Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)
Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.
O Globo quinta, 03 de dezembro de 2020
FLIP 2020: SAIBA COMO ACOMPANHAR A EDIÇÃO VIRTUAL DA FESTA LITERÁRIA DE PARATY
Flip 2020: saiba como acompanhar a edição virtual da Festa Literária de Paraty
Evento será transmitido ao vivo de forma gratuita e on-line
O Globo
03/12/2020 - 03:30 / Atualizado em 03/12/2020 - 09:47
SÃO PAULO — A primeira edição 100% digital da Festa Literária de Paraty (Flip) começa nesta quinta-feira, com a mesa de abertura protagonizada pela vencedora do Booker Prize Bernardine Evaristo, seguida por uma ciranda com músicos paratienses. Todas as 12 mesas do evento, que continua até domingo, serão gratuitas e transmitidas ao vivo no site, no Facebook e no canal da Flip no YouTube.
Dos 22 convidados, 11 são negros, um é indígena (a poeta Márcia Kambeba), e três são transexuais: (o poeta americano Danez Smith, o filósofo espanhol Paul B. Preciado e a artista visual potiguar Jota Mombaça).
No dia 5, às 20h30, Preciado conversa com o compositor Caetano Veloso na mesa “Transições”. Smith e Mombaça participam da mesa “Vocigrafias insurgentes”, no dia 6, às 18h. Kambeba conversa com o americano Jonathan Safran Foer no dia 4, às 16h.
As discussões raciais devem aparecer em mesas como “Diáspora” (3/12, às 18), com Bernardine Evaristo e Stephanie Borges (tradutora especializada em autoras negras); “Ancestralidades” (5/12, às 18h), com o nigeriano Chigozie Obioma e o baiano Itamar Vieira Junior, ambos autores de romances que resgatam tradições religiosas africanas; e “Batidas”, com a americana Regina Porter e o carioca-gaúcho Jeferson Tenório.
Outros destaques são a mesa “Eileen para presidente!” (4/12, às 18h), conversa da poeta americana Eileen Myles com as poetas e tradutoras brasileiras Bruna Beber e Mariana Ruggieri; e a aula da antropóloga Lilia Moritz Schwarcz sobre o autoritarismo brasileiro (5/12, ás 16h).
Abaixo, veja a descrição de cada mesa, retirada do site oficial do evento.
"Com seu romance 'Garota, mulher, outras', Bernardine Evaristo venceu a última edição do Booker Prize, tornando-se a primeira autora negra a receber a premiação. O livro retrata 12 personagens mulheres e não-binárias que juntas compõem um retrato histórico – indo das colônias britânicas do Caribe à África – e contemporâneo da população negra na Grã-Bretanha. Na mesa, ela conversa com a escritora Stephanie Borges."
Mesa 2: "Zé Kleber: Ciranda" (20h30)
Com Fernando e Marcello Alcantara
"Dois jovens paratienses, músicos cirandeiros e pesquisadores de sua própria história, dedicam-se a resgatar e colocar em evidência a cultura caiçara em suas mais diferentes formas."
"De um lado, os impactos da ação humana sobre o clima; de outro, a importância da natureza para a educação indígena. Esses são os temas centrais dos últimos livros de um romancista norte-americano e de uma poeta da etnia kambeba, da Amazônia brasileira. É o meio-ambiente tratado a partir de perspectivas diferentes e complementares."
"Nas palavras da escritora Deborah Levy, Eileen Myles é 'a peça perdida para quem só leu escritores homens da geração beat'. A mesa, um encontro de Eileen com suas tradutoras para o português, Bruna Beber e Mariana Ruggieri, recupera a trajetória de Myles, que é poeta, performer, romancista e jornalista."
"Duas romancistas sul-americanas, uma colombiana e outra brasileira, que tratam de personagens vivendo em contextos ordinários, mas que acabam se defrontando com aspectos absurdos da vida. Há certo clima soturno e de terror psicológico nas narrativas, mas nada é sobrenatural e o efeito de estranhamento vem da própria realidade."
"O imaginário da identidade do povo brasileiro é preenchido por ideias de tolerância, cordialidade, acolhimento, mas a história do país, repleta de autoritarismo político e social, diz outra coisa. A historiadora Lilia Schwarcz reflete sobre as raízes do autoritarismo brasileiro que faz com que o país seja mais excludente que inclusivo."
"De um lado, a presença marcante de entidades divinas interagindo com o destino dos humanos. De outro, a realidade do mundo material que se impõe com força e violência. Um romancista brasileiro e outro nigeriano tematizam a vida rural de personagens que vivem às voltas com religiosidades de matriz africana."
"Nos arquivos da ditadura militar que justificaram o exílio de Caetano Veloso poucos dias após o AI-5, o artista é definido como “desvirilizante”. Já o escritor espanhol Paul B. Preciado, define-se hoje como “dissidente do sistema sexo-gênero”. Os dois, símbolos da quebra de paradigmas, encontram-se nessa mesa, que tem a liberdade como tema central. A participação do Paul B. Preciado teve apoio da Embaixada da França no Brasil."
6/12
Mesa 9: "Zé Kléber: Sarau" (14h)
Com Rodrigo Ciriaco e Elisa Pereira
"Nos últimos anos, os saraus artísticos se multiplicaram pelas periferias da cidade de São Paulo e ganharam a cena cultural do país. Nessa mesa, Elisa Pereira, idealizadora do Fuzuê Literário, sarau de Paraty, conversa com Rodrigo Ciríaco, escritor e educador que a inspirou a começar o movimento na cidade."
"Duas famílias – uma branca e outra negra – vivendo na segunda metade do século 20 nos Estados Unidos. Um pai e professor de ensino básico assassinado em uma abordagem policial desastrosa no sul do Brasil. No pano de fundo dos dois romances: vida familiar, paternidade, racismo e desigualdade."
Mesa 11: "Vocigrafias insurgentes (18h)
Com Danez Smith e Jota Mombaça
"A poesia e a performance se unem para dar voz a temas contemporâneos como a descolonização das narrativas históricas, identidade de gênero, não-binarismo, racismo e diáspora africana. Artistas de dois países diferentes, Brasil e Estados Unidos, Jota Mombaça e Danez Smith tratam mais da história comum que compartilham do que das fronteiras que os separam."
Mesa 12: "Zé Kléber: Slam" (20h30)
Com Nathalia Leal e Luz Ribeiro
"As competições de slam estão em Paris, Nova York, São Paulo, Rio de Janeiro e Paraty. Nesse encontro, Nathalia Leal, uma das idealizadoras do Slam de Quinta, que acontece toda quinta-feira na rodoviária de Paraty, conversa com Luz Ribeiro, primeira mulher a vencer o Slam BR – campeonato brasileiro de Slam."
O Globo quarta, 02 de dezembro de 2020
ROSA PARKS, A MULHER NEGRA QUE, HÁ 65 ANOS, MUDOU A AMÉRICA AO NÃO CEDER SEU LUGAR NO ÔNIBUS
HÁ 65 ANOS
A mulher negra que preferiu ser presa a dar lugar no ônibus para homem branco e virou ícone
Depois de trabalhar o dia todo numa loja de departamentos, Rosa Parks estava cansada quando embarcou num ônibus municipal na Avenida Cleveland, no centro de Montogomery, às 18h daquela quinta-feira, dia 1° de dezembro de 1955. Numa época em que o racismo era política pública de alguns estados americanos, os ônibus no Alabama reservavam assentos na frente para pessoas brancas, enquanto os negros, que eram 75% dos passageiros, só podiam se sentar em locais demarcados na parte de trás. Parks se acomodou na primeira fileira para "pessoas de cor". Mas, à medida que o veículo cumpria seu percurso, os lugares para brancos se esgotavam.
Na terceira parada, em frente ao Teatro Empire, um grupo grande de pessoas desprovidas de melanina embarcou, e três deles ficaram de pé. O motorista, um sujeito chamado James F. Blake, ordenou então que Parks e outros três passageiros negros se levantassem da fileira para dar lugar a pessoas brancas.
Enquanto os três homens sentados perto dela cederam seus assentos, bastante contrariados, Parks disse: "Eu não deveria ter que me levantar". E não apenas continuou sentada como deslizou para a janela do ônibus. Em uma entrevista anos mais tarde, ela contou que "quando aquele motorista branco veio na nossa direção e gesticulou mandando a gente se levantar, eu senti uma determinação cobrir meu corpo como uma colcha numa noite de inverno". Ao perceber que a americana não se levantaria, Blake disse a ela que chamaria a polícia, ao que Parks respondeu: "Pode chamar". Os outros passageiros assistiam de olhos arregalados, sem fazer nada.
A americana de 42 anos, que já era uma ativista da luta por direitos civis dos negros nos EUA, só saiu daquele assento depois de receber ordem de prisão. "Por que vocês estão sempre nos intimidando?", perguntou ela ao policial, que respondeu: "Não sei, mas é a lei, e você está presa".
A atitude desencadeou uma mobilização que virou um marco na História. Parks, que era secretária no escritório local da Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor (NAACP, na sigla em inglês), foi presa por violação do código municipal de Montgomery e libertada após uma noite na cadeia, mediante fiança. Nos dias que se seguiram, os líderes do movimento negro local, entre eles o jovem pastor Martin Luther King, organizaram um boicote ao sistema de transporte. Parks não foi a primeira ativista presa por desafiar o racismo em ônibus, mas os militantes usaram o episódio para confrontar o estabilishment de uma vez por todas.
O boicote aos ônibus de Montgomery começou no dia 5 de dezembro de 1965. A partir daquela segunda-feira, cerca de 40 mil moradores negros da cidade pararam de usar os veículos públicos. Grupos organizavam lotadas em carros de passeio, com donos de automóveis transportando as pessoas de graça. Motoristas negros de táxi cobravam US$ 0,10 por viagem (o mesmo preço da passagem de ônibus). A certa altura, eles tiveram que driblar as autoridades determinaram multas para taxistas que cobravam menos de US$ 0,45 por viagem. Muita gente pedalava para o trabalho, caminhava ou até usava mulas e carroças.
Igrejas de comunidades negras ao redor do país organizaram campanhas entre seus fiéis com o objetivo de comprar sapatos para os moradores de Montgomery que gastavam todo seu solado com as longas caminhadas de ida e volta ao trabalho.
A perda de arrecadação com as passagens e o ódio por ver pessoas negras lutando por direitos motivou os opositores do boicote a reagir. A casa de Luther King foi incendiada, assim como quatro igrejas batistas. Após o ataque contra ele, o próprio líder ativista fez um discurso diante de 300 negros revoltados pedindo para que ninguém reagisse com agressividade aos atentados. "Nós precisamos confrontar violência com não-violência", disse ele, disse o ativista, que chegou a ficar duas semanas na cadeia por liderar os protestos. "Eu estava orgulhoso do meu crime", afirmou, anos mais tarde, após se tornar um ícone dos direitos humanos.
O boicote surtiu efeito. No dia 5 de junho de 1956, uma corte federal, ao julgar uma ação relacionada à segregação no sistema de transporte do Alabama, declarou que a reserva de assentos para brancos era inconstitucional. Como o estado recorreu da decisão, o caso foi parar na Suprema Corte dos EUA, que, no dia 13 de novembro daquele ano, ratificou a decisão anterior. O boicote se manteve até o dia 20 de dezembro de 1956, quando um decreto autorizou passageiros negros a utilizar qualquer assento nos ônibus de Montgomery. Aquela mobilização impulsionou o movimento pelos direitos humanos nos EUA e tornou Luther King um líder nacional.
"As pessoas sempre dizem que eu não saí do meu assento porque estava cansada, mas não é verdade. Eu não estava fisicamente cansada, ou não estava mais cansada do que estava normalmente, ao fim de um dia de trabalho. Eu não era velha, tinha 42 anos. Não, eu só estava cansada de ceder", descreveu Rosa Parks em sua biografia, "My Story" ("Minha história"), lançada em 1992.
O Globo terça, 01 de dezembro de 2020
MARÍLIA MENDONÇA: ARTISTA MAIS OUVIDA DE 2020 NO BRASIL, NO SPOTIFY
Marília Mendonça foi artista mais ouvida de 2020 no Brasil, no Spotify
Pelo segundo ano consecutivo, cantora segue à frente da lista dominada por sertanejos
O Globo
01/12/2020 - 11:01 / Atualizado em 01/12/2020 - 11:04
RIO - No difícil ano de 2020, a rainha da sofrência, Marília Mendonça, foi a artista mais ouvida no Brasil, segundo o Spotify, repetindo o feito do ano passado. Assim como em 2019, os sertanejos dominaram o Top 10 do serviço de streaming, com mais seis nomes entre os dez primeiros, que também conta com Anitta e o DJ Alok. Na lista mundial, o primeiro lugar ficou com o rapper Bad Bunny.
Em um ano marcado por lives que bateram recorde de audiência devido à pandemia do coronavírus, Marília também emplacou a terceira canção mais escutada com a versão ao vivo de "Graveto". Na lista dos artistas, ela é seguida pela dupla Henrique e Juliano, que gravou neste ano o álbum “Ao Vivo no Ibirapuera”. Os dois são responsáveis pela música mais ouvida do ano na plataforma: “Liberdade Provisória”.
Completa o Top 3, o cantor Gustavo Lima. Ele também possui a segunda música mais ouvida, com a gravação de “A gente fez amor” e ainda colhe os frutos do seu sétimo álbum ao vivo “O Embaixador in Cariri”. Apesar de ter sido lançado no ano passado, o disco lidera a lista dos mais ouvidos.
Mais ouvidos do Spotify em 2020
Marília Mendonça
Henrique e Juliano
Gustavo Lima
Zé Neto e Cristiano
Jorge & Mateus
Os Barões da Pisadinha
Anitta
Alok
Matheus e Kauan
Maiara e Maraísa
As duplas Zé Neto e Cristiano e Jorge & Mateus fecham o Top 5 completamente sertanejo. Os duos também aparecem bem colocados na lista de músicas mais ouvidas. A parceria de Zé Neto e Cristiano com Luíza e Maurílio em “S de Saudade” alcançou o quinto lugar e a versão ao vivo de “Cheirosa” de Jorge e Mateus está em nono.
A banda Os Barões da Pisadinha é a primeira intrusa na lista sertaneja. O grupo de forró e tecnoberga, formado em 2015, ocupa a sexta posição entre os artistas. Eles também são os únicos artistas a terem dois álbuns entre os dez mais ouvidos no ano, com “Agora Eu Pego Mesmo” e “Batom de Ouro”, ambos lançados em 2019.
O Globo segunda, 30 de novembro de 2020
CARTOLA: NOS 40 ANOS DE SUA MORTE, UM ROTEIRO PARA RELEMBRAR SUA OBRA
Nos 40 anos de morte de Cartola, um roteiro para relembrar sua obra
Lista inclui reabertura de museu com seu acervo, lives de Rildo Hora, Moacyr Luz e Teresa Cristina e filme em streaming
Bruno Calixto e Cláudia Amorim
29/11/2020 - 23:01 / Atualizado em 30/11/2020 - 10:27
Com um acervo que inclui preciosidades como o manuscrito com a letra de “As rosas não falam”, além de outros documentos, imagens, objetos e indumentária, o Museu do Samba reabre esta semana, quarta-feira. Veja uma lista de atrações para relembrar a obra de Cartola (1908-1980), que inclui lives de Rildo Hora, Moacyr Luz e Teresa Cristina e filme em streaming. Confira.
FOTOGALERIA: NOS 40 ANOS DE MORTE DE CARTOLA, UM ROTEIRO PARA RELEMBRAR SUA OBRA
Museu do Samba
Fechado desde o início da pandemia, o espaço volta com visitas sob agendamento. A reabertura acontece na data em que se comemora o Dia do Samba, 2 de dezembro. Além do acervo de Cartola, o museu tem — entre outros itens, como depoimentos em vídeo — peças como violão de Candeia, a primeira carteira de sócio-compositor de Silas de Oliveira no Império Serrano, óculos de Dona Ivone Lara, terno de Zé Keti, peças de Aluízio Machado, Dodô da Portela, Monarco, Martinho da Vila, Vilma da Portela e Bira Presidente, do Cacique de Ramos. Uma nova mostra temporária também abre junto com o museu, “Samba/semba”, que inclui pinturas de Nelson Sargento e reproduções de trabalhos de nomes como Rosa Magalhães e Fernando Pinto.
Nesta segunda-feira (30) às 18h, por ocasião dos 40 anos de morte de Cartola, haverá uma live no Instagram (@museudosamba). Sua neta, Nilcemar Nogueira, e Felipe Ferreira, diretor do museu, receberão Maurício Barros, pesquisador e autor do livro “Zicartola”; Rildo Hora — que vai contar sobre sua experiência como produtor de Cartola e tocar gaita —; e Sandra Portella, que vai cantar músicas como “Sala de recepção” e “O mundo é um moinho”.
Museu do Samba. Rua Visconde de Niterói 1.296, Mangueira — 3234-5777. Seg a sex, das 10h às 17h (agendamento em contato@museudosamba.org.br). Grátis.
Lives
À luz dos primeiros sambas de Cartola, Moacyr Luz presta hoje, a partir das 17h, um tributo ao mestre mangueirense em apresentação de voz e violão transmitida em live no Instagram (@moaluz).
— Cartola eleva a batucada, nas raízes da cultura brasileira, a um nível de elegância que ela merece. Sua obra é reverenciada pelas novas gerações e continua atual mesmo depois da virada do século — ressalta Moacyr.
O cantor e compositor relembra ainda clássicos como “O sol nascerá” e “O mundo é um moinho”, além de “As rosas não falam”.
Outra homenagem fica por conta da cantora Teresa Cristina, que apresenta hoje, a partir das 22h no Instagram (@teresacristinaoficial), repertório dedicado ao baluarte.
— Marcará a volta das minhas lives — diz a cantora, que gravou “Tive sim”, composta na década de 60.
‘Cartola: música para os olhos’
“Naquele tempo eu me chamava Agenor, hoje eu me chamo Angenor”, conta Cartola ao falar da época em que nasceu, quando morava na Rua Ferreira Vianna, no Catete, no documentário “Cartola: música para os olhos” (Brasil, 2007), dirigido pelos prestigiados Lírio Ferreira e Hilton Lacerda. O filme reconstitui ao mesmo tempo a história do compositor e a do samba, por meio de imagens de arquivo e depoimentos que incluem nomes como Ismael Silva, João da Baiana e Donga.
O Globo domingo, 29 de novembro de 2020
SEM GLÚTEN, SEM LEITE E SEM AÇÚCAR: CHEFS ENSINAM TRÊS RECEITAS PARA QUEM TEM RESTRIÇÕES
Sem glúten, sem leite e sem açúcar: chefs ensinam três receitas para quem tem restrições
Por alergia, intolerância ou apenas em busca de uma vida mais saudável, público pode incorporar os pratos, fáceis de fazer, ao cardápio de casa
O Globo
27/11/2020 - 03:30 / Atualizado em 27/11/2020 - 16:49
Pratos "sem glúten", "sem adição de açúcar" e "sem lactose" (o que não significa sem leite e, consequentemente, sem a proteína do leite) viraram moda nos cardápios dos restaurantes pelo Brasil. De olho na turma que investe em alimentação mais saudável, mas também abraçando alguns grupos com restrições alimentares, chefs passaram a investir na pesquisa e elaboração de pratos que não perdem nada em sabor aos seus "primos" com todos estes ingredientes. Mas muita calma nesta hora, para não trocar alhos por bugalhos e fazer da ampliação do cardápio algo perigoso: é preciso não confundir o que de fato é uma restrição, de um público com alergia ou intolerância a alguma substância, ou de um público com alguma doença que exija um consumo moderado de alguns ingredientes, como a diabetes; e o que é apenas uma opção, de tirar algumas substâncias do cardápio do dia a dia para investir na saúde e na estética. Para o primeiro grupo, a preocupação na ida a um restaurante é maior, no sentido de se informar não apenas sobre os ingredientes do prato, mas sobre como ele foi preparado - uma cozinha que use os mesmos utensílios para preparos com e sem a susbtância pode, por exemplo, promover uma contaminação cruzada e ser fatal para um alérgico.
Cuidados tomados, por clientes e chefs de restaurantes para que a informação seja a mais precisa possível no que se oferta, é hora de festejar a riqueza de opções de pratos. A seguir, o chef Daniel Biron, do Teva, em Ipanema, ensina a fazer um delicioso espaguete de pupunha com molho branco à base de castanha de caju crua - nada de leite animal, até porque o restaurante é vegano! -; a Paula Prandini, do Empório Jardim, dá a receita de um campeão de vendas de sua casa, uma quiche sem glúten com queijo minas e cebola - mas a chef avisa que sua cozinha não é voltada para celíacos, pois também prepara alimentos com glúten -, e a cozinheira Malu Mello, do catering que leva seu nome, prepara uma sobremesa sob medida para diabéticos, uma mousse de chocolate 70% cacau e sem adição de açúcar.
O Rio Gastronomia é uma realização do jornal O GLOBO com apresentação do Senac RJ e do Sesc RJ, patrocínio master do Santander, patrocínio de Naturgy e Stella Artois, apoio do Gosto da Amazônia, Água Pouso Alto e Getnet, e parceria do SindRio.
Sem leite animal
O chef Daniel Biron, do Teva, conta que às vezes é questionado por clientes sobre a presença de leite no cardápio de seu restaurante em Ipanema. "Eles nem sabem que a gente jamais manipula nada com leite animal por conta de ser vegano", diz o chef, acrescentando os cuidados tomados para que nada de origem animal entre na casa:
- A gente é 100% vegano, então nunca entra nada de origem animal no restaurante, nem no almoço de funcionários. Os colaboradores, inclusive, não têm autorização de entrar com laticínios e nada de origem animal no Teva. Este risco não existe - diz o chef, que não descarta, porém, a possibilidade de algum traço de leite estar presente em algum produto industrializado usado, sem ele saber. A boa notícia é que grande parte dos produtos usados são in natura, vegetais. - É um risco difícil de controlar... Nosso chocolate, por exemplo, é da AMA, que é uma marca vegana, então não contém traços. Mas pode ter em coisas que você nem imagina, assim como traços de alimentos de origem de frutos do mar, por conta de equipamentos que são compartilhados nda produção- explica.
A seguir, o chef ensina uma receita emblemática do Teva, presente nas unidades do Rio de Janeiro e de São Paulo, que pode ser facilmente reproduzida em casa e que não tem nem lactose e nem a proteína do leite: um espaguete de pupunha com molho branco à base de castanha de caju crua. Naturalmente sem glúten, o palmito fresco é um ingrediente versátil na culinária vegetal. E o chef dá a dica de outros bons substitutos para o leite: inhame, amêndoa, leite de soja ou tofu, leite de arroz e leite de coco. As suas melhores aplicações dependem do objetivo e sabor/textura desejados.
Espaguete de pupunha com molho de castanha, alho negro e cogumelos
Chef Daniel Biron, do Teva
Rendimento: 4 a 6 porções
Ingredientes:
Espaguete
1 kg de espaguete de palmito pupunha
2 litros de água
1 colher (sopa) de sal
Molho de castanha de caju
1 colher (sopa) de azeite de oliva extravirgem
½ xícara (chá) de cebola picada
1 colher (sopa) de alho negro
½ xícara (chá) / 120ml de vinho branco
1 ½ xícaras (chá) / 220g de castanha de caju crua e sem sal, de molho em água filtrada por 4 horas
2 xícaras (chá) /480ml de caldo de cogumelos caseiro* ou água
¾ colheres (chá) sal marinho
¼ colher (chá) de pimenta do reino
Cogumelos sauté
3 colheres (sopa) de azeite de de oliva extravirgem
800 g de cogumelos variados: Paris, Portobello, Shiitake ou Cardoncello, fatiados
pitada de sal marinho
Montagem do prato
½ xícara (chá) de ervilha, descongelada
pimenta do reino a gosto
2 colheres (sopa) de salsinha picada
2 colheres (sopa) de azeite trufado (opcional)
Modo de preparo
Para fazer o espaguete
Ferva os 2 litros de água em uma panela grande. Adicione o sal.
Cozinhe o espaguete de palmito por cerca de 5 minutos até macio, mas ainda com textura. Drene, deixe esfriar e reserve.
Para fazer o molho
Refogue a cebola e o alho negro no azeite até que a cebola fique translúcida. Adicione o vinho branco e deixe reduzir a metade do líquido.
Transfira a mistura de vinho, alho negro e a cebola para o copo do liquidificador. Drene a castanha de caju e coloque no liquidificador com o caldo de cogumelos ou água, sal e pimenta.
Bata até homogêneo e ajuste o sal se necessário. Reserve.
Em uma frigideira, aqueça o azeite e em fogo alto, salteie os cogumelos até murcharem, por cerca de 5 a 7 minutos.
Adicione uma pitada de sal e misture com o molho de castanha de caju reservado.
Montagem do prato
Em uma frigideira ou panela pequena, aqueça o molho e coloque o espaguete de pupunha já pre cozido.
Adicione a ervilha, misture e deixe aquecer por cerca de 3 a 4 minutos.
Adicione água ou caldo de cogumelos para diluir o molho, se necessário.
Acerte o sal e adicione pimenta do reino. Salpique com salsinha e coloque azeite trufado se desejado. Sirva imediatamente.
Observação: O caldo de cogumelos é feito com aparas de cogumelos shiitake, Portobello ou Paris ou com cogumelos desidratados e água filtrada. Basta ferver por 15 minutos e remover os sólidos.
Sem glúten
Criado como uma casa para o café da manhã, o Empório Jardim, com unidades no Jardim Botânico, na Gávea e em Ipanema, não carrega como bandeira uma "cozinha saudável, vegetariana e sem glúten", como observa a chef, e uma das sócias, Paula Prandini. No entanto, o crescimento da demanda fez com que o cardápio fosse se diversificando cada vez mais. Hoje, estão lá o bolo de banana com nozes e com aveia, sem glúten e sem lactose; a quiche vegetariana de massa sem glúten e recheio de cebola assada, queijo minas e tomilho; os pães sem glúten, um com amêndoas e outro com raspas de limão siciliano; as tapiocas...
A seguir, ela dá a receita da quiche, que qualquer um pode fazer em casa:
Em um bowl adicionar todos os itens secos, acrescentar o restante dos ingredientes e misturar.
Creme
- 400g creme de leite
- 4 ovos
- 85g queijo minas
- 85g de ricota fresca
- 35g parmesão ralado
- 1 pitada de pimenta do reino
- 1 pitada de sal
- 1 pitada de noz moscada
Mixar todos os ingredientes.
Recheio de cebola
- 4 uni Cebolas grandes
-1 colher sopa deManteiga sem sal
- Tomilho
- sal e pimenta
Cortar as cebolas em meia lua, juliene.
Em colocar um pouco da manteiga no fundo e fazer uma camada de cebola. Temperar com sal e pimenta.
Acrescentar mais manteiga, e mais uma camada de cebola, sal e pimenta. Repetir até terminarem as cebolas.
Adicionarsomente as folhas do tomilho, sem o galho.
Em fogo bem baixo, deixar as cebolas murcharem e mexer periodicamente, até as cebolas estarem reduzidas e douradas.
Montagem
Enformar as formas com a massa. Rechear com 60g de recheio de cebola e 20g de queijo minas Solidão picado. Completar com o creme de quiche e finalizar com queijo parmesão ralado por cima.
Assar em forno de 175 graus por 35 minutos.
Sem açúcar
No cardápio de catering e do delivery que leva a sua marca, e também nos bufês que prepara para eventos de pequeno, médio e grande porte, a chef Malu Mello (ou cozinheira, como gosta de ser chamada) se acostumou a perguntar se o cliente ou o público dele têm alguma restrição. Não por acaso, ela tem diferentes receitas para quem é diabético e precisa de uma dieta balanceada e sem açúcar, algo que ela tem a facilidade de criar por sua pós-graduação em gastronomia funcional.
A seguir, Malu ensina a preparar uma mousse de chocolate de 70% cacau e que usa o Xilitol como adoçante, que ela diz ser hoje, comprovadamente, um dos mais saudáveis e também é facilmente encontrado em lojas.
Mousse de chocolate diet
Chef Malu Mello, do catering Malu Mello
Rendimento: 3 porções.
Ingredientes
200g de chocolate 70% – como sugestão, da marca Callebaut
300g de creme de leite fresco
3 ovos
1 colher de sopa cheia de xilitol (adoçante)
Amêndoas em lâminas
Modo de preparo
Separe as gemas das claras. Com o auxílio de uma batera, bata as gemas até chegar a uma consistência esbranquiçada (semelhante a uma gemada). Pique o chocolate 70%, derreta em banho maria e em seguida adicione a gemada já pronta. Continue batendo acrescentando ao mesmo tempo o creme de leite fresco. Reserve.
Bata as claras até obter o ponto de neve, e com a batedeira, misture bem com a massa do chocolate reservada. Reserve.
Coloque em xícaras ou taças individuais e leve para gelar aproximadamente 20, 30 minutos.
Sugestão da chef Malu Mello: decorar com amêndoas cortadas em lâminas ou o raspas do chocolate 70% ou folhinhas de hortelã.
Receita da tuille de tinta de lula
Ingredientes
10g de farinha simples
5g de tinta de lula
80ml de água
20ml de óleo ou azeite de oliva
Modo de preparo
Misture bem os ingredientes usando o fuê. Pegue uma frigideira antidarente de boa qualidade, deixando-a aquecer bem. Assim que ela estiver bem aquecida, coloque uma concha cheia da mistura finalizada e espere ao ponto de soltar da frigideira. Com o auxílio de uma espátula de silicone, retire. Seque em um papel toalha e decore na mousse usando a imaginação!
O Rio Gastronomia é uma realização do jornal O GLOBO com apresentação do Senac RJ e do Sesc RJ, patrocínio master do Santander, patrocínio de Naturgy e Stella Artois, apoio do Gosto da Amazônia, Água Pouso Alto e Getnet, e parceria do SindRio.
O Globo sábado, 28 de novembro de 2020
MIKE TYSSON X ROY JONES JR.: APOSTA EM FÓRMULA MILIONÁRIA E NOSTALGIA PARA LUCRAR
Mike Tyson x Roy Jones Jr. aposta em fórmula milionária e nostalgia para lucrar; veja números
Luta tem expectativa de lucro de R$ 260 milhões apenas com venda de pay-per-views nos Estados Unidos; lutadores ganharão R$ 6 milhões por minuto no ringue
Marcello Neves
28/11/2020 - 03:00 / Atualizado em 28/11/2020 - 09:33
Em agosto de 2017, o boxe foi impactado pela chamada “luta do século”. O astro americano Floyd Mayweather Jr. subiu ao ringue e se tornou o atleta mais bem pago do mundo ao vencer o então detentor de dois cinturões simultâneos do UFC, Conor McGregor, em um encontro marcado mais pelo apelo publicitário do que esportivo. O duelo criou uma fórmula de sucesso, que será repetida hoje na “superluta” entre Mike Tyson e Roy Jones Jr. — a TV Globo exibe após a transmissão ao vivo no canal Combate, à partir de 21h30 (de Brasília).
A estratégia já foi adaptada em diversos esportes: um grande astro que retorna após longa aposentadoria ou que carrega invencibilidade é desafiado por outro que acumula grandes resultados recentes ou ganhou fama por ser provocador. Roy Jones Jr., de 51 anos, é o desafiante de hoje, mas sabe que o apelo gira em torno de Mike Tyson, hoje com 54 anos, um dos maiores nomes do esporte e que dominou os ringues nos anos 80.
A plataforma Triller, dona dos direitos da luta, espera arrecadar US$ 50 milhões (cerca de R$ 260 milhões na cotação atual) só com a venda de pay-per-view — nos Estados Unidos, o público terá de pagar US$ 50 (cerca de R$ 287) para ver o combate, que estava previsto para 12 de setembro e, segundo veículos americanos, foi adiado intencionalmente para ganhar espaço no noticiário. Também houve a aposta por público presente no Staples Center, em Los Angeles, mas a pandemia da Covid-19 não permitiu.
Segundo o jornalista americano Kevin Iole, Tyson deve receber mais que o triplo de Roy Jones pela luta: quase R$ 50,5 milhões; Roy Jones Jr. ganhará cerca de R$ 16 milhões. Estima-se que os ex-pugilistas ganhem R$ 6 milhões por minuto no ringue. Valores impensáveis no cenário atual.
— Pega-se dois ídolos passados, nesse caso Tyson e Roy Jones, e num momento em que todos estão carentes de eventos esportivos devido a pandemia abre-se janelas para eventos como esse. Apesar de não ter um valor esportivo alto, é uma luta que tende a movimentar muito dinheiro em casas de aposta e também a criar um valor sentimental por ter dois lutadores que em suas épocas foram esplendorosos e as gerações que os assistiram hoje podem pagar para reviver esse momento — comenta Fernando Fleury, especialista em marketing esportivo.
Neste caso, o carisma e o retorno de Tyson são os motivadores de uma luta que pouco aposta na rivalidade — Roy Jones Jr. foi chamado de o “Lutador da Década” nos anos 1990, mas não há uma rivalidade direta. Antes de aceitar o combate, Tyson recusou quase R$ 90 milhões para encarar o brasileiro Wanderlei Silva, e também foi desafiado pelo astro do UFC, Jon Jones. Ou seja, até mesmo o adversário escolhido para hoje passou por um crivo de marketing.
Para Tyson, a luta significa o retorno triunfal após um término de carreira em baixa. Em 2005, o desconhecido irlandês Kevin McBride conseguiu uma vitória surpreendente sobre o ex-campeão mundial dos pesos-pesados. Na época, foram três derrotas nas últimas quatro lutas, que o levaram a decidir pela aposentadoria. Mesmo parado, o ex-pugilista colecionou polêmicas: em 2005, foi detido no Brasil após a agressão a um cinegrafista, e em 2014, ofendeu um jornalista de um programa canadense que mencionou a sua condenação por estupro.
— Mike Tyson fundou uma liga e pretende fazer algumas lutas com boxeadores aposentados, a Legends Only League. A maior atração é poder rever ídolos do passado em cima do ringue novamente, como aconteceu recentemente com Julio César Chavez e Jorge Arce, que fizeram algumas exibições no México — opina Daniel Fucs, comentarista de boxe da Globo.
Tyson é considerado um dos maiores boxeadores da história e acumula recordes como o de 37 vitórias em 37 confrontos. Ele perdeu mais de 40 quilos para a luta, após 15 anos afastado dos ringues. Roy Jones Jr acumula oito títulos mundiais em quatro categorias diferentes: pesado, meio-pesado, médio e super-médio. O ex-boxeador ficou ativo de 1989 a 2018.
— A ausência de novos ídolos no boxe capazes de causar mobilização mundial como faziam Muhamed Ali, Tyson e outros, abrindo espaço para que esses mesmos nomes, agora ex-atletas despertem esse interesse e além disso a consolidação do conceito de “Sportainment”, uma mistura de esporte e entretenimento onde que o vale é entreter, mesmo que não exista a componente competitiva — analise Ivan Martinho, especialista em marketing esportivo da ESPM.
Regras diferentes
O retorno de Mike Tyson aos ringues terá algumas particularidades. Uma delas é que não haverá controle antidoping contra maconha — além de ser um usuário assumido, o norte-americano é conhecido por ter lucros de quase R$ 3 milhões no mercado de cannabis. Os boxeadores não vão usar capacete, vestirão luvas de 12 onças — maiores do que as de 10 onças tradicionais — e os rounds terão duração de dois minutos, em vez do padrão de três. Serão oito assaltos.
As trocas têm a ver com a preocupação com a saúde dos atletas. Mike Tyson tem 54 anos, e Roy Jones Jr., 51. A força dos golpes e a idade preocupam médicos e especialistas, que afirmam que um soco pode atingir um impacto de 450 kg no rosto de um dos lutadores. Na categoria dos pesos-pesados o impacto pode ser maior ainda, devido à força dos boxeadores.
— As regras são diferentes porque é uma exibição com ex-boxeadores com mais de 50 anos. O que pode alterar a dinâmica é como eles se coportarão — afirma Fucs.
Tyson também aposta na nostalgia para ver a audiência do evento crescer. Mesmo no Brasil, seus fãs lembram de suas lutas passadas e o compara a Ayrton Senna.
— A família se juntava para ver as lutas. Era uma pena que duravam tão pouco. Eram duas tradições quando era mais novo: churrasco para ver as corridas do Senna e as lutas do Tyson — conta Ronaldo Persiano, de 38 anos, que vive situação semelhante a de Paulo Cézar Filho, outro fã de Tyson:
— Eu via as lutas dele na década de 1990. Eram um acontecimento — declarou.
Mais seis lutas estão previstas: Jake Paul x Nate Robinson (cruzadores), Badou Jack x Blake McKernan (meio-pesados), Viddal Riley x Rashad Coulter (cruzadores), Jamaine Ortiz x Nahir Albright (leves), Irvin Gonzalez Jr. x Edward Vasquez (penas) e Juiseppe Cusumano x Nick Jones (pesados).
O Globo sexta, 27 de novembro de 2020
ELEIÇÕES 2020: CAMPANHAS EM PORTO ALEGRE E NO RES AGRESSIVAS A RETA FINAL. NO RIO, PAES E CRIVELLA TAMBÉM INTENSIFICAM ATAQUES.
Eleições 2020: Campanhas em Porto Alegre e Recife ficam mais agressivas na reta final
Com falsas acusações, disputas baixam o nível na reta final e transbordam para polícia e Justiça Eleitoral. No Rio, Paes e Crivella também intensificam ataques
Rodrigo Gonçalves e Gabriela Oliva
27/11/2020 - 03:30 / Atualizado em 27/11/2020 - 09:47
RIO - Enquanto a corrida eleitoral se acirra às vésperas do segundo turno, trocas de acusações, por vezes falsas, contra adversários se multiplicam em panfletos apócrifos e publicações anônimas na internet, algumas deles com temas como legalização do aborto, descriminalização do consumo de drogas e outras pautas de cunho ideológico.
Na última semana, a disputa em Porto Alegre chegou a virar caso de polícia. O candidato Sebastião Melo (MDB) foi à sede da Polícia Civil registrar boletim de ocorrência contra a adversária Manuela D’Ávila (PCdoB). O deputado estadual acusa a rival de chamá-lo de racista sem provas. Isso porque dias após um homem negro ser assassinado por seguranças no Carrefour na capital gaúcha, a campanha de Manuela veiculou propaganda mostrando declarações do vice-presidente Hamilton Mourão negando o racismo no Brasil e do candidato do PSD derrotado no primeiro turno, Valter Nagelstein, que criticou parlamentares negros do PSOL. Os dois são apresentados como aliados de Melo.
“Não posso aceitar que o debate chegue a esse nível. O que estão fazendo é criminoso. A gente pode perder ou ganhar eleição, mas a biografia tem de ser preservada. Eu combato racismo e todo o tipo de preconceito”, disse Melo.
Em resposta, Manuela disse que o adversário não tinha sido capaz de discordar publicamente “das declarações literais de seus aliados” e que tentava “criar um fato eleitoral” a partir disso.
“Seria tão mais simples dizer: não concordo com Mourão e Valter. Mas não, ele age contra mim que denuncio declarações racistas”, escreveu a candidata. “Ele responderá judicialmente por isso: entraremos com ação de dano moral por injúria e difamação e com denunciação caluniosa pelo Boletim de Ocorrência.”
No Recife, a Justiça Eleitoral determinou que o candidato João Campos (PSB) interrompa a divulgação de panfletos contra Marília Arraes (PT) que foram distribuídos em frente a templos religiosos da cidade. “Cristão de verdade não vota em Marília Arraes”, diz o material, estampado com foto da petista. Ali também está escrito que Marília defende a legalização das drogas, o aborto e a ideologia de gênero, tirou a Bíblia da Câmara do Recife e pertence ao PT, “que persegue os cristãos em todo o Brasil”.
Em sua denúncia, Marília Arraes afirmou que os panfletos foram produzidos e espalhados por Campos porque o carro usado para a distribuição do material tinha o design da campanha do candidato.
A juíza Virgínia Gondim Dantas, da 7ª Zona Eleitoral, entendeu que não é possível provar que os panfletos são de autoria da campanha de Campos, mas, como ele foi o beneficiário da ação, caberia a ele interromper a divulgação. O material tem o efeito de “criar nos eleitores estados mentais e emocionais, deixando de divulgar a integralidade da fala da candidata Marília Arraes”, dizia ainda a sentença.
Em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, a deputada Flordelis, acusada de mandar matar o marido, o pastor Anderson do Carmo, tornou-se personagem da corrida eleitoral. Nesta quinta-feira, ela foi às redes sociais para desmentir que tenha declarado apoio ao candidato Dimas Gadelha (PT), após uma publicação com uma foto deles juntos circular nas redes. Flordelis esclareceu que a imagem tinha sido feita há anos, durante uma campanha do Outubro Rosa.
Gadelha também se posicionou sobre o assunto. “Não temos e jamais pedimos apoio, da até agora deputada Flordelis para a nossa campanha. Mentir assim para a população é um desrespeito”, diz a nota publicada nas redes sociais. O candidato gravou um vídeo, em que chama seu adversário, Capitão Nelson (Avante), de “Capitão Mentira”, acusando-o de espalhar o boato.
— A mentira de hoje é que o Dimas tem o apoio da Flordelis. Mentira! O grupo da Flordelis, o partido dela, o PSD, está com você, capitão — respondeu Gadelha
Mesmo em uma campanha que pesquisas de intenção de voto apontam não ser das mais acirradas, com larga vantagem para o primeiro colocado, o segundo turno da disputa pela prefeitura do Rio vem sendo marcado por ataques, seja por meio de declarações, panfletos, em debates ou no horário eleitoral. O acirramento chegou também ao Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ): o candidato do DEM, Eduardo Paes, já moveu 53 ações contra o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), que postula a reeleição; o atual ocupante do cargo, por sua vez, acionou o adversário judicialmente 38 vezes.
O ápice do confronto, Crivella fez uma falsa acusação ao afirmar que Paes, se eleito, entregaria a Secretaria de Educação para o PSOL, o que, nas palavras dele, incentivaria a pedofilia nas escolas. Um material distribuído nas ruas vincula o ex-prefeito ao aborto, à legalização das drogas e à distribuição de um “kit gay” nas escolas. Na Justiça Eleitoral, Paes afirma que a propaganda é “sabidamente inverídica e difamatória” e tem o objetivo de “ludibriar os eleitores” — o ex-prefeito também foi às redes sociais contestar a divulgação.
De seu lado, a campanha de Paes não tem poupado a faceta religiosa do adversário. Na propaganda de TV, Crivella é chamado de “falso pastor”. O candidato do DEM passou a se referir ao rival pela alcunha de “Pai da Mentira”, um termo bíblico de referência ao diabo..
O Globo quinta, 26 de novembro de 2020
VERA FISCHER FALA SOBRE ÉPOCA DAS PORNOCHANCHADAS E RELEMBRA POLÊMICA DE FILME
Vera Fischer fala sobre época das pornochanchadas e relembra polêmica de filme
Vera Fischer (Foto: Reprodução/Instagram - Patrícia Lino)
No ar na reprise de “Laços de família”, no Vale a Pena Ver de Novo, Vera Fischer falou sobre o início da sua carreira, quando fez filmes de pornochanchada, e relembrou do período com carinho:
- Eu comecei nos anos 1970. Fiz algumas pornochanchadas deliciosas de fazer, com um lado cômico de brincar com os temas da sexualidade. Era muito mais chanchada do que pornô. Eu fiz uns cinco filmes desse tipo – comentou a atriz.
A declaração foi dada em entrevista para Simone Zuccolotto no programa “Cinejornal”, do Canal Brasil, que irá ao ar nesta quinta-feira (26), às 18h55m. No papo, a atriz falou também sobre o seu novo projeto - a websérie "Reflexos" -, além de questões como a pandemia e a situação política do Brasil. Ela ainda lembrou alguns filmes dos quais participou, como, por exemplo, "Navalha na carne", em que viveu uma prostituta:
- Quando eu fiz "Navalha na carne", aí foi sério. Ela era uma prostituta, mas o texto era seríssimo. Essa queixa dessa mulher sendo usada e sendo chamada de puta, de velha... um papel que eu adorei. Adorei fazer esse filme – disse Vera.
A atriz comentou sobre como se sentiu com a retirada de circulação do filme “Amor estranho amor” (1982), que estrelou ao lado de Tarcísio Meira e Xuxa. O longa ficou fora do mercado por anos por causa de disputas judiciais entre a produtora e a apresentadora:
- Não era só eu (que senti). Tinha um elenco enorme... Pena que o público só viu por um tempo. Ele entrou em cartaz nos cinemas, fez ótimo público, mas saiu de circulação. Eu senti muito até porque era coprodutora do filme. O produtor principal era o Anibal Massaíni e nós sentimos no bolso. Eu acho que vão querer lançar novamente nos cinemas ou nas plataformas. E vai ser um ganho... a própria Xuxa disse outro dia que o filme é bom e tem que ser visto. Vai ser bom para a gente.
Questionada pela entrevistadora se ela acha que havia motivos para o filme sair de circulação, Vera comentou:
- Eu acho que ela (Xuxa) tinha uma equipe muito poderosa. E acho que eles a obrigaram a tirar o filme de circulação. Seminua com um garoto de 12 anos... Eu acho que a situação foi essa.
V
era Fischer participou do 'Cinejornal' (Foto: Divulgação)
O Globo quarta, 25 de novembro de 2020
FIFA ANUNCIA INDICADOS AO THE BEST, COM NEYMAR ENTRE OS MELHORES DO MUNDO
Fifa anuncia indicados ao The Best, com Neymar entre os melhores do mundo
Alisson concorre como melhor goleiro ao prêmio que será entregue em 17 de dezembro
O Globo
25/11/2020 - 08:35 / Atualizado em 25/11/2020 - 10:16
Neymar está de volta à disputa pelo prêmio de melhor jogador do mundo. Nesta quarta-feira, a Fifa divulgou os 11 pré-finalistas do The Best, que será entregue no dia 17 de dezembro. Também foram anunciados os candidatos nas categorias feminina, de melhor goleiro e goleira, além de técnico de times masculino e feminino.
Arrascaeta, do Flamengo, ganhou uma indicação do prêmio Puskás — que elege o gol mais bonito —, pelo gol de bicicleta marcado contra o Ceará no Brasileirão de 2019. No prêmio de melhor goleiro, Alisson, do Liverpool e da seleção brasileira, volta a figurar entre os indicados.
Nas categorias técnicas, a votação acontece de forma mista: serão levados em conta o voto popular mais as escolhas de um júri formado por capitães, técnicos e técnicas de seleções masculinas e femininas (dependendo da categoria), além de jornalistas de cada país representado por essas seleções.
Já no caso do prêmio Puskás, a escolha fica por conta de um painel de jogadores e técnicos 'lendários' selecionados pela Fifa, somados ao voto do público. A votação fica aberta até 9 de dezembro, no site da Fifa. A divulgação dos três finalistas em cada categoria acontece no dia 11 do mesmo mês.
Confira a lista completa de indicados:
Melhor jogador
Thiago Alcântara (Espanha / Bayern de Munique / Liverpool)
Cristiano Ronaldo (Portugal / Juventus)
Kevin De Bruyne (Bélgica / Manchester City)
Robert Lewandowski (Polônia / Bayern de Munique)
Sadio Mané (Senegal / Liverpool)
Kylian Mbappé (França / Paris Saint-Germain)
Lionel Messi (Argentina / Barcelona)
Neymar (Brasil / Paris Saint-Germain)
Sergio Ramos (Espanha / Real Madrid)
Mohamed Salah (Egito / Liverpool)
Virgil van Dijk (Holanda / Liverpool)
Melhor jogadora
Lucy Bronze (Inglaterra / Lyon / Manchester City)
Delphine Cascarino (Francça / Lyon)
Caroline Graham Hansen (Noruega / Barcelona)
Pernille Harder (Dinamarca / Wolfsburg / Chelsea)
Jennifer Hermoso (Espanha / Barcelona)
Ji So-yun (Coreia do Sul / Chelsea)
Sam Kerr (Austrália / Chelsea)
Saki Kumagai (Japão / Lyon)
Dzsenifer Marozsán (Alemanha / Lyon)
Vivianne Miedema (Holanda/ Arsenal)
Wendie Renard (França / Lyon)
Melhor goleiro
Alisson Becker (Brasil / Liverpool)
Thibaut Courtois (Bélgica / Real Madrid)
Keylor Navas (Costa Rica / Paris Saint-Germain)
Manuel Neuer (Alemanha / Bayern de Munique)
Jan Oblak (Eslovênia / Atlético de Madrid)
Marc-André ter Stegen (Alemanha / Barcelona)
Melhor goleira
Ann-Katrin Berger (Alemanha / Chelsea)
Sarah Bouhaddi (França / Lyon)
Christiane Endler (Chile / Paris Saint-Germain)
Hedvig Lindahl (Suécia / Wolfsburg / Atlético de Madrid)
Alyssa Naeher (Estados Unidos / Chicago Red Stars)
Ellie Roebuck (Ingalterra / Manchester City)
Melhor técnico ou técnica em time masculino
Marcelo Bielsa (Argentina / Leeds United)
Hans-Dieter Flick (Alemanha / Bayern de Munique)
Jürgen Klopp (Alemanha / Liverpool
Julen Lopetegui (Espanha / Sevilla)
Zinedine Zidane (França / Real Madrid)
Melhor técnico ou técnica em time feminino
Lluís Cortés (Espanha / Barcelona)
Rita Guarino (Itália / Juventus)
Emma Hayes (Inglaterra / Chelsea)
Stephan Lerch (Alemanha/ Wolfsburg)
Hege Riise (Noruega / LSK Kvinner)
Jean-Luc Vasseur (França / Lyon)
Sarina Wiegman (Holanda / Seleção Holandesa)
Prêmio Puskás
Shirley Cruz (Costa Rica) – Costa Rica x Panamá (Pré-olímpico feminino da Concacaf - 28 de janeiro de 2020)
Giorgian De Arrascaeta (Uruguai) – Ceará x Flamengo (Brasileirão - 25 de agosto de 2019)
Jordan Flores (Inglaterra) – Shamrock Rovers x Dundalk FC (Campeonato Irlandês - 28 de fevereiriro de 2020)
André-Pierre Gignac (França) – Tigres x Pumas (Campeonato Mexicano - 1º de março de 2020)
Sophie Ingle (País de Gales) – Arsenal x Chelsea (Liga Inglesa Feminina - 19 de janeiro de 2020)
Zlatko Junuzović (Áustria) – Rapid Viena x Red Bull Salzburg (Campeonato Austríaco - 24 de junho de 2020)
Hlompho Kekana (África do Sul) – Mamelodi Sundowns x Cape Town City (Campeonato Sul-Africano - 20 de agosto de 2019)
Son Heung-Min (Coreia do Sul) – Tottenham x Burnley (Campeonato Inglês - 7 de dezembro de 2019)
Leonel Quiñónez (Equador) – Universidad Católica x Macará (Campeonato Equatoriano - 19 de agosto de 2019)
Luis Suárez (Uruguai) – Barcelona x Mallorca (Campeonato Espanhol - 7 de dezembro de 2019)
Caroline Weir (Escócia) – Manchester City x Manchester United (Liga Inglesa Feminina - 7 de setembro de 2019)
O Globo terça, 24 de novembro de 2020
BELA GIL ENSINA RECEITAS DE NHOQUE DE BATATA-ROXA E SALADA DE FUNCHO COM LARANJA
Bela Gil ensina receitas de nhoque de batata-roxa e salada de funcho com laranja
Chef participa da versão on-line da Semana da Cozinha Italiana, com lives diárias até 29 de novembro
Bruno Calixto
22/11/2020 - 23:01 / Atualizado em 23/11/2020 - 09:19
Bela Gil é uma das cozinheiras que participam da 5ª edição da Semana da Cozinha Italiana, que este ano acontece em versão digital, até 29 de novembro, com lives diárias (com transmissão no Instagram @italyinrio) com chefs daqui e de lá, além de especialistas em vinhos e turismo enogastronômico. A aula de Bela Gil será dia 24, às 19h, e ela antecipa aqui o que ensinará ao vivo.
1 funcho pequeno fatiado fino (usar a faca ou fatiador de vegetais)
2 laranjas em gomos supreme
½ cebola fatiada
¼ xicara de castanha de caju torrada e picada
3 colheres de sopa de azeite
½ limão espremido
Sal a gosto
Pimenta do reino a gosto
¼ xicara de azeitona preta
Preparo
Numa travessa, misture as fatias de funcho com a cebola e os gomos de laranja, tempere com azeite, limão, sal e pimenta-do-reino a gosto. Adicione as azeitonas e castanhas. Decore com as folhas da erva-doce e sirva a seguir.
Nhoque de batata-doce roxa
Ingredientes
... o nhoque
500g de batata-doce roxa cozida e espremida
½ xícara de farinha de arroz
1 colher de chá de sal
1 gema de ovo
... o molho
3 dentes de alho amassados
1 cebola picada
1kg de tomates maduros
¼ xicara de vinho tinto
3 colheres de sopa de azeite
1 colher de chá de acucar mascavo
½ xicara de manjericão fresco
1 pitada de noz moscada
Sal, orégano e pimenta-do-reino a gosto
Preparo
Nhoque: Numa tigela média coloque a batata-doce roxa, a gema, a farinha de arroz e o sal. Misture tudo até que esteja homogêneo. Numa superfície plana despeje a farinha de arroz. Enrole a massa em tiras compridas. Com ajuda de uma faca corte em pedaços de cm e reserve.
Numa panela grande coloque agua para ferver. Quando estiver fervendo coloque os pedaços de nhoque aos poucos. À medida que eles forem subindo, retire-os com uma escumadeira. Sirva com o molho.
Molho: Corte os tomates grosseiramente e bata no liquidificador até ficar uma suco homogeneo. Refogue a cebola e o alho com azeite na panela. Junte o molho de tomate, o sal, óregano e pimenta-do-reino ao refogado e deixe ferver. Quando ferver abaixe o fogo e deixe cozinhar por 45 minutos. Acrescente salsinha, vinho tinto e manjericão. Cozinhe por dez minutos.
O Globo segunda, 23 de novembro de 2020
CINEMATECA BRASILEIRA: MINISTÉRIO DO TURISMO ASSUME GESTÃO
Ministério do Turismo assume gestão da Cinemateca Brasileira
Decreto não define, no entanto, quando instituição será reaberta, nem quando as equipes voltarão a trabalhar no local
O Globo
23/11/2020 - 08:24 / Atualizado em 23/11/2020 - 08:40
Localizada em São Paulo, a Cinemateca está fechada desde o dia 7 de agosto, quando deixou de ser gerida pela Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp). Naquele dia, suas chaves foram retomadas por funcionários do Ministério do Turismo, acompanhados da Polícia Federal.
Nos últimos três meses, a Cinemateca deixou de prestar serviços ao público externo, como a cessão de imagens arquivadas por lá para produtores de cinema, televisão e publicidade. A instituição abriga o maior acervo audiovisual do Brasil. Segundo o Ministério, a suspensão dos serviços se deu por conta da pandemia e da “necessidade de conclusão dos processos relacionados ao chamamento público [de uma nova OS para gerir o espaço]”.
Com o fim da gestão da Acerp, todos os funcionários especializados da instituição pararam de trabalhar e, depois, foram demitidos pela OS. Até o momento, o Ministério não informou se pretende recontratar os antigos "experts".
O Globo domingo, 22 de novembro de 2020
CASA ALBERTO: TRADICIONAL LOJA DE TECIDOS CARIOCA FECHARÁ AS PORTAS EM DEZEMBRO, APÓS 81 ANOS DE ATIVIDADE
Tradicional Casa Alberto fechará as portas em dezembro, depois de 81 anos de atividade
A história da loja de tecidos, fundada em 1939, se confunde com a do bairro de Ipanema. Por lá passaram políticos, como Juscelino Kubitschek, e artistas, como o Rei Roberto Carlos
Marcia Disitzer
22/11/2020 - 03:30
Aos 20 anos, em 1923, Abrahim Chreem saiu de Antióquia, uma pequena cidade localizada na Turquia, com nada no bolso e uma ideia na mente: conquistar a América. A América em questão eram os Estados Unidos, mas quis o destino trazer Seu Alberto, como ele se tornou conhecido, para o Rio de Janeiro. Detalhe: o rapaz de origem judaica só ficou sabendo do seu real paradeiro ao desembarcar na Praça Mauá, depois de uma longa viagem de navio e nenhum conhecido à vista. Sem falar uma palavra de português, mas com carisma de sobra, Abrahim instalou-se num sobradinho na Praça Onze e começou a escalada. Iniciou vendendo meias, de porta em porta, tal qual um mascate. De meia em meia, a vocação natural para o comércio emergiu com a obstinação que apenas os sobreviventes têm.
O espírito visionário também se fez presente. Desde o começo, ele mirou na distante Ipanema, à época um areal. “Meu avô vendia os produtos para os funcionários das casas das madames que habitavam o bairro”, lembra a empresária Rachel Chreem, que faz parte da terceira geração da Casa Alberto, ao lado dos irmãos, Alberto, Helio e Ricardo. “Em 1939, ele abriu a primeira loja, uma espécie de bazar que vendia de tudo um pouco: miudezas de armarinho, linhas e agulhas, trajes para os festejos juninos e tecidos populares”, emenda. A rua que abrigou o estabelecimento pioneiro se chamava, então, 20 de Novembro e é hoje denominada Visconde de Pirajá. E é nessa mesma rua que esse ciclo de sucesso se encerra: depois de 81 anos de atividade, no fim de dezembro, a Casa Alberto fechará as portas. “É uma sensação de tristeza. Porém, ao mesmo tempo, olhando para trás e pensando em tudo que meu pai fez, me dou conta da época maravilhosa que eu, meus irmãos, minha mulher e meus filhos vivemos”, diz o empresário David Chreem.
“Hoje em dia, pouca gente compra tecidos para fazer roupas de alta-costura. Este modelo de negócio se tornou inviável. A gente achou melhor acabar como começou, com garra”, explica Helio. A família planeja o lançamento de um livro, em 2021, contando a trajetória da Casa Alberto, que se confunde com a de Ipanema. Até o fim de dezembro, uma liquidação agita a loja, que nos anos 1950 e 1960, especializou-se em tecidos de primeira linha e passou a receber políticos, como Juscelino Kubitschek. Quase não havia roupa pronta, e as máquinas de costura caseiras eram responsáveis pelas criações usadas no dia a dia e nos bailes da vida. Foi David, que, em 1975, depois de os irmãos trocarem o negócio pela área imobiliária, inaugurou a loja no endereço atual. E o local, que virou reduto de tecidos garimpados em feiras internacionais e croquis artísticos, gerou ‘filhotes’.
A partir da década de 1990, o bazar do jovem judeu destemido virou o Grupo Casa Alberto, com diversas ramificações. Além da Casa Alberto Tecidos, surgiram a Casa Alberto Cama & Mesa e a Casa Alberta Baby, comandada por Rosinha, mulher de David. Já a Alberto Gentleman, com Alberto à frente, nasceu em Ipanema e se expandiu para mais cinco pontos na cidade. Helio abriu a Trilogia, atacado de tecidos de luxo, e coube a Rachel mais uma inovação no empreendimento da família. “Ingressei em 1998 e, nessa fase, os artigos esportivos começaram a parar de vender, já sinalizando uma mudança de mercado. Foi aí que idealizei a venda de acessórios de grifes de luxo, nacionais e internacionais. Assim nasceu a multimarcas Alberta”, lembra.
Mas é a loja de Ipanema que coleciona as melhores histórias, além de ter sido palco constante de visitas ilustres, como as de Tonia Carrero, Marília Pêra, Vera Fischer, Christiane Torloni e até Roberto Carlos. Numa ocasião, o Rei resolveu ir pessoalmente selecionar tecidos de camisaria. “Foi em 1990. Combinamos de ele vir à noite, depois do expediente. Mas não teve jeito: bastou o cantor estacionar o Cadillac para o reconhecerem. Veio todo mundo correndo e ele só conseguiu entrar graças a dois seguranças. A multidão ficou do lado de fora. Roberto adorou a loja. Tingi um tecido no tom azul exato da amostra que ele me deu”, lembra David.
Ricardo, que por 35 anos interagiu com a clientela, lembra com carinho das equipes de figurino e também de artistas como Beth Carvalho, que procurava sempre produtos que tivessem o “verde e rosa” da Mangueira, e Sonia Braga. “Ela se dizia apaixonada por tecidos pelo fato de a mãe ter sido costureira. Ficou amiga de todos”, conta. Já a socialite Gisella Amaral era fã do cashmere de lã para confeccionar mantôs sob medida para temporadas em Nova York. Também não faltam recordações inusitadas. “Uma vez, uma senhora comprou tafetás e tules roxos para a roupa com a qual seria enterrada e também para decorar o caixão”, descreve Ricardo. Ele frisa que a Casa Alberto não era apenas uma loja de tecidos. “Era a loja de tecidos do Rio.” Já Alberto destaca a festa do aniversário de 50 anos. “Foram 500 convidados no Scala. Tivemos orquestra, corpo de baile e Narcisa Tamborindeguy e Miele como mestres de cerimônia.”
Para a figurinista Helena Gastal, a Casa Alberto é sinônimo de nobreza. “Lá, nós, figurinistas, encontramos tecidos exclusivos e de boa qualidade. Vai fazer muita falta”, lamenta. A especialista em moda e comportamento Paula Acioli observa a transformação do mercado da moda: “A pandemia e o cenário econômico mundial, definitivamente, aceleraram os processos que estão revolucionando o varejo tradicional.”
O Globo sábado, 21 de novembro de 2020
ZÉ KATIMBA: ANIVERSÁRIO DE 88 ANOS E PRIMEIRA LIVE
Zé Katimba comemora aniversário de 88 anos e realiza sua primeira live
Compositor canta, conta histórias de sua trajetória e homenageia Chiquinha Gonzaga e Dona Ivone Lara, entre outras
Sérgio Luz
21/11/2020 - 03:30
RIO — Zé Katimba saiu clandestinamente da Paraíba ainda criança rumo ao Rio de Janeiro, a bordo de um navio cargueiro junto dos pais. Na chamada Cidade Maravilhosa, o jovem migrante sentiu na pele o preconceito contra nordestinos e a desigualdade social. Mas foi esse contexto que criou um compositor prolífico, sensível e politizado, cuja obra é reverenciada pelo público e por seus pares, como Zeca Pagodinho, Monarco e Martinho da Vila, seu principal parceiro.
Hoje, no YouTube (/zekatimbaoficial), às 16h, o bamba faz live para comemorar seus 88 anos, completados no dia 11, com partipação de Dandara Alves e Zé Inácio Jr., seu filho.
— Resolvi contar minha história e cantar minhas músicas — diz o músico.
E suas histórias são muitas. Além de ter vivido em diversos bairros do Rio e em Niterói, Katimba foi um dos fundadores da Imperatriz Leopoldinense. E chegou a ser preso pela Ditadura.
— A gente forganizava o movimento no Teatro Opinião, com as músicas de protesto. Era em pleno regime militar, acabei detido — relembra. — Se tivesse que fazer, faria tudo de novo, porque fiz por amor, e a gente não deve desistir nunca dos nossos sonhos.
O repertório do show virtual traz clássicos como “Martim Cererê” (com Gibi) e “Na minha veida” (com Martinho).
— Vamos também homenagear Chiquinha Gonzaga, Mart’nália e Dona Ivone Lara, além da Simone, nossa Cigarra, que foi quem mais gravou minhas músicas com o Martinho — adianta.
Bem-humorado, Katimba lembra dos tempos difíceis com leveza.
— Era uma época muito dura quando cheguei aqui. E tudo que não prestava era coisa de “paraíba”. No meio desse furdunço todo de preconceito, tive que sobreviver. Eu fui um dos fundadores da escola, mas quem empurrava alegoria e metia mão em cola quente? M as aprendi tudo, desde trabalhar o couro até tocar. Fui passista, mestre-sala, vice-presidente, presidente, puxei corda... Venci, fiz tudo por amor. E só o amor dá nobreza — afirma. — Graças a Deus, insisti. As escolas fazem a maior festa do universo, são nossos patrimônios culturais. E a música é única, pode ser pop, rock, o que for. A cultura popular tem uma sabedoria muito profunda.
O músico conta que ainda tem muito para aprender.
— Pretendo me aposentar aos 100 anos e viver de sambas de amor. Eu quero me formar em aprendiz, quero aprender todos os dias. A essência da vida é essa, aprender e amar.
O Globo sexta, 20 de novembro de 2020
CONVENÇÃO DAS BRUXAS: ADAPTAÇÃO QUE DIVERTE ELA ATUAÇÃO CARICATA DE ANNE HATHAWAY, DIZ CRÍTICA
'Convenção das bruxas’: adaptação que diverte pela atuação caricata de Anne Hathaway, diz crítica
Bonequinho olha. Confira os filmes que entram em cartaz nesta quinta-feira (19)
Mario Abbade
18/11/2020 - 23:01 / Atualizado em 19/11/2020 - 16:35
O escritor britânico Roald Dahl sempre foi craque em combinar terror, humor e aventura numa literatura que encanta crianças e adultos. Livros infantis seus como “A fantástica fábrica de chocolate”, “Matilda”, “O bom gigante amigo” e “James e o pêssego gigante” são alguns exemplos, com sua excelência de contador de histórias, que foram adaptados para o cinema.
A história apresenta um homem, John Garrity (Gerard Butler), a mulher (a brasileira Morena Baccarin) e o filho (Roger Dale Floyd) embarcando numa jornada perigosa para encontrar um santuário, enquanto um cometa com poder de destruir o planeta avança em direção à Terra. (Mario Abbade). Veja crítica e sessões
“Convenção das bruxas”, inspirado em “As bruxas” de Dahl, conta as experiências de um jovem e sua avó num mundo onde bruxas malvadas, que odeiam crianças, existem secretamente. Nas mãos do diretor e roteirista Robert Zemeckis, a trama ganha algumas mudanças: a história sai da Inglaterra dos anos 1980 para os 1960 nos EUA e substitui a avó, que veio da Noruega, por uma mulher negra (Octavia Spencer) com o objetivo de fazer um comentário sobre o racismo.
“As bruxas” já tinha tido uma boa adaptação do diretor Nicolas Roeg em 1990. Esta nova versão não atinge o mesmo resultado, mas diverte pela atuação caricata de Anne Hathaway.
O Globo quinta, 19 de novembro de 2020
COVID-19 - O BRASIL JÁ CONVIVE COM A SEGUNDA ONDA? - ESPECIALISTAS RESPONDEM A DEZ PERGUNTAS
O Brasil já enfrenta uma segunda onda da Covid-19? Especialistas respondem a dez perguntas
Morrerão muitas pessoas? Precisaremos de lockdown? Vacina chegará a tempo? Veja o que cientistas dizem sobre essas e outras dúvidas
Rafael Garcia
19/11/2020 - 03:30 / Atualizado em 19/11/2020 - 08:12
SÃO PAULO — Diante de uma provável "segunda onda" da Covid-19, o Brasil precisa guiar sua ação estratégica respondendo a muitas perguntas duras. Em encontro virtual promovido pela Faculdade de Medicina da USP com participação do GLOBO, os cientistas Paulo Lotufo e Márcio Bittencourt se juntaram a Ricardo Schnekenberg, da Universidade de Oxford, para responder a algumas delas.
Veja abaixo o que esses e outros especialistas dizem sobre os principais pontos relacionados ao recrudescimento da pandemia no país:
O que é a segunda onda de uma epidemia de Covid-19? A do Brasil já começou?
Não existe uma definição técnica, científica e formal, ainda, para caracterizar quando a primeira onda de uma epidemia cessa e quando a segunda começa. A maior parte dos especialistas consultados pelo GLOBO afirma que prefere usar essa expressão no caso de lugares que conseguiram reduzir a primeira onda a praticamente zero, depois viram a chegada de uma segunda.
Essa queda drástica não ocorreu na maior parte do Brasil, que reduziu o número diário de casos e mortes a um nível ainda alto, depois voltou a vê-lo crescer. Essa dinâmica, além disso, precisa ser vista de forma regionalizada no Brasil, onde a epidemia se distribui de maneira heterogênea.
A discussão sobre segunda onda, por outro lado, preocupa cientistas porque pode desviar o foco sobre o que é mais importante agora: o volume da pandemia voltou a aumentar, não importa o nome dado ao fenômeno.
— A distinção entre primeira e segunda onda é um preciosismo acadêmico sem relevância prática para a população, que está novamente exposta ao vírus — diz o médico Ricardo Schnekenberg, pesquisador da Universidade de Oxford que trabalha na análise de dados e construção de modelos para entender a epidemia.
Como sabemos se o número de casos (e mortes) está subindo ou descendo?
Para ler a tendência da Covid-19 no Brasil, os epidemiologistas olham diferentes conjuntos de dados. Alguns, como monitoramento de sintomas em uma população de pacientes, são rápidos de aferir, mas pouco precisos. Nem todos os que apresentam “síndrome gripal”, que é o conjunto de sintomas que caracterizam a gripe ou a Covid-19, terão sido infectados pelo coronavírus.
Os dados de mortes registradas por Covid-19 são o oposto: mais precisos, porém demoram a se consolidar. Em geral, um caso da doença que foi grave o suficiente para matar foi confirmado por um teste em algum momento, e as mortes têm menos subnotificação que casos leves. Quando um gestor público espera um sinal de aumento nos óbitos por Covid-19 para tomar uma decisão, porém, é tarde demais, porque a transmissão comunitária já está mais intensa.
Outros tipos de dados ficam num plano intermediário, como o monitoramento de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) e o monitoramento de internações novas. Há dados ricos sobre internações em São Paulo, por exemplo, mas muitos municípios não têm estrutura para levantá-los em tempo real.
— Em São Paulo a gente está vendo um aumento de internações e precisa agir como se fosse uma coisa importante mesmo que o sinal seja ruidoso e que talvez a gente esteja avisando demais — diz Márcio Bittencourt, epidemiologista do Centro de Pesquisa Clínica da USP. — Precisamos agir logo, porque o que fazemos agora leva duas a três semanas para ter um efeito perceptível na pandemia.
Onde no Brasil a Covid-19 está entrando num segundo momento de crescimento?
Em muitos casos é preciso olhar município a município, mas Bittencourt, da USP, destaca algumas regiões onde já se vê alguma complicação.
Em São Paulo, apesar do aumento na capital, na Baixada Santista, em Campinas e no Vale do Paraíba, no interior, perto de Araraquara e Bauru, a segunda onda não chegou, ainda.
A região Sul do país como um todo está em alerta. Em Curitiba, o número de casos ativos da Covid-19 já é o pior desde o início da pandemia. Em Santa Catarina, há recrudescimento claro em Jaraguá, Blumenau, Criciúma e Florianópolis. No Rio Grande do Sul, várias cidades estão subindo o nível de alerta, e Porto Alegre já tem alguns hospitais lotados.
Há aumento no Espírito Santo e em alguns lugares do Nordeste, onde muitos municípios não têm estrutura boa de monitoramento. Manaus, a capital que mais sofreu com a Covid-19 no auge da primeira onda, começou a ter uma nova subida de casos, mas mais modesta.
A segunda onda pode vir a matar tantas pessoas quanto a primeira?
Um fenômeno que se observou em alguma medida na Europa e nos EUA é que, naquilo que se chamou de segunda onda, o número de casos registrados subiu muito, mas o de mortes não se elevou no mesmo ritmo.
Especialistas atribuem isso em grande parte a uma melhor estruturação para realizar testes, porque, com um grande número de pessoas fazendo exames, é natural que o número de diagnósticos aumente. A “letalidade real”, porém, número de mortes dividido pelo número de infectados, não necessariamente aumenta, e os números brutos passam a impressão de que a doença está diminuindo em gravidade.
Há outros fatores por trás do fenômeno, como a mudança de perfil etário das pessoas que estão se infectando mais, com muitos jovens, fora do grupo de maior risco, contaminados na segunda leva da pandemia.
— Pessoas mais susceptíveis costumam pegar a doença primeiro e morrer na primeira leva. Uma parte daqueles que são os mais frágeis morreu durante a primeira onda, então há menos deles disponíveis para o vírus infectar e matar agora — diz Bittencourt, da USP.
Será preciso fechar comércio e escolas de novo? Um 'lockdown' está no horizonte?
A expressão "lockdown" é outra para a qual não existe uma definição universal precisa. De modo geral, porém, ela significa fechar a economia e restringir a circulação de pessoas num nível que o Brasil não chegou a fazer. Pesquisadores defendem que se dê prioridade para impedir a abertura de eventos “superdisseminadores” do vírus, como shows e jogos de futebol, mas também a estabelecimentos menores, como bares e academias, que demonstraram ter um papel de disseminação muito intenso.
As escolas, apesar de estarem ligadas em alguma medida à força de disseminação da pandemia, estão sendo tratadas de maneira diferente em muitos lugares.
— Na Inglaterra a gente está agora em "lockdown", mas as escolas e universidades estão abertas — conta Schnekenberg. — Mas é preciso tomar cuidado, porque quando se abre uma escola, existe toda uma economia em torno dela que volta a se movimentar, com transporte, alimentação etc.
O que muitos gestores públicos levam em conta, porém, é que o fechamento de escolas tem o efeito socioeconômico mais nocivo. A interrupção do ensino na pandemia causará uma perda de capacitação que pode resultar em uma queda de 1,5% do PIB global pelo resto do século, estimou a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), e qualquer medida para minimizar esse dano deve ser bem-vinda.
— Nós devemos estar nos perguntando o que podemos fechar para poder manter as escolas abertas — diz Paulo Lotufo, epidemiologista da Faculdade de Medicina da USP.
A oferta de leitos é suficiente? Hospitais de campanha precisarão voltar?
Muitos municípios estão ainda com capacidade de leitos para acomodar doentes. Aqueles que tiveram hospitais de campanha desativaram algumas instalações e tentaram reabilitar vagas de UTI em hospitais preexistentes.
Com a queda no número de casos vista até outubro, porém, em geral o número de vagas diminuiu junto dos casos, por isso a taxa de ocupação percentual não caiu em todos os estados. Isso não significa que a demanda por leitos continue tão alta.
— Mas essa desmobilização dos recursos foi uma completa irresponsabilidade, porque ocorreu junto a uma reabertura econômica, e deveria ser o contrário — afirma Ligia Bahia, sanitarista da UFRJ.
Como o aumento de casos já era previsto com a abertura, o ideal seria ter sido já manter em pé a estrutura necessária para acomodar uma eventual segunda onda.
No Rio de Janeiro, o volume de atendimento perdido com incêndio no hospital de Bonsucesso, por exemplo, não foi recuperado ainda.
Será preciso restringir transporte? E fechamento nos locais de trabalho?
Márcio Bittencourt, epidemiologista da USP, afirma que a maneira como se planejaram as restrições de transporte público pode agravar em vez de aliviar a pandemia. Manter o serviço ativo, mas com número reduzido de ônibus e trens, favorece a aglomeração de pessoas.
Uma medida que poderia ajudar a desafogar o transporte público, também, é o escalonamento de horas de entrada e saída dos locais de trabalho. A redução do horário de funcionamento, porém, mais atrapalha do que ajuda, porque também incentiva a aglomeração em momentos específicos.
A discussão sobre fechamento parcial do espaço aéreo é raramente discutida, porque o Brasil ainda é um dos países vistos como epicentro da epidemia. Haveria mais aeroportos estrangeiros preocupados em receber brasileiros do que o inverso.
As vacinas chegarão a tempo de ajudar a deter a segunda onda?
A resposta da maioria dos especialistas a essa pergunta, infelizmente, é um sonoro “não”. Na melhor das hipóteses, uma vacinação começaria dentro de seis meses, e dificilmente até o meio do ano que vem o país já terá testado, aprovado, produzido, distribuído e aplicado as vacinas que nem sequer concluíram a etapa de fase três.
As vacinas chegarão a tempo de ajudar a deter a segunda onda? Foto: Ilustração Editoria de Arte
Com muitas metrópoles brasileiras já dando sinais de que estão aumentando internações, e com o exemplo do que se viu na segunda onda europeia e do recrudescimento da epidemia nos Estados Unidos, não há como depositar esperança em vacinas por enquanto.
Como as eleições municipais afetam a Covid-19 agora, e como são afetadas?
Na eleição de primeiro turno, de modo geral, viu-se que políticos que tiveram postura de negação durante a pandemia perderam espaço. Isso se refletiu, segundo analistas políticos, na perda de popularidade do presidente Bolsonaro, que elegeu uma fração pequena dos candidatos que apoiou abertamente. Medidas de fechamento econômico, por outro lado, também são muito impopulares, e é provável que em cidades nas quais a eleição será decidida no segundo turno essa discussão seja evitada, mesmo quando necessária.
Prefeitos que tentam se reeleger ou eleger correligionários são aqueles sob maior pressão, porque precisam tomar decisões agora. Epidemiologistas mais experientes não esperam que isso ocorra.
— Os prefeitos que estão no segundo turno podemos esquecer — diz Lotufo, da USP, que considera os candidatos à reeleição uma causa perdida. — Para os prefeitos que já estão eleitos meu conselho é que já estejam trabalhando com prioridade na questão da Covid-19.
Que impacto terão as festas de fim de ano? Elas devem ser canceladas?
A importância cultural que os brasileiros dão ao Natal e às comemorações de Ano Novo são uma preocupação especial dos epidemiologistas, porque elas abrem brecha para que muitos eventos de “superdisseminação” ocorram no país.
“Sei que aqui no Brasil o Natal é *o* momento de reunir a família. Então, ao invés de focar apenas em pedir para evitar, faço outro apelo: se fizerem reunião, façam quarentena no retorno, ok?”, afirmou o epidemiologista da Fiocruz Marcelo Gomes em uma postagem de Twitter sugerindo como minimizar o problema.
Segundo o epidemiologista, se todos aqueles que se aglomeraram entre Natal e réveillon se isolarem por duas semanas no retorno, independentemente dos sintomas, o problema será minimizado. “Não façamos do Natal a distribuição massiva da Covid-19 país afora”, escreveu. “O potencial de leva-e-traz por conta das famílias com residentes em municípios distintos que se juntam nessa época é gigantesco.”
O Globo quarta, 18 de novembro de 2020
COPA DO MUNDO - ELIMINATÓRIAS - BRASIL VENCE O URUGUAI POR 2 A 0NTA O URUGUAI
ELIMINATÓRIAS DA COPA DO MUNDO - BRASIL VENCE O URUGUAI POR 2 A 0
O que a eficiência de Éverton Ribeiro diz sobre o futebol jogado no Brasil
Atuação do meia alimenta debates sobre nível do jogo doméstico e sobre a eterna crise de calendário
Carlos Eduardo Mansur
18/11/2020 - 04:00 / Atualizado em 18/11/2020 - 10:01
Os tempos atuais não são muito convidativos a grandes exibições de seleções - uma brutal exceção foi a escandalosa goleada espanhola sobre a Alemanha. Mas foi com absoluta segurança que o Brasil fez 2 a 0 no Uruguai, jogo que exigiu virtudes diferentes das exibidas nas rodadas iniciais e que viu o Brasil responder bem às necessidades. Só que o mais curioso foi perceber como a noite em que Éverton Ribeiro teve participação importante terminou por realimentar discussões importantes sobre o futebol jogado no Brasil.
Numa era de globalização em que o futebol europeu é o centro do mundo, é natural que um desempenho dominante no futebol brasileiro não baste para ser visto como garantia de sucesso na elite do jogo. A discussão vale para Everton Ribeiro, que nunca foi se provar na Europa e é jogador dominante no futebol doméstico do Brasil. Constatar sua dificuldade contra o Liverpool, na final do Mundial de Clubes, soa um tanto cruel. Afinal, estava diante dele a melhor pressão do mundo, que já engoliu jogadores da Europa inteira. Por outro lado, é fato que em boa parte da temporada brasileira os espaços são mais fartos para se jogar. Ontem, em Montevidéu, o meia rubro-negro deu argumentos aos dois lados do debate.
Uma mudança tática de Tite foi vital para o Brasil chegar aos 2 a 0 no primeiro tempo. E afetou Éverton Ribeiro. O jogador rubro-negro começou como um dos meias centrais e, recebendo a bola entre as linhas de defesa uruguaia, parecia carecer de tempo e espaço para controlar a bola e executar jogadas. Sofreu desarmes no início do jogo, teve dificuldades para dar sequência aos lances.
Ao passar para a direita, de onde buscava o centro, teve ótimos momentos. Num deles, na lateral da área, participou bem da jogada em que Gabriel Jesus foi pivô para Arthur marcar em chute desviado. Em outro, num belo toque de calcanhar, abriu campo para Douglas Luiz avançar: dali saiu o escanteio e o gol de Richarlison. Passou a ser muito mais influente na partida, partindo da lateral do campo para buscar os espaços.
Outra questão que sua atuação levanta, do início menos efetivo até a participação em lances decisivos, é a forma como ela repercute no Brasil. Enquanto Éverton Ribeiro dava bons passes, se exibia bem pela seleção como titular num dos clássicos mais ricos em história no futebol mundial, parte importante do público brasileiro torcia o nariz. É um imenso exagero e um descolamento do mundo real dizer que "ninguém liga" para a seleção. Mas o criminoso calendário do país transformou seleção e clubes em rivais.
Apenas por fazer seu trabalho, o técnico da seleção se torna vilão por manter em campo um atleta que tinha bom desempenho numa partida importante - notem o contrassenso.
Havia quem contabilizasse os minutos de Éverton Ribeiro em campo para especular sobre a possibilidade de um jatinho, um descanso e uma massagem milagrosa o colocarem em campo diante do São Paulo, 24 horas depois, pela Copa do Brasil. Havia quem amaldiçoasse a própria existência do jogo da seleção, embora o futebol mundial tenha definido há alguns anos a existência das datas-Fifa. E só o Brasil e um punhado de nações, quase todas do terceiro ou quarto mundos da bola, não as respeitam.
De tão mal gerir seu calendário, de tanto atentar contra o bom-senso e contra a saúde dos jogadores, a CBF expõe a seleção brasileira, admirada no mundo inteiro, à antipatia dentro de sua própria casa. Agora, ficará a expectativa sobre o resgate que pode levar Éverton a São Paulo a tempo de jogar no Morumbi nesta quarta-feira. O Brasil criou um novo e deturpado padrão de profissionalismo. Pobre do jogador que, mesmo cheio de razão, um dia se recusar a jogar duas vezes em dois dias seguidos.
O Globo terça, 17 de novembro de 2020
ALCIONE ABRE A CASA DA MARROM, BAR PARA SHOWS
Alcione abre a Casa da Marrom, bar para shows: 'Para muita gente boa da música brasileira'
Jorge Aragão, Mumuzinho, Fundo de Quintal e Xande de Pilares, além da própria cantora, estão confirmados entre as atrações do espaço aberto nesta terça (17)
Bruno Calixto
16/11/2020 - 23:01 / Atualizado em 17/11/2020 - 08:10
Depois de Zeca Pagodinho, chegou a vez de Alcione ganhar uma casa musical para chamar de sua no Rio. O Bar Alcione — A Casa da Marrom abre as portas nesta terça-feira (17) no CasaShopping, na Barra, onde a cantora irá receber amigos da música brasileira para shows.
— Além de a casa levar o meu nome, a Marrom Music, minha empresa, será a responsável pela programação musical. Minha irmã e empresária, Solange Nazareth, será a responsável pela direção artística e a nossa equipe está cuidando de todos os detalhes — comenta Alcione que, na quinta-feira, fará ali seu primeiro show com presença de público desde o início da pandemia.
Bar da Alcione Casa da Marrom Foto: Mariza Lima
A ideia, ela conta, é ter um show todo dia, com direito a palco e estrutura de luz e som. As quintas, detalha Marrom, serão “nobres”, com artistas mais conhecidos, entre eles Jorge Aragão (dia 26), Sandra de Sá, Mumuzinho, grupo Fundo de Quintal e Xande de Pilares. Alcione anuncia que vai cantar, ao menos, uma vez por mês.
— Vai ser um espaço para muita gente boa da música brasileira, jovens e veteranos, desconhecidos e famosos. Não vai ter só samba, apesar da predominância — ressalta a cantora. A programação será sempre divulgada no Instagram (@bardaalcione).
Na abertura, hoje, tem a estreia do projeto “Garçons cantores”, com repertório baseado em músicas da Marrom, seguido do grupo Tempero Carioca.
Ao longo da semana, apresentam-se Andreia Caffé (amanhã); Gabby Moura (sexta); Juninho Thybau com Arlindinho Cruz e Pretinho da Serrinha (sábado) e grupo Nascente do Bom Gosto (domingo).
— A importância deste bar para mim é o acolhimento ao samba, ainda mais com a curadoria da Alcione. Mais um espaço para trabalhar e mostrar nossa música — diz Pretinho da Serrinha.
Dos 200 lugares sentados da casa, com decoração inspirada no Maranhão e na Mangueira, um terço fica na parte externa.
Petiscos cariocas e do Maranhão
O cardápio leva assinatura de Kátia Barbosa (do Aconchego Carioca), incluindo petiscos como o bolinho de feijoada criado por ela (R$ 24,90, seis unidades), além de receitas da culinária maranhense, como bolinho de arroz de cuxá, caldinho de bobó de camarão, patinhas de caranguejo, croquetes de vaca atolada, arroz do mar, mignon de sol com pirão coalho e creme de cupuaçu com chocolate, entre muitos outros. Aos sábados terá feijoada (R$ 79,90). Para acompanhar, cerveja de garrafa (a partir de R$ 9,90), caipirinha (R$ 24,90) e drinques com nome de músicas (a partir de R$ 27,90), caso de "Gostoso veneno" (vodca, limoncello, lichia, cravo-da-Índia e limão) e "Ébano mule" (gim, tamarindo, cardamomo, gengibre, limão, água com gás e espumante).
— Dei uns pitacos na cozinha, pedi à Kátia que colocasse mais vinagreira no arroz de cuxá. Os dadinhos de tapioca dela, inclusive, serão servidos com a geleia da minha irmã Ivone — detalha a Marrom.
ÁFRICA CO SUL E CUBA VOLTAM A RECEBER VOOS INTERNACIONAIS
África do Sul e Cuba voltam a receber voos internacionais. Saiba para onde o brasileiro pode viajar
Lista inclui Argentina, que reabriu suas fronteiras para o Brasil em 30 de outubro
Com agências
14/11/2020 - 04:30
RIO - A chegada do verão ao Hemisfério Sul tem estimulado países a reabrirem suas fronteiras para voltar a receber turistas. Nesta semana, duas nações anunciaram a retomada de voos internacionais, sem restrição de origem: África do Sul e Cuba. A ilha caribenha já começa a receber estrangeiros neste domingo (15), quando reabre o Aeroporto Internacional de Havana, o único que permanecia fechado e a principal porta de entrada ao país. O país de Nelson Mandela ainda não informou a data exata de reabertura, mas segundo o presidente, ela deve acontecer nas próximas semanas.
"Todos os voos internacionais serão agora permitidos de acordo com os protocolos de contenção da pandemia e da apresentação de um certificado negativo da Covid-19", disse o presidente Cyril Ramaphosa, numa declaração à nação africana pela televisão.
Como afirmou, os protocolos de segurança para viajar para o país incluem a apresentação de um exame negativo para a Covid-19 feito até 72 horas antes do embarque. Autoridades afirmaram ainda que um controle de sintomas, como medição de temperatura, será feito logo na chegada. Se houver qualquer suspeita, o viajante ficará de quarentena em um local designado.
Já o governo cubano vai testar todos os viajantes internacionais para o coronavírus na chegada e cobrar uma tarifa sanitária para cobrir os custos extras de novos protocolos de higiene. Em ambos, turistas terão que continuar com medidas de prevenção durante a estada, como distanciamento social e uso de máscaras.
O Chile também decidiu abrir as fronteiras para voos internacionais, de qualquer destino, a partir de dezembro, mas sem especificar o dia exato. Para desembarcar no país, visitantes também precisarão apresentar um exame negativo para Covid-19, feito até 72 horas antes do embarque.
Governos afirmam que entrada de estrangeiros é segura
O aumento no número de casos na Europa e a crescente contínua dos Estados Unidos levantam precauções para uma possível segunda onda em outros países, mas autoridades dos países afirmam que o controle nas fronteiras será suficiente para conter a pandemia.
Segundo o Ministério do Turismo da Argentina, o nível de transmissão local na capital está em níveis baixos e a entrada dos vizinhos só poderá ser feita via aérea (exceto Uruguai), permitindo um maior controle nos aeroportos. Postos de fiscalização impedirão a entrada de turistas por rodovias.
Já o governo de Cuba informou que esperou até "que o surto de coronavírus fosse suficientemente contido" no país. As três nações estavam com portas fechadas há cerca de sete meses.
O Globo sábado, 14 de novembro de 2020
LIVES DE HOJE: MARIANA VOLKER, DOBRANDO A CARIOCA E ZÉLIA DUNDAN
Lives de hoje: Mariana Volker, Dobrando a Carioca e Zélia Duncan tocam neste sábado
Agenda também traz festival on-line em homenagem a Beethoven e três concertos da Orquestra Petrobras Sinfônica
Sérgio Luz
14/11/2020 - 03:30
RIO — Muitas casas e espaços de show já retomaram sua programação presencial, com todos os cuidados e protocolos sanitários por conta da pandemia da Covid-19. Mas diversos artistas e festivais seguem realizando apresentações virtuais para aqueles que não se sentem seguros ainda para sair de casa. Sem contar os formatos híbridos, como a cantora Mariana Volker, que toca neste sábado (14/11) na abertura do Somamos Festival, no Teatro Prudential, com espetáculo in loco e transmissão ao vivo pela internet. A seguir, confira uma lista de shows para assistir sem deixar o conforto e a segurança do lar.
#SalaDigital
A Sala Cecília Meireles exibe neste fim de semana “O ciclo integral das 32 sonatas de Beethoven”, seguindo a comemoração pelos 250 anos de nascimento do compositor alemão. Hoje, a programação inclui exibições virtuais dos pianistas Érika Ribeiro, às 16h, e Eduardo Monteiro, às 19h. Amanhã é a vez de Sergio Monteiro e Pablo Rossi, às 16h e às 19h, respectivamente. No YouTube (/salaceciliameireles).
Dobrando a Carioca
Formado por Guinga, Jards Macalé, Moacyr Luz e Zé Renato, o supergrupo se apresenta direto do palco do Teatro Rifal Refit, sem público na plateia. Em formato vozes e violões, os artistas interpretam composições que marcaram suas carreiras, como “Vapor barato” (Jars Macalé/Waly Salomão), “Picotado” (Guinga), “Anjo da velha guarda” (Aldir Blanc/Moacyr Luz) e “Toada” (Zé Renato/Claudio Nucci/Juca Filho). Às 19h30. A partir de 22,50. O link para a live será recebido após a compra do ingresso, à venda no site da Sympla.
A cantora e compositora leva ao palco reversível do Teatro Prudential espetáculo do disco “Órbita”, lançado no início deste ano, pela abertura do Somamos Festival.
— Vou estar com uma banda totalmente nova, só de mulheres, sob direção de Letícia Pires — diz Mariana, que toca acompanhada por Carol Mathias (baixo), Manuella Terra (bateria), Aline Lessa (teclados) e Mikhaila Copello (guitarra).
A cantora garante que “voltar aos palcos vai ser maravilhoso”:
— Estava com muita falta de fazer show e ver o público. Sei que vai ser reduzido, mas muito caloroso. E a transmissão on-line é uma forma de pessoas em outros estados poderem assistir. Estou muito animada, vai ser um show muito festivo, para a gente extravasar essa energia que ficou contida tanto tempo.
Nas próximas semanas, o evento traz Chico Brown (dias 20 e 21), Duda Brack e Chico Chico (22), Theo Bial e Quel (25), Barbara Sut e Luciane Dom (26), Tuim e Pietá (27) e Beraderos (28). Às 20h. R$ 20 (transmissão on-line) e R$ 60 (ingressos apenas pelo site da Sympla). 12 anos.
Mônica Salmaso e André Mehmari
Depois de meses realizando concorridas lives caseira com diversos convidados, a cantora Mônica Salmaso se uniu com o pianista e arranjador André Mehmari para fazer um show profissional em estúdio, com toda a infraestrutura de áudio de vídeo. O repertório inclui músicas como “Insensatez” (Tom Jobim/Vinicius de Moraes), “Sinhá” (Chico Buarque/João Bosco), “Camisa amarela” (Ary Barroso) e “Acaçá” (Dorival Caymmi). Às 20h, no YouTube (/monicasalmaso). Ingresso consciente à venda no site da Sympla.
Orquestra Petrobras Sinfônica
A Opes promove a segunda edição de seu “Festival Online”. A programação, que abriu na quinta, conta com concertos marcantes da companhia. Hoje, a orquestra apresenta o infantil “Arca sinfônica”, às 11h, “Villa de todas as cores”, dedicado à obra de Villa-Lobos, às 16h, e “Série álbuns: Black Album”, com versões sinfônicas para o clássico disco da banda americana de heavy metal Metallica, lançado em 1991. No YouTube (/opesinf).
Zélia Duncan e Arthur Nogueira
Em live do festival Se Rasgum, dentro da programação da Semana Internacional de Música de São Paulo, a artista niteroiense toca ao lado do cantor e compositor paraense. O roteiro traz o recente single “Dessas manhãs sem amor”, primeira parceria da dupla. Às 18h, no YouTube (/serasgum).
O Globo sexta, 13 de novembro de 2020
DIA MUNDIAL DA GENTILEZA - 13 DE NOVEMBRO
Dia Mundial da Gentileza: ser gentil traz benefícios físicos e mentais, mostram estudos
Boas ações fazem bem para quem as pratica e para quem as recebe, e podem ajudar a reduzir o estresse durante a pandemia
Raphaela Ramos
13/11/2020 - 04:00
RIO — Nesta sexta-feira (13), é celebrado o Dia Mundial da Gentileza. Estudos mostram que ser gentil com os outros traz benefícios físicos e mentais também para quem pratica esses atos. Diante dos momentos difíceis que a sociedade vem enfrentando em 2020, ano marcado pela pandemia da Covid-19, a gentileza pode ajudar a amenizar o estresse e trazer mais bem-estar.
— A gentileza tem benefícios terapêuticos para o tratamento da depressão, da ansiedade e do humor. Porque melhora o bem-estar emocional de quem a recebe e de quem a pratica. Até o fato de presenciar atos gentis é capaz de elevar de forma duradoura a felicidade — explica a psicóloga Daniele Vanzan — Ela fortalece os laços afetivos e cria uma atmosfera de positividade.
E não faltam exemplos de ações gentis nesse período. Com a evolução do coronavírus no país, vizinhos se ajudaram a enfrentar o isolamento social: em alguns condomínios, pessoas mais jovens se ofereceram para fazer compras para os idosos, por exemplo. Músicos também passaram a realizar apresentações nas janelas e varandas, espalhando o som pela vizinhança durante o confinamento.
As iniciativas solidárias são outra forma de gentileza que marcaram este ano. Desde o início do isolamento, foram organizados diversos projetos para arrecadar doações para os grupos mais afetados pela crise.
Existem ainda outras maneiras, simples, de exercer a gentileza no dia a dia. Sorrir, agradecer, ter empatia e se disponibilizar a ouvir os amigos e familiares são algumas delas. Para o psicólogo Rafael Jucá, do laboratório Lach, esses comportamentos devem ser praticados todos os dias, principalmente nesse momento de pandemia.
— A gentileza é fruto de uma empatia com o outro. A gente faz isso escutando mais o outro, se colocando no lugar, sendo mais paciente. E principalmente usando as "palavras mágicas": por favor, obrigada, desculpa, e dando bom dia e boa noite — diz o psicólogo — Dessa forma nos conectamos com o outro. Como é dito: "a gentileza gera gentileza", e assim vamos vivendo melhor.
'Ser gentil'
Com o objetivo de espalhar boas ações pelo país e propagar o otimismo, está sendo lançado o movimento “Ser Gentil”, uma plataforma que busca conectar pessoas que querem praticar a gentileza a quem precisa receber essas ações. O projeto conta com apoio do cantor Toquinho, do poeta Bráulio Bessa e da apresentadora Angélica.
A iniciativa tem um site e perfil no Instagram, nos quais podem ser baixadas imagens para disseminar a causa nas redes. O movimento também divulga plataformas de apoio a causas sociais, traz dicas de como ser mais gentil, e vai lançar um desafio para praticar uma boa ação por dia, durante este mês.
Veja lista com os benefícios da gentileza:
Reduz a pressão arterial - Praticar atos de gentileza gera um aumento da produção do hormônio oxitocina, o que pode ajudar a reduzir a pressão arterial e assim beneficiar a saúde cardiovascular, segundo um estudo da Universidade de Miami (EUA).
Alivia dores físicas - Um estudo realizado por pesquisadores chineses e publicado na revista científica da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos indicou que agir de forma altruísta pode aliviar sensações dolorosas nas pessoas.
Diminui a ansiedade - Uma pesquisa da Universidade da Colúmbia Britânica (Canadá) com pacientes em tratamento para ansiedade mostrou que a prática diária de atos de bondade reduziu a ansiedade social dos participantes, que ficaram mais relaxados.
Aumenta a expectativa de vida - Pesquisadores do instituto Bedari Kindness, da Universidade da Califórnia (EUA), afirmam que a gentileza é capaz de prolongar a vida. Outro estudo, da Universidade de Columbia (EUA), também apontou que exercer a empatia pode aumentar a expectativa de vida.
Favorece a felicidade - Praticar atos gentis aumenta o sentimento de satisfação com a vida. A descoberta é de um estudo realizado por pesquisadores do Reino Unido e publicada no periódico "Journal of Social Psychology".
O Globo quinta, 12 de novembro de 2020
CHANEL CELEBRA 100 ANOS DO PERFUME Nº 5
Chanel celebra 100 anos do perfume N°5 com campanha estrelada por Marion Cotillard
No curta, dirigido por Johan Renck de Chernobyl, a atriz francesa dança na lua com o bailarino Jérémie Bélingard. Confira a história do N°5 e outras campanhas memoráveis da grife
Patricia Tremblais
12/11/2020 - 04:59
"Apenas duas gotinhas de Chanel Nº 5”. Foi assim que, durante uma entrevista, Marilyn Monroe descreveu o que vestia para dormir. Mais de meio século depois de sua morte, ouvindo os áudios da famosa conversa, descobriu-se que a frase não havia sido exatamente essa, mas o merchand já estava criado e a fragrância da maison francesa transformada em objeto de desejo.
Embora bem mais reservada que a atriz de Hollywood, Gabrielle Chanel (1883-1971) também era uma mulher à frente de seu tempo. Fundadora da marca que é, até hoje, o maior símbolo de luxo na indústria da moda, a couturière foi, em 1921, uma das primeiras a criar uma fragrância com o nome de uma maison. Num encontro com o perfumista Ernest Beaux, no seu laboratório em Grasse, na Riviera Francesa, Coco (como era chamada) o desafiou a produzir um aroma que representasse a essência de um vestido, “o cheiro de uma mulher”. Na época, os perfumes eram feitos a partir de uma única flor, mas Mademoiselle Chanel queria um produto mais complexo e revolucionário, como suas roupas.
Corajoso, Beaux arquitetou uma receita mesclando o componente sintético aldeído a aromas florais. Como a quinta amostra foi a que fez os olhos de Coco brilharem, ela escolheu o número como seu amuleto de sorte, batizou a fragrância com ele e passou a desfilar suas coleções sempre no dia 5. Além de quebrar padrões olfativos, o perfume tinha embalagem de design minimalista, o que não era nada comum na época. “Atemporalidade é a palavra que melhor define a Mademoiselle Chanel. Ela conseguiu fazer mágica, porque tudo que criou se tornou icônico: a camélia, a corrente, o tweed e até o perfume”, afirma Costanza Pascolato.
Se em 1921 a comunicação da nova fragrância era feita no boca a boca — Coco dava jantares para clientes trendsetters e borrifava o perfume —, ao longo dos anos as produções foram tomando proporções gigantescas, estreladas por atrizes de Hollywood e clicadas por fotógrafos renomados. Mesmo com anúncios glamurosos durante os anos 1940 e 1950, a campanha com Catherine Deneuve nos anos 1970 é uma das mais memoráveis da grife. Fotografada por Richard Avedon, tem imagens minimalistas, dando foco para o rosto da atriz francesa. Deneuve abriu o caminho para outras celebridades, como Nicole Kidman e Gisele Bündchen, ambas dirigidas por Baz Luhrmann em 2005 e 2014, respectivamente. Mulheres poderosas — e nos padrões de beleza tidos como tradicionais — sempre foram escolhidas como os rostos do perfume, mantendo os valores enraizados de Mademoiselle Chanel. Não à toa, em 1937, a própria foi uma das primeiras a aparecer nos anúncios do perfume, clicada por Francois Kollar no seu apartamento em Paris. O slogan na época comparava o perfume à trilha sonora de uma cena de amor, tema presente até hoje na comunicação do Nº5.
Numa conversa por videochamada, Thomas du Prés de Saint Maur, diretor criativo para Fragrâncias e Beleza da Chanel, conta que as campanhas atuais levam em torno de dois anos para saírem do papel, do brainstorm à divulgação. “Todos os anos o processo é o mesmo, mas é sempre uma nova aventura. O que muda são os profissionais que escolhemos para criarem a história que queremos contar”, afirma.
Na campanha que celebra os 100 anos do perfume, a Chanel leva os personagens para a lua, num cenário montado nos arredores de Paris. Thomas convidou uma equipe de peso: o diretor sueco Johan Renck, reconhecido pela série “Chernobyl”, a atriz francesa Marion Cotillard e Jérémie Bélingard, étoile do Paris Opera Ballet. Para contracenar com o bailarino no curta de um minuto, Marion teve uma semana intensiva de aulas de dança com o coreógrafo Ryan Heffington. Ela faz o papel de uma mulher misteriosa, que viaja para a lua nos seus pensamentos e lá encontra um homem à sua espera. Depois de uma dança ao luar cheia de sedução, ela volta para a realidade e se depara com o mesmo ao seu lado, numa romântica ponte parisiense. “Queríamos dar um toque surrealista para o filme. A mulher olha para a lua e tem um sonho que se torna realidade. Optamos por esse cenário porque é um símbolo de feminilidade e novos começos”, conta Thomas.
Um século depois da criação do N°5, é raro encontrar hoje uma grife de luxo que não tenha um perfume no seu portfólio de produtos. Além da Chanel, as fragrâncias de grandes maisons como Armani, Christian Dior e Jean Paul Gaultier dividem a lista de best-sellers da categoria. A indústria de beleza se tornou a porta de entrada para o luxo. Ajuda a trazer novos clientes — que não podem, ou não querem, comprar uma bolsa de R$20 mil — e a fidelizar os que já consomem a marca. Hoje, o maior desafio é encontrar o equilíbrio entre o prestígio da tradição e a necessidade da modernidade. Depois de 100 anos, o que será que Mademoiselle Chanel manteria ou deixaria para trás?
O Globo quarta, 11 de novembro de 2020
MYRIAN RIOS FALA DOS 45 ANOS DE CAREIRA E MUITO MAIS
Myrian Rios fala dos 45 anos de carreira, de vida de missionária religiosa e do filho com André Gonçalves
THAYNÁ RODRIGUES
Myrian Rios (Foto: Reprodução/Instagram)
Myrian Rios está completando 45 anos de carreira e vai realizar um dos sonhos da sua vida: o primeiro monólogo teatral. Ela, que tem 61 anos e vive em Santana, município da Zona Norte de São Paulo, irá apresentar "Rainha Ester" dia 14 de novembro no palco do Teatro Municipal de Ribeirão Preto para uma plateia enxuta. A medida é um dos protocolos de prevenção à Covid:
— Estamos vendendo apenas 30% da capacidade da plateia para que tudo seja conduzido de maneira segura. Não vou poder receber as pessoas no camarim, nem tirar foto, dar autógrafo... Por mim, receberia, mas são as condições atuais. "Rainha Ester" conta a história de uma judia órfã criada pelo primo. Eles moravam na Pérsia, que tinha acabado de conquistar a Grécia, e fez o povo judeu de escravo. Ela mudou de nome para não desonfiarem de sua origem e virou rainha. Ao ser coroada, lutou contra o extermínio do povo judeu.
A atriz também tem um espaço consolidado na internet. Em seu canal do YouTube, Myrian propaga a religião católica. Organizar lives com testemunhos e orações não são as únicas atribuições. Como missionária, ela tem outros compromissos a cumprir:
— Criei há nove anos anos este canal, quando fazia um programa de rádio na FM Catedral, voltado para dar palavras de conforto e esperança. Recentemente, começaram a me pedir a volta. As pessoas me veem como atriz e evangelizadora. Fui missionária numa comunidade católica. Para isso, temos que cultivar as práticas de piedade e alguns votos, entre eles participar da missa, rezar o terço, ter pelo menos meia hora de estudo bíblico, confessar e fazer jejum três vezes na semana. Enxergo o canal no YouTube como uma missão também. Mas ali falo com propriedade sobre o que vivo no dia, como educo meus filhos... Consagro meu trabalho a Deus. Acredito que nesse caminho vou fazendo a diferença, pregando a paz. Passo essa minha rotina para as pessoas e recebo e-mails emocionantes. Alguns dizem ter passado por períodos de depressão e, depois, começado a se animar. Com a pandemia, tive muitos desses retornos. É bonito ver as pessoas se transformando.
— André é excelente. E, na dança, ele dá tudo de si: se precisa patinar no gelo, ele se joga. Se é para dançar, ele vai sem medo... Dá tudo de si em tudo e faz com o coração. É intenso. Nosso filho, Pedro Arthur (de 19 anos), tem o mesmo perfil do pai. Ele é intenso, sentimental, amoroso. É preciso sabedoria e psicologia no dia a dia para lidar com filhos assim, mas é muito bom.
Myrian Rios com o filho Pedro Wagner (Foto: Reprodução)
Myrian Rios e André Gonçalves; e André ccom Pedro Arthur, filho dos dois (Foto: Reprodução/Facebook)
O Globo terça, 10 de novembro de 2020
KAMALA HARRIS: DO ALL STAR AO TERNO BRANCO, KAMALA SEMPRE PASSA UMA MENSAGEM COM SEUS LOOKS
Do All Star ao terno branco, Kamala Harris sempre passa uma mensagem com seus looks
Para pesquisadora de moda, vice-presidente dos Estados Unidos tem 'segurança e versatilidade'
Gilberto Júnior
09/11/2020 - 12:37 / Atualizado em 10/11/2020 - 09:40
Um look branco, usado num momento histórico, nunca é uma escolha aleatória. Na noite de sábado, durante seu primeiro discurso como vice-presidenta eleita dos Estados Unidos, Kamala Harris apostou na cor, recheada de significado. Branco é o símbolo da luta pelos direitos da mulher desde que o National Women’s Party, em 1913, o colocou ao lado do dourado e do roxa na bandeira sufragista.
A cor também esteve presente em outro evento crucial da política americana. Em 1978, Gloria Steinem e Betty Friedan lideraram milhares de mulheres numa marcha em Washington para apoiar a Emenda pela Igualdade de Direitos. Primeira candidata à vice-presidência dos EUA, Geraldine Ferraro usou um terno branco ao aceitar a nomeação do Partido Democrata, em 1984. Em 2016, Hillary Clinton fez o mesmo ao ser indicada para concorrer à presidência.
UM PASSEIO PELO ESTILO DE KAMALA HARRIS, VICE-PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS
Ou seja: o terno branco (Carolina Herrera) de Kamala, primeira mulher negra eleita vice-presidente dos Estados Unidos (mas não a última, como ela mesma disse em seu discurso no sábado), não foi mera coincidência. "Ela é o símbolo perfeito da mulher 50+ do século XXI. Ativa, independente e que não guarda nostalgia da imagem feminina madura do século passado, a não ser pelo gosto por joias mais delicadas e colares de pérolas, um clássico entre primeiras-damas e mulheres na política em geral", diz Paula Acioli, pesquisadora de moda. "A explicação pode estar no fato de pérolas serem símbolos da irmandade, grupos existentes nas universidades americanas (Alpha Kappa Alpha, que ela integrou na juventude)."
Entre as principais características do estilo de Kamala, Paula destaca o gosto pela alfaiataria, que ela utiliza de diferentes formas, de acordo com a ocasião e a mensagem que quer transmitir. "Quando veste em tons escuros ou em looks monocromáticos, quer passar seriedade. Pense no evento em homenagem a George Floyd. Se veste em branco e em tons neutros e claros, pede paz e serenidade. Se combina com com jeans, camiseta e o icônico tênis All Star (ela é fã do modelo Chuck Taylor), a ideia é passar descontração e conexão com o público mais jovem, importante alvo durante a campanha eleitoral vitoriosa."
Paula conclui: "Kamala vai do All Star ao Scarpin; da alfaiataria a vestidos superjustos; da simplicidade ao brilho; da sobriedade à descontração e até mesmo a sensualidade, com naturalidade e propriedade. Poucas mulheres atuantes na política possuem essa segurança e versatilidade em termos de estilo."
O Globo segunda, 09 de novembro de 2020
MYLENA CIRIBELLI ENSINA SUA SOPA VERDE E SALADA PARA OS DIAS DE TREINO
Vegetariano: Mylena Ciribelli ensina sua sopa verde e salada 'para os dias de treino'
A jornalista e apresentadora especializada em esporte lança o canal Mylena a Mil no YouTube, com foco em comportamento, esporte, saúde e bem-estar
Bruno Calixto
09/11/2020 - 08:03 / Atualizado em 09/11/2020 - 10:08
No último sábado (7), a jornalista e apresentadora especializada em esporte Mylena Ciribelli lançou o canal Mylena a Mil no YouTube, com conteúdo de comportamento, esporte, saúde e bem-estar. A ideia é mostrar entrevistas e experiências de profissionais e especialistas.
— Vivemos para trabalhar, pagar boletos e muitas vezes, nos esquecemos de nossos propósitos e principalmente, da nossa saúde. Ficamos doentes, estressados e ansiosos — diz Mylena, que compartilha abaixo duas receitas vegetarianas de sua autoria: uma salada "para os dias de treino" e uma sopa verde.
Salada 'Mylena a mil'
Ingredientes
60g de alface americana
20g de tangerina
20g de laranja
20g de grapefruit
5g de amêndoas
6g de croutons
...o molho
2 colheres de sopa de mel
1 limão espremido
1 tangerina (suco)
4 colheres de sopa azeite
2 unidades de acerola picada
Preparo
Misturar tudo.
Sopa verde
Ingredientes
1 talo de aipo
3 folhas de couve
1 dente de alho
2 chuchus
1/2 brócolis japonês
2 colheres de sopa de aveia
1 cebola pequena de 80g
120g de espinafre
5g de gengibre
800ml de caldo de legumes caseiro
15ml de azeite
15g de sal
Preparo
Dar uma leve dourada no alho. Coloque a cebola e mexa. Coloque o chuchu em cubos.Em seguida o caldo, abaixe o fogo, tampe por dez minutos e reserve.
Em uma panela com água fervendo, coloque brócolis, couve, espinafre. Por 25 segundos, retire rapidamente e separe em uma vasilha com água gelada. Para fazer o choque térmico e parar a cozimento ao mesmo tempo. Isto vai dar uma cor viva à sopa.
Pegue o segundo processo e dê uma rápida refogada com temperos que desejar, junte tudo e levar para bater por dois minutos. É bom lembrar: deixar dar uma esfriada antes de bater para evitar risco de queimaduras ao processar o líquido muito quente.
O Globo domingo, 08 de novembro de 2020
LADY GAGA SE EMOCIONA COM VITÓRIA DE BIDEN
Lady Gaga se emociona com vitória de Biden e diz: 'Isso é muito bom para o mundo'
Cantora fez desabafo após anúncio da derrota de Trump pela imprensa americana
O Globo
07/11/2020 - 14:29 / Atualizado em 07/11/2020 - 19:50
A cantora Lady Gaga entrou ao vivo, hoje, no Instagram, logo após o anúncio da vitória de Joe Biden na corrida à Casa Branca pela imprensa americana. "Espero que estejam todos comemorando. Espero que todas as mulheres neste país saibam que há uma real mudança. E espero que as pessoas que tiveram suas vozes oprimidas pelo poder saibam que suas vozes foram ouvidas", disse. Ela também comemorou a eleição da primeira mulher vice-presidente, Kamala Harris, e agradeceu a Stacey Abrams, que teve um papel crucial para a virada do democrata na Geórgia.
A cantora, que se posicionou a favor da campanha de Biden e contra o governo Trump diversas vezes, chorou e disse estar sem palavras. "É um dia muito especial. Pessoas que se sentiam em um estado de terror e agressão o tempo todo sabem que acabou". Ela disse acreditar que essa vitória é boa para o mundo todo. "É um tempo para cura, para o descanso e para o amor", finalizou Gaga.
O Globo sábado, 07 de novembro de 2020
FESTIVAL NA MARINA DA GLÓRIA TEM DE XANDE DE PILARES A ZECA PAGODINHO E JORGE ARAGÃO
Festival na Marina da Glória tem de Xande de Pilares a Zeca Pagodinho e Jorge Aragão
Com menu de restaurantes, o LovePark prestigia variados gêneros, incluindo os blocos Amigos da Onça e Samba de Santa Clara
Ricardo Ferreira
06/11/2020 - 23:01
Lá para junho ou julho, talvez o melhor dos otimistas não dissesse que no início do mês de novembro um festival com diversos shows presenciais fosse realizado na cidade, diante do contexto da pandemia. Mas os organizadores do Lovepark rezaram por uma cartilha de cuidados para que o festival pudesse acontecer na Marina da Glória (o show que aconteceria sexta, com os Paralamas do Sucesso, acabou sendo adiado porque uma pessoa próxima a Hebert Vianna foi diagnosticada com Covid-19). O evento vai até 22 de novembro, põe o público em mesas de quatro, seis ou oito pessoas com vista para um palco em 360°, onde neste sábado (7) se apresentam o bloco Amigos da Onça, entre outros nomes. Jorge Aragão e Xande de Pilares são as principais atrações de domingo (8). Na agenda, tem ainda nomes como Ana Carolina, dia 13, e Zeca Pagodinho, dia 15.
Nas mesas, o público poderá pedir pratos de restaurantes como Outback, Abbraccio, Empório Rio e Bota enquanto acompanha os shows da programação.
— Vai ser um grande restaurante a céu aberto, hiperventilado. É uma área gigantesca, para 12 mil pessoas, onde estamos botando 1.200 justamente para ter um distanciamento natural muito grande. A gente também colocou as mesas com 4 metros de distância umas das outras. Todas com uma boa visão para o palco, e mesmo assim teremos telões — diz André Barros, organizador do evento.
Sucesso no carnaval carioca de rua, o bloco Amigos da Onça está em ritmo de festa com a apresentação de hoje. É a primeira do grupo desde que o isolamento foi instaurado. Figura fácil dos blocos Rio afora, o fundador do Amigos da Onça, Tarcísio Cisão, comemora o retorno.
— Estávamos parados desde o carnaval. Este é o primeiro trabalho, o que é um estímulo para todos nós, uma felicidade. Conversamos muito sobre isto: como vai ser esse reencontro com o público? — pergunta-se o músico, adiantando que o bloco vai levar para o Lovepark algumas novidades preparadas durante os últimos meses.
Xande de Pilares engrossa o coro dos que estavam com saudade do palco. Ele promete ir além das músicas de seu último disco, “Nos braços do povo”, e cantar sucessos que marcaram sua carreira, inclusive as da época em que liderava o Grupo Revelação.
— É o primeiro show que faço no Rio desde a flexibilização, então a expectativa é alta. A música alimenta nossa positividade, traz ânimo, alivia. Respeitando todos os regulamentos numa boa, dá pra curtir — aposta o sambista.
Onde: Marina da Glória. Av. Infante Dom Henrique s/nº, Aterro do Flamengo (2555-2200). Quando: Sex, sáb e dom, a partir das 16h. Até 22 de novembro. Quanto: A partir de R$ 280, para quatro pessoas (pelo ingressocerto.com). Classificação: 18 anos.
O Globo sexta, 06 de novembro de 2020
KARINA BACCHI FALA DE NOVO PROJETO PARA MLHERES
Karina Bacchi fala de novo projeto para mulheres
GABRIELA ANTUNES
Karina Bacchi (Foto: Divulgação)
Na próxima semana, Karina Bacchi vai lançar o projeto multiplataforma "Movimento Mulher de Atitude". Criado em parceria com o treinador comportamental Juliano Barbosa, ele tem por objetivo ajudar mulheres a resgatar a autoestima. O início será marcado pela exibição de uma websérie apresentada por Karina que terá participações especiais:
- Vamos abordar assuntos sobre os quais eu falei ao longo dos anos nas minhas redes. Virar mãe fortaleceu muito a minha conexão com outras mulheres. Mas eu senti a necessidade de dividir com elas algo além da minha experiência pessoal. Assim, cheguei a esse time de profissionais do movimento. Espero que a primeira semana seja só o começo de algo sem fim. Durante esses dias que antecedem o lançamento, estou fazendo lives para despertar o interesse das pessoas pelos temas. Muitas mulheres já se inscreveram. Como será multiplataforma, não basta que elas me sigam no Instagram, porque teremos conteúdos no YouTube, por aplicativos de mensagem etc.
Karina contou que as perguntas que recebia de mulheres nas suas redes sociais motivaram o novo projeto. Uma pesquisa feita por ela mostrou que 97% de suas seguidoras não se sentiam realizadas.
- Quero ajudar essas mulheres a despertarem suas melhores qualidades. O que mais me perguntam, ainda hoje, é como tive coragem de encarar a maternidade de forma independente. Também sempre ficam admiradas com o fato de eu ter mudado a minha vida várias vezes, tanto no quesito pessoal quanto no profissional. As pessoas têm medo de tomar certas decisões e se surpreendem quando fazemos algo que vai contra o que o senso comum acha que seja o melhor para nós. Sempre escuto: 'Como você enfrenta o medo assumir suas escolhas?'. Ou: 'Como consegue dar conta de tudo e ainda se envolver em projetos novos?'. Nada disso é simples. Essas perguntas acabaram me ajudando, porque vi que as pessoas enxergavam em mim muitas qualidades que eu tinha como coisas naturais. Isso porque tive o estímulo dos meus pais para ser assim. Muita gente não tem isso.
Uma das grandes mudanças na vida de Karina foi trocar a carreira de atriz pela de apresentadora e influenciadora:
- Eu sinto que não era a minha vocação. Vou ser mais útil e mais feliz trabalhando de uma outra forma, apresentando programas, estando à frente desse novo projeto e de outras áreas em que eu posso levar mais conhecimento e alcançar mais pessoas. Isso me estimula muito. Sonho com um programa na TV em que eu possa passar uma mensagem na qual acredito, trocar experiências com outras mães etc. Estar lá só por status, hoje, não faz a minha cabeça.
Apesar de já ter deixado claro o caminho que quer seguir, Karina sempre recebe mensagens de fãs perguntando se ela não vai voltar a atuar. Em breve, esses seguidores saudosos poderão vê-la na reprise de "Da cor do pecado", no Viva. Ela lembra com carinho do papel de Tina na novela:
- Foi o trabalho de que eu mais gostei e com o qual mais me realizei enquanto atriz. Amei do início ao fim. Era algo leve e muito divertido que faz falta às pessoas. Eu gosto de ver as reprises porque sei que estava feliz naquele momento. O difícil é ter tempo mesmo.
Karina teve uma quarentena bem movimentada, tanto pelos trabalhos quanto pelos cuidados com a família:
- Acabei participando de muitas entrevistas on-line, reuniões etc. Isso tudo tendo que fazer todo o serviço da casa e cuidando do Enrico (seu filho de 3 anos). Ficamos muitos meses sem funcionários, como a maioria das pessoas. Para o futuro, tenho outros projetos: um programa de televisão para fazer com o Amaury (Nunes, seu marido) e até um livro que penso em lançar. Mas tudo ganhou um outro ritmo por causa da pandemia.
A convivência intensa neste período se mostrou um desafio para o casal, mas Karina acredita que eles saíram fortalecidos do confinamento:
- Para nós, enquanto família e como casal, foi um grande aprendizado. Nos fortalecemos e nos conhecemos mais, porém, foi um processo difícil. Precisamos dividir todas as tarefas, aprender a entender o tempo e o espaço do outro e dialogar mais para colocar as coisas no eixo. A gente achava que sabia tudo sobre o outro. Mas nunca tínhamos ficado juntos em tempo integral. Então, precisamos encarar isso de frente. Ou você se estressa e foge ou trata isso com amor e segue. É um momento de insegurança para todos. Se um dia um dos dois está impaciente, no dia seguinte, vai ser melhor. Relacionamento é assim. Não é tudo lindo e maravilhoso. Não tem príncipe e princesa da Disney. Eu tenho uma personalidade forte, sou independente. Ele também. Não estamos juntos porque precisamos um do outro, e sim para nos complementarmos. Quando vem um desafio, a gente quer ultrapassar. Casamento para mim é isso. Nunca vi como algo descartável, mas também nunca esperei que fosse tão difícil.
Karina, que estava tentando engravidar quando começou a pandemia, pretende retomar os planos de aumentar a família:
- Ano passado, minha prioridade foi me dedicar aos tratamentos (Karina não pode engravidar naturalmente). Não deu certo e tivemos que parar na pandemia, pois muitos dos procedimentos foram proibidos temporariamente. Aproveitei isso para me dedicar ao trabalho, mas segue sendo uma ideia para o próximo ano. E, quando acontecer, terei que diminuir o ritmo profissional, ir ajustando e equilibrando. Não faço nada que vá me deixar estressada nesse sentido. Se um médico disser para mim 'Olha, tem que ser este mês', vou parar as outras coisas porque o tempo não para e a idade não para.
Karina Bacchi com o filho, Enrico, e o marido, Amaury Nunes (Foto: Reprodução)
O Globo quinta, 05 de novembro de 2020
FELIPE BRONZE REABRE RESTAURANTE - O ORO VOLTA A FUNCIONAR
Felipe Bronze reabre restaurante e rebate comentários: 'Fui elogiado e criticado, na mesma proporção. Aprendi a não me abalar'
O Oro volta com novidades e menu que reúne os hits dos dez anos da casa, que manteve suas estrelas
Luciana Fróes
04/11/2020 - 04:30 / Atualizado em 04/11/2020 - 09:38
A dez dias de reabrir o restaurante Oro totalmente reformado, Felipe Bronze viu seus planos serem atropelados pela pandemia. A primeira casa do Rio a receber duas cobiçadas estrelas Michelin ficou mais de sete meses de portas fechadas. Mas agora, enfim, volta a funcionar. E com cardápio festivo, que celebra os dez anos do restaurante e os 20 de profissão de Bronze, que aos 18 anos era um aplicado aluno da escola de gastronomia americana The Culinary Institute of América, em Nova York.
Hoje, aos 42 anos, pai de Antonio, de 6, casado com a sommelière e enóloga argentina Cecilia Aldaz, sua parceira no Oro, Felipe cumpre uma agenda frenética que inclui ponte aérea entre Rio e São Paulo, onde abriu o Pipo (Felipe mora no Leblon, pertinho do Oro) e incursões nos estúdios de TV, onde comanda nada menos do que três programas de culinária: “Que seja doce” e “Perto do fogo”, do GNT, e o reality “Top chef Brasil”, na Record. Haja disposição“A pandemia me permitiu dar uma parada, conviver mais com a Cecilia e com o Martin, que está numa fase deliciosa. Foi uma experiência incrível. Agora, o pique voltou”, diz o chef esbelto (ele perdeu 6 quilos nos últimos meses fazendo jejum intermitente) bronzeado e bem-humorado. “Me sinto revigorado. Dieta muito certinha não é para mim. Perdi boa parte cortando o pão e as refeições da noite. Além disso, faço kite-surfe, musculação e jiu-jitsu”, conta.
No cardápio de reabertura do Oro está um apanhado de sucessos. Coisas como a ostra inflada com caipirinha e torresmo; o pão de queijo com praliné de castanhas; a barriga de porco com picles de abacaxi; o pescado com missô, quiabo e amendoim; a tapioca com peixe defumado e cítricos; e a costela com castanha, tutano, aipo e pupunha. São duas opções de sequências, a Criatividade, com 17 etapas (R$ 555, sem bebidas, e R$ 735, harmonizado) e o Afetividade, com 15 (R$ 445, sem bebidas, e R$ 615, harmonizado). “São porções pequenas, para comer com a mão ou com talher, de uma vez só”, garante Felipe. “Estou convencido de que o nosso paladar se sacia rapidamente, em três etapas. Na primeira mordida, temos a surpresa; na segunda, o reconhecimento; e, na terceira, o prazer. A partir daí, perde a graça”, resume o chef, que conquistou renome internacional e foi um dos primeiros brasileiros a aderir aos ventos e espumas que sopraram da Espanha, do El Bulli, de Ferran Adrià.
Nem tudo foram louros na carreira desse carioca, filho de dono de um catering para aviação e praticamente de jiu-jitsu desde a infância. Depois da passagem pelo Sushi Leblon e pelo Zuka, Bronze partiu para um voo solo, abriu o Z, em Ipanema, que teve vida curta. Em seguida, veio o Pipo (primeiramente no Leblon e, depois, no Fashion Mall), que acabou fechando. Com o primeiro Oro, no Jardim Botânico, os ventos começaram a soprar a favor e Bronze colocou a moda molecular no mapa da gastronomia carioca. Na cozinha aberta, engenhocas de última geração, tubos de gás. Um show, literalmente. Houve controvérsias, claro. “Fui elogiado e criticado, na mesma proporção. Aprendi a não me abalar”, diz.
Sobre o atual momento da gastronomia carioca, o chef reconhece grandes ganhos. Ele lembra o desconforto de conviver com a ideia de que o melhor restaurante do Rio era um português. “Hoje, temos uma leva de bons chefs mostrando uma cozinha brasileira contemporânea de valor. Isso é animador. Às vezes, me incomodo um pouco com as similaridades dos pratos servidos em alguns restaurantes. Na louça, na montagem ou na combinação de ingredientes. São formatos que se replicam. Disso, ninguém pode falar de mim”, diz Bronze, que gosta das combinações inusitadas (descobriu que casar baroa com baunilha é perfeito). Sua última conquista é o óleo que extraiu da folha de louro queimada no braseiro. “Não dá para descrever o espetáculo que é”, garante.
O Globo quarta, 04 de novembro de 2020
GORETE MILAGRES: ATRIZ FALA DE NOVO PROJETO
Gorete Milagres fala de novo projeto com a Filó e lembra agressões: 'Superei porque sou forte'
GABRIELA ANTUNES
Gorete Milagres (Foto: Flora Negri)
Gorete Milagres foi surpreendida pela pandemia em plena temporada de um espetáculo em comemoração aos 25 anos de sua mais famosa personagem, a Filó. Precisou cancelar a agenda cheia de apresentações e se isolou em casa, em São Paulo. Porém, acabou tendo uma ideia para se manter ativa e também deixar Filomena viva neste período: levou a empregada doméstica para as redes sociais. Em vídeos, ela aparece ensinando receitas ao público.
- Na pandemia, virei a cozinheira da casa. Estou confinada há algum tempo com as minhas filhas (Maria, 19 anos, e Alice, 25) e sempre gostei de cozinhar. Mas tinha muito tempo que não cozinhava por causa do ritmo de trabalho, compromissos etc. Na quarentena, resgatei esse meu lado e tive a ideia de colocar a Filó nisso. Comecei a gravar e foi dando certo. Vi que os vídeos estavam tendo um alcance muito grande e passei a receber comentários de pessoas dizendo que estavam aprendendo a cozinhar comigo. Já gravei receitas até o Natal. Minhas filhas brincam que nunca me virar vestida de Filó por tanto tempo - explica.
Com o projeto adiantado, Gorete se ocupou com outros trabalhos:
- Acabei tendo uma quarentena bastante produtiva, gravei muitos vídeos com outras pessoas. Fiz o projeto "Eu e Eles", com histórias dos meus pais, e agora estou tirando do forninho um projeto novo, sobre uma mulher de 50 anos que mora sozinha e se apaixona pelo seu vibrador. Estou em vias de começar a produzir.
Quando a vida voltar à normalidade, a atriz pretende retomar o espetáculo interrompido:
- Tenho que trazer o contexto da pandemia. A Filomena foi dispensada por muito patrões, outros pagaram o salário dela até certo ponto. Provavelmente recebeu o auxílio emergencial. Então, foi um período bem intenso para ela.
Gorete também aproveitou o isolamento social para estreitar ainda mais os laços com as filhas:
- Tinha muito tempo que a gente não convivia assim, diariamente. Sobretudo para a Maria foi muito bom ter a companhia da irmã durante esse tempo. Estamos fazendo terapia em família. Tem sido um processo muito rico. A pandemia está fazendo muita gente pensar na vida.
Uma dessas reflexões levou a atriz a relatar diversos casos de agresssão e assédio moral que sofreu ao longo da vida em uma entrevista recente. Gorete não se arrepende de ter falado das violências, que aconteceram tanto na esfera pessoal quanto na profissonal:
- Nos dias em que eu escrevi o relato, me senti muito mal. Mas, depois, foi como se eu tivesse exorcizado aquela dor. Li muitas pessoas dizendo que era importante eu falar sobre isso, se identificando com as situações etc. As violências que eu sofri, sobretudo na televisão, me deixaram muito traumatizada. Eu perdoei as pessoas que me fizeram mal e desejo tudo de bom para elas, mas o mal que me fizeram refletiu demais na minha vida. Eu era campeã de audiência num canal (SBT), tive a chance de ser contratada por outra emissora e não aceitei. E depois fui descartada porque um colega pediu minha cabeça. Eu poderia estar lá até hoje, fazendo a vigésima temporada do meu programa. Cheguei a fazer tentativas de voltar depois. Mas, uma vez, quando estava gravando um piloto, tive que ser escoltada por seguranças porque essa mesma pessoa que pediu minha cabeça anos antes estava quebrando tudo e ameaçando me agredir.
Apesar dos traumas que desenvolveu por conta das agressões, Gorete avalia que também aprendeu com as experiências:
- Felizmente, consegui seguir minha vida e não parei de trabalhar. Fiz um filme que foi um divisor de águas e rendeu frutos. Fui contratada na Record e tive até a opção de seguir lá, mas fui cuidar da minha família. Consegui traçar meu caminho e até escolher papéis. Nada acontece por acaso, acredito que tudo foi um grande aprendizado. Me perguntei muitas vezes qual foi o gatilho que acionei para sofrer isso tudo. Não pode uma mulher de 1,50m do interior de Minas fazer sucesso, ter mais Ibope do que pessoas que já estavam ali antes? É uma tristeza grande que vem quando lembro dessa maldade. Superei porque sou forte. E não vou suportar mais nenhum abuso. Hoje sou intolerante com abusos. E o público é o meu grande aliado nessa superação, além da família.
O Globo terça, 03 de novembro de 2020
PRATOS BONITOS E POUCO CALÓRICOS
Bonitos, gostosos e pouco calóricos: crítica indica pratos para pegar leve na alimentação
Vinte sugestões (provadas e aprovadas) para quem quer sair das estatísticas que indicam ganho de peso na pandemia
Luciana Fróes
30/10/2020 - 03:30 / Atualizado em 02/11/2020 - 10:43
É duro de engolir, mas é fato: o brasileiro, provavelmente por hábitos alimentares pouco saudáveis ou sedentarismo, engordou nestes tempos de pandemia. Na balança, o saldo carioca é pesado: 23% ganharam em média três quilos só nos primeiros três meses da quarentena, segundo estudos da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). Mas — força! — não é preciso fechar a boca ou encarar uma dieta severa para recuperar a forma. Basta entrar num balanço diferente, optar por pratos menos calóricos, poucos cremes, mais frescor e leveza, o que não significa necessariamente refeições insossas. Longe disso.
PESO-PESADO APENAS NO SABOR
Há uma leva de atrações bem cuidadas, leves e saudáveis, em cartaz nos restaurantes. E falo de bandeja, porque engordei (quem não que atire o primeiro brioche quentinho) e corri atrás do prejuízo garimpando pratos para dar uma balanceada. Dá para ser feliz sem pegar pesado. A seguir, 20 sugestões de opções light bacanas e variadas, da carne vermelha e do peixe perfumado no azeite ao salpicão vegano. É só consumir com moderação.
At Home
Braço direito de Felipe Bronze por quase uma década, Rodrigo Guimarães abriu, durante a pandemia, uma dark kitchen, que só funciona para entrega. Entre as incontáveis criações, rosbife defumado acompanhado de manga, iogurte e granola salgada. Combinação deliciosa (R$ 25). Instagram: @chef.athome.rj. 98261-2779.
Azzul Colab
Também só funcionando para entrega, é novidade da melhor qualidade, especializada em defumados. O coletivo capitaneado por Rafael Ramos faz coisas incríveis, que chegam embaladas a vácuo. Para pegar mais leve e com sabor, indico coxa e sobrecoxa defumadas (R$ 30) com legumes e cogumelos grelhados (também R$30, ambos para duas pessoas). Instagram: Azzul_colab. 99485-1674.
O cardápio do francês Damien Montecer lançado na reabertura dos restaurantes, há três meses, prioriza carioquices e versões pouco calóricas. As sardinhas são curadas por dias e servidas com tomates orgânicos, coroadas com um crocante de pão de fermentação natural (R$ 51).
Rua Barão da Torre 538, Ipanema — 3202-2884. Ter a sáb, do meio-dia às 23h. Dom, do meio-dia às 18h.
Brota
No vegetariano do Beco, em Botafogo, a chef Roberta Ciasca criou acepipes e pratos saudáveis e pouco calóricos para fazer par com os drinques ou o chá de gelado de hibisco da casa. Um deles é a trouxinha de ceviche de verdura com chutney de manga (R$18, a porção).
— O mais legal é justamente o valor calórico reduzido, as verduras são cruas e supertemperadas. E o chutney equilibra a acidez do limão. Tem textura e muito sabor— exalta Roberta.
Rua da Matriz 54, Botafogo. Ter a qui, das 17h às 23h. Sex e sáb, das 17h à 1h. Dom, das 13h às 20h.
Capim Santo
Morena Leite, que define sua culinária como tropical brasileira, está de olho nas calorias. Além da salada de folhas com abóbora assada, sementes tostadas e coalhada (R$ 40), serve coisas como linguado empanado com quinoa recheado de pupunha com petit gâteau de banana-da-terra (R$ 88).
— Uma comida bem temperada, com pimentas, gengibre, raspas de limão, por exemplo, ajuda a dar saciedade — diz a chef.
Village Mall. Av. das Américas 3.900, Barra — 3252-2528. Seg a qui, do meio-dia às 23h. Sex e sáb, do meio-dia às 23h30. Dom, do meio-dia às 22h.
Chez Guiguite
Daniel Pinho já chefiou o restaurante Janeiro e integrou a equipe do Signatures, do Le Cordon Bleu. Há quatro meses abriu o Chez Guiguite, nome da avó francesa, uma dark kitchen de valor. Os pratos chegam em caixinhas lindas ou a vácuo, caso do frango massala, que vem com arroz basmati perfumado com cúrcuma (R$ 45). Instagram: Chezguiguiterio. 99304-4894.
Crudo
Monique Gabiatti (que participou do “MasterChef”) abriu a casa só de pratos crus. A pedida? O ceviche nikkei, versão japa-peruana que leva batata-doce roxa, shoyu, cítricos, gengibre e togarashi, um tempero apimentado (R$ 45).
— É um tubérculo de baixo índice glicêmico, excelente para quem quer emagrecer sem passar fome — explica a chef.
Rua da Matriz 54, Botafogo — 97374-9599. Sex, das 17h à 1h. Sáb, do meio-dia à 1h. Dom, das 13h às 20h.
Da Brambini
O veterano italiano do Leme recebe com boas opções light. O pesce marinato (R$ 62) é um filé de vermelho fatiado, marinado com limão-siciliano e temperado com azeite, pimenta e salsinha . Simples assim.
— Peixe sempre é uma boa pedida para uma dieta de baixa caloria, mas ele não precisa ser pálido, sofrido — lembra Valdir Braga, há uma década maître da casa.
Av. Atlântica 514, Leme — 2275-4346. Dom a qui, do meio-dia à meia-noite. Sex e sáb, do meio-dia à 1h.
Elias
Comida árabe é sempre investida certeira, com seus pratos crus, saladas frescas, como tabule (R$ 18, meia porção) e fatouch (R$ 19), ou, nos pratos contemporâneos da casa, o shiitake refogado com grão-de-bico, em porção farta (R$ 51). Depois, é seguir em direção ao calçadão e dar uma queimada em qualquer extra ingerido — a casa fica a menos de uma quarteirão da praia.
Rua Aníbal de Mendonça 31, Ipanema — 3563-1008. Ter a dom, das 11h30 à 1h.
Kitchen Asian Food
As criações do sushiman Nao Hara, 30 anos de cortes radicais, costumam pesar pouco na balança. No Kitchen Asian Food, na Marina da Glória, Hara mesclou pratos novos com clássicos seus, coisas como o belo sashimi de salmão, com ovas e flores comestíveis, servido com o genial gelo de maracujá (R$ 55, 12 peças), de refrescar a alma. Melhor de tudo: não engorda (engorda pouco, que seja).
Marina da Glória. Av. Infante Dom Henrique s/nº, Aterro — 4042-6161. Seg a qui, do meio-dia às 15h e das 19h às 22h. Sex e sáb, do meio-dia às 22h. Dom, do meio-dia às 17h30.
Gajos D’Ouro
Com 20 funcionários egressos do tradicional e finado restaurante português Antiquarius, a casa cumpre o figurino luso: dá-lhe bacalhau, açordas, doces conventuais... Perdição. Mas dá para driblar a tentação e pedir a sopa de aspargos verdes, pimentão, pepino, clara, alho, pão, vinagre, sal e água, tudo batido até ficar aveludado. E não para aí: vem com o tartare de vieiras no centro e o picado de clara de ovos cozidos, pimentões verdes e vermelhos, croûtons e cabelinho de alho-poró crocante (R$39) para finalizar.
Rua Prudente de Morais 1.008, Ipanema — 3449-1483. Diariamente, do meio-dia às 2h.
La Villa
É um dos bistrôs mais parisienses que temos aqui. Os sócios Gregoire Fortat e Marc Avit proveitaram a chegada da primavera para incluir pratos mais leves, e as sopas frias são a aposta maior: gaspacho (tomate , pepino, pimentões e cebola, R$ 25 ) e abóbora com gengibre (R$ 22). O palmito pupunha é assado no vapor na própria casca e servido com tapenade de azeitonas (R$ 39), e a chicken caesar traz mix de folhas, peito de frango grelhado coroado com molho parmesão e tomate cereja confit (R$ 38).
Rua Álvaro Ramos 408, Botafogo — 2542-2771. Ter a qui, do meio-dia às 16h. Sex e sáb, do meio-dia às 23h. Dom, do meio-dia às 18h.
Malta Beef Club
Não pode faltar carne nesta seleção. No Malta, além do filé-mignon, o denver steak é uma opção light (R$ 145, 600g). O corte é retirado do dianteiro do boi, o acém. Supermacio, saboroso e menos “gordo”. Para acompanhar, sem perder a linha, palmito pupunha confit (R$ 43).
Av. General San Martin, 359, Leblon. Rua Saturnino de Brito 84, Jardim Botânico. Ter a sáb, do meio-dia às 23h; dom, do meio-dia às 18h. 2402-3101.
Mar Mita
O chef Thiago Rossetti e sua casa de comida asiática foram boas descobertas recentes. Rossetti, que correu mundo, faz e entrega pessoalmente (de bicicleta) seus pratos perfumados, deliciosos e light. Sabores de China, Tailândia, de Bali, da Índia... As criações da semana são anunciadas no Instagram (Mar.mita.rio), coisas como thai roll, enroladinho de folha de arroz com omelete, legumes e molho picante, para comer com a mão (R$ 24,50). Minha sugestão é um prato do Camboja, lula refogada ao estilo do país (só provando) com um mix de vegetais frescos (R$ 34,50). Rossetti pega leve na pimenta. É só pedir.
Naga
No templo de peixes frescos, ingredientes importados e composições elaboradas que é esse japonês da Barra, o cardápio inclui a salada, simples à primeira vista, mas cheia de encantos mil, em que as folhas mornas (alface, espinafre, nirá) se misturam com lascas de shiitake, shimeji e tomates confitados temperados com molho shissô (R$ 59). Para comer com pauzinho, sem pressa alguma.
Village Mall. Av. das Américas 3.900, 3º piso, Barra — 3252-2698. Diariamente, do meio-dia às 23h.
.Org Bistrô
A chef naturalista Tati Lund lançou o salpicão de vegetais coloridos, maioneses de castanhas e chips de batata-doce (R$ 35), que chega bem servido com cenoura, aipo, milho, passas, tomate e tofu defumado orgânico. Finaliza com os chips de batata, que dá crocância ao prato.
— É fritura, mas uso óleo de coco. E a maionese é superleve, vegana, bato castanha de caju com mostarda, limão, azeite e água — diz a chef.
Av. Olegário Maciel 175, Barra — 2493-1791/97121-0070. Seg a sáb, do meio-dia às 15h30.
Posì
Elias Schramm reforçou as receitas leves e frescas, para quem quer comer sem exagerar nas calorias. Há uma seleção de pratos para compartilhar, como as lâminas crocantes de abobrinha e berinjela com molho tzatziki (R$ 29); a salada grega, com tomatinho, pepino, cebola roxa fininha, azeitonas, azeite e queijo feta (R$ 42), e o lombo de atum selado com salada de tomate, pepino, cebola roxa, azeitonas pretas e molho tzatziki (R$ 68).
— Sugiro o atum, está na época, fresco, gostoso e está com preço bom. Além de ser pouco calórico.
Rua Barão da Torre 340, Ipanema — 3201-6529. Seg a qui, do meio-dia à meia-noite. Sex e sáb, do meio-dia à 1h. Dom, do meio-dia às 13h.
Rancho Português
Bacalhau fresco e preparado em receita de baixa caloria é quase uma miragem. Mas o Rancho Português, na Lagoa, lançou o uma versão de carpaccio, com lâminas fininhas do peixe fresco marinadas. Tem de polvo também. Ou os dois juntos, meio a meio, o meu preferido (R$ 38).
Rua Maria Quitéria 136, Lagoa — 2287-0335. Seg a sáb, do meio-dia às 23h. Dom, do meio-dia às 20h.
Ráscal
Nestes tempos pandêmicos, sem self-service (agora um funcionário é quem serve o cliente), o Ráscal lançou bowls combinando opções quentes e frias, incluindo veganos. São sete ao todo, todos balanceados e fartos. Pode vir com rosbife ou atum, por exemplo, ou ainda com falafel, cuscuz de legumes, homus, avocado e salada grega (R$58).
Shopping Leblon. Av. Afrânio de Melo Franco 290, Leblon — 2259-6437. Diariamente, das 11h às 23h.
Signatures
O restaurante da escola Le Cordon Bleu, nas mãos do chef francês Philippe Brye (30 anos de Rio) e do carioca Jonas Ferreira, está com cardápio novo. Uma das estrelas do Signatures, que tem pratos à la carte e também serve menu degustação com 11 etapas (R$ 310), é o brasileiríssimo pirarucu fitness (R$ 80), com a posta do peixe amazônico glaceada com creme de bauru (a baunilha brasileira), taioba e inhame confit. Delícia para comer com os olhos também, tanto que mereceu a capa desta edição. Pode levar seu vinho, pois o restaurante não cobra rolha. Nem taxa de serviço.
O Globo segunda, 02 de novembro de 2020
LUIZA BRUNET RELEMBRA CAPA ANTIGA COM YASMIN BEBÊ
Luiza Brunet relembra capa antiga com Yasmin bebê
Empresária compartilhou o clique no Instagram
O Globo
02/11/2020 - 08:54 / Atualizado em 02/11/2020 - 08:59
Luiza Brunet usou as redes para compartilhar uma capa de revista dos anos 1980 com a filha Yasmin ainda bebê. Na imagem da "Desfile", a herdeira da musa aparece com os cabelos bem escuros e escarando a câmera, mostrando que seguria os passos da mãe no futuro.
Em entrevista à ELA, Luiza falou de sua relação com a filha: "Sempre disse: 'Não faz merda. Mas, se fizer, saiba que estou aqui'. Na minha casa, não tive esse tipo de conversa. Tive que passar por muitas coisas sem o apoio dos meus pais".
O Globo domingo, 01 de novembro de 2020
GIULIA DIAS: CONHEÇA A MODELO DE 22 ANOS QUE E A APOSTA DA VEZ NO MUNDO DA MODA
Conheça Giulia Dias, a modelo de 22 anos que é a aposta da vez no mundo da moda
Curitibana sofreu um acidente de trânsito aos 9 anos, que deixou cicatrizes no seu rosto, e quer inspirar pessoas
Gilberto Júnior
01/11/2020 - 03:30
Aquele sábado de julho de 2007 não seria um dia qualquer para Giulia Dias. A curitibana, então com 9 anos, acordou radiante. Em poucas horas, realizaria o sonho de sua vida: morar em Florianópolis. O caminhão de mudança atrasou e a menina e os dois irmãos — ela é a filha do meio de um casal de empresários — partiram com a avó paterna. “Fomos na frente para adiantar as coisas. Vovó daria banho em todos nós e estaríamos prontos quando meus pais chegassem”, conta a moça. “Minha última lembrança foi de me despedir de papai e mamãe. Caí no sono e nem vi quando ocorreu a colisão que me deixou marcas para sempre.”
Dessa tarde, Giulia tem apenas flashes. “Eu me recordo de despertar em algum momento e estar rodeada de gente... Já no hospital, precisei ser muito corajosa. Vovó não conseguia falar, minha irmã mais velha estava em choque, meu irmão era bebê demais... Então, coube a mim passar o telefone de uma tia para os médicos informarem o que havia acabado de acontecer.”
Na sequência, a menina precisou ficar 15 dias na UTI em coma induzido e quase um mês no quarto de um hospital em Joinville, município de Santa Catarina. “Não fiquei assustada nem chorei ao me ver no espelho pela primeira vez. Não expressei qualquer tipo de reação. Era assim que teria de viver, com uma cicatriz no rosto e duas na barriga. No novo colégio, em Florianópolis, algumas crianças tiveram dificuldade em me aceitar. Mas nunca deixei que isso me abalasse. Era uma menina determinada e sabia exatamente quem eu era. Por fim, superamos nossas questões e nos tornamos amigas.”
A adolescência, ela conta, foi o período mais conturbado. “Normalmente, nessa fase não estamos satisfeitos com nada, e pode ser pior quando se tem cicatrizes. Há muitas exigências internas e externas, é um turbilhão de emoções, uma pressão estética para uma possível sexualidade aceitável, como diria (a escritora americana) Naomi Wolf. Então, eu ficava nessa dualidade de ‘sou bonita com todas minhas marcas’ e, ao mesmo tempo, ‘como posso ser atraente se tenho um corte no rosto’. Com o tempo, fui percebendo que as coisas não são assim tão extremas, podemos ter cicatrizes e sermos lindas, atraentes e inteligentes”, diz. “Lembro-me de falar para as minhas amigas: ‘se você não se amar ninguém vai fazer isso por você’. Isso sempre ajudou a melhorar minha autoestima.”
Tamanha lucidez, a curitibana afirma, não é fruto de terapia, mas do apoio da família. “Ao percebermos que o mundo poderia ser cruel, nos fechamos. Meus pais são a base de tudo”, comenta a modelo. “Meu namorado, o ator Eduardo Pinter, é outra pessoa importante. Ele dá suporte para minhas maluquices. Inclusive, todas as vezes que o Eduardo tinha um teste, me incentiva a acompanhá-lo e tentar. Mas, novamente, eu achava que não me aceitariam da forma que sou. O mundo, no entanto, dá voltas e cá estou eu: virei modelo, aos 22 anos. Um ano atrás, não me imaginaria ocupando esse espaço. Meninas como eu simplesmente não estampavam capas de revista.”
Nova aposta da indústria da moda, a new face chega para quebrar velhos padrões — que alguns insistem em perpetuar — e mostrar que a beleza não é uma via de mão única. “Nunca duvidei da minha capacidade, mas não me enxergava nesse lugar por causa da minha cicatriz no rosto”, observa Giulia, que costuma dizer que as marcas que carrega estão ali para lembrá-la de suas força e resiliência. “Claro que bate uma insegurança de vez em quando. Mas resolvi lidar com essa questão com positividade. Escolhi seguir adiante do jeito que a vida se apresentava.”
Revelada em abril, logo no começo da quarentena, por Andréa Damiani, dona da agência A.D. Models, Giulia fez uma grande transformação no visual. Raspou os cabelos com a ajuda do namorado e os descoloriu. “Antes do distanciamento social, minha rotina era bastante agitada. Ficava fora de casa o dia inteiro. Tinha aulas na faculdade de Relações Internacionais pela manhã e estudava Secretariado Executivo à noite. Com a pandemia, adotamos o ensino à distância. Entediada, decidi mudar o look”, diverte-se.
Nacionalmente, a curitibana é representada pela Way Model — a agência que cuida das carreiras de gigantes como Carol Trentini, Candice Swanepoel, Marlon Teixeira e Alessandra Ambrosio. “O mercado tem quebrado muitos padrões. É um momento de renovação. Precisamos mostrar toda a diversidade que existe nesse mundão”, analisa Anderson Baumgartner, responsável por direcionar a moça na indústria. “Ela é uma mulher lindíssima, uma beleza incrivelmente forte.”
Baumgartner acredita que a garota tem o que é necessário para triunfar: “A perspectiva é que meninas como ela conquistem cada vez mais espaço na moda. Giulia é promissora, pode chegar em qualquer lugar. Estará em campanhas de roupa, acessórios, lingerie, passarelas, vivendo em Nova York. O céu é o limite.” O agente cita o exemplo da top canadense Winnie Harlow, portadora de vitiligo que ganhou notoriedade a partir da metade da década, estrelando capas de revista e desfiles. “Há realmente um movimento de humanizar a moda no mundo inteiro.”
A presença de Giulia no métier é significativa, segundo a consultora de moda Manu Carvalho. “Tudo que começamos a plantar na virada do milênio está se consolidando agora. Essa mentalidade da era digital promove coletividade, compartilhamento, senso de comunidade. Pessoas diferentes sempre existiram, mas elas não se conectavam como hoje para trocar ideias e experiências... Essa é uma revolução on-line”, explica a consultora de moda.
De acordo com Giulia, desde que sua história ganhou a internet, dezenas de meninas entraram em contato para falar de suas marcas — nem todas expostas. “Criamos uma corrente virtual linda! Não paro de receber mensagens. Uma mãe me escreveu para contar que sua filha sofreu acidente quando tinha apenas 5 anos. O rosto da menina ficou com uma cicatriz parecida com a minha. Hoje, ela tem 15 e luta para superar o preconceito e os comentários maldosos. Essa moça sonha ser modelo, mas acredita que não há espaço para ela. Essa mãe mostrou minha história para a filha e me agradeceu por ser uma inspiração.”
Uma outra seguidora também dividiu a história do filho com a new face. “O menino foi mordido pela cachorra da família e ganhou uma cicatriz no rosto. Ele ficou muito feliz em saber que alguém com uma marca ‘igual’ a dele tinha virado modelo, que isso não era um empecilho para chegarmos aonde quisermos.”
No meio, a curitibana tem como referência Kendall Jenner, as irmãs Bella e Gigi Hadid e a supermodelo gaúcha Gisele Bündchen. “Gisele é uma mulher muito empoderada. É um exemplo profissional e humano. Ela coloca em pauta nossa relação com a natureza, tema urgente e necessário”, elogia a loura, que não esconde seu desejo de trabalhar para Chanel, Versace, Dior, Saint Laurent, Prada, Dolce & Gabbana... “Mas tenho uma identificação especial com a Gucci. Sempre olho para o que a grife está fazendo para me inspirar. É realmente uma grande referência.”
Ao fim da nossa conversa, Giulia para um segundo, respira e conclui: “Nossas marcas, sejam quais forem, nos lembram do real propósito da vida. O meu é incentivar o maior número de pessoas e ajudar a construir um mundo melhor. Eu me aceito do jeito que sou, com minhas cicatrizes e todo o resto.” Isso é história.
O Globo sábado, 31 de outubro de 2020
KERLIE KLOSS: SUPERMODELO ESTÁ GRÁVIDA DE SEU PRIMEIRO FILHO, DIZ REVISTA
Supermodelo Karlie Kloss está grávida de seu primeiro filho, diz revista
Ela se casou há dois anos com Joshua Kushner, irmão do genro de Donald Trump
O Globo
30/10/2020 - 09:15 / Atualizado em 30/10/2020 - 09:23
Depois de Gigi Hadid e Elsa Hosk, chegou a vez de Karlie Kloss ser mamãe. Segundo a revista "People", a supermodelo americana está grávida de seu primeiro filho, fruto do relacionamento com Joshua Kushner, com quem ela está casada há dois anos. Kushner é irmão de Jared, casado com Ivanka Trump, filha de Donald Trump.
"Karlie está muito feliz por esperar seu primeiro filho em 2021", disse uma fonte próxima à modelo. "Ela será a mãe mais incrível."
Karlie Kloss tem 28 anos e é considerada, pelo portal models.com, uma supermodelo e dona de umas carreiras mais rentáveis da moda atualmente.
.
O Globo sexta, 30 de outubro de 2020
MAITÊ PIRAGIBE: ATRIZ FALA DE PRODUTORA RURAL, E MAIS
Maytê Piragibe fala da atividade de produtora rural e explica os sete anos solteira: 'Não vivo hipocrisias'
THAYNÁ RODRIGUES
Maytê Piragibe (Foto: Reprodução/Instagram)
Atriz desde os 4 anos, Maytê Piragibe vive um momento de multiplicidade. Aos 36, a carioca em breve se tornará produtora audiovisual e também concilia os compromissos de apresentadora de TV com a recente atividade de produtora rural. Numa fazenda na Serra da Bocaina, em São Paulo, ela e a mãe trabalham com extração de óleos essenciais e difundem a aromaterapia. O projeto está conectado a outras escolhas que ela tem feito com foco no propósito social. Na quarentena, por exemplo, Maytê protagonizou o curta "Lockdown", sobre violência doméstica.
— Foi muito delicado entrar em contato com esse assunto. Sou uma mãe solo, independente, solteira há sete anos. E, óbvio, muito atenta à sexta onda feminista que a gente vive. Soubemos que a pandemia aumentou os índices de violência doméstica, feminicídio... Nosso país é o quinto do mundo que mais mata mulheres. Escolher temas assim para trabalhar está dentro do que quero proporcionar, quero acessar minhas dores como mulher. A grande maioria de nós já viveu ou vive um relacionamento abusivo, seja com seu parceiro, seja no ambiente profissional. Isso é delicado porque é estrutural, antigo. Então, para mim, quando veio o projeto logo topei. Doei meu cachê para participar. E o que mais chegar vai ser repassado ao Instituto Marielle Franco. Também apoio uma ONG chamada "Vamos utopiar", que auxilia mulheres que sofrem violência doméstica e age pelo empoderamento delas — explica.
Dona também de um canal no YouTube, ela diz que direciona seus conteúdos para seu público-alvo:
— Gero conteúdo há dez anos e recentemente fiz estudos que mostraram que são muitas mulheres ali me assistindo. Elas têm sede de liberdade, autenticidade... E a pandemia me trouxe a vontade de inspirar essas pessoas, dizer: "Disque, denuncie, eu já passei por isso". É trazer a arte como ativismo político e amparo social. Graças a Deus nunca sofri violência física, do tipo que tem efeito na Lei Maria da Penha, mas as relações abusivas estão subliminares ao longo da nossa existência. Isso é repetido e padronizado com namorados possessivos, com amigos que colocam em dúvida sua autoestima. Por ora não quero falar tanto da minha dor. Houve o movimento de muitas atrizes (veja na galeria abaixo), uma iniciativa linda de se colocar, de se vulnerabilizar, mas ainda não me sinto confortável em trazer a minha cicatriz ao mundo, e sim soluções criativas. Seja com o filme, acolhendo uma ONG. Porque toda mulher sofre ou já sofreu relação abusiva. É um machismo estrutural e um silenciamento muito grandes. Só que, claro, tem níveis e níveis. Quero olhar para como posso ajudar e dar a mão para outra.
No início deste mês, Maytê compartilhou uma foto de sua família: ela e a filha, Violeta, de 10 aons. Na legenda, uma declaração que destaca a sororidade, a quebra de padrões e a maternidade solo. Ela explica:
— Eu acho tão bonito conseguir fazer essa observação... Eu só consegui me apropriar dessa independência, dessa capacidade, quando entendi que não faz sentido a pressão cultural, moral e religiosa que prega que, para ter uma família, você precisa ter um homem, a mulher tirar seu sobrenome, colocar o dele... E a validação chegar após você entrar nesse modelo. A outra pressão grande é de que uma mulher não pode ser feliz se não tiver um namoro. Estou há sete anos nessa peregrinação e não achei o companheiro do tamanho do que eu aguardo e espero deste encontro. Não aconteceu essa troca e esse comprometimento de ambas as partes.
Maytê explica que não deixa de lado seus valores e suas premissas básicas por relações que não a agradem plenamente:
— Sou uma mulher monogâmica, muito família. Sou forte, independente. Não vivo hipocrisias. Em vez disso, prefiro viver a minha liberdade e deixar as pessoas soltas na sua conduta, nas suas escolhas e nos seus desejos. Quando comecei a perceber que existia a pressão do casamento e a pressão de que estar solteira há muito tempo indicava "ter algo errado", me voltei ao meu núcleo. E pergunto: "Como assim não achei ninguém?". Estou em mim, me encontrando, percebendo o que me faz bem, o que preciso abastecer em mim. Não preciso da validação do sexo oposto nem um título de compromisso para validar que sou capaz de ter autonomia, de alcançar prazer pessoal, independência financeira, ser bem-resolvida, realizada. Assim reconhecemos a nossa história. E a minha, claro, tem um monte de cicatriz, desafios. Enquanto eu não me apropriar, validar e me amar, não adianta. Tenho minha mãe, meu pai, meus sobrinhos, meus amigos de alma. É extremante importante me voltar para mim.
Debruçar-se nos planos para si também inspira Maytê profissionalmente. Ela recentemente preparou o piloto de um novo programa para o Canal Like, onde já apresenta uma atração ao lado do ator Hugo Bonemer:
— A gente estimula o público a sair e experimentar o audiovisual. É um canal que dá boas dicas como bons amigos. Estamos conduzindo a elaboração de um piloto com um tema que não foi abordado com profundidade e, desta vez, com convidados.
Violeta e Maytê Piragibe (Foto: Reprodução/Instagram)
Juliana Lohmann e Maytê Piragibe Reprodução
O Globo quinta, 29 de outubro de 2020
COPA SUL-AMERICANA: VASCO VENCE O CARACAS, COM GOLO DE TIAGO REIS
Com gol de Tiago Reis, Vasco vence o Caracas pela Sul-Americana
Com o resultado, time carioca vai para o segundo jogo, na Venezuela, podendo empatar para seguir na competição
O Globo
28/10/2020 - 23:30 / Atualizado em 29/10/2020 - 09:52
Vasco e Caracas se enfrentaram nesta quarta-feira, pela partida de ida da segunda fase da Sul-Americana. Em casa, o time carioca penou, mas conseguiu vencer o rival por 1 a 0, gol de Tiago Reis, aos 42 minutos do segundo tempo.
Com o resultado em São Januário, as equipes vão para o jogo de volta, na capital venezuelana, no dia 4, com os vascaínos em vantagem. Um empate dá a vaga para os cariocas. Se o Vasco conseguir fazer ao menos um gol na casa do adversário, o Caracas precisará vencer com dois gols de diferença para se classificar.
O time da Colina teve atuação discreta e dificuldades para dominar a partida . O rival, por sua vez fez um jogo tímido em São Januário, o que tornou o duelo monótono.
No segundo tempo, Carlinhos teve a chance de abrir o placar, mas cobrou mal o pênalti e Velásquez fez a defesa. Mais para o fim, veio o gol da vitória, de Tiago Reis.
A equipe treinada por Ricardo Sá Pinto voltará a jogar no domingo, quando enfrentará o Goiás, na Serrinha, pelo Brasileirão.
O Globo quarta, 28 de outubro de 2020
CLAUDIO LINS FAZ SHOW DEDICADO À OBRA DE CHICO BUARQUE
Claudio Lins faz show dedicado à obra de Chico Buarque
Em apresentação intimista no Teatro Prudential, ator e cantor interpreta clássicos como 'Roda viva' e 'A volta do malandro'
Sérgio Luz
28/10/2020 - 03:30
RIO — A primeira música que Claudio Lins se lembra de ter reconhecido no rádio, ainda na infância, foi de Chico Buarque. Anos mais tarde, ele foi ao teatro para assistir à peça “O corsário do rei” (1985), de Augusto Boal, com música de Chico e Edu Lobo, na qual sua mãe, Lucinha Lins, atuava. E foi nesse período que a paixão pela obra do compositor ganhou corpo. É esse cancioneiro que o ator e cantor leva quarta e quinta (28 e 29/10) ao palco reversível do Teatro Prudential.
— Minhas primeiras referências vieram do trabalho dele para o teatro. Quando tinha uns 7 anos, meus pais me levaram ao Maracanãzinho para ver “O Grande Circo Místico” com o Balé Teatro Guaíra. Esse disco, também dele com o Edu, é dos meus favoritos até hoje — diz Claudio, de 47 anos, filho de Lucinha e do cantor e compositor Ivan Lins.
O artista conta que foi essa essa obra de Chico para o palco que usou como critério para montar o repertório de seu espetáculo intimista, no qual toca acompanhado pelo pianista Heberth Souza.
— Canto “Roda viva”, canções que ele fez para “Calabar”, como “Tatuagem” e “Não existe pecado ao sul do Equador”, que foi grande sucesso na voz do Ney Matogrosso. Tem ainda “Gota d’água” e algumas de “A ópera do malandro”, como “A volta do malandro” e “Homenagem ao malandro”, que eu cantei em 2003 na montagem de Charles Möeller e Claudio Botelho. E uma que minha mãe cantava, em que faço homenagem a ela, que é “Viver do amor”. Era o primeiro solo do musical, e em um nível lá em cima, a gente tinha que segurar.
O Globo terça, 27 de outubro de 2020
LUANA CARVALHO, FILHA DE BETH CARVALHO, LANÇA DISCO
Luana Carvalho lança disco com releituras intimistas de clássicos do funk carioca
Álbum de filha de Beth Carvalho conta também com música autoral em parceria com Andréia Horta, que fala sobre câncer de mama
Joana Dale
27/10/2020 - 03:37 / Atualizado em 27/10/2020 - 08:30
No final dos anos 1990, início de 2000, Luana Carvalho era frequentadora dos bailes funk mais fervidos da cidade. Subia o Morro do Borel, ia ao Emoções, na Rocinha, dançava muito no Rio das Pedras. “Fora o Wells Fargo, para onde eu ia de nauru (sapatos de camurça de gosto duvidoso, com sola de borracha), calça de Bali e top, né?”, lembra a filha de Beth Carvalho (1946-2019), que cresceu entre o Leblon e a Tijuca. “Se a minha mãe era o Túnel Rebouças, sempre fui a Reboucinhas.”
Nos últimos meses, Luana começou a gravar, na cozinha de casa, versões intimistas de hits do funk carioca — MC Marcinho (“Rap do solitário”), Latino (“Me leva”) e Bob Rum (“Está escrito”) —, que começaram a fazer sucesso em suas redes. Ela, que em junho lançou o álbum “Baile de máscara”, com músicas de sua mãe, resolveu transformar a experiência caseira no segundo disco produzido nesta quarentena. “Segue o baile” terá o primeiro single disponível nas plataformas digitais no próximo dia 4 e as 10 faixas completas até o fim de outubro. “O funk carioca tem muito do maculelê: tchum, tcha, tchum, tchum. O ritmo sempre mexeu muito comigo, que sou macumbeira, filha de Oxum”, diz.
Pai de sua filha, Mia, o guitarrista Pedro Sá a acompanha no violão. “Não estamos mais juntos, mas é difícil haver um músico que entenda tanto o meu trabalho quanto ele.” Além dos clássicos, há três músicas autorais, sendo uma composta em parceria com a atriz Andréia Horta. "Em uma conversa de áudios por WhatsApp, Luana e eu falávamos sobre a ronda do câncer de mama em mulheres da nossa idade e os cuidados que temos que ter. A dor que isso causa, o medo. E eu disse: eu quero teta sem treta! Assim começamos a criar uma música. Fomos trocando mensagens e a letra nasceu ali, fácil, simples, de coração. Poesia pura. Eu quero teta sem treta!", exalta Andréia.
O tema desigualdade social também é abordado no disco. “Foi delicado escolher o repertório. Adoraria gravar, por exemplo, ‘Estrada da Posse’, mas moro na Gávea. Não é meu lugar de fala. Tanto que, em uma das minhas músicas, faço uma crítica a mim mesma e aos meus privilégios de classe média. Adoro muitos cantores que têm avião, mas acho que não há como ter jatinho particular em um país com a desigualdade social do Brasil. Há um limite do consumo que precisamos investigar”, acredita.
Para Luana, sua missão é, de alguma forma, levar esse questionamento e fomentar a discussão entre pessoas da sua geração que, assim como ela, amam funk. Além disso, ela busca chamar atenção para a efemeridade do gênero. “Diferentemente samba, que, além de história, sempre teve mais elasticidade para a erudição, o funk ainda é muito associado à violência. Mas, assim como samba, ele não pode morrer. Tem tradição.”
O Globo segunda, 26 de outubro de 2020
TATÁ WERNECK: DIFÍCIL FAZER COMEDIA COM MEDO
'Difícil fazer comédia com medo', diz Tatá Werneck sobre gravar 'Lady night' na pandemia
Atriz e apresentadora fala sobre os bastidores da nova temporada do programa sob rígidos protocolos de segurança contra a Covid-19
Maria Fortuna
26/10/2020 - 03:30
RIO — Tatá Werneck está aliviada. Depois de dias “superneurótica” com os protocolos contra a Covid-19 para gravar com segurança a nova temporada de “Lady night”, ela voltou para a sua “ultra rígida” quarentena. Entocada, edita os 14 episódios do programa que estreia no Multishow dia 3, com convidados como Xuxa, Luciano Huck, Fabio Assunção, entre outros.
Tatá ficou seis meses sem pisar fora de casa (“quase um cárcere privado”, brinca). Pretende continuar assim até sair a vacina. Detalhe: dividindo o teto com 20 bichos e, claro, o marido, Rafael Vitti, e a filha do casal, Clara Maria, de 1 ano, que Tatá chama de “deusa” (“está na fase de mostrar que veio para nos superar em tudo”). Mas ela não tem coragem de reclamar. Nessa hora, até fala sério no meio da entrevista, feita num misto de troca de vídeos com mensagens de WhatsApp.
— Esse período sublinhou o quanto não estamos no mesmo barco. Tem gente em situações de pobreza inimagináveis — diz ela, reconhecendo os privilégios antes de permitir-se praguejar, com aquele seu humor. — O teto da minha casa caiu, meu cachorro morreu, lidei mal com puerpério, quarentena, medo, depressão pós-parto, além das outras mil neuroses que já carregava.
Na entrevista a seguir, ela fala sobre culpa materna, diz se sentir cobrada a ser a mãe perfeita e se define como “bagaceira” no Instagram, onde tem 43 milhões de seguidores.
Como foi gravar “Lady night” sob os novos protocolos?
Difícil, ficava tentando perceber se o convidado estava seguro. Pedia o tempo todo para passar álcool em gel. Testava os convidados duas vezes. Eu fazia teste quatro vezes por semana. Me sentia responsável por cada um. Fazer sem público também é esquisito. Porque a verdade é que eu fazia muito mais pra animar quem estava na plateia do que para a TV. Vim do teatro. O público me alimenta. Faço tudo por eles.
O capacete de proteção, funcionou? O selinho fez falta?
Não dá para gravar com ele, usei só uma vez. Ficávamos sem máscara, mas tínhamos um acrílico separando. Não senti falta. Claro que, quando vem um Fabio Assunção, a gente pensa: “Não terei outra oportunidade” (risos).
Pode citar momentos legais?
Estar com a Xuxa foi precioso. Minha estreia na TV foi no programa dela. Minha primeira demissão também. Saber que ela voltou ao Projac pela primeira vez para gravar o “Lady” foi uma benção. Fabio Assunção é encantador, parece um menino se divertindo. Vladimir Brichta é genial. Luciano (Huck) é incrível, gentil, disponível e surpreendente. “Lady night” é um encontro genuíno entre duas pessoas comuns. Que na pandemia estão com mais medo, mas estão ali, de verdade, sem assessoria.
Não dá para ficar em cima do muro no seu programa...
Sabem que não funciona se não se soltarem. Aí, melhor nem ir. A plateia ajuda nisso. Sem ela ficamos com medo de parecer um papo intimista no Maracanã. Mas achamos o tom. Fazer comédia com medo é difícil. Mas liberta.
Como foi conciliar trabalho com bebê na quarentena?
Acho que tive baby blues ou depressão pós-parto, mas demorei a perceber por nunca ter passado por nada parecido. E porque estava louca de amor pela minha filha. E porque pessoas próximas diziam que era apenas “frescura”, o que fez com que me sentisse mais culpada. Mas descobri que a depressão pós-parto pode potencializar o medo. Comecei a ter medo de tudo. Queria poder proteger minha deusa 24 horas por dia. E tentar cuidar de todo mundo. Ficava nervosa por ver que não conseguia proteger todas as pessoas que amo. Mas já estou bem. Foi no começo da quarentena.
E a autoestima?
Minha vaidade está em fazer um trabalho bem feito, ser boa companhia, estar com energia boa. Não passa pela estética. Fui na Fátima Bernardes de toalha na cabeça porque não conseguia tirar o nó do cabelo. Fazer o básico! Estávamos sozinhos com a bebê, 20 bichos numa casa muito maior do que uma pessoa sensata precisa. Hoje tenho certeza disso.
O Globo domingo, 25 de outubro de 2020
DIRA PAES: ATRIZ REFLETE SOBRE VAIDADE E MATERNIDADE TARDIA
Dira Paes reflete sobre vaidade e maternidade tardia: 'Tem gente com 50 que tem mais pique do que com 30'
Aos 52 e mãe de dois meninos (de 12 e 5 anos), ela celebra mais de três décadas de carreira
Talita Duvanel
25/10/2020 - 04:30 / Atualizado em 25/10/2020 - 09:53
Dira Paes ouve a pergunta “tudo bem?”, mas, de forma bem-humorada, trata logo de corrigi-la. “Agora é: ‘Como você está’, né? E ainda tem a resposta clássica: ‘Na medida do possível’”. Mas a atriz vai bem, sim, apesar da pandemia que alterou (para alguns muito mais, outros menos) a vida de todo o planeta. Em 2020, há uma lista de acontecimentos para celebrar, a começar pelos 35 anos de carreira. Estreou,em 1985, com a produção cinematográfica britânica “Floresta das Esmeraldas”, filmada quando era ainda adolescente. De lá para cá, foram mais de 15 obras na TV, 43 filmes (entre curtas, longas e dublagens) e seis peças teatrais. A carreira no cinema, inclusive, já lhe rendeu, em 2017, o troféu Oscarito, homenagem do Festival de Gramado, um dos mais importantes do país, pelo conjunto da obra. “Até eu me impressiono. É muito tempo”, diz a atriz, de 52 anos. “Percebi que cada novo trabalho imprimia algo na minha personalidade. Sinto-me uma atriz brasileira, que esteve quase no país inteiro e me identifico com a pluralidade dos personagens que desempenhei. Não foi e nem é fácil, é preciso persistir e tem que ser muito apaixonada pelo que faz.”
A pandemia trouxe a oportunidade de revisitar um dos personagens que mais marcou a sua carreira e que incrementou o realismo de seu vasto currículo: Celeste, uma sobrevivente da violência doméstica, da novela “Fina estampa”, cuja reprise terminou em setembro. A saga da mulher agredida pelo marido marcou o país em 2011, na primeira exibição, e fez ainda mais sentido de ser discutida novamente. Desde o início do isolamento, os números desse tipo de crime só crescem. Houve um aumento de 35% durante a pandemia, segundo dados divulgados em julho pelo Ministério Público do Rio de Janeiro.
Intérprete de Griselda, a protagonista da novela e responsável por ajudar Celeste a ganhar independência financeira, Lília Cabral relembra o trabalho da dupla. “Dira era a pessoa ideal para fazer aquele personagem porque ela representa muitas mulheres. Tem uma voz que fala pelas brasileiras. Não me admira ter feito tão bem”, diz Lília, deixando escapar que não vê a hora de trabalhar com ela novamente. “Quando a gente passa a admirar mais, quer trabalhar mais também.”
Pelos números, dá para perceber que o exercício violento do patriarcado pouco mudou, mas Dira acredita que o público hoje tem mais repertório intelectual sobre o assunto. Boa parte da audiência sabe um pouco mais sobre os diversos tipos de abuso que podem acontecer num relacionamento, sejam eles físicos, psicológicos ou financeiros. “Agora, estamos começando a verbalizar com mais consciência. Temos entendimentos mais profundos, sabemos o que é uma relação abusiva, temos na boca essas palavras. Em 2011, não tínhamos. Conceitos foram criados, assim como mais ferramentas para lidar com eles.”
O assédio, recorrente também no trabalho, já foi experimentado por Dira e enfrentado de forma involuntária. “Tive experiências desagradáveis com diretores, assédios verbais, mas me defendi todas as vezes, instintivamente. Indo embora na hora, por exemplo. A violência nunca me travou. Ainda bem. Já aconteceu de estar voltando da escola, e um homem meter a mão em mim. Consegui virar o braço, e ele saiu correndo.”
DIRA PAES COMEMORA 35 DE CARREIRA COM ENSAIO EXCLUSIVO
O próprio ambiente artístico, que outrora naturalizava e encobria demonstrações de poder e subserviência, tem mudado, ainda que paulatinamente. A percepção é de quem está na lida há mais de três décadas. Ela acredita que, se antes era difícil compreender limites, agora eles aparecem mais demarcados. “Não tem mais tanto espaço para ego, para mau humor. Se você errou, peça desculpas, se possível, imediatamente. Estamos errando e aprendendo. Falo com muita gente como se tivesse conversando com o meu filho de 5 anos, ensinando o beabá. O princípio da cidadania, de não fazer com o outro o que não quer que façam com você, é uma coisa que já devia estar clara.”
O profissionalismo e o talento, juntos, lhe rendem convites “emocionantes”. O último foi para “Veneza”, filme dirigido por Miguel Falabella. Nele, ela interpreta Rita, uma prostituta que ajuda a cafetina Gringa (a atriz espanhola Carmen Maura, presente em diversas obras de Pedro Almodóvar) a encontrar seu grande amor. Apesar da ansiedade, a pandemia adiou a estreia para o início do ano que vem. “Por estar na TV continuamente, vinha fazendo só participações no cinema. Estava com saudade do início, meio e fim do processo. ‘Veneza’ veio de um telefonema do Miguel: ‘Tem um personagem que escrevi para você’. Respondi: ‘Nem quero ler, vou fazer’”, conta a atriz.
Falabella, por sua vez, confessa que queria trabalhar com a atriz há tempos. “Já namorava a Dira à distância. Ela transita entre o drama, a comédia, é uma patinadora. Vai aonde as outras pessoas dificilmente vão”, diz Miguel. Além deste trabalho, ela também poderá ser vista como uma mãe em busca do filho desaparecido no garimpo em “Pureza”, longa de Renato Barbieri, sem previsão de lançamento.
Se, por um lado, a pandemia atrasou a agenda de trabalhos, por outro começou a pavimentar um caminho que, até então, ela não pensava em trilhar. “O confinamento me despertou desejos de dirigir um filme. Sou casada com um diretor de fotografia (Pablo Baião, pai de seus dois filhos, Ignácio, de 12 anos, e Martin, de 5), é até pecado não fazer um longa com ele (risos). Tenho algumas ideias na manga.”
A paraense de Abaetetuba não dá detalhes sobre o que tem pensado. Quem sabe uma pitada de cultura amazônica? “Há uma subrepresentação da mulher indígena e de toda a comunidade. De alguma forma, o fato de eu ser uma cabocla, uma mulher que vem da Amazônia, faz com que muita gente se sinta retratada. Essas raízes estão na expressão que faço questão de exaltar. Amo ser de lá, acho chiquérrimo”, diz Dira.
Engajada na causa dos direitos humanos e indígenas desde o início dos anos 2000, a artista também é ativa na sustentabilidade — no discurso e nas ações, muito antes do papo virar recorrente. Há 22 anos, mora numa casa em que madeira de reflorestamento, energia solar, reaproveitamento de água e toda uma grande lista de atitudes verdes estão presentes. “Não é que eu queira parecer a pessoa super-mega-power sustentável, mas você tem que praticar. Passar a quarentena aqui parece ter justificado tudo.”
Desde março, ela está confinada nesse refúgio ao lado dos filhos e do marido, reorganizando e construindo outras dinâmicas. “As crianças pautaram o cotidiano, mas foi, para mim, um momento de reafirmação de valores. Quem não se afetou deixou um bonde muito interessante passar”, reflete. “O casamento fica intenso, mas é a ratificação do querer e do não querer. Você tem tempo de realinhar os pontos.”
Esse movimento não tem só a ver com o tempo disponível. Maturidade desempenha um grande papel na forma como se enfrenta esse tipo de situação, e Dira sabe que isso é algo a desfrutar aos 52. “O autoconhecimento é uma preciosidade que só o tempo dá. É impossível tê-lo antes”. Ao passo que a maternidade tardia (sua primeira gravidez aconteceu aos 39 anos e a segunda, aos 47) lhe despertou a juventude. “Tem gente com 50 que tem mais pique do que com 30. Não é uma questão de idade, é de estilo de vida. Na segunda gestação, fiquei uma adolescente. Minha carne era dura, não tinha uma celulite”, diz. “Cada gravidez, uma história. A primeira foi natural; na segunda, tive quatro abortos espontâneos e aí fizemos reprodução assistida. Desejei muito ter o segundo filho.”
Sem paranoias com vaidade, ela usou a quarentena para descansar do espelho. “Permiti que a natureza lidasse comigo. Tirei férias dos cuidados (estéticos). Tenho uma máscara a zelar, que não posso interferir. Quero ter um rosto transformado pelo tempo e sei que vou ganhar personagens maravilhosos.”
Ela também entende que o momento é de celebrar diversidade e aceitar novos padrões. “Dá vontade (de deixar o cabelo branco), só que não vou ficar bem ainda, sinceramente (risos). Mas tenho achado a Fafá de Belém muito linda. A Vera Holtz também. Mulheres modernas, né?”
Sobre menopausa, ela confessa ainda não sentir os efeitos do tempo. “As taxas hormonais não acusam esse momento. Minha referência de família é um climatério mais tardio. E acho que conversar sobre isso não é mais um tabu. Vou te dizer: temos que falar sobre tudo.”
O Globo sábado, 24 de outubro de 2020
SHARON AZULAY: ESTILISTA PERDEU 19 QUILOS EM UM ANO - NÃO FAÇO DIETAS
Estilista Sharon Azulay perdeu 19 quilos em um ano: 'Eu não faço dietas'
Designer, que já pesou 115 quilos, fala sobre mudanças corporais na gravidez
O Globo
23/10/2020 - 08:45 / Atualizado em 23/10/2020 - 12:14
Anos atrás, a estilista carioca Sharon Azulay virou notícia ao perder 37 quilos. À época, ela, que chegou a pesar 115 quilos, explicou que seu corpo era resultado de uma reeducação alimentar. "Não acredito em extremos. Afinal, não adianta ser toda restrita na vida e ser infeliz e chata. Embora, não seja extrema, amo comer de forma saudável", disse.
Agora, a designer, que ocupa o posto de diretora criatva da BlueMan (grife que herdou do pai, David Azulay) voltou ao Instagram para mostrar como a gravidez influenciou seu físico, numa espécie de antes e depois.
"Vivia um universo de dúvidas de como meu corpo iria reagir a tantos estímulos contrários entre emagrecer, engordar, parir, emagrecer de novo, ganhar peso, parir", escreveu.
Confira o depoimento de Sharon Azulay na íntegra.
"Eu não faço dietas
Essa foto foi tirada no dia 10/09/2019 , eu estava em Portugal e havia recém saído do puerpério da Ayla ( que nasceu final de maio ). Pesando 87kg, vivia um universo de dúvidas de como meu corpo iria reagir a tantos estímulos contrários entre emagrecer, engordar, parir, emagrecer de novo, ganhar peso, parir...
Não sabia se conseguirá voltar ao meu corpo antigo, ou quanto tempo isso demoraria ..
Quando digo que não faço dieta, é uma grande verdade. Há muitos anos eu aprendi que dietas são passageiras e tem efeito no curto prazo. Mas para termos sucesso no processo, temos que mudar hábitos alimentares. E há mais de 10 anos eu busco entender o que funciona melhor pro meu corpo e organismo e adequo a minha alimentação para ela.
Em 10/09/2020 eu tirei a segunda foto que está aqui em cima -19 kilos em 12 meses. Não existe “hack” ou “atalho”. O que existiu foi foco e determinação. Treinos de musculação diariamente, rotina saudável e alimentação balanceada.
Ainda posso e vou evoluindo diariamente, mas tenho certeza que postar isso aqui vai inspirar você a querer melhorar.
Me conta aí: você vive de dieta? Ou já entendeu que a reeducação alimentar vai ser o caminho ?"
O Globo sexta, 23 de outubro de 2020
IGREJA DA PENHA FAZ 365 ANOS
Igreja da Penha faz 365 anos sem festa, mas com missa on-line e fogos de artifício
Comemoração vai ficar para o ano que vem, mas, nesta sexta, a padroeira dos bairros da Leopoldina vai ganhar uma homenagem singela
Célia Costa
23/10/2020 - 03:30 / Atualizado em 23/10/2020 - 07:33
RIO - A pandemia de Covid-19 reduziu o acesso dos fiéis à Basílica Santuário da Penha, no alto da Serra da Misericórdia, desde março. Até a festa, que tradicionalmente acontece no mês de outubro e atrai mais de 35 mil devotos, foi adiada para 2021, a fim de evitar aglomeração no lugar: excepcionalmente, a celebração dos 365 anos da Igreja da Penha vai acontecer em maio. Ou seja: no ano que vem, Nossa Senhora da Penha terá duas grandes festas, já que o aniversário de 366 anos, a princípio, está confirmado para outubro de 2021, com uma extensa programação. Nesta sexta-feira, dia 23 de outubro, no entanto, a padroeira dos bairros da Leopoldina vai ganhar uma singela homenagem.
Em 23 de outubro de 1986, a estrada de ferro ali na região foi concluída e inaugurada, o que facilitou o acesso dos romeiros ao santuário da padroeira de 16 bairros da Leopoldina. Para celebrar, hoje, às 18h30, um queima de fogos no alto da Basílica, em comemoração aos 134 anos da região, vai iluminar o céu da Penha. Mais cedo, às 17h, o reitor da Basílica Santuário da Penha, padre Thiago Sardinha, celebra uma missa, com transmissão pelas redes sociais, para apenas para 30 convidados que estão presencialmente na igreja. Segundo o pároco, a quantidade de pessoas é limitada para que seja cumprido o protocolo de prevenção à Covid-19, com o distanciamento de dois metros entre as pessoas. Após a missa, a primeira na igreja desde o início da pandemia, acontece a queima de fogos.
A Festa da Penha, que já foi a segunda a maior festa popular do Rio de Janeiro, perdendo apenas para o carnaval, sempre foi comemorada com muito samba. Em anos anteriores, contava com participação do bloco Cacique de Ramos e apresentação da Imperatriz Leopoldinense. O reitor do Santuário lembra que foi lá, em 1917, que o compositor Ernesto dos Santos, mais conhecido como Donga, lançou “Pelo telefone”.
— A Festa da Penha já foi até maior que o carnaval. A origem do samba foi aqui na Igreja da Penha, muito antes de ir para a Avenida Central, hoje a Rio Branco, e depois para a Marquês de Sapucaí — explica padre Sardinha.
Desde de março, as missas na igreja foram suspensas. Elas são realizadas na Concha Acústica, que fica ao lado do estacionamento, na parte baixa da Santuário. O padre Thiago Sardinha conta que outra medida adotada para a prevenção ao novo coronavírus é a realização de missas drive-in, no pátio da igreja, onde os fiéis assistem à celebração de dentro dos seus carros.
No Rio de Janeiro, a devoção à Nossa Senhora da Penha começou no início do século 17, por volta do ano de 1635, quando o Capitão Baltazar de Abreu Cardoso ia subindo o penhasco para ver as suas plantações, uma vez que era proprietário de toda a área no entorno do atual Santuário. Segundo a história, ele foi atacado por uma enorme serpente e, devoto da santa, pediu socorro a ela, gritando: “Minha Nossa Senhora, valei-me!”. Nesse momento, teria surgido um largarto, que travou uma briga com o outro animal, abrindo espaço para Baltazar fugir. Agradecido, ele construiu uma pequena capela, onde pôs uma imagem de Nossa Senhora.
Até hoje, as graças conseguidas após promessas e atribuídas à interseção da santa são pagas pelos devotos no local, que sobem os 382 degraus da escadaria principal, a pé ou de joelho. As imagens desses agradecimentos correram o mundo ao longos dos anos.
O Globo quinta, 22 de outubro de 2020
SUYANE MOREIRA FALA SOBRE RELAÇÃO COM MULHER-MARAVILHA
Suyane Moreira fala sobre relação com Mulher-Maravilha: 'Sou forte e guerreira. Vou à luta mesmo'
Atriz cearense é a inspiração da versão brasileira da heroína
Gilberto Júnior
22/10/2020 - 09:42 / Atualizado em 22/10/2020 - 09:46
"Terça-feira só deu eu e Gustavo Lima no Twitter", diz Suyane Moreira logo no começo da conversa, em tom de brincadeira. A atriz cearense , de 37 anos, virou assunto na internet depois que a autora Joelle Jones confirmou que o desenho da Mulher-Maravilha brasileira foi inspirado nela. Em DC Future Slate, Yara Flor, da Amazônia, usará o manto da heroína, mas não substituirá Diana Prince, a original, que ganhará uma saga própria, a Immortal Wonder-Woman.
"Nunca imaginei que isso poderia acontecer. Recebi a mensagem de um fã no Instagram e achei que se tratava de uma montagem, uma homenagem... Confesso que não dei muita importância. À noite, com mais atenção, a ficha finalmente caiu. Fiquei toda arrepiada, espantada e feliz. Afinal, eu inspirei a Mulher-Maravilha!", comenta Suyane.
A atriz conta que sua filha, Maria Lua (de 5 anos), é fã incondicional da heroína. "E quem não é? Eu me identifico muito com sua personalidade. Sou forte e guerreira. Vou à luta mesmo", observa. "Mandei uma mensagem para a autora de agradecimento. Ela curtiu, mas ainda não conversamos sobre o assunto. Quero saber os bastidores dessa história, como fui descoberta. Acredito que tenha sido no Google."
Antes de ser atriz de novelas ("Novo mundo", "Gabriela" e "Araguaia" estão em seu currículo), Suyane foi um nome badalado nas passarelas. Desfilou na Europa e na São Paulo Fashion Week para marcas como Água de Coco e Cia. Marítima. Trabalhou também para gigantes da beleza - pense em Lancôme e L'Oréal.
"Lá atrás, existia preconceito contra a mulher indígena (ela é descendente do povo Cariris) e nordestina. Mas tenho orgulho das minhas raízes. Bato no peito e digo que sou nordestina, sim", diz. "Hoje, a moda não é minha prioridade. Mas não recusaria convites interessantes."
O Globo quarta, 21 de outubro de 2020
METROPOLITAN: CASA DE SHOWS DO RIO FECHA AS PORTAS E MARCA O FIM DE UMA ERA MEMORÁVEL
Metropolitan fecha as portas e marca o fim de uma era de shows memoráveis no Rio
Atualmente chamada de KM de Vantagens Hall, casa da Barra recebeu de David Bowie a João Gilberto em seu palco
Maria Fortuna
21/10/2020 - 03:56 / Atualizado em 21/10/2020 - 07:04
RIO — A notícia de que o Metropolitan mudaria novamente de nome nem surpreendia mais os cariocas. Afinal, desde que foi inaugurada, em 1994, a casa de shows localizada na Zona Oeste da cidade já se chamou ATL Hall, Claro Hall, Citibank Hall e KM de Vantagens Hall, substituições que aconteciam de acordo com os patrocinadores que assumiam os naming rights. Mas a informação de que o espaço fechará suas portas (o que se diz é que dará lugar a um supermercado), publicada pelo colunista Ancelmo Gois, nesta terça, pegou muitos artistas de supetão, e também inspirou posts nostálgicos nas redes sociais.
Cada um tinha seu espetáculo inesquecível para contar — a casa recebeu não apenas shows, mas também espetáculos como o Balé Bolshoi, musicais como “Cats” e o mágico David Copperfield. Muitos momentos que garantiram ao Metropolitan um lugarzinho do lado esquerdo do peito do carioca.
Responsável pela administração do espaço, a produtora Time For Fun não quis confirmar ao GLOBO a informação de que está entregando o espaço alugado no shopping Via Parque, e avisou que enviaria um comunicado — até o fechamento desta edição, às 18h30, não havia chegado. No entanto, notícias que circulavam nos bastidores do meio musical já davam o fechamento como certo.
— Supresa e choque — diz Lulu Santos, ao ser perguntado sobre o que significa, para ele, o fim do espaço onde se apresentou tantas vezes. — É o melhor palco do Rio e a melhor relação palco/plateia por conta da disposição. É triste demais esse esvaziamento.
Responsável pela abertura da casa, inaugurada com um show da cantora Diana Ross, o empresário Ricardo Amaral também se diz “triste” mas não “surpreso” com a notícia.
— O Metropolitan nunca foi o lugar prioritário dos atuais operadores. Soube que, meses atrás, eles se desfizeram da casa de Minas Gerais. A crise gerada pela pandemia, além da programação que tem sido anunciada, me levou a crer que isso aconteceria — diz Amaral, que vendeu o espaço no início dos anos 2000 para a Companhia Interamericana de Entretenimento, do México, por conta da situação econômica do país naquele época. — O dólar passou de R$ 0,80 para R$2, R$3, R$4 reais. Eu não conseguia embutir no ingresso o custo do cachês dos artistas internacionais.
Sob a gestão Amaral, o Metropolitan recebeu o primeiro show dos Três Tenores no Brasil. Stevie Wonder, Santana e Nina Simone (dentro de uma inesquecível capa de veludo vermelho) também passaram por lá. Em 1997, David Bowie, com indumentária indiana e unhas dos pés pintadas de preto, enlouqueceu o público. Lou Reed promoveu uma grande catarse rock’n’roll. A Legião Urbana passou pelo palco, em 1994, na sua última turnê antes da morte de Renato Russo, em 1996.
Já na administração da Time For Fun, aconteceu um dos “shows-missa” do Los Hermanos, com o público cantando o disco “4” do início ao fim, em 2005. No mesmo ano, teve White Stripes.
Amaral tem fresca na memória a apresentação acústica de Gil e Caetano, no fim da década de 1990. Lembra-se do estouro da música baiana, com apresentações lotadas de Banda Eva e Araketu. Conta que conseguiu fazer com que Roberto Carlos trocasse o Canecão pelo Metropolitan.
A temporada do Rei, aliás, é inesquecível para Liège Monteiro, assessora de imprensa do local à época. Liège lembra que as apresentações do cantor duraram cinco semanas.
— O The Wailers também foi sucesso absoluto. Tiveram que fechar as portas e não parava de chegar gente. Fiz Men at Work, concurso de Miss Brasil, Joe Satriani, Wolf Maya dirigindo Zezé Di Camargo e Luciano...
Para a apresentação do Bolshoi, o Metropolitan teve que interditar a primeira fileira de cadeiras da casa de shows, conta Liège. A produção do prestigiado balé russo fazia questão que todos enxergassem os bailarinos por completo, incluindo as pontas de suas sapatilhas.
A produtora musical Adriana Penna, que passou pela equipe de gravadoras como Sony, Warner e Trama, diz que sua carreira está intrinsecamente ligada ao lugar. Ela acompanhou shows de Djavan, João Bosco, Alanis Morissette, Zeca Pagodinho, entre outros, e destaca os bastidores do programa “Som Brasil”, com João Gilberto.
— João só queria gravar de madrugada. Me pediram para buscá-lo à 1h da manhã. Ele só desceu do apartamento às 4h — conta Adriana, lamentando a notícia para a cidade. — O Rio já tem poucos palcos. E agora? É o fim de uma era.
O Globo terça, 20 de outubro de 2020
CÁSSIA KIS: ATRIZ FALA SOBRE CONVERSAS PAR FAZER PANTANAL, E MAIS
Cássia kis fala sobre conversas para fazer 'pantanal' e desabafa sobre perda da mãe
THAYNÁ RODRIGUES
Cássia Kis fala de 'Desalma', nova série do Globoplay (Foto: Divulgação/TV Globo)
Cássia Kis experimenta um momento de reencontro com sua intuição. Viver com a transcendentalidade à flor da pele é efeito de um mergulho interior a que a atriz de "Desalma" se entrega nos últimos meses. O sobrenatural está presente não só na ficção, mas em situações corriqueiras.
— Esse seriado está podendo tratar de algo importante que resgatei e que treinava muito aos 20 anos: ser intuitiva. Estou dando corda, fomentando essa minha sensibilidade. Eu sinto uma coisa ali e falo: "Opa". E se acho que devo recuar, eu recuo simplesmente — exemplifica a atriz, que na obra interpreta Haia, uma figura mística: — Eu não sou uma bruxa, mas talvez viva como tal: reclusa. E tenho uma história difícil... A personagem é uma mulher sozinha, que julgam. Fazem críticas sem saber muita coisa. Mas ela tem dramas com a filha. Lá em Brígida, que é a cidade fictícia da obra, havia uma festa milenar há 30 anos. Um dos mistérios está em saber se uma antiga tragédia voltará a acontecer.
A atriz, que está na expectativa para gravar a segunda temporada da série, aguarda também uma definição sobre "Pantanal". A atriz viveu Maria Marruá na versão original da trama e diz que está conversando com a equipe do remake sobre um papel:
— Fiz essa novela emblemática no início dos anos 1990. Agora é um reinício de um novo jeito de fazer. O público pediu aquilo e veio. Foi lindo o que eu fiz. Agora quero nem que seja abrir uma porta. Se me convidaren para eu fazer uma passagem ali no fundo, no primeiro episódio, eu vou me sentir muito satisfeita. E agora provavelmente deve surgir uma velhinha (risos). Eu acho que sim (que fará a obra). Fico feliz de, aos 63 anos, com essa quantidade de rugas, ter muita vontade de mostrar um trabalho cada vez melhor, de estar ao lado de gente que faz tão bem.
Com alegrias no trabalho, Cássia infelizmente viveu duras experiências recentes. Há menos de dois meses, sofreu com a morte da mãe, Dona Piedade Monteiro.
— Ela partiu no fim de agosto, em plena pandemia. Não morreu de Covid, mas foi colocada dentro de um saco como todos; foi-se sem eu vê-la, sem eu me despedir. Enfiaram o corpo dentro de um caixão e não conseguimos nem colocar uma roupa, não a vimos no pós-morte. Sei que foi um até logo. Pedi muito para que minha mãe fosse bem recepcionada, bem cuidada, que os espíritos a conduzissem para um bom lugar. É tão forte. Sinto saudade, queria ter segurado a sua mão. Passei meses dizendo à minha irmã: "Dinha, estou me organizando para ir aí. Quero ficar segurando a mão da mamãe. Eu queria só estar perto segurando a mão dela". Mas minha família me disse que, dias antes, ela estava cantando muito, estava divertida. Ela estava em paz. Estavam todos em paz, prontos — conforma-se.
Durante a quarentena, para se restabelecer emocionalmente, Cássia aderiu a estudos da mente humana:
— A internet me ajudou muito. Acessei conteúdos de pessoas que vêm me ajudando: psicólogos, terapeutas, sociólogos, filósofos, gente ocupada com uma melhor qualidade de vida para si e para os outros. Isso tem feito uma diferença muito grande para compreender a partida da minha mãe, para o amor dela aumentar ainda mais em mim, para que esse legado se aprofunde.
Mãe de Maria (23), Pedro (17), Miguel (24) e Joaquim (16), Cássia diz que tem refletido sobre o tempo dedicado a cuidar de si, da família e da casa:
— Na pandemia, o tempo ficou mais largo e também mais curto. Curto porque temos as demandas do cotidiano. Agora mesmo interrompi uma lavação de louça, tem a roupa da máquina para estender, tenho que passar um aspirador de pó no quarto do Miguel, tem um vaso sanitário que preciso limpar. Por mais que tenha o filho apoiando, eles também estão ocupados. Já o tempo largo é para cuidar do lado de dentro, respirar, pensar melhor, aprender a colocar as coisas no lugar, a olhar para nós mesmos. Eu acho que a decisão de fazer isso de um jeito mais profundo me trouxe coisas importantes. Eu tive grandes conquistas nesse período, não sei dizer qual é a maior delas. As mágoas que me prendiam ao passado, que não me deixavam perdoar, caminhar, elas correram. Isso foi um ganho gigante.
Sobre a possibilidade de expor suas vivências num livro que ajude pessoas que passaram por situações semelhantes, Cássia diz:
— Você acha que não tenho vontade de escrever sobre essas coisas? Evidente que posso contar minhas histórias com todas as experiências que tive, mas diariamente tenho galgado conquistas. E tenho certeza de que podem ser úteis. Hoje mesmo falei com uma pessoa no telefone e eu tentava colocar numa outra consciência. Eu olhei para mim fazendo isso e pensei: "Olha, que incrível. A necessidade de educar e reeducar, dizer a uma pessoa que ela ficará em paz". Agora, quando estou bem, faço o que posso na comunidade. Eu preciso ajudar, preciso me mover. Estamos com um país em que muita gente vai passar forme. Já temos. Tomara que a gente consiga reverter isso o mais rápido possível. Digo a meus filhos: "Não negligenciem".
Cássia Kis é uma das protagonistas de 'Desalma' (Foto: Reprodução/Instagram)
O Globo segunda, 19 de outubro de 2020
BETTY FARIA: AOS 79 ANOS, ATRIZ RELEMBRA TIETA E FALA DA FAMÍLIA
Aos 79 anos, Betty Faria relembra 'Tieta' e fala da família
THAYNÁ RODRIGUES
Betty Faria (Foto: Cristina Granato)
Betty Faria atende o telefone com bom humor: dias antes da ligação, leu a notícia de que haverá uma mostra de filmes em sua homenagem no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, em 2021, quando ela completará 80 anos. Com 54 de carreira, a atriz tem prestígio não só no cinema. Dois de seus marcantes trabalhos na TV estão em reprise atualmente no streaming do Globoplay, "A indomada" e "Tieta".
— Fiquei honradíssima de ganhar uma mostra de cinema. Imagina só! Fiquei felicíssima! Ah, e eu morro de vontade de voltar a trabalhar. Só que eu sou grupo de risco, né? Então tenho que esperar a vacina chegar. Gosto muito de fazer televisão e cinema. Tenho lido muitas mensagens na quarentena sobre os meus trabalhos, principalmente "Tieta". É um sucesso alucinante. Ela mexe com o coração de tanta gente porque é livre e prega a solidariedade e a amizade, sem preconceitos. A adaptação do Aguinaldo Silva foi magistral, maravilhosa. Eu fui muito feliz — vibra.
A atriz conta que, durante a quarentena, trocou de empresário e também de casa nova, na Zona Sul do Rio de Janeiro:
— Gosto de experimentar novas formas de viver. Precisei fazer melhoramentos no meu apartamento. Na quarentena, a gente vai vendo as coisas e vendo muito. Cada cômodo, cada parede, cada madeira que descola, cada janela que não está bacana... Falei: "Tem coisa no apartamento inteiro para fazer. Não vou querer ficar no meio de uma obra, não". Mas a mudança também tem a ver com a minha inquietude. Sou muito das experiências novas, da vida nova. Tenho isso. A verdade é essa: foi a minha inquietude, com minha insatisfação com a vida e a necessidade de mudar. Na quarentena é difícil ter essas coisas, né? Mas eu não me acomodo de jeito nenhum.
Para a coluna, a atriz abriu uma rara exceção posando com a neta Giulia Butler, de 18 anos, filha de Alexandra Marzo (que atou em novelas nas décadas de 80 e 90). A veterana explica por que não é de mostrar a família nem expor seus amores:
— Prefiro blindar a minha família, prefiro não dizer. Tem filho, filha, neto, neta, amor, crush... Prefiro sempre blindar as pessoas à minha volta. Tenho muito cuidado e blindo mesmo. Minha vida é dentro de casa, quem está comigo... Esse tipo de coisa eu não coloco para jogo porque não quero ninguém exposto. Tenho pavor que fofoquem da minha vida. Quando surgem boatos de gente dizendo que me namorou, eu penso: se eu entro, desminto e arraso com o cara, dou publicidade a ele. Então, é melhor ficar calada que passa. Teve muita gente que já disse que transou comigo e não foi verdade. Responder sobre esses assuntos acaba dando publidade a quem quer audiência com meu nome. Eu deixo passar. Bobagens de vaidade de homem eu deixo para lá. Uma vez entrei numa festa e fui ao escritório procurar uma amiga. Ao chegar, tinha um cara contando para quatro homens que tinha tido um caso comigo. E foi na minha cara. Eu ouvi e disse: "Não. Isso é uma mentira". Agora essas coisas eu deixo passar porque uma semana depois já vem outro assunto.
Já nas redes sociais, a atriz mostra outros recortes de sua vida: imagens do dia a dia, mensagens otimistas, memes de suas personagens e protestos políticos pautados pelo humor estão entre eles. Um dos últimos registros nesse estilo foi uma foto sorrindo com a legenda: "Pensando no dia que o governo vai libertar nosso sequestrado dinheiro do cinema brasileiro". Ela detalha como vêm as ideias:
— Eu pensei: "O que eu vou botar hoje no Instagram? Vou colocar isso!". Aí saiu! Saiu! O que mais me dói ao falar da cultura muita gente já falou. Agora, vamos ser objetivos: o que está acontecendo com o cinema? Não é só na pandemia. Na quarentena há, sim, cerca de 400 mil pessoas envolvidas com o audiovisual desempregadas. As pessoas estão vendendo quentinhas na rua. O governo deveria dar força à indústria cinematográfica, assim como foi feito nos Estados Unidos. Aqui, as produções estão paradas. Então, no Instagram, pesquiso perfis de cinema de fora do Brasil e demais assuntos que me interessam. E tem dias que posto; outros dias, não. Não sou assídua. Às vezes fico cansada.
Betty Faria, a neta, Giulia, e a cachorrinha, Madalena (Foto: Cristina Granato)
O Globo domingo, 18 de outubro de 2020
ISABEL WILKER FALA SOBRE A CARREIRA E COMENTA SAUDADES DO PAI, JOSÉ WILKER
No ar em 'Haja coração', Isabel Wilker fala sobre carreira e comenta saudades do pai, José Wilker
GABRIEL MENEZES
Isabel Wilker (Foto: Reprodução/Instagram)
Isabel Wilker está de volta ao ar na reprise de "Haja coração", a última novela de que participou, em 2016. Desde então, ela vem se dedicando a outras atividades, como as artes plásticas e a literatura, além de ter feito parte do elenco de "Zodíaca", série on-line da plataforma Hysteria:
- Não foi uma decisão minha ficar longe da TV. Eu não planejo muito a minha carreira. Acontecem movimentos naturais e eu vou seguindo. E, nesse período, me dediquei a outras coisas. Sou formada em Letras e atualmente estou escrevendo um livro de poemas. Também tenho feito trabalhos de colagens.
Na trama das 19h, ela interpreta Adriana, patrocinadora da equipe de corrida de Apolo (Malvino Salvador):
- Foi uma experiência completamente diferente. Primeiro, porque eu tinha muitas cenas de ação. A Adriana também era uma personagem forte e, até então, eu havia feito papéis de mulheres mais frágeis. A gente gravava muitas cenas no autódromo e eu fiquei morrendo de vontade de pilotar um carro daqueles, o que acabou não acontecendo.
Isabel tem passado os seus dias de quarentena em São Paulo, onde divide uma casa com dois amigos. Em breve, ela precisará voltar ao Rio por conta de trabalho. A atriz está escalada para "Gênesis", novela da Record, em que dividirá o set com a mãe, a atriz Mônica Torres. O trabalho será uma oportunidade para que as duas possam passar um tempo mais próximas, já que Mônica mora há cerca de um ano em Portugal:
- Eu e minha mãe temos uma empresa de produção artística, então nos falamos praticamente todos os dias. O fato de ela estar morando em outro país não alterou muito isso. É claro que sinto falta de estar presencialmente com ela. Antes da pandemia, passei um período lá com ela e meus irmãos (filhos de Mônica com Marcello Antony).
Já sobre o pai, José Wilker, morto em 2014, a atriz diz que sente saudades todos os dias:
- O meu pai era um farol na minha vida. Minha identificação com tudo. O olhar dele me inspirava muito. Ele era um cara curioso e gostava de ouvir as pessoas. Eu costumo escutar demais as pessoas me dizendo como ele faz falta e sempre me emociono. Estamos aos poucos organizando um trabalho para preservar a memória dele. A ideia é que o dia 20 de agosto, data do seu aniversário, seja sempre marcado por eventos em sua homenagem.
Isabel Wilker e mãe, Mônica Torres (Foto: Reprodução/Instagram)
Isabel Wilker e o pai, José Wilker (Foto: Reprodução/Instagram)
O Globo sábado, 17 de outubro de 2020
MARIA RITA FAZ PRIMEIRO SHOW FORA DE DRIVE-IN NA PANDEMIA
Maria Rita faz primeiro show fora de drive-in na pandemia: ‘Minha vida não tá resolvida'
Após duas experiências em São Paulo, cantora retoma agenda e reabre o Vivo Rio com show de samba
Sérgio Luz
17/10/2020 - 04:30 / Atualizado em 17/10/2020 - 09:06
Vivo Rio reabre neste sábado (17/10) com show de Maria Rita, depois de sete meses fechado devido à pandemia do novo coronavírus. Para se adaptar às regras sanitárias, a casa de espetáculos diminuiu sua capacidade de 2000 para 660 lugares, com venda de ingressos exclusivamente on-line e mesas apenas para pessoas do mesmo grupo, em compra única. Na entrada, cada espectador vai passar por medição de temperatura, e o uso de máscara é obrigatório. É o encontro da MPB com o “novo normal”.
— Nesse período, fiz só dois shows em São Paulo, ambos em drive-in. Mas palco assim, com casa fechada, formação de público diferente, ainda não. Estou com frio na barriga. Só aceitei porque o Vivo Rio me garantiu uma série de cuidados — afirma Maria Rita.
Tomando todas as precauções necessárias, a cantora começa a retomar sua agenda, apesar de seguir em período de isolamento social.
— Falando como empresária, tenho que tomar decisões muito difíceis, como negar dois shows fora do eixo Rio-SP. Não é só pela minha equipe, mas também por minha saúde mental e financeira. Minha vida não está resolvida. Tenho planos, sonhos e inquietações, e responsabilidade para com meu público e meus colegas, de sinalizar para o mercado que não acabou, que estamos nos movimentando, que temos como viver — avalia.
— É necessário cantar uma mensagem como essa, manter o nome do Aldir rolando na boca da molecada, meu público é muito mais novo do que a galera imagina. A gente se encontra num momento onde essa música se torna relevante mais uma vez. Seguimos vivendo como nossos pais, né? Fomos para frente, mas não fomos, na verdade. É quase uma catarse — compara.
A artista lamenta a morte recente de Moraes Moreira, seu ex-sogro, e de Aldir, em abril e maio deste ano, respectivamente.
— Eu tenho 40, imagina para alguém com mais de 70 anos ouvir as barbaridades que estamos escutando. Era difícil para o Moraes, uma pessoa muito consciente politicamente, devia ser angustiante. A arte tem um papel muito fundamental, a palavra tem poder.
Em casa desde março com sua caçula, Alice, de sete anos, Maria Rita conta que sofreu um baque no início da quarentena:
— Num primeiro momento, eu travei, “buguei”, como diria meu filho mais velho, que mora em São Paulo. Foi meu primeiro Dia das Mães sem ele, mas ele entendeu esse momento, me dá muito orgulho. Depois de um tempo, vi que não podia pirar. Foquei na minha filha. Monto lego, vejo o mesmo filme 18 vezes seguidas, ajudo na escola. Quando ela está com o pai, eu bordo, escuto música. Retomei esse prazer de ouvir música sem o ouvido de produtora.
O Globo sexta, 16 de outubro de 2020
OS PARLAPATÕES: EDIÇÃO ONLINE DE FESTIVAL DE PEÇAS DE UM MINUTO
Os Parlapatões fazem edição online de Festival de Peças de Um Minuto
Companhia paulistana apresenta esquetes ao vivo sobre temas atuais: numa das histórias, arqueólogos descobrem, no futuro, o extinto conceito de abraço
Gustavo Cunha
16/10/2020 - 04:21
RIO — A ideia surgiu numa mesa de bar e logo transbordou dos copos de cerveja, esparramando-se. Criado em 2008 sem grandes pretensões formais , o Festival de Peças de Um Minuto chega à quinta edição como uma marca sólida do grupo paulistano Os Parlapatões.
Embora a noção brincalhona de “jogo” — a rigor, de desafio — seja o principal motor do projeto que já ganhou forma em Portugal e no Uruguai, há uma consistente elaboração estética por trás das séries de tramas velozes, cada uma delas com duração de apenas 60 segundos.
TEATRO ONLINE: OS DESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO
'Diários do abismo'
No monólogo com dramaturgia de Pedro Brício, a atriz Maria Padilha recompõe a trajetória da escritora mineira Maura Lopes Cançado, que ao longo da vida foi vítima de sessões de eletrochoque em instituições psiquiátricas.
'Contrações'
A montagem dirigida por Grace Passô — com Débora Falabella e Yara de Novaes no elenco — ganha uma criativa adaptação online. A história escrita pelo inglês Mike Bartlet acompanha uma mulher que se submete a cláusulas invasivas, apresentadas pela gerente da empresa onde trabalha, para manter o próprio emprego.
Há mais de três anos em cartaz, a peça com texto de Claudia Mauro, que também divide a cena com o ator Édio Nunes, acompanha as lembranças de uma solitária professora e um bem-humorado faxineiro, que desenvolveram uma amizade ao longo de cinco décadas.
'Parece loucura mas há método'
O espetáculo da Armazém Companhia de Teatro transforma o espaço da videoconferência num irreverente campo de batalhas. Nove personalidades shakespearianas se enfrentam numa arena de ideias: cabe ao público decidir quem vencerá os duelos.
'O pior de mim'
Sob direção de Rodrigo Portella (dos premiados "Tom na fazenda" e "As crianças"), Maitê Proença traz à tona momentos e características pessoais que ela sempre manteve discretos, num ensaio sobre as fragilidades a que todos estão submetidos. O espetáculo é transmitido do Teatro Petra Gold.
'A arte de encarar o medo'
Espetáculo com a temporada mais longeva deste período de isolamento social, a criação do grupo Os Satyros tem como pano de fundo um futuro distópico, quando pessoas tentam reconstruir histórias de uma vida anterior à pandemia.
'A lista'
As atrizes Lilia Cabral e Giulia Bertolli, filha da primeira, estrelam a peça com direção de Guilherme Piva. Na história transcorrida durante a pandemia, uma senhora solitária recebe a ajuda da jovem vizinha, que passa a fazer as compras no mercado para ela. O espetáculo é transmitido do Teatro Petra Gold, no Leblon.
'Novos normais: sobre sexo e outros desejos pandêmicos'
O espetáculo do grupo Os Satyros enquadra 20 atores na tela para abordar os desafios do mundo atual durante a pandemia, em especial no que tange a sentimentos represados e carências de afeto e contato físico.
Com transmissões ao vivo no sábado e no domingo, às 20h, o evento exibe 32 encenações curtas, com dramaturgias escritas por 25 autores brasileiros selecionados por meio de um concurso. Nomes conhecidos da cena contemporânea nacional, como Jô Bilac e Aline Bei, também assinam textos inéditos especialmente produzidos para a ocasião, e que ganham a direção de Barbara Paz, Mauro Batista Vedia, Nelson Baskerville e Pedro Granato.
Apresentados remotamente por 12 atores — alguns, no palco do Teatro Porto Seguro, em São Paulo; outros, em suas próprias casas —, os esquetes abarcam temas abrangentes, quase sempre relacionados com a pandemia de Covid-19. Uma das peças, por exemplo, acompanha uma dupla de arqueólogos que descobre, num futuro distante, por meio de uma foto, o conceito de abraço, algo extinto entre humanos.
O humor e a ironia fina, traços frequentes nas obras da companhia, estão sempre sublinhados nas histórias, apesar de narrativas dramáticas, além de performances de caráter corporal, também se fazerem presentes no roteiro.
— Tecemos uma colcha de retalhos, e a beleza disso está no contraste entre as diferenças — define Camila Turim, atriz e diretora artística do evento. — De certa forma, todas as nossas neuroses que afloraram durante o confinamento estão refletidas nas dramaturgias. São textos que tratam, direta e indiretamente, de questões bem atuais
Serviço: Sáb e dom, às 20h. R$ 20, por meio do site Tudus. 60 minutos. 14 anos. Únicas apresentações.
O Globo quinta, 15 de outubro de 2020
SOPHIA ABRAHÃO SE ISOLA ANTES DE GRAVAR BEIJO EM SALVE-SE QUEM PUDER
Sophia Abrahão se isola antes de gravar beijo em 'Salve-se quem puder'. Saiba quem será seu par na trama
THAYNÁ RODRIGUES
Sophia Abrahão com o visual de Júlia, personagem de 'Salve-se quem puder' (Foto: Reprodução/Instagram)
Sophia Abrahão e Bruno Ferrari, de “Salve-se quem puder”, se isolaram num hotel antes das gravações das cenas de beijo de seus personagens, Júlia e Rafael. Eles viverão um romance na segunda temporada da trama. Os atores ficaram quase duas semanas longe de casa.
Além de Sophia, o elenco ganhará o reforço de Rodrigo Simas. Ele viverá o mexicano Alejandro e disputará o amor de Juliana Paiva (Luna) com Felipe Simas, seu irmão na vida real.
BÁRBARA COLEN: ATRIZ DE BACURAU FARÁ SUA ESTREIA EM NOVELAS DA GLOBO
Bárbara Colen, de 'Bacurau', fará sua estreia em novelas da Globo. Saiba tudo
ANNA LUIZA SANTIAGO
Bárbara Colen (Foto: Estevam Avellar/TV Globo)
Uma das protagonistas do filme "Bacurau", Bárbara Colen estreará em novelas da Globo com um papel de destaque em "Quanto mais vida, melhor", trama das 19h de Mauro Wilson. Sua personagem, Rose, será uma ex-modelo e paixão antiga de Neném (Vladimir Brichta). Os dois viveram um romance nos tempos em que ele jogava futebol na Europa e se reencontrarão anos depois, quando ela já estiver casada com Guilherme (Mateus Solano), um cirurgião cardíaco.
Além de Solano e Brichta, estrelarão a novela Giovanna Antonelli e Valentina Herszage. No início da trama, prevista para suceder a "Salve-se quem puder", o grupo sofrerá um acidente fatal de avião. No céu, Deus anunciará que houve um engano e que todos voltarão a viver. Mas avisará também que um deles morrerá de fato em um ano, sem revelar nomes. A partir daí, cada um tentará alcançar uma determinada meta na vida.
FUTEBOL: BRASIL DE TITE CHEGA A 50 JOGOS, COM ÓTIMO APROVEITAMENTO
Brasil de Tite chega a 50 jogos com ótimo aproveitamento, mas poucos jogos contra europeus
Seleção enfrenta o Peru pela segunda rodada das Eliminatórias
Bruno Marinho
13/10/2020 - 05:30
Há 1.500 dias Tite descobre o que é treinar a seleção brasileira. Trata-se de aprendizado que nunca acaba: às cobranças usuais, somam-se novas, como a necessidade de fazer a equipe voltar a ter uma sequência de bons jogos com menos horas de trabalho presencial que o previsto, devido à pandemia da Covid-19. Aos obstáculos tradicionais, acrescenta-se um outro, o de melhorar o desempenho tendo cada vez menos chance de testá-lo contra adversários fortes da Europa.
Neste caminho de descobertas contínuo, Tite terá mais uma partida pela frente hoje, às 21h, contra o Peru, em Lima, pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo do Qatar. Trata-se de um jogo simbólico: será o 50º do técnico à frente do Brasil.
— Na seleção é preciso administrar o tempo porque você não está constantemente com os atletas, ela te retira um pouco do trabalho de campo e te deixa mais no campo dos estudos. E no momento em que busca o dia a dia você tem que ser muito pontual, preciso no treinamento e nas funções dos atletas. A seleção te tira o dia a dia, o cheiro do vestiário — resumiu Tite, comparando o trabalho na CBF à rotina que tinha nos clubes.
Desde o primeiro jogo, em setembro de 2016 (vitória de 3 a 0 sobre o Equador, em Quito), até o desta noite, o treinador experimentou a euforia gerada pelo ótimo começo de trabalho, a decepção com a derrota nas quartas de final da Copa do Mundo da Rússia e as cobranças pela queda de rendimento da equipe nos últimos jogos de 2019. Uma montanha russa emocional sustentada pelo ótimo aproveitamento de pontos: 78,2%. Desde 1980, apenas dois treinadores que fizeram 30 jogos ou mais à frente da seleção tiveram rendimento superior: Telê Santana, de 1980 a 1982, com 80% de aproveitamento, e Zagallo, que de 1994 a 1998 somou 79,6% dos pontos possíveis.
O que difere o trabalho de Tite dos antecessores é a dificuldade que o treinador enfrenta para medir até que ponto os resultados são um reflexo do patamar de sua equipe ou do (baixo) nível dos adversários. Nunca antes na história desse país o técnico da seleção jogou tão pouco contra adversários europeus, desde 2006 hegemônicos nos Mundiais.
Vítima do distanciamento europeu, um reflexo do calendário da Uefa, que isolou suas federações do restante do mundo, a seleção de Tite tem apenas 18% dos jogos contra selecionados do Velho Continente. Para se ter uma ideia, o Brasil de Telê fez 51% dos jogos contra europeus no ciclo que culminou na derrota para a Itália no Mundial da Espanha. Já a equipe de Zagallo, até perder a decisão de 1998 para a França, teve 37% das partidas com equipes da Europa como adversárias.
Os cinco jogos contra a Argentina e as duas partidas contra o Uruguai são responsáveis pela maioria esmagadora dos nove confrontos que o Brasil de Tite disputou contra seleções que já venceram o Mundial, outro termômetro importante para medir o nível de jogo da seleção pentacampeã. Foram apenas dois jogos contra europeus que contam com ao menos uma estrela bordada no alto do escudo: empate em 0 a 0 com a Inglaterra, no fim de 2017, e vitória de 1 a 0 sobre a Alemanha, no começo de 2018.
Neste sentido, o jogo desta noite em Lima vale muito mais do que o passado, na Neo Química Arena. O Peru é reconhecidamente mais forte do que a Bolívia e os próprios resultados da seleção mostram isso: além de finalistas na Copa América de 2019, os peruanos venceram o Brasil em um amistoso disputado em setembro do ano passado.
— Teremos um adversário importante, com um grau de dificuldade técnica e física superior ao que enfrentamos. Temos que ter essa capacidade de contextualizar. Não estou pensando muito nos 50 jogos, penso numa ideia de futebol e que a equipe jogue muito. Que tenha a consciência que tem que criar e fazer gol, ser dura e dificultar ao máximo o adversário, se possível não tomar gol — enumerou Tite.
Para a partida, o treinador deve manter a escalação que iniciou o duelo com os bolivianos. A única dúvida fica por conta da entrada ou não de Richarlison no lugar de Everton, mais aberto pela direita. Na última coletiva antes do duelo, o técnico preferiu fazer mistério quanto ao escolhido:
— Não quero municiar o Gareca (Ricardo Gareca, técnico do Peru).
Uma mudança está certa e será na hierarquia em campo: a faixa de capitão, que foi de Casemiro na estreia nas Eliminatórias, será de Thiago Silva contra o Peru. Pelo visto, o treinador está disposto a trazer de volta o rodízio da braçadeira, algo que implementou na Copa em 2018 e que gerou questionamentos externos quanto à importância das trocas.
Por causa da Covid-19, o Peru não terá os atacantes Alex Valera e Raúl Ruidiaz.
O Globo segunda, 12 de outubro de 2020
RISOTO VEGANO: CHEF COMPARTILHA RECEITA COM MAÇÃ E NOZES
Risoto vegano: chef compartilha receita com maçã e nozes
Veja esta e outras opções de pratos sem proteína animal
O Globo
14/09/2020 - 04:30 / Atualizado em 12/10/2020 - 09:03
Fã de cozinhar desde criança, a chef paulista Angela Barreto trocou a moda (trabalhou numa confecção por quase 20 anos) pela gastronomia. E lá se vai quase uma década dedicada às panelas... Entre suas especialidades, está o risoto de maçã com nozes, cuja receita ela compartilha abaixo. Confira.
OUTRAS RECEITAS VEGETARIANAS
Ceviche vegano de caju
Prato é destaque no cardápio da cevicheria em Ipanema. Veja receita
Moqueca de banana-da-terra
Aberto em meio à pandemia, na Barra, o Nattu Organic & Natural Food aposta em ingredientes sazonais e temperos à base de ervas. Veja receita
Rolinho vietnamita
Super colorido, item típico da culinária do Sudeste asiático é destaque entre as criações de Marcos Freitas em seu restaurante no Jardim Botânico. Veja receita
Pad thai vegetariano com tofu defumado
Prato típico da culinária tailandesa é destaque no Càm O´n Thai Food. Veja receita
Quiche de mozzarella de búfala com tomatinhos
Fácil e prática, opção é destaque no cardápio da da MP Tortas Boutique. Veja receita
Linguine trufado com cogumelos
Opção é destaque no cardápio da Tragga, casa de cortes nobres no Humaitá. Veja receita
Baião de dois vegetariano
Prato é destaque no cardápio do Caju Gastrobar, em Copacabana
Feijoada vegana com tofu
O prato foi criado pela chef Nathalie Passos, do Naturalie Bistrô
Escondidinho de aipim com mix de cogumelos e arroz cateto
Prato é uma das apostas do Bustamante Bistrô, que abriu em Ipanema no fim de 2019. Receita
Tortellini de banana com espuma de aspargos
Confira dicas de chef da Le Condon Bleu. Veja receita
Claude Troisgros ensina seu crepe de agrião com gorgonzola
Prato é destaque no novo menu do Chez Claude, que faz dois anos: 'criei a receita para meu primeiro restaurante no Rio nos anos 1980', conta o chef. Veja receita
Chef do Teva ensina abobrinha ao pesto com farofa de panko
Daniel Biron mudou todo o cardápio do bar vegetal, em Ipanema: 'acrescentei este molho versátil e saboroso, ainda pouco conhecido por aqui'. Veja receita
Aprenda a fazer a moqueca de banana-da-terra servida na Cave Nacional
Chef Luciano da Silva ensina a receita do prato vegano, que leva 10 minutos para ficar pronto. Veja receita
Aprenda a fazer um ceviche vegano de mamão verde
Passo a passo mostra versatilidade do ingrediente que é pouco usado. Veja receita
Chef italiano ensina gnocchi alla sorrentina
À frente de casa em Copacabana, Michele Petenzi estreia menu com técnicas tradicionais e sugere: 'molho de tomate de cozimento sempre em fogo baixo'. Veja receita
Aprenda a fazer croquete de palmito pupunha do Capim Santo
Chef Morena Leite ensina o passo a passo da entrada do novo menu 'Seleção Capim Santo'. Veja receita
Saiba como fazer um hambúrguer de quinoa com macarrão de arroz
Com cara de lanche, prato é uma refeição nutritiva e saborosa. Veja receita
Pad thai: chef ensina receita vegetariana de tradicional macarrão tailandês
David Zisman dá o passo a passo do prato que leva pasta de chili Sriracha (pimenta coreana) e fica pronto em 15 minutos. Veja receita
Risoto de maçã e brie
Angela Barreto
Ingredientes
320g de arroz arbóreo
1 litro de caldo de legumes (caseiro)
1 cebola pequena bem picada
1 dente de alho bem picado
100ml de vinho branco
2 colheres (sopa) de azeite
50g de nozes picadas
Suco de 1/2 limão
1 xícara de água fervente
2 maçãs pequenas (Fuji) em cubos pequenos
Sal a gosto
Salsinha a gosto (opcional)
Preparo
Coloque o suco de limão nas maçãs e reserve. Aqueça a panela e coloque o azeite. Refogue a cebola e o alho, acrescente o vinho e o arroz. Doure o arroz por dois minutos mexendo sempre. Adicione o caldo mexendo bem de meia em meia xícara, até que o arroz fique tenro (varia entre dez e 15 minutos para dar cremosidade). Coloque a maçã na água fervente por dois minutos. Adicione ao arroz, misture. Junte as nozes picadas.. Acerte o sal se preciso. Adicione a salsinha. Sirva quente.
O Globo domingo, 11 de outubro de 2020
CHITÃOZINHO E XORORÓ: COMO EVIDÊNCIAS VIRO HIT QUE ATRAVESSA GERAÇÕES
Como 'Evidências', clássico de Chitãozinho e Xororó, virou um hit que atravessa gerações
Gravação completa 30 anos com a popularidade intacta graças ao romantismo arrebatador e ao sucesso nos karaokês
Chico Regueira, especial para O GLOBO
11/10/2020 - 04:30 / Atualizado em 11/10/2020 - 08:34
RIO — O Brasil é um país bem servido de clássicos musicais. Mas poucos unem tanta gente de tão diferentes gostos, credos e classes sociais quanto “Evidências”. Gravada há exatos 30 anos por Chitãozinho e Xororó, ela atravessou gerações com tanta força que ainda brilha entre as mais tocadas do país. Foi a nona mais executada em shows no ano passado, segundo dados do Ecad. Nos últimos cinco anos, também apareceu na oitava posição em rádios, festas e casas com música ao vivo. E, quando o Brasil se fechou por causa da pandemia, ela ressurgiu nas janelas. Em março, fãs usaram as redes sociais para propor que, em casa, todos cantassem juntos “Evidências”, para espantar o medo e a tristeza causados pela Covid-19. Nada mais justo com a música que virou clássico absoluto dos karaokês.
desejo, eu te quero mais que tudo, eu preciso do seu beijo” mobilizam cantores amadores aos berros em qualquer lugar do país. E popularidade em karaokê é um termômetro e tanto de sucesso.
As evidências são muitas, mas não é tão simples cravar por que essa canção composta por Paulo Sérgio Valle e José Augusto virou um hit tão perene. A letra é romântica e confessional, sob medida para o brasileiro que ama uma sofrência muito antes de a palavra aparecer e virar moda. Mas também é enorme e cheia de fases. A melodia é simples, só que nem tanto (leia o que diz Francisco Bosco, abaixo). A primeira pista para entender o arrebatamento pode vir da própria dupla de cantores, que pinçou a faixa entre muitas para o disco “Cowboy do asfalto”.
Era outubro de 1990. Chitãozinho e Xororó estavam estourados no Brasil e entraram em estúdio para gravar seu 14º álbum — que naquela época já saiu da fábrica com vendas superiores a 1 milhão de cópias. Xororó lembra bem da primeira audição:
— Quando se grava uma música como essa, não tem como esquecer (risos). Lembro que estávamos buscando algo com uma pegada mais pop, em que pudéssemos colocar uma roupagem moderna, para que as pessoas ouvissem no rádio. Ela estava em uma fita cassete com dez composições. Estávamos indo de Campinas para São Paulo e colocamos no carro para ouvir. Quando chegamos em “Evidências” ficamos emocionados na hora! Estávamos escolhendo o repertório e decidimos que ela estaria presente.
E olha que ela era, digamos, fora dos padrões a que os irmãos estavam habituados:
— Não era exatamente uma letra fácil, com refrão chiclete, mas sentimos uma energia diferente.
Antes da gravação que a catapultou, “Evidências” passou batida num disco do cantor Leonardo Sullivan, de 1989, ano em que foi composta por Valle e José Augusto. Este último, aliás, era um dos cantores mais populares do país na época, mas não lançou a canção.
— Não gravei “Evidências” porque eu tinha acabado de fechar o meu disco, “Aguenta coração”, que já estava em fase de prensagem na fábrica — diz José Augusto. — É uma melodia simples, mas construída com harmonias bastante sofisticadas e vestida com uma letra também simples, mas repleta de poesia. Confesso que, se eu soubesse o que fez de “Evidências” essa enormidade de canção, eu faria duas ou três por dia. Acho que nem eu nem o Paulo vamos saber explicar.
Letrista versátil, de sucessos que vão da bossa nova (“Samba de verão”) ao pagode (“Essa tal liberdade”), Paulo Sérgio Valle acredita que o segredo de “Evidências” pode estar na sua universalidade:
— É um troço meio mágico, mas nós conseguimos fazer uma música que foi exatamente ao encontro do que as pessoas esperavam para se expressar. É um sentimento de medo de perder o amor e ao mesmo tempo ter necessidade de afirmá-lo. Ela passa pelas três fases do amor: a conquista, uma quase perda e uma recuperação. Talvez por isso essa música tenha feito tanto sucesso. Mas quando fizemos não imaginávamos que teria essa grandeza.
Xororó, que tem como verso preferido “não posso imaginar o que vai ser de mim se eu te perder um dia”, concorda:
— A letra é muito simbólica, atemporal, e tem emoção em cada momento. Além disso, quando cantamos, colocamos muito sentimento, e isso também influencia. O público recebe na mesma intensidade.
“Evidências” foi gravada por vários cantores brasileiros e ainda tem diversas versões internacionais. A canção não apenas ficou marcada no imaginário popular como também teve papel fundamental na consolidação do gênero sertanejo como uma das preferências urbanas do país, acredita Chitãozinho:
— A música sertaneja enfrentou diversos desafios até chegar ao cenário atual. Foi alvo de muito preconceito, não recebia o devido valor. Hoje vemos que “Evidências” é um capítulo muito importante dessa história de consolidação e popularização. Abriu espaços para artistas e conquistou lugares antes inimagináveis.
Pop, sertaneja, universal. Ao cantar o amor de uma forma que todo mundo entende e sente, “Evidências” marca um país que às vezes parece ter desaprendido como cantar junto, mas segue com gosto profundo pelas canções românticas.
EVIDÊNCIAS, COM CHITÃOZINHO E XORORÓ
O Globo sábado, 10 de outubro de 2020
DIA DA CRIANÇA: A INVENÇÃO
Anúncios do Dia da Criança trazem de bicicleta a salão de beleza e previdência
Criada pelo presidente Arthur Bernardes, data popularizou-se após campanha de fábrica de brinquedos nos anos 50. O GLOBO já noticiava a ‘Semana da Criança’, em 1944
O dia é da garotada, mas a data é antiga. O “Dia de Festa da Criança”, comemorado no país a partir de 12 de outubro de 1925, foi proposto pelo deputado federal Galdino do Valle Filho e instituído pelo decreto 4.867, de 5 de novembro de 1924, pelo então presidente Arthur Bernardes, quando a capital ainda era o Rio de Janeiro, o país se chamava Estados Unidos do Brasil e a República era a do café com leite. No Brasil, a data coincide com o feriado em homenagem à padroeira do país, Nossa Senhora Aparecida, o que é um prato cheio para as programações especiais para a criançada e mais uma motivo para o incentivo ao consumo. Nas páginas do GLOBO, além das tradicionais bicicletas e bonecas, há anúncios de campeonato de videogame, “Branca de Neve, o musical”, "A discoteca do Chacrinha" e até plano de previdência privada da Capemi e salão de beleza, com um pedido: “Mamãe, no dia da criança eu quero ficar produzidíssima”.
Em seu livro "A origem de datas e festas", Marcelo Duarte afirma que a popularização da data aconteceu a partir de 1955, quando um diretor da fábrica de brinquedos Estrela lançou em outubro a "Semana do bebê robusto", que tinha como carro-chefe bonecos gorduchos de plástico. A partir de então, outras empresas passaram a usar a ocasião para vender seus produtos. Entretanto, O GLOBO já registrava, em 14 de outubro de 1944, as comemorações da “Semana da Criança” em Niterói. A reportagem diz que "a comissão estadual organizadora das festividades visitou, ontem, vários estabelecimentos e institutos que abrigam menores desvalidos”, onde foram realizados “jogos esportivos e outras diversões, e às crianças nelas internadas, foram distribuídos livros e brinquedos”.
Empresas de diferentes setores, não só de brinquedos ou doces, também aproveitavam a data para alavancar as vendas. Em 12 de outubro de 1978, por exemplo, a Capemi anunciava planos de previdência privada com o texto “Essas outras crianças”, psicografado pelo médium Chico Xavier, que atribui a autoria a Emmanuel, o espírito que, segundo ele, foi quem escreveu boa parte de suas obras. Em 1967, ano em que começou a ser exibida pela TV Globo, “A discoteca do Chacrinha” também anunciava uma programação especial para o Dia da Criança. O programa prometia “farta distribuição de balas e doces”, além de surpresas, brincadeiras, premiações de 500 mil cruzeiros e o troféu “poste de ouro” para o cachorro que fizesse os mais bonitos malabarismos.
Em 1978, as bicicletas Caloi brilhavam nos anúncios. No mesmo ano, o Instituto Guanabara, da área de educação, criticava a violência de alguns seriados americanos de sucesso, enquanto o Sesi, no ano seguinte, anunciava seus serviços nos campos da saúde, da educação e do lazer, que ajudavam “na formação da personalidade de muitos brasileiros de amanhã”. Em 1987, um cabeleireiro de Copacabana resolveu apostar na vaidade e publicou um anúncio que exibia fotos de meninas usando os cortes da moda com a frase: “Mamãe, no dia da criança eu quero ficar produzidíssima”. O texto complementava: "Satisfaça também a vaidade do seu filho ou filha. Leve-os ao Mattos Cabeleireiro".
Os jogos eletrônicos já dividiam espaço nos anúncios com as bonecas em 1991, e uma programação especial para as crianças, com direito a campeonato de videogames, era anunciada em 1995 pelo Barra Square Shopping Center, enquanto presentes tradicionais, como as bicicletas e os velocípedes, agora chamados de triciclos, podiam ser vistos em 1999. Aproveitando-se do feriado, em 2004, uma agência de viagens oferecia pacotes para a Praia da Ferradura, em Búzios, com gratuitadade para crianças de até 10 anos, enquanto em 2010, “Branca de Neve, o musical”, era apresentado no Dia da Criança no Canecão, em Botafogo.
Programações especiais também provocavam grande movimentação de pais e crianças, como em 1982, quando o Jardim Zoológico do Rio, na Quinta da Boa Vista, teve entrada gratuita e recebeu 20 mil visitantes. Mas foi no Dia da Criança de 1993 que a confusão tomou conta do lugar, quando 55 mil pessoas foram até lá para ver, entre outros animais, a então maior estrela do Zoo, o Macaco Tião, batendo recorde de público.
— Vim de Vaz Lobo especialmente para trazer minha filha, Isabel Cristina, de 7 anos, e ela ficaria muito frustrada se tivesse de voltar para casa sem conhecer os bichos e, principalmente, o Macaco Tião. E, afinal, essa é a forma de lazer mais barata para o povo — disse Maria Teixeira à reportagem do GLOBO, depois de enfrentar uma hora de fila na porta do Zoo, que não receberá o público neste ano, após a Justiça suspender, em 6 de outubro, a liminar que concedeu a gestão do Zoológico ao Grupo Cataratas. Em janeiro, o local já havia sido fechado pelo Ibama, devido às condições precárias em que os animais eram mantidos, tendo sido reaberto em março.
A data também já serviu para mostrar o espírito de solidariedade do carioca. Em 1993, enquanto milhares se aglomeravam na Quinta da Boa Vista, 112 meninos de rua participavam de um café da manhã promovido pela maratonista Maria Mendes Monteiro, em parceria com comerciantes da Rua Siqueira Campos, em Copacabana. O evento acontecia menos de três meses após a Chacina da Candelária, ocorrida em 23 de julho, quando policiais mataram oito moradores de rua, entre eles seis crianças, que dormiam em frente à Igreja da Candelária, no Centro do Rio.
Em outros países, a comemoração do Dia da Criança pode ter um fim declaradamente comercial, como na Argentina, em que é celebrado no terceiro domingo de agosto e surgiu a partir dos interesses da Câmara da Indústria do Brinquedo, ou para chamar a atenção para os cuidados com os jovens, como fez a Organização das Nações Unidas (ONU), que adotou o dia 20 de novembro como o Dia Universal da Criança. Foi nesta data, em 1959, que a Convenção sobre os Direitos das Crianças foi aprovada em assembleia geral e, no ano seguinte, oficializada como lei internacional. O documento é semelhante à Declaração Universal dos Direitos Humanos, mas adaptado às necessidades dos pequenos, prevendo direitos à alimentação, moradia, assistência médica, educação, lazer e prioridade no socorro em casos de catástrofes, por exemplo.
com edição de Matilde Silveira
Lojas Brasileiras. No anúncio, o apelo: "Eu quero brinquedos a valer e uma porção de doces. A nossa LOBRÁS tem tudo o que eu quero!" Empresa, que chegou a atuar em 19 estados, fechou em 1999 10/10/1967 / Agência O Globo
O Globo sexta, 09 de outubro de 2020
JACKSON DO PANDEIRO É TEMA DE NOVO MUSICAL DA BARCA DOS CORAÇÕES PARTIDOS
Jackson do Pandeiro é tema de novo musical da Barca dos Corações Partidos
Companhia carioca celebra trajetória do multi-instrumentista paraibano em espetáculo inédito transmitido ao vivo
Gustavo Cunha
09/10/2020 - 04:36
RIO — A maneira plural com que Jackson do Pandeiro (1919-1982) lidava com a música está logo no título do novo espetáculo idealizado pela Barca dos Corações Partidos. Com transmissão ao vivo e gratuita neste sábado (10/10), às 20h — por meio do YouTube e do Canal Bis —, “Jacksons do Pandeiro” se debruça sobre a extensa e diversificada obra deixada pelo multi-instrumentista paraibano para promover uma exaltação colorida ao Rei do Ritmo, como era conhecido.
Das mais de 400 músicas compostas pelo artista, entre sambas, baiões, cocos, forrós e frevos, 55 ganham versões inéditas pelas mãos e vozes do grupo consagrado por montagens premiadas, como “Auê”, “Suassuna — O auto do Reino do Sol” e a mais recente “Macunaíma, uma rapsódia musical”.
Com direção de Duda Maia (de “Elza”) — e direção musical de Alfredo Del-Penho e Beto Lemos —, a peça escrita por Braulio Tavares e Eduardo Rios foge à estrutura tradicional do gênero biográfico. O que se vê é uma trupe animada que entrelaça causos pessoais do próprio elenco com histórias de Jackson, além de pérolas da música popular brasileira como “Sebastiana”, “O canto da Ema”, e “Chiclete com banana”.
A narrativa, que, em abril, teve a estreia presencial suspensa em São Paulo devido à pandemia do novo coronavírus só deve subir a um teatro (com público) ano que vem.
— Muita gente compara Jackson com Garrincha. Ele era o cara do drible na música: brincava com os tempos musicais, trafegava por todos os ritmos... — ressalta Duda Maia. — É alguém que mudou o olhar sobre a música.
O Globo quinta, 08 de outubro de 2020
BACURAU NO OSCAR 2021?
'Bacurau' no Oscar? Distribuidora americana quer emplacar filme nas categorias principais da disputa
Preterido pela comissão brasileira que escolheu o representante do país para a premiação deste ano, longa de Kleber Mondonça Filho e Juliana Dornelles pode se beneficiar em 2021 pela busca da Academia por diversidade
Carlos Helí de Almeida, Especial para O GLOBO
08/10/2020 - 04:15 / Atualizado em 08/10/2020 - 09:41
Preterido pela comissão que escolhe o filme brasileiro para concorrer a finalista de melhor filme internacional no Oscar 2020 — a opção foi por “A vida invisível”, de Karim Aïnouz —, “Bacurau” vai disputar a indicação ao prêmio da Academia em outras categorias na corrida de 2021. A iniciativa é da Kino Lorber, a distribuidora americana do longa-metragem dirigido pelos pernambucanos Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, ganhador do prêmio do júri do Festival de Cannes do ano passado.
VEJA IMAGENS DE CENAS DE 'BACURAU', DE KLEBER MENDONÇA FILHO E JULIANO DORNELLES
1 de 7
Estrelada por nomes como Sonia Braga e Udo Kier, a produção estreou em Nova York em 6 de março deste ano, antes de a pandemia determinar o fechamento das salas físicas e empurrar novos lançamentos para a internet. De acordo com as regras da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, são elegíveis ao Oscar as produções estrangeiras que ficaram em cartaz em Los Angeles durante ao menos uma semana do ano vigente —e desde que não tenha ficado entre os cinco finalistas da categoria de melhor produção internacional no ano anterior.
'BACURAU' ESTREIA EM CANNES; VEJA FOTOS DO TAPETE VERMELHO
Elenco e equipe de 'Bacurau' em Cannes; na foto, os diretores Juliano Dornelles e Kleber Mendonça Filho, a produtora Emilie Lesclaux
e os atores Wilson Rabelo, Udo Kier, Barbara Colen, Thomas Aquino e Silvero Pereira Foto: VALERY HACHE / AFP
Assim, “Bacurau” pode concorrer a todas as categorias do maior prêmio de cinema do mundo — inclusive ao de melhor filme, principal meta da distribuidora americana, que está atenta à tendência sinalizada pelas regras anunciadas para os próximos anos, que têm objetivo de levar mais diversidade à festa.
— Tenho uma visão muito tranquila em relação a Oscar, a Cannes, a prêmios, enfim — diz Mendonça Filho. — Nunca me adianto, sempre espero o que vai acontecer com o filme, mas vou aonde ele for.
Nas listas de melhores da temporada
Lançado no circuito brasileiro em agosto de 2019, “Bacurau” atraiu mais de 800 mil pagantes, além de conquistar inúmeros prêmios em festivais internacionais ao logo de todo o ano, após sua estreia em Cannes, em maio. O thriller sobre uma pequena comunidade no sertão brasileiro assombrada por fenômenos estranhos, que colocam em risco a sua própria existência, ganhou nova força a partir de sua estreia nos Estados Unidos e em praças importantes na Europa. Desde então, ele tem figurado na lista dos melhores filmes do ano — e, portanto, potenciais concorrentes ao Oscar — de muitas publicações, com os jornais “The New York Times” e “The Guardian”, as revistas “Vanity Fair” e “Esquire”, e o site de entretenimento “Indiewire”.
— Tomamos essa decisão (de inscrevê-lo no Oscar) quando “Bacurau” começou a aparecer em muitas listas de melhores da temporada — confessa Wendy Lidell, diretora executiva da Kino Lorber, companhia que tem em seu catálogo produções premiadas como “Uma mulher alta”, do russo Kantemir Balagov, vencedor da mostra Um Certo Olhar do Festival de Cannes; e “Synonymes”, do israelense Nadav Lapid, ganhador do Urso de Ouro do Festival de Berlim.
Ano de menos lançamentos
Ela assume que também foram “particularmente encorajados” pela perspectiva de um número menor de lançamentos este ano, com menos competição.
— Isso mudou com as alterações nas regras de elegibilidade, mas “Bacurau” ainda é um grande filme, um dos dez mais elogiados do ano.
Em função da crise sanitária, a Academia alterou temporariamente suas normas para incluir lançamentos em streaming, e estendeu a data-limite para 28 de fevereiro de 2021. O calendário da 94ª edição também mudou: os indicados saem dia 15 de março e a premiação acontece em 25 de abril.
Mês passado, os organizadores anunciaram que, a partir da edição de 2025, todas as produções postulantes ao Oscar de melhor filme precisarão ter um número mínimo de profissionais de minorias étnicas em suas equipes, ou abordar diretamente temas que afetem esses grupos.
Foi mais um passo no sentido de diversificar e internacionalizar o seu colegiado, iniciado em 2015 com o movimento #OscarsSoWhite, que criticava a ausência de atores e atrizes negros indicados às principais categorias do prêmio. Este ano, a Academia convidou mais 819 profissionais do cinema como sócios — dos atuais nove mil membros hoje, 45% são mulheres, 36% pertencem a minorias étnicas ou raciais, e 49% são estrangeiros, de 68 países.
O fator ‘Parasita’
O feito inédito de “Parasita”, do sul-coreano Bong Joo-ho, no Oscar deste ano, pode ser considerado uma vitória dessa diversificação: a primeira produção de língua não inglesa a ganhar a cobiçada estatueta de melhor filme também levou os troféus de melhor filme internacional (a antiga categoria de “filme estrangeiro”), direção e roteiro. Também a partir de 2020, a Academia fixou em dez o número de finalistas para o seu principal prêmio, o que amplia as chances de produções estrangeiras no páreo.
— Depois da vitória de “Parasita” e das crescentes reformas da Academia visando a uma internacionalização do prêmio, achamos bem provável que haja pelo menos um longa não americano indicado ao Oscar de melhor filme. Pretendemos que essa vaga seja de “Bacurau” — argumenta Wendy, que também destaca a universalidade dos temas abordados na produção. — No momento em que governos ao redor do mundo estão tendendo ao autoritarismo, a visão de uma comunidade diversa, mas unificada, levantando-se para se defender (e vencer!) ecoa profundamente. Embora tenha sido feito e lançado antes dos atuais protestos do movimento Black Lives Matter, a visão de Kleber e Juliano certamente explodiu em todo o mundo.
Uma eventual candidatura de “Bacurau” ao Oscar pode repetir o cenário da corrida de 2004. Naquele ano, enquanto “Carandiru”, de Hector Babenco, disputou (e perdeu) uma vaga na categoria de melhor produção estrangeira, “Cidade de Deus” brigou pelos prêmios de direção, roteiro adaptado, fotografia e edição — no ano anterior, o filme de Fernando Meirelles e Katia Lund ficou fora da lista de finalistas de filme internacional. Antes disso, em 1999, “Central do Brasil”, de Walter Salles, correu em duas frentes: melhor filme “estrangeiro” e melhor atriz (Fernanda Montenegro). Este ano, a comissão da Academia Brasileira de Cinema só vai deliberar sobre o representante brasileiro no Oscar de 2021 em janeiro, já que levarão em conta os lançamentos até 31 de dezembro.
Restam alguns meses para saber se “Bacurau” será bem-sucedido em concorrer nas categorias principais. Mendonça Filho, por enquanto, prefere não criar expectativa.
— Por mais que as pessoas deem uma atenção gigantesca ao Oscar, e entendo a sua força, no final das contas é algo totalmente externo à minha vida e ao meu trabalho. Mas apoio o empenho da Kino Lorber, se o filme precisar da gente, eu, o Juliano e a (produtora) Emilie (Lesclaux) estaremos lá para apoiá-lo — diz o diretor, que viu seu nome ligado de alguma forma ao prêmio americano por duas vezes: quando “O som ao redor” (2013) foi indicado para representar o país na disputa de produção estrangeira, e quando “Aquarius” (2016) perdeu a indicação brasileira para “Pequeno segredo”, de David Schurmann, em decisão que gerou polêmica.
O Globo quarta, 07 de outubro de 2020
DONINHA DUVAL: HISTÓRIA DA ATRIZ QUE MATOU O MARIDO A TIRO HÁ 40 ANOS
O crime de Dorinha Duval: Atriz matou marido a tiros durante briga em casa
Conhecida por seus papéis em novelas como ‘O bem-amado’ e no programa ‘Sítio do Picapau Amarelo', ela disparou três vezes contra produtor publicitário
06 de Outubro de 1980, Primeira Página, página 1
07 de Outubro de 1980, Rio, página 15
08 de Outubro de 1980, Primeira Página, página 1
09 de Março de 1989, Segundo Caderno, página 1
11 de Março de 1989, Rio, página 15
12 de Outubro de 1986, Rio, página 28
13 de Novembro de 1983, Rio, página 24
15 de Outubro de 1980, Primeira Página, página 1
15 de Outubro de 1980, Rio, página 13
18 de Novembro de 1983, Rio, página 9
27 de Novembro de 1983, Domingo, página 1
Maria Elisa Alves
Dorinha Duval começou a carreira como cantora, experimentou dias de vedete e se encontrou como atriz. Atuou como uma das irmãs Cajazeiras na antológica novela "O bem-amado" e interpretou a Cuca no "Sítio do Pica-pau amarelo". Tinha o status de celebridade quando, na madrugada de 5 outubro de 1980, há 40 anos, disparou três tiros contra seu marido, o produtor publicitário Paulo Sérgio Garcia Alcântara, durante uma briga que seria publicamente emiuçada a partir de então.
Foi a própria artista que ligou a amigos pedindo ajuda para o marido. Mais tarde, enquanto Paulo Sérgio era operado no Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, Dorinha, muito abalada, saía de cena. Sem saber que o marido morrera na mesa de cirurgia, foi para a casa de um amigo e só se entregou à polícia dois dias depois. Entre goles de água com açúcar e crises de choro, apresentou uma versão que a acabou transformando, aos olhos de muita gente, também em vítima. Aos moldes de Doca Street, que assassinara quase quatro anos antes a pantera Ângela Diniz, alegando defesa da honra, em outro caso que mobilizou a opinião pública, Dorinha dizia ter sido ferida física e moralmente. Atirara em legítima defesa, garantia ela.
A briga teria começado dentro do quarto do casal, numa casa no Jardim Botânico. Dorinha e Paulo Sérgio tinham acabado de voltar de uma festa no Leblon. Saíram cedo, por volta de meia-noite, porque a atriz tinha um compromisso no dia seguinte em Belo Horizonte. Quando arrumava a mala para a viagem, num quarto ao lado, Dorinha ouviu o marido chamá-la diversas vezes. Ao encontrá-lo só de cueca, deitado, imaginou que a insistência era porque ele queria fazer sexo. Em depoimento à polícia, ela contou que foi para a cama, mas que, ao tentar abraçar Paulo, foi repelida. Detalhou também como foi o diálogo que precipitou a tragédia:
— Você é uma velha, não quero mais nada com você — teria dito Paulo, de 35 anos, a Dorinha, de 51.
Mesmo humilhada, a atriz teria tentado contornar a situação e agradar ao marido. Disse que poderia se submeter a uma plástica.
— Não adianta plástica, eu gosto de menininha nova, não quero uma bruxa remendada — teria continuado Paulo, passando a agredir Dorinha com chutes e tapas.
A atriz contou que pediu ao marido que parasse de agredi-la, ameaçando se matar.
— Ótima ideia, o revólver está ali — ele teria retrucado, apontando para a arma que comprara meses antes, por causa de um assalto do qual fora vítima na porta de casa.
A partir deste ponto, Dorinha dizia que era tudo uma névoa:
— Peguei o revólver e, a partir daí, não me lembro de nada, até quando o vi ensaguentado, caído no chão.
Numa época em que o machismo imperava, e crimes cometidos por homens contra esposas eram vistos com certa naturalidade, Dorinha subvertia a "ordem". Tornava-se a mulher que matou o marido. Os amigos de Paulo Sérgio não perdoaram: diziam que a atriz sentia um ciúme doentio e que, dois meses antes, atirara na direção do companheiro. Os defensores de Dorinha argumentavam que Paulo Sérgio a explorava e que a ela, volta e meia, era obrigada a pagar as dívidas de pôquer do marido.
Levada a julgamento três anos depois, a artista teve sua história explorada no tribunal. Seu advogado, Clóvis Sahione, evocou um passado repleto de traumas afetivos, listando um a um: estuprada aos 15 anos, aos 18 se encantou por um trapezista de circo que, mais tarde, a abandonou. Com uma gravidez tubária e sem dinheiro para interromper a gestação, Dorinha foi obrigada a fazer um acordo com o diabo: uma cafetina deu a quantia necessária para o aborto, com a condição de que a jovem, depois, se prostituísse por seis meses para pagar a dívida.
O júri ouviu as testemunhas de defesa de Dorinha — o humorista Chico Anysio e o ator Paulo Goulart, por exemplo, atestaram o caráter pacífico da atriz.
No fim, foi estipulada uma pena de um ano e meio de detenção, a ser cumprida em liberdade, já que a artista, que havia sido casada com Daniel Filho e tinha uma filha, a hoje atriz Carla Daniel, era ré primária e de bons antecedentes.
Como o promotor recorreu, Dorinha foi levada a novo julgamento em 1989. Mais uma vez, os jurados foram condescendentes. A atriz foi condenada a seis anos de reclusão em regime semiaberto, o que era a pena mínima para homicídio simples. Tinha o dia livre e precisava apenas dormir na prisão, em Niterói. Afastada da TV, virou artista plástica.
Em 2002, a ex-atriz publicou a biografia “Em busca da luz: memórias de Dorinha Duval”, escrita pelo jornalista Luiz Carlos Maciel e pela publicitária Maria Luiza Ocampo.
Hoje, aos 86 anos e aposentada, Dorinha mora na Zona Sul do Rio. Localizada pelo GLOBO, ela disse que o crime é uma página que já virou:
— O passado já passou. Está tudo sossegado na minha vida.
Na delegacia. Dorinha Duval, ao lado do advogado Técio Lins e Silva, na 15ª DP: atriz só se apresentou dias após assassinato
Arquivo O Globo / Jorge Marinho 14/10/1980
O Globo terça, 06 de outubro de 2020
CYNTHIA BENINI FALA DA RETOMADA DA CARREIRA E DA FILHA COM ANDRÉ GONÇALVES
Cynthia Benini fala da retomada da carreira de atriz e da filha com André Gonçalves
GABRIEL MENEZES
Cynthia Benini (Foto: Reprodução/Instagram)
Após quase dez anos dedicada ao jornalismo e à apresentação de programas de TV, Cynthia Benini está retomando a carreira de atriz. Antes da pandemia, ela começou a rodar o longa "O garoto do cachecol vermelho", uma coprodução entre Brasil e Canadá, com direção de John Christian:
- É um filme que discute questões sociais como o racismo e a homofobia e também a esclerose lateral amiotrófica. Estávamos começando a rodar e veio a pandemia, o que nos obrigou a parar tudo. Ainda não sabemos quando os trabalhos vão recomeçar.
O trabalho de Cynthia como atriz também pode ser visto na reprise de "Laços de família", na Globo. Na trama, ela interpreta Isabel, a fisioterapeuta responsável pelo tratamento de Paulo (Flávio Silvino), com quem acaba vivendo um romance:
- Sempre fui muito crítica comigo mesma e costumo não gostar de muitas coisas que faço. Mas estou gostando. Acho que hoje tenho um olhar mais maduro e consigo enxergar melhor.
Enquanto as filmagens não voltam, Cynthia passa a quarentena em Florianópolis, para onde se mudou com o marido, o advogado tributarista Ally Murade:
- Foi uma mudança radical na minha vida. Nunca me imaginei morando fora do eixo Rio-São Paulo. Em 2017, me casei com o Ally. Ele vinha me dizendo que gostaria de morar num lugar tranquilo e ter mais tempo para ele. No começo, fui um pouco resistente. Viemos, então, passar umas férias em Florianópolis e estamos aqui desde então, há dois anos. Moramos numa casa com quintal na beira da praia. Essa ilha é mágica. Tenho tudo o que preciso aqui. A única coisa a que não me acostumei muito é que tudo fecha cedo na cidade. Descobri que é possível ter qualidade de vida sem abrir mão do lado profissional.
Além do marido, ela mora com a filha, Valentina, de 17 anos, fruto do seu relacionamento com o ator André Gonçalves, com quem foi casada entre 2002 e 2006. Atualmente, ele está no ar na "Dança dos famosos", do "Domingão do Faustão".
- A Valentina estava há dois anos morando no Canadá e, neste período de isolamento social, acabamos estreitando muito nossos laços de mãe e filha. É claro que a convivência mais próxima e intensa aumenta a chance de conflitos, mas, aqui em casa, graças a Deus, tem sido muito tranquilo - diz ela, que também tem uma enteada, Helena, de 25 anos.
Com relação ao ex-marido, Cynthia diz que os dois se distanciaram à medida que a filha foi crescendo:
- Estamos em cidades diferentes e realmente não temos qualquer contato hoje em dia. Mas eu torço muito por ele e sei que ele torce por mim. A Valentina é muito apegada ao pai. Eles se falam frequentemente. Ela está louca para que a situação melhore para que possa visitá-lo no Rio de Janeiro.
Cynthia Benini e a filha, Valentina, fruto do seu relacionamento com André Gonçalves
(Foto: Reprodução/ Instagram)
Cynthia Benini nas gravações do filme 'O garoto do cachecol vermelho' (Foto: Divulgação)
O Globo segunda, 05 de outubro de 2020
PRIMEIRO REAL MADRID X BARCELONA DA HISTORIA DO FUTEBOL FEMININO TERMINA EM GOLEADA
Primeiro Real Madrid x Barcelona da história do futebol feminino termina em goleada
Mesmo sem público, clássico foi movimentado e contou com um gol contra e um gol anulado
O Globo
04/10/2020 - 10:57 / Atualizado em 04/10/2020 - 11:10
O campo 11 do centro de treinamentos do Real Madrid foi palco de uma partida já considerada histórica. Neste domingo, pela primeira vez foi disputada versão a feminina do clássico entre o clube da capital espanhola com seu arquirrival Barcelona. E as catalãs sobraram com uma goleada por 4 a 0.
O placar retrata a superioridade do Barcelona no futebol feminino. Na Espanha, o clube é o todo poderoso entre as mulheres. É o atual campeão nacional e da Supercopa, títulos conquistados de forma invicta. Já o Real está debutando na modalidade.
A partida foi válida pela primeira rodada da Liga Espanhola 2020/21. E em condições que não condizem com seu peso histórico: sem público, devido à pandemia de Covid-19. A meia Patri Guijarro, do Barça e da seleção, foi a responsável pelo primeiro gol da história do clássico. Kosovare Asllani poderia ter empatado para as madridistas. Mas a arbitragem anulou seu feito por ver falta de ataque no lance.
Além do empate anulado, o Real Madrid ainda sofreu outro golpe: sua goleira Misa Rodriguez marcou contra e ampliou. Lieke Martens e Alexia Putellas completaram o placar. Um primeiro clássico para encher de orgulho a torcida catalã e querer ser esquecido em Madri.
O Globo domingo, 04 de outubro de 2020
NÉLIDA PIÑON: LANÇA LIVRO, FALA SOBRE EROTISMO, PASSAR DO TEMPO, E MAIS
Um dia antes de lançar novo livro, Nélida Piñon fala sobre erotismo e passar do tempo: 'O sexo é o casulo humano'
Escrito durante uma temporada em Lisboa, o romance 'Um dia chegarei a Sagres' mergulha na história de Portugal e do mundo
Eduardo Vanini
04/10/2020 - 04:30
A certa altura do novo romance de Nélida Pinõn, “Um dia chegarei a Sagres”, o personagem Mateus afirma: “Meu passatempo, mais que a leitura, é pensar o que fiz da vida”. A frase parece combinar criador e criatura. Em seu apartamento na Lagoa, de onde saiu apenas uma vez desde o início da pandemia, a escritora carioca, de 83 anos, passa as horas em meio a lembranças, programas de culinária, interações com a assistente virtual Alexa, muito trabalho e afagos em suas duas cadelas, a pinscher Suzy e a chihuahua Pilara, com a qual posou para a foto da capa desta edição. “Nós somos muito distraídos em relação à nossa vida. Nesse sentido, acho que a velhice é uma trégua maravilhosa, para termos a coragem de viajar ao passado.”
Numa entrevista de uma hora e meia concedida via chamada de vídeo, a imortal da Academia Brasileira de Letras passeia por temas como erotismo, envelhecimento e feminismo, enquanto adianta detalhes da obra que chega amanhã às livrarias, pela editora Record. Escrito à mão, durante uma temporada de um ano em Lisboa, o romance de 512 páginas é narrado em primeira pessoa por Mateus, um homem pobre, filho de uma prostituta, criado pelo avô numa aldeia portuguesa do século XIX. Diante da proximidade da morte, ele revisita suas jornadas que se fundem com a própria história da nação onde vive. “O livro é feroz”, avisa Nélida.
REVISTA ELA: Qual o ponto de partida do novo romance?
Nélida Pinõn: Esse livro estava em mim há muitos anos. Mas sabia que, além dos conhecimentos que já tinha sobre a história portuguesa, precisaria ouvir os ruídos da língua. Queria perpassar o idioma afetivo desde o século XV e dominar a paisagem que esteve a serviço dos heróis e dos miseráveis. Tive dificuldade por causa do meu amado cachorrinho Gravetinho. Dono de uma personalidade muito difícil, ele engordara porque adorava queijos e comer bem, e eu teria que pô-lo no porão do avião. Ele morreria. Então, sacrifiquei esse projeto. Quando o Gravetinho faleceu, em julho de 2017, pensei: “Agora, posso ir”. Levei, então, a Suzy Piñon, a quem dedico o romance também. Cada livro tem uma vocação. Esse tem a de enveredar pelos mistérios de uma nação. Ao contar a história de Portugal, também nos explica a história do mundo, porque eles (os portugueses) invadiram os oceanos. O período áureo das descobertas é extraordinário.
E como chegou ao personagem Mateus?
A cada dia, tenho a sensação de entender melhor os oprimidos e os miseráveis. O livro é feroz. Quis que o personagem provasse que as utopias não são um privilégio dos ricos, dos que vão inaugurar o mundo oficialmente, dos que vão pegar os barcos e ir a todos os lugares. São um privilégio humano. Mateus termina tendo utopias, mas sempre do ponto de vista de um miserável. Ao mesmo tempo, mostra a alta sensibilidade crítica dos pobres, quando se descobre vítima do rancor social, muito importante nesse livro.
O personagem tem uma relação muito forte com o avô, como a senhora...
Todo mundo deveria ter uma relação poderosa com o avô. Os jovens de hoje empobreceram muito por ausência dos avós. Não têm uma voz intermediária entre eles e as civilizações deixadas para trás. A professora que me assessora (sua assistente Karla Vasconcelos) diz que tenho três grandes temas: o avô Daniel, Machado de Assis e os gregos. Eu disse uma vez, brincando, que foi como se eu fosse preparada para ser uma grande cortesã da Colette, no livro “Gigi”. Eu preparava os charutos para ele (o avô Daniel), o conhaque. Ele me buscava para irmos aos restaurantes, me ensinava a escolher a mesa. Figura essencial na minha vida.
Há muitos pontos de erotismo no livro, incluindo uma tensão sexual entre dois homens...
O que não é raro, mas é abafado. A nossa sociedade não enseja que o ser humano possa expandir seu erotismo, que, de certo modo, é condenado. Não é de bom tom você acolher as manifestações eróticas com naturalidade. O erotismo depende da imaginação. E a imaginação da pessoa cobra um corpo para poder executá-la. Então, no livro, é indispensável. E ele (Mateus) era novo, tinha um corpo poderoso. Acho o sexo uma das áreas mais misteriosas do indivíduo. O sexo é, vamos dizer, o casulo humano.
Como a senhora se alimenta do erotismo?
É um segredo mais do que mortal, é imortal. Mas, quando o corpo falha, a mente ressurge. De todo modo, sou um ser atento. Não sou distraída diante dos fenômenos humanos. O erotismo, além de ser físico, é verbal, concentra-se numa grande percepção do mundo. É algo de alto refinamento. Está ao alcance de todos.
E qual foi a última paixão de Nélida Piñon?
Isso eu não posso contar, porque é vigente.
Sente-se solitária em algum momento?
Nem pensar. Adoro a solidão quando a quero. Não é a solidão de quem padece do repúdio alheio, sou uma mulher das amizades. Tive tempo de ser uma pessoa mundana, no sentido da vida social, dos amigos, dos jantares, das viagens... Agora, como escritora, preciso ficar sozinha, e fico. Em casa, sou muito alegre. Adoro ver a cozinha, classifico as comidas. Depois de trabalhar oito, nove horas, ponho um programa gastronômico. Discuto com os chefs, acho que eles abusam dos temperos (risos).
Posso trabalhar de oito a dez horas por dia e sempre escuto música. Não estou submetida ao horror de uma rotina. Fora a dor do mundo que me atinge, a coisa terrível dessa pandemia, estou com uma vida serena. Em seis meses, só saí uma vez.
Que tipo de música escuta?
Exalta-me Wagner. Sobretudo, amo “O anel (do Nibelungo)”, que são as quatro óperas. A cena “Cavalgada das Valquírias” é de uma força impetuosa. Todos os dias, a escutava, pelo menos, umas cinco vezes, porque inventaram a tal da Alexa (dispositivo de inteligência artificial da Amazon) aqui em casa, e é a única coisa que ela sabe fazer. Eu digo assim: “Alexa, toca Richard Wagner”. Não tinha outra coisa. Só a “Cavalgada”.
Já disse que o Gravetinho intensificou a sua relação com os animais. Como tem lidado com essa situação de queimadas no Pantanal?
Estou numa fase em que certas dores muito poderosas, que já sei que existem, não vejo. Não olho as fotos, porque teria vontade de morrer. E não quero. Quero apostar numa sociedade justa. Tenho a sensação de que, já que não posso salvar os desvalidos, que então eu vá embora de uma vez. Não estou suportando a dor humana.
Em “Uma furtiva lágrima”, seu livro anterior, a senhora escreve “minha morte não é inspiradora”. Como lida com o tema na vida pessoal?
Penso nela todos os dias. Ora penso que vou me despedir, ora que quero ouvir Schubert, ora que não quero, de modo algum, ser enterrada com a farda da Academia (Brasileira de Letras). Tenho uma imensa curiosidade de como ela vai se apresentar. Peço a Deus que eu seja elegante na minha morte, não seja escandalosa, não fraqueje. Quero partir deixando um legado. no novo livro, Mateus diz: “Meu passatempo, mais que a leitura, é pensar o que fiz da vida”.Somos muito distraídos em relação à nossa vida. Nesse sentido, acho que a velhice é uma trégua maravilhosa, para você ter a coragem de viajar ao passado. Atualmente, é raro o dia em que não penso em minha mãe. Fico impressionada ao me dar conta de que fui um projeto dela. Também tenho pensado em nomes que tinham desaparecido ao longo da vida. Não vejo isso como uma despedida, mas como a necessidade de me por “al día”.
Que conquistas a idade tem lhe proporcionado?
O corpo me sonegou muito a visão. Estou enxergando mal, mas a cabeça se organiza de uma forma inédita. Amanheço me questionando. Deixa-me feliz pensar que não tenho medo de pensar. Há uma frase que dizia, com uns 22 anos: “Todos os dias, alguém bate à sua porta, de forma simbólica, convocando você a desistir. E você, de forma nobre e elegante, diz: ‘Não. Muito obrigada. Eu não desisto’”. E é o meu caso. A tarefa de me emudecer vai ser da morte ou da doença.
A senhora foi a primeira mulher a presidir a Academia Brasileira de Letras. Identifica-se com o feminismo contemporâneo?
Sou uma feminista histórica. Os meus primeiros livros já são feministas. Acho o movimento essencial. É o que vai conciliar a sociedade e igualar os direitos. Não é para fazer das suas propostas políticas batalhas anticivilizatórias. Posso entender alguns excessos, mas não todos. Lutamos pela igualdade de forma rigorosamente elegante, de tal forma que nós, as mulheres que entraram na Academia, damos exemplos aos acadêmicos do que eles perderam sem a nossa presença.
Ainda tem mais obras por vir?
Às vezes, acho que não vou ter mais tempo para um grande romance. Mas sinto um arrebato que pede obra. Tenho dois projetos já em pauta: um livro sobre o Gravetinho e vou organizar outro de ensaios, com toda a minha poética. E aí tenho um projeto romanesco. Vamos ver se consigo fazer. Eu sei que fazer um romance como esse de agora é um milagre que ocorre poucas vezes. Geralmente, o romancista, a partir dos 70 anos, sente dificuldade em lidar com as complexidades de um grande romance. É um grande feito, e eu consegui. Graças a Deus, fiz um romance de maturidade, com idade.
O Globo sábado, 03 de outubro de 2020
NOCA DA PORTELA FALA VETO ÀS RODAS DE SAMBA
Fica parecendo preconceito', diz Noca da Portela sobre veto da prefeitura a rodas de samba após liberação de shows
Categoria se queixa por ter sido deixada de fora na fase de reabertura da prefeitura que liberou funcionamento de casas de espetáculo, mas deixou rodas de samba de fora
Geraldo Ribeiro
03/10/2020 - 04:30
RIO — Ao anunciar na quinta-feira uma nova etapa de flexibilização, o prefeito Marcelo Crivella permitiu a retomada das casas de espetáculos, com limitação de público, mas vetou o retorno das rodas de samba e das atividades nas quadras de escolas, dando início a uma polêmica com a turma do ziriguidum. A categoria acha que foram usados dois pesos e duas medidas e há sambistas que enxergam preconceito.
— Não entendo o que faz o prefeito proibir a roda de samba e permitir outros eventos. Ele está desprezando uma grande rede que emprega muitas pessoas. Tenho medo de (o samba) cair no abandono e daqui a pouco nem ter mais —protestou o compositor Moacyr Luz, que comanda o Samba do Trabalhador, roda de samba do Clube Renascença, no Andaraí.
O compositor Noca da Portela, que, aos 87 anos, tem respeitado o distanciamento social por pertencer ao grupo de risco da Covid-19, não vê sentido liberar casas de espetáculos e proibir escolas de samba:
— Ou libera geral ou não libera nada. Fica parecendo preconceito contra o samba. Não vejo porque tratar diferente.
O percussionista Anderson Santos, integrante da roda de samba da Pedra do Sal, argumenta que as rodas de samba são ao ar livre:
— Estamos na rua e não em ambiente fechado. É claro que a gente tem preocupação com a pandemia, mas também precisamos sobreviver. Se liberou para um por que não fazer o mesmo com o outro?
A prefeitura informou que a previsão é que rodas de samba e atividades em quadras de escolas de samba sejam retomadas na fase 6B, ainda sem data definida. Mas não explicou o motivo de as atividades terem sido deixadas para depois.
O Globo sexta, 02 de outubro de 2020
JANIS JOPLIN: 50 ANOS SEM A CANTORA
Janis Joplin falava pelas mulheres e as fez falar por si mesmas', diz biógrafa
Para Hollis George-Warren, a cantora que completa 50 anos de morte no dia 4 provocou uma revolução, mas teve a faceta de artista inteligente e trabalhadora ofuscada pela da entertainer
Silvio Essinger
02/10/2020 - 04:56 / Atualizado em 02/10/2020 - 07:23
RIO - Primeira mulher a atingir o estrelato no rock, a americana Janis Joplin morreu há quase 50 anos, em 4 de outubro de 1970, aos 27, de uma overdose acidental de heroína – isso, poucos dias depois de o guitarrista Jimi Hendrix (o maior ídolo negro do rock de sua época) ter tido o mesmo destino, com a mesma idade, depois de misturar álcool e barbitúricos.
Na época, a americana Holly George-Warren tinha 13 anos e vivia na sulista Carolina do Norte, em uma cidade tão pequena e isolada que “a rádio local saía do ar às seis da tarde”. Nas emissoras de Chicago e Nova York que conseguia sintonizar, tarde da noite, chegou-lhe a música de Janis — uma revolução pessoal à qual ela enfim fez justiça com “Janis Joplin: sua vida, sua música”. O livro de 2019, cuja tradução acaba de ser lançada no Brasil pela editora Seoman, acrescenta novas camadas às biografias já publicadas sobre a cantora.
Em entrevista por Zoom, a escritora (que passou quatro anos — o mesmo tempo que a cantora teve de sucesso — debruçada sobre o livro) fala sobre a mulher muito à frente do seu tempo que Janis foi: bissexual assumida, defensora da satisfação do desejo feminino, antirracista ferrenha, multicultural (esbaldou-se no Rio, no carnaval de 1970) e voz de blues que influenciaria até mesmo machos alfa do rock como Robert Plant (Led Zeppelin) e Steven Tyler (Aerosmith).
— Janis criou uma persona, a da entertainer na qual a mídia vai pular em cima. Mas isso acabou escondendo a faceta de artista inteligente e trabalhadora. Pouco antes de morrer, ela estava estudando produção musical, tenho certeza de que ela viraria uma das primeiras mulheres produtoras — conta Holly nesta entrevista.
O quanto Janis Joplin afrontou os americanos quando apareceu na cena?
Ela tinha uma missão: a de não se conformar com os padrões de beleza correntes naqueles dias, de que uma estrela tinha que ter um visual arrumado. Era uma época em que as mulheres ainda eram consideradas subservientes, mesmo dentro do rock. A revista “Vogue” dizia que a pele de Janis parecia uma pizza... e os jornalistas homens a chamavam de atarracada, quando na verdade ela tinha um corpo muito bonito.
Hoje em dia, seria um motivo de vergonha para as pessoas terem escrito e dito coisas assim. E Janis também foi uma das primeiras brancas nos Estados Unidos a dançar no palco e não só ficar parada, cantando. Aquilo era inaceitável. Hoje, é imprescindível.
Como Janis quebrou as barreiras da indústria para as mulheres que cantavam rock?
Simplesmente chutando a porta. Janis tinha fãs homens e fãs mulheres. Mas, particularmente para as mulheres, Janis era uma performer tão incrível, tão transparente, que parecia estar vivendo as letras daquelas canções, e isso deu a elas liberdade para expressar os seus sentimentos em vez de ter que vestir máscaras o tempo todo. Janis falava pelas mulheres, e as fez falar por si mesmas.
Como ela lidava com os tabus em relação ao sexo?
Janis morava em uma cidade portuária (Port Arthur, no Texas), com muitas prostitutas, e não havia problemas para os meninos se eles quisessem pagar para fazer sexo. Já se descobrissem que uma menina transou, a sua reputação estava arruinada. Mas ela não dava a mínima e resolveu mostrar que as mulheres poderiam se divertir tanto quanto os homens, chegando para um cara e dizendo: “eu quero trepar”. Era algo muito novo. Janis teria ficado horrorizada quando a Aids apareceu. E só Deus sabe como estaria lidando com a Covid-19. Provavelmente, fazendo um monte de ligações de Zoom...
Janis Joplin era uma mulher branca que cantava blues, a música dos negros, em um tempo e um lugar de grande segregação. O que ela teve que enfrentar?
Janis foi criticada pelos dois lados. Os racistas diziam: “Por que você iria querer cantar como uma negra? Você é branca!” E alguns afro-americanos reclamavam de ela ser como Elvis, alguém que se apropriou da música de uma outra cultura. Eu argumentaria que Janis Joplin foi única, que ela canalizou muitos tipos de música e os “janisou”. A música negra foi, de longe, a que mais falou ao seu coração, mas se você vê a sua obra, você ouve o country & western do Texas. Além disso, ela sempre deu crédito às vozes negras que cantaram antes as músicas do seu repertório, como Big Mama Thornton, Etta James e Bessie Smith. Não a considero alguém que explorou os negros.
Janis morreu dias depois de Hendrix, meses depois dos assassinatos da atriz Sharon Tate e de seus amigos pelos seguidores de Charles Manson... uma época de bad trip para a juventude, não?
E outra coisa horrível nos EUA que aconteceu naquela época foi Kent State (universidade em Ohio), quando sob o governo Nixon, estudantes foram alvejados por balas e mortos quando protestavam contra a Guerra do Vietnã. Foi uma época muito difícil, que mostra como aqui as coisas boas acontecem, parece que estamos indo para a frente, mas de repente tudo vem abaixo. Cá estamos nós, 50 anos depois, e ainda vemos grandes artistas morrendo por causa de opióides, como Prince (em 2016) e Tom Petty (2017). É algo terrivelmente sintomático dos ciclos da nossa cultura: damos cinco passos para a frente e depois três para trás.
Em fevereiro, pouco antes de morrer, Janis veio ao Rio de Janeiro para o Carnaval, e depois para a Bahia. Você diz que essa foi uma das ocasiões mais felizes da sua vida.
Janis enfrentou a depressão, sim, mas ela tinha um lado muito alegre. Ela adorava o mar, adorava dançar, e o Brasil lhe deu tudo isso. Li os telegramas que ela mandou ao seu assessor de imprensa em Nova York, dizendo que estava sendo tratada como Brigitte Bardot! E foi aí que ela conheceu (o namorado) David Niehaus, um americano muito cool que esteve viajando pela Amazônia e que, por estar há bastante tempo fora dos Estados Unidos, não sabia que ela era uma estrela. Ela adorava que ele tivesse sido atraído pelo que ela era, não pelo estrelato. Além disso, a música afro-brasileira que ela viu no Rio e na Bahia a afetaram muito.
Você ouviu falar de Serguei (1933-2019), o cantor brasileiro que dizia ter namorado Janis quando ela esteve no Rio?
Sim, vi até uma foto, ele parece muito com Steven Tyler. Eles podem ter tido uma ficada rápida logo que ela chegou, porque ela logo conheceu David, dois ou três dias depois de chegar, e não acredito que ele fosse o tipo de cara a fim de compartilhá-la com outros! Janis era uma pessoa muito amigável, afetuosa e física, pode ter sido algo que começou com beijos, uma esfregação... e acabou evoluindo para algo mais. Fiquei triste de não ter falado com Serguei para o livro
Eu vejo contemporâneas suas, como Joan Baez(de 79 anos) e Maria Maldaur (de 77), e elas são mulheres poderosas, que ainda estão muito bem, fazendo shows e, no caso de Joan, muito ativas politicamente. Maria acabou de gravar um disco de blues buliçosos dos anos 20 e 30 (“Don't you feel my leg: The naughty bawdy blues of Blue Lu Barker”, de 2018). Acho que Janis ainda estaria por aí fazendo shows, teria produzido um monte de discos... ela estava aprendendo a tocar piano e adorava Nina Simone, quem sabe ela fizesse algo mais jazzy. Eu acho que ela ia adorar essas mulheres todas, de Lady Gaga a Cardi B. E tenho certeza de que ela voltaria ao Brasil muitas outras vezes, e até trabalharia com artistas brasileiros.
"Janis Joplin: Sua Vida, sua Música"
Autora: Holly George-Warren
Tradução: Martha Angel e Humberto Moura Neto
Editora: Seoman
Preço: 69,90
Páginas: 432
O Globo quinta, 01 de outubro de 2020
MANSUR: COMO O FLAMENGO ALTEROU SEU ESTILO
Mansur: Como o Flamengo alterou seu estilo e se transformou na goleada pela Libertadores
Rubro-negro se adaptou ao Del Valle para aplicar 4 a 0 e se classificar às oitavas
Carlos Eduardo Mansur
01/10/2020 - 05:11 / Atualizado em 01/10/2020 - 08:54
Se uma palavra pode definir a forma como o Flamengo se preparou para enfrentar o rival que lhe impusera sonora goleada em Quito, esta é adaptabilidade. Desde a escalação cheia de desfalques provocados pelo surto de Covid, passando pela maneira como tentou marcar a boa saída de bola dos equatorianos até a decisão de abrir mão de alguns traços mais característicos de seu jogo. Importava pouco ficar com a bola — o time teve só 32% de posse —, mas ser rápido com ela para aproveitar os espaços às costas da defesa equatoriana. Foi assim que o Flamengo construiu a goleada de 4 a 0.
Ainda que Domènec Torrent não estivesse à beira do campo, o resultado tem peso suficiente para devolver paz à comissão técnica, mesmo que o Flamengo tenha feito um jogo marcado mais pela boa estratégia do que pela execução perfeita. Além disso, o time sai com bons resultados de uma semana em que se viu dizimado pelo vírus e, para completar, está classificado por antecipação às oitavas de final da Libertadores,
Não foi sempre confortável o primeiro tempo do Flamengo, mas o placar se construiu graças às decisões estratégicas da comissão técnica, que ontem tinha o auxiliar Jordi Guerrero no banco. Em Quito, ao adiantar seus dois meias para marcar os zagueiros do Independiente del Valle e fazer Gabigol pressionar o volante Pellerano na saída de bola, o Flamengo esvaziou seu meio-campo. Ontem, fez diferente.
Primeiro, optou por um 4-2-3-1, com Thiago Maia e Gerson de volantes, Gabigol iniciando na ponta direita e Lincoln na esquerda, com Arrascaeta como o meia central bem próximo do centroavante Pedro. A ideia era que os dois homens de frente fizessem uma pressão que nem sempre tentava o desarme. Ela variava de acordo com o dono da bola. Se ela estava com o goleiro ou com um dos zagueiros, a ideia era vigiar e cortar as linhas de passe até Pellerano, ficando entre ele e a bola. Ou seja, tirar seu conforto no primeiro passe. Por vezes, com ajuda de um dos homens pelos lados, que vigiavam os laterais. Além disso, havia sempre os volantes Thiago Maia e Gerson ocupando o meio-campo.
Não que tenha sido um plano perfeito, porque o Del Valle, bom com a bola, teve suas chances - o Flamengo permitiu 21 finalizações ao adversário. Hugo Neneca fez ao menos duas defesas difíceis.
A capacidade e atrevimento do Del Valle, somada à decisão do Flamengo de explorar o que o rival tem de pior, tornaram o jogo atraente, com chances de lado a lado. E a qualidade técnica fez o Flamengo aproveitar as suas e chegar aos 2 a 0 antes do intervalo.
O que fez o Flamengo? Decidiu que a posse de bola, desta vez, não era primordial. Alterou estilo e jogou explorando os espaços concedidos por um Del Valle que combinava defesa adiantada e pouca pressão no meio-capo: um convite. A ordem era ser o mais vertical possível quando tinha a bola, chegar ao gol em poucos passes e, em sua maioria, em profundidade. Foi assim que Arrascaeta e Lincoln perderam as primeiras oportunidades. Até que vieram os gols, sempre graças à intenção de ser vertical com a bola. Uma reposição de Neneca achou Pedro e, dois passes depois, o lance era finalizado por Lincoln. Quatro minutos depois, aos 29, uma bola longa de Thiago Maia venceu outra vez a linha alta da defesa do Del Valle e Gabigol deu o 2 a 0 a Pedro. A esta altura, Gabigol fazia o centro do ataque com Pedro e Arrascaeta passara para a direita, algo mais próximo de um 4-4-2. A alternância se deu em vários momentos.
O Globo quarta, 30 de setembro de 2020
MARIAH CAREY: LIVRO DIZ QUE FOI DROGARA PELA IRMÃ, AOS 12 ANOS, E OFERECIDA A GIGOLÔ
Mariah Carey foi drogada pela irmã aos 12 anos e oferecida a gigolô, diz livro
Em autobiografia, cantora relembra relação conturbada com a família
O Globo
30/09/2020 - 08:30 / Atualizado em 30/09/2020 - 08:53
Não foi nada fácil para Mariah Carey compartilhar com o mundo, em sua autobriografia, os altos e baixos de sua infância e adolescência em família. Num dos trechos mais chocantes da obra "The meaning of Mariah Carey" ("O significado de Mariah Carey", em tradução livre"), que acaba de ser lançada, a cantora relembra a difícil relação com os irmãos. A começar por Alison, oito anos mais velha.
"Quando eu tinha 12 anos, minha irmã me drogou com Valium (um remédio antidepressivo), me ofereceu uma unha cheia de cocaína, me causou queimaduras de terceiro grau e tentou me vender para um cafetão", escreve Mariah.
A estrela acredita que um dos amigos da irmã, chamado John, era o tal cafetão. Um dia, Alison a deixou sozinha com ele num carro. Ao tentar de desvencilhar de um abuso, foi salva por um idoso que passava na rua. "Eu memorizei o rosto dele naquele momento", escreveu ela, deixando claro ainda ser grata pelo salvamento.
Mariah conta que, muitas vezes, a irmã jogava chá quente nela.
"Alison me queimou de muitas maneiras e mais vezes do que posso contar. Repetidamente, tentei ser o corpo de bombeiros dela, financiando tratamentos e pagando estadias em centros de reabilitação. Mas, mesmo com recursos substanciais, não há como resgatar alguém que não percebe que está queimando."
O irmão também foi tema de alguns paragráfos do livro. Mariah, terceira filha de um casal que se separou quando ela tinha apenas 3 anos, relembra de brigas homéricas entre Alfred, o pai, e o irmão, Morgan. Numa delas, foi preciso 12 policiais para contê-los.
"Quando meu irmão estava por perto, não era incomum ele fazer buracos nas paredes ou outros objetos voarem", ela conta.
Quando tinha 6 anos, viu o mesmo irmão agredir a mãe e ligou para a única amiga da família que sabia o número. Quando a polícia chegou, ela lembra de ter ouvido:
"‘Um dos policiais, olhando para mim, mas falando com outro ao lado dele, disse: 'Se esse garoto conseguir, será um milagre',.
O Globo terça, 29 de setembro de 2020
CAIO BLAT FALA SOBRE TRABALHO COM LUISA ARRAES EM AMOR E SORTE E RELATA CONFLITOS
Caio Blat fala sobre trabalho com Luisa Arraes em 'Amor e sorte' e relata conflitos
ANNA LUIZA SANTIAGO
Luisa Arraes e Caio Blat (Foto: Globo/Sergio Zalis)
Logo no início da quarentena, Caio Blat e Luisa Arraes perceberam que o período ímpar que o mundo atravessa se apresentava como uma poderosa fonte de inspiração para a arte. A partir daí, começou o processo de criação da série "Amor e sorte", cujo último episódio, nesta terça-feira, 29, será estrelado pelo casal.
- A gente ficou com a sensação de que tinha que fazer um registro e mostrar o que estava acontecendo, as várias realidades de pessoas de diferentes idades. Ligamos para o Jorge Furtado. Lázaro Ramos e Taís Araujo também falaram com ele, que criou a série. E então começamos a escrever o nosso episódio. Escrevíamos o dia inteiro e mostrávamos para ele à noite. Ele foi adorando e aprovando. E fazendo com a gente também, inventando os diálogos. Tivemos um tremendo curso de roteiro - explica Caio.
Na história, Manoel (Caio), um engenheiro aspirante a cineasta, conhece a atriz Teresa (Luisa) pouco antes do início do isolamento social.
- Os dois passam o fim de semana juntos, namorando, no apartamento da Teresa. Combinam de desligar os celulares para passar dois dias isolados. Manoel diz que quer fazer um filme com a Teresa. Na segunda-feira, quando ele está indo embora, liga o celular e descobre tudo. O prédio já está sendo higienizado. Manoel telefona para a mãe, que é do grupo de risco, e ela responde que não sabe onde ele andou e se usou máscara. E que em casa ele não entra. Então, Manoel fica preso com a Teresa e eles resolvem fazer o filme - resume ele.
Além de atuar, os atores participaram de todas as outras etapas: desde a escrita dos roteiros, passando pela montagem de cenários, até a operação de câmeras e a direção. Luisa ainda se arriscou na edição. Foi tudo feito na casa dela, no Jardim Botânico, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Caio, que vive no Itanhangá, na Zona Oeste, passou boa parte do tempo lá. Segundo o ator, a intimidade entre eles, que estão juntos há três anos, ajudou, evidentemente, mas também gerou conflitos. E ri ao se lembrar de um episódio:
- Ao mesmo tempo que é muito mais fácil criarmos juntos, brigamos bastante, nos desentendemos. A gente teve uma discussão enorme na frente de toda a equipe por uma coisa idiota: qual a melhor mão para segurar um objeto na cena. Ficou todo mundo constrangidíssimo. No outro dia, ficamos arrasados e envergonhados. Pedimos desculpas. Nossa intimidade estava totalmente aberta ali. Nós dormíamos cercados de equipamentos. Tinha câmera dentro do quarto, dentro do banheiro... Quando a gente acordava e colocava os pés no chão, já ligava o computador. E tinha 30 pessoas esperando. A gente escovava os dentes e fazia café falando com todos. Teve um dia que a Luisa fez questão de trocar a roupa de cama que mandaram para usarmos na gravação das cenas. Para não dormirmos com a roupa de cama dos personagens. A gente brinca que fez um 'BBB' da ficção. Foi uma história de ficção feita com todo mundo vendo.
Ele afirma que, apesar de cansativa, a experiência foi enriquecedora:
- Foi muito comovente esse espírito de superação. Todo mundo trabalhando para fazer uma coisa linda, emocionante, superando todos os desafios. Isso só nos fez valorizar ainda mais o trabalho de outros profissionais. Porque a gente não conseguia ficar totalmente concentrado no texto, já que tinha que pensar no chip da câmera, na pilha de algum aparelho etc. Ficamos exaustos nas duas semanas de gravação.
- Para mim foi maravilhoso. Foi um aprendizado sobre câmera, sobre como lidar com a equipe... Eu estava me preparando para dirigir e acabou que isso foi antecipado com esse episódio superespecial. Ganhei um voto de confiança.
Veja fotos das casas dos protagonistas de "Amor e sorte":
Luisa Arraes e Caio Blat mostram a sala da casa da atriz na Zona Sul do Rio de Janeiro. O episódio estrelado por eles vai ao ar nesta terça, 29 Divulgação
O Globo segunda, 28 de setembro de 2020
MALDITOS DA PMB: DE ITAMAR ASSUNÇÃO A JARDS MACALÉ, UM GUIA DE DISCOS IMPERDÍVEIS NO STREAMING
'Malditos' da MPB: de Itamar Assumpção a Jards Macalé, um guia de discos imperdíveis no streaming
Inovadores e polêmicos, músicos como Jorge Mautner e Walter Franco também construíram obras únicas à margem do mercado
Sérgio Luz
28/09/2020 - 04:30 / Atualizado em 28/09/2020 - 08:29
RIO — Durante sua carreira, Itamar Assumpção (1949-2003) construiu uma obra bastante particular, sem abrir concessões em sua música, que abrigava uma vasta gama de gêneros, indo do romantismo exacerbado a experimentações harmônicas e poéticas. Oriundo do movimento que ficou conhecido como Vanguarda Paulista, entre o final dos anos 1970 e início dos 1980, o artista acabou tachado como “maldito”, por não se encaixar em qualquer rótulo ou nicho de mercado, sempre à margem das rádios e das paradas de sucesso.
Neste mês, os cinco discos que faltavam de sua discografia, com 12 álbuns que influenciaram gerações de músicos, finalmente chegaram às plataformas digitais, tornando seu trabalho acessível a todos . A seguir, uma lista com outros malditos da MPB disponíveis nos serviços de streaming.
Itamar Assumpção
Dos trabalhos lançados agora nos serviços on-line, completando a sua obra, estão “Às próprias custas S.A.” (1983), “Sampa Midnight — Isso não vai ficar assim” (1986), “Ataulfo Alves por Itamar Assumpção — Pra sempre agora" (1995) e os tributos póstumos “Pretobrás II — Maldito vírgula” e “Pretobrás III — Devia ser proibido” (2010), com participações de Ney Matogrosso, BNegão, Elza Soares, Seu Jorge e outros.
Jards Macalé
Cantor, compositor, violonista, produtor, arranjador e ator, Macalé fez de tudo um pouco no campo das artes. Original e polêmico, ele já disse ter sofrido “boicote pela produção musical” brasileira. De seu trabalho, 13 discos estão no streaming, do LP de estreia, “Jards Macalé” (1972), a seu CD mais recente, “Besta fera”, lançado no último ano.
Destaque também para “Let’s play that” (1983), gravado com o percussionista Naná Vasconcelos, e o pouco lembrado “4 batutas & 1 coringa”, no qual interpreta temas de Geraldo Pereira, Nelson Cavaquinho, Paulinho da Viola e Lupicínio Rodrigues.
Luiz Melodia
Outro músico que sempre trilhou seu próprio caminho foi Luiz Melodia (1951-2017). Em entrevista recente ao GLOBO, Toninho Vaz, seu biógrafo, explicou a fama de rebelde: “Ele era um pouco arredio, por isso foi tachado de maldito”. De sua obra, quase 30 álbuns estão no Spotify, entre projetos de estúdio, gravações ao vivo e coletâneas.
Além do clássico “Pérola negra” (1973), com standards como “Estácio, eu e você”, “Vale quanto pesa”, “Estácio, Holly Estácio” e a faixa-título”, outros imperdíveis são “Maravilhas contemporâneas” (1976) e “Pintando o sete” (1991), cuja versão para “Codinome beija-flor” (Cazuza/Ezequiel Neves/Reinaldo Arias) o levou de volta às paradas de sucesso.
Sérgio Sampaio
Efeito ou causa de sua fama de ter “temperamento difícil”, o consumo excessivo de drogas e álcool ajudou a levar Sampaio a uma morte prematura, aos 47 anos, em 1994. Os três discos lançados em vida pelo cantor e compositor estão no streaming: “Eu quero é botar meu bloco na rua” (1973) — a canção que dá título ao LP se tornou um grande sucesso quando surgiu, um ano antes, no Festival Internacional da Canção —, “Tem que acontecer (1976)” e “Sinceramente” (1982). Ainda há nas plataformas o álbum póstumo “Cruel”, gravado pouco antes de sua morte.
Assim como Luiz Melodia, Mautner foi outro “maldito” que participou do show-manifesto “Banquete dos mendigos”, em 1973, espetáculo idealizado por Jards Macalé em plena ditadura militar para comemorar os 25 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Inquieto, instigante e livre de amarras, o artista carioca também trafegou por diversos gêneros e estilos.
Dos seus dez trabalhos de estúdio, sete estão no streaming. Entre eles, “Para iluminar a cidade” (1972), “Jorge Mautner” (1974), “Mil e uma noites em Bagdá” (1976) e “Eu não peço desculpa”(2002), com Caetano Veloso. Sem contar o atualíssimo “Não há abismo em que o Brasil caiba”, do ano passado.
Bastante influente na geração contemporânea, ele teve sua “Samba jambo”, parceria com Nelson Jacobina, regravada por Júlia Vargas no álbum “Pop banana”, de 2017.
Tom Zé
Apesar de seu jeito meio maluco beleza, o baiano é dos mais lúcidos e sagazes pensadores da música brasileira. Em mais de 50 anos de carreira, o artista criou uma discografia inclassificável e livre de amarras, desde os seminais “Grande liquidação” e “Tropicália ou panis et circenses”, com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Nara Leão e Os Mutantes — ambos de 1968 —, passando por “Estudando o samba” (1976), até seu último CD, “Sem você não A” (2017), todos disponíveis no streaming.
Morto no fim do ano passado, aos 74 anos, o cantor e compositor é um dos expoentes da vanguarda da MPB. Entre o folk, o rock e o experimentalismo, ora calmaria ora tempestade, Franco chocou muita gente quando lançou seu primeiro disco, “Ou não” (1973), com temas como a anticanção “Cabeça” e “Me deixe mudo”, regravada por Chico Buarque no ano seguinte, no álbum “Sinal fechado”. Além do clássico, encontram-se nas plataformas “Revólver” (1975), “Respire fundo” (1978), “Vela aberta” (1980) e “Tutano” (2001).
Maurício Pereira
De uma geração mais nova, Pereira não foi tachado de "maldito", mas também fez uma trajetória à margem do sucesso, trilhando seu próprio caminho experimental, cultuado por muitos músicos de hoje. O cantor e compositor paulistano iniciou sua carreira ao lado de André Abujamra na banda Os Mulheres Negras, nos anos 1980, com quem lançou os discos "Música e ciência" (1988) e "Música serve pra isso" (1990), ambos nas plataformas. Graças a seu filho, Tim Bernardes, da banda O Terno, um dos principais nomes da MPB contemporânea, uma nova geração passou a conhecer a obra de Pereira.
Quem quiser descobrir ou mergulhar na poesia urbana e cortante do artista, seus sete trabalhos de estúdio estão no streaming. Entre eles, "Na tradição" (1995), sua estreia solo, "Mergulhar na surpresa" (1998), da imperdível "Um dia útil", e "Pra Marte" (2007), da épica faixa "Trovoa", gravada pelo trio Metá Metá em 2011.
O Globo domingo, 27 de setembro de 2020
ELEIÇÕES 2020: TSE PREPARA CERCO ÀS FAKE NEWS E AO USO E ROBÔS NAS REDES SOCIAIS
Eleições 2020: TSE prepara cerco às fake news e ao uso de robôs nas redes sociais
Em entrevista ao GLOBO, Barroso detalha acordo com plataformas para retirar do ar disseminadores de mentiras, mas admite que é impossível erradicar o problema
Carolina Brígido e Francisco Leali
27/09/2020 - 04:30 / Atualizado em 27/09/2020 - 08:24
BRASÍLIA — Em entrevista ao GLOBO, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, detalha acordo com plataformas de redes sociais para retirar do ar perfis mentirosos mesmo sem ordem judicial. "O controle de comportamentos envolve muitas vezes enfrentar milícias organizadas de forma hierarquizada, concertada e financiada, que replicam comportamentos de ódio, de disseminação de mentiras. É isso que nós pretendemos combater", ressaltou o ministro que também explica o protocolo anti-Covid e descarta risco de contágio na urna.
O debate sobre fake news nas campanhas é um tema da eleição. Para o senhor, as plataformas devem controlar o conteúdo das postagens?
Como linha de princípio, não deve haver controle de conteúdo, mas deve haver o cuidadoso controle do que se tem chamado de comportamentos coordenados inautênticos. O TSE já formalizou parceria com todas as principais mídias sociais: WhatsApp, Facebook, Instagram, Google para a utilização de ferramentas, algumas especialmente desenvolvidas para detectar esses comportamentos, que incluem uso de robôs, o uso de perfis falsos e impulsionamentos ilegais. Há um compromisso das plataformas de, por meios tecnológicos, enfrentarem. É impossível eliminar o risco de fake news, mas estamos tratando essa questão com grande empenho e profissionalismo. Por parceria com as empresas de telefonia, todos os eleitores por dois meses terão acesso gratuito via internet à página do TSE para obter informações confiáveis.
Uma vez que a plataforma detectar o comportamento atípico, o que pode ser feito?
Uma vez detectados esses comportamentos inautênticos, você remove a conta.
Será necessária determinação judicial?
Não. Você pode até ter remoção de conteúdos por determinação judicial. Mas a parceria que nós fizemos é para a remoção pelas próprias plataformas assim que detectado o problema. Inclusive, vamos ter um canal direto com o TSE. Qualquer pessoa que esteja recebendo impulsionamento que considere inautêntico (poderá denunciar), e nós, automaticamente, comunicamos à mídia social; ela retira, se achar que é o caso.
Os conteúdos mentirosos devem ser removidos?
A caracterização das fake news pode ser simples em alguns casos e, em outros, pode ser complexa. Por exemplo: se um candidato acusar o outro de ter sido condenado por pedofilia, esse é um fato objetivo. Em outra situação, se um candidato disser que o outro tem o apoio da milícia, e o outro responder que o outro candidato tem o apoio de gente ligada à corrupção, esse vai ser um debate público e provavelmente a Justiça não vai querer interferir. O nosso enfoque é o controle de comportamentos, e não a investigação de conteúdos. O controle de comportamentos envolve muitas vezes enfrentar milícias organizadas de forma hierarquizada, concertada e financiada, que replicam comportamentos de ódio, de disseminação de mentiras. É isso que nós pretendemos combater.
A abstenção já vinha crescendo e estima-se aumento, pela pandemia. Isso o preocupa?
Existe uma média histórica de abstenção de 20%. Tenho a expectativa de que essa abstenção diminua, por paradoxal que possa parecer, porque as pessoas andam com grande motivação de participar do processo político. Nós fizemos uma campanha para atrair mesários voluntários e tivemos mais de 700 mil inscrições. É um indício de que, apesar da pandemia, as pessoas estão com ânsia de participar.
Existe preocupação das campanhas serem novo foco de contaminação da Covid?
Há um protocolo específico para as campanhas eleitorais, que inclui evitar aglomerações, manter o distanciamento físico de pelo menos um metro, usar máscaras. No caso da necessidade de se realizar reuniões, que seja em ambiente aberto e que use álcool em gel sempre que houver contato com alguma pessoa ou com algum objeto.
Haverá punição para candidato que não respeitar as orientações?
O TSE fez um plano de segurança sanitária. As regras obrigatórias são definidas pelos municípios. Os candidatos deverão observar as regras relativas à circulação e ao eventual distanciamento social estabelecidas em cada município ou no âmbito estadual.
E quais serão os cuidados com o eleitor para não ter risco de contágio no dia da votação?
Para as pessoas que são grupo de risco, sobretudo os que têm mais de 60 anos, fizemos duas coisas: aumentamos o horário da eleição em uma hora. Em vez de ser das 8h às 17h, será das 7h às 17h; e reservamos as três primeiras horas de votação para os maiores de 60 anos. É uma reserva preferencial, mas não será proibido outro eleitor votar. O que pediremos à população é que só compareça nesse primeiro horário quem tem necessidade de acompanhar algum idoso. Vai haver fila específica para os idosos e os não idosos terão que esperar numa fila paralela. Nós suprimimos a biometria porque poderia ser uma fonte de contágio, e ela aumentava em 70% o tempo da votação. O eleitor vai entrar na seção, se dirigir ao mesário, mostrar documento de identidade a um metro de distância. Em seguida, o eleitor vai higienizar as mãos com álcool em gel e assinar o caderno de votação. Recomendamos que levem a própria caneta. Só vai ter uma passagem pelo mesário. Na saída da seção, higieniza as mãos novamente.
A urna eletrônica pode ser foco de contágio?
Não há essa possibilidade, risco zero. O eleitor vai chegar à urna higienizado e depois que usá-la vai higienizar as mãos de novo. A mão já chega limpa. E a recomendação é, evidentemente, não levar a mão aos olhos ou à boca durante esse processo, e tem que estar de máscara.
Como natural do Rio, como o senhor avalia a situação política do estado, com o prefeito Crivella inelegível e o governador Witzel afastado e enfrentando impeachment?
Eu sou juiz, portanto não me cabe fazer análises políticas circunstanciais do momento. Evidentemente, como alguém que cresceu e ama o Rio, eu lamento o quadro geral. É inegável que há um problema institucional estrutural que tem levado muitos dos seus governantes a responderem a processos criminais. O Brasil viveu infelizmente um processo ao longo de muitos anos de naturalização das coisas erradas. E parece que esse processo se manifestou de forma mais exacerbada no Rio de Janeiro. Sem fazer juízo sobre os fatos do momento, tenho uma certa sensação de que o Rio, cuja capital é uma das cidades mais lindas do mundo, pela qual sou apaixonado, está precisando se reinventar. Eu espero que essa reinvenção esteja próxima.
O Globo sábado, 26 de setembro de 2020
NATHALIA DILL: GRÁVIDA DE SEIS MESES, ATRIZ PLANEJA LICENÇA MATERNIDADE MAIS LONGA
Grávida de seis meses, Nathalia Dill planeja licença-maternidade mais longa: 'Momento de olhar para mim'
THAYNÁ RODRIGUES
Nathalia Dill (Foto: Vinicius Mochizuki)
Nathalia Dill participou de 15 obras na televisão desde a sua estreia, em 2006. Até que, em 2020, quando a atriz de 36 anos se preparava para casar, mudar de casa e, quem sabe, aceitar mais um trabalho, a natureza se encarregou de impor pausas.
— Com a gravidez e com a quarentena, sinto que é o momento de eu olhar mais para mim em todos os níveis. A última novela foi tão forte ("A dona do pedaço", em que ela interpretou a vilã Fabiana) que fiquei com esse desejo. Recentemente, quase aceitei um novo trabalho, mas pensei na gestação e na pandemia. Interpretei como um sinal. Estou há 15 anos trabalhando. É tempo de eu olhar mais para a minha casa, para a gravidez e para a família e ter um momento de resguardo. A gente precisa se curtir um pouco. Para isso, estou propensa a desconectar — diz ela, que está grávida de seis meses de uma menina, fruto da união com o músico Pedro Curvelo.
Antes de concretizar essa desconexão, Nathalia encontrou um jeito de se manter profissionalmente ativa. Ela comanda a série de lives "Mamãe de primeira" no IGTV, em que já conversou com atrizes como Sheron Menezzes, Carolinie Figueiredo, Sophie Charlotte e Débora Nascimento. Dos vídeos também participam especialistas e integrantes da família da atriz.
— Minha ideia foi fazer uma mistura: conversar com mulheres que tenham vivido a experiência da maternidade e também mostrar as visões de um profissional. Assim, as lives ficam mais dinâmicas e se relacionam com os meus interesses. Eu quis trocar experiências mesmo, falar sobre o assunto. E muitas vezes as mães têm opiniões parecidas sobre o tema, mas isso serve de reforço. Acontece, por exemplo, quando algumas delas defendem a maternidade possível e real. Qualquer que seja o processo escolhido ou o tipo de parto, a mãe e o bebê devem ser respeitados — defende.
As escolhas às quais Nathalia se refere vão desde as regras alimentares para gestantes ao tipo de parto. Ela explica:
— Sinto que há muitos mitos em relação às dietas, por exemplo. Vai um pouco da filosofia de cada obstetra, nutricionista e, claro, das mães. As grávidas também têm que estar bem, felizes e comendo o que gostam. Eu procurei a minha nutricionista, mas ao mesmo tempo me permiti comer. Emagreci um pouco no início também por conta dos enjoos. Agora está tudo certo. Com a pandemia, não tenho comido na rua, mas ocasionalmente peço delivery. Ao japonês, que é polêmico, abri uma ou outra exceção. Se for de um restaurante confiável, em que sempre comi, entendi com a minha médica que uma vez ou outra não haveria tanto problema. A gente é grávida, é ser humano, está na pandemia. Está todo mundo tão no limite, tão transformado e sensível. Um dos maiores agravantes da pandemia, tirando toda a parte da miséria, de as pessoas terem ficado sem emprego, é a saúde mental. Por isso, para mim é importante passar por isso sem que haja muitos danos psicológicos. É bom a gente ir se percebendo, optando por coisas que nos façam bem. Esse é o grande dilema. Tem tanto problema acontecendo: queimadas, desgoverno... Precisei cuidar, filtrar as militâncias. Dá um pouco de culpa se isso traz como consequência se alienar. Mas no momento é uma forma de cuidar da mente: desconectar dos problemas e seguir bem. Fui nesse processo.
Nathalia se apegou a uma reflexão. Por ter sentido enjoos nos primeiros meses de gestação, a atriz relata ter pensado em mulheres que precisam continuar a trabalhar após descobrirem que estão grávidas:
— Eu senti um mal-estar inicial. Não achei que pudesse passar tão mal. Fiquei pensando em muitas mulheres que precisam trabalhar. Eu tive o privilégio de neste momento poder ficar em casa. E ainda tem a questão de, no começo, a gravidez apresentar um risco. Passar mal e ainda não poder falar para ninguém é bem delicado. O mundo parece que não se compadece tanto com essa fase. Se a mulher fura uma fila com dois meses de gestação, as pessoas não entendem. Fiquei solidária a elas e grata por, ainda bem, eu ter conseguido fazer as coisas no meu ritmo, no meu tempo. No início da quarentena, eu estava ativa: tendo aulas de Física, de Arte e Cultura... (Ao descobrir a gravidez) Fui parando todas. No segundo trimestre é que fiquei mais ativa e me mexi. Nesse período também comecei a sentir os movimentos da bebê. É engraçado! Tenho vontade de chamar quem está do meu lado e dizer: "Olha! Olha!". É um processo doido e incrível ao mesmo tempo perceber cada um destes detalhes. Isso vai fazendo com que a gente se conecte. É gradual.
Eva deve chegar só em dezembro e, até a atriz voltar à TV, deve demorar um pouquinho. É possível que Nathalia Dill fique meses além da licença-maternidade com a filha:
— O primeiro ano do bebê é muito intenso, tem a amamentação, depois os passinhos. É uma pena que na licença-maternidade muitas mulheres tenham que sair para trabalhar antes disso. Pensando agora, se eu puder, gostaria de ficar esse primeiro ano com ela. São tantas mudanças... Acontecem tantas coisas. Mas eu não sei. Tento me manter livre, não queria me colocar uma regra.
Nathalia Dill, grávida de seis meses (Foto: Vinicius Mochizuki)
O Globo sexta, 25 de setembro de 2020
CAÇA GRIPEN, DUAS VEZES MAIS RÁPIDO QUE O SOM
Caça Gripen voa duas vezes mais rápido que o som: conheça os detalhes
Aeronave sueca batizada pela Aeronáutica como F-39E fez primeiro voo no Brasil
Roberto Maltchick
25/09/2020 - 04:30 / Atualizado em 25/09/2020 - 08:46
RIO — O mais ambicioso projeto da Força Aérea Brasileira (FAB), o chamado programa F-X2, entrou na quinta-feira em uma nova fase, com o primeiro voo do Gripen NG no Brasil, batizado pela Aeronáutica como F-39E. O caça sueco, configurado apenas para testes, voou por uma hora e três minutos, após decolar no Aeroporto de Navegantes (SC), às 14h04, e pousar no Centro de Ensaios em Voo, na sede da Embraer, em Gavião Peixoto (SP), às 15h07. A aeronave, que não teve contratempos em seu primeiro teste por aqui, veio da Suécia dentro de um navio, que atracou, no último domingo, no porto do município catarinense.
Essa é a primeira de 36 aeronaves do contrato firmado, em 2014, com a fabricante sueca Saab para a renovação da frota brasileira, hoje composta, majoritariamente, por caças americanos F-5, fabricados na década de 1970 e operados em cinco esquadrões, distribuídos nas regiões Norte, Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Os novos caças devem entrar em operação a partir do final de 2021. O investimento da FAB é de R$ 24 bilhões, em valores atualizados, com financiamento de 25 anos. Se o cronograma de pagamentos e de produção for cumprido, todas as unidades estarão, em 2026, na Base Aérea de Anápolis (GO).
CONHEÇA O NOVO CAÇA GRIPEN DA FORÇA AÉREA BRASILEIRA
1 de 11
— A partir desse momento, iniciaremos os ensaios em voos no Brasil. Já fizemos alguns na Suécia. Agora, faremos conjuntamente com a Embraer, utilizando pilotos de testes da Embraer e da Força Aérea Brasileira — afirmou o diretor do Programa Gripen, da Saab, no Brasil, Bengt Janér.
O F-39E alcança 2.400 km/h, o que representa duas vezes a velocidade do som. É uma aeronave multimissão, com funções de patrulha (ar-ar), ataque (ar-terra) e ainda com capacidade de operações contra alvos marítimos (ar-mar).
— É um caça que podemos chamar da geração 4.5 +. Ou seja, um degrau abaixo do topo. Ainda assim, podemos afirmar que é o estado da arte em termos de tecnologia em aviação — explicou Nelson Düring, especialista no setor e editor-chefe do portal Defesanet.
O Gripen em detalhes
Como atua o avião adquirido pela FAB
MEDIDAS
Envergadura: 8,6m
Comprimento: 15,2m
ANTENASFazem a interferência nos radares inimigos, impedindo que o Gripen possa sermarcado como alvo
Tecnologiade combate
RADARPossui pequenos módulos eletrônicos que fazem a busca de alvos em diferentes direções, no ar, no solo ou no mar, simultaneamente e em diferentes frequências
MÍSSEISO Gripen pode receber mísseis de curto e longo alcance; e bombas e mísseis guiados por laser. Pode atingir alvos no ar, no solo e mar
Radares eletrônicos
Informa se o radar que o captou é de uma força amiga ou inimiga
Alerta sobre a aproximação e direção de mísseis disparadoscontra o caça
Gripen
Raio de combate
Velocidade
1.300km
Salvador
Até 2.400km/h
BA
MT
(duas vezes dovelocidade do som)
Brasília
Distância até onde o caça pode ir, combater e voltar, tendo ainda combustível para aterrissar
Goiania
Consegui irde Goiania aSalvador em30 minutos
MG
SP
RJ
Fonte: SAAB
O programa F-X foi concebido há 20 anos. De lá pra cá, ocorreram atrasos e controvérsias. Em 2009, já rebatizado como FX-2, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a anunciar, durante visita do então presidente francês Nicolas Sarkozy a Brasília, a escolha pelo Dassault Rafale. A decisão não foi chancelada pela Aeronáutica. E, em dezembro de 2013, a ex-presidente Dilma Rousseff anunciou o acordo com a fabricante sueca, que tem como principal destaque a transferência de tecnologia e a produção de 15 das 36 aeronaves em solo brasileiro.
— A grande virtude do programa Gripen não é só gerar conhecimento, mas ter carga de trabalho. A participação da indústria nacional é decisiva. Se a indústria brasileira não fizer a parte dela, nós não recebemos a aeronave. São 62 projetos, extremamente detalhados, com transferência de tecnologia para a indústria e para o Instituto de Tecnologia da Aeronáutica (ITA). Cada um deles visa uma área diferente — explicou o presidente da Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate (Copac), da Aeronáutica, Major-Brigadeiro do Ar Valter Borges Malta.
Os primeiros 13 caças serão integralmente produzidos na Suécia. Outros oito serão fabricadas na Europa e finalizados no Brasil, que participará ativamente da produção das unidades com dois lugares, que ainda não haviam sido desenvolvidas na época da assinatura do contrato.
O Globo quinta, 24 de setembro de 2020
ELBA RAMALHO: AINDA NÃO ESTOU SANTA
Elba Ramalho: 'Ainda não estou santa'
Cantora grava disco inspirado no nascimento da neta e prepara livro que mistura biografia e experiências místicas. Às vésperas de completar 70 anos, conta que está há oito sem namorar
Maria Fortuna
24/09/2020 - 04:30 / Atualizado em 24/09/2020 - 09:12
Elba Ramalho está de volta para o seu aconchego. Em seus quarenta anos de carreira, a cantora nunca havia passado um mês inteiro em casa. Levava a vida na estrada, fazendo uma média de sete shows por mês em vários cantos do país. A quarentena forçada pelo novo coronavírus, claro, a obrigou a parar. E isso aconteceu bem no momento em que se tornou avó de Esmeralda. A bebê, de cinco meses, é filha de Luã, fruto da relação da cantora com o ator Maurício Mattar. Mergulhada na intensa convivência familiar, Elba viu-se inspirada a fazer um novo disco, o 39º de sua discografia.
- Sinto falta de estrada, do show, público, de cantar. O disco traz um acalanto - conta ela, que tem feito lives de oração diárias pelo Instagram e, na semana passada, testou positivo para a Covid-19 (segue estável e observada por médicos). - Deus sempre me escolhe para carregar dores. Não tenho medo.
Cada vez mais devota de Nossa Senhora, Elba também se dedica a escrever um livro que mistura biografia e suas experiências místicas (“quero dizer às pessoas que Deus existe e é bom” , diz). Nos últimos oito anos, período em que está “dando um tempo de homem”, a cantora mergulhou fundo na espiritualidade.
Voltando ao disco, "Eu e vocês" terá 12 faixas, que serão lançadas nas plataformas de áudio em forma de singles, quinzenalmente. No início do mês, ela adiantou "Maçã do rosto", canção de Djavan, composta em 1976. Na última sexta-feira (18), veio "Ainda tenho asas", primeira parceria com Luã, que também produz o projeto. O clima caseiro, aliás, está ainda nas vozes das filhas da cantora, Maria Clara, Maria Paula e Maria Esperança, que participam fazendo backing vocals.
No próximo dia 2, Elba lança uma versão de “Felicidade”, de Marcelo Jeneci e Chico César. Na sequência, virão também “Sintonia”, sucesso radiofônico de Moraes Moreira, grande amigo de Elba e de quem ela gravou 17 canções, a música-título do trabalho, composta por Zélia Duncan, entre outras. Gravado no estúdio de Elba em casa, o álbum está recheado de xotes românticos, seguindo a linha de “Balaio de amor” disco de 2009, com o qual a cantora ganhou um Grammy Latino,
Às vésperas de completar 70 anos, em 2021, a paraibana diz, nesta entrevista, que a fé lhe dá paz de espírito para envelhecer sem "desespero".
Como surgiu a primeira parceria musical com seu filho, Luã, e como é ter o filho como produtor de disco?
Raramente componho. Quando comecei a fazer teatro, eram os poetas que eu interpretava. Conhecia a obra de Fernando Pessoa, Mayakovsky, Brecht, Mario de Andrade, Manuel Bandeira, Cecilia Meireles. Depois de ler esse povo, falei: "não vou escrever, não sou capaz". Num verão, fiz um post, o Luã perguntou se podia continuar e fizemos a parceria. Luã fez o técnico de som ouvir todos os meus discos. Conhece meus registros de voz, é perfeccionista, exímio violonista e se formou em produção. É bom trabalhar com jovens, trazem informação. Aprendo, não acho que sei tudo. Uma coisa positiva é que minha voz maturou, cresceu. É uma delicadeza chegar nessa idade com força e brilho na voz.
O que sentiu ao cantar com os seus filhos?
É surpresa e emoção a cada vez que entram. Na primeira, falei: "Caramba, que vozes são essas?". Maduras, afinadas. A de Esperança, então, é forte. A gente está se divertindo. É um disco despretensioso, mas o repertório vem com bom gosto. Está ficando bom.
Que tipo de avó é Elba Ramalho?
Por enquanto, é só amor. Quando ela cai nos meus braços, já sabe como dormir. É uma experiência nova, porque não é minha filha. Estou na retaguarda, com um amor intenso, mas posso dizer: "Com licença, essa noite de febre aí vocês é que vão segurar" (risos).
No ano passado, você completou 40 anos de carreira. Sua trajetória a deixa feliz?
Tive muitos equívocos, mais fui íntegra e verdadeira do começo ao fim. Mesmo quando ousei coisas que nada tinham a ver comigo, estava experimentando. Fui exagerada. Todo ano, um disco novo. Tive muita porta fechada, crítica, deboche, sarcasmo. Mas batalhei, sou guerreira. O que vale é olhar e dizer: "Não tenho muitas sombras pra pagar". Fui fiel ao que acreditava. Muitas coisas não eram boas, mas, no geral, acho que existe uma qualidade.
E na vida pessoal, muitos erros?
Equívocos? Milhares. Arrependimentos? Alguns, bem bons. Mas superação, também, pela fé, humildade. Não é uma coroa que fica furando a minha cabeça. Já chorei.
O que identifica como fundamental na sua criação para se tornar quem se tornou?
A educação dos meus pais. Rígida, me impô limites. Apesar de eu desobedecer, no fundo, existia um freio que vinha dessa memória afetiva. A fé também. Não é algo que peguei no ar de uns tempos para cá. Essa imagem aqui (aponta a escultura de Nossa Senhora da Conceição) representa minha padroeira quando criança. A gente participava das procissões. A cidade era pequena (Conceição, no Vale do Piancó, Paraíba). A diversão eram as festas da igreja. Minha estreia nos palcos foi no pastoril da igreja. No sertão, eram pés descalços brincando de roda, cirandas na porta de casa, a música dos repentistas, dos violeiros, dos cantores românticos como Dalva de Oliveira, Isaurinha Garcia, Augusto Calheiros. Lá em casa, tinha roda de violão toda tarde, meu pai tocava, meus irmãos cantavam...
Aí você deixou o sertão rumo ao Rio para ser atriz, com uma mão na frente e outra atrás...
Tinha 19 anos e vim com um quiteto violado chamado A Feira. Depois do show, perguntaram se eu ia voltar. Disse que não. Tinha uma maleta com livros e discos, tudo que gostava. E fiquei parada na Aires Saldanha, em Copacabana, enquanto via o ônibus do quinteto saindo para o Recife. Um casal perguntou o que eu ia fazer. Eu disse que não sabia. Me levaram para a casa deles e fiquei morando em Santa Teresa. Todo dia, pegava o bondinho e ia para o Baixo Leblon. Foi quando conheci Geraldo Azevedo, Carlos Fernando, compositor de "Banho de cheiro", Alceu Valença, reencontrei Zé Ramalho. Fui me agregando. Mas ainda fazia teatro.
Fez sucesso em "Ópera do malandro", de Chico Buarque. Quando decidiu deixar de ser atriz e virar cantora?
Nem queria ser cantora. Um produtor me viu fazendo backing com o Zé Ramalho e falou para o (produtor) Carlinhos Sion: "vamos investir nessa menina". Não tinha noção do que fosse disco, repertório. Depois do meu quarto disco, comecei a entender o que era ser cantora num país com ótimas vozes.
O Nordeste é frequentemente alvo de discriminação, inclusive do atual presidente. Enfrentou preconceito?
Não comento política, porque tenho total aversão. Apostei no que achava certo e não era. Parece alienação? Parece. Mas é proposital. O preconceito era maior quando cheguei. Ninguém conhecia música nordestina. Hoje, sabem que tem Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, o que é baião, xote, forró. Imagina falar de maracatu há 40 anos? Um preconceito isolado não me afeta. Já ouvi "ô, paraíba, volta para a tua terra", andando no Leblon . Hoje, há mais respeito. É lamentável que dos políticos, não. Abomino a maior parte dos políticos brasileiros.
Você se divertiu muito na vida. Como era quando subia morros para ouvir samba com Zeca Pagodinho e Almir Guineto?
Era muito amiga do Almir e sou do Zeca. A gente fazia pagode lá em casa e também subia uns morros. Era cervejinha e farra. É muita história!
Sua geração usou drogas como caminho para a inspiração artística. Como foi a sua relação com elas?
Entrava, provava, apreciava e saía. Na minha geração era tudo aberto para isso. As festas eram munidas disso. Eu era menina matuta do Nordeste, ficava com medo. Inspirava por um lado, mas nunca criei dependência. O barato é que a gente passou por essas coisas, tiramos o melhor que ofereciam e podemos dizer que não é bom.
Namorou muito?
Muito! Sempre fui namoradeira. Namorei tanto que, agora, estou dando um tempo de homem. Quando a gente descobre que somos sós, temos que exercer a liberdade sem interferências. Está sendo positivo esse tempo sozinha. Tem uns oito anos que estou sem namorar. Aprofundei minha espiritualidade, viajei o mundo, canalizei minha energia para a família, os amigos.
Sente falta de sexo?
Não necessariamente. Tenho umas histórias vez por outra, mas nada sério. Se acontecer alguém bacana, vou experimentar. Não estou fechada, ainda não estou santa, não (risos). Chega uma hora que isso acalma. Não falta desejo, mas passa. Não tem sofrimento, existe uma escolha. Determinei isso. O mesmo é com a sexualidade. Até minha vontade dizer: "Chega, quero dar uns beijos, agarrar". No verão, aproveito para dar umas beliscadinhas.
Vai fazer 70 anos em 2021. Está tranquila com a idade?
Não encuco porque me sinto jovem. Minhas horas de conexão me trazem paz de espírito para envelhecer. Se não tiver sabedoria para encarar que vou fazer 70 anos, morro de tédio, raiva, tristeza, desespero. Tenho que ter serenidade para não vestir a carapuça de que sou velha. Faço tudo. Corro diariamente, na areia fofa, tenho um corpo legal, saúde boa, um espírito bacana, então, tá bom.
Faria plástica? Como cuida do cabelo, sua marca registrada?
Fiz plástica 30 anos atrás. Há dois anos, tirei todos os produtos do meu rosto. Foi ótimo! Estava com a cara diferente, não gostava do que via. Meu cabelo é cheio. Às vezes, boto mega (hair) para encher mais. Tenho rugas, minha bunda caiu (cantarola no ritmo da canção "Meu mundo caiu", de Maysa). Mas é um processo natural, não vou brigar com a idade. Entendo a vida como passageira, aqui não é o final. Não vou desaparecer no universo, só mudar para o outro lado do caminho.
Você falou em arrependimentos pessoais. Agora, cada vez mais católica, pensa diferente de anos atrás. Se arrepende de ter feito um aborto, aos 22 anos?
Profundamente. Talvez seja o espinho que mais fira o meu coração. Uma experiência que não desejo para ninguém. Você pode achar que é uma solução, mas mais adiante cai uma ficha bem pesada.
A fé te ajudou a superar o câncer que teve em 2010?
Foi aí que parei meu último relacionamento. Vivi uma história confusa, carnal até a última gota. E veio o câncer de mama. Parecia que alguém tinha me dado um beliscão, dizendo "se endireite, mude". Um "preste atenção" de Deus. Era maligno. Não precisei fazer quimioterapia. Operei, refiz um pedaço da mama e virei a página. A fé me ajudou muito. Agradeci por ter oportunidade de crescer. Enquanto médicos discutiam medicação pesada, eu pensava na minha transformação. Sei que abri minha a guarda para um câncer. Pensei: "vou curar", e curei. Resolvi que, se acontecer um romance, vai ter que ser com respeito e serenidade, porque não quero ter outros cânceres, entende?
Entendo. É verdade que já viu Nossa Senhora?
É difícil explicar. Vou contar melhor em um livro sobre as experiências místicas que Nossa Senhora me deu. Não posso dizer "sou uma vidente que vê Nossa Senhora". Cada pessoa tem um encontro com Deus, quando quer e busca. Busquei tanto, que tive meu encontro pessoal com Deus através dela. Mas foi diferente. Há uns 20 anos. No livro, vou misturar biografia e o que vivenciei com o céu. Vamos ver como vou contar, porque hoje julgam tanto... Estão com o dedo apontado para o outro. Não sei se conseguirei falar tudo, mas vou tentar dizer às pessoas que Deus existe e é bom.
O Globo quarta, 23 de setembro de 2020
CLAUDIA RAIA RELEMBRA SASSARICANDO E TORRE DE BABEL
Claudia Raia relembra 'Sassaricando' e 'Torre de Babel'
THAYNÁ RODRIGUES
Claudia Raia está no ar na reprise de 'Sassaricando' e escalada para 'Além da ilusão' (Foto: Reprodução)
Claudia Raia, no ar nas reprises de "Sassaricando" (no Viva) e "Torre de Babel" (no Globoplay), tem se divertido ao assistir às novelas com a família. Na trama de Silvio de Abreu de 1987, a atriz trabalhava com Alexandre Frota e com Edson Celulari, seus ex-maridos. Durante um bate-papo por telefone, a própria atriz recupera a lembrança curiosa:
— Aparecer nessa novela com meus dois ex-maridos. Olha que loucura! Edson era meu irmão em 'Sassaricando' (veja abaixo como está o elenco atualmente). Na época, eu era casada com Alexandre na vida real. É interessante, hoje, depois de 30 anos, assistir. E meus filhos acham o máximo ver o pai também. Outro dia, a gente ligou a TV em 'Torre de Babel'. Mostrei para o Enzo o capítulo em que aparecia o tempo inteiro com o Edson. Eles gostam muito — conta a atriz, atualmente escalada para "Além da ilusão", trama das 18h em que viverá a mãe de Larissa Manoela e fará um triângulo com Dan Stulbach e Thiago Lacerda.
Além de se interessar pela vida de Claudia Raia e Edson Celulari, o público também tem muita curiosidade sobre seus filhos, Enzo, de 23 anos, e Sofia, de 17. Uma rápida olhada nas redes sociais da atriz é suficiente para ver centenas de meninas se candidatando a noras:
— Eu me divirto. É legal ver alguém falar bem dos seus filhos, achar seu filho gato, elogiar sua filha. É bacana. Lógico que eles adoram também. A gente se diverte com esses comentários, morre de rir. Mas eles vivem uma outra realidade, querem coisas diferentes dos pais. Enzo está num caminho muito bonito com o Terceiro Setor, faz muito pelas pessoas. Sofia vai cursar Comunicação, é uma menina criativa, tem muitas ideias interessantes. Eles estão tomando o rumo deles, fazendo a história deles.
Dando continuidade à sua própria história, Claudia Raia vem comandando lives no IGTV sobre maturidade. A atriz, que comemora 35 anos de carreira em 2020 e lançará um livro, também tem planos de comandar uma atração na TV — há um projeto no papel e conversas com o GNT:
— Eu não pararia de atuar, mas tenho muita facilidade para fazer um programa ao vivo.
Claudia Raia e Enzo Celulari (Foto: Reprodução)
Claudia Raia e os filhos, Sofia e Enzo Celulari (Foto: Reprodução)
Veja como está o elenco de "Sassaricando":
'Sassaricando' sucederá a 'Brega & chique' no Viva a partir de 8 de setembro. Tancinha, personagem de Claudia Raia, fez grande sucesso. A atriz voltará ao ar este ano em 'Além da ilusão', de Alessandra Poggi Geraldo Modesto e Reginaldo Teixeira/TV Globo
O Globo terça, 22 de setembro de 2020
IGOR RICKLI FALA DAS CRÍTICAS QUE RECEBEU EM FLOR DO CARIBE E DO CASAMENTO COM EX-ROUGE
Igor Rickli fala das críticas que recebeu em 'Flor do Caribe' e do casamento com ex-Rouge
GABRIEL MENEZES
Igor Rickli (Foto: Reprodução/Instagram)
De volta ao ar na Globo em "Flor do Caribe", Igor Ricki sente-se orgulhoso ao rever o trabalho, que marcou sua estreia na televisão. Na época, ele chegou a receber críticas negativas por conta da atuação, mas diz que isso foi fundamental para a carreira:
- Eu era um estreante e cheguei logo fazendo um antagonista. Tive que dar a minha cara a tapa. Sinto muito orgulho de mim mesmo por ter seguido em frente, não ter desistido. Tudo, inclusive as críticas, ajudou muito na minha transformação como ator. Ganhei bastante experiência.
Ele conta que logo no início das gravações ficou maravilhado por dividir o set com atores já conhecidos, como Henri Castelli e Grazi Massafera:
- Fomos juntos para Natal (RN) e para a Guatemala. Foi incrível. Eram pessoas às quais eu assistia na televisão e que, de repente, estavam trabalhando como meus colegas. Não só eles, mas muita gente do elenco e da produção tornaram-se grandes amigos meus.
Atualmente, Rickli está escalado para "Gênesis", da Record. Ele chegou a viajar para o Marrocos para as gravações, que acabaram interrompidas por conta da pandemia. Pouco tempo após o retorno, o ator foi diagnosticado com a Covid-19:
- Eu perdi o olfato e o paladar. Acabei passando dois dias de cama. Foi muito ruim, mas acho que, diante do cenário atual, foi sorte não ter maiores complicações. Lá em casa, só eu peguei.
O ator é casado desde 2015 com a cantora Aline Wirley, ex-integrante do grupo Rouge. Eles são pais de Antonio, de 5 anos. Nas redes sociais, os dois costumam postar fotos juntos e recebem elogios:
- As pessoas idealizam o nosso relacionamento, mas ele não é perfeito. Eu descrevo como uma relação madura e intensa. Somos grandes parceiros, mas temos os nossos problemas normais, e esse período de quarentena não é fácil para ninguém. Não tem ser humano que aguente viver junto 24 horas por dia. Estamos ansiosos para poder voltar ao trabalho.
Rickli ressalta que a convivência com a mulher, que é negra, fez com que ele aprendesse muito sobre a desigualdade racial:
- Como homem branco, muitas vezes posso achar que está tudo bem. Mas não está. Estamos passando por um processo de evolução, mas precisamos avançar bastante ainda. E, como o assunto está mais em evidência, é natural que toda a sujeira ainda existente também esteja. De qualquer forma, estou feliz porque as pessoas estão discutindo o racismo. É essencial avançar e tornar a sociedade mais justa.
Igor Rickli com a mulher e o filho (Foto: Reprodução/Instagram)
O Globo segunda, 21 de setembro de 2020
GIULIA GAM LEMBRA BASTIDORES DE MULHERES APAIXONADAS, E MAIS
Giulia Gam lembra bastidores de 'Mulheres apaixonadas', fala sobre depressão e comenta relação com o filho, Theo Bial
ANNA LUIZA SANTIAGO
Giulia Gam com o filho, Theo Bial (Foto: Arquivo pessoal)
Depois de um período navegando por mares turbulentos, Giulia Gam encontrou sua zona de calmaria. Diagnosticada com depressão, a atriz precisou alterar rotas e fazer um mergulho em busca de autoconhecimento. Agora, emerge com fôlego renovado, embalada pelo apoio do filho, o músico Theo Bial, de 22 anos, fruto do casamento com o apresentador Pedro Bial:
- Eu tive uma depressão muito profunda. Achei melhor me recolher. Não tinha segurança para aceitar um trabalho e eventualmente não conseguir levar a cabo. Às vezes é difícil perceber, diagnosticar... Acabei me afastando. Quando fui fazer 'Novo Mundo' (2017), não consegui gravar num dia. Isso nunca tinha acontecido na minha vida. Fiquei muito assustada. Era um papel maravilhoso, a Carlota Joaquina. Eu tenho que saber lidar com isso para poder trabalhar. Agora, já estou mais segura, tendo mais perspectiva. Acho que estou sabendo elaborar melhor o que aconteceu. Me sinto mais estruturada, com terapia, medicação, essas coisas todas. É a primeira vez que falo da depressão. Sempre falaram por mim. Estou bem, me voltando ao máximo para os amigos e para a família. Fui recentemente para um sítio em Cotia (em São Paulo) para um piquenique bem reduzido com familiares. Foi bem importante. O Theo fica feliz porque estou bem.
Giulia, de 53 anos, explica que vários fatores desencadearam o processo:
- Senti muita ansiedade e fiquei insegura. Os 50 e poucos são um momento de questionamentos também. E eu vinha do estresse de fazer duas novelas seguidas ('Sangue bom' e 'Boogie oogie'). Foi um conjunto. Não sei dizer exatamente o quê. Agora, pequenas coisas que eu já não conseguia apreciar voltam a ter um valor incrível. Acho que o que as pessoas viveram na pandemia talvez tenha a ver com o que vivi antes: a instabilidade, a insegurança, o medo.
Em outubro do ano passado, foi noticiado que Giulia estaria internada numa clínica para tratar o problema. A repercussão chegou até a atriz, que optou pelo silêncio:
- Eu estava ensaiando, fazendo uma peça ('Os sete afluentes do Rio Ota') em São Paulo com a Monique (Gardenberg), que foi superacolhedora e me encorajou pra caramba. Eu pensei: 'Respondo ou não?'. Preferi deixar passar. Sei que tem a curiosidade, mas achei melhor ficar quieta. Apesar de que não acho que se deve estigmatizar, pela minha experiência, o tratamento psiquiátrico. Mas não me sinto preparada neste momento para levantar uma bandeira. Ainda não tenho tanta autoridade assim para falar mais profundamente sobre o assunto.
A nova fase de Giulia Gam é testemunhada pelo bairro carioca do Leblon, aquele mesmo que serviu de cenário para "Mulheres apaixonadas", uma das novelas mais importantes da carreira dela e atualmente sucesso de audiência no Viva. É lá que a atriz está morando com o filho:
- Theo ia fazer uma viagem para Los Angeles em março, para estudar música. Mas, com a pandemia, ele não foi. Eu estava de mudança para São Paulo. Achei que não tinha sentido ficar lá, longe dele. Então, aluguei um apartamento no Leblon. Está sendo uma delícia ficarmos juntos. A gente assiste à novela, dá risada. Ele, que não via tanta coisa de TV aberta, está superenvolvido.
Na trama, Giulia interpretou Heloísa, que tinha ciúmes excessivos do marido, Sérgio (Marcello Antony). Ao longo da história, a personagem passou a frequentar o grupo Mulheres que Amam Demais Anônimas (MADA). A atriz inclusive foi a diversas reuniões:
- Pensei que a entrada de uma atriz poderia gerar uma curiosidade naquelas pessoas. Não queria ser espionada. A ideia era ser anônima lá. Eu disse a elas: 'Tenho dores profundas como as de vocês, mas não de ciúme excessivo. Queria ver vocês e fazer um trabalho que retrate o mais próximo possível da realidade'. Logo esqueceram de mim. E aí eu participava das reuniões, era muito bacana. Ricardo Waddington (diretor geral) e Manoel Carlos (autor) não podiam ir, eram só mulheres. Então, eu dizia o que estava certo. Lembro que o Ary Coslov era o diretor e ia ter uma cena da Heloísa expulsa do MADA. Eu falei: 'Isso não acontece, ninguém é expulso do grupo'. Parei a gravação. E o Ary: 'Ai, meu Deus, o que eu faço? Ela não vai gravar'. Ele foi falar com Ricardo e com o Manoel, que mudou a cena. Fiquei feliz de representar o MADA. Foi muito impressionante.
Giulia relembra uma cena emblemática da trama, em que Heloísa teve um surto:
- Chamaram um psiquiatra para ver se eu estava fazendo direitinho. Eu ouvi tudo o que ele disse e pensei: 'Seja o que Deus quiser. Vou tentar fazer uma coisa aqui meio estranha, meio fora do ar'. Puxei alguma emoção minha que veio na hora, não sei, e fiz. Ele ficou impressionadíssimo. Achou que eu realmente estava tendo um surto. Quis ficar comigo e me levar para casa. Perguntou como eu consegui fazer aquilo tão real. Eu respondi: 'Isso é atuação. É nosso trabalho tentar parecer o mais convincente possível, tentar parecer fácil e natural'. Essa cena foi bem forte. Foi uma coisa de instinto. Fui ouvindo e, na hora, segui pela intuição.
Animada para embarcar em outras histórias tão instigantes quanto a da novela, a atriz já prepara seu retorno. Ela foi escalada para a série "Mal secreto", do Globoplay. Será uma criminosa que terá a sanidade mental avaliada pelo psiquitatra forense vivido por Sergio Guizé. As atenções de Giulia se voltam também para o cinema. Ela acaba de rodar "Distrito 666", do diretor Paulo Nascimento:
- A história se passa em 2046. É como se o vírus continuasse aqui. Então, tem toda uma geração de 26 anos que não conheceu o mundo normal, podendo sair, abraçar, beijar, respirar sem máscara. Eu faço uma cientista que trabalhava na busca pela vacina e foi aposentada compulsoriamente. Ela fica muito amiga de um jovem de 26 anos e tenta passar sua experiência de vida para ele.
Por falar em futuro em tempos de pandemia, a atriz avista o horizonte com esperança:
- Quero voltar a trabalhar com segurança, para mim e para os outros. Esse é o maior sonho, a maior vontade.
O Globo domingo, 20 de setembro de 2020
NA LAPÔNIA, PAPAI NOEL SE PREPARA PARA UM NATAL SOLITÁRIO EM 2020
Na Lapônia, Papai Noel se prepara para um Natal solitário em 2020
Operadores de turismo do norte da Finlândia, endereço 'oficial' do Bom Velhinho, temem impactos negativos da pandemia no inverno
O Globo, com agências
19/09/2020 - 04:30
Milhares de visitantes de todo mundo migram para a Lapônia finlandesa a cada inverno para desfrutarem de passeios de trenó e ver a "verdadeira" casa do Papai Noel. Este ano, porém, a Covid-19 pode colocar em risco o turismo, motor econômico da região.
— Atualmente, estamos registrando entre uma e duas reservas por semana e, na maioria das vezes, apenas reembolsamos — disse, à agência de notícias AFP, Sini Jin, responsável pela agência Nordic Unique Travels.
Sini, que oferece a visitantes, majoritariamente europeus e asiáticos, expedições e outras excursões pela vasta tundra finlandesa, teme a falência caso não receba mais clientes depois de dezembro. Normalmente, emprega cerca de 80 pessoas em plena temporada, procedentes de diferentes partes do globo. Em 2020, porém, recrutará apenas "dois ou três" trabalhadores sazonais.
Embora Sini Jin tenha recebido ajuda urgente do governo, que anunciou na primavera (outono no Brasil) um pacote de mais de um bilhão de euros para ajudar as empresas, não será suficiente para compensar a falta de turistas, estima.
— Tudo pelo que trabalhamos vai desaparecer rapidamente — lamentou ela. Um sentimento compartilhado por outros fornecedores da região, onde o setor de turismo gera dez mil empregos e um bilhão de euros em receitas por ano.
Sem seus visitantes estrangeiros neste inverno, 60% das empresas de turismo temem uma perda de pelo menos metade de seu faturamento, e até 75% delas poderão demitir funcionários, de acordo com uma pesquisa da agência finlandesa de turismo da Lapônia.
— Não temos esperança de obter reservas significativas — antecipa Kaj Erkkila, que dirige uma empresa familiar de dez pessoas e que conta com mais de cem huskies siberianos.
Há décadas, Kaj Erkkila leva turistas em trenós puxados por cães pelas florestas da Lapônia.
— Se a receita deste inverno for baixa, é possível que a gente também não consiga trabalhar para a temporada 2021/2022, pois cuidar dos cães é muito caro — explica.
'Grande decepção'
Segundo Nina Forsell, responsável pela associação dos provedores de turismo, a situação é crítica para várias empresas da região:
— Se falirem neste inverno, vão precisar de muito tempo para se levantarem — prevê.
Na esperança de relançar o turismo na Lapônia, a Finlândia anunciou na sexta-feira que vai flexibilizar algumas das medidas em vigor para conter o novo coronavírus, permitindo que turistas europeus viajem ao país por até três dias. Autoconfinamento e teste de detecção serão obrigatórios.
O governo também autorizou a entrada irrestrita de viajantes de países com menos de 25 novos casos por cem mil habitantes
O Globo sábado, 19 de setembro de 2020
DORA MORELENBAUM LANÇA SUA PRIMEIRA MÚSICA COMPOSTA POR TOM VELOSO
Aos 24 anos, Dora Morelenbaum lança sua primeira música, composta com Tom Veloso
Filha do violoncelista e arranjador Jaques Morelenbaum e da cantora Paula Morelenbaum, ela se inspira nos mestres da música brasileira
O Globo
19/09/2020 - 04:30
Dora Morelenbaum lembra bem do dia em que se sentiu invadida por uma emoção inexplicável, que a virou de ponta a cabeça quando tinha apenas 12 anos. “Foi quando eu ouvi a gravação dos meus pais da canção ‘Por toda minha vida’, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Chorei copiosamente, bateu algo muito forte”, conta. Filha do violoncelista e arranjador Jaques Morelenbaum e da cantora Paula Morelenbaum, ela esteve desde sempre imersa na genialidade de Tom Jobim — na década de 1980, seus pais fizeram parte da Banda Nova e acompanharam o maestro por dez anos. “Cresci com essa referência musical e também com as de Caetano Veloso, Gilberto Gil e Sakamoto (Ryuichi Sakamoto, músico japonês). Quando era pequena, sofria por não ter tido a oportunidade de conhecer o Tom.”
Aos 24 anos, a carioca dona de uma voz aveludada lança digitalmente, no dia 15 de outubro, a música “Dó a dó”, de sua autoria e de Tom Veloso. “Essa composição, que ganhou grandiosidade com o arranjo de cordas assinado pelo meu pai, tem a ver com a minha história, devido à sua estrutura melódica e harmônica”, explica. “Faz parte do meu primeiro EP, ‘Vento de beirada’, que será apresentado em janeiro.” Trabalhar com o pai foi consequência natural. “O escritório dele fica do lado do meu quarto. Ele ficou criando e eu, escutando. Meu pai diz que sou a única pessoa que dá palpites nos seus arranjos, que nem o Caetano pede mudanças”, brinca Dora, que teria feito o lançamento em maio. “Gravei no fim do ano passado, mas aí veio a pandemia. Em ‘Dó a dó’, cantei com uma orquestra de 20 músicos. Foi uma honra gigantesca”, afirma.“Fiquei profundamente feliz por Dora ter me pedido um arranjo para esta canção, que me toca especialmente”, retribui Jaques. “Dorinha vai ser um grande nome na música brasileira. Ela é muito boa como cantora e compositora”, aplaude Tom Veloso.
A decisão de se tornar cantora profissional ficou evidente depois de alguns poucos períodos na faculdade de Arquitetura. “Queria conhecer outro mundo. Mas quando começou a fase de estágio, tranquei, não queria trabalhar com aquilo”, relata. Na sequência, resolveu cursar Música Popular Brasileira — Arranjo Musical, na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), mas ainda não se formou. “Faço muito devagarzinho”, explica. Antes disso, no ensino médio, encontrou na escola sua turma musical. Lá, conheceu Lucas Nunes, com quem namora há quatro anos, Zé Ibarra e se aproximou de Tom Veloso — os três músicos integram a banda Dônica. “Eu me formei muito de ouvido com os meus amigos”, ressalta. A cantora, que toca violão e piano, chegou a morar com alguns deles (Lucas e Zé, além de Julia Mestre e João Gil), em julho, formando uma espécie de república musical em plena pandemia. Os cinco, inclusive, fizeram participações elogiadas na live mais badalada da quarentena, as da cantora Teresa Cristina. “Foi interessante”, diz Dora. “Mas não sou muito de redes sociais, acho um mundo doido.”
Apesar da vocação estar presente desde cedo, em 2018 ela se deu conta da importância de valorizar sua porção compositora. “Coloquei as minhas canções na roda. É desafiador por ser íntimo, me critico o tempo inteiro”, admite. Enquanto sonha com a vacina para poder soltar a voz em shows, planeja uma live para marcar o lançamento de “Dó a dó”. “A produção tem que sair por algum lado.”
O Globo sexta, 18 de setembro de 2020
DESGASTE E IMPOTÊNCIA: COMO O FLAMENGO SOFREU A MAIOR GOLEADA DE SUA HISTÓRIA NA LIBERTADORES
Desgaste e impotência: como o Flamengo sofreu a maior goleada de sua história na Libertadores
Altitude de Quito está longe de ser a única explicação para a derrota por 5 a 0 para o Independiente del Valle
Carlos Eduardo Mansur
18/09/2020 - 05:00 / Atualizado em 18/09/2020 - 07:45
Toda avaliação de um jogo na altitude deve ponderar o efeito físico de um confronto entre um time adaptado e outro não. Mas não é possível analisar uma partida que não ocorreu, é impossível dizer como seria o Flamengo x Del Valle ao nível do mar. É possível, sim, constatar que a diferença foi brutalmente maior do que a concebível caso os 2.750m de Quito fossem os únicos problemas do Flamengo. Um 5 a 0 como o desta quinta — maior derrota do clube na história da Libertadores — não se constrói por uma única razão.
O ar rarefeito não ajudou. Mas o plano de jogo para lidar com o tema jamais funcionou, o rubro-negro foi amplamente superado na parte tática e técnica. E a partir do segundo tempo, exibiu uma assustadora mistura de desgaste e impotência, animicamente derrotado.
O pior é que resultados tão escandalosos deixam marcas. Domènec Torrent já assumira a mais ingrata das missões: substituir um técnico que fez história. Era ingênuo imaginar que a transição para uma cultura de jogo tão diferente não teria atropelos. Talvez não se imaginasse tamanho trauma no caminho. Se era preciso um momento de ruptura, simbolicamente definitivo para mostrar que uma era terminou e um novo time precisa ser construído sobre novos pilares, novas ideias, talvez o jogo de ontem seja este marco. Mas o Flamengo vai precisar passar por um teste de convicções, reafirmar a crença no modelo de jogo que diz ter escolhido meticulosamente em seu processo seletivo. O novo técnico teve pouquíssimo tempo, mas a expectativa é por sinais mais consistentes de evolução.
Num jogo na altitude, é importante tentar entender a ideia concebida para minimizar a vantagem dos donos da casa. E o plano de Torrent passou longe de funcionar. A escalação com cinco homens com características de meias junto a Gabigol, sem um atacante incisivo, veloz, sugeria que o Flamengo pretendia se agrupar e “descansar” com a bola, evitar correr atrás do ótimo Del Valle. Jamais o fez
Primeiro, porque o Flamengo nunca soube superar a pressão ofensiva dos equatorianos. E nos raros momentos em que conseguia se organizar para atacar, o time excessivamente espaçado não tinha toques curtos, tampouco esticadas em velocidade, porque as características dos jogadores, com Everton Ribeiro e Arrascaeta partindo dos lados, não permitia. O Flamengo era inofensivo.
Mais grave era o quadro quando o Del Valle tentava sair jogando, sua especialidade. O Flamengo não buscava sufocar atrás de um bote rápido, mas adiantava meias e atacantes tentando cortar linhas de passe. Gabigol tentava bloquear o volante Pellerano, que se colocava entre os zagueiros equatorianos para a saída de bola. Quando dava o passe lateral para um dos zagueiros, Gerson ou Diego, que foram dois meias no 4-3-3 do Flamengo, adiantava-se para a pressão. Neste momento ocorria ou uma esticada em diagonal para as pontas ou um passe no buraco gerado às costas do meia rubro-negro que se projetava. Um estrago. Arão ficava sozinho contra os meias Moisés Caicedo ou Faravelli. E, para piorar, os laterais Preciado ou Beder Caicedo atacavam em diagonal pelo meio.
Ainda assim, o Del Valle demorou a ter chances claras, mas dominava. Aos 40 minutos, Beder Caicedo surgiu naquele buraco do meio-campo e iniciou a bonita trama do gol de Moisés Caicedo.
Dome voltou do intervalo com Bruno Henrique na vaga de Diego. Talvez o plano fosse cadenciar no primeiro tempo e ser mais veloz no segundo. Passou a um 4-2-3-1 com Arrascaeta como meia central e Bruno Henrique na esquerda. O Flamengo até fez um bom lance ofensivo com Isla e Gabigol teve a chance do empate. Mas nunca se saberá se era um sinal de melhora, porque uma bola perdida resultou em contragolpe e gol do lateral Preciado, outra vez pelo meio: 2 a 0
O cenário exibia um Flamengo batido, cujas ideias não combinavam com a postura. Até se posicionava para marcar a saída de bola, mas sem agredir. O Del Valle trocava passes e via um latifúndio se abrir. Eram 13 minutos quando Torres ampliou.
Para o futuro, resta entender se era só cansaço ou desorientação diante de uma forma de jogar nova. Porque a introdução de um trabalho novo após tantas vitórias exige crença dos comandados. E o Flamengo perdeu a capacidade de competir, parecia abatido mesmo após cinco substituições.
Uma imagem do descalabro foi a forma como Rodrigo Caio foi facilmente batido em outro contragolpe, desta vez definido pelo toque de letra de Sanchez. Já era um passeio, finalizado com outra jogada do lateral Beder Caicedo, autor do quinto gol.
O Globo quinta, 17 de setembro de 2020
FLÁVIA ALESSANDRA FALA DA VOLTA A TRABALHO E DA RELAÇÃO COM AS FILHAS
Flávia Alessandra fala da volta ao trabalho e da relação com as filhas
ANNA LUIZA SANTIAGO
Flávia Alessandra (Foto: Arquivo pessoal)
Máscara, álcool em gel e leitura de textos apenas nas telas de tablets. Todas essas normas de prevenção contra o coronavírus agora são partes indissociáveis da rotina de Flávia Alessandra e do elenco de "Salve-se quem puder". A atriz voltou a gravar como Helena e conta como é o dia a dia nos Estúdios Globo em meio à pandemia:
- Os protocolos estão certeiros e são necessários para a gente conseguir realizar uma obra como é uma novela, que tem tapa, aproximação, carinho, aperto de mão, abraço e beijo. Se não fosse dessa forma, a gente não conseguiria retomar o trabalho. Eu diria que têm sido desafiadores os novos métodos. Principalmente quando a cena exige emoção, proximidade. Uma sequência que duraria uma hora, mesmo repetindo e refazendo, agora leva duas, duas e meia, porque são ângulos e situações diferentes. Tem que tirar e botar a máscara. O maior desafio é se manter concentrada pelo longo período que uma cena pode levar. Ao mesmo tempo, é um luxo fazer cinema, com uma velocidade menor, dentro da TV.
Recentemente, o elenco foi surpreendido pela notícia do teste positivo de Rodrigo Simas, que entrou para a trama como o mexicano Alejandro. Flávia não grava diretamente com o ator, mas diz que o fato de ele precisar se afastar dos trabalhos gera "um efeito cascata" nos roteiros. Segundo ela, já houve alterações.
- Acaba não sendo desesperador porque, como a gente recebeu capítulos muito antes, acabou lendo tudo previamente. Se muda algo aqui ou ali, não é um drama, porque as cenas já estão estudadas - explica a atriz, que tem buscado o equilíbrio quando o assunto é Covid. - Não estou neurótica nem tranquila. A gente está tentando achar o caminho mais consciente. Tudo tem que ser feito com cautela. Eu acho que é viver dia após dia.
No retorno da novela, no início do ano que vem, Helena verá Mário (Murilo Rosa), que acredita estar morto, no Empório Delícia. De acordo com a atriz, a personagem ficará muito abalada:
- Já até gravei a continuação dessa cena, quando ela chega em casa baratinada e fala com Hugo (Leopoldo Pacheco). Ele diz que ela está louca.
Além dos compromissos na Globo, Flávia se dedica a projetos sociais junto com o marido, Otaviano Costa. Ela também aproveita o período de isolamento para operar mudanças na decoração da casa, na Zona Oeste do Rio, e estreitar ainda mais os laços com as filhas, Giulia, de 20 anos, e Olívia, de 9.
- Sempre fomos todos muito próximos, independentemente do corre-corre, da loucura da nossa vida. De algumas premissas eu não abro mão. A gente janta na mesa todo dia, cada um conta um pouco do que aconteceu. Mas claro que nunca vivi de forma tão intensa a casa e as minhas filhas como agora. Acho inclusive que a Giulia não aguenta mais a gente (risos). Ela está com 20 anos, fazendo faculdade, com carteira de motorista, com carro, podendo começar a voar. Para ela é mais difícil do que para a Olívia, que ama ficar colada na gente. É lógico que ela também está com saudade da vida, dos amigos e da escola, mas são visões de mundo diferentes - diz Flávia, que conta como é ser mãe de uma adolescente. - A gente sempre teve um canal de confiança e troca. Até onde sei, ela me conta tudo. As amigas contam também. Eu sou uma boa confidente.
Ela afirma que, na quarentena, a família ficou atenta aos excessos na alimentação:
- Só o Fabio Porchat conseguiu emagrecer, todo mundo engordou. É normal. Faz parte dessa montanha-russa de emoções que estamos vivendo. Aqui em casa, um pega no pé do outro. É o nosso combinado. Não tem problema, não. Com a minha idade, sobremesa é gelatina. Giulia fala para mim: "Mãe, isso é um meme. Gelatina não pode ser sobremesa". E eu respondo: "Calma, depois que você passar dos 40, vai entender". Mas o principal é a gente sair dessa com a mente sã.
Por falar em boa forma, Flávia retomou sua rotina de exercícios na academia e tem virado notícia constantemente ao ser clicada por paparazzi indo malhar. Ela opina, bem-humorada:
- Virar notícia eu atravessar a rua para ir malhar? Eu falo: "Não é possível". Devia começar a sair a notícia: "Flávia não foi hoje". Fico indignada dessa minha notícia sair diariamente.
Flávia Alessandra com o marido, Otaviano Costa, e as filhas, Giulia e Olívia
(Foto: Reprodução)
O Globo quarta, 16 de setembro de 2020
MAYA GABEIRA, A MAIOR SURFISTA DO MOMENTO, FALA SOBRE SAUDADE DO BRASIL
Após recorde, Maya Gabeira fala sobre saudade do Brasil: 'Quero poder tomar açaí e pegar onda na água quente'
Recordista mundial com a maior onda surfada por uma mulher, carioca também falou sobre a ansiedade durante isolamento: 'Descontei na comida'
Talita Duvanel
16/09/2020 - 04:30 / Atualizado em 16/09/2020 - 09:54
A maior surfista do momento tem nome e sobrenome brasileiro: Maya Gabeira. E tem recorde atrás de recorde no currículo. Na semana passada, a Liga Mundial de Surfe (WSL) anunciou que a carioca, de 33 anos, bateu o próprio recorde de maior onda já surfada por uma mulher na história com a nova marca de 22,4 metros - a anterior era de 20,72m.
Na mesma semana, Maya conquistou outro feito, dessa vez no mundo fashion: foi anunciada como embaixadora da TAG Heuer. O único esportista brasileiro a ocupar oposto na marca de relógios foi Ayrton Senna.
Depois de meses e meses sem treinar e demuita ansiedade, o momento agora é de comemoração por todos os feitos. Em entrevista para a Revista Ela, ela relembra do dia da onda gigante, fala como a pandemia afetou seu psicológico, o que ainda quer conquistar e como é o trabalho como "modelo aquática".
Você acaba de quebrar seu próprio recorde, com uma onda surfada em fevereiro. Qual foi a sensação no momento?
Aquela onda foi realmente muito especial, porque o barulho que eu escutei quando cheguei na base da onda (e ela quebrou atrás de mim) foi algo que eu nunca tinha experienciado. Foi muito forte. Aquilo me deu uma sensação de que ela realmente era a maior que eu já tinha surfado. É o que eu mais lembro: o barulho, a explosão e a intensidade da onda que quebrou atrás de mim.
Do que você sente ainda sente falta na carreira?
Na verdade, não sinto falta de nada. Quero continuar sempre evoluindo, mas esse recorde não era algo que eu estava buscando. O meu foco nesse ano foi realmente a competição, que foi no dia em que o recorde aconteceu. Eu queria competir bem. Eu era a única dupla mista no campeonato, fui a única mulher competindo no masculino profissional pela primeira vez no esporte. Esse era o meu foco: surfar bem, pilotar bem meu parceiro, que é o Sebastian Steudtner, e fazer uma boa apresentação. Isso acabou elevando a minha performance e me trouxe esse novo recorde.
Com a quarentena por causa da pandemia de Covid-19, quanto tempo ficou fora do mar e como isso impactou seu desempenho físico?
Eu passei todo o período da quarentena em Portugal. No começo, ficamos um tempo sem surfar por causa das restrições. Acabei engordando um pouco também, até pela ansiedade. Os meus treinos foram bem afetados. Depois de uns dois, três meses comecei a me readaptar à nova rotina e puder surfar de novo. Voltei a treinar superforte faz dois meses para a temporada de ondas grandes. Tive uma queda de performance na quarentena, mas agora já consegui dar uma boa recuperada.
As incertezas da pandemia, em algum momento, te levaram a pensamentos de medo, ansiedade, depressão?
Ah, com certeza! A pandemia mexeu bastante comigo, principalmente no começo. Tudo era muito novo, e tivemos que lidar com o desconhecido e com o que ia acontecer no futuro. Acho que agora já estamos em outro momento, ainda em uma pandemia, mas realmente aquele começo foi mais tenso. A quarentena foi difícil, não é uma condição de vida a que estamos acostumados. Fiquei bastante ansiosa, e eu já tenho questões com a ansiedade, faço um tratamento e lido com isso. Acabou piorando, claro, e eu descontei bastante na comida. Essa foi uma das razões de eu ter engordado. Mas, depois eu consegui me readaptar e entender o momento, levando de forma mais tranquila esse “novo normal”.
Como você acha que esse evento vai impactar o surfe, de um modo geral?
Já impactou. Um exemplo são as Olimpíadas. Ia ser a primeira vez do esporte no evento e isso foi adiado. Também há um impacto enorme pelo fato de ser um ano em que não teremos um campeão mundial, já que não tivemos nenhuma etapa do tour. São coisas que geram um grande impacto na indústria, inclusive na parte financeira. Assim como em várias outras áreas, eu acho que ainda estamos entendendo como vai ser.
Qual sua maior saudade do Brasil no momento? Qual vai ser a primeira coisa que pretende fazer quando chegar aqui?
É a primeira vez que eu não consigo ir algumas vezes durante o ano. Estou com muitas saudades da minha família e espero poder vê-los em breve, assim que estiver tudo mais seguro. Quero poder tomar um açaí, abraçar minha família, ir para praia, pegar onda na água quente...
Antes do recorde, você foi anunciada como embaixadora da TAG Heuer, posto que tinha sido ocupado pelo Senna, o único esportista brasileiro a trabalhar com a marca de relógios. As fotos foram todas feitas no mar. Quais são as maiores dificuldades em fotografar nesse tipo de ambiente?
Para esse tipo de foto, você está trabalhando com a luz natural, então é importante estar em uma água com boa visibilidade. Para que o resultado fique bonito, tem uma preocupação com o ângulo de corpo e a forma que o fotógrafo está posicionado. É uma foto um pouco técnica, mas para mim é superprazeroso fazer isso dentro da água.
Pensar em você é pensar em surfe, mas você listaria outros talentos que pouca gente conhece?
Outros talentos, eu não sei. Mas eu tenho duas cachorras que são minhas sombras (risos), não sei se todo mundo sabe. Sou muito apegada aos animais, aos cachorros em geral - as minhas e de outras pessoas. E também sou viciada em boas séries e bons filmes.
Quais são as maiores dificuldades em fotografar uma campanha no mar?
Para esse tipo de foto, você está trabalhando com a luz natural, então é importante estar em uma água com boa visibilidade. Para que o resultado fique bonito, tem uma preocupação com o ângulo de corpo e a forma que o fotógrafo está posicionado. É uma foto um pouco técnica, mas para mim é superprazeroso fazer isso dentro da água.
O Globo terça, 15 de setembro de 2020
QUATRO DICAS ESSENCIAIS PARA QUEM VAI MALHAR DE MÁSCARA
Quatro dicas essenciais para quem vai malhar de máscara
Em tempos de pandemia, acessório é essencial para atividades físicas, principalmente em academias
O Globo
15/09/2020 - 04:30
Se você teve coragem de voltar à academia, já percebeu que hoje a máscara é item tão essencial quanto o tênis. Mas adaptar-se a ela durante o exercício não é das tarefas mais fáceis. Por isso, pedimos ajuda ao diretor técnico da rede Bodytech, Eduardo Netto, nesta adaptação.
* “Na musculação ou no exercício aeróbico, alcançar a mesma intensidade de antes da pandemia será difícil com o uso da máscara”, deixa claro Eduardo. Então, reduza o ritmo. O momento é para pensar em saúde e não em performance.
*Quando começar a sentir dificuldade em respirar por causa da barreira física, puxe o ar de forma mais lenta e não o contrário. Evite ofegar.
*“Opte por máscaras de algodão ou TNT, com camada dupla”, diz o professor. “Tipos hospitalares e N95 não são indicadas para treinar.”
*Se a atividade for de longa duração, tenha EPI (equipamento de proteção individual) de reserva. Acessórios úmidos perdem a eficácia.
O Globo segunda, 14 de setembro de 2020
VASCO VENCE BOTAFOGO EM EMOCIONANTE CLÁSSICO DO BRASILEIRÃO
Vasco vence o Botafogo em emocionante clássico pelo Brasileirão
Times se reencontram na quinta-feira, pela quarta fase da Copa do Brasil
O Globo
13/09/2020 - 22:28 / Atualizado em 13/09/2020 - 22:34
O desenho do jogo parecia favorável. Mas a chama do Botafogo se apagou por poucos instantes. Diante de um Vasco com atacantes cirúrgicos, não houve perdão. Na perspectiva do time de Paulo Autuori, o placar de 3 a 2 no animado clássico no Nilton Santos foi mais uma punição pelos erros cometidos. Ao Vasco de Ramon, um prêmio pela eficiência que leva o time ao quarto lugar no Brasileirão.
O jogo deste domingo traz uma projeção animadora em termos de emoção para o reencontro de quinta-feira, no duelo de ida da quarta fase da Copa do Brasil, novamente no Nilton Santos. A pressão por uma resposta em termos de resultado recai sobre o Botafogo, ainda na zona de rebaixamento com nove pontos.
O Botafogo começou em desvantagem por causa da falha de Marcelo Benevenuto no primeiro tempo que se tornou um presente para Ribamar. Não só por essa bobeira, mas Autuori estava tão insatisfeito com o cenário na etapa inicial que sacou, aos 41 minutos e de uma vez só, Caio Alexandre e Honda.
No segundo tempo, Autuori foi além: abdicou do esquema com três zagueiros e tirou Benevenuto para colocar Kalou. Recém-formado em administração na França, o marfinense começou a dar aula sobre como usar bem o espaço na ponta esquerda.
Antes da viagem rápida à Europa, Kalou deixou ensaiada uma dancinha com Matheus Babi. O atacante fez valer o "esforço" com o astro estrangeiro ao acertar um belo chute de fora da área.
O empate premiou o domínio do Botafogo no segundo tempo, só que o time apagou. Foram dois minutos de colapso - entre os 25 e 26 da etapa final. O descompasso foi crucial, e o Vasco aproveitou. Primeiro, Cano cabeceou e, só para não perder o costume, arrematou de primeira o rebote dado por Cavalieri. Logo em seguida, Ygor Catatau acertou um belo tapa na bola, que morreu no canto.
O Botafogo estava nas cordas, mas ainda conseguiu se reerguer para um abafa no fim. Babi diminuiu o placar e esteve muito perto de empatar. Fernando Miguel apareceu de forma espetacular para fazer a defesa mais marcante do clássico, que terminou com sorrisos e abraços no lado do Vasco e mais frustração por parte do Botafogo. De qualquer forma, o reencontro está marcado.
O Globo domingo, 13 de setembro de 2020
LAURA CARDOSO, 93 ANOS: PARAR? NUNCA!
Laura Cardoso, 93 anos: 'Parar? Nunca! Aposentadoria é um horror’
No ar em 'Flor do caribe', uma das atrizes que mais fizeram novelas na televisão brasileira lembra os desafios da transmissão ao vivo: ‘Ensaiávamos muito, porque o medo de errar era grande’
Maria Fortuna
13/09/2020 - 04:30
RIO — Assim que ouve a primeira pergunta da repórter pelo Zoom, Laura Cardoso diz: “Pode me chamar de você, que aí me acho mais novinha”. Aos 93 anos, que completa neste domingo (13), ela é uma das atrizes que mais fizeram telenovelas brasileiras. Foram mais de 60, desde a sua estreia em frente às câmeras, em 1952, no programa “Tribunal do coração”, na TV Tupi. Vinha do rádio, onde fazia radioteatro e radionovelas desde meados da década de 1940. Foi naqueles microfones, aliás, que ela treinou a voz que viria a dublar Betty Rubble de “Os Flintstones”.
Filha de um casal de portugueses, a atriz enfrentou a resistência dos pais diante da escolha pela profissão, aos 15 anos. Foi quando Laurinda de Jesus Cardoso se tornou Laura Cardoso. Era uma época em que as atrizes, assim como as prostitutas, para poderem circular à noite, eram obrigadas a portar uma carteirinha expedida pela polícia (“a principal dificuldade que enfrentei na profissão foi o preconceito, que não deveria existir contra nada nem ninguém”, diz).
Naquele tempo, ela nem imaginava que sua história profissional se cruzaria com a da dramaturgia nacional. A atriz também se consagrou no teatro e fez seu primeiro filme em 1962 (“O rei Pelé”). Mas é na telinha onde aparece praticamente anualmente, emendando um trabalho no outro. O mais recente foi em “A dona do pedaço”, em 2019, quando interpretou Matilde e teve que se afastar das gravações por conta de uma gripe. Mas dona Laura segue firme e forte:
— Parar? Nem pensar! Aposentadoria é um horror! — define a Veridiana de “Flor do Caribe”, cuja reprise está no ar na TV Globo.
Nesta entrevista, uma das maiores atrizes brasileiras de todos os tempos conta que morria de medo de errar na época da TV ao vivo.
Sua trajetória profissional se confunde com a história da TV brasileira. Pode contar um pouco sobre as transformações pelas quais viu o veículo passar?
Foram muitas, tanto humanas, quanto técnicas. Eu já era contratada da Tupi quando a TV chegou ao Brasil. De repente, tínhamos que lidar com equipes maiores e gente nova, que sabia lidar com as câmeras, novos diretores mostrando as marcações e enquadramentos. Atores tinham que aprender a dividir o espaço do cenário e não mais só o microfone, como no rádio. No rádio, cada ouvinte imaginava o personagem a sua maneira. A TV trouxe a imagem associada àquelas vozes. Tínhamos que aprender uma nova linguagem, postura, a representar para as câmeras, não havia público.
Uma mudança enriquecedora?
Muito. A TV veio escura, bruta, sem a gente saber nada. Fomos descobrindo como interpretar, o que inventar, o que jogar fora. As emoções passaram a ser divididas entre voz e expressões faciais e corporais. Mudaram os gestos, o volume da voz... tudo guiado pelo diretor. Aos poucos, aprendemos as melhores técnicas para nos comunicar com o público, que agora nos assistia e não só ouvia. Aprendemos juntos: atores, técnicos, diretores. Muita gente do rádio não conseguiu seguir carreira na TV.
A TV era ao vivo. O que acontecia quando esquecia o texto? Chegou a usar cola?
Nunca usei. Sou “miopíssima”, tudo era decoradíssimo. A gente até gozava “olha, aquele ali usa dália (expressão inspirada em um ator que colou seu texto num vaso de dálias, parte do cenário)”. Quando esquecia, a gente inventava dentro do assunto. Já éramos espertos, vinhamos do rádio, do teatro, do circo. A dália servia aos inseguros. Quem não tinha medo de parar, dava um jeito. Nunca usei ponto eletrônico. Não confiava. Só confio na minha cabeça. Hoje, somos responsáveis, sim, mas, no começo da TV, havia um medo de errar muito grande. Então, estudávamos muito o personagem. Eram horas ensaiando e, quando íamos para frente das câmeras, estávamos prontos.
A troca de roupa era outro desafio, né?
A gente aproveitava quando a câmera se afastava. Às vezes, estávamos nos trocando com a ajuda da camareira, quando a câmera vinha se aproximando. Acontecia de estarmos terminando de vestir uma meia ou abotoando uma blusa, e a câmera já estar na gente. Dava um mal-estar, mas dávamos um jeito. Ficamos craque em fazer fazendo.
Você fez a transição da TV ao vivo para a gravada. Hoje está na TV HD. Como as mudanças afetaram seu trabalho?
Para o ator, não muda nada. A gente continua representando. Não me preocupo com a câmera, se ela está mais perto, mais longe. Ela faz o dela, eu faço o meu. Cada um faz seu serviço e sai essa coisa maravilhosa que é a televisão.
Volta e meia, ouvimos que a televisão vai acabar. Por conta da internet, do streaming... Mas ela segue mais viva do que nunca. Por quê?
Porque tem a capacidade eterna de se reinventar. Também diziam que o teatro e o cinema iam acabar por causa da TV. Acaba nada! Vai se fazer de outro jeito, com outra gente. Arte não morre.
O que significa ser uma das atrizes que mais fez novelas na história da televisão brasileira?
Que tive sorte e que autores confiaram em mim. Gosto e sempre respeitei a televisão. É uma coisa sagrada para mim. O trabalho é sagrado para mim. Amo meus colegas, meu ambiente. Fui muito feliz durante minha carreira.
Pensa em aposentadoria?
Parar? Nunca! Você se aposenta e aí para tudo. Aposentadoria é um horror. Estar na ativa mantém a gente viva.
No ano passado, teve que se afastar das gravações de “A dona do pedaço” por causa de uma gripe. Como está agora?
Tudo bem, sou forte. A gente tropeça, mas levanta e anda.
Em “O outro lado do paraíso” (2018), contracenou com Fernanda Montenegro e Lima Duarte. Como é a troca entre atores que estão há quase 80 anos na profissão?
Foi muito bom. O Lima é meu parceiro na TV desde que ela começou. É sempre incrível ver Fernanda interpretando. Foi um encontro de colegas antigos, que começaram com muita dificuldade. A gente fica triste de saber que um Fernando Baleroni (pai das duas filhas da atriz, Fátima e Fernanda, e de quem ela é viúva) foi embora, um Davi Neto, um Cassiano Gabus Mendes... Começamos meninos, com 16, 17 anos. Fomos nós que inventamos os erros e os acertos.
Está no ar em “Flor do Caribe”. O que sente ao se assistir?
Gosto, mas vejo com olhar crítico. Onde errei, acertei, onde podia ter feito de outro jeito... A gente fica nervosa, preocupada com texto, gesto. Se vendo e revendo, enxerga onde pode melhorar.
Como será o seu aniversário?
Nem ligo muito para esse negócio. Deus é quem vai dizendo “anda”. E vamos andando. É bom. Ele nos dá a oportunidade de viver e ver as pessoas que amamos. Minhas Adriana e Claudia (netas), meu amado Fernando (bisneto), que é meu último amor. Digo: “olha que bom, cheguei a ter bisneto!”.
O Globo sábado, 12 de setembro de 2020
CONHEÇA AS VSCO GIRLS: MENINAS DA GERAÇÃO Z, QUE ADORAM OS ANOS 1990, MAKE LEVE E UNHAS COLORIDAS
Conheça as VSCO Girls: meninas da geração Z que adoram os anos 1990, make leve e unhas coloridas
Tiktok é a rede preferida dessa turma; na rede, há 2,9 bilhões de postagens com a hashtag #VSCOGirl
O Globo
12/09/2020 - 04:30 / Atualizado em 12/09/2020 - 07:48
Para os millennials pouco afeitos à tecnologia, VSCO é só um monte de letras. Para os mais iniciados no infinito mundo dos aplicativos, o nome de um editor de foto lançado em 2012. Mas, para as meninas da geração Z (nascida da metade dos anos 1990 até 2010), é o estilo da vez: ser uma VSCO Girl. Segundo o “Urban Dictionary”, dicionário on-line de língua inglesa que é uma espécie de Bíblia dos descolados, uma menina VSCO (pronuncia-se visco) “usa camisetas ou moletons grandes com shorts Nike. Tem Vans, Crocs, Birks e usa um colar de conchas.” O nome veio do tal editor de foto, que, inicialmente, tinha os filtros preferidos dessa meninada.
A turma ama também o TikTok (celeiro da estética, com 2,9 bilhões de postagens com a hashtag #VSCOGirl) e o Instagram, onde estão influenciadoras fortes do tema, como Emma Chamberlain (@emmachamberlain) e Lauren Riihimaki (@laurdiy). Só ali, são 2,7 milhões de publicações em referência às VSCO.
Segundo o stylist Guilherme Alef, a principal mensagem que essas jovens querem passar é a de um estilo de vida despreocupado e associado à natureza. “É um fenômeno entre a geração Z. Elas costumam ser solares e, na hora de se vestir, fazem um mix entre a praia e o esporte. A combinação queridinha delas é um camisetão, de preferência colorido e desbotado, com short jeans ou de ciclista”, diz Guilherme. “Tudo acompanhado de vários acessórios e cores trazidos da década de 1990, que resultam em looks bem despojados.”
Entre o acessório mais famoso está a scrunchie, que pode ser usada no cabelo ou no pulso. O nome pode ser novo, mas não se engane — é um velho conhecido: aquela “chuquinha” de cabelo grossa, de tecido, que todo mundo usou antes dos anos 2000. Quando ouviu o termo pela primeira vez vindo da filha Ana Flávia, de 13 anos, Darci Oliveira, de Vinhedo, São Paulo, não entendeu a que a menina se referia. Diante da imagem nas redes sociais, bingo! “Ela tentava me explicar, e eu não compreendia. Quando vi a foto, disse: ‘Ah, é isso!’”, diz a paulista, aos risos. “Eles só arranjaram um nome chique para aquele tipo de prendedor de cabelo.
Darci pode dizer que é mãe de uma VSCO Girl, digamos, engajada. Tanto que ela até ajudou a filha a criar uma lojinha no Instagram (@vscogirlshopbrasil) para vender o kit básico para quem quer entrar na onda, que vai além do visual e tangencia a sustentabilidade. “Existe esse conceito entre as VSCO de cuidar do meio ambiente. Então são famosos o canudo de metal, a garrafinha térmica que substitui copos”, diz Ana Flávia, que deu um tempo nas vendas on-line nos últimos meses e tem apenas vendido as novidades do estoque para as colegas mais próximas.
Como expert na área, a menina, que se encantou pelo tema ao vê-lo bombando no TikTok, informa: menos é mais quando se trata da beleza dessa turma. “O cabelo tem aquelas ondas de praia, as chamadas beach waves, e a maquiagem é bem simples, não tem nada demais. Só tint (líquido bem fino, que funciona como uma tinta natural para dar um ar saudável ao rosto) na bochecha e gloss na boca.” As unhas, no entanto, são menos discretas: costumam aparecer cada uma de uma cor, em tons pastel.
O estilo, claro, não é dos mais inclusivos (afinal, sandálias Birkenstock ou a garrafa de água preferida delas, a Hydro Flask, não são acessórios tão baratos) e isso já rendeu memes e críticas, principalmente pela falta de diversidade entre a tribo. Mas, mesmo assim, a onda segue. Até chegar a próxima.
O Globo sexta, 11 de setembro de 2020
TARCÍSIO MEIRA E GLORIA MENEZES: FIM DE CONTRATO COM A GLOBO
Chega ao fim o contrato de Glória Menezes e Tarcísio Meira com a Globo
PATRÍCIA KOGUT
Glória Menezes e Tarcísio Meira no 'Altas horas' em agosto (Foto: TV Globo)
Depois de 53 anos, chegou ao fim o contrato de Glória Menezes e Tarcísio Meira com a Globo. O casal atuou em inúmeras novelas e se mistura à própria História da teledramaturgia. Eles poderão voltar ao ar na emissora, que confirma a informação e diz: “Tarcísio e Glória, com quem tivemos uma longa parceria de sucesso, têm abertas as portas para projetos em nossas múltiplas plataformas. Nos últimos anos, temos tomado uma série de iniciativas para preparar a empresa para os desafios do futuro. Com isso, temos evoluído nos nossos modelos de gestão, de criação, de produção e de desenvolvimento de negócios. Em sintonia com as transformações do mercado, a Globo vem adotando novas dinâmicas com seus talentos”.
O casal estreou na emissora em 1967, na novela "Sangue e areia", de Janete Clair. Na época, eles já eram casados e tinham feito vários outros trabalhos em canais como TV Tupi e TV Excelsior.
A partir daí, tornaram-se figuras frequentes em novelas, minisséries e especiais da Globo. Em 1988, estrelaram e produziram o seriado "Tarcísio e Glória", que abordava a relação entre um empresário corrupto (Tarcísio) e uma extraterrestre (Glória). Atuaram juntos ainda em produções como "Irmãos Coragem" (1970), "O homem que deve morrer" (1971), "Espelho mágico" (1977), "Torre de Babel" (1998) e "A Favorita" (2008).
O trabalho mais recente de Tarcísio na Globo foi na novela "Orgulho & paixão" (2018). Já Glória esteve na novela "Totalmente demais" (2015), atualmente em exibição na faixa das 19h. No fim do mês passado, eles gravaram uma entrevista para o "Altas horas" remotamente.
O Globo quinta, 10 de setembro de 2020
DIA DO BRIGADEIRO: COMO FAZER O DOCINHO PERFEITO, PARA COMER NA FORMINHA OU DE COLHER
Dia do Brigadeiro: como fazer o docinho perfeito, para comer na forminha ou de colher
Chefs e confeiteiros ensinam receitas do quitute que também ganha versões com chocolate meio amargo, avelão, castanha do Pará e até sem leite condensado
Quer saber quando o seu brigadeiro chegou no ponto certo? A dica é da chef doceira Fabiana D'Angelo, que faz brigadeiros há mais de 20 anos. Uma craque no assunto.
— Passe a pá (ou colher) no meio da panela, fazendo um caminho. Se a mistura demorar a voltar para o meio e você conseguir enxergar o fundo da panela, está pronto. Ou você pode virar a panela, e se o brigadeiro soltar e tombar está no ponto. Se não, continue mexendo em fogo médio.
De origem incerta, o quitute tem um dia para chamar de seu: 10 de setembro. Data que inspira uma lista com receitas do docinho, desde o tradicional até o sem leite condensado, passando pelo de colher (tem um truque) e com sabores diferentões, com adição de avelã, castanha do Pará e até inhame (no lugar do leite condensado).
— Variedade de brigadeiro é uma delícia, e as pessoas adoram aprender — diz o chef confeiteiro, que é jurado do programa "Que seja doce", da GNT.
Brigadeiro tradicional
Fabiana D'Angelo
Ingredientes
1 lata de leite condensado
10ml de creme de leite
55g de chocolate em pó
10g de manteiga com sal
300g de granulado
Forminhas para brigadeiro (ou enrolar na mão pra fazer as bolinhas e colocar num prato)
Preparo
Em uma panela funda, acrescente o leite condensado, a manteiga e o achocolato antes de ligar o fogo.
Cozinhe em fogo médio e mexer sem parar até que o brigadeiro desgrude da panela.
Deixe esfriar e faça bolinhas com a mão passando a massa no chocolate granulado.
— Pode servir numa colher de café também, fica lindo.
Brigadeiro meio amargo
Carolina Sales
Ingredientes
1 lata de leite condensado
60g de chocolate meio amargo
Raspas de chocolate ao leite para cobrir
Preparo
Misture o leite condensado e o chocolate meio amargo na panela. A panela deve ser grossa para conter o excesso de calor no doce. Quando der o ponto desligue o fogo e deixe esfriar.
Faça bolinhas de 18g e passe no chocolate ao leite ralado.
Coloque em forminhas número 4 (ou enrolar na mão pra fazer as bolinhas e colocar num prato). Rende 18 unidades.
— Aproveito o cacau mais intenso e a gordura do próprio chocolate meio amargo para saborizar. Não preciso colocar manteiga, nem achocolatado que é muito açucarado na saborização. Ele não fica muito doce e fica bem cremoso. É uma das formas de fazer o brigadeiro muito equilibrado — sugere a confeiteira.
Brigadeiro de avelãs
Lucas Corazza
Ingredientes
400g de leite condensado (1 lata)
20g de manteiga sem sal (1 colher de sopa)
100g de creme de leite uht
50g de chocolate ao leite em barra
80g de avelãs trituradas (pode triturar com ou sem casca)
Avelãs em lâminas para passar em volta
Preparo
Em uma panela de fundo grosso, fora do fogo, misture todos os ingredientes.
Sempre mexendo, de preferência com uma espátula de silicone, Leve ao fogo alto para aquecer.
Quando levantar fervura, reduza a chama para a potência média/alta e continue mexendo.
Se tiver um termômetro, espere atingir 93/95 graus para remover do fogo.
Caso não tenha, o ponto está bom quando consegue ver o fundo da panela ao passar a colher de uma ponta para a outra.
Despeje em uma vasilha plana e cubra com filme plástico em contato.
Deixe esfriar por completo. Enrole.
Brigadeiro de castanha do Pará
Morena Leite (Capim Santo)
Ingredientes
1 lata de leite condensado
100g de castanha do Pará triturada
1 colher de azeite de castanha do Pará
50ml de creme de leite fresco
Preparo
Numa panela, levar todos os ingredientes em fogo baixo e mexer sempre em fogo baixo até engrossar e dar ponto de brigadeiro.
Brigadeiro sem leite condensado
Yolanda Jandre
Ingredientes
6 inhames médios cozidos e descascados
2 colheres de sopa cheias de chocolate em pó
1 colher de sopa de azeite
Preparo
Mistura bem tudo e pronto. Faça bolinhas na mão ou sirva na colher.
Brigadeiro de micro-ondas
Francesca Pomposelli
Ingredientes
1 lata de leite condensado light
1 caixinha de creme de leite light
4 colheres de chocolate em pó ou cacau
1 colher de manteiga sem sal
Chocolate granulado para decorar
Colheres!
Preparo
Num refratário alto, e grosso coloque o leite condensado, o chocolate/cacau e a manteiga, misture e leve ao micro-ondas e deixe cinco minutos em potência alta, mexendo na metade do tempo. Quando o brigadeiro estiver pronto, adicione o creme de leite e misture bem até ficar homogêneo. Rende dez colheres bem cheias.
O Globo quarta, 09 de setembro de 2020
ELVIRA PAGÃ: A ARTISTA QUE ENFRENTOU O CONSERVADORISMO MACHISTA DOS ANOS 50, ESTARIA COMPLETANDO 100 ANOS
Elvira Pagã: A artista que enfrentou o conservadorismo machista nos anos 50
Primeira mulher a usar biquina na Praia de Copacabana, atriz e cantora que se tornou símbolo da independência feminina estaria completando 100 anos
26 de Maio de 2001, Ela, página 5
23 de Agosto de 2003, Ela, página 4
24 de Agosto de 2003, Rio, página 33
01 de Julho de 1977, Cultura, página 36
04 de Fevereiro de 1956, Geral, página 6
05 de Junho de 1987, Segundo Caderno, página 5
05 de Agosto de 1977, Cultura, página 40
05 de Dezembro de 1952, Geral, página 8
08 de Junho de 2001, Segundo Caderno, página 7
10 de Setembro de 1956, Geral, página 4
11 de Fevereiro de 1956, Geral, página 1
20 de Agosto de 2003, Rio, página 19
FOTOGALERIA
EM FOCO: ELVIRA PAGÃ
Foi dessa forma, carregada de desdém, que o porteiro de um prédio da Avenida Nossa Senhora de Copacabana, em frente ao anexo do Copacabana Palace, respondeu à pergunta do jornalista e historiador Haroldo Coronel. A "velha" a quem ele se referia era ninguém menos que a atriz e cantora Elvira Pagã, mito do erotismo brasileiro. Primeira mulher a usar biquini em Copacabana, a paulista de Itararé, ainda nos anos 50, posou nua para uma foto, que passou a distribuir como se fosse um cartão natalino. Estrela do Teatro de Revista, Pagã enfrentou o conservadorismo machista e o moralismo. Foi uma das mulheres mais ousadas de seu tempo, ao lado de Luz del Fuego.
Nos últimos anos de vida da artista, Haroldo encontrava Elvira nas ruas próximas e a acompanhava ao prédio. Vivia só, sem empregada para lhe fazer companhia, no apartamento mantido pela irmã Rosina, com quem iniciou a carreira artística. Rosina, ainda nos anos 40, foi para o México e, depois, para os Estados Unidos. Cantou em boates, casou-se com um milionário e ficou viúva. Era ela quem sustentava Elvira no Rio, pagando o aluguel do apartamento de Copacabana. Uma terceira irmã, Leonor, mora em Belo Horizonte.
Elvira Olivieri Cozzolino nasceu em 6 de setembro de 1920, de pai americano e mãe paranaense. A família era pobre e de vida confusa. Segundo a própria Elvira, ela foi raptada pela mãe aos 4 anos de idade. Aos 13, casou-se com Theodoro Eduardo Duvivier Filho, de 39 anos. Foi o segundo rapto de sua vida e o primeiro estupro, dizia ela própria. Depois foi para o teatro de revista e adotou o nome Pagã, indicativo de pecado à época. Seu nome, declarou ao GLOBO em 1967, era sinônimo de escândalo, atentado ao pudor, imoralidade.
Mas era uma deusa da beleza, e, no Rio, capital federal e centro da vida cultural do país, virou ídola. Temperamental, cabelos longos e sedosos, tinha um corpo "perfeito" para os padrões dos anos 40, com 90 cm de busto, 55 de cintura e 90 de quadris. Perfeito para ousar, como conta o pesquisador Fernando Moura em "História do biquíni":
"Na América do Sul, a primazia de usar o biquíni coube à brasileira Elvira Pagã. No início de 1950, na Praia de Copacabana, ela rasgou e adaptou o modelo 'duas peças' usado no teatro rebolado. Elvira atraía atenção vestindo dois pequenos pedaços de tecido no corpo, dourado por uma penugem loura. No exterior ficou conhecida como "The original bikini girl" e "The brazilian buzz bomb". E não desistia de afrontar a moral. Depois de operar os seios, posou nua e distribuiu a fotografia como cartão de Natal.
Foi a primeira Rainha do Carnaval Carioca. Dizia que o carnaval "foi uma orgia só" entre 49 e 64, época de seu reinado no Teatro Recreio, na Boate Arpége e no Cassino Icaraí, no Rio, ou no Nick Bar paulista. Elvira esteve em oito filmes: "O bobo do rei" (1936); "Cidade-Mulher" (1936); "Alô alô carnaval" (1936); "Laranja-da-China" (1940); "Carnaval no fogo" (1949); "Dominó negro" (1949); "Aviso aos navegantes" (1950); e "Écharpe de seda" (1950).
No fim dos anos 60, ela se recolheu. Saiu da vida artística e da vida social. Dizia não precisar de amantes e se intitulava sacerdotisa, ligada a discos voadores e à Atlântida. Morreu em 8 de maio de 2003, aos 82 anos, de falência geral dos órgãos, na Clínica Santa Cristina, em Santa Teresa. Não teve filhos. Sua família levou o corpo para uma estância hidromineral do Sul de Minas e manteve escondida a morte, apenas revelada depois de três meses.
Elvira Pagã foi uma atriz, cantora, compositora e vedete 03/06/1973 / Agência O Globo
O Globo terça, 08 de setembro de 2020
FIGO EM TRÊS RECEITAS
Figo em três receitas de pratos salgados
Ingrediente vai bem com massas e também em saladas
O Globo
08/09/2020 - 00:01
Que tal aproveitar que é época de figos para experimentá-lo em receitas salgadas? A seguir, receitas de prato principal que têm figo como ingrediente. E um detalhe curioso: figos não são frutas, mas flores invertidas
Massa com molho de figo e Parma
Carlota Pernambuco
Ingredientes
2 xícaras (chá) de massa curta (sugere-se o ruote)
1 xícara (chá) de figos cortados em gomos
2/3 de xícara (chá) de creme de leite fresco
1/2 colher (chá) de manteiga
1 colher (chá) de suco de limão
6 fatias de presunto cru
Sal
Pimenta-do-reino
Preparo
Em uma frigideira, coloque um fio de azeite e deixe aquecer. Acrescente o figo e deixe-o dourar. Adicione o creme de leite, o suco de limão, a manteiga, acerte o tempero. Em seguida, junte a massa (já cozida). Mexa e reduza até resultar em uma mistura cremosa. Decore com o presunto cru.
Ravióli com figo seco, manteiga e sálvia
Rudy Bovo (Nido Ristorante)
Ingredientes
200g de figo seco
300g de queijo taleggio
Massa
500g de farinha semola
3 ovos
Pitada de sal
Preparo
Passe o figo seco e o queijo no moedor e reserve. Para fazer a massa, misture a farinha, os ovos e o sal até criar uma massa homogênea. Depois coloque para descansar por 30 minutos. Passado esse tempo, estique a massa com ajuda de um rolo, corte-a em círculos, coloque o recheio e feche cada no formato de meia lua. Leve o ravioli para uma panela cheia d'água, acrescente o sal e deixe até ferver. Para servir, coloque manteiga e sálvia.
A receita serve quatro pessoas (contando seis raviólis em cada porção).
Salada de figos grelhados
(Alessandro & Frederico)
Ingredientes
45g de alface americana
40g de alface roxa
40g de alface crespa
10g de rúcula
35g de pão italiano
35g de queijo de cabra
30g de queijo Grana Padano
20g de presunto de Parma
20g de amêndoas
45g de molho mostarda
60g de figo
Molho mostarda:
2 colheres de sopa de mel
1 colher de sopa de mostarda
1 colher de sopa de vinho branco
Preparo
Junte o mix de folhas, podendo cortá-las grosseiramente ou a faca, e coloque em um recipiente. Corte os figos ao meio e grelhe em uma frigideira até dourarem. Passe o queijo de cabra na torrada de pão italiano. Para finalizar, coloque as amêndoas (podendo ser substituídas por castanhas), queijo grana padano e presunto de Parma.
Molho mostarda: misturar todos os ingredientes em um bowl.
O Globo segunda, 07 de setembro de 2020
QUEM MANDOU MATAR BOLSONARO? - DOIS ANOS APÓS A FACADA, BOLSONARISTAS COBRAM NAS REDES SOCIAIS
Dois anos após facada, bolsonaristas cobram nas redes #QuemMandouMatarBolsonaro
Por Gabriel Shinohara
No dia que marca os dois anos do atentado a faca que sofreu durante a campanha, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) lembrou o episódio com a postagem de um vídeo do momento do ataque no seu perfil no Twitter, neste domingo. Motivados, seus apoiadores subiram a hashtag #QuemMandouMatarBolsonaro. A Polícia Federal (PF) já concluiu, entretanto, que não houve mandante e que Adélio Bispo agiu sozinho.
Na postagem, o presidente não questiona se o crime teve um mandante. Em vez disso, fez agradecimentos aos médicos que o atenderam, a quem “orou” pela sua melhora e ao Brasil. A publicação foi repostada pelo senador Flávio Bolsonaro (Republicanos/RJ).
“- OBRIGADO:
- Senhor pela minha vida.
- Dr. Borsato e profissionais de saúde da Santa Casa de Juiz de Fora/MG.
- Drs. Macedo e Leandro, médicos e enfermeiros do Hospital Albert Einstein;
- Aos que oraram; e
- Ao Brasil por continuar livre e sendo a terra mais maravilhosa do mundo!”
Já o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL/SP) apoiou a hashtag e, em postagem no Twitter, afirmou que as respostas sobre um possível mandante do ataque ainda não apareceram, apesar da PF já ter concluído as investigações sobre o caso. Outros parlamentares, como Bia Kicis (PSL/DF) e Carla Zambelli (PSL/SP) também publicaram sobre o assunto.
“Hoje faz 2 anos da tentativa de assassinato de @JairBolsonaro, então candidato. Graças a Deus e à ajuda de muitas pessoas, como médicos, enfermeiros, PF e anônimos ele sobreviveu. Mas as respostas ainda não apareceram. QUEM MANDOU MATAR JAIR BOLSONARO? #QuemMandouMatarBolsonaro”, escreveu Eduardo.
Já o vereador Carlos Bolsonaro (PSC) dedicou cinco publicações no Twitter para falar sobre o tema. Ele, que estava acompanhando o pai no dia da facada, fez um relato do momento e agradeceu a Deus.
“Quando os Agentes correram em direção ao carro, quando não entendi a correria, quando vi meu pai caído no chão de uma espécie de bar, quando colocaram você dentro do carro e então pressionava minha mão sob seu ferimento. Quando os policiais tentavam mantê-lo acordado e você respondia aos estímulos, quando chegamos ao hospital, quando você começou a esfriar, quando percebemos que era mais grave que imaginávamos, quando te perdi 3 vezes segurando sua mão em todos os momentos, quando minutos depois soubemos que você teria que ir para sala de cirurgia, quando imobilizaram seus braços para fazerem os procedimentos, quando vi então litros de sangue se externar, quando passaram-se horas de cirurgia e cada profissional de saúde vinha até mim e todos olhavam em meus olhos e diziam: “seu pai vai sair vivo dessa”. Já não entendia mais muita coisa, mas você voltou, meus irmãos chegaram e outra parte de tudo aquilo se iniciou, mas hoje temos você de volta! Obrigado Deus, pela vida do meu pai, obrigado a todos pelas energias positivas que sentíamos desde a saída de sua cirurgia! Nada é por acaso! Bom domingo a todos (6 de setembro de 2020)!”
O Globo domingo, 06 de setembro de 2020
DANIELLE WINITS FALA DA DANÇA DOS FAMOSOS, COS FILHOS E DO CASAMENTO COM ANDRÉ GONÇALVES
Danielle Winits fala da 'Dança dos famosos', dos filhos e do casamento com André Gonçalves
THAYNÁ RODRIGUES
Danielle Winits (Foto: Reprodução)
Danielle Winits, escalada para a "Dança dos famosos", voltará ao ar também nas novelas. Esta semana, a atriz surgirá na reprise de "Totalmente demais" como Suely, mãe das filhas de Hugo (Orã Figueiredo).
— Ela já "chega chegando" por ele ter acertado os números da loteria. Relembrar a novela me traz aquela sensação de surpresa. É um sucesso hoje e foi um grande sucesso na época também. Quando Luiz Henrique Rios (diretor) me chamou, pensei: "Vou entrar no meio do êxito". E foi uma delícia.
Novela à parte, a artista já começou sua preparação para a "Dança", do "Domingão do Faustão", que terá protocolos rígidos de prevenção contra a Covid:
— Os treinos que antes eu fazia na academia, agora faço dentro de casa. Retomei as aulas de dança e pratico remotamente, pelo Zoom. Essa alternativa de manter as atividades com orientação on-line é muito bacana. Me adaptei bem rápido.
Enquanto Danielle se exercita ou dança, o ator André Gonçalves, seu marido, mexe o corpo em outras atividades: boxe na praia é uma delas. A atriz relata que a quarentena não impôs novos desafios à união: ajudou, segundo ela, a treinar o "olhar carinhoso". Os dois estão juntos desde 2016:
— O casamento por si só é um desafio, independentemente da quarentena. Buscamos diariamente a evolução. O que este período de isolamento fez foi deixar isso mais claro. Cada casal tem sua maneira, né? No nosso caso, somos muito caseiros, não costumamos expor demais a intimidade. Então, a realidade não se transformou tanto. Temos uma vida voltada para casa, não agitos da vida social. Outras pessoas têm uma ânsia: "Meu deus, quando eu vou à próxima festa?". Aqui não é assim. Mas, se eu tiver que eleger o que foi mais complicado nos últimos tempos, não tenho dúvida: foi o homeschooling. É um processo dos filhos e dos pais, exige uma grande readaptação — diz ela, que é mãe de Noah (12 anos), do casamento com Cássio Reis, e de Guy (9 anos), da relação com Jonatas Faro.
O adolescente e o menino, vez ou outra, esboçam interesse em participar de produções artísticas. Noah fez sua estreia já dois anos no curta-metragem "Alvará", de Cadu Fávero e Pedro von Krüger, e Guy, ainda bem novinho, já declarou que pensa em ser DJ.
— Às vezes, eles brincam que querem fazer o filme "Os farofeiros" 2. O mais velho é muito dedicado aos treinos de futebol. Agora, na quarentena, eu e os pais deles temos deixado as nossas rotinas superdivididas. Optamos por eles ficarem um mês em cada lugar para que não sejam tão expostos. E os meninos são supercompanheiros dos pais e da mãe. É assim que se faz o co-parenting (termo para o ato de os pais compartilharem a responsabilidade pela criação).
Danielle Winits com Noah e Guy (Foto: Reprodução)
Danielle Winits e André Gonçalves (Foto: Reprodução)
Danielle Winits (Foto: Reprodução)
O Globo sábado, 05 de setembro de 2020
TATÁ WERNECK GRAVA LADY NIGHT COM FIGURINO DIFERENTE
Tatá Werneck grava 'Lady night' com figurino diferente. Veja a primeira convidada do programa
Tatá Werneck no 'Lady night' (Foto: Divulgação)
Álcool em gel na mesa e capacete especial. Tatá Werneck mostra que está bem protegida nas gravações do “Lady night”, no Multishow. Este é o primeiro registro da apresentadora no estúdio. Como andou declarando em entrevistas, para ela, todo cuidado com o vírus é pouco. O programa voltará ao ar em outubro.
A primeira convidada a gravar foi Ana Furtado, que aparece na imagem abaixo. Confira na fotogaleria no fim deste texto os outros nomes confirmados. Todos eles aparecerão separados por uma barreira de acrílico e conversarão à distância com a apresentadora. O tradicional selinho ficará de fora. A pandemia e a quarentena servirão de pano de fundo de algumas entrevistas e quadros.
Tatá Werneck vem tomando dezenas de cuidados contra a Covid-19 também em casa. Há nove meses, ela deu à luz sua primeira filha, Clara Maria, fruto do casamento com o ator Rafael Vitti.
Ana Furtado com Tatá Werneck (Foto: Divulgação)
Tatá Werneck no 'Lady night' (Foto: Divulgação)
Tatá Werneck vai começar a gravar a próxima temporada do 'Lady night', do Multishow, no dia 21 de agosto, nos Estúdios Globo. A equipe estuda criar uma capacete para a apresentadora usar. Ela vem tomando mil cuidados contra a Covid-19 em casa Pablo Jacob
O Globo sexta, 04 de setembro de 2020
JANE FONDA: FALA DE MARVIN GAYE, MARLON BRANDO E MAIS
Jane Fonda se arrepende de não dormido com Marvin Gaye e diz que Marlon Brando era 'decepcionante'
Aos 82 anos, atriz mantém aceso seu ativismo político e define Donald Trump: 'Uma criança traumatizada, assustada e perigosa'
Maureen Dowd, do New York Times
04/09/2020 - 10:17 / Atualizado em 04/09/2020 - 10:35
Eu queria ser educada pela Jane Fonda. Queria que ela me passasse informações sobre tudo: de uma vida sexual lendária a nenhuma vida sexual, das cirurgias plásticas às algemas de plástico, de "Barbarella" a Quentin Tarantino, de Richard Nixon a Donald Trump, de Marilyn Monroe ao Tik Tok.
E lá estava ela no Zoom, muito atraente com seu novo corte pixie, falando diretamente de sua casa chique em Los Angeles.
- Fiquei grisalha no momento certo. - diz ela - Eu não sabia que a Covid estava vindo. Cansei dos produtos químicos, do tempo e do dinheiro para manter o loiro. Então disse: ' Já chega!'. E fui conversar com os produtores de "Grace and Frankie". Contei que queria ficar grisalha e que, consequentemente, Grace também ficaria. Eles toparam.
Com um espírito ambientalista de longa data, a atriz de 82 anos tomou uma decisão, em 2019, inspirada pela jovem ativista Greta Thunberg e por Naomi Klein, no livro "Em chamas", em que a jornalista analisa o surgimento de um eco-fascismo e defende a ideia de um "New Deal ecológico". Fonda, então, teve a iniciativa de se mudar para Washington e acampar na frente da Casa Branca em protesto contra as mudanças climáticas.
- Fiquei pensando como eu faria cocô e xixi. Estou muito mais velha e me levanto à noite com muita frequência - analisa a célebre ativista, que mesmo em meio às incertezas, comprou um casaco vermelho de luxo na Neiman's e partiu para a capital.
Em Washington, Fonda começou a se mexer: pensando em recrutar aliadas, ligou para nomes como Pamela Anderson e Sharon Stone, e recebeu o apoio de Annie Leonard, diretora do Greenpeace nos EUA, que alertou à atriz que o acampamento talvez não fosse a melhor ideia porque haveria muitos ratos.
Jane acionou até Jared Kushner, genro de Donald Trump, que recomendou que ela entrasse em contato com Ivanka, filha do presidente e mulher de Kushner. Segundo a atriz, Ivanka entrou em contato com ela, ouviu sobre suas ideias, riu e nunca mais apareceu.
- Eu entendo um pouco a cabeça do Donald Trump, ele me lembra Ted Turner, meu terceiro marido, que carregava uns traumas dos tempos de infância. As ações de Trump traduzem a linguagem dos traumatizados. E você pode odiar as ações, mas não odeie a pessoa. Ela vence se nós a odiarmos. Não dê a ela tanta energia. Olho para o Trump e vejo uma criança assustada e muito perigosa, pois tem todos os botões ao alcance das mãos.
Após quatro meses sendo a estrela dos Fire Drill Fridays, protestos climáticos em frente ao Capitólio, Fonda voltou a Los Angeles, onde continuou sua atividade de forma virtual, promovendo vídeos em parceria com o Greenpeace e escrevendo um novo livro com dicas aos que se sentem desafiados pela vida ecologicamente correta.
Meu passado não me condena
Como se sabe, a relação conturbada de Jane Fonda com a Casa Branca é de longa data. Há uma foto clássica de sua prisão, em 1970, em Cleveland, durante protestos contra a Guerra do Vietnã. A atriz era um dos maiores desafetos do então presidente Richard Nixon, que a achava "belíssima, apesar de estar sempre no caminho errado".
Troy Garity, filho de Fonda com o político e ativista Tom Hayden, certa vez resumiu sua vivência diante do espírito contestador da atriz. Em 2014, durante uma homenagem a ela promovida pelo American Film Institute, Garity disse: "Minha mãe nunca precisou contratar babá para cuidar dos filhos. O FBI sempre cumpriu esse papel".
No tempo em que ainda morava com o pai, Henry Fonda, a atriz ouviu dele a seguinte frase: ""Se algum dia eu descobrir que você é comunista, serei o primeiro a denunciá-la". Talvez Jane não seja considerada, hoje, uma comunista. Ela prefere apenas não ter que lutar contra um fascista. E por isso apoia integralmente o democrata Joe Biden e sua vice, Kamala Harris, na eleição presidencial de novembro. Segundo ela, "é mais fácil pressionar um moderado".
- Temos que cortar as emissões de combustíveis fósseis pela metade até 2030 e isso vai ser difícil para ele, mas temos que fazer isso, podemos fazer isso. É aqui que entra a desobediência civil. E eu serei uma das pessoas nas ruas assim que "Grace and Frankie" acabar.
Hoje a atriz também consegue traçar um paralelo entre o movimento dos Panteras Negras, na década de 1970, e o Black Lives Matter. Na visão de Fonda, há um "sentimento de amor" no BLM que faltava aos Panteras, e cogita que a presença de muitas líderes mulheres possa estar trazendo esse caráter afetivo aos protestos recentes.
- Um dia recebi um panfleto do Black Lives Matter falando sobre autocuidado. Ou seja, um movimento que discute autocuidado com suas ativistas? Isso é novidade.
Outro contexto contemporâneo que Jane Fonda acompanha é o de revisão histórica de algumas figuras públicas, vistas hoje com uma lupa que identifca, por exemplo, comportamentos racistas. É o caso de John Wayne, que foi um grande amigo do pai da atriz.
- Não acho que devemos perder tempo cancelando John Wayne. Mais importante é pensar o que vamos fazer com o sistema bancário, as hipotecas, o policiamento, todas essas coisas que tornam impossível que os negros ascendam socialmente.
Sonho de filmar com Tarantino
Caminhemos, então, sobre a ponte que liga o movimento #MeToo e Hollywood. Qual terá sido a experiência da atriz?
- Fui estuprada uma vez por um ator. E tive um diretor, que é francês, que disse: 'Seu personagem tem que ter um orgasmo, então eu tenho que ver como são seus orgasmos'. E eu apenas fingi que não conseguia entendê-lo. Ele estava falando em francês.
Será que "Barbarella”, dirigido por seu primeiro marido, Roger Vadim, seria feito agora?
- Ah, poderia ser feito, mas eu seria uma das produtoras e seria um filme feminista. Na verdade, ele já era um filme levemente feminista. Ela mesma pilotou a espaçonave, certo? Foi ela que o presidente designou para ir ao planeta para salvar o cientista. Ela já era muito boa!
Mas deixando de lado o passado (mas nem tanto), é preciso ressaltar que Jane Fonda está no Tik Tok. Mais especificamente fazendo uma homenagem às clássicas fitas lançadas por ela nos anos 1980 com exercícios aeróbicos para fazer em casa.
Além das redes sociais, Jane Fonda também mantém atualizado seu pensamento em relação ao cinema. Ela refuta qualquer ideia de que o avanço do streaming tenha tirado o glamour de Hollywood. Ela, inclusive, confessa que raramente assiste a filmes antigos. Tem preferido séries, como as elogiadas "I may destroy you" e "Insecure", ambas da HBO.
Hoje, ela tem um sonho sobre cinema. Na verdade, um sonho que reúne dois nomes.
- Queria que Wes Anderson aparecesse e me escolhesse para fazer um papel que eu nunca tivesse imaginado interpretar na vida. Quentin Tarantino também... eu faria o que ele quisesse.
Confirma ou nega?
Ao fim da entrevista, separei algumas afirmações sobre a história de Jane Fonda para que a atriz negasse, ou confirmasse os fatos apresentados. Vamos lá?
Maureen Dowd: Seu maior arrependimento é nunca ter feito sexo com Che Guevara.
Jane Fonda: Não, eu não penso muito nele. Em quem eu penso, e o que é um grande arrependimento, é Marvin Gaye. Ele queria e eu não. Eu estava casada com Tom (Hayden).
Maureen Dowd: Simone Signoret é a mulher mais sexy que você já conheceu.
Jane Fonda: Ava Gardner era a mulher mais sexy que já conheci. Sem dúvida.
Maureen Dowd: Suas polainas são mais famosas do que as polainas de Jennifer Beals em “Flashdance” .
Jane Fonda: Provavelmente. Porque meus aquecedores de perna entravam nas salas das pessoas dia após dia, após dia, após dia. E então eles se tornaram amigos das pessoas.
Maureen Dowd: Você é parente de Jane Seymour, uma das esposas de Henrique VIII.
Jane Fonda: Isso é o que minha mãe sempre me disse e é por isso que meu apelido até a quarta série era Lady.
Maureen Dowd: Você se arrepende de não ter assumido o papel de Mia Farrow em “O bebê de Rosemary”.
Jane Fonda: Eu não penso muito nisso.
Maureen Dowd: Marlon Brando era ...
Jane Fonda: Decepcionante. Mas um ótimo ator.
Maureen Dowd: Você estava na aula de atuação de Lee Strasberg com Marilyn Monroe.
Jane Fonda: Sim. Ela gostou de mim. Acho que ela gostou de mim porque percebeu minhas inseguranças e foi atraída por coisas vulneráveis. Nunca esquecerei uma festa que Lee Strasberg deu, quando ela chegou atrasada e os homens começaram a tremer. Quer dizer, eles estavam fisicamente excitados e agitados pelo fato de ela estar lá. E ela foi direto até mim, pois queria conversar.
Maureen Dowd: Marilyn não era tão marcante pessoalmente.
Jane Fonda: Ela brilhava! Havia um brilho saindo dela que era inacreditável! Vinha de sua pele, do seu cabelo, do seu ser. Eu nunca vi nada parecido.
O Globo quinta, 03 de setembro de 2020
ELLEN ROCCHE FALA DA EDIÇÃO ESPECIAL DA ESCOLINHA E DO FIM DO NAMORO
Ellen Rocche fala de edição especial da 'Escolinha' e do fim do namoro
- Foi muito interessante. Parece que voltei aos tempos de criança, de me arrumar e fazer teatrinho. Eu montei o chroma key em casa e recebi o kit higienizado com todo o aparato necessário, como microfone, câmera e computador, além do figurino. Foi algo que aqueceu tanto meu coração. A "Escolinha" é sempre muito atual e vamos poder retratar este momento de homeschooling durante a pandemia. Me senti realmente tendo aula on-line. E a parte da caracterização ressalta nossa criatividade. Tudo isso só aumentou meu amor pela arte. Achei que gravar distante dos outros não traria aquele frescor. Imaginei que seria mais frio. Pelo contrário: foi incrível.
Ellen diz que houve um cuidado para tratar do tema num programa de humor.
- A gente ficou se perguntando como seria fazer humor neste momento. Mas o humor salva. A gente pode aliviar a tensão brincando, mostrando que todo mundo vive a mesma situação. O texto está incrível - explica ela, acrescentando que uma nova temporada da atração está confirmada, mas ainda sem data para o início dos trabalhos.
A atriz também poderá ser vista em breve na reprise de "Haja coração", na faixa das 19h da Globo. Na trama, ela viveu a ex-"BBB" Leonora. Ellen lembra que a novela marcou uma fase diferente de sua carreira:
- Foi um divisor de águas. Eu me permiti engordar 12kg na época. Foi um momento em que as pessoas olharam e falaram: "A Ellen está diferente". Além de mudar o cabelo e pintar de ruivo, teve essa coisa do peso. Tirou o foco do corpo, do sex symbol, e voltou o olhar das pessoas para a interpretação. Não sou neurótica em relação a isso (ao corpo), sempre levei a vida muito tranquila. Aquela frase "Aceita que dói menos" nunca fez tanto sentido. Eu tenho facilidade para emagrecer e para engordar. A gente tem que desencanar.
Foi com essa leveza que ela tentou encarar a quarentena.
- Eu passei por todas as fases que todo mundo passou. Óbvio que dá um medo absurdo. Você vê a quantidade de pessoas que faleceram e a tristeza das famílias. Tenho empatia e sinto a dor do outro também. Não dá para estar completamente feliz nesta época. Fiquei tensa no começo, respeitei todo o isolamento. Fiz aulas on-line, aprendi sofre finanças. Comecei a meditar e a pintar. Decorei e pintei vasinhos para deixar a casa mais bonita. Também comi bastante, engordei uns três ou quatro quilos e já perdi tudo, graças a Deus. Pensei: "Vou desencanar. Não vou fazer exercício, vou ver filme". Depois veio: "Não, agora chega. Vamos malhar". Eu aceito e agradeço (o ganho de peso). Depois eu doo - brinca.
Para Ellen, o período significou uma oportunidade de "mergulhar" dentro de si mesma, já que ela mora sozinha e está solteira desde o término do namoro com o nutricionista Rogério Oliveira:
- Terminamos já faz tempo, no começo do ano. Falaram que eu parei de seguir meu ex-namorado no Instagram. Não parei, não. Deu certo enquanto durou, isso é o mais importante. Torço por ele, quero bem e que seja feliz.
Logo depois que essa notícia veio à tona, em maio, o perfil da atriz no Instagram apareceu fechado ao público. Ela diz que não há qualquer ligação com o fim do relacionamento.
- Na verdade, não sou muito tecnológica. Não sei como tenho quase um milhão e meio de seguidores. Estava mexendo nas configurações e acabei trancando o Instagram. Saiu matéria dizendo que tranquei porque terminei o relacionamento. Gente, não tem isso. Tanto que meu empresário me avisou, porque tenho que deixar aberto por causa da parte profissional, e eu pensei: "Ai, meu Deus" - conta, às gargalhadas.
Ellen Rocche com o ex-namorado Rogério Oliveira (Foto: Reprodução Instagram)
O Globo quarta, 02 de setembro de 2020
ANA HIKARI FALA DE REPERCUSSÃO DE AS TIVE, E MAIS
Ana Hikari fala de repercussão de 'As Five' e relata ter alcançado segurança para falar sobre bissexualidade
THAYNÁ RODRIGUES
Ana Hikari, a Tina de 'Malhação' e de 'As Five' (Foto: Divulgação)
— O fato de os fãs terem curtido e repercutido "Malhação: Viva a diferença" foi crucial para a trama ter uma continuidade com esse spin-off. É uma confluência de fatores: os prêmios que a gente recebeu, o barulho deles nas redes... Conversamos bastante pelo Twitter e sempre citam os trechos que saem nos trailers, as novidades... Eles reparam em detalhes, criam teorias, querem adivinhar tudo o que vai acontecer.
Ana conta que haverá mudanças no perfil e na vida das personagens. No spin-off, Tina, personagem dela, aparecerá trabalhando como uma DJ famosa e cheia de seguidores nas redes sociais. Os dramas das protagonistas também ganharão novos contornos:
— Quando a gente passa dos 16 para os 25 anos, muita coisa muda. Para as meninas, não é diferente. Felizmente, tivemos o prazer, a sorte e o privilégio de trabalhar com o Cao Hamburger desde "Malhação". Ele criou esse universo jovem sem deixá-lo superficial ou fútil. As personagens sempre tiveram profundidade. O que acontecerá de diferente na série são os temas da vida adulta: experiências no trabalho, nas relações afetivas, no contato delas com as drogas...
Na vida real, a atriz agora tem a idade equiparada à da personagem. Suas vivências também são densas e vêm à tona, vez ou outra, em suas redes sociais. Recentemente, por exemplo, ela relatou ter sido agredida por um ex-namorado. Ela acrescenta que, além de ter sido vítima de um crime, também sofreu com o preconceito e o machismo na escola onde estudava:
— Infelizmente, tive alguns relacionamentos abusivos. Ao sofrer uma agressão de um namorado na adolescência, ouvi de uma professora que eu era "mulher de malandro, que gostava de apanhar, mas voltava". Também é comum as pessoas dizerem: "Em briga de marido e mulher não se mete a colher". Ou então julgarem a figura feminina. Quem estava em volta nunca me apoiava, ainda que eu estivesse nessa situação de vulnerabilidade. Atribuíam o erro a mim, e não ao agressor. É uma situação grave. Mas sinto que as coisas estão começando a mudar. Hoje em dia temos sensibilidade e conhecimento para conversar com quem sofre esse tipo de coisa. Há informação e muita gente disposta. Uso as minhas redes sociais para isso, por exemplo. Ter mais de um milhão de seguidores não é nada se eu não proporcionar um conteúdo que gere reflexão. Não quero que me sigam porque me veem na TV ou porque me acham bonita. Acho importante falar do que passei porque qualquer uma de nós está sujeita.
Há poucas semanas, Ana Hikari também falou abertamente sobre sua orientação sexual durante uma live. A atriz, que namora atualmente o funcionário público Gersínio Neto e é bissexual, comenta sobre preconceito:
— É legal poder falar sobre isso porque sempre tive muita insegurança em expor. Pessoas bissexuais têm a sexualidade questionada com frequência. Estar em um relacionamento sério é normalmente uma das motivações para comentários. Eu, por exemplo, namoro um homem, e as pessoas deduzem que sou hétero. A bissexualidade não depende do gênero da pessoa com quem você está se relacionando no momento. No meio LGBTQIA+, a bissexualidade também é questionada e tem pouca representatividade. Eu cresci sem referência alguma do que era uma pessoa bi. Sempre vi, no máximo, alguns homens serem gays e mulheres, lésbicas. Ou então ouvia comentários pejorativos. Colegas minhas de escola diziam que tinham nojo de ver meninas beijarem meninas. Isso me reprimiu muito. Mas eu sempre soube que era. Não passei pelo processo de me descobrir, isso estava dentro de mim. O que me aconteceu foi perceber que o mundo é que tinha que me enxergar de maneira justa. Quando descobri que o mundo podia me aceitar é que eu comecei a falar publicamente sobre esse assunto.
Ana Hikari e Gersínio Neto (Foto: Reprodução)
O Globo terça, 01 de setembro de 2020
SETE LUGARES NO RIO PARA FESTEJAR O SETE DE SETEMBRO
Sete lugares no Estado do Rio para viajar no feriado de Sete de Setembro
Saiba como está a reabertura de destinos turísticos que valem uma escapada no Dia da Independência
Eduardo Maia
31/08/2020 - 04:30 / Atualizado em 31/08/2020 - 16:14
RIO – O feriado do Dia da Independência, em 7 de setembro, é uma boa oportunidade para colocar em prática a combinação ideal para viagens durante a pandemia: de carro, para destinos próximos, com atrações ao ar livre e natureza. A equação cabe perfeitamente num fim de semana prolongado no Estado do Rio, onde destinos com os mais variados atrativos se encontram relativamente próximos uns dos outros. A atividade turística também tem sido retomada gradualmente na região, com estágios diferentes de reabertura – um cenário bem diferente do último feriadão nacional, o Dia do Trabalhador, em 1º de maio, quando a quarentena estava em vigor em quase todo o país.
A seguir, listamos sete opções de lugares – sejam atrações, cidades ou regiões – para viagens dentro do estado no feriadão da semana que vem.
Búzios
A cidade da Região dos Lagos voltou a receber turistas em 1º de agosto. Assim como tantas outras, os visitantes são parados em barreiras sanitárias instaladas nos principais acessos ao município. A diferença é que, para entrar, é preciso mostrar um QR Code para comprovar a reserva de algum serviço de hospedagem ou gastronomia. O código é gerado pelo sistema “Acesso Búzios” e é enviado ao cliente pelo próprio hotel, pousada, bar ou restaurante, que estão funcionando com limitações de capacidade. As praias não estão liberadas para o banho de sol, apenas para atividades individuais. Mais informações estão no site da prefeitura de Búzios.
Arraial do Cabo
Ao contrário de Búzios (e Cabo Frio), o banho de mar está liberado em Arraial do Cabo, com exceção das praias do Forno, Brava e Prainhas do Pontal do Atalaia. Uma notícia ainda melhor é que os passeios de barco, o grande diferencial da cidade em relação a suas vizinhas, devem ser liberados a partir de 1º de setembro, assim como passeios de buggy pela região das dunas. Para aproveitar os atrativos da cidade, é preciso se hospedar lá: turistas só passam pelas barreiras de segurança instaladas nos acessos de Arraial se comprovarem reserva em hotéis e pousadas legalizados ou um contrato de aluguel autorizado pela Secretaria de Segurança Pública. Restaurantes e hotéis estão funcionando com capacidade reduzida (50% e 70%, respectivamente), conforme o decreto de segurança sanitária do município.
Teresópolis
Para quem quer relaxar na Região Serrana, a oferta turística em Teresópolis está “quase normal”. Hotéis, pousadas e restaurantes estão funcionando com capacidade limitada a 50%, e a tradicional feirinha do fim de semana teve o número de barracas reduzido para aumentar mais o distanciamento entre elas. Já o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, importante atrativo local, ainda não tem previsão para reabertura. Uma opção para quem pretende ter um isolamento ainda maior são os hotéis e pousadas da Estrada Teresópolis-Friburgo, a Terê-Fri, como Le Canton e Rosa dos Ventos, em meio às montanhas. O município está com barreiras sanitárias em seus principais acessos, onde o visitante deve mostrar o comprovante de reserva de um meio de hospedagem legalizado. Os detalhes sobre as medidas em vigor estão no site da prefeitura.
Parque Nacional do Itatiaia
No último feriadão nacional (1º de Maio), o primeiro parque nacional do país ainda estava fechado, por conta da pandemia. Desta vez, visitantes poderão aproveitar, com restrições, a área de proteção ambiental que fica na cidade de Itatiaia, no Sul do estado. Na primeira fase da reabertura, que começou em 5/8, apenas a parte baixa do parque está aberta à visitação, de quarta-feira a domingo, das 8h às 17h. O uso de máscaras é obrigatório, assim como o distanciamento entre as pessoas. Será permitida a entrada de, no máximo, 250 visitantes por vez, com grupos de até seis pessoas. Os ingressos devem ser comprados com antecedência pelo site do parque, onde também há informações atualizadas sobre as atrações liberadas, tanto da Parte Baixa quanto na Parte Alta, que reabriu há dois sábados. Nos arredores do parque, os vilarejos de Visconde de Mauá (em Resende) e Penedo (Itatiaia) estão com hotéis e restaurantes abertos.
Vale do Café
Um fim de semana prolongado pode ser suficiente para um roteiro por esta região histórica no Sul Fluminense. Não há barreiras sanitárias nos acessos às cidades da região, como Barra do Piraí, Engenheiro Paulo de Frontin, Valença e Vassouras – esta, a cidade com mais estrutura de hotéis (que funcionam com 50% da capacidade). Algumas fazendas históricas estão abertas, como a Alliança, em Barra do Piraí, e São Luiz da Boa Sorte, em Vassouras. A região tem ainda atrações bem diferentes, como o Jardim Uaná Etê, um espaço sensorial em Sacra Família, distrito de Engenheiro Paulo de Frontin.
Angra dos Reis
As atividades turísticas do município da Costa Verde foram retomadas em meados de agosto, com hotéis e pousadas funcionando com a metade da capacidade, e restaurantes aumentando o espaço entre as mesas. De passeios náuticos a trilhas, está tudo funcionando, mas com limitação de número de pessoas e saídas. A reabertura vale também para a Ilha Grande, cujo único acesso permitido, no momento, é pelas linhas que ligam o centro de Angra à Vila do Abraão. A cidade é uma boa opção também para quem quer alguns dias com o pé na areia e tranquilidade, que é o que os diversos resorts com praias privativas da região (incluindo a vizinha Mangaratiba) oferecem.
Paraty
Caminhar pelas ruas do centro histórico de Paraty é uma boa opção para o feriadão. Hotéis e restaurantes estão funcionando com 50% da capacidade e seguindo uma série de novas normas de segurança. Quem visitar a cidade vai ter que se concentrar na região central, inclusive para tomar banho de sol, já que as praias mais afastadas, como Paraty-Mirim, Trindade, Sono e Saco de Mamanguá, continuam fechadas. Os passeios de barco, no entanto, estão autorizados. Veículos turísticos, como ônibus e vans de excursões, ainda não podem entrar no município.
O Globo segunda, 31 de agosto de 2020
HELENA RANALDI: AOS 54 ANOS, ATRIZ EXPLICA AFASTAMENTO DA TV E MAIS
Aos 54 anos, Helena Ranaldi explica afastamento da TV, fala do casamento com ator e comenta semelhança com filho
GABRIEL MENEZES
Helena Ranaldi e o filho, Pedro (Foto: Reprodução/ Instagram)
Afastada das novelas há seis anos, Helena Ranaldi tornou-se presença frequente na TV em 2020. Atualmente, ela pode ser vista em "Fina estampa", na Globo, e em "Mulheres apaixonadas", no Viva. A partir do mês que vem, estará também em "Laços de família", que reestreará no Vale a Pena Ver de Novo. Em quarentena na sua casa em São Paulo, a atriz comenta que não tem acompanhado de perto a repercussão dos trabalhos, mas que guarda boas lembranças de todos:
- Estou 98% do meu tempo em casa, então, não tenho tido quase contato com o público. Nas redes sociais, recebi algumas mensagens por conta da reestreia de "Mulheres apaixonadas", acho que pelo destaque maior da personagem. Em "Fina estampa", fiz uma participação. Já entrei com o trabalho em andamento. De qualquer forma, a Chiara foi uma papel marcante para mim por conta da sua doença e do fim trágico.
Em "Mulheres apaixonadas", ela interpretou Raquel, uma professora que se envolvia com um de seus alunos e, ao mesmo tempo, sofria com as agressões do marido, Marcos (Dan Stulbach).
- O impacto social daquela trama foi enorme, porque ela representa até hoje a realidade de muitas mulheres. As cenas eram muito difíceis de gravar. O Dan não chegava a encostar em mim, mas a carga emocional era tão grande que tive crises de choro duas vezes após as gravações. Lembro, por exemplo, de uma cena em que o Marcos puxava a toalha da Raquel e, com ela nua, espancava com a raquete de tênis. A direção construía tudo de uma forma muito impactante - lembra a atriz, que nas cenas era dirigida pelo então marido, Ricardo Waddington.
Helena, de 54 anos, tem dado prioridade nos últimos anos ao teatro, tanto como atriz quanto na função de produtora. Ela diz que a mudança na carreira aconteceu de forma natural e que hoje se sente uma artista mais completa:
- Durante muito tempo eu fui contratada fixa da Globo. Chegou um momento em que a emissora decidiu trabalhar por obra certa com parte do elenco, incluindo eu. Até então, eu tinha feito muita televisão e pouco teatro. Ness época, mudei para São Paulo, onde me aproximei do mundo teatral. Cheguei a receber propostas para trabalhos em outros canais, mas não aceitei pelos compromissos já acertados e pelo fato de que teria que viver na ponte aérea.
Outro fator que a aproximou dos palcos foi o casamento com o ator e produtor Daniel Alvim, com quem está há quase cinco anos (foto abaixo).
- Já produzimos algumas peças juntos e estamos planejando outros trabalhos. Existem casais que não dão certo trabalhando em parceria. O relacionamento acaba se desgastando. Com a gente não é assim. Funcionamos muito bem. Aqui em casa falamos de trabalho o dia todo - afirma Helena, que atualmente vem ensaiando de casa para duas novas peças previstas para estrear após a pandemia.
E a veia artística da família se manifesta também no filho, Pedro - fruto do seu relacionamento com Waddington. Aos 21 anos, o rapaz mora sozinho em São Paulo e já estreou nos palcos, mas, segundo Helena, ainda não tem certeza do que quer fazer da vida:
- Ela está muito empolgado com o teatro, mas ainda não sabe se é o que quer fazer profissionalmente. Acho isso supernormal. Seja qual for a decisão dele, darei o meu apoio. Ele conhece bem os prós e os contras da profissão, tendo acompanhado de perto a minha carreira, a do pai e a do meu marido.
Nas redes sociais, internautas repercutiram há alguns meses a grande semelhança entre mãe e filho após a postagem de uma foto do rapaz com o amigo Antonio Benício:
- O Pedro quando era pequeno não se parecia comigo nem com o pai. Depois, teve um período em que ficou muito parecido com o Ricardo, e, já há algum tempo, está bastante parecido comigo. Fico muito feliz. Nos reconhecemos muito um no outro, e não só fisicamente.
Helena Ranaldi e o marido, Daniel Alvim (Foto: Reprodução/ Instagram)
O Globo domingo, 30 de agosto de 2020
TAINA MÜLLER FALA SOBRE FEMINISMO HOJE E MACHISMO NO INÍCIO DA CARREIRA
Tainá Müller fala sobre feminismo hoje e machismo no início da carreira: 'Diretor fez piadinha de cunho sexual enquanto eu estava nua no set'
Atriz, no ar em 'Flor do Caribe', diz que hoje 'não conseguiria tolerar um chefe abusivo, um namorado controlador'
Mariana Weber
30/08/2020 - 04:30
Sinal dos tempos pandêmicos: Tainá Müller volta às telas enquanto passa os dias em confinamento com o filho e o marido, aproveitando para ajeitar a casa e fazer uma horta no quintal. Outro sinal: ela retorna ao horário das 18h em uma reprise, “Flor do Caribe”, novela de 2013 que reestreia amanhã, na programação da TV Globo. Aos 38 anos, a atriz tem a oportunidade de se rever e ponderar sobre o que mudou na sua vida desde a exibição original — e refletir sobre o quer daqui para a frente. “Sou completamente diferente”, diz. “Esses anos me fizeram bem. Gosto mais de mim hoje.”
A Tainá de 2013, analisa a Tainá de 2020, era “mais angustiada, mais perdida, não tinha muito foco, ia vivendo as coisas”. “É uma palavra até ‘clichezenta’, mas hoje me sinto mais empoderada. A onda feminista me pegou em cheio.” Quando olha para trás, detecta: “Eu tinha muita vontade de fazer uma protagonista pensante. E sempre me chamavam para fazer a namorada, a musa, aquela que perturbava a mente complexa do macho protagonista. Nunca era sujeito, era sempre objeto.” Nesse quesito, Tainá acredita, o mundo está mudando para melhor. “No ‘Bom dia, Verônica’, já foi totalmente diferente” — na série, produzida pela Netflix e com estreia prevista para este ano, a atriz vive uma policial que investiga casos de mulheres agredidas. “Essa protagonista que é dona do seu destino, isso não existia quando comecei.”
O mundo mudou, Tainá mudou. “Hoje não conseguiria tolerar um chefe abusivo, um namorado controlador. Mas já tive que lidar com tudo isso”, diz. “Namorado que terminou comigo e passou a me infernizar assim que encontrei outra pessoa, diretor que fez piadinha de cunho sexual enquanto eu estava nua no set para gravar uma cena, a normalização de piadas machistas durante todo o início da minha vida no Rio Grande do Sul.”
Aos 19, Tainá era VJ na MTV gaúcha, em que começou como assistente de produção. Aos 21, formada em Jornalismo, deixou Porto Alegre e partiu para a Ásia, depois para a Europa, para trabalhar como modelo. “Eu não tinha dinheiro para viajar, tirar férias, então saí do Brasil trabalhando”, conta. “Mas achava o mercado da moda horroroso, machista.” Fez um blog contando suas experiências no exterior e chegou a começar a escrever um livro, perdido quando teve o notebook roubado. “Eu era mais safa, mais adulta, mas via as meninas passando por muitas situações. Por exemplo, menina entrando em depressão, comendo horrores, porque estava sozinha, longe dos pais, com 14, 15 anos, na China, e a agência medindo: se ela ganhasse dois centímetros, cortava o pocket money, aquele dinheiro da semana. Eu achava perverso, então me interessei como jornalista.”
Mas, na volta ao Brasil, não retomou o jornalismo. Refletiu sobre a vida que gostaria de ter e foi atrás do prazer que sentia em cena. “Dancei balé na infância, e o palco foi o momento que fui mais feliz.” Em 2005, mudou-se para São Paulo para fazer teatro. Foi premiada logo em seu primeiro longa: recebeu o título de melhor atriz no Festival do Recife pela atuação em “Cão sem dono” (2007), baseado em um livro do escritor Daniel Galera, que foi seu namorado. Na trama, vivia a modelo Marcela, que se envolve com Ciro (Julio Andrade), um jovem em crise existencial — fora das telas, Tainá e Julio também namoraram.
Ainda em 2007, estreou nas novelas, em “Eterna magia”. E, a partir daí, engatou uma depois da outra, o que a levou a se mudar para o Rio. Fora das telas, começou a namorar o diretor de novelas Henrique Sauer, por quem conta ter ficado “deslumbrada”. “Ele andava pelas ruas com pinta de rockstar, mas sem ser marrento ou arrogante.” O relacionamento dura oito anos.
Martin, filho do casal, trouxe outra peça-chave. “A maternidade me deu um norte do que quero e do que não quero para a minha vida. E também do que eu posso e do que eu não posso — isso alivia a gente, não ficar se cobrando de coisas que não estão ao alcance.” O que ela quer? “O que eu quero é coerência, integridade e verdade. Acho um desafio. Quando você vai pelo caminho da coerência, vê o quanto é difícil e o quanto tem de abrir mão de coisas.” Tainá se sente parte de uma geração no meio do caminho, preparada para um mundo que está deixando de existir. “Não dá para se declarar antirracista no Instagram e ter senzala em casa; não dá para ser feminista e ficar o tempo todo julgando outras mulheres; não dá para comer saudável e dar porcaria para o filho... E por aí vai.”
TAINÁ MÜLLER POSA EM ENSAIO EXCLUSIVO
Um ponto de transformação pode estar no jeito de criar Martin — a maternidade é o tema de um livro que Tainá vai lançar este ano com Marcos Piangers (autor de “O papai é pop”). Ou no quintal de casa. Em fevereiro deste ano, ela e o marido se mudaram para São Paulo porque os dois tinham séries engatadas para gravar na cidade: ela, “Mal secreto”, da Globoplay; ele, “Segunda chamada”. Nem tinham terminado de mobiliar o novo endereço quando a quarentena começou. E a escolha de um imóvel com “graminha”, no Alto da Lapa, mostrou-se acertada. “Desde que o Martin nasceu a gente foi morar em casa. Sempre quis que ele tivesse um quintal para brincar, para explorar.”
Bem diferente da infância de Tainá em Porto Alegre. “Fui criada em um apartamento de 50 metros quadrados. Na escola, me dei mal nos esportes, porque eu era tipo um passarinho na gaiola.” Para os primeiros anos do filho, ela tenta proporcionar mais contato com a natureza e quase nenhum contato com telas. Quer dizer, estava tentando, antes da quarentena. Agora a casa vive ao som do desenho “Backyardigans”. “Meu marido até aprendeu a tocar no violão.”
Como tanta gente, Tainá precisou rever conceitos durante o confinamento. “Para fazer minhas coisas, e meu marido também, a gente liga o desenho.” O que novamente a remete à própria infância. “Eu fui filha dos anos 1980, Xuxa era minha babá e o lanche era Danoninho. Minha mãe criou três filhas sem qualquer ajuda; nem do meu pai, um homem à moda antiga. É claro que todos pagamos um preço por isso. Mas também teve muito amor e dedicação, dos dois, cada um no papel que estabeleceram.”
Com Tainá e Henrique, os papéis são outros. Eles dividem as tarefas da casa, da cozinha (ele faz o arroz com feijão do dia a dia; ela, que tem medo de panela de pressão, os pratos especiais, como lasanha e risoto), do cuidado com o filho. Agora, sem ajuda externa, por causa da pandemia.Com quintal ou sem quintal, com TV ou sem TV, ficar o tempo todo em família tem sido desafiador. “Está tudo muito intenso, com altos e baixos, mas com mais altos e momentos de alegria”, diz. “Entramos nesse processo de buscar uma harmonia sendo um trio, de conviver só entre nós e estar bem com isso.”
O Globo sábado, 29 de agosto de 2020
NHOQUE: RECEITAS VERSÕES QUE VÃO DE RICOTA A BANANA-DA-TERRA
Dia 29 é dia de comer nhoque: receitas e versões que vão de ricota a banana-da-terra
Chefs compartilham dicas para o preparo da massa. 'Sempre faça o molho antes', sugere Helena Murucci, do Tutto Nhoque
O Globo
29/08/2020 - 00:01
Segundo a tradição italiana, todo dia 29 é dia de comer nhoque. Traz fortuna e sorte - a simpatia da nota sob o prato tem origem na Argentina. Por isso, sugerimos três receitas diferentes do massa em formato de bolinhos espessos e macios, servida com algum molho (sugo, bolonhesa ou branco). Duas são da chef Helena Murucci, do Tutto Nhoque (3819-2011), restaurante que, como sugere o nome, tem um cardápio exclusivo para o prato (100% artesanal): são 11 tipos que podem ser combinados com dez molhos.
— Sempre prepare o molho antes. Depois de cozinhar os nhoques, misture logo ao molho, isso ajuda com que a massa não grude. O nhoque de ricota e espinafre combina com molho vermelho. Já o de banana-da-terra, com molho tipo “baiano”, com leite de coco e azeite de dendê — diz Helena.
Buon appetito!
Nhoque de ricota e espinafre
Helena Murucci (Tutto Nhoque)
Ingredientes
800g de ricota fresca
2 maços de espinafre
250g de farinha de trigo
50g de queijo parmesão
1 ovo
Noz-moscada, pimenta-do-reino e sal a gosto
Preparo
Higienizar, desfolhar e cozinhar as folhas de espinafre dando choque térmico. Esprema bem o espinafre e pique fino.
Rale a ricota, misture o espinafre, o ovo, o parmesão e tempere com noz-moscada, pimenta-do-reino moídos na hora e sal.
Misture a farinha aos poucos fazendo o teste na água fervendo (ferva a água faça uma bolinha de nhoque. Cozinhe e jogue na água fria. Se não se desfazer, a massa está no ponto).
Limpe uma superfície e polvilhe um pouco de farinha. Divida a massa e enrole, depois, com uma faca, corte os nhoques. Deixe as bolinhas separadas para que não grudem.
Em uma panela funda, ferva a água e tempere com uma colher de sopa de sal. Jogue os nhoque em pequenas quantidades, ao emergir retire com uma escumadeira e disponha em uma travessa. A cada nova remessa de nhoques cozidos, jogue um fio de azeite.
Nhoque de banana-da-terra (vegano)
Helena Murucci (Tutto Nhoque)
Ingredientes
500g de banana-da-terra maduras (pretejando)
150g de farinha de trigo
25ml de azeite de oliva
Pimenta-do-reino e sal a gosto
Preparo
Cozinhe as bananas com a casca. Depois de macias retire, espere esfriar um pouco, descasque e amasse.
Espere a banana esfriar completamente, acrescente o azeite e tempere com sal e pimenta-do-reino moída na hora. Incorpore aos poucos a farinha de trigo até dar ponto.
Limpe uma superfície e polvilhe um pouco de farinha. Divida a massa e enrole, depois, com ajuda de uma faca, corte os nhoques. Deixe as bolinhas separadas para que não grudem.
Em uma panela funda, ferva a água e tempere com uma colher de sopa de sal. Jogue os nhoque em pequenas quantidades, ao emergir retire com uma escumadeira e disponha em uma travessa. A cada nova remessa de nhoques cozidos, jogue um fio de azeite.
Nhoque de batata e manjericão com queijo
Armando Freitas (Trattoria Carioca)
Ingredientes
400g de purê de batata asterix
300g de farinha de trigo
240ml de água
240ml de leite integral
50g de manteiga sem sal
1 colher de chá de sal
35g de parmesão ralado
60g de sêmola
200g de queijo mozzarella em cubinhos de 1cm
25g de manjericão fresco picado
Preparo
Em uma panela, coloque o purê, o leite, a manteiga, o parmesão e o sal. Com o fogo baixo, mexa sem parar até que os ingredientes estejam bem incorporados.
Assim que começar a ferver, jogue as farinhas e mexa até virar uma massa. Importante mexer bem para farinha incorporar na massa.
Coloque a massa em uma mesa (não esquecer de higienizar), espere esfriar um pouco, adicione o manjericão e sove bem até que a massa fique homogênea.
Está pronto! Agora é só finalizar. Fazer bolinhas de mais ou menos 13g cada e em uma panela com água fervente, cozinhe os nhoques por mais ou menos 1 minuto e sirva com molho à sua escolha.
Dica 1: "Importante enrolar bem as bolinhas para não ter risco de vazar queijo na hora do cozimento."
Dica 2: "Você também pode fritar as bolinhas e servir com qualquer molho, fica uma delícia!"
Nhoque da fortuna com camarão
Conceição Neroni (Margutta)
Ingredientes
1Kg de batata asterix cozida e passada no espremedor
2 gemas
200g de farinha de trigo
Sal a gosto
... o molho
400g de de molho de tomate italiano
100ml de azeite
200g camarão limpo
1/2 abobrinha cortada a gosto
1/2 cebola picadinha
Preparo
Massa: junte tudo e misture bem. Em uma panela com água fervendo vá colocando o nhoque e conforme for subindo retire com uma espumadeira e coloque em água com gelo. Após resfriado coloque em uma tigela com um pouquinho de azeite misture e reserve.
Molho: em uma frigideira ou panela coloque o azeite e a cebola.
Adicione a abobrinha picadinha a gosto deixe cozinhar por cinco minutos, adicione o camarão e refogue por mais três minutos. Coloque o tomate e cozinhe por mais dez minutos, acerte o sal e está pronto pra adicionar o nhoque, misturar bem e servir em prato fundo servido com queijo ralado.
O Globo sexta, 28 de agosto de 2020
PARALAMAS DO SUCESSO: LIVE REÚNE CLÁSSICOS DA CARREIRA DA BANDA
Live dos Paralamas do Sucesso reúne clássicos da carreira da banda
Trio se apresenta direto do palco do Teatro Prudential em estreia de show virtual
Sérgio Luz
28/08/2020 - 04:30
RIO — Após terem duas apresentações, que marcariam a estreia da turnê, com bilheteria esgotada no Circo Voador adiadas por conta da pandemia, Herbert Vianna (guitarra e voz), Bi Ribeiro (baixo) e João Barone (bateria) fazem neste sábado (29/8) a abertura do show inédito “Paralamas clássicos” em formato digital, direto do palco do Teatro Prudential.
— Foi um balde de água gelada, estávamos com expectativa muito grande de relembrar coisas que não tocávamos há muito tempo — desabafa Bi Ribeiro.
Com 37 anos de carreira discográfica e dezenas de sucessos, não falta música para chamar de clássico no repertório dos Paralamas do Sucesso, e muitas estavam esquecidas.
— Vamos tocar coisas como “Química”, “O passo do Lui”, “Assaltaram a gramática”, e “Será que vai chover?”. Temos até uma argentina, “Trac-trac”, que também é um clássico nosso — enumera o baixista, mencionando a versão da banda para a composição de Fito Páez, no repertório do grupo desde o álbum “Os grãos” (1991).
Bi diz que a perspectiva de tocar para uma plateia vazia é “um pouco estranha”:
— No começo, todo mundo passou a fazer live, mas a família do Herbert, por excesso de zelo, preferiu que ele ficasse em casa. E nós concordamos, claro. Somos todos do grupo de risco. Íamos fazer sem cenário, bem cru, só a banda no palco. Mas acho que vai ser um barato, estamos com fome de bola, com saudade um do outro.
O roteiro da live, às 20h, no canal oficial da banda no YouTube (/osparalamasdosucesso), ainda conta com hits como “Alagados”, “Meu erro”, “Lanterna dos afogados” e “Óculos”. O trio toca com o tradicional segundo trio, que acompanha a banda há décadas: João Fera (teclado, desde 1987), Monteiro Jr. (saxofone, 1989) e Bidu Cordeiro (trombone, 1997).
— Tem a troca de energia com o público, mas também tem a da banda entre si, que é uma coisa única, não existe versão pirata. E isso acaba acontecendo em qualquer ensaio, qualquer lugar que a gente toque junto. Nossa pérola é a interação dessas forças.
O Globo quinta, 27 de agosto de 2020
COPA DO BRASIL: FERNANDO MIGUEL BRILHA E VASCO SE CLASSIFICA
Fernando Miguel brilha e Vasco se classifica na Copa do Brasil
Goleiro defende duas cobranças e dá ao time vaga que quase foi assegurada no tempo normal em Goiânia
Carlos Eduardo Mansur
27/08/2020 - 00:04 / Atualizado em 27/08/2020 - 09:23
A missão em Goiânia passava por reverter uma derrota sofrida por um Vasco que, espera o torcedor, tenha ficado para trás. O time de antes da paralisação pela pandemia, que colecionava atuações ruins. Ontem, o Vasco de Ramon Menezes não foi sempre espetacular, mas dominou o jogo por mais tempo e fez o suficiente para decidir seu futuro nos 90 minutos. Mas ainda assim, a vitória por 2 a 1 levou a disputa da vaga para a marca dos pênaltis, dando o protagonismo a Fernando Miguel: com duas defesas, ele colocou o time na quarta fase da Copa do Brasil.
Foi um jogo de traços curiosos, a começar pelos gols, pela forma como saíram. O Vasco abriu o placar num lance casual, sofreu o empate em outro lance com boa contribuição do acaso e virou a partida também numa bola desviada. Em parte, sinal de dois times que, embora tivessem ideias claras e organização, passaram ao menos 70 minutos com dificuldades para finalizar, para criar jogadas de gol. Mas também é verdade que o Vasco terminou a partida melhor do que começou e, no segundo tempo, teve boas chances de ampliar sua vantagem e definir a vaga no tempo regulamentar.
A partida, aliás, trouxe de volta a escalação e o desenho tático que Ramon Menezes preparara desde a volta da pandemia, mas perdera logo no início do Brasileirão por causa das ausências de Yago Pikachu e Vinícius. Ontem, quando tentava se instalar no campo ofensivo, voltou a usar Vinícius abrindo campo pela direita, Cano no centro do ataque e Talles Magno pela esquerda. Por trás dos atacantes, Benítez ganhava a companhia de Pikachu, que se projetava pelo centro do campo.
Os primeiros minutos foram difíceis para um Vasco surpreendido pela marcação adiantada do Goiás. Durante 20 minutos, o time da casa foi melhor e Fernando Miguel fez duas defesas, embora nenhuma delas tenha dado sensação clara de gol. Havia volume e pouca criação dos goianos.
O mesmo que aconteceu quando o Vasco assumiu o controle e soube manter o jogo um pouco mais longe de sua área, evitando repetir o cenário da partida contra o Grêmio. Mas havia pouca agressividade.
Aos poucos, as inversões entre Benítez e Talles pelo lado esquerdo começaram a confundir a marcação do Goiás e o lateral Henrique, que em geral se posiciona por trás da linha da bola, passou a aparecer como elemento surpresa. Um cruzamento dele desviou na zaga goiana e deu ao Vasco o primeiro gol. O jogo parecia sob controle até um córner desviar em Talles e o empate se oferecer a Rafael Vaz.
O Globo quarta, 26 de agosto de 2020
CAPONATA - NO PÃO, NO PRATO, NO MOLHO DE MASSA
Caponata - no pão, no prato, no molho de massa
Por Mariana Weber
Comida saborosa, com ingredientes frescos, que não exige muito tempo na cozinha (ou muito tempo de atenção na cozinha). A caponata é tudo isso. Melhor: ela vai com tudo. Vira recheio de sanduíche, acompanhamento, elemento principal do prato, salada, molho para massa. Melhor ainda: não suja muita louça, porque é só picar grosseiramente os vegetais e levar tudo junto ao forno em uma assadeira.
Quer mais? É daquelas receitas que aceitam o que você tiver em casa. A mais tradicional é com berinjela, mas usei também abobrinha porque tinha na geladeira. E poderia ter colocado também pimentão, uva-passa… Ou seja, não siga a receita abaixo à risca. Varie com o que tiver/quiser.
Da última vez que fiz, primeiro servi a caponata no almoço, acompanhada de arroz e ovo. Para o jantar, juntei tomate pelado em lata e transformei em molho de espaguete. E fiquei com pena de não ter feito em maior quantidade, porque bem que queria mais para outras refeições. Talvez sobre uma torrada.
Qualidades somadas, a caponata é um prato perfeito para esses tempos difíceis. E para os fáceis também.
Ingredientes
2 berinjelas 2 abobrinhas 4 tomates bem maduros 2 cebolas 4 dentes de alho 1 punhado de azeitonas Azeite Vinagre Páprica doce Sal Pimenta-do-reino Manjericão fresco
Modo de preparo
Pique a berinjela, a abobrinha, o tomate, a cebola, o alho e a azeitona.
Espalhe os ingredientes picados em uma assadeira e tempere com azeite, vinagre, páprica doce, sal e pimenta-do-reino.
Leve ao forno a 200ºC e asse até os ingredientes ficarem bem macios. Mexa de vez em quando.