Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

O Globo terça, 25 de agosto de 2020

COMO FAZER SOPAS FÁCEIS - A DE ABÓBORA COM GENGIBRE LEVA 20 MINUTOS

 

Segunda sem carne: como fazer sopas fáceis. A de abóbora com gengibre leva 20 minutos

Saiba também onde e como pedir versões do prato que, além de nutritivo, faz sucesso no inverno
 
 
Sopa creme de abóbora e gengibre Foto: Divulgação
Sopa creme de abóbora e gengibre Foto: Divulgação
 
 

Uma massa de ar frio histórica aportou no Brasil e as temperaturas desabaram. Diante disso, nada melhor do que uma receita bem quentinha. A sopa de abóbora e gengibre fica pronta em 20 minutos. Confira esta e outras.

Sopa de abóbora e gengibre

Ingredientes

  • 6 fatias de pão (para acompanhar)
  • 1 xícara (chá) de azeite
  • 1 kg de abóbora cabotiá em pedaços
  • ½ cebola picada
  • 3 dentes de alho picados
  • 30g de gengibre picado
  • 1 litro de caldo de legumes
  • 100g de semente de abóbora torrada
  • ½ xícara (chá) de tomilho
  • 1 colher (sopa) azeite
  • Sal e pimenta-do-reino a gosto

Preparo

Disponha as fatias de pão numa assadeira e regue com ½ xícara de azeite e tempere com sal. Asse por dez minutos a 180 graus.

Numa panela média, coloque a outra parte do azeite e leve ao fogo baixo. Acrescente a cebola e refogue, até ficar transparente. Junte o alho picado, o gengibre, as folhas de tomilho e mexa por 1 minuto.

Adicione os cubos de abóbora e refogue por mais 1 minuto. Em seguida, coloque o caldo de legumes. Quando começar a ferver, deixe cozinhar por 20 minutos em panela tampada.

Retire do fogo e transfira o cozido para o liquidificador. Bata até obter um creme homogêneo.

Volte para a panela, acerte o sal e sirva com as torradas e semente de abóbora por cima do creme. Rende seis porções.

Detox (sopa verde)

Ezequiel da Costa e Thais Villaça (Kinoa Saudável To Go)

Sopa detox, muitas folhas Foto: Divulgação
Sopa detox, muitas folhas Foto: Divulgação

 

Ingredientes

  • 1 talo de aipo 55g
  • 3 folhas de couve 45g
  • 1 dente de alho 6g
  • 2 chuchus 300g
  • 1/2 brócolis japonês 190g
  • 2 colheres de sopa de aveia
  • 1 cebola pequena 80g
  • 120 g Espinafre
  • 5g de gengibre
  • 800ml caldo de legumes
  • 15ml de azeite
  • 15g de sal

Preparo

Dar uma leve dourada no alho.

Coloque a cebola e mexa.

Coloque o chuchu em cubos.

Em seguida o caldo, abaixe o fogo , tampe por 10 min e reserve.

Minestrone

Malu Mello

Malu Mello: minestrone Foto: Divulgação/Lipe Borges
Malu Mello: minestrone Foto: Divulgação/Lipe Borges

 

Ingredientes

  • 100g de feijão fradinho
  • 500ml – Caldo de Legumes
  • 120g de batata-baroa
  • 120g de cenoura
  • 240g de alcatra
  • 10g de alho
  • 10g  de cebola
  • 20ml de azeite
  • 1 unidade – Pão de preferência
  • Salsa
  • Sal e pimenta a gosto

Preparo

Ponho o feijão de molho em água de um dia para o outro

Cozinhe o feijão no caldo de legumes

Escorre, guarde a água e reserve

Corte cenoura, baroa a alcatra em cubos médios. Reserve

Pique cebola e alho. Reserve

Leve uma panela ao fogo e adicione o azeite

Junte a cebola. Refogue

Adicione o alho e deixe dourar

Acrescente os cubos de carne

Junte o caldo de legumes ao refogado

Deixe levantar fervura

Adicione a cenoura e, em seguida, as batatas

Acrescente, por fim, o feijão já cozinho anteriormente

Cozinhe até que os legumes estejam “al dente”

Finalize com salsa ou alguma erva fresca de preferência

Sirva com pão

"Se quiser, pode trocar o feijão com passa curta ou feijão branco", sugere a chef.

Onde pedir sopas e caldos no Rio

O Farinha Pura aposta no caldo verde e baroa com camarão (R$ 16,90, de 300ml e R$ 23,90, de 500ml). (21) 99969-3843.

A Kinoa Saudável To Go oferece um menu de sopas especiais: detox, confort e clássica da vovó (350 ml a partir de R$ 17;90 e acompanha torradinhas). A versão detox é inspirada no suco verde, cheia de folhas. (21) 99806-7603.

A La Carioca Cevicheria preparou para esse inverno uma sopa de frutos do mar peruana, com camarão, polvo, vieira e peixe branco (R$ 47). (21) 99811-9696.

 

A chef malu Mello criou uma verdadeira coleção, com destaque para o clássico italiano minestrone (R$ 40 – 500ml), que ganha toque brasileiro com a troca do feijão branco por feijão fradinho, direto do sítio dela, além de caldo verde (R$ 32 – 500ml), canja de galinha (R$ 37 – 500ml), caldo de mocotó (R$ 37 – 500ml) e baroa com camarão (R$ 40– 500ml). (21) 97014–8878.

O Talho Capixaba oferece vários sabores de caldos como a de abóbora, ricota e couve (R$ 28,90), aipim com frango (R$ 28,90) e ervilha (R$ 28,90). Cada sopa acompanha pão francês, francês integral ou baguete média. (21) 99434-5447.


O Globo segunda, 24 de agosto de 2020

KATY PERRY: CANTORA TENTA DAR GUINADA NA CARREIRA

 

Katy Perry: após vencer depressão e prestes a ter bebê, cantora tenta dar guinada na carreira com 'Smile'

Disco deve ser visto como um marco para definir se a artista americana seguirá relevante no universo pop contemporâneo ou passará a viver da chamada 'newstalgia', uma saudade de um passado não tão distante
 
A cantora Katy Perry lança o disco 'Smile' Foto: Divulgação
A cantora Katy Perry lança o disco 'Smile' Foto: Divulgação
 
 

SÃO PAULO — Engana-se quem pensa que na cabeça de Katy Perry só circulam aqueles arco-íris, borboletas coloridas, tubarões dançarinos, cascatas de chocolate e pirulitos ambulantes. Sim, foi esse idealismo colorido que nos acostumamos a ver em clipes como “Firework”, “California gurls” e “Hot n cold”, marcos da ascensão dessa cantora pop nascida em Santa Barbara, Califórnia, há 35 anos, e que lança nesta sexta-feira “Smile”, seu sexto álbum de estúdio. Até ela se enganou nesse sentido. Por anos, Katy driblava instintos depressivos escrevendo hinos pop que marcaram uma geração. Se um namoro chegava ao fim, a resposta vinha numa música que liderava as paradas americanas.

 

A crise

Até que, em 2017, isso parou de funcionar. Ela terminou seu relacionamento com o ator Orlando Bloom, astro da franquia “Piratas do Caribe”, e seu disco “Witness” não atendeu às expectativas comerciais e, muito menos, de crítica — o site “Pitchfork” deu uma nota 4,8 (sendo o máximo 10). “O mundo não queria mais me ouvir naquele momento”, lembrou Katy, numa entrevista ao radialista Zane Lowe, da Beats 1 (Apple Music), na semana passada. “Era como se as pessoas falassem: ‘Agora, chega. Muito obrigado. Você já nos deu algo, e estamos satisfeitos’. E eu não consegui sair da cama por semanas, fui diagnosticada com depressão, precisei tomar remédios pela primeira vez na minha vida. Eu tinha muita vergonha. Eu pensava: ‘Sou Katy Perry, eu escrevi ‘Firework’, e agora estou tomando remédio. Isso é fodido”.

Assim, Katy foi criando “Smile”, como canções soltas escritas em um dos períodos mais obscuros de sua vida — mesmo que, por vezes, como na solar, escapista (e insípida) “Harleys in Hawaii”, lançada como single em 2019, isso não fique claro, já que está narrando a aventura de um casal andando de moto no Havaí. “Quando eu escrevo canções esperançosas ou empoderadas, normalmente eu estou me sentindo o contrário disso”, justifica.
 
 

Palhaço triste

A sessão de fotos vestida de palhaço triste, que gerou a capa do álbum e a imagem que ilustra esta matéria, busca exatamente passar essa sátira melancólica entre o que se espera da artista Katy Perry e como ela pode estar por dentro.

O fato é que o álbum nasceu desse período, mas chega ao mundo em uma fase completamente diferente. E nem estamos falando da pandemia aqui. Katy Perry e Orlando Bloom reataram e noivaram em fevereiro de 2019 — o relacionamento é retratado na música “Champagne problems” (“eu quero te ver assim que limpar a crosta dos meus olhos. Até o dia que eu morrer você poderia ser o amor da minha vida?”, pergunta ela no início da canção). Agora, Katy está grávida de 35 semanas de uma menina, sua primeira filha, cujo nome ainda não foi revelado. A ela, Katy dedica a faixa de encerramento do disco, “What makes a woman”, uma balada que começa suave centrada no violão — que remete a “The climb”, sucesso de Miley Cyrus — em que canta versos assumidamente feministas como “O que faz uma mulher para mim/ É a forma como corto o cabelo e não coloco maquiagem/ Eu me sinto mais bonita fazendo a merda que quiser/ É que minha intuição nunca está realmente errada”.

 

A fase mais difícil passou, as prioridades são outras, mas “Smile” nasce com duas palavras-chave: resiliência (que batiza a faixa autoajuda “Resilient”) e gratidão. “Verdade seja dita, foi difícil, por vezes, encontrar esse sorriso com que batizo o disco”, admitiu a cantora no texto de agradecimento do álbum. “Sei que o mundo inteiro está sentindo esse peso também. Mesmo agora, preciso lembrar das incertezas que o futuro traz para mim, minha família, meu bebê... Mas esse disco é um pequeno retrato no qual eu posso sempre apertar play e lembrar que já sobrevivi a muitas noites escuras, períodos difíceis, e posso superar”.

E como é o disco, afinal?

Esclarecido o contexto pessoal que o cerca, é importante pontuar ainda que “Smile” deve ser visto como um marco definidor na trajetória artística de Katy Perry. Após o fracasso de “Witness”, é o seu resultado comercial que vai definir se a cantora americana seguirá relevante no universo pop contemporâneo ou passará a viver da chamada “newstalgia”, uma saudade de um passado não tão distante. O desafio é ainda maior quando não é possível fazer turnês, seja por conta da pandemia ou pela licença-maternidade que se aproxima.

 

É seguro dizer, no entanto, que Katy fez o que estava ao seu alcance. Reforçou sua presença on-line com diversas lives, conversando e estreitando sua relação com os KatyCats, como são conhecidos seus admiradores, e gravou shows virtuais para festivais como o Tomorrowland, voltado à música eletrônica.

Ela e 34 compositores

E, ao escrever as 12 faixas ao lado de 34 compositores e mais uma penca de produtores — com destaque para o sueco Johan Carlsson e o americano Andrew Goldstei —, entregou um disco de sonoridade plural, passando pelo electropop (em “Never really over” e “Cry about it later”), o pop com influência caribenha (de “Harleys in Hawaii”) e até o trap em “Not the end of the world”. Há altos e baixos, mas Katy Perry mais acerta do que erra, principalmente por focar no que sabe fazer de melhor. O grande trunfo é que ela está cantando mais do que nunca, e a produção ressalta isso em faixas como a balada “Daisies” (que faz lembrar seus grandes momentos como “Firework”), “What makes a woman” e também “Teary eyes” — esta embalada por uma batida disco retrô que remete ao europop.

Uma coleção de músicas pop que não necessariamente — raramente, na verdade — conversam entre si do ponto de vista temático ou sonoro. Mas, através delas, Katy Perry tenta levar, como a própria lista, “luz, esperança, felicidade, força, diversão, fantasia e amor para cada uma das suas células”.


O Globo domingo, 23 de agosto de 2020

NEYMAR X LEWANDOWSKI: FINAL ENTRE PSG E BAYERN É PRÉVIA DA ELEIÇÃO DO MELHOR DO MUNDO

 

Neymar x Lewandowski: final entre PSG e Bayern é prévia da eleição de melhor do mundo; compare os números

Os dois lideram o Paris Saint-Germain e Bayern de Munique, respectivamente, na decisao deste domingo, às 16h, em Lisboa
Neymar e Lewandowski são as estrelas de PSG e Bayern de Munique, que decidem a Liga dos Campeões Foto: Editoria de arte
Neymar e Lewandowski são as estrelas de PSG e Bayern de Munique, que decidem a Liga dos Campeões Foto: Editoria de arte
 
 

Das diversas visões críticas que se pode ter em relação à premiação do melhor jogador do mundo, o argumento mais sólido diz respeito à habitual dificuldade em estabelecer os limites entre o que é individual e o que é coletivo. Nos anos de dominação de Messi e Cristiano Ronaldo, não foram raras as ocasiões em que as campanhas dos times definiram o vencedor. Assim como na premiação de Modric após o vice mundial da Croácia, em 2018.

Hoje o mundo poderá ver uma rara ocasião em que, num mesmo campo, uma conquista coletiva e outra individual podem estar se decidindo. Formou-se uma espécie de consenso de que Paris Saint-Germain x Bayern de Munique, neste domingo, às 16h (de Brasília, na TNT), no Estádio da Luz, em Lisboa, decidirá não apenas a Liga dos Campeões da Europa. Mas também o dono do maior prêmio pessoal do futebol atual. E numa circunstância tão peculiar — com o maior jogo de clubes do mundo servindo de palco para que os candidatos mostrem seus argumentos —, uma grande exibição individual pode até convencer o grande colégio eleitoral da Fifa, formado por jornalistas, capitães e técnicos de todas as seleções do planeta, a se inclinar pelo derrotado.

Os principais candidatos são duas versões distintas de atacantes. Lewandowski e Neymar representam duas interpretações diferentes da função. O polonês é o mais implacável goleador da temporada, o que não o torna um imprestável fora dos limites da área, como provam as suas nove assistências para gols em 2019-2020, período em que marcou inacreditáveis 55 gols em 46 partidas pelo Bayern de Munique. Já o brasileiro consolida uma das mais admiráveis versões do atacante total. Ele jogou 20 partidas a menos do que Lewandowski, mas marcou 19 gols, deu 11 assistências e participou de 45% dos gols que o PSG marcou nos jogos em que esteve em campo.

Neymar: atacante completo

A influência de Neymar também se ampliou. Antes ele era um atacante, depois se tornou mais claramente um jogador que partia do lado esquerdo para buscar a área. Agora, ele circula pelo centro participando ativamente da criação, sem deixar de surgir na área para finalizar ou nas imediações dela para tentar um passe em profundidade. E o faz iniciando os movimentos de diversas formas: Thomas Tuchel vinha escalando o brasileiro partindo da ponta esquerda, chegou a fazer dele um meio-campista e, nos jogos contra Atalanta e RB Leipzig, o colocou como um “falso 9”, partindo do centro do ataque para se mover e buscar a bola.

Tanto que o brasileiro coleciona números impressionantes: dá 54 passes por jogo e acerta quase 80%; tenta 13,6 dribles por partida e acerta mais da metade; a cada partida, tenta em média 10,6 passes para os últimos 30 metros, com acerto superior a 70%; além de quase seis passes em profundidade, sua nova especialidade, a cada 90 minutos de jogo. Mbappé tem sido beneficiário: marcou seis gols ofertados por Neymar.

— Se ganharmos a Champions, naturalmente Neymar estará em condições de ser eleito o melhor do mundo. Ele está destinado a ganhar o prêmio. Espero que ele ganhe, significará que fomos campeões — disse Kylian Mbappé, que, apesar do discurso solidário, não é um personagem a descartar nesta final.

 

Par perfeito de Neymar, o jovem chega à decisão europeia com 29 gols e 13 assistências na temporada. Números que podem qualificá-lo ao troféu individual em caso de uma exibição de destaque na final desta tarde.

Lewa: goleador implacável

Mas os gols de Lewandowski pesam demais. E não são a única contribuição para a máquina trituradora de adversários que é o Bayern. O polonês é figura central num ataque muito baseado na pressão para retomar rapidamente a bola do adversário, ainda no campo ofensivo. Seu 1,84m e um porte físico avantajado lhe permitem combinar a capacidade de vencer duelos aéreos para finalizar ou aparar jogadas para companheiros, com um bom jogo de pivô, inclusive com bola no chão. Físico e técnica num só atacante.

— Ele é o melhor centroavante do mundo — disse Hansi Flick, técnico do Bayern de Munique. Caso marque dois gols na decisão com o PSG, o polonês igualará a marca de Cristiano Ronaldo: 17 gols numa só edição da Liga.

Ao mesmo tempo que representam dois perfis de atacantes, Neymar e Lewandowski simbolizam as formas como Bayern e PSG podem causar dano um ao outro. Num duelo de estratégias, resta saber o quanto cada time está disposto a arriscar, a manter suas convicções ou a fazer concessões.

 

Os franceses, que gostam de construir as jogadas desde a defesa, terão que enfrentar uma das mais bem executadas marcações por pressão do mundo. Foi assim que o Bayern desossou o Barcelona nos 8 a 2 das quartas de final. Será um exercício de valentia.

Ao mesmo tempo, o Bayern assume riscos ao pressionar no campo adversário: sobram metros de campo às costas de seus zagueiros, Boateng e Alaba. E se há um time no mundo preparado para explorá-los é o PSG. E se há jogadores especialmente prontos para tal tarefa, estes são Neymar e Mbappé. Será que os alemães terão mais precauções e farão adaptações em sua forma de jogar?

— Vamos analisar algumas coisas, sabemos que o PSG tem jogadores rápidos e vamos pensar em como organizar a nossa defesa. Mas nossa maior força é colocar nossos adversários sob pressão — disse Hansi Flick.

— Todos nós sabemos que o Bayern é o favorito. É o maior desafio da minha carreira — afirmou Thomas Tuchel, treinador do PSG.

Peça-chave: Conheça Kathleen Krüger, a gerente do Bayern de Munique

A final impõe outros desafios para os treinadores. Por exemplo, como o time francês, que costuma ter laterais ativos nas ações ofensivas, irá defender os lados do campo, especialmente, o direito, onde Gnabry faz grande temporada. Já Flick terá que pensar se mantém Thiago ao lado de Goretzka na dupla de volantes ou se recorre a Kimmich — que tem sido lateral —, para reforçar o setor por onde Neymar se move. Estratégias e perguntas que tornam o jogo ainda mais especial.


O Globo sábado, 22 de agosto de 2020

ANITTA NA ITÁLIA

 

Anitta na Itália: cinco destaques do roteiro da cantora pelo litoral do país

De Portofino a Capri, a artista tem se maravilhado com praias, hotéis de luxo, passeios de barco e festas
 
A cantora Anitta em Positano, na Costa Amalfitana, no sul da Itália Foto: Reprodução / Instagram
A cantora Anitta em Positano, na Costa Amalfitana, no sul da Itália Foto: Reprodução / Instagram
 
 

RIO - Com um bronzeado típico do verão à beira do Mediterrâneo, Anitta surge nos stories do Istagram se virando muito bem em italiano. Em seguida, traduz para a audiência brasileira:

"Sem dúvida nenhuma, essa é a cidade que mais amei aqui na Itália. É a cidade que é a mais linda de todas e que tem a melhor energia. Chama Portofino".

A postagem, de quinta-feira (20/8), é mais um registro da animada viagem da cantora carioca pela Europa mediterrânea, que começou no final de julho, com alguns dias sob o sol da Croácia, mais especificamente na ilha de Hvar, onde cumpriu uma espécie de quarentena (com direito a incursões pela conhecida vida noturna local) antes de atravessar o Mar Adriático.

A cantora Anitta em Gallipoli, uma das cidades do litoral italiano que visitou este mês Foto: Reprodução / Instagram
A cantora Anitta em Gallipoli, uma das cidades do litoral italiano que visitou este mês Foto: Reprodução / Instagram

Mas é na Itália, onde a artista e um grupo de amigos chegaram no começo de agosto, que acontece a maior parte de seu roteiro, uma combinação de hotéis de luxo, belas paisagens à beira-mar e cidades históricas. E, em se tratando de Anitta, muito trabalho também: entre uma festa com os amigos e um mergulho numa praia paradisíaca, a artista já promoveu música, fez fotos para marcas de moda e até deu entrevista para talk show americano.

Como tudo que envolve a artista, essa viagem tem repercutido bastante nas redes sociais e na imprensa. De um lado, fãs estasiados com o tour. De outro, os críticos, apontando o fato de a cantora e seus amigos nunca demostrarem preocupação com medidas de segurança contra o novo coronavírus, como uso de máscaras e distanciamento social. Isso num momento em que diversos surtos de Covid-19 voltam a acontecer na Europa, após o relaxamento do isolamento para o verão.

 

A seguir, apresentamos rapidamente cinco destinos visitados pela cantora até agora.

Portofino

La Piazzetta, a praça central de Portofino, na Riviera Ligure, pertinho de Gênova, na Itália Foto: Corine Veen / Reprodução / Pixabay
La Piazzetta, a praça central de Portofino, na Riviera Ligure, pertinho de Gênova, na Itália Foto: Corine Veen / Reprodução / Pixabay

A detentora (até o momento) do título de cidade preferida da artista brasileira fica na região da Ligúria, na costa noroeste do país, bem perto de Gênova e da fronteira com a França. A paisagem de Portofino é marcada por um litoral recortado, composto por diversas enseadas e colinas verdes que se debruçam sobre o mar muito azul.

Por toda a orla, construções (de pequenos prédios a palacetes) de diversas cores se enfileiram à beira-mar. O cartão-postal principal da cidade é exatamente isso: La Piazzetta, a praça principal, que dá para uma pequena praia cercada de construções coloridas e cheias de bares, restaurantes e lojas de grifes caríssimas.

Itália:o turismo em Veneza nunca mais será o mesmo, mas pode ser melhor

Anitta não foi a primeira celebridade a se apaixonar pelo lugar, o mais glamouroso da chamada Riviera Ligure. O fã-clube de Portofino vai de Napoleão Bonaparte a Jennifer Lopez, passando por Rod Stewart, que já se casou a bordo de seu iate ancorado de frente para uma dessas encantadoras enseadas. E, a essa altura, a artista carioca já deve ter encontrado com muitos veranistas vindos do rico norte italiano, de cidades como Milão e Turim, os visitantes mais frequentes da região.

 

Positano

Praia de Fornillo, uma das mais conhecidas da cidade de Positano, na Costa Amalfitana, no sul da Itália Foto: Mihael Grmek / Wikimedia Commons / Reprodução
Praia de Fornillo, uma das mais conhecidas da cidade de Positano, na Costa Amalfitana, no sul da Itália Foto: Mihael Grmek / Wikimedia Commons / Reprodução

Outra bela cidade onde casas coloridas parecem deslizar do alto das colinas até o mar, atraídas pelo azul-turquesa da água, é Positano. Só que no sul da Itália, mais precisamente na região da Campânia, cuja capital é Nápoles (a menos de 60km dali). Ela é um dos destinos mais badalados da chamada Costa Amalfitana, que reúne charmosas cidadezinhas ao longo de 50km na Península Sorrentina.

A graça de visitar Positano é se perder em suas ruelas estreitas, que serpenteiam as colinas, cheias de lojinhas e restaurantes. E aproveitar as praias, como Spiaggia Grande e Spiaggia Fornillo. Quem se interessa por história e arquitetura, não deve deixar passar a Igreja de Santa Maria Assunta, com sua cúpula de azulejos coloridos. 

Veja fotos:conheça Castelluccio, o vilarejo na Itália cercado de flores por todos os lados

Durante sua estadia na cidade, Anitta se hospedou no Palazzo Santa Croce, um hotel cinco estrelas no alto de uma colina, com vista privilegiada para a cidade, cujas diárias variam entre R$ 15 e R$ 19 mil. Pelas fotos que postou, dá a entender que ficou na suíte Giacomo, com decoração barroca, teto com afresco, elementos de arte sacra espalhados pelo quarto e terraço privativo.

 

Capri

Anitta durante um passeio de lancha pela Ilha de Capri, no sul da Itália Foto: Reprodução / Instagram
Anitta durante um passeio de lancha pela Ilha de Capri, no sul da Itália Foto: Reprodução / Instagram

Positano pode ter servido de base para a expedição de Anitta e sua turma até Capri, uma das ilhas mais conhecidas do sul da Itália. Mas a maioria dos visitantes chegam até lá nos barcos que saem de Nápoles, a principal cidade da região. E quase todos desembarcam diretamente na vila de Capri, o centro urbano da ilha, com sua movimentada Piazza Umberto I e atrações históricas, como a Certosa di San Giacomo, um monastério do século XIV, e as ruínas da Villa Villa Jovis, do século I a.C., de onde o imperador Tibério teria governado Roma nos seus últimos dias de vida.

Mas a grande atração é a paisagem natural, sobretudo as falésias à beira-mar, as grutas e as ilhotas que se espalham ao redor de Capri. O passeio de barco ao redor da ilha é obrigatório, e os destaques são os Faraglioni di Capri, três rochedos de cerca de cem metros de altura "espetados" no mar, e a Gruta Azul.

Anitta fez esse passeio, mas provavelmente na lancha de um amigo ou alugada só para ela e seu grupo. E curtiu a noite da ilha também. 

Sardenha

Anitta numa praia na Sardenha, na Itália Foto: Reprodução / Instagram
Anitta numa praia na Sardenha, na Itália Foto: Reprodução / Instagram

Se há um lugar que é a própria imagem de um destino de praia no Mediterrâneo, é a Sardenha. A ilha, que fica no meio do caminho entre península itálica, França, Espanha e Tunísia, tem uma infinidade de praias de águas cristalinas, vilarejos rurais, cidades com centrinhos medievais e uma cultura própria, resultado de séculos de encontros entre fenícios, gregos, romanos, árabes e, mais tarde, espanhóis e italianos. Com direito a até um idioma local, o sardo.

 

A principal base para a maioria dos visitantes é o nordeste da ilha, onde ficam as cidades de San Teodoro e Budoni, com muitos restaurantes e hotéis. De lá é possível explorar praias e ilhas ao redor, como Porto Taverna e Cala Farfalla. Um passeio ao Golfo di Orosei, considerado o ponto mais bonito da Sardenha, é outro programa imperdível.

Outro polo importante é o sul, onde fica a chamada Costa Esmeralda, muito popular entre ricos e famosos. Não por acaso foi ali que Anitta e sua entourage se hospedaram. Segundo a revista "Quem", a cantora ficou no Colonna Resort, um dos diversos hotéis de luxo da região. As diárias variam de R$ 4 mil a R$ 58 mil. São 50 mil metros quadrados, sete piscinas e praia privativa, onde a artista brasileira, claro, aproveitou para fazer algumas fotos que bombaram nas redes sociais.

Gallipoli

O Castelo de Gallipoli, fortaleza romana reformulada no século XIII que é um dos grandes atrativos da cidade na Púglia, no sul da Itália Foto: Gianni Crestani / Pixabay / Reprodução
O Castelo de Gallipoli, fortaleza romana reformulada no século XIII que é um dos grandes atrativos da cidade na Púglia, no sul da Itália Foto: Gianni Crestani / Pixabay / Reprodução

Se o mapa da Itália lembra uma bota, o "calcanhar" é a região da Púglia, e na ponta do "salto" fica Gallipoli, uma cidade que encanta tanto quem quer praia, quanto quem quer história. Para quem tem interesse em ambos, é um prato cheio.

Fundada pelos gregos há cerca de 2.500 anos, Gallipoli (que vem de Kalé Polis, cidade bonita) tem como sua principal atração o centro histórico, com a Fontana Greca, fundada ainda no período grego e considerada a mais antiga ainda em funcionamento na Itália, e o Castelo de Gallipoli, uma fortaleza romana reformulada no século XIII, cujo símbolo é a torre Il Rivellino, que, ao contrário do ex-jogador brasileiro, era um bastião de defesa. E, claro, um grande conjunto de igrejas, mosteiros e conventos católicos.

 

Uma das cidades mais procuradas pelos turistas no sul da Itália, Gallipoli é conhecida também por sua vida noturna. Foi numa casa de show da cidade que Anitta se apresentou ao lado do rapper italiano Fred de Palma, com quem gravou a música "Paloma", lançada em julho. O evento causou polêmica por reunir um grande público, mas o single já é um dos mais tocado nos serviços de streaming na Itália.


O Globo sexta, 21 de agosto de 2020

PEDROCA MONTEIRO: ATOR CONQUISTA PÚBLICO DA INTERNET COM MININOVELA

 

Ator Pedroca Monteiro conquista público da internet com mininovela de personagens hilários

Videos despretensiosos no Instagram viraram sucesso
 
Pedroca cria histórias com as ferramentas do Instagram Foto: Pedroca Monteiro
Pedroca cria histórias com as ferramentas do Instagram Foto: Pedroca Monteiro
 
 

Pedroca Monteiro começou a publicar despretensiosamente uns vídeos no Instagram como forma de driblar a tristeza provocada pelo confinamento. O que o ator não imaginava é que as postagens virariam um grande sucesso. E, agora, diariamente, ao meio-dia, ele divulga um capítulo inédito da mininovela. Sua capacidade de inventar personagens disparatados é impressionante: o ex-marido apaixonado pela ex-mulher, a cantora que quer investir nas lives porque não pode tocar em barzinhos, o guru que faz leitura de gengiva, o gato que odeia o dono bolsonarista. Detalhe: o improviso é sua marca registrada. Os vídeos não têm edição, a história não segue roteiro definido e os personagens não contam com caracterização. Para criar cada um, Pedroca usa e abusa dos efeitos dos filtros que mudam completamente o seu rosto e a sua voz.

Mesmo com todo o amadorismo envolvido, a trama acabou arrebatando fãs e o ator viu o seu número de seguidores pular de 30 mil para mais de 60 mil, em três meses. Ele também passou a colecionar elogios de famosos, como Lulu Santos, Teresa Cristina, Marcelo Adnet e Tatá Werneck. “A mininovela foi a maneira que encontrei de sobreviver. De uma hora para outra, meus trabalhos foram cancelados e fiquei proibido de ver os amigos e a família. Graças a esses vídeos, meus dias começam mais leves”, diz. Antes da pandemia, ele estava em cartaz com a peça “Simples assim” e gravava o humorístico “Fora de hora”, da TV Globo.

Tudo começou com os vídeos do Conrado, um homem descabelado que passa o dia fazendo compras na internet. Em seguida, apareceu a imitação da ex-secretária de cultura Regina Duarte. Depois, veio Sabrina Sacu Xeiu, a clubber cansada de ficar em quarentena e doida para arrumar um namorado. Após o surgimento de Pipi, o gato, a mininovela engrenou. “Pedroca é um daqueles amigos talentosos que sempre admiramos e nunca entendemos por que ainda não tem a sua própria emissora”, diz Tatá Werneck, fã do folhetim. Como a inspiração para a história surge a qualquer hora do dia, o público nunca sabe quem vai aparecer. “Não planejo nada. Ligo a câmera e simplesmente flui”, conta ele, que também integra a turma do Buraco Show e está fazendo apresentações às sextas, às 22h, nas redes sociais.

 
Pedroca usa filtros para compor seus personagens Foto: Pedroca Monteiro
Pedroca usa filtros para compor seus personagens Foto: Pedroca Monteiro

Pedroca é o compositor de “Solidão galopante”, música considerada o hino da quarentena. A canção começa com os versos “Solidão como um cavalo galopante/ Como um cavalo de sete flechas/ Solidão que vem/ Solidão galopante”. A música já ganhou a batida funk, rock e um clipe. Até Lulu Santos e a rainha das lives, Teresa Cristina, gravaram o sucesso. “Ele é talentosíssimo! Criou essa mininovela que está conquistando todo mundo. Estou viciada na história. Adoro o gato Pipi e torço muito pela Letícia”, diz a cantora. Pedroca conta que nem nos seus sonhos mais loucos achou que fosse fazer tanto barulho, inclusive com a música. “Eu só sei dois acordes no violão. Não tenho a menor ideia do que significa um cavalo de sete flechas”, diz, às gargalhadas.

A história do ator, de 38 anos, também daria um folhetim. Filho de economistas, Pedro Henrique nunca quis seguir a carreira dos pais. Quando criança, seu sonho era ser ator mirim. Mas a família dizia que ele só entraria para o teatro se tirasse boas notas na escola. “É claro que isso nunca aconteceu, era péssimo aluno”, lembra. O jeito era fazer apresentações em casa, com as roupas da mãe e das irmãs e dar vida aos personagens que via nas novelas. “Eu queria ser a Natália Lage, que, na época, fazia ‘Perigosas peruas’”. Com 18 anos, depois de terminar o colégio, enfim entrou para o Tablado. A primeira vez nos palcos foi em “O círculo de giz caucasiano”, de Bertolt Brecht. Na noite anterior à estreia, não dormiu preocupado com a reação da família. “Recebi uma carta linda da minha irmã que dizia que nunca havia visto meu olho brilhar tanto”, conta ele. Depois disso, vieram muitas outras peças. Em 2010, pisou na Globo pela primeira vez para gravar “S.O.S Emergência”. A primeira grande participação em novela foi em “Espelho da vida”, trama de 2018.

Mesmo com toda correria, nunca deixou de postar vídeos. Desde 2016, mantém o canal Pedroca Desabafa, no YouTube. Graças a esse projeto, foi convidado a fazer um quadro homônimo no “Papo de segunda”, no GNT. “O humor é uma arma poderosa. A gente pode abordar assuntos importantes, sem precisar apontar o dedo para ninguém. E, quando o espectador se dá conta, ele está pensando sobre aquele assunto e rindo ao mesmo tempo”, acredita.


O Globo quinta, 20 de agosto de 2020

BAYERN X PSG: CHAMPIONS TERÁ FINAL COM DOIS BRASILEIROS

 

Bayern x PSG: Champions terá final com dois brasileiros vestindo camisas 10 pela primeira vez

Neymar e Philippe Coutinho serão os responsáveis por levar franceses e alemães ao título europeu
 
Neymar comemora a classificação do PSG para as semifinais da Liga dos Campeões Foto: POOL / REUTERS
Neymar comemora a classificação do PSG para as semifinais da Liga dos Campeões Foto: POOL / REUTERS
 
 

A final da Liga dos Campeões a ser disputada entre Bayern de Munique e Paris Saint-Germain reserva um marco histórico para o Brasil. Não só pela chance de título, mas por ser a primeira vez onde dois atletas de nacionalidade brasileira vestirão as camisas 10 das duas equipes que lutarão pelo maior título do continente europeu. Neste caso, Neymar e Phillippe Coutinho.

 

Quando a bola rolar em Lisboa, no próximo domingo, às 16h (de Brasília), a dupla entrará para a seleta lista de atletas de mesma nacionalidade que viveram esta situação. Antes do Brasil, a Argentina, a Holanda, a Inglaterra e a Espanha também atingiram esta marca. Veja a lista abaixo.

  • Argentina: Lionel Messi x Carlos Tevez em 2014/2015 - Barcelona x Juventus
  • Holanda: Arjen Robben x Wesley Sneijder em 2009/2010 - Bayern x Inter
  • Inglaterra: Wayne Rooney x Joe Cole em 2007/2008 - Manchester United x Chelsea
  • Espanha: Luis Suárez x Ferenc Puskás em 1963/1964 - Inter de Milão x Real Madrid

 Uma observação rápida. Na temporada de 1963/1964, o ex-atacante húngaro Ferenc Puskás já havia se naturalizado espanhol e por isso entra na contagem. Registros mostram que ele passou a jogar pela seleção da Espanha em 1962, estando apto para representar o país.

Coutinho comemora com os companheiros o gol na vitória do Bayern Foto: INA FASSBENDER / AFP
Coutinho comemora com os companheiros o gol na vitória do Bayern Foto: INA FASSBENDER / AFP

Antes de Neymar e Coutinho, outros quatro brasileiros vestiram a camisa 10 em finais de Liga dos Campeões, mas não tiveram compatriotas do outro lado. Foram eles:

  • Valdo, em 1990, pelo Benfica contra o Milan

  • Romário, em 1994, pelo Barcelona contra o Milan

  • Ronaldinho, em 2006, pelo Barcelona contra o Arsenal

Já em 2003/2004, o luso-brasileiro Deco viveu situação contrária a de Puskas. Quando defendeu o Porto contra o Monaco na final da Liga dos Campeões, ele já havia se naturalizado português e defendido a seleção lusitana, o que o retira da contagem.

O Bayern de Munique, de Coutinho, chega à final da Liga dos Campeões pela 11ª vez em sua história. A classificação nesta temporada veio na vitória desta quarta-feira sobre o Lyon, por 3 a 0. Já o PSG, de Neymar, eliminou o Leipzig pelo mesmo placar e tentará o primeiro título do torneio em sua história. 


O Globo quarta, 19 de agosto de 2020

LECI BRANDÃO: O DIA EM QUE FOI BARRADA EM PORTARIA POR SER NEGRA

 

Leci Brandão relembra dia em que foi barrada em portaria por ser negra e discute racismo hoje: 'Estamos sendo vistos, mas precisamos ser ouvidos'


Leci Brandão prestando depoimento na delegacia após sofrer preconceito

 

Leci Brandão foi ao prédio de número 112 da Rua Doutor Otávio Kelly, na Tijuca, Zona Norte do Rio, apenas para deixar a mãe, que ficou de visitar uma amiga na tarde daquela segunda-feira, 18 de agosto de 1980. Chegando lá, a cantora decidiu acompanhar Dona Lecy até o elevador. Mas, para surpresa de mãe e filha, ambas foram barradas pelo porteiro, que indicou para elas a entrada de serviço. Sem entender bem o que estava acontecendo, a artista perguntou ao funcionário por que ele estava as impedindo. Nunca mais se esqueceu da resposta: "Vocês são duas negras, não sei se são empregadas". Como conta a própria Leci ao Blog do Acervo, naquele momento, "o tempo fechou".
 
 
 
- Sou uma pessoa educada, mas a indignação foi tanta que eu parti pra cima do porteiro. Até quebrei os óculos dele - relembra a cantora, que hoje também é deputada estadual (PCdoB-SP), em segundo mandato. - Atualmente, quando acontece algo assim, tem sempre alguém filmando, mas naquela época não tinha celular. Fui prestar queixa e, no caminho, liguei para um amigo que trabalhava no GLOBO. Quando cheguei na 19ª DP (Tijuca), a imprensa já estava toda lá.
 
 
O  caso foi destaque em jornais e telejornais. Em 1980, Leci já era uma cantora respeitada. Ela foi a primeira mulher a entrar na ala dos compositores da escola de samba Mangueira, em 1972. Sua canção "Ombro amigo" integrou a trilha sonora da novela "Espelho mágico", da Rede Globo, em 1977. Meses antes do episódio na Rua Doutor Otávio Kelly, ela havia lançado o disco "Essa tal criatura" e era finalista do Festival MPB, também da Globo, cantando a música de mesmo nome. Na delegacia da Tijuca, todos os policiais a conheciam.
O  porteiro que barrou Leci Brandão ao lado da cantora, na delegacia
 
De acordo com a reportagem do GLOBO no dia seguinte ao caso, o porteiro foi autuado por "constrangimento ilegal". A Lei Afonso Arinos, única regra para coibir o racismo naquela época, não pôde ser aplicada porque se referia apenas a estabelecimentos comerciais acusados de preconceito (a lei 7.716, que classificou o racismo como crime inafiançável, só foi promulgada em 1989). O funcionário alegou que estava cumprindo ordens do síndico, que, em depoimento, negou ter orientado a barrar pessoas com base na cor. O responsável pelo condomínio confirmou, no entanto, que empregadas domésticas eram proibidas de usar o elevador social, algo que hoje também é considerado crime de discriminação. Segundo a cantora, quando desceu para apartar a briga na portaria, o síndico chegou a dizer que: "Se ele soubesse que a senhora era a Leci Brandão, não teria barrado".
 
 
- Eu disse a ele que Meu nome é Leci Brandão da Silva! E que não estava me queixando só porque era cantora. Ninguém pode ser barrado na portaria social por causa da cor. Isso é racismo - conta a artista nascida em Madureira e criada em Vila Isabel, hoje aos 75 anos. - Alguns dias depois, na final do Festival MPB, quando cantei o verso "Clama! Só é linda a verdade nua e sem preconceito", fechei o punho para enfatizar "preconceito". O Maracanãzinho veio abaixo.
 
 
Leci sempre fez da arte uma ferramenta social, algo explícito em canções como "Marias" (1977), "Zé do Caroço" (1979), "Negro Zumbi" (1995) ou na sua regravação do samba da Mangueira "Casa Grande e Senzala" (1976), baseado no clássico de Gilberto Freyre. Hoje, ela tem certeza de que já teve portas de gravadoras fechadas porque os empresários achavam que ela era contestadora demais. Mas isso não a fez parar. Na primeira década do novo século, Leci foi conselheira da Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e membro do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, a convite do então presidente, Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2010, foi eleita deputada. Era a segunda mulher negra da história da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
 
- Sou otimista em relação a lutas sociais. Nas minhas letras, sempre quis encontrar uma solução para os problemas - diz ela.
 
Leci Brandão canta no Festival MPB de 1980, no Maracanãzinho

 

 
A cantora tem total consciência de que o episódio racista de 1980 só ganhou o noticiário porque envolvia uma pessoa famosa. Quantas outras pessoas não foram barradas em portarias e elevadores sociais sem alarde nenhum? Hoje, porém, situações como a que ela viveu não precisam envolver celebridades para gerar comoção. Graças às câmeras de celular e às redes sociais, casos como o do motoboy Matheus Pires, vítima de racismo em um condomínio em São Paulo, ou do entregador Matheus Fernandes, agredido num shopping center na Zona Norte do Rio, vêm sendo amplamente divulgados, causando ondas de repúdio. O mundo provavelmente não saberia do assassinato de George Floyd por um policial se o crime não tivesse sido gravado e se tornado viral.
 
- Aqui em São Paulo, a juventude negra é assassinada sistematicamente. Há um genocídio da população negra acontecendo no Brasil - afirma Leci Brandão, que vê com bons olhos o debate atual, mas diz que é preciso avançar: - Nosso país é racista. Hoje, as cenas são filmadas e divulgadas nas redes socias, o racista não tem como negar. E a imprensa está discutindo de forma aberta, o que é fundamental. Podemos dizer que estamos sendo vistos, mas ainda não estamos sendo ouvidos. O povo negro é maioria e precisa ser ouvido. 

 

Leci Brandão recebe troféu de Camila Pitanga no Prêmio da Música Brasileira de 2018

 

 

 
Para a cantora, a população negra precisa fazer valer seu tamanho e colocar pessoas negras no poder. Só assim, diz ela, haverá mais políticas públicas contra atos racistas no Brasil e ampliar ações afirmativas, eliminando desigualdades. Hoje, enquanto o país tem 56% da sua população formados por pretos e pardos, apenas 17,8% dos parlamentares no Congresso Nacional são negros
 
- Não podemos continuar servindo de escada para outras pessoas. Temos que colocar negros em posições de poder. Há muitos candidatos negros. É nossa chance. Há políticos brancos que defendem nossas bandeiras, mas precisamos de mais representatividade. É o poder que muda as coisas - afirma a deputada estadual. - Claro que há pessoas negras que não nos representam, como esse sujeito chamado Sérgio Camargo, que preside a Fundação Palmares mas não defende as lutas do movimento negro por igualdade. Políticos negros têm que ter compromisso com as nossas causas.
 
Na visão de Leci, há muito para mudar.
 
- A história do Brasi não mostra nossos heróis, você só vê estátuas dos nossos perseguidores. Nossas religiões são perseguidas, nossos jovens são mortos. A população negra precisa ser tratada com respeito.
Trecho de página da edição do GLOBO de 19 de agosto de 1980

 


O Globo terça, 18 de agosto de 2020

MARIA PADILHA: AOS 60 ANOS, ATRIZ FALA SOBRE A CARREIRA E A FAMÍLIA

 

Aos 60, Maria Padilha fala sobre par com Fernanda Vasconcellos na TV e detalha rotina com o filho e o marido

THAYNÁ RODRIGUES

 
 
 
 
Maria Padilha (Foto: Reprodução)
Maria Padilha (Foto: Reprodução)

 

Maria Padilha matou um pouquinho da saudade dos fãs ansiosos por vê-la outra vez na TV. Longe desde "A regra do jogo" (2015), ela participa da série "Rua do Sobe e Desce Número Que Desaparece", disponível no Canal Brasil Play. Martha, sua personagem, flerta com Claudia, protagonista vivida por Fernanda Vasconcellos, e as duas se beijam.

— Minha personagem, que é gay, se oferece para dar uma carona para ela e a deixa na porta de casa. Aí dá uma atacada, mas elas não vão muito em frente — explica.

 Maria, que completou 60 anos em maio, acredita que, apesar de personagens LGBT serem mais aceitos atualmente do que no passado, a liberdade ainda não é a ideal:

— Eu ainda não sei se a aceitação é tão ampla assim. Na época de "Amor à vida", grande parte do público torceu para o beijo entre Félix (Mateus Solano) e Niko (Thiago Fragoso). Sinto que nas séries esses temas são abordados de maneira mais natural, mas no geral há um longo caminho a percorrer.

A atriz, que estará no ar em breve na reprise de "Mulheres apaixonadas", no Viva, diz que recebe mensagens de fãs saudosos pedindo seu retorno em novos papéis:

— Eles comentam bastante nas minhas fotos das redes sociais. Estou esperando um papel legal. E eu não tenho esse negócio de achar que série é mais chique do que novela. No Brasil, a teledramaturgia tem muita qualidade. As novelas têm um nível, um elenco e uma produção que não deixam a desejar se comparadas às produções estrangeiras.

Em breve, Maria deve apresentar o monólogo "Diários do abismo" no movimento "Teatro já", de Ana Beatriz Nogueira. Ela também conversa com diretores sobre propostas para novos projetos. A volta ao trabalho é vista como motivo para inspirar o próprio filho, Manoel, de 8 anos.

— Nas horas vagas, às vezes, coloco um vídeo com alguma ceninha minha no Instagram para que ele me veja atuando. Ele acha engraçado. Acho muito maneiro quando a criança tem uma admiração pela mãe que trabalha. Quero criá-lo mostrando que tenho a minha autonomia. "Profissão Mãe" sempre vai gerar culpa; sempre vamos achar que fizemos algo de errado. Mas, de maneira alguma, quero me distanciar do meu ofício, até porque não posso deixá-lo de lado. Não tenho quem nos sustente. Não sou rica. Preciso trabalhar. Minha identidade foi construída em cima da minha arte. Sinto falta de voltar. Na quarentena, estar parado é um sufoco para o artista.

 Casada há seis anos com Brenno Meneghel, de 33, Maria conta com a parceria dele para aliviar a quarentena:

— Creio ser melhor atravessar esse momento com um companheiro. Vimos muitas séries nos últimos meses. Agora, estamos órfãos. Então partimos para os filmes e peças on-line. Fomos salvos pelas artes. Já o meu filho está morrendo de saudade de ter contato humano. Na idade dele, é difícil compreender. Mas temos nos divertido.

A atriz conta que se alegra também ao perceber características suas no menino. Ela conseguiu sua guarda definitiva há seis anos: 

— Eles chupam nosso jeito. São esponjinhas e vão pegando nossos trejeitos. Só nosso emocional é que é bem distinto. Ele é pisciano, e eu sou taurina com ascendente em gêmeos. Outro dia perguntei se ele queria fazer aula de teatro. Ele falou que não quer. Ele gosta muito de música, de desenhar, de dançar. Eu só não o deixo ver determinadas coisas na TV porque ele se impressiona. Tem medo de o padrasto morrer, tem medo de a gente se contaminar. Estamos nos cuidando o máximo possível.

Maria Padilha interpreta Martha, que beija personagem de Fernanda Vasconcellos em 'Rua do Sobe e Desce' (Foto: Reprodução)
Maria Padilha interpreta Martha, que beija personagem de Fernanda Vasconcellos em 'Rua do Sobe e Desce'
(Foto: Reprodução)

 

 

Brenno Meneghel e Maria Padilha (Foto: Reprodução)
Brenno Meneghel e Maria Padilha (Foto: Reprodução)

 

Maria Padilha e o filho, Manoel (Foto: Reprodução)
Maria Padilha e o filho, Manoel (Foto: Reprodução)

 


O Globo segunda, 17 de agosto de 2020

BÁRBARA PAZ CRIA PROJETO CHAMADO SOLIDÃO EM REDE SOCIAL

 

Bárbara Paz cria projeto chamado Solidão em rede social

Por meio de depoimentos em vídeos, famosos e anônimos traduzem sentimentos decorrentes do isolamento; atriz e diretora pretende transformar em documentário
 
Bárbara Paz: autorretrato Foto: Bárbara Paz
Bárbara Paz: autorretrato Foto: Bárbara Paz
 
 

Em meados de março, quando a pandemia do novo coronavírus mostrou suas garras, a atriz e diretora Bárbara Paz foi obrigada a se recolher num espaço delimitado. “Calhou de eu estar, naquele momento da vida, sozinha. Fiquei assustada”, admite. “Estava sempre indo a algum lugar, fazendo as malas constantemente. De uma hora para a outra, não havia mais essa possibilidade, e eu não tive como fugir de mim”, conta ela, que passou exatos 50 dias, trancada e sozinha, em seu apartamento em São Paulo, até ter coragem de pegar o carro e dirigir 18 horas ao encontro de um refúgio, na Bahia, onde permanece até hoje. O tema não é novo na sua trajetória. Depois de assinar a direção e apresentar, no ano passado, o longa que mostra os últimos dias do marido, o cineasta Hector Babenco (1946-2016), ela revelou ter escrito o roteiro de um filme cujo assunto é a solidão feminina.

Matesu Solano fala sobre conexão Foto: Reprodução
Matesu Solano fala sobre conexão Foto: Reprodução
 
 
 
O mergulho em si mesma estimulou questionamentos, estabeleceu novas conexões e despertou nela o desejo de construir pontes. “Imaginei quantas pessoas estariam vivendo o mesmo que eu.” E foi assim, destrinchando os becos da solidão — e seus possíveis escapes —, que a atriz teve a ideia de ampliar o diálogo e pedir a amigos e artistas que enviassem vídeos com depoimentos que traduzissem o assunto. “Quis construir um fio condutor dos solitários e abrir um espaço de fala”, explica Bárbara, que lançou, há cerca de um mês, o @projetosolidao no Instagram com a pergunta “o que é solidão para você?” e o pedido para o envio de vídeos com a resposta. No feed, estão nomes conhecidos, como os atores Mateus Solano, Ary Fontoura, Johnny Massaro e até o americano Willem Dafoe. Mateus elogia a iniciativa: “É um lindo desdobramento das reflexões da quarentena”, diz o ator, que mostrou outro lado da mesma moeda. “Para mim, parece engraçado falar de solidão num momento em que estamos mais conectados.”
 
Johnny Massaro escolheu a letra de uma música de Letrux Foto: Reprodução
Johnny Massaro escolheu a letra de uma música de Letrux Foto: Reprodução

Para ter um alcance maior, ela convidou o fotógrafo Thiago Santos para registrar pessoas em situação de rua. “A ideia é criar um mosaico com diversas vozes”, diz. “Quero misturar artistas com médicos da linha de frente e moradores de rua. No futuro, pretendo fazer um documentário com este material.” Em comum entre as narrativas, o “inimigo invisível”. “Todos estão pensando nele e tentando manter a sanidade”, avalia Bárbara.

Ary Fontoura: reflexões Foto: Reprodução
Ary Fontoura: reflexões Foto: Reprodução
 

Intensa, ela tem sido inundada por reflexões diante de uma realidade desconhecida. No início da pandemia, transformou sentimentos à flor da pele em registros artísticos, criando um diário visual. “Retornei ao útero”, lembra. “Também me vieram perguntas como ‘onde você estava quando o mundo parou?’”, conta. “Em março e abril, o mundo viveu a mesma suspensão”, diz. “Ao mesmo tempo, diferentemente de outras pandemias, há a internet, conseguimos ficar juntos. É um momento forte da História da Humanidade”, observa.

Preta Ferreira canta música de sua autoria Foto: Reprodução
Preta Ferreira canta música de sua autoria Foto: Reprodução

Se o inimigo é um só, o coronavírus, os depoimentos em preto e branco provam que a maneira de expressar a solidão (ou a conexão) pode ser múltipla. “Estou aqui, no meu apartamento, fechado há 50 dias. Respeitando sobretudo a minha vida e, consequentemente, a vida dos outros. Acredito, firmemente, que todos aqueles que restarem saberão valorizar ainda mais a vida”, são algumas das palavras de Ary Fontoura. “Fiz uma síntese”, diz o ator, que segue em isolamento.

Martha Nowill declama poema Foto: Reprodução
Martha Nowill declama poema Foto: Reprodução

A atriz Martha Nowill, por sua vez, escolheu declamar o poema “Os três mal-amados”, de João Cabral de Melo Neto. “A gente vê o amor como redenção. Porém, neste poema, o amor é quase um vilão, uma força devastadora que toma conta de tudo”, analisa. “Este sentimento parece um vírus, vem de forma pandêmica. A vida é muito essa falta de controle. Quando poderíamos imaginar que estaríamos atravessando uma pandemia?”, compara. Já o ator Johnny Massaro recita a letra da canção “Deja vu frenesi”, de Letrux, enquanto Aparecido Assis, em situação de rua, reza, emocionado, “Pai Nosso” e “Ave Maria”, e Willem Dafoe — protagonista do último filme de Babenco, “Meu amigo hindu” — faz um desconcertante minuto de silêncio.

 

Cantora e ativista, Preta Ferreira diz nunca ter se sentido só. “Usei o espaço para falar sobre pluralidade, de todos que são minorizados, dos corpos pretos e indígenas”, explica Preta, que canta a música “Minha carne”, de sua autoria.

Bárbara faz questão de levantar a bandeira da cultura. “A arte está embalando a Humanidade”, analisa. “O cinema, a poesia, as séries e a música estão salvando as pessoas”, afirma a diretora, lamentando a situação do setor no Brasil de Bolsonaro. “É uma tristeza ver como tem sido ignorado. Antes da pandemia, os artistas estavam sendo apedrejados. Um país sem cultura é um país sem alma”, avalia. “Existem muitas famílias do segmento cultural passando necessidade. Participo de vários grupos de ajuda. A Lei Aldir Blanc ainda é pouco, o governo deveria fazer muito mais”, emenda.

Mesmo identificando — e removendo — as pedras no caminho, ela tem visão otimista. “Depois do caos, vem o renascimento”, acredita. “Hoje, as pessoas estão olhando mais para a Lua, sentindo o vento soprar de forma diferente, enxergando o céu. Tem uma revolução em curso.”


O Globo domingo, 16 de agosto de 2020

A PRIMEIRA-DAMA MICHELLE BOLSONARO ANUNCIA TESTE NEGATIVO DE COVID-19

 

Primeira-dama Michelle Bolsonaro anuncia teste negativo de Covid-19

"Exame negativo. Obrigado pelas orações e por todas as manifestações de carinho", escreveu em rede social
 
 
A primeira-dama, Michelle Bolsonaro Foto: Evaristo Sá/AFP
 

BRASÍLIA — A primeira-dama da República, Michelle Bolsonaro, afirmou neste sábado que está curada do novo coronavírus. A informação foi publicada em uma rede social, junto com uma imagem do exame. "Exame negativo. Obrigado pelas orações e por todas as manifestações de carinho", escreveu.

 

Michelle anuncia que testou negativo para Covid-19 Foto: Reprodução
Michelle anuncia que testou negativo para Covid-19 Foto: Reprodução
 
 
A primeira-dama foi diagnosticada com a doença em 30 de julho. Segundo nota divulgada na ocasião, ela apresentava "bom estado de saúde" e iria seguir "todos os protocolos estabelecidos". O resultado positivo de Michelle ocorreu depois de o presidente Jair Bolsonaro também ter contraído a doença. Bolsonaro informou no dia 7 de julho que estava com a Covid-19, permanecendo em isolamento no Palácio do Alvorada até 25 de junho, quando testou negativo.

Na quarta-feira, a avó materna de Michelle morreu por complicações da Covid-19. Maria Aparecida Firmo, 80 anos, estava internada no Hospital Regional de Ceilândia (HRC), hospital público do Distrito Federal.

A idosa foi levada para a unidade em primeiro de julho, após ser encontrada na rua com falta de ar. Em seguida, ela foi encaminhada para outro hospital público do Distrito Federal, o Regional de Santa Maria (HRS), onde ficou durante um mês em uma unidade de terapia intensiva.


O Globo sábado, 15 de agosto de 2020

ELEITORES DO NORDESTE E DE BAIXA RENDA PUXAM APROVAÇÃO DE BOLSONARO

 

Eleitores do Nordeste e de baixa renda puxam aprovação de Bolsonaro

Na região marcada por grandes votações do PT nas eleições recentes, presidente dobrou sua avaliação positiva em um ano
 
Presidente da República e Jair Bolsonaro inauguram escola cívico-militar, no Rio Foto: Antonio Scorza / Antonio Scorza
Presidente da República Jair Bolsonaro inaugura escola cívico-militar, no Rio Foto: Antonio Scorza / Antonio Scorza

No Nordeste, em que 40% da população solicitou a assistência de R$ 600 mensais, houve o maior aumento relativo da aprovação bolsonarista no corte por regiões. Os entrevistados que consideram a administração boa ou ótima passaram de 17% em agosto de 2019 para 33% atualmente.

Rejeição em queda

A recuperação já havia sido identificada na pesquisa mais recente, em junho, quando 27% dos nordestinos ouvidos pelo Datafolha avaliaram Bolsonaro positivamente. Alteração ainda mais significante ocorreu na rejeição regional do presidente. Há um ano, 52% dos entrevistados locais o consideravam ruim ou péssimo. O índice foi mantido em junho, mas, após os últimos dois meses, caiu para 35%.

Entre os mais pobres, com renda familiar de até dois salários mínimos, o processo foi semelhante. Em agosto de 2019, 22% dos entrevistados nessa situação aprovavam Bolsonaro. Este mês, eles representaram 35% daqueles que estão nessa situação — uma alta em relação a junho, quando o índice foi de 29%. A avaliação negativa caiu: de 43% em agosto passado, chegou a 43% em junho deste ano e agora atingiu o patamar de 31%. Na amostra de desempregados, o movimento se repetiu. O índice positivo dobrou em um ano, de 18% para 36%, e a rejeição caiu de 48% para 34%.

 

Embora o relatório da pesquisa Datafolha não relacione diretamente o novo panorama com o auxílio do governo, o instituto sugere que essa ligação pode ter existido. Os dados apontaram, por exemplo, que dos entrevistados cujo pedido de ajuda financeira foi aprovado e pago, 42% consideram a gestão bolsonarista boa ou ótima. Entre aqueles que não recorreram ao benefício, 36% compartilham dessa opinião.

Após ter conseguido reverter em dez pontos percentuais a desaprovação registrada em junho, quando 43% dos entrevistados consideraram o governo ruim ou péssimo, Bolsonaro ainda está atrás de antecessores em relação à rejeição deles nesta fase do primeiro mandato. Em 2000, Fernando Henrique (PSDB) registrou índice de 25%; Lula (PT), em 2004, marcou 17% e Dilma Roussef (PT), 7%. Michel Temer (MDB), aliado recente de Bolsonaro, é único ex-presidente cuja reprovação foi maior do que a de Bolsonaro após cerca de um ano e oito meses no poder: em janeiro de 2018, esse número chegou a 70% para o emedebista.


Entrega de escola

 Bolsonaro e um de seus filhos, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), participaram ontem ao lado do prefeito do Rio, Marcelo Crivella, da inauguração de uma escola cívico-militar no bairro do Rocha, na Zona Norte. O evento ocorreu no último dia permitido pela Justiça Eleitoral para que candidatos participassem de inaugurações de obras públicas.

 

Candidato à reeleição, Crivella busca o apoio de Bolsonaro e conseguiu atrair para seu partido, o Republicanos, tanto Carlos, candidato a novo mandato na Câmara Municipal, quanto o senador Flávio Bolsonaro, que não compareceu ao evento. (Colaborou Bernardo Mello)


O Globo sexta, 14 de agosto de 2020

BRUNA MARQUEZINE: UMA RELAÇÃO DE PAZ E AMOR

 

‘Busco ter uma relação de paz e amor com meu corpo’, diz Bruna Marquezine

Atriz cita Jennifer Lawrence, Gisele Bundchen e Rihanna como inspiração
 
 
Bruna Marquezine Foto: Reprodução/instagram
Bruna Marquezine Foto: Reprodução/instagram
 
 

Bruna Marquezine acredita que todo mundo tem vivido altos e baixos ao longo da quarentena. Para a atriz, o momento do mundo é de  instabilidade em “vários sentidos”. “Principalmente emocional”, pontua ela. “Há dias melhores, produtivos, criativos; e há dias mais silenciosos e reflexivos. Tento sempre abraçar todos esses sentimentos e ser carinhosa comigo. Graças a Deus, continuo trabalhando, estudando, procuro manter minha cabeça ativa.

Aos 25 anos, Bruna acaba de mostrar ao mundo mais uma de suas facetas. De seu isolamento, protagonizou e assinou direção criativa da nova campanha da Colcci — marca que já teve Gisele Bündchen e Paris Hilton como garotas-propaganda. Sobre o trabalho, ela diz que ficou um tiquinho assustada ao perceber o quão difícil é a função. “Mas fiquei animada com a possibilidade de me envolver em todas as frentes”, observa a jovem, que já desfilou para a Dolce & Gabbana e foi apontada pela “Vogue” americana como uma das 14 superstars globais.

Bruna para a Colcci Foto: Divulgação
Bruna para a Colcci Foto: Divulgação

 

Bruna, no entanto, não se deslumbra com todo esse confete. “Nunca tive nenhuma grande ambição relacionada a popularidade. As coisas foram acontecendo de forma bem natural, orgânica. O que mais precioso, na verdade, é meu equilíbrio, minha saúde mental. Então, me policio para não ser sugada pelo ego”, comenta ela, citando Ashley Graham, Jennifer Lawrence, Gisele Bündchen, Zendaya e Rihanna como inspiração. “Pela força, personalidade, coragem e autenticidade.”

 

Livre, leve e solta, a atriz critica os padrões vigentes da sociedade e afirma que já sentiu prisioneira da moda. “Vivemos em uma sociedade que impõe muitos padrões extremamente machista. Existe um padrão de beleza que é imposto a mulher e quem não segue é altamente criticado. Busco ter uma relação de paz e amor com o meu corpo. Acredito no equilíbrio em geral. O principal objetivo é cuidar da saúde e depois da aparência em si. Não acho que deixa de ser importante; todas nós devemos olhar no espelho e se sentir bem. Enxergo nossa beleza como um estado de espírito. As pessoas mais atraentes que conheci, não faziam parte desse padrão imposto pela sociedade, mas tinham amor próprio. O que muda tudo.”


O Globo quinta, 13 de agosto de 2020

BRAD PITT FOI SALVO POR UMA CANTORA NO COMEÇO DA CARREIRA EM HOLLYWOOD

 

Brad Pitt foi 'salvo' por uma cantora no começo da carreira em Hollywood

Cantora deixou o ator dormir em seu sofá e o ensinou a pescar para um teste
 
Brad Pitt Foto: Steve Granitz / WireImage
Brad Pitt Foto: Steve Granitz / WireImage
 
 

Dono de uma das carreiras mais brilhantes de Hollywood, Brad Pitt passou muito aperto no começo de sua caminhada rumo à fama, e chegou a ser "salvo" quando chegou a Los Angeles com apenas US$ 325 no bolso. E foi a cantora country Melissa Etheridge que estendeu a mão ao então aspirante a ator de cinema.

De acordo com o jornal britânico "The Mirror", Melissa ajudou Pitt por acreditar que havia potencial no jovem para alcançar o topo da indústria. Sendo assim, ela o deixou dormir em seu sofá para que não gastasse o pouco que tinha.

Melissa Etheridge Foto: Amy Sussman / Getty Images
Melissa Etheridge Foto: Amy Sussman / Getty Images

 

E essa não foi a única vez que a cantora socorreu o ator. Foi Melissa que ensinou Pitt a pescar antes de ele fazer um teste para o filme "Nada é para sempre", de Robert Redford. "Eu ensinei Brad Pitt a pescar... Ele iria fazer um teste, isso quando eles ainda testavam Brad Pitt. Antes, ele veio à minha casa e eu o ensinei a pescar na piscina", relembrou Melissa.

Os testes ficaram no passado, mas Pitt é eternamente grato pela ajuda e gentileza de Melissa.


O Globo quarta, 12 de agosto de 2020

ARUANAS: THAINÁ DUARTE CONFIRMADA NA SEGUNDA TEMPORADA

 

Confirmada na segunda temporada de ‘Aruanas’, Thainá Duarte estrela websérie

Baseada na pandemia de coronavírus, "No fim eu tava sozinha" fala sobre equilíbrio emocional
A atriz Thainá Duarte Foto: Divulgação/Julia Rodrigues
A atriz Thainá Duarte Foto: Divulgação/Julia Rodrigues
 
 

Em meio à pandemia do novo coronavírus, muitos artistas se viram diante da necessidade de reiventar seus ofícios. Com a atriz Thainá Duarte não foi diferente. Depois de viver uma das protagonistas de ‘Aruanas’, série original da Globo exclusiva para o Globoplay, ela está no elenco de “No fim eu tava sozinha”, websérie que fala justamente sobre o período de isolamento social e vem sendo exibida no Instagram @nofimeutavasozinha.

Dirigida por Gabriela Potye e Camila Carneiro, a trama se baseia num humor ácido para criar um universo paralelo em que toda a humanidade foi forçada a viver em isolamento absoluto. Para contar essa história, o roteiro tem 12 personagens que tentam sobreviver à clausura, e cada episódio se desenrola em dois minutos.

Thainá interpreta Adriana Bacana, uma mulher conectada com a natureza, que resolve deixar de lado os relacionamentos com outras pessoas e viver dias tranquilos e bucólicos, abraçando árvores e frutas. “A série fala sobre solidão. Então, em muitos momentos, nós esbarramos em sensações que o isolamento nos traz, a sensação de imprevisibilidade, de não saber o que é esse ‘novo normal’ que dizem”, comenta a atriz. “Cada um dos personagens nos mostra um efeito da solidão dentro de casa, e a minha busca se reconectar com a natureza como tentativa de ignorar a sensação iminente de que o mundo está chegando ao fim.”

Thainá estrela websérie no Instagram Foto: Divulgação/Julia Rodrigues
Thainá estrela websérie no Instagram Foto: Divulgação/Julia Rodrigues

Confirmada na segunda temporada de “Aruanas”, ela afirma que a experiência de gravar remotamente exigiu dedicação absoluta. “Foi preciso muita paciência para acertarmos. Estudamos as melhores possibilidades para realizar as cenas, e as diretoras se mostraram pacientes do começo ao fim, pois tinham certeza de que queriam contar uma boa história.”

 

A atriz também comentou como obra reflete um pouco da maneira como ela própria tem encarado os dias de quarentena. "Estamos todos numa corda bamba de sentimentos, acredito. São mais de 100 mil mortos só no Brasil, todas essas famílias que estão sendo despedaçadas têm um efeito no mundo. Com o mínimo de empatia, você é levado à reflexão e é impossível não ser alterado por ela", afrma. "Tenho me permitido transformar a frustração em poder criativo e, por meio disso, transpor aquilo que estou sentindo de maneira ressignificada na arte."

Violência doméstica

Depois de interpretar ativista que precisa fugir ex-namorado de quem sofreu violência doméstica em “Aruanas”, Thainá também deu vida ao projeto  “Estou Aqui Para Contar”, reunindo mulheres com histórias reais que romperam com o ciclo de violência e tinham vontade se posicionar diante de um problema tão grave na nossa sociedade. “Foram produzidos cinco vídeos de entrevistas. Ao divulgá-los, recebemos ainda mais relatos e pedidos de ajuda”, conta a atriz, sobre o projeto que pode ser acompanhado no Instagram @estouaquiparacontar. “Estamos desenvolvendo uma segunda fase, com uma nova forma de falar sobre relacionamentos abusivos.”


O Globo terça, 11 de agosto de 2020

CAMILA PITANGA REVELA QUE ELA E A FILHA TIVERAM MALÁRIA

 

Camila Pitanga revela que ela e a filha tiveram malária

Ambas foram tratadas pelo SUS
 
Camila Pitanga Foto: Fernando Tomaz
Camila Pitanga Foto: Fernando Tomaz
 
 

Camila Pitanga revelou na noite da última segunda-feira ter sido infectada por malária, assim como sua filha, Antônia, de 12 anos. A atriz fez um longo relato no Instagram, explicando que, primeiramente, suspeitou de Covid-19 por causa da febre alta e dos calafrios. Contou como foi o processo de diagnóstico e o tratamento via rede do Sistema Único de Saúde, "local de referência e excelência para doenças endêmicas".

Entenda como a atriz contraiu a doença

Leia abaixo o relato completo da atriz.

"Foram 10 dias de muito sufoco. Entre picos de febre alta, calafrios e total incerteza. Havia a sombra da possibilidade de estar com covid-19. Somente no domingo recebi o resultado negativo do meu PCR (exame que detecta a atividade do novo coronavírus). Mas no lugar de me aliviar, permanecia a agonia pois eu não fazia ideia do que eu poderia ter. Estava à deriva.

Pois bem, uma amiga minha suspeitou que esses picos de febre associados ao fato de estar em isolamento social numa zona de Mata Atlântica no litoral de SP, podia ser malária. Fui indicada a conversar com dois infectologistas. Os dois extremamente generosos em falar comigo num domingo já de noite. Dr Luiz Fernando Aranha e o Dr André Machado. Agradeço ao último pelas orientações que me levaram ao Hospital das Clínicas da USP.

Uma vez que a supeita era malária, doença muito rara, não há melhor lugar para você ser tratado do que a rede SUS, local de referência e excelência para doenças endêmicas. No HC, fui prontamente atendida por uma mulherada. Sim, uma equipe 100% de mulheres fantásticas do laboratório da Sucen. Faço questão de dar seus nomes: Drª Ana Marli Sartori, Drª Silvia Maria di Santi, Drª Dida costa, Drª Simone Gregorio, Drª Renata oliveira e tão importantes quanto, as agentes de saúde Cida Kikuchi e Gildete Santos. Todas foram extremamente profissionais, eficientes e gentis.

Bom, os resultados dos exames sairam dando positivo para malária. Eu e minha filha. Uma doença que ainda existe, é curável, mas precisa de cuidados. O tratamento é gratuito.


Faço cá meus votos de gratidão a todas e todos agentes de saúde, que além de estarem na trincheira nessa luta contra a Covid-19, estão aí atendendo inúmeras outras demandas com seu profissionalismo em meio a condições e incertezas muito grandes. É de suma importância valorizar a existência desse sistema de saúde que cuida de tanta gente, principalmente dos que não tem condições de pagar um plano de saúde. Estamos num país onde uma doença matou mais de 100 mil pessoas em poucos meses. Esse número poderia ser o triplo ou mais se não fosse o SUS. A catástrofe seria ainda maior.


Muito obrigada e parabéns a todas e todos os profissionais de saúde desse país!!!"


O Globo segunda, 10 de agosto de 2020

MARISA ORTH FALA DA VOLTA À TV E DO AUTOCONHECIMENTO AOS 56 DE IDADE

 

Marisa Orth fala da volta à TV e do autoconhecimento aos 56: 'O nosso órgão mais sexual é o cérebro'

Atriz está na nova temporada do 'Zorra'
Marisa Orth Foto: Jonathan Wolpert
Marisa Orth Foto: Jonathan Wolpert
 
 

A cabeça de Marisa Orth parece um caldeirão fervilhante, de onde transbordam ideias e reflexões sobre os mais variados aspectos da vida a todo instante. Não é de se estranhar, portanto, que, aos 56 anos, a atriz considere o cérebro o “nosso órgão mais sexual”. Em meio a uma quarentena cumprida em sua casa, em São Paulo, ela vive uma imersão criativa, enquanto prepara a sua volta para um humorístico na TV aberta. Ela está no elenco da nova temporada do “Zorra”, que estreia no próximo sábado, com boa parte das esquetes gravadas pelos atores em seus próprios lares. “Até meu cachorro botei na roda”, conta.

 Na conversa a seguir, ela fala sobre os bastidores desse trabalho e passeia por temas como religião, arte, sexualidade e comportamento. “Sou formada em Psicologia e, pelo amor de Deus, o mundo age como se não existisse Freud, como se não houvesse inconsciente. Coisa chata! Acho isso o auge da caretice”, diz. Confira, a seguir, os melhores trechos da entrevista concedida por telefone.

O GLOBO: Como recebeu o convite para o “Zorra”?

Fiquei bem feliz. Nem tinha percebido que estava com saudade de fazer comédia. O “Zorra” me lembra o “TV Pirata”, que fiz o finalzinho. Tem essa coisa de interpretar cinco, seis personagens totalmente diferentes no mesmo dia. Acho leve, porque o principal é a situação, a piada. Num mesmo programa se faz uma mãe futurista e uma professora descontrolada.

E como a pandemia afetou o projeto?

Gravamos umas três semanas, e aí, casa. Ficamos esperando, até que decidimos fazer remotamente. Até meu cachorro eu botei na roda. A vizinha aqui do lado também queria aparecer. “Deixa eu pegar um papel de vizinha fofoqueira”, disse. Imagina que louco o redator receber essas informações e bolar uma comédia em cima? A Maria, minha querida e deliciosa cozinheira, que está quarentenando comigo porque dorme aqui em casa, virou produtora de objetos. Meu filho (João Antonio, de 21 anos, do relacionamento com o produtor Evandro Pereira), está cursando o último ano da faculdade de Cinema e acaba fazendo “estágio”. Ele ilumina, sonoriza, enquadra. Já fez até ponta como ator. O maridão (o percussionista Dalua) dá uma força também. Ele pegou mais na parte pesada, que é carregar as coisas de um cenário para o outro. 

Você sempre está envolvida com um projeto no Teatro. Como ficou essa agenda?

(Suspira) Nem fala, cara. A sorte é que fiz muito teatro no ano passado. Este ano, eu queria fazer uma peça de texto, como não fazia há tempos. Comecei a fazer umas coisas, um Tennessee Williams (dramaturgo americano morto em 1983), que também nunca fiz, grandes projetos, com um tesão, e aí aconteceu isso. Quero crer que a gente vai para a rua. O teatro não morre. Basta um caixote, e a gente sobe em cima. A cidade acalmou. Criaram-se espaços, tem menos carros. Acho que estamos nos apoderando mais do ambiente urbano, e isso é um puta caminho civilizatório.

Mas você está conseguindo tocar algum projeto?

A gente não perde a esperança, amigo. Estamos vendo se conseguimos dinheiro para essa peça do Tennessee Williams. Tem o meu show “Romance”, mistura de teatro e música, que quero fazer em drive-in. Já tem um começo de conversa sobre isso. Estou muito a fim de entrar nessa. Acho que comédia é fundamental hoje em dia, bicho. Faz rir e critica, ?

Está mais difícil fazer humor?

 

Talvez exija mais coragem. O humor é provocativo para caramba. Mas a minha geração sofreu mais preconceito. Muitas vezes, fui vista por pares como: “Ah, ela pegou o caminho mais fácil, faz qualquer coisa para ganhar dinheiro”. Era menos valorizado, especialmente para a mulher. Ela tem que ser dama do teatro, ? Muito provavelmente não criticaram Paulo Gracindo, com seu “Primo rico, primo pobre”, Procópio Ferreira, Grande Otelo, Brandão Filho... Não estou me igualando a esses monstros geniais, mas a cobrança para a mulher é maior.

Como foi reencontrar a Magda em meio a uma onda feminista para o “sai de baixo — O filme” (2019)?

A Magda é uma puta crítica à mulher submissa. Quantas delas existem? E outra coisa engraçada: eu sou a criticada. As pessoas perguntam: “Você tem coragem de fazer a Magda?”. Ninguém critica o Caco. É como se eu produzisse o “cala boca”. Olha que loucura! Essa frase nunca foi do script, foi um bordão que ele (Miguel Falabella) inventou porque é típico de um homem como o personagem tratar a mulher assim. Quantos bandidos de terno você conhece no Brasil, com a mulher do lado que fala: “Jura que ele roubava?”. Acho que Caco e Magda ainda são superpertinentes no nosso país, infelizmente.

 

Nas suas últimas postagens no Instagram, havia guru e padre. Como você se relaciona com a fé?

Fui criada por duas pessoas extremamente cultas, que me deixaram livre para escolher a minha religião. Gosto do budismo, porque é filosófico e trabalha menos com o medo, com essa ideia de que o diabo pode te pegar, tão propagada por algumas religiões. E postei o padre Lancellotti porque adoro ver, finalmente, um integrante da Igreja Católica falando que recebe homossexuais e transexuais, que Deus pensa assim. Acredito nisso. Sou extremamente partidária da criação de um grande fórum espiritual, com representantes de todas as religiões reunidos pela paz. Porque não está dando mais para fazer guerra em nome de Deus. Fico muito triste quando vejo uma religião, qualquer que seja, aliada à violência. Isso para mim é totalmente excludente e triste.

Você mudou muito nos últimos anos?

Morrer e ficar velha não dá para escapar. Estou menos competitiva. Acho isso uma coisa bem profunda. Sempre fui bastante competitiva. Não extremamente agressiva, mas sofria se não tivesse alcançado alguns objetivos. Não percebia que tinha ganhado de um outro lado. Isso é saber viver. Uma coisa é querer. Outra coisa é ter noção do que é bom para você. Acho que estou começando a me conhecer melhor.

 

Sua “Playboy”, publicada em 1997, fez muito sucesso...

Fui para Portugal uma época e disse que fiz a “Playboy” porque tinha vontade. Aí as pessoas ficaram chocadas, perguntaram se eu precisava tanto assim de dinheiro. Mas eu nunca fui uma mendiga belíssima, uma mulher que estivesse na sarjeta e só tivesse a beleza para vender. Nunca fui nem mendiga nem belíssima. Não sou aquela: “Uau, como ela é linda. Vamos ver se é boa atriz”. Sei que não sou isso. Achava a “Playboy” chique. Só tinha estrelas na capa. Foi uma superoportunidade artística.

Sente uma cobrança externa para ser um “mulherão”?

Estou no lucro total. Consegui ficar linda. Foi um bônus. Deu para ser gata e gostosa, e agora acho que estou bonitona. Estou envelhecendo bem para caramba. Estou gostando bem mais de mim hoje em dia. E a “Playboy” ajudou nisso também.

Lidar com a sexualidade e a libido aos 56 anos tem sido revelador?

Vou falar sinceramente para você: mudou muito pouco essa parte na minha vida (risos). Continuo achando que o nosso órgão mais sexual é o cérebro, que as minhas curvas melhores são as circunvoluções do meu córtex. Mas confesso que essa pergunta é um pouco íntima demais para a gente botar num jornal.

 

Nos anos 1980 você já era bem inserida na cena artística, tinha as suas bandas musicais. Viveu, de alguma maneira, a “porra-louquice” dessa época?

Não acho que fomos tão porra-louca. Sempre paguei pau para a geração que veio antes. Ninguém foi tão maluco quanto nos anos 1970, quando era politicamente aceitável você se drogar. Os anos 1980 já acho meio yuppie, meio o sonho acabou. Já sou pós-sonho. Porém, estava com 20 anos quando acabou a ditadura no Brasil, marcando uma explosão muito legal, multimídia. Havia a teatralização da música e a musicalização do teatro, por exemplo. Tinha também uma mistura da comédia e da tragédia. Um movimento em todo o país, como o Asdrúbal Trouxe o Trombone, no Rio, a Cia. Baiana de Patifaria. Misturou tudo. Podia tudo. E isso é muito legal. Agora, estou vendo separar, bitolar tudo de novo. Os nichos estão se formando, porque quem vende estuda o público-alvo e faz aquele produto específico.

Tem achado o mundo mais careta? Que comportamentos fazem você pensar isso?

Careta é a palavra. Gosto do sertanejo feminino mas, quando ouço o masculino, falo: “Não acredito que ainda estão falando isso?”. Uma macheza e um jeito de namorar meio bobos. Adoro funk desde sempre, acho o ritmo fantástico, mas tem umas letras que, às vezes, acho careta. Também acho o feminicídio careta para caralho, esse medo que homem tem de mulher. Homofobia é de quinta. A gente ainda bater numa pessoa porque ela é gay, lésbica ou trans? E não desconfiar que talvez você tenha um pouco de tesão? Eu sou formada em Psicologia e, pelo amor de Deus, o mundo age como se não existisse Freud, como se não houvesse inconsciente. Coisa chata. Acho isso o auge da caretice.

 

Diante de todas essas reflexões, você é pessimista ou otimista em relação ao futuro?

Não tenho a menor dúvida de que o bem e a paz são mais fortes do que a guerra, de que o amor é mais forte do que o ódio. Nem que isso demore. O amor sabe esperar, a paz espera. Sabe aquele perdão da natureza? Você destrói um terreno por cem anos e, no momento em que você para de destruir, ela volta a ocupar aquilo. É tão bonito isso. Essa eterna simpatia da natureza de voltar. Quer metáfora maior para o perdão do que isso?


O Globo domingo, 09 de agosto de 2020

3 RECEITAS DE DRINKS COM CAFÉ

 

 
O Red Coffee conta com gin e syrup de framboesa misturados com o Café Orgânico Orfeu (Foto: Reprodução)

O Red Coffee conta com gin e syrup de framboesa misturados com o Café Orgânico Orfeu (Foto: Reprodução)

 

Muita gente tem aproveitado o isolamento social para descobrir novas habilidades e talentos. Uma ótima oportunidade de fazer algo novo e deixar a quarentena mais divertida é aprender a preparar drinks.

No Youtube de Orfeu há receitas deliciosas que misturam algum tipo de bebida alcoólica a um blend de café. Nesta matéria, trouxemos as receitas acompanhadas de vídeos de dar água na boca!

Brazilian Coffee

 Ingredientes:

· 300 ml de mel
· 300 ml de água
· 30 ml de cachaça envelhecida em barril
· 100 ml de óleo de coco
· 13 g de Orfeu Clássico para prensa francesa
· 120 ml de água quente
· 30 ml de cachaça de coco
· Creme de leite

Modo de fazer

O primeiro passo é preparar um Syrup de mel, com mel e água.  Misture até homogeneizar e adicione a cachaça envelhecida em barril e o óleo de coco. A partir daí, é só mexer bem, até a composição adquirir a mesma textura, e levar ao congelador. A gordura do coco ficará sólida na parte de cima do líquido, após gelar. Então, retire esta gordura e reserve o líquido.

 Para o café, use Orfeu Clássico para prensa francesa (moagem grossa) e acrescente a água quente. Deixe o café na infusão por 4 minutos. Na última etapa, misture o café, a cachaça de coco, o syrup de mel e cubra o copo com creme de leite. Uma delícia!

Orfeu Tonic

Ingredientes:

· 50 ml de Cynar
· 1 cápsula de Orfeu Intenso
· Gelo
· 1 fatia de laranja

Modo de preparo

Basta acrescentar gelo, o Cynar e uma xicara de uma cápsula de Orfeu Intenso, finalizar com uma fatia de laranja e voilà! Fácil de preparar e delicioso.

Red Coffee

· 200 ml de água
· Açúcar a gosto
· 10 g de hibisco desidratado
· 100 g de framboesa
· Uma cápsula de Café Orgânico Orfeu
· 50 ml de gin
· 20 ml de suco de limão siciliano
· Hortelã

Modo de fazer

O Gin é a base do Red Coffee. Para o preparo, o primeiro passo é confeccionar um syrup de framboesa, com água, açúcar, hibisco desidratado e framboesa. Cozinhe em fogo médio até ganhar um tom bem vermelho. Bata no liquidificador e coe.

 Em outra etapa, prepare uma cápsula de Café Orgânico Orfeu, gin, suco de limão siciliano e 30 ml do syrup de framboesa. Polvilhe com pó de hibisco e finalize com hortelã. Uma bebida linda e um sabor ainda mais surpreendente.
Café e cachacinha são duas paixões brasileiras, por isso o drink que usa estes dois ingredientes tinha mesmo que se chamar Brazilian Coffee. Com o sabor tradicional de Orfeu Clássico, aroma de coco e textura de mel, trata-se de uma festa para o paladar. Anote:A Gin Tônica foi a bebida do último verão, antes da pandemia, antes do isolamento, antes de tudo. Agora que os mais precavidos preparam seus drinks dentro de casa, que tal trocar a Gin Tônica por um Orfeu Tonic? É muito fácil de fazer!Ingredientes:

 


O Globo sábado, 08 de agosto de 2020

OS NOVOS BAIANOS VOLTAM EM LIVE PARA CANTAR MORAES

 

Os Novos Baianos voltam em live para cantar Moraes

Baby do Brasil, Pepeu Gomes e Paulinho Boca de Cantor prestam homenagem ao seu vocalista e compositor, falecido em abril
 
SC Rio de Janeiro/Brasil 20/07/2010 Moraes Moreira, cantor e compositor - Foto Leonardo Aversa / Agencia O Globo Foto: Leonardo Aversa : Leo Aversa /  
SC Rio de Janeiro/Brasil 20/07/2010 Moraes Moreira, cantor e compositor - Foto Leonardo Aversa / Agencia O Globo
Foto: Leonardo Aversa : Leo Aversa /  
 
 

Há seis meses, os Novos Baianos fizeram, em Recife, o último show de uma bem-sucedida reunião, iniciada em 2016, que deu em uma turnê nacional e em um disco ao vivo. Os planos eram começar a gravação de um disco de inéditas, para celebrar os 50 anos de banda, mas aí em março veio a pandemia do novo coronavírus e, em abril, a morte, por ataque cardíaco, de Moraes Moreira, cantor e compositor de algumas das principais músicas do grupo. É para homenagear Moraes que Baby do Brasil, Pepeu Gomes e Paulinho Boca de Cantor se reúnem hoje, no Rio, na Vila Riso, para a primeira live dos Novos Baianos, dentro do projeto Devassa Tropical ao Vivo, transmitido a partir das 17h30 no canal do YouTube da cervejaria.

 
Com o poeta, letrista e novo baiano Luiz Galvão entre a exígua plateia da equipe de transmissão (ele não sobe ao palco desta vez), o grupo faz o seu primeiro show sem o amigo, em um cenário de vegetação exuberante que remete ao sítio em Jacarepaguá onde viviam em comunidade no começo da carreira, nos anos 1970.

— Mesmo sem público a gente vai conseguir passar toda a nossa energia para o pessoal que está vendo a gente de longe, porque é só um olhar para o outro para saber o que vai fazer — conta Paulinho, em entrevista por Zoom com os outros Novos Baianos. — O Moraes está conosco até hoje. Os Novos Baianos cantam a nossa vida, e nesse recomeço sem (a presença física de) Moraes a gente vai cantar isso aí, porque Novos Baianos é uma história para sempre.

Os Novos Baianos na época da reunião Foto: Divulgação
Os Novos Baianos na época da reunião Foto: Divulgação

Pepeu Gomes diz que a perda súbita de Moraes Moreira o desestruturou:

— Eu sou canhoto, e Moraes era o meu lado direito. A gente fazia os arranjos, concebia as harmonias. Foi um baque muito grande, não só perder o amigo e o irmão, mas também esse equilíbrio musical.

As canções dos Novos Baianos cantadas por Moraes Moreira serão distribuídas entre Baby, Pepeu e Paulinho. Já o seu violão característico será encarnado por Pedro Baby, filho de Baby e Pepeu, e um dos grandes discípulos do artista. Os eméritos novos baianos Jorginho (bateria) e Didi (baixo), ambos irmãos de Pepeu, mais o percussionista Guerrinha completam a formação instrumental da live.

 

— Com a ajuda de todos da banda, acho que vamos conseguir reproduzir a sonoridade que a gente tinha com o Moraes — aposta Paulinho Boca de Cantor.

Baby minimiza o desentendimento que o cantor teve com ela, poucos dias antes de morrer, por causa do musical sobre o grupo:

— Imagina se a gente tivesse brigado mesmo, que sentimento ruim eu teria.

E a cantora festeja:

— Moraes está vivo em cada acorde dos Novos Baianos!


O Globo sexta, 07 de agosto de 2020

CAETANO VELOSO: COMO SERÁ A PRIMEIRA LIVE DO CANTOR, NESTA SEXTA-FEIRA, QUANDO FAZ 78 ANOS

 

Como será a primeira live de Caetano Veloso, nesta sexta, quando ele faz 78 anos

Após resistência que virou ‘lenda’ nas redes sociais, compositor se apresenta hoje com os filhos na Globoplay às 21h30
 
O cantor Caetano Veloso Foto: Aline Fonseca / Divulgação
O cantor Caetano Veloso Foto: Aline Fonseca / Divulgação
 
 

Enquanto a MPB inteira se rendia às lives desde o começo da quarentena, Caetano Veloso não se mostrava nem um pouco interessado em fazer uma. Daí que uma das grandes diversões dos últimos tempos passou a ser acompanhar os insistentes vídeos de Paula Lavigne, nas redes sociais dela e dele, enquadrando o cantor — às vezes de pijama, às vezes comendo paçoca... — , perguntando quando aconteceria sua live. Ele desconversava, com bom humor. Os fãs reforçaram o apelo, enviando pedidos de músicas e até paródias (como a do humorista Marcelo Adnet, que viralizou). Finalmente, há uma semana veio a notícia de que Caetano tinha cedido: a apresentação, apelidada de Live, a Lenda, acontece hoje (dia do seu aniversário de 78 anos), às 21h30, exclusivamente no Globoplay (não é necessário ser assinante para assistir).

 
Caetano toca e canta ao lado dos filhos, Moreno, Zeca e Tom (com os quais veio dividindo o show “Ofertório” nos últimos anos), na sala de sua casa, em Ipanema.

— No começo, eu nem via possibilidade de fazer live. Não achava que o que me era proposto fosse do meu feitio. Mas eu queria fazer. Acho graça de o assunto ter ficado tão falado. O fundamental, que é cantar, estar na companhia dos meus filhos e escolher canções, me dá prazer — disse o cantor, em entrevista distribuída à imprensa. — Falei logo com eles que queria que eles participassem. Não tem quase nada do “Ofertório”. Eles vão tocar comigo muitas das músicas escolhidas para a live e eu vou cantar ao menos uma com cada um deles.

Caetano toca violão de pijama, em casa Foto: ReproduçãoCaetano toca violão de pijama, em casa Foto: Reprodução

Misto de todas as coisas

O repertório de Live, a Lenda, é claro, foi objeto de especulações nas redes sociais ao longo da semana, com os fãs ansiosos para saber se seus pedidos emplacaram. Nesta semana, Paula ironizou a própria obsessão com a live, transformando a espontaneidade numa bela estratégia de marketing (é “aquele assunto que eu evito”, brincou ela num dos vídeos). Depois, publicou no Instagram um spoiler do quarteto ensaiando “Cajuína”. Dias antes, Caetano disse que não iria deixar “Tigresa” de fora. E foi anunciado que duas músicas novas farão parte da apresentação: “Talvez” (composição de Tom Veloso com Cezar Mendes, que foi gravada por Caetano e o filho e lançada hoje nas plataformas de streaming, como single) e “Pardo”, canção de Caetano registrada pela cantora Céu em seu último álbum, “APKÁ!” (2019), que enfim ganhará interpretação do autor.

 

— Recebo muitos recados e e-mails pedindo canções e até orientando se vou para o lado do material ultraconhecido ou se canto coisas que quase nunca cantei. Meu critério deveria ser exclusivamente este: o que eu posso fazer melhor? — explicou Caetano. — Mas tanto os sucessos consagrados quanto as coisas que tratam de temas mais adequados à situação de quarentena abalam esse critério. Assim, o público pode esperar um misto dessas coisas todas.

O que havia de cômico (intencionalmente ou não) nos vídeos de Paula Lavigne puxando assunto sobre a live com Caetano foi amplificado por Marcelo Adnet em suas paródias, exibidas no seu programa no Globoplay, “Sinta-se em casa”, gravado durante a quarentena. Apreciadores das imitações, Caetano e Paula acabaram dando a Adnet a primazia de anunciar que Live, a Lenda, aconteceria no aniversário de 78 anos do cantor. Anúncio feito cabalisticamente, aliás, na edição de número 78 do programa, com direito a uma música composta pelo humorista e interpretada por ele como se fosse Caetano.

Paródia carinhosa

No fim das contas, o número musical de Adnet viralizou e acabou se tornando a grande peça de divulgação da live.

 

— Isso foi algo que começou totalmente despretensioso — revelou Marcelo Adnet, semana passada, ao GLOBO. — Garimpo notícias de política entre as mídias tradicionais e fatos sobre comportamento em redes sociais. Foi quando atentei para essa resistência do Caetano com as lives, e a Paula super querendo a live... Esses vídeos começaram a bombar dentro de uma bolha ou de um nicho, e aí eu decidi fazer paródias da Paula e do Caetano em casa. Foi algo que nasceu através de um carinho recíproco entre mim e os dois.

Caetano disse ter se divertido com o aspecto de comédia que a live adquiriu:

— Sempre adorei o que me faz rir. Entre os meus filmes favoritos de todos os tempos estão comédias de Billy Wilder. Quando menino, amava o “Balança mas não cai” da Rádio Nacional e os programas divinos da Mayrink Veiga (alguns escritos por Chico Anysio). Gosto do filósofo que põe a comédia acima da tragédia. Os tempos que vivemos não seriam apenas menos suportáveis sem Marcelo Adnet ou Gregorio Duvivier: sem pessoas como eles, seriam obscuros, ininteligíveis, sem luz.

Em tempos de perdas para a cultura brasileira (de Moraes Moreira e Aldir Blanc a Rubem Fonseca e Sérgio Ricardo), quando tem acompanhado o noticiário com afinco, Caetano projeta uma esperança.

 

— Que (as pessoas) saibam se definir internamente em meio à batalha entre a maluquice das teorias conspiratórias e a natural confusão da ciência. Ter clareza quanto a um mínimo de decisões é necessário em momentos de emergência.


O Globo quinta, 06 de agosto de 2020

GÉSIO AMADEU SE ENCANTOU: AOS 73 ANOS, ATOR DE RENASCER E CHIQUITITAS MORRE VÍTIMA DA COVID-19

 

Morre ator Gésio Amadeu, de 'Renascer' e 'Chiquititas', aos 73 anos, vítima da Covid-19

Ator estava internado desde 23 de junho em São Paulo no hospital Sancta Maggiore
 
Ator foi vítima da Covid-19 Foto: Divulgação
Ator foi vítima da Covid-19 Foto: Divulgação
 
 

O ator Gésio Amadeu morreu na tarde de hoje, aos 73 anos, por complicações da Covid-19. Ele estava internado no hospital Sancta Maggiore, em São Paulo, desde junho. Quem confirmou a morte do artista foi seu filho, Mario Amadeu, que acompanhava bem de perto a situação de seu pai. "Meu pai acabou de falecer. Falência múltipla de órgãos. Por ora, somente essa informação. Assim que possível, postaremos mais. Obrigado", escreveu ele em sua rede social.

Amadeu atuou em várias novelas da Globo, como na primeira e segunda versão de "Sinhá Moça" (1986 e 2006), "Renascer" (1993) e "A Viagem" (1994). Também atuou na série infantil "Sítio do Pica Pau Amarelo" e ficou muito conhecido por interpretar o cozinheiro Chico de "Chiquititas" (1997-2001), no SBT.

O SBT publicou uma nota de pesar no qual "lamenta profundamente o falecimento". "Gésio faz parte dos grandes atores revelados pelo teatro, emprestando posteriomente seu talento à teledramaturgia nacional, tendo interpretado personagens que permeiam a memória afetiva do público, em diversas emissoras de TV", diz o texto.

Em junho, o filho Mario Amadeu publicou um relato no Facebook no qual afirma que a suspeita é que o pai tenha contraído a Covid-19 após ser internado em outro hospital com a pressão alta.

"Meu pai, o ator Gesio Amadeu, no dia 24 de maio, foi a um primeiro hospital para realizar exames pois estava com a pressão alta fazia dias. Como a pressão não abaixava, por determinação médica, ele foi internado. Ele ficou 8 dias na UTI e provavelmente lá ele contraiu Covid. Foi na UTI deste primeiro hospital que meu pai teve febre a primeira vez. Ele teve alta e foi para um quarto, aí eu comecei a acompanhar o meu velho. [...] Dia 8 de junho ele saiu deste primeiro hospital e foi para o Sancta Maggiore. A essa altura o pulmão do meu pai já estava bem mais comprometido."


O Globo quarta, 05 de agosto de 2020

ANDREA BELTRÃO FALA SOBRE MATURIDADE E ESTETICA

 

Andrea Beltrão fala sobre maturidade e estética: 'Já fiz uma pequena plástica, adorei o resultado, mas não faço nunca mais'

No ar em 'Tapas e beijos' e 'Hebe', atriz, de 56 anos, diz que não tem angústias com a passagem do tempo: 'Eu lido bem'
 
 
Andrea Beltrão Foto: Leandro Tumenas
Andrea Beltrão Foto: Leandro Tumenas
 
 

Toda terça, com a reprise de "Tapas e beijos", os telespectadores têm a oportunidade de ver Andrea Beltrão aos 47 anos, quando viveu a personagem Sueli. Corta para as quintas, e lá está a mesma atriz, com 56 anos, interpretando "Hebe", na minissérie que conta a vida da apresentadora homônima. A passagem do tempo, em poucos dias, está diante dos olhos de quem assiste à TV, mas o assunto não é uma questão para a carioca, que faz sucesso desde 1985, quando estrelou "Armação ilimitada", aos 22 anos.

 "Eu lido bem com a passagem do tempo. Não tenho angústia com isso", reflete Andrea. "Quando vejo minhas fotos mais jovem, acho legal, bonitinho, mas percebo que a pele já mudou, percebo os vincos do rosto. São meus. É tudo que eu vivi, minha história."

Anos atrás, ela admite, submeteu-se a uma cirurgia plástica e fala do assunto sem rodeios. Mas não pretende repetir a intervenção.

"Já fiz uma pequena plástica, adorei o resultado, mas não faço nunca mais. Agora deixa a vida me levar. Fiz quando achei que ia ser legal, e foi. Não tenho mais essa vaidade. Mas não tenho nada contra."

Andrea Beltrão Foto: Leandro Tumenas
Andrea Beltrão Foto: Leandro Tumenas

Assídua praticante de esportes, Andrea nada, corre e faz ginástica diariamente. E não por estética, diz. Além de ser um costume da adolescência ("Meu sonho era ser nadadora. Depois fui jogar vôlei e fiz atletismo na escola pública", relembra"), a movimentação costuma ajudá-la em cena.

FOTOGALERIAAndrea Beltrão posa no Teatro Poeira

"Quando vou ensaiar alguma coisa, fazer algum trabalho no teatro, no cinema ou na TV, gosto de me sentir firme, de poder executar o que for pedido", diz a torcedora do Flamengo, que não perde um jogo de futebol, seja de qual time for. "Sou completamente apaixonada, capaz de assistir a qualquer partida com muito prazer. Fiquei bem triste com a morte do Rodrigo Rodrigues (apresentador do SporTV, vítima de complicações de Covid-19), adoro ver mesa-redonda e acompanhava os programas com ele."

Casada há 26 anos com o diretor Maurício Farias, pai de seus três filhos, diz que o segredo da longevidade de um relacionamento é o quanto se coloca na construção diária dele.

"Quase todos os dias, olho para a gente e penso: 'Que coisa ainda estarmos aqui, a vida ainda estar boa'. Casamento é tudo construção, todo dia. Isso aprendi muito com a Marieta (Severo, amiga, sócia e comadre). Cada dia é um dia novo", diz ela.


O Globo terça, 04 de agosto de 2020

HOLOCAUSTO: CINCO FILMES E SÉRIES SOBRE O TEMA DISPONÍVEIS NO STREAMING

 

Holocausto: cinco filmes e série sobre o tema disponíveis no streaming

Destaque para o documentário ‘AnneFrank — Vidas paralelas’, baseado no diário da jovem, com narração da atriz britânica e vencedora do Oscar Helen Mirren
 
 
 

No dia 4 de agosto de 1944, a Gestapo capturou a garota judia Anne Frank e sua família em Amsterdam por causa de um informante. Anne morreu em um campo de concentração como outras milhões de vítimas do Holocausto, que inspirou filmes e séries disponíveis no streaming. Veja cinco opções:

‘AnneFrank — Vidas paralelas’

Baseado no diário da jovem, o documentário de Sabina Fedeli e Anna Migotto tem narração da atriz britânica e vencedora do Oscar Helen Mirren (“A rainha”). O filme estreou em julho e também traz a saga de cinco sobreviventes do Holocausto. Netflix.

'Hunters'

'Hunters' Foto: Divulgação
'Hunters' Foto: Divulgação

 

A série produzida por Jordan Peele e com Al Pacino no elenco acompanha um grupo de caçadores de nazistas que descobriu existir vários deles nos EUA planejando dar início ao Quarto Reich e matar milhões no mundo. Amazon Prime.

'A menina que roubava livros'

'A menina que roubava livros' Foto: Divulgação
'A menina que roubava livros' Foto: Divulgação

 

Liesel Meminger (Sophie Nélisse) é uma jovem que vive roubando livros e compartilhando com seus amigos, entre eles um homem judeu, Max Vanderburg (Ben Schnetzer), que vive escondido em sua casa. Claro Vídeo, Google Play e iTunes.

‘Grandes momentos da Segunda Guerra em cores’

‘Grandes momentos da Segunda Guerra em cores’ Foto: Divulgação
‘Grandes momentos da Segunda Guerra em cores’ Foto: Divulgação

 

Desde o ataque a Pearl Harbor até o Dia D, a série documental de dez episódios (quase uma hora cada) mostra os acontecimentos mais marcantes da Segunda Guerra Mundial, tudo em cores. Netflix.

‘O menino do pijama listrado’

‘O menino do pijama listrado’ Foto: Divulgação
‘O menino do pijama listrado’ Foto: Divulgação

O filho (Asa Butterfield) de um oficial nazista que tem um cargo importante em um campo de concentração acaba fazendo amizade com Samuel (Jack Scanlon), com idade parecida, que vive do outro lado de uma cerca eletrificada. Microsoft Store.


O Globo segunda, 03 de agosto de 2020

CHAVES É RETIRADO DO AR EM TODOS OS CANAIS E PLATAFORMAS DA AMÉRICA LATINA

 

'Chaves' é retirado do ar em todos os canais e plataformas da América Latina

Filhos de Roberto Gómez Bolaños, criador e protagonista da série mexicana, não chegaram a acordo com a rede Televisa
Os seriados 'Chaves' e 'Chapolin' estreiam no Multishow Foto: Divulgação/Multishow
Os seriados 'Chaves' e 'Chapolin' estreiam no Multishow Foto: Divulgação/Multishow
 
 

RIO — A popular série de televisão "Chaves", protagonizada por Roberto Gómez Bolaños, e que continuava sendo transmitida principalmente na América Latina, foi tirada do ar de todos os canais em que era exibida, informaram os filhos do falecido ator neste domingo (2/8).

Criada por Gómez Bolaños em 1970 e com o último capítulo gravado em janeiro de 1980, "Chaves" foi retirada da televisão desde 1º de agosto porque, segundo a imprensa mexicana, a família do ator e o canal Televisa não chegaram a um acordo sobre os direitos da série.

"Embora estejamos tristes pela decisão, minha família e eu esperamos que 'Chaves' esteja em breve nas telas do mundo. Continuaremos insistindo e estou certo de que conseguiremos", escreveu em sua conta do Twitter Roberto Gómez Ferán, filho do ator.

Graciela Gómez, filha de Bolaños, aludiu de forma indireta a prováveis desavenças com a Televisa, a maior emissora de TV hispânica. "É uma pena que quem mais se beneficiou dos programas de 'Chaves' afirme hoje que não valem mais nada. Aos seus filhos nos deixou sua cultura, seu amor, seu exemplo, seu estilo. Essa riqueza não pode ser quantificada. Os interesses econômicos não estão na família", escreveu a jovem também no Twitter.

Florinda Meza, intérprete da personagem 'Dona Florinda" no programa e viúva do ator, falecido em 2014, aos 85 anos, lamentou a decisão, fazendo alusão aos momentos difíceis que o mundo vive com a pandemia da COVID-19. "O que eu acho que se deixe de transmitir 'Chaves'? Embora não tenha nada a ver porque inexplicavelmente não fui convocada para as negociações, acho que justo agora, quando o mundo mais precisa de diversão, fazer isto é uma agressão às pessoas", escreveu em sua conta na rede social.

A retirada de "Chaves" do ar entrou para os assuntos mais comentados no Twitter, com várias mensagens de lástima dos espectadores de países de língua espanhola, os quais ressaltaram os valores manifestados pelo programa, como a amizade, solidariedade e a honestidade. No entanto, também havia duras mensagens de crítica, principalmente de usuários mexicanos, que consideram que o programa "manipulava" as crianças e tinha nuances "classistas". Após a morte de Bolaños, a revista Forbes estimou que "Chaves" rendeu à Televisa cerca de US$ 1,7 bilhão até 2014.

 


O Globo domingo, 02 de agosto de 2020

GRAVIDEZ INDESEJADA E CASAMENTO INFANTIL

 

Gravidez indesejada e casamento infantil: o impacto terrível da pandemia nas vidas de meninas na América Latina

Fundo de Populaçãoda ONU estima que crise econômica resultante da pandemia de Covid-19 e precariedade dos serviços de saúde sexual e reprodutiva poderão deixar 18 milhões de mulheres e adolescentes sem acesso a métodos contraceptivos e levar a mais de 600 mil gestações
 
Casamento afasta meninas dos seus sonhos, escola, família e amigas Foto: Ilustração de Lari Arantes
Casamento afasta meninas dos seus sonhos, escola, família e amigas Foto: Ilustração de Lari Arantes
 
 

CIDADE DO MÉXICO E BOGOTÁ. Quando a barriga de sua filha começou a crescer, em maio, Paloma descobriu o inimaginável. A menina de 11 anos tinha sido abusada sexualmente pelo padrasto. Paloma, cujo nome foi modificado para esta reportagem, levou a filha a um hospital público no estado de Michoacan, no oeste do México, mas o aborto foi negado. Por lei, os hospitais públicos mexicanos têm de realizar abortos para sobreviventes de estupros - e também quando a saúde da mulher está em risco e, em alguns casos, quando o feto está deformado, mas, na prática, muitos hospitais se recusam a fazer o procedimento.

No ano passado, um total de 470 abortos legais foram realizados no sistema público de saúde mexicano, um país de 126 milhões de pessoas, de acordo com dados do Ministério da Saúde local. Por toda a América Latina, fazer um aborto costuma ser difícil, mas é ainda mais durante o período de isolamento social necessário para conter a pandemia de Covid-19, dizem especialistas. Juntos, a América Latina e o Caribe têm mais de 4,3 milhões de casos do novo coronavírus.

Especialistas alertam para um aumento no número de gravidezes de adolescentes já que o acesso ao aborto e aos métodos contraceptivos ficam mais restritos devido à concentração de recursos nos esforços para combater a Covid-19 - mesmo que a maioria dos país latino-americanos permita, por lei, a realização do procedimento em casos de estupro.

- Infelizmente, ainda há muita ignorância da população e dos serviços de saúde sobre a lei - diz Karla Berdichevsky, que dirige o Centro Nacional para Equidade de Gênero e Saúde Reprodutiva, veiculado ao Ministério da Saúde mexicano.

Para a menina de 11 anos grávida, a organização sem fins lucrativos Las Libres, que trabalha pelos direitos das mulheres, conseguiu que ela realizasse o procedimento em uma clínica particular na Cidade do México, em junho, quando a gravidez tinha 17 semanas.

 

- As meninas não têm nenhum poder - diz Veronica Cruz, fundadora da Las Libres. - São exatamente elas que precisam de mais acesso, mais orientação, mais de tudo do estado e, não, o que acontece é o oposto.

Brasileiras não se calam:mulheres relatam violências constantes sofridas em Portugal e outros países

Em toda a região, as adolescentes têm dificuldade de conseguir contraceptivos, que é distribuído gratuitamente pelo governo ou organizações não governamentais. Na Colômbia, por exemplo, menos de um terço das meninas entre 15 e 19 anos relatou usar contraceptivos em um país em que cerca de uma em cada cinco adolescentes é mãe ou está grávida.

- Temos muitas necessidades que não são atendidas em termos de planejamento familiar. Mas isso se agrava com a pandemia - diz Alma Virginia Camacho-Hubner, conselheira regional sobre saúde sexual e reprodutiva do Fundo de População da ONU (UNFPA).

O governo do México calcula que poderá haver cerca de 22 mil gravidezes indesejadas além do normal entre meninas de 15 e 19 anos apenas em 2020, por causa da acesso difícil aos métodos contraceptivos. Por toda a América Latina, 18 milhões de mulheres e adolescentes poderão deixar de usar contraceptivos durante a pandemia, o que poderá levar a mais de 600 mil gravidezes indesejadas, diz uma estimativa do UNFPA.

 

Abuso sexual dentro de casa

Antes do novo coronavírus, a América Latina e o Caribe registraram o segundo número mais alto de gravidez na adolescência, só perdendo para a África subsaariana, de acordo com o UNFPA. Entre 2010 e 2015, em toda a região, foram 66,5 nascimentos por 1.000 meninas. O número global é de 46 nascimentos por 1.000 meninas.

O número alto de gravidez entre adolescentes na América Latina se deve a falta de controle de natalidade, violência sexual e falta de educação sobre os direitos das meninas e das mulheres. Uma das causas das gravidezes entre adolescentes é o abuso sexual cometido dentro de casa, por parentes. O isolamento social e o consequente fechamento das  escolas significam que meninas estão trancadas em casa com seus abusadores.

- As casas não são lugares seguros agora, e meninas e mulheres estão trancadas com seus abusadores - afirma Daniel Molinda especialista em gênero e masculinidades na organização Plan International.

Depoimento: 'A pessoa é estuprada e ainda tem quem a julgue', diz mulher abusada pelo padrasto por mais de dez anos

Relatos de violência sexual durante o isolamento social aumentaram embora não existam dados que mostrem quantos resultaram em gravidez. Em muitos países, serviços telefônicos criados pelos governos foram inundados de chamadas relatando violência sexual. Apenas no Peru foram 17 mil chamadas sobre violência sexual contra crianças nos primeiros 107 dias de isolamento.

 

Na Colômbia, cerca de 22 casos de abuso sexual contra meninas foram denunciados por dia do início do isolamente , em 25 de março, até 23 de junho. Uma pesquisa online realizada pela Plan International,  conduzida em junho com 350 meninas de 12 países, incluindo cinco nações latino-americanas, mostrou que a maioria delas estava preocupada com violência de gênero durante a pandemia. Havia também medo de que a pobreza resultante da pandemia pudesse significar que meninas estão mais vulneráveis a um casamento não desejado ou a ter de viver com um homem porque suas famílias já não podem mais prover seu sustento.

Na região, um adicional de 50 milhões de pessoas entrará para a pobreza ou pobreza extrema por conta do impacto econômico da pandemia, segundo uma estimativa da ONU.

- As meninas estão vendo o casamento precoce como uma saída para a pobreza. Mas quando elas chegam lá, elas entendem que é um outro espaçode abuso - encerra Daniel Molina.


O Globo sábado, 01 de agosto de 2020

DIA NACIONAL DA LASANHA: RECEITAS FÁCEIS

 

Dia Nacional da Lasanha: receitas fáceis e versões do prato, de pinoli a copa-lombo

Se você é daqueles que não dispensa uma massa, confira dicas de chefs
 
 
Lasanha vegetarianacom pinoli, Zona Sul Foto: Divulgação
Lasanha vegetarianacom pinoli, Zona Sul Foto: Divulgação

Lasanha é coisa antiga, surgiu no Império Romano, mas o formato atual (em camadas intercaladas com recheios) foi criado na Inglaterra, durante o reinado de Ricardo II, no século 14, segundo nos conta o livro de receitas “The forme of cury”, editado naquela mesma época. Uma das massas mais consumidas no Brasil e um dos pratos mais admirados no mundo, a lasanha tem hoje (29 de julho) um dia para chamar de seu. E para não passar em branco, listamos cinco diferentes receitas elaboradas por chefs de cozinha. Confira.

 

Lasanha de pinoli

Piero Cagnin

Ingredientes

  • 1 litro de leite
  • 2 colheres de sopa de cebola picada
  • 60g de manteiga sem sal
  • 1 folhas de tomilho fresco a gosto
  • 4 colheres de sopa de farinha de trigo
  • 1 pitada de noz-moscada ralada
  • 50g de queijo parmesão ralado fino
  • 2 unidades de cenouras em cubos
  • 3 talos de aipo em cubos
  • 2 unidades de abobrinhas italianas em cubos
  • 4 dentes de alho em cubos
  • 2 unidades de alho-poró em cubos
  • 2 unidades de batatas-baroas em cubos
  • 1 flores de 1 brócolis americano médio
  • 1 flores de ½ couve-flor
  • 100ml de azeite de oliva extravirgem
  • 1 lata de tomates sem pele peneirados
  • 0,5 xícara de chá de folhas de manjericão
  • 1 unidade de cebola em cubos
  • 12 folhas de massa de lasanha
  • Azeite de oliva (pra untar a massa)
  • Sala  gosto
  • 500g de queijo mussarela ralado
  • 80g de passas brancas hidratadas (em água quente)
  • 40g de pinoli tostado (em frigideira seca)
  • 150g de queijo parmesão ralado fino

Preparo

Molho Branco: aqueça o leite em ponto de fervura e deixe reservado. Em uma panela funda, refogue a cebola com manteiga, acrescente as folhas de tomilho e,após alguns instantes, coloque a farinha de trigo, mexendo bem até que comece a corar. Então, acrescente aos poucos o leite e, com a ajuda de um batedor, misture continuamente para não formar grumos. Tempere com noz-moscada e, assim que o molho estiver espesso, retire do fogo, passe por uma peneira fina, acrescente o queijo ralado, misture bem e reserve.

Recheio: em uma frigideira funda refogue todos os vegetais no azeite de oliva, mexendo sempre. Tempere com sal e pimenta-do- reino e cozinhe até estarem macios, acrescentando, se for preciso, um pouco de água. Adicione os tomates e o manjericão, misture bem e reserve.

Massa: em uma panela com água fervente e sal, cozinhe as folhas de massa. Escorra e coloque um pouco de azeite de oliva, para que não grudem.

Montagem: em um tabuleiro grande, coloque uma fina camada de molho banco, distribua uma camada de massa e acrescente metades de: verduras cozidas, mussarela ralada, passas e pinoli. Espalhe ¼ do queijo parmesão ralado e repita a sequência de camadas (molho branco, massa,recheio). Volte a distribuir uma camada de molho branco e outra de massa, cubra com molho branco e salpique o queijo parmesão ralado restante.

 Finalização: leve ao forno pré-aquecido a 200 graus durante 30 minutos, ou até que a superfície da lasanha esteja corada. Retire do forno e aguarde cerca de 15 minutos para servir.

Lasanha de abobrinha

Leandro Barros (Caju)

Lasanha de abobrinha. Leandro Barros (Caju) Foto: Divulgação
Lasanha de abobrinha. Leandro Barros (Caju) Foto: Divulgação

 

Ingredientes

  • 2 abobrinhas grandes
  • 2 tomates grande
  • Manjericão de folha
  • 300g de queijo muçarela
  • 2 pacotes de molho de tomate

Preparo

Corte a abobrinha em rodelas ou compridas, à sua escolha. Corte os tomates em rodelas finas.

Em um refratário coloque o molho de tomate, em seguida uma camada de abobrinha, após uma camada de queijo.

Em cima do queijo acrescente as rodelas de tomate e uma camada de queijo novamente.

Faça essa sequência até finalizar a lasanha. Entre as camadas adicione o manjericão e sal a gosto. Leve ao forno a 180 graus por 25 minutos.

Lasanha de copa-lombo

Leonardo Brito (Cobre)

Lasanha de copa-lombo defumado (Pulled Pork) Foto: Divulgação/Gabriel da Muda
Lasanha de copa-lombo defumado (Pulled Pork) Foto: Divulgação/Gabriel da Muda

 

Ingredientes

  • 1kg de copa-lombo bovino (o deial é defumado)
  • Mix de páprica, pimenta (em pó, a que tiver)
  • Sal
  • Barbecue
  • Querijo ralado parmesão e mozzarella
  • Folhas de manjericão
  • ... a massa
  • 300g de farinha de trigo
  • 3 ovos
  • Pitada de sal

Preparo

Cozinhar o copa-lombo ( o recomendado é em 120 graus por 18 horas). Após o processo, desfie. Adicionar barbecue (a gosto).

Massa: abrir a massa bem fina e cortar em folhas de 15cm x 10cm.

Montagem: inicie untando a forma com molho de tomate. A segunda camada é de massa. A terceira camada de copa-lombo. A quarta camada de queijo. Repita a sequência três vezes. Leve ao forno para gratinar, 180 graus por 20 minutos. Finalize com folhas de manjericão.

Lasanha de mozzarella de búfala

Malu Mello

Ingredientes

  • 10 tomates italianos maduros
  • 360g de mozzarella de búfala
  • 150g de queijo parmesão ralado
  • ¼ molho de manjericão
  • 200ml de azeite
  • 5g de flor de sal
  • 2g de pimenta-do-reino
  • ... massa
  • 150g de farinha de trigo 00
  • 4emas de ovo
  • 1 ovo

Preparo

Massa: faça um montinho com a farinha. Coloque as gemas e os ovos no meio. Mexa com as pontas dos dedos o ovo e vá agregando a farinha. Faça a massa. Quando estiver homogênea, leve para a geladeira. Reserve.

 

Molho de tomate: retire a pele dos tomates. Corte-os em quatro. Retire as sementes. Reserve. Aqueça uma panela o azeite. Adicione os tomates. Refogue-os. empere com sal e pimenta-do-reino. Cozinhe por 20 minutos e fogo baixo. Reserve.

Montagem: corte a mozzarella em fatias de 0,5cm. Reserve. Desfolhe o manjericão. Reserve. Unte o fundo da travessa com azeite. Comece a montagem da lasanha com as berinjelas. Intercale camadas de berinjela, queijo parmesão, folhas de manjericão, mozzarella, pimenta-do-reino e flor de sal. Repita o processo mais uma vez. Finalize com queijo parmesão. Leve ao forno a 180 graus por 20 minutos.

Lasanha de legumes

(Mondo Gastronômico)

Lasanha de legumes, Mondo Gastronômico Foto: Divulgação
Lasanha de legumes, Mondo Gastronômico Foto: Divulgação

 

Ingredientes

  • ... massa verde
  • 150g de purê de espinafre
  • 3 ovos
  • 375g de farinha de trigo
  • ... molho bechamel
  • 625g de trigo
  • 150g de manteiga
  • Noz moscada
  • 1.125g de leite
  • 50g molho de tomate
  • 500g de cenoura
  • 400g de salsão
  • 400g de cebola
  • 200g alho-poró
  • ... o recheio
  • 600g de cenoura
  • 400g de shIitake
  • 600g de abobrinha
  • 300g grana padano

Preparo

Massa verde: olocar a farinha sobre uma superfície lisa e limpa. Abrir um buraco no meio da farinha e adicionar os ovos e o purê de espinafre.

Misturar bem a massa e então trabalhar ela até que esteja formada uma massa homogênea.

Reservar ela por 30 minutos envolta em filme plástico na geladeira.

Trabalhar novamente até ficar vem lisa e então abrí -la, ou num cilindro de massas ou com umrolo de massa, numa espessura de 1mm. Cortar quatro folhas de massa do tamanho da assadeira.

Cozinhar em água fervendo com sal, e então dar um choque térmico em água com gelo parainterromper a cocção. Reservar a massa para a montagem com um pouco de azeite na superfície, para que não grudem uma na outra.

 

Recheio: fatiar a cenoura e abobrinha no sentido do comprimento. Retirar os talos do shiitake. Ralar a mozzarella. Grelhar os legumes com azeite e reservar com um pouco de azeite, alho e algumas ervas para aromatiza-los

Bechamel: bater todos os legumes em um processador e levar ao fogo brando até que esteja uma pasta seca.

Em uma panela grande, derreter a manteiga e então adicionar a farinha. Mexer bem até que esteja uma pasta homogênea e desprende um aroma levemente amendoado.

Adicionar o leite gelado aos poucos sempre mexendo para não criar grumos.

Quando o bechamel estiver com um aspecto pesado, adicionar os legumes preparados para obechamel, o molho de tomate e então temperar com sal e noz moscada a gosto.

Montagem: passar uma camada fina do bechamel na assadeira para que a massa não grude.

Montar três camada uniformes com massa, bechamel, legumes e mussarela. Por fim, a última camada é de massa e sobre ela uma camada de bechamel e parmesão ralado finamente. Levar ao forno por 20 minutos a 170 graus.


O Globo sexta, 31 de julho de 2020

FAFÁ DE BELÉM FALA DA CARREIRA E DA VIDA

 

Fafá de Belém fala das dificuldades em conseguir patrocínio para lives e da vida amorosa aos 64: 'Nunca deixei de beijar muuuuuito'

Cantora tem 45 anos de carreira e deu um salto em suas redes sociais nos últimos meses: 'Ganhei fãs da faixa de 15 a 19 anos'
 
Fafá de Belém: 14 quilos a menos e fios brancos na quarentena Foto: Fernando Gomes
Fafá de Belém: 14 quilos a menos e fios brancos na quarentena Foto: Fernando Gomes
 

No dia 9 de agosto, Fafá de Belém completará 64 anos. A festa já está definida: vai cantar para o mundo todo em uma live baseada em Fátima, Portugal, lugar de peregrinação dos devotos da Nossa Senhora que foi a inspiração para o seu nome. O show fora de casa é exceção na quarentena. O seu apartamento em São Paulo — onde está com a filha, a influenciadora e cantora Mariana Belém, do casamento com Raul Mascarenhas, e as netas, Laura e Julia — é que virou o palco principal para espetáculos e conversas pelo Instagram.

É também por lá que, em outubro, Fafá fará uma versão virtual da sua Varanda de Nazaré, espaço em que normalmente recebe convidados durante o Círio, na sua cidade natal. Com tanta novidade, a conta na rede social (@fafadbelem) deu um salto de 200 mil seguidores para 640 mil nos últimos meses. “Ganhei fãs da faixa de 15 a 19 anos, o que é surpreendente. Com certeza, vieram pela avó, pela mãe, pela curiosidade. Meu público sempre foi muito misturado, uns gostam da música, outros da atitude”, reflete. No último quesito, segue incansável: o período de recolhimento a fez expor a invisibilidade que mesmo uma artista com 45 anos de carreira pode enfrentar quando busca patrocínio. A idade pode afugentar os marqueteiros, mas não a assusta. Deixou de pintar o cabelo no começo do ano e não pensa mais em esconder os fios brancos. A seguir, os melhores trechos da entrevista feita por telefone.

O GLOBO: Além dos shows ao vivo, você tem apresentado duas lives semanais de bate-papo. Como tomou tanto gosto pelo formato?

Fafá de Belém: Estou em casa desde o dia 20 de março. É mais tempo do que todo o período que passei neste apartamento no ano passado (gargalhadas). Em 2019, comecei a trabalhar em 4 de janeiro, e meu último compromisso foi em 29 de dezembro. Tenho rodinha nos pés… Mas agora estamos todos em casa, e eu não sou uma pessoa de ficar para baixo, então comecei a inventar. Veio a pressão das lives — a Mariana, minha filha, dizia “tem que fazer, tem que fazer” — e começou a se desenhar como festejar os meus 45 anos de carreira. Aí comecei a fazer uma live de conversa. Primeiro foi com Nany People, depois com Milton Cunha, padre Fábio de Melo, Mandetta, Vera Fischer… Abri um leque de curiosidades, com pessoas que admiro. Todo domingo tenho feito isso. Gostei da coisa e resolvi também falar de mulheres. Criei o Fafá com Elas. Toda quinta de manhã, quero entrevistar mulheres interessantes e ativas, que militam desde sempre.

E como será a live do seu aniversário?

Pois é, no meio disso tudo, veio o convite para uma live em Fátima, em Portugal [transmissão a partir das 17h30, pelo horário de Brasília, com ingressos a 5 euros em www.cliveon.pt]. Me deu uma mexida muito grande, porque todo mundo sabe que sou uma pessoa da fé. Não sou carola, mas acredito que sem a fé a gente não consegue ir a lugar algum. E sou Fátima por Fátima, porque meu pai fez uma promessa e disse que a primeira filha dele seria dela, Nossa Senhora de Fátima. Nunca imaginei, nem nos meus maiores sonhos, receber um convite para cantar no Santuário de Fátima. Eu só cantei lá há muito tempo numa missa, com a Joanna e o Sérgio Reis. Foi uma canção, e fiquei completamente fora do ar. Então, quando surgiu esse convite, pensei: “isso não veio à toa”. Não acredito em coincidência. É o universo conspirando. Mas já retorno de Portugal no dia 15 porque tenho mais trabalho aqui. Antes do primeiro show que fez em casa, em junho, com um repertório de novelas, foi difícil conseguir patrocínio.

Por que uma cantora com 45 anos de carreira enfrenta uma situação dessa?

 

Todo mundo adorava o projeto, mas ninguém fechava. Então, chamei minha filha e disse: “Não oferece para mais ninguém. A Kaiapó [sua empresa de produção de shows] banca. Eu não tenho 45 anos de história para ficar passando chapéu”. Não vou ficar mendigando patrocínio. Quase sempre, o pessoal de marketing das agências é muito jovem, com foco específico. E nós, artistas mais velhos, não fazemos parte desse universo. É como se não existíssemos. Você vê uma repetição nas lives, com uma fórmula XPTO, mas quem está cantando para a gente? Quem está falando da memória da música brasileira?

Então a primeira live foi no amor?

Quase. Assim que botamos a publicação no ar, avisando sobre a live, nos ligou o pessoal do Magazine Luiza. Um dos diretores da empresa perguntou: “Como que a gente não está na live da Fafá?”. Aí ficou muito claro que existe um embarreiramento — e, em um momento em que a gente fala de empoderamento feminino, que a mulher pode ter qualquer idade. Mas você vê que isso não está no departamento de marketing das empresas. É uma balela. É o marketing do departamento de marketing para se inserir no contexto. Na prática, não acontece. Depois do Magalu, veio a MDS, que é uma seguradora portuguesa. A partir daí, tudo começou a andar, e então eu fiz questão falar desse assunto. Principalmente porque nós temos público e estamos em casa trancados. Mas fazemos parte dos invisíveis.

Fafá de Belém com filha e netas Foto: Fernando Gomes
Fafá de Belém com filha e netas Foto: Fernando Gomes

Você também tem enaltecido a beleza da mulher mais velha. Vem daí a decisão de deixar os cabelos brancos?

Há uns três anos, eu já queria, e todo mundo falava: “não pode, vai te envelhecer”. Me envelhecer? “Mas tenho 60 anos”, eu dizia. E depois: “Mas tenho 61”. E sempre ouvindo “nãããao!”. “Mas eu tenho 62...”. “Nãããão” também (gargalhadas). Então, aproveitei que, no início do ano, sem saber de pandemia nem nada, passei um mês entre Lituânia e Letônia, sozinha, onde ninguém sabe quem sou eu, e deixei de fazer a raiz. Já cheguei aqui com ela bem vencida e tinha um filme [“Um pai no meio do caminho”, da Netflix] para fazer com a Maísa [Silva], essa menina maravilhosa. No filme, eu interpreto uma guru, com uma peruca, então decidi ir decupando, tirando a tinta. Fui fazendo as pontas, com as matizes do meu cabelo natural. Quando ele começou a abrir, foi lindo. Estou amando. O meu cabelo mudou! Cada vez mais estou voltando para a minha natureza primeira, que é índia, paraense, criada no Mercado Ver-o-Peso, que não toma nem aspirina. Qualquer infecção a gente trata com copaíba (planta medicinal) ou andiroba (árvore da onde é extraído um óleo). Estou me sentindo maravilhosa.

 

Pretende manter o visual quando tudo isso passar?

Vou manter o cabelo assim, porque, bicho, antes eu tinha que pintar de sete em sete dias. Eu tenho cabelo de índio, que não é grosso, mas é muito forte, e ele expulsa a tinta. Quanto mais velha eu fui ficando, mais rapidamente o cabelo passou a expulsar a tinta. Em três dias já aparecia em toda a moldura do rosto. E isso era uma loucura… Eu não gosto de cabeleireiro, não gosto dessas coisas. Outra mudança na quarentena foi que emagreci 14 quilos! Fui limpando a alimentação também, deixando de comer fora. Porque, se sair, a gente toma logo uma caipirinha. E tomar uma caipirinha e ficar doida em casa? Ah não! Pelo amor do Santo Cristo. Aqui tem uma tacinha de vinho às vezes, muita fruta… Estou buscando uma rotina bem saudável.

A beleza da mulher mais velha também é um tabu à vida amorosa. Isso te afeta?

Olha, minha vida foi sempre um pouco sem idade. Você imagina que eu gravei “Filho da Bahia” para a trilha sonora de “Gabriela” [novela de 1975], e isso explodiu para o Brasil todo, quando eu ia fazer 18 anos. Desde então, eu sempre acordo com várias idades, nunca me preocupei com isso. Nunca tive tempo de ter crise por estar ficando mais velha. Sempre estive trabalhando muito. Então na minha vida, bicho, nem quando eu era adolescente gostava de sair em grupo para o barzinho para dar mole. Mas eu sempre batalhei pelas minhas paixões. Aquele homem que entra no salão e alguma coisa diz “opa”. Os meus grandes relacionamentos foram assim. Mas eu nunca fui muito “apropriada”, porque eu sempre gargalhei alto, nunca tive a paciência de ser patricinha, nunca quis ser Miss Pará, nunca pensei em casar. No perfil da menina que borda, fala inglês, toca piano, que era o aceito e reivindicado pela sociedade, nunca me encaixei. Então eu não me relaciono com ambientes caretas, rigorosos, que prejulgam. Não tenho paciência nenhuma para gente falsa ou para pessoas que têm medo. Minha vida sempre foi muito solta. Namorados fixos, eu tive pouquíssimos. Mas nunca deixei de beijar muuuuuito. E a tia continua no jogo.

 

Levanta a bandeira da liberdade, é isso?

Sempre. Não dá para você se enquadrar porque “agora eu não posso mais isso, tenho mais de 40 anos”, isso é ridículo. Se respeitando, a gente pode tudo! Mas acho que a bandeira da liberdade aqui no Brasil é submetida a julgamento de pessoas que vão te permitir ou não entrar no rol dos livres e dos libertos. E eu não tenho paciência para isso. Você pode olhar: em vários movimentos nunca me chamam (gargalhadas). Quando eu cheguei, eu sofria muito. Hoje em dia, eu faço os meus próprios movimentos, e me dou com todo mundo, mas na minha casa poucas pessoas entram.

Você também criou um show em homenagem às mulheres em uma live.Quais estavam no repertório?

Maysa, Elizeth Cardoso Dolores Duran, que me inspiram desde criança. Imagina Elizeth Cardoso cantando “eu bebo sim”... E o que era Maysa cantando “todos acham que eu falo demais e que ando bebendo demais”? Todas eram consideradas mulheres da noite, no pior sentido. E essas mulheres foram quebrando barreiras. Também Angela Maria, Dalva de Oliveira, Bethânia, Gal, Rita Lee, Elba… Porque hoje em dia todo mundo toma leite e corre na praia, mas essa não era a realidade da minha geração. Tinha um componente de sofrimento, de expor a vida e de vivê-la intensamente.


O Globo quinta, 30 de julho de 2020

FUNQUEIRA MC ATREVIDA MORRE APÓS FAZER PROCEDIMENTO ESTÉTICO

 

Funkeira MC Atrevida morre após fazer procedimento estético em clínica na Vila Isabel, no Rio

Fernanda Rodrigues, de 44 anos, fez uma lipoescultura para retirar gordura das costas e injetar nos glúteos. Polícia investiga o caso
 
A funkeira Fernanda Rodrigues tinha 44 anos e morreu após passar por um procedimento estético Foto: Reprodução/Facebook
A funkeira Fernanda Rodrigues tinha 44 anos e morreu após passar por um procedimento estético Foto: Reprodução/Facebook
 
 

RIO - A funkeira Fernanda Rodrigues, de 44 anos, mais conhecida como MC Atrevida, morreu após fazer um procedimento estético em uma clínica em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio. A cantora fez uma lipoescultura para retirar gordura das costas e injetar nos glúteos, que aconteceu no dia 16 de julho. Após dez dias, ela foi internada no Hospital municipal Evandro Freire, na Ilha do Governador, mas não resistiu e veio a óbito.

Segundo a Secretária Municipal de Saúde, Fernanda chegou com fortes dores no último domingo, dia 26, e foi encaminhada para Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em estado grave. Ela morreu no dia seguinte e seu corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal.

Conforme a SMS, só um laudo do IML vai determinar o que causou o óbito.MC  Atrevida foi enterrada nesta quarta-feira, dia 29, no Cemitério da Cacuia, na Ilha. O caso é investigado pela 37ªDP (Ilha).

PMs e milícia: Operação do Ministério Público mira PMs e demais integrantes de milícia que explora serviço de mototáxis na Zona Oeste

Em uma live pelo Instagram, Wania Tavares, dona da clinica e que se autointitula "Rainha das Plásticas", afirmou que vai aguardar o laudo com a causa da morte, mas que está tranquila.

“Eu não gostaria de falar agora, eu gostaria de esperar os laudos. Porém, como vai sair na TV, eu já vou explanando porque vocês têm o direito de já saber. Eu estou com a minha consciência supertranquila quanto ao procedimento, que foi feito corretamente”, afirmou.

 

AO GLOBO, por telefone, uma das secretárias de Wania, chamada Monique afirmou que a dona não irá se manifestar porque "está esperando o laudo sair". A funcionária disse ainda que a clínica "tem certeza de que prestou um bom serviço" à funkeira e vão "entender o que aconteceu com o laudo".

No dia 7 de julho, Fernanda publicou uma foto no Facebook ao lado de Wania em frente ao local onde realizaria a lipoescultura nove dias depois.  A funkeira elogiou a dona do lugar:

"A braba tem nome. Rainha das Plasticas Vânia. Quer ficar com a beleza em dia? É aqui na Vila Isabel", escreveu na publicação.

Fernanda publicou uma foto ao lado de Vânia em frente ao local onde realizaria a lipoescultura Foto: Reprodução/Facebook
Fernanda publicou uma foto ao lado de Vânia em frente ao local onde realizaria a lipoescultura Foto: Reprodução/Facebook

 

Amigos fazem homenagem

Após a morte de MC Atrevida, os amigos prestaram homenagens nas redes sociais:

"Quem vai me fazer passar mal de rir na madrugada? De quem vou ouvir que sou pica das galáxias? Quem vai me ligar fazendo queixa do nosso Doug e pedindo pra eu arrasar ele? Eu vou ganhar essa guerra por vc agora! É questão de honra! Vai em paz irmã... Fernanda Rodrigues atrevida, deixa que iremos brigar por vc aqui. Obrigada por tudo. Até um dia...", disse a jornalista Luciana Picorelli.

 

"Com a vida aprendi que não existem despedidas fáceis, mas de todas, a que dói mais é aquela em que sabemos que não voltaremos a encontrar a pessoa a quem dizemos adeus.Hoje lhe digo um desses adeus, amiga, pois você partiu para sempre e junto levou um pedaço grande do meu coração. Adeus, minha amiga! Como custa aceitar esta despedida, como dói tentar imaginar como será o dia de amanhã sem ter você por perto.Mas mesmo não estando mais entre nós, você estará eternamente comigo, através de todas as lembranças que construí ao seu lado, e desta saudade que para sempre sentirei por você. Descanse em paz, amiga! Te amarei eternamente", escreveu a amiga Janine Vieira.


O Globo quarta, 29 de julho de 2020

FLOR DO CARIBE: TV GLOBO VAI EXIBIR A NOVELA NA FAIXA DAS 18h

 

TV Globo vai exibir 'Flor do Caribe' na faixa das 18h

Novela estrelada por Grazi Massafera e Henri Castelli volta à grade da emissora no lugar de 'Novo mundo'
 
 
Grazi Massafera e Henri Castelli em cena da novela 'Flor do Caribe' Foto: Joao Miguel Júnior / TV Globo
Grazi Massafera e Henri Castelli em cena da novela 'Flor do Caribe' Foto: Joao Miguel Júnior / TV Globo
 
 

A novela "Flor do Caribe" voltará à grade da TV Globo. Originalmente exibida em 2013, o folhetim estrelado por Grazi Massafera e Henri Castelli substituirá "Novo mundo" na faixa das 18h.

Escrita por Walther Negrão, com direção de Jayme Monjardim e Leonardo Nogueira, a história gira em torno de Ester (papel de Grazi), uma guia de turismo e bugueira que vive entre dunas, salinas e belas praias da fictícia Vila dos Ventos.

 

Triângulo amoroso

O conflito central se estabelece quando a protagonista reencontra Alberto (Igor Rickli), um amigo a quem ela rejeitou no passado. Movido a ganância e desejo de vingança — e de volta ao vilarejo após viver no Rio por três décadas —, o agora rico empresário fará o possível para afastar Ester do noivo Cássio (Henri Castelli).

Reprises desde fim de março

Devido à pandemia do novo coronavírus, que suspendeu as gravações de todas as novelas, a TV Globo vem reprisando novelas antigas em suas faixas dedicadas a folhetins: atualmente, seguem no ar "Malhação: Viva a diferença", "Novo mundo" (às 18h), "Totalmente demais" (às 19h) e "Fina estampa" (às 21h).

Recentemente, a emissora anunciou que exibirá "A força do querer"  no horário nobre assim que "Fina estampa" chegar ao fim. A trama de Glória Perez foi exibida originalmente em 2017, e teve Juliana Paes como um dos destaques ao interpretar a personagem Bibi Perigosa.

 

Uma nova reexibição também será escolhida para o horário das 19h, logo após o fim de "Totalmente demais". As novelas "Amor de mãe" e "Salve-se quem puder" só devem retornar à grade da TV Globo em 2021. A emissora estuda retomar as gravações ainda este ano.


O Globo terça, 28 de julho de 2020

LIVES DE HOJE: PATRÍCIA PILLAR E JORGE ARAGÃO

 

Lives de hoje: Patricia Pillar, bate-papo com Jorge Aragão e tributo ao Cartola são destaque

Confira agenda de transmissões ao vivo desta terça-feira (28)
 
 
Patricia Pillar e Jorge Aragão Foto: Divulgação
Patricia Pillar e Jorge Aragão Foto: Divulgação

25 anos do ‘Menino Maluquinho’

Patricia Pillar participa de uma live pelos 25 anos do filme “Menino Maluquinho”, inspirado na obra de Ziraldo, com apresentação do cineasta Helvécio Ratton. Ela, que fez a mãe do menino, vai falar de sua experiência nesse filme e em outros longas de que participou, como “Amor & Cia.”, no qual atuou ao lado de Marco Nanini. A atriz também irá traçar um comparativo entre o panorama do cinema da época em que “Menino Maluquinho” foi lançado, em 1995, e o atual. Às 20h, no Instagram (@quimerafilmes).

 

Jorge Aragão

O jornalista Marcos Salles convida o sambista Jorge Aragão para um bate-papo musical, direto do Teatro Rival Refit. Às 16h, no Instagram (@teatro.rival.refit).

Orquestra Petrobras Sinfônica

Com participação de um grupo de câmara, a orquestra apresenta a série “Pelo Rio”, com o objetivo de levar a música clássica para fora das casas de concerto. São quatro vídeos que homenageiam o Rio de Janeiro ao som de Cartola, que ganha versões sinfônicas para seus clássicos “As rosas não falam”, “O sol nascerá”, “Tive sim” e “Alvorada”. Todos disponíveis no YouTube (/OPESinf).


O Globo segunda, 27 de julho de 2020

AFROUXAMENTO DO ISOLAMENTO SOCIAL LEVA A AUMENTO DE CASOS DE CORONAVÍRUS EM 11 ESTADOS

 

Afrouxamento do isolamento social leva a aumento de casos de coronavírus em 11 estados

Especialistas indicam que falta de coordenação do governo federal contribuiu para recorde da média diária de óbitos
 
 
Pedestres caminham e pedalam pela orla do Leblon, alguns sem usar máscara Foto: Gabriel de Paiva
Pedestres caminham e pedalam pela orla do Leblon, alguns sem usar máscara Foto: Gabriel de Paiva
 
 

RIO — A epidemia do coronavírus bateu um novo recorde neste fim de semana no Brasil, em um sinal de que ainda está longe do fim, estacionando num platô demasiadamente alto que desde o início do mês se mantém acima de mil mortes diárias. No sábado, a média móvel indicou 1.097 óbitos por dia ao longo de uma semana. Onze estados ainda testemunham aumento no número diário de óbitos por Covid-19, em um cenário atribuído pelos cientistas ao afrouxamento excessivo e à desobediência às regras de isolamento social e à falta de coordenação pelo governo federal.

CiênciaCovid-19 mata mais rapidamente em Roraima do que em Santa Catarina, mostra estudo

O Ministério da Saúde está sem titular desde meados de maio. Desde então, a média móvel diária de mortes aumentou 52%. Em estados como o Rio de Janeiro, apontam os especialistas, a situação é agravada pela falta de diálogo também entre prefeituras e o governo estadual.

CuidadosEspecialistas explicam por que algumas pessoas ainda se recusam a respeitar as regras sanitárias

Ainda segundo os pesquisadores, a disseminação da pandemia cumpre hoje uma terceira etapa — na primeira, concentrou-se no Rio e em São Paulo, as principais portas de entrada do país. Depois expandiu-se para capitais mais pobres, como Manaus e Belém, e agora o contágio migra para a faixa oeste do território nacional, do Rio Grande do Sul a Rondônia.

EducaçãoPesquisa mostra que ações na primeira infância impactam positivamente a aprendizagem

O país registrou ontem 23.467 novos casos e 556 novos óbitos por coronavírus, segundo um consórcio de veículos de imprensa formado por O GLOBO, Extra, G1, UOL, Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo. Ao todo, o país registra 2.419.901 infecções e 87.052 mortes em decorrência da Covid-19

AglomeraçãoPrefeitura do Rio retira 400 pessoas das areias da orla durante o fim de semana

O número mostra como a letalidade da doença vem avançando sobre o país, que tem tendência de estabilidade no número de óbitos, mas permanece num platô alto demais.

Cotidiano:Veja quais são os riscos de contaminação pelo novo coronavírus em 15 atividades do dia a dia

— O índice atual mostra que o país soma mais 7 de mil novas mortes por semana, ou 30 mil por mês. É muito provável que cheguemos a 200 mil até o final do ano — calcula Gabriel Maisonnave Arisi, pesquisador da Escola Paulista de Medicina da Unifesp. — As regiões Sul e Centro-Oeste são as que mais sentem o impacto hoje, mas o contágio e os óbitos não sobem apenas nestas localidades. Há grandes bolsões populacionais ainda não expostos ao vírus.

 

Rio volta a piorar

Mesmo em São Paulo, onde a média diária de óbitos é considerada estável, a Covid-19 ainda mostra seu poder de fogo. Ontem, dos 645 municípios, 638 tiveram pelo menos um caso confirmado e 455 deles tiveram uma ou mais mortes. Também foi o quarto dia consecutivo em que o estado registrou mais de 10 mil infecções.

Professor do Departamento de Política, Gestão e Saúde da Faculdade de Saúde Pública da USP, Gonzalo Vecina Neto avalia que, desde o mês passado, o índice de óbitos por coronavírus sustenta-se sobre uma nova camada da população.

Consulte a situação do coronavírus em seu estado

— Em seus primeiros estágios no país, a Covid-19 fazia mais vítimas entre trabalhadores do setor informal, porque eles precisam sair diariamente de casa para trabalhar. Por isso, cidades mais pobres, como Manaus e Belém, viram seu sistema de saúde entrar em colapso — recorda. — Depois as mortes concentraram-se em trabalhadores de serviços essenciais, como funcionários de farmácias e mercados. Agora, a população está saindo de casa. Vai para a escola, deixa o home office. Eram pessoas que aderiram ao isolamento, e agora, ao “liberou geral”.

O Estado do Rio voltou a apresentar tendência de alta no número de mortes, o que não ocorria desde 4 de junho. Nestes 51 dias, as estatísticas fluminenses variavam entre estabilidade e queda, mas na maior parte do tempo houve redução na média de óbitos.

 

Infográfico:Números do coronavírus no Brasil e no mundo

— A pandemia progrediu no Norte e na Baixada fluminense, e poderemos ver em breve um aumento agudo de hospitalizações nessas localidades — alerta Fernando Bozza, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz e do Instituto d’Or. — Acredito que a situação está relativamente controlada na capital, mas não sabemos como será daqui em diante. Podemos ter surtos em locais específicos, ocorridos pela presença de um infectado em um local cheio, como um templo, por exemplo. O problema será se esses casos pipocarem em diversos locais da cidade. Aí, veremos um crescimento exponencial da Covid-19.


O Globo domingo, 26 de julho de 2020

MÃE MENINAZINHA DE OXUM: NÃO TEMOS DE SER TOLERADOS, MAS SIM, RESPEITADOS

 

Não temos de ser tolerados, mas sim, respeitados', diz Mãe Meninazinha de Oxum

Aos 82 anos, a ialorixá, que completou 60 de feitura de santo no último dia 10, acredita na importância de participar de movimentos sociais
 
Além da função religiosa, a atuação da ialorixá Mãe Meninazinha de Oxum extrapola os limites físicos do terreiro, fundado há 52 anos Foto: Márcia Folleto / Agência O Globo (29-10-2019)
Além da função religiosa, a atuação da ialorixá Mãe Meninazinha de Oxum extrapola os limites físicos do terreiro, fundado há 52 anos
Foto: Márcia Folleto / Agência O Globo (29-10-2019)

No Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha (25 de julho), data que está no calendário da ONU e que, desde 2014, é no Brasil o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, quatro jornalistas negras da redação do GLOBO entrevistam quatro mulheres negras que são referências em suas áreas de atuação. O motivo para esta abordagem? As mulheres negras têm muito mais a oferecer além da pauta racismo. Abaixo, você lê a entrevista com a ialorixá Mãe Meninazinha de Oxum. Também foram ouvidas a advogada Ianda Lopes, a economista Mayara Santiago e o grupo Pretas Cervejeiras. 

 

Leia a entrevista com a ialorixá Mãe Meninazinha de Oxum:

Mais de 300 filhos de santo integram hoje o Ilê Axé Omolu e Oxum, no bairro São Mateus, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Além da função religiosa, a atuação da ialorixá Mãe Meninazinha de Oxum extrapola os limites físicos do terreiro, fundado há 52 anos. Com atendimento para a comunidade do entorno, a casa de santo assume sua função social.

Aos 82 anos, Mãe Meninazinha, que completou 60 de feitura de santo no último dia 10, acredita na importância de participar de movimentos sociais. Além de conselheira da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (Renafro), ela é um das principais expoentes da campanha "Liberte o Nosso Sagrado", que reivindica a liberação dos objetos religiosos

Na foto feita em outubro de 2019, Mãe Meninazinha de Oxum, de São João de Meriti. Ela é a mãe de santo mais antiga do Rio Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
Na foto feita em outubro de 2019, Mãe Meninazinha de Oxum, de São João de Meriti. Ela é a mãe de santo mais antiga do Rio
Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo

CELINA: Quais são os projetos sociais que o Ilê Axé Omolu e Oxum tem desenvolvido nesses anos?

MÃE MENINAZINHA DE OXUM: Somos Ponto de Cultura, promovemos cursos e oficinas de artesanato, culinária, corte e costura, distribuímos cestas básicas. A gente tem terreiro e atende as pessoas pelo lado religioso, mas é importante que nesse espaço a gente também cuide das pessoas que precisam, independentemente da religião. Quando alguém bate na nossa porta, é importante ajudar.

Como tem sido a participação do Ilê Axé Omolu e Oxum no Renafro?

Sou conselheira desde a fundação do Renafro, em 2003. O Renafro valoriza e potencializa o saber dos terreiros em relação à saúde. É uma rede muito importante para os povos de terreiro. A gente se reúne e fala para todos os filhos da casa e de outras casas sobre a importância de cuidar da saúde. Tem muita gente que não vai ao médico. Fazemos conscientização com presença do profissional, os médicos participam, explicam e muita gente sai mais consciente.

 

Como e quando a senhora começou na campanha "Liberte o Nosso Sagrado"?

Tem mais de 20 anos. É que eu ouvia minha avó (materna, a ialorixá baiana Davina, Mãe Dadá de Omolu) e outros mais velhos conversando sobre "nossas coisas que estão nas mãos da polícia." Cresci ouvindo isso, e parece que ficou dentro da minha cabeça, do meu coração, dentro de mim. Eu me perguntava: "Que coisas são essas que elas não tiveram oportunidade de ver?". Falava com um, com outro, até que, graças a Deus, consegui. Fui até o museu para ver as coisas, que são o nosso sagrado. Começamos com essa campanha que não é minha. É nossa, é da religião. Outras pessoas e casas passaram a integrar e estamos tendo um retorno.

Na foto feita em outubro de 2019, Mãe Meninazinha de Oxum, de São João de Meriti. Ela é a mãe de santo mais antiga do Rio. Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
Na foto feita em outubro de 2019, Mãe Meninazinha de Oxum, de São João de Meriti. Ela é a mãe de santo mais antiga do Rio.
Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo

Como combater a intolerância religiosa atualmente?

A primeira coisa que tem de ser feita, quando a pessoa é vitima, é ir à delegacia, porque temos o direito de professar nossa religião. Não gosto do termo intolerância, porque não temos de ser tolerados mas, sim, respeitados. Estamos trabalhando contra o desrespeito. Quando um terreiro participa de algum movimento social, ele se fortalece conta o desrespeito.

A senhora completou 60 anos da feitura de santo no último dia 10 de julho. Como foi celebrar esta data em isolamento social?

Estava programando festa, estava tudo pronto. Só faltava fazer comida e tocar o candomblé. Mas como tudo é como Deus quer, ano que vem, espero em Deus fazer a festa de 60 anos com 61, se Deus e os orixás permitirem. Por causa da pandemia, as atividades religiosas pararam. Nesse período, aprendi a fazer artesanato. Comecei a colocar em prática os cursos que tinha feito. Agora estou reciclando garrafas, latas. Eu estou gostando. Se não fizesse isso, não sei o que seria de mim. Só não estou gostando dessa situação que a gente está vivendo. A terra está doente. Tenho pedido a Deus, aos orixás, caboclos, pretos velhos que tenham piedade do mundo. E não quero ninguém na minha casa. Vou fazer 83 anos, tenho que preservar a mim e às pessoas também.


O Globo sábado, 25 de julho de 2020

BOLSONARO ANUNCIA TESTE NEGATIVO E VOLTA A FAZER PROPAGANDA DA HIDROXICLOROQUINA

 

Bolsonaro anuncia teste negativo e volta a fazer propaganda de hidroxicloroquina

Presidente estava isolado nas últimas semanas após ser infectado com o coronavírus
 
 
Foto: Reprodução/Twitter / Presidente Jair Bolsonaro exibe uma caixa de hidroxicloroquina ao anunciar resultado negativo para Covid-19
Foto: Reprodução/Twitter / Presidente Jair Bolsonaro exibe uma caixa de hidroxicloroquina ao anunciar
rresultado negativo para Covid-19

Ao fazer o anúncio, o presidente postou uma foto no Twitter em que exibe uma caixa de hidroxicloroquina, remédio, que, segundo pesquisas científicas, não é eficaz no tratamento da Covid-19.

 
No último exame, divulgado na terça-feira, o resultado havia sido positivo, segundo divulgou a Presidência da República.

Bolsonaro planeja uma série de viagens semanais pelo Brasil para quando deixasse a quarentena forçada. Estão no radar o estado do Piauí, municípios na Bahia, São Paulo e Mato Grosso. A ideia das viagens é passar uma imagem para a população de que o governo segue trabalhando.

Bolsonaro anunciou no dia 7 de julho que estava com a Covid-19. Desde então, ele participa de agendas apenas por meio de videoconferência.

 


O Globo sexta, 24 de julho de 2020

SÉRGIO RICARDO SE ENCANTOU: ERA A VOZ DE UM BRASIL QUE JÁ FOI MODERNO E PLURAL

 

Sérgio Ricardo era a voz de um Brasil que já foi moderno e plural

Da bossa nova à canção de protesto, do cinema novo aos festivais de MPB, artista deixa uma obra vasta e múltipla, que reflete várias facetas de um país
 
Sérgio Ricardo, em casa, no Vidigal, Zona Sul do Rio, onde vivia Foto: Leo Martins/17-11-2017
 

Pianista, cantor, compositor, radialista, ator, cineasta, escritor e pintor, foram tantas as facetas de João Lutfi que um nome só não bastou para dar conta da multiplicidade de suas atividades. Nos anos 1950, quando arriscava os primeiros passos na televisão, na extinta TV Tupi, esse paulista de Marília, descendente de libaneses, ganhou a alcunha com a qual entraria para a História: Sérgio Ricardo. Com ela, fez a passagem do rádio e das boates — símbolos de um Brasil que já ficava antigo nos anos 1960 — para a bossa nova e o cinema novo, movimentos que projetaram o país no exterior, numa escalada de modernidade que começou com a inauguração de Brasília (em abril de 1960).

 Integrante de uma geração de músicos que iluminaram o samba-canção para a chegada da bossa — com composições como “Pernas”, “Folha de papel” e “Enquanto a tristeza não vem” —, Sérgio Ricardo foi adiante em busca de uma temática mais realista para a música brasileira. Nasceram assim canções de alta contundência política, como “Zelão” (lamentando a chuva que arrasa barracos e sonhos no morro) e “Esse mundo é meu”, título, também, do seu primeiro longa-metragem com diretor, de 1963, sobre as alegrias e agruras de dois moradores de uma favela.

Lembrado e esquecido

Da bossa e do cinema novo, Sérgio foi direto para as grandes disputas televisivas que revelavam canções. E foi nelas que, a contragosto, ganhou fama ao quebrar um violão diante de vaias. Por esse episódio, será sempre lembrado  “e também esquecido”, como reclamou em entrevista ao GLOBO em 2017.

Sérgio Ricardo, pouco antes de quebrar seu violão no III Festival da Música Popular Brasileira da TV Record, em 1967 Foto: Wilson Santos/CPDOC JB
Sérgio Ricardo, pouco antes de quebrar seu violão no III Festival da Música Popular Brasileira da TV Record, em 1967
Foto: Wilson Santos/CPDOC JB

Que noite!Por que Sérgio Ricardo quebrou o violão no festival de 1967?

Nascido em 1932, o ainda João entrou aos 8 anos para o Conservatório de Marília, onde estudou piano e teoria musical, e, seis anos depois, mudou-se com a família para a capital. Em 1949, foi para Santos, onde trabalhou com rádio e como pianista de boate. Sua carreira de compositor começou oficialmente quando a cantora Maysa gravou a canção “Bouquet de Isabel”.

 

Apresentado ao pessoal da bossa nova pelo produtor Luís Carlos Miele, Sérgio participou, em 1958, de espetáculos com essa turma e, dois anos depois, gravou o LP “A bossa romântica de Sérgio Ricardo”.

— O Miele me pegou na televisão e me levou para a casa da Nara (Leão) porque o pessoal queria as minhas músicas. Ali, nasceu o meu trabalho na bossa, mas eu não fiquei muito tempo, não, porque a questão política me chamou, e eu passei para a música de protesto. E dali eu não saí mais — contou o compositor.

Ouça e veja:Albuns e filmes essenciais para conhecer a obra de Sérgio Ricardo

Em 1962, ele ainda participou do show da bossa nova no Carnegie Hall, mas no ano seguinte já estaria fazendo a trilha sonora de um filme com fortes tons político: “Deus e o diabo na terra do Sol”, do diretor baiano Glauber Rocha, um clássico do cinema novo — movimento de filmes realistas com temática social com o qual Sérgio estreitou laços. Tendo estreado em 1961 como diretor no premiado curta-metragem “O menino de calça-branca”, em 1963 ele lançou “Esse mundo é meu”.

Com direção de fotografia do irmão, Dib Lutfi (que se tornaria um dos mais celebrados profissionais do cinema brasileiro), o filme estrelado por Antonio Pitanga, Ziraldo e Agildo Ribeiro deu a partida numa carreira de diretor que incluiria longas como “A noite do espantalho” (1973, cujo protagonista foi vivido pelo cantor Alceu Valença) e “Bandeira de retalhos” (2018, que Sérgio filmou no morro do Vidigal, no Rio, onde morava).

 

Nos últimos anos, ele vinha se dedicando à literatura, à pintura (chegou a vender algumas telas para complementar o orçamento) e ao espetáculo “Cinema na música”, em que cantava as suas composições feitas para filmes, acompanhado pelos filhos Marina e Adriana Lutfi (vozes) e João Gurgel (voz e violão). Ano passado, o show virou CD e DVD, com participações de Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Dori Caymmi e João Bosco.

Sérgio Ricardo morreu na manhã de ontem, aos 88 anos, no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro, onde estava internado há quatro meses. De acordo com os filhos, em nota à imprensa, ele foi vítima de insuficiência cardíaca. “Sérgio se submeteu a algumas internações desde agosto do ano passado quando fraturou o fêmur. Chegou a pegar Covid no início de abril, mas se recuperou bem. No entanto, continuou internado por conta da insuficiência cardíaca”, explicaram Adriana, Marina e João.

Sem aglomeração

O velório será aberto e está marcado para começar às 14h de hoje, no Cemitério da Cacuia, na Ilha do Governador. Para evitar aglomeração, serão permitidas dez pessoas por vez na sala do velório. O sepultamento será feito às 16h30 no jazigo da família.

 

Durante todo o dia, artistas expressaram seu luto. “O dia está mais triste com a partida do meu amigo amado”, escreveu o cantor Jards Macalé. “Um multiartista, cantor, compositor de canções e trilhas sonoras fundamentais, cidadão exemplar e companheiro de lutas pelo direito autoral, deixa muita saudade. Viva Sérgio Ricardo!”, publicou o cantor Roberto Frejat.


O Globo quinta, 23 de julho de 2020

CLINT EASTWOOD PROCESSA EMPRESAS QUE USARAM SEU NOME PARA VENDER CANABIDIOL

 

Clint Eastwood processa empresas que usaram seu nome para vender canabidiol

Astro de 90 anos entrou com ações judiciais contra vários laboratórios, corporações e indivíduos em um tribunal federal na Califórnia
 
 
Clint Eastwood: contra uso fraudulento de sua imagem Foto: AP/Eric Risberg
Clint Eastwood: contra uso fraudulento de sua imagem Foto: AP/Eric Risberg
 
 

LOS ANGELES  - Clint Eastwood entrou com ações judiciais nesta quarta-feira por uso fraudulento de seu nome para vender produtos de canabidiol (CBD).

O astro de 90 anos argumentou que seu nome e imagem foram usados em fraudes on-line para vender óleo de CBD, gomas e outros produtos.

“O sr. Eastwood não possui e nunca teve nenhuma associação com a fabricação, promoção e/ou venda de qualquer produto de CBD”, afirma o processo.

O primeiro processo cita um artigo de notícias on-line com uma suposta entrevista na qual Eastwood diz que está desenvolvendo uma nova linha de CBD e está “se afastando dos holofotes para dedicar mais tempo ao seu negócio de bem-estar”.

 

Eastwood, diretor e ator premiado com o Oscar, por filmes como "Menina de ouro" (2005) e "Os imperdoáveis" (1993), raramente apoia qualquer coisa, segundo o processo. Além disso, ele “não expressa um ponto de vista sobre os produtos de CBD ou sobre a indústria legítima de CBD”, afirmou seu representante.

Um segundo processo afirma que código de programação foi usado para inserir ilegalmente o nome da Eastwood em algumas pesquisas online de produtos CBD.

Os dois processos relacionados, que alegam difamação, violação de marca registrada e invasão de privacidade, buscam indenizações não especificadas. Eles foram movidos em um tribunal federal na Califórnia contra vários laboratórios, corporações e indivíduos.


O Globo quarta, 22 de julho de 2020

BÁRBARA PAZ ESTREIA DUAS VIDEOARTES

 

Bárbara Paz estreia duas videoartes, depois de 50 dias trancada: 'sobre minha solidão'

Atriz também produziu e dirigiu as obras, em cartaz nesta quinta (23), pelo Itaú Cultural. Em breve, ela irá dirigir um longa com roteiro de Antonia Pellegrino
 
‘De Carne, 2020’, de Bárbara Paz Foto: Divulgação/Bob Wolfenson
‘De Carne, 2020’, de Bárbara Paz Foto: Divulgação/Bob Wolfenson
 
 

Trancada em seu apartamento no Centro de São Paulo por 50 dias (“sem descer”), Bárbara Paz produziu duas videoartes que estreiam nesta quinta-feira (23), às 20h, na programação do festival Arte como Respiro, resultado do edital emergencial do Itaú Cultural, aberto em abril, destinado a 200 projetos (em www.itaucultural.org.br).

 
 
 — Comecei já nos primeiros momentos a criar um diário visual, um vídeo por dia. Queria falar sobre a minha solidão — explica a atriz, que doou todo o recurso do edital (R$ 10 mil) para o Grupo Tapa de Teatro.

 

Bárbara produziu, dirigiu e atuou nas duas obras. Na primeira, “De carne”, ela retrata o silêncio e a dor.

— Veio desse sufocamento, milhões de pessoas gritando, morrendo. E o nosso país em chamas, desgovernado — diz.

A segunda, “Breathes on solitude”, fala da volta para casa, a raiz, sua terra.

— Foi uma longa viagem de volta à essência. Há tanto tempo não retornava. E tive que me deparar comigo o tempo inteiro. Com um grande espelho 360 graus.

Para ela, o grande companheiro da pandemia são o celular e as redes sociais.

— A internet que ao mesmo tempo que te sufoca não te deixa solitária. Voltei a escrever mais. E a pintar meu diário com a lente de um celular, que hoje filma, grava e fotografa tudo.

Em paralelo, Bárbara está desenvolvendo um projeto on-line, que vai dirigir, para o Teatro em Movimento, de Belo Horizonte. Em breve, ela vai dirigir um novo longa, “Silêncio”, com roteiro de Antonia Pellegrino.

 

— Queremos rodar ainda na pandemia, se conseguirmos recursos. O resto é surpresa — avisa.

Ao longo do ano, o Itaú Cultural disponibilizará no ambiente digital outros trabalhos, contemplando as áreas de música, literatura, poesia, artes visuais e audiovisual.


O Globo terça, 21 de julho de 2020

SABRINA SATO OUSA NO LOOK

 

Sabrina Sato ousa no look e diz: 'Depois que a Zoe dorme, mamãe dá o close'

Apresentadora fala de sua relação com a moda na quarentena
 
 
Sabrina Sato Foto: Reprodução/Instagram
Sabrina Sato Foto: Reprodução/Instagram
 
 

Fashionista convicta, Sabrina Sato surgiu poderosa no Instagram na madrugada desta terça-feira. O look ousado da apresentadora era da grife italiana Emilio Pucci. "Depois que a Zoe dorme, mamãe dá o close", escreveu a apresentadora, que ganhou chuva de elogios de seus milhões de seguidores - incluindo os famosos.

"Tudo para mim", escreu a top Rita Carreira. "Eu hein! Uma hora dessas?", questionou, em tom de brincadeira, o maquiador Rodrigo Costa. "É muito maravilhosa", anotou a top Celina Locks.


Essa, no entanto, não foi a primeira vez que Sabrina caprichou na produção durante a quarentena. Ela vem usando constantemente peças impactantes para ficar em casa. Conversamos com a apresentadora sobre o tema.

Colocar um look incrível, mesmo diante do caos da pandemia, é um jeito de manter  a personalidade?

Desde a primeira semana da quarentena, ainda em março, tentei ao máximo criar uma rotina, me adequando principalmente aos horários da Zoe: acordo cedo, tomo meu banho, me troco para tomar café da manhã com ela, depois me exercito, cuido da casa e estou ainda mais envolvida com o Instituto Sabrina Sato, sobretudo neste momento que tanta gente precisa de ajuda. Várias situações que me exigem estar mais produzida. A moda me inspira a criar, inventar. Preciso me manter forte para cuidar da minha família dentro de casa e de todos que consigo fora de casa também. Ter essa rotina me ajudou muito. É meu porto seguro. Mas também me rendi várias vezes as camisetas velhas, pijamas e também tive meus momentos de tristeza e insegurança. E é nessa hora que a moda sempre me salva, porque me traz a alegria, o humor que preciso.

 

Produzir-se é uma forma de distrair a cabeça e passar o tempo?

A moda, como forma de arte e expressão, sempre me ajudou em vários momentos da minha vida. Ela sempre me traz a energia que preciso. Tenho grandes amigos no meio e aproveito também para prestigiá-los e ajudá-los como posso.

Sabrina Sato Foto: Reprodução/Instagram
Sabrina Sato Foto: Reprodução/Instagram

Leva muito tempo escolhendo os looks? Faz isso sozinha ou tem ajuda?

Rola de um tudo. Adoro falar de moda com o Pedro Sales, meu stylist. Conversamos na madrugada e falamos desde a série que estamos assistindo ao que estamos lendo, sobre nossos dias e também sobre moda. Nessas conversas já escolhemos alguns looks de trabalho, porque estou gravando muito em casa.

Usou roupa de quais marcas na quarentena?

Coven, Alto Giro, Carlota Costa, Lollita, Riachuelo, Fabiana Milazzo. Curioso que a maioria dos looks que usei na quarentena são peças que vesti na gravidez, mas montei agora de maneira diferente. Isso é uma das coisas que eu mais amo na moda. Poder brincar e ser várias, dependendo do dia ou humor.

Qual é o papel da moda diante de um cenário de crise que estamos vivendo?

Amo a moda e acredito nela com a função de tocar, emocionar, escapar, fazer sonhar. Mas precisa também refletir seu tempo como tantas vezes na história. O mundo está mudando e a moda tem que acompanhar, aliada cada vez mais a iniciativas sustentáveis e responsabilidades sociais. Hábitos de consumo também estão mudando, mas acredito na criatividade dos estilistas e de tanta gente envolvida para dar essa virada e nos surpreender como sempre.


O Globo segunda, 20 de julho de 2020

REGINALDO FARIA: HÁ ANOS O POVO ENGOLE O CINISMO DOS CORRUPTOS

 

Reginaldo Faria: ‘Há anos o povo engole o cinismo dos corruptos’

Com o inescrupuloso Marco Aurélio interpretado pelo ator, 'Vale tudo' volta em reprise no streaming
 
O ator Reginaldo Faria Foto: Divulgação
O ator Reginaldo Faria Foto: Divulgação
 
 

RIO — Quando teve problemas no coração (em 2005, passou um mês em coma por conta de um cateterismo malsucedido), Reginaldo Faria desejava que o tempo passasse devagar para usufruir de cada instante da vida. Agora, com a pandemia, quer que ele voe “para sair dessa agonia”. Aos 83 anos e isolado em casa com a mulher, Vania, sente falta da família.

 
— Aproximo o carro do portão da casa dos meus filhos, abro o vidro, falo com eles e com os netos sem sair do carro. Sinto enorme vontade de abraçar e beijar — diz.

Enquanto isso, ele faz esteira, ioga, nada e bebe duas taças de vinho por dia (“por recomendação médica. Ele só não falou o tamanho da taça”, brinca). Agora, também incluirá na rotina a novela “Vale tudo”, de 1989, que o Globoplay disponibiliza a partir de hoje.

Na pele do corrupto homem de negócios Marco Aurélio, o ator protagonizou uma das cenas mais emblemáticas da TV brasileira: a debochada banana dada pelo empresário, ao som de “Brasil, mostra a tua cara”, ao fugir do país num jatinho particular.

Cena icônica de 'Vale tudo', em que Marco Aurélio (Reginaldo Faria) dá uma banana para o Brasil Foto: Reprodução
Cena icônica de 'Vale tudo', em que Marco Aurélio (Reginaldo Faria) dá uma banana para o Brasil
Foto: Reprodução

Na conversa a seguir, ele, que também está na reprise da novela “Totalmente demais”, traça um paralelo entre o Brasil daquele tempo e o de hoje.

Que lembrança viva tem dos bastidores de “Vale tudo”?

Dennis Carvalho imprimia um ritmo alucinante. Os atores corriam de cenário para cenário sem tempo para respirar. O resultado deu verdade aos personagens. Esse momento foi fundamental para mim, porque o lado físico trazia verdades que não havíamos encontrado nos ensaios.

 

Qual foi a maior contribuição da novela naquela época ?

Toda obra bem fundamentada deixa reflexão. Dar banana e abandonar o país era reflexo do momento crítico dos governos responsáveis dos anos 80: hiperinflação. Os espertos acreditavam que girando o dinheiro no “open market” teriam ganhos maiores que o lucro. A nossa cultura estava estribada nos que gostavam de levar vantagem em tudo. Marco Aurélio foi um deles.

A importância do texto de Gilberto Braga define bem o pior da raça humana e parece eternizá-la através do feio, do escroque, do corrupto e do corruptor. Me perguntaram se eu seria capaz de dar outra banana ao país. Minha resposta: Não. Por quê? Resposta de Marco Aurélio: eu não quero mais seguidores. Minha conta na Suíça está estabilizada. As bananas dadas não deveriam ser para o Brasil, mas para os que tornaram o país do jeito que ficou. No entanto, é lamentável dizer que, nesse período conturbado, cheio de corruptos, não ia ter banana suficiente.

De lá para cá, os brasileiros se politizaram muito. Que novos significados a novela ganha nesse momento?

Seria triste se o povo permanecesse na ignorância, vivendo como massa ignara e como instrumento de poderosos. Não vou entrar no mérito estritamente político, e não me dirijo a esse ou aquele, prefiro o mérito psicológico, que me faz lembrar o que li em “História da filosofia”: “O Estado é o que é, porque cidadãos são o que são. Consequentemente, não esperemos ter melhores Estados enquanto não tivermos melhores homens”.

 

“Vale tudo” também levantou a discussão sobre até que ponto vale ser honesto no Brasil. Hoje, com gente fazendo chacota até da pandemia, vivemos uma crise ética generalizada. Nada mudou?

Onde existe descrença, sintomas de revolta ou deboche se manifestam. Há anos o povo engole a mentira, o cinismo dos corruptos e dos que embolsam sua riqueza. Para os que debocham há de se considerar seus limites e também seus passos de protesto.

Uma vez você disse que era preciso fazer um personagem fascista para que entendessem o que significava o fascismo. Que tipo de personagem prestaria bom serviço hoje?

Li uma reportagem em que Gian Maria Volonté (ator italiano) disse: “Ao interpretar um fascista presto serviço à minha posição política por ser, eu mesmo, diametralmente oposto ao fascismo”. Estou de acordo. Anseio encontrar caminhos.

Como será seu personagem em “Um lugar ao sol”?

Um homem que trabalhou a vida inteira seguindo os princípios do seu velho pai no comando de uma rede de supermercados. Em função disso, tornou-se pai ausente, embora não se sinta assim. Acredita que seu amor vem em função de sua dedicação ao trabalho e à família. Ao ter problemas de saúde, sua filha mais velha sugere uma fisioterapeuta jovem e bonita. Resultado: ciumeira das irmãs e casamento para o velho.

 

Como enxerga o momento atual da cultura brasileira?

Quando leio (o significado da palavra cultura no dicionário), ergo a cabeça e volto aos tempos escolares em que o aprendizado nos enchia de orgulho. Quando paro de ler, olho para os lados, procuro, e, mesmo no caos, vejo que resta a esperança de encontrar o caminho.

E a situação do cinema brasileiro, que já vivia uma crise e parou na pandemia?

Vejo séries de diversas nações e pouca coisa produzida ou apoiada em nosso país. Antes lutávamos pela igualdade nas salas de exibições de filmes. Nos anos 1970, conquistamos metade do nosso mercado, concorrendo com os estrangeiros. Veio para cá um tal de Jack Valenti, da Motion Pictures, e travou nosso sonho. Collor aniquilou a Embrafilme, e a nossa classe se esfacelou. Hoje, os exibidores só aceitam os filmes que se enquadram aos perfis de seus interesses. Os que deviam nos apoiar estão em Brasília se engalfinhando por poder político.

Do que se arrepende na vida?

Quando romperam minha coronária num erro médico, entrei no hospital pesando 80 quilos. Quando saí, eram 64. Noites e noites acordei com a sensação de paralisia, coração interrompendo batimentos, respiração falhando. Meus membros paralisavam-se, e o grito vinha à garganta num pedido de socorro. Perdi massa muscular, a fala, tive sequelas.

 

Pensei em desistir. Mas meus filhos me estimularam, a vida estava presente através deles. Lutei por ela fazendo revascularização, fisioterapia e fonoaudiologia. Reaprendi a falar e a movimentar o corpo. Voltei às gravações sem saber se conseguiria falar os textos como antes. Estava absurdamente inseguro. Lutei mais com a ajuda de minha mulher e superei. Não tive tempo de me arrepender, só de agradecer.

 


O Globo domingo, 19 de julho de 2020

LIVES DE HOJE: DJAVAN, LECI BRANDÃO, MARCELO FALCÃO E MC XUXU SÃO DESTAQUES

 

Lives de hoje: Djavan, Leci Brandão, Marcelo Falcão e Mc Xuxu são destaques

Confira agenda de transmissões ao vivo deste domingo (19)
 
 
Leci Brandão e Marcelo Falcão Foto: Divulgação
Leci Brandão e Marcelo Falcão Foto: Divulgação
 
 

Shows

Leci Brandão

Às 19h, no Instagram (@sescaovivo) e YouTube (/sescsp)

Marcelo Falcão

Às 17h, no YouTube (/marcelofalcaooficial).

MC Xuxú

Às 20h (/UCnE9XBlDMs7JHpggSsJaarg)

Nordeste pela vida

Djavan, Lenine, Alceu Valença, Elba Ramalho, entre outros, participam da live que arrecadará fundos para o combate à Covid-19 na região. Às 15h, com transmissão pelo canal de TV e do YouTube do Multishow.

 

Teresa Cristina

A cantora faz sua live que ficou famosa, recebendo convidados anunciados na hora. Às 22h, no Instagram (@teresacristinaoficial).

Outros

  • Felipe e Falcão – 12h (YouTube)
  • Grupo Numa Boa – 12h15 (YouTube)
  • João Bosco & Vinícius – 13h (YouTube)
  • Live Nordeste Pela Vida (Alceu Valença, Elba Ramalho, Duda Beat, Geraldo Azevedo e mais) – 15h (YouTube)
  • Hugo e Guilherme – 15h (YouTube)
  • Xella – 16h (YouTube)
  • Scalene – 16h30 (YouTube)
  • Manu e Rebeca – 17h (YouTube)
  • Solange Almeida – 18h (YouTube)
  • Rael: 18h, no YouTube (/raeldarima).
  • Anjos De Resgate – 20h (YouTube)
  • Dan Santos – 20h (Facebook)
  • Sandro DJ – 20h (YouTube)

Concertos

Festival Petrobras Sinfônica

Os músicos da orquestra, seguindo recomendações da Fiocruz e da OMS, irão apresentar a série Portinari ("Barroco", "Clássico" e "Brasil"), a partir das 11h20, com regência de Felipe Prazeres e transmissão ao vivo, diretamente da Cidade das Artes, na Barra, pelo YouTube (/OPESinf).

'Concerto de Paris'

O Film & Arts reprisa edição histórica do encontro artístico em comemoração ao "Dia da Bastilha" (14 de julho), diretamente do Champ do Mars, em Paris. Às 17h30, no canal Film & Arts.

Exposição

'Ivan Serpa: a expressão do concreto'

A edição virtual da mostra, uma ampla retrospectiva de um dos mais importantes mestres da história da arte brasileira (1923-1973). Basta acessar o site.


O Globo sábado, 18 de julho de 2020

LIVES DE HOJE: ELBA RAMALHO, BABADO NOVO E FRANCISCO, EL HOMBRE

 

Lives de hoje: Elba Ramalho, Babado Novo e Francisco, El Hombre são destaques

Confira agenda de transmissões ao vivo deste sábado (18)
 
 
Elba Ramaho e Babado Novo Foto: Divulgação (Alice Ventury e Almir Jr.)
Elba Ramaho e Babado Novo Foto: Divulgação (Alice Ventury e Almir Jr.)
 
 

Shows e DJs

Babado Novo

A banda de axé toca sucessos como "Amor perfeito", "Pensando em você" e "Safado, cachorro, sem vergonha". Às 17h, no YouTube (/macacogordooficial).

Carrossel de Emoções

O bloco de carnaval toca funk das antigas. Às 17h, no YouTube (/carrosseldeemocoes).

Dennis DJ

O DJ de funk faz mais uma live diretamente do Cristo Redentor, que fica a 710 metros de altura, no Morro do Corcovado. Às 15h, no YouTube (/DENNISDJTV).

 

Elba Ramalho, Marcos Arcanjo e Rafael Meninão

A cantora Elba Ramalho interpreta seus grandes sucessos ao lado do violonista e guitarrista Marcos Arcanjo e o sanfoneiro Rafael Meninão. Às 19h, no Instagram (@sescaovivo) e no YouTube (/sescsp).

Francisco, El Hombre

A banda dos irmãos mexicanos Sebastián e Mateo Piracés-Ugarte apresenta sucessos como "Triste, louca ou má", "Batida do amor", "O tempo é sua morada" e "Juntos, nunca sós". Às 16h30, no YouTube (/franciscoelhombre).

Nau

O projeto que ocupa espaços públicos do Rio, unindo música, arte e solidariedade, sobe as ladeiras de Santa Teresa. Às 14h, no YouTube (/faurio).

Teresa Cristina

A cantora faz sua live que ficou famosa, recebendo convidados anunciados na hora. Às 22h, no Instagram (@teresacristinaoficial).

Outros

Concertos

Festival Petrobras Sinfônica

Os músicos da orquestra, seguindo recomendações da Fiocruz e da OMS, irão apresentar as séries Djanira (“Beethoven”, "Século XX" e “Piazzolla”; sábado, a partir das 11h20) e Portinari ("Barroco", "Clássico" e "Brasil"; domingo, a partir das 11h20). Com regência de Felipe Prazeres e transmissão ao vivo, diretamente da Cidade das Artes, na Barra, pelo YouTube (/OPESinf).

Exposição

'Ivan Serpa: a expressão do concreto'

A edição virtual da mostra, uma ampla retrospectiva de um dos mais importantes mestres da história da arte brasileira (1923-1973). Basta


O Globo sexta, 17 de julho de 2020

DEMI MOORE APARECE LOURA PARA NOVA SÉRIE

 

Demi Moore aparece loura para nova série

A adaptação de 'Admirável Mundo Novo' já estreou fora do país
 
Demi muda o visual para nova personagem Foto: Instagram
Demi muda o visual para nova personagem Foto: Instagram
 

Curtas ou longas, Demi Moore é conhecida por suas madeixas escuras. Mas com a estreia de 'Admirável Mundo Novo', série da USA Network, ela pôde mostrar o novo visual com cabelo platinado em seu Instagram. A atriz não esclareceu se pintou o cabelo de loiro ou estava usando uma peruca, mas os fãs e familiares acharam que estava irreconhecível de qualquer maneira.

 
 
 
Linda em Admirável Mundo Novo Foto: Peacock / NBCU Photo Bank via Getty Images
Linda em Admirável Mundo Novo Foto: Peacock / NBCU Photo Bank via Getty Images

Confira: Demi Moore e Rumer Willis: quem é a mãe quem é a filha?

A série, baseada no livro homônimo, é uma distopia onde a sociedade atingiu paz e tranquilidade abrindo mão da monogamia, privacidade, dinheiro, família e história. Além de Moore, que interpreta a personagem Linda, outros nomes confirmados no elenco são Kylie Bunbury, Hannah John-Kamen, Sen Mitsuji, Joseph Morgan e Nina Sosanya.

O visual clássico de Demi Moore Foto: Victor Boyko / Getty Images
O visual clássico de Demi Moore Foto: Victor Boyko / Getty Images

 


O Globo quinta, 16 de julho de 2020

EM NOVO LIVRO, NEI LOPES REVISITA ORÁCULO DOS ORIXÁS

 

Em novo livro, Nei Lopes revisita oráculo dos orixás: 'O mundo deve muito à África'

Enquanto vibra com ebulição antirracista em vários países, pesquisador lança obra sobre culto ao oráculo de Ifá, cuja prática vem sendo resgatada no Brasil
 
Em seu 40º livro, Nei Lopes resgata o culto de Ifá, presente em manifestações do canbomblé, no Brasil, e na santería de Cuba Foto: Jefferson Mello
Em seu 40º livro, Nei Lopes resgata o culto de Ifá, presente em manifestações do canbomblé, no Brasil, e na santería de Cuba
Foto: Jefferson Mello
 
 

RIO — Nei Lopes conta que, quando adolescente, na mesa de jantar de sua casa no Irajá, Zona Norte do Rio, não se podia falar sobre racismo. “Tá querendo imitar americano?”: esta era a resposta que ele ouvia, em referência ao despertar do Movimento pelos Direitos Civis nos EUA, nos anos 1950.

— Não sei nada sobre minha ancestralidade — conta ele, que perdeu o pai aos 17 anos.

Se o passado é nebuloso, Nei recorre justamente à ancestralidade africana para olhar para o futuro. Da sabedoria do continente de seus antepassados vem Ifá, um oráculo do povo iorubá e tema do novo livro do pesquisador e notório sambista de 78 anos, “Ifá Lucumí — O resgate da tradição” (Pallas Editora). Nele, apresenta pesquisa aprofundada sobre um rito do candomblé ligado ao orixá do destino, Orunmilá, e de uso exclusivo dos babalaôs.

No livro, Nei disseca a relevância que o culto a Ifá tem em Cuba, onde tal vertente religiosa é muito forte como parte da tradição lucumí. Já no Brasil, sua prática perdeu força no começo do século XX, com o rito oracular do babalaô sendo substituído pelo jogo de búzios das ialorixás e babalorixás. Mas, conta ele, felizmente os anos recentes têm registrado um aumento de interesse em reavivá-lo.

‘Babalaô acadêmico’

Nei conseguiu se debruçar sobre a pesquisa de Ifá em 2017, quando levou de presente ao padrinho de candomblé um exemplar do seu “Dicionário de História da África”. Em troca, recebeu um pedido para resgatar o rito. Mas suas primeiras incursões no assunto, na verdade, remontam há quase 30 anos.

— O Ifá é um sistema que reúne análise combinatória, filosofia e arte. É um manual de vida, feito para se tomar as melhores decisões e sair de situações adversas.

 
Ilustração do livro 'Ifá Lucumí - O resgate da tradição' Foto: Pedro Rafael
Ilustração do livro 'Ifá Lucumí - O resgate da tradição' Foto: Pedro Rafael

Porém, Nei ressalta que seu livro não tem a intenção de ensinar ninguém a praticar o culto a Ifá. Esta é uma função restrita aos babalaôs. Ele, aliás, foi consagrado como tal há quatro anos, mas prefere se manter como um “babalaô acadêmico”, por assim dizer. Papel importante na defesa de uma tradição que, em 2008, se tornou, pelas mãos da Unesco, Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.

Apesar desta valorização institucional do culto a Ifá, Nei enxergava a necessidade de expor ainda mais ao mundo, e sob seu olhar, o singelo pedido feito pelo seu padrinho há três anos.

— Quero mostrar que existe muita filosofia dentro desse conjunto de contribuições culturais africanas ao Brasil — diz o autor, que com este chega ao 40º livro (em dezembro, lançou “Afro-Brasil reluzente: 100 personalidades notáveis do século XX”).

E a atuação de Nei vem sendo travada em um triste cenário de perseguição a religiões de matriz africana. Apenas no Rio, a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa contabilizou 201 casos de agressões e ameaças em 2019, mais que o dobro de 2018 (92).

Um panorama que dialoga diretamente com o debate racial, tão efervescido em 2020 com os desdobramentos do assassinato de George Floyd, nos EUA, o movimento #VidasNegrasImportam, os protestos antirracistas ao redor do mundo. E a derrubada de estátuas como a do mercador de escravos Edward Colston, em Bristol, na Inglaterra, substituída ontem por outra, de uma manifestante negra.

 

— Toda esta ebulição é prenúncio de um novo tempo. Dá a impressão que é modismo, mas não é. Não há grandes transformações sem componentes de violência — destaca Nei, referindo-se à destruição de monumentos. — Estas estátuas deveriam estar em museus ou qualquer outro lugar de memória, mas não nas ruas. Fica parecendo uma afronta, um achincalhe, um desrespeito a quem sofreu nas mãos destas pessoas. São figuras históricas, mas marcadas por crimes.

‘Carnaval, só com vacina’

Capa de 'Ifá Lucumí - O resgate da tradição' Foto: Divulgação
Capa de 'Ifá Lucumí - O resgate da tradição' Foto: Divulgação

Para Nei Lores, a conscientização que se vê hoje “é bacana”. Bem diferente dos tempos em que levava pito por falar de racismo durante o jantar.

— É preciso que todos saibam o quanto o mundo deve à África. Modos de vida foram destruídos pelos europeus, e um dia terá de haver uma compensação.

Em relação ao panorama cultural do país, Nei demonstra preocupação. Para ele, o país passa por um processo de desmonte institucional.

'Nada digo de ti, que em ti não veja'Eliana Alves da Cruz traça paralelo entre o Brasil do século XVIII e o atual em novo livro

— Para essa gente, o popular é considerado algo menor, folclórico. Mas não há de ser nada, o poder é transitório, mas nosso trabalho fica para a posteridade — diz o mestre, em quarentena e sem muito otimismo sobre o futuro da folia. — Carnaval, nem pensar, né? Só com vacina. Mas tudo bem, o samba não é episódico. Ele não vai morrer porque jamais agonizou, está sempre se reinventando. Inclusive, já tenho observado algumas movimentações nesse sentido, mas fica para um papo quando estiver lançando um novo livro.


O Globo terça, 14 de julho de 2020

CANTORES LATINOS COMPÕEM INSPIRADOS PELA PANDEMIA DE COVID-19

 

Da Argentina ao México, cantores latinos compõem inspirados pela pandemia de Covid-19

Grupo de Diários da América (GDA) seleciona canções feitas durante a quarentena; Adriana Calcanhotto é a indicada do Brasil
 
Anna Carina Copello, Carlos Rivera, Adriana Calcanhotto e Jorge Drexler Foto: Divulgação e Leo Aversa
Anna Carina Copello, Carlos Rivera, Adriana Calcanhotto e Jorge Drexler Foto: Divulgação e Leo Aversa
 
 

O isolamento imposto a boa parte do mundo calou fundo nos compositores da região. Dez jornais do Grupo de Diários América (GDA), do qual o GLOBO faz parte, selecionam canções de artistas de seus países feitas sob impacto do isolamento causado pela Covid-19. "O que temos", feita por Adriana Calcanhotto para o álbum ‘Só’, todo gravado no confinamento, foi a indicada do Brasil. Conheça as outras nove abaixo.

Carlos Rivera viu sua carreira decolar com a participação no reality show "La Academia". Tempos depois, foi escalado para protagonizar o musical "O rei leão" na Espanha e no México, no papel de Simba. Foi apresentador dos programas de televisão "La Voz México" e "Quién es la máscara", ambos do canal Televisa, e gravou cinco discos.

No fim de maio, lançou "Ya pasará". Ele explica: "Começamos esta canção faz dois anos, mas não havíamos terminado. Passou o tempo, e enquanto estava na quarentena me dei conta de que uma das frases mais repetimos é ‘ahora que pase' (que passe logo); aí me lembrei de que a frase estava nesta canção e corri para conclui-la. Um dos comentários no vídeo conta que os médicos colocavam esta canção para motivar os pacientes de Covid".

Colômbia. Marta Gómez, 41 anos

Formada na tradicional escola de música de Berklee, em Boston (EUA), Marta já foi indicada algumas vezes ao Grammy Latino, vencendo em 2014 a categoria de álbum infantil. Ela conta com uma discografia de 17 álbuns.Atualmente, ela vive em Barcelona, mas mantém forte vínculo com a música colombiana e com a matriz latino-americana" que se nutre de múltiplas influências de Argentina, Paraguai, Brasil e Peru.

 

Ao longo da carreira, a cantautora conseguiu atrair um grupo extenso de seguidores, mesmo sem chegar a emissoras de televisão e rádio. Seus shows são intimistas mas costumam ter casa cheia, graças ao boca a boca e às redes sociais. Agora, tem conseguido atrair milhares de pessoas com seu olhar esperançoso diante da pandemia. Na capital da Catalúnia ela criou e gravou duas canções durante a quarentena, "Emergência" e "Por hoy". Sobre esta última, ela explica: "Surgiu da nostalgia e do medo... E de pensar em quanto sinto falta dos cafés, dos ensaios e dos shows" junto com sua banda. 

Argentina. Andrés Ciro Martínez, 52 anos

Andrés Ciro ficou conhecido como vocalista da banda Los Piojos, uma das mais populares da cena roqueira argentina dos anos 90. Com o fim do grupo, em 2009, formou um novo conjunto, Ciro y Los Persas, em atividade até hoje. Agora, durante a quarentena, os Persas gravaram, cada um de sua casa, um hit antigo dos Piojos com nome bem sugestivo, "Todo pasa".

Mas o cantor de 52 anos, que toca gaita e guitarra em suas apresentações, fez uma canção nova inspirado na pandemia. Em "Moby Dick", traça um paralelo entre a luta travada pela tripulação contra a baleia, da história clássica de Herman Melville, com os esforços coletivos que a população está fazendo para superar a Covid-19. Em suas redes, Ciro avisou que a renda gerada pela reprodução da canção será destinada à Cruz Vermelha argentina.

Brasil. Adriana Calcanhotto, 54 anos

Uma das grandes compositoras do país, Adriana Calcanhotto já teve canções gravadas por nomes como Maria Bethânia, Gal Costa, Marisa Monte e Ney Matogrosso, além de lançar 15 discos autorais. Por conta da pandemia, a cantora se viu impossibilitada de voltar a Portugal, onde daria pelo terceiro ano um curso na Universidade de Coimbra. Recolhida em sua casa no Rio de Janeiro, passou a compor todos os dias. Em junho, ela lançou no Brasil seu último trabalho, "Só", com nove canções criadas e gravadas num período de 43 dias de isolamento social. Uma delas é "O que temos", com versos como "O que temos são janelas" e "Nós estamos amontoados e sós".

"Essa canção sintetiza as coisas que estão no álbum. A compus pensando nas pessoas em suas casas. Pensando nas pessoas sozinhas. Pensando nessa ideia da solidão urbana, e sobre como temos que agir. Como (o poeta) Ferreira Gullar dizia: "A vida é a gente que inventa". Então "O que temos" tem essa noção. E ela é bem imagética: Eu ouço ela e vejo um lugar como o Copan (famoso edifício em São Paulo) com pessoas empilhadas, porém sozinhas."

Uruguai. Jorge Drexler, 55 anos

Maior expoente da música uruguaia no mundo, Jorge Drexler vive na Espanha há mais de 20 anos. Vencedor do Oscar de melhor canção por ""Al otro lado del río", da trilha sonora do filme "Diários de motocicleta", o cantor e compositor tem uma carreira internacional com proposta artística que, apesar de personalíssima, bebe na raiz do folclore e da escola de violão dos principais mestres uruguaios.

 

Em março, dias antes de o Uruguai anunciar o primeiro caso positivo de coronavírus, mas com a Espanha já colapsada pela pandemia, Drexler surpreendeu com uma composição minimalista fiel a seu estilo, chamada "Codo con codo" ("cotovelo com cotovelo") e inspirada, justamente, na impossibilidade de beijar e abraçar os outros. "Enfrento essas angústias escrevendo e empunhando o violão. Tentando entender esta época em que a maneira de mostrar afeto por outra pessoa passa por não lhe dar a mão, para que o vírus não se propague", explica ele.

Peru. Anna Carina Copello, 38 anos

Cantora e compositora pop, a peruana Anna Carina participou de campanhas solidárias em diversos momentos da carreira. Com diversos discos lançados, como "Algo personal" (2002), "Espiral" (2005) e "Sola y bien acompañada" (2015), Anna venceu a categoria Melhor artista latino-americano" do Prêmio MTV EMA 2013. Em junho, ela revelou em suas redes sociais ter contraído Covid-10, apesar de ter respeitado o isolamento social. Em abril, ela lançou "Unidos", canção que tem a colaboração do rapper Jaze.

"'Unidos' é uma canção inspirada na crise sanitária mundial que estamos vivendo atualmente e nos ensinamentos que nos deixam esses tempos complicados", diz ela. "Ter contraído Covid-19 e superado a doença me deixou um grande ensinamento: que os momentos de crise são aqueles em que mais temos que manter a fé e ter a fortaleza de seguir adiante apesar da adversidade". 

Costa Rica. Tapón, 40 anos

Com mais de 25 anos de trajetória artística na Costa Rica, Tapón é um dos representantes mais fortes do gênero urbano do país. Criado em um bairro humilde da capital San José, logo demonstrou facilidade e talento para o rap, gênero com que se firmou na indústria musical local. Atualmente segue cantando, mas se destaca também como produtor.

Em maio, lançou a canção "Heroes", com clipe que celebra os profissionais de saúde e conta com a participação de personalidades do país, como apresentadores, atores e jogados de futebol. "A motivação vem do agradecimento. Sabemos que há milhares de pessoas pelo mundo, sobretudo os trabalhadores da sáude, que apesar de serem anônimos merecem toda a gratidão", explicou o artista. "Eles precisam saber que não estão sozinhos."

Chile. Andrés de León, 45 anos

Conhecido desde a infância no Chile, por ter sido ator-mirim do "Clan Infantil" do programa "Sábados Gigantes", Andrés se tornou um cantor e compositor romântico consagrado no país. Hoje, ele celebra 25 anos de carreira, uma história em que combinou seu trabalho como intérprete e autor de temas para outros artistas, além de gravar com nomes como Albert Hammond e Toni Braxton.

No fim de junho, ele lançou o clipe de "Abrazarte Otra Vez", que contou com a participação de personalidades locais como o ex-jogador de futebol Marcelo Barticciotto e a comediante Maitén Montenegro.

 

"Comecei a escrever a canção no início de maio, quando a curva de contágio estava crescendo muito rápido em Chile", conta ele. "Sinto que um dos temas mais honestos que fiz, quando canto 'Desespero, vontade de gritar, esta saudade e este confinamento se fazem eternos', que aborda o que sentimos, mas logo foca na esperança de que poderemos voltar a nos abraçar em breve, quando tudo isso passar.

Venezuela. Franco De Vita, 66 anos

O veterano compositor, multiinstrumentista e produtor musical nasceu em Caracas em 1954 e vive na Espanha há décadas. De Vita vendeu mais de 25 milhões de discos, venceu várias categorias do Grammy Latino e tem vídeos de perfomances ao vivo na lista dos mais vistos no YouTube. Um dos grandes expoentes do pop venezuelano dos anos 80, ele também é o autor de hits nas vozes de Ricky Martin e Luis Fonsi.

Em junho, ele compôs e lançou "Frágiles" para refletir sobre a pandemia. Dedicou a obra "aos que estão na linha de frente". "Nunca pensei que um abraço me faria tanta falta como agora", diz o primeiro verso da canção, referindo-se ao isolamento social imposto em todo o mundo.

El Salvador. Prueba de Sonido, "Pueblo de fe"

"Los Prueba", como carinhosamente são chamados pelo público, tem 25 anos de trajetória e um hit que alcançou sucesso internacional: "Hacer nuestro el universo". Agora, na pandemia, o vocalista Alex Oviedo e seus companheiros gravaram juntos a canção "Pueblo de fe".

 

Foram surpreendidos com a notícia de que a canção seria tocada na rádio do Vaticano. E chegaram a dar entrevista para o site da emissora. "Para mim significou muito. Estando amarrados e sem poder tocar em palcos físicos, nos esquecemos de que a música tem esse poder de transcender fronteiras, doenças, problemas. Quisemos mostrar que com um pouco de fé podemos chegar a muitos corações com uma mensagem positiva", disse Oviedo.


O Globo segunda, 13 de julho de 2020

KELLY PRESTON SE ENCANTOU: ATRIZ, MULHER DE JOHN TRAVOLTA, MORRE AOS 57 ANOS, VÍTIMA DE CÂNCER

 

Atriz Kelly Preston, mulher de John Travolta, morre aos 57 anos, vítima de câncer

Notícia foi dada pelo prórprio marido
 
John Travolta e Kelly Preston no Festival de Cannes, em 2018 Foto: Eric Gaillard / REUTERS
John Travolta e Kelly Preston no Festival de Cannes, em 2018 Foto: Eric Gaillard / REUTERS
 
 

A atriz americana Kelly Preston, que trabalhou em filmes como "Jerry Maguire", faleceu aos 57 anos, vítima de câncer de mama, anunciou seu marido, o ator John Travolta. Ela se casou com Travolta em 1991. O casal teve três filhos — o mais velho deles faleceu em 2009 aos 16 anos.

Um representante da família informou à revista People que Preston faleceu na manhã de domingo. "Ela optou por manter sua luta de maneira privada, estava em tratamento médico há algum tempo, apoiada por sua família mais próxima e amigos", afirmou o representante, citado pela revista.

Nascida em 13 de outubro de 1962 no Havaí, Preston estudou arte dramática na Universidade do Sul da Califórnia. A atriz se tornou conhecida por seu papel no filme "Irmãos Gêmeos" em 1988, ao lado de Arnold Schwarzenegger e Danny DeVito.

Trabalhou em dezenas de filmes e séries durante a carreira. Na comédia romântica "Jerry Maguire" (1996), Preston interpretou a ex-namorada do personagem de Tom Cruise.


O Globo domingo, 12 de julho de 2020

CENTENÁRIO DE ELIZETH CARDOSO: COMEMORAÇÕES

 

Centenário de Elizeth Cardoso é comemorado com relançamento de discos, lives e shows virtuais

Clássicos como 'Elizeth sobe o morro' e 'Todo o sentimento' chegam pela primeira vez às plataformas de streaming
 
A cantora Elizeth Cardoso, cujo centenário é comemorado no dia 16 de julho de 2020 Foto: Acervo de família
A cantora Elizeth Cardoso, cujo centenário é comemorado no dia 16 de julho de 2020 Foto: Acervo de família
 
 

RIO — Antes de ser conhecida como “Enluarada”, “Magnífica” ou “Divina”, Elizeth Cardoso (1920-1990) trabalhou como cabeleireira, balconista, operária e dançarina, entre outras atividades. De sua estreia no rádio, em 1936, até o fim da vida, a artista gravou e trabalhou intensamente, consagrada como uma das maiores cantoras brasileiras de todos os tempos, formando gerações de intérpretes que até hoje reverenciam o seu legado.

 Na semana de seu centenário, lives, espetáculos on-line e a reedição de 27 discos, que chegam pela primeira vez às plataformas de streaming, celebram a vasta obra e carreira da artista, que atravessou seis décadas.

— Pode-se afirmar que Elizeth continua sendo a mais moderna das modernas cantoras brasileiras. Seu lugar na história está garantido, e sua dignidade será sempre lembrada — afirma o compositor Hermínio Bello de Carvalho, que foi amigo íntimo e produtor de diversos LP’s de Elizeth. — Quem não sabe a importância dela, precisa conhecer.

Entre a série de tributos programados, um dos mais aguardados é o lançamento digital de 26 álbuns do acervo da cantora na Copacabana, que a Universal Music, detentora do arquivo da extinta gravadora, disponibiliza na internet a partir de quinta-feira, quando serão comemorados os 100 anos da carioca. Serão 17 discos de carreira, além de um projeto coletivo, um EP de raridades e sete compilações. Entre as pérolas, “Elizeth sobe o morro” (1965), no qual ela canta Nelson Cavaquinho, Zé Keti, Cartola e a então revelação Paulinho da Viola. Outros jovens cantados no disco foram Elton Medeiros e Hermínio, que contribuíram com a parceria “Folhas no ar”.

— Lembro da Elizeth, depois de assistir à estreia de "Rosa de Ouro” (espetáculo idealizado por Hermínio em 1965). À porta do teatro, falou comigo : "Você vai produzir meu próximo disco". Minha carreira de produtor começava ali — relembra.

 

Outro clássico que chega ao streaming é o póstumo “Todo o sentimento”, com o violonista Raphael Rabello (1962-1995), que ganha nova edição da Biscoito Fino.

— Esse álbum todo é uma aula — resume a cavaquinista Luciana Rabello, irmã de Raphael, que tocou com Elizeth, entre idas e vindas, de 1979 a 1988. — Ela se tornou uma amiga, uma referência feminina, de dignidade, de comportamento, de artista. Ela juntava delicadeza, firmeza e elegância. Era uma dama.

Precursora da bossa nova

Elizeth nasceu no bairro de São Francisco Xavier, próximo ao Morro da Mangueira. Quando era adolescente, Jacob do Bandolim a ouviu cantando num sarau realizado por seus pais, e a levou para um teste na Rádio Guanabara, em 1936. Ela foi aprovada, mas o sucesso demoraria a chegar. Entre a estreia nas ondas do rádio até seu primeiro êxito, “Canção de amor” (Chocolate/Elano de Paula), foram 14 anos.

No final da década de 1950, quando já era considerada uma das grandes divas do rádio, do samba-canção e das principais boates, ela gravou “Canção do amor demais”, disco que lançava a parceria entre Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Em duas faixas, “Chega de saudade” e “Outra vez”, havia os primeiros registros da batida diferente do violão de um tal João Gilberto. Era o pontapé inicial da bossa nova.

 

— É um de seus discos mais cultuados, mas teve uma venda ínfima na época de seu lançamento. E olhe que era um repertório da maior qualidade, era a obra de Tom e Vinicius, num disco até hoje atualíssimo — diz Hermínio.

O LP marca também uma das maiores características de Elizeth: a inquietação que a levaria a atualizar constantemente seu repertório, passeando por diversos gêneros, lançando novos compositores e se mantendo sempre contemporânea e atual.

— Não se pode falar de música brasileira sem falar de “Canção do amor demais” — afirma Haroldo Costa, responsável pelo epíteto de “Divina”. — Foi uma casualidade. O Sergio Porto me pediu para atuar como interino de sua coluna no jornal “Última hora”. E eu escrevi que ela foi divina na estreia de um show em São Paulo. E pegou.

E foi fácil de pegar. Sua voz grave, de timbre raro e repleta de emoção, influenciou dezenas de intérpretes.

'História de filme americano'

Alguns de seus discípulos foram Alaíde Costa, Ayrton Montarroyos, Claudette Soares, Eliana Pittman, Leci Brandão e Zezé Motta. Todos estão em “Elizeth Cardoso — 100 anos”, disco que a Biscoito Fino lança nas plataformas no dia 31.

 

— Ela marca a história da música brasileira como a ponte entre a música tradicional e a moderna — avalia Thiago Marques Luiz, produtor do projeto. — A história dela é linda, tem todos os ingredientes de um filme.

Se chegasse aos cinemas, os roteiristas teriam trabalho com tantas reviravoltas. Até alcançar o reconhecimento artístico, Elizeth também trabalhou em cabarés, clubes noturnos, circos do subúrbio carioca, onde se apresentava com Grande Otelo — um dos muitos pretendentes rejeitados por ela, assim como Vinicius e Ary Barroso —, e como taxi girl (dançarina).

— No Dancing Avenida, ela trabalhava basicamente para conseguir um prato de comida, porque não a chamavam para dançar. Seu único casamento durou poucos meses (com Ari Valdez, em 1939). Eles se separaram quando ela estava grávida do meu pai. Se hoje ainda é difícil, imagina naquela época? Foi muito duro — comenta Paulo Valdez Jr., neto de Elizeth.

A trajetória de vida da cantora foi contada pelo jornalista Sérgio Cabral na biografia “Elisete Cardoso, uma vida” (Lumiar, 1994). E ela entendia o que expressava em suas canções sobre dor de cotovelo. Além do casamento meteórico, um namorado, o compositor Evaldo Ruy, teria lhe telefonado antes de cometer suicídio, em 1955. Na época do lançamento do livro, Cabral falou ao GLOBO que “ela foi infeliz no amor, gostava de ser dona de casa e nasceu para casar. É história de filme americano.”

 

— O Vinicius me deu “Apelo”, que ele fez com o Baden Powell. Por causa de um contrato, demorou para sair, e a Elizeth gravou antes. Quando me encontrou, ele falou: “Tá vendo? Era ela mesma quem devia ter gravado, a Elizeth já passou por muita coisa na vida” — conta Claudette Soares .

Admiradores internacionais

Em 1964, a cantora derrubou o preconceito quando arrebatou a plateia de um Teatro Municipal lotado para interpretar as "Bachianas brasileiras nº5", de Villa-Lobos. Outro momento marcante ocorreu em 1968, no Teatro João Caetano, quando Elizeth fez um show histórico ao lado de Jacob do Bandolim e do Zimbo Trio, unindo o choro ao jazz. Produtor do espetáculo, Hermínio lembra que teve dificuldades com o genial descobridor da cantora:

— Lembro de Jacob meio aterrorizado com aquela experiência nova de gravar ao vivo. Estava intratável, cabreiro e nervoso, veja só!

Apesar de muitas vezes negligenciada pelas gravadoras, Elizeth seguiu até o fim da vida produzindo muito e com a mesma simplicidade e elegância. E seguiu angariando fãs ao redor do mundo. Entre eles, Louis Armstrong, Nat King Cole e Quincy Jones. Sempre humilde, contudo, ela demorou para ficar confortável no papel de “Divina”.

 

— Vale ressaltar também a admiração que Sarah Vaughan nutria por Elizeth. Aliás, Sarah a aconselhou que nunca rejeitasse o título de Divina, título que ela, Sarah, também ostentava: "The Divine one" — comenta Hermínio.

Amiga de Elizeth, Áurea Martins lembra da generosidade da estrela:

— Ela foi uma madrinha para mim. Como me achava muito magra, um dia me convidou para a casa dela para tomar Sustagen — conta, gargalhando. — Ela tinha muito bom gosto, sabia que seu repertório passaria atual durante décadas. E ela vai atravessar épocas também.

Lives para Elizeth Cardoso

Museu da Imagem e do Som

Terça (14/7), às 18h, no Facebook (/mis.rj), o MIS promove bate-papo sobre o centenário de Elizeth Cardoso, com Haroldo Costa, Paulo Valdez, seu neto, e Pedro Ernesto Marinho.

Teatro Rival Refit

Com produção de Marcus Fernando, a casa realiza uma maratona de quatro horas, com canções e conversas. Participam nomes como Áurea Martins, Joyce Moreno e Simone. Quinta (16/7), às 16h, no Instagram (@teatro.rival.refit).

Nina Wirtti

A companhada por João Camarero (violão), Guto Wirtti (baixo) e Luis Barcelos (bandolim, )a cantora celebra a Divina. Dia 20, às 17h, no YouTube (/ninawirtti).

 

Mônica Salmaso

Até o final do mês, a cantora disponibiliza show dedicado a Elizeth, em pré-estreia da plataforma on-line da Casa do Choro, onde ela faria duas apresentações em homenagem à Divina, canceladas pela pandemia.

Dez LP's essenciais que chegam ao streaming

Discípulas celebram a Divina

Claudette Soares: “Ela tinha uma visão musical muito moderna. Foi uma diva, a estrela maior dos Anos Dourados”

Áurea Martins: “O sentimento dela, como ela encarnava o texto... A Elizeth vivia para a música”

Ilessi: “Elizeth é um divisor de águas na música brasileira, dona de um timbre inconfundível"

Juliana Linhares: “Quando penso nas grandes cantoras, a memória vibra os vibratos de Elizeth”

Mônica Salmaso: “A Elizeth é a professora, a cantora-mãe. Ela tinha uma intuição musical brilhante, tudo está lá”

Nina Wirtti: “A voz, a técnica apurada, uma pessoa maior. É divina, mesmo. É imortal, segue viva”

Simone: “Eu a conheci ainda criança. Elizeth era uma dama, tinha postura de rainha, sempre foi a Divina"

Simone Mazzer: "Não vejo como ser cantora sem passar pela Elizeth Cardoso"

Ayrton Montarroyos: "Ela soube se renovar, acompanhar a dinâmica da música de todas as épocas"


O Globo sábado, 11 de julho de 2020

CONMEBOL APROVA A VOLTA DA LIBERTADORES EM SETEMBRO

 

Conmebol aprova volta da Libertadores em setembro e final em janeiro; Eliminatórias vão para outubro

Entidade prevê calendário também da Sul-Americana até início de 2021
 
Alejandro Domínguez, presidente da Conmebol Foto: Divulgação/Conmebol
Alejandro Domínguez, presidente da Conmebol Foto: Divulgação/Conmebol
 
 
O GLOBO apurou ainda que a retomada da Sul-Americana, por sua vez, será na semana de 27 de outubro. A decisão também será em janeiro de 2021.

MAIS:Como a CBF pretende montar o calendário brasileiro até a Copa de 2022

Na conversa desta sexta, os dirigentes da Conmebol não discutiram se o Maracanã está mantido ou não para a final única da atual edição do torneio. Por ora, o planejamento a respeito da sede continua o mesmo.

A Libertadores foi interrompida após a segunda rodada da fase de grupos. Assim, contando com a final única, a competição terá ainda 11 datas até o encerramento. Até por conta desse cenário a Conmebol engrossou o coro nesta semana, em reunião com a Fifa, a respeito da necessidade de adiamento do Mundial de Clubes 2020, o que é inevitável.

LEIA:ENTREVISTA COMPLETA COM O PRESIDENTE DA CBF SOBRE CALENDÁRIO

As Eliminatórias da Copa do Mundo do Qatar também foram alteradas para outubro. Com isso, a Conmebol usará datas de janeiro de 2022 para compensar os jogos que seriam, inicialmente, em 3 de setembro. Desta forma, a estreia da seleção brasileira contra a Bolívia fica adiada mais uma vez, por mais que a Fifa já tivesse anunciado os jogos do continente sul-americano em setembro. O trâmite burocrático prevê aprovação futura da Fifa, que confirmou a aprovação por parte da Conmebol nesta sexta.

 

Como a data Fifa de setembro ficou disponível, o entendimento na Conmebol é que as seleções podem marcar amistosos.

A confirmação da volta da Libertadores amplia o cenário para os clubes brasileiros sobre o futuro. A Série A do Brasileirão começará em 9 de agosto.

O espaço no calendário brasileiro

O calendário divulgado pela CBF nesta semana já tinha dado um indicativo sobre o encaixe da Libertadores em setembro, já que a entidade brasileira montou o cronograma em consonância com a Conmebol.

Em setembro, há espaço para a Libertadores em três meios de semana (16, 23 e 30). Em outubro, há um meio de semana, o do dia 27.

Novembro será um mês congestionado. A Copa do Brasil chegará às oitavas de final. É nessa fase que entram os clubes brasileiros que disputam a Libertadores. Só está disponível o meio de semana do dia 25. Por essa projeção, seria nesta data que as oitavas de final começariam.

Dezembro, por outro lado, tem muito espaço para inserção dos jogos da Libertadores. São três meios de semana liberados, nos quais caberiam jogos até a conclusão das quartas de final.

As semifinais seriam jogadas a partir de janeiro 2021. Conforme decisão do Conselho, a final única também será no primeiro mês do ano que vem.


O Globo sexta, 10 de julho de 2020

DIA DA PIZZA - RECEITAS FÁCEIS DE MASSAS E SUGESTÕES DE MOLHOS E RECHEIOS

 

No Dia da Pizza, receitas fáceis de massas e sugestões de molhos e recheios

Veja dicas e truques compartilhados por chefs e pizzaiolos
 
Artesanos Bakery: pizza zucchini, com molho de tomate, mozzarella, abobrinha em tiras finas, gorgonzola e amêndoas laminadas Foto: Divulgação/Gabriel Ávilla
Artesanos Bakery: pizza zucchini, com molho de tomate, mozzarella, abobrinha em tiras finas, gorgonzola e amêndoas laminadas
Foto: Divulgação/Gabriel Ávilla
 
 

Todo dia é dia de pizza, diriam os fãs da redonda. Mas o 10 de julho é, oficialmente, o Dia da Pizza  no Brasil. E o país está  entre os maiores consumidores do planeta. Segundo dados da Associação de Pizzarias Unidas de São Paulo, diariamente os brasileiros consomem cerca de 1,7 milhão de pizzas. Para quem quer aprender a fazer em casa, compartilhamos receitas fáceis de massas, molhos e recheios, além de truques e dicas de chefs e pizzaiolos.

— O que indico é ter no máximo quatro ingredientes, o molho, o queijo e mais dois, para não ficar um cheesetudo na pizza. Esse é o momento de soltar a criatividade — diz o chef Pedro Siqueira, da Ella Pizzaria.

Se for assar em forno convencional, sugere a turma da Artesanos, é recomendado utilizar uma pedra refratária para manter a temperatura elevada por mais tempo e a pizza assar bem.

— O ideal é assar em forno acima de 350 graus. Caso não tenha um, pré-aqueça o forno de casa por uma hora na temperatura máxima. Coloque a pizza e deixe assar por igual — indica a padeira Mariana Massena.

A qualidade da farinha de trigo influencia diretamente no resultado final.

— É ela que vai conferir a crocância e a leveza da massa — explica o chef Jorge Mariano, da Madá Pizza e Vinho,  em Curitiba (PR).

 

Massa de pizza

Pedro Siqueira (Ella Pizzaria e do Massa + Ella)

Massa de pizza, do chef Pedro Siqueira (Ella Pizzaria e do Massa + Ella) Foto: Divulgação/Júlia Amin
Massa de pizza, do chef Pedro Siqueira (Ella Pizzaria e do Massa + Ella) Foto: Divulgação/Júlia Amin

 

Ingredientes

  • 1kg de farinha
  • 15g de sal
  • 5g de açúcar
  • 5ml de óleo ou azeite
  • 6g de fermento
  • 600 ml de água

* rende oito porções de 250g .

Preparo

Misture farinha, sal, açúcar e fermento. Em um outro recipiente, misture a água e o azeite. Vá colocando aos poucos a mistura líquida na sólida e sovando na mão até ficar bem homogênea. Corte a massa com cortador ou faca e faça bolinhas. Deixe-as descansar numa assadeira para que possam fermentar. Depois de uma ou duas horas, elas irão crescer e ficar bem macias. Abra as massas numa pedra com farinha, na mão ou no rolo. Coloque os recheios que mais lhe agradam e asse.

Sugestão exclusiva do Dia da Pizza: Tartufi leva nosso molho de tomate, cogumelos frescos, ovo estalado, crocante de Parma e azeite trufado (R$ 49). Tanto a brotinho quanto a Tartufi estarão disponíveis apenas na loja da Ella Pizzaria (3559-0102).

Pizza de fermentação natural

Mariana Massena e Ricardo Rocha (Artesanos Bakery)

Ingredientes

  • 500g de farinha
  • 200g de levain (se não tiver, substitua por 10g de fermento para pão)
  • 350ml de água mineral
  • 15g de sal
  • 30ml de azeite

Aprenda a fazer seu próprio levain

Preparo

Misture a farinha e 300ml de água até obter uma massa homogênea, e deixe descansar por uma hora. Esse processo se chama autólise e ajuda a farinha a absorver a água. Misture o levain nos 50ml de água restantes, adicione-a à massa e, em seguida, junte o azeite e o sal, mexendo sempre. Polvilhe a bancada com farinha e coloque a massa da pizza, sovando-a por cerca de dez minutos. Devido a alta hidratação da massa, ela grudará um pouco na bancada. Tenha paciência nessa hora e não coloque muita farinha para torná-la mais fácil de ser manipulada.

 

— A alta hidratação tem suas vantagens, vai gerar mais gás carbônico na fermentação, aumentando os alvéolos (buracos) na massa, deixando-a mais leve — diz Mariana Massena.

Logo após a sova,  deixe a massa fermentar por seis a oito horas. Para não ressecar, coloque em cima um pouco de azeite e cubra com plástico filme. Depois desse período, divida a massa em quatro bolas. Esse processo se chama bolear e, nesse momento, a massa vai para a segunda fermentação por mais seis a oito horas.

Após essa etapa, abra a massa da forma como são feitas as pizzas clássicas, sem usar rolo. Coloque azeite na mão e com as pontas dos dedos vá abrindo o meio da massa, deixando as bordas com ar ainda, sem mexer. Monte sua pizza a gosto.

— Uma sugestão é a nossa pizza Clássica Zucchini. Utilizamos molho de tomate pelati, mozzarella, abobrinhas cortadas em Julienne, queijo gorgonzola e amêndoas em lâminas tostadas para finalizar — sugere Ricardo Rocha. 

Pizza de calabresa com cogumelos frescos

Jorge Mariano (Madá Pizza e Vinho)

Pizza de calabresa com cogumelos frescos - Chef Jorge Mariano - Madá Pizza e Vinho Foto: Divulgação
Pizza de calabresa com cogumelos frescos - Chef Jorge Mariano - Madá Pizza e Vinho Foto: Divulgação

 

Ingredientes

... a massa

  • 1kg de farinha de trigo
  • 600g de água
  • 20g de sal
  • 1g de fermento biológico seco

... o molho

  • 500g de tomates pelados
  • 10g de sal

... o recheio

  • 500g de mozzarella
  • 300g de cogumelos Paris frescos
  • 300g de calabresa fatiada
  • Azeite de oliva extra virgem
  • Pimenta-do-reino
  • Salsinha fresca

Preparo

Massa: aqueça levemente a água (não deixe passar de 30 graus), coloque em uma bacia, adicione o fermento e aguarde 15 minutos. Acrescente a farinha, o sal e misture com as mãos. Quando estiver toda incorporada à água, coloque em uma superfície limpa e sove até obter uma massa lisa e homogênea. Deixe a massa crescer por 2h a 4h em temperatura ambiente, até dobrar de tamanho. Divida a massa em bolinhas de 200g, coloque cada bolinha em um recipiente com tampa e levemente untado com azeite e leve à geladeira por 18h a 24h.

 

Molho: misture os tomates e o sal e amasse com as mãos até obter um molho com pedaços bem pequenos de tomate. O molho tradicional para pizzas italianas não deve ser cozido.

Recheio: pré-aqueça o forno na temperatura máxima por pelo menos 30 minutos. Se tiver uma pedra de pizza, aqueça junto com o forno. Abra a massa e cubra com o molho de tomates. Adicionar a mozzarella picada grosseiramente, a calabresa fatiada e os cogumelos também fatiados. Levar ao forno por três a oito minutos (depende da potência do seu forno), girando a pizza caso necessário. Tirar do forno, finalizar com azeite extra virgem, pimenta-do-reino e salsinha fresca.

Pizza vegana ao pesto

Armando Freitas (Trattoria Carioca)

Trattoria Carioca: leggero Foto: Divulgação/Bernardo Britto
Trattoria Carioca: leggero Foto: Divulgação/Bernardo Britto

 

Ingredientes

... a massa

  • 1kg de farinha de trigo
  • 2,5g de fermento biológico fresco
  • 2 ½ colheres de sopa de azeite de oliva 
  • 20g de sal
  • 2 ½ xícaras de água mineral gelada

... o molho pesto

  • 200g manjericão
  • 15g flor de sal
  • 200ml de azeite
  • 30g de queijo grana padano
  • 15g alho
  • 75g castanha de caju

... o recheio

  • 410g de massa para pizza
  • 50g de molho pesto 
  • 150g de abobrinha em rodelas
  • 5ml de azeite
  • 1g de sal
  • 1g de pimenta do reino
  • 60d de alho-poró
  • 50g de tomate cereja
  • 60g de cebola roxa
  • 10g de alho fatiado
  • 1g de orégano

Preparo

Massa: em um bowl, misture a farinha e o sal. Em outro recipiente misture o fermento, a água gelada e o azeite. Depois misture todos os ingredientes e amasse fazendo movimentos circulares até que a massa comece a desgrudar das mãos. Caso perceba que a massa ainda está grudando, acrescente um pouco mais de farinha. Divida a massa em quatro partes iguais e faça bolas. Disponha as bolas de massa em um tabuleiro, cubra com papel filme e coloque na geladeira para descansar por 24 horas. Depois de 24 horas, retire a massa da geladeira e deixe descansar por mais duas horas. Logo depois dessas duas horas, pode começar as fazer as pizzas.

 

Molho: colocar todos os ingrediente no liquidificador e bata até ficarem triturados exceto o manjericão. Depois acrescente ao poucos o manjericão. Cuidado para não virar uma pasta.

Recheio: abrir a massa até atingir 35cm, tomando cuidado para deixar a borda alta. Coloque o molho pesto sobre a massa e faça movimentos circulares espalhando por cima de toda a pizza. Adicione a abobrinha e espalhe até preencher os espaços vazios. Coloque em cima da abobrinha o azeite, o sal e a pimenta do reino. Depois acrescente o alho-poró, tomate cereja, a cebola e o alho fatiado. Coloque no forno na temperatura máxima para pizza assar por completo. Ao retirar do forno, coloque o orégano.

Pizza napolitana

Marcos Livi e Luiz Carlos Pereira Lima Filho (Napoli Centrale)

Pizza napolitana da Napoli Centrale Foto: Divulgação
Pizza napolitana da Napoli Centrale Foto: Divulgação

 

Ingredientes

... a massa

  • 137g farinha (sugestão: a italiana Caputo 00)
  • 80g de água
  • 3g de sal marinho
  • 0,08g de fermento biológico fresco (se for seco tem que usar 1/3)

... o recheio

  • 85g de fiori di latte
  • 10g de queijo grana padano ralado
  • 10g de molho de tomate italiano
  • 2g de pesto

OBS: Para poder pesar essa quantidade de fermento, uma tampa de caneta BIC pesa 0,8g. Ou seja, para cem massas colocamos 8g de fermento.

Preparo

Massa: Em uma bacia, dissolva o sal marinho na água. Vá colocando a farinha aos poucos, quando formar uma espécie de pasta, incorpore o fermento biológico fresco (esfarelado) espalhando bem. Na sequência, incorpore o restante da farinha. Trabalhe a massa com os punhos das mãos. Uma vez que conseguir incorporar toda a farinha, trabalhe a massa dobrando-a sobre si até chegar ao ponto da massa: aparência oleosa (brilhante) e liso ao toque. Descansar por 20 ou 30 minutos. Cubra com um pano úmido (não encharcado), para a massa não ressecar. Depois, em uma bancada, dividir a massa em porções de 220g e bolear. O jeito mais simples e parecido de fazer uma coxinha. A bolha tem que ficar completamente lisa (para não fugir os gases da fermentação). Deixar descansar 18 horas num recipiente com tampa a temperatura ambiente. Pré-assar a massa por seis minutos a uma temperatura de 290 graus.

 

Recheio: adicione na massa (aberta) fiori di latte e queijo grana padano ralado. Leve ao forno a 290 graus por três minutos. Adicione para cada fatia duas fileiras de molho, não muito grande, em tamanhos iguais. Por último finalize com 15 ou 20 pontinhos de pesto. Usar uma bisnaga ou saco de confeiteiro para o pesto. Para o molho usar o auxílio de uma bailarina ou bisnaga.

Pizza marguerita

Miro, Marly e Bruno Tolpiakow (Capricciosa)

Pizza margherita gourmet, da Capricciosa Foto: Divulgação/Luisa Cunha
Pizza margherita gourmet, da Capricciosa Foto: Divulgação/Luisa Cunha

 

Ingredientes

... a massa

15g de fermento biológico para pão

50ml de água morna

500g de farinha de trigo 00

250ml de água mineral

25ml de azeite

25g de sal

... o molho de tomate

1kg de tomate pelado sem acidez (tipo pachino ou San Marzano)

2 litros de água fervente

60ml de azeite

10 folhas de manjericão fresco e picado

Sal a gosto

... o recheio

130g de massa de pizza

150ml de molho de tomate

200g de mozzarella de búfala em rodelas de 5mm

80g de tomates-cereja

20g de queijo parmesão italiano ralado grosso

1 ramo de manjericão para decorar

Preparo

Massa: coloque o fermento na água morna e amasse até que se desmanche e fique como um creme. Em uma tigela, junte a farinha, a água mineral e o fermento dissolvido e trabalhe a massa com as mãos até que fique homogênea. Acrescente o azeite aos poucos, lambuzando e amassando. Por último, adicione sal. Faça uma bola única e coloque numa bacia untada com um pouco de azeite. Deixe a massa descansar coberta com um pano úmido por 30 minutos ou até que dobre de tamanho. Faça quatro bolinhas de 130g com a massa e coloque num tabuleiro untado com um pouco de farinha. Cubra com um pano úmido e deixe descansar por mais 30 minutos para terminar a fermentação.

 

Molho: coloque o tomate na água fervente e deixe até a casca rachar. Retire a água, remova a pele e os caroços e descarte, mas preserve a água que sai de dentro do tomate. Pique, acrescente o azeite e o basílico e tempere com sal. Leve ao fogo até desmanchar e virar um creme.

Recheio: abra a massa num disco de 26cm a 30cm de diâmetro, despeje uma concha de molho de tomate no centro e espalhe deixando 1,5cm da borda sem molho. Distribua as rodelas de mozzarella uniformemente sobre o molho. Corte os tomates ao meio, retire os caroços e arrume uniformemente sobre a mozzarella. Por cima, espalhe o parmesão. Leve ao forno bem quente (220 graus) para assar por aproximadamente 40 minutos. Retire do forno e decore com manjericão.

Pizza margherita

Piero Cagnin (Zona Sul)

Zona Sul, pizza-margherita, de Piero Cagnin Foto: Divulgação
Zona Sul, pizza-margherita, de Piero Cagnin Foto: Divulgação

 

Ingredientes

  • 500g de farinha de trigo
  • 300ml de água
  • 2 colheres de chá de sal
  • 1 colher de chá de fermento biológico
  • 100g de molho de tomate
  • 100g de mozzarela ralada
  • Rodelas de tomate
  • Manjericão a gosto

Preparo

Massa: em uma vasilha grande, coloque a água, dilua a fermento e acrescente a farinha de trigo. Trabalhe essa massa até que comece a pegar consistência. Acrescente o sal, retire da vasilha e trabalhe a massa sobre uma superfície de trabalho até que fique lisa e homogênea. Obtenha três bolas de massa de aproximadamente 300g cada. Dê a elas um formato arredondado, cubra-as e deixe fermentar em lugar protegido de correntes durante pelo menos quatro horas.

 

Abrindo a massa: polvilhe a superfície de trabalho com farinha de trigo, abra a bola de massa com a ponta dos dedos sem ir até o final do disco que estará se abrindo. Repita a operação até obter um disco de aproximadamente 20cm.

Finalização: em seguida, com o auxilio de uma colher, coloque o molho de tomate no centro do disco e espalhe-o com a colher deixando uns 2cm de borda livre. Coloque agora a mozzarella espalhando-a bem sobre o molho de tomate, depois espalhe o tomate e o manjericão. Coloque a pizza sobre uma assadeira e leve ao forno pré-aquecido a 250 graus até derreter o queijo, quando for servir coloque mais um pouco de manjericão fresco.


O Globo quinta, 09 de julho de 2020

QUARENTENA A BORDO: VELEJADORES CONTAM SUAS EXPERIÊNCIAS DURANTE A PANDEMIA

 

Quarentena a bordo: velejadores contam suas experiências durante a pandemia

De planos frustrados a novas descobertas fizeram parte da vida no mar em tempos de novo coronavírus
 
 
A velejadora Isabela Almeida no mastro do veleiro Amazônia, onde vive com o marido Sandro Masseli e as cadelas Vick e Chica Foto: Acervo pessoal
A velejadora Isabela Almeida no mastro do veleiro Amazônia, onde vive com o marido Sandro Masseli e as cadelas Vick e Chica
Foto: Acervo pessoal
 
 

RIO - Sarah e Renato planejavam partir para os atóis do arquipélago Tuamotu, na Polinésia Francesa. Sandro e Isabela pretendiam velejar pelo Mediterrâneo. Sérgio e Dôra finalmente se mudariam para o barco que levaram 11 anos construindo. Tudo isso aconteceria em março de 2020, caso a tempestade do novo coronavírus não mudasse os planos de um planeta inteiro. 

Atracados na Espanha

Sandro Masseli, Isabela Almeida e as cadelas Vick e Chica no veleiro Amazônia, em Burriana, na Espanha Foto: Acervo pessoal
Sandro Masseli, Isabela Almeida e as cadelas Vick e Chica no veleiro Amazônia, em Burriana, na Espanha
Foto: Acervo pessoal

— A incerteza sobre quanto tempo a quarentena duraria foi o que mais nos angustiou. Além de ficarmos presos no mesmo lugar, que é o oposto do que esperamos quando vivemos no mar — conta Sandro Masseli, capitão do veleiro Amazônia, onde vive com a mulher, Isabela Almeida, e as cadelas Vick e Chica.

O casal passou a quarentena dentro do barco, num clube náutico na cidade de Burriana, ao lado de Valencia, na Espanha, onde estavam desde agosto de 2019. Passado o inverno no Hemisfério Norte, a ideia era zarpar dali em março, no começo da primavera, e navegar pelo Mediterrâneo. Sem a pandemia, hoje estariam na Grécia, e no fim do ano, atracariam na costa turca. O horizonte, que parecia tão amplo, ficou restrito ao píer que ocupavam.

O lockdown severo, adotado na cidade, permitia apenas o funcionamento de mercados e farmácia e restringia ao máximo a circulação de pessoas pelas ruas. Do barco, os dois acompanhavam também os aplausos que tomavam conta do país, toda noite, às 20h, em homenagem aos profissionais de saúde.

— Burriana foi a mais afetada pela Covid-19 na região, então o clima era de muito medo. Só podíamos sair um de cada vez para as compras. Os nossos exercícios, tínhamos que fazer dentro do barco ou na frente do píer. Pelo menos podíamos passear com os cachorros, mas sem demorar muito — lembra Isabela, que chegou a ter que mostrar o comprovante de uma compra a um policial para justificar sua presença na rua.
Os velejadores Isabela Almeida e Sandro Masseli a bordo do barco Amazônia, na Espanha Foto: Acervo pessoal
Os velejadores Isabela Almeida e Sandro Masseli a bordo do barco Amazônia, na Espanha
Foto: Acervo pessoal

O Amazônia só voltou a velejar em 15 de junho, com o fim do confinamento no país. Sandro e Isabela estão agora nas Ilhas Baleares e pretendem seguir para a Sardenha, na Itália.

— A preocupação agora é saber se tudo voltará a fechar assim que passar o verão. Há sempre o risco de estarmos em um lugar não muito bom, ou termos que atracar na primeira marina que encontrarmos, e ficarmos novamente presos, sem saber quando poderemos viajar novamente — ressalta Isabela.

No fim do ano, se não forem atingidos por mais uma oda da pandemia, esperam cruzar o Atlântico em direção ao Caribe e, de lá, em 2021, rumo ao Pacífico Sul. O dia a dia do casal é registrado na conta do Instagram @viverporaremar.

Calmaria na Polinésia Francesa

Sarah Moreira, Renato Matiolli e Feijão posam em frente ao veleiro Sail Ipanema, que passou a quarentena em Moorea, na Polinésia Francesa Foto: Acervo pessoal
Sarah Moreira, Renato Matiolli e Feijão posam em frente ao veleiro Sail Ipanema, que passou a quarentena em Moorea, na Polinésia Francesa
Foto: Acervo pessoal

Se tudo der certo, Sandro e Isabela encontrarão na Polinésia Francesa o Sail Ipanema, veleiro tripulado há cinco anos por Sarah Moreira, Renato Matiolli e o bull terrier Feijão. Os três passaram a quarentena ancorados em frente a uma praia na ilha de Moorea.

 

Passar a quarentena num paraíso tropical parece uma má ideia para você? O casal de velejadores garante que foi uma experiência de altos e baixos. O fato de estarem parados numa enseada natural permitiu que continuassem aproveitando o mar, mergulhando, pescando e nadando em volta do barco. Os passeios com o cachorro na praia também não pararam. Mas então, qual é a “maré baixa" dessa história?

— O confinamento já faz parte da nossa rotina, já estamos acostumados com isso. Mas não por tanto tempo. Sentimos muita falta do contato com outras pessoas. Só íamos ao mercado a cada duas ou três semanas, não podíamos encontrar outros velejadores e nem receber hóspedes — diz Sarah.

A velejadora Sarah Moreira e o bull terrier Feijão em águas da Polinésia Francesa Foto: Acervo pessoal
A velejadora Sarah Moreira e o bull terrier Feijão em águas da Polinésia Francesa Foto: Acervo pessoal

Outro aspecto negativo do período foi o aumento da desconfiança por parte dos moradores das ilhas em relação aos estrangeiros, vistos como propagadores da doença no país.

— Até entendo a reação deles, diante da gravidade da situação e a preocupação, principalmente com os mais velhos. Mas é uma mudança significativa, já que o povo polinésio sempre foi marcado por ser muito receptivo, principalmente com os velejadores — relata Renato.

 

A calmaria da quarentena impediu o casal de passar a temporada de março a julho nos atóis de Tuamotu, uma viagem que já não vale a pena ser feita nos próximos meses, por motivos climáticos. Há cerca de um mês, a circulação pelas ilhas foi liberada. Desde então, a rotina vai voltando ao normal aos poucos, com algumas viagens por perto e encontros com outros velejadores que, assim como eles, estavam saudosos de contato humano. Agora, o plano é continuar nos arredores de Morea e Tahiti, a ilha principal do arquipélago, onde fica o aeroporto internacional.

Batismo com ciclone em Santa Catarina

Dôra Castanheira e Sérgio Danilas a bordo do veleiro Ictus, atracado na Marina Itajaí, em Santa Catarina Foto: Divulgação
Dôra Castanheira e Sérgio Danilas a bordo do veleiro Ictus, atracado na Marina Itajaí, em Santa Catarina
Foto: Divulgação

Sergio Danilas e Dôra Castanheira têm duas experiências de quarentena para contar. Uma, mais convencional, no apartamento do casal, em Curitiba. A outra, em Itajaí, bem mais emocionante, com direito a ciclone bomba, a bordo seu veleiro Ictus, que ainda nem navegou pela primeira vez.

Mas antes da ventania que tem atingido seriamente a Região Sul do país, o casal, como todo mundo, foi surpreendido pelo tsunami do novo coronavírus. A pandemia foi declarada poucos dias antes de o veleiro, que eles passaram 11 anos construindo, chegasse à Marina Itajaí. O barco efetivamente chegou ao litoral de Santa Catarina em 19 de março, no momento em que as medidas de isolamento social começavam a ser implementadas no estado.

 

— Quando ele chegou em Itajaí, já não se podia fazer nada. Na marina, nos informaram que ele não poderia ir para a água, e acabou passando um mês num pátio. Só no final de abril é que começamos a montagem efetiva do barco — conta Danilas, que se apaixonou pelas regatas há pouco mais de 20 anos e dedicou os últimos 11 à confecção do Ictus, que tem 40 pés (12,3 metros de comprimento), três quartos, dois banheiros, sala, cozinha e algumas peculiaridades, como um motor elétrico.

O veleiro Ictus, na Marina Itajaí Foto: Divulgação
O veleiro Ictus, na Marina Itajaí Foto: Divulgação

A mudança, de mala e cuia, só aconteceu em 9 de maio. E ali começou a segunda etapa do confinamento. Desde então, o casal se dedica a ajeitar a nova casa, respeitando as medidas de distanciamento social ainda em vigor na cidade. Na marina, por exemplo, só é permitido circular de máscara. Mas há tanto o que fazer dentro do barco que o tédio passa longe, segundo Dôra:

— Todo dia temos alguma coisa para arrumar, algum detalhe para acertar. Além disso, estamos curtindo o contato com a natureza e a ideia da liberdade que teremos assim que tudo isso passar. Antes ouvíamos o som dos caminhões passando na rodovia. Agora, é o barulho da água batendo no casco.

Quando voltaremos a navegar:os cruzeiros depois do novo coronavírus

O contato com a natureza se apresentou com força no começo deste mês, quando o ciclone bomba passou por Itajaí. Mas nada que tenha assustado muito o casal, que permaneceu dentro do barco, em segurança.

 

O histórico de atletas de alto rendimento dos dois tem ajudado a encarar o isolamento e a cumprir as rotinas a bordo com planejamento e disciplina, incluindo a série de exercícios físicos, dentro do barco. Ambos foram jogadores da seleção brasileira de vôlei. Danilas esteve nas Olimpíadas de 1976 (Montreal) e Dôra nas de 1980 (Moscou), 1988 (Seul) e 1996 (Atlanta) — nesta, como auxiliar de Bernardinho, então técnico da seleção feminina. Dôra também trabalhou no Comitê Organizador dos Jogos do Rio, de 2016, e inclusive emprestou sua voz para as gravações que indicavam as estações do metrô referentes à disputa de vôlei de praia. 

Sem pressa, os dois, que acabaram de se aposentar fazem planos para quando a pandemia acabar e estiverem liberados para velejar. Primeiro, pelo belo litoral catarinense. Depois, por outras partes do Brasil. E, um dia, quem sabe, se aventurar em águas internacionais. A urgência maior vem de fora, especialmente dos cinco netos de Danila, doidos para conhecer a casa-barco do avô.


O Globo quarta, 08 de julho de 2020

COM SELO DE BOAS-VINDAS, DUBAI ABRA SUAS PORTAS PARA OS TURISTAS

 

Com selo de boas-vindas, Dubai reabre suas portas para os turistas

O mais famoso dos Emirados Árabes Unidos aposta no turismo interno para reaquecer sua economia
 
Hóspedes, vestindo roupas de banho ou trajes tradicionais, se encotram na piscina do Al Naseem, um dos hotéis de Dubai que reabriram as portas para os visitantes internacionais Foto: KARIM SAHIB / AFP
Hóspedes, vestindo roupas de banho ou trajes tradicionais, se encotram na piscina do Al Naseem, um dos hotéis de Dubai que reabriram as portas para os visitantes internacionais Foto: KARIM SAHIB / AFP
 
 

O mais famoso dos Emirados Árabes Unidos está novamente de braços abertos para os turistas. Depois de quase quatro meses em quarentena para conter a pandemia do novo coronavírus, Dubai voltou a receber visitantes internacionais na terça-feira (7 de julho), fazendo questão de carimbar um adesivo de boas-vindas no passaporte de cada um deles.

 

"Calorosas boas-vindas ao seu segundo lar", dizem os adesivos para passaportes no aeroporto de Dubai, onde os funcionários usam roupas de proteção contra materiais perigosos e atendentes disponibilizavam equipamentos de proteção individual.

A retomada do turismo representa um alívio nas contas do emirado, que tem nessa atividade uma de suas principais fontes de renda. Mas, a princípio, a aposta do setor é em quem já mora na cidade, tanto para movimentar a economia, quanto para servir de teste antes do retorno da maior parte dos viajantes estranteiros.

A turista italiana Francesca Conte disse em sua chegada que ficou preocupada até o último minuto que seu voo fosse cancelado.

— Quando vi passageiros fazendo fila na porta, pensei que não voaríamos, já que a viagem a Dubai já tinha sido adiada três vezes — disse ela,  que se sentiu triste ao ver espaços vazios no avião e as comissárias de bordo vestidas como profissionais de saúde, com equipamentos de proteção individual dignos de hospitais e laboratórios.

Mas todo cuidado é pouco. A reabertura nesta terça ocorreu em um momento em que o número de casos de Covid-19 nos Emirados Árabes aumentou para 52.600, sendo 326 mortos, com milhões de trabalhadores estrangeiros que moram em alojamentos estreitos particularmente afetados.

 

Quem chega de fora do país deve apresentar os resultados negativos de seus testes para a Covid-19, realizado no máximo quatro dias antes do voo. Caso contrário, podem se submeter ao exame ao chegar, mas devem se isolar até receberem a autorização.

O turismo foi, durante muito tempo, o salva-vidas do emirado, um dos sete do país. A alta temporada começa em outubro, quando o calor sufocante do verão no Golfo Pérsico começa a se dissipar. Em 2019, Dubai recebeu mais de 16,7 milhões de visitantes, e antes de a pandemia paralisar as viagens internacionais, o objetivo era alcançar até o final deste ano um total de 20 milhões de turistas.

— Estamos prontos para receber turistas e tomamos todas as precauções necessárias — disse Talal al-Shanqiti, da Direção Geral de Residência e Assuntos de Estrangeiros de Dubai, em uma videomensagem tuitada no domingo.

Com escassos recursos petroleiros em comparação com os vizinhos, Dubai construiu a economia mais diversificada do Golfo, com uma reputação como centro financeiro, comercial e turístico. A cidade-Estado é conhecida por seus megashopping centers, restaurantes de alto padrão e hotéis e resorts cinco estrelas. Mas todos estes setores sofreram um forte golpe durante o surto do coronavírus e o PIB de Dubai encolheu 3,5% no primeiro trimestre de 2020 após dois anos de um crescimento modesto. A companhia aérea Emirates, com sede em Dubai e a maior do Oriente Médio, se viu forçada a reduzir sua extensa rede e acredita-se que tenha demitido milhares de funcionários.

 

Retomar a atividade hoteleira concentrando-se "principalmente no mercado interno é um primeiro passo importante no nosso enfoque gradual para restabelecer a normalidade na indústria do turismo", disse Issam Kazim, CEO da Corporação de Dubai para o turismo e o comércio.

Impulsionar o turismo doméstico também é parte da estratégia do outro destino dos Emirados, a rica capital petroleira Abu Dabi, que recebeu em 2019 um recorde de 11,35 milhões de visitantes internacionais. A capital dos Emirados Árabes Unidos abriga as principais atrações, incluindo um circuito de F1 e o museu do Louvre Abu Dabi, que no fim de junho abriu as portas a visitantes com máscaras e luvas, depois de passar 100 dias fechado.


O Globo terça, 07 de julho de 2020

RINGO STARR COMEMORA 80 ANO EM LIVE COM AMIGOS

 

Ringo Starr comemora 80 anos em live com amigos Paul McCartney, Ben Harper e Sheryl Crow

Ex-beatle pretende voltar a fazer turnês após a pandemia de Covid-19, celebra o movimento #BlackLivesMatter e comenta novo documentário 'Let it be', de Peter Jackson
 
Ringo Starr apareceu de máscara em suas redes sociais nesta terça-feira, quando completa 80 anos Foto: Reprodução
Ringo Starr apareceu de máscara em suas redes sociais nesta terça-feira, quando completa 80 anos
Foto: Reprodução
 
 

Quando você se chama Ringo Starr, não consegue escapar do seu aniversário. Ainda mais se estiver completando 80 anos.

— Eles nunca param de me lembrar, então é melhor comemorar — diz o sempre despreocupado ex-Beatle, de seu estúdio em Los Angeles.

 Seus companheiros John Lennon, Paul McCartney e George Harrison o acompanham na sala dos fundos, em retratos pendurados num escritório que também funciona como museu. Ringo também foi pego desprevenido pela pandemia e, como muitos outros, teve de mudar seus planos de vida e de aniversário.

— Eu ia comemorar em grande estilo, com um palco ao ar livre ao lado do edifício do Capitólio em Hollywood, com amigos e bandas tocando em um grande almoço — diz o músico sobre seus planos frustrados.

A parte dos amigos, pelo menos, vai acontecer. Paul McCartney, junto com outros músicos como Joe Walsh, Sheryl Crow e Ben Harper, se juntarão à festa com apresentações caseiras ou trechos nunca vistos de seus shows. O Big Birthday Show de Ringo vai ao ar no canal do músico no YouTube nesta terça-feira, 7 de julho, às 21h (horário de Brasília).

— Sigo tocando mais do que nunca — diz o baterista, que estaria em turnê com sua banda All Stars, se não fosse o pandemia. — E pretendo continuar tocando depois dos 80.

Beatles em fuga, Yoko e ativismo

Aniversários são sempre bons momentos para se lembrar das pequenas batalhas da vida. Entre elas, uma em Manila, de onde os Beatles precisaram sair atropeladamente para escapar do fervor dos fãs e da ira da primeira-dama do país, Imelda Marcos, por não terem comparecido à recepção oficial. Ou de momentos marcantes, como a primeira bateria que ele ganhou, quando tinha 13 anos e sofria de tuberculose. E seus companheiros de banda, os irmãos na vida desse filho único.

 

— Foi um sonho impossível que se tornou realidade. Fazer parte da melhor banda do mundo.

Ringo também se lembra de Yoko Ono, desde o primeiro dia em que a conheceu, quando ele chegou ao estúdio e a encontrou na cama com Lennon.

— Ela é uma mulher divertida. A imprensa tornou tudo mais exótico, mas nós nos apoiávamos — resume. — Fizemos boa música, mas pagamos um preço muito alto.

Outro momento marcante da carreira dos Beatles também tem voltado à memória de Ringo recentemente: o dia em que a banda se recusou a tocar no Mississippi, a não ser que não houvesse segregação racial do público.

— Como poderíamos fazer diferente se nossos heróis eram Ray Charles, Sam Lightnin 'Hopkins, Stevie Wonder e outros artistas afro-americanos?

Por isso, Ringo se diz maravilhado com o #BlackLivesMatter, surpreso com os protestos que eclodiram "de Los Angeles a Paris" após o assassinato de George Floyd — especialmente com a força deles entre as novas gerações.

— (Os jovens) De 18 a 25, eles são 70% dos manifestantes e querem mudar tudo para melhor.

'Let it be' de Peter Jackson

Ringo não esconde seu gosto musical: seu amado Lightnin 'Hopkins, por quem ele quase se mudou para o Texas quando tinha 17 anos, além de Hank Williams, Cozy Cole e Willie Nelson. Em relação aos artistas contemporâneos, ele deixa escapar um simpático hooray para a música de Miley Cyrus. Ringo Starr está preocupado com o setor em que trabalham.

 

— É muito mais difícil — diz, sem esquecer que "na época" uma gravadora também rejeitou os Beatles. — Quase não há clubes para tocar, apenas grandes concertos para se ganhar dinheiro.

De resto, a "carreira" dos Beatles segue ressurgindo em outros formatos, como no documentário "The Beatles: Get Back", que Peter Jackson está preparando para a Disney+ — e que também foi adiado pela pandemia da Covid-19.

O material do filme virá das 57 horas de cenas gravadas no último show do grupo, das quais apenas cerca de 10 minutos foram usados em "Let It Be", filme que ficou conhecido por mostrar a banda em um momento melancólico, já perto do fim.

— Nesse corte não se via muita alegria. Por outro lado, as gravações que encontramos são cheias de risadas, com a banda tocando, se divertindo. Não estou dizendo que não havia problemas. E levamos nossos discos muito a sério. Mas Jackson conseguiu encontrar os bons momentos. Pena que precisou ser adiado — lamenta.

E isso apesar do número de horas que Jackson, já em isolamento,  passou trabalhando sozinho em seu estúdio na Nova Zelândia.

— Mas esse ano, e que ano, até James Bond teve que se atrasar! — diz Ringo, rindo e se despedindo com seu gesto perene de “paz e amor”.

 


O Globo segunda, 06 de julho de 2020

DOCES TÍPICOS DE FESTA JUNINA COM AMENDOIM

 

Doces típicos de festa junina com amendoim. Veja receitas

Lista inclui brigadeiro de paçoça, batida e torta sem glúten
 
Brigadeiro de paçoca recheado com brigadeiro meio amargo, de Ana Maria Braga Foto: Divulgação
Brigadeiro de paçoca recheado com brigadeiro meio amargo, de Ana Maria Braga Foto: Divulgação
 
 

É julho, mas ainda é tempo de festa junina... O amendoim está em muitos doces servidos nesta época, nunca falta ao arraial, que foi para dentro de casa. Versátil, pode ser consumido de diversas maneiras. Na lista a segur, temos  brigadeiro de paçoca da apresentadora Ana Maria Braga, a aprenda a batidinha de amendoim servida na Academia da Cachaça, pé de moleque...

Brigadeiro de paçoca com chocolate meio amargo

Ana Maria Braga

Ingredientes

1 lata de leite condensado (395g)

6 paçocas esfareladas (120g)

1 colher de sopa de manteiga (15g)

... brigadeiro meio amargo

1 lata de leite condensado (395g)

2 colheres de sopa cheias de cacau em pó (30g)

1 colher de sopa de manteiga (15g)

... para envolver

10 paçocas esfareladas (200g)

Preparo

O brigadeiro de paçoca: misture os ingredientes em panela de fundo grosso e leve ao fogo médio, mexendo sem parar, por cerca de 15 minutos ou até se soltar do fundo (ponto de enrolar). Transfira para um prato untado com manteiga, cubra com filme plástico rente ao doce e deixe esfriar.

O brigadeiro meio amargo: leve os ingredientes ao fogo médio, em panela de fundo grosso, e cozinhe, mexendo sempre, até se soltar do fundo. Transfira para um prato untado com manteiga, cubra com filme plástico rente ao doce e deixe esfriar.

Modelagem: com as mãos untadas com manteiga (ou usando luvas de vinil), modele bolinhas do brigadeiro meio amargo (cerca de 10g cada) e reserve.

Molde bolinhas com o brigadeiro de paçoca (cerca de 15g cada), abra na palma da mão e recheie com um brigadeiro meio amargo. Feche bem, volte a enrolar, envolva na paçoca e disponha em forminhas (se houver).

 

Amendoim Cri Cri

(Casas Pedro)

Casas Pedro: amendoim cri cri Foto: Divulgação
Casas Pedro: amendoim cri cri Foto: Divulgação

 

Ingredientes

500g de amendoim

1 xícara e 1/2 de açúcar

Água

Preparo

Uns 15 minutos antes de preparar o doce, deixe o amendoim numa vasilha com água. Depois, retire toda a água e coloque somente o amendoim em uma panela com água suficiente para cobri-lo. Leve ao fogo alto médio. Quando a água estiver quente, adicione o açúcar. Mexa sempre até toda água evaporar e o amendoim soltar da panela.

Pé de moleque

Andrea Follador

Pé de moleque (Andrea Follador) Foto: Divulgação
Pé de moleque (Andrea Follador) Foto: Divulgação

 

Ingredientes

2 xícaras de amendoim torrado e moído

2 xícaras de amendoim torrado em grãos

2 xícaras (chá) de açúcar

1 xícara (chá ) de leite

Preparo

Em uma panela adicione todos os ingredientes e leve tudo ao fogo médio, mexendo sempre até desgrudar do fundo da panela. Despeje em assadeira untada e espere esfriar e endurecer. Quando estiver completamente frio corte pedacinhos.

Paçoquinha

(Seven Boys)

Paçoquinha Foto: Divulgação
Paçoquinha Foto: Divulgação

 

Ingredientes

1 xícara de chá de amendoim (115g)

½ xícara de chá de doce de leite em pasta (145g)

3 paçocas (75g)

4 fatias de pão de forma

2 colheres de sopa de canela (20g)

Preparo

Triture os amendoins no liquidificador e misture a farofa ao doce de leite e à paçoca até que ela se dissolva toda. Leve as fatias de pão ao forno pré-aquecido (200 °C) até que estejam douradas. Estique um pedaço grande de papel filme (PVC) sobre uma tábua. Espalhe metade da pasta de doce de leite, até que fique do tamanho do pão e cubra com uma fatia. Vire de ponta-cabeça em uma assadeira, de modo que o pão fique para baixo. Retire o papel filme e repita o processo com o restante dos ingredientes. Cubra a assadeira com filme plástico e leve à geladeira até esfriar. Polvilhe a canela peneirada sobre os doces e corte cada fatia ao meio. Corte cada uma dessas tiras em seis quadradinhos e sirva. Se quiser, substitua o doce de leite por leite condensado.

 

Pavê de doce de leite com crocante de amendoim

Bianca Hermida (Verde Vício)

Pavê de doce de leite com crocante de amendoimNicole Mendlewicz (Verde Vício) Foto: Divulgação
Pavê de doce de leite com crocante de amendoim Nicole Mendlewicz (Verde Vício) Foto: Divulgação

 

Ingredientes

Para o creme de doce de leite:

1 lata de leite condensado (ou 400g de doce de leite pronto)

1 caixa de creme de leite

Para o biscoito

3 ovos

100g de açúcar demerara

130g farinha de trigo, previamente peneirada

Para umedecer os biscoitos

100ml de água

50g de açúcar demerara

1 dose de conhaque (opcional)

... o creme branco

200ml de leite

2 colheres (sopa) de amido de milho

1 caixa de creme de leite

100g de açúcar demerara

3 gemas

1 colher(chá) de baunilha

...o crocante de amendoim ou pé de moleque

150 g de açúcar demerara

100g de amendoim sem casca

Preparo

Cozinhe a lata de leite condensado em uma panela de pressão em fogo médio, por aproximadamente 1 hora (após começar a chiar). Espere sair toda a pressão e retire a lata com cuidado. Após esfriar, transfira o conteúdo da lata para uma travessa, acrescente o creme de leite, misture bem e reserve.

Em uma batedeira, coloque os ovos, o açúcar e bata até ficar no tom amarelo claro. Acrescente a farinha de trigo e misture. Distribua em um tabuleiro previamente untado, em formato de biscoitos. Asse à 180 graus, até que fiquem dourados. Quando estiverem frios, umedeça os biscoitos.

Dissolva o amido de milho no leite e vire em uma panela. Acrescente todos os outros ingredientes do creme branco e leve ao fogo baixo, mexendo bem até engrossar.

 

Coloque o açúcar e o amendoim em uma panela, misture até formar uma calda. Vire em um tabuleiro untado e deixe esfriar. Corte em pedacinhos.

Em um recipiente ou em copinhos, monte o pavê em camadas alternadas de creme branco, crocante de amendoim salpicado, biscoitos umedecidos e creme de doce de leite.

Coloque na geladeira. Antes de servir, decore com o crocante de amendoim.

Torta de amendoim sem glúten

Marta Proto

Torta de amendoim sem glúten, de Marta Proto Foto: Divulgação
Torta de amendoim sem glúten, de Marta Proto Foto: Divulgação

 

Ingredientes

150 g de amendoins moídos

1/2 xícara de chá de açúcar

1 colher de sopa de farinha de rosca

3 ovos

Manteiga e farinha de trigo para untar e polvilhar a assadeira

Preparo

Pré-aqueça o forno a 180 graus (temperatura média). Unte duas assadeiras redondas de 15cm com manteiga. Corte dois discos de papel-manteiga usando o fundo da forma como medida. Pressione com os dedos para colar o papel no fundo untado e unte novamente com manteiga sobre o papel. Polvilhe com farinha de trigo.

Bata as claras em neve até atingir o ponto de neve firme. Acrescente as gemas, uma a uma, batendo entre cada adição. Por último, adicione o açúcar aos poucos, sem parar de bater, até formar um creme fofo e brilhante. Acrescente a mistura de amendoins e farinha aos poucos, misturando delicadamente com a espátula, de baixo para cima. Divida a massa nas duas assadeiras preparadas e nivele com a espátula. Leve ao forno para assar por cerca de 15 minutos. Espete com um palito para conferir: se sair limpo, o bolo está pronto. Retire do forno e deixe esfriar antes de desenformar. Enquanto isso, prepare o doce de leite ou utilize um pronto de sua preferência. Use o doce de leite como recheio entre os dois bolos e para cobrir o bolo todo. Decore com amendoim picado.

 

Torta de maçã do amor com amendoim

Luísa Mendonça (Conflor)

Torta de maçã do amor com amendoim, de Luísa Mendonça (Conflor) Foto: Divulgação/Klacius Ank
Torta de maçã do amor com amendoim, de Luísa Mendonça (Conflor)
Foto: Divulgação/Klacius Ank

 

Ingredientes

300g de amendoim torrado sem sal

100g de farinha de mandioca

50g de açúcar

... o creme

500ml de leite de castanha

2 colheres de sopa de amido de milho

100g de açúcar

½ colher de chá de extrato de baunilha

... a maçã caramelizada

1 xícara de açúcar

¼ xícara de água quente

1 maçã cortada em cubinhos pequenos

Preparo

Em um processador, processe o amendoim até o seu óleo ser liberado. Quando formar uma pasta, mas ainda com pedaços de amendoim, adicione a farinha e o açúcar. Bata apenas para misturar. Coloque em uma forma de 20cm e asse á 220°C por 30 minutos.

Enquanto a base está no forno, prepare o creme. Adicione em uma panela metade do leite, com o açúcar e a baunilha. No restante do leite gelado dissolva o amido de milho. Leve a panela ao fogo alto, mexendo sempre até levantar fervura. Abaixe o fogo e lentamente vá adicionando o leite com o amido dissolvido, misturando sempre até engrossar. Retire do fogo e reserve.

Para a maçã, caramelize o açúcar em fogo baixo, quando estiver bem derretido adicione a água misturando sempre. Adicione as maçãs, misture e retire do fogo. Deixe esfriar em uma superfície unta com óleo ou tapete de silicone.

Para a montagem é só adicionar o creme na base da torta e decorar com as maçãs caramelizadas por cima. Sirva gelada.

 

Batida de paçoca

Cida Zurlo (Academia da Cachaça)

Batida de paçoca (Paçoca do Beco), da Academia da Cachaça Foto: Divulgação/Berg Silva
Batida de paçoca (Paçoca do Beco), da Academia da Cachaça Foto: Divulgação/Berg Silva

 

Ingredientes

200g de paçoca de amendoim

200ml de cachaça branca

200ml de licor de cacau

20g (1 colher de sobremesa) de farofa de amendoim

500g de gelo (24 pedras)

Preparo

Coloque a paçoca, a cachaça, o licor de cacau, a farofa de amendoim e o gelo no liquidificador e misture bem. Sirva em um copo, acrescentando uma pedra de gelo.

 


O Globo domingo, 05 de julho de 2020

KANYE WEST DIZ QUE VAI CONCORRER À PRESIDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS

 

Kanye West diz que vai concorrer à Presidência dos EUA

Rapper usou sua conta no Twitter para fazer o anúncio e postou a hashtag #2020VISION
 
 
Kim Kardashian e Kanye West Foto: David Crotty / Patrick McMullan via Getty Image
Kim Kardashian e Kanye West Foto: David Crotty / Patrick McMullan via Getty Image
 

O rapper Kanye West usou sua conta no Twitter para anunciar que vai concorrer à Presidência dos Estados Unidos. A postagem foi feita neste sábado, quando os EUA comemoram a independência e faltando quatro meses para as eleições americanas, marcadas para 3 de novembro. 

Kanye postou o seguinte: "Eu estou concorrendo para presidente dos Estados Unidos!" e usou a hashtag #2020VISION ('We must now realize the promise of America by trusting God, unifying our vision, and building our future. I am running for president of the United States! #2020VISION). Em seguida, Elon Musk, CEO da Tesla e da Space X, também usou a rede social para dizer que Kanye tem todo o seu apoio.

Essa não é a primeira vez que o rapper, casado com Kim Kardashian, com quem tem quatro filhos, diz que vai concorrer à Presidência americana. Em 2015, durante o MTV Video Music Awards, Kanye declarou que disputaria as eleições de 2020. Ano passado, na Casa Branca, ao encontrar com o presidente Donald Trump, mostrou a foto de um pôster que dizia "Keep America Great #Kanye2024", sugerindo que concorreria em 2024 com um slogan parecido com o de Trump.

As eleições americanas acontecem em quatro meses, e os partidos Democrata e Republicano já estão com as candidaturas de Joe Biden, ex-vice do ex-presidente Barack Obama,  e Donald Trump, que concorre à reeleição, praticamente confirmadas. Candidaturas independentes são permitidas pelas regras eleitorais americanas. 

 


O Globo sábado, 04 de julho de 2020

LIVE DA PORTELA CELEBRA SAMBAS E HISTÓRIAS DA ESCOLA

 

Live da Portela celebra sambas e histórias da escola

Transmissão vai intercalar músicos na quadra e participações remotas de Monarco, Tia Surica e outros baluartes
 
'Muitas saudades da minha Portela. Mas a vida é assim, nem tudo acontece como a gente quer', diz Monarco Foto: Leo Martins / Agência O Globo
'Muitas saudades da minha Portela. Mas a vida é assim, nem tudo acontece como a gente quer', diz Monarco
Foto: Leo Martins / Agência O Globo
 
 

Hoje, o samba acontece de um jeito diferente na Rua Clara Nunes, número 81, no bairro de Oswaldo Cruz, Zona Norte do Rio. Fechada desde que a pandemia instaurou o isolamento social, a Quadra da Portela abre as portas para uma live cheia de saudosismo, um alento para os fãs da escola e para entusiastas do samba em geral.

Ainda sem poder receber o público, Serginho Procópio, vocalista e cavaquinista da Velha Guarda, Gilsinho, intérprete oficial da Portela, e uma turma de 12 ritmistas liderados pelo mestre de bateria Nilo Sergio estarão na quadra da Azul e Branco a partir das 15h, com o show “Palco Portela: Uma história cantada ao vivo”. A live será transmitida no canal oficial da escola no YouTube (/portelatv).

Várias participações estão previstas na transmissão, que será apresentada pela porta-bandeira Lucinha Nobre. Tia Surica, Mauro Diniz, Marquinhos de Oswaldo Cruz, Teresa Cristina e Toninho Geraes já confirmaram presença, cada um da sua casa, e outras surpresas provavelmente vão pintar. Durante a exibição do show, serão arrecadadas doações para o projeto Águia Solidária, que destina os recursos para pessoas carentes dos bairros de Madureira e de Oswaldo Cruz.

— Essa live vai ser bem bonita, por todo o contexto que envolve, pela parte solidária das doações. Mas também vai ser saudosa para todos nós. Eu estou acostumado a subir naquele palco e tocar para bastante gente, sempre com a quadra cheia, e agora encontrar a quadra vazia vai me bater saudades dos amigos, de tudo o que envolve o carnaval e a Portela em si. Vai bater uma nostalgia — diz Procópio.

 

Histórias de Monarco

Aos 86 anos, Monarco, integrante mais antigo da Velha Guarda da Portela, não podia ficar de fora da festa. O sambista vai contar histórias da escola e cantar duas canções. A primeira será “Retumbante vitória”, ou “O passado da Portela”.

— Logo que saímos da Praça Onze (onde eram realizados os primeiros desfiles), em 1951, e fomos para a Avenida Presidente Vargas, em 1952, fiz o meu primeiro samba. A diretoria gostou, as pastoras gostaram, e serviu de esquenta para a escola. Foi inesquecível, uma alegria enorme para o meu coração. Chama-se “Retumbante vitória”. Quando o Seu Natal ouviu, disse: “Temos que aproveitar esses garotos.” Nunca esqueço dessa frase. Fomos para o time de cima, eu, Candeia e outros.

Monarco lembra que foi a pedido de João Nogueira que a canção ganhou outro nome.

— Depois o João gravou o samba e me pediu para trocar o título para “O passado da Portela” , e claro que eu deixei — conta o bamba. — E também vou cantar um samba do Alberto Nonato, “O sofrimento de quem ama”. Conto histórias da escola, como as de Seu Caetano, que inventou a águia (símbolo da escola).

Monarco está cumprindo à risca o isolamento. Já assistiu a algumas lives, como a de Zeca Pagodinho e a do cantor Ferrugem, mas é a primeira vez que vai participar de uma transmissão on-line. Com serenidade, diz que não tem pressa para voltar a viajar para se apresentar com a Velha Guarda — “o banheiro do avião é muito pequeno” —, mas reconhece que sente falta de “mostrar a voz” por aí.

 

O que bate mais forte, entretanto, é a saudade de sua rotina, sempre ligada à Portela. Um grande amor que ele reencontra hoje, ainda que pela tela do celular.

— Eu comprava o jornal e lia lá, na minha salinha. Na esquina tinha um pãozinho com ovo, café com leite, falava com o porteiro que já me conhecia: “Ô, Seu Monarco!” Lá na minha sala tem os retratos dos verdadeiros sacerdotes do samba, como Paulo da Portela e Carlos Cachaça. Ficava namorando meus velhinhos... Mas a vida é assim, nem tudo acontece como a gente quer. Temos que seguir adiante e ter fé em Deus que as coisas vão melhorar.


O Globo sexta, 03 de julho de 2020

RIO: BARES REABREM LOTADOS

 

Covid-19: Bares reabrem lotados na noite desta quinta-feira; clientes descumprem regras de distanciamento na calçada

Na Praça Cazuza, no Leblon, Guarda Municipal determinou que bares fechassem as portas para tentar dispersar cerca de 300 pessoas que insistiam em beber sem máscara na calçada
 
Com bares ao redor, Praça Cazuza, no Leblon, ficou lotada na noite desta quinta-feira Foto: Felipe Grinberg
Com bares ao redor, Praça Cazuza, no Leblon, ficou lotada na noite desta quinta-feira Foto: Felipe Grinberg
 
 

RIO — A primeira noite da reabertura do setor gastronômico da cidade mostrou que a retomada será um desafio para empresários, clientes e poder público. Os bares começaram a ver a boemia de volta depois das 22h, quando alguns pontos tradicionais, como o Pavão Azul, em Copacabana, ficaram lotados. Na Praça Cazuza, no Leblon, a Guarda Municipal precisou intervir: determinou que bares do entorno fechassem suas portas para tentar dispersar cerca de 300 pessoas que, aglomeradas, bebiam sem máscara e descumpriam as regras de isolamento social na calçada.  O Guimas, na Gávea, ficou com a varanda cheia, mas a parte interna ficou vazia.

 

Escolas particularesMedo impede consenso para volta às aulas em rede privada do Rio

ReaberturaAcademias têm filas de 'marombeiros' e de clientes querendo cancelar planos

Com bares fechados, uma banca de jornal e ambulantes continuaram vendendo bebidas alcóolicas na praça, o que contribui para a permanência das pessoas. A Polícia Militar foi acionada. A aglomeração permaneceu até por volta da meia-noite. Pela regra de reabertura, o horário de funcionamento de bares e restaurantes é até 23h.

AnalíticoSem regras claras, fim de isolamento no Rio traz risco de mais casos de Covid-19

Coronavírus:Se fosse um país, Rio teria a segunda maior mortalidade por milhão de habitantes do mundo

Mais cedo, dentro dos bares, segundo a Guarda Municipal, o distanciamento entre os clientes e a regras de segurança foram mantidas. Mas uma das dificuldades para os estabelecimentos é que os clientes precisam usar máscaras enquanto não estiverem consumindo. Ou seja, a cada gole de chope, é preciso retirar a proteção. Depois, recolocá-la para então retirá-la de novo.

Pavão Azul, em Copacabana, teve muito movimento e nenhuma fiscalização Foto: Foto do leitor
Pavão Azul, em Copacabana, teve muito movimento e nenhuma fiscalização Foto: Foto do leitor

As imagens de bares e calçadas lotados no Leblon, na Zona Sul do Rio, repercutem nas redes sociais e são alvo de críticas de internautas que defendem o distanciamento social, em um momento em que a taxa de contágio ainda é alta no Estado. Alguns posts irônicos também surgiram no Twitter como reação à alta procura por bares diante do contexto atual.


O Globo quinta, 02 de julho de 2020

SABRINA SATO FALA SOBRE RELAÇÃO COM O MARIDO

 

Sabrina Sato fala sobre relação com o marido, Duda Nagle, na quarentena

THAYNÁ RODRIGUES

 
 
 
 
Sabrina Sato e Duda Nagle (Foto: Reprodução)
Sabrina Sato e Duda Nagle (Foto: Reprodução)

 

Sabrina SatoDuda Nagle e Zoe fizeram uma pequena viagem para um sítio no interior de São Paulo nesta semana. A apresentadora sentiu necessidade de descansar após meses ininterruptos de trabalho. O passeio para a zona rural seguiu as normas da Organização Mundial de Saúde.

— Alugamos o sítio para ficar cinco dias com toda a família. Meu irmão (Karin Sato) me ajudou. Sou de Penápolis, mas não fomos para lá porque ficaria muito distante. Não sei se consigo fazer um detox de redes sociais porque é difícil não trabalhar pelo celular — conta ela, que está no local com os irmãos, os pais e a sogra, Leda Nagle. 

 

 

Mais relaxada, ela se dedica à filha e curte o marido, Duda Nagle. Sabrina conta que, apesar do período delicado, tem conseguido aproveitar os momentos com o marido:

— Temos namorado bastante! Curto muito o Duda. E também passo bons momentos com meus irmãos, meus pais e a Zoe. Mantive exercícios de três a cinco vezes na semana. 

Sabrina, que conversou sobre brinquedos eróticos com as amigas atrizes Juliana Paes e Ingrid Guimarães em vídeos do seu canal no YouTube, diz que recebeu boas dicas para colocar em prática.

— Nossa! Duda e eu na quarentena... (risos) — brinca Sabrina, tímida. — Ingrid Guimarães me mandou vários, Juliana Paes me deu um muito especial de presente. Ela disse que tinha comprado e que ia ser maravilhoso para mim. Eu gostei!

Sabrina Sato e Duda Nagle (Foto: Reprodução)
Sabrina Sato e Duda Nagle (Foto: Reprodução)

 


O Globo quarta, 01 de julho de 2020

LIVES DE HOJE: PREMIAÇÃO TEATRAL COM NEY LATORRACA E MAIS

 

Lives de hoje: premiação teatral com Ney Latorraca e mais

Programação desta quarta-feira (1º7) também inclui bate-papos ao vivo com nomes como Murilo Rosa, Ana Botafogo e Paulo Betti
 
O ator Ney Latorraca Foto: Leo Martins / Agência O Globo
O ator Ney Latorraca Foto: Leo Martins / Agência O Globo
 
 

A agenda de lives desta quarta-feira (1º/7) inclui atrações teatrais e musicais. Destaque para a cerimônia virtual do Prêmio APTR, transmitida ao vivo e com apresentação de Miguel Falabella Maria Padilha nesta noite. Veja a programação completa abaixo.

Lives de hoje, 1º de julho (1/7):

Teatro:

  • Prêmio APTR: A 14ª edição do prêmio promovido pela Associação dos Produtores de Teatro acontece em formato virtual, hoje às 19h, no Youtube. Apresentada por Miguel Falabella e Maria Padilha, a cerimônia anunciará os destaques teatrais de 2019 e prestará homenagem especial a Ney Latorraca.
  • ‘Agosto’ e mais peças: Sucesso nas últimas temporadas teatrais, a montagem do texto de Tracy Letts estrelada por Guida Vianna pode ser assistida gratuitamente na plataforma criada pelo Oi Futuro. Até 27 de julho, outras quatro peças seguem disponíveis no catálogo: “A reunificação das duas Coreias”, sob direção de João Fonseca; “Labirinto”, com texto de Alexandre Costa e Patrick Pessoa; e os infantis “Thomas e as mil e uma invenções” e “Um sonho para Meliés”.
  • Teatro PetroRio das Artes: A sala na Gávea estreia hoje, em seu perfil no Instagram (@teatropetroriodasartes), uma série de encontros artísticos comandados por Suzana Pires. Hoje, às 21h, a atriz e autora recebe o ator Paulo Betti para um papo bem-humorado sobre teatro.
  • ‘Talentos’: Enquanto prevalecem as restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus, o reality show inédito da TV Cultura — que elegerá um novo grande nome do teatro musical brasileiro — promove transmissões ao vivo no Instagram (@talentos_tvcultura). Hoje, às 18h, o ator e apresentador Jarbas Homem de Mello recebe Murilo Rosa, que comentará sobre trabalhos antigos e projetos futuros na área.

Show:

  • ‘Encontros Petrobras Sinfônica’: Transmitido todas as quartas-feiras, às 11h — no canal da orquestra no Youtube —, o evento recebe hoje a bailarina Ana Botafogo, que conversa com o violoncelista Hugo Pilger sobre música, dança e rotina na quarentena.

O Globo terça, 30 de junho de 2020

PRIMEIRA VOLUNTÁRIA BRASILEIRA A RECEBER A VACINA DE OXFORD: NOA TIVE MEDO!

 

'Vivo no meio do caos, não tive medo', diz primeira brasileira a receber vacina de Oxford contra coronavírus

Cirurgiã dentista do Hospital São Paulo, Denise Abranches é um dos 2 mil voluntários no estado a participar da fase de testes da vacina contra a Covid-19 no Brasil: "É um ato de amor se voluntariar"
 
Denise Abranches é um dos 2 mil voluntários de São Paulo a participar dos testes para a produção da vacina de Oxford Foto: Divulgação
Denise Abranches é um dos 2 mil voluntários de São Paulo a participar dos testes para a produção da vacina de Oxford
Foto: Divulgação
 
 

SÃO PAULO — Vivendo o maior desafio de sua carreira em mais de 20 anos de trabalho como profissional da saúde, a coordenadora da Odontologia do Hospital São Paulo e a primeira voluntária brasileira a receber a vacina em teste contra o coronavírus, Denise Abranches, de 47 anos, diz que a necessidade em ajudar a ciência no combate à doença que já matou mais de 500 mil pessoas no mundo é a sua principal motivação para participar.

Mesmo que a vacina ainda esteja na fase de testes, a cirurgiã dentista acredita que participar do projeto da Universidade de Oxford em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) na busca por um imunizante contra a Covid-19 gera uma sensação de "dever cumprido".

— Se eu tenho o perfil e estou exposta ao vírus diariamente no hospital, não poderia fazer diferente. Os números me assustam muito e eu não poderia ficar só sentada, lendo o que está acontecendo — afirma.

Denise faz parte do grupo de 2 mil voluntários em São Paulo e no Rio de Janeiro que estão recebendo doses do imunizante em teste. No estado, segundo a Unifesp, passam por testes profissionais da saúde e outros funcionários do Hospital São Paulo, que têm entre 18 e 55 anos, estão expostos ao vírus, mas não foram infectados.

O Brasil está dentro do plano mundial de desenvolvimento da vacina e é o primeiro país a realizar os testes de Oxford depois do Reino Unido. Os testes com brasileiros vão contribuir para o registro da vacina no Reino Unido, previsto para o final deste ano. O registro formal, entretanto, só deve ocorrer após o fim dos estudos em todos os países participantes.


O processo de Denise como voluntária começou em 20 de junho, dia em que participou da triagem com um médico para entender como seria o estudo. Também foram realizados exames de sorologia para comprovar que ela ainda não tinha desenvolvido anticorpos contra o coronavírus e, portanto, não tinha sido contaminada pela doença anteriormente.

 

— Só pude participar porque deu negativo e ainda não tenho as defesas necessárias — lembra.

Três dias depois, explicou a cirurgiã, foi aplicada a dose. Como o estudo é randomizado, parte do grupo recebeu a vacina em teste contra a Covid-19 e outra parte recebeu um imunizante contra meningite. A seleção aleatória é realizada para que se observe como será o a resposta imunológica dos voluntários testados de forma imparcial.

— Estou confiante de que eu tenha recebido a da Covid, mas nem os pesquisadores sabem dizer qual eu recebi. É confidencial. Isso será revelado lá na frente, para saber se eu fui imunizada, ou não — explica.

Agora, a voluntária precisa ir algumas vezes ao Crie (Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais) da Unifesp para verificar as respostas imunológicas. Além disso, tem preenchido uma espécie de "diário eletrônico".

- Respondemos se estamos com alguma reação, ou desconforto. Eles chamam de eventos adversos. Mas não senti nada até então, nenhuma manifestação significativa.

Voluntária brasileira a receber vacina de Oxford faz acompanhamento no centro de referência da Unifesp Foto: Divulgação
Voluntária brasileira a receber vacina de Oxford faz acompanhamento no centro de referência da Unifesp
Foto: Divulgação

Apesar de toda complexidade do vírus e da produção da vacina ainda estar em fase de testes, Denise descartou qualquer tipo de insegurança ao se tornar voluntária:

 

— Não me deu medo, porque já estou no meio do caos mesmo. Vivo diariamente no meio dos pacientes de alta complexidade, entubados na UTI. Eu já poderia ter sido contaminada em algum momento, mas não fui por causa da alta disciplina. Há um tempo, o medo da contaminação era imenso. É um protocolo Chernobyl, mas agora estou muito mais tranquila — revela.

Antes de ser aplicado em seres humanos, o patógeno foi alterado em laboratório e tornado incapaz de se reproduzir. Ele se transforma em uma vacina após ser inserido o fragmento de uma proteína do novo coronavírus. Ele, então, atua como antígeno e faz o sistema imune se preparar para a chegada do vírus verdadeiro.

Para a profissional, o dia a dia de contato com as vítimas da Covid-19 foi um forte impulso para que ela se tornasse voluntária na produção da vacina.

— É uma satisfação poder ajudar os pacientes que estão na minha cabeça quando vou embora do hospital. A gente não fica indiferente a eles. Mexe muito comigo o fato de um paciente não poder sequer ver e falar com a família. E se de repente você não tivesse mais contato com um familiar e nem do velório pudesse participar? É um ato de amor se voluntariar — diz a cirurgiã.


O Globo segunda, 29 de junho de 2020

DANIELA CARVALHO, EX-MALHAÇÃO, FALA DA GRAVIDEZ E DE TRABALHO COMO FAXINEIRA NO EXTERIOR

 

Ex-ʽMalhaçãoʼ, Daniela Carvalho fala da gravidez e de trabalho como faxineira no exterior

THAYNÁ RODRIGUES

 
 
 
 
Daniela Carvalho, protagonista da 18° temporada de “Malhação”, está grávida de sete meses (Foto: Tia Aline/FotoGracinha)
Daniela Carvalho, protagonista da 18° temporada de “Malhação”, está grávida de sete meses
(Foto: Tia Aline/FotoGracinha)

 

Daniela Carvalho, protagonista da 18° temporada de “Malhação”, está grávida de sete meses de uma menina, Serena. A atriz, que retornou recentemente dos Estados Unidos, conta que descobriu a gestação enquanto trabalhava como bartender no exterior. Sua intenção era juntar dinheiro para custear cursos de Cinema.

— Quando a gente vai trabalhar fora, a carga horária é alta. Eu achei que estava cansada por conta disso e não dei muita atenção. Mas tinha uma amiga grávida no bar e fui percebendo com mais tempo o atraso na menstruação. Aí de fato descobri que ia ser mamãe (risos). No início, foi um susto. Mas logo me adaptei à ideia. Filho é prosperidade. É uma bênção. Sempre sonhei com a maternidade antes dos 35. Acabou acontecendo. Sou uma mulher, artista, e vou me adaptar como sempre me adaptei. Decidi voltar dos Estados Unidos logo no início da pandemia para buscar meus cães. E foi uma decisão acertada porque acabaríamos ficando presos na fronteira. Moro em São Paulo com o meu namorado (o colombiano Juan Diaz, que é administrador) e decidimos ter minha filha pertinho da minha mãe — conta Daniela, de 34 anos, que vive em Itapetininga, interior do estado, e toma todos os cuidados para não contrair a Covid-19.

 

 

Recentemente, Daniela compartilhou vídeos em seu canal do YouTube mostrando como foi sua experiência de trabalho no exterior. Antes de chegar aos Estados Unidos, ela viveu na Irlanda para aprender Inglês e passou mais um tempo na Colômbia. Na Europa, a paulista trabalhou em restaurantes e fez faxina em residências:

— Compartilhei vídeos sobre a faxina na Irlanda, onde morei por oito meses. Fiz intercâmbio lá porque o país permite o estudo da língua ao mesmo tempo em que se trabalha. Eu estava ambicionando minha carreira artística. Quando a gente não tem medo e trabalho, vai seguindo e se resolvendo. As pessoas (quando viram os vídeos) falaram: “Meu Deus! Ela está fazendo faxina. Será que está passando fome?” ou "Coitada, tomara que ela se reerga!". E eu tentei acalmar as pessoas. Essa é a realidade de uma pessoa que sai do país e, claro, não tem dinheiro para se bancar. Muita gente tem preconceito. Mas é um trabalho honrado, difícil. A gente tem que valorizar. Não é demérito. Hoje em dia valorizo muito. Minha visão em relação a esses subempregos mudou muito. É a realidade da pessoa que sai do país e também a de muitas pessoas do próprio país.

Daniela relata que as pessoas permanecem curiosas em relação à sua vida e comenta que, após o nascimento de Serena, pretende seguir com o sonho da carreira no exterior:

— Quem me acompanha pelo Instagram sabe da minha trajetória. Outros me perguntam onde eu estive. Tive um curso de teatro no Rio, dei aula... O grande público acha que eu desisti na carreira. O canal no YouTube foi um meio para mostrar como funcionam os testes, os bastidores. Sempre fui a favor de viver experiências que nos transformam em seres humanos melhores. Não tenho medo de me jogar. Quando eu tiver minha neném vamos retomar essa meta de estudar e trabalhar. Nosso plano é ir para o Canadá no ano que vem porque o país é mais aberto a imigrantes.

Daniela Carvalho e Juan Diaz (Foto: Tia Aline/FotoGracinha)
Daniela Carvalho e Juan Diaz (Foto: Tia Aline/FotoGracinha)
Daniela Carvalho durante faxina em Dublin (Foto: Reprodução)
Daniela Carvalho durante faxina em Dublin (Foto: Reprodução)

O Globo domingo, 28 de junho de 2020

A MODA PRETA IMPORTA

 

A moda preta importa: reunimos 12 personagens da indústria para debater o racismo, que vai muito além das passarelas

Estilistas, modelos, jornalista, stylist, camareira e maquiadora contam suas experiências no meio
 
A jornalista Luanda Vieira Foto: Karla Brights
A jornalista Luanda Vieira Foto: Karla Brights
 
 

A estilista carioca Ligia Parreira costumava ver Gloria Coelho como uma referência. Chegou a gastar uma parte significativa de seu salário em um casaco da designer, arrematado nas araras de liquidação da extinta multimarcas Novamente, na Rua Sete de Setembro, no Centro do Rio. Depois de ler numa entrevista, em 2009, em que a criadora afirmara que “já tinha negro demais” na São Paulo Fashion Week (costurando, fazendo modelagem) e que eles não precisavam estar também na passarela, a peça perdeu o brilho. “Percebi ali o apartheid e passei o look para frente, nem sei para quem. Essas pessoas não mudam. Tanto que modelos acabaram de compartilhar práticas racistas cometidas por ela”, diz Ligia.

 
A estilista Ligia Parreira Foto: Karla Brights
A estilista Ligia Parreira Foto: Karla Brights

 

Dona da grife Devassas.com, a carioca do Méier afirma que não ficou “chocada” com os relatos publicados no Instagram pelo movimento Pretos na Moda e no perfil anônimo Moda Racista, que saiu do ar após o estilista Reinaldo Lourenço, ex-marido de Gloria e alvo de diversas denúncias, entrar na Justiça pedindo que a página fosse removida. A solicitação foi negada, mas a página sumiu da rede social — o que não significa que o conteúdo deva ser esquecido. À ELA, Lourenço declarou que errou e não tinha problema em admitir isso: “Estou acompanhando os protestos e as reivindicações. Eu e minha marca faremos parte dessa necessária transformação. Os próximos castings serão diferentes, com mais atenção à diversidade racial”. Indignada, Ligia acrescenta: “Parece que a indústria não nos absorve. Meu sonho é dar uma entrevista em que eu não precise falar sobre preconceito. Mas a branquitude não deixa. Tenho de justificar minha presença constantemente, a razão de estar ocupando esse lugar.”

A estilista Carol Barreto Foto: Karla Brights
A estilista Carol Barreto Foto: Karla Brights

 

Para a estilista baiana Carol Barreto, a moda brasileira é um reflexo da sociedade. “A lacuna racial deve-se ao processo histórico. A posição de criador é de um poder extremo, de total privilégio. O homem branco está no topo da pirâmide, comandando as grifes; e a população não branca está na base, executando trabalhos braçais. O Brasil não deseja esse deslocamento de um modo geral. Meu trabalho é ativista justamente por isso. Quero contribuir para um futuro de mudanças, em que todos tenham as mesmas oportunidades.”

 

Autodidata, Carol apresentou seu primeiro desfile no campus da Universidade Estadual de Feira de Santana, em 2001. À época estudante de Letras, ela festejou a diversidade na passarela. “Atingi meu objetivo político, mas não gerei notícia. Mostrei que também somos competentes, e que o negro pode ser estilista, modelo, stylist e fotógrafo. Não precisamos estar sempre na subserviência.” Por meio de sua roupa, a baiana debateu temas urgentes como a escravidão. “A vida inteira recebi olhares questionadores, na moda principalmente. O racismo nunca é declarado. Ele usa estratégias sofisticadas para oprimir e excluir o outro.”

O estilista Luiz Cláudio Silva Foto: Karla Brights
O estilista Luiz Cláudio Silva Foto: Karla Brights

 Sucesso na São Paulo Fashion Week, o mineiro Luiz Cláudio Silva, da Apartamento 03, jamais imaginou estar no evento. “Não havia ninguém como eu lá”, explica. “Nós, pretos, vivemos à margem e, quando chegamos ao centro, não temos a possibilidade de errar. Se errarmos, seremos apontados. Temos de ser 10 mil vezes melhores do que os brancos”, acrescenta ele, que, em 2018, levou à temporada paulistana um casting só com modelos negras. “Não dá para ter só uma ou duas meninas pretas num desfile no Brasil. Foi bonito ver as garotas se olhando no espelho, trocando experiências. Uma delas segurou o choro para não borrar a maquiagem ao se dar conta do que estava acontecendo. Nós temos isso. Quando encontramos um igual na rua, nos cumprimentamos. É como se fosse: ‘Estou aqui também. Você não é o único’.”

 

Editora de moda da revista “Glamour”, Luanda Vieira não enxergava a cor de sua pele como “obstáculo”. E isso tem muito a ver com a educação que teve em casa. “Meus pais optaram por me criar sem falar em racismo. Se fosse alvo de comentários maldosos na escola, eles me tiravam daquele ambiente. Ser negra não era uma questão. O trabalho me abriu mais os olhos”, conta. Parte importante da engrenagem, Luanda confessa que se vê “solitária”. “Minha luta é para abrir espaço. Quero uma moda diversa”, reclama ela, afirmando que ficou “desesperançosa”, num primeiro instante, com os relatos de racismo na indústria. “Achava que não daria em nada. Mas as modelos não foram ignoradas. Elas foram extremamente corajosas e resgataram a esperança. E a esperança move.”

A modelo Camila Simões Foto: Karla Brights
A modelo Camila Simões Foto: Karla Brights

Uma das fundadoras do movimento Pretos na Moda, a manequim mineira Camila Simões conta que uma “força ancestral” a impulsionou a denunciar os casos de racismo na moda brasileira. “Não vou dizer que não tive medo. Eram coisas sérias que poderiam reverberar de forma ruim na minha carreira, mas era necessário. Há séculos, pedimos para sermos ouvidos”, observa a moça, que teve problemas com Gloria Coelho. “Ela me pré-selecionou para um de seus desfiles. Durante a prova de roupa, insinuou que eu estava andando sexy demais, e isso não estava ocorrendo. No fim, acabei sendo cortada. Acho que fez isso para me machucar. Foi uma ferramenta de tortura.”

 
O stylist Hugo Machado Foto: Karla Brights
O stylist Hugo Machado Foto: Karla Brights

 

Numa espécie de manifesto, a designer se desculpou e se comprometeu a incluir mais modelos afrodescendentes e indígenas nas suas apresentações: “Reconheço que por séculos a moda privilegiou padrões de beleza eurocentristas, e que eu ou pessoas da minha equipe no passado possamos ter compactuado com isso”. A próxima edição da São Paulo Fashion Week, marcada para outubro, deve ser diferente. Camila afirma que Paulo Borges, diretor do evento, garantiu que metade do casting será negro. “Inclusão é a palavra-chave. Estamos trilhando um caminho de mudanças”, resume a modelo.

A modelo Rita Carreira Foto: Karla Brights
A modelo Rita Carreira Foto: Karla Brights

 Há uma década circulando pela indústria, a modelo e influenciadora paulistana Rita Carreira diz que muita gente sabia das práticas racistas, mas se calava. “Vivemos num país preconceituoso e oportunista. Minha impressão é de que as marcas colocam as meninas pretas por cota, não por desejarem isso. Já fizeram cara feia enquanto eu desfilava. A negra também é a última na fila da maquiagem no backstage de um desfile. Nossa cara fica toda cinza porque os profissionais não têm base no tom certo, e nem mexem nos cabelos”, desabafa. “Tive de resistir. Fizeram de um tudo para eu desistir, ainda mais sendo gorda e preta. Quero apenas existir, sem me preocupar com a cor da minha pele. É exaustivo correr atrás de oportunidades e encontrar as portas fechadas.”

 
A maquiadora Laura Peres Foto: Karla Brights
A maquiadora Laura Peres Foto: Karla Brights

Tida como “rebelde”, a maquiadora carioca Laura Peres levanta a bandeira da igualdade racial desde que começou a atuar no meio, em 2010. “Os racistas não dormem, nem a gente. Enquanto ocupo esse espaço, tenho poder de transformação”, pontua a beauty artist. Ela faz questão de montar equipes somente com pretos e pardos em grandes eventos como o Veste Rio, no qual a estilista brasiliense Lia Maria, da Diáspora 009, é destaque. “Sempre pedi representatividade. Nossa figura é sub-representada frequentemente. Estamos no cantinho da foto, naquela parte que quase é cortada. E nós podemos ser protagonistas, sim, e sermos considerados belos. A beleza é multifacetada”, diz Lia, em tom doce e firme. “Queremos a possibilidade de sonhar. A violência diária está nos aniquilando. Durmo e acordo rezando para não ser ‘assassinada’ por essas práticas genocidas. Não vamos mais tolerar desvalorização e o tratamento que nos foi dado até aqui.”

A estilista Lia Maria Foto: Karla Brights
A estilista Lia Maria Foto: Karla Brights

 Presente nos bastidores do Veste Rio e em campanhas e editoriais de moda, a fluminense Salvadora Nascimento encontrou no setor uma válvula de escape para a depressão. “Era auxiliar de serviços gerais num hotel e fui dispensada assim que voltei de uma licença médica. Estava fazendo obra e com crediário na praça. Vi num curso de costura, na Cidade do Samba, uma alternativa. Fiz fantasias para a Unidos de Vila Isabel em seu último campeonato, em 2013. Hoje, sou camareira. O que nos falta é acesso à educação. Só conquistei meu diploma de ensino médio aos 60 anos. Queria ter estudado na juventude, mas precisei trabalhar em casa de família. Tinha de dormir lá e os patrões não aceitavam o fato de eu desejar ir à escola. Falavam que, para ser doméstica, bastava saber ler e escrever o próprio nome.”

A camareira Salvadora Nascimento Foto: Karla Brights
A camareira Salvadora Nascimento Foto: Karla Brights

 Ao olhar para trás, o estilista baiano Isaac Silva cita Luiz de Freitas, designer negro que revolucionou o guarda-roupa do homem na década de 1980, com a Mr. Wonderful. “É preciso lembrar das pessoas que vieram antes de nós. Não podemos apagar nossa história”, pontua. “A moda é o mercado perfeito, mas há alguns agentes desumanos no meio”, acrescenta ele, que estreou na SPFW em outubro do ano passado. “Encarei o momento com responsabilidade. A visibilidade foi enorme e a marca deu um salto em vendas.”

O estilista Isaac Silva Foto: Karla Brights
O estilista Isaac Silva Foto: Karla Brights

 Natural de Cabo Verde e radicada no Rio há 25 anos, Angela Brito debutou nas passarelas paulistanas na mesma edição de Silva, apresentando uma África contemporânea. “Minha grife mostra o negro como ele é: alegre, elegante e bonito. Não somos somente dor”, explica. “Temos uma luta comum. Nascer com essa cor é carregar uma pele política.”

A estilista Angela Brito Foto: Karla Brights
A estilista Angela Brito Foto: Karla Brights

 

O stylist carioca Hugo Machado conclui: “É uma batalha diária, não sabemos o que vai acontecer”.


O Globo sábado, 27 de junho de 2020

MALVINO SALVADOR: GRAVIDEZ DE KYRA GRACIE FOI SURPRESA

 

Pai de três meninas, Malvino Salvador diz que nova gravidez de Kyra Gracie foi surpresa e declara: 'Agora fechei a fábrica'

GABRIELA ANTUNES

 
 
 
 
Malvino Salvador com a mulher, Kyra Gracie, e as filhas (Foto: Arquivo pessoal)
Malvino Salvador com a mulher, Kyra Gracie, e as filhas (Foto: Arquivo pessoal)

Malvino Salvador, que será pai pela quarta vez, conta que a gravidez de sua mullher, Kyra Gracie, foi uma grande surpresa. O casal tem Ayra, de 5 anos, e Kyara, de 3. Já Sofia, de 11 anos, é fruto de um relacionamento anterior do ator:

- É uma felicidade enorme no meio disso tudo.  Não foi programado. Estávamos começando a especular sobre ter ou não mais um filho, até por causa da idade da Kyra (35 anos). A gente sabia que teria que tomar uma decisão numa data próxima, mas ainda não tinha batido o martelo. E aí veio. Logo que soube, pensei: 'Caraca, e agora?'. Surgiram logo as contas na cabeça, ter que trocar de carro para caber todo mundo... Viagem para o exterior nem tão cedo - diverte-se ele. - Brincadeiras à parte, foi um choque pela surpresa e também pelas condições em que estamos vivendo no mundo, com a pandemia e o isolamento. É uma época de muitas incertezas. Mas, logo depois do choque, disse: "Vamos embora, veio na hora certa". Porém, agora eu fechei a fábrica (risos).

A família vai descobrir o sexo do bebê em breve:

 
- Vamos fazer um bolão. Estamos preparando uma brincadeira virtual para ver quem acerta. Kyra já fez o exame de sangue e quem recebeu o resultado foi a irmã dela. A minha aposta é que vem um menino. Em todas as outras vezes eu acertei, com Sofia, Ayra e Kyara. Já Kyra acha que será outra menina, disse que minha sina é lidar com mulheres. O que vier está bom na verdade. Amo minhas filhas e, se for outra menina, já sabemos tudo. Por outro lado, um menino nos tiraria da zona de conforto, o que seria legal também.

Donos de uma academia de jiu-jítsu, Malvino e Kyra pretendem voltar ao trabalho presencialmente quando as autoridades liberarem a abertura do estabelecimento.

- Eu sou muito em realista em relação a tudo. Temos observado o que vem sendo dito sobre a doença e seguimos as orientações e regras para nos protegermos. Só saímos quando necessário. Ao mesmo tempo, sei que nenhuma vacina ficou pronta em menos de um ano e meio, então, tenho a noção de que uma hora ou outra terei que me expor ao risco. Não posso esperar o meio do ano que vem para voltar a minha vida, assim como a Kyra. Na minha cabeça, o principal é fazermos com que a curva não aumente para que continuemos com leitos disponíveis para os doentes. No momento, na cidade do Rio, estamos conseguindo. A situação está começando a melhorar e, por enquanto, não voltou a piorar. Vamos acompanhar para ver se vai ficar no platô - avalia ele, que por enquanto disponibiliza aulas on-line.

Para diminuir o risco de contaminação, além de seguir os protocolos recomendados pelas organizações de saúde, o ator e sua família apostam num estilo de vida saudável:

- Nos esforçamos para ter uma imunidade alta. Nos exercitamos, temos uma alimentação muito boa e valorizamos o sono. Isso é muito importante. Ficamos atentos a qualquer sintoma para agirmos rápido, caso necessário. Quando a Kyra estava grávida da Kyara, também enfrentamos uma epidemia, a de Zyka, que era bem perigosa para as grávidas. Foi complicado, mas seguimos com a nossa vida. Tanto eu quanto a minha mulher temos essa mentalidade de enfrentar o problema. Não dá para fugir eternamente. Até porque o estresse emocional também faz muito mal. Se gente ficar pensando em desgraça do tempo todo, fica travado pelo medo e somatiza isso.

Quando a quarenta começou, Malvino estava prestes a gravar uma participação na próxima temporada de "Malhação". Agora, a novela está prevista para estrear em janeiro de 2021.

- Nessa área a questão é mais complicada. Como é que você volta? Temos um grupo de atores num aplicativo de mensagens em que compartilhamos aquela notícia do ator beijando uma bola de tênis numa gravação em Portugal. Eu achei estranhíssimo. Na dramaturgia, o contato é muito importante. Acho que, de fato, vai precisar de um tempo de espera - diz ele, que está no ar na reprise de "Fina estampa". - Os fãs mandam mensagens no Instagram e a gente percebe que a história está repercutindo de novo quando a própria imprensa volta a falar dela. "Fina estampa" é um novelão clássico, e o clássico nunca sai de moda.

Kyra Gracie posa com as filhas e exibe a barriguinha da nova gravidez  (Foto: Reprodução Instagram)
Kyra Gracie posa com as filhas e exibe a barriguinha da nova gravidez (Foto: Reprodução Instagram)

 


O Globo sexta, 26 de junho de 2020

ALCEU VALENÇA LANÇA MARATONA DE SHOWS EM SÃO PAULO

 

Alceu Valença lança maratona de shows para São João

Cantor está à frente de festival que realiza festa junina na internet; no domingo, ele faz apresentação ao vivo, com sucessos da carreira
 
O cantor Alceu Valença Foto: Antonio Melcop / Divulgação
 

Alceu Valença está com saudade de andar feito um cão abandonado. Enquanto mantém-se em isolamento social, o cantor caminha erraticamente dentro do apartamento onde mora, no Leblon, na Zona Sul do Rio. Cronometrado com um aplicativo no celular, ele se desloca entre cômodos e corredores para cumprir a meta de dez mil passos por dia, o que equivale a 64 subidas e descidas pela escada de casa.

 
— É chato pra caralho, mas boto uma música num fone ou então ligo para os meus irmãos, para o povo de Pernambuco, do Rio Grande do Sul, de Minas Gerais, de Santa Catarina... Está todo mundo querendo conversar, não é? — diz o músico, que completará 74 anos na próxima quarta-feira. — Sou um artista da estrada, da rua, e que agora caminha em casa e pelas vias da internet.

Nas novas andanças, ele colhe frutos adocicados. Em casa, Alceu dedilha novas letras e melodias no violão (“agora toco o tempo todo”, afirma), vasculha arquivos antigos e reencontra composições que ainda não foram gravadas — no celular, já pinçou 25 músicas inéditas, criadas durante um de seus voos, viagens de carro ou caminhadas no passado. Na internet, ele mostra que tem facilidade em transformar a tela em palco confortável.

O cantor Alceu Valença Foto: Antonio Melcop / Divulgação
O cantor Alceu Valença Foto: Antonio Melcop / Divulgação

Depois de cancelar 35 shows no Brasil e 16 apresentações de uma turnê internacional devido à pandemia do novo coronavírus, Alceu tem sido muito solicitado para realizar transmissões ao vivo na web, mais ainda agora, em época de festejos para São João.

Recentemente, uma empresa demonstrou interesse em contratá-lo para “acalmar os ânimos dos funcionários nos intervalos de uma reunião internética”, como o próprio conta, acrescentando que não aceitou a proposta. Outro convite já chegou de Portugal, onde ele possui residência em Lisboa.

 

— O pipoco é grande. Em tudo que é canto, o povo pede show. E isso é bom, porque quem catapultou o forró no mundo foi a internet. Há três ou quatro anos, saiu uma página inteira num jornal da Ucrânia sobre dois discos meus. O regional se tornou universal. Como eu imaginaria isso? — celebra. — As músicas “La belle de jour” e “Girassol”, que foram tocadas pouquíssimas vezes em rádio, vão alcançar 100 milhões de acesso no Youtube. É uma coisa inacreditável, e mostra que não dá para se explicar o viral. Acho que agora há uma nova onda na internet.

Festejos virtuais até domingo

Alceu aprendeu a navegar sobre a maré on-line. Na noite desta sexta-feira (26/6), ele dá largada para uma maratona de festas dedicadas a São João , em evento que se estende por todo o fim de semana, com produção da plataforma Pipoca e transmissão nos perfis do cantor no Youtube e no Instagram.

Nesta sexta-feira (26/6), a partir das 20h, ele apresenta nomes importantes da cena artística de Caruaru, no agreste pernambucano, e cede o microfone (virtualmente) para a Banda de Pífanos Zé do Estado e Azulinho, entre outros. No sábado (27/6), a partir das 16h, forrozeiros de Olinda ganham espaço — apresentam-se músicos como Felipe Costa, Karol Maciel, Claudio da Rabeca, Juba, Genaro e Terezinha do Acordeon. No domingo (28/6), às 16h, a festa junina se encerra com um show do próprio Alceu, que entoará clássicos de Luiz Gonzaga e sucessos de seu repertório, como “Táxi lunar”, “Anunciação” e “Coração bobo”, diretamente de uma casa que mantém na Joatinga, no Rio.

 

As ações ajudam a divulgar uma campanha de arrecadação para artistas de Caruaru e São Bento do Una, cidade natal Alceu — ambos os lugares viram suas receitas duramente afetadas com o cancelamento de festejos tradicionais neste período.

— São milhares de pessoas que frequentam as festas e, com isso, se hospedam nos hotéis, comem milho, vão aos restaurantes... Os eventos de São João movem a economia no Nordeste. O estigma sobre o artista tem que acabar! — manifesta-se. — Algumas pessoas que trabalham comigo estavam numa deprê arretada. São as lives que têm salvado o setor.

Público poderá interagir

Uma novidade chama atenção na apresentação que ele fará no domingo. Numa sala da plataforma Zoom, o público poderá ser visto e ouvido pelo cantor durante o show. Através de um telão instalado em casa, Alceu acompanhará as reações dos espectadores.

— Tudo no mundo é reinvenção. Temos que andar, andar. Até que tudo volte ao normal, a gente precisa esperar uma vacina que coloque esse canalha do corona na guilhotina — proseia. 


O Globo quinta, 25 de junho de 2020

SABRINA SATO FALA DO TRABALHO NA QUARENTENA

 

Sabrina Sato fala de trabalho na quarentena e de confinamento com a família

THAYNÁ RODRIGUES

 
 
 
 
Sabrina Sato (Foto: Paulo Troya)
Sabrina Sato (Foto: Paulo Troya)

 Sabrina Sato responde do outro lado da linha telefônica com o mesmo entusiasmo que os telespectadores estão acostumados a ver na TV.  Após cumprimentos, ela quer saber como está a vida da repórter e pergunta: "Você sente que em casa trabalha mais? Eu sinto! Nossa... É muito doido!". E logo solta a risada característica. A paulista, de 39 anos, conta que está confinada em casa com o marido, o ator Duda Nagle; a filha dos dois, Zoe; e os pais, Kika e Omar Rahal:

 
 
— Minha casa é sempre cheia. Tem minha mãe, meu pai... Meus irmãos vêm às vezes, tomando os devidos cuidados, é claro. 

Para receber os familiares, Sabrina segue as regras da Organização Mundial de Saúde. Há algumas semanas, ela confessa, comprou um teste para que a filha fizesse. 

— Eu sou meio píssica — reforça a apresentadora, para dizer que exagera nos cuidados.

 

Durante o confinamento, em meio aos parentes e a um ou outro integrante de sua equipe, Sabrina recorre a um refúgio quando precisa de paz: o banheiro. Não à toa, o cômodo dá nome ao seu quadro no canal do YouTube. E, após receber estrelas como XuxaBruna MarquezineJuliana Paes e Paulo Gustavo, a atração terá uma nova temporada. 

— Em alguns momentos eu corro para lá (risos). Ainda assim, a Zoe invade, o Duda invade... E depois ele reclama que eu não fecho porta. Esse quadro eu queria ter feito na TV. Ia se chamar “Tem gente?”. Uma referência à pergunta para saber se o banheiro está ocupado. Aí começou a quarentena, eu fiquei em casa sem poder trabalhar, enlouquecendo. Pensei sobre privacidade, intimidade... Imaginei que os artistas iam se abrir se estivéssemos neste cenário. Juliana Paes me perguntou se tinha que ficar pelada, Anitta decidiu tomar banho de verdade...

Numa das entrevistas, Xuxa confidenciou a Sabrina que ocasionalmente recebe visitas de topless. A paulista se diverte e se identifica com o hábito relacionado à nudez:

— Menina, não sei se ficou sabendo que, na minha gravidez, quando eu morava numa outra cobertura, me fotografaram (de topless) tomando sol grávida. E lá era bem distante de outros prédios. O corpo feminino passa por transformações na gravidez. Eu ganhei 18kg e ficava pelada tranquilamente. Na época, estava fazendo isso porque soube que era bom para os seios. Um tempo depois de isso ter acontecido, eu me mudei. Mas não ligo (de andar sem roupas). Em casa, eu fico bem à vontade mesmo. Não tenho problemas com isso. Às vezes o Duda briga comigo: "Olha o exemplo que está dando para Zoe!". Ele falou isso comigo ontem (risos)!

Espirituosa, a apresentadora afirma que durante a quarentena já passou por montanhas-russas de emoções:

 — Todos nós tivemos momentos de altos e baixos. Passamos por variações físicas, espirituais, mentais. O que eu busco é o equilíbrio.

Duda Nagle, Zoe e Sabrina Sato (Foto: Reprodução)
Duda Nagle, Zoe e Sabrina Sato (Foto: Reprodução)

 


O Globo quarta, 24 de junho de 2020

CAMISA 10 DA SELEÇÃO COMPLETA 70 ANOS

 

Camisa 10 da seleção completa 70 anos e 111 jogadores já a usaram; veja o ranking

Pelé é líder, com Neymar e Rivaldo no podio. Levantamento inédito mostra quem mais se destacou por década
 
 
Pelé é o jogador que mais vestiu a camisa 10 da seleção brasileira Foto: Arte O Globo
Pelé é o jogador que mais vestiu a camisa 10 da seleção brasileira Foto: Arte O Globo
 
 
Quando Jair da Rosa Pinto entrou no Maracanã no dia 24 de junho de 1950 vestindo a 10 da seleção brasileira, mal sabia que estava usando a camisa que se tornaria a mais importante da história do futebol. Era a estreia do Brasil na Copa do Mundo, contra o México, e a primeira vez que a seleção usava camisas com números. Hoje, a 10 do Brasil completa 70 anos de vida. Em pesquisa inédita, O GLOBO levantou todos os jogadores que já a vestiram nas sete décadas de vida.

A 10 do Brasil é a 10 do Pelé. Jogador que mais a vestiu — foram 105 vezes (em outras oito partidas, ele usou outros números, inclusive o 13, na estreia) — o santista deu a fama ao número e à amarelinha. Em segundo, vem Neymar. Em sua última partida pela seleção — o amistoso contra a Nigéria, em outubro do ano passado — ele ultrapassou Rivaldo e chegou a 70 jogos com a 10 do Brasil. Rivellino e Zico completam o top-5. Neymar se tornou também o atleta que mais usou a camisa em uma única década, duas vezes mais que as 68 partidas de Pelé na década de 1960. E poderia ser mais: de 2010 a 2011, Neymar era o 11 da seleção, com a 10 sendo usada, na maioria das vezes, por Paulo Henrique Ganso.

Ao todo, 111 jogadores tiveram a honra de usar a 10 da seleção: 18 antes de Pelé e 92 depois. E os nomes trazem curiosidades. A começar pelo último, Lucas Paquetá, do Milan, que foi contestado justamente por usar a 10 nos últimos dois amistosos. Nomes que não fizeram história na seleção estão na lista, como o meia Carlos Eduardo, atualmente no Juventude, que teve a honra de ser o 100° a usar a 10 do Brasil, quando jogava pelo Rubin Kazan, da Rússia.

Os 10 jogadores que mais vestiram a camisa 10 da seleção brasileira Foto: Arte O Globo

Os 10 jogadores que mais vestiram a camisa 10 da seleção brasileira Foto: Arte O Globo

 Outros históricos atletas brasileiros que ficaram marcados com outros números na camisa também adoçam a lista. Camisa 9 em 1970, Tostão vestiu a 10 22 vezes, o 11° que mais usou. Eternizado com a 8 em 1982, Sócrates só usou a 10 uma vez, em 1980, assim como Falcão, ambos contemporâneos de Zico. Tetracampeão com a 7, Bebeto foi 10 duas vezes e até Ronaldo, o Fenômeno, símbolo da camisa 9, foi 10 em um amistoso em 1994 contra a Iugoslávia.

O ranking de quem mais usou a 10 da seleção tem Pelé como líder há 58 anos. Em maio de 1962, o Brasil venceu Portugal no Maracanã com gol dele, que chegou ao seu 28° jogo com o número, ultrapassando Didi para nunca mais ser ultrapassado.

Veja ainda:As 10 maiores vitórias da seleção no Maracanã

Pelé também é o primeiro jogador a usar a 10 defendendo um time estrangeiro em uma história triste e curiosa: em 1976, Geraldo, jogador do Flamengo, morreu aos 22 anos, vítima de um choque anafilático. Pouco antes da sua morte, ele usara a 10 da seleção por duas vezes. Um amistoso foi marcado em sua homenagem entre o Flamengo e a seleção brasileira e Pelé, que jogava pelo New York Cosmos, voltou para usar sua camisa.

 

Zico foi o primeiro jogador a usar a 10 pertencendo a um time europeu, algo recorrente hoje. Foi em 1985, quando ele atuava pela Udinese. É do Galinho também o recorde de sequência com a camisa histórica: de um jogo contra a Venezuela em fevereiro de 1981 até uma vitória contra o Chile em abril de 1983, ninguém além dele vestiu a camisa. Foram 25 jogos.

Ao todo, 68 partidas da seleção brasileira não tiveram o camisa 10 em campo, ou porque ele estava no banco e não entrou, ou porque estava machucado. E isso aconteceu em jogos históricos, como na final da Copa do Mundo de 1962, quando o Brasil conquistou o bi (Pelé, machucado, não jogou), e no 7 a 1 para a Alemanha na Copa de 2014 (Neymar se machucou no jogo anterior). Uma camisa histórica que, nos 70 anos de vida, aprendeu até quando era hora de se esconder.

Quem mais usou a camisa 10 em cada década Foto: Arte O Globo
Quem mais usou a camisa 10 em cada década Foto: 

O Globo terça, 23 de junho de 2020

SÃO JOÃO NA REDE

 

São João na Rede: festival quer ajudar forró a respirar em ano sem festas juninas

Tradicional e brasileiríssimo, gênero que depende da aglomeração e dança vê seus artistas sofrendo com a pandemia
 
 
Apresentação musical no festival São João na Rede Foto: Reprodução
Apresentação musical no festival São João na Rede Foto: Reprodução
 
 

RIO — A temporada de festas de São João é um marco na economia cultural do país. A título de exemplo, apenas a cidade paraibana de Campina Grande, um dos grandes polos de festejos juninos do Brasil, movimenta cerca de R$ 200 milhões todos os anos. Menos em 2020. A pandemia de coronavírus atingiu em cheio uma tradição que tem como condição sine qua non o contato, a troca de calor, a aglomeração. E causou prejuízos ainda inestimáveis para milhares de profissionais que têm nos meses de junho e julho uma renda essencial para a sobrevivência.

É pensando neles e na valorização do forró enquanto patrimônio imaterial brasileiro que desde o dia 12 é realizado o festival São João na Rede, uma iniciativa conjunta entre o Fórum Nacional Forró de Raiz, a Associação Cultural Balaio Nordeste e a Associação Respeita Januário, sem patrocínios ou grandes marcas engajadas.

Os festejos virtuais no YouTube e Instagram seguem até domingo, e a programação, que pode ser consultada nas redes sociais do evento, vira uma maratona diária nesta semana em que se comemora o Dia de São João (24/6). Além de apresentações musicais à noite, o evento conta ainda com exibição de filmes, documentários, leituras de poesias oficinas e bate-papos abordando esse universo tão brasileiro. Com estrutura limitada e colaborativa, grande parte da programação é gravada, e dividida entre materiais inéditos e históricos.

Foco nos menos conhecidos

Nomes grandes fizeram participações especiais no projeto, como Gilberto Gil (que gravou o vídeo de apresentação do festival), Elba Ramalho, Lucy Alves, Hermeto Pascoal e Moyseis Marques, mas o foco não é neles, e sim em proletários da música, como Mará dos 8 Baixos, Sabiá da Flauta, Severo do Acordeon, Gereba Barreto Banda Menina Bonita, João Sereno, entre tantos outros — foram mais de 200 artistas envolvidos.

 
— A crise causada pela pandemia é ainda pior para artistas do forró, forrozeiros. É uma manifestação que exige o aspecto comunitário, participativo do público. Não se concebe um show de forró para ninguém dançar, só para ouvir passivamente. A dança talvez seja o elemento mais importante. — lembra o músico e professor universitário pernambucano Climério Oliveira Santos, idealizador do festival e um dos coordenadores do Forúm Nacional Forró de Raiz, presente em 14 estados. — Além do mais, muitos artistas não têm qualquer presença digital, diferentemente de artistas da música pop, que conseguem renda através das plataformas e de outras ações e prescindem menos de uma aglomeração. A pandemia causou uma verdadeira devastação para os forrozeiros, alguns não conseguem nem comprar o básico, como comida.

100 dias com cultura: artistas e pesquisadores destacam importância do setor durante pandemia

Por isso, foi criado um fundo solidário destinado a profissionais da cadeia produtiva do forró que estão em situação de vulnerabilidade por causa do distanciamento social. A audiência é estimulada a fazer doações através de uma plataforma on-line de arrecadação. Do montante levantado, 80% serão destinados aos artistas e profissionais cadastrados neste fundo, mediante aprovação dos organizadores, que abriram mão de receber qualquer quantia pelo trabalho voluntário. Os demais 20% cobrem custos de produção e infraestrutura do festival.

 

Pela patrimonialização

Além do lado solidário, o São João na Rede também tem um objetivo declarado de reforçar a tradição do forró de raiz através de seus artistas regionais, e manter acesa a chama dos festejos juninos. Desde 2015, o forró está no processo para ser reconhecido oficialmente como patrimônio cultural brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

— Estamos no processo de pesquisa e produção da documentação etnográfica exigida pelo Iphan. No meio disso tudo, apareceu a pandemia. Teríamos uma pesquisa de campo muito forte nesses meses de junho e julho, que não pôde ser realizada. A expectativa é que haja Sao João de rua no ano que vem, para apresentarmos o dossiê final no fim de 2021 — atualiza o etnomusicólogo Carlos Sandroni, coordenador do processo.


O Globo segunda, 22 de junho de 2020

RÉVEILLON DE COPACABANA PODE SER CANCELADO

 

Réveillon de Copacabana pode ser cancelado devido à pandemia da Covid-19

Prefeitura frisa que é cedo para decidir, mas já estuda alternativas. Entre elas, transmissão de shows pela internet
 
Fogos coloridos tomaram o céu de Copacabana, encantando as 2,9 milhões de pessoas na orla da praia Foto: Roberto Moreyra / Agência O Globo
Fogos coloridos tomaram o céu de Copacabana, encantando as 2,9 milhões de pessoas na orla da praia
Foto: Roberto Moreyra / Agência O Globo
 
 

RIO — Pela primeira vez em décadas, a Praia de Copacabana pode ficar sem réveillon. A realização da festa, que reuniu 3 milhões de pessoas na última edição, depende da evolução da Covid-19 no Rio, e, apesar de a prefeitura frisar que ainda é cedo para bater o martelo, alternativas já são estudadas. Entre elas, a transmissão dos shows pela internet (num modelo parecido com as lives que vêm fazendo sucesso nesta quarentena) e uma maior distribuição de palcos pela cidade, para diminuir a concentração de pessoas na orla.

Como O GLOBO informou neste domingo, dia 21, o carnaval em fevereiro também é incerto. Jorge Castanheira, presidente da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) deve convocar esta semana uma reunião para debater os rumos da folia e há, entre dirigentes de agremiações, quem defenda um adiamento dos desfiles para março, maio ou até mesmo para o feriado de Corpus Christi, em junho. Em nota, a Riotur informou que, seguindo o cronograma dos anos anteriores, o réveillon começará a ser discutido na segunda quinzena de julho. A expectativa é que, até lá, ocorra uma significativa redução de casos de Covid-19 e que o risco de uma segunda onda de contágio seja descartado.

Temor de segunda onda

Para Tânia Vergara, presidente da Sociedade de Infectologia do estado do Rio, a festa em Copacabana deve estar condicionada à descoberta de uma vacina ou de um medicamento eficaz contra a doença. Segundo a especialista, uma nova onda de contágio pode inviabilizar o réveillon na praia.

— Se tivermos uma segunda leva de contaminação até o fim do ano, o que é esperado, não haverá segurança para a realização de um evento tão grandioso. Vale lembrar que o fluxo de turistas para a festa costuma ser muito alto, principalmente dos que saem do Hemisfério Norte, que estará no inverno. Parece que o novo coronavírus tem um comportamento sazonal, assim como outras síndromes respiratórias. Talvez em outubro já possamos saber como a pandemia se comportou em outros países e aí, sim, conseguiremos determinar a viabilidade do réveillon.

 

O infectologista e professor da Universidade Iguaçu (Unig) Roberto Falci Garcia tem opinião semelhante:

— Antes de qualquer decisão, devemos aguardar possíveis impactos da flexibilização de medidas restritivas e saber como o Brasil e outros países reagirão a uma eventual segunda onda de contágio.

Preocupação com hotéis

De acordo com Alfredo Lopes, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Rio de Janeiro (ABIH-RJ), um cancelamento da festa de virada de ano em Copacabana seria catastrófico para o setor, que chegou a ter 80% dos estabelecimentos fechados e cerca de 20 mil empregos suspensos nesta quarentena.

— Se o réveillon não acontecer, será um desastre para a rede hoteleira carioca. Hoje, nossa taxa média de ocupação está em torno de 15%, quando o índice normal seria 70%. Por conta da crise, muitos hotéis não vão reabrir. Os empresários do setor estão inseguros. O medo maior é retomar as atividades e, em dois ou três meses, ocorrer uma segunda onda de contaminação, o que poderia fazer grande parte deles quebrar de vez — afirmou Lopes.

Os hotéis da cidade foram incluídos na segunda fase de flexibilização da quarentena, já implantada pela prefeitura. No ano passado, a taxa média de ocupação na cidade bateu 93% no réveillon, contra 90% em 2018. Copacabana e Leme foram os bairros mais procurados, com 95% dos quartos reservados. Na noite da virada, hotéis de várias regiões apresentaram taxa de 100% de ocupação. A maior procedência foi de turistas nacionais: 81%, sendo o Estado de São Paulo responsável por quase um terço deste total (29,6%).

 

— Acreditamos que a força do turismo nacional, verificada no último ano, faça com que o carro seja o principal meio de transporte para grandes deslocamentos, por conta do medo que muitas pessoas ainda terão de embarcar num avião. Nós estamos com muitas expectativas em relação ao réveillon do Rio, apesar das adversidades. Esperamos que setembro seja o mês de retomada do nosso setor; é quando poderemos ter um panorama mais claro do fim do ano — disse o presidente da ABIH-RJ.


O Globo domingo, 21 de junho de 2020

LIVES DE HOJE: MICHEL TELÓ É O DESTAQUE DESTE DOMINGO

 

Lives de hoje: Michel Teló é o destaque deste domingo

Confira agenda do dia e onde assistir às apresentações virtuais ao vivo
 
Michel Teló apresenta o show 'Arraiá do Teló' Foto: TV Globo
Michel Teló apresenta o show 'Arraiá do Teló' Foto: TV Globo
 
 

As lives deste domingo (21/6):

Michel Teló

O cantor faz show especial de São João na live "Arraiá do Teló", que deve trazer músicas de sucesso do cantor como "Humilde residência" e "Amiga da minha irmã". Às 13h30, no YouTube.

Bom Gosto

O grupo de pagode transmite show ao vivo na live "Bom Gosto no almoço". Às 13h, no YouTube.

 
 

39ª Festa da Música

A Aliança Francesa apresenta festival com mais de 60 artistas de 22 países. Entre eles, os músicos brasileiros Rodrigo Marchevsky, Nino Karvan e Juliano Barreto. A partir das 17h, no Instagram (@rioaliancafrancesa).

Simone

A cantora faz mais uma transmissão on-line, com repertório montado com a ajuda de fãs em tempo real. Às 18h, no Instagram (@simoneoficial).

Léo Santana

O cantor, ex-líder da banda Parangolé, apresenta o "Baile da Santinha". Às 15h, no YouTube.


O Globo sábado, 20 de junho de 2020

GILBERTO GIL E IZA FAZEM SHOW INÉDITO EM LIVE

 

No frio da Serra fluminense, Gilberto Gil e Iza fazem show inédito em live

Cantora fez teste de Covid-19 para entrar no sítio onde o baiano passa a quarentena com a família, em Araras
 
 
Gilberto Gil e Iza no sítio do baiano em Araras, onde farão a live Foto: Divulgação
Gilberto Gil e Iza no sítio do baiano em Araras, onde farão a live Foto: Divulgação
 
 

RIO — A previsão meteorológica para Petrópolis, na Região Serrana do Rio, no fim de semana, aponta uma mínima de 10°C. Mas um calor afetivo intenso, em forma de aconchego musical, é esperado para emanar de um sítio em Araras, onde Gilberto Gil passa a quarentena com os filhos Nara, Bem e José e a neta Flor. É lá que ele recebe, desde sexta-feira, uma hóspede ilustre: a cantora Iza, com quem se apresenta neste sábado num show inédito, às 20h, transmitido pelo YouTube.

— Esse show é uma grande homenagem à obra do Gil, e o encontro é emocionante pela admiração mútua entre os dois. Ao vivo, vai incendiar — promete Zé Ricardo, diretor artístico do encontro e conhecido por promover reuniões memoráveis no Palco Sunset do Rock in Rio. — Eu vejo Gil e Iza conectados em vários pontos. Gil é um gênio, e Iza é a melhor cantora pop do Brasil, na minha opinião.

Gil na quarentena:'Se vamos recomeçar, deixaremos para trás muito do que temos sido até aqui'

O show da dupla será centrado no cancioneiro dele, tanto que o nome oficial do encontro é “Gilberto Gil por Iza e Gil”. O baiano conduzirá a apresentação com seu violão, e o repertório vai incluir músicas compostas por ele, como “Se eu quiser falar com Deus”, “Palco” e “Vamos fugir”, além de versões imortalizadas em sua voz, caso de “Three little birds” e “Esperando na janela”. Os espectadores serão convidados a fazer doações, através de um QR code, para a ONG Ação da Cidadania — cada real doado corresponderá a um prato de comida para os mais afetados pela pandemia.

— Eu me lembro de ouvir a música do Gil desde criança, talvez até desde a barriga da minha mãe. Ela sempre foi muito fã, assim como a minha família inteira também. Comecei a cantar as músicas dele muito antes de saber quem ele era. Tenho uma memória muito afetiva e sei que a minha família vai ficar muito emocionada — conta Iza, que foi um dos pontos altos do último Rock in Rio ao dividir o palco com a cantora Alcione.

 
 

 Os envolvidos avisam que a live segue todos os protocolos de segurança. Iza, Zé Ricardo e os demais profissionais que trabalham na produção só subiram a serra após reforçarem suas quarentenas e realizarem testes de Covid-19. O momento, lembra Gil, ainda é de espalhar a mensagem do isolamento:

— Assim como vários outros colegas artistas estão fazendo, chamando o público para juntos contribuirmos neste momento em que tantas pessoas necessitam de ajuda, considero esta uma iniciativa muito interessante. Acho que faz parte do movimento que tomou a internet convocar o público para contribuir um pouco mais para o bem-estar das pessoas. E acredito que ficar em casa ainda é uma recomendação importante. A pandemia não entrou numa fase de descendência, ainda temos muitos casos e muitos óbitos.

Gil e Iza com Zé Ricardo, diretor musical do show Foto: Divulgação
Gil e Iza com Zé Ricardo, diretor musical do show Foto: Divulgação

 Apesar de isolado com a família em Araras desde o começo de março, Gil tem vivido uma quarentena de muito trabalho. Além da live com Iza (“uma estrela benquista, com o seu ecletismo, com seu gosto muito amplo por música de todos os cantos do Brasil e de outros lugares”, ele diz), uma outra apresentação ao vivo está confirmada para sexta-feira (26), dia de seu aniversário de 78 anos, quando ele promoverá uma festa de São João.

Na sexta (19), Gil protagonizou o debate “Pensamentos e articulações para uma nova relação com o planeta”, nas redes do Museu do Amanhã, e participa neste domingo do festival SOS Rainforest Live, que chama atenção para os povos indígenas ameaçados pela Covid-19, ao lado de Caetano Veloso, Sting, Milton Nascimento, Anitta e outros.

O Globo sexta, 19 de junho de 2020

CAMILA PITANGA E GLOBO ENCERRAM CONTRATO A LONGO PRAZO

 

Camila Pitanga e Globo encerram contrato a longo prazo

PATRÍCIA KOGUT

 
 
 
Camila Pitanga (Foto: Marcos Rosa)
Camila Pitanga (Foto: Marcos Rosa)

 

O vínculo de Camila Pitanga com a Globo, que era de prazo longo, agora será por obra certa. A mudança não fecha portas para eventuais futuras parcerias. 

Além disso, ela não apresentará a próxima temporada do “Superbonita” no GNT. A direção do canal negocia o posto com Taís Araújo

 
 
Atualmente, Camila pode ser vista na Globo em "Aruanas", em que interpreta a ambiciosa advogada Olga. A série já tem uma segunda temporada confirmada. As gravações começaram no início do ano, mas, precisaram ser interrompidas por conta da pandemia do coronavírus. 

Na emissora, Camila participou, ainda, do especial de fim de ano "Juntos a Magia Acontece", exibido em dezembro de 2019. 


O Globo quinta, 18 de junho de 2020

FLAMENGO X BANGU: RETORNO DO CARIOCA

 

Flamengo x Bangu marca o retorno do Carioca; veja situação e objetivos do seu time

Todos os jogos serão com portões fechados. Além do Maracanã, constam partidas no Nilton Santos, São Januário, Conselheiro Galvão e Luso Brasileiro
 
Maracanã Foto: Divulgação Flamengo
 

O futebol está de volta ao Rio de Janeiro. Após três meses de paralisação devido à pandemia do novo coronavírus, a Ferj divulgou as datas e horários da quarta rodada da Taça Rio, que retorna nesta quinta-feira. Os primeiros a entrar em campo serão Flamengo e Bangu, no Maracanã, às 21h (de Brasília). E o GLOBO preparou este guia para lembrar o torcedor de como estava o campeonato.


O Globo quarta, 17 de junho de 2020

A ESTEIA DA TERCEIRA TEMPORADA DE MARCELLA

 

A estreia da terceira temporada de ‘Marcella’

PATRÍCIA KOGUT

 
 
 
 
Cena da terceira temporada de 'Marcella' (Foto: Divulgação)C
Cena da terceira temporada de 'Marcella' (Foto: Divulgação)

 

Quem acompanha “Marcella” desde a estreia, em 2016, sabe que a personagem-título da série é uma detetive atormentada. Volta ao trabalho 12 anos depois de abandoná-lo para cuidar da família. Agora, separada, sente saudade da delegacia. A readaptação é penosa: a rotina que ela conhecia mudou e a tecnologia evoluiu. Para piorar, Marcella (Anna Friel) não luta apenas contra criminosos: sofre de problemas psiquiátricos e tem lapsos de memória. O papel é muito interessante e deu à atriz o Emmy Internacional em 2017 (uma curiosidade: ela disputou com Adriana Esteves, também finalista, por “Justiça”). A terceira temporada desse thriller noir acaba de chegar à Netflix (é uma produção da britânica ITV).

Quem achava que conhecia a protagonista vai levar um susto (tem spoiler). Os dois primeiros terços do episódio de estreia confundem bastante. Marcella ressurge louríssima, vivendo no campo com um estranho. Atende pelo nome de Keira. O espectador chega a desconfiar de que assiste à série errada. Mas não. A protagonista está numa missão para a polícia e é tudo disfarce. O trabalho da atriz é minucioso e ganha mais uma camada dramática. Keira usa salto alto, mas Marcella mantém o andar ligeiramente masculino. É só um detalhe, mas que serve a mostrar o esforço de composição. A ação se desenrola em Belfast, numa área pobre e também na propriedade de uma família mafiosa e milionária, onde a personagem se infiltra. Essa não é


O Globo terça, 16 de junho de 2020

MARACANÃ 70 ANOS: OS 10 MAIORES JOGOS DE SUA HISTÓRIA

 

Top-70: veja os 10 maiores jogos da história do Maracanã

Finais de Copa do Mundo, ouro olímpico e gol 1000 de Pelé estão na última parte do ranking do GLOBO
 
Última parte do ranking de maiores jogos da história do Maracanã: do 1º ao 10º lugares Foto: Editoria de Arte
Última parte do ranking de maiores jogos da história do Maracanã: do 1º ao 10º lugares Foto: Editoria de Arte
 
 

Do amistoso de inauguração do estádio, entre cariocas e paulistas, em junho de 1950, à vitória do Fluminense contra o Vasco, no último 15 de março, já com portões fechados devido à pandemia do novo coronavírus, quais foram os 70 maiores jogos da história do Maracanã? Para comemorar o aniversário de 70 anos do palco de tantas emoções da história do futebol, O GLOBO se propôs tentar responder essa pergunta.

 
 
Um júri com 70 nomes especializados foi formado. Uma pré-lista com 100 jogos foi distribuída, e cada partida foi avaliada por cada jurado, que deu notas de 1 a 5, de acordo com a importância do jogo na história do estádio. Da apuração, nasceu o ranking dos 70 maiores jogos dos 70 anos do estádio, que começou a ser divulgada na quinta-feira e termina nesta terça-feira, aniversário da inauguração. Confira abaixo a última parte da lista, do 1º ao 10º lugares. E veja aqui a primeira (do 51º ao 70º), a segunda (do 41º ao 50º), a terceira (do 31º ao 40º), a quarta (do 21º ao 30º) e a quinta (do 11º ao 20º) partes.

Uruguai vence o Brasil e cala o Maracanã na Copa de 1950 Foto: Arquivo/16.07.1950Uruguai vence o Brasil e cala o Maracanã na Copa de 1950 Foto: Arquivo/16.07.1950

1º — Brasil 1 x 2 Uruguai

Copa do Mundo, 16 de julho de 1950

Dos 70 maiores jogos do Maracanã nos 70 anos do estádio eleitos pelo GLOBO, 16 envolvem a seleção brasileira: 14 são noites ou tardes felizes para o Brasil. Um é uma derrota, mas não dá pra dizer que a estreia de Pelé em 1957 foi triste. Só um é um revés sem poréns: a final da Copa de 1950, maior jogo da história do estádio, é também o que carrega as maiores doses de melancolia para a torcida brasileira.

 

São muitas as explicações: o Maracanã foi construído para que aquele momento acontecesse, mas com final diferente. A multidão que pode ter chegado a 200 mil pessoas, o otimismo, o gol de Friaça, a expectativa, o empate, o gol de Gigghia e a condenação de Barbosa. São muitos elementos do maior roteiro que o estádio viveu em 90 minutos e por muito mais.

Nada do que aconteceu nos 70 anos seguintes foi capaz de superar a grandeza daquele 16 de julho. Os 70 jornalistas do júri tinham que dar uma nota de 1 a 5 em uma lista de 100 jogos selecionados: o "Maracanazo" foi o único com 70 notas máximas. Um trágico e marcante gabarito.

Pelé comemora seu milésimo gol, marcado no Maracanã Foto: Arquivo/19.11.1969
Pelé comemora seu milésimo gol, marcado no Maracanã Foto: Arquivo/19.11.1969

2º — Vasco 1x2 Santos

Campeonato Brasileiro, 31 de agosto de 1969

O que faz uma partida comum do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, uma derrota do time da casa, se meter entre duas finais de Copa do Mundo, para se tornar o segundo maior jogo da história dos 70 anos do Maracanã? Pois até os 39 minutos do segundo tempo aquele Vasco e Santos provavelmente não seria lembrado. Estaria no máximo na memória das 65 mil pessoas que foram ao estádio, mas nem tanta gente iria se não pudesse acontecer o que aconteceu: de pênalti, Pelé marcou o seu milésimo gol e as cenas, a celebração e as entrevistas ficaram para sempre na história do futebol. Uma das tantas coroações do Rei do Futebol. A maior delas no Maracanã.

 
Götze marcou o gol do título mundial da Alemanha em 2014 Foto: Ivo Gonzalez/13.07.2014
Götze marcou o gol do título mundial da Alemanha em 2014 Foto: Ivo Gonzalez/13.07.2014

3º — Alemanha 1 x 0 Argentina

Copa do Mundo, 13 de julho de 2014

Só por ser uma final de Copa do Mundo, ápice do futebol mundial a cada quatro anos, a decisão de 2014 teria vantagem para entrar na lista de partidas históricas do Maracanã. Há seis anos, o confronto foi icônico: de um lado, a Alemanha que cinco dias antes eliminara o Brasil na semifinal com um sonoro 7 a 1. Do outro, a Argentina de Messi com a expectativa de conquistar o mundial depois de 28 anos justo na casa do rival e, finalmente, completar a carreira do maior jogador do novo século. O Maracanã deu um jeito de quebrar as expectativas de novo e, após 90 minutos nervosos, Mario Gotze fez o gol do tetra alemão na prorrogação.

Romário dribla uruguaio nas Eliminatórias da Copa de 1994 Foto: Ivo Gonzalez/19.09.1993
Romário dribla uruguaio nas Eliminatórias da Copa de 1994 Foto: Ivo Gonzalez/19.09.1993

4º — Brasil 2 x 0 Uruguai

Eliminatórias da Copa, 19 de setembro de 1993

Curioso como as partidas decisivas de Eliminatórias são marcantes no Maracanã. Na lista dos 70 jogos mais marcantes da história, entraram as para as Copas de 1954, 1958, 1970, 1990 e 1994, as três últimas no top-10. Nenhuma, porém, pareceu tão grandiosa quanto a de 1993, em que o Rio de Janeiro parecia sentir que a seleção precisava de sua torcida. Precisando vencer,  o Brasil ainda tinha pela frente o Uruguai, adversário mais traumático possível para o estádio. O resultado foi um emocionante ambiente com um Romário em uma de suas melhores atuações: 2 a 0 e rumo ao Tetra.

Mais de 120 mil assistiram à vitória do Santos sobre o Milan no Maracanã Foto: Arquivo/16.11.1963
Mais de 120 mil assistiram à vitória do Santos sobre o Milan no Maracanã Foto: Arquivo/16.11.1963

5º — Santos 1 x 0 Milan

Copa Intercontinental, 16 de novembro de 1963

A conquista do bicampeonato mundial do Santos contra o Milan, no Maracanã, inaugura o top-5 de maiores jogos da história do Maracanã. A curiosidade vem no fato de que os relatos da época contam que foi um jogo ruim, pobre, ficando marcado mesmo pela conquista após um gol de pênalti de Dalmo para 120 mil pessoas. O jogo bom foi o anterior, em que o Milan vencia por 2 a 0 e conquistava a taça, mas sofreu a virada para 4 a 2 com dois gols de Pelé. Curiosamente, mais pessoas (132 mil) viram esta partida. No 1 a 0, o Santos não contou com Pelé, contundido.

 
Neymar beija a bola antes de garantir o ouro olímpico para o Brasil Foto: Marcelo Theobald/20.08.2016
Neymar beija a bola antes de garantir o ouro olímpico para o Brasil Foto: Marcelo Theobald/20.08.2016

6º — Brasil 1 (5)x(4) 1 Alemanha

Jogos Olímpicos, 20 de agosto de 2016

Dois anos após o 7 a 1 da semifinal da Copa do Mundo no Mineirão que impediu, com requintes de crueldade, que a seleção brasileira voltasse a disputar uma final de Mundial no Maracanã, quis o destino que o Brasil disputasse, contra os alemães, a inédita medalha de ouro olímpica no Rio de Janeiro. Eram equipes, em maioria, sub-23 mas a emoção tomou conta das 63 mil pessoas presentes. Neymar abriu o placar, de falta, mas Meyer empatou. Nos pênaltis, Weverton defendeu a última cobrança alemã e coube ao astro brasileiro converter a penalidade decisiva da conquista que faltava à seleção.

Renato Gaúcho, autor do gol de barriga que entrou para a história Foto: Fernando Maia/25.06.1995
Renato Gaúcho, autor do gol de barriga que entrou para a história Foto: Fernando Maia/25.06.1995

7º — Fluminense 3x2 Flamengo

Campeonato Carioca, 25 de junho de 1995

Qual o maior clássico da história do Maracanã? Por um voto, o Fla-Flu, talvez o confronto que mais combine com o estádio, ficou na frente do Botafogo x Flamengo de 1989. E não foi qualquer Fla-Flu, e sim o de 1995, o do clássico "gol de barriga" de Renato Gaúcho, anotado oficialmente para o meia Aílton, e que deu o título estadual ao tricolor carioca contra o Flamengo diante de mais de 120 mil pessoas. O gol, aos 42 do segundo tempo, coroou Renato como "Rei do Rio" e é um dos mais importantes da história do estádio.

Torcedor do Botafogo faz oração na arquibancada do Maracanã Foto: Miriam Fichtner/21.06.1989
Torcedor do Botafogo faz oração na arquibancada do Maracanã Foto: Miriam Fichtner/21.06.1989

8º — Botafogo 1x0 Flamengo

Campeonato Carioca, 21 de junho de 1989

O maior jogo do Botafogo no Maracanã envolve a quebra do seu maior jejum. Após quase 21 anos completos sem ganhar um título, a sina foi quebrada no mesmo estádio das suas maiores glórias na década de 60. O famoso "gol do Maurício" aconteceu aos 12 minutos do segundo tempo, após cruzamento de Mazolinha, contra um fortíssimo time do Flamengo que parecia o favorito. Mais que um grito de alegria, o torcedor botafoguense se aliviou naquela noite marcada para sempre, em um dos maiores clássicos da história do estádio. O jogo foi no dia 21 e a temperatura na hora do gol era de 21ºC. O Maraca não seria o mesmo sem a superstição alvinegra.

 
Chileno Rojas simula ter sido atingido por um rojão Foto: Jorge William/03.09.1989
Chileno Rojas simula ter sido atingido por um rojão Foto: Jorge William/03.09.1989

9º — Brasil 2x0 Chile

Eliminatórias da Copa, 3 de setembro de 1989

Além de receber grandes jogos, o Maracanã é capaz de produzir grandes histórias para além deles. Uma delas é o famoso "Jogo da Fogueteira", quando Brasil e Chile disputavam uma nervosa partida que valia a classificação à Copa de 1990. O jogo foi interrompido com a seleção brasileira vencendo por 1 a 0. O goleiro Rojas teria sido atingido por um sinalizador da Marinha disparado pela torcedora Rosenery Mello, que ficou famosa e até posou nua para uma revista masculina depois. O Chile abandonou o campo pleiteando a vitória, mas logo se descobriu a farsa: Rojas fingiu o acidente, se jogando em direção à fumaça, se cortando com uma gilete, usando até mercúrio para finigir que estava sangrando.

Brasil x Paraguai nas Eliminatórias, em 1969: recorde de público pagante Foto: Arquivo/31.08.1969
Brasil x Paraguai nas Eliminatórias, em 1969: recorde de público pagante Foto: Arquivo/31.08.1969

10º — Brasil 1 x 0 Paraguai

Eliminatórias da Copa, 31 de agosto de 1969

O imaginário diz que o Brasil x Uruguai de 1950 recebeu um maior público total, mas, oficialmente, não há público pagante maior registrado no Brasil do que os 183.341 ingressos vendidos para o confronto entre brasileiros e paraguaios que decidia uma vaga na Copa do Mundo de 1970. Tudo para ver as "Feras do Saldanha" vencerem por 1 a 0, gol de Pelé e carimbarem o passaporte rumo ao México onde, com Zagallo no comando, buscariam o tricampeonato mundial.


O Globo segunda, 15 de junho de 2020

PARINTINS: GARANTIDO E CAPRICHOSO COM FUTURO INCERTO

 

 

Parintins vive apreensão diante de futuro incerto sobre festival dos bois Garantido e Caprichoso

Adiada pela pandemia, 55ª edição do evento ainda tem chance de acontecer este ano, no mês de novembro
Apresentação do Caprichoso, em 2019: possibilidade remota de que a edição deste ano ocorra em novembro Foto: Widger Frota
Apresentação do Caprichoso, em 2019: possibilidade remota de que a edição deste ano ocorra em novembro
Foto: Widger Frota
 

RIO — Em 55 anos de história, esta é a primeira vez que o Festival Folclórico de Parintins corre o risco de não acontecer. Um baque com efeitos devastadores em termos financeiros, mas também no campo simbólico, com o possível hiato do evento.

Tradicionalmente realizado no último fim de semana de junho, o festival teve a edição de 2020 — entre os dias 26 e 28 — suspensa por tempo indeterminado. Agora, nos bastidores, ventila-se a possibilidade de que ocorra em novembro, mas o martelo ainda está longe de ser batido.

Com cerca de 120 mil habitantes, a cidade de Parintins fica a 365 km de distância de Manaus, principal porta de entrada de turistas em busca do festival. A capital do Amazonas foi a primeira no país a chegar ao colapso de seu sistema de saúde com a pandemia. Hoje, o estado tem a marca de quase 50 mil casos do novo coronavírus e 2,3 mil mortes.

— Tudo vai depender da situação sanitária do estado, especialmente de Manaus. Nossa alta temporada de navios turísticos, que dura até o fim de março, já foi afetada. Se não houver o festival, então, está prevista uma calamidade econômica — desabafa Bi Garcia (PSDB), prefeito de Parintins. — No mês do festival, geralmente um taxista consegue ganhar em 15 dias de corrida o que demoraria cinco meses para embolsar.

 

Em 2019, Parintins bateu recorde, recebendo mais de 66 mil turistas para os três dias de festa no Bumbódromo, na ilha Tupinambarana, onde é travada a batalha entre Garantido e Caprichoso. Segundo levantamento do Departamento de Estatística da Empresa Estadual de Turismo do Amazonas (Amazonastur), de 2005 a 2018 o evento injetou R$ 426 milhões na economia local.

Vitrine para o carnaval

Números tão imponentes acabam naturalmente sendo vetores de preocupação para os organizadores do evento, diante de uma clara possibilidade de um ano em branco. Uma lacuna que afetaria a vida não somente de quem curte a festa, mas principalmente de quem a deixa de pé.

— São mais de 10 mil empregos gerados nos três meses de preparação. Só no ano passado o festival movimentou R$ 80 milhões para nossa economia. Barqueiros, setor de hotelaria, alimentação... todos precisam do evento para contribuir financeiramente em casa — alerta o prefeito.

Mas há quem aponte perdas para além das cifras. Afinal de contas, além de ser crucial fonte de renda para a economia de Parintins, o embate dos bois é uma das manifestações mais importantes da cultura popular brasileira. E o adiamento de sua realização abala diretamente seu campo de simbolismos.

Apresentação do Boi Garantido em 2019 Foto: Widger Frota / Divulgação
Apresentação do Boi Garantido em 2019 Foto: Widger Frota / Divulgação

Presidente do Conselho de Artes do Caprichoso, Ericky Nakanome afirma que a “lógica ritualística” do festival já foi quebrada, uma vez que foram cancelados todos os ensaios das marujadas (nome dado ao conjunto de ritmistas das agremiações).

 

— Outro aspecto dramático diz respeito à confecção da festa: os mateiros, nome dado aos coletores de matéria-prima, recolhem palha e cuia nesta época — pontua Nakanome, prevendo um estranhamento caso o festival aconteça mesmo em novembro. — E o calor? Vai estar beirando 40 graus. As cores, os peixes, tudo é diferente.

A não realização de Parintins na data original também atrapalha cerca de 25 outras festas de interior, que ocorrem na sequência.

—Serão vários boizinhos amazônicos sem desfilar.

E por falar em desfile, outro ponto de atenção dos parintinenses é o futuro do carnaval do Rio e de São Paulo. Para Júnior de Souza, diretor artístico do Garantido, o festejo dos bois é uma vitrine fundamental para os profissionais locais:

— Todo ano saem, em média, 400 pessoas daqui para trabalhar com as escolas de samba, cariocas e paulistas.

Bois unidos em live solidária

O tom de lamento generalizado, no entanto, tenta ser amenizado com ações virtuais que estão ao alcance dos bois. As agremiações vêm comercializando nas redes seus produtos customizados, como camisetas, canecas e até máscaras.

 

Para providenciar doações, as lives solidárias vêm sendo a saída. No mês passado, o Caprichoso arrecadou mais de 20 toneladas em uma transmissão ao vivo. No Dia dos Namorados, o Garantido realizou seu evento on-line celebrando o amor. E, no dia 28, quando seria encerrada originalmente a edição deste ano de Parintins, os rivais vão se encontrar em live inédita.

Levantador de toadas há 25 anos, David Assayag estará presente no festival virtual, defendendo o boi azul. Emocionado, ele confessa jamais ter presenciado uma situação tão delicada quanto a que vive a cidade hoje.

— Parintins é uma festa de aglomeração, então fica difícil saber como vai ser no futuro. Seja como for, uma certeza eu tenho: sairemos mais fortes do que nunca.


O Globo domingo, 14 de junho de 2020

MARTINHO DA VILA: EU SOU O ENREDO

 

'Eu sou o enredo, esse carnaval não pode ser adiado', brinca Martinho da Vila, que faz live neste domingo

Bamba apresenta o show virtual 'Batuque na cozinha', no qual homenageia João da Baiana, entre outros
 
O cantor e compositor Martinho da Vila Foto: Márcio Alves / Agência O Globo
O cantor e compositor Martinho da Vila Foto: Márcio Alves / Agência O Globo
 
 

RIO — Aos 82 anos, Martinho da Vila descobriu durante a quarentena o prazer de cozinhar. Mas a atividade também aguçou seu apetite pela música. Então, ele passou a fazer de utensílios culinários instrumentos de percussão. Assim surgiu a ideia para a live “Batuque na cozinha”, que o bamba realiza hoje, às 15h, em seu canal no YouTube (/martinhodavilaoficial).

— Aprendi que gosto de cozinhar a esta altura do campeonato. Como não entendo muito, improviso uma janta com as sobras do almoço — conta Martinho, que está em isolamento social ao lado de Cléo, sua mulher, e dos filhos Preto e Alegria. — É rotina, mesmo. Cada um faz uma coisa.

A apresentação virtual, como define o cantor, compositor e escritor, “é inspirada no João da Baiana” (1887-1974), autor da canção que dá nome ao projeto.

— Vou começar e terminar com essa música, tentando imitá-lo, essas coisas. Vai ser como um monólogo que um ator faz. Cantarei à capela e batucando nos elementos da cozinha, como panela, prato, frigideira. Batuco até no fogão! — gargalha. — Vai ser improvisado, o roteiro não está muito definido. É como um show normal, só defino o início e o final. É como me dizia o (jornalista, produtor musical e diretor de TV) Fernando Faro: “O show tem que começar e terminar bem.. Se iniciar devagar, o público não gosta.”

Do que está definido do repertório, Martinho adianta outras homenagens:

— Vou contar um pouco da história do João, do Adoniran Barbosa e do Paulo Vanzolini. Estarei sozinho, mas também vai ter alguma interação. Meus filhos vão entrar e pedir músicas — explica o artista, que também vai cantar “Pelo telefone”, de Donga, o primeiro samba gravado, e sucessos como “Casa de bamba” e “Canta, canta, minha gente”, além de “Menina moça”, faixa que o lançou ao grande público no III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, em 1967.

 

‘Não penso muito na morte, não’

No período de isolamento social, apesar da perda de colegas como Aldir Blanc e Moraes Moreira, Martinho garante que não perde tempo pensando sobre a finitude da vida:

— Também perdi amigos da Vila Isabel. Mas não penso muito na morte, não. O que é certo, você não precisa pensar. Não tenho medo. O que penso às vezes é que não gostaria de ficar doente muito tempo, sofrendo, isso é ruim. Dá muito trabalho. E sofrimento para os outros — desabafa Martinho, que cita os versos “se Deus quiser, eu vou ficar bem velho”, de “Depois não sei”, do disco “Sentimentos” (1981). — Meu projeto de vida é ficar velho, o negócio é ficar vivo. O Preto tem 25 anos, mas é mais velho que eu, vive me vigiando (risos). O que importa é a jovialidade. Não envelhecer? Tô fora.

Atento aos protestos contra o racismo mundo afora, o bamba se mostra otimista.

— É um momento delicado e tenso, mas tudo que é ruim tem algo de bom. E o bom disso é o assunto do racismo, que é universal, e está em evidência. E muito gente que achava que não era racista está descobrindo que é. E descobrindo a doença, você pode curá-la. Segundo o Nelson Mandela, o racismo é uma doença curável. É como os cientistas estão tentando fazer com o corona — compara.


O Globo sábado, 13 de junho de 2020

ÁUREA MARTINS: CANTORA CELEBRA 80 ANOS COM LIVE E DISCO PRONTO

 

Áurea Martins celebra 80 anos com homenagem na live de Teresa Cristina e disco pronto

'Tenho a missão de defender o samba-canção', diz cantora, que era uma das preferidas de Elizeth Cardoso
 
A cantora Áurea Martins Foto: Divulgação/ SERGIO CADDAH
A cantora Áurea Martins Foto: Divulgação/ SERGIO CADDAH
 
 

Era para ser um 2020 de festão. Áurea Martins ia celebrar seus 80 anos com um presente: lançaria no dia do aniversário, hoje, seu disco com o pianista e compositor Cristovão Bastos com show no Teatro Rival. Veio a pandemia, o projeto foi adiado, e a cantora está quieta em casa, como tem que ser. Cada um reage de um jeito, e o de Áurea é sempre o de olhar para frente.

 — A vida toda tive que me reinventar. A volta ao mundo em 80 dias é para os fracos, meu caro Julio Verne (risos). A volta ao mundo da música de Áurea Martins é em 80 anos. E, se eu tiver saúde, em 80 lives! — brinca.

A meta virtual é exagerada, mas não duvide. Áurea vive sozinha, nunca teve computador, mas sua desenvoltura nas redes chama atenção faz tempo (as postagens têm até bordão, “bendita insônia”, acompanhando um vídeo de música na madrugada). A experiência nas lives ela vem praticando bem desde o início da quarentena. Hoje às 17h fará sua primeira “solo”. Em seguida, às 21h, participa da do cantor Alcides Sodré (que vem prestando tributo a ela ao longo da semana). E às 22h começa a de Teresa Cristina, hoje toda dedicada a Áurea.

A homenagem não é à toa. Quando a veterana aparece na live da Teresa, o que é recorrente, a anfitriã se emociona, Caetano Veloso escreve que sua voz o faz chorar, os comentários explodem.

— A Áurea é uma rainha, tem uma voz de uma verdade muito evidente, que acaba com a gente — diz Teresa, lembrando ainda como ela é boa de timing, chegando sempre com um sorriso, cantando uma música, e logo abrindo espaço para outro convidado. — São 50 anos de noite, sabe, passou por muita história. E está aí, firme e generosa, cheia de projetos.

 
 

Observadora ela sempre foi. E atenta às oportunidades. Cria de Campo Grande, já tinha dez anos de experiência como cantora de bailes no subúrbio, ao lado dos tios músicos, quando aventurou-se em 1969 em concorrer no programa “A grande chance”, de Flávio Cavalcanti, na TV Tupi. No júri, nomes como Bibi Ferreira, Nelson Motta e Maysa. Esta última tornou-se uma espécie de madrinha, após lutar para que Áurea ficasse com o primeiro lugar.

Ali ainda se chamava Áldima. Nome e sobrenome artísticos vieram da cabeça de Paulo Gracindo. Com o prêmio de “A grande chance”, gravou seu primeiro disco em 1972, com acompanhamento do Tamba Trio, arranjos de Luiz Eça e participação de Paulo Mendes Campos.

Elizeth na plateia

A vida continuou na noite, como crooner. Como não bebe nem fuma, atribui a voz enrouquecida à fumaça consumida involuntariamente. Nos anos 70, era figurinha fácil nas boates do Leblon, tantas vezes com Elizeth Cardoso na plateia. Depois na Lapa, onde intrigava Hermínio Bello de Carvalho.

— Eu ia vê-la cantar, ficava embevecido. Mas a noite meio que esmaga as pessoas. A música não é o prato principal. Quando Áurea cantava, havia uma parcela do público que entendia e se deslumbrava. Mas eu via parte daquilo se perder. Então me ofereci para produzir um disco dela.


O Globo sexta, 12 de junho de 2020

LIAH SOARES: AS PESSOAS NÃO CONHECEMO LADO BEM-HUMORADO DE ROBERTO CARLOS

 

'As pessoas não conhecem o lado bem-humorado do Roberto Carlos', diz Liah Soares, que gravou dueto com o Rei

Grávida de 8 meses, cantora espera primeira filha e lançamento da música 'A cor do amor' em novela
 
Roberto Carlos e Liah Soares Foto: Arquivo pessoal
Roberto Carlos e Liah Soares Foto: Arquivo pessoal
 
 

Depois de Ivete, Elba, Sandy & Junior, Maria Gadú e Ivan Lins gravarem músicas de Liah Soares, chegou a vez de Roberto Carlos. Além de escolher “A cor do amor” para entrar em seu repertório, o Rei convidou a artista paraense para cantar junto, em um dueto que vai entrar na trilha sonora da próxima novela das nove da TV Globo, "Um lugar ao sol", de Lícia Manzo, que sucederá "Amor de mãe". “Durante o Círio de Nazaré do ano passado, ele me ligou dizendo que a minha música era um hit e me fez o convite”, conta a compositora. “Gravamos em janeiro, no estúdio dele na Urca. Foi um sonho. As pessoas não conhecem o lado bem-humorado do Roberto, que tive o prazer de conhecer”.

 

Dois meses depois, a dupla gravou o clipe da música, ainda sem data de lançamento. "Quando contei para ele que estava grávida, ele pediu para agilizarmos o clipe antes que a minha barriga começasse a aparecer. Fizemos poucos antes do início da quarentena".

Liah conhece Roberto Carlos há oito anos, por conta de amigos em comum. "No 'The voive', cantei uma música dele, que já conhecia o meu trabalho autoral", conta. "Sempre sonhei em contar com ele no especial de Natal, será que esse ano vai?", indaga. A música que vão gravar juntos fala sobre uma amizada que virou paixão. "O compositor se alimenta de vida. Acho que muita gente vai se identificar com a letra. Eu mesma era amiga do meu marido", conta ela, casada com o ator Carlo Porto. A primeira filha do casal, ainda sem nome definido, deve nascer em breve.

Mês passado, Liah lançou mais uma música do álbum "Infinito", "Bossa Diluviana", uma composição em parceria com Guilherme Fiuza.


O Globo quinta, 11 de junho de 2020

JOSÉ CONDESSA SE QUEIMA NA GLOBO AO ABANDONAR SALVE-SE QUEM PUDER

 

José Condessa se queima com a Globo ao abandonar 'Salve-se quem puder'. Entenda

PATRÍCIA KOGUT

 
 
 
 
José Condessa (Foto: Divulgação)
José Condessa (Foto: Divulgação)

 

 O português José Condessa, o Juan de “Salve-se quem puder”, deixou a Globo furando um acerto para voltar ao trabalho em agosto. Por isso, Daniel Ortiz teve de reescrever quase 40 capítulos. No fim da primeira temporada, ele e Mário (Murilo Rosa) entraram num avião em Cancún. Era a deixa para a continuação da aventura no Rio.

A direção da Globo soube que Condessa vai protagonizar uma novela na TVI, de Portugal. A informação causou mal-estar aqui.

Na trama, dirigida por Fred Mayrink, José Condessa fez par com Juliana Paiva, a Luna. Antes deste trabalho, ele havia participado do programa "Dança das estrelas", também da TVI.


O Globo quarta, 10 de junho de 2020

AS LINGUAGENS QUE SURGIRAM COM A PANDEMIA

 

As linguagens que surgiram com a pandemia

PATRÍCIA KOGUT

 
 
 
 
Carolinie Figueiredo e Rael Barja (Foto: Divulgação)
Carolinie Figueiredo e Rael Barja (Foto: Divulgação)

 

Há umas duas décadas, a TV por assinatura ainda estava ganhando terreno no Brasil e representava, em alguma medida, um espaço de experimentação. Num canal pago, era possível testar formatos e talentos, sem a cobrança tão forte que existia na televisão aberta, poderosa e já hiper estabelecida. Mas, desde que começou a pandemia, todo esse quadro se desarrumou. Os vídeos caseiros, feitos do isolamento, subverteram padrões estabelecidos. Experimentar está de novo liberado e em todas as telas. Entrevistas de casa, luz “sujinha” e maquiagem amadora se generalizaram. Nas participações, é comum ver um especialista que não sabe sequer olhar na direção da câmera.

Não é exagero de otimista dizer que existe um aspecto positivo nessa legitimação do improviso: a criatividade vem se impondo apesar de todas as limitações. Nas redes sociais, há muita experimentação e arte. Johnny Massaro, por exemplo, lançou no Instagram o que chamou de um “webfilme”. A produção é resultado de um daqueles achados da pandemia. O ator julgava que esse material, captado em 2012, tinha se perdido. Mas ele estava no HD. Uma vez editado em módulos, resultou em 12 minutos de filme. “Você pode construir sua própria sequência, comentar, repetir e compartilhar cada módulo”, orienta Massaro no perfil @curtamarillas. É uma trama sobre o fim do mundo (!) filmada em Guaratiba, em Guapimirim e na Chapada das Perdizes, e protagonizada por Carolinie Figueiredo e Rael Barja. Você pode até discutir a qualidade da história. Mas vale prestar atenção: são dessas iniciativas que virão as fórmulas novas.


O Globo terça, 09 de junho de 2020

CHARLES DICKENS: CINCO FILMES INSPIRADOS NA OBRA DO ATOR MORTO HÁ 150 ANOS

 

Charles Dickens no cinema: cinco filmes inspirados na obra do autor morto há 150 anos

Escritor britânico estampou as desigualdades da Inglaterra vitoriana em obras como 'Oliver Twist' e 'Grandes esperanças'
 
'Oliver Twist': adaptação feita por Roman Polanski, em 2005, retrata saga de jovem órfão pelas ruas de Londres Foto: Divulgação
'Oliver Twist': adaptação feita por Roman Polanski, em 2005, retrata saga de jovem órfão pelas ruas de Londres Foto: Divulgação
 
 

RIO — Considerado o romancista mais popular da era vitoriana, o escritor britânico Charles Dickens (1812-1870) morreu há exatos 150 anos. Seus livros, porém, continuam no raio de atenção dos realizadores de cinema, sempre investindo em novas adaptações de suas obras.

 Antes programado para estrear no mês passado, o filme “The personal history of David Copperfield” teve sua estreia adiada em razão da pandemia de Covid-19. Com Dev Patel (“Quem quer ser um milionário?”) no papel principal, o longa dirigido por Armando Iannucci é a mais nova roupagem para “David Copperfield” (1850), apontado como o romance mais autobiográfico de Dickens.

Nascido em uma família pobre, no condado de Hampshire, o escritor se mudou ainda criança para Londres. Lá, trabalhou em uma fábrica e viu de perto as mazelas enfrentadas pela classe operária inglesa. Uma experiência que transportou para diversas de suas obras, como em “Oliver Twist” (1837), um duro retrato do cotidiano de um órfão moldado pela delinquência enquanto luta para sobreviver nas ruas da capital.

Outro romance consagrado de Dickens, “Grandes esperanças” (1860) também tem no centro de sua trama um órfão. A obra, dividida em três volumes, conta a trajetória de Pip, desde sua infância sem recursos financeiros até o momento em que é agraciado com uma herança, evento que muda sua percepção sobre sua família e seu futuro.

 

Na semana passada, Steven Knight, criador da série “Peaky blinders”, anunciou que está preparando uma nova versão para “Grandes esperanças”. A minissérie da BBC vai ter seis episódios e contará com o ator Tom Hardy como produtor executivo.

Mas enquanto as novas versões das obras de Dickens não ganham as telas, preparamos uma lista com adaptações disponíveis em streaming e que podem ser um guia para quem quiser conhecer as releituras audiovisuais de um dos autores britânicos mais populares de todos os tempos.

‘Os fantasmas de Scrooge’ (2009)

Para quem curte as caras e bocas de Jim Carrey, esta é uma boa pedida. O filme é uma adaptação de “Um conto de Natal” (1843), clássico de Dickens que já ganhou versão até da Disney. Neste longa, dirigido por Robert Zemeckis, Carrey vive Ebenezer Scrooge, milionário que detesta o Natal. Mas um dia, ao receber a visita de três fantasmas, ele é confrontado com seu passado e reflete sobre o futuro. Gary Oldman e Colin Firth também estão no elenco. Disponível no YouTube, Google Play, iTunes e Microsoft Store.

 

‘Os fantasmas contra-atacam’ (1988)

Nesta versão mais ácida e cínica de “Um conto de Natal”, Bill Murray dá vida a Frank Cross, diretor de uma rede de TV que só pensa na audiência. Ele acaba sendo visitado por três fantasmas que o fazem perceber o quanto estava sendo mesquinho e lhe oferecem a última chance de redenção. Disponível no Amazon Prime Video e Microsoft Store.

 
 
 

‘Oliver Twist’ (2005)

Roman Polanski assina esta deslumbrante adaptação do romance de Dickens. O filme conta a história de um órfão que sofre com a fome e o trabalho escravo em uma cidade da Inglaterra vitoriana. Após fugir para Londres, acaba sendo recrutado por Fagin (Ben Kingsley), que comanda um esquema de roubos e prostituição. Tudo muda quando Oliver conhece um bondoso milionário no qual enxerga a figura de um pai. Disponível no YouTube, Google Play e iTunes.

 

‘Grandes esperanças’ (1998)

Nesta ousada versão do mexicano Alfonso Cuarón, o clássico de Dickens é teletransportado da Londres vitoriana do século XIX para uma efervescente Nova York da década de 1990. Ethan Hawke dá vida ao protagonista, que no filme recebe o nome de Finn Bell. No elenco ainda há nomes como Gwyneth Paltrow, Robert De Niro e Chris Cooper. Disponível no Claro Vídeo.

‘O herói da família’ (2002)

Indicado ao Globo de Ouro de melhor filme em 2003, o longa é uma adaptação de “A vida e as aventuras de Nicholas Nickleby”, escrito entre 1838 e 1839. O filme conta a saga da família Nickleby, que sofre grande perda com a morte do patriarca. O jovem Nicholas (Charlie Hunnam) parte para Londres atrás do tio Ralph (Christopher Plummer), um investidor de sucesso. Disponível no iTunes.


O Globo segunda, 08 de junho de 2020

NOVA ZELÂNDIA AFIRMA TER ERRADICADO A CORONAVÍRUS SUSPENDE TODAS AS RESTRIÇÕES INTERNAS

 

Nova Zelândia afirma ter erradicado coronavírus e suspende todas as restrições internas

Controle de fronteiras ainda será mantido; país é um dos primeiros do mundo a voltar à normalidade, após 75 dias de confinamento
 
A primeira-ministra da Austrália, Jacinda Ardern Foto: MARTY MELVILLE / AFP/08-06-2020
A primeira-ministra da Austrália, Jacinda Ardern Foto: MARTY MELVILLE / AFP/08-06-2020

WELLINGTON — A Nova Zelândia suspendeu todas as restrições sociais e econômicas, exceto os controles de fronteira, depois de declarar nesta segunda-feira que estava livre do coronavírus, um dos primeiros países do mundo a voltar à normalidade pré-pandêmica.

— Embora o trabalho não esteja concluído, não há como negar que este é um marco. Obrigada, Nova Zelândia — disse a primeira-ministra do país, Jacinda Ardern, em entrevista coletiva. — Estamos confiantes de que eliminamos a transmissão do vírus na Nova Zelândia por enquanto, mas a eliminação não é por acaso, é um esforço sustentado.

O país de cinco milhões de pessoas está emergindo da pandemia, enquanto grandes economias como Brasil, Reino Unido, Índia e Estados Unidos continuam a lidar com a disseminação do vírus. Os 75 dias de restrições na Nova Zelândia incluíram cerca de sete semanas de uma quarentena rígida, na qual a maioria das empresas foi fechada e todos, exceto trabalhadores essenciais, tiveram que ficar em casa.

— Hoje, 75 dias depois, estamos prontos — afirmou Ardern, anunciando que as restrições de distanciamento social terminariam à meia-noite.

Ardern também disse que fez uma “dancinha” quando lhe disseram que não havia mais casos ativos da Covid-19 na Nova Zelândia, surpreendendo sua filha de 2 anos, Neve.

 

— Ela foi pega um pouco de surpresa e se juntou a mim, sem ter absolutamente nenhuma ideia de por que eu estava dançando pela sala — disse.

A Nova Zelândia registrou 1.154 infecções e 22 mortes por Covid-19 desde que o vírus chegou no final de fevereiro. Ardern prometeu eliminar, não apenas conter, o vírus, o que significava interromper a transmissão por duas semanas após o último caso conhecido receber alta.

Por enquanto, todos que entrarem no país continuarão sendo testados e postos em quarentena. Mesmo assim, o governo precisará mostrar que pode reaquecer a economia, que deverá afundar em recessão.

Os partidos de oposição criticaram a decisão de Ardern de manter as restrições por tanto tempo.

— Precisamos avançar com cautela aqui. Ninguém quer prejudicar os ganhos que a Nova Zelândia obteve — disse a primeira-ministra.


O Globo domingo, 07 de junho de 2020

CAFU COMEMORA OS 50 ANOS

 

Em carta, Cafu comemora 50 anos e conta como lida com morte do filho

'Quero mostrar como minha família e eu nos fortalecemos em tempos muito difíceis'
 
 
Cafu beija a taça do penta, em 2002 Foto: Dylan Martinez / REUTERS
Cafu beija a taça do penta, em 2002 Foto: Dylan Martinez / REUTERS
 
 

Hoje estou completando 50 anos. É um aniversário marcante, mas será uma comemoração completamente diferente das demais. Em virtude da pandemia que está ocorrendo, estarei longe de muitas pessoas que são próximas a mim, e após completar um ano de um pesadelo que jamais imaginei passar, sinto que hoje é um bom momento para compartilhar e lidar com as emoções de milhões de perdas de todo o mundo, estou convencido do que estamos sentindo agora.

No dia 4 de setembro de 2019, Deus levou meu filho, Danilo Feliciano de Morais. Ele tinha apenas 30 anos. Alguns acontecimentos neste mundo são inexplicáveis. Não há rima nem razão. Perdi meu filho em meus braços. Eu tentei salvá-lo e ajudá-lo, mas ele partiu. Este era e é um sentimento de vazio, é uma sensação horrível. Às vezes nos sentimos impotentes, outras vezes nos sentimos tão fortes em nossos corpos e mentes, mas em um dado momento como esse, sua força física é o mesmo que nada, não ajuda. Por não conseguir salvar seu próprio filho, você se sente completamente fraco.

 

Mas Deus o levou e tenho certeza de que ele está muito bem onde está agora. Ele está cuidando de nós e rindo lá de cima de tudo o que estamos fazendo aqui. Oro para que nenhum outro pai passe por isso, pois um pai jamais deveria enterrar seu próprio filho.

Cafu ao lado do filho Danilo Foto: Reprodução Instagram
Cafu ao lado do filho Danilo Foto: Reprodução Instagram

 Até hoje, não expus esse trágico incidente e, embora eu não queira detalhar os acontecimentos daquele dia ou dos dias imediatos, semanas e meses após sua morte, me sinto preparado para falar sobre determinadas coisas. Sinto-me da mesma maneira que muitas outras milhões de pessoas em todo o mundo se sentem, e que a cada dia no meu amado Brasil passam por sentimentos semelhantes de perda repentina. Quero contar e compartilhar. Quero usar esta carta para mostrar como a minha família e eu nos fortalecemos em tempos muito difíceis. Quero compartilhar nossas paixões, que incluem o esporte, e que têm nos ajudado nesta batalha.

Antes de prosseguir e embora esta seja a primeira vez que falo diretamente sobre a morte do meu filho, devo agradecer às milhares de pessoas que me enviaram seus pensamentos e orações. As palavras não podem expressar o quanto isso significou para mim e para minha família naquele momento e, do fundo do meu coração, agradeço a todos e a cada um de vocês que nos ajudaram nesta superação.

 

Da mesma forma que estou mencionando a minha família, tenho certeza que com essa pandemia que está acontecendo em cada canto do mundo, as pessoas em quarentena estão passando o maior tempo possível com seus entes queridos. E aqueles que estão distantes de seus entes queridos devem estar pensando e sentindo falta das famílias como jamais sentiram. Isso me lembra a força e o apoio que recebi da minha família após a morte do Danilo. Minha família é grande, e eu sou um dos seis irmãos. Não tive o apoio deles apenas naquele momento, mas também nesta crise atual. A família é a base de tudo. Renovamos nossas forças todos os dias juntos, para que possamos superar essa dor e encarar o futuro juntos.

A dor de perda permanece, no entanto, devemos sempre recordar de momentos positivos. Quando penso no Danilo, lembro do que ele mais gostava, que era fazer brincadeiras com as pessoas. Logo, quando essa dor vem, sempre lembro desses momentos bons e acabo sorrindo. É assim que lidamos com a sua partida, de uma maneira mais positiva.

 

E mais uma vez, como ainda há o isolamento aqui no Brasil e em muitas outras partes do mundo, estou passando ainda mais tempo com aqueles que estão perto de mim. Estou treinando todos os dias e estou treinando-os todos os dias, o que se tornou uma atividade familiar diária e bem divertida. As pessoas me verão como um famoso positivo, feliz e que está sempre sorrindo. Vejo como uma avaliação necessária da minha pessoa, mesmo estando longe da mídia. Dessa forma, sempre procuro ver os aspectos positivos de tudo, mesmo enfrentando esta pandemia assustadora, podemos observar o tempo maior que ganhamos com as nossas famílias. Para mim, particularmente, certamente é uma bênção, pois costumo viajar tanto que muitas vezes não estou presente e perto dos meus familiares. Hoje, por meio desse fato negativo há uma situação positiva. Claro, sinto falta de estar em contato com o público em geral. Sou uma pessoa popular e não há nada que me alegra mais do que conhecer pessoas e conversar com elas sobre o futebol.

Cafu trabalha no Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2022 Foto: Marcos Ramos / Agência O Globo
Cafu trabalha no Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2022 Foto: Marcos Ramos / Agência O Globo

 Também realizei muitos trabalhos nos últimos meses junto ao Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2022, onde sou embaixador global. Através da nossa cooperação e do programa "Geração Incrível", tive a oportunidade de conhecer centenas de jovens fãs de futebol de todo o mundo, e antes desse isolamento, trabalhei nas sessões de treinamento com eles. Ao lado de meus colegas embaixadores, Xavi, Samuel Eto’o e Tim Cahill, vemos a alegria no rosto dessas crianças quando chegamos e brincamos com elas. Sinto muito falta disso. Sei que o programa realizou diversas sessões virtuais para que todas as crianças isoladas em casa pudessem acompanhar. Isso é admirável e é uma grande inovação durante esse período. Tenho certeza de que todos pensam o mesmo ao ver pela primeira vez a alegria nos rostos das crianças quando elas jogam futebol. Isso é insubstituível. É o que mais me alegra e é o que mais sinto falta.

 

Como já disse a mim mesmo em todos os dias de lutas do ano passado, essa dor e negatividade não durarão eternamente. Embora eu tenha certeza de que nunca esqueceremos esse momento, isso aliviará. E quando tudo isso acabar e retornarmos à vida normal, certamente apreciaremos as pequenas coisas que consideramos muito mais importantes.

Neste momento, estamos enfrentando tempos sombrios, mas como diz o ditado: a noite é sempre mais escura antes do amanhecer.

Peço a todos que se protejam, fiquem em casa, fortifiquem-se, fiquem juntos. Cuidem uns dos outros e lembrem-se que um dia, em breve, isso tudo acabará.


O Globo sábado, 06 de junho de 2020

FAÇA SUA FESTA JUNINA EM CASA

 

Festa junina em casa: chefs compartilham quitutes, truques e até drinque com cravo e canela

Aprenda a fazer bolo de tapioca, pavê de amendoim e brigadeiro de curau
 
MP Tortas Boutique, no Recreio: cupcakes de festa junina Foto: Divulgação/Fernando Frazão
MP Tortas Boutique, no Recreio: cupcakes de festa junina Foto: Divulgação/Fernando Frazão
 
 

Está aberta a temporada de festejar São João, São Pedro e Santo Antônio, os santos juninos. Para a sorte (e privilégio) daqueles que podem ficar em casa na quarentena, chefs e bartenders compartilham receitas de quitutes típicos de festa junina, tem até drinque com cravo e canela, além de clássicos como bolo de milho e tapioca com queijo, doce de amendoim e um brigadeiro de curau. Bom arraiá virtuá!

 

Cupcake de tapioca com coco

Marlene Percílio (MP Tortas Boutique)

Ingredientes

4 ovos

100g de creme vegetal

300g de açúcar

250g de creme de arroz

50g de amido de milho

300ml de leite de coco (ou leite de soja, se preferir)

10g de fermento em pó

... a cobertura de tapioca

500g de tapioca

350g de coco fresco ralado

350g de açúcar

5g de sal

1,5 litros de água

Preparo

Na batedeira, misture o creme vegetal com o açúcar. Acrescente as gemas. Às claras devem ser batidas separadamente. Em seguida, vá colocando nessa massa, alternadamente, a mistura de amido de milho com creme de arroz e o leite de coco. Adicionar as claras em neve, sem bater. Por fim, coloque o fermento. Depois de tudo batido, leve para assar a 180 graus, por 25 minutos, em forminhas (a que tiver em casa).

Cobertura de tapioca: Misturar em um recipiente os ingredientes secos. Bater no liquidificador o coco fresco e parte da água. Juntar à mistura anterior e adicionar água até formar uma pasta. Modelar em formas e gelar. Rende quatro.

Bolinho de estudante

Café do Alto

Café do Alto aposta em quitutes como 'bolo de estudante' Foto: Divulgação/Renata Volkmann
Café do Alto aposta em quitutes como 'bolo de estudante' Foto: Divulgação/Renata Volkmann

 

Está aberta a temporada de festejar São João, São Pedro e Santo Antônio, os santos juninos. Para a sorte (e privilégio) daqueles que podem ficar em casa na quarentena, chefs e bartenders comparilham receitas de quitutes típicos de festa junina, tem até drinque com cravo e canela, além de clássicos como bolo de milho e tapioca com queijo, doce de amendoim e um brigadeiro de curau. Bom arraiá virtuá!

 

Ingredientes

3 xícaras de tapioca

1 xícara de açúcar

2 xícaras de água morna

2 xícaras de leite de coco

1 xícara de coco ralado fino

½ colher de chá de sal

Preparo

Coloque todos os ingredientes em uma tigela e misture muito bem. Deixe descansar por 40 minutos, mexendo de vez em

quando, para a tapioca hidratar. Molhe as mãos e faça bolinhos em formato de croquetes. Frite em óleo quente e escorra em papel toalha. Passe no açúcar com canela.

Bolo de aipim com coco

Malu Mello

Malu Mello aposta no bolo de aipim Foto: Divulgação/Fabiana Cavalcante
Malu Mello aposta no bolo de aipim Foto: Divulgação/Fabiana Cavalcante

 

Ingredientes

320g de aipim ralado

100g de coco fresco

50ml de leite de coco

20g de açúcar

50g de manteiga

1 ovo

50ml de leite integral

10g de fermento em pó

1 pitada de sal

... para untar

20g de manteiga

30g de farinha de trigo

Preparo

Higienize e descasque o aipim. Rale o aipim, metade no ralo fino e a outra metade no ralo grosso. Reserve. Rale coco fresco no ralo fino. Reserve. Unte uma assadeira com manteiga. Polvilhe farinha de trigo. Reserve. Pré-aqueça o forno a 180 graus. Acrescente a um bowl o ovo, açúcar e manteiga. Bata a mistura com o auxílio de um fouet. Acrescente o leite e o leite de coco. Continue batendo. Acrescente o coco e aipim ralado. Adicione o fermento e misture bem. Leve ao forno, Asse por aproximadamente 40 minutos. Retire da forma após esfriar.

 

Pavê de amendoim

Tati Lund (.Org Bistrô)

.Org Bistrô, Tati Lund ensina pavê de amendoim vegano Foto: Divulgação/Tomas Rangel
.Org Bistrô, Tati Lund ensina pavê de amendoim vegano Foto: Divulgação/Tomas Rangel

 

Ingredientes

... o biscoito de gergelim

½ xícara de chá de pecan

½ xícara de chá de quinoa em flocos

½ xícara de chá de farinha de arroz integral

1 colher de sopa de gergelim branco cru

3 colheres de sopa de melado

3 colheres de sopa de óleo de gergelim natural

1 colher de sopa de tahine

 Pitada de sal

... o creme de amendoim

1 xícara de chá castanha de caju crua

¼ de óleo de coco

¼ de melado

Pitada de sal

½ xícara (de chá) de água

1 xícara (de chá) amendoim tostado

Preparo

O biscoito de gergelim: processe todos os ingredientes. Asse bem fininho por cinco até dez minutos.

O creme de amendoim: bata todos os ingredientes no liquidificador. Junte o amendoim tostado no final e pulse. Reserve.  Monte o pavê com uma camada de biscoito e uma camada de creme.  Finalize com amendoim tostado e raspinha de limão.

Brigadeiro de curau

Carolina Sales

Carolina Sales: brigadeiro de curau Foto: Divulgação/Filico
Carolina Sales: brigadeiro de curau Foto: Divulgação/Filico

 

Ingredientes

1 lata de leite condensado

200g de milho cozido (grãos)

100ml de creme de leite

1/2 colher de café de canela

300g de mistura de açúcar e canela para confeitar

Preparo

Bater o milho no liquidificador; com água, o mínimo possível para bater e fazer uma pasta. Coar e extrair apenas marketing creme sem pedaços. Reservar. Na panela colocar o leite condensado, creme de leite, o creme de milho e a canela. Mexer até dar o ponto de enrolar. Colocar em um prato para esfriar. Após frio enrolar bolinhas de 20g e passar no açúcar com canela. Rende 12 unidades.

 

Bolo de milho

Paula Prandini (Empório Jardim)

Paula Prandini, do Empório Jardim, ensina bolo de milho Foto: Divulgação/Tomas Rangel
Paula Prandini, do Empório Jardim, ensina bolo de milho Foto: Divulgação/Tomas Rangel

 

Ingredientes

1 lata de milho verde com a água dele

2 colheres (sopa) de manteiga

4 ovos

2 xícaras de açúcar

1 xícara e ½ de milharina

250ml de leite de coco

1 colher (sopa) de fermento em pó

1 pitada de sal

Preparo

Bater tudo no liquidificador, menos o fermento. Quando estiver bem batido, junte o fermento, bata rapidamente e despeje numa forma de buraco no meio, untada e enfarinhada. Asse a 170 a 180 graus por cerca de 30 minutos. Quando desenformar, polvilhar açúcar e canela. Rende 12 fatias.

Nosso Hot Toddy

Daniel Estevan (Nosso)

Nosso Hot Toddy, Daniel Estevan (Nosso) Foto: Divulgação
Nosso Hot Toddy, Daniel Estevan (Nosso) Foto: Divulgação

 

Ingredientes

60ml de uísque escocês

60ml de chá mate quente

15ml de suco de limão siciliano

10ml de mel

3 cravos

1 pau de Canela

Raspas de noz moscada

Preparo

Colocar todos os ingredientes em uma xícara de chá  e mexer para misturar todos os ingredientes.


O Globo sexta, 05 de junho de 2020

MIGUE FALABELLA DEIXA A GLOBO APÓS 39 ANOS

 

Miguel Falabella deixa a Globo após 39 anos

PATRÍCIA KOGUT

 
 
 
 
 
Miguel Falabella (Foto: João Cotta/TV Globo)
Miguel Falabella (Foto: João Cotta/TV Globo)

 

Na Globo desde 1981, Miguel Falabella está deixando a emissora. Ele foi avisado ontem que seu contrato não será renovado. Ator, roteirista e diretor, ele assinou séries como "Pé na cova" e "Toma lá, dá cá" e novelas como "A Lua me disse". Durante muitos anos, brilhou interpretando o Caco Antibes em "Sai de baixo". Dono de um estilo próprio inconfundível e brilhante, Miguel produz sem parar no teatro também e já dirigiu no cinema. "Foram quase 40 anos, toda uma vida. Mas é vida que segue", diz ele.

 


O Globo quinta, 04 de junho de 2020

SAIBA COMO SERÁ O RECRUTAMENTO DE VOLUNTÁRIOS PARA A VACINA CONTRA A COVID-19

 

Saiba como será o recrutamento de voluntários para testar vacina contra Covid no Brasil, que começa este mês

Universidade que coordenará ensaio clínico selecionará profissionais de saúde e quem trabalha exposto ao vírus na primeira etapa
 
 
Vacina candidata contra a Covid-19 vai ser testada em 2 mil pessoas no Brasil Foto: Reuters
Vacina candidata contra a Covid-19 vai ser testada em 2 mil pessoas no Brasil Foto: Reuters
 

RIO — Um grupo de 2 mil pessoas deve receber no Brasil, ainda este mês, a dose de uma vacina experimental contra a Covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a farmacêutica AstraZeneca. A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) articula os trabalhos para que metade dos voluntários seja  vacinada em São Paulo e metade no Rio. Ainda não foi anunciada a instituição que ajudará com os testes no Rio.

A Unifesp coordenará o ensaio clínico com o produto no país e diz que dentro de poucos dias deve abrir seu sistema de recrutamento de voluntários. Nesta etapa, serão selecionados apenas profissionais de saúde ou trabalhadores em atividades de alta exposição ao vírus, como equipes de limpeza de hospitais e motoristas de ambulância.

O ensaio clínico em questão é um teste de fase 3 (que avalia a eficácia do produto) para uma vacina criada a partir de um vírus que causa resfriado em chimpanzés. O patógeno foi alterado em laboratório e tornado incapaz de se reproduzir em humanos. O que o transforma numa vacina é o fragmento de uma proteína do novo coronavírus que é incorporada a ele e atua como antígeno: faz o sistema imune se preparar para a chegada do vírus real.

Testado em macacos resos, o imunizante batizado de ChAdOx1 teve bom efeito e conseguiu proteger os animais de pneumonia viral, ainda que não tenha impedido a infecção em si. Depois disso, passou por um estudo de fase 1 no Reino Unido, etapa que avaliou a segurança do produto. A fase 2, que avalia a capacidade da vacina de criar uma resposta imune, ainda não acabou, mas já há sinal verde para início daf ase 3.

O pedido de teste clínico no Brasil foi aprovado na noite de terça-feira pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa).

 

— Esse é um processo que deve ser muito rápido, e a gente pretende começar o estudo ainda neste mês, só não tenho data precisa — diz Lily Yin Weckx, médica que coordena o Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (Crie), unidade da Unifesp que coordenará os trabalhos.

Um dos motivos pelos quais o Brasil foi selecionado como local da pesquisa é o fato de a pandemia ainda estar em crescimento acelerado no país, com mais de 500 mil casos e mais de 31 mil mortes.

Soraya Smaili, farmacóloga e reitora da Unifesp, diz que o Brasil integrar um teste clínico agora ajuda o país a ter acesso ao produto no futuro, num cenário de alta demanda.


O Globo quarta, 03 de junho de 2020

ESPUMANTE GAÚCHO É ELEITO O MELHOR DO MUNDO

 

Espumante gaúcho 130 da Casa Valduga derrota champanhes e é eleito o melhor do mundo

 

O 130 Blanc de Blanc da Casa Valduga é o melhor espumante do mundo

  Um espumante gaúcho derrotou os melhores champanhes na própria França e foi escolhido o melhor do mundo no concurso 26º Vinalies Internacionales. O vencedor foi o 130 Blanc de Blanc Brut da Casa Valduga, produzido no Vale dos Vinhedos. A competição é uma das mais importantes do universo do vinho, feita pela União de Enólogos Franceses. Durante cinco dias, 130 jurados de 40 países se reuniram em Paris e provaram, às cegas, mais de 3.500 rótulos de espumantes e vinhos tranquilos vindos dos quatro cantos do planeta.

- Experimentei esse vinho em fevereiro de 2019 e logo percebi que estava diante de um vinho diferenciado. Muito elegante e equilibrado, com aromas florais e de frutas tropicais, além de notas amanteigadas e de brioche. Sem dúvidas, uma grande vinho - avalia Joseph Morgan, presidente da Associação Brasileira de Sommerliers do Rio.

Para Eduardo Valduga, diretor de Marketing e Comercial do Grupo Famiglia Valduga, o prêmio mostra que a vinícola está no caminho certo: 

- Para nós, o prêmio não está atrelado à superioridade aos demais, mas sim para nos mostrar que o nosso trabalho está no caminho certo. Estar em destaque entre os jurados, eleito como a melhor amostra do concurso, nos enche de orgulho e gratidão. Também nos motiva a nos dedicarmos ainda mais, pois sempre haverá novas safras que nos colocarão em prova sobre critérios, investimentos tecnológicos e estudos inovadores.

Na avaliação dos jurados, o sabor do 130 foi descrito como um espumante com sabor de verão, com bolhas finas de cor amarelo palha e reflexos verdes. De aromas são inicialmente discretos e oferecem uma paleta aromática rica e complexa: notas de avelã e flor de laranjeira desaparecem suavemente e dão lugar a aromas gourmet de bolo de baunilha, praliné e torta de amêndoa. Na boca, tem frescor e é redondo. Sua dosagem de açúcar é equilibrada e tem estrutura. Por seu equilíbrio, pode acompanhar vários pratos, como atum ou queijo pecorino com mel.

Safra 2020:Miolo lança Gamay vegano inspirado no Beaujolais

O projeto do 130 Brut nasceu há 15 anos, quando a Casa Valduga decidiu elaborar um espumante ícone do Brasil em homenagem aos 130 anos da chegada da família Valduga ao país. Em 2016, lançou as versões Blanc de Blanc, feita com uvas Chardonnay das melhores safras, e Blanc de Noir, com Pinot Noir.

 

Espumante 130: feito com Chardonnay

 - O 130 Blanc de Blanc é uma extensão da linha de espumantes 130 e que se tornou um ícone da vinícola. Na busca de expressar o máximo das variedades Chardonnay e Pinot Noir, foram criados os rótulos 130 Blanc de Blanc e o 130 Blanc de Noir, respectivamente. Uma vez elaborado e sendo apreciado de forma incrível por nosso corpo técnico e por nossos clientes, decidimos inserir o 130 Blanc de Blanc na busca pelo melhor, sempre o designando como produto icônico da família - detalha Eduardo Valduga.

O 130 Blanc de Blanc está esgotado na Casa Valduga, e a previsão é de que ele volte a ser vendido ainda este mês: 

- Com o impacto positivo da notoriedade do concurso, a busca pelo produto cresceu eminentemente. Porém, não é um rótulo elaborado em larga escala, bem pelo contrário. Mas estamos fazendo o máximo para atender a demanda, tomando as devidas ações para que as poucas garrafas que foram elaboradas alcancem o maior número de paladares. A previsão é que na segunda quinzena de junho o produto já esteja disponível novamente, com estoque limitado - garantiu Eduardo Valduga. 

O Blanc de Blanc é feito pelo método tradicional e tem 36 meses de autólise de leveduras. É recomendada a guarda até 8 anos após o dégorgement. A harmonização sugerida pela Valduga é com peixes, frutos do mar, risotos, culinária japonesa e mediterrânea. Sua coloração é amarelo palha e fino perlage. O aroma mostra notas cítricas, frutadas e nuances amanteigadas e de brioche.

Mais três premiados

Três espumanetes da Ponto Nero, também do Grupo Famiglia Valduga, também foram premiados no concurso na França. O Ponto Nero Icon levou medalha de ouro e foi classificado entre os melhores do mundo; e o Ponto Nero Cult Brut e Ponto Nero Cult Brut Rosé conseguiu medalha de prata.

Onde encomendar

O espumante 130 Blanc de Blanc está esgotado no site da Casa Valduga. No Bebidas do Sul, sai por R$ 134. O Meu Vinho está aceitando encomendas.  

Em alta: Venda on-line de vinho no Brasil triplica, e novas lojas são parte importante desse sucesso


O Globo terça, 02 de junho de 2020

CELSO DE MELLO ARQUIVA PEDIDO DE APREENSÃO DO CELULAR DO PRESIDENTE

 

Celso de Mello rejeita apreensão de celular de Bolsonaro mas avisa que descumprir decisão judicial é 'inaceitável'

Presidente havia declarado que, se o STF determinasse a medida, não entregaria o telefone; pedido foi feito por partidos e parlamentares
 
 
O ministro decano do STF, Celso de Mello Foto: Jorge William / Agência O Globo
O ministro decano do STF, Celso de Mello Foto: Jorge William / Agência O Globo
 
 

BRASÍLIA - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello arquivou na noite desta segunda-feira o pedido de apreensão dos celulares de Jair Bolsonaro e seu filho, Carlos Bolsonaro, feito por partidos políticos e parlamentares para a investigação sobre a suposta interferência política do presidente na Polícia Federal (PF). Na mesma decisão, o ministro mandou, no entanto, um recado direto ao presidente da República, dizendo que não se pode falar em descumprimento de ordem judicial. Bolsonaro já havia declarado que se o STF determinasse a apreensão de seu celular não entregaria. 

“Tal insólita ameaça de desrespeito a eventual ordem judicial emanada de autoridade judiciária competente, de todo inadmissível na perspectiva do princípio constitucional da separação de poderes, se efetivamente cumprida, configuraria gravíssimo comportamento transgressor, por parte do Presidente da República, da autoridade e da supremacia da Constituição Federal”, escreveu, reforçando em outro trecho de seu despacho: "Na realidade, o ato de insubordinação ao cumprimento de uma decisão judicial, monocrática ou colegiada, por envolver o descumprimento de uma ordem emanada do Poder Judiciário, traduz gesto de frontal transgressão à autoridade da própria Constituição da República".

Celso de Mello ponderou ainda que um eventual descumprimento de ordem judicial pelo presidente da República seria um ato de "insubordinação executiva", uma "conduta manifestamente inconstitucional". O ministro lembrou do ex-deputado Ulysses Guimarães, presidente da Assembleia Constituinte que promulgou o texto constitucional que está em vigor no país. Segundo o ministro, ao proclamar a nova Constituição,  o parlamentar defendeu o novo texto, "estigmatizando com o labéu de traidor aquele – governante ou governado – que ousasse transgredir a supremacia da Lei Fundamental de nosso País".

Citando o discurso de Ulysses, que declarou ter "impressionante e permanente atualidade":  Traidor da Constituição é traidor da Pátria. Conhecemos o caminho maldito. Rasgar a Constituição, trancar as portas do Parlamento, garrotear a liberdade, mandar os patriotas para a cadeia, o exílio e o cemitério.” De acordo com o ministro, a lembrança faz-se necessária "para que jamais se repitam comportamentos inconstitucionais de anteriores Presidentes da República, que ousaram descumprir decisões emanadas desta Corte Suprema".

Celso de Mello sustentou que o STF, como parte do Poder Judiciário, tem competência, em ações penais, para determinar ordens em processos de investigação e estas devem ser cumpridas.

No mesmo texto, o ministro ressaltou, entretanto, que o poder judiciário também tem limites. Citou como exemplo que um juiz não pode arquivar sozinho uma investigação sem que houvesse manifestação do Ministério Público, a quem cabe apurar os fatos e oferecer denúncia. Por esse motivo, Celso de Mello rejeitou o pedido feito por partidos políticos que tinham solicitado a apreensão dos celular de Bolsonaro. Segundo ele, solicitar ou não diligências depende de requisição do Ministério Público.

O ministro ponderou ainda que o STF tem noção do momento em que o país passa. "Torna-se essencial reafirmar, desde logo, neste singular momento em que o Brasil enfrenta gravíssimos desafios, que o Supremo Tribunal Federal, atento à sua alta responsabilidade institucional, não transigirá nem renunciará ao desempenho isento e impessoal da jurisdição, fazendo sempre prevalecer os valores fundantes da ordem democrática e prestando incondicional reverência ao primado da Constituição, ao império das leis e à superioridade político-jurídica das ideias que informam e que animam o espírito da República", disse, acrescentando: “Esta Suprema Corte possui a exata percepção do presente momento histórico que vivemos e tem consciência plena de que lhe cabe preservar a intangibilidade da Constituição que nos governa a todos, sendo o garante de sua integridade, de seus princípios e dos valores nela consagrados, impedindo, desse modo, em defesa de sua supremacia, que gestos, atitudes ou comportamentos, não importando de onde emanem ou provenham, culminem por deformar a autoridade e degradar o alto significado de que se reveste a Lei Fundamental da República”.

 

Celso de Mello destacou ainda que todas as autoridades devem respeitar a Constituição, caso contrário haveria uma "inaceitável subversão da  autoridade e do alto significado do Estado Democrático de Direito ferido em sua essência pela prática autoritária do poder".  E apontou: "No Estado Democrático de direito, por isso mesmo, não há espaço para o voluntário e arbitrário desrespeito ao cumprimento das decisões judiciais, pois a recusa de aceitar o comando emergente dos atos sentenciais, sem justa razão, fere o próprio núcleo conformador e legitimador da separação de poderes, que traduz postulado essencial inerente à organização do Estado no plano de nosso sistema constitucional, dogma fundamental esse que alguns insistem em ignorar."

egundo ele, o Poder Judiciário quando emite ordens judiciais não está ferindo a atribuição de outro Poder. E que se o objeto da ação se sente prejudicado tem a via legal e única de recorrer da decisão proferida. “Torna-se vital ao processo democrático reconhecer que nenhum dos Poderes da República pode submeter a Constituição a seus próprios desígnios, eis que a relação de qualquer dos Três Poderes com a Constituição há de ser, necessariamente, uma relação de incondicional respeito ao texto da Lei Fundamental, sob pena de inaceitável subversão da autoridade e do alto significado do Estado Democrático de Direito ferido em sua essência pela prática autoritária do poder”.


O Globo segunda, 01 de junho de 2020

DELIVERY DE DRINQUES NO RIO

 

Bartenders se reinventam e apostam em serviço de delivery de drinques no Rio

Copos e garrafinhas cruzam a cidade nas garupas dos motoboys antes de virarem a alegria da noite. Em dias de lives, vendas passam de 200 coquetéis.
 
 
Letícia, formada em moda, resolveu apostar no delivery Foto: Fabio Rossi / Agência O Globo
Letícia, formada em moda, resolveu apostar no delivery Foto: Fabio Rossi / Agência O Globo

RIO - Para essa galera, todo dia merece um “sextou”! Em meio ao isolamento social, bartenders investiram no delivery de drinques como forma de manter a renda e oferecer um happy hour com gostinho de morango, limão ou abacaxi para quem está em casa. Em dois meses, eles conquistaram clientes e viram suas bebidas chegarem a vários bairros do Rio. Copos e garrafinhas cruzam a cidade nas garupas dos motoboys antes de virarem a alegria da noite. Em dias de lives de grandes artistas na internet, são vendidos quase 200 coquetéis.

Cinema na quarentenadupla projeta curtas e obras de arte em prédio na Zona Sul do Rio

— Para os drinques, pensamos nas infinitas possibilidades de receitas e combinações. Queríamos oferecer uma opção de delivery além das cervejas e vinhos — afirma Letícia Ribeiro, de 29 anos, sócia do ÓZÊ Drinks com o marido, Raphael Guimarães, de 29, e o amigo Lucas Machado, de 23: — Criamos um drinque para a quarentena, o Sonho, que ganhou esse nome na esperança de dias melhores. É feito com chá de hibisco, abacaxi e hortelã. São ingredientes diuréticos e digestivos, bons para compensar as guloseimas do isolamento.

Raphael, do ÓZÊ Drinks, entrega bebidas para o motoboy Max Maurício Foto: Fabio Rossi / Agência O Globo
Raphael, do ÓZÊ Drinks, entrega bebidas para o motoboy Max Maurício Foto: Fabio Rossi / Agência O Globo

O serviço funciona de quinta-feira a domingo, à noite, pelo WhatsApp (96563-8255) e com entregas para a Zona Norte (consulte os bairros abrangidos). Os drinques custam R$ 20 (vodca) ou R$ 25 (gin).

— Faltavam serviços assim, de drinques em casa. A apresentação é linda, o preço é justo e os sabores são maravilhosos. Eu peço sempre — diz a universitária Thaís Almeida, de 23 anos, de Cavalcanti.

Quando teve início a pandemia, em março, o barman Pedro William, de 28 anos, viu festas e eventos sendo desmarcados. Trabalhando nessa área há dez anos e preocupado, ele teve a ideia de manter a profissão na forma de delivery, com o In Black (97100-4996). Desde então, os coquetéis e caipirinhas tradicionais e gourmets (R$ 15) mostram ser possível tomar bons drinques mesmo no sofá de casa.

 
Pedro William, da "In Black", aposta na combinação de sabores Foto: Fabio Rossi / Agência O Globo

Pedro William, da "In Black", aposta na combinação de sabores Foto: Fabio Rossi / Agência O Globo

— Faço as entregas a partir de quinta-feira. Tentamos fazer uma consultoria para mandar o coquetel certo de acordo com o paladar de cada um. A galera sente falta de uma bebida na mesa do bar. Então tento levar essa proposta para a casa de todos eles. Em dias de live, já cheguei a vender 20 drinques para uma família — explica William.

Bruno Guedes, de 29 anos, e Eduardo Marchetti, de 32, também trabalhavam com eventos antes da Covid-19. Carentes de festas, se reinventaram e com o delivery da De Boa Drinks (98686-0939) viram uma forma de ganhar dinheiro com bebidas diferenciadas. Quase 80% do cardápio são invenções da dupla, com preços de R$ 28 a R$ 35.

— Queremos mudar a ideia de que gin só cai bem com tônica ou de que uísque só combina com energético ou água de coco — diz Bruno.

Bruno Guedes e Eduardo Marchetti, sócios fundadores da De Boa Drinks Foto: Divulgação
Bruno Guedes e Eduardo Marchetti, sócios fundadores da De Boa Drinks Foto: Divulgação

Experiência para fazer o seu drinque em casa

Para quem busca uma opção além do simples consumo em casa, a Drinks on the Rocks Club é uma plataforma que oferece a experiência do cliente preparar o próprio drinque. Após escolher o coquetel no site, ele faz o pedido online e recebe o kit em casa, composto pela bebida base, pela receita e por todos os ingredientes na porção certa.

No cardápio, clássicos e receitas exclusivas. Cada embalagem faz de quatro a 12 drinques e custa a partir de R$ 103. Para os donos da ideia, a plataforma surge como uma forma de envolver o consumidor na produção das bebidas e ensiná-lo a preparar o drinque favorito.

O kit chega na casa da pessoa com bebida, ingredientes porcionados e receita Foto: Divulgação/Raphael Jacomini
O kit chega na casa da pessoa com bebida, ingredientes porcionados e receita Foto: Divulgação/Raphael Jacomini

— É um projeto que já tínhamos desenhado e que foi colocado em funcionamento um pouquinho antes do previsto por causa da pandemia. Nós vivemos um momento em que ficar em casa é primordial. Então, queremos dividir nossa experiência em drinques com os nossos clientes. São mais de 15 deliciosas opções. Com o tempo, a ideia é ampliar esse cardápio de opções trazendo parceiros e marcas de bebidas de alta qualidade — diz Mauro Carvalho, um dos sócios da plataforma ao lado do também empresário Eberson Ramos.

 

Com a semana recheada de lives, o GLOBO traz sugestões de drinques de acordo o gênero musical. Escolha o seu e tintim:

Neste domingo, o sertanejo de César Menotti e Fabiano, às 11h, e o forró de Solange Almeida, às 17h, pedem o drinque Floresta (kiwi e laranja-Bahia): "São cores vivas da natureza, lembram o campo", diz Letícia, do Ozê, que indica o Praiano (maracujá e morango) para quem for curtir Alexandre Pires e Seu Jorge, às 14h, e Fundo de Quintal, às 15h: "São frutas de paixão nacional, que nem o samba".

 

Já na sexta-feira, é a vez de Marcelo D2, às 20h, levar seus sucessos para a internet: "Um cara com o estilo dele combina muito bem como o drinque De Patrão (sucos de laranja e limão, xarope de pêssego e uísque). É uma bebida que marca presença", indica Guedes.

No sábado, Bell Marques canta seus sucessos às 12h: "O axé me lembra o quentão e a canela, presente na caipirinha gourmet de morango com limão", diz Pedro William, do In Black. Às 20h, tem Jota Quest: "O Moscow Mule (vodka, limão e espuma de gengibre) é um queridinho das festas de casamento, embaladas por clássicos do grupo", diz Mauro Carvalho, da "Drinks on the Rock Club".

No próximo domingo, dia 7, às 18h, tem o samba de Mumuzinho: "Ele é cria de Realengo e combina com a caipirinha Zé Carioca, que leva maracujá, limão e açúcar de gengibre", diz William. Para fechar a agenda, o próximo domingo reserva Negra Li, às 16h: "Uso a licença poética para lembrar da diva negra Ella Fitzgerald, lembrando as grandes cantoras de jazz, incríveis como Negra Li", avalia Carvalho.


O Globo domingo, 31 de maio de 2020

BANDA AS BAHIA E A COZINHA MINEIRA LANÇA ÁLBUM PRODUZIDO NA QUARENTENA

 

Banda 'As bahias e a cozinha mineira' lança álbum inteiramente produzido na quarentena

Grupo formado por duas mulheres trans e um homem  prepara EP visual com Gringo Cardia
 
As Bahias e a Cozinha Mineira - Raquel Virgínia, Rafael Acerbi e Assucena Assucena Foto: Sher Santos
As Bahias e a Cozinha Mineira - Raquel Virgínia, Rafael Acerbi e Assucena Assucena Foto: Sher Santos
 
 

Raquel Virgínia queria ser cantora de axé. Assucena Assucena começou a cantar no coral do cursinho de inglês. Rafael Acerbi tocava em bandas de rock. Os três marcaram a opção “História” no vestibular da USP, quando chegou a hora de escolher uma faculdade. Estudaram juntos, foram jubilados juntos e criaram juntos uma das bandas de maior projeção no circuito musical alternativo brasileiro: As Bahias e a Cozinha Mineira. Nem mesmo a quarentena imposta pela pandemia do novo coronavírus nos últimos meses impediu o trio de produzir coletivamente. Embora cada integrante more num endereço diferente de São Paulo, o grupo acaba de lançar um EP de cinco músicas, produzido remotamente ao longo de 15 dias.

 
 
“Enquanto estamos distantes”, cujas músicas serão mostradas numa live às 17h deste domingo no Instagram da Revista ELA (@elaoglobo), foi concebido sob a premissa da sutileza, com a intenção de levar um alento à vida das pessoas num momento tão inconstante como este. “É um repertório sobre delicadeza. Você liga a TV e vê muita tragédia e violência. Precisamos de mais carinho e arte. Tem dia que, se eu não botar uma Bethânia ou uma Alcione para tocar, não dou conta do isolamento”, comenta Raquel, ao passo que Assucena completa: “As músicas trazem uma reflexão sobre pequenas coisas do cotidiano das quais estamos afastados. Não podemos encontrar um crush, um amigo...”

O single “Éramos chuva” traduz bem esse espírito. No clipe, vê-se nomes como Taís Araujo, Lea T. e Thelma Assis mostrando seus cotidianos enquanto leem livros, rodopiam pela sala ou fazem ioga. Numa das cenas mais simbólicas, a escritora Djamila Ribeiro sente a chuva cair sobre o seu rosto através da janela de casa. Tudo gravado por cada participante.Mais sintonizada com o rock até então, a banda chega aos ouvidos do público numa roupagem pop, costurada com guitarra, violão, teclado e samples de Rafael. Ele assina a produção e fez todos os arranjos sozinho, no estúdio montado em sua casa. “Esse trabalho acessa um lugar inédito para nós, que é o da reinvenção”, resume o músico, enquanto Raquel ilustra como foram os bastidores: “Cheguei a ensaiar dentro do banheiro por causa da acústica”.

 

Sucesso em festivais no Brasil inteiro e fazendo shows que sacolejam casas como o Circo Voador, o trio formado por duas mulheres trans nos vocais e um homem cis na guitarra terminou o ano que passou com uma indicação ao Grammy Latino e se prepara para ganhar um público cada vez maior. Além do EP, o quarto disco de estúdio, “Só as criaturas que nunca escreveram cartas de amor é que são ridículas”, já está gravado, mas teve o lançamento adiado por tempo indeterminado em função da pandemia.

Planejado na forma de um álbum visual, o disco mergulha em águas mais profundas do universo pop e leva a assinatura estética de Gringo Cardia, acostumado a trabalhar com nomes como Ivete Sangalo e Maria Bethânia. Os clipes seriam gravados em março, mas foram suspensos diante da impossibilidade de se reunir uma equipe de filmagem neste período. “Vamos fazer uma coisa visualmente transgressora. Em cada música, as Bahias vão aparecer com um visual específico, mostrando como há um ecletismo ali”, adianta Gringo.

Este será o segundo trabalho do grupo pela gravadora Universal, e a produção musical ficou a cargo de Daniel Ganjaman, outro nome quente do cenário artístico. Já o título traz uma citação ao poema “Todas as cartas de amor são ridículas”, de Álvaro de Campos, um dos heterônimos de Fernando Pessoa. “É uma forma de nos posicionarmos frente ao que chamamos de romantismo. Sempre apresentamos uma diversidade temática, que vai dos problemas sociais do Brasil a um cotidiano banal. No meio disso, existe esse romantismo, algo muito latino e brasileiro, que nos faz querer conversar mais com as massas. As músicas que havíamos lançado dentro desse perfil em trabalhos anteriores já são as que as pessoas mais cantam nos shows”, descreve Assucena, prometendo, ainda, faixas dançantes. “O amor também dança. Dançar junto é uma delícia...”

 

Fã de Ivete, a paulistana sonhava, na adolescência, em fazer carreira em cima do trio elétrico. Pediu tanto à mãe, que conseguiu se mudar para a capital baiana aos 17 anos. O projeto, porém, não aconteceu como fora sonhado, mas a vivência por lá serviu para que os laços com a sua negritude fossem estreitados e lhe rendessem uma baianidade suficiente para justificar o nome da banda. Ela e Assucena, que é nascida em Vitória da Conquista, ganharam o apelido de “Bahia” na faculdade.

A trinca fechada com a cozinha mineira de Rafael já rendeu seus “quebra-paus”, como admitem os três sem qualquer ressentimento. “A nossa união acaba produzindo contradições o tempo inteiro. Antes, quando não tínhamos muita experiência nesse mundo artístico, era difícil de lidar. Mas, hoje em dia, conseguimos ser mais francos e resolver as coisas na hora”, afirma o guitarrista.

 

O Globo sábado, 30 de maio de 2020

IDEIAS DE SOPA PARA DIAS QUE NÃO SÃO SOPA

 

Ideias de sopa para dias que não são sopa

Tem dias que não são sopa. Temos vivido uns tantos nos últimos tempos. Um prato de sopa não resolve, mas quem sabe ajuda. Talvez lembre dias em que, quando não estávamos bem, alguém cuidava de nós. E trazia, com um prato fumegante, a sensação de que o problema se resolveria.

 A cada colherada, junto com o calor, vinha uma pitada de conforto. A segurança de que ali estava alguém que sabia o que estava fazendo. Pelo menos sabia fazer uma sopa que nos esquentava por dentro de um jeito tão bom.

E, ei, pode ser que chegue um tempo, pode ser que seja hoje, em que seremos capazes de nos cuidar com nosso próprio prato de sopa. Talvez capazes até de cuidar de mais alguém.

Aqui, não vou dar receita exata, só ideias do que eu tenho feito em casa. Varie ingredientes à vontade. Porque cada um sabe o que tem em na geladeira e o que momento pede. E porque já existem tantas coisas complicadas na vida, não vamos complicar a sopa. 

Cuide-se.

Se quiser mais conversa sobre comida, siga @ocadernodereceitas.

Sopa de nabo e barriga de porco

 

Sopa de barriga de porco e nabo

 

 
Corte a barriga de porco (pancetta) em cubos e doure-os em uma panela (não precisa adicionar gordura, a barriga já tem). Depois refogue cebola, alho e nabo. Jogue um pouco de saquê ou vinho branco e deixe evaporar. Junte caldo de frango ou carne (caseiro é superfácil), missô (pasta de soja japonesa), um tico de extrato de tomate, sal. Cozinhe até os ingredientes amaciarem. Junte folhas e talos de couve-flor (ou outra hortaliça) e, se quiser, um pouco de macarrão. Espere o tempo de cozimento da massa e dos talos. Acerte o sal. No fim, salpique cebolinha.

Minestrone

 

Minestrone

 


Essa sopa italiana é daquelas boas de aproveitar sobras. Aqui ela começou com cebola e alho refogados no azeite, ganhou caldo de carne caseiro (feito de sobras de verduras e legumes e ossos congelados), feijão cozido (também sobra), cenoura, beterraba, macarrão e folhas de couve-flor (poderia ser qualquer outra), sal e pimenta-do-reino.

Canja de lombo

 

Canja de lombo

  


Pode usar lombo de porco e chamar de canja? Não sei. Se preferir, chame de sopa de porco com arroz. Ou faça com frango. Eu fiz de porco porque era o que tinha no dia. O caldo, caseiro (vide receitas acima), levava pé de galinha. Então esta é uma sopa de frango e porco.
Refogue cebola e alho, doure o lombo em cubos, junte bastante caldo, cenoura, abobrinha, arroz. Tempere com orégano fresco, semente de cominho, semente de coentro, cúrcuma, páprica, pimenta-do-reino, pimenta calabresa, sal. Cozinhe até tudo ficar macio e saboroso.

Sopa de feijão com presunto crocante

 

Sopa de feijão

 

 
Vamos botar água no feijão. E folhas, macarrão, cenoura, presunto e o que estiver dando sopa para virar sopa.
Bata feijão cozido e temperado (aquele que sobrou do almoço) com água ou caldo e cenoura crua. Em uma panela, toste cubos de presunto em um pouco de azeite; reserve. Na mesma panela, refogue cebola e alho, depois junte o feijão batido. Deixei ferver e, se estiver muito grosso, adicione água. Juntei alguma massa (usei pennette) e folhas picadas (usei folhas de nabo; poderia ser couve, folhas de brócolis, acelga…). Sirva com o presunto crocante, cebolinha picada, parmesão ralado e pimenta.


O Globo sexta, 29 de maio de 2020

CONHEÇA ALGUNS FAMOSOS CUJO CASAMENTO NÃO DEU CERTO

 

CONHEÇA ALGUNS FAMOSOS QUE O CASAMENTO NÃO DEU CERTO E ACABARAM SE DIVORCIANDO

A vida a dois nem sempre é fácil. Existem vários momentos felizes juntos, mas nem sempre isso é suficiente para que um casal viva feliz para sempre. Infelizmente, alguns casamentos chegam ao fim, mesmo quando todos estão torcendo para que o casal nunca se separe.
A seguir, vamos apresentar uma lista de celebridades que viveram seus momentos de casal com o até então amor de sua vida, mas que depois descobriram que estavam enganados. Saiba tudo sobre como foi o divórcio, o motivo, o que eles fizeram depois… Basta ler até o final e descobrir várias fofocas da vida desses famosos.

DÉBORA FALABELLA E MURILO BENÍCIO – DÉBORA JÁ ESTAVA EM OUTRA

 

Murilo Benício e Débora Falabella se separaram depois de 6 anos juntos. Os dois estavam juntos desde 2012, quando protagonizaram a novela “Avenida Brasil” e terminaram no início de 2019. Desde fevereiro do ano passado o casamento de Débora e Murilo já não estava bem e já corriam rumores de possível uma separação. Na época, a atriz negou os boatos e ainda ressaltou os projetos que possuía com seu marido. Porém, os boatos se tornaram reais e o relacionamento chegou ao fim. Depois foi revelado que o pivô da separação foi o ator Gustavo Vaz, com quem Débora está namorando atualmente.

LUCIANA GIMENEZ E MARCELO DE CARVALHO – TRAIÇÃO

 
 

A apresentadora Luciana Gimenez e o vice-presidente da RedeTV! Marcelo de Carvalho, anunciaram seu divórcio em 2018, após 12 anos de casado. Antes do anúncio oficial, o ex-casal mostrou vários indícios de que a vida entre os dois não estava indo bem: eles colocaram à venda o triplex em que moravam e, em uma entrevista dada por Luciana, ela comentou que “todo homem trai”. Atualmente, Marcelo está namorando Simone Abdelnur, que, coincidentemente, era amiga de Luciana.

 

ALEXANDRE BORGES E JULIA LEMMERTZ – VIROU AMIZADE

 
 

Alexandre Borges e Julia Lemmertz se conheceram em 1991 e se casaram dois anos depois, em 1993. Os dois inclusive chegaram a atuar juntos, na novela Guerra Sem Fim. Alexandre e Julia foram felizes em seu casamento por 22 anos, até se divorciarem em 2015. Após a separação, Julia comentou que o casal havia se separado pois o amor entre os dois havia se transformado em amizade, mas que Alexandre iria ser seu amor para o resto da vida.

 

CHRISTINE FERNANDES E FLORIANO PEIXOTO – ACABOU O AMOR

 
 

A notícia da separação entre Christiane Fernandes e Floriano Peixoto pegou muito fã de surpresa, pois o casal havia acabado de fazer uma viagem para a Europa pouco tempo antes de anunciarem o divórcio. Os dois se casaram em 2000 e se separaram em 2018, em um divórcio amigável. Christine e Floriano tiveram um filho juntos, o jovem Pedro Peixoto, que está atualmente com 16 anos e não parece ter sofrido muito com a separação, recebendo atenção de ambos.

 

SHEILA MELLO E FERNANDO SCHERER – ACABOU A PARCERIA

 
 

Sheila Mello e Fernando Scherer se conheceram em um Reality Show em que participaram juntos e começaram a namorar logo após o término do programa. Em 2013 os dois tiveram uma filha, chamada Brenda e parecia que tudo estava indo bem, mas depois de mais de 8 anos de casamento, a ex-dançarina e o ex-nadador decidiram se separar. O divórcio do casal foi anunciado pela loira do Tchan através de seu instagram. Na publicação, a loira disse que havia acabado a parceria entre os dois e que não responderia a nenhum comentario, pois o assunto era delicado.

WILLIAM BONNER E FÁTIMA BERNARDES – ACABOU O AMOR

 

O casal de jornalistas William Bonner  Fátima Bernardes formaram um dos casais mais conhecidos da televisão brasileira. Juntos por 26 anos e dividindo a apresentação do Jornal Nacional por muito tempo, os dois eram tidos como exemplo de casal perfeito. No entanto, isso tudo acabou em 2016, quando William e Fátima se divorciaram. Já haviam boatos de que o casamento dos dois estava em crise e eles acabaram achando melhor se separar. Os dois publicaram o mesmo texto no momento da separação “Em respeito aos amigos e fãs que conquistamos nos últimos 26 anos, decidimos comunicar que estamos nos separando. Continuamos amigos, admiradores do trabalho um do outro e pais orgulhosos de três jovens incríveis. É tudo o que temos a declarar sobre o assunto”


O Globo quinta, 28 de maio de 2020

DISNEY PLANEJA REABERTURA DO WALT DISNEY WORLD NO DIA 11 DE JULHO

 

Disney planeja reabertura de seu maior parque temático no dia 11 de julho

Plano prevê limite de visitantes e suspensão das tradicionais paradas para evitar aglomerações
 
 
O Magic Kingdom, no Walt Disney World, foi fechado por causa da pandemia de coronavírus Foto: Gregg Newton / REUTERS
O Magic Kingdom, no Walt Disney World, foi fechado por causa da pandemia de coronavírus
Foto: Gregg Newton / REUTERS

 

 
 

LOS ANGELES - A Walt Disney Company anunciou planos de reabertura do Walt Disney World, seu maior parque temático, a partir do dia 11 de julho, caso consiga aprovação do governo da Flórida.

A reabertura será em fases, informou Jim MacPhee, vice-presidente de operações da Walt Disney World Resort, braço de parques e hotéis da gigante do entretenimento. Em apresentação virtual nesta quarta-feira, MacPhee informou que o plano é reabrir o Magic Kingdom e o Animal Kingdom no dia 11, e o Epcot Center e o Hollywood Studios no dia 15.

O plano de reabertura possui uma série de restrições para minimizar os riscos de transmissão do novo coronavírus. As famosas paradas e queimas de fogos de artifício serão suspensas, assim como outras atividades que promovem aglomerações.

O parque irá “oferecer e encorajar” métodos de pagamento por aproximação, além de expandir seus sistemas de pedidos por smartphones nos restaurantes. O número de visitantes será limitado, com venda dos bilhetes antecipada. Placas com informações para reduzir os riscos serão instaladas.

As tradicionais paradas e queimas de fogos serão suspensas para evitar aglomerações Foto: Scott Audette / REUTERS
As tradicionais paradas e queimas de fogos serão suspensas para evitar aglomerações
Foto: Scott Audette / REUTERS

Após a apresentação de MacPhee, a força-tarefa criada para o combate à pandemia no Condado Orange aprovou o plano, que foi encaminhado para o governador da Flórida, Ron DeSantis, para aprovação final.

Um marco para a companhia

A reabertura do Walt Disney World é um marco não só para a Disney, como para governos e outras companhias que estão elaborando estratégias para a retomada dos negócios, mesmo com a ameaça do novo coronavírus ainda presente.

No ano passado, a companhia faturou US$ 26 bilhões em sua divisão de Parques, Experiências e Produtos, que inclui os parques temáticos, o que representou 37% das receitas totais. No primeiro trimestre deste ano, a companhia estimou em US$ 1 bilhão o prejuízo do segmento de parques temáticos.

 

Todos os 12 parques da Disney na América do Norte, Europa e Ásia foram fechados por causa da pandemia. O primeiro foi a Disneyland de Xangai, na China, que fechou as portas no dia 24 de janeiro e reabriu no último dia 11.

O diretor executivo da Disney, Robert Chapek, afirmou nesta quarta-feira, em entrevista à CNBC, que o parque na China recebe cerca de 20 mil visitantes diários desde a reabertura, com uso obrigatório de máscara, medição de temperatura e distanciamento social.

Uma porta-voz da companhia informou que o plano de reabertura da Disneyland, em Anaheim, na Califórnia, será apresentado em breve.

Os quatro parques do complexo Walt Disney World atraíram 157,3 milhões de visitantes em 2018, segundo a Themed Entertainment Association.


O Globo quarta, 27 de maio de 2020

FILME COM TOM CRUISE NO ESPAÇO

 

Filme de Tom Cruise no espaço em parceria com Nasa e Elon Musk ganha diretor

Doug Liman pretende acompanhar ator na expedição na Estação Espacial Internacional
 
Tom Cruise pode ser tornar o primeiro ator a gravar no espaço Foto: Divulgação
Tom Cruise pode ser tornar o primeiro ator a gravar no espaço Foto: Divulgação
 
Nesta quinta-feira, a SpaceX faz seu primeiro voo tripulado, levando dois astronautas da Nasa até a Estação Espacial Internacional. A cápsula Crew Dragon, da SpaceX, que transportará os astronautas Doug Hurley e Bob Behnken, e seu foguete Falcon 9 devem decolar às 17h33, no horário de Brasília, a partir da mesma plataforma de lançamento usada pela última missão de ônibus espacial da Nasa em 2011. A empreitada faz parte dos planos da Nasa de estimular o mercado espacial comercial.

O projeto da agência espacial com Tom Cruise foi confirmado no começo do mês pelo administrador da Nasa Jim Bridenstine, em uma mensagem no Twitter. Liman e Cruise já trabalharam juntos em "Feito na América" (2017) e "No limite do amanhã" (2014).


O Globo terça, 26 de maio de 2020

LIVES DESTA TERÇA-FEIRA: MUNHOZ E MARIANO E CARLINHOS VERGUEIRO SÃO OS DESTAQUES

 

Lives do dia: Munhoz e Mariano e Carlinhos Vergueiro são os destaques desta terça-feira

Confira agenda do dia e onde assistir às apresentações virtuais ao vivo
 
Carlinhos Vergueiro apresenta músicas novas em primeira mão em live nesta terça Foto: Marcos Ramos
Carlinhos Vergueiro apresenta músicas novas em primeira mão em live nesta terça Foto: Marcos Ramos
 
 

Duas atrações internacionais são destaques entre as lives desta terça-feira: a banda de rock alternativo Tigers Jaw e cantora californiana Phoebe Bridgers. Além disso, o cantor e compositor Carlinhos Vergueiro apresenta músicas de seu novo disco "Tô aí", e a atriz Maria Fernanda Cândido participa de bate-papo em transmissão do Canal Brasil. Confira a programação:

 
 
 

As lives desta terça-feira (26):

Maria Fernanda Cândido

Atriz Maria Fernanda Candido fala sobre a carreira com Simone Zuccolotto, do Canal Brasil Foto: Mariana Villas Boas / Divulgação
Atriz Maria Fernanda Candido fala sobre a carreira com Simone Zuccolotto, do Canal Brasil
Foto: Mariana Villas Boas / Divulgação

A atriz fala sobre sua carreira, relembrando trabalhos na televisão e no cinema, em bate-papo com Simone Zuccolotto . Às 18h, no Instagram (@canalbrasil).

Carlinhos Vergueiro

Pela programação do festival Cultura em Casa, o cantor e compositor apresenta em primeira mão músicas de seu novo álbum “Tô aí”, e também vai falar sobre trabalho, carreira e a rotina no isolamento. Às 21h30, no site do projeto (culturaemcasa.com.br).

Munhoz e Mariano

Dupla sertaneja Munhoz e Mariano canta "Camaro Amarelo" e outros sucessos da carreira Foto: Divulgação
Dupla sertaneja Munhoz e Mariano canta "Camaro Amarelo" e outros sucessos da carreira Foto: Divulgação

A dupla sertaneja pediu aos fãs para opinarem sobre o repertório: “Copo na mão” e “Balada louca”, “Seu bombeiro” e “Camaro amarelo” estarão no setlist. Às 20h, no YouTube (/munhozemariano).

Tigers Jaw

Banda de rock alternativo faz show intimista no Instagram Foto: Divulgação
Banda de rock alternativo faz show intimista no Instagram Foto: Divulgação

A banda de rock alternativo transmite show intimista com músicas desde o seu primeiro álbum “Belongs to dead” (2016), até trabalhos mais recentes. Às 21h30, no Instagram (@tigersjaw).

Phoebe Bridgers

Em live promovida pela revista virtual Hooligan, a cantora californiana canta na cozinha da sua casa canções que embalaram sua recente mas já marcante trajetória no indie rock, como “Smoke signals”, “Motion sickness” e "Killer”. Às 21h, no Instagram (@hooliganmagazine).


O Globo segunda, 25 de maio de 2020

STEPHEN KING LISTA SEUS CINCO FILMES IMPERDÍVEIS DE TERROR

 

Stephen King lista seus cinco filmes imperdíveis de terror

Mestre dos livros do gênero criou ranking a pedido da Academia do Oscar. Vai encarar?
 
 
Cena de "A bruxa de Blair": na lista de preferidos de Stephen King Foto: Reprodução
Cena de "A bruxa de Blair": na lista de preferidos de Stephen King Foto: Reprodução

SÃO PAULO - Enquanto alguns fogem de qualquer tema pesado durante a quarentena, até mesmo na ficção, outros gostam de se recolher no sofá para ver histórias cheias de espíritos, demônios, bruxas, alienígenas, zumbis. Para esses, o mestre do terror Stephen King montou uma lista de filmes essenciais. O escritor norte-americano elencou cinco títulos que considera imperdíveis a pedido da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, entidade que organiza o Oscar, começando por “A bruxa de Blair”. O filme de 1999 é o mais recente da seleção, que privilegia obras dos anos 70 e foge das refilmagens.

 
Apesar da predileção pelos sustos — ele é, afinal, autor de livros clássicos do gênero que serviram de base para outros sucessos nas telas, como “O iluminado”, “Carrie, a estranha” e “It: a coisa” —, recentemente King dividiu com seus 5,8 milhões de seguidores no Twitter a saudade que sente de ir ao cinema para ver… ação e comédia. “Deus, como eu gostaria de assistir a um filme nesta noite. Pipoca, balas de menta, um refrigerante grande, sentado na terceira fileira para ver algum filme de ação ou uma comédia besta. Eu adoraria isso”, escreveu ele no começo de maio.

Seja com clima leve, seja embalado pelo mistério (olhando atrás do sofá a cada som suspeito no filme de horror), enquanto não há chance de voltar aos cinemas, o jeito é procurar opções para a diversão em casa. Conheça a seguir as escolhas de Stephen King e o comentário feito por ele sobre cada uma em entrevista à equipe do site do Oscar.

“A bruxa de Blair” (1999)

Segundo King, o longa que simula um documentário, escrito e dirigido por Daniel Myrick e Eduardo Sánchez, “assustou as luzes do dia que vivem em mim, acho que por ser tão pouco polido”. A história, que acompanha três estudantes de cinema gravando uma investigação sobre uma lenda, tem aparência de produção caseira, com a câmera na mão, transmitindo o nervosismo da trama. “E nada supera a tomada final”, avisa o escritor. No Brasil, está disponível para assinantes do Amazon Prime e para aluguel nas plataformas Microsoft, Google Play, Looke e iTunes.

 

“Alien, o oitavo passageiro” (1979)

O filme dirigido por Ridley Scott é outro destaque para Stephen King. “Eu amei a ética de classe trabalhadora dos caras da nave (incluindo Ripley), e todas as correntes balançando. Mas, claro, nesse caso, tudo que importa é a cena do ‘peito estourando’. Até então nunca tínhamos visto nada como aquilo”, recorda. O filme pode ser alugado via Microsoft, Google Play e iTunes.

“O exorcista” (1973)

O mais clássico filme de possessão, dirigido por William Friedkin e escrito por William Peter Blatty, com base em livro homônimo de sua autoria, não poderia faltar. “Assustador desde o começo, quando, no prólogo, o relógio para repentinamente. É muito claustrofóbico para um filme de estúdio, e todas as vezes que voltamos àquele quarto de Regan (menina de 12 anos que adquire poderes sobrenaturais), tememos cada vez mais o que vamos encontrar. Mas, para mim, são os detalhes aterrorizantes que sustentam o filme. Quem esqueceria de ‘Ajuda um velho coroinha, padre?’”, destaca King.  Está disponível para aluguel no acervo do iTunes e do Looke.

“Despertar dos mortos” (1978)

O longa de George A. Romero, que teve uma carreira sólida na direção de histórias de zumbis, também constrói sua tensão em um ambiente confinado, lembra Stephen King. “Parabéns a Tom Savini (artista responsável pela maquiagem do filme), que sonhou com os efeitos especiais, sem CGI (efeitos de computação gráfica, na sigla em inglês). E, novamente, há a constante claustrofobia do grupo cada vez menor de sobreviventes presos em um shopping center”. Essa e a próxima escolha de Stephen King revelam uma lacuna dos serviços de streaming no Brasil: a dificuldade de se encontrar filmes clássicos. Nenhum dos dois está disponível no país.

“Os filhos do medo” (1979)

Antes de deixar o mundo abismado com “A mosca” (1986), “Gêmeos: mórbida semelhança” (1988) e “Crash: estranhos prazeres” (1996), David Cronenberg fez “Os filhos do medo”, que, para King, é seu primeiro grande trabalho. O escritor elogia ainda a performance de Samantha Eggar e Oliver Reed (“parece à beira de explodir”), que interpretam os “pais do inferno”, mas são “as crianças que se revelam infernais”.


O Globo domingo, 24 de maio de 2020

PRÍNCIPE HARRY FOI QUEM TOMOU A DECISÃO DE DEIXAR A FAMÍLIA REAL, DIA BIOGRAFIA

 

Príncipe Harry foi quem tomou a decisão de deixar a família real, diz biografia

Ele teria ficado aborrecido com o termo 'Megxit' por dar a entender que a resolução partiu de Meghan; livro será lançado em agosto
 
 
Príncipe Harry e Meghan Foto: DANIEL LEAL-OLIVAS/AFP
Príncipe Harry e Meghan Foto: DANIEL LEAL-OLIVAS/AFP
 
 

A decisão de deixar a família real veio do príncipe Harry e não de Meghan Markle, revelará a nova biografia do casal, "Finding Freedom". E mais: ele teria ficado aborrecido com o termo 'Megxit' por dar a a entender que a resolução partiu apenas de Meghan, disse uma fonte ao "The Sun".

 

Uma fonte editorial também afirmou: "A realidade é que Harry conduziu a decisão (de sair). O livro vai deixar isso claro e explicar os motivos que o levaram a dar esse passo. Ele considerava essa decisão há mais de um ano".A publicação, que promete "um retrato honesto do casal" será lançado no dia 11 de agosto.

Atualmente, o príncipe Harry e Meghan estão isolados na mansão do ator Tyler Perry, em Hollywood, com o pequeno Archie.


O Globo sábado, 23 de maio de 2020

COMO COMBATER O RACISMO NAS ESCOLAS BRASILEIRAS?

 

Como combater o racismo nas escolas brasileiras? Educadores e familiares dizem o que deve ser feito

Especialistas afirmam que punição aos alunos, contratação de professores negros e mudança no currículo de História devem ser levados em consideração. Pai da menina Fatou, que é educador, resume: 'O Brasil está vivendo apartheid, mas não tem consciência disso'
 
A estudante Fatou Ndiaye, de 15 anos, vítima de crime de racismo no colégi oFranco Brasileiro, no Rio de Janeiro Foto: Arquivo Pessoal
A estudante Fatou Ndiaye, de 15 anos, vítima de crime de racismo no colégio Franco Brasileiro, no Rio de Janeiro
Foto: Arquivo Pessoal

Esta semana, um caso de racismo em uma escola particular da Zona Sul do Rio reacendeu a discussão sobre o tema no meio escolar. A adolescente Fatou Ndiaye, de 15 anos, recebeu prints de um amigo com comentários racistas em um grupo de WhatsApp de jovens de sua escola, como revelou o colunista Ancelmo Gois. O conteúdo logo caiu nas redes sociais. Chocados, os pais da menina não deixaram que ela assistisse mais às aulas online. A escola emitiu uma nota de repúdio nas redes sociais, mas afirmou na tarde desta sexta-feira (22) que, por se tratar de um fato ocorrido fora, encaminhou o caso ao Conselho Tutelar e está à disposição das autoridades. Cinco adolescentes foram identificados pela polícia como suspeitos pelos ataques racistas. Segundo Juliana Almeida, delegada titular da 9ª DP (Catete), que investiga o caso, o ato cometido pelos jovens se enquadra no caso de auto de infração, que se equipara ao delito de injúria por preconceito. Eles e um representante da escola serão ouvidos pela polícia.

 Mas o Franco-Brasileiro, onde estudam os adolescentes em questão, não é a única instituição de ensino da rede particular com casos de racismo em que a família da vítima se sente desamparada. Em menor número nesses ambientes, por causa da desigualdade social brasileira, alunos negros frequentemente se tornam alvo de discriminação racial em colégios privados.

O pai da menina, o senegalês Mamour Sop Ndiaye, professor e chefe do departamento de Engenharia Elétrica do CEFET/RJ, decidiu que ela e a irmã de 8 anos, que também estuda no Franco Brasileiro, não iriam assistir às aulas, que continuam acontecendo à distância, enquanto a escola não tomasse alguma atitude para proteger Fatou. Na quarta-feira (20), ele teve uma reunião com a superintendência e a direção pedagógica do colégio, e foi informado que a instituição levou o caso ao Conselho Tutelar. Na última quinta-feira (21), ele e a menina passaram quatro horas na 9ª DP (Catete), onde fizeram registro de ocorrência, prestando depoimento. Agora, ele e a mulher decidiram tirá-la da instituição.

— A Fatou vai sair da escola. Imagina: você vai ficar num lugar em que seu colega quer te vender no Mercado Livre? — argumenta. — A minha luta contra o colégio e contra esses rapazes vai ser implacável. Até então, eu tinha preocupação com a imagem da escola. Não sou de cuspir no prato onde comi: ela tem história e amigos no colégio, sim. Mas, ao mesmo tempo, nós vamos lutar. Qualquer um que nasceu para ser racista vai preferir voltar para o útero de onde veio. Vamos usar todos os meios, nacionais e internacionais. Sem violência, mas os racistas serão desmascarados. Eu, como educador, tenho responsabilidade junto aos meus irmãos brasileiros para lutarmos para acabar com o racismo.

 

A escola não atendeu ao pedido de entrevista da reportagem de CELINA e enviou uma nota, a mesma publicada nas redes sociais (veja ao fim da reportagem). Durante conferência online na quinta-feira, um vídeo ao qual a reportagem teve acesso, a diretora do Franco Brasileiro, Celuta Reissmann, falou a alunos do ensino fundamental sobre o episódio, mas não mencionou a questão do racismo: “A gente está aqui numa missão um pouco triste, né? Porque é uma coisa que nós estamos muito, muito abalados, é uma coisa da rede social, fora da escola, e que agrediram nossos alunos, então nós estamos tomando as atitudes, estamos com advogados, mesmo não tendo sido dentro da escola. O que eu queria dizer para vocês, meninos, é que vocês têm que ter cuidado com as redes sociais. Vocês vão crescendo, vão se acostumando com as redes sociais, escrevem o que não devem escrever. Porque, se vocês ofendem nas redes sociais, isso é crime. É crime digital. Então vocês não podem, vocês têm que ter cuidado. Às vezes é uma brincadeira boba, às vezes é pela influência dos outros colegas, mas a gente tem que ter muito cuidado. E isso que eles fizeram foi muito feio, foi muito, assim, ruim para eles, para as meninas, que estão sofrendo muito, e para nós, que somos da escola, que nos envolvemos muito com o trabalho com vocês. Então tenham cuidado, e aí a gente realmente não pode, por mais que a gente goste dos alunos, neste momento a gente não pode abrir mão de estar junto com a justiça, tá? Obrigada.”

 

Caso Edem:racismo em escola privada no Rio leva a discussão sobre necessidade de contratar mais professores negros

No ano passado, os pais de uma aluna do segundo ano do ensino fundamental da Escola Dinâmica de Ensino Moderno (Edem), então com 7 anos, resolveram tirar a filha  — e sua irmã mais velha — do colégio depois de ela ter sofrido repetidas agressões racistas, inclusive físicas. Na época, eles divulgaram uma carta, que foi publicada na coluna de Ancelmo Gois, em que diziam, entre outras coisas: “Depois de tudo isso, nós não acreditamos mais na capacidade de vocês de colaborarem na formação da nossa menina. Por isso estamos tirando a nossa filha dessa escola.” Procurados pela reportagem, eles disseram não querer recordar o episódio traumático, assim como outras famílias de vítimas de racismo em escolas particulares que CELINA tentou entrevistar.

A profissional liberal Lia*, que topou conversar sob anonimato, viu sua filha, Juliana*, sofrer racismo ainda pequena em uma história que ganhou bastante publicidade. Depois de se ver sozinha, sem apoio de ninguém, acabou trocando a menina de colégio.Em duas outras instituições, a criança foi vítima de discriminação racial. Na terceira ocasião, ao ver que, mais uma vez, a instituição não sabia lidar com a questão, ela decidiu não comprar mais briga.

 

— Ficaram falando em apaziguamento, sendo que não era uma briga: foi uma agressão, houve uma vítima. Conversei com ela: “Minha filha, isso tudo é uma avalanche de racismo. Tem racismo aqui, aqui e aqui.” E a gente foi se curando em casa — conta. — Não acredito mais no sistema. No centro da proposta da escola, está o ensinar. Não dá para dizer que ela quer, mas não sabe como: se uma escola não sabe como ensinar, eu não sei quem eu posso esperar que saiba. Se eles não sabem, é porque eles não quiseram aprender. Professores que lecionam há décadas se habituaram a usar o meio online, mas não se habituaram a lidar com o racismo. O racismo tem 500 anos neste país. O meio online tem dez — aponta ela.

Entrevista:'Não basta fazer feiras com temática negra se a escola não contrata mais professoras negras', diz pesquisadora

Mestre em Relações Étnico-Raciais pelo Cefet-RJ com especialização em Educação e Relações Étnico-Raciais pela Universidade Federal Fluminense, a pedagoga Viviane Angelo resolveu se aprofundar no tema há nove anos, depois de um episódio de racismo vivido por seu filho, na época com 5 anos, na escola particular em que ele estudava. A falta de habilidade do colégio para lidar com a situação fez com que ela própria buscasse se aprofundar em estudos na área. Viviane frisa que, em primeiro lugar, a História do Brasil precisa ser recontada.

 

— Sem mexer nessas feridas, fica muito difícil avançar nessa discussão. Porque nós conquistamos uma legislação que modificasse a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), que foi a Lei 10.639, inserindo a temática do negro no Brasil e a História da África. Ela é de 2003, e até hoje a gente vê uma dificuldade na institucionalização dessa lei. E essa dificuldade tem arcabouço cultural, porque a gente não tem essa perspectiva de leitura da História racial do país no nosso currículo formal. Eu me formei em Pedagogia e não tive, em momento algum, disciplina ou leitura de textos, nada que me preparasse para essa temática na educação. Num primeiro momento, a gente precisa conversar sobre currículo: ele precisa ser modificado para, desde as formações de professores, fazer essa reeducação das relações étnico-raciais. A formação continuada é a grande chave — defende.

A professora Patricia Corsino, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, cita o texto “Educação após Auschwitz”, de Theodor Adorno:

— Ele fala que não pode ser uma educação só de acúmulo de conhecimento. Ela tem que sensibilizar para o outro também — observa. — Não conheço a escola, nem sei como são os pais desses alunos, então fica difícil dizer. Mas a gente tem um racismo estrutural na nossa sociedade, e ele vai ficando mais exacerbado nas elites. Você ainda tem aí, especialmente em alguns grupos sociais, esse lugar de classe dominante que vai além do preconceito. O que aconteceu com essa menina agora foi racismo mesmo, porque é você considerar o outro inferior, inclusive as palavras foram muito horríveis, desumanizando a pessoa.

 

Mensagem:'Vocês vão compreender a minha dor', escreve mãe da menina Fatou

Fatou garante que participou de várias discussões sobre racismo no colégio:

— Os professores sempre levaram esse debate para a sala de aula. Inclusive, sempre me deram destaque. Eu tive uma professora que me cedeu tempo de aula para eu fazer uma apresentação sobre História da África, por exemplo — recorda.

Ela comemora o apoio que tem recebido nas redes sociais (com a exposição do caso, pulou de 600 seguidores no Twitter para 22 mil) e dos outros alunos. Porém, conta que é a segunda vez que passa por uma situação grave de racismo por parte de colegas de turma:

— Uma vez, numa aula de francês, eu estava rindo de alguma coisa e um aluno desse mesmo grupo que falou essas atrocidades chegou e disse: “Volta para a África, para o seu ebola.” Foi em 2016, na época do surto da doença. A professora ouviu, testemunhou ao meu favor, mas o colégio não tomou nenhuma posição — lembra ela. — Agora, os agressores estão assistindo aula normalmente, sem nenhum empecilho. Já fui agredida durante a aula virtual. Eu me senti muito abandonada pela escola. No momento em que eu precisava desse apoio, não tive.

 

O Globo sexta, 22 de maio de 2020

TV PÓS-COVID: COMO NOVELAS E PROGRAMAS DE AUDITÓRIO SERÃO FEITOS DAQUI PARA FRENTE

 

TV pós-Covid: como novelas e programas de auditório serão feitos daqui para frente

Enquanto gravações não são retomadas, especialistas analisam os principais desafios da indústria televisiva no Brasil
 
Regina Casé e Taís Araújo gravam cena de 'Amor de mãe': novelas terão muitos desafios pela frente Foto: Divulgação TV Globo
Regina Casé e Taís Araújo gravam cena de 'Amor de mãe': novelas terão muitos desafios pela frente
Foto: Divulgação TV Globo

RIO — De frente para a televisão, o espectador brasileiro protagoniza uma história com final em aberto. Quando a pandemia passar, a mocinha poderá voltar a beijar o galã no horário nobre? Abraços calorosos e mesas de café da manhã com elenco extenso ao seu redor ainda estarão presentes nas tramas? Estes são alguns questionamentos diante do futuro da TV pós-Covid.

Na Austrália, por exemplo, as gravações de uma novela chamada “Neighbours” (“Vizinhos”, em português) foram retomadas mês passado com distanciamento social entre os atores e jogo de câmeras criando ilusão de maior proximidade. Mas será que a teledramaturgia do Brasil vai conseguir se adequar à aparente frieza que os novos tempos pedem?

Para o colunista Artur Xexéo, não há novela sem romance, beijo ou abraço. Mas, ao mesmo tempo, ele acredita que haverá um descompasso entre ficção e realidade, caso cenas de afeto sejam exibidas e o distanciamento permaneça como regra.

— Acho até que seja possível criar um ambiente tão seguro no estúdio que permita o abraço e o beijo. Mas de quem os autores estarão falando? — indaga o jornalista e roteirista. — Para manter credibilidade, os personagens teriam que respeitar esse distanciamento também. Novelas teriam que ter um assunto único: a pandemia. Ou a televisão vai produzir exclusivamente tramas de época, passadas num tempo em que o mundo vivia o “velho normal”. É difícil resolver esta equação.

Uma matemática criativa que cruza o caminho dos sets de gravação. Emissoras estão elaborando protocolos de segurança que incluem prerrogativas básicas, como menos profissionais dividindo estúdio de gravação e testes diários de detecção do novo coronavírus em membros das equipes. Uma profilaxia necessária, mas que pode afetar o ritmo da indústria televisiva.

 

Produtora de programas como o “220 volts”, do Multishow, e da série “Matches”, do Warner Channel, Iafa Britz acredita que a consolidação dessa nova política de convivência nos sets é a chave para a retomada de novos projetos.

— Vai haver um impacto no orçamento e na produtividade, com equipes mais enxutas e ritmo mais lento. Ainda é difícil prever se tais condições serão capazes de atender as demandas, ou se haverá uma queda inevitável no número de lançamentos — diz Iafa.

No escurinho do cinemapós-pandemia promete poltronas espaçadas e trégua com o streaming

A colunista de TV Patrícia Kogut atenta para um aspecto que passa ao largo de qualquer determinação protocolar sobre distanciamento em sets:

— Se não houver vacina, todos terão de se curvar aos fatos. A ficção vai ter que achar meios de driblar a impossibilidade dos beijos e abraços. Vão ter que achar recursos para adaptar tudo. Em 1918, os estúdios de cinema de Hollywood pararam por um ano depois da gripe espanhola. Depois, a vida voltou ao normal.

Para além da teledramaturgia, há outro nicho televisivo que está deitado num divã de incertezas: o dos programas de auditório, que dependem de plateia, portanto, de aglomeração. Aplicativos de videochamada vêm sendo tábua de salvação para entrevistadores, mas ainda não parece ser a solução definitiva. 

Se o futuro é incerto, o presente traz mais força à TV. Segundo a Kantar IBOPE Media, em abril, houve aumento de 1h18m no tempo médio de consumo individual diário, em comparação com o mesmo mês de 2019. Para se ter uma ideia, entre os 50 dias de maior audiência de TV no Brasil dos últimos cinco anos, 38 deles foram na quarentena.

Para valorizar este momento de alto consumo, os canais vêm buscando alternativas. Em abril, a Globo retornou com o matinal “Encontro com Fátima Bernardes”, depois de um mês fora do ar. Mas sem plateia, com equipe reduzida e participação de Ana Maria Braga, em inserções gravadas diretamente de casa. Segunda-feira passada, começou uma nova temporada do “Conversa com Bial”, com entrevistas realizadas por videoconferência e convidados como Glória Maria e Anitta.

Na TV a cabo também houve um movimento de reformatação. Mês passado, o Multishow apostou na estreia do “Vai passar!”, que reúne humoristas como Rodrigo Sant’Anna e Leandro Hassum em esquetes gravados remotamente. Em junho, o canal lança duas novas temporadas de atrações que já estavam prontas antes da quarentena, “Os Roni” e “Xilindró”.

No GNT, algumas das principais atrações vêm sendo exibidas remotamente, como o “Que quarentena é essa, Porchat?” e o “Além da conta #Confinados”, apresentados respectivamente por Fábio Porchat e Ingrid Guimarães, de suas casas. Já o Studio Universal exibe, em junho, a segunda temporada de “Unidade básica”, série com Caco Ciocler e Ana Petta, que aborda os dramas do sistema público de saúde no Brasil e foi gravada antes da pandemia.


O Globo quinta, 21 de maio de 2020

FABIO PORCHAT RELATA PERDA DE 16 KG EM TRÊS MESES

 

Fabio Porchat relata perda de 16 kg em três meses: 'Estava com 108'

THAYNÁ RODRIGUES

 
 
 
 
À direita, Fabio Porchat no programa 'Mais você' em janeiro; à esquerda, em live da quarentena (Foto: Reprodução)
À direita, Fabio Porchat no programa 'Mais você' em janeiro; à esquerda, em live da quarentena
(Foto: Reprodução)

 

Fabio Porchat revelou numa live em seu Instagram que, após superar o peso de cem quilos, decidiu voltar a praticar exercícios e já perdeu 16 kg. O apresentador do "Que história é essa, Porchat?", do GNT, contou que começou a perder peso em fevereiro:

- Em janeiro, eu cheguei a pesar 108kg. No fim de janeiro deste ano! Agora estou com 92kg. O ideal para mim seria estar com 86kg. Aí eu estaria gordinho, mas feliz.  

Porchat, que já participou do quadro "Medida certa", do "Fantástico" e na ocasião emagreceu 10kg, relatou na transmissão feita eu seu Instagram nesta quarentena que se sente incomodado ao ver, por exemplo, a região abaixo do queixo mais protuberante.

- Isso aqui me incomoda (aponta para a papada). Barba é maravilhoso (para disfarçar) - conta o apresentador, que tem feito exercícios aeróbicos em sua casa durante o período de isolamento social.

Fabio Porchat em suas férias, quando já pesava 104 kg (Foto: Reprodução)
Fabio Porchat em suas férias, quando já pesava 104 kg (Foto: Reprodução)

 


O Globo quarta, 20 de maio de 2020

REGINA DUARTE DEIXA SECRETARIA DA CULTURA E ASSUMIRÁ A CINEMATECA EM SÃO PAULO

 

Regina Duarte deixa Secretaria da Cultura e assumirá Cinemateca em SP

Anúncio foi feito em vídeo em rede social; atriz assumiu a secretaria há dois meses e meio
 
 
 

BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta quarta-feira que a secretária especial da Cultura, Regina Duarte, deixará o cargo e assumirá, "em alguns dias", a Cinemateca em São Paulo, classificada por ela como "um presente". O anúncio foi feito na sua página do Facebook, acompanhado de um vídeo ao lado da atriz, que assumiu a secretaria há dois meses e meio.

 
"Regina Duarte relatou que sente falta de sua família, mas para que ela possa continuar contribuindo com o Governo e a Cultura Brasileira assumirá, em alguns dias, a Cinemateca em SP. Nos próximos dias, durante a transição, será mostrado o trabalho já realizado nos últimos 60 dias", escreveu Bolsonaro.

O nome de quem vai substitui-la na Secretaria da Cultura não foi divulgado pelo presidente, mas o também ator Mario Frias, que almoçou na sexta-feira com Bolsonaro no Palácio do Planalto, é cotado para assumir o cargo.

Na gravação, feita diante do Palácio da Alvorada na manhã desta quarta, Regina começa brincando que foi à residência oficial perguntar ao presidente se ele estava lhe "fritando". Ela foi ao local acompanhada da deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), sua amiga.

- Porque eu tô lendo isso numa imprensa, que eu não acredito mais, mas de qualquer forma queria que ele me dissesse pessoalmente: tá me fritando, presidente? - questionou a atriz, sorrindo.

- Regina, toda semana, tem um ou dois ministros que, segundo a mídia, estão sendo fritados. O objetivo é sempre desestabilizar a gente e tentar jogar o governo no chão. Não vão conseguir. Jamais eu ia fritar você - respondeu o presidente, também dando risada.

 

A atriz disse em seguida que acabara de ganhar um "presente", que "é um sonho de qualquer pessoa de comunicação, de audiovisual, de cinema, de teatro":

- Um convite pra fazer cinemateca, que é um braço da Cultura, que funciona lá em São Paulo, e é um museu de toda a filmografia brasileira. Ficar ali secretariando o governo, dentro da Cultura, na Cinemateca. Pode ter um presente melhor que esse? Obrigada, presidente!

Bolsonaro então diz achar que Regina quer ajudar o Brasil e que o que ele mais quer o bem da secretária, por seu passado e por aquilo que ela representa para "todos nós".

Nesse momento, o vídeo é editado e o presidente aparece dizendo que a ida da atriz para a Cinemateca, do lado do seu apartamento, na capital paulista, vai fazê-la produzir muito mais, o que lhe deixa "muito feliz", mas ao mesmo tempo "chateado", pelo afastamento do seu convívio em Brasília.

- Mas presidente, a família está querendo a minha proximidade, eu estou sentindo muita falta dos meus netos, dos meus filhos, da minha família, que é uma coisa à qual eu sempre fui muito ligada. Então é um presente duplo: é a Cinemateca e é também eu estar próxima da minha família, que é uma coisa que eu estou desejando muito, estou sentindo muita falta - declarou a secretária.

 

Bolsonaro encerra a conversa cobrando dela o compromisso de estar ao seu lado todas as vezes que ele for a São Paulo, sendo abraçado pela atriz.


O Globo terça, 19 de maio de 2020

TRITURANDO, DO SBT, DEBOCHA DE GRADES FIGURAS DA CULTURA NACIONAL

 

'Triturando', do SBT, debocha de grandes figuras da cultura nacional

PATRÍCIA KOGUT

 
 
 
 
 
Cena do 'Triturando', do SBT (Foto: Reprodução)
Cena do 'Triturando', do SBT (Foto: Reprodução)

 

“Triturando” é o título infeliz de um programa que o SBT lançou no último dia 8. A atração veio substituir o “Fofocalizando”. Nela, a apresentadora Chris Flores e um grupo de “debatedores” “tritura” alguém famoso. A conversa conta ainda com a “participação” de um robô, o “Fofobyte”. Pensando bem, fui injusta: não é só o título que é infeliz. É o conjunto da obra.

Dias depois de o vespertino ir ao ar pela primeira vez, recebi uma mensagem de uma amiga, a jornalista Luciana Medeiros. Ela estava em choque porque seu pai, o grande Carlos José, era o alvo do “triturador”. O músico fez sucesso com canções como “Esmeralda”, “Guarânia da saudade” e “Lembrança” e prestou inúmeros bons serviços à cultura brasileira. Naquele momento, estava internado na UTI com Covid-19 (morreu dias depois). A família foi surpreendida com sua imagem na tela e um debate desrespeitoso (para dizer o mínimo) no palco. Assim tem sido diariamente. Na semana passada, foi a vez de Agostinho dos Santos. Cantor e compositor importante, ele participou da lendária apresentação da bossa nova no Carnegie Hall, em Nova York, em 1962. Mostraram a foto dele no telão com o letreiro “aumente o som e curta ‘Rádio Triturando’”. Tocou “Se todos fossem iguais a você” na voz dele. Lindo, mas ninguém ali entendeu. Lívia Andrade, por exemplo, disse que “não consegui prestar atenção à música porque olhei a cara do cidadão e só lembrei do Didi (de Os Trapalhões)”. Esse foi mais ou menos o nível do que veio a seguir.


O Globo segunda, 18 de maio de 2020

BRIGADA ANTI-TÉDIO: UMA NOVA FORNADA D E LIVROS DE COZINHA

 

Brigada anti-tédio: uma nova fornada de livros de cozinha

Um garimpo certeiro e especial para esse tempos de reclusão, com alguns dos melhores livros de gastronomia editados por aqui, vários saídos agora do forno
 
 
Capinhas de livros de gastronomia, alguns saindo agora do forno Foto: Divulgação
Capinhas de livros de gastronomia, alguns saindo agora do forno Foto: Divulgação
 
 

Esbalde-se! Nossa prateleira é para todos os gostos, da editora de moda que se muda para Florença e descobre o significado da expressão italiana “bella vida” (ter prazer enquanto come, sorrir sempre mais e - melhor dos melhores - manter a forma sem academia) aos pratos criados por Jamie Oliver com apenas cinco ingredientes (livro lindamente produzido na Itália); as receitas preciosas dos Vigilantes do Peso (porque é preciso), as últimas da Bela Gil, que consegue reduzir em até 50% o desperdício na cozinha ou as criações da vegana Alana Rox, que mostra como montar uma festa (e nem precisava tanto) sem um ingrediente de origem animal. Troisgros ensina até a comprar frigideira, enquanto o jornalista padeiro Luis Américo Camargo divide o passo a passo para o pão perfeito, de 2, 4 ou 6 horas a mais de preparo. Temos tempos, certo? São 13 títulos de bandeja, sob medida para animar esses tempos de quarentena. Só na vale reclamar de fastio.

 
 
 

Você tem fome de quê?

‘Bela Gil, da flor à raiz’ (Editora Globo)

 

‘Bela Gil, da flor à raiz’ (Editora Globo) Foto: Divulgação
‘Bela Gil, da flor à raiz’ (Editora Globo) Foto: Divulgação

Abaixo o desperdício, palavra de ordem que cabe com luvas (de panela) para o quinto livro de Bela Gil, que acaba de ser editado. A media do é que descartado na cozinha, sem uso algum, pode chegar a 50%, no caso das verduras e legumes. Um terço do que compramos, vai parar no lixo, denuncia Bela, que, lançando mão de cascas, sementes, raízes, folhas e flores comumente descartadas, sugere 37 receitas pelas 136 paginas do livro, onde esses itens viram as grandes estrelas. É um novo olhar sobre ingredientes do dia a dia, compartilhado em ótima hora.

‘Claude Troisgros, histórias, dicas e receitas’ (Sextante)

 

‘Claude Troisgros, histórias, dicas e receitas’ (Sextante) Foto: Divulgação
‘Claude Troisgros, histórias, dicas e receitas’ (Sextante) Foto: Divulgação

É o mais afetivo dos livros desse “carrioca” de 40 anos de mar do Leblon, que começou a tomar gosto pela culinária aos 8 anos, o que se entende perfeitamente, afinal, Claude é filho que do chef Pierre Troisgros, do antológico restaurante Roanne, berço da nouvelle cuisine, movimento de cozinheiros que mudou a gastronomia mundial. Suas lembranças estão pelas páginas, aprendizado e ensinamentos que vão do preparo de um molho espesso ao corte de peixes, carnes, além de dicas para compra de legumes e verduras, uso adequado das panelas e “causos” deliciosos. Abre o coração e revela suas 47 receitas preferidas. Livro para agora e sempre.

‘Sal, gordura, ácido, calor’, de Samin Nosrat (Companhia das Letras)

 

‘Sal, gordura, ácido, calor’, de Samin Nosrat (Companhia das Letras) Foto: Divulgação
‘Sal, gordura, ácido, calor’, de Samin Nosrat (Companhia das Letras) Foto: Divulgação

Samin, que é escritora, professora, chef de cozinha e ainda assina uma coluna de gastronomia no “The New York Times”, faz do sal, da gordura, do ácido e do calor, seu mantra diário: “dominando esses quatro elementos, você terá pratos deliciosos”, garante a autora, que compartilha receitas de vegetais caramelizados, vinagretes, carnes assadas que se desmancham, massas levinhas e quebradiças... São 480 paginas deliciosas, com o luxo de ter a tradução assinada pela cronista gastronômica Nina Horta (uma das mais importantes do Brasil) e prefácio de Michael Pollan. O livro originou um seriado exibido na Netflix.

 
 

‘Culinária Básica: as melhores receitas e dicas para o dia a dia saudável’ (Sextante)

 

‘Culinária Básica: as melhores receitas e dicas para o dia a dia saudável’ (Sextante) Foto: Divulgação
‘Culinária Básica: as melhores receitas e dicas para o dia a dia saudável’ (Sextante) Foto: Divulgação

O livro (providencial) é uma feliz e oportuna parceria da Sextante com o Vigilantes do Peso, reunião de 200 receitas sem contra indicações, que valem tanto para emagrecer quanto controlar peso, colesterol, glicose, seja para iniciantes ou já veteranos na prática de contar (e acumular) pontos na hora de se alimentar. Não sou praticante, mas tirei boas “colas” e incontáveis ensinamentos , do café da manhã ao jantar. Parceria super oportuna, uma coletânea variada, com um um pouco de tudo, incluindo o uso de utensílios, algumas técnicas de cozimento, a feitura de temperinhos. São 416 páginas, livro de de peso no melhor sentido.

‘Simplíssimo, o livro de receitas francesas mais fáceis do mundo’, de Jean-Francois Mallet (Sextante)

 

‘Simplíssimo, o livro de receitas francesas mais fáceis do mundo’, de Jean-Francois Mallet (Sextante) Foto: Divulgação
‘Simplíssimo, o livro de receitas francesas mais fáceis do mundo’, de Jean-Francois Mallet (Sextante) Foto: Divulgação

O titulo é tentador: receitas fáceis franceses, quem não quer ter em mãos? É o que esse francês, dublê de cozinheiro (trabalhou com Joel Robouchon e Michel Rostang), fotógrafo e globetrotter propõe nas 368 páginas do livro que, não por acaso, já foi editado em 15 países. São 180 receitas, onde algumas, surpreendem pela pouca quantidade de ingredientes, coisa raríssima na cozinha francesa. Os pratos de Mallet são feitos com três a seis ingredientes, não passam disso: abóbora assada com queijo azul, abobrinha empanada, berinjelas no forno... Ah, ele ensina a fazer massa de pizza também.

‘Diário de uma vegana, o despertar’, de Alana Rox (Editora Globo)

 

‘Diário de uma vegana, o despertar’, de Alana Rox (Editora Globo) Foto: Divulgação
‘Diário de uma vegana, o despertar’, de Alana Rox (Editora Globo) Foto: Divulgação

Dá para fazer uma festa só com receitas veganas? A apresentadora de TV e santa catarinense Alana Rox, vegetariana desde criança, garante que dá e mostra (ensina!) como fazer, compartilhando uma seleção de receitas veganas e sem glúten também, Seu trunfo maior é a facilidade no preparo dos pratos (nenhum leva mais de dez minutos para ficar pronto) e ainda o uso de ingredientes simples, facilmente encontrados em casa. Pelas 220 páginas desse que é o segunda incursão editorial da autora, nos deparamos com um cardápio variado, que vai do brigadeiro de colher ao pão de queijo, todos feitos sem ingrediente algum de origem animal.

 

‘Bella figura’ , de Kamin Mohammadi (Editora Rocco)

 

‘Bella figura’ , de Kamin Mohammadi (Editora Rocco) Foto: Divulgação
‘Bella figura’ , de Kamin Mohammadi (Editora Rocco) Foto: Divulgação

Um relato emocionante e divertido da mudança de vida de uma editora de moda de uma luxuosa revista inglesa, que, depois de ser demitida, resolve dar um tempo em Florença, onde descobre o estilo “bella vida” de viver ( desacelerar, amar, comer com prazer, sorrir mais e, melhor dos melhores, manter a forma longe da academia), que a faz mudar seu estilo de viver. Com texto leve e divertido, a autora Kamin Mohammadi, iraniana que mora em Londres, recheia as 320 páginas da obra com deliciosas incursões na culinária italiana. Para frequentar da cozinha ao quarto de dormir , passando pelo sofá da sala .

‘Jamie Oliver, 5 ingredientes’ (Companhia das Letras)

 

‘Jamie Oliver, 5 ingredientes’ (Companhia das Letras) Foto: Divulgação
‘Jamie Oliver, 5 ingredientes’ (Companhia das Letras) Foto: Divulgação

 

É dos melhores livros do cozinheiro televisivo inglês, uma inventiva e bem resolvida criação de uma cardápio feitos com 130 pratos preparados com enxutos cinco ingredientes, Nem mais, nem menos. A ideia é ter o máximo de sabor com o minimo de ingredientes. Sugere carnes, massas, saladas e “last but not least”, doces bárbaros (sugestões? biscoito crocante de maçã e o bolo de fubá com laranja). O livro, a obra de não ficção mais vendida na Inglaterra em 2017 e 2018, foi adaptado para o Brasil, mas foi todo ele produzido na Itália. É o chef em ótima forma.

 

‘Wine folly, guia essencial do vinho’, de Madeleine Puckette e Justin Hammack (Intrínseca)

 

‘Wine folly, guia essencial do vinho’, de Madeleine Puckette e Justin Hammack (Intrínseca) Foto: Divulgação
‘Wine folly, guia essencial do vinho’, de Madeleine Puckette e Justin Hammack (Intrínseca) Foto: Divulgação

O “Washington Post” já o elegeu como “o melhor livro introdutório sobre vinho já publicado”. Não é pouca coisa. Guia Essencial é, na verdade, um “filhote” bem sucedido de uma dos maiores e melhores sites americanos de vinho, o Wine folly. Traz ensinamentos práticos, em tom leve e divertido, que cai bem tanto para novatos, quanto para os que já acumulam algum conhecimento sobre o assunto. Lista todas as uvas cultivadas no planeta, com as suas características e a melhor forma de combiná-los com comidas. Coisas básicas, como as diferenças entre um Pinot Noir e um Cabernet Sauvignon.

‘Comer para não morrer’, de Michael Greger e Gene Stone (Editora Intrínseca)

 

‘Comer para não morrer’, de Michael Greger e Gene Stone (Editora Intrínseca) Foto: Divulgação
‘Comer para não morrer’, de Michael Greger e Gene Stone (Editora Intrínseca) Foto: Divulgação

Não se impressione com o título. Zero de indigesto. O que a dupla de médicos que assina o livro propõe são mudanças de hábitos à mesa, a adesão a uma prática de alimentação capaz de prevenir, controlar e até reverter doenças. Traz ensinamentos simples, até por isso, preciosos, especialmente nesses dias de sedentarismo (mesmo que parcial). O que comer, como e quanto: e dá-lhe castanha de caju, brócolis, repolho, couve-flor, grão-de-bico, feijão branco, cada um cumprindo um papel. Simples assim. O livro traz o aval da Bela Gil, que assina o prefácio. Ela entende de dieta com vegetais.

‘Caderno de receitas de meu pai’, de Jacky Durand (Record)

 

‘Caderno de receitas de meu pai’, de Jacky Durand (Record) Foto: Divulgação
‘Caderno de receitas de meu pai’, de Jacky Durand (Record) Foto: Divulgação

“Le cahier des recettes” é um best-seller na França, que está em vias de ser lançado no Brasil. É um romance delicadíssimo, que tem como protagonista um chef de cozinha. O autor, Jacky Durand, é um jornalista conhecido do jornal francês “Liberation” e, como todo o francês, é glutão, apaixonado por culinária e cozinha bem. Tanto que, ao final, o livro reúne dez receitas, como pot au feu, a cavalinhas ao vinho branco ou clafoutis de cereja. É uma obra amorosa, saborosa e tocante, a ponto de sensibilizar o chef Eric Jacquim, que assina a orelha da edição brasileira, que sai até o final do mês.

 

Só para um, alimentação saudável para quem mora sozinho’, de Rita Lobo (Senac/ Panelinha)

 

Só para um, alimentação saudável para quem mora sozinho’, de Rita Lobo (Senac/ Panelinha) Foto: Divulgação
Só para um, alimentação saudável para quem mora sozinho’, de Rita Lobo (Senac/ Panelinha) Foto: Divulgação

“Vamos acabar com o mito de que não vale a pena cozinhar para um só”, dispara, nas primeira páginas, a chef televisa Rita Lobo, que assina, entre tantos, livros de culinária, dessa vez mais atual do que nunca em tempos de quarentena. Todos os capítulos surgem a partir de um problema: a pia está cheia de louça suja? É hora de sujar menos e a saída é preparar refeições numa panela só. Elementar. Anda enjoado dos congelados que lotam o freezer? Pois Rita providencia um “plus” e o prato ganha novos ares. São 80 receitas, fotos animadoras e uma lição de vida. Já pra cozinha.

‘Direto ao pão’, de Luiz Americo Camargo (Senac/Panelinha)

 

‘Direto ao pão’, de Luiz Americo Camargo (Senac/Panelinha) Foto: Divulgação
‘Direto ao pão’, de Luiz Americo Camargo (Senac/Panelinha) Foto: Divulgação

Pão é tempo, avisa o padeiro, professor e jornalista Luiz Americo (que é critico de restaurantes da “Folha de S.Paulo”) no livro em que ensina o passo a passo para fazer em casa nada menos do 20 tipos de pães divididos em capítulos por tempo de preparo: pães até 2h, 4h, ou mais de 6h. O tempo é seu. Gougères, forma multigrão ou sueco, em duas horas estão prontinhos; já uma ciabatta, não leva menos de seis. O livro traz fotos das etapas sugestões de acompanhamento (com receita): ricota caseira, barriga de porco assada, homus de beterraba... Como diz o autor, faça pão (eu ando me aventurando e amando).


O Globo domingo, 17 de maio de 2020

AMÉRICA LATINA: CONTINENTE BUSCA NOVA NORMALIDADE E COMO SAIR DA QUARENTENA

 

Especial América Latina: continente busca nova normalidade e como sair da quarentena

Maioria dos países da região optou por confinamento obrigatório e prevê retomada gradual das atividades
 
Mulher com máscara e filha passeiam em um parque de Buenos Aires Foto: ALEJANDRO PAGNI / AFP
Mulher com máscara e filha passeiam em um parque de Buenos Aires Foto: ALEJANDRO PAGNI / AFP
 
 

MONTEVIDÉU — A desigualdade na América Latina respondeu à pandemia com medidas aprendidas no Primeiro Mundo e, embora a opção preferida tenha sido um confinamento obrigatório e estrito, ainda assim a Covid-19 não dá trégua. Poucos países optaram pela quarentena voluntária e os resultados variam entre eles. O Brasil foi um deles. Sem um decreto ou decisão federal, autoridades dos estados e municípios tiveram autonomia para decidir sobre o isolamento. E mesmo sendo o país mais afetado da região, o presidente Jair Bolsonaro permanece firme em evitar o confinamento.

Outros, que nem sequer estão perto de conter a disseminação do vírus, também já estão se preparando para tornar as quarentenas mais flexíveis e ao que planejaram que seja retornar ao “novo normal”. Há quem tome medidas isoladas e, finalmente, aqueles que ainda não vislumbram uma saída. 

Países que já definiram a saída

Argentina: O país resolveu avançar em cinco fases: do isolamento estrito (de 31 de março a 13 de abril), ao isolamento gerenciado (de 13 a 26 de abril), passando à segmentação geográfica (de 26 de abril a 10 de maio), depois a uma reabertura progressiva (de 10 a 24 de maio) e, finalmente, ao novo normal (de 24 em diante). Essas datas estão sujeitas a mudanças de acordo com a evolução dos casos. Atualmente, o país está entre a terceira e a quarta fase, que envolve flexibilidades em nível regional, mantendo rigoroso isolamento nas grandes cidades e abertura gradual de atividades. No último estágio, o governo planeja reabrir tudo com regras de higiene e distanciamento social. O Ministério da Saúde é quem teve mais peso nesse projeto.

 

Chile: O presidente Sebastián Piñera apresentou um "Plano de Retorno Seguro", dividido em três partes: primeiro, o retorno dos funcionários públicos aos serviços (os chefes de cada área determinam quem retorna pessoalmente, excluindo os grupos de risco).  Segundo, o retorno dos trabalhadores do setor privado e da sociedade civil; e, por último, a volta dos estudantes aos centros de estudo. Nenhuma data está programada, mas a reabertura gradual dos parques nacionais em maio já foi anunciada.

México: O país também tem um plano, lançado em 16 de abril e preparado pelo gabinete de saúde. Desde o início, o presidente Andrés Manuel López Obrador disse que as decisões seriam tomadas por um corpo de médicos e cientistas. Estima-se que, em 18 de maio, a atividade será retomada gradualmente apenas nos municípios onde não foram registrados casos da Covid-19, cerca de 979 se enquadram nessa categoria. Para o resto do país — 1.484 municípios —, está previsto que o reinício das atividades seja a partir de 1º de junho.

Porto Rico: No país, onde um rigoroso confinamento obrigatório esteve em vigor por quase dois meses, o plano de reabertura mantém o toque de recolher e o fechamento de algumas indústrias até pelo menos 25 de maio. O cronograma está dividido em quatro etapas. A primeira começou no dia 4 de maio,  com a abertura de uma ampla gama de serviços, desde serviços financeiros  a lavanderias, setor de mudanças e inspeção de elevadores, dentre outros. Na segunda etapa, iniciada em 11 de maio, foram retomadas obras, consultórios odontológicos e cirurgias eletivas, ambulatoriais e não estéticas. A partir desta segunda-feira, cabeleireiros e salões de beleza, pontos de venda de carros, restaurantes, serviços religiosos e de cemitérios poderão funcionar.

 

 

Em processo de definição

Colômbia: À medida que a “curva” do contágio se achatar, os setores de produção serão gradualmente liberados, com uma série de protocolos de biossegurança que estão sendo elaborados pelo Ministério da Saúde. Esta semana começou o "retorno gradual" de setores como produção de móveis, produtos de informática, manutenção de veículos, livrarias e papelarias, entre outros. Na quinta-feira, outro passo foi dado em direção à nova normalidade, após o sinal verde para  90 municípios que não apresentaram casos de coronavírus iniciem o desconfinamento. Eles poderão retomar gradualmente as atividades econômicas, sem grandes eventos ou abertura de restaurantes, academias ou parques infantis.

Covid-19: Colômbia põe região da fronteira com Brasil e Peru em lockdown para conter propagação do vírus

Peru: O fim da quarentena estava marcado para 10 de maio, mas na semana passada o presidente Martín Vizcarra anunciou que ela seria prolongada até 24 de maio. E, embora não exista um plano de saída concreto em nível nacional, um esquema de reativação econômica foi planejado em quatro fases, cada uma com duração de um mês. Em cada fase, a atividade econômica aumentará 10 pontos percentuais, portanto, estima-se que 90% dos profissionais estejam trabalhando em setembro.

 

Uruguai: O país não divulgou um plano definido, mas começou a trilhar o caminho em direção à nova normalidade. Por enquanto, a educação presencial foi retomada nas escolas rurais, os serviços de construção foram retomados após três semanas de licença especial, grande parte dos funcionários públicos voltou ao trabalho presencial e as lojas no centro de Montevidéu reabriram.

Brasil: Como os governadores e prefeitos têm autonomia para estabelecer suas regras de isolamento, também têm para definir a retomada das atividades. Por isso, espera-se que haja medidas diferentes em cada região.

*O Grupo de Diários América é integrado por 11 jornais do continente, entre eles O GLOBO


Busca


Leitores on-line

Carregando

Arquivos


Colunistas e assuntos


Parceiros