Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)
Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.
O Globo domingo, 07 de abril de 2019
BAR JAPONÊS VEGANO
Yasai Natural Sushi, um bar japonês vegano onde tudo funciona
Em Ipanema, a vez dos cogumelos, legumes e frutas em vez de peixes
05/04/2019 - 04:30 / Atualizado em 05/04/2019 - 10:05
A placa na calçada, em frente à loja onde já esteve o japonês Bentô, diz logo a que veio o original Yasai Natural Sushi: “Aqui a maré está para vegetais”, avisa o primeiro sushi bar vegano da Zona Sul (tem um box dentro de um supermercado na Barra). Ali, os verdes são as estrelas do cardápio assinado pela chef naturalista Natália Luglia.
Mergulhar nesse mar de frutas e verdes chega a ser divertido: poder desfrutar da criatividade de uma cozinha que, mantendo a estética japa, troca atum, salmão e peixes brancos por cogumelos, abobrinha, berinjela ou morangos, abacate, melão... Onde “ovas” são bolinhas de sagu coloridas e temperadas com beterraba, cenoura ou cúrcuma. E o arroz do sushi pode ser colorido ou substituído por flocos de couve-flor em tons de beterraba, abóbora, cenoura. Tudo e todos (incrível!) funcionam bem.
Experimentamos coisas como sushi com cogumelos, abacate e maionese de inhame; califórnia de “arroz” de couve-flor com cúrcuma, manga, pepino, tofu rosa e gergelim (R$ 8,30); e o togu hot roll, quente, com patê de cogumelos, arroz amarelo (com cúrcuma) e maionese de nirá (R$ 14, dois). Você pode ir até a bancada do sushi bar e montar o combinado, escolhendo os toppings e o tipo de “arroz” (R$ 33,90, 12 peças) e sua dupla de wraps (R$ 24,90).
Tomamos ban-chá com frutas e servido on the rocks , com canudo de vidro (enorme), e manuseamos (com dificuldade) os hashis de alumínio, a louvável bossa nova da casa. Soube depois que os donos do espaço estão também à frente da La Fruteria, a boutique de frutas e verduras vizinha dali, o que torna mais fácil de entender a proposta do Yasai, que, aliás, quer dizer vegetal em japonês. Tá tudo em casa.
O Globo sábado, 06 de abril de 2019
DEZ LIVROS SOBRE MULHERES
Dez livros sobre mulheres que todo homem deveria ler
Entre ficção e não ficção, listamos obras que ajudam a compreender como a construção cultural do papel feminino influência a maneira como elas experimentam e sentem o mundo
Alice Cravo*
06/04/2019 - 08:20 / Atualizado em 06/04/2019 - 08:21
RIO - Se você nunca ouviu um “fiu-fiu” ou “linda” no pé do ouvido enquanto andava pela rua, provavelmente você é um homem. Mas, se chegou até aqui, é porque está interessado em entender a experiência da mulher. No clássico "O segundo sexo", que não está na lista abaixo mas o indicamos com vontade em qualquer tempo, Simone de Beauvoir diz que "ninguém nasce mulher, torna-se mulher". E é essa construção cultural do papel feminino que só mesmo elas, que a vivem na pele, conhecem. Por isso preparamos uma lista de dez livros, entre ficção e não-ficção e assinados por mulheres, que mostram como o mundo é visto e sentido por elas. Se joguem na lista com amor, homens!
"A amiga genial", de Elena Ferrante
"A amiga genial" é o primeiro título da Série Napolitana, composta por quatro livros, da autora Elena Ferrante.
No primeiro romance, conhecemos a infância e adolescência de Elena Greco, uma menina criada em uma vizinhança pobre de Nápoles na década de 1950.
Elena, conhecida como Lenu, era a menina mais inteligente da escola, até a chegada de Rafaella Cerullo, a Lila, que chama atenção pela sua rebeldia e excepcional inteligência.
Pelos olhos de Lenu, acompanhamos uma narrativa íntima sobre as vidas das meninas e os desafios enfrentados por elas que acreditam no estudo como a única alternativa para escapar do mesmo destino de todas as mulheres do bairro: casa, filhos e servidão ao marido.
Mais do que um romance sobre a intensidade e a complexa dinâmica da amizade entre as meninas, Elena Ferrante traz assuntos como a violência doméstica, a síndrome da impostora, relacionamentos abusivos e autoestima.
"O conto da Aia", de Margareth Atwood
Escrito em 1985, o romance de Margareth Atwood continua atual. A ficção futurística da autora se passa em um Estado teocrático e totalitário, onde as mulheres são as principais vítimas de opressão e passam a ser consideradas propriedades do governo.
No romance, conhecemos a história das aias, cuja única função social é a procriação. Elas vivem em um estado máximo de submissão e são torturadas em casos de desobediência.
As aias são entregues aos generais do Estado, que as estupram em rituais religiosos até que engravidem. Após o nascimento do bebê, elas são obrigadas a se separar das crianças, que não são consideradas suas filhas.
A história é contada por Offred, uma aia que, assim como todas as outras, foi obrigada a se separar de familiares e a abandonar toda a sua vida de antes do golpe. No romance, ainda conhecemos Ofglen, uma aia seriamente punida por sua sexualidade.
"O conto da Aia" é um bom romance para quem deseja ver sob os olhos de uma mulher os horrores dos abusos e da submissão.
"Americanah", de Chimamanda Ngozi
O livro escrito por Chimamanda Ngozi conta a história de Ifemelu, uma jovem nigeriana que tem a sua vida modificada pelo governo militar que se impõe sobre a capital da Nigéria, Lagos, sua cidade.
No ápice de um romance com Obinze, a menina se vê pressionada a mudar para os Estados Unidos, onde acredita ter uma alternativa às universidades nacionais, paralisadas por sucessivas greves, além da promessa de qualidade de vida.
Mesmo com destaque no mundo acadêmico, Ifemelu se depara, pela primeira vez, com questões raciais, além das dificuldades que precisa enfrentar por ser uma mulher, negra e nigeriana nos Estados Unidos.
"Quem tem medo do feminismo negro?", de Djamila Ribeiro
O livro reúne um ensaio autobiográfico e uma seleção de artigos originalmente publicados por Djamila Ribeiro, uma filósofa, feminista e acadêmica brasileira, entre 2014 e 2017.
Em muitos textos, Djamila reage a situações do cotidiano, destrinchando conceitos e apontando situações machistas e racistas. Entre os temas abordados pela acadêmica, estão a intolerância às religiões de matriz africana, as políticas de cotas raciais e as origens do feminismo negro nos Estados Unidos e no Brasil.
O livro é uma boa opção para quem entender o machismo e o racismo presentes em nossa sociedade.
"Eu sou Malala", de Malala Yousafzai
“Eu sou Malala” é o relato autobiográfico de Malala Yousafzai, a menina que aos 15 anos sofreu uma tentativa de assassinato pelo Talibã por defender o direito das mulheres a estudar.
Malala vivia no vale do Swat, uma região no norte do Paquistão dominada pelo Talibã. Em 9 de outubro de 2012, foi atingida por um tiro na cabeça dentro do ônibus escolar enquanto voltava para casa.
Após uma recuperação milagrosa, Malala começou a viajar pelo mundo contando a sua história e se tornou a mais reconhecida ativista da luta pelo direito à educação feminina, chegado a receber o Prêmio Nobel da Paz com apenas 16 anos.
"O feminismo é para todo mundo", de Bell Hooks
Bell Hooks é uma das mais importantes feministas negras da atualidade. Em “O feminismo é para todo mundo”, último livro lançado pela intelectual, ela incentiva os leitores a descobrirem como o feminismo pode tocar e mudar a vida de mulheres, homens, crianças, jovens e adultos.
Na obra, Hooks apresenta a visão original sobre políticas feministas, direitos reprodutivos, entre outros assuntos, como beleza e violência. A autora também aponta vitórias do movimento feminista e a importância dessas conquistas na vida das mulheres e das pessoas ao seu redor, além das opressões impostas pelo machismo.
“Persépolis”, de Marjane Satrapi
"Persépolis" é a autobiografia em quadrinho de Marjane Satrapi, uma romancista nascida no Irã. Em 2007, a obra ganhou uma adaptação para o cinema, se transformando em uma animação, que chegou a concorrer ao Oscar.
O livro começa com a infância de Marjane no Irã, em um cenário político tenso, que levou ao início da república islâmica comandada pelos aiatolás. Com apenas dez anos, Marjane se viu obrigada a usar o véu islâmico e a estudar em uma sala de aula formada apenas por meninas, chamando imediatamente a atenção do leitor para as opressões sociais sofridas pelas mulheres.
Nascida em uma família considerada moderna para os padrões locais, Marjane tinha um pensamento considerado crítico em relação às injustiças que via ao seu redor. Por conta do momento político, a jovem acabou sendo mandada para a Europa, onde entrou em um enorme conflito de identidade, já que teve que mudar seus hábitos para se enturmar com os amigos, que a consideravam muito conservadora.
"A guerra não tem rosto de mulher", de Svetlana Aleksiévitch
Quase um milhão de mulheres lutaram no exército vermelho durante a Segunda Guerra Mundial. São as memórias dessas veteranas, adolescentes, mães, irmãs e esposas que Svetlana Aleksiévitch traz de maneira angustiante e arrebatadora.
Atiradoras de elite, desarmadoras de minas terrestres e bombas, enfermeiras, médicas, pilotos etc., essas mulheres nunca tiveram suas trajetórias contadas na história. Antes, elas eram contadoras, professoras, secretárias, que subitamente se viram em um campo de batalha, tendo que usar coturnos enormes e cuecas, já que o exército não fornecia roupas para as combatentes nem os absorventes, que eram substituídos por camisetas roubadas.
"Memórias de uma moça bem comportada", de Simone de Beauvoir
Esta é uma obra autobiográfica de Simone de Beauvoir, uma das filósofas e feministas mais influentes de todos os tempos. O livro é dividido em três partes: infância, adolescência e vida adulta. Logo no título, Simone já apresenta ao leitor uma de suas críticas à sociedade burguesa em que foi criada, que ditava que mulheres deveriam ser "bem comportadas", coisa que ela nunca conseguiu ser.
A autora narra o período em que estudou em uma escola católica exclusiva para meninas, onde era ensinado que o destino de todas era o casamento ou o convento, pensamento que na época já era fortemente questionado por ela.
Ao longo do livro, Simone ainda relata o seu romance com uma amiga de infância além de muitos outros casos que teve com mulheres ao longo de sua vida. A autora também apresenta pensamentos e acontecimentos que a tornaram a grande pensadora que o mundo conheceu.
"O diário de Anne Frank", de Anne Frank
O livro é a íntegra do diário da menina judia Anne Frank entre os anos de 1942 e 1944, quando com apenas 15 anos foi levada para um campo de concentração nazista.
Em seu diário, Anne narra de maneira íntima e tocante sua rotina, seus medos e pequenas alegrias enquanto estava escondida com seus familiares e alguns conhecidos em um sótão, numa tentativa de sobreviver aos horrores do Holocausto.
O depoimento de Anne é um precioso documento, em que é possível ver não só as atrocidades cometidas pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial, mas também a força que uma menina de apenas 12 anos pode ter.
* estagiária sob supervisão de Renata Izaal
O Globo sexta, 05 de abril de 2019
APRENDA A FAZER CREME DE PIPOCA
Aprenda a fazer o creme de pipoca do chef Jimmy Ogro
O cozinheiro cozinheiro Jimmy McManis prepara o acompanhamento que leva um balde de pipoca
O Globo
03/04/2019 - 04:49 / Atualizado em 03/04/2019 - 09:23
Surpreenda os convidados com um acompanhamento gostoso e bem fácil de preparar. Jimmy Ogro conta que o creme de pipoca vai bem com carne de porco.
Creme de Pipoca
Ingredientes
3 colheres (sopa) de óleo 1/2 xícara (chá) de milho de pipoca (100 g) 750ml de água 3 colheres (sopa) de manteiga Sal e pimenta-do-reino branca a gosto
Modo de Preparo
1. Numa panela em fogo médio, coloque 3 colheres (sopa) de óleo, ½ xícara (chá) de milho de pipoca, tampe a panela e quando o milho começar a estourar, mexa a panela para não grudar. Quando todos os milhos estiverem estourados, apague o fogo e reserve. 2. Em uma panela, coloque 750 ml de água, 3 colheres (sopa) de manteiga, sal a gosto, a pipoca e cozinhe até amolecer, em fogo médio. Reserve. 3. Retire a pipoca cozida com uma escumadeira, coloque em uma peneira dentro de uma panela, pressione até que na peneira fiquem somente os grãos de milho. (Faça este procedimento aos poucos). Descarte os grãos. 4. Tempere com sal e pimenta-do-reino branca a gosto e adicione o caldo do cozimento aos poucos no purê de pipoca. Em fogo médio, cozinhe até que fique com consistência de creme. Apague o fogo e sirva.
O Globo quinta, 04 de abril de 2019
GRAVIDADE DA CRISE NA VENEZUELA
ONU 'não está à altura das circunstâncias' na Venezuela, diz autora de relatório da Human Rights Watch
ONG critica 'diplomacia silenciosa' de Guterres e pede que Nações Unidas liderem esforços dentro e fora do país para lidar com crise humanitária
Janaína Figueiredo
04/04/2019 - 01:00
Diante de um cenário social cada vez mais dramático, a ONGHuman Rights Watch (HRW) divulgou um amplo relatório sobre a crise humanitária na Venezuelae pediu que o secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, lidere esforços para ajudar a população do país, incluindo ações dentro do território venezuelano. Em entrevista a vários jornalistas da região, Tamara Taraciuk, pesquisadora da HRW e autora principal do documento intitulado "Emergência humanitária na Venezuela: Resposta da ONU em grande escala é necessária para enfrentar a crise de saúde e alimentos", assegurou que o organismo "não está à altura das circunstâncias".
— Guterres deveria declarar oficialmente que a Venezuela está enfrentando uma emergência humanitária complexa, termo próprio da ONU que ajudaria a destravar a mobilização de recursos suficientes para atender as necessidades urgentes do povo venezuelano — disse Tamara.
Segundo a pesquisadora, o secretário-geral das Nações Unidas também precisa pedir às autoridades do país que "concedam ao pessoal da ONU acesso total aos dados oficiais sobre doenças, epidemiologia, segurança alimentar e nutrição, para que possam realizar uma avaliação independente e abrangente das necessidades humanitárias de todo o escopo da crise".
Perguntada sobre a necessidade de que profissionais estrangeiros entrem ao país, Tamara foi enfática:
— Sim, precisamos de uma resposta em grande escala por parte das Nações Unidas.
Para a pesquisadora, "Guterres não deve negociar com (o presidente Nicolás) Maduro para levar medicamentos e alimentos, o que queremos é que aumente a pressão internacional partindo do mais elevado nível de poder da ONU".
— A diplomacia silenciosa de Guterres não foi bem sucedida. Os resultados apresentados mostram uma crise devastadora — frisou Tamara.
A HRW trabalhou com pesquisadores da Faculdade Bloomberg de Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins e entrevistou 150 pessoas. O documento é uma dura crítica ao governo de Maduro, considerado o grande reponsável pela crise humanitária que assola o país.
— Não importa o quanto tentem, as autoridades venezuelanas não podem esconder a realidade em campo — disse Shannon Doocy, Ph.D. e professora associada de saúde internacional da Faculdade Bloomberg de Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins, que conduziu pesquisas na fronteira da Venezuela.
O documento inclui dados que refletem a dimessão da crise na saúde: entre 2008 e 2015, apenas um único caso de sarampo foi registrado (em 2012); desde junho de 2017, mais de 9.300 casos de sarampo foram notificados, com mais de 6.200 confirmados; a Venezuela não teve um único caso de difteria entre 2006 e 2015, mas mais de 2.500 casos suspeitos foram notificados desde julho de 2016, incluindo mais de 1.500 casos confirmados; a Organização Mundial da Saúde (OMS) relata que casos confirmados de malária têm aumentado consistentemente nos últimos anos — de menos de 36.000 em 2009 para mais de 414.000 em 2017; o número de casos notificados de tuberculose aumentou de 6.000 em 2014 para 7.800 em 2016, e relatórios preliminares indicam que houve mais de 13.000 casos em 2017.
O Globo quarta, 03 de abril de 2019
NÚMERO DE PARDAIS NAS RODOVIAS CAI DE 5,5 MIL PARA 400
Número de pardais nas rodovias federais cai 5,5 mil para 400
Cancelamento de novos radares por Bolsonaro eliminará rede ainda existente
Patrik Camporez
03/04/2019 - 04:30
BRASÍLIA — A decisão do presidente Jair Bolsonaro de cancelar a instalação de novosradares e de rever a necessidade de aparelhos já em operação nas rodovias federais significará praticamente o fim da rede ainda existente. Dados obtidos pelo GLOBO mostram que o sistema de fiscalização eletrônica encolheu de 5,5 mil pontos ativos, em julho de 2018, para cerca de 440 até março deste ano, ao longo dos 52 mil quilômetros de vias administradas pela União.
O Globo terça, 02 de abril de 2019
BOLSONARO ESTUDA ACABAR COM O HORÁRIO DE VERÃO
Bolsonaro estuda acabar com o horário de verão
Ministro de Minas e Energia diz que relatório já está pronto para análise do presidente
Marcelo Ninio*
01/04/2019 - 18:27 / Atualizado em 01/04/2019 - 18:48
JERUSALÉM - O presidente Jair Bolsonaro pediu ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, um estudo para que ele possa avaliar a possibilidade de extinguir o horário de verão. Segundo o ministro, o estudo com prós e contras já está pronto e será apresentado ao presidente assim que possível.
- O presidente já deu declarações no passado de que era contrário ao horário de verão. Mas pediu de forma totalmente isenta para que eu apresente o estudo para ele tomar a decisão - disse Albuquerque, que está em Jerusalém na comitiva que participa da visita presidencial a Israel.
O ministro lembrou que “metade do país já não tem mais horário de verão”, que está em vigor no Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Albuquerque disse que em conversas com o ministro da Energia israelense, Yuval Steinitz, foram apontadas diretrizes para a cooperação em setores que interessam aos dois países, como óleo, gás e biocombustíveis, “principalmente naquilo que diz respeito a startups e desenvolvimento de novas tecnologias e inovação”.
Ele acrescentou que a Petrobras demonstrou interesse nos leilões para exploração de 19 áreas de gás natural que Israel fará em breve, e para isso mandou uma carta ao governo israelense para obter mais informações.
O Globo segunda, 01 de abril de 2019
COMIDAS QUE COMBINAM COM O OUTONO
Outono: a estação que é um prato cheio para o paladar
Uma seleção com pratos que combinam com os dias mais frios
Jacqueline Costa e Patricia de Paula
01/04/2019 - 04:30 / Atualizado em 01/04/2019 - 08:52
RIO — Quando as temperaturas ficam mais amenas, o apetite pede aquelas comidinhas que aquecem o coração, saciam o paladar e deixam um gosto de quero mais. São opções que combinam perfeitamente com o outono, recém-chegado.
De pratos incrementados a carnes e peixes com molhos mais encorpados e massas diversas, não faltam exemplos deliciosos e quentinhos. Foi pensando nas comidas que mais combinam com a estação e inspirados no estilo comfort food que fizemos essa seleção deliciosa. Com jeito de comida caseira — e toques requintados —, são sugestões que vão aquecer as suas refeições e o seu corpo.
A nova estação também se mostra um prato cheio para os chefs usarem e abusarem de uma nova safra de verduras, legumes e frutas em seus preparos. Ingredientes frescos e que são a cara da estação. É tempo de abobrinha, abóbora, beterraba, batata-doce, jiló, abacate, caqui, figo e tangerina...
Siri da Ilha: Praia do Galeão 1. Telefone: 2462-1962.
Skylab: Rio Othon Palace. Avenida Atlântica 3.264, Copacabana. Telefone: 2106-1666.
South Ferro: Rua Arnaldo Quintela 23, em Botafogo. Telefone: 3986-4323.
Sushimar: Rua dos Oitis 6, lojas D e E, Gávea. Tel.: 2259-8831.
Yumê: Rua Pacheco Leão 758, no Jardim Botânico. Telefone: 3205-7321.
O Globo domingo, 31 de março de 2019
CARIOCA GANHA RECONHECIMENTO DOM VINHOS PRODUZIDOS NA ITÁLIA
Carioca ganha reconhecimento com vinhos que produz na Itália
'Mergulhei em um mundo totalmente dominado por homens, mas nunca me intimidei', diz Noemia d'Amico
Hermés Galvão, de Roma, especial para O Globo
31/03/2019 - 04:30
A dolce vita talvez tenha perdido muito de seu brilho e esteja com os seus dias mais que contados, porém ainda existe na Itália uma resistência suave e intuitiva no coração da Cidade Eterna. São oito da manhã, e Noemia d’Amico já está de pé, de espresso tomado e em plena ebulição, celular na mão, pronta para criar mais uma história de sua rotina sempre surpreendente. Não há um dia igual ao outro para a femme du monde que trocou o Rio por Roma nos anos 1980, para viver uma história de amor com o armador italiano Paolo d’Amico, presidente do grupo d’Amico, líder mundial no transporte marítimo de cargas e petróleo.
Ele é de origem napolitana e ela é carioca, vai daí que tudo ao redor nos abraça de imediato, nos aquece e nos faz lembrar (ou apresentar dependendo da sua idade) uma película da Cinecittà em sua forma original com um charme de um Rio de outrora, mais genuíno e relaxado: é bossa nova com Fellini, couture e biquíni, democracia e nobreza, a grande beleza em sua melhor tradução. E tudo na maior discrição, sem chamar a atenção dos paparazzi (caso ainda existam), nada de coluna social ou, pior, selfies e Instagram mostrando cada passo de sua intimidade.
— Não é nada proposital, apenas achamos que a vida é muito mais divertida e simples quando nos desligamos de tudo. E claro que uma conversa bem animada à mesa com poucos e bons deve ser sempre impublicável — afirma Noemia.
Para conhecer Paolo e Noemia de fato, difícil é conseguir encontrá-los em sua intrépida jornada pelos quatro cantos, sete mares e cinco continentes (“Nada mais natural, afinal nos vimos pela primeira vez dentro de um avião!”, conta ela). Vivem entre Roma, onde moram no belíssimo Palazzo Caetani, um andar acima da Embaixada Brasileira no Vaticano, e Paris, Montecarlo, Londres, Tóquio, Cingapura e Nova York, comandando os negócios da companhia de navegação e também a comercialização dos vinhos que produzem na Villa Tirrena. Trata-se de um delicioso blend de vinícola, relais e galeria de arte a céu aberto entre a Toscana e a Úmbria, equidistante uma hora e quinze minutos da capital e de Florença Desde 1985, eles fazem do domaine seu refúgio e dos quatro filhos, o empresário Antonio Carlos e a cineasta Francesca (ambos nascidos no Brasil, do primeiro casamento de Noemia com o marquês italiano Leopoldo di Mottola), a fotógrafa Alessia e da também empresária Antonia, além de esconderijo secreto de astros de Hollywood — a lista é segredo, deles e de seu sucesso como empresários e anfitriões.
É na casa — uma construção medieval do século XVI restaurada pelo casal, com oito quartos e salões decorados no melhor estilo cosy chic de Noemia — e na magnífica Torre del Sole, com vista para Civita di Bagnoregio — um vilarejo tombado pela Unesco incrustado sobre rochas vulcânicas —, que ela recebe para almoços. Suas mesas são uma atração à parte — ai de quem não reparar. As refeições poderiam ser intermináveis em seus jardins das delícias contornados por ciprestes, roseiras, limoeiros oliveiras e obras de arte escolhidas a dedo.
— Escolhemos cada peça juntos, e nosso amor pela arte nos uniu ainda mais. Cada escultura remete a um tempo, a uma memória, a uma passagem da nossa vida — diz Paolo.
Aqui, nada de galerista ou curador, é tudo fruto de suas paixões e amizades profundas, então preparem-se para uma viagem com Anish Kapoor, Banksy, Marc Quinn, Vettriano, Irmãos Campana, Lucio Salvatore, Edgard Duvivier e grande elenco. Um dos destaques é o jardim de esculturas feito em homenagem ao amigo Mark Shand, escritor britânico, explorador, exímio viajante e defensor dos elefantes. Morto em 2014, ele para sempre segue vivo em um santuário perfumado por canteiros de alecrim ou alfazemas e rodeado por animais esculpidos por nomes como Emily Young, Leo du Feu, Georgina Barclay e Nilesh Mistry.
Obra-prima feita a quatro mãos por Noemia e Paolo, o vinhedo de onde sai a produção já começa a fazer ruído no mundo dos vinhos. O Chardonnay Falesia, da safra de 2016, recebeu o prêmio 5 Grappoli deste ano, um dos mais importantes de um país que torce o nariz para todo e qualquer vinho que meio mundo aprecia sem moderação — além disso, foi o rótulo escolhido para o serviço de bordo da comitiva do Papa Francisco à Colômbia no ano passado.
— Não poupamos nenhum esforço para que nossos vinhos valorizem cada vez mais nossa identidade regional. A vida no campo reforçou ainda mais os nossos laços e cumplicidade — diz Noemia.
Outro rótulo da casa, o Cabernet Franc Atlante de 2014, foi medalha de ouro no Decanter Wine Awards de 2018, espécie de Olimpíada da vinicultura mundial.
— Mergulhei em um mundo totalmente dominado por homens, altamente competitivo e às vezes até agressivo, mas nunca me intimidei por isso — afirma a carioca, uma das eleitas pelo jornal La Repubblica para estrelar o livro “DiWine, Storie di Donne e di Terre da Amare”, que conta a história de sucesso de algumas das mais importantes produtoras de vinho da Itália.
— Hoje, há muitas mulheres excepcionais à frente de grandes vinícolas. Temos a delicadeza das uvas, o amor incondicional pela vinicultura e a força de um terroir para tocar este negócio.
Na cantina, ao lado do enólogo francês Guillaume Gelly, Paolo e Noemia, que é neta de portugueses emigrados do Porto, acompanham a evolução de seus sete rótulos combinados com castas autóctones e francesas que descansam sobre tonéis de carvalho numa adega-biblioteca sob os jardins, iluminada por velas e ambientada pela voz de Maria Callas (“E quem não dorme muito melhor ao som da diva?”, pergunta ela). Um dos best-sellers d’Amico, o Noe é um blend de Grechetto, Trebbiano e Pinot Grigio, pensado para o clima brasileiro e, segundo ela, que batiza o rótulo, “leve e perfeito para ser tomado ao pôr do sol, num lindo bar com vista para a praia”.
Apaixonada pelo mar e pelo Rio, Noemia levou o melhor de sua safra para alguns endereços-chave na cidade, como Gero, Cipriani, Satyricon e Country Club, além do Eataly, o templo universal da gastronomia italiana em São Paulo.
— Mas, quando chego ao Rio, a primeira coisa que bebo é uma boa caipirinha! — avisa.
Anfitriã à moda clássica, nada em seu domaine , seja na colheita das uvas, seja na escolha do cardápio de sua horta orgânica, é aprovado sem passar pelo seu crivo. Comandados com classe e pulso firme, o negócio e a rotina da villa, que até 2015 era assunto de família, só foram abertos ao público depois que seus filhos ganharam o mundo. Hoje, o lugar se ergue sobre as calanques da Tuscia, no coração etrusco da Itália, como destino dos sonhos para quem busca sossego e aquele filtro Bertolucci diante dos olhos.
— Chegamos aqui, onde só havia ruínas e vestígios de um vinhedo de 1500, e nos encantamos com a energia e a luz da região. Foi amor à primeira vista, como tudo em nossa vida — lembra Noemia. — Ao mesmo tempo que é um homem de negócios e superdinâmico, Paolo é um sonhador e cheio de ideias maravilhosas. Sem ele não seria possível realizar esse projeto que começamos do zero.
Noemia tem a primeira e a última palavra, e dá o seu toque e charme a tudo que faz, imprimindo o DNA tropical com perfume toscano que conquista a todos.
— A Noemia é uma das pessoas mais generosas que já conheci, ela tem o melhor do brasileiro, essa positividade e esse otimismo que nós, europeus, não alcançamos — diz Paolo, que aprendeu com a mulher a falar português, amar o Rio e fazer da cidade seu segundo lar. — O Rio é o lugar ideal para recarregar as energias, tão particular e intenso, denso e adorável como Nápoles.
A biografia de Noemia Osório d’Amico, com perdão do clichê, é, sim, um conto de fadas. Formada em Psicologia pela Universidade Santa Úrsula, filha do casal 20 do café soçaite carioca Maritza e Antonio Carlos do Amaral Osório, nossa personagem começou a carreira nos anos 1980 como deleguée da Christian Dior na Europa. Por 12 anos, foi relações-públicas da maison, na era do estilista Marc Bohan, e responsável por todo licenciamento das peças no Brasil.
— Herdei dos meus tempos da Dior o pragmatismo e a paixão pelo trabalho minucioso. Certamente por isso, tudo que eu faço na vida tem um conceito boutique, desde administrar a minha própria casa em Roma à Villa Tirrena e à produção dos vinhos. Valorizo a qualidade, não a quantidade — explica ela.
Algumas tradições são importantes manter, nem tudo merece ganhar um toque futurista, uma cifra. Essa visão empreendedora atraiu a supereditora francesa Assouline a convidá-la para participar do livro “The italian dream”, que viaja por propriedades mágicas da Itália com imagens da fotógrafa Aline Coquelle e textos do conde Gelasio Gaetani d’Aragona Lovatelli, membro de uma das famílias mais antigas do país. Em uma das fotos, Noemia caminha pelo jardim vestida à sua moda, no seu jeito único de combinar estilos e sobrevoar tendências — um retrato atual de sua personalidade, de seu caráter inventivo e de sua mente inquieta.
O Globo sábado, 30 de março de 2019
BRASILEIRA GANHA PRÊMIO NA ONU
Brasileira ganha prêmio da ONU por defesa das mulheres em guerras
Capitã treina contingentes e escuta civis na República Centro-Africana para incluir perspectivas de gênero em missão de paz
Heloísa Traiano
29/03/2019 - 04:30 / Atualizado em 29/03/2019 - 11:36
RIO — Dentro da realidade cruel de um conflito armado , um olhar sensível para prestar assistência às mulheres pode fazer toda a diferença. É este o princípio que nos últimos 11 meses guiou o trabalho da capitã de corveta brasileira Márcia Braga na Missão da ONU na República Centro-Africana (Minusca). Aos 44 anos, a oficial da Marinha, que se define como uma idealista, se dedica à criação de estratégias de planejamento militar para defender os direitos femininos neste país do coração da África.
Reconhecida pela sua liderança neste tema, a capitã, que detém o cargo de conselheira militar de gênero na Minusca, recebe nesta sexta-feira o Prêmio de Defensora Militar da Igualdade de Gênero das Nações Unidas. As suas diversas funções na Minusca passam por compreender como as mulheres e meninas são especialmente afetadas pela dinâmica do conflito, a fim de protegê-las da forma mais eficiente em áreas de risco.
A principal vulnerabilidade delas é à violência sexual. Existem graves e sistemáticas acusações, inclusive, de abusos contra mulheres e crianças por soldados da ONU. Também há sequestros e assassinatos durante choques entre grupos rivais.
Quando Márcia chegou à República Centro-Africana (RCA) — vinda de Teresópolis, no estado do Rio de Janeiro —, os esforços de defesa das mulheres não estavam plenamente desenvolvidos na missão, que tem 13.595 membros com mandato focado na proteção dos civis. Ela estabeleceu conselheiros de gênero e viajou a várias localidades para treinar os contingentes civil, militar e policial da força da ONU sobre a importância de oferecer atenção especial às mulheres.
— A perspectiva de gênero ajuda a planejar a operação, como organizar a patrulha nas ruas, por exemplo. Começo mapeando as áreas de risco, entendendo quais são os grupos mais vulneráveis. Assim, as operações podem ser mais efetivas — explica a capitã.
Rotas de ameaça
Ex-colônia francesa, a RCA vive em guerra desde 2013, quando a coalizão rebelde majoritariamente muçulmana Seleka derrubou o então presidente François Bozize, provocando represálias da milícia cristã Anti-Balaka (anti-espada, nas línguas sango e mandja). Todos os lados são acusados de graves violações dos direitos humanos e até genocídio. De acordo com a Human Rights Watch, grupos armados controlam cerca de 70% do território, enquanto dados da ONU indicam que até 2018 havia quase 650 mil deslocados internos.
As mulheres na RCA ficam muito expostas a violações quando caminham longas distâncias para buscar água e lenha ou para acessar plantações. Às vezes, os trajetos, percorridos em grupos, chegam a vários quilômetros para as deslocadas internas, que ainda dependem das suas pequenas produções de subsistência para se alimentar.
A partir dos relatos destas vítimas, com quem a capitã se reúne para escutar suas narrativas de medo e sofrimento, aparecem projetos que, mesmo sem eliminar o conflito em si, reduzem as suas vulnerabilidades. Como, por exemplo, a criação de hortas comunitárias em áreas seguras, para que estas sejam fonte de sustento e de renda; a instalação de bombas de água em pontos estratégicos; e, ainda, o uso de iluminação com painéis solares, porque o escuro facilita as violações sexuais depois do pôr do sol e dificulta a identificação dos seus responsáveis.
— As mulheres se importam muito com a paz. Elas têm filhos e netos, e sua preocupação com a família e com a necessidade de continuar trabalhando é muito grande. Elas contam como estão sofrendo e se têm sofrido riscos — conta a brasileira. — As mulheres se sentem mais à vontade de falar com outras mulheres do que com homens.
Hora de voltar
O caminho que Márcia fez para chegar até as mulheres centro-africanas também foi longo. Ela começou sua trajetória profissional como professora por sete anos, depois se tornou analista de sistemas da Marinha no Rio para, enfim, realizar o antigo sonho de integrar uma missão da ONU. Após ter participado de treinamentos especializados em pespectivas de gênero, se voluntariou para viajar à RCA. Foi a sua primeira missão de paz, e provavelmente não a última, ela conta.
A hora de voltar agora já se aproxima: 23 de abril próximo, quando completará um ano no país africano. Seu desejo agora é voltar para casa e, aqui, continuar a espalhar o conhecimento que adquiriu:
— Sou uma pessoa idealista, então havia um lado meu que queria fazer algo. Sempre acredito que podemos fazer a diferença. Foi uma realização, e a volta será difícil. Você sai de todo o seu conforto, mas às vezes é assim que se encontra.
O Globo sexta, 29 de março de 2019
DO AUDI DE TEMER AO VOLVO DE MOREIRA, CARROS DE LUXO BLOQUEADOS POR BRETAS
Do Audi de Temer ao Volvo de Moreira, os carros de luxo bloqueados por Bretas
POR BELA MEGALE
A lista de bloqueios de Michel Temer não se limitou aos bens e contas bancárias que somam R$ 62 milhões. A decisão do juiz Marcelo Bretas também envolveu todos os carros que estão em nome do ex-presidente e de sua empresa: um Chevrolet Prima, um Audi A6 e um Jeep Grand Cherokee.
Maristela Temer, filha do emedebista que, segundo o Ministério Público, teve a casa reformada com dinheiro vindo supostamente de propina, também teve seu Honda CR-V bloqueado.
Moreira Franco é outro alvo da operação e está proibido de vender seus possantes. Bretas bloqueou um Volvo e um Chevrolet Blazer do ex-ministro.
O juiz não perdoou nem os modelos mais simples: um Volkswagen Santana de Temer e um Fiat Uno Mille de Moreira, ambos fora de linha.
O Globo quinta, 28 de março de 2019
FALTA DE ARTICULAÇÃO EXPÕE GOVERNO NO CONGRESSO
Falta de articulação expõe governo no Congresso, gera desgaste e impõe derrotas
Deputados planejam mudar MP que definiu número de ministérios
Bruno Góes e Eduardo Bresciani
28/03/2019 - 04:30
BRASÍLIA — As dificuldades do governo para articular uma base aliada no Congresso permitiram na quarta-feira mais um dia de más notícias para o Palácio do Planalto na Câmara e no Senado. Chamados a falar em comissões, seis ministros foram expostos a críticas de líderes partidários. Deputados da oposição aproveitaram a vulnerabilidade da base para aprovar, por 10 votos a 0, a convocação do ministro da Justiça, Sergio Moro , a comparecer à Comissão de Participação Legislativa para falar sobre o projeto anticrime e o decreto de posse de armas. Por ter sido uma convocação, Moro, que ontem esteve no Senado, é obrigado a comparecer à comissão da Câmara.
Um possibilidade de evitar um desgaste com a convocação de Moro veio do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que trocou ataques com o presidente Jair Bolsonaro nesta quarta-feira. Ele avisou que há chance de a medida ser revista, uma vez que o colegiado que aprovou o chamado não seria o mais adequado para cobrar explicações do chefe da Justiça.
Mas há sinais de novos problemas para o governo nas próximas semanas. Parlamentares revelaram ao GLOBO a existência de articulações na Câmara para a aprovação de uma série de mudanças no texto da Medida Provisória (MP) 870, que definiu a estrutura administrativa do governo. Se o plano for levado adiante, a formatação do governo pode ser redesenhada pelos congressistas, com o corte de ministérios e até o remanejamento de repartições entre pastas na estrutura do Executivo. Em uma frase ilustrativa da dificuldade de organização da base aliada, o líder do partido de Bolsonaro no Senado criticou ontem a fragilidade do governo no Congresso.
— Estamos juntos na guerra, mas sem logística, sem munição — disse Major Olímpio (PSL-SP).
Responsável pela articulação política, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, esteve nesta quarta com senadores de seis partidos para mostrar que a crise está sendo contornada.
541 emendas
A MP 870 recebeu no total 541 emendas de parlamentares. Muitas defendem reduzir ainda mais o número de ministérios e mudar a atribuição de vários integrantes do primeiro escalão, em especial do ministro da Justiça Sergio Moro. Primeira medida de Bolsonaro na Presidência, a MP estabeleceu o novo formato do governo, com 22 ministérios. Na próxima semana, uma comissão para analisar o texto da matéria deve ser instalada.
Há parlamentares que pregam o fim das pastas do Turismo e dos Direitos Humanos. Também começam a analisar a possível transferência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) da Justiça para a Economia e a recriação do Ministério de Segurança Pública. A Funai também poderia retornar ao ministério de Moro.
— Em meio à crescente onda de violência que assombra o país, não vejo motivos para extinguir o Ministério da Segurança Pública como fez o governo. Vou defender, ao longo da tramitação da MP 870, que este organograma administrativo seja restabelecido — diz o líder do DEM, Elmar Nascimento (BA).
Indicado pelo MDB para a comissão, o deputado Hildo Rocha (MA) é um dos autores de emendas para que a estrutura da Funai volte à pasta da Justiça.
— Não tem cabimento a Funai ficar na pasta de Direitos Humanos. Pelas conversas que tive, acho que será aprovada a emenda — disse o parlamentar.
O emedebista destaca que a bancada da bala já se manifestou a favor da recriação da pasta da Segurança.
— Era um ministério que vinha dando certo, tendo resultados positivos.
Na comissão, dos 25 integrantes titulares, só há dois parlamentares do PSL, a deputada Bia Kicis (DF) e senadora Selma Arruda (MT).
Além de Sergio Moro, que falou do pacote anticrime no Senado, e de Guedes, que tratou de reforma da Previdência ao comparecer à Comissão de Assuntos Econômicos da Casa durante toda a tarde, o ministro da Educação, Ricardo Vélez, foi bastante questionado na Câmara sobre uma série de polêmicas e exonerações que marcam sua gestão na pasta.
Outro auxiliar do primeiro escalão de Bolsonaro fustigado na Câmara foi o chanceler Ernesto Araújo. Em uma sessão que durou cerca de sete horas, os opositores chamaram de subserviente e humilhante a relação do Brasil com os Estados Unidos. O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, foi cobrado no Senado sobre a situação dos cubanos que ficaram no país, após o fim do contrato do governo com Cuba no programa Mais Médicos. O titular do Meio Ambiente, Ricardo Salles, defendeu pautas controversas como a flexibilização dos agrotóxicos.
O Globo quarta, 27 de março de 2019
PAUL McCARTNEY TOCA MÚSICA INSPIRADA NO BRASIL
Paul McCartney toca música inspirada no Brasil e celebra própria trajetória em São Paulo
Ex-beatle homenageou antigos companheiros em show com poucas novidades abrindo turnê pelo país
Lucas Brêda, especial para O GLOBO, de São Paulo
27/03/2019 - 00:33 / Atualizado em 27/03/2019 - 00:49
Paul McCartney tocando no Brasil não é mais nenhuma novidade. O ex-beatle vivo mais famoso, depois de poucas visitas ao país em décadas de carreira, virou figura frequente nos estádios brasileiros de 2010 para cá. Em 2019, com novo disco, ele decidiu abrir o giro nacional em São Paulo, cidade que mais recebeu shows dele nos últimos anos e tornou-se parada obrigatória nas turnês recentes do artista.
McCartney dispensa apresentações, e apenas sua presença seria suficiente para que as cerca de 40 mil pessoas no Allianz Parque lotado (todos os ingressos para o show desta terça, 26, foram vendidos) o reverenciassem. Antes da apresentação começar, quando apenas o dono da festa havia aparecido no palco, o telão já exibia imagens de fãs chorando. Bastava o britânico tirar o casaco ou dizer algumas palavras em português que a plateia já o respondia em alto volume. A simpatia de McCartney é conhecida, mas nem por isso deixou de encantar os paulistas – ao fim de cada performance, ele cumprimentava o público, ora mais efusivamente, ora com acenos discretos.
Em cima do palco, McCartney reflete sobre a própria história de vida, suas crenças e vivências. Ele recorda dos antigos parceiros de Beatles (John Lennon na emocionante “Here Today”, George Harrison na clássica “Something”) e os amores (a ex-esposa Linda em “Maybe I'm Amazed”, a atual companheira Nancy, que estava presente no estádio, em “My Valentine”). Também recupera algumas bandeiras do movimento hippie, do qual foi um dos expoentes. “Essa é sobre direitos humanos”, disse, antes de “Blackbird”, inspirada pelo movimento negro. O ex-beatle celebrou as mulheres em “Lady Madonna” e, na volta para o bis, ergueu uma bandeira LGBT, ao lado de outras de Brasil e Reino Unido. Até Jimi Hendrix ganhou um aceno, com um trecho de “Foxy Lady” tocado logo depois de “Let Me Roll It”, dos Wings.
Em 2018, McCartney lançou o primeiro disco de inéditas desde “New”, de 2013. “Egyptian Station”, que teve recepção morna de público e crítica, rendeu quatro performances. “Fiz essa música para o Brasil”, ele anunciou, antes da mais celebrada do novo disco, “Back in Brazil”, com uma levada que remete à Tropicália. Os fãs que estavam mais perto do palco chegaram a levantar alguns balões verde e amarelos na performance.
Em relação à última passagem por São Paulo, o setlist mantém algumas raridades interessantes. “A Hard Day's Night”, clássico da primeira fase dos Beatles, que ele passou décadas sem tocar, abriu o show. “In Spite of All Danger”, primeira canção lançada pela formação que viria a dar origem ao Fab Four, também ganhou espaço, assim como “Love me Do” e “From Me To You”, outras do começo dos anos 1960. As baladas, historicamente um dos pontos fortes de Macca, estiveram lá, de “Maybe, I'm Amazed” a “Let 'Em In” (Wings).
Apesar dos muitos clássicos na primeira metade, o show decolou mesmo depois de mais de 1 hora decorrida, especificamente na sequência "Something", "Ob-La-Di, Ob-La-Da", "Band on the Run", "Back in the U.S.S.R.", "Let It Be"(com o estádio iluminado pelos celulares), "Live and Let Die" e "Hey Jude" (das plaquinhas de “na na na”). No bis, já rouco, McCartney ainda se esgoelou em “Helter Skelter”, antes de fechar tradicionalmente emendando "Golden Slumbers", “Carry That Weight" e “The End".
Incansável e (ainda) em forma, McCartney trabalha para manter um legado. Além do entretenimento inerente a um show de rock em estádio, a apresentação é uma forma de manter viva, noite após noite, uma obra essencial para moldar a história da cultura ocidental. Para o Sir, pode ser apenas um jeito de contar a própria trajetória. Para o público, é a celebração das experiências particulares, das músicas que os acompanharam em grande parte (ou toda) a vida. O ex-beatle não deve parar tão cedo.
O Globo terça, 26 de março de 2019
UMA NOITE NO MUSEU MADAME TUSSAUDS
Uma noite no museu: Madame Tussauds permite dormir com celebridades de cera
Local vai abrir para estadias nos dias 5,6 e 7 de abril
O Globo
26/03/2019 - 04:30
RIO - Imagine passar a noite ao lado de celebridades como Lady Gaga, Beyoncé e Meghan Markle. Talvez ficar do lado delas seja impossível, mas dá para pernoiter perto das réplicas perfeitas de cera desses artistas, no museu Madame Tussauds. Sim. O local vai abrir para estadias privadas, e noturnas, nas noites do dia 5, 6 e 7 de abril.
Sete filiais do museu nos Estados Unidos ( Nova York, Hollywood, Las Vegas, São Francisco, Orlando, Nashville e Washington DC) receberão, nessas datas, até quatro hóspedes que, além de passar a noite no local terão outras mordomias, como um “mordomo de selfie” privado para tirar fotos perfeitas para as redes sociais, jantar, lanches e uma cesta de café da manhã.
A promoção é uma parceria do Madame Tussauds com o site de hospedagem Booking.com, que vai oferecer aos visitantes uma área decorada de acordo com a cidade (em Nashville, serão chapéus de cowboys e instrumentos musicais e em Nova York, placas de metrô, por exemplo) e com camas de verdade.
Ficou animado? É bom se preparar. Cada pessoa, ou casal, só poderá ficar em uma das três noites. As reservas serão abertas no próximo dia 28/3, às 11h e devem esgotar logo. As estadias de um dia no Madame Tussauds custarão US$ 99, por noite.
'Meu envelhecimento choca as pessoas', desabafa Xuxa
Apresentadora conta como é pressionada por fãs para ser eternamente jovem, explica por que raspou o cabelo e diz que foi roubada por mais de uma pessoa
Patrícia Kogut
24/03/2019 - 04:30 / Atualizado em 24/03/2019 - 10:21
Às vésperas de completar 56 anos (no próximo dia 27), Xuxa se diz realizada profissionalmente, pronta para ser avó e envolvida numa relação amorosa “completa, como nunca vivi”. Passará o dia do aniversário no estúdio, comandando a final do reality “The four” ao vivo (“me dá um friozinho, tenho medo”). Também nessa data, entra em pré-venda o livro “Xuxa — Edição limitada para colecionador”, com fotos selecionadas por Gringo Cardia e prefácio de Pedro Bial.
Como é fazer 56 anos para uma figura pública como você, que vem sendo cobrada por ter envelhecido ?
Eu estou com rugas e as bochechas caídas. Adoro pegar sol. Sou muito cobrada, meu envelhecimento choca as pessoas. Trabalho com a imagem e me olho bastante no espelho. Outro dia, pus a perna de fora na TV e pensei: não tá legal isso. Com a minha idade, nem tudo me convém. Não tenho o mesmo corpo nem a voz dos 20 anos. Uma parte do meu público não se conforma com isso, quer me ver como uma menina, usando chuquinha. Até consigo entender isso: a memória afetiva é algo muito poderoso. Mas as pessoas precisam compreender que esse inconformismo delas atrapalha a minha evolução natural, as novas fases da minha vida, o meu crescimento e o meu envelhecimento.
Você frequenta as redes?
Entro todos os dias e leio o que escrevem. Pesquiso roupa, música, fofoca. É fundamental para estar antenado. Embora trabalhe com televisão, não assisto muito e me informo pela internet. Mas ela é um canal que te conecta com gente do bem e com gente que não faz nada e tem tempo para as coisas ruins. Falaram que eu estava velha, e daí veio aquele meu desabafo, disse o que estava entalado ( ela se refere a comentários no Instagram ). Minha mãe me ensinou a não bater, mas a não apanhar também. Então, para mim é difícil não reagir. Só que naquele ambiente, se você responde, você é bruto e ignorante. Mas eles ( os internautas agressivos ) podem tudo, né?
““Tenho medo de plástica. (O silicone) está dando problema até hoje. Não sou contra, mas para mim não funciona””
Como você se cuida?
Andava meio sem memória. Minha médica me disse que estava na hora da reposição hormonal. Uso um creminho na perna e me fez bem. Sou vegana e estou cozinhando direitinho. Não quero fazer plástica, tenho medo. Quando a Sasha tinha 2 anos, fiz nos seios e deu errado. A médica pôs mais silicone do que eu queria e fez uma lipoescultura na barriga. Depois, o silicone encapsulou duas vezes, tive fibrose. Tenho medo de queloide. Está dando problema até hoje: meu corpo rejeita. Não sou contra, mas para mim não funciona. Sou careteira, fiz botox uma vez, me paralisou, não gostei, demorou seis meses para sair. Existem máquinas sensacionais para uso estético, essas eu faço. Meu pescoço me incomoda, mas, pelo menos por enquanto, vai ficar assim.
Por que ficou careca?
Passei a máquina 2. Era um desejo antigo, que surgiu há anos, quando visitei um hospital de câncer em Barretos. Fui a um pavilhão cheio de crianças carecas. Uma enfermeira pediu para fazer uma foto comigo e soltou o cabelo dizendo, sem maldade, que “era para ficar bonita”. Pensei: ela nunca deveria dizer algo assim na frente daquelas crianças. Por que só é bonito quem tem cabelo? Aí, veio uma menina, e pedi a ela para tirar a touquinha para posar para uma foto. Disse que ela era linda daquele jeito e que cabelo não era uma coisa tão boa, afinal, ou não cresceria em locais indesejáveis. Ela riu. Para mim foi uma libertação. Acho que daqui a 40, 50 anos, isso se generalizará. Sempre tive problemas para cuidar do meu pouco cabelo. Para certas mulheres é fácil, né? É como parto normal, tem gente que abre a perna e o bebê nasce. Eu gastava muito tempo fazendo aqueles cachos cafonas. Não quero mais. E o Junno ( Andrade, seu namorado ) adora. Diz que é a coisa mais gostosa do mundo fazer carinho na minha cabeça agora e que sou “a calopsita dele”.
Vocês são casados?
A gente é tudo. Somos amantes, casados, somos um casal. Ele mora em São Paulo e vem toda semana. Funciona. Fazemos muito Facetime e Skype. Nunca tive uma relação tão completa. Meu primeiro relacionamento foi com Pelé e durou seis anos. Depois, teve o Beco ( o piloto Ayrton Senna ), com quem fiquei dois anos. Com Luciano ( Szafir, pai de Sasha ) eu nunca consegui morar, a gente ia e voltava, faltava sintonia. Com o Junno é diferente. Fazemos planos para o futuro, queremos ficar velhinhos juntos.
Falando em futuro, você está preparada para parar um dia?
Minha atividade é minha terapia. Se eu parar, acho que dou uma pirada. Trabalho desde os 16 anos. Cresci muito na Globo, aprendi tudo lá e sou grata por isso. Na Record, estou satisfeita também: eles estão sempre querendo saber se estou feliz. Isso é bom, né? Trabalho por prazer, não por dinheiro. É gratificante. Nunca participei de um seriado e um dia, talvez, faça o filme da minha vida.
Você também é empresária (ela é sócia de uma cadeia de clínicas de depilação a laser e de uma rede de casas de festas). Não trabalha por dinheiro?
Tenho o suficiente para a Sasha e para os filhos dela. Mas se eu não tivesse sido tão enganada e roubada, teria quatro vezes mais e o bastante para meus bisnetos até a faculdade.
Você está se referindo a Marlene (Mattos)?
Não. Marlene não me roubou. O que quer que ela tenha feito, eu entreguei na mão dela voluntariamente. Falo de profissionais que me cercaram todos esses anos, de advogados a maquiadores e figurinistas. Pessoas que mentiram para mim e me usaram.
O que ainda almeja?
Falta só a cerejinha do bolo: ser avó. Mas também quero ver minha filha se formando, encontrando alguém que ela ame muito e achando seu caminho profissional. Ela me pergunta quando eu quero ser avó. Digo: relaxa, comigo só aconteceu aos 35 anos. Claro que estou sonhando com isso, mas as coisas têm um curso natural. Se ela só tiver filho quando eu estiver com 80 anos, eu vou brincar, vou ajudar, mimar e atrapalhar do mesmo jeito.
O Globo domingo, 24 de março de 2019
DOMINGOS DE OLIVEIRA, CINEASTA MORTO NESTE SÁBADO, 23 DE MARÇO, AOS 82 ANOS
Amigos e familiares prestam últimas homenagens a Domingos Oliveira
Velório do cineasta, dramaturgo e ator acontece no Teatro Municipal Maria Machado, no Planetário da Gávea
O Globo
24/03/2019 - 01:26 / Atualizado em 24/03/2019 - 07:15
RIO - Cercado de amigos, que cantaram em sua homenagem, lembraram histórias e celebraram seu amor pela vida e pela cultura, o cineasta e dramaturgo Domingos Oliveira está sendo velado num dos palcos em que mais trabalhou, o Teatro Municipal Maria Machado, no Planetário da Gávea, Zona Sul do Rio.
AMIGOS E FAMILIARES PRESTAM ÚLTIMAS HOMENAGENS A DOMINGOS OLIVEIRA
Morto na tarde deste sábado, aos 82 anos , ele reuniu representantes de diferentes gerações da classe artística. As atrizes Fernanda Montenegro, Fernanda Torres, Maria Ribeiro, Debora Bloch, Carolina Dieckmann, Ingrid Guimarães, Maitê Proença e Sophie Charlotte foram se despedir do amigo e abraçar a companheira de Domingos, Priscilla Rozenbaum. Também passaram pelo teatro os atores Caio Blat, Paulo Betti, Marcos Caruso, Antonio Pedro, Roberto Bontempo e Antonio Grassi.
Durante boa parte do velório, a atriz Maria Mariana, filha caçula de Domingos cujo diário inspirou a peça “Confissões de adolescente”, esteve ao lado do caixão do pai, e também cantou em homenagem a ele. Além de Ingrid e Carolina, a atriz Carol Machado, outra integrante do elenco de “Confissões...” esteve na cerimônia.
O Globo sábado, 23 de março de 2019
CIDADE DO CABO: LIÇÕES DA MEGALÓPOLE QUE CORREU O RISCO DE FICAR SEM ARMA
Cidade do Cabo: lições da megalópole que correu o risco de ficar sem água
Capital da África do Sul sofreu uma grave crise de abastecimento, resultado de três anos de chuvas escassas em uma região com alta densidade populacional
Raphael Kapa
22/03/2019 - 04:30
Rio — No início do ano passado, os moradores da Cidade do Cabo, na África do Sul, viveram um medo nunca antes experimentado: de ver a metrópole se transformar na primeira do globo a ficar sem água. A cidade sofreu uma grave crise de abastecimento, resultado de três anos de chuvas escassas em uma região com alta densidade populacional. O susto provocou uma grande transformação nos hábitos de moradores e turistas. Além disso, o valor — simbólico e monetário — da água também mudou.
Para Turton, outras experiências no mundo mostram a importância de se pensar na expansão da oferta.
— Uma comparação deve ser feita com Melbourne, na Austrália, que tem um clima idêntico e um problema semelhante. Os governantes de lá aumentaram a oferta através da dessalinização. Hoje, são capazes de expandir a economia porque passaram a usar esta técnica. A Cidade do Cabo recusou-se a considerar a dessalinização e, quando o fez, ela foi fragmentada e mal planejada — critica Turton.
A brasileira Camila Buenting foi fazer mestrado em Filosofia, na Universidade de Stellenbosch, na Cidade do Cabo, e viveu os dias críticos de redução do uso de água.
— Quando me mudei, já havia restrição. Mas eu não tinha noção do tamanho da seca. O racionamento foi gradativo até dar um salto muito grande, quando passaram a limitar o número de litros que cada pessoa poderia usar por dia — lembra.
A ativista teve de restringir o consumo a 50 litros por dia — em média, numa descarga no vaso sanitário, são gastos 12 litros — e teve que mudar seus hábitos.
— Passei a tomar banho com um balde embaixo do chuveiro e reutilizava a água para dar descarga. Molhava as plantas com a água usada para lavar louça. Enchia baldes com a água usada para lavar roupa na máquina e usava para outros fins — conta Buenting.
Aumento de 300%
A pesquisadora garante que essas mudanças não fizeram com que gastasse mais tempo com as atividades cotidianas do que o normal. Ela explica por que aderiu ao racionamento sem pestanejar:
— Além de ser uma questão que me é cara, pelas razões ecológicas, o valor da água chegou a crescer 300%. A gente sentia no bolso. Também ficamos com muito receio da ameaça de ter de ficar um dia sem poder usar uma gota d’água.
O Globo sexta, 22 de março de 2019
MOURÃO: DAQUI A POUCO TEMER PODE SER SOLTO POR UM MINISTRO QUALQUER
Mourão sugere que 'daqui a pouco' Temer pode ser solto por 'um ministro qualquer'
'Vai ficar com esse ruído, mas vamos aguardar, né?', diz o presidente em exercício, ao ser indagado se a prisão atrapalha a tramitação da reforma da Previdência
Gustavo Maia e Karla Gamba
21/03/2019 - 17:20 / Atualizado em 21/03/2019 - 20:17
BRASÍLIA - Questionado na tarde desta quinta-feira se a prisão do ex-presidente Michel Temer pode atrapalhar a tramitação da reforma da Previdência no Congresso, o presidente em exercício, HamiltonMourão , levantou a possibilidade de o emedebista ser solto "daqui a pouco" por decisão de "um ministro qualquer", sem citar nomes.
— Acho que não (atrapalha). Tem ruído, né? Vai ficar com esse ruído, mas vamos aguardar, né? Daqui a pouco pode ser que ele seja solto. Vamos esperar aí o que pode acontecer —declarou o vice-presidente, que assumiu o cargo temporariamente por conta da viagem do presidente Jair Bolsonaro ao Chile, nesta tarde.
Indagado se acha que Temer será solto, Mourão respondeu sem dar detalhes. — Volta e meia, daqui a pouco, um ministro qualquer dá um habeas corpus para ele aí —afirmou.
Mais cedo, Mourão afirmou que a prisão de Michel Temer é "muito ruim para o país" e citou também a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), também detido pela Operação Lava-Jato, em abril do ano passado. — Eu já falei a respeito da mesma situação do presidente Lula. É muito ruim para o país ter um ex-presidente preso, agora seguem as investigações — afirmou. Ele também havia dito que não acha que a prisão afetará as votações de interesse do governo no Congresso. - A realidade é que fica todo mundo naquela situação igual cachorro em canoa, querendo se equilibrar — avaliou Mourão.
O Globo quinta, 21 de março de 2019
TÓQUIO 2020 APRESENTA TOCHA OLÍMPICA INSPIRADA EM FLOR DE CEREJEIRA
Tóquio-2020 apresenta tocha olímpica inspirada em flor de cerejeira
Peça é feita de alumínio reciclado, procedente em parte dos alojamentos temporários construídos para as pessoas afetadas pelo terremoto e tsunami em 2011
O Globo
20/03/2019 - 14:52 / Atualizado em 20/03/2019 - 16:01
A organização dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 apresentou nesta quarta-feira sua tocha olímpica, inspirada na flor de cerejeira e cujo percurso do revezamento pelo Japão coincidirá com o florescimento desta árvore. O comitê organizador revelou a aparência que terá a tocha em um evento realizado em Tóquio, a um ano do início do trajeto que a chama olímpica fará pelo Japão. O desenho foi feito por Tokujin Yoshioka, designer, arquiteto e artista japonês.
A tocha tem comprimento de 71 centímetros, pesa 1,2 kg e é feita de alumínio reciclado, procedente em parte dos alojamentos temporários construídos para as pessoas afetadas pelo terremoto e tsunami em 2011. As peças serão produzidas com uma folha única de alumínio, com tecnologia semelhante à que é usada para a construção de trens-bala.
A abertura superior da tocha onde a chama será acesa simboliza as cinco pétalas características da flor de cerejeira e os cinco anéis olímpicos, além de evocar o lema oficial escolhido para o revezamento ("A esperança ilumina o nosso caminho"), segundo explicou a organização durante a apresentação.
Tanto o design da tocha, como o percurso que será feito pelo Japão, foram concebidos com a ideia de reforçar a mensagem de esperança para as regiões do país mais castigadas pela catástrofe natural de 2011.
A chama olímpica será acesa na Grécia, no dia 12 de março de 2020, e chegará oito dias depois à cidade de Matsushima, na província de Miyagi, no nordeste do Japão, uma das mais castigadas pelo desastre, que deixou mais de 18 mil mortos e desaparecidos, onde permanecerá exposta até o dia 21.
De lá, o revezamento fará um percurso de 121 dias pelas 47 províncias do país, antes que a pira seja acesa, em alguma data que deva coincidir com o florescer das cerejeiras no Japão, segundo o programa da organização.
O Globo quarta, 20 de março de 2019
TRATAMENTO MAIS CURTO PARA DOENÇA DE CHAGAS
Tratamento mais curto para doença de Chagas pode ter mesma eficácia e ser mais seguro
Resultados de novo estudo, realizado na Bolívia, dá esperanças para superar desafio da aderência aos medicamentos, que têm muitos efeitos colaterais
O Globo
14/03/2019 - 16:36 / Atualizado em 14/03/2019 - 19:35
RIO — Um tratamento com duração de duas semanas para adultos com doença de Chagas crônica demonstrou ter eficácia semelhante e efeitos colaterais significativamente menores do que o tratamento padrão, que dura oito semanas. Os resultados são de um estudo clínico realizado na Bolívia sob a coordenação da iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi). Os resultados foram divulgados nesta quinta-feira.
Estima-se que a doença de Chagas, que é silenciosa e causada por um parasita encontrado em fezes de insetos, afete seis milhões de pessoas no mundo, podendo causar danos irreversíveis a órgãos vitais e até levar à morte. A aderência ao tratamento padrão e sua toxicidade são uns dos maiores desafios com relação à doença.
O estudo de fase II procurou melhorar a segurança, tolerabilidade e eficácia do tratamento com o medicamento benzonidazol, que foi descoberto há meio século. O trabalho, iniciado em 2016, é o primeiro conduzido com placebo para testar durações e dosagens do tratamento com benznidazol, tanto como monoterapia quanto em combinação com outro medicamento, o fosravuconazol.
— Acreditamos que o tratamento possa poupar pacientes do risco de passar o resto da vida com as complicações debilitantes associadas à doença.O tratamento atual pode provocar efeitos colaterais graves, o que frequentemente leva algumas pessoas a não procurarem ou a recusarem o tratamento — explica Joaquim Gascon, um dos pesquisadores principais do estudo e diretor da Iniciativa de Chagas do ISGlobal.
Outro pesquisador envolvido no estudo, Faustino Torrico, presidente da Fundação CEADES, da Bolívia, chama atenção para como o resultado do trabalho, apontando um tratamento mais curto e seguro, pode "transformar o paradigma do tratamento".
— Melhorando a adesão e incentivando a adoção mais ampla pela comunidade médica — diz.
Resultados semelhantes
Todos os braços do estudo, tanto em monoterapia quanto em combinação, demonstraram ser eficazes. Oitenta por cento dos pacientes do grupo que recebeu a dose padrão de benznidazol, mas por duas semanas em vez das oito usuais, não apresentaram sinais do parasita no sangue seis e 12 meses após a conclusão do tratamento.
Um resultado semelhante também foi observado no grupo que seguiu o tratamento padrão, de oito semanas. Nenhum dos pacientes no grupo com a duração reduzida interrompeu o tratamento. Em média, dois de cada dez que seguiram o tratamento com a duração padrão com benznidazol o abandonaram devido aos efeitos colaterais.
— Estes resultados renovam as esperanças de quem vive com esta doença silenciosa e podem transformar a realidade do acesso ao tratamento em países nos quais a doença é endêmica — aponta Sergio Sosa Estani, diretor do Programa Clínico de Chagas da DNDi. — Com um regime muito mais simples, não há desculpa para não tratar quem têm doença de Chagas
O Globo terça, 19 de março de 2019
LEI SECA: EM DEZ ANO, REDUÇÃO DE 53% DE MORTES DE TRÂNSITO NO RIO
Em dez anos, Lei Seca reduziu em 53% mortes de trânsito no Rio
Número de acidentes despencou desde o início da operação, o que se reflete no total de indenizações pagas pelo seguro DPVAT
Matheus Maciel
19/03/2019 - 04:30
RIO — Há exatos dez anos saía do papel a Operação Lei Seca. Cercada de incertezas e questionamentos da população, a ação teve de conquistar espaço aos poucos. Além do impacto na mudança de hábito dos motoristas do Rio, há resultados que podem ser traduzidos em números. As mortes em acidentes de trânsito no estado caíram, no período, 53%, de acordo com dados divulgados pela Secretaria estadual de Governo. Em 2008, o seguro DPVAT pagou 5.173 indenizações a parentes de vítimas de acidentes fatais no estado. Em 2018, o total de benefícios foi de 2.547.
Desde o início das operações até hoje, mais de 3,6 milhões motoristas foram abordados em mais de 22 mil blitzes em todo o estado. Em dez anos, houve uma redução de cerca de 50% no número de motoristas flagrados dirigindo sob o efeito de álcool.
Como antecipado pelo GLOBO, a operação passará a acontecer de dia e à noite, a Lei Seca 24h. O governo também planeja usar nas blitzes equipamentos capazes de detectar o uso de cocaína e ecstasy. Mas esses aparelhos ainda terão de ser importados.
Desde 2016, o rigor com as infrações também aumentou. O valor da multa subiu para R$ 2.934,70, e a recusa do motorista em fazer o teste do bafômetro passou a ser considerada penalidade.
O Globo segunda, 18 de março de 2019
FORAGIDO DA LAVA-JATO VIVE VIDA DE LUXO EM PORTUGAL
Foragido da Lava-Jato no Rio, José Carlos Lavouras vive uma vida de luxo em Portugal
Empresário foi localizado por uma equipe do “Fantástico”, da TV Globo, na cidade do Porto
O Globo
18/03/2019 - 04:30
RIO — Foragido da OperaçãoLava-Jato no Rio, o empresárioJosé Carlos Lavouras vive uma vida de luxo em Portugal. Ele chegou a ser preso naquele país devido a uma ordem do juiz Marcelo Bretas em 2017, mas foiliberado depois e o judiciário português decidiu não extraditá-lo.
Junto de Jacob Barata Filho, Lavouras comandou o Conselho da Fetranspor durante três décadas, e foi apontado pelo doleiro e delator Álvaro José Novis como o responsável pela articulação do pagamento de propinas a autoridades do Estado do Rio. Conforme as investigações do Ministério Público Federal, ele organizou uma caixinha para recolher propinas de empresários para políticos. O próprio Lavouras teria embolsado R$ 40 milhões.
Na cidade do Porto, Lavouras vive em um apartamento registrado em nome de sua mãe, na região da Boavista, uma área nobre da cidade. O imóvel de R$ 3,5 milhões possui quatro quartos. Para se deslocar pela cidade, usa carros de luxo com motorista. O mais caro custa o equivalente a R$ 300 mil.
Em Portugal, ele também mantém negócios na área de transporte e em uma empresa de água mineral. O MP português investiga a possibilidade de ele ter lavado dinheiro da corrupção no Brasil por meio dessas empresas. O advogado de Lavouras, Alexandre Lopes, disse que seu cliente não é obrigado a voltar ao país para ser “encarcerado por uma decisão ilegal”.
O Globo domingo, 17 de março de 2019
FUTEBOL FEMININO - BRASILEIRO COMEÇOU NO SÁBADO
Futebol feminino aposta em visibilidade de torneios para se firmar no Brasil
Brasileiro começa neste sábado com transmissão de rede social; Flamengo é o único carioca na divisão de elite
Igor Siqueira e Tatiana Furtado
16/03/2019 - 04:44
Desde 2015, Juliana defende o Flamengo no Campeonato Brasileiro feminino de futebol. Domingo, a meio-campo de 27 anos estará em mais uma estreia do time, único do Rio na Série A1 (primeira divisão), contra o Iranduba, em Manaus — o torneio começa neste sábado, com três partidas. Desta vez, porém, a carioca sente que os olhares para a modalidade no país estão diferentes. A CBF fechou parceria com o Twitter, que irá transmitir os jogos na sua plataforma, há negociação em curso para transmissão das partidas numa emissora de TV aberta, apoio logístico total da entidade e cotas para todos os times. O número de atletas profissionalizadas também cresceu de 30 para 200, com expectativa de 600 até o fim da temporada.
O momento atual, ela acredita, é para ser agarrado com unhas e dentes. É o ano em que a Copa do Mundo da categoria será transmitida na TV aberta pela primeira vez. O Brasil tem a grande estrela do evento, a seis vezes melhor do mundo Marta. E a CBF e a Conmebol vincularam a participação dos times masculinos em suas competições à formação de equipes femininas profissionais e de base.
— Esse ano promete pela grande visibilidade que o futebol feminino vai ter. É muito importante para a gente que as pessoas possam ver os jogos — diz Juliana, presente na última convocação da seleção brasileira.
Além da maior projeção da competição, os clubes tradicionais, obrigados a investir na categoria pelas entidades, percebem novas oportunidades de negócios e investimentos.
— Acho que é o melhor momento do futebol feminino do Brasil na história. Eu enxergo uma mudança de abordagem. Os clubes já veem como investimento, como oportunidade de receita, de marketing — analisa o diretor de competições da CBF, Manoel Flores. — São 3 mil ingressos antecipados para Iranduba x Flamengo, há lançamentos de camisa, anúncios de atletas, como o São Paulo fez com a Cristiane. Então, é uma outra pegada.
R$ 185 MIL PARA O CAMPEÃO
A vida no futebol feminino no Brasil está longe de ser a dos sonhos. Os valores de salários e premiações, se comparados com o universo masculino, são ínfimos.
No Brasileiro de 2018, o time masculino do Palmeiras, por exemplo, recebeu R$ 18 milhões. O Corinthians, campeão feminino, ficou com R$ 120 mil, menos de 1% do prêmio pago aos homens. Na Libertadores, a diferença se mantém. Ano passado, foram R$ 35 milhões para os campeões e R$ 206 mil para as campeãs.
Para este ano, a CBF pagará valor igual em cota de participação. No total, serão distribuídos R$ 700 mil. Além disso, em auxílios aos clubes serão pagos R$ 10 mil por jogo aos mandantes e R$ 5 mil aos visitantes. Ao todo, a entidade desembolsará R$ 2,01 milhões. Somando as premiações de cada fase, o campeão levará R$ 185 mil.
— A competição está paga, passagens, hospedagens, arbitragem. Além disso, tem um auxílio para pagar ambulância, maqueiro, etc. E ainda tem as cotas dos avanços por fase. Financeiramente, a competição é muito boa. Não compare com masculino. Para o feminino, é um dinheiro interessante. Nos próximos três anos, é consolidar isso aí. Agora, tem que vender, números para o ano que vem, começar a dar retorno financeiro para os clubes — afirma Flores.
EXEMPLO NO EXTERIOR
Com a experiência de um ano em Bath, na Inglaterra, em 2011, Juliana consegue traçar as principais diferenças do Brasil e principais centros.
O nível de profissionalização e o investimento na base, segundo ela, são os grandes empecilhos para o desenvolvimento do futebol feminino no Brasil. E, consequentemente, afeta a renovação da seleção brasileira, que ainda se apoia em Marta, Formiga e Cristiane.
Lá, ela tinha casa, tradutor, professora de inglês. Não se preocupava com nada além de jogar bola num clube da terceira divisão. Só retornou porque a avó ficou muito doente.
— Aqui, no início, eu já tive de jogar com várias meias porque a chuteira emprestada era dois números maior — conta Juliana, que começou a levar o futebol a sério aos 13 anos, quando conseguiu uma bolsa de estudos em um colégio de Jacarepaguá.
Ela aponta as dificuldades do crescimento regional do esporte. A falta de estrutura do Carioca, por exemplo, leva a casos bizarros. Certa vez, o Flamengo viajou até a Região dos Lagos,mas não pôde jogar porque a taxa de arbitragem não havia sido paga.
Atleta da Marinha há seis anos, ela não reclama das condições atuais. Tem um salário fixo, que paga as contas de casa, na Cidade de Deus, e as necessidades mais básicas. Mas nunca foi o suficiente para investir em nutricionistas e outros cuidados necessários para uma atleta de alto rendimento. Por isso, quer voltar para o exterior ao fim da temporada.
Do Flamengo, o time recebe o material de treino e de jogos, o que é um dos questionamentos constantes das jogadoras. Desde o ano passado, elas treinam e atuam com versões antigas fabricadas pela Adidas. Os patrocínios antigos são cobertos por tarjas ao longo dos uniformes, já que a equipe feminina não recebeu o de 2019. Ano passado elas jogavam com o de 2016. (Colaborou Diogo Dantas)
O Globo sábado, 16 de março de 2019
CARNAVAL CARIOCA: ESTANDARTE DE OURO - PREMIAÇÃO
Destaques da Sapucaí recebem neste sábado Prêmio Estandarte de Ouro na quadra da Vila Isabel
Ainda há ingressos disponíveis por valor promocional. Festa terá bateria de três escolas e apresentações de premiados
Gilberto Porcidonio
16/03/2019 - 04:30
RIO — O carnaval acabou, mas ainda dá tempo de aproveitar um pouco mais os destaques da Sapucaí. Neste sábado à noite, acontece, na quadra da Vila Isabel, a cerimônia de premiação da 48ª edição do Prêmio Estandarte de Ouro, concedido pelo GLOBO, com a participação do jornal “Extra”. Quem quiser participar da festa, um resumo do que passou de melhor na Avenida, ainda pode comprar ingressos, a preço promocional (R$ 25), no site ingressocerto.com. Basta usar o código ESTANDARTE2019.
A quadra da Vila Isabel vai ter, além da apresentação dos premiados, show das baterias da Vila Isabel, da Grande Rio e da Mangueira, que arrebatou os Estandartes de melhor escola, porta-bandeira e samba-enredo. As três vão tocar juntas e separadamente, garantindo muita animação. Além delas, vão estar na festa as comissões de frente da Grande Rio, da Mangueira e da Portela. A Cubango, que faturou os dois estandartes do Grupo de Acesso (escola e samba-enredo), também marcará presença na noite.
— Será praticamente uma “petit” Sapucaí lá na quadra da Vila — disse a especialista em Projetos Multiplataforma do GLOBO, Luciana Barros.
Eleita melhor porta-bandeira, Squel Jorgea, que se apresentará com o mestre-sala Phelipe Lemos, da União da Ilha, também vencedor do prêmio, está entusiasmada.
— Este está sendo um período super feliz de minha carreira, que já tem 18 anos. Conheci o Phelipe pela rotina de ensaios, mas nunca dançamos juntos. Este será o momento em que celebraremos nossas vitórias — disse Squel.
A festa na quadra da Vila Isabel, que fica no Boulevard Vinte e Oito de Setembro, começa às 20h.
O Globo sexta, 15 de março de 2019
DECISÃO DO STF: INQUÉRITOS DE CAIXA DOIS NA JUSTIÇA ELEITORAL
Decisão do STF deve levar inquéritos de Kassab e Lindbergh para a Justiça Eleitoral
No ano passado, processos foram encaminhados para a Justiça Federal, mas os investigados recorreram
André de Souza
14/03/2019 - 21:29 / Atualizado em 15/03/2019 - 07:17
BRASÍLIA - A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de que processos da Lava-Jato sobre corrupção ligados à prática decaixa dois têm de ser enviados para a Justiça Eleitoral deve afetar inquéritos do ex-senadorLindbergh Farias (PT-RJ), do ex-ministro Gilberto Kassab (PSD-SP), e do ex-deputado Betinho Gomes (PSDB-PE). No ano passado, os relatores desses processos no STF os encaminharam para a Justiça Federal, mas os investigados recorreram.
Em agosto do ano passado, o ministro Edson Fachin, do STF, mandou para a Justiça Federal de Nova Iguaçu (RJ) o inquérito aberto com base na delação da Odebrecht para investigar Lindbergh. Segundo delatores da Odebrecht, ele ajudou a empreiteira no programa de moradia de Nova Iguaçu (RJ), cidade da qual foi prefeito. De acordo com o relato, o atendimento ao pleito foi uma contrapartida a uma doação de R$ 2 milhões por meio de caixa dois que ele recebeu em 2008 em sua campanha para a reeleição na prefeitura.
Também no ano passado, quando ainda era senador, Lindebergh recorreu para manter o caso no STF ou, alternativamente, enviá-lo para a Justiça Eleitoral do Rio. Como não tem mais mandato parlamentar, o pedido para manter o caso no tribunal deverá ser facilmente desconsiderado. O provável é que vá para a Justiça Eleitoral.
Fachin chegou a levar o recurso para julgamento virtual na Segunda Turma, quando os ministros não se reúnem para apreciar o caso, mas registram seus votos no sistema eletrônico da Corte. Mas depois, a pedido do ministro Gilmar Mendes, foi retirado de pauta. Assim, não foi tomada ainda uma decisão. O ex-senador nega irregularidades.
Estava na pauta de terça-feira da Primeira Turma do STF o julgamento que definiria se dois inquéritos abertos na Corte contra Kassab com base na delação da Odebrecht seriam enviados para a Justiça Eleitoral ou para a Justiça Federal. O julgamento foi adiado para que o plenário do STF pudesse deliberar sobre a questão.
Nos dois casos, o relator, ministro Luiz Fux, determinou em agosto do ano passado o envio para a Justiça Federal de São Paulo. Mas a defesa recorreu, pedindo primeiramente o arquivamento. Se isso não fosse possível, solicitava que os casos continuassem no STF ou, alternativamente, fosse para a Justiça Eleitoral paulista.
Betinho Gomes também foi delatado por executivos da Obebrecht. Ele teria recebido repasses nas campanhas de 2012 e 2014 para ajudar a empresa em projetos em Pernambuco. Em maio de 2018, o relator, ministro Ricardo Lewandowski, mandou o caso para a Justiça Federal naquele estado. A defesa recorreu pedindo o arquivamento ou, alternativamente, o envio para a primeira instância da Justiça Eleitoral de Pernambuco. O caso começou a ser analisado virtualmente pela Segunda Turma do STF, mas não houve decisão ainda.
O Globo quinta, 14 de março de 2019
FRANGO DE PADARIA: TEMPEROS, MOLHOS E FAROFAS ESPECIAIS DÃO CARA NOVA
Temperos, molhos e farofas especiais dão cara nova ao clássico frango de padaria
Preparados em fornos de padarias ou em grelhas de restaurante, aprenda ainda o melhor jeito de fazer em casa
Lívia Breves
13/03/2019 - 04:30 / Atualizado em 13/03/2019 - 11:14
Casquinha crocante, carne macia e aroma que alcança o quarteirão seguinte. O clássico frango de padaria é uma delícia e tem lugar cativo na memória afetiva de muita gente. A chef Maria Victória, que comanda o Fresh & Good, em Ipanema, lembra os domingos em família com sabor de frango assado com farofa. Da padaria ou assado em casa, tanto fazia, a regra era apenas uma: comer as asinhas com as mãos e mergulhá-las no molho à campanha. No restaurante, ela serve acompanhado por farofa panko e batata-doce.
— Quem nunca passou um tempinho olhando aqueles frangos girando no forno na porta da padaria? Realmente é uma das coisas mais gostosas que existem. Comida de verdade, sem frescura. Exatamente o que proponho no restaurante. Aqui, preparo uma marinada com vinho branco, louro, tomilho, páprica, legumes aromáticos, raspas de limão e de laranja. O frango fica mergulhado por 24 horas nela e, depois, é assado lentamente no forno. Finalizo na grelha, para a casquinha ficar super crocante e a carne ganhar um toque defumado — conta ela. — A minha dica para quem for fazer em casa é caprichar em uma farofa, a de panko ou de Neston são deliciosas e fáceis de fazer. Basta colocar o alho para dourar no azeite, jogar a farinha e mexer.
No Peru, a fama é tanta, que o pollo a la brasa virou até patrimônio cultural. Para preparar por aqui um típico frango de padaria de lá, o chef Marco Espinoza, do Lima Cocina, no Humaitá, instalou uma churrasqueira ao estilo polleria peruana no terraço da casa. A peça inteira serve quatro pessoas e vem acompanhada por salada com molho vinagrete, batata frita e ainda três molhos de pimenta e maionese caseira. O trunfo do frango peruano, segundo Marco, é o modelo do forno e o tempero que leva 18 ingredientes.
No Zona Sul Santa Mônica, uma loja-modelo da rede que abriu há pouco na Barra, há um forno italiano especialmente para o preparo das aves. Depois da marinada, os galetos passam 4 horas ali se assando. Christophe Lidy, chef do Zona Sul, conta que, para ter um sabor especial, é legal colocar um galho de tomilho fresco e uma folha de louro dentro do frango e ainda dourá-lo em uma frigideira, selando os quatro lados (coxa direita, coxa esquerda, peito e costas), antes de ir para o forno.
— Isso ajudará a dar uma cor mais dourada e a manter a umidade da carne — ensina Lidy.
O frango assado virou um clássico nas mesas de domingo na Fazenda Culinária, restaurante do Museu do Amanhã. Ele vem com batatas assadas e farofinha, mas o que faz mais sucesso é o vinagrete especial, que leva até manga e suco de maracujá. O legal é combinar a acidez do molho com a carne suculenta do frango.
Em Ipanema, o Le Pulê, do casal Daniela e Vassia Tolstói, sócios também dos bares Canastra, nasceu com a ideia de homenagear o frango de “televisão de cachorro” (pulê é uma brincadeira com poulet , frango em francês). E eles servem um que é o carro-chefe da casa, inteiro, com uma farofa com pedaços, temperadíssima, e ainda vegetais tostados.
No Astor, os acompanhamentos são uma salada de agrião e uma torre de batata frita. O chef Marcelo Tanus conta que se inspirou no americano Thomas Keller, famoso mundo afora por seus pratos com frango.
— A carne fica em salmoura com ervas, alho, água e sal por 12 horas e, antes de ir para o forno, é selada em frigideira bem quente — conta Tanus.
E tem mais. No Rubayiat, há um frango caipira marinado em limão-siciliano, alecrim, mostarda Dijon e azeite, assado na brasa servido com creme de milho que é uma delícia. Já no Ojo, no Leblon, o galeto desossado também passa pela marinada da casa, que leva um mix de pápricas, além de limão-siciliano. Para acompanhar, opções de molho (béarnaise, chimichurri artesanal, vinagrete de biquinho ou manteiga com ervas), batata frita, arroz branco, farofa de brioche e salada. Tudo combina à beça com frango assado caseiro.
O Globo quarta, 13 de março de 2019
EURICO MIRANDA: COLUNISTA DO GLOBO COMENTAM SUA MORTE
Colunistas do GLOBO comentam a morte de Eurico Miranda
Ex-presidente do Vasco faleceu aos 74 anos, vítima de câncer
O Globo
12/03/2019 - 21:32 / Atualizado em 13/03/2019 - 07:12
sado. O charuto, baforado na cara dos jornalistas e até dentro de campo, principalmente na hora de levantar troféus; os suspensórios esticados sobre o barrigão ostensivo; o desapego à etiqueta, que ia do deboche à truculência; e, é claro, as ideias que defendia compunham um personagem que passava longe da modernidade. Mas em outros aspectos — especialmente o da comunicação — era um homem à frente do seu tempo.
Em artigo para o site da revista “The New Yorker”, o jornalista Adam Gopnik escreveu que o presidente dos EUA, Donald Trump, descobriu que simplesmente dizer o que está fazendo, por mais polêmico que seja, imobiliza a opinião pública e até mesmo as instituições democráticas. No mundo do futebol brasileiro, Eurico já parecia conhecer esse segredo muito antes do advento as redes sociais. Em episódios como o sumiço da renda de um jogo e a tentativa de expulsar os torcedores do gramado de São Januário para continuar uma final de Brasileiro depois da queda do alambrado (2000), manteve-se desafiador mesmo quando questionado.
Se não queria mais debater, bloqueava os jornalistas, fechando os portões do clube. E tinha sempre à mão uma frase irresistível para seus defensores: fazia tudo pelo Vasco. Um argumento amparado por conquistas como a que lançou sua carreira, a repatriação de Roberto Dinamite (que se tornaria seu inimigo político), e a maior de todas, o título da Libertadores — nem uma nem outra como presidente. Adorava a palavra instituição, que usava para dizer que ele poderia ser atacado, mas o clube que representava deveria ser respeitado. E, justiça seja feita, evitava ofender institucionalmente os adversários — mesmo nas brigas mais renhidas com o Flamengo, que se tornou obsessão.
Morre um grande personagem do futebol brasileiro. Muito mais complexo do que o estereótipo que ele mesmo ajudou a criar.
Carlos Eduardo Mansur
Claro estava que o pacote completo Eurico Miranda era um modelo esgotado. Representava o protagonismo absoluto do dirigente voluntário na condução dos destinos de um clube , uma maneira de dirigir que fazia a instituição se confundir com a pessoa, um modelo centralizador e anacrônico que, em dado momento, transformou São Januário num território privado, de lei própria.
A morte de Eurico acontece num período em que, gradativamente, este modelo sai de cena. A receita do futebol na era global inclui mentalidade empresarial, métodos modernos de gestão, novas fontes de receita, transformação do torcedor em cliente, arenas... Mas também doses de impessoalidade, frieza, uma noção de que nada do que é local importa. A ambição precisa ser continental, mundial.
Ao menos no discurso, Eurico não trocava por nada a vitória num Vasco x Flamengo. Tratava título estadual com nobreza de Libertadores, não cogitava usar reservas num clássico carioca. Em dados momentos, um radicalismo capaz até de se sobrepor a objetivos esportivos. Mas também sintomas de uma conexão com o sentimento da arquibancada. Descontados todos os fartos vícios e imperfeições de seus métodos, há algo de Eurico Miranda que serve ao dirigente moderno.
O futebol globalizado pode ser frio em demasia: em nome dos objetivos esportivos ou econômicos, distancia-se de sua gente, dos valores que sua comunidade preza, das identidades. E estas estão profundamente ligadas a aspectos históricos, rivalidades, rituais: uma soma de experiências pessoais e coletivas que edificam a paixão, criam pertencimento. E é dele que o futebol vive. Deve haver um ponto de encontro entre a gestão moderna e a manutenção dos clubes como representações do sentimento de sua gente.
É possível se modernizar sem se refundar. O mesmo futebol que precisava virar uma página, romper com práticas anacrônicas e hoje inaceitáveis, pode se servir de uma dose de Eurico.
Martín Fernandez
Uma boa definição de Eurico Miranda, ex-presidente do Vasco morto ontem aos 74 anos, é de Ricardo Vasconcelos, seu assessor durante anos que, em abril de 2008, deu a seguinte declaração para a revista “piauí”:
“A democracia aqui é o seguinte: o Eurico dá autonomia, desde que cada um saiba seus limites”.
Em dezembro de 2000, com o time classificado para a final da Copa Mercosul e no meio da disputa da semifinal do Campeonato Brasileiro, Eurico aplicou sua noção particular de democracia e demitiu o técnico Oswaldo de Oliveira.
Os delitos do treinador: ter dado um abraço em Felipão, na época desafeto do cartola, e concedido uma folga aos jogadores num domingo. A decisão intempestiva teve os melhores efeitos possíveis para o Vasco que, com Joel Santana no banco de reservas, ganhou os dois troféus.
Talvez seja cedo demais para medir o tamanho do “euriquismo” na história do Vasco. Sua importância é inegável, para o bem e para o mal. É fácil confundir a história de Eurico com a história do Vasco, afinal, ele esteva lá durante os últimos 50 anos, período em que fez de tudo: montou esquadrões inesquecíveis e times lamentáveis, deu grandes dribles nos cartolas rivais e afundou o Vasco em crises. O homem que levou o Vasco a conquistar a América é o mesmo que levou o clube ao terceiro rebaixamento.
Durante 50 anos, Eurico Miranda viveu o Vasco. Mas também viveu do Vasco. O clube fez mais bem a Eurico Miranda do que o contrário. Talvez Bebeto não tivesse sido contratado daquele jeito, talvez a galeria de troféus não fosse tão repleta.
Mas convém não esquecer que o Vasco é uma instituição centenária, que acolheu negros quando o padrão era rejeitá-los, que fez da construção de São Januário um símbolo de resistência contra o elitismo, que enfeitou a versão mais bonita de seu uniforme com o símbolo de seu grande rival. O Vasco já era grande antes de Eurico. Continuará a ser depois dele.
O Globo terça, 12 de março de 2019
BELA GIL: ALMÔNDEGA DE CASCA DE BANANA
Em novo livro, Bela Gil brinca que almôndega de casca de banana é o novo churrasco de melancia
Em seu quinto livro, apresentadora leva ainda mais a sério a missão de ensinar a combater o desperdício de alimentos
Jacqueline Costa
11/03/2019 - 08:30
RIO — Ninguém pode dizer que falta bom humor na receita de vida de Bela Gil. Em seu quinto livro, “Da raiz à flor — Um novo olhar sobre os ingredientes do dia a dia”, ela faz graça ao escrever, logo na apresentação: “... muitos de nós conhecemos e consumimos melancia (alguns fazem até churrasco...), mas poucos enxergam a casca da melancia como um ingrediente culinário...”. Bela brinca, mas leva muito a sério a missão de ensinar que se alimentar de forma saudável não é algo chato e que, das frutas, legumes e verduras, tudo se aproveita. Até mesmo a casca da banana ou o caroço da jaca podem ir para a panela. A autora afirma que há uma receita que simboliza bem o seu novo livro: almôndegas de casca de banana. Ela brinca que o prato é o novo churrasco de melancia.
— Faço bastante. Recebo amigos que não comeriam casca de banana de jeito nenhum. Falo que é só uma almôndega vegetariana, e aí as pessoas comem. Elas acham que é feita de cogumelos, de tofu ou de algum alimento mais convencional. Quando explico o que é, ficam perplexas. Na verdade, eu já venho trabalhando com isso há um tempo, mas quis frisar bem nesse novo livro o uso integral dos alimentos — comenta Bela.
A jaca é um dos alimentos que se destacam nas páginas da publicação, que será lançada na Livraria da Travessa do Shopping Leblon, dia 18, às 19h, pela editora Globo Estilo. Tem petiscos, acompanhamentos, saladas e pratos principais feitos com a fruta. Exemplos? Coxinha de batata-baroa com carne de jaca, empadinha de jaca, jaca verde frita, curry de caroço de jaca, moqueca de caroço de jaca...
Nas 57 receitas do livro, Bela também mostra que talos de couve, agrião, coentro e salsinha têm sabor e textura dignos das partes mais convencionais desses alimentos. Ela também ensina a usar folhas de rabanete, couve-flor, brócolis, beterraba e cenoura, que, dificilmente, são vendidas nos mercados. A apresentadora mostra que são nutritivas e também gostosas.
A publicação é dividida em quatro capítulos (Petiscos, acompanhamentos e saladas; Pratos principais; Sobremesas; e Bebidas). Bela gosta de dizer que este é um livro com “novos ingredientes que todo mundo já conhece”. E explica que a intenção é mostrar alternativas novas, partindo de alimentos comuns.
— Todo mundo conhece a melancia, mas talvez não saiba o que pode ser feito com a casca dela. Todo mundo conhece o mamão, mas também não sabe como usar a semente. Com a utilização desses ingredientes, a ideia é diminuir o desperdício de comida, além de melhorar a economia doméstica. É importante fazer com que as pessoas gastem menos para comer melhor — comenta Bela.
A apresentadora do canal a cabo GNT tem consciência de que produtos mais saudáveis pesam no orçamento. Ela acredita, porém, que criatividade, conhecimento e informação na cozinha estão entre as soluções para baratear o custo de uma alimentação mais orgânica.
— Se você gasta R$ 10 em um melão e joga toda a casca fora, você está quase jogando a metade da fruta no lixo. Usar a casca é uma forma de fazer o dinheiro render mais. É o que hoje está na nossa mão, mas acredito que também precisamos de políticas públicas. O governo tem que dar mais incentivo para a agricultura orgânica — afirma.
Bela diz que gosta de escolher os próprios alimentos e que frequenta as feiras de produtos orgânicos da Zona Sul. Uma delas é a da Praça Nossa Senhora da Paz, na esquina das ruas Joana Angélica e Visconde de Pirajá, em Ipanema, às terças-feiras.
—Adoro porque conheço os produtores e sempre trocamos ideias. A feira orgânica permite que você conheça quem está produzindo o seu alimento. É diferente de uma feira convencional, onde as pessoas compram de um centro de abastecimento sem saber como e por quem foi plantado — diz a autora.
Para quem quiser encontrar uma feira orgânica no bairro ou região onde mora, a dica, segundo ela, é entrar no site do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) (www.feirasorganicas.org.br), no qual consta um mapa com todas elas.
Segundo Bela Gil, a maioria das receitas que aparecem no livro é de pratos que ela já vinha preparando em casa. Uma das que passaram por teste foi a que transforma a semente de mamão, já desidratada, em uma espécie de pimenta-do-reino.
—Tinha um ateliê onde testava as receitas. Sempre chamava amigos para comer ou eles mesmos me ligavam e perguntavam se eu estava testando alguma coisa. As pessoas provam, dão palpites e criticam de uma maneira legal as receitas — comenta.
De acordo com a apresentadora, ingredientes novos não aparecem nas receitas.
— Todos já foram citados por mim ou apareceram nos programas que gravei ou nos outros livros que publiquei. As novidades estão na maneira como eu os utilizo. Faço, por exemplo, creme de painço com chocolate — diz Bela Gil.
Terminar o mestrado em slow food na Universidade de Ciências Gastronômicas, na Itália, está entre os planos de Bela para 2019. Fundada em 2004 e promovida pela associação Slow Food Internacional em colaboração com as regiões de Piemonte e Emilia Romagna, a instituição é um centro internacional de formação e pesquisa.
Depois de mais estudo e experiências, quem sabe não vem outro livro por aí?
O Globo segunda, 11 de março de 2019
USO DA IMAGEM DE MARIELLE PARA SE PROMOVER
'Tanta gente usa a imagem dela para se promover', diz Luyara, filha de Marielle Franco
Filha única da vereadora quer a solução do caso, mas também que a a família seja reconhecida: 'esquecem que a gente tem uma essência, uma criação'
Fernanda Pontes
11/03/2019 - 04:30 / Atualizado em 11/03/2019 - 07:04
Filha única de Marielle Franco, vereadora assassinada a tiros em 14 de março de 2018, Luyara Franco, de 20 anos, ainda tem a sensação, mesmo um ano depois do crime, de que sua mãe "pode chegar a qualquer momento" em casa. Nesses 12 meses, ela viu o nome Marielle Franco ser pronunciado em telejornais do mundo todo, no discurso da ativista americana Angela Davis e também na voz da cantora pop Katy Perry durante um show no Rio. Mas até hoje Luyara espera a prisão dos assassinos e mandantes do crime, que tirou a vida de sua mãe.
Em entrevista ao GLOBO, Luyara lamenta que usem o nome de Marielle indiscriminadamente.
Como era sua relação com Marielle?
Filha única, né? Tinha aquele mimo. Mas minha mãe também era muito dura comigo. Era dura com ela também, para não cometer os mesmos erros que minha avó cometeu. Estava sempre querendo acertar, era uma relação de muita parceria também. Ela se separou muito cedo do meu pai, eu tinha uns 3 anos. Até os 10, a gente morava com a minha avó. Quando minha mãe casou de novo, foi muito diferente porque passamos a ser eu, ela e mais uma pessoa. Antes, ela trabalhava em três lugares, eu acho, e eu só a via de manhã e de noite, antes de dormir. Quando se candidatou, eu estava no ano do vestibular. Então eu acordava muito cedo e ela estava dormindo. Eu só dava um beijo nela e ia para a escola. Depois da escola, eu voltava cansada, e ela chegava do trabalho e me dava um beijo. Eu sempre falo que minha mãe era meu porto seguro. Ela meu anjo da guarda para enfrentar o mundo.
Qual foi a última vez que vocês se encontraram?
Eu tinha saído do estágio e minhas aulas ainda não tinham começado.Ou seja, estava em casa direto. Então me mãe me falou para ir passar um tempo com a minha avó. Depois de uma semana lá, peguei conjuntivite. Quando voltei para casa, fui dar um abraço na minha mãe, e ela falou: "cê tá maluca garota, eu não posso pegar conjuntivite não!”. Ela iria viajar na sexta... Eu fiquei muito chateada na hora, mas voltei para casa da minha avó. Era uma segunda-feira. No dia seguinte, não nos falamos muito. Na quarta, dia em que minha mãe foi assassinada, ela me mandou mensagem, acho que era umas ito e pouca da noite. Estava na Casa das Pretas e me mandou uma mensagem falando que a gente tinha que cuidar da nossa coroa, que é como chamamos o nosso cabelo. Foi a última mensagem que eu recebi dela.
Como você soube do assassinato?
Eu estava na casa da minha avó, com todos na sala assistindo ao jogo do Flamengo. Me despedi e fui para o quarto dormir. Aí uma amiga minha me ligou e perguntou se estava tudo bem comigo. Respondi que sim. Conversamos um pouco, e ela disse que me ligaria depois. Achei estranho. Uns cinco minutos depois, um ex-namorado meu ligou: "Pô, minha mãe recebeu uma mensagem aqui no telefone. Tão falando que mataram sua mãe". Ele foi muito direto. Eu falei que não era possível, eutinha cabado de trocar mensagem com ela. Levantei da cama, fui falar com os meus avós, mas não queria ser a pessoa que contaria a eles. Então pedi que ligassem para ela e para ligarem a TV na Globonews. Nesse momento, escutei a minha tia falando ao telefone no andar de cima. Quando ela desceu as escadas, eu já me debatia no chão, gritando. As pessoas começaram a chegar na casa, meu padrinho, amigos que se formaram comigo, amigos da minha avó. Ela ficou muito mal, eu achei que naquele dia iria perder as duas de tanto que ela chorava. Chorava, chorava, chorava. Pedi a minha avó para ficar calma: "Eu não posso perder as duas no mesmo dia". Minha tia foi ao local do assassinato, volta e fala que era verdade mesmo. A gente tenta ir dormir sem acreditar. Eu nem dormi, não consegui dormir. Cochilei meia hora. Chovia muito, ventava.
Como você se sentiu ao ver a repercussão do caso?
Nos primeiros meses, eu comentava com minha tia que os caras que fizeram isso não tinham noção de que repercutiria nesse nível. Eles achavam que seria só mais um crime político. Eu tive noção quando a gente foi no show da Katy Perry. Eu a conheci, tirei foto com ela, o que já era bem mais do que qualquer pessoa esperava. E depois ver outras pessoas como a Taís Araújo e o Lázaro Ramos, gente que eu sempre admirei. A própria Angela Davis, que minha tia teve o prazer de conhecer. É muito gratificante. Ameniza um pouco a dor saber que ela morreu por uma causa que repercutiu no mundo todo.
Durante um ato de campanha na eleição de 2018, dois candidatos apareceram em vídeo quebrando um placa que homenageava sua mãe. Qual foi sua reação ao ver a cena?
Quando eu vi aquilo, eu pensei "as pessoas não são humanas". Por que fazer isso dessa forma tão brutal? Quebrar a placa, sendo uma homenagem, depois atacar a gente de algumas formas. Eu fiquei mais do que chateada, fiquei triste, com raiva da vida. Saber que as pessoas não conseguem se colocar no lugar do outro.
Como é sua vida hoje, quase um ano após o crime?
Continuo no curso de Educação Física na Uerj e voltei a morar com os meus avós. É muito diferente porque fica mais clara a ausência da da minha mãe. A minha tia vai lá nos finais de semana. Passa sempre para ver a gente, o que me lembra muito a época que morava todo mundo junto. Para mim, parece que a minha mãe vai chegar a qualquer momento. Eu tenho um quadro do rosto dela no meu quarto, em cima da minha cama. Às vezes, quando eu estou me arrumando, parece que ela vai chegar e falar que era mentira.
O que você espera daqui para frente?
Eu espero Justiça em alguns âmbitos. Justiça de saber quem fez, quem mandou, por que mandou. E também a justiça da vida. É que de vez em quando eu passo por umas situações... As pessoas não lembram que minha mãe tinha uma filha. Ou não sabem. Tem tanta gente que usa a imagem dela para se promover, usam o nome dela para se promover. Como é que todo mundo tá usando o nome dela e não sabe que ela tem uma filha? Não sabem a história dela. Mãe, vereadora, bissexual. Esquecem que a gente tem uma essência, uma criação. Inclusive acho que essa é a justiça que, no meu coração, vai mais me acalentar. Quando as pessoas reconhecerem todo mundo como a mesma família, que a família existe, que está todo mundo junto.
O Globo domingo, 10 de março de 2019
BARBIE FAZ 60 ANOS
Barbie faz 60 anos e busca repaginar sua imagem frente a demandas por diversidade
Criticada por reforçar um padrão de beleza inatingível para a maioria das mulheres, boneca ganha novas versões, incluindo negras e curvilíneas
Clarissa Barreto
09/03/2019 - 04:30 / Atualizado em 09/03/2019 - 16:02
A lembrança mais antiga da minha vida foi aos 4 anos, em 1983: o dia em que minha mãe entrou no meu quarto com minha irmã recém-nascida. A visão era incrível: cabelos loiros, chapeuzinho, casaco vermelho e longas botas pretas — foi minha primeira Barbie, que minha mãe trouxe de presente para que eu não ficasse chateada com a chegada da irmãzinha, de cujas feições naquela hora, confesso, não tenho a mais vaga lembrança.
Barbie havia chegado ao Brasil em 1982, franqueada pela marca Estrela, mas já era objeto de desejo das meninas americanas há mais de duas décadas: agora, ela completa 60 anos, e eu fui só mais uma entre milhões de meninas de todo o planeta que tiveram suas infâncias marcadas pela boneca loira, de olhos claros e corpo impossível de reproduzir na vida real.
Os números mostram que a sexagenária tem fôlego. A cada minuto, mais de 100 Barbies são vendidas em 150 países. O canal da boneca no YouTube tem 5 milhões de inscritos. Quem o acessa já consumiu 151 milhões de minutos de conteúdo, fora os impressionantes 18 bilhões de minutos de conteúdo gerados pelos próprios usuários.
Breve, num cinema
No ano que vem, o icônico personagem chega aos cinemas em sua primeira versão live action. Margot Robbie, atriz de “Esquadrão Suicida” e “Eu, Tônia”, vai encarnar a protagonista. Nem tudo, porém, é glamour. Para muita gente, a rica loura de cintura fina e que jamais envelhece tem o filme queimado para sempre. Barbie, afinal, cristalizou um ideal de beleza. E o mundo foi exigindo mais representatividade e brigando contra a imposição de padrões.
Justiça seja feita, ela foi uma revolução quando surgiu. Na época, as bonecas eram apenas reproduções de bebês. Com ela, as meninas de 60 anos atrás passaram a brincar de “adultas” — com profissões, carros, casas, um guarda-roupa repleto de looks — e, não mais, necessariamente, de mães.
Na história oficial, Ruth Handler, fundadora da fabricante de brinquedos Mattel junto com o marido, percebeu que a filha Barbara (ou Barbie) curtia trocar as roupas de suas bonecas de papel. Viu ali uma oportunidade de criar “life in plastic/it’s fantastic” (“vida de plástico, isso é fantástico”, em tradução livre), como cantou a banda Acqua, muitos anos depois.
Outra versão conta que a inspiração veio de Bild Lilli, boneca alemã criada em 1955 e que Ruth teria comprado em Hamburgo. O fato é que, no dia 9 de março de 1959, Barbie surgiu numa feira de brinquedos em Nova York, de saltos altos, maiô listrado e corpo de musa de Hollywood. A partir daí, o céu, ou melhor, o espaço foi o limite. A boneca, inicialmente vendida por US$ 3, teve mais de 200 carreiras — inclusive astronauta, em 1965, chegando à Lua antes de Neil Armstrong.
— De objeto inanimado, ela passou a ter uma dimensão humana e tornou-se um conceito, uma marca — explica Fernanda Roveri, pesquisadora e autora do livro “Barbie na educação de meninas: do rosa ao choque”, que ganha nova edição neste ano.
Ao longo dos anos, a “boneca-mulher” foi vestida por estilistas famosos, viveu em mansões, ganhou capa de revistas e edições especiais retratando personalidades do cinema, da moda e das artes. Também contabilizou “amigas” de cabelos cacheados, negras, morenas e com filhos.
Mas o mundo mudou. E, com ele, mães e pais, que passaram a demandar bonecas mais condizentes com a realidade que viam em casa. A boneca se ligou e vem tentando se atualizar. Ao mesmo tempo, levou uma nova saraivada de críticas, de quem vê as tentativas de modernização como mera maquiagem da mesma doutrinação de como deve ser uma mulher.
No ano passado, Jill Lepore, historiadora americana e professora em Harvard, escreveu um artigo relembrando uma disputa judicial. A pendenga envolveu a Mattel, fabricante da Barbie, e a MGA Entertainment, criadora da Bratz, boneca mais descolada que caiu nas graças de meninas (e meninos) não brancas e ameaçou a hegemonia da loura nos anos 2000. Para ela, mesmo que as bonecas sejam aparentemente empoderadas, o controle sobre o tipo, corpo e padrão de mulher aceitável permanece.
De musa a meme
Professora no Art Center College Design em Pasadena, na Califórnia, Elizabeth Chin é especialista em comportamento do consumidor e também não acredita no poder de bonecas “empoderadoras”.
“O problema aqui não é realmente a Barbie, mas a cultura que a produz”, ela escreveu. As crianças seriam influenciadas desde muito cedo por uma cultura em que aparências importam — e muito. Para Elizabeth, dar às meninas bonecas com corpos mais reais mas manter a pressão social por magreza, padrão de beleza e adequação é inútil.
No Brasil dividido nas posições políticas, mas unido no amor aos memes, a boneca virou piada, discursando contra demandas de minorias em contraste com sua vida de luxo. Depois, apareceu como fantasia de carnaval, loura, de cor-de-rosa, carregando plaquinhas com frases como “Se eu tenho privilégios foi porque mereci!”
DA LOURA DE MAIÔ A FRIDA KAHLO, TODAS AS FACES DA BARBIE
Apesar das críticas, a boneca chega aos 60 como sucesso de vendas. E aproveita a efeméride para lançar mais modelos. Entre as Barbies Fashionistas — lançadas em 2016 com bonecas negras, curvilíneas, de cabelos crespos, cacheados, coloridos — haverá agora uma cadeirante e outra com uma prótese na perna. Um novo posicionamento que veio há três anos com a sutil mudança de slogan: de “tudo o que você quer ser” para “você pode ser o que quiser”. Se o que você quiser couber no catálogo, claro.
Para Jaciana Melquíades, que criou a marca de bonecas de pano negras Era Uma Vez o Mundo, a falta de representatividade da boneca loira, magra e rica não impede que ela ainda seja um sucesso.
— Ela já conseguiu se firmar no imaginário das pessoas como a boneca do desejo. Todo mundo quer se ver na Barbie. Então, cabe à indústria se adaptar às realidades, às diversas possibilidades de identidade e criar essa identificação com as pessoas — diz.
Uma pequena parte dos números imensos que circundam o universo Barbie aparece na casa da advogada gaúcha Bianca Condini, 32 anos, mãe de Ágata, 5. A menina ganhou suas duas primeiras Barbies com 2 anos e de lá para cá já amealha 20 exemplares, entre loiras, morenas, fadas, jogadoras de futebol.
— Ela não dava muita importância para a boneca. Mas, de uns dois anos para cá, começou a gostar muito mais, acho que influenciada por desenhos na internet — conta a mãe, que também tinha Barbies na infância.
Outros modos de ser
Seguindo a proposta de mostrar mais diversidade, a Mattel engorda sua lista de homenageadas do projeto Shero (jogo de palavras com “She” (ela) e “Hero” (herói/heroína). São Barbies que representam personalidades ao redor do mundo. Foram lançadas 20 bonecas, incluindo ativistas, jornalistas, atletas e, entre elas, uma brasileira: Maya Gabeira, a maior surfista de ondas gigantes do Brasil, que entrou para o “Guinness Book” em 2018 após surfar uma onda de 20,7 metros.
— Isso mostra às meninas que elas podem e devem ser realmente quem quiserem ser — defende Maya.
Para a pesquisadora e doutora em Educação Fernanda Roveri, autora da tese de mestrado que virou livro “Barbie na educação de meninas: do rosa ao choque”, a boneca “sugere às meninas modos de ser e de se comportar para adquirir visibilidade e lugar social”. Mas, ela pondera:
— Vale lembrar que a boneca ensina apenas um tipo de feminilidade, quando existem muitos modos de ser mulher.
Para fazer esta reportagem, comprei minha primeira Barbie depois de quase 30 anos. Escolhi a jogadora de futebol, da linha Profissões, com pele e olhos muito mais escuros do que as Barbies do “meu tempo”, cabelos também escuros, porém longos e lisos. Peitos menores, quadril mais proporcional, parece. Dei para o meu filho Rafael, 5 anos, cuja pele é da exata cor da boneca, e ela está entrando na brincadeira com os heróis e robôs — com uma certa truculência que me deixa meio desconfortável. E ainda causa estranhamento. Mas não dá mais para esperar outros 60 anos.
O Globo sábado, 09 de março de 2019
SALADAS QUE VALEM POR UM BIFINHHO
Saladas que valem por um bifinho
Com sustância, sugestões vão muito além do mix de folhas
Marcella Sobral
08/03/2019 - 04:34 / Atualizado em 08/03/2019 - 10:58
Se tem gente que diz que o ano só começa depois do carnaval, não custa pegar carona na empolgação do recomeço e investir numa alimentação mais balanceada. Para ninguém fazer promessa que não pode cumprir, a dica é apostar em saladas mais parrudas, que valem (mesmo) por uma refeição.
SALADAS PARA QUEM É BOM DE GARFO
1 de 10
Não é porque é salada que tem que ser fria. No Anna (Av. Epitácio Pessoa 214, Ipanema — 2529-8810), os frutos do mar (camarão, polvo, lula e lagostim), servidos com rúcula selvagem e parmesão, são mornos, cozidos no vapor (R$ 35).
Barthodomeu
A sugestão do Barthodomeu (Rua Maria Quitéria 46, Ipanema — 2247-8609) quase vale por um bifinho: salada de rosbife (R$ 32), mix de folhas, tomate-cereja, rosbife e molho de gorgonzola.
Gaia Art & Café
No restaurante de culinária sustentável do Leme (Rua Gustavo Sampaio 323 —2244-3306) , a salada colorida (R$ 33) é para quem é bom de garfo. O prato combina alfaces roxa e verde, com tomate-cereja, repolho roxo, cenoura e rostie de inhame com queijo coalho e cebola roxa.
Gula Gula
As saladas do Gula Gula (Shopping da Gávea — 2239-5594) são quase um patrimônio carioca. Duas delas dispensam acompanhamentos: a feijão maravilha (feijão vermelho, pesto de agrião e limão-galego, azeitonas, farofa de castanhas e crudo de cogumelos e pupunha, R$ 30) e a turbinada Oriental 2.0 (arroz integral com molho oriental, mix de folhas, abóbora fresca ralada, tâmaras, castanha de caju tostada, tomate, abacaxi e hortelã, R$ 25).
La Fruteria
A boutique de frutas na Barra (Av. Lúcio Costa, 3150, loja 101, Barra - 3649-9979) tem um bar de saladas da DoJour, com opções combinadas e à la carte. Uma das opções rica em proteína é a bean mix (R$39) com feijões preto, de corda e moyashi, pesto verde, ovo, crocante de milho, tofu defumado crocante, cenoura, couve-flor, azeite de alho assado, tomate-cereja, banana-da-terra, queijo coalho e folhas.
O Globo sexta, 08 de março de 2019
PÓS-CARNAVAL EM ANITTA, NONOBLOCO EM HOMENAGEM ÀS MULHERES
Pós-carnaval tem Anitta, Monobloco em homenagem às mulheres e roda de samba feminina
Uma série de blocos e festas anima a programação do fim de semana, que tem mais uma edição do Bloco das Poderosas no Centro
Bruno Calixto
08/03/2019 - 04:30 / Atualizado em 08/03/2019 - 11:24
Abram alas para elas! Com o tema “Homenagem às mulheres da música brasileira — Abram alas pra elas”, o Monobloco faz seu 19º desfile no domingo pós-carnaval no Centro, onde um dia antes o furacão Anitta (dona do hit mais tocado no carnaval de rua do Rio: "Bola rebola") lidera mais uma edição do Bloco das Poderosas. Além de sucessos em ritmo de batucada, o Monobloco traz canções conhecidas nas vozes de Ivete Sangalo, Iza, Daniela Mercury, Marisa Monte, Elba Ramalho e Ludmilla, entre outras.
- A decisão de homenagear as mulheres veio dos nossos batuqueiros, depois que nós propusemos alguns temas. São muitas as mulheres brilhantes da nossa música e vamos tentar contemplar o maior número possível. Posso destacar algumas homenageadas, como Elza Sares, Clara Nunes, Beth Carvalho, Dona Ivone Lara, Maria Rita, Elba Ramalho, e por aí vai. Vai ser bonito poder contar um pouco dessa historia da força feminina que também está nas nossas baterias - destaca um dos fundadores do Monobloco, Pedro Luís, informando que, no Rio, dos 190 ritmistas, 114 são mulheres, a maioria em instrumentos com tamborins e chocalhos, mas também em surdos e repique.
Uma das patrocinadoras do Bloco das Poderosas vai levar pessoas com deficiência auditiva para curtirem a festa de um jeito único, com mochilas que vibram de acordo com as batidas do som.
- Com uma tecnologia especial, eles poderão sentir a música pelo corpo e viver uma experiência inesquecível. Amei a ideia. Estou muito feliz de fazer parte. Esse é um jeito muito legal e inovador de mostrar a importância da inclusão dessas pessoas na festa mais inclusiva do país - diz Anitta.
Sábado, a roda Samba Que Elas Querem estará entre as atrações do Baile da Sorte, que recebe ainda os blocos Sereias da Guanabara, New Kids On The Bloco e Tome Conta de Mim, além de DJs. Confira estas e outras performances de carnaval pela cidade no fim de semana. Siga nossa página no Instagram: @rioshowoglobo
A bateria do bloco toca com os DJs Ciana UG (UjimaGang), Fresh Prince (Batekoo RJ), Mabru UG (UjimaGang) e Tago.
Rua do Livramento: Na altura do número 73, Gamboa. Sex, às 22h.
Bloco dos Amigos
Tocam SalleZ (Bass Paradise), DJ Julio Rodrigues (AUR) e Arth.exe (Papa Bass), entre outros.
Bar do Nanam: Rua Imperatriz Leopoldina 55, Centro. Sex, às 23h.
Bloco das Poderosas
Anitta comanda a festa no megabloco de funk.
Av. Presidente Antônio Carlos: Centro. Sáb, às 7h.
O Globo quinta, 07 de março de 2019
CARNAVAL CARIOCA: MANGUEIRA CAMPEÃ
Análise: um resultado justo e esperado, o que nem sempre acontece no carnaval carioca
Mangueira mereceu o título, ao contrário de várias outras campeãs recentes; jurados ainda incorrem em velhos vícios, mas vêm melhorando aos poucos
Bernardo Araujo
06/03/2019 - 18:57 / Atualizado em 06/03/2019 - 23:49
Tudo levava a crer que a Mangueira seria a campeã do carnaval 2019. A expectativa anterior à festa, com o samba cantado fervorosamente pelos quatro cantos do Rio, se confirmou com o catártico desfile da escola na madrugada da terça-feira de carnaval. Só que "tudo leva a crer" no universo da Liga Independente das Escolas de Samba pode não significar absolutamente nada, como mostrou o campeonato da Beija-Flor de 2018. Um ano depois, os jurados, de forma geral, avaliaram as escolas com rigor e critério, e a verde-e-rosa acabou campeã com um score perfeito, até "folgado" em termos de carnaval carioca, com três décimos à frente da surpreendente vice-campeã Viradouro. O quesito samba-enredo (sempre ele!) fez a Mangueira abrir a diferença, que nunca foi recuperada pela escola de Niterói. Na verdade, o hino da Viradouro foi julgado até com complacência demais: dois jurados, Felipe Trotta e Eri Galvão, deram nota 10 para uma canção muito inferior à maioria das outras do ano, com pouco sentido - como é tradicional nos enredos do carnavalesco Paulo Barros - e nenhum charme.
VEJA IMAGENS DA APURAÇÃO DO DESFILE DAS ESCOLAS DE SAMBA DO RIO
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Se alguns quesitos tiveram jurados rigorosos, como samba-enredo e comissão de frente, em outros veio a tradicional (mas que, por sorte, anda caindo em desuso) enxurrada de notas 10. O julgamento de bateria, por exemplo, precisa definitivamente ser repensado. Das 40 notas apuradas, menos da metade não foram 10, apenas 18. O jurado Sérgio Naidin deu três notas 9,9 (para Império Serrano, São Clemente e Portela), e todas as outras escolas receberam o grau máximo. É certo que as baterias são profissionais, bem ensaiadas, mas será possível que uma não é um pouquinho melhor do que a outra? A Mangueira, com sua bossa que começava marcial e acabava em atabaques (os negros superando os militares), a Portela e suas levadas afro, referentes a orixás diversos, e o coração que batia com o samba do Império Serrano, nada disso merece um décimo a mais do que baterias corretas, mas menos criativas? A batida mais cadenciada da Mocidade, valorizando a melodia do samba, não deve ser mais bem avaliada do que a metralhadora hardcore da bateria do Tuiuti? Não custa refletir.
É claro que alguma contaminação é inevitável. O jurado pode se emocionar com um aspecto do desfile que não é aquele que ele deveria julgar e acabar beneficiando a escola. Um dos casos mais flagrantes disso aconteceu em 1998, quando "Chico Buarque da Mangueira" levou o título, um desfile fraco, com um samba bobo, mas um monstro da cultura brasileira que seduziu todo mundo. Acontece. (Aliás, a Mangueira dividiu o título daquele ano com a Beija-Flor e seu "Mundo místico dos caruanas nas águas do Patu-anu", alguém se lembra? Quem vir os desfiles e ouvir os sambas certamente perceberá, sem a emoção (e os olhos azuis de Chico) do momento, a superioridade da escola de Nilópolis.
MARIELLE, PRESENTE EM TODO O CARNAVAL
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Então, alguma influência é natural, mas o jurado deve lutar exatamente contra isso. De volta à Viradouro, Paulo Barros fez um de seus melhores carnavais recentes, a despeito de ideias repetidas (como personagens Disney e mortos-vivos) e de um enredo raso. OK, vamos dar notas 10 para as fantasias, harmonia e evolução da alvirrubra niteroiense, que de fato desfilou bem. Mas o samba, como já foi dito, e o enredo podem ser avaliados por si sós. As seis escolas que desfilam no Sábado das Campeãs (pela ordem, Mangueira, Viradouro, Vila Isabel, Portela, Salgueiro e Mocidade) merecem estar lá, mas algumas distorções no julgamento merecem ser ressaltadas.
Nomes e bandeiras continuam tendo sua força. O Império Serrano fez, decerto, o pior dos 14 desfiles. Mas será que precisava ter como default a nota 9,7? Se uma poderosa se apresentasse da mesma forma, seria julgada com o mesmo rigor? O mestre Renato Lage, um dos maiores nomes da história do carnaval, fez uma Grande Rio desenxabida, com poucas ideias, burocrática, e ainda embalada por um samba fraquíssimo. Pois suas alegorias e adereços levaram quatro notas 10, à frente, por exemplo, do suntuoso Salgueiro e da Portela de Rosa Magalhães, ao lado da beijaflôrica Vila Isabel. Terá sido justo?
Por fim, o rebaixamento. O Império Serrano, mesmo sem qualquer implicância, já estava de volta ao sábado (o do Acesso em 2020, não o próximo) desde antes do carnaval, com sua "ousadia" de transformar "O que é, o que é?", de Gonzaguinha, em samba-enredo, e com a ideia no mínimo esquisita de botar mestre-sala e porta-bandeira para dançarem sobre um tablado (os dois quesitos, aliás, nem foram os mais mal avaliados). Um descenso merecido de uma escola que ainda vive nos anos 1970, e cuja presidente teve a ideia genial de não ensaiar na quadra no pré-carnaval, para "evitar prejuízos".
A Imperatriz Leopoldinense teve graves problemas em seu desfile, mas há 20 anos, quando ela era campeã quando merecia e quando não merecia, tamanho era seu poder na Liga, isso talvez não acontecesse. Desde que foi vice-campeã do Grupo 2 em 1978 e chegou à elite, a escola de Ramos nunca tinha sido rebaixada, numa permanência de quatro décadas no grupo principal. Em outros tempos, também, talvez e poderosa Beija-Flor fosse parar no Acesso. A escola comandada pela família David teve a maior queda de uma campeã em muitos anos, saindo do primeiro para o 11º lugar, que conquistou em uma acirrada disputa com a São Clemente (para muitos bem melhor na avenida do que a Beija). É, aos poucos, talvez a batida dos surdos, caixas e tamborins esteja mudando.
O Globo quarta, 06 de março de 2019
CARNAVAL CARIOCA - MANGUEIRA LEVA O ESTANDARTE DE OURO
Mangueira leva Estandarte de Ouro de melhor escola do Grupo Especial
Escola de samba foi premiada por desfile embalado por aclamado samba-enredo e elogiado desenvolvimento de enred
Elenilce Bottari
05/03/2019 - 07:54 / Atualizado em 05/03/2019 - 14:55
RIO — A Estação Primeira de Mangueira levou o Estandarte de Ouro de melhor escola do Grupo Especial em 2019. A verde e rosa foi premiada pelo desfile completo, em que tudo funcionou, a partir de um samba maravilhoso, o desenvolvimento perfeito do enredo e o trabalho de alegorias e fantasias. A agremiação levou ainda os prêmios de melhor porta-bandeira, para Squel Jorgea, e de melhor samba-enredo, para a canção "História pra ninar gente grande", que arrebatou a Marquês de Sapucaí.
Este ano, a Mangueira cantou um enredo sobre os heróis esquecidos da História do Brasil e levantou as arquibancadas com uma homenagem à vereadora Marielle Franco, assassinada a tiros em 14 de março do ano passado.
VEJA OS VENCEDORES DO PRÊMIO ESTANDARTE DE OURO 2019
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— Este é o trabalho de muita gente, é bom ser reconhecido pelo Estandarte. Estou há quatro anos na Mangueira e este é meu terceiro estandarte de melhor escola. Mais importante do que ganhar prêmios, é se sentir orgulhoso do trabalho apresentado na Avenida — comentou Leandro Vieira, carnavalesco da verde e rosa.
Desde os primeiros versos do samba da Mangueira, o público não parou mais de cantar. Apaixonados pela verde e rosa choraram. Alguns com camisas de outras escolas também. Passaram pela avenida personagens como Luisa Mahin, Esperança Garcia e Chico da Matilde. Ao fim do desfile, o público gritou "é campeã" .
Para o júri, além de trazer para o carnaval deste ano uma das melhores letras da história de sambas-enredo, a Mangueira teve uma bela melodia, que fugiu de clichês. Os autores premiados são Deivid Domênico, Tomaz Miranda, Mama, Marcio Bola, Ronie Oliveira e Danilo Firmino.
VEJA IMAGENS DO DESFILE DA MANGUEIRA
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Paraíso do Tuiuti, Vila Isabel, Salgueiro, Portela e Grande Rio empataram em segundo lugar, com dois prêmios cada. União da Ilha e Mocidade, um cada.
Vice-campeã do ano passado, a Tuiuti recebeu o Estandarte de Ouro de melhor enredo. Este ano, a escola de samba de São Cristóvão cantou na avenida a história de um bode eleito vereador no Ceará, como crítica política à situação atual do país. A agremiação também levou a melhor na eleição de melhor ala, por "O bode picando a mula do Sertão", uma ala da comunidade.
A Grande Rio teve a bateria aclamada pelos jurados, sob o comando do mestre Fabrício Machado, o Fafá. Os emojis voadores da comissão de frente da escola de Duque de Caxias mereceram o prêmio de inovação deste carnaval, para o júri.
Já a revelação 2019 foi o mestre Macaco Branco, da bateria da Vila Isabel, pelo resgate das origens da agremiação. Em sua estreia na avenida, ele garantiu o desfile da escola. A azul e branco ainda teve o melhor passista masculino, Hudson Gaspar.
Bellinha Delfim mostrou o samba no pé no desfile no Salgueiro e foi eleita a melhor passista feminina. A escola tijucana também teve a melhor ala das baianas.
A melhor comissão de frente foi a da Portela, coreografada por Carlinhos de Jesus. O puxador da agremiação, Gilsinho da Portela, também foi eleito o melhor na função.
O Globo terça, 05 de março de 2019
CARNAVAL CARIOCA: MANGUEIRA LEVA O ESTANDARTE DE OURO
Mangueira leva Estandarte de Ouro de melhor escola do Grupo Especial
Escola de samba foi premiada por desfile embalado por aclamado samba-enredo e elogiado desenvolvimento de enredo
Elenilce Bottari
05/03/2019 - 07:54 / Atualizado em 05/03/2019 - 08:32
RIO — A Estação Primeira de Mangueira levou o Estandarte de Ouro de melhor escola do Grupo Especial em 2019. A verde e rosa foi premiada pelo desfile completo, em que tudo funcionou, a partir de um samba maravilhoso, o desenvolvimento perfeito do enredo e o trabalho de alegorias e fantasias. A escola arrebatou o público e emocionou a Marquês de Sapucaí.
Este ano, a Mangueira cantou um enredo sobre os heróis esquecidos da História do Brasil e levantou as arquibancadas com uma homenagem à vereadora Marielle Franco, assassinada a tiros em 14 de março do ano passado.
Desde os primeiros versos do samba da Mangueira, o público não parou mais de cantar. Apaixonados pela verde e rosa choraram. Alguns com camisas de outras escolas também. Passaram pela avenida personagens como Luisa Mahin, Esperança Garcia e Chico da Matilde. Ao fim do desfile, o público gritou "é campeã" .
VEJA IMAGENS DO DESFILE DA MANGUEIRA
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A melhor ala, para os jurados foi “O bode picando a mula do Sertão (Ala da comunidade) , do Paraíso do Tuiuti.
O prêmio de melhor passista masculino foi para Hudson Gaspar, da Vila Isabel. Já a passista feminina escolhida foi Bellinha Delfim, do Salgueiro.
O prêmio de inovação foi para os emojis voadores da comissão de frente da Grande Rio.
O Estandarte de Ouro é o prêmio mais importante do carnaval carioca. Organizado desde 1972 pelo GLOBO, o troféu também tem a participação do jornal Extra. A premiação tem 15 troféus para o Grupo Especial e dois para a Série A, ambos vencidos este ano pela Acadêmicos do Cubango.
Compuseram o júri o jornalista Argeu Affonso, presidente; o escritor Alberto Mussa; o jornalista Aloy Jupiara; o empresário Bruno Chateaubriand; a cantora Dorina; o professor da Uerj Felipe Ferreira; o ator, produtor e escritor Haroldo Costa; o jornalista Leonardo Bruno; o produtor musical Luis Filipe de Lima; o pesquisador Luiz Antonio Simas; o jornalista Marcelo de Mello, coordenador; a professora e carnavalesca Maria Augusta; o músico Mestre Odilon; e a pesquisadora e escritora Rachel Valença, que só julgou as duas categorias da Série A.
O grupo assistiu ao desfile no camarote “Quem/O GLOBO”, entre os setores 7 e 9. A entrega dos prêmios será dia 16 de março na quadra da Vila Isabel. A venda dos ingressos começa terça-feira no site ingressocerto.com/estandartedeouro. A pista custa R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia); a mesa para quatro pessoas, R$ 200. Leitores do GLOBO e do “Extra” têm desconto de 50% com o código estandarte2019.
O Globo segunda, 04 de março de 2019
DÉBORA SECCO PASSA TRÊS HORAS NA VAN PARA CHEGAR AO SAMBÓDROMO
Déborah Secco passa três horas na van para chegar na Sapucaí
Ao chegar, atriz encontrou Yasmin Brunet na Avenida
Marina Caruso
04/03/2019 - 01:22 / Atualizado em 04/03/2019 - 07:09
RIO — A atriz Deborah Secco é a rainha do camarote Allegria, mas precisou de muita paciência para continuar sorrindo essa noite de domingo. Ela passou três horas na van até conseguir chegar ao Sambódromo, já que o motorista não conhecia o caminho.
Ainda assim, esbanjou simpatia e beleza ao chegar, posando para fotos e sambando na avenida durante o intervalo.
Para ela, o Carnaval é um momento de esperança. “É a hora de lutar pelas nossas verdades e nossos direitos. Adoro ver a festa e as manifestações políticas dos blocos.”
Ao chegar à Sapucaí, Deborah foi à Avenida sambar com a amiga Yasmin Brunet. Musa do camarote Allegria, Yasmin anunciou que ano que vem vai estrear na avenida. Já recebeu convite de duas escolas, mas ainda não fechou com nenhuma.
— Não tenho escola do coração. Vou decidir, mas ainda não sei como.
Será que a princesa está pronta para virar rainha? Yasmin diz que nunca vai conseguir ser tudo o que a mãe, Luíza, foi para o carnaval carioca, mas pretende lutar pelo seu legado.
— Minha mãe vai ser sempre a rainha, ninguém será como ela, mas quero manter esse legado — disse a modelo, que contou ter aprendido um pouco de samba com Luíza, mas pretende continuar praticando.
Yasmin, que viveu nove anos no exterior, lamenta a onda conservadora que atinge o Brasil.
— Nosso país é muito machista. Os homens são ensinados que assédio é ok, que devem controlar as mulheres. A gente chegou no limite, é preciso mudar isso.
O Globo domingo, 03 de março de 2019
CARNAVAL CARIOCA: ESTÁCIO DE SÁ SE DESTACA
Estácio se destaca em noite de muita religiosidade e temática racial
Desfiles tiveram alto nível, com boas apresentações de Império da Tijuca, Cubango e Porto da Pedra e comissões de frente marcantes
Lucas Altino e Gustavo Cunha
03/03/2019 - 04:30 / Atualizado em 03/03/2019 - 04:37
RIO - A religiosidade e a força negra deram o tom dos desfiles desse domingo na Série A do carnaval. Após o dilúvio de sexta, a chuva deu trégua no segundo dia, apesar de algumas leves precipitações, o que possibilitou uma experiência visual mais fiel ao que as agremiações construíram ao longo do ano. Com a pista livre e limpa, a Estácio deixou a Sapucaí sob os gritos de "é campeã", mas viu belas participações da Império da Tijuca, Porto da Pedra e Acadêmicos do Cubango. Definitivamente, foi a noite mais forte dessa edição do campeonato.
A empolgação do público com as comissões de frente era um bom termômetro dos desfiles. A Estácio, que apostou no enredo "A fé que emerge das águas", sobre o Cristo Negro do Panamá, uma escultura de madeira em tamanho natural que teria sido encontrada por pescadores no litoral de Portobelo, cidade na costa caribenha do Panamá, arrancou muitos aplausos com a sua coreografia. O papel da comissão era representar a junção da Nossa Senhora de Aparecida com Cristo negro e o resultado funcionou muito bem. O responsável por encenar Jesus foi o jovem Evandro Machado, cria da comunidade de São Carlos.
- Sou católico, mas também não tinha conhecimento sobre a história do Jesus Negro. Precisamos mostrar isso para o povo. Há uma grande valia em tudo que mostramos aqui. Jesus pode ser negro, sim - afirmou antes de desfilar.
No fim, a emocionante passagem da comissão foi simbolizada pelo choro de vários dos dançarinos. Segundo Gabriel Areas, que representava a multidão de judeus que acompanhavam a via Crucis, a emoção foi a marca da coreografia desde os ensaios
- Vários dias nós tínhamos que parar no meio porque a gente começava a chorar. Foi um processo muito profundo de construção. Na primeira vez, que apresentamos na escola todos vieram abaixo.
Em todos os carros alegóricos, componentes negros reproduziram figuras do cristianismo normalmente representadas por pessoas brancas. A tradicional escola foi a que mais empolgou a avenida, apesar das dificuldades financeiras relatadas pelo seu presidente Leziario Nascimento e deixou a Sapucaí sob os gritos de "é campeã".
CONFIRA AS MELHORES FOTOS DA SEGUNDA NOITE DE DESFILES DA SÉRIE A NA SAPUCAÍ
Outra escola que fez bonito, inclusive na comissão de frente, foi a Império da Tijuca. Com um enredo sobre o café, a agremiação também se apoiou na temática racial para empolgar a plateia. O que poderia ser um enredo discreto se tornou num resgate da ancestralidade e com muitas críticas sociais. Como dizia a letra do samba, "nego tá cansado, nego tem que trabalhar".
A comissão de frente, com cerca de 15 dançarinos, interpretou escravos de cafezais, com referências às opressões do sistema. Num dado momento, os homens arrancavam a pele das mulheres - na realidade, uma pele falsa, feita de látex -, para representar a libertação do corpo negro. O efeito provocado pelo material impressionou.
- Nossa ideia era fazer com que os dançarinos se 'escalpelassem' diante do público mesmo. Retirar a pele machucada é uma metáfora sobre a libertação. Por muito tempo, essas pessoas estiveram caladas. A própria mordaça que as mulheres usam é símbolo disso - diz o coreógrafo Júnior Scapin.
No Porto da Pedra, quem ditou o ritmo foi a família Pitanga. A escola homenageou o ator Antonio Pitanga, fazendo um resgate da sua carreira enquanto artista negro - as referências ao movimento negro eram várias - , e levou à Sapucaí amigos e familiares. Após o desfile, o homenageado disse que esse foi o maior presente que poderia ter tido.
- Essa é a festa mais maravilhosa e a plateia mais maravilhosa que um ator pode ter. Eu como artista nunca vi nada igual, senti os deuses na avenida. É a festa do povo, aqui que nasce a democracia.
Uma das integrantes mais animadas de toda Sapucaí era justamente a filha de Antônio, Camila pitanga. Apesar de ter pulado nos blocos da cidade mais cedo, ela teve energia para sambar e cantar a todo o momento na avenida
- Nem eu sei como aguento - brincou a atriz. - É o amor pelo meu pai. Suplanta tudo.
Considerada a escola que mais arrecadou recursos antes do desfile, a Acadêmicos do Cubango chegou à Sapucaí com muita expectativa. E o resultado do desfie, sob o enredo "Igbá Cubango", que explorou a religiosidade popular brasileira, funcionou. A agremiação abusou das referências às religiões de matriz africana, como é de seu feitio. Além disso, houve críticas políticas e até uma representação de um cristo indígena.
- Viemos querendo fazer um grande desfile. Falamos de religião como várias outras escolas, mas dando espaço para todos - afirmou o presidente Rogério Belisário.
Apesar dos comentários de bastidores da suposta volúpia financeira, o presidente ressaltou que a escola precisou buscar alternativas para captar recursos neste ano, já que pela primeira vez - em mais de um década, a prefeitura de Niterói não liberou recursos para a escola.
- Este é um problema sério, que parece só crescer. Acontece com todas as escolas.
A Zona Oeste também marcou sua presença no desfile. Abrindo a noite, a Unidos de Bangu, que falou sobre a batata, acabou deixando transparecer seus sérios problemas financeiros - a escola inclusive enfrentou um incêndio no barracão em maio passado - e teve alguns problemas nos carros alegóricos. Em um, pedaços de madeira cederam, em outro uma escultura perdeu seus dedos da mão esquerda. Já a Renascer de Jacarepaguá fez um desfile correto, de louvação a Iemanjá, e trouxe várias referências baianas e do candomblé ao desfile. O samba, assinado por Moacyr Luz, de fácil refrão, conseguiu pegar bem entre o público, e a comissão de frente, representando a orixá, fez sucesso.
O Globo sábado, 02 de março de 2019
CARNAVAL CARIOCA: CHUVA E ATRASOS NO PRIMEIRO DIA DE DESFILE
Chuva, atrasos e crítica política marcam a primeira noite de desfiles da Série A em 2019
Chuva forte a 1h30 do começo dos desfiles atrasou o início dos cortejos
O Globo
01/03/2019 - 23:44 / Atualizado em 02/03/2019 - 06:59
RIO - As sete escolas que abrilhantaram a primeira noite de desfiles da Série A enfrentaram a chuva forte para levar à avenida belos espetáculos. Se a crítica política deu o tom nos cortejos, a chuva antes da festa e os atrasos nos desfiles chamaram a atenção ao longo da noite.
Além das agremiações, um dos destaques da noite foi o governador Wilson Witzel, que marcou presença dentro e fora do seu camarote, de onde fez até coraçãozinho com as mãos para os espectadores.
Após o atraso de meia hora no começo do desfile, a Unidos da Ponte apostou em materiais sintéticos para apresentar ao público o enredo "Oferendas". Após ser desalojada na preparação para o carnaval, a Alegria da Zona Sul abordou a umbanda com um desfile animado, ma que sofreu com falhas de som e ultrapassou em 1 minuto o limite de 55 minutos.
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- Diante de tudo que a Alegria passou, estar aqui já é uma vitória, afirma Diego Araújo, enredista da escola da Zona Sul.
Bananas de verdade foram distribuídas ao público durante o cortejo da Acadêmicos da Rocinha, que criticou o preconceito e exibiu fotos de crianças mortas e desaparecidas da comunidade na fantasia de suas baianas. Com um desfile emocionante em homenagem à atriz Ruth de Souza, a Acadêmicos de Santa Cruz teve problemas no abre-alas, no segundo e no terceiro carro, que a levaram a estourar em 2 minutos o tempo máximo previsto pelo regulamento.
Dias Gomes foi o tema da Unidos de Padre Miguel, que levou para o sambódromo figuras como o eleitor pamonha, o defuntíssimo prefeito e um Odorico Paraguaçu metade político, metade diabo. Apesar do luxo, problemas na saída de carros da pista fizeram com que a escola extrapolasse em três minutos o limite dos 55 minutos. Doze mil garrafas pets foram utilizadas no abre-alas da Inocentes de Belford Roxo, que também reaproveitou caixotes de feira e pratinhos de isopor em um desfile marcado pelo desânimo.
A Acadêmicos do Sossego fechou a noite com um enredo sobre a intolerância religiosa. Esperado pela escultura do diabo inspirada no prefeito Marcelo Crivella, a escola surpreendeu e trouxe na última alegoria uma versão do Buda muito parecida com o ex-prefeito Eduardo Paes.
- Nada mais justo que reconhecer quem fez muito pela gente - afirmou o Wallace Palhares, presidente da agremiação.
Acadêmicos do Sossego
A Acadêmicos do Sossego confrontou diretamente o prefeito do Rio Marcelo Crivella. Após o vazamento da polêmica escultura em que o político aparecia como o diabo, a Sossego decidiu retirar a imagem para evitar um processo judicial.
Para transmitir a mensagem, no entanto, a escola colocou uma imagem do ex-prefeito Eduardo Paes como Buda.
- Nada mais justo que reconhecer quem fez muito pela gente. Prefiro reconhecer quem fez o bem, então coloco como anjo. Por muitas vezes me senti pressionado (com a polêmica escultura). Eu tive que dar uma solução. Em nenhum momento disse que era ele - afirma Wallace Palhares, presidente da agremiação.
Uma das atrações do desfile foi o terceiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da escola, no qual o pavilhão foi defendido por Anderson Morango, uma escolha em sintonia com a diversidade defendida pelo enredo.
Uma faixa logo na abertura da escola de Niterói pedia respeito com o carnaval: "Respeitamos a religião do prefeito Marcelo Crivella e queremos respeito com o carnaval. O Rio pede paz", dizia a inscrição.
Inocentes de Belford Roxo
A Inocentes de Belford Roxo, sexta escola da primeira noite, entra na Sapucaí para cantar o enredo "O frasco do bandoleiro".
Chama a atenção o uso de materiais descartáveis na confecção do carnaval. No abre-alas, por exemplo, foram utilizados 12 mil garrafas pets recolhidos na Baixada Fluminense. Por conta de problemas elétricos, o carro entrou apagado na avenida.
Tampinhas e frascos de plástico também ajudaram a compor algumas fantasias. A composição do segundo carro contou com caixotes de feira doados por feirantes do Parque São Vicente e pratinhos de isopor. No terceiro carro, pequenos potes e baús que compõe a alegoria utilizam garrafinhas de água mineral na decoração.
Entretanto, o desânimo de alguns componentes pode prejudicar a avaliação da escola. Muitos caminharam pela avenida e sequer cantavam o samba.
O desfile é assinado pelo carnavalesco Marcus Ferreira, campeão da Série A com o Império Serrano em 2017.
Unidos de Padre Miguel
A Unidos de Padre Miguel foi a quinta escola a desfilar na primeira noite de desfiles da Série A do carnaval 2019.
Com um desfile em homenagem ao escritor e dramaturgo Dias Gomes, a agremiação da Zona Oeste vem em busca do título que, nos últimos anos, escapou por pouco várias vezes. A agremiação teve na crítica social uma das tônicas de sua apresentação. Marcaram presença o eleitor pamonha, as lápides para o decoro, o defuntíssimo prefeito e um Odorico Paraguaçu metade político, metade diabo. "Aqui jaz a democracia", dizia uma inscrição em um dos carros. Foi a primeira escola da noite a desfilar sem chuva. Entretanto, problemas na dispersão levaram a escola a correr, abrir buracos na avenida e finalmente estourar o tempo em três minutos. A bateria não parou no recuo.
A comissão de frente relembrou a saga de Zé do Burro, protagonista de "O Pagador de Promessas", uma das principais obras do autor.
O ator Milton Gonçalves veio na segunda alegoria interpretando o personagem Odorico Paraguaçu, da novela O Bem Amado, um dos mais famosos do autor.
Acadêmicos de Santa Cruz
A Acadêmicos de Santa Cruz é a quarta escola a se apresentar na primeira noite de desfiles da Série A do carnaval 2019.
A agremiação da Zona Oeste homenageia a atriz Ruth de Souza. Aos 97 anos de idade, ela viria em um trono, mas uma adaptação de última hora permitiu que a atriz desfilasse em sua própria cadeira de rodas. Os atores Érico Brás, Cris Vianna, Dani Ornellas e Lucélia Santos foram alguns dos famosos que desfilaram pela escola.
Tanto o abre-alas como o segundo e o terceiro carro alegórico tiveram problemas para entrar na avenida. A escola sofreu com dificuldades do tipo ao longo da apresentação e um dos carros chegou a passar com cheiro de queimado pelo recuo. A alegoria foi acompanhada por bombeiros.A alegoria foi acompanhada por bombeiros. A escola estourou o tempo máximo de desfile em 2 minutos e algumas alas passarão sem sapato.
Antes do início do desfile, o presidente Zezo lembrou a morte de sua esposa dez anos atrás:
- Faz 10 anos que minha esposa faleceu hoje. Mas vou tratar com alegria eu sei que a alma dela está nessaavenida. Por isso, resolvemos homenagear a Ruth, uma mulher guerreira. Alguns não podem ser chamados de homens, porque destroem as vidas de mulheres. Nossos governantes têm que tomar vergonha na cara e atitude de homem para não deixar isso acontecer - afirmou Zezo, presidente da Santa Cruz momentos antes da escola entrar na Sapucaí.
Acompanhado de Zezo, o governador Wilson Witzel cumprimentou a porta-bandeira da escola.
Acadêmicos da Rocinha
Terceira escola a desfilar, a Acadêmicos da Rocinha, apostou na irreverência para tratar de um tema muito sério: o preconceito.
A Rocinha deu seu recado desde a comissão de frente, que entrou na avenida com uma faixa na qual se lia a frase "somos resistência" e retratou grupos sociais que costumam ser vítima de discriminação, como a mãe solteira da favela, os LGBTs, os nordestinos e os moradores de rua. Uma das alas trouxe integrantes vestidos de macaco com bananas de verdade, que foram distribuídas ao público.
A agremiação investiu em fantasias com estampas de chita e enfrentou a chuva, que voltou a apertar. Entretanto, a pista molhada não foi suficiente para intimidar um menino que veio à frente da ala das crianças, com muito samba no pé. O casal de mestre sala e porta bandeira representou um macaco e uma banana. Um dos destaques da escola foi a ala das baianas, que exibiu fotos de crianças mortas e desaparecidas da comunidade, uma das maiores da Zona Sul.
Alegria da Zona Sul
A Alegria da Zona Sul, segunda escola a pisar na Marquês de Sapucaí nesta sexta-feira, teve a dura missão de superar um ano de dificuldades extremas. A agremiação perdeu o barracão no ano passado quando foi desalojada de um terreno na região portuária, antes mesmo do início da preparação e precisou construir suas alegorias em um terreno aberto na Avenida Brasil, ao lado da antiga fábrica Sabão Português. A escola tem como enredo "Saravá, Umbanda".
- Diante de tudo que a Alegria passou, estar aqui já é uma vitória, afirma Diego Araújo, enredista da escola da Zona Sul, responsável pelo desenvolvimento do enredo da agremiação.
A escola desfilou sob chuva fina, mas persistente. Na apresentação aos jurados, os integrantes da bateria fantasiados de pretos velhos reproduziram os movimentos da entidade. Entretanto, falhas no som da avenida prejudicaram a apresentação, mas não tiraram a animação dos componentes. Entretanto, a escola estourou em 1 minuto o limite de 55 minutos para desfilar e deve perder pontos na apuração.
O governador Wilson Witzel e sua esposa Helena Witzel prestigiam o desfile. Animado, ele chegou a fazer corações para os espectadores.
O carnavalesco Marco Antônio Falleiros também destacou o clima de superação na escola:
- Foi o ano mais difícil da minha carreira. Estou na Alegria há 4 anos. Tive um mês para fazer esse carnaval. Série A sempre foi difícil, mas esse foi mais complicado. Ficamos sem verba. Não saiu nada até agora. Entrou dinheiro nenhum da prefeitura ainda - lamentou ele, que também enfrentou a chuva durante a concentração da escola.
Entre os destaques da escola no desfile, esteve a bateria, que representou pretos velhos. Já a comissão de frente é uma sessão de umbanda.
- Os umbandistas são humildes. Alegria está buscando ser gigante mesmo na humildade dela. É o carnaval mais emocionante da minha vida - diz Araújo.
Unidos da Ponte
Após um adiamento de meia hora por conta da chuva forte que caiu no Centro do Rio, a primeira noite de desfiles das escolas de samba da Série A do carnaval 2019 começou na Sapucaí por volta de 23h.
Primeira das sete a desfilar, a Unidos da Ponte se apresentou com o enredo "Oferendas". A opção por materiais sintéticos fez com que as alegorias e fantasias da agremiação não perdessem o brilho. Ao fim do desfile, o presidente Rosemberg Azevedo lembrou que a Ponte já havia enfrentado um incêndio em maio e o atraso no repasse das verbas da prefeitura durante os preparativos para o carnaval 2019. Hoje, a escola chegou a enfrentar pontos de inundação na concentração. Em reconhecimento ao esforço de enfrentar o temporal, a agremiação teve seu desfile aplaudido e o samba cantado pelo público nas frisas.
O Globo sexta, 01 de março de 2019
CARNAVAL CARIOCA: BLOCOS DE RUA DESFILARÃO NESTA SEXTA-FEIRA
Carmelitas será um dos blocos de rua que desfilam nesta sexta-feira no Rio
A partir das 11h vias importantes da cidade ficarão interditadas
O Globo
01/03/2019 - 04:37 / Atualizado em 01/03/2019 - 06:14
RIO — De "Carmelitas" a "Banda do Lido", passando por "Senta Que Eu Empurro" e "Escorrega Mas Não Cai", a sexta-feira de Carnaval no Rio já promete diversão com a presença de diversos blocos de rua em toda a cidade. Centro, Méier, Santa Teresa, Lapa, Copacabana, Ramos, Grajaú, Pedra de Guaratiba, são alguns dos bairros que receberão os primeiros ritos da folia de 2019.
Ao todo, cerca de 22 blocos ocorrerão na cidade nesta sexta-feira. Mas se os foliões esperam um dia de sol, estão enganados. De acordo com o sistema Alerta Rio, as chuvas podem aparecer durante todo o dia em pontos isolados, com intersidade de forte a moderada a partir da tarde. A temperatura máxima será de 30 graus e a mínima de 20.
Para que a folia ocorra, algumas importantes vias da cidade ficarão interditadas a partir desta sexta-feira. O Centro de Operações Rio (COR) informa que a partir das 11h, para reposicionamento de carros alegóricos, a pista central da Avenida Presidente Vargas, sentido Candelária, ficará interditada da agulha de acesso à pista lateral (antes da passarela do Metrô Cidade Nova) à Rua Visconde da Gávea.
Às 15h será interditada a Rua Benedito Hipólito, entre a Rua Amoroso Lima e a alça de descida do Viaduto 31 de Março. No horário, haverá também o bloqueio das vias do entorno imediato do Sambódromo.
Já às 17h serão interditados os acessos à Avenida Presidente Vargas, a partir da Avenida Francisco Bicalho e da Praça da Bandeira. Neste horário, a pista lateral, sentido Candelária, já estará interditada, até a Praça da República.
Às 19h30, a Rua Frei Caneca e do Viaduto 31 de Março, sentido Laranjeiras, também estarão interditadas.
O Centro de Operação também disponibiliza na internet um documento com todas as mudanças no trânsito durante todo o período do Carnaval 2019. Confira.
O Globo quinta, 28 de fevereiro de 2019
CARNAVAL: INSCRIÇÃO PARA O CONCURSO DE FANTASIA SERPENTINA DE OURO
Inscrição para o concurso de fantasia Serpentina de Ouro vai até terça-feira
Equipe do Globo vai escolher as peças mais criativas do carnaval do Rio
O Globo
28/02/2019 - 04:30
A inscrição pode ser feita até o dia 5 de março (Terça-feira Gorda). Basta postar no Instagram uma foto com a fantasia e as hashtags #jornaloglobo e #serpentinadeouro. O perfil do candidato na rede social deve ser aberto.
A foto precisa ser da própria pessoa que postou e mostrar toda a fantasia. Os foliões que desfilam cada dia com um visual diferente podem concorrer com mais de uma foto. “Olheiros” do GLOBO também estarão nas ruas nos dias de festa para buscar concorrentes para o concurso.
SERPENTINA DE OURO: VEJA ALGUNS INSCRITOS NO CONCURSO DE FANTASIA 2019
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Este ano, serão selecionadas dez fantasias, individuais ou de grupo. As finalistas serão divulgadas na Quarta-feira de Cinzas no site do GLOBO, para que os internautas possam votar na que mais gostou.
A votação vai até o dia 9 de março, quando os vencedores serão divulgados.
Desde a primeira edição do Prêmio Serpentina de Ouro, o GLOBO já premiou várias fantasias irreverentes e criativas. Veja:
VENCEDORES DO CONCURSO DE FANTASIA SERPENTINA DE OURO ESBANJAM CRIATIVIDADE E CRÍTICA SOCIAL
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O Globo quarta, 27 de fevereiro de 2019
ROCK IN RIO - PARÁ POP
Rock in Rio: Dona Onete, Fafá de Belém, Gaby Amarantos, Jaloo e Lucas Estrela farão 'Pará pop'
Show que celebra o carimbó e a música paraense será no dia 3/10, no Palco Sunset
Alessandro Giannini
26/02/2019 - 19:14 / Atualizado em 26/02/2019 - 20:07
SÃO PAULO — Pelo menos três gerações da cena musical paraense estarão reunidas no Rock in Rio, no dia 3 de outubro. É a data em que o Palco Sunset recebe o encontro “Pará Pop”, com a participação inédita no festival de nomes da região como Fafá de Belém, Gaby Amarantos, Jaloo, Lucas Estrela e Dona Onete.
A reunião é também uma exposição do espectro musical que emana do estado, que vai desde a cúmbia e o lundu até o tecnobrega e a guitarrada, passando por variações como o “carimbó chamegado”. Segundo Zé Ricardo, diretor artístico do Sunset, a dinâmica do show, que terá acompanhamento da banda de Dona Onete, terá como único limitador o tempo de uma hora de duração:
— A principal função do Sunset é provocar, apresentar coisas novas. Se o cara que estiver lá gostar, ele certamente vai procurar outras músicas parecidas ou da mesma região. É isso que queremos, porque não dá para trazer todo mundo de uma vez só — diz ele.
Xodó dos cantores e compositores paraenses, Dona Onete vai estar com 80 anos quando subir ao palco. A ex-professora de História é a mais velha do grupo, mas faz parte dos mais jovens quando se trata de medir o tamanho de trajetória na música. Ainda assim, é prolífica: tem 300 canções no currículo e um novo álbum — o terceiro — para ser lançado em maio, “Rebujo”.
— Não sei bem como eu faço — diz ela sobre seu processo criativo. — Só sei que desce alguma coisa na cabeça dessa mulher e sai.
Com quase 45 anos de carreira como cantora e compositora, Fafá de Belém é a decana do grupo e uma espécie de madrinha dos artistas mais jovens. Para ela, é uma oportunidade de colocar o Pará de volta na rota musical:
— A visibilidade do Rock in Rio vai abrir os olhos das pessoas para a nossa diversidade — prevê ela, que se diz “em pânico” com a estreia no festival.
Gaby Amarantos diz que o “Pop Pará” vai marcar seu retorno ao tecnobrega, estilo com o qual praticamente começou em 2012, com “Treme”.
— Quero mostrar um tecnobrega mais moderno, que é um estilo tecnologicamente mais avançado e pop — diz ela, que já está produzindo um álbum novo, com o título provisório de “Rabizona”. — Quem sabe não lanço no Rock in Rio mesmo.
Entre os mais jovens, Jaloo e Lucas Estrela são os representantes da porção mais pop do encontro no Sunset. O primeiro com o componente tecno, e o outro com o resgate da guitarrada, num formato mais modermo:
— Eu devo muito a todos aqui — diz Estrela. — Temos uma ligação muito forte, são minhas influências. Fui roadie da Gaby, fiz música com Jaloo, assisti a shows da Dona Onete e podia ser filho de Fafá ( que namorou o pai dele ).
O Globo terça, 26 de fevereiro de 2019
FAFÁ: NÃO É NÃO!
'Não é não': Fafá de Belém exalta campanha contra assédio durante show no Fogo e Paixão
'Ninguém solta a mão de ninguém', destacou a cantora; no final da apresentação, público gritou palavras de ordem com o prefeito Marcelo Crivella
Daniela Kalicheski
24/02/2019 - 11:45 / Atualizado em 24/02/2019 - 13:43
RIO — A cantora Fafá de Belém se apresentou no trio elétrico do bloco Fogo e Paixão. Por cerca de uma hora a cantora exaltou o brega, falou da beleza do carnaval carioca e aproveitou para lembrar a importância do respeito à campanha "Não, é não".
— O carnaval do Rio é lindo, todo mundo fantasiado em todos os lugares. No metrô, no busão e na rua. Isso é lindo, vamos seguir respeitando essa tradição.
No palco Fafá falo lembrou os milhares de foliões que é importante pular sem assediar e mandou um recado de união entre as mulheres:
— Não, é não, gente! Repeito. A gente tem que, cada vez mais, abraçar as amigas. Ninguém solta a mão de ninguém — destacou a cantora que deixou o palco para ir a um bloco em São Paulo.
Com o fim da apresentação o público entoou gritos de "fora Crivella" em revolta com o prefeito da cidade.
O Bloco Fogo e Paixão reúne milhares de pessoas no Largo do São Francisco de Paula, no Centro. O bloco, que completa nove anos em 2019, brinca carnaval este ano com o tema "Brega é cultura, cultive com amor". A empresária do bloco, Nathalia Guimarães explica que o objetivo é reafirmar o brega:
— Queremos reafirmar a breguice e o amor. Trazemos novas músicas do repertório. Estamos ainda mais bregas — brinca.
A grande atração do Fogo e Paixão foi a apresentação de Fafá de Belém, cujo show foi acompanhado por cerca de 25 mil pessoas que pularam em volta do largo, de acordo com organizadores.
Cobrança de R$ 2 para o banheiro
Nem só de momentos alegres, porém, viveram os foliões que compareceram ao bloco. Diante de filas enormes para o alívio, Rafaela Reis foi uma das folionas que não quis esperar na fila até a sua vez. A saída foi se render a um muro, dentro de um estacionamento privado, utilizado por muitos para um rápido alívio. Ela diz que sempre vai ao Fogo e Paixão e já está acostumada a ir direto em comerciantes que cobram pelo "serviço":
— Eu já trago dinheiro trocado porque o banheiro até não fica lotado, mas aqui é mais rápido e já estou por perto.
Ruth, porém, reclama do que ela diz ser o único problema do carnaval:
— Carnaval é perrengue mesmo para ir no banheiro. Não tem problema pagar a mais pra resolver. a gente quer voltar logo — conta a jovem que não se importa em se aliviar em uma parede de um estacionamento. O local particular cobra R$ 2 por usuário.
O Globo segunda, 25 de fevereiro de 2019
OSCAR 2019: GREEN BOOK, O GUIA, LEVA O DE MELHOR FILME
Green book: O guia' leva o Oscar de melhor filme; veja os outros vencedores
'Bohemian rhapsody', com quatro estatuetas, foi o longa mais premiado; 'Roma' ganhou três
O Globo
24/02/2019 - 21:53 / Atualizado em 25/02/2019 - 02:39
RIO - Após meses de polêmicas e trapalhadas , a 91ª edição do Oscar foi realizada na noite deste domingo, no Teatro Dolby, em Los Angeles.
"Green book: O guia" acabou ficando com o prêmio principal, o de melhor filme, enquanto "Bohemian Rhapsody" saiu como o longa mais premiado, com quatro estatuetas — incluindo a de melhor ator para Rami Malek, que interpretou Freddie Mercury.
Filme com maior número de indicações ao lado de "A favorita", "Roma" venceu três estatuetas: melhor filme estrangeiro, fotografia e direção — as duas últimas para Alfonso Cuarón.
Este ano a cerimônia foi marcada pela ausência de um apresentador. Inicialmente escalado para a função, Kevin Hart pediu demissão após tweets homofóbicos feitos por ele no passado terem vindo à tona.
Veja, em negrito, os vencedores do Oscar 2019.
Melhor Filme
"Pantera Negra"
"Infiltrado na Klan"
"Bohemian Rhapsody"
"A favorita"
"Green book — O guia"
"Roma"
"Nasce uma estrela"
"Vice"
Direção
Spike Lee, por "Infiltrado na Klan"
Pawel Pawlikowski, por "Guerra Fria"
Yorgos Lanthimos, por "A favorita"
Alfonso Cuarón, por "Roma"
Adam McKay, por "Vice"
OSCAR 2019: CONHEÇA OS VENCEDORES DAS 24 CATEGORIAS
Nos últimos meses, a Academia voltou atrás em pelo menos três decisões, todas baseadas na busca pela audiência. Pudera. A cerimônia de 2018 foi vista por apenas 26,5 milhões de pessoas — o menor número de todos os tempos (o recorde pertence à festa de 1998, com 57,2 milhões). Desde então, a Disney e a rede ABC, responsáveis pela transmissão, fizeram o possível para encurtar a duração do evento, acreditando que isso traria mais telespectadores . Afinal, quem aguenta ver quase quatro horas de Hollywood celebrando a si mesma? Mas as medidas foram muito mal recebidas.
— A Academia tem um dilema: ou promove uma celebração da arte cinematográfica ou alcança a tão sonhada audiência. Os dois não dá — sentencia o jornalista e colunista do GLOBO Artur Xexéo, que vai comentar o Oscar na Globo ao lado da atriz Dira Paes.
— Não há filme favorito claro. Para quem gosta de Oscar, isso é ótimo porque gera a expectativa da surpresa e torna a cerimônia mais atraente — pondera Xexéo.
Veja, a seguir, as principais controvérsias que atingiram — até a noite deste sábado — esta edição do Oscar. Com resultados imprevisíveis e depois de tantas reviravoltas, bate até uma curiosidade extra de ver.
Numa tentativa de assegurar na premiação longas vistos pelo grande público, foi criada, em agosto, a categoria de melhor filme popular.
Ninguém entendeu que critério definiria uma obra com esse perfil. E nem deu tempo de explicar, porque a instituição voltou atrás no mês seguinte , em meio a um bombardeio de críticas, segundo as quais a existência dessa nova seção menosprezava o mérito artístico de blockbusters como “Pantera Negra”.
Categorias excluídas
No dia 11, a Academia decidiu que quatro prêmios (fotografia, montagem, curta-metragem e maquiagem) seriam entregues durante os comerciais. Foi imediato: nomes de peso da indústria manifestaram repúdio à exclusão da transmissão de atividades tidas como a “alma” da arte cinematográfica. Entre os opositores, os cineastas Alfonso Cuarón , Patty Jenkins, Quentin Tarantino e Martin Scorsese. Quatro dias depois, o Oscar voltou atrás e decidiu exibir as 24 categorias.
Performances musicais
O plano era transmitir apenas as performances de duas das cinco canções indicadas: “Shallow”, de “Nasce uma estrela”, e “All the stars”, de “Pantera Negra”. Segundo o site “Deadline”, Lady Gaga considerou a medida tão desrespeitosa com os outros artistas que ameaçou cancelar sua participação.
Aos 94 anos e esbanjando fôlego, Nelson Sargento vai da Sapucaí ao Japão
Destaque no bloco Timoneiros da Viola e interpretando Zumbi na Mangueira, cantor e compositor prepara turnê no país asiático
Nelson Gobbi
22/02/2019 - 04:30 / Atualizado em 22/02/2019 - 07:42
RIO — Com seus 94 anos de vida, 70 dos quais dedicados à Estação Primeira de Mangueira, é natural que tudo relacionado a Nelson Sargento seja contado às décadas. Um exemplo é o violão que acompanha o cantor e compositor há mais de 50 anos. O instrumento foi comprado às pressas, de segunda mão, para que pudesse integrar o show “Rosas de Ouro”, organizado por Hermínio Bello de Carvalho no Teatro Jovem, em Botafogo, em 1965.
— O Elton ( Medeiros ) foi em Mangueira e deixou um recado para eu ir ao Teatro Jovem, para um trabalho. Como eu era pintor de paredes na época, achei que seria para pintar o teatro. Só quando cheguei lá soube que precisavam de mais um compositor de samba para o grupo do espetáculo. Não tinha violão, e comprei este aí, como está agora, com bandeira do Brasil e tudo — recorda Nelson Sargento. — Continuei pintando as minhas paredes, mas dali em diante fui conhecendo mais gente e comecei a me profissionalizar.
Um dos encontros proporcionados pelo espetáculo foi com outro patrimônio da música popular brasileira, Paulinho da Viola, na época com 22 anos. Os dois integravam o quinteto formado com Medeiros, Anescarzinho do Salgueiro e Jair do Cavaquinho — dois anos depois, Nelson e os demais formariam o conjunto Os Cinco Crioulos, com Mauro Duarte no lugar de Paulinho.
NELSON SARGENTO: HISTÓRIA VIVA DO SAMBA
A amizade cinquentenária será celebrada novamente neste carnaval: no domingo, o baluarte mangueirense desfilará pelas ruas de Oswaldo Cruz, às 13h, como muso do bloco Timoneiros da Viola, criado em homenagem ao portelense Paulinho. Como fôlego é o que não falta ao nonagenário, na madrugada da segunda de carnaval, dia 4 de março, ele desfilará pela Verde e Rosa representando Zumbi dos Palmares, a convite do carnavalesco Leandro Vieira.
— No Rosas de Ouro, vi aquele garoto e mandei: “Você compõe? Canta um samba seu aí”. E ele começou: “Tinha eu 14 anos de idade, quando meu pai me chamou...”. Cheguei a duvidar que a música fosse dele, mas o Jair do Cavaquinho confirmou e ainda disse que de onde saiu aquela tinha mais. O Paulinho é meu ídolo — derrama-se o mangueirense.
'O maior griô do país'
Fundador dos Timoneiros, que voltam a desfilar neste ano após uma interrupção em 2018 por falta de patrocínio, o jornalista Vagner Fernandes faz referência aos versos do clássico “Agoniza, mas não morre” para explicar a homenagem ao seu autor.
— Seu Nelson é o maior griô da país, é o narrador e a personificação da narrativa. Ele resiste e enfrenta as intempéries — enaltece Fernandes. — Como ele, o Timoneiros é do time da resistência. Pela falta de patrocínio, que afeta outros blocos, apostaram que fôssemos sucumbir. A gente agonizou, mas contrariamos o bolão de apostas. Não morremos.
A importância do cantor e compositor para a cultura negra também foi fundamental para a sua escolha como Zumbi no enredo da escola em 2019, “História para ninar gente grande”, que vai celebrar heróis populares muitas vezes esquecidos nas versões oficiais, do líder quilombola à vereadora assassinada Marielle Franco. Nelson terá a companhia de outros mangueirenses ilustres, como Alcione, interpretando a guerreira Dandara, e Leci Brandão, como Luísa Mahin, líder da Revolta dos Malês.
— Hoje vemos tentativas de desqualificar, sem qualquer fundamento, figuras históricas como Zumbi dos Palmares. Seu Nelson vai emprestar sua dignidade e realeza para representar este personagem — comenta Vieira. — A Mangueira foi fundada quando ele tinha quatro anos. Ao entrar na avenida com esta história viva do samba, a escola já sai ganhando nota 10 num quesito que não pode ser mensurado.
A reverência à trajetória artística e pessoal não prende Nelson Sargento ao passado. Desde o ano passado, o cantor, compositor, escritor e pintor acrescentou mais uma função à lista: youtuber. Com 28 vídeos até o momento, o seu canal traz mergulhos do mangueirense em seu acervo discográfico e entrevistas com outras referências do samba, a exemplo do portelense Monarco.
A música ocupa boa parte de suas madrugadas (“Sambista nunca acorda antes das 10h da manhã, ele vai dormir nessa hora”). “Ouvidor compulsivo”, como se define, Nelson busca em canções antigas inspirações para projetos futuros, como um livro de frases ou um cordel com a história da Mangueira.
Mesmo com a limitação dos movimentos, causada pela artrose que ataca os joelhos, o cantor e compositor não planeja reduzir o ritmo. Com a intenção de lançar um disco de parcerias inéditas com Agenor de Oliveira até 25 de julho, data de seu aniversário de 95 anos, ele tem agendada para setembro uma série de shows no Japão, em sua a quarta viagem ao país.
O Globo sexta, 22 de fevereiro de 2019
CARNAVAL CARIOCA: 105 BLOCOS DESFILARÃO DE SEXTA A DOMINGO
Carnaval 2019: De sexta a domingo, 105 blocos vão tomar as ruas do Rio; programe-se
Entre as atrações, estão Céu na Terra, Suvaco de Cristo, Bloco da Preta e Timoneiros da Viola
Saulo Pereira Guimarães
22/02/2019 - 04:30
RIO - O Rei Momo ainda não está com as chaves da cidade, mas, na prática, já é carnaval no Rio. De sexta a domingo, 105 blocos vão invadir as ruas, arrastando uma multidão de foliões, mesmo sem o tempo contribuir para a folia. A probabilidade de chuva nos três dias é de 80%, segundo a previsão do Climatempo.
Nesta sexta-feira, a festa começa com os desfiles do Bloco dos Bancários, no Centro, e do Badalo de Santa Teresa. Amanhã, é preciso acordar cedo para para aproveitar o Céu na Terra, que sai às 8h do Largo dos Guimarães, em Santa Teresa. O cortejo do Chora Me Liga vai evoluir, também amanhã, a partir das 10h, pela Rua Primeiro de Março, no Centro. A via foi escolhida pela prefeitura para receber os maiores blocos da cidade. Às 18h, será a vez do Carmelitas realizar um ensaio aberto na Praça Tiradentes.
No domingo, o Cordão do Boitatá promete agitar a Rua Henrique Valadares, no Centro, a partir das 8h. Duas horas depois, será a vez de o Suvaco de Cristo animar a Rua Jardim Botânico. No mesmo horário, o Bloco da Preta desfilará na Primeiro de Março. À tarde, às 16h, o Simpatia é Quase Amor tem encontro marcado com os foliões na Praça General Osório, em Ipanema, mesmo bairro de onde sairá o Empolga às 9h, na Avenida Vieira Souto. Em Madureira, o Timoneiros da Viola voltará às atividades após não desfilar em 2018, com uma homenagem aos fundadores da Portela, e contará com a presença de Paulinho da Viola.
Mudanças no trânsito
Para ajudar a transportar quem não perde um bloco, a SuperVia vai operar com trens extras nos ramais Japeri e Santa Cruz. Os motoristas, por sua vez, devem ficar atentos às alterações no trânsito por conta dos cortejos. Vias importantes como as ruas Almirante Cochrane, Voluntários da Pátria e Jardim Botânico e as avenidas Atlântica, Lúcio Costa e Pasteur estão no roteiro dos blocos e sofrerão interdições coordenadas pela CET-Rio.
Quem pretende curtir também deve ficar de olho na previsão do tempo. As temperaturas devem variar entre 22 e 35 graus hoje, 22 e 36 graus no sábado e 23 e 37 graus no domingo, de acordo com o Climatempo. Nos três dias, as medições do instituto indicam que há grande chance de chuva.
O Globo quinta, 21 de fevereiro de 2019
BENEFÍCIOS DO OVO
Dez anos após estudo que 'absolveu' o ovo, o que sabemos sobre os benefícios do 'superalimento'
Naíse Domingues*
Há mitos, mudanças e controvérsias sobre o que é, de fato, uma alimentação saudável. Há dez anos, por exemplo, uma pesquisa mudou toalmente a maneira como os nutricionistas encaravam o ovo na dieta humana. Até então, havia ressalvas em relação ao alimento, que deveria ser consumido com moderação. Mas um estudo da Universidade de Surrey, no Reino Unido, publicado em fevereiro de 2009 no "Boletim da Fundação Britânica de Nutrição", virou esse jogo. "De vião a herói da dieta", estampou O GLOBO no título da reportagem sobre a pesquisa.
O trabalho da instituição britânica ajudou a derrubar a fama de trampolim do colesterol que tinha ovo na época, garantindo que o alimento era, na real, um forte aliado para uma dieta balanceada. Entretanto, segundo nutricionistas, muitos pacientes continuam em dúvida sobre a quantidade ideal a ser ingerida ou ainda se o produto é recomendado mesmo a quem tem problemas de coração.
- Muitas pessoas ainda têm dúvidas, perguntam se aumenta mesmo o colesterol e querem saber quantos ovos podem comer por dia. Mas, hoje, podemos dizer que o ovo está absolvido. Podemos ingerir diariamente, na quantidade indicada dentro da dieta pelo nutricionista - explica a nutricionista Aline Rodrigues, especializada em Nutrição Clínica e Controle de Qualidade de alimentos.
O alimento, que já foi considerado inimigo número 1 dos níveis de colesterol no organismo, hoje é um queridinho para quem mantém uma alimentação saudável, devido a seu valor nutritivo, principalmente para pessoas que praticam musculação e outras atividades físicas. Além de ser fonte de vitaminas e minerais do complexo B e de ômega 3, a proteína encontrada na clara do ovo, chamada albumina, auxilia na construção de massa muscular. E, ao contrário do que se acredita, a gema não deve ser descartada, pois também tem valor nutricional para esse fim.
- Uma publicação recente no “American Journal of Clinical Nutrition” indica que a ingestão de ovos inteiros, imediatamente após exercícios de resistência, gera maior estímulo à síntese de proteínas do que somente a ingestão da clara. As gemas melhoram a capacidade do corpo de utilizar a proteína nos músculos, auxiliando no aumento de massa muscular e emagrecimento - diz Aline.
O ovo fama de ser uma bomba de colesterol, proibido para quem tem problemas cardíacos ou quem precisava perder peso. A partir dos anos 1990, estudos começaram a mostrar que, na verdade, o ovo seria ótimo para uma alimentação saudável. A publicação do estudo no boletim britânico consolidou, de uma vez por todas, essa mudança na avaliação do ovo. Apesar de ser mesmo um alimento rico em colesterol, apenas uma pequena parte dessa substância é absorvida pelo corpo.
Mas por que certos alimentos têm fama tão controversa? Para Bia Rique, nutricionista e mestre em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social (IMS) da UERJ, a falta de cuidado na disseminação de informações é um fator. Segundo a especialista, um dos exemplos é a ideia de que o ovo faz mal ao coração.
- Um ovo contém 213mg de colesterol e, por isso, era considerado um alimento quase "proibido" na dieta de pacientes com doenças cardiovasculares. Se o paradigma nutricional não fosse tão métrico e quantificado, o ovo não teria tido tantas variações na sua reputação, as quais até hoje deixam o público leigo confuso - observa a nutricionista: - A obsessão por precisão nutricional torna o alimento apenas um conjunto de nutrientes. Isto leva ao surgimento de "certezas" ou expressões que caem no senso comum, como "ovos são ricos em colesterol".
A divulgação de forma equivocada de pesquisas sobre alimentos constrói imagens de vilões e mocinhos da alimentação a todo tempo. O ovo se tornou incompreendido por grande parte da população, com a disseminação de informações conflitantes sobre seus efeitos. Segundo Bia Rique, a presunção de que há alimentos milagrosos ou proibidos, muitas vezes presentes em reportagens sobre o assunto, é um problema a ser combatido.
- Laticínios e ovos já foram demonizados várias vezes ao longo da história. Outro exemplo seria a polêmica entre a manteiga e a margarina. O pavor de gorduras e comidas que possam "intoxicar" o organismo é apenas um exemplo da demonização temporária de algumas substâncias ou alimentos.
Não se pode diminuir a credibilidade das pesquisas, mas nutricionistas defendem que a divulgação desses estudos pela imprensa deve ser feita de forma responsável, sem sensacionalismo, observando seu valor acadêmico e informativo. Afinal, são essas pesquisas que promovem a coleta de dados para nortear diretrizes de para uma alimentação saudável. Segundo Ricardo Santin, diretor-executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e presidente do Conselho Diretivo do Instituto Ovos Brasil (IOB), a propagação de informações precisa de embasamento teórico.
- Os trabalhos científicos têm papel preponderante. De nada seria viável fazer marketing se você não tivesse base científica de alguém que estudou muito e apresentou justificativas embasadas, sólidas.
*Sob supervisão de William Helal Filho
O Globo quarta, 20 de fevereiro de 2019
TUIUTI NA SAPUCAÍ
'Tuiuti vai para Sapucaí com alta voltagem política', diz Jack Vasconcelos
Confira entrevista com o carnavalesco da escola, que este ano novamente leva um enredo engajado à Avenida
Rafael Gado
20/02/2019 - 04:42
RIO - Depois de levar um vampiro com faixa presidencial para a Sapucaí no ano passado, a Paraíso do Tuiuti mantém a linha de enredos com alta voltagem política. É o segundo desde 2017, quando uma pessoa morreu num acidente com um carro alegórico. Carnavalesco da escola, Jack Vasconcelos adianta detalhes do desfile deste ano, sobre o bode Ioiô, eleito vereador em Fortaleza, em 1922. E, ao analisar a temática, comenta a relação que parte do público faz do personagem com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Qual será o tom do desfile?
Será um carnaval irônico, de piada e zoação, com espírito moleque. Precisamos ficar mais leves. Atualmente, todos têm verdades muito absolutas. A coisa começa a feder, por exemplo, quando chargistas são perseguidos. A própria escola, ano passado, foi muito atacada. Eu também fui, pelas redes sociais. Se você fala em coletividade, já te chamam de comunista. Calma, gente. Onde se perdeu esse trilho?
No barracão, percebe-se que a escola não recuou. Os currais de duas alegorias, por exemplo, referem-se apenas ao bode?
Representam também currais eleitorais. Um setor aborda a relação dos poderosos com o povo. Num dos carros, há esculturas de políticos com cabeça de animais. A minha favorita é a mosca. É puro Centrão (como é conhecido o bloco formado por alguns partidos no Congresso): fica ali rondando o poder.
Esse teor brincalhão e, ao mesmo tempo, crítico é mantido em todo o desfile?
O enredo,em si, é um prato cheio para o humor. O bode Ioiô chegou a Fortaleza com retirantes da seca, o que será representado no abre-alas. Antes de entrarem na cidade, essas pessoas ficavam em campos de concentração, como vou mostrar numa das alas. Mesmo nesse começo, optei por não fazer um retrato triste da seca. É algo mais sensorial, de sensação de calor, que se consegue por meio de cores e formas. Uma das inspirações é a obra do artista cearense Chico da Silva, em que os fundos dos quadros parecem um fogaréu.
Parte do público associa o bode ao presidente Lula. Há alguma relação com ele?
Pode ter. Pode não ter. O personagem é tão maravilhoso que cada pessoa faz uma leitura dele a partir de sua vivência.
Há quem veja, inclusive, um Che Guevara no logotipo do enredo...
Ioiô era um revolucionário. Na época, Fortaleza vivia um processo similar ao do bota-abaixo do Rio. Os animais tinham que ser retirados da rua. Ioiô era o único que ninguém mexia, de tão popular. Era um petulante que irritava a elite, porque lembrava a ela que não adiantava negar suas origens.
E como você conheceu essa história?
Por meio do jornalista João Gustavo Melo. Quando a presidência da Tuiuti me pediu um enredo sobre o Nordeste, achei que era o momento perfeito. Na época, ainda não havia as candidaturas das últimas eleições. Mas todo mundo já se descabelava por causa do assunto. Esse período pré-eleitoral estimulou muito. Todo aquele processo ajudou a construir detalhes do desfile.
Qual você acha que será a reação do público?
Não sei se quem aplaudiu a gente ano passado vai aplaudir em 2019 de novo. Não tem como prever.
Qual sua opinião sobre esses enredos políticos?
Falam muito em enredo político. Mas a escola ir para a rua já é um ato político. A diferença é que, ultimamente, um número maior tem falado mais claramente. Tenho mais espaço de desenvolver isso aqui na Tuiuti. É muito legal quando se percebe que as pessoas ouviram o que você quis dizer, mesmo os que te xingaram. Voltou-se a se discutir escola de samba fora de nossa bolha, o que há muito tempo não acontecia.
O Globo terça, 19 de fevereiro de 2019
A MESA ESTÁ PARA PEIXÕES INTEIROS
A mesa está para peixões inteiros
Assados ou grelhados, chegam à mesa com mais sabor
Marcella Sobral
15/02/2019 - 04:45 / Atualizado em 15/02/2019 - 11:57
A maré mudou. Saem os filés arrumadinhos no prato, entram os peixões, inteiros, com marcas da brasa e, por que não, com os olhos? Tudo pelo sabor.
— Apresentar o peixe inteiro é uma prova de frescor. Servir com pele e cabeça dá mais sabor ao preparo — diz Nello Garaventa, chef do Grado. — Ainda uso o forno a lenha para acrescentar um sabor levemente defumado ao peixe.
OS PEIXÕES QUE CONQUISTARAM OS CARDÁPIOS DA CIDADE
1 de 15
No Grado (Rua Visconde de Carandaí 31, Jardim Botânico — 3253-3101), o peixe do dia (pode ser robalo, vermelho, pargo, R$ 76) é assado inteiro sem a espinha central e servido com minilegumes e pignoles.
No recém-inaugurado Marea (99539-9834), quiosque do Fasano no Arpoador, o peixe grelhado servido com legumes também grelhados (R$ 148) é preparado lá mesmo, junto à areia.
Com uma vista privilegiada da orla, o 23 Ocean Lounge, no Sofitel, (Av. Vieira Souto 460, Ipanema — 2525-2525) tem uma oferta invejável de frutos do mar no menu. Destaque para o pargo grelhado com batata calabresa, azeite, alho e alecrim, papillote de legumes e cogumelos (R$ 160, para duas pessoas).
De frente para o mar, o Venga Chiringuito (Av. Atlântica 3.800 — 3264-9806) recebe diariamente peixes da Colônia de Pescadores do Posto 6.
—Os peixes, fresquíssimos, são feitos no forno e servidos “a la plancha” com arroz ou fideo com espinafre ou verduras grelhadas (R$ 120, o quilo) — conta Fernando Kaplan, sócio do restaurante.
Na Barraca da Chiquita (Rua Santa Clara 33, Copacabana — 2548-9144), tradicional restaurante de cozinha nordestina, o tambaqui chega inteiro à mesa com arroz, salada e aipim frito (R$ 96,90, para dois).
Especializado em cozinha Mediterrânea, o Oia (Rua Barão da Torre 340, Ipanema — 3201-6529) serve o peixe do dia inteiro, assado com legumes tostados e vinagrete de limão (R$ 68).
O Globo segunda, 18 de fevereiro de 2019
CARNAVAL CARIOCA: BLOCO CORAÇÃO DAS MENINAS
Bloco Coração das Meninas desfila no Centro do Rio no início da noite de domingo
Com mais de 50 anos de tradição, banda desfilou pela Rua Sacadura Cabral, no Centro
Bruno Calixto
17/02/2019 - 19:37 / Atualizado em 17/02/2019 - 20:09
RIO - O Bloco Coração das Meninas esperou o Sol se pôr para iniciar seu 53 desfile na Saúde neste domingo, partindo do Largo São Francisco da Prainha em direção à Praça da Harmonia, no Centro, onde a agremiação nasceu.
- Somos um bloco com cara de escola de samba de comunidade, nascemos no berço da tradição e mantemos o mesmo perfil por todos estes carnavais, feito por e para os moradores da Saúde - destaca o fundador e presidente João Bororó.
Com cem ritmistas, passista, ala infantil, rainha de bateria, puxador, cavaquinho e casal de mestre-sala e porta-bandeira, o Coração das Meninas realizou seu cortejo na Rua Sacadura Cabral, seguido por homens da guarda-municipal. Os foliões (que não participam fantasiados), seguiram o desfile das calçadas.
- É como ver e acompanhar um desfile de escola de samba - observa um folião que está hospedado num hotel naquela região.
O desfile durou uma hora e foi animado pelo samba-enredo que homenageia a fundação do bloco.
Estreando no grupo, a porta-bandeira Máxi Silva e o mestre-sala João Neto aproveitam a agenda para ensaiar para o desfile da escola de samba Vizinha Faladeira (grupo B) na terça-feira de carnaval.
- É muita satisfação carregar a bandeira de um bloco com mais de 50 anos. Este legado não morre quando sustentado por gente séria que gosta de samba bom. Só no Rio tem disso - ressalta Máxi.
O Globo domingo, 17 de fevereiro de 2019
COMO NASCE UM HIT?
Como nasce um hit? Autores das 20 canções mais ouvidas no Brasil hoje explicam
Ostentação e 'guerra à inimiga' ficaram no passado, termos comuns em redes sociais ganharam destaque
Leonardo Lichote e Luccas Oliveira
17/02/2019 - 04:30
RIO - A namorada que chega “atrasadinha” ao encontro. A mulher que briga ao ver o ex com uma outra, “match” do Tinder. A pessoa que vivia na farra e hoje, na fossa depois de perder o amor, nem se reconhece em seu desejo de não sair de casa. O sujeito que, maltratado pela mulher, diz a ela que agora vai “pegar todo mundo” e que talvez até a beije “numa balada qualquer” sem reconhecê-la. A amante que se culpa pensando na traída. Outra amante, mas esta torturada pelo ciúme. O cara que lamenta a perda da namorada por ter cedido a uma aventura. Outro que debocha de quem ostenta “Chandon” enquanto ele só precisa do “dom” pras suas conquistas. Aquela que quando desce na pista faz tremer o chão. A que bebe, liga, transa e se arrepende. O moleque que anuncia que vai pro Baile da Gaiola “ficar de marola”.
O painel de personagens exposto acima é bem conhecido por milhões de brasileiros. Em sertanejo, funk, pagode e mesmo rap, eles desfilam nas 20 músicas mais ouvidas no Brasil hoje — segundo levantamento referente ao mês de fevereiro solicitado pelo GLOBO a Youtube, Spotify, Deezer e Crowley.
Por trás da variedade de tipos encontrados nas canções (e dos cantores famosos que as interpretam), há dezenas de compositores — muitos deles recorrentes nas paradas de sucesso, apesar de anônimos para o grande público. Responsáveis por criar essas figuras e situações, são eles que tentamapontar, nesta reportagem, os caminhos para atingir os ouvidos e corações da massa.
Sem receita, com técnica
O primeiro item da receita, segundo os entrevistados é: não há receita. Mas há técnicas. Algumas bastante prosaicas, como explica Junior Gomes, autor que aparece com duas músicas entre as 20:
— Tento focar em frases que eu vejo as pessoas postando no Instagram, por hashtags. Fico caçando as que chamam a atenção. “Notificação preferida” (gravada por Zé Neto e Cristiano, está na lista de mais tocadas) , por exemplo, eu vi alguém postando e me chamou a atenção. Pensei: “Caraca, isso dá uma música”. Eu me inspiro no que o povo posta, porque são frases que já estão na cabeça das pessoas.
Outra da lista, “Quem me dera” (Anderson Valente/ Romim Mata/ Thalison/ Walber Cassio/ Xuxinha) parte do mesmo recurso, ao transformar em verso a frase-meme “Deus me livre, mas quem me dera”. Mas há quem entenda que esse método tem seus contras, como Everton Matos, autor de “Ciumeira” e “Passa mal” (ambas na lista). Ele assina as duas com Paulo Pires, Diego Ferrari, Ray Antônio, Guilherme Ferraz e Léo Sagga (combo de compositores da empresa Single Hits, que se propõe a ser uma fábrica de sucessos).
— Tem muita gente que vê tema na internet — diz Matos. — Mas o problema é que às vezes você chega com algo que todo mundo tá falando, leva pro cantor e descobre que já chegaram três músicas pra ele sobre o mesmo tema. Gosto mais de pegar frases como “a sorte dele é que ele beija bem”, que uma amiga nossa falou e que acabou gerando “Sorte que cê beija bem” (sucesso com Maiara e Maraisa) .
Bruno Caliman — autor de hits como “Camaro amarelo” e de duas canções das 20 mais tocadas hoje, “Cobaia” e “Péssimo negócio” — tem um método mais elaborado.
— Estudei cinema, escrevo roteiro, leio muito, penso muito a construção do texto a partir da ideia de ethos e pathos de Aristóteles — conta Caliman. — Minhas músicas são quase como roteiros. Eu apresento o personagem, situo onde ele está, descrevo a cena, procuro uma perspectiva diferente. “Cobaia”, por exemplo, fala de uma relação amorosa como se fosse alguém pedindo emprego. São características das minhas canções. Mas vejo isso como um traço de um pintor, não como uma fórmula. Até porque se você copiar, não vai ter o mesmo resultado.
Graciliano e Luan Santana?
Caliman começou como compositor de jingles — chegava a cidades do interior da Bahia, compunha para os estabelecimentos locais e depois oferecia a eles suas músicas-propaganda (“Vivi disso por quatro anos”, lembra). Ele explica que a habilidade de fazer canções que “pegam” passa não só pela letra, mas pelos aspectos musicais:
— “Te esperando” (sucesso de Caliman na voz de Luan Santana) tinha um monte de acordes e dissonâncias. Mas lendo “Memórias do cárcere”, de Graciliano Ramos, percebi uma coisa. O livro tem uma parte inicial num ritmo chato, mas que depois você percebe o sentido daquilo. A primeira parte de “Te esperando” fala da vida tediosa da personagem, então refiz, pus uma melodia tediosa, repetitiva, em cima de dois acordes. E só no refrão vem o ponto de virada.
Umberto Tavares — parceiro de Jefferson Junior em “Terremoto” (dueto de Anitta e Kevinho que está no topo da lista) — também defende que arranjo e sonoridade podem ser até mais importantes do que a letra:
— O refrão de “Bang”, da Anitta, é um frase de sax. Era algo que eu percebi que estava rolando lá fora e achei que tinha tudo a ver com ela. Além disso, naquele momento o reaggaeton estava ganhando espaço no mundo, e ele fica entre 95 e 100 bpm (batidas por minuto) , bem mais lento que o funk, que é 130 bpm. Seguimos essa tendência e deu certo — lembra Tavares. — Já “Terremoto” foi feita pra Anitta e Kevinho cantarem juntos. Partimos dessa palavra, que tinha a ver com os dois, e fizemos a canção a partir daí.
Sensibilidade para perceber lacunas
A observação do mercado da música — seja as tendências internacionais, seja o comportamento do público do artista para quem se compõe — é comum a muitos dos arquitetos de hits. Autores de um dos maiores sucessos do Brasil hoje, “Jenifer”, o coletivo de compositores Big Jhows (formado por Junior Lobo, Thawan Alves, Thales Gui, Leo Sousa, Allef Rodrigues, João Palá, Fred Wilian e Junior Avellar) recorre até a estatísticas para definir seus temas. “Separada”, por exemplo, sucesso do grupo gravado por Maiara e Maraisa, foi inspirada em uma portagem sobre mulheres que cuidam dos filhos sozinhas.
Diego Barão, autor de “Atrasadinha” ao lado de Leo Brandão e Wynnie Nogueira, acredita que muitas vezes é importante identificar as tendências pra poder evitá-las:
— É bom ver onde estão as lacunas, o que não está sendo coberto. O mercado sempre quer algo novo.
Isso inclui a leitura da sociedade brasileira. Aparecem nos 20 hits códigos das redes sociais e suas implicações nas relações (“Notificação preferida”, “Status que eu não queria”), ao mesmo tempo em que o discurso da ostentação e da “inimiga” perde força.
— É fora de contexto hoje uma canção de uma mulher em competição com a outra. A batalha da fiel contra a amante (que fez sucesso no funk) hoje não teria sentido — acredita Umberto Tavares.
A rotina da composição não obedece a caprichos da inspiração. Os Big Jhows, por exemplo, trabalham com a meta de quatro músicas por dia. Vine Show — coautor de “Notificação preferida” (com Junior Gomes Thiago Alves e Samuel Alves) e “Tem o dom” (com Benicio Araujo e Jenner Melo) — resume:
— É uma linha de produção. O índice de acerto aumenta quando você tem mais material. Falam que estamos esquecendo o dom, mas vivo disso. Nos shows, vou para o meio do povo, ouvir a discussão dos namorados, as cantadinhas da balada. Costumam dizer: “você é um poeta”. Mas me considero mesmo um contador de histórias.
O Globo sábado, 16 de fevereiro de 2019
AGENDA DE BLOCOS DO RIO DE JANEIRO DESTE FIM DE SEMANA
De Imprensa a Banda de Ipanema: confira a agenda de blocos do Rio deste fim de semana
Blocos devem arrastar multidões pelas ruas da cidade
O Globo
15/02/2019 - 07:49 / Atualizado em 15/02/2019 - 19:48
RIO - Milhares de pessoas devem curtir os blocos que terão cortejos neste fim de semana. Na tarde deste sábado, a Banda de Ipanema, que sairá às 17h30m na Praça General Osório. Outros blocos amados pelos cariocas como Imprensa que Eu Gamo e Carmelitas também devem arrastar foliões. Ao todo, mais de 50 blocos se apresentam em diferentes pontos da cidade, a maioria em cortejos gratuitos. Só não se diverte quem não quer.
Em razão da previsão de chuva para o sábado, os organizadores do Chá da Alice cancelaram o cortejo. Nas redes sociais, um comunicado informa que a decisão preza pela segurança de todos os envolvidos: "O Chá e a cantora Aline Wirley, convidada a puxar o trio, sentem muito, mas entendem que a segurança deve vir em primeiro lugar".
Confira a lista completa:
15 de fevereiro, sexta-feira
20h - Badalo de Santa Teresa (gratuito, no Largo das Neves, em Santa Teresa)
22h - Bloco 442 (com ingressos a partir de R$ 10, no Casarão Floresta, na Ladeira dos Guararapes 115, no Cosme Velho)
22h - Vamo ET (com ingressos a partir de R$ 15, na Ecocasa Silvestre, Rua Almirante Alexandrino 5025, em Santa Teresa)
23h - Bloco do Mug (com ingressos a R$ 10, no Espaço Bella Vista, Avenida Almirante Silvio de Noronha 301, no Aterro)
16h - Tambores de Olokun (gratuito, em frente à Igreja Nossa Senhora Do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos - Rua Uruguaiana 55, no Centro)
17h - Fala Meu Louro (gratuito, na Rua Waldemar Dutra 19, no Santo Cristo)
17h - Bloco Infantil Bigodinho Esticado (gratuito, na Adriano 300, no Méier)
17h - Chinelo de Dedo (gratuito, na Rua do Mercado 23, Centro)
17h - Xodó da Piedade (gratuito, na Rua Angelina 195, em Piedade)
17h - Turbilhão Carioca (gratuito, no Blend Steak Bar - Rua Cirne Maia 29, Cachambi)
18h - Bloco do 1030 (gratuito, na Avenida dos Mananciais 1030, na Taquara)
18h - Coração das Meninas (gratuito, no Largo de São Francisco da Prainha, na Gamboa)
18h - Morto com Farofa (gratuito, na Rua Itápolis 7, em Campo Grande)
19h - Banda da Saens Pena (gratuito, na Praça Saens Pena 63, na Tijuca)
19h - Pra Se Apaixonar (gratuito, na Rua Vital 311, em Quintino Bocaiúva)
20h - Imortais (gratuito, na Praia de Piratininga, em Niterói)
O Globo sexta, 15 de fevereiro de 2019
ROCK IN RIO - ATRAÇÕES
Rock in Rio 2019 anuncia Red Hot Chili Peppers e Dave Matthews Band
Banda californiana, que veio ao festival em 2001, 2011 e 2017, será a principal atração do dia 3 de outubro; grupo de jazz-rock tocará na noite do Bon Jovi, 29 de setembro
O Globo
14/02/2019 - 21:25 / Atualizado em 14/02/2019 - 21:50
A partir de hoje, já são conhecidos seis dos sete headliners do Rock in Rio, que acontece entre setembro e outubro no Parque Olímpico: velhos habituês do festival, os Red Hot Chili Peppers estão confirmados como atração principal do dia 3 de outubro. O quarteto de Los Angeles se une a um time que já tinha, pela ordem, Drake (27/9), Bon Jovi (29/9), Iron Maiden (4/10), P!nk (5/10) e Muse (6/10, no encerramento). O festival também anunciou ontem a Dave Matthews Band como atração do dia 29, antes do Bon Jovi.
Depois de sua estreia no Brasil, no Hollywood Rock de 1993, o mesmo de Nirvana e Alice In Chains, os Red Hot Chili Peppers, do cantor descamisado Anthony Kiedis e do baixista eventualmente peladão Michael “Flea” Balzary, os Red Hot Chili Peppers levaram oito anos para voltar, o que aconteceu no Rock in Rio de 2001 — quando a Dave Matthews Band, então muito popular no país, também foi uma atração. De lá para cá, foram muitas vindas, que agora configuram uma espécie de tricampeonato, com Rock in Rio e Lollapalooza em três anos seguidos, de 2017 a 2019.
Também frequente no Brasil, a banda de rock com pitadas de jazz liderada por Dave Matthews, americano nascido na África do Sul, volta ao Rock in Rio depois de 18 anos. O grupo, que lançou em em 2018 o disco “Come tomorrow”, virá pela primeira vez sem o violinista Boyd Tinsley, que se desligou no ano passado.
Nesta semana, o Rock in Rio anunciou também as atrações do Rock District , que terá nomes como os irmãos Rogério Flausino e Sideral e o cantor Dinho Ouro Preto
O Globo quinta, 14 de fevereiro de 2019
A MARATONA DE DEBORAH SECCO
Baile do Copa, Camarote na Sapucaí e Disney: a maratona de Deborah Secco no carnaval
POR MARINA CARUSO
O carnaval nem começou e ela já se vestiu de borboleta, coelhinha, diva italiana... “Adoro essa época do ano. A gente se julga menos e fantasia mais”, diz Deborah Secco, que tem feito altas produções. Rainha do baile do Copa e musa do camarote Allegria, a atriz embarca para a Disney na Quarta-Feira de Cinzas. Vai levar a filhota para o verdadeiro reino das fantasias. “Ela adora se vestir de princesa, em especial, de Bella. Já eu, quando menina, curtia a Branca de Neve por que tinha cabelo escuro, como o meu”, relembra a agora loura platinada.
O Globo quarta, 13 de fevereiro de 2019
PÍLULA DE INSULNA
Pílula de insulina pode substituir injeção em portadores de diabetes
Pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT) desenvolveram cápsula que pode ser tomada por via oral
RIO e WASHINGTON - Um grupo de pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT), nos EUA, desenvolveu uma pílula que pode ser ingerida por pacientes portadores de diabetes em substituição às injeções de insulina. A inspiração para a criação da cápsula foi o formato do casco da tartaruga-leopardo, que permite que o animal consiga rolar sobre o próprio eixo. O objetivo era reproduzir a capacidade de auto-orientação do bicho para que a pílula chegasse ao estômago, uma vez que os medicamentos contendo insulina poderiam ser destruídos pelo ácido do sistema digestivo durante a ingestão.
Dentro da cápsula há uma pequena agulha que libera a insulina quando o dispositivo chega à parede do estômago. A agulha é presa a uma mola e protegida por um disco de açúcar. O dispositivo é eliminado normalmente, após a liberação da insulina, no processo de digestão.
Testes em humanos em três anos
À revista Science, os pesquisadores disseram que a cápsula de insulina já foi testada em ratos e porcos, e que a expectativa é de que os testes em humanos comecem em três anos. A descoberta ainda requer muitos testes por segurança e para garantir que não haja prejuízo ao estômago, por exemplo, mas a expectativa é de que a pílula também seja usada para outros medicamentos injetáveis, não só para a insulina.
Para o presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Rodrigo Moreira, os resultados do estudo talvez sejam vistos em cinco a dez anos:
— É algo ainda muito inicial, eles testaram para saber se a cápsula funcionava, não para saber se em pacientes com diabates ela funcionaria para baixar a glicose. Este estudo abre uma perspectiva para que outros testes sejam feitos. Caso a pílula seja válida para pacientes com diabetes, ainda seria necessário testar quantas cápsulas o paciente precisaria tomar, qual seria o custo disso para saber se o tratamento seria viável. Este é um ponto extremamente importante.
O Globo segunda, 11 de fevereiro de 2019
RAINHA DO PORTO DA PEDRA VAI MISTURAR SAMBA COM DANÇA DO VENTRE
Rainha da Porto da Pedra vai misturar samba com dança do ventre na Avenida
Rainha de bateria da Porto da Pedra, Kamila Reis mora (e dança) em Dubai há nove anos. E decidiu levar à Avenida um samba com o toque árabe da dança do ventre. “Os árabes amam o ritmo. Só não posso me apresentar de biquíni”, conta.
O Globo domingo, 10 de fevereiro de 2019
FESTIVAL GASTRONÔMICO NA AUSTRÁLIA
Festival gastronômico coloca região ocidental da Austrália no mapa
Local combina natureza, atividades ao ar livre e culinária
Besha Rodell/2019/The New York Times
10/02/2019 - 04:30
É fim de tarde na região de Margaret River, no estado da Austrália Ocidental. Os raios dourados do sol poente lançam um suave matiz sobre os vinhedos e são filtrados por florestas de eucaliptos. A paisagem às vezes parece europeia. As estradas que margeiam os campos de feno formam túneis atravessando bosques. De repente, surge um grupo de cangurus cinza descansando sob as árvores, ou então, após uma curva da estrada, aparece o intenso azul do Oceano Índico.
Não há dúvida de que a região reúne todos os elementos para seduzir turistas esfomeados (e sedentos). É um lugar deslumbrante, e, embora seja uma das mais recentes regiões vinícolas do mundo, já é bem robusta, com quase cem adegas. Mas está longe de ser o único paraíso produtor de vinho na Austrália, onde há muitos outros mais antigos e de mais fácil acesso. E, no entanto, o turismo em Margaret River e região está bombando, com um aumento de 37% no número de visitantes internacionais apenas nos últimos três anos.
A Austrália apostou numa estratégia de turismo voltada para a culinária, e não apenas para sua população de animais fofinhos. O centro da explosão turística na Austrália Ocidental é o Margaret River Gourmet Escape, um grande festival de vinhos e comidas.
Perth já é uma das mais distantes capitais do mundo, a cinco horas de voo de Sydney ou de Cingapura. E são mais três horas de carro entre Perth e Margaret River, a pequena cidade que dá nome à região.
Nigella já deu pinta lá
Dez anos atrás, Perth estava no auge de um período de mineração, e os hotéis lotavam. A secretaria de turismo buscava uma forma de incentivar os visitantes a viajar mais além da capital. Ao mesmo tempo, a Brand Events — conhecida pelos festivais “Sabores de...” em diversas cidades — procurava pelo mundo um lugar onde montar seu próximo grande festival gastronômico. (Depois, a Brand Events foi comprada pela IMG, empresa internacional de esportes, moda e eventos.)
O Margaret River Gourmet Escape foi inaugurado em 2011. Desde então, retorna à região todo ano em novembro. Em 2018, atraiu mais de 20 mil pessoas. O festival tem eventos espalhados pela região e consiste em jantares com degustação de vinhos, festas, sessões de autógrafos e uma “vila gourmet”, com palco para palestras e apresentações culinárias.
Uma das chaves do sucesso do festival é atrair chefs do mundo inteiro. Nigella Lawson foi a estrela em 2018. Durante o tempo que passou lá, mostrou fotos aprazíveis do evento a 1,4 milhão de seguidores no Instagram.
O festival em 2018 foi praticamente isso. Nigella vestindo um longo esvoaçante numa praia ao pôr do sol, brindando à multidão meio ébria de foliões. O mar calmo e de um azul quase metálico, a praia decorada com enormes tendas com áreas de descanso, garçons passando com travessas de camarões grelhados e belos coquetéis, e luzes cintilantes em cordéis deixando todos mais atraentes do que na verdade eram.
O Globo sábado, 09 de fevereiro de 2019
CASTELO DE EX-DEPUTADO CONTINUA À VENDA
Castelo erguido por ex-deputado federal no interior de Minas Gerais continua à venda, dez anos depois
Castelo erguido por ex-deputado federal no interior de Minas Gerais continua à venda, dez anos depois
Era uma vez um castelo. Com 12 torres, piscinas, sauna, lago particular, jardins e um campo de golfe, tudo num terreno do tamanho de 268 campos de futebol. No interior da construção, 36 suítes com hidromassagem, decoração com vários tipos de mármore, adega para 8 mil garrafas, cozinha industrial e dois elevadores. Não, este não é o início de um conto de fadas moderno. Estamos voltando a uma notícia de dez anos atrás, quando o país conheceu o nada humilde castelo da família do então deputado federal Edmar Moreira, no distrito de Castro Alves, zona rural do município de São João Nepomuceno, na Zona da Mata Mineira.
Na época em que a informação veio a público, o chamado Castelo Monalisa estava à venda, avaliado em mais de R$ 20 milhões. Uma década depois, o lugar continua à espera de um comprador. Está anunciado no site de uma imobiliária que, por telefone, confirmou a oferta do bem, mas comunicou que só informa o montante pedido pelo proprietário mediante carta de interesse de um possível comprador. Um profissional da área estimou o valor de mercado em R$ 60 milhões. O "Blog do Acervo" tentou contato com o agora ex-parlamentar, mas sem sucesso.
Em fevereiro de 2009, Moreira tomou posse como corregedor da Câmara dos Deputados e gerou controvérsia ao afirmar que parlamentares não podem investigar e punir seus colegas de Casa devido ao que ele classificou como “vício insanável da amizade”. Dias depois, ainda no início daquele mês, o "Estado de Minas" publicou uma reportagem com fotos e descrição do imóvel à venda, seguido por toda a imprensa nacional. O GLOBO estampou uma foto aérea da propriedade em sua primeira página do dia 5 de fevereiro, informando que o lugar não constava da declaração de bens do então deputado federal.
De acordo com aquela edição do GLOBO, na declaração de bens do filho de Edmar, o ex-deputado estadual Leonardo Moreira, ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Minas, em 2006, ele informava possuir um terreno na área rural de Carlos Alves no valor de R$ 3,1 milhões. Na de Edmar Moreira, aparecia um imóvel no valor R$ 17,5 mil, no mesmo distrito, em uma praça a cerca de dois quilômetros do castelo. Ainda segundo a reportagem, o então deputado federal havia declarado bens de aproximadamente R$ 9,5 milhões, incluindo ações, imóveis, veículos, aplicações financeiras e dinheiro em espécie.
Na época, Edmar Moreira dizia não ver motivo para escândalo, alegando que construiu o castelo de 1982 a 1990, antes de assumir seu primeiro mandato, em 1991, e que depois passou a propriedade do imóvel a seus filhos, Leonardo e Julio Moreira. Mesmo assim, no dia 8 de fevereiro de 2009, o parlamentar do DEM não sucumbiu à pressão da imprensa, da opinião pública e de colegas e renunciou aos cargos de corregedor e vice-presidente da Mesa Diretora da Câmara.
Em entrevista à TV Globo em fevereiro de 2009, Leonardo Moreira, na época deputado estadual, declarou que a intenção de seu pai era criar um hotel de luxo no castelo, para levar turismo de alta renda à região. Quando as obras do imóvel tiveram início, em 1982, havia o projeto de construir um aeroporto nas proximidades, o que facilitaria a chegada de voos particulares. No entanto, o terminal não saiu do papel, e as obras do castelo também ficaram inacabadas.
Em 2014, o site de notícias "G1" revelou que o imóvel continuava à venda, na época por R$ 40 milhões. Segundo um corredor ouvido pelo "Blog do Acervo", a dificuldade para vender a propriedade pode ser associada a dois fatores: uma retração no mercado de hotéis e resorts em Minas Gerais e a publicidade negativa que foi gerada em torno do castelo desde 2009.
No site "Corretores Associados", o Castelo Monalisa é descrito com detalhes, exaltando características que poderiam ser exploradas por uma empresa do ramo da hotelaria. "Reúne em seu conjunto arquitetônico mais de 36 suítes, todas equipadas com sistema central de ar condicionado e controle remoto individual em todos os ambientes. Todas as suítes dispõem de closet e sistema individual de ar condicionado possuindo design diferente uma das outras, o que torna o empreendimento totalmente diferenciado de tudo o que já foi construído no país". O texto diz ainda que "o prédio principal ainda não se encontra mobiliado e certos detalhes do acabamento ainda não foram feitos, pois na eminência de sua comercialização para a rede hoteleira, empresa ou até mesmo pessoa física, certamente o empreendedor faria a decoração interna que mais lhe aprouvesse".
O Globo sexta, 08 de fevereiro de 2019
INCÊNDIO DEIXA 10 MORTOS NO NINHO DO URUBU
Incêndio deixa dez mortos no Ninho do Urubu, centro de treinamento do Flamengo
Três pessoas ficaram feridas, uma delas em estado grave; área atingida é o alojamento onde dormem os jogadores de base, com idades entre 14 e 16 anos
Ana Carolina Torres
08/02/2019 - 07:22 / Atualizado em 08/02/2019 - 09:40
RIO — Um incêndio de grandes proporções matou dez pessoas no Ninho de Urubu — centro de treinamento do Flamengo —, em Vargem Grande, na Zona Oeste do Rio, na manhã desta sexta-feira. A informação foi confirmada pelo Corpo de Bombeiros. Três pessoas ficaram feridas — uma delas estaria em estado grave — e foram levadas para o Hospital municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, também na Zona Oeste. Segundo o tenente-coronel do Corpo de Bombeiros Douglas Henaut, o incêndio foi no alojamento, onde dormem os jogadores de base.
Dos dez mortos, seis eram jogadores e quatro funcionários do Flamengo. Dois dos jovens atletas estavam em período de testes, segundo um dirigente do clube.
Três jovens feridos no incêndio foram levados para o Hospital municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, também na Zona Oeste. Os feridos foram identificados como Cauã Emanoel Gomes Nuines, de 14 anos, que é de Fortaleza e está há três anos no Rio; Francisco Diogo Bento Alves, de 15, e Jonathan Cruz Ventura, também de 15.
O estado de saúde mais grave é o de Jonathan. Ele teve 40% do corpo queimado. A Secretaria muncipal de Saúde classificou o estado de saúde dele como gravíssimo e informou que o jovem será transferido para o Centro de Tratamento de Queimados do Hospital municipal Pedro II, em Santa Cruz, ainda na Zona Oeste.
O alojamento atingido pelo fogo é na parte antiga do CT, que foi recentemente reformado. O espaço ia ser desativado e demolido pelo clube.
Equipes de bombeiros continuam no local. A informação é de que o fogo já está controlado, e os bombeiros estariam numa operação rescaldo. Ainda não se sabe o motivo de o fogo ter começado.
Luto de três dias
O governo estadual vai decretar luto oficial de três dias. O secretário estadual de Esportes do Rio, Felipe Bornier, afirmou que a pasta vai dar todo o apoio e suporte para as famílias, já que muitas não eram do Rio. Bornier destacou ainda que a secretaria vai apurar o que aconteceu. Ele ainda revelou que outros secretários estaduais estão a caminho do Centro de Treinamento.
Centro é usado pela equipe de futebol e por categorias de base
O Ninho do Urubu — como ficou popularmente conhecido Centro de treinamento presidente George Helal — foi construído em 2014 e é usado pela equipe de futebol profissional do Flamengo e por suas categorias de base. O local fica numa área localizada em Vargem Grande e tem um módulo profissional, dois campos, campo de treinamento para goleiros e alojamento, entre outras estruturas.
Em 2018, foi inaugurado o novo módulo profissional — a estrutura anterior foi deixada para as categorias de base. Para o futebol profissional foi disponibilizada um novo módulo, com novos alojamentos, parque aquático, academia e mais um campo de futebol (o quinto).
Sede da Gávea atingida pelo temporal
Na noite de quarta-feira, a sede do Flamengo, na Gávea, foi atingida pelo forte temporal e ficou com um rastro de destruição. Sem luz, o local está fechado e as atividades suspensas nesta quinta-feira, para uma avaliação nas dependências.
Árvores e galhos caíram perto da área das piscinas, assim como no exterior, em algumas das entradas do clube. A força do vento e da chuva fez com que algumas delas fossem arrancadas desde a raiz, prejudicando até o acesso via a pé e de carros no interior da sede.
O Globo quinta, 07 de fevereiro de 2019
CAMILA PITANGA E BRUNA LINZMEYER PROTAGONIZAM CENAS PICANTES
amila Pitanga e Bruna Linzmeyer protagonizam cenas quentes em clipe da Letrux
POR MARIA FORTUNA
Hit dançante do disco “Letrux em noite de climão”, a música “Ninguém perguntou por você” tem clipe protagonizado por Bruna Linzmeyer e Camila Pitanga. Numa pista de dança, elas se paqueram e sensualizam. “A canção fala de um amor inventado: perfeito na imaginação e um desastre na vida real”, diz Letrux. “Ninguém pode mandar no nosso pensamento, em quem desejamos, com quem queremos fazer suruba ou ter um filho”. Para Bruna, há muitas maneiras de falar sobre ódio. “Uma delas é não falar sobre ele, mas sobre amor”. Dirigido e roteirizado por Pedro Henrique França, o clipe será lançado domingo.
O Globo quarta, 06 de fevereiro de 2019
O MELHOR DOS QUIOSQUES DO RIO, DO LEME AO RECREIO
Selecionamos o melhor dos quiosques do Rio, do Leme ao Recreio
Eles estão com ambientes charmosos, gastronomia caprichada, serviço igual ao de restaurante e drinques assinados
Lívia Breves
06/02/2019 - 04:30 / Atualizado em 06/02/2019 - 08:58
O cenário pode ser de um mar azul em dia de Arpoador caribenho, de um pôr do sol cor-de-rosa entre as palmeiras do Leme ou ainda de ondas suaves batendo sobre a areia branquinha da Praia da Barra. Poucos lugares conseguem ter vistas tão privilegiadas para aproveitar o verão carioca quanto os quiosques. Agora, seus cardápios fazem jus à localização: há lagosta na brasa, massas artesanais, seleção de crudos, paellas, ceviches, tábuas de queijos brasileiros e um tanto mais. Fizemos uma seleção dos pontos que você precisa conhecer nesta temporada.
O Marea, quiosque do Fasano, já causava frisson antes mesmo de abrir. Levar para a areia um menu com o status do grupo deixou a cidade ansiosa. Neste verão, eles finalmente fincaram o deque nas areias do Arpoador. Logo cedo, os serviços são abertos, com opções de café da manhã e piadinas. Mas o melhor é aproveitar um almoço tardio, começando com o coquetel de camarão, vinagrete de polvo ou pasteizinhos, e seguindo com opções boas de compartilhar, como o arroz de bacalhau ou os mexilhões ao vinho branco. Para beber, além de mate da casa, kombucha e sucos, há uma seleção de drinques clássicos e novidades, como o Carioca Tonic, que leva gim, caju, hortelã e limão-siciliano. A ideia do cardápio, bolado por Rogério Fasano e Danio Braga, foi criar uma experiência que representasse o mar e fosse para todos.
— Privilegiamos os petiscos de beira-mar, os pastéis, que são bem cariocas, até as ostras, que servimos de maneira descontraída. Nossos arrozes e pratos para compartilhar chegam à mesa em panelas de ferro. Queremos mostrar um conceito novo do grupo Fasano, mais acessível, mais jovem. A carta de vinhos segue essa linha e é focada em rótulos leves e frescos, com muitos brancos e rosados frutados. Vamos mudar o cardápio de acordo com a estação, para ter sempre novidades. Quem sabe quando esfriar teremos um cassoulet de frutos do mar? — conta Danio.
Katia Barbosa levou o Aconchego Carioca para as areias do Leme. Vinagretes, ceviches e bolinhos de bobó são as apostas, mas ela avisa: para quem quiser um baião de dois, também tem.
— Pensei em um Aconchego de praia, mas não deixei de lado a cara do restaurante. Alguns pratos são exclusivos, mas outros são iguais. Inventei um mate gaseificado que está demais.
Ali do lado, o Gávea Beach Club acaba de inaugurar seu novo ponto. Com menu mediterrâneo, criado pela chef italiana de Nápoles Jolanda Ruggiero, há massas grano duro, peixes assados no sal e um espaguete “alla nerano”, de abobrinha frita, em uma receita que ela aprendeu em Capri. Logo, logo, o subsolo (onde já funcionou até uma boate) virará a Taberna Del Mar e terá uma charcutaria típica da Espanha.
No canto direito da Praia de São Conrado, o So.Ga tem atraído uma galera que gosta de comidinhas vegetarianas. A localização privilegiada, com gramadinho e vista para a pedra, combina-se com os quitutes gostosos que o casal Sofie Mentens e Gabriel Ferrari prepara. “Bruschettões” de cogumelos e de guacamole, cuscuz marroquino, açaí adoçado com xarope de açúcar mascavo e sucos prensados são uma delícia.
A mixologista Jessica Sanchez abriu um quiosque que parece a casa do Robinson Crusoé: é tudo de madeira e palha, com redes, poltronas e bancões. Ela conta que a inspiração são os bares de Tulum, no México. Os drinques, como já é de se esperar, são ponto altíssimo. Opções como o Skavurska Mule (vodca, soda de gengibre e espuma de graviola) e o Kentuck Thing (uísque, hortelã, maracujá e baunilha) confirmam a definição do Bar&Co: uma experiência de coquetelaria na praia. As comidinhas não ficam para trás: há ótimos tartares, risotos e tábuas de embutidos.
Móveis brancos, cortinas esvoaçantes e decoração azul fazem o Pesqueiro, no Recreio, ter jeitão de festa em Ibiza. A música eletrônica reforça o clima. Do bar, saem drinques coloridos, como o Ocean (soda de laranja vermelha, RedBull, espumante, limoncello e gim), e chamativos, como o que vem em um abacaxi. Peixes e frutos do mar são preparados na brasa e chegam da cozinha acompanhados por arroz de cúrcuma. Se você é de festa, dá para esticar até a noite.
Definitivamente, foi-se o tempo em que o mate com biscoito polvilho eram as únicas opções da praia.
O Globo terça, 05 de fevereiro de 2019
COPA DO BRASIL COMEÇA HOJE
Longa, difícil e milionária: Copa do Brasil começa e mostra o tamanho do país
Torneio tem início nesta terça-feira
Thales Machado
05/02/2019 - 05:00 / Atualizado em 05/02/2019 - 06:56
Dezesseis candidatos por vaga. Poderia ser a estatística de um difícil vestibular, ou de um concorrido concurso público, mas é a situação da Copa do Brasil, que se inicia nesta terça-feira com o confronto entre River-PI e Fluminense, às 21h30. Será um torneio de extremos em vários sentidos, a começar pela dificuldade. Os 80 times que iniciam a competição se enfrentarão em quatro fases eliminatórias, as duas primeiras com jogo únicos e as duas seguintes com ida e volta. Só cinco times sobreviverão.
Daqui a três meses, depois de 90 jogos, os classificados se juntarão ao onze já garantidos nas oitavas de final. E é aí, com a chegada dos clubes que estão na Libertadores e dos campeões da Série B, Copa do Nordeste e Copa Verde, que começam os 30 jogos que definirão o milionário campeão, que receberá, ao todo, R$ 70 milhões (se passar por todas as fases), um recorde na história de competições esportivas entre clubes no Brasil.
O extremismo também vem na premiação, e de forma parcelada: só por competir, os 80 clubes recebem cotas variadas entre R$ 525 mil e R$ 1,05 milhão, dependendo de sua posição no ranking da CBF e em que divisão estão no Brasileiro. Passar de fase já vale mais um cheque que pode ser de R$ 625 mil a R$ 1,25 milhão. Os cinco sobreviventes das quatro primeiras fases podem embolsar, até maio, R$ 5,65 milhões. Um orçamento que pode salvar o semestre de muito time grande, e ser um prêmio de loteria para clubes pequenos que consigam cumprir o tradicional papel de zebra da competição.
E o dinheiro é espalhado pelos quatro extremos do país. Se a abertura, hoje, é na nordestina Teresina, no Piauí, amanhã já tem jogo na paranaense e sulista Foz do Iguaçu, o confronto entre o estreante Foz-PR e Boa Esporte-MG. Mesmo protocolo, torneio e premiação, a 3 mil quilômetros de distância.
E pra quem quiser, tem time mais pra baixo: o Brasil de Pelotas é o clube mais ao sul do torneio (enfrenta o Atlético Tubarão-SC, fora de casa). Do outro lado da bússola está a capital de Roraima, Boa Vista, sede do São Raimundo, o clube mais ao norte. Um confronto entre os dois é quase impossível nesta edição, mas se o São Raimundo vencer o América-MG no dia 13, em casa, e o Juventude passar pelo Palmas, no Tocantins, os gaúchos terão que visitar Roraima na fase seguinte.
Rio Branco e Galvez, no Acre, e o Botafogo-PB, em João Pessoa, completam, a oeste e leste, os pontos cardeais da Copa do Brasil de 2019.
A maior viagem desta primeira fase, porém, será do Avaí. O time catarinense, promovido para a Série A em 2019, sairá de Florianópolis e terá que enfrentar o Real Ariquemes, em Ariquemes, interior de Rondônia, no dia 13. Em linha reta, são 2.484 quilômetros de distância entre as cidades.
Se um torcedor avaiano quiser ir de avião, saindo um dia antes do jogo e voltando na manhã seguinte, terá que pagar cerca de R$ 2.000 para ir e voltar. Além de caro, cansativo: conexões em Campinas e Cuiabá, e 200km de carro de Porto Velho até Ariquemes. De ônibus, dá para ir até Joinville-SC e de lá seguir para Rondônia: são dois dias e cinco horas de viagem para 90 minutos de futebol.
Há também quem viaje sem precisar. O cearense Ferroviário enfrenta o Corinthians “em casa”. Aproveitou e vendeu o mando de campo: vai jogar em Londrina, no Paraná, tentando lucrar com a bilheteria.
A bola rola nesta terça-feira e o campeão só sai no dia 11 de setembro, data da final. O caminho, definitivamente, é longo.
O Globo segunda, 04 de fevereiro de 2019
AS JOIAS ARTESANAIS E COLORIDAS DE MARIA FRERING
As joias artesanais e coloridas de Maria Frering
Neta de Carmen Mayrink Veiga, designer lança brincos, colares e anéis de prata, com banho de ouro, pedras brasileiras e bordado em ponto cruz
Marcia Disitzer
04/02/2019 - 04:30
Neta de um dos maiores símbolos de elegância do país, a saudosa Carmen Mayrink Veiga, e filha da atriz Antonia Frering, a designer de joias Maria Frering, de 28 anos, não demorou muito para encontrar no belo a sua verdadeira vocação. Arriscou-se numa faculdade de Economia, mas, ao longo do processo, percebeu que amava desenhar; seu desejo era dar vida às formas que esboçava no papel e usá-las. Quando se deu conta, estava estagiando na marca da joalheira Julia Monteiro de Carvalho, da onde saiu para criar a Voya, em parceria com Camila Cunha. A sociedade se desfez no ano passado e agora Maria entra numa nova — e colorida — fase, com o lançamento da grife que leva seu nome.
— A coleção, batizada Estudo de Cor, tem um link com o artesanato brasileiro. As joias são de prata, com banho de ouro ou de ródio, pedras brasileiras, como citrino, ametista, topázio e granada, e bordado em ponto cruz, feito diretamente no metal, com fios de algodão egípcio — explica Maria. — Gosto do contraste do opaco dos fios com o brilho das pedras. Estudei gemologia em Nova York e sou muito ligada na energia que as pedras transmitem.
Para colocar a coleção de pé, Maria teve que “inventar” uma técnica.
— Foi um caminho difícil, precisei de parceiros que topassem o desafio. Para fazer o ponto cruz é necessário planejar cada furo no metal. Também desenvolvi forro para as joias. Dessa maneira, não é possível ver o fundo do bordado, garantindo mais durabilidade e resistência — detalha.
Por enquanto, é a própria designer quem borda manualmente cada peça — as joias estão à venda na multimarcas paulista Pinga, no e-commerce shop2gether e no Instagram da sua marca. Mas em breve isso vai mudar: ela planeja associar a joalheria a um projeto social.
— Quero treinar um time de artesãs cariocas que aprenda essa técnica de bordado. Mulheres que possam trabalhar em suas próprias casas e ter uma renda extra.
Dividida entre brincos, anéis e colares, a coleção desenhada por Maria traz um vibrante jogo de cores — vermelho, rosa quase lilás, verde-esmeralda e azul Klein estão na cartela —, que pode ser determinado pela cliente.
— Quando eu era mais nova, uma das salas da casa dos meus pais era amarela, rosa e azul. O tecido foi ficando velho, mas meu pai não deixava trocá-lo por ter “as cores da Maria”, já que eu era um bebê louro, de olho azul e pele meio rosada. Toda vez que deparo com esse mix, volto àquele lugar e àquele momento. Acredito que a combinação das cores pode despertar memórias.
A influência de Carmen, segundo a neta, está presente em suas escolhas:
— Minha avó, além de ter amado e conhecido profundamente o universo das joias, tinha acessórios incríveis que me chamavam muito a atenção. Ela me deu um livro que guardo com muito carinho sobre a joalheria francesa Chaumet, uma das mais antigas do mundo, que fala sobre joias afetivas.
Casada no civil com o executivo do mercado financeiro Lucas Câmara e mãe dos gêmeos Antônio e Emanuel, de 2 anos e 2 meses, Maria também trabalha como influenciadora digital.
— Minha ideia foi construir um público com quem eu pudesse conversar sobre assuntos de que gosto. Todo domingo, escolho e estudo um tema relacionado ao universo da joalheria e faço Stories — diz Maria, que vai realizar, em maio, um grande sonho. — Sou católica, muito religiosa e sempre quis entrar na igreja. Vamos nos casar na Igreja Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé. Estou muito emocionada.
O Globo domingo, 03 de fevereiro de 2019
DAVI ALCOLUMBRE, NOVO PRESIDENTE DO SENADO TEVE ASCENSÃO RELÂMPAGO
Novo presidente do Senado, Davi Alcolumbre teve ascensão relâmpago com vitórias sobre caciques
Antes de vencer disputa com Renan Calheiros, senador do DEM já havia derrotado o grupo político de José Sarney
O Globo
02/02/2019 - 18:58 / Atualizado em 02/02/2019 - 19:03
RIO — Apoiado pelo ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni,Davi Alcolumbre (DEM-AP) desafiou o então todo-poderoso Renan Calheiros (MDB-AL) e, após dois dias de duros embates em plenário, venceu a eleição para apresidência do Senado . Mas esta não foi a primeira vez que o senador colocou em dificuldades um cacique do MDB.
ELEIÇÃO DO PRESIDENTE DO SENADO
Davi Alcolumbre recebeu 42 votos, contra apenas cinco de Renan Calheiros, que abandonou a disputa durante a votação. Sua candidatura foi beneficiada pela desistência de outros senadores contrários ao emedebista - Simone Tebet (MDB-MS), Major Olimpio (PSL-SP) e Alvaro Dias (PODE-PR) anunciaram em discursos na tarde deste sábado que não concorrereriam.
Para tentar viabilizar o voto aberto para a presidência da casa - movimento considerado prejudicial a Renan Calheiros, mas que acabou derrubado pelo presidente do STF, Dias Toffoli - Alcolumbre se antecipou aos rivais e ocupou a cadeira da presidência do Senado no início da tarde de sexta-feira. Um ato aparentemente banal, sentar à cadeira garantiu o êxito da manobra que levou à aprovação de voto aberto e deu a ele o controle do Senado em um dia crucial. Uma de suas medidas foi exonerar Luiz Fernando Bandeira de Melo Filho, secretário-geral do Senado e aliado de Renan.
Por sugestão do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Alcolumbre sentou-se na cadeira da presidência às 14h45m, quinze minutos antes do início da sessão de posse dos senadores eleitos, e só abandou o posto depois das 22h15m, quando terminou a segunda e mais tensa sessão do dia. Aliada de Renan Calheiros (MDB-AL) — que tenta presidir o Senado pela quinta vez — a senadora Kátia Abreu (PDT-TO) até tentou, com apoio de outros senadores, desalojar Alcolumbre. Mas o senador do Amapá resistiu no posto até o fim.
O Globo sábado, 02 de fevereiro de 2019
BRONZEAMENTO SAUDÁVEL: SETE DICAS
Sete dicas para conquistar um bronzeado saudável
Apesar dos malefícios do sol, isso pode ser alcançado de forma sadia
Chega o verão e todo mundo quer ostentar uma pele bronzeada, que, apesar dos malefícios do sol, pode ser alcançada de forma sadia, segundo a dermatologista Marcella Alves, da clínica Les Peaux. Abaixo, ela dá sete dicas para aproveitar o melhor do sol.
1. Capriche no creme
Uma pele bem hidratada é o primeiro passo para conservar o bronzeado. Portanto, invista em produtos que contenham ureia, que retém umidade, e óleos vegetais, que melhoram a elasticidade. Uma dose extra de ácido hialurônico, que normalmente já é produzido pelo corpo, também deixa os tecidos nos trinques.
2. Atenção à esfoliação
O processo elimina as células mortas, promove limpeza profunda e ajuda a evitar o surgimento de manchinhas que podem aparecer com o sol. Esfolie principalmente o rosto, de duas a três vezes na semana. Isso também vai melhorar a absorção de cremes e autobronzeadores.
3. Tenha um ritual pós-praia
Se você já se perguntou se os produtos pós-sol fazem diferença, saiba que a resposta é sim. Os que prometem prolongar o bronzeado geralmente têm ingredientes como aloe vera, que acalma e hidrata a epiderme. Podem ser usados no corpo ou no rosto, após o banho.
4. Fique de olho no prato
Coma frutas que contenham polifenóis, como uva, maçã e pera. Esse ativo é antioxidante e anticarcinogênico, ou seja, defende a pele dos efeitos maléficos da radiação ultravioleta.
5. Ajuste a temperatura
Sempre tome banho com água fria depois da exposição ao sol. Assim como a temperatura da água interfere na saúde do cabelo, ela influencia na duração do bronzeado. A água quente desidrata e faz com que a cor desbote mais rápido.
6. Coma saladas variadas
Alimentos com betacaroteno, como cenoura, batata-doce e brócolis, estimulam a produção de melanina, o pigmento natural da pele. Também é legal tomar sucos com beterraba todo dia, semanas antes de ir à praia.
7. Relógio é amigo
Até as 10h e depois das 16h, os raios solares são mais fracos, o que diminui a chance de vermelhidão e deixa o bronzeado mais natural. Outra dica é aumentar o tempo de exposição de forma gradual. Comece indo pouquinho tempo e vá aumentando os minutos a cada dia.
O Globo sexta, 01 de fevereiro de 2019
COLHEITA DE UVAS NA SERRA GAÚCHA
EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Saiba como aproveitar a vindima, época de colheita das uvas, na Serra Gaúcha
Temporada, que vai até março, tem programação especial em vinícolas de Bento Gonçalves
Eduardo Maia
01/02/2019 - 04:30
A vindima, época de colheita de uvas, já começou na Serra Gaúcha. E, com ela, uma programação especial nas vinícolas do Vale do Vinhedo, região que reúne os municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul. Até 18 de março, visitantes poderão participar de atividades que remetem às tradições da colônia italiana, como retirar cachos direto dos pés e a pisa da uva. Mas programas menos típicos, como piqueniques entre os parreirais, passeios de bicicleta e sessões de cinema ao ar livre, também estão na agenda. Programação completa no sitevaledosvinhedos.wordpress.com e bento.tur.br/estacao-vindima-bento-goncalves . A seguir, alguns destaques.
Colhendo uvas no pé
O programa clássico da vindima é colher cachos diretamente do pé. Equipados com chapéus de palha, aventais, tesouras e bacias ou cestos, os turistas sentem um pouco na pele o trabalho árduo de quem retira, à mão, as uvas dos parreirais.
O programa geralmente é acompanhado por animados grupos tocando canções tradicionais italianas. O clime de festa continua até a etapa seguinte, a pisa da uva, quando, descalços, os "colonos por um dia" pisoteiam a fruta em grandes tonéis de madeira. Os pacotes geralmente incluem refeições com pratos típicos da colônia (como galeto, polenta e massas), visita às caves e degustação de vinhos. Em, em alguns casos, jantar com harmonização de vinhos.
Na vinícola Dom Cândido, em Bento Gonçalves, a programação acontece às quintas e sábados, das 9h às 15h, incluindo lanche, almoço e degustação, e custa R$ 350 por pessoa ( domcandido.com.br ).
Há também a possibilidade de fazer a colheita noturna, com auxílio de lanternas e com jantar mais degustação. No Vale dos Vinhedos, quem oferece essa experiência é a vinícola Larentis (aos sábados, a partir das 18h; R$ 250 por pessoa; larentis.com.br ).
Há pacotes que incluem hospedagem no local. O da Casa Valduga (duas diárias, de sexta a domingo, por a partir de R$ 4.145 por casal;casavalduga.com.br ) inclui todas as refeições, além de passeios à vinícola, a uma cervejaria e encontro com um historiador da colônia italiana. O do hotel Villa Michelon (duas diárias, de sexta a domingo, a partir de R$ 1.452 por pessoa; villamichelon.com.br ) inclui apenas a programação na vinícola, a pisa da uva e o "colación e filó", um lanche com comidas e jogos típicos dos colonos.
Piquenique
O verão é a época ideal para os piqueniques nos parreirais. Com direito a toalhas xadrez e almofadas, os piqueniques contam com garrafas de vinho e espumante, tábuas de queijos e frios, geleias, pastas e pães, além de água e suco de uva. Alguns pacotes incluem degustação e visitação às demais instalações.
Entre os estabelecimentos que oferecem essa opção estão as vinícolas Larentis (sábados, domingos e feriados, R$ 80 por pessoa;larentis.com.br ) e Cave de Pedra (diariamente, por R$ 200, para quatro pessoas; cavedepedra.com.br ), e o restaurante Leopoldina Jardim (de terça a domingo, das 12h30m às 17h30m; a cesta custa R$ 92 e serve bem duas pessoas; bebida à parte; Tel. (54) 3453-3633).
Degustações
Para quem deseja se aprofundar no universo do vinho, há cursos-relâmpago em algumas vinícolas da região. Na Aurora, que funciona no Centro de Bento Gonçalves, há dois cursos que existem apenas durante a vindima. O minicurso Uvas e Vinhos combina a degustação das frutas recém-chegadas dos parreirais com as bebidas feitas a partir delas. Dura duas horas e é gratuito (segunda a sexta, às 15h30m). O outro é o Uvas e Azeites, dedicado a degustação de azeitonas e azeites e a harmonização de pastas e vinhos. Há apenas duas datas disponíveis (9 e 27 de fevereiro) e custa R$50 por pessoa. Em ambos os casos, é necessário reservar com antecedência ( vinicolaaurora.com.br ).
Na Miolo, em duas horas o visitante é apresentado ao processo de elaboração da bebida e participa de uma sessão de degustação, além de ganhar o Manual do Vinho (segunda a sábado, às 15h; R$ 90 por pessoa;miolo.com.br ).
E para colocar o conhecimento à prova, a Cave de Pedra realiza degustações às cegas. Vendados, os participantes tentam descobrir que tipos de vinhos (tintos, brancos ou espumantes) estão sendo servidos. Custa R$ 50 por pessoa e acontecem de segunda a sexta-feira.
Cinema ao ar livre
Em Garibaldi, a Peterlongo harmoniza vinho com cinema. Uma vez por mês, sempre no segundo ou terceiro sábado, a vinícola exibe um filme diferente ao ar livre. No período da vindima, as obras escolhidas foram "Um ano em Champagne", documentário sobre a simbólica região francesa onde são produzidos os espumantes mais famosos do mundo, em 9 de fevereiro; e "500 dias sem ela", uma comédia romântica às avessas, no dia 16 de março.
As sessões acontecem no gramado de um jardim cercado por vinhedos no Castelo Peterlongo. A projeção é feita em HD em uma tela de 8x5 metros. Se chover, a sessão vai para o interior da vinícola. O evento conta também com um food truck e o ingresso, de R$ 40, dá direito a uma taça personalizada e pipoca ( peterlongo.com.br ).
De bicicleta pelos vinhedos
Pedalar pelo Vale dos Vinhedos é um dos programas mais interessantes desta época do ano. Apesar de haver saídas em todas as estações, os roteiros de bicicleta durante o verão permitem apreciar as parreiras carregadas. A agência Dall’Onder desde 2014 tem o tour "Que tal de bike", com quatro roteiros diferentes pela região de Bento Gonçalves, com enfoques distintos como história, gastronomia e natureza.
O circuito "Vale dos Vinhedos", por exemplo, foca nas vinícolas e produtores da região, passando por pontos como Cogumelos da Serra, Vinícola Marco Luigi, Vinícola Larentis, Jardim Leopoldina, Casa Madeira, Vinícola Barcarola, Vinícola Pizzato, Giordani Gastronomia Cultural, Famiglia Tasca, Divino Café e Prefeitura Monte Belo do Sul. O tour, em sua versão mais leve, tem quatro horas de duração e 10km. Os pacotes variam de R$ 185 a R$ 270. Mais informações emdallonder.com.br .
O Globo quinta, 31 de janeiro de 2019
SODAS ARTESANAIS
Sodas artesanais se espalham em versões ultrarefrescantes e ganham status de bebida do verão
A mistura de frutas, xaropes e água com gás virou hit entre os mocktails
Lívia Breves
30/01/2019 - 04:30 / Atualizado em 30/01/2019 - 10:57
Neste verão, o mate ficou para trás no quesito bebida sem álcool mais pedida nos bares e restaurantes. No lugar dele, uma variedade enorme de copos geladinhos com misturas de xaropes e frutas, turbinadas com muito gelo e gás, conquistou o posto de bebida refrescante da vez. As sodas cariocas têm inspiração nas italianas, mas receberam releituras bem mais frescas. Até quem vai ter uma noite entre drinques pede uma para começar. Além de ser uma delícia, ela aplaca o calor em segundos e, depois, tudo fica bem mais gostoso.
Na nova casa de carnes do Leblon, a Heat Firehouse, o bartender Marcelo Emídio preparou três opções: de maçã verde com gengibre, de hibisco com hortelã e de frutas vermelhas. Foi como uma aposta, ele não imaginava que a soda viraria tão queridinha assim. Em pouco tempo de teste, Marcelo já percebe que até os sucos perderam espaço.
— É realmente uma tendência. Vejo que a soda está se multiplicando nas casas da cidade. Eu já usava como ingrediente nos drinques (o Bourbon Love Potion, por exemplo, leva uísque, morangos, limão-siciliano e a soda de hibisco) , mas agora ela tem ganhado protagonismo e já estou pensando em uma carta só de sodas para todas as casas do grupo — conta o bartender, que assina ainda os drinques do Pici, Oia, L’Atelier Mimolette e Brasserie Mimolette. — Fazemos tudo na hora e usamos o cilindro de CO² para gaseificar a bebida. Quem for fazer em casa pode usar Club Soda ou água com gás, que fica quase igual.
Ah, ele conta mais um detalhe: quase toda soda vai bem com vodca ou gim, então vira uma bebida coringa nas festas. A dica é fazer uma jarra de soda bem gelada e deixar com que o convidado turbine com o álcool que preferir.
Tem quem já chame a soda “refrigerante da casa”, já que ela tomou o posto também dessas bebidas industrializadas. No Zazá Bistrô, em Ipanema, é servida uma opção feita com gengibre, xarope de tangerina e água gasosa.
— A soda artesanal é uma opção para matar aquela vontade de tomar refrigerante, sem o lado B do açúcar — opina Zazá Piereck.
No Tortin, bar do Be+Co, em Botafogo, são preparadas algumas versões: de morango com limão; de limão com canela, maçã verde e pimenta; e ainda de elderflower com água de laranjeira e limão. Todas criadas pelo mixologista Igor Renovato, que assina a carta dali.
— Eu aposto nas sodas como a bebida deste verão. Percebo um movimento bem forte ao redor delas na maioria dos bares. Elas se fortaleceram no embalo do crescimento dos mocktails, quando tivemos que criar drinques sem álcool tão bacanas quanto os alcoólicos. No Tortin, usamos água com gás nos preparos, o que só destaca que é possível fazer em casa sem ter muito trabalho — diz Igor.
Além da água com gás, existem máquinas para preparos de refrigerantes caseiros bem legais para adquirir, bonitinhas e que podem tranquilamente dividir a bancada com a máquina de café. Um dos xaropes mais clássicos e fáceis de preparar no estilo home made é o que leva gengibre, açúcar e limão. Vai bem com tudo e já fica ótimo misturado com água com gás. Uma boa proporção é quatro partes de água com gás para uma de xarope servido em um copo com bastante gelo.
No Liga, bar em Botafogo, o bartender Laézio Lima prepara soda na frente do cliente. Tanto faz se será servida pura ou como um dos ingredientes de um drinque. Lá, há versões com todo o jeitão de soda italiana. A de grenadine com gengibre, bem vermelha, ou de Blue Curaçau com hortelã, superazul, fazem um efeito coloridão.
— Nós usamos frutas frescas para saborizar ainda mais. Uso muito maracujá, morango e tangerina — conta Laézio.
Fácil de fazer e delícia de beber.
RECEITAS PARA FAZER EM CASA
Xarope de gengibre:
Ingredientes: 1 xícara de gengibre descascado e picado 1 xícara de açúcar 3 xícaras de água Modo de fazer: ferva todos os ingredientes até reduzir pela metade. Deixe esfriar. Coe e coloque na geladeira.
Soda de tangerina com gengibre
Ingredientes: 200ml de Club Soda ou água com gás 50ml suco de tangerina Suco de 1 cm de gengibre espremido 5 cubos de gelo Modo de fazer: coloque as pedras de gelo em um copo. Adicione o suco de tangerina e gengibre. Finalize completando o copo com o Club Soda ou água com gás.
Soda de maçã verde e limão
Ingredientes: 2 xícaras de água 2 xícaras de açúcar 4 maçãs verdes 1 xícara de suco de limão Modo de fazer: leve o açúcar e a água em fogo baixo até o açúcar derreter. Deixe esfriar e junte o suco de limão. Inclua as maçãs cortadas em fatias fininhas e reserve em um vidro. O ideal é deixar essa mistura descansar por dois dias na geladeira. Depois, coloque no copo três colheres de sopa desse xarope e complete com gelo e água com gás.
O Globo quarta, 30 de janeiro de 2019
GOVERNO PREPARA UM PLANO B PARA A VALE
Governo já prepara um Plano B para lidar com a crise da Vale
Uma eventual troca de comando da mineradora, se a empresa for responsabilizada, já começou a ser discutida com acionistas
Geralda Doca, Jussara Soares, Karla Gamba, Bruno Rosa e Ramona Ordoñez
30/01/2019 - 04:30
BRASÍLIA E RIO - Preocupado com os desdobramentos da tragédia provocada pelo rompimento da barragem da Mina do Feijão, em Brumadinho (MG), o governo já prepara um plano B para lidar com a crise da Vale. Informalmente, começou a conversar com alguns dos principais acionistas a respeito de uma eventual troca no comando da companhia e já consultou a Advocacia-Geral da União (AGU) sobre como esse caminho poderia ser trilhado. Também houve contato com a Polícia Federal sobre o andamento das investigações para identificar os culpados.
Qualquer ação efetiva só será tomada se houver indícios concretos de responsabilidade da empresa. A preocupação do Palácio do Planalto é não passar uma imagem de intervencionismo, o que vai na contramão do discurso do governo.
Nesta terça-feira, um dia depois de o presidente em exercício, Hamilton Mourão, levantar a hipótese de afastamento da diretoria da Vale, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, veio a público minimizar o episódio, embora reitere que é possível agir em caso de responsabilidade da empresa. Segundo Onyx, primeiro é preciso apurar as causas da tragédia para depois tomar providências:
- O governo tem que ter duas coisas necessárias: humildade para saber que não pode tudo e prudência para saber que o que está em jogo é, além e principalmente da vida e das segurança dos brasileiros e brasileiras, um setor econômico que é muito relevante para o nosso país.
Onyx admitiu que uma ingerência do governo na empresa seria uma sinalização ruim para o mercado:
- Não há condição de haver qualquer grau de intervenção, até porque esta não seria uma sinalização desejável ao mercado, em um país que deseja receber parceiros que possam usar essa fantástica biodiversidade que nós temos. Então, é preciso respeitar, e o governo sabe que tem limitações.
O ministro defendeu que o governo aguarde o andamento das investigações. Segundo ele, não cabe ao Estado apoiar empresa ou diretoria, mas admitiu que, em caso de falhas da mineradora, poderá convocar reunião do conselho da Vale:
- Se a investigação mostrar que há problema, que houve falha, é evidente que o governo vai exercer seu direito - disse Onyx.
Nas conversas com a AGU, o governo quis saber quais são as possibilidades legais para afastar a diretoria ou integrantes dela, considerando que a companhia foi privatizada em 1997. A União ainda detém uma classe especial de ação, a chamada golden share, que dá ao Estado poder de veto em algumas decisões, mas não na troca do comando da companhia. A saída seria trabalhar dentro do conselho para conseguir o apoio da maioria dos conselheiros da empresa. Segundo fontes que acompanham o caso, há um desconforto no conselho da companhia. A avaliação é que o que aconteceu é muito grave e exige uma ação dessa natureza.
Ações sobem 0,85%
O eventual afastamento da diretoria foi discutido em reunião ministerial nesta terça. O ministro da Justiça, Sérgio Moro, teria sido indagado se já seria possível falar em responsabilidade, mas teria afirmado que o assunto ainda está sob investigação.
Caso o governo decida, de fato, articular uma mudança no controle, o caminho mais provável seria um alinhamento com fundos de pensão ou com o BNDES.
Investidores estrangeiros são donos de 47,7% do capital da Vale. Os fundos de pensão Previ, Petros, Funcef e Funcesp são donos de 21% das ações por meio da Litel. Em seguida, aparecem BNDESPar (braço de investimentos do BNDES), com 6,7%, Bradespar, com 5,8%, e a japonesa Mitsui (5,6%). Desde a tragédia, alguns dos principais investidores mantêm rodadas de conversas, mas ainda não há uma decisão sobre o caminho a seguir.
Entre os fundos de pensão, a Previ é a que tem maior participação. Sua fatia corresponde a 80,62% da Litel, seguida de Funcef (11,50%), Petros (6,94%) e Funcesp (0,94%). O investimento da Previ na Vale corresponde a aproximadamente 25,45% do patrimônio total do Plano 1, o mais antigo.
Segundo fontes, o acidente pode interferir nos planos dos maiores fundos de pensão, que previam se desfazer de parte de seus papéis a partir de 2020. Em 2017, a Vale decidiu migrar para o Novo Mercado da Bolsa. Para isso, fez um acordo de acionistas, que previa um caminho para que a mineradora passasse a ter apenas ações ordinárias (ON, com direito a voto), sem um controlador definido. Os fundos de pensão acordaram que poderiam vender parte de seus papéis em duas etapas: a partir de 2018 e de 2020.
- Assim, os fundos estavam se programando para vender as ações em partes e de forma conjunta. Dessa forma, seria possível reduzir os investimentos em renda variável, um fator importante para equilibrar os planos de previdência - disse uma fonte do setor.
O Globo terça, 29 de janeiro de 2019
POLÍCIA PRENDE ENGENHEIROS DA VALE QUE ATESTARAM SEGURANÇA DA BARRAGEM
Engenheiros que atestaram segurança da barragem da Vale em Brumadinho são presos
Profissionais prestaram serviço à Vale, na barragem 1 da Mina do Feijão
O Globo
29/01/2019 - 07:05 / Atualizado em 29/01/2019 - 09:11
RIO E SÃO PAULO — Cinco pessoas foram presas nesta terça-feira por ligação com a tragédia deBrumadinho (MG). Em São Paulo, a polícia deteve dois engenheiros de uma empresa terceirizada que atestou a segurança da barragem 1 da Mina do Feijão . Em Minas Gerais, a operação atingiu três funcionários da Vale responsáveis pela obra e pelo licenciamento ambiental.
Os documentos recolhidos pela polícia e os engenheiros presos em São Paulo devem ser enviados para Minas Gerais ainda nesta terça-feira.
Os dois engenheiros presos em São Paulo foram identificados como Makoto Namba e André Yum Yassuda. Os outros três alvos da operação, que ainda não tiveram os nomes divulgados, moram na região metropolitana de Belo Horizonte.
Os presos serão ouvidos pelo MP de Minas, em Belo Horizonte. Em Minas, a operação contou com o apoio das Polícias Militar e Civil do Estado e, ainda, com atuação do Ministério Público de São Paulo (MPSP), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) daquele estado.
Em nota divulgada logo após a operação, a Vale informou que está colaborando "plenamente" com as autoridades e dando apoio "incondicional" às famílias atingidas.
O Globo segunda, 28 de janeiro de 2019
BOLSONARO PASSA POR NOVA CIRURGIA
Bolsonaro passa por nova cirurgia do intestino nesta segunda-feira
Presidente é operado para reconstruir o trânsito intestinal e retirar a bolsa de colostomia e deve ter alta em dez dias
Leo Branco
28/01/2019 - 04:30 / Atualizado em 28/01/2019 - 08:10
SÃO PAULO — O presidente JairBolsonaro passa por cirurgia no início da manhã desta segunda-feira, em São Paulo, para reconstruir o trânsito intestinal e retirar a bolsa de colostomia que foi implantada desde o atentado em setembro do ano passado, durante a campanha eleitoral. O procedimento começou por volta de 6h30 e deve terminar às 9h30.
O vice-presidente Hamilton Mourão assumiu hoje no início da manhã a Presidência. Ele será presidente interino por 48 horas. Bolsonaro pretende reassumir o cargo e despachar no hospital, quando ainda estiver internado.
A previsão é que a recuperação ocorra em até dez dias. Neste período, um gabinete provisório será montado no Hospital Albert Einstein para o presidente despachar com ministros.
De acordo com boletim médico divulgado no fim da tarde de domingo, Bolsonaro passou por uma avaliação clínica pré-operatória, exames laboratoriais e de imagem, assim que foi internado. Os resultados foram normais, de acordo com o documento assinado pelo cirurgião Antônio Luiz Macedo, pelo cardiologista Leandro Echenique e por Miguel Cendoroglo, diretor superintendente do Einstein.
COMO SERÁ O PROCEDIMENTO
Cirurgia é para retirar a bolsa de colostomia
Passo a passo
Os cirurgiões colocam de volta para dentro do abdômen a parte do intestino que estava conectada à bolsa coletora de fezes.
É feito um corte no mesmo local da primeira cirurgia para abrir o abdômen.
Intestinogrossoisolado
Intestinodelgado
Bolsa
Reto
As duas partes do intestino que estavam separadas são costuradas de volta e o abdômen é fechado.
Segundo médicos, esse tipo de cirurgia exige, no mínimo, duas semanas de recuperação
O porta-voz da Presidência da República, Otávio do Rêgo Barros, disse que o presidente ficou “muito animado” e “feliz com os resultados do exame”.Este é o terceiro procedimento cirúrgico a que o presidente é submetido desde setembro.
Gabinete provisório
Os médicos vão reconstruir o trecho do intestino rompido com a facada. Para isso, usarão suturas ou grampeadores cirúrgicos para reconectar as partes separadas do intestino grosso. A cirurgia de hoje estava marcada para ocorrer em dezembro, antes da posse, mas foi adiada devido a uma infecção.
A comitiva que acompanha o presidente inclui a primeira-dama Michelle Bolsonaro, o chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno Ribeiro, o porta-voz e Eduardo Bolsonaro, filho do presidente e deputado federal eleito por São Paulo.
O Globo domingo, 27 de janeiro de 2019
CORPO DE WAGNER MONTES É VELADO NO PALÁCIO TIRADENTES
Corpo de Wagner Montes é velado no Palácio Tiradentes em cerimônia aberta
Entre as dezenas de coroas de flores enviadas para o local, chama atenção uma em nome do apresentador Silvio Santos
Renan Rodrigues
27/01/2019 - 10:12 / Atualizado em 27/01/2019 - 11:17
RIO - O corpo do jornalista e político Wagner Montes está sendo velado no saguão do Palácio Tiradentes, sede do Parlamento fluminense, no Centro do Rio, na manhã deste domingo. No local, amigos e fãs se despedem do deputado estadual. A família, bastante abalada, não quis falar com a imprensa. Em cima do caixão, há uma bandeira da escola de samba Beija-Flor de Nilópolis. Entre as dezenas de coroas de flores no local, uma chama a atenção: foi enviada pelo apresentador Silvio Santos. Montes morreu aos 64 anos, neste sábado, em decorrência de uma infecção generalizada e falência de múltiplos órgãos .
— Vim ontem e hoje. Era muito fã dele. Cheguei 14h e fiquei até 22h. Foi um apresentador muito importante para o Rio. Uma vez eu estava em um restaurante e fui falar com ele. Ele autografou a minha camisa do Brasil. Foi um bom político, vai deixar saudade — diz Édson Rosa, de 49 anos, segurando um cartaz escrito "Vá com Deus #WagnerMontes".
Às 13h, o corpo será transportado para o crematório do Cemitério da Penitência, no Caju, onde haverá uma cerimônia de despedida fechada para a família e amigos próximos. Wagner Montes nasceu em Duque de Caxias, Baixada Fluminense, e era formado em Direito pela Universidade Gama Filho. Ele estava internado há dois meses no hospital Barra D'Or.
O presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), deputado estadual André Ceciliano, afirma que, mesmo debilitado nos últimos meses de vida, Wagner Montes contagiava a todos com sua alegria.
— Ele era muito presente, muito trabalhador e muito alegre. Companheiro valoroso, estava sofrendo muito nos últimos meses. Nas últimas vezes, ele veio de cadeira de rodas. Então ele pedia: "Dez minutos. Dez! Só dez!". Dez era o número dele — recorda, rindo, Ceciliano.
O deputado estadual Gilberto Palmares (PT) lembrou da convivência:
— Eu convivi com ele 14 anos, sempre em partidos diferentes, com orientações políticas diferentes, mas isso não impediu que a nossa relação fosse extremamente cordial. Às principais votações em defesa do servidor público a gente votou junto, do mesmo lado. As pessoas lembram do llado irreverente, lado comunicador, mas quero registrar esse fato. Votamos muitas vezes do mesmo lado contra o processo de privatização do estado.
Bastante emocionada, aos prantos durante a cerimônia, a feirante Mara Lima de Oliveira, de 55 anos, não esconde a tristeza no adeus ao ídolo:
— O ano de 2019 começou horrível. Gostava muito do trabalho dele. Era fã. Uma pessoa que vai fazer muita falta. Ele era uma pessoa muito boa em tudo o que ele fazia. Vai fazer falta em tudo — afirma Mara.
Wagner ganhou notoriedade ao apresentar noticiários policiais, de cunho popular, no rádio e na televisão. Com pitadas de humor, adotava o bordão "escraaacha". Em 2018, foi eleito deputado federal pelo PRB com 65.868 votos para um mandato que iria até 2022. Ele já havia atuado na Alerj de 2007 a 2018, passando por partidos como PDT e PSD. Nas eleições de 2010, obteve 528.628 votos, tendo sido o candidato mais votado.
A morte de Wagner Montes gerou comoção no meio político. O prefeito do Rio, Marcelo Crivella, decretou três dias de luto oficial na cidade. "Hoje, há em cada olhar uma lágrima, em cada lar uma oração e em cada coração um voto de pesar e de saudade, pelo falecimento do líder, servidor do povo e amigo de todos, Wagner Montes que a morte nos arrebatou inesperadamente", disse o prefeito, por meio de nota enviada à imprensa.
"É com profundo pesar que recebemos a notícia do falecimento do deputado federal, Wagner Montes (PRB). Somos solidários aos familiares e amigos neste momento difícil", diz a nota da direção do PRB do Rio.
Carreira de jornalista há mais de 40 anos
Montes começou sua carreira como jornalista em 1974 na Super Rádio Tupi e, em 1979, tonou-se apresentador do programa "Aqui e Agora", da TV Tupi. Ele trabalhou por 17 anos no SBT, emissora na qual participou do "O Povo na TV" e como jurado do "Show de Calouros". Atuou nas rádios Record e América, em São Paulo, e na Manchete, no Rio, e na Rede CNT. Em 2003, migrou para a TV Record e apresentou os programas "Verdade do Povo", "Cidade Alerta Rio", "RJ no Ar" e "Balanço Geral".
RELEMBRE A VIDA DE WAGNER MONTES
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— Eu trabalhei com ele em "O Povo na TV", um programa que ajudava muita gente. Eu era auxiliar de serviços gerais. A memória que fica é de uma pessoa de valor, com humanidade, que sempre gostou das coisas certas, de carinho e do respeito pelo ser humano. Vim desejar que ele descanse em paz — diz, emocionado, Reginaldo Reis, de 55 anos.
Nas eleições de 2006, Montes se afastou da TV para concorrer a uma vaga na Alerj. Foi o terceiro mais votado, pelo PDT, com mais de 100 mil votos. Em fevereiro de 2007 inaugurou a coluna semanal "Escraaaacha!", publicada às sextas-feiras no jornal "Meia-Hora".
Primeiro vice-presidente da Alerj na legislatura de 2015 a 2018, Montes chegou a presidir o parlamento fluminense na ausência de Jorge Picciani (MDB), ex-presidente da Casa que está em prisão domiciliar. Ele não chegou a se manter na presidência por motivos de saúde.
Em 1981, Montes sofreu um acidente com um triciclo e precisou amputar a perna direita. Para se locomover, usava uma prótese. Montes deixa a mulher, a atriz e apresentadora Sônia Lima, de 59 anos, e dois filhos — um, fruto do relacionamento com Sônia; outro, fruto de um relacionamento de um ano com a Miss Brasil de 1983, Cátia Pedrosa.
O Globo sábado, 26 de janeiro de 2019
BARRAGEM: PARENTES FAZEM VIGÍLIA
Parentes fazem vigília na madrugada em busca de desaparecidos
"Acho que a sirene caiu e foi levada pela lama", diz vítima da tragédia em Brumadinho
Cleide Carvalho, enviada especial
26/01/2019 - 06:12 / Atualizado em 26/01/2019 - 08:30
BRUMADINHO (MG) — Doze horas já haviam se passado desde o rompimento da barragem da mina do Córrego do Feijão e a dona de casa Sonia Roza de Fátima Silva, 63 anos, ainda chorava sem notícia do filho numa cadeira da Estação Conhecimento de Brumadinho , um centro esportivo, educativo e cultural mantido pela Fundação Vale e que se tornou ponto de referência para quem buscava notícia de desaparecidos ou um teto para se abrigar. O engenheiro Alexis Adriano da Silva, 41 anos, trabalha na mina e visualizou o whatsapp pela última vez às 12h15 de sexta-feira, pouco antes da tragédia, mas não respondeu ao pedreiro que cuidava da reforma do apartamento onde mora com a mãe e os dois filhos pequenos, de 3 e 6 anos de idade, em Belo Horizonte. Depois disso, não viu mais qualquer mensagem.
Alexis havia ficado viúvo há exatos três anos. A mulher dele, mãe dos dois meninos, morreu no parto do filho mais novo. Desde então, Sonia ajuda a tomar conta dos netos.
— Ele tinha voltado das férias na quarta-feira - repetia Sonia, inconformada.
— É essa hora que a gente sente que não pode fazer nada. Só esperar. Ele chegava em Belo Horizonte todo dia às 18 horas. Vinha de carro uma parte e depois pegava o ônibus da mineradora. Hoje ele não pegou o carro, reboquei - conta José Maria Silva, o pai de Alexis.
Era 1h40m deste sábado quando uma das funcionárias que faziam o cadastramento dos desabrigados chegou com uma lista na mão. Rapidamente foi cercada por um grupo de pessoas. Sem ter o que falar, a mulher entrou rapidamente na sala. Imediatamente, começaram os rumores: a lista não tinha novidade alguma. Era a primeira - e única - lista de pessoas encaminhadas a hospitais que havia sido distribuida logo após a tragédia, por volta de 1h30 de sexta.
— O único lugar que eu não fui foi no Hospital João 23, em Belo Horizonte. Em todos os outros lugares que dizem ter informação eu já fui - diz, nervosa, Sirlene Januário.
O filho dela, Rangel do Carmo Januário, de 22 anos, trabalhava no escritório da mina há um ano.
— Falaram que ia tocar sirene, alarme, mas não tocou nada. Acho que a sirene caiu e foi levada pela lama - dizia Maria Aparecida dos Santos, 44 anos.
Com a filha de 9 anos, A.C., Aparecida, como é chamada, repetiu muitas vezes a história de como ela correu com a filha para a parte mais alta quando ouviu o estrondo e viu a nuvem de fumaça e lama tomar conta da Fazenda Engenho Novo, onde mora e trabalha há cerca de 13 anos. Ali, afirma, não sobrou nada da fábrica onde ela debulhava milho para fazer fubá e canjiquinha. Antes de fazer alimento, a fazenda produzia cachaça. Com a morte do patriarca da fazenda, relembra Aparecida, o atual patrão, um dos herdeiros, decidiu mudar de ramo.
Junto com o marido, José Maria Medeiros, 40 anos, Aparecida ajudou a resgatar uma vizinha que havia sido tragada pela lama. Medeiros diz que a jovem, de uns 20 e poucos anos, saiu viva e foi levada pelos bombeiros para um hospital. Embora a sirene não tenha funcionado, Medeiros disse que valeu o treinamento feito há cerca de oito meses para a comunidade, onde aprenderam o que fazer caso a barragem rompesse. Fugir para o alto.
A jovem resgatada teve sorte.
— Ficaram lá debaixo da lama o marido dela, o Toninho; a irmã dela, Pamela, e um menininho de uns dois anos, filho dela - lamenta Medeiros.
Ainda sem ter para onde ir, já que a casa foi soterrada, Medeiros tentava acalmar e proteger a mulher enquanto tomava café preto e comia um pão sem manteiga servido por volta de meia noite a quem estava por ali. Filas de ônibus ainda aguardavam para levar as famílias para hoteis a serem pagos pela mineradora.
GALERIA DE FOTOS: BARRAGEM SE ROMPE EM BRUMADINHO, NA GRANDE BH
— Eles ensinaram a gente as rotas de fuga e foi pra lá que eu corri. Deram também um kit com um colete e umas burundangas lá. Mas imagine se eu volto para pegar? Se eu voltasse para pegar até documento, tinha ficado lá na lama - conta Aparecida.
Sem sirene, foram os gritos dos vizinhos e do filho que tiraram de casa Rosiane Cordeiro da Conceição, 46 anos, e o marido Domingos Bento Silva, 62 anos.
— Deus foi misericordioso. O Domingos vai todo dia pescar lá embaixo na lagoa. Hoje não foi. Se tivesse ido não estava vivo. A lagoa virou lama. Não existe mais o Còrrego do Feijão - diz Rosiane.
Entre os vários Silva do povoado do Córrego do Feijão - calculam os moradores que haviam ali pelo menos 200 casas - estava Anael José da Silva, 34 anos, a mulher, Marineide Santos, e três sobrinhos - de 9, 11 e 15 anos - e uma calopsita comprada há 15 dias pela família - ainda não se sabe se macho ou fêmea, mas, na falta de um nome, batizada pelas crianças de Priscila. A casa deles ficou ilhada pela lama, mas não foi tragada.
Anael, que trabalha numa das minas do complexo de Paraopebas, que reúne outras além das minas da Vale, diz que a mina do Córrego do Feijão estava desativada há cerca de três anos e que havia voltado recentemente a ser operada.
— Essa pilha da barragem era seca, tinha já até mato que nasceu em cima dela. Mas isso engana. Por baixo era lama - afirma Anael.
Apesar do risco de viver perto das barragens, ele não havia notado nada que pudesse levar a prever que tudo iria ruir. Marineide se surpreende com a velocidade com que tudo foi abaixo.
— Eu ouvi um barulho tipo trovão e vi poeira, mas que era rejeito voando pra todo lado. Estava na pia da cozinha e em menos de um minuto a lama já estava do lado de casa. Chamei meus sobrinhos e saímos correndo. A fiação de luz caiu tudo. Foi um piscar de olhos.
O Globo sexta, 25 de janeiro de 2019
SOU MORENA, DIZ TENISTA NAOMI OSAKA
Sou morena', diz tenista Naomi Osaka sobre polêmica com propaganda de miojo
Atleta japonesa negra, que está na final do aberto da Austrália, foi representada com pele clara em anime da Nissin
O Globo
25/01/2019 - 09:38 / Atualizado em 25/01/2019 - 10:36
— Eu sou morena, isso é bem óbvio — disse Naomi nesta quinta-feira no Aberto da Austrália.
Quarta melhor no ranking mundial, ela disputa nesta sexta-feira a final do campeonato de tênis.
A propaganda da Nissin, criada para o mercado japonês e que viralizou em redes sociais, foi retirada do ar. E a companhia divulgou um pedido de desculpas “por não ter sido sensível o suficiente”.
Na campanha publicitária, Naomi, que é filha de pai haitiano e mãe japonesa, é a personagem principal de um anime criado pelo famoso artista Takeshi Konomi, criador do “Príncipe do tênis” um mangá popular no Japão.
Naomi afirmou que a Nissin se desculpou diretamente com ela.
— Não acredito que eles tenham feito isso de propósito, com o objetivo de embranquecimento ou nada parecido. Mas acho que, da próxima vez que quiserem usar a minha imagem de alguma forma, acredito que deverão conversar comigo antes — comentou ela.
Naomi já experimentou situação similar antes, segundo informações da BBC. Em setembro de 2018, ela foi desenhada pelo cartunista australiano Mark Knight como uma mulher de pele branca e cabelos louros, o que desencadeou uma polêmica que se arrastou por semanas.
Aos 21 anos, Naomi foi a primeira japonesa a ganhar um torneio Grand Slam de simples, ao derrotar a americana Serena Williams na final do US Open de 2018. E é querida no país justamente por ter desafiado uma tendência nacional de valorizar a homegeneidade étnica do país.
Naomi nasceu no Japão, filha de pai meio haitiano e meio americano e de mãe japonesa. Ela se mudou para os Estados Unidos aos 3 anos de idade e, em muitas entrevistas coletivas, prefere responder às perguntas em inglês, por não ter fluênca suficiente em japonês. Mas sempre declarou sua paixão por mangás e filmes japoneses. Ela é a quarta no ranking mundial de tênis.
A discussão sobre identidade de raça em Japão aumentou nos últimos anos, sobretudo após Ariana Miyamoto, uma japonesa com origens afro-americanas, ter ganhado o concurso de Miss Universo Japão em 2015. Ariana aproveitou a fama para levantar discussões sobre a aceitação dos “hafus”, como são conhecidos no país os japoneses mestiços.
O Globo quinta, 24 de janeiro de 2019
DICAS PARA TORNAR SEU CARNAVAL SUSTENTÁVEL
Confira sete dicas para tornar o seu carnaval sustentável
Do copo ecológico ao bloco que se preocupa com o material das fantasias, é possível brincar sem agredir o meio ambiente
Giulia Costa*
24/01/2019 - 08:17
Quanta poluição cabe num bloco de carnaval? Todo ano milhões de pessoas tomam as ruas na maior festa a céu aberto do país, mas a quantidade de foliões é proporcional ao volume de lixo. A prefeitura do Rio coleta diariamente dez mil toneladas de resíduos em toda a cidade. No carnaval de 2018, foram coletadas 1.076 toneladas de detritos nos blocos, bailes de rua, Sambódromo e entornos em apenas dez dias de festa.
A produção excessiva de lixo não é um problema só para o meio ambiente, mas também atrapalha o conforto de quem quer aproveitar a festa num espaço limpo. Além disso, os resíduos nas ruas e esgotos sobrecarrega a equipe de limpeza urbana, uma situação que pode levar um tempo mais longo do que o feriado para se resolver. Na hora de curtir a folia gerando menos impacto ambiental, vale a pena resgatar aquela fantasia de outros carnavais e aproveitar estas sete dicas sustentáveis.
Brilhe com glitter biodegradável
Glitter e purpurina são acessórios indispensáveis nas produções de carnaval. Estão presentes dos pés à cabeça dos foliões, mas essas micropartículas de brilho são prejudiciais à natureza, em especial à vida marinha. O glitter é feito basicamente de plásticos, metais e químicos que não podem ser reciclados e levam muito tempo para se decompor. Além disso, o seu tamanho minúsculo torna quase impossível a filtragem pelo sistema de tratamento de esgoto. Assim, ele vai do seu corpo direto para os oceanos, se tornando mais um agravante da poluição por“microplásticos”, que afeta drasticamente o ecossistema.
É possível continuar brilhando no carnaval sem poluir o meio ambiente. Muitas marcas já produzem glitter biodegradável a partir de materiais naturais, como o pó de mica. Também é possível fazer o seu próprio glitter ecológico em casa, utilizando sal ou gelatina vegetal.
Faça seu próprio confete ecológico
Outra coisa que sempre tem nas festas de carnaval são os confetes e serpentinas, que no fim das contas são, literalmente, plástico e papel jogados no chão. Mais uma vez temos um problema de desperdício e produção de mais lixo desnecessário. Se você não abre mão de festejar com confete, uma alternativa é produzir o seu próprio utilizando papel reciclado ou melhor ainda, folhas e flores secas. Tudo que você precisa é de um furador de papel para produzir confetes biodegradáveis.
Invista em protetor solar vegano
A preocupação com a natureza deve ir muito além da produção de lixo. A indústria de cosméticos gera grandes impactos ambientais, mas os produtos dela são indispensáveis em alguns casos, como para se proteger do sol no carnaval. A época mais quente do ano exige menos roupa, o que torna necessário protetor solar para evitar danos à pele. É possível optar por aqueles que não prejudicam o meio ambiente e os animais. Marcas inovadoras de produtos veganos e cruelty free vendem protetores solares que além de não poluir ainda colorem a pele para incrementar os looks de carnaval.
Prefira as latinhas
No carnaval não pode faltar bebida. Trocar as garrafinhas de vidro ou de plástico por latas de alumínio é uma forma mais sustentável e conveniente de matar a sede. As latinhas são as mais indicadas para eventos ao ar livre porque são altamente recicláveis e, quando descartadas corretamente, podem voltar às prateleiras do mercado em apenas 60 dias.
Leve seu copo e canudo reutilizáveis
Melhor do que produzir pouco lixo é produzir lixo nenhum, por isso, a melhor alternativa para se refrescar na folia é levar seu próprio copo e ficar com ele até o final. Já existem no mercado marcas especializadas em copos ecológicos que fazem parceria com festas de carnavalpara a não utilização de descartáveis. Além de não fazerem mal ao meio ambiente, os copos reutilizáveis são divertidos e descolados.
Os canudos plásticos descartáveis foram proibidos no Rio (a natureza agradece), mas na hora de tomar uma água de coco ele pode fazer falta. Por isso, a melhor opção é adquirir um canudo reutilizável e levá-lo com você não só no carnaval, mas no ano todo. Existem modelos de vidro, alumínio e bambu, de diferentes tamanhos e diâmetros. Muitos deles acompanham um acessório de limpeza e de armazenagem para facilitar o transporte.
Leve uma mochila para guardar o lixo
A quantidade de lixo acumulado nas ruas e calçadas durante o carnaval é enorme, aumentando a chance de entupir bueiros e causar enchentes. Uma atitude muito simples mas que pode fazer grande diferença é levar um recipiente para guardar o seu lixo. No tumulto dos blocos lotados muitas vezes é difícil encontrar uma lixeira, mas você pode guardar o lixo para ser descartado de forma correta ao invés de jogado na rua.
Blocos sustentáveis
Vale a pena ficar de olho na programação desse carnaval porque tem muitos blocos de rua com uma pegada sustentável e que se preocupam com a quantidade de lixo produzido pelos foliões. O Bloco Sargento Pimenta deixou de usar materiais que ficavam aos montes no chão após o desfile, como ventarolas e panfletos. Nos últimos eventos, o bloco fez parcerias com ONGs de catadores de lixo e de reciclagem, e segundo a responsável Nathália Trajano, isso deve se repetir em 2019.
O Suvaco de Cristo faz uma parceria com a ONG Divinas Axilas para produzir fantasias e acessórios para o desfile do bloco, além de customização de camisetas utilizando matérias reciclados.
O Galpão das Artes Hélio G. Pellegrino, da Comlurb, promove uma oficina que ensina a fazer bolsas a partir do reaproveitamento de banners encontrados no lixo. Elas serão usadas por voluntários que desfilam no bloco Vagalume, treinados para conscientizar os foliões sobre o descarte correto de latinhas, garrafas e demais detritos produzidos durante a passagem do bloco.
*Estagiária sob supervisão de Renata Izaal
O Globo quarta, 23 de janeiro de 2019
MORRE O ATOR CAIO JUNQUEIRA, UMA SEMANA APÓS ACIDENTE DE CARRO NO ATERRO
Morre o ator Caio Junqueira, uma semana após acidente de carro no Aterro
O Neto de 'Tropa de elite' foi levado ao Hospital Miguel Couto, mas não resistiu aos ferimentos
O Globo
23/01/2019 - 09:37 / Atualizado em 23/01/2019 - 10:06
RIO — O ator Caio Junqueira morreu nesta quarta-feira, aos 42 anos, após ser vítima de um acidente de carro no Aterro do Flamengo , Zona Sul do Rio, na semana passada. O intérprete do policial Neto do filme "Tropa de elite" (2007) foi levado para o Hospital Miguel Couto. A Secretaria de Saúde do Rio confirmou o falecimento.
Na quarta-feira passada, dia 16, Caio, de 42 anos, dirigia sozinho pelo Aterro do Flamengo, em direção ao Centro da cidade, quando perdeu o controle do carro, que subiu o meio-fio, bateu numa árvore e capotou. Com duas fraturas expostas, seria operado hoje, mas os médicos decidiram esperar um pouco.
Na segunda-feira o quadro de saúde do ator chegou a se estabilizar, mas os médicos esperavam controlar uma febre alta para realizar uma cirurgia na mão dele, que havia sofrido fraturas no acidente.
Caio era filho do ator Fábio Junqueira (1956/2008) e irmão de Jonas Torres, conhecido como o Bacana da série "Armação ilimitada" (1985/1988). Aos 9 anos, Caio deu os primeiros passos na carreira artística na série "Tamanho família" (1985/1986), da extinta Rede Manchete.
RELEMBRE IMAGENS DA CARREIRA DE CAIO JUNQUEIRA
O gosto pela profissão revelado na infância se consolidou na adolescência quando o ator estreou na Globo, em 1990. Neste ano, emendou dois trabalhos na emissora: a minissérie "Desejo" e a novela "Barriga de aluguel". Quatro anos depois, fez sua segunda novela, "A viagem", seguida pelas séries "Engraçadinha" (1995), "Hilda Furacão" (1998) e "Chiquinha Gonzaga" (1999).
Na década seguinte, Caio também fez vários trabalhos na Globo, entre eles a novela "O clone" (2001) e a minissérie "Um só coração" (2004). Um ano depois, o ator fez o remake de "Escrava Isaura", na Record TV, onde protagonizou "Ribeirão do tempo" (2010) e atuou em obras bíblicas como "José do Egito" (2013) e "Milagres de Jesus" (2014).
O cinema também ocupou espaço de destaque na trajetória profissional de Caio. O ator atuou em grandes sucessos nacionais, entre eles "O que é isso companheiro" (1997), "Central do Brasil" (1998), "Abril despedaçado" (2001), "Zuzu Angel" (2006) e "Tropa de elite" (2007). As peças de teatro "Os justos" (2005) e "Hamlet" (2008) também estão no currículo de Caio.
O Globo segunda, 21 de janeiro de 2019
RECEITAS DE SALADAS
Uma boa salada combina leveza com muito sabor, e a Fatouche é a melhor prova disso.
Marcada por sua textura crocante, a receita de origem árabe leva especiarias que saltam ao paladar, como záttar, sumac e essência de romã. Confira todos os detalhes no vídeo abaixo.
O Globo domingo, 20 de janeiro de 2019
GISELLA AMARAL: GLAMOUR PARA AJUDAR O PRÓXIMO
Gisella Amaral: ícone da sociedade carioca usou o glamour para ajudar o próximo
Incansável filantropa, falecida na última terça-feira, ela foi um dos maiores nomes da noite da cidade
Bruno Astuto
20/01/2019 - 04:30 / Atualizado em 20/01/2019 - 09:15
Chamar Gisella Amaral de socialite é pouco, muito pouco. Uma das maiores articuladoras e empreendedoras filantrópicas do Rio de Janeiro, era uma monumental estrategista na difícil arte de fazer com que quem tinha muito dividisse com quem tinha pouco. Durante toda sua vida, dedicou-se incansavelmente a angariar fundos para entidades de assistência a idosos, crianças, deficientes, mães solteiras, igrejas, ambulatórios, a lista é imensa. Num dado momento, não muito tempo atrás, chegou a atender 39 instituições ao mesmo tempo, à frente do movimento que criou, o SorRio. A quem lhe indagava como poderia contribuir, ela tirava da manga seus três “B”s: “de bolso, para quem pode fazer doações financeiras; de braço, para quem está disposto a trabalhar nos meus eventos beneficentes; e de boca, para levar uma palavra de conforto e ânimo aos asilos e orfanatos”. Quando lhe perguntei por que, afinal, ela nunca teve uma entidade para chamar de sua, a resposta foi precisa: “Eu não teria conseguido deixar ninguém de fora”.
A agenda intensa de compromissos, às vezes 14 no mesmo dia, entre sociais, familiares e filantrópicos, era solucionada da seguinte forma: ela montou um camarim no carro, que chamava “meu escritório”, para ir trocando de roupa entre um evento e outro, e passava só um lápis preto. “Nunca pintei boca, cabelo ou unhas, mas meus olhos são pequenininhos, ninguém merece”, justificava-se, às gargalhadas. A silhueta, a mesma da vida inteira, era mantida com ioga, pilates e duas mil braçadas, às vezes às onze da noite, na piscina do Copacabana Palace. Afinal, nenhuma academia, que absurdo, estava aberta nesse horário.
Com a irmã mais velha, Sônia (a caçula, Monica, era 19 anos mais nova), Gisella formava na infância a dupla das “meninas do castelinho”. O pai, Alfredo da Rocha Amaral, construiu para mãe das meninas, Vivi, uma pequena réplica de um castelo numa rua sem saída de Copacabana, a General Barbosa Lima. Com 5, 6 anos, Gisella já subia o morro, escondida com a babá, para levar balas e bombons às crianças da favela. “Comia uns dois para enganar, e guardava o resto; ficava revoltada porque elas não tinham as mesmas gostosuras que nós”.
Em março de 1964, numa festa na casa de Maria da Glória Chagas, Gisella, que trabalhava voluntariamente como enfermeira instrumentadora num ambulatório, conheceu o paulista Ricardo Amaral, jornalista e reconhecido boêmio. O papo começou com uma discussão política, os dois em campos adversos, e acabou unindo os opostos — ma non troppo , afinal era o encontro de dois Amarais. Começaram a namorar e se casaram um ano depois, com Gisella passando a assinar Gisella Maria Amaral do Amaral. “Ele nasceu nove meses depois de mim, uma gestação. Digo pretensiosamente que Ricardo foi feito para mim”, disse-me Gisella numa entrevista. “Somos completamente diferentes, mas nos amamos como se fôssemos um para o outro.”
Gisella, então com 25 anos, consultou três estilistas para o vestido: Guilherme Guimarães, Dener e Maria Augusta Teixeira, com vitória da última, num modelo de veludo branco. O casamento aconteceu no Outeiro da Glória, <QL>e a noiva chegou com três horas de atraso, porque o Rolls Royce que a levava não entrava na ladeira. Eterna obcecada por monocromáticos, soltou 20 pombinhos com laçarotes azuis no pescoço para combinar com os azulejos da igreja. Da união vieram dois filhos: Rick e Bernardo, que lhe daria três netas. Para as bodas de ouro, Gisella planejou algo bem romântico: cerimônia no mesmo Outeiro, no mesmo horário, tendo como convidados os filhos, as netas, Wilson, seu fiel secretário, sua massagista e duas secretárias. E muitos, muitos padres, todos de batina dourada, ao que Ricardo reagiu: “Parece uma escola de samba”. Detalhe: ela não deixou ninguém cortar o bolo, porque o doaria a uma instituição de caridade.
Na época do casamento, Gisella nem sonhava que se tornaria a rainha-consorte da noite carioca. Aos poucos, ao longo dos 30 anos seguintes, Ricardo foi construindo um império de casas noturnas que incluiu ícones como Sucata, Papagaio, Mamão com Açúcar, o lendário Hippopotamus no Rio, em São Paulo e em Salvador, Resumo da Ópera, Banana Café, o Club A, em Nova York, o Le 78, em Paris, além da pizzaria Gattopardo.
Diversas gerações debutaram na pista dança em seus endereços, mas o casal jamais foi visto requebrando o esqueleto. “Era apenas a acompanhante, nunca me meti nos negócios dele. Ficava com os amigos no bar, para evitar que alguém de porre me puxasse para dançar”, contou Gisella. Quando seu grupo ia embora, ela voltava para casa, às vezes fazia ginástica de madrugada, depois tomava uma chuveirada, ia para a cama ler os jornais do dia e esperar Ricardo. E ainda acordava cedo para levar os meninos para a natação e o judô.
De todas as casas de Ricardo, a preferida da mulher foi o Le 78, em Paris. Na inauguração, a polícia francesa teve de jogar gás lacrimogênio para dispersar a multidão que se aglomerava na porta para entrar. Na época, as maisons francesas disputavam a primazia de vestir Gisella para as muitas festas para as quais ela era convidada. Certa vez, numa dessas, ela e Madame Fauchon, dona da delicatessen Fauchon, estavam com o mesmo vestido, na mesmíssima cor. Gisella foi até a concorrente e disse: “A sua roupa você pagou; a minha eu peguei emprestada. Então vamos descer a escadaria de braços dados”. Os fotógrafos, claro, fizeram a festa.
Num outro evento, no Castelo de Versalhes, a maison Dior lhe emprestou uma roupa, que Gisella achou com cara de princesa e Ricardo, de noiva. E não eram mesmo as duas coisas? O modelito seria o vestido do casamento civil da Caroline de Mônaco, que a princesa acabou não usando. Grifes à parte, Gisella dizia que sempre se vestiu com o que achou bonito, e ponto. “Nunca tive fidelidade por costureiro nenhum; só pelo meu Amaral, com quem me casei virgenzinha”. Uma curiosidade: ela cursou brevemente Jornalismo na PUC-Rio e chegou a escrever matérias de saúde para a Vogue Brasil, uma delas sobre os benefícios do coco.
— A Gisella foi uma pessoa fantástica que estava sempre pronta para ajudar os outros. Ao mesmo tempo, tinha uma personalidade boêmia. Ela era companheira para tudo — relembra Katia Vita, que durante mais de uma década foi directrice do Hippopotamus.
Para a comadre e amiga Kiki Garavaglia, uma das qualidade de Gisella era aliar a atividade filantrópica à vida boêmia:
— Era a minha melhor amiga. A gente brigava de colocar <QL>o dedo na cara uma da outra e, dois minutos depois, perguntava: “Vai querer sorvete ou não vai?”. Passamos noitadas juntas, tivemos filhos juntas. Todo o mundo achava que o Ricardo era o boêmio, mas a boêmia era ela. Era capaz de usar uma roupa black-tie às quatro da tarde. “Estou pronta para uma festa”, dizia. Por 40 anos, trabalhamos juntas <QL>na Casa São Luiz para a Velhice; era sempre ela quem ligava para pedir o que fosse necessário.
Na proporção do glamour, surgiram alguns revezes. Aos 16 anos, numa viagem cultural à Itália, Gisella caiu dentro do vulcão Vesúvio e teve de ser resgatada por bombeiros. Mais tarde, já casada com Ricardo, sofreu um acidente de carro que lhe custou um edema cerebral e enxaquecas terríveis durante dois anos. Em 1981, uma queda de cavalo na Bahia a levou ao coma por dez dias, a oito meses inconsciente e um longo processo de recuperação que durou oito anos. Teve que reaprender tudo: objetos, animais, conceitos, apenas reconhecia os filhos, o marido e o pai. Durante um tempo só falava francês, um pouquinho de italiano, e com as plantas, que, como não lhe respondiam, levavam-na aos prantos.
Ricardo, que estava no Hippo na hora do acidente, conseguiu que ela embarcasse num voo internacional vindo da Europa, que, por coincidência, estava trazendo Chico Buarque. O acidente saiu no “Jornal Nacional”, e os fotógrafos já estavam esperando na saída, avisados de que não poderiam disparar os flashes, porque ela não suportaria a luz. “Ninguém deu bola para o Chico, que depois brincou comigo que é uma maravilha viajar com Gisella doente, porque ninguém tira foto”.
O humor com que lembrava essa época duríssima foi também sua ferramenta para enfrentar uma nova batalha. No começo dos anos 2000, Gisella surgiu nos salões da sociedade carioca com a vasta e bela cabeleira completamente raspada. “Estou me recuperando de um câncer”, dizia ela, com todas as letras, antes de nos consolar, passando as mãos nos nossos rostos apreensivos. E perguntava: “Mas por que você está triste?”
— Gisella segurou a doença lindamente, não escondeu nada de ninguém nem ficou se lamentando. Estava sempre para cima — relembra a relações-públicas Tânia Caldas. — Ela era muito bem intencionada, mas não era boba. Tinha uma sabedoria inacreditável.
Gisella, que já havia retirado vários nódulos antes, descobriu a doença na véspera da Páscoa, em exames de rotina, antes de partir para uma viagem aos Estados Unidos. Ela levou os resultados para o Memorial Hospital, em Nova York, onde recebeu o diagnóstico: um tumor maligno na mama esquerda.
A primeira medida depois da notícia foi correr para a Igreja de Saint Patrick. “Olhei para Nossa Senhora e agradeci muito, porque não foram meus filhos nem meu marido que estavam passando por aquilo. Depois, saí para almoçar com uma amiga e passamos um fim de tarde ótimo. Marquei uma consulta e a operação para a segunda-feira seguinte, no Brasil. E descobriram outros três tumores, que os americanos não haviam detectado”.
Para a primeira sessão de quimioterapia, chegou atrasada, pois tinha passado horas a fio no cabeleireiro, onde fez as unhas, uma limpeza de pele e deu um retoque básico no penteado. Quando contou o motivo do atraso a Ricardo, a essa altura aflitíssimo, ouviu dele: “Gisella, você é tão irresponsável, que não tem medo nem de quatro tumores”.
Todas essas anedotas eram contadas como se tudo se tratasse de uma simples cirurgia de canal — Gisella acabou criando um novo paradigma no enfrentamento da doença. Abriu mão de turbantes e perucas, e incrementou ainda mais os acessórios e as bijuterias — nunca usou joias, “em respeito aos pobres”, segundo ela. “Fora um anel de Nossa Senhora, um crucifixo de São Bento, minha aliança e uma obturaçãozinha de ouro”. No máximo, quando os cabelos voltaram, ralinhos, comprou um aplique de uma índia velha americana em Nova York, “para fazer charme”.
Sempre listada entre as mais elegantes do Brasil, consagrou-se, depois do câncer, como ícone da moda, a bordo de seus looks monocromáticos e lenços amarrados no corpo à moda oriental. Aos 75 anos, topou posar para a campanha da grife de roupas Eva, de olho no cachê que seria revertido para suas entidades. Um dia, sugeri a ela que abrisse uma conta no Instagram, para divulgar suas ações, ao que ela respondeu: “Se a sua mão estiver ocupada com o celular, é uma a menos para ajudar a quem precisa”.
Durante oito anos, ministrou palestras no Brasil todo sobre sua experiência e se engajou em campanhas de prevenção. Quando a doença voltou, na forma de vários tumores, os quais chamava “inquilinozinhos”, não perdeu o ânimo. Pouco antes de morrer, estava num restaurante no Leblon erguendo um brinde à vida. “Aos médicos cabe prescrever tratamentos, remédios, operações, exames. A nós, levantar o espírito”, ensinava. “Lutei com alegria, uma palavra que está escrita na Bíblia mais de três mil vezes”.
— Tive um encontro marcante com Gisella, em 2009. Num desfile realizado no Copa, sentei-me ao lado dela. De repente, ela me convidou para ir a uma missa no Mosteiro de São Bento — conta Andréa Natal, diretora-geral do Copacabana Palace. — Disse a ela que adoraria ir e levar a minha mãe, que tinha tido um câncer. Ela indicou seu oncologista e nos passou o contato dele. Tempos depois, quem precisou do médico fui eu. Durante todo o meu tratamento, ela me mandou presentes, um colar, uma rosa branca, uma caixa de costura.
Católica fervorosíssima, grande arrecadadora para o Banco da Previdência, contava que, quando pequena, tinha visões e acordava com pressentimentos, “até de mortes e coisas maravilhosas”. Aliás, ela foi uma das primeiras adeptas no Rio da meditação transcendental, que ajudou a popularizar.
— Credito grande parte do meu pequeno sucesso a Gisella, que foi minha madrinha, me inseriu na sociedade carioca e também me apresentou a nomes internacionais, como o cineasta David Lynch — diz Klebér Tani, maior nome da prática no Rio. — Ela começou a praticar meditação há 20 anos. Acreditava na vida em todos os sentidos, tanto dentro do planeta Terra como em outro patamar. Quem conheceu Gisella ganhou um prêmio na vida.
Só não digam aquela frase-clichê “Gisella descansou”, porque descansar era tudo que ela detestava — não por acaso, Ricardo a chamava “Duracell”. Enquanto recebia a extrema-unção no hospital, fazia planos com a amiga Clara Magalhães, que cantaria no dia seguinte no seu velório. Prefiro imaginar Gisella atribuladíssima, em sua “viagem de expansão, de volta para casa”, como certa vez ela definiu a morte. Olhando para trás, fico pensando: como conseguia estar em todos os lugares, à moda dos anjos: aniversários, galas, Paris, favelas, o restaurante da hora, à cabeceira da amiga doente e do mais perfeito incógnito que precisava de uma doação de cadeira de rodas para deixar o hospital, tudo num dia só? Os atrasos eram épicos, à exceção de missas e enterros, mas, durante anos, desconfiei de que houvesse várias Gisellas, uns clones espalhados por aí.
O Globo sábado, 19 de janeiro de 2019
MORRE MARCELO YUKA, FUNDADOR DA BANDA RAPPA
Músico Marcelo Yuka, fundador do Rappa, morre aos 53 anos
Baterista e ativista carioca ficou paraplégico após ser baleado num assalto 18 anos atrás
O Globo
19/01/2019 - 00:43 / Atualizado em 19/01/2019 - 08:47
RIO - O compositor, baterista e ativista carioca Marcelo Yuka, fundador do Rappa, morreu, às 23h40 desta sexta-feira, aos 53 anos, em decorrência de um acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico. Ele estava internado no hospital Quinta D’Or, em São Cristóvão, e na madrugada do dia 4 de janeiro entrou em coma induzido.
Lutas, outras, escancaradas também nas letras que escreveu para a banda carioca de reggae-rock O Rappa , em que tratava das questões brasileiras como desigualdade social e racismo em canções como “A feira”, “Minha alma (A paz que eu não quero)” e “O que sobrou do céu”, nos anos 1990. Conseguiu, junto com os seus companheiros de banda, fazer o ativismo chegar ao rádio, à TV e às grandes plateias — enfim, ao mainstream.
Yuka foi um dos fundadores do Rappa em 1993, e permaneceu na banda até 2001, pouco após ficar paraplégico. A saída teve tons de amargura. Ele dizia que tinha sido “tirado da banda 50% por ganância, 50% por poder”. A partir de então, o Rappa (então liderado por Marcelo Falcão; agora parado) e Yuka seguiram caminhos diferentes.
Sem poder mais tocar bateria por conta do problema de saúde, a composição virou seu principal ofício. Fundou a banda F.UR.T.O. (Frente Urbana de Trabalhos Organizados), que gerou ainda uma ONG epônima, com a qual lutou em prol das pesquisas com células-tronco.
O acidente e o ativismo que Yuka liderou após ficar paraplégico foram também o foco do documentário “No caminho das setas”, lançado em 2011. O filme da diretora Daniela Broitman foi premiado pela melhor montagem no Festival do Rio daquele ano.
Mas era do livro “Não se preocupe comigo”, lançado em 2014 com Bruno Levinson, que Yuka sentia especial orgulho, por retratar de forma completa sua trajetória. Ao longo de 224 páginas, a autobiografia aborda lembranças dos bailes de subúrbio, dos contatos com a turma do reggae na Baixada Fluminense nos anos 1980 (o nome Yuka veio quando integrava o grupo KMD5), passando pelo encontro casual e marcante com o traficante Marcinho VP no alto do Morro Santa Marta durante um evento de hip-hop, pelas lembranças tristes da saída do Rappa e pela amizade com personalidades como o poeta Waly Salomão (1943-2003), o delegado Orlando Zaccone e o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL).
O Globo sexta, 18 de janeiro de 2019
CASO QUEIROZ: DESGASTE PARA BOLSONARO
Decisão sobre caso Queiroz é desgaste para Bolsonaro, analisam colunistas
Ministro do STF suspendeu, a pedido do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), as investigações do MP do Rio
O Globo
18/01/2019 - 04:30 / Atualizado em 18/01/2019 - 08:58
RIO - Colunistas do GLOBO, Merval Pereira e Bernardo Mello Franco analisaram em suas colunas desta sexta-feira as consequências jurídicas e arepercussão política dasuspensão das investigações do caso Queiroz . A pedido da defesa de Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), senador eleito e filho do presidente Jair Bolsonaro, o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, interrompeu as investigações do Ministério Público do Rio (MP-RJ) até que o relator do caso, Marco Aurélio Mello, se posicione após o recesso do Judiciário.
Merval Pereira
O grave nesse caso do senador eleito Flávio Bolsonaro é que atinge o combate à corrupção, base da candidatura vitoriosa de seu pai, o presidente Jair Bolsonaro. Além de estar envolvido de maneira direta na movimentação atípica do motorista Fabrício Queiroz, pois sua mulher recebeu depósitos dele em sua conta, Jair Bolsonaro vê um de seus filhos tentando escapar de uma investigação criminal que pode desvelar a raiz da corrupção política brasileira.
Há entendimento generalizado, que poderia ou não ser confirmado nessa investigação, de que parlamentares de maneira geral, seja em que nível for, com raras e honrosas exceções, financiam suas campanhas e suas vidas pessoais ficando com uma parte do salário de seus funcionários. Ou às vezes nomeando funcionários fantasmas.
Não precisou do cabo nem do soldado. Na terceira semana de governo, o Supremo Tribunal Federal forneceu o primeiro alívio à família Bolsonaro. O ministro Luiz Fux mandou parar a investigação sobre Fabrício Queiroz, o motorista de R$ 1,2 milhão.
O pedido foi de Flávio Bolsonaro, o filho mais velho do presidente. Na semana passada, ele disse que não era investigado e que não tinha “nada a ver” com os rolos do ex-assessor. Dias depois, pensou melhor e pediu socorro ao Supremo. Fux matou no peito e chutou a bola para o mato.
Os promotores investigavam as movimentações financeiras atípicas, descritas em um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), do policial militar da reserva Fabrício Queiroz, ex-assessor parlamentar de Flávio e amigo de Jair Bolsonaro desde 1984. Entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, a conta bancária do funcionário - que atuava como motorista e segurança de Flávio na Alerj - movimentou R$ 1,2 milhão.
Ao STF, Flávio argumentou que possui foro privilegiado, uma vez que foi eleito senador nas últimas eleições. Porém, em março de 2017, esteve ao lado do pai em um vídeo em que Jair Bolsonaro fez pesadas críticas à prerrogativa de foro para os congressistas. Merval destaca que a ação de Flávio vai contra o combate à corrupção, uma das principais bandeiras da campanha vitoriosa de seu pai à Presidência. Bernardo, por sua vez, crê que a paralisação da apuração não irá cessar o desgaste político causado pelas denúncias.
O Globo quinta, 17 de janeiro de 2019
OSCAR 2019 - FILMES ESTRANGEIROS
Oscar 2019: Categoria de filmes estrangeiros é a mais forte em anos
Pela primeira vez, um longa não falado em inglês pode levar a principal estatueta
Fabiano Ristow
17/01/2019 - 04:30 / Atualizado em 17/01/2019 - 08:10
RIO - Algo inédito pode ocorrer no dia do Oscar, 24 de fevereiro: a entrega do troféu de melhor filme a um longa em língua estrangeira — “O artista”, vencedor de 2012, era francês, mas mudo. A maioria dos especialistas em premiações de cinema prevê a vitória do mexicano “Roma” na categoria principal.
Mas o favoritismo do épico preto e branco de Alfonso Cuarón é só um exemplo de como o grupo de obras não faladas em inglês é um dos mais fortes em anos. Os cinco finalistas serão anunciados só na próxima terça-feira, mas a lista dos nove pré-indicados, divulgada em dezembro, já mostra como o cinema produzido fora de Hollywood impressionou em 2018.
— Acompanho o Oscar há anos e nunca fiquei tão envolvido com a categoria de filme estrangeiro como agora. A lista é estelar — avalia Erik Anderson, fundador do Awards Watch, um dos principais sites dos EUA especializados em premiações de cinema. — A seleção prova ainda que Cannes é o festival mais importante para alavancar filmes estrangeiros.
Ele se refere ao fato de que seis dos nove pré-indicados estrearam na mostra francesa, em maio, incluindo o vencedor da Palma de Ouro, o japonês “Assunto de família”, de Hirokazu Kore-eda; e do Prêmio do Júri, o libanês “Cafarnaum”, de Nadine Labaki ( que estreia nesta quinta-feira no Brasil ).
Na época, a presidente do júri, a atriz Cate Blanchett, disse que a seleção dava “voz aos chamados ‘invisíveis’, destituídos, desalojados e desiludidos”. E premiou ainda “Ayka”, do Cazaquistão (melhor atriz para Samal Yeslyamova), e “Guerra Fria”, da Polônia (melhor diretor para Pawel Pawlikowski). O sul-coreano “Em chamas”, de Lee Chang-dong, saiu com o prêmio dos críticos (Fipresci), enquanto o colombiano “Pássaros de verão”, de Cristina Gallego e Ciro Guerra, abriu a Quinzena dos Realizadores.
De Veneza veio o alemão “Never look away”, de Florian Henckel von Donnersmarck, além de “Roma”, o vencedor do Leão de Ouro. Completa a lista o dinamarquês “Culpa”, melhor filme pelo júri popular em Sundance.
OSCAR 2019: OS NOVE FILMES ESTRANGEIROS QUE DISPUTAM UMA VAGA
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— É um ano raro em que dois filmes, “Roma” e “Guerra Fria”, estão sendo considerados em outras categorias. A explicação está, em parte, na sua distribuição pela Netflix e Amazon, respectivamente — afirma Daniel Montgomery, editor do “Gold Derby”, o mais respeitado site americano de apostas do Oscar. — Essas plataformas, além de promoverem seus longas, abriram um mercado para filmes antes relegados a cinemas de arte.
O que a maior parte dos filmes tem em comum é o fato de agradarem tanto público quanto críticos. Ao contrário de edições anteriores, não houve controvérsia quando a Academia pinçou os nove títulos dos 87 elegíveis. Ano passado, por exemplo, a ausência do francês “120 batimentos por minuto”, tido como um dos favoritos, deixou muitos críticos boquiabertos.
— Além disso, os filmes que os países escolheram para representá-los no Oscar de fato tiveram destaque. Esse primeiro filtro na corrida pelo troféu também costuma provocar polêmica. Não foi o caso dessa vez — diz o jornalista e colunista do GLOBO Artur Xexéo.
Nancy Tartaglione, editora do site especializado “Deadline”, reforça a tese. Para ela, o mais surpreendente na lista de pré-indicados é justamente o quão pouco surpreendente ela é. “Em contraste com edições passadas, a categoria está sendo composta por filmes que os analistas já esperavam”, escreveu ela.
Antes mesmo da divulgação da chamada “shortlist”, Diane Weyermann, presidente do comitê encarregado de selecionar os indicados a melhor filme estrangeiro, já havia sinalizado como a tarefa estava particularmente difícil nesta edição, que ela chamou de “excepcionalmente forte”.
— É preciso ficar atento aos filmes que estão ganhando atenção do mundo ao longo do ano. A Academia claramente fez o dever de casa — diz Ilda Santiago, diretora do Festival do Rio, que em novembro trouxe sete dos nove pré-indicados. — Esses longas relevam histórias humanistas que evocam as diferentes realidades dos países.
Para o crítico Guy Lodge, da revista “Variety”, a shortlist atual reflete “uma Academia em transição, com um contingente de cinéfilos mais novos e aventureiros tomando o poder”. Nos últimos anos, a instituição convidou membros mais diversos para compor o quadro de votantes.
— Muitos dos novos integrantes são internacionais, o que certamente vai casuar impacto significativo no resultado. Essas pessoas costumam sentar e de fato assistir aos concorrentes antes de votar — conclui Erik Anderson.
O Globo quarta, 16 de janeiro de 2019
MORRE A SOCIALITE GISELLA AMARAL
Morre a socialite Gisella Amaral, aos 78 anos
Um dos maiores nomes da sociedade carioca, ela lutava contra o câncer desde 2003
O Globo
15/01/2019 - 17:25 / Atualizado em 16/01/2019 - 07:55
Morreu na tarde desta terça-feira, Gisella Amaral, um dos maiores nomes da sociedade carioca. Internada desde sábado no Hospital Pró-Cardíaco, ela lutava contra o câncer desde 2003. Apesar da doença, ela nunca perdeu a fé e a alegria de viver.
Dona de uma agenda de telefones poderosa, em 2013, Gisella convenceu amigas da alta sociedade a hospedar de peregrinos a bispos durante a Jornada Mundial da Juventude, além de ter conseguido 18 helicópteros emprestados para o transporte de cardeais. Mesmo diante da devoção católica e do envolvimento em causas sociais, ela não tinha nada de carola. Gostava de dizer que não é preciso estar ajoelhada na igreja ou falar de Jesus o tempo todo para demonstrar fé. Tratava da mesma forma do porteiro ao Presidente da República. Sempre animada, chegava a ir a três eventos numa só noite, entre jantares, aniversários, lançamentos.
Gisella não usava joias, além da aliança de casamento e um anel no dedo mindinho, com a imagem da Medalha Milagrosa, que ganhou de presente de uma amiga. Formada em Enfermagem, Gisella trabalhou como instrumentadora até a véspera do casamento com o empresário Ricardo Amaral. Nunca gostou de ser chamada de socialite. Dizia que era empresária social, já que trabalhava em prol de 39 entidades de filantropia. Uma delas é a Casa São Luiz para a Velhice, no Caju, onde esteve presente por mais de 40 anos.
Aos 41 anos, sofreu uma queda de cavalo em Itaparica, na Bahia, ficou em coma e teve de reaprender tudo na vida. Ela contava que só reconhecia filhos, marido e pai. Na década passada, enfrentou o câncer quatro vezes. Além da força e da fé na vida, a elegância de Gisella Amaral era outra de suas marcas registradas. Em 2016, pela primeira vez, posou como modelo para a grife Eva. Foi a musa da campanha de inverno da marca. Usava maxibijuterias e uma vasta cabeleira grisalha. Gostava de Guy Laroche, Givenchy e Gianfranco Ferré, mas usava tanto grifes quanto roupas compradas numa lojinha de bairro.
Uma das muitas mulheres que tinha Gisella como referência de estilo é a ex-modelo Luiza Brunet, que a conheceu no início dos anos 1980.
— Eu costumava ir regularmente ao Hippopotamus (boate carioca comandada por Ricardo Amaral nos anos 1980, frequentada pelas maiores personalidades do Brasil) , e a gente acabou criando uma amizade muito grande — relembra Luiza. — Ela sempre foi uma inspiração, era extraordinariamente elegante, tinha uma classe incrível. Compartilhar momentos com ela foi um presente para a vida toda. Ela me ensinou muito sobre generosidade, sobre ser pró-ativa e ter fé na vida.
A relações públicas Tânia Caldas, que relembra a personalidade solidária de Gisella, de quem foi amiga por 50 anos.
— Ela era muito carinhosa e excelente amiga dos amigos. Foi uma grande companheira.
O professor de meditação transcendental Kléber Tani credita a ela o seu sucesso.
— A gente se conheceu há 20 anos quando ela começou a praticar meditação transcendental. Gisella me inseriu na sociedade carioca, foi uma espécie de madrinha. Encarou a doença com muita elegância.
O produtor executivo Claudio Gomes descreve a amiga.
— Gisella foi uma das melhores pessoas que conheci na vida. Era desprovida de preconceito, caridosa de alma e tinha um excelente humor. Apagou-se uma luz na Terra e acendeu uma no céu.
Gisella deixa o marido, Ricardo Amaral, com quem estava casada há mais de 50 anos, os filhos, Rick e Bernardo, e três netas, Maria Júlia, Mariana e Maria Fernanda.
O velório será nesta quarta-feira, a partir das 11h, na Paróquia São José da Lagoa. Às 13h, será celebrada a missa de corpo presente. Gisella será cremada, às 16h, em uma cerimônia fechada para a família, no Caju.
O Globo terça, 15 de janeiro de 2019
QUER DAR VOLTA AO MUNDO? VEJA DICAS E LIÇÕES DE QUEM JÁ FEZ A VIAGEM
Quer dar a volta ao mundo? Veja dicas e lições de quem já fez a viagem
Carioca Rafael Lisboa passou por locais como Japão e Austrália
O Globo
15/01/2019 - 04:30
RIO - O carioca Rafael Lisbôa tinha 36 anos e se viu pronto para um sonho antigo: dar uma volta ao mundo. Com duas amigas, que "também trocaram a estabilidade na carreira para conhecer o planeta", ele embarcou no dia 20 de abril de 2017 para uma jornada de 365 dias, que passaria por 30 países nos cinco continentes.
Junto com Juliana e Elisa, suas companheiras na jornada, ele planejou todo o trajeto de acordo com o orçamento que cada um possuía. Foram 70 voos, por exemplo, e sempre com a bagagem máxima permitida: 23kg, o que demandou "bastante planejamento".
A jornada começou em Nova York, nos Estados Unidos e seguiu até Tóquio, passando por locais como Jamaica, Cuba, Namíbia, Ruanda, Líbano, Israel, Rússia, Espanha, Croácia, Marrocos, Islândia, China, Nepal, Camboja, Vietnã, Laos e Austrália, entre outros.
"O mundo é do tamanho da vontade e do orçamento de cada um. No nosso caso, juntamos as economias, pesquisamos bilhetes aéreos em promoção, compartilhamos quartos em albergues, usamos casas de conhecidos e desconhecidos, comemos em mercados e biroscas. Uma viagem com dinheiro contado e sem luxo, e, ao mesmo tempo, a experiência mais rica da nossa vida".
Ficou interessado? Sonha com uma viagem como essa? Confira o relato, as dicas e as lições que Rafael contou ao Boa Viagem.
Contrariando previsões
"Dar a volta ao mundo nunca pareceu algo possível, menos ainda provável. Voei pela primeira vez aos 23 anos e viajei ao exterior com 25. Tirar um tempo para desbravar todos os continentes, atravessar oceanos, mergulhar em culturas variadas, conhecer gente de sotaques tão diferentes sempre soou utópico, uma aventura para quem ainda é muito jovem ou um capricho de quem é muito rico. Uma empreitada que talvez até faça sentido para um cidadão comum que mora em um país com economia estável, moeda forte e oferta abundante de empregos. Mas, contrariando todas as previsões, eu e duas amigas, já com quase 40 anos, que, em duas décadas como jornalistas e engenheira, acumulamos olheiras, cabelos brancos, boas experiências profissionais, mas nenhuma fortuna, nos lançamos no mundo, sem amarras, por um ano.
Minhas duas companheiras de viagem, Juliana e Elisa, haviam decidido trocar a acomodação de suas carreiras estáveis pela excitação de uma jornada transformadora ao redor do planeta. E eu, que, com o fim das Olimpíadas, concluíra um ciclo de longos anos de trabalho intenso na comunicação da cidade do Rio e seus grandes eventos, resolvi embarcar junto na ousadia delas. Tendo estudado relações internacionais na Universidade de Columbia, em Nova York, e na Fundação Getúlio Vargas, achei que era a oportunidade de vivenciar o mundo para além das salas de aula e dos livros acadêmicos.
Preparativos para rodar o planeta
Antes de cair na estrada, porém, foi preciso resolver questões práticas: roteiro, bagagem, vacinas. O quebra-cabeça de países a serem visitados deveria levar em conta o perfil de cada um nós, que formávamos um trio bem heterogêneo. Elisa, que é uma amante da natureza, adora explorar paisagens remotas e ter contato com todo tipo de animal. A preferência da Juliana é por sítios históricos, manifestações culturais, experiências antropológicas. Já eu sou um apaixonado por cidades e tudo o que a vida urbana, na sua pluralidade e intensidade, pode oferecer, inclusive à noite e de madrugada.
Definir a nossa lista de destinos foi, então, um exercício de paciência e flexibilidade, uma prévia do espírito de negociação permanente que o mochilão pelo mundo demandaria de nós. Conciliar vontades tão diferentes obviamente deu trabalho, mas a grande vantagem foi nos forçar a embarcar na ideia do outro e vivenciar situações que nunca haviam sido cogitadas. E, assim, graças a essa combinação de gostos distintos, cada um nós visitou países que jamais estiveram na lista de prioridades e se surpreendeu com sensações e experiências inimagináveis.
Fechados os países do nosso tour, faltava definir o roteiro. E, para isso, usamos dois critérios: clima e passagem aérea de volta ao mundo. Para economizar espaço na mala, que deveria ter apenas 23 kg por causa das limitações na maioria dos voos, escolhemos seguir o verão. Construímos nosso cronograma de modo que visitaríamos os países sempre na estação mais quente. Isso significaria menos roupas para carregar, mais possibilidades de programas ao ar livre e de interação com a população local. E comprovamos in loco que os mais diferentes lugares e povos, em qualquer canto do planeta, costumam desabrochar sob a luz do sol.
Comprar um bilhete de volta ao mundo nos ajudou também a organizar o nosso ano sabático. As principais alianças de companhias aéreas possuem esse tipo de passagem, que se baseia, no geral, nas mesmas regras: o viajante deve seguir um mesmo sentido no globo, passar obrigatoriamente por um determinado número de continentes e oceanos e retornar ao local de origem no período de até um ano. Na nossa pesquisa, descobrimos que o máximo de destinos que essa modalidade de ticket aéreo permitia era 16 – número insuficiente, óbvio. Definimos os 11 trechos mais longos, marcamos as datas (que poderiam ser alteradas sem custo) e os demais deslocamentos seriam adquiridos individualmente, conforme a viagem fosse acontecendo. Ou seja, havia um planejamento macro, mas uma liberdade imensa para encurtar ou prolongar nossas estadias, alterar o nosso roteiro e adaptar nosso mochilão.
Para seguir de vez para o aeroporto rumo ao mundo, marcamos antes uma consulta gratuita no Centro de Medicinas para Viajantes da UFRJ. O serviço, que é oferecido no campus da Praia Vermelha, foi fundamental para nos orientar sobre os riscos e cuidados de cada lugar que visitaríamos. Dona de uma rara paciência, a infectologista Karis Rodrigues listou as vacinas e remédios a que deveríamos ter acesso para não sermos vítimas das doenças endêmicas de cada país.
Lições da jornada
Roteiro definido, vacinas em dia, bilhete na mão, uma mala de apenas 23 kg (e muito desapego), teve início, enfim, a nossa jornada. Passados exatos 365 dias, foram mais de 30 países, cinco continentes, 70 voos, 30 ônibus, 18 trens, barcos, vans, tuk-tuk e camelo.
No caminho, encontramos muitos como nós, com origens e motivações diversas. Compreendemos logo que rodar o planeta é mais comum e mais possível do que se tem ideia. É menos uma questão de dinheiro e mais de disponibilidade. E aí está a primeira lição que aprendemos: o mundo é do tamanho da vontade e do orçamento de cada um. No nosso caso, juntamos as economias, pesquisamos bilhetes aéreos em promoção, compartilhamos quartos em albergues, usamos casas de conhecidos e desconhecidos, comemos em mercados e biroscas. Uma viagem com dinheiro contado e sem luxo, e, ao mesmo tempo, a experiência mais rica da nossa vida.
A segunda lição é que o mundo é muito maior do que as nossas expectativas. Existem bem mais de sete maravilhas. Nem a lista da Unesco, com 1.092 patrimônios da humanidade, dá conta de tantas belezas espalhadas. Não importa se o país é grande ou pequeno, rico ou pobre, tem sempre algo de apaixonante. É difícil escolher um lugar favorito. O nosso mochilão foi um conjunto de experiências inesquecíveis. Um em infinitos recortes possíveis no planeta, que incluiu nadar com leões-marinhos em Galápagos, caminhar com gorilas em Uganda, explorar a natureza selvagem da Cratera de Ngorongoro, dormir sob o céu estrelado do Saara e ver o dia nascer na duna mais alta na Namíbia.
A nossa volta ao mundo contou com a imponência dos Himalaias, o perfume das cerejeiras do Japão, a mistura de fogo e gelo da Islândia, o vermelho do Outback australiano e o azul turquesa das praias croatas e tailandesas, o gosto do hummus libanês e do curry indiano. Teve Petra, Muralha da China, Taj Mahal, templos do Laos e do Camboja, mesquitas do Marrocos, igrejas da Rússia. Testemunhamos as múltiplas demonstrações de fé no Oriente Médio e na Índia e também as transformações em andamento em Cuba, África do Sul, Ruanda e Vietnã.
A terceira e mais importante das lições é que, apesar do seu gigantismo e diversidade, o mundo se revelou menor e mais parecido do que jamais imaginamos. É um quintal de casa com oceanos no meio. Por trás de cores e sabores tão distintos, existem traços comuns que tornam tudo muito familiar.
A religiosidade é um desses aspectos universais. Os pontos turísticos mais famosos são, em geral, templos religiosos. Toda e qualquer sociedade, da mais primitiva à mais moderna, tem tentado responder ao mesmo questionamento: de onde viemos e para onde vamos? E a fé de cada povo, utilizada para explicar o inexplicável desde sempre, cria narrativas distintas, com regras e deus (ou deuses) próprio. Ao percorrer o mundo e ter contato com múltiplos credos, porém, é possível perceber que, mesmo diferentes e por vezes rivais, essas doutrinas fazem parte de uma mesma essência que une espiritualmente o planeta.
O fascínio pela água é outro elemento que se reproduz. É natural que, para as civilizações mais antigas, organizar-se em torno de uma fonte de água potável era a diferença entre sobreviver ou não. Mas ainda hoje, nas cidades mais urbanizadas, todos querem morar perto da água: lagos, rios, cachoeiras, praias. É lá que as pessoas se reúnem nas folgas, inclusive nos cantos mais frios do planeta.
O pôr do sol é mais uma unanimidade que ultrapassa fronteiras. Não importa o idioma, aquele espetáculo de cores fala por si só e atrai os olhares em qualquer lugar. Aplaudir o pôr do sol no Arpoador é mais global do que se pensa. Na praia, no deserto, na geleira, entre arranha-céus, todos param para contemplar o sol se despedir, ainda que aquele fenômeno se repita diariamente.
Provavelmente nada é tão universal quanto a família. Nenhuma instituição é mais forte. Independentemente do formato e do arranjo, família é mesmo tudo igual. Somos seres sociais, existimos a partir da relação com o outro. São os vínculos pessoais que nos conectam com o exterior, seja nas paisagens gélidas e solitárias da Sibéria ou na confusão de cidades populosas como Tóquio. E são essas ligações afetivas que fazem qualquer viajante compulsivo - como eu, com carimbo de 55 países no passaporte - querer sempre voltar para casa, sabendo, claro, que um novo encontro com o mundo é questão de tempo".
O Globo segunda, 14 de janeiro de 2019
DESTINOS MAIS PROCURADOS POR BRASILEIROS
Conheça os destinos mais procurados por brasileiros no começo do ano
Mineiros, paulistas e cariocas buscam destinos no Nordeste, segundo pesquisa
O Globo
14/01/2019 - 04:30 / Atualizado em 14/01/2019 - 08:51
RIO - O Nordeste continua sendo a menina dos olhos dos paulistanos, mineiros e cariocas para as férias de verão. Pelo menos, é o que mostra a pesquisa do Kayak, que listou os destinos mais procurados dos brasileiros em seu site no começo de janeiro. Lisboa, Miami e Orlando também continuam sendo muito procuradas.
Na compilação nacional, São Paulo é o destino mais pesquisado, seguido pelo Rio, Fortaleza, Salvador e Recife. Lisboa é o primeiro destino internacional buscado pelos brasileiros, na frente de Miami e Orlando.
O estudo foi realizado no último dia 3 de janeiro, com saídas dos aeroportos de São Paulo, Rio, Porto Alegre, Belo Horizonte, Brasília, Salvador e Fortaleza. Da capital paulista, Salvador e Recife são as cidades mais buscadas nacionalmente e Miami e Lisboa, as mais procurados para fora do país.
Do Rio, São Paulo, Fortaleza e Salvador aparecem na frente. Internacionalmente, cariocas buscam por Orlando e Lisboa. De Belo Horizonte, Porto Seguro, na Bahia, desperta o maior interesse, seguido por São Paulo e Rio. Fora do país, Lisboa aparece em primeiro lugar.
São Paulo, Rio e destinos internacionais
Moradores de Porto Alegre e de Brasília escolheram o Rio e Janeiro como primeiro opção em suas buscas. Já os soteropolitanos e os cearenses têm São Paulo como destino para a próxima viagem.
A busca por destinos internacionais também cresceu, principalmente de saídas de São Paulo, Rio e capitais nordestinas.
- É importante lembrar que em 2019 não teremos tantos feriados emendados como no ano passado, o que pode estimular viajantes e famílias a planejarem uma viagem mais longa para as férias - comenta Eduardo Fleury, do KAYAK.
O Globo domingo, 13 de janeiro de 2019
FARAH DIBA, ÚLTIMA IMPERATRIZ DO IRÃ
Aos 80 anos, a última imperatriz do Irã, Farah Diba, lança livro de arte e conta sobre os 40 anos de exílio
Em entrevista ao editor Bruno Astuto, ela falou ainda de futebol, Rio e saudade
Bruno Astuto, de Paris
13/01/2019 - 04:30 / Atualizado em 13/01/2019 - 08:25
Em 16 de janeiro de 1979, o avião que levava o xá do Irã, Mohammed Reza Pahlvevi, e sua mulher, a imperatriz (ou xabanu) Farah Diba, fez o percurso entre Teerã e Assuã, no sul do Egito. Receberam-nos o então presidente, Anuar Sadat, sua mulher e sua filha, agindo como se tratasse de uma visita de Estado qualquer. Mas aquela foi apenas a primeira parada de muitas (como Marrocos, Bahamas e México) que marcariam o exílio eterno do casal imperial e de seus quatro filhos. No dia 1º de fevereiro, qualquer esperança de voltar ao poder se esvaiu, com o retorno a Teerã do aiatolá Ruhollah Khomeini, que deu início à Revolução Islâmica. O novo líder exigiu a volta imediata do xá, para que ele fosse julgado, e a devolução de cerca de US$ 36 bilhões que ele teria supostamente tirado do Irã. Além disso, ameaçou com represálias qualquer país que acolhesse a família imperial — quando o presidente americano Jimmy Carter autorizou o xá a se tratar de um câncer num hospital em Nova York, a resposta veio na forma da invasão da embaixada dos Estados Unidos em Teerã, onde estudantes mantiveram 52 pessoas reféns durante 444 dias. O xá acabou se asilando novamente no Egito, e ali morreria em 27 de julho de 1980, aos 60 anos. Até hoje, a viúva visita seu túmulo anualmente.
Quatro décadas depois do início dessa longa viagem, Farah Diba me recebe em sua bela e ampla cobertura em Paris, de frente para o Rio Sena. Duas vezes por ano, no outono e na primavera, ela se muda para Washington, onde vivem seu filho Reza Ciro, a nora e três das quatro netas, incluindo Nour, a princesa-herdeira. Nas últimas duas décadas, ela passou por outras terríveis provações: dois de seus filhos, Leila e Ali Reza, suicidaram-se, respectivamente aos 31 anos, em 2001, e aos 44, em 2011.
O motivo do nosso encontro é o lançamento de “Iran Modern: The empress of art” (Assouline), um livro monumental que reúne a coleção de arte moderna e contemporânea que ela começou a amealhar no final dos anos 1960 para construir o que hoje é o Museu de Arte Contemporânea de Teerã (TMoCA). Trata-se de um dos mais importantes acervos do gênero fora da Europa e dos Estados Unidos, com obras de Vincent Van Gogh, Claude Monet, Edgar Degas, Pablo Picasso, Mark Rothko, Marc Chagall, Jackson Pollock, Georges Braque, Cy Twombly, Joan Miró, Roy Lichtenstein, Alexander Calder e Henry Moore, só para citar alguns. Na capa, figura um dos famosos retratos de Farah realizados por Andy Warhol. A publicação, que pesa nove quilos, começou a ser organizada quatro anos atrás, quando a consultora de arte Viola Raikhel-Bolot e a escritora Miranda Darling, ambas australianas, propuseram a ideia à imperatriz. Elas também estão filmando um documentário sobre a vida de Farah Diba.
O Globo sábado, 12 de janeiro de 2019
NEY MATOGROSSO REVIRA O PASSADO
Crítica: Ney Matogrosso revira o passado e acende novas luzes em show com clima político
Em 'Bloco na rua', cantor reforçou com vigor as mensagens de canções da MPB dos anos 1970
Silvio Essinger
12/01/2019 - 08:24
RIO — Não há muito segredo nos shows das encarnações pop de Ney Matogrosso. E o que ele estreou na noite de sexta-feira no Vivo Rio, onde fica por duas semanas, não se afasta muito em termos musicais do anterior "Atento aos sinais", com o qual ele excursionou sem descanso por cinco anos. A banda até era a mesma, aquela liderada pelo tecladista Sacha Amback, com destaques para a bateria de Marcos Suzano, o baixo de Dunga e a guitarra de Maurício Negão — a base para que o cantor, surpreendentemente vigoroso aos 77 anos de idade, exibisse o corpo e seus traje cintilante, dançasse e fizesse caras e bocas. Nada disso faltou a "Bloco na rua". Mas havia algo diferente e gritante: a necessidade de expressar uma inquietação política, num repertório que veio, em grande parte, daquela produção MPBística dos anos 1970 que se esforçava para dizer muito falando pouco.
Com o movimento de despir-se de uma máscara, Ney abre o show cantando a marcha-rancho "Eu quero é botar meu bloco na rua", de Sergio Sampaio, trilha de um carnaval do sufoco, na qual o cantor sublinhou, lânguido, toda a desesperada alegria da canção. "Jardins da Babilônia", da Rita Lee em tempos rock de Tutti Frutti, deu prosseguimento ao papo sobre a importância de se ter festa em meio à luta — e os acomodados que se incomodem com a insistência do cantor e não se calar. Em "O beco", dos Paralamas do Sucesso, o tempo fechou um bocadinho mais, embora tenha sido só para introduzir as malemolências ácidas de "Álcool" (do DJ Dolores) e de "Já sei", de Itamar Assumpção (um daqueles compositores de que Ney Matogrosso não desgruda).
A primeira grande surpresa do "Bloco na rua" foi a de mais um clássico setentista, o "Pavão Mysteriozo", relido com muita psicodelia moderna, dissonâncias e uns toques bombásticos que amplificaram a grande mensagem: a de que "eles são muitos mas não podem voar". Em seguida, uma nova luz também foi lançada, de forma muito feliz, só que sobre uma canção recente: "Tua cantiga". Um dos maiores intérpretes de Chico Buarque de todos os tempos, Ney pegou a música, pôs balanço latino e dela extraiu toda uma nova gama de sentidos, muito mais pecaminosos do que se desconfiava — momento de deleite do show, que foi em frente terno, romântico e, é claro, um bocado venenoso com "A maçã" de Raul Seixas.
Mas a noite também foi de lados B, como no resgate das angustiadas "Postal do amor" e "Ponta do lápis" que o cantor gravara com Fagner em 1975. Ou em "Tem gente com fome", canção censurada dos seus Secos & Molhados, e a "Corista de rock", outra da Rita fase Tutti Frutti. A elas, ofereceram-se como contraponto "O último dia", de Paulinho Moska, com batidão de funk, uma "Sangue latino"glam rock e a inédita "Inominável", de Dan Nakagawa, que se insinua como futuro hit, encerrando a primeira parte do show com um arrepiante coro. No bis, Ney não fez a menor questão de esfriar os ânimos, levado o público à catarse com um "Como dois e dois" (de Caetano Veloso, sucesso com Roberto Carlos) em voz e piano, um militante "Coração civil" (de Milton Nascimento) e um "Feira moderna"(Lô Borges, Beto Guedes e Fernando Brant) como se deve cantar. Não fosse a falta de pressão do som do Vivo Rio, a voltagem desse bloco/trio elétrico de Ney Matogrosso teria colaborado para carregar muito mais gente em seu cortejo.
O Globo sexta, 11 de janeiro de 2019
ROTEIRO DE ACARAJÉS PARA MATAR SAUDADES DA BANIA
Um roteiro de acarajés para matar saudades da Bahia
Onde comer os bolinhos de feijão-fradinho no Rio para viajar sem sair do lugar
Marcella Sobral
10/01/2019 - 08:32 / Atualizado em 10/01/2019 - 09:39
Dando uma rolada básica no Instagram a impressão é que quase todo mundo que você conhece está na Bahia. Daí para bater aquela vontade de comer acarajé é um like. Para ninguém ficar de olho grande na comida de ninguém, aqui está um roteiro com alguns dos bolinhos mais gostosos feitos em terras cariocas.
Bar do Horto
No clima tranquilão do Bar do Horto os acarajés são servidos com vatapá, camarão e vinagrete (R$ 46).
Bar do Horto: Rua Pacheco Leão 780, Jardim Botânico (3114-8439).
Casa Omolokum
Segundo domingo do mês é dia de Festival de Acarajé. As cem primeiras pessoas que chegarem vão poder se esbaldar nos bolinhos de feijão-fradinho com os recheios de vatapá de bacalhau, camarão, peixe, abobrinha com alho-poró e caruru. Por R$ 50, come-se à vontade, das 13h às 17h.
Casa Omolokum: Rua Argemiro Bulcão 51, Ladeira da Pedra do Sal
Quitéria
O cardápio anuncia: a porção com três miniacarajés como na Bahia (R$ 29). E eles são preparados de forma tradicional e servidos com vatapá, caruru, vinagrete e camarões fritos no azeite de dendê. Ideal para degustar antes ou depois de um mergulho na Praia de Ipanema.
Quitéria: R. Maria Quitéria 27, Ipanema (2267-4603)
Rayz Ipanema
Na dúvida entre feijoada ou comida baiana?Aos sábados você pode ter os dois no bufê do Restaurante Rayz, em Ipanema. E, claro, o acarajé faz parte do menu. O valor fixo é de R$ 48,90, do meio-dia às 16h.
Rayz: Rua Prudente de Morais 416, Ipanema (2522-0627).
Sabores de Gabriela
A porção (R$ 52, com 4) de acarajé vem separada e cada um monta (ou não) do jeito que quiser.
O Globo quinta, 10 de janeiro de 2019
IBAMA ANULA MULTA AMBIENTAL APLICADA A BOLSONARO
Ibama anula multa ambiental aplicada a Bolsonaro por pesca irregular
Decisão foi tomada pelo órgão em dezembro, após parecer da Advocacia-Geral da União
Marco Grillo e Catarina Alencastro
09/01/2019 - 17:51 / Atualizado em 10/01/2019 - 07:24
RIO E BRASÍLIA — A superintendência do Ibama no Rio anulou uma multa ambiental de R$ 10 mil que havia sido aplicada em 2012 ao presidente Jair Bolsonaro por pesca irregular em Angra dos Reis, na Costa Verde. A decisão foi tomada em 20 de dezembro, quando ele ainda não havia assumido a Presidência, após um parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) sustentar que Bolsonaro não teve direito à ampla defesa no processo.
A informação foi publicada pelo jornal “Folha de S. Paulo” e confirmada pelo GLOBO. O processo já havia passado pela primeira e pela segunda instâncias julgadoras do Ibama, que decidiram pela manutenção da multa. Em ambos os casos, Bolsonaro recorreu. Quando o caso chegou à AGU para a inscrição da dívida ativa, o órgão considerou que não estavam fundamentadas as decisões em duas instâncias do Ibama, e que Bolsonaro não teria tido a chance de apresentar sua defesa.
Com a decisão, o caso voltará a ser analisado em primeira instância e haverá novo julgamento, ampliando a possibilidade de recursos. O padrão nos casos de aplicação de multas ambientais é que o Ibama siga a recomendação da AGU, o que aconteceu no processo relativo ao presidente. A decisão foi comunicada formalmente a Bolsonaro em ofício enviado pelo superintendente substituto do Ibama no Rio.
O presidente foi flagrado por fiscais em 25 de janeiro de 2012 em um bote dentro da Estação Ecológica de Tamoios, em Angra — a presença é proibida no local. Ele foi fotografado por um agente do Ibama com uma vara de pescar. Na defesa apresentada, o presidente alegou que estava no aeroporto Santos Dumont na hora da multa — Bolsonaro, no entanto, cita a data em que o auto de infração foi lavrado, em março, não o dia em que a conduta foi flagrada, em janeiro. A demora entre o flagra e o registro formal aconteceu porque o presidente se recusou a apresentar os documentos, o que foi comunicado pelos agentes no processo.
Em nota, o Ibama afirmou que a "AGU avaliou em despacho emitido em 07/12/2018 que as decisões de 1ª e 2ª instâncias seriam nulas por falta de fundamentação e devolveu os autos do processo ao Ibama". De acordo com o instituto, o entendimento foi acompanhado pela Superintendência do Rio.
Em março de 2016, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou por unanimidade a denúncia por crime ambiental apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF).
Presidente do Ibama exonerada
A presidente do Ibama, Suely Araújo, foi exonerada ontem após críticas do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles , e do próprio Bolsonaro a um alto contrato do órgão para aluguel de caminhonetes para a fiscalização de crimes ambientais. Bolsonaro já reclamou em várias ocasiões da chamada "indústria das multas" ambientais. Salles, por sua vez, diz que há muitos autos de infração e que poucos resultam em punição efetiva. Nos próximos dias deve assumir o Ibama o procurador Eduardo Bim, indicado por Salles para o posto.
O Globo quarta, 09 de janeiro de 2019
QUEM NÃO ADORA AQUELE SABOR DEFUMADO?
Quem não adora aquele sabor defumado? A técnica aparece até em drinques e sobremesas
Chefs contam com o que combina e ainda ensinam várias maneiras de como fazer em casa
Lívia Breves
09/01/2019 - 04:30 / Atualizado em 09/01/2019 - 08:58
Tem um quê de pirotecnia. E isso já poderia ser o suficiente para pedir um prato que leva uma defumação à mesa. Quem não quer um momento “uau” antes mesmo da primeira mordida? Mas, além do fator estético, há o motivo original disso tudo: o sabor. O processo de defumar concentra o gosto, deixa tudo mais salgadinho e muitas vezes ainda com uma crostinha boa.
No menu recém-lançado por Tati Lund, do .Org, na Barra, a berinjela defumada e maçaricada no missô e cachaça com maionese de wasabi, amendoim no melado e folhas tostadas mostra que os vegetais também combinam bastante com a técnica. O prato já é um dos preferidos da temporada.
— A fumaça enaltece o sabor dos ingredientes. Qualquer vegetal pode ser defumado, mas invisto nos que têm sabor intenso e são mais carnudos, como a berinjela. Estou testando uma receita nova de um ceviche quente com folhas tostadas que está ficando bem legal. Levar a fumaça à mesa sempre surpreende, as pessoas ficam um pouco hipnotizadas — diz Tati.
A burrata do Ino, em Botafogo, virou figurinha frequente no Instagram. Talvez seja a entrada mais postada da casa. O motivo certamente passa pela defumação a frio que é feita ali, na frente do cliente. A bolota de queijo fresco cremoso temperada com pesto genovês chega em uma redoma de vidro enfumaçada e ainda ganha uma bisnaga de azeite espetada para ser colocada aos poucos. O chef Marcelo Laskani conta que faz uma defumação leve, para não perder a característica do cru.
— A burrata é delicada, não pode passar por um processo agressivo. Eu coloco a fumaça na cúpula imediatamente antes de levá-la para a mesa. Fica um sabor bem suave para ela manter sua acidez natural. Os clientes adoram, sentem que fazem parte do processo de produção do prato. Tanto que é a entrada que virou nossa marca registrada — conta o Marcelo, que, na casa de São Paulo, onde serve o menu confiança, prepara mais opções fumês. — Atum fresco, cogumelos, peixe branco... Uso bastante. Vou oferecer mais opções com a técnica, que é antiquíssima, no Ino do Rio a partir de janeiro, quando passarei uma temporada reformulando o cardápio. Penso em fazer defumação quente com cascas de cítricos, que adoro, como laranja-baía e limão, e ervas secas, como alecrim, tomilho e sálvia.
Até a batata frita pode ganhar um sabor a mais por conta da fumacinha. No Érico, na Barra, a que leva receita da casa chega com a casquinha crocante e rodeada por uma nuvem branca.
— Queria fazer algo defumado que não fosse a carne. Escolhi a batata frita por ela ser queridinha por todos: o prato passeia livremente por veganos, vegetarianos e carnívoros — conta a chef Janine Sad.
Os drinques não ficam de fora. Taças, copos e que tais também são finalizados dentro da cúpula de vidro. Sabores amarguinhos ganham destaque, mas ainda há opções refrescantes para quebrar alguns tabus.
No Garoa Bar Lounge, no Leblon, o mixologista Igor Renovato coloca algumas opções defumadas na carta. Para dar intensidade de aroma e sabor às receitas, ele utiliza uísque defumados. O Bitter Mix leva soda artesanal de grapefruit, mix de amargos como bourbon, vermute, Fernet e Campari, além de ser finalizado com o especialíssimo uísque escocês Lagavulin Islay 16 anos, que tem notas de madeira, chocolate, pimenta e caramelo.
— Outra forma de preparar o drinque é defumando o copo com casca de macieira. Nesse caso, a fumaça provocada pela madeira entra no lugar do uísque. Apesar de levar mais tempo para preparar, o defumador dá um efeito muito bacana por causa do impacto visual da fumaça — explica Igor.
Também há fumaça no balcão do L’Atelier Mimolette, em Ipanema. O mixologista Marcelo Emídio é quem prepara o drinque Mise en Scène, batizado assim por todo ar dramático que ele traz. Defumado com madeira de macieira à mesa, a opção leva bourbon, cointreau, redução de mel com gengibre, soda arsenal de pêssego e ainda é servida em um copo de metal.
— Ao contrário do que se espera de um coquetel defumado, ele é um drinque refrescante e frutado. Escolhi ingredientes que conversam muito bem e uma madeira de árvore frutífera — comenta Marcelo.
FAÇA EM CASA
No fogão
Em uma panela (melhor ser antiguinha), coloque um pouco de carvão, acenda e deixe que ele libere a fumaça. Feche a panela para a fumaça não escapar. Depois, coloque o ingrediente que deseja ali dentro, desligue o fogo e deixe por alguns minutos, para que o sabor defumado seja absorvido.
Com grade ou escorredor
Coloque o carvão vegetal em brasa em uma panela e os alimentos em cima da grade ou do escorredor de metal. É um ótimo método para preparar vegetais.
No forno
Em uma assadeira, coloque o carvão e algumas ervas e feche-a com papel alumínio. Ligue o forno a 250°C e coloque a assadeira na grade de baixo. Quando a fumaça começar a ser liberada, coloque o alimento para ser defumado.
Com fumaça líquida
Basta colocar algumas gotas antes de começar o preparo. Combina muito com carnes e peixes, como salmão. Os vegetarianos usam muito em tofus e berinjelas assadas.
O Globo terça, 08 de janeiro de 2019
DE GRACE KELLY A RITA HAYWORTH, AS PLEBEIAS AMERICANAS NAS REALEZAS
De Grace Kelly a Rita Hayworth, as plebeias dos EUA nas realezas
Célebres atrizes e socialites se casaram com príncipes e passaram a integrar famílias reais
WASHINGTON/LONDRES - A atriz Meghan Markle, que vai se casar com o príncipe Harry da Inglaterra no ano que vem, será a mais nova americana a entrar para uma família real. Conheça os perfis de outras cinco mulheres americanas que se tornaram princesas ou rainhas:
Grace Kelly
A atriz Grace Kelly estava no auge de uma brilhante carreira em Hollywood quando desistiu da profissão para se casar com o príncipe Rainier III de Mônaco, em abril de 1956. Grace Patricia Kelly nasceu em 12 de novembro de 1929 na Filadélfia, Pensilvânia, a terceira de quatro filhos de uma família irlandesa católica rica.
Ela estreou no cinema em 1951, em "Horas Intermináveis", e alcançou a fama no ano seguinte ao lado de Gary Cooper em "Matar ou Morrer". Kelly foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por "Mogambo" em 1953, e ganhou o Oscar de Melhor Atriz no ano seguinte por "Amar é Sofrer".
Mas Kelly talvez seja mais conhecida por seus papéis em três filmes de Alfred Hitchcock - "Disque M para Matar", "Janela Indiscreta" e "Ladrão de Casaca". A atriz abandonou sua carreira completamente quando se casou com o príncipe Rainier. Eles tiveram três filhos: Caroline, Albert (príncipe soberano de Mônaco) e Stephanie.
Kelly morreu em setembro de 1982, quando sofreu um derrame cerebral enquanto dirigia em uma estrada de Mônaco. Ela perdeu o controle do veículo e este caiu em um penhasco.
Wallis Simpson
A americana Wallis Simpson tinha se divorciado duas vezes quando se casou com o rei britânico Edward VIII. Esta união o levou a renunciar à coroa, em dezembro de 1936.
Bessie Wallis Warfield nasceu em 19 de junho de 1896 em Blue Ridge Summit, Pensilvânia. Seu pai morreu pouco depois do seu nascimento. Warfield se casou com um aviador naval americano, Win Spencer, em 1916, divorciou-se dele em 1927 e se casou com o executivo Ernest Simpson no ano seguinte.
Ela se envolveu com o então príncipe Edward em 1934. Sua relação com uma divorciada americana foi desaprovada pela família real e pela classe política da Grã-Bretanha. Edward se tornou rei em janeiro de 1936, mas abdicou em dezembro desse mesmo ano e se casou com Simpson - "a mulher que eu amo" - em junho de 1937. Edward e Simpson foram nomeados duque e duquesa de Windsor. Edward morreu em 1972, e Simpson, em 1986. Eles não tiveram filhos.
Rita Hayworth
A atriz Rita Hayworth se casou com o príncipe Aly Khan - filho de Aga Khan III, o então líder espiritual dos muçulmanos ismaelitas - em 1949, após a ruptura de seu casamento com o ator-diretor Orson Welles.
Hayworth nasceu Margarita Carmen Cansino, em 17 de outubro de 1918 no Brooklyn, Nova York. Depois de se mudar para Los Angeles, quando adolescente, ela fez pequenas participações em vários filmes, antes de adotar o nome artístico Rita Hayworth e passar ao estrelato.
Apelidada "Deusa do Amor" pela revista Life, ela apareceu ao lado de Fred Astaire no filme "Ao Compasso do Amor", de 1941, e em outros sucessos, incluindo "Gilda", no qual ela fez uma cena de strip-tease que foi vista como escandalosa no momento.
Em 1949, grávida, Hayworth se casou com Aly Khan. Ela deu à luz uma filha, a princesa Yasmin Aga Khan, em dezembro daquele ano. Ela se divorciou de Aly Khan em 1953, após um casamento tumultuado, e se casou mais duas vezes.
Hayworth sofreu de mal de Alzheimer em seus últimos anos de vida, e morreu em Nova York em maio de 1987.
Rainha Noor
A Rainha Noor da Jordânia se casou com o rei Hussein em 1978, tornando-se a quarta e última esposa do líder do Reino Haxemita.
Lisa Najeeb Halaby nasceu em 23 de agosto de 1951 em Washington, em uma proeminente família árabe-americana cristã. Seu pai era o chefe executivo da companhia aérea Pan American e também dirigia a Administração Federal de Aviação.
Graduada da Universidade de Princeton, Halaby se casou com o rei Hussein em junho de 1978, convertendo-se à religião muçulmana e se tornando a rainha Noor Al-Hussein. Eles tiveram quatro filhos.
Desde a morte do rei, em 1999, a rainha Noor tem atuado em atividades filantrópicas e no movimento de não proliferação nuclear.
Hope Cooke
A socialite nova-iorquina Hope Cooke se casou com o príncipe herdeiro do minúsculo reino de Sikkim, no Himalaia, em 1963, em uma história da vida real que foi comparada ao musical de Rodgers e Hammerstein "O Rei e Eu".
Cooke nasceu em 24 de junho de 1940 em São Francisco. Sua mãe, uma piloto, morreu em um acidente de avião quando Cooke tinha apenas dois anos, e ela foi criada por seus avós em Nova York.
Ela conheceu Palden Thondup Namgyal, o príncipe herdeiro viúvo de Sikkim, em 1959, durante uma viagem à Índia quando era estudante universitária. Eles se apaixonaram e se casaram em 1963, e ela se tornou rainha consorte quando seu marido ocupou o trono, em 1965.
Sikkim foi anexado pela Índia em 1973, e Cooke retornou aos Estados Unidos com seus dois filhos. Ela se divorciou do marido em 1980, e morreu dois anos depois.
O Globo segunda, 07 de janeiro de 2019
LUTADORA DE UFC REAGE A ASSALTO NO RIO
Lutadora do UFC reage a assalto no Rio e domina ladrão com socos, chute e mata-leão
Polyana Viana conta que bandido tentou roubar seu celular
O Globo
07/01/2019 - 07:47 / Atualizado em 07/01/2019 - 08:57
RIO - A lutadora brasileira Polyana Viana, do UFC, reagiu a um assalto na noite do último sábado em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, e dominou o ladrão que tentava roubar o seu celular.
Segundo reportagem do site "MMAjunkie", Polyana estava esperando um Uber na porta do condomínio em que mora quando foi abordada pelo bandido.
"Quando ele viu que eu tinha percebido a presença dele, ele estava bem perto de mim. Ele me perguntou as horas. Eu disse, mas vi que ele não foi embora. Então pus o celular na minha cintura. Aí me me disse: 'Me passa o celular. Não tente reagir, estou armado'. Ele pôs a mão sobre o que parecia ser uma arma, mas percebi que estava maleável. Ele estava bem perto de mim. Foi quando pensei: se é uma arma, ele não terá tempo de sacá-la. E dei dois socos e um chute. Ele caiu e o detive com um mata-leão", explicou a lutadora.
O ladrão foi mantido dominado com uma chave de braço até a chegada a polícia. A "arma" era feita de papelão.
A última luta da brasileira pelo UFC aconteceu em em 4 de agosto, em Los Angeles. Na oportunidade, ela foi derrotada pela americana JJ Aldrich. Polyana tem um cartel de 10 vitórias e duas derrotas no MMA.
O Globo domingo, 06 de janeiro de 2019
SEIS VERSÕES DE ROSCA DE REIS
Seis versões da rosca de reis para manter a tradição
Bolo é uma homenagem a aparição dos Reis Magos ao menino Jesus
Marcella Sobral
27/12/2018 - 09:17 / Atualizado em 04/01/2019 - 13:41
Seis de janeiro. Temos uma notícia boa e uma ruim. A ruim é que a data, de acordo com a tradição, é dia de desmontar a árvore de Natal. A boa é que neste mesmo dia, ainda segundo os costumes, é dia de Bolo de Reis, ou Rosca de Reis, em homenagem a visita de Belchior, Gaspar e Baltazar, os três Reis Magos, ao meninos Jesus. Por aqui, algumas casas fizeram suas versões da iguaria apra celebrar a data.
Empório Farinha Pura
A massa doce é coberta por frutas cristalizadas, castanha, açúcar e passas, e ainda é coroada por uma medalha da Sagrada Família para completar a tradição (R$ 54,90). A regra é clara: quem ficar com o pedaço da medalha, será o responsável pelo bolo do próximo ano.
Empório Farinha Pura: R. Voluntários da Pátria 446 - Loja 1, Botafogo (3239-8000).
Kurt
Seguindo a tradição, a rosca de reis do Kurt tem um brinde dentro do bolo. Dizem que quem pegar este pedaço vai ter sorte durante o ano, e também fica responsável pelo doce do ano seguinte. Ah, sem querer entrar em polêmicas logo nos primeiros dias de 2019, a versão da confeitaria tem passas no recheio, cobertura de açúcar e canela (R$ 95).
Kurt: Rua General Urquiza 117 – loja B, Leblon (2294-0599).
Lecadô
Como sorte não tem dia certo para chegar, a Lecadô fará fornadas especiais da rosca de reis (R$ 19,90) durante todo o mês de janeiro. São dois sabores: chocolate e frutas cristalizas, com gotas de chocolate e nozes.
Com sotaque francês, a Galette de Rois é feita com massa folhada, com recheio a base de amêndoas (R$ 68), também servida na ocasião.
Talho Capixaba: Av. Ataulfo de Paiva 1022, Leblon (2512-8760).
The Bakers
A massa da rosca de reis (R$ 69,90) da The Bakers é semifolhada e coberta por uma calda açucarada, e decorada com nozes, passas e damasco. Quem será o sortudo que vai encontrar a supresa escondida no bolo?
The Bakers: Rua Santa Clara, 86 - Copacabana. Telefone 3209-1212
Venga
O roscon de reyes (R$ 78) é um pão doce artesanal é feito com farinha italiana, ovos manteiga e leite, e decorado com abacaxi, passas, gojiberry, amêndoas, e laranja, morango, cereja desidratados na casa. Ele sera vendido apenas até domingo.
Calor no Rio: fila na cachoeira do Horto e guarda-chuva para proteger do sol em Santa Cruz
Mais uma vez, bairro da Zona Oeste marcou a maior temperatura da cidade
Gilberto Porcidônio
05/01/2019 - 04:30 / Atualizado em 05/01/2019 - 09:08
RIO — Um dia depois de atemperatura ter batido um recorde, alcançando 41,2 graus em Santa Cruz —os termômetros não chegavam a tanto desde outubro de 2015 —, o calor não deu trégua no Rio. Na sexta-feira, o dia já amanheceu abafado, levando cariocas e turistas a correr para a orla, tradicional ponto de encontro do verão, e a lotar as cachoeiras da cidade. Nas do Horto, chegou a ter fila de gente buscando um espacinho para se refrescar na água.
A doméstica Sandra Lima contava como é difícil enfrentar o verão na região:
— Me dá uma leseira, uma vontade de só ficar no ar... Se pudesse, nem saía de casa — dizia.
O soldador José Fernandes, que, no dia a dia já enfrenta um calorão, contou que, nas horas de folga, não quer saber de temperaturas altas. Prefere investir no ar-condicionado, mesmo que se assuste com a conta de luz depois.
— Eu chego a tomar três banhos por dia e caio direto no quarto com ar-condicionado ligado, sem nem me enxugar. Não quero nem ver a conta de luz depois! — brinca.
Nem sempre dá para manter o bom humor com as altas temperaturas. Na emergência do Hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes, alguns pacientes esperavam atendimento porque tiveram queda de pressão e mal- estar causados pelo calor.
No local, que está sem ar-condicionado e sem água nos bebedores, pacientes se queixavam da falta de infraestrutura. Parentes dos doentes foram obrigados a levar ventiladores para tentar aliviar um pouco o calor nas enfermarias.
A designer de sobrancelhas Tatiane Faria, que chegou na sexta-feira à unidade com a sobrinha de 3 anos, com pneumonia, disse que a temperatura superava os 40 graus.
— O pior é que eles não dão satisfação, não dizem se o ar vai voltar a funcionar, ou não. Só me pediram para trazer ventilador de casa — disse Tatiane, revoltada.
Segundo o site G1, a falta de ar-condicionado se repete em enfermarias do Hospital Getulio Vargas, na Penha.
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O Globo sexta, 04 de janeiro de 2019
HELÔ PINHEIRO DÁ CAMBALHOTAS NA PISCINA DO COPA
Helô Pinheiro dá cambalhotas na piscina do Copa para lentes de Martin Parr
POR MARINA CARUSO
Helô Pinheiro deu cambalhotas na piscina do Copacabana Palace para as lentes de Martin Parr, o fotógrafo inglês que é o último grito da moda. “Ele disse que a maior emoção do dia foi estar ao meu lado”, contou a Garota de Ipanema à revista “Vogue” de janeiro.
Fã de Tom Jobim e bossa nova, Parr foi só elogios à Helô: “Virou uma senhora muito chique”, disse. Responsável pelas campanhas da italiana Gucci, o fotógrafo, que prefere clicar gente comum do que modelo, pirou no Rio. “Tudo é interessante: a atmosfera, o caos e até mesmo a chuva”. Então, tá.
O Globo quinta, 03 de janeiro de 2019
WILLEM DAFOE FILMA NOS LENÇÓIS MARANHENSES
Willem Dafoe começa a produzir longa ambientado nos Lençóis Maranhenses
Com direção da mulher do ator, Giada Colagrande, 'Tropico' terá Sonia Braga, Seu Jorge e Morena Baccarin no elenco
Fabiano Ristow
02/01/2019 - 16:40 / Atualizado em 03/01/2019 - 09:05
RIO — Willem Dafoe tem uma conexão conhecida com o Brasil. Atuou em palcos paulistanos e cariocas em 2014, com o espetáculo surrealista “A velha”, de Robert Wilson, um dos principais nomes do teatro de vanguarda nos EUA. A ocasião levou ao encontro do ator com Hector Babenco, com quem trabalharia no último longa do diretor, “Meu amigo hindu” (2015).
Agora, o americano de 63 anos se dedica ao seu maior projeto com DNA brasileiro. Ele passou o Natal em São Luís do Maranhão buscando locações para o longa “Tropico”, que vai produzir e protagonizar. Com filmagens previstas para abril e estreia em dezembro, será dirigido pela sua mulher, a italiana Giada Colagrande.
— Minha relação com o Brasil pode parecer casual, mas nasce de uma paixão de mais de 15 anos, quando conheci Seu Jorge nas filmagens de “A vida marinha com Steve Zissou” (2004), de Wes Anderson. A gente até gravou o clipe de “Tive razão” — lembra Dafoe, em entrevista exclusiva ao GLOBO na véspera do réveillon no restaurante de um hotel do Leblon, usando bermuda e chinelos e parando de vez em quando para tirar selfies com fãs.
Parecia à vontade, mas não quis desviar o foco de sua mulher, com quem está casado desde 2005. Mais de uma vez pediu que Giada respondesse por ele. Os dois se conheceram após Dafoe ficar fascinado com o primeiro longa dela, “Aprimi il cuore” (2002). Um amigo os apresentou e “outras coisas acabaram acontecendo”, ri o ator, enquanto toma café da manhã diante de uma vista panorâmica da praia. Desde então, trabalhou em todos os filmes da italiana, a quem atribui até mesmo seu conhecimento de cinema e música brasileiros. Em 2011, estiveram no Festival do Rio para apresentar a sessão de “Amor obsessivo” (2010).
— A verdade é que minha cultura cinematográfica é muito pobre. Eu venho do teatro. Minhas referências estrangeiras eram filmes europeus. Voltava das filmagens de “Meu amigo hindu”, e ela me mostrava filmes brasileiros, não só porque estávamos hospedados aqui, mas também para conhecer os atores com quem poderíamos trabalhar no futuro — diz Dafoe.
A TRAJETÓRIA DE WILLEM DAFOE E PASSAGEM PELO BRASIL
No elenco de “Tropico”, que já assegurou distribuição nacional pela Pandora Filmes, estão confirmados nomes como Sonia Braga, João Miguel, Seu Jorge e Morena Baccarin — a brasileira radicada nos EUA que estrelou as séries “Gotham” e “Homeland”, pela qual foi indicada ao Emmy. Ela também está escalada para a terceira temporada de “Sessão de terapia” (Globoplay) .
Descrito como um noir ambientado nos Lençóis Maranhenses, em meio a uma comunidade indígena, o projeto mistura suspense e romance para tratar de identidade e sincretismo religioso. Conta a história do espião Raymond Sanz (Dafoe), contratado para investigar um caso de má gestão em uma empresa do Nordeste brasileiro.
Ele se envolve com as gêmeas Olivia e Lucia (papel duplo de Morena Baccarin), esta casada com um empresário americano e possível alvo de investigação do protagonista. O conflito de interesses se agrava quando o espião descobre que as duas são filhas de seu chefe. Paralelamente, as irmãs mantêm uma relação com um centro espiritual comandado pela sacerdotisa Cora (Sonia Braga).
Com roteiro de Barry Gifford, parceiro de David Lynch em “Coração selvagem” (1990) e “Estrada perdida” (1997), o filme partiu do desejo de Giada de rodar um noir inspirado em clássicos dos anos 1940, como “A dama de Shanghai” (1947), de Orson Welles, “Gilda” (1946), de Charles Vidor, e “A carta” (1940), de William Wyler.
— Queria que a trama se passasse num lugar com histórico colonial e exótico para os padrões americanos e europeus — afirma Giada. — Cogitei o Pelourinho, na Bahia, mas quando vi imagens dos Lençóis Maranhenses fiquei impactada. Eu queria uma terra sagrada que proporcionasse um elemento mágico e espiritual, e o Brasil tem uma mistura enorme de religiões e filosofias europeias e africanas.
Por que a premissa despertou o interesse de Willem Dafoe? Ele apenas quer estar disponível para os projetos da mulher, responde. Atualmente em cartaz em “Aquaman”, o americano é conhecido por atuar tanto em blockbusters (como “Homem-Aranha”, de Sam Raimi), e obras autorais. Já recebeu três indicações ao Oscar e, no domingo, disputa o Globo de Ouro pelo papel de Van Gogh na cinebiografia “No portal da eternidade”, de Julian Schnabel, que estreia em 7 de fevereiro.
Sobre escolhas profissionais, o ator desconversa.
— Não fiz TV, ainda tenho filmes interessantes para fazer e, para ser honesto, não é o momento de falar disso — diz, sobre a possibilidade de fazer séries, como outros colegas de Hollywood. — Estou menos preocupado com a carreira e mais em trabalhar com quem eu gosto.
O Globo quarta, 02 de janeiro de 2019
115 MIL PESSOAS NA FESTA DA POSSE
Público disputa água, enfrenta filas e passa por quatro revistas por medida de segurança
Apoiadores de Bolsonaro precisam de 5 horas e meia para acompanhar todos os momentos da posse
Vinicius Sassine
01/01/2019 - 20:45 / Atualizado em 01/01/2019 - 20:56
BRASÍLIA — Os apoiadores de Jair Bolsonaro que quiseram assistir às distintas cerimônias da posse do novo presidente da República viveram um verdadeiro dia de cão em razão do forte e restritivo esquema de segurança implantado na Esplanada dos Ministérios. A decisão dos ministros de Bolsonaro que cuidaram da posse foi cortar a presença de ambulantes; o porte de água pelas pessoas; a livre circulação pelos amplos espaços da Esplanada. O resultado foi uma disputa por água nos abarrotados pontos de distribuição, a impossibilidade de uso dos pouquíssimos banheiros químicos e uma retenção das pessoas nos quatro pontos de revista obrigatória por agentes de segurança. Além disso, uma multidão ficou presa em cercadinhos, impossibilitada, por exemplo, de voltar para casa, em razão dos sucessivos bloqueios para a passagem de comitivas.
Para estar em todos os atos da posse abertos ao público — o desfile de Bolsonaro em carro aberto, a partir da Catedral Metropolitana de Brasília; a chegada ao Congresso e a posterior revista da tropa em frente ao Parlamento; o desfile em carro aberto até o Palácio do Planalto; e a transferência de faixa seguida do discurso ao público na Praça dos Três Poderes — foi necessário gastar cinco horas e 20 minutos, tempo contado a partir da presença na Rodoviária do Plano Piloto, conforme constatado pela reportagem do GLOBO.
Tudo ficou bloqueado a partir da Rodoviária, que fica no começo da Esplanada dos Ministérios, o que obrigava um périplo por diferentes pontos de bloqueio e revista. Os atos em si da posse estiveram compreendidos num intervalo de tempo de duas horas e meia. Assim, foram necessárias quase três horas a mais para que as pessoas estivessem nos pontos por onde Bolsonaro passou.
Pouco antes da linha da Catedral, no canteiro central da Esplanada dos Ministérios, havia a primeira revista. Ali, as pessoas eram obrigadas a deixar garrafas de água, sacolas que não fossem transparentes e outros objetos vetados pelo esquema de segurança, como guarda-chuvas, bolsas, mochilas e garrafas de vidro. Em segundos, policiais militares apalpavam os bolsos dos apoiadores de Bolsonaro e liberavam a passagem. Estavam permitidas apenas sacolas transparentes, com o porte de lanches, por exemplo.
Na altura da Catedral, os apoiadores de Bolsonaro que compareceram à posse – 115 mil pessoas, segundo o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República – enfrentaram a primeira fila gigantesca. Bandeiras e faixas foram usadas para proteção do sol escaldante. Vinte e duas filas foram formadas por 11 aberturas em toldos dispostos no canteiro central. A reportagem precisou ficar 44 minutos na fila para passar por um detector de metais móvel. A agente de segurança fez uma revista pela frente e por trás. Questionou o que era o carregador do aparelho de celular e liberou a passagem.
— Vamos perder a posse aqui nesse sol quente – protestaram alguns apoiadores de Bolsonaro, em meio aos tradicionais gritos de "Eu vim de graça" e "A nossa bandeira jamais será vermelha".
— Não tem PT aqui não. Deixa todo mundo entrar — gritaram outros.
Um cartaz neste ponto de revista trazia um lembrete mais incisivo do que as mensagens distribuídas anteriormente à população. Estavam proibidas armas de fogo, "dispositivos neutralizantes", "objetos pontiagudos" e "ferramentas de trabalho". Um outro cartaz fazia um alerta sobre objetos "esquecidos" que poderiam ser, na verdade, artifícios terroristas.
A essa altura, já havia uma fila enorme para uso dos banheiros químicos e por um copo de água. Sem vendedores ambulantes e sem poder portar uma garrafa de água, a dependência era exclusiva dos pontos de distribuição de água pela empresa de saneamento do Distrito Federal. Saciar a sede foi uma dificuldade para milhares de apoiadores do presidente. O mesmo ocorreu com as necessidades fisiológicas básicas.
Já quase na frente do Congresso, os eleitores de Bolsonaro poderiam optar por dois pontos de revista. Um dava acesso ao gramado em frente ao Legislativo. O outro, à lateral do Parlamento e ao caminho em direção à Praça dos Três Poderes. Mais uma vez, as pessoas se viram em meio a uma confusão e a uma profusão de filas, sob um sol escaldante. O primeiro ponto contava com apenas duas passagens por detectores de metais. As filas se prolongaram a perder de vista. O segundo ponto foi repentinamente fechado, o que gerou protestos e gritos de "libera, libera, libera".
O bloqueio só foi reaberto 55 minutos depois. Neste intervalo, Bolsonaro fez o primeiro desfile em carro aberto, ovacionado aos gritos de "mito" dos apoiadores que, por aquele momento, esqueceram que estavam numa fila. Os agentes de segurança decidiram abrir as grades de quem se dirigia à lateral do Congresso. A revista seguiu apenas para quem se dirigia ao gramado em frente ao Parlamento.
— Se eu soubesse que ia ser essa loucura, eu não tinha vindo — disse uma apoiadora do presidente, enquanto se dirigia à Praça dos Três Poderes.
O período que Bolsonaro ficou dentro do Congresso — uma hora e meia — foi o mais entediante para os apoiadores que estavam do lado de fora. Não havia um telão, ouvia-se apenas a ressonância do que era retransmitido num telão na Praça dos Três Poderes, a alguns metros dali. O desânimo e o cansaço já eram notórios.
Depois de uma rápida revista de tropas em frente ao Congresso, Bolsonaro seguiu ao Planalto para subir a rampa e para receber a faixa presidencial, os gestos mais simbólicos da posse. Às 16h50, as pessoas que estavam nas imediações do Congresso seguiram para a praça, que fica em frente ao parlatório do Palácio do Planalto. Exatos 19 minutos separaram a saída do presidente do Congresso e o início do discurso, já com a faixa no peito. A última revista foi bem mais flexível, diante da correria das pessoas. Bastava retirar os celulares dos bolsos, colocá-los ao lado dos detectores de metal e ocupar um espaço na praça.
— O capitão chegou — gritaram os apoiadores de Bolsonaro.
Mesmo com a proibição de fogos de artifício, houve apoiadores que conseguiram entrar com fumaça colorida, nas cores verde e amarela, um claro indício do afrouxamento da vistoria no espaço mais importante da posse. Às 17h20, Bolsonaro pronunciou o último "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos". As pessoas partiram em retirada. Ainda em tempo de ficarem presos em dois cercadinhos, à espera da passagem de comitivas intermináveis.
O Globo terça, 01 de janeiro de 2019
A POSE, BOLSONARO DEVE EXPLORAR COMBATE À CORRUPÇÃO
Na posse, Bolsonaro deve explorar combate à corrupção e enxugamento da máquina pública
Quando realizar o juramento perante o Congresso Nacional, por volta de 15h, Bolsonaro se tornará o 38º presidente do Brasil
Jussara Soares, André de Souza e Jailton de Carvalho
01/01/2019 - 04:30 / Atualizado em 01/01/2019 - 09:17
BRASÍLIA — Após encerrar uma sequência de quatro vitórias do PT nas urnas, o presidente eleito, Jair Bolsonaro , fará na tarde de hoje, no primeiro discurso como chefe de Estado, um chamamento à união dos brasileiros e dirá que há esperança de dias melhores. Ele também fará defesa da austeridade na administração pública.
Quando realizar o juramento perante o Congresso Nacional, por volta de 15h, Bolsonaro se tornará o 38º presidente do Brasil. Terá sob seu comando um país com mais de 200 milhões de habitantes, brasileiros de diferentes crenças, posições políticas e visões de comportamento. Para falar a todos pela primeira vez, o presidente preparou dois textos.
O primeiro será lido na presença de deputados, senadores e presidentes dos Poderes constituídos, que farão parte da mesa na sessão solene de posse no plenário da Câmara de Deputados. O segundo discurso será dirigido ao público, na Praça dos Três Poderes, logo após receber a faixa presidencial de seu antecessor, Michel Temer (MDB).
Os pronunciamentos foram preparados nos últimos dias pelo próprio Bolsonaro, com a ajuda do futuro ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, e dos três filhos políticos, Flávio, eleito senador pelo Rio, Eduardo, reeleito deputado por São Paulo, e Carlos, vereador no Rio de Janeiro.
Considerado o auxiliar mais próximo do novo presidente, Heleno também foi o responsável por dar forma final aos pronunciamentos de Bolsonaro logo após a vitória no segundo turno da disputa presidencial. O general ainda ajudou a escrever o discurso da cerimônia de diplomação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no dia 10 de dezembro.
Enquanto recebia familiares e apoiadores na Granja do Torto, ontem à tarde, o presidente aproveitou para fazer ajustes finais nos textos. Até o chanceler Ernesto Araújo, que comandará a política internacional, foi consultado. Uma das principais preocupações de Bolsonaro é passar uma mensagem clara à comunidade internacional, de normalidade institucional.
Promessas de campanha
De acordo com interlocutores, não há previsão de que Bolsonaro faça um pronunciamento de improviso, mesmo quando se dirigir à nação no parlatório do Palácio do Planalto. No Congresso, os presidentes eleitos costumam fazer uma exposição mais formal e política. Já ao público em geral, o tom tende a ser mais emotivo. Por outro lado, alertam auxiliares de Bolsonaro, a se julgar pelo estilo do novo presidente, não será surpresa se fugir ao roteiro que ele mesmo determinou.
O Globo segunda, 31 de dezembro de 2018
XÓ, RESSACA!
Ressaca das festas de fim de ano: o que fazer antes e depois
Nutricionista dá dicas para amenizar e combater os efeitos do excesso de comida e bebida
Vitor Seta*
31/12/2018 - 04:30 / Atualizado em 31/12/2018 - 09:53
As festas de fim de ano são ambientes propícios para exageros: o clima de celebração e a reunião em família ou entre amigos pedem aquela mesa farta, seja de comidas ou de bebidas. Nesse meio, quem opta por consumir bebidas alcoólicas deve tomar cuidado com uma velha conhecida — a ressaca.
O estado de 'sobrecarga' do corpo é causado pela intoxicação — a absorção e a metabolização — do álcool no organismo, gerando sintomas como dor de cabeça, tontura, náuseas, entre outros. Não há um remédio para o problema, mas existem formas de amenizar e combater seus sintomas, como explica a nutricionista Cristiane Kovacs, autora do livro "Manual de Sobrevivência - Ressaca".
Segundo Cristiane, a principal dica para evitar o problema é não fazeer jejum antes de iniciar o consumo de álcool. Esse jejum, explica, não é necessariamente de um dia, mas de algumas horas antes da ingestão.
— O jejum pode acelerar cada vez mais o processo de intoxicação pelo álcool e o processo de metabolização no organismo — conta. A dica para as horas anteriores à festa é focar em legumes e verduras, além da hidratação do corpo.
— Quanto mais hidratada, menos a pessoa vai sentir os efeitos. Quanto mais o rim trabalhar, melhor — indica a nutricionista. Ela elaborou um planejamento básico de alimentação ao longo do dia da festa. Nesse planejamento, o foco é uma alimentação leve com uma quantidade idal de macronutrientes (carboidratos, proteínas e gorduras de fontes boas). Confira:
CAFÉ DA MANHÃ
Para o café da manhã, a dica é uma alimentação saudável e rica em líquidos. A especialista indica um cardápio com duas fatias de pão, geleia ou azeite (fonte boa de gordura), café com leite e uma fruta.
— Pode ser utilizado um suco de frutas natural, mas o ideal é a própria fruta — recomenda.
LANCHE DA MANHÃ
A recomendação é se hidratar. A nutricionista sugere um suco de mix de frutas.
ALMOÇO
A refeição deve conter arroz, feijão, salada verde, uma fonte de proteínas (carne de frango, peixe ou bovina). Alimentos excessivamente gordurosos, como feijoada, frituras de imersão e carnes gordas devem ser evitados para não sobrecarregar o fígado.
Cuidados durante as festas de fim de ano podem evitar a ressaca
Para além da alimentação nas horas anteriores, a nutricionista enumerou sete dicas que podem ajudar a fugir da ressaca no momento da festa. Conheça:
- Saber seu limite e beber com moderação
- Manter-se hidratado, ingerindo quantidade de água equivalente à de álcool
- Não misturar bebidas
- Manter-se alimentado, especialmente se beber durante algumas horas
- Consumir alimentos ricos em carboidratos e proteínas
- Beber sucos integrais, com concentração de carboidratos e frutose alta. Os recomendados são os sucos de uva, maçã, laranja e melancia
- Alimentar-se de forma saudável antes de começar a beber e incluir alimentos fontes de proteína e carboidratos, como iogurtes, frutas e cereais
A ressaca veio. E agora?
Se não houve jeito, e a ressaca chegar na manhã seguinte, não há motivo para desespero. A nutricionista Cristiane traz dicas e receitas que podem amenizar os sintomas. A primeira delas é beber muito líquido e evitar o consumo de café.
— Se você estiver acostumado a beber café, melhor evitar. A caféina é diurética — explica ela, que recomenda o consumo de água, água de coco, suco natural ou isotônicos.
A especialista conta que não há medicamentos que curem a ressaca ou acelerem o metabolismo do etanol no corpo. Não há, também, um tempo padrão para que o organismo elimine a substância, já que o processo pode ser influenciado pelo estado nutricional, por condições clínicas ou até por peso excessivo.
A respeito da alimentação no dia da ressaca, o recomendado é o consumo de frutas frescas ou secas, peito de frango, arroz, batata, abóbora e alimentos mais pastosos em geral, além de chá, frutas naturais e água de coco. Alimentos ricos em vitamina C também auxiliam na metabolização do etanol.
Algumas infusões podem ser consumidas para aliviar certos sintomas. Infusão de boldo auxilia na desintoxicação do fígado, enquanto a de gengibre diminui as náuseas e a de canela normaliza o ciclo de glicose.
Por fim, a nutricionista deixa três receitas de sucos desintoxicantes que podem ajudar no processo. Confira:
SUCO ANTIOXIDANTE 5 cenouras 1/2 maçã 1 colher de sopa de gengibre Um punhado de salsa 300 ml de água Modo de fazer: bater no liquidificador e coar
SUCO REVITALIZADOR 1 talo de agrião 1 talo de salsão 1 colher de chá de salsinha 1 maçã 300 ml de água Modo de fazer: bater no liquidificador e coar
SUCO DIURÉTICO 250 ml de Água de coco 2 fatias de abacaxi 4 folhas de hortelã 1 fatia pequena de gengibre gelo Modo de fazer: bater no liquidificador e coar
*Estagiário, sob supervisão de Renata Izaal
O Globo domingo, 30 de dezembro de 2018
DICAS DE MAQUIAGEM
Maquiadores dão dicas para preparar uma pele bonita para a noite da virada
Tons de rosa e coral são algumas das apostas dos profissionais
Júlia Amin e Lívia Neder
29/12/2018 - 04:30
NITERÓI — Não tem jeito, a cada virada de ano a preparação do look para a noite de Réveillon se torna um verdadeiro ritual. Desde a escolha da cor da roupa e da peça íntima, pensando em seu significado, passando pelo penteado e por acessórios, até a maquiagem para a festa da virada, que é um item de destaque na produção, capaz de iluminar até mesmo o visual mais discreto.
Para arrasar na comemoração e receber 2019 com o pé direito e com make exuberante, o maquiador Kris Moser, do Squasso Centro de Beleza, em Niterói, dá algumas dicas valiosas, apostando no brilho na dose certa. Uma delas é caprichar na preparação da pele antes de receber a maquiagem. Na hora da escolha da paleta, ele indica tons mais claros para o interior dos olhos e tons mais escuros para a área externa, realçando e aumentando o olhar. Para quem curte o delineado de gatinho e tem medo de se arriscar fazendo sozinha em casa, a sugestão é o delineador de canetinha, riscando de fora para dentro.
— As noites de Réveillon costumam ser bem quentes, então é preciso preparar a pele e utilizar um primer que segure a maquiagem a noite toda. Como estamos no verão, e nessa época as pessoas costumam estar mais bronzeadas, sugiro uma maquiagem mais leve, porém com o brilho que pede a ocasião. Apostei em tons de rosa, que vêm com força total, e no iluminador nessa make de inspiração — explica Kris.
Robson Peres, do Werner Downtown, na Barra, também afirma que a preparação com primer é essencial, pois ajuda a prolongar o efeito dos outros produtos que serão aplicados. Um truque na hora de limpar bem a pele é lavá-la com água gelada, para fechar os poros. A base matte, por exemplo, é a mais indicada para a estação, já que é bem sequinha e evita que a pele fique oleosa. Para os olhos, Peres aposta no tom coral. Quem quiser prolongar o efeito do batom, o maquiador indica usar lápis de boca.
— Como é verão, use uma base matte um tom acima da sua pele, e alie ao pó bronzeador para um visual bem verão. Em seguida, aplique o iluminador nos pontos estratégicos: têmporas, ossinho do nariz, testa e no “v” da boca. Nos olhos, por exemplo, o coral pode ser usado como sombra, fica mais sofisticado e fica ideal para looks de festa — resume Peres.
O Globo sábado, 29 de dezembro de 2018
BARTENDERS REVELAM QUAIS DRINQUES VÃO BOMBAR NO VERÃO
Bartenders revelam quais drinques vão bombar no verão
Alex Mesquita, William Barão, Igor Renovato e Renato Tavares falam sobre as bebidas da estação
Júlia Amin
29/12/2018 - 04:30
RIO — Nesta época do ano é sempre assim: o Rio passa dos 40 graus. Portanto, nada melhor do que um drinque geladinho para refrescar. A pedido do GLOBO-Zona Sul, bartenders e mixologistas revelam suas apostas para a coquetelaria durante a estação mais quente do ano.
Para Alex Mesquita, do Espaço 7zero6, é o momento de aproveitar o frescor do vermute bianco e do espumante rosé. Um clericot com duas frutas de base, segundo ele, é uma ótima pedida. A bebida do momento, no entanto, é o rum. Um mojito saborizado ou um frozen daiquiri são, portanto, boas sugestões. Embaixador global da Cachaça Leblon, ele afirma que embora ainda não seja o ano da cachaça, ela também vem ganhando mais espaço na coquetelaria — a expectativa é de que reine nos copos em aproximadamente dois anos.
— Nosso país tem muitos biomas e todo tipo de fruta, precisamos aproveitar. Essa diversidade nos proporciona uma variação incrível de sabores com a mesma base alcoólica — afirma Mesquita, que deu mais de 400 treinamentos este ano sobre como usar a cachaça em coquetéis.
William Barão aponta a coquetelaria Tiki como a queridinha do momento. De influência polinésia, o estilo é frutado, aromático, leva especiarias e muito gelo. Tem apresentação divertida e sabores latinos. Pode ser de cachaça ou rum e conter xaropes artesanais mais cítricos. Sua carta no Beef Bar está repleta destas opções, como o Bem Zen, com rum envelhecido, licor de cereja, cítricos, ginger e Ale artesanal.
Igor Renovato e a equipe do Garoa Bar apostaram em um cardápio interativo em formato de leque, que os clientes podem levar para amenizar o calor. Eles criaram quatro opções, que levam rum, cachaça ou vodca. Para o Be+Co, em Botafogo, Renovato optou por combinações cítricas nas quais o gim nacional é o protagonista.
O consultor Renato Tavares, responsável pela carta da Churrascaria Palace, garante que os simple mix gaseificados também vão bombar. São drinques mais simples, com dois ou três ingredientes. Assim como Mesquita, ele também aposta no rum. As duas opções são fáceis de beber e combinam bem com o fim de tarde nos quiosques da orla. A simplicidade da execução é o ponto alto para os estabelecimentos com pouco espaço e muitos pedidos.
— Como em quase tudo, a coquetelaria também se volta para o passado, e drinques clássicos, como Aperol Sprotz, Moscow Mule e gim tônica reaparecem fortes. Aliás, o gengibre sai do Moscow Mule e vai para muitos coquetéis. Também aposto no limão e na mistura de mate com maracujá — resume Tavares.
O Globo sexta, 28 de dezembro de 2018
OS MELHORES DA TV BRASILEIRA EM 2018
Os melhores da TV brasileira em 2018
PATRÍCIA KOGUT
Tatá Werneck c
omanda o 'Lady night' (Foto: Gianne Carvalho/Multishow)
Quem não se divertiu com Tatá Werneck e seu “Lady night” é ruim da cabeça ou doente do pé. A atração do Multishow voltou ao ar com a força de antes e até mais. Foi um dos destaques de um ano muito frutífero para a televisão.
Alexandre Nero e Patricia Pillar em 'Onde nascem os fortes' (Foto: Estevam Avellar/TV Globo )
“Onde nascem os fortes”, gravada no Sertão, reeditou a feliz parceria de George Moura e José Luiz Villamarim. Encantou com uma história envolvente e grande elenco. “Assédio”, de Maria Camargo, dirigida por Amora Mautner e com Antonio Calloni no papel do grande vilão, chegou ao Globoplay mostrando que a televisão brasileira é capaz de competir com os maiores produtores do mundo. Adriana Esteves brilhou na série e também em “Segundo Sol”.
A
driana Esteves (Foto: GLOBO/João Cotta)
O futebol da Copa foi bonito, mas o estúdio de vidro da Globo na Rússia representou um show à parte. Pedro Bial reforçou a importância do seu programa com ótimas entrevistas e encerrou com uma edição histórica sobre a Tropicália. O “Profissão repórter”, de Caco Barcellos, se manteve ardido. A GloboNews teve grandes momentos com seu noticiário político quente, a cobertura completa das eleições e as mesas de debate. Sem falar na produção de documentários de alta qualidade que só fez crescer do ano anterior para cá. O “Quebrando o tabu”, do GNT, fez jus ao seu título e pôs na roda discussões delicadas, como o aborto.
Renata Vasconcellos e Galvão Bueno na Copa da Rússia (Foto: Reprodução)
Há dez edições no ar e depois de Britto Júnior e Roberto Justus, “A fazenda” encontrou seu apresentador. Marcos Mion reúne as qualidades que faltavam a seus predecessores. É carismático e domina o show. Que venha mais em 2019.
Pedro Bial e Paulinho da Viola (Foto: TV Globo/Fabio Rocha)
O Globo quinta, 27 de dezembro de 2018
DUDA ALMEIDA, A IT GIRL DA CIDADE DE DEUS
Duda Almeida, a 'it girl' da Cidade de Deus
POR MARINA CARUSO
Descoberta em 2017 durante um reality show promovido por uma marca de beleza, a modelo Duda Almeida é, na visão de experts da moda, forte candidata a it-girl carioca de 2019. Nascida e criada na Cidade de Deus, a jovem de 22 anos tem estilo próprio e força para combater o preconceito. “Tem gente que me olha torto por causa do cabelo ou porque moro numa comunidade”, diz. “Não estou nem aí”. E nem precisa. Se em um ano de carreira Duda entrou para uma das agências de modelo mais importantes do mundo e virou embaixadora de uma gigante da beleza, imagina onde ela vai parar...