A maior feira erótica da América Latina, a Sexy Fair, contará pela primeira vez com um concurso de drags dentro das atrações previstas para o evento, que acontecerá no Centro de Convenções SulAmérica, entre os dias 30 de abril e 5 de maio, no Centro do Rio. O concurso "Estrela Draglícia"acontecerá no último dia do evento e será aberto para os mais diversos tipos de manifestações artísticas, inclusive drag queers, drag kings e performers.
Os três termos não são novos neste universo, mas, segundo a drag queen Bárbara Pah, uma das organizadoras do concurso, houve uma preocupação em abrir espaço para outras expressões artísticas que fossem além das drag queens.
— Escolhemos jurados de vários núcleos, com várias histórias, vários exemplos para que isso estivesse presente no palco. Tem Plus Size, tem trans, tem as esquisitas, as menininhas, etc. Eu não preciso raspar meu sovaco para ser uma drag queen maravilhosa. Não tem padrão, o que a gente julga é a performance — disse Bárbara.
O concurso é dividido em três etapas. Dentre todas as inscrições, apenas 12 serão escolhidas para participar da competição. Na primeira etapa, haverá um júri técnico que escolherá seis pessoas para continuarem na briga. Na segunda fase, as drags precisarão fazer um desfile sensual, sem fugir das características individuais de cada uma, e o público escolherá apenas três. Na última etapa, as três sobreviventes farão uma apresentação musical de "lip sync" com uma música sorteada na internet. A decisão final caberá, novamente, ao público. O vencedor ou vencedora receberá um troféu e faixa estilizados, além kits de maquiagem, um jantar, roupas, produtos de sex shop, entre outros brindes.
De acordo com Vinícius Santos, conhecido como DJ Vino e um dos organizadores do concurso, drag é uma arte que não depende de gênero, nem de orientação sexual.
— A maioria da população acha que ser drag é ser como a Pablo Vittar, uma figura extremamente feminina e muito caricata. No concurso, nós não quisemos rotular ninguém como drag queen, rainha, coroa, nem nada, porque a nossa intenção era atrair todas as manifestações artísticas, inclusive drag kings, drag queers e performers — disse o DJ.
Esta será a quarta edição da feira erótica no Rio de Janeiro, e é a primeira vez que os organizadores dedicam um dia inteiro para o público LGBTQ+.
Com quase dois metros de altura, a drag queen Lorrayne Lovely será uma das juradas, além de ser a apresentadora oficial da feira. De acordo com ela, o evento ajuda na luta por respeito entre as mais diferentes expressões artísticas do universo drag, que existem há muito tempo.
— As pessoas gostam de falar que a gente precisa se acostumar com o novo. Eu não acredito que isso seja o novo. Eu sempre bato na tecla de que eu e todos nós sempre existimos, mas só agora estamos tendo mais liberdade de mostrar quem a gente é de verdade — disse Lovely, que é interpretada pelo professor de sapateado Breno de Souza.
Núbia Pinheiro, interpretada por Alexandre Ramos, também será uma das juradas do concurso. Alexandre é ex-office boy e se descobriu gay através do teatro e da arte drag. Há 21 anos performando, a drag queen torce para que o concurso consiga estimular essas manifestações artísticas e que as pessoas comecem a valorizar a arte drag no Brasil.
— É a minha autoestima. Eu sempre quis ser uma pessoa popular e nunca fui. A drag me fez ser uma pessoa querida, fez as pessoas virem até mim. Quando eu comecei a receber convite para fazer tv e colocava dinheiro para dentro de casa casa foi quando minha família começou a me ver diferente. Hoje em dia, minha família aceita, meus vizinhos aceitam, meu bairro aceita — disse ela. — A Núbia é tudo o que eu sempre quis ser.
Cerca de 50 mil visitantes são esperados durante os seis dias de evento. Além disso, os organizadores da feira insistem que todas as atrações possuem conteúdo erótico, e não pornográfico.
Camila Leite é uma das inscritas no concurso e interpreta a drag queen Milka, uma vampira. Seu primeiro contato com o mundo drag foi através do programa americano RuPaul's Drag Race, um show de talentos em que as competidoras participam de gincanas e provas que testam suas habilidades.
— Eu nem pensava que poderia existir uma mulher fazendo drag, mas como eu sempre fui meio alternativa e frequentava os shows, quando eu vi eu já estava performando. Fui lá e fiz — disse ela, que interpreta Milka há 4 anos.
O que significa cada termo?
Segundo Vino, cada termo representa uma parte da arte drag como um todo, podendo ser interpretado por qualquer pessoa, seja ela cis, trans, não-binária, etc.
Drag Queen: é a manifestação da arte drag através de um persona feminina, que vai ter traços, características e trejeitos de uma figura que seja facilmente identificada como uma figura feminina.
Drag King: é uma manifestação de arte drag na qual a pessoa se expressa através de uma persona masculina. Pode ter barba, bigode postiço ou de maquiagem, e você automaticamente identifica o personagem como uma figura masculina.
Drag Queer: transita pelos dois gêneros. É uma manifestação drag agênera ou andrógina. Você olha e não consegue, a princípio, identificar o gênero daquele personagem.
Performer: é uma pessoa de qualquer gênero que manifesta sua arte através de performances que podem transitar pelo esquisito, pelo masculino, pelo feminino, pelo andrógino, pelo extraterrestre, pelo fantasmagórico, pelo infantil, sempre de acordo com o estilo do artista.
Serviço
Sexy Fair 2019 - www.feiraerotica.com
Data: 30 de abril a 05 de maio
Local: Centro de Convenções Sul América
Endereço: Av: Paulo de Frontin, nº 01 - Cidade Nova – Centro – RJ
Ingressos à venda pelo site: www.ingressocerto.com