Ana Hikari, uma das protagonistas de "Malhação: Viva a diferença", estará também em "Quanto mais vida melhor", novela das 19h de Mauro Wilson. Ela fará parte do núcleo de Valentina Herszage. Enquanto o laboratório não começa, a paulista, de 25 anos, aguarda o lançamento de "As Five" no Globoplay:
— O fato de os fãs terem curtido e repercutido "Malhação: Viva a diferença" foi crucial para a trama ter uma continuidade com esse spin-off. É uma confluência de fatores: os prêmios que a gente recebeu, o barulho deles nas redes... Conversamos bastante pelo Twitter e sempre citam os trechos que saem nos trailers, as novidades... Eles reparam em detalhes, criam teorias, querem adivinhar tudo o que vai acontecer.
— Quando a gente passa dos 16 para os 25 anos, muita coisa muda. Para as meninas, não é diferente. Felizmente, tivemos o prazer, a sorte e o privilégio de trabalhar com o Cao Hamburger desde "Malhação". Ele criou esse universo jovem sem deixá-lo superficial ou fútil. As personagens sempre tiveram profundidade. O que acontecerá de diferente na série são os temas da vida adulta: experiências no trabalho, nas relações afetivas, no contato delas com as drogas...
Na vida real, a atriz agora tem a idade equiparada à da personagem. Suas vivências também são densas e vêm à tona, vez ou outra, em suas redes sociais. Recentemente, por exemplo, ela relatou ter sido agredida por um ex-namorado. Ela acrescenta que, além de ter sido vítima de um crime, também sofreu com o preconceito e o machismo na escola onde estudava:
— Infelizmente, tive alguns relacionamentos abusivos. Ao sofrer uma agressão de um namorado na adolescência, ouvi de uma professora que eu era "mulher de malandro, que gostava de apanhar, mas voltava". Também é comum as pessoas dizerem: "Em briga de marido e mulher não se mete a colher". Ou então julgarem a figura feminina. Quem estava em volta nunca me apoiava, ainda que eu estivesse nessa situação de vulnerabilidade. Atribuíam o erro a mim, e não ao agressor. É uma situação grave. Mas sinto que as coisas estão começando a mudar. Hoje em dia temos sensibilidade e conhecimento para conversar com quem sofre esse tipo de coisa. Há informação e muita gente disposta. Uso as minhas redes sociais para isso, por exemplo. Ter mais de um milhão de seguidores não é nada se eu não proporcionar um conteúdo que gere reflexão. Não quero que me sigam porque me veem na TV ou porque me acham bonita. Acho importante falar do que passei porque qualquer uma de nós está sujeita.
Há poucas semanas, Ana Hikari também falou abertamente sobre sua orientação sexual durante uma live. A atriz, que namora atualmente o funcionário público Gersínio Neto e é bissexual, comenta sobre preconceito:
— É legal poder falar sobre isso porque sempre tive muita insegurança em expor. Pessoas bissexuais têm a sexualidade questionada com frequência. Estar em um relacionamento sério é normalmente uma das motivações para comentários. Eu, por exemplo, namoro um homem, e as pessoas deduzem que sou hétero. A bissexualidade não depende do gênero da pessoa com quem você está se relacionando no momento. No meio LGBTQIA+, a bissexualidade também é questionada e tem pouca representatividade. Eu cresci sem referência alguma do que era uma pessoa bi. Sempre vi, no máximo, alguns homens serem gays e mulheres, lésbicas. Ou então ouvia comentários pejorativos. Colegas minhas de escola diziam que tinham nojo de ver meninas beijarem meninas. Isso me reprimiu muito. Mas eu sempre soube que era. Não passei pelo processo de me descobrir, isso estava dentro de mim. O que me aconteceu foi perceber que o mundo é que tinha que me enxergar de maneira justa. Quando descobri que o mundo podia me aceitar é que eu comecei a falar publicamente sobre esse assunto.