Milhares de visitantes de todo mundo migram para a Lapônia finlandesa a cada inverno para desfrutarem de passeios de trenó e ver a "verdadeira" casa do Papai Noel. Este ano, porém, a Covid-19 pode colocar em risco o turismo, motor econômico da região.
— Atualmente, estamos registrando entre uma e duas reservas por semana e, na maioria das vezes, apenas reembolsamos — disse, à agência de notícias AFP, Sini Jin, responsável pela agência Nordic Unique Travels.
Sini, que oferece a visitantes, majoritariamente europeus e asiáticos, expedições e outras excursões pela vasta tundra finlandesa, teme a falência caso não receba mais clientes depois de dezembro. Normalmente, emprega cerca de 80 pessoas em plena temporada, procedentes de diferentes partes do globo. Em 2020, porém, recrutará apenas "dois ou três" trabalhadores sazonais.
Aurora boreal na Noruega:um roteiro iluminado acima do Círculo Polar Ártico
Embora Sini Jin tenha recebido ajuda urgente do governo, que anunciou na primavera (outono no Brasil) um pacote de mais de um bilhão de euros para ajudar as empresas, não será suficiente para compensar a falta de turistas, estima.
— Tudo pelo que trabalhamos vai desaparecer rapidamente — lamentou ela. Um sentimento compartilhado por outros fornecedores da região, onde o setor de turismo gera dez mil empregos e um bilhão de euros em receitas por ano.
Sem seus visitantes estrangeiros neste inverno, 60% das empresas de turismo temem uma perda de pelo menos metade de seu faturamento, e até 75% delas poderão demitir funcionários, de acordo com uma pesquisa da agência finlandesa de turismo da Lapônia.
— Não temos esperança de obter reservas significativas — antecipa Kaj Erkkila, que dirige uma empresa familiar de dez pessoas e que conta com mais de cem huskies siberianos.
Há décadas, Kaj Erkkila leva turistas em trenós puxados por cães pelas florestas da Lapônia.
— Se a receita deste inverno for baixa, é possível que a gente também não consiga trabalhar para a temporada 2021/2022, pois cuidar dos cães é muito caro — explica.
'Grande decepção'
Segundo Nina Forsell, responsável pela associação dos provedores de turismo, a situação é crítica para várias empresas da região:
— Se falirem neste inverno, vão precisar de muito tempo para se levantarem — prevê.
Na esperança de relançar o turismo na Lapônia, a Finlândia anunciou na sexta-feira que vai flexibilizar algumas das medidas em vigor para conter o novo coronavírus, permitindo que turistas europeus viajem ao país por até três dias. Autoconfinamento e teste de detecção serão obrigatórios.
O governo também autorizou a entrada irrestrita de viajantes de países com menos de 25 novos casos por cem mil habitantes