Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

O Globo sábado, 10 de outubro de 2020

DIA DA CRIANÇA: A INVENÇÃO

 

Anúncios do Dia da Criança trazem de bicicleta a salão de beleza e previdência

Criada pelo presidente Arthur Bernardes, data popularizou-se após campanha de fábrica de brinquedos nos anos 50. O GLOBO já noticiava a ‘Semana da Criança’, em 1944


  • 14 de Outubro de 1944, #, página 3
  • 14 de Outubro de 1944, #, página 3

  • 24 de Junho de 1953, Geral, página 11

    24 de Junho de 1953, Geral, página 11

  • 12 de Outubro de 1979, Rio, página 13

    12 de Outubro de 1979, Rio, página 13

  • 12 de Outubro de 1999, Economia, página 17

    12 de Outubro de 1999, Economia, página 17

  • 02 de Outubro de 1988, Economia, página 41

    02 de Outubro de 1988, Economia, página 41

  • 12 de Outubro de 1986, Revista da TV, página 11

    12 de Outubro de 1986, Revista da TV, página 11

  • 11 de Outubro de 1985, Segundo Caderno, página 1

    11 de Outubro de 1985, Segundo Caderno, página 1

  • 13 de Outubro de 1969, Geral, página 27

    13 de Outubro de 1969, Geral, página 27

  • 13 de Outubro de 1982, Rio, página 8

    13 de Outubro de 1982, Rio, página 8

  • 13 de Outubro de 1984, Rio, página 7

    13 de Outubro de 1984, Rio, página 7

  • 13 de Outubro de 1993, Rio, página 15

    13 de Outubro de 1993, Rio, página 15

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FOTOGALERIA

Bicicletas. Sonho de consumo de muitos jovens, as “magrelas” eram anunciadas pela Brastel no jornal no Dia da Criança

EM FOCO: DIA DA CRIANÇA NOS ANÚNCIOS

 

Luís Guilherme Julião*

O dia é da garotada, mas a data é antiga. O “Dia de Festa da Criança”, comemorado no país a partir de 12 de outubro de 1925, foi proposto pelo deputado federal Galdino do Valle Filho e instituído pelo decreto 4.867, de 5 de novembro de 1924, pelo então presidente Arthur Bernardes, quando a capital ainda era o Rio de Janeiro, o país se chamava Estados Unidos do Brasil e a República era a do café com leite. No Brasil, a data coincide com o feriado em homenagem à padroeira do país, Nossa Senhora Aparecida, o que é um prato cheio para as programações especiais para a criançada e mais uma motivo para o incentivo ao consumo. Nas páginas do GLOBO, além das tradicionais bicicletas e bonecas, há anúncios de campeonato de videogame, “Branca de Neve, o musical”, "A discoteca do Chacrinha" e até plano de previdência privada da Capemi e salão de beleza, com um pedido: “Mamãe, no dia da criança eu quero ficar produzidíssima”.

Em seu livro "A origem de datas e festas", Marcelo Duarte afirma que a popularização da data aconteceu a partir de 1955, quando um diretor da fábrica de brinquedos Estrela lançou em outubro a "Semana do bebê robusto", que tinha como carro-chefe bonecos gorduchos de plástico. A partir de então, outras empresas passaram a usar a ocasião para vender seus produtos. Entretanto, O GLOBO já registrava, em 14 de outubro de 1944, as comemorações da “Semana da Criança” em Niterói. A reportagem diz que "a comissão estadual organizadora das festividades visitou, ontem, vários estabelecimentos e institutos que abrigam menores desvalidos”, onde foram realizados “jogos esportivos e outras diversões, e às crianças nelas internadas, foram distribuídos livros e brinquedos”.

Empresas de diferentes setores, não só de brinquedos ou doces, também aproveitavam a data para alavancar as vendas. Em 12 de outubro de 1978, por exemplo, a Capemi anunciava planos de previdência privada com o texto “Essas outras crianças”, psicografado pelo médium Chico Xavier, que atribui a autoria a Emmanuel, o espírito que, segundo ele, foi quem escreveu boa parte de suas obras. Em 1967, ano em que começou a ser exibida pela TV Globo, “A discoteca do Chacrinha” também anunciava uma programação especial para o Dia da Criança. O programa prometia “farta distribuição de balas e doces”, além de surpresas, brincadeiras, premiações de 500 mil cruzeiros e o troféu “poste de ouro” para o cachorro que fizesse os mais bonitos malabarismos.

Em 1978, as bicicletas Caloi brilhavam nos anúncios. No mesmo ano, o Instituto Guanabara, da área de educação, criticava a violência de alguns seriados americanos de sucesso, enquanto o Sesi, no ano seguinte, anunciava seus serviços nos campos da saúde, da educação e do lazer, que ajudavam “na formação da personalidade de muitos brasileiros de amanhã”. Em 1987, um cabeleireiro de Copacabana resolveu apostar na vaidade e publicou um anúncio que exibia fotos de meninas usando os cortes da moda com a frase: “Mamãe, no dia da criança eu quero ficar produzidíssima”. O texto complementava: "Satisfaça também a vaidade do seu filho ou filha. Leve-os ao Mattos Cabeleireiro".

Os jogos eletrônicos já dividiam espaço nos anúncios com as bonecas em 1991, e uma programação especial para as crianças, com direito a campeonato de videogames, era anunciada em 1995 pelo Barra Square Shopping Center, enquanto presentes tradicionais, como as bicicletas e os velocípedes, agora chamados de triciclos, podiam ser vistos em 1999. Aproveitando-se do feriado, em 2004, uma agência de viagens oferecia pacotes para a Praia da Ferradura, em Búzios, com gratuitadade para crianças de até 10 anos, enquanto em 2010, “Branca de Neve, o musical”, era apresentado no Dia da Criança no Canecão, em Botafogo.

Programações especiais também provocavam grande movimentação de pais e crianças, como em 1982, quando o Jardim Zoológico do Rio, na Quinta da Boa Vista, teve entrada gratuita e recebeu 20 mil visitantes. Mas foi no Dia da Criança de 1993 que a confusão tomou conta do lugar, quando 55 mil pessoas foram até lá para ver, entre outros animais, a então maior estrela do Zoo, o Macaco Tião, batendo recorde de público.

— Vim de Vaz Lobo especialmente para trazer minha filha, Isabel Cristina, de 7 anos, e ela ficaria muito frustrada se tivesse de voltar para casa sem conhecer os bichos e, principalmente, o Macaco Tião. E, afinal, essa é a forma de lazer mais barata para o povo — disse Maria Teixeira à reportagem do GLOBO, depois de enfrentar uma hora de fila na porta do Zoo, que não receberá o público neste ano, após a Justiça suspender, em 6 de outubro, a liminar que concedeu a gestão do Zoológico ao Grupo Cataratas. Em janeiro, o local já havia sido fechado pelo Ibama, devido às condições precárias em que os animais eram mantidos, tendo sido reaberto em março.

A data também já serviu para mostrar o espírito de solidariedade do carioca. Em 1993, enquanto milhares se aglomeravam na Quinta da Boa Vista, 112 meninos de rua participavam de um café da manhã promovido pela maratonista Maria Mendes Monteiro, em parceria com comerciantes da Rua Siqueira Campos, em Copacabana. O evento acontecia menos de três meses após a Chacina da Candelária, ocorrida em 23 de julho, quando policiais mataram oito moradores de rua, entre eles seis crianças, que dormiam em frente à Igreja da Candelária, no Centro do Rio.

Em outros países, a comemoração do Dia da Criança pode ter um fim declaradamente comercial, como na Argentina, em que é celebrado no terceiro domingo de agosto e surgiu a partir dos interesses da Câmara da Indústria do Brinquedo, ou para chamar a atenção para os cuidados com os jovens, como fez a Organização das Nações Unidas (ONU), que adotou o dia 20 de novembro como o Dia Universal da Criança. Foi nesta data, em 1959, que a Convenção sobre os Direitos das Crianças foi aprovada em assembleia geral e, no ano seguinte, oficializada como lei internacional. O documento é semelhante à Declaração Universal dos Direitos Humanos, mas adaptado às necessidades dos pequenos, prevendo direitos à alimentação, moradia, assistência médica, educação, lazer e prioridade no socorro em casos de catástrofes, por exemplo.

 

  • com edição de Matilde Silveira
Lojas Brasileiras. No anúncio, o apelo: "Eu quero brinquedos a valer e uma porção de doces. A nossa LOBRÁS tem tudo o que eu quero!" Empresa, que chegou a atuar em 19 estados, fechou em 1999

Lojas Brasileiras. No anúncio, o apelo: "Eu quero brinquedos a valer e uma porção de doces. A nossa LOBRÁS tem tudo o que eu quero!" Empresa, que chegou a atuar em 19 estados, fechou em 1999 10/10/1967 / Agência O Globo

 





O Globo sexta, 09 de outubro de 2020

JACKSON DO PANDEIRO É TEMA DE NOVO MUSICAL DA BARCA DOS CORAÇÕES PARTIDOS

 

Jackson do Pandeiro é tema de novo musical da Barca dos Corações Partidos

Companhia carioca celebra trajetória do multi-instrumentista paraibano em espetáculo inédito transmitido ao vivo
 
Cena do musical
Cena do musical "Jacksons do Pandeiro", da Cia Barca dos Corações Partidos Foto: Renato Mangolin / Divulgação
 
 

RIO — A maneira plural com que Jackson do Pandeiro (1919-1982) lidava com a música está logo no título do novo espetáculo idealizado pela Barca dos Corações Partidos. Com transmissão ao vivo e gratuita neste sábado (10/10), às 20h — por meio do YouTube e do Canal Bis —, “Jacksons do Pandeiro” se debruça sobre a extensa e diversificada obra deixada pelo multi-instrumentista paraibano para promover uma exaltação colorida ao Rei do Ritmo, como era conhecido.

Das mais de 400 músicas compostas pelo artista, entre sambas, baiões, cocos, forrós e frevos, 55 ganham versões inéditas pelas mãos e vozes do grupo consagrado por montagens premiadas, como “Auê”, “Suassuna — O auto do Reino do Sol” e a mais recente “Macunaíma, uma rapsódia musical”.

Novas cenas:  teatro online conquista plateias crescentes

Com direção de Duda Maia (de “Elza”) — e direção musical de Alfredo Del-Penho e Beto Lemos —, a peça escrita por Braulio Tavares e Eduardo Rios foge à estrutura tradicional do gênero biográfico. O que se vê é uma trupe animada que entrelaça causos pessoais do próprio elenco com histórias de Jackson, além de pérolas da música popular brasileira como “Sebastiana”, “O canto da Ema”, e “Chiclete com banana”.

A narrativa, que, em abril, teve a estreia presencial suspensa em São Paulo devido à pandemia do novo coronavírus só deve subir a um teatro (com público) ano que vem.

— Muita gente compara Jackson com Garrincha. Ele era o cara do drible na música: brincava com os tempos musicais, trafegava por todos os ritmos... — ressalta Duda Maia. — É alguém que mudou o olhar sobre a música.

 


O Globo quinta, 08 de outubro de 2020

BACURAU NO OSCAR 2021?

 

'Bacurau' no Oscar? Distribuidora americana quer emplacar filme nas categorias principais da disputa

Preterido pela comissão brasileira que escolheu o representante do país para a premiação deste ano, longa de Kleber Mondonça Filho e Juliana Dornelles pode se beneficiar em 2021 pela busca da Academia por diversidade
 
 
O ator Silvero Pereira, que faz o papel do matador Lunga no filme "Bacurau", de Kleber Mendonça e Juliano Dornelles Foto: Victor Jucá / Divulgação
O ator Silvero Pereira, que faz o papel do matador Lunga no filme "Bacurau", de Kleber Mendonça e Juliano Dornelles
Foto: Victor Jucá / Divulgação
 
 

Preterido pela comissão que escolhe o filme brasileiro para concorrer a finalista de melhor filme internacional no Oscar 2020 — a opção foi por “A vida invisível”, de Karim Aïnouz —, “Bacurau” vai disputar a indicação ao prêmio da Academia em outras categorias na corrida de 2021. A iniciativa é da Kino Lorber, a distribuidora americana do longa-metragem dirigido pelos pernambucanos Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, ganhador do prêmio do júri do Festival de Cannes do ano passado.

 

Estrelada por nomes como Sonia Braga e Udo Kier, a produção estreou em Nova York em 6 de março deste ano, antes de a pandemia determinar o fechamento das salas físicas e empurrar novos lançamentos para a internet. De acordo com as regras da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, são elegíveis ao Oscar as produções estrangeiras que ficaram em cartaz em Los Angeles durante ao menos uma semana do ano vigente —e desde que não tenha ficado entre os cinco finalistas da categoria de melhor produção internacional no ano anterior.

Assim, “Bacurau” pode concorrer a todas as categorias do maior prêmio de cinema do mundo — inclusive ao de melhor filme, principal meta da distribuidora americana, que está atenta à tendência sinalizada pelas regras anunciadas para os próximos anos, que têm objetivo de levar mais diversidade à festa.

— Tenho uma visão muito tranquila em relação a Oscar, a Cannes, a prêmios, enfim — diz Mendonça Filho. — Nunca me adianto, sempre espero o que vai acontecer com o filme, mas vou aonde ele for.

Nas listas de melhores da temporada

Lançado no circuito brasileiro em agosto de 2019, “Bacurau” atraiu mais de 800 mil pagantes, além de conquistar inúmeros prêmios em festivais internacionais ao logo de todo o ano, após sua estreia em Cannes, em maio. O thriller sobre uma pequena comunidade no sertão brasileiro assombrada por fenômenos estranhos, que colocam em risco a sua própria existência, ganhou nova força a partir de sua estreia nos Estados Unidos e em praças importantes na Europa. Desde então, ele tem figurado na lista dos melhores filmes do ano — e, portanto, potenciais concorrentes ao Oscar — de muitas publicações, com os jornais “The New York Times” e “The Guardian”, as revistas “Vanity Fair” e “Esquire”, e o site de entretenimento “Indiewire”.

 

— Tomamos essa decisão (de inscrevê-lo no Oscar) quando “Bacurau” começou a aparecer em muitas listas de melhores da temporada — confessa Wendy Lidell, diretora executiva da Kino Lorber, companhia que tem em seu catálogo produções premiadas como “Uma mulher alta”, do russo Kantemir Balagov, vencedor da mostra Um Certo Olhar do Festival de Cannes; e “Synonymes”, do israelense Nadav Lapid, ganhador do Urso de Ouro do Festival de Berlim.

Ano de menos lançamentos

Ela assume que também foram “particularmente encorajados” pela perspectiva de um número menor de lançamentos este ano, com menos competição.

— Isso mudou com as alterações nas regras de elegibilidade, mas “Bacurau” ainda é um grande filme, um dos dez mais elogiados do ano.

Em função da crise sanitária, a Academia alterou temporariamente suas normas para incluir lançamentos em streaming, e estendeu a data-limite para 28 de fevereiro de 2021. O calendário da 94ª edição também mudou: os indicados saem dia 15 de março e a premiação acontece em 25 de abril.

Mês passado, os organizadores anunciaram que, a partir da edição de 2025, todas as produções postulantes ao Oscar de melhor filme precisarão ter um número mínimo de profissionais de minorias étnicas em suas equipes, ou abordar diretamente temas que afetem esses grupos.

 

Foi mais um passo no sentido de diversificar e internacionalizar o seu colegiado, iniciado em 2015 com o movimento #OscarsSoWhite, que criticava a ausência de atores e atrizes negros indicados às principais categorias do prêmio. Este ano, a Academia convidou mais 819 profissionais do cinema como sócios — dos atuais nove mil membros hoje, 45% são mulheres, 36% pertencem a minorias étnicas ou raciais, e 49% são estrangeiros, de 68 países.

O fator ‘Parasita’

O feito inédito de “Parasita”, do sul-coreano Bong Joo-ho, no Oscar deste ano, pode ser considerado uma vitória dessa diversificação: a primeira produção de língua não inglesa a ganhar a cobiçada estatueta de melhor filme também levou os troféus de melhor filme internacional (a antiga categoria de “filme estrangeiro”), direção e roteiro. Também a partir de 2020, a Academia fixou em dez o número de finalistas para o seu principal prêmio, o que amplia as chances de produções estrangeiras no páreo.

— Depois da vitória de “Parasita” e das crescentes reformas da Academia visando a uma internacionalização do prêmio, achamos bem provável que haja pelo menos um longa não americano indicado ao Oscar de melhor filme. Pretendemos que essa vaga seja de “Bacurau” — argumenta Wendy, que também destaca a universalidade dos temas abordados na produção. — No momento em que governos ao redor do mundo estão tendendo ao autoritarismo, a visão de uma comunidade diversa, mas unificada, levantando-se para se defender (e vencer!) ecoa profundamente. Embora tenha sido feito e lançado antes dos atuais protestos do movimento Black Lives Matter, a visão de Kleber e Juliano certamente explodiu em todo o mundo.

 
Uma eventual candidatura de “Bacurau” ao Oscar pode repetir o cenário da corrida de 2004. Naquele ano, enquanto “Carandiru”, de Hector Babenco, disputou (e perdeu) uma vaga na categoria de melhor produção estrangeira, “Cidade de Deus” brigou pelos prêmios de direção, roteiro adaptado, fotografia e edição — no ano anterior, o filme de Fernando Meirelles e Katia Lund ficou fora da lista de finalistas de filme internacional. Antes disso, em 1999, “Central do Brasil”, de Walter Salles, correu em duas frentes: melhor filme “estrangeiro” e melhor atriz (Fernanda Montenegro). Este ano, a comissão da Academia Brasileira de Cinema só vai deliberar sobre o representante brasileiro no Oscar de 2021 em janeiro, já que levarão em conta os lançamentos até 31 de dezembro.

Restam alguns meses para saber se “Bacurau” será bem-sucedido em concorrer nas categorias principais. Mendonça Filho, por enquanto, prefere não criar expectativa.

— Por mais que as pessoas deem uma atenção gigantesca ao Oscar, e entendo a sua força, no final das contas é algo totalmente externo à minha vida e ao meu trabalho. Mas apoio o empenho da Kino Lorber, se o filme precisar da gente, eu, o Juliano e a (produtora) Emilie (Lesclaux) estaremos lá para apoiá-lo — diz o diretor, que viu seu nome ligado de alguma forma ao prêmio americano por duas vezes: quando “O som ao redor” (2013) foi indicado para representar o país na disputa de produção estrangeira, e quando “Aquarius” (2016) perdeu a indicação brasileira para “Pequeno segredo”, de David Schurmann, em decisão que gerou polêmica.


O Globo quarta, 07 de outubro de 2020

DONINHA DUVAL: HISTÓRIA DA ATRIZ QUE MATOU O MARIDO A TIRO HÁ 40 ANOS

 

 

O crime de Dorinha Duval: Atriz matou marido a tiros durante briga em casa

Conhecida por seus papéis em novelas como ‘O bem-amado’ e no programa ‘Sítio do Picapau Amarelo', ela disparou três vezes contra produtor publicitário


  • 06 de Outubro de 1980, Primeira Página, página 1
  • 06 de Outubro de 1980, Primeira Página, página 1

  • 07 de Outubro de 1980, Rio, página 15

    07 de Outubro de 1980, Rio, página 15

  • 08 de Outubro de 1980, Primeira Página, página 1

    08 de Outubro de 1980, Primeira Página, página 1

  • 09 de Março de 1989, Segundo Caderno, página 1

    09 de Março de 1989, Segundo Caderno, página 1

  • 11 de Março de 1989, Rio, página 15

    11 de Março de 1989, Rio, página 15

  • 12 de Outubro de 1986, Rio, página 28

    12 de Outubro de 1986, Rio, página 28

  • 13 de Novembro de 1983, Rio, página 24

    13 de Novembro de 1983, Rio, página 24

  • 15 de Outubro de 1980, Primeira Página, página 1

    15 de Outubro de 1980, Primeira Página, página 1

  • 15 de Outubro de 1980, Rio, página 13

    15 de Outubro de 1980, Rio, página 13

  • 18 de Novembro de 1983, Rio, página 9

    18 de Novembro de 1983, Rio, página 9

  • 27 de Novembro de 1983, Domingo, página 1

    27 de Novembro de 1983, Domingo, página 1

Maria Elisa Alves

Dorinha Duval começou a carreira como cantora, experimentou dias de vedete e se encontrou como atriz. Atuou como uma das irmãs Cajazeiras na antológica novela "O bem-amado" e interpretou a Cuca no "Sítio do Pica-pau amarelo". Tinha o status de celebridade quando, na madrugada de 5 outubro de 1980, há 40 anos, disparou três tiros contra seu marido, o produtor publicitário Paulo Sérgio Garcia Alcântara, durante uma briga que seria publicamente emiuçada a partir de então.

Foi a própria artista que ligou a amigos pedindo ajuda para o marido. Mais tarde, enquanto Paulo Sérgio era operado no Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, Dorinha, muito abalada, saía de cena. Sem saber que o marido morrera na mesa de cirurgia, foi para a casa de um amigo e só se entregou à polícia dois dias depois. Entre goles de água com açúcar e crises de choro, apresentou uma versão que a acabou transformando, aos olhos de muita gente, também em vítima. Aos moldes de Doca Street, que assassinara quase quatro anos antes a pantera Ângela Diniz, alegando defesa da honra, em outro caso que mobilizou a opinião pública, Dorinha dizia ter sido ferida física e moralmente. Atirara em legítima defesa, garantia ela.

A briga teria começado dentro do quarto do casal, numa casa no Jardim Botânico. Dorinha e Paulo Sérgio tinham acabado de voltar de uma festa no Leblon. Saíram cedo, por volta de meia-noite, porque a atriz tinha um compromisso no dia seguinte em Belo Horizonte. Quando arrumava a mala para a viagem, num quarto ao lado, Dorinha ouviu o marido chamá-la diversas vezes. Ao encontrá-lo só de cueca, deitado, imaginou que a insistência era porque ele queria fazer sexo. Em depoimento à polícia, ela contou que foi para a cama, mas que, ao tentar abraçar Paulo, foi repelida. Detalhou também como foi o diálogo que precipitou a tragédia:

— Você é uma velha, não quero mais nada com você — teria dito Paulo, de 35 anos, a Dorinha, de 51.

Mesmo humilhada, a atriz teria tentado contornar a situação e agradar ao marido. Disse que poderia se submeter a uma plástica.

— Não adianta plástica, eu gosto de menininha nova, não quero uma bruxa remendada — teria continuado Paulo, passando a agredir Dorinha com chutes e tapas.

A atriz contou que pediu ao marido que parasse de agredi-la, ameaçando se matar.

— Ótima ideia, o revólver está ali — ele teria retrucado, apontando para a arma que comprara meses antes, por causa de um assalto do qual fora vítima na porta de casa.

A partir deste ponto, Dorinha dizia que era tudo uma névoa:

— Peguei o revólver e, a partir daí, não me lembro de nada, até quando o vi ensaguentado, caído no chão.

Numa época em que o machismo imperava, e crimes cometidos por homens contra esposas eram vistos com certa naturalidade, Dorinha subvertia a "ordem". Tornava-se a mulher que matou o marido. Os amigos de Paulo Sérgio não perdoaram: diziam que a atriz sentia um ciúme doentio e que, dois meses antes, atirara na direção do companheiro. Os defensores de Dorinha argumentavam que Paulo Sérgio a explorava e que a ela, volta e meia, era obrigada a pagar as dívidas de pôquer do marido.

Levada a julgamento três anos depois, a artista teve sua história explorada no tribunal. Seu advogado, Clóvis Sahione, evocou um passado repleto de traumas afetivos, listando um a um: estuprada aos 15 anos, aos 18 se encantou por um trapezista de circo que, mais tarde, a abandonou. Com uma gravidez tubária e sem dinheiro para interromper a gestação, Dorinha foi obrigada a fazer um acordo com o diabo: uma cafetina deu a quantia necessária para o aborto, com a condição de que a jovem, depois, se prostituísse por seis meses para pagar a dívida.

O júri ouviu as testemunhas de defesa de Dorinha — o humorista Chico Anysio e o ator Paulo Goulart, por exemplo, atestaram o caráter pacífico da atriz.

No fim, foi estipulada uma pena de um ano e meio de detenção, a ser cumprida em liberdade, já que a artista, que havia sido casada com Daniel Filho e tinha uma filha, a hoje atriz Carla Daniel, era ré primária e de bons antecedentes.

Como o promotor recorreu, Dorinha foi levada a novo julgamento em 1989. Mais uma vez, os jurados foram condescendentes. A atriz foi condenada a seis anos de reclusão em regime semiaberto, o que era a pena mínima para homicídio simples. Tinha o dia livre e precisava apenas dormir na prisão, em Niterói. Afastada da TV, virou artista plástica.

Em 2002, a ex-atriz publicou a biografia “Em busca da luz: memórias de Dorinha Duval”, escrita pelo jornalista Luiz Carlos Maciel e pela publicitária Maria Luiza Ocampo.

Hoje, aos 86 anos e aposentada, Dorinha mora na Zona Sul do Rio. Localizada pelo GLOBO, ela disse que o crime é uma página que já virou:

— O passado já passou. Está tudo sossegado na minha vida.

Na delegacia. Dorinha Duval, ao lado do advogado Técio Lins e Silva, na 15ª DP: atriz só se apresentou dias após assassinato

Na delegacia. Dorinha Duval, ao lado do advogado Técio Lins e Silva, na 15ª DP: atriz só se apresentou dias após assassinato 

Arquivo O Globo / Jorge Marinho 14/10/1980


O Globo terça, 06 de outubro de 2020

CYNTHIA BENINI FALA DA RETOMADA DA CARREIRA E DA FILHA COM ANDRÉ GONÇALVES

 

Cynthia Benini fala da retomada da carreira de atriz e da filha com André Gonçalves

GABRIEL MENEZES

 
 
 
Cynthia Benini (Foto: Reprodução/Instagram)
Cynthia Benini (Foto: Reprodução/Instagram)

 

Após quase dez anos dedicada ao jornalismo e à apresentação de programas de TV, Cynthia Benini está retomando a carreira de atriz. Antes da pandemia, ela começou a rodar o longa "O garoto do cachecol vermelho", uma coprodução entre Brasil e Canadá, com direção de John Christian:

- É um filme que discute questões sociais como o racismo e a homofobia e também a esclerose lateral amiotrófica. Estávamos começando a rodar e veio a pandemia, o que nos obrigou a parar tudo. Ainda não sabemos quando os trabalhos vão recomeçar.

O trabalho de Cynthia como atriz também pode ser visto na reprise de "Laços de família", na Globo. Na trama, ela interpreta Isabel, a fisioterapeuta responsável pelo tratamento de Paulo (Flávio Silvino), com quem acaba vivendo um romance:

- Sempre fui muito crítica comigo mesma e costumo não gostar de muitas coisas que faço. Mas estou gostando. Acho que hoje tenho um olhar mais maduro e consigo enxergar melhor.

 Enquanto as filmagens não voltam, Cynthia passa a quarentena em Florianópolis, para onde se mudou com o marido, o advogado tributarista Ally Murade:

- Foi uma mudança radical na minha vida. Nunca me imaginei morando fora do eixo Rio-São Paulo. Em 2017, me casei com o Ally. Ele vinha me dizendo que gostaria de morar num lugar tranquilo e ter mais tempo para ele. No começo, fui um pouco resistente. Viemos, então, passar umas férias em Florianópolis e estamos aqui desde então, há dois anos. Moramos numa casa com quintal na beira da praia. Essa ilha é mágica. Tenho tudo o que preciso aqui. A única coisa a que não me acostumei muito é que tudo fecha cedo na cidade. Descobri que é possível ter qualidade de vida sem abrir mão do lado profissional. 

Além do marido, ela mora com a filha, Valentina, de 17 anos, fruto do seu relacionamento com o ator André Gonçalves, com quem foi casada entre 2002 e 2006. Atualmente, ele está no ar na "Dança dos famosos", do "Domingão do Faustão".

- A Valentina estava há dois anos morando no Canadá e, neste período de isolamento social, acabamos estreitando muito nossos laços de mãe e filha. É claro que a convivência mais próxima e intensa aumenta a chance de conflitos, mas, aqui em casa, graças a Deus, tem sido muito tranquilo - diz ela, que também tem uma enteada, Helena, de 25 anos.

Com relação ao ex-marido, Cynthia diz que os dois se distanciaram à medida que a filha foi crescendo:

- Estamos em cidades diferentes e realmente não temos qualquer contato hoje em dia. Mas eu torço muito por ele e sei que ele torce por mim. A Valentina é muito apegada ao pai. Eles se falam frequentemente. Ela está louca para que a situação melhore para que possa visitá-lo no Rio de Janeiro.

Cynthia Benini e a filha, Valentina, fruto do seu relacionamento com o ator André Gonçalves (Foto: reprodução/ Instagram)
Cynthia Benini e a filha, Valentina, fruto do seu relacionamento com André Gonçalves
(Foto: Reprodução/ Instagram)

 

Cynthia Benini nas gravações do filme 'O garoto do cachecol vermelho' (Foto: Divulgação)
Cynthia Benini nas gravações do filme 'O garoto do cachecol vermelho' (Foto: Divulgação)

O Globo segunda, 05 de outubro de 2020

PRIMEIRO REAL MADRID X BARCELONA DA HISTORIA DO FUTEBOL FEMININO TERMINA EM GOLEADA

 

Primeiro Real Madrid x Barcelona da história do futebol feminino termina em goleada

Mesmo sem público, clássico foi movimentado e contou com um gol contra e um gol anulado
Primeiro clássico Real x Barça do futebol feminino terminou em goleada Foto: Divulgação/Real Madrid
Primeiro clássico Real x Barça do futebol feminino terminou em goleada
Foto: Divulgação/Real Madrid
 

O Globo domingo, 04 de outubro de 2020

NÉLIDA PIÑON: LANÇA LIVRO, FALA SOBRE EROTISMO, PASSAR DO TEMPO, E MAIS

 

Um dia antes de lançar novo livro, Nélida Piñon fala sobre erotismo e passar do tempo: 'O sexo é o casulo humano'

Escrito durante uma temporada em Lisboa, o romance 'Um dia chegarei a Sagres' mergulha na história de Portugal e do mundo
Nélida Piñon Foto: Leo Aversa
Nélida Piñon Foto: Leo Aversa
 
 

A certa altura do novo romance de Nélida Pinõn, “Um dia chegarei a Sagres”, o personagem Mateus afirma: “Meu passatempo, mais que a leitura, é pensar o que fiz da vida”. A frase parece combinar criador e criatura. Em seu apartamento na Lagoa, de onde saiu apenas uma vez desde o início da pandemia, a escritora carioca, de 83 anos, passa as horas em meio a lembranças, programas de culinária, interações com a assistente virtual Alexa, muito trabalho e afagos em suas duas cadelas, a pinscher Suzy e a chihuahua Pilara, com a qual posou para a foto da capa desta edição. “Nós somos muito distraídos em relação à nossa vida. Nesse sentido, acho que a velhice é uma trégua maravilhosa, para termos a coragem de viajar ao passado.”

 Numa entrevista de uma hora e meia concedida via chamada de vídeo, a imortal da Academia Brasileira de Letras passeia por temas como erotismo, envelhecimento e feminismo, enquanto adianta detalhes da obra que chega amanhã às livrarias, pela editora Record. Escrito à mão, durante uma temporada de um ano em Lisboa, o romance de 512 páginas é narrado em primeira pessoa por Mateus, um homem pobre, filho de uma prostituta, criado pelo avô numa aldeia portuguesa do século XIX. Diante da proximidade da morte, ele revisita suas jornadas que se fundem com a própria história da nação onde vive. “O livro é feroz”, avisa Nélida.

REVISTA ELA: Qual o ponto de partida do novo romance?

Nélida Pinõn: Esse livro estava em mim há muitos anos. Mas sabia que, além dos conhecimentos que já tinha sobre a história portuguesa, precisaria ouvir os ruídos da língua. Queria perpassar o idioma afetivo desde o século XV e dominar a paisagem que esteve a serviço dos heróis e dos miseráveis. Tive dificuldade por causa do meu amado cachorrinho Gravetinho. Dono de uma personalidade muito difícil, ele engordara porque adorava queijos e comer bem, e eu teria que pô-lo no porão do avião. Ele morreria. Então, sacrifiquei esse projeto. Quando o Gravetinho faleceu, em julho de 2017, pensei: “Agora, posso ir”. Levei, então, a Suzy Piñon, a quem dedico o romance também. Cada livro tem uma vocação. Esse tem a de enveredar pelos mistérios de uma nação. Ao contar a história de Portugal, também nos explica a história do mundo, porque eles (os portugueses) invadiram os oceanos. O período áureo das descobertas é extraordinário.

Nélida Piñon em seu apartamento Foto: Leo Aversa
Nélida Piñon em seu apartamento Foto: Leo Aversa
 

E como chegou ao personagem Mateus?

A cada dia, tenho a sensação de entender melhor os oprimidos e os miseráveis. O livro é feroz. Quis que o personagem provasse que as utopias não são um privilégio dos ricos, dos que vão inaugurar o mundo oficialmente, dos que vão pegar os barcos e ir a todos os lugares. São um privilégio humano. Mateus termina tendo utopias, mas sempre do ponto de vista de um miserável. Ao mesmo tempo, mostra a alta sensibilidade crítica dos pobres, quando se descobre vítima do rancor social, muito importante nesse livro.

O personagem tem uma relação muito forte com o avô, como a senhora...

Todo mundo deveria ter uma relação poderosa com o avô. Os jovens de hoje empobreceram muito por ausência dos avós. Não têm uma voz intermediária entre eles e as civilizações deixadas para trás. A professora que me assessora (sua assistente Karla Vasconcelos) diz que tenho três grandes temas: o avô Daniel, Machado de Assis e os gregos. Eu disse uma vez, brincando, que foi como se eu fosse preparada para ser uma grande cortesã da Colette, no livro “Gigi”. Eu preparava os charutos para ele (o avô Daniel), o conhaque. Ele me buscava para irmos aos restaurantes, me ensinava a escolher a mesa. Figura essencial na minha vida.

Há muitos pontos de erotismo no livro, incluindo uma tensão sexual entre dois homens...

O que não é raro, mas é abafado. A nossa sociedade não enseja que o ser humano possa expandir seu erotismo, que, de certo modo, é condenado. Não é de bom tom você acolher as manifestações eróticas com naturalidade. O erotismo depende da imaginação. E a imaginação da pessoa cobra um corpo para poder executá-la. Então, no livro, é indispensável. E ele (Mateus) era novo, tinha um corpo poderoso. Acho o sexo uma das áreas mais misteriosas do indivíduo. O sexo é, vamos dizer, o casulo humano.

Como a senhora se alimenta do erotismo?

É um segredo mais do que mortal, é imortal. Mas, quando o corpo falha, a mente ressurge. De todo modo, sou um ser atento. Não sou distraída diante dos fenômenos humanos. O erotismo, além de ser físico, é verbal, concentra-se numa grande percepção do mundo. É algo de alto refinamento. Está ao alcance de todos.

E qual foi a última paixão de Nélida Piñon?

Isso eu não posso contar, porque é vigente.

Sente-se solitária em algum momento?

Nem pensar. Adoro a solidão quando a quero. Não é a solidão de quem padece do repúdio alheio, sou uma mulher das amizades. Tive tempo de ser uma pessoa mundana, no sentido da vida social, dos amigos, dos jantares, das viagens... Agora, como escritora, preciso ficar sozinha, e fico. Em casa, sou muito alegre. Adoro ver a cozinha, classifico as comidas. Depois de trabalhar oito, nove horas, ponho um programa gastronômico. Discuto com os chefs, acho que eles abusam dos temperos (risos).89705243_el exclusivo Nélida Piñon e Pilara.jpg

Como tem sido a rotina da senhora?

Posso trabalhar de oito a dez horas por dia e sempre escuto música. Não estou submetida ao horror de uma rotina. Fora a dor do mundo que me atinge, a coisa terrível dessa pandemia, estou com uma vida serena. Em seis meses, só saí uma vez.

Que tipo de música escuta?

Exalta-me Wagner. Sobretudo, amo “O anel (do Nibelungo)”, que são as quatro óperas. A cena “Cavalgada das Valquírias” é de uma força impetuosa. Todos os dias, a escutava, pelo menos, umas cinco vezes, porque inventaram a tal da Alexa (dispositivo de inteligência artificial da Amazon) aqui em casa, e é a única coisa que ela sabe fazer. Eu digo assim: “Alexa, toca Richard Wagner”. Não tinha outra coisa. Só a “Cavalgada”.

Já disse que o Gravetinho intensificou a sua relação com os animais. Como tem lidado com essa situação de queimadas no Pantanal?

Estou numa fase em que certas dores muito poderosas, que já sei que existem, não vejo. Não olho as fotos, porque teria vontade de morrer. E não quero. Quero apostar numa sociedade justa. Tenho a sensação de que, já que não posso salvar os desvalidos, que então eu vá embora de uma vez. Não estou suportando a dor humana.

Em “Uma furtiva lágrima”, seu livro anterior, a senhora escreve “minha morte não é inspiradora”. Como lida com o tema na vida pessoal?

Penso nela todos os dias. Ora penso que vou me despedir, ora que quero ouvir Schubert, ora que não quero, de modo algum, ser enterrada com a farda da Academia (Brasileira de Letras). Tenho uma imensa curiosidade de como ela vai se apresentar. Peço a Deus que eu seja elegante na minha morte, não seja escandalosa, não fraqueje. Quero partir deixando um legado. no novo livro, Mateus diz: “Meu passatempo, mais que a leitura, é pensar o que fiz da vida”.Somos muito distraídos em relação à nossa vida. Nesse sentido, acho que a velhice é uma trégua maravilhosa, para você ter a coragem de viajar ao passado. Atualmente, é raro o dia em que não penso em minha mãe. Fico impressionada ao me dar conta de que fui um projeto dela. Também tenho pensado em nomes que tinham desaparecido ao longo da vida. Não vejo isso como uma despedida, mas como a necessidade de me por “al día”.

Detalhes do apartamento Foto: Leo Aversa
Detalhes do apartamento Foto: Leo Aversa

Que conquistas a idade tem lhe proporcionado?

O corpo me sonegou muito a visão. Estou enxergando mal, mas a cabeça se organiza de uma forma inédita. Amanheço me questionando. Deixa-me feliz pensar que não tenho medo de pensar. Há uma frase que dizia, com uns 22 anos: “Todos os dias, alguém bate à sua porta, de forma simbólica, convocando você a desistir. E você, de forma nobre e elegante, diz: ‘Não. Muito obrigada. Eu não desisto’”. E é o meu caso. A tarefa de me emudecer vai ser da morte ou da doença.

A senhora foi a primeira mulher a presidir a Academia Brasileira de Letras. Identifica-se com o feminismo contemporâneo?

Sou uma feminista histórica. Os meus primeiros livros já são feministas. Acho o movimento essencial. É o que vai conciliar a sociedade e igualar os direitos. Não é para fazer das suas propostas políticas batalhas anticivilizatórias. Posso entender alguns excessos, mas não todos. Lutamos pela igualdade de forma rigorosamente elegante, de tal forma que nós, as mulheres que entraram na Academia, damos exemplos aos acadêmicos do que eles perderam sem a nossa presença.

Ainda tem mais obras por vir?

Às vezes, acho que não vou ter mais tempo para um grande romance. Mas sinto um arrebato que pede obra. Tenho dois projetos já em pauta: um livro sobre o Gravetinho e vou organizar outro de ensaios, com toda a minha poética. E aí tenho um projeto romanesco. Vamos ver se consigo fazer. Eu sei que fazer um romance como esse de agora é um milagre que ocorre poucas vezes. Geralmente, o romancista, a partir dos 70 anos, sente dificuldade em lidar com as complexidades de um grande romance. É um grande feito, e eu consegui. Graças a Deus, fiz um romance de maturidade, com idade.


O Globo sábado, 03 de outubro de 2020

NOCA DA PORTELA FALA VETO ÀS RODAS DE SAMBA

 

Fica parecendo preconceito', diz Noca da Portela sobre veto da prefeitura a rodas de samba após liberação de shows

Categoria se queixa por ter sido deixada de fora na fase de reabertura da prefeitura que liberou funcionamento de casas de espetáculo, mas deixou rodas de samba de fora
 
Noca da Portela foi um dos bambas que questionou decisão da prefeitura de liberar música ao vivo, mas não as rodas de samba Foto: Ana Branco / Agência O GLOBO
Noca da Portela foi um dos bambas que questionou decisão da prefeitura de liberar música ao vivo, mas não as rodas de samba Foto: Ana Branco / Agência O GLOBO
 
 

RIO — Ao anunciar na quinta-feira uma nova etapa de flexibilização, o prefeito Marcelo Crivella permitiu a retomada das casas de espetáculos, com limitação de público, mas vetou o retorno das rodas de samba e das atividades nas quadras de escolas, dando início a uma polêmica com a turma do ziriguidum. A categoria acha que foram usados dois pesos e duas medidas e há sambistas que enxergam preconceito.

Entenda:Saiba o que pode e o que não pode no Rio com a nova fase de flexibilização

O compositor Noca da Portela, que, aos 87 anos, tem respeitado o distanciamento social por pertencer ao grupo de risco da Covid-19, não vê sentido liberar casas de espetáculos e proibir escolas de samba:

— Ou libera geral ou não libera nada. Fica parecendo preconceito contra o samba. Não vejo porque tratar diferente.

O percussionista Anderson Santos, integrante da roda de samba da Pedra do Sal, argumenta que as rodas de samba são ao ar livre:

— Estamos na rua e não em ambiente fechado. É claro que a gente tem preocupação com a pandemia, mas também precisamos sobreviver. Se liberou para um por que não fazer o mesmo com o outro?

A prefeitura informou que a previsão é que rodas de samba e atividades em quadras de escolas de samba sejam retomadas na fase 6B, ainda sem data definida. Mas não explicou o motivo de as atividades terem sido deixadas para depois.

 


O Globo sexta, 02 de outubro de 2020

JANIS JOPLIN: 50 ANOS SEM A CANTORA

 

Janis Joplin falava pelas mulheres e as fez falar por si mesmas', diz biógrafa

Para Hollis George-Warren, a cantora que completa 50 anos de morte no dia 4 provocou uma revolução, mas teve a faceta de artista inteligente e trabalhadora ofuscada pela da entertainer
 
A cantora americana Janis Joplin Foto: Don Hunstein / Divulgação
A cantora americana Janis Joplin Foto: Don Hunstein / Divulgação
 
 

RIO - Primeira mulher a atingir o estrelato no rock, a americana Janis Joplin morreu há quase 50 anos, em 4 de outubro de 1970, aos 27, de uma overdose acidental de heroína – isso, poucos dias depois de o guitarrista Jimi Hendrix (o maior ídolo negro do rock de sua época) ter tido o mesmo destino, com a mesma idade, depois de misturar álcool e barbitúricos.

Na época, a americana Holly George-Warren tinha 13 anos e vivia na sulista Carolina do Norte, em uma cidade tão pequena e isolada que “a rádio local saía do ar às seis da tarde”. Nas emissoras de Chicago e Nova York que conseguia sintonizar, tarde da noite, chegou-lhe a música de Janis — uma revolução pessoal à qual ela enfim fez justiça com “Janis Joplin: sua vida, sua música”. O livro de 2019, cuja tradução acaba de ser lançada no Brasil pela editora Seoman, acrescenta novas camadas às biografias já publicadas sobre a cantora.

Em entrevista por Zoom, a escritora (que passou quatro anos — o mesmo tempo que a cantora teve de sucesso — debruçada sobre o livro) fala sobre a mulher muito à frente do seu tempo que Janis foi: bissexual assumida, defensora da satisfação do desejo feminino, antirracista ferrenha, multicultural (esbaldou-se no Rio, no carnaval de 1970) e voz de blues que influenciaria até mesmo machos alfa do rock como Robert Plant (Led Zeppelin) e Steven Tyler (Aerosmith).

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— Janis criou uma persona, a da entertainer na qual a mídia vai pular em cima. Mas isso acabou escondendo a faceta de artista inteligente e trabalhadora. Pouco antes de morrer, ela estava estudando produção musical, tenho certeza de que ela viraria uma das primeiras mulheres produtoras — conta Holly nesta entrevista.

 
O quanto Janis Joplin afrontou os americanos quando apareceu na cena?

Ela tinha uma missão: a de não se conformar com os padrões de beleza correntes naqueles dias, de que uma estrela tinha que ter um visual arrumado. Era uma época em que as mulheres ainda eram consideradas subservientes, mesmo dentro do rock. A revista “Vogue” dizia que a pele de Janis parecia uma pizza... e os jornalistas homens a chamavam de atarracada, quando na verdade ela tinha um corpo muito bonito.

Hoje em dia, seria um motivo de vergonha para as pessoas terem escrito e dito coisas assim. E Janis também foi uma das primeiras brancas nos Estados Unidos a dançar no palco e não só ficar parada, cantando. Aquilo era inaceitável. Hoje, é imprescindível.

Como Janis quebrou as barreiras da indústria para as mulheres que cantavam rock?

Simplesmente chutando a porta. Janis tinha fãs homens e fãs mulheres. Mas, particularmente para as mulheres, Janis era uma performer tão incrível, tão transparente, que parecia estar vivendo as letras daquelas canções, e isso deu a elas liberdade para expressar os seus sentimentos em vez de ter que vestir máscaras o tempo todo. Janis falava pelas mulheres, e as fez falar por si mesmas.

 

 
Detalhe da Capa do livro "Janis Joplin: sua vida, sua música", de Holly George-Warren Foto: Divulgação
Detalhe da Capa do livro "Janis Joplin: sua vida, sua música", de Holly George-Warren Foto: Divulgação

Como ela lidava com os tabus em relação ao sexo?

Janis morava em uma cidade portuária (Port Arthur, no Texas), com muitas prostitutas, e não havia problemas para os meninos se eles quisessem pagar para fazer sexo. Já se descobrissem que uma menina transou, a sua reputação estava arruinada. Mas ela não dava a mínima e resolveu mostrar que as mulheres poderiam se divertir tanto quanto os homens, chegando para um cara e dizendo: “eu quero trepar”. Era algo muito novo. Janis teria ficado horrorizada quando a Aids apareceu. E só Deus sabe como estaria lidando com a Covid-19. Provavelmente, fazendo um monte de ligações de Zoom...

Janis Joplin era uma mulher branca que cantava blues, a música dos negros, em um tempo e um lugar de grande segregação. O que ela teve que enfrentar?

Janis foi criticada pelos dois lados. Os racistas diziam: “Por que você iria querer cantar como uma negra? Você é branca!” E alguns afro-americanos reclamavam de ela ser como Elvis, alguém que se apropriou da música de uma outra cultura. Eu argumentaria que Janis Joplin foi única, que ela canalizou muitos tipos de música e os “janisou”. A música negra foi, de longe, a que mais falou ao seu coração, mas se você vê a sua obra, você ouve o country & western do Texas. Além disso, ela sempre deu crédito às vozes negras que cantaram antes as músicas do seu repertório, como Big Mama Thornton, Etta James e Bessie Smith. Não a considero alguém que explorou os negros.

 

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Janis morreu dias depois de Hendrix, meses depois dos assassinatos da atriz Sharon Tate e de seus amigos pelos seguidores de Charles Manson... uma época de bad trip para a juventude, não?

E outra coisa horrível nos EUA que aconteceu naquela época foi Kent State (universidade em Ohio), quando sob o governo Nixon, estudantes foram alvejados por balas e mortos quando protestavam contra a Guerra do Vietnã. Foi uma época muito difícil, que mostra como aqui as coisas boas acontecem, parece que estamos indo para a frente, mas de repente tudo vem abaixo. Cá estamos nós, 50 anos depois, e ainda vemos grandes artistas morrendo por causa de opióides, como Prince (em 2016) e Tom Petty (2017). É algo terrivelmente sintomático dos ciclos da nossa cultura: damos cinco passos para a frente e depois três para trás.

A escritora americana Holly George Warren Foto: Divulgação
A escritora americana Holly George Warren Foto: Divulgação

Em fevereiro, pouco antes de morrer, Janis veio ao Rio de Janeiro para o Carnaval, e depois para a Bahia. Você diz que essa foi uma das ocasiões mais felizes da sua vida.

Janis enfrentou a depressão, sim, mas ela tinha um lado muito alegre. Ela adorava o mar, adorava dançar, e o Brasil lhe deu tudo isso. Li os telegramas que ela mandou ao seu assessor de imprensa em Nova York, dizendo que estava sendo tratada como Brigitte Bardot! E foi aí que ela conheceu (o namorado) David Niehaus, um americano muito cool que esteve viajando pela Amazônia e que, por estar há bastante tempo fora dos Estados Unidos, não sabia que ela era uma estrela. Ela adorava que ele tivesse sido atraído pelo que ela era, não pelo estrelato. Além disso, a música afro-brasileira que ela viu no Rio e na Bahia a afetaram muito.

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Você ouviu falar de Serguei (1933-2019), o cantor brasileiro que dizia ter namorado Janis quando ela esteve no Rio?

Sim, vi até uma foto, ele parece muito com Steven Tyler. Eles podem ter tido uma ficada rápida logo que ela chegou, porque ela logo conheceu David, dois ou três dias depois de chegar, e não acredito que ele fosse o tipo de cara a fim de compartilhá-la com outros! Janis era uma pessoa muito amigável, afetuosa e física, pode ter sido algo que começou com beijos, uma esfregação... e acabou evoluindo para algo mais. Fiquei triste de não ter falado com Serguei para o livro

Dá para imaginar Janis Joplin hoje, aos 77 anos?

Eu vejo contemporâneas suas, como Joan Baez(de 79 anos) e Maria Maldaur (de 77), e elas são mulheres poderosas, que ainda estão muito bem, fazendo shows e, no caso de Joan, muito ativas politicamente. Maria acabou de gravar um disco de blues buliçosos dos anos 20 e 30 (“Don't you feel my leg: The naughty bawdy blues of Blue Lu Barker”, de 2018). Acho que Janis ainda estaria por aí fazendo shows, teria produzido um monte de discos... ela estava aprendendo a tocar piano e adorava Nina Simone, quem sabe ela fizesse algo mais jazzy. Eu acho que ela ia adorar essas mulheres todas, de Lady Gaga a Cardi B. E tenho certeza de que ela voltaria ao Brasil muitas outras vezes, e até trabalharia com artistas brasileiros.

"Janis Joplin: Sua Vida, sua Música"

Autora: Holly George-Warren

Tradução: Martha Angel e Humberto Moura Neto

Editora: Seoman

Preço: 69,90

Páginas: 432


O Globo quinta, 01 de outubro de 2020

MANSUR: COMO O FLAMENGO ALTEROU SEU ESTILO

 

Mansur: Como o Flamengo alterou seu estilo e se transformou na goleada pela Libertadores

Rubro-negro se adaptou ao Del Valle para aplicar 4 a 0 e se classificar às oitavas
 
Flamengo aplicou 4 a 0 no Independiente del Valle e se classificou para as oitavas da Libertadores Foto: SILVIA IZQUIERDO / AFP
Flamengo aplicou 4 a 0 no Independiente del Valle e se classificou para as oitavas da Libertadores Foto: SILVIA IZQUIERDO / AFP
 
 

Se uma palavra pode definir a forma como o Flamengo se preparou para enfrentar o rival que lhe impusera sonora goleada em Quito, esta é adaptabilidade. Desde a escalação cheia de desfalques provocados pelo surto de Covid, passando pela maneira como tentou marcar a boa saída de bola dos equatorianos até a decisão de abrir mão de alguns traços mais característicos de seu jogo. Importava pouco ficar com a bola — o time teve só 32% de posse —, mas ser rápido com ela para aproveitar os espaços às costas da defesa equatoriana. Foi assim que o Flamengo construiu a goleada de 4 a 0.

Não foi sempre confortável o primeiro tempo do Flamengo, mas o placar se construiu graças às decisões estratégicas da comissão técnica, que ontem tinha o auxiliar Jordi Guerrero no banco. Em Quito, ao adiantar seus dois meias para marcar os zagueiros do Independiente del Valle e fazer Gabigol pressionar o volante Pellerano na saída de bola, o Flamengo esvaziou seu meio-campo. Ontem, fez diferente.

Primeiro, optou por um 4-2-3-1, com Thiago Maia e Gerson de volantes, Gabigol iniciando na ponta direita e Lincoln na esquerda, com Arrascaeta como o meia central bem próximo do centroavante Pedro. A ideia era que os dois homens de frente fizessem uma pressão que nem sempre tentava o desarme. Ela variava de acordo com o dono da bola. Se ela estava com o goleiro ou com um dos zagueiros, a ideia era vigiar e cortar as linhas de passe até Pellerano, ficando entre ele e a bola. Ou seja, tirar seu conforto no primeiro passe. Por vezes, com ajuda de um dos homens pelos lados, que vigiavam os laterais. Além disso, havia sempre os volantes Thiago Maia e Gerson ocupando o meio-campo.

Bruno Henrique marcou duas vezes na vitória do Flamengo sobre o Independiente del Valle Foto: CARL DE SOUZA / AFP
Bruno Henrique marcou duas vezes na vitória do Flamengo sobre o Independiente del Valle Foto: CARL DE SOUZA / AFP

 Não que tenha sido um plano perfeito, porque o Del Valle, bom com a bola, teve suas chances - o Flamengo permitiu 21 finalizações ao adversário. Hugo Neneca fez ao menos duas defesas difíceis.

A capacidade e atrevimento do Del Valle, somada à decisão do Flamengo de explorar o que o rival tem de pior, tornaram o jogo atraente, com chances de lado a lado. E a qualidade técnica fez o Flamengo aproveitar as suas e chegar aos 2 a 0 antes do intervalo.

 O que fez o Flamengo? Decidiu que a posse de bola, desta vez, não era primordial. Alterou estilo e jogou explorando os espaços concedidos por um Del Valle que combinava defesa adiantada e pouca pressão no meio-capo: um convite. A ordem era ser o mais vertical possível quando tinha a bola, chegar ao gol em poucos passes e, em sua maioria, em profundidade. Foi assim que Arrascaeta e Lincoln perderam as primeiras oportunidades. Até que vieram os gols, sempre graças à intenção de ser vertical com a bola. Uma reposição de Neneca achou Pedro e, dois passes depois, o lance era finalizado por Lincoln. Quatro minutos depois, aos 29, uma bola longa de Thiago Maia venceu outra vez a linha alta da defesa do Del Valle e Gabigol deu o 2 a 0 a Pedro. A esta altura, Gabigol fazia o centro do ataque com Pedro e Arrascaeta passara para a direita, algo mais próximo de um 4-4-2. A alternância se deu em vários momentos.


O Globo quarta, 30 de setembro de 2020

MARIAH CAREY: LIVRO DIZ QUE FOI DROGARA PELA IRMÃ, AOS 12 ANOS, E OFERECIDA A GIGOLÔ

 

Mariah Carey foi drogada pela irmã aos 12 anos e oferecida a gigolô, diz livro

Em autobiografia, cantora relembra relação conturbada com a família
Mariah Carey Foto: Dia Dipasupil / Getty Images
 

Não foi nada fácil para Mariah Carey compartilhar com o mundo, em sua autobriografia, os altos e baixos de sua infância e adolescência em família. Num dos trechos mais chocantes da obra "The meaning of Mariah Carey" ("O significado de Mariah Carey", em tradução livre"), que acaba de ser lançada, a cantora relembra a difícil relação com os irmãos. A começar por Alison, oito anos mais velha.

"Quando eu tinha 12 anos, minha irmã me drogou com Valium (um remédio antidepressivo), me ofereceu uma unha cheia de cocaína, me causou queimaduras de terceiro grau e tentou me vender para um cafetão", escreve Mariah.

Alison e Mariah Carey Foto: Facebook
Alison e Mariah Carey Foto: Facebook

A estrela acredita que um dos amigos da irmã, chamado John, era o tal cafetão. Um dia, Alison a deixou sozinha com ele num carro. Ao tentar de desvencilhar de um abuso, foi salva por um idoso que passava na rua. "Eu memorizei o rosto dele naquele momento", escreveu ela, deixando claro ainda ser grata pelo salvamento.

Mariah conta que, muitas vezes, a irmã jogava chá quente nela.

"Alison me queimou de muitas maneiras e mais vezes do que posso contar. Repetidamente, tentei ser o corpo de bombeiros dela, financiando tratamentos e pagando estadias em centros de reabilitação. Mas, mesmo com recursos substanciais, não há como resgatar alguém que não percebe que está queimando."

O irmão também foi tema de alguns paragráfos do livro. Mariah, terceira filha de um casal que se separou quando ela tinha apenas 3 anos, relembra de brigas homéricas entre Alfred, o pai, e o irmão, Morgan. Numa delas, foi preciso 12 policiais para contê-los.

 

"Quando meu irmão estava por perto, não era incomum ele fazer buracos nas paredes ou outros objetos voarem", ela conta.

Mariah Carey e Morgan Carey Foto: Barry King / WireImage
Mariah Carey e Morgan Carey Foto: Barry King / WireImage

Quando tinha 6 anos, viu o mesmo irmão agredir a mãe e ligou para a única amiga da família que sabia o número. Quando a polícia chegou, ela lembra de ter ouvido:

"‘Um dos policiais, olhando para mim, mas falando com outro ao lado dele, disse: 'Se esse garoto conseguir, será um milagre',.


O Globo terça, 29 de setembro de 2020

CAIO BLAT FALA SOBRE TRABALHO COM LUISA ARRAES EM AMOR E SORTE E RELATA CONFLITOS

 

 

Caio Blat fala sobre trabalho com Luisa Arraes em 'Amor e sorte' e relata conflitos

ANNA LUIZA SANTIAGO

 
 
 
 
Luisa Arraes e Caio Blat (Foto: Globo/Sergio Zalis)
Luisa Arraes e Caio Blat (Foto: Globo/Sergio Zalis)

 

Logo no início da quarentena, Caio Blat e Luisa Arraes perceberam que o período ímpar que o mundo atravessa se apresentava como uma poderosa fonte de inspiração para a arte. A partir daí, começou o processo de criação da série "Amor e sorte", cujo último episódio, nesta terça-feira, 29, será estrelado pelo casal.

- A gente ficou com a sensação de que tinha que fazer um registro e mostrar o que estava acontecendo, as várias realidades de pessoas de diferentes idades. Ligamos para o Jorge FurtadoLázaro Ramos e Taís Araujo também falaram com ele, que criou a série. E então começamos a escrever o nosso episódio. Escrevíamos o dia inteiro e mostrávamos para ele à noite. Ele foi adorando e aprovando. E fazendo com a gente também, inventando os diálogos. Tivemos um tremendo curso de roteiro - explica Caio.

 Na história, Manoel (Caio), um engenheiro aspirante a cineasta, conhece a atriz Teresa (Luisa) pouco antes do início do isolamento social.

- Os dois passam o fim de semana juntos, namorando, no apartamento da Teresa. Combinam de desligar os celulares para passar dois dias isolados. Manoel diz que quer fazer um filme com a Teresa. Na segunda-feira, quando ele está indo embora, liga o celular e descobre tudo. O prédio já está sendo higienizado. Manoel telefona para a mãe, que é do grupo de risco, e ela responde que não sabe onde ele andou e se usou máscara. E que em casa ele não entra. Então, Manoel fica preso com a Teresa e eles resolvem fazer o filme - resume ele.

Além de atuar, os atores participaram de todas as outras etapas: desde a escrita dos roteiros, passando pela montagem de cenários, até a operação de câmeras e a direção. Luisa ainda se arriscou na edição. Foi tudo feito na casa dela, no Jardim Botânico, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Caio, que vive no Itanhangá, na Zona Oeste, passou boa parte do tempo lá. Segundo o ator, a intimidade entre eles, que estão juntos há três anos, ajudou, evidentemente, mas também gerou conflitos. E ri ao se lembrar de um episódio:

- Ao mesmo tempo que é muito mais fácil criarmos juntos, brigamos bastante, nos desentendemos. A gente teve uma discussão enorme na frente de toda a equipe por uma coisa idiota: qual a melhor mão para segurar um objeto na cena. Ficou todo mundo constrangidíssimo. No outro dia, ficamos arrasados e envergonhados. Pedimos desculpas. Nossa intimidade estava totalmente aberta ali. Nós dormíamos cercados de equipamentos. Tinha câmera dentro do quarto, dentro do banheiro... Quando a gente acordava e colocava os pés no chão, já ligava o computador. E tinha 30 pessoas esperando. A gente escovava os dentes e fazia café falando com todos. Teve um dia que a Luisa fez questão de trocar a roupa de cama que mandaram para usarmos na gravação das cenas. Para não dormirmos com a roupa de cama dos personagens. A gente brinca que fez um 'BBB' da ficção. Foi uma história de ficção feita com todo mundo vendo. 

Ele afirma que, apesar de cansativa, a experiência foi enriquecedora:

- Foi muito comovente esse espírito de superação. Todo mundo trabalhando para fazer uma coisa linda, emocionante, superando todos os desafios. Isso só nos fez valorizar ainda mais o trabalho de outros profissionais. Porque a gente não conseguia ficar totalmente concentrado no texto, já que tinha que pensar no chip da câmera, na pilha de algum aparelho etc. Ficamos exaustos nas duas semanas de gravação.

Caio avalia que "Amor e sorte" serviu como um teste para sua estreia para valer como diretor de TV, na novela "Além da ilusão", prevista para o ano que vem:

- Para mim foi maravilhoso. Foi um aprendizado sobre câmera, sobre como lidar com a equipe... Eu estava me preparando para dirigir e acabou que isso foi antecipado com esse episódio superespecial. Ganhei um voto de confiança.

 

Veja fotos das casas dos protagonistas de "Amor e sorte":

Luisa Arraes e Caio Blat mostram a sala da casa da atriz na Zona Sul do Rio de Janeiro. O episódio estrelado por eles vai ao ar nesta terça, 29 Divulgação


O Globo segunda, 28 de setembro de 2020

MALDITOS DA PMB: DE ITAMAR ASSUNÇÃO A JARDS MACALÉ, UM GUIA DE DISCOS IMPERDÍVEIS NO STREAMING

 

'Malditos' da MPB: de Itamar Assumpção a Jards Macalé, um guia de discos imperdíveis no streaming

Inovadores e polêmicos, músicos como Jorge Mautner e Walter Franco também construíram obras únicas à margem do mercado
 
O cantor Itamar Assumpção Foto: Divulgação
O cantor Itamar Assumpção Foto: Divulgação
 
 

RIO — Durante sua carreira, Itamar Assumpção (1949-2003) construiu uma obra bastante particular, sem abrir concessões em sua música, que abrigava uma vasta gama de gêneros, indo do romantismo exacerbado a experimentações harmônicas e poéticas. Oriundo do movimento que ficou conhecido como Vanguarda Paulista, entre o final dos anos 1970 e início dos 1980, o artista acabou tachado como “maldito”, por não se encaixar em qualquer rótulo ou nicho de mercado, sempre à margem das rádios e das paradas de sucesso.

Itamar Assumpção

Dos trabalhos lançados agora nos serviços on-line, completando a sua obra, estão “Às próprias custas S.A.” (1983), “Sampa Midnight — Isso não vai ficar assim” (1986), “Ataulfo Alves por Itamar Assumpção — Pra sempre agora" (1995) e os tributos póstumos “Pretobrás II — Maldito vírgula” e “Pretobrás III — Devia ser proibido” (2010), com participações de Ney Matogrosso, BNegão, Elza Soares, Seu Jorge e outros.

Jards Macalé

Cantor, compositor, violonista, produtor, arranjador e ator, Macalé fez de tudo um pouco no campo das artes. Original e polêmico, ele já disse ter sofrido “boicote pela produção musical” brasileira. De seu trabalho, 13 discos estão no streaming, do LP de estreia, “Jards Macalé” (1972), a seu CD mais recente, “Besta fera”, lançado no último ano.

Destaque também para “Let’s play that” (1983), gravado com o percussionista Naná Vasconcelos, e o pouco lembrado “4 batutas & 1 coringa”, no qual interpreta temas de Geraldo Pereira, Nelson Cavaquinho, Paulinho da Viola e Lupicínio Rodrigues.

Luiz Melodia
 

Outro músico que sempre trilhou seu próprio caminho foi Luiz Melodia (1951-2017). Em entrevista recente ao GLOBO, Toninho Vaz, seu biógrafo, explicou a fama de rebelde: “Ele era um pouco arredio, por isso foi tachado de maldito”. De sua obra, quase 30 álbuns estão no Spotify, entre projetos de estúdio, gravações ao vivo e coletâneas.

Além do clássico “Pérola negra” (1973), com standards como “Estácio, eu e você”, “Vale quanto pesa”, “Estácio, Holly Estácio” e a faixa-título”, outros imperdíveis são “Maravilhas contemporâneas” (1976) e “Pintando o sete” (1991), cuja versão para “Codinome beija-flor” (Cazuza/Ezequiel Neves/Reinaldo Arias) o levou de volta às paradas de sucesso.

Sérgio Sampaio

Efeito ou causa de sua fama de ter “temperamento difícil”, o consumo excessivo de drogas e álcool ajudou a levar Sampaio a uma morte prematura, aos 47 anos, em 1994. Os três discos lançados em vida pelo cantor e compositor estão no streaming: “Eu quero é botar meu bloco na rua” (1973) — a canção que dá título ao LP se tornou um grande sucesso quando surgiu, um ano antes, no Festival Internacional da Canção —, “Tem que acontecer (1976)” e “Sinceramente” (1982). Ainda há nas plataformas o álbum póstumo “Cruel”, gravado pouco antes de sua morte.

 

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Jorge Mautner

Assim como Luiz Melodia, Mautner foi outro “maldito” que participou do show-manifesto “Banquete dos mendigos”, em 1973, espetáculo idealizado por Jards Macalé em plena ditadura militar para comemorar os 25 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Inquieto, instigante e livre de amarras, o artista carioca também trafegou por diversos gêneros e estilos.

Dos seus dez trabalhos de estúdio, sete estão no streaming. Entre eles, “Para iluminar a cidade” (1972), “Jorge Mautner” (1974), “Mil e uma noites em Bagdá” (1976) e “Eu não peço desculpa”(2002), com Caetano Veloso. Sem contar o atualíssimo “Não há abismo em que o Brasil caiba”, do ano passado.

Bastante influente na geração contemporânea, ele teve sua “Samba jambo”, parceria com Nelson Jacobina, regravada por Júlia Vargas no álbum “Pop banana”, de 2017.

Tom Zé

Apesar de seu jeito meio maluco beleza, o baiano é dos mais lúcidos e sagazes pensadores da música brasileira. Em mais de 50 anos de carreira, o artista criou uma discografia inclassificável e livre de amarras, desde os seminais “Grande liquidação” e “Tropicália ou panis et circenses”, com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Nara Leão e Os Mutantes — ambos de 1968 —, passando por “Estudando o samba” (1976), até seu último CD, “Sem você não A” (2017), todos disponíveis no streaming.

 

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Walter Franco

Morto no fim do ano passado, aos 74 anos, o cantor e compositor é um dos expoentes da vanguarda da MPB. Entre o folk, o rock e o experimentalismo, ora calmaria ora tempestade, Franco chocou muita gente quando lançou seu primeiro disco, “Ou não” (1973), com temas como a anticanção “Cabeça” e “Me deixe mudo”, regravada por Chico Buarque no ano seguinte, no álbum “Sinal fechado”. Além do clássico, encontram-se nas plataformas “Revólver” (1975), “Respire fundo” (1978), “Vela aberta” (1980) e “Tutano” (2001).

Maurício Pereira

De uma geração mais nova, Pereira não foi tachado de "maldito", mas também fez uma trajetória à margem do sucesso, trilhando seu próprio caminho experimental, cultuado por muitos músicos de hoje. O cantor e compositor paulistano iniciou sua carreira ao lado de André Abujamra na banda Os  Mulheres Negras, nos anos 1980, com quem lançou os discos "Música e ciência" (1988) e "Música serve pra isso" (1990), ambos nas plataformas. Graças a seu filho, Tim Bernardes, da banda O Terno, um dos principais nomes da MPB contemporânea, uma nova geração passou a conhecer a obra de Pereira.

Quem quiser descobrir ou mergulhar na poesia urbana e cortante do artista, seus sete trabalhos de estúdio estão no streaming. Entre eles, "Na tradição" (1995), sua estreia solo, "Mergulhar na surpresa" (1998), da imperdível "Um dia útil", e "Pra Marte" (2007), da épica faixa "Trovoa", gravada pelo trio Metá Metá em 2011.

O Globo domingo, 27 de setembro de 2020

ELEIÇÕES 2020: TSE PREPARA CERCO ÀS FAKE NEWS E AO USO E ROBÔS NAS REDES SOCIAIS

 

Eleições 2020: TSE prepara cerco às fake news e ao uso de robôs nas redes sociais

Em entrevista ao GLOBO, Barroso detalha acordo com plataformas para retirar do ar disseminadores de mentiras, mas admite que é impossível erradicar o problema
BRASIL - Brasilia, DF - 06/02/2019 - Retrato do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luis Roberto Barroso. Foto: Daniel Marenco Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo
BRASIL - Brasilia, DF - 06/02/2019 - Retrato do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luis Roberto Barroso.
Foto: Daniel Marenco Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo
 
 

BRASÍLIA — Em entrevista ao GLOBO, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, detalha acordo com plataformas de redes sociais para retirar do ar perfis mentirosos mesmo sem ordem judicial. "O controle de comportamentos envolve muitas vezes enfrentar milícias organizadas de forma hierarquizada, concertada e financiada, que replicam comportamentos de ódio, de disseminação de mentiras. É isso que nós pretendemos combater", ressaltou o ministro que também explica o protocolo anti-Covid e descarta risco de contágio na urna.

 

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O debate sobre fake news nas campanhas é um tema da eleição. Para o senhor, as plataformas devem controlar o conteúdo das postagens?

Como linha de princípio, não deve haver controle de conteúdo, mas deve haver o cuidadoso controle do que se tem chamado de comportamentos coordenados inautênticos. O TSE já formalizou parceria com todas as principais mídias sociais: WhatsApp, Facebook, Instagram, Google para a utilização de ferramentas, algumas especialmente desenvolvidas para detectar esses comportamentos, que incluem uso de robôs, o uso de perfis falsos e impulsionamentos ilegais. Há um compromisso das plataformas de, por meios tecnológicos, enfrentarem. É impossível eliminar o risco de fake news, mas estamos tratando essa questão com grande empenho e profissionalismo. Por parceria com as empresas de telefonia, todos os eleitores por dois meses terão acesso gratuito via internet à página do TSE para obter informações confiáveis.

Uma vez que a plataforma detectar o comportamento atípico, o que pode ser feito?

Uma vez detectados esses comportamentos inautênticos, você remove a conta.

Será necessária determinação judicial?

 

Não. Você pode até ter remoção de conteúdos por determinação judicial. Mas a parceria que nós fizemos é para a remoção pelas próprias plataformas assim que detectado o problema. Inclusive, vamos ter um canal direto com o TSE. Qualquer pessoa que esteja recebendo impulsionamento que considere inautêntico (poderá denunciar), e nós, automaticamente, comunicamos à mídia social; ela retira, se achar que é o caso.

Os conteúdos mentirosos devem ser removidos?

A caracterização das fake news pode ser simples em alguns casos e, em outros, pode ser complexa. Por exemplo: se um candidato acusar o outro de ter sido condenado por pedofilia, esse é um fato objetivo. Em outra situação, se um candidato disser que o outro tem o apoio da milícia, e o outro responder que o outro candidato tem o apoio de gente ligada à corrupção, esse vai ser um debate público e provavelmente a Justiça não vai querer interferir. O nosso enfoque é o controle de comportamentos, e não a investigação de conteúdos. O controle de comportamentos envolve muitas vezes enfrentar milícias organizadas de forma hierarquizada, concertada e financiada, que replicam comportamentos de ódio, de disseminação de mentiras. É isso que nós pretendemos combater.

A abstenção já vinha crescendo e estima-se aumento, pela pandemia. Isso o preocupa?

Existe uma média histórica de abstenção de 20%. Tenho a expectativa de que essa abstenção diminua, por paradoxal que possa parecer, porque as pessoas andam com grande motivação de participar do processo político. Nós fizemos uma campanha para atrair mesários voluntários e tivemos mais de 700 mil inscrições. É um indício de que, apesar da pandemia, as pessoas estão com ânsia de participar.

Existe preocupação das campanhas serem novo foco de contaminação da Covid?

Há um protocolo específico para as campanhas eleitorais, que inclui evitar aglomerações, manter o distanciamento físico de pelo menos um metro, usar máscaras. No caso da necessidade de se realizar reuniões, que seja em ambiente aberto e que use álcool em gel sempre que houver contato com alguma pessoa ou com algum objeto.

Haverá punição para candidato que não respeitar as orientações?

O TSE fez um plano de segurança sanitária. As regras obrigatórias são definidas pelos municípios. Os candidatos deverão observar as regras relativas à circulação e ao eventual distanciamento social estabelecidas em cada município ou no âmbito estadual.

 

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E quais serão os cuidados com o eleitor para não ter risco de contágio no dia da votação?

Para as pessoas que são grupo de risco, sobretudo os que têm mais de 60 anos, fizemos duas coisas: aumentamos o horário da eleição em uma hora. Em vez de ser das 8h às 17h, será das 7h às 17h; e reservamos as três primeiras horas de votação para os maiores de 60 anos. É uma reserva preferencial, mas não será proibido outro eleitor votar. O que pediremos à população é que só compareça nesse primeiro horário quem tem necessidade de acompanhar algum idoso. Vai haver fila específica para os idosos e os não idosos terão que esperar numa fila paralela. Nós suprimimos a biometria porque poderia ser uma fonte de contágio, e ela aumentava em 70% o tempo da votação. O eleitor vai entrar na seção, se dirigir ao mesário, mostrar documento de identidade a um metro de distância. Em seguida, o eleitor vai higienizar as mãos com álcool em gel e assinar o caderno de votação. Recomendamos que levem a própria caneta. Só vai ter uma passagem pelo mesário. Na saída da seção, higieniza as mãos novamente.

A urna eletrônica pode ser foco de contágio?

 

Não há essa possibilidade, risco zero. O eleitor vai chegar à urna higienizado e depois que usá-la vai higienizar as mãos de novo. A mão já chega limpa. E a recomendação é, evidentemente, não levar a mão aos olhos ou à boca durante esse processo, e tem que estar de máscara.

Como natural do Rio, como o senhor avalia a situação política do estado, com o prefeito Crivella inelegível e o governador Witzel afastado e enfrentando impeachment?

Eu sou juiz, portanto não me cabe fazer análises políticas circunstanciais do momento. Evidentemente, como alguém que cresceu e ama o Rio, eu lamento o quadro geral. É inegável que há um problema institucional estrutural que tem levado muitos dos seus governantes a responderem a processos criminais. O Brasil viveu infelizmente um processo ao longo de muitos anos de naturalização das coisas erradas. E parece que esse processo se manifestou de forma mais exacerbada no Rio de Janeiro. Sem fazer juízo sobre os fatos do momento, tenho uma certa sensação de que o Rio, cuja capital é uma das cidades mais lindas do mundo, pela qual sou apaixonado, está precisando se reinventar. Eu espero que essa reinvenção esteja próxima.


O Globo sábado, 26 de setembro de 2020

NATHALIA DILL: GRÁVIDA DE SEIS MESES, ATRIZ PLANEJA LICENÇA MATERNIDADE MAIS LONGA

 

Grávida de seis meses, Nathalia Dill planeja licença-maternidade mais longa: 'Momento de olhar para mim'

THAYNÁ RODRIGUES

 
 
 
 
Nathalia Dill (Foto: Vinicius Mochizuki)Nathalia Dill (Foto: Vinicius Mochizuki)

 

Nathalia Dill participou de 15 obras na televisão desde a sua estreia, em 2006. Até que, em 2020, quando a atriz de 36 anos se preparava para casar, mudar de casa e, quem sabe, aceitar mais um trabalho, a natureza se encarregou de impor pausas. 

— Com a gravidez e com a quarentena, sinto que é o momento de eu olhar mais para mim em todos os níveis. A última novela foi tão forte ("A dona do pedaço", em que ela interpretou a vilã Fabiana) que fiquei com esse desejo. Recentemente, quase aceitei um novo trabalho, mas pensei na gestação e na pandemia. Interpretei como um sinal. Estou há 15 anos trabalhando. É tempo de eu olhar mais para a minha casa, para a gravidez e para a família e ter um momento de resguardo. A gente precisa se curtir um pouco. Para isso, estou propensa a desconectar  — diz ela, que está grávida de seis meses de uma menina, fruto da união com o músico Pedro Curvelo.

 Antes de concretizar essa desconexão, Nathalia encontrou um jeito de se manter profissionalmente ativa. Ela comanda a série de lives "Mamãe de primeira" no IGTV, em que já conversou com atrizes como Sheron MenezzesCarolinie FigueiredoSophie Charlotte e Débora Nascimento. Dos vídeos também participam especialistas e integrantes da família da atriz.

— Minha ideia foi fazer uma mistura: conversar com mulheres que tenham vivido a experiência da maternidade e também mostrar as visões de um profissional. Assim, as lives ficam mais dinâmicas e se relacionam com os meus interesses. Eu quis trocar experiências mesmo, falar sobre o assunto. E muitas vezes as mães têm opiniões parecidas sobre o tema, mas isso serve de reforço. Acontece, por exemplo, quando algumas delas defendem a maternidade possível e real. Qualquer que seja o processo escolhido ou o tipo de parto, a mãe e o bebê devem ser respeitados — defende.

As escolhas às quais Nathalia se refere vão desde as regras alimentares para gestantes ao tipo de parto. Ela explica:

— Sinto que há muitos mitos em relação às dietas, por exemplo. Vai um pouco da filosofia de cada obstetra, nutricionista e, claro, das mães. As grávidas também têm que estar bem, felizes e comendo o que gostam. Eu procurei a minha nutricionista, mas ao mesmo tempo me permiti comer. Emagreci um pouco no início também por conta dos enjoos. Agora está tudo certo. Com a pandemia, não tenho comido na rua, mas ocasionalmente peço delivery. Ao japonês, que é polêmico, abri uma ou outra exceção. Se for de um restaurante confiável, em que sempre comi, entendi com a minha médica que uma vez ou outra não haveria tanto problema. A gente é grávida, é ser humano, está na pandemia. Está todo mundo tão no limite, tão transformado e sensível. Um dos maiores agravantes da pandemia, tirando toda a parte da miséria, de as pessoas terem ficado sem emprego, é a saúde mental. Por isso, para mim é importante passar por isso sem que haja muitos danos psicológicos. É bom a gente ir se percebendo, optando por coisas que nos façam bem. Esse é o grande dilema. Tem tanto problema acontecendo: queimadas, desgoverno... Precisei cuidar, filtrar as militâncias. Dá um pouco de culpa se isso traz como consequência se alienar. Mas no momento é uma forma de cuidar da mente: desconectar dos problemas e seguir bem. Fui nesse processo.

Nathalia se apegou a uma reflexão. Por ter sentido enjoos nos primeiros meses de gestação, a atriz relata ter pensado em mulheres que precisam continuar a trabalhar após descobrirem que estão grávidas:

— Eu senti um mal-estar inicial. Não achei que pudesse passar tão mal. Fiquei pensando em muitas mulheres que precisam trabalhar. Eu tive o privilégio de neste momento poder ficar em casa. E ainda tem a questão de, no começo, a gravidez apresentar um risco. Passar mal e ainda não poder falar para ninguém é bem delicado. O mundo parece que não se compadece tanto com essa fase. Se a mulher fura uma fila com dois meses de gestação, as pessoas não entendem. Fiquei solidária a elas e grata por, ainda bem, eu ter conseguido fazer as coisas no meu ritmo, no meu tempo. No início da quarentena, eu estava ativa: tendo aulas de Física, de Arte e Cultura... (Ao descobrir a gravidez) Fui parando todas. No segundo trimestre é que fiquei mais ativa e me mexi. Nesse período também comecei a sentir os movimentos da bebê. É engraçado! Tenho vontade de chamar quem está do meu lado e dizer: "Olha! Olha!". É um processo doido e incrível ao mesmo tempo perceber cada um destes detalhes. Isso vai fazendo com que a gente se conecte. É gradual.

Eva deve chegar só em dezembro e, até a atriz voltar à TV, deve demorar um pouquinho. É possível que Nathalia Dill fique meses além da licença-maternidade com a filha:

— O primeiro ano do bebê é muito intenso, tem a amamentação, depois os passinhos. É uma pena que na licença-maternidade muitas mulheres tenham que sair para trabalhar antes disso. Pensando agora, se eu puder, gostaria de ficar esse primeiro ano com ela. São tantas mudanças... Acontecem tantas coisas. Mas eu não sei. Tento me manter livre, não queria me colocar uma regra.

Nathalia Dill, grávida de seis meses (Foto: Vinicius Mochizuki)
Nathalia Dill, grávida de seis meses (Foto: Vinicius Mochizuki)

O Globo sexta, 25 de setembro de 2020

CAÇA GRIPEN, DUAS VEZES MAIS RÁPIDO QUE O SOM

 

Caça Gripen voa duas vezes mais rápido que o som: conheça os detalhes

Aeronave sueca batizada pela Aeronáutica como F-39E fez primeiro voo no Brasil
 
O Gripen é o primeiro F-39E das 36 unidades que tiveram a compra anunciada em 2013. Voo inaugural entre Navegantes, no Litoral Norte de Santa Catarina, e Gavião Peixoto, em São Paulo, durou 50 minutos Foto: Bianca Viol / Força Aérea Brasileira
O Gripen é o primeiro F-39E das 36 unidades que tiveram a compra anunciada em 2013. Voo inaugural entre Navegantes, no Litoral Norte de Santa Catarina, e Gavião Peixoto, em São Paulo, durou 50 minutos Foto: Bianca Viol / Força Aérea Brasileira
 
 

RIO — O mais ambicioso projeto da Força Aérea Brasileira (FAB), o chamado programa F-X2, entrou na quinta-feira em uma nova fase, com o primeiro voo do Gripen NG no Brasil, batizado pela Aeronáutica como F-39E. O caça sueco, configurado apenas para testes, voou por uma hora e três minutos, após decolar no Aeroporto de Navegantes (SC), às 14h04, e pousar no Centro de Ensaios em Voo, na sede da Embraer, em Gavião Peixoto (SP), às 15h07. A aeronave, que não teve contratempos em seu primeiro teste por aqui, veio da Suécia dentro de um navio, que atracou, no último domingo, no porto do município catarinense. 

 Essa é a primeira de 36 aeronaves do contrato firmado, em 2014, com a fabricante sueca Saab para a renovação da frota brasileira, hoje composta, majoritariamente, por caças americanos F-5, fabricados na década de 1970 e operados em cinco esquadrões, distribuídos nas regiões Norte, Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Os novos caças devem entrar em operação a partir do final de 2021. O investimento da FAB é de R$ 24 bilhões, em valores atualizados, com financiamento de 25 anos. Se o cronograma de pagamentos e de produção for cumprido, todas as unidades estarão, em 2026, na Base Aérea de Anápolis (GO). 

— A partir desse momento, iniciaremos os ensaios em voos no Brasil. Já fizemos alguns na Suécia. Agora, faremos conjuntamente com a Embraer, utilizando pilotos de testes da Embraer e da Força Aérea Brasileira — afirmou o diretor do Programa Gripen, da Saab, no Brasil, Bengt Janér.

O F-39E alcança 2.400 km/h, o que representa duas vezes a velocidade do som. É uma aeronave multimissão, com funções de patrulha (ar-ar), ataque (ar-terra) e ainda com capacidade de operações contra alvos marítimos (ar-mar).

— É um caça que podemos chamar da geração 4.5 +. Ou seja, um degrau abaixo do topo. Ainda assim, podemos afirmar que é o estado da arte em termos de tecnologia em aviação — explicou Nelson Düring, especialista no setor e editor-chefe do portal Defesanet.

 O Gripen em detalhes

Como atua o avião adquirido pela FAB
MEDIDAS
Envergadura: 8,6m
Comprimento: 15,2m
ANTENAS
Fazem a interferência nos radares inimigos, impedindo que o Gripen possa sermarcado como alvo
Tecnologia
de combate
RADAR
Possui pequenos módulos eletrônicos que fazem a busca de alvos em diferentes direções, no ar, no solo ou no mar, simultaneamente e em diferentes frequências
MÍSSEIS
O Gripen pode receber mísseis de curto e longo alcance; e bombas e mísseis guiados por laser. Pode atingir alvos no ar, no solo e mar
Radares eletrônicos
Informa se o radar que o captou é de uma força amiga ou inimiga
Alerta sobre a aproximação e direção de mísseis disparados
contra o caça
Gripen
Raio de combate
Velocidade
1.300km
Salvador
Até 2.400km/h
 
BA
MT
(duas vezes do
velocidade do som)
Brasília
Distância até onde o caça pode ir, combater e voltar, tendo ainda combustível para aterrissar
Goiania
Consegui ir
de Goiania a
Salvador em
30 minutos
MG
SP
RJ
Fonte: SAAB

 

O programa F-X foi concebido há 20 anos. De lá pra cá, ocorreram atrasos e controvérsias. Em 2009, já rebatizado como FX-2, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a anunciar, durante visita do então presidente francês Nicolas Sarkozy a Brasília, a escolha pelo Dassault Rafale. A decisão não foi chancelada pela Aeronáutica. E, em dezembro de 2013, a ex-presidente Dilma Rousseff anunciou o acordo com a fabricante sueca, que tem como principal destaque a transferência de tecnologia e a produção de 15 das 36 aeronaves em solo brasileiro.

 

— A grande virtude do programa Gripen não é só gerar conhecimento, mas ter carga de trabalho. A participação da indústria nacional é decisiva. Se a indústria brasileira não fizer a parte dela, nós não recebemos a aeronave. São 62 projetos, extremamente detalhados, com transferência de tecnologia para a indústria e para o Instituto de Tecnologia da Aeronáutica (ITA). Cada um deles visa uma área diferente — explicou o presidente da Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate (Copac), da Aeronáutica, Major-Brigadeiro do Ar Valter Borges Malta.

Os primeiros 13 caças serão integralmente produzidos na Suécia. Outros oito serão fabricadas na Europa e finalizados no Brasil, que participará ativamente da produção das unidades com dois lugares, que ainda não haviam sido desenvolvidas na época da assinatura do contrato.


O Globo quinta, 24 de setembro de 2020

ELBA RAMALHO: AINDA NÃO ESTOU SANTA

 

Elba Ramalho: 'Ainda não estou santa'

 

Cantora grava disco inspirado no nascimento da neta e prepara livro que mistura biografia e experiências místicas. Às vésperas de completar 70 anos, conta que está há oito sem namorar
 
Elba Ramalho: prestes a completar 70 anos, cantora lança novo disco e prepara livro em que vai misturar biografia com experiências místicas Foto: Leo Aversa / Agência O Globo
Elba Ramalho: prestes a completar 70 anos, cantora lança novo disco e prepara livro em que vai misturar biografia
com experiências místicas Foto: Leo Aversa / Agência O Globo
 
 

Elba Ramalho está de volta para o seu aconchego. Em seus quarenta anos de carreira, a cantora nunca havia passado um mês inteiro em casa. Levava a vida na estrada, fazendo uma média de sete shows por mês em vários cantos do país. A quarentena forçada pelo novo coronavírus, claro, a obrigou a parar. E isso aconteceu bem no momento em que se tornou avó de Esmeralda. A bebê, de cinco meses, é filha de Luã, fruto da relação da cantora com o ator Maurício Mattar. Mergulhada na intensa convivência familiar, Elba viu-se inspirada a fazer um novo disco, o 39º de sua discografia.

 
Elba Ramalho: aos 40 anos de carreira e prestes a completar 70 de idade, cantora lança o disco "Eu e vocês", com participação dos filhos Foto: Leonardo Aversa : Leo Aversa / Agência O Globo
Elba Ramalho: aos 40 anos de carreira e prestes a completar 70 de idade, cantora lança o disco "Eu e vocês",
com participação dos filhos Foto: Leonardo Aversa : Leo Aversa / Agência O Globo

Cada vez mais devota de Nossa Senhora, Elba também se dedica a escrever um livro que mistura biografia e suas experiências místicas (“quero dizer às pessoas que Deus existe e é bom” , diz). Nos últimos oito anos, período em que está “dando um tempo de homem”, a cantora mergulhou fundo na espiritualidade.

Voltando ao disco, "Eu e vocês" terá 12 faixas, que serão lançadas nas plataformas de áudio em forma de singles, quinzenalmente. No início do mês, ela adiantou "Maçã do rosto", canção de Djavan, composta em 1976. Na última sexta-feira (18), veio "Ainda tenho asas", primeira parceria com Luã, que também produz o projeto. O clima caseiro, aliás, está ainda nas vozes das filhas da cantora, Maria Clara, Maria Paula e Maria Esperança, que participam fazendo backing vocals.

No próximo dia 2, Elba lança uma versão de “Felicidade”, de Marcelo Jeneci e Chico César. Na sequência, virão também “Sintonia”, sucesso radiofônico de Moraes Moreira, grande amigo de Elba e de quem ela gravou 17 canções, a música-título do trabalho, composta por Zélia Duncan, entre outras. Gravado no estúdio de Elba em casa, o álbum está recheado de xotes românticos, seguindo a linha de “Balaio de amor” disco de 2009, com o qual a cantora ganhou um Grammy Latino,

 

Às vésperas de completar 70 anos, em 2021, a paraibana diz, nesta entrevista, que a fé lhe dá paz de espírito para envelhecer sem "desespero".

Como surgiu a primeira parceria musical com seu filho, Luã, e como é ter o filho como produtor de disco?

Raramente componho. Quando comecei a fazer teatro, eram os poetas que eu interpretava. Conhecia a obra de Fernando Pessoa, Mayakovsky, Brecht, Mario de Andrade, Manuel Bandeira, Cecilia Meireles. Depois de ler esse povo, falei: "não vou escrever, não sou capaz". Num verão, fiz um post, o Luã perguntou se podia continuar e fizemos a parceria. Luã fez o técnico de som ouvir todos os meus discos. Conhece meus registros de voz, é perfeccionista, exímio violonista e se formou em produção. É bom trabalhar com jovens, trazem informação. Aprendo, não acho que sei tudo. Uma coisa positiva é que minha voz maturou, cresceu. É uma delicadeza chegar nessa idade com força e brilho na voz.

O que sentiu ao cantar com os seus filhos?

É surpresa e emoção a cada vez que entram. Na primeira, falei: "Caramba, que vozes são essas?". Maduras, afinadas. A de Esperança, então, é forte. A gente está se divertindo. É um disco despretensioso, mas o repertório vem com bom gosto. Está ficando bom.

 

Que tipo de avó é Elba Ramalho?

Por enquanto, é só amor. Quando ela cai nos meus braços, já sabe como dormir. É uma experiência nova, porque não é minha filha. Estou na retaguarda, com um amor intenso, mas posso dizer: "Com licença, essa noite de febre aí vocês é que vão segurar" (risos).

No ano passado, você completou 40 anos de carreira. Sua trajetória a deixa feliz?

Tive muitos equívocos, mais fui íntegra e verdadeira do começo ao fim. Mesmo quando ousei coisas que nada tinham a ver comigo, estava experimentando. Fui exagerada. Todo ano, um disco novo. Tive muita porta fechada, crítica, deboche, sarcasmo. Mas batalhei, sou guerreira. O que vale é olhar e dizer: "Não tenho muitas sombras pra pagar". Fui fiel ao que acreditava. Muitas coisas não eram boas, mas, no geral, acho que existe uma qualidade.

E na vida pessoal, muitos erros?

Equívocos? Milhares. Arrependimentos? Alguns, bem bons. Mas superação, também, pela fé, humildade. Não é uma coroa que fica furando a minha cabeça. Já chorei.

O que identifica como fundamental na sua criação para se tornar quem se tornou?

 

A educação dos meus pais. Rígida, me impô limites. Apesar de eu desobedecer, no fundo, existia um freio que vinha dessa memória afetiva. A fé também. Não é algo que peguei no ar de uns tempos para cá. Essa imagem aqui (aponta a escultura de Nossa Senhora da Conceição) representa minha padroeira quando criança. A gente participava das procissões. A cidade era pequena (Conceição, no Vale do Piancó, Paraíba). A diversão eram as festas da igreja. Minha estreia nos palcos foi no pastoril da igreja. No sertão, eram pés descalços brincando de roda, cirandas na porta de casa, a música dos repentistas, dos violeiros, dos cantores românticos como Dalva de Oliveira, Isaurinha Garcia, Augusto Calheiros. Lá em casa, tinha roda de violão toda tarde, meu pai tocava, meus irmãos cantavam...

Aí você deixou o sertão rumo ao Rio para ser atriz, com uma mão na frente e outra atrás...

Tinha 19 anos e vim com um quiteto violado chamado A Feira. Depois do show, perguntaram se eu ia voltar. Disse que não. Tinha uma maleta com livros e discos, tudo que gostava. E fiquei parada na Aires Saldanha, em Copacabana, enquanto via o ônibus do quinteto saindo para o Recife. Um casal perguntou o que eu ia fazer. Eu disse que não sabia. Me levaram para a casa deles e fiquei morando em Santa Teresa. Todo dia, pegava o bondinho e ia para o Baixo Leblon. Foi quando conheci Geraldo Azevedo, Carlos Fernando, compositor de "Banho de cheiro", Alceu Valença, reencontrei Zé Ramalho. Fui me agregando. Mas ainda fazia teatro.

 

Fez sucesso em "Ópera do malandro", de Chico Buarque. Quando decidiu deixar de ser atriz e virar cantora?

Nem queria ser cantora. Um produtor me viu fazendo backing com o Zé Ramalho e falou para o (produtor) Carlinhos Sion: "vamos investir nessa menina". Não tinha noção do que fosse disco, repertório. Depois do meu quarto disco, comecei a entender o que era ser cantora num país com ótimas vozes.

O Nordeste é frequentemente alvo de discriminação, inclusive do atual presidente. Enfrentou preconceito?

Não comento política, porque tenho total aversão. Apostei no que achava certo e não era. Parece alienação? Parece. Mas é proposital. O preconceito era maior quando cheguei. Ninguém conhecia música nordestina. Hoje, sabem que tem Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, o que é baião, xote, forró. Imagina falar de maracatu há 40 anos? Um preconceito isolado não me afeta. Já ouvi "ô, paraíba, volta para a tua terra", andando no Leblon . Hoje, há mais respeito. É lamentável que dos políticos, não. Abomino a maior parte dos políticos brasileiros.

Você se divertiu muito na vida. Como era quando subia morros para ouvir samba com Zeca Pagodinho e Almir Guineto?

 

Era muito amiga do Almir e sou do Zeca. A gente fazia pagode lá em casa e também subia uns morros. Era cervejinha e farra. É muita história!

Sua geração usou drogas como caminho para a inspiração artística. Como foi a sua relação com elas?

Entrava, provava, apreciava e saía. Na minha geração era tudo aberto para isso. As festas eram munidas disso. Eu era menina matuta do Nordeste, ficava com medo. Inspirava por um lado, mas nunca criei dependência. O barato é que a gente passou por essas coisas, tiramos o melhor que ofereciam e podemos dizer que não é bom.

Namorou muito?

Muito! Sempre fui namoradeira. Namorei tanto que, agora, estou dando um tempo de homem. Quando a gente descobre que somos sós, temos que exercer a liberdade sem interferências. Está sendo positivo esse tempo sozinha. Tem uns oito anos que estou sem namorar. Aprofundei minha espiritualidade, viajei o mundo, canalizei minha energia para a família, os amigos.

Sente falta de sexo?

Não necessariamente. Tenho umas histórias vez por outra, mas nada sério. Se acontecer alguém bacana, vou experimentar. Não estou fechada, ainda não estou santa, não (risos). Chega uma hora que isso acalma. Não falta desejo, mas passa. Não tem sofrimento, existe uma escolha. Determinei isso. O mesmo é com a sexualidade. Até minha vontade dizer: "Chega, quero dar uns beijos, agarrar". No verão, aproveito para dar umas beliscadinhas.

 

Vai fazer 70 anos em 2021. Está tranquila com a idade?

Não encuco porque me sinto jovem. Minhas horas de conexão me trazem paz de espírito para envelhecer. Se não tiver sabedoria para encarar que vou fazer 70 anos, morro de tédio, raiva, tristeza, desespero. Tenho que ter serenidade para não vestir a carapuça de que sou velha. Faço tudo. Corro diariamente, na areia fofa, tenho um corpo legal, saúde boa, um espírito bacana, então, tá bom.

Faria plástica? Como cuida do cabelo, sua marca registrada?

Fiz plástica 30 anos atrás. Há dois anos, tirei todos os produtos do meu rosto. Foi ótimo! Estava com a cara diferente, não gostava do que via. Meu cabelo é cheio. Às vezes, boto mega (hair) para encher mais. Tenho rugas, minha bunda caiu (cantarola no ritmo da canção "Meu mundo caiu", de Maysa). Mas é um processo natural, não vou brigar com a idade. Entendo a vida como passageira, aqui não é o final. Não vou desaparecer no universo, só mudar para o outro lado do caminho.

Você falou em arrependimentos pessoais. Agora, cada vez mais católica, pensa diferente de anos atrás. Se arrepende de ter feito um aborto, aos 22 anos?

 

Profundamente. Talvez seja o espinho que mais fira o meu coração. Uma experiência que não desejo para ninguém. Você pode achar que é uma solução, mas mais adiante cai uma ficha bem pesada.

A fé te ajudou a superar o câncer que teve em 2010?

Foi aí que parei meu último relacionamento. Vivi uma história confusa, carnal até a última gota. E veio o câncer de mama. Parecia que alguém tinha me dado um beliscão, dizendo "se endireite, mude". Um "preste atenção" de Deus. Era maligno. Não precisei fazer quimioterapia. Operei, refiz um pedaço da mama e virei a página. A fé me ajudou muito. Agradeci por ter oportunidade de crescer. Enquanto médicos discutiam medicação pesada, eu pensava na minha transformação. Sei que abri minha a guarda para um câncer. Pensei: "vou curar", e curei. Resolvi que, se acontecer um romance, vai ter que ser com respeito e serenidade, porque não quero ter outros cânceres, entende?

Entendo. É verdade que já viu Nossa Senhora?

É difícil explicar. Vou contar melhor em um livro sobre as experiências místicas que Nossa Senhora me deu. Não posso dizer "sou uma vidente que vê Nossa Senhora". Cada pessoa tem um encontro com Deus, quando quer e busca. Busquei tanto, que tive meu encontro pessoal com Deus através dela. Mas foi diferente. Há uns 20 anos. No livro, vou misturar biografia e o que vivenciei com o céu. Vamos ver como vou contar, porque hoje julgam tanto... Estão com o dedo apontado para o outro. Não sei se conseguirei falar tudo, mas vou tentar dizer às pessoas que Deus existe e é bom.


O Globo quarta, 23 de setembro de 2020

CLAUDIA RAIA RELEMBRA SASSARICANDO E TORRE DE BABEL

 

Claudia Raia relembra 'Sassaricando' e 'Torre de Babel'

THAYNÁ RODRIGUES

 
 
 
 
Claudia Raia está no ar na reprise de 'Sassaricando' e escalada para 'Além da ilusão' (Foto: Reprodução)
Claudia Raia está no ar na reprise de 'Sassaricando' e escalada para 'Além da ilusão' (Foto: Reprodução)

 

Claudia Raia, no ar nas reprises de "Sassaricando" (no Viva) e "Torre de Babel" (no Globoplay), tem se divertido ao assistir às novelas com a família. Na trama de Silvio de Abreu de 1987, a atriz trabalhava com Alexandre Frota e com Edson Celulari, seus ex-maridos. Durante um bate-papo por telefone, a própria atriz recupera a lembrança curiosa:

— Aparecer nessa novela com meus dois ex-maridos. Olha que loucura! Edson era meu irmão em 'Sassaricando' (veja abaixo como está o elenco atualmente). Na época, eu era casada com Alexandre na vida real. É interessante, hoje, depois de 30 anos, assistir. E meus filhos acham o máximo ver o pai também. Outro dia, a gente ligou a TV em 'Torre de Babel'. Mostrei para o Enzo o capítulo em que aparecia o tempo inteiro com o Edson. Eles gostam muito — conta a atriz, atualmente escalada para "Além da ilusão", trama das 18h em que viverá a mãe de Larissa Manoela e fará um triângulo com Dan Stulbach e Thiago Lacerda.

Além de se interessar pela vida de Claudia Raia e Edson Celulari, o público também tem muita curiosidade sobre seus filhos, Enzo, de 23 anos, e Sofia, de 17. Uma rápida olhada nas redes sociais da atriz é suficiente para ver centenas de meninas se candidatando a noras:

— Eu me divirto. É legal ver alguém falar bem dos seus filhos, achar seu filho gato, elogiar sua filha. É bacana. Lógico que eles adoram também. A gente se diverte com esses comentários, morre de rir. Mas eles vivem uma outra realidade, querem coisas diferentes dos pais. Enzo está num caminho muito bonito com o Terceiro Setor, faz muito pelas pessoas. Sofia vai cursar Comunicação, é uma menina criativa, tem muitas ideias interessantes. Eles estão tomando o rumo deles, fazendo a história deles.

Dando continuidade à sua própria história, Claudia Raia vem comandando lives no IGTV sobre maturidade. A atriz, que comemora 35 anos de carreira em 2020 e lançará um livro, também tem planos de comandar uma atração na TV — há um projeto no papel e conversas com o GNT:

— Eu não pararia de atuar, mas tenho muita facilidade para fazer um programa ao vivo.

Claudia Raia e Enzo Celulari (Foto: Reprodução)
Claudia Raia e Enzo Celulari (Foto: Reprodução)

  

Claudia Raia e os filhos, Sofia e Enzo Celulari (Foto: Reprodução)
Claudia Raia e os filhos, Sofia e Enzo Celulari (Foto: Reprodução)

  

Veja como está o elenco de "Sassaricando": 


O Globo terça, 22 de setembro de 2020

IGOR RICKLI FALA DAS CRÍTICAS QUE RECEBEU EM FLOR DO CARIBE E DO CASAMENTO COM EX-ROUGE

 

Igor Rickli fala das críticas que recebeu em 'Flor do Caribe' e do casamento com ex-Rouge

GABRIEL MENEZES

 
 
 
 
Igor Rickli (Foto: Reprodução/Instagram)
Igor Rickli (Foto: Reprodução/Instagram)

 

De volta ao ar na Globo em "Flor do Caribe"Igor Ricki sente-se orgulhoso ao rever o trabalho, que marcou sua estreia na televisão. Na época, ele chegou a receber críticas negativas por conta da atuação, mas diz que isso foi fundamental para a carreira: 

- Eu era um estreante e cheguei logo fazendo um antagonista. Tive que dar a minha cara a tapa. Sinto muito orgulho de mim mesmo por ter seguido em frente, não ter desistido. Tudo, inclusive as críticas, ajudou muito na minha transformação como ator. Ganhei bastante experiência.

 Ele conta que logo no início das gravações ficou maravilhado por dividir o set com atores já conhecidos, como Henri Castelli e Grazi Massafera:

- Fomos juntos para Natal (RN) e para a Guatemala. Foi incrível. Eram pessoas às quais eu assistia na televisão e que, de repente, estavam trabalhando como meus colegas. Não só eles, mas muita gente do elenco e da produção tornaram-se grandes amigos meus. 

 Atualmente, Rickli está escalado para "Gênesis", da Record. Ele chegou a viajar para o Marrocos para as gravações, que acabaram interrompidas por conta da pandemia. Pouco tempo após o retorno, o ator foi diagnosticado com a Covid-19:

- Eu perdi o olfato e o paladar. Acabei passando dois dias de cama. Foi muito ruim, mas acho que, diante do cenário atual, foi sorte não ter maiores complicações. Lá em casa, só eu peguei. 

O ator é casado desde 2015 com a cantora Aline Wirley, ex-integrante do grupo Rouge. Eles são pais de Antonio, de 5 anos. Nas redes sociais, os dois costumam postar fotos juntos e recebem elogios: 

- As pessoas idealizam o nosso relacionamento, mas ele não é perfeito. Eu descrevo como uma relação madura e intensa. Somos grandes parceiros, mas temos os nossos problemas normais, e esse período de quarentena não é fácil para ninguém. Não tem ser humano que aguente viver junto 24 horas por dia. Estamos ansiosos para poder voltar ao trabalho.

Rickli ressalta que a convivência com a mulher, que é negra, fez com que ele aprendesse muito sobre a desigualdade racial:

- Como homem branco, muitas vezes posso achar que está tudo bem. Mas não está. Estamos passando por um processo de evolução, mas precisamos avançar bastante ainda. E, como o assunto está mais em evidência, é natural que toda a sujeira ainda existente também esteja. De qualquer forma, estou feliz porque as pessoas estão discutindo o racismo. É essencial avançar e tornar a sociedade mais justa.  

Igor Rickli com a mulher e o filho (Foto: Reprodução/Instagram)
Igor Rickli com a mulher e o filho (Foto: Reprodução/Instagram)

 


O Globo segunda, 21 de setembro de 2020

GIULIA GAM LEMBRA BASTIDORES DE MULHERES APAIXONADAS, E MAIS

 

Giulia Gam lembra bastidores de 'Mulheres apaixonadas', fala sobre depressão e comenta relação com o filho, Theo Bial

ANNA LUIZA SANTIAGO

 
 
 
 
Giulia Gam com o filho, Theo Bial (Foto: Arquivo pessoal)
Giulia Gam com o filho, Theo Bial (Foto: Arquivo pessoal)

Depois de um período navegando por mares turbulentos, Giulia Gam encontrou sua zona de calmaria. Diagnosticada com depressão, a atriz precisou alterar rotas e fazer um mergulho em busca de autoconhecimento. Agora, emerge com fôlego renovado, embalada pelo apoio do filho, o músico Theo Bial, de 22 anos, fruto do casamento com o apresentador Pedro Bial:

- Eu tive uma depressão muito profunda. Achei melhor me recolher. Não tinha segurança para aceitar um trabalho e eventualmente não conseguir levar a cabo. Às vezes é difícil perceber, diagnosticar... Acabei me afastando. Quando fui fazer 'Novo Mundo' (2017), não consegui gravar num dia. Isso nunca tinha acontecido na minha vida. Fiquei muito assustada. Era um papel maravilhoso, a Carlota Joaquina. Eu tenho que saber lidar com isso para poder trabalhar. Agora, já estou mais segura, tendo mais perspectiva. Acho que estou sabendo elaborar melhor o que aconteceu. Me sinto mais estruturada, com terapia, medicação, essas coisas todas. É a primeira vez que falo da depressão. Sempre falaram por mim. Estou bem, me voltando ao máximo para os amigos e para a família. Fui recentemente para um sítio em Cotia (em São Paulo) para um piquenique bem reduzido com familiares. Foi bem importante. O Theo fica feliz porque estou bem. 

Giulia, de 53 anos, explica que vários fatores desencadearam o processo:

 
- Senti muita ansiedade e fiquei insegura. Os 50 e poucos são um momento de questionamentos também. E eu vinha do estresse de fazer duas novelas seguidas ('Sangue bom' e 'Boogie oogie'). Foi um conjunto. Não sei dizer exatamente o quê. Agora, pequenas coisas que eu já não conseguia apreciar voltam a ter um valor incrível. Acho que o que as pessoas viveram na pandemia talvez tenha a ver com o que vivi antes: a instabilidade, a insegurança, o medo.

Em outubro do ano passado, foi noticiado que Giulia estaria internada numa clínica para tratar o problema. A repercussão chegou até a atriz, que optou pelo silêncio:

- Eu estava ensaiando, fazendo uma peça ('Os sete afluentes do Rio Ota') em São Paulo com a Monique (Gardenberg), que foi superacolhedora e me encorajou pra caramba. Eu pensei: 'Respondo ou não?'. Preferi deixar passar. Sei que tem a curiosidade, mas achei melhor ficar quieta. Apesar de que não acho que se deve estigmatizar, pela minha experiência, o tratamento psiquiátrico. Mas não me sinto preparada neste momento para levantar uma bandeira. Ainda não tenho tanta autoridade assim para falar mais profundamente sobre o assunto.

 

 

A nova fase de Giulia Gam é testemunhada pelo bairro carioca do Leblon, aquele mesmo que serviu de cenário para "Mulheres apaixonadas", uma das novelas mais importantes da carreira dela e atualmente sucesso de audiência no Viva. É lá que a atriz está morando com o filho:

- Theo ia fazer uma viagem para Los Angeles em março, para estudar música. Mas, com a pandemia, ele não foi. Eu estava de mudança para São Paulo. Achei que não tinha sentido ficar lá, longe dele. Então, aluguei um apartamento no Leblon. Está sendo uma delícia ficarmos juntos. A gente assiste à novela, dá risada. Ele, que não via tanta coisa de TV aberta, está superenvolvido.

Na trama, Giulia interpretou Heloísa, que tinha ciúmes excessivos do marido, Sérgio (Marcello Antony). Ao longo da história, a personagem passou a frequentar o grupo Mulheres que Amam Demais Anônimas (MADA). A atriz inclusive foi a diversas reuniões:

- Pensei que a entrada de uma atriz poderia gerar uma curiosidade naquelas pessoas. Não queria ser espionada. A ideia era ser anônima lá. Eu disse a elas: 'Tenho dores profundas como as de vocês, mas não de ciúme excessivo. Queria ver vocês e fazer um trabalho que retrate o mais próximo possível da realidade'. Logo esqueceram de mim. E aí eu participava das reuniões, era muito bacana. Ricardo Waddington (diretor geral) e Manoel Carlos (autor) não podiam ir, eram só mulheres. Então, eu dizia o que estava certo. Lembro que o Ary Coslov era o diretor e ia ter uma cena da Heloísa expulsa do MADA. Eu falei: 'Isso não acontece, ninguém é expulso do grupo'. Parei a gravação. E o Ary: 'Ai, meu Deus, o que eu faço? Ela não vai gravar'. Ele foi falar com Ricardo e com o Manoel, que mudou a cena. Fiquei feliz de representar o MADA. Foi muito impressionante.

Giulia relembra uma cena emblemática da trama, em que Heloísa teve um surto:

- Chamaram um psiquiatra para ver se eu estava fazendo direitinho. Eu ouvi tudo o que ele disse e pensei: 'Seja o que Deus quiser. Vou tentar fazer uma coisa aqui meio estranha, meio fora do ar'. Puxei alguma emoção minha que veio na hora, não sei, e fiz. Ele ficou impressionadíssimo. Achou que eu realmente estava tendo um surto. Quis ficar comigo e me levar para casa. Perguntou como eu consegui fazer aquilo tão real. Eu respondi: 'Isso é atuação. É nosso trabalho tentar parecer o mais convincente possível, tentar parecer fácil e natural'. Essa cena foi bem forte. Foi uma coisa de instinto. Fui ouvindo e, na hora, segui pela intuição.

Animada para embarcar em outras histórias tão instigantes quanto a da novela, a atriz já prepara seu retorno. Ela foi escalada para a série "Mal secreto", do Globoplay. Será uma criminosa que terá a sanidade mental avaliada pelo psiquitatra forense vivido por Sergio Guizé. As atenções de Giulia se voltam também para o cinema. Ela acaba de rodar "Distrito 666", do diretor Paulo Nascimento:

- A história se passa em 2046. É como se o vírus continuasse aqui. Então, tem toda uma geração de 26 anos que não conheceu o mundo normal, podendo sair, abraçar, beijar, respirar sem máscara. Eu faço uma cientista que trabalhava na busca pela vacina e foi aposentada compulsoriamente. Ela fica muito amiga de um jovem de 26 anos e tenta passar sua experiência de vida para ele.

Por falar em futuro em tempos de pandemia, a atriz avista o horizonte com esperança:

- Quero voltar a trabalhar com segurança, para mim e para os outros. Esse é o maior sonho, a maior vontade.


O Globo domingo, 20 de setembro de 2020

NA LAPÔNIA, PAPAI NOEL SE PREPARA PARA UM NATAL SOLITÁRIO EM 2020

 

Na Lapônia, Papai Noel se prepara para um Natal solitário em 2020

Operadores de turismo do norte da Finlândia, endereço 'oficial' do Bom Velhinho, temem impactos negativos da pandemia no inverno
 
Papai Noel relaxa lendo um livro em seu escritório, no Rovaniemi Santa Park, parque temático que costumava atrair milhares de turistas para a Lapônia, na Finlândia Foto: Jonathan Nackstrand / AFP
Papai Noel relaxa lendo um livro em seu escritório, no Rovaniemi Santa Park, parque temático
que costumava atrair milhares de turistas para a Lapônia, na Finlândia Foto: Jonathan Nackstrand / AFP

 

 
 

Milhares de visitantes de todo mundo migram para a Lapônia finlandesa a cada inverno para desfrutarem de passeios de trenó e ver a "verdadeira" casa do Papai Noel. Este ano, porém, a Covid-19 pode colocar em risco o turismo, motor econômico da região.

— Atualmente, estamos registrando entre uma e duas reservas por semana e, na maioria das vezes, apenas reembolsamos — disse, à agência de notícias AFP, Sini Jin, responsável pela agência Nordic Unique Travels.

Sini, que oferece a visitantes, majoritariamente europeus e asiáticos, expedições e outras excursões pela vasta tundra finlandesa, teme a falência caso não receba mais clientes depois de dezembro. Normalmente, emprega cerca de 80 pessoas em plena temporada, procedentes de diferentes partes do globo. Em 2020, porém, recrutará apenas "dois ou três" trabalhadores sazonais.

Cachorros usados para puxar trenós na Lapônia, no norte da Finlândia Foto: Jonathan Nackstrand / AFP
Cachorros usados para puxar trenós na Lapônia, no norte da Finlândia Foto: Jonathan Nackstrand / AFP

Aurora boreal na Noruega:um roteiro iluminado acima do Círculo Polar Ártico

Embora Sini Jin tenha recebido ajuda urgente do governo, que anunciou na primavera (outono no Brasil) um pacote de mais de um bilhão de euros para ajudar as empresas, não será suficiente para compensar a falta de turistas, estima.

— Tudo pelo que trabalhamos vai desaparecer rapidamente — lamentou ela. Um sentimento compartilhado por outros fornecedores da região, onde o setor de turismo gera dez mil empregos e um bilhão de euros em receitas por ano.

Sem seus visitantes estrangeiros neste inverno, 60% das empresas de turismo temem uma perda de pelo menos metade de seu faturamento, e até 75% delas poderão demitir funcionários, de acordo com uma pesquisa da agência finlandesa de turismo da Lapônia.

 

— Não temos esperança de obter reservas significativas — antecipa Kaj Erkkila, que dirige uma empresa familiar de dez pessoas e que conta com mais de cem huskies siberianos.

Há décadas, Kaj Erkkila leva turistas em trenós puxados por cães pelas florestas da Lapônia. 

— Se a receita deste inverno for baixa, é possível que a gente também não consiga trabalhar para a temporada 2021/2022, pois cuidar dos cães é muito caro — explica.

'Grande decepção'

As luzes da aurora boreal vistas em Rovaniemi, na Lapônia finlandesa, em pleno mês de setembro Foto: Alexander Kuznetsov / All About Lapland / Via Reuters
As luzes da aurora boreal vistas em Rovaniemi, na Lapônia finlandesa, em pleno mês de setembro
Foto: Alexander Kuznetsov / All About Lapland / Via Reuters

Segundo Nina Forsell, responsável pela associação dos provedores de turismo, a situação é crítica para várias empresas da região:

— Se falirem neste inverno, vão precisar de muito tempo para se levantarem — prevê.

Na esperança de relançar o turismo na Lapônia, a Finlândia anunciou na sexta-feira que vai flexibilizar algumas das medidas em vigor para conter o novo coronavírus, permitindo que turistas europeus viajem ao país por até três dias. Autoconfinamento e teste de detecção serão obrigatórios. 

O governo também autorizou a entrada irrestrita de viajantes de países com menos de 25 novos casos por cem mil habitantes


O Globo sábado, 19 de setembro de 2020

DORA MORELENBAUM LANÇA SUA PRIMEIRA MÚSICA COMPOSTA POR TOM VELOSO

 

Aos 24 anos, Dora Morelenbaum lança sua primeira música, composta com Tom Veloso

Filha do violoncelista e arranjador Jaques Morelenbaum e da cantora Paula Morelenbaum, ela se inspira nos mestres da música brasileira
Dora Morelenbaum Foto: Ana Branco/Agência O Globo
Dora Morelenbaum Foto: Ana Branco/Agência O Globo
 
 

Dora Morelenbaum lembra bem do dia em que se sentiu invadida por uma emoção inexplicável, que a virou de ponta a cabeça quando tinha apenas 12 anos. “Foi quando eu ouvi a gravação dos meus pais da canção ‘Por toda minha vida’, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Chorei copiosamente, bateu algo muito forte”, conta. Filha do violoncelista e arranjador Jaques Morelenbaum e da cantora Paula Morelenbaum, ela esteve desde sempre imersa na genialidade de Tom Jobim — na década de 1980, seus pais fizeram parte da Banda Nova e acompanharam o maestro por dez anos. “Cresci com essa referência musical e também com as de Caetano Veloso, Gilberto Gil e Sakamoto (Ryuichi Sakamoto, músico japonês). Quando era pequena, sofria por não ter tido a oportunidade de conhecer o Tom.”

Com o pai, Jaques, e a mãe, Paula: família musical Foto: Carol Quintanilha
Com o pai, Jaques, e a mãe, Paula: família musical Foto: Carol Quintanilha
 
 
 
Aos 24 anos, a carioca dona de uma voz aveludada lança digitalmente, no dia 15 de outubro, a música “Dó a dó”, de sua autoria e de Tom Veloso. “Essa composição, que ganhou grandiosidade com o arranjo de cordas assinado pelo meu pai, tem a ver com a minha história, devido à sua estrutura melódica e harmônica”, explica. “Faz parte do meu primeiro EP, ‘Vento de beirada’, que será apresentado em janeiro.” Trabalhar com o pai foi consequência natural. “O escritório dele fica do lado do meu quarto. Ele ficou criando e eu, escutando. Meu pai diz que sou a única pessoa que dá palpites nos seus arranjos, que nem o Caetano pede mudanças”, brinca Dora, que teria feito o lançamento em maio. “Gravei no fim do ano passado, mas aí veio a pandemia. Em ‘Dó a dó’, cantei com uma orquestra de 20 músicos. Foi uma honra gigantesca”, afirma.“Fiquei profundamente feliz por Dora ter me pedido um arranjo para esta canção, que me toca especialmente”, retribui Jaques. “Dorinha vai ser um grande nome na música brasileira. Ela é muito boa como cantora e compositora”, aplaude Tom Veloso.
 
Dora Morelenbaum e Tom Veloso Foto: Arquivo pessoal
Dora Morelenbaum e Tom Veloso Foto: Arquivo pessoal

A decisão de se tornar cantora profissional ficou evidente depois de alguns poucos períodos na faculdade de Arquitetura. “Queria conhecer outro mundo. Mas quando começou a fase de estágio, tranquei, não queria trabalhar com aquilo”, relata. Na sequência, resolveu cursar Música Popular Brasileira — Arranjo Musical, na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), mas ainda não se formou. “Faço muito devagarzinho”, explica. Antes disso, no ensino médio, encontrou na escola sua turma musical. Lá, conheceu Lucas Nunes, com quem namora há quatro anos, Zé Ibarra e se aproximou de Tom Veloso — os três músicos integram a banda Dônica. “Eu me formei muito de ouvido com os meus amigos”, ressalta. A cantora, que toca violão e piano, chegou a morar com alguns deles (Lucas e Zé, além de Julia Mestre e João Gil), em julho, formando uma espécie de república musical em plena pandemia. Os cinco, inclusive, fizeram participações elogiadas na live mais badalada da quarentena, as da cantora Teresa Cristina. “Foi interessante”, diz Dora. “Mas não sou muito de redes sociais, acho um mundo doido.”

 

Apesar da vocação estar presente desde cedo, em 2018 ela se deu conta da importância de valorizar sua porção compositora. “Coloquei as minhas canções na roda. É desafiador por ser íntimo, me critico o tempo inteiro”, admite. Enquanto sonha com a vacina para poder soltar a voz em shows, planeja uma live para marcar o lançamento de “Dó a dó”. “A produção tem que sair por algum lado.”


O Globo sexta, 18 de setembro de 2020

DESGASTE E IMPOTÊNCIA: COMO O FLAMENGO SOFREU A MAIOR GOLEADA DE SUA HISTÓRIA NA LIBERTADORES

 

Desgaste e impotência: como o Flamengo sofreu a maior goleada de sua história na Libertadores

Altitude de Quito está longe de ser a única explicação para a derrota por 5 a 0 para o Independiente del Valle
 
Desolação de um lado, festa do outro. O Independiente del Valle aplicou 5 a 0 no Flamengo Foto: FRANKLIN JACOME / Pool via REUTERS
Desolação de um lado, festa do outro. O Independiente del Valle aplicou 5 a 0 no Flamengo
Foto: FRANKLIN JACOME / Pool via REUTERS
 
 

Toda avaliação de um jogo na altitude deve ponderar o efeito físico de um confronto entre um time adaptado e outro não. Mas não é possível analisar uma partida que não ocorreu, é impossível dizer como seria o Flamengo x Del Valle ao nível do mar. É possível, sim, constatar que a diferença foi brutalmente maior do que a concebível caso os 2.750m de Quito fossem os únicos problemas do Flamengo. Um 5 a 0 como o desta quinta — maior derrota do clube na história da Libertadores — não se constrói por uma única razão.

O ar rarefeito não ajudou. Mas o plano de jogo para lidar com o tema jamais funcionou, o rubro-negro foi amplamente superado na parte tática e técnica. E a partir do segundo tempo, exibiu uma assustadora mistura de desgaste e impotência, animicamente derrotado.

AindaDome tem cinco problemas nos bastidores para seguir

O pior é que resultados tão escandalosos deixam marcas. Domènec Torrent já assumira a mais ingrata das missões: substituir um técnico que fez história. Era ingênuo imaginar que a transição para uma cultura de jogo tão diferente não teria atropelos. Talvez não se imaginasse tamanho trauma no caminho. Se era preciso um momento de ruptura, simbolicamente definitivo para mostrar que uma era terminou e um novo time precisa ser construído sobre novos pilares, novas ideias, talvez o jogo de ontem seja este marco. Mas o Flamengo vai precisar passar por um teste de convicções, reafirmar a crença no modelo de jogo que diz ter escolhido meticulosamente em seu processo seletivo. O novo técnico teve pouquíssimo tempo, mas a expectativa é por sinais mais consistentes de evolução.

30 Minutos de Flamengo:Como o clube reencontra a Libertadores

Num jogo na altitude, é importante tentar entender a ideia concebida para minimizar a vantagem dos donos da casa. E o plano de Torrent passou longe de funcionar. A escalação com cinco homens com características de meias junto a Gabigol, sem um atacante incisivo, veloz, sugeria que o Flamengo pretendia se agrupar e “descansar” com a bola, evitar correr atrás do ótimo Del Valle. Jamais o fez

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Primeiro, porque o Flamengo nunca soube superar a pressão ofensiva dos equatorianos. E nos raros momentos em que conseguia se organizar para atacar, o time excessivamente espaçado não tinha toques curtos, tampouco esticadas em velocidade, porque as características dos jogadores, com Everton Ribeiro e Arrascaeta partindo dos lados, não permitia. O Flamengo era inofensivo.

Mais grave era o quadro quando o Del Valle tentava sair jogando, sua especialidade. O Flamengo não buscava sufocar atrás de um bote rápido, mas adiantava meias e atacantes tentando cortar linhas de passe. Gabigol tentava bloquear o volante Pellerano, que se colocava entre os zagueiros equatorianos para a saída de bola. Quando dava o passe lateral para um dos zagueiros, Gerson ou Diego, que foram dois meias no 4-3-3 do Flamengo, adiantava-se para a pressão. Neste momento ocorria ou uma esticada em diagonal para as pontas ou um passe no buraco gerado às costas do meia rubro-negro que se projetava. Um estrago. Arão ficava sozinho contra os meias Moisés Caicedo ou Faravelli. E, para piorar, os laterais Preciado ou Beder Caicedo atacavam em diagonal pelo meio.

 

Ainda assim, o Del Valle demorou a ter chances claras, mas dominava. Aos 40 minutos, Beder Caicedo surgiu naquele buraco do meio-campo e iniciou a bonita trama do gol de Moisés Caicedo.

O técnico Miguel Angel Ramirez comemora com Gabriel Torres o terceiro gol do Independiente del Valle sobre o Flamengo Foto: Jose Jacome / Pool via REUTERS
O técnico Miguel Angel Ramirez comemora com Gabriel Torres o terceiro gol do Independiente del Valle sobre o Flamengo
Foto: Jose Jacome / Pool via REUTERS

 Dome voltou do intervalo com Bruno Henrique na vaga de Diego. Talvez o plano fosse cadenciar no primeiro tempo e ser mais veloz no segundo. Passou a um 4-2-3-1 com Arrascaeta como meia central e Bruno Henrique na esquerda. O Flamengo até fez um bom lance ofensivo com Isla e Gabigol teve a chance do empate. Mas nunca se saberá se era um sinal de melhora, porque uma bola perdida resultou em contragolpe e gol do lateral Preciado, outra vez pelo meio: 2 a 0

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O cenário exibia um Flamengo batido, cujas ideias não combinavam com a postura. Até se posicionava para marcar a saída de bola, mas sem agredir. O Del Valle trocava passes e via um latifúndio se abrir. Eram 13 minutos quando Torres ampliou.

Para o futuro, resta entender se era só cansaço ou desorientação diante de uma forma de jogar nova. Porque a introdução de um trabalho novo após tantas vitórias exige crença dos comandados. E o Flamengo perdeu a capacidade de competir, parecia abatido mesmo após cinco substituições.

 

Uma imagem do descalabro foi a forma como Rodrigo Caio foi facilmente batido em outro contragolpe, desta vez definido pelo toque de letra de Sanchez. Já era um passeio, finalizado com outra jogada do lateral Beder Caicedo, autor do quinto gol.


O Globo quinta, 17 de setembro de 2020

FLÁVIA ALESSANDRA FALA DA VOLTA A TRABALHO E DA RELAÇÃO COM AS FILHAS

 

Flávia Alessandra fala da volta ao trabalho e da relação com as filhas

ANNA LUIZA SANTIAGO

 
 
 
 
Flávia Alessandra (Foto: Arquivo pessoal)
Flávia Alessandra (Foto: Arquivo pessoal)

Máscara, álcool em gel e leitura de textos apenas nas telas de tablets. Todas essas normas de prevenção contra o coronavírus agora são partes indissociáveis da rotina de Flávia Alessandra e do elenco de "Salve-se quem puder". A atriz voltou a gravar como Helena e conta como é o dia a dia nos Estúdios Globo em meio à pandemia:

- Os protocolos estão certeiros e são necessários para a gente conseguir realizar uma obra como é uma novela, que tem tapa, aproximação, carinho, aperto de mão, abraço e beijo. Se não fosse dessa forma, a gente não conseguiria retomar o trabalho. Eu diria que têm sido desafiadores os novos métodos. Principalmente quando a cena exige emoção, proximidade. Uma sequência que duraria uma hora, mesmo repetindo e refazendo, agora leva duas, duas e meia, porque são ângulos e situações diferentes. Tem que tirar e botar a máscara. O maior desafio é se manter concentrada pelo longo período que uma cena pode levar. Ao mesmo tempo, é um luxo fazer cinema, com uma velocidade menor, dentro da TV.

Recentemente, o elenco foi surpreendido pela notícia do teste positivo de Rodrigo Simas, que entrou para a trama como o mexicano Alejandro. Flávia não grava diretamente com o ator, mas diz que o fato de ele precisar se afastar dos trabalhos gera "um efeito cascata" nos roteiros. Segundo ela, já houve alterações.

- Acaba não sendo desesperador porque, como a gente recebeu capítulos muito antes, acabou lendo tudo previamente. Se muda algo aqui ou ali, não é um drama, porque as cenas já estão estudadas - explica a atriz, que tem buscado o equilíbrio quando o assunto é Covid. - Não estou neurótica nem tranquila. A gente está tentando achar o caminho mais consciente. Tudo tem que ser feito com cautela. Eu acho que é viver dia após dia. 

No retorno da novela, no início do ano que vem, Helena verá Mário (Murilo Rosa), que acredita estar morto, no Empório Delícia. De acordo com a atriz, a personagem ficará muito abalada:

- Já até gravei a continuação dessa cena, quando ela chega em casa baratinada e fala com Hugo (Leopoldo Pacheco). Ele diz que ela está louca.

 Além dos compromissos na Globo, Flávia se dedica a projetos sociais junto com o marido, Otaviano Costa. Ela também aproveita o período de isolamento para operar mudanças na decoração da casa, na Zona Oeste do Rio, e estreitar ainda mais os laços com as filhas, Giulia, de 20 anos, e Olívia, de 9.

- Sempre fomos todos muito próximos, independentemente do corre-corre, da loucura da nossa vida. De algumas premissas eu não abro mão. A gente janta na mesa todo dia, cada um conta um pouco do que aconteceu. Mas claro que nunca vivi de forma tão intensa a casa e as minhas filhas como agora. Acho inclusive que a Giulia não aguenta mais a gente (risos). Ela está com 20 anos, fazendo faculdade, com carteira de motorista, com carro, podendo começar a voar. Para ela é mais difícil do que para a Olívia, que ama ficar colada na gente. É lógico que ela também está com saudade da vida, dos amigos e da escola, mas são visões de mundo diferentes - diz Flávia, que conta como é ser mãe de uma adolescente. - A gente sempre teve um canal de confiança e troca. Até onde sei, ela me conta tudo. As amigas contam também. Eu sou uma boa confidente.

Ela afirma que, na quarentena, a família ficou atenta aos excessos na alimentação:

- Só o Fabio Porchat conseguiu emagrecer, todo mundo engordou. É normal. Faz parte dessa montanha-russa de emoções que estamos vivendo. Aqui em casa, um pega no pé do outro. É o nosso combinado. Não tem problema, não. Com a minha idade, sobremesa é gelatina. Giulia fala para mim: "Mãe, isso é um meme. Gelatina não pode ser sobremesa". E eu respondo: "Calma, depois que você passar dos 40, vai entender". Mas o principal é a gente sair dessa com a mente sã.

Por falar em boa forma, Flávia retomou sua rotina de exercícios na academia e tem virado notícia constantemente ao ser clicada por paparazzi indo malhar. Ela opina, bem-humorada:

- Virar notícia eu atravessar a rua para ir malhar? Eu falo: "Não é possível". Devia começar a sair a notícia: "Flávia não foi hoje". Fico indignada dessa minha notícia sair diariamente.

Flávia Alessandra com o marido, Otaviano Costa, e as filhas, Giulia e Olívia (Foto: Reprodução)
Flávia Alessandra com o marido, Otaviano Costa, e as filhas, Giulia e Olívia
(Foto: Reprodução)

 


O Globo quarta, 16 de setembro de 2020

MAYA GABEIRA, A MAIOR SURFISTA DO MOMENTO, FALA SOBRE SAUDADE DO BRASIL

 

Após recorde, Maya Gabeira fala sobre saudade do Brasil: 'Quero poder tomar açaí e pegar onda na água quente'

Recordista mundial com a maior onda surfada por uma mulher, carioca também falou sobre a ansiedade durante isolamento: 'Descontei na comida'
 
Maya Gabeira Foto: Carlos Serrão / Tag Heuer
Maya Gabeira Foto: Carlos Serrão / Tag Heuer
 
 

A maior surfista do momento tem nome e sobrenome brasileiro: Maya Gabeira. E tem recorde atrás de recorde no currículo. Na semana passada, a Liga Mundial de Surfe (WSL) anunciou que a carioca, de 33 anos, bateu o próprio recorde de maior onda já surfada por uma mulher na história com a nova marca de 22,4 metros - a anterior era de 20,72m.

Na mesma semana, Maya conquistou outro feito, dessa vez no mundo fashion: foi anunciada como embaixadora da TAG Heuer. O único esportista brasileiro a ocupar oposto na marca de relógios foi Ayrton Senna.

Depois de meses e meses sem treinar e demuita ansiedade, o momento agora é de comemoração por todos os feitos. Em entrevista para a Revista Ela, ela relembra do dia da onda gigante, fala como a pandemia afetou seu psicológico, o que ainda quer conquistar e como é o trabalho como "modelo aquática".

Você acaba de quebrar seu próprio recorde, com uma onda surfada em fevereiro. Qual foi a sensação no momento?

Aquela onda foi realmente muito especial, porque o barulho que eu escutei quando cheguei na base da onda (e ela quebrou atrás de mim) foi algo que eu nunca tinha experienciado. Foi muito forte. Aquilo me deu uma sensação de que ela realmente era a maior que eu já tinha surfado. É o que eu mais lembro: o barulho, a explosão e a intensidade da onda que quebrou atrás de mim.

Do que você sente ainda sente falta na carreira?

Na verdade, não sinto falta de nada. Quero continuar sempre evoluindo, mas esse recorde não era algo que eu estava buscando. O meu foco nesse ano foi realmente a competição, que foi no dia em que o recorde aconteceu. Eu queria competir bem. Eu era a única dupla mista no campeonato, fui a única mulher competindo no masculino profissional pela primeira vez no esporte. Esse era o meu foco: surfar bem, pilotar bem meu parceiro, que é o Sebastian Steudtner, e fazer uma boa apresentação. Isso acabou elevando a minha performance e me trouxe esse novo recorde.

 

Com a quarentena por causa da pandemia de Covid-19, quanto tempo ficou fora do mar e como isso impactou seu desempenho físico?

Eu passei todo o período da quarentena em Portugal. No começo, ficamos um tempo sem surfar por causa das restrições. Acabei engordando um pouco também, até pela ansiedade. Os meus treinos foram bem afetados. Depois de uns dois, três meses comecei a me readaptar à nova rotina e puder surfar de novo. Voltei a treinar superforte faz dois meses para a temporada de ondas grandes. Tive uma queda de performance na quarentena, mas agora já consegui dar uma boa recuperada.

Maya Gabeira Foto: Ricky Nomad ; TAG Heuer
Maya Gabeira Foto: Ricky Nomad ; TAG Heuer

As incertezas da pandemia, em algum momento, te levaram a pensamentos de medo, ansiedade, depressão?

Ah, com certeza! A pandemia mexeu bastante comigo, principalmente no começo. Tudo era muito novo, e tivemos que lidar com o desconhecido e com o que ia acontecer no futuro. Acho que agora já estamos em outro momento, ainda em uma pandemia, mas realmente aquele começo foi mais tenso. A quarentena foi difícil, não é uma condição de vida a que estamos acostumados. Fiquei bastante ansiosa, e eu já tenho questões com a ansiedade, faço um tratamento e lido com isso. Acabou piorando, claro, e eu descontei bastante na comida. Essa foi uma das razões de eu ter engordado. Mas, depois eu consegui me readaptar e entender o momento, levando de forma mais tranquila esse “novo normal”.

Maya Gabeira ‘descendo a ladeira’ em Nazaré. Brasileira quebrou seu próprio recorde mundial de maior onda já surfada por uma mulher Foto: Reprodução de vídeo/WSL
Maya Gabeira ‘descendo a ladeira’ em Nazaré. Brasileira quebrou seu próprio recorde mundial de maior onda já surfada por uma mulher
Foto: Reprodução de vídeo/WSL

 

Como você acha que esse evento vai impactar o surfe, de um modo geral?

Já impactou. Um exemplo são as Olimpíadas. Ia ser a primeira vez do esporte no evento e isso foi adiado. Também há um impacto enorme pelo fato de ser um ano em que não teremos um campeão mundial, já que não tivemos nenhuma etapa do tour. São coisas que geram um grande impacto na indústria, inclusive na parte financeira. Assim como em várias outras áreas, eu acho que ainda estamos entendendo como vai ser.

Qual sua maior saudade do Brasil no momento? Qual vai ser a primeira coisa que pretende fazer quando chegar aqui?

É a primeira vez que eu não consigo ir algumas vezes durante o ano. Estou com muitas saudades da minha família e espero poder vê-los em breve, assim que estiver tudo mais seguro. Quero poder tomar um açaí, abraçar minha família, ir para praia, pegar onda na água quente...

Antes do recorde, você foi anunciada como embaixadora da TAG Heuer, posto que tinha sido ocupado pelo Senna, o único esportista brasileiro a trabalhar com a marca de relógios. As fotos foram todas feitas no mar. Quais são as maiores dificuldades em fotografar nesse tipo de ambiente?

 

Para esse tipo de foto, você está trabalhando com a luz natural, então é importante estar em uma água com boa visibilidade. Para que o resultado fique bonito, tem uma preocupação com o ângulo de corpo e a forma que o fotógrafo está posicionado. É uma foto um pouco técnica, mas para mim é superprazeroso fazer isso dentro da água.


Pensar em você é pensar em surfe, mas você listaria outros talentos que pouca gente conhece?

Outros talentos, eu não sei. Mas eu tenho duas cachorras que são minhas sombras (risos), não sei se todo mundo sabe. Sou muito apegada aos animais, aos cachorros em geral - as minhas e de outras pessoas. E também sou viciada em boas séries e bons filmes.

Quais são as maiores dificuldades em fotografar uma campanha no mar?

Para esse tipo de foto, você está trabalhando com a luz natural, então é importante estar em uma água com boa visibilidade. Para que o resultado fique bonito, tem uma preocupação com o ângulo de corpo e a forma que o fotógrafo está posicionado. É uma foto um pouco técnica, mas para mim é superprazeroso fazer isso dentro da água.


O Globo terça, 15 de setembro de 2020

QUATRO DICAS ESSENCIAIS PARA QUEM VAI MALHAR DE MÁSCARA

 

Quatro dicas essenciais para quem vai malhar de máscara

Em tempos de pandemia, acessório é essencial para atividades físicas, principalmente em academias
 
Dicas para quem vai malhar de máscara Foto: franckreporter / Getty Images
Dicas para quem vai malhar de máscara Foto: franckreporter / Getty Images

Se você teve coragem de voltar à academia, já percebeu que hoje a máscara é item tão essencial quanto o tênis. Mas adaptar-se a ela durante o exercício não é das tarefas mais fáceis. Por isso, pedimos ajuda ao diretor técnico da rede Bodytech, Eduardo Netto, nesta adaptação.

 * “Na musculação ou no exercício aeróbico, alcançar a mesma intensidade de antes da pandemia será difícil com o uso da máscara”, deixa claro Eduardo. Então, reduza o ritmo. O momento é para pensar em saúde e não em performance.

*Quando começar a sentir dificuldade em respirar por causa da barreira física, puxe o ar de forma mais lenta e não o contrário. Evite ofegar.

 *“Opte por máscaras de algodão ou TNT, com camada dupla”, diz o professor. “Tipos hospitalares e N95 não são indicadas para treinar.”

 *Se a atividade for de longa duração, tenha EPI (equipamento de proteção individual) de reserva. Acessórios úmidos perdem a eficácia.


O Globo segunda, 14 de setembro de 2020

VASCO VENCE BOTAFOGO EM EMOCIONANTE CLÁSSICO DO BRASILEIRÃO

 

Vasco vence o Botafogo em emocionante clássico pelo Brasileirão

Times se reencontram na quinta-feira, pela quarta fase da Copa do Brasil
Cano comemora o segundo gol do Vasco sobre o Botafogo Foto: RICARDO MORAES / REUTERS
Cano comemora o segundo gol do Vasco sobre o Botafogo Foto: RICARDO MORAES / REUTERS
 
 

O desenho do jogo parecia favorável. Mas a chama do Botafogo se apagou por poucos instantes. Diante de um Vasco com atacantes cirúrgicos, não houve perdão. Na perspectiva do time de Paulo Autuori, o placar de 3 a 2 no animado clássico no Nilton Santos foi mais uma punição pelos erros cometidos. Ao Vasco de Ramon, um prêmio pela eficiência que leva o time ao quarto lugar no Brasileirão.

 
O jogo deste domingo traz uma projeção animadora em termos de emoção para o reencontro de quinta-feira, no duelo de ida da quarta fase da Copa do Brasil, novamente no Nilton Santos. A pressão por uma resposta em termos de resultado recai sobre o Botafogo, ainda na zona de rebaixamento com nove pontos.

O Botafogo começou em desvantagem por causa da falha de Marcelo Benevenuto no primeiro tempo que se tornou um presente para Ribamar. Não só por essa bobeira, mas Autuori estava tão insatisfeito com o cenário na etapa inicial que sacou, aos 41 minutos e de uma vez só, Caio Alexandre e Honda.

No segundo tempo, Autuori foi além: abdicou do esquema com três zagueiros e tirou Benevenuto para colocar Kalou. Recém-formado em administração na França, o marfinense começou a dar aula sobre como usar bem o espaço na ponta esquerda.

Antes da viagem rápida à Europa, Kalou deixou ensaiada uma dancinha com Matheus Babi. O atacante fez valer o "esforço" com o astro estrangeiro ao acertar um belo chute de fora da área.

O empate premiou o domínio do Botafogo no segundo tempo, só que o time apagou. Foram dois minutos de colapso - entre os 25 e 26 da etapa final. O descompasso foi crucial, e o Vasco aproveitou. Primeiro, Cano cabeceou e, só para não perder o costume, arrematou de primeira o rebote dado por Cavalieri. Logo em seguida, Ygor Catatau acertou um belo tapa na bola, que morreu no canto.

O Botafogo estava nas cordas, mas ainda conseguiu se reerguer para um abafa no fim. Babi diminuiu o placar e esteve muito perto de empatar. Fernando Miguel apareceu de forma espetacular para fazer a defesa mais marcante do clássico, que terminou com sorrisos e abraços no lado do Vasco e mais frustração por parte do Botafogo. De qualquer forma, o reencontro está marcado.


O Globo domingo, 13 de setembro de 2020

LAURA CARDOSO, 93 ANOS: PARAR? NUNCA!

 

Laura Cardoso, 93 anos: 'Parar? Nunca! Aposentadoria é um horror’

No ar em 'Flor do caribe', uma das atrizes que mais fizeram novelas na televisão brasileira lembra os desafios da transmissão ao vivo: ‘Ensaiávamos muito, porque o medo de errar era grande’
Laura Cardoso: uma das atrizes que mais fez novelas relembra os 70 anos da televisão brasileira Foto: Divulgação/ TV Globo / Raquel Cunha
Laura Cardoso: uma das atrizes que mais fez novelas relembra os 70 anos da televisão brasileira
Foto: Divulgação/ TV Globo / Raquel Cunha

RIO — Assim que ouve a primeira pergunta da repórter pelo Zoom, Laura Cardoso diz: “Pode me chamar de você, que aí me acho mais novinha”. Aos 93 anos, que completa neste domingo (13), ela é uma das atrizes que mais fizeram telenovelas brasileiras. Foram mais de 60, desde a sua estreia em frente às câmeras, em 1952, no programa “Tribunal do coração”, na TV Tupi. Vinha do rádio, onde fazia radioteatro e radionovelas desde meados da década de 1940. Foi naqueles microfones, aliás, que ela treinou a voz que viria a dublar Betty Rubble de “Os Flintstones”.

Filha de um casal de portugueses, a atriz enfrentou a resistência dos pais diante da escolha pela profissão, aos 15 anos. Foi quando Laurinda de Jesus Cardoso se tornou Laura Cardoso. Era uma época em que as atrizes, assim como as prostitutas, para poderem circular à noite, eram obrigadas a portar uma carteirinha expedida pela polícia (“a principal dificuldade que enfrentei na profissão foi o preconceito, que não deveria existir contra nada nem ninguém”, diz).

Naquele tempo, ela nem imaginava que sua história profissional se cruzaria com a da dramaturgia nacional. A atriz também se consagrou no teatro e fez seu primeiro filme em 1962 (“O rei Pelé”). Mas é na telinha onde aparece praticamente anualmente, emendando um trabalho no outro. O mais recente foi em “A dona do pedaço”, em 2019, quando interpretou Matilde e teve que se afastar das gravações por conta de uma gripe. Mas dona Laura segue firme e forte:

— Parar? Nem pensar! Aposentadoria é um horror! — define a Veridiana de “Flor do Caribe”, cuja reprise está no ar na TV Globo.

Nesta entrevista, uma das maiores atrizes brasileiras de todos os tempos conta que morria de medo de errar na época da TV ao vivo.

 

70 anos da TV: 'Sou o único vivo que estava lá no primeiro dia', lembra Lima Duarte

Sua trajetória profissional se confunde com a história da TV brasileira. Pode contar um pouco sobre as transformações pelas quais viu o veículo passar?

Foram muitas, tanto humanas, quanto técnicas. Eu já era contratada da Tupi quando a TV chegou ao Brasil. De repente, tínhamos que lidar com equipes maiores e gente nova, que sabia lidar com as câmeras, novos diretores mostrando as marcações e enquadramentos. Atores tinham que aprender a dividir o espaço do cenário e não mais só o microfone, como no rádio. No rádio, cada ouvinte imaginava o personagem a sua maneira. A TV trouxe a imagem associada àquelas vozes. Tínhamos que aprender uma nova linguagem, postura, a representar para as câmeras, não havia público.

Uma mudança enriquecedora?

Muito. A TV veio escura, bruta, sem a gente saber nada. Fomos descobrindo como interpretar, o que inventar, o que jogar fora. As emoções passaram a ser divididas entre voz e expressões faciais e corporais. Mudaram os gestos, o volume da voz... tudo guiado pelo diretor. Aos poucos, aprendemos as melhores técnicas para nos comunicar com o público, que agora nos assistia e não só ouvia. Aprendemos juntos: atores, técnicos, diretores. Muita gente do rádio não conseguiu seguir carreira na TV.

 

A TV era ao vivo. O que acontecia quando esquecia o texto? Chegou a usar cola?

Nunca usei. Sou “miopíssima”, tudo era decoradíssimo. A gente até gozava “olha, aquele ali usa dália (expressão inspirada em um ator que colou seu texto num vaso de dálias, parte do cenário)”. Quando esquecia, a gente inventava dentro do assunto. Já éramos espertos, vinhamos do rádio, do teatro, do circo. A dália servia aos inseguros. Quem não tinha medo de parar, dava um jeito. Nunca usei ponto eletrônico. Não confiava. Só confio na minha cabeça. Hoje, somos responsáveis, sim, mas, no começo da TV, havia um medo de errar muito grande. Então, estudávamos muito o personagem. Eram horas ensaiando e, quando íamos para frente das câmeras, estávamos prontos.

A troca de roupa era outro desafio, né?

A gente aproveitava quando a câmera se afastava. Às vezes, estávamos nos trocando com a ajuda da camareira, quando a câmera vinha se aproximando. Acontecia de estarmos terminando de vestir uma meia ou abotoando uma blusa, e a câmera já estar na gente. Dava um mal-estar, mas dávamos um jeito. Ficamos craque em fazer fazendo.

Você fez a transição da TV ao vivo para a gravada. Hoje está na TV HD. Como as mudanças afetaram seu trabalho?

 

Para o ator, não muda nada. A gente continua representando. Não me preocupo com a câmera, se ela está mais perto, mais longe. Ela faz o dela, eu faço o meu. Cada um faz seu serviço e sai essa coisa maravilhosa que é a televisão.

Volta e meia, ouvimos que a televisão vai acabar. Por conta da internet, do streaming... Mas ela segue mais viva do que nunca. Por quê?

Porque tem a capacidade eterna de se reinventar. Também diziam que o teatro e o cinema iam acabar por causa da TV. Acaba nada! Vai se fazer de outro jeito, com outra gente. Arte não morre.

O que significa ser uma das atrizes que mais fez novelas na história da televisão brasileira?

Que tive sorte e que autores confiaram em mim. Gosto e sempre respeitei a televisão. É uma coisa sagrada para mim. O trabalho é sagrado para mim. Amo meus colegas, meu ambiente. Fui muito feliz durante minha carreira.

Pensa em aposentadoria?

Parar? Nunca! Você se aposenta e aí para tudo. Aposentadoria é um horror. Estar na ativa mantém a gente viva.

No ano passado, teve que se afastar das gravações de “A dona do pedaço” por causa de uma gripe. Como está agora?

 

Tudo bem, sou forte. A gente tropeça, mas levanta e anda.

Em “O outro lado do paraíso” (2018), contracenou com Fernanda Montenegro e Lima Duarte. Como é a troca entre atores que estão há quase 80 anos na profissão?

Foi muito bom. O Lima é meu parceiro na TV desde que ela começou. É sempre incrível ver Fernanda interpretando. Foi um encontro de colegas antigos, que começaram com muita dificuldade. A gente fica triste de saber que um Fernando Baleroni (pai das duas filhas da atriz, Fátima e Fernanda, e de quem ela é viúva) foi embora, um Davi Neto, um Cassiano Gabus Mendes... Começamos meninos, com 16, 17 anos. Fomos nós que inventamos os erros e os acertos.

Está no ar em “Flor do Caribe”. O que sente ao se assistir?

Gosto, mas vejo com olhar crítico. Onde errei, acertei, onde podia ter feito de outro jeito... A gente fica nervosa, preocupada com texto, gesto. Se vendo e revendo, enxerga onde pode melhorar.

Como será o seu aniversário?

Nem ligo muito para esse negócio. Deus é quem vai dizendo “anda”. E vamos andando. É bom. Ele nos dá a oportunidade de viver e ver as pessoas que amamos. Minhas Adriana e Claudia (netas), meu amado Fernando (bisneto), que é meu último amor. Digo: “olha que bom, cheguei a ter bisneto!”.


O Globo sábado, 12 de setembro de 2020

CONHEÇA AS VSCO GIRLS: MENINAS DA GERAÇÃO Z, QUE ADORAM OS ANOS 1990, MAKE LEVE E UNHAS COLORIDAS

 

Conheça as VSCO Girls: meninas da geração Z que adoram os anos 1990, make leve e unhas coloridas

Tiktok é a rede preferida dessa turma; na rede, há 2,9 bilhões de postagens com a hashtag #VSCOGirl
 
El VSCO girl Foto: Artem Varnitsin / EyeEm / Getty Images/EyeEm Premium
El VSCO girl Foto: Artem Varnitsin / EyeEm / Getty Images/EyeEm Premium
 
 

Para os millennials pouco afeitos à tecnologia, VSCO é só um monte de letras. Para os mais iniciados no infinito mundo dos aplicativos, o nome de um editor de foto lançado em 2012. Mas, para as meninas da geração Z (nascida da metade dos anos 1990 até 2010), é o estilo da vez: ser uma VSCO Girl. Segundo o “Urban Dictionary”, dicionário on-line de língua inglesa que é uma espécie de Bíblia dos descolados, uma menina VSCO (pronuncia-se visco) “usa camisetas ou moletons grandes com shorts Nike. Tem Vans, Crocs, Birks e usa um colar de conchas.” O nome veio do tal editor de foto, que, inicialmente, tinha os filtros preferidos dessa meninada.

A turma ama também o TikTok (celeiro da estética, com 2,9 bilhões de postagens com a hashtag #VSCOGirl) e o Instagram, onde estão influenciadoras fortes do tema, como Emma Chamberlain (@emmachamberlain) e Lauren Riihimaki (@laurdiy). Só ali, são 2,7 milhões de publicações em referência às VSCO.

Segundo o stylist Guilherme Alef, a principal mensagem que essas jovens querem passar é a de um estilo de vida despreocupado e associado à natureza. “É um fenômeno entre a geração Z. Elas costumam ser solares e, na hora de se vestir, fazem um mix entre a praia e o esporte. A combinação queridinha delas é um camisetão, de preferência colorido e desbotado, com short jeans ou de ciclista”, diz Guilherme. “Tudo acompanhado de vários acessórios e cores trazidos da década de 1990, que resultam em looks bem despojados.”

Lauren Riihimaki e sua scrunchie Foto: Instagram
Lauren Riihimaki e sua scrunchie Foto: Instagram

Entre o acessório mais famoso está a scrunchie, que pode ser usada no cabelo ou no pulso. O nome pode ser novo, mas não se engane — é um velho conhecido: aquela “chuquinha” de cabelo grossa, de tecido, que todo mundo usou antes dos anos 2000. Quando ouviu o termo pela primeira vez vindo da filha Ana Flávia, de 13 anos, Darci Oliveira, de Vinhedo, São Paulo, não entendeu a que a menina se referia. Diante da imagem nas redes sociais, bingo! “Ela tentava me explicar, e eu não compreendia. Quando vi a foto, disse: ‘Ah, é isso!’”, diz a paulista, aos risos. “Eles só arranjaram um nome chique para aquele tipo de prendedor de cabelo.

Darci pode dizer que é mãe de uma VSCO Girl, digamos, engajada. Tanto que ela até ajudou a filha a criar uma lojinha no Instagram (@vscogirlshopbrasil) para vender o kit básico para quem quer entrar na onda, que vai além do visual e tangencia a sustentabilidade. “Existe esse conceito entre as VSCO de cuidar do meio ambiente. Então são famosos o canudo de metal, a garrafinha térmica que substitui copos”, diz Ana Flávia, que deu um tempo nas vendas on-line nos últimos meses e tem apenas vendido as novidades do estoque para as colegas mais próximas.

Unhas de uma VSCO Girl Foto: Instagram
Unhas de uma VSCO Girl Foto: Instagram

Como expert na área, a menina, que se encantou pelo tema ao vê-lo bombando no TikTok, informa: menos é mais quando se trata da beleza dessa turma. “O cabelo tem aquelas ondas de praia, as chamadas beach waves, e a maquiagem é bem simples, não tem nada demais. Só tint (líquido bem fino, que funciona como uma tinta natural para dar um ar saudável ao rosto) na bochecha e gloss na boca.” As unhas, no entanto, são menos discretas: costumam aparecer cada uma de uma cor, em tons pastel.

O estilo, claro, não é dos mais inclusivos (afinal, sandálias Birkenstock ou a garrafa de água preferida delas, a Hydro Flask, não são acessórios tão baratos) e isso já rendeu memes e críticas, principalmente pela falta de diversidade entre a tribo. Mas, mesmo assim, a onda segue. Até chegar a próxima.


O Globo sexta, 11 de setembro de 2020

TARCÍSIO MEIRA E GLORIA MENEZES: FIM DE CONTRATO COM A GLOBO

 

Chega ao fim o contrato de Glória Menezes e Tarcísio Meira com a Globo

PATRÍCIA KOGUT

 
 
 
 
Glória Menezes e Tarcísio Meira no 'Altas horas' em agosto (Foto: TV Globo)
Glória Menezes e Tarcísio Meira no 'Altas horas' em agosto (Foto: TV Globo)

 

Depois de 53 anos, chegou ao fim o contrato de Glória Menezes e Tarcísio Meira com a Globo. O casal atuou em inúmeras novelas e se mistura à própria História da teledramaturgia. Eles poderão voltar ao ar na emissora, que confirma a informação e diz: “Tarcísio e Glória, com quem tivemos uma longa parceria de sucesso, têm abertas as portas para projetos em nossas múltiplas plataformas. Nos últimos anos, temos tomado uma série de iniciativas para preparar a empresa para os desafios do futuro. Com isso, temos evoluído nos nossos modelos de gestão, de criação, de produção e de desenvolvimento de negócios. Em sintonia com as transformações do mercado, a Globo vem adotando novas dinâmicas com seus talentos”.

O casal estreou na emissora em 1967, na novela "Sangue e areia", de Janete Clair. Na época, eles já eram casados e tinham feito vários outros trabalhos em canais como TV Tupi e TV Excelsior.

A partir daí, tornaram-se figuras frequentes em novelas, minisséries e especiais da Globo. Em 1988, estrelaram e produziram o seriado "Tarcísio e Glória", que abordava a relação entre um empresário corrupto (Tarcísio) e uma extraterrestre (Glória). Atuaram juntos ainda em produções como "Irmãos Coragem" (1970), "O homem que deve morrer" (1971), "Espelho mágico" (1977), "Torre de Babel" (1998) e "A Favorita" (2008).

O trabalho mais recente de Tarcísio na Globo foi na novela  "Orgulho & paixão" (2018). Já Glória esteve na novela "Totalmente demais" (2015), atualmente em exibição na faixa das 19h. No fim do mês passado, eles gravaram uma entrevista para o "Altas horas" remotamente. 


O Globo quinta, 10 de setembro de 2020

DIA DO BRIGADEIRO: COMO FAZER O DOCINHO PERFEITO, PARA COMER NA FORMINHA OU DE COLHER

 

Dia do Brigadeiro: como fazer o docinho perfeito, para comer na forminha ou de colher

Chefs e confeiteiros ensinam receitas do quitute que também ganha versões com chocolate meio amargo, avelão, castanha do Pará e até sem leite condensado
 
Brigadeiro tradicional de Fabiana D'Angelo Foto: Divulgação
Brigadeiro tradicional de Fabiana D'Angelo Foto: Divulgação

 

 

Quer saber quando o seu brigadeiro chegou no ponto certo? A dica é da chef doceira Fabiana D'Angelo, que faz brigadeiros há mais de 20 anos. Uma craque no assunto.

— Passe a pá (ou colher) no meio da panela, fazendo um caminho. Se a mistura demorar a voltar para o meio e você conseguir enxergar o fundo da panela, está pronto. Ou você pode virar a panela, e se o brigadeiro soltar e tombar está no ponto. Se não, continue mexendo em fogo médio.

 

De origem incerta, o quitute tem um dia para chamar de seu: 10 de setembro. Data que inspira uma lista com receitas do docinho, desde o tradicional até o sem leite condensado, passando pelo de colher (tem um truque) e com sabores diferentões, com adição de avelã, castanha do Pará e até inhame (no lugar do leite condensado).

— Variedade de brigadeiro é uma delícia, e as pessoas adoram aprender — diz o chef confeiteiro, que é jurado do programa "Que seja doce", da GNT.

Brigadeiro tradicional

Fabiana D'Angelo

Brigadeiro tradicional de Fabiana D'Angelo Foto: Divulgação
Brigadeiro tradicional de Fabiana D'Angelo Foto: Divulgação

 

Ingredientes

1 lata de leite condensado

10ml de creme de leite

55g de chocolate em pó

10g de manteiga com sal

300g de granulado

Forminhas para brigadeiro (ou enrolar na mão pra fazer as bolinhas e colocar num prato)

Preparo

Em uma panela funda, acrescente o leite condensado, a manteiga e o achocolato antes de ligar o fogo.

Cozinhe em fogo médio e mexer sem parar até que o brigadeiro desgrude da panela.

Deixe esfriar e faça bolinhas com a mão passando a massa no chocolate granulado.

— Pode servir numa colher de café também, fica lindo.

Brigadeiro meio amargo

Carolina Sales

Brigadeiro tradicional de Carolina Sales Foto: Divulgação/Filico
Brigadeiro tradicional de Carolina Sales Foto: Divulgação/Filico

 

Ingredientes

1 lata de leite condensado

60g de chocolate meio amargo

Raspas de chocolate ao leite para cobrir

Preparo

Misture o leite condensado e o chocolate meio amargo na panela. A panela deve ser grossa para conter o excesso de calor no doce. Quando der o ponto desligue o fogo e deixe esfriar.

 

Faça bolinhas de 18g e passe no chocolate ao leite ralado.

Coloque em forminhas número 4 (ou enrolar na mão pra fazer as bolinhas e colocar num prato). Rende 18 unidades.

— Aproveito o cacau mais intenso e a gordura do próprio chocolate meio amargo para saborizar. Não preciso colocar manteiga, nem achocolatado que é muito açucarado na saborização. Ele não fica muito doce e fica bem cremoso. É uma das formas de fazer o brigadeiro muito equilibrado — sugere a confeiteira.

Brigadeiro de avelãs

Lucas Corazza

Brigadeiro de avelãs, de Lucas Corazza Foto: Divulgação
Brigadeiro de avelãs, de Lucas Corazza Foto: Divulgação

 

Ingredientes

400g de leite condensado (1 lata)

20g de manteiga sem sal (1 colher de sopa)

100g de creme de leite uht

50g de chocolate ao leite em barra

80g de avelãs trituradas (pode triturar com ou sem casca)

Avelãs em lâminas para passar em volta

Preparo

Em uma panela de fundo grosso, fora do fogo, misture todos os ingredientes.

Sempre mexendo, de preferência com uma espátula de silicone, Leve ao fogo alto para aquecer.

Quando levantar fervura, reduza a chama para a potência média/alta e continue mexendo.

Se tiver um termômetro, espere atingir 93/95 graus para remover do fogo.

Caso não tenha, o ponto está bom quando consegue ver o fundo da panela ao passar a colher de uma ponta para a outra.

 

Despeje em uma vasilha plana e cubra com filme plástico em contato.

Deixe esfriar por completo. Enrole.

Brigadeiro de castanha do Pará

Morena Leite (Capim Santo)

Capim Santo: trio de brigadeiros da chef Morena Leite Foto: Marinho / Divulgação/Mario Rodrigues
Capim Santo: trio de brigadeiros da chef Morena Leite Foto: Marinho / Divulgação/Mario Rodrigues

 

Ingredientes

1 lata de leite condensado

100g de castanha do Pará triturada

1 colher de azeite de castanha do Pará

50ml de creme de leite fresco

Preparo

Numa panela, levar todos os ingredientes em fogo baixo e mexer sempre em fogo baixo até engrossar e dar ponto de brigadeiro.

Brigadeiro sem leite condensado

Yolanda Jandre

Brigadeiro de inhame de Yolanda Jandre Foto: Divulgação
Brigadeiro de inhame de Yolanda Jandre Foto: Divulgação

 

Ingredientes

6 inhames médios cozidos e descascados

2 colheres de sopa cheias de chocolate em pó

1 colher de sopa de azeite

Preparo

Mistura bem tudo e pronto. Faça bolinhas na mão ou sirva na colher.

Brigadeiro de micro-ondas

Francesca Pomposelli

Ingredientes

1 lata de leite condensado light

1 caixinha de creme de leite light

4 colheres de chocolate em pó ou cacau

1 colher de manteiga sem sal

Chocolate granulado para decorar

Colheres!

Preparo

Num refratário alto, e grosso coloque o leite condensado, o chocolate/cacau e a manteiga, misture e leve ao micro-ondas e deixe cinco minutos em potência alta, mexendo na metade do tempo. Quando o brigadeiro estiver pronto, adicione o creme de leite e misture bem até ficar homogêneo. Rende dez colheres bem cheias.


O Globo quarta, 09 de setembro de 2020

ELVIRA PAGÃ: A ARTISTA QUE ENFRENTOU O CONSERVADORISMO MACHISTA DOS ANOS 50, ESTARIA COMPLETANDO 100 ANOS

 

Elvira Pagã: A artista que enfrentou o conservadorismo machista nos anos 50

Primeira mulher a usar biquina na Praia de Copacabana, atriz e cantora que se tornou símbolo da independência feminina estaria completando 100 anos


  • 26 de Maio de 2001, Ela, página 5
  • 26 de Maio de 2001, Ela, página 5

  • 23 de Agosto de 2003, Ela, página 4

    23 de Agosto de 2003, Ela, página 4

  • 24 de Agosto de 2003, Rio, página 33

    24 de Agosto de 2003, Rio, página 33

  • 01 de Julho de 1977, Cultura, página 36

    01 de Julho de 1977, Cultura, página 36

  • 04 de Fevereiro de 1956, Geral, página 6

    04 de Fevereiro de 1956, Geral, página 6

  • 05 de Junho de 1987, Segundo Caderno, página 5

    05 de Junho de 1987, Segundo Caderno, página 5

  • 05 de Agosto de 1977, Cultura, página 40

    05 de Agosto de 1977, Cultura, página 40

  • 05 de Dezembro de 1952, Geral, página 8

    05 de Dezembro de 1952, Geral, página 8

  • 08 de Junho de 2001, Segundo Caderno, página 7

    08 de Junho de 2001, Segundo Caderno, página 7

  • 10 de Setembro de 1956, Geral, página 4

    10 de Setembro de 1956, Geral, página 4

  • 11 de Fevereiro de 1956, Geral, página 1

    11 de Fevereiro de 1956, Geral, página 1

  • 20 de Agosto de 2003, Rio, página 19

    20 de Agosto de 2003, Rio, página 19

FOTOGALERIA
Nudez. Após operar os seios, Elvira Pagã usou imagem seminua como cartão de Natal

EM FOCO: ELVIRA PAGÃ

 

Foi dessa forma, carregada de desdém, que o porteiro de um prédio da Avenida Nossa Senhora de Copacabana, em frente ao anexo do Copacabana Palace, respondeu à pergunta do jornalista e historiador Haroldo Coronel. A "velha" a quem ele se referia era ninguém menos que a atriz e cantora Elvira Pagã, mito do erotismo brasileiro. Primeira mulher a usar biquini em Copacabana, a paulista de Itararé, ainda nos anos 50, posou nua para uma foto, que passou a distribuir como se fosse um cartão natalino. Estrela do Teatro de Revista, Pagã enfrentou o conservadorismo machista e o moralismo. Foi uma das mulheres mais ousadas de seu tempo, ao lado de Luz del Fuego.

Nos últimos anos de vida da artista, Haroldo encontrava Elvira nas ruas próximas e a acompanhava ao prédio. Vivia só, sem empregada para lhe fazer companhia, no apartamento mantido pela irmã Rosina, com quem iniciou a carreira artística. Rosina, ainda nos anos 40, foi para o México e, depois, para os Estados Unidos. Cantou em boates, casou-se com um milionário e ficou viúva. Era ela quem sustentava Elvira no Rio, pagando o aluguel do apartamento de Copacabana. Uma terceira irmã, Leonor, mora em Belo Horizonte.

Elvira Olivieri Cozzolino nasceu em 6 de setembro de 1920, de pai americano e mãe paranaense. A família era pobre e de vida confusa. Segundo a própria Elvira, ela foi raptada pela mãe aos 4 anos de idade. Aos 13, casou-se com Theodoro Eduardo Duvivier Filho, de 39 anos. Foi o segundo rapto de sua vida e o primeiro estupro, dizia ela própria. Depois foi para o teatro de revista e adotou o nome Pagã, indicativo de pecado à época. Seu nome, declarou ao GLOBO em 1967, era sinônimo de escândalo, atentado ao pudor, imoralidade.

Mas era uma deusa da beleza, e, no Rio, capital federal e centro da vida cultural do país, virou ídola. Temperamental, cabelos longos e sedosos, tinha um corpo "perfeito" para os padrões dos anos 40, com 90 cm de busto, 55 de cintura e 90 de quadris. Perfeito para ousar, como conta o pesquisador Fernando Moura em "História do biquíni":

"Na América do Sul, a primazia de usar o biquíni coube à brasileira Elvira Pagã. No início de 1950, na Praia de Copacabana, ela rasgou e adaptou o modelo 'duas peças' usado no teatro rebolado. Elvira atraía atenção vestindo dois pequenos pedaços de tecido no corpo, dourado por uma penugem loura. No exterior ficou conhecida como "The original bikini girl" e "The brazilian buzz bomb". E não desistia de afrontar a moral. Depois de operar os seios, posou nua e distribuiu a fotografia como cartão de Natal.

Foi a primeira Rainha do Carnaval Carioca. Dizia que o carnaval "foi uma orgia só" entre 49 e 64, época de seu reinado no Teatro Recreio, na Boate Arpége e no Cassino Icaraí, no Rio, ou no Nick Bar paulista. Elvira esteve em oito filmes: "O bobo do rei" (1936); "Cidade-Mulher" (1936); "Alô alô carnaval" (1936); "Laranja-da-China" (1940); "Carnaval no fogo" (1949); "Dominó negro" (1949); "Aviso aos navegantes" (1950); e "Écharpe de seda" (1950).

No fim dos anos 60, ela se recolheu. Saiu da vida artística e da vida social. Dizia não precisar de amantes e se intitulava sacerdotisa, ligada a discos voadores e à Atlântida. Morreu em 8 de maio de 2003, aos 82 anos, de falência geral dos órgãos, na Clínica Santa Cristina, em Santa Teresa. Não teve filhos. Sua família levou o corpo para uma estância hidromineral do Sul de Minas e manteve escondida a morte, apenas revelada depois de três meses.

Elvira Pagã foi uma atriz, cantora, compositora e vedete

Elvira Pagã foi uma atriz, cantora, compositora e vedete 03/06/1973 / Agência O Globo

 

O Globo terça, 08 de setembro de 2020

FIGO EM TRÊS RECEITAS

 

Figo em três receitas de pratos salgados

Ingrediente vai bem com massas e também em saladas
Ruote com molho de figo e parma, de Carlota Pernambuco Foto: Divulgação
Ruote com molho de figo e parma, de Carlota Pernambuco Foto: Divulgação
 
 

Que tal aproveitar que é época de figos para experimentá-lo em receitas salgadas? A seguir, receitas de prato principal que têm figo como ingrediente. E um detalhe curioso:  figos não são frutas, mas flores invertidas

Massa com molho de figo e Parma

Carlota Pernambuco

Ingredientes

2 xícaras (chá) de massa curta (sugere-se o ruote)

 

1 xícara (chá) de figos cortados em gomos

2/3 de xícara (chá) de creme de leite fresco

1/2 colher (chá) de manteiga

1 colher (chá) de suco de limão

6 fatias de presunto cru

Sal

Pimenta-do-reino

Preparo

Em uma frigideira, coloque um fio de azeite e deixe aquecer. Acrescente o figo e deixe-o dourar. Adicione o creme de leite, o suco de limão, a manteiga, acerte o tempero. Em seguida, junte a massa (já cozida). Mexa e reduza até resultar em uma mistura cremosa. Decore com o presunto cru.

Ravióli com figo seco, manteiga e sálvia

Rudy Bovo (Nido Ristorante)

Ravióli com recheio de figo seco, manteiga e sálvia, de Rudy Bovo (Nido Ristorante) Foto: Divulgação
Ravióli com recheio de figo seco, manteiga e sálvia, de Rudy Bovo (Nido Ristorante) Foto: Divulgação

 

Ingredientes

200g de figo seco

300g de queijo taleggio

Massa

500g de farinha semola

3 ovos

Pitada de sal

Preparo

Passe o figo seco e o queijo no moedor e reserve. Para fazer a massa, misture a farinha, os ovos e o sal até criar uma massa homogênea. Depois coloque para descansar por 30 minutos. Passado esse tempo, estique a massa com ajuda de um rolo, corte-a  em círculos, coloque o recheio e feche cada no formato de meia lua. Leve o ravioli para uma panela cheia d'água, acrescente o sal e deixe até ferver. Para servir, coloque manteiga e sálvia.

A receita serve quatro pessoas (contando seis raviólis em cada porção).

Salada de figos grelhados

(Alessandro & Frederico)

Salada de figos grelhados (Alessandro & Frederico) Foto: Divulgação
Salada de figos grelhados (Alessandro & Frederico) Foto: Divulgação

 

Ingredientes

45g de alface americana

 

40g de alface roxa

40g de alface crespa

10g de rúcula

35g de pão italiano

35g de queijo de cabra

30g de queijo Grana Padano

20g de presunto de Parma

20g de amêndoas

45g de molho mostarda

60g de figo

Molho mostarda:

2 colheres de sopa de mel

1 colher de sopa de mostarda

1 colher de sopa de vinho branco

Preparo

Junte o mix de folhas, podendo cortá-las grosseiramente ou a faca, e coloque em um recipiente. Corte os figos ao meio e grelhe em uma frigideira até dourarem. Passe o queijo de cabra na torrada de pão italiano. Para finalizar, coloque as amêndoas (podendo ser substituídas por castanhas), queijo grana padano e presunto de Parma.

Molho mostarda: misturar todos os ingredientes em um bowl.


O Globo segunda, 07 de setembro de 2020

QUEM MANDOU MATAR BOLSONARO? - DOIS ANOS APÓS A FACADA, BOLSONARISTAS COBRAM NAS REDES SOCIAIS

 

Dois anos após facada, bolsonaristas cobram nas redes #QuemMandouMatarBolsonaro

 

 
Post de Jair Bolsonaro em lembrança dos dois anos do atentado que sofreu
 

Por Gabriel Shinohara

No dia que marca os dois anos do atentado a faca que sofreu durante a campanha, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) lembrou o episódio com a postagem de um vídeo do momento do ataque no seu perfil no Twitter, neste domingo. Motivados, seus apoiadores subiram a hashtag #QuemMandouMatarBolsonaro. A Polícia Federal (PF) já concluiu, entretanto, que não houve mandante e que Adélio Bispo agiu sozinho.

 Na postagem, o presidente não questiona se o crime teve um mandante. Em vez disso, fez agradecimentos aos médicos que o atenderam, a quem “orou” pela sua melhora e ao Brasil. A publicação foi repostada pelo senador Flávio Bolsonaro (Republicanos/RJ).

“- OBRIGADO:

- Senhor pela minha vida.

- Dr. Borsato e profissionais de saúde da Santa Casa de Juiz de Fora/MG.

- Drs. Macedo e Leandro, médicos e enfermeiros do Hospital Albert Einstein;

- Aos que oraram; e

- Ao Brasil por continuar livre e sendo a terra mais maravilhosa do mundo!”

Já o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL/SP) apoiou a hashtag e, em postagem no Twitter, afirmou que as respostas sobre um possível mandante do ataque ainda não apareceram, apesar da PF já ter concluído as investigações sobre o caso. Outros parlamentares, como Bia Kicis (PSL/DF) e Carla Zambelli (PSL/SP) também publicaram sobre o assunto.

“Hoje faz 2 anos da tentativa de assassinato de @JairBolsonaro, então candidato. Graças a Deus e à ajuda de muitas pessoas, como médicos, enfermeiros, PF e anônimos ele sobreviveu. Mas as respostas ainda não apareceram. QUEM MANDOU MATAR JAIR BOLSONARO? #QuemMandouMatarBolsonaro”, escreveu Eduardo.

Já o vereador Carlos Bolsonaro (PSC) dedicou cinco publicações no Twitter para falar sobre o tema. Ele, que estava acompanhando o pai no dia da facada, fez um relato do momento e agradeceu a Deus.

“Quando os Agentes correram em direção ao carro, quando não entendi a correria, quando vi meu pai caído no chão de uma espécie de bar, quando colocaram você dentro do carro e então pressionava minha mão sob seu ferimento. Quando os policiais tentavam mantê-lo acordado e você respondia aos estímulos, quando chegamos ao hospital, quando você começou a esfriar, quando percebemos que era mais grave que imaginávamos, quando te perdi 3 vezes segurando sua mão em todos os momentos, quando minutos depois soubemos que você teria que ir para sala de cirurgia, quando imobilizaram seus braços para fazerem os procedimentos, quando vi então litros de sangue se externar, quando passaram-se horas de cirurgia e cada profissional de saúde vinha até mim e todos olhavam em meus olhos e diziam: “seu pai vai sair vivo dessa”. Já não entendia mais muita coisa, mas você voltou, meus irmãos chegaram e outra parte de tudo aquilo se iniciou, mas hoje temos você de volta! Obrigado Deus, pela vida do meu pai, obrigado a todos pelas energias positivas que sentíamos desde a saída de sua cirurgia! Nada é por acaso! Bom domingo a todos (6 de setembro de 2020)!”


O Globo domingo, 06 de setembro de 2020

DANIELLE WINITS FALA DA DANÇA DOS FAMOSOS, COS FILHOS E DO CASAMENTO COM ANDRÉ GONÇALVES

 

Danielle Winits fala da 'Dança dos famosos', dos filhos e do casamento com André Gonçalves

THAYNÁ RODRIGUES

 
 
Danielle Winits (Foto: Reprodução)
Danielle Winits (Foto: Reprodução)

 

Danielle Winits, escalada para a "Dança dos famosos", voltará ao ar também nas novelas. Esta semana, a atriz surgirá na reprise de "Totalmente demais" como Suely, mãe das filhas de Hugo (Orã Figueiredo). 

— Ela já "chega chegando" por ele ter acertado os números da loteria. Relembrar a novela me traz aquela sensação de surpresa. É um sucesso hoje e foi um grande sucesso na época também. Quando Luiz Henrique Rios (diretor) me chamou, pensei: "Vou entrar no meio do êxito". E foi uma delícia. 

Novela à parte, a artista já começou sua preparação para a "Dança", do "Domingão do Faustão", que terá protocolos rígidos de prevenção contra a Covid:

— Os treinos que antes eu fazia na academia, agora faço dentro de casa. Retomei as aulas de dança e pratico remotamente, pelo Zoom. Essa alternativa de manter as atividades com orientação on-line é muito bacana. Me adaptei bem rápido.

Enquanto Danielle se exercita ou dança, o ator André Gonçalves, seu marido, mexe o corpo em outras atividades: boxe na praia é uma delas. A atriz relata que a quarentena não impôs novos desafios à união: ajudou, segundo ela, a treinar o "olhar carinhoso". Os dois estão juntos desde 2016:

— O casamento por si só é um desafio, independentemente da quarentena. Buscamos diariamente a evolução. O que este período de isolamento fez foi deixar isso mais claro. Cada casal tem sua maneira, né? No nosso caso, somos muito caseiros, não costumamos expor demais a intimidade. Então, a realidade não se transformou tanto. Temos uma vida voltada para casa, não agitos da vida social. Outras pessoas têm uma ânsia: "Meu deus, quando eu vou à próxima festa?". Aqui não é assim. Mas, se eu tiver que eleger o que foi mais complicado nos últimos tempos, não tenho dúvida: foi o homeschooling. É um processo dos filhos e dos pais, exige uma grande readaptação — diz ela, que é mãe de Noah (12 anos), do casamento com Cássio Reis, e de Guy (9 anos), da relação com Jonatas Faro

O adolescente e o menino, vez ou outra, esboçam interesse em participar de produções artísticas. Noah fez sua estreia já dois anos no curta-metragem "Alvará", de Cadu Fávero e Pedro von Krüger, e Guy, ainda bem novinho, já declarou que pensa em ser DJ.

— Às vezes, eles brincam que querem fazer o filme "Os farofeiros" 2. O mais velho é muito dedicado aos treinos de futebol. Agora, na quarentena, eu e os pais deles temos deixado as nossas rotinas superdivididas. Optamos por eles ficarem um mês em cada lugar para que não sejam tão expostos. E os meninos são supercompanheiros dos pais e da mãe. É assim que se faz o co-parenting (termo para o ato de os pais compartilharem a responsabilidade pela criação). 

Danielle Winits com Noah e Guy (Foto: Reprodução)
Danielle Winits com Noah e Guy (Foto: Reprodução)
Danielle Winits e André Gonçalves (Foto: Reprodução)
Danielle Winits e André Gonçalves (Foto: Reprodução)
Danielle Winits (Foto: Reprodução)
Danielle Winits (Foto: Reprodução)

O Globo sábado, 05 de setembro de 2020

TATÁ WERNECK GRAVA LADY NIGHT COM FIGURINO DIFERENTE

 

Tatá Werneck grava 'Lady night' com figurino diferente. Veja a primeira convidada do programa

 
 
 
Tatá Werneck no 'Lady night' (Foto: Divulgação)
Tatá Werneck no 'Lady night' (Foto: Divulgação)

Álcool em gel na mesa e capacete especial. Tatá Werneck mostra que está bem protegida nas gravações do “Lady night”, no Multishow. Este é o primeiro registro da apresentadora no estúdio. Como andou declarando em entrevistas, para ela, todo cuidado com o vírus é pouco. O programa voltará ao ar em outubro. 

A primeira convidada a gravar foi Ana Furtado, que aparece na imagem abaixo. Confira na fotogaleria no fim deste texto os outros nomes confirmados. Todos eles aparecerão separados por uma barreira de acrílico e conversarão à distância com a apresentadora. O tradicional selinho ficará de fora. A pandemia e a quarentena servirão de pano de fundo de algumas entrevistas e quadros.

Tatá Werneck vem tomando dezenas de cuidados contra a Covid-19 também em casa. Há nove meses, ela deu à luz sua primeira filha, Clara Maria, fruto do casamento com o ator Rafael Vitti

Ana Furtado com Tatá Werneck (Foto: Divulgação)
Ana Furtado com Tatá Werneck (Foto: Divulgação)
Tatá Werneck no 'Lady night' (Foto: Divulgação)
Tatá Werneck no 'Lady night' (Foto: Divulgação) 
 

O Globo sexta, 04 de setembro de 2020

JANE FONDA: FALA DE MARVIN GAYE, MARLON BRANDO E MAIS

 

Jane Fonda se arrepende de não dormido com Marvin Gaye e diz que Marlon Brando era 'decepcionante'

Aos 82 anos, atriz mantém aceso seu ativismo político e define Donald Trump: 'Uma criança traumatizada, assustada e perigosa'
 
Jane Fonda ainda aposta na desobediência civil como método mais eficiente para reivindicações sociopolíticas Foto: RYAN PFLUGER / NYT
Jane Fonda ainda aposta na desobediência civil como método mais eficiente para reivindicações sociopolíticas Foto: RYAN PFLUGER / NYT

 

 
E lá estava ela no Zoom, muito atraente com seu novo corte pixie, falando diretamente de sua casa chique em Los Angeles.

- Fiquei grisalha no momento certo. - diz ela - Eu não sabia que a Covid estava vindo. Cansei dos produtos químicos, do tempo e do dinheiro para manter o loiro. Então disse: ' Já chega!'. E fui conversar com os produtores de "Grace and Frankie". Contei que queria ficar grisalha e que, consequentemente, Grace também ficaria. Eles toparam.

Com um espírito ambientalista de longa data, a atriz de 82 anos tomou uma decisão, em 2019, inspirada pela jovem ativista Greta Thunberg e por Naomi Klein, no livro "Em chamas", em que a jornalista analisa o surgimento de um eco-fascismo e defende a ideia de um "New Deal ecológico". Fonda, então, teve a iniciativa de se mudar para Washington e acampar na frente da Casa Branca em protesto contra as mudanças climáticas.

- Fiquei pensando como eu faria cocô e xixi. Estou muito mais velha e me levanto à noite com muita frequência - analisa a célebre ativista, que mesmo em meio às incertezas, comprou um casaco vermelho de luxo na Neiman's e partiu para a capital.

Em Washington, Fonda começou a se mexer: pensando em recrutar aliadas, ligou para nomes como Pamela Anderson e Sharon Stone, e recebeu o apoio de Annie Leonard, diretora do Greenpeace nos EUA, que alertou à atriz que o acampamento talvez não fosse a melhor ideia porque haveria muitos ratos.

 

Jane acionou até Jared Kushner, genro de Donald Trump, que recomendou que ela entrasse em contato com Ivanka, filha do presidente e mulher de Kushner. Segundo a atriz, Ivanka entrou em contato com ela, ouviu sobre suas ideias, riu e nunca mais apareceu.

Por quatro meses, Jane Fonda participou de protestos em frente ao Capitólio, em Washington Foto: RYAN PFLUGER / NYT
Por quatro meses, Jane Fonda participou de protestos em frente ao Capitólio, em Washington
Foto: RYAN PFLUGER / NYT

- Eu entendo um pouco a cabeça do Donald Trump, ele me lembra Ted Turner, meu terceiro marido, que carregava uns traumas dos tempos de infância. As ações de Trump traduzem a linguagem dos traumatizados. E você pode odiar as ações, mas não odeie a pessoa. Ela vence se nós a odiarmos. Não dê a ela tanta energia. Olho para o Trump e vejo uma criança assustada e muito perigosa, pois tem todos os botões ao alcance das mãos.

Após quatro meses sendo a estrela dos Fire Drill Fridays, protestos climáticos em frente ao Capitólio, Fonda voltou a Los Angeles, onde continuou sua atividade de forma virtual, promovendo vídeos em parceria com o Greenpeace e escrevendo um novo livro com dicas aos que se sentem desafiados pela vida ecologicamente correta.

Meu passado não me condena

Como se sabe, a relação conturbada de Jane Fonda com a Casa Branca é de longa data. Há uma foto clássica de sua prisão, em 1970, em Cleveland, durante protestos contra a Guerra do Vietnã. A atriz era um dos maiores desafetos do então presidente Richard Nixon, que a achava "belíssima, apesar de estar sempre no caminho errado".

 

Troy Garity, filho de Fonda com o político e ativista Tom Hayden, certa vez resumiu sua vivência diante do espírito contestador da atriz. Em 2014, durante uma homenagem a ela promovida pelo American Film Institute, Garity disse: "Minha mãe nunca precisou contratar babá para cuidar dos filhos. O FBI sempre cumpriu esse papel".

No tempo em que ainda morava com o pai, Henry Fonda, a atriz ouviu dele a seguinte frase: ""Se algum dia eu descobrir que você é comunista, serei o primeiro a denunciá-la". Talvez Jane não seja considerada, hoje, uma comunista. Ela prefere apenas não ter que lutar contra um fascista. E por isso apoia integralmente o democrata Joe Biden e sua vice, Kamala Harris, na eleição presidencial de novembro. Segundo ela, "é mais fácil pressionar um moderado".

- Temos que cortar as emissões de combustíveis fósseis pela metade até 2030 e isso vai ser difícil para ele, mas temos que fazer isso, podemos fazer isso. É aqui que entra a desobediência civil. E eu serei uma das pessoas nas ruas assim que "Grace and Frankie" acabar.

 

Hoje a atriz também consegue traçar um paralelo entre o movimento dos Panteras Negras, na década de 1970, e o Black Lives Matter. Na visão de Fonda, há um "sentimento de amor" no BLM que faltava aos Panteras, e cogita que a presença de muitas líderes mulheres possa estar trazendo esse caráter afetivo aos protestos recentes.

Jane Fonda sendo presa ao lado de outros ativistas em mais um dia de protestos nos EUA Foto: JARED SOARES / NYT
Jane Fonda sendo presa ao lado de outros ativistas em mais um dia de protestos nos EUA Foto: JARED SOARES / NYT

- Um dia recebi um panfleto do Black Lives Matter falando sobre autocuidado. Ou seja, um movimento que discute autocuidado com suas ativistas? Isso é novidade.

Outro contexto contemporâneo que Jane Fonda acompanha é o de revisão histórica de algumas figuras públicas, vistas hoje com uma lupa que identifca, por exemplo, comportamentos racistas. É o caso de John Wayne, que foi um grande amigo do pai da atriz.

- Não acho que devemos perder tempo cancelando John Wayne. Mais importante é pensar o que vamos fazer com o sistema bancário, as hipotecas, o policiamento, todas essas coisas que tornam impossível que os negros ascendam socialmente.

Sonho de filmar com Tarantino

Caminhemos, então, sobre a ponte que liga o movimento #MeToo e Hollywood. Qual terá sido a experiência da atriz?

- Fui estuprada uma vez por um ator. E tive um diretor, que é francês, que disse: 'Seu personagem tem que ter um orgasmo, então eu tenho que ver como são seus orgasmos'. E eu apenas fingi que não conseguia entendê-lo. Ele estava falando em francês.

 

Será que "Barbarella”, dirigido por seu primeiro marido, Roger Vadim, seria feito agora?

- Ah, poderia ser feito, mas eu seria uma das produtoras e seria um filme feminista. Na verdade, ele já era um filme levemente feminista. Ela mesma pilotou a espaçonave, certo? Foi ela que o presidente designou para ir ao planeta para salvar o cientista. Ela já era muito boa!

Mas deixando de lado o passado (mas nem tanto), é preciso ressaltar que Jane Fonda está no Tik Tok. Mais especificamente fazendo uma homenagem às clássicas fitas lançadas por ela nos anos 1980 com exercícios aeróbicos para fazer em casa.

Além das redes sociais, Jane Fonda também mantém atualizado seu pensamento em relação ao cinema. Ela refuta qualquer ideia de que o avanço do streaming tenha tirado o glamour de Hollywood. Ela, inclusive, confessa que raramente assiste a filmes antigos. Tem preferido séries, como as elogiadas "I may destroy you" e "Insecure", ambas da HBO.

Hoje, ela tem um sonho sobre cinema. Na verdade, um sonho que reúne dois nomes.

- Queria que Wes Anderson aparecesse e me escolhesse para fazer um papel que eu nunca tivesse imaginado interpretar na vida. Quentin Tarantino também... eu faria o que ele quisesse.

 

Confirma ou nega?

Ao fim da entrevista, separei algumas afirmações sobre a história de Jane Fonda para que a atriz negasse, ou confirmasse os fatos apresentados. Vamos lá?

Maureen Dowd: Seu maior arrependimento é nunca ter feito sexo com Che Guevara.

Jane Fonda: Não, eu não penso muito nele. Em quem eu penso, e o que é um grande arrependimento, é Marvin Gaye. Ele queria e eu não. Eu estava casada com Tom (Hayden).

Maureen Dowd: Simone Signoret é a mulher mais sexy que você já conheceu.

Jane Fonda: Ava Gardner era a mulher mais sexy que já conheci. Sem dúvida.

Maureen Dowd: Suas polainas são mais famosas do que as polainas de Jennifer Beals em “Flashdance” .

Jane Fonda: Provavelmente. Porque meus aquecedores de perna entravam nas salas das pessoas dia após dia, após dia, após dia. E então eles se tornaram amigos das pessoas.

Maureen Dowd: Você é parente de Jane Seymour, uma das esposas de Henrique VIII.

Jane Fonda: Isso é o que minha mãe sempre me disse e é por isso que meu apelido até a quarta série era Lady.

Maureen Dowd: Você se arrepende de não ter assumido o papel de Mia Farrow em “O bebê de Rosemary”.

 

Jane Fonda: Eu não penso muito nisso.

Maureen Dowd: Marlon Brando era ...

Jane Fonda: Decepcionante. Mas um ótimo ator.

Maureen Dowd: Você estava na aula de atuação de Lee Strasberg com Marilyn Monroe.

Jane Fonda: Sim. Ela gostou de mim. Acho que ela gostou de mim porque percebeu minhas inseguranças e foi atraída por coisas vulneráveis. Nunca esquecerei uma festa que Lee Strasberg deu, quando ela chegou atrasada e os homens começaram a tremer. Quer dizer, eles estavam fisicamente excitados e agitados pelo fato de ela estar lá. E ela foi direto até mim, pois queria conversar.

Maureen Dowd: Marilyn não era tão marcante pessoalmente.

Jane Fonda: Ela brilhava! Havia um brilho saindo dela que era inacreditável! Vinha de sua pele, do seu cabelo, do seu ser. Eu nunca vi nada parecido.


O Globo quinta, 03 de setembro de 2020

ELLEN ROCCHE FALA DA EDIÇÃO ESPECIAL DA ESCOLINHA E DO FIM DO NAMORO

 

Ellen Rocche fala de edição especial da 'Escolinha' e do fim do namoro

ANNA LUIZA SANTIAGO

 
 
 
 
Ellen Rocche (Foto: Arquivo pessoal)
Ellen Rocche (Foto: Arquivo pessoal)

Nas últimas semanas, a casa de Ellen Rocche em São Paulo se transformou em estúdio de gravação. É que, com a pandemia, a atriz encarnou Dona Capitu à distância para o episódio especial da "Escolinha do Professor Raimundo", uma parceria da Globo com o Viva.

- Foi muito interessante. Parece que voltei aos tempos de criança, de me arrumar e fazer teatrinho. Eu montei o chroma key em casa e recebi o kit higienizado com todo o aparato necessário, como microfone, câmera e computador, além do figurino. Foi algo que aqueceu tanto meu coração. A "Escolinha" é sempre muito atual e vamos poder retratar este momento de homeschooling durante a pandemia. Me senti realmente tendo aula on-line. E a parte da caracterização ressalta nossa criatividade. Tudo isso só aumentou meu amor pela arte. Achei que gravar distante dos outros não traria aquele frescor. Imaginei que seria mais frio. Pelo contrário: foi incrível.

Ellen diz que houve um cuidado para tratar do tema num programa de humor.

A atriz também poderá ser vista em breve na reprise de "Haja coração", na faixa das 19h da Globo. Na trama, ela viveu a ex-"BBB" Leonora. Ellen lembra que a novela marcou uma fase diferente de sua carreira:

- Foi um divisor de águas. Eu me permiti engordar 12kg na época. Foi um momento em que as pessoas olharam e falaram: "A Ellen está diferente". Além de mudar o cabelo e pintar de ruivo, teve essa coisa do peso. Tirou o foco do corpo, do sex symbol, e voltou o olhar das pessoas para a interpretação. Não sou neurótica em relação a isso (ao corpo), sempre levei a vida muito tranquila. Aquela frase "Aceita que dói menos" nunca fez tanto sentido. Eu tenho facilidade para emagrecer e para engordar. A gente tem que desencanar.

 

Foi com essa leveza que ela tentou encarar a quarentena.

- Eu passei por todas as fases que todo mundo passou. Óbvio que dá um medo absurdo. Você vê a quantidade de pessoas que faleceram e a tristeza das famílias. Tenho empatia e sinto a dor do outro também. Não dá para estar completamente feliz nesta época. Fiquei tensa no começo, respeitei todo o isolamento. Fiz aulas on-line, aprendi sofre finanças. Comecei a meditar e a pintar. Decorei e pintei vasinhos para deixar a casa mais bonita. Também comi bastante, engordei uns três ou quatro quilos e já perdi tudo, graças a Deus. Pensei: "Vou desencanar. Não vou fazer exercício, vou ver filme". Depois veio: "Não, agora chega. Vamos malhar". Eu aceito e agradeço (o ganho de peso). Depois eu doo - brinca.

Para Ellen, o período significou uma oportunidade de "mergulhar" dentro de si mesma, já que ela mora sozinha e está solteira desde o término do namoro com o nutricionista Rogério Oliveira:

- Terminamos já faz tempo, no começo do ano. Falaram que eu parei de seguir meu ex-namorado no Instagram. Não parei, não. Deu certo enquanto durou, isso é o mais importante. Torço por ele, quero bem e que seja feliz.

Logo depois que essa notícia veio à tona, em maio, o perfil da atriz no Instagram apareceu fechado ao público. Ela diz que não há qualquer ligação com o fim do relacionamento.

- Na verdade, não sou muito tecnológica. Não sei como tenho quase um milhão e meio de seguidores. Estava mexendo nas configurações e acabei trancando o Instagram. Saiu matéria dizendo que tranquei porque terminei o relacionamento. Gente, não tem isso. Tanto que meu empresário me avisou, porque tenho que deixar aberto por causa da parte profissional, e eu pensei: "Ai, meu Deus" - conta, às gargalhadas.

Ellen Rocche com o namorado, Rogério Oliveira (Foto: Reprodução Instagram)
Ellen Rocche com o ex-namorado Rogério Oliveira (Foto: Reprodução Instagram)

O Globo quarta, 02 de setembro de 2020

ANA HIKARI FALA DE REPERCUSSÃO DE AS TIVE, E MAIS

 

Ana Hikari fala de repercussão de 'As Five' e relata ter alcançado segurança para falar sobre bissexualidade

THAYNÁ RODRIGUES

 
 
 
 
 
Ana Hikari, a Tina de 'Malhação' e de 'As Five' (Foto: Divulgação)
 
Ana Hikari, a Tina de 'Malhação' e de 'As Five' (Foto: Divulgação)

 

Ana Hikari, uma das protagonistas de "Malhação: Viva a diferença", estará também em "Quanto mais vida melhor", novela das 19h de Mauro Wilson. Ela fará parte do núcleo de Valentina Herszage. Enquanto o laboratório não começa, a paulista, de 25 anos, aguarda o lançamento de "As Five" no Globoplay:

— O fato de os fãs terem curtido e repercutido "Malhação: Viva a diferença" foi crucial para a trama ter uma continuidade com esse spin-off. É uma confluência de fatores: os prêmios que a gente recebeu, o barulho deles nas redes... Conversamos bastante pelo Twitter e sempre citam os trechos que saem nos trailers, as novidades... Eles reparam em detalhes, criam teorias, querem adivinhar tudo o que vai acontecer.

Ana conta que haverá mudanças no perfil e na vida das personagens. No spin-off, Tina, personagem dela, aparecerá trabalhando como uma DJ famosa e cheia de seguidores nas redes sociais. Os dramas das protagonistas também ganharão novos contornos:

— Quando a gente passa dos 16 para os 25 anos, muita coisa muda. Para as meninas, não é diferente. Felizmente, tivemos o prazer, a sorte e o privilégio de trabalhar com o Cao Hamburger desde "Malhação". Ele criou esse universo jovem sem deixá-lo superficial ou fútil. As personagens sempre tiveram profundidade. O que acontecerá de diferente na série são os temas da vida adulta: experiências no trabalho, nas relações afetivas, no contato delas com as drogas... 

Na vida real, a atriz agora tem a idade equiparada à da personagem. Suas vivências também são densas e vêm à tona, vez ou outra, em suas redes sociais. Recentemente, por exemplo, ela relatou ter sido agredida por um ex-namorado. Ela acrescenta que, além de ter sido vítima de um crime, também sofreu com o preconceito e o machismo na escola onde estudava:

— Infelizmente, tive alguns relacionamentos abusivos. Ao sofrer uma agressão de um namorado na adolescência, ouvi de uma professora que eu era "mulher de malandro, que gostava de apanhar, mas voltava". Também é comum as pessoas dizerem: "Em briga de marido e mulher não se mete a colher". Ou então julgarem a figura feminina. Quem estava em volta nunca me apoiava, ainda que eu estivesse nessa situação de vulnerabilidade. Atribuíam o erro a mim, e não ao agressor. É uma situação grave. Mas sinto que as coisas estão começando a mudar. Hoje em dia temos sensibilidade e conhecimento para conversar com quem sofre esse tipo de coisa. Há informação e muita gente disposta. Uso as minhas redes sociais para isso, por exemplo. Ter mais de um milhão de seguidores não é nada se eu não proporcionar um conteúdo que gere reflexão. Não quero que me sigam porque me veem na TV ou porque me acham bonita. Acho importante falar do que passei porque qualquer uma de nós está sujeita.  

Há poucas semanas, Ana Hikari também falou abertamente sobre sua orientação sexual durante uma live. A atriz, que namora atualmente o funcionário público Gersínio Neto e é bissexual, comenta sobre preconceito:

— É legal poder falar sobre isso porque sempre tive muita insegurança em expor. Pessoas bissexuais têm a sexualidade questionada com frequência. Estar em um relacionamento sério é normalmente uma das motivações para comentários. Eu, por exemplo, namoro um homem, e as pessoas deduzem que sou hétero. A bissexualidade não depende do gênero da pessoa com quem você está se relacionando no momento. No meio LGBTQIA+, a bissexualidade também é questionada e tem pouca representatividade. Eu cresci sem referência alguma do que era uma pessoa bi. Sempre vi, no máximo, alguns homens serem gays e mulheres, lésbicas. Ou então ouvia comentários pejorativos. Colegas minhas de escola diziam que tinham nojo de ver meninas beijarem meninas. Isso me reprimiu muito. Mas eu sempre soube que era. Não passei pelo processo de me descobrir, isso estava dentro de mim. O que me aconteceu foi perceber que o mundo é que tinha que me enxergar de maneira justa. Quando descobri que o mundo podia me aceitar é que eu comecei a falar publicamente sobre esse assunto.

Ana Hikari e Gersínio Neto (Foto: Reprodução)
Ana Hikari e Gersínio Neto (Foto: Reprodução)

O Globo terça, 01 de setembro de 2020

SETE LUGARES NO RIO PARA FESTEJAR O SETE DE SETEMBRO

 

Sete lugares no Estado do Rio para viajar no feriado de Sete de Setembro

Saiba como está a reabertura de destinos turísticos que valem uma escapada no Dia da Independência
 
Praia em Búzios, na Região dos Lagos do Estado do Rio Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo
Praia em Búzios, na Região dos Lagos do Estado do Rio Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo
 
 

RIO – O feriado do Dia da Independência, em 7 de setembro, é uma boa oportunidade para colocar em prática a combinação ideal para viagens durante a pandemia: de carro, para destinos próximos, com atrações ao ar livre e natureza. A equação cabe perfeitamente num fim de semana prolongado no Estado do Rio, onde destinos com os mais variados atrativos se encontram relativamente próximos uns dos outros. A atividade turística também tem sido retomada gradualmente na região, com estágios diferentes de reabertura – um cenário bem diferente do último feriadão nacional, o Dia do Trabalhador, em 1º de maio, quando a quarentena estava em vigor em quase todo o país.

A seguir, listamos sete opções de lugares – sejam atrações, cidades ou regiões – para viagens dentro do estado no feriadão da semana que vem.

Búzios

A cidade da Região dos Lagos voltou a receber turistas em 1º de agosto. Assim como tantas outras, os visitantes são parados em barreiras sanitárias instaladas nos principais acessos ao município. A diferença é que, para entrar, é preciso mostrar um QR Code para comprovar a reserva de algum serviço de hospedagem ou gastronomia. O código é gerado pelo sistema “Acesso Búzios” e é enviado ao cliente pelo próprio hotel, pousada, bar ou restaurante, que estão funcionando com limitações de capacidade. As praias não estão liberadas para o banho de sol, apenas para atividades individuais.  Mais informações estão no site da prefeitura de Búzios.

Arraial do Cabo

BV Arraial do Cabo, 18/10/2019. RJ - Especial Costa do So l- Passeio de Bugre. Foto:Adriana Lorete. Foto: Adriana Lorete / Agência O Globo
BV Arraial do Cabo, 18/10/2019. RJ - Especial Costa do So l- Passeio de Bugre. Foto:Adriana Lorete. Foto: Adriana Lorete / Agência O Globo

Ao contrário de Búzios (e Cabo Frio), o banho de mar está liberado em Arraial do Cabo, com exceção das praias do Forno, Brava e Prainhas do Pontal do Atalaia. Uma notícia ainda melhor é que os passeios de barco, o grande diferencial da cidade em relação a suas vizinhas, devem ser liberados a partir de 1º de setembro, assim como passeios de buggy pela região das dunas. Para aproveitar os atrativos da cidade, é preciso se hospedar lá: turistas só passam pelas barreiras de segurança instaladas nos acessos de Arraial se comprovarem reserva em hotéis e pousadas legalizados ou um contrato de aluguel autorizado pela Secretaria de Segurança Pública. Restaurantes e hotéis estão funcionando com capacidade reduzida (50% e 70%, respectivamente), conforme o decreto de segurança sanitária do município.

 

Teresópolis

Funcionária limpa uma mesa do hotel Le Canton, em Teresópolis Foto: Leo Martins / Agência O Globo
Funcionária limpa uma mesa do hotel Le Canton, em Teresópolis Foto: Leo Martins / Agência O Globo

Para quem quer relaxar na Região Serrana, a oferta turística em Teresópolis está “quase normal”. Hotéis, pousadas e restaurantes estão funcionando com capacidade limitada a 50%, e a tradicional feirinha do fim de semana teve o número de barracas reduzido para aumentar mais o distanciamento entre elas. Já o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, importante atrativo local, ainda não tem previsão para reabertura. Uma opção para quem pretende ter um isolamento ainda maior são os hotéis e pousadas da Estrada Teresópolis-Friburgo, a Terê-Fri, como  Le Canton e Rosa dos Ventos, em meio às montanhas. O município está com barreiras sanitárias em seus principais acessos, onde o visitante deve mostrar o comprovante de reserva de um meio de hospedagem legalizado. Os detalhes sobre as medidas em vigor estão no site da prefeitura.

Parque Nacional do Itatiaia

Trilha para a Pedra do Altar, no Parque Nacional do Itatiaia Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
Trilha para a Pedra do Altar, no Parque Nacional do Itatiaia Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo

No último feriadão nacional (1º de Maio), o primeiro parque nacional do país ainda estava fechado, por conta da pandemia. Desta vez, visitantes poderão aproveitar, com restrições, a área de proteção ambiental que fica na cidade de Itatiaia, no Sul do estado. Na primeira fase da reabertura, que começou em 5/8, apenas a parte baixa do parque está aberta à visitação, de quarta-feira a domingo, das 8h às 17h. O uso de máscaras é obrigatório, assim como o distanciamento entre as pessoas. Será permitida a entrada de, no máximo, 250 visitantes por vez, com grupos de até seis pessoas. Os ingressos devem ser comprados com antecedência pelo site do parque, onde também há informações atualizadas sobre as atrações liberadas, tanto da Parte Baixa quanto na Parte Alta, que reabriu há dois sábados. Nos arredores do parque, os vilarejos de Visconde de Mauá (em Resende) e Penedo (Itatiaia) estão com hotéis e restaurantes abertos.

 

Vale do Café

Todos os sentidos. O Labirinto da Música, criação da paisagista Maritza Orleans e BragançaFoto: Extra
Todos os sentidos. O Labirinto da Música, criação da paisagista Maritza Orleans e Bragança Foto: Extra

Um fim de semana prolongado pode ser  suficiente para um roteiro por esta região histórica no Sul Fluminense. Não há barreiras sanitárias nos acessos às cidades da região, como Barra do Piraí, Engenheiro Paulo de Frontin, Valença e Vassouras – esta, a cidade com mais estrutura de hotéis (que funcionam com 50% da capacidade). Algumas fazendas históricas estão abertas, como a Alliança, em Barra do Piraí, e São Luiz da Boa Sorte, em Vassouras. A região tem ainda atrações bem diferentes, como o Jardim Uaná Etê, um espaço sensorial em Sacra Família, distrito de Engenheiro Paulo de Frontin.

Angra dos Reis

Passeio de escuna em Angra dos Reis Foto: Ministério do Turismo / Divulgação
Passeio de escuna em Angra dos Reis Foto: Ministério do Turismo / Divulgação

As atividades turísticas do município da Costa Verde foram retomadas em meados de agosto, com hotéis e pousadas funcionando com a metade da capacidade, e restaurantes aumentando o espaço entre as mesas. De passeios náuticos a trilhas, está tudo funcionando, mas com limitação de número de pessoas e saídas. A reabertura vale também para a Ilha Grande, cujo único acesso permitido, no momento, é pelas linhas que ligam o centro de Angra à Vila do Abraão. A cidade é uma boa opção também para quem quer alguns dias com o pé na areia e tranquilidade, que é o que os diversos resorts com praias privativas da região (incluindo a vizinha Mangaratiba) oferecem.

 

Paraty 

Centro Histórico de Paraty Foto: Lucíola Villela / Agência O Globo
Centro Histórico de Paraty Foto: Lucíola Villela / Agência O Globo

Caminhar pelas ruas do centro histórico de Paraty é uma boa opção para o feriadão. Hotéis e restaurantes estão funcionando com 50% da capacidade e seguindo uma série de novas normas de segurança. Quem visitar a cidade vai ter que se concentrar na região central, inclusive para tomar banho de sol, já que as praias mais afastadas, como Paraty-Mirim, Trindade, Sono e Saco de Mamanguá, continuam fechadas. Os passeios de barco, no entanto, estão autorizados. Veículos turísticos, como ônibus e vans de excursões, ainda não podem entrar no município.


O Globo segunda, 31 de agosto de 2020

HELENA RANALDI: AOS 54 ANOS, ATRIZ EXPLICA AFASTAMENTO DA TV E MAIS

 

Aos 54 anos, Helena Ranaldi explica afastamento da TV, fala do casamento com ator e comenta semelhança com filho

GABRIEL MENEZES

 
 
 
Helena Ranaldi e o filho, Pedro (Foto: Reprodução/ Instagram)
Helena Ranaldi e o filho, Pedro (Foto: Reprodução/ Instagram)

Afastada das novelas há seis anos, Helena Ranaldi tornou-se presença frequente na TV em 2020. Atualmente, ela pode ser vista em "Fina estampa", na Globo, e em "Mulheres apaixonadas", no Viva. A partir do mês que vem, estará também em "Laços de família", que reestreará no Vale a Pena Ver de Novo. Em quarentena na sua casa em São Paulo, a atriz comenta que não tem acompanhado de perto a repercussão dos trabalhos, mas que guarda boas lembranças de todos:

- Estou 98% do meu tempo em casa, então, não tenho tido quase contato com o público. Nas redes sociais, recebi algumas mensagens por conta da reestreia de "Mulheres apaixonadas", acho que pelo destaque maior da personagem. Em "Fina estampa", fiz uma participação. Já entrei com o trabalho em andamento. De qualquer forma, a Chiara foi uma papel marcante para mim por conta da sua doença e do fim trágico.

Em "Mulheres apaixonadas", ela interpretou Raquel, uma professora que se envolvia com um de seus alunos e, ao mesmo tempo, sofria com as agressões do marido, Marcos (Dan Stulbach).

 - O impacto social daquela trama foi enorme, porque ela representa até hoje a realidade de muitas mulheres. As cenas eram muito difíceis de gravar. O Dan não chegava a encostar em mim, mas a carga emocional era tão grande que tive crises de choro duas vezes após as gravações. Lembro, por exemplo, de uma cena em que o Marcos puxava a toalha da Raquel e, com ela nua, espancava com a raquete de tênis. A direção construía tudo de uma forma muito impactante  - lembra a atriz, que nas cenas era dirigida pelo então marido, Ricardo Waddington.

 

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Helena, de 54 anos, tem dado prioridade nos últimos anos ao teatro, tanto como atriz quanto na função de produtora. Ela diz que a mudança na carreira aconteceu de forma natural e que hoje se sente uma artista mais completa:

- Durante muito tempo eu fui contratada fixa da Globo. Chegou um momento em que a emissora decidiu trabalhar por obra certa com parte do elenco, incluindo eu. Até então, eu tinha feito muita televisão e pouco teatro. Ness época, mudei para São Paulo, onde me aproximei do mundo teatral. Cheguei a receber propostas para trabalhos em outros canais, mas não aceitei pelos compromissos já acertados e pelo fato de que teria que viver na ponte aérea. 

Outro fator que a aproximou dos palcos foi o casamento com o ator e produtor Daniel Alvim, com quem está há quase cinco anos (foto abaixo).

- Já produzimos algumas peças juntos e estamos planejando outros trabalhos. Existem casais que não dão certo trabalhando em parceria. O relacionamento acaba se desgastando. Com a gente não é assim. Funcionamos muito bem. Aqui em casa falamos de trabalho o dia todo - afirma Helena, que atualmente vem ensaiando de casa para duas novas peças previstas para estrear após a pandemia.

E a veia artística da família se manifesta também no filho, Pedro - fruto do seu relacionamento com Waddington. Aos 21 anos, o rapaz mora sozinho em São Paulo e já estreou nos palcos, mas, segundo Helena, ainda não tem certeza do que quer fazer da vida: 

- Ela está muito empolgado com o teatro, mas ainda não sabe se é o que quer fazer profissionalmente. Acho isso supernormal. Seja qual for a decisão dele, darei o meu apoio. Ele conhece bem os prós e os contras da profissão, tendo acompanhado de perto a minha carreira, a do pai e a do meu marido.

Nas redes sociais, internautas repercutiram há alguns meses a grande semelhança entre mãe e filho após a postagem de uma foto do rapaz com o amigo Antonio Benício

- O Pedro quando era pequeno não se parecia comigo nem com o pai. Depois, teve um período em que ficou muito parecido com o Ricardo, e, já há algum tempo, está bastante parecido comigo. Fico muito feliz. Nos reconhecemos muito um no outro, e não só fisicamente.

Helena Ranaldi e o marido, Daniel Alvim (Foto: Reprodução/ Instagram)
Helena Ranaldi e o marido, Daniel Alvim (Foto: Reprodução/ Instagram)

 


O Globo domingo, 30 de agosto de 2020

TAINA MÜLLER FALA SOBRE FEMINISMO HOJE E MACHISMO NO INÍCIO DA CARREIRA

 

Tainá Müller fala sobre feminismo hoje e machismo no início da carreira: 'Diretor fez piadinha de cunho sexual enquanto eu estava nua no set'

Atriz, no ar em 'Flor do Caribe', diz que hoje 'não conseguiria tolerar um chefe abusivo, um namorado controlador'
 
 
Tainá Müller Foto: Gustavo Zylbersztajn
Tainá Müller Foto: Gustavo Zylbersztajn
 
 

Sinal dos tempos pandêmicos: Tainá Müller volta às telas enquanto passa os dias em confinamento com o filho e o marido, aproveitando para ajeitar a casa e fazer uma horta no quintal. Outro sinal: ela retorna ao horário das 18h em uma reprise, “Flor do Caribe”, novela de 2013 que reestreia amanhã, na programação da TV Globo. Aos 38 anos, a atriz tem a oportunidade de se rever e ponderar sobre o que mudou na sua vida desde a exibição original — e refletir sobre o quer daqui para a frente. “Sou completamente diferente”, diz. “Esses anos me fizeram bem. Gosto mais de mim hoje.”

A Tainá de 2013, analisa a Tainá de 2020, era “mais angustiada, mais perdida, não tinha muito foco, ia vivendo as coisas”. “É uma palavra até ‘clichezenta’, mas hoje me sinto mais empoderada. A onda feminista me pegou em cheio.” Quando olha para trás, detecta: “Eu tinha muita vontade de fazer uma protagonista pensante. E sempre me chamavam para fazer a namorada, a musa, aquela que perturbava a mente complexa do macho protagonista. Nunca era sujeito, era sempre objeto.” Nesse quesito, Tainá acredita, o mundo está mudando para melhor. “No ‘Bom dia, Verônica’, já foi totalmente diferente” — na série, produzida pela Netflix e com estreia prevista para este ano, a atriz vive uma policial que investiga casos de mulheres agredidas. “Essa protagonista que é dona do seu destino, isso não existia quando comecei.”

O mundo mudou, Tainá mudou. “Hoje não conseguiria tolerar um chefe abusivo, um namorado controlador. Mas já tive que lidar com tudo isso”, diz. “Namorado que terminou comigo e passou a me infernizar assim que encontrei outra pessoa, diretor que fez piadinha de cunho sexual enquanto eu estava nua no set para gravar uma cena, a normalização de piadas machistas durante todo o início da minha vida no Rio Grande do Sul.”

 

Aos 19, Tainá era VJ na MTV gaúcha, em que começou como assistente de produção. Aos 21, formada em Jornalismo, deixou Porto Alegre e partiu para a Ásia, depois para a Europa, para trabalhar como modelo. “Eu não tinha dinheiro para viajar, tirar férias, então saí do Brasil trabalhando”, conta. “Mas achava o mercado da moda horroroso, machista.” Fez um blog contando suas experiências no exterior e chegou a começar a escrever um livro, perdido quando teve o notebook roubado. “Eu era mais safa, mais adulta, mas via as meninas passando por muitas situações. Por exemplo, menina entrando em depressão, comendo horrores, porque estava sozinha, longe dos pais, com 14, 15 anos, na China, e a agência medindo: se ela ganhasse dois centímetros, cortava o pocket money, aquele dinheiro da semana. Eu achava perverso, então me interessei como jornalista.”

Mas, na volta ao Brasil, não retomou o jornalismo. Refletiu sobre a vida que gostaria de ter e foi atrás do prazer que sentia em cena. “Dancei balé na infância, e o palco foi o momento que fui mais feliz.” Em 2005, mudou-se para São Paulo para fazer teatro. Foi premiada logo em seu primeiro longa: recebeu o título de melhor atriz no Festival do Recife pela atuação em “Cão sem dono” (2007), baseado em um livro do escritor Daniel Galera, que foi seu namorado. Na trama, vivia a modelo Marcela, que se envolve com Ciro (Julio Andrade), um jovem em crise existencial — fora das telas, Tainá e Julio também namoraram.

 

Ainda em 2007, estreou nas novelas, em “Eterna magia”. E, a partir daí, engatou uma depois da outra, o que a levou a se mudar para o Rio. Fora das telas, começou a namorar o diretor de novelas Henrique Sauer, por quem conta ter ficado “deslumbrada”. “Ele andava pelas ruas com pinta de rockstar, mas sem ser marrento ou arrogante.” O relacionamento dura oito anos.

Martin, filho do casal, trouxe outra peça-chave. “A maternidade me deu um norte do que quero e do que não quero para a minha vida. E também do que eu posso e do que eu não posso — isso alivia a gente, não ficar se cobrando de coisas que não estão ao alcance.” O que ela quer? “O que eu quero é coerência, integridade e verdade. Acho um desafio. Quando você vai pelo caminho da coerência, vê o quanto é difícil e o quanto tem de abrir mão de coisas.” Tainá se sente parte de uma geração no meio do caminho, preparada para um mundo que está deixando de existir. “Não dá para se declarar antirracista no Instagram e ter senzala em casa; não dá para ser feminista e ficar o tempo todo julgando outras mulheres; não dá para comer saudável e dar porcaria para o filho... E por aí vai.”

Um ponto de transformação pode estar no jeito de criar Martin — a maternidade é o tema de um livro que Tainá vai lançar este ano com Marcos Piangers (autor de “O papai é pop”). Ou no quintal de casa. Em fevereiro deste ano, ela e o marido se mudaram para São Paulo porque os dois tinham séries engatadas para gravar na cidade: ela, “Mal secreto”, da Globoplay; ele, “Segunda chamada”. Nem tinham terminado de mobiliar o novo endereço quando a quarentena começou. E a escolha de um imóvel com “graminha”, no Alto da Lapa, mostrou-se acertada. “Desde que o Martin nasceu a gente foi morar em casa. Sempre quis que ele tivesse um quintal para brincar, para explorar.”

 

Bem diferente da infância de Tainá em Porto Alegre. “Fui criada em um apartamento de 50 metros quadrados. Na escola, me dei mal nos esportes, porque eu era tipo um passarinho na gaiola.” Para os primeiros anos do filho, ela tenta proporcionar mais contato com a natureza e quase nenhum contato com telas. Quer dizer, estava tentando, antes da quarentena. Agora a casa vive ao som do desenho “Backyardigans”. “Meu marido até aprendeu a tocar no violão.”

Como tanta gente, Tainá precisou rever conceitos durante o confinamento. “Para fazer minhas coisas, e meu marido também, a gente liga o desenho.” O que novamente a remete à própria infância. “Eu fui filha dos anos 1980, Xuxa era minha babá e o lanche era Danoninho. Minha mãe criou três filhas sem qualquer ajuda; nem do meu pai, um homem à moda antiga. É claro que todos pagamos um preço por isso. Mas também teve muito amor e dedicação, dos dois, cada um no papel que estabeleceram.”

Com Tainá e Henrique, os papéis são outros. Eles dividem as tarefas da casa, da cozinha (ele faz o arroz com feijão do dia a dia; ela, que tem medo de panela de pressão, os pratos especiais, como lasanha e risoto), do cuidado com o filho. Agora, sem ajuda externa, por causa da pandemia.Com quintal ou sem quintal, com TV ou sem TV, ficar o tempo todo em família tem sido desafiador. “Está tudo muito intenso, com altos e baixos, mas com mais altos e momentos de alegria”, diz. “Entramos nesse processo de buscar uma harmonia sendo um trio, de conviver só entre nós e estar bem com isso.”

 

O Globo sábado, 29 de agosto de 2020

NHOQUE: RECEITAS VERSÕES QUE VÃO DE RICOTA A BANANA-DA-TERRA

 

Dia 29 é dia de comer nhoque: receitas e versões que vão de ricota a banana-da-terra

Chefs compartilham dicas para o preparo da massa. 'Sempre faça o molho antes', sugere Helena Murucci, do Tutto Nhoque
Nhoque de ricota e espinafre, de Helena Murucci (Tutto Nhoque) Foto: Divulgação/Tomas Rangel
Nhoque de ricota e espinafre, de Helena Murucci (Tutto Nhoque) Foto: Divulgação/Tomas Rangel

Segundo a tradição italiana, todo dia 29 é dia de comer nhoque. Traz fortuna e sorte - a simpatia da nota sob o prato tem origem na Argentina. Por isso, sugerimos três receitas diferentes do massa em formato de bolinhos espessos e macios, servida com algum molho (sugo, bolonhesa ou branco). Duas são da chef Helena Murucci, do Tutto Nhoque (3819-2011), restaurante que, como sugere o nome, tem um cardápio exclusivo para o prato (100% artesanal): são 11 tipos que podem ser combinados com dez molhos.

— Sempre prepare o molho antes. Depois de cozinhar os nhoques, misture logo ao molho, isso ajuda com que a massa não grude. O nhoque de ricota e espinafre combina com molho vermelho. Já o de banana-da-terra, com molho tipo “baiano”, com leite de coco e azeite de dendê — diz Helena.

Buon appetito!

Nhoque de ricota e espinafre

Helena Murucci (Tutto Nhoque)

Ingredientes

  • 800g de ricota fresca
  • 2 maços de espinafre
  • 250g de farinha de trigo
  • 50g de queijo parmesão
  • 1 ovo
  • Noz-moscada, pimenta-do-reino e sal a gosto

Preparo

Higienizar, desfolhar e cozinhar as folhas de espinafre dando choque térmico. Esprema bem o espinafre e pique fino.

Rale a ricota, misture o espinafre, o ovo, o parmesão e tempere com noz-moscada, pimenta-do-reino moídos na hora e sal.

Misture a farinha aos poucos fazendo o teste na água fervendo (ferva a água faça uma bolinha de nhoque. Cozinhe e jogue na água fria. Se não se desfazer, a massa está no ponto).

Limpe uma superfície e polvilhe um pouco de farinha. Divida a massa e enrole, depois, com uma faca, corte os nhoques. Deixe as bolinhas separadas para que não grudem.

Em uma panela funda, ferva a água e tempere com uma colher de sopa de sal. Jogue os nhoque em pequenas quantidades, ao emergir retire com uma escumadeira e disponha em uma travessa. A cada nova remessa de nhoques cozidos, jogue um fio de azeite.

 

Nhoque de banana-da-terra (vegano)

Helena Murucci (Tutto Nhoque)

Nhoque de banana-da-terra (vegano), de Helena Murucci (Tutto Nhoque) Foto: Divulgação/Tomas Rangel
Nhoque de banana-da-terra (vegano), de Helena Murucci (Tutto Nhoque) Foto: Divulgação/Tomas Rangel

 

Ingredientes

  • 500g de banana-da-terra maduras (pretejando)
  • 150g de farinha de trigo
  • 25ml de azeite de oliva
  • Pimenta-do-reino e sal a gosto

Preparo

Cozinhe as bananas com a casca. Depois de macias retire, espere esfriar um pouco, descasque e amasse.

Espere a banana esfriar completamente, acrescente o azeite e tempere com sal e pimenta-do-reino moída na hora. Incorpore aos poucos a farinha de trigo até dar ponto.

Limpe uma superfície e polvilhe um pouco de farinha. Divida a massa e enrole, depois, com ajuda de uma faca, corte os nhoques. Deixe as bolinhas separadas para que não grudem.

Em uma panela funda, ferva a água e tempere com uma colher de sopa de sal. Jogue os nhoque em pequenas quantidades, ao emergir retire com uma escumadeira e disponha em uma travessa. A cada nova remessa de nhoques cozidos, jogue um fio de azeite.

Nhoque de batata e manjericão com queijo

Armando Freitas (Trattoria Carioca)

Nhoque de batata e manjericão com queijo, de Armando Freitas (Trattoria Carioca) Foto: Divulgação/Bernardo Britto
Nhoque de batata e manjericão com queijo, de Armando Freitas (Trattoria Carioca)
Foto: Divulgação/Bernardo Britto

 

 

Ingredientes

  • 400g de purê de batata asterix
  • 300g de farinha de trigo
  • 240ml de água
  • 240ml de leite integral
  • 50g de manteiga sem sal
  • 1 colher de chá de sal
  • 35g de parmesão ralado
  • 60g de sêmola
  • 200g de queijo mozzarella em cubinhos de 1cm
  • 25g de manjericão fresco picado

Preparo

Em uma panela, coloque o purê, o leite, a manteiga, o parmesão e o sal. Com o fogo baixo, mexa sem parar até que os ingredientes estejam bem incorporados.

Assim que começar a ferver, jogue as farinhas e mexa até virar uma massa. Importante mexer bem para farinha incorporar na massa.

Coloque a massa em uma mesa (não esquecer de higienizar), espere esfriar um pouco, adicione o manjericão e sove bem até que a massa fique homogênea.

 

Está pronto!  Agora é só finalizar.  Fazer bolinhas de mais ou menos 13g cada e em uma panela com água fervente, cozinhe os nhoques por mais ou menos 1 minuto e sirva com molho à sua escolha.

Dica 1: "Importante enrolar bem as bolinhas para não ter risco de vazar queijo na hora do cozimento."

Dica 2: "Você também pode fritar as bolinhas e servir com qualquer molho, fica uma delícia!"

Nhoque da fortuna com camarão

Conceição Neroni (Margutta)

Nhoque da fortuna com camarão do Margutta Foto: Divulgação
Nhoque da fortuna com camarão do Margutta Foto: Divulgação

 

Ingredientes

  • 1Kg de batata asterix cozida e passada no espremedor
  • 2 gemas
  • 200g de farinha de trigo
  • Sal a gosto

... o molho

  • 400g de de molho de tomate italiano
  • 100ml de azeite
  • 200g camarão  limpo
  • 1/2 abobrinha cortada a gosto
  • 1/2 cebola picadinha

Preparo

Massa: junte tudo e misture bem. Em uma panela com água fervendo vá colocando o nhoque e conforme for subindo retire com uma espumadeira e coloque em água com gelo. Após resfriado coloque em uma tigela com um pouquinho de azeite misture e reserve.

Molho: em uma frigideira ou panela coloque o azeite e a cebola.

Adicione a abobrinha picadinha a gosto deixe cozinhar por cinco minutos, adicione o camarão e refogue por mais três minutos. Coloque o tomate e cozinhe por mais dez minutos, acerte o sal e está pronto pra adicionar o nhoque, misturar bem e servir em prato fundo servido com queijo ralado.


O Globo sexta, 28 de agosto de 2020

PARALAMAS DO SUCESSO: LIVE REÚNE CLÁSSICOS DA CARREIRA DA BANDA

 

Live dos Paralamas do Sucesso reúne clássicos da carreira da banda

Trio se apresenta direto do palco do Teatro Prudential em estreia de show virtual
João Barone (à esquerda), Herbert Vianna e Bi Ribeiro, Os Paralamas do Sucesso Foto: Monica Imbuzeiro / Agência O Globo
João Barone (à esquerda), Herbert Vianna e Bi Ribeiro, Os Paralamas do Sucesso Foto: Monica Imbuzeiro / Agência O Globo
 
 

RIO — Após terem duas apresentações, que marcariam a estreia da turnê, com bilheteria esgotada no Circo Voador adiadas por conta da pandemia, Herbert Vianna (guitarra e voz), Bi Ribeiro (baixo) e João Barone (bateria) fazem neste sábado (29/8) a abertura do show inédito “Paralamas clássicos” em formato digital, direto do palco do Teatro Prudential.

Com 37 anos de carreira discográfica e dezenas de sucessos, não falta música para chamar de clássico no repertório dos Paralamas do Sucesso, e muitas estavam esquecidas.

— Vamos tocar coisas como “Química”, “O passo do Lui”, “Assaltaram a gramática”, e “Será que vai chover?”. Temos até uma argentina, “Trac-trac”, que também é um clássico nosso — enumera o baixista, mencionando a versão da banda para a composição de Fito Páez, no repertório do grupo desde o álbum “Os grãos” (1991).

Bi diz que a perspectiva de tocar para uma plateia vazia é “um pouco estranha”:

— No começo, todo mundo passou a fazer live, mas a família do Herbert, por excesso de zelo, preferiu que ele ficasse em casa. E nós concordamos, claro. Somos todos do grupo de risco. Íamos fazer sem cenário, bem cru, só a banda no palco. Mas acho que vai ser um barato, estamos com fome de bola, com saudade um do outro.

 

 

O roteiro da live, às 20h, no canal oficial da banda no YouTube (/osparalamasdosucesso), ainda conta com hits como “Alagados”, “Meu erro”, “Lanterna dos afogados” e “Óculos”. O trio toca com o tradicional segundo trio, que acompanha a banda há décadas: João Fera (teclado, desde 1987), Monteiro Jr. (saxofone, 1989) e Bidu Cordeiro (trombone, 1997).

— Tem a troca de energia com o público, mas também tem a da banda entre si, que é uma coisa única, não existe versão pirata. E isso acaba acontecendo em qualquer ensaio, qualquer lugar que a gente toque junto. Nossa pérola é a interação dessas forças.


O Globo quinta, 27 de agosto de 2020

COPA DO BRASIL: FERNANDO MIGUEL BRILHA E VASCO SE CLASSIFICA

 

Fernando Miguel brilha e Vasco se classifica na Copa do Brasil

Goleiro defende duas cobranças e dá ao time vaga que quase foi assegurada no tempo normal em Goiânia
 
Fernando Miguel voa para defender uma das cobranças na vitória do Vasco Foto: Rafael Ribeiro/Vasco
Fernando Miguel voa para defender uma das cobranças na vitória do Vasco Foto: Rafael Ribeiro/Vasco
 
 

A missão em Goiânia passava por reverter uma derrota sofrida por um Vasco que, espera o torcedor, tenha ficado para trás. O time de antes da paralisação pela pandemia, que colecionava atuações ruins. Ontem, o Vasco de Ramon Menezes não foi sempre espetacular, mas dominou o jogo por mais tempo e fez o suficiente para decidir seu futuro nos 90 minutos. Mas ainda assim, a vitória por 2 a 1 levou a disputa da vaga para a marca dos pênaltis, dando o protagonismo a Fernando Miguel: com duas defesas, ele colocou o time na quarta fase da Copa do Brasil.

 Foi um jogo de traços curiosos, a começar pelos gols, pela forma como saíram. O Vasco abriu o placar num lance casual, sofreu o empate em outro lance com boa contribuição do acaso e virou a partida também numa bola desviada. Em parte, sinal de dois times que, embora tivessem ideias claras e organização, passaram ao menos 70 minutos com dificuldades para finalizar, para criar jogadas de gol. Mas também é verdade que o Vasco terminou a partida melhor do que começou e, no segundo tempo, teve boas chances de ampliar sua vantagem e definir a vaga no tempo regulamentar.

30 Minutos de Vasco:Cano pode fazer 30 gols no Brasileiro?

A partida, aliás, trouxe de volta a escalação e o desenho tático que Ramon Menezes preparara desde a volta da pandemia, mas perdera logo no início do Brasileirão por causa das ausências de Yago Pikachu e Vinícius. Ontem, quando tentava se instalar no campo ofensivo, voltou a usar Vinícius abrindo campo pela direita, Cano no centro do ataque e Talles Magno pela esquerda. Por trás dos atacantes, Benítez ganhava a companhia de Pikachu, que se projetava pelo centro do campo.

Os primeiros minutos foram difíceis para um Vasco surpreendido pela marcação adiantada do Goiás. Durante 20 minutos, o time da casa foi melhor e Fernando Miguel fez duas defesas, embora nenhuma delas tenha dado sensação clara de gol. Havia volume e pouca criação dos goianos.

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O mesmo que aconteceu quando o Vasco assumiu o controle e soube manter o jogo um pouco mais longe de sua área, evitando repetir o cenário da partida contra o Grêmio. Mas havia pouca agressividade.

Aos poucos, as inversões entre Benítez e Talles pelo lado esquerdo começaram a confundir a marcação do Goiás e o lateral Henrique, que em geral se posiciona por trás da linha da bola, passou a aparecer como elemento surpresa. Um cruzamento dele desviou na zaga goiana e deu ao Vasco o primeiro gol. O jogo parecia sob controle até um córner desviar em Talles e o empate se oferecer a Rafael Vaz.


O Globo quarta, 26 de agosto de 2020

CAPONATA - NO PÃO, NO PRATO, NO MOLHO DE MASSA

 

Caponata - no pão, no prato, no molho de massa

 

Caponata

 

Comida saborosa, com ingredientes frescos, que não exige muito tempo na cozinha (ou muito tempo de atenção na cozinha). A caponata é tudo isso. Melhor: ela vai com tudo. Vira recheio de sanduíche, acompanhamento, elemento principal do prato, salada, molho para massa. Melhor ainda: não suja muita louça, porque é só picar grosseiramente os vegetais e levar tudo junto ao forno em uma assadeira.

 Quer mais? É daquelas receitas que aceitam o que você tiver em casa. A mais tradicional é com berinjela, mas usei também abobrinha porque tinha na geladeira. E poderia ter colocado também pimentão, uva-passa… Ou seja, não siga a receita abaixo à risca. Varie com o que tiver/quiser.

Da última vez que fiz, primeiro servi a caponata no almoço, acompanhada de arroz e ovo. Para o jantar, juntei tomate pelado em lata e transformei em molho de espaguete. E fiquei com pena de não ter feito em maior quantidade, porque bem que queria mais para outras refeições. Talvez sobre uma torrada.

Qualidades somadas, a caponata é um prato perfeito para esses tempos difíceis. E para os fáceis também.

 

Ingredientes

2 berinjelas
2 abobrinhas
4 tomates bem maduros
2 cebolas
4 dentes de alho
1 punhado de azeitonas
Azeite
Vinagre
Páprica doce
Sal
Pimenta-do-reino
Manjericão fresco

 

Modo de preparo

Pique a berinjela, a abobrinha, o tomate, a cebola, o alho e a azeitona. 

Espalhe os ingredientes picados em uma assadeira e tempere com azeite, vinagre, páprica doce, sal e pimenta-do-reino.

Leve ao forno a 200ºC e asse até os ingredientes ficarem bem macios. Mexa de vez em quando.

Adicione o  manjericão no final.

 

Mais receitas em @ocadernodereceitas no Instagram.

 

Caponata com ovo

 

 


O Globo terça, 25 de agosto de 2020

COMO FAZER SOPAS FÁCEIS - A DE ABÓBORA COM GENGIBRE LEVA 20 MINUTOS

 

Segunda sem carne: como fazer sopas fáceis. A de abóbora com gengibre leva 20 minutos

Saiba também onde e como pedir versões do prato que, além de nutritivo, faz sucesso no inverno
 
 
Sopa creme de abóbora e gengibre Foto: Divulgação
Sopa creme de abóbora e gengibre Foto: Divulgação
 
 

Uma massa de ar frio histórica aportou no Brasil e as temperaturas desabaram. Diante disso, nada melhor do que uma receita bem quentinha. A sopa de abóbora e gengibre fica pronta em 20 minutos. Confira esta e outras.

Sopa de abóbora e gengibre

Ingredientes

  • 6 fatias de pão (para acompanhar)
  • 1 xícara (chá) de azeite
  • 1 kg de abóbora cabotiá em pedaços
  • ½ cebola picada
  • 3 dentes de alho picados
  • 30g de gengibre picado
  • 1 litro de caldo de legumes
  • 100g de semente de abóbora torrada
  • ½ xícara (chá) de tomilho
  • 1 colher (sopa) azeite
  • Sal e pimenta-do-reino a gosto

Preparo

Disponha as fatias de pão numa assadeira e regue com ½ xícara de azeite e tempere com sal. Asse por dez minutos a 180 graus.

Numa panela média, coloque a outra parte do azeite e leve ao fogo baixo. Acrescente a cebola e refogue, até ficar transparente. Junte o alho picado, o gengibre, as folhas de tomilho e mexa por 1 minuto.

Adicione os cubos de abóbora e refogue por mais 1 minuto. Em seguida, coloque o caldo de legumes. Quando começar a ferver, deixe cozinhar por 20 minutos em panela tampada.

Retire do fogo e transfira o cozido para o liquidificador. Bata até obter um creme homogêneo.

Volte para a panela, acerte o sal e sirva com as torradas e semente de abóbora por cima do creme. Rende seis porções.

Detox (sopa verde)

Ezequiel da Costa e Thais Villaça (Kinoa Saudável To Go)

Sopa detox, muitas folhas Foto: Divulgação
Sopa detox, muitas folhas Foto: Divulgação

 

Ingredientes

  • 1 talo de aipo 55g
  • 3 folhas de couve 45g
  • 1 dente de alho 6g
  • 2 chuchus 300g
  • 1/2 brócolis japonês 190g
  • 2 colheres de sopa de aveia
  • 1 cebola pequena 80g
  • 120 g Espinafre
  • 5g de gengibre
  • 800ml caldo de legumes
  • 15ml de azeite
  • 15g de sal

Preparo

Dar uma leve dourada no alho.

Coloque a cebola e mexa.

Coloque o chuchu em cubos.

Em seguida o caldo, abaixe o fogo , tampe por 10 min e reserve.

Minestrone

Malu Mello

Malu Mello: minestrone Foto: Divulgação/Lipe Borges
Malu Mello: minestrone Foto: Divulgação/Lipe Borges

 

Ingredientes

  • 100g de feijão fradinho
  • 500ml – Caldo de Legumes
  • 120g de batata-baroa
  • 120g de cenoura
  • 240g de alcatra
  • 10g de alho
  • 10g  de cebola
  • 20ml de azeite
  • 1 unidade – Pão de preferência
  • Salsa
  • Sal e pimenta a gosto

Preparo

Ponho o feijão de molho em água de um dia para o outro

Cozinhe o feijão no caldo de legumes

Escorre, guarde a água e reserve

Corte cenoura, baroa a alcatra em cubos médios. Reserve

Pique cebola e alho. Reserve

Leve uma panela ao fogo e adicione o azeite

Junte a cebola. Refogue

Adicione o alho e deixe dourar

Acrescente os cubos de carne

Junte o caldo de legumes ao refogado

Deixe levantar fervura

Adicione a cenoura e, em seguida, as batatas

Acrescente, por fim, o feijão já cozinho anteriormente

Cozinhe até que os legumes estejam “al dente”

Finalize com salsa ou alguma erva fresca de preferência

Sirva com pão

"Se quiser, pode trocar o feijão com passa curta ou feijão branco", sugere a chef.

Onde pedir sopas e caldos no Rio

O Farinha Pura aposta no caldo verde e baroa com camarão (R$ 16,90, de 300ml e R$ 23,90, de 500ml). (21) 99969-3843.

A Kinoa Saudável To Go oferece um menu de sopas especiais: detox, confort e clássica da vovó (350 ml a partir de R$ 17;90 e acompanha torradinhas). A versão detox é inspirada no suco verde, cheia de folhas. (21) 99806-7603.

A La Carioca Cevicheria preparou para esse inverno uma sopa de frutos do mar peruana, com camarão, polvo, vieira e peixe branco (R$ 47). (21) 99811-9696.

 

A chef malu Mello criou uma verdadeira coleção, com destaque para o clássico italiano minestrone (R$ 40 – 500ml), que ganha toque brasileiro com a troca do feijão branco por feijão fradinho, direto do sítio dela, além de caldo verde (R$ 32 – 500ml), canja de galinha (R$ 37 – 500ml), caldo de mocotó (R$ 37 – 500ml) e baroa com camarão (R$ 40– 500ml). (21) 97014–8878.

O Talho Capixaba oferece vários sabores de caldos como a de abóbora, ricota e couve (R$ 28,90), aipim com frango (R$ 28,90) e ervilha (R$ 28,90). Cada sopa acompanha pão francês, francês integral ou baguete média. (21) 99434-5447.


O Globo segunda, 24 de agosto de 2020

KATY PERRY: CANTORA TENTA DAR GUINADA NA CARREIRA

 

Katy Perry: após vencer depressão e prestes a ter bebê, cantora tenta dar guinada na carreira com 'Smile'

Disco deve ser visto como um marco para definir se a artista americana seguirá relevante no universo pop contemporâneo ou passará a viver da chamada 'newstalgia', uma saudade de um passado não tão distante
 
A cantora Katy Perry lança o disco 'Smile' Foto: Divulgação
A cantora Katy Perry lança o disco 'Smile' Foto: Divulgação
 
 

SÃO PAULO — Engana-se quem pensa que na cabeça de Katy Perry só circulam aqueles arco-íris, borboletas coloridas, tubarões dançarinos, cascatas de chocolate e pirulitos ambulantes. Sim, foi esse idealismo colorido que nos acostumamos a ver em clipes como “Firework”, “California gurls” e “Hot n cold”, marcos da ascensão dessa cantora pop nascida em Santa Barbara, Califórnia, há 35 anos, e que lança nesta sexta-feira “Smile”, seu sexto álbum de estúdio. Até ela se enganou nesse sentido. Por anos, Katy driblava instintos depressivos escrevendo hinos pop que marcaram uma geração. Se um namoro chegava ao fim, a resposta vinha numa música que liderava as paradas americanas.

 

A crise

Até que, em 2017, isso parou de funcionar. Ela terminou seu relacionamento com o ator Orlando Bloom, astro da franquia “Piratas do Caribe”, e seu disco “Witness” não atendeu às expectativas comerciais e, muito menos, de crítica — o site “Pitchfork” deu uma nota 4,8 (sendo o máximo 10). “O mundo não queria mais me ouvir naquele momento”, lembrou Katy, numa entrevista ao radialista Zane Lowe, da Beats 1 (Apple Music), na semana passada. “Era como se as pessoas falassem: ‘Agora, chega. Muito obrigado. Você já nos deu algo, e estamos satisfeitos’. E eu não consegui sair da cama por semanas, fui diagnosticada com depressão, precisei tomar remédios pela primeira vez na minha vida. Eu tinha muita vergonha. Eu pensava: ‘Sou Katy Perry, eu escrevi ‘Firework’, e agora estou tomando remédio. Isso é fodido”.

Assim, Katy foi criando “Smile”, como canções soltas escritas em um dos períodos mais obscuros de sua vida — mesmo que, por vezes, como na solar, escapista (e insípida) “Harleys in Hawaii”, lançada como single em 2019, isso não fique claro, já que está narrando a aventura de um casal andando de moto no Havaí. “Quando eu escrevo canções esperançosas ou empoderadas, normalmente eu estou me sentindo o contrário disso”, justifica.
 
 

Palhaço triste

A sessão de fotos vestida de palhaço triste, que gerou a capa do álbum e a imagem que ilustra esta matéria, busca exatamente passar essa sátira melancólica entre o que se espera da artista Katy Perry e como ela pode estar por dentro.

O fato é que o álbum nasceu desse período, mas chega ao mundo em uma fase completamente diferente. E nem estamos falando da pandemia aqui. Katy Perry e Orlando Bloom reataram e noivaram em fevereiro de 2019 — o relacionamento é retratado na música “Champagne problems” (“eu quero te ver assim que limpar a crosta dos meus olhos. Até o dia que eu morrer você poderia ser o amor da minha vida?”, pergunta ela no início da canção). Agora, Katy está grávida de 35 semanas de uma menina, sua primeira filha, cujo nome ainda não foi revelado. A ela, Katy dedica a faixa de encerramento do disco, “What makes a woman”, uma balada que começa suave centrada no violão — que remete a “The climb”, sucesso de Miley Cyrus — em que canta versos assumidamente feministas como “O que faz uma mulher para mim/ É a forma como corto o cabelo e não coloco maquiagem/ Eu me sinto mais bonita fazendo a merda que quiser/ É que minha intuição nunca está realmente errada”.

 

A fase mais difícil passou, as prioridades são outras, mas “Smile” nasce com duas palavras-chave: resiliência (que batiza a faixa autoajuda “Resilient”) e gratidão. “Verdade seja dita, foi difícil, por vezes, encontrar esse sorriso com que batizo o disco”, admitiu a cantora no texto de agradecimento do álbum. “Sei que o mundo inteiro está sentindo esse peso também. Mesmo agora, preciso lembrar das incertezas que o futuro traz para mim, minha família, meu bebê... Mas esse disco é um pequeno retrato no qual eu posso sempre apertar play e lembrar que já sobrevivi a muitas noites escuras, períodos difíceis, e posso superar”.

E como é o disco, afinal?

Esclarecido o contexto pessoal que o cerca, é importante pontuar ainda que “Smile” deve ser visto como um marco definidor na trajetória artística de Katy Perry. Após o fracasso de “Witness”, é o seu resultado comercial que vai definir se a cantora americana seguirá relevante no universo pop contemporâneo ou passará a viver da chamada “newstalgia”, uma saudade de um passado não tão distante. O desafio é ainda maior quando não é possível fazer turnês, seja por conta da pandemia ou pela licença-maternidade que se aproxima.

 

É seguro dizer, no entanto, que Katy fez o que estava ao seu alcance. Reforçou sua presença on-line com diversas lives, conversando e estreitando sua relação com os KatyCats, como são conhecidos seus admiradores, e gravou shows virtuais para festivais como o Tomorrowland, voltado à música eletrônica.

Ela e 34 compositores

E, ao escrever as 12 faixas ao lado de 34 compositores e mais uma penca de produtores — com destaque para o sueco Johan Carlsson e o americano Andrew Goldstei —, entregou um disco de sonoridade plural, passando pelo electropop (em “Never really over” e “Cry about it later”), o pop com influência caribenha (de “Harleys in Hawaii”) e até o trap em “Not the end of the world”. Há altos e baixos, mas Katy Perry mais acerta do que erra, principalmente por focar no que sabe fazer de melhor. O grande trunfo é que ela está cantando mais do que nunca, e a produção ressalta isso em faixas como a balada “Daisies” (que faz lembrar seus grandes momentos como “Firework”), “What makes a woman” e também “Teary eyes” — esta embalada por uma batida disco retrô que remete ao europop.

Uma coleção de músicas pop que não necessariamente — raramente, na verdade — conversam entre si do ponto de vista temático ou sonoro. Mas, através delas, Katy Perry tenta levar, como a própria lista, “luz, esperança, felicidade, força, diversão, fantasia e amor para cada uma das suas células”.


O Globo domingo, 23 de agosto de 2020

NEYMAR X LEWANDOWSKI: FINAL ENTRE PSG E BAYERN É PRÉVIA DA ELEIÇÃO DO MELHOR DO MUNDO

 

Neymar x Lewandowski: final entre PSG e Bayern é prévia da eleição de melhor do mundo; compare os números

Os dois lideram o Paris Saint-Germain e Bayern de Munique, respectivamente, na decisao deste domingo, às 16h, em Lisboa
Neymar e Lewandowski são as estrelas de PSG e Bayern de Munique, que decidem a Liga dos Campeões Foto: Editoria de arte
Neymar e Lewandowski são as estrelas de PSG e Bayern de Munique, que decidem a Liga dos Campeões Foto: Editoria de arte
 
 

Das diversas visões críticas que se pode ter em relação à premiação do melhor jogador do mundo, o argumento mais sólido diz respeito à habitual dificuldade em estabelecer os limites entre o que é individual e o que é coletivo. Nos anos de dominação de Messi e Cristiano Ronaldo, não foram raras as ocasiões em que as campanhas dos times definiram o vencedor. Assim como na premiação de Modric após o vice mundial da Croácia, em 2018.

Hoje o mundo poderá ver uma rara ocasião em que, num mesmo campo, uma conquista coletiva e outra individual podem estar se decidindo. Formou-se uma espécie de consenso de que Paris Saint-Germain x Bayern de Munique, neste domingo, às 16h (de Brasília, na TNT), no Estádio da Luz, em Lisboa, decidirá não apenas a Liga dos Campeões da Europa. Mas também o dono do maior prêmio pessoal do futebol atual. E numa circunstância tão peculiar — com o maior jogo de clubes do mundo servindo de palco para que os candidatos mostrem seus argumentos —, uma grande exibição individual pode até convencer o grande colégio eleitoral da Fifa, formado por jornalistas, capitães e técnicos de todas as seleções do planeta, a se inclinar pelo derrotado.

Os principais candidatos são duas versões distintas de atacantes. Lewandowski e Neymar representam duas interpretações diferentes da função. O polonês é o mais implacável goleador da temporada, o que não o torna um imprestável fora dos limites da área, como provam as suas nove assistências para gols em 2019-2020, período em que marcou inacreditáveis 55 gols em 46 partidas pelo Bayern de Munique. Já o brasileiro consolida uma das mais admiráveis versões do atacante total. Ele jogou 20 partidas a menos do que Lewandowski, mas marcou 19 gols, deu 11 assistências e participou de 45% dos gols que o PSG marcou nos jogos em que esteve em campo.

Neymar: atacante completo

A influência de Neymar também se ampliou. Antes ele era um atacante, depois se tornou mais claramente um jogador que partia do lado esquerdo para buscar a área. Agora, ele circula pelo centro participando ativamente da criação, sem deixar de surgir na área para finalizar ou nas imediações dela para tentar um passe em profundidade. E o faz iniciando os movimentos de diversas formas: Thomas Tuchel vinha escalando o brasileiro partindo da ponta esquerda, chegou a fazer dele um meio-campista e, nos jogos contra Atalanta e RB Leipzig, o colocou como um “falso 9”, partindo do centro do ataque para se mover e buscar a bola.

Tanto que o brasileiro coleciona números impressionantes: dá 54 passes por jogo e acerta quase 80%; tenta 13,6 dribles por partida e acerta mais da metade; a cada partida, tenta em média 10,6 passes para os últimos 30 metros, com acerto superior a 70%; além de quase seis passes em profundidade, sua nova especialidade, a cada 90 minutos de jogo. Mbappé tem sido beneficiário: marcou seis gols ofertados por Neymar.

— Se ganharmos a Champions, naturalmente Neymar estará em condições de ser eleito o melhor do mundo. Ele está destinado a ganhar o prêmio. Espero que ele ganhe, significará que fomos campeões — disse Kylian Mbappé, que, apesar do discurso solidário, não é um personagem a descartar nesta final.

 

Par perfeito de Neymar, o jovem chega à decisão europeia com 29 gols e 13 assistências na temporada. Números que podem qualificá-lo ao troféu individual em caso de uma exibição de destaque na final desta tarde.

Lewa: goleador implacável

Mas os gols de Lewandowski pesam demais. E não são a única contribuição para a máquina trituradora de adversários que é o Bayern. O polonês é figura central num ataque muito baseado na pressão para retomar rapidamente a bola do adversário, ainda no campo ofensivo. Seu 1,84m e um porte físico avantajado lhe permitem combinar a capacidade de vencer duelos aéreos para finalizar ou aparar jogadas para companheiros, com um bom jogo de pivô, inclusive com bola no chão. Físico e técnica num só atacante.

— Ele é o melhor centroavante do mundo — disse Hansi Flick, técnico do Bayern de Munique. Caso marque dois gols na decisão com o PSG, o polonês igualará a marca de Cristiano Ronaldo: 17 gols numa só edição da Liga.

Ao mesmo tempo que representam dois perfis de atacantes, Neymar e Lewandowski simbolizam as formas como Bayern e PSG podem causar dano um ao outro. Num duelo de estratégias, resta saber o quanto cada time está disposto a arriscar, a manter suas convicções ou a fazer concessões.

 

Os franceses, que gostam de construir as jogadas desde a defesa, terão que enfrentar uma das mais bem executadas marcações por pressão do mundo. Foi assim que o Bayern desossou o Barcelona nos 8 a 2 das quartas de final. Será um exercício de valentia.

Ao mesmo tempo, o Bayern assume riscos ao pressionar no campo adversário: sobram metros de campo às costas de seus zagueiros, Boateng e Alaba. E se há um time no mundo preparado para explorá-los é o PSG. E se há jogadores especialmente prontos para tal tarefa, estes são Neymar e Mbappé. Será que os alemães terão mais precauções e farão adaptações em sua forma de jogar?

— Vamos analisar algumas coisas, sabemos que o PSG tem jogadores rápidos e vamos pensar em como organizar a nossa defesa. Mas nossa maior força é colocar nossos adversários sob pressão — disse Hansi Flick.

— Todos nós sabemos que o Bayern é o favorito. É o maior desafio da minha carreira — afirmou Thomas Tuchel, treinador do PSG.

Peça-chave: Conheça Kathleen Krüger, a gerente do Bayern de Munique

A final impõe outros desafios para os treinadores. Por exemplo, como o time francês, que costuma ter laterais ativos nas ações ofensivas, irá defender os lados do campo, especialmente, o direito, onde Gnabry faz grande temporada. Já Flick terá que pensar se mantém Thiago ao lado de Goretzka na dupla de volantes ou se recorre a Kimmich — que tem sido lateral —, para reforçar o setor por onde Neymar se move. Estratégias e perguntas que tornam o jogo ainda mais especial.


O Globo sábado, 22 de agosto de 2020

ANITTA NA ITÁLIA

 

Anitta na Itália: cinco destaques do roteiro da cantora pelo litoral do país

De Portofino a Capri, a artista tem se maravilhado com praias, hotéis de luxo, passeios de barco e festas
 
A cantora Anitta em Positano, na Costa Amalfitana, no sul da Itália Foto: Reprodução / Instagram
A cantora Anitta em Positano, na Costa Amalfitana, no sul da Itália Foto: Reprodução / Instagram
 
 

RIO - Com um bronzeado típico do verão à beira do Mediterrâneo, Anitta surge nos stories do Istagram se virando muito bem em italiano. Em seguida, traduz para a audiência brasileira:

"Sem dúvida nenhuma, essa é a cidade que mais amei aqui na Itália. É a cidade que é a mais linda de todas e que tem a melhor energia. Chama Portofino".

A postagem, de quinta-feira (20/8), é mais um registro da animada viagem da cantora carioca pela Europa mediterrânea, que começou no final de julho, com alguns dias sob o sol da Croácia, mais especificamente na ilha de Hvar, onde cumpriu uma espécie de quarentena (com direito a incursões pela conhecida vida noturna local) antes de atravessar o Mar Adriático.

A cantora Anitta em Gallipoli, uma das cidades do litoral italiano que visitou este mês Foto: Reprodução / Instagram
A cantora Anitta em Gallipoli, uma das cidades do litoral italiano que visitou este mês Foto: Reprodução / Instagram

Mas é na Itália, onde a artista e um grupo de amigos chegaram no começo de agosto, que acontece a maior parte de seu roteiro, uma combinação de hotéis de luxo, belas paisagens à beira-mar e cidades históricas. E, em se tratando de Anitta, muito trabalho também: entre uma festa com os amigos e um mergulho numa praia paradisíaca, a artista já promoveu música, fez fotos para marcas de moda e até deu entrevista para talk show americano.

Como tudo que envolve a artista, essa viagem tem repercutido bastante nas redes sociais e na imprensa. De um lado, fãs estasiados com o tour. De outro, os críticos, apontando o fato de a cantora e seus amigos nunca demostrarem preocupação com medidas de segurança contra o novo coronavírus, como uso de máscaras e distanciamento social. Isso num momento em que diversos surtos de Covid-19 voltam a acontecer na Europa, após o relaxamento do isolamento para o verão.

 

A seguir, apresentamos rapidamente cinco destinos visitados pela cantora até agora.

Portofino

La Piazzetta, a praça central de Portofino, na Riviera Ligure, pertinho de Gênova, na Itália Foto: Corine Veen / Reprodução / Pixabay
La Piazzetta, a praça central de Portofino, na Riviera Ligure, pertinho de Gênova, na Itália Foto: Corine Veen / Reprodução / Pixabay

A detentora (até o momento) do título de cidade preferida da artista brasileira fica na região da Ligúria, na costa noroeste do país, bem perto de Gênova e da fronteira com a França. A paisagem de Portofino é marcada por um litoral recortado, composto por diversas enseadas e colinas verdes que se debruçam sobre o mar muito azul.

Por toda a orla, construções (de pequenos prédios a palacetes) de diversas cores se enfileiram à beira-mar. O cartão-postal principal da cidade é exatamente isso: La Piazzetta, a praça principal, que dá para uma pequena praia cercada de construções coloridas e cheias de bares, restaurantes e lojas de grifes caríssimas.

Itália:o turismo em Veneza nunca mais será o mesmo, mas pode ser melhor

Anitta não foi a primeira celebridade a se apaixonar pelo lugar, o mais glamouroso da chamada Riviera Ligure. O fã-clube de Portofino vai de Napoleão Bonaparte a Jennifer Lopez, passando por Rod Stewart, que já se casou a bordo de seu iate ancorado de frente para uma dessas encantadoras enseadas. E, a essa altura, a artista carioca já deve ter encontrado com muitos veranistas vindos do rico norte italiano, de cidades como Milão e Turim, os visitantes mais frequentes da região.

 

Positano

Praia de Fornillo, uma das mais conhecidas da cidade de Positano, na Costa Amalfitana, no sul da Itália Foto: Mihael Grmek / Wikimedia Commons / Reprodução
Praia de Fornillo, uma das mais conhecidas da cidade de Positano, na Costa Amalfitana, no sul da Itália Foto: Mihael Grmek / Wikimedia Commons / Reprodução

Outra bela cidade onde casas coloridas parecem deslizar do alto das colinas até o mar, atraídas pelo azul-turquesa da água, é Positano. Só que no sul da Itália, mais precisamente na região da Campânia, cuja capital é Nápoles (a menos de 60km dali). Ela é um dos destinos mais badalados da chamada Costa Amalfitana, que reúne charmosas cidadezinhas ao longo de 50km na Península Sorrentina.

A graça de visitar Positano é se perder em suas ruelas estreitas, que serpenteiam as colinas, cheias de lojinhas e restaurantes. E aproveitar as praias, como Spiaggia Grande e Spiaggia Fornillo. Quem se interessa por história e arquitetura, não deve deixar passar a Igreja de Santa Maria Assunta, com sua cúpula de azulejos coloridos. 

Veja fotos:conheça Castelluccio, o vilarejo na Itália cercado de flores por todos os lados

Durante sua estadia na cidade, Anitta se hospedou no Palazzo Santa Croce, um hotel cinco estrelas no alto de uma colina, com vista privilegiada para a cidade, cujas diárias variam entre R$ 15 e R$ 19 mil. Pelas fotos que postou, dá a entender que ficou na suíte Giacomo, com decoração barroca, teto com afresco, elementos de arte sacra espalhados pelo quarto e terraço privativo.

 

Capri

Anitta durante um passeio de lancha pela Ilha de Capri, no sul da Itália Foto: Reprodução / Instagram
Anitta durante um passeio de lancha pela Ilha de Capri, no sul da Itália Foto: Reprodução / Instagram

Positano pode ter servido de base para a expedição de Anitta e sua turma até Capri, uma das ilhas mais conhecidas do sul da Itália. Mas a maioria dos visitantes chegam até lá nos barcos que saem de Nápoles, a principal cidade da região. E quase todos desembarcam diretamente na vila de Capri, o centro urbano da ilha, com sua movimentada Piazza Umberto I e atrações históricas, como a Certosa di San Giacomo, um monastério do século XIV, e as ruínas da Villa Villa Jovis, do século I a.C., de onde o imperador Tibério teria governado Roma nos seus últimos dias de vida.

Mas a grande atração é a paisagem natural, sobretudo as falésias à beira-mar, as grutas e as ilhotas que se espalham ao redor de Capri. O passeio de barco ao redor da ilha é obrigatório, e os destaques são os Faraglioni di Capri, três rochedos de cerca de cem metros de altura "espetados" no mar, e a Gruta Azul.

Anitta fez esse passeio, mas provavelmente na lancha de um amigo ou alugada só para ela e seu grupo. E curtiu a noite da ilha também. 

Sardenha

Anitta numa praia na Sardenha, na Itália Foto: Reprodução / Instagram
Anitta numa praia na Sardenha, na Itália Foto: Reprodução / Instagram

Se há um lugar que é a própria imagem de um destino de praia no Mediterrâneo, é a Sardenha. A ilha, que fica no meio do caminho entre península itálica, França, Espanha e Tunísia, tem uma infinidade de praias de águas cristalinas, vilarejos rurais, cidades com centrinhos medievais e uma cultura própria, resultado de séculos de encontros entre fenícios, gregos, romanos, árabes e, mais tarde, espanhóis e italianos. Com direito a até um idioma local, o sardo.

 

A principal base para a maioria dos visitantes é o nordeste da ilha, onde ficam as cidades de San Teodoro e Budoni, com muitos restaurantes e hotéis. De lá é possível explorar praias e ilhas ao redor, como Porto Taverna e Cala Farfalla. Um passeio ao Golfo di Orosei, considerado o ponto mais bonito da Sardenha, é outro programa imperdível.

Outro polo importante é o sul, onde fica a chamada Costa Esmeralda, muito popular entre ricos e famosos. Não por acaso foi ali que Anitta e sua entourage se hospedaram. Segundo a revista "Quem", a cantora ficou no Colonna Resort, um dos diversos hotéis de luxo da região. As diárias variam de R$ 4 mil a R$ 58 mil. São 50 mil metros quadrados, sete piscinas e praia privativa, onde a artista brasileira, claro, aproveitou para fazer algumas fotos que bombaram nas redes sociais.

Gallipoli

O Castelo de Gallipoli, fortaleza romana reformulada no século XIII que é um dos grandes atrativos da cidade na Púglia, no sul da Itália Foto: Gianni Crestani / Pixabay / Reprodução
O Castelo de Gallipoli, fortaleza romana reformulada no século XIII que é um dos grandes atrativos da cidade na Púglia, no sul da Itália Foto: Gianni Crestani / Pixabay / Reprodução

Se o mapa da Itália lembra uma bota, o "calcanhar" é a região da Púglia, e na ponta do "salto" fica Gallipoli, uma cidade que encanta tanto quem quer praia, quanto quem quer história. Para quem tem interesse em ambos, é um prato cheio.

Fundada pelos gregos há cerca de 2.500 anos, Gallipoli (que vem de Kalé Polis, cidade bonita) tem como sua principal atração o centro histórico, com a Fontana Greca, fundada ainda no período grego e considerada a mais antiga ainda em funcionamento na Itália, e o Castelo de Gallipoli, uma fortaleza romana reformulada no século XIII, cujo símbolo é a torre Il Rivellino, que, ao contrário do ex-jogador brasileiro, era um bastião de defesa. E, claro, um grande conjunto de igrejas, mosteiros e conventos católicos.

 

Uma das cidades mais procuradas pelos turistas no sul da Itália, Gallipoli é conhecida também por sua vida noturna. Foi numa casa de show da cidade que Anitta se apresentou ao lado do rapper italiano Fred de Palma, com quem gravou a música "Paloma", lançada em julho. O evento causou polêmica por reunir um grande público, mas o single já é um dos mais tocado nos serviços de streaming na Itália.


O Globo sexta, 21 de agosto de 2020

PEDROCA MONTEIRO: ATOR CONQUISTA PÚBLICO DA INTERNET COM MININOVELA

 

Ator Pedroca Monteiro conquista público da internet com mininovela de personagens hilários

Videos despretensiosos no Instagram viraram sucesso
 
Pedroca cria histórias com as ferramentas do Instagram Foto: Pedroca Monteiro
Pedroca cria histórias com as ferramentas do Instagram Foto: Pedroca Monteiro
 
 

Pedroca Monteiro começou a publicar despretensiosamente uns vídeos no Instagram como forma de driblar a tristeza provocada pelo confinamento. O que o ator não imaginava é que as postagens virariam um grande sucesso. E, agora, diariamente, ao meio-dia, ele divulga um capítulo inédito da mininovela. Sua capacidade de inventar personagens disparatados é impressionante: o ex-marido apaixonado pela ex-mulher, a cantora que quer investir nas lives porque não pode tocar em barzinhos, o guru que faz leitura de gengiva, o gato que odeia o dono bolsonarista. Detalhe: o improviso é sua marca registrada. Os vídeos não têm edição, a história não segue roteiro definido e os personagens não contam com caracterização. Para criar cada um, Pedroca usa e abusa dos efeitos dos filtros que mudam completamente o seu rosto e a sua voz.

Mesmo com todo o amadorismo envolvido, a trama acabou arrebatando fãs e o ator viu o seu número de seguidores pular de 30 mil para mais de 60 mil, em três meses. Ele também passou a colecionar elogios de famosos, como Lulu Santos, Teresa Cristina, Marcelo Adnet e Tatá Werneck. “A mininovela foi a maneira que encontrei de sobreviver. De uma hora para outra, meus trabalhos foram cancelados e fiquei proibido de ver os amigos e a família. Graças a esses vídeos, meus dias começam mais leves”, diz. Antes da pandemia, ele estava em cartaz com a peça “Simples assim” e gravava o humorístico “Fora de hora”, da TV Globo.

Tudo começou com os vídeos do Conrado, um homem descabelado que passa o dia fazendo compras na internet. Em seguida, apareceu a imitação da ex-secretária de cultura Regina Duarte. Depois, veio Sabrina Sacu Xeiu, a clubber cansada de ficar em quarentena e doida para arrumar um namorado. Após o surgimento de Pipi, o gato, a mininovela engrenou. “Pedroca é um daqueles amigos talentosos que sempre admiramos e nunca entendemos por que ainda não tem a sua própria emissora”, diz Tatá Werneck, fã do folhetim. Como a inspiração para a história surge a qualquer hora do dia, o público nunca sabe quem vai aparecer. “Não planejo nada. Ligo a câmera e simplesmente flui”, conta ele, que também integra a turma do Buraco Show e está fazendo apresentações às sextas, às 22h, nas redes sociais.

 
Pedroca usa filtros para compor seus personagens Foto: Pedroca Monteiro
Pedroca usa filtros para compor seus personagens Foto: Pedroca Monteiro

Pedroca é o compositor de “Solidão galopante”, música considerada o hino da quarentena. A canção começa com os versos “Solidão como um cavalo galopante/ Como um cavalo de sete flechas/ Solidão que vem/ Solidão galopante”. A música já ganhou a batida funk, rock e um clipe. Até Lulu Santos e a rainha das lives, Teresa Cristina, gravaram o sucesso. “Ele é talentosíssimo! Criou essa mininovela que está conquistando todo mundo. Estou viciada na história. Adoro o gato Pipi e torço muito pela Letícia”, diz a cantora. Pedroca conta que nem nos seus sonhos mais loucos achou que fosse fazer tanto barulho, inclusive com a música. “Eu só sei dois acordes no violão. Não tenho a menor ideia do que significa um cavalo de sete flechas”, diz, às gargalhadas.

A história do ator, de 38 anos, também daria um folhetim. Filho de economistas, Pedro Henrique nunca quis seguir a carreira dos pais. Quando criança, seu sonho era ser ator mirim. Mas a família dizia que ele só entraria para o teatro se tirasse boas notas na escola. “É claro que isso nunca aconteceu, era péssimo aluno”, lembra. O jeito era fazer apresentações em casa, com as roupas da mãe e das irmãs e dar vida aos personagens que via nas novelas. “Eu queria ser a Natália Lage, que, na época, fazia ‘Perigosas peruas’”. Com 18 anos, depois de terminar o colégio, enfim entrou para o Tablado. A primeira vez nos palcos foi em “O círculo de giz caucasiano”, de Bertolt Brecht. Na noite anterior à estreia, não dormiu preocupado com a reação da família. “Recebi uma carta linda da minha irmã que dizia que nunca havia visto meu olho brilhar tanto”, conta ele. Depois disso, vieram muitas outras peças. Em 2010, pisou na Globo pela primeira vez para gravar “S.O.S Emergência”. A primeira grande participação em novela foi em “Espelho da vida”, trama de 2018.

Mesmo com toda correria, nunca deixou de postar vídeos. Desde 2016, mantém o canal Pedroca Desabafa, no YouTube. Graças a esse projeto, foi convidado a fazer um quadro homônimo no “Papo de segunda”, no GNT. “O humor é uma arma poderosa. A gente pode abordar assuntos importantes, sem precisar apontar o dedo para ninguém. E, quando o espectador se dá conta, ele está pensando sobre aquele assunto e rindo ao mesmo tempo”, acredita.


O Globo quinta, 20 de agosto de 2020

BAYERN X PSG: CHAMPIONS TERÁ FINAL COM DOIS BRASILEIROS

 

Bayern x PSG: Champions terá final com dois brasileiros vestindo camisas 10 pela primeira vez

Neymar e Philippe Coutinho serão os responsáveis por levar franceses e alemães ao título europeu
 
Neymar comemora a classificação do PSG para as semifinais da Liga dos Campeões Foto: POOL / REUTERS
Neymar comemora a classificação do PSG para as semifinais da Liga dos Campeões Foto: POOL / REUTERS
 
 

A final da Liga dos Campeões a ser disputada entre Bayern de Munique e Paris Saint-Germain reserva um marco histórico para o Brasil. Não só pela chance de título, mas por ser a primeira vez onde dois atletas de nacionalidade brasileira vestirão as camisas 10 das duas equipes que lutarão pelo maior título do continente europeu. Neste caso, Neymar e Phillippe Coutinho.

 

Quando a bola rolar em Lisboa, no próximo domingo, às 16h (de Brasília), a dupla entrará para a seleta lista de atletas de mesma nacionalidade que viveram esta situação. Antes do Brasil, a Argentina, a Holanda, a Inglaterra e a Espanha também atingiram esta marca. Veja a lista abaixo.

  • Argentina: Lionel Messi x Carlos Tevez em 2014/2015 - Barcelona x Juventus
  • Holanda: Arjen Robben x Wesley Sneijder em 2009/2010 - Bayern x Inter
  • Inglaterra: Wayne Rooney x Joe Cole em 2007/2008 - Manchester United x Chelsea
  • Espanha: Luis Suárez x Ferenc Puskás em 1963/1964 - Inter de Milão x Real Madrid

 Uma observação rápida. Na temporada de 1963/1964, o ex-atacante húngaro Ferenc Puskás já havia se naturalizado espanhol e por isso entra na contagem. Registros mostram que ele passou a jogar pela seleção da Espanha em 1962, estando apto para representar o país.

Coutinho comemora com os companheiros o gol na vitória do Bayern Foto: INA FASSBENDER / AFP
Coutinho comemora com os companheiros o gol na vitória do Bayern Foto: INA FASSBENDER / AFP

Antes de Neymar e Coutinho, outros quatro brasileiros vestiram a camisa 10 em finais de Liga dos Campeões, mas não tiveram compatriotas do outro lado. Foram eles:

  • Valdo, em 1990, pelo Benfica contra o Milan

  • Romário, em 1994, pelo Barcelona contra o Milan

  • Ronaldinho, em 2006, pelo Barcelona contra o Arsenal

Já em 2003/2004, o luso-brasileiro Deco viveu situação contrária a de Puskas. Quando defendeu o Porto contra o Monaco na final da Liga dos Campeões, ele já havia se naturalizado português e defendido a seleção lusitana, o que o retira da contagem.

O Bayern de Munique, de Coutinho, chega à final da Liga dos Campeões pela 11ª vez em sua história. A classificação nesta temporada veio na vitória desta quarta-feira sobre o Lyon, por 3 a 0. Já o PSG, de Neymar, eliminou o Leipzig pelo mesmo placar e tentará o primeiro título do torneio em sua história. 


O Globo quarta, 19 de agosto de 2020

LECI BRANDÃO: O DIA EM QUE FOI BARRADA EM PORTARIA POR SER NEGRA

 

Leci Brandão relembra dia em que foi barrada em portaria por ser negra e discute racismo hoje: 'Estamos sendo vistos, mas precisamos ser ouvidos'


Leci Brandão prestando depoimento na delegacia após sofrer preconceito

 

Leci Brandão foi ao prédio de número 112 da Rua Doutor Otávio Kelly, na Tijuca, Zona Norte do Rio, apenas para deixar a mãe, que ficou de visitar uma amiga na tarde daquela segunda-feira, 18 de agosto de 1980. Chegando lá, a cantora decidiu acompanhar Dona Lecy até o elevador. Mas, para surpresa de mãe e filha, ambas foram barradas pelo porteiro, que indicou para elas a entrada de serviço. Sem entender bem o que estava acontecendo, a artista perguntou ao funcionário por que ele estava as impedindo. Nunca mais se esqueceu da resposta: "Vocês são duas negras, não sei se são empregadas". Como conta a própria Leci ao Blog do Acervo, naquele momento, "o tempo fechou".
 
 
 
- Sou uma pessoa educada, mas a indignação foi tanta que eu parti pra cima do porteiro. Até quebrei os óculos dele - relembra a cantora, que hoje também é deputada estadual (PCdoB-SP), em segundo mandato. - Atualmente, quando acontece algo assim, tem sempre alguém filmando, mas naquela época não tinha celular. Fui prestar queixa e, no caminho, liguei para um amigo que trabalhava no GLOBO. Quando cheguei na 19ª DP (Tijuca), a imprensa já estava toda lá.
 
 
O  caso foi destaque em jornais e telejornais. Em 1980, Leci já era uma cantora respeitada. Ela foi a primeira mulher a entrar na ala dos compositores da escola de samba Mangueira, em 1972. Sua canção "Ombro amigo" integrou a trilha sonora da novela "Espelho mágico", da Rede Globo, em 1977. Meses antes do episódio na Rua Doutor Otávio Kelly, ela havia lançado o disco "Essa tal criatura" e era finalista do Festival MPB, também da Globo, cantando a música de mesmo nome. Na delegacia da Tijuca, todos os policiais a conheciam.
O  porteiro que barrou Leci Brandão ao lado da cantora, na delegacia
 
De acordo com a reportagem do GLOBO no dia seguinte ao caso, o porteiro foi autuado por "constrangimento ilegal". A Lei Afonso Arinos, única regra para coibir o racismo naquela época, não pôde ser aplicada porque se referia apenas a estabelecimentos comerciais acusados de preconceito (a lei 7.716, que classificou o racismo como crime inafiançável, só foi promulgada em 1989). O funcionário alegou que estava cumprindo ordens do síndico, que, em depoimento, negou ter orientado a barrar pessoas com base na cor. O responsável pelo condomínio confirmou, no entanto, que empregadas domésticas eram proibidas de usar o elevador social, algo que hoje também é considerado crime de discriminação. Segundo a cantora, quando desceu para apartar a briga na portaria, o síndico chegou a dizer que: "Se ele soubesse que a senhora era a Leci Brandão, não teria barrado".
 
 
- Eu disse a ele que Meu nome é Leci Brandão da Silva! E que não estava me queixando só porque era cantora. Ninguém pode ser barrado na portaria social por causa da cor. Isso é racismo - conta a artista nascida em Madureira e criada em Vila Isabel, hoje aos 75 anos. - Alguns dias depois, na final do Festival MPB, quando cantei o verso "Clama! Só é linda a verdade nua e sem preconceito", fechei o punho para enfatizar "preconceito". O Maracanãzinho veio abaixo.
 
 
Leci sempre fez da arte uma ferramenta social, algo explícito em canções como "Marias" (1977), "Zé do Caroço" (1979), "Negro Zumbi" (1995) ou na sua regravação do samba da Mangueira "Casa Grande e Senzala" (1976), baseado no clássico de Gilberto Freyre. Hoje, ela tem certeza de que já teve portas de gravadoras fechadas porque os empresários achavam que ela era contestadora demais. Mas isso não a fez parar. Na primeira década do novo século, Leci foi conselheira da Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e membro do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, a convite do então presidente, Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2010, foi eleita deputada. Era a segunda mulher negra da história da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
 
- Sou otimista em relação a lutas sociais. Nas minhas letras, sempre quis encontrar uma solução para os problemas - diz ela.
 
Leci Brandão canta no Festival MPB de 1980, no Maracanãzinho

 

 
A cantora tem total consciência de que o episódio racista de 1980 só ganhou o noticiário porque envolvia uma pessoa famosa. Quantas outras pessoas não foram barradas em portarias e elevadores sociais sem alarde nenhum? Hoje, porém, situações como a que ela viveu não precisam envolver celebridades para gerar comoção. Graças às câmeras de celular e às redes sociais, casos como o do motoboy Matheus Pires, vítima de racismo em um condomínio em São Paulo, ou do entregador Matheus Fernandes, agredido num shopping center na Zona Norte do Rio, vêm sendo amplamente divulgados, causando ondas de repúdio. O mundo provavelmente não saberia do assassinato de George Floyd por um policial se o crime não tivesse sido gravado e se tornado viral.
 
- Aqui em São Paulo, a juventude negra é assassinada sistematicamente. Há um genocídio da população negra acontecendo no Brasil - afirma Leci Brandão, que vê com bons olhos o debate atual, mas diz que é preciso avançar: - Nosso país é racista. Hoje, as cenas são filmadas e divulgadas nas redes socias, o racista não tem como negar. E a imprensa está discutindo de forma aberta, o que é fundamental. Podemos dizer que estamos sendo vistos, mas ainda não estamos sendo ouvidos. O povo negro é maioria e precisa ser ouvido. 

 

Leci Brandão recebe troféu de Camila Pitanga no Prêmio da Música Brasileira de 2018

 

 

 
Para a cantora, a população negra precisa fazer valer seu tamanho e colocar pessoas negras no poder. Só assim, diz ela, haverá mais políticas públicas contra atos racistas no Brasil e ampliar ações afirmativas, eliminando desigualdades. Hoje, enquanto o país tem 56% da sua população formados por pretos e pardos, apenas 17,8% dos parlamentares no Congresso Nacional são negros
 
- Não podemos continuar servindo de escada para outras pessoas. Temos que colocar negros em posições de poder. Há muitos candidatos negros. É nossa chance. Há políticos brancos que defendem nossas bandeiras, mas precisamos de mais representatividade. É o poder que muda as coisas - afirma a deputada estadual. - Claro que há pessoas negras que não nos representam, como esse sujeito chamado Sérgio Camargo, que preside a Fundação Palmares mas não defende as lutas do movimento negro por igualdade. Políticos negros têm que ter compromisso com as nossas causas.
 
Na visão de Leci, há muito para mudar.
 
- A história do Brasi não mostra nossos heróis, você só vê estátuas dos nossos perseguidores. Nossas religiões são perseguidas, nossos jovens são mortos. A população negra precisa ser tratada com respeito.
Trecho de página da edição do GLOBO de 19 de agosto de 1980

 


O Globo terça, 18 de agosto de 2020

MARIA PADILHA: AOS 60 ANOS, ATRIZ FALA SOBRE A CARREIRA E A FAMÍLIA

 

Aos 60, Maria Padilha fala sobre par com Fernanda Vasconcellos na TV e detalha rotina com o filho e o marido

THAYNÁ RODRIGUES

 
 
 
 
Maria Padilha (Foto: Reprodução)
Maria Padilha (Foto: Reprodução)

 

Maria Padilha matou um pouquinho da saudade dos fãs ansiosos por vê-la outra vez na TV. Longe desde "A regra do jogo" (2015), ela participa da série "Rua do Sobe e Desce Número Que Desaparece", disponível no Canal Brasil Play. Martha, sua personagem, flerta com Claudia, protagonista vivida por Fernanda Vasconcellos, e as duas se beijam.

— Minha personagem, que é gay, se oferece para dar uma carona para ela e a deixa na porta de casa. Aí dá uma atacada, mas elas não vão muito em frente — explica.

 Maria, que completou 60 anos em maio, acredita que, apesar de personagens LGBT serem mais aceitos atualmente do que no passado, a liberdade ainda não é a ideal:

— Eu ainda não sei se a aceitação é tão ampla assim. Na época de "Amor à vida", grande parte do público torceu para o beijo entre Félix (Mateus Solano) e Niko (Thiago Fragoso). Sinto que nas séries esses temas são abordados de maneira mais natural, mas no geral há um longo caminho a percorrer.

A atriz, que estará no ar em breve na reprise de "Mulheres apaixonadas", no Viva, diz que recebe mensagens de fãs saudosos pedindo seu retorno em novos papéis:

— Eles comentam bastante nas minhas fotos das redes sociais. Estou esperando um papel legal. E eu não tenho esse negócio de achar que série é mais chique do que novela. No Brasil, a teledramaturgia tem muita qualidade. As novelas têm um nível, um elenco e uma produção que não deixam a desejar se comparadas às produções estrangeiras.

Em breve, Maria deve apresentar o monólogo "Diários do abismo" no movimento "Teatro já", de Ana Beatriz Nogueira. Ela também conversa com diretores sobre propostas para novos projetos. A volta ao trabalho é vista como motivo para inspirar o próprio filho, Manoel, de 8 anos.

— Nas horas vagas, às vezes, coloco um vídeo com alguma ceninha minha no Instagram para que ele me veja atuando. Ele acha engraçado. Acho muito maneiro quando a criança tem uma admiração pela mãe que trabalha. Quero criá-lo mostrando que tenho a minha autonomia. "Profissão Mãe" sempre vai gerar culpa; sempre vamos achar que fizemos algo de errado. Mas, de maneira alguma, quero me distanciar do meu ofício, até porque não posso deixá-lo de lado. Não tenho quem nos sustente. Não sou rica. Preciso trabalhar. Minha identidade foi construída em cima da minha arte. Sinto falta de voltar. Na quarentena, estar parado é um sufoco para o artista.

 Casada há seis anos com Brenno Meneghel, de 33, Maria conta com a parceria dele para aliviar a quarentena:

— Creio ser melhor atravessar esse momento com um companheiro. Vimos muitas séries nos últimos meses. Agora, estamos órfãos. Então partimos para os filmes e peças on-line. Fomos salvos pelas artes. Já o meu filho está morrendo de saudade de ter contato humano. Na idade dele, é difícil compreender. Mas temos nos divertido.

A atriz conta que se alegra também ao perceber características suas no menino. Ela conseguiu sua guarda definitiva há seis anos: 

— Eles chupam nosso jeito. São esponjinhas e vão pegando nossos trejeitos. Só nosso emocional é que é bem distinto. Ele é pisciano, e eu sou taurina com ascendente em gêmeos. Outro dia perguntei se ele queria fazer aula de teatro. Ele falou que não quer. Ele gosta muito de música, de desenhar, de dançar. Eu só não o deixo ver determinadas coisas na TV porque ele se impressiona. Tem medo de o padrasto morrer, tem medo de a gente se contaminar. Estamos nos cuidando o máximo possível.

Maria Padilha interpreta Martha, que beija personagem de Fernanda Vasconcellos em 'Rua do Sobe e Desce' (Foto: Reprodução)
Maria Padilha interpreta Martha, que beija personagem de Fernanda Vasconcellos em 'Rua do Sobe e Desce'
(Foto: Reprodução)

 

 

Brenno Meneghel e Maria Padilha (Foto: Reprodução)
Brenno Meneghel e Maria Padilha (Foto: Reprodução)

 

Maria Padilha e o filho, Manoel (Foto: Reprodução)
Maria Padilha e o filho, Manoel (Foto: Reprodução)

 


O Globo segunda, 17 de agosto de 2020

BÁRBARA PAZ CRIA PROJETO CHAMADO SOLIDÃO EM REDE SOCIAL

 

Bárbara Paz cria projeto chamado Solidão em rede social

Por meio de depoimentos em vídeos, famosos e anônimos traduzem sentimentos decorrentes do isolamento; atriz e diretora pretende transformar em documentário
 
Bárbara Paz: autorretrato Foto: Bárbara Paz
Bárbara Paz: autorretrato Foto: Bárbara Paz
 
 

Em meados de março, quando a pandemia do novo coronavírus mostrou suas garras, a atriz e diretora Bárbara Paz foi obrigada a se recolher num espaço delimitado. “Calhou de eu estar, naquele momento da vida, sozinha. Fiquei assustada”, admite. “Estava sempre indo a algum lugar, fazendo as malas constantemente. De uma hora para a outra, não havia mais essa possibilidade, e eu não tive como fugir de mim”, conta ela, que passou exatos 50 dias, trancada e sozinha, em seu apartamento em São Paulo, até ter coragem de pegar o carro e dirigir 18 horas ao encontro de um refúgio, na Bahia, onde permanece até hoje. O tema não é novo na sua trajetória. Depois de assinar a direção e apresentar, no ano passado, o longa que mostra os últimos dias do marido, o cineasta Hector Babenco (1946-2016), ela revelou ter escrito o roteiro de um filme cujo assunto é a solidão feminina.

Matesu Solano fala sobre conexão Foto: Reprodução
Matesu Solano fala sobre conexão Foto: Reprodução
 
 
 
O mergulho em si mesma estimulou questionamentos, estabeleceu novas conexões e despertou nela o desejo de construir pontes. “Imaginei quantas pessoas estariam vivendo o mesmo que eu.” E foi assim, destrinchando os becos da solidão — e seus possíveis escapes —, que a atriz teve a ideia de ampliar o diálogo e pedir a amigos e artistas que enviassem vídeos com depoimentos que traduzissem o assunto. “Quis construir um fio condutor dos solitários e abrir um espaço de fala”, explica Bárbara, que lançou, há cerca de um mês, o @projetosolidao no Instagram com a pergunta “o que é solidão para você?” e o pedido para o envio de vídeos com a resposta. No feed, estão nomes conhecidos, como os atores Mateus Solano, Ary Fontoura, Johnny Massaro e até o americano Willem Dafoe. Mateus elogia a iniciativa: “É um lindo desdobramento das reflexões da quarentena”, diz o ator, que mostrou outro lado da mesma moeda. “Para mim, parece engraçado falar de solidão num momento em que estamos mais conectados.”
 
Johnny Massaro escolheu a letra de uma música de Letrux Foto: Reprodução
Johnny Massaro escolheu a letra de uma música de Letrux Foto: Reprodução

Para ter um alcance maior, ela convidou o fotógrafo Thiago Santos para registrar pessoas em situação de rua. “A ideia é criar um mosaico com diversas vozes”, diz. “Quero misturar artistas com médicos da linha de frente e moradores de rua. No futuro, pretendo fazer um documentário com este material.” Em comum entre as narrativas, o “inimigo invisível”. “Todos estão pensando nele e tentando manter a sanidade”, avalia Bárbara.

Ary Fontoura: reflexões Foto: Reprodução
Ary Fontoura: reflexões Foto: Reprodução
 

Intensa, ela tem sido inundada por reflexões diante de uma realidade desconhecida. No início da pandemia, transformou sentimentos à flor da pele em registros artísticos, criando um diário visual. “Retornei ao útero”, lembra. “Também me vieram perguntas como ‘onde você estava quando o mundo parou?’”, conta. “Em março e abril, o mundo viveu a mesma suspensão”, diz. “Ao mesmo tempo, diferentemente de outras pandemias, há a internet, conseguimos ficar juntos. É um momento forte da História da Humanidade”, observa.

Preta Ferreira canta música de sua autoria Foto: Reprodução
Preta Ferreira canta música de sua autoria Foto: Reprodução

Se o inimigo é um só, o coronavírus, os depoimentos em preto e branco provam que a maneira de expressar a solidão (ou a conexão) pode ser múltipla. “Estou aqui, no meu apartamento, fechado há 50 dias. Respeitando sobretudo a minha vida e, consequentemente, a vida dos outros. Acredito, firmemente, que todos aqueles que restarem saberão valorizar ainda mais a vida”, são algumas das palavras de Ary Fontoura. “Fiz uma síntese”, diz o ator, que segue em isolamento.

Martha Nowill declama poema Foto: Reprodução
Martha Nowill declama poema Foto: Reprodução

A atriz Martha Nowill, por sua vez, escolheu declamar o poema “Os três mal-amados”, de João Cabral de Melo Neto. “A gente vê o amor como redenção. Porém, neste poema, o amor é quase um vilão, uma força devastadora que toma conta de tudo”, analisa. “Este sentimento parece um vírus, vem de forma pandêmica. A vida é muito essa falta de controle. Quando poderíamos imaginar que estaríamos atravessando uma pandemia?”, compara. Já o ator Johnny Massaro recita a letra da canção “Deja vu frenesi”, de Letrux, enquanto Aparecido Assis, em situação de rua, reza, emocionado, “Pai Nosso” e “Ave Maria”, e Willem Dafoe — protagonista do último filme de Babenco, “Meu amigo hindu” — faz um desconcertante minuto de silêncio.

 

Cantora e ativista, Preta Ferreira diz nunca ter se sentido só. “Usei o espaço para falar sobre pluralidade, de todos que são minorizados, dos corpos pretos e indígenas”, explica Preta, que canta a música “Minha carne”, de sua autoria.

Bárbara faz questão de levantar a bandeira da cultura. “A arte está embalando a Humanidade”, analisa. “O cinema, a poesia, as séries e a música estão salvando as pessoas”, afirma a diretora, lamentando a situação do setor no Brasil de Bolsonaro. “É uma tristeza ver como tem sido ignorado. Antes da pandemia, os artistas estavam sendo apedrejados. Um país sem cultura é um país sem alma”, avalia. “Existem muitas famílias do segmento cultural passando necessidade. Participo de vários grupos de ajuda. A Lei Aldir Blanc ainda é pouco, o governo deveria fazer muito mais”, emenda.

Mesmo identificando — e removendo — as pedras no caminho, ela tem visão otimista. “Depois do caos, vem o renascimento”, acredita. “Hoje, as pessoas estão olhando mais para a Lua, sentindo o vento soprar de forma diferente, enxergando o céu. Tem uma revolução em curso.”


O Globo domingo, 16 de agosto de 2020

A PRIMEIRA-DAMA MICHELLE BOLSONARO ANUNCIA TESTE NEGATIVO DE COVID-19

 

Primeira-dama Michelle Bolsonaro anuncia teste negativo de Covid-19

"Exame negativo. Obrigado pelas orações e por todas as manifestações de carinho", escreveu em rede social
 
 
A primeira-dama, Michelle Bolsonaro Foto: Evaristo Sá/AFP
 

BRASÍLIA — A primeira-dama da República, Michelle Bolsonaro, afirmou neste sábado que está curada do novo coronavírus. A informação foi publicada em uma rede social, junto com uma imagem do exame. "Exame negativo. Obrigado pelas orações e por todas as manifestações de carinho", escreveu.

 

Michelle anuncia que testou negativo para Covid-19 Foto: Reprodução
Michelle anuncia que testou negativo para Covid-19 Foto: Reprodução
 
 
A primeira-dama foi diagnosticada com a doença em 30 de julho. Segundo nota divulgada na ocasião, ela apresentava "bom estado de saúde" e iria seguir "todos os protocolos estabelecidos". O resultado positivo de Michelle ocorreu depois de o presidente Jair Bolsonaro também ter contraído a doença. Bolsonaro informou no dia 7 de julho que estava com a Covid-19, permanecendo em isolamento no Palácio do Alvorada até 25 de junho, quando testou negativo.

Na quarta-feira, a avó materna de Michelle morreu por complicações da Covid-19. Maria Aparecida Firmo, 80 anos, estava internada no Hospital Regional de Ceilândia (HRC), hospital público do Distrito Federal.

A idosa foi levada para a unidade em primeiro de julho, após ser encontrada na rua com falta de ar. Em seguida, ela foi encaminhada para outro hospital público do Distrito Federal, o Regional de Santa Maria (HRS), onde ficou durante um mês em uma unidade de terapia intensiva.


O Globo sábado, 15 de agosto de 2020

ELEITORES DO NORDESTE E DE BAIXA RENDA PUXAM APROVAÇÃO DE BOLSONARO

 

Eleitores do Nordeste e de baixa renda puxam aprovação de Bolsonaro

Na região marcada por grandes votações do PT nas eleições recentes, presidente dobrou sua avaliação positiva em um ano
 
Presidente da República e Jair Bolsonaro inauguram escola cívico-militar, no Rio Foto: Antonio Scorza / Antonio Scorza
Presidente da República Jair Bolsonaro inaugura escola cívico-militar, no Rio Foto: Antonio Scorza / Antonio Scorza

No Nordeste, em que 40% da população solicitou a assistência de R$ 600 mensais, houve o maior aumento relativo da aprovação bolsonarista no corte por regiões. Os entrevistados que consideram a administração boa ou ótima passaram de 17% em agosto de 2019 para 33% atualmente.

Rejeição em queda

A recuperação já havia sido identificada na pesquisa mais recente, em junho, quando 27% dos nordestinos ouvidos pelo Datafolha avaliaram Bolsonaro positivamente. Alteração ainda mais significante ocorreu na rejeição regional do presidente. Há um ano, 52% dos entrevistados locais o consideravam ruim ou péssimo. O índice foi mantido em junho, mas, após os últimos dois meses, caiu para 35%.

Entre os mais pobres, com renda familiar de até dois salários mínimos, o processo foi semelhante. Em agosto de 2019, 22% dos entrevistados nessa situação aprovavam Bolsonaro. Este mês, eles representaram 35% daqueles que estão nessa situação — uma alta em relação a junho, quando o índice foi de 29%. A avaliação negativa caiu: de 43% em agosto passado, chegou a 43% em junho deste ano e agora atingiu o patamar de 31%. Na amostra de desempregados, o movimento se repetiu. O índice positivo dobrou em um ano, de 18% para 36%, e a rejeição caiu de 48% para 34%.

 

Embora o relatório da pesquisa Datafolha não relacione diretamente o novo panorama com o auxílio do governo, o instituto sugere que essa ligação pode ter existido. Os dados apontaram, por exemplo, que dos entrevistados cujo pedido de ajuda financeira foi aprovado e pago, 42% consideram a gestão bolsonarista boa ou ótima. Entre aqueles que não recorreram ao benefício, 36% compartilham dessa opinião.

Após ter conseguido reverter em dez pontos percentuais a desaprovação registrada em junho, quando 43% dos entrevistados consideraram o governo ruim ou péssimo, Bolsonaro ainda está atrás de antecessores em relação à rejeição deles nesta fase do primeiro mandato. Em 2000, Fernando Henrique (PSDB) registrou índice de 25%; Lula (PT), em 2004, marcou 17% e Dilma Roussef (PT), 7%. Michel Temer (MDB), aliado recente de Bolsonaro, é único ex-presidente cuja reprovação foi maior do que a de Bolsonaro após cerca de um ano e oito meses no poder: em janeiro de 2018, esse número chegou a 70% para o emedebista.


Entrega de escola

 Bolsonaro e um de seus filhos, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), participaram ontem ao lado do prefeito do Rio, Marcelo Crivella, da inauguração de uma escola cívico-militar no bairro do Rocha, na Zona Norte. O evento ocorreu no último dia permitido pela Justiça Eleitoral para que candidatos participassem de inaugurações de obras públicas.

 

Candidato à reeleição, Crivella busca o apoio de Bolsonaro e conseguiu atrair para seu partido, o Republicanos, tanto Carlos, candidato a novo mandato na Câmara Municipal, quanto o senador Flávio Bolsonaro, que não compareceu ao evento. (Colaborou Bernardo Mello)


O Globo sexta, 14 de agosto de 2020

BRUNA MARQUEZINE: UMA RELAÇÃO DE PAZ E AMOR

 

‘Busco ter uma relação de paz e amor com meu corpo’, diz Bruna Marquezine

Atriz cita Jennifer Lawrence, Gisele Bundchen e Rihanna como inspiração
 
 
Bruna Marquezine Foto: Reprodução/instagram
Bruna Marquezine Foto: Reprodução/instagram
 
 

Bruna Marquezine acredita que todo mundo tem vivido altos e baixos ao longo da quarentena. Para a atriz, o momento do mundo é de  instabilidade em “vários sentidos”. “Principalmente emocional”, pontua ela. “Há dias melhores, produtivos, criativos; e há dias mais silenciosos e reflexivos. Tento sempre abraçar todos esses sentimentos e ser carinhosa comigo. Graças a Deus, continuo trabalhando, estudando, procuro manter minha cabeça ativa.

Aos 25 anos, Bruna acaba de mostrar ao mundo mais uma de suas facetas. De seu isolamento, protagonizou e assinou direção criativa da nova campanha da Colcci — marca que já teve Gisele Bündchen e Paris Hilton como garotas-propaganda. Sobre o trabalho, ela diz que ficou um tiquinho assustada ao perceber o quão difícil é a função. “Mas fiquei animada com a possibilidade de me envolver em todas as frentes”, observa a jovem, que já desfilou para a Dolce & Gabbana e foi apontada pela “Vogue” americana como uma das 14 superstars globais.

Bruna para a Colcci Foto: Divulgação
Bruna para a Colcci Foto: Divulgação

 

Bruna, no entanto, não se deslumbra com todo esse confete. “Nunca tive nenhuma grande ambição relacionada a popularidade. As coisas foram acontecendo de forma bem natural, orgânica. O que mais precioso, na verdade, é meu equilíbrio, minha saúde mental. Então, me policio para não ser sugada pelo ego”, comenta ela, citando Ashley Graham, Jennifer Lawrence, Gisele Bündchen, Zendaya e Rihanna como inspiração. “Pela força, personalidade, coragem e autenticidade.”

 

Livre, leve e solta, a atriz critica os padrões vigentes da sociedade e afirma que já sentiu prisioneira da moda. “Vivemos em uma sociedade que impõe muitos padrões extremamente machista. Existe um padrão de beleza que é imposto a mulher e quem não segue é altamente criticado. Busco ter uma relação de paz e amor com o meu corpo. Acredito no equilíbrio em geral. O principal objetivo é cuidar da saúde e depois da aparência em si. Não acho que deixa de ser importante; todas nós devemos olhar no espelho e se sentir bem. Enxergo nossa beleza como um estado de espírito. As pessoas mais atraentes que conheci, não faziam parte desse padrão imposto pela sociedade, mas tinham amor próprio. O que muda tudo.”


O Globo quinta, 13 de agosto de 2020

BRAD PITT FOI SALVO POR UMA CANTORA NO COMEÇO DA CARREIRA EM HOLLYWOOD

 

Brad Pitt foi 'salvo' por uma cantora no começo da carreira em Hollywood

Cantora deixou o ator dormir em seu sofá e o ensinou a pescar para um teste
 
Brad Pitt Foto: Steve Granitz / WireImage
Brad Pitt Foto: Steve Granitz / WireImage
 
 

Dono de uma das carreiras mais brilhantes de Hollywood, Brad Pitt passou muito aperto no começo de sua caminhada rumo à fama, e chegou a ser "salvo" quando chegou a Los Angeles com apenas US$ 325 no bolso. E foi a cantora country Melissa Etheridge que estendeu a mão ao então aspirante a ator de cinema.

De acordo com o jornal britânico "The Mirror", Melissa ajudou Pitt por acreditar que havia potencial no jovem para alcançar o topo da indústria. Sendo assim, ela o deixou dormir em seu sofá para que não gastasse o pouco que tinha.

Melissa Etheridge Foto: Amy Sussman / Getty Images
Melissa Etheridge Foto: Amy Sussman / Getty Images

 

E essa não foi a única vez que a cantora socorreu o ator. Foi Melissa que ensinou Pitt a pescar antes de ele fazer um teste para o filme "Nada é para sempre", de Robert Redford. "Eu ensinei Brad Pitt a pescar... Ele iria fazer um teste, isso quando eles ainda testavam Brad Pitt. Antes, ele veio à minha casa e eu o ensinei a pescar na piscina", relembrou Melissa.

Os testes ficaram no passado, mas Pitt é eternamente grato pela ajuda e gentileza de Melissa.


O Globo quarta, 12 de agosto de 2020

ARUANAS: THAINÁ DUARTE CONFIRMADA NA SEGUNDA TEMPORADA

 

Confirmada na segunda temporada de ‘Aruanas’, Thainá Duarte estrela websérie

Baseada na pandemia de coronavírus, "No fim eu tava sozinha" fala sobre equilíbrio emocional
A atriz Thainá Duarte Foto: Divulgação/Julia Rodrigues
A atriz Thainá Duarte Foto: Divulgação/Julia Rodrigues
 
 

Em meio à pandemia do novo coronavírus, muitos artistas se viram diante da necessidade de reiventar seus ofícios. Com a atriz Thainá Duarte não foi diferente. Depois de viver uma das protagonistas de ‘Aruanas’, série original da Globo exclusiva para o Globoplay, ela está no elenco de “No fim eu tava sozinha”, websérie que fala justamente sobre o período de isolamento social e vem sendo exibida no Instagram @nofimeutavasozinha.

Dirigida por Gabriela Potye e Camila Carneiro, a trama se baseia num humor ácido para criar um universo paralelo em que toda a humanidade foi forçada a viver em isolamento absoluto. Para contar essa história, o roteiro tem 12 personagens que tentam sobreviver à clausura, e cada episódio se desenrola em dois minutos.

Thainá interpreta Adriana Bacana, uma mulher conectada com a natureza, que resolve deixar de lado os relacionamentos com outras pessoas e viver dias tranquilos e bucólicos, abraçando árvores e frutas. “A série fala sobre solidão. Então, em muitos momentos, nós esbarramos em sensações que o isolamento nos traz, a sensação de imprevisibilidade, de não saber o que é esse ‘novo normal’ que dizem”, comenta a atriz. “Cada um dos personagens nos mostra um efeito da solidão dentro de casa, e a minha busca se reconectar com a natureza como tentativa de ignorar a sensação iminente de que o mundo está chegando ao fim.”

Thainá estrela websérie no Instagram Foto: Divulgação/Julia Rodrigues
Thainá estrela websérie no Instagram Foto: Divulgação/Julia Rodrigues

Confirmada na segunda temporada de “Aruanas”, ela afirma que a experiência de gravar remotamente exigiu dedicação absoluta. “Foi preciso muita paciência para acertarmos. Estudamos as melhores possibilidades para realizar as cenas, e as diretoras se mostraram pacientes do começo ao fim, pois tinham certeza de que queriam contar uma boa história.”

 

A atriz também comentou como obra reflete um pouco da maneira como ela própria tem encarado os dias de quarentena. "Estamos todos numa corda bamba de sentimentos, acredito. São mais de 100 mil mortos só no Brasil, todas essas famílias que estão sendo despedaçadas têm um efeito no mundo. Com o mínimo de empatia, você é levado à reflexão e é impossível não ser alterado por ela", afrma. "Tenho me permitido transformar a frustração em poder criativo e, por meio disso, transpor aquilo que estou sentindo de maneira ressignificada na arte."

Violência doméstica

Depois de interpretar ativista que precisa fugir ex-namorado de quem sofreu violência doméstica em “Aruanas”, Thainá também deu vida ao projeto  “Estou Aqui Para Contar”, reunindo mulheres com histórias reais que romperam com o ciclo de violência e tinham vontade se posicionar diante de um problema tão grave na nossa sociedade. “Foram produzidos cinco vídeos de entrevistas. Ao divulgá-los, recebemos ainda mais relatos e pedidos de ajuda”, conta a atriz, sobre o projeto que pode ser acompanhado no Instagram @estouaquiparacontar. “Estamos desenvolvendo uma segunda fase, com uma nova forma de falar sobre relacionamentos abusivos.”


O Globo terça, 11 de agosto de 2020

CAMILA PITANGA REVELA QUE ELA E A FILHA TIVERAM MALÁRIA

 

Camila Pitanga revela que ela e a filha tiveram malária

Ambas foram tratadas pelo SUS
 
Camila Pitanga Foto: Fernando Tomaz
Camila Pitanga Foto: Fernando Tomaz
 
 

Camila Pitanga revelou na noite da última segunda-feira ter sido infectada por malária, assim como sua filha, Antônia, de 12 anos. A atriz fez um longo relato no Instagram, explicando que, primeiramente, suspeitou de Covid-19 por causa da febre alta e dos calafrios. Contou como foi o processo de diagnóstico e o tratamento via rede do Sistema Único de Saúde, "local de referência e excelência para doenças endêmicas".

Entenda como a atriz contraiu a doença

Leia abaixo o relato completo da atriz.

"Foram 10 dias de muito sufoco. Entre picos de febre alta, calafrios e total incerteza. Havia a sombra da possibilidade de estar com covid-19. Somente no domingo recebi o resultado negativo do meu PCR (exame que detecta a atividade do novo coronavírus). Mas no lugar de me aliviar, permanecia a agonia pois eu não fazia ideia do que eu poderia ter. Estava à deriva.

Pois bem, uma amiga minha suspeitou que esses picos de febre associados ao fato de estar em isolamento social numa zona de Mata Atlântica no litoral de SP, podia ser malária. Fui indicada a conversar com dois infectologistas. Os dois extremamente generosos em falar comigo num domingo já de noite. Dr Luiz Fernando Aranha e o Dr André Machado. Agradeço ao último pelas orientações que me levaram ao Hospital das Clínicas da USP.

Uma vez que a supeita era malária, doença muito rara, não há melhor lugar para você ser tratado do que a rede SUS, local de referência e excelência para doenças endêmicas. No HC, fui prontamente atendida por uma mulherada. Sim, uma equipe 100% de mulheres fantásticas do laboratório da Sucen. Faço questão de dar seus nomes: Drª Ana Marli Sartori, Drª Silvia Maria di Santi, Drª Dida costa, Drª Simone Gregorio, Drª Renata oliveira e tão importantes quanto, as agentes de saúde Cida Kikuchi e Gildete Santos. Todas foram extremamente profissionais, eficientes e gentis.

Bom, os resultados dos exames sairam dando positivo para malária. Eu e minha filha. Uma doença que ainda existe, é curável, mas precisa de cuidados. O tratamento é gratuito.


Faço cá meus votos de gratidão a todas e todos agentes de saúde, que além de estarem na trincheira nessa luta contra a Covid-19, estão aí atendendo inúmeras outras demandas com seu profissionalismo em meio a condições e incertezas muito grandes. É de suma importância valorizar a existência desse sistema de saúde que cuida de tanta gente, principalmente dos que não tem condições de pagar um plano de saúde. Estamos num país onde uma doença matou mais de 100 mil pessoas em poucos meses. Esse número poderia ser o triplo ou mais se não fosse o SUS. A catástrofe seria ainda maior.


Muito obrigada e parabéns a todas e todos os profissionais de saúde desse país!!!"


O Globo segunda, 10 de agosto de 2020

MARISA ORTH FALA DA VOLTA À TV E DO AUTOCONHECIMENTO AOS 56 DE IDADE

 

Marisa Orth fala da volta à TV e do autoconhecimento aos 56: 'O nosso órgão mais sexual é o cérebro'

Atriz está na nova temporada do 'Zorra'
Marisa Orth Foto: Jonathan Wolpert
Marisa Orth Foto: Jonathan Wolpert
 
 

A cabeça de Marisa Orth parece um caldeirão fervilhante, de onde transbordam ideias e reflexões sobre os mais variados aspectos da vida a todo instante. Não é de se estranhar, portanto, que, aos 56 anos, a atriz considere o cérebro o “nosso órgão mais sexual”. Em meio a uma quarentena cumprida em sua casa, em São Paulo, ela vive uma imersão criativa, enquanto prepara a sua volta para um humorístico na TV aberta. Ela está no elenco da nova temporada do “Zorra”, que estreia no próximo sábado, com boa parte das esquetes gravadas pelos atores em seus próprios lares. “Até meu cachorro botei na roda”, conta.

 Na conversa a seguir, ela fala sobre os bastidores desse trabalho e passeia por temas como religião, arte, sexualidade e comportamento. “Sou formada em Psicologia e, pelo amor de Deus, o mundo age como se não existisse Freud, como se não houvesse inconsciente. Coisa chata! Acho isso o auge da caretice”, diz. Confira, a seguir, os melhores trechos da entrevista concedida por telefone.

O GLOBO: Como recebeu o convite para o “Zorra”?

Fiquei bem feliz. Nem tinha percebido que estava com saudade de fazer comédia. O “Zorra” me lembra o “TV Pirata”, que fiz o finalzinho. Tem essa coisa de interpretar cinco, seis personagens totalmente diferentes no mesmo dia. Acho leve, porque o principal é a situação, a piada. Num mesmo programa se faz uma mãe futurista e uma professora descontrolada.

E como a pandemia afetou o projeto?

Gravamos umas três semanas, e aí, casa. Ficamos esperando, até que decidimos fazer remotamente. Até meu cachorro eu botei na roda. A vizinha aqui do lado também queria aparecer. “Deixa eu pegar um papel de vizinha fofoqueira”, disse. Imagina que louco o redator receber essas informações e bolar uma comédia em cima? A Maria, minha querida e deliciosa cozinheira, que está quarentenando comigo porque dorme aqui em casa, virou produtora de objetos. Meu filho (João Antonio, de 21 anos, do relacionamento com o produtor Evandro Pereira), está cursando o último ano da faculdade de Cinema e acaba fazendo “estágio”. Ele ilumina, sonoriza, enquadra. Já fez até ponta como ator. O maridão (o percussionista Dalua) dá uma força também. Ele pegou mais na parte pesada, que é carregar as coisas de um cenário para o outro. 

Você sempre está envolvida com um projeto no Teatro. Como ficou essa agenda?

(Suspira) Nem fala, cara. A sorte é que fiz muito teatro no ano passado. Este ano, eu queria fazer uma peça de texto, como não fazia há tempos. Comecei a fazer umas coisas, um Tennessee Williams (dramaturgo americano morto em 1983), que também nunca fiz, grandes projetos, com um tesão, e aí aconteceu isso. Quero crer que a gente vai para a rua. O teatro não morre. Basta um caixote, e a gente sobe em cima. A cidade acalmou. Criaram-se espaços, tem menos carros. Acho que estamos nos apoderando mais do ambiente urbano, e isso é um puta caminho civilizatório.

Mas você está conseguindo tocar algum projeto?

A gente não perde a esperança, amigo. Estamos vendo se conseguimos dinheiro para essa peça do Tennessee Williams. Tem o meu show “Romance”, mistura de teatro e música, que quero fazer em drive-in. Já tem um começo de conversa sobre isso. Estou muito a fim de entrar nessa. Acho que comédia é fundamental hoje em dia, bicho. Faz rir e critica, ?

Está mais difícil fazer humor?

 

Talvez exija mais coragem. O humor é provocativo para caramba. Mas a minha geração sofreu mais preconceito. Muitas vezes, fui vista por pares como: “Ah, ela pegou o caminho mais fácil, faz qualquer coisa para ganhar dinheiro”. Era menos valorizado, especialmente para a mulher. Ela tem que ser dama do teatro, ? Muito provavelmente não criticaram Paulo Gracindo, com seu “Primo rico, primo pobre”, Procópio Ferreira, Grande Otelo, Brandão Filho... Não estou me igualando a esses monstros geniais, mas a cobrança para a mulher é maior.

Como foi reencontrar a Magda em meio a uma onda feminista para o “sai de baixo — O filme” (2019)?

A Magda é uma puta crítica à mulher submissa. Quantas delas existem? E outra coisa engraçada: eu sou a criticada. As pessoas perguntam: “Você tem coragem de fazer a Magda?”. Ninguém critica o Caco. É como se eu produzisse o “cala boca”. Olha que loucura! Essa frase nunca foi do script, foi um bordão que ele (Miguel Falabella) inventou porque é típico de um homem como o personagem tratar a mulher assim. Quantos bandidos de terno você conhece no Brasil, com a mulher do lado que fala: “Jura que ele roubava?”. Acho que Caco e Magda ainda são superpertinentes no nosso país, infelizmente.

 

Nas suas últimas postagens no Instagram, havia guru e padre. Como você se relaciona com a fé?

Fui criada por duas pessoas extremamente cultas, que me deixaram livre para escolher a minha religião. Gosto do budismo, porque é filosófico e trabalha menos com o medo, com essa ideia de que o diabo pode te pegar, tão propagada por algumas religiões. E postei o padre Lancellotti porque adoro ver, finalmente, um integrante da Igreja Católica falando que recebe homossexuais e transexuais, que Deus pensa assim. Acredito nisso. Sou extremamente partidária da criação de um grande fórum espiritual, com representantes de todas as religiões reunidos pela paz. Porque não está dando mais para fazer guerra em nome de Deus. Fico muito triste quando vejo uma religião, qualquer que seja, aliada à violência. Isso para mim é totalmente excludente e triste.

Você mudou muito nos últimos anos?

Morrer e ficar velha não dá para escapar. Estou menos competitiva. Acho isso uma coisa bem profunda. Sempre fui bastante competitiva. Não extremamente agressiva, mas sofria se não tivesse alcançado alguns objetivos. Não percebia que tinha ganhado de um outro lado. Isso é saber viver. Uma coisa é querer. Outra coisa é ter noção do que é bom para você. Acho que estou começando a me conhecer melhor.

 

Sua “Playboy”, publicada em 1997, fez muito sucesso...

Fui para Portugal uma época e disse que fiz a “Playboy” porque tinha vontade. Aí as pessoas ficaram chocadas, perguntaram se eu precisava tanto assim de dinheiro. Mas eu nunca fui uma mendiga belíssima, uma mulher que estivesse na sarjeta e só tivesse a beleza para vender. Nunca fui nem mendiga nem belíssima. Não sou aquela: “Uau, como ela é linda. Vamos ver se é boa atriz”. Sei que não sou isso. Achava a “Playboy” chique. Só tinha estrelas na capa. Foi uma superoportunidade artística.

Sente uma cobrança externa para ser um “mulherão”?

Estou no lucro total. Consegui ficar linda. Foi um bônus. Deu para ser gata e gostosa, e agora acho que estou bonitona. Estou envelhecendo bem para caramba. Estou gostando bem mais de mim hoje em dia. E a “Playboy” ajudou nisso também.

Lidar com a sexualidade e a libido aos 56 anos tem sido revelador?

Vou falar sinceramente para você: mudou muito pouco essa parte na minha vida (risos). Continuo achando que o nosso órgão mais sexual é o cérebro, que as minhas curvas melhores são as circunvoluções do meu córtex. Mas confesso que essa pergunta é um pouco íntima demais para a gente botar num jornal.

 

Nos anos 1980 você já era bem inserida na cena artística, tinha as suas bandas musicais. Viveu, de alguma maneira, a “porra-louquice” dessa época?

Não acho que fomos tão porra-louca. Sempre paguei pau para a geração que veio antes. Ninguém foi tão maluco quanto nos anos 1970, quando era politicamente aceitável você se drogar. Os anos 1980 já acho meio yuppie, meio o sonho acabou. Já sou pós-sonho. Porém, estava com 20 anos quando acabou a ditadura no Brasil, marcando uma explosão muito legal, multimídia. Havia a teatralização da música e a musicalização do teatro, por exemplo. Tinha também uma mistura da comédia e da tragédia. Um movimento em todo o país, como o Asdrúbal Trouxe o Trombone, no Rio, a Cia. Baiana de Patifaria. Misturou tudo. Podia tudo. E isso é muito legal. Agora, estou vendo separar, bitolar tudo de novo. Os nichos estão se formando, porque quem vende estuda o público-alvo e faz aquele produto específico.

Tem achado o mundo mais careta? Que comportamentos fazem você pensar isso?

Careta é a palavra. Gosto do sertanejo feminino mas, quando ouço o masculino, falo: “Não acredito que ainda estão falando isso?”. Uma macheza e um jeito de namorar meio bobos. Adoro funk desde sempre, acho o ritmo fantástico, mas tem umas letras que, às vezes, acho careta. Também acho o feminicídio careta para caralho, esse medo que homem tem de mulher. Homofobia é de quinta. A gente ainda bater numa pessoa porque ela é gay, lésbica ou trans? E não desconfiar que talvez você tenha um pouco de tesão? Eu sou formada em Psicologia e, pelo amor de Deus, o mundo age como se não existisse Freud, como se não houvesse inconsciente. Coisa chata. Acho isso o auge da caretice.

 

Diante de todas essas reflexões, você é pessimista ou otimista em relação ao futuro?

Não tenho a menor dúvida de que o bem e a paz são mais fortes do que a guerra, de que o amor é mais forte do que o ódio. Nem que isso demore. O amor sabe esperar, a paz espera. Sabe aquele perdão da natureza? Você destrói um terreno por cem anos e, no momento em que você para de destruir, ela volta a ocupar aquilo. É tão bonito isso. Essa eterna simpatia da natureza de voltar. Quer metáfora maior para o perdão do que isso?


O Globo domingo, 09 de agosto de 2020

3 RECEITAS DE DRINKS COM CAFÉ

 

 
O Red Coffee conta com gin e syrup de framboesa misturados com o Café Orgânico Orfeu (Foto: Reprodução)

O Red Coffee conta com gin e syrup de framboesa misturados com o Café Orgânico Orfeu (Foto: Reprodução)

 

Muita gente tem aproveitado o isolamento social para descobrir novas habilidades e talentos. Uma ótima oportunidade de fazer algo novo e deixar a quarentena mais divertida é aprender a preparar drinks.

No Youtube de Orfeu há receitas deliciosas que misturam algum tipo de bebida alcoólica a um blend de café. Nesta matéria, trouxemos as receitas acompanhadas de vídeos de dar água na boca!

Brazilian Coffee

 Ingredientes:

· 300 ml de mel
· 300 ml de água
· 30 ml de cachaça envelhecida em barril
· 100 ml de óleo de coco
· 13 g de Orfeu Clássico para prensa francesa
· 120 ml de água quente
· 30 ml de cachaça de coco
· Creme de leite

Modo de fazer

O primeiro passo é preparar um Syrup de mel, com mel e água.  Misture até homogeneizar e adicione a cachaça envelhecida em barril e o óleo de coco. A partir daí, é só mexer bem, até a composição adquirir a mesma textura, e levar ao congelador. A gordura do coco ficará sólida na parte de cima do líquido, após gelar. Então, retire esta gordura e reserve o líquido.

 Para o café, use Orfeu Clássico para prensa francesa (moagem grossa) e acrescente a água quente. Deixe o café na infusão por 4 minutos. Na última etapa, misture o café, a cachaça de coco, o syrup de mel e cubra o copo com creme de leite. Uma delícia!

Orfeu Tonic

Ingredientes:

· 50 ml de Cynar
· 1 cápsula de Orfeu Intenso
· Gelo
· 1 fatia de laranja

Modo de preparo

Basta acrescentar gelo, o Cynar e uma xicara de uma cápsula de Orfeu Intenso, finalizar com uma fatia de laranja e voilà! Fácil de preparar e delicioso.

Red Coffee

· 200 ml de água
· Açúcar a gosto
· 10 g de hibisco desidratado
· 100 g de framboesa
· Uma cápsula de Café Orgânico Orfeu
· 50 ml de gin
· 20 ml de suco de limão siciliano
· Hortelã

Modo de fazer

O Gin é a base do Red Coffee. Para o preparo, o primeiro passo é confeccionar um syrup de framboesa, com água, açúcar, hibisco desidratado e framboesa. Cozinhe em fogo médio até ganhar um tom bem vermelho. Bata no liquidificador e coe.

 Em outra etapa, prepare uma cápsula de Café Orgânico Orfeu, gin, suco de limão siciliano e 30 ml do syrup de framboesa. Polvilhe com pó de hibisco e finalize com hortelã. Uma bebida linda e um sabor ainda mais surpreendente.
Café e cachacinha são duas paixões brasileiras, por isso o drink que usa estes dois ingredientes tinha mesmo que se chamar Brazilian Coffee. Com o sabor tradicional de Orfeu Clássico, aroma de coco e textura de mel, trata-se de uma festa para o paladar. Anote:A Gin Tônica foi a bebida do último verão, antes da pandemia, antes do isolamento, antes de tudo. Agora que os mais precavidos preparam seus drinks dentro de casa, que tal trocar a Gin Tônica por um Orfeu Tonic? É muito fácil de fazer!Ingredientes:

 


O Globo sábado, 08 de agosto de 2020

OS NOVOS BAIANOS VOLTAM EM LIVE PARA CANTAR MORAES

 

Os Novos Baianos voltam em live para cantar Moraes

Baby do Brasil, Pepeu Gomes e Paulinho Boca de Cantor prestam homenagem ao seu vocalista e compositor, falecido em abril
 
SC Rio de Janeiro/Brasil 20/07/2010 Moraes Moreira, cantor e compositor - Foto Leonardo Aversa / Agencia O Globo Foto: Leonardo Aversa : Leo Aversa /  
SC Rio de Janeiro/Brasil 20/07/2010 Moraes Moreira, cantor e compositor - Foto Leonardo Aversa / Agencia O Globo
Foto: Leonardo Aversa : Leo Aversa /  
 
 

Há seis meses, os Novos Baianos fizeram, em Recife, o último show de uma bem-sucedida reunião, iniciada em 2016, que deu em uma turnê nacional e em um disco ao vivo. Os planos eram começar a gravação de um disco de inéditas, para celebrar os 50 anos de banda, mas aí em março veio a pandemia do novo coronavírus e, em abril, a morte, por ataque cardíaco, de Moraes Moreira, cantor e compositor de algumas das principais músicas do grupo. É para homenagear Moraes que Baby do Brasil, Pepeu Gomes e Paulinho Boca de Cantor se reúnem hoje, no Rio, na Vila Riso, para a primeira live dos Novos Baianos, dentro do projeto Devassa Tropical ao Vivo, transmitido a partir das 17h30 no canal do YouTube da cervejaria.

 
Com o poeta, letrista e novo baiano Luiz Galvão entre a exígua plateia da equipe de transmissão (ele não sobe ao palco desta vez), o grupo faz o seu primeiro show sem o amigo, em um cenário de vegetação exuberante que remete ao sítio em Jacarepaguá onde viviam em comunidade no começo da carreira, nos anos 1970.

— Mesmo sem público a gente vai conseguir passar toda a nossa energia para o pessoal que está vendo a gente de longe, porque é só um olhar para o outro para saber o que vai fazer — conta Paulinho, em entrevista por Zoom com os outros Novos Baianos. — O Moraes está conosco até hoje. Os Novos Baianos cantam a nossa vida, e nesse recomeço sem (a presença física de) Moraes a gente vai cantar isso aí, porque Novos Baianos é uma história para sempre.

Os Novos Baianos na época da reunião Foto: Divulgação
Os Novos Baianos na época da reunião Foto: Divulgação

Pepeu Gomes diz que a perda súbita de Moraes Moreira o desestruturou:

— Eu sou canhoto, e Moraes era o meu lado direito. A gente fazia os arranjos, concebia as harmonias. Foi um baque muito grande, não só perder o amigo e o irmão, mas também esse equilíbrio musical.

As canções dos Novos Baianos cantadas por Moraes Moreira serão distribuídas entre Baby, Pepeu e Paulinho. Já o seu violão característico será encarnado por Pedro Baby, filho de Baby e Pepeu, e um dos grandes discípulos do artista. Os eméritos novos baianos Jorginho (bateria) e Didi (baixo), ambos irmãos de Pepeu, mais o percussionista Guerrinha completam a formação instrumental da live.

 

— Com a ajuda de todos da banda, acho que vamos conseguir reproduzir a sonoridade que a gente tinha com o Moraes — aposta Paulinho Boca de Cantor.

Baby minimiza o desentendimento que o cantor teve com ela, poucos dias antes de morrer, por causa do musical sobre o grupo:

— Imagina se a gente tivesse brigado mesmo, que sentimento ruim eu teria.

E a cantora festeja:

— Moraes está vivo em cada acorde dos Novos Baianos!


O Globo sexta, 07 de agosto de 2020

CAETANO VELOSO: COMO SERÁ A PRIMEIRA LIVE DO CANTOR, NESTA SEXTA-FEIRA, QUANDO FAZ 78 ANOS

 

Como será a primeira live de Caetano Veloso, nesta sexta, quando ele faz 78 anos

Após resistência que virou ‘lenda’ nas redes sociais, compositor se apresenta hoje com os filhos na Globoplay às 21h30
 
O cantor Caetano Veloso Foto: Aline Fonseca / Divulgação
O cantor Caetano Veloso Foto: Aline Fonseca / Divulgação
 
 

Enquanto a MPB inteira se rendia às lives desde o começo da quarentena, Caetano Veloso não se mostrava nem um pouco interessado em fazer uma. Daí que uma das grandes diversões dos últimos tempos passou a ser acompanhar os insistentes vídeos de Paula Lavigne, nas redes sociais dela e dele, enquadrando o cantor — às vezes de pijama, às vezes comendo paçoca... — , perguntando quando aconteceria sua live. Ele desconversava, com bom humor. Os fãs reforçaram o apelo, enviando pedidos de músicas e até paródias (como a do humorista Marcelo Adnet, que viralizou). Finalmente, há uma semana veio a notícia de que Caetano tinha cedido: a apresentação, apelidada de Live, a Lenda, acontece hoje (dia do seu aniversário de 78 anos), às 21h30, exclusivamente no Globoplay (não é necessário ser assinante para assistir).

 
Caetano toca e canta ao lado dos filhos, Moreno, Zeca e Tom (com os quais veio dividindo o show “Ofertório” nos últimos anos), na sala de sua casa, em Ipanema.

— No começo, eu nem via possibilidade de fazer live. Não achava que o que me era proposto fosse do meu feitio. Mas eu queria fazer. Acho graça de o assunto ter ficado tão falado. O fundamental, que é cantar, estar na companhia dos meus filhos e escolher canções, me dá prazer — disse o cantor, em entrevista distribuída à imprensa. — Falei logo com eles que queria que eles participassem. Não tem quase nada do “Ofertório”. Eles vão tocar comigo muitas das músicas escolhidas para a live e eu vou cantar ao menos uma com cada um deles.

Caetano toca violão de pijama, em casa Foto: ReproduçãoCaetano toca violão de pijama, em casa Foto: Reprodução

Misto de todas as coisas

O repertório de Live, a Lenda, é claro, foi objeto de especulações nas redes sociais ao longo da semana, com os fãs ansiosos para saber se seus pedidos emplacaram. Nesta semana, Paula ironizou a própria obsessão com a live, transformando a espontaneidade numa bela estratégia de marketing (é “aquele assunto que eu evito”, brincou ela num dos vídeos). Depois, publicou no Instagram um spoiler do quarteto ensaiando “Cajuína”. Dias antes, Caetano disse que não iria deixar “Tigresa” de fora. E foi anunciado que duas músicas novas farão parte da apresentação: “Talvez” (composição de Tom Veloso com Cezar Mendes, que foi gravada por Caetano e o filho e lançada hoje nas plataformas de streaming, como single) e “Pardo”, canção de Caetano registrada pela cantora Céu em seu último álbum, “APKÁ!” (2019), que enfim ganhará interpretação do autor.

 

— Recebo muitos recados e e-mails pedindo canções e até orientando se vou para o lado do material ultraconhecido ou se canto coisas que quase nunca cantei. Meu critério deveria ser exclusivamente este: o que eu posso fazer melhor? — explicou Caetano. — Mas tanto os sucessos consagrados quanto as coisas que tratam de temas mais adequados à situação de quarentena abalam esse critério. Assim, o público pode esperar um misto dessas coisas todas.

O que havia de cômico (intencionalmente ou não) nos vídeos de Paula Lavigne puxando assunto sobre a live com Caetano foi amplificado por Marcelo Adnet em suas paródias, exibidas no seu programa no Globoplay, “Sinta-se em casa”, gravado durante a quarentena. Apreciadores das imitações, Caetano e Paula acabaram dando a Adnet a primazia de anunciar que Live, a Lenda, aconteceria no aniversário de 78 anos do cantor. Anúncio feito cabalisticamente, aliás, na edição de número 78 do programa, com direito a uma música composta pelo humorista e interpretada por ele como se fosse Caetano.

Paródia carinhosa

No fim das contas, o número musical de Adnet viralizou e acabou se tornando a grande peça de divulgação da live.

 

— Isso foi algo que começou totalmente despretensioso — revelou Marcelo Adnet, semana passada, ao GLOBO. — Garimpo notícias de política entre as mídias tradicionais e fatos sobre comportamento em redes sociais. Foi quando atentei para essa resistência do Caetano com as lives, e a Paula super querendo a live... Esses vídeos começaram a bombar dentro de uma bolha ou de um nicho, e aí eu decidi fazer paródias da Paula e do Caetano em casa. Foi algo que nasceu através de um carinho recíproco entre mim e os dois.

Caetano disse ter se divertido com o aspecto de comédia que a live adquiriu:

— Sempre adorei o que me faz rir. Entre os meus filmes favoritos de todos os tempos estão comédias de Billy Wilder. Quando menino, amava o “Balança mas não cai” da Rádio Nacional e os programas divinos da Mayrink Veiga (alguns escritos por Chico Anysio). Gosto do filósofo que põe a comédia acima da tragédia. Os tempos que vivemos não seriam apenas menos suportáveis sem Marcelo Adnet ou Gregorio Duvivier: sem pessoas como eles, seriam obscuros, ininteligíveis, sem luz.

Em tempos de perdas para a cultura brasileira (de Moraes Moreira e Aldir Blanc a Rubem Fonseca e Sérgio Ricardo), quando tem acompanhado o noticiário com afinco, Caetano projeta uma esperança.

 

— Que (as pessoas) saibam se definir internamente em meio à batalha entre a maluquice das teorias conspiratórias e a natural confusão da ciência. Ter clareza quanto a um mínimo de decisões é necessário em momentos de emergência.


O Globo quinta, 06 de agosto de 2020

GÉSIO AMADEU SE ENCANTOU: AOS 73 ANOS, ATOR DE RENASCER E CHIQUITITAS MORRE VÍTIMA DA COVID-19

 

Morre ator Gésio Amadeu, de 'Renascer' e 'Chiquititas', aos 73 anos, vítima da Covid-19

Ator estava internado desde 23 de junho em São Paulo no hospital Sancta Maggiore
 
Ator foi vítima da Covid-19 Foto: Divulgação
Ator foi vítima da Covid-19 Foto: Divulgação
 
 

O ator Gésio Amadeu morreu na tarde de hoje, aos 73 anos, por complicações da Covid-19. Ele estava internado no hospital Sancta Maggiore, em São Paulo, desde junho. Quem confirmou a morte do artista foi seu filho, Mario Amadeu, que acompanhava bem de perto a situação de seu pai. "Meu pai acabou de falecer. Falência múltipla de órgãos. Por ora, somente essa informação. Assim que possível, postaremos mais. Obrigado", escreveu ele em sua rede social.

Amadeu atuou em várias novelas da Globo, como na primeira e segunda versão de "Sinhá Moça" (1986 e 2006), "Renascer" (1993) e "A Viagem" (1994). Também atuou na série infantil "Sítio do Pica Pau Amarelo" e ficou muito conhecido por interpretar o cozinheiro Chico de "Chiquititas" (1997-2001), no SBT.

O SBT publicou uma nota de pesar no qual "lamenta profundamente o falecimento". "Gésio faz parte dos grandes atores revelados pelo teatro, emprestando posteriomente seu talento à teledramaturgia nacional, tendo interpretado personagens que permeiam a memória afetiva do público, em diversas emissoras de TV", diz o texto.

Em junho, o filho Mario Amadeu publicou um relato no Facebook no qual afirma que a suspeita é que o pai tenha contraído a Covid-19 após ser internado em outro hospital com a pressão alta.

"Meu pai, o ator Gesio Amadeu, no dia 24 de maio, foi a um primeiro hospital para realizar exames pois estava com a pressão alta fazia dias. Como a pressão não abaixava, por determinação médica, ele foi internado. Ele ficou 8 dias na UTI e provavelmente lá ele contraiu Covid. Foi na UTI deste primeiro hospital que meu pai teve febre a primeira vez. Ele teve alta e foi para um quarto, aí eu comecei a acompanhar o meu velho. [...] Dia 8 de junho ele saiu deste primeiro hospital e foi para o Sancta Maggiore. A essa altura o pulmão do meu pai já estava bem mais comprometido."


O Globo quarta, 05 de agosto de 2020

ANDREA BELTRÃO FALA SOBRE MATURIDADE E ESTETICA

 

Andrea Beltrão fala sobre maturidade e estética: 'Já fiz uma pequena plástica, adorei o resultado, mas não faço nunca mais'

No ar em 'Tapas e beijos' e 'Hebe', atriz, de 56 anos, diz que não tem angústias com a passagem do tempo: 'Eu lido bem'
 
 
Andrea Beltrão Foto: Leandro Tumenas
Andrea Beltrão Foto: Leandro Tumenas
 
 

Toda terça, com a reprise de "Tapas e beijos", os telespectadores têm a oportunidade de ver Andrea Beltrão aos 47 anos, quando viveu a personagem Sueli. Corta para as quintas, e lá está a mesma atriz, com 56 anos, interpretando "Hebe", na minissérie que conta a vida da apresentadora homônima. A passagem do tempo, em poucos dias, está diante dos olhos de quem assiste à TV, mas o assunto não é uma questão para a carioca, que faz sucesso desde 1985, quando estrelou "Armação ilimitada", aos 22 anos.

 "Eu lido bem com a passagem do tempo. Não tenho angústia com isso", reflete Andrea. "Quando vejo minhas fotos mais jovem, acho legal, bonitinho, mas percebo que a pele já mudou, percebo os vincos do rosto. São meus. É tudo que eu vivi, minha história."

Anos atrás, ela admite, submeteu-se a uma cirurgia plástica e fala do assunto sem rodeios. Mas não pretende repetir a intervenção.

"Já fiz uma pequena plástica, adorei o resultado, mas não faço nunca mais. Agora deixa a vida me levar. Fiz quando achei que ia ser legal, e foi. Não tenho mais essa vaidade. Mas não tenho nada contra."

Andrea Beltrão Foto: Leandro Tumenas
Andrea Beltrão Foto: Leandro Tumenas

Assídua praticante de esportes, Andrea nada, corre e faz ginástica diariamente. E não por estética, diz. Além de ser um costume da adolescência ("Meu sonho era ser nadadora. Depois fui jogar vôlei e fiz atletismo na escola pública", relembra"), a movimentação costuma ajudá-la em cena.

FOTOGALERIAAndrea Beltrão posa no Teatro Poeira

"Quando vou ensaiar alguma coisa, fazer algum trabalho no teatro, no cinema ou na TV, gosto de me sentir firme, de poder executar o que for pedido", diz a torcedora do Flamengo, que não perde um jogo de futebol, seja de qual time for. "Sou completamente apaixonada, capaz de assistir a qualquer partida com muito prazer. Fiquei bem triste com a morte do Rodrigo Rodrigues (apresentador do SporTV, vítima de complicações de Covid-19), adoro ver mesa-redonda e acompanhava os programas com ele."

Casada há 26 anos com o diretor Maurício Farias, pai de seus três filhos, diz que o segredo da longevidade de um relacionamento é o quanto se coloca na construção diária dele.

"Quase todos os dias, olho para a gente e penso: 'Que coisa ainda estarmos aqui, a vida ainda estar boa'. Casamento é tudo construção, todo dia. Isso aprendi muito com a Marieta (Severo, amiga, sócia e comadre). Cada dia é um dia novo", diz ela.


O Globo terça, 04 de agosto de 2020

HOLOCAUSTO: CINCO FILMES E SÉRIES SOBRE O TEMA DISPONÍVEIS NO STREAMING

 

Holocausto: cinco filmes e série sobre o tema disponíveis no streaming

Destaque para o documentário ‘AnneFrank — Vidas paralelas’, baseado no diário da jovem, com narração da atriz britânica e vencedora do Oscar Helen Mirren
 
 
 

No dia 4 de agosto de 1944, a Gestapo capturou a garota judia Anne Frank e sua família em Amsterdam por causa de um informante. Anne morreu em um campo de concentração como outras milhões de vítimas do Holocausto, que inspirou filmes e séries disponíveis no streaming. Veja cinco opções:

‘AnneFrank — Vidas paralelas’

Baseado no diário da jovem, o documentário de Sabina Fedeli e Anna Migotto tem narração da atriz britânica e vencedora do Oscar Helen Mirren (“A rainha”). O filme estreou em julho e também traz a saga de cinco sobreviventes do Holocausto. Netflix.

'Hunters'

'Hunters' Foto: Divulgação
'Hunters' Foto: Divulgação

 

A série produzida por Jordan Peele e com Al Pacino no elenco acompanha um grupo de caçadores de nazistas que descobriu existir vários deles nos EUA planejando dar início ao Quarto Reich e matar milhões no mundo. Amazon Prime.

'A menina que roubava livros'

'A menina que roubava livros' Foto: Divulgação
'A menina que roubava livros' Foto: Divulgação

 

Liesel Meminger (Sophie Nélisse) é uma jovem que vive roubando livros e compartilhando com seus amigos, entre eles um homem judeu, Max Vanderburg (Ben Schnetzer), que vive escondido em sua casa. Claro Vídeo, Google Play e iTunes.

‘Grandes momentos da Segunda Guerra em cores’

‘Grandes momentos da Segunda Guerra em cores’ Foto: Divulgação
‘Grandes momentos da Segunda Guerra em cores’ Foto: Divulgação

 

Desde o ataque a Pearl Harbor até o Dia D, a série documental de dez episódios (quase uma hora cada) mostra os acontecimentos mais marcantes da Segunda Guerra Mundial, tudo em cores. Netflix.

‘O menino do pijama listrado’

‘O menino do pijama listrado’ Foto: Divulgação
‘O menino do pijama listrado’ Foto: Divulgação

O filho (Asa Butterfield) de um oficial nazista que tem um cargo importante em um campo de concentração acaba fazendo amizade com Samuel (Jack Scanlon), com idade parecida, que vive do outro lado de uma cerca eletrificada. Microsoft Store.


O Globo segunda, 03 de agosto de 2020

CHAVES É RETIRADO DO AR EM TODOS OS CANAIS E PLATAFORMAS DA AMÉRICA LATINA

 

'Chaves' é retirado do ar em todos os canais e plataformas da América Latina

Filhos de Roberto Gómez Bolaños, criador e protagonista da série mexicana, não chegaram a acordo com a rede Televisa
Os seriados 'Chaves' e 'Chapolin' estreiam no Multishow Foto: Divulgação/Multishow
Os seriados 'Chaves' e 'Chapolin' estreiam no Multishow Foto: Divulgação/Multishow
 
 

RIO — A popular série de televisão "Chaves", protagonizada por Roberto Gómez Bolaños, e que continuava sendo transmitida principalmente na América Latina, foi tirada do ar de todos os canais em que era exibida, informaram os filhos do falecido ator neste domingo (2/8).

Criada por Gómez Bolaños em 1970 e com o último capítulo gravado em janeiro de 1980, "Chaves" foi retirada da televisão desde 1º de agosto porque, segundo a imprensa mexicana, a família do ator e o canal Televisa não chegaram a um acordo sobre os direitos da série.

"Embora estejamos tristes pela decisão, minha família e eu esperamos que 'Chaves' esteja em breve nas telas do mundo. Continuaremos insistindo e estou certo de que conseguiremos", escreveu em sua conta do Twitter Roberto Gómez Ferán, filho do ator.

Graciela Gómez, filha de Bolaños, aludiu de forma indireta a prováveis desavenças com a Televisa, a maior emissora de TV hispânica. "É uma pena que quem mais se beneficiou dos programas de 'Chaves' afirme hoje que não valem mais nada. Aos seus filhos nos deixou sua cultura, seu amor, seu exemplo, seu estilo. Essa riqueza não pode ser quantificada. Os interesses econômicos não estão na família", escreveu a jovem também no Twitter.

Florinda Meza, intérprete da personagem 'Dona Florinda" no programa e viúva do ator, falecido em 2014, aos 85 anos, lamentou a decisão, fazendo alusão aos momentos difíceis que o mundo vive com a pandemia da COVID-19. "O que eu acho que se deixe de transmitir 'Chaves'? Embora não tenha nada a ver porque inexplicavelmente não fui convocada para as negociações, acho que justo agora, quando o mundo mais precisa de diversão, fazer isto é uma agressão às pessoas", escreveu em sua conta na rede social.

A retirada de "Chaves" do ar entrou para os assuntos mais comentados no Twitter, com várias mensagens de lástima dos espectadores de países de língua espanhola, os quais ressaltaram os valores manifestados pelo programa, como a amizade, solidariedade e a honestidade. No entanto, também havia duras mensagens de crítica, principalmente de usuários mexicanos, que consideram que o programa "manipulava" as crianças e tinha nuances "classistas". Após a morte de Bolaños, a revista Forbes estimou que "Chaves" rendeu à Televisa cerca de US$ 1,7 bilhão até 2014.

 


O Globo domingo, 02 de agosto de 2020

GRAVIDEZ INDESEJADA E CASAMENTO INFANTIL

 

Gravidez indesejada e casamento infantil: o impacto terrível da pandemia nas vidas de meninas na América Latina

Fundo de Populaçãoda ONU estima que crise econômica resultante da pandemia de Covid-19 e precariedade dos serviços de saúde sexual e reprodutiva poderão deixar 18 milhões de mulheres e adolescentes sem acesso a métodos contraceptivos e levar a mais de 600 mil gestações
 
Casamento afasta meninas dos seus sonhos, escola, família e amigas Foto: Ilustração de Lari Arantes
Casamento afasta meninas dos seus sonhos, escola, família e amigas Foto: Ilustração de Lari Arantes
 
 

CIDADE DO MÉXICO E BOGOTÁ. Quando a barriga de sua filha começou a crescer, em maio, Paloma descobriu o inimaginável. A menina de 11 anos tinha sido abusada sexualmente pelo padrasto. Paloma, cujo nome foi modificado para esta reportagem, levou a filha a um hospital público no estado de Michoacan, no oeste do México, mas o aborto foi negado. Por lei, os hospitais públicos mexicanos têm de realizar abortos para sobreviventes de estupros - e também quando a saúde da mulher está em risco e, em alguns casos, quando o feto está deformado, mas, na prática, muitos hospitais se recusam a fazer o procedimento.

No ano passado, um total de 470 abortos legais foram realizados no sistema público de saúde mexicano, um país de 126 milhões de pessoas, de acordo com dados do Ministério da Saúde local. Por toda a América Latina, fazer um aborto costuma ser difícil, mas é ainda mais durante o período de isolamento social necessário para conter a pandemia de Covid-19, dizem especialistas. Juntos, a América Latina e o Caribe têm mais de 4,3 milhões de casos do novo coronavírus.

Especialistas alertam para um aumento no número de gravidezes de adolescentes já que o acesso ao aborto e aos métodos contraceptivos ficam mais restritos devido à concentração de recursos nos esforços para combater a Covid-19 - mesmo que a maioria dos país latino-americanos permita, por lei, a realização do procedimento em casos de estupro.

- Infelizmente, ainda há muita ignorância da população e dos serviços de saúde sobre a lei - diz Karla Berdichevsky, que dirige o Centro Nacional para Equidade de Gênero e Saúde Reprodutiva, veiculado ao Ministério da Saúde mexicano.

Para a menina de 11 anos grávida, a organização sem fins lucrativos Las Libres, que trabalha pelos direitos das mulheres, conseguiu que ela realizasse o procedimento em uma clínica particular na Cidade do México, em junho, quando a gravidez tinha 17 semanas.

 

- As meninas não têm nenhum poder - diz Veronica Cruz, fundadora da Las Libres. - São exatamente elas que precisam de mais acesso, mais orientação, mais de tudo do estado e, não, o que acontece é o oposto.

Brasileiras não se calam:mulheres relatam violências constantes sofridas em Portugal e outros países

Em toda a região, as adolescentes têm dificuldade de conseguir contraceptivos, que é distribuído gratuitamente pelo governo ou organizações não governamentais. Na Colômbia, por exemplo, menos de um terço das meninas entre 15 e 19 anos relatou usar contraceptivos em um país em que cerca de uma em cada cinco adolescentes é mãe ou está grávida.

- Temos muitas necessidades que não são atendidas em termos de planejamento familiar. Mas isso se agrava com a pandemia - diz Alma Virginia Camacho-Hubner, conselheira regional sobre saúde sexual e reprodutiva do Fundo de População da ONU (UNFPA).

O governo do México calcula que poderá haver cerca de 22 mil gravidezes indesejadas além do normal entre meninas de 15 e 19 anos apenas em 2020, por causa da acesso difícil aos métodos contraceptivos. Por toda a América Latina, 18 milhões de mulheres e adolescentes poderão deixar de usar contraceptivos durante a pandemia, o que poderá levar a mais de 600 mil gravidezes indesejadas, diz uma estimativa do UNFPA.

 

Abuso sexual dentro de casa

Antes do novo coronavírus, a América Latina e o Caribe registraram o segundo número mais alto de gravidez na adolescência, só perdendo para a África subsaariana, de acordo com o UNFPA. Entre 2010 e 2015, em toda a região, foram 66,5 nascimentos por 1.000 meninas. O número global é de 46 nascimentos por 1.000 meninas.

O número alto de gravidez entre adolescentes na América Latina se deve a falta de controle de natalidade, violência sexual e falta de educação sobre os direitos das meninas e das mulheres. Uma das causas das gravidezes entre adolescentes é o abuso sexual cometido dentro de casa, por parentes. O isolamento social e o consequente fechamento das  escolas significam que meninas estão trancadas em casa com seus abusadores.

- As casas não são lugares seguros agora, e meninas e mulheres estão trancadas com seus abusadores - afirma Daniel Molinda especialista em gênero e masculinidades na organização Plan International.

Depoimento: 'A pessoa é estuprada e ainda tem quem a julgue', diz mulher abusada pelo padrasto por mais de dez anos

Relatos de violência sexual durante o isolamento social aumentaram embora não existam dados que mostrem quantos resultaram em gravidez. Em muitos países, serviços telefônicos criados pelos governos foram inundados de chamadas relatando violência sexual. Apenas no Peru foram 17 mil chamadas sobre violência sexual contra crianças nos primeiros 107 dias de isolamento.

 

Na Colômbia, cerca de 22 casos de abuso sexual contra meninas foram denunciados por dia do início do isolamente , em 25 de março, até 23 de junho. Uma pesquisa online realizada pela Plan International,  conduzida em junho com 350 meninas de 12 países, incluindo cinco nações latino-americanas, mostrou que a maioria delas estava preocupada com violência de gênero durante a pandemia. Havia também medo de que a pobreza resultante da pandemia pudesse significar que meninas estão mais vulneráveis a um casamento não desejado ou a ter de viver com um homem porque suas famílias já não podem mais prover seu sustento.

Na região, um adicional de 50 milhões de pessoas entrará para a pobreza ou pobreza extrema por conta do impacto econômico da pandemia, segundo uma estimativa da ONU.

- As meninas estão vendo o casamento precoce como uma saída para a pobreza. Mas quando elas chegam lá, elas entendem que é um outro espaçode abuso - encerra Daniel Molina.


O Globo sábado, 01 de agosto de 2020

DIA NACIONAL DA LASANHA: RECEITAS FÁCEIS

 

Dia Nacional da Lasanha: receitas fáceis e versões do prato, de pinoli a copa-lombo

Se você é daqueles que não dispensa uma massa, confira dicas de chefs
 
 
Lasanha vegetarianacom pinoli, Zona Sul Foto: Divulgação
Lasanha vegetarianacom pinoli, Zona Sul Foto: Divulgação

Lasanha é coisa antiga, surgiu no Império Romano, mas o formato atual (em camadas intercaladas com recheios) foi criado na Inglaterra, durante o reinado de Ricardo II, no século 14, segundo nos conta o livro de receitas “The forme of cury”, editado naquela mesma época. Uma das massas mais consumidas no Brasil e um dos pratos mais admirados no mundo, a lasanha tem hoje (29 de julho) um dia para chamar de seu. E para não passar em branco, listamos cinco diferentes receitas elaboradas por chefs de cozinha. Confira.

 

Lasanha de pinoli

Piero Cagnin

Ingredientes

  • 1 litro de leite
  • 2 colheres de sopa de cebola picada
  • 60g de manteiga sem sal
  • 1 folhas de tomilho fresco a gosto
  • 4 colheres de sopa de farinha de trigo
  • 1 pitada de noz-moscada ralada
  • 50g de queijo parmesão ralado fino
  • 2 unidades de cenouras em cubos
  • 3 talos de aipo em cubos
  • 2 unidades de abobrinhas italianas em cubos
  • 4 dentes de alho em cubos
  • 2 unidades de alho-poró em cubos
  • 2 unidades de batatas-baroas em cubos
  • 1 flores de 1 brócolis americano médio
  • 1 flores de ½ couve-flor
  • 100ml de azeite de oliva extravirgem
  • 1 lata de tomates sem pele peneirados
  • 0,5 xícara de chá de folhas de manjericão
  • 1 unidade de cebola em cubos
  • 12 folhas de massa de lasanha
  • Azeite de oliva (pra untar a massa)
  • Sala  gosto
  • 500g de queijo mussarela ralado
  • 80g de passas brancas hidratadas (em água quente)
  • 40g de pinoli tostado (em frigideira seca)
  • 150g de queijo parmesão ralado fino

Preparo

Molho Branco: aqueça o leite em ponto de fervura e deixe reservado. Em uma panela funda, refogue a cebola com manteiga, acrescente as folhas de tomilho e,após alguns instantes, coloque a farinha de trigo, mexendo bem até que comece a corar. Então, acrescente aos poucos o leite e, com a ajuda de um batedor, misture continuamente para não formar grumos. Tempere com noz-moscada e, assim que o molho estiver espesso, retire do fogo, passe por uma peneira fina, acrescente o queijo ralado, misture bem e reserve.

Recheio: em uma frigideira funda refogue todos os vegetais no azeite de oliva, mexendo sempre. Tempere com sal e pimenta-do- reino e cozinhe até estarem macios, acrescentando, se for preciso, um pouco de água. Adicione os tomates e o manjericão, misture bem e reserve.

Massa: em uma panela com água fervente e sal, cozinhe as folhas de massa. Escorra e coloque um pouco de azeite de oliva, para que não grudem.

Montagem: em um tabuleiro grande, coloque uma fina camada de molho banco, distribua uma camada de massa e acrescente metades de: verduras cozidas, mussarela ralada, passas e pinoli. Espalhe ¼ do queijo parmesão ralado e repita a sequência de camadas (molho branco, massa,recheio). Volte a distribuir uma camada de molho branco e outra de massa, cubra com molho branco e salpique o queijo parmesão ralado restante.

 Finalização: leve ao forno pré-aquecido a 200 graus durante 30 minutos, ou até que a superfície da lasanha esteja corada. Retire do forno e aguarde cerca de 15 minutos para servir.

Lasanha de abobrinha

Leandro Barros (Caju)

Lasanha de abobrinha. Leandro Barros (Caju) Foto: Divulgação
Lasanha de abobrinha. Leandro Barros (Caju) Foto: Divulgação

 

Ingredientes

  • 2 abobrinhas grandes
  • 2 tomates grande
  • Manjericão de folha
  • 300g de queijo muçarela
  • 2 pacotes de molho de tomate

Preparo

Corte a abobrinha em rodelas ou compridas, à sua escolha. Corte os tomates em rodelas finas.

Em um refratário coloque o molho de tomate, em seguida uma camada de abobrinha, após uma camada de queijo.

Em cima do queijo acrescente as rodelas de tomate e uma camada de queijo novamente.

Faça essa sequência até finalizar a lasanha. Entre as camadas adicione o manjericão e sal a gosto. Leve ao forno a 180 graus por 25 minutos.

Lasanha de copa-lombo

Leonardo Brito (Cobre)

Lasanha de copa-lombo defumado (Pulled Pork) Foto: Divulgação/Gabriel da Muda
Lasanha de copa-lombo defumado (Pulled Pork) Foto: Divulgação/Gabriel da Muda

 

Ingredientes

  • 1kg de copa-lombo bovino (o deial é defumado)
  • Mix de páprica, pimenta (em pó, a que tiver)
  • Sal
  • Barbecue
  • Querijo ralado parmesão e mozzarella
  • Folhas de manjericão
  • ... a massa
  • 300g de farinha de trigo
  • 3 ovos
  • Pitada de sal

Preparo

Cozinhar o copa-lombo ( o recomendado é em 120 graus por 18 horas). Após o processo, desfie. Adicionar barbecue (a gosto).

Massa: abrir a massa bem fina e cortar em folhas de 15cm x 10cm.

Montagem: inicie untando a forma com molho de tomate. A segunda camada é de massa. A terceira camada de copa-lombo. A quarta camada de queijo. Repita a sequência três vezes. Leve ao forno para gratinar, 180 graus por 20 minutos. Finalize com folhas de manjericão.

Lasanha de mozzarella de búfala

Malu Mello

Ingredientes

  • 10 tomates italianos maduros
  • 360g de mozzarella de búfala
  • 150g de queijo parmesão ralado
  • ¼ molho de manjericão
  • 200ml de azeite
  • 5g de flor de sal
  • 2g de pimenta-do-reino
  • ... massa
  • 150g de farinha de trigo 00
  • 4emas de ovo
  • 1 ovo

Preparo

Massa: faça um montinho com a farinha. Coloque as gemas e os ovos no meio. Mexa com as pontas dos dedos o ovo e vá agregando a farinha. Faça a massa. Quando estiver homogênea, leve para a geladeira. Reserve.

 

Molho de tomate: retire a pele dos tomates. Corte-os em quatro. Retire as sementes. Reserve. Aqueça uma panela o azeite. Adicione os tomates. Refogue-os. empere com sal e pimenta-do-reino. Cozinhe por 20 minutos e fogo baixo. Reserve.

Montagem: corte a mozzarella em fatias de 0,5cm. Reserve. Desfolhe o manjericão. Reserve. Unte o fundo da travessa com azeite. Comece a montagem da lasanha com as berinjelas. Intercale camadas de berinjela, queijo parmesão, folhas de manjericão, mozzarella, pimenta-do-reino e flor de sal. Repita o processo mais uma vez. Finalize com queijo parmesão. Leve ao forno a 180 graus por 20 minutos.

Lasanha de legumes

(Mondo Gastronômico)

Lasanha de legumes, Mondo Gastronômico Foto: Divulgação
Lasanha de legumes, Mondo Gastronômico Foto: Divulgação

 

Ingredientes

  • ... massa verde
  • 150g de purê de espinafre
  • 3 ovos
  • 375g de farinha de trigo
  • ... molho bechamel
  • 625g de trigo
  • 150g de manteiga
  • Noz moscada
  • 1.125g de leite
  • 50g molho de tomate
  • 500g de cenoura
  • 400g de salsão
  • 400g de cebola
  • 200g alho-poró
  • ... o recheio
  • 600g de cenoura
  • 400g de shIitake
  • 600g de abobrinha
  • 300g grana padano

Preparo

Massa verde: olocar a farinha sobre uma superfície lisa e limpa. Abrir um buraco no meio da farinha e adicionar os ovos e o purê de espinafre.

Misturar bem a massa e então trabalhar ela até que esteja formada uma massa homogênea.

Reservar ela por 30 minutos envolta em filme plástico na geladeira.

Trabalhar novamente até ficar vem lisa e então abrí -la, ou num cilindro de massas ou com umrolo de massa, numa espessura de 1mm. Cortar quatro folhas de massa do tamanho da assadeira.

Cozinhar em água fervendo com sal, e então dar um choque térmico em água com gelo parainterromper a cocção. Reservar a massa para a montagem com um pouco de azeite na superfície, para que não grudem uma na outra.

 

Recheio: fatiar a cenoura e abobrinha no sentido do comprimento. Retirar os talos do shiitake. Ralar a mozzarella. Grelhar os legumes com azeite e reservar com um pouco de azeite, alho e algumas ervas para aromatiza-los

Bechamel: bater todos os legumes em um processador e levar ao fogo brando até que esteja uma pasta seca.

Em uma panela grande, derreter a manteiga e então adicionar a farinha. Mexer bem até que esteja uma pasta homogênea e desprende um aroma levemente amendoado.

Adicionar o leite gelado aos poucos sempre mexendo para não criar grumos.

Quando o bechamel estiver com um aspecto pesado, adicionar os legumes preparados para obechamel, o molho de tomate e então temperar com sal e noz moscada a gosto.

Montagem: passar uma camada fina do bechamel na assadeira para que a massa não grude.

Montar três camada uniformes com massa, bechamel, legumes e mussarela. Por fim, a última camada é de massa e sobre ela uma camada de bechamel e parmesão ralado finamente. Levar ao forno por 20 minutos a 170 graus.


O Globo sexta, 31 de julho de 2020

FAFÁ DE BELÉM FALA DA CARREIRA E DA VIDA

 

Fafá de Belém fala das dificuldades em conseguir patrocínio para lives e da vida amorosa aos 64: 'Nunca deixei de beijar muuuuuito'

Cantora tem 45 anos de carreira e deu um salto em suas redes sociais nos últimos meses: 'Ganhei fãs da faixa de 15 a 19 anos'
 
Fafá de Belém: 14 quilos a menos e fios brancos na quarentena Foto: Fernando Gomes
Fafá de Belém: 14 quilos a menos e fios brancos na quarentena Foto: Fernando Gomes
 

No dia 9 de agosto, Fafá de Belém completará 64 anos. A festa já está definida: vai cantar para o mundo todo em uma live baseada em Fátima, Portugal, lugar de peregrinação dos devotos da Nossa Senhora que foi a inspiração para o seu nome. O show fora de casa é exceção na quarentena. O seu apartamento em São Paulo — onde está com a filha, a influenciadora e cantora Mariana Belém, do casamento com Raul Mascarenhas, e as netas, Laura e Julia — é que virou o palco principal para espetáculos e conversas pelo Instagram.

É também por lá que, em outubro, Fafá fará uma versão virtual da sua Varanda de Nazaré, espaço em que normalmente recebe convidados durante o Círio, na sua cidade natal. Com tanta novidade, a conta na rede social (@fafadbelem) deu um salto de 200 mil seguidores para 640 mil nos últimos meses. “Ganhei fãs da faixa de 15 a 19 anos, o que é surpreendente. Com certeza, vieram pela avó, pela mãe, pela curiosidade. Meu público sempre foi muito misturado, uns gostam da música, outros da atitude”, reflete. No último quesito, segue incansável: o período de recolhimento a fez expor a invisibilidade que mesmo uma artista com 45 anos de carreira pode enfrentar quando busca patrocínio. A idade pode afugentar os marqueteiros, mas não a assusta. Deixou de pintar o cabelo no começo do ano e não pensa mais em esconder os fios brancos. A seguir, os melhores trechos da entrevista feita por telefone.

O GLOBO: Além dos shows ao vivo, você tem apresentado duas lives semanais de bate-papo. Como tomou tanto gosto pelo formato?

Fafá de Belém: Estou em casa desde o dia 20 de março. É mais tempo do que todo o período que passei neste apartamento no ano passado (gargalhadas). Em 2019, comecei a trabalhar em 4 de janeiro, e meu último compromisso foi em 29 de dezembro. Tenho rodinha nos pés… Mas agora estamos todos em casa, e eu não sou uma pessoa de ficar para baixo, então comecei a inventar. Veio a pressão das lives — a Mariana, minha filha, dizia “tem que fazer, tem que fazer” — e começou a se desenhar como festejar os meus 45 anos de carreira. Aí comecei a fazer uma live de conversa. Primeiro foi com Nany People, depois com Milton Cunha, padre Fábio de Melo, Mandetta, Vera Fischer… Abri um leque de curiosidades, com pessoas que admiro. Todo domingo tenho feito isso. Gostei da coisa e resolvi também falar de mulheres. Criei o Fafá com Elas. Toda quinta de manhã, quero entrevistar mulheres interessantes e ativas, que militam desde sempre.

E como será a live do seu aniversário?

Pois é, no meio disso tudo, veio o convite para uma live em Fátima, em Portugal [transmissão a partir das 17h30, pelo horário de Brasília, com ingressos a 5 euros em www.cliveon.pt]. Me deu uma mexida muito grande, porque todo mundo sabe que sou uma pessoa da fé. Não sou carola, mas acredito que sem a fé a gente não consegue ir a lugar algum. E sou Fátima por Fátima, porque meu pai fez uma promessa e disse que a primeira filha dele seria dela, Nossa Senhora de Fátima. Nunca imaginei, nem nos meus maiores sonhos, receber um convite para cantar no Santuário de Fátima. Eu só cantei lá há muito tempo numa missa, com a Joanna e o Sérgio Reis. Foi uma canção, e fiquei completamente fora do ar. Então, quando surgiu esse convite, pensei: “isso não veio à toa”. Não acredito em coincidência. É o universo conspirando. Mas já retorno de Portugal no dia 15 porque tenho mais trabalho aqui. Antes do primeiro show que fez em casa, em junho, com um repertório de novelas, foi difícil conseguir patrocínio.

Por que uma cantora com 45 anos de carreira enfrenta uma situação dessa?

 

Todo mundo adorava o projeto, mas ninguém fechava. Então, chamei minha filha e disse: “Não oferece para mais ninguém. A Kaiapó [sua empresa de produção de shows] banca. Eu não tenho 45 anos de história para ficar passando chapéu”. Não vou ficar mendigando patrocínio. Quase sempre, o pessoal de marketing das agências é muito jovem, com foco específico. E nós, artistas mais velhos, não fazemos parte desse universo. É como se não existíssemos. Você vê uma repetição nas lives, com uma fórmula XPTO, mas quem está cantando para a gente? Quem está falando da memória da música brasileira?

Então a primeira live foi no amor?

Quase. Assim que botamos a publicação no ar, avisando sobre a live, nos ligou o pessoal do Magazine Luiza. Um dos diretores da empresa perguntou: “Como que a gente não está na live da Fafá?”. Aí ficou muito claro que existe um embarreiramento — e, em um momento em que a gente fala de empoderamento feminino, que a mulher pode ter qualquer idade. Mas você vê que isso não está no departamento de marketing das empresas. É uma balela. É o marketing do departamento de marketing para se inserir no contexto. Na prática, não acontece. Depois do Magalu, veio a MDS, que é uma seguradora portuguesa. A partir daí, tudo começou a andar, e então eu fiz questão falar desse assunto. Principalmente porque nós temos público e estamos em casa trancados. Mas fazemos parte dos invisíveis.

Fafá de Belém com filha e netas Foto: Fernando Gomes
Fafá de Belém com filha e netas Foto: Fernando Gomes

Você também tem enaltecido a beleza da mulher mais velha. Vem daí a decisão de deixar os cabelos brancos?

Há uns três anos, eu já queria, e todo mundo falava: “não pode, vai te envelhecer”. Me envelhecer? “Mas tenho 60 anos”, eu dizia. E depois: “Mas tenho 61”. E sempre ouvindo “nãããao!”. “Mas eu tenho 62...”. “Nãããão” também (gargalhadas). Então, aproveitei que, no início do ano, sem saber de pandemia nem nada, passei um mês entre Lituânia e Letônia, sozinha, onde ninguém sabe quem sou eu, e deixei de fazer a raiz. Já cheguei aqui com ela bem vencida e tinha um filme [“Um pai no meio do caminho”, da Netflix] para fazer com a Maísa [Silva], essa menina maravilhosa. No filme, eu interpreto uma guru, com uma peruca, então decidi ir decupando, tirando a tinta. Fui fazendo as pontas, com as matizes do meu cabelo natural. Quando ele começou a abrir, foi lindo. Estou amando. O meu cabelo mudou! Cada vez mais estou voltando para a minha natureza primeira, que é índia, paraense, criada no Mercado Ver-o-Peso, que não toma nem aspirina. Qualquer infecção a gente trata com copaíba (planta medicinal) ou andiroba (árvore da onde é extraído um óleo). Estou me sentindo maravilhosa.

 

Pretende manter o visual quando tudo isso passar?

Vou manter o cabelo assim, porque, bicho, antes eu tinha que pintar de sete em sete dias. Eu tenho cabelo de índio, que não é grosso, mas é muito forte, e ele expulsa a tinta. Quanto mais velha eu fui ficando, mais rapidamente o cabelo passou a expulsar a tinta. Em três dias já aparecia em toda a moldura do rosto. E isso era uma loucura… Eu não gosto de cabeleireiro, não gosto dessas coisas. Outra mudança na quarentena foi que emagreci 14 quilos! Fui limpando a alimentação também, deixando de comer fora. Porque, se sair, a gente toma logo uma caipirinha. E tomar uma caipirinha e ficar doida em casa? Ah não! Pelo amor do Santo Cristo. Aqui tem uma tacinha de vinho às vezes, muita fruta… Estou buscando uma rotina bem saudável.

A beleza da mulher mais velha também é um tabu à vida amorosa. Isso te afeta?

Olha, minha vida foi sempre um pouco sem idade. Você imagina que eu gravei “Filho da Bahia” para a trilha sonora de “Gabriela” [novela de 1975], e isso explodiu para o Brasil todo, quando eu ia fazer 18 anos. Desde então, eu sempre acordo com várias idades, nunca me preocupei com isso. Nunca tive tempo de ter crise por estar ficando mais velha. Sempre estive trabalhando muito. Então na minha vida, bicho, nem quando eu era adolescente gostava de sair em grupo para o barzinho para dar mole. Mas eu sempre batalhei pelas minhas paixões. Aquele homem que entra no salão e alguma coisa diz “opa”. Os meus grandes relacionamentos foram assim. Mas eu nunca fui muito “apropriada”, porque eu sempre gargalhei alto, nunca tive a paciência de ser patricinha, nunca quis ser Miss Pará, nunca pensei em casar. No perfil da menina que borda, fala inglês, toca piano, que era o aceito e reivindicado pela sociedade, nunca me encaixei. Então eu não me relaciono com ambientes caretas, rigorosos, que prejulgam. Não tenho paciência nenhuma para gente falsa ou para pessoas que têm medo. Minha vida sempre foi muito solta. Namorados fixos, eu tive pouquíssimos. Mas nunca deixei de beijar muuuuuito. E a tia continua no jogo.

 

Levanta a bandeira da liberdade, é isso?

Sempre. Não dá para você se enquadrar porque “agora eu não posso mais isso, tenho mais de 40 anos”, isso é ridículo. Se respeitando, a gente pode tudo! Mas acho que a bandeira da liberdade aqui no Brasil é submetida a julgamento de pessoas que vão te permitir ou não entrar no rol dos livres e dos libertos. E eu não tenho paciência para isso. Você pode olhar: em vários movimentos nunca me chamam (gargalhadas). Quando eu cheguei, eu sofria muito. Hoje em dia, eu faço os meus próprios movimentos, e me dou com todo mundo, mas na minha casa poucas pessoas entram.

Você também criou um show em homenagem às mulheres em uma live.Quais estavam no repertório?

Maysa, Elizeth Cardoso Dolores Duran, que me inspiram desde criança. Imagina Elizeth Cardoso cantando “eu bebo sim”... E o que era Maysa cantando “todos acham que eu falo demais e que ando bebendo demais”? Todas eram consideradas mulheres da noite, no pior sentido. E essas mulheres foram quebrando barreiras. Também Angela Maria, Dalva de Oliveira, Bethânia, Gal, Rita Lee, Elba… Porque hoje em dia todo mundo toma leite e corre na praia, mas essa não era a realidade da minha geração. Tinha um componente de sofrimento, de expor a vida e de vivê-la intensamente.


O Globo quinta, 30 de julho de 2020

FUNQUEIRA MC ATREVIDA MORRE APÓS FAZER PROCEDIMENTO ESTÉTICO

 

Funkeira MC Atrevida morre após fazer procedimento estético em clínica na Vila Isabel, no Rio

Fernanda Rodrigues, de 44 anos, fez uma lipoescultura para retirar gordura das costas e injetar nos glúteos. Polícia investiga o caso
 
A funkeira Fernanda Rodrigues tinha 44 anos e morreu após passar por um procedimento estético Foto: Reprodução/Facebook
A funkeira Fernanda Rodrigues tinha 44 anos e morreu após passar por um procedimento estético Foto: Reprodução/Facebook
 
 

RIO - A funkeira Fernanda Rodrigues, de 44 anos, mais conhecida como MC Atrevida, morreu após fazer um procedimento estético em uma clínica em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio. A cantora fez uma lipoescultura para retirar gordura das costas e injetar nos glúteos, que aconteceu no dia 16 de julho. Após dez dias, ela foi internada no Hospital municipal Evandro Freire, na Ilha do Governador, mas não resistiu e veio a óbito.

Segundo a Secretária Municipal de Saúde, Fernanda chegou com fortes dores no último domingo, dia 26, e foi encaminhada para Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em estado grave. Ela morreu no dia seguinte e seu corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal.

Conforme a SMS, só um laudo do IML vai determinar o que causou o óbito.MC  Atrevida foi enterrada nesta quarta-feira, dia 29, no Cemitério da Cacuia, na Ilha. O caso é investigado pela 37ªDP (Ilha).

PMs e milícia: Operação do Ministério Público mira PMs e demais integrantes de milícia que explora serviço de mototáxis na Zona Oeste

Em uma live pelo Instagram, Wania Tavares, dona da clinica e que se autointitula "Rainha das Plásticas", afirmou que vai aguardar o laudo com a causa da morte, mas que está tranquila.

“Eu não gostaria de falar agora, eu gostaria de esperar os laudos. Porém, como vai sair na TV, eu já vou explanando porque vocês têm o direito de já saber. Eu estou com a minha consciência supertranquila quanto ao procedimento, que foi feito corretamente”, afirmou.

 

AO GLOBO, por telefone, uma das secretárias de Wania, chamada Monique afirmou que a dona não irá se manifestar porque "está esperando o laudo sair". A funcionária disse ainda que a clínica "tem certeza de que prestou um bom serviço" à funkeira e vão "entender o que aconteceu com o laudo".

No dia 7 de julho, Fernanda publicou uma foto no Facebook ao lado de Wania em frente ao local onde realizaria a lipoescultura nove dias depois.  A funkeira elogiou a dona do lugar:

"A braba tem nome. Rainha das Plasticas Vânia. Quer ficar com a beleza em dia? É aqui na Vila Isabel", escreveu na publicação.

Fernanda publicou uma foto ao lado de Vânia em frente ao local onde realizaria a lipoescultura Foto: Reprodução/Facebook
Fernanda publicou uma foto ao lado de Vânia em frente ao local onde realizaria a lipoescultura Foto: Reprodução/Facebook

 

Amigos fazem homenagem

Após a morte de MC Atrevida, os amigos prestaram homenagens nas redes sociais:

"Quem vai me fazer passar mal de rir na madrugada? De quem vou ouvir que sou pica das galáxias? Quem vai me ligar fazendo queixa do nosso Doug e pedindo pra eu arrasar ele? Eu vou ganhar essa guerra por vc agora! É questão de honra! Vai em paz irmã... Fernanda Rodrigues atrevida, deixa que iremos brigar por vc aqui. Obrigada por tudo. Até um dia...", disse a jornalista Luciana Picorelli.

 

"Com a vida aprendi que não existem despedidas fáceis, mas de todas, a que dói mais é aquela em que sabemos que não voltaremos a encontrar a pessoa a quem dizemos adeus.Hoje lhe digo um desses adeus, amiga, pois você partiu para sempre e junto levou um pedaço grande do meu coração. Adeus, minha amiga! Como custa aceitar esta despedida, como dói tentar imaginar como será o dia de amanhã sem ter você por perto.Mas mesmo não estando mais entre nós, você estará eternamente comigo, através de todas as lembranças que construí ao seu lado, e desta saudade que para sempre sentirei por você. Descanse em paz, amiga! Te amarei eternamente", escreveu a amiga Janine Vieira.


O Globo quarta, 29 de julho de 2020

FLOR DO CARIBE: TV GLOBO VAI EXIBIR A NOVELA NA FAIXA DAS 18h

 

TV Globo vai exibir 'Flor do Caribe' na faixa das 18h

Novela estrelada por Grazi Massafera e Henri Castelli volta à grade da emissora no lugar de 'Novo mundo'
 
 
Grazi Massafera e Henri Castelli em cena da novela 'Flor do Caribe' Foto: Joao Miguel Júnior / TV Globo
Grazi Massafera e Henri Castelli em cena da novela 'Flor do Caribe' Foto: Joao Miguel Júnior / TV Globo
 
 

A novela "Flor do Caribe" voltará à grade da TV Globo. Originalmente exibida em 2013, o folhetim estrelado por Grazi Massafera e Henri Castelli substituirá "Novo mundo" na faixa das 18h.

Escrita por Walther Negrão, com direção de Jayme Monjardim e Leonardo Nogueira, a história gira em torno de Ester (papel de Grazi), uma guia de turismo e bugueira que vive entre dunas, salinas e belas praias da fictícia Vila dos Ventos.

 

Triângulo amoroso

O conflito central se estabelece quando a protagonista reencontra Alberto (Igor Rickli), um amigo a quem ela rejeitou no passado. Movido a ganância e desejo de vingança — e de volta ao vilarejo após viver no Rio por três décadas —, o agora rico empresário fará o possível para afastar Ester do noivo Cássio (Henri Castelli).

Reprises desde fim de março

Devido à pandemia do novo coronavírus, que suspendeu as gravações de todas as novelas, a TV Globo vem reprisando novelas antigas em suas faixas dedicadas a folhetins: atualmente, seguem no ar "Malhação: Viva a diferença", "Novo mundo" (às 18h), "Totalmente demais" (às 19h) e "Fina estampa" (às 21h).

Recentemente, a emissora anunciou que exibirá "A força do querer"  no horário nobre assim que "Fina estampa" chegar ao fim. A trama de Glória Perez foi exibida originalmente em 2017, e teve Juliana Paes como um dos destaques ao interpretar a personagem Bibi Perigosa.

 

Uma nova reexibição também será escolhida para o horário das 19h, logo após o fim de "Totalmente demais". As novelas "Amor de mãe" e "Salve-se quem puder" só devem retornar à grade da TV Globo em 2021. A emissora estuda retomar as gravações ainda este ano.


O Globo terça, 28 de julho de 2020

LIVES DE HOJE: PATRÍCIA PILLAR E JORGE ARAGÃO

 

Lives de hoje: Patricia Pillar, bate-papo com Jorge Aragão e tributo ao Cartola são destaque

Confira agenda de transmissões ao vivo desta terça-feira (28)
 
 
Patricia Pillar e Jorge Aragão Foto: Divulgação
Patricia Pillar e Jorge Aragão Foto: Divulgação

25 anos do ‘Menino Maluquinho’

Patricia Pillar participa de uma live pelos 25 anos do filme “Menino Maluquinho”, inspirado na obra de Ziraldo, com apresentação do cineasta Helvécio Ratton. Ela, que fez a mãe do menino, vai falar de sua experiência nesse filme e em outros longas de que participou, como “Amor & Cia.”, no qual atuou ao lado de Marco Nanini. A atriz também irá traçar um comparativo entre o panorama do cinema da época em que “Menino Maluquinho” foi lançado, em 1995, e o atual. Às 20h, no Instagram (@quimerafilmes).

 

Jorge Aragão

O jornalista Marcos Salles convida o sambista Jorge Aragão para um bate-papo musical, direto do Teatro Rival Refit. Às 16h, no Instagram (@teatro.rival.refit).

Orquestra Petrobras Sinfônica

Com participação de um grupo de câmara, a orquestra apresenta a série “Pelo Rio”, com o objetivo de levar a música clássica para fora das casas de concerto. São quatro vídeos que homenageiam o Rio de Janeiro ao som de Cartola, que ganha versões sinfônicas para seus clássicos “As rosas não falam”, “O sol nascerá”, “Tive sim” e “Alvorada”. Todos disponíveis no YouTube (/OPESinf).


O Globo segunda, 27 de julho de 2020

AFROUXAMENTO DO ISOLAMENTO SOCIAL LEVA A AUMENTO DE CASOS DE CORONAVÍRUS EM 11 ESTADOS

 

Afrouxamento do isolamento social leva a aumento de casos de coronavírus em 11 estados

Especialistas indicam que falta de coordenação do governo federal contribuiu para recorde da média diária de óbitos
 
 
Pedestres caminham e pedalam pela orla do Leblon, alguns sem usar máscara Foto: Gabriel de Paiva
Pedestres caminham e pedalam pela orla do Leblon, alguns sem usar máscara Foto: Gabriel de Paiva
 
 

RIO — A epidemia do coronavírus bateu um novo recorde neste fim de semana no Brasil, em um sinal de que ainda está longe do fim, estacionando num platô demasiadamente alto que desde o início do mês se mantém acima de mil mortes diárias. No sábado, a média móvel indicou 1.097 óbitos por dia ao longo de uma semana. Onze estados ainda testemunham aumento no número diário de óbitos por Covid-19, em um cenário atribuído pelos cientistas ao afrouxamento excessivo e à desobediência às regras de isolamento social e à falta de coordenação pelo governo federal.

CiênciaCovid-19 mata mais rapidamente em Roraima do que em Santa Catarina, mostra estudo

O Ministério da Saúde está sem titular desde meados de maio. Desde então, a média móvel diária de mortes aumentou 52%. Em estados como o Rio de Janeiro, apontam os especialistas, a situação é agravada pela falta de diálogo também entre prefeituras e o governo estadual.

CuidadosEspecialistas explicam por que algumas pessoas ainda se recusam a respeitar as regras sanitárias

Ainda segundo os pesquisadores, a disseminação da pandemia cumpre hoje uma terceira etapa — na primeira, concentrou-se no Rio e em São Paulo, as principais portas de entrada do país. Depois expandiu-se para capitais mais pobres, como Manaus e Belém, e agora o contágio migra para a faixa oeste do território nacional, do Rio Grande do Sul a Rondônia.

EducaçãoPesquisa mostra que ações na primeira infância impactam positivamente a aprendizagem

O país registrou ontem 23.467 novos casos e 556 novos óbitos por coronavírus, segundo um consórcio de veículos de imprensa formado por O GLOBO, Extra, G1, UOL, Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo. Ao todo, o país registra 2.419.901 infecções e 87.052 mortes em decorrência da Covid-19

AglomeraçãoPrefeitura do Rio retira 400 pessoas das areias da orla durante o fim de semana

O número mostra como a letalidade da doença vem avançando sobre o país, que tem tendência de estabilidade no número de óbitos, mas permanece num platô alto demais.

Cotidiano:Veja quais são os riscos de contaminação pelo novo coronavírus em 15 atividades do dia a dia

— O índice atual mostra que o país soma mais 7 de mil novas mortes por semana, ou 30 mil por mês. É muito provável que cheguemos a 200 mil até o final do ano — calcula Gabriel Maisonnave Arisi, pesquisador da Escola Paulista de Medicina da Unifesp. — As regiões Sul e Centro-Oeste são as que mais sentem o impacto hoje, mas o contágio e os óbitos não sobem apenas nestas localidades. Há grandes bolsões populacionais ainda não expostos ao vírus.

 

Rio volta a piorar

Mesmo em São Paulo, onde a média diária de óbitos é considerada estável, a Covid-19 ainda mostra seu poder de fogo. Ontem, dos 645 municípios, 638 tiveram pelo menos um caso confirmado e 455 deles tiveram uma ou mais mortes. Também foi o quarto dia consecutivo em que o estado registrou mais de 10 mil infecções.

Professor do Departamento de Política, Gestão e Saúde da Faculdade de Saúde Pública da USP, Gonzalo Vecina Neto avalia que, desde o mês passado, o índice de óbitos por coronavírus sustenta-se sobre uma nova camada da população.

Consulte a situação do coronavírus em seu estado

— Em seus primeiros estágios no país, a Covid-19 fazia mais vítimas entre trabalhadores do setor informal, porque eles precisam sair diariamente de casa para trabalhar. Por isso, cidades mais pobres, como Manaus e Belém, viram seu sistema de saúde entrar em colapso — recorda. — Depois as mortes concentraram-se em trabalhadores de serviços essenciais, como funcionários de farmácias e mercados. Agora, a população está saindo de casa. Vai para a escola, deixa o home office. Eram pessoas que aderiram ao isolamento, e agora, ao “liberou geral”.

O Estado do Rio voltou a apresentar tendência de alta no número de mortes, o que não ocorria desde 4 de junho. Nestes 51 dias, as estatísticas fluminenses variavam entre estabilidade e queda, mas na maior parte do tempo houve redução na média de óbitos.

 

Infográfico:Números do coronavírus no Brasil e no mundo

— A pandemia progrediu no Norte e na Baixada fluminense, e poderemos ver em breve um aumento agudo de hospitalizações nessas localidades — alerta Fernando Bozza, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz e do Instituto d’Or. — Acredito que a situação está relativamente controlada na capital, mas não sabemos como será daqui em diante. Podemos ter surtos em locais específicos, ocorridos pela presença de um infectado em um local cheio, como um templo, por exemplo. O problema será se esses casos pipocarem em diversos locais da cidade. Aí, veremos um crescimento exponencial da Covid-19.


O Globo domingo, 26 de julho de 2020

MÃE MENINAZINHA DE OXUM: NÃO TEMOS DE SER TOLERADOS, MAS SIM, RESPEITADOS

 

Não temos de ser tolerados, mas sim, respeitados', diz Mãe Meninazinha de Oxum

Aos 82 anos, a ialorixá, que completou 60 de feitura de santo no último dia 10, acredita na importância de participar de movimentos sociais
 
Além da função religiosa, a atuação da ialorixá Mãe Meninazinha de Oxum extrapola os limites físicos do terreiro, fundado há 52 anos Foto: Márcia Folleto / Agência O Globo (29-10-2019)
Além da função religiosa, a atuação da ialorixá Mãe Meninazinha de Oxum extrapola os limites físicos do terreiro, fundado há 52 anos
Foto: Márcia Folleto / Agência O Globo (29-10-2019)

No Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha (25 de julho), data que está no calendário da ONU e que, desde 2014, é no Brasil o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, quatro jornalistas negras da redação do GLOBO entrevistam quatro mulheres negras que são referências em suas áreas de atuação. O motivo para esta abordagem? As mulheres negras têm muito mais a oferecer além da pauta racismo. Abaixo, você lê a entrevista com a ialorixá Mãe Meninazinha de Oxum. Também foram ouvidas a advogada Ianda Lopes, a economista Mayara Santiago e o grupo Pretas Cervejeiras. 

 

Leia a entrevista com a ialorixá Mãe Meninazinha de Oxum:

Mais de 300 filhos de santo integram hoje o Ilê Axé Omolu e Oxum, no bairro São Mateus, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Além da função religiosa, a atuação da ialorixá Mãe Meninazinha de Oxum extrapola os limites físicos do terreiro, fundado há 52 anos. Com atendimento para a comunidade do entorno, a casa de santo assume sua função social.

Aos 82 anos, Mãe Meninazinha, que completou 60 de feitura de santo no último dia 10, acredita na importância de participar de movimentos sociais. Além de conselheira da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (Renafro), ela é um das principais expoentes da campanha "Liberte o Nosso Sagrado", que reivindica a liberação dos objetos religiosos

Na foto feita em outubro de 2019, Mãe Meninazinha de Oxum, de São João de Meriti. Ela é a mãe de santo mais antiga do Rio Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
Na foto feita em outubro de 2019, Mãe Meninazinha de Oxum, de São João de Meriti. Ela é a mãe de santo mais antiga do Rio
Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo

CELINA: Quais são os projetos sociais que o Ilê Axé Omolu e Oxum tem desenvolvido nesses anos?

MÃE MENINAZINHA DE OXUM: Somos Ponto de Cultura, promovemos cursos e oficinas de artesanato, culinária, corte e costura, distribuímos cestas básicas. A gente tem terreiro e atende as pessoas pelo lado religioso, mas é importante que nesse espaço a gente também cuide das pessoas que precisam, independentemente da religião. Quando alguém bate na nossa porta, é importante ajudar.

Como tem sido a participação do Ilê Axé Omolu e Oxum no Renafro?

Sou conselheira desde a fundação do Renafro, em 2003. O Renafro valoriza e potencializa o saber dos terreiros em relação à saúde. É uma rede muito importante para os povos de terreiro. A gente se reúne e fala para todos os filhos da casa e de outras casas sobre a importância de cuidar da saúde. Tem muita gente que não vai ao médico. Fazemos conscientização com presença do profissional, os médicos participam, explicam e muita gente sai mais consciente.

 

Como e quando a senhora começou na campanha "Liberte o Nosso Sagrado"?

Tem mais de 20 anos. É que eu ouvia minha avó (materna, a ialorixá baiana Davina, Mãe Dadá de Omolu) e outros mais velhos conversando sobre "nossas coisas que estão nas mãos da polícia." Cresci ouvindo isso, e parece que ficou dentro da minha cabeça, do meu coração, dentro de mim. Eu me perguntava: "Que coisas são essas que elas não tiveram oportunidade de ver?". Falava com um, com outro, até que, graças a Deus, consegui. Fui até o museu para ver as coisas, que são o nosso sagrado. Começamos com essa campanha que não é minha. É nossa, é da religião. Outras pessoas e casas passaram a integrar e estamos tendo um retorno.

Na foto feita em outubro de 2019, Mãe Meninazinha de Oxum, de São João de Meriti. Ela é a mãe de santo mais antiga do Rio. Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
Na foto feita em outubro de 2019, Mãe Meninazinha de Oxum, de São João de Meriti. Ela é a mãe de santo mais antiga do Rio.
Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo

Como combater a intolerância religiosa atualmente?

A primeira coisa que tem de ser feita, quando a pessoa é vitima, é ir à delegacia, porque temos o direito de professar nossa religião. Não gosto do termo intolerância, porque não temos de ser tolerados mas, sim, respeitados. Estamos trabalhando contra o desrespeito. Quando um terreiro participa de algum movimento social, ele se fortalece conta o desrespeito.

A senhora completou 60 anos da feitura de santo no último dia 10 de julho. Como foi celebrar esta data em isolamento social?

Estava programando festa, estava tudo pronto. Só faltava fazer comida e tocar o candomblé. Mas como tudo é como Deus quer, ano que vem, espero em Deus fazer a festa de 60 anos com 61, se Deus e os orixás permitirem. Por causa da pandemia, as atividades religiosas pararam. Nesse período, aprendi a fazer artesanato. Comecei a colocar em prática os cursos que tinha feito. Agora estou reciclando garrafas, latas. Eu estou gostando. Se não fizesse isso, não sei o que seria de mim. Só não estou gostando dessa situação que a gente está vivendo. A terra está doente. Tenho pedido a Deus, aos orixás, caboclos, pretos velhos que tenham piedade do mundo. E não quero ninguém na minha casa. Vou fazer 83 anos, tenho que preservar a mim e às pessoas também.


O Globo sábado, 25 de julho de 2020

BOLSONARO ANUNCIA TESTE NEGATIVO E VOLTA A FAZER PROPAGANDA DA HIDROXICLOROQUINA

 

Bolsonaro anuncia teste negativo e volta a fazer propaganda de hidroxicloroquina

Presidente estava isolado nas últimas semanas após ser infectado com o coronavírus
 
 
Foto: Reprodução/Twitter / Presidente Jair Bolsonaro exibe uma caixa de hidroxicloroquina ao anunciar resultado negativo para Covid-19
Foto: Reprodução/Twitter / Presidente Jair Bolsonaro exibe uma caixa de hidroxicloroquina ao anunciar
rresultado negativo para Covid-19

Ao fazer o anúncio, o presidente postou uma foto no Twitter em que exibe uma caixa de hidroxicloroquina, remédio, que, segundo pesquisas científicas, não é eficaz no tratamento da Covid-19.

 
No último exame, divulgado na terça-feira, o resultado havia sido positivo, segundo divulgou a Presidência da República.

Bolsonaro planeja uma série de viagens semanais pelo Brasil para quando deixasse a quarentena forçada. Estão no radar o estado do Piauí, municípios na Bahia, São Paulo e Mato Grosso. A ideia das viagens é passar uma imagem para a população de que o governo segue trabalhando.

Bolsonaro anunciou no dia 7 de julho que estava com a Covid-19. Desde então, ele participa de agendas apenas por meio de videoconferência.

 


O Globo sexta, 24 de julho de 2020

SÉRGIO RICARDO SE ENCANTOU: ERA A VOZ DE UM BRASIL QUE JÁ FOI MODERNO E PLURAL

 

Sérgio Ricardo era a voz de um Brasil que já foi moderno e plural

Da bossa nova à canção de protesto, do cinema novo aos festivais de MPB, artista deixa uma obra vasta e múltipla, que reflete várias facetas de um país
 
Sérgio Ricardo, em casa, no Vidigal, Zona Sul do Rio, onde vivia Foto: Leo Martins/17-11-2017
 

Pianista, cantor, compositor, radialista, ator, cineasta, escritor e pintor, foram tantas as facetas de João Lutfi que um nome só não bastou para dar conta da multiplicidade de suas atividades. Nos anos 1950, quando arriscava os primeiros passos na televisão, na extinta TV Tupi, esse paulista de Marília, descendente de libaneses, ganhou a alcunha com a qual entraria para a História: Sérgio Ricardo. Com ela, fez a passagem do rádio e das boates — símbolos de um Brasil que já ficava antigo nos anos 1960 — para a bossa nova e o cinema novo, movimentos que projetaram o país no exterior, numa escalada de modernidade que começou com a inauguração de Brasília (em abril de 1960).

 Integrante de uma geração de músicos que iluminaram o samba-canção para a chegada da bossa — com composições como “Pernas”, “Folha de papel” e “Enquanto a tristeza não vem” —, Sérgio Ricardo foi adiante em busca de uma temática mais realista para a música brasileira. Nasceram assim canções de alta contundência política, como “Zelão” (lamentando a chuva que arrasa barracos e sonhos no morro) e “Esse mundo é meu”, título, também, do seu primeiro longa-metragem com diretor, de 1963, sobre as alegrias e agruras de dois moradores de uma favela.

Lembrado e esquecido

Da bossa e do cinema novo, Sérgio foi direto para as grandes disputas televisivas que revelavam canções. E foi nelas que, a contragosto, ganhou fama ao quebrar um violão diante de vaias. Por esse episódio, será sempre lembrado  “e também esquecido”, como reclamou em entrevista ao GLOBO em 2017.

Sérgio Ricardo, pouco antes de quebrar seu violão no III Festival da Música Popular Brasileira da TV Record, em 1967 Foto: Wilson Santos/CPDOC JB
Sérgio Ricardo, pouco antes de quebrar seu violão no III Festival da Música Popular Brasileira da TV Record, em 1967
Foto: Wilson Santos/CPDOC JB

Que noite!Por que Sérgio Ricardo quebrou o violão no festival de 1967?

Nascido em 1932, o ainda João entrou aos 8 anos para o Conservatório de Marília, onde estudou piano e teoria musical, e, seis anos depois, mudou-se com a família para a capital. Em 1949, foi para Santos, onde trabalhou com rádio e como pianista de boate. Sua carreira de compositor começou oficialmente quando a cantora Maysa gravou a canção “Bouquet de Isabel”.

 

Apresentado ao pessoal da bossa nova pelo produtor Luís Carlos Miele, Sérgio participou, em 1958, de espetáculos com essa turma e, dois anos depois, gravou o LP “A bossa romântica de Sérgio Ricardo”.

— O Miele me pegou na televisão e me levou para a casa da Nara (Leão) porque o pessoal queria as minhas músicas. Ali, nasceu o meu trabalho na bossa, mas eu não fiquei muito tempo, não, porque a questão política me chamou, e eu passei para a música de protesto. E dali eu não saí mais — contou o compositor.

Ouça e veja:Albuns e filmes essenciais para conhecer a obra de Sérgio Ricardo

Em 1962, ele ainda participou do show da bossa nova no Carnegie Hall, mas no ano seguinte já estaria fazendo a trilha sonora de um filme com fortes tons político: “Deus e o diabo na terra do Sol”, do diretor baiano Glauber Rocha, um clássico do cinema novo — movimento de filmes realistas com temática social com o qual Sérgio estreitou laços. Tendo estreado em 1961 como diretor no premiado curta-metragem “O menino de calça-branca”, em 1963 ele lançou “Esse mundo é meu”.

Com direção de fotografia do irmão, Dib Lutfi (que se tornaria um dos mais celebrados profissionais do cinema brasileiro), o filme estrelado por Antonio Pitanga, Ziraldo e Agildo Ribeiro deu a partida numa carreira de diretor que incluiria longas como “A noite do espantalho” (1973, cujo protagonista foi vivido pelo cantor Alceu Valença) e “Bandeira de retalhos” (2018, que Sérgio filmou no morro do Vidigal, no Rio, onde morava).

 

Nos últimos anos, ele vinha se dedicando à literatura, à pintura (chegou a vender algumas telas para complementar o orçamento) e ao espetáculo “Cinema na música”, em que cantava as suas composições feitas para filmes, acompanhado pelos filhos Marina e Adriana Lutfi (vozes) e João Gurgel (voz e violão). Ano passado, o show virou CD e DVD, com participações de Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Dori Caymmi e João Bosco.

Sérgio Ricardo morreu na manhã de ontem, aos 88 anos, no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro, onde estava internado há quatro meses. De acordo com os filhos, em nota à imprensa, ele foi vítima de insuficiência cardíaca. “Sérgio se submeteu a algumas internações desde agosto do ano passado quando fraturou o fêmur. Chegou a pegar Covid no início de abril, mas se recuperou bem. No entanto, continuou internado por conta da insuficiência cardíaca”, explicaram Adriana, Marina e João.

Sem aglomeração

O velório será aberto e está marcado para começar às 14h de hoje, no Cemitério da Cacuia, na Ilha do Governador. Para evitar aglomeração, serão permitidas dez pessoas por vez na sala do velório. O sepultamento será feito às 16h30 no jazigo da família.

 

Durante todo o dia, artistas expressaram seu luto. “O dia está mais triste com a partida do meu amigo amado”, escreveu o cantor Jards Macalé. “Um multiartista, cantor, compositor de canções e trilhas sonoras fundamentais, cidadão exemplar e companheiro de lutas pelo direito autoral, deixa muita saudade. Viva Sérgio Ricardo!”, publicou o cantor Roberto Frejat.


O Globo quinta, 23 de julho de 2020

CLINT EASTWOOD PROCESSA EMPRESAS QUE USARAM SEU NOME PARA VENDER CANABIDIOL

 

Clint Eastwood processa empresas que usaram seu nome para vender canabidiol

Astro de 90 anos entrou com ações judiciais contra vários laboratórios, corporações e indivíduos em um tribunal federal na Califórnia
 
 
Clint Eastwood: contra uso fraudulento de sua imagem Foto: AP/Eric Risberg
Clint Eastwood: contra uso fraudulento de sua imagem Foto: AP/Eric Risberg
 
 

LOS ANGELES  - Clint Eastwood entrou com ações judiciais nesta quarta-feira por uso fraudulento de seu nome para vender produtos de canabidiol (CBD).

O astro de 90 anos argumentou que seu nome e imagem foram usados em fraudes on-line para vender óleo de CBD, gomas e outros produtos.

“O sr. Eastwood não possui e nunca teve nenhuma associação com a fabricação, promoção e/ou venda de qualquer produto de CBD”, afirma o processo.

O primeiro processo cita um artigo de notícias on-line com uma suposta entrevista na qual Eastwood diz que está desenvolvendo uma nova linha de CBD e está “se afastando dos holofotes para dedicar mais tempo ao seu negócio de bem-estar”.

 

Eastwood, diretor e ator premiado com o Oscar, por filmes como "Menina de ouro" (2005) e "Os imperdoáveis" (1993), raramente apoia qualquer coisa, segundo o processo. Além disso, ele “não expressa um ponto de vista sobre os produtos de CBD ou sobre a indústria legítima de CBD”, afirmou seu representante.

Um segundo processo afirma que código de programação foi usado para inserir ilegalmente o nome da Eastwood em algumas pesquisas online de produtos CBD.

Os dois processos relacionados, que alegam difamação, violação de marca registrada e invasão de privacidade, buscam indenizações não especificadas. Eles foram movidos em um tribunal federal na Califórnia contra vários laboratórios, corporações e indivíduos.


O Globo quarta, 22 de julho de 2020

BÁRBARA PAZ ESTREIA DUAS VIDEOARTES

 

Bárbara Paz estreia duas videoartes, depois de 50 dias trancada: 'sobre minha solidão'

Atriz também produziu e dirigiu as obras, em cartaz nesta quinta (23), pelo Itaú Cultural. Em breve, ela irá dirigir um longa com roteiro de Antonia Pellegrino
 
‘De Carne, 2020’, de Bárbara Paz Foto: Divulgação/Bob Wolfenson
‘De Carne, 2020’, de Bárbara Paz Foto: Divulgação/Bob Wolfenson
 
 

Trancada em seu apartamento no Centro de São Paulo por 50 dias (“sem descer”), Bárbara Paz produziu duas videoartes que estreiam nesta quinta-feira (23), às 20h, na programação do festival Arte como Respiro, resultado do edital emergencial do Itaú Cultural, aberto em abril, destinado a 200 projetos (em www.itaucultural.org.br).

 
 
 — Comecei já nos primeiros momentos a criar um diário visual, um vídeo por dia. Queria falar sobre a minha solidão — explica a atriz, que doou todo o recurso do edital (R$ 10 mil) para o Grupo Tapa de Teatro.

 

Bárbara produziu, dirigiu e atuou nas duas obras. Na primeira, “De carne”, ela retrata o silêncio e a dor.

— Veio desse sufocamento, milhões de pessoas gritando, morrendo. E o nosso país em chamas, desgovernado — diz.

A segunda, “Breathes on solitude”, fala da volta para casa, a raiz, sua terra.

— Foi uma longa viagem de volta à essência. Há tanto tempo não retornava. E tive que me deparar comigo o tempo inteiro. Com um grande espelho 360 graus.

Para ela, o grande companheiro da pandemia são o celular e as redes sociais.

— A internet que ao mesmo tempo que te sufoca não te deixa solitária. Voltei a escrever mais. E a pintar meu diário com a lente de um celular, que hoje filma, grava e fotografa tudo.

Em paralelo, Bárbara está desenvolvendo um projeto on-line, que vai dirigir, para o Teatro em Movimento, de Belo Horizonte. Em breve, ela vai dirigir um novo longa, “Silêncio”, com roteiro de Antonia Pellegrino.

 

— Queremos rodar ainda na pandemia, se conseguirmos recursos. O resto é surpresa — avisa.

Ao longo do ano, o Itaú Cultural disponibilizará no ambiente digital outros trabalhos, contemplando as áreas de música, literatura, poesia, artes visuais e audiovisual.


O Globo terça, 21 de julho de 2020

SABRINA SATO OUSA NO LOOK

 

Sabrina Sato ousa no look e diz: 'Depois que a Zoe dorme, mamãe dá o close'

Apresentadora fala de sua relação com a moda na quarentena
 
 
Sabrina Sato Foto: Reprodução/Instagram
Sabrina Sato Foto: Reprodução/Instagram
 
 

Fashionista convicta, Sabrina Sato surgiu poderosa no Instagram na madrugada desta terça-feira. O look ousado da apresentadora era da grife italiana Emilio Pucci. "Depois que a Zoe dorme, mamãe dá o close", escreveu a apresentadora, que ganhou chuva de elogios de seus milhões de seguidores - incluindo os famosos.

"Tudo para mim", escreu a top Rita Carreira. "Eu hein! Uma hora dessas?", questionou, em tom de brincadeira, o maquiador Rodrigo Costa. "É muito maravilhosa", anotou a top Celina Locks.


Essa, no entanto, não foi a primeira vez que Sabrina caprichou na produção durante a quarentena. Ela vem usando constantemente peças impactantes para ficar em casa. Conversamos com a apresentadora sobre o tema.

Colocar um look incrível, mesmo diante do caos da pandemia, é um jeito de manter  a personalidade?

Desde a primeira semana da quarentena, ainda em março, tentei ao máximo criar uma rotina, me adequando principalmente aos horários da Zoe: acordo cedo, tomo meu banho, me troco para tomar café da manhã com ela, depois me exercito, cuido da casa e estou ainda mais envolvida com o Instituto Sabrina Sato, sobretudo neste momento que tanta gente precisa de ajuda. Várias situações que me exigem estar mais produzida. A moda me inspira a criar, inventar. Preciso me manter forte para cuidar da minha família dentro de casa e de todos que consigo fora de casa também. Ter essa rotina me ajudou muito. É meu porto seguro. Mas também me rendi várias vezes as camisetas velhas, pijamas e também tive meus momentos de tristeza e insegurança. E é nessa hora que a moda sempre me salva, porque me traz a alegria, o humor que preciso.

 

Produzir-se é uma forma de distrair a cabeça e passar o tempo?

A moda, como forma de arte e expressão, sempre me ajudou em vários momentos da minha vida. Ela sempre me traz a energia que preciso. Tenho grandes amigos no meio e aproveito também para prestigiá-los e ajudá-los como posso.

Sabrina Sato Foto: Reprodução/Instagram
Sabrina Sato Foto: Reprodução/Instagram

Leva muito tempo escolhendo os looks? Faz isso sozinha ou tem ajuda?

Rola de um tudo. Adoro falar de moda com o Pedro Sales, meu stylist. Conversamos na madrugada e falamos desde a série que estamos assistindo ao que estamos lendo, sobre nossos dias e também sobre moda. Nessas conversas já escolhemos alguns looks de trabalho, porque estou gravando muito em casa.

Usou roupa de quais marcas na quarentena?

Coven, Alto Giro, Carlota Costa, Lollita, Riachuelo, Fabiana Milazzo. Curioso que a maioria dos looks que usei na quarentena são peças que vesti na gravidez, mas montei agora de maneira diferente. Isso é uma das coisas que eu mais amo na moda. Poder brincar e ser várias, dependendo do dia ou humor.

Qual é o papel da moda diante de um cenário de crise que estamos vivendo?

Amo a moda e acredito nela com a função de tocar, emocionar, escapar, fazer sonhar. Mas precisa também refletir seu tempo como tantas vezes na história. O mundo está mudando e a moda tem que acompanhar, aliada cada vez mais a iniciativas sustentáveis e responsabilidades sociais. Hábitos de consumo também estão mudando, mas acredito na criatividade dos estilistas e de tanta gente envolvida para dar essa virada e nos surpreender como sempre.


O Globo segunda, 20 de julho de 2020

REGINALDO FARIA: HÁ ANOS O POVO ENGOLE O CINISMO DOS CORRUPTOS

 

Reginaldo Faria: ‘Há anos o povo engole o cinismo dos corruptos’

Com o inescrupuloso Marco Aurélio interpretado pelo ator, 'Vale tudo' volta em reprise no streaming
 
O ator Reginaldo Faria Foto: Divulgação
O ator Reginaldo Faria Foto: Divulgação
 
 

RIO — Quando teve problemas no coração (em 2005, passou um mês em coma por conta de um cateterismo malsucedido), Reginaldo Faria desejava que o tempo passasse devagar para usufruir de cada instante da vida. Agora, com a pandemia, quer que ele voe “para sair dessa agonia”. Aos 83 anos e isolado em casa com a mulher, Vania, sente falta da família.

 
— Aproximo o carro do portão da casa dos meus filhos, abro o vidro, falo com eles e com os netos sem sair do carro. Sinto enorme vontade de abraçar e beijar — diz.

Enquanto isso, ele faz esteira, ioga, nada e bebe duas taças de vinho por dia (“por recomendação médica. Ele só não falou o tamanho da taça”, brinca). Agora, também incluirá na rotina a novela “Vale tudo”, de 1989, que o Globoplay disponibiliza a partir de hoje.

Na pele do corrupto homem de negócios Marco Aurélio, o ator protagonizou uma das cenas mais emblemáticas da TV brasileira: a debochada banana dada pelo empresário, ao som de “Brasil, mostra a tua cara”, ao fugir do país num jatinho particular.

Cena icônica de 'Vale tudo', em que Marco Aurélio (Reginaldo Faria) dá uma banana para o Brasil Foto: Reprodução
Cena icônica de 'Vale tudo', em que Marco Aurélio (Reginaldo Faria) dá uma banana para o Brasil
Foto: Reprodução

Na conversa a seguir, ele, que também está na reprise da novela “Totalmente demais”, traça um paralelo entre o Brasil daquele tempo e o de hoje.

Que lembrança viva tem dos bastidores de “Vale tudo”?

Dennis Carvalho imprimia um ritmo alucinante. Os atores corriam de cenário para cenário sem tempo para respirar. O resultado deu verdade aos personagens. Esse momento foi fundamental para mim, porque o lado físico trazia verdades que não havíamos encontrado nos ensaios.

 

Qual foi a maior contribuição da novela naquela época ?

Toda obra bem fundamentada deixa reflexão. Dar banana e abandonar o país era reflexo do momento crítico dos governos responsáveis dos anos 80: hiperinflação. Os espertos acreditavam que girando o dinheiro no “open market” teriam ganhos maiores que o lucro. A nossa cultura estava estribada nos que gostavam de levar vantagem em tudo. Marco Aurélio foi um deles.

A importância do texto de Gilberto Braga define bem o pior da raça humana e parece eternizá-la através do feio, do escroque, do corrupto e do corruptor. Me perguntaram se eu seria capaz de dar outra banana ao país. Minha resposta: Não. Por quê? Resposta de Marco Aurélio: eu não quero mais seguidores. Minha conta na Suíça está estabilizada. As bananas dadas não deveriam ser para o Brasil, mas para os que tornaram o país do jeito que ficou. No entanto, é lamentável dizer que, nesse período conturbado, cheio de corruptos, não ia ter banana suficiente.

De lá para cá, os brasileiros se politizaram muito. Que novos significados a novela ganha nesse momento?

Seria triste se o povo permanecesse na ignorância, vivendo como massa ignara e como instrumento de poderosos. Não vou entrar no mérito estritamente político, e não me dirijo a esse ou aquele, prefiro o mérito psicológico, que me faz lembrar o que li em “História da filosofia”: “O Estado é o que é, porque cidadãos são o que são. Consequentemente, não esperemos ter melhores Estados enquanto não tivermos melhores homens”.

 

“Vale tudo” também levantou a discussão sobre até que ponto vale ser honesto no Brasil. Hoje, com gente fazendo chacota até da pandemia, vivemos uma crise ética generalizada. Nada mudou?

Onde existe descrença, sintomas de revolta ou deboche se manifestam. Há anos o povo engole a mentira, o cinismo dos corruptos e dos que embolsam sua riqueza. Para os que debocham há de se considerar seus limites e também seus passos de protesto.

Uma vez você disse que era preciso fazer um personagem fascista para que entendessem o que significava o fascismo. Que tipo de personagem prestaria bom serviço hoje?

Li uma reportagem em que Gian Maria Volonté (ator italiano) disse: “Ao interpretar um fascista presto serviço à minha posição política por ser, eu mesmo, diametralmente oposto ao fascismo”. Estou de acordo. Anseio encontrar caminhos.

Como será seu personagem em “Um lugar ao sol”?

Um homem que trabalhou a vida inteira seguindo os princípios do seu velho pai no comando de uma rede de supermercados. Em função disso, tornou-se pai ausente, embora não se sinta assim. Acredita que seu amor vem em função de sua dedicação ao trabalho e à família. Ao ter problemas de saúde, sua filha mais velha sugere uma fisioterapeuta jovem e bonita. Resultado: ciumeira das irmãs e casamento para o velho.

 

Como enxerga o momento atual da cultura brasileira?

Quando leio (o significado da palavra cultura no dicionário), ergo a cabeça e volto aos tempos escolares em que o aprendizado nos enchia de orgulho. Quando paro de ler, olho para os lados, procuro, e, mesmo no caos, vejo que resta a esperança de encontrar o caminho.

E a situação do cinema brasileiro, que já vivia uma crise e parou na pandemia?

Vejo séries de diversas nações e pouca coisa produzida ou apoiada em nosso país. Antes lutávamos pela igualdade nas salas de exibições de filmes. Nos anos 1970, conquistamos metade do nosso mercado, concorrendo com os estrangeiros. Veio para cá um tal de Jack Valenti, da Motion Pictures, e travou nosso sonho. Collor aniquilou a Embrafilme, e a nossa classe se esfacelou. Hoje, os exibidores só aceitam os filmes que se enquadram aos perfis de seus interesses. Os que deviam nos apoiar estão em Brasília se engalfinhando por poder político.

Do que se arrepende na vida?

Quando romperam minha coronária num erro médico, entrei no hospital pesando 80 quilos. Quando saí, eram 64. Noites e noites acordei com a sensação de paralisia, coração interrompendo batimentos, respiração falhando. Meus membros paralisavam-se, e o grito vinha à garganta num pedido de socorro. Perdi massa muscular, a fala, tive sequelas.

 

Pensei em desistir. Mas meus filhos me estimularam, a vida estava presente através deles. Lutei por ela fazendo revascularização, fisioterapia e fonoaudiologia. Reaprendi a falar e a movimentar o corpo. Voltei às gravações sem saber se conseguiria falar os textos como antes. Estava absurdamente inseguro. Lutei mais com a ajuda de minha mulher e superei. Não tive tempo de me arrepender, só de agradecer.

 


O Globo domingo, 19 de julho de 2020

LIVES DE HOJE: DJAVAN, LECI BRANDÃO, MARCELO FALCÃO E MC XUXU SÃO DESTAQUES

 

Lives de hoje: Djavan, Leci Brandão, Marcelo Falcão e Mc Xuxu são destaques

Confira agenda de transmissões ao vivo deste domingo (19)
 
 
Leci Brandão e Marcelo Falcão Foto: Divulgação
Leci Brandão e Marcelo Falcão Foto: Divulgação
 
 

Shows

Leci Brandão

Às 19h, no Instagram (@sescaovivo) e YouTube (/sescsp)

Marcelo Falcão

Às 17h, no YouTube (/marcelofalcaooficial).

MC Xuxú

Às 20h (/UCnE9XBlDMs7JHpggSsJaarg)

Nordeste pela vida

Djavan, Lenine, Alceu Valença, Elba Ramalho, entre outros, participam da live que arrecadará fundos para o combate à Covid-19 na região. Às 15h, com transmissão pelo canal de TV e do YouTube do Multishow.

 

Teresa Cristina

A cantora faz sua live que ficou famosa, recebendo convidados anunciados na hora. Às 22h, no Instagram (@teresacristinaoficial).

Outros

  • Felipe e Falcão – 12h (YouTube)
  • Grupo Numa Boa – 12h15 (YouTube)
  • João Bosco & Vinícius – 13h (YouTube)
  • Live Nordeste Pela Vida (Alceu Valença, Elba Ramalho, Duda Beat, Geraldo Azevedo e mais) – 15h (YouTube)
  • Hugo e Guilherme – 15h (YouTube)
  • Xella – 16h (YouTube)
  • Scalene – 16h30 (YouTube)
  • Manu e Rebeca – 17h (YouTube)
  • Solange Almeida – 18h (YouTube)
  • Rael: 18h, no YouTube (/raeldarima).
  • Anjos De Resgate – 20h (YouTube)
  • Dan Santos – 20h (Facebook)
  • Sandro DJ – 20h (YouTube)

Concertos

Festival Petrobras Sinfônica

Os músicos da orquestra, seguindo recomendações da Fiocruz e da OMS, irão apresentar a série Portinari ("Barroco", "Clássico" e "Brasil"), a partir das 11h20, com regência de Felipe Prazeres e transmissão ao vivo, diretamente da Cidade das Artes, na Barra, pelo YouTube (/OPESinf).

'Concerto de Paris'

O Film & Arts reprisa edição histórica do encontro artístico em comemoração ao "Dia da Bastilha" (14 de julho), diretamente do Champ do Mars, em Paris. Às 17h30, no canal Film & Arts.

Exposição

'Ivan Serpa: a expressão do concreto'

A edição virtual da mostra, uma ampla retrospectiva de um dos mais importantes mestres da história da arte brasileira (1923-1973). Basta acessar o site.


O Globo sábado, 18 de julho de 2020

LIVES DE HOJE: ELBA RAMALHO, BABADO NOVO E FRANCISCO, EL HOMBRE

 

Lives de hoje: Elba Ramalho, Babado Novo e Francisco, El Hombre são destaques

Confira agenda de transmissões ao vivo deste sábado (18)
 
 
Elba Ramaho e Babado Novo Foto: Divulgação (Alice Ventury e Almir Jr.)
Elba Ramaho e Babado Novo Foto: Divulgação (Alice Ventury e Almir Jr.)
 
 

Shows e DJs

Babado Novo

A banda de axé toca sucessos como "Amor perfeito", "Pensando em você" e "Safado, cachorro, sem vergonha". Às 17h, no YouTube (/macacogordooficial).

Carrossel de Emoções

O bloco de carnaval toca funk das antigas. Às 17h, no YouTube (/carrosseldeemocoes).

Dennis DJ

O DJ de funk faz mais uma live diretamente do Cristo Redentor, que fica a 710 metros de altura, no Morro do Corcovado. Às 15h, no YouTube (/DENNISDJTV).

 

Elba Ramalho, Marcos Arcanjo e Rafael Meninão

A cantora Elba Ramalho interpreta seus grandes sucessos ao lado do violonista e guitarrista Marcos Arcanjo e o sanfoneiro Rafael Meninão. Às 19h, no Instagram (@sescaovivo) e no YouTube (/sescsp).

Francisco, El Hombre

A banda dos irmãos mexicanos Sebastián e Mateo Piracés-Ugarte apresenta sucessos como "Triste, louca ou má", "Batida do amor", "O tempo é sua morada" e "Juntos, nunca sós". Às 16h30, no YouTube (/franciscoelhombre).

Nau

O projeto que ocupa espaços públicos do Rio, unindo música, arte e solidariedade, sobe as ladeiras de Santa Teresa. Às 14h, no YouTube (/faurio).

Teresa Cristina

A cantora faz sua live que ficou famosa, recebendo convidados anunciados na hora. Às 22h, no Instagram (@teresacristinaoficial).

Outros

Concertos

Festival Petrobras Sinfônica

Os músicos da orquestra, seguindo recomendações da Fiocruz e da OMS, irão apresentar as séries Djanira (“Beethoven”, "Século XX" e “Piazzolla”; sábado, a partir das 11h20) e Portinari ("Barroco", "Clássico" e "Brasil"; domingo, a partir das 11h20). Com regência de Felipe Prazeres e transmissão ao vivo, diretamente da Cidade das Artes, na Barra, pelo YouTube (/OPESinf).

Exposição

'Ivan Serpa: a expressão do concreto'

A edição virtual da mostra, uma ampla retrospectiva de um dos mais importantes mestres da história da arte brasileira (1923-1973). Basta


O Globo sexta, 17 de julho de 2020

DEMI MOORE APARECE LOURA PARA NOVA SÉRIE

 

Demi Moore aparece loura para nova série

A adaptação de 'Admirável Mundo Novo' já estreou fora do país
 
Demi muda o visual para nova personagem Foto: Instagram
Demi muda o visual para nova personagem Foto: Instagram
 

Curtas ou longas, Demi Moore é conhecida por suas madeixas escuras. Mas com a estreia de 'Admirável Mundo Novo', série da USA Network, ela pôde mostrar o novo visual com cabelo platinado em seu Instagram. A atriz não esclareceu se pintou o cabelo de loiro ou estava usando uma peruca, mas os fãs e familiares acharam que estava irreconhecível de qualquer maneira.

 
 
 
Linda em Admirável Mundo Novo Foto: Peacock / NBCU Photo Bank via Getty Images
Linda em Admirável Mundo Novo Foto: Peacock / NBCU Photo Bank via Getty Images

Confira: Demi Moore e Rumer Willis: quem é a mãe quem é a filha?

A série, baseada no livro homônimo, é uma distopia onde a sociedade atingiu paz e tranquilidade abrindo mão da monogamia, privacidade, dinheiro, família e história. Além de Moore, que interpreta a personagem Linda, outros nomes confirmados no elenco são Kylie Bunbury, Hannah John-Kamen, Sen Mitsuji, Joseph Morgan e Nina Sosanya.

O visual clássico de Demi Moore Foto: Victor Boyko / Getty Images
O visual clássico de Demi Moore Foto: Victor Boyko / Getty Images

 


O Globo quinta, 16 de julho de 2020

EM NOVO LIVRO, NEI LOPES REVISITA ORÁCULO DOS ORIXÁS

 

Em novo livro, Nei Lopes revisita oráculo dos orixás: 'O mundo deve muito à África'

Enquanto vibra com ebulição antirracista em vários países, pesquisador lança obra sobre culto ao oráculo de Ifá, cuja prática vem sendo resgatada no Brasil
 
Em seu 40º livro, Nei Lopes resgata o culto de Ifá, presente em manifestações do canbomblé, no Brasil, e na santería de Cuba Foto: Jefferson Mello
Em seu 40º livro, Nei Lopes resgata o culto de Ifá, presente em manifestações do canbomblé, no Brasil, e na santería de Cuba
Foto: Jefferson Mello
 
 

RIO — Nei Lopes conta que, quando adolescente, na mesa de jantar de sua casa no Irajá, Zona Norte do Rio, não se podia falar sobre racismo. “Tá querendo imitar americano?”: esta era a resposta que ele ouvia, em referência ao despertar do Movimento pelos Direitos Civis nos EUA, nos anos 1950.

— Não sei nada sobre minha ancestralidade — conta ele, que perdeu o pai aos 17 anos.

Se o passado é nebuloso, Nei recorre justamente à ancestralidade africana para olhar para o futuro. Da sabedoria do continente de seus antepassados vem Ifá, um oráculo do povo iorubá e tema do novo livro do pesquisador e notório sambista de 78 anos, “Ifá Lucumí — O resgate da tradição” (Pallas Editora). Nele, apresenta pesquisa aprofundada sobre um rito do candomblé ligado ao orixá do destino, Orunmilá, e de uso exclusivo dos babalaôs.

No livro, Nei disseca a relevância que o culto a Ifá tem em Cuba, onde tal vertente religiosa é muito forte como parte da tradição lucumí. Já no Brasil, sua prática perdeu força no começo do século XX, com o rito oracular do babalaô sendo substituído pelo jogo de búzios das ialorixás e babalorixás. Mas, conta ele, felizmente os anos recentes têm registrado um aumento de interesse em reavivá-lo.

‘Babalaô acadêmico’

Nei conseguiu se debruçar sobre a pesquisa de Ifá em 2017, quando levou de presente ao padrinho de candomblé um exemplar do seu “Dicionário de História da África”. Em troca, recebeu um pedido para resgatar o rito. Mas suas primeiras incursões no assunto, na verdade, remontam há quase 30 anos.

— O Ifá é um sistema que reúne análise combinatória, filosofia e arte. É um manual de vida, feito para se tomar as melhores decisões e sair de situações adversas.

 
Ilustração do livro 'Ifá Lucumí - O resgate da tradição' Foto: Pedro Rafael
Ilustração do livro 'Ifá Lucumí - O resgate da tradição' Foto: Pedro Rafael

Porém, Nei ressalta que seu livro não tem a intenção de ensinar ninguém a praticar o culto a Ifá. Esta é uma função restrita aos babalaôs. Ele, aliás, foi consagrado como tal há quatro anos, mas prefere se manter como um “babalaô acadêmico”, por assim dizer. Papel importante na defesa de uma tradição que, em 2008, se tornou, pelas mãos da Unesco, Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.

Apesar desta valorização institucional do culto a Ifá, Nei enxergava a necessidade de expor ainda mais ao mundo, e sob seu olhar, o singelo pedido feito pelo seu padrinho há três anos.

— Quero mostrar que existe muita filosofia dentro desse conjunto de contribuições culturais africanas ao Brasil — diz o autor, que com este chega ao 40º livro (em dezembro, lançou “Afro-Brasil reluzente: 100 personalidades notáveis do século XX”).

E a atuação de Nei vem sendo travada em um triste cenário de perseguição a religiões de matriz africana. Apenas no Rio, a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa contabilizou 201 casos de agressões e ameaças em 2019, mais que o dobro de 2018 (92).

Um panorama que dialoga diretamente com o debate racial, tão efervescido em 2020 com os desdobramentos do assassinato de George Floyd, nos EUA, o movimento #VidasNegrasImportam, os protestos antirracistas ao redor do mundo. E a derrubada de estátuas como a do mercador de escravos Edward Colston, em Bristol, na Inglaterra, substituída ontem por outra, de uma manifestante negra.

 

— Toda esta ebulição é prenúncio de um novo tempo. Dá a impressão que é modismo, mas não é. Não há grandes transformações sem componentes de violência — destaca Nei, referindo-se à destruição de monumentos. — Estas estátuas deveriam estar em museus ou qualquer outro lugar de memória, mas não nas ruas. Fica parecendo uma afronta, um achincalhe, um desrespeito a quem sofreu nas mãos destas pessoas. São figuras históricas, mas marcadas por crimes.

‘Carnaval, só com vacina’

Capa de 'Ifá Lucumí - O resgate da tradição' Foto: Divulgação
Capa de 'Ifá Lucumí - O resgate da tradição' Foto: Divulgação

Para Nei Lores, a conscientização que se vê hoje “é bacana”. Bem diferente dos tempos em que levava pito por falar de racismo durante o jantar.

— É preciso que todos saibam o quanto o mundo deve à África. Modos de vida foram destruídos pelos europeus, e um dia terá de haver uma compensação.

Em relação ao panorama cultural do país, Nei demonstra preocupação. Para ele, o país passa por um processo de desmonte institucional.

'Nada digo de ti, que em ti não veja'Eliana Alves da Cruz traça paralelo entre o Brasil do século XVIII e o atual em novo livro

— Para essa gente, o popular é considerado algo menor, folclórico. Mas não há de ser nada, o poder é transitório, mas nosso trabalho fica para a posteridade — diz o mestre, em quarentena e sem muito otimismo sobre o futuro da folia. — Carnaval, nem pensar, né? Só com vacina. Mas tudo bem, o samba não é episódico. Ele não vai morrer porque jamais agonizou, está sempre se reinventando. Inclusive, já tenho observado algumas movimentações nesse sentido, mas fica para um papo quando estiver lançando um novo livro.


O Globo terça, 14 de julho de 2020

CANTORES LATINOS COMPÕEM INSPIRADOS PELA PANDEMIA DE COVID-19

 

Da Argentina ao México, cantores latinos compõem inspirados pela pandemia de Covid-19

Grupo de Diários da América (GDA) seleciona canções feitas durante a quarentena; Adriana Calcanhotto é a indicada do Brasil
 
Anna Carina Copello, Carlos Rivera, Adriana Calcanhotto e Jorge Drexler Foto: Divulgação e Leo Aversa
Anna Carina Copello, Carlos Rivera, Adriana Calcanhotto e Jorge Drexler Foto: Divulgação e Leo Aversa
 
 

O isolamento imposto a boa parte do mundo calou fundo nos compositores da região. Dez jornais do Grupo de Diários América (GDA), do qual o GLOBO faz parte, selecionam canções de artistas de seus países feitas sob impacto do isolamento causado pela Covid-19. "O que temos", feita por Adriana Calcanhotto para o álbum ‘Só’, todo gravado no confinamento, foi a indicada do Brasil. Conheça as outras nove abaixo.

Carlos Rivera viu sua carreira decolar com a participação no reality show "La Academia". Tempos depois, foi escalado para protagonizar o musical "O rei leão" na Espanha e no México, no papel de Simba. Foi apresentador dos programas de televisão "La Voz México" e "Quién es la máscara", ambos do canal Televisa, e gravou cinco discos.

No fim de maio, lançou "Ya pasará". Ele explica: "Começamos esta canção faz dois anos, mas não havíamos terminado. Passou o tempo, e enquanto estava na quarentena me dei conta de que uma das frases mais repetimos é ‘ahora que pase' (que passe logo); aí me lembrei de que a frase estava nesta canção e corri para conclui-la. Um dos comentários no vídeo conta que os médicos colocavam esta canção para motivar os pacientes de Covid".

Colômbia. Marta Gómez, 41 anos

Formada na tradicional escola de música de Berklee, em Boston (EUA), Marta já foi indicada algumas vezes ao Grammy Latino, vencendo em 2014 a categoria de álbum infantil. Ela conta com uma discografia de 17 álbuns.Atualmente, ela vive em Barcelona, mas mantém forte vínculo com a música colombiana e com a matriz latino-americana" que se nutre de múltiplas influências de Argentina, Paraguai, Brasil e Peru.

 

Ao longo da carreira, a cantautora conseguiu atrair um grupo extenso de seguidores, mesmo sem chegar a emissoras de televisão e rádio. Seus shows são intimistas mas costumam ter casa cheia, graças ao boca a boca e às redes sociais. Agora, tem conseguido atrair milhares de pessoas com seu olhar esperançoso diante da pandemia. Na capital da Catalúnia ela criou e gravou duas canções durante a quarentena, "Emergência" e "Por hoy". Sobre esta última, ela explica: "Surgiu da nostalgia e do medo... E de pensar em quanto sinto falta dos cafés, dos ensaios e dos shows" junto com sua banda. 

Argentina. Andrés Ciro Martínez, 52 anos

Andrés Ciro ficou conhecido como vocalista da banda Los Piojos, uma das mais populares da cena roqueira argentina dos anos 90. Com o fim do grupo, em 2009, formou um novo conjunto, Ciro y Los Persas, em atividade até hoje. Agora, durante a quarentena, os Persas gravaram, cada um de sua casa, um hit antigo dos Piojos com nome bem sugestivo, "Todo pasa".

Mas o cantor de 52 anos, que toca gaita e guitarra em suas apresentações, fez uma canção nova inspirado na pandemia. Em "Moby Dick", traça um paralelo entre a luta travada pela tripulação contra a baleia, da história clássica de Herman Melville, com os esforços coletivos que a população está fazendo para superar a Covid-19. Em suas redes, Ciro avisou que a renda gerada pela reprodução da canção será destinada à Cruz Vermelha argentina.

Brasil. Adriana Calcanhotto, 54 anos

Uma das grandes compositoras do país, Adriana Calcanhotto já teve canções gravadas por nomes como Maria Bethânia, Gal Costa, Marisa Monte e Ney Matogrosso, além de lançar 15 discos autorais. Por conta da pandemia, a cantora se viu impossibilitada de voltar a Portugal, onde daria pelo terceiro ano um curso na Universidade de Coimbra. Recolhida em sua casa no Rio de Janeiro, passou a compor todos os dias. Em junho, ela lançou no Brasil seu último trabalho, "Só", com nove canções criadas e gravadas num período de 43 dias de isolamento social. Uma delas é "O que temos", com versos como "O que temos são janelas" e "Nós estamos amontoados e sós".

"Essa canção sintetiza as coisas que estão no álbum. A compus pensando nas pessoas em suas casas. Pensando nas pessoas sozinhas. Pensando nessa ideia da solidão urbana, e sobre como temos que agir. Como (o poeta) Ferreira Gullar dizia: "A vida é a gente que inventa". Então "O que temos" tem essa noção. E ela é bem imagética: Eu ouço ela e vejo um lugar como o Copan (famoso edifício em São Paulo) com pessoas empilhadas, porém sozinhas."

Uruguai. Jorge Drexler, 55 anos

Maior expoente da música uruguaia no mundo, Jorge Drexler vive na Espanha há mais de 20 anos. Vencedor do Oscar de melhor canção por ""Al otro lado del río", da trilha sonora do filme "Diários de motocicleta", o cantor e compositor tem uma carreira internacional com proposta artística que, apesar de personalíssima, bebe na raiz do folclore e da escola de violão dos principais mestres uruguaios.

 

Em março, dias antes de o Uruguai anunciar o primeiro caso positivo de coronavírus, mas com a Espanha já colapsada pela pandemia, Drexler surpreendeu com uma composição minimalista fiel a seu estilo, chamada "Codo con codo" ("cotovelo com cotovelo") e inspirada, justamente, na impossibilidade de beijar e abraçar os outros. "Enfrento essas angústias escrevendo e empunhando o violão. Tentando entender esta época em que a maneira de mostrar afeto por outra pessoa passa por não lhe dar a mão, para que o vírus não se propague", explica ele.

Peru. Anna Carina Copello, 38 anos

Cantora e compositora pop, a peruana Anna Carina participou de campanhas solidárias em diversos momentos da carreira. Com diversos discos lançados, como "Algo personal" (2002), "Espiral" (2005) e "Sola y bien acompañada" (2015), Anna venceu a categoria Melhor artista latino-americano" do Prêmio MTV EMA 2013. Em junho, ela revelou em suas redes sociais ter contraído Covid-10, apesar de ter respeitado o isolamento social. Em abril, ela lançou "Unidos", canção que tem a colaboração do rapper Jaze.

"'Unidos' é uma canção inspirada na crise sanitária mundial que estamos vivendo atualmente e nos ensinamentos que nos deixam esses tempos complicados", diz ela. "Ter contraído Covid-19 e superado a doença me deixou um grande ensinamento: que os momentos de crise são aqueles em que mais temos que manter a fé e ter a fortaleza de seguir adiante apesar da adversidade". 

Costa Rica. Tapón, 40 anos

Com mais de 25 anos de trajetória artística na Costa Rica, Tapón é um dos representantes mais fortes do gênero urbano do país. Criado em um bairro humilde da capital San José, logo demonstrou facilidade e talento para o rap, gênero com que se firmou na indústria musical local. Atualmente segue cantando, mas se destaca também como produtor.

Em maio, lançou a canção "Heroes", com clipe que celebra os profissionais de saúde e conta com a participação de personalidades do país, como apresentadores, atores e jogados de futebol. "A motivação vem do agradecimento. Sabemos que há milhares de pessoas pelo mundo, sobretudo os trabalhadores da sáude, que apesar de serem anônimos merecem toda a gratidão", explicou o artista. "Eles precisam saber que não estão sozinhos."

Chile. Andrés de León, 45 anos

Conhecido desde a infância no Chile, por ter sido ator-mirim do "Clan Infantil" do programa "Sábados Gigantes", Andrés se tornou um cantor e compositor romântico consagrado no país. Hoje, ele celebra 25 anos de carreira, uma história em que combinou seu trabalho como intérprete e autor de temas para outros artistas, além de gravar com nomes como Albert Hammond e Toni Braxton.

No fim de junho, ele lançou o clipe de "Abrazarte Otra Vez", que contou com a participação de personalidades locais como o ex-jogador de futebol Marcelo Barticciotto e a comediante Maitén Montenegro.

 

"Comecei a escrever a canção no início de maio, quando a curva de contágio estava crescendo muito rápido em Chile", conta ele. "Sinto que um dos temas mais honestos que fiz, quando canto 'Desespero, vontade de gritar, esta saudade e este confinamento se fazem eternos', que aborda o que sentimos, mas logo foca na esperança de que poderemos voltar a nos abraçar em breve, quando tudo isso passar.

Venezuela. Franco De Vita, 66 anos

O veterano compositor, multiinstrumentista e produtor musical nasceu em Caracas em 1954 e vive na Espanha há décadas. De Vita vendeu mais de 25 milhões de discos, venceu várias categorias do Grammy Latino e tem vídeos de perfomances ao vivo na lista dos mais vistos no YouTube. Um dos grandes expoentes do pop venezuelano dos anos 80, ele também é o autor de hits nas vozes de Ricky Martin e Luis Fonsi.

Em junho, ele compôs e lançou "Frágiles" para refletir sobre a pandemia. Dedicou a obra "aos que estão na linha de frente". "Nunca pensei que um abraço me faria tanta falta como agora", diz o primeiro verso da canção, referindo-se ao isolamento social imposto em todo o mundo.

El Salvador. Prueba de Sonido, "Pueblo de fe"

"Los Prueba", como carinhosamente são chamados pelo público, tem 25 anos de trajetória e um hit que alcançou sucesso internacional: "Hacer nuestro el universo". Agora, na pandemia, o vocalista Alex Oviedo e seus companheiros gravaram juntos a canção "Pueblo de fe".

 

Foram surpreendidos com a notícia de que a canção seria tocada na rádio do Vaticano. E chegaram a dar entrevista para o site da emissora. "Para mim significou muito. Estando amarrados e sem poder tocar em palcos físicos, nos esquecemos de que a música tem esse poder de transcender fronteiras, doenças, problemas. Quisemos mostrar que com um pouco de fé podemos chegar a muitos corações com uma mensagem positiva", disse Oviedo.


O Globo segunda, 13 de julho de 2020

KELLY PRESTON SE ENCANTOU: ATRIZ, MULHER DE JOHN TRAVOLTA, MORRE AOS 57 ANOS, VÍTIMA DE CÂNCER

 

Atriz Kelly Preston, mulher de John Travolta, morre aos 57 anos, vítima de câncer

Notícia foi dada pelo prórprio marido
 
John Travolta e Kelly Preston no Festival de Cannes, em 2018 Foto: Eric Gaillard / REUTERS
John Travolta e Kelly Preston no Festival de Cannes, em 2018 Foto: Eric Gaillard / REUTERS
 
 

A atriz americana Kelly Preston, que trabalhou em filmes como "Jerry Maguire", faleceu aos 57 anos, vítima de câncer de mama, anunciou seu marido, o ator John Travolta. Ela se casou com Travolta em 1991. O casal teve três filhos — o mais velho deles faleceu em 2009 aos 16 anos.

Um representante da família informou à revista People que Preston faleceu na manhã de domingo. "Ela optou por manter sua luta de maneira privada, estava em tratamento médico há algum tempo, apoiada por sua família mais próxima e amigos", afirmou o representante, citado pela revista.

Nascida em 13 de outubro de 1962 no Havaí, Preston estudou arte dramática na Universidade do Sul da Califórnia. A atriz se tornou conhecida por seu papel no filme "Irmãos Gêmeos" em 1988, ao lado de Arnold Schwarzenegger e Danny DeVito.

Trabalhou em dezenas de filmes e séries durante a carreira. Na comédia romântica "Jerry Maguire" (1996), Preston interpretou a ex-namorada do personagem de Tom Cruise.


O Globo domingo, 12 de julho de 2020

CENTENÁRIO DE ELIZETH CARDOSO: COMEMORAÇÕES

 

Centenário de Elizeth Cardoso é comemorado com relançamento de discos, lives e shows virtuais

Clássicos como 'Elizeth sobe o morro' e 'Todo o sentimento' chegam pela primeira vez às plataformas de streaming
 
A cantora Elizeth Cardoso, cujo centenário é comemorado no dia 16 de julho de 2020 Foto: Acervo de família
A cantora Elizeth Cardoso, cujo centenário é comemorado no dia 16 de julho de 2020 Foto: Acervo de família
 
 

RIO — Antes de ser conhecida como “Enluarada”, “Magnífica” ou “Divina”, Elizeth Cardoso (1920-1990) trabalhou como cabeleireira, balconista, operária e dançarina, entre outras atividades. De sua estreia no rádio, em 1936, até o fim da vida, a artista gravou e trabalhou intensamente, consagrada como uma das maiores cantoras brasileiras de todos os tempos, formando gerações de intérpretes que até hoje reverenciam o seu legado.

 Na semana de seu centenário, lives, espetáculos on-line e a reedição de 27 discos, que chegam pela primeira vez às plataformas de streaming, celebram a vasta obra e carreira da artista, que atravessou seis décadas.

— Pode-se afirmar que Elizeth continua sendo a mais moderna das modernas cantoras brasileiras. Seu lugar na história está garantido, e sua dignidade será sempre lembrada — afirma o compositor Hermínio Bello de Carvalho, que foi amigo íntimo e produtor de diversos LP’s de Elizeth. — Quem não sabe a importância dela, precisa conhecer.

Entre a série de tributos programados, um dos mais aguardados é o lançamento digital de 26 álbuns do acervo da cantora na Copacabana, que a Universal Music, detentora do arquivo da extinta gravadora, disponibiliza na internet a partir de quinta-feira, quando serão comemorados os 100 anos da carioca. Serão 17 discos de carreira, além de um projeto coletivo, um EP de raridades e sete compilações. Entre as pérolas, “Elizeth sobe o morro” (1965), no qual ela canta Nelson Cavaquinho, Zé Keti, Cartola e a então revelação Paulinho da Viola. Outros jovens cantados no disco foram Elton Medeiros e Hermínio, que contribuíram com a parceria “Folhas no ar”.

— Lembro da Elizeth, depois de assistir à estreia de "Rosa de Ouro” (espetáculo idealizado por Hermínio em 1965). À porta do teatro, falou comigo : "Você vai produzir meu próximo disco". Minha carreira de produtor começava ali — relembra.

 

Outro clássico que chega ao streaming é o póstumo “Todo o sentimento”, com o violonista Raphael Rabello (1962-1995), que ganha nova edição da Biscoito Fino.

— Esse álbum todo é uma aula — resume a cavaquinista Luciana Rabello, irmã de Raphael, que tocou com Elizeth, entre idas e vindas, de 1979 a 1988. — Ela se tornou uma amiga, uma referência feminina, de dignidade, de comportamento, de artista. Ela juntava delicadeza, firmeza e elegância. Era uma dama.

Precursora da bossa nova

Elizeth nasceu no bairro de São Francisco Xavier, próximo ao Morro da Mangueira. Quando era adolescente, Jacob do Bandolim a ouviu cantando num sarau realizado por seus pais, e a levou para um teste na Rádio Guanabara, em 1936. Ela foi aprovada, mas o sucesso demoraria a chegar. Entre a estreia nas ondas do rádio até seu primeiro êxito, “Canção de amor” (Chocolate/Elano de Paula), foram 14 anos.

No final da década de 1950, quando já era considerada uma das grandes divas do rádio, do samba-canção e das principais boates, ela gravou “Canção do amor demais”, disco que lançava a parceria entre Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Em duas faixas, “Chega de saudade” e “Outra vez”, havia os primeiros registros da batida diferente do violão de um tal João Gilberto. Era o pontapé inicial da bossa nova.

 

— É um de seus discos mais cultuados, mas teve uma venda ínfima na época de seu lançamento. E olhe que era um repertório da maior qualidade, era a obra de Tom e Vinicius, num disco até hoje atualíssimo — diz Hermínio.

O LP marca também uma das maiores características de Elizeth: a inquietação que a levaria a atualizar constantemente seu repertório, passeando por diversos gêneros, lançando novos compositores e se mantendo sempre contemporânea e atual.

— Não se pode falar de música brasileira sem falar de “Canção do amor demais” — afirma Haroldo Costa, responsável pelo epíteto de “Divina”. — Foi uma casualidade. O Sergio Porto me pediu para atuar como interino de sua coluna no jornal “Última hora”. E eu escrevi que ela foi divina na estreia de um show em São Paulo. E pegou.

E foi fácil de pegar. Sua voz grave, de timbre raro e repleta de emoção, influenciou dezenas de intérpretes.

'História de filme americano'

Alguns de seus discípulos foram Alaíde Costa, Ayrton Montarroyos, Claudette Soares, Eliana Pittman, Leci Brandão e Zezé Motta. Todos estão em “Elizeth Cardoso — 100 anos”, disco que a Biscoito Fino lança nas plataformas no dia 31.

 

— Ela marca a história da música brasileira como a ponte entre a música tradicional e a moderna — avalia Thiago Marques Luiz, produtor do projeto. — A história dela é linda, tem todos os ingredientes de um filme.

Se chegasse aos cinemas, os roteiristas teriam trabalho com tantas reviravoltas. Até alcançar o reconhecimento artístico, Elizeth também trabalhou em cabarés, clubes noturnos, circos do subúrbio carioca, onde se apresentava com Grande Otelo — um dos muitos pretendentes rejeitados por ela, assim como Vinicius e Ary Barroso —, e como taxi girl (dançarina).

— No Dancing Avenida, ela trabalhava basicamente para conseguir um prato de comida, porque não a chamavam para dançar. Seu único casamento durou poucos meses (com Ari Valdez, em 1939). Eles se separaram quando ela estava grávida do meu pai. Se hoje ainda é difícil, imagina naquela época? Foi muito duro — comenta Paulo Valdez Jr., neto de Elizeth.

A trajetória de vida da cantora foi contada pelo jornalista Sérgio Cabral na biografia “Elisete Cardoso, uma vida” (Lumiar, 1994). E ela entendia o que expressava em suas canções sobre dor de cotovelo. Além do casamento meteórico, um namorado, o compositor Evaldo Ruy, teria lhe telefonado antes de cometer suicídio, em 1955. Na época do lançamento do livro, Cabral falou ao GLOBO que “ela foi infeliz no amor, gostava de ser dona de casa e nasceu para casar. É história de filme americano.”

 

— O Vinicius me deu “Apelo”, que ele fez com o Baden Powell. Por causa de um contrato, demorou para sair, e a Elizeth gravou antes. Quando me encontrou, ele falou: “Tá vendo? Era ela mesma quem devia ter gravado, a Elizeth já passou por muita coisa na vida” — conta Claudette Soares .

Admiradores internacionais

Em 1964, a cantora derrubou o preconceito quando arrebatou a plateia de um Teatro Municipal lotado para interpretar as "Bachianas brasileiras nº5", de Villa-Lobos. Outro momento marcante ocorreu em 1968, no Teatro João Caetano, quando Elizeth fez um show histórico ao lado de Jacob do Bandolim e do Zimbo Trio, unindo o choro ao jazz. Produtor do espetáculo, Hermínio lembra que teve dificuldades com o genial descobridor da cantora:

— Lembro de Jacob meio aterrorizado com aquela experiência nova de gravar ao vivo. Estava intratável, cabreiro e nervoso, veja só!

Apesar de muitas vezes negligenciada pelas gravadoras, Elizeth seguiu até o fim da vida produzindo muito e com a mesma simplicidade e elegância. E seguiu angariando fãs ao redor do mundo. Entre eles, Louis Armstrong, Nat King Cole e Quincy Jones. Sempre humilde, contudo, ela demorou para ficar confortável no papel de “Divina”.

 

— Vale ressaltar também a admiração que Sarah Vaughan nutria por Elizeth. Aliás, Sarah a aconselhou que nunca rejeitasse o título de Divina, título que ela, Sarah, também ostentava: "The Divine one" — comenta Hermínio.

Amiga de Elizeth, Áurea Martins lembra da generosidade da estrela:

— Ela foi uma madrinha para mim. Como me achava muito magra, um dia me convidou para a casa dela para tomar Sustagen — conta, gargalhando. — Ela tinha muito bom gosto, sabia que seu repertório passaria atual durante décadas. E ela vai atravessar épocas também.

Lives para Elizeth Cardoso

Museu da Imagem e do Som

Terça (14/7), às 18h, no Facebook (/mis.rj), o MIS promove bate-papo sobre o centenário de Elizeth Cardoso, com Haroldo Costa, Paulo Valdez, seu neto, e Pedro Ernesto Marinho.

Teatro Rival Refit

Com produção de Marcus Fernando, a casa realiza uma maratona de quatro horas, com canções e conversas. Participam nomes como Áurea Martins, Joyce Moreno e Simone. Quinta (16/7), às 16h, no Instagram (@teatro.rival.refit).

Nina Wirtti

A companhada por João Camarero (violão), Guto Wirtti (baixo) e Luis Barcelos (bandolim, )a cantora celebra a Divina. Dia 20, às 17h, no YouTube (/ninawirtti).

 

Mônica Salmaso

Até o final do mês, a cantora disponibiliza show dedicado a Elizeth, em pré-estreia da plataforma on-line da Casa do Choro, onde ela faria duas apresentações em homenagem à Divina, canceladas pela pandemia.

Dez LP's essenciais que chegam ao streaming

Discípulas celebram a Divina

Claudette Soares: “Ela tinha uma visão musical muito moderna. Foi uma diva, a estrela maior dos Anos Dourados”

Áurea Martins: “O sentimento dela, como ela encarnava o texto... A Elizeth vivia para a música”

Ilessi: “Elizeth é um divisor de águas na música brasileira, dona de um timbre inconfundível"

Juliana Linhares: “Quando penso nas grandes cantoras, a memória vibra os vibratos de Elizeth”

Mônica Salmaso: “A Elizeth é a professora, a cantora-mãe. Ela tinha uma intuição musical brilhante, tudo está lá”

Nina Wirtti: “A voz, a técnica apurada, uma pessoa maior. É divina, mesmo. É imortal, segue viva”

Simone: “Eu a conheci ainda criança. Elizeth era uma dama, tinha postura de rainha, sempre foi a Divina"

Simone Mazzer: "Não vejo como ser cantora sem passar pela Elizeth Cardoso"

Ayrton Montarroyos: "Ela soube se renovar, acompanhar a dinâmica da música de todas as épocas"


O Globo sábado, 11 de julho de 2020

CONMEBOL APROVA A VOLTA DA LIBERTADORES EM SETEMBRO

 

Conmebol aprova volta da Libertadores em setembro e final em janeiro; Eliminatórias vão para outubro

Entidade prevê calendário também da Sul-Americana até início de 2021
 
Alejandro Domínguez, presidente da Conmebol Foto: Divulgação/Conmebol
Alejandro Domínguez, presidente da Conmebol Foto: Divulgação/Conmebol
 
 
O GLOBO apurou ainda que a retomada da Sul-Americana, por sua vez, será na semana de 27 de outubro. A decisão também será em janeiro de 2021.

MAIS:Como a CBF pretende montar o calendário brasileiro até a Copa de 2022

Na conversa desta sexta, os dirigentes da Conmebol não discutiram se o Maracanã está mantido ou não para a final única da atual edição do torneio. Por ora, o planejamento a respeito da sede continua o mesmo.

A Libertadores foi interrompida após a segunda rodada da fase de grupos. Assim, contando com a final única, a competição terá ainda 11 datas até o encerramento. Até por conta desse cenário a Conmebol engrossou o coro nesta semana, em reunião com a Fifa, a respeito da necessidade de adiamento do Mundial de Clubes 2020, o que é inevitável.

LEIA:ENTREVISTA COMPLETA COM O PRESIDENTE DA CBF SOBRE CALENDÁRIO

As Eliminatórias da Copa do Mundo do Qatar também foram alteradas para outubro. Com isso, a Conmebol usará datas de janeiro de 2022 para compensar os jogos que seriam, inicialmente, em 3 de setembro. Desta forma, a estreia da seleção brasileira contra a Bolívia fica adiada mais uma vez, por mais que a Fifa já tivesse anunciado os jogos do continente sul-americano em setembro. O trâmite burocrático prevê aprovação futura da Fifa, que confirmou a aprovação por parte da Conmebol nesta sexta.

 

Como a data Fifa de setembro ficou disponível, o entendimento na Conmebol é que as seleções podem marcar amistosos.

A confirmação da volta da Libertadores amplia o cenário para os clubes brasileiros sobre o futuro. A Série A do Brasileirão começará em 9 de agosto.

O espaço no calendário brasileiro

O calendário divulgado pela CBF nesta semana já tinha dado um indicativo sobre o encaixe da Libertadores em setembro, já que a entidade brasileira montou o cronograma em consonância com a Conmebol.

Em setembro, há espaço para a Libertadores em três meios de semana (16, 23 e 30). Em outubro, há um meio de semana, o do dia 27.

Novembro será um mês congestionado. A Copa do Brasil chegará às oitavas de final. É nessa fase que entram os clubes brasileiros que disputam a Libertadores. Só está disponível o meio de semana do dia 25. Por essa projeção, seria nesta data que as oitavas de final começariam.

Dezembro, por outro lado, tem muito espaço para inserção dos jogos da Libertadores. São três meios de semana liberados, nos quais caberiam jogos até a conclusão das quartas de final.

As semifinais seriam jogadas a partir de janeiro 2021. Conforme decisão do Conselho, a final única também será no primeiro mês do ano que vem.


O Globo sexta, 10 de julho de 2020

DIA DA PIZZA - RECEITAS FÁCEIS DE MASSAS E SUGESTÕES DE MOLHOS E RECHEIOS

 

No Dia da Pizza, receitas fáceis de massas e sugestões de molhos e recheios

Veja dicas e truques compartilhados por chefs e pizzaiolos
 
Artesanos Bakery: pizza zucchini, com molho de tomate, mozzarella, abobrinha em tiras finas, gorgonzola e amêndoas laminadas Foto: Divulgação/Gabriel Ávilla
Artesanos Bakery: pizza zucchini, com molho de tomate, mozzarella, abobrinha em tiras finas, gorgonzola e amêndoas laminadas
Foto: Divulgação/Gabriel Ávilla
 
 

Todo dia é dia de pizza, diriam os fãs da redonda. Mas o 10 de julho é, oficialmente, o Dia da Pizza  no Brasil. E o país está  entre os maiores consumidores do planeta. Segundo dados da Associação de Pizzarias Unidas de São Paulo, diariamente os brasileiros consomem cerca de 1,7 milhão de pizzas. Para quem quer aprender a fazer em casa, compartilhamos receitas fáceis de massas, molhos e recheios, além de truques e dicas de chefs e pizzaiolos.

— O que indico é ter no máximo quatro ingredientes, o molho, o queijo e mais dois, para não ficar um cheesetudo na pizza. Esse é o momento de soltar a criatividade — diz o chef Pedro Siqueira, da Ella Pizzaria.

Se for assar em forno convencional, sugere a turma da Artesanos, é recomendado utilizar uma pedra refratária para manter a temperatura elevada por mais tempo e a pizza assar bem.

— O ideal é assar em forno acima de 350 graus. Caso não tenha um, pré-aqueça o forno de casa por uma hora na temperatura máxima. Coloque a pizza e deixe assar por igual — indica a padeira Mariana Massena.

A qualidade da farinha de trigo influencia diretamente no resultado final.

— É ela que vai conferir a crocância e a leveza da massa — explica o chef Jorge Mariano, da Madá Pizza e Vinho,  em Curitiba (PR).

 

Massa de pizza

Pedro Siqueira (Ella Pizzaria e do Massa + Ella)

Massa de pizza, do chef Pedro Siqueira (Ella Pizzaria e do Massa + Ella) Foto: Divulgação/Júlia Amin
Massa de pizza, do chef Pedro Siqueira (Ella Pizzaria e do Massa + Ella) Foto: Divulgação/Júlia Amin

 

Ingredientes

  • 1kg de farinha
  • 15g de sal
  • 5g de açúcar
  • 5ml de óleo ou azeite
  • 6g de fermento
  • 600 ml de água

* rende oito porções de 250g .

Preparo

Misture farinha, sal, açúcar e fermento. Em um outro recipiente, misture a água e o azeite. Vá colocando aos poucos a mistura líquida na sólida e sovando na mão até ficar bem homogênea. Corte a massa com cortador ou faca e faça bolinhas. Deixe-as descansar numa assadeira para que possam fermentar. Depois de uma ou duas horas, elas irão crescer e ficar bem macias. Abra as massas numa pedra com farinha, na mão ou no rolo. Coloque os recheios que mais lhe agradam e asse.

Sugestão exclusiva do Dia da Pizza: Tartufi leva nosso molho de tomate, cogumelos frescos, ovo estalado, crocante de Parma e azeite trufado (R$ 49). Tanto a brotinho quanto a Tartufi estarão disponíveis apenas na loja da Ella Pizzaria (3559-0102).

Pizza de fermentação natural

Mariana Massena e Ricardo Rocha (Artesanos Bakery)

Ingredientes

  • 500g de farinha
  • 200g de levain (se não tiver, substitua por 10g de fermento para pão)
  • 350ml de água mineral
  • 15g de sal
  • 30ml de azeite

Aprenda a fazer seu próprio levain

Preparo

Misture a farinha e 300ml de água até obter uma massa homogênea, e deixe descansar por uma hora. Esse processo se chama autólise e ajuda a farinha a absorver a água. Misture o levain nos 50ml de água restantes, adicione-a à massa e, em seguida, junte o azeite e o sal, mexendo sempre. Polvilhe a bancada com farinha e coloque a massa da pizza, sovando-a por cerca de dez minutos. Devido a alta hidratação da massa, ela grudará um pouco na bancada. Tenha paciência nessa hora e não coloque muita farinha para torná-la mais fácil de ser manipulada.

 

— A alta hidratação tem suas vantagens, vai gerar mais gás carbônico na fermentação, aumentando os alvéolos (buracos) na massa, deixando-a mais leve — diz Mariana Massena.

Logo após a sova,  deixe a massa fermentar por seis a oito horas. Para não ressecar, coloque em cima um pouco de azeite e cubra com plástico filme. Depois desse período, divida a massa em quatro bolas. Esse processo se chama bolear e, nesse momento, a massa vai para a segunda fermentação por mais seis a oito horas.

Após essa etapa, abra a massa da forma como são feitas as pizzas clássicas, sem usar rolo. Coloque azeite na mão e com as pontas dos dedos vá abrindo o meio da massa, deixando as bordas com ar ainda, sem mexer. Monte sua pizza a gosto.

— Uma sugestão é a nossa pizza Clássica Zucchini. Utilizamos molho de tomate pelati, mozzarella, abobrinhas cortadas em Julienne, queijo gorgonzola e amêndoas em lâminas tostadas para finalizar — sugere Ricardo Rocha. 

Pizza de calabresa com cogumelos frescos

Jorge Mariano (Madá Pizza e Vinho)

Pizza de calabresa com cogumelos frescos - Chef Jorge Mariano - Madá Pizza e Vinho Foto: Divulgação
Pizza de calabresa com cogumelos frescos - Chef Jorge Mariano - Madá Pizza e Vinho Foto: Divulgação

 

Ingredientes

... a massa

  • 1kg de farinha de trigo
  • 600g de água
  • 20g de sal
  • 1g de fermento biológico seco

... o molho

  • 500g de tomates pelados
  • 10g de sal

... o recheio

  • 500g de mozzarella
  • 300g de cogumelos Paris frescos
  • 300g de calabresa fatiada
  • Azeite de oliva extra virgem
  • Pimenta-do-reino
  • Salsinha fresca

Preparo

Massa: aqueça levemente a água (não deixe passar de 30 graus), coloque em uma bacia, adicione o fermento e aguarde 15 minutos. Acrescente a farinha, o sal e misture com as mãos. Quando estiver toda incorporada à água, coloque em uma superfície limpa e sove até obter uma massa lisa e homogênea. Deixe a massa crescer por 2h a 4h em temperatura ambiente, até dobrar de tamanho. Divida a massa em bolinhas de 200g, coloque cada bolinha em um recipiente com tampa e levemente untado com azeite e leve à geladeira por 18h a 24h.

 

Molho: misture os tomates e o sal e amasse com as mãos até obter um molho com pedaços bem pequenos de tomate. O molho tradicional para pizzas italianas não deve ser cozido.

Recheio: pré-aqueça o forno na temperatura máxima por pelo menos 30 minutos. Se tiver uma pedra de pizza, aqueça junto com o forno. Abra a massa e cubra com o molho de tomates. Adicionar a mozzarella picada grosseiramente, a calabresa fatiada e os cogumelos também fatiados. Levar ao forno por três a oito minutos (depende da potência do seu forno), girando a pizza caso necessário. Tirar do forno, finalizar com azeite extra virgem, pimenta-do-reino e salsinha fresca.

Pizza vegana ao pesto

Armando Freitas (Trattoria Carioca)

Trattoria Carioca: leggero Foto: Divulgação/Bernardo Britto
Trattoria Carioca: leggero Foto: Divulgação/Bernardo Britto

 

Ingredientes

... a massa

  • 1kg de farinha de trigo
  • 2,5g de fermento biológico fresco
  • 2 ½ colheres de sopa de azeite de oliva 
  • 20g de sal
  • 2 ½ xícaras de água mineral gelada

... o molho pesto

  • 200g manjericão
  • 15g flor de sal
  • 200ml de azeite
  • 30g de queijo grana padano
  • 15g alho
  • 75g castanha de caju

... o recheio

  • 410g de massa para pizza
  • 50g de molho pesto 
  • 150g de abobrinha em rodelas
  • 5ml de azeite
  • 1g de sal
  • 1g de pimenta do reino
  • 60d de alho-poró
  • 50g de tomate cereja
  • 60g de cebola roxa
  • 10g de alho fatiado
  • 1g de orégano

Preparo

Massa: em um bowl, misture a farinha e o sal. Em outro recipiente misture o fermento, a água gelada e o azeite. Depois misture todos os ingredientes e amasse fazendo movimentos circulares até que a massa comece a desgrudar das mãos. Caso perceba que a massa ainda está grudando, acrescente um pouco mais de farinha. Divida a massa em quatro partes iguais e faça bolas. Disponha as bolas de massa em um tabuleiro, cubra com papel filme e coloque na geladeira para descansar por 24 horas. Depois de 24 horas, retire a massa da geladeira e deixe descansar por mais duas horas. Logo depois dessas duas horas, pode começar as fazer as pizzas.

 

Molho: colocar todos os ingrediente no liquidificador e bata até ficarem triturados exceto o manjericão. Depois acrescente ao poucos o manjericão. Cuidado para não virar uma pasta.

Recheio: abrir a massa até atingir 35cm, tomando cuidado para deixar a borda alta. Coloque o molho pesto sobre a massa e faça movimentos circulares espalhando por cima de toda a pizza. Adicione a abobrinha e espalhe até preencher os espaços vazios. Coloque em cima da abobrinha o azeite, o sal e a pimenta do reino. Depois acrescente o alho-poró, tomate cereja, a cebola e o alho fatiado. Coloque no forno na temperatura máxima para pizza assar por completo. Ao retirar do forno, coloque o orégano.

Pizza napolitana

Marcos Livi e Luiz Carlos Pereira Lima Filho (Napoli Centrale)

Pizza napolitana da Napoli Centrale Foto: Divulgação
Pizza napolitana da Napoli Centrale Foto: Divulgação

 

Ingredientes

... a massa

  • 137g farinha (sugestão: a italiana Caputo 00)
  • 80g de água
  • 3g de sal marinho
  • 0,08g de fermento biológico fresco (se for seco tem que usar 1/3)

... o recheio

  • 85g de fiori di latte
  • 10g de queijo grana padano ralado
  • 10g de molho de tomate italiano
  • 2g de pesto

OBS: Para poder pesar essa quantidade de fermento, uma tampa de caneta BIC pesa 0,8g. Ou seja, para cem massas colocamos 8g de fermento.

Preparo

Massa: Em uma bacia, dissolva o sal marinho na água. Vá colocando a farinha aos poucos, quando formar uma espécie de pasta, incorpore o fermento biológico fresco (esfarelado) espalhando bem. Na sequência, incorpore o restante da farinha. Trabalhe a massa com os punhos das mãos. Uma vez que conseguir incorporar toda a farinha, trabalhe a massa dobrando-a sobre si até chegar ao ponto da massa: aparência oleosa (brilhante) e liso ao toque. Descansar por 20 ou 30 minutos. Cubra com um pano úmido (não encharcado), para a massa não ressecar. Depois, em uma bancada, dividir a massa em porções de 220g e bolear. O jeito mais simples e parecido de fazer uma coxinha. A bolha tem que ficar completamente lisa (para não fugir os gases da fermentação). Deixar descansar 18 horas num recipiente com tampa a temperatura ambiente. Pré-assar a massa por seis minutos a uma temperatura de 290 graus.

 

Recheio: adicione na massa (aberta) fiori di latte e queijo grana padano ralado. Leve ao forno a 290 graus por três minutos. Adicione para cada fatia duas fileiras de molho, não muito grande, em tamanhos iguais. Por último finalize com 15 ou 20 pontinhos de pesto. Usar uma bisnaga ou saco de confeiteiro para o pesto. Para o molho usar o auxílio de uma bailarina ou bisnaga.

Pizza marguerita

Miro, Marly e Bruno Tolpiakow (Capricciosa)

Pizza margherita gourmet, da Capricciosa Foto: Divulgação/Luisa Cunha
Pizza margherita gourmet, da Capricciosa Foto: Divulgação/Luisa Cunha

 

Ingredientes

... a massa

15g de fermento biológico para pão

50ml de água morna

500g de farinha de trigo 00

250ml de água mineral

25ml de azeite

25g de sal

... o molho de tomate

1kg de tomate pelado sem acidez (tipo pachino ou San Marzano)

2 litros de água fervente

60ml de azeite

10 folhas de manjericão fresco e picado

Sal a gosto

... o recheio

130g de massa de pizza

150ml de molho de tomate

200g de mozzarella de búfala em rodelas de 5mm

80g de tomates-cereja

20g de queijo parmesão italiano ralado grosso

1 ramo de manjericão para decorar

Preparo

Massa: coloque o fermento na água morna e amasse até que se desmanche e fique como um creme. Em uma tigela, junte a farinha, a água mineral e o fermento dissolvido e trabalhe a massa com as mãos até que fique homogênea. Acrescente o azeite aos poucos, lambuzando e amassando. Por último, adicione sal. Faça uma bola única e coloque numa bacia untada com um pouco de azeite. Deixe a massa descansar coberta com um pano úmido por 30 minutos ou até que dobre de tamanho. Faça quatro bolinhas de 130g com a massa e coloque num tabuleiro untado com um pouco de farinha. Cubra com um pano úmido e deixe descansar por mais 30 minutos para terminar a fermentação.

 

Molho: coloque o tomate na água fervente e deixe até a casca rachar. Retire a água, remova a pele e os caroços e descarte, mas preserve a água que sai de dentro do tomate. Pique, acrescente o azeite e o basílico e tempere com sal. Leve ao fogo até desmanchar e virar um creme.

Recheio: abra a massa num disco de 26cm a 30cm de diâmetro, despeje uma concha de molho de tomate no centro e espalhe deixando 1,5cm da borda sem molho. Distribua as rodelas de mozzarella uniformemente sobre o molho. Corte os tomates ao meio, retire os caroços e arrume uniformemente sobre a mozzarella. Por cima, espalhe o parmesão. Leve ao forno bem quente (220 graus) para assar por aproximadamente 40 minutos. Retire do forno e decore com manjericão.

Pizza margherita

Piero Cagnin (Zona Sul)

Zona Sul, pizza-margherita, de Piero Cagnin Foto: Divulgação
Zona Sul, pizza-margherita, de Piero Cagnin Foto: Divulgação

 

Ingredientes

  • 500g de farinha de trigo
  • 300ml de água
  • 2 colheres de chá de sal
  • 1 colher de chá de fermento biológico
  • 100g de molho de tomate
  • 100g de mozzarela ralada
  • Rodelas de tomate
  • Manjericão a gosto

Preparo

Massa: em uma vasilha grande, coloque a água, dilua a fermento e acrescente a farinha de trigo. Trabalhe essa massa até que comece a pegar consistência. Acrescente o sal, retire da vasilha e trabalhe a massa sobre uma superfície de trabalho até que fique lisa e homogênea. Obtenha três bolas de massa de aproximadamente 300g cada. Dê a elas um formato arredondado, cubra-as e deixe fermentar em lugar protegido de correntes durante pelo menos quatro horas.

 

Abrindo a massa: polvilhe a superfície de trabalho com farinha de trigo, abra a bola de massa com a ponta dos dedos sem ir até o final do disco que estará se abrindo. Repita a operação até obter um disco de aproximadamente 20cm.

Finalização: em seguida, com o auxilio de uma colher, coloque o molho de tomate no centro do disco e espalhe-o com a colher deixando uns 2cm de borda livre. Coloque agora a mozzarella espalhando-a bem sobre o molho de tomate, depois espalhe o tomate e o manjericão. Coloque a pizza sobre uma assadeira e leve ao forno pré-aquecido a 250 graus até derreter o queijo, quando for servir coloque mais um pouco de manjericão fresco.


O Globo quinta, 09 de julho de 2020

QUARENTENA A BORDO: VELEJADORES CONTAM SUAS EXPERIÊNCIAS DURANTE A PANDEMIA

 

Quarentena a bordo: velejadores contam suas experiências durante a pandemia

De planos frustrados a novas descobertas fizeram parte da vida no mar em tempos de novo coronavírus
 
 
A velejadora Isabela Almeida no mastro do veleiro Amazônia, onde vive com o marido Sandro Masseli e as cadelas Vick e Chica Foto: Acervo pessoal
A velejadora Isabela Almeida no mastro do veleiro Amazônia, onde vive com o marido Sandro Masseli e as cadelas Vick e Chica
Foto: Acervo pessoal
 
 

RIO - Sarah e Renato planejavam partir para os atóis do arquipélago Tuamotu, na Polinésia Francesa. Sandro e Isabela pretendiam velejar pelo Mediterrâneo. Sérgio e Dôra finalmente se mudariam para o barco que levaram 11 anos construindo. Tudo isso aconteceria em março de 2020, caso a tempestade do novo coronavírus não mudasse os planos de um planeta inteiro. 

Atracados na Espanha

Sandro Masseli, Isabela Almeida e as cadelas Vick e Chica no veleiro Amazônia, em Burriana, na Espanha Foto: Acervo pessoal
Sandro Masseli, Isabela Almeida e as cadelas Vick e Chica no veleiro Amazônia, em Burriana, na Espanha
Foto: Acervo pessoal

— A incerteza sobre quanto tempo a quarentena duraria foi o que mais nos angustiou. Além de ficarmos presos no mesmo lugar, que é o oposto do que esperamos quando vivemos no mar — conta Sandro Masseli, capitão do veleiro Amazônia, onde vive com a mulher, Isabela Almeida, e as cadelas Vick e Chica.

O casal passou a quarentena dentro do barco, num clube náutico na cidade de Burriana, ao lado de Valencia, na Espanha, onde estavam desde agosto de 2019. Passado o inverno no Hemisfério Norte, a ideia era zarpar dali em março, no começo da primavera, e navegar pelo Mediterrâneo. Sem a pandemia, hoje estariam na Grécia, e no fim do ano, atracariam na costa turca. O horizonte, que parecia tão amplo, ficou restrito ao píer que ocupavam.

O lockdown severo, adotado na cidade, permitia apenas o funcionamento de mercados e farmácia e restringia ao máximo a circulação de pessoas pelas ruas. Do barco, os dois acompanhavam também os aplausos que tomavam conta do país, toda noite, às 20h, em homenagem aos profissionais de saúde.

— Burriana foi a mais afetada pela Covid-19 na região, então o clima era de muito medo. Só podíamos sair um de cada vez para as compras. Os nossos exercícios, tínhamos que fazer dentro do barco ou na frente do píer. Pelo menos podíamos passear com os cachorros, mas sem demorar muito — lembra Isabela, que chegou a ter que mostrar o comprovante de uma compra a um policial para justificar sua presença na rua.
Os velejadores Isabela Almeida e Sandro Masseli a bordo do barco Amazônia, na Espanha Foto: Acervo pessoal
Os velejadores Isabela Almeida e Sandro Masseli a bordo do barco Amazônia, na Espanha
Foto: Acervo pessoal

O Amazônia só voltou a velejar em 15 de junho, com o fim do confinamento no país. Sandro e Isabela estão agora nas Ilhas Baleares e pretendem seguir para a Sardenha, na Itália.

— A preocupação agora é saber se tudo voltará a fechar assim que passar o verão. Há sempre o risco de estarmos em um lugar não muito bom, ou termos que atracar na primeira marina que encontrarmos, e ficarmos novamente presos, sem saber quando poderemos viajar novamente — ressalta Isabela.

No fim do ano, se não forem atingidos por mais uma oda da pandemia, esperam cruzar o Atlântico em direção ao Caribe e, de lá, em 2021, rumo ao Pacífico Sul. O dia a dia do casal é registrado na conta do Instagram @viverporaremar.

Calmaria na Polinésia Francesa

Sarah Moreira, Renato Matiolli e Feijão posam em frente ao veleiro Sail Ipanema, que passou a quarentena em Moorea, na Polinésia Francesa Foto: Acervo pessoal
Sarah Moreira, Renato Matiolli e Feijão posam em frente ao veleiro Sail Ipanema, que passou a quarentena em Moorea, na Polinésia Francesa
Foto: Acervo pessoal

Se tudo der certo, Sandro e Isabela encontrarão na Polinésia Francesa o Sail Ipanema, veleiro tripulado há cinco anos por Sarah Moreira, Renato Matiolli e o bull terrier Feijão. Os três passaram a quarentena ancorados em frente a uma praia na ilha de Moorea.

 

Passar a quarentena num paraíso tropical parece uma má ideia para você? O casal de velejadores garante que foi uma experiência de altos e baixos. O fato de estarem parados numa enseada natural permitiu que continuassem aproveitando o mar, mergulhando, pescando e nadando em volta do barco. Os passeios com o cachorro na praia também não pararam. Mas então, qual é a “maré baixa" dessa história?

— O confinamento já faz parte da nossa rotina, já estamos acostumados com isso. Mas não por tanto tempo. Sentimos muita falta do contato com outras pessoas. Só íamos ao mercado a cada duas ou três semanas, não podíamos encontrar outros velejadores e nem receber hóspedes — diz Sarah.

A velejadora Sarah Moreira e o bull terrier Feijão em águas da Polinésia Francesa Foto: Acervo pessoal
A velejadora Sarah Moreira e o bull terrier Feijão em águas da Polinésia Francesa Foto: Acervo pessoal

Outro aspecto negativo do período foi o aumento da desconfiança por parte dos moradores das ilhas em relação aos estrangeiros, vistos como propagadores da doença no país.

— Até entendo a reação deles, diante da gravidade da situação e a preocupação, principalmente com os mais velhos. Mas é uma mudança significativa, já que o povo polinésio sempre foi marcado por ser muito receptivo, principalmente com os velejadores — relata Renato.

 

A calmaria da quarentena impediu o casal de passar a temporada de março a julho nos atóis de Tuamotu, uma viagem que já não vale a pena ser feita nos próximos meses, por motivos climáticos. Há cerca de um mês, a circulação pelas ilhas foi liberada. Desde então, a rotina vai voltando ao normal aos poucos, com algumas viagens por perto e encontros com outros velejadores que, assim como eles, estavam saudosos de contato humano. Agora, o plano é continuar nos arredores de Morea e Tahiti, a ilha principal do arquipélago, onde fica o aeroporto internacional.

Batismo com ciclone em Santa Catarina

Dôra Castanheira e Sérgio Danilas a bordo do veleiro Ictus, atracado na Marina Itajaí, em Santa Catarina Foto: Divulgação
Dôra Castanheira e Sérgio Danilas a bordo do veleiro Ictus, atracado na Marina Itajaí, em Santa Catarina
Foto: Divulgação

Sergio Danilas e Dôra Castanheira têm duas experiências de quarentena para contar. Uma, mais convencional, no apartamento do casal, em Curitiba. A outra, em Itajaí, bem mais emocionante, com direito a ciclone bomba, a bordo seu veleiro Ictus, que ainda nem navegou pela primeira vez.

Mas antes da ventania que tem atingido seriamente a Região Sul do país, o casal, como todo mundo, foi surpreendido pelo tsunami do novo coronavírus. A pandemia foi declarada poucos dias antes de o veleiro, que eles passaram 11 anos construindo, chegasse à Marina Itajaí. O barco efetivamente chegou ao litoral de Santa Catarina em 19 de março, no momento em que as medidas de isolamento social começavam a ser implementadas no estado.

 

— Quando ele chegou em Itajaí, já não se podia fazer nada. Na marina, nos informaram que ele não poderia ir para a água, e acabou passando um mês num pátio. Só no final de abril é que começamos a montagem efetiva do barco — conta Danilas, que se apaixonou pelas regatas há pouco mais de 20 anos e dedicou os últimos 11 à confecção do Ictus, que tem 40 pés (12,3 metros de comprimento), três quartos, dois banheiros, sala, cozinha e algumas peculiaridades, como um motor elétrico.

O veleiro Ictus, na Marina Itajaí Foto: Divulgação
O veleiro Ictus, na Marina Itajaí Foto: Divulgação

A mudança, de mala e cuia, só aconteceu em 9 de maio. E ali começou a segunda etapa do confinamento. Desde então, o casal se dedica a ajeitar a nova casa, respeitando as medidas de distanciamento social ainda em vigor na cidade. Na marina, por exemplo, só é permitido circular de máscara. Mas há tanto o que fazer dentro do barco que o tédio passa longe, segundo Dôra:

— Todo dia temos alguma coisa para arrumar, algum detalhe para acertar. Além disso, estamos curtindo o contato com a natureza e a ideia da liberdade que teremos assim que tudo isso passar. Antes ouvíamos o som dos caminhões passando na rodovia. Agora, é o barulho da água batendo no casco.

Quando voltaremos a navegar:os cruzeiros depois do novo coronavírus

O contato com a natureza se apresentou com força no começo deste mês, quando o ciclone bomba passou por Itajaí. Mas nada que tenha assustado muito o casal, que permaneceu dentro do barco, em segurança.

 

O histórico de atletas de alto rendimento dos dois tem ajudado a encarar o isolamento e a cumprir as rotinas a bordo com planejamento e disciplina, incluindo a série de exercícios físicos, dentro do barco. Ambos foram jogadores da seleção brasileira de vôlei. Danilas esteve nas Olimpíadas de 1976 (Montreal) e Dôra nas de 1980 (Moscou), 1988 (Seul) e 1996 (Atlanta) — nesta, como auxiliar de Bernardinho, então técnico da seleção feminina. Dôra também trabalhou no Comitê Organizador dos Jogos do Rio, de 2016, e inclusive emprestou sua voz para as gravações que indicavam as estações do metrô referentes à disputa de vôlei de praia. 

Sem pressa, os dois, que acabaram de se aposentar fazem planos para quando a pandemia acabar e estiverem liberados para velejar. Primeiro, pelo belo litoral catarinense. Depois, por outras partes do Brasil. E, um dia, quem sabe, se aventurar em águas internacionais. A urgência maior vem de fora, especialmente dos cinco netos de Danila, doidos para conhecer a casa-barco do avô.


O Globo quarta, 08 de julho de 2020

COM SELO DE BOAS-VINDAS, DUBAI ABRA SUAS PORTAS PARA OS TURISTAS

 

Com selo de boas-vindas, Dubai reabre suas portas para os turistas

O mais famoso dos Emirados Árabes Unidos aposta no turismo interno para reaquecer sua economia
 
Hóspedes, vestindo roupas de banho ou trajes tradicionais, se encotram na piscina do Al Naseem, um dos hotéis de Dubai que reabriram as portas para os visitantes internacionais Foto: KARIM SAHIB / AFP
Hóspedes, vestindo roupas de banho ou trajes tradicionais, se encotram na piscina do Al Naseem, um dos hotéis de Dubai que reabriram as portas para os visitantes internacionais Foto: KARIM SAHIB / AFP
 
 

O mais famoso dos Emirados Árabes Unidos está novamente de braços abertos para os turistas. Depois de quase quatro meses em quarentena para conter a pandemia do novo coronavírus, Dubai voltou a receber visitantes internacionais na terça-feira (7 de julho), fazendo questão de carimbar um adesivo de boas-vindas no passaporte de cada um deles.

 

"Calorosas boas-vindas ao seu segundo lar", dizem os adesivos para passaportes no aeroporto de Dubai, onde os funcionários usam roupas de proteção contra materiais perigosos e atendentes disponibilizavam equipamentos de proteção individual.

A retomada do turismo representa um alívio nas contas do emirado, que tem nessa atividade uma de suas principais fontes de renda. Mas, a princípio, a aposta do setor é em quem já mora na cidade, tanto para movimentar a economia, quanto para servir de teste antes do retorno da maior parte dos viajantes estranteiros.

A turista italiana Francesca Conte disse em sua chegada que ficou preocupada até o último minuto que seu voo fosse cancelado.

— Quando vi passageiros fazendo fila na porta, pensei que não voaríamos, já que a viagem a Dubai já tinha sido adiada três vezes — disse ela,  que se sentiu triste ao ver espaços vazios no avião e as comissárias de bordo vestidas como profissionais de saúde, com equipamentos de proteção individual dignos de hospitais e laboratórios.

Mas todo cuidado é pouco. A reabertura nesta terça ocorreu em um momento em que o número de casos de Covid-19 nos Emirados Árabes aumentou para 52.600, sendo 326 mortos, com milhões de trabalhadores estrangeiros que moram em alojamentos estreitos particularmente afetados.

 

Quem chega de fora do país deve apresentar os resultados negativos de seus testes para a Covid-19, realizado no máximo quatro dias antes do voo. Caso contrário, podem se submeter ao exame ao chegar, mas devem se isolar até receberem a autorização.

O turismo foi, durante muito tempo, o salva-vidas do emirado, um dos sete do país. A alta temporada começa em outubro, quando o calor sufocante do verão no Golfo Pérsico começa a se dissipar. Em 2019, Dubai recebeu mais de 16,7 milhões de visitantes, e antes de a pandemia paralisar as viagens internacionais, o objetivo era alcançar até o final deste ano um total de 20 milhões de turistas.

— Estamos prontos para receber turistas e tomamos todas as precauções necessárias — disse Talal al-Shanqiti, da Direção Geral de Residência e Assuntos de Estrangeiros de Dubai, em uma videomensagem tuitada no domingo.

Com escassos recursos petroleiros em comparação com os vizinhos, Dubai construiu a economia mais diversificada do Golfo, com uma reputação como centro financeiro, comercial e turístico. A cidade-Estado é conhecida por seus megashopping centers, restaurantes de alto padrão e hotéis e resorts cinco estrelas. Mas todos estes setores sofreram um forte golpe durante o surto do coronavírus e o PIB de Dubai encolheu 3,5% no primeiro trimestre de 2020 após dois anos de um crescimento modesto. A companhia aérea Emirates, com sede em Dubai e a maior do Oriente Médio, se viu forçada a reduzir sua extensa rede e acredita-se que tenha demitido milhares de funcionários.

 

Retomar a atividade hoteleira concentrando-se "principalmente no mercado interno é um primeiro passo importante no nosso enfoque gradual para restabelecer a normalidade na indústria do turismo", disse Issam Kazim, CEO da Corporação de Dubai para o turismo e o comércio.

Impulsionar o turismo doméstico também é parte da estratégia do outro destino dos Emirados, a rica capital petroleira Abu Dabi, que recebeu em 2019 um recorde de 11,35 milhões de visitantes internacionais. A capital dos Emirados Árabes Unidos abriga as principais atrações, incluindo um circuito de F1 e o museu do Louvre Abu Dabi, que no fim de junho abriu as portas a visitantes com máscaras e luvas, depois de passar 100 dias fechado.


O Globo terça, 07 de julho de 2020

RINGO STARR COMEMORA 80 ANO EM LIVE COM AMIGOS

 

Ringo Starr comemora 80 anos em live com amigos Paul McCartney, Ben Harper e Sheryl Crow

Ex-beatle pretende voltar a fazer turnês após a pandemia de Covid-19, celebra o movimento #BlackLivesMatter e comenta novo documentário 'Let it be', de Peter Jackson
 
Ringo Starr apareceu de máscara em suas redes sociais nesta terça-feira, quando completa 80 anos Foto: Reprodução
Ringo Starr apareceu de máscara em suas redes sociais nesta terça-feira, quando completa 80 anos
Foto: Reprodução
 
 

Quando você se chama Ringo Starr, não consegue escapar do seu aniversário. Ainda mais se estiver completando 80 anos.

— Eles nunca param de me lembrar, então é melhor comemorar — diz o sempre despreocupado ex-Beatle, de seu estúdio em Los Angeles.

 Seus companheiros John Lennon, Paul McCartney e George Harrison o acompanham na sala dos fundos, em retratos pendurados num escritório que também funciona como museu. Ringo também foi pego desprevenido pela pandemia e, como muitos outros, teve de mudar seus planos de vida e de aniversário.

— Eu ia comemorar em grande estilo, com um palco ao ar livre ao lado do edifício do Capitólio em Hollywood, com amigos e bandas tocando em um grande almoço — diz o músico sobre seus planos frustrados.

A parte dos amigos, pelo menos, vai acontecer. Paul McCartney, junto com outros músicos como Joe Walsh, Sheryl Crow e Ben Harper, se juntarão à festa com apresentações caseiras ou trechos nunca vistos de seus shows. O Big Birthday Show de Ringo vai ao ar no canal do músico no YouTube nesta terça-feira, 7 de julho, às 21h (horário de Brasília).

— Sigo tocando mais do que nunca — diz o baterista, que estaria em turnê com sua banda All Stars, se não fosse o pandemia. — E pretendo continuar tocando depois dos 80.

Beatles em fuga, Yoko e ativismo

Aniversários são sempre bons momentos para se lembrar das pequenas batalhas da vida. Entre elas, uma em Manila, de onde os Beatles precisaram sair atropeladamente para escapar do fervor dos fãs e da ira da primeira-dama do país, Imelda Marcos, por não terem comparecido à recepção oficial. Ou de momentos marcantes, como a primeira bateria que ele ganhou, quando tinha 13 anos e sofria de tuberculose. E seus companheiros de banda, os irmãos na vida desse filho único.

 

— Foi um sonho impossível que se tornou realidade. Fazer parte da melhor banda do mundo.

Ringo também se lembra de Yoko Ono, desde o primeiro dia em que a conheceu, quando ele chegou ao estúdio e a encontrou na cama com Lennon.

— Ela é uma mulher divertida. A imprensa tornou tudo mais exótico, mas nós nos apoiávamos — resume. — Fizemos boa música, mas pagamos um preço muito alto.

Outro momento marcante da carreira dos Beatles também tem voltado à memória de Ringo recentemente: o dia em que a banda se recusou a tocar no Mississippi, a não ser que não houvesse segregação racial do público.

— Como poderíamos fazer diferente se nossos heróis eram Ray Charles, Sam Lightnin 'Hopkins, Stevie Wonder e outros artistas afro-americanos?

Por isso, Ringo se diz maravilhado com o #BlackLivesMatter, surpreso com os protestos que eclodiram "de Los Angeles a Paris" após o assassinato de George Floyd — especialmente com a força deles entre as novas gerações.

— (Os jovens) De 18 a 25, eles são 70% dos manifestantes e querem mudar tudo para melhor.

'Let it be' de Peter Jackson

Ringo não esconde seu gosto musical: seu amado Lightnin 'Hopkins, por quem ele quase se mudou para o Texas quando tinha 17 anos, além de Hank Williams, Cozy Cole e Willie Nelson. Em relação aos artistas contemporâneos, ele deixa escapar um simpático hooray para a música de Miley Cyrus. Ringo Starr está preocupado com o setor em que trabalham.

 

— É muito mais difícil — diz, sem esquecer que "na época" uma gravadora também rejeitou os Beatles. — Quase não há clubes para tocar, apenas grandes concertos para se ganhar dinheiro.

De resto, a "carreira" dos Beatles segue ressurgindo em outros formatos, como no documentário "The Beatles: Get Back", que Peter Jackson está preparando para a Disney+ — e que também foi adiado pela pandemia da Covid-19.

O material do filme virá das 57 horas de cenas gravadas no último show do grupo, das quais apenas cerca de 10 minutos foram usados em "Let It Be", filme que ficou conhecido por mostrar a banda em um momento melancólico, já perto do fim.

— Nesse corte não se via muita alegria. Por outro lado, as gravações que encontramos são cheias de risadas, com a banda tocando, se divertindo. Não estou dizendo que não havia problemas. E levamos nossos discos muito a sério. Mas Jackson conseguiu encontrar os bons momentos. Pena que precisou ser adiado — lamenta.

E isso apesar do número de horas que Jackson, já em isolamento,  passou trabalhando sozinho em seu estúdio na Nova Zelândia.

— Mas esse ano, e que ano, até James Bond teve que se atrasar! — diz Ringo, rindo e se despedindo com seu gesto perene de “paz e amor”.

 


O Globo segunda, 06 de julho de 2020

DOCES TÍPICOS DE FESTA JUNINA COM AMENDOIM

 

Doces típicos de festa junina com amendoim. Veja receitas

Lista inclui brigadeiro de paçoça, batida e torta sem glúten
 
Brigadeiro de paçoca recheado com brigadeiro meio amargo, de Ana Maria Braga Foto: Divulgação
Brigadeiro de paçoca recheado com brigadeiro meio amargo, de Ana Maria Braga Foto: Divulgação
 
 

É julho, mas ainda é tempo de festa junina... O amendoim está em muitos doces servidos nesta época, nunca falta ao arraial, que foi para dentro de casa. Versátil, pode ser consumido de diversas maneiras. Na lista a segur, temos  brigadeiro de paçoca da apresentadora Ana Maria Braga, a aprenda a batidinha de amendoim servida na Academia da Cachaça, pé de moleque...

Brigadeiro de paçoca com chocolate meio amargo

Ana Maria Braga

Ingredientes

1 lata de leite condensado (395g)

6 paçocas esfareladas (120g)

1 colher de sopa de manteiga (15g)

... brigadeiro meio amargo

1 lata de leite condensado (395g)

2 colheres de sopa cheias de cacau em pó (30g)

1 colher de sopa de manteiga (15g)

... para envolver

10 paçocas esfareladas (200g)

Preparo

O brigadeiro de paçoca: misture os ingredientes em panela de fundo grosso e leve ao fogo médio, mexendo sem parar, por cerca de 15 minutos ou até se soltar do fundo (ponto de enrolar). Transfira para um prato untado com manteiga, cubra com filme plástico rente ao doce e deixe esfriar.

O brigadeiro meio amargo: leve os ingredientes ao fogo médio, em panela de fundo grosso, e cozinhe, mexendo sempre, até se soltar do fundo. Transfira para um prato untado com manteiga, cubra com filme plástico rente ao doce e deixe esfriar.

Modelagem: com as mãos untadas com manteiga (ou usando luvas de vinil), modele bolinhas do brigadeiro meio amargo (cerca de 10g cada) e reserve.

Molde bolinhas com o brigadeiro de paçoca (cerca de 15g cada), abra na palma da mão e recheie com um brigadeiro meio amargo. Feche bem, volte a enrolar, envolva na paçoca e disponha em forminhas (se houver).

 

Amendoim Cri Cri

(Casas Pedro)

Casas Pedro: amendoim cri cri Foto: Divulgação
Casas Pedro: amendoim cri cri Foto: Divulgação

 

Ingredientes

500g de amendoim

1 xícara e 1/2 de açúcar

Água

Preparo

Uns 15 minutos antes de preparar o doce, deixe o amendoim numa vasilha com água. Depois, retire toda a água e coloque somente o amendoim em uma panela com água suficiente para cobri-lo. Leve ao fogo alto médio. Quando a água estiver quente, adicione o açúcar. Mexa sempre até toda água evaporar e o amendoim soltar da panela.

Pé de moleque

Andrea Follador

Pé de moleque (Andrea Follador) Foto: Divulgação
Pé de moleque (Andrea Follador) Foto: Divulgação

 

Ingredientes

2 xícaras de amendoim torrado e moído

2 xícaras de amendoim torrado em grãos

2 xícaras (chá) de açúcar

1 xícara (chá ) de leite

Preparo

Em uma panela adicione todos os ingredientes e leve tudo ao fogo médio, mexendo sempre até desgrudar do fundo da panela. Despeje em assadeira untada e espere esfriar e endurecer. Quando estiver completamente frio corte pedacinhos.

Paçoquinha

(Seven Boys)

Paçoquinha Foto: Divulgação
Paçoquinha Foto: Divulgação

 

Ingredientes

1 xícara de chá de amendoim (115g)

½ xícara de chá de doce de leite em pasta (145g)

3 paçocas (75g)

4 fatias de pão de forma

2 colheres de sopa de canela (20g)

Preparo

Triture os amendoins no liquidificador e misture a farofa ao doce de leite e à paçoca até que ela se dissolva toda. Leve as fatias de pão ao forno pré-aquecido (200 °C) até que estejam douradas. Estique um pedaço grande de papel filme (PVC) sobre uma tábua. Espalhe metade da pasta de doce de leite, até que fique do tamanho do pão e cubra com uma fatia. Vire de ponta-cabeça em uma assadeira, de modo que o pão fique para baixo. Retire o papel filme e repita o processo com o restante dos ingredientes. Cubra a assadeira com filme plástico e leve à geladeira até esfriar. Polvilhe a canela peneirada sobre os doces e corte cada fatia ao meio. Corte cada uma dessas tiras em seis quadradinhos e sirva. Se quiser, substitua o doce de leite por leite condensado.

 

Pavê de doce de leite com crocante de amendoim

Bianca Hermida (Verde Vício)

Pavê de doce de leite com crocante de amendoimNicole Mendlewicz (Verde Vício) Foto: Divulgação
Pavê de doce de leite com crocante de amendoim Nicole Mendlewicz (Verde Vício) Foto: Divulgação

 

Ingredientes

Para o creme de doce de leite:

1 lata de leite condensado (ou 400g de doce de leite pronto)

1 caixa de creme de leite

Para o biscoito

3 ovos

100g de açúcar demerara

130g farinha de trigo, previamente peneirada

Para umedecer os biscoitos

100ml de água

50g de açúcar demerara

1 dose de conhaque (opcional)

... o creme branco

200ml de leite

2 colheres (sopa) de amido de milho

1 caixa de creme de leite

100g de açúcar demerara

3 gemas

1 colher(chá) de baunilha

...o crocante de amendoim ou pé de moleque

150 g de açúcar demerara

100g de amendoim sem casca

Preparo

Cozinhe a lata de leite condensado em uma panela de pressão em fogo médio, por aproximadamente 1 hora (após começar a chiar). Espere sair toda a pressão e retire a lata com cuidado. Após esfriar, transfira o conteúdo da lata para uma travessa, acrescente o creme de leite, misture bem e reserve.

Em uma batedeira, coloque os ovos, o açúcar e bata até ficar no tom amarelo claro. Acrescente a farinha de trigo e misture. Distribua em um tabuleiro previamente untado, em formato de biscoitos. Asse à 180 graus, até que fiquem dourados. Quando estiverem frios, umedeça os biscoitos.

Dissolva o amido de milho no leite e vire em uma panela. Acrescente todos os outros ingredientes do creme branco e leve ao fogo baixo, mexendo bem até engrossar.

 

Coloque o açúcar e o amendoim em uma panela, misture até formar uma calda. Vire em um tabuleiro untado e deixe esfriar. Corte em pedacinhos.

Em um recipiente ou em copinhos, monte o pavê em camadas alternadas de creme branco, crocante de amendoim salpicado, biscoitos umedecidos e creme de doce de leite.

Coloque na geladeira. Antes de servir, decore com o crocante de amendoim.

Torta de amendoim sem glúten

Marta Proto

Torta de amendoim sem glúten, de Marta Proto Foto: Divulgação
Torta de amendoim sem glúten, de Marta Proto Foto: Divulgação

 

Ingredientes

150 g de amendoins moídos

1/2 xícara de chá de açúcar

1 colher de sopa de farinha de rosca

3 ovos

Manteiga e farinha de trigo para untar e polvilhar a assadeira

Preparo

Pré-aqueça o forno a 180 graus (temperatura média). Unte duas assadeiras redondas de 15cm com manteiga. Corte dois discos de papel-manteiga usando o fundo da forma como medida. Pressione com os dedos para colar o papel no fundo untado e unte novamente com manteiga sobre o papel. Polvilhe com farinha de trigo.

Bata as claras em neve até atingir o ponto de neve firme. Acrescente as gemas, uma a uma, batendo entre cada adição. Por último, adicione o açúcar aos poucos, sem parar de bater, até formar um creme fofo e brilhante. Acrescente a mistura de amendoins e farinha aos poucos, misturando delicadamente com a espátula, de baixo para cima. Divida a massa nas duas assadeiras preparadas e nivele com a espátula. Leve ao forno para assar por cerca de 15 minutos. Espete com um palito para conferir: se sair limpo, o bolo está pronto. Retire do forno e deixe esfriar antes de desenformar. Enquanto isso, prepare o doce de leite ou utilize um pronto de sua preferência. Use o doce de leite como recheio entre os dois bolos e para cobrir o bolo todo. Decore com amendoim picado.

 

Torta de maçã do amor com amendoim

Luísa Mendonça (Conflor)

Torta de maçã do amor com amendoim, de Luísa Mendonça (Conflor) Foto: Divulgação/Klacius Ank
Torta de maçã do amor com amendoim, de Luísa Mendonça (Conflor)
Foto: Divulgação/Klacius Ank

 

Ingredientes

300g de amendoim torrado sem sal

100g de farinha de mandioca

50g de açúcar

... o creme

500ml de leite de castanha

2 colheres de sopa de amido de milho

100g de açúcar

½ colher de chá de extrato de baunilha

... a maçã caramelizada

1 xícara de açúcar

¼ xícara de água quente

1 maçã cortada em cubinhos pequenos

Preparo

Em um processador, processe o amendoim até o seu óleo ser liberado. Quando formar uma pasta, mas ainda com pedaços de amendoim, adicione a farinha e o açúcar. Bata apenas para misturar. Coloque em uma forma de 20cm e asse á 220°C por 30 minutos.

Enquanto a base está no forno, prepare o creme. Adicione em uma panela metade do leite, com o açúcar e a baunilha. No restante do leite gelado dissolva o amido de milho. Leve a panela ao fogo alto, mexendo sempre até levantar fervura. Abaixe o fogo e lentamente vá adicionando o leite com o amido dissolvido, misturando sempre até engrossar. Retire do fogo e reserve.

Para a maçã, caramelize o açúcar em fogo baixo, quando estiver bem derretido adicione a água misturando sempre. Adicione as maçãs, misture e retire do fogo. Deixe esfriar em uma superfície unta com óleo ou tapete de silicone.

Para a montagem é só adicionar o creme na base da torta e decorar com as maçãs caramelizadas por cima. Sirva gelada.

 

Batida de paçoca

Cida Zurlo (Academia da Cachaça)

Batida de paçoca (Paçoca do Beco), da Academia da Cachaça Foto: Divulgação/Berg Silva
Batida de paçoca (Paçoca do Beco), da Academia da Cachaça Foto: Divulgação/Berg Silva

 

Ingredientes

200g de paçoca de amendoim

200ml de cachaça branca

200ml de licor de cacau

20g (1 colher de sobremesa) de farofa de amendoim

500g de gelo (24 pedras)

Preparo

Coloque a paçoca, a cachaça, o licor de cacau, a farofa de amendoim e o gelo no liquidificador e misture bem. Sirva em um copo, acrescentando uma pedra de gelo.

 


O Globo domingo, 05 de julho de 2020

KANYE WEST DIZ QUE VAI CONCORRER À PRESIDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS

 

Kanye West diz que vai concorrer à Presidência dos EUA

Rapper usou sua conta no Twitter para fazer o anúncio e postou a hashtag #2020VISION
 
 
Kim Kardashian e Kanye West Foto: David Crotty / Patrick McMullan via Getty Image
Kim Kardashian e Kanye West Foto: David Crotty / Patrick McMullan via Getty Image
 

O rapper Kanye West usou sua conta no Twitter para anunciar que vai concorrer à Presidência dos Estados Unidos. A postagem foi feita neste sábado, quando os EUA comemoram a independência e faltando quatro meses para as eleições americanas, marcadas para 3 de novembro. 

Kanye postou o seguinte: "Eu estou concorrendo para presidente dos Estados Unidos!" e usou a hashtag #2020VISION ('We must now realize the promise of America by trusting God, unifying our vision, and building our future. I am running for president of the United States! #2020VISION). Em seguida, Elon Musk, CEO da Tesla e da Space X, também usou a rede social para dizer que Kanye tem todo o seu apoio.

Essa não é a primeira vez que o rapper, casado com Kim Kardashian, com quem tem quatro filhos, diz que vai concorrer à Presidência americana. Em 2015, durante o MTV Video Music Awards, Kanye declarou que disputaria as eleições de 2020. Ano passado, na Casa Branca, ao encontrar com o presidente Donald Trump, mostrou a foto de um pôster que dizia "Keep America Great #Kanye2024", sugerindo que concorreria em 2024 com um slogan parecido com o de Trump.

As eleições americanas acontecem em quatro meses, e os partidos Democrata e Republicano já estão com as candidaturas de Joe Biden, ex-vice do ex-presidente Barack Obama,  e Donald Trump, que concorre à reeleição, praticamente confirmadas. Candidaturas independentes são permitidas pelas regras eleitorais americanas. 

 


O Globo sábado, 04 de julho de 2020

LIVE DA PORTELA CELEBRA SAMBAS E HISTÓRIAS DA ESCOLA

 

Live da Portela celebra sambas e histórias da escola

Transmissão vai intercalar músicos na quadra e participações remotas de Monarco, Tia Surica e outros baluartes
 
'Muitas saudades da minha Portela. Mas a vida é assim, nem tudo acontece como a gente quer', diz Monarco Foto: Leo Martins / Agência O Globo
'Muitas saudades da minha Portela. Mas a vida é assim, nem tudo acontece como a gente quer', diz Monarco
Foto: Leo Martins / Agência O Globo
 
 

Hoje, o samba acontece de um jeito diferente na Rua Clara Nunes, número 81, no bairro de Oswaldo Cruz, Zona Norte do Rio. Fechada desde que a pandemia instaurou o isolamento social, a Quadra da Portela abre as portas para uma live cheia de saudosismo, um alento para os fãs da escola e para entusiastas do samba em geral.

Ainda sem poder receber o público, Serginho Procópio, vocalista e cavaquinista da Velha Guarda, Gilsinho, intérprete oficial da Portela, e uma turma de 12 ritmistas liderados pelo mestre de bateria Nilo Sergio estarão na quadra da Azul e Branco a partir das 15h, com o show “Palco Portela: Uma história cantada ao vivo”. A live será transmitida no canal oficial da escola no YouTube (/portelatv).

Várias participações estão previstas na transmissão, que será apresentada pela porta-bandeira Lucinha Nobre. Tia Surica, Mauro Diniz, Marquinhos de Oswaldo Cruz, Teresa Cristina e Toninho Geraes já confirmaram presença, cada um da sua casa, e outras surpresas provavelmente vão pintar. Durante a exibição do show, serão arrecadadas doações para o projeto Águia Solidária, que destina os recursos para pessoas carentes dos bairros de Madureira e de Oswaldo Cruz.

— Essa live vai ser bem bonita, por todo o contexto que envolve, pela parte solidária das doações. Mas também vai ser saudosa para todos nós. Eu estou acostumado a subir naquele palco e tocar para bastante gente, sempre com a quadra cheia, e agora encontrar a quadra vazia vai me bater saudades dos amigos, de tudo o que envolve o carnaval e a Portela em si. Vai bater uma nostalgia — diz Procópio.

 

Histórias de Monarco

Aos 86 anos, Monarco, integrante mais antigo da Velha Guarda da Portela, não podia ficar de fora da festa. O sambista vai contar histórias da escola e cantar duas canções. A primeira será “Retumbante vitória”, ou “O passado da Portela”.

— Logo que saímos da Praça Onze (onde eram realizados os primeiros desfiles), em 1951, e fomos para a Avenida Presidente Vargas, em 1952, fiz o meu primeiro samba. A diretoria gostou, as pastoras gostaram, e serviu de esquenta para a escola. Foi inesquecível, uma alegria enorme para o meu coração. Chama-se “Retumbante vitória”. Quando o Seu Natal ouviu, disse: “Temos que aproveitar esses garotos.” Nunca esqueço dessa frase. Fomos para o time de cima, eu, Candeia e outros.

Monarco lembra que foi a pedido de João Nogueira que a canção ganhou outro nome.

— Depois o João gravou o samba e me pediu para trocar o título para “O passado da Portela” , e claro que eu deixei — conta o bamba. — E também vou cantar um samba do Alberto Nonato, “O sofrimento de quem ama”. Conto histórias da escola, como as de Seu Caetano, que inventou a águia (símbolo da escola).

Monarco está cumprindo à risca o isolamento. Já assistiu a algumas lives, como a de Zeca Pagodinho e a do cantor Ferrugem, mas é a primeira vez que vai participar de uma transmissão on-line. Com serenidade, diz que não tem pressa para voltar a viajar para se apresentar com a Velha Guarda — “o banheiro do avião é muito pequeno” —, mas reconhece que sente falta de “mostrar a voz” por aí.

 

O que bate mais forte, entretanto, é a saudade de sua rotina, sempre ligada à Portela. Um grande amor que ele reencontra hoje, ainda que pela tela do celular.

— Eu comprava o jornal e lia lá, na minha salinha. Na esquina tinha um pãozinho com ovo, café com leite, falava com o porteiro que já me conhecia: “Ô, Seu Monarco!” Lá na minha sala tem os retratos dos verdadeiros sacerdotes do samba, como Paulo da Portela e Carlos Cachaça. Ficava namorando meus velhinhos... Mas a vida é assim, nem tudo acontece como a gente quer. Temos que seguir adiante e ter fé em Deus que as coisas vão melhorar.


O Globo sexta, 03 de julho de 2020

RIO: BARES REABREM LOTADOS

 

Covid-19: Bares reabrem lotados na noite desta quinta-feira; clientes descumprem regras de distanciamento na calçada

Na Praça Cazuza, no Leblon, Guarda Municipal determinou que bares fechassem as portas para tentar dispersar cerca de 300 pessoas que insistiam em beber sem máscara na calçada
 
Com bares ao redor, Praça Cazuza, no Leblon, ficou lotada na noite desta quinta-feira Foto: Felipe Grinberg
Com bares ao redor, Praça Cazuza, no Leblon, ficou lotada na noite desta quinta-feira Foto: Felipe Grinberg
 
 

RIO — A primeira noite da reabertura do setor gastronômico da cidade mostrou que a retomada será um desafio para empresários, clientes e poder público. Os bares começaram a ver a boemia de volta depois das 22h, quando alguns pontos tradicionais, como o Pavão Azul, em Copacabana, ficaram lotados. Na Praça Cazuza, no Leblon, a Guarda Municipal precisou intervir: determinou que bares do entorno fechassem suas portas para tentar dispersar cerca de 300 pessoas que, aglomeradas, bebiam sem máscara e descumpriam as regras de isolamento social na calçada.  O Guimas, na Gávea, ficou com a varanda cheia, mas a parte interna ficou vazia.

 

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Com bares fechados, uma banca de jornal e ambulantes continuaram vendendo bebidas alcóolicas na praça, o que contribui para a permanência das pessoas. A Polícia Militar foi acionada. A aglomeração permaneceu até por volta da meia-noite. Pela regra de reabertura, o horário de funcionamento de bares e restaurantes é até 23h.

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Mais cedo, dentro dos bares, segundo a Guarda Municipal, o distanciamento entre os clientes e a regras de segurança foram mantidas. Mas uma das dificuldades para os estabelecimentos é que os clientes precisam usar máscaras enquanto não estiverem consumindo. Ou seja, a cada gole de chope, é preciso retirar a proteção. Depois, recolocá-la para então retirá-la de novo.

Pavão Azul, em Copacabana, teve muito movimento e nenhuma fiscalização Foto: Foto do leitor
Pavão Azul, em Copacabana, teve muito movimento e nenhuma fiscalização Foto: Foto do leitor

As imagens de bares e calçadas lotados no Leblon, na Zona Sul do Rio, repercutem nas redes sociais e são alvo de críticas de internautas que defendem o distanciamento social, em um momento em que a taxa de contágio ainda é alta no Estado. Alguns posts irônicos também surgiram no Twitter como reação à alta procura por bares diante do contexto atual.


O Globo quinta, 02 de julho de 2020

SABRINA SATO FALA SOBRE RELAÇÃO COM O MARIDO

 

Sabrina Sato fala sobre relação com o marido, Duda Nagle, na quarentena

THAYNÁ RODRIGUES

 
 
 
 
Sabrina Sato e Duda Nagle (Foto: Reprodução)
Sabrina Sato e Duda Nagle (Foto: Reprodução)

 

Sabrina SatoDuda Nagle e Zoe fizeram uma pequena viagem para um sítio no interior de São Paulo nesta semana. A apresentadora sentiu necessidade de descansar após meses ininterruptos de trabalho. O passeio para a zona rural seguiu as normas da Organização Mundial de Saúde.

— Alugamos o sítio para ficar cinco dias com toda a família. Meu irmão (Karin Sato) me ajudou. Sou de Penápolis, mas não fomos para lá porque ficaria muito distante. Não sei se consigo fazer um detox de redes sociais porque é difícil não trabalhar pelo celular — conta ela, que está no local com os irmãos, os pais e a sogra, Leda Nagle. 

 

 

Mais relaxada, ela se dedica à filha e curte o marido, Duda Nagle. Sabrina conta que, apesar do período delicado, tem conseguido aproveitar os momentos com o marido:

— Temos namorado bastante! Curto muito o Duda. E também passo bons momentos com meus irmãos, meus pais e a Zoe. Mantive exercícios de três a cinco vezes na semana. 

Sabrina, que conversou sobre brinquedos eróticos com as amigas atrizes Juliana Paes e Ingrid Guimarães em vídeos do seu canal no YouTube, diz que recebeu boas dicas para colocar em prática.

— Nossa! Duda e eu na quarentena... (risos) — brinca Sabrina, tímida. — Ingrid Guimarães me mandou vários, Juliana Paes me deu um muito especial de presente. Ela disse que tinha comprado e que ia ser maravilhoso para mim. Eu gostei!

Sabrina Sato e Duda Nagle (Foto: Reprodução)
Sabrina Sato e Duda Nagle (Foto: Reprodução)

 


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