Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

O Globo sábado, 04 de dezembro de 2021

URCA COMPLETA 100 ANOS EM 2022, E LIVRO COMEMORATIVO DÁ INÍCIO AOS FESTEJOS

 

Urca completa 100 anos em 2022 e livro comemorativo dá início aos festejos

Até 1921, a urbanização da região se resumia a uma via, a Avenida Pasteur. Nem o nome 'Urca' existia
Bairro completa 100 anos em 2022 e livro comemorativo dá início aos festejos Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo
Bairro completa 100 anos em 2022 e livro comemorativo dá início aos festejos Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo
 

RIO — O Rio nasceu por lá, tal como aprendemos na escola, mas os primeiros cariocas, acossados pelos índios, donos da terra, logo buscaram pouso mais seguro nas alturas do Morro do Castelo. Na primeira metade do século passado, os dois primeiros focos de ocupação da cidade se aproximaram mais uma vez: restos da derrubada do histórico monte no Centro acabaram usados no aterro onde, em 1922, se ergueu um novo bairro. A Urca, nascida sobre as águas da baía, e no local de fundação da cidade, está a caminho dos 100 anos.

 Até 1921, a urbanização da região se resumia a uma via, a Avenida Pasteur. Nem o nome “Urca” existia. No ano seguinte o bairro como hoje conhecemos — com monumentos naturais emoldurando um dos recantos mais charmosos da cidade — ganhou vida. Toda essa trajetória da ocupação urbana na entrada da Baía, onde Estácio de Sá criou uma pequena vila fortificada aos pés do Morro Cara de Cão em 1º de março de 1565, batizada então como São Sebastião do Rio de Janeiro, começa a ser resgatada para o centenário do bairro. Os festejos, capitaneados pela Associação de Moradores da Urca (Amour), seguirão ao longo dos meses. Até janeiro, por exemplo, é possível se inscrever no Concurso de Pintura do Centenário da Escola de Educação Física do Exército e da Urca.

Nestes primeiros 100 anos, o bairro ganhou características próprias, como a proximidade com a natureza e a vocação turística. Só o Bondinho Pão de Açúcar — que surgiu antes do bairro, em 1912 — recebeu em novembro 78 mil visitantes. A Urca concentra ainda o maior complexo de escalada urbana do Brasil, com cerca de 350 vias, além da trilha mais percorrida do Rio, a do Morro da Urca, que sai da Pista Claudio Coutinho. Por ela chegam a passar mais de 20 mil pessoas por mês. Degradada no passado, hoje é um exemplo no Brasil de manejo de trilha de visitação intensa:

— Hoje a vida está totalmente recuperada por causa da parceria entre o Monumento Natural dos Morros do Pão de Açúcar e Urca e o Bondinho, que adotou a trilha e a Pista Claudio Coutinho — explica Delson Queiroz, diretor da Federação de Esportes de Montanha do Rio de Janeiro (Femerj) e representante da entidade no Conselho Consultivo do Monumento Nacional Pão de Açúcar, que integra área patrimônio da humanidade declarada pela Unesco.

 

Pelo bairro, também começou no Rio, e no país, a popularização do va’ a, ou canoa polinésia. O primeiro clube do esporte, o Rio Va’ a, que começou suas atividades em 2001 e está baseado na Praia da Urca, segue atuante como associação sem fins lucrativos. Recebe, inclusive, crianças da Escola Municipal Minas Gerais para aulas de educação física.

—A Urca acolheu tão bem o esporte que as canoas viraram parte da paisagem. O bairro é um lugar à parte, onde os moradores se conhecem e as pessoas se cumprimentam nas ruas. Me lembra cidades do interior da Feança— comenta Nicolas Bourlon, francês de Marselha, um dos pioneiros da canoa polinésia aqui e que vive com a família na Urca.

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Uma das lutas dos moradores é preservar o clima de tranquilidade: no primeiro semestre deste ano, a Urca registrou apenas 9 roubos, ou 0,03% dos casos na capital. Para efeito de comparação, Botafogo teve 366 ocorrências no período. O cenário local é outro atrativo. Com casas de diferentes estilos, em parte preservadas, além de prédios baixos, abriga edifícios históricos, como o antigo Hospício dos Alienados D. Pedro II, hoje campus da UFRJ.

 

— É um bairro residencial, a maioria dos prédios não tem garagem. É importante um olhar diferenciado para a Urca, que tem um monumento natural e respira cultura. Na farmácia te conhecem pelo nome e no mercadinho ainda é possível comprar fiado — diz a presidente da Amour, Juliana Freire, antes de ressaltar que nem tudo são flores: — Hoje nós ficamos chateados com a confusão na mureta. Todo mundo pode desfrutar desse bairro encantador, onde Carmen Miranda se lançou para o mundo, no Cassino da Urca. Mas o que não queremos é bagunça.

 

Mureta

A famosa mureta à beira-mar, em alguns trechos chamada de “pobreta” (pela turma levar sua bebida ou comprar de camelô), é um ponto de encontro no pôr do sol para gente de toda a cidade. De frente para ela, na Avenida Portugal,vive o Rei Roberto Carlos, que outro dia virou notícia ao enguiçar no bairro seu Audi vermelho.

— O fato de poder tomar cerveja ao ar livre é o que me traz para cá. E sou da mureta e da pobreta — brincava o mineiro Geraldo Rocha, há 15 anos no Rio, enquanto comia um pastel de camarão do Bar Urca, Patrimônio Cultural Carioca.

Feirante na Urca, Mariana Silveira, que tem uma barraquinha de shitake e outros produtos, gosta de desfrutar com a namorada de Uberaba, em Minas, o mar, sempre limpo, da Praia Vermelha e o silêncio da mata:

— Para mim, a Urca é o interior dentro da cidade. É um lugar de grande sossego para andar de bicicleta e de segurança. Aqui, estrangeiros e o cotidiano se integram.

A educadora Martha Serra, há 35 anos bairro, conta que há famílias desde a fundação da Urca, cujo nome vem do morro, que lembraria uma antiga embarcação holandesa assim chamada. Martha é uma que fica de olho em qualquer legislação urbanística proposta que possa afetar o seu “quintal”. Moradores estão sempre em vigilância:

— Faz parte da gente esse amor pela Urca — resume.

 


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