MADRID - Esta é uma questão muito importante, não só para a nossa saúde individual, mas também para evitar o enorme desperdício de alimentos que ocorre no mundo desenvolvido. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) estima que jogamos fora 1,3 bilhão de toneladas de comida por ano. Essa perda de alimentos limita a capacidade da sociedade de alimentar de forma sustentável uma população em crescimento, além de ser um problema ético, uma vez que mais de um bilhão de pessoas (11% da população) passam fome no mundo.
O desprezo massivo pelos recursos e seu impacto ambiental tornaram a redução do desperdício de alimentos uma importante estratégia de mitigação ambiental e uma das metas atuais de desenvolvimento sustentável.
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Os cidadãos europeus, por exemplo, são os primeiros a desperdiçar alimentos na cadeia alimentar, uma vez que 53% dos resíduos provêm das famílias, seguidos da indústria alimentar (19%) e dos serviços de catering e restaurantes (12%). Alguns hábitos alimentares atuais, como comprar mais comida do que o necessário, servir porções excessivas nos pratos, jogar sobras no lixo, conservar mal os alimentos ou descartar fora os produtos embalados quando o prazo de validade já passou, contribuem para os números exorbitantes de desperdício alimentar na União Europeia.
A correta conservação dos alimentos é, em muitos casos, a melhor forma de minimizar o desperdício.
Os alimentos frescos deterioram-se com o tempo devido à ação de organismos vivos, à ação físico-química do meio ambiente e à atividade biológica dos próprios alimentos. Esta deterioração implica na redução das características organolépticas (sabor, cheiro, etc.) e do valor nutricional, além de comprometer a segurança microbiológica dos alimentos.
Para a correta preservação de muitas comidas, o frio é a melhor opção, pois retarda os processos biológicos que permitem a proliferação de bactérias e outros microrganismos responsáveis por sua degradação. Por isso, em muitos casos, recomenda-se manter esses produtos na geladeira ou mesmo congelá-los quando seu consumo não for imediato. Em outros casos, o armazenamento refrigerado é totalmente contraindicado, como no caso da banana, cujo amadurecimento ótimo ocorre à temperatura ambiente (15-20°C) enquanto o armazenamento refrigerado leva à perda de sabor e aceleração de sua degradação.
Evite a contaminação cruzada
O principal objetivo do cozimento de alimentos é modificar suas propriedades físico-químicas e suas características organolépticas para torná-los digeríveis e eliminar possíveis microrganismos presentes nos alimentos crus. Ao cozinhar, lembre-se de que cada técnica os afeta de forma diferente do ponto de vista nutricional. Após o preparo, uma vez que o vapor dos alimentos tenha evaporado, cubra-os e guarde-os na geladeira. Não devem ser deixados fora da geladeira para esfriar completamente, pois o aumento da temperatura pode favorecer o crescimento de micro-organismos.
Quando temos grandes quantidades de preparos, como guisados e assados de carne, para acelerar o seu resfriamento devem ser divididos em porções menores. Não é recomendável sobrecarregar o refrigerador com alimentos quentes, pois isso aumentará a temperatura geral do aparelho e a possibilidade de crescimento de bactérias nos pratos.
Alimentos cozidos não devem ser armazenados na geladeira junto com alimentos crus, para evitar contaminação cruzada direta. Alimentos cozidos podem ser recontaminados por meio de vegetais ou carnes cruas, como frango. Aquecê-los na hora do consumo e ou colocá-los no micro-ondas não é suficiente para eliminar a possível carga poluente. Por esse motivo, recomenda-se colocar os alimentos cozidos nas bandejas superiores da geladeira, para evitar pingos dos crus, que ficam mais bem armazenados em recipientes fechados e localizados nas bandejas inferiores para evitar completamente o contato entre eles.
Carnes cozidas geralmente precisam de temperaturas de refrigeração entre 1ºC e 4°C, e podem ser mantidas na geladeira por um período de um a quatro dias, dependendo do tipo de carne, do teor de gordura e da forma como a carne é preparada. Especificamente, caldos de carne, recomenda-se mantê-los refrigerados por no máximo dois dias. Frutos do mar e peixes cozidos podem ser mantidos refrigerados por três a quatro dias, sendo os mais perecíveis aqueles com maior teor de gordura.
No caso de vegetais cozidos, recomenda-se que sejam resfriados e secos, e mantidos por três a cinco dias na geladeira, pois a presença de água pode acelerar sua degradação. Já os ovos cozidos podem ser mantidos refrigerados por até no máximo uma semana, desde que a integridade da casca não seja alterada. Lembrando que com o passar dos dias, a clara endurece, modificando sua textura. No caso de ovos cozidos sem casca, devem ser mantidos frios por um período máximo de 24 horas.