A casa das irmãs Juliana, de 23 anos, e Marina Lattuca, de 19, tem clima de ateliê. De um lado, alicates, miçangas, pedrinhas e que tais são transformados em acessórios por Juliana; do outro, bisnagas de tinta, pincéis e telas formam o espaço de Marina. Apesar de todo o convívio e do olhar fácil para a estética, as duas têm suas áreas bem definidas. “Tá aí, nunca trabalhamos juntas. Uma vez peguei um tubo de tinta vazio da Marina e fiz um brinco com ele. Mas isso não é uma collab , né?”, brinca Juliana, que sempre considerou Marina a intelectual da família. “Ela lê mil livros desde pequena, é sempre cheia de referências. E eu sempre fazendo miçanguinhas. Pensava nela como a cult da casa e eu a artesã da feirinha”.
Mas ela foi bem além: Juliana é sucesso com seus acessórios autorais. Por conta dos arcos de bola de encher e colares com palitos de fósforo que fazia na infância, ela começou a ser chamada para parcerias em marcas como Loja Três, Perky Shoes, Farm e Fábula. “Nos próximos meses, lanço mais um sapato com a Perky e um par de óculos com a Zerezes”. Além disso, Juliana cria balangandãs (de bolsa feita com cuscuzeira a brincos de iscas de peixe) e posta no @garotioulegal, que esta semana ganhou um espaço dentro do Clube Melissa, em Ipanema. “É tudo ao mesmo tempo: também trabalho no escritório de criação Hardcuore, na função de Community Manager”.
Marina lembra das mil vezes em que foi a manequim de Juliana e como adorava ser enfeitada com os acessórios criados pela irmã mais velha. “Fomos sempre muito próximas e estimuladas a termos vários interesses”, conta Marina, acrescentando a profissão do pai e da mãe: engenheiro civil e designer, respectivamente. Ela acaba de grafitar um painel gigante, de 17 metros de altura, na Zona Portuária. “É um desdobramento da série ‘Moinhos de gente’. Como o tema dos muros da região é amor, transformei os moinhos em comunhão”, diz a artista plástica e estudante de Jornalismo.
A literatura e a arte chegaram misturadas à vida de Marina. Mas foi há quatro anos que ela começou a pintar com mais convicção, tanto que, em 2017, foi para Veneza fazer uma residência. “Ganhei segurança”, comenta ela, que, como boa jovem múltipla da geração Z, divide-se entre a face de artista e a de jornalista, em seu estágio na Globo Lab Dados. “Na arte, estou fazendo a série ‘Vida de gado’; na comunicação, meu trabalho é focado em mídias digitais”, conta.
As Lattucas são muitas em duas.