RIO — Transferida por causa da chuva, a missa de celebração aos 90 anos do Cristo saiu do alto do Corcovado e foi realizada na Catedral Metropolitana. A festividade teve presença de autoridades, como o prefeito Eduardo Paes, o governador Cláudio Castro, e o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite.
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O primeiro ato foi o lançamento da Medalha Comemorativa dos 90 Anos do Cristo Redentor e do Bloco Postal Especial em Homenagem ao Monumento do Cristo Redentor. O conjunto de selos postais é composto por quatro obras originais do artista brasileiro Oskar Metsavaht.
Em seguida, iniciou se a Santa Missa, celebrada pelo arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta. Numa analogia entre a nebulosidade por vezes encontrada no Cristo e os períodos turbulentos no Rio e no país devido à Pandemia da Covid-19, Dom Orani afirmou que o momento é de um olhar de esperança e otimismo, em função da campanha de imunização.
— Nós cariocas aprendemos a olhar para o Redentor muitas vezes coberto de nuvens, mas sabemos que a imagem está ali. Ainda estamos num momentode pandemia, mas com olhar de otimismo por causa da imunização. Assim, as nuvens tenebrosas do ano passado vão diminuindo.
O Arcebispo da cidade também destacou a vocação da cidade como acolhedora, em referência aos braços abertos do Cristo, num atributo que deve ajudar o país a enfrentar o momento de "polarização, rancor e ódio".
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— A cidade tem o símbolo do Brasil, e isso nos traz muita responsabilidade em suscitar o que os braços abertos significam, uma cidade acolhedora e a cordialidade de seu povo. Nessa celebração de 90 anos, iremos nos comprometer a ajudar o Brasil, para que cada vez se acolha mais e construa mais pontes. Os braços abertos falam além de toda religião, ideologia, nacionalidade e línguas -— discursou Dom Orani, que chegou a saudar o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, durante sua fala. — Queremos dar nossa contribuição para construirmos um país, estado e município mais justos.
A presença do ministro Joaquim Leite ganhou relevância maior por causa do contexto recente, de rusgas entre o Ministério do Meio Ambiente, mais especificamente o ICMBio e a Arquidiocese do Rio. As duas partes travam uma disputa pelo aumento do controle sobre o Cristo. Enquanto o ICMBio é responsável pela Floresta da Tijuca, Paineiras e acessos ao corcovado, a Igreja cuida do Santuário e do monumento propriamente.
No final do ano passado, o Ministério do Meio Ambiente pediu a desocupação das antigas lojas do Cristo, para protesto dos lojistas, que alegam possuir acordos direto com a Arquidiocese, que defende ter a prerrogativa da ingerência sobre o assunto. Mas o governo federal realizou um chamamento público para seleção de novas operadoras das lojas, o que vem sendo questionado na justiça.
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Outro capítulo do entrevero aconteceu em setembro, quando o Padre Omar, reitor do Cristo, foi barrado por fiscais do ICMBio enquanto tentava acessar o santuário para a realização de uma missa. A Arquidiocese registrou boletim de ocorrência após o caso.
— Venho aqui transmitir a mensagem do presidente da República, para trazer uma solução definitiva para a área do Santuário do Cristo. Com apoio da Mitra vamos achar essa solução — prometeu o ministro.
O prefeito Eduardo Paes destacou a importância do monumento não só para o Rio como para o país:
— O Cristo é uma bússola para a cidade. Como disse o Dom Orani, reprenta cordialidade do povo. Tem um simbolismo muito forte não só para o Rio como para o Brasil.
Para o governador Cláudiio Castro, o monumento é também um símbolo de fé:
— Cristo representa a fé e a resiliência que precisamos ter nesse momento de retomada e, se Deus quiser, de fim de pandemia. É um momento de esperança, reconstrução e de uma nova vida — destacou.