do samba era vida no morro. O barraco, o trabalho, a mulher, a falta disso ou daquilo... Hoje mudou. Mas sempre teve e sempre tem por baixo um cunho social, um fio da coletividade. Porque a música diverte, mas tem função de fazer pensar. Como canto em "Rei dos carnavais"(canção que abre o disco e na qual ele fala do samba na primeira pessoa) : "Meu gosto é penetrar nos ouvidos/ Balançar os corpos/ Atingir os sentidos".
'Depois eu não sei'
Tendo a simplicidade como valor máximo, Martinho balança os corpos e atinge os sentidos em canções como "Depois eu não sei", resgatada do álbum "Sentimentos", de 1981. Na música, em 12 versos, ele traça uma autobiografia desde o ventre ("nadando na bolsa d'água") até a morte que virá, concluindo na sentença exposta em seu título: "Depois eu não sei".
“Tudo é assunto pra samba. Inicialmente o assunto do samba era vida no morro. Hoje mudou. Mas sempre teve e sempre tem por baixo um cunho social, um fio da coletividade. Porque a música diverte, mas tem função de fazer pensar.”
MARTINHO DA VILA
Compositor
— Não penso muito na morte não. Mas ela volta e meia vem, né? Porque ela é certa. Mas não penso no depois. Fiz uma música com Candeia, "Eterna paz", que resume o que eu acredito ("Como é bom adormecer/ Com a consciência tranquila/ As chuteiras penduradas/ Depois do dever cumprido/ Despertar num mundo livre/ E despoluído/ Onde tudo é só amor") . Não tem porque ter medo da morte. O que é certo não tenho que temer. Só não quero ficar doente muito tempo. Quero morrer sem dar trabalho, na boa — diz Martinho. — Nas culturas africanas, se festeja a morte de alguém que teve vivência, uma participação na coletividade. Quanto mais velho, maior o komba (cerimônia com comida, bebida, música e dança em memória do morto) .
"Bandeira da fé", o disco (com capa de Elifas Andreato), nasceu de uma sugestão da gravadora, que pediu que Martinho pensasse num álbum. Ele já tinha decidido que não faria mais discos ("Ninguém ouve, o ideal é gravar uma ou duas e pôr na web, essas coisas de hoje"). Mas cedeu e foi a seu baú garimpar. Encontrou, por exemplo, a ideia não desenvolvida para o enredo da Vila Isabel de 2016, "Memórias do Pai Arraia" (homenagem a Miguel Arraes), que virou "Baixou na Avenida" e foi gravada agora. A própria "Bandeira da fé" era uma que havia sido gravada apenas por Agepê e agora ganhou a interpretação de seu autor — assim como "A tal brisa da manhã", lançada por seu parceiro Luiz Carlos da Vila.
O Globo quinta, 25 de outubro de 2018
PALÁCIO RIO NEGRO, EM PETRÓPOLIS, SOFRE COM FALTA DE MANUTENÇÃO
Palácio Rio Negro, em Petrópolis, sofre com falta de manutenção
Casarão, que funciona como museu e é residência de veraneio de presidentes da República, está com paredes descascadas e infestado de cupins
Gustavo Goulart
25/10/2018 - 04:30 / 25/10/2018 - 08:12
RIO - Se o futuro presidente da República resolver descansar do corre-corre da campanha eleitoral passando uns dias no Palácio Rio Negro — residência de veraneio que já foi usada por 16 antecessores no cargo, como Juscelino Kubitschek, Fernando Henrique e Luiz Inácio Lula da Silva —, vai levar um susto. O imóvel, no Centro Histórico de Petrópolis, está em péssimas condições: infiltrações e cupins, entre outras mazelas, ofuscam o brilho da casa erguida em 1889.
As paredes da Sala do Gabinete, onde são feitos os despachos oficiais, estão descascando depois de terem recebido sucessivas camadas de tinta, que davam uma “maquiada” rápida no ambiente, antes da chegada de FH e Lula. O problema, no entanto, se confunde com pontos de prospecção — retalhos propositais feitos para deixar à mostra a pintura original, um trabalho sobre a cafeicultura do século XIX.
Devorados por cupins
Os arcos em madeira das janelas, além das portas, foram devorados por cupins. Infiltrações podem ser vistas em vários pontos da casa, que tem varandas escoradas para que não desabem.
A falta de manutenção surpreende os visitantes logo na entrada: os degraus em mármore que dão acesso ao palácio estão quebrados. Num deles, um cone de trânsito é usado para evitar acidentes.
O diretor do museu, Mário Chagas, que também está à frente do Museu da República, no Rio, reconhece a precariedade, mas diz que uma ação civil pública, proposta por um juiz de Petrópolis, em 2005, em defesa do patrimônio, já transitou em julgado e determina que a União, através do Instituto Brasileiro de Museus e do Ministério da Cultura, faça a restauração do palácio. Segundo Chagas, a determinação judicial chegou às suas mãos no dia 4 de outubro:
— O projeto executivo da obra deve custar R$ 2,5 milhões, e a reforma mais R$ 11, 5 milhões. A decisão da Justiça deve fazer com que os recursos sejam liberados pelo Ministério da Cultura.
Ministério Público Federal recomendou à instituição, em Petrópolis, e também ao Museu Nacional de Belas Artes, no Rio, a elaboração, em seis meses, de um plano de combate a chamas e prevenção de incêndios
Vinicius Sassine
24/10/2018 - 04:30 / 24/10/2018 - 08:06
RIO - O Museu Nacional de Belas Artes, no Centro do Rio, e o Museu Imperial, em Petrópolis, funcionam sem um projeto de prevenção a incêndio, sem plano de gestão de riscos e sem alvará de funcionamento. No caso do palácio da Região Serrana, que foi a residência de verão de D. Pedro II e hoje abriga 55 mil títulos relacionados à história brasileira, existe um “gravíssimo risco diário de sofrer dano irreparável”. O alerta é do Ministério Público Federal, que recomendou que as duas instituições se adequem e elaborem, em seis meses, um plano de prevenção e combate a incêndio aprovado pelo Corpo de Bombeiros. Outros quatro museus do Brasil deverão fazer o mesmo.
As recomendações feitas pelo MPF acontecem quase dois meses depois do incêndio que destruiu o Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista. Os problemas no Museu Imperial são antigos: reportagem do GLOBO, em 12 de setembro, mostrou que a instituição continua sem reparos, três anos depois de ter problemas de segurança — que põem em risco seu acervo — identificados por auditoria do Ministério da Transparência e Controladoria Geral da União (CGU). O levantamento apontou na época riscos em 28 dos 30 museus sob a responsabilidade do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).
Pena da Lei Áurea
A recomendação do MPF foi expedida no último dia 5 pela procuradora da República Monique Cheker, que afirma que informações do próprio Ibram apontam que o Museu Imperial “não possui elaboração conclusiva do plano de gestão de riscos, alvará de funcionamento ou sequer aprovação definitiva do projeto de prevenção a incêndio e pânico, pelo Corpo de Bombeiros”. A procuradora lamentou que “o Museu Imperial, sem um plano de prevenção, corre gravíssimo risco diário de sofrer dano irreparável”.
Entre outras preciosidades, o Museu Imperial abriga 8 mil itens de uma coleção de obras raras e a pena de ouro usada pela princesa Isabel para assinar a Lei Áurea. No Centro do Rio, o Museu Nacional de Belas Artes, que funciona em um edifício de 1908, tem em seu acervo a maior e mais importante coleção de arte brasileira do século XIX, com 70 mil itens, entre pinturas, gravuras e esculturas. Entre esses objetos, estão peças da coleção de D. João VI deixadas no Brasil após o retorno a Portugal, em 1821.
A recomendação do MPF em relação ao Museu Nacional de Belas Artes acontece após uma ação civil pública pedir, dias após o incêndio no Museu Nacional, a interdição do local, assim como a de outros cinco museus, por falta de segurança. A Justiça negou a demanda.
Segundo o MPF, um projeto executivo de restauração do Museu de Belas Artes está em andamento, com previsão de entrega em 25 de novembro. “Há, portanto, possibilidade de inclusão de plano de prevenção e combate a incêndio e pânico e plano de gerenciamento de riscos por meio de termo de aditivo”, afirma o procurador Renato Machado na recomendação.
A museóloga Muna Raquel, que integra a comissão de gestão de risco do Museu Imperial, disse que a contratação da empresa que prepará a documentação para obtenção do alvará está em “fase final”, com previsão de que seja finalizada até o fim do ano. É o mesmo caso da contratação de uma brigada de incêndio, com bombeiros civis, segundo ela. Muna afirmou ainda que o museu pediu ao MPF ampliação do prazo para conclusão do plano de riscos, de seis para oito meses:
— A gente não tem um sistema de combate a incêndio nos moldes previstos, mas o museu tem hidrantes próprios, cobrindo todo o perímetro da instituição, e 120 mil litros de água dispostos em caixas e cisternas próprias.
O Museu Nacional de Belas Artes, por meio da assessoria de imprensa, afirmou que o Corpo de Bombeiros fez uma vistoria para que se obtenha o alvará. Em nota publicada no site do museu em setembro, a instituição sustentou ter “diversos dispositivos de prevenção de incêndio e de segurança”.
O Globo terça, 23 de outubro de 2018
BOLSONARO PEDE DESCULPAS POR DECLARAÇÃO DO FILHO EM RELAÇÃO AO STF
Bolsonaro pede desculpas por declarações do filho em relação ao STF
Presidenciável pelo PSL disse, em entrevista ao JN, que Eduardo Bolsonaro reconheceu o erro
O Globo
22/10/2018 - 22:03 / 22/10/2018 - 22:32
RIO — Diante da reação de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) às declarações do deputado Eduardo Bolsonaro(PSL-SP), que falou, em vídeo, sobre a possibilidade de fechar a Corte, o candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro , disse ontem que o filho reconheceu o erro. Ao Jornal Nacional , Bolsonaro se desculpou pelo episódio.
— Isso ocorreu há quatro meses, eu não tinha conhecimento. Ele diz que respondeu a uma pergunta sem pé nem cabeça, até houve a palavra brincadeira no meio daquilo. Conversei com ele, ele reconheceu o seu erro, pediu desculpas. Eu também, em nome dele, peço desculpas ao Poder Judiciário. Não foi a intenção dele atacar quem quer que seja. E eu espero que, como todos nós podemos errar, que os nossos irmãos do Poder Judiciário deem por encerrada essa questão. — disse, pedindo que a Justiça dê por “encerrada a questão”.
Bolsonaro também enviou uma carta ao decano do tribunal, ministro Celso de Mello, para tentar desfazer o mal-estar. No documento, ele afirma que o Supremo “é o guardião da Constituição e todos temos de prestigiar a Corte”. A carta do presidenciável tenta contornar o clima criado depois que o filho dele afirmou que, “para fechar o Supremo”, bastaria “um soldado em um cabo”. A fala, gravada em julho, foi classificada por Mello de “inconsequente e golpista”.
Mais cedo, Bolsonaro disse, em entrevista ao SBT, que já havia conversado com o seu filho.
— Eu já adverti o garoto, o meu filho, a responsabilidade é dele — disse.
O Globo segunda, 22 de outubro de 2018
CANDIDATOS A GOVERNADOR ADEREM A BOLSONARO
Candidatos a governador aderem a Bolsonaro
Dos 28 candidatos a governador, 16 fazem campanha para o deputado, e só três declararam voto a Haddad
Júlia Cople e Miguel Caballero
22/10/2018 - 03:30 / 22/10/2018 - 06:41
RIO — A arrancada de candidatos a governador que se associaram ao presidenciável JairBolsonaro(PSL) e a sua votação no primeiro turno (46% dos votos válidos) provocaram uma adesão ainda maior na segunda fase da disputa. Dos 28 nomes que permanecem na briga pelos governos estaduais, 16 declararam apoio ao capitão da reserva (apenas três deles são do PSL). Outros nove estão neutros em relação à eleição presidencial, enquanto apenas três fazem campanha para Fernando Haddad (PT) — Fátima Bezerra (PT), no Rio Grande do Norte, João Capiberibe (PSB), no Amapá, e Belivaldo Chagas (PSD), em Sergipe.
Em 2014, também foram 14 os estados onde a disputa para governador foi ao segundo turno, mas a divisão de apoios foi mais equilibrada. Dilma Rousseff (PT) teve a adesão de 16 candidatos, assim como Bolsonaro agora. Já Aécio Neves formou aliança com dez postulantes aos executivos estaduais, enquanto dois candidatos ficaram neutros na ocasião.
Força eleitoral do presidenciável do PSL atraiu nomes que disputam os governos estaduais.Atualmente, há cinco estados em que os dois candidatos apoiam Bolsonaro, e apenas no Amapá, Pará e em Sergipe não há um “representante” do presidenciável do PSL. A força eleitoral do capitão da reserva pode levá-lo a eleger governadores aliados em seis dos dez maiores colégios eleitorais do país: candidatos de legendas diversas que aparecem à frente da disputa para o Executivo estadual de São Paulo, Minas Gerais, Rio, Rio Grande do Sul e Santa Catarina associaram as imagens à de Bolsonaro. No Paraná, o militar gravou um vídeo de apoio a Ratinho Júnior (PSD), que venceu no primeiro turno.
Com um discurso que prega a aversão aos acordos da política tradicional, Bolsonaro tem evitado se envolver nas disputas regionais. No Rio, embora o líder nas pesquisas, Wilson Witzel (PSC), cite o presidenciável em vários momentos, o candidato do PSL já afirmou não ter candidato a governador. O adversário de Witzel, Eduardo Paes (DEM), afirmou que está neutro na disputa, mas tem feito elogios públicos a Bolsonaro.
Apoio até no PDT
Em São Paulo, a recusa de Bolsonaro foi mais explícita. O tucano João Doria, acusado de traição pelo presidenciável do PSDB, Geraldo Alckmin, transformou o apoio ao ex-capitão em sua principal bandeira. Ele viajou ao Rio para gravar um vídeo formalizando o apoio, mas Bolsonaro sequer o recebeu. Em Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) chegou a pedir votos para o presidenciável do PSL ainda no primeiro turno e manteve o apoio.
— A imagem de candidato antissistema é parte importante da votação do Bolsonaro, e há uma corrida entre os candidatos a governador para se associar a essa imagem — analisa a cientista política Maria Hermínia Tavares.
O PSL está no segundo turno em Santa Catarina (Comandante Moisés), Rondônia (Coronel Marcos Rocha) e Roraima (Antonio Denarium). As declarações de voto vêm inclusive de candidatos do PDT, que apoia Haddad no plano nacional: Juiz Odilon, no Matro Grosso do Sul, Carlos Eduardo, no Rio Grande do Norte, e Amazonino Mendes, no Amazonas.
O Globo domingo, 21 de outubro de 2018
EX-LULISTAS QUE ESCOLHERAM BOLSONARO
Os ex-lulistas que escolheram Bolsonaro
As experiências pessoais que levaram eleitores à mudança de voto
Gabriela Goulart
21/10/2018 - 04:30 / 21/10/2018 - 08:18
RIO - O vendedor ambulante que instala sua arara dia sim dia não na porta do condomínio onde mora o candidato à presidência pelo PSL,Jair Bolsonaro , na orla da Barra da Tijuca, tem em torno de 30 anos, sai de casa 4h da manhã, mora nos rincões do Rio de Janeiro. Trabalha com uma bandeira do Brasil amarrada ao pescoço, como uma capa de super-herói. Vende adesivos, camisetas, bonecos de Lula presidiário e claves verdes e amarelas. Sem que perguntem, ensina como usar os dois infláveis: um bate no outro, como numa brincadeira de luta de criança. Na encenação,Lula sempre perde. Mas nem sempre foi assim. Ele deixa escapar que já votou no ex-presidente e chegou a participar das manifestações de 2013. Diz ter mudado o voto porque já esteve do “outro lado da força’’. O vendedor ambulante não tem nome porque se recusa a dar detalhes de sua vida e não quer “falar sobre política’’. Embora fale:
— Não me leve a mal. Mas só dou entrevista para a imprensa estrangeira.
Juliana Ananias tem 35 anos e fala para Deus e o mundo sobre seu voto em Bolsonaro. Moradora do Recreio, completou o Ensino Superior, é filha de Iemanjá com Xangô e ganha R$ 15 mil num mês bom. Divulga uma rede fast food de churrasco, grupos de pagode, uma boate e o que mais vier. Já cruzou com seu candidato no condomínio onde o vendedor ambulante cobra R$ 40 por camiseta — ela tem uma amiga que mora lá. Caçula entre quatro irmãos, foi criada no Rio Comprido, bairro do Centro do Rio que já teve clima de cidade pacata e sobrevive, desvalorizado, ao voraz crescimento de comunidades de seu entorno.
Nascido no morro, o pai de Juliana se formou em Direito pela PUC, foi um mestre-sala e morreu como detetive da Polícia Civil. A mãe, costureira, marmiteira e porta-bandeira, criou a filha ensinando que estudar era importante porque “marido não é emprego’’. Juliana frequentou escola militar, batia continência todos os dias, se formou em jornalismo numa faculdade particular que ajudou a pagar.
— Votei no Lula porque acreditei que o pobre teria vez. Inclusive eu — conta. — Mas cadê esse pobre que melhorou de vida? Que passou a ter plano de saúde, que pode levar o filho para os Estados Unidos? Estou procurando até hoje.
Entre esquerda e direita, ela se define “capitalista’’:
— Gosto de dinheiro, de viajar, de comer bem, de comprar joias. Não vou dizer que sou comunista.
Juliana é contra a política de cotas para negros nas universidades públicas (“que a cota seja para o pobre’’), mas reconhece como ponto positivo do governo Lula os benefícios para o acesso ao Ensino Superior. A corrupção, segundo ela, alterou a rota de seu voto para longe do PT. E o que o aproximou de Bolsonaro? Ela é a favor da liberação do porte de arma, condena a legalização do aborto, não quer discussão sobre ideologia de gênero nas escolas e acredita que militarização e educação vão além de uma rima simples.
Nascida em 21 de março, mesmo dia de Bolsonaro, Juliana credita ao estilo rude de falar e à forte personalidade dos arianos as polêmicas em torno do candidato. E tem resposta para defendê-lo de todas elas, assim como faz nas redes sociais. Criou até um grupo S.O.S no WhatsApp, “Os Bolsonaros’’, que é acionado quando um dos membros se envolve em confusões virtuais.
Seus argumentos. Homofobia: “Se ele fosse não teria aparecido ao lado de Clodovil’’. Racismo: “Racista tem nojo da pessoa negra. Já sofri na pele, tinha uma sogra que achava que preto era só cor de roupa. Ele não é assim’’. Volta da ditadura militar: “Tenho zero medo. Ando na lei’’.
A vitória acachapante de Bolsonaro no primeiro turno surpreendeu pelo avanço sobre o território lulista — estudo revelado pelo GLOBO no último domingo mostrou que o PT perdeu 10 milhões de votos em cidades onde predomina o perfil classe C. Muitos fatores são usados por analistas para explicar a construção do bolsonarismo. Corrupção, violência, antipetismo, desesperança no futuro, descrédito nas instituições brasileiras e na política... Estão todos lá. No entanto, um mergulho nas histórias de quem mudou o voto mostra que cada um tem suas razões, ditas como únicas, complexas e, às vezes, contraditórias.
— As pessoas estão frustradas por conta do vazio político e econômico dos últimos dois anos. Isso leva a um discurso muitas vezes individual e desagregado — atesta a cientista social e antropóloga Rosana Pinheiro Machado, que espera o resultado das eleições para botar um ponto final na pesquisa “Da esperança ao ódio: Juventude, política e pobreza do lulismo ao bolsonarismo’’, feita com a socióloga Lucia Scalco nas periferias de Porto Alegre.
Diretora-executiva do Ibope, Márcia Cavallari define os agentes do bolsonarismo:
— Ele é mais forte entre os que têm maior escolaridade e renda e menor faixa etária. Muitos eleitores do Bolsonaro só viram o PT governando o país.
O videografista Asaph Hiroto tem 22 anos e mora com o irmão e os pais — que imigraram do Japão em 1995 — no Paraíso, bairro nobre e com nome idílico em São Paulo. Vive confortavelmente e se define entre as classes A e B. Não tem idade para ter votado em Lula, mas foi de Fernando Haddad para a prefeitura de São Paulo em 2016. Justifica sua escolha com um conjunto de “poucos’’: pouca idade, pouco conhecimento sobre os candidatos e pouco interesse por política. De lá para cá, diz que passou a estudar muito:
— Não sabia o que era direita e esquerda. Aí passei a ler autores conservadores e me identifiquei. Analisando a realidade de países da Europa, o conservadorismo de direita sempre foi melhor para as nações.
O caminho até Bolsonaro teve como atalho o liberalismo econômico defendido por Paulo Guedes, braço forte do candidato do PSL. A distância do PT ele põe na conta de apoios a ditaduras como Venezuela e Cuba. Além de autores conservadores, Hiroto lê notícias e assiste a vídeos (“Foi o que me moldou’’, resume).
— Até passei a dar uns pitacos no Twitter e no Facebook. Reforço que a questão econômica é importante, que é preciso fazer uma Reforma na Previdência para cobrir o rombo que o governo anterior deixou — conta ele, que entrou no mercado de trabalho aos 19 anos e não descarta uma guinada política no futuro. — Sou flexível. É que essa eleição é diferente. Há muita polarização.
Valter Miranda, de 51 anos, não consegue um emprego formal desde que deixou a Polícia Militar do Distrito Federal, em 2000:
— Foi a cachaça... Cheguei a completar o Segundo Grau. Mas eu era muito viciado em bebida e isso comprometeu minha função.
Na montanha-russa da informalidade, trabalhou em supermercado, na construção civil, em empresa de conservação. Desde que passou por uma clínica de recuperação, há dois anos, garante estar sóbrio. Faz bicos como eletricista, mas tem saudades mesmo é do tempo de PM, de “quando o certo era o certo’’. Foi logo depois desse tempo que Valter votou em Lula:
— Ele era mais para o lado do trabalhador. Mas não cumpriu o que prometeu.
Evangélico, divorciado e pai de quatro filhos, o ex-policial vive numa casa de tijolos aparentes em Sobradinho, região administrativa do DF, 22 quilômetros distante de Brasília. Valter despeja nas costas do PT, além do desemprego, “as badernas em manifestações e essa porcaria toda de legislação LGBT’’. Admite que o fato de ter sido militar ajudou na simpatia por Bolsonaro:
— Ninguém entende mais de povo que um militar.
Mesmo com essa certeza absoluta, ele joga luz sobre uma possível sombra de dúvida:
— Minha intenção é ir nele. Mas vou pesquisar esse outro, esse Haddad. Não dá para acreditar na boca do povo.
Ricardo da Costa Silva, de 38 anos, nasceu em João Pessoa e veio para o Rio de Janeiro com 8 meses. Diz ter votado em Lula em 2002 e 2006, “quando ele era o candidato do povo’’:
— Tenho muita família em João Pessoa. Mandava malas e malas de roupa para lá. Há quatro anos fui visitar, e estava todo mundo bem. De moto, de carro. Mas isso é uma falsa ilusão. A mulher fica grávida, tem filho, passa a ganhar R$ 3 mil de Bolsa Família e dá entrada numa moto. Não quer nem saber o que vai dar de comer para o filho. Trabalho desde os 14 anos e acho muito triste a pessoa viver de esmola.
Ricardo conta que a mãe “ainda é Lula’’. Ele tenta entender a fidelidade eleitoral dela pela “falta de informação e de acesso à tecnologia’’.
Há oito anos, ele fincou pé no Jardim Maravilha, sub-bairro de Guaratiba, na Zona Oeste do Rio, região controlada por milícias. Mora com Damiana, seis anos mais velha e ex-Testemunha de Jeová. Há 25 anos anos, ela abandonou a religião para seguir com ele sem oficializar o casamento. Há alguns meses, ele largou a noite, a bebida e o cigarro para investir na família e num pequeno restaurante no térreo do sobrado onde vivem. Ele cozinha, ela administra.
Para abrir o negócio, Ricardo trocou o carro do ano por um usado e reformou o local onde funcionava a borracharia do sogro. Tem orgulho da pia que fez aproveitando um pneu para que o lugar “mantivesse a essência’’. Investiu R$ 80 mil. O lucro ainda é pingado, mas garante o pagamento do plano de saúde do casal, que preferiu não ter filhos para aproveitar a vida adoidado.
Gostam de viajar, comer bem, ir na Festa do Peão de Barretos, dançar em boates gays de Campo Grande, onde “ninguém perturba Damiana’’. Ex-barman da boate de prostituição Help e de um clube de striptease para mulheres, Ricardo trocou Lula pelo ex-capitão da reserva por causa da “independência política’’. Ele acredita que Bolsonaro não tenha a intenção de fazer “coligações com partidos’’:
— Não pode botar médico no Ministério das Artes, como vinham fazendo, por indicação política.
Para Ricardo, boa parte das polêmicas que cercam Bolsonaro “são só polêmicas’’:
— Ele fala muita merda, mas é da boca para fora. Estou dando um voto de confiança. Ou ele vai fazer coisa boa ou acabar com o Brasil.
Se a segunda opção acontecer, ele já tem uma saída. Ou melhor, três: Lisboa, Franca (interior de São Paulo) ou Goierê (Nordeste do Paraná):
— Essa última cidade tem o maior número de Camaros (carro esportivo) por pessoa.
Analista de sistemas da Dataprev há dez anos, José Pinto Monteiro Neto, de 60 anos, tem planos mais modestos caso Bolsonaro ganhe e o governo não seja aquilo que imagina: esperar mais quatro anos. Na imaginação de José cabem de melhores salários para os policiais a enxugamento da máquina — mesmo ele sendo funcionário público.
Nascido e criado na Ilha do Governador e dono de uma casa de praia em Maricá, José votou em Lula em 2002 e 2006. Queria mais emprego, afinal, “é um trabalhador’’. Conta que relatos de amigos que passaram por estatais durante os governos do PT ajudaram em sua decepção com o partido. E agora? José quer um candidato ficha-limpa, acima de qualquer controvérsia. E mesmo que surgisse um escândalo de corrupção envolvendo o candidato não mudaria seu voto:
— Ladrão por ladrão, melhor ir para um diferente.
José não se acha racista (“Meu melhor amigo é negro’’), homofóbico (“Meus filhos têm amigos gays”), antifeminista (“Mulher onde se mete faz bem-feito”). Em família, está só. A mulher e os dois filhos universitários são “vermelhinhos’’ e vão de Haddad. Para ele, o voto dela é “coisa de mãe’’. Discreta, na porta da cozinha, a dona de casa Conceição Monteiro, de 56 anos, responde, baixinho:
— Eu penso com a minha própria cabeça. Ele não sabe de nada...
(Colaboraram Elisa Martins, Natália Portinari e Daniel Biasetto com os estagiários do projeto Foca no Voto)
O Globo sábado, 20 de outubro de 2018
POLÍCIA FEDERAL VAI INVESTIGAR USO DE WHATSAPP PARA FAKE NEWS
Polícia Federal vai investigar uso de WhatsApp para fake news
TSE aceita pedido do PT para apurar difusão de notícias falsas pela campanha de Bolsonaro
André de Souza e Jailton de Carvalho
20/10/2018 - 04:30
BRASÍLIA — A Polícia Federal vai abrir investigação para apurar a disseminação de notícias falsaspelas redes sociais na campanha presidencial. Serão duas frentes de apuração.
Na primeira, aberta por determinação do ministro Jorge Mussi, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a PF analisará se o candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL) cometeu crimes eleitorais. A investigação foi solicitada pelo PT. Na outra frente, a pedido da Procuradoria-Geral Eleitoral (PGE), a PF vai investigar a disseminação de notícias falsas na campanha presidencial contra ambos candidatos. O pedido da PGE cita reportagens do GLOBO, da BBC e do jornal “Folha de S.Paulo".
A partir de agora, a Justiça Eleitoral deverá encaminhar com mais rapidez à Polícia Federal os pedidos de investigação sobre “fake news”. A decisão de apressar as apurações criminais foi acertada numa reunião ontem entre a presidente do TSE, Rosa Weber, com representantes da Polícia Federal e do Ministério Público Federal.
Também na próxima semana, existe a possibilidade de o plenário do TSE analisar uma ação contra a divulgação de “fake news" pelo Whatsapp. Ministros da corte já deram decisões divergentes sobre isso, mas o plenário, composto por sete integrantes, ainda não deliberou a respeito. Se o fizer, poderá criar um parâmetro para julgamentos futuros. Na prática, porém, isso terá pouco efeito na eleição deste ano, uma vez que o primeiro turno já passou e o segundo está marcado para o dia 28 de outubro.
No TSE, o pedido de investigação, aceito ontem pelo ministro Mussi, foi feito pelo PT. O partido se baseou em reportagem do jornal “Folha de S.Paulo", segundo a qual empresas — que foram proibidas de fazer doações eleitorais — estariam favorecendo a campanha do candidato do PSL ao comprar pacotes de divulgação em massa de mensagens contra o PT no WhatsApp.
No pedido da PGR, é citada reportagem do GLOBO na qual o consultor de marketing digital da campanha presidencial de Geraldo Alckmin (PSDB), Marcelo Vitorino, disse ter participado de reunião em que uma empresa ofereceu ao partido a entrega de disparo de mensagens por WhatsApp para até 80 milhões de pessoas, usando cadastro de terceiros, o que é proibido por lei. Os tucanos não aceitaram a proposta.
O PT também pediu ao TSE que as empresas acusadas de comprar os pacotes e o Whatsapp fossem investigados. Mas Mussi lembrou que as sanções de inelegibilidade e cassação de registro ou diploma não podem ser aplicadas a pessoas jurídicas. Assim, a investigação se fixará em Bolsonaro, no seu vice, o general reformado Hamilton Mourão, e em mais 11 empresários, entre eles Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, e dez sócios das empresas de mídia digital acusadas de irregularidades. Foi dado um prazo de cinco dias para que eles apresentem sua defesa. Hang nega as acusações.
Mussi negou liminar em alguns pedidos do PT, como o de prender Hang e de decretar busca e apreensão de documentos na sua residência ou na sede da Havan. “Observo que toda a argumentação desenvolvida está lastreada em matérias jornalísticas, cujos elementos não ostentam aptidão para, em princípio, demonstrar a plausibilidade da tese em que se fundam os pedidos”, afirmou o ministro.
Mussi também negou pedido para obrigar o empresário a repassar toda a documentação contábil, financeira, administrativa e de gestão relativo aos gastos com a campanha de Bolsonaro, e para fazer o Whatsapp elaborar um plano de contingência capaz de suspender o disparo em massa de mensagens ofensivas a Haddad.
Na investigação da PGR, o inquérito deve apurar a disseminação de mensagens em redes sociais tanto em relação a Bolsonaro, quanto a Haddad. A investigação foi solicitada por meio de ofício enviado ao ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, a quem a PF é subordinada.
A procuradora Raquel Dodge afirmou que o uso de recursos tecnológicos para espalhar informações falsas é “uma nova realidade mundial que exige investigação".
Bolsonaro negou qualquer envolvimento com a disseminação de fake news por meio de empresas que apoiam sua candidatura. “Eu não tenho relação nenhuma com empresários nesse sentido. Nós estamos derrotando o PT com verdades. Nós não precisamos mentir sobre o sr. Haddad. Eles estão desesperados", afirmou o candidato do PSL.
O Globo sexta, 19 de outubro de 2018
IR PARA A CAMA COM EX PODE NÃO SER TÃO RUIM QUANTO VOCÊ PENSA
Ir para a cama com ex pode não ser tão ruim quanto você pensa
Busca por proximidade não prejudica recuperação após o fim do relacionamento, diz estudo
O Globo
18/10/2018 - 16:37 / 19/10/2018 - 08:09
RIO — A sabedoria convencional sustenta que as pessoas sabem que vão se magoar quando aceitam ir para a cama com seu ex-parceiro após um rompimento. No entanto, de acordo com as conclusões de um estudo publicado esta semana na revista "Archives of Sexual Behavior", ter relações sexuais com um ex não parece impedi-los a seguir em frente logo depois.
Pesquisadora da Universidade Estadual de Wayne (EUA), Stephanie Spielmann acredita que o estudo dos custos potenciais de dormir com um ex é de amplo interesse porque as experiências sexuais com ex-parceiros são muito comuns em todos os grupos etários e tipos de relacionamento.
Juntamente com seus colegas, Spielmann desenvolveu dois estudos. Em um deles, os pesquisadores analisaram as experiências diárias de 113 participantes que haviam passado por um rompimento recente. Dois meses depois, esses participantes completaram mais uma pesquisa on-line. Na enquete, os cientistas perguntavam se os voluntários haviam tentado ter algum contato físico com seus ex-parceiros, como eles ainda estavam emocionalmente ligados e como se sentiam a cada dia.
No segundo estudo, 372 participantes relataram suas tentativas de envolvimento sexual com seu ex-parceiros, bem como se eles ainda estavam emocionalmente ligados a eles.
O Globo quinta, 18 de outubro de 2018
COPA DO BRASIL: CRUZEIRO É HEXA
Análise: Cruzeiro é hexa em final com mais tensão do que técnica
Tecnicamente melhor, time flertou com o perigo seriamente em Itaquera
Carlos Eduardo Mansur
18/10/2018 - 00:29 / 18/10/2018 - 01:13
O hexacampeonato do Cruzeiro na Copa do Brasil chegou após 180 minutos de uma final que teve raros momentos de um grande futebol. Nitidamente superior no primeiro tempo do jogo em Belo Horizonte, partida em que o Corinthians sequer chutou a gol, o Cruzeiro, com um time tecnicamente melhor, flertou com o perigo seriamente em Itaquera, na volta. Foi conservador ao extremo, mas em dois contragolpes chegou à vitória por 2 a 1. A partida decisiva compensou questões técnicas com emoção, tensão e alguma controvérsia.
O jogo será lembrado, além do título dos mineiros, por decisões polêmicas da arbitragem, mesmo com o apoio da arbitragem de vídeo. O árbitro Wagner do Nascimento Magalhães, da Federação do Rio, consultou o vídeo e errou ao marcar o pênalti que resultou no gol de empate do Corinthians. O time paulista chegou a comemorar o gol da virada, de Pedrinho, mas a arbitragem viu falta na origem do lance. E, de fato, Jádson acertou Dedé numa disputa na área. O rebote do lance gerou a jogada do gol anulado.
Jair Ventura, defensivo demais em Belo Horizonte, assim como fora no jogo de ida contra o Flamengo, na semifinal, pareceu rasgar suas cartilhas ao montar o Corinthians com Jonathas de centroavante e Emerson Sheik pelo lado do campo. Um time muito ofensivo, que tentava jogar um tipo de futebol a que não estava acostumado. Logicamente, tinha imensa dificuldade de construir.
O Globo quarta, 17 de outubro de 2018
POLÍCIA FEDERAL INDICIA MICHEL TEMER E A FILHA MARISTELA POR CORRUPÇÃO E LAVAGEM DE DINHEIRO
PF indicia Michel Temer e filha Maristela por corrupção passiva e lavagem de dinheiro
PF também solicitou a prisão preventiva do coronel Lima, amigo do presidente
Aguirre Talento, Bela Megale e Carolina Brígido
16/10/2018 - 19:32 / 16/10/2018 - 21:41
BRASÍLIA — Após 13 meses de investigação, a Polícia Federal (PF ) finalizou o inquérito que apurava se o presidente Michel Temer e seu grupo político receberam propina em troca de beneficiar indevidamente empresas do setor portuário. No relatório final, a PF indiciou o atual presidente e sua filha Maristela por corrupção passiva , lavagem de dinheiro e organização criminosa , além de outros acusados. A PF também solicitou a prisão preventiva do coronel João Baptista Lima, amigo de Temer, e a mulher dele Maria Rita Fratez, e pediu o bloqueio de bens de todos eles, inclusive do presidente.
O relatório final afirma que Temer usou empresas do coronel reformado da PM João Baptista Lima, amigo do presidente de longa data, para receber propina da empresa Rodrimar por meio de uma complexa engenharia financeira envolvendo repasses a empresa de fachada ligada ao coronel. A PF aponta ainda crimes em pagamentos feitos pelo grupo Libra. Ambas as empresas são concessionárias de áreas do porto de Santos, reduto de influência política do emedebista.
O relatório final, assinado pelo delegado Cleyber Malta Lopes, foi enviado nesta terça-feira ao Supremo Tribunal Federal — prazo máximo estabelecido pelo ministro Luís Roberto Barroso. Agora, o material será encaminhado à procuradora-geral da República Raquel Dodge, que deverá decidir se oferece denúncia contra o presidente com base nesses fatos.
Temer já havia sido denunciado duas vezes pelo antecessor de Dodge, Rodrigo Janot, em casos envolvendo a delação do grupo J&F (dono da JBS), mas o Congresso Nacional barrou a abertura de ação penal contra o presidente. Caso Dodge ofereça nova denúncia, será a terceira contra o emedebista no exercício do cargo de presidente.
Além de Temer e Maristela, a PF apontou indícios de corrupção passiva e lavagem de dinheiro contra o coronel João Baptista Lima e sua mulher Maria Rita Fratezi, além do seu sócio Carlos Alberto Costa e o filho dele, Carlos Alberto Costa Filho. A PF também aponta corrupção ativa do empresário Antônio Celso Grecco e seu subordinado Ricardo Mesquita, da Rodrimar, e de Gonçalo Torrealba, do grupo Libra, citados como responsáveis por pagamentos de propina em troca de benefícios na administração pública. A PF pediu o bloqueio de bens de todos eles, inclusive Temer e sua filha.
A PF ainda solicitou a prisão preventiva do coronel Lima, seu sócio Carlos Alberto Costa, sua mulher Maria Rita e o contador Almir Martins Ferreira, que também foi indiciado — Almir é suspeito de operar a empresa de fachada que receberia propina para Temer. No despacho, Barroso proíbe os quatro de saírem do país e pede a manifestação da PGR sobre o pedido de prisão.
A investigação tem como base um decreto assinado por Temer no ano passado que prorrogou e estendeu os prazos de concessão de áreas públicas às empresas portuárias. A PF suspeita que Temer tenha recebido propina para favorecer as empresas nesse decreto.
Aberta em setembro de 2017, a investigação envolveu medidas incisivas, como a quebra dos sigilos bancário e fiscal do presidente da República. Segundo o relatório, as empresas do coronel Lima teriam servido de captadoras da propina junto às empresas. Parte dessa propina teria sido repassada a Temer por meio do pagamento de reformas imobiliárias — o coronel Lima atuou na reforma de uma casa de 350 m² de Maristela Temer em 2014.
Em depoimento prestado por escrito à PF, Temer afirmou que o decreto portuário não favoreceu indevidamente empresas do setor, disse que jamais recebeu pagamentos indevidos e que o coronel não recebia dinheiro em seu nome.
Procurado, o advogado de Temer, Brian Alves Prado, afirmou que não vai se manifestar porque ainda não teve acesso ao relatório final. A defesa de Gonçalo Torrealba, do Grupo Libra, também disse que não teve acesso ao relatório.
O Globo terça, 16 de outubro de 2018
JOAQUIM BARBOSA NÃO APOIARÁ HADDAD
Joaquim Barbosa não apoiará Haddad
POR LAURO JARDIM
A conversa entre Fernando Haddad e Joaquim Barbosa na semana passada não renderá os frutos esperados pelo petista.
Barbosa não declarará apoio a Haddad. A interlocutores próximos já disse que a decisão está tomada.
O Globo segunda, 15 de outubro de 2018
MEGHAN E HARRY ESPERAM UM BEBÊ
Meghan Markle e príncipe Harry esperam um bebê
O primeiro filho do casal deve nascer na primavera (no hemisfério norte) de 2019
O Globo e AFP
15/10/2018 - 06:18 / 15/10/2018 - 07:23
LONDRES - A ex-atriz americana Meghan Markle e o príncipe Harry estão esperando um bebê, anunciou o Palácio de Kensington nesta segunda-feira. O primeiro filho do casal deve nascer na primavera (no hemisfério norte) de 2019. Ele será o sétimo na linha do trono britânico. O duque e a duquesa de Sussex se casaram em maio.
"Suas Altezas Reais, o duque e a duquesa de Sussex, têm o prazer de anunciar que a duquesa está esperando um bebê para a primavera de 2019", afirma um comunicado divulgado pelo palácio.
O casal desembarcou nesta segunda-feira em Sydney, no início de uma viagem de 16 dias pela Oceania, a primeira grande missão no exterior desde o casamento. Além da Austrália, Harry e Meghan visitarão Fiji, Tonga e Nova Zelândia.
Quando o casal chegou à Austrália já existiam especulações sobre a possibilidade de gravidez de Meghan.
"A duquesa de Sussex está escondendo um segredo real?", questionou o jornal "Daily Telegraph".
Após um primeiro dia de descanso depois de uma longa viagem, o casal terá os primeiros compromissos públicos na terça-feira, começando com uma cerimônia de boas-vindas perto da famosa ponte da baía de Sydney.
"Suas Altezas Reais apreciam todo o apoio que receberam de pessoas de todo o mundo desde seu casamento em maio e estão encantados em compartilhar a notícia feliz com o público", acrescenta a nota do palácio, responsável pela comunicação do príncipe Harry e de seu irmão, o príncipe William.
O Globo domingo, 14 de outubro de 2018
COM A FUGA DE BRASILEIROS PARA O EXTERIOR, SURGE O PERSONAL GESTOR
Com a ‘fuga’ de brasileiros para o exterior, surge o ‘personal’ gestor
De olho em quem foi morar fora do país, mas manteve imóveis aqui, empresas oferecem serviços que vão de reparos e limpeza a decoração
Gabriel Martins
14/10/2018 - 04:30 / 14/10/2018 - 08:15
RIO - A crise econômica, que, por um lado, fez com que muitos brasileiros deixassem o país, por outro, abriu espaço para o surgimento de um novo profissional no mercado imobiliário local: o administrador de patrimônio de emigrantes. Os profissionais são um misto de personal organizer e gestor. A ideia é cuidar dos imóveis dos brasileiros que foram morar no exterior, mas vêm ao Brasil passar férias ou visitar familiares, e não querem vender os bens.
De acordo com a Receita Federal, 21.236 pessoas saíram definitivamente do Brasil só em 2017, aumento de 73% na comparação com 2014, quando 12.241 brasileiros deixaram o país. Como nem sempre é possível fazer a administração remotamente, empresas oferecem serviços que incluem desde cuidados com a infraestrutura da casa, como reparos e manutenção e limpeza, até a organização dos cômodos.
Ao observar os conhecidos que deixaram o Brasil e suas dificuldades para administrar os bens estando no exterior, as produtoras de eventos Isabela Haschelevici e Daniela Zabludowski, junto com a arquiteta Caroline Svacina, criaram a 3Concierge em maio deste ano. A empresa cuida tanto da parte estrutural, acompanhando obras e reformas, quanto da parte de decoração.
- Nosso trabalho é focado em promover a manutenção da infraestrutura, identificando a necessidade de obras ou reparos, e treinar os funcionários para que eles conservem o local do jeito que o proprietário deseja. Também cuidamos da decoração, embelezando e renovando os ambientes — explica Isabela.
A maioria dos imóveis atendidos pela 3Concierge fica na Zona Sul do Rio, na Região dos Lagos e na Serra. Cada atendimento é personalizado, mas as preocupações mais comuns dos clientes são a manutenção dos aparelhos de ar-condicionado e o bom fluxo de água quente nos chuveiros. Há também pedidos curiosos.
- Uma de nossas clientes era casada, e o marido detestava objetos de decoração que tivessem frases. Quando eles se separaram, ela nos procurou e pediu que os ambientes fossem reorganizados, colocando quadros e objetos com frases - relembra Isabela.
A produtora de eventos diz que grande parte dos clientes já tentou administrar os bens a partir do local onde foram morar, mas não conseguiam o resultado que queriam.
- Normalmente, a distância e as obrigações no exterior fazem com que os proprietários não consigam gerir o patrimônio da forma que querem. No primeiro contato com o cliente, temos uma conversa bem detalhada para saber seus gostos e preferências, para que a casa seja mantida dentro do seu estilo - explica. - As contas, normalmente, o proprietário paga remotamente. Mas, quando é necessário, também fazemos este serviço.
Alugar o imóvel por pequenas temporadas, para não mantê-lo fechado por muito tempo ou para contar com mais uma renda - que pode ajudar no pagamento de despesas como IPTU e condomínio - também vem sendo incorporado aos serviços oferecidos aos emigrantes.
A Hflex, de São Paulo, por exemplo, além de cuidar da manutenção, se responsabiliza por locações por temporada. Alexandre Dal Maso, diretor comercial da empresa, explica que este tipo de contrato tem muita procura, principalmente próximo ao polos de serviços da capital paulista, onde a empresa tem mais atuação.
- Nossa proposta é ser o olho do dono. Cuidamos do patrimônio do cliente tanto no que diz respeito ao dia a dia do imóvel, como a infraestrutura, até os contratos de locação - explica Dal Maso. - No Centro de São Paulo, a procura por este tipo de contrato de curta duração é maior perto de faculdades e hospitais.
A equipe da Hflex que cuida deste serviço é composta por arquitetos, agentes comerciais e administrativos, e representantes de aliança estratégica.
- Os arquitetos são responsáveis pela questão estrutural, identificando necessidades de reparos e organizando o ambiente. Quando algum problema aparece, entramos em contato com o proprietário, explicamos o que precisa ser feito e, caso seja dado o aval, contatamos os parceiros da nossa equipe de aliança estratégica. Eles fazem a manutenção, como serviço de encanador ou pintura, e fornecem garantias - conta Dal Maso.
A administradora Primar também faz o serviço de conservação de bens de emigrantes. Entretanto, o foco do negócio é alugar o imóvel.
- Quando a pessoa sai do Brasil, cuidamos da manutenção da infraestrutura e fazemos limpezas periódicas no imóvel. Além disso, tratamos do serviço de locação - explica Carlos Samuel de Oliveira Freitas, presidente da Primar. - Além de residências, atendemos imóveis comerciais.
O Globo sábado, 13 de outubro de 2018
CASAMENTO DE JUDEU COM MUÇULMANA CAUSA REBULIÇO NA TERRA SANTA
Casamento secreto e proscrito pela lei causa rebuliço na Terra Santa
Bodas entre uma jornalista muçulmana e um ator judeu levantam um vendaval entre radicais dos dois lados em Israel
Juan Carlos Sanz, do El País
12/10/2018 - 21:23 / 13/10/2018 - 08:52
JERUSALÉM - Nem chupá, tenda dos casamentos judeus, nem sharia, a lei islâmica. Na união realizada na quarta-feira em Israel, não havia símbolos religiosos. As bodas entre a jornalistamuçulmana Lucy Aharish, 37, e o ator e cantor judeu Tsahi Halevi , 43, aconteceram em segredo, para evitar que fanáticos de ambos os credos tentassem boicotar uma união mista , proscrita pela lei e tachada de profana.
Nada impediu o triunfo do amor entre a mais famosa apresentadora árabe-israelense de TV e o cantor e coestrela da série “Fauda”. Mas nem a fama do casal serviu para livrá-los do assédio das redes sociais, de ameaças veladas de maldição lançadas por um ministro judeu ultrarreligioso ou de ataques de radicais.
"Nós assinamos um acordo de paz", brincou o casal no convite. A comunidade árabe-israelense de onde vem Lucy, que representa um quinto da população, é herdeira dos palestinos que permaneceram dentro do Estado judeu.
Em Israel não há casamento civil. O Estado só reconhece a validade dos laços celebrados sob os ritos do rabinato, do Islã ou cristãos. Para a maioria judaica da população, os contratos nupciais estão nas mãos de rabinos ultraortodoxos, que obrigam as mulheres a respeitar o consentimento do marido para se divorciar. Sem via civil, casamentos inter-religiosos são raros. Dos 58 mil celebrados em 2015, apenas 23 eram entre árabes e judeus. Aharish e Halevi mantinham uma relação em segredo há quatro anos.
Apesar do silêncio, na quinta-feira não se falava de outra coisa em Israel. Muitos, como o ministro do Interior, o ultraortodoxo Ayre Deri, disseram não encorajar casamentos mistos para evitar a “assimilação dos judeus”. Referiam-se à perda do direito de ser reconhecido como membro da religião por nascimento, que somente a mãe transmite. Alguns observavam que ela poderia se converter.
Assimilação de judeus
Lucy Aharish foi premiada há três anos pelo governo israelense como um modelo de integração para cidadãos árabes, enquanto setores de sua própria comunidade palestina condenaram suas atividades por favorecerem a “normalização da ocupação”. Agora ela também está sujeita a ataques de radicais judeus, por ter violado um tabu cultural e religioso.
Para escapar dos vetos, muitos israelenses se casam no exterior, em particular em Chipre. O Estado reconhece sem restrições esses casamentos civis, e a próspera comunidade homossexual israelense também se beneficiou disso. O casal optou por uma alternativa: uma cerimônia privada na qual um documento de união de fato é selado diante de um advogado e depositado num registro público.
Críticas e felicitações ainda circulam com veemência nas redes sociais. Frente a mensagens apocalípticas, uma crescente maioria parece celebrar a união de Lucy e Tsahi com mensagens sinceras de “Mabruk!” e “Mazel Tov!”, transmitindo felicidade e boa sorte aos pombinhos.
O Globo sexta, 12 de outubro de 2018
OS MELHORES PAÍSES PARA MORAR, TRABALHAR E GANHAR BEM
Os melhores países para morar, trabalhar e ter salários mais altos
Estudo do HSBC aponta Cingapura, Nova Zelândia e Alemana como países mais vantajosos para expatriados
Bloomberg
11/10/2018 - 13:28 / 11/10/2018 - 19:45
ZURIQUE - Cingapura foi considerado o melhor lugar para se viver e trabalhar pelo quarto ano consecutivo, segundo a pesquisa Expat Explorer. O país superou Nova Zelândia, Alemanha e Canadá.
A Suíça ficou apenas em oitavo lugar, pesando contra o país o alto custo para criar os filhos e a dificuldade para fazer amigos.
“Cingapura reúne tudo o que um recém-expatriado poderia querer em um dos menores territórios do mundo”, informou o HSBC.
A Suécia, um dos países com mais igualdade de gênero do mundo, obteve a melhor pontuação para o requisito “família”, e Nova Zelândia, Espanha e Taiwan lideraram na categoria experiência.
Mudar-se para o exterior aumenta a renda do trabalhador médio em US$ 21 mil, e os emigrantes mais bem pagos estão na Suíça, nos Estados Unidos e em Hong Kong. Esta é a conclusão do estudo anual do HSBC, segundo o qual 45% dos expatriados disseram que seus empregos atuais pagavam mais no exterior. No levantamento, 28% afirmaram ter mudado de país em busca de uma promoção no trabalho.
Na Suíça, famosa pelas montanhas e pelos preços elevados, o aumento de renda anual totalizou US$ 61 mil. Os salários dos expatriados no país são de US$ 203 mil por ano em média — o dobro do nível global.
Apesar das vantagens culturais, financeiras e profissionais de se mudar para o exterior, a pesquisa, que ouviu 22.318 pessoas, revelou que as mulheres ficavam atrás em uma série de métricas.
Embora a mudança de país tenha aumentado a renda das mulheres em cerca de 27% — maior do que a registrada pelos homens —, somente cerca de um quarto se mudou para impulsionar a carreira profissional, contra 47% dos homens. Apenas metade trabalha em período integral e o nível geral de educação revelado foi um pouco menor. Além disso, o salário anual médio das mulheres também era US$ 42 mil mais baixo do que o dos homens, aponta o estudo.
O Globo quinta, 11 de outubro de 2018
DATAFOLHA: BOLSONARO, 58%; HADDAD, 42%
Datafolha: Bolsonaro tem 58% dos votos válidos; Haddad aparece com 42%
Nos votos totais, o candidato do PSL tem 49%, contra 36% do petista
Marco Grillo
10/10/2018 - 19:02 / 10/10/2018 - 21:08
RIO — A primeira pesquisa de intenção de votos divulgada após o início do segundo turno mostra que o candidato do PSL, Jair Bolsonaro , tem 58% dos votos válidos, enquanto Fernando Haddad (PT) aparece com 42%. Na contagem dos votos totais, Bolsonaro tem 49%, enquanto Haddad tem 36%. Brancos e nulos somam 8%, e 6% não souberam responder. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
A série histórica do Datafolha mostra que esta é a maior vantagem que um candidato impõe sobre o outro na largada do segundo turno de uma eleição presidencial desde 2002. Naquela ocasião, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) alcançou 64% dos votos válidos, contra 36% de José Serra (PSDB). As pesquisas anteriores também mostram que, para vencer a eleição, Haddad precisará de um feito inédito: nunca um candidato que iniciou a segunda etapa atrás do adversário conseguiu a virada — em 2014, Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) estavam em empate técnico à esta altura.
No primeiro turno, Bolsonaro teve 46% dos votos válidos, enquanto Haddad chegou a 29%. De acordo com o Datafolha, o potencial do candidato do PSL cresceu, em sua maioria, pelas adesões de eleitores que no primeiro turno escolheram Geraldo Alckmin (PSDB) e João Amoêdo (Novo). Entre os eleitores do ex-governador de São Paulo, 42% declararam que agora vão votar em Bolsonaro, enquanto 30% disseram que vão optar por Haddad. Em relação ao eleitorado de Amoêdo, 49% afirmaram que preferem o candidato do PSL, e 18% sustentaram que vão escolher o petista.
O Globo quarta, 10 de outubro de 2018
VÔLEI FEMININO: BRASIL BATE HOLANDA
Brasil supera jogo tenso, bate a Holanda e segue firme na briga por vaga na 3ª fase do Mundial
Seleção, mais uma vez, se mostra instável, mas derruba invencibilidade holandesa e cresce na briga por um lugar na próxima etapa da competição. Equipe define vaga contra as japonesas
Por João Gabriel Rodrigues — Nagóia, Japão
Era preciso ir além, e o Brasil sabia disso. Diante de um rival invicto até então, quis se mostrar forte. A instabilidade ainda estava lá, é verdade. Mas, ao reagir no momento certo, a seleção brasileira conseguiu derrubar a Holanda em 3 sets a 2, parciais 23/25, 25/18, 25/27, 25/19 e 15/7. Com o resultado, se manteve firme na briga por uma vaga na terceira fase do Mundial.
A vitória deixa o Brasil com 18 pontos, em quarto lugar no grupo E - empatado em pontos com o Japão, leva a pior no sets average. A seleção, então, torce por uma derrota das japonesas para a Sérvia nesta quarta-feira, às 7h20 (horário de Brasília). Brasil e Japão decidem a classificação para a terceira fase nesta quinta-feira, também às 7h20. O SporTV 2 transmite a partida ao vivo.
Apenas três seleções avançam à terceira fase. A partida entre sérvias e japonesas será essencial na matemática do grupo. Caso vençam as europeias, as asiáticas deixam o Brasil em situação muito complicada. Para avançar, precisaria bater o Japão e fazer as contas no saldo de pontos com japonesas e holandesas para saber quem avança.
Brasil festeja ponto contra as holandesas — Foto: Divulgação/FIVB
Contra a Holanda, o Brasil mostrou evolução em vários aspectos. Durante boa parte da partida, teve avanços no bloqueio e no passe. Sofreu, porém, com a instabilidade. Depois de liderar o segundo set em 8/1, permitiu a reação e se complicou no jogo. Ainda assim, conseguiu superar o sufoco para sair de quadra com a vitória.
Lógico que dependemos do jogo da Sérvia contra o Japão. Mas tínhamos de fazer o nosso trabalho. E o mais legal foi ver o time jogar bem. Nós cometemos alguns erros, sem dúvida. Mas vimos um time com energia em quadra, um time que não queria que a bola caísse de jeito nenhum, querendo chegar ao bloqueio, tentando ajustar o saque a cada bola. Temos de continuar a fazer o nosso trabalho - disse Zé Roberto.
Tandara, intensa durante todo o confronto, fechou a partida com 28 pontos. Gabi fez 13, assim como Fernanda Garay, que começou no banco por conta de dores nas costas, mas que também foi importante para a vitória. No total, foram 17 pontos de bloqueio e dez de saque. Grande nome do time holandês, Lonneke Sloetjes deu trabalho às brasileiras e saiu de quadra com 25 pontos.
Em jogo tenso, Brasil bate a Holanda
Sloetjes abriu sua caixinha de ferramentas logo de cara. A oposta soltou o braço e fez com que a Holanda marcasse 4 a 0 no placar sem muitas dificuldades. Bem na partida contra o México, Drussyla era a arma de Zé Roberto para dar mais consistência ao passe brasileiro. A seleção, porém, sofreu no início. Melhorou aos poucos, mas, ainda assim, foi em desvantagem para o primeiro tempo técnico, em 8/5.
O Brasil cresceu. Conseguiu encaixar melhor seu jogo e ficou a um ponto do empate (9/8). Mas foi por pouco tempo. Os erros voltaram a aparecer, e a Holanda voltou a disparar, abrindo 15/11. Zé Roberto, então, parou o jogo. O Brasil ainda ameaçou reagir. No bloqueio de Adenízia, voltou a ficar a um ponto do empate (18/17). Mas faltava algo. Zé ainda chamou Natália, mas foram as holandesas que fecharam após ataque para fora de Drussyla: 25/21.
Brasil comemora vitória contra as holandesas — Foto: Divulgação/FIVB
O Brasil quis reagir. Abriu o segundo set com 2 a 0 no placar. A Holanda, porém, empatou, depois de erro de Drussyla no passe. Zé, então, mandou Fernanda Garay à quadra. E a ponteira entrou bem, parando o ataque holandês no bloqueio. Também apareceu bem no saque, quebrando o passe rival duas vezes seguidas e abrindo 7/3 no placar. Pouco depois, Gabi explorou o bloqueio para marcar 8/4 antes da primeira parada técnica.
Era um Brasil mais atento. Diante da qualidade das rivais, a seleção, talvez pela primeira vez em todo o Mundial, conseguia mostrar suas maiores forças. Muito bem no bloqueio e no passe, a equipe disparou. Abriu 15/9 depois de um ataque de Fernanda Garay e viu o outro lado pedir tempo. Não conseguiu, porém, parar o bom momento do Brasil. Com um ace, Dani Lins, que entrara só para sacar, marcou 19/12. A Holanda ainda ameaçou uma reação, paralisada com um pedido de tempo de Zé Roberto. Com um ace de Tandara, fim de set: 25/18.
O Brasil manteve o ritmo, principalmente no bloqueio. Bia fechou a porta junto à rede e abriu a contagem. Pouco depois, foi a vez de Roberta fazer o mesmo e marcar 4/1. Bia voltou a aparecer logo na sequência, mas com uma pancada, fazendo 5/1 e obrigando o pedido de tempo do técnico Jamie Morrison. Pouco adiantou. No ace de Tandara, a seleção brasileira foi para o tempo técnico com 8/1 no placar.
Sloetjes foi o grande destaque do time holandês — Foto: Divulgação/FIVB
Só que, aos poucos, a Holanda reagiu. Pelas mãos de uma incansável Sloetjes, depois de uma boa sequência, a diferença caiu para apenas um ponto (15/14). Uma pancada de Tandara fez o Brasil se manter em vantagem no tempo técnico. Mas o empate veio pouco depois, com um ataque de Maret.
O Brasil voltou a abrir (23/20), mas bastaram dois erros em sequência para que a Holanda encostasse mais uma vez (23/22). Zé Roberto pediu tempo. Tentou arrumar o time, mas as rivais deixaram tudo igual logo depois. O técnico brasileiro parou o jogo mais uma vez. Tandara, com uma pancada, deu o set point para o Brasil, desperdiçado no lance seguinte. A seleção também salvou um set point rival, mas não evitou o segundo. Plak apareceu bem e, com um toque por cima do bloqueio, fechou a parcial em 27/25.
A seleção pareceu sentir a queda. Na volta à quadra, a Holanda conseguiu se impor e abriu vantagem. Uma pancada de Tandara, porém, deixou o placar igual, em 4/4. O Brasil quis lutar e, na marra, conseguia se manter à frente. Do outro lado, Sloetjes parecia ainda mais difícil de ser parada. Foi dela, no saque, o ponto de empate, em 15/15.
Brasil terminou com 17 pontos de bloqueio — Foto: Divulgação/FIVB
O Brasil, porém, conseguiu reagir. No bloqueio de Carol, abriu três pontos de vantagem. Gabi, com um ace, ampliou para 19/15 logo na sequência. Jamie Morrison, então, parou o jogo mais uma vez. A Holanda até ensaiou uma reação, mas não teve forças para impedir o tie-break. Em pancada de Tandara, 25/19 para o Brasil.
A tensão se manteve em quadra. A Holanda começou melhor, mas o Brasil reagiu aos poucos. Em ataque de Fê Garay, abriu 5/4. Tandara, logo depois, ampliou, e as rivais pararam o jogo. A seleção, porém, seguiu forte e ampliou a vantagem para 9/5. Já não havia mais espaço para reação. No bloqueio de Natália, fim de papo: 15/7.
Confira as escalações:
Brasil: Roberta, Tandara, Gabi, Drussyla, Bia e Adenízia. Líbero: Suelen. Entraram: Natália, Dani Lins, Fernanda Garay, Carol e Thaisa.
Holanda: Laura Dijkema, Lonneke Sloetjes, Anne Buijs, Maret Balkestein-Grothues, Yvon Belien, Juliet Lohuis. Líbero: Kirsten Knip. Entraram: Celest Plak, Britt Bongaerts, Marrit Jasper e Nicole Luttikhuis.
O Globo terça, 09 de outubro de 2018
UM TERÇO DOS PARTIDOS FICARÁ SEM VERBA
Cláusula de barreira: um terço dos partidos ficará sem verba pública
Mecanismo entra em ação, e pelo menos 14 dos 35 partidos deixam de ter acesso a recursos
Bernardo Mello e Igor Mello
09/10/2018 - 04:30 / 09/10/2018 - 07:41
RIO — Mais de um terço dos 35 partidos registrados no Tribunal Superior Eleitoral ( TSE ) deve ficar abaixo da cláusula de barreira , mecanismo que tenta reduzir a fragmentação partidária no Brasil. A projeção foi feita pelo GLOBO com base em dados divulgados pelo TSE e que ainda podem sofrer alterações por eventuais anulações de candidaturas.
Das 30 legendas que elegeram representante para o Congresso, 14 não atingiram o índice mínimo de votos válidos, tampouco fizeram deputados federais em número suficiente para vencer a cláusula, que definirá acesso ao fundo partidário e à propaganda de rádio e televisão no próximo ano. Os 14 partidos políticos que perderão os benefícios são: PCdoB, Patriota, PHS, PRP, PMN, PTC, Rede, PPL, DC, PRTB, PMB, PCB, PSTU e PCO.
O Globo segunda, 08 de outubro de 2018
RESULTADO DAS URNAS DEIXA O BRASIL ENTRE O BOLSONARISMO E O PETISMO
Resultado nas urnas deixa o Brasil entre o bolsonarismo e o petismo
Eleição presidencial vai para o 2º turno entre Bolsonaro (46,1%) e Haddad (29,1%)
O Globo
08/10/2018 - 04:30 / 08/10/2018 - 07:21
BRASÍLIA - Pela quinta vez seguida, a eleição presidencial brasileira será decidida em segundo turno, com a disputa entre JairBolsonaro ( PSL ) e FernandoHaddad ( PT ). O capitão reformado teve 46,03% dos votos válidos e larga na frente — desde a redemocratização, quem terminou o primeiro turno na dianteira acabou eleito. O petista alcançou 29,28%, o menor patamar de um candidato do partido desde Luiz Inácio Lula da Silva em 1994.
O resultado foi mais devastador para o tucano Geraldo Alckmin, que acabou com 4,76%, o pior resultado do PSDB para a Presidência. Marina Silva (Rede) também saiu da eleição muito menor do que entrou e terminou em oitavo lugar, com pouco mais de 1 milhão de votos, nem sombra dos 20 milhões de 2010 e 2014.
O Globo domingo, 07 de outubro de 2018
UM PAÍS DIVIDIDO VAI ÀS URNAS
Após campanha radicalizada, um país dividido vai às urnas
Primeiro turno presidencial foi marcado pela polarização entre esquerda e direita. Bolsonaro e Haddad lideram a disputa
O Globo
07/10/2018 - 04:30 / 07/10/2018 - 07:38
RIO - Após uma campanhapresidencial marcada pela polarização entre esquerda e direita, com episódios deradicalização , mais de 147 milhões de eleitores irão às urnas hoje pela oitava vez após a redemocratização.
Nas últimas pesquisas antes do primeiro turno, Jair Bolsonaro (PSL), o capitão reformado que deixou o baixo clero para empalmar a bandeira do antipetismo, tem 41% dos votos válidos no Ibope e 40% no Datafolha e busca uma vitória no primeiro turno, o que não acontece há 20 anos.
Seu maior adversário, o petista Fernando Haddad apostou na personificação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que completa seis meses preso hoje em Curitiba, condenado em segunda instância por corrupção. A estratégia o catapultou de 4% há um mês para os mais de 25% dos votos válidos nos levantamentos de ontem, o que o colocaria no segundo turno.
Principal aposta de quem rejeita tanto o bolsonarismo quanto o lulismo na reta final da campanha, Ciro Gomes (PDT) tentava ganhar impulso para ultrapassar Haddad, mas foi uma aposta de terceira via que até ontem não emplacou. Com 13% dos válidos, dificilmente terminará à frente do ex-prefeito de São Paulo.
Nada representa mais a eleição da pulverização do centro que os desempenhos de Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede). Com um discurso técnico e um apelo à razão, o ex-governador de São Paulo não conseguiu decolar e corre o risco de terminar a campanha com menos votos do que tinha quando começou, mesmo com quase a metade de todo o tempo de propaganda na televisão. Confirmado seu fracasso, será a primeira vez desde 1994 que o PSDB não chega ao segundo turno.
A situação da ex-senadora é ainda mais cruel. Pode terminar a eleição como “nanica”, depois de ter recebido cerca de 20 milhões de votos em 2010 e 2014.
Campanha curta e intensa
Se mesmo para políticos consolidados como Marina ou com forte estrutura partidária como Alckmin a campanha polarizada não deu brechas, a situação ficou ainda mais difícil para os novatos. A disputa com o maior número de candidatos desde 1989 não teve surpresas fora das primeiras posições. Da esquerda, onde o líder sem-teto Guilherme Boulos (PSOL) buscou fincar os alicerces de sua candidatura, à centro-direita, a partir da qual o liberal João Amôedo (Novo) tentou energizar seus partidários, ninguém surpreendeu.
Embora tenha sido mais curta que as anteriores, com um início mais tardio e menos dias de propaganda eleitoral na TV, poucas vezes se viu uma campanha tão intensa como esta: em 6 de setembro, há apenas um mês, o líder nas pesquisas, Bolsonaro, foi esfaqueado quando era carregado por partidários em Minas Gerais, um atentado inédito nas campanhas presidenciais; o segundo colocado, Haddad, bateu ponto na sede da PF em Curitiba nada menos do que 15 vezes (11 como coordenador de campanha e outras quatro depois que foi ungido) para ouvir Lula, que tentou levar a candidatura até as últimas consequências, mesmo enquadrado na Lei da Ficha Limpa.
Foi também a primeira campanha verdadeiramente digital do Brasil. A força de Bolsonaro nas redes sociais e nos mais de 1.500 grupos de Whatsapp comandados por seus aliados se sobrepôs à força tradicional do marketing eleitoral, que também minguou sem os muitos milhões das doações empresariais, proibidas pela primeira vez.
O Globo sábado, 06 de outubro de 2018
POLARIZAÇÃO ELEITORAL ABALA RELAÇÕES FAMILIARES
Polarização eleitoral abala relações familiares
Especialistas dão dicas de como lidar, em casa, com as diferenças de opinião
Mariana Martinez e Waleska Borges
06/10/2018 - 04:30
RIO — Para comemorar os 43 anos, em 17 de setembro, a cientista política Karina Junqueira reuniu parentes e amigos mais próximos na mesa de um bar. O grupo de sete pessoas conversava animadamente quando, já no final da festa, ela e o irmão engataram um debate sobre política que acabou se transformando em bate-boca. Os convidados decidiram se levantar. Ficaram apenas os dois, tentando chegar a um consenso sobre o assunto.
— Meu irmão tem orientação política totalmente contrária da minha. Com ele, não tem nem conversa. As pessoas um pouco mais distantes da minha família, como primos e tios, também já estão bloqueadas nas minhas redes sociais — disse Karina.
O caso da cientista política não é uma exceção. Com o debate político cada vez mais polarizado, os desentendimentos acontecem com frequência e muitas vezes extrapolam o limite das redes. Mas como tratar de um tema tão polêmico em família? Para especialistas ouvidos pelo O GLOBO, o assunto não precisa ser evitado, mas exige cautela.
A designer de interiores Marcele Nasi, de 30 anos, também do Rio, recebia em casa a irmã e a mãe Márcia Nasi, 60 . As três assistiam às notícias sobre o ataque a Bolsonaro na TV e faziam comentários. Como Marcele é contra o candidato do PSL e Márcia é a favor, o papo degringolou.
— Essa discussão foi dias depois da facada. Não entra na minha cabeça como elas veem nele uma saída para o país — disse Marcele.
Márcia explica sua opção por Bolsonaro:
— Eu vivi num momento militar. Tenho 60 anos. A gente vivia tranquilo. Eu não sou anarquista. Naquela época, tinha medo de militar quem era anarquista. Não sei porque a minha filha tem essa ojeriza do Bolsonaro. Sou totalmente a favor dele. Maldita a hora que o voto deixou de ser secreto dentro de casa — diz Márcia.
A professora carioca Meg Rocha, de 27 anos, está estremecida com o pai. Ele é eleitor de Jair Bolsonaro, do PSL, e Meg vota em Ciro Gomes, do PDT. Os dois moram na mesma casa, mas agora pararam de conversar sobre qualquer assunto. Os diálogos estão restritos a “oi”, “bom dia” e “boa noite”. Meg lembra que a discussão mais fervorosa aconteceu logo após uma entrevista de Bolsonaro na TV.
— Nós estávamos conversando enquanto víamos TV, quando fiz uma crítica e começamos a brigar. Acho que depois da eleição isso vai passar, pois nos damos muito bem. Mas, por enquanto, estamos falando apenas o essencial — afirmou Meg, que também já foi excluída de uma rede social pela madrinha e por seus primos.
A dona de casa Natália Ferreira Aguirre, de 23 anos, que mora no Rio, discutiu com o padrasto ao buscar o filho na casa da mãe. A briga foi provocada por causa de dúvidas sobre a veracidade de uma das fotos de um protesto contra Bolsonaro que viralizou na internet. A imagem, no entanto, é verdadeira.
— Eu provei para ele que a informação de que aquela foto era uma montagem era ‘fake news’. Não evito discussão. Bato de frente porque tenho argumentos — disse Natália, que também já se indispôs com primos e marido pela mesma razão.
“As pessoas foram se distanciando (por causa da política). Acho que esse ano nem vai mais ter Natal, será cada um em sua casa”
RICARDO VAN ACKER
historiador
O historiador Ricardo Van Acker, 55 anos, conta que a família sempre foi politizada. Havia um tio comunista, que chegou a ser exilado, e outro químico em uma multinacional, apoiador do partido republicano nos Estados Unidos. Já existia um histórico de polarização, mas era algo contornável, segundo ele.
O Globo sexta, 05 de outubro de 2018
ENTREVISTA DE DREW BARRYMORE CAUSA FUROR
Entrevista de Drew Barrymore para revista de bordo egípcia causa furor na internet
Com declarações improváveis da atriz, reportagem viralizou no Twitter
O Globo
04/10/2018 - 17:39 / 04/10/2018 - 18:13
RIO — A atriz Drew Barrymore e a companhia aérea EgyptAir estão protagonizando uma batalha improvável que tomou as redes sociais. Isso porque uma entrevista publicada pela revista de bordo da empresa traria declarações improváveis da atriz.
A reportagem ganhou notoriedade nas redes sociais depois de o jornalista americano Adam Baron qualificá-la no Twitter como "surreal". Logo nas primeiras linhas, o texto sustenta que Barrymore teria abdicado da carreira para se dedicar à maternidade, ao mesmo tempo em que qualifica a atriz como "instável":
"Apesar de ter sido instável em seus relacionamentos na maior parte da sua vida, apesar de ter tido vários casamentos mal-sucedidos e apesar da vida corrida de estrela, a bela atriz americana Drew Barrymore resolveu recentemente tirar férias sem prazo para se dedicar ao seu papel mais crucial, o de mãe", afirma a publicação.
Em outro momento, a reportagem também insiste que "psicólogos" concluíram que o comportamento de Barrymore em seus relacionamentos seria "natural porque ela nunca teve um modelo masculino", uma alusão ao divórcio de seus pais durante a infância.
A EgyptAir defendeu a veracidade da reportagem. Em um tuíte desta quarta-feira, a companhia afirmou que a entrevista é "profissional" e que foi conduzida por Aida Tekla, ex-presidente da Hollywood Foreign Press Association (Associação de imprensa estrangeira de Hollywood), organização responsável pelo Globo de Ouro.
O Globo quinta, 04 de outubro de 2018
FAKE NEWS DISPARAM NA INTERNET
Na reta final da campanha, fake news disparam na internet
Apenas em uma rede social, 35 conteúdos falsos foram compartilhados quase 400 mil vezes
POR GISELE BARROS, LUÍS GUILHERME JULIÃO E MARLEN COUTO
/ atualizado
RIO — Na reta final da eleição, os conteúdos falsos se multiplicaram nas redes e no WhatsApp. Desde o fim de semana, 11 publicações falsas de grande repercussão — entre textos, fotos e vídeos — foram desmentidas pelo Fato ou Fake, o serviço de checagem do Grupo Globo.
No Facebook, 35 postagens tiveram cerca de 400 mil compartilhamentos e alcançaram milhões de eleitores. Só quatro vídeos publicados na rede social registraram 2,7 milhões de visualizações.
A propagação dos conteúdos falsos está crescendo, e rápido. O Núcleo de Dados do GLOBO analisou 18 páginas que compartilharam mentiras desde o fim de semana. As publicações mais recentes têm, em média, nove vezes mais interações e compartilhamentos do que postagens feitas pelas mesmas páginas nas primeiras semanas de setembro. Em média, cada publicação com conteúdo falso foi compartilhada 13,7 mil vezes. No início do mês, essa média era de 1,4 mil.
As milhares de interações — a soma de reações, comentários e compartilhamentos — ajudam a amplificar o alcance de uma postagem no Facebook. Uma das publicações que viralizou nos últimos dias, da página Planeta Brasil, traz um vídeo dizendo que a foto da manifestação contra o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) no Largo da Batata, em São Paulo, no sábado, era antiga e foi tirada durante o carnaval de 2017. Apesar de ser falso, o vídeo teve mais de 1,5 milhão de visualizações e 83 mil compartilhamentos.
No Facebook, as páginas pesquisadas que publicaram conteúdo falso nos últimos cinco dias se posicionam, majoritariamente, a favor de Bolsonaro. Contudo, isso não significa que a campanha tenha participação na propagação das mensagens e que também não seja alvo.
Um exemplo é o texto publicado em uma conta falsa do PSL no Twitter alertando para o fim do 13º salário caso Bolsonaro seja eleito — seu candidato a vice, general Mourão, já criticou o pagamento do 13º, mas o candidato rechaçou o seu fim.
Os materiais falsos que circulam no WhatsApp são impossíveis de serem rastreados, pois as conversas são criptografadas. Ao mesmo tempo, é fácil encaminhar mensagens recebidas.
Professor de Gestão de Políticas Públicas da Universidade de São Paulo (USP)e um dos coordenadores do Monitor do Debate Político do Meio Digital, projeto que faz o acompanhamento do que é publicado nas redes sociais, Pablo Ortellado explica que momentos de aumento da temperatura política são mais propícios para a circulação de desinformação. Ele alerta para o risco que esse tipo de conteúdo pode gerar:
— Esse aumento da circulação de mensagens falsas é óbvio e esperado em momentos em que a temperatura política também aumenta e isso se confirmou agora, na véspera da eleição. Esses boatos têm um dano terrível para a democracia, pois está sendo forjado um juízo político e há pessoas tomando decisões em cima de informações falsas, o que deturpa muito o jogo político — afirma Ortellado.
Para o cientista político Rafael Sampaio, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), mensagens falsas que circulam nas redes servem para reforçar o voto de quem já se decidiu ou ainda para aumentar a rejeição a certo candidato.
— Geralmente a “fake news” não é positiva, é negativa, para aumentar a rejeição. O perigo disso é que uma pessoa que não era tão radical no começo da eleição vai sendo contaminada e ficando mais radical. O efeito real é sobre aquelas pessoas que até poderiam mudar de candidato, mas que acabam cristalizando o voto — afirma Sampaio.
Peso na hora decisiva
Coordenador do projeto Eleições sem Fake, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Fabricio Benevenuto confirma a sensação de que há muitos conteúdos falsos no WhatsApp. Seu grupo monitora as fotos, vídeos, áudios, textos e links mais compartilhados em cerca de 200 grupos abertos no aplicativo — que podem ser acessados por links de convites oferecidos em páginas na internet.
Na última terça-feira, a ferramenta identificou que o texto mais compartilhado foi uma mensagem falsa que diz que o voto é anulado se o eleitor escolher apenas presidente e votar em branco para os outros cargos. A mensagem falsa foi compartilhada em 23 grupos monitorados pelo projeto da UFMG.
— É uma ferramenta que entrou com um peso muito grande na eleição, mas não conseguimos saber quem são os criadores do conteúdo e rastrear a origem — afirma Fabricio Benevenuto. (Colaborou Marta Szpacenkopf)
Foto de manifestação manipulada?
O ato contra o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) no Largo do Batata (SP), no último sábado, foi alvo de mensagens falsas. Uma postagem disse: “Foto que está sendo divulgada pela esquerda para falar do ‘sucesso do movimento contra Bolsonaro’ é na verdade de um carnaval de rua em São Paulo do ano passado!”. No entanto, a fotografia feita no sábado mostra a manifestação e é diferente da registrada em 2017 e reproduzida nas publicações, embora do mesmo ângulo. As duas são da mesma autora.
A universidade e a pesquisa que não existiu
A suposta pesquisa feita pela Universidade do Sul da Califórnia apontando que não há previsão de 2º turno é falsa. A imagem aponta Bolsonaro com 61% das intenções de voto, Ciro Gomes com 12%, e Haddad com 7%. A universidade informou que não fez trabalho sobre as eleições no Brasil. “A University of Southern California repudia a tentativa de envolver o nome da universidade para espalhar notícias falsas no Brasil. Estamos investigando a origem do post para tomar as medidas cabíveis”, informou a instituição em nota. Leia mais
Tuíte que extermina o 13º salário
Uma publicação no Twitter que simulava ser do PSL, partido de Jair Bolsonaro, afirma que num eventual governo do candidato o 13º salário seria extinto e que os empresários não pagariam mais salário mínimo. O perfil nomeado @PSLOicial não é a identidade real do partido na rede social. Ao confirmar que a publicação era falsa, a assessoria do candidato afirmou ainda que o conteúdo da mensagem não expressa opiniões de Bolsonaro. O deputado negou que pretenda extinguir o benefício. Leia mais
Temor sobre anulação dos votos
Surgiu no WhatsApp uma mensagem dizendo que o voto é considerado parcial e anulado quando o eleitor vota somente no presidente e em branco nos demais candidatos a outros cargos (governador, deputado federal, deputado estadual e senador).
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informou que não é verdade a afirmação de que um voto depende do outro para ser computado. O voto em branco ocorre quando o eleitor escolhe a opção da tecla de cor branca. O nulo ocorre quando o eleitor digita um número inexistente na lista de candidatos. Leia mais
Casamento gay em igrejas?
Um post com uma declaração atribuída ao deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), em que ele diz que vai criar uma lei para obrigar padres e pastores a realizarem casamentos de pessoas de mesmo sexo em igrejas, está circulando nas redes sociais. De acordo com a mensagem, publicada na página "Esquerda Brasil 2018", o deputadoreceberia o apoio do candidato à Presidência pelo PT, Fernando Haddad, para criar a Lei Marielle Franco. A declaração é #FAKE. Leia mais
Prédio que desabou?
Circula nas redes sociais uma mensagem afirmando ser montagem a imagem da manifestação contra candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência, realizada no sábado no Centro do Rio. A mensagem é #FAKE. A imagem, uma reprodução, é verdadeira e foi feita durante o protesto contra o candidato no sábado (29). Leia mais
Criança propriedade do Estado?
Circula nas redes sociais uma mensagem que afirma que o candidato à presidência Fernando Haddad (PT) diz que, ao completar cinco anos, a criança passa a ser propriedade do Estado e que o seu gênero pode ser escolhido. A mensagem é #FAKE. Leia mais
Voto no dia seguinte
Circula nas redes sociais uma imagem direcionada aos eleitores do PT comunicando que, devido aos protestos e manifestações que poderão ocorrer no dia 7 de outubro contra o PT, os eleitores que votam no partido estão convocados a irem votar no dia 8 de outubro, segunda-feira. O post é #FAKE. Leia mais
Pesquisa 'não manipulada'
Um post com uma imagem falsa que mostra o resultado de uma pesquisa Ibope tem bombado nas redes sociais. A mensagem diz que o G1 divulgou o resultado "não manipulado" com o candidato Jair Bolsonaro (PSL) com 63% das intenções de voto. O texto e o print são #FAKE. O G1 nunca publicou tal resultado de pesquisa. Leia mais
Biometria
Circula nas redes sociais uma mensagem que diz que o eleitor pode votar mesmo que não tenha feito a biometria. O post é #FAKE. Nas cidades em que houve a biometria obrigatória, o não comparecimento fez com que o título eleitoral tenha sido cancelado, deixando o eleitor impedido de votar.
De acordo com informações do Tribunal Superior Eleitoral, quem perdeu o prazo para fazer a biometria nos estados em que ela é obrigatória não pode votar nas eleições de 2018. Leia mais
Jesus é travesti?
Circula nas redes sociais uma imagem em que a candidata a vice-presidente Manuela D'Ávila (PCdoB) aparece com uma camiseta com os dizeres "Jesus é travesti". Manuela é candidata na chapa de Fernando Haddad (PT). A fotografia é #FAKE.
Na imagem compartilhada, Manuela aparece abrindo um casaco para expor a camiseta.
O Globo quarta, 03 de outubro de 2018
BOLSONARO CONQUISTA VOTOS EM REDUTOS LULISTAS
Bolsonaro melhora desempenho em tradicionais redutos lulistas
No Nordeste, candidato do PSL teve crescimento expressivo, mas Haddad ainda mantém liderança na região
Marco Grillo, Jussara Soares e Catarina Alencastro
03/10/2018 - 04:30 / 03/10/2018 - 06:42
RIO e BRASÍLIA - O crescimento do candidato do PSL àPresidência , Jair Bolsonaro , registrado nas pesquisas de intenção de voto recentes, foi amparado também pelo avanço em segmentos do eleitorado tradicionalmente fiel ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em um primeiro momento da campanha, o petista FernandoHaddad se distanciou do bloco intermediário e se aproximou do adversário justamente em função do apoio nos redutos lulistas. Agora, em uma outra fase da eleição, a dificuldade do ex-prefeito de São Paulo de crescer em ritmo mais acelerado nestes estratos e o aumento da identificação destes setores com o capitão da reserva ajudam a explicar, respectivamente, a estagnação de Haddad e a elevação de patamar de Bolsonaro. Além disso, o candidato do PSL também cresceu entre as mulheres, segmento em que tem rejeição acima de sua média.
Entre os eleitores mais pobres - aqueles com renda familiar mensal de até um salário mínimo -, a vantagem continua com o petista, mas foi reduzida na comparação entre as duas pesquisas Ibope mais recentes. Na quarta-feira da semana passada, Haddad tinha 28% dentro deste recorte, contra 13% de Bolsonaro, o que representava uma diferença de 15 pontos percentuais. No levantamento do início da semana, o domínio petista caiu pela metade: Haddad oscilou dois pontos negativamente e marcou 26%, enquanto Bolsonaro subiu seis pontos e chegou a 19%. A faixa mais pobre do eleitorado é bastante relevante do ponto de vista eleitoral: cerca de 40% dos eleitores ganham até dois salários mínimos por mês.
No Nordeste, outro tradicional reduto do lulismo - e onde estão 26% dos eleitores -, Bolsonaro também, pela primeira vez desde o início da campanha, teve um crescimento expressivo. O candidato do PSL saiu de 15% para 21% das intenções de voto na região, um aumento de seis pontos percentuais. Haddad segue líder, com 35% (cresceu cinco pontos na comparação com a pesquisa mais recente), mas em um patamar no qual ela já havia transitado (registrou 34% em 24 de setembro).
O Globo terça, 02 de outubro de 2018
PT GASTOU 1,4 BI PARA ELEGER E REELEGE DILMA, DIZ PALOCCI
PT gastou R$ 1,4 bilhão para eleger e reeleger Dilma, diz Palocci em delação
Caixa 2 representa mais do que o dobro do valor declarado ao TSE.
Aguirre Talento e Robson Bonin
01/10/2018 - 15:22 / 02/10/2018 - 06:38
BRASÍLIA — O ex-ministro petistaAntonio Palocci afirmou no primeiro anexo de sua delação premiada que as duas últimas campanhas presidenciais do PT para eleger Dilma Rousseff, em 2010 e 2014, teriam custado juntas R$ 1,4 bilhão, mais do que o dobro dos valores declarados oficialmente à Justiça Eleitoral. Segundo Palocci, as campanhas foram largamente abastecidas com caixa dois . De acordo com o depoimento, os empresários contribuíam esperando benefícios em troca e, mesmo nas doações oficiais, a origem da maior parte do dinheiro vinha de acertos ilícitos de propina.
O anexo se tornou público nesta segunda-feira, após decisão do juiz federal Sérgio Moro, que determinou a juntada do depoimento de Palocci em uma das ações penais em andamento contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na qual ele é acusado de receber propina da Odebrecht. Palocci atuou nas campanhas petistas como interlocutor do setor empresarial para a arrecadação financeira, por isso seu conhecimento sobre o assunto.
Segundo o ex-ministro, a “ilicitude das campanhas” começava nos “preços elevadíssimos que custam”. “Ninguém dá dinheiro para as campanhas esperando relações triviais com o governo”, afirmou ele, que prossegue: “As prestações regulares registradas no TSE são perfeitas do ponto de vista formal, mas acumulam ilicitudes em quase todos os recursos recebidos”.
Ainda de acordo com a delação, as doações oficiais serviam para quitar saldo de acertos de propinas em obras públicas, como na Petrobras:
“Grandes obras contratadas fora do período eleitoral faziam com que os empresários, no período das eleições, combinassem com os diretores que o compromisso político da obra firmada anteriormente seria quitada com doações oficiais acertadas com os tesoureiros dos partidos, coligações, etc”.
Sobre as duas campanhas de Dilma Rousseff, Palocci afirmou: “Pode citar que as campanhas presidenciais do PT custaram em 2010 e 2014, aproximadamente, 600 e 800 milhões de reais, respectivamente”. Nas prestações de contas oficiais, os valores oficialmente declarados de custo dessas campanhas foram de R$ 153 milhões e R$ 350 milhões, respectivamente.
Palocci afirmou ainda, sem dar detalhes, que havia um largo esquema de venda de medidas provisórias no Congresso Nacional durante os governos petistas, envolvendo tanto o Poder Executivo como o Legislativo:
“A prática de venda de emendas se tornou corriqueira, particularmente na venda de emendas parlamentares para medidas provisórias vindas dos governos, casos em que algumas MPs já contam com algum tipo de vício destinado a atender financiadores específicos e saem do Congresso Nacional com a extensão do benefício ilícito a diversos outros grupos privados”, disse o ex-ministro, que “estima que das mil medidas provisórias editadas nos quatro governos do PT, em pelo menos novecentas houve tradução de emendas exóticas em propina”.
Questionado sobre contas no exterior do PT, Palocci afirmou que nunca abriu nenhuma conta para o partido, mas que “sabe que a agremiação já fez isso sem utilizar o nome do partido e lideranças, pelo menos segundo tem conhecimento o colaborador; que soube que empresários abriam, apenas na confiança, contas em nome próprio e para utilização pelo PT”. O relato é semelhante ao do empresário Joesley Batista, do grupo da JBS, que contou em sua delação ter mantido contas no exterior para depositar periodicamente a propina devida ao partido, que eram esvaziadas na época das eleições.
O Globo segunda, 01 de outubro de 2018
GRIFE CORTA MARQUEZINE DE FOTO AO LADO DE NEYMAR
Grife corta Marquezine de foto ao lado de Neymar e fãs reclamam: 'Muito feio'
Off-White deixou na imagem apenas o jogador de futebol e a modelo Cara Delevingne
"Por que cortaram a Bruna Marquezine? Muito feio isso"; "Falta de respeito com a Bruna que até marcoy vocês na postagem dela... Que falta de consideração com o próprio Neymar"; "Vocês cortaram fora a Bruna, a verdadeira estrela lá. Não é legal"; "Que atitude mais deselegante cortar a namorada e deixar outra pessoa do lado... Palhaçada da parte de vocês"; "Só queria dizer que a Bruna Marquezine estava do outro lado"; "Onde está a Bruna na foto? Porque eu sei que ela estava lá"; e "Imagem incompleta" foram alguns dos comentários.
O Globo domingo, 30 de setembro de 2018
ÂNGELA MARIA, RAINHA DO RÁDIO, MORRE AOS 89 ANOS
Angela Maria, rainha do rádio, morre aos 89 anos
Internada havia mais de um mês em SP, a cantora não resistiu a uma infecção generalizada. Ela tinha 89 anos.
Angela Maria — Foto: Divulgação / Murilo Alvesso
A cantora Angela Maria, uma das rainhas do rádio, morreu aos 89 anos no fim da noite deste sábado (29), no Hospital Sancta Maggiore, em São Paulo. Após 34 dias de internação, ela não resistiu a uma infecção generalizada.
A cantora será velada e sepultada neste domingo (30) no Cemitério Congonhas, na zona sul da capital paulista.
Morre em São Paulo, aos 89 anos, a cantora Ângela Maria
Jornal GloboNews
--:--/--:--
Morre em São Paulo, aos 89 anos, a cantora Ângela Maria
O marido dela, o empresário Daniel D’Angelo, divulgou um vídeo emocionado no Facebook falando sobre a morte da cantora, que fez um estrondoso sucesso entre as décadas de 1950 e 1960.
"É com meu coração partido que eu comunico a vocês que a minha Abelim Maria da Cunha, e a nossa Angela Maria, partiu, foi morar com Jesus", disse emocionado, ao lado de Alexandre, um dos filhos adotivos do casal e de um outro rapaz.
Cantora Angela Maria, em foto de 19 de maio de 1994 — Foto: Gilda Mattar/Estadão Conteúdo
Nome artístico
Abelim Maria da Cunha nasceu em Macaé, no Rio de Janeiro. Ela passou a infância em Niterói, São Gonçalo e São João de Meriti. Filha de pastor protestante, desde menina cantava em corais de igrejas.
Ela foi operária tecelã e inspetora de lâmpadas em uma fábrica da General Eletric, mas queria ser cantora de rádio apesar da oposição da família.
Por volta de 1947, começou a frequentar programas de calouros e passou a usar o nome Angela Maria, para não ser descoberta pelos parentes.
Apresentou-se no “Pescando Estrelas”, de Arnaldo Amaral, na Rádio Clube do Brasil (hoje Mundial); na “Hora do Pato”, de Jorge Curi, na Rádio Nacional; no programa de calouros de Ari Barroso, na Rádio Tupi; e do “Trem da Alegria” - programa dirigido por Lamartine Babo, Iara Sales e Heber de Bôscoli, na Rádio Nacional.
Quando decidiu tentar a carreira de cantora, Angela Maria abandonou os estudos, o trabalho na indústria e foi morar com uma irmã no subúrbio de Bonsucesso.
Angela Maria — Foto: Jair de Assis/Divulgação
Era do rádio
Em 1948, começou a cantar na casa de shows Dancing Avenida, onde foi descoberta pelos compositores Erasmo Silva e Jaime Moreira Filho. Eles a apresentaram a Gilberto Martins, diretor da Rádio Mayrink Veiga. Após um teste, ela começou carreira na emissora.
Em 1951, gravou pela RCA Victor os sambas “Sou feliz” e “Quando alguém vai embora”. No ano seguinte, sua gravação do samba “Não tenho você” bateu recordes de venda, marcando o primeiro grande sucesso de sua carreira.
Cantora Angela Maria, em imagem de 19 de janeiro de 1977 — Foto: Arquivo/Estadão Conteúdo
Princesa e rainha do rádio
Durante a década de 1950, atuou intensamente nas rádios Nacional e Mayrink Veiga, como a estrela de “A Princesa Canta”, nome derivado de seu título de “Princesa do Rádio”, um dos muitos que recebeu em sua carreira.
Em 1954, em concurso popular, tornou-se a “rainha do rádio”, e no mesmo ano estreou no cinema, participando do filme “Rua sem Sol”.
A cantora Angela Maria — Foto: Reprodução / Facebook
'Sapoti'
Encantado pela voz de Angela Maria, Getúlio Vargas lhe deu o apelido de “Sapoti”. "Menina, você tem a voz doce e a cor do sapoti", teria dito o presidente.
Ainda durante a década de 1950, vários de seus sambas-canções viraram sucessos, como “Fósforo queimado”, “Vida de bailarina”, “Orgulho”, “Ave Maria no morro” e “Lábios de mel”.
Na segunda metade da década de 1960, foi a vez de “Gente humilde” ser destaque nas paradas de sucesso.
Em 1982, foi lançado o LP Odeon com Angela Maria e Cauby Peixoto, primeiro encontro em disco dos dois intérpretes. Em 1992, a dupla lançou o disco "Angela e Cauby ao vivo", após o show Canta Brasil.
Em 1996, foi contratada pela gravadora Sony Music e lançou o CD “Amigos”, com a participação de vários artistas como Roberto Carlos, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Chico Buarque, entre outros. O trabalho foi um sucesso, celebrado em um espetáculo no Metropolitan (Claro Hall), no Rio de Janeiro, e um especial na Rede Globo. O disco vendeu mais de 500 mil cópias.
O Globo sábado, 29 de setembro de 2018
FUX BARRA ENTREVISTA DE LULA A JORNAL PAULISTA
Fux barra entrevista de Lula a jornal paulista
Fala do ex-presidente havia sido autorizada por outro ministro da corte, Ricardo Lewandowski
BRASÍLIA — O ministro Luiz Fux, vice-presidente do Supremo Tribunal Federal, concedeu liminar para impedir que o jornal "Folha de S. Paulo" faça entrevista com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba. A entrevista havia sido autorizada por outro ministro da corte, Ricardo Lewandowski, sob o argumento de que a liberdade de imprensa deve ser garantida.
Atendendo ao pedido do Partido Novo, que recorreu contra a decisão de Lewandowski, Fux entendeu que a entrevista poderia afetar o processo eleitoral e que, nesse caso, a liberdade de imprensa não poderia se sobrepor ao direito dos eleitores. "A confusão do eleitorado faz com que o voto deixe de ser uma sinalização confiável das preferências da sociedade em relação às políticas públicas desejadas pelos anos que se seguirão. É nesse sentido que se faz necessária a relativização excepcional da liberdade de imprensa, a fim de que se garanta um ambiente informacional isento para o exercício consciente do direito de voto", diz a decisão de Fux.
No despacho, além de suspender os efeitos da decisão de Lewandowski, Fux escreveu que, caso Lula já tenha sido ouvido por repórteres, o jornal paulista está impedido de publicar a entrevista. Caso o jornal publique, os responsáveis poderão ser enquadrados em crime de desobediência de ordem judicial. "No caso em apreço, há elevado risco de que a divulgação de entrevista com o requerido Luiz Inácio Lula da Silva, que teve seu registro de candidatura indeferido, cause desinformação na véspera do sufrágio, considerando a proximidade do primeiro turno das eleições presidenciais", argumentou Fux.
O jornal paulista já tinha solicitado autorização judicial para fazer a entrevista, mas o pedido fora negado pela Justiça Federal do Paraná. A decisão de Fux será submetida a referendo do plenário do STF, mas já tem eficácia imediata.
O Globo sexta, 28 de setembro de 2018
TESOUREIRO DE HADDAD É RÉU EM AÇÃO POR CAIXA 2
Tesoureiro de Haddad é réu em ação por caixa 2 na campanha de 2012
Francisco Macena foi denunciado em maio pelo recebimento de R$ 2,6 milhões de empreiteira para pagar dívidas eleitorais
POR O GLOBO
/ atualizado
SÃO PAULO - O tesoureiro do candidato à Presidência Fernando Haddad (PT), Francisco Macena, é réu desde junho deste ano em uma ação na Justiça Eleitoral de São Paulo por caixa dois na eleição de 2012. Naquele ano, Haddad foi eleito prefeito de São Paulo, e Macena atuou como seu tesoureiro. Ele foi denunciado em maio passado pelo recebimento de R$ 2,6 milhões de caixa dois da empreiteira UTC para pagar dívidas da campanha de 2012 de Haddad.
A acusação foi do Ministério Público Eleitoral. Na mesma ação foram denunciados Haddad, o ex-tesoureiro nacional do PT João Vaccari Neto e o dono de gráficas Francisco Carlos de Souza.
Em junho, o juiz eleitoral Francisco Shintate aceitou a denúncia. Uma audiência para tentar um acordo que poderá levar ao arquivamento da ação foi marcada para novembro
A investigação começou em 2016, com o desdobramento da Operação Lava-Jato, a partir das delações do empresário Ricardo Pessoa, da UTC. Ele diz que, depois da campanha eleitoral de 2012, da qual Mecena foi tesoureiro, recebeu a visita de Vaccari. Segundo ele, o petista queria que a UTC pagasse uma dívida do partido com uma gráfica, no valor de R$ 3 milhões.
De acordo com o promotor Luiz Henrique Dal Poz, o pedido de contribuição foi renegociado para R$ 2,6 milhões. Para Dal Poz, a campanha de Haddad usou notas fiscais inidôneas para prestar contas.
Outra denúncia que envolve Macena em suspeitas de caixa dois foi relatada pela empresária Mônica Moura, mulher do marqueteiro João Santana. Em delação, ela afirmou que Macena sabia dos pagamentos de caixa dois para João Santana pela Odebrecht durante a campanha de 2012 porque participou de reuniões entre a empresária, Vaccari e o ex-ministro Antonio Palocci.
— Ele era o responsável pela parte oficial (do dinheiro) mas sabia também da parte (dos pagamentos) por fora — afirmou Mônica.
Depois de ser tesoureiro em 2012, Macena ocupou, por duas vezes, o cargo de secretário na gestão de Haddad na prefeitura . Ele também foi vereador na capital paulista. Na eleição deste ano, assumiu o caixa da campanha após Haddad ter sido anunciado como candidato ao Planalto no lugar do ex-presidente Lula.
ACUSADOS NEGAM
A defesa de Haddad diz que considera os depoimentos da empresária “frágeis e contraditórios” porque não apresenta “nenhuma prova material”. “É importante ressaltar que ela jamais disse que Fernando Haddad participou de qualquer conversa sobre pagamentos informais”, afirma.
Sobre as investigações a partir do depoimento de Pessoa, a defesa de Haddad diz que o “personagem já teve oito de suas delações desmentidas ou consideradas impossíveis de serem provadas”. “Pessoa teve seus interesses contrariados nos primeiros dias da gestão Haddad, quando o então prefeito cancelou as obras do túnel da avenida Roberto Marinho por claros indícios de superfaturamento”, diz.
Outros três ex-tesoureiros do PT — Delúbio Soares, Paulo Ferreira e Vaccari — já foram condenados na Lava-Jato. Vaccari e Delúbio estão presos em Curitiba. Além disso, José de Filippi Junior, tesoureiro das campanhas presidenciais do PT em 2006 e 2010, e Edinho Silva, tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff em 2014, também foram citados em investigações. Em agosto, Filippi foi denunciado, junto com Haddad, pelo Ministério Público de São Paulo numa ação de improbidade administrativa.
Macena nega ter cometido ilegalidades. A advogada dele, Danyelle da Silva Galvão, nega que Macena tenha participado de encontros em que tenham sido tratados pagamentos de caixa dois eleitoral:
— O Chico não participou de reunião nem nunca teve conhecimento de dinheiro por fora na campanha.
O Globo quinta, 27 de setembro de 2018
CAMPANHA COM LULA PRESIDENTE É INVESTIGADA EM PELO MENOS 5 ESTADOS
Campanha com Lula já é investigada em pelo menos cinco estados
Petista aparece como candidato a presidente em santinhos
POR IGOR MELLO
/ atualizado
Bem vindo ao Player Audima. Clique TAB para navegar entre os botões, ou aperte CONTROL PONTO para dar PLAY. CONTROL PONTO E VÍRGULA ou BARRA para avançar. CONTROL VÍRGULA para retroceder. ALT PONTO E VÍRGULA ou BARRA para acelerar a velocidade de leitura. ALT VÍRGULA para desacelerar a velocidade de leitura.Ouça este conteúdo0:0004:22Audima
RIO — O uso irregular de material de campanha divulgando a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, anulada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foi alvo de queixas em pelo menos cinco estados. As denúncias — feitas por eleitores, coligações adversárias ou o Ministério Público Eleitoral (MPE) — foram registradas na Bahia, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Lula foi considerado inelegível pelo TSE, por seis votos a um, na madrugada do dia 1º de setembro, e está preso desde abril deste ano em Curitiba. Ele foi condenado a 12 anos e um mês de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O tribunal já decidiu que, “em qualquer meio ou peça de propaganda eleitoral,” é proibido apresentar Lula como candidato ou apoiá-lo nessa condição.
O caso mais avançado é o de Santa Catarina, denunciado pelo MPE na última segunda-feira. O órgão relatou ter recebido “inúmeras denúncias”, registradas em oito procedimentos, sobre “material de propaganda eleitoral vinculando candidaturas regionais ao ex-presidente Lula como candidato a presidente da República”, enviado inclusive como correspondência.
A Justiça Eleitoral catarinense autorizou mandados de busca e apreensão em cinco centros de distribuição dos Correios, um diretório estadual do PT e os comitês de campanha de dois candidatos. O partido recorreu ao TSE. O processo aguarda uma decisão definitiva do ministro Admar Gonzaga, que pode ser proferida a qualquer momento.
No Piauí, um vídeo denunciando a distribuição de santinhos da deputada estadual Flora Izabel (PT) tendo Lula como candidato viralizou nas redes sociais. A Procuradoria Regional Eleitoral do Piauí pediu a abertura de um inquérito pela Polícia Federal (PF) para apurar possíveis irregularidades. Em um vídeo, Flora negou ter cometido irregularidades: “Esse santinho foi confeccionado antes da impugnação da candidatura do companheiro Lula. Nele tem sua tiragem, comprovando o que estou falando”, argumentou.
As autoridades também confirmaram o recebimento de denúncias na Bahia e no Rio Grande do Sul. No estado nordestino, duas representações foram apresentadas pela coligação liderada pelo DEM, do prefeito de Salvador, ACM Neto.
Nesta segunda, O GLOBO mostrou que a PF e a Procuradoria Regional Eleitoral do Rio de Janeiro abriram inquéritos para investigar a distribuição no estado de material de campanha que sustenta a candidatura de Lula.
DEM E PSL DENUNCIAM
O nome dos candidatos não foi revelado. Esta semana, o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) protocolou uma representação no TSE denunciando a distribuição de impressos com o nome de Lula no Rio e em São Paulo. Ele pediu a expedição de mandados de busca e apreensão em todos os comitês da campanha de Haddad. A Procuradoria-Geral Eleitoral se manifestou contrariamente, mas defendeu a aplicação de multa à campanha petista, que “vem demonstrando recalcitrância (teimosia) quanto ao cumprimento das decisões”.
Em nota, o comitê de Fernando Haddad se exime de responsabilidade pelos materiais distribuídos nos estados com referências ao ex-presidente Lula: “A campanha cumpre a legislação. Quando houve a substituição do candidato Lula por Fernando Haddad, a direção da campanha notificou oficialmente todos os diretórios regionais para adequar o material de divulgação. Não vamos comentar ações e investigações sobre as quais não fomos notificados”.
O Globo quarta, 26 de setembro de 2018
ADRIANA ESTEVES, UMA ATRIZ QUE ILUMINA MUITAS TELAS
driana Esteves, uma atriz que ilumina muitas telas
PATRÍCIA KOGUT
Adriana Esteves em 'Assédio' (Foto: Ramón Vasconcelos/ TV Globo)
No capítulo de anteontem de “Segundo Sol”, Adriana Esteves apareceu em duas sequências fortes. Primeiro, Laureta voltou da cadeia, retomou a rédea do seu bordel e selou a boa maré elogiando o champanhe num banho de banheira com Ícaro (Chay Suede). Mais adiante, ela ressurgiu numa troca de tapas com Karola (Deborah Secco). Foi outro momento chave e eletrizante da noite. Adriana tem repertório dramático. Até aqueles que apostaram que a atriz reproduziria agora a Carminha de “Avenida Brasil”, a esta altura, já admitem que ela é uma profissional de muitos recursos e está fazendo diferente. Com isso, escapa das consequências da praga da repetição de elencos na Globo. Quem se cansa de apreciar o trabalho dela?
Por isso, vale conferir o seu desempenho em “Assédio”, série de Maria Camargo que chegou ao Globoplay. Nela, Adriana volta a ser dirigida por Amora Mautner, repetindo a bem-sucedida parceria de “Avenida Brasil”. Sua personagem, Stela, é a primeira vítima de Roger Sadala (Antonio Calloni), o especialista em fertilização inspirado em Roger Abdelmassih. Trata-se de uma jovem mulher que já passou por muitos degraus de sofrimento no esforço de engravidar. Esgotados todos os recursos — inclusive financeiros —, ela e o marido pegam dinheiro emprestado para essa última tentativa. Por ser a primeira de uma fila de vítimas do assediador, a personagem tem uma missão adicional: ela pauta a série, dá o tom do que acompanharemos a seguir. E a atriz impressiona.
O Globo terça, 25 de setembro de 2018
OPÇÕES PARA ADEPTOS DO NUDISMO
De restaurante a cruzeiro, não faltam opções para adeptos do nudismo
Hospedagem compartilhada, viagem pelo Caribe e jantar em Paris
POR O GLOBO
RIO - Muito além das praias e parques. Os viajantes fãs de naturismo têm diversas opções para curtir as férias sem se preocupar muito em se vestir. De cruzeiros até jantares em que as pessoas confraternizam como vieram ao mundo, confira alguns:
Cruzeiro. A Bare Necessities Tour & Travel é uma das empresas que tem passeios pelo Caribe, Pacífico Sul e Mediterrâneo em navios de cruzeiros exclusivos para naturistas. O "Big Nude Boat" passa por locais como as Bahamas, o México e a Jamaica. A próxima saída é em janeiro de 2019 e as embarcações contam com diversas atrações, como bares, discoteca, cassino e shows.
Para viajar pelado pelos mares, há regras: os viajantes devem ter uma toalha com eles o tempo todo, para colocar em superfícies onde vão se sentar. Também não podem tirar fotos e vídeos nas áreas demarcadas com o sinal de "zona sem foto" ou em qualquer local sem a permissão de outros.
Hospedagem. O Naturism Bnb é um site de aluguel de imóveis por temporada totalmente voltado para o nudismo. O serviço, que vale para anfitriões e hóspedes, reúne propriedades variadas, que vão de chalés no campo a apartamentos em áreas urbanas, cabanas na praia, veleiros e até casas na árvore.
O continente com o maior número de imóveis inscritos é a Europa. Há propriedades também em diversas cidades dos Estados Unidos. México e países no Caribe também têm ofertas e, na África, Marrocos e na África do Sul estão na lista.
As regras são: respeitar as áreas onde o nudismo é admitido, carregar sempre uma toalha consigo, tomar uma ducha antes de entrar em uma sauna ou piscina, nunca fotografar alguém sem permissão e não se comportar de maneira sexual.
Restaurante. Há restaurantes exclusivos para nudistas em algumas cidades do mundo, como Londres, Tóquio e, desde o ano passado, Paris. No "O'Naturel", que abriu no final de 2017, o cliente deixa a roupa - e o smartphone -, no guarda-roupa e fica somente com as sapatilhas oferecidas pela casa. As cadeiras são forradas com um tecido preto "de uso único". Os pratos do restaurante custam 49 euros.
O Globo segunda, 24 de setembro de 2018
VERSÁTIL, A TAPIOCA É MUITO MAIS DO QUE O NOVO PÃO
Versátil, a tapioca é mais do que o novo pão
Chefs mostram toda a polivalência da goma da mandioca
POR PRISCILLA AGUIAR LITWAK
/ atualizado
NITERÓI — Herança dos índios, a tapioca teria se popularizado após um período de escassez de farinha de trigo em Pernambuco. A iguaria rompeu as fronteiros do estado nordestino e passou a ser facilmente encontrada em todo o país, tornando-se um patrimônio brasileiro. Queridinha dos adeptos de uma dieta mais light, a goma de mandioca é cada vez mais usada como substituta do bom e velho pão. E tal qual o pão, ela também pode ser consumida de várias maneiras. Mas sua versatilidade não se limita ao recheio, que vai do tradicional que leva coco ou manteiga aos mais incrementados, como carne-seca com catupiry e morango com chocolate. A goma de mandioca pode ser incorporada a petiscos, como o queijo brie em crosta de tapioca disponível no Olimpo; e ao brownie fit, servido com sorvete de tapioca no Família Paludo.
De tapioca, R$ 15, cada, da MP Tortas Boutique (2437- 9936)Foto: Fernando Frazão / Divulgação
O Atelier dos Sabores levou o Yuca (pão de queijo de massa de tapioca) para o cardápio do Café Reserva: 16 unidades custam R$ 19,90Foto: Divulgação/ Vitor Faria
Biju de tapioca de carne-seca com catupiry, R$ 29,90 do Bibi Sucos (2574-9444)Foto: TomasRangel / Divulgação
A Porto do Sabor (3040-1605) tem tapioca napolitana recheada com queijo, tomate, orégano e blanquet, por R$ 9,90 Foto: Rodrigo Azecedo / Divulgação
De tapioca com coco (R$ 6,90, com uma bola, e R$ 11,90 com duas), da Beijo & Beijo (3890-0607)Foto: Berg Silva / Divulgação
Canjica de tapioca brûlée, R$ 12, do Bar Kalango (2504-0088)Foto: Divulgação/Eduardo Almeida
O Bar Raízes (2567-8692) tem pudim de tapioca com doce de leite e farofa de coco queimado com amendoim. Custa R$ 9Foto: Oseias Barbosa / Divulgação
Canjica de tapioca brûlée, R$ 12, do Bar Kalango (2504-0088)Foto: Eduardo Almeida/Estudio Semente / Divulgação
Dados de tapioca com queijo coalho servidos com rabada desfiada e agrião (R$ 32,90, a porção com 12) do On Tap Pub (3040-2071)Foto: Divulgação/Felipe Fittipaldi
O Bar Raízes (2567-8692) tem pudim de tapioca com doce de leite e farofa de coco queimado com amendoim. Custa R$ 9Foto: divulgação/oseias barbosa
De tapioca com calda de melado na cachaça envelhecida R$ 16,40, do Aconchego (2273-1035Foto: Eduardo Almeida / divulgação/eduardo almeida/estúdio semente
ONDE ENCONTRAR:
Bibi Sucos Icaraí: Estabelecimento serve vários sabores de tapioca, e entre os destaques está a de carne-seca com catupiry, tomate e cebola: R$ 29,90. Rua Mariz e Barros 90, lojas 101 e 102, Icaraí. Telefone: 2722-5000.
Café Reserva: O Atelier dos Sabores levou o Yuca (pão de queijo de massa de tapioca) para o cardápio do Café Reserva: 16 unidades custam R$ 19,90. Rua Nóbrega 189, Jardim Icaraí. Telefone: 3602-3535.
Família Paludo: Na sobremesa da Família Paludo, a tapioca é servida na versão sorvete, acompanhando o brownie de cacau fit (com flocos de amaranto) junto a caldas de kinkan e de frutas vermelhas: R$ 31. Avenida Quintino Bocaiúva 247, São Francisco. Telefone: 2715-3205.
Olimpo: Estação Hidroviária de Charitas, na Avenida Quintino Bocaiúva s/nº, 2º piso. Telefone: 2711-0554.
Mr. Fit: O wrap de tapioca com ganache de chocolate meio amargo e morango é uma das opções do Mr. Fit: a R$ 11,90. Pátio Alcântara, na Praça Carlos Gianelli s/nº, São Gonçalo. Praça de alimentação. Telefone: 3856-2050.
O Globo domingo, 23 de setembro de 2018
INCERTEZA AINDA MARCA HADDAD
Economicamente com um pé em cada canoa, incerteza ainda marca Haddad
Candidato é ambíguo e se divide entre acenos ao mercado e as disputas internas em seu partido
POR MARCELLO CORRÊA / SÉRGIO ROXO
RIO - Fernando Haddad é um intelectual de esquerda que se equilibra entre diferentes correntes de pensamento em busca de moderação. Candidato do PT à Presidência, é formulador de um plano de governo temido pelo mercado por não priorizar o ajuste nas contas públicas. Mas, quando foi prefeito de São Paulo, fez uma gestão marcada pela responsabilidade fiscal. Nestas eleições, recebe críticas por defender uma política econômica considerada intervencionista. No passado, criticou o represamento de preços como forma para conter a inflação, adotado no governo Dilma Rousseff. A duas semanas das eleições, é visto como ambíguo: acena ao mercado, enquanto tenta manter apoio entre aliados.
O paralelo mais frequentemente traçado para imaginar o que seria um governo Haddad é com o primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, principalmente em relação à política fiscal. Cumprindo o que prometeu na “Carta ao Povo Brasileiro”, o ex-presidente orquestrou um forte ajuste, que garantiu superávit primário (economia para pagar juros da dívida pública) de 4,25% do PIB. O exemplo oposto é a passagem de Dilma pelo Planalto, cuja gestão das finanças públicas é criticada até por integrantes do PT.
A prefeitura de Haddad em São Paulo, entre 2013 e 2016, é considerada responsável. O petista entregou a cidade ao sucessor João Doria (PSDB) com cerca de R$ 3 bilhões em caixa e grau de investimento, chancela de bom pagador conferida por agências de classificação de risco, graças a uma renegociação de dívidas com a União. Ao longo do mandato, promoveu corte de gastos.
Em pelo menos duas oportunidades, em 2013 e em 2015, editou decretos determinando a renegociação de contratos para redução de 20% dos gastos de custeio. Segundo dados do Tribunal de Contas do Município (TCM), seu mandato terminou com 37,3% da receita comprometidos com gasto de pessoal, bem abaixo do limite de 60% da Lei de Responsabilidade Fiscal.
O programa do PT ressalta a importância de manter o equilíbrio fiscal, mas diverge dos adversários em relação à necessidade de um ajuste. Na avaliação da sigla, primeiro é preciso fazer o país voltar a crescer. A consequência seria o reequilíbrio das contas. Economistas ortodoxos veem a ordem inversa: política fiscal responsável leva ao crescimento.
Como a prefeitura não é o Planalto, há dúvidas sobre o que esperar de um eventual governo Haddad. Para o economista Samuel Pessôa, crítico do PT e ex-colega do candidato, ainda não é possível decifrar o que ele faria, na prática:
— O que não está claro para mim é quanto disso tudo (propostas defendidas por Haddad) é apenas um discurso político para manter a base. A dúvida que a gente tem é: qual vai ser a gestão econômica dele? Vêm as maluquices que os assessores de Campinas falam ou vem o governo Lula do primeiro mandato?
A referência de Pessôa é aos economistas da Unicamp que ajudaram a elaborar o plano de governo do partido — Márcio Pochmann é um deles. Na semana passada, Haddad enviou um sinal ao diminuir a influência do economista, um heterodoxo mal visto pelo mercado, no programa do PT, durante sabatina promovida por SBT-Folha-UOL. Questionado sobre a avaliação de Pochmann de que a reforma da Previdência não era urgente, o presidenciável disse que o assessor foi apenas um entre “300 colaboradores” na elaboração do documento do PT.
Idade mínima
Na verdade, o economista era, ao lado Haddad e do ex-deputado Renato Simões, um dos cabeças na formatação geral do programa. Cuidou junto com o ex-prefeito da consolidação das propostas do eixo econômico. Também era um interlocutor frequente de Lula. Chegou, por um período, a coordenar um grupo de economistas que se reunia regularmente no instituto do ex-presidente Lula. Pochmann não quis comentar a fala do candidato do PT.
— A declaração sobre o Pochmann foi um recado claro para o mercado de que caminho o Haddad vai seguir na economia — afirma um aliado do candidato.
O presidenciável tem divergências antigas com o partido. Em artigo na revista Piauí no ano passado, ele narra que resistiu à ideia de segurar tarifas do transporte público, após ser pressionado por Dilma, que via na medida uma forma de segurar a inflação. “Argumentei que o represamento do preço da tarifa não seria um bom expediente para combater a inflação”, escreveu Haddad.
Hoje, o candidato é criticado por defender projetos vistos por economistas ortodoxos como intervencionistas. O principal deles, do qual o presidenciável não abre mão, é o que prevê a diminuição da tributação de bancos que reduzirem o spread (ganho das instituições com juros de empréstimos) e, consequentemente, elevação para os que não adotarem a prática.
Em outros pontos, no entanto, Haddad já demonstra alguma flexibilidade. De acordo com um aliado, ele deve estabelecer idade mínima na reforma da Previdência que apresentará caso seja eleito, mas com parâmetros diferentes para cada categoria. A medida não está prevista no programa.
Política é como velejar
Outro ponto previsto no plano que o candidato também não está disposto a seguir à risca é o que prevê que o Banco Central deve, ao definir a sua taxa de juros, levar em consideração não só a meta de inflação, como é hoje, mas também a geração de emprego. De acordo com um aliado, o petista não adotará a inovação imediatamente se perceber que o cenário não é favorável.
— Evidentemente, não vamos desconsiderar o mercado, mas não iremos nos guiar por ele — diz um dos coordenadores da campanha petista.
Um aceno importante é sobre o perfil do ministro da Fazenda em um eventual governo. Haddad quer um “pragmático, sem ser sectário”, o que inviabiliza a nomeação de um ortodoxo alinhado totalmente ao mercado.
Assessores estão autorizados a manter diálogo com o setor e também com o mundo empresarial. Mas a avaliação é que, se os gestos forem muito fortes, podem acabar desagradando à base lulista que hoje tem aderido a Haddad.
No mercado financeiro, a expectativa também é se o candidato será mais Lula ou mais Dilma — da qual o próprio Haddad é crítico.
— Se o Haddad seguir esse estilo, pode encaminhar algumas reformas e tentar apaziguar — analisa o economista André Perfeito, da Spinelli.
Uma das pedras no caminho do presidenciável petista pode ser o seu próprio partido. Se os descontentamentos do PT ganharem força, o candidato conta com Lula para enquadrar os líderes insatisfeitos.
— O Haddad fala que a política é como velejar. Nem sempre é possível traçar a rota exatamente como foi planejada. O programa é uma diretriz. Os pontos não são obrigatórios — conta um aliado.
O Globo sábado, 22 de setembro de 2018
SETE DICAS PARA FUGIR DA PROCRASTINAÇÃO
Confira sete dicas para fugir da procrastinação
Os conselhos da orientadora pessoal e psicóloga Wanessa Moreira
POR O GLOBO
Organizar o armário, definir metas antes de dormir e até imaginar os resultados. Tudo isso ajuda a não adiar nossos compromissos. Como recomenda a orientadora pessoal e psicóloga Wanessa Moreira, para evitar a falta de tempo, vale reservar horários para determinadas obrigações e usar alarmes para não se esquecer de nada.
1. Comece pela reflexão
Pergunte-se diariamente: “Fiz o melhor que podia por mim hoje?” É importante não se deixar para depois, porque a vida não tem o botão de pausa. Aproveite cada momento para fazer o seu melhor, mesmo nas coisas mais simples. Assim, você já começa a criar o hábito de estar em dia com as realizações pessoais.
2. Mentalize algumas tarefas
Antes de dormir, defina três metas para serem alcançadas no dia seguinte e mentalize a execução dessas tarefas. Assim, o cérebro entra em contato com a ação, que, por sua vez, se tornará familiar. Há mais chances de atingir os objetivos dessa forma.
3. De fora para dentro
Seu armário está uma bagunça? Então tire um tempo e faça uma organização. O mesmo vale para o escritório e a casa. Você pode até não imaginar, mas acredite: a maneira como nos organizamos do lado de fora reflete em como nos organizamos por dentro. Trata-se de um bom exercício contra a procrastinação.
4. Olhe para o horizonte
Qual sentimento você vai ter quando cumprir uma determinada tarefa? Pensar nisso pode trazer justamente aquele estímulo que faltava para os procrastinadores de plantão.
5. Lembretes nunca são de mais
A falta de tempo é um motivo recorrente para deixar aquele dever de lado. Estabeleça um horário por dia para realizar o que é necessário e ative alarmes para não se esquecer.
6. Não desperdice seu tempo
O hábito de ficar muitas horas navegando na internet e nas redes sociais pode ser um grande “ladrão” de tempo e foco. Resolva o que é necessário e, sempre que puder, “fuja” desses locais que podem tirar a sua atenção.
7. Para não se frustrar
Não espere que tudo esteja perfeito para realizar uma ação. Faça e vá melhorando a cada novo passo. Se você não começar a agir, as coisas nunca sairão como gostaria. Cada experiência vai trazer um novo aprendizado sobre como melhorar na próxima vez
O Globo sexta, 21 de setembro de 2018
SAIBA QUAIS SÃO OS DEZ GOLPES MAIS COMUNS CONTRA O CONSUMIDOR
Saiba quais são os dez golpes mais comuns contra o consumidor
Um em cada três brasileiros foi vítima de links mailiciosos no 1º semestre de 2018
POR MARCELA SOROSINI
/ atualizado
RIO - Os golpes contra os consumidores não param. Por telefone, WhatsApp ou pelo banco, os criminosos criam armadilhas cada vez mais engenhosas para atrair vítimas.
Somente no primeiro semestre deste ano, a PSafe detectou 120 milhões de links maliciosos. Aproximadamente um em cada três brasileiros foi alvo nos primeiros seis meses do ano. O número é 95,9% maior que o registrado no mesmo período de 2017. Isso significa que foram detectados oito links maliciosos por segundo, o equivalente a mais de 28 mil por hora. Os homens acessaram o dobro de links maliciosos no segundo trimestre deste ano, em comparação com as mulheres.
A principal forma de ataque cibernético foi o pishing (mensagens falsas) via aplicativo de mensagem (57,4%), em que circula um link para uma página web de uma oferta falsa, que induz o usuário a fornecer seus dados pessoais e/ou compartilhar um link com seus contatos em troca de alguma vantagem.
Em seguida, aparecem publicidade suspeita (19,2%), notícias falsas (7%), pishing de e-mail (4%), pishing bancário (3,8%), golpe do SMS pago (3,1%) e pishing de premiação falsa (3%).
Segundo o diretor do Dfndr Lab, Emilio Simoni, os hackers se aproveitam de grandes eventos para intensificar os ataques:
— Isso aconteceu com a Copa do Mundo, que foi alvo de pelo menos 69 golpes, sendo que 98,1% prometiam camisas da Seleção. O mesmo deve acontecer com as eleições agora. O objetivo final desses golpes é sempre é ganho financeiro.
Advogado especialista em direitos do consumidor e fornecedor, Dori Boucault ressalta que idosos costumam ser as vítimas preferidas.
— As pessoas acreditam em falsas notícias espalhadas pela rede e facilitam a entrada de golpistas em suas casas.
O Globo quinta, 20 de setembro de 2018
NOVIDADES GASTRONÔMICAS DE PETRÓPOLIS, ITAIPAVA E ARARAS
NFIRA NOVIDADES GASTRONÔMICAS DE PETRÓPOLIS, ITAIPAVA E ARARAS
No cardápio, pratos e bebidas para a temporada de primavera e verão
POR CAROLINA MAZZI /FOTOS: BÁRBARA LOPES
/ atualizado
PETRÓPOLIS - Dá para acordar e escolher o ovo do café da manhã ainda no galinheiro, visitar a horta orgânica de onde saem temperos que vão ao prato no almoço ou ter um jantar saudável num prédio colonial do século XIX. Estas são algumas das experiências que aguçam o paladar numa visita à Região Serrana do Rio, num roteiro que passa por Petrópolis e seus distritos de Itaipava, Araras e Vale do Cuiabá.
Subir a serra é um dos programas favoritos dos cariocas desde a época de Dom Pedro I. Mas agora, com o dólar nas alturas, a região tem visto o movimento crescer ainda mais. No feriado de Sete de Setembro, a ocupação hoteleira chegou a 94,6%, segundo a ABIH-RJ (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis-Rio de Janeiro). A Secretaria de Turismo de Petrópolis (Turispetro) também tem números a comemorar: nos últimos cinco anos, houve aumento de 16,8% no total de empreendimentos hoteleiros, de 101 em 2013 para 118 em julho passado.
Sopa de truta defumada no Zelo Bistrô, no ValparaísoFoto: Bárbara Lopes / Agência O Globo
Frutos do mar à provençal, no Solar do Império, em PetrópolisFoto: Bárbara Lopes / Agência O Globo
Entradas do restaurante Tankamana: salada verde com presunto de parma, queijo de cabra e flores (alto/esquerda); Palmito pupunha temperado (alto/direita) e panelinha de escargotFoto: Bárbara Lopes / Agência O Globo
No Barão Gastronomia, patê de agrião com queijo curado da Serra e chips de limãoFoto: Bárbara Lopes / Agência O Globo
Joelho de porco no bar da Brewpoint, no Quitandinha, em Petrópolis Foto: Agência O Globo
Café da manhã servido no chalé do TankamanaFoto: Bárbara Lopes / Agência O Globo
La Belle Bruna: hamburguinho de salmão com alho poróFoto: Agência O Globo
Salada de quinoa com frutos do mar do Locanda Della MimosaFoto: Bárbara Lopes / Agência O Globo
A gastronomia é um dos carros-chefes na hora de atrair turistas, especialmente nesta época de baixa temporada, de setembro a abril. E, em muitos lugares, tem ganhado cada vez mais força a pegada orgânica, ecológica e sustentável. O chef Barão, do restaurante que leva seu nome, em Itaipava, é um dos profissionais que recorrem apenas a fornecedores locais.
— Parte da experiência gastronômica é se sentir dentro da cultura. Faço muita questão de usar produtos daqui, orgânicos, para não garantir apenas a qualidade e o frescor, mas para contribuir com a economia da região e dos pequenos produtores — diz. — Muitos pratos são elaborados pensando no que está sendo colhido na época.
Para começar, Petrópolis
Alguns dos restaurantes mais conceituados de Petrópolis ficam em hotéis e pousadas, como Tankamana, no Vale do Cuiabá, e Imperatriz Leopoldina, no Solar do Império, no centro da cidade. Ambos com cardápio assinado pelo chef belga Bertrand Materne.
O Solar oferece uma experiência das mais típicas. O casarão do século XIX que abriga o hotel e o restaurante é uma das muitas construções clássicas da Avenida Koeler. Por ali, também ficam o Palácio Rio Negro, a Catedral São Pedro de Alcântara, o Museu Casa de Santos Dumont e o Relógio das Flores. Ou seja, é ideal para quem não conhece ou deseja revisitar pontos turísticos da cidade.
O Imperatriz existe há 13 anos, mas é comandado por Bertrand há cinco. Das novidades do cardápio, o prato de frutos do mar à provençal, com arroz negro, palmito pupunha e tomate, é uma das apostas do chef para esta época. De entrada, o ovo poché com shiitake e a salada de queijo de cabra são boas pedidas para uma comida mais “serrana”. Também não vale sair sem provar o chá da tarde, de pâtisserie própria.
Além do uso de ingredientes orgânicos, outro fator que tem impulsionado o turismo gastronômico em Petrópolis é a cultura cervejeira. A história da cidade justifica a fama. Nela, foi instalada a primeira cervejaria do país, a Bohemia, em 1853. O prédio onde já funcionou a fábrica, que hoje é um museu interativo sobre a história da bebida, com direito a um restaurante, também fica coladinho a alguns pontos turísticos famosos, como o Palácio de Cristal.
Da Bohemia até hoje, surfando na onda das cervejarias artesanais, a cidade abriga 21 marcas locais.
A novidade no segmento é o bar da cervejaria Brewpoint, que abriu há menos de um ano. Além das cinco torneiras de chope com representantes da marca (destaque para a lager e a IPA), estão lá outras cinco, com grifes convidadas (Duzé, Da Corte, Imperatriz, Rústika Serra Velha e Saideira). O cardápio, do chef Daniel Lameirão, é pensado, claro, nas harmonizações com a prata da casa. O joelho de porco é o ponto alto das opções e tem bom custo benefício (R$ 39, para uma pessoa). De petisco, o torresmo (R$ 19), cozido na banha do próprio porco, vai bem com a pilsener. E, assim como a maior parte das atrações gourmet petropolitanas, a cervejaria fica em ponto privilegiado, ao lado do Palácio Quitandinha.
Toque artesanal
A truta, peixe mais famoso das montanhas fluminenses, não pode faltar. Há cerca de um mês, a chef petropolitana Gabriela Azeredo abriu seu Zelo Bistrô, no bairro do Valparaíso, com truta como carro-chefe. A casinha colonial com janelas azuis é um charme. Por isso mesmo, a recomendação, se o clima assim permitir, é degustar os pratos nas mesinhas de madeira, do lado de fora.
Experimente o caldo de truta defumada como entrada (R$ 19). Depois, siga para o peixe ao molho de vinho tinto acompanhado de risoto de limão siciliano (R$ 54). Há também pastel e croquete de truta, para petiscar. O peixe, conta a chef, é defumado de forma artesanal, por ela mesma.
O Zelo é o mais novo restaurante do Valparaíso, pedacinho de Petrópolis que tem se mostrado uma área gastronômica cada vez mais forte e criativa. Outros nove estabelecimentos estão por ali.
Itaipaiva: temporada primavera-verão
Itaipava é o distrito mais famoso de Petrópolis. Vez ou outra, é confundida como cidade independente. Gastronomicamente, pelo menos, tem lá seus bons motivos para isso. A diversidade de restaurantes e chefs da região é consagrada. Grande parte está localizada na Estrada União e Indústria, a principal da região, e que, respeitando a tradição petropolitana, é também histórica. Foi inaugurada em 1861 por Dom Pedro II, sendo uma das mais antigas do estado do Rio.
Estão lá os tradicionais Parrô do Valentim, Farfarello e bistrô Châteaux des Montagnes, entre outros. O restaurante Barão Gastronomia, do chef que batiza o local, virou referência pela cozinha original para a região, com ingredientes “exóticos” como carne de jacaré e javali. A decoração é divertida. Nos banheiros, pedaços de casca de ovo de avestruz, que ele chegou a criar para servir em seus pratos, adornam a parede.
O cardápio funciona no estilo menu degustação (seis pratos e uma taça de vinho por R$ 198, por pessoa), mediante reservas. A partir do dia 20, os pratos servidos incluem o de cabrito com chips de aipo e abobrinha, e pato com cogumelos gratinados. De entrada, o foie gras com beterraba e açafrão é destaque. Tudo, incluindo os derivados de animais servidos, são orgânicos e quase todos de produção local.
Quem também está com cardápio novo para a temporada primavera-verão é o restaurante da Pousada Locanda della Mimosa, que era comandada pelo chef Danio Braga (ele deixou a casa em junho). Quem está à frente da cozinha é o chef Jorge dos Santos. Para o menu desta temporada, que estreia em outubro, ele oferece pratos como a salada fria de quinoa preta com camarões (R$ 76) e a lasanha aberta de frutos do mar (R$ 98). O chá da tarde, com pães e bolos artesanais, também voltou ao menu.
Áreas um pouco mais isoladas têm boas opções
Em outras áreas da Região Serrana, como no Vale do Cuiabá e em Araras, o ideal é se hospedar em pousadas e hotéis que oferecem contato com a natureza preservada da região e dispõem de boas opções gastronômicas. As distâncias entre as atrações e as estradas nem sempre urbanizadas são outros bons motivos para fincar pouso nesses lugares por alguns dias. Mais: eles também têm investido em novidades para esta temporada. Dois exemplos são a Pousada Tankamana, no Vale do Cuiabá, e a La Belle Bruna, em Araras.
No caso da Tankamana, o restaurante tem cardápio assinado pelo chef Bertrand Materne, o mesmo do Solar do Império. Mas o foco das duas casas é bem diferente. Entre os pratos que entraram no cardápio da Tankamana, os que combinam com o friozinho têm destaque, como o risoto de cogumelos trufados (R$ 59), a panelinha de escargot à la creme (R$ 45) e o mignon ao molho shimeji com aspargos e purê de batata-baroa (R$ 78).
De entrada, a salada com flores, Parma, tomate fresco e queijo de cabra é a melhor pedida (R$ 38). O frescor dos alimentos se justifica. Na propriedade, são cultivados folhas, temperos e outros ingredientes que vão para o prato. Duvida? Dá para visitar a horta orgânica a qualquer momento. Aliás, vale a caminhada por toda a propriedade, que tem trilhas próprias.
Aos hóspedes, a dica é: não perca o café da manhã, também de pâtisserie própria, servido nos chalés, se assim for preferência, além do mergulho na piscina, de água aquecida, com vista para as montanhas.
A pousada La Belle Bruna, em Araras, é uma das que têm melhores condições de acesso, com caminho todo urbanizado. A propriedade fica na Estrada das Perobas, colada à montanha e com vista para a tradicional paisagem dos “mares de morros”.
A sensação é de estar num sítio. No galinheiro, estão os ovos que vão para o omelete do café, e há uma nascente de água que circula toda a propriedade. No restaurante, os pratos obedecem a lógica da casa de avó, todos no estilo comfort food. Hamburguinho de salmão com alho-poró (R$ 39,90) e frango recheado com queijo Gruyère (R$ 52) são alguns dos que fazem carinho no estômago — e são as mais recentes adições ao cardápio. O chefe Tiago Amaral gosta mesmo é da parte de pâtisserie e cada hóspede sai de lá com um bolinho caseiro de goiabada, ou laranja, para casa.
O Globo quarta, 19 de setembro de 2018
SAIBA O QUE ACONTECEU COM A AMBULÂNCIA EMPURRADA POR JOGADORES DE VASCO E FLAMENGO
Saiba o que aconteceu com a ambulância empurrada por jogadores de Flamengo e Vasco
POR MARLUCI MARTINS
Falta de bateria? Problema na ignição? Afinal, o que houve com a ambulância que teve de ser empurrada por jogadores de Flamengo e Vasco, no último sábado, em Brasília? Breno Bandeira, diretor da Med Aid, responsável pelo serviço médico no clássico, dá a sua versão: “Ficou a impressão de que a ambulância apagou, mas a questão é que ela estava pesada, com seis pessoas, e atolou na grama fofa do Mané Garrincha”, explicou, informando que o veículo transportava, além do volante Bruno Silva, o médico do Vasco, o socorrista, dois enfermeiros e o médico responsável.
O zagueiro Réver, do Flamengo, disse após a partida que os jogadores ofereceram ajuda depois que o motorista os informou que a ambulância não "pegava". Breno desmente o jogador: "Se alguém oferece ajuda, a gente aceita. Nosso objetivo principal era fazer o atendimento. Seguramente, a ambulância sairia dali sem o empurrão. Mas aquele era a forma mais rápida de sair dali. Tanto que o trajeto até o Hospital Home levou de 5 a 7 minutos".
O diretor lamenta a exposição negativa da Med Aid: "Não queríamos esse tipo de mídia. Tínhamos seis ambulâncias no estádio, três postos médicos e cem brigadistas".
O Globo terça, 18 de setembro de 2018
SEM BOLSA FAMÍLIA NA PROPAGANDA DE HADDAD RECEBEU ATÉ AGOSTO
'Sem Bolsa Família' na propaganda de Haddad, mulher recebeu benefício até agosto
Personagem da campanha terá benefício cancelado porque 'ultrapassou linha da pobreza'
POR BRUNO GÓES
/ atualizado
BRASÍLIA — Desde que se tornou o candidato do PT à Presidência, Fernando Haddadtem utilizado o Bolsa Família como uma das suas principais bandeiras de campanha. Na TV, o petista tem repetido o bordão de que “até o Bolsa Família já está sendo cortado” pelo governo do presidente Michel Temer. Há duas semanas, para dar um rosto a esse discurso, Haddad exibiu no horário eleitoral o depoimento de uma dona de casa que mostrava o cartão do Bolsa Família enquanto dizia: “quando Lula entrou, tinha esse benefício; agora, na gestão do Michel Temer, eu não estou tendo”. O GLOBO localizou em Guaribas, no interior do Piauí, a mulher do vídeo. Ao contrário do que sugere a gravação, a dona de casa Cleide da Rocha, 43 anos, recebeu o Bolsa Família até agosto, como comprova o extrato do seu cartão.
Questionada sobre os pagamentos, ela primeiro disse que estava sem receber "há seis meses". Depois, diante dos dados, admitiu ter recebido em agosto e deu explicações confusas para o suposto bloqueio do benefício nos meses anteriores.
Neste mês, a reclamação da dona de casa deve mesmo virar realidade. Ela deve deixar o quadro de beneficiários, mas por uma razão técnica, que já existia desde os governos do PT: a renda dela é superior ao limite de acesso ao programa. Pelas regra do Bolsa Família, só pode receber o benefício quem tem renda mensal familiar per capita de até 178 reais por pessoa. Cleide da Rocha, na mais recente atualização do seu cadastro, no dia 5 deste mês, declarou ter renda per capita de 468 reais, "ultrapassando a linha de pobreza, critério para recebimento do benefício", informou o Ministério do Desenvolvimento Social, por meio de nota.