RIO — Mais aventuras e áreas verdes. Menos grades e concreto. A um mês da reabertura, o novo zoológico promete não só encantar o público e reavivar muitas memórias de infância mas também proporcionar novas emoções. Com o nome de BioParque do Rio, a atração da Quinta da Boa Vista, Zona Norte da cidade, vai apostar na interatividade e na preservação da vida selvagem. A partir de 22 de março será possível por exemplo, ver de perto o nado dos elefantes, interagir com bichos da fazenda e passear de barco em meio a animais da savana africana.
A assinatura do projeto é do arquiteto João Uchôa, de 59 anos, da CICLO Arquitetura. É dele a concepção do espaço administrado pelo Grupo Cataratas, que aposta no modelo de enclausuramento inverso: em vez das grades e jaulas que estamos acostumados, animais integrados ao ambiente com uso de barreiras naturais.
Outro ponto é a ampliação da área verde em 35% do espaço original, reduzindo-se a pavimentação. A ideia é aproveitar as árvores!
— Lá dentro, não se retirou nenhuma árvore! Toda a cobertura vegetal foi preservada no projeto topográfico, incluindo mudas de espécies nativas da Mata Atlântica, o que no futuro vai permitir uma área verde ainda maior. A ideia é criar um ambiente com clima de floresta, aproximando-se ao máximo do habitat dos animais. Temos que tirar proveito das sombras também — explica Uchôa, que trabalha há pouco mais de dois anos no projeto junto com escultores, grafiteiros, consultores, biólogos, veterinários e outros 80 arquitetos.
De acordo com o profissional, uma das medidas foi reduzir o número de espécies para ampliar os espaços de cada animal. O leão, por exemplo, sai de um confinamento de 70 metros quadrados para um ambiente com 600 metros quadrados, quase dez vezes maior.
Os visitantes também caminharão por túneis, corredores e passarelas, ganhando uma nova experiência sensorial. Uchôa optou por utilizar materiais naturais. Em toda a configuração do parque, foi usada madeira de eucalipto (material certificado). As paredes receberam um revestimento com pintura artística de envelhecimento, num tom que se assemelha à terra. Foram utilizados ainda recursos cênicos, como rochas nos lagos, que propiciam uma atmosfera agradável. No recinto dos tigres, pedras artificiais foram criadas idênticas às naturais.
As reformas tiveram um investimento próximo de R$ 90 milhões. Foram 73 mil m² de intervenção dentro dos quase 115 mil m² do BioParque.
Ainda de acordo com Uchôa, optou-se por linhas sinuosas em todos os desenhos, na intenção de aproximar-se ainda mais do cenário natural, com menos traços retos. Outro ponto planejado foi criar um caráter lúdico nas instalações que agrade as crianças. Os quiosques de lanche, por exempo, lembram barracas de acampamento.
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— A expectativa é maravilhosa, o que deixa a gente mais atento para entregar um lindo trabalho. Confesso que não imaginava tanto interesse no zoo. Por onde comento, a curiosidade é enorme. Vai surpreender as pessoas. Foi criado uma área de convivência famíliar, não apenas de observação dos animais. Você poderá ir e passar o dia todo lá com a sua família, brincando, se divertindo, comendo e até sentado na grama. É estar próximo à natureza — detalha Uchôa.
Entre as muitas áreas de visitação estão a Vila dos Répteis, com jacarés, cágados e serpentes; o setor Reis da Selva, com leões, onças e tigres; a Ilha dos Primatas, com animais da Amazônia; a Fazendinha, onde as famílias poderão interagir comvacas, colehos e galinhas; a Savana Africana, com zebras, girafas e hipopótamos; um ambiente imersivo onde será possível conhecer a importância de seres polinizadores; e ainda uma área que imita o cerrado brasileiro.
Uchôa tem trabalhado, nos últimos 30 anos, com a arquitetura autoral e assina projetos singulares no Rio de Janeiro, como os principais palcos e estruturas do Rock in Rio, a Cidade do Samba, o Bar do Zeca, o Centro de Treinamento do Flamengo, o Hotel Le Canton e muitos outros.
Fechado desde 2019 para obras, o zoo reabre em 22 de março como um centro de preservação da vida selvagem. Na reta final da reforma, foi lançado um programa de sócio que oferece vantagens, como acesso ilimitado por um ano. Os sócios poderão conhecer o local a partir de 19 de março, antes do restante do público. O passaporte anual custa R$ 80, podendo o titular incluir até sete dependentes a um valor adicional de R$ 60 por cada e parcelar em até 12 vezes.
As obras criaram biomas com mais de sete metros de altura e vegetação natural das regiões de cada animal. O novo zoo, gerido pelo Grupo Cataratas, promete seguir rigoroso protocolo de segurança sanitária contra a Covid-19, com higienização ambiental diversas vezes ao dia, capacidade reduzida, locais diferentes para entrada e saída, posto de triagem para aferição de temperatura e higienização de mãos e calçados. O uso da máscara será obrigatório.
— O primeiro local a receber animais foi o “Imersão Tropical”, um grande viveiro com mais de 40 espécies, em sua maioria aves e alguns mamíferos. O grande diferencial é a sensação de estar dentro de uma floresta tropical. O parque irá destinar um percentual do valor do ingresso para financiar projetos de preservação da vida selvagem e bolsas de estudos sob o tripé da educação, pesquisa e conservação — contou o diretor do BioParque do Rio, Manoel Browne.