Maria Padilha matou um pouquinho da saudade dos fãs ansiosos por vê-la outra vez na TV. Longe desde "A regra do jogo" (2015), ela participa da série "Rua do Sobe e Desce Número Que Desaparece", disponível no Canal Brasil Play. Martha, sua personagem, flerta com Claudia, protagonista vivida por Fernanda Vasconcellos, e as duas se beijam.
— Minha personagem, que é gay, se oferece para dar uma carona para ela e a deixa na porta de casa. Aí dá uma atacada, mas elas não vão muito em frente — explica.
— Eu ainda não sei se a aceitação é tão ampla assim. Na época de "Amor à vida", grande parte do público torceu para o beijo entre Félix (Mateus Solano) e Niko (Thiago Fragoso). Sinto que nas séries esses temas são abordados de maneira mais natural, mas no geral há um longo caminho a percorrer.
A atriz, que estará no ar em breve na reprise de "Mulheres apaixonadas", no Viva, diz que recebe mensagens de fãs saudosos pedindo seu retorno em novos papéis:
— Eles comentam bastante nas minhas fotos das redes sociais. Estou esperando um papel legal. E eu não tenho esse negócio de achar que série é mais chique do que novela. No Brasil, a teledramaturgia tem muita qualidade. As novelas têm um nível, um elenco e uma produção que não deixam a desejar se comparadas às produções estrangeiras.
Em breve, Maria deve apresentar o monólogo "Diários do abismo" no movimento "Teatro já", de Ana Beatriz Nogueira. Ela também conversa com diretores sobre propostas para novos projetos. A volta ao trabalho é vista como motivo para inspirar o próprio filho, Manoel, de 8 anos.
— Nas horas vagas, às vezes, coloco um vídeo com alguma ceninha minha no Instagram para que ele me veja atuando. Ele acha engraçado. Acho muito maneiro quando a criança tem uma admiração pela mãe que trabalha. Quero criá-lo mostrando que tenho a minha autonomia. "Profissão Mãe" sempre vai gerar culpa; sempre vamos achar que fizemos algo de errado. Mas, de maneira alguma, quero me distanciar do meu ofício, até porque não posso deixá-lo de lado. Não tenho quem nos sustente. Não sou rica. Preciso trabalhar. Minha identidade foi construída em cima da minha arte. Sinto falta de voltar. Na quarentena, estar parado é um sufoco para o artista.
Casada há seis anos com Brenno Meneghel, de 33, Maria conta com a parceria dele para aliviar a quarentena:
— Creio ser melhor atravessar esse momento com um companheiro. Vimos muitas séries nos últimos meses. Agora, estamos órfãos. Então partimos para os filmes e peças on-line. Fomos salvos pelas artes. Já o meu filho está morrendo de saudade de ter contato humano. Na idade dele, é difícil compreender. Mas temos nos divertido.
A atriz conta que se alegra também ao perceber características suas no menino. Ela conseguiu sua guarda definitiva há seis anos:
— Eles chupam nosso jeito. São esponjinhas e vão pegando nossos trejeitos. Só nosso emocional é que é bem distinto. Ele é pisciano, e eu sou taurina com ascendente em gêmeos. Outro dia perguntei se ele queria fazer aula de teatro. Ele falou que não quer. Ele gosta muito de música, de desenhar, de dançar. Eu só não o deixo ver determinadas coisas na TV porque ele se impressiona. Tem medo de o padrasto morrer, tem medo de a gente se contaminar. Estamos nos cuidando o máximo possível.