A ginástica brasileira encerrou sua participação no Pan de Lima ostentando números consideráveis. Subiu 11 vezes ao pódio, com quatro ouros, quatro pratas e três bronzes, na melhor campanha do país na modalidade no evento. No total, igualou-se a Rio-2007, mas supera aquele desempenho em relação às medalhas conquistadas. Há 12 anos, foram quatro ouros, duas pratas e cinco bronzes.
— Estamos colhendo frutos de muito trabalho. A preparação foi pesada, difícil. E temos procurado melhorar a qualidade das séries — disse Barretto, que ontem levou mais um ouro, em dobradinha com Arthur Nory na barra fixa (Flávia Saraiva, com o bronze no solo; e Caio Souza, com a prata nas barras paralelas, completaram o dia).
Considerando que, há 20 anos, em Santo Domingo, na República Dominicana, os brasileiros conseguiram apenas três medalhas, a evolução é nítida. Ainda mais se a análise for sobre o time masculino. Naquela ocasião, todos os pódios foram das mulheres. Em Lima, a campanha brasileira foi capitaneada pelos homens, com oito conquistas (quatro ouros e quatro pratas).
É sempre importante ressaltar que o Pan não possui o nível de concorrência que os brasileiros encontrarão no Mundial de Stuttgart-ALE, em outubro, que vale vaga para Tóquio-2020. Mas eles levarão para a competição avanços significativos. Um deles é o preparo emocional para lidar com uma competição de alta visibilidade e no formato olímpico, em que os atletas ficam hospedados em uma vila.
— O Pan serve também para os atletas participarem de uma competição diante de um público grande e de toda a expectativa gerada para eles — destaca o coordenador-geral da Confederação Brasileira de Ginástica Henrique Motta.
Tão importante quanto foi o patamar das notas. Ainda que a avaliação dos jurados varie de torneio para torneio, as pontuações podem ser consideradas altas.
— Principalmente em barras, porque é um aparelho em que os jurados canetam (descontam pontos) bastante. E vimos que tiramos nota de nível mundial — comentou Nory. — Os Jogos Pan-Americanos são vistos. A presidente da federação internacional (de ginástica) estava aqui. A gente chega com outra cara para o Mundial. Mas temos que seguir trabalhando.
De todas as medalhas conquistadas, três mereceram o destaque do coordenador. O ouro de Barretto no cavalo e a dobradinha de Caio Souza e Nory no individual geral. O primeiro, por mostrar evolução num tradicional ponto fraco do Brasil. O segundo, por se tratar de uma prova que exige domínio de todos os aparelhos.
Devido ao amplo leque de opções entre os homens, a comissão técnica utilizará a etapa de Praia Grande-SP para definir a equipe que participará do Mundial. Já as mulheres passam por situação oposta e lutam contra os desfalques. Se terão a volta de Jarde Barbosa, poupada no Pan, a presença de Rebeca Andrade já está descartada.