Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)
Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.
O Globo segunda, 02 de agosto de 2021
OLIMPÍADA: SIMONE BILES VAI DISPUTAR FINAL DA TRAVE
Simone Biles: entenda por que trave se tornou único aparelho possível para ginasta na Olimpíada
Ginasta americana desistiu de quatro finais pela perda de orientação espacial nos movimentos aéreos
Tatiana Furtado
02/08/2021 - 05:57 / Atualizado em 02/08/2021 - 05:58
Biles, no entanto, realiza uma das chegadas mais difíceis do aparelho. Em 2019, no campeonato nacional dos EUA, ela saiu da trave com um duplo mortal com uma dupla pirueta. Elemento feito apenas por algumas atletas, mas no solo. Foi mais um feito inédito da ginasta.
Mas Biles poderia escolher elementos com menos dificuldade, que não exija tantas rotações aéreas. Após a decisão de não competir na final do individual geral, a ginasta afirmou que estava tendo a perda de orientação espacial em todos os aparelhos, algo que nunca tinha acontecido com ela. O mais comum é ocorrer no salto e no solo.
No Rio-2016, a ginasta conquistou o bronze no aparelho, a única medalha que não foi de ouro das seis conquistadas em sua primeira Olimpíada – em Tóquio, ela já conquistou a medalha de prata por equipes.
O Globo domingo, 01 de agosto de 2021
PAOLLA OLIVEIRA ESTREIA ENSAIO SEM PHOTOSHOP: É LIBERTADOR PODER SER EU MESMA
Paolla Oliveira estrela ensaio sem Photoshop: 'É libertador poder ser eu mesma'
Atriz, de 39 anos, fala sobre a questão dos padrões, novo amor e transformação pós-Covid
Joana Dale
01/08/2021 - 04:30 / Atualizado em 01/08/2021 - 08:53
No último fim de semana, Paolla Oliveira “quebrou a internet” ao subir no palco do show de Diogo Nogueira e, depois de semanas de especulações, assumir o romance com o sambista, tascando-lhe um beijo na boca, para delírio da plateia — e de milhares de fãs em polvorosa com o compartilhamento do vídeo. Anônimos e famosos comemoraram o início do namoro, “shippando” o casal. “A torcida do público me surpreendeu”, diverte-se a atriz, de 39 anos. “Eu, que sempre tentei blindar meus relacionamentos, de repente me vi nessa situação. Mas está bom, está leve”, diz, abrindo um sorriso de orelha a orelha, do outro lado da chamada de vídeo.
Em uma hora e meia de entrevista, Paolla mostra-se por inteiro. Topou, inclusive, que este ensaio fotográfico fosse publicado sem retoques. “As fotos foram feitas em um dia bom, em que eu estava me sentindo bonita, nem pensei que tinha uma dobra aqui ou ali. É libertador poder ser eu mesma”, diz ela. “Adoro uma foto em que eu estou de lado, de biquíni, que mostra o meu braço bem real. Lá atrás, quando estava no início da minha carreira, sofri muito bullying por causa do tamanho do meu braço.”
A seguir, a atriz paulistana fala mais sobre a relação com o corpo, a dança, o novo namorado, a família e o trabalho.
QUESTÃO DE PADRÃO
“Estou sempre com um pé no padrão e outro fora dele, chega a ser engraçado. Gosto de me sentir bem e trabalho para isso, não tenho vergonha de dizer. E acho que estou lidando melhor com as expectativas dos outros em relação a mim, uma conquista importante. Eu me sinto mais bonita hoje do que quando tinha 20 e poucos anos. A beleza é um lugar de segurança. Já tive problemas com as minhas coxas. Inclusive, perdi trabalho por elas serem grossas. Hoje entendo que tudo bem não me enquadrar em um biotipo específico. Faz parte do meu amadurecimento e também das conquistas da sociedade, pois agora as mulheres conseguem encontrar identificação em outras mais gordinhas, mais baixinhas... Gosto de passar uma mensagem de autoconfiança para a mulherada. Isso tira a pressão do padrão.”
“Quando participei do ‘Dança dos famosos’ pela primeira vez, em 2009, estava apavorada, morria de medo de cair ao vivo em pleno ‘Domingão’. Tinha entrado na TV há pouco tempo, em 2005. Agora, no ‘Super Dança dos Famosos’, fico mais tranquila porque consigo me divertir um pouco. Como boa ariana caxias que sou, treino muito, mas me cobro menos. Mas não é fácil. Passaram-se 13 anos! É muita articulação para botar em ordem, fico toda dolorida depois que a adrenalina passa.
Fiquei surpresa com a proporção que tomou a minha apresentação de funk. André Marques e Tiago Leifert fizeram comentários que não foram legais, do tipo ‘fiquei com calor’ e ‘que dança foi essa’. Mas, para mim, o que prevaleceu foram as observações das meninas ali presentes. A Fabiana Karla, por exemplo, chamou minha ‘raba’ de maravilhosa, nas palavras dela! É um momento de liberdade poder usar meu corpo para dançar funk e rebolar, logo eu que por tanto tempo fui guardada na gaveta da mocinha da novela. Por conta do que ainda precisa ser transformado, a gente não pode deixar de exaltar uma construção bacana que existiu ali, o empoderamento feminino. E na tarde de domingo.”
BELEZA DEMOCRÁTICA
“Há três meses, virei sócia de uma clínica de estética, que vende a democratização da beleza. Eu, que parcelei tudo o que tenho na vida, sei da importância de poder dividir uma aplicação de botox ou um tratamento em uma máquina de última geração. Parece um discurso bipolar defender a beleza natural e vender tratamento em parcelas? Não para mim. Uma coisa não invalida a outra. Acredito que a gente tem que ter liberdade para fazer o que quiser desde que seja feliz, até colocar litros de silicone. Ou aparecer na capa de uma revista sem retoques.”
TRANSFORMAÇÃO PÓS-COVID
“Eu e a irmã da minha mãe, que mora comigo, pegamos Covid-19 em novembro. Tive dor no corpo, e fiquei com o raciocínio muito lento. Senti medo de não conseguir voltar a trabalhar, porque eu falava devagar. Assustador. Fiquei vulnerável demais. Isolada, resolvi mergulhar no universo virtual e descobri um mundo pulsante. Tive vontade de me conectar mais com os projetos sociais da Maite Schneider (do Transempregos), do Renê Silva (Voz das Comunidades) e do Raull Santiago (Coletivo Papo Reto).”
RELEMBRE O ENSAIO DE CAPA DE PAOLLA OLIVEIRA EM 2019
UM SUSTO
“Em março, teve um incêndio na minha casa, no Rio. Eu não estava lá, nem a minha tia. Os vizinhos chamaram os bombeiros. Ninguém ficou ferido. Os gatos correram um para cada lado, e tem um sumido até hoje. A casa acabou. Acho que foi problema com um ar-condicionado, mas, como não tinha seguro, não fui atrás de saber a causa. Fico aliviada de pensar que o prejuízo foi só material. Estou numa morada provisória. Até hoje, pego roupas que aparentemente tinham sido salvas e elas desmancham na minha mão. Mas a gente tem basicamente dois caminhos para escolher: sofrer e ficar olhando para trás ou olhar para frente. Prefiro a segunda opção. Ninguém vai para frente olhando pelo retrovisor.”
O ENCONTRO
“Não conhecia o Diogo pessoalmente, nunca tinha ido a um show dele. O (também sambista) Mumuzinho, amigo nosso em comum, fez as apresentações, e foi tudo muito tranquilo. Eu tinha terminado um relacionamento há um tempo, e não tinha expectativa para nada. Na verdade, nunca crio expectativas para essas coisas. Mas deu samba (risos). Bons encontros são para a vida. Se posso falar alguma coisa é que estou tendo a sorte de conhecer o Diogo mais de perto. Ele tem uma luz enorme, poderosa, potente. É uma sorte poder estar ao lado de uma pessoa que você ouviu falar que é muito legal e, quando chega perto, é tudo aquilo e ainda mais. Tenho sorte.”
‘O SAMBA É MEU DOM’
“Sou muito apaixonada por samba, inclusive é uma coisa que meu pai ficou encucado quando fui rainha de bateria pela primeira vez (em 2009): ‘Menina, desde quando você gosta de samba?’. Realmente, não sei. Mas amo desde que me mudei para o Rio, com 20 e poucos anos. Curti muito e tive a oportunidade de conhecer pessoas especiais como Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, Martinho da Vila. E o João Nogueira (pai de Diogo, morto em 2000) é um ícone. Então, para quem gosta do bom samba, realmente é um privilégio (esse namoro).”
XÔ, CIÚMES
“Já sofri por ciúmes (de ex-namorados), até antes de virar artista, e acho péssimo. Quando estou com uma pessoa, tento deixá-la segura para que o ciúmes não exista, independentemente da minha persona. É um sentimento que não leva a lugar algum. Sentimento não, essa coisa chamada ciúmes. Então, afasta isso de mim! E quero para quem está comigo a mesma coisa que quero para mim: que brilhe ainda mais. E deixa as mulheres curtirem (o Diogo) e serem felizes. Eu também gritaria ‘lindo’ se estivesse lá embaixo, na plateia.”
PRÓXIMOS TRABALHOS
“Estou reservada para uma novela, que, aparentemente, começa em dezembro. Será a minha primeira das sete, uma comédia. Vou ter três filhos, menina, pensa! E tenho um filme para lançar com Lázaro Ramos, rodado em fevereiro e que parece que sai ainda este ano, inspirado no livro do Marcos Piangers, ‘O papai é pop’. Já tinha feito uma novela com o Lázaro, mas pouco contracenamos, e descobri que ele é um parceiro de cena queridíssimo. E, no longa, estou gordinha e sem maquiagem. Foi delicioso me ver assim. No filme, a gente fala sobre a elaboração de um pai desconstruído. E acho isso tão moderno e importante.”
FAMÍLIA DA VIDA REAL
“Lá em 1900 guaraná com rolha, eu fazia balé e meus irmãos, judô. Em casa, era bem complexo. Meu pai me criou para ser uma mulher comandada, tolhida. Quando queria dar a minha opinião, ele perguntava: ‘Quem mandou falar? Por que acha que tem que ter opinião?’. Meu pai realmente não tinha ideia do tamanho dessa frase... Coube a mim fazer um trabalho de formiguinha. Uma das conquistas da minha mãe foi se formar agora em Medicina. Desde que sou criança, ouço-a falando que desejava ser médica. Mas ela precisou quebrar padrões. Primeiro, casou-se, teve três filhos e deixou o estudo para depois. Tenho muito orgulho.”
FUTURA MÃE?
“Há cerca de dois anos, fiz o congelamento de óvulos porque não há como brigar com a ciência nem com a natureza humana. Foi para eu ter a opção (de ser mãe) e não sofrer imposições. E continuo aqui, plena. Ainda é cedo para eu pensar em filhos, imagina... Sim, o Diogo é um bom pai, tem um menino de 15 anos. Gostar de família, fora aquela luz toda, realmente é uma coisa boa.”
O Globo sábado, 31 de julho de 2021
MEL LISBOA: ARTISTA FALA DOS 2O ANOS DE PRESENÇA DE ANITA E CELEBRA VOLTA À TV COMO VILÃ
Mel Lisboa fala dos 20 anos de 'Presença de Anita' e celebra volta à TV como vilã
Atriz, que estrela peça on-line e áudiosérie com Seu Jorge, conta que faz 'malabarismo' para conciliar trabalho, faculdade e família
Gustavo Cunha
31/07/2021 - 04:30 / Atualizado em 31/07/2021 - 08:24
Mel Lisboa se refere a si mesma ao falar de uma menina arremessada, há duas décadas, por uma “avalanche”. Em agosto de 2001, ao estrear seu primeiro trabalho na televisão — como a protagonista da minissérie “Presença de Anita”, do novelista Manoel Carlos —, a então jovem atriz desconhecida foi rapidamente alçada ao posto de fenômeno diante do sucesso da trama de mistério com uma carga de erotismo.
— Na época, eu achava que entendia tudo. Mas depois percebi que não. Estava no olho do furacão, e minha vida mudou do dia para a noite. Precisei de um tempo e de um distanciamento para começar a compreender certas coisas — conta ela, com 39 anos e mãe de Bernardo, de 12, e Clarice, de 8, frutos do casamento com o músico Felipe Roseno.
A gaúcha, que vive em São Paulo, se vê atualmente num “momento completamente diferente”. E avisa que não gosta de pensar se traçaria novamente os mesmos caminhos do passado, embora não negue que tenha tentado se descolar, durante alguns anos, da imagem sexualizada eternizada pela jovem fogosa que encarnou na TV — e que inspirou, inclusive, o nome artístico da funkeira Anitta.
— Pois é, tem isso. Já falei com a Anitta rapidamente por telefone, mas até hoje, infelizmente, não tive oportunidade de encontrá-la pessoalmente — revela. — Acho bonito olhar para o “Presença de Anita” 20 anos depois (a produção foi relançada no Globoplay). É uma série feita para aquele tempo, e naquela época quebrou paradigmas. Se fizéssemos um remake hoje, seria bem diferente. Logo depois, rolou um movimento natural em que neguei a minha sensualidade. Reneguei aquilo, num desejo de construir uma carreira que me levasse para outros lugares. Mas sei que tudo o que sou é fruto de escolhas. E de erros, acertos, traumas, felicidades... Meus maiores desastres de trabalho também fazem parte da minha história.
Afastada da TV Globo desde 2008, a artista está há seis anos sem fazer novelas — a última participação foi em “Os dez mandamentos”, folhetim bíblico da Record (“Não tenho que concordar com os personagens que interpreto, então lido com o trabalho de forma profissional”, frisa ela, que se considera ateia).
Nos últimos anos, por causa de compromissos da atriz no teatro, alguns convites na Globo acabaram não decolando. Em 2020, Mel participaria do elenco da nova temporada de “Malhação” — ela, inclusive, já havia se mudado para o Rio, por conta das gravações. Devido à pandemia, porém, o projeto foi suspenso. Agora, a artista aguarda o início das preparações para a novela “Cara e coragem”, prevista para ocupar a faixa das 19h em 2022.
— Estou empolgada, pois minha personagem será uma vilã, e a trama é divertida — adianta ela, que fará par com Ícaro Silva e contracenará com Taís Araújo.
Peça, série, filme...
Enquanto a novela não vem, ela se dedica a novos formatos na internet. Consumidora voraz de podcasts, a atriz estreou, na última semana, uma áudiosérie produzida pelo Spotify. Em “Paciente 63”, ela é uma psiquiatra às voltas com um homem (papel de Seu Jorge) que se considera um viajante no tempo e que afirma voltar do futuro para tentar evitar um desastre mundial.
— É uma história que dialoga muito com os dias de hoje. Dá até nervoso (risos) — afirma, exaltando o novo boom de narrativas em áudio. — Esse é um conteúdo que se assemelha à literatura, pois obriga o ouvinte a imaginar a cena. E, para nós, é um trabalho extremamente técnico. Não há outra palavra. Gravei tudo numa sala sem nada, à frente de um microfone, com um tablet na mão. E assim tive que fazer a história acontecer.
Aos que fazem questão de vê-la em carne osso, é possível assisti-la, até amanhã, em “Madame Blavatsky”, peça que ganha sessões previamente gravadas dentro da programação da 1ª Mostra de Teatro On-line da Associação de Produtores de Teatro Independentes (APTI) — os ingressos, a R$ 10, têm bilheteria revertida para profissionais do setor.
Releitura do texto de Plínio Marcos com dramaturgia assinada por Claudia Barral, o solo lança luz para a trajetória de Helena Blavatsky, escritora russa que consolidou a ideia de teosofia em fins do século XIX.
— É muito importante que as pessoas conheçam a história dessa mulher, que levou muito conhecimento para o Ocidente e que, por mais de cem anos, foi renegada — observa Mel sobre a escritora esotérica que teve sua obra originalmente traduzida para o português pelo poeta Fernando Pessoa.
E há mais novidades à vista. Neste mês, ela terminou de rodar, na cidade de Gramado (RS), o longa-metragem "Atena", em que interpreta uma justiceira que se vinga de estupradores e pedófilos. A produção que também tem os atores Thiago Fragoso e Gilberto Gawronski tem previsão de estreia para 2022.
Faculdade aos 39
Mel Lisboa brinca que, a partir da próxima segunda-feira, voltará a fazer “malabarismo” com a vida. É que ela retomará a graduação em Letras, na PUC-SP, iniciada em 2018 — a atriz não concluiu sua primeira graduação, em Cinema, devido ao trabalho em “Presença de Anita” e nas novelas subsequentes à minissérie.
— Lá vou eu de volta para o meu malabarismo, trabalhando, estudando e cuidando de casa ao mesmo tempo — ela ri. — Estou fazendo a faculdade aos poucos, sem muita pressa, mas com gana de me formar. Tenho essa ambição. Por enquanto, estou equilibrando pratos, mas vai dar certo.
O Globo sexta, 30 de julho de 2021
MARIA BETHÂNIA: O CIRCO ESTÁ FECHADO PARA A GENTE, PODER ME EXPRESSAR É UM PRÊMIO
Maria Bethânia: 'O circo está fechado para a gente, poder me expressar é um prêmio'
Cantora volta com disco que fala da noite das boates e da realidade soturna da pandemia e das ideologias: 'Está tudo muito estranho, muito fora do comum'
Silvio Essinger
29/07/2021 - 17:51 / Atualizado em 29/07/2021 - 23:14
RIO - Para Maria Bethânia, 75 anos, a decisão de intitular de “Noturno” o seu novo álbum – que chega esta sexta-feira ao streaming e às poucas lojas que ainda vendem CDs – era praticamente uma dívida.
— Minha vida, desde os 17 anos, é a hora do show, é a noite. Eu até que inventei uns shows à tarde, porque gosto muito do dia e gosto de dormir cedo — conta ela, por telefone. — Mas a noite tem um atrativo para a criatividade e para a música, particularmente.
Em seu primeiro álbum autoral, com inéditas, desde “Meus quintais” (2014), a cantora não se atém, contudo, apenas à vida noturna dos teatros e boates – na qual foi iniciada em 1965 e que referencia ao recriar “Bar da noite”, samba-canção de Bidu Reis e Haroldo Barbosa, pinçada do repertório de Nora Ney (“bar que é o refúgio barato / dos fracassados no amor”).
VEJA MARIA BETHÂNIA EM DIFERENTES MOMENTOS DA CARREIRA
— O disco é “noturno” também por causa de uma sensação geral com todas as dificuldades. Teve a pandemia que escureceu e que entristeceu o mundo, deixando a sensibilidade do artista aguçada. E também as realidades que o mundo vive, não só por causa da pandemia, mas das ideologias... tudo é muito difícil. As florestas acabando... são muitos assuntos, que para mim são soturnos-noturnos — enumera.
“Pioneira na campanha a favor da vacina”, Maria Bethânia sentiu muito o isolamento provocado pela Covid-19. Desde o início da quarentena, encontrou o irmão Caetano, “que está recolhidíssimo”, umas duas vezes apenas. Não conseguiu ir a Santo Amaro, sua cidade natal, para realizar um dos seus maiores desejos, que é ver a imagem de Nossa Senhora. E o pior de tudo:
— Foram dois anos sem poder me apresentar, sem poder subir no palco, é triste — ressente-se ela, que no entanto em fevereiro fez a sua primeira live, na Cidade das Artes, no Rio. — Foi uma delícia, com todas as dificuldades. Todo mundo vestido de louco, de astronauta, aquelas coisas esquisitas. Todos os cuidados necessários, mas tudo muito estranho, muito fora do comum. De qualquer forma, poder me expressar é um prêmio.
“Noturno”, Bethânia gravou em outubro do ano passado em meio a um clima de proibição “insuportável”:
— A cantora tem que olhar para o músico, saber qual é a vibração, sentir o ambiente. Fiquei dentro de uma casinha de acrílico. E fizemos testes e testes e testes... Muito ruim, mas era imprescindível, eu não aguentava mais e quis fazer. Eu tinha um repertório que vinha lá do Manouche (casa no Rio onde ela apresentou, em 2019, o show intimista “Claros breus”), outras canções que vieram, era uma urgência para mim.
Foi um disco feito com poucos músicos. Entre eles, dois estreantes na discografia de Bethânia: o pianista Zé Manoel e o violonista João Camarero, que a cantora define como “extraordinários e competentíssimos”.
— Eles chegaram e entenderam logo as dificuldades do momento, o meu desejo e o que eu precisava fazer — diz. — Eu adoro os silêncios e as esperas do Zé, os espaços, os vazios... era tudo o que eu queria. O repertório era isso.
Em “Noturno”, Maria Bethânia recorre a fornecedores habituais de canções, como o baiano Roque Ferreira (“Lapa santa”, “Música música”), o paraibano Chico César (“Luminosidade”) e a gaúcha Adriana Calcanhotto, que se saiu com a canção mais forte (e das mais recentes) do disco: “Dois de junho”, sobre a morte, em 2020, do menino Miguel, de 5 anos, ao cair do alto de um prédio no Recife enquanto estava sob os cuidados da patroa de sua mãe. O caso, de repercussão nacional, virou uma música que a cantora tomou “como uma peça de teatro, uma história narrada”:
— É uma narrativa muito livre, muito crua, que eu tive sorte de me sentir capaz de interpretar, com toda a dramaticidade, a violência e a dor que ela tem.
Já entre as surpresas de “Noturno”, está a presença de “O sopro do fole”, um baião composto pelo sobrinho Zeca Veloso, filho de Caetano, com inspiração na obra da tia.
— É estranho o Zeca tão carioca, tão urbano, ter feito uma canção quase que regional. É uma sensibilidade aguçada e talento de sobra. Foi uma das maiores emoções desse disco — conta Bethânia, que ainda gravou “Prudência”, de outro talento jovem da MPB: Tim Bernardes, do grupo O Terno. — Caetano ouviu e achou que fosse uma dessas pérolas antigas do cancioneiro nacional que eu escolho para os meus discos. Mas era do Tim!
Entre incursões pelo flamenco (com “Vidalita”, da espanhola Mayte Martín, que cantou em espanhol com interpretação “brasileira e baiana”) e o samba carioca (a inédita “Cria da comunidade”, de Xande de Pilares e Serginho Meriti), Bethânia fechou o repertório de “Noturno” – ao qual ficou faltando apenas uma de suas mais estimadas canções do repertório de “Claros breus”: “Evidências”, hit de Chitãozinho & Xororó, cuja gravação não foi autorizada por um dos seus autores, o cantor José Augusto.
— Ele está no direito, não gosta da cantora, não deixa ela cantar — limita-se a dizer Bethânia.
A espartana capa escolhida pela cantora para “Noturno” também deu o que falar entre os fãs.
— Primeiro, eu acho muito engraçado uma capa de disco virar assunto. Segundo, eu acho que ela é uma coisa tão simples, tão nua, tão desprovida de qualquer pretensão... tão elegante e tão justa com o nome do disco. É o vazio que está estampado em nossas almas. Não vejo motivo para tanto rebuscamento. É a pandemia — justifica-se.
No encarte, ela incluiu a reprodução de dois dos seus bordados: o de um coração a o da lona de um circo com a legenda “fechado”:
— Para mim, o circo é onde habita o alumbramento, é a grande força de vida, de alegria, de sonho. A sensação é a de que estou escrevendo uma carta, mas com um desenhinho e uma palavra só: o circo está fechado para a gente. Durante a pandemia eu comecei a bordar, foi algo que veio junto com o disco.
A demora da fabricação do CD atrasou algumas semanas o lançamento de “Noturno”.
— Na verdade, eu nem acho que fosse ter disco, porque não tem nem loja que venda! Mas a (gravadora) Biscoito Fino tem a tradição de ter disco e existem colecionadores, pessoas que gostam de ter o CD. Adoraria que fosse um LP, porque acho sempre que é mais nobre, é preto, é chique... não é essa coisa cintilante de quinta categoria. Acho o CD paupérrimo, mas é o que temos — reclama Bethânia, que diz não buscar distração na música, nem em tempos pandêmicos. — Música, para mim, é estudo. Quando eu quero fazer alguma coisa eu ouço muitas músicas, muitos cantores, mas não sou muito de me divertir com música. Se tiver barulho, eu durmo, mas não se tiver música. Ela é o meu trabalho, tem uma antena esquisita aí ligada.
O Globo quinta, 29 de julho de 2021
CAROL CASTRO FALA DA QUARENTENA E LEMBRA INÍCIO DA CARREIRA
Carol Castro fala da quarentena e lembra início da carreira
ANNA LUIZA SANTIAGO
Carol Castro (Foto: Reprodução)
Carol Castro se prepara para voltar ao ar num gênero que o público não está acostumado a vê-la. Atriz conhecida pelos papéis em novelas, ela agora surgirá numa série de suspense e terror. Trata-se de "Insânia", da Star+, com estreia prevista para o fim de agosto. Na trama, ela interpreta Paula, uma perita forense que sofre um surto após receber a notícia da morte da filha e acaba internada numa clínica psiquiátrica. Carol estava gravando no Sul quando começou a pandemia. Os trabalhos precisaram ser interrompidos e só foram finalizados no fim do ano passado, no Uruguai.
- Eu ganhei uns seis ou sete quilos na quarentena. Tive que perder em um mês e meio para não comprometer a continuidade da série. Acabou sendo um foco para mim - diz ela, que encarou a volta ao trabalho como "um grande respiro" após um período difícil. - Eu senti desde o início que a coisa não ia ser rápida. E aí eu não tinha terminado a série. Ficava com medo de ela ser cancelada. O Bruno (Cabrerizo, seu namorado) ainda estava no Rio. Ele veio para cá em março, ia voltar para a Itália depois do carnaval para ficar com os filhos. A gente pegou o início da pandemia ainda juntos. Foi bacana por um lado. Mas eu estava bem triste com a minha situação e a do mundo. De repente, ele conseguiu uma brecha e voltou para a Itália. Me vi longe dele, sem saber o que ia acontecer. Meu contrato com a Globo terminava em junho. A pandemia trouxe inseguranças. E eu me sentia mal por estar mal, já que tinha gente pior que eu. Ficava nessa bola de neve. Mas intensifiquei a terapia e busquei também estudar, ler, me munir de bastante arte.
Depois de "Insânia", Carol acabou mergulhando em outro trabalho, "Maldivas", série da Netflix, agora em reta final de gravações. Além da alegria por mais uma personagem, ela ainda pôde reencontrar no elenco Bruna Marquezine e Vanessa Gerbelli, com quem esteve em sua primeira novela, "Mulheres apaixonadas", de 2003. A trama foi reprisada recentemente no Viva e está disponível no Globoplay. A atriz afirma que não assistiu à reexibição "tanto quanto gostaria", mas se recorda com riqueza de detalhes:
- Lembro como se fosse ontem. Eu morava em Ipanema, frequentava o Posto 9. Andava com meu cachorro ali. Meu pai é ator, eu já conhecia muitos atores, fazia teatro, mas nunca parei para pensar na fama. Até porque esse nunca foi meu foco. De repente, na primeira cena, apareci de biquíni, desfilando na beira da piscina, jogando charme para o par da namoradinha do Brasil (Claudio e Edwiges, papéis de Erik Marmo e Carolina Dieckmann). Comecei a ser odiada de cara e, ao mesmo tempo, a chamar atenção. No dia seguinte à cena, sentia aquele bando de gente me olhando, comentando, cochichando, apontando. Eu lembro que senti uma estranheza. O primeiro impacto foi meio assustador. Não estava muito preparada. Não tinha empresário, por exemplo. Foram alguns meses até eu ir entendendo tudo. E também fui levando para um outro lado: "Que legal, estão conhecendo meu trabalho".
Segundo a atriz, hoje com 37 anos, levou tempo para desfazer a imagem de "símbolo sexual", expressão usada na época:
- Nos anos iniciais, o foco estava sempre na tatuagem, na beleza, na boa forma. Como eu era bem nova, sem muito direcionamento, não tinha maturidade ainda para escolher melhor alguns trabalhos. Quando você está começando, tem medo de dizer "não". Você espera se firmar. Sinto que fui colocada numa prateleirinha até entender que podia direcionar minhas escolhas.
Carol Castro mostra tatuagem (Foto: Reprodução)
Carol Castro e Bruno Cabrerizo (Foto: Reprodução)
O Globo quarta, 28 de julho de 2021
PROJETO SOCIAIS LIGADOS À MODA TRANSFORMAM A VIDA DE DETENTS NO PAÍS
Conheça três projetos sociais ligados à moda que transformam a vida de detentos no país
A Ponto Firme, Pano Social e Doisélles buscam ressocializar sentenciados e egressos em penitenciárias ao redor do país, oferecendo aulas de crochê e integrando-os em suas cadeias de produção
Matheus Krüger
27/07/2021 - 20:38 / Atualizado em 28/07/2021 - 08:47
Dentre os destaques da última edição da São Paulo Fashion Week, mês passado, a Ponto Firme chamou a atenção não só pelo uso delicado da arte milenar do crochê em looks construídos a partir de materiais descartados e itens de doação, mas também pela história por trás da marca. Trata-se de um projeto social que capacita e ressocializa sentenciados e egressos do sistema penitenciário por meio da moda, com mais de 150 colaboradores no portfólio.A Ponto Firme é apenas uma das inserções de moda no cárcere que vem transformando a vida de homens e mulheres no Brasil. O projeto PanoSocial e a marca mineira Doisélles também têm ajudado a costurar novas narrativas na vida de sentenciados e egressos do sistema penitenciário nos últimos tempos.
Idealizado pelo estilista Gustavo Silvestre, de 42 anos, a Ponto Firme nasceu em 2015. A ideia era escapar do ritmo acelerado da indústria da moda e redescobrir o crochê, técnica enraizada na família do designer. “Minha mãe, avós e tia faziam crochê. Cresci vendo isso, mas existia muito preconceito, e elas nunca me ensinaram”, lembra o estilista. Na sequência do surgimento do projeto, ele foi convidado para dar aulas na Penitenciária Desembargador Adriano Marrey, em Guarulhos, conhecida pelas oficinas de teatro e música.
Thank you for watching
Apesar do ambiente masculino e machista, o estilista conta que os presidiários são receptivos e interessados em aprender. “A sala de aula é um respiro para eles. Da porta para dentro, são alunos”, analisa. No início, as aulas eram uma vez por semana e, além de certificado, os presos ganham remissão de pena a cada 12 horas trabalhadas.
Com o tempo, a oficina passou a acontecer duas vezes por semana e o trabalho desenvolvido ganhou corpo e volume. A Ponto Firme integra, desde 2017, a grade de desfiles da São Paulo Fashion Week. As criações dos encarcerados também já foram expostas na SP-Arte, na Pinacoteca de São Paulo e em Nova York.
Em sua maioria, o perfil dos detentos se repete: jovens, negros e periféricos, de 18 a 29 anos, presos por crimes ligados ao tráfico de drogas ou roubos e furtos. “A prisão por si só é uma contradição. Ninguém aprende a nadar fora da piscina, assim como ninguém aprende a viver em sociedade fora dela”, opina Luis Carlos Valois, de 53 anos, juiz, mestre e doutor em Direito Penal e criminologia pela USP. “Mais do que ressocializar, projetos sociais oferecem dignidade.”
A trajetória da estilista Raquell Guimarães, de 40 anos, se entrelaça com o crochê e provoca mudança de vida de encarcerados. Fundadora da marca Doisélles, Raquell procurava uma alternativa para sua produção, antes realizada por mulheres aposentadas. “Percebi que o artesanato era um hobby e não um trabalho de oito horas por dia. Elas faziam durante a folga. Então, frequentemente, tinha problemas de padronização, além de perder prazos e entregas”, conta.
A busca por mão de obra especializada e comprometida somada a um episódio marcante no metrô de São Paulo — ela teve uma conversa emocionante com a a mãe de um detento do Complexo Penitenciário do Carandiru — deram origem ao projeto Flor de Lótus, em 2005. A inciativa de Raquell revolucionou o Pavilhão 1 da Penitenciária Professor Ariosvaldo de Campos Pires, em Linhares (MG). Ela ensinou os detentos a tricotarem em troca de remissão de pena e salário. “A gente dá uma segunda chance a quem não teve nem a primeira”, avalia.
Além dos detentos, há também os egressos, que lutam dobrado para serem inseridos no mercado de trabalho. E a situação não está fácil para ninguém, no Brasil, a expectativa de desemprego deste ano é de 14,5%, segundo a agência de classificação de risco Austin Rating. “Recomeçar uma nova vida é muito difícil. Não se encontra alguém que dê oportunidade para quem errou”, atesta Claudinei Ribeiro, de 49 anos, egresso que, atualmente, ministra a cooperativa de costura do Instituto Recomeçar.
Em São Paulo, a PanoSocial, cofundada por Natacha Barros, de 44 anos, tenta mudar essa realidade empregando ex-detentos em sua rede de produção de roupas e acessórios. A PanoSocial também é engajada em causas ambientais. A marca propõe o uso de matérias-primas ecológicas, como o algodão 100% orgânico, e adere a processos produtivos sustentáveis.
Sobre a realidade desigual do Brasil, a estilista reflete: “Ninguém nasceu para matar, roubar e traficar. Mostrar isso para quem consome nossas camisetas é uma grande motivação. A costura é o veículo e a ferramenta de transformação social”.
O Globo terça, 27 de julho de 2021
GASTRONOMIA: APRENDA A FAZER PEIXE BRANCO EM LEITE DE CASTANHA DE CAJU
Entre Rio e São Paulo, um estilo único: aula com Checho Gonzales
Hoje à frente de dois negócios na capital paulista, o chef boliviano, que vive no Brasil desde os 7 anos, é atração da série de aulas gravadas no Farol Santander
O Globo
27/07/2021 - 07:59
Nascido na Bolívia, Checho Gonzales veio para o Rio de Janeiro com a família aos 7 anos. Entre as cozinhas carioca (estreou como chef no Zazá Bistrô) e paulista (abraçou a profissão levado pelo amigo e grande cozinheiro Alex Atala), forjou seu estilo, hoje presente na Comedoria Gonzales e no restaurante Mescla, dois negócios que toca em São Paulo. Convidado para participar da série de aulas do Hub Rio Gastronomia gravadas no Farol Santander, cartão-postal da cidade, misto de centro de cultura, gastronomia e empreendedorismo, Checho resume um bocado de sua rica trajetória, das raízes andinas ao toque brasileiro, no preparo do peixe branco em leite de castanha de caju.
Ao longo da aula, Checho Gonzales divide parte do trabalho e conversa com Pedro Benoliel, curador da série gravada no Farol Santander. Durante o papo, o convidado relembra suas andanças pelos dois lados da ponte-aérea e, enquanto manipula os ingredientes da receita (que você encontra no fim do texto), revela aos poucos suas preferências na cozinha.
- A gente está cada vez mais preocupado com a estética e cada vez menos com o sabor – observa.
- Checho foi meu primeiro chef e ficou super feliz de participar, todo mundo quer participar do Rio Gastronomia – conta Pedro.
Assista ao vídeo aqui (e, abaixo, confira a receita completa):
PEIXE BRANCO EM LEITE DE CASTANHA DE CAJU (2 porções)
Ingredientes
Peixe peixe branco 400g cebola em cubos 50g caldo de legumes 300 ml leite de castanha de caju 100 ml suco de limão 30 ml abóbora cabotiá em cubos 300g espinafre desfolhado 6 ramos couve 4 folhas farelo de castanha de caju 40g sal pimenta-do-reino
Vinagrete de azeitonas
azeitonas picadas 10g cebola em cubos 10g salsinha picada 3 ramos azeite a gosto sal a gosto vinagre a gosto sal a gosto
Modo de fazer
Cozinhe os cubos de abóbora (se quiser pode deixá-los em água com açúcar, para dar contraste), escorra. Depois asse-os ou frite-os. Fatie a couve bem fina e frite em óleo abundante. Corte o peixe em 2 filés, polvilhe sal nas 2 faces e leve ao fogo usando uma frigideira bem quente com um fio abundante de óleo. Na sequência, junte a cebola em cubos e deixe dourar bem. A intenção é que o fundo do peixe fique bem crocante e que a cebola grude um pouco no fundo da frigideira. Junte o caldo e raspe este fundo (processo conhecido como deglaçar), para encorpar o sabor. Cubra e deixe cozinhando em fogo baixo, ou fique regando o peixe com uma colher (processo conhecido como escalfar). Uma vez bem cozido, junte o leite de castanha de caju e suba o fogo. Quando engrossar bem, acrescente o suco de limão, se quiser um fio de molho de pimenta, além das folhas de espinafre e verifique o sal. Sirva cada filé em um prato, metade da abóbora e regue com o leite de castanhas. Por cima vão a couve, o farelo de castanhas e vinagrete de azeitonas.
O Rio Gastronomia é uma realização do jornal O GLOBO com apresentação do Senac RJ e do Sesc RJ, patrocínio master do Santander, patrocínio de Naturgy e Stella Artois, apoio do Gosto da Amazônia, Água Pouso Alto e Getnet, e parceria do SindRio.
O Globo segunda, 26 de julho de 2021
OLIMPIADA: RAYSSA LEAL, TREZE MESES E ALUM RECORDES - A JORNADA DA MAIS JOVEM MEDALHISTA OLÍMPICA BRASILEIRA
Treze anos, sete meses e alguns recordes: a jornada de Rayssa Leal, a mais jovem medalhista olímpica brasileira
Com a prata, ela se tornou a terceira campeã mais jovem da história a arrematar a principal medalha
O Globo
26/07/2021 - 01:42 / Atualizado em 26/07/2021 - 09:16
Parece que não foi há muito tempo que ocorreu a Olimpíada de Pequim, mas lá atrás, no ano de 2008, nascia uma pessoa que não demoraria muitos ciclos olímpicos até ingressar no principal torneio esportivo. Rayssa Leal, a “Fadinha do Skate”, de apenas 13 anos e 7 meses, fez história ao conquistar prata, se tornando a terceira medalhista mais jovem da história e a brasileira mais jovem a arrematar uma medalha.
Rayssa superou Rosangela Santos, até então, a mais jovem medalhista da história do país, que, em Pequim-2008, ganhou o bronze no revezamento 4×100 do atletismo aos 17 anos.
“Não existe futuro sem passado. Se eu estou aqui hoje, é porque o skate brasileiro tem história. Se eu estou aqui hoje, junto de outros 11 atletas, é por causa de todos os skatistas 'das antigas', que fizeram o nosso esporte chegar até aqui", escreveu ela em uma rede social.
Nascida na cidade de Imperatriz, no Maranhão, a skatista começou aos 7 anos e, atualmente, também carrega o título de brasileira mais jovem a representar o Brasil em uma Olimpíada; a marca anterior era da nadadora Talita Rodrigues, que tinha, na época dos Jogos de Londres, em 1948, quatro meses a mais do a Fadinha tem atualmente.
2019 foi um ano particularmente especial para ela: já vice-campeã mundial, ficou em primeiro lugar no campeonato Street League Skateboarding, em Los Angeles, na Califórnia, e, no fim do ano, ainda levou o bronze no Mudnial. Isso tudo com apenas 11 anos,
"Se uma menina de 13 anos vai representar o Brasil hoje, é por causa de mulheres skatistas que me inspiram, que me mostram que uma garota pode tudo", disse Rayssa.
VEJA AS MELHORES FOTOS DAS MANOBRAS DE RAYSSA LEAL, MEDALHA DE PRATA NAS OLIMPÍADAS DE TÓQUIO
O Globo domingo, 25 de julho de 2021
GASTRONOMIA: RECEITAS EXCLUSIVAS DE CHEFS FAMOSOS NA SUA CASA
Mestres do sabor: receitas exclusivas de chefs famosos na sua casa
RG Experiências Gastronômicas vai entregar na casa dos clientes menus a quatro mãos assinados por craques como Katia Barbosa e Leo Paixão
O Globo
14/07/2021 - 07:23 / Atualizado em 20/07/2021 - 08:20
Evento que há uma década trabalha pela valorização do setor de restaurantes e tudo que o envolve, proporcionando encontros entre chefs e o público, o Rio Gastronomia - que em função da pandemia vem acontecendo de forma remota -, traz uma novidade para os amantes da boa mesa. Nos dias 04 e 05 de agosto, O RG Experiências Gastronômicas vai levar até a casa do público jantares a quatro mãos assinados por alguns dos principais chefs do país.
No primeiro dia, Katia Barbosa, inventora do famoso bolinho de feijoada e jurada do reality culinário Mestre do Sabor, da TV Globo, e Thiago Castanho, embaixador da cozinha paraense e chef do Remanso do Peixe, em Belém, se juntam no preparo de um cardápio cheio de brasilidade. O percurso inclui salada de mamão verde com pirarucu defumado, castanha-do-pará e gengibre, de entrada, e arroz de rabada com tucupi e jambú de prato principal.
O segundo cardápio, a ser entregue no dia 05, foi elaborado por outros dois craques das panelas: o carioca Thomas Troisgros, integrante da quarta geração de uma dinastia de chefs franceses - seu avô, Pierre Troisgros, foi um dos fundadores da nouvelle cuisine francesa e seu pai, Claude, dispensa apresentações -, e o mineiro Leo Paixão, também jurado do Mestre do Sabor e proprietário do Glouton, em Belo Horizonte. Eles preparam, entre outras delícias, guioza de frango com quiabo e bombocado de goiabada servido com sopa fria de chocolate.
As vendas começam na quinta, dia 15 de julho, e seguem até o dia 29 pelo site https://rg-experiencias.ummy.com.br/ mas clientes Santander e assinantes do jornal O Globo e Valor Econômico podem aproveitar, com exclusividade, a pré-venda já nesta quarta-feira, dia 14. Cada menu é composto de quatro etapas e custa R$ 500 para duas pessoas ou R$ 300, na porção individual. O cliente pode escolher entre dois horários de entrega: 19h ou 21h. Confira abaixo os menus completos.
O Rio Gastronomia é uma realização do jornal O GLOBO com apresentação do Sesc RJ e Senac RJ, patrocínio master do Santander, patrocínio de Naturgy e Stella Artois, apoio do Gosto da Amazônia, Água Pouso Alto, Getnet e Bacalhau da Noruega, e parceria do SindRio.
MENUS
Menu Conexão Rio-Pará, por Katia Barbosa e Thiago Castanho. Entrega dia 04 de agosto.
Entrada fria: Salada de mamão verde com pirarucu defumado, castanha-do-pará e gengibre.
Entrada quente: Pamonha de arroz com moquequinha de caranguejo.
Prato principal: Arroz de rabada com tucupi e jambú.
Sobremesa: Mousse de chocolate 70% com cupuaçu e farofa de cacau da ilha do Combú.
Menu Conexão Rio-Minas, por Thomas Troisgros e Leo Paixão. Entrega dia 05 de agosto.
Entrada fria: Salada de tomate orgânico defumado com ricota e pão sardo.
Entrada quente: Guioza de frango com quiabo.
Prato principal: Costela demi glace, com gratin de batata.
Sobremesa: Bombocado de goiabada e sopa fria de chocolate.
O Globo sábado, 24 de julho de 2021
OLIMPÍADA: PANDEMIA PREJUDICA A INCOMPARÁVEL HOSPITALIDADE JAPONESA
Omotenashi: Olimpíada na pandemia nos priva da incomparável hospitalidade japonesa
Gestos emocionantes e silenciosos hipnotizam quem se propõe a entender a sociedade local
Claudia Sarmento, especial para O GLOBO*
23/07/2021 - 16:00 / Atualizado em 24/07/2021 - 09:01
Na disputa final contra Istambul para sediar os Jogos Olímpicos de 2020, o governo japonês recrutou a apresentadora de TV Christel Takigawa, uma celebridade no país. Seu discurso para os membros do Comitê Olímpico Internacional foi considerado um dos pontos fortes da campanha que levou à vitória de Tóquio, em 2013. Falando em francês, ela pronunciou pausadamente uma palavra que representa um aspecto único da cultura japonesa: omotenashi. É uma filosofia que todo japonês entende, mas de difícil tradução.
“Omotenashi é uma cultura profundamente enraizada, que vem do sado (cerimônia do chá). Significa cuidar dos hóspedes com todo o coração. O termo é um microcosmo do próprio país, representando a mentalidade japonesa de hospitalidade centrada no cuidado e não na expectativa de receber algo em troca”, define o site da organização oficial do turismo japonês. Ao contrário de outras cidades-sede, que precisaram se transformar às pressas para sediar as Olimpíadas, Tóquio já parecia pronta para exibir a medalha de ouro na arte de receber. Só não esperava uma pandemia. Nesses estranhos Jogos com estádios vazios, as câmeras certamente transmitirão a beleza do esporte, mas a alma da metrópole anfitriã — uma capital ao mesmo tempo gigante e marcante por suas miudezas — não tem como ser inteiramente captada.
A preparação para os Jogos, uma das principais bandeiras do então primeiro-ministro Shinzo Abe, contou com forte apoio popular. Abe queria mostrar ao mundo, e principalmente à rival China, o “Japão da Recuperação”, uma alusão ao devastador desastre triplo de 2011: terremoto, tsunami e acidente nuclear. Uma década depois, o planeta luta contra um vírus mutante, e Fukushima soa como um drama distante. O governo japonês apostou que um ano de adiamento seria suficiente para ver o coronavírus controlado, mas não investiu na vacinação como outras nações desenvolvidas (menos de 30% dos japoneses receberam a primeira dose). Agora rema contra a impopularidade dos Jogos, a desconfiança de patrocinadores e o avanço da contaminação. Os atletas e os visitantes que terão sua circulação rigidamente monitorada vão encontrar dificuldades para experimentar o espírito do omotenashi em meio a desafios sem precedentes mesmo para uma nação acostumada à superação.
Problemas como sistema precário de transporte público, criminalidade ou sujeira nas ruas não atormentam os moradores de Tóquio, mas omotenashi é mais que organização. Está além dos serviços que todo mundo espera. Quem já teve o privilégio de viajar pelo Japão sabe que a riqueza de sua hospitalidade incomparável está nos detalhes. Pode ser tanto num hotel cinco estrelas quanto num restaurante minúsculo num beco tortuoso ao lado de uma estação barulhenta de trem. Oferecer os melhores produtos e atendimento possíveis é uma questão de dever, entranhado no DNA japonês, e isso não depende do valor da conta.
OS MASCOTES APARECEM DESDE OS JOGOS DE MUNIQUE, EM 1972. CONFIRA:
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Numa loja, o vendedor não vai apenas levar a sacola para o consumidor até a porta. Vai se despedir com uma reverência. Esse gesto pode durar até o cliente dobrar a primeira esquina e desaparecer na multidão, cena comum em restaurantes pequenos, onde os donos fazem de tudo. Nas hospedarias tradicionais, os ryokans, a deferência aos visitantes começa com o chá servido de forma tradicional e se encerra com a despedida dos funcionários na rua, faça chuva ou faça sol. Se estiver nevando, eles estarão enfileirados em seus quimonos do mesmo jeito, curvados para dizer adeus.
Há muitos outros exemplos dessa ideia de que o cliente não é somente rei. Talvez seja deus. Estrangeiros demoram para entender que não é necessário abrir a porta de um táxi. O motorista, de luvas brancas, fará isso automaticamente. Um morango — não é uma caixa, é a unidade mesmo — pode ser embrulhado em papel de seda. Frutas são presentes muito valorizados numa terra que entende o quanto a natureza pode ser instável. Pequenos acidentes, como um café derramado num terno durante o jantar, vão ter final feliz: a peça será lavada e passada de forma inexplicável à velocidade da luz. O tal terno, agora limpíssimo, será devolvido antes do jantar terminar com um pedido de desculpas comovente.
O trem-bala — um dos símbolos da tecnologia japonesa, inaugurado para a Olimpíada de 1964 — nunca atrasa. No máximo alguns segundos. Se entrar na casa dos minutos é sinal de que há algo muito errado, provavelmente uma tragédia. É fascinante ver a coreografia cronometrada da equipe responsável pela limpeza dos shinkansen. Quando o trem chega à estação, os funcionários fazem uma reverência discreta e esperam a saída dos passageiros. Percorrem então os vagões, varrendo, esfregando, recolhendo o lixo e acertando o pino das bandejas dos assentos, que precisam estar retos, claro. Tudo isso em menos de dez minutos para não atrasar a próxima partida.
São gestos emocionantes e silenciosos que acontecem de forma discreta, sem exageros, hipnotizando quem se propõe a entender a sociedade japonesa aos poucos e respeitosamente. Nem quando a tsunami deixou um rastro de 20 mil mortos e uma região tomada pela radiação, o país parou. E é assim que o Japão vai conquistando quem passa por lá. Além de tudo que já nos tirou, a pandemia também impedirá a imersão numa cidade tão hi-tech quanto tradicional. É uma pena. Essa mistura de eficiência e delicadeza deixa marcas definitivas.
O Globo sexta, 23 de julho de 2021
DOCE À MODA INGLESA: SAIBA COMO FAZER EM CASA
Doce à moda inglesa: saiba como fazer em casa
Tássia Magalhães mostra seu talento para a confeitaria no preparo de um curd de limão com manjericão e framboesa
O Globo
23/07/2021 - 08:42
Quando recebeu o convite para fazer a curadoria da série de aulas-show do Rio Gastronomia 10 anos, gravada no Farol Santander, em São Paulo, o chef Pedro Benoliel decidiu apostar alto.
- Minha ideia foi trazer chefs de outras cidades, em especial de São Paulo, o maior polo gastronômico do país. O legal é que todo mundo se interessa, conhece o evento, quer participar – conta Benoliel.
Receita a dois, com os chefs Pedro Benoliel e Elia Schramm:steak tartar
A convidada de hoje, a paulista Tássia Magalhães, é dona de uma trajetória formidável. Aos 23 anos, já comandava o Pomodori, um dos mais renomados redutos de culinária italiana de São Paulo. Sua paixão, no entanto, é a confeitaria. Não por acaso, na aula que apresenta ao lado de Pedro Benoliel, ela ensina a preparar um curd de limão com manjericão e framboesa (confira abaixo a receita completa). Receita de origem inglesa, o curd, para quem não conhece, é um cozido de ovos, acrescido de ingrediente ácido. A receita preparada por Tássia leva limão, mas pode ser feita com maracujá ou laranja, por exemplo. Sobre o uso de manjericão, a chef explica com sinceridade: - eu gosto muito de manjericão na sobremesa. Quem há de discordar?
Bom, atenção às dicas (sobre temperatura ideal, opções para trocas nos ingredientes etc) e confira o vídeo:
O Rio Gastronomia é uma realização do jornal O GLOBO com apresentação do Senac RJ e do Sesc RJ, patrocínio master do Santander, patrocínio de Naturgy e Stella Artois, apoio do Gosto da Amazônia, Água Pouso Alto e Getnet, e parceria do SindRio.
A RECEITA
Curd de limão com manjericão e framboesa
Serve 4 pessoas
Para o curd com manjericão
Ingredientes
120g ovo
110g açúcar refinado
100g suco de limão
135g manteiga
5g gelatina em pó
20ml de água
5g manjericão
Modo de preparo
Hidratar a gelatina em pó na água. Em uma panela adicionar o ovo, o açúcar e o suco do limão. Cozinhar até atingir 82˚C, sempre mexendo. Retirar da panela e colocar em um bowl, dissolver a gelatina hidratada na mistura e depois emulsionar a manteiga. Passar por uma peneira e resfriar. Cortar o manjericão em chiffonade e adicionar ao creme depois de estar gelado.
Para a geleia de framboesa
Ingredientes
100g de polpa de framboesa
1g de pectina (ou maçã)
5g de suco de limão
15g de açúcar refinado
Modo de preparo
Em uma panela ferver a polpa de framboesa. Untar o açúcar refinado misturado com a pectina. Cozinhar por dois minutos, retirar do fogo e adicionar o suco de limão. Resfriar e antes de usar bater em um mixer.
Para o merengue de framboesa
Ingredientes
320g açúcar refinado
70g polpa de framboesa
20g albumina
70g de água
Modo de preparo
Em uma panela adicionar o açúcar, a polpa de framboesa, a albumina e a água. Levar ao fogo baixo e mexer até o açúcar dissolver. Colocar a mistura em um bowl de batedeira. Bater com o globo até atingir picos firmes. Dispor sobre um tapete de silicone e levar ao forno a 70˚C até ficar sequinho.
*para decorar colocar framboesas frescas
O Globo quinta, 22 de julho de 2021
MARIANA XIMENES E VITÓRIA STRADA MOSTRAM TODO PODER DO BATOM EM ENSAIO FOTOGRÁFICO
Mariana Ximenes e Vitória Strada mostram todo poder do batom em ensaio fotográfico
Projeto 'Muses, de Giselle Dias, explora a relação emocional do cosmético com as mulheres
O Globo
22/07/2021 - 04:30
Um dos cosméticos mais populares e amados do mundo, o batom, ganhou um ensaio fotográfico para chamar de seu. A fotógrafa Giselle Dias explora a relação emocional das mulheres com o cosmético no projeto “Muses”.
“É uma ode à feminilidade. O batom exalta o nosso poder interno”, diz ela, que desde março fotografou 11 personalidades como as atrizes Mariana Ximenes e Vitória Strada.
"O batom representa mais do que um item de maquiagem. Já foi proibido pela igreja católica na Idade Média, durante o reinado de Rainha Elizabeth I virou um item da realeza e no movimento sufragista, o batom vermelho desafiou o machismo e a sociedade. Faz parte da nossa história", resume a fotógrafa.
Mariana Ximenes amou participar do ensaio: "Criar com a Gigi é um deleite".
O Globo quarta, 21 de julho de 2021
DOUGLAS DO VÔLEI COMEMORA SUCESSO
Fenômeno nas redes sociais, Douglas do Vôlei comemora sucesso: 'Viralizei do nada. Estou em choque'
Ponta da seleção brasileira só não brinca com o técnico Renan Dal Zotto: "É o chefe, né? Tenho de dar uma respeitada"
Carol Knoploch, enviada especial
21/07/2021 - 03:13 / Atualizado em 21/07/2021 - 09:54
TÓQUIO — Em menos de 24 horas, Douglas Souza se transformou no atleta brasileiro mais comentado do país. Dormiu com 260 mil seguidores no Instagram e acordou nesta quarta-feira, no Japão, com 900 mil. Vai bater a marca de 1 milhão em breve, e o ponteiro da seleção brasileira de vôlei já programa comemoração para quando atingir a marca.
Suas postagens sobre os bastidores da equipe e da concentração em Tóquio são divertidas e autênticas. Os amigos não escapam de provocações bem humoradas e tiradas inteligentes. Mas com o técnico Renan dal Zotto... a coisa é mais embaixo. Douglas diz que não tem coragem de brincar com ele porque não quer ser cortado do time que busca a terceira medalha de ouro olímpica.
Em entrevista ao GLOBO, na zona mista da Ariake Arena, Douglas, que esteve na reserva do time campeão em 2016, deu spoiler: preparem-se para seus comentários sobre a Cerimônia de Abertura, no dia 23. Vai ter até traje especial e muita sacanagem com Bruninho, o levantador do Brasil, que será porta-bandeira ao lado de Ketleyn Quadros. Douglas vai assistir ao evento do quarto da Vila Olímpica.
Ontem, 70 mil pessoas tinham assistido aos meus Stories. Depois do treino da manhã, eram quase 917 mil. Estou em choque! Esse é meu jeito. Sou assim, pode perguntar para meu namorado e família. Estou brincando o tempo inteiro, fazendo piada e enchendo o saco do Georges (ele chama o Borges assim). A única diferença é que agora estou filmando e colocando no Instagram. Antes eu não filmava, ficava mais na minha. Tinha um pouco de medo. Agora estou deixando acontecer e está dando certo porque o povo está adorando.
Tinha medo do quê?
Do julgamento. Antes eu não tinha maturidade para colocar a minha cara na internet e aparecer um comentário negativo e eu ter medo de como poderia me afetar. Hoje liguei o foda-se, desculpe a palavra. Quer falar mal? Tudo bem. Infelizmente, nós da comunidade LGBT estamos muito acostumados com isso. Só de acordar e dar a cara ali, as pessoas vão falar de você. Então que falem.
Você comentou que estava tomando sustos com os famosos que passaram a te seguir...
Gente, fiquei muito em choque! Antes de chegar no treino, eu estava vendo, era só Direct (mensagem privada no Instagram) da Pabllo Vittar, Luiza Souza, Tatá Werneck, a Camila de Luccas, a Rafa Kalimann, que eu amo. Tem até Direct de famosos que eu não consigo visualizar todos. Que vai para a solicitação, caso eu não siga o famoso. Estou descobrindo um mundo novo, estou em choque! Viralizei do nada.
Muito! Lógico. Sempre acompanhei o trabalho desse povo, da Camila de Luccas, por exemplo, muito antes de entrar no BB. Da Pabllo também, de uma galera. E agora eles sabem que eu existo.
Você tem facilidade, né? Como tem tanto tempo para fazer Stories?
Faço no nosso tempo de descanso, entre aspas. Faço muita coisa deitado na cama, antes de dormir. É uma coisa mais assim. E ontem, que teve um dia um pouco diferente, porque foi a nossa chegada na Vila Olímpica, tinha muita novidade. Daí eu quis movimentar e mostrar para a galera. Embora muitos já tinham mostrado antes e eu estava um pouco preocupado com isso. Mas as pessoas querem ver o que eu fiz. Pode ser mostrar uma maçã. O povo adora! Tá incrível. E eu vou continuar a fazer. Inclusive na Abertura, que a gente não vai poder ir, vou fazer do meu quarto. Farei comentários e vou entrar de vestido. Vai ser bem legal. Não trouxe vestido, não! Nem caberia na mala. Vou fazer de edredom mesmo.
Então você já está programando conteúdos...
As coisas surgem do nada. Esse da Abertura surgiu agora vendo vocês falando com o Bruno sobre a cerimônia. Pensei: vou participar do meu quarto já que não vou poder participar lá.
Você se diverte?
Lógico! Me divirto fazendo, é o meu passatempo, meu hobby. Quando estou em casa, gravo muito para o meu canal no Youtube. Esse é meu hobby, jogar vídeo game. Aqui não tem como. Não tem TV no quarto. Então fico interagindo com os fãs.
E a história da cama? Vários atletas fizeram o teste da cama de papelão, mas você realmente inovou...
(risos) Cara, foi muito espontâneo. Quando vi a cama, pensei: eu nem vou gravar porque eu ia bater a cabeça no teto. Mas dei uns pulinhos e do nada deu vontade de sambar, e eu comecei a sambar. E é isso...
Os outros atletas gostam das brincadeiras? Ou tem alguém com quem você nem mexe?
Os que eu não tenho tanta intimidade eu não fico brincando. Com o Borges, que é meu companheiro de quarto desde 2016, aí eu pego mesmo. Tenho intimidade, é mais tranquilo. A galera que eu não tenho certeza de como vai reagir, eu nem brinco, deixo na deles. Cada um na sua. Se eles gostarem, chegam brincando e tudo bem.
E com o Renan?
Sabe que eu não lembro se já fiz algo com o Renan... Nem brinca, ele pode me cortar. É o chefe, né? Tenho de dar uma respeitada.
Você se sente mais à vontade porque hoje com um homossexual há mais respeito?
Também, mas acho que tem mais a ver com a maturidade de eu querer me expor. Posso gravar um conteúdo aqui e caguei para o que as pessoas vão falar.
Você mais que dobrou seus seguidores. Vai ter comemoração de 1 milhão?
Vai ter de ter, né? Vai ter de um milhão, vai ter se a gente for, se Deus quiser, bicampeão olímpico... vai ter de tudo. Mas espero primeiro bater 1 milhão. Calma, gente!
Qual a importância de poder engajar com uma galera que não é a do vôlei? Levantar a sua bandeira?
Essa que é a minha mensagem. Tirando o vôlei, o negócio é ser quem você é e buscar seu sonho, independente de qual seja. Estou aqui vivendo o meu sonho, sendo eu o tempo inteiro, sem esconder, sem medo e me divertindo.
Você está em um país mais tradicional e está se expondo sem filtro. Não tem receio?
Não... Os japoneses são muito fofos, gente! Carinhos e respeitosos. Jamais... até porque se quiserem me xingar, na língua deles, eu não vou entender mesmo! Tá ótimo! Fique com Deus!
O Globo terça, 20 de julho de 2021
OLIMPÍADA: ENTENDA POR QUE O SOFTBOL É TÃO IMPORTANTE PARA O JAPÃO
Entenda por que o softbol, esporte que abre a Olimpíada de Tóquio, é tão importante para o Japão
Equipe japonesa, que estreia contra Austrália, usou óculos de realidade virtual para estudar adversárias, como os EUA. Sede escolhida foi arrasada por acidente nuclear há dez anos
Bernardo Mello
20/07/2021 - 04:30
Três dias antes da cerimônia de abertura, a bola já vai rolar — ou voar — nas Olimpíadas em 2021. Versão do beisebol em dimensões reduzidas, o softbol carrega grandes responsabilidades por marcar a estreia dos Jogos e dos anfitriões, nesta terça-feira, às 21h (horário de Brasília), com a partida entre Japão e Austrália. Dez anos depois do grave acidente nuclear que arrasou a região de Fukushima, escolhida como sede da modalidade nos Jogos, uma defesa bem sucedida da medalha de ouro conquistada pelas japonesas em Pequim-2008 é encarada pelo país como recado de recuperação e força.
Os jogos no Estádio Azuma, localizado a cerca de 70 km da usina onde ocorreu o vazamento radioativo, ocorrerão sem público. Os níveis de radioatividade no raio do estádio são medidos constatemente e estão em patamar seguro hoje, mas a alta de casos de Covid-19 levou a prefeitura de Fukushima a solicitar que as partidas não tenham público, a exemplo do protocolo de Tóquio.
A expectativa até semana passada era receber torcedores no estádio onde, durante visita em 2018, o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, encontrou atletas da região que apontaram o esporte como um dos principais suportes para superar o trauma causado pelo terremeto e a tsunami ocorridos em março de 2011. O impacto ocasionou o vazamento e deixou 18 mil mortos e milhares de desalojados por conta da radioatividade, a maior desde o acidente de Chernobyl nos anos 1980.
Com a falta de público, restará às jogadoras da seleção japonesa — o esporte é disputado apenas na modalidade feminina nos Jogos Olímpicos — mentalizar o apoio da multidão de fãs que acompanham o softbol no país, em grande parte pelas semelhanças com o beisebol, esporte mais popular do Japão.
O Globo segunda, 19 de julho de 2021
TARTARUGAS MARINHAS: RECANTO DA PRAIA VERMELHA, NO RIO DE JANEIRO, VAI VIRAR SANTUÁRIO MARINHO
Recanto de tartarugas, Praia Vermelha, no Rio, vai virar santuário marinho
Proposta foi idealizada pelo Projeto Verde Mar, para ordenar e fiscalizar a pesca na enseada, além de fomentar pesquisa sobre a biodiversidade local
Lucas Altino
19/07/2021 - 04:30 / Atualizado em 19/07/2021 - 08:50
RIO — Um dos mais belos cartões postais da cidade deve ganhar um reforço para a sua preservação. Está em fase final, dentro da Secretaria municipal de Meio Ambiente (SMAC), a elaboração de um decreto que criará o "Santuário Marinho da Paisagem Carioca" na Praia Vermelha. A medida pretende ordenar as atividades na água e restringir a pesca, além de fomentar a pesquisa sobre a biodiversidade local, que tem, como um dos destaques, a presença das tartarugas.
O decreto irá fazer valer as premissas existentes desde 2013, quando foi criado o Parque Natural Municipal (PNM) Paisagem Carioca, que abrange o morro do lado direito da Praia Vermelha. O parque foi criado na esteira do título de patrimônio mundial da Unesco ao Rio, em 2012, por sua "paisagem cultural urbana". Com isso, pela lei, as pescas passaram a ser proibidas num limite de até 50 metros de distância do costão rochoso.
Já do lado oposto fica o Monumento Natural (MoNa) do Pão de Açúcar. Além do trecho de 50 metros do lado direito em que qualquer extração natural é proibida, a presença das duas unidades faz com que toda a Praia Vermelha seja uma Zona de Amortecimento, o que demandaria controle de atividades na água. Mas as regras nunca foram devidamente regulamentadas.
O SANTUÁRIO DA PRAIA VERMELHA
A ideia de concretizar a preservação marinha veio do jornalista e instrutor de mergulho Caio Salles, fundador do Projeto Verde Mar. Desde 2016, ele faz mergulhos na Praia Vermelha e organiza mutirões de limpeza subaquática. Foi assim que percebeu como a maioria dos detritos no fundo do mar eram compostos por petrechos de pesca, como linhas, restos de rede, anzóis, chumbo e até vela de ignição de automóveis.
Mas apenas limpar o fundo seria "enxugar gelo", como definiu. Por isso, a sua proposta vai além, com base em três diretrizes: comunicação, educação ambiental e pesquisa científica.
— Passei a conversar com alguns pescadores e frequentadores da praia e percebi que quase ninguém sabia que ali era uma área marinha protegida. Passamos, então, a pensar em formas de mitigar o problema — explica Salles, que se uniu a Marcelo Andrade, gestor do PNM Paisagem Carioca, para elaboração do projeto.
A escolha do nome "Santuário Marinho" foi estratégica, para chamar a atenção da fiscalização e, do lado da educação ambiental, atrair excursões escolares. A prioridade zero, como explica Andrade, é a colocação de placas na areia e na costa. Já a ideia de como marcar os 50 metros da área no espelho d'água não está fechada. Salles diz que uma possibilidade é colocar boias no mar, mas isso precisa ser melhor estudado.
— A maioria dos casos aqui é de pesca recreativa. Então a divulgação e sinalização dos limites do parque já ajudam muito. Muitos, quando avisamos, entendem e vão para o outro lado da praia pescar. Já pesca industrial não pode ser permitida, e também devemos ordenar a entrada de jetskis — diz Salles, que destaca que a área próxima ao costão serve como berçário para peixes e tartarugas. — A preservação vai inclusive ajudar a pesca fora dos limites do parque, porque mais espécies vão se desenvolver nesse berçário e depois saírem para o mar aberto.
O passo seguinte é a busca de apoio e patrocínios para as pesquisas. Por isso, Salles vai lançar uma plataforma para financiamento coletivo. Sua ideia é ter quatro linhas principais de monitoramento: das espécies de peixes; da quantidade de lixo no mar; dos organismos bentônicos (que ficam no fundo do mar ou junto à costa rochosa); e das tartarugas, o que seria conduzido pelo Projeto Aruanã, que faz trabalho semelhante nas Cagarras, em parceria com o Ilhas do Rio.
— A tartaruga é um símbolo do que chamamos de "fofofauna", ela desperta o interesse das pessoas — diz Salles, que defende a participação coletiva. — Não pode ser um trabalho de formiguinha, porque se pisam em uma formiga, ela morre na hora. É preciso formar um formigueiro. Por isso, estou tentando envolver o máximo de pessoas possível, como as assessorias esportivas, as comunidades do entorno, os trabalhadores da praia e diversas instituições parceiras.
Dentro da SMAC, o projeto do santuário vem sendo tocado pelo recém criado Núcleo de Vida Marinha, lançado em junho com objetivo de alcançar resultados propostos pela Década dos Oceanos, da Unesco e da Agenda 2030, da ODC. Gerente do núcleo, Simone Pennafirme diz que o santuário se relaciona à proposta de criar "uma cultura oceânica na sociedade sobre a importância dos ecossistemas marinhos".
Além do decreto, cuja minuta está em análise pelo setor jurídico, uma das etapas finais do processo, será criado um grupo de trabalho, coordenado por Simone e o biólogo Ricardo Sousa Couto, coordenador da Gerência de Unidades de Conservação, para elaborar ações no santuário.
— Na Praia Vermelha é possível encontrarmos espécies em algum grau de vulnerabilidade, como tartarugas marinhas, cavalos-marinhos e raias — destaca Simone, que cita ainda o lançamento que será feito de um guia de identificação de raias encontradas na Baía de Guanabara, incluindo a Praia Vermelha.
O Globo domingo, 18 de julho de 2021
BÁRBARA PAZ LEMBRA BABENCO, FALA SOBRE SEXUALIDADE, E MAIS
Bárbara Paz lembra Babenco, revela desejo de ter filhos e fala sobre sexualidade não binária
Cineasta, que acabou de filmar o longa 'A porta ao lado' como atriz, quer se dedicar à direção: 'Sou um embrião que deu certo'
Marcia Disitzer
18/07/2021 - 04:30
Eu sou multidão”, diz Bárbara Paz, mais de uma vez, durante uma conversa de quase duas horas por chamada de vídeo. A afirmação que ela emprega para contextualizar diversas situações tem tudo a ver com as trilhas percorridas nos últimos tempos pela atriz gaúcha, de 46 anos.
A começar pela consagração do documentário “Babenco — Alguém tem que ouvir o coração e dizer: parou”, dirigido por ela, em tributo ao cineasta argentino Hector Babenco (1946-2016), com quem estava casada desde 2010. “Depois da campanha para o Oscar (o filme foi o representante do Brasil na disputa pela indicação de melhor filme internacional em 2021), voltei para Bahia, onde passei parte da primeira fase da pandemia. Cumpri minha missão ‘babenquiana’. Nunca poderia imaginar tanto sucesso”, diz.
No litoral baiano, sentiu-se, então,“estranhamente leve”. “Tive a sensação de ter renascido, sem nenhuma dor ou angústia maior, pronta para viver outras vidas”, conta a atriz, que carrega muitas cicatrizes “internas e externas” — após perder o pai aos 6 anos, teve a infância marcada pela doença da mãe, que morreu quando ela estava com 17. Meses depois, no Natal, sofreu um acidente de carro em que levou mais de 400 pontos.
A leveza está sendo exercitada à frente e atrás das câmeras. Como atriz, acaba de filmar “A porta ao lado” e está no elenco da novela das seis “Além da ilusão”, que sucederá “Nos tempos do imperador”. Como diretora, toca diversos projetos. “Quero fazer um filme sobre a minha vida”, avisa. A multiplicidade também se reflete na maneira de se enxergar no mundo. Em maio, declarou no podcast “Almasculina” se identificar como uma pessoa não binária, que não se enquadra na definição dos gêneros masculino e feminino.
Confira os melhores trechos da entrevista em que Bárbara fala também sobre orientação sexual e maternidade.
O GLOBO: Recentemente, você declarou ser uma pessoa não binária. Pode explicar melhor?
Não foi uma revelação e, sim, uma constatação. Sempre fui uma mulher masculina na minha expressão, na maneira como me mostro à sociedade, uma mistura de gêneros. Também sempre me senti parte da comunidade LGBTQIAP+ e nunca segui padrões heteronormativos. Conversando com um amigo sobre isso, descobri a palavra não binário, e disse: “Acho que me encaixo aí”. Tem pessoas que precisam fazer a transição ou para o masculino ou para o feminino, e outras que convivem bem com os dois, que é o meu caso. Não vou mudar nada, gosto do meu corpo e estou bem resolvida com a minha mulher e com o meu homem. Não imaginava tanta repercussão. Entendi como a comunidade precisa de voz. Se ajudar quem está sofrendo com isso, vou me sentir honrada. A minha fala não tem a ver com orientação sexual. Sempre me apaixonei por homens. Mas não vou me definir, sou multidão e não quero me fechar.
Já se apaixonou por uma mulher?
Não, sempre por homens. Namorei com alguns mais velhos e outros mais jovens. Mas se acontecer de me apaixonar por uma mulher, que lindo, maravilha, está tudo certo. Gosto e me apaixono por pessoas e estou aberta para o mundo. Aliás, estou livre e louca para voar. O universo está lá fora me esperando.
Assim como Babenco, que lutou contra o câncer durante 30 anos, você é uma sobrevivente. Como lidavam com essa identificação?
Quando a gente se encontrou, falou muito sobre isso. Esse lugar, o da sobrevivência, nós dois sabíamos como era. Ele dizia: “Estou me vendo em você”. Eu, naquela época, estava com 30 e poucos anos e queria me acalmar, já ele ansiava por mais energia. Realizamos muita coisa. Nosso processo de relacionamento foi vida e obra juntos. Eu trouxe mais tempo e vida para ele. Sem querer, a gente se ajudou e foi dançando conforme a música. Hector tinha certeza das minhas incertezas. E falava: “Você pode mais do que imagina”. Quis deixar registrado, por meio do “pacote Hector”, que inclui o longa, o curta “Conversa com ele” (emqueo médico Drauzio Varella trava uma conversa imaginária com o cineasta) e o livro (“Mr. Babenco: Solilóquio a dois sem um”), como ele regeu a doença e a morte, como adiou a morte. O amor que Babenco tinha pela vida era absurdo, o mesmo que vi na minha mãe e que também tenho.
O Globo sábado, 17 de julho de 2021
PIANISTA JONATHAN FERR SAIU DE UMA FAVELA PARA GRAVADORA E PALCOS DE SUCESSO
Pianista Jonathan Ferr saiu de uma favela para gravadora e palcos de sucesso
Carioca, que já tocou no Rock in Rio, fará programa de jazz na internet
Gilberto Júnior
17/07/2021 - 04:30
Aos 9 anos, Jonathan Ferr ganhou do pai um teclado para iniciantes, daqueles sem muitos recursos. O menino, então morador do Morro da Congonha, favela localizada na Zona Norte do Rio, havia se encantando por esse tipo de instrumento ao ver o pianista Pedrinho Mattar, morto em 2007, na TV. “Ainda não era um piano, mas foi o começo dessa história”, conta o carioca, hoje com 34 anos. “Depois desse presente, minha vida ganhou um novo sentido. A música virou uma obsessão. Deixei de jogar futebol e soltar pipa para me dedicar aos ritmos. Sabe aquela sensação de estar apaixonado? Era exatamente assim que eu me sentia.”
Após aulas comunitárias intensivas em Madureira, Jonathan dominou o piano e começou a ganhar uns “trocados” por causa de seus dotes musicais. “Vinte anos atrás, R$ 50 era grana demais. Conseguia ajudar em casa, fazer uma compra no mercado. Percebi ali que poderia ganhar dinheiro sem precisar deixar minha vocação de lado”, conta o rapaz, que já tocou em igreja evangélica e no Palco Favela do Rock in Rio, em 2019. “Foi algo muito significativo estar naquele festival. Nem nos meus maiores delírios, o Rock in Rio seria algo viável. Mas cheguei lá e não quero parar.”
Nem deve. Recentemente, o carioca, morador da Lapa, lançou seu segundo álbum, “Cura”, por uma grande gravadora, a Som Livre. “Sou o único artista instrumental da empresa. Dá para acreditar? Esse disco é um processo de autoconhecimento. A ideia é buscar dentro de nós mesmos as soluções para nossas questões. É um grande despertar. Afinal, somos sempre pessoas diferentes ao fim do dia, mudamos constantemente.”
Paralelamente, Jonathan está envolvido com um projeto para a internet. Gravará nas próximas semanas um programa para o YouTube sobre jazz, sem data de estreia. “Na verdade, gosto de me comunicar. O piano é um dos canais, mas também quero usar todas as ferramentas do audovisual ao meu favor. Minha vontade é falar com geral, tocar com minha mensagem. Seja da forma que for.”
O Globo sexta, 16 de julho de 2021
OLIMPIADA: GABRIELA CHIBANA, JUDOCA E ENFERMEIRA, VIVEU JORNADA DUPLA PARA SE CLASSIFICAR PARA TÓQUIO
Judoca e enfermeira: Gabriela Chibana viveu jornada dupla para se classificar para Tóquio
Neta de japoneses e membro de um clã de tradição no tatame, Gabriela é a segunda a representar a família Chibana em Jogos Olímpicos. Na preparação, dividiu os treinos com a conclusão da faculdade de enfermagem
Carol Knoploch, enviada especial
16/07/2021 - 05:00
TÓQUIO — A judoca Gabriela Chibana vem travando duas lutas distintas em sua rotina nos últimos anos: uma delas foi para conquistar a vaga olímpica e a chance de competir no sagrado dojô do Nippon Budokan, considerado o templo das artes marciais no Japão, construído para os Jogos de 1964 — estreia do judô na Olimpíada. A outra batalha foi para conciliar os treinos com a faculdade de enfermagem, até concluir, em 2019, o curso, pesquisando um tema tão importante para os dias atuais: a hesitação das pessoas em se vacinarem.
— É uma profissão linda que se coloca na linha de frente para cuidar e salvar vidas, essencial nos dias atuais de pandemia e em meio a uma queda da cobertura vacinal no Brasil — diz Chibana, que ainda não exerce a função, uma vez que o esporte é prioridade. — Quero trabalhar na área de urgência e emergência. Para mim, estar aqui é uma conquista dupla. Terminei a faculdade, busquei a vaga e agora vou atrás da medalha.
Gabriela, de 27 anos, será a primeira brasileira a lutar em Tóquio, ao lado do também peso ligeiro Eric Takabatake, no dia 24. O judô do Brasil é tradicional em conquistas, com 22 medalhas, sendo quatro ouros. O naipe feminino, que estreou em pódios apenas na edição de Pequim-2008, tem cinco, duas vezes no lugar mais alto.
Gabriela é neta de japoneses e integrante do clã Chibana, famoso na Zona Leste paulistana. A herança passada pelo avô Kohan aos sete filhos se manteve nas gerações seguintes. Todas as sete famílias dividem o mesmo prédio na Vila Carrão e lutavam no dojô no primeiro andar até a construção de uma academia. Gabriela é a segunda da família a chegar nos Jogos Olímpicos. Charles (66kg), seu primo, foi o primeiro. Durante a pandemia, ela teve vários deles como sparrings.
— Esse prédio é o meu bem maior, representa a minha vida. E é também por eles que estou aqui.
Luta pelo diploma
Para chegar em Tóquio, Gabriela teve de se recuperar de cirurgia, após ruptura total do ligamento do joelho, quando uma colega de treino caiu sobre sua perna. Ela se classificou com a última vaga direta do ranking da sua categoria de peso. Está na 26ª posição.
O diploma era uma exigência dos pais e lembra que “tinha de arrumar tempo para estudar”. De manhã ia para a faculdade e treinava à tarde e à noite. No meio do caminho, ouviu de muita gente que a graduação seria impossível, já que competições e treinamentos a impediam de estudar com afinco.
Gabriela se formou em 2019, um pouco antes da pandemia do novo coronavírus parar o mundo. E seu trabalho de conclusão de curso foi sobre as diversas causas da hesitação vacinal.
Ela conta que tomou as duas doses da vacina da Pfizer, doadas pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) para chegar ao Japão com mais segurança. Diz que se sente protegida no hotel da aclimatação do Time Brasil, em Hamamatsu, mesmo com a descoberta de ao menos 11 casos positivos (entre funcionários e familiares). Ela acredita que é preciso combater os céticos em relação à vacinação com informação:
— O que espero é que as pessoas se conscientizem, percebam que a ciência evoluiu e que há mais de 200 anos a vacinação se mostra eficiente. Seu custo benefício é grande — fala a judoca, que se impressionou com o poder das fakes news durante suas pesquisas na faculdade. — A hesitação pode ocorrer por questões religiosas, receio em relação à eficácia e outros fatores. Mas o poder das fake news foi o que mais me chamou a atenção durante meu trabalho de TCC. Mais do que nunca é preciso filtrar as informações.
Trabalho em equipe
Gabriela acredita que o judô contribuiu para a conclusão do curso. Segundo ela, o jita kyoei, benefício mútuo, um dos princípios valorizados no judô, também se aplica à enfermagem. Isso porque, mesmo o judô sendo um esporte individual, é necessário contar com a ajuda de outro judoca para se desenvolver.
Gabriela sabe bem o que significa trabalho em equipe. Durante anos e em dois ciclos olímpicos, foi sparring de Sarah Menezes, campeã olímpica em Londres-2012. Sarah está aposentada dos tatames depois do sétimo lugar na Rio-2016 e de ter se tornando mãe.
— Para mim foi uma honra ter tido a Sarah como exemplo e tê-la visto ganhar o ouro em Londres. Foi um momento mágico para mim também. Só tenho gratidão pelo que passamos juntas e pelas oportunidades que ela me deu de crescimento. Eu a ajudei naquela época e hoje tem muitas meninas que me ajudam também. Essa é uma das magias do judô.
O Globo quinta, 15 de julho de 2021
FLAMENGO: COM RENATO GAÚCHO, TIME MUDA PERFIL DA COMISSÃO TÉCNICA
Com Renato Gaúcho, Flamengo muda perfil da comissão técnica
Time visita o Defensa y Justicia hoje, pela primeira partida das oitavas de final da Libertadores, sem quatro titulares
Diogo Dantas
14/07/2021 - 09:07 / Atualizado em 14/07/2021 - 13:17
A chegada de Renato Gaúcho ao Flamengo traz de volta um perfil de trabalho visto pela última vez no clube com Abel Braga, primeiro treinador da atual gestão, em 2019, e curiosamente plano B da diretoria, que priorizava Renato na ocasião. Desde então, o Flamengo se acostumou com a importação não só de treinadores, como de comissões técnicas inteiras.
Com Rogério Ceni, técnico mais jovem e com inspiração européia, só que barato, seguiu-se o mesmo estilo: além do treinador principal e um auxiliar, vieram preparador físico e um analista de desempenho. Nada que se compare aos oito portugueses trazidos por Jorge Jesus.
Renato e o seu fiel escudeiro Alexandre Mendes concentram, na dupla, todas as funções distribuídas no futebol atual. O comandante é o chefe em si, mas tem uma forma de lidar que parece igualá-lo aos próprios jogadores.
A "boleiragem" ajuda a motivar e a conquistar rapidamente a confiança do elenco. Com Alexandre Mendes fica a responsabilidade por pensar de forma mais detalhada os treinamentos e as questões táticas.
No primeiro dia de Flamengo, isso se provou. Alexandre não saiu do lado de Renato. E falou bastante durante a atividade de campo. Renato conversou com os atletas e com os profissionais do clube - preparadores, massagistas, etc - com quem ficaram os demais trabalhos de campo. Fora das quatro linhas, as informações foram buscas pelo técnico junto a dirigentes e ao ex-zagueiro Juan, uma espécie de gerente de futebol muito ligado aos atletas.
A dupla Renato e Alexandre, que iniciou o trabalho no Fluminense, seguiu junta no Grêmio, onde teve o maior sucesso com a mesma receita. Depois Renato convidou Vitor Hugo para ser um segundo auxiliar. O profissional, que desta vez foi vetado pelo Flamengo, foi preparador de goleiros do clube antes de trabalhar com o técnico, e ficou marcado pela má fase de Alex Muralha.
No Sul, Renato indicou ainda um preparador de goleiros auxiliar, que ficou no Grêmio depois de sua saída. Por lá, a dupla Renato e Alexandre funcionava da mesma forma. Os coletivos eram comandados pelos dois ao mesmo tempo.
A circunstância financeira do Flamengo encaixou com esse tipo de trabalho do novo técnico. Já que paga mais do que pagava a Ceni, o corte veio na comissão técnica. Por isso Maurício Souza foi promovido do sub-20 e Marcelo Sales retornou. Ambos baratos.
A chegada de Renato atende também a uma marca desse Flamengo. De ter uma diretoria que não interfere no trabalho dos treinadores diretamente. Não acompanha de perto as decisões técnicas e não interfere nas mesmas. Desde Abel Braga, não há espaço para que os dirigentes criem relação e intimidade para pedir explicações dos técnicos sobre o que será trabalhado dentro das quatro linhas. O que abre espaço para uma gestão no início muito próxima, mas que com o passar do tempo deixar o treinador por conta de si mesmo. Renato lida muito bem com isso e tem perfil centralizador. Atua no contato com departamento médico, nas negociações, e tem pulso para agir no vestiário.
O Globo quarta, 14 de julho de 2021
FESTIVAL DE GRAMADO: NOVOS FILMES DE GLÓRIA PIRES E DO DIRETOR DE O CASO EVANDRO, ALY MURITIBA
Em edição híbrida, Festival de Gramado terá novos filmes de Glória Pires e de diretor de 'O caso Evandro'
Evento será realizado entre os dias 13 e 21 de agosto, com transmissão pela internet e TV
O Globo
13/07/2021 - 15:00 / Atualizado em 13/07/2021 - 17:12
Em 2021, assim como no ano passado, o Festival de Gramado seguirá tendo um formato híbrido por conta da pandemia de Covid-19. Com isso, entre 13 e 21 de agosto, os filmes serão exibidos tanto pela internet quanto pela televisão — via Canal Brasil, para assinantes, e aberto na TVE para os moradores do Rio Grande do Sul.
Os detalhes e a programação oficial da 49ª edição do evento foram divulgados nesta terça-feira, por coletiva de imprensa. No total, onze longas-metragens serão exibidos na mostra principal, sendo sete nacionais e quatro de países sul-americanos, com curadoria assinada por Marcos Santuario e pela atriz argentina Soledad Villamil. Os curtas são representados por 14 produções nacionais.
Entre os destaques nacionais, "Jesus kid", do diretor paranaense Aly Muritiba, que fez a série "O caso Evandro" no Globoplay; "A suspeita", de Pedro Peregrino, protagonizado e produzido por Glória Pires; "Carro rei", da pernambucana Renata Pinheiro, com Matheus Nachtergaele; e "Homem onça", estrelado por Chico Diaz, com o carioca Vinicius Reis à frente.
— Estar na 49ª edição desse festival tão emblemático e poder mostrar o fruto de quatro anos de trabalho é um sonho que se realiza! — comemorou Glória Pires.
O festival terá ainda duas mostras dedicadas exclusivamente a produções gaúchas, uma de longas-metragens e outra de curtas, com três e 24 filmes, respectivamente.
Abaixo, veja a lista completa de filmes do 49º Festival de Gramado:
Longas brasileiros
"A primeira Morte de Joana" (RS), de Cristiane Oliveira
"A Suspeita" (RJ), de Pedro Peregrino
"Álbum em Família" (RJ), de Daniel Belmonte
"Carro Rei" (PE), de Renata Pinheiro
"Homem Onça" (RJ), de Vinícius Reis
"Jesus Kid" (PR), de Aly Muritiba
"O Novelo" (SP), de Claudia Pinheiro
Longas estrangeiros
"Gran Avenida" (Chile), de Moises Sepulveda
"La teoría de los vidrios rotos" (Uruguai, Brasil e Argentina), de Diego Fernández Pujol
"Planta permanente" (Argentina e Uruguai), de Ezequiel Radusky
"Pseudo" (Bolívia), de Gory Patiño e Luis Reneo
Curtas brasileiros
"A Beleza de Rose" (CE), de Natal Portela
"A Fome de Lázaro" (PB), de Diego Benevides
"Animais na Pista (PB)", de Otto Cabral
"Aonde vão os Pés" (PR), de Débora Zanatta
"Da Janela Vejo o Mundo" (PR), de Ana Catarina Lugarini
"Desvirtude" (RS), de Gautier Lee
"Entre Nós e o Mundo" (SP), de Fabio Rodrigo
"Eu não sou um robô" (RS), de Gabriela Lamas
"Fotos Privadas" (RJ), de Marcelo Grabowsky
"Memória de Quem (Não) Fui" (RJ), de Thiago Kistenmacker
"O que Há em Ti" (SP), de Carlos Adriano
"Per Capita" (PE), de Lia Leticia
"Quanto Pesa" (MA), de Breno Nina
"Stone Heart "(AM), de Humberto Rodrigues
Longas gaúchos
"A Colmeia" (Porto Alegre), de Gilson Vargas
"Cavalo de Santo" (Porto Alegre), de Mirian Fichtner e Carlos Caramez
"Extermínio" (Cachoeira do Sul), de Mirela Kruel
Curtas gaúchos
"Jardim das Horas' (Porto Alegre), de Matheus Piccoli
"Cacicus" (Santa Cruz do Sul), de Bruno Cabral e Gabriela Dullius
"Era uma Vez… uma Princesa" (Porto Alegre), de Lisiane Cohen
"Depois da Meia Noite" (Caxias do Sul), de Mirela Kruel
"Para Colorir" (Porto Alegre), de Juliana Costa
"Um dia de primavera" (Porto Alegre), de Lisi Kieling
"Nave Mãe" (Sapucaia do Sul), de Gisa Galaverna e Wagner Costa
"Rota" (São Leopoldo), de Mariani Ferreira
"Tormenta" (Porto Alegre), de Emiliano Cunha e Vado Vergara
"Não Sou Eu" (Porto Alegre), de Theo Tajes
"Comboio pra Lua" (Pelotas), de Rebeca Francoff
"Fé" (Porto Alegre), de Thais Fernandes
"Tom" (Porto Alegre), de Felippe Steffens
"Solilóquio" (Porto Alegre), de Marcelo Stifelman
"Nilson filho do campeão" (Santa Cruz do Sul), de Diego Tafarel
"Eu não sou um robô" (Porto Alegre), de Gabriela Lamas
"Desvirtude" (Porto Alegre), de Gautier Lee
"Noite Macabra" (Canoas), de Felipe Iesbick
"Love do Amor" (Restinga Sêca), de Fabrício Koltermann
"Isso me faz pensar" (Porto Alegre, de Hopi Chapman
"Brecha" (Pelotas), de Helena Thofehrn Lessa
"Rufus" (São Leopoldo), de Eduardo Reis
"Hora feliz" (Porto Alegre), de Alex Sernambi
"Trem do Tempo" (Pelotas), de Vitor Rezende Mendonça
O Globo terça, 13 de julho de 2021
O RARO PROTESTO EM CUBA E O DESGASTE DA REVOLUÇÃO DE FIDEL
O raro protesto em Cuba e o desgaste da revolução de Fidel
Mauricio Santoro, professor de Relações Internacionais da UERJ, analisa o que levou milhares de cubanos às ruas para protestarem contra o governo e a crise social, apesar da repressão
RECEITAS VEGETAIS E BEM BRASILEIRAS: O CHEF RUAN FÉLIX SAIU DE FAVELA DO RIO E CONQUISTOU FÃS
O chef Ruan Félix saiu de favela do Rio e conquistou fãs com receitas vegetais acessíveis e bem brasileiras
Aprenda a receita de ceviche de cogumelos, coco verde e pipoca de sagucriada por ele para a escola Agridoce
Lívia Breves
12/07/2021 - 04:30
Quem acompanha as redes sociais do chef Ruan Félix, de 28 anos, nem imagina que ele já foi um publicitário viciado em junk food. Seu feed tem uma variedade enorme de receitas veganas: beterraba assada com melaço de romã; jiló grelhado com molho de tucupi e laranja; e pirão de chuchu são alguns dos preparos que ele cria e posta para seus quase 30 mil seguidores.
Carioca da comunidade da Vila São Miguel, em Magalhães Bastos, ele virou a chave quando assistiu ao documentário “Terráqueos”, sobre a realidade da produção de carnes e laticínios, e nunca mais ingeriu nada animal. “Eu era daqueles que não comia nem alface e tomate e passei a amar preparar receitas com vegetais”, recorda ele, que pediu demissão da agência que trabalhava e pegou os R$ 250 que tinha para começar um delivery de quentinhas vegs.
Em busca de se profissionalizar, passou na seleção de pessoas LGBTQIAP+ da Gastromotiva. Depois, teve uma experiência no restaurante Banana Verde, em São Paulo, e começou a sofisticar seus preparos. “Vim de uma favela, meu conhecimento era bem limitado. Nesse período abri a minha mente, comecei a criar receitas mais autorais”, conta.
O trunfo de Ruan é a brasilidade. “Uso maxixe, quiabo, chuchu. Não precisamos de berries e hemp seeds. O veganismo é acessível”, afirma. Logo, ele passou a dar palestras e cozinhar por todo o país. E o jovem que nunca havia andado de avião começou a pegar a ponte aérea várias vezes por semana. No último ano, Ruan virou professor da Agridoce, primeira escola de gastronomia vegana do Brasil, e chef executivo da Lá do Sítio, empresa de congelados baseada em Miguel Pereira, cidade para onde se mudou. “Quis ficar mais próximo da terra. O veganismo vai além de comer orgânico. É preciso se dedicar às causas indígena, quilombola e LGBTQIA+. Não sou aquele que comemora o preço alto da carne. Veganismo é liberdade”, finaliza.
Aprenda a receita de um ceviche de cogumelos
Ingredientes:
1 xícara de chá de cogumelos fatiados ½ xícara de chá polpa de côco verde laminada ¼ xícara de chá de pepino ½ xícara de chá de tomates picados sem semente ½ xícara de chá de milho cozido 1 xícara de chá de cebola roxa fatiada 2 unidades de pimenta dedo-de-moça picadas (sem sementes de quiser menos ardido) ¼ de xícara de sagu Óleo de girassol
Marinada:
2 maços de coentro 1 dedo de gengibre ¼ de xícara de chá de azeite ¼ de xícara de leite de coco fresco ½ xícara de chá de suco de limão 1 colher de sopa de melado Sal a gosto
Preparo:
Em uma panela aqueça um fio de óleo e acrescente o sagu. Aguarde alguns minutos para quem comecem a estourar e virem pipoca. Reserve.
Bata todos os ingredientes da marinada no liquidificador. Em seguida misture aos ingredientes do ceviche. Sirva com a pipoca de sagu por cima.
O Globo domingo, 11 de julho de 2021
EUROCOPA: INGLATERRA E ITÁLIA BUSCAM SUPERAR DORES COM O TÍTULO
Da decepção à final: Inglaterra e Itália buscam superar dores com o título da Eurocopa
Decisão às 16h (de Brasília), recompensará uma de duas das torcidas que mais sofreram nos últimos anos
Marcello Neves e Vitor Seta
11/07/2021 - 01:00
Para os ingleses, uma espera quase interminável por um novo troféu. Para os italianos, o renascimento de uma das equipes mais tradicionais do futebol mundial, após crise de mais de uma década. A final da Eurocopa, hoje, às 16h, recompensará uma de duas das torcidas que mais sofreram nos últimos anos. Das piadas inglesas ao orgulho italiano, os 60 mil presentes em Wembley testemunharão uma final carregada de emoção.
O período de vacas magras e decepções da Inglaterra é explicado em números. Caso conquiste a Euro, encerrará o maior jejum de títulos entre as campeãs mundiais. São 55 anos de espera. A última e única vez que o “English team” disputou uma taça em uma decisão foi em 1966, quando levou a Copa do Mundo.
— O sentimento é tanto de pavor quanto de excitação. A maioria das pessoas da minha idade não estava viva quando ganhamos o Mundial, então é algo realmente especial — afirma o jornalista Chris Thorpe, do site Football League World.
É muito pouco para um país que se gaba de ter inventado o futebol — e tem até música para isso. A canção “Football’s coming home” (“O futebol está voltando para casa”) tem trechos que brincam com as eliminações inglesas e mostra como a ironia virou uma forma de apoio e protesto. E não faltaram gerações de craques para fazer a Inglaterra sonhar com uma conquista. Lineker, Beckham, Gerrard e Lampard são alguns dos que sequer chegaram a bater na trave, longe de finais.
— Essa equipe parece não ser afetada pelas falhas anteriores. Eles não se lembram da Copa do Mundo de 1990, da Euro de 96, nem mesmo das Copas de 2006 ou 2008. Depois de tantos anos, acho que os torcedores começaram a esperar menos dos jogadores da seleção — afirmou o jornalista Sam Lee, do site Goal.
Caso o título venha, a expectativa é que um feriado nacional seja oficializado no Reino Unido, ideia de torcedores em petição que já conta com mais de 239 mil assinaturas. O premiê inglês Boris Johnson não descarta a possibilidade.
— Eventos como o casamento real de 2011 foram sísmicos na Inglaterra, mas a seleção nacional vencer uma grande competição estará em outro nível — compara Dylan Walsh, da GRV Media.
Do céu ao inferno
Caso o título venha, a expectativa é que um feriado nacional seja oficializado no Reino Unido, ideia de torcedores em petição que já conta com mais de 239 mil assinaturas. O premiê inglês Boris Johnson não descarta a possibilidade: "Acho que isso provocaria o destino, vamos ver o que acontece".
— Eventos como o casamento real de 2011 foram sísmicos na Inglaterra, mas a seleção nacional vencer uma grande competição estará em outro nível — comenta Dylan Walsh, da ‘GRV Media’.
Longe do tamanho do martírio inglês, a Itália também viveu seu drama particular. Desde que se tornou tetracampeã do mundo em 2006, na Alemanha, a seleção afundou em um doloroso processo de transição de gerações que parecia interminável.
Substituir à altura nomes como Del Piero, Pirlo, Totti e Cannavaro era uma tarefa complicada, e resultou em caos e irregularidade no cenário internacional, ao mesmo tempo em que o tradicional Campeonato Italiano entrava em declínio.
— Emplacar uma sequência com Baggio e Totti coloca o sarrafo muito no alto. Os jovens acabaram sentido muito a cobrança por protagonismo, o que acabou sendo bem prejudicial — diz Henrique Mathias, do site Calciopedia, sobre a dificuldade em revelar jogadores ofensivos no país.
Durante esse período, a Itália enfileirou fiascos em Copas. Amargou eliminações na fase de grupos em 2010 e 2014. Uma derrota por 1 a 0 para a Suécia, em 2017, deixou a azzurra fora de um Mundial pela terceira vez na história.
— Aquilo foi o ápice de um ciclo bem ruim do futebol italiano, uma série de eliminações dolorosas. O desânimo naquele momento se intensificou, mas já nos dez anos anteriores a Itália tinha deixado a desejar — explica o jornalista brasileiro radicado na Itália Anderson Marques, do site MondoSportivo.
A azzurra chegou a ser finalista da Euro em 2012, mas acabou goleada por 4 a 0 pela Espanha, então campeã do mundo. Foi a chegada do técnico Roberto Mancini, em 2018, que mudou o cenário. Uma equipe mais jovem, carismática e talentosa envolveu os torcedores e virou as expectativas a favor da azzurra. O resultado já se via antes da Euro: são 33 jogos seguidos sem derrotas.
— Os italianos tinham medo de fracassar mais uma vez, mas Mancini conseguiu manter um grupo unido, chegando à Euro com a moral alta. Trabalhou muito tanto no lado tático quanto no lado humano, tendo bons resultados e sendo querido por jogadores torcida — diz Marques.
Para Mathias, a valorização dos jovens, o trabalho tático de técnicos como Conte, Sarri e Allegri no Campeonato Italiano e o protagonismo assumido pelos volantes e meias centrais no cenário doméstico foram outros fatores importante no renascimento da azzurra.
— O nível coletivo da liga subiu e isso foi ajudando a seleção.
O Globo sábado, 10 de julho de 2021
CARNAVAL 2022: CONHEÇA OS ENREDOS QUE AS ESCOLAS DE SAMBA LEVARÃO PARA A SAPUCAÍ
Conheça os enredos que as escolas de samba levarão para a Sapucaí em 2022
Das 12 agremiações, apenas duas mudaram o tema no meio do caminho; uma delas, é a São Clemente, que decidiu homenagear o ator Paulo Gustavo
Geraldo Ribeiro
10/07/2021 - 04:30
RIO - Com a possibilidade cada vez maior de haver desfiles de carnaval em fevereiro de 2022, devido o avanço da vacinação e a redução dos índices de infecção pelo coronavírus, aumenta a expectativa nas escolas de samba de voltar a pisar no palco da folia, na Marquês de Sapucaí. Todas as agremiações do Grupo Especial já definiram os enredos que vão levar para a Avenida, desde o ano passado. Das 12 agremiações, apenas duas mudaram o tema no meio do caminho. A São Clemente trocou “Ubuntu”, por uma homenagem ao ator Paulo Gustavo, morto pela Covid-19, em maio desse ano. Já a Paraíso do Tuiuti que havia planejado um enredo sobre os bichos, desenvolverá “Ka ríba tí ÿe - Que nossos caminhos se abram", que falará sobre luta, sabedoria e resistência negra.
A temática negra estará presente também no desfile do Salgueiro, da Beija-Flor e da Portela. Outras duas vão apostar suas fichas em temas afro. É o caso da Mocidade, que conta com a homenagem a Oxóssi para conquistar o sonhado campeonato, e a Grande Rio, atual vice-campeã, que virá com Exu. A campeã de 2020, Viradouro, vem com “Não há tristeza que pode suportar tanta alegria”, que destacará o sentimento dos cariocas na folia de 1919, logo após a pandemia da gripe espanhola. Outras três escolas vão prestar homenagens a figuras importantes de seu próprio quintal. É o caso de Vila Isabel, com Martinho da Vila; Imperatriz, que prestará tributo ao carnavalesco Arlindo Rodrigues, morto em 1987; e a Mangueira, com a lembrança tripla aos ícones verde e rosa Cartola, Jamelão e do lendário mestra-sala Delegado.
Os enredos
Viradouro: “Não há tristeza que pode suportar tanta alegria”
No próximo carnaval, a Viradouro tentará o bicampeonato com o enredo “Não há tristeza que possa suportar tanta alegria”, dos carnavalescos Marcus Ferreira e Tarcísio Zanon. O desfile vai destacar o sentimento dos cariocas na folia de 1919, que marcou o fim da pandemia da gripe espanhola.
— Esse carnaval vai marcar o retorno à vida normal. E o enredo é nesse propósito da retomada da vida e de mostrar como o carnaval de 1919 projetou o carnaval que conhecemos hoje, com alegria e samba. Sabemos que muitas pessoas perderam seus familiares, mas precisamos tirar forças para seguirmos em frente. Temos muita fé de que continue essa perspectiva de melhora na vacinação — disse Zanon ao apresentar o tema.
Mangueira: "Angenor, José e Laurindo"
A Mangueira vai homenagear três dos maiores ícones de sua história: Cartola, Jamelão e Mestre Delegado. Com o enredo "Angenor, José e Laurindo", o carnavalesco bicampeão da verde e rosa, Leandro Vieira, segue para seu sexto trabalho na agremiação. O título do enredo remete aos nomes de batismo dos baluartes celebrados: Angenor de Oliveira (Cartola), José Bispo Clementino dos Santos (Jamelão) e Hélio Laurindo da Silva (Mestre Delegado).
— Esta é a trinca de reis em que acredito — brincou Leandro, quando anunciou o enredo, fazendo referência ao enredo "Trinca de reis", levado pela Mangueira à Avenida em 1989, quando amargou um 11º lugar num tributo a Chico Recarey, Walter Pinto e Carlos Machado, considerados os reis do show, do teatro de revista e da noite, respectivamente .
Paraíso do Tuiuti: "Ka ríba tí ÿe - Que nossos caminhos se abram"
O Paraíso do Tuiuti vai levar para a Avenida um enredo afro desenvolvido pelo carnavalesco campeão Paulo Barros, “Ka ríba tí ÿe - Que nossos caminhos se abram". O tema vai exaltar as histórias de luta, sabedoria e resistência negra.
— Eu sou um gestor no Carnaval que sempre vou querer o melhor para a minha escola. Quem teve a oportunidade de olhar o projeto do enredo sobre os bichos (que seria o tema do desfile de 2021), pode constatar como o Paulo Barros é criativo, inventivo. Um projeto incrível! Só que ele queria mais. Em uma das minhas muitas conversas com ele, falamos sobre enredo afro. E não é que ele se empolgou, e muito. Vai ser um desfile com um ‘DNA’ do Tuiuti”, brincou o presidente Renato Thor, na ocasião do anúncio do enredo em substituição ao anterior.
Grande Rio: “Fala, Majeté! Sete chaves de Exu”
Atual vice-campeã do carnaval carioca, a Acadêmicos do Grande Rio vai levar para a Sapucaí o enredo intitulado "Fala, Majeté! Sete chaves de Exu", contando histórias e manifestações culturais ligadas à simbologia da entidade do candomblé. Novamente, a escola de Duque de Caxias será comandada pelos carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora, que assinam seu segundo enredo autoral na agremiação.
—Exu apareceu de maneira pontual nos últimos três enredos que eu e Leonardo levamos para a Marquês de Sapucaí, então é algo que está no nosso imaginário artístico. Eu sempre tive o desejo de desenvolver um enredo dedicado a Exu, até mesmo pela ligação com o meu avô materno, que tinha um terreiro. Ao longo do processo de feitura do carnaval do ano passado, começamos a esboçar as ideias que nos levaram a essa nova narrativa, que segue por caminhos muito diferentes, tanto na forma de contar o enredo quanto no visual que já estamos colorindo — explicou Haddad, quando definiu o tema.
Portela: “Igi Osè Baobá”
A Portela vai levar para a Sapucaí, o enredo "Igi Osè Baobá", que será desenvolvido pelos carnavalescos Renato Lage e Márcia Lage e contará a história e retratar a simbologia dos baobás, árvores gigantescas e milenares originárias da África. A importância dos baobás será mostrada, ainda, através de aspectos como ancestralidade, religiosidade, identidade e memória, entre outros. A presença de baobás no Brasil e o legado cultural dos milhões de seres humanos escravizados trazidos da África também terão destaque no desfile da escola.
— Temos um excelente enredo! A humanidade respira novos ares, e a Portela está conectada com este momento. O baobá é o alicerce, a representação da distância, da dor, da saudade, da incerteza e da esperança de voltar. Além disso, simboliza resistência. Por tudo isso é considerada a árvore da vida — destacou o presidente da Portela, Luis Carlos Magalhães, na época do lançamento.
São Clemente: "Minha vida é uma peça"
O ator e humorista Paulo Gustavo, morto vítima da Covid-19 no começo de maio, será enredo da escola de samba São Clemente no próximo carnaval. A escola já tinha tema escolhido "Ubuntu" para o ano que vem, mas decidiu mudar para homenagear o artista. "Minha vida é uma peça" será o título do enredo.
—O Paulo era uma figura sensacional. Ele era alegre, irreverente e crítico. Um cara que sempre colocou a família em primeiro lugar. Em 2013, quando falamos sobre novelas, ele esteve conosco na Avenida. Tenho certeza que faremos uma linda homenagem —comentou o presidente da escola, Renato Almeida Gomes, o Renatinho, no texto em que foi comunicada a mudança.
Vila Isabel: “Canta, canta minha gente! A Vila é de Martinho!”
Grande ídolo da escola, Martinho da Vila será o enredo da Vila Isabel no carnaval do ano que vem. Para o sambista, ver a sua história contada na Marquês de Sapucaí será inesquecível.
— É uma grande homenagem ser citado como enredo no maior espetáculo da Terra, que é o carnaval. Ainda mais se isso acontecer na sua escola de samba de coração— disse Martinho, por ocasião de divulgação do enredo.
Salgueiro: “Resistência”
A escola apresentará o tema “Resistência” na busca do seu décimo título no carnaval carioca, retratando locais do Rio de Janeiro marcados como pontos importantes de resistência cultural preta.
—Nosso enredo é de extrema relevância social e cultural e entendemos que muitos foram os acontecimentos que permearam a inspiração dos nossos poetas na construção de cada obra, no momento que o enredo foi lançado — disse o diretor de carnaval Alexandre Couto ao anunciar a retomada do processo para escolha do samba, parada desde o fim de 2020, com autorização aos compositores para fazer ajustes na letra das obras inscritos.
Mocidade: “Batuque ao caçador”
A Mocidade Independente de Padre Miguel levará para a Sapucaí o "Batuque ao Caçador", um tema afro que terá Oxóssi como figura central. Homenagear o orixá é um pedido antigo da comunidade da Mocidade, já que uma das marcas da "Não Existe Mais Quente", bateria da agremiação, é o toque de caixa em homenagem a Oxóssi. Em 2020, a escola homenageou Elza Soares e ficou em 3º lugar. No próximo desfile a escola vem para ganhar.
—Oxóssi vai nos trazer o título. Vamos ganhar esse carnaval — aposta Marco Antônio Marino, diretor de carnaval da escola.
Unidos da Tijuca: “Wanarã — a reexistência vermelha”
Denominado “Waranã – A Reexistência vermelha”, o tema abordará a lenda do guaraná. O enredo é de autoria e desenvolvimento do carnavalesco Jack Vasconcelos, estreante na agremiação.
— É um momento especialíssimo para mim. É meu primeiro carnaval na Unidos da Tijuca e isso me enche de alegria. É também uma sensação boa por anunciar um enredo com um tema que gosto de pensar que seria aprovado, endossado por um artista que foi um dos responsáveis por despertar em mim esse amor, esse encantamento que tenho pelos desfiles das escolas de samba. Oswaldo Jardim de alguma forma estará ao nosso lado nessa odisseia, eu acredito. Esse profissional do carnaval foi uma das minhas inspirações na hora de pensar o enredo. Nosso tema é uma mensagem de renovação, renascimento —declarou Jack ao anunciar o enredo.
Beija-Flor: “Empretecer o pensamento é ouvir a voz da Beija-Flor”
O enredo "Empretecer o pensamento é ouvir a voz da Beija-Flor", tem a proposta, segundo a escola, de "enaltecer as glórias e as histórias dos negros", sem deixar de abordar a luta contra o racismo. Para personalidades da Azul e Branco, como Selminha Sorriso, o enredo levará para a Marquês de Sapucaí um grito de alerta e reivindicação:
— É um enredo pertinente e importante para toda a história da humanidade. Estou muito feliz e já esperava algo nesse sentido, um enredo que falasse dos negros. As escolas de samba sempre foram a voz do povo, com gritos de alegria, de alerta e de democracia. A Beija-For vem para cobrar os sentimentos de igualdade e de gratidão que todos devem ter com o próximo, independente de qualquer coisa. O negro sempre foi o povo mais sofrido — disse a porta-bandeira.
Imperatriz Leopoldinense: "Meninos, eu vivi... onde canta o sabiá, onde cantam Dalva e Lamartine"
O enredo da Imperatriz Leopoldinense, "Meninos, eu vivi... onde canta o sabiá, onde cantam Dalva e Lamartine", da carnavalesca Rosa Magalhães, vai homenagear o também carnavalesco Arlindo Rodrigues, morto em 1987. O último trabalho dele, "Estrela Dalva", levou a Imperatriz ao sexto lugar, naquele ano.O carnavalesco também ajudou a escola a conquistar seu primeiro bicampeonato. Em 1980, com "O quê que a Bahia tem?" e em 1981, com "O teu cabelo não nega", este último reeditado como "Só dá Lalá" pelo carnavalesco Leandro Vieira, o enredo de 1981, em homenagem a Lamartine Babo, voltou a dar mais um título a Imperatriz, que foi campeã na série A em 2020, retornando assim ao Grupo Especial. Com o enredo para 2022, Rosa Magalhães também presta reverência a dois grande nomes da música brasileira e do carnaval carioca: Dalva de Oliveira e Lamartine Babo.
O Globo sexta, 09 de julho de 2021
COPA AMÉRICA: MESSI E NEYMAR SALVAM A COMPETIÇÃO
Mansur: Messi e Neymar salvam a Copa América
Final entre Brasil e Argentina, no Maracanã, muda patamar do torneio, mas significa muito para os dois astros
09/07/2021 - 04:50
Dos 44 jogadores que vão iniciar as duas finais continentais do fim de semana, os dois melhores vão se exibir no Maracanã. Após um bem realizado exercício de sabotagem do próprio produto, a Conmebol terminou por receber como prêmio uma decisão do tamanho de Brasil x Argentina, e um encontro entre Messi e Neymar.
Como se não bastassem a excessiva frequência do torneio, o regulamento, os gramados e o improviso de uma competição que encontrou abrigo no Brasil, a Copa América ainda lidou com o contraste com uma Eurocopa cuja embalagem emitia sensações opostas, dos ótimos campos aos estádios com gente. O resultado foi um grande pecado: colocar na sombra o futebol que Messi e Neymar jogaram nestas quase quatro semanas. Raras vezes os dois tiveram, por suas seleções, sequências de atuações tão notáveis.
Amanhã, os dois astros podem terminar de polir a reputação do torneio, mas a Copa América também tem muito a oferecer a eles. O que parecia uma disputa enfadonha no início, chega à final como algo transcendental. A decisão os encontra em momentos peculiares: um Neymar proibido de perder, um Messi cobrado por vencer a qualquer custo.
Neymar, por seus equívocos e pelas distorções naturais do julgamento humano, cultivou um personagem que turva a avaliação do jogador. Uma fratura na costela o afastou de uma Copa do Mundo em que era espetacular aos 22 anos, um pé quebrado o impediu de jogar na plenitude quatro anos depois e, em 2019, o tirou também da Copa América vencida em casa. Neymar foi protagonista de conquistas da seleção neste mesmo Maracanã, mas ainda persiste a sensação de estar em dívida, como num permanente embate entre o jogador e o personagem. Talvez vencer a Copa América não baste para redimi-lo, mas não é difícil prever que uma derrota seria debitada em sua conta pessoal.
Há quase 15 anos, Messi produz peças magistrais de futebol em bases quase semanais: banalizou o extraordinário como poucos na história do jogo. Mas sua obra se construiu em plena contagem dos anos de jejum da seleção argentina. Num país que vive a paixão e o resultadismo em doses tão irracionais quanto o Brasil, foi como se toda a seca de troféus do futebol argentino fosse obra de Messi, assim como a responsabilidade de solucioná-la. As frustrações deram margem às narrativas mais tolas, como a tese de que a carreira construída na Europa o deixara insensível aos anseios nacionais. Hoje, aos 34 anos, um dos maiores jogadores de futebol da história vive uma espécie de corrida contra o tempo, como se cada final pela Argentina fosse uma última chance, uma oportunidade talvez irrepetível. É como se o jogador seis vezes eleito melhor do mundo, ganhador de três ligas dos campeões e de uma interminável lista de troféus, jogasse nos 90 minutos de amanhã, no Maracanã, algo além de uma decisão de Copa América, mas uma decisão em torno do seu legado no país onde nasceu: se será lembrado como o supercraque que venceu ou o que falhou. É cruel, mas o futebol e a vida por vezes o são.
Uma Copa América cercada pela insensatez, terminou por ser salva por Brasil, Argentina, Neymar e Messi.
O Globo quinta, 08 de julho de 2021
HAITI: A HISTORIA VIOLENTA DE UM PAÍS QUE TEVE SEU PRIMEIRO PRESIDENTE ESQUARTEJADO, HÁ 200 ANOS
Haiti: A história violenta de um país que teve seu primeiro presidente esquartejado, há 200 anos
A história do Haiti é uma cronologia de brutalidades desde 1492, quando o navegador e explorador Cristovão Colombo, a serviço dos reis católicos da Espanha, desembarcou na ilha que ele batizou de Hispaniola.
Em menos de cem anos, toda a população nativa havia sido escravizada ou morta, enquanto aquelas terras se tornavam um dos principais destinos de negros raptados da África para trabalhar sob tortura em lavouras de açúcar, cacau e café. A partir de 1791, uma revolução faria do Haiti o primeiro país das Américas a abolir a escravidão e o segundo a se declarar independente. Mas a insígnia da violência jamais zarpou daquele naco de terra no Caribe.
Em 1697, a parte ocidental da ilha, onde fica o Haiti, foi cedida à França pela Espanha, que manteve a porção Leste, onde hoje fica a República Dominicana. O Haiti se tornou, então, a mais próspera colônia francesa das Américas, apelidada de "Pérola das Antilhas". Mas tanta riqueza era gerada às custas de milhares de negros escravizados, vítimas de doenças como a febre amarela, abusos físicos e execuções (a expectativa de vida na região não passava de 21 anos de idade).
Influenciados pelos ideais de igualdade e liberdade da Revolução Francesa de 1789, os cativos começaram uma série de revoltas a partir de 1791, depredando engenhos e matando milhares de proprietários de terra. A rebelião se espalhou e, três anos mais tarde, os governantes franceses, pressionados, aboliram a escravidão.
Nascido na colônia caribenha, o escravizado Jean-Jacques Dessalines trabalhava em uma plantação de cana-de-açúcar até se tornar um dos líderes da Revolução Haitiana, comandada por outro ex-cativo chamado Toussaint L'Overture, hoje considerado o grande herói da libertação do Haiti.
Para obter o fim da escravidão, L'Overture se aliou à França no esforço de repelir invasores britânicos e, mais tarde, foi nomeado general e governador da província. Entretanto, ele foi preso em 1802 e deportado para Paris, enquanto o estadista Napoleão Bonaparte tentava, traiçoeiramente, restaurar a escravidão na província caribenha. Foi quando Dessalines reuniu novamente as tropas de revoltosos e, após meses de batalhas, derrotou de uma vez por todas o exército colonial francês.
Em 1º de janeiro de 1804, Dessalines decretou a independência do Haiti e, em setembro do mesmo ano, declarou-se imperador do país. Entre os meses de fevereiro e março daquele ano, o governante exortara sua população a executar todos os brancos, e mesmo os filhos de franceses, que não tinham fugido. Acredita-se que mais de 3 mil pessoas tenham sido mortas naquele genocídio, entre elas muitas mulheres e crianças filhas de fazendeiros e militares.
Na tentativa de resgatar uma economia devastada após a morte de mais de 200 mil haitianos durante as revoltas contra a França, Dessalines obrigou todos os homens a trabalhar como soldados ou em plantações destinadas à exportação. Seu governo era tão rígido ao exigir o cumprimento de suas ordens que muitos haitianos achavam que haviam sido escravizados mais uma vez.
O primeiro governante haitiano não viveu por muito mais tempo. Em outubro de 1806, Dessalines foi vítima de um motim apoiado por boa parte da população, que o via como um tirano. Relatos descrevem de formas diferentes a maneira como ele foi atacado e morto na capital, Port-au-Prince, mas é sabido que seu corpo teve membros e a cabeça arrancados e expostos em diferentes partes da cidade. O assassinato não amenizou a tensão, e o país mergulhou numa guerra civil.
Em 1825, nenhum governo havia reconhecido a independência do Haiti. Era uma retaliação das potências à matança de pessoas brancas. Para obter reconhecimento de seus antigos exploradores, o então presidente do país caribenho, Jean-Pierre Boyer, assinou com a França um acordo no qual o Haiti reduzia em 50% as tarifas de importações da França e uma indenização de 150 milhões de francos (mais de US$ 20 milhões em valores atuais), equivalente a um ano de receitas na ex-colônia. O país recorreu a empréstimos extorsivos e só terminou de pagar a dívida em 1947.
A história do Haiti continuou marcada por conflitos, miséria, tragédias naturais e instabilidade política. Desde sua independência, o país teve dezenas de governantes assassinados ou depostos, além de longos períodos de ditadura.
O Globo quarta, 07 de julho de 2021
DIA MUNDIAL DO CHOCOLATE: RECEITA DE MOUSSE FIT SÓ COM 2 INGREDIENTES
Dia Mundial do Chocolate: receita de mousse fit só com 2 ingredientes
Fácil de preparar, doce tem apenas 190 calorias, para comer sem culpa
O Globo
07/07/2021 - 00:43 / Atualizado em 07/07/2021 - 11:21
Para os chocólatras de plantão, todo dia é dia de comer chocolate. Mas, se o doce tem uma data especial para chamar de sua, ainda mellhor! No Dia Mundial do Chocoloate, a nutróloga Karla Confessor compartilha uma receita facílima, feita com apenas dois ingredientes, e, o que é ainda melhor, fit. Para comer sem culpa!
Mousse de Chocolate Fit com 2 Ingredientes
Por Karla Confessor
Rende 1 porção – 190 calorias
Ingredientes
• 1 ovo;
• 25g Chocolate Amargo 70% Cacau;
Modo de preparo
- Bata a clara em neve até ficar bem firme. Reserve.
- Derreta o chocolate em banho-maria ou no micro-ondas.
- Misture a gema (se derreteu no banho-maria, desligue o fogo antes de colocar a gema);
- Incorpore a clara aos poucos, mexendo suavemente para não perder o ar.
- Coloque em uma taça e leve à geladeira por 8 horas.
O Globo terça, 06 de julho de 2021
REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA: POR QUE O 9 DE JULHO É FERIADO EM SÃO PAULO?
Revolução Constitucionalista: Por que o dia 9 de julho é feriado em São Paulo?
O entra e sai na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo, era incomum para uma noite fria de sábado. Já passavam de 22h do dia 9 de julho de 1932 quando multidões de civis se apresentaram para tomar parte naquela mobilização. Da escola que hoje pertence à Universidade de São Paulo (USP), grupos armados partíam para prédios públicos, jornais e emissoras de rádio, enquanto militares revoltosos tomavam o comando de bases como o Aeroporto Campo de Marte, na Zona Norte, e a sede da 2ª Região Militar, na Chácara do Carvalho. Não encontravam resistência, tamanha a adesão das tropas locais ao movimento. Pelas principais avenidas da cidade, moradores se assustavam ao ver soldados com fuzis sendo transportados em caminhões.
Era o começo da Revolução Constitucionalista, o motivo pelo qual o dia 9 de julho é feriado no Estado de São Paulo. Naquela data, a capital paulistana virou o epicentro do histórico levante contra o governo provisório de Getúlio Vargas. O advogado gaúcho chegara ao poder após a Revolução de 1930, que derrubou o presidente Washington Luís e pôs fim à República Velha. Alçado ao comando da nação por força de circunstâncias, Vargas se comprometeu a chamar novas eleições e a promover uma Assembleia Nacional Constituinte. Mas, em vez disso, fechou o Congresso e passou a governar de forma autocrática, por meio de decretos, reduzindo autonomia dos estados, que receberam interventores federais. Depois de perder influência política na Revolução de 30, a poderosa elite econômica paulista não aceitaria facilmente a posição de vassalagem.
O levante estava sendo gestado para outubro de 1932, mas foi antecipado para julho porque, em maio, quatro jovens foram mortos no Centro de São Paulo por tropas getulistas, durante uma manifestação contra o governo provisório (na época, a capital federal ainda era o Rio de Janeiro). A violência contra esses quatro jovens motivou a formação de um movimento conspiratório batizado com as iniciais dos sobrenomes dos mortos: MMDC (Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo). Assim que teve início a revolta de 9 de julho, o MMDC transformou o prédio da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco em uma espécie de centro de comando das fileiras civis durante a Revolução Constitucionalista.
Para explicar as origens do movimento, é preciso voltar mais no tempo. Na República Velha (1889-1930), represententes dos dois estados mais ricos, São Paulo e Minas Gerais, alternavam-se na presidência do país (era a "república do café com leite"). Só que, ao final de seu governo, o presidente Washington Luís rompeu o combinado e indicou para o seu lugar o governador de São Paulo, Julio Prestes, do Partido Republicano Paulista (PRP). Prestes venceu as eleições, mas as oligarquias mineiras se uniram à elite gaúcha para formar a Aliança Liberal, que impediu o paulista de tomar posse e colocou Vargas no poder. Começava, então, o governo provisório que deveria convocar novas eleições e liderar uma nova Constituição.
Após o triunfo da Aliança Liberal, o general Hastínfilo de Moura assumiu o governo de São Paulo, compondo seu secretariado civil com nomes do Partido Democrátido (PD) de São Paulo, que havia apoiado a revolta de 1930. No entanto, os "tenentes", chefes militares aliados de Vargas, não demoraram a tomar o poder no estado, nomeando como interventor o pernambucano João Alberto Lins de Barros, o que gerou enorme insatisfação local (Barros era chamado de "forasteiro"). A divergência entre o PD e os "tenentes" getulistas está no cerne do levante de 1932.
De acordo com o Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a base social do movimento constitucionalista era formada por uma aliança entre a oligarquia paulista e as classes médias locais. Mas a mobilização não tinha a adesão dos grupos operários. Os trabalhadores das diferentes indústrias de São Paulo enxergavam com desconfiança a articulação das elites que, assim como em 1930, não reconheciam a relevância da questão social e ainda reprimiam as organizações proletárias.
No começo de 1932, o PRP e o PD travaram uma aliança histórica, formando a Frente Única Paulista (FUP), que se constituiu numa importante força política contra os "tenentes" de Vargas. A oposição ao governo provisório tinha também o apoio dos grandes fazendeiros do café, insatisfeitos com a cobrança de impostos e com a gestão econômica do setor, após o fim da política de valorização do produto. Formava-se, então, uma atmosfera de descontentamento devido à forma como a gestão Vargas se relacionava com a elite paulistava. Paralelamente, os representantes da oposição em São Paulo fechavam alianças com constitucionalistas de outros estados, como Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Mato Grosso.
Este barril de pólvora explodiu quando, na noite de 23 de maio, opositores tentaram invadir a sede do Partido Popular Paulista (PPP), que dava sustentação a Vargas. Assim que o grupo chegou diante do prédio na Praça da República, seus integrantes foram recebidos com fogo pesado pelas tropas governistas. Os jovens Mário Martins de Almeida, de 25 anos, Euclides Miragaia, de 21, Dráusio Marcondes de Sousa, de 14, e Antônio Américo Camargo de Andrade, de 30 anos, foram mortos a tiros e granadas. Seus sobrenomes deram origem à sigla MMDC. Em agosto, ainda morreria um quinto manifestante, Orlando Alvarenga.
Depois da carnificina na Praça da República, o levante armado começou a ser organizado a toque de caixa. O plano era tomar rapidamente a capital paulista e, com o apoio de revoltosos de outros estados, rumar para a sede do governo federal, no Rio, e tomar o poder do país em, no máximo, dez dias (se possível, sem disparar nenhum tiro). A primeira parte do roteiro correu como idealizada. A sede da 2ª Região Militar foi tomada em questão de horas. Estações ferroviárias, emissoras de rádio e o prédio dos Correios e Telégrafos, entre outros pontos chave, foram ocupados na madrugada do dia 10 de julho de 1932. A Faculdade de Direito servia de base para civis que se alistavam no levante em diversos pontos da cidade.
Entretanto, a revolução não recebeu reforços de fora de São Paulo. Estados como Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Mato Grosso também tinham grupos constitucionalistas, mas eles não conseguiram se estabelecer como em São Paulo, que, em pouco tempo, viu-se isolado no mapa. Cerca de 200 mil pessoas se alistaram na Revolução Constitucionalista em São Paulo, sendo que mais de 60 mil participaram, efetivamente, dos combates contra as forças federais. Mesmo assim, o levante não tinha condições bélicas para enfrentar o poderio das forças governistas, que promoviam ofensivas de diferentes frentes nas fronteiras estaduais. Mas era uma questão de tempo até a revolta sucumbir.
A Revolução Constitucionalista terminou no dia 1º de outubro, após 87 dias de combates e com um número oficial de 934 mortos (estimativas extra-oficiais dão conta de mais de 2 mil baixas). O levante foi derrotado no campo de batalha, mas, do ponto de vista político, o movimento obteve conquistas importantes. O governo provisório reativou a comissão para realizar o anteprojeto da Constituição, nomeou um interventor civil e retomou a política de valorização do café. Uma nova Constituição foi promulgada em 1934, mas teve vida curta. Em 1937, Getúlio Vargas cassou a Carta, fechou novamente o Congresso Nacional e deu início à ditadura do Estado Novo.
O Globo segunda, 05 de julho de 2021
DEBORAH SECCO: ATRIZ FALA DA RETA FINAL DE SALVE-SE QUEM PUDER E DO CORPO SARADO
Deborah Secco fala da reta final de 'Salve-se quem puder' e do corpo sarado
THAYNÁ RODRIGUES
Deborah Secco está no ar em 'Salve-se quem puder' (Foto: Divulgação)
— Gravei cenas de casamento. Ainda é surpresa. A gente não sabe se este será o final escolhido. Mas eu acho que o público vai gostar de ambos os finais, seja lá qual for o que o Daniel Ortiz(autor) escolher.
Recentemente, a atriz mostrou fotos de suas férias em família em destinos paradisíacos, entre eles as badaladas Ilhas Maldivas. Nas redes sociais, além do cenário de mar azul, o corpo sarado de Deborah, de 41 anos, chama atenção. Ela conta que, após ter atravessado um período delicado por problemas de saúde, passou a se alimentar melhor, mas não consegue manter a disciplina:
— No ano passado, tive que cuidar mais de mim, acabei voltando a me exercitar. Eu já não me exercitava há uns cinco ou seis anos. Aí, foi só eu melhorar da saúde que eu parei. Sou muito preguiçosa. Agora estou pensando em voltar porque sinto muita falta da disposição que o exercício e a boa alimentação me trazem. Me sinto menos cansada e preguiçosa. Estou fazendo esforço para a retomada, mas para mim é muito difícil.
Deborah Secco passou férias nas Maldivas (Foto: Reprodução)
O Globo domingo, 04 de julho de 2021
DORAMAR OU A ODISSEIA: NOVO LIVRO DE ITAMAR VIEIRA JUNIOR, AUTOR DE TORTO ARADO, DESTACA PROTAGONISMO DE MULHERES DE DIFERENTES ORIGENS
Novo livro de Itamar Vieira Junior, autor de ‘Torto arado’, destaca protagonismo de mulheres de diferentes origens
Publicação reúne 12 contos que chamam a atenção para o olhar feminino e remete a clássicos da literatura
Luciana Araujo Marques, especial para O GLOBO
03/07/2021 - 08:12
O título “Doramar ou a odisseia”, de Itamar Vieira Junior, oferece uma chave de leitura para o conjunto de suas histórias. Embora o conto que leva esse nome já integrasse o volume editado pela Mondrongo, finalista do Jabuti em 2018, que reunia sete do total de 12 histórias que lemos na edição da Todavia, “A oração do carrasco” é que se lia na capa. Além da inclusão de cinco inéditos e da atual disposição dos textos, que tornam o livro de fato novo, o rebatismo chama a atenção para o ângulo das mulheres e dialoga com a tradição literária.
Se na Ilíada, Homero canta a morte gloriosa, e na Odisseia, enaltece o feito de retornar vivo ao lar, na “odisseia” com inicial minúscula, a sobrevivência em um determinado presente não deixa de honrar a astúcia de vivos em nome dos mortos, como a de Alma, escravizada que foge vestida com as roupas da sinhá. Personagem que caminha sozinha, ainda que acompanhada pela memória dos relatos da avó, raptada na África: “eu escutava e sofria.”
Forma e conteúdo
Jornadas que evocam nome de mulher, uma vez que a conjunção “ou” do título do livro indica a confirmação do enunciado anterior. “Doramar: cabe um mar inteiro no seu nome”, lemos no conto homônimo. Cabe também, sob o signo “Doramar”, empregada doméstica marcada por experiências comuns a tantos, outros nomes e o solitário embate consigo mesmo a que estão imersos os demais personagens dos contos. Ainda que o senso de coletividade se materialize em coros, como em “A floresta do adeus”: “Nós éramos muitos filhos e filhas de muitas mulheres e de alguns homens”.
Thank you for watching
O protagonismo de mulheres de diferentes origens, de indígenas a imigrantes que atravessam o Atlântico no interior de contêiner, é evidente nestas páginas. Não à toa, reconhecemos os nomes delas entre aqueles que serão bordados como substantivos comuns no interior do manto de “arthur bispo do rosário” no dia da fúria e da glória em “manto da apresentação” — conto que abole desde o título o uso de maiúsculas. Uma voz feminina tece, na mente do artista diagnosticado como esquizofrênico paranoide, um fluxo de linhas ininterruptas que encerra o livro sem um ponto final e surge assim: “eu sou a voz que te acompanha desde o início, a palavra que atravessou gerações”.
O autor de “Torto arado” converte um sintoma associado à loucura, a escuta de vozes, em uma posição ética e estética comprometida com um despertar por meio de epifanias avessas à lucidez: “porque a lucidez trouxe a humanidade ao estado de desolação”. Para a personagem Doramar, por exemplo, o inesperado abalo de sua ordem se dá a partir do encontro com um cão que tem justamente a orelha em carne viva. A partir de então, vários episódios de sua vida passam a reverberar em um presente na casa dos patrões que perde o sentido e é entrecortado pelos dizeres de sua mãe em diferentes tempos: “e sua voz só não é mais forte do que o mar em que eu era menina”. Na cidade grande, voltando com uma sacola de peixes, ela ouve a voz materna chamá-la do meio da mata, em um desnorteio que estabelece um outro senso de localização e transmuta a terra em leito para o qual retorna.
O percurso epifânico de Doramar faz lembrar o de Ana, do conto “Amor”, de Clarice Lispector. No caso da dona de casa de classe média, para quem o canto das empregadas do edifício é importuno, a epifania se dá quando, também carregando compras, avista de dentro do bonde um cego que masca chicles. De volta ao apartamento da família, sopra a flama provocada por sua odisseia antes de se deitar.
A procura de Doramar no “quartinho de empregada, meu quarto sem janelas” inverte a posição social daquela que envereda por uma investigação interior, quando comparada à outra epifania clariceana, a de “A paixão segundo G.H”. A propósito, quando a noção de tempo de calendário lhe escapa, a folhinha indica: é Sexta-Feira da Paixão. Em “Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres”, que, a propósito, se inicia com uma vírgula — “, estando tão ocupada, viera das compras de casa que a empregada fizera às pressas” — Lóri precisa decidir se continuaria a ver Ulisses, enquanto o primeiro amor de Doramar tem destino sem volta no “camburão, navio negreiro”.
Em “A oração do carrasco”, as tormentas do responsável por execuções a serviço do Estado também conferem interioridade a personagens que costumam ser retratados apenas como fantoches, assim como os animais, a água e as árvores estão longe de figurar apenas como paisagem nas histórias de Itamar Vieira Junior. Sabem mais das sinas dos humanos, do que eles próprios, antes da revelação.
* Luciana Araujo Marques é jornalista, mestre em Teoria Literária e Literatura Comparada (USP) e doutoranda em Teoria e História Literária (Unicamp)
COPA AMÉRICA: PAQUETÁ LEMBRA A TITE QUE PASSOU NO TESTE E SE CONSOLIDA COMO PARCEIRO IDEAL DE NEYMAR
Análise: Paquetá lembra a Tite que passou no teste e se consolida como parceiro ideal de Neymar
Meia tem papel decisivo para classificação do Brasil e subida de produção do craque
Diogo Dantas
02/07/2021 - 23:34
Os testes feitos por Tite na primeira fase pareciam reservar um Brasil mais descansado e com sua melhor formação para o mata-mata da Copa América. Mas o que se viu contra o Chile nesta sexta-feira no estádio Nilton Santos foi o pior jogo da seleção na competição em termos coletivos. Ainda assim, a vitória por 1 a 0 veio quando o treinador percebeu que a criação de jogadas só ocorreria com mais um meia, e lançou Lucas Paquetá na partida.
A experiência já havia dado certo em jogos anteriores, e serviu para lembrar a Tite que os experimentos realizados poderiam resultar em mudanças mais ousadas. Com apenas um minuto em campo, o meia fez o gol do triunfo, após tabela com Neymar, e colocou o Brasil na semifinal do torneio sul-americano, contra o Peru, na segunda-feira, novamente no Nilton Santos. Mais cedo, em Goiânia, os peruanos eliminaram o Paraguai nos pênaltis após empate em 3 a 3 no tempo normal.
Logo depois do gol, Gabriel Jesus acabou expulso por acertar um chute no rosto de Mena em disputa pelo alto, o que prejudicou não só a recuperação da seleção, como qualquer avaliação de desempenho. De qualquer forma, o Brasil demonstrou um bom poder de superação e foi melhor com dez do que com onze jogadores, ainda que a vontade tenha sobrepujado a organização.
Fato é que o primeiro tempo foi de nível baixíssimo. Em termos táticos, técnicos e até físicos. O Brasil teve apenas duas chances, uma com Firmino e outra com Gabriel Jesus. O Chile, mais bem postado e organizado, não deixou a seleção brasileira respirar. E fez o esquema com dois volantes e quatro atacantes de Tite naufragar novamente.
Com a área adversária protegida, o Brasil só conseguia armar o jogo com Fred e Casemiro. Quando adiantava as linhas, encontrava uma barreira dividida em duas etapas. E entre elas não havia meias para aparecer. Firmino vinha mais ao centro e armava mais a equipe que Neymar. O camisa 10 se limitou a algumas arrancadas pela esquerda e por dentro, mas perdeu muitas bolas. Do outro lado, Gabriel Jesus também não deu a profundidade esperada, já que os laterais apoiavam pouco e mal.
A postura mais intensa do Chile obrigou o Brasil a jogar no contra-ataque e ter menos posse de bola em alguns momentos. Experientes, os chilenos conseguiam fazer mais tabelas e triangular pelas laterais, com cruzamentos perigosos na área e jogadas com finalizações na diagonal. Éderson fez ao menos uma defesa difícil, e foi incomodado outras vezes em saídas do gol.
Era claro que a queda de rendimento de Neymar tinha relação com o mau desempenho de seus companheiros de ataque. Com a entrada de Paquetá, surgiu novamente um “parça” que caiu como uma luva. Além da jogada do gol, os dois começaram a se procurar mais no campo. No 1 a 0, Fred construiu uma rara jogada pela esquerda, Casemiro encontrou Neymar no meio, e o craque trocou passes rápidos com Paquetá até ele entrar na área e chutar na saída do goleiro Bravo.
Chile tem gol anulado
A expulsão de Gabriel Jesus inibiu um desenvolvimento maior da parceria, mas foram ela e a força de Richarlison que fizeram o Brasil se segurar atrás e sair bem nas bolas longas. Numa delas, Neymar carregou até o goleiro e chutou em cima dele.
Com a seleção tentando provocar uma expulsão do lado do Chile, o jogo ficou mais pegado e gritado. Mas foi um bom combustível para promover mais intensidade , o que não se viu na etapa inicial.
Os chilenos se mantiveram aguerridos e conseguiram colocar uma bola no travessão. Antes, fizeram um gol em impedimento, e reclamaram muito do árbitro de vídeo. Já o Brasil enfim teve o volume de jogo ofensivo que se esperava dele mesmo com um jogador a menos por 45 minutos.
Neymar se soltou, e a seleção conseguiu dominar as ações e ser protagonista ao menos no fim do jogo, deixando a impressão que pode dar muito mais se quiser mesmo ser campeã.
Especialmente se Tite aplicar os resultados dos próprios testes que fez. E por causa deles, Paquetá pede uma sequência. Após boa atuação contra Venezuela, Colômbia e agora o Chile, deve ser o substituto natural de Gabriel Jesus, suspenso, na semifinal.
O Globo sexta, 02 de julho de 2021
MARISA MONTE: NOVOS E VELHOS PARCEIROS CONTAM HISTÓRIAS POR TRÁS DAS CANÇÕES NO NOVO DISCO DA CANTORA
Novos e velhos parceiros contam histórias por trás das canções do novo disco de Marisa Monte
Chico Brown, Marcelo Camelo, Silva, Pretinho da Serrinha e Flor, são alguns dos nomes trazidos pela cantora para o álbum, lançado nesta quinta, que ainda tem a volta Nando Reis
Silvio Essinger
01/07/2021 - 21:00 / Atualizado em 02/07/2021 - 07:34
RIO - Quem acompanha a obra de Marisa Monte sabe que ela é fiel aos velhos parceiros. E em “Portas”, o primeiro álbum de inéditas em quase 10 anos, lançado na noite de quinta-feira, eles estão todos lá: Arnaldo Antunes, Seu Jorge, Carlinhos Brown, Dadi, Pedro Baby... mas o disco também é povoado por alguns colaboradores que nunca tinham participado antes de um disco da cantora (e um que há um bom tempo não estava neles), os quais trouxeram grande diversidade às canções. Alguns bem jovens, até mesmo filhos de parceiros; outros mais experientes, os novos nomes reunidos por Marisa em “Portas” contam as histórias de suas criações.
Chico Brown
Filho de Carlinhos Brown e neto de Chico Buarque, o instrumentista e compositor de 24 anos cresceu cercado pelos Tribalistas. Durante a composição do segundo álbum do grupo, de 2017, ele “já jogava uns versinhos no ar” para o pai, Marisa e Arnaldo. Assim foi que, em outubro de 2016, dedilhando ao violão na casa da cantora, ele fez a sua primeira parceria com ela: “Medo do perigo” – uma das cinco composições da dupla que acabaram entrando em “Portas”.
— Marisa é excelente em achar o que as palavras que existem dentro da melodia — elogia Chico, que no começo do ano passado recebeu da parceira alguns versos e uma melodia, os quais acabaram virando a canção “Calma”, outra do disco. — Eu fui nessa de sugerir, de absorver e emanar o que o coração sente, e ver até que ponto isso podia servir à canção. Fizemos versos e versos que nem couberam na canção.
A parceria seguiu em outra canção de “Portas”, “Em qualquer tom”, uma das valsas ao piano que Chico tinha mandado ara o avô letrar, mas só acabou resolvendo no bate-bola com Marisa. No mesmo dia em que fizeram essa canção, uma ideia veio à sua cabeça, “bem inspirada na onda de Moraes Moreira e Novos Baianos”. Na madrugada, Chico compôs inteira “Fazendo cena”, que também acabou no disco, com dois versos finais – “tua íris molhar teu suor / te saber de cor” – acrescentados pela parceira:
— Marisa aproveita ao máximo o potencial semântico da música, a letra está sempre em ressignificação.
Silva
Expoente do pop eletrônico brasileiro dos anos 10, o capixaba Silva começou a mostrar novas facetas de seu trabalho em 2016, quando lançou “Silva canta Marisa” – álbum que nasceu de um show com o repertório da cantora e que a levou a convidá-lo, junto com o irmão, Lucas, para uma reunião em sua casa.
— No final desse primeiro encontro nos sentamos ao piano e logo compusemos duas músicas. Uma delas (“Noturna (nada de novo na noite)”) entrou no “Silva canta Marisa” e a outra guardamos — conta o músico.
E a tal música de Marisa com os irmãos Silva é “Totalmente seu”, balada de piano gravada em “Portas”.
— Fiquei muito feliz quando ela me contou que gravaria a canção — diz Silva. — Queríamos que ela mantivesse aquele clima do dia em que a compusemos, com o piano guiando. Depois, soube que Marcelo Camelo escreveria um arranjo de cordas para a música e fiquei emocionado quando a ouvi pronta.
Segundo o cantor, depois do primeiro encontro a parceria com Marisa seguiu “em outras músicas, que estão guardadas em seu baú”.
Pretinho da Serrinha
Amigo de Marisa, o sambista entrou em “Portas” com “Quanto tempo” (composta com a cantora e Pedro Baby) e com “Elegante amanhecer”, o samba mais tradicional do disco.
— Eu estava comentando o Carnaval de 2020 e a Portela foi a última escola a entrar na avenida. O dia estava raiando, aí juntou o azul do céu com o brilho do sol e ficou uma coisa impressionante. Fui para casa, dormi e já acordei cantando uma primeira parte: “foi lindo de ver sua Portela”. Vi então que precisava achar um portelense para me defender, porque não ia chegar na Serrinha falando que fiz um samba inteiro pra Portela — explica Pretinho, que resolveu então ligar para Marisa Monte. — Ela disse: “vem pra cá, a gente almoça e faz o samba”. E foi assim que aconteceu. A gente consegue ver a Marisa total na segunda parte do samba. É uma homenagem àquele carnaval de 2020 que a Portela poderia ter facilmente ganhado também.
Nando Reis
Parceiro fundamental de Marisa Monte nos discos “Mais” (1991) e “Verde, anil, amarelo, cor-de-rosa e carvão” (1994), o ex-Titãs tinha emplacado a última canção em co-autoria, “Gerânio”, no disco “Infinito particular”, de 2006. Em “Portas”, Nando volta com “Praia vermelha”, retomada da parceria com a cantora em formato de delicado folk, com versos bem típicos da produção da dupla: “Água aguaceira / que lava cada telha / na calha a goteira / pingava cachoeira / enxágua / a certeza-iá / que deixei por lá”.
Segundo o cantor, a composição tem, possivelmente, cinco ou seis anos.
— Marisa me mandou uma melodia linda, e eu imediatamente escrevi a letra e a enviei. Quando começou a fazer “Portas”, ela me mandou um áudio cantando a música, o que me deixou surpreso e satisfeito, já que não me recordava do quão ela tinha gostado dessa composição que fiz especialmente para ela — revela Nando. — Estar de volta em um disco de Marisa é muito bom, estou muito feliz. Ela é fabulosa, uma artista incrível e muito importante em minha vida.
Flor
A filha de Seu Jorge, de 18 anos, entrou na parceria do pai com Marisa em “Pra melhorar”, positiva canção de encerramento de “Portas”. A música nasceu em 2014, num churrasco em Los Angeles.
— A Marisa falou que estava com uma melodia na cabeça mas não conseguia escrever a letra. Eu, doida de pedra, memorizei a melodia e no dia seguinte, numa festa, cantei para ela que tinha escrito — conta Flor. — Marisa se apaixonou imediatamente pela letra. Fomos então, eu, ela e meu pai, direto para o estúdio para terminar a música e gravá-la. Foi lindo, mas depois disso continuamos com nossas vidas.
Seis anos depois, a cantora ligou perguntando se Flor não gostaria de cantar a canção novamente, para o seu disco (e Marisa dirigiu remotamente a gravação por Zoom).
— No começo deste ano, fiz uma viagem para o Brasil e consegui encontrar com ela pessoalmente, depois de ser testada para Covid, e ouvir a música pela primeira vez — revela a filha de Seu Jorge, que há poucos dias lançou a primeira canção de seu trabalho solo, “Sapiens”. — É uma loucura me ouvir quando eu tinha 11 anos e agora, com 18. Inesquecível e absurdamente bonito.
Marcelo Camelo
Foi por intermédio de Simon Fuller, empresário do grupo Los Hermanos e de Marisa Monte, que a cantora recebeu a bossa “Espaçonaves”, de Camelo. Tendo gostado muito da canção, ela resolveu chamar o hermano para compor em parceria. Surgiram então o samba-rock “Você não liga” e o folk “Sal”. As três canções entraram em “Portas” em versões nas quais Camelo não só tocou alguns instrumentos, como ainda fez arranjos orquestrais. O seu lado arranjador também pode ser ouvido na “Totalmente sua”, de Silva e Marisa.
O Globo quinta, 01 de julho de 2021
BOLA DE OURO TEM PELO MENOS DEZ CANDIDATOS
Bola de Ouro tem pelo menos dez candidatos, mas rumos da Euro podem favorecer belgas e inglês; veja números
Vivos na competição, De Bruyne e Lukaku podem impressionar possíveis jurados; Em busca de feito com a Inglaterra, Kane está no páreo
Vitor Seta
01/07/2021 - 07:47 / Atualizado em 01/07/2021 - 11:19
Ainda estamos em julho, mas com o fim da temporada dos campeonatos nacionais e a com Eurocopa entrando em sua reta final, já está aberta a corrida pelos prêmios de melhor do mundo, oferecido anualmente pela Fifa (The Best) e pela revista France Football (Bola de Ouro). Em uma temporada sem um destaque individual absoluto, os rumos da competição europeia de seleções podem virar uma faca de dois gumes: tanto para tirar alguns dos candidatos dos holofotes, como os franceses Kanté e Benzema e o português Cristiano Ronaldo, eliminados ainda nas oitavas, como também ajudar outros a saírem na frente. Até o momento, pelo menos dez destaques das ligas europeias pintam como possíveis candidatos ao prêmio.
É o caso dos belgas Kevin De Bruyne, do Manchester City e Romelu Lukaku, da Inter de Milão. O camisa 7 dos diabos vermelhos, eleito melhor jogador da Premier League na última temporada, tenta retornar de problema no tornozelo a tempo da partida contra a Itália, pelas quartas de final, nesta sexta-feira. De Bruyne divide o papel de protagonista com o atacante, e acumula 10 gols em 28 jogos em 2021, ano em que se sagrou campeão inglês e da Copa da Liga Inglesa, bem como finalista da Champions.
Apesar do número tímido de gols, a influência de De Bruyne nos jogos do City e da Bélgica é nítida quando observada em campo, e o clube inglês sabe bem disso. O meia de 30 anos ganhou um aumento substancial em sua última renovação de contrato — cerca de 13% em relação às 250 mil libras semanais que recebia. Na negociação, que estendeu o fim de seu contrato de 2023 para 2025, o jogador levou um analista de desempenho para apresentar dados sobre seu jogo aos citizens.
— O City oferece tudo que preciso para maximizar minha performance, e assinar esse contrato foi uma decisão simples — afirmou, em abril.
Seu companheiro Lukaku não vive momento muito diferente. Após uma passagem de altos e baixos pelo Manchester United, o centroavante se encontrou na Inter de Milão e viveu a temporada dos sonhos entre 2020 e 2021: terminou campeão, vice-artilheiro (24 gols) e eleito melhor jogador. O bom desempenho refletiu na Euro, na qual é peça vital para a Bélgica, responsável pelo trabalho de pivô, comando de contra-ataques e claro, o último toque. São três gols em quatro jogos na competição.
— É um grande objetivo, meu sonho de infância — disse, sobre a Bola de Ouro. O atacante se compara a Benzema, Lewandowski e Harry Kane, outros candidatos à premiação:
— Queria passar para o próximo nível, melhorar. Todos sempre falavam que Kane, Lewandowski e Benzema eram jogadores de classe mundial, mas sobre mim diziam que estava em "boa fase". Nos últimos dois anos, mostrei que não era só boa fase, eu pertenço a esse grupo. Quero começar a ganhar.
Centroavantes no páreo
Atual dono do "The Best", Robert Lewandowski segue como um dos principais concorrentes ao prêmio. Para tentar abocanhar a Bola de Ouro (que não foi entregue no ano passado), o polonês larga com incríveis 34 gols em 28 jogos em 2021. Foi artilheiro e venceu o Campeonato Alemão com o Bayern de Munique, além de ter sido o principal jogador da Polônia na fase de grupos da Euro. Mesmo sem a classificação às oitavas, os três gols de Lewandowski foram a cereja do bolo de mais uma grande temporada .
— Se houvesse uma Bola de Ouro no último ano, teria vencido. Seu desenvolvimento não é apenas físico, é mental. Ele faz 30 gols todo ano, mas continua praticando, aperfeiçoando o que faz bem e trabalhando no que faz mal — disse o meia Thiago Alcântara, ex-companheiro de Bayern, ao jornal inglês "The Guardian".
Ainda na Euro, outro centroavante clássico pode despontar como candidato. Harry Kane, que desencantou nas oitavas de final, em vitória por 2 a 0 sobre a Alemanha, foi para o torneio com números assombrosos. O atacante do Tottenham terminou a Premier League como artilheiro (23 gols) e líder em assistências (14), na sua melhor temporada da carreira. O sucesso, somado à dificuldade em obter títulos pelos Spurs, levaram o capitão inglês a pedir transferência do clube. O Manchester City é um destino provável, equipe na qual jogaria a Champions pelo restante do ano.
A Inglaterra nunca foi à final da Euro. Se Kane, autor de 20 gols em 35 jogos em 2021 conseguir esse feito jogando bem, os olhos do futebol europeu certamente se voltarão ainda mais ao centroavante, angariando possíveis votos para a premiação.
Um último, mas não menos importante homem-gol também pinta entre os candidatos, mas sua ausência na Euro foi um duro golpe na corrida pelo prêmio. O fenômeno norueguês Erling Haaland tira merecidas férias depois de mais uma impressionante temporada pelo Borussia Dortmund. Melhor jogador do Campeonato Alemão e artilheiro da Champions (10 gols), o jovem de 20 anos marcou 25 vezes em 32 jogos em 2021. Números expressivos, reforçados por um carisma capaz de abocanhar a preferência dos especialistas.
— É difícil escolher apenas um jogador e dizer "esse será o melhor", mas é cativante assistir a essa nova geração de jovens que está chegando, como Haaland e Mbappé — disse Cristiano Ronaldo pouco antes da Euro.
Eliminações prejudicam Kanté, Benzema e CR7
Os prêmios de melhor do mundo variam em critérios, assim como as preferências dos jurados — que podem incluir jogadores, técnicos e jornalistas —, mas a importância de títulos coletivos e da exposição midiática que estes trazem é inegável. As eliminações prematuras de Portugal e França prejudicam três astros nesse aspecto: Cristiano Ronaldo e os franceses Benzema e Kanté.
Campeão e melhor das semifinais e da final da Champions, Kanté tem a dura missão de convencer os jurados a premiar um volante sem números expressivos no ataque, embora tenha sido um dos melhores de sua posição no ano. Seu companheiro Benzema, que viveu temporada de guerreiro solitário no Real Madrid, teve pouco tempo para abrilhantar seu retorno à seleção após seis anos. Ainda assim, foram quatro gols em quatro jogos, que se somam a outros 18 marcados pelos merengues em 2021.
O Globo quarta, 30 de junho de 2021
DEZ SOBREMESAS QUENTES PARA ADOÇAR O SEU INVERNO
Dez sobremesas quentes para adoçar o seu inverno
Sugestões quentinhas encontradas em endereços da cidade são ideais para encarar a semana de baixas temperaturas
O Globo
29/06/2021 - 06:59 / Atualizado em 29/06/2021 - 10:30
Para aquecer uma semana que prevê noites com temperaturas abaixo dos 20 graus, selecionamos sobremesas quentinhas nos cardápios de dez endereços cariocas. São dicas que vão do doce que apresenta chocolate em diferentes preparos, criação do italiano Michele Patenzi, chef do Alloro al Miramar, à tentatora rabanada recheda de creme inglês da Mercearia da Praça. Sem falar, claro, nas versões doces de fondue, a estrela da estação.
Alloro al Miramar
Entre as novas criações do chef Michele Petenzi para o restaurante italiano, localizado no térreo do Miramar Hotel by Windsor, uma sugestão para encerrar traz textura de chocolate (R$ 32). A sugestão consiste em calda de chocolate quente sobre musse de chocolate meio amargo com laranja, crumble de cacau, tuile com nibs, avelã e flor de sal.
Avenida Atlântica, 3668, Copacabana. Miramar Hotel by Windsor. Tel: 2195-6213
Bráz
Depois de saborear as pizzas locais, peça o fondant de chocolate (R$ 29). A sobremesa é uma torta quente e cremosa de chocolate belga 70%, assada no forno a lenha e servida com uma bola de sorvete de baunilha. Um porém: só está disponível para pedidos no salão.
Rua Maria Angélica, 129, Jardim Botânico - 2535-0687. Todos os dias, das 18h às 23h.
Crostini Gastrobar
Inaugurado em meados de fevereiro na Barra, o bar comandado pela cozinheira curitibana Gabriele Fortes e pela empresária Ana Jaehnert oferece um ambiente intimista e aconchegante para os amantes da boa mesa. E para aquecer o paladar, a aposta é a fondue de marshmallow com chocolate 70% (R$ 40,00), servida com morango, uva, browine e biscoito. A sugestão, que fez sucesso no Dia dos Namorados, acabou entrando de vez para o cardápio de inverno.
Centro Metropolitano da Barra: Avenida Ator José Wilker, 400, Ala Art, loja 119 – 99182-3884 (Whatsapp). Qua., a sex., das 18h às 23h. Sáb., do meio-dia às 23h. Entregas pelo Rappi, iFood e Uber Eats de seg., a sex., das 11h às 15h.
dB House
Restaurante especializado em carnes com matriz na Taquara - e uma filial recém-inaugurada no Vogue Square, na Barra -, tem um hit na carta de sobremesas: bolo dB, receita de chocolate servida quentinha com cobertura de brigadeiro e granulado de chumbinho crocante (R$ 32). Para consumir no salão ou pedir em casa.
Vogue Square: Avenida das Américas, 8585, edícula 5, Barra - 97303-6105. Ter. a dom., do meio-dia às 23h. Rua Januário Barbosa, 270, Taquara – 3507-3541 e 97303-6105. Ter. a sáb., do meio-dia às 23h. Dom., do meio-dia às 18h. Entregas pelo iFood e delivery próprio.
Gero Panini
Nova empreitada do Grupo Fasano no Rio, serve uma pedida doce que chega morninha à mesa: a piadina (massa fininha e bem crocante) com recheio de creme de avelã com chocolate e morangos frescos (R$ 23).
Rua Aníbal de Mendonça, 157, Ipanema –2239-8158. Seg. a qui., do meio-dia às 15h e das 19h à meia-noite. Sex., do meio-dia às 16h e das 19h à meia-noite. Sáb., do meio-dia à meia-noite. Dom., do meio-dia às 23h.
Liga dos Botecos
Bar badalado em Botafogo que reúne cardápios de ícones da botecagem carioca (Bar da Frente, Botero e Cachambeer), a casa também reserva atrações para quem não dispensa um docinho. O bolo de milho é servido morno, recheado de brigadeiro amargo e escoltado por creme inglês de café (R$ 22,90). Uma alternativa traz palitinhos de rabanada acompanhados de caldas de doce de leite e de brigadeiro (R$ 19,90).
Álvaro Ramos, 170, Botafogo – 3586-2511. Ter. e qua., das 17h à 0h30. Qui., das 17h à 1h. Sex. e sáb., do meio-dia à 1h. Dom., do meio-dia às 23h30. Entregas: ter. a dom., das 11h às 23h (Delivery Direto, IFood e telefone).
Em uma visita à prestigada casa de carnes, reserve disposição para as saborosas sobremesas locais. A torta souflê de chocolate com caramelo de flor de sal (R$ 35) é uma das opções tentadoras disponíveis. Difícil é decidir entre ela e os profiteroles cobertos por calda de brigadeiro (R$ 38). De comer rezando.
Avenida General San Martin, 359, Leblon - 2402-3101. Ter. a sáb., do meio-dia às 23h. Dom., do meio-dia às 18h. Rua Saturnino de Brito, 84, Jardim Botânico - 2402-3101. Ter. a sáb., do meio-dia às 23h. Dom., do meio-dia às 18h.
Mercearia da Praça
Imagina uma rabanada recheada como se fosse um sonho. Pois ela existe! A tentação é um dos hits do capítulo de sobremesas da casa de sotaque português. A rabanada dos sonhos (R$17,90) é servida quentinha, com massa macia e crocante envolvendo o farto recheio de creme de confeiteiro que escorre ao cortar.
Rua Jangadeiros, 28, Ipanema –3986-1400 e 39861401. Whatsapp 97565-0774. Dom. a qui., do meio-dia à meia-noite. Sex, e sáb., do meio-dia à 1h.
Naga
Entrada tradicional nos cardápios japoneses, o harumaki (rolinho de massa filo e recheios diversos) ganhou versão doce nesta casa na Barra. Dica para a sobremesa, ele traz um rolinho de massa douradinha e bem crocante, salpicada de açúcar e recheado de doce de leite que derrete na boca. Servido ainda com creme diplomata, o pedido custa (R$ 29).
Village Mall: Avenida das Américas, 3900, 3º piso, Barra – 3252-2698. Dom. a qui., do meio-dia às 22h. Sex. e sáb., do meio-dia às 23h.
Nido Ristorante
O chef veneziano Rudy Bovo sugere, para encerrar a refeição, a sbricciolata di mele (R$ 32), uma tradicional tortinha italiana de maçã com creme, servida quente ao leve sabor de especiarias e um toque de caramelo salgado.
Avenida General San Martin, 1.011, Leblon – 2512-9021 / 2259-7696 / 99677-0523. Ter. a sáb., do meio-dia à meia-noite. Dom., do meio-dia às 22h.
O Rio Gastronomia é uma realização do jornal O GLOBO com apresentação do Senac RJ e do Sesc RJ, patrocínio master do Santander, patrocínio de Naturgy e Stella Artois, apoio do Gosto da Amazônia, Água Pouso Alto e Getnet, e parceria do SindRio.
O Globo segunda, 28 de junho de 2021
ÍTALA NANDI: ESTREIA COM A ATRIZ É DESTAQUE NA PROGRAMAÇÃO ON-LINE
Estreia com Ítala Nandi é destaque na programação de teatro on-line; veja roteiro
Confira a lista de espetáculos de teatro na internet nesta semana; maior parte das montagens tem ingressos gratuitos
O Globo
25/06/2021 - 04:30 / Atualizado em 27/06/2021 - 10:08
Mais de dez espetáculos encerram temporada on-line nesta semana, entre 25 de junho e 1º de julho. É a última chance para assistir a peças elogiadas de grupos como Os Satyros e Aquela Cia de Teatro.
A programação de teatro on-line também é marcada pela apresentação única, neste domingo, de "Paixão viva", monólogo inédito dirigido por Evaldo Mocarzel em que a atriz Ítala Nandi, prestes a completar 80 anos, repassa a própria trajetória. A seguir, confira toda a programação de teatro on-line.
PEÇAS DE TEATRO ON-LINE:
Estreia
'Menu Teatral, um cardápio da Cia dos Bondrés: Eram os poetas astronautas?'
Texto: Cia dos Bondrés. Direção: Fabianna de Mello e Souza. Com Ariane Hime, Felipe Pedrini, Julia Morales, Juliana Brisson, Nina Rodrigues e Tomaz Nogueira da Gama..
Num futuro distante, o afeto e a poesia estão em vias de extinção. O resgate de uma poeta-astronauta pode ser a última oportunidade de regeneração da força propulsora da arte.
Serviço: Sex a dom, as 20h. Gratuito, com transmissão no YouTube. Livre. Até 18 de julho.
Reestreia
'A bicicleta de papel'
Texto: Luccas Papp. Direção: Ricardo Grasson. Com Leonardo Miggiorin e Luccas Papp.
Na virada do milênio, durante a noite do dia 31 de dezembro de 2000, Ian ultrapassa o sinal vermelho e sofre um acidente que o transforma numa figura solitária e repleta de culpa.
Serviço: Sáb e dom, às 19h. R$ 40, com ingressos no Sympla. 60 minutos. 10 anos. Até 1º de agosto.
'Kid Morengueira — Olha o breque!'
Texto: Andreia Fernandes e Ana Velloso. Direção: Sergio Módena. Com Édio Nunes.
Misturando fatos biográficos e elementos de ficção, a peça conta a história do cantor Moreira da Silva, o Kid Morengueira.
Serviço: Rua Conde Bernadotte 26, Leblon — 2529-7700. Sex e sáb, às 19h. R$ 20 (venda on-line). Sex a dom, às 20h. R$ 40. 75 minutos. 12 anos. Até 9 de julho.
Únicas apresentações
'Menines'
Texto: Marcia Zanelatto. Direção: Marcia Zanelatto e Cesar Augusto. Com Simone Mazzer, Agnes Lobo, Bruno Maria Torres, Elisa Caldeira e outros.
Cenas curtas exploram o atrito entre afetos e tabus a partir de situações entre namorados, amigos, autoridades e pais e filhos.
Serviço: Sex a dom, às 19h. Gratuito, com transmissão no YouTube. 60 minutos. 14 anos.
'Paixão viva'
Texto: Ítala Nandi e Evaldo Mocarzel. Direção: Evaldo Mocarzel. Com Ítala Nandi.
O monólogo repassa os 60 anos de carreira da atriz Ítala Nandi, uma das cofundadoras do Teatro Oficina,musa do cinema nacional por duas décadas e intérprete de memoráveis personagens no palco e na TV.
Serviço: Dom, às 19h. Gratuito, com transmissão por meio do YouTube. 60 minutos. 14 anos.
Extra
'1ª Mostra de Teatro On-Line APTI'
A Associação de Produtores Teatrais Independentes exibe espetáculos on demand previamente gravados para arrecadar dinheiro para o Fundo Marlene Colé, que vem apoiando os profissionais das artes cênicas. Sáb e dom: "Maternagem", com Amanda Acosta, e "Lady M", com Daniel Infantini.
Serviço: As peças podem ser vistas em qualquer horário, entre sábado e domingo. A partir de R$ 10, no site da APTI. Livre. Ate 1º de agosto. Semanalmente, as atrações são alteradas.
'Aquela Cia de Teatro: 15 anos + 1'
Para celebrar 15 anos de atividades ininterruptas, o grupo Aquela Cia de Teatro apresenta, em versão on-line, as obbras da premiada Trilogia Carioca, composta pelos espetáculos "Cara de Cavalo", "Caranguejo Overdrive" e "Guanabara Canibal". Sáb: "Caranguejo overdrive" + "Guanabara canibal".
Serviço: Sáb, às 20h. A partir de R$ 5, por meio do Sympla. Livre. Até 26 de junho.
'Festival de Inverno do Grupo Tapa'
O Grupo Tapa transmite versões on-line para peças de seu repertório e estreia espetáculos inéditos, nunca antes montados pela companhia. Sáb e dom: "A Mandrágora", de Nicolau Maquiavel.
Serviço: Sáb e dom, às 19h. R$ 20, com ingressos por meio do Sympla. Livre. Até 18 de julho.
'Teatro com Bolso'
O projeto idealizado por Ana Beatriz Nogueira transmite sessões da peça "Tudo que eu queria te dizer", com texto de Martha Medeiros, direção de Victor Garcia Peralta e atuação da própria Ana Beatriz Nogueira, seguida por apresentação do show “Divas do jazz”, com a cantora Camila Marotti e o cavaquinista João Felippe, ambos em versão pré-filmada.
Serviço: Sáb, dom e seg, às 21h (peça) e as 22h (show). R$ 10, com ingressos por meio do Sympla. Livre. Até 31 de julho. A partir de domingo, dia 27 de junho.
Última semana
'Angustia-me'
Texto: Julia Spadaccini e Marcia Brasil. Direção: Alexandre Mello. ComFábio Ventura, Leandro Baumgratz, Maria Adélia, Noemia Oliveira, Raquel Rocha e Rogério Garcia.
A comédia dramática mergulha nas angústias de seis pessoas em situações inusitadas.
Serviço: O espetáculo segue disponível gratuitamente no Youtube a partir da estreia (no dia 30 de abril, às 20h), com ingressos retirados pelo Sympla. 14 anos. Até 30 de junho.
O Globo domingo, 27 de junho de 2021
COPA AMÉRICA: NEYMAR É A ATRAÇÃO CERTA EM MEIO À QUALIDADE DUVIDOSA DA COPA - VEJA NÚMEROS
Neymar é atração certa em meio à qualidade duvidosa da Copa América; veja números
Craque esquenta os jogos e exibe bons números no comando da seleção, que enfrenta o Equador
Diogo Dantas
27/06/2021 - 05:35 / Atualizado em 27/06/2021 - 08:23
Se a Copa América veio às pressas para o Brasil e sofre com a organização e os gramados ruins, há Neymar. Se o Brasil de Tite oscila diante da estratégia de fazer testes para a Copa do Mundo, há Neymar. O camisa 10 é atração em meio à qualdiade duvidosa do torneio e de seus jogos. Hoje, às 18h, contra o Equador, a seleção brasileira volta a campo classificada para as quartas de final, mas nada de poupar sua estrela.
RELEMBRE AS SELEÇÕES CAMPEÃS DA COPA AMÉRICA
O talento e o comportamento do craque em campo são garantia de entretenimento. Não apenas por seus lances de genialidade, mas pela forma como encara os jogos. Em um torneio morno, no país que ainda sofre com muitas mortes na pandemia, Neymar tem a capacidade de atrair atenções e minimamente divertir, com alto grau de competitividade e até rivalidade.
Em campo, chama sempre a responsabilidade e é vigiado por adversários. São 25 faltas sobre o atacante em apenas três partidas. Diante da Colômbia, o jogador ainda se envolveu em pequenas confusões, que deram uma apimentada no jogo. Depois de cobrar o escanteio na cabeça de Casemiro e explodir em alegria com a virada, o camisa 10 ainda bateu boca com Borja, o provocando pela passagem no Palmeiras, e pilhou os demais companheiros com foto no vestiário: “Aqui é Brasil, p...”.
A postura irrita adversários, que se queixam do excesso de quedas, mas há outros números convincentes. Neymar teve 13 participações diretas em gols nos últimos sete jogos do Brasil. Foram sete gols e seis assistências. Além disso, sofreu três pênaltis. Na Copa América apenas, são apenas dois gols, mas quatro assistências e 14 finalizações. O camisa 10 é também é disparado o que mais fica com a bola na equipe brasileira.
Astro da seleção e homem de confiança de Tite, o craque atuou em 39 partidas sob o comando do treinador, com 22 gols e 23 assistências. Hoje, Neymar verá Renan Lodi de volta na ala esquerda para apoiar o setor. Tite também confirmou nova chance a Douglas Luiz no meio-campo. Lesionado, o zagueiro Felipe foi cortado e em seu lugar o técnico chamou Léo Ortiz, do Bragantino. A CBF solicitou à Conmebol a mudança do local do jogo das quartas de final, programado para o estádio Nilton Santos, no Rio. A Arena Pantanal, em Cuiabá, foi colocada como opção. Tite evitou mais críticas pois já foi multado.
O Globo sábado, 26 de junho de 2021
CONHEÇA A CHEF BRASILEIRA QUE É A PRIMEIRA MULHER A ENTRAR NA ACADEMIA CULINÁRIA DA FRANÇA
Conheça a chef brasileira que é a primeira mulher a entrar na Academia de Culinária da França
Célia Regina Miranda Dalla Colletta de Mattos entrou para a instituição em 2016, mas seu feito voltou à tona nas redes sociais nos últimos dias. Hoje, ela também investe na produção de cachaças especiais no interior de São Paulo
Cleide Carvalho
24/06/2021 - 06:00 / Atualizado em 24/06/2021 - 19:03
SÃO PAULO — Nos últimos meses, circula na internet a informação de que a brasileira Célia Regina Miranda Dalla Colletta de Mattos, de 46 anos, é a primeira mulher a ingressar na secular Academia de Culinária da França. Celinha, como é conhecida, ri e conta que, embora o assunto tenha estourado nas redes sociais só agora, a proeza de integrar o grupo de imortais da cozinha francesa ocorreu em 2016 e, na época, ela mesma se surpreendeu:
— Quando entrei para receber o título fui parada três vezes. Me indicavam a ala de convidados. Quando enfim fui chamada ao palco, todos se levantaram e aplaudiram em pé. Eu não entendi o que tinha feito para tamanha homenagem. Pensei: "Será que é porque sou negra?" — lembra.
Formada principalmente por homens brancos, a Academia havia sucumbido à aplicada, alegre e falante chef brasileira.
Só meses depois da cerimônia é que ela descobriu, por meio de outro chef amigo do casal, que foi a primeira mulher a ser aceita na Academia — que só abre vaga quando um dos titulares morre. É como a Academia Brasileira de Letras. Também promove encontros mensais, interação de chefs, discute novos ingredientes e promove a culinária ao redor do mundo.
Célia acredita que a informação sobre ela ganhou impulso nas redes sociais com a discussão do racismo e da violência contra os pretos, após os protestos iniciados ano passado pela morte de George Floyd por um policial de Mineápolis (EUA) e a campanha Black Lives Matter, que ganhou o mundo.
— A questão racial está mais presente na vida das pessoas. O empoderamento feminino também. Imagino que seja isso — diz ela.
Célia nasceu em Barra Bonita, município do interior de São Paulo às margens do Rio Tietê. Filha de um mecânico e uma empregada doméstica, Celinha se destacou desde cedo pela aplicação nos estudos. Era sempre a primeira da classe, a oradora da turma, a que lia poesias.
Filha do segundo casamento da mãe, quando nasceu já tinha três irmãs adolescentes e a mãe, dona Ditinha (Benedita), era uma espécie de conselheira da juventude local, a que acolhia todos.
— Desde cedo me acostumei à diversidade. Minha casa em Barra Bonita era uma babilônia o tempo todo. A gente sempre conviveu com todo mundo.
Jovens gays que não sabiam como falar com os pais, nordestinos que iam morar na cidade para trabalhar no corte de cana de açúcar, dona Ditinha era amada por todos. Não tinha separação. E foi isso que a filha aprendeu.
Aos 17, Celinha concorreu com 300 jovens e conseguiu uma das duas bolsas de intercâmbio da ONG AFS, criada no pós-guerra e que tem como missão permitir entendimento entre diferentes culturas, contribuindo para evitar conflitos. Por um ano, morou com uma família negra na Carolina do Norte, nos EUA, muito parecida com a sua própria família — ambas tinham seis filhos. Foi lá que, pela primeira vez, teve um quarto só dela.
A casa, num condomínio habitado principalmente por famílias negras, era enorme e a adolescente brasileira mantinha seu quarto com exímio cuidado e limpeza. Tanto fez que o cômodo virou ponto "turístico" para as visitas da mãe americana.
— O quarto da minha irmã parecia um depósito de lixo. E eu passava as manhãs de sábado limpando e organizando meu quarto. Estava acostumada a fazer isso no Brasil. Aprendi a dar valor a tudo o que conquisto. Estar nos Estados Unidos era uma conquista e eu tinha que valorizar aquilo, inclusive ter um quarto só meu — relembra.
Foi depois da festa de aniversário dela que ouviu a única observação da mãe: "Da próxima vez que for trazer tantos brancos para a nossa casa me avisa antes".
— Eu via a diferença no refeitório da escola. Tinha o grupo de brancos de um lado, de pretos de outro. Mas tinha no meio um grupo misto, que se gostava, e era nele que eu ficava — conta Celinha.
De volta ao Brasil, mesmo com inglês fluente, só conseguiu em sua cidade um emprego de caixa num supermercado.
— Existe o racismo sim, eu não consegui um trabalho melhor, mesmo sendo qualificada.
Foi incentivada pelas irmãs mais velhas a morar na capital paulista, com os tios. Conseguiu o primeiro trabalho como secretária numa empresa de peças para elevadores. Poucos meses depois foi selecionada para lecionar inglês numa rede de escola de idiomas. A escola pagou sua faculdade de tradutora e intérprete.
Ganhava bem e já morava sozinha quando, em 2001, saindo de um período de fossa por ter terminado um namoro, foi com uma amiga num bar da fervilhante Vila Madalena, na zona Oeste de São Paulo. Lá começou a trocar olhares com Gustavo Dalla Colletta de Mattos. Na saída, escreveu o telefone num pedaço de papel e entregou a ele.
Gustavo achou que era número falso. Mas guardou e ligou. Era dia de festa de Halloween na escola onde Celinha lecionava e ela chamou Gustavo para ir. Nunca mais se desgrudaram. Publicitário, empreendedor e filho de um industrial do ramo de cosméticos, Gustavo passou a frequentar a casa dela. Na dele, havia cozinheira. Na dela, os dois é que tinham de se virar na cozinha, revelando a alma de chef da dupla.
O Globo sexta, 25 de junho de 2021
GRETCHEN: NUNCS FUI SUBMISSA A HOMEM ALGUM
'Nunca fui submissa a nenhum homem' diz Gretchen
Recém-casada aos 62 anos, cantora se declara feminista, fala sobre o filho Thammy, o sexo que só melhora com a idade e a nova profissão de coach
Marcia Disitzer
25/06/2021 - 04:30
Um episódio de quando tinha 12 anos ilustra bem a postura de Gretchen, de 62, diante da vida. Entrando na adolescência no comecinho dos anos 1970, pediu para a mãe costurar uma minissaia, referência de moda e liberdade para as jovens de então. “Quando meu pai me viu com a peça, pegou a tesoura e retalhou toda minissaia. Na sequência, disse: ‘Quando você tiver o próprio dinheiro, usa o que quiser’”, conta a cantora, por meio de uma chamada de vídeo. “Já tocava violão. Resolvi, então, dar aulas particulares e arrumei cinco alunas”, recorda-se. No fim do mês, ao receber o pagamento, a primeira providência foi comprar tecido e encomendar a mesma minissaia para a mãe. Dias depois, vestiu a peça e apareceu na frente do pai, que, novamente, disse para filha se livrar daquela roupa. Mas Gretchen, dessa vez, usou o conselho do pai a seu favor. “Tinha comprado a minissaia com o meu dinheiro, conforme ele falou. Indiretamente, meu pai me ensinou a não depender de homem algum”, analisa, em retrospecto.
Autêntica e direta, a cantora se reinventou, mais uma vez, durante a pandemia. Em setembro do ano passado, casou-se com o músico Esdras de Souza (é o sexto casamento oficial, segundo o seu biógrafo Fabio Fabricio Fabretti). “É a primeira vez que sou feliz de verdade”, declara. Diante da impossibilidade de fazer shows, colocou a vasta experiência em prática dando consultorias de vida. “Recebo milhares de directs por dia de pessoas me pedindo conselhos e orientação. A partir da pandemia, a vontade de me profissionalizar para trabalhar como coach ficou mais latente. Descobri ser uma coach nata. Estimulo quem está do meu lado a alcançar os objetivos e a se valorizar.”
A seguir, trechos da entrevista em que Gretchen fala sobre feminismo, maternidade, amor e estética.
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O GLOBO: Qual é a lembrança de quando foi censurada pela ditadura militar?
Comecei muito jovem, tinha 18 anos. Deixei de lado a faculdade de Comunicação e fui retomá-la anos depois, quando já era mãe. No começo, era tudo estranho e novo. Ao ser censurada (a cantora precisou ficar um mês afastada da televisão), não entendi bem o que estava acontecendo. Fui criada dentro de casa, meu pai era muito rígido com a gente.
Puxei a personalidade forte do meu pai, sempre fui ele de saia. A gente brigava muito. Bem novinha, aos 10 anos, já tinha um pensamento para frente, totalmente fora do contexto daquele tempo. Meu pai batia na minha mãe e eu falava para ela: “Separa desse homem, o que você está fazendo nesse casamento?”. Ele era traumatizado, foi militar e serviu como enfermeiro na Segunda Guerra Mundial, viu um monte de gente mutilada, amigos, inclusive. Por isso, passou a beber, para esquecer essas coisas. Quando era pequena, tinha raiva, mas depois eu o compreendi.
Como lidou com o machismo naquela época?
Quarenta anos atrás, precisei me digladiar com todo o mundo para me impor, até por que já era feminista e empoderada. Nunca quis ser submissa a nenhum homem. A mulher era um objeto vendável, o corpo era visto como um produto. Não me submeti àquele cenário. Dançava e cantava por que queria, e também por ser a maneira que tive de trabalhar e ganhar meu dinheiro. Sempre gostei de dançar. Fiz balé clássico, jazz, contemporâneo. A dança é um ponto forte da minha vida.
Sempre tive muita necessidade de ser mãe. Tenho sete filhos (Thammy, de 38 anos; Décio, de 36, Jenny, de 32; Sérgio, de 28; Gabriel, de 24; Giullia, de 18; e Valentina, de 10). Adotei a Jenny e a Valentina e é um amor único. Todos eles são bem-sucedidos. Nunca quis pensão dos pais deles porque teria que me submeter à educação que eles iam querer dar. Jamais fui ao tribunal pedir dinheiro. Sempre falei: “Você dá se quiser porque trabalho e posso sustentá-los”. Eu decidi ser mãe. Me considero maternal, mas não sou superprotetora. A vida inteira falei para os meus filhos: “Viajo todos os meses, um dia posso não voltar, vocês precisam saber se virar sem mim”. Desde cedo, eles têm essa consciência.
Você se considera feminista?
Feminista feminina. Gosto de cuidar do meu marido, de mimá-lo.
De que maneira encarou as decisões do thammy?
Na infância, Thammy gostava de roupa de homem, curtia brinquedos de menino e queria fazer xixi em pé. Eu não percebi por não ter, naquela época, conhecimento dessa questão. Aos 15 anos, ele se relacionou com uma mulher. Passamos por um longo processo, que envolveu compreensão, amor e inúmeras conversas. É uma aceitação. Pais e filhos precisam caminhar juntos, aí tudo dá certo. Sempre apoiei o Thammy, estive e estou ao seu lado em todas as decisões.
Como está o casamento?
É a primeira vez que sou feliz de verdade. Eu passaria tudo de novo se soubesse que o Esdras estaria no fim. Ele é o homem que sempre sonhei. As pessoas falavam: “Esse homem que você imagina não existe”. Respondia: “Existe sim e vou achá-lo”. Esdras é gentil, carinhoso, companheiro e me deixa ser eu mesma. Ele gosta de mim como eu sou.
E o sexo na maturidade?
É o melhor que existe. É quando a mulher mais aproveita por ter como dizer o que e como gosta. Não sente mais vergonha nem tem de dar dar satisfação para ninguém. Faço reposição hormonal e isso me deu vida e bem-estar. Hoje também existem os “brinquedinhos”, aparelhos que são excelentes. As mulheres nem precisam mais ir para sites de relacionamento.
Continua adepta de tratamentos estéticos?
Adoro e pretendo seguir fazendo procedimentos de beleza pelo resto da vida. Fico feliz em saber que, daqui a dez anos, terão novidades, porque sei que os médicos continuarão a estudar. No meu Instagram, costumo mostrar os tratamentos por saber que muitas mulheres sentem medo. Já incentivei muitas delas. Outro dia falei para o Thammy: “O dia em que eu estiver para morrer, você tinge o meu cabelo”. Gosto de ser como sou. Tenho espírito jovem e vou continuar sendo jovem. Não tenho medo de envelhecer porque já estou velha, mas quero ser uma velha nova. É uma opção.
Recebo milhares de directs por dia de pessoas me pedindo conselhos e orientação. A partir da pandemia, a vontade de me profissionalizar para trabalhar como coach ficou mais latente. Se não fosse a nova profissão, estaria há quase dois anos sem trabalhar. Durante o curso de Master Coach, descobri ser uma coach nata. Estimulo quem está do meu lado a alcançar os objetivos e a se valorizar. Fui atacada por psicólogos, mas a profissão de coach é reconhecida. Não me preocupo com as críticas. O que interessa é o que decidi para minha vida.
O Globo quinta, 24 de junho de 2021
COPA AMÉRICA: SELEÇÃO BRASILEIRA PRECISA DE UMA SEGUNDA REFERÊNCIA ALÉM DE NEYMAR. E FORMINO É O QUE TEM PARA HOJE
Análise: seleção brasileira precisa de uma segunda referência além de Neymar. E Firmino é o que tem para hoje
Camisa 10 fica sobrecarregado pela ineficiência de demais jogadores. E centroavante se reafirma como solução para Brasil controlar o jogo e virar sobre a Colômbia
Diogo Dantas
24/06/2021 - 05:08 / Atualizado em 24/06/2021 - 09:41
No jogo mais animado e disputado do Brasil nesta Copa América, a suada virada sobre a Colômbia (2 a 1) foi suficiente para os dois objetivos de Tite até aqui na competição: se manter em primeiro do grupo para seguir no Rio nas quartas de final; e conseguir as respostas que os testes realizados no time têm trazido. As novas mudanças não surtiram o efeito desejado e a seleção só reagiu no segundo tempo, após sair atrás no placar, quando restabeleceu a maneira de jogar com a qual está mais habituada.
E isso significa ter uma segunda referência no ataque além de Neymar. O centroavante Firmino saiu do banco no intervalo para abrir os espaços, dar passe para o camisa 10 acertar a trave e marcar de cabeça o gol de empate do Brasil. Os colombianos provocaram dificuldade desde o início, com o golaço de Diaz e muita imposição física. Mas nos acréscimos, a bola parada brasileira também funcionou, e Casemiro deu números finais.
Principal aposta de Tite no terceiro jogo, Éverton Ribeiro não rendeu. Mesmo aberto na direita, era Neymar quem recuava para armar a seleção. E desde cedo recebia dura marcação. O Brasil revidou com o mesmo veneno. Pressionou a defesa para retomar a posse de bola. Mas foi surpreendido em lançamento para Cuadrado, que achou Diaz na segunda trave para acertar um lindo voleio. O gol pilhou mais o Brasil, que não era vazado há seis partidas.
Com dois volantes, laterais tímidos na armação e atacantes de velocidade, restava a Nemar pensar o jogo sozinho. Houve muita dificuldade coletiva em controlar e manter a posse de bola. O time errava nas escolhas de passes. Neymar forçava alguns dribles. E Ribeiro era um mero coadjuvante que acompanhava o lateral esquerdo e Diaz. Sem assumir o protagonismo que se esperava para produzir jogadas de perigo.
Quando precisava retomar a posse após a perda, o Brasil se desgastava. O time mexido deu claros sinais de que precisa refinar movimentos coletivos para fazer a pressão. Normalmente, a bola passa fácil na primeira linha de ataque e só há bote mais preciso com Fred. Que não sai para outros testes não é por acaso. Sua intensidade para recuperar a bola o torna imprescindível para o Brasil sofrer menos e poder incomodar mais o adversário.
Mas o Brasil também não conseguiu ter profundidade no primeiro tempo nem com a volta de Richarlison na esquerda. Gabriel Jesus abriu muito e ficou preso com a marcação. Chegou a inverter de lado para Richarlison jogar por dentro. Pois não havia referência na área. Nenhum dos dois, contudo, demonsturo poder de decidir. Neymar, quando não carregava desde trás, aparecia no comando do ataque para isso.
Nem sempre havia tempo de o camisa 10 armar e chegar para completar a jogada. E os demais jogadores de certa forma o aguardavam para isso, retardando a definição do lance. Com Firmino no lugar de Ribeiro, o Brasil se reencontrou consigo mesmo no segundo tempo. O centroavante atuou centralizado, no pivô, permitindo que Gabriel Jesus e Richarlison tivessem um novo ponto de referência. E Neymar pudesse recuar para armar o jogo sabendo que também tinha um norte, de onde poderia esperar que a bola voltasse na hora certa.
Enfim, a seleção conseguiu o que queria: controlar o jogo. Se após o gol foi em busca do empate e esteve pouco ameaçada, na etapa final Weverton trabalhou menos ainda. Embora o jogo seguisse disputado no meio, o Brasil entrou muito mais na área da Colômbia. Neymar recebeu ótimo bola de Firmino, de calcanhar, driblou Ospina e acertou a trave. A pressão do Brasil aumentou ainda mais com as entradas de Renan Lodi e Paquetá. A seleção igualou a parte física e sobressaiu no quesito técnico. A Colômbia não ameaçou e só se defendeu no fim.
Para a sorte do Brasil, Ospina aceitou a cabeçada de Firmino. Em lance atrapalhado pelo árbitro Nestor Pitana, que rendeu muita discussão entre as equipes. Na última bola, Casemiro também subiu sozinho e virou o jogo. A parede da Colômbia demorou, mas caiu.
O Globo quarta, 23 de junho de 2021
EUROCOPA: DEBATE SOBRE HOMOFOBIA ACIRRA RIVALIDADE ENTRE ALEMANHA E HUNGRIA
Eurocopa: debate sobre homofobia acirra rivalidade entre Alemanha e Hungria; historiadora analisa
Faixa, denúncias de gritos racistas e pressão além das quatro linhas esquentam rodada final do Grupo F
Vitor Seta
23/06/2021 - 00:24 / Atualizado em 23/06/2021 - 00:25
Alemanha e Hungria entram em campo hoje, às 16h (de Brasília) pelo grupo F da Eurocopa sob forte tensão fora de campo. De um lado, a torcida húngara investigada por comportamentos homofóbicos e supostos cânticos racistas nas arquibancadas. De outro, os alemães tentam protestar como podem contra os adversários e o governo do rival, conhecido pela antipatia à luta dos direitos dos LGBTQ+.
A história — mais uma de contornos políticos que ultrapassam os gramados na Euro — começa justamente no último dia 15, data da estreia da Hungria na competição contra Portugal (derrota por 3 a 0). Naquele dia, o parlamento do país, governado pelo primeiro-ministro de extrema-direita Viktor Orbán, aprovava uma lei restringindo conteúdos considerados “de promoção à homossexualidade e à mudança de gênero” em escolas do país. Na Puskás Arena, em Budapeste — o único estádio sem restrições de público da Euro —, a torcida da seleção exibia uma faixa com os dizeres “Anti-LMBTQ” (a sigla correspondente ao LGBTQ+ em húngaro). Há denúncias, ainda, de cânticos homofóbicos contra Cristiano Ronaldo e racistas direcionados Mbappé e Pogba, no jogo seguinte, contra a França.
FORBES: AS EQUIPES ESPORTIVAS MAIS VALIOSAS DO MUNDO EM 2021
Miriam ressalta que o problema vai além dos húngaros.
— As torcidas de futebol na Europa costumam ser muito nacionalistas e conservadoras. Se você compara a torcida inglesa com os ingleses em geral, é o que há de mais conservador na sociedade — diz, lembrando das vaias da torcida inglesa ao gesto de ajoelhar dos jogadores, na luta contra o racismo.
Classificação
A Alemanha está em segundo do grupo F, com três pontos. Hungria é lanterna, com 1. França (4) e Portugal (3) fazem o outro jogo, no mesmo horário. Ontem, Inglaterra e Croácia avançaram à oitavas. Sterling fez 1 a 0 para os ingleses sobre a República Tcheca, enquanto os croatas dominaram a Escócia: 3 a 1.
O Globo terça, 22 de junho de 2021
KARINA TRONKOS: CARIOCA DE 24 ANOS É PENTACAMPEÃ EM DESAFIO MUNDIAL DE COMPUTAÇÃO DA APPLE
Carioca de 24 anos é pentacampeã em desafio mundial da Apple
Estudante de Ciência da Computação e instagrammer com mais de 80 mil seguidores se destacou com aplicativo sobre biomimética
O Globo
22/06/2021 - 05:24 / Atualizado em 22/06/2021 - 07:15
RIO — Aos 24 anos, a estudante de Ciência da Computação Karina Tronkos venceu pelo quinto ano consecutivo o concurso Swift Student Challenge 2021, um desafio mundial da Apple que garante aos 350 campeões a participação no Worldwide Developers Conference (WWDC), conferência anual de desenvolvedores da empresa, além de um ano de gratuidade da conta de desenvolvedor iOS na App Store. Moradora da Barra e estudante da PUC-Rio, Karina é também instagrammer, com mais de 80 mil seguidores.
— Fiquei sabendo da competição na PUC e conheci algumas pessoas que tinham ganhado e me incentivaram. A primeira inscrição foi em 2016, mas eu não ganhei. No ano seguinte, tentei novamente e consegui — recorda.
Este ano, Karina ganhou com um projeto sobre voltado à biomimética, área de estudo que se inspira na natureza para desenvolver produtos e serviços mais eficientes e de forma sustentável. Em 2017, ela fez um aplicativo sobre o corpo humano, para que as crianças pudessem enteder mais sobre o seu funcionamento. No ano seguinte, desenvolveu um programa sobre daltonismo para mostrar a importância de serem criados programas acessíveis. Em 2019, o programa foi sobre Nancy Grace Roman, a primeira mulher a trabalhar para a Nasa. Já em 2020, escolheu como tema a estação espacial internacional, para abordar a união das nações.
— Acredito que é essencial trabalhar com um tema de que se goste muito e que chame atenção, para que a Apple enxergue algo de diferente. Não sabemos como é a forma de avaliação, então iamgino que é tipo uma redação do Enem em que muitos candidatos são avaliados rapidamente. Meu diferencial é explorar a experiência do usuário, porque todo mundo sabe programar, mas vejo poucas pessoas usando a tecnologia para trazer a sua ideia para a realidade — opina.
Para quem está interessado em participar da competição, Karina sugere que faça buscas no YouTube dos projetos classificados nos anos anteriores.
— Qualquer um pode participar, mas é preciso entender de programação para desenvolver um aplicativo — explica.
A jovem estimula as pessoas a não terem medo de se inscrever:
— Acham que por ser uma competição mundial, é algo muito difícil, mas não é assim. Ter vencido esses anos me motivou a acreditar mais em mim e me ajudou a ampliar a minha rede de contatos.
Em seu canal no Instagram (nina_talks), a jovem fala sobre design e tecnologia e conta que hoje esse é um dos seus trabalhos:
— Comecei quando o assunto era abordado no YouTube, mas não no Instagram. Era um hobby e foi crescendo. Queria atrair mais gente para trabalhar com tecnologia, principalmente mulheres. Compartilho oportunidades e dou dicas. Foi tudo orgânico, sem tráfego pago. Eu me inspirei em instagrammers de fora do país, e no momento certo.
No grupo de 350 estudantes selecionados em todo o mundo, estão ainda outros alunos da PUC: Juliana Prado, Fernando Lobo, Frederico Lacis de Carvalho, Mateus Levi Simões Fernandes, Matheus Pereira Kulick, Matheus Sampaio Moreira, Theo Necyk e Victor Duarte.
O Globo segunda, 21 de junho de 2021
EUROCOPA: SELEÇÃO DA EURO DO GLOBO TEM REPRESENTANTES DE DEZ PAÍSES, NA SEGUNDA RODADA
Seleção da Euro do GLOBO: dez países têm representantes na segunda rodada
Em rodada de placares apertados, meias são decisivos na semana
O Globo
21/06/2021 - 04:00
Assim como na Copa do Mundo de 2018, o GLOBO divulgará, a cada rodada, uma seleção com os melhores jogadores da Eurocopa. O esquema escolhido é com base nos destaques.
Em semana de tropeços, placares apertados e um jogaço entre Alemanha e Portugal, a Euro encerrou sua segunda rodada no último final de semana, e agora se aproxima do momento de definição em sua fase de grupos.
A rodada teve brilho dos meias Locatelli, da Itália, e De Bruyne, da Bélgica — retornando à equipe, após se recuperar de lesões no rosto. No total, dez países ganharam representantes na seleção, escalada no 4-3-3. Gales, que saiu derrotado ontem pela Itália, já pela terceira rodada, é o único que emplacou mais de um jogador na lista.
Goleiro
Robin Olsen (Suécia/Roma)
Seguro e concentrado, manteve a Suécia viva no jogo enquanto sofria pressão da Eslováquia. Fez grande defesa em cabeçada de Kucka, que acabou flagrado em impedimento.
Lateral-direito
Connor Roberts (País de Gales/Swansea)
Titular absoluto, Roberts marcou, já nos acréscimos, o segundo gol da vitória galesa sobre a Turquia, após passe de Gareth Bale. Foi seu primeiro gol pela seleção, momento que descreveu, emocionado, como "pura euforia".
Lateral-esquerdo
Robin Gosens (Alemanha/Atalanta)
Dos nomes menos badalados da seleção alemã até aqui, o lateral-esquerdo, que atuou na linha de meias, só não fez chover em campo. Suas escapadas nas costas de Semedo foram perigo constante para Portugal. Deu uma assistência e marcou o quarto gol da vitória por 4 a 2 sobre os lusos.
Zagueiros
Matthijs de Ligt (Holanda/Juventus)
De volta à equipe de Frank de Boer, o zagueiro comandou a constestada linha de três zagueiros da Holanda em vitória bem menos turbulenta que o 3 a 2 na estreia. Nada de gols para a Áustria com o jovem de 21 anos em campo.
Grant Hanley (Escócia/Norwich City)
Parte do eficiente sistema defensivo escocês que segurou a Inglaterra no clássico, foi marcador voraz de Harry Kane, que passou novamente em branco. Foi vital para evitar gol de Rashford no fim da partida.
Meias
Manuel Locatelli (Itália/Sassuolo)
Peça-chave no time titular de Roberto Mancini, o volante box-to-box do Sassuolo mostrou a veia artilheira contra a Suíça. Marcou duas vezes e garantiu mais uma larga vitória da azzurra.
Ivan Perisic (Croácia/Inter de Milão)
Com um belo gol, o já veterano meia-atacante croata evitou a derrota para a República Checa e deu sobrevida à Croácia na competição.
Kevin De Bruyne (Bélgica/Manchester City)
O meia mostrou por que Roberto Martínez fez questão de levá-lo até com fraturas na face. Recuperado, entrou no intervalo, comandou o meio e bateu colocado para decretar a virada da Bélgica sobre a Dinamarca.
Atacantes
Andriy Yarmolenko (Ucrânia/West Ham)
O dinâmico e carismático ponta ucraniano teve grande atuação na vitória por 2 a 1 sobre a Macedônia do Norte. Abriu o placar assistiu Yaremchuk no segundo.
Gareth Bale (País de Gales/Tottenham)
Dono da seleção galesa, concentrou as jogadas de ataque e distribuiu assistências para Connor Roberts e Ramsey contra a Turquia. A cobrança de pênalti isolada evitou a chave de ouro, mas não tirou o brilho da atuação.
Patrick Schick (República Checa/Bayern Leverkusen)
Artilheiro da Eurocopa ao lado de Cristiano Ronaldo, com três gols, o jovem do Bayer Leverkusen voltou a marcar. Acertado por Lovren dentro da área, bateu bem a penalidade e abriu o placar contra os croatas.
O Globo domingo, 20 de junho de 2021
MEU AMIGO BUSSUNDA: RETRATO DE UMA GERAÇÃO NO DOCUMENTÁRIO DO GLOBOPLAY
O retrato de uma geração no documentário 'Meu amigo Bussunda', do Globoplay
PATRÍCIA KOGUT
Claudio Manoel e Bussunda no 'Casseta & planeta' (Foto: Pepe Schettino)
É difícil, para não dizer impossível, falar de Bussunda sem mencionar o “Casseta & Planeta, urgente!”, lançado em 1992. Da mesma forma, não se pode pensar no “Casseta” sem lembrar que o programa sacudiu a linguagem do humor da televisão e foi feito por uma turma egressa dos bastidores da “TV Pirata”, que, por sua vez, começou essa revolução em 1988. Essa teia diz muito do documentário “Meu amigo Bussunda”, que chegou na última semana ao Globoplay. O diretor-geral é Claudio Manoel (Micael Langer também dirige e é corroteirista). A série documental parte da intimidade para derivar numa história pública. É, por isso, muito autoral e cheia de afeto. E também um retrato geracional (por esse aspecto, lembra um pouco “Os quatro Paralamas”, da Netflix).
O documentário começa com um retrato da juventude de Bussunda. Há depoimentos de amigos — alguns deles famosos, como Debora Bloch e Deborah Colker —, de familiares e da viúva, Angélica Nascimento. Fotos antigas e filmes caseiros ilustram esse período. O apelido gaiato — alusivo ao fato de ele se recusar a tomar banho durante a estada de muitos dias numa colônia de férias — é explicado. Uma moça que se derreteu por ele nessa época fala sobre o charme do amigo. Foi também quando Claudio Manoel o conheceu. Pelo testemunho do irmão Sérgio somos informados de que Bussunda não gostava de estudar. Chegava ao ponto de matar aula de inglês dormindo num banco duro do calçadão de Copacabana, onde a família morava. Marcos, o outro irmão, conta que, angustiados, os pais pediram que ele e Sérgio sustentassem o caçula no futuro “porque ele não daria em nada”. Quando esse prognóstico foi subvertido, Luiz Guilherme Vianna e a psicanalista Helena Besserman Vianna se tornaram os maiores fãs do “Casseta”. Intelectuais, comunistas e avessos ao hábito de assistir à TV, aprenderam a gravar todos os programas em que o filho aparecia.
A série visita a UFRJ, de onde Bussunda saiu jubilado, relembra o movimento estudantil, recupera arquivos e busca, com obstinação visível, reconstituir a vida do humorista. Esse esforço é amplamente recompensado. Para o leitor ter uma noção da legitimidade dessa produção, o quarto e último episódio tem direção de Júlia Besserman, filha dele.
Para quem não conheceu Bussunda e não viveu aquela época, o documentário tem muito valor também. Ele reflete o espírito de um tempo. Mostra a chegada de um grupo talentoso à maior emissora de TV do país — e o legado dele para os humoristas mais jovens. Vale também para constatar que, não faz tanto tempo, os freios do politicamente correto eram outros. O Brasil saía de um longo e triste período de ditadura militar. Todo mundo queria rir, romper regras e usar roupas coloridas. Fica a impressão de que hoje o mundo encaretou bastante.
Para rir (e derramar lágrimas furtivas), “Meu amigo Bussunda” é simplesmente imperdível.
O Globo sábado, 19 de junho de 2021
MARIETA SEVERO: AOS 65 ANOS, NO BRASIL, A GENTE PERDE MUITO CONTATO COM ESSAS FICÇÕES DA VIDA
Marieta Severo: 'Aos 65 anos, no Brasil, a gente perde muito contato com essas ficções da vida'
Atriz lança "Noites de alface", que chega aos cinemas no próximo dia 24, e defende que 'as pessoas precisam de ficção para viver'
O Globo
19/06/2021 - 04:30 / Atualizado em 19/06/2021 - 09:37
RIO — As doses de ficção que colocamos em nosso cotidiano nos mantém sãos, acredita a atriz Marieta Severo. E é por isso que a trama de "Noites de Alface", filme estrelado por ela e Everaldo Pontes e que chega aos cinemas no próximo dia 24, é tão necessária no Brasil atual, um país que passou a "asfixiar a imaginação":
— As pessoas precisam de ficção para viver, elas sucumbem sem ela. E esse filme tão delicado, tão poético, que coloca a necessidade absoluta da ficção na vida das pessoas, é importante pois chega no terreno de um Brasil absolutamente avesso e contrário a isso, onde todos os valores são de asfixiar a cultura, a imaginação e a poesia e enaltecer o oposto, que é a violência, o autoritarismo e o obscurantismo — afirmou a atriz em coletiva de imprensa realizada nesta quinta (17) para divulgação do longa.
O filme, escrito e dirigido por Zeca Ferreira, é uma adaptação do livro homônimo de Vanessa Bárbara. Na pacata ilha de Paquetá, o casal Ada (Marieta Severo) e Otto (Everaldo Pontes) vive há anos em uma rotina praticamente imutável. Recluso, ele passa a maior parte do dia entre espiadas na janela e a leitura de livros de suspense, enquanto tenta vencer a insônia com o chá de alface preparado pela mulher.
Porém, o sumiço repentino do carteiro local, Aidan (Pedro Monteiro) muda a rotina de Otto: na investigação para descobrir o que de fato aconteceu, ele encontra em sua imaginação e na ficção elementos para entender uma nova realidade pessoal e a que está à sua volta.
Neste caminho, Otto se depara com os outros excêntricos moradores desta Paquetá fictícia: Nico (João Pedro Zappa), o incoveniente farmacêutico, a excêntrica Dona Iolanda (Teuda Bara), Teresa (Inês Peixoto) e seus cachorros barulhentos, Mayu (Lumi Kim) e seu avô, o velho Taniguchi (Antônio Sakatsume), um japonês ex-combatente de guerra que sofre de Alzheimer e o carteiro principal da cidade, Aníbal (Romeu Evaristo).
— É um personagem de um homem comum, solitário mas apaixonante. Quando fui lendo o roteiro, me vi muito naquele universo: o da solidão, da velhice, do tempo. Aos 65 anos, no Brasil, a gente perde muito contato com esssas ficções da vida. E agora principalmente, enquanto formos governados por pseudo-fascistas, vamos perder ainda mais — conta Everaldo.
Já Ada, avalia Marieta, é a ponte do recluso Otto com o mundo ao seu redor: é ela quem leva ao marido as novidades e informações do que acontece no pequeno mundo onde existem.
— Quando eu li o roteiro, eu falei: quero contar essa história, eu quero ajudar a contá-la através da Ada. Às vezes você quer fazer o personagem, mas eu nem fui assim com a Ada, eu me apaixonei mesmo pela história. De cara, ela não é um personagem que tenha características psicológicas fortes. Ela é uma peça dessa engrenagem misteriosa, amorosa e poética. E a fotografia do filme mostra bem esse papel dela, sempre que está em cena, há luz.
Além de Marieta e Everaldo, o elenco é composto por membros do Grupo Galpão, do qual Zeca afirma ser "fã declarado":
— Os personagens de apoio, digamos assim, são tipos que existem a partir da lente do Otto, do que ele está passando. Então eu queria que esse elenco tivesse uma unidade sobre o que é esse tom. Aí, imediatamente pensei em um elenco que já tivesse esse entendimento, o que me levou para o Galpão, que sou devoto, estou sempre indo ver o grupo, desde que sou adolescente.
Este e o primeiro longa de Zeca, que já dirigiu diversos documentários premiados, como "Terreiro Grande" e "Áurea", este último exibido em mais de 60 festivais pelo mundo e que conquistou 25 prêmios em festivais. A escolha pela adaptação do livro veio naturalmente: "antes mesmo de terminar de ler, eu já queria fazer o roteiro", contou:
— O que eu gosto muito nesse livro é como ele trata de temas densos e profundos, de forma leve, até engraçada. Tem uma cena em que os moradores se reúnem no filme para tratar de um assunto banal, que era a compra de uma lona, que acho muito engraçada, por exemplo. A Vanessa demorou seis meses para me responder depois que entrei com contato por uma rede social, e a partir daí fomos conversando, mas a gente só se viu uma vez.
Apesar de trazer uma mensagem tão importante para o Brasil de agora, como diz Marieta, o longa foi rodado em 2018, muito antes da pandemia. O que só demonstra, segundo ela, a capacidade que a arte tem de antecipar fatos:
“A arte tem essa capacidade infinita de prever e de olhar para o passado com outras lentes", afirma.
Lançamento adiado em um ano
Com um "orçamento enxuto", o filme, conta Zeca, teve o lançamento adiado algumas vezes por conta do coronavírus. Colocar ele em cartaz 2021, segundo o diretor, é uma verdadeira vitória. Para ele, apesar de uma realidade de cortes de verbas públicas para as artes, esse é um dos melhores momentos da produção cinematográfica brasileira:
— Estamos lançando com um ano de atraso da ideia original, e vou sentir falta de não ser em um cinema, uma experiência coletiva, mas tem uma hora que o filme tem que ir para a rua. Eu li uma frase em um debate que concordo, e dizia: a gente tá vivendo o pior momento do melhor momento do cinema brasileiro. Nunca produzimos tanto e vimos tão pouco. Mas eu diria que a gente nunca produziu tão bem também, com um cinema vindo de periferia muito bom. Tem muita coisa boa sendo feita, apesar de tudo.
O Globo sexta, 18 de junho de 2021
COPA AMÉRICA: APÓS JOGO CONTRA O PERU, NEYMAR CHORE E TITE PEDE CALMA COM GABIGOL
Após jogo contra o Peru, Neymar chora e Tite pede calma com Gabigol
Atacante do PSG disse ter passado ‘por muitas coisas nos últimos anos’, enquanto treinador pediu que não se crie expectativa excessiva em cima do jogador do Flamengo
Athos Moura
18/06/2021 - 00:25 / Atualizado em 18/06/2021 - 07:58
Neymar foi as lágrimas logo após a vitória da Seleção Brasileira sobre o Peru, por 4 a 0, nesta quinta-feira. Em entrevista, assim que saiu de campo, o jogador falou do seu novo recorde com a camisa do Brasil. Com o gol que marcou na partida, ele chegou a 68, um a mais do que Ronaldo Fenômeno, com quem dividia a posição de segundo maior goleador da seleção, atrás apenas de Pelé.
Durante a sua resposta, o jogador se emocionou e chorou. Ele disse que passou por muita coisa nos últimos dois anos — fora dos gramados, ele foi acusado de estupro e assédio.
— É óbvio que, para mim, é uma honra muito grande fazer parte da história da seleção brasileira. Para ser bem sincero, meu sonho sempre era jogar pela Seleção, vestir essa camisa. Nunca imaginei chegar a esses números. Para mim, é até emocionante, porque passei por muita coisa nesses dois anos, que são bem difíceis, complicadas, e esses números não são nada. A felicidade que eu tenho de jogar pelo Brasil, de representar meu país, minha família — disse o jogador.
Neymar foi o autor do segundo gol da vitória do Brasil sobre o Peru pela segunda rodada da Copa América.
TITE PEDE CALMA
Em entrevista coletiva, Tite foi perguntado sobre o desempenho de Gabigol, que não foi bem na partida e foi substituído no intervalo. O treinador pediu que não se crie uma expectativa excessiva em cima do jogador e garantiu que ele terá novas oportunidades na seleção:
— Calma. O futebol é feito de calma, senão a gente cria uma expectativa excessiva de que o jogador já tem que entrar e produzir tudo o que ele faz no clube. Futebol é uma engrenagem, ele demora um pouquinho até se ajustar. No segundo tempo, usamos um número excessivo de atacantes, porque a gente achou que era o que o jogo pedia. Talvez, se tivesse o Everton com Gabriel e Neymar, seria melhor. Esses ajustes, a gente tem que ter calma. A gente vai trabalhando essas situações.
O Brasil volta a campo na próxima quarta-feira, também no Nilton Santos, para enfrentar a Colômbia.
O Globo quinta, 17 de junho de 2021
COPA AMÉRICA: NEYMAR E GABIGOL TREINAM COMO TITULARES ANTES DO JOGO CONTRA O PERU
Neymar e Gabigol treinam como titulares na seleção antes de jogo contra o Peru
Dupla demonstrou bom entrosamento na vitória sobre a Venezuela
Diogo Dantas
16/06/2021 - 17:11 / Atualizado em 16/06/2021 - 17:28
A indicação do técnico Tite de que vai usar as partidas da primeira fase da Copa América para dar mais rodagem a algumas peças da seleção pode significar mais minutos em campo da dupla Neymar e Gabigol, que se deu bem na vitória sobre a Venezuela na estreia e deve iniciar como titular nesta quinta-feira contra o Peru, às 21h, no Nilton Santos.
Nesta quarta, no último treinamento em Teresópolis, o treinador começou a atividade com os dois atacantes em campo. Em seguida, colocou Gabriel Jesus no lugar de Gabi, como fez nos jogos pelas Eliminatórias da Copa. O atacante do Flamengo ainda utiliza uma bandagem de proteção na coxa direita, onde teve um edema muscular.
Quem também pode ter uma oportunidade depois de um período em que sofreu com problemas físicos é o meia Éverton Ribeiro. O jogador atuou no treino como coringa, mas depois foi para o time sem colete, considerado o titular, com Neymar.
Na parte fechada do treinamento, em que Tite deu ênfase à parte tática, não foi possível saber qual formação do técnico prevaleceu. Mas Thiago Silva, Alex Sandro, Fabinho e Éverton Cebolinha também podem aparecer entre os titulares. Richarlison iniciou a atividade entre os reservas, assim como Firmino. Ambos também foram titulares nas Eliminatórias.
Outros, como Casemiro e Marquinhos, são candidatos a ganhar um descanso e dar brecha para a volta de Thiago Silva, que havia ficado de fora por conta de uma lesão. Também pode acontecer o revezamento no gol, com a entrada de Weverton depois de boa participação de Ederson no último jogo. O goleiro do Palmeiras começou o treino no time titular.
O Globo quarta, 16 de junho de 2021
A PRINCESA E O ADEIRO: SÉRIE ISRAELENSE CHEIA DE ROMANCE E SEM ESPIONAGEM
'A princesa e o padeiro': série israelense cheia de romance e sem espionagem
PATRÍCIA KOGUT
Cena de 'A princesa e o padeiro' (Foto: Divulgação/Amazon)
Quem acha que a televisão israelense só produz ótimas séries de espionagem e guerra tem que experimentar “A princesa e o padeiro”. Lançada em 2013, a comédia romântica explodiu no Oriente Médio, até que a Amazon Prime comprou e exibiu pelo mundo. O sucesso se repetiu e houve uma adaptação holandesa (“Bagels & bubbels”, de 2015). Finalmente, a americana ABC fez a sua versão. “The baker and the beauty” teve uma única temporada em 2019/2020. Agora, os dez primeiros episódios da trama original estão no catálogo da Amazon daqui. É boa (e bobinha) diversão.
A ação se desenrola em Tel Aviv, mas parece uma daquelas histórias com atores jovens nos bairros mais prósperos de uma cidade na Califórnia. O elenco é lindo e frequenta as melhores festas. Seguimos o encontro acidental da mocinha, Noa Hollander (Rotem Sela), com o mocinho, Amos Dahari (Aviv Alush). Ela é modelo internacional e herdeira da maior fortuna de Israel. Ele, filho de um padeiro, de família iemenita e caipira. Eles se cruzam num restaurante elegante, onde ele está levado pela noiva. Uma eletricidade imediata surge entre os dois. É o que faz a história disparar.
O enredo recria pela milésima vez a aventura da Cinderela. No mundo de Noa tudo é festa. Ela viaja o tempo inteiro para Paris e Londres, mora numa casa linda e vive cercada de asseclas que fazem tudo para agradá-la. Já Amos se veste mal e nunca visitou um país estrangeiro. Mas eles se entendem muito bem. Os abismos culturais entre os dois geram situações de humor. Levinha, “A princesa e o padeiro” vale a viagem.
O Globo terça, 15 de junho de 2021
FESTA JUNINA NO DELIVERY: CINCO KITS PARA VOCÊ CELEBRAR EM CASA
Festa junina no delivery: cinco kits para você celebrar em casa
Vai ter paçoca, salsichão e quentão: chefs e donos de bares e restaurantes entregam delícias para a comemoração indoor
O Globo
14/06/2021 - 08:15 / Atualizado em 14/06/2021 - 17:05
Santo Antônio, celebrado em 13 de junho, deu a largada: é tempo de festas juninas, e ainda vêm os dias de São João (24 de junho) e de São Pedro (29 de junho)! A má notícia é que, em mais um ano de pandemia do novo coronavírus, não vai dar para celebrar aglomerando com os amigos na rua. A boa notícia é que o fesejo está salvo, em novo formato, na segurança do lar. Pensando nisso, chefs e donos de bares e restaurantes investiram mais uma vez em uma fórmula que deu certo ano passado. Foram bolados kits juninos, para entregar em casa bolos fofinhos, salsichões, caldos verdes, batidinhas e outros quitutes. É só pedir e, se animação for muita, vestir com a família seu trajes para matar saudades da festa.
Bar Os Imortais
Ano passado teve. E este ano vai ter também: sem poder celebrar o festejo junino que costumava lotar a Rua Ronald de Carvalho, em Copacabana, o bar Os Imortais preparou mais uma vez um kit especial (R$ 80, serve duas pessoas) para levar a festa para dentro de casa: o público pode pedir para receber, nos fins de semana, um combo com salgadinhos da casa em versão miniatura (duplas de minibolinhos de arroz napolitano, bolinhos de feijão com couve, As Marias e Coxinhas da Vovó), minichurros com doce de leite, canjica, milho cozido, salsichão, caldo verde, pipoca e batida de paçoca (300ml).
Endereço: Rua Ronald de Carvalho 147, Copacabana. Encomendas/retirada pelo (21) 3563-8959 ou pedidos pelo Ifood ou Rappi. Seg e ter, das 18h à meia-noite. Qua a sex, das 18h à 1h. Sáb, das 12h à 1h. Dom, de meio-dia à meia-noite. R$ 80. Pedidos sempre até quinta-feira.
Liga dos Botecos
O bar em Botafogo que reúne ícones da gastronomia botequeira carioca também preparou seu Kit Junino(R$ 89, para duas ou três pessoas): vem com 4 mini Botero dogs, 2 salsichões acompanhados de mostarda artesanal de abacaxi, 2 espigas de milho com manteiga de ervas, cocada cremosa de maracujá (250ml), caldo verde (500ml), canjica (250ml) e 2 paçocas.
Serviço: Pedidos pelo telefone (21) 3586-2511. R$ 89, kit para duas ou três pessoas.
Diva Confeitaria Festiva e Afetiva
À frente da casa com seu nome em Vila Isabel, a chef-confeiteira Diva Oliveira criou novos sabores de bolos para os meses de junho e julho, que podem ser pedidos para incrementar a sua festa dentro de casa. Uma das sugestões, a de Cocada Cremosa(R$ 55), tem massa aerada com coco e coco fresco em calda de caramelo por cima. Outra pedida, a receita de Amendoim Caramelizado (R$ 55) leva massa amanteigada, um toque de amendoim e cobertura de amendoins caramelizados. As tortas têm 20cm e rendem cerca de 12 fatias.
Serviço: Encomendas pelo Instagram @divaconfeitariafestivaafetiva ou pelo telefone (21) 97599-3489.
Das Dani Buffet
No ano passado a chef Daniela Almeida, que só trabalhava com eventos com seu buffet de pegada saudável, investiu pela primeira vez em um Kit Arraiá. Fez tanto sucesso que o planejamento inicial de um dia único para entregas desdobrou-se pelos fins de semana. Agora, nesta nova temporada, os pedidos poderão ser feitos em todos os dias de junho e julho. Há versões para 4 ou 6 pessoas. O Combo 1 (para 4 pessoas, a R$ 290) vem com cone de amendoim glaceado com chocolate, minimilho cozido (4 unidades), minibolo de fubá com calda de goiaba cremosa, paçoca (8 unidades), pé de moleque, canjicão, minicoxinha (10 unidades), dadinho de tapioca (10 unidades), caldo verde (450g) e salsichão com farofa (2 unidades). O Combo 2 (para 6 pessoas, a R$ 360) vem com cone de amendoim glaceado com chocolate, pinhão, minimilho cozido (4 unidades), minibolo de fubá com calda de goiaba cremosa, paçoca (8 unidades), pé de moleque (4 unidades), cocada cremosa (200g), canjicão, maçã do amor (2 unidades), minicoxinha (10 unidades), miniquibe (10 unidades), dadinho de tapioca com geleia de pimenta (10 unidades), minicachorro-quente (4 unidades), caldo verde (450g), vaca atolada (500g) e salsichão com farofa (2 unidades). Os clientes ainda podem acrescentar itens extras: quentão de vinho (R$ 60, 500ml), bolo de milho com goiaba picante (R$ 115, 23cm), arroz doce (R$ 60, 350g) e cuscuz com coco (R$ 65, 350g).
Serviço: Pedidos pelo telefone (21) 99928-3999, de seg a sex, das 8h30 às 19h30. Tem taxa de entrega, cujo valor, sob consulta, depende da localidade.
Malu Mello Catering
À frente do catering que leva seu nome, a chef Malu Mello também preparou um Kit Junino para a celebração em casa, em versões para 1 pessoa (R$ 80), 2 pessoas (R$ 160) ou 3 pessoas (R$ 210). O cliente pode escolher até 6 delícias em sua caixa. A lista de opções inclui bolos (que podem ser de pamonha, aipim ou cenoura com chocolate), algodão doce, maçã do amor, pé de moleque, paçoca, canjica com amêndoas, arroz doce com farinha de paçoca, caldo verde (preparado com couve do sítio), caldo de ervilha, caldo de mocotó, milho verde e cachorro-quente. Para beber, chocolate quente com conhaque.
Serviço: Pedidos pelo telefone (21) 97014-8878.
O Rio Gastronomia é uma realização do jornal O GLOBO com apresentação do Senac RJ e do Sesc RJ, patrocínio master do Santander, patrocínio de Naturgy e Stella Artois, apoio do Gosto da Amazônia, Água Pouso Alto e Getnet, e parceria do SindRio.
O Globo segunda, 14 de junho de 2021
RAUL DE SOUZA SE ENCANTOU: MORRE UM DOS MAIORES TROMBONISTAS DO MUNDO, AOS 86 ANOS, DE CÂNCER
Morre Raul de Souza, um dos maiores trombonistas do mundo
Mestre da gafieira que tocou com os grandes do jazz nos Estados Unidos, músico carioca sucumbiu a um câncer, aos 86 anos, na França
O Globo
13/06/2021 - 22:02 / Atualizado em 13/06/2021 - 22:30
RIO - Morreu na França, na noite deste domingo, aos 86 anos, o carioca Raul de Souza, músico de jazz considerado pela crítica internacional como um dos maiores trombonistas do mundo. Em nota no Facebook do cantor, a família escreveu: "Guerreiro, como sempre, lutou até o final de suas forças contra o câncer. O nosso herói brasileiro partiu para eternidade, deixando pra todos seu maior legado, sua música. Agradecemos imensamente o apoio que todos vocês sempre manifestaram."
Depois de uma vitoriosa carreiira no Brasil, no início dos anos 1970 Raul foi para os Estados Unidos, onde conseguiu se destacar no cenário do jazz ao lado de nomes como Cannoball Adderley, J.J.Johnson, Freddie Hubbard, Sonny Rollins, Cal Tjader e outros. Ele é inventor do “souzabone”, trombone elétrico com quatro válvulas, uma das quais cromática, afinado em dó.
Nascido no Rio de Janeiro, em 1937, Raul começou a tocar aos 16 anos, na banda da Fábrica de Tecidos de Bangu. Em 1957, fez sua primeira gravação, ao lado da Turma da Gafieira, que reunia músicos como o violonista Baden Powell, o baterista Edison Machado e o acordeonista Sivuca. Mais tarde, fez parte do grupo Bossa Rio, do pianista Sérgio Mendes, com o qual gravou, em 1963, o LP “Você ainda não ouviu nada” e excursionou pelos Estados Unidos e Europa. Na época, integrou também a Orquestra Carioca da Rádio Mayrink Veiga e atuou em programas de televisão, acompanhando vários cantores, dentre os quais Roberto Carlos.
Em 1965, Raul gravou seu primeiro disco solo, "À vontade mesmo", um clássico do samba-jazz. Em 69, mudou-se para o México. Nessa época, foi convidado para participar de uma turnê de shows com Airto Moreira e Flora Purim. Em seguida, mudou-se para Boston, onde estudou na Berklee Music College. Por fim, mudou-se para Los Angeles, onde gravou o álbum "Colors", em 1975, produzido por Airto Moreira. Seria o primeiro disco de uma expressiva carreira internacional, na qual ele se apresentou em grandes festivais de jazz e gravou com músicos como Sarah Vaughan, Stanley Clarke, Ron Carter, Sonny Rollins, George Duke, Chick Corea e Lionel Hampton.
O Globo domingo, 13 de junho de 2021
FLAVIOLA SE ENCANTOU: MÚSICO REFERÊNCIA DA CENA PSICODÉLICA NORDESTINA MORRE, AOS 68 ANOS, DE COVID-19
Morre de Covid-19 o músico Flaviola, referência da cena psicodélica nordestina, aos 68 anos
Compositor lançou em 1976 o cultuado disco 'Flaviola e o Bando do Sol' que mistura folk-rock com música nordestina
O Globo
12/06/2021 - 19:39 / Atualizado em 12/06/2021 - 19:45
Morreu em decorrência de complicações causadas pela Covid-19 o poeta, cantor e compositor Flávio Tadeu Rangel Lira, o Flaviola, aos 68 anos. O artista é uma das referências da cena musical psicodélica pernambucana dos anos 1970, ao lado de nomes como Alceu Valença, Lula Côrtes e Robertinho do Recife.
Em 1976 lançou o cultuado álbum "Flaviola e o Bando do Sol", trabalho que mistura folk-rock com ritmos e referências da música do nordeste. O disco foi reeditado nos anos 2000 pelos selos Time Lag (EUA) e Mr. Bongo (Inglaterra) e conquistou uma nova geração de fãs.
O artista só viria a lançar outro disco em 2020, quando pôs na rua o álbum autoral "Ex-tudo", disponível nas plataformas digitais. O pernambucano também autou como diretor musical de espetáculos de teatro como “Dzi Croquettes em bandália”.
Flaviola também ficou marcado por parcerias, como nas canções "Quasar do sertão" e "Martelo dos 30 anos" com Zé Ramalho. O músico tinha ainda engatilhado um projeto de composições inéditas feitas com Lula Côrtes no anos 1970.
Natural de Recife, ele estava radicado no Rio de Janeiro há vários anos. Porém, voltou a morar capital Pernambucana nos últimos anos onde lançou seu segundo trabalho e viveu seus últimos dias.
O Globo sábado, 12 de junho de 2021
ELIANE GIARDINI: EM NOVELA DE JOÃO EMANUEL CARNEIRO, ATRIZ TERÁ PAPEL BEM DIFERENTE DOS QUE JÁ FEZ
Em novela de João Emanuel Carneiro, Eliane Giardini terá papel bem diferente dos que já fez. Saiba tudo
ANNA LUIZA SANTIAGO
Eliane Giardini (Foto: Reprodução)
Eliane Giardini surgirá num papel diferente dos que já desempenhou em toda a carreira em “Olho por olho”, novela das 21h de João Emanuel Carneiro. Ela viverá Judite, uma líder comunitária e costureira ligada ao carnaval. A personagem, um amor antigo do vilão interpretado por Tony Ramos, esconderá que ele é o pai de seu filho, Pablo (Caio Castro). Ela também será a madrinha da protagonista, uma deficiente visual (Leticia Colin) maltratada pela mãe (Gloria Pires).
Na história, prevista para suceder a "Pantanal" no ano que vem, Leticia vai formar par com Humberto Carrão. Já Caio se relacionará com Sophie Charlotte na trama. O personagem dele trabalhará numa grande loja de roupas e fragrâncias masculinas.
O Globo sexta, 11 de junho de 2021
JOÃO SANDANHA: O TÉCNICO DA SELEÇÃO BRASILEIRA DEMITIDO OR CONTRARIAR UM PRESIDENTE
João Saldanha: O técnico da seleção brasileira demitido por contrariar um presidente
Por William Helal Filho
O clima na seleção brasileira não estava nada bom quando João Saldanha reuniu os jogadores e a comissão ténica no gramado do Itanhangá Golfe Clube, em São Conrado, no Rio, para tentar apaziguar os ânimos. "Vocês devem estar lendo muita coisa nos jornais, mas é preciso que saibam que eu não pedi demissão e nem vou pedir", disse o treinador gaúcho na tarde daquela terça-feira, 17 de março de 1970: "Fui convidado para o cargo e levo o barco até o fim, se quiserem".
Por volta das 19h do mesmo dia, em reunião na sede da Confederação Brasileira dos Desportos (CBD), o dirigente Silvio Pacheco comunicou a decisão do presidente da entidade, João Havelange, de "dissolver" a comissão técnica, semanas antes da viagem para a Copa do Mundo do México. No estacionamento do prédio, em conversa com repórteres ávidos por informações, Saldanha reagiu à notícia com a sua peculiar ironia: "Dissolver, não, porque não somos sorvetes", disse ele. "O que aconteceu é que fomos demitidos", concluiu, antes de dar a partida em seu Volkswagen.
O jornalista nascido em Alegrete, no Rio Grande do Sul, não era uma pessoa fácil no trato. Intransigente e irrascível, arrumava encrenca com quer que fosse e era capaz de trocar tiros quando pisavam em seus calos. Mas, louco por futebol, tinha um conhecimento invejável sobre o esporte e comunicava muito bem a sua forma de ver o jogo. Ex-jogador do Botafogo, tornou-se um dos comentaristas mais populares do país, que não se abstinha de fazer críticas severas quando os negócios de cartolas interferiam com o que acontecia entre as quatro linhas.
Em fevereiro de 1969, a CBD causara surpresa ao anunciar Saldanha para conduzir o escrete brasileiro nas eliminatórias da Copa que seria disputada no ano seguinte, no México. Além do inusitado que era um comentarista esportivo sem papas na língua à frente da seleção, o cronista gaúcho havia sido militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB), perseguido pela ditadura militar vigente na época. "No Brasil, é preciso coragem, muita coragem, para escolher o homem certo", elogiou Nelson Rodrigues em sua coluna no GLOBO. "A partir do momento em que escolheu João Saldanha, Havelange descobriu, ao mesmo tempo, o caminho da vitória".
Nelson chamava Saldanha de "João sem medo". O treinador mandou às favas o conhecido apelido de "seleção canarinha" e avisou que montaria um "time de feras". Seu elenco tinha como base as equipes do Santos e do Botafogo e, portanto, valia-se do entrosamento entre os jogadores dos dois melhores times em ação naqueles tempos. Sob a sua batuta, o escrete formado por craques como Pelé, Tostão e Gerson obteve uma sequência histórica de seis vitórias em seis jogos das eliminatórias, garantindo com facilidade uma vaga no Mundial de 1970.
Tudo parecia estar pronto para a sonhada conquista da Taça Jules Rimet, após a campanha pífia na Copa da Inglaterra, em 1966. Mas havia uma tempestade a caminho. Saldanha jamais escondera suas críticas ao governo militar. Em entrevistas após a abertura política, chamaria o então presidente da República, Emílio Garrastazu Médici, de "maior assassino da história do Brasil". Em janeiro de 1970, no sorteio dos grupos da Copa, no México, ele entregou a representantes de diversos países um dossiê citando os mais de 3 mil presos políticos e centenas de opositores torturados e assassinados pelo regime. O Brasil vivia, então, o período mais violento da ditadura militar. O Ato Institucional 5 (AI-5) estava em pleno vigor.
O governo dos generais estava em franca campanha para se aproximar da seleção. Queria faturar apoio público com o eventual êxito do time no México. No dia 8 de março, um repórter assuntou Saldanha sobre uma entrevista em que o presidente Médici manifestou sua vontade de ver o atacante do Atlético-MG Dario José dos Santos, o Dadá Maravilha, convocado para a seleção brasileira. Foi quando o treinador respondeu com uma declaração célebre que, nos bastidores, viria a selar sua demissão: "O presidente escala o ministério, e eu escalo a seleção".
O "atrevimento" coincidiu com uma fase em que a equipe vinha sendo questionada na imprensa. No dia 4 de março, o Brasil perdera de 2 a 0 para a Argentina durante um amistoso em Porto Alegre, com Médici presente no estádio. Quatro dias depois, a seleção deu o troco, vencendo os rivais por 2 a 1 no Maracanã, no Rio, outra vez sob os olhos do general presidente, que assistiu ao jogo com radinho de pilha no ouvido. Entretanto, no dia 14 do mesmo mês, o time empatou em 1 a 1 com o fraco elenco do Bangu Futebol Clube. A crônica daquela partida publicada pelo GLOBO criticou um elenco "sem padrão, sem ritmo e sem condição física satisfatória".
Outros elementos serviram de argumento para a demissão de Saldanha. Na noite de 12 de março, em um de seus arroubos de fúria, o técnico entrou armado e berrando impropérios na concentração do Flamengo, na Rua Jayme Silvado, em São Conrado, no Rio, para tirar satisfação do treinador rubor-negro, Dorival Knipel, também chamado de Yustrich, que horas antes ofendera duramente Saldanha em entrevista no rádio. O clube carioca reagiu exigindo da CBD um pedido público de desculpas e ameaçando entrar na Justiça contra o "invasor". Dias depois, o presidente da comissão técnica, Antônio do Passo, pediu demissão criticando a falta de padrão de jogo e de "tranquilidade" no ambiente da seleção. Crise instalada.
Para completar, no dia 16 de março, Saldanha revelou que não escalaria Pelé para um amistoso contra o Chile, dali a seis dias, em São Paulo. Havia especulações de que o craque do Santos não estava enxergando bem à noite. Ainda assim, o técnico foi bastante questionado. Ao justificar sua decisão, ele proferiu um termo racista que não seria tolerado nos dias de hoje: "Cheguei à conclusão de que o crioulo está mal e precisa descansar um pouco mais para voltar a sua melhor forma". Horas mais tarde, na derradeira reunião na CBD, Saldanha foi demitido com toda a comissão técnica. Zagallo foi escolhido como o novo treinador, pregando "humildade" no comando. No dia 20 de março, Dadá Maravilha chegava ao Rio para treinar com a seleção.
Lendo os jornais daquela época, não há pistas de que a influência de Médici pesara na demissão de Saldanha. O próprio ex-treinador, em seus artigos diários publicados no GLOBO, não classificou o conflito público com o presidente como motivo para sua saída, alegando que a demissão fora provocada mais por seus constantes embates com cartolas do Brasil e da Europa. Mas, hoje, sabemos que a imprensa estava sob rígida vigilância, com a presença de censores do governo nas grandes redações para filtrar quaisquer notícias prejudiciais à imagem do regime. Após o fim da ditadura, em 1985, a verdade veio à tona.
Em 25 de maio de 1987, Saldanha foi entrevistado no programa "Roda Viva", da TV Cultura. Ele revelou que sabia que seus dias na seleção estavam contados quando Médici assumiu a presidência, em outubro de 1969, após a morte de seu antecessor, Artur da Costa e Silva. Segundo o jornalista esportivo, com Médici, "começou a pressão". Saldanha disse que Havelange chegou a implorar: "Pelo amor de Deus, chama o Dario que a gente fica bem com os homens". Mas que ele, então, respondia, "Havelange, não adianta se abaixar, quanto mais a gente se abaixar, mais eles vão malhar". Ainda de acordo com o ex-treinador, ele deixou claro que Dario não seria convocado: "Aí, pronto, me mandaram embora".
Em 2014, numa entrevista à "Rádio Gaúcha", o próprio Dadá Maravilha reconheceu a influência de Médici tanto em sua convocação para a Copa do México quando na queda do treinador que se recusava a chamá-lo. "O presidente falou que eu tinha que ser convocado e mandou tirar o Saldanha. Quem me contou isso foi o João Havelange, então presidente da CBD. Aí, o Havelange botou o Zagallo e ele disse: ‘eu conheço a fera, ele merece’. Fico triste em falar que o presidente me convocou. Mas o presidente pedindo a convocação me ajudou muito, isso eu tenho que reconhecer. Médici, descanse em paz".
O Globo quarta, 09 de junho de 2021
JOGADORES SE MANIFESTAM CONTRA COPA AMÉRICA, MAS DIZEM QUE NUNCA DIRÃO NÃO À SELEÇÃO
Jogadores se manifestam contra Copa América, mas dizem que nunca dirão 'não à seleção'; leia
Atletas dizem que não quiseram tornar discussão em torno da competição continental em assunto político
Marcello Neves
09/06/2021 - 00:22 / Atualizado em 09/06/2021 - 01:06
Após uma semana com bastidores tensos, a seleção brasileira venceu o Paraguai por 2 a 0, na noite desta terça-feira, no Defensores del Chaco. Logo após a sexta vitória em seis jogos do time de Tite, os jogadores publicaram um manifesto em suas redes sociais, liderados pelo capitão Casemiro. Na nota, se mostram contrários à realização da Copa América no Brasil e criticaram a Conmebol, mas dizem que não querem tornar a discussão "política". (leia a íntegra ao fim da matéria)
AS VÍTIMAS DA COVID-19 NO ESPORTE
"Somos um grupo coeso, porém com ideias distintas. Por diversas razões, sejam elas humanitárias ou de cunho profissional, estamos insatisfeitos com a condução da Copa América pela Conmebol, fosse ela sediada tardiamente no Chile ou mesmo no Brasil", diz trecho do manifesto, em tom que O GLOBO adiantou na última segunda-feira.
Os jogadores decidiram divulgar, em conjunto com a comissão técnica, o manifesto. O objetivo foi deixar claro a insatisfação com os problemas da entidade na organização da Copa do América. Os atletas ficaram descontentes com a forma como o então presidente da CBF, Rogério Caboclo, conduziu o tema, sem conversar internamente sobre a transferência da Copa América para o Brasil.
Também causou mal-estar o fato de nenhum dirigente ter se pronunciado publicamente sobre a transferência. Na entrevista pós-partida, Marquinhos, capitão da equipe, se esquivou ao falar sobre o assunto:
— Sabemos todos sobre o contexto da Copa América. Foi muito discutido internamente e externamente. Em momento algum os jogadores se negaram a vestir essa camisa. É o nosso sonho de criança. É o maior orgulho para a gente estar vestindo essa camisa. A partir de agora vamos ver o que será decidido. Sabemos que existe uma hierarquia e estamos cientes do nosso papel. Não negamos em vestir essa camisa — afirmou o zagueiro.
RELEMBRE OS BRASILEIROS QUE JÁ FORAM ARTILHEIROS DA COPA AMÉRICA
Leia na íntegra:
"Quando nasce um brasileiro, nasce um torcedor. E para os mais de 200 milhões de torcedores escrevemos essa carta para expor nossa opinião quanto a realização da Copa América.
Somos um grupo coeso, porém com ideias distintas. Por diversas razões, sejam elas humanitárias ou de cunho profissional, estamos insatisfeitos com a condução da Copa América pela Conmebol, fosse ela sediada tardiamente no Chile ou mesmo no Brasil.
Todos os fatos recentes nos levam a acreditar em um processo inadequado em sua realização.
É importante frisar que em nenhum momento quisemos tornar essa discussão política. Somos conscientes da importância da nossa posição, acompanhamos o que é veiculado pela mídia mídia estamos presentes nas redes sociais. Nos manifestamos, também, para evitar que mais notícias falsas envolvendo nossos nomes circulem à revelia dos fatos verdadeiros.
Por fim, lembramos que somos trabalhadores, profissionais do futebol. Temos uma missão a cumprir com a histórica camisa verde amarela pentacampeã do mundo. Somos contra a organização da Copa América, mas nunca diremos não à Seleção Brasileira."
O Globo terça, 08 de junho de 2021
TINA TURNER ABRE O JOGO EM DOCUMENTÁRIO SOBRE SUA ARTE E VIDA PESSOAL, DOS EISDÓDIOS DE VIOLÊNCIA À VOLTA POR CIMA
Tina Turner abre o jogo em documentário sobre sua arte e vida pessoal, dos episódios de violência à volta por cima
Exibido nos Estados Unidos pela plataforma HBO Max, o longa 'Tina' traz relatos da cantora sobre os filhos problemáticos, a mãe distante e de como o budismo mudou sua vida
Ana Maria Bahiana, especial para O GLOBO
08/06/2021 - 07:07
Numa noite de 1979, o produtor e agente musical Roger Davies estava no então badalado bar do histórico hotel Fairmont de São Francisco quando teve um susto: no pequeno palco do lounge estava alguém que ele tinha visto muitas vezes, anos atrás, em teatros, arenas e festivais: Tina Turner. Entre 1960 e 1976, Tina era a estrela da banda Ike & Tina Turner Review, uma locomotiva poderosa de rhythm’n blues, soul e rock’n roll liderada, oficialmente, pelo guitarrista/compositor/produtor Ike Turner, marido de Tina. Na verdade, a banda era efetivamente guiada, no palco, pela fornalha da voz e da presença de Tina.
Essa era a Tina que Roger Davies conhecia. Mas, fora do palco, a vida de Tina era o oposto, um sem-fim de opressão e violência, sob a tirania de Ike. Em 1976, Tina seguiu seu próprio rumo depois de um divórcio tão cruel e violento quanto sua vida de casada. Sua carreira parecia ter chegado ao fim — três álbuns solo não tiveram repercussão e, para se sustentar, Tina passou a se apresentar no circuito de bares e lounges.
Até aquela noite, quando tudo mudou — graças ao encontro com Roger Davies e, acima de tudo, à força, à persistência e ao talento de Tina. Em 1984, aos 45 anos, Tina se tornou uma megaestrela internacional, começando pelo seu álbum “Private dancer” e continuando com muitos outros sucessos e turnês pelo mundo todo.
— Essa era a história que queríamos contar — diz Simon Chinn, um dos dois irmãos produtores responsáveis pelo documentário “Tina”, exibido nos Estados Unidos pela plataforma HBO Max, que estreia dia 29 no Brasil. — Mas não queríamos contar só esta parte da vida de Tina. Queríamos abordar toda a vida dela, nos cumes e nos vales de tudo que ela passou.
Simon e Jonathan Chinn tiveram seu primeiro contato direto com a cantora quando produziram o material promocional do musical “Tina”, em Londres e, depois, em Nova York, em 2018 e 2019.
— Nossas conversas com Tina e Erwin (Bach, marido de Tina desde 2013 e seu parceiro desde 1986) não foram no sentido de papéis e legalidades — continua Simon Chinn. — Foram para assegurar que ela seria nossa parceira, que o filme respeitaria sua privacidade, e que ela tinha o controle dos limites da narrativa.
As conversas valeram a pena — “Tina” mergulha plenamente na intimidade da artista: a família, a mãe distante, os filhos problemáticos, o primeiro marido violento, as humilhações, a volta por cima, os momentos de gênio no processo da criação da coreografia e de toda a apresentação que, anos mais tarde, seria quase padrão.
— Vou confessar: T.J. e eu ficamos paralisados quando começamos a nos preparar para entrevistar Tina — diz Daniel Lindsay, que, com T.J. Martin, dirigiu o documentário. — Nossa proposta aos produtores foi a de fazer, primeiro, uma entrevista profunda com ela, no tempo que ela concordasse em nos dar. Queríamos que a narrativa dela fosse a espinha da obra. Faríamos a pesquisa a partir disso. Mas, quando nos demos conta de que íamos realmente conversar com ela, bateu uma espécie de pânico, porque ela é uma grande estrela, uma estrela de verdade.
O codiretor T.J. Martin completa:
— Ela se abriu conosco. Tínhamos dito para nós que deveríamos ser supercuidadosos com ela, não tocar nos momentos difíceis da vida dela. E Tina nos surpreendeu logo no começo: ela mesma abordou todos os seus piores momentos, sem poupar nada. Foi uma revelação. Foi o modo dela de nos dizer: “Já passei por tudo isso, já processei todo o meu trauma, agora quero que vocês me vejam como uma pessoa que já superou tudo isso e está pronta para compartilhar esta história”.
Imagens jamais vistas
Para manter a privacidade, as entrevistas gravadas em imagem foram feitas numa mansão, cedida por um amigo do casal, no Centro de Zurique — Tina mora na Suíça desde 1994 e em 2013 tornou-se cidadã do país. As entrevistas em áudio foram feitas na residência da artista e, num breve momento, há uma tomada da casa do casal em Küsnacht, às margens do lago que faz parte da propriedade.
Tina também cedeu boa parte de suas imagens pessoais, tanto fotos quanto vídeos — inclusive uma cena muito íntima, em que ela faz sua prece budista diária, uma prática que abraçou em 1973 e que, segundo a cantora, mudou sua perspectiva de vida, primeiro como uma forma de se proteger da violência de seu casamento.
Muitas imagens jamais vistas do interior da primeira casa de Tina, em Los Angeles, nos anos 60, se devem ao cineasta brasileiro Flavio Florêncio, que, nos anos 70, conseguiu filmar a residência por dentro e por fora, antes que ela fosse demolida.
— É um material incrível, um plano-sequência que ele teve a sorte e o talento de fazer — diz Simon Chinn. — Esse material foi essencial para nosso filme.
O Globo segunda, 07 de junho de 2021
CONHEÇA A DIRETORA DA PRIMEIRA ESCOLA CHINESA INTERNACIONAL DO RIO, RECÉM-ABERTA EM BOTAFOGO
Conheça a diretora da primeira escola chinesa internacional do Rio, recém-aberta em Botafogo
Natural de Pequim, a pedagoga Yuan Aiping, que mora na cidade há 24 anos, fala sobre o ódio contra asiáticos: 'Professores são alvos de insultos'
Marcia Disitzer
07/06/2021 - 04:30
A pedagoga chinesa Yuan Aiping, de 59 anos, não poderia imaginar o que o destino a reservava quando, a caminho dos Estados Unidos, decidiu incluir o Rio no roteiro, para distrair a mente e encher os olhos antes de uma temporada de estudos. “Fiquei tão encantada pela cidade que nunca mais fui embora”, conta. O ano era 1997 e a especialização em línguas programada nos EUA foi adiada para sempre. “Desde pequena tinha o sonho de morar perto do mar, em um lugar de clima e pessoas quentes”, lembra Yuan, que é de Pequim. “Ao me deparar com a beleza da Praia de Copacabana, decidi ficar”, diz. Determinada, conseguiu um visto e ingressou na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para aprender português. “Em seis meses, dominei o idioma.”
A forte conexão com a cidade — “sou a chinesa mais carioca que existe” — fez com que ela se tornasse, nos últimos 24 anos, uma ponte entre as duas culturas. Em 2004, fundou o Centro Cultural China-Brasil, com filiais em Xangai e Pequim, dando aula de mandarim para brasileiros e de português para chineses, além de ter publicado mais de 20 livros, didáticos e de turismo. “Comecei a carreira com quatro alunos. Hoje, pelo Centro, já passaram mais de 40 mil”, comemora. Não à toa, Yuan ocupa o cargo de diretora-geral da Escola Chinesa Internacional, que abriu as portas em fevereiro deste ano, em Botafogo. “Já existiam as escolas Americana, Britânica e Alemã. Precisávamos de um espaço para disseminar a cultura chinesa”, afirma. “Nosso objetivo é proporcionar um ensino de referência internacional no Brasil, em um ambiente trilíngue (mandarim, português e inglês)”, emenda.
Justamente na implantação do mais desafiador projeto de sua carreira, ela enfrentou um obstáculo, até então, pouco vivenciado: o ódio contra os chineses decorrente do coronavírus. A xenofobia assustou a pedagoga. “Sempre fui abraçada pelos brasileiros. Porém, desde a pandemia, fomos atingidos por uma verdadeira onda contra a China. Os professores da escola passaram a ser alvos de insultos e xingamentos nas ruas, no metrô e até na praia”, lamenta. “Esse ódio é fruto da Covid-19, pelo fato de muita gente culpar a China pelo que está acontecendo no mundo, e consequência da política do governo Bolsonaro”, analisa a pedagoga. “Também acho que o crescimento da China assusta o mundo ocidental.”
Ela lembra do choque cultural que sentiu nos primeiros meses de Rio. “A nossa cultura é muito fechada. E, quando saí de lá, o país ainda era bastante pobre”, conta. “Ao chegar, fiquei escandalizada, por exemplo, com revistas com fotos de mulheres nuas, penduradas nas bancas. Isso na China daria cadeia”, compara. Mas, de lá para cá, muita coisa mudou. “Na minha época, enxergávamos os estrangeiros como monstros. Hoje, a China é uma potência, está bem mais aberta e absorvendo muito o que vem de fora.”
Mãe de Liu Si, de 31 anos, ela conta que a filha permaneceu na China com o ex-marido e, atualmente, cursa um MBA em Finanças nos Estados Unidos. “Sofri muito com a distância, mas sem o meu sucesso profissional no Brasil, ela não teria tido tantas possibilidades, como estudar fora.”
Totalmente adaptada ao lifestyle carioca, Yuan não abre mão de pedalar, todos os domingos, seis quilômetros pela orla da Barra, onde mora, é Mangueira de coração, escola de samba pela qual já atravessou mais de uma vez a Avenida, e coleciona amigos pela cidade. Sobre namorados “from Rio”, despista sem alterar a voz: “Me casei com o meu trabalho.”
O Globo domingo, 06 de junho de 2021
ROBERTA SÁ: CANTORA APRESENTA SAMBAS E BOSSAS, SEU DISCO ESCONDIDO, EM LIVE NESTE SÁBADO
Roberta Sá apresenta 'Sambas e bossas', seu 'disco escondido', em live neste sábado
Cantora também faz planos para o pós-pandemia: 'Quero reaprender a andar de bicicleta'
Ricardo Ferreira
05/06/2021 - 05:00
Até ser lançado ontem nas plataformas digitais, o disco “Sambas e bossas”, de Roberta Sá, tinha um certo status de tesouro escondido. Isso porque o trabalho, gravado em 2004, não chegou a ser distribuído comercialmente, nem era considerado pela cantora como parte de sua discografia oficial. O álbum foi feito sob encomenda por uma multinacional que comemorava dez anos de atuação no Brasil, enquanto “Braseiro”, seu celebrado disco de estreia, estava no forno. Algumas das cópias distribuídas pela empresa acabaram foram parar nas redes e viralizaram.
Agora, 17 anos depois, atendendo a pedidos, Roberta Sá resolveu desengavetar o “Sambas e bossas”, que ganhou também uma versão em vinil. Hoje, acompanhada do violão de Rafael dos Anjos, ela faz live de lançamento do novo-antigo trabalho, no Teatro Claro Rio, em Copacabana, com transmissão ao vivo e gratuita pelo YouTube (/teatroclarorio).
— O “Braseiro” ficou pronto sem ser lançado durante uns meses. Nesse meio tempo, recebi o convite para fazer este disco. Liguei para o Rodrigo Campello (produtor musical de “Braseiro”), e gravamos em uma semana, foi rápido. Lembro de ter gravado com uma bolsa d’água quente: eu estava com cólica, mas a música foi meu remédio — recorda-se a cantora. — Me pediram pra reunir sambas e bossas de que eu gostava, então é muito despretensioso nesse sentido. Nas lives que fiz durante a pandemia, em conversas com o público, eles me pediram essas músicas. Pensei: por que não?
Entre as canções do repertório estão standards como “Alegria” (Cartola), “O sol nascerá” (Cartola e Elton Medeiros), “Falsa baiana” (Geraldo Pereira), “Chega de saudade” (Tom Jobim e Vinicius de Moraes) e “A flor e o espinho” (Nelson Cavaquinho, Alcides Caminha e Guilherme de Brito), além de outras músicas que estavam na cabeça de Roberta Sá, então com 23 anos.
— Escolhemos uns clássicos bem clássicos mesmo. Ao mesmo tempo, tem “Fica melhor assim” (Zé Renato e Xico Chaves), uma bossa menos conhecida, mais jovem, e “Essa moça tá diferente”, do Chico Buarque, que na época estava muito estourada com o Bossacucanova. Era o que eu ouvia quando ia para o Democráticos, na Lapa. Tocava muito — diz a cantora, que também vai apresentar uma música inédita no show de hoje, “Mudando de canal”, feita e parceria com João Cavalcanti.
Acolhida no Rio
Revelada no programa Fama, da TV Globo, Roberta Sá chegou a se formar em jornalismo antes de engrenar na música. Nascida em Natal, ela se mudou para o Rio de Janeiro com a mãe e o padrasto aos 9 anos. Na nova cidade, se encantou com a beleza do lugar, desaprendeu a andar de bicicleta — “acho que foi algum trauma mesmo, de me assustar com o movimento, porque eu andava muito de bicicleta em Natal” — e, anos mais tarde, foi frequentadora assídua de uma Lapa que passava por um renascimento cultural.
— Lembro da primeira vez que saí do Túnel Rebouças e olhei a Lagoa, nunca esqueço dessa cena. Pensei: “não to acreditando que vou morar aqui!”. Com 20 anos, descobri a Lapa, e era uma época que tínhamos Teresa Cristina no Semente, Nilze Carvalho no Carioca da Gema... Essa efervescência da Lapa eu vivi muito intensamente, fiquei na boemia por um tempo. Conheci Yamandu Costa, Zé Paulo Becker, foi um período muito bom.
Apesar de outro lançamento recente — “Giro”, seu sétimo álbum de estúdio, foi lançado em 2019 —, a cantora prepara, aos poucos, um novo disco de inéditas. Mas ainda não escolheu qual será o clima.
— O “Sambas e bossas” me dá um tempo para respirar, para pensar num próximo álbum de inéditas. Penso muito em que tipo de musica lançar neste cenário. Queria um disco festivo, mas não consigo sentir esse clima ainda. Existe a possibilidade de gravar algo mais introspectivo agora e esperar o momento festivo pra depois, porque no momento está difícil — diz a cantora, prometendo outra tarefa para o pós-pandemia. — Quero reaprender a andar de bicicleta.
O Globo sábado, 05 de junho de 2021
J. K. ROWLING: AUTORA DE HARRY POTTER GARANTE ALGUMA DIVERSÃO EM NOVO LIVRO POLICIAL
Sem acertar na literatura adulta como na saga 'Harry Potter', J.K. Rowling garante alguma diversão em novo livro policial
Em meio à campanha de cancelamento por acusações de transfobia, escritora viu vendas de ‘Sangue revolto’, lançado sob o pseudônimo de Robert Galbraith, superar as expectativas no Reino Unido
Nelson Vasconcelos, especial para O GLOBO
05/06/2021 - 04:30
Sob o pseudônimo (inútil) de Robert Galbraith, chega ao país mais uma obra da criadora de Harry Potter & Cia. “Sangue revolto”, da inglesa J. K. Rowling, é a quinta aventura de Cormoran Strike e Robin Ellacott, sócios numa agência de detetives particulares. Ele é veterano, já bem respeitado no métier; ela é novinha, competente, um futuro brilhante. Desta vez, investigam um assassinato ocorrido há 40 anos. Conseguirão desvendar o caso?
Claro que sim, ou não haveria livro. Como em thrillers desse tipo, “Sangue revolto” reserva uma surpresinha básica no fim, com resolução coerente, após pistas falsas, personagens suspeitos, avanços e recuos — e é disso que o povo gosta. Tanto que o título, lançado na Inglaterra e nos EUA ano passado, recebeu o prêmio British Book Award de 2020, na categoria Crime e Ficção.
Nem era para tanto. Quando a história começa, Strike deixa Londres por alguns dias para visitar parentes na Cornualha. Tudo vai na paz até que uma mulher propõe a ele um trabalho nada fácil: encontrar o assassino e o corpo da mãe dela, Margot Bamborough, desaparecida desde 1974. Strike gosta de desafios, aceita a tarefa, convoca Robin, e a investigação começa.
A partir daí, em mais de 900 páginas, Rowling tem espaço bastante para misturar muitas tramas, encher linguiça, confundir o leitor e partir para o final feliz. Escritora experiente e prolixa, bem assessorada, ainda não se mostrou tão inventiva na literatura adulta quanto em “Harry Potter”. Mas, mesmo sem grandes novidades, o entretenimento é garantido.
Strike e Robin são uma dupla afinada, quase feitos um para o outro. Poderiam até render momentos mais calientes, não fosse Rowling tão pudica. Eles vivem num chove-não-molha afetivo, mas algo ainda deve rolar entre os dois nos próximos livros da série — até porque sua criadora já declarou que não pretende dar fim a esses seus personagens tão simpáticos.
A propósito, não falta gente torcendo pelo fim não do casal, mas da própria escritora — e eis aqui a melhor história envolvendo “Sangue revolto”. Desde 2019, quando fez declarações deveras transfóbicas, Rowling já era alvo de críticas pesadas e pertinentes nas redes sociais. A perplexidade era justificada. O caso ficou em banho-maria, mas não morreu.
A situação ferveu mesmo quando “Sangue revolto” veio à tona, em setembro de 2020. Isso porque um dos personagens, Dennis Creed, usa roupas femininas para ganhar a confiança de suas vítimas, todas mulheres, antes de matá-las. Quando estas percebem o logro, já era. Com isso, Rowling foi acusada de reforçar o preconceito contra travestis e transgêneros.
Fãs decepcionados
Nesse caso, a crítica já não parece tão pertinente exclusivamente porque se trata, afinal, de uma criação artística — que, por definição, deve pairar acima das censuras. Quanto ao personagem, digamos que cada doido, fictício ou não, abre caminhos para viabilizar suas doideiras, criminosas ou não — e Creed as viabilizava disfarçando-se de mulher. Curioso é que críticos se incomodem com a ideia de um psicopata vestir-se como mulher, e não com os assassinatos em si.
A intriga não para aí. Há quem diga que Rowling adotou o pseudônimo Robert Galbraith em alusão a um psiquiatra homônimo já morto, pioneiro em terapia de “cura gay”, lá pelos idos dos anos 1970. Seria bizarro, mas ela negou, claro. Não adianta: aos 55 anos, a escritora agora está no meio de uma batalha pelo seu “cancelamento”. Milhares de fãs já se declararam decepcionados com ela, livrarias australianas suspenderam as vendas de seus livros e por aí vai. Aguardemos novos capítulos.
De qualquer maneira, esse boicote mostrou-se ótima peça de marketing de “Sangue revolto”. Pretendendo normatizar a criação artística na base do grito, as queixas só aumentaram a expectativa dos leitores. Resultado: as vendas no lançamento, na Inglaterra, ficaram acima do esperado.
Mas uma questão ainda está aberta: para que serve um pseudônimo se todo mundo sabe que é J. K. Rowling por trás dele?
* Nelson Vasconcelos é jornalista
O Globo quinta, 03 de junho de 2021
JOSÉ LINS DO REGO RESSURGE COMO CRONISTA E COSMOPOLITA EM SEU ANIVERSÁRIO DE 120 ANOS
José Lins do Rego ressurge como cronista e cosmopolita em seu aniversário de 120 anos
Enquadrado como 'romancista regionalista', paraibano tem outras facetas menos conhecidas, como mostra pesquisa e livro com crônicas inéditas
RIO - Um dos maiores expoentes do romance regionalista, o paraibano José Lins do Rego, que completaria 120 anos nesta quonta-feira, 3, dizia que o mundo fabuloso de seus livros era composto por “rudes homens do cangaço” e “sertanejos castigados”. Mas se o autor de dois dos maiores clássicos da literatura brasileira do século XX, “Menino de engenho” e “Fogo morto”, foi celebrado principalmente por suas narrativas sobre o Nordeste, algumas de suas facetas menos conhecidas começam a ressurgir na academia e no universo editorial.
O romancista que retratou a vida privada dos engenhos do Nordeste e a decadência da economia açucareira foi também um arguto cronista da vida urbana do Rio. O homem que voltava sempre às “terras tostadas de sol” de sua aldeia natal foi também um viajante cosmopolita, em contato com a cena literária internacional. Esse outro escritor, aliás, é o destaque de “As melhores crônicas de José Lins do Rego”, que sairá neste semestre pela Global, e reunirá textos do paraibano publicados na imprensa, muitos deles ainda inéditos em livro.
Como explica o organizador Bernardo Buarque de Hollanda, a obra tem como objetivo apresentar às novas gerações a produção cronística de Zé Lins, morto em 1957. Os mais jovens talvez conheçam a sua relação com o futebol (em especial sua paixão pelo Clube de Regatas Flamengo, cantada em milhares de textos na imprensa), mas não acompanharam suas colunas da época.
Crítico de cinema
Poucos sabem, por exemplo, que ele chegou a ser uma espécie de crítico de cinema no GLOBO, jornal em que publicou mais de duas mil crônicas entre 1944 e 1956. Escreveu sobre Chaplin, Buster Keaton, Walt Disney e Branca de Neve. O autor também manteve a coluna fixa “Conversa de lotação”, inspirada em papos que ouvia no transporte público.
— Eu diria que 95 por cento dos textos publicados no GLOBO ainda estão inéditos em livro — diz Buarque de Hollanda. — Seus romances foram todos republicados dezenas de vezes (“Fogo morto”, por exemplo, está em sua 84ª edição), mas as coletâneas de crônicas nunca tiveram reedições. Neste novo volume, selecionei algumas das crônicas que já haviam saído em coletâneas como “Gregos e troianos” (1957) e juntei com outras nunca publicadas antes. Considero os escritos de “Conversa de lotação” fundamentais por trazerem essa observação da vida urbana carioca.
O Globo quarta, 02 de junho de 2021
RAUL SEIXAS: KIKA SEIXAS RELEMBRA EM LIVRO RELAÇÃO COMO CANTOR E SEUS PROBLEMAS COM ÁLCOOL E NARCÓTICOS
Kika Seixas relembra em livro relação com Raul Seixas e seus problemas com álcool e narcóticos
Mãe de Vivian, caçula do músico, produtora comenta decisões que tomou sobre internações compulsórias: 'Generoso, amoroso e muito culpado'
Talita Duvanel
02/06/2021 - 04:30 / Atualizado em 02/06/2021 - 07:16
Vivian Seixas fez 40 anos no último dia 28 e ganhou um presente emocionante: a história de amor dos pais contada em livro. O valor do registro, no entanto, vai além da relevância familiar quando o pai é o músico Raul Seixas, um dos maiores artistas do Brasil, e a mãe, a produtora Kika Seixas, terceira mulher dele e uma das responsáveis pelo acervo do músico.
“Coisas do coração — Minha história com Raul Seixas” (Editora Ubook), de autoria da própria Kika e Toninho Buda, que acaba de ser lançado, traz 472 páginas com as lembranças da vida do casal, que se conheceu em 1979, quando ela era secretária executiva da gravadora Warner e deu uma carona para o músico.
—Sempre perguntava a minha mãe coisas do passado, da infância, e eu via que ela puxava lá no fundo do HD. Ela dizia: “Que bom que você perguntou, pois eu estava esquecendo” — diz a caçula de Raul, a DJ Vivian.
O maluco beleza teve mais duas filhas, de dois casamentos anteriores: Scarlet e Simone, que moram nos Estados Unidos.
— Há uns anos, minha mãe falou que queria escrever um livro sobre a vivência com meu pai, mas ela é muito low profile. Falei: “Mas pensa que é para mim! Para os fãs, lógico, mas para mim também” — lembra Vivian.
A história dessa relação — que não termina em 1984, quando eles se separam, muito menos em 1989, quando ele morre — não deve ser lida apenas como um presente para Vivian ou para os fãs. Há também um tom de acerto de contas, já que o livro expõe, com fac-símiles de diversas cartas, a relação da produtora com a mãe de Raul, Maria Eugênia. Numa delas, de 14 de outubro de 1989, menos de dois meses depois da morte do artista, a matriarca diz que mandou coisas do baú do Raul para a ex-nora(“Despachei dez volumes pela Fink Transportadora para sua casa(...). Você tem aí um belo acervo artístico e muitas coisas pessoais dele”).
— Para quem me chamou de aproveitadora, de esperta, aqui está a carta dela me entregando o baú — diz Kika, que produziu, nos anos 1990, livros e shows com a marca “Baú do Raul”. — Um dos motivos que mais me deram ânimo nesse trabalho com o “Coisas do Coração”, além da minha filha, foram esses documentos. Dona Maria Eugênia era um exemplo de mulher.
Sylvio Passos, criador do primeiro fã-clube de Raul, que acabou virando amigo pessoal do ídolo e ficando com parte do baú, considera as contribuição de Maria Eugênia, morta em 2002, um dos pontos altos da obra.
Apoio das mulheres
São comoventes também as passagens que mostram como o vício em álcool e narcóticos dilacerou a relação entre Kika e Raul. A produtora relata vezes em que teve que dormir na casa de vizinhos porque o apartamento estava empesteado com cheiro de de éter e as decisões que tomou sobre internações compulsórias (“Uma das manhãs em que estava voltando do bar, foi surpreendido por dois enfermeiros que o agarraram e colocaram dentro de uma ambulância”). As passagens trágicas mostram o lado humano da estrela do rock.
— Depois da terceira internação, eu desisti. Senti que ele não ia superar. Ele era um homem doce, tímido, um pai generoso, amoroso e muito culpado. Quando ele botou o pé na fama, perdeu o rumo mesmo — diz Kika, hoje casada com o músico Arnaldo Brandão.
Muitos desses episódios tristes foram novidade para Vivian. A DJ guardou na memória de criança capítulos lúdicos (que estão descritos no livro também) de o pai brincando de esconder bonecas do congelador ou contando histórias do peixinho Felipe.
— Minha mãe sempre me falou das coisas positivas dele. Das barras pesadas, ela quis me poupar — diz Vivian. — Fiquei ainda mais fã dela e da minha avó, que tiveram que lidar com o alcoolismo do meu pai. É um livro que mostra a força das mulheres.
'Terapia de regressão'
Além da intimidade de Raul como um sujeito normal (“A gente sentia o quanto ele tinha prazer em ser o nosso provedor”), “Coisas do coração”, acredita Toninho Buda, ajuda a desmistificar a linha dos tempos áureos do artista.
— Conseguiram montar um discurso de que Raul Seixas, nos anos 1980, foi só decadência. Realmente, quando se aproximou da Kika, em 1979, estava no fundo do poço. Mas, no ano seguinte, grava “Abre-te Sésamo” (CBS) e ganha disco de ouro (só em 1984, pelo selo Harmony). Na década de 1980, ele tem quatro discos de ouro (“Abre-te Sésamo”; “Plunct Plact Zoom”, com vários autores; “Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum!”; e “A panela do Diabo”) — diz Toninho. — Raul foi um gênio sempre.
O amigo e escritor se emociona ao lembrar do processo de confecção da obra, que ele define como “uma terapia de regressão violentíssima”.
—Achávamos coisas e começávamos a chorar. Saímos dessa experiência com um alívio enorme, com gratidão.
Revirar as memórias intangíveis e pastas empoeiradas pode ser doloroso, mas é uma missão que Kika não parece querer desistir. A ex-mulher sonha em, depois da pandemia, conseguir apoio para montar um acervo aberto ao público com o guarda em casa. Na exposição, certamente estará a jaqueta de couro usada na foto de capa do livro, de Mário Luiz Thompson, onde Raul aparece, nas palavras de Kika, como “marido, pai, apaixonado”.
O Globo terça, 01 de junho de 2021
CLAUDIA RAIA FALA DE SASSARICANDO E CASAMENTO DOM ALEXANDRE FROTA
Claudia Raia fala de 'Sassaricando' e casamento com Alexandre Frota
GABRIELA ANTUNES
Claudia Raia (Foto: Reprodução)
Sucesso de Silvio de Abreu de 1987, "Sassaricando" está de volta ao ar no Globoplay. Apesar de não ser a protagonista da história, Tancinha, personagem de Claudia Raia, acabou roubando a cena e fez um sucesso estrondoso. Tanto que alçou a atriz a um outro patamar de sua carreira:
- Considero a personagem um turning point(ponto de virada) na minha carreira. "Roque Santeiro" tinha feito sucesso, mas eu nem sabia o que estava fazendo ali direito. Um dia, cruzei com o Silvio nos corredores da Globo. Eu não sabia quem era, e ele veio falar comigo: "Sou autor e estou escrevendo uma personagem para você na novela das 21h. Vai ser um grande sucesso na sua carreira". Agradeci, mas não entendi muito bem. Depois, quando já tinha texto, fui de ônibus, porque não tinha grana, para São Paulo. Fiquei dias indo às feiras no Brás. Fiz meu laboratório e ali começou todo o meu trabalho de prosódia, que depois desenvolvi melhor. No começo, a personagem foi rejeitada, diziam que era chatíssima. Silvio meu disse: "Não mude uma vírgula". E ele estava certo. Foi um processo muito bacana, a criação em cima de uma simplicidade mesmo. Ela era um furacão, absolutamente feminista. Batia nos homens e, ao mesmo tempo, era sexy e ingênua. Uma coisa meio Marylin, alma de criança e invólucro de mulherão.
Claudia acredita que a chegada de tramas antigas ao Globoplay pode atrair novos públicos:
- Acho muito legal porque o público jovem está se interessando pelo que a gente fazia lá atrás. Isso não significa que agora não é bom e antes era. Mas acho que, antes, tínhamos uma dramaturgia mais coesa, digamos assim. Sem interferência da internet, sem a rapidez do streaming, que pulveriza um pouco a TV aberta. Embora eu acredite que ela ainda sobreviverá muitos anos justamente porque o nosso DNA é a teledramaturgia. Sinto muito isso pelas amigas da Sofia (sua filha), que chegam falando: "Tia, estou vendo sua novela". Fico muito feliz de ver a Globo resgatando essas várias produções para o streaming. Sempre achei que esse acervo seria um trunfo.
Na novela, Claudia contracenava com seu marido da época, Alexandre Frota, com quem ficou casada de 1986 até 1989. Em sua biografia, lançada no ano passado, a atriz definiu o relacionamento como um "devaneio adolescente" e contou que, em algumas ocasiões, chegou a jogar as roupas do ator na rua e trocar a fechadura de casa. Nos bastidores de "Sassaricando", no entanto, o clima entre os dois era de muita sintonia:
- Nós fazíamos muito sucesso, muito mesmo. Éramos tipo o casal da vez. Ele sempre foi comprometido com trabalho. E a gente era do mesmo núcleo, então, às vezes facilitava e às vezes, não. Mas era o auge no nosso casamento, dava tudo certo. Naquela época efervescente dos anos 1980, auge das revistas de fofoca, a gente acabava sofrendo um pouco com essa interferência. Misturava Claudia Raia e Alexandre com Beto e Tancinha.
A atriz confessa que não tem como negar que foi impulsiva quando decidiu se casar pela primeira vez:
- Uma pessoa que se casa com 18 anos não pensa. Eu digo que foi um devaneio, mas foi um devaneio delicioso. Me apaixonei e casei, ninguém colocou uma faca na minha garganta me obrigando, muito pelo contrário. Não me arrependo, faz parte da história da minha vida. Se eu não tivesse tido um relacionamento conturbado na juventude, talvez não tivesse tido um casamento que durou tanto depois, e não tivesse chegado até aqui, com o Jarbas (Homem de Mello, seu atual marido). Foi a construção de um caminho. Eu tinha 18 anos, ele, 20. Então, até que durou muito, quase cinco anos. As pessoas me veem assim, muito livre e alegre, mas eu sou do interior. Tenho essa questão dicotômica. Ao mesmo tempo que tenho esse meu jeito, tive uma formação tradicional, de gostar de casar, de ter casa. Mesmo nos anos 1980, nunca fiz as loucuras da época. O pessoal ficava pulando de boate em boate. Eu já era bailarina, muito disciplinada, não bebia, só água. Chegava às festas, me jogava um pouco na pista e ia embora.
A atriz, que é mãe de Enzo, de 24 anos, e Sofia, de 18, ambos namorando atualmente (ele com a atriz Bruna Marquezine), diz que os apoiaria caso também quisessem se casar cedo:
- Cada um tem sua história. Uma grande paixão não tem idade. Essas coisas têm que ser vividas, não posso dizer se está na hora, porque cada um tem a sua. Quando os filhos crescem, a gente fica ali dando apoio. Dou minha opinião se eles quiserem, mas as escolhas são deles. E eu tenho que me adequar, me adaptar e entender os motivos deles. No fim, qual a diferença de casar com 18 ou 27 anos se aquilo foi absolutamente importante para eles? Minha filha está indo estudar nos EUA, com 18 anos. Eu fui com 13. Não sei como minha mãe deixou, eu talvez não conseguisse. Tive a sorte de ter uma mãe que entendeu. Quem escreve a nossa história é a gente. É uma questão muito individual.
Claudia Raia e Alexandre Frota (Foto: Reprodução)
O Globo segunda, 31 de maio de 2021
SOBRINHA DE ROBERTA CLOSE, A MODELO GABRIELLE GAMBINE FALA DA ESTREIA EM VERDADES SECRETAS - 2
Modelo Gabrielle Gambine fala da estreia em 'Verdades secretas' 2
- Eu faço parte do elenco de apoio, mas está sendo desenvolvida uma personagem maior. Ela é uma modelo trans que trabalha na agência. Estou conhecendo gente genial e tendo trocas muito interessantes. Me sinto realizada.
Ela destaca a representatividade no elenco, que terá também atores orientais e negros:
- É muito legal essa diversidade no casting. Eu fico feliz por poder estar atuando enquanto artista trans. Tem vários atores trans fake, roubando nosso protagonismo. Não adianta abordar pontos de vulnerabilidade da comunidade LGBTQIA+ sem ter essas pessoas nesses papéis.
Gabrielle, de 23 anos, conta que Roberta Close, irmã de seu pai, é uma grande referência. Ela fez muito sucesso nos anos 1980, conhecida como a primeira modelo trans a posar nua para a revista Playboy:
- Ela é um ícone da beleza e da moda. Também chegou a atuar. Sempre me inspirou muito.
Gabrielle começou a modelar com 17 anos e já fez campanhas de marcas de roupa e de cosméticos:
- Eu sou estudante da Escola de Belas Artes da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Desde que entrei, recebi convites de amigos que trabalhavam com fotografia e artes visuais. Fui descobrindo que podia trabalhar com isso. A transição de gênero veio junto, num processo natural. Foi muito interessante. Modelar me ajudou a me entender como uma pessoa bonita.
Ela diz que pretende conciliar a carreira de atriz com a de modelo. E foge de rótulos:
- As pessoas trans são muito vistas como as primeiras a fazer determinadas coisas. Por exemplo, a primeira trans a fazer "Malhação", a primeira médica trans etc. Me incomoda ser reduzida a isso. Sou atriz. O fato de sermos as primeiras é porque essa oportunidade ainda é muito recente. Mas com certeza não seremos as últimas.
Gabrielle Gambine (Foto: Reprodução/Instagram)
Gabrielle Gambine (Foto: Arquivo pessoal)
O Globo domingo, 30 de maio de 2021
SAMBA DO TRABALHADOR: ANTES DE VOLTAR COM A RODA, GRUPO COMEMORA ANIVERSÁRIO NO TEATRO
Antes de voltar com a roda, Samba do Trabalhador comemora aniversário no teatro
Moacyr Luz e companhia comemoram 16 anos do grupo em show para público reduzido no Teatro Riachuelo, com transmissão ao vivo pelo YouTube
Ricardo Ferreira
30/05/2021 - 08:56 / Atualizado em 30/05/2021 - 08:58
Moacyr Luz sai do estúdio na Glória, onde grava um novo trabalho com o DJ Marcelinho da Lua, para atender o telefone para esta entrevista, está empolgado. Mas a animação tem menos a ver com o fato de a prefeitura ter liberado, na sexta-feira, a volta das rodas de samba e mais com o show que o Samba do Trabalhador faz hoje no Teatro Riachuelo — com presença reduzida de público e transmissão ao vivo pelo YouTube — para comemorar os 16 anos do grupo, que começou no Clube Renascença, no Andaraí, e se consagrou como uma das rodas mais importantes da cidade.
O Globo sábado, 29 de maio de 2021
DIA DO HAMBÚRGUER - 28 DE MAIO
Dia do hambúrguer: dez opções suculentas para celebrar a data
De carne animal ou vegetal, em versão smash ou big, tem sanduíche para todos os gostos
O Globo
28/05/2021 - 08:59 / Atualizado em 28/05/2021 - 09:00
Quem adora hambúrguer tem a desculpa perfeita para se deliciar com a iguaria nesta sexta-feira: é 28 de maio, Dia Mundial do Hambúrguer. E as casas do Rio de Janeiro se prepararam para a farra: hoje tem promoção de sanduíche em dobro, lançamentos especiais no menu, versões para carnívoros e vegetarianos.... Aqui selecionamos dez opções suculentas, é só escolher:
Burgers Rio
A marca, com unidades em Ipanema e Botafogo, organizou em suas redes sociais um duelo entre suas duas lojas para a escolha da receita de hambúrguer que celebraria o 28 de maio. O mais votado pelo público, que será lançado no cardápio hoje das duas casas, foi o da Voluntários da Pátria, com blend de carne da casa, mix de queijo brie e prato, geleia de pimenta agridoce, bacon, no pão de batata. A novidade Burger Campeão (R$30) fica disponível por tempo limitado.
Endereços: Botafogo: Rua Voluntários da Pátria 1, loja 8 - 36498003. Ter a domi, das 18h à meia-noite. Delivery por Rappi e Ifood. Ipanema: Rua Aníbal de Mendonça 55, loja b - 2540-7828. Seg a dom, de meio-dia às 23h.Delivery por Rappi e Ifood.
Seu Vidal
O Dia do Hambúrguer vai ser comemorado a semana inteira na sanduicheria. Até 30 de maio, serão oferecidos sanduíches em dobro - isso mesmo, você paga um e leva dois -, como o Smash Frango (R$ 19), um smash burger de frango com mozzarella maçaricada, maionese de brasa no pão brioche, e o Smash Bacon (R$ 22), com smash burger, cheddar e bacon crocante no pão brioche.Para vegetarianos, dose dupla de Veggie do Futuro (R$ 28), com hambúrguer do Futuro, molho barbecue, queijo, maçaricado, picles, alface e tomate no pão brioche. A ação está acontecendo na loja da Barra da Tijuca e no delivery para Zona Sul e Barra.
Loja Olegário: Av. do Pepê 700, loja 103, Jardim Oceânico, Barra da Tijuca - 3259-7692. Ter e qua, das 11h às 23h. Qui e sex, das 11h à 1h. Sáb, das 10h à 1h. Dom, das 10h às 23h. Delivery: Zona Sul (21) 3439-7719 e Barra (21) 3259-7692 ou através do Ifood.
Cortés Asador
A steak house no Shopping Leblon tem, no cardápio, um capítulo de suculentos hambúrgueres artesanais preparados na brasa. O carro-chefe, o Cortés Burguer (R$ 39), traz 220g de carne bovina grelhada na parrilla a carvão, cobertos por queijo cheddar, cebola caramelizada e tomate picadinho, montados no pão brioche.
Endereço: Av. Afrânio de Melo Franco 290, lojas 410/411, Leblon – (21) 3576 9707.
Signatures
O restaurante-escola do Le Cordon Bleu celebra a data com uma receita especial no menu, assinada pelo cozinheiro Jimmy Ogro: o Le Signatures Burger, um hambúrguer de tartare de 220g com maionese de mostarda dijon, tapenade de alcaparras, queijo emmenthal e picles de cebola roxa no pão de brioche. A maravilha pode vir em dois combos, que incluem batata Pont Neuf, 4 cookies de chocolate e acompanhada (R$ 92) ou não (R$ 64) da cerveja Mohave, do Jimmy.
Endereço: Rua da Passagem 179, Botafogo. Ter a sáb, das 18h às 23h. Delivery, pelo iFood.
T.T. Burger
Quem quiser pedir um hambúrguer criado pelo Thomas Troisgros no dia 28 de maio, vai se dar bem: na compra de qualquer hambúrguer, o cliente ganha uma porção adicional de bacon (há o limite de 900 porções liberadas na ação). Parte do lucro das vendas do dia será revertida para doações de alimentos a comunidades em Antares e na favela do aço, em parceria com o projeto Ser Solidário (https://www.sercidadao.org.br/sersolidario). Na foto, o T.T.Zão (R$ 53), com 360g de blend angus premium, em duas carnes, queijo meia cura derretido, alface romana, tomate, toque de acidez com picles de cebola roxa agridoce e molho T.T.
Lojas físicas: Norte Shopping, Botafogo, Arpoador/Copacabana, Leblon/Ipanema e Barra da Tijuca. Todos os dias, de meio-dia à meia-noite. Delivery: Zona Norte, Zona Sul, Barra e parte do Recreio.
Wursteria
Tá em dúvida? Abrace a dúvida e peça logo vários smashburguers. Na Wursteria, há cinco sabores: o Smashburger (R$17,50), hambúrguer de costela prensado (80g), queijo, picles de pepino e catchup; o Smashburger Triplo (R$36,50), com três hambúrgueres de 80g prensados, queijo, picles de pepino e catchup; o Hamburgo! (R$30,50), com 180g de carne de costela (sem prensar na chapa), queijo, bacon, molho remoulade e cebola frita; o Smashburger Duplo (R$26,50), com dois hambúrgueres prensados (80g+80g), queijo, picles de pepino e catchup; e o X Bacon Smash (R$22,50), com hambúrguer de carne bovina prensada na chapa (90g), duas fatias de queijo, duas fatias de bacon, picles de pepino, molho remoulade e ketchup.
Endereços: Botafogo: Rua Voluntários da Pátria 31A, Botafogo - 97117-0975. Ter a qui, de meio-dia às 22h. Sex e sáb, de meio-dia às 23h. Dom, de meio-dia às 21h30. Entregas pelo WhatsApp, iFood e Uber Eats. Tijuca: Rua Uruguai 397 - 99760-5819. Sex, das 17h às 23h. Sáb, de meio-dia às 23h. Dom, de meio-dia às 22h. Entregas pelo WhatsApp, iFood e Uber Eats. Ter a qui, das 17h às 22h.
Liga dos Botecos
Que tal criações do Momo e do Botero? Na Liga, uma boa pedida para o dia é o Momoburger (R$34,90), preparado com suculento blend de 160g e coberto com creme de cheddar, cebola caramelizada e maionese de páprica, servido num pão fofinho.
Endereço: Álvaro Ramos 170, Botafogo - 3586-2511.Ter e qua, das 17h à 0h30. Qui, das 17h à 1h. Sex e sáb, de meio-dia à 1h. Dom, de meio-dia às 23h30. Delivery, das 11h30 às 23h.
Os Imortais
o bar em Copacabana vai lançar um hambúrguer especial em seu cardápio neste Dia do Hambúrguer: o Luigi ((R$31,90), com pão artesanal com gergelim, blend de fraldinha com lombo suíno, fatia de bacon, queijo mussarela, maionese temperada, rúcula e tomate cereja. Quem pedir o sanduíche com uma Eisenbahn Pale Ale, ganha uma segunda cerveja de graça.
Endereço: Rua Ronald de Carvalho 147, Copacabana - 3563-8959/98319-0222. Seg e ter, das 18h à meia-noite. Qua a sex, das 18h à 1h. Sáb, de meio-dia à 1h. Dom, das 12h à meia-noite. Delivery via iFood (promoção da cerveja não é válida para o delivery).
dB House
A filial recém-inaugurada no Vogue Square, na Barra, da casa de carnes da Taquara tem promoção especial neste Dia do Hambúrguer: na compra de qualquer sanduíche da casa, o segundo sai pela metade do preço. Entre as opções, o Canastrinha Burguer (R$ 49), que vem no pão de brioche de alho, com linguiça artesanal da serra da canastra, queijo maçaricado e chimichurri do dB, acompanhando batata frita; o dBzin (R$ 42), pão de brioche, smash burguer (2 carnes), queijo cheddar e bacon, acompanhando batata frita – R$42) e o dBurguer (R$ 49), pão de brioche, barbecue artesanal, blend do dB, anel de cebola, bacon e queijo cheddar, acompanhando batata frita. Para beber, o chope sai a R$5 e todos os drinques têm 50% de desconto.
Endereço: Vogue Square: Av das Américas 8.585, Edícula 5, Barra da Tijuca - 97303-6105. Ter a sáb, de meio-dia às 23h. Dom, de meio-dia às 18h.
Seu Porkinn'
Você ama bacon? No espaço do coletivo gourmet Taste lab, no NorteShopping, você pode experimentar o SmashKinn’ (R$ 28), com dois hambúrgueres de porco prensados na chapa, com queijo, aioli defumado, marmelada de bacon e cebola caramelizada.
Taste Lab: Norte Shopping. Av. Dom Hélder Câmara 5.474, Cachambi. Entregas pelo IFood.
O Rio Gastronomia é uma realização do jornal O GLOBO com apresentação do Senac RJ e do Sesc RJ, patrocínio master do Santander, patrocínio de Naturgy e Stella Artois, apoio do Gosto da Amazônia, Água Pouso Alto e Getnet, e parceria do SindRio.
O Globo sexta, 28 de maio de 2021
NELSON SARGENTO: A EMOÇÃO DO SAMBISTA, BALUARTE DA MANGUEIRA, AO REVER FOTOS DE SUA TRAJETÓRIA
A emoção de Nelson Sargento, baluarte da Mangueira, ao rever fotos de sua trajetória
Baluarte da Estação Primeira de Mangueira, Nelson Sargento canta, compõe, escreve, pinta quadros e atua na dramaturgia. A receita de tamanha vitalidade, ou pelo menos sua versão oficial para tanta energia, não é nem mais segredo: ele há tempos garante ter feito, na casa dos vinte e poucos anos, quando viu que muitos de seus amigos morreriam antes de chegar aos trinta, um acordo com Deus para viver até 2050. Ou seja, pelo menos até os 126 anos.
Em uma de suas casas, o barracão da Mangueira, na Cidade do Samba, o autor dos sucessos “Agoniza mas não morre”, “Falso amor sincero” e outras 400 canções recebeu a visita do Blog do Acervo quando estava às vésperas de completar 95 anos. Trajado com impecáveis camisa rosa e calça verde, produzidas nas cores da Mangueira por Walter Alfaiate, o músico se emocionou ao rever fotos do arquivo do GLOBO - algumas inéditas para ele - em diferentes momentos de sua carreira, com amigos do passado, do presente e da eternidade.
Nelson Sargento mostrou que a memória, reverenciada como uma grande enciclopédia do samba brasileiro, continua afiada: ele reconheceu cada personagem das imagens em que aparece e cantarolou alguns de seus sucessos. Confira abaixo a galeria comentada pelo ex-parceiro de Cartola e veja no player acima o vídeo gravado no encontro.
“Quando eu saí do Exército, eu só sabia cantar e pintar paredes. Me dediquei às duas coisas. Anos depois, comecei a pintar também quadros. Uma vez, pintei um e acabei mostrando ao Sérgio Cabral, o pai (jornalista e compositor de samba). Ele me disse: ‘Isso está muito bonito. Vá lá e pinte mais’. Então, estou fazendo até hoje”, contou Nelson, ao comentar a foto de exposição feita em 1984.
"Eu com Monarco, Dona Ivone Lara e Wilson Moreira... (pausa) Sabe o que eu digo quando estou vendo fotografias assim, o que eu exclamo? Eu digo que estou tropeçando com o passado. Isso é muito bom".
Ele sorri ao rever parte da Velha Guarda da Mangueira, reunida em 1980: “Ah! Xangô, Padeirinho, Jorge Zagaia, Nelson Sargento e Babaú da Mangueira. Babaú é dono daquele samba que é assim (e começa a cantarolar): Ai, ai, meu Deus! Tenha pena de mim. Todos vivem muito bem, só eu que vivo assim”.
"Foi no ano em que a Mangueira foi campeã homenageando Chico Buarque (com o samba enredo 'Chico Buarque da Mangueira', em 1998). Cristina, Nelson Sargento, Marrom e João Nogueira. Gosto muito desse camarada, o Buarque. Ele tem umas tiradas sensacionais: 'Não se afobe não, que nada é pra já'". A escola voltaria a ser campeã após 10 carnavais.
Nelson Sargento abre um sorriso ao se deparar com a foto. “Essa aqui parece que eu conheço todos, né? Noca (da Portela), Beth (Carvalho), João (Nogueira), Elza (Soares), Zé Kéti e eu. A Elza até hoje com esse cabelo espalhado”. Provocamos o cantor perguntando se tinha que ser bamba para estar nessa foto, que parece um sexteto de bambas. "Eu acho que sim", respondeu ele, sorrindo.
“Walter, meu alfaiate, meu amigo. Desde que ele morreu (em 2010), quem faz minhas roupas é o alfaiate da Mangueira. Essa calça aqui foi feita pelo Walter Alfaiate. Faz parte do terno feito para o show do meu aniversário de 2008, no Canecão. Na época eu estava lançando um disco, o 'Versátil'”.
Ao se deparar com a foto posada que ilustrou uma entrevista sobre seu aniversário de 50 anos, Nelson Sargento voltou a demonstrar bom humor. "Dessa careta aqui eu gosto", e ri. Em outra imagem, o lado cômico volta à cena: "Eu não me incomodo de aparecer só com esses dois dentinhos na foto, não. Porque depois eu coloquei foram dentões".
"Gostei de todas, todas essas fotos são as minhas preferidas. Mas gostei especialmente dessas em que estou com outros músicos. É gente que já está aos cuidados de Deus, e outros que ainda estão aqui conosco. Eu sempre dispensei e dispenso muito respeito a cada um deles, e eles sempre disseram que eu era um rapaz muito educado".
Ao perguntar se poderia ficar com alguma das imagens e descobrir que poderia levar todas as cópias, Nelson Sargento se emocionou: "Assim você mata o velho". E pediu um lenço ao filho Ronaldo Mattos e à nora, Lívia. Com os olhos marejados, deu a seguinte instrução: "Quero que mande encadernar, que coloque uma capa com a bandeira da Mangueira, e guarde para, no futuro, entregar ao meu neto mais novo".
O Globo quinta, 27 de maio de 2021
ANGELINA JOLIE EM DOSE TRIPLA: ATRIZ PODERÁ SER VISTA EM 3 FILMES ESTE ANO
Angelina Jolie em dose tripla: atriz poderá ser vista em 3 filmes este ano
'Aqueles que me desejam a morte' é o primeiro a estrear, esta semana; lista tem ainda 'Os Eternos', da Marvel
O Globo
26/05/2021 - 17:42
Suspense, fantasia de época, aventura de super-heróis. Angelina Jolie poderá ser vista na telona em dose tripla este ano - e em produções de gêneros bem diferentes. O primeiro a chegar aos cinemas é "Aqueles que me desejam a morte", de Taylor Sheridan, que estreia esta semana (dia 27-5). No thriller, ela interpreta Hannah, um bombeira florestal que, ainda traumatizada com a morte de colegas durante um incêndio, encontra um menino que testemunhou um assassinato e faz de tudo para protegê-lo.
Já a estreia de "Alice e Peter - Onde os nascem os sonhos' está programada para o dia 3-6. Na produção, Angelina Jolie é Rose, mãe de dois irmãos que inventam uma série de brincadeiras que lembram as históríias de Alice no País das Maravilhas e Peter Pan na Terra do Nunca _ muito antes de as aventuras serem escritas.
O filme mais esperado é justamente o último da lista: "Os Eternos", novo filme da Marvel, que teve o primeiro trailer divulgado esta semana e só deve estrear em dezembro. Para quem não conhece bem o universo dos super-heróis, vale dizer que os Eternos são alienígenas superpoderosos cuja história estaria ligada a dos primeiros humanos na Terra e que sempre viveram discretamente entre nós - até que os acontencimentos de "Vingadores: Ultimato" (2019) faz com eles saiam do anonimado. Na trama, Angelina é Thena, que teve dois filhos com Kro, senhor da guerra dos Deviantes. A cidade de Atenas foi construída em homenagem a ela.
O Globo quarta, 26 de maio de 2021
OAS 60 ANOS DA MAJÓRICA: CARNES NA BRASA, COM MUITO ESTILO
Carnes na brasa, com muito estilo: os 60 anos da Majórica
Bons serviços prestados pelas churrasqueiras da casa são lembrados em episódio da série ‘Sabor de história’, produção do hub Rio Gastronomia
Ernesto Estevez, o proprietário, começou a trabalhar na casa aos 25 anos, como faxineiro. Hoje, aos 85, lembra com carinho e bom humor da longa trajetória da Majórica, conhecido reduto de carnes na brasa e outras atrações no cardápio fundado em 1961 pelos irmãos espanhóis Francisco e Bartolomeu Bou. Em entrevista para a série Sabor de história, do hub Rio Gastronomia, “seu” Ernesto revela como o endereço chegou aos 60 anos, celebrados em 2021. Ele conta histórias que vão do início difícil, quando, em um dia inteiro, apenas uma porção de batatas fritas saiu da cozinha, aos tempos de glória, como os domingos em que já foram servidos 2 000 clientes.
- O segredo é carne boa e bom atendimento – resume Estevez.
Assista aqui ao vídeo da série Sabor de história dedicado à Majórica:
O Rio Gastronomia é uma realização do jornal O GLOBO com apresentação do Senac RJ e do Sesc RJ, patrocínio master do Santander, patrocínio de Naturgy e Stella Artois, apoio do Gosto da Amazônia, Água Pouso Alto e Getnet, e parceria do SindRio.
O Globo terça, 25 de maio de 2021
FILHO DE TIM MAIA ENCONTRA DISCO INÉDITO EM ESPANHOL DO CANTOR GRAVADO A 51 ANOS
Filho de Tim Maia encontra disco inédito em espanhol do cantor gravado há 51 anos
Fitas foram descobertas por Carmelo Maia no baú do pai; registro inédito traz versões de canções como 'Azul da cor do mar', 'Cristina' e 'Primavera', com direito a erros e partes de conversas que vazaram para as fitas
Bernardo Araujo, especial para O GLOBO
25/05/2021 - 04:30 / Atualizado em 25/05/2021 - 08:09
Tim Maia compareceu. “O cantor que mais vai aos próprios shows no Brasil”, como dizia ele quando dava as caras, gravou, em 1970, um disco com seus sucessos en español (mais para portuñol), com músicas de seus dois primeiros LPs. As gravações ficaram no meio de suas coisas até recentemente, quando enfim as fitas foram encontradas pelo filho Carmelo Maia, que cuida da herança do pai.
Sendo assim, com 51 anos de atraso, chega às plataformas de streaming “Yo te amo”, disco com nove faixas de Tim soltando a voz em clássicos como “Azul color del mar”, “Cristina” e “Eu te amo”, cuja versão dá nome ao disco.
— O baú do Tim é sempre um mistério — diz Carmelo, que tem um escritório para guardar os pertences do pai, como as famosas camisas chamativas que ele usava nos shows e as marmitas que ele entregava quando trabalhava para a mãe, Maria Imaculada, ainda na Tijuca. — Estou organizando tudo há 23 anos, desde que ele morreu, e de vez em quando encontro umas pérolas.
Remexendo os pertences do pai, ele encontrou gravações em espanhol de dois períodos diferentes.
— Teve uma fase na década de 1990, da qual eu me lembro bem, mas dessa de 1970 eu não tinha a menor ideia — diz ele. — Hoje em dia, é muito comum brasileiros gravarem em espanhol, mas há 50 anos ninguém fazia isso. Ele era um visionário. Imagino que tenha mostrado para as gravadoras e ninguém tenha se animado a lançar.
Entre as músicas está também “Coroné Antônio Bento”. O nome é uma homenagem a Cassiano, velho amigo de Tim, autor de “Primavera” (que está no disco), além de “Eu te amo”.
— Eu tinha um encontro marcado com o Cassiano — conta Carmelo. — Consegui o contato dele com um dos músicos da Vitória Régia, e ficamos de nos encontrar depois de vacinados. Mas Deus não quis (Cassiano morreu no dia 7 de maio após anos às voltas com problemas cardíacos), então fica a homenagem a ele no nome do disco.
Segundo o herdeiro, Tim retomou nos anos 1990 alguns de seus projetos musicais de décadas anteriores.
— Ele começou a resgatar várias ideias. Muita gente me pergunta se ele estava pressentindo a morte (Tim morreu em março de 1998, aos 55 anos, de falência múltipla dos órgãos, após sentir-se mal em um show no Teatro Municipal de Niterói). Ele tinha, realmente, uma certa urgência, tanto que em 1995 me emancipou para que eu pudesse me tornar seu sócio na editora Seroma, que cuida da produção (e une as sílabas de seu nome, Sebastião Rodrigues Maia). Eu faria 21 anos em poucos meses, mas ele quis que fosse logo.
Embora Tim tivesse seu estúdio, o Vitória Régia, primeiro na Lagoa, depois no Recreio, uma gravação original, analógica, de 1970, não poderia ser lançada meio século depois sem uma recauchutada. Depois de encontrar e ouvir as nove faixas, Carmelo ligou para o engenheiro de som André Dias, especialista nesse tipo de trabalho, recomendado por Alexandre Schiavo, presidente da distribuidora Altafonte, responsável pelo lançamento.
— Eu estava dirigindo e parei o carro para falar com ele assim que ouvi o nome do Tim Maia — lembra André, que cresceu ouvindo o Síndico com a família. — É muito emocionante ouvir uma gravação de tanto tempo atrás que ninguém conhece, e foi um grande desafio.
Tecnologia para 'limpar' ruídos
“Mais eco! Mais delay! Cadê o som do baixo?”. Os bordões de Tim Maia em seus shows ecoaram na cabeça de André pelos sete meses em que ele trabalhou na restauração do áudio das fitas.
— Já fiz coisas complexas na minha vida, mas nada nesse nível — admite ele, que contou com uma tecnologia alemã para “limpar” os ruídos e resolver um problema que já virou nome de banda. — Tinha uma questão muito séria de azimute.
Além do cultuado grupo de jazz-fusion por que passaram músicos como Ivan "Mamão" Conti, Jota Moraes e Marinho Boffa (grafado, charmosamente, Azymuth), a palavra serve para descrever uma questão geométrica, usada com frequência na astronomia.
— A fita precisa estar perfeitamente perpendicular à cabeça do gravador, senão o som é captado com imperfeições, fica "empenado" — resume ele. — Usei um software específico para isso, que me permitiu "alinhar" o som.
No processo, a gravação analógica é transportada para uma versão digital, na qual o técnico pode corrigir defeitos, remixar e masterizar.
— Eu sentia a força da voz e da interpretação do Tim, era como se estivesse conversando com ele — conta o engenheiro de som, que anuncia que “Yo te amo” vai ganhar lançamento em CD e LP, além do digital. — Em várias ocasiões eu chorei, com medo de ele me dar uma daquelas broncas típicas dele. Alguns trechos estavam simplesmente apagados, tivemos que dar um jeito de restaurar.
Além das canções com o vozeirão de Tim (que em 1970, depois de alguns compactos, tinha lançado seu primeiro LP, levando apenas seu nome), mais violão e bateria por conta dele, a coleção tem músicos como Célio Balona no piano e órgão e Cynara, do quarteto em Cy, nos vocais de apoio. O disco tem erros e partes de conversas que vazaram para as fitas, deixados lá de propósito por André e Carmelo.
— O ruído da fita está lá o tempo todo, assim como esses detalhes, um papo deles sobre um copo... — ri o técnico. — Aquilo é um documento precioso, falei para o Carmelo que não poderia ficar de fora de jeito nenhum.
O ouvinte, então, deve estar preparado para (deliciosas) entradas em falso, um piano que toca depois do fim da música e a voz de um jovem Tim Maia no mais puro portunhol — que sabe, por exemplo, que sonho é “sueño”, mas não se toca que que sonhar seria “sueñar”. E quem se importa? Carmelo, nascido em 1975, em plena fase Racional, certamente não.
— “Eu sou Tim Maia” — diz ele, imitando a voz do pai. — Ele sempre fez o que quis, e eu tento pensar com a cabeça dele. O gordinho safado gravou esse disco em 1970, e finalmente a gente pode ouvir.
Enquanto lança “Yo te amo”, Carmelo pensa no futuro do legado do pai, em cujo baú ainda há gravações como um dueto com o guitarrista Celso Blues Boy (1956-2012), uma música da retomada do projeto hispânico dos anos 1990 e outras pérolas:
Além disso, um projeto previsto para antes da pandemia, segundo Carmelo, agora volta a ver a luz no fim do túnel: um musical sobre Tim Maia na Broadway.
— Eu ia para Nova York assinar o contrato quando a pandemia chegou e tudo parou — lembra. — Os investidores me procuraram, dizendo que era uma honra montar esse espetáculo. Vamos ver no que dá.
O Globo segunda, 24 de maio de 2021
BOB DYLAN: PASSAGENS DO ASTRO PELO BRASIL INSPIRAM SÉRIE DE PINTURAS
Passagens de Bob Dylan pelo Brasil inspiraram série de pinturas
Compositor, que completa 80 anos dia 24, disse que retratou Brasil em suas pinturas porque gostava da 'atmosfera' do país
O Globo
24/05/2021 - 04:30
RIO - Criadas a partir do Statens Museum for Kunst, principal museu da Dinamarca, entre 2009 e 2010, a sequências de telas em acrílicos da "The Brazil Series" são um testemunho da relação de Bob Dylan com o Brasil. O cantor, compositor e escritor, que completa 80 anos nesta segunda, 24, conhece relativamente bem o país. Ao longo da carreira, já tocou em cidades como Rio, São Paulo, Porto Alegre e Belo Horizonte. "Escolhi o Brasil como tema porque estive lá mais de uma vez e gosto da atmosfera", afirmou Dylan, em nota do museu.Bob Dylan se mantém eterno, assim como suas músicas
E, pelas pinturas que remetem a cenas cotidianas, sabemos que pelo menos uma coisa o marcou nesta atmosfera: as favelas. Elas aparecem em diversas telas da exposição, transformada em um livro ainda inédito por aqui. Sabe-se que Dylan costuma pintar durante suas turnês — ele também já pintou uma Asian Series, dedicadas as suas impressões dos países asiaticos.
Mas, de acordo com o curador da The Brazil Series, as obras da sequência teriam sido pintadas na própria casa do artista, nos EUA. Talvez Dylan tenha usado suas memórias do país. Talvez tenha usado fotografias como modelo. O fato é que as obras não agradaram muito os críticos da Dinamarca, que chegaram a chamá-las de "amadoras".
DYLAN EM DECISÕES JUDICIAIS
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'Subterranean homesick blues'
As cortes muitas vezes deixam de lado o testemunho de especialistas quando o assunto é de conhecimento comum. Tanto a corte estadual quanto a federal na Califórnia citaram Dylan para explicar isso: “You don’t need a weatherman to know which way the wind blows.”
Fraude contra consumidores
Em vez apresentar qualquer documentação para apoiar sua argumentação, como provar que seus veículos estavam em outro lugar naquele momento, o réu prefere usar o apelo "It ain't me, Babe".
Discriminação sexual
O Ato de Direitos Civis de 1964 foi o ponto final em décadas de debates e manobras políticas sobre várias propostas. Foi nessa época que Dylan alertou, “Come senators, congressmen, please heed the call. Don’t stand in the doorway, don’t block up the hall.”
Direito administrativo
Demandantes não podem alegar um prejuízo para os seus interesses de visualização de ursos se eles não acreditam haver ursos na área. “If you’ve got nothing, you’ve got nothing to lose.” B. Dylan, “Like a Rolling Stone,” on “Highway 61 Revisited” (Columbia Records, 1965).
Antitruste
A seguinte letra, que coloca o status de um indíviduo no universo em contexto, pode ser facilmente aplicada ao universo legal: “You may be a state trooper, you might be a young Turk/You may be the head of some big TV network/But you’re gonna have to serve somebody.”
Segundo um jornalista dinamarquês, Dylan expôs o Statens Museum for Kunst não pela qualidade de seus quadros e sim por ser um músico famoso. Outro jornal criticou o museu por "colocar os ganhos financeiros à frente da avaliação artística".
Ainda no assunto "atmosfera", Dylan parece ter se interessado também pelo carnaval do Rio, como demonstra uma de suas telas. Por sinal, o cantor e compositor chegou a fazer uma jam session com percussionistas cariocas.
UMA CANÇÃO DE BOB DYLAN POR DÉCADA, PARA EXPLICAR O NOBEL
Like a rolling stone
A canção que transformou o cantor folk Bob Dylan em um astro de rock. Mais que um sucesso pop, tornou-se o hino de uma geração que começava a se libertar das amarras da sociedade. Em 1995, 30 anos depois de ser lançada, foi gravada pelos Rolling Stones (que não têm nenhuma relação com a letra).
Tangled up in blue
Canção cubista que Dylan lançou no disco "Blood on the tracks", de 1975. O jornal "The Telegraph" a definiu certa vez como "a letra mais deslumbrante já escrita, uma narrativa abstrata de relacionamentos feita em uma mistura amorfa de primeira e terceira pessoa, juntando passado, presente e futuro".
Jokerman
De volta ao mundo secular depois de uma conversão ao Cristianismo, Bob Dylan gravou em 1983 o álbum "Infidels", com produção de Mark Knopfler, discípulo seu e guitarrista dos Dire Straits. "Jokerman" é uma das grandes canções políticas de Dylan, mirando os populistas que engambelam a população.
Love sick
Música do disco "Time out of mind" (1997), considerado a volta de Bob Dylan aos bons tempos depois de uma conturbada década de 80, "Love sick" foi escolhida pelo artista como o número a ser apresentado na festa de Grammy de 1998. Um pedaço sombrio da personalidade de Dylan, então já bem na entrada dos tempos da velhice.
Mississippi
Canção que Bob Dylan fez nas sessões de "Time out of mind", mas só gravou depois, em 2001, no disco "Love and theft". A revista "Rolling Stone" a elegeu a 17ª melhor música da década e a descreveu como "uma canção de amor que parece resumir toda a carreira de Dylan, e um clássico que está pau a pau com 'Tangled up in blue'".
Duquesne whistle
Tá certo que, nos anos 2010, Bob Dylan lançou apenas um álbum de inéditas, "Tempest", em 2012. Mas esse aceno ao saudosismo (fala de um velho serviço de trens), meio rockabilly, que abriu os trabalhos do disco tem lá seu valor. "Ouça o apito do Duquesne / soando como se fosse varrer o meu mundo pra longe", canta ele.
A história foi revelada em 2020 pelo escritor Arthur Muhlenberg em uma rede social. Em 1990, Dylan estava no Rio para tocar no Hollywood Rock e aproveitou para passear pelas ruas de Copacabana. Em uma das noites, foi abordado por uma roda de pagodeiros que tocavam para turistas e ficou fascinado pela música, especialmente pela percussão. Tanto que pediu para que Muhlenberg e a jornalista Kattherine Hilliard, que conheceu por acaso em um inferninho carioca, para que arranjasse um jam session com percussionistas locais. A sessão acabou acontecendo no estúdio do músico Chico Batera, mas de forma totalmente secreta. A gravação da fita ficou com Dylan e os empresários e até hoje nunca foi divulgada para o público.
O Globo domingo, 23 de maio de 2021
HEGEMONIA DO FLAMENGO
Análise: Flamengo é campeão e hegemonia derruba tese de que não existe favorito em clássicos
Rubro-negro vence o Fluminense por 3 a 1 e chega a nove títulos em dois anos
Bruno Marinho
22/05/2021 - 23:41 / Atualizado em 22/05/2021 - 23:43
Se existia um time capaz de proporcionar uma zebra neste Carioca, era o Fluminense. O tricolor vive melhor momento que Botafogo e Vasco, ambos às voltas com a Série B, e tem uma histórica capacidade de superação quando enfrenta seu arquirrival. Mas nem os fatos e nem a mística foi capaz de superar a lógica que o rubro-negro impõe ao futebol do Rio nas últimas temporadas. O estado tem um novo tricampeão e ele atende pelo nome de Flamengo.
São cinco títulos cariocas nos últimos oito anos, o que explica a vantagem de seis que o clube da Gávea abre para o das Laranjeiras numa história marcada pelo equilíbrio. Não há sinais de que a disputa parelha de outros tempos dará as caras novamente a curto prazo.
A vitória por 3 a 1 reflete razoavelmente bem a superioridade do Flamengo na maior parte da partida. Especialmente no primeiro tempo, os atuais campeões brasileiros foram de tal forma soberanos que o momento de maior incômodo que tiveram foi uma espécie de fogo amigo. Os jogadores desciam para o vestiário do Maracanã com 2 a 0 no placar e Gabigol, autor dos gols, fez uma brincadeira que Diego Ribas não gostou. O camisa 10, capitão, pediu seriedade aos berros. Rogério Ceni, entre os dois, observou tudo sem nada dizer. Os astros que se entendam.
É compreensível que às vezes falte âncora para puxar esse elenco do Flamengo para mais perto do chão, especialmente no Rio. Com a exceção de resultados isolados — uma vitória tricolor aqui, uma outra vascaína acolá —, a hegemonia do time em campo reflete sem tirar nem por o abismo financeiro que separa o rubro-negro de todos os outros adversários vizinhos. Quem um dia disse que clássico não tem favorito não sabia do quanto de favoritismo o dinheiro é capaz de comprar.
— Somos cobrados no Flamengo todos os dias, em todos os lugares. Mas estamos em um grande time, contamos com uma grande estrutura. E essa é a melhor resposta que damos, dentro de campo, sendo campeões — afirmou o atacante Gabigol.
É favoritismo que não tem mais onde guardar, assim como as taças que abarrotam a sala de troféus do Flamengo na Gávea desde 2019. São nove títulos em um intervalo de dois anos. A deste Estadual está longe de ser a mais vistosa. Mas tem um valor simbólico para o técnico Rogério Ceni.
O treinador, eternamente questionado por parte da torcida, consegue, ao se livrar de uma zebra tricolor, respaldo ainda maior para seguir com o trabalho. O ex-goleiro, apesar das dificuldades para acertar a defesa, tem méritos que às vezes não são notados.
Fred descontou
Um deles ficou evidente na vitória. O Fluminense, com sua proposta de jogo mais reativa, entregou campo para o Flamengo ficar com a bola. Boa parte dos adversários rubro-negros, diante da força da equipe, fazem isso. E Rogério Ceni reage, desde o ano passado, com a escalação de Diego como volante. O rubro-negro joga com quatro meias que poderiam perfeitamente ser camisas 10 — além de Diego, Gerson, Arrascaeta e Everton Ribeiro. Com eles, a equipe eleva demais a qualidade da troca de passes. O time mantém a posse de bola, está sempre rondando a área adversária e, com isso, acaba sendo pouco ameaçada.
Neste sábado, o cenário favorável ao Flamengo só teve alguma mudança em momentos espaçados do segundo tempo. Primeiro, quando Fred conseguiu descontar para o time das Laranjeiras. Depois, em alguns contra-ataques. Uma das últimas chances, em cobrança de escanteio que Danilo Barcelos não desviou por pouco.
Mas parou por aí. O Flamengo ganhou ainda mais espaços e fez o terceiro gol, para matar de vez a partida, com Gomes, aproveitando o rebote de Marcos Felipe na finalização de Pedro. O desafio do Flamengo agora é se manter motivado, o que poderia ficar cada vez mais difícil após mais uma taça conquistada. Rogério Ceni já disse que uma próxima meta é o tetracampeonato inédito no Carioca. Falta tempo até lá. Tem outras taças mais importantes a serem conquistadas pela caminho.
— Esse grupo sabe, é preciso dar sempre mais para continuarmos vencendo — ressaltou Rogério Ceni.
O Globo sábado, 22 de maio de 2021
BOB WOLFENSON FALA SOBRE FOTOGRAFAR ESTRELAS NUAS
Bob Wolfenson fala sobre fotografar estrelas nuas: 'Sei que era muito invejado nessa época'
Ele comemora 50 anos de carreira com livro em que mostra a amplitude do seu olhar fotográfico
Marina Caruso
20/05/2021 - 09:06
Existem fotógrafos de moda, fotojornalistas, retratistas de estúdio, especialistas em paisagens, objetos, decoração... E existe Bob Wolfenson, um paulistano apaixonado pelo “imponderável instante em que o retrato acontece”, não importam a personalidade, o cenário ou o moodboard. Conhecido tanto pelas fotos de mulheres nuas das capas de revistas masculinas nos anos 1980 quanto pelos retratos de moda, Wolfenson circula com desenvoltura por várias outras frentes, como fica claro em “Desnorte”, livro independente que acaba de lançar em comemoração aos seus 50 anos de carreira. Por chamada de vídeo, o fotografo de 66 anos falou à ELA sobre sua trajetória.
Qual o critério de seleção das 128 imagens que compõem “Desnorte”?
Embora o livro chame “Desnorte”, o norte foi se apresentando. Joguei mais de mil imagens da minha carreira na mão do Edu Hirama, editor de arte. Ele me apresentou uma primeira conexão entre elas, depois, fui burilando. Como não era uma retrospectiva, mas uma obra baseada em retrospecto, foi natural. Não queria uma revisão cronológica da minha carreira. Queria um trabalho novo, com fotos velhas.
Por que retratos importantes, como o do ex-presidente Lula com dona Marisa, nos anos 1970, ficaram de fora?
A política ficou de fora. Não foi algo proposital, mas evita suscitar questões que o tempo todo aparecem no meu Instagram. (No dia da morte da dona Marisa, Wolfenson publicou a foto da família Lula da Silva no quintal de casa e foi alvo de ataques impublicáveis). Antes eu respondia cada um dos haters. Mandava pararem de me seguir, e me chamavam de arrogante. Depois, me convenceram a ignorá-los. Foi a melhor coisa que eu fiz. Quando você não responde aos imbecis que se escondem atrás do anonimato, eles deixam de te encher.
Mulheres nuas, fachadas de prédios, ensaios de moda. Você faz de tudo em um mercado de especialistas?
Durante um tempo, busquei essa especialização. Há uma cobrança para que os fotógrafos tenham um estilo definido, uma cara só. Mas eu transito por personalidades diferentes, o que me traz um olhar diverso. Tenho interesses distintos, antagônicos até. Por que não posso fazer mulheres nuas e fachadas de prédios? Eu gosto das duas coisas, e de tantas outras. Nunca fui um fotógrafo de moda, eu estive um fotógrafo de moda. Gosto de estar em todas as frentes. O retrato é um encontro que obedece a natureza dos encontros. Tem algumas coisas que são constantes. Outras acontecem no imponderável. É aí que eu entro.
Em 50 anos de carreira o que ainda não fez mas gostaria muito de fazer?
Não tenho grandes ambições. Os desejos aparecem em pequenas notinhas de jornal, em um livro que eu leio, na observação de uma estação climática. Outro dia, uma menina de uma cidadezinha do interior me escreveu no Instagram dizendo que era miss e queria ajuda para trabalhar. Pensei: “Taí, vou sair fotografando misses”. Não misses que são mulheres lindas, mas as que sonham em ser...
Nos tempos da “Playboy”, como sua mulher encarava o fato de você ser o fotógrafo das beldades nuas? O que ela falava sobre isso?
Não falava. Era um assunto tabu (risos). Marisa (Couto, figurinista, mãe de suas filhas Chica, Helena e Isabel) trabalhava com cinema e ficava fora um ou dois dias. Cada trabalho tem sua particularidade. Obviamente, no meu, havia uma sedução que não há em outras áreas. Mas havia uma assepsia também. Eu fornecia imagens poderosas no sentido da sensualidade, mas o trabalho em si era asséptico, cheio de gente no estúdio e de pressão para vender um milhão de exemplares. Sem clima.
A ereção que você provocava em casa, então, não acontecia no estúdio?
Poderia até acontecer, mas havia uma barreira nítida. De comportamento, de respeito. Eu jamais ultrapassei limites. Sei que era muito invejado nessa época. Mas nunca gostei disso, de ser o invejado. De fálico ali, só mesmo a teleobjetiva (risos).
O Globo sexta, 21 de maio de 2021
LADY GAGA FALA SOBRE ESTUPRO AOS 19 ANOS: ME DEIXOU GRÁVIDA NUMA ESQUINA
Lady Gaga fala sobre estupro aos 19 anos: 'Me deixou grávida em uma esquina'
Cantora está na série sobre saúde mental 'The Me You Can't See'
O Globo
21/05/2021 - 08:07 / Atualizado em 21/05/2021 - 08:26
Personagem da série sobre saúde mental "The Me You Can't See", que estreou nesta sexta-feira na AppleTV, Lady Gaga contou que engravidou após estuprada aos 19 anos. Numa das passagens, a cantora deu detalhes do episódio.
"Eu tinha 19 anos, já trabalhava no ramo e um produtor me disse: 'tire a roupa' e eu disse não. Eu saí e eles me disseram que iriam queimar todas as minhas músicas. E não pararam. Eles não pararam de me perguntar, e eu simplesmente congelei e eu ... eu não consigo nem lembrar. Primeiro senti uma dor total, depois fiquei paralisada", disse a estrela, às lágrimas. E ela continuou: "A pessoa que me estuprou me deixou grávida em uma esquina na casa dos meus pais, porque eu estava vomitando e enjoando. Porque fui abusada. Fiquei trancada em um estúdio por meses".
Sem revelar o nome do agressor, Gaga comentou ainda que teve "um surto psicótico total e, por alguns anos, não fui a mesma garota". "A maneira como me sinto quando sinto dor é como me senti depois de ser estuprada. Já fiz tantas ressonâncias magnéticas e exames que não encontraram nada. Mas seu corpo se lembra."
O trauma acabou desencadeando, mais recentemente, impulsos de automutilação. "Você sabe por que não é bom se cortar? Você sabe por que não é bom se jogar contra a parede? Você sabe por que não é bom se machucar? Porque faz você se sentir pior. Você acha que vai se sentir melhor porque está mostrando a alguém: 'Olha, estou com dor'. Mas não ajuda."
O Globo quinta, 20 de maio de 2021
MERCEDES BAPTISTA: OS 100 ANOS DA PRIMEIRA BAILARINA NEGRA DO MUNICIPAL E NOME FUNDAMENTAL DA DANÇA NO BRASIL
Mercedes Baptista: os 100 anos da primeira bailarina negra do Municipal e nome fundamental da dança no Brasil
Ela fez história ao se tornar a primeira mulher negra a integrar o principal corpo de baile do país, mas suas contribuições para a cultura vão além: foi a responsável por consolidar a identidade da dança afrobrasileira e participou da revolução estética do carnval carioca nos anos 60
Leda Antunes
20/05/2021 - 06:00 / Atualizado em 20/05/2021 - 09:12
Ainda pairam dúvidas sobre sua real data de nascimento, mas para efeito simbólico, em 20 de maio comemora-se o aniversário da bailarina e coreógrafa Mercedes Baptista. Considerada uma das precursoras do balé e da dança afro no Brasil, ela completaria 100 anos em 2021.
Embora Mercedes tenha feito história ao se tornar a primeira bailarina negra a integrar o corpo de baile do Theatro Municipal do Rio Janeiro em 1948, suas maiores contribuições para a cultura brasileira se concretizaram fora dele. Ela foi responsável por consolidar a identidade da dança afrobrasileira e divulgá-la mundo afora; abriu portas e ofereceu oportunidades para inúmeros artistas negros, incluindo Elza Soares, no seu próprio Balé Folclórico; foi uma das mentes por trás da revolução estética que transformou o carnaval carioca nos anos 60; e foi uma personagem fundamental na luta antirracista empreendida no país, através da valorização da arte e da cultura negra brasileiras.
Mercedes morreu poucos anos antes de celebrar seu centenário, em 19 de agosto de 2014, aos 93 anos. Em 2016, dois anos após sua morte, uma estátua em sua homenagem foi erguida no Largo São Francisco da Prainha, na zona portuária do Rio de Janeiro.
Nascida em Campos dos Goytacazes, na região norte do estado, Mercedes se mudou ainda jovem para a capital com a mãe, a costureira e empregada doméstica Maria Ignácia da Silva. As duas se estabeleceram no Grajaú, onde Mercedes começa a trabalhar em casas de família. Mas é quando consegue um emprego como bilheteira em uma sala de cinema e entra em contato com os filmes da era de ouro de Hollywood que surge o sonho de ser famosa, relembra o professor e pesquisador Paulo Melgaço, autor da biografia “Mercedes Baptista: a criação da identidade negra da dança”.
— O que ela trazia nos depoimentos é que teve uma infância e uma mocidade muito feliz. Quando chegou no Rio de Janeiro, ela decidiu que seria famosa, só não sabia como — conta Melgaço.
Com esse objetivo em mente, Mercedes lê um anúncio no jornal que diz que uma casa no centro do Rio estava precisando de dançarinas, veste sua melhor roupa e vai fazer o teste. Chegando lá, descobre que, na verdade, buscavam garotas para fazer programa.
— Foi uma grande decepção para ela. Mas aí, passeando pelas ruas do centro, ela descobre o Serviço Nacional do Teatro e se inscreve no curso de balé clássico dirigido por Eros Volúsia. Começa a ter aulas com essa professora, que é considerada a criadora da dança moderna brasileira. Aí descobre que quer ser bailarina, que quer dançar — narra o biógrafo. Ele conta que já no primeiro espetáculo que estrelou, Mercedes chamou atenção do público, mas acabou sendo escanteada pela professora, o que posteriormente ela atribuiu ao racismo.
Em artigo em que remonta a história da dança afrobrasileira, a pesquisadora Marianna Monteiro aponta que ao analisar fotos da época, nota-se a ausência de bailarinas negras ao lado de Eros Volúsia, mesmo quando a coreografia apresentada incorporava características afro. "Talvez isso possa ser considerado um sinal de que, embora o interesse pela cultura de origem africana fosse crescente nos círculos culturais mais elitizados, um espaço real para a atuação do bailarino negro ainda não se efetivara", escreve a autora. E é precisamente esse espaço que Mercedes decide criar alguns anos depois.
Consciência racial
Antes disso, insatisfeita em ser deixada de lado por Eros Volúsia, decide migrar para a Escola de Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, se tornando aluna de Yuco Lindberg. Já no Municipal, dois momentos transformam por completo a vida de Mercedes. O primeiro é o encontro com Abdias do Nascimento, que em 1944 havia criado o Teatro Experimental do Negro.
— Um dos objetivos de Abdias na luta antirracista era trabalhar a autoestima das pessoas negras. Ele promovia um concurso da mais bela mulata e, em 1947, chama Mercedes para participar. Ela concorre e ganha. A partir daí se aproxima de Abdias e da atriz Ruth de Souza e passa a entender melhor as questões raciais — conta Melgaço.
O biógrafo relata que, no ano seguinte, em 1948, Mercedes se percebe pela primeira vez em uma situação de racismo ao competir e conquistar uma vaga permanente no corpo de baile do Municipal.
— Houve um concurso interno para os alunos da escola do Municipal ingressarem no corpo de baile. Mercedes se inscreveu, passou na primeira e na segunda prova, mas não foi avisada da terceira. Quando chega na escola, suas colegas estão fazendo o teste. Foi uma tentativa de boicote. Mas ela acaba fazendo a prova junto com os rapazes e é aprovada, se tornando a primeira negra a entrar no corpo de baile — relembra.
Mas o fato de compor o grupo não amenizou o racismo e a discriminação sofrida: apesar da representatividade, Mercedes não teve papéis de destaque nos espetáculos.
— Ninguém dizia que ela não dançava porque era negra, era porque não tinha técnica. Mas toda a turma que entrou com ela era escalada, e ela não — diz o pesquisador.
Em 1951, a coreógrafa Katherine Dunham, considerada a matriarca da dança negra norte-americana, vem ao Brasil para apresentações no Rio e em São Paulo e convida Mercedes para estudar dança moderna em sua companhia nos Estados Unidos. A bailarina aceita o convite, com alguma dificuldade consegue autorização para se licenciar do Municipal, e viaja para Nova York onde passa cerca de um ano.
Inspirada pela experiência nos EUA, no seu retorno ao Brasil, em 1953, funda o seu próprio grupo, o Ballet Folclórico Mercedes Baptista. Decidida a formular uma proposta de dança ligada à cultura afrobrasileira, começa a investigar a dança produzida dos terreiros brasileiros, frequentando a casa do amigo e pai de santo Joãozinho da Goméia, na Baixada Fluminense.
Mercedes era uma professora rígida, exigente ao extremo, e atuava “à moda antiga”, conta Melgaço. Sua instituição se voltou para a formação de bailarinos negros, abrindo portas para inúmeros artistas, mesmo aqueles que não tinham condições de pagar as aulas.
A excelência do grupo foi reconhecida e Mercedes, combinando a formação clássica com a dança popular, excursionou o Brasil afora e levou seus espetáculos para o exterior. Seu balé teve papel fundamental na disseminação e valorização da cultura afro no país e no mundo, transformando a bailarina num ícone do ativismo negro e antirracista.
A partir dos anos 70, ela também passou a dedicar-se ao ensino como professora na Escola de Dança do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, ministrando a disciplina “Dança Afro-Brasileira” e levando workshops de dança para diversos lugares no Brasil e no mundo.
Xica da Silva e a revolução no Carnaval
Durante a década de 1960, Mercedes compõe uma pioneira e vitoriosa parceria com os carnavalescos Fernando Pamplona e Arlindo Rodrigues, na escola de samba Acadêmicos do Salgueiro. O desfile mais icônico foi o de 1963, quando Mercedes montou e coreografou a comissão de frente do desfile, cujo enredo foi responsável por contar e consolidar na cultura popular a história de Xica da Silva. O grupo de bailarinos liderados por Mercedes dançou o minueto e garantiu a vitória à escola.
— Mercedes foi fundamental para o período chamado de revolução salgueirense. O desfile de 1963 marca essa transformação. Ela traz a questão teatral para a avenida, com o minueto. E até então, os enredos não traziam uma história tão amarrada, do começo ao fim. Isso começou a se desenhar ali — conta o pesquisador Leonardo Antan, autor do livro "Laroyê Xica da Silva", que mistura ficção e relatos históricos para remontar a história do icônico desfile.
— Houve muitas críticas na época. Foi um escândalo. Fomos considerados pela crítica os idealizadores de uma coreografia maldita para o carnaval carioca. Mas, dois anos depois, começaram nos copiar — afirmou o professor Manoel Dionísio, da Escola de Mestre-sala, Porta-Bandeira e Porta-Estandarte, que participou do desfile histórico.
O Globo quarta, 19 de maio de 2021
MUSEU DA CIDADE - REABERTURA E OUTRAS NOVIDADES NA SEMANA INTERNACIONAL DOS MUSEUS
Reabertura do Museu da Cidade e outras novidades na Semana Internacional dos Museus
Espaço na Gávea reabre após 10 anos de portas fechadas para o público; confira outras atrações no Museu Histórico Nacional, Instituto Moreira Salles e Museu de Arte Contemporânea, entre outros
O Globo
18/05/2021 - 14:34 / Atualizado em 18/05/2021 - 14:38
Depois de ficar fechado durante 10 anos para a visitação do público, o Museu da Cidade, na Gávea, reabre as portas nesta quinta-feira (20) com uma exposição permanente que reúne relíquias ligadas ao Rio de Janeiro, como fotos, documentos, objetos e memorabilia de ex-prefeitos da cidade. São 482 peças históricas, selecionadas dentro de um acervo de 24 mil itens, que estarão ao alcance dos visitantes. A reabertura do palacete se soma a uma lista de novidades que marcam a Semana Internacional de Museus, celebrada anualmente entre os dias 17 e 23 de maio. Confira outros destaques:
Localizado no bairro, Jardim Europa, em São Paulo, o centro cultural inaugurou na semana passada a exposição virtual "O falsificador espanhol", com duas obras feitas por um dos maiores falsificadores de arte do século XX. Trata-se de duas ilustrações que copiam as originais de um livro de cantos litúrgicos medieval. Segundo a Casa Ema Klabin, as obras do tal falsificador são consideradas tão bem feitas, que chegam a integrar coleções de importantes museus mundo afora, sendo comercializadas por valores semelhantes aos das obras originais.
Serviço: Acesso pelo site emaklabin.org.br/o-falsificador-espanhol. Grátis.
Ainda fechado por conta da pandemia da Covid-19, o MHN abriu na última segunda-feira a exposição virtual "Reis Carvalho – um pintor na Comissão Científica de 1859", que reúne desenhos e aquarelas documentais do pintor Reis Carvalho (1798- 1892), artista que acompanhou a Comissão Científica do Império ao sertão brasileiro (1859-1861). Além do acervo do MHN, a exposição multimídia conta com itens da Biblioteca Nacional e Museu Nacional/UFRJ.
Serviço: Acesso pelo site artsandculture.google.com/partner/museu-historico-nacional. Grátis.
O palacete que pertenceu ao abolicionista Marquês de São Vicente (1803-1878) e ao empresário Guilherme Guinle (1882-1960) reabre nesta quinta (20) com exibição de peças históricas relacionadas ao Rio. Estão lá, por exemplo, mobiliário, louças de porcelana e condecorações que pertenceram aos prefeitos Pedro Ernesto e Pereira Passos, uma estátua em mármore herdada do Palácio Monroe (demolido em 1976), fotos de Marc Ferrez e Augusto Malta e pinturas do italiano Eliseu Visconti.
Serviço: Estrada Santa Marinha s/nº, acesso pelo final da Rua Marquês de São Vicente, Gávea – 3443-6341. Qui a dom, das 9h às 16h. Grátis. Abertura quinta (20).
Museu de Arte Contemporânea (MAC)
Sob a curadoria de Ana Shieck, os fotógrafos Luiz Bhering, Mario Costa Santos, Pedro Vasquez e Renato Moreth expõem, a partir de sexta-feira (21), 70 fotos inspiradas na cidade de Niterói na mostra "Ressurgências". O arquiteto Mario Costa Santos assina o projeto cenográfico da exposição.
Serviço: Mirante da Boa Viagem s/nº, Boa Viagem, Niterói – 2620-2481. Ter a dom, das 10h às 16h. R$ 12 e grátis (qua). Abertura sexta (21).
Instituto Moreira Salles
O centro cultural na Gávea volta a realizar uma exposição após o período em que ficou fechado por conta da pandemia. Com curadoria de Heloísa Espada, "Arquivo Peter Scheier" traça uma retrospectiva da obra do fotógrafo alemão que documentou as transformações sociais do Brasil nas décadas de 1940 e 1950. No dia da inauguração, sábado (22), às 17h, haverá uma live com a curadora e com dois pesquisadores convidados.
Serviço: Rua Marquês de São Vicente 476, Gávea – 3284-7400. Ter a sex, do meio-dia às 16h30. Sáb, dom e feriados, das 10h às 16h. Grátis. Abertura da exposição sábado (22).
O Globo terça, 18 de maio de 2021
SUZANA VIEIRA: AOS 78 ANOS, ESTOU NO AUGE PARA FAZER A GOSTOSA BEIJOQUEIRA
Susana Vieira: 'Aos 78 anos, estou no auge para fazer a gostosa beijoqueira'
Intérprete de mulher que adora sexo em comédia no streaming, atriz fala sobre amor, idade e política e diz que não veio ao mundo para 'passar despercebida'
Gustavo Cunha
18/05/2021 - 04:56
Desde que começou a pandemia, Susana Vieira só levanta da cama lá pelas 13h, quase sempre de mau humor, ainda sob a identidade de Sônia, nome que consta em sua certidão de nascimento — “Soninha, que fica de pijama o tempo inteiro, está muito mais presente agora”, ela diz, sobre si mesma. Depois que dá atenção aos quatro cachorros da raça Yorkshire, a atriz de 78 anos começa a soltar piadas e tiradas para quem está por perto, e segue assim durante todo o dia, como faz questão de frisar. O comportamento reflete um “instinto de sobrevivência”, ela constata.
— Meu Deus, deixa eu ver como é um homem. Tem muito tempo que não vejo como é essa coisa maravilhosa — Susana berra, ao receber o GLOBO em sua casa, no Rio de Janeiro.
SUSANA VIEIRA: OS PRINCIPAIS TRABALHOS NA TV
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A brincadeira poderia ser feita por Nelita, mulher que ela interpreta — e que adora discorrer sobre sexo, homens, pênis e otras cositas más — no filme “Amigas de sorte”, que estreou na última segunda-feira (17/5) nas plataformas Now, Sky, Vivo, Oi, Looke, iTunes e Google Play.
Comédia com argumento de Alexandre Machado e Fernanda Young (1970-2019) — e estrelada por Susana, Arlete Salles e Rosi Campos —, o longa dirigido por Homero Olivetto acompanha as aventuras e desventuras de três amigas acima dos 70 anos numa jornada transformadora.
A produção põe em primeiro plano as vivências de mulheres maduras, algo raro de ver no Brasil, lamenta Susana, cansada de encarnar mães e avós de protagonistas na TV. Na entrevista a seguir, ela, que já tomou as duas doses da vacina contra a Covid-19, fala abertamente sobre uma miríade de assuntos — da sensação de não se enxergar com a idade que possui ao desejo de jamais passar despercebida.
— Tenho 78 anos, e estou no auge para fazer a mulher gostosa, bonita e beijoqueira — afirma, orgulhosa.
Não é a primeira vez que você participa de uma obra que dá protagonismo a personagens acima dos 70 anos. Isso é importante?
Uma produção em que eu não sou a mãe ou a avó da protagonista é uma vitória. Mostra que não dá para fazer apenas filmes com três mulheres jovens à procura de um amor. Atrizes americanas, como Meryl Streep e Jane Fonda, já reclamaram que o cinema só oferece papéis bons para mulheres até uma certa idade. No Brasil, isso é muito pior.
Existe uma exaltação à juventude?
Se você me perguntar como cheguei aqui hoje, tenho muito mais história do que uma garota que também já ganhou dinheiro suficiente para comprar uma casa como a minha. Mas ela contará o quê? Ela vai preencher só meia página de jornal.
Você sempre trabalhou muito. Como está a rotina agora?
Quando comecei a ficar mais sozinha, na pandemia, comecei a olhar a casa que arrumei, as plantinhas que escolhi. Antes, fazia tudo isso entre um avião e outro, uma novela e outra. Não tomava conta de nada. Só assinava cheque! De repente, passei a ser uma dona de casa chata, reparando em tudo. Nos primeiros dias, foi uma alegria. Depois, já me cansei.
“'Não sei como uma velha de 70 anos se veste. Me visto como Susana Vieira'”
SUSANA VIEIRA
atriz
Não se sente com a idade que tem?
Essa é a coisa mais esquisita na minha vida. Não sei como uma velha de 70 anos se veste. Me visto como Susana Vieira. Meu lema é esse: falo o que eu quiser com 70 ou 20 ou 30 anos. Não mudei meu linguajar, nem minha forma de pensar. Faço academia, musculação, alongamento na aula de balé, tenho uma esteira em casa, subo e desço escada... Me mantive muito ativa e muito jovem, sempre com disposição. E, sinceramente, não tenho raiva de nada.
Incomoda-se de encarnar apenas avós na ficção?
Não me interesso por esse negócio de terceira idade, porque eu não sei quando isso começa. Para mim, a terceira idade começaria com 80 anos. Não pode começar com 60. Tenho 78 anos, e estou no auge para fazer a mulher gostosa, bonita e beijoqueira. No cinema, por exemplo, um bandido pode ser mais velho... (Arnold) Schwarzenegger ontem estava caquético num filme nos EUA. Os homens vão até o bagaço da laranja por lá. Tem que colocar essas pessoas para trabalhar mesmo.
Mas existe a vaidade, certo?
Acho que esteticamente preciso me conservar. Tenho que fazer um pouco de dieta, ficar com a cara boa, mas sem fazer exagero nas plásticas, para não ter aquelas bocas botocadas... Preciso ficar arrumada e bonitinha para fazer uma velha bonita e protagonista.
“'Hoje em dia, colocam muita gente numa novela para competir. Não me queixo, não. Sabe por quê? Porque eu arrebento'”
SUSANA VIEIRA
atriz
Para artistas que trabalham na TV, o envelhecimento é acompanhado pelo público...
Exatamente. Mas os telespectadores não deixaram de gostar de mim porque eu fiquei velha. Quando você vê a novela “A vida da gente”, de dez anos atrás (e agora em reprise), a Nicette Bruno está um sonho. A voz dela é a mais forte de todas, as frases que ela fala tem um som melhor, a generosidade em cena é outra. É diferente. Nós, atores, éramos uma turma antigamente.
Hoje em dia, colocam muita gente numa novela para competir, e aí acontece que um autor gosta muito de uma menina ou de um garoto, aumentando os papéis deles. Mas olha, vou te dizer: não me queixo, não. Sabe por quê? Porque eu arrebento. Se é para falar “aqui está o seu café, madame”, eu vou lá e faço. Mas vou falar, dar o café e talvez eu derrame a bebida no colo da mulher, para chamar atenção (ela gargalha). Não passo despercebida, de jeito nenhum.
Você passa para o público a imagem de uma mulher com autoestima elevada. É sempre assim?
Sou autêntica. Tenho alegria de viver. Estou aqui e estou feliz. Gosto de tudo o que é besteirinha, como essas flores vagabundas. E acho que o público vê isso. Por isso sou uma atriz popular. Tenho um selo de garantia perante o público. Minha maior vitória não é ser simpática. Ser ótima atriz é meu grande trunfo.
Você fala abertamente sobre vários assuntos. Preocupa-se com "cancelamento"?
Falo abertamente sobre tudo porque sou ser humano e foi me dado o direito de falar. Poderia responder só “sim” e “não” para você, mas esse não é meu estilo. Sou uma pessoa importante neste país. Fiz muita gente feliz. É isso o que penso de mim, o que me dá orgulho. Vivi para trabalhar. Casei várias vezes, mas a minha vida emocional nunca foi o primeiro plano. E não fiquei rica. Não posso parar de trabalhar, pois ninguém guarda dinheiro neste país, a não ser os ladrões da política.
O Globo segunda, 17 de maio de 2021
COMO FICA A RETA FINAL DOS CAMPEONATOS EUROPEUS: NEYMAR NA BRIGA PELO FRANCÊS E GOL DE ALISSON NO LIVERPOOL
Gol de Alisson no Liverpool, Neymar na briga pelo Francês: como fica a reta final dos campeonatos europeus
Neste domingo, goleiro brasileiro marcou de cabeça para o Liverpool, aos 49 minutos do segundo tempo
O Globo
16/05/2021 - 23:36
O fim de semana foi agitado nos principais torneios europeus, com direito a emoções no fim dos jogos – entre os principais lances, o gol de cabeça do goleiro Alisson, que deu a vitória ao Liverpool contra o West Bromwich, nos acréscimos. Confira abaixo como os resultados afetaram a disputa e o que ainda está em jogo na reta final das competições.
Campeonato Espanhol
A 38ª e última rodada da La Liga começa na sexta-feira, 21, mas é no domingo, 23, a grande decisão. No topo, com 83 pontos, o Atlético de Madrid encara o Valladolid. Neste domingo, contra o Osasuna, o atacante uruguaio Luis Suárez foi o herói da virada por 2 a 1, desempatando aos 43 minutos do segundo tempo.
A equipe de Diego Semeone tem como principal concorrente o Real Madrid, logo atrás, com 81 pontos.A equipe de Zinedine Zidane se manteve na cola ao ganhar do Athletic Bilbao. Também no próximo domingo, eles enfrentam o Villarreal, precisando vencer e contar com tropeço dos rivais locais.
"Os merengues perseguirão esse troféu até o último dia. Mais resistente do que excelente, o Real segue tendo chance de ser campeão. E onde às vezes não chega o futebol, muitas vezes chega a fé do missionário", destacou o jornal local “As”.
Campeonato Inglês
O grande destaque desta 36ª rodada da Premier League foi o emocionante gol de Alisson nos acréscimos, que garantiu a vitória do Liverpool, contra o West Bromwich, aos 49 minutos do segundo tempo. O goleiro fez o gol de cabeça, após um escanteio cobrado por Alexander-Arnold. A partida terminou em 2 a 1 e o brasileiro dedicou o momento ao pai, morto há pouco mais de dois meses.
— Jogo, desde que me lembro como ser humano, com meu pai. Espero que ele esteja aqui para ver. Tenho certeza de que ele está comemorando — disse, muito emocionado.
Com 63 pontos, o Liverpool está em quinto, na disputa por uma vaga na Champions (quatro se classificam diretamente e o quinto vai à fase preliminar). Eles voltam a campo na próxima quarta-feira, na 37ª e penúltima rodada, quando enfrentam o Burnley; no mesmo dia, o Tottenham (6º, com 63) joga contra o Aston Villa. Na terça, o campeão Manchester City encara o Brighton; o Manchester United (70) duela com o Fullham; enquanto Leicester City (66) e Chelsea (64) também se encontram novamente, após a Copa da Inglaterra.
Campeonato Francês
O PSG teve uma vitória com margem de segurança, vencendo o Reims de 4 a 0, gols de Neymar, Mbappé, Marquinhos e Kean. Com isso, a equipe do atacante brasileiro se mantém na disputa do Campeonato Francês na segunda colocação, apenas um ponto atrás do Lille, que tem 80 pontos.
Outro brasileiro que fez bonito foi Lucas Paquetá. No Lyon, quarto na tabela, o ex-Flamengo fez dois gols no 5 a 2 contra o Nîmes. O próximo jogo é com o Nice. No próximo domingo, 23, os holofotes principais da 38º e última rodada da Ligue 1 se voltam a duas partidas em especial: PSG contra Stade Brestois e o Lille enfrentando o Angers.
Campeonato Italiano
Com 88 pontos, a Internazionale já garantiu a taça, mas a disputa segue quente pela segunda colocação. O Atalanta tem 78, mas, logo na cola, estão Napoli e Milan (ambos com 76) e a Juventus de Cristiano Ronaldo em quinto, com 75.
Na última rodada, domingo, a Atalanta tem duelo direto com o Milan; o Juventus encara o Bologna; e o Napoli enfrenta o Verona. Os quatro primeiros vão a Champions e o quinto disputa a fase preliminar.
O Globo domingo, 16 de maio de 2021
EVA WILMA SE ENCANTOU - AOS 87 ANOS, ATRIZ NOS DEIXA, VÍTIMA DE CÂNCER
'Adeus é pra quem deixa de sonhar', disse Eva Wilma ao encenar peça on-line na pandemia
Atriz, que morreu neste sábado, estrelou espetáculo em 2020 e, na ocasião, ressaltou a importância do trabalho dos médicos no combate ao coronavírus
Gustavo Cunha
16/05/2021 - 04:30 / Atualizado em 16/05/2021 - 08:50
RIO - Durante a pandemia, a atriz Eva Wilma, que morreu ontem aos 87 anos, vítima de um câncer no ovário, teve que criar conexões com novas formas de exercer sua arte, como muito de seus pares, em tempos de distanciamento social. Em setembro do ano passado, em casa, diante de algumas câmeras e sem o olhar atento da plateia, ela estrelou o espetáculo “Eva, a live’’, com transmissão no YouTube e no Instagram. "Essa é uma forma de me adaptar temporariamente. Venho de outro tipo de relação com o público. Era uma relação menos efêmera e imediata", contou.
VEJA FOTOS DA CARREIRA DE EVA WILMA EM NOVELAS E SÉRIES
Quarentenada, ela comparou o atual momento a uma "terceira guerra mundial", diante de tantas angústicas e incertezas. Mas sempre se mostrou otimista: "Sonhar é necessário. Quem deixa de sonhar se entrega. Noel Rosa dizia que 'adeus é pra quem deixa a vida'. Meu filho tem uma canção que parodia essa frase e que termina dizendo: 'Adeus é pra quem deixa de sonhar'", disse ela, na ocasião. A seguir, trechos da entrevista com a atriz.
O que tem achado desse novo formato do teatro on-line, em que não há a troca direta com o público, algo tão caro ao ofício?
Acho que isso é transitório. É uma forma de nos adaptarmos temporariamente e nos mantermos próximos, ativos. Mas eu não gosto muito. Acredito que as lives vão evoluir para uma linguagem própria. Mas uma peça de teatro encenada dessa forma, sem uma adaptação de roteiro e conceito, é só um "quebra galho". Fica muito longe do impacto que um ator, no espaço cênico livre do teatro, pode causar.
EVA WILMA, QUE MORREU SÁBADO, FOI CASADA COM CARLOS ZARA POR 23 ANOS: VEJA CENAS DESSA HISTÓRIA DE AMOR
O casal na gravação da primeira versão de "Mulheres de areia", em 1973: na década de 1970, os dois se tornaram um dos principais pares românticos da TV brasileira Foto: Marcio Arruda / O GLOBO
Qual a sua maior dificuldade com essa nova realidade das artes cênicas na internet?
Tenho dificuldade com a solicitação de vídeos rápidos para promover esses trabalhos, porque venho de outro tipo de relação com o público. Uma relação menos efêmera e imediata. Mas procuro me adaptar e encontrar prazer nestas demandas.
A senhora tem formação musical, e chegou a fazer aulas com Inezita Barroso na infância. Em algum momento, pensou em seguir a carreira de cantora?
Eu sempre fui meio exibidinha, e aquilo me dava muita satisfação. Mas também era bailarina, e acabei tendo uma relação profissional maior com a dança, chegando a participar do balé do 4º centenário, que acabou me levando à profissão de atriz. Acredito que as três profissões estão interligadas, mas a de cantora foi a que menos tentei. Interessante que, nessa altura da vida, depois de 66 anos de carreira, o canto é que me mantém mais forte pra prosseguir, até porque não dá para dançar mais, né? Se não fosse isso, acredito que dançaria novamente. Tudo me mantém viva.
Onde tem passado a quarentena?
Tenho passado a quarentena na minha casa. Já vivi tantos momentos de incertezas, mas nunca igual a esse, que atingiu o mundo inteiro. Parece que estamos atravessando a Terceira Guerra Mundial. Mas acredito que a humanidade vai saber se adaptar, como sempre. Daí lembro da canção do Gil, que cantávamos para encerrar nosso espetáculo: "Não me iludo, tudo permanecerá do jeito que tem sido, transcorrendo, transformando, tempo e espaço navegando todos os sentidos".
O que tem pensado neste momento de tantas incertezas?
Acredito que todos sentimos medo. O medo é uma proteção, e faz parte do processo de adaptação. Mas, aos poucos, o medo vai passando, e vemos que podemos confiar nos nossos brilhantes médicos, que enfrentam essa situação de forma brilhante.
Manter-se em atividade profissionalmente é uma maneira de aplacar as angústias?
Sonhar é necessário. Quem deixa de sonhar se entrega. Noel Rosa dizia que "adeus é pra quem deixa a vida". Meu filho tem uma canção que parodia essa frase e que termina dizendo: "Adeus é pra quem deixa de sonhar". Então, sonhar é estar vivo, e sonhar, na minha idade, é o que mais me dá esperanças.
Você lutou contra a ditadura militar brasileira, e participou da passeata dos cem mil. O que sente quando vê exaltações do atual governo a esse período da história do país?
Prefiro continuar trabalhando e através da arte continuar tentando contribuir para a melhora da nossa cultura e das nossas relações humanas. Sou otimista sempre.
O Globo sábado, 15 de maio de 2021
ESTILISTAS NEGROS CRIAM E-COMMERCE PARA MANTER OS NEGÓCIOS ATIVOS NA PANDEMIA
Estilistas negros criam e-commerce para manter os negócios ativos na pandemia
O Coletivo Pop Afro lançou um campanha para elucidar a importância do black money
Gilberto Júnior
14/05/2021 - 08:31 / Atualizado em 14/05/2021 - 08:33
Quatro meses antes de o distanciamento social ser sugerido como forma de conter o avanço do novo coronavírus, em março de 2020, o coletivo Pop Afro estava num momento interessante, com uma loja no Madureira Shopping e crescendo nas redes sociais. Aí veio a pandemia e a turma precisou se reinventar diante da crise instalada. Para movimentar o caixa, o grupo lançou a campanha “Pop Afro Resiste”, cujo objetivo central é divulgar sobre a importância do black money. “Ou seja: dinheiro de preto circulando na mão de preto”, explica Ligia Parreira, porta-voz da ação e diretora criativa da marca Devassas.com. “A ideia é aumentar a corrente e potencializar forças, pois nossos negócios importam. A iniciativa conta com maior presença digital, em eventos on-line. Ah, e vamos lançar o e-commerce ainda este mês. A intenção é disseminar criações antirracistas em todo o Brasil”, acrescenta a estilista.
Além da Devassas.com, as grifes Atitude Negra, Yolo Love & Co, Galo Solto, Roxo Amora, Axante Presentes, VB Atelier, Balaio da Gata Preta e Ateliê Macladê mostram toda a força do coletivo negro. “Isso não é apenas uma junção de pessoas, aqui somos uma família. Discutindo, rimos, discordamos, mas no final sempre chegamos a uma conclusão: que juntos somos mais fortes”, diz Caio Cesanasc, estilista Yolo Love & Co. “Estar num coletivo de moda preta é saber que o seus parceiros querem que você floresça. É saber que você tem com quem trocar”, observa Drayson Menezzes, da Galo Solto. “Já cansei de ligar e mandar mensagem para os outros criadores para pegar instrução, o caminho das pedras.”
Ligia afirma que a missão do coletivo é “fazer da moda um ato político e democrático, sem elitismo a partir de desenhos autorais, incentivando o crescimento da cadeia produtiva negra.”
O Globo sexta, 14 de maio de 2021
BRUNO GAGLIASSO: VEJA PRIMEIRA FOTO DO ATOR NO ELENCO DE SANTO, SÉRIE QUE COMEÇOU A SER GRAVADA NA ESPENHA
Veja primeira foto de Bruno Gagliasso com o elenco de 'Santo', série que começou a ser gravada na Espanha
PATRÍCIA KOGUT
Bruno Gagliasso com o elenco da série 'Santo' (Foto: Netflix)
Eis a primeiríssima imagem de Bruno Gagliasso caracterizado para “Santo”, série da Netflix produzida entre o Brasil e a Espanha. Ao lado dele, Victoria Gerra; na frente, Raúl Arévalo e Greta Fernández. Criada por Carlos López, a história é dirigida por Gonzalo López-Gallego e por Vicente Amorim.
Na série, de ação e suspense, Gagliasso interpreta o policial federal Ernesto Cardona. Junto com o parceiro, Miguel Milán (Raúl), ele investiga o narcotraficante mais procurado do mundo, Santo, cujo rosto nunca foi revelado.
O Globo quinta, 13 de maio de 2021
NOVAS FONTES SOBRE A ABOLIÇÃO, COMO O RECÉM-LANÇADO LIVRO DE ASTOLFO MARQUES, RECUPERAM O PROTAGONISMO DO NEGRO
Novas fontes sobre a Abolição, como o recém-lançado livro de Astolfo Marques, recuperam o protagonismo negro
'O Treze de Maio: e outras estórias do pós-Abolição', do autor oitocentista, traz olhar negro sobre a Lei Áurea
Bolívar Torres
13/05/2021 - 04:30
RIO — Mais do que uma efeméride, o 13 de Maio é uma data em constante construção. É sabido que, 133 anos após a assinatura da Lei Áurea, os desafios da sociedade brasileira para superar as sequelas da escravidão continuam. Nos últimos anos, porém, novas fontes sobre o período vêm sendo redescobertas, trazendo outras leituras da Abolição. Entre elas o livro “O Treze de Maio: e outras estórias do pós-Abolição”, do ainda desconhecido escritor negro Astolfo Marques (1876-1918), com 17 narrativas breves que fazem um registro importante da vida dos ex-escravos no Maranhão, onde ele nasceu e viveu, nos primeiros anos após a abolição da escravidão. Como diz o historiador Matheus Gato, organizador da coletânea, lançada pela editora Fósforo, os protagonistas dos contos abrem “caminhos possíveis para uma nova História”.
— Os contos de Astolfo Marques trazem a transformação social do Brasil a partir das camadas populares, mostrando o 13 de Maio não como um ato de generosidade da família real, mas como um movimento — explica Gato. — Com isso, contrapõe as narrativas oficiais, até mesmo aquelas mais críticas à Abolição. Percebemos que ela é problemática, sim, mas também não é a farsa apontada por certas narrativas. Ela tem um determinado valor para o povo negro que foi libertado.
Publicados na imprensa da época, os contos de “O Treze de Maio: e outras estórias do pós-Abolição” descrevem a luta dos negros para alcançar aquilo que a libertação vinda da pena da Princesa Isabel não lhes deu: cidadania plena. Há casos representativos de desilusão, como o do homem que é convidado por engano para uma pomposa festa num clube que comemorava a assinatura da Lei Áurea e é barrado na porta. Ou o do ativista republicano que acaba preso pelo próprio novo regime que ajudou a instaurar. Mas surgem também operários se movimentando politicamente, mulheres buscando o seu espaço, trabalhadores tentando sobreviver em uma sociedade que os rejeita. Ao fundo, um medo de que a escravidão retorne.
Apesar das falhas da Abolição, fica claro que, entre os negros, sempre houve orgulho de “ser 13”, afirma Paulo Lins, autor de “Cidade de Deus” e de um dos prefácios do livro de Astolfo. Para o escritor, os contos do maranhense evidenciam o papel das associações, dos clubes e dos pagodes no fortalecimento de uma união negra que foi — e ainda é — essencial para a conquista da liberdade.
— A escravidão é a guerra mais longa da nossa História, e sofremos suas consequências até hoje — diz Lins. — A liberdade foi conquistada através de revoltas e insurreições e de negros que compraram sua própria alforria. Hoje a luta não é mais armada. O movimento negro se organiza politicamente, de forma pacífica.
Movimento social
Grande parte da historiografia atual já não vê a Abolição como um “evento”, e sim como um longo processo histórico pautado em grande parte por ativistas negros. Figuras como a do advogado Luís Gama começaram a ser melhor estudadas nos últimos anos. Recentemente, o historiador Bruno Rodrigues de Lima mostrou como uma ação de Gama libertou 217 escravizados no século XIX.
— Para muitos, a Abolição é o primeiro grande movimento social do país, que pode até ser considerado um precursor do movimento negro na modernidade — diz Renato Noguera, professor de Filosofia da UFRJ e pesquisador do Laboratório de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Leafro). — Não é um evento estanque, é uma pauta que foi sendo capilarizada e que chegou à elite intelectual brasileira branca a partir da mobilização de homens e mulheres negros.
Coautor de “Enciclopédia Negra” (Companhia das Letras), o historiador Flávio dos Santos Gomes lembra que descobertas recentes, como a existência de escolas para alunos negros, além de associações carnavalescas com estandartes abolicionistas, estão ajudando a amplificar a História do movimento.
— Até os anos 1980 e 1990, os livros didáticos apresentavam o abolicionismo como um debate branco e parlamentar, apagando todo o diálogo com a vida social do período — diz Gomes. — O que revelava uma falta de preocupação com fontes que sempre estiveram disponíveis e ainda assim foram ignoradas. Para se ter uma abordagem multifocal, é preciso ir além do que ocorria em Rio e São Paulo e mostrar a porosidade do abolicionismo em outras cidades do país, e também no interior.
O próprio Maranhão de Astolfo Marques é um lugar que não recebeu a atenção devida de historiadores, acredita Matheus Gato. Só recentemente, por exemplo, se deu à maranhense Maria Firmina dos Reis, a primeira romancista do país, o devido reconhecimento. Outro nome da região a ser recuperado, segundo Gato, é o de Nascimento Moraes, autor de “Vencidos e degenerados”, ficção que retrata o contexto da abolição a partir dos negros.
— Esses três autores ficaram restritos à intelectualidade da região — lembra Gato. — Hoje estamos em um cenário muito diferente, graças à democratização do acesso à cultura e às políticas de ação afirmativa. Já há uma juventude negra nas universidades que demandam a revisão dos cânones e a recuperação de outras vozes.
'Aqueles aduladores'
Neste conto, incluído na coletânea "“O Treze de Maio: e outras estórias do pós-Abolição”, um homem negro usa suas economias para se aprontar para um baile que comemorava a assinatura da Lei Áurea. No entanto, é barrado na porta ao descobrir que o convite que recebeu não era para ele. Um lembrete de que, no pós-abolição, os negros foram excluídos de sua própria festa. Leia trecho:
Ficou estupefato, o Agnelo. Tanta labuta, tamanha despesa para, no fim de contas, ficar a ver o baile por um óculo. Era demais!
Mas por que não lhe mandaram um convite!, clamava. O próprio Angelo, que ele sabia fora escravo dos Lopes, e os outros a quem foram distribuídos os convites, em que eram melhores do que ele? E, cada vez mais revoltado, apostrofava:
— E eu não poder esmagar aqueles aduladores do presidente!
E os elogios, até então feitos aos sócios do Surpresa, passaram a ser invectivas, que cresceriam desmesuradamente, se não fosse a intervenção do Ramiro:
— Ora, não te vá arrebentar a aneurisma! Despe-te dessa trapalhada e vamos daí à pândega, que foi para isso que aqui vim!
E o conviva enganado acedeu.
Num abrir e fechar de olhos, quando o Adriano Manteiga, cocheiro, fez parar o carro à sua porta, já ele com o Ramiro se achavam na casa de nhá Sebastiana, ao Caminho Grande, onde, ainda em regozijo ao Treze de Maio, os piquis comiam, os pandeiros rufavam sonoros e as harmônicas e reque-reques fremiam estridentes.
O folguedo ia animado, e os bailarinos a sapatear entre os entusiásticos que davam vivas à princesa Isabel, ao Clube Abolicionista e à igualdade.
No auge do prazer, o Agnelo não se furtava em exclamar, bamboleando-se entre a rapaziada:
— Ah, uma onça, para comer aqueles aduladores do presidente!
O Globo quarta, 12 de maio de 2021
CINEMATECA BRASILEIRA: IMBRÓGLIO SOBRE DESTINO TEM NOVO CAPÍTULO
Imbróglio sobre destino da Cinemateca Brasileira tem novo capítulo
Audiência de conciliação em SP busca acordo com União para implementar medidas de preservação do acervo e do edifício
Danilo Thomaz, especial para O GLOBO
12/05/2021 - 04:30
SÃO PAULO — O destino da Cinemateca Brasileira, paralisada há um ano, deve ter solução na tarde desta quarta em uma audiência de conciliação em São Paulo. Fruto de uma ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal de São Paulo (MPF-SP) em setembro, a audiência visa a estabelecer um acordo junto à União Federal para que sejam implementadas medidas emergenciais pela preservação do acervo de 250 mil rolos de filmes e do edifício onde está localizada, na Vila Mariana.
Entre as ações de emergência pleiteadas pelo MPF-SP na ação estão o restabelecimento do Conselho Consultivo da Cinemateca; e a recomposição do quadro de funcionários e da zeladoria do edifício, permitindo, assim, o funcionamento da instituição dentro de normas de segurança.
A crise da Cinemateca, que é responsável pela preservação de 40 mil títulos que contam a história do audiovisual do Brasil desde 1897, estende-se desde o final de 2019. À época, o Ministério da Educação e Cultura (MEC) cancelou o contrato de gestão da Associação de Comunicação Educativa Roquete Pinto (Acerp) com a TV Escola. Como o contrato de gestão da Cinemateca era vinculado a este, ela ficou sem uma gestora responsável. Desde 2018, a instituição só pode funcionar por meio de contrato de gestão.
Em busca de uma solução para o imbróglio jurídico-burocrático, a Acerp manteve-se à frente da Cinemateca até abril do ano passado, na expectativa de um contrato de trabalho temporário. Em maio, alegando não ter recebido recursos para gestão da Cinemateca e sem recursos em caixa, a Acerp interrompeu as atividades.
Nessa mesma época, o MPF-SP enviou um ofício à Secretaria Especial da Cultura pedindo informações acerca da falta de repasse do governo à instituição. Diante da inação da secretaria, o MPF-SP entrou com uma ação civil pública contra a União Federal para que fossem tomadas medidas emergenciais pela preservação do acervo e do edifício. A liminar, inicialmente negada, foi concedida somente em fevereiro deste ano pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3). Não se sabe, no entanto, se as medidas visando à preservação do espaço e do acervo foram adotadas.
— A gente não tem acesso à parte interna (do prédio) para saber o que está acontecendo com a Cinemateca — afirma Adriana Paone, advogada da Associação de Moradores da Vila Mariana (AVM), que assessora o MPF-SP no processo.
— Tornou-se um cavalo de batalha judicial ver o real estado da Cinemateca — diz Fernando Magalhães Rangel, também advogado da AVM.
Ao longo desse período, a Sociedade Amigos da Cinemateca (SAC), responsável por sua gestão até 2013, buscou um acordo com o governo federal para assumir os trabalhos até que uma nova gestora fosse escolhida. A expectativa era que os trabalhos tivessem início em janeiro, mas até agora nada foi definido.
— A expectativa é de que a gente consiga fazer um acordo com a União — afirma o procurador da República Gustavo Torres Soares. — A gente quer que a União cumpra, pelo menos, a liminar do TRF-3.
Ao longo desse período, a Cinemateca sofreu ameaça de corte de energia e problemas na refrigeração. O maior risco é de incêndio, porque boa parte do acervo da instituição é composta por nitrato de celulose, produto que requer uma refrigeração específica e constante, e é altamente inflamável e de difícil contenção. Há ainda o perigo de alastramento do incêndio, atingindo cerca de 15 casas da região. Procurada, a Secretaria Especial da Cultura não se manifestou.
O Globo terça, 11 de maio de 2021
NOVAS LIVRARIAS DE RUA APOSTAM EM FILÃO PARA O LEITOR CHAMAR DE SEU
Novas livrarias de rua apostam em filão para o leitor chamar de seu
Casa da Árvore, no Rio, e Gato sem Rabo, em São Paulo, enfrentam as dificuldades do mercado oferecendo lugares intimistas e acervos especializados
Ricardo Ferreira
11/05/2021 - 05:00
Lançado recentemente por um grupo formado por Argumento, Blooks, Leonardo Da Vinci e outras livrarias, um movimento agitou as redes sociais ao expor dificuldades enfrentadas pelos livreiros — como a competição com gigantes do e-commerce, a exemplo da Amazon — e propôs uma campanha de fortalecimento das lojas de rua. A iniciativa — batizada de Livrarias Cariocas—, no entanto, corre lado a lado com a velha máxima de que na crise nascem oportunidades, o que tem feito sentido para empreendedores que decidiram apostar em novos formatos para vender livros neste momento em que, como se diz, não está fácil pra ninguém.
É o caso da ex-modelo Johanna Stein, que no dia 19 abre a Gato sem Rabo no Centro de São Paulo, e de Dudu Ribeiro, Fábio Brito e Ivan Costa, que, depois de inaugurarem uma pequena livraria na Pedra do Sal, no Centro do Rio, em outubro do ano passado, se preparam para abrir a segunda, na Tijuca.
Localizada no térreo de um edifício na Rua Amaral Gurgel, no bairro da Vila Buarque, a Gato sem Rabo venderá nos seus 65 m² obras de autoras mulheres. Serão 1.500 títulos e cinco mil exemplares expostos, de cerca de 650 autoras do mundo todo. Os temas são variados, de romances a livros científicos, passando por filosofia, arte e literatura infantojuvenil. A ideia, Johanna conta, nasceu quando ela cursava Artes Visuais na Fundação Armando Alvares Penteado (Faap).
— Fiz uma pesquisa e fui encontrando as autoras que me interessavam em determinados temas, e pensei num grande indexador pra reunir esses trabalhos. Me informei sobre o mercado editorial e entendi que faria sentido ter um espaço na cidade — conta a empresária, que buscou a inspiração do nome da nova empreitada no livro “Um quarto só seu”, de Virgina Woolf, que já refletia em 1929 sobre a carência de espaços para as mulheres na literatura.
Além da proposta de curadoria, Johanna enxerga na experiência presencial outro trunfo para o seu modelo de negócio, que inclui um café e um ambiente acolhedor:
— Oferecemos uma experiência que a Amazon não oferece. Acreditamos na vida da rua, em gente transitando. Quando entrarem aqui, vão sentir uma calmaria típica de livraria. Pensamos em criar esse contraste entre o espaço de fora, barulhento.
Na Pedra do Sal, coração do Centro do Rio, em meio à onda de insegurança provocada pela pandemia, a Casa da Árvore abriu as portas após o sucesso na captação de recursos pelos sócios via financiamento coletivo. Lá são vendidos livros sobre temas como racismo, samba, história do Rio e do Brasil e religiões de matriz africana.
— Eu estava receoso, mas a resposta foi muito boa, estamos vendendo bem. Principalmente porque criamos um acervo em sintonia com a Casa Omolokum, onde estamos hospedados, que é uma casa de cultura afro-brasileira. Depois de comer um acarajé, por exemplo, o pessoal sempre dá uma passada na livraria e acaba levando alguma coisa — diz Dudu Ribeiro, um dos sócios.
A previsão é de que a segunda livraria do trio abra as portas no dia 20, na Rua Almirante Gavião, próximo ao Bar Madri. Fábio Brito, que trabalhou na Saraiva por 11 anos, conta que eles compraram estantes usadas da empresa, que atravessou longo período de crise e fechou várias de suas filiais.
— Esse modelo de grandes lojas está em crise. Aqui, a gente estudou e viu qual era a demanda local, o público da região. Na Tijuca, vamos continuar com esses temas, mas vamos ampliar um pouco de acordo com o público de lá — explica Brito.
Atendimento faz diferença
Para Bernardo Gurbanov, presidente da Associação Nacional de Livrarias, a “sensação de pertencimento” que os pequenos estabelecimentos causam nos clientes, além do atendimento, faz diferença.
— A pandemia inicialmente causou um estrago no varejo do livro, mas, uma vez superado esse primeiro impacto, o mercado começou a estabilizar. Tem uma quantidade de livrarias independentes, pequenas livrarias, que estão pulsando, com atividades intensas. As formas de trabalhar mais humanas se fortaleceram. Não é só preço que determina a compra. Tem livreiros que entregam pessoalmente, em casa, os livros para seus clientes. Isso faz diferença — afirma Gurbanov.
A visão otimista é compartilhada por Vitor Tavares, presidente da Câmara Brasileira do Livro, que aposta no retorno das livrarias de rua como lugares de encontro quando a pandemia passar.
— Com a queda das grandes redes, já sentimos aqui em São Paulo o surgimento de livrarias com focos específicos, como culinária, livros infantis, entre outros. Trabalhar com livros nunca foi fácil, mas é uma magia de portas que abrem pra todo mundo — diz.
O Globo segunda, 10 de maio de 2021
O GLOBO LANÇA CARTILHA SOBRE COMO MANTER A SAÚDE MENTAL NO TRABALHO EM MEIO À PANDEMIA
O GLOBO lança cartilha sobre como manter a saúde mental no trabalho em meio à pandemia
Guia dá exemplos de como diminuir o estresse no trabalho presencial e no home office e como organizar a rotina para melhorar o bem-estar
O Globo
10/05/2021 - 04:30
RIO — Desde o começo de 2020, a pandemia de Covid-19 provocou uma série de mudanças na vida das pessoas no Brasil e no mundo. A sensação de incerteza provocada pela disseminação do vírus impactou diretamente a saúde mental de todos.
Para ajudar os leitores a equilibrar melhor seu lado emocional, O GLOBO lança hoje uma cartilha em formato PDF, com dicas de como diminuir o impacto desta crise sanitária na saúde mental, sobretudo em relação ao trabalho. A cartilha é uma iniciativa de utilidade pública realizada pelo GLOBO e apoiada por Amil.
O conceito de saúde mental está ligado à maneira como uma pessoa reage a desafios, mudanças e exigências da vida e, desta forma, como consegue equilibrar suas emoções.
— O cenário atual não é favorável para a saúde mental da população, uma vez que o estresse em potencial é um fator de risco para o desenvolvimento de transtornos mentais. Após um ano de pandemia, uma boa saúde mental é ainda mais essencial, pois nos ajuda a vencer melhor este período ruim que estamos passando — afirma Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria.
Não conseguir manter o equilíbrio da saúde mental não é demérito para ninguém, explicam os especialistas. Se suas emoções estão atrapalhando a execução de suas tarefas diárias, seu trabalho ou relacionamentos, é indicado pedir ajuda.
O guia elaborado pelo GLOBO dá dicas de como aliviar o estresse da mente durante o trabalho — seja ele presencial ou home office. O material mostra, de forma simples e didática, a importância de trabalhar em um ambiente organizado.
— Isso ajuda a cabeça a se organizar, fazendo com que ela se esforce menos para realizar as tarefas necessárias. Se puder, é bom ter plantas verdes perto do ambiente de trabalho. A conexão com a natureza nos acalma e dá uma grande sensação de bem-estar — diz Dulce Pereira de Brito, coordenadora médica de Saúde Populacional do Einstein.
Para aqueles que têm filhos e estão fazendo a quarentena juntos, há dicas de como organizar suas rotinas para que a convivência em casa seja mais harmoniosa e feliz.
O Globo domingo, 09 de maio de 2021
DANÇA: PRINCIPAIS COMPANHIAS DO BRASIL INVESTEM EM SOLOS E DUOS PARA RETOMADA
Principais companhias de dança do Brasil investem em solos e duos para retomada
Trupes como o Grupo Corpo e a Deborah Colker Cia de Dança ensaiam espetáculos inéditos presencialmente, com cautela redobrada
Gustavo Cunha
09/05/2021 - 05:01
Distanciamento, palavra de ordem nos dias de hoje, não combina com a rotina de companhias de dança. Desde que eclodiu a pandemia, há pouco mais de um ano, trupes como o mineiro Grupo Corpo, a companhia carioca de Deborah Colker e os corpos de baile dos teatros municipais de Rio e São Paulo se desdobram para não perder o passo. Depois de interromper atividades e investir em ensaios virtuais, algumas das principais companhias de dança do país já retomam o trabalho de maneira presencial.
Além de máscaras e muito álcool gel nas salas de ensaio, o que se vê também é o investimento em novos formatos de espetáculo, com mais solos e duos em cena, para diminuir um pouco o contato físico entre os bailarinos. Será assim, por exemplo, na nova coreografia do Grupo Corpo, que, depois de dar uma pausa nas atividades presenciais entre fevereiro e março devido à infecção por coronavírus de um dos seus bailarinos, retornou à sede em Belo Horizonte, na última segunda-feira, para prosseguir os ensaios de um novo trabalho, inédito, com trilha da dupla Palavra Cantada. Em contato, apenas casais de bailarinos que vivem juntos — os demais protagonizam solos, distanciados.
DEBORAH COLKER: CENAS DE UM ENSAIO NA PANDEMIA
— Para não encher o palco, embarquei numa linguagem completamente diferente. Nosso novo espetáculo não tem nada a ver com as peças de dimensão operística que costumamos montar. Agora fazemos duos, muitas vezes com pessoas que não se tocam — adianta o coreógrafo Rodrigo Pederneiras. — Estávamos todos loucos para voltar, essa é a grande verdade. Nossa ideia é deixar algo pronto para não sermos pegos de surpresa quando os teatros reabrirem. Não dá para ficar com o corpo parado.
O desafio da retomada cuidadosa é ainda maior para companhias clássicas, com elencos numerosos. Em fevereiro, após um mês de ensaios intensos, os 34 dançarinos do Balé da Cidade de São Paulo apresentaram, com máscaras, duas coreografias inéditas para uma plateia com capacidade reduzida a 30%, no Teatro Municipal paulistano. Como no Corpo, apenas profissionais casados se tocavam em cena.
— Foi uma emoção sem tamanho. Depois veio a terceira onda da pandemia, e voltamos a ficar só no on-line, com aulas de balé e condicionamento físico — lamenta o coordenador artístico Raymundo Costa, que espera retornar às atividades presenciais em breve.
Baile de máscaras
Ficar parado não combina — e é inviável — para quem vive de dança. Entre idas e vindas, desde agosto de 2020 os 13 bailarinos da Deborah Colker Cia de Dança ensaiam presencialmente o espetáculo inédito “Cura”. No primeiros meses de trabalho, se alguém tossia ou pigarreava por trás da máscara, estabelecia-se certo desespero, e todos se submetiam a testes PCR. Hoje, a confiança mútua entre os dançarinos — e o fato de a maioria dos profissionais morarem juntos, num imóvel da companhia — arrefeceu o estado de pânico inicial, apesar dos cuidados permanentes. E faz com que eles só utilizem máscaras no tablado quando há um convidado no espaço, como aconteceu no dia em que O GLOBO acompanhou os ensaios. Ao longo de sete meses assim, apenas um deles contraiu Covid-19.
— Se não tivéssemos o “Cura”, não sei o que seria de nós. Ou era isso, ou a companhia acabava. A gente estava ferrado, com dinheiro emprestado. E precisávamos de um projeto em andamento para sustentar patrocínios.Então resolvemos começar a navegar como um velho marinheiro, que durante o nevoeiro leva o barco devagar, como na música de Paulinho da Viola — compara Deborah. — Se alguém tiver uma proposta sobre como fazer e ensaiar um espetáculo de dança sem contato físico, estou realmente aberta a sugestões.
“Cura”, que seria apresentado em Londres em janeiro — e ganharia o Theatro Municipal do Rio em junho —, segue sem previsão de estreia. A dificuldade de usar máscaras durante os ensaios (“A gente solta o ar e ele continua dentro de nós”, resume o bailarino Guilherme Andrade, de 19 anos) é parecida com a angústia de se dedicar a uma produção com perspectivas incertas.
Pronto para a estreia tão logo isso seja possível — em março, o grupo foi à Cidade das Artes, na Barra, para afiar a montagem no cenário de Gringo Cardia —, “Cura” pode remeter à pandemia, mas não é sobre isso. Gestada em 2018, a coreografia inspira-se na relação entre Deborah e o neto Theo, de 11 anos, portador de epidermólise bolhosa, doença congênita (e sem cura) que provoca feridas na pele ao menor atrito.
— Há uma solidariedade nessa dor que faz com que eu jamais desista da procura pela cura — explica Deborah, ressaltando que, mesmo com o futuro nebuloso, mantém o nível de exigência elevado com a trupe. — Todo dia, falo que o ensaio precisa ser melhor que o de ontem. Não dá para cravar datas de estreia, mas a gente tem que encontrar expectativas... Se não fosse assim, eu morreria.
Subo nesse palco
A falta de expectativa atrapalha o trabalho no Corpo de Baile do Teatro Municipal do Rio, que está cheio de planos para o retorno das atividades tête-à-tête, com solos e pas de deux que devem ser gravados para a exibição em streaming, como já vinha acontecendo esporadicamente em 2020. Por enquanto, porém, os bailarinos continuam apenas se dedicando a práticas de exercícios individuais em casa, com orientação de professores, por meio do Zoom.
Mas o palco do edifício histórico da Cinelândia não está vazio. Desde março, alunos entre 15 e 18 anos da Escola de Dança Maria Olenewa retomaram as aulas por lá. Todos seguem medidas rígidas criadas em parceria com a Fiocruz: os estudantes são obrigados a trocar de máscara quando chegam ao local, e só podem retirá-la para beber água.
— E, ainda assim, eles só podem tomar água em lugares próximos a janelas, sempre distanciados — frisa o diretor e regente Hélio Bejani. — Com os profissionais, nosso foco ainda é o fortalecimento em casa, para estarmos preparados para a volta. Antes disso, queremos ter um objetivo claro à vista, como uma estreia.
O Globo sábado, 08 de maio de 2021
MORRE O CANTOR E COMPOSITOR CASSIANO, ÍCONE DO SOUL , AOS 77 ANOS
Morre o cantor e compositor Cassiano, ícone do soul brasileiro, aos 77 anos
Autor do hit 'Primavera', músico paraibano estava em estado grave, no Rio, após uma parada cardíaca
O Globo
07/05/2021 - 20:08 / Atualizado em 07/05/2021 - 22:55
Morreu no Rio, aos 77 anos, o cantor e compositor Cassiano, autor do sucesso "Primavera (vai chuva)", eternizado na voz de Tim Maia. No fim de abril, ele sofreu uma parada cardíaca e estava intubado desde então no Hospital Carlos Chagas. À época, ele foi testado para Covid-19 e deu negativo, como antecipou a coluna de Ancelmo Gois.
Em nota enviada pela Secretaria de Saúde do Estado do Rio, a direção do Carlos Chagas informa que Cassiano morreu às 16h30, após permanecer internado em estado grave por pneumonia e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). O óbito se deu por choque séptico pulmonar.
A direção do Hospital Estadual Carlos Chagas (HECC) lamenta a morte de Genival Cassiano dos Santos, nesta sexta-feira, dia 07.05, às 16h30m. O paciente esteve internado na unidade desde o dia 25 de abril, em estado grave, com pneumonia e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). De acordo com a direção, o paciente morreu por choque séptico pulmonar.
Genival Cassiano dos Santos nasceu em 1943 em Campina Grande (PB), mas mudou-se com a família aos seis anos de idade para o Rio, onde chegou a trabalhar como ajudante de pedreiro. Adotando profissionalmente apenas o nome de Cassiano, começou tocar violão aos 21 anos no Bossa Trio, que daria origem ao grupo vocal Os Diagonais, ao lado de seu irmão Camarão e de Hyldon, outra lenda do soul nacional.
Tim Maia gravaria seu disco de estreia, de 1970, tendo a formação como banda de apoio. A música que abre o LP e um dos primeiros sucessos de Tim, "Coroné Antônio Bento" (João do Vale e Luiz Wanderley), já era cantada nos shows dos Diagonais com a levada rítmica registrada no disco.
Foi justamente na voz do Síndico que as duas composições mais conhecidas de Cassiano estouraram: “Primavera” e “Eu amo você”. Exímio guitarrista, ele também escreveu músicas gravadas por outros ícones da MPB, de Alcione (”Mister sambs”) a Gilberto Gil (”Morena”).
Na década de 1970, atingiu o auge do sucesso quando músicas de sua autoria passaram a integrar a trilha sonora de novelas da Globo, como “A lua e eu” em “O grito” (1975) e “Coleção” em “Locomotivas” (1977). Em 1978 passou por uma cirurgia para retirar parte de um pulmão.
Álbuns de sua discografia, como “Apresentamos nosso Cassiano” (1973) e “Cuban soul” (1976), são considerados joias por reunir influências diversas, de Stevie Wonder e Otis Redding a Lupicínio Rodrigues, num som de assinatura própria.
Seu último disco solo, “Cedo ou tarde”, foi lançado em 1991. Nele, Cassiano regravou sucessos da década de 1970, e contou com a participação de Marisa Monte, Luiz Melodia, Djavan, Ed Motta e Sandra de Sá.
O Globo sexta, 07 de maio de 2021
CAIO BLAT POSA COM LUISA ARRAES E FALA SOBRE O FILHO DE 18 ANOS
Caio Blat posa com Luisa Arraes e fala sobre o filho de 18 anos
Caio Blat e Luisa Arraes (Foto: Jorge Bispo)
Caio Blat e Luisa Arraes posaram juntos para a capa da revista "JP" de maio. Em entrevista à publicação, eles falaram sobre o desejo de ter filhos. Os dois estão juntos há quase quatro anos.
- No Brasil de agora, eu não tenho vontade. Tem que esperar um pouco, ter algum horizonte - disse Luisa, de 27 anos.
Aos 40, Caio já é pai de Bento, de 11, do relacionamento com a atriz Maria Ribeiro, e de Antonio, de 18, que adotou com a primeira mulher, a cantora Ana Ariel (abaixo). Eles retomaram contato em 2018:
- Fiquei muitos anos fora da vida dele. Depois que ele voltou para a minha vida, criamos uma relação muito especial, de amizade, de uma troca muito forte, embora a gente se veja pouco porque ele mora em Campinas. Antonio é o ídolo do Bento porque é gamer, conhece todos os jogos. Eles jogam juntos on-line.
Caio Blat com Antonio e a ex-mulher Ana Ariel (Foto: Reprodução)
O Globo quinta, 06 de maio de 2021
TATÁ WERNECK NARRA LIGAÇÕES POR VIDEOCHAMADA COM PAULO GUSTAVO NO HOSPITAL E CONTA QUE O HUMORISTA ANIMAVA ENFERMEIROS
Tatá Werneck narra ligações por videochamada com Paulo Gustavo no hospital e conta que humorista animava enfermeiros
Em depoimento exclusivo, apresentadora lembra momentos com o amigo ('nunca passei um dia mais ou menos com ele') e diz: 'Sempre tive medo da morte, mas não tem como lá não ser bom, porque o Paulo Gustavo anima qualquer lugar'
Maria Fortuna
06/05/2021 - 04:30
Assim que soube do quadro irreversível de Paulo Gustavo, Tatá Werneck, uma das mais ativas na corrente de oração pela saúde do amigo, não quis acreditar que era o fim. Não que negasse a realidade, mas é que, como ela mesma define, "nada era irreversível para o Paulo" ("ele estaria dizendo 'como assim? me deixa'"). Tomada pela emoção, tratou de dar ao humorista aquilo que é mais caro na vida dos artistas: aplausos. Foi para a janela de casa e bateu palmas em homenagem ao amigo enquanto gritava "bravo!". Ligou para Ingrid Guimarães e Heloísa Périssé, que encorparam o coro. Em depoimento exclusivo do GLOBO, a humorista fala com carinho do amigo que perdeu na última terça-feira (4). Em meio às memórias, ela conta que Paulo animou o ambiente do hospital enquanto esteve consciente.
"O Paulo brincava muito com os enfermeiros, contava piadas, fazia de tudo para animar aquele lugar. Nas duas vezes em que me ligou por Facetime disse que o humor o estava salvando. Os enfermeiros diziam que não ia ter corredor suficiente no hospital de tanta gente que o aplaudiria quando se recuperasse.
PAULO GUSTAVO É HOMENAGEADO COM APLAUSOS EM NITERÓI
Sempre tive muito medo da morte, mas não tem como esse lugar não ser bom, porque o Paulo anima qualquer lugar.
O Paulo é essa pessoa que está dilacerando a gente de saudade, mas pensar que em cada vida perdida para a Covid-19, nas famílias que estão sofrendo. As pessoas precisam entender que não é brincadeira. Pensar que através do seu trabalho honesto conseguir ter recursos para ter a melhor estrutura, mas mesmo assim não foi suficiente..."
O Globo quarta, 05 de maio de 2021
PAULO GUSTAVO: ONDE ASSISTIR A FILMES E SÉRIES COM O ATOR
Paulo Gustavo: de 'Minha mãe é uma peça' a 'Vai que cola', onde assistir a filmes e séries com o ator
Comediante deixou marca com personagens hilários na televisão e no cinema
O Globo
04/05/2021 - 22:22 / Atualizado em 04/05/2021 - 23:17
O ator e comediante Paulo Gustavo, que morreu por complicações causadas pela Covid-19, deixou sua marca em filmes e séries de TV de sucesso. Da trilogia "Minha mãe é uma peça", sucesso de bilheteria nos cinemas, ao humorísico "Vai que cola", exibido no Multishow, foram muitos os personagens hilários que tiveram a assinatura do ator. Confira onde assistir filmes e séries estrelados por Paulo Gustavo no streaming:
"Minha mãe é uma peça" (filme) - Telecineplay, YouTube Play e Google Play
"Minha mãe é uma peça 2" (filme) - Telecineplay, YouTube Play e Google Play
"Minha mãe é uma peça 3" (filme) - Telecineplay, YouTube Play e Google Play
"Divã" (filme) - Netflix
"Os homens são de marte e é pra lá que eu vou" (filme) - Telecineplay e Globoplay
"Minha vida em marte" (filme) - Telecineplay e Globoplay
"Vai que cola" (filme) - Globoplay
"Vai que cola" (série) - Globoplay
"Além da ilha" (série) - Globoplay
"A vila" (série) - Globoplay
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O Globo terça, 04 de maio de 2021
A ESTREIA DA QUARTA TEMPORADA DE THE HANDMAID,S TALE
A estreia da quarta temporada de 'The Handmaid's tale'
PATRÍCIA KOGUT
Elisabeth Moss na quarta temporada de 'The Handmaid's tale' (Foto: Divulgação)
O episódio de estreia da quarta temporada de “The Handmaid’s tale”, na Paramount+, tem um sabor de leve revanche (atenção para o spoiler). June (Elisabeth Moss) ainda tem muitos altos e baixos pela frente.
Como o espectador já sabe, a heroína conseguiu organizar a fuga de nove mulheres e 86 crianças para o Canadá. Ela ficou em Gilead, onde vive uma de suas duas filhas. Porém, obteve uma vitória importante. Foi baleada, mas a polícia não conseguiu capturá-la. Junto com outras aias, consegue chegar a uma fazenda. Trata-se de um núcleo de resistência a Gilead e parte de uma rede denominada Mayday. O proprietário do lugar é um comandante idoso casado com uma adolescente de 14 anos, Esther (Mckenna Grace, atriz espetacular). June sai da situação de opressão total e entrevê a liberdade perdida, ainda que por uma fresta. A paleta de cores de “The handmaid’s tale” muda completamente. Já não se veem os uniformes vermelhos. O figurino ganha tons acinzentados. O ambiente é o rural. Assim, a produção também se renova e ganha fôlego.
Desde que a pandemia começou, ficou impossível assistir a qualquer produto de teledramaturgia sem pensar no coronavírus e em máscaras e aglomerações. É como se um filtro invisível tivesse se instalado entre o espectador e a tela. Venho falando sobre isso bastante por aqui.
No caso de “The Handmaid’s tale”, há um filtro suplementar: a eleição de Joe Biden e a guinada política ocorrida nos Estados Unidos. A série é uma ficção científica que se baseia numa obra de Margaret Atwood escrita nos anos 1980. É uma distopia num futuro indefinido, quando os EUA teriam sucumbido a um regime totalitário de extrema direita conservadora. Nesse ambiente, a heroína, June, é feita escrava, a exemplo de outras “aias”.
“The Handmaid’s tale” é angustiante demais. Mas, quando estreou, em 2017, com Donald Trump na presidência, foi perturbadora. Ela expressava uma realidade possível. Seus vilões representavam alguns dos valores que estavam em alta naquele momento. Tudo isso atribuía uma verossimilhança apavorante à aventura de June. Agora, isso mudou. Vamos ver como a nova temporada vai ser recebida pelo público.
O Globo segunda, 03 de maio de 2021
SOLDADO ABRE PIZZARIAS COM INGREDIENTES SAUDÁVEIS E SEM GÚTEN
Soldado abre pizzarias com ingredientes saudáveis e sem glúten
Gaúcho João Carlos de Souza pilota espaços em Santa Teresa e Ipanema
Lívia Breves
03/05/2021 - 08:59 / Atualizado em 03/05/2021 - 09:05
O pizzaiolo gaúcho João Carlos de Souza, mais conhecido como Tribas, tem uma relação intensa e que já passou por muitas fases com a pizza. A primeira vez que colocou a mão na massa foi aos 13 anos quando ajudava em uma padaria. Mas achava aquele preparo uma loucura. “Era óleo, banha, ovo... Me traumatizou”, relembra. Aos 18, quando estava servindo no exército como auxiliar de cozinha preparava eventos de “pizzadas” para todo o quartel. “Improvisava um forno a lenha com tijolos, latões cortados ao meio”, conta ele. A partir daí foram alguns pulos e muitas receitas, uma mais criativa que a outra e sempre com uma pegada saudável. De uma portinha na Praia do Santinho, ponto de surfista no litoral de Santa Catarina, foi para um bar com forno a lenha construído por ele, até que abriu seu primeiro empreendimento próprio: o Pico do Tribah. “Improvisei uma lona azul com as letras em laranja. O espaço lotava todos os dias. Eu surfava, fazia minhas pizzas, cantava com a minha banda. Era tudo que eu gostava e queria fazer”, recorda.
Até que o gaúcho veio parar no Rio, que ganhou a pizzaria Tribas, com casas em Santa Teresa e Ipanema. Com o slogan “Pizza que cura”, ele é daqueles que participa de todo o processo de produção: cultiva a maior parte dos ingredientes de maneira orgânica e faz os queijos veganos. Recentemente lançou uma massa feita de grão-de-bico, ora-pro-nóbis e linhaça germinada, sem glúten e crocante, além de ketchup de beterraba e a mostarda de chuchu.
Parece esquisito? E é, mas igualmente saboroso.
O Globo domingo, 02 de maio de 2021
ONDE ESTÁ MEU CORAÇÃO SÉRIE PARA VER SEM PISCAR
'Onde está meu coração': série para ver sem piscar
PATRÍCIA KOGUT
Leticia Colin em 'Onde está meu coração' (Foto: Fábio Rocha/Globo)
A cena de abertura de “Onde está meu coração” tem muitos minutos. Leticia Colin (Amanda) e Daniel de Oliveira (Miguel) estão na cama. Logo, a moça vai para o chuveiro, e ouve-se a longa “Wild is the wind”, de David Bowie. Ela parece alterada e ele, preocupado. A beleza da canção e a entrega dos atores nessa sequência consegue dar pistas da profundidade do drama que acomete o casal, mesmo sem tantos diálogos. A sequência resume o que mais impressiona na produção: embora dona de grande ambição artística, ela nunca deixa de lado a importância do que está narrando. Assim se desenrola a trama de todo o primeiro capítulo da série da consagrada dupla George Moura e Sergio Goldenberg que chega nesta terça-feira, 4, ao Globoplay.
Leticia, uma das melhores atrizes de televisão da sua geração, vive uma médica que atende na emergência de um grande hospital e enfrenta casos difíceis. Seus pais descobrem que ela está usando crack, o que faz disparar o conflito que puxa a história. A mãe, Sofia (Mariana Lima), e o pai, David (Fabio Assunção), procuram a filha para uma conversa. Eles vivem em Santos, mas vão a São Paulo, preocupados. Ela falta ao encontro. Frustrados, os dois discutem. Velhas mágoas vêm à tona. Um culpa o outro pela doença de Amanda. Finalmente, se decidem pela internação. Entendemos que David já viveu algo parecido e ainda convive com algum vício; que ele também é médico e bem-sucedido; que eles perderam um filho no passado. A tensão vai subindo progressivamente. Quando o capítulo termina, estamos familiarizados com a tristeza que domina a família.
É uma superprodução — na fotografia, nos cenários e figurinos lindos e nos planos dramáticos. Mas nada parece excessivo. A direção da talentosa Luísa Lima (com supervisão artística de José Luiz Villamarim) dá uma rasteira na tentação do exibicionismo gratuito. Essa precisão na dosagem de técnica e emoção e a sensibilidade impressionam.
Há um ponto de curiosa sincronia com o momento que estamos vivendo. Ainda no primeiro bloco, Amanda atende uma moça que parece estar sufocando. Ela se dirige à mãe da paciente dizendo, com firmeza: “Ela precisa ser intubada. É um procedimento simples, ela vai ficar ótima” (e isso não acontece). Como se sabe, a série é anterior à pandemia, quando a maior parte do público não tinha sequer intimidade com a palavra “intubação”. Mas a coincidência só reforça a ideia de que “Onde está meu coração” consegue construir um universo próprio e carregar o espectador para ele. Mais uma vez, George Moura e Sergio Goldenberg mostram que são capazes de ir longe.
O Globo sábado, 01 de maio de 2021
ENTENDA POR QUE RICHARLISON E MAIS ATLETAS DA PREMIER LEAGUE DECIDIRAM BICOTAR REDES SOCIAIS
Entenda por que Richarlison e mais atletas da Premier League decidiram boicotar redes sociais
Movimento na Inglaterra tem adesão de esportistas, veículos de imprensa, federações e marcas como Adidas e Budweiser
O Globo
30/04/2021 - 13:07 / Atualizado em 30/04/2021 - 16:27
Sempre ativo na internet, o atacante Richarlison, do Everton, usou sua conta oficial no Twitter nesta sexta-feira para dar um recado: vai abandonar as redes sociais por alguns dias. A decisão do brasileiro faz parte de um movimento contra o abuso e a discriminação online que atletas atuantes na Inglaterra têm sofrido nos últimos meses. A Premier League e outras entidades do futebol inglês pedem uma mudança de postura das empresa donas dessas plataformas de mídia.
A mobilização, que já ganhou adesão de grandes jogadores, clubes, veículos de imprensa, e das principais entidades do futebol inglês, conquistou ainda o apoio da Uefa, em um posicionamento inédito da federação sobre o assunto. Juntos, eles anunciaram um boicote organizado de quatro dias a redes sociais como Twitter, Facebook e Instagram a partir desta sexta-feira.
ATLETAS QUE DECIDIRAM BOICOTAR AS REDES SOCIAIS E QUE COMBATEM O RACISMO TAMBÉM NO AMBIENTE VIRTUAL
Desde 2018 no inglês Everton, o atacante Richarlison anunciou no Twitter que irá aderir ao movimento Foto: OLI SCARFF / AFP
Em setembro, no início da temporada 2020-21, a organização Kick It Out revelou um aumento de 42% nas denúncias de discriminação. A instituição que luta por inclusão e igualdade no futebol inglês afirma ainda que relatos de racismo em partidas do profissional aumentaram 53%, embora a grande maioria delas tenha acontecido com portões fechados.
"As contas em redes sociais da Premier League ficarão silenciadas até terça-feira, 4 de maio. O abuso online deve parar. As plataformas de mídia social devem fazer mais", diz uma publicação da Premier League no Twitter. A entidade fez um série de posts sobre o assunto.
O Globo sexta, 30 de abril de 2021
NETFLIX - O SABOR DAS MARGARIDAS EXPLORA A VELHA FÓRMULA DE SÉRIES POLICIAIS
'O sabor das margaridas' explora a velha fórmula de séries policiais
PATRÍCIA KOGUT
Cena de 'O sabor das margaridas' (Foto: Divulgação/Netflix)
Quem explora o catálogo de um serviço de streaming constata o quanto os roteiros das séries policiais se repetem. Muitas vezes a sensação que se tem ao ler uma sinopse nova é a de que já assistimos àquela produção. São infinitas as histórias que descrevem “o misterioso sumiço de uma adolescente numa cidadezinha antes considerada pacata”.
É o caso de “O sabor das margaridas”, cujos nove episódios chegaram à Netflix. Olha só o seu resumo: “Ao investigar o desaparecimento de uma adolescente em uma cidade da Galícia, uma agente da Guarda Civil descobre segredos relacionados a seu passado”. Rosa Vargas (María Mera) é uma policial. Novata, mas dotada de talento, é mandada à pequena Murias, no interior da Galícia, para seu primeiro caso. Sua missão é localizar Marta Labrada (Noelia Castaño), uma jovem problemática que trabalhava como frentista e tinha um histórico familiar complicado. A melhor amiga da garota era a filha do policial local, Mauro (Toni Salgado). Ao chegar à delegacia, Rosa é recebida com hostilidade pelos colegas, outro clichê. Eles fazem o possível para encerrar a investigação, numa atitude suspeita. Mas ela não desiste. Tem o faro apuradíssimo para juntar peças de um mistério e logo conclui que eles estão diante de um criminoso em série.
O Globo quinta, 29 de abril de 2021
NAPOLEÃO BONAPARTE: DA CÓRSEGA E O EGITO, BICENTENÁRIO DE SUA MORTE INSPIRA VIAGENS PELO MUNDO
Da Córsega ao Egito, bicentenário da morte de Napoleão inspira viagens pelo mundo
Influência de imperador francês se nota em diversas partes da Europa e até mesmo no Rio de Janeiro
Eduardo Vessoni, especial para O GLOBO
29/04/2021 - 04:30
Ele aterrorizou nações, conquistou meia Europa e tinha grande habilidade para comandar exércitos. Mas terminaria seus últimos anos isolado no meio do Oceano Atlântico, cuidando de jardins, ditando memórias a um criado e construindo uma gangorra na sala de bilhar.
Da Itália ao Egito, o império de Napoleão Bonaparte, cujo bicentenário de morte é no próximo dia 5, foi feito de conquistas e títulos. Já os extremos de sua vida foram marcados por isolamento em ilhas (no nascimento e na morte, na alegria e no exílio).
Na Córsega, onde a França insular quase toca a Itália na vizinha Sardenha, no Mar Mediterrâneo, fica a Maison Bonaparte, museu na casa de três andares onde nasceu o imperador. Foi ali na capital Ajaccio, em 1769, que ele passaria seus primeiros nove anos diante de praias de areias brancas e águas turquesas. Hoje, o lugar guarda parte do acervo da família instalada na ilha desde o final do século XV. Segundo Vincent Cronin, autor de “Napoleão: uma vida” (editora Manole), foi ali que o general, primeiro cônsul e imperador da França herdou alguns dos “valores corsos” da carreira: senso de justiça, vingança e “uma obsessão um tanto doentia com mortes violentas”.
Uma fortaleza natural
Quem visse aquele homem entediado e doente cuidando de jardins e hortas, no final da vida, nem poderia imaginar seu currículo controverso. Após a Batalha de Waterloo na atual Bélgica, a última da carreira, Napoleão foi levado a Santa Helena, uma das ilhas mais remotas do mundo, cujo pedaço de terra a mais perto fica a 1.125km, na Ilha de Ascensão, no Atlântico Sul. Destino turístico de trilhas exigentes em terreno vulcânico e mergulhos em águas com visibilidade de até 40 metros, a ilha tem Napoleão como uma das principais atrações.
Foi ali que ele passou recluso os últimos cinco anos e meio de vida, sob olhares de dezenas de soldados britânicos, na Longwood House, sobre um platô desprotegido dos ventos violentos. Aliás, esta é uma das razões para o primeiro aeroporto da ilha só ter sido inaugurado em 2016 e a primeira operação comercial ser apenas no ano seguinte, quando um Embraer 190 provou dar conta daquela ventania toda. Este chamado Território Ultramarino Britânico foi escolhido por sua localização remota, numa espécie de fortaleza natural a cinco de dias de navegação da Cidade do Cabo, na África do Sul.
“Os britânicos esperavam que Napoleão fosse esquecido logo. Mas estavam enganados, pois conseguiu manter contato com a Europa”, diz o chefe da Fondation Napoléon, Pierre Branda, em vídeo promocional do “2021 Année Napoléon”, série de atividades criadas na França para marcar o bicentenário e que vem provocando controvérsia, opondo quem vê Napoleão como herói e quem o vê como vilão sanguinário que não merece receber homenagens.
Até o início da pandemia, a casa e o túmulo eram as atrações turísticas mais procuradas em Santa Helena. No próximo dia 5, os jardins serão abertos com toques de cornetas e leitura de trechos do diário de confidências do general Henri Bertrand, um dos colegas que acompanharam Napoleão em seu último exílio. Vale dizer que, desde 1840, seus restos mortais estão guardados em um túmulo de quartzito vermelho na cripta do Palácio dos Inválidos, um marco em Paris.
Napoleão era chegado a armas, sobretudo canhões, mas tinha uma queda por artes e inovações. Em Paris, introduziu a iluminação a gás na cidade, fez o primeiro calçamento da capital francesa na Rue du Mont Blanc e ordenou a construção do Arco do Triunfo. Em Roma, cujo modelo imperial inspiraria seu planos de expansão, criou praça, jardim e restaurou o Panteão.
Pedra no caminho
No Egito, durante a campanha para ocupar o nordeste africano e a Índia, onde atacaria os britânicos, o capitão Bouchard, que liderava o exército de Napoleão, descobriu a Pedra de Rosetta, que ajudaria, anos mais tarde, a decifrar hieróglifos egípcios. Em exposição no Museu Britânico de Londres, a peça de 196 a.C. é considerada a pedra mais famosa do mundo.
Na América Latina, seu legado indireto foi a Missão Artística Francesa, comitiva de escultores, pintores e arquitetos que chegou ao Brasil em 1816, talvez em busca de trabalho após a queda de Napoleão.
A mesma Corte portuguesa que fugira às pressas de Lisboa com medo de uma invasão das tropas napoleônicas contrataria os serviços de artistas bonapartistas como Jean-Baptiste Debret, autor do gigantesco quadro “A coroação de D. Pedro I”, hoje no Palácio do Itamaraty, em Brasília, e cerca de 800 aquarelas, atualmente no Museu da Chácara do Céu, em Santa Teresa, que retratam o cotidiano do Rio naquele começo de século.
Calendário de mostras para marcar bicentenário de morte de Napoleão
Há diversos eventos programados na França. Muitos museus estão fechados por conta da pandemia e se preparam para reabrir. Na internet, é possível ter um aperitivo das exposições. Confira alguns destaques.
‘Napoléon? Encore!’. Artistas contemporâneos como a sérvia Marina Abramovic expõem trabalhos inspirados no militar. De 7 maio a 30 de janeiro de 2022, no Museu das Armas, em Paris (musee-armee.fr)
‘La mémoire des Bonaparte em Corse’. Dedicada aos monumentos públicos erguidos em homenagem aos Bonaparte. De 18 de maio a 11 de julho, no Castelo de Malmaison, em Hauts-de-Seine (musees-nationaux-malmaison.fr)
‘Dessiner pour Napoléon’. Mais de 1.300 documentos, como mapas e plantas, foram restaurados para a exposição. Abriu em março e vai até 19 de julho, no Arquivo Nacional, em Paris (archives-nationales.culture.gouv.fr)
‘Napoléon n’est plus’. Mais de 200 objetos relacionados aos mistérios da morte de Napoleão. Até 19 de setembro, no Museu das Armas, em Paris (www.musee-armee.fr)
‘L’exposition Napoléon’ — Peças de diversos museus, como móveis e objetos de arte, ajudam a recontar a vida do militar francês. Até 19 de setembro, no centro cultural Grande Halle de la Villette, em Paris (expo-napoleon.fr)
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O Globo quarta, 28 de abril de 2021
MAO DA CUÍCA REALIZA O SONHO DO PRIMEIRO DISCO SOLO AOS 70 ANOS
Mago da cuíca realiza o sonho do primeiro disco solo aos 70 anos
Velho conhecido da noite carioca e de shows de música brasileira no exterior, Índio mostra a cara, a técnica e as composições em ‘Malandro 5 estrelas’
Silvio Essinger
28/04/2021 - 04:30 / Atualizado em 28/04/2021 - 07:26
RIO - Saltos, coreografias, malabarismos com o pandeiro e peripécias com a cuíca fizeram deste carioca uma sensação na noite dos anos 1970, em casas como o Sambão & Sinhá (restaurante em Copacabana do cantor Ivon Curi) e, depois, em shows de música brasileira que correram 23 países. Mas nem isso ou a glória de ter aparecido na TV, de ter tocado no Canecão e no Olympia de Paris e de ter dividido a cena com Roberto Carlos deram a Índio da Cuíca a chance de realizar o sonho do disco solo. Algo que acontece somente no próximo dia 5 — seu aniversário de 70 anos —, com o lançamento em plataformas de streaming de “Malandro 5 estrelas”.
Mais do que um veículo para a sua impressionante técnica na cuíca — literalmente, Índio faz o instrumento cantar —, o álbum editado pelo QTV, selo carioca de música experimental, traz um punhado das singulares composições do músico, entre sambas (“A cuíca chora”, “Cuíca malandra/cuíca encantada”, “Sonho realizado”), cânticos afro (“Medley de Ogum”), calango (“Stribinaite camufraite oraite”), bolero (“Shirley”) e até funk (“Baile do bambu”). Enfim, chegou a vez de a sua visão musical, de seu canto e de seus instrumentos (além da percussão, ele também toca violão) serem registrados em um disco com seu nome estampado na capa.
— Índio é o nome que eu tenho mais afinidade — esclarece o artista (que nasceu no Morro dos Afonsos, na Tijuca, e foi batizado de Francisco) sobre a alcunha que ganhou, por causa do cabelo liso de adolescente. — Eu nem nasci no hospital, foi debaixo de uns bambuzais. Minha mãe estava subindo o morro e não aguentou chegar em casa. Meu pai teve que descer com um lençol branco.
Seu Manoel, o pai de Índio, tocava cavaquinho, cantava e compunha para a Unidos da Tijuca, além de participar de muitas serestas. Foi por suas mãos que o filho desfilou pela primeira vez no carnaval, no Império da Tijuca, aos 12 anos, como pandeirista — com direito a prêmio.
— Mas a escola não me deu o troféu, porque tinha que ter tido permissão do juizado de menores para eu sair na escola. Aí eu nunca mais quis sair em escola de samba, e não saí até hoje. Vi que aquele não era o mundo... meu mundo é palco — conta Índio, que aos 17 já estava tocando na noite e logo depois foi parar na TV Globo, no lugar do amigo Neném da Cuíca, que não pôde cumprir uma data. — Peguei a cuíca e comecei a solar “Brasileirinho”, “Cidade Maravilhosa”... Quando vi, era um destaque. Comecei a sambar com a cuíca, a fazer um monte de coisa.
Os trabalhos, a partir daí, foram muitos. Índio participou de programas como “Globo de Ouro” e “Brasil Especial”, e gravou em 1972 pela Som Livre um disco com o Brasil Ritmo, grupo que tinha com Neném. Viajou a bordo dos espetáculos de Ivon Curi e Jair Rodrigues, figurou em shows de Roberto Carlos e Alcione e correu o mundo em companhias artísticas lideradas por Joãosinho Trinta e por Haroldo Costa. Por três anos e meio, viveu na Suíça, e aí voltou para o Rio para se casar com sua paixão, Shirley, com quem está junto há 35 anos.
— A lembrança que eu tenho é a de um cara talentoso que tirava os sons menos convencionais de uma cuíca — diz o pesquisador Haroldo Costa, que esteve com Índio em uma turnê que passou por Costa Rica, Honduras e Nicarágua entre abril e maio de 1987.
A história de “Malandro 5 estrelas” começou em 2005, quando o percussionista Paulinho Bicolor tomou conhecimento de Índio num espetáculo da Orquestra de Solistas na Sala Cecilia Meireles. Cinco anos depois, já como pesquisador à frente do blog Cuiqueiros, ele o encontrou por acaso na estação de trem de Cordovil. E marcou uma primeira entrevista, na qual o mestre da cuíca revelou o sonho de gravar um disco. Nos últimos anos, foi Paulinho quem cuidou de produzir esse disco, ao lado de Bernardo Oliveira, do QTV. Enquanto isso, vendo o trabalho com música minguar, Índio foi em busca do sustento como pintor de paredes — ofício aprendido no ano que passou nos EUA.
Para Paulinho Bicolor, mais do que a afeição pelo mestre foi a dívida da cultura brasileira com Índio da Cuíca que o moveu na realização de “Malandro 5 estrelas”:
— Ele leva a cuíca para outro lugar, como um instrumento melódico, solista à máxima potência. Índio dedilha a cuíca, toca como se houvesse teclas na pele da cuíca. E ela não é para isso. Ele explora esse paradoxo.
O Globo terça, 27 de abril de 2021
E-COMMERCE DO GRUPO IGUATEMI CHEGA AO RIO COM MAIS DE 400 MARCAS
E-commerce do grupo Iguatemi chega ao Rio com mais de 400 marcas
Balenciaga, Max Mara e Salinas estão entre elas
Gilberto Júnior
27/04/2021 - 08:15 / Atualizado em 27/04/2021 - 08:35
Lançado em outubro de 2019, o e-commerce Iguatemi 365, finalmente, chega ao Rio. São mais de 400 marcas poderosas que estão a distância de um clique dos cariocas. Pense em Balenciaga, Max Mara, Diane Von Furstenberg, M Missoni, Ermenegildo Zegna, Bulgari e as locais Lenny Niemeyer, Osklen, Haight, Salinas... São grifes que não tem fim, disponíveis em cerca de 18 mil produtos.
“Temos uma curadoria exclusiva e estamos trazendo o melhor do varejo nacional e internacional”, explica Carlos Jereissati, presidente da Iguatemi Empresa de Shopping Centers, que tem 14 malls no Brasil. “Estamos otimistas com o desempenho da plataforma no Rio e em aumentar nossa base de clientes.”
Para Jereissati, a capital fluminense é peça importante na expansão do e-commerce. “A cidade é um dos maiores polos comerciais do país, com consumidores conectados e antenados com o mundo fashion e as tendências da moda. Há muito tempo ouvimos também dos cariocas o desejo de poder contar com a experiência Iguatemi mais de perto e, agora, isso será possível durante os 365 dias no ano, 24 horas por dia, sem a necessidade de sair de casa.”
Unindo os universos físico e digital, o e-commerce permite que a pessoa participe do Iguatemi One, que traz benefícios de serviços e brindes para aproveitar no próprio site ou nos shoppings espalhados pelo Brasil, com a vantagem de pontuarem quatro vezes mais ao compar on-line. “Nossa intenção é garantir a melhor experiência para todos”, avisa Jereissati.
O Globo segunda, 26 de abril de 2021
HYLDON CANTA E CONTA HISTÓRIAS EM LIVE
Hyldon canta e conta histórias em live: 'Me arrependo de não ter tido um psicólogo, um contador e um bom advogado'
Artista canta seus hits e conta causos, como os de quando conheceu Tim Maia e da música inspirada em Schopenhauer
Ricardo Ferreira
26/04/2021 - 05:00
Hyldon gosta de contar histórias. E tem muitas em seu repertório. Em entrevista por telefone, o cantor e compositor, que fez 70 anos no último dia 17, desfiou várias delas em mais de um hora de conversa, durante a qual falou com nostalgia dos 55 anos de carreira. Parte dessas memórias estarão na live que ele, considerado um dos pais do soul brasileiro, faz hoje, às 21h, em seu canal no YouTube (/canalhyldonoficial) e nos canais do Blue Note (/bluenoterio e /bluenotesp). É o sexto e último encontro on-line da série que o músico batizou de “Minha história”, em que canta alguns de seus sucessos entre um caso e outro que conta ao público.
Mas Hyldon não vive do passado e também tem novidades. No dia em que fez aniversário, a Warner relançou nas plataformas digitais o álbum “Sabor de amor”, de 1981, gravado em show no Teatro Opinião em que o cantor se apresentou com a banda Azymuth. Em julho, outro lançamento: seu segundo álbum, “Deus, a natureza e a música”, de 1976, alçado a status de cult, ganhará nova versão em vinil pelo selo Hare Rare. Com faixas como “Estrada errada”, “Morte doce” e “Adoração”, o disco foi colocado recentemente nas plataformas digitais de música.
Não fosse a pandemia, o artista diz que ainda estaria fazendo shows de seu último trabalho, o disco “SoulSambaRock”, lançado no começo do ano passado, com participações de Rappin’ Hood e do Trio Frito. Além das apresentações, Hyldon teve outra paixão interrompida: o futebol semanal no campo do Politheama, time de Chico Buarque.
— Eu sou zagueiro do time do Chico, jogávamos três vezes por semana antes da pandemia. Mas estou querendo negociar o meu passe — brinca o cantor. — Lancei o “SoulSambaRock”e já tinha fechado shows, estava me planejando, estava tudo andando. Aí veio a pandemia. Resolvi fazer lives para divulgar o disco. Fiz 150 lives. A centésima teve bolo e tudo. E agora essa séria de lives contando minha história... — conta o compositor.
FILMES CONSAGRADOS QUE FAZEM 50 ANOS EM 2021
Baiano de Salvador, Hyldon começou sua carreira no Rio dos anos 1960, sob tutela do primo, Pedrinho da Luz, guitarrista da banda The Fevers. Fez parte das bandas de Cassiano e Tim Maia e compôs músicas para artistas como Jerry Adriani, Wanderley Cardoso, Wilson Simonal e Gerson King Combo. Tudo isso antes de lançar seu primeiro disco solo, “Na rua, na chuva, na fazenda”, em 1975, com a meteórica faixa-título e outras canções que fizeram sucesso na época, como “As dores do mundo” e “Acontecimento”.
— “Na rua, na chuva, na fazenda” eu fiz para a Gioconda, uma menina de Juiz de Fora que conheci na Ilha Madre de Deus, na Bahia. Fiquei apaixonado, trocamos correspondências por um tempo. E “As dores do mundo” foi inspirada no livro que o maestro Ian Guest me deu, com o mesmo nome, do filósofo alemão Arthur Schopenhauer, que era um cara meio cético, não acreditava muito no amor, e eu sou o oposto disso. Fiquei puto com o Schopenhauer — conta Hyldon, lembrando dos versos “Eu vou esquecer de tudo / das dores do mundo / não quero saber quem fui mas sim quem sou” .
Depois do sucesso de “Na rua, na chuva, na fazenda”, Hyldon atravessou um período de desentendimentos com a gravadora que, segundo ele, o boicotou por ele não ter dado continuidade à “fórmula” alcançada nos hits anteriores.
— Eu me arrependo de não ter tido um psicólogo, um contador e um bom advogado para negociar meus contratos. Na época, me revoltei porque a gravadora não valorizava meu trabalho. Quando ganhei dinheiro com a música, fiquei sete meses em Nova York. Ouvia “As dores do mundo” nas boates lá, nego dançando agarradinho. Aí que eu me revoltei mesmo, porque nos Estados Unidos me davam moral e na gravadora não. O problema é que, quando você faz sucesso, é muita cobrança. A gravadora quer dinheiro e quer que você faça outro disco igual pra vender mais. E eu gosto de inventar, criar, e isso não agradou ao mainstream — diz o músico.
Entre as muitas histórias que coleciona, Hyldon se diverte ao lembrar da da vez em que conheceu Tim Maia e lhe mostrou uma de suas canções.
—A gente ouvia muitas histórias do Tim Maia, o “Tim Cachorro”, que roubava lanches. O Camarão, irmão do Cassiano, me levou para conhecer o Tim no estúdio em que ele estava gravado “These are the songs”. A Elis estava gravando as bases e ele estava no lado de fora. Fomos para uma salinha. Ele mostrou “Jurema”, com aquele violão porrada, aqueles dedos gordinhos... Quando ele abriu a boca pra cantar, tremeu a parede. Depois mostrei um blues meu, “Gioconda”, que ele escutou de olhos fechados, e isso eu aprendi com ele, ouvir bem. Ele ouviu e disse que adorou a música, mas que, com esse nome, “Gioconda”, não ia vender nada. —lembra o compositor, que manteve o nome da música e posteriormente conseguiu emplacar “Gioconda” no disco “Jerry” (1970), de Jerry Adriani, produzido por Raul Seixas.
O Globo segunda, 15 de março de 2021
GINNY E GEORGIA: BOBINHA E DIVERTIDA, SÉRIE DA NETFLIX É CAMPEÃ DE AUDIÊNCIA
Bobinha e divertida, 'Ginny e Georgia', série da Netflix, é campeã de audiência
PATRÍCIA KOGUT
Cena de “Ginny e Georgia” (Foto: Reprodução)
Lançada no fim de fevereiro por aqui e nos EUA, “Ginny e Georgia” escalou rapidamente o ranking das séries mais vistas da Netflix no mundo. Segundo o Flixpatrol.com, no último dia 11, ela estava no topo dessa lista, seguida por “New Amsterdam”. A comédia é estrelada por Brianne Howey e Antonia Gentry. Elas interpretam, respectivamente, uma mãe precoce, Georgia, e sua filha de 15 anos, Ginny. Formam uma daquelas duplas bem azeitadas e adoráveis.
O roteiro, espertamente, abole a figura da autoridade materna antipática. Georgia é jovem, linda e sedutora. Ginny, ótima aluna e responsável. Os papéis sociais e em família são elásticos. Com frequência, é a garota que cuida da mãe. Assim, a trama, embora trate do universo de estudantes do ensino médio e de questões relativas à adolescência, também dialoga com os adultos.
No primeiro episódio (são dez), elas chegam a uma nova cidade junto com o caçula, Austin (Diesel La Torraca), de 5 anos. Ginny ingressa na escola, faz amigos, sai com um menino, se apaixona por outro e passa pelos conflitos naturais da idade. Georgia consegue um emprego na prefeitura, se liga a uma vizinha muito agradável e também cria laços. No início, Austin sofre bullying, mas também acaba se adaptando. Contudo, nada é estável com eles. A família vive se mudando. Na verdade, é uma fuga permanente. Logo entendemos que o passado nebuloso de Georgia é a razão para isso. Há uma trama de mistério puxando a história.
Não vale esperar muito de “Ginny e Georgia”. É apenas diversão despretensiosa.
O Globo domingo, 14 de março de 2021
AGLOMERAÇÃO: GABIGOL E CANTOR FUNK SÃO FLAGRADOS COM MAIS DE 200 PESSOAS EM CASSINO CLANDESTINO
Gabigol, do Flamengo, e cantor de funk são flagrados com mais de 200 pessoas em cassino clandestino em São Paulo
Os dois foram encaminhados para prestar esclarecimentos na delegacia e liberados; clube não comentou episódio
O Globo
14/03/2021 - 09:05 / Atualizado em 14/03/2021 - 10:02
O atacante Gabigol, do Flamengo, foi flagrado em um cassino clandestino na madrugada deste domingo, na Vila Olímpia, na Zona Sul de São Paulo. O local foi alvo de uma operação de uma força-tarefa do Estado contra aglomerações durante a pandemia de Covid-19. Cerca de 200 pessoas estavam no local, incluindo o cantor de Funk MC Gui. A polícia chegou ao local após denúncia.
Em entrevista à GloboNews, Eduardo Brotero, delegado de polícia e supervisor do Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos, explicou que a ação visava combater aglomerações clandestinas, mas encontraram um cassino clandestino no local.
Gabigol tentou se esconder com panos na cabeça, atrás de moças e cadeiras no camarote de luxo. Eles estavam de máscara, ao menos na hora da abordagem da polícia.
Procurado, o Flamengo não comentou ainda o caso. Via assessoria informou que o grupo principal tem reapresentação marcada para a manhã desta segunda-feira, no Ninho do Urubu. Ainda não decidiu se o atacante terá algum tratamento diferente após o episódio.
À polícia, denunciantes informaram que o local funcionava há algum tempo e que foram gastos mais de 8 milhões com as instalações de luxo. Muitos dos que estavam no cassino não usavam máscara, ou a vestiam de forma errada.
— Chegando no local, pra nossa surpresa, não se tratava de uma festa clandestina, e sim de um cassino clandestino. Na verdade bastante grande. Com diversas pessoas aglomeradas, se expondo ao contágio — explicou.
Gabigol e MC Gui, além de outros envolvidos, foram encaminhados para prestar esclarecimentos na Delegacia de Crime contra a Saúde Pública, no Centro de São Paulo. Elas assinaram termo circunstanciado, comprometendo-se a prestar esclarecimentos depois, e foram liberados.
Apesar da presença de famosos, como Gabigol e MC Gui, Brotero evitou fazer uma análise individualizada a respeito dos dois. Explicou ainda que não houve prisões durante a operação.
— A gente não pode analisar do ponto de vista individual. Para a polícia, a gente não trabalha com um nome. Eu não decido quem vai ser alvo da nossa repreensão. Para mim, todos são iguais ali e devem ser responsabilizados na medida das suas condutas, na medida do que fizeram. Na verdade é que o que causa espanto é que, novamente no meio de uma situação da humanidade, dessa pandemia, com gente morrendo, falta de leito no hospital, alguns desfrutam da vida como se nada tivesse acontecido — disse Brotero para a GloboNews.
A capital paulista está na fase vermelha, uma das mais rigorosas no plano de flexibilização do isolamento social. Festas e aglomerações estão proibidas em todo o Estado e fase vai até 30 de março. Jogos de azar também configuram contravenção.
Os funcionários e o responsável pelo local devem responder por crime contra a saúde pública e jogo de azar. Broteto explicou que tanto a contravenção de jogo de azar quanto artigo 268 de saúde pública somados são crimes de menor potencial ofensivo. Não há prisão em flagrante. Concordando em participar de todos os atos judiciais requisitados, há substituição da prisão em flagrante pelo termo circunstancial.
O Globo sábado, 13 de março de 2021
ANIVERSÁRIO DO RECIFE: CONHEÇA ATRAÇÕES VIRTUAIS
No aniversário do Recife, conheça atrações virtuais para visitar a cidade sem sair de casa
Museus como o Paço do Frevo e o MAMAM podem ser explorados de longe
O Globo
12/03/2021 - 12:40 / Atualizado em 12/03/2021 - 15:04
RIO - Recife, a capital de Pernambuco, completa 484 anos hoje (12). Para celebrar o aniversário da cidade, separamos atrações virtuais para os turistas que querem conhecer a cidade, ou que já estiveram lá e estão com saudade.
Teatro do Parque
O Teatro do Parque foi reaberto em novembro para visitas virtuais.No tour on-line, além das imagens atualizadas do local, o passeio é acompanhado de trilha sonora e conta também com informações históricas, curiosidades sobre a estrutura e restauração, além de fotos do antes e depois dos ambientes e de elementos de decoração. As imagens foram captadas com câmera de 360°. No site: teatrodoparque.recife.gov.br.
MAMAM Paço do Frevo
Na lista de programações virtuais, o Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães (Mamam) e o Paço do Frevo têm suas galerias de arte on-line em tours pelos acervos. No artsandculture.google.com.
O MAMAM tem sete salas expositivas, um espaço dedicado a projetos especiais de pequeno porte,uma biblioteca especializada em arte moderna e contemporânea, reserva técnica, auditório e pátio interno. O seu acervo é composto por 1.192 obras do mais diversos artistas modernos e contemporâneos. Já o Paço do Frevo conta a história do frevo através de exposições e obras audiovisuais. Há também um centro de pesquisa e acervo de fotos.
Jardim Botânico
É possível visitar remotamente pelo aplicativo "Jardim Botânico do Recife", disponível nas plataformas Android e iOS. A ferramenta guia o usuário com o auxílio de textos, áudios, mapa e imagens. Considerado um "museu vivo" em meio à Mata Atlântica, conta com coleções científicas, sete jardins e caminhadas ambientais. Pelo app, o passeio pode ser feito pelos jardins temáticos e trilhas do espaço. O aplicativo também contém uma galeria de fotos de flores, frutas e animais presentes no local.
Instituto Ricardo Brennand
No site do instituto, há um link para o tour virtual pelo local. Nele, é possível passear pelo acervo artístico e histórico originário da coleção particular do industrial pernambucano Ricardo Brennand. Localizado em um antigo engenho, no bairro da Várzea, a área é cercada por uma reserva de Mata Atlântica preservada. Há pinacoteca, biblioteca, auditório, jardins das esculturas e galeria para exposições temporárias e eventos, além do acervo permanente. institutoricardobrennand.org.br
O Globo sexta, 12 de março de 2021
SETE DICAS DE TRILHAS COM VISUAIS ESPETACULARES NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Sete dicas de trilhas com visuais espetaculares no Estado do Rio de Janeiro
De Ilha Grande a Teresópolis, especialista em turismo de aventura lista passeios para todos os tipos de exploradores
Eduardo Maia
11/03/2021 - 04:30 / Atualizado em 11/03/2021 - 10:01
RIO - Agraciado com picos e montanhas de contornos dramáticos, cobertos por florestas verdes e que quase sempre proporcionam visuais deslumbrantes, o Estado do Rio é um lugar privilegiado para quem gosta de percorrer trilhas.
Da orla da capital às serras do interior, não faltam opções de passeios para praticantes dos mais variados níveis de experiência. Especialista no assunto, o presidente da Associação Carioca de Turismo de Aventura (Acta), Fábio Nascimento, lista algumas das trilhas que recompensam aventureiros com as melhores vistas no território fluminense. Lembrando que, além de calçados adequados, máscara e álcool gel são hoje itens obrigatórios.
Mirante do Caeté (Rio de Janeiro)
“Uma trilha muito fácil, com uma caminhada de 25 a 45 minutos, que pode ser feita até sem guias e não exige muito condicionamento físico. Fica no Parque Natural Municipal da Prainha, no Recreio, e lá do alto se tem uma vista incrível para a Prainha e Grumari, e também para toda a orla da Zona Oeste, até a Pedra da Gávea. Vale a pena chegar cedo.”
Pedra do Urubu (Mangaratiba)
“A subida é um pouco mais cansativa, mas não é difícil, com até uma hora de caminhada por um terreno inclinado e irregular. O caminho não tem boa sinalização, mas a trilha é bem marcada no solo, e é difícil se perder. O acesso fica no Centro de Mangaratiba, e a vista pega toda aquela paisagem de pequenas enseadas e montanhas típicas da Costa Verde.”
Cabeça de Dragão (Nova Friburgo)
“A trilha é uma das mais clássicas do Parque Estadual dos Três Picos, na região de Nova Friburgo. É preciso algum preparo físico para fazer a caminhada de duas horas e meia a três horas, a partir do núcleo Salinas. Nos dias bons, dá para ver até a Baía de Guanabara. Sugiro subir entre maio e setembro, porque é mais seco, e levar um casaco corta-vento.”
Pico do Papagaio (Ilha Grande)
“Com a autorização do Instituto Estadual do Meio Ambiente (Inea), responsável pelo Parque Estadual da Ilha Grande, é possível ver até o nascer do sol do alto do pico. É fantástico. E é altamente recomendável contratar um guia para acompanhar a caminhada, de duas a três horas por trecho, com partes muito íngremes.”
Pedra do Sino (Teresópolis)
“Outra trilha em que a ajuda de um guia é muito bem-vinda. São de seis a oito horas de subida, a partir da sede do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, em Teresópolis. Antes da pandemia, o melhor seria acampar no parque e subir de madrugada, para ver o sol nascer entre as montanhas cobertas pela neblina. Hoje, se comprar o ingresso com antecedência, dá para entrar às 6h, duas horas antes da abertura geral do parque.”
Morro do Couto (Itatiaia)
"É uma trilha difícil e longa e um guia é recomendável. Não pela necessidade de equipamentos especiais, mas para ajudar com técnicas de 'trepa pedra', para subir em blocos que estão pelo caminho. Mas o visual, para boa parte do Sul Fluminense, compensa. O acesso é pela parte alta do Parque Nacional de Itatiaia. Vale a pena pernoitar no Abrigo Rebouças para aproveitar ao máximo."
"Dessas, é a que mais exige técnica e preparo de quem for fazer a subida. Isso porque há uma parte de escalada num paredão rochoso vertical, que precisa ser acompanhado por guias com equipamentos específicos. É a trilha mais desafiadora da cidade do Rio, mas tem também um dos visuais mais bonitos, com São Conrado e o Morro Dois Irmãos de um lado, e a Barra da Tijuca do outro. Ela fica no Parque Nacional da Tijuca e a trilha está aberta das 8h às 17h. É passeio para o dia todo."
O que você precisa saber antes de fazer uma trilha
Fábio Nascimento, presidente da Acta, ressalta que, antes de encarar uma trilha, o interessado deve prestar atenção em diversos detalhes, que fazem toda a diferença.
— A primeira dica de todas: o calçado. Tem que ser fechado, de preferência uma bota ou um tênis para atividades em solo de cascalho ou terra, com solado aderente. Nada de chinelos, por favor — afirma.
Roupas leves são bem-vindas, mas para trilhas mais fechadas o ideal é usar calças de tecido leve, que podem virar bermuda. Camisas e blusas com proteção UVA e/ou regulação de temperatura, boné, óculos escuros e casacos tipo corta-vento são outros itens que não podem ser esquecidos.
Sobre a alimentação, ele recomenda tomar um café da manhã reforçado, mas, ainda assim, caprichar nos suprimentos para o passeio:
— Devemos sempre levar um litro e meio, no mínimo de água, e alimentos leves, como frutas e sanduíches. Amendoim, barras de cereais e chocolate são ótimos pra garantir energia extra, principalmente nas caminhadas mais pesadas. O mais importante, porém, é voltar da trilha com todo o lixo que você produzir.
Fábio lembra que é preciso levar um pequeno kit de primeiros socorros, protetor solar e repelente. E, em épocas de pandemia, máscaras e álcool em gel 70% são indispensáveis.
— É preciso respeitar as regras sanitárias determinadas pelas autoridades de cada lugar. Sair em grupos com número de pessoas reduzido, manter uma distância mínima e procurar horários de menor movimento é fundamental — ele lembra.