Depois de mais de um ano sem receber público, a quadra da Portela reabre suas portas neste sábado (18) em grande estilo, com show da Velha Guarda em homenagem aos 120 anos de nascimento de Paulo da Portela, fundador da escola.
A apresentação —que acontece durante a tradicional feijoada e terá transmissão ao vivo pelo canal da agremiação no YouTube —celebra tanto o legado do fundador da Azul e Branco quanto a trajetória do grupo comandado pelo bamba Monarco e por Tia Surica. Os sambistas Manacéia e Zé Keti, cujos centenários de nascimento são comemorados este ano, também serão lembrados durante a tarde.
— Paulo lutou para tirar o samba da marginalidade. Foi um ferrenho defensor da cultura popular e um dos responsáveis pelo reconhecimento e a oficialização dos desfiles, em 1935. Ele colocou os sambistas para andar bem vestidos, na linha — conta Monarco, 88 anos.
O integrante da Velha Guarda, que diz saber tudo sobre Paulo da Portela (“Se tivesse um concurso pra ver quem fala mais do Paulo, eu ganharia com o pé nas costas. Em todo samba que eu canto, eu falo dele”), lembra ainda de sua contribuição para a participação das mulheres no samba. — Ele era muito educado e respeitador. Ia pedir permissão a seus pais e buscar uma por uma para desfilarem. Depois, as levava em casa.
Pérolas de Paulo da Portela, como “Cocorocó” e “Ouro, desça do seu trono”, estão no roteiro da apresentação, que também inclui clássicos do repertório da Velha Guarda, entre eles “Passado de glória”, “Coração em desalinho “ e “Falsa alegria”.
A festa será um evento teste, seguindo todos os protocolos determinados pela Prefeitura. Para garantir o distanciamento, os ingressos são limitados e serão vendidos apenas mesas e camarotes. Além disso, todos terão que apresentar o comprovante de vacinação.
— É uma expectativa muito grande, uma saudade de rever os amigos. Mas precisamos respeitar as regras, ainda mais lidando com pessoas de idade avançada — reforça Sérgio Procópio, integrante da Velha Guarda e ex-presidente da Portela, que também tem histórias de Paulo da Portela na manga. —Ele não chegava à casa de ninguém de mãos vazias, presenteava com música. “O quitandeiro” foi escrita para uma festa.