Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

O Globo quinta, 08 de agosto de 2019

TOM ZÉ GANHA BIOGRAFIA ITALIANA

 

Tom Zé ganha biografia italiana com prefácio de David Byrne

Livro do jornalista Pietro Scaramuzzo será lançado em outubro na Itália. Autor negocia com editoras brasileiras
 
Tom Zé ganha biografia Foto: divulgação/André Conti
Tom Zé ganha biografia Foto: divulgação/André Conti
 
 
 

RIO - Numa visita ao Brasil, na casa dos 20 e poucos anos, o jornalista italiano Pietro Scaramuzzo ouviu pela primeira vez a canção “Frevo (Pecadinho)”, de Tom Zé : “Esta noite não quero saber de conselho/ Esqueça, deixe pra lá/ Me arranja um pecado”. A malícia buliçosa do ritmo pernambucano e a letra que suplica por um pecadinho, no diminutivo carinhoso, aguçaram a sua curiosidade sobre quem teria escrito aquilo.

 

— Gostei do “Pecadinho” como ideia de libertação — conta o jornalista de 37 anos.

“Astronauta libertado” (como escreveu Tom Zé em “2001”), Scaramuzzo assina a primeira biografia do compositor : “Tom Zé, l'ultimo tropicalista” (ADD Editore), que será lançada no dia 2 de outubro (por enquanto, apenas na Itália, mas “estamos paquerando editoras brasileiras”, adianta o autor). O prefácio é de David Byrne , o responsável por ter tirado o baiano do ostracismo no início dos 1990.

— Na biografia, você vê, como me disse Rita Lee, “o cara que chegou do planeta Sertão, se encantou com o desvario da Pauliceia, misturou macaxeira com gasolina, e incendiou o panorama musical” — diz Scaramuzzo.

 

Pietro Scaramuzzo, autor da biografia italiana de Tom Zé, ao lado de David Byrne, que assina o prefácio do livro Foto: Divulgação
Pietro Scaramuzzo, autor da biografia italiana de Tom Zé, ao lado de David Byrne, que assina o prefácio do livro Foto: Divulgação

LEIA MAIS: Tom Zé lembra como foram entrevistas com Scaramuzzo

Por que Tom Zé?

Escrevo sobre música brasileira numa revista na Itália chamada “Musica jazz” e no site Nabocadopovo.it. Quando marquei a primeira entrevista com ele foi para esses projetos. Tom Zé me recebeu na casa dele e, antes que eu pudesse fazer a primeira pergunta, ele já estava me explicando as teorias sobre o tropicalismo. A complexidade teórica que ele me mostrou ia muito além da música, alcançando conceitos filosóficos, literários que pertenciam a um universo cultural até então desconhecido por mim. Por curiosidade, senti a necessidade de pesquisar mais. Quando vi tinha tanto material que talvez desse um livro.

 

Por que o título “L'último tropicalista”?

O título se refere à época de seu ostracismo, vi o artista como o remanescente, aquele que mantinha conceitos e linguagem que o movimento propunha na época. Conceitos que incluem o antropofagismo da cultura musical internacional e a preservação das raízes culturais brasileiras. É o famoso “misturar chiclete com banana”. Na música de Tom Zé esta mistura insólita é constantemente presente e se renova a cada disco.

Como foi a pesquisa?

Procurei conteúdo jornalístico brasileiro e internacional que citava Tom Zé, vídeos de entrevistas e performances, entrevistei Caetano Veloso, David Byrne, Gilberto Gil, Rita Lee, Arto Lindsay, Luiz Tatit, Washington Olivetto, Zé Miguel Wisnik, entre outros. Quase que diariamente, por 12 meses, consultei o acervo mais importante e completo, que é a memória dele. Tive a oportunidade de ler as cartas que Byrne e Tom Zé trocaram e de dar uma olhada no álbum de família de Tom Zé, o que tornou familiares a mim personagens do livro.

“Um dia, na gravadora, Tom Zé convenceu os artistas a soprar umas canetas que tinha cortado em diferentes comprimentos para obter diferentes sons. O experimento impressionou a todos, Byrne inclusive, pelo resultado harmônico inesperado”

PIETRO SCARAMUZZO
Biógrafo de Tom Zé, sobre as histórias pitorescas que coletou do artista

 

O que descobriu sobre ele?

Tom Zé, o ser humano, que vem antes do artista. No livro você vai conhecer Antônio José, seu nome de batismo, criança medrosa e acanhada. Vai poder apreciar as relações dele com a família em Irará e a cumplicidade profunda entre Tom Zé e Neusa, sua esposa. Tem anedotas sobre a experiência americana dele, que me foram contadas em primeira mão por David Byrne e mostram de um lado a simplicidade dele como ser humano e, de outro, a genialidade de um artista refinado.

 
O músico Tom Zé, em sua casa, em São Paulo Foto: Marcos Alves/9-9-2016 / Agência O Globo
O músico Tom Zé, em sua casa, em São Paulo Foto: Marcos Alves/9-9-2016 / Agência O Globo

 

Que tipo de anedotas?

Um dia, na gravadora, Tom Zé convenceu os artistas que estavam lá a soprar umas canetas que ele tinha cortado em diferentes comprimentos para obter diferentes sons. O experimento, que inicialmente causou estranhamento, acabou impressionando a todos, Byrne inclusive, pelo resultado harmônico inesperado.

Em que medida as letras de Tom Zé são reveladoras?

Foi imprescindível partir das letras para desenhar alguns momentos da vida dele. “Os doidos de Irará” tem basicamente a Irará que ele viveu. “Mãe solteira” foi composta para a irmã dele. Quando falo do disco “Correio da Estação do Brás”, inspirado na imigração nordestina para São Paulo, é evidente que tem muito das vivências de Tom Zé como nordestino imigrante.

“Acho que Tom Zé oferece uma linguagem musical universal. Como diz Byrne, a sua música poderia ser feita por um cara de Berlim, ou de Nova York”

PIETRO SCARAMUZZO
Biógrafo de Tom Zé, sobre o interesse que o artista desperta fora do Brasil

 

Em que difere o Tom Zé que você conhecia antes do livro e do que conhece hoje?

Antes eu o via como um artista genial. Após esse trabalho, além da genialidade vejo o homem doce, frágil, às vezes ansioso, enérgico, agudo, inspirador. E é esse Tom Zé que gostaria que quem lesse a biografia conhecesse também.

Um americano, David Byrne, foi o responsável por tirar Tom Zé do ostracismo. Um italiano publica agora sua primeira biografia. Por que você acha que os estrangeiros têm um olhar especial sobre Tom Zé?

 

Porque, como dizem vocês, a grama do vizinho é sempre mais verde. Brincadeiras à parte, acho que Tom Zé oferece uma linguagem musical universal. Como diz Byrne, a sua música poderia ser feita por um cara de Berlim, ou de Nova York.


Escreva seu comentário

Busca


Leitores on-line

Carregando

Arquivos


Colunistas e assuntos


Parceiros