Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

O Globo segunda, 08 de agosto de 2022

BARCELONA: O MAIS BRASILEIRO DOS EUROPEUS

Por Rodrigo Capelo — Rio de Janeiro (RJ)

 

Barcelona, o mais brasileiro dos europeus
Raphinha no Barcelona Divulgação/Barcelona

Lewandowski estreou pelo Barcelona com um gol, duas assistências e a conquista do primeiro título — o do torneio amistoso Joan Gamper, organizado pelo clube toda pré-temporada. Foi dado o primeiro passo para que o polaco vire símbolo de um novo Barça, com elenco renovado, sob nova direção, que volta a competir pelas principais taças europeias. Pelo menos, é assim que dirigentes como Joan Laporta, atual presidente, querem contar a história.

Os direitos de Lewandowski, aos 33 anos, foram comprados por 45 milhões de euros. E ele não é o único reforço da associação nesta janela de transferências. Também chegam Koundé, por outros 50 milhões, e Raphinha, por mais 48 milhões. Os valores foram apurados pelo Marca e são todos fixos. Com algumas variáveis cumpridas, esses atletas custarão ainda mais, fora os salários. Todos perguntam: como um clube até outro dia quebrado faz tantos investimentos?

 Não custa lembrar que Laporta chegou à presidência, um ano e meio atrás, num cenário incompatível com a fama de potência global. O Barcelona havia passado de 1 bilhão de euros em dívidas, suas receitas tinham sido prejudicadas fortemente pela pandemia, e o fair play financeiro da LaLiga, a liga de clubes da Espanha, impedia que jogadores fossem mantidos. Messi saiu sob esse pretexto. O mau futebol de lá para cá se justificava pela crise financeira.

O cartola optou pela estratégia mais corriqueira da história do futebol. A chegada de craque consagrado como Lewandowski passa a mensagem, para a torcida e para o mercado, de que o Barcelona voltou. Chega de falar em virtual falência, porque essa depressão toda só faz mal à autoestima do torcedor e aos interesses políticos do dirigente no comando. A empolgação venderá ingressos e camisas, o faturamento subirá, e esse aumento, dizem, fechará a conta.

As dívidas ainda estão lá, então Laporta acionou o que chama de palancas – em português, alavancas. A primeira foi a venda de 10% dos direitos de transmissão para a Sixth Street, uma companhia que faz investimentos noutras empresas no mundo todo. O Barça recebe 207,5 milhões de euros agora e cede esse percentual sobre a receita por 25 anos. A segunda palanca foi na mesma linha: 320 milhões de euros por mais 15% dos direitos para a mesma investidora.

Momentaneamente, dá-se o problema por resolvido. Lewandowski cumpre seu papel, além dos gols e das assistências, ao acalmar torcida e imprensa. O balanço financeiro aparecerá com lucro, pois incluirá a venda desses ativos. Enquanto Laporta, amparado pelas aprovações políticas de seus associados para cada operação, ganha tempo para tentar a consagração no presente, apesar de sacrificar o futuro. Este é o Barcelona, o mais brasileiro dos europeus.


O Globo domingo, 07 de agosto de 2022

CAETANO VELOSO: ÍDOLO, AOS 80 ANOS, É REFERÊNCIA ABSOLUTA DA MPB

Por Silvio Essinger — Rio de Janeiro

 

Caetano, 80 anos: referência absoluta da MPB, artista celebra aniversário com live em família
Caetano Veloso, que completa 80 anos neste domingo Leo Aversa

Por volta dos seus 42 anos de idade, Caetano assumiu a perspectiva do “homem velho” em notória canção do álbum “Velô” (1984). E cantou: “Ele já tem a alma saturada de poesia, soul e rock’n’roll / as coisas migram e ele serve de farol”. Os versos não poderiam ser mais exatos/proféticos para esse baiano que chega hoje aos 80 anos gozando de saúde e lucidez — e em plena atividade, como se há de se conferir na live que ele faz à noite com a família, transmitida a partir das 20h30 pelo Globoplay.

As coisas migram, os cabelos brancos tomam a fronte do artista e o menino, que antes corria, agora o vê como o “vovô nervoso, teimoso, manhoso” (dito na recente canção “Não vou deixar”). Principalmente teimoso: um vovô que insiste em — e muitas vezes consegue — manter-se relevante num mundo vergado às vontades dos adolescentes, embora um pouco mais equipado do que antes para ouvir o homem velho.

 

 

Artistas do mundo homenageiam Caetano

 

Em 2022, Caetano Veloso está em um lugar para lá de confortável: praticamente tudo que se identifica como música popular brasileira encontra espelho em sua obra. “Se você tem uma ideia incrível/ é melhor fazer uma canção”, avisou ele, com alguma ironia, em “Língua”, outra das faixas de “Velô”. De Ferrugem, Gloria Groove, Maiara e Maraísa, Baco Exu do Blues (e “gente pra xuxu”, como listou, rimando, em “Sem samba não dá”, faixa de “Meu coco”, álbum de 2021), muita gente segue hoje, com êxito (mesmo que instintivamente) a recomendação.

Do início sob a influência da bossa, passando pelo Tropicalismo (do qual foi o artífice, atentando para a importância da geleia geral de Gil, Beatles, Chacrinha e Vicente Celestino), Caetano tem sido um apóstolo do poder da canção popular em mover montanhas. Ele é, ao mesmo tempo, o cantautor de hits que alternam lirismo (“Leãozinho”, “Você é linda”) e contundência (“Podres poderes”, “Fora da ordem”), o compositor certeiro (ouça “Força estranha” com Roberto Carlos) e o cantor que descobre novos ângulos em composições alheias (como em “Sozinho”, de Peninha, que o fez vender milhão).

Filho de uma família da classe média esclarecida da pequena Santo Amaro, o artista cuidou, ao longo da carreira, de borrar as distinções entre alta e baixa cultura. Suas canções filosofaram no alemão das vanguardas musicais e roçaram a língua na língua de Luís de Camões dos alto-falantes do Brasil profundo. Eventualmente em inglês e espanhol, elas estabeleceram pontes com o mundo, o qual — do escocês-americano David Byrne ao argentino Fito Páez — detectou em Caetano um tipo singular e abrangente de artista, que não cabe nas categorias anglo-saxãs, dominantes, da música popular.

Com seu espírito tropicalista, Caetano acendeu luzes aqui e ali. Foi ao vê-lo vestido inteiro de rosa, nos anos 1960, que Ney Matogrosso decidiu tornar-se o artista que sempre quis ser. O comportamento é, em muitos casos, a política deste baiano: leitor voraz que recusou o sectarismo e os reducionismos, abraçou as próprias contradições e idiossincrasias e sempre defendeu com fervor as suas opiniões — as quais raramente se furtou a dar, bem consciente da dor e da delícia de ser o que se é.

Mesmo sob ataques dos intelectuais estabelecidos, Caetano foi, ao longo da carreira, sendo reconhecido, ele mesmo, como uma espécie de intelectual — se não “orgânico”, na acepção de Antonio Gramsci, ao menos muito popular, haja vista a ressonância que fragmentos de suas letras e declarações tiveram no imaginário brasileiro, chegando ao universo dos memes. Filie-se ou oponha-se ao baiano, o que não dá é para ignorá-lo.

Octogenário, o Caetano que sopra as velinhas é, em grande medida, o mesmo de sempre. É o artista que ainda perde noites de sono pensando no papel do Brasil no mundo e que, após tantas voltas por este mesmo mundo, ainda se sente na necessidade de dizer que “sem samba não dá”. É o cantor que não experimentou declínio de criatividade ou afetos. Que aos 64 anos achou melhor largar tudo e fazer um disco de indie rock com os amigos do filho. E que em 1984, imaginando-se velho, cantou pela primeira vez: “Os filhos, filmes, ditos, livros como um vendaval/ espalham-no além da ilusão do seu ser pessoal.”

 


O Globo sábado, 06 de agosto de 2022

MÚSICA: PROJETO AQUARIUS COMEMORA 50 ANOS

 

Por Nelson Gobbi — Rio de Janeiro

 

 

É hoje! Maestro Roberto Tibiriçá conta como será o concerto comemorativo aos 50 anos do Projeto Aquarius
Palco do projeto AQUARIUS 2022 na praça Mauá Domingos Peixoto / Agência Globo
 

Quando subir ao palco montado na Praça Mauá, hoje, às 17h, Roberto Tibiriçá revisitará lembranças com a Orquestra Sinfônica Brasileira (da qual foi diretor artístico entre 1995 e 1997) e com o Projeto Aquarius, que retoma suas apresentações no ano em que celebra o seu cinquentenário. Durante a semana, em ensaios na Cidade das Artes, o maestro lapidou o repertório que sintetiza a troca entre a música de concerto e o popular, uma das características que consagraram o projeto.

 

Além de tocar obras de Strauss, Tchaikovsky, Ravel, Carlos Gomes e Villa-Lobos, a OSB receberá o cantor e compositor Lenine e interpretará alguns de seus sucessos em arranjos sinfônicos, a exemplo de “Jack soul brasileiro”, “Silêncio das estrelas” e “Leão do Norte”. O evento também contará com a participação do acordeonista João Pedro Teixeira, do grupo de passinho Oz Crias e de jovens músicos do projeto Conexões Musicais, sendo seis da Baixada Fluminense e outros três do Programa Vale Música Belém.

Uma realização do GLOBO, o Aquarius tem apresentação das empresas Vale e Vibra; patrocínio do governo do Estado do Rio de Janeiro e da secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura; apoio do Sesc-RJ; e parceria da Orquestra Sinfônica Brasileira.

 Criado em 1972 pelo jornalista Roberto Marinho (1904-2003), por Péricles de Barros (1935-2005), então gerente de Promoções do GLOBO, e pelo maestro Isaac Karabtchevsky, o Projeto Aquarius marcou a carreira de Tibiriçá, em apresentações como a realizada na Enseada de Botafogo, em 1996, na qual regeu a “Sinfonia nº 2”, de Gustav Mahler, diante de 150 mil pessoas. Confira os principais tópicos da entrevista com o maestro.

Seleção de repertório

 

Roberto Tibiriçá: “Estou emocionado. A última vez que participei do Aquarius foi na década de 1990. Foi inesquecível reger a ‘Sinfonia nº 2’, de Mahler, para 150 mil pessoas, na Enseada de Botafogo”, diz maestro — Foto: Leo Martins

Roberto Tibiriçá: “Estou emocionado. A última vez que participei do Aquarius foi na década de 1990. Foi inesquecível reger a ‘Sinfonia nº 2’, de Mahler, para 150 mil pessoas, na Enseada de Botafogo”, diz maestro — Foto: Leo Martins

“A proposta inicial era tocar as obras icônicas que foram apresentadas nesses 50 anos. Mas seria difícil de dimensionar e aí fomos eliminando alguns temas. Com a entrada do Lenine, vimos o que funcionava melhor. Fora as canções dele, todas as outras do repertório já foram interpretadas em outras edições do projeto, inclusive a do Sivuca (‘Concerto sinfônico para Asa Branca’).”

 

Arranjos sinfônicos

 

“As músicas do Lenine são muito bonitas e os arranjos ficaram primorosos. Ler na partitura é uma coisa, mas quando ouvimos a orquestra tocando, as músicas ganham outra dimensão. Essa troca com o popular é algo que eu faço também numa série chamada ‘Sinfônica pop’, em que interpretamos repertório de artistas como Chico Buarque, Daniela Mercury e João Bosco, com arranjos sinfônicos.”

 

Erudito e popular

 

“O mundo mudou e o Aquarius reflete este movimento. Quando o projeto foi criado, em 1972, a proposta era aproximar a música clássica da população, eram outros tempos. Com os anos, a música popular de boa qualidade entrou para somar. É como na nossa casa, também gosto de ouvir Vinicius, Tom, Dolores Duran. Se ficar só ouvindo Beethoven, eu não aguento (risos).”

 

Reencontro com Aquarius

 

“Estou emocionadíssimo. A última vez que regi o Aquarius, na década de 1990, ainda estava como diretor da OSB. Passa um filme enorme na cabeça. De forma geral, todos os integrantes estão muito envolvidos com essa volta. Mas com os músicos que estavam naquela época tem uma viagem interior, do que a gente viveu no passado.”

Lembranças

 

“Foi inesquecível reger a ‘Sinfonia nº 2’, de Mahler, para 150 mil pessoas. Foi uma loucura do meu querido amigo Péricles de Barros, que criou um palco aberto, para que o público tivesse a visão do Cristo Redentor. Tivemos que adiar por duas semanas por causa da chuva. Na terceira semana o tempo estava bom e foi um acontecimento.”

Montagem do Projeto Aquarius na Praça Mauá — Foto: Hermes de Paula

Montagem do Projeto Aquarius na Praça Mauá — Foto: Hermes de Paula

 

Ao ar livre

 

“O meu professor, o grande maestro Eleazar de Carvalho, dizia que os concertos ao ar livre são as maiores expressões musicais e de interação com o público. Ruídos que podem incomodar numa sala de concerto, como um choro de criança, não são ouvidos em espaços abertos. Ali tudo é uma festa, o público pode cantar junto, bater palmas. A principal preocupação é com o técnico de som, que vai amplificar a orquestra. Ele é quase um segundo maestro, que pode fazer um evento ser inesquecível para o bem ou para o mal, no caso de uma falha técnica. O retorno para a orquestra é fundamental, principalmente para instrumentos de som mais delicado, que quase não soam, como a harpa, a celesta, o corne inglês.”

 

Onde e quando

 

O palco está montado na Praça Mauá, entre o Museu de Arte do Rio (MAR) e o Museu do Amanhã. O concerto, gratuito, acontece hoje às 17h, com apresentação de Ana Paula Araújo.

Como chegar

 

O acesso poderá ser feito por VLT (estação Parada dos Museus), ônibus ou metrô. No último caso, a melhor opção é desembarcar na estação Uruguaiana, atravessar a Av. Presidente Vargas e seguir pela Rua Acre em direção à praça.

 

Programa

 

Na abertura, a OSB tocará a “Marcha triunfal”, da ópera “Aída”, de Verdi. A orquestra fará um número de percussão acompanhando o passinho do grupo Oz Crias e receberá Lenine interpretando sucessos, como “Jack soul brasileiro”, em arranjos sinfônicos. O repertório inclui ainda obras de Villa-Lobos (“O trenzinho do caipira”), Sivuca (“Concerto sinfônico para Asa Branca”, com o acordeonista João Pedro Teixeira), Carlos Gomes (“O Guarani”), Ravel (“Bolero”) e Tchaikovsky (“Abertura sinfônica 1812”).


O Globo sexta, 05 de agosto de 2022

JÔ SOARES SE ENCANTOU: ÍDOLO MORRE AOS 84 ANOS

 

Por Patricia Kogut

 

Patrícia Kogut: 'Não existe a História da televisão brasileira sem Jô'
 

Em 2014, Jô Soares foi internado por três semanas e, com isso, passou um mês e meio afastado da TV. A notícia de que teria morrido circulou. Bem-humorado, ele me deu uma entrevista em que se divertiu: "Me tiraram do bico do urubu", disse. O urubu, no caso, foi uma pneumonia que resultou numa septicemia. O episódio expressa esse dom que ele tinha de mergulhar emergindo do outro lado da arrebentação com charme, fazendo alguma graça. A expressão o "bico do urubu" também refletia seu estilo: era ao mesmo tempo uma expressão popular e um achado de quem conhecia o melhor frasismo. Seu repertório abraçava tudo.

Com sua morte, o mundo piora muito. 

 

Todos os clichês usados para definir Jô são verdadeiros. Homem renascentista, gênio do humor, inigualável. Além da verve natural, ele teve uma formação sólida e cosmopolita, era poliglota e viajado, carioca, paulista e do mundo. Em seu "O livro do Jô", dois volumes em que trabalhou com Matinas Suzuki Jr., conta vários "causos" da malandragem de Copacabana. Um sinal de que se divertia muito também, sempre enxergando um lado leve e cômico no comportamento humano.

Não existe a História da televisão brasileira sem Jô. Ele esteve nos primórdios, na "Praça da Alegria", ainda na TV Record, em 1956. Lá também participou de "A Família Trapo". Em 1971, se transferiu para a Globo onde lançou uma galeria de personagens e bordões que até hoje estão na boca do povo. Eram tipos que espelhavam o espírito do tempo. O exilado politico Sebá, codinome Pierre, que ligava de Paris para a mulher no Brasil e diante dos relatos dela do que acontecia por aqui exclamava: "Chose de loc!", "Madalena, você não quer que eu volte"; Gardelon, o argentino que repetia: "Muy amigo!"; O general que não se conformava com o fim da ditadura e pedia: "Me tira o tubo"; Bô Francineide, com sua mãe minúscula, a atriz Henriqueta Brieba, a quem se dirigia com a frase: "E pensar que saí de dentro dela!".

Depois de conquistar todos os territórios no humor, em vez de se acomodar no sucesso, Jô quis mais. Justo: ele sempre foi capaz de muito mais. E propôs à Globo fazer um programa de entrevistas. Boni não topou, e ele se transferiu para o SBT. Carregou um público numeroso para o seu "Jô Soares onze e meia". Qualificou a faixa da madrugada, recebeu o Brasil todo - famosos e anônimos com algo a contar - em seu sofá. Quando a entrevista não rendia pelo convidado, compensava tudo improvisando um show próprio. Era maior do que qualquer roteiro, capaz de puxar um espetáculo do bolso no deserto. Era a personificação do talento. Em 2000, voltou para a Globo, onde fez o "Programa do Jô" até 2016.

 


O Globo quinta, 04 de agosto de 2022

RIO GASTRONOMIA: JANAÍNA RUEDA, CHEF BRASILEIRA EM TOP 10 MUNDIAL, ESTARÁ NO EVENTO

Por Gustavo Cunha — Rio de Janeiro

 

Janaína Rueda, chef brasileira em top 10 mundial, estará no Rio Gastronomia
A chef Janaína Rueda 

O casal Janaína e Jefferson Rueda não é lá de guardar muitos segredos. À frente do A Casa do Porco Bar, em São Paulo — o endereço foi eleito, na última semana, o sétimo melhor restaurante do mundo pela premiação “The World’s 50 Best Restaurants”, o Oscar das cozinhas —, a dupla de chefs é presença confirmadíssima na 12ª edição do Rio Gastronomia, que acontece entre os dias 11 e 21 de agosto, de quinta a domingo, no Jockey Club, na Gávea. Os ingressos estão à venda no site riogastronomia.com. Ambos estarão lá servindo os famosos cachorros-quentes da badalada lanchonete Hot Pork. Mas não só. Em aula aberta, Janaína revelará ao público algumas técnicas “100% brasucas”, como ela diz, usadas pela Casa do Porco, único estabelecimento brasileiro no top 10 mundial.

Será o momento de observar, anotar e, por que não?, perguntar. Como nas últimas edições, o Rio Gastronomia oferecerá uma extensa programação, desta vez com mais de 50 aulas ministradas por cozinheiros consagrados. Está aí a cereja do bolo de uma festa embalada por shows no Palco Rock On The Rocks, um oferecimento Johnnie Walker, Smirnoff e Tanqueray, espaço com recreação infantil, roda-gigante Loft, feira de cachaça e de produtores artesanais, além, é claro, de área com os melhores restaurantes da cidade. As inscrições para os encontros com os chefs, que acontecerão nos auditórios Santander e Sesc | Senac, serão feitas no local, com senhas distribuídas uma hora antes de cada aula no credenciamento que fica na tenda de cada auditório.

— Para nós, é muito importante mostrar para as pessoas que é possível, sim, fazer fast food saudável e com qualidade. Por isso estamos muito animados em participar, levando esse conceito para o público carioca num evento tão popular — diz Janaína, referindo-se especificamente ao Hot Pork, casa de hot dogs artesanais que ela e o marido criaram pensando, inicialmente, nos filhos. — Entendemos depois que existia uma busca muito grande por esse produto e, então, transformamos em negócio. Vou abordar esse assunto na minha aula, falando sobre a importância de os grandes chefs avaliarem a demanda de fast food e adentrarem esse mercado.

Nomes premiados prometem lições bem temperadas. O mineiro Leo Paixão, que foi jurado do programa “Mestre do sabor”, da TV Globo, falará sobre os diferentes processos de construção dos gostos. Encontros inéditos entre cozinheiros de diferentes especialidades devem fermentar novas ideias. O carioca Rafa Costa e Silva, do Lasai, (em 78º lugar no ranking do 50 Best) dividirá a bancada com Rafa Silveira, da Slow Bakery. (Veja a programação abaixo).

Há quem adiante parte das surpresas. Chef do Escama, um dos restaurantes presentes no evento, Ricardo Lapeyre planeja apresentar ao público o profissional de pesca submarina responsável por fornecer os peixes para a casa no Jardim Botânico. A ideia é promover bate-papo sobre pesca sustentável enquanto são ensinadas duas criações de seu cardápio.

—Vou explicar por que nunca entrou um pedaço de salmão do Chile no Escama e por que só uso os peixes do Brasil — ressalta Lapeyre. — Farei receitas do Escama bem fáceis de reproduzir em casa. Esse contato mais próximo com o público é sempre importante, pois nos enriquece.

Janaina e Jefferson Rueda, de A Casa do Porco — Foto: Jonathan Wolpert

Janaina e Jefferson Rueda, de A Casa do Porco — Foto: Jonathan Wolpert

O Rio Gastronomia é realizado pelo jornal O GLOBO, com apresentação de Sesc RJ e Senac RJ, cidade-anfitriã Invest.Rio | Prefeitura RJ, patrocínio master do Santander, patrocínio de Stella Artois, Naturgy, Loft, Tanqueray, Johnny Walker e Smirnoff, apoio Aspen Pharma, Hortifruti, Tônica Antárctica, Pepsi, Água Pouso Alto e Chandon, participação do Azeite Andorinha, Hotel Oficial Fairmont Rio e parceria do SindRio.

 

Como comprar ingressos

 

Há vários tipos de ingressos promocionais. Os do primeiro lote custam R$ 40 (qui e sex) e R$ 50 (sáb e dom). Já o bilhete solidário (R$ 32, qui e sex, e R$ 40, sáb e dom) terá parte da renda revertida para o projeto Mesa Brasil Sesc RJ. Cliente Santander paga R$ 28 (qui e sex) e R$ 35 (sáb e dom). Quem comprar esses ingressos na promoção leva ainda a assinatura digital do GLOBO e ganha 15% de desconto nos restaurantes participantes do Rio Gastronomia. Mais informações sobre descontos para assinantes do GLOBO em riogastronomia.com.

 

Programação de aulas do Rio Gastronomia

 

 

Quinta, dia 11

 

Auditório Sesc | Senac

19h30: “O que que as cocadas têm?”, com a chef baiana Isis Rangel (Sabores de Gabriela).

Auditório Santander

20h: “A estrela da vez: ceviche de peixe com melancia e arroz de tomate - os hits do Mäska”, com o chef Pedro Coronha.

 

Sexta, dia 12

 

Auditório Sesc | Senac

20h: “Alves, o fantástico merengue do CasaTua”, com o chef Mairton Oliveira.

Auditório Santander

17h30: “Queijos sem lactose e sem culpa” com Cynthia Brant (Queijaria Vegana).

19h: “Peixe por inteiro, aproveitamento máximo”, com o chef Gerônimo Athuel.

20h30: “Os segredos da massa amanteigada perfeita”, com a boleira Carola Troisgros.

 

Sábado, dia 13

 

Auditório Sesc | Senac

15h30: “Peixe em dois tempos e momentos”, com o chef Ricado Lapeyre (Escama).

18h30: “As técnicas 100% brasucas”, com a chef Janaína Rueda (A Casa do Porco — SP).

20h: “A vero pizza napolitana”, com o pizzaiolo Ricardo Rocha (Artesanos Bakery).

Auditório Santander

15h: “Saborzinho do Brasil — Oficina para crianças”, com a jornalista e escritora Alice Granato e os filhos, Valente e Ben, e o chef Isaias Neri.

18h: “O que é chocolate ‘bean to bar’”, com o chocolateiro Natan Pinto.

19h30: “Entradas que roubam a cena”, com o chef Nelson Soares (Sult).

 

Domingo, dia 14

 

Auditório Sesc | Senac

14h: “Receita de pai pra filho”, com o chef Elia Schramm e o pai Roland Schramm (Babbo Osteria).

15h30: “Conheça o socarrat, ‘primo da paella’”, com a chef Juliana Kegler (¡Venga!).

17h: “Sanduíche cervejeiro”, com o chef João Marcelino (Labuta). Oferecimento Ambev.

18h30: “A cozinha premiada das mulheres da Maré”, com Mariana Aleixo e Adriana Moreno (Maré dos Sabores).

Auditório Santander

15h: “O mundo das cores, sabores e texturas, reunidos em uma receita saudável, prática e deliciosa!”, com a chef Laura Reis. Oferecimento Hortifruti.

16h30: “Sabores e saberes da culinária indiana”, com a chef Patricia Godinho (Curry-se).

18h: “A diferença que faz o peixe fresco de verdade”, com Viviane e Beni Schvartz (Peixoto Sushi).

 

Quinta, dia 18

 

Auditório Sesc | Senac

17h: “O canelone maravilha do chef”, com os chefs Claude Troigois e Jessica Trindade.

18h30: “Comidinhas e biricuticos da alta à baixa”, com o chef Bruno Katz (Nosso) e o bartender Jonas Aisengart.

Auditório Santander

17h30: “Ovo de encantos mil”, com a chef Paula Prandini.

20h30: “Aprenda a fazer mezze, antepastos veganos do mediterrâneo”, com a chef Amandine Izza.

 

Sexta, dia 19

 

Auditório Sesc | Senac

18h30: “Os risoles da Henriqueta”, com Alexandre Henrique e Dona Henriqueta (Tasca da Henriqueta).

Auditório Santander

19h: “Como fazer os bolos do Nollita”, com o chef Felipe Appia.

20h30: “Grandes saquês com aula e prova”, com Eduardo Preciado (Minimok).

 

Sábado, dia 20

 

Auditório Sesc | Senac

14h: “Cozinha afetiva: conheça o bolo da série ‘This is us’”, com a doceira Carole Crema.

15h30: “A construção do gosto”, com o chef mineiro Leo Paixão.

17h: “Massas e molhos do Gero Fasano”, com o chef Luigi Moressa.

20h: “Steak tartare... suíno”, com o chef Jimmy Ogro (BistrOgro).

Auditório Santander

15h: “Novos saberes para descobrir sabores saudáveis”, com a chef Lidi Barbosa (Allma).

16h30: “Churrasco coreano: conheça e prove”, com o chef Emerson Kim (Spicy Fish).

19h30: “Sabores e insumos da Mantiqueira”, com a chef Flávia Quaresma.

 

Domingo, dia 21

 

Auditório Sesc | Senac

14h: “Mão na massa em família”, com a chef Morena Leite (Capim Santo) e os filhos.

15h30: “Por essa (nossa) natureza ancestral — Uma conversa em fogo beeem baixinho”, com a chef Roberta Sudbrack. Oferecimento Naturgy.

18h30: “A mesa do Imperador — O que a realeza comia há 200 anos”, com o chef Ecio Cordeiro.

20h: “Dois Rafas em cena”, com os chefs Rafa Costa e Silva (Lasai) e Rafa Brito (Slow Bakery).

Auditório Santander

15h: “Pipoca de camarão ou vice-versa sucesso do Naga”, com o chef Raul Ono.

16h30: “Passo a passo pra fazer sorvete em casa”, com o mestre sorveteiro Francisco Sant’Ana.

18h: “Shakes e chás que curam”, com a chef Andrea Henrique.


O Globo quarta, 03 de agosto de 2022

LIBERTADORES: FLAMENGO FAZ VALER O PESO DE UM ELENCO ESTRELADO E AGORA BEM ADMINISTRADO

 

Por Diogo Dantas

 

Análise: Flamengo faz valer o peso de um elenco estrelado e agora bem administrado
Arrascaeta comemora com Vidal Divulgação

Embora não tenha colocado em campo como titular nenhum de seus últimos reforços, o Flamengo fez valer o peso de um elenco estrelado e bem administrado na vitória incontestável sobre o Corinthians. Diferentemente do adversário das quartas de final da Libertadores, o rubro-negro carioca não tinha nenhuma baixa significativa no elenco além de Bruno Henrique e Rodrigo Caio, que se recuperam de problemas mais graves. E mandou a campo a sua equipe base em plena intensidade, depois de descanso de todos no fim de semana pelo Brasileiro, enquanto os donos da casa mesclaram a equipe e desta vez não puderam utilizar Willian, por lesão, e Renato Augusto, que é baixa há mais tempo para o técnico Vitor Pereira. No começo do jogo, ainda perderam Maycon, que sentiu dores.

A recuperação promovida por Dorival Júnior no Flamengo passa muito pela confiança dada aos jogadores. Passa também pela forma simples de colocar em campo os jogadores em suas funções preferidas. Só não se pode esquecer dessa administração de elenco feita com base em muita conversa, ideias que nem sempre tem tempo para serem implementadas, e com aposta cega no trabalho de controle de carga que prevê rodízios, minutagem contada, e utilização gradual de peças que vão se somando ao grupo. Mais uma vez o Flamengo foi a campo com um time titular base. Que já havia goleado o Tolima na fase anterior da Libertadores, e passou pelo Atlético-MG na Copa do Brasil.

 Mesmo com a chegada de reforços como Vidal e Cebolinha, Dorival sustenta a mesma formação e deixa o time com uma sintonia que há muito não se via. Aliado ao trabalho de recuperação física, a intensidade voltou a ser marca registrada de um Flamengo que se arrastava no primeiro semestre com os mesmo jogadores. Individual e coletivamente, o elenco tem sido capaz de executar ideias distintas e respeitar trocas entre os jogos e no decorrer das partidas, pois nota um desempenho crescente. O que falar de Éverton Ribeiro e Gabigol, que há alguns meses eram carta fora do baralho de Tite na seleção brasileira, e voltaram a atuar em alto nível? Ou Pedro, que enfim teve sequência na ausência de Bruno Henrique e pôde mostrar toda sua versatilidade e faro de gol?

O Globo terça, 02 de agosto de 2022

SAÚDE: DAS FRUTAS AO OVO NA PORTA DA GELADEIRA - VEJA SEIS ALIMENTOS QUE SÃO ARMAZENADOS DE MANEIRA INCORRETA
  

Por Laís Malek — Rio de Janeiro

 

Das frutas ao ovo na porta da geladeira: veja seis alimentos que são armazenados de maneira incorreta
Conservação de alimentos: especialista explica indica como evitar erros no armazenamento dos alimentos Ello/Unsplash

Você sabia que a melhor maneira de guardar ovos na geladeira não é na porta? E que o leite não deve ficar nas partes de baixo do eletrodoméstico? Não basta só fazer as compras no mercado e guardar na refrigerador: é preciso se atentar para o modo correto de armazenar os alimentos. A engenheira de alimentos e diretora-executiva da Food Tech Consultoria, Lorena Coimbra, comenta ao GLOBO alguns dos principais erros cometidos na hora de conservar os alimentos na geladeira.

— A geladeira tem algumas variações de temperatura. Na parte de baixo, a temperatura é maior. Por isso, é ideal que os produtos mais perecíveis fiquem na parte de cima, que é onde tem as menores temperaturas e também nos congeladores — explica a engenheira.

 

Veja abaixo alguns dos erros mais comuns e aprenda a evitá-los:

 

 

  • Leite: Não deve ser armazenado na parte de baixo e nem na porta, já que nesses lugares a temperatura é menor. O local ideal para as caixas é na primeira prateleira, onde a variação de temperatura não é tão grande.
  • Ovos: Assim como o leite, deve ser guardado na parte superior da geladeira, pelo mesmo motivo. É importante prestar atenção especialmente para este alimento, já que os ovos podem estar contaminados pela bactéria Salmonella, que causa intoxicação alimentar.
  • Enlatados e envasados: O ideal é que estes alimentos sejam consumidos de forma integral, ou seja, que não haja necessidade de armazená-los depois de abertos. Mas se precisar guardar, é deve-se transferi-los para outro recipiente — que pode ser de vidro ou de plástico — e consumir em até uma semana, já que são extremamente perecíveis. Isso vale para alimentos enlatados e também para conservas e, neste caso, deve-se ficar especialmente atento ao risco de botulismo.
  • Cebola: Uma boa prática é guardá-la, ainda com casca, fora da geladeira. Se você utilizar uma parte e quiser armazenar o resto, o ideal é deixá-la fechada em um recipiente de vidro. Assim, é possível evitar que os gases liberados pela cebola cortada ativem reações que, além de deixar o eletrodoméstico com um forte odor, podem influenciar a maturação de outros alimentos.
  • Frutos: A maioria dos frutos possuem enzimas, e a partir do momento em que há algum impacto mecânico, como um corte, elas são liberadas e engatam uma reação. Em algumas frutas, a polpa é amolecida, mas em outros casos, como a maçã, ela adquire um aspecto mais escuro. O ideal é armazená-las sem corte e consumir de uma vez só, em vez de guardá-las.
  • Verduras: É necessário realizar a higienização correta antes do armazenamento: na água clorada, com a concentração indicada para cada verdura. Após o processo, é preciso secá-las integralmente: se elas forem guardadas quando ainda estiverem úmidas, vão ficar moles e apodrecer mais rápido. É indicado guardá-las soltas dentro de um pote ou uma sacola abertos, e não fechar para que continuem respirando. Podem ficar nas gavetas, no caso das geladeiras que possuem essa divisória. Se for uma verdura comprada com a raiz, como cebolinha e aipo, também é possível guardar dentro de um copo com água, para deixá-las mais inteiriças até o uso.

  

Atenção ao descongelamento

 

Letícia também explica que, quando um alimento for descongelado para ser utilizado, a melhor prática é retirá-lo com no mínimo 12 horas de antecedência — mas idealmente respeitando 24 horas — na geladeira antes de fazer o uso.

— Quando a gente fala de carne, temos uma perda nutricional muito grande se esse processo não for realizado, jogamos muita água para fora no processo do descongelamento. Isso também impacta na conservação da carne depois de cozida. Ela pode acabar durando um pouco menos na geladeira. Se respeitarmos esse processo, o descongelamento é feito de forma gradual, e o impacto no tecido do alimento é menor — esclarece a engenheira.


O Globo segunda, 01 de agosto de 2022

CENSO 2O22: COMEÇA HOJE, APÓS DOIS ANOS DE ATRASO

Por O GLOBO — Rio

 

Censo 2022 começa hoje, após dois anos de atraso: mais de 180 mil recenseadores vão às ruas
Agente do IBGE fazendo perguntas a moradora de Paquetá, no Rio, durante teste para o Censo 2022 Hermes de Paula, em 06-09-2021

Censo 2022 começa nesta segunda-feira. Os mais de 183 mil recenseadores do IBGE iniciam a visita aos 75 milhões de domicílios brasileiros. O maior levantamento sobre as condições de vida da população, que era para ter acontecido em 2020, teve de ser suspenso pela pandemia e, depois, pela falta de recursos para uma operação que exige mais de R$ 2 bilhões para ser realizada.

O Censo, além de contar os estimados 215 milhões de habitantes, traz um retrato por sexo, idade, instrução, renda, condições do domicílio (se tem água, luz, saneamento, internet e posse de eletrodomésticos), numa visão mais geral.

Um outro questionário, mais extenso e aplicado a 11% das casas, vai investigar sobre trabalho, composição das famílias, fecundidade, migração, religião, deslocamento e pessoas com deficiência.

O Censo 2022 trará algumas investigações inéditas como o retrato das 5.972 comunidades quilombolas. Além do questionário individual, o líder da comunidade vai descrever a infraestrutura do local, recursos naturais, educação, saúde e hábitos da aldeia.

Na pesquisa sobre a população com deficiência, o transtorno do espectro autista também será identificado. 

Foi um longo caminho até os milhares de recenseadores irem aplicar os questionários a partir desta segunda-feira. Ainda antes da pandemia, em 2019, o tamanho do questionário foi posto em xeque, provocando protestos em defesa de um censo com mais perguntas, num documento que já tinha sido definida previamente pela comissão que cuida do Censo.

 

Queda na expectativa de vida

 

Passado a polêmica sobre quais temas que o censo deveria abordar, passou-se para o gasto. Inicialmente orçado em R$ 3 bilhões, no início de 2019, teve o orçamento reduzido para R$ 2,3 bilhões.

 Esse censo é particularmente importante por registrar como a pandemia mexeu com os indicadores socioeconômicos, principalmente as tendências demográficas. Pelos cálculos da economista Ana Amélia Camarano, houve uma queda na expectativa de vida de 4,4 anos do brasileiro em menos de 22 meses de pandemia (entre março de 2020 e dezembro de 2021).

Entre 1980 e 2019, essa esperança de vida crescia quatro meses por ano. Com a nova contagem, será possível mensurar o impacto da Covid-19.

Os primeiros resultados do Censo 2022 devem sair até o fim do ano. Os recenseadores ficarão em campo três meses, até outubro. O suporte por telefone será feito pelo Centro de Apoio ao Censo (CAC), pelo telefone 0800 721 8181 do IBGE.

Os agentes do CAC responderão dúvidas em geral sobre o Censo, o preenchimento do questionário via internet e, se o morador deixar, preencher o questionário em entrevista por telefone.


O Globo domingo, 31 de julho de 2022

HELICÓPTERO QUE VEIO NO BELUGA: O NOVO BRINQUEDO DE US$ 19,5 MILHÕES DE BETO SUCUPIRA

Por Lauro Jardim — Brasília

 

O novo brinquedo de US$ 19,5 milhões de Beto Sicupira
Causou sensação a vinda ao Brasil dias atrás do Beluga, o avião de carga da Airbus que pousou trazendo em seu interior um helicóptero modelo ACH160, tido como o mais moderno da empresa e o primeiro a ser comprado por um brasileiro.
 

 E quem foi o felizardo? Comprada pela Helibrás, a aeronave será repassada a Beto Sicupira, um dos controladores da AB Inbev, Burger King, Kraft-Heinz e outras empresas.

Um brinquedo de US$ 19,5 milhões. Pode transportar até dez passageiros e, segundo o site do fabricante, este helicóptero "envolve os seus passageiros em conforto, mimando-os, e oferece-lhes privacidade e liberdade".


O Globo sábado, 30 de julho de 2022

RIO: RÉVEILLON TERÁ 12 MINUTOS DE FOGOS E SHOWS DE MÚSICA EM COPACABANA E MAIS SETE BAIRROS

Por Luiz Ernesto Magalhães — Rio de Janeiro

 

Réveillon do Rio terá 12 minutos de fogos e shows de música em Copacabana e mais sete bairros
Show durante réveillon em Copacabana em 2019 Roberto Moreyra
 

Este ano, salvo surpresas, não deve ser igual àquele que passou. Com dois meses de antecedência (normalmente o documento só é divulgado em setembro), a Riotur lançou ontem um edital para escolher a produtora que vai organizar o réveillon de Copacabana. Nele, está prevista a volta de atrações musicais, depois de dois anos em branco por causa do risco de aglomerações que favoreciam o contágio da Covid-19. Serão pelo menos 11 horas de programação (das 17h do dia 31 às 4h do dia 1º) em três palcos na areia da praia. A expectativa é receber, novamente, dois milhões de pessoas na orla, como antes da pandemia.

O produtor da festa, que será escolhido no dia 29 de agosto, também ficará responsável por captar patrocínios. Estão previstos queima de fogos e shows em mais sete bairros, incluindo Flamengo e o Piscinão de Ramos.

— No edital, indicamos a infraestrutura mínima. Vamos escolher o melhor projeto. Uma das exigências é ter uma atração de nível internacional para cantar na virada — diz o presidente da Riotur, Bruno Mattos. 

Na parceria, a prefeitura continua a arcar com o custo da contratação das balsas, de onde os fogos são detonados desde que a queima passou a acontecer no mar, na virada de 2000 para 2001. Serão dez embarcações. No ano passado, o município gastou R$ 3,9 milhões nessa operação.

Público lota festa em réveillon de Copcabana em 2019 — Foto: Gabriel Monteiro

Público lota festa em réveillon de Copcabana em 2019 — Foto: Gabriel Monteiro

 

 

Impacto no turismo

 

O adiantamento do edital animou a rede hoteleira e o setor de eventos, que já contavam com o aumento do turismo no retorno do Rock in Rio, em setembro, após a edição de 2021 ser cancelada, também por causa da pandemia. O presidente do Sindhotéis, Alfredo Lopes, prevê que os hotéis cheguem a 100% de ocupação na virada do ano — foram alcançados 86% em 2021 — com a volta de visitantes estrangeiros. Ele calcula que o turismo internacional ocupe pelo menos oito mil dos 50 mil quartos disponíveis (16%):

— Em 2021, a ocupação ficou em 86%, sustentada pelo turismo nacional, mas ainda abaixo da nossa média dos réveillons dos outros anos — disse. 

Os hotéis da Barra e do Recreio também pretendem investir na virada com queimas de fogos nos terraços. E estudam realizar shows de fogos em outros pontos, como no alto da Cidade das Artes.

Empresários que atuam no setor já começaram a reforçar a mão de obra, inicialmente por causa do Rock in Rio:

— Já admitimos 15 funcionários para os três hotéis da rede. O mercado está melhorando. Saber o que a cidade oferecerá é muito bom. Ao planejar seu roteiro, o turista quer saber com antecedência o que vai encontrar — diz o vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-RJ) e presidente da Rede Arena, José Bouzon.

Clima do réveillon 2019, na praia de Copacabana, no Rio — Foto: Roberto Moreyra

Clima do réveillon 2019, na praia de Copacabana, no Rio — Foto: Roberto Moreyra

 

No hotel cinco estrelas Fairmont, no Posto 6, o diretor Michael Nagy diz já ter 85 reservas confirmadas (25% das vagas). Na virada do ano, geralmente, os principais hotéis preferem fechar pacotes. No site da rede, quatro noites no Fairmont para casal (29 de dezembro a 2 de janeiro), em quartos sem vista para o mar, eram oferecidas por R$ 18.427, 50 (com taxas).

— Se a diária for convertida para dólar, é um valor razoável para um hotel de padrão internacional, comparando com o que se paga em Paris e Miami. O que mais as pessoas querem é tentar celebrar a vida na virada do ano, como era antes da pandemia — afirmou o diretor.

Nos quiosques da orla, que reservam mesas e organizam shows e ceias, a expectativa é chegar a 90% de ocupação em Copacabana. A virada do ano trará uma novidade em Ipanema: no início de dezembro, será inaugurado o quiosque temático Sel, sob a gestão da rede de hotéis Sofitel.

— Em 2021, 70% das vagas foram ocupadas. A média por pessoa deve variar de R$ 300 a R$ 800 — estima o presidente da concessionária Orla Rio, João Marcelo Barreto.

  

Sem shows e transportes

 

Em 2021, às vésperas da virada, também havia previsão de shows na orla durante o réveillon. Em meio à tendência de aumento das infeções por causa do surgimento da variante Ômicron, no entanto, a montagem dos palcos e as atrações foram canceladas no início de dezembro, mas a prefeitura manteve a queima, sem reforço no transporte público, para desestimular aglomerações .

A decisão também foi tomada pela falta de patrocinadores, que não se manifestaram preocupados em associar as suas marcas a festas durante uma fase de crise sanitária. Eventos fechados, no entanto, foram autorizados.

 — A retomada do réveillon tradicional será também um estímulo para promover mais comemorações fechadas, uma tendência que veio para ficar. Ano passado, mesmo em festas pagas, muitos promotores preferiram não fazer eventos ou tiveram dificuldade para captar patrocínio — disse Pedro Guimarães, presidente da Apresentario, entidade que reúne 150 empresas especializadas do setor.

Mesmo sem shows em 2021, além das balsas, o município arcou com despesa extra de R$ 9,3 milhões, para pagar os fogos e a infraestrutura oferecida ao público.

— O clima de uma queima de fogos sem aglomerações é estranho, diferente. Fogos são símbolo de alegria, confraternização — diz o fogueteiro do Rock in Rio, Marcelo Kokote, que dirigiu os shows pirotécnicos de Copacabana em 2019, com programação de shows, e em 2021, sem atrações musicais.

Presidente do Sindicato de Bares e Restaurantes (SindRio), Fernando Blower vê a festa como oportunidade para o setor recuperar as perdas:

— Depois de uma fase difícil, estamos otimistas. Certamente, o faturamento será maior do que antes da pandemia.

O retorno ao formato tradicional da festa pode beneficiar outros destinos no estado, acredita o secretário estadual de Turismo, Sávio Neves.

 — Antes de chegar à capital ou retornar para casa, o turista pode aproveitar a Serra, a Região dos Lagos ou a Costa Verde — sugere Neves.

 

Nos próximos meses, a Riotur pretende divulgar a festa nas feiras especializadas no Brasil e no exterior.


O Globo sexta, 29 de julho de 2022

VASCO: EGUINALDO - DA ROTINA ESTILO LUVA DE PEDREIRO AO PRIMEIRO GOL COMO PROFISSIONAL DO TIME

 

Por Bruno Marinho — Rio de Janeiro

 

Eguinaldo: da rotina estilo Luva de Pedreiro ao primeiro gol como profissional do Vasco
Eguinaldo corre na direção de companheiros para festejar gol pelo Vasco Daniel Ramalho/CRVG
 

Ele cresceu no interior do Nordeste. Dividia a rotina entre a ajuda aos pais na roça e o futebol nos campos de terra batida. Talento bruto, sem professor, chamava a atenção pela qualidade na batida na bola. A descrição serve tanto para Iran Ferreira, o influencer Luva de Pedreiro, quanto para Eguinaldo, o meteoro da Colina.

Na quinta-feira, contra o CRB, o atacante de apenas 17 anos soltou o pé. Marcou de fora da área, uma bola indefensável. Receba, Diogo Silva, goleiro do CRB. Eguinaldo caiu no choro ainda no gramado de São Januário e foi abraçado com carinho pelos companheiros. Foi o primeiro gol do jogador como profissional do Vasco.

O garoto natural de Monção, no Maranhão, está há pouco tempo no Vasco. Foi contratado em outubro do ano passado, para jogar pelo sub-17. Já era do profissional do Artsul, time de Nova Iguaçu que o tirou do Nordeste depois que um olheiro se impressionou com as finalizações do garoto na várzea. Em menos de um ano, disputa a Série B do Brasileiro. Graças a Deus pai, diria o Luva.

- Emoção inexplicável. Primeiro gol com São Januário lotado com essa torcida maravilhosa. Deus é maravilhoso - afirmou, depois da partida desta quinta.

Eguinaldo se emociona com gol pelo Vasco — Foto: Daniel Ramalho/CRVG

Eguinaldo se emociona com gol pelo Vasco — Foto: Daniel Ramalho/CRVG

Para manter a curva de evolução, Eguinaldo foi promovido para o sub-20. Este mês, foi chamado para fazer parte dos treinos do profissional, aproveitando a lacuna aberta com a saída de jogadores contratados por empréstimo e que não se firmaram.

A permanência no grupo principal não está garantida. Nem mesmo a sequência no Vasco - ele está emprestado ao clube pelo Artsul até setembro do ano que vem, com opção de compra.


O Globo quinta, 28 de julho de 2022

GASTRONOMIA: CAFÉ, VINHO, PODRÃO, CHURRQSCO, TORRESMO - ÁREA DA BARRA TERÁ SETE FESTIVAIS GASTRONÔMICOS EM DEZ DIAS

 

Por Madson Gama e Maíra Rubim — Rio de Janeiro

 

Café, vinho, podrão, churrasco, torresmo: área da Barra terá sete festivais gastronômicos em dez dias
Em sua quinta edição, Feira Nacional do Podrão fará estreia na Barra Divulgação
 

Festivais de diferentes gêneros da gastronomia vão fazer a alegria dos apreciadores de boa comida (e bebida) nos próximos dois fins de semana na Barra da Tijuca e em bairros vizinhos: serão sete eventos ao todo. Isso sem contar o Circuito Água na Boca e o concurso Sabores da Orla, realizados em toda a cidade até este domingo.

Confira a lista:

 

Festival do Café

 

A agenda será aberta na sexta-feira, dia 29, com a 17ª edição do Festival do Café, que será sediado pela primeira vez na Barra da Tijuca, na praça central do Downtown, até domingo, dia 31. Serão mais de 30 expositores comercializando o produto em forma de grão, pó ou bebida pronta.

A lista de participantes inclui cafeterias do próprio centro comercial, como o Empório do Café Soho, que, além de ter um estande no evento, oferecerá aos visitantes uma oficina prática de torra do grão em sua loja; e o Beco do Café, que promoverá palestras sobre a história do produto, métodos de preparo e gestão de cafeterias. As inscrições são gratuitas e devem ser feitas pelo link doity.com.br/palestras-festival-no-downtown.

O Festival do Café acontecerá no Downtown e terá palestras sobre a história do produto e oficinas que vão ensinar o prepraro — Foto: Divulgação/ Festival do Café

O Festival do Café acontecerá no Downtown e terá palestras sobre a história do produto e oficinas que vão ensinar o prepraro — Foto: Divulgação/ Festival do Café

 

— Em quatro anos de existência, o festival teve edições realizadas na Zona Sul, no Centro, na Região Metropolitana e fora do estado. Um dos fatores que pesaram para escolhermos o Downtown desta vez foi o fato de o centro comercial ter em torno de dez cafeterias. É quase um circuito. O diferencial desta edição é a estreia dessas lojas no evento — explica Luiz Fernando Villela, o idealizador da feira. — Nossa ideia é levar curiosidades sobre o produto para o grande público, que poderá também comprar comidas que harmonizam com café, como queijos e bolos.

 

BBQ and Beer Festival

 

No sábado, dia 30, será a vez de os amantes de carne se refestelarem, com a quinta edição do BBQ and Beer Festival, no Parque Olímpico, que terá dez horas (do meio-dia às 22h) de churrasco à vontade, preparado por Jimmy Ogro e outros chefs renomados, e open bar de cerveja artesanal e drinques. Serão mais de 30 estações de comidas e mais de 80 torneiras de chope, além de estações de destilados. Os ingressos, a R$ 451, estão à venda na plataforma Sympla.

Ao lado de outros chefs renomados, Jimmy Ogro promoverá open food de churrasco — Foto: Divulgação/ Denielle Silveira

Ao lado de outros chefs renomados, Jimmy Ogro promoverá open food de churrasco — Foto: Divulgação/ Denielle Silveira

 

Jazz, Queijos & Vinhos

 

O Hilton Barra encerra no sábado (30) a quinta edição do Jazz, Queijos & Vinhos, que acontece anualmente e oferece queijos premiados e vinhos selecionados. O trio Jazzworld toca músicas de jazz norte americano, bossa nova e MPB. O evento acontece das 18h às 22h, e os preços das tábuas de queijos vão de R$ 65 a R$ 98. Moradores dos condomínios Rio2 e Cidade Jardim e associados ao programa de fidelidade #SOUVIZINHO têm direito a 15% de desconto no menu de alimentos e em bebidas não alcoólicas.

 

 

Feira de Vinhos

 

Nos dias 29 e 30, acontece a Feira de Vinhos do Supermercado Zona Sul, das 14h às 21h, na loja Santa Mônica. Haverá rótulos exclusivos com descontos para compra e degustação e aulas com o sommelier Dionísio Chaves e o mestre queijeiro André Guedes sobre harmonização de queijos e vinhos. Os fornecedores estarão presente para tirar dúvidas sobre seus produtos, entre eles, mais de 20 vinícolas. O valor de ingressos varia de R$ 80 a R$ 180.

 

Feira Nacional do Podrão

 

Idealizadora da Feira Nacional do Podrão, Suzanne Malta segura o bouquet de coxinhas, umas das delícias do evento — Foto: Divulgação/Rafaelle Chaim

Idealizadora da Feira Nacional do Podrão, Suzanne Malta segura o bouquet de coxinhas, umas das delícias do evento — Foto: Divulgação/Rafaelle Chaim

A Feira Nacional do Podrão também fará sua estreia na região, levando lanches caprichados para o estacionamento do Shopping Rio Office Mall, na Freguesia, nos dia 5, 6 e 7 de agosto, com entrada gratuita. Segundo a organização, o público poderá aproveitar delícias como o bouquet de coxinhas, a batata frita com chocolate, o cachorro-quente de churros, o acarajé de dois quilos e o dogão de 120 centímetros. Os quitutes custam a partir de R$ 3.

— A feira foi criada em 2018, para ser um evento de exaltação da verdadeira comida de rua, como o tradicional churrasquinho e o cachorro-quente, com preços acessíveis. Nossa ideia é ir na contramão da tendência de gourmetização desses eventos — explica a idealizadora Suzanne Malta. — Ao longo das edições, percebi que o carioca gosta de lanches grandes, e essa é uma das nossas características. Uma das opções nesse perfil é o açaí servido num pote de liquidificador de dois litros, com mais de 20 acompanhamentos. É um evento para a família que quer consumir muito e gastar pouco.

 

O festival inclui apresentações artísticas de malabaristas de sinal, dançarinos e mágicos.

 

ViniBraExpo

 

O ViniBraExpo volta a ocupar o Città Office Mall, na Barra — Foto: Divulgação

O ViniBraExpo volta a ocupar o Città Office Mall, na Barra — Foto: Divulgação

No Città Office Mall, a atração será o ViniBraExpo, que volta ao formato presencial e será realizado entre os dias 5 e 7 de agosto. Em sua sexta edição, o evento, nos jardins do centro comercial, terá a participação de mais de 50 vinícolas de todas as regiões do país (R$ 90, com degustação livre, no primeiro lote).

No sábado e no domingo, haverá ainda masterclasses, no centro de eventos, ao preço de R$ 120 ou R$ 185, mais taxas, no primeiro lote, com direito a degustação de cinco vinhos (vendas pela Sympla). A programaçãovinibraexpo

O ViniBraExpo vai funcionar das 16h às 21h, na sexta e no domingo; e das 14h às 21h, no sábado.

 

Festival do Torresmo

 

Festival do Torresmo será realizado pela primeira vez no Rio — Foto: Divulgação

Festival do Torresmo será realizado pela primeira vez no Rio — Foto: Divulgação

 

Pela primeira vez na cidade, o festival aportará no Uptown Barra (Av. Ayrton Senna, 5.500) de 4 a 7 (quinta a domingo) e de 11 a 14 de agosto trazendo pratos variados à base de comida de porco, shows ao vivo e área kids. O funcionamento será das 12h às 22h, com entrada franca. Para quem for de caso, o estacionamento custa R$ 14 pelo período de 12 horas.

 

Em toda a cidade:

 

Estabelecimentos da região participam ainda de outros dois festivais. O Circuito Água na Boca, uma ação dos Jornais de Bairros que vai até domingo (31), oferece combos a preços promocionais com preços fixos de R$ 39, R$ 59, R$ 79 e R$ 99. No Bar do Adão a pedida é o camarão à Kiev Executivo — camarões à milanesa, recheados com catupiry e acompanhados de arroz de brócolis —, além de um pastel Francês ( camarão e catupiry com alho-poró) e um chá mix de pêssego ou limão da casa. Na Liga do Açaí, um licor de camu camu (275 ml) e uma geleia de pupunha (150 gr), saem por R$ 59.

Já a Galeteria Continental, inaugurada em maio, no Via Parque, selecionou para a promoção o galeto carioca na brasa, que tem como acompanhamentos arroz, farofa de ovos, batata frita e feijão-preto; e a sobremesa Hot Banana, banana empanada com farinha crocante servida com merengue de canela e sorvete de creme holandês. O combo sai por R$ 79, é ideal para duas pessoas e servido todos os dias após as 15h.

Outra opção é o Sabores da Orla, também até o dia 31. Mais de 160 quiosques da orla, do Leme ao Pontal, concorrem à quinta edição do Prêmio Sabores da Orla, que vai eleger o melhor prato e o melhor petisco entre criações feitas exclusivamente para a disputa. O público também vai poder escolher seu prato favorito.

 

Na área da Barra e dos bairros vizinhos, participam os quiosques Fernanda, Domingos, 10 e Meio, Bells, Estação 10, Estação 11, Orla 10, Pontal.com, Summer, Praiô, Clássico Beach Club Recreio, 4 Elementos, Krabi Beach Club, Hula Hula, Chamego, Parada Lounge, Samba Social Club, Celia, Vizinhando, Bar do Gil, Barra 1, Gela Goela, Beliskão, Quiosque do Naná, Lele, St Tropez, Ponto Certo, Boteco do Seu João, Point do Waldir, Barra Mares, BB Beach, Brisa Barra, Clássico Beach Club Postinho, Gávea Beach Club, Praia Gardem Beach Bar, Rei do Mar, Tia Augusta, Clássico Beach Downwind e Seu Vidal na Praia.


O Globo quarta, 27 de julho de 2022

RIO GASTRONOMIA: CHEFS DARÃO AULA NO EVENTO - VEJA LISTA

Por O GLOBO — Rio de Janeiro

 

Claude Troisgros, Janaína Rueda e Roberta Sudbrack: chefs darão aulas no Rio Gastronomia; veja lista
Da esquerda para a direita, os chefs Claude Troisgros, Janaína Rueda, Rafa Costa e Silva, Roberta Sudbrack e Kátia Barbosa Agência O Globo

Mais de 50 chefs consagrados estarão na 12ª edição do Rio Gastronomia — que acontece entre os dias 11 e 21 de agosto, no Jockey Club Brasileiro, na Gávea —para revelar o passo a passo de receitas elogiadas, em aulas abertas ao público. Nomes como a paulistana Janaína Rueda, à frente do premiadíssimo A Casa do Porco Bar (eleito o sétimo melhor restaurante do mundo), e o carioca Rafa Costa e Silva (do Lasai) vão abrir parte de seu processo nas cozinhas, em lições saborosas.

Os ingressos para o Rio Gastronomia 2022 já estão à venda, por meio site riogastronomia.com. As inscrições para os encontros com os chefs, que acontecerão nos auditórios Santander e Sesc | Senac, serão feitas no local, com senhas distribuídas uma hora antes de cada aula no credenciamento que fica na tenda de cada auditório. A seguir, confira a programação de aulas já confirmadas.

O evento é realizado pelo jornal O GLOBO, com apresentação de Sesc RJ e Senac RJ, cidade-anfitriã Invest.Rio | Prefeitura RJ, patrocínio master do Santander, patrocínio de Stella Artois, Naturgy, Loft, Tanqueray, Johnny Walker e Smirnoff, apoio Aspen Pharma, Hortifruti, Tônica Antárctica, Pepsi, Água Pouso Alto e Chandon, participação do Azeite Andorinha, Hotel Oficial Fairmont Rio e parceria do SindRio.

Programação de aulas do Rio Gastronomia

 

 

Quinta, dia 11

 

Auditório Sesc | Senac

 

  • 19h30: “O que que as cocadas têm?”, com a chef baiana Isis Rangel (Sabores de Gabriela).

 

Auditório Santander

 

  • 20h: “A estrela da vez: ceviche de peixe com melancia e arroz de tomate — os hits do Mäska”, com o chef Pedro Coronha.

 

 

Sexta, dia 12

 

Auditório Sesc | Senac

 

  • 17h: "Comida e regeneração — O futuro da alimentação", com a chef Tati Lund e agrofloresteiro Felipe Villela.
  • 18h30: "Pensando dentro e Fora da Casca", com o chef Frederic Monnier, Cida Pessoa (coordenadora geral do Mesa Brasil) e Cristine Ravizzini (nutricionista do Mesa Brasil).
  • 20h: “Alves, o fantástico merengue do CasaTua”, com o chef Mairton Oliveira.

 

Auditório Santander

 

  • 17h30: “Queijos sem lactose e sem culpa”, com Cynthia Brant (Queijaria Vegana).
  • 19h: “Peixe por inteiro, aproveitamento máximo”, com o chef Gerônimo Athuel.
  • 20h30: “Os segredos da massa amanteigada perfeita”, com a boleira Carola Troisgros.

 

 

Sábado, dia 13

 

Auditório Sesc | Senac

 

  • 15h30: “Peixe em dois tempos e momentos”, com o chef Ricado Lapeyre (Escama).
  • 18h30: “As técnicas 100% brazucas”, com a chef Janaína Rueda (A Casa do Porco — SP).
  • 20h: “A vero pizza napolitana”, com o pizzaiolo Ricardo Rocha (Artesanos Bakery).

 

Auditório Santander

 

  • 15h: “Saborzinho do Brasil — Oficina para crianças”, com a jornalista e escritora Alice Granato e os filhos, Valente e Ben, e o chef Isaias Neri.
  • 16h30: "Gastronomia social e sustentável", com a chef Neide Marco e as nutricionistas Carla Coratini e Carla Serafim, ambas do Mesa Brasil
  • 18h: “O que é chocolate ‘bean to bar’”, com o chocolateiro Natan Pinto.
  • 19h30: “Entradas que roubam a cena”, com o chef Nelson Soares (Sult).

 

 

Domingo, dia 14

 

Auditório Sesc | Senac

 

  • 14h: “Receita de pai pra filho”, com o chef Elia Schramm e o pai Roland Schramm (Babbo Osteria).
  • 15h30: “Conheça o socarrat, ‘primo da paella’”, com a chef Juliana Kegler (¡Venga!).
  • 17h: “Sanduíche cervejeiro”, com o chef João Marcelino (Labuta). Oferecimento Ambev.
  • 18h30: “A cozinha premiada das mulheres da Maré”, com Mariana Aleixo e Adriana Moreno (Maré dos Sabores).

 

Auditório Santander

 

  • 15h: “O mundo das cores, sabores e texturas, reunidos em uma receita saudável, prática e deliciosa!”, com a chef Laura Reis. Oferecimento Hortifruti.
  • 16h30: “Sabores e saberes da culinária indiana”, com a chef Patricia Godinho (Curry-se).
  • 18h: “A diferença que faz o peixe fresco de verdade”, com Viviane e Beni Schvartz (Peixoto Sushi).

 

 

Quinta, dia 18

 

Auditório Sesc | Senac

 

  • 17h: “O canelone maravilha do chef”, com os chefs Claude Troigois e Jessica Trindade.
  • 18h30: “Comidinhas e biricuticos da alta à baixa”, com o chef Bruno Katz (Nosso) e o bartender Jonas Aisengart.

 

Auditório Santander

 

  • 17h30: “Ovo de encantos mil”, com a chef Paula Prandini.
  • 20h30: “Aprenda a fazer mezze, antepastos veganos do mediterrâneo”, com a chef Amandine Izza.

 

 

Sexta, dia 19

 

Auditório Sesc | Senac

 

  • 17h: "A gourmetização da alimentação pelo Mesa Brasil", com o chef Frédéric Monnier, Karime Cader (coordenadora de nutrição do Mesa Brasil) e e Bruna Lais (nutricionista do Mesa Brasil).
  • 18h30: “Os risoles da Henriqueta”, com Alexandre Henrique e Dona Henriqueta (Tasca da Henriqueta).
  • 20h: "Abóbora pra toda obra", com a chef Katia Barbosa.

 

Auditório Santander

 

  • 19h: “Como fazer os bolos do Nollita”, com o chef Felipe Appia.
  • 20h30: “Grandes saquês com aula e prova”, com Eduardo Preciado (Minimok).

 

 

Sábado, dia 20

 

Auditório Sesc | Senac

 

  • 14h: “Cozinha afetiva: conheça o bolo da série ‘This is us’”, com a doceira Carole Crema.
  • 15h30: “A construção do gosto”, com o chef mineiro Leo Paixão.
  • 17h: “Massas e molhos do Gero Fasano”, com o chef Luigi Moressa.
  • 18h30: "Sobremesa rápida e pratica, torta de chocolate amargo com manteiga de amendoim e chantilly de paçoca", com o confeiteiro Henrique Rossanelli (Quique é Isso).
  • 20h: “Steak tartare... suíno”, com o chef Jimmy Ogro (BistrOgro).

 

Auditório Santander

 

  • 15h: “Novos saberes para descobrir sabores saudáveis”, com a chef Lidi Barbosa (Allma).
  • 16h30: “Churrasco coreano: conheça e prove”, com o chef Emerson Kim (Spicy Fish).
  • 19h30: “Sabores e insumos da Mantiqueira”, com a chef Flávia Quaresma.

  

Domingo, dia 21

 

Auditório Sesc | Senac

 

  • 14h: “Mão na massa em família”, com a chef Morena Leite (Capim Santo) e os filhos.
  • 15h30: “Por essa (nossa) natureza ancestral — Uma conversa em fogo beeem baixinho”, com a chef Roberta Sudbrack. Oferecimento Naturgy.
  • 18h30: “A mesa do Imperador — O que a realeza comia há 200 anos”, com o chef Ecio Cordeiro.
  • 20h: “Dois Rafas em cena”, com os chefs Rafa Costa e Silva (Lasai) e Rafa Brito (Slow Bakery).

 

Auditório Santander

 

  • 15h: “Pipoca de camarão ou vice-versa sucesso do Naga”, com o chef Raul Ono.
  • 16h30: “Passo a passo pra fazer sorvete em casa”, com o mestre sorveteiro Francisco Sant’Ana.
  • 18h: “Shakes e chás que curam”, com a chef Andrea Henrique.

O Globo terça, 26 de julho de 2022

AVIAÇÃO: BELUGA TEM FRENTE MÓVEL E QUASE O DOBRO DA BALEIA AZUL

Por O GLOBO — Rio

 

Beluga tem frente móvel e é quase o dobro da baleia azul. Veja 5 curiosidades sobre o cargueiro que fez sua 1ª viagem ao Brasil
É um avião ou uma baleia? Aeronave Beluga, da Airbus Arquivo (Divulgação)

Da capital cearense, ele seguiu para Campinas, onde descarregou o helicóptero encomendado por um cliente brasileiro. Nesta terça-feira, o avião faz o trajeto de volta à França. 

Considerado um dos maiores aviões de carga do mundo em volume transportado, o Beluga desperta a curiosidade por onde passa.

 

Veja abaixo cinco curiosidades da aeronave:

  

Maior que a baleia azul

 

Além do formato, que se assemelha ao de uma baleia, o Beluga chama atenção pelo porte. Tem tem 17,25 metros de altura, 56,16 metros de comprimento e 44,84 m de abertura de asa. É quase o dobro do tamanho de uma baleia azul, o maior mamífero vivo da Terra, cujo tamanho fica entre 24 e 30 metros.

 

 

Raro no mundo

 

Existem apenas cinco unidades do Beluga ST no mundo, dos quais dois estão "aposentados". Estão estacionados no aeroporto de Bordeaux-Mérignac, no sudoeste da França. Há mais três unidades em operação de sua nova versão, o chamado Beluga XL (um pouco diferente da aeronave que pousou no Brasil). A Airbus tem encomendas de mais três Beluga XL, que devem ser feitas até o fim de 2023, segundo o site especializado em aviação Aero Key.

 

Frente móvel

 

Frente móvel: O Beluga é um dos maiores aviões de carga do mundo em volume, à frente até do Lockheed C-5 Galaxy, usado pelas Forças Armadas dos Estados Unidos, e do Antonov An-124, irmão menor do An-225, ex-maior cargueiro do mundo. — Foto: Divulgação/Frederic Lancelot/Airbus

Frente móvel: O Beluga é um dos maiores aviões de carga do mundo em volume, à frente até do Lockheed C-5 Galaxy, usado pelas Forças Armadas dos Estados Unidos, e do Antonov An-124, irmão menor do An-225, ex-maior cargueiro do mundo. — Foto: Divulgação/Frederic Lancelot/Airbus

Diferentemente de muitos cargueiros, o Beluga tem a frente móvel. A cabine de comando foi rebaixada para ficar mais próxima do solo e dar mais espaço na parte superior para a carga. O carregamento é feito pela "testa" do avião.

 

 

Tripulação

 

Tripulação do Beluga segurando a bandeira brasileira — Foto: Reprodução/Facebook Airbus

Tripulação do Beluga segurando a bandeira brasileira — Foto: Reprodução/Facebook Airbus

O Airbus A300-600ST é operado por uma tripulação de três membros, composta por dois pilotos e um mestre de carga. O painel de instrumentos principal tem seis visores de tubo de raios catódicos (CRT), que fornecem informações sobre voo, navegação e monitoramento de sistemas.

 

Transporte comercial

 

Até o início de 2022, o Beluga era usado pela Airbus apenas para transportar peças que a própria fabricante usava para produzir suas aeronaves. O serviço de transporte comercial passou a ser oferecido em janeiro deste ano.


O Globo segunda, 25 de julho de 2022

TEREZA DE BENGUELA: QUEM FOI A ESCRAVIZADA QUE VIROU RAINHA NO BRASIL

 

Por Letícia Messias — Rio de Janeiro

 

Quem foi Tereza de Benguela, escravizada que virou rainha no Brasil
Tereza de Benguela viveu no Brasil do século 18 e, por 20 anos, chefiou o Quilombo do Quariterê Divulgação

Símbolo nacional da liderança feminina contra a colonização, Tereza de Benguela foi uma mulher negra que viveu a experiência de liberdade dentro da estrutura escravocrata do Brasil. No século XVIII, ela habitava o território correspondente ao atual estado do Mato Grosso e, por ao menos 20 anos, chefiou o Quilombo do Quariterê, uma comunidade da qual pouco se sabe, além do que dizem dois manuscritos, que registraram justamente a destruição do aldeamento, em 1770.

 Descrita e comparada com as rainhas africanas conhecidas à época, os registros indicam que as autoridades coloniais envolvidas em eliminar o quilombo não deixavam de ver Tereza como uma figura imponente. O nome dela aparece na história como alguém que, durante a vida, lutou contra a escravidão, motivo pelo qual virou representante do Dia da Mulher Negra no Brasil, que, desde 2014, ocorre em 25 de julho.

— Isso nos faz pensar que a liderança feminina pode não ter sido exceção na luta cotidiana contra a escravidão, embora seja difícil encontrar documentos de outras mulheres na mesma posição — disse a historiadora e professora da PUC-Rio Crislayne Alfagali ao GLOBO. — Talvez, lembrar de Tereza de Benguela seja lembrar que, assim como houve escravidão, também existiu resistência.

 

De Benguela ao Quariterê

 

Em um período de forte busca por ouro, o tráfico entre Rio de Janeiro, Luanda e Benguela — localizado onde hoje é o país de Angola — foi intensificado no século 18. De acordo com a historiadora, Tereza foi uma das muitas escravizadas que, nesse contexto, veio da África Centro-Ocidental em direção às regiões de mineração no território brasileiro.

Também conhecido como Quilombo do Piolho, o Quariterê era organizado por uma estrutura política composta por um parlamento. Com a população estimada em cerca de 100 pessoas, incluindo negros e indígenas, havia, ainda, um sistema de defesa armada, que o preservou por 20 anos. O local servia de base para o cultivo de algodão, milho, feijão e mandioca, e os tecidos produzidos eram comercializados com os colonos.

— No quilombo, havia plantação de algodão, produção de tecido e metalurgia. Isso é interessante, do ponto de vista da organização, pois dá a ideia de uma região autossustentável, que reúne um conhecimento que, por certo, vem da África — comentou a professora da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) Maria Cláudia Cardoso.

 

A rainha ‘viúva’

 

Embora a trajetória e construção do quilombo sejam marcadas pela existência de lacunas na história, Maria diz que existem duas narrativas principais sobre a liderança de Tereza. A primeira seria a de que ela teria comandado o Quariterê ao lado de um companheiro, conhecido como Piolho. Já outros documentos afirmam que Tereza assume o papel quando ele é assassinado pelos colonos.

Apesar de ser definida como rainha em alguns manuscritos, a existência de Tereza também é mencionada de maneira despótica em outros escritos, como se ela tivesse sido uma mulher de hábitos maquiavélicos. Nas histórias, que viraram lendas, ela teria mandado enterrar pessoas vivas, enforcar e quebrar as pernas de quem questionasse sua autoridade. Em ambos os casos, ela foi registrada como uma líder importante, cercada por servos e indígenas.

 

Como o restante da história, a morte de Tereza também é composta por incertezas. Segundo a professora da PUC-Rio, a primeira investida na destruição do quilombo ocorreu em 1770, e, na ocasião, ela teria tentado fugir a cavalo, provavelmente ao lado de um soldado, mas caiu no rio e foi pega por soldados coloniais. Uma outra versão diz que ela teria tirado a própria vida ao perder o embate com os portugueses.

— Dizem que ela morreu assustada. Não sabemos ao certo o que isso significa, mas a cabeça dela foi cortada e colocada no centro de seu antigo quilombo como uma forma de mostrar o ‘exemplo’ do que ocorre com pessoas que lutam contra a administração colonial.

 

Uma heroína de carne e osso

 

Ainda que Tereza represente parte importante da história do Brasil, o nome dela não faz parte do imaginário popular. Para a historiadora Idalina Freitas, também professora da UNILAB, isso pode ser justificado em parte pela ausência de documentos, mas, principalmente, pelas questões que envolvem o fomento à pesquisa no país.

— Há o recorte de raça, classe e gênero na história. Para mim, isso é o principal ao pensar no desconhecimento desses personagens. Isso pauta a memória nacional, de quem deve ser lembrado e esquecido. Só conseguimos descobrir essas coisas com pesquisa, e, para isso, é preciso ter dinheiro.

Entre as conquistas, Idalina ressalta a lei 10.639, que estabelece a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira nos ensinos fundamental e médio. No entanto, para ela, é importante que esse aprendizado também faça parte da educação básica e estimule a curiosidade para que esses personagens sejam conhecidos.

— Temos um vício, na educação, de construir narrativas de pessoas que são inalcançáveis. Mas acho que a história deve ser um espelho que reflete as pessoas do presente. Quantas Terezas de Benguela também vivem hoje, criando filhos, os levando para a escola e tentando ter moradia e emprego para sobreviver? Tereza foi uma heroína de carne e osso, uma pessoa comum.


O Globo domingo, 24 de julho de 2022

LAVOURAS VERTICAIS: DE ALFACE A COGUMELO, LAVOURAS URBANAS REVOUNCINAN PODUÇÃO SEM AGROTÓXICOS

Por João Sorima Neto — São Paulo

 

De alface a cogumelo, lavouras urbanas revolucionam produção sem agrotóxicos
Pink Farms - fazenda vertical de produção de alimentos sem avançar em novas áreas de produção, usam menos água e menos pesticida. Edilson Dantas/Infoglobo
 

Uma nova forma de alimentar as cidades tem atraído investidores, cada vez mais interessados em negócios sustentáveis. Nesse cardápio, as chamadas fazendas verticais entraram no radar de fundos de investimento.

São startups que aplicam tecnologia de ponta para cultivar hortaliças e outros alimentos em grandes torres verticais em centros urbanos. A produção utiliza uma área bem menor que a demandada pela produção no campo, consome menos recursos naturais e aditivos químicos e reduz até mesmo o custo e as emissões de carbono do frete.

Esse segmento movimentou US$ 4,1 bilhões (R$ 22,5 bilhões) globalmente no ano passado e deve alcançar US$ 31,5 bilhões (R$ 173 bilhões) em todo o mundo até 2030, segundo a consultoria Prudence Research.

As maiores fazendas verticais estão nos EUA, mas o interesse por esse sistema de cultivo cresce também no Brasil, onde alguns negócios começam a chamar a atenção.

A Pink Farms, em São Paulo, é um deles. Fundada em 2017 como uma das primeiras fazendas verticais da América Latina, produz hortaliças na Vila Leopoldina, Zona Oeste da capital. Desde que se tornou produtiva comercialmente, em 2019, já recebeu R$ 8,8 milhões em aportes de investidores como SP Ventures e Capital Lab.

Em junho, a empresa abriu uma segunda rodada de captação para arrecadar R$ 15 milhões e multiplicar por dez sua produção. Cerca de R$ 5 milhões virão de crowdfunding, modalidade de investimento coletivo em que pessoas físicas também participam.

Alface é carro-chefe em fazendas verticais. — Foto: Edilson Dantas/Infoglobo

Alface é carro-chefe em fazendas verticais. — Foto: Edilson Dantas/Infoglobo

 

Oito funcionários são responsáveis pela produção de três toneladas de hortaliças por mês, cultivadas em uma área de 100 metros quadrados. É uma produtividade por metro quadrado 17 vezes maior do que nas plantações tradicionais.

Trata-se de uma alternativa altamente sustentável para expandir a produção de alimentos livres de agrotóxicos usando até 95% menos água e que pode reduzir a pressão por expansão de áreas agrícolas.

As folhas da Pink Farms são vendidas em embalagens próprias para redes como Pão de Açúcar, Carrefour, Zaffari e Oba, além de hotéis e restaurantes.

O preço ao consumidor é cerca de 10% a 15% maior que o das hortaliças tradicionais, mas deve cair quando a fazenda vertical ganhar escala, diz o engenheiro de produção Geraldo Maia, que fundou a empresa com os irmãos Mateus e Rafael Delalibera.

— Nossa estimativa é faturar até R$ 20 milhões por ano com esse aumento de produção após o aporte — diz Maia.

Além de ampliar as instalações atuais e abrir uma segunda fazenda em São Paulo, a empresa já mira outras capitais como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Recife, e até grandes cidades em países da América Latina.

 

Alface é carro-chefe

 

A alface é a principal cultura da empresa, mas de suas hortas dispostas em prateleiras saem 70 produtos, desde sálvia e tomilho até rúcula e espinafre. Também há os chamados microverdes, plantas no primeiro estágio de crescimento que concentram grandes quantidades de vitaminas e minerais. 

Especialistas avaliam que esse modelo deve crescer no Brasil no mesmo ritmo de expansão global prevista até 2030.

— As fazendas se encaixam no conceito de agricultura urbana, já que estão localizadas em grandes cidades, agilizando a entrega aos consumidores, além de os produtos chegarem mais frescos. Não têm o objetivo de competir em larga escala com plantações tradicionais — diz o engenheiro agrônomo Sergio Barbosa, gerente executivo da Esalqtec, incubadora de empresas tecnológicas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz.

 
 Fazenda vertical Mighty Greens, que fica em São Cristóvão, produzem em estufas verticais cogumelos. Na foto um dos sócios, Rodrigo Meyer.  — Foto: Hermes de Paula/Infoglobo

Fazenda vertical Mighty Greens, que fica em São Cristóvão, produzem em estufas verticais cogumelos. Na foto um dos sócios, Rodrigo Meyer. — Foto: Hermes de Paula/Infoglobo

Em fazendas como a Pink Farms, os vegetais são produzidos em bandejas instaladas em torres de metal de até dez metros de altura. O método de produção mais usado é a hidroponia, uma técnica de cultivar plantas sem solo, onde as raízes recebem uma solução que contém água e todos os nutrientes essenciais ao seu desenvolvimento para compensar a falta de substrato.

 O uso de tecnologia é intenso. Todo o ambiente é isolado, automatizado e controlado por um software que regula desde a temperatura ideal até a quantidade de CO2.

Em alguns casos usam inteligência artificial e internet das coisas (IoT, na sigla em inglês). Nessa “bolha tecnológica”, as verduras ficam livres do ataque de pragas e insetos, e o uso de agrotóxicos é descartado.

A iluminação para substituir a luz solar é feita com LEDs. Os comprimentos de onda vermelho e azul são os que mais ativam o processo de fotossíntese. Com a mistura de ambos, a iluminação adquire um tom cor de rosa.

Como as luzes ficam ligadas 24 horas por dia, dependendo do tipo de cultivo, a hortaliça é colhida entre 28 e 40 dias. Bem menos que o intervalo entre 60 e 70 no plantio tradicional.

 

 

Cogumelos em três dias

 

A 100% Livre, fazenda vertical que tem 300 metros quadrados de hortas na Zona Sul de São Paulo, recebeu, em dezembro do ano passado, investimentos da BMPI Venture, braço de venture capital da BMPI Infra.

O fundo comprou 20% da agtech por um valor não revelado. Com os recursos, está prevista a abertura da segunda unidade, ainda este ano, no município de Osasco. Serão mil metros quadrados cultiváveis distribuídos por torres de 18 metros de altura.

 Atualmente, a empresa produz 90 mil pés de alface por mês e gasta um litro d’água para cada um. No solo, cada pé de alface gasta cerca de 40 litros d’água até ser colhido.

A nova unidade, além das folhas e temperos, vai produzir tomates do tipo grape, pimentões e morangos. A empresa anunciou na semana passada um acordo com os grupos Pão de Açúcar, Carrefour e Hortifruti para o fornecimento das hortaliças.

— Temos uma parceria com a Embrapa, o que nos permitiu fazer muitos testes em laboratório até chegar ao tomate, pimentão e morango, que se adaptam bem ao cultivo vertical — diz Diego Gomes, que fundou a agtech em 2018, mas só começou a produção dois anos depois.

 Pink Farms - fazenda vertical de produção de alimentos sem avançar em novas áreas de produção, usam menos água, menos pesticida. Agora estão em nova rodada de captação de recursos e vão crescer e abrir outra unidade. — Foto: Edilson Dantas/Infoglobo

Pink Farms - fazenda vertical de produção de alimentos sem avançar em novas áreas de produção, usam menos água, menos pesticida. Agora estão em nova rodada de captação de recursos e vão crescer e abrir outra unidade. — Foto: Edilson Dantas/Infoglobo

 

Apesar do otimismo, o custo elevado da energia e dos imóveis urbanos no país aparecem entre os obstáculos para o desenvolvimento dos negócios.

— É um sistema que depende muito de energia elétrica, que no Brasil ainda é cara, tornando-se um fator relevante no custo dessa produção — diz Simone Mello, professora da USP/Esalq em Piracicaba e pesquisadora do cultivo em sistemas verticais. Ela, no entanto, vê potencial para esse modelo de negócios no país, inclusive para plantas medicinais, como a cannabis.

No bairro de São Cristóvão, na Zona Norte do Rio, os empresários Rodrigo Meyer e Thomas Oberlin começaram em abril a cultivar cogumelos, a maior parte do tipo shitake, também no modelo vertical.

Para fundar a Mighty Greens, investiram R$ 700 mil captados entre investidores-anjo e de venture capital. Eles já tinham experiência no cultivo de microverdes, mas decidiram partir para os cogumelos por uma demanda identificada no mercado no Rio.

— Os cogumelos vinham de outros estados, com frete caro e qualidade ruim. Nossa produção já chega a seis toneladas e vai para restaurantes, supermercados, e uma parte chega ao consumidor final, em feiras. Colhemos em três dias porque o substrato já chega pronto — conta Meyer, que já está preparando uma nova rodada de investimentos, com expectativa de alcançar R$ 10 milhões e expandir o cultivo para outras capitais.

 

Embalagem orgânica

 

Para reforçar a pegada sustentável, a Mighty Greens desenvolveu uma embalagem à base de celulose que vira adubo, além de aumentar o tempo de conservação dos produtos. Na parte tecnológica, foi desenvolvido um sistema que controla a produção da fazenda vertical carioca por meio de equipamentos que respondem a comandos de voz.

Em São Paulo, o engenheiro ambiental Paulo Bressiani instalou a Fazenda Cubo no valorizado bairro de Pinheiros, na Zona Oeste da capital.

 Depois de trabalhar no mercado financeiro, ele visitou fazendas verticais na Europa e EUA e, com a demanda crescente de restaurantes por produtos frescos e de qualidade como hortaliças, ervas aromáticas, microverdes e flores comestíveis, decidiu montar o negócio num armazém. Investiu, em 2019, cerca de R$ 800 mil, recursos que vieram de familiares e amigos. Hoje, produz duas toneladas por mês.

O empresário ainda construiu uma estufa de mil metros quadrados em Franco da Rocha, na Região Metropolitana de São Paulo, com ambiente controlado e um jardim biodinâmico, focado em ervas aromáticas. Numa área de 60 metros quadrados da estufa, já produz quase 700 quilos de vegetais por mês.

— Temos parcerias com empresas para pesquisar novos sistemas de cultivo. A produção de alimentos está passando por uma grande revisão e busca de novas soluções — diz Bressiani, que também mantém uma loja para vender diretamente os produtos.


O Globo sábado, 23 de julho de 2022

RIO SHOW - MÚSICA E GASTRONOMIA: CONFIRA 5 PROGRAMAS GRATUITOS AO AR LIVRE NESTE FIM DE SEMANA

Por O GLOBO — Rio de Janeiro

 

Música e gastronomia: confira 5 programas gratuitos ao ar livre neste fim de semana
Uma das edições da Feira Junta Local. Divulgação
 

O sol voltou a brilhar no Rio, e a programação está pedindo um passeio ao ar livre. Neste fim de semana, acontece a feira gastronômica Gastro Beer Rio, na Lagoa, com diversos rótulos de cerveja artesanal. Tem ainda forró no Lavradio Musical e arraiás com quadrilhas e brincadeiras. Confira.

 

Gastro Beer Rio

 

O evento gastronômico que tradicionalmente ocupa a Quinta da Boa Vista, neste fim de semana acontece no Parque das Figueiras, na Lagoa. A cerveja artesanal é a grande estrela, com cerca de 100 rótulos de 26 cervejarias, e o evento também tem opções para comer, além da presença de artistas que se apresentam nas ruas do Rio e espaço kids com oficinas.

Av. Borges de Medeiros (ao lado do Cine Lagoon). Sáb e dom, 12h às 22h. Grátis.

 

Lavradio Musical

 

O projeto que leva música à Feira do Lavradio (que, antes, acontecia aos primeiros sábados do mês e passou a ser semanal) recebe amanhã a dupla nordestina Caramurú (vocal e zabumba) e Feiticeiro Julião (vocal e baixo), acompanhados de Gabriel Cavalcanti (sanfona) e Maria Paganelli (vocal e triângulo) tocando forró raiz.

Rua do Lavradio (em frente à praça Emilinha Borba), Centro. Sáb, 16h. Grátis.

 

Junta Local

 

Aromas e sabores tomam conta da feira que conecta pequenos produtores locais e consumidores em busca alimentos frescos e saudáveis. Além dos produtos artesanais e orgânicos, as barraquinhas vendem bebidas, quitutes veganos, árabes, massas e sobremesas para se deliciar na hora. No sábado, ocupa a Praça Cláudio Coutinho, no Leblon, e, no domingo, toma conta da Praça Xavier de Brito (a Praça dos Cavalinhos), na Tijuca.

Praça Cláudio Coutinho, Leblon. Sáb, 10h às 17h. Praça Xavier de Brito, Tijuca. Dom, 10h às 17hs. Grátis.

 

Arraiá da Urca

 

Entre milho, salsichão, cocada, pamonha, quentão e até chope artesanal, o fim de semana será de muita comida e bebida típica, trios de forró e DJs, brincadeiras e jogos, aos pés do Morro da Urca.

 

Praça General Tibúrcio, Urca. Sáb e dom, 14h às 22h. Grátis.

 

Arraiá do Jardim Guadalupe

 

A festa junina do shopping na Zona Norte conta com apresentações de violeiros, repentistas, trios de forró pé de serra, quadrilhas, grupos de pagode e DJs, além de aulas de forró, torneio de touro mecânico e outras brincadeiras e barraquinhas de comidas.

Shopping Jardim Guadalupe: Avenida Brasil 22.155, Guadalupe. Sex, 16h às 22h. Sáb e dom, 12h às 22h. Grátis.


O Globo sexta, 22 de julho de 2022

TURISMO: LARGO DO BOTICÁRIO, NO RIO, É REVITALIZADO E RECEBE HOTEL JOVEM E DESCONTRAÍDO

Por Lívia Breves

 

Depois de anos de abandono, Largo do Boticário é revitalizado e recebe hotel jovem e descontraído
Fachada do Jo&Joe, no Largo do Boticário Dhani Borges

Foram R$ 70 milhões e quatro anos de obras e renovações para devolver seis casas impecáveis, em estilo neocolonial, que formam o charmoso Largo do Boticário, no Cosme Velho. O cantinho bucólico teve seus tempos de glória, foi abandonado e agora volta à baila em formato de hotel. As casas dão lugar ao Jo&Joe, marca mais descontraída do grupo francês Accor (que por aqui também tem o Fairmont, o Sofitel, a rede Ibis, o Pullman e o MGallery). “É o primeiro no Rio que segue o conceito Open House, que atende a todos tipos de público”, conta Olivier Hick, COO das marcas midscale e econômicas da Accor no Brasil.

Um dos pátios com restaurante do hotel — Foto: Dhani Borges

Um dos pátios com restaurante do hotel — Foto: Dhani Borges

E tem para todos mesmo. São 80 quartos, entre compartilhados (para até oito pessoas), privativos e coberturas (as diárias começam em R$ 84). Nenhum quarto é igual ao outro e diversos artistas foram convidados para fazer interferências, como Marina Papi, Kakau, Braga, Marcelo Ment e Jotac. Ainda há rooftop com <QL>um banco de areia, bar com piso revestido em pedras portuguesas e outras homenagens à cidade. “Conectar a parte histórica da construção com a linguagem do hotel, que é totalmente contemporâneo, foi um dos pontos mais interessantes”, conta a arquiteta Mila Strauss, que, ao lado de Marcos Paulo Caldeira, do escritório MM18, comandou o design de interiores. 

Detalhes como escadas caracóis e azulejos foram revitalizados com uma equipe de restauro, com a supervisão feita pelo INEPAC (Instituto Estadual do Patrimônio Cultural).

A piscina exclusiva dos hóspedes — Foto: Dhani Borges

A piscina exclusiva dos hóspedes — Foto: Dhani Borges

Na parte gastronômica, há um restaurante principal e um pub, ambos abertos ao público. Já na área exclusiva para hóspedes tem o Detox (com sucos e produtos naturais) e o On Fire (de sanduíches e pizzas). O complexo ainda possui três piscinas, uma quadra de basquete e espaço de coworking.

Teto de porta de madeira original da construção neoclássica — Foto: Dhani Borges

Teto de porta de madeira original da construção neoclássica — Foto: Dhani Borges

Para se conectar com a cidade, há uma agenda de eventos e encontros, de shows a retiros, como o que acontece no sábado, comandado por Helen Pomposelli, da Per Vivere Bene (reservas: 21-99979-6777), em que os participantes vão fazer um circuito sensorial pela floresta que cerca o novo hotel. “Estamos comprometidos em inserir a comunidade local na programação, criando momentos inesquecíveis para todos”, afirma Bianca Chaves, gerente geral do hotel. Na agenda inaugural, ainda tem workshops de caipirinha, altinha, aulão de ioga, beer pong, karaokê e saxofone na piscina.


O Globo quinta, 21 de julho de 2022

ENOLOGIA: VINÍCOLAS DA SERRA GAÚCHA OFERECEM DE PIQUENIQUE NO PARREIRAL A DEGUSTAÇÃO COM OS OLHOS VENDADOS

Por Cláudia Meneses

 

 

Serra Gaúcha: vinícolas oferecem de piquenique no parreiral a degustação com os olhos vendados
Experiência única: o edredom no parreiral da Cristofoli é uma das experiências de maior sucesso da vinícola Divulgação / Foto de Emerson Ribeiro
 

Paisagens lindas, bons vinhos, comida regional saborosa, mergulho na história e na cultura. Se você quer mais um motivo para visitar pela primeira vez ou novamente a Serra Gaúcha, agora tem: vinícolas apresentam novas experiências que combinam um pouco disso tudo com degustações. Algumas têm provas apenas com vinhos premium, além de verdadeiras e divertidas aulas que começam nos parreirais, passam por adegas e salas de barricas e terminam à mesa, com taças cheias à sua frente.

Na Miolo, os tintos da coleção os Sete Lendários são oferecidos em degustação — Foto: Cláudia Meneses / Agência O Globo

Na Miolo, os tintos da coleção os Sete Lendários são oferecidos em degustação — Foto: Cláudia Meneses / Agência O Globo

 

Na Miolo, no Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves, a novidade é o Roteiro dos Sete Lendários 2020 (R$ 280 por pessoa), safra que foi considerada a melhor do país, e tem como ponto alto a prova de sete vinhos premiados da marca feitos em pontos diferentes do país. Todos os rótulos degustados são tintos: o Miolo Testardi Syrah, o Merlot Terroir, o Lote 43, o Quinta do Seival Castas Portuguesas, o Sebrumo, o Sesmarias e o Vinhas Velhas.

O visitante é recebido por um enólogo e inicia o trajeto no vinhedo modelo, com cerca de 40 variedades de uvas. Percorre depois o interior da vinícola, onde são vistas antigas pipas de madeira onde a Miolo fazia seus primeiros vinhos, há 33 anos. As atrações seguintes são os tanques de aço inox onde as uvas são fermentadas hoje e a cave de barricas, feitas de carvalho francês ou americano, onde os vinhos descansam até o engarrafamento. Dali, o destino é a sala vip da vinícola para a degustação, acompanhada por tábua de frios e queijos. Para finalizar, a ida à loja para comprinhas.

 

 

Piquenique ao lado do vinhedo

 

Outra experiência na Miolo é o Wine Garden, um wine bar a céu aberto, com um cenário diferente a cada estação (olhe a previsão do tempo se você pretende fazer). A entrada custa R$ 45, com valor revertido em consumo. Um wine truck perto do vinhedo Lote 43 (onde a vinícola começou) atende os visitantes. No inverno, a atração ganha o brilho e o calor de uma fogueira. Oferece também um piquenique (a partir de R$ 329,90) com comidinhas e venda de vinhos e espumantes em taça. A cesta de piquenique (para duas pessoas) vem com itens como uma garrafa de Miolo seleção rosé; castanhas e nozes; damascos, tâmaras e ameixas secas; queijos; geleia; cestinha de pães; salame e copa; pães de queijo, empanadas de carne; e cupcake.

 

 

A vinícola tem ainda a tradicional visita guiada em que são apresentados a história, o vinhedo modelo, tanques, barricas, caves de espumantes e de envelhecimento. Ao final, há degustação de vinhos e visita à loja de vinhos.

 

Três ambientes na Aurora

 

Em Pinto Bandeira, o vinhedo é o cenário para piqueniques — Foto: Divulgação

Em Pinto Bandeira, o vinhedo é o cenário para piqueniques — Foto: Divulgação

 

Outro gigante brasileiro, a Aurora, que recebe apaixonados por vinhos desde 1967, oferece experiências em três unidades, com visitas e degustações. A novidade fica por conta do piquenique em Pinto Bandeira (R$ 280, para duas pessoas), aos sábados e domingos, tendo como palco os jardins, ladeados de vinhedos, com degustação de vinho ou espumante.       

Já no Vale dos Vinhedos, há visitação e degustações orientadas, como a harmonizada com chocolates (R$ 60), com o Reserva Tannat com chocolate 40% cacau; Pequenas Partilhas Cabernet Franc com chocolate amargo 54% menta; o espumante Moscatel Rosé com drágeas de cereja com uva passa; e o Colheita Tardia com chocolate branco e damasco.

Para quem quer conhecer a única cantina na zona urbana de Bento Gonçalves, a pedida é a matriz da cooperativa, com visita diária e gratuita, a cada 15 minutos. No roteiro, a história da marca fundada em 1931 por 16 famílias e que hoje conta com 1.092 associados. Como atrações, o corredor das bandeiras dos países importadores e enormes pipas feitas de araucária e grápia. Pode-se ainda fazer a visita com um minicurso de degustação, que dura duas horas (R$50 por pessoa)

 

Cantinas históricas

 

Já a Dal Pizzol, em Faria Lemos, integra o roteiro das cantinas históricas, que reúne propriedades rurais que retratam a vida dos imigrantes italianos que chegaram no século XIX ao Brasil. Orgulhosa de seu passado e com muita beleza para se admirar, ela tem uma programação que pode ser atraente também para quem viaja com crianças.

Rosso D'Inverno: vinho e o calorzinho de uma lareira na Dal Pizzol — Foto: Divulgação

Rosso D'Inverno: vinho e o calorzinho de uma lareira na Dal Pizzol — Foto: Divulgação

 

Agora na estação mais fria do ano, está em cartaz o Rosso D’Inverno (R$ 180). É uma degustação de quatro rótulos selecionados pelo enólogo, entre eles uma edição especial, harmonizados com comidinhas regionais. Ela dura uma hora e meia e é feita em ambiente com lareira e manta.

Já para quem quer bancar o “master of wine”, a pedida é a degustação às cegas (R$ 140). O participante é convidado a vendar os olhos com para explorar seus sentidos e usar a imaginação. São degustados quatro rótulos, um deles de uma safra especial. Inclui taça e bandana; além de um tour guiado. A duração é de duas horas e requer ao menos dois adultos.

O tour do lugar vai atrair os que buscam um belo visual e estão acompanhados de pequenos. Essa visitação guiada pelaDal Pizzol, que tem um lago, animais como pavões, área verde, um vinhedo com uvas de vários países, além de objetos históricos usados na produção do vinho. É contada a história da família, que veio de Treviso na Itália, em 1878, e da vinícola. São degustados cinco rótulos durante o passeio.

Na jovem vinícola Cristofoli, também nesta rota, em Faria Lemos, imperdivel é o almoço harmonizado ao ar livre, servido no jardim. Os pratos são preparados pela família Cristofoli e combinados com os vinhos da marca. No cardápio, pratos da cozinha regional, como nhoque com molho de salame fresco ou ossobuco com polenta mole e, de sobremesa, bolo de maçã, com pedaços de chocolate, nozes e frutos secos com sorvete de passas na grappa. Ainda neste semestre, entrará em operação um restaurante no meio do vinhedo.

Outro programa concorrido é o edredom nos parreirais, um piquenique no meio do vinhedo com comidinhas regionais (tábuas de frios, brusquetas, espetinho caprese, focaccia, entre outros), combinadas com uma garrada de vinho ou espumante da marca. Antes, há uma degustação orientada dos vinhos e espumantes para escolha do rótulo que se vai beber no vinhedo.

 

 

Produtos regionais

 

Pizzato: aposta em frios de produtores locais para hamonizar com os rótulos da casa — Foto: Foto de Rodi Goulart

Pizzato: aposta em frios de produtores locais para hamonizar com os rótulos da casa — Foto: Foto de Rodi Goulart

A Pizzato também foi fundada em Bento Gonçalves, no Vale dos Vinhedos, por descendentes de italianos que vieram no fim do século XIX para o Sul. A casa tem duas propostas de degustação dos vinhos da marca harmonizados com produtos da região. Um deles é a harmonização com queijos regionais gaúchos e seis rótulos (R$230, para duas pessoas), acompanhados de pães e azeite produzido no estado. Ou a de seis produtos de charcutaria, também com seis vinhos Pizzato. Acompanham pães e azeite. Pode ser feita uma mista também (queijos e charcutaria)

Outro programa é uma degustação vertical (a partir de R$ 1.000), muito comum no mundo dos apaixonados por vinhos. São provadas diferentes colheitas de um mesmo rótulo das linhas Pizzato ou Fausto,sob a batuta de um profissional da vinícola. As opções duram de uma hora e meia a duas horas, com agendamento.

 

Tudo começou no porão

 

A novata Tenuta Foppa & Ambrosi, criada em 2017 por dois amigos que concretizaram um sonho de abrir uma vinícola focada no segmento premium, tem degustações de diferentes linhas de vinhos, de segunda-feira a sábado. O projeto é de Lucas Foppa e Ricardo Ambrosi. Para sede, eles reformaram uma casa de pedra em Garibaldi com 120 anos, que já foi queijaria, mercearia e marmoraria. Acidade é conhecida como a capital do espumante no Brasil e também fica no Vale dos Vinhedos, a 15 minutos de Bento Gonçalves.

 
Degustação na jovem vinícola Tenuta Foppa & Ambrosi, no porão de casa centenária — Foto: Foto de Anderson Pagani

Degustação na jovem vinícola Tenuta Foppa &amp; Ambrosi, no porão de casa centenária — Foto: Foto de Anderson Pagani

Os dois, que produziram seu primeiro vinho no porão, recebem os visitantes e contam sua história, que incluiu até trabalho no Napa Valley, na Califórnia. Uma opção de experiência é a G.O.A.T. (a partir de R$ 400), em referência ao vinho batizado com a sigla, que significa "greatest of all time” (o melhor de todos os tempos). Bebem-se nove vinhos, acompanhados de presunto cru maturado 12 meses Gran Nero.

Outro programa é o domingo com o enólogo, uma visita conduzida por um dos fundadores da casa, que narram sua trajetória e como é a elaboração dos vinhos. São provados os ícones da vinícola: Brazilian Collection, Cultura, Insólito, Goat, e vinhos diretamente das barricas. O preço é de R$ 500 por pessoa, com mínimo de quatro inscritos e agendamento prévio.

 

Pitstops com vinhos

 

A Courmayeur, que tem mais de 40 anos de produção de vinhos, também fica em Garibaldi. Aqui se destaca a experiência batizada de Cela da Cave (a partir de R$ 85). Nela, a produção de vinhos e a propriedade, que é cheia de placas com frases inspiradoras, são reveladas em um percurso com cinco paradas. Cada uma dá direito a uma taça de vinho. Outras opções são almoço harmonizado e piquenique. O espaço possui ainda bistrô, o jardim La Fermata, loja e recreação.


O Globo quarta, 20 de julho de 2022

ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS EM 125 ANOS: OS PRINCIPAIS MOMENTOS DA *CASA DE MACHADO DE ASSIS*

Por Bolívar Torres — Rio de Janeiro

 

Academia Brasileira de Letras em 125 anos: os principais momentos da história da 'Casa de Machado de Assis'
Busto de Machado de Assis, primeiro presidente da ABL Leo Martins/Agência O Globo

Foi há exatos 125 anos, em 20 de julho de 1897, numa sala do museu Pedagogium, na Rua do Passeio, que a Academia Brasileira de Letras nasceu oficialmente. Com a presença de 16 acadêmicos, seu primeiro presidente, Machado de Assis, fez um breve pronunciamento. O primeiro secretário, Rodrigo Octavio, leu a memória histórica dos atos preparatórios, que vinham se realizando desde o ano anterior, e o secretário-geral, Joaquim Nabuco, fez o discurso inaugural da ABL.

 

O mundo vivia o fim de um século decisivo para a cultura ocidental, e o Brasil, que acabara de chegar à era republicana, ensaiava grandes transformações. Foi nesse cenário que surgiu a Academia Brasileira de Letras, propondo-se a reunir cabeças pensantes em torno do próprio país.

No objetivo definido no estatuto da fundação, a ABL “tem por fim a cultura da língua e da literatura nacional”. Mas vai além. O maior escritor brasileiro, tão fundamental para a formação e prestígio da instituição que a tornaria conhecida como Casa de Machado de Assis, dividiu sua criação com diplomatas como Nabuco e Graça Aranha; poetas como Olavo Bilac; juristas como Rui Barbosa; dramaturgos como Artur Azevedo e médicos como Teixeira de Melo, entre os 40 integrantes originais.

Centenas de outros acadêmicos vieram desde então, e a ABL continuou a receber representantes de diferentes áreas, da Filosofia ao Direito, da Sociologia à Medicina, da Economia à Religião (a casa teve até agora quatro prelados acadêmicos, entre eles Dom Silvério Gomes Pimenta, o primeiro arcebispo negro do Brasil). Aberta a todas as tendências e saberes, a Academia tornou-se a casa tanto da vanguarda literária (Guimarães Rosa, Manuel Bandeira, João Cabral de Melo Neto, Lygia Fagundes Telles e Ferreira Gullar, entre tantos outros) quanto da excelência científica (de Osvaldo Cruz ao neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho). Também marcaram presença homens que fizeram a história da imprensa no país, como os jornalistas Assis Chateaubriand, dos Diários Associados, e Roberto Marinho, do GLOBO.

Esses e tantos outros nomes souberam conjugar saberes diversos no cenário cultural, político e social brasileiro, ajudando a pavimentar o papel da instituição como guardiã e promotora do pensamento humanista. E esse ideal esteve presente desde as primeiras sessões preparatórias para a fundação até o fechamento das atividades presenciais durante a pandemia de Covid, passando pelas grandes reinvenções promovidas nas presidências de Austregésilo de Athayde e Marco Lucchesi.

Assim, a ABL conseguiu equilibrar-se entre tradição e modernidade, mantendo valores de sua fundação enquanto buscava adequar-se aos novos tempos. Se nos anos 1920 a casa foi palco das disputas entre os modernos e os “helenos” — anos mais tarde, aliás, a entrada de modernistas como Manuel Bandeira mostrou que até mesmo os “moços” que atacavam o “império da velhice” mudaram de ideia sobre a instituição —, hoje ela se abre para a cultura popular com nomes como Gilberto Gil.

Nos últimos anos, a casa intensificou seus esforços para dialogar com a sociedade, recebendo povos indígenas e representantes da cultura afro-brasileira, papel que ganha relevância no momento em que se faz cada vez mais necessária a defesa das liberdades, da democracia, da ciência e da cultura como um todo.

Este material especial do GLOBO lembra a trajetória da casa que celebra 125 anos de olho no futuro. A instituição, que já foi conhecida como “torre de marfim”, abre cada vez mais suas portas e se moderniza, buscando novos meios e tecnologias para compartilhar sua História e seus valores com os brasileiros.

Acompanhe abaixo uma cronologia com algumas datas importantes para a ABL.

15 de dezembro de 1896: Começam as sessões preparatórias para a criação da Academia Brasileira de Letras, proposta por Lúcio de Mendonça e inspirada na composição da Academia Francesa, com 40 integrantes e 20 sócios correspondentes estrangeiros. Às 15h, na redação da Revista Brasileira, na Rua do Ouvidor, Machado de Assis foi eleito presidente. A revista, editada por José Veríssimo, funcionava como um polo cultural que ajudou a unir o grupo fundador da ABL.

28 de janeiro de 1897: É publicado o estatuto da casa, que informa, em seu Artigo 1º: “A Academia Brasileira de Letras, com sede no Rio de Janeiro, tem por fim a cultura da língua e da literatura nacional, e funcionará de acordo com as normas estabelecidas em seu Regimento Interno”.

20 de julho de 1897: A sessão inaugural, que marca o início da história da ABL, acontece no Museu Pedagogium, na Rua do Passeio. No evento, estiveram 16 acadêmicos, e o discurso inaugural ficou a cargo de Joaquim Nabuco.

 A sessão inaugural, que marca o início da história da ABL, acontece no Museu Pedagogium, na Rua do Passeio. — Foto: Arquivo ABL

A sessão inaugural, que marca o início da história da ABL, acontece no Museu Pedagogium, na Rua do Passeio. — Foto: Arquivo ABL

1901: Machado de Assis e outros acadêmicos e artistas criaram em 1901 o grupo Panelinha, que costumava se reunir em almoços. A fotografia desta página é de um deles, realizado no Hotel Rio Branco, que ficava em Laranjeiras. Além de Machado (o segundo sentado, da esquerda para a direita), estão ali Rodolfo Amoedo, Artur Azevedo, Inglês de Sousa, Olavo Bilac, José Veríssimo, Sousa Bandeira, Filinto de Almeida, Guimarães Passos, Valentim Magalhães, Rodolfo Bernadelli, Rodrigo Octavio, Heitor Peixoto, João Ribeiro, Lúcio de Mendonça e Silva Ramos.

Machado de Assis e outros acadêmicos e artistas criaram em 1901 o grupo Panelinha, que costumava se reunir em almoços — Foto: Arquivo ABL

Machado de Assis e outros acadêmicos e artistas criaram em 1901 o grupo Panelinha, que costumava se reunir em almoços — Foto: Arquivo ABL

29 de setembro de 1908: Morte de Machado de Assis.

29 de junho de 1917: O livreiro Francisco Alves de Oliveira morre deixando em testamento toda sua fortuna para a instituição, que sempre foi “culta, brilhante, mas pobre”, como lembrava reportagem do GLOBO nos 50 anos da ABL. Como contrapartida pelo recebimento da herança, a casa precisava organizar concursos, prêmios literários e sessões ordinárias bonificadas.

 O livreiro Francisco Alves de Oliveira morre deixando em testamento toda sua fortuna para a instituição — Foto: Divulgação/ ABL

O livreiro Francisco Alves de Oliveira morre deixando em testamento toda sua fortuna para a instituição — Foto: Divulgação/ ABL

1923: A Academia, até então abrigada no Silogeu, em outro endereço, finalmente se muda para o Petit Trianon, sua primeira sede própria, espaço que ocupa até hoje na Avenida Presidente Wilson. Doação do governo francês, o palacete é uma réplica do Petit Trianon de Versalhes em pleno Centro do Rio. Ele foi originalmente construído para abrigar o pavilhão da França durante as comemorações do centenário da Independência do Brasil, em 1922.

 Em uma polêmica conferência intitulada “O espírito moderno”, Graça Aranha chama a academia de “reunião de espectros, um túmulo de múmias, um império de todas as velhices”.  — Foto: Arquivo ABL

Em uma polêmica conferência intitulada “O espírito moderno”, Graça Aranha chama a academia de “reunião de espectros, um túmulo de múmias, um império de todas as velhices”. — Foto: Arquivo ABL

29 de dezembro de 1943: Posse de Getúlio Vargas na cadeira 37. Em pleno Estado Novo, o ditador não precisou seguir os rituais da eleição, enviando uma carta de inscrição. Em vez disso, seu ingresso foi patrocinado por um grupo de acadêmicos.

Getúlio Vargas em seu fardão — Foto: Arquivo

Getúlio Vargas em seu fardão — Foto: Arquivo

20 de setembro de 1945: A Academia Brasileira de Letras e a Academia das Ciências de Lisboa se encontram para assinar o Acordo de Unificação Ortográfica da Língua Portuguesa.

15 de agosto 1972: Austregésilo de Athayde lança, ao lado do cardeal Dom Eugênio Sales, a pedra fundamental do novo prédio da ABL. Athayde, ocupante da cadeira 8, pensou no empreendimento como forma de tornar a instituição sustentável economicamente no futuro, e ampliar o alcance da ABL na promoção da cultura no país.

4 de novembro de 1977: Oitenta anos após sua sessão inaugural, a Academia recebe a primeira mulher como integrante da casa. A cearense Rachel de Queiroz, autora de romances como o “O quinze” e “Memorial de Maria Moura”, tornou-se a quinta ocupante da cadeira 5.

20 de julho de 1979: Inauguração do imponente arranha-céu de 29 andares, ao lado do Petit Trianon. O prédio, batizado como Palácio Austregésilo de Athayde, tornou-se uma parte importante do patrimônio da instituição.

Palácio Austregésilo de Athayde — Foto: Arquivo ABL

Palácio Austregésilo de Athayde — Foto: Arquivo ABL

1989: Athayde completa três décadas na presidência da ABL. Ao todo, ocupou o cargo por 35 anos, sendo o imortal que ficou mais tempo na função. Sua administração foi responsável por aproximar a casa do público e torná-la mais amigável a visitantes.

Austregésilo de Athayde, o acadêmico com mais tempo de presidência da ABL — Foto: Arquivo ABL

Austregésilo de Athayde, o acadêmico com mais tempo de presidência da ABL — Foto: Arquivo ABL

19 de outubro de 1993: Desde 1931 à frente do jornal O GLOBO, fundado por seu pai, Irineu Marinho, em 1925, o jornalista Roberto Marinho toma posse da cadeira 39, sucedendo ao também jornalista e escritor Otto Lara Rezende.

Roberto Marinho na posse da cadeira 39, na ABL — Foto: Cezar Loureiro/Agência O Globo

Roberto Marinho na posse da cadeira 39, na ABL — Foto: Cezar Loureiro/Agência O Globo

1996: Nélida Piñon, ocupante da cadeira 30, é eleita a primeira mulher presidente da casa. Ana Maria Machado ocuparia a presidência em 2012 e 2013.

Nélida Piñon como a primeira mulher presidente da ABL — Foto: Marco Antônio Rezende / Agência O Globo

Nélida Piñon como a primeira mulher presidente da ABL — Foto: Marco Antônio Rezende / Agência O Globo

20 de julho de 1997: Começam as comemorações do primeiro centenário.

5 de abril de 2001: Inauguração do Espaço Machado de Assis, destinado à pesquisa e à difusão do universo machadiano.

22 de setembro de 2005: Inauguração da biblioteca Rodolfo Garcia, com 1.300m², no Palácio Austregésilo de Athayde. O acervo abriga cerca de 91 mil volumes, que podem ser consultados pelo público, e é espaço para atividades culturais da instituição.

21 de novembro de 2007: Reinauguração do Teatro Raimundo Magalhães Jr., com show do futuro acadêmico Gilberto Gil.

29 de setembro de 2008: Assinatura do Acordo Ortográfico, em evento que marcou o centenário de morte de Machado de Assis.

2019: Lançamento da centésima edição da Revista Brasileira, fundada em 1855 e que passou a ser responsabilidade da ABL em 1941.

16 de abril de 2019: Pela primeira vez, crianças guaranis são convidadas para conhecer a sede da Academia. Foram recebidas em guarani pelo então presidente Marco Lucchesi e cantaram no mesmo idioma uma música em agradecimento ao deus Tupã. Em junho, a ABL sediou a mesa-redonda “As línguas indígenas no Brasil do século XXI”.

A mesa-redonda “As línguas indígenas no Brasil do século XXI”, na ABL — Foto: ABL

A mesa-redonda “As línguas indígenas no Brasil do século XXI”, na ABL — Foto: ABL

12 de março de 2020: Pela primeira vez em sua história, a ABL suspende suas atividades presenciais e abertas ao público, por causa da pandemia de Covid-19.

2022: Juntam-se à Academia dois grandes conhecidos do povo brasileiro, mostrando um esforço da instituição em ampliar os saberes de Humanidade e popularizar os ocupantes de suas cadeiras: a atriz Fernanda Montenegro, que tomou posse em março, e o músico Gilberto Gil, em abril.

A posse da atriz Fernanda Montenegro — Foto: Alexandre Cassiano /Agência O Globo

A posse da atriz Fernanda Montenegro — Foto: Alexandre Cassiano /Agência O Globo

1º de junho de 2022: Relançamento da Revista Brasileira, número 110, inaugurando a décima fase da publicação, agora sob a direção da acadêmica Rosiska Darcy de Oliveira. Os imortais Cacá Diegues, Zuenir Ventura e Joaquim Falcão compõem o Conselho Editorial.


O Globo terça, 19 de julho de 2022

ATRAÇÃO TURÍSTICA: NO FUNDO DO MAR VERMELHO, AVIÃO DE PASSAGEIROS VIRA ATRAÇÃO ENTRE MERGUHADORES

 

 

No fundo do Mar Vermelho, avião de passageiros vira atração entre mergulhadores
Mergulhador explora o avião Lockheed L-1011 TriStar afundado no Mar Vermelho, na Jordânia Reprodução / Brett Hoelzer / Deep Blue Dive Center
 

Nos arredores do Aeroporto Internacional Rei Hussein, em Aqaba, na Jordânia, o avião que mais chama a atenção não está no ar ou nos pátios. E sim no fundo do Mar Vermelho, onde foi afundado há três anos para se tornar um recife artificial e uma atração capaz de atrair mergulhadores de todo o mundo.

Por cerca de 20 anos, o Lockheed Martin L1011 Tristar serviu a diversas companhias aéreas da Europa e do Oriente Médio, até ser aposentado no começo dos anos 2000. Em 2019, após anos abandonado no aeroporto jordaniano, o avião foi afundado no Golfo de Aqaba, para promover o turismo subaquático no país, mais conhecido pelas belezas na superfície, como a cidade histórica de Petra e o Rio Jordão.

Após três anos do naufrágio, a natureza já começou a tomar conta da aeronave, que está quase intacta, com asas, motores, poltronas de passageiros, cabine dos pilotos e banheiros. Corais já se instalaram em diversas partes do avião, criando um ambiente favorável para a observação da vida marinha, com muitos peixes, moluscos e crustáceos. Além, claro, da cena inusitada que é ver um avião no fundo do mar.

 

O avião está a uma profundidade que varia de 15 a 28 metros. A cabine do piloto está na parte mais rasa, enquanto a cauda está na mais funda. Para acessar o local, é preciso ser um mergulhador certificado e muito experiente, e é preciso contratar um serviço com barco e instrutores para acompanhar a aventura.

As imagens do avião, que quando estava em operação podia transportar até 400 passageiros, viralizaram após serem publicadas pelo fotógrafo subaquático Brett Holzer em sua conta no Instagram. Elas mostram os mergulhadores explorando a fuselagem da aeronave e seu interior, inclusive a cabine dos pilotos, hoje ocupada por peixinhos coloridos.

Mergulhador explora o avião Lockheed L-1011 TriStar afundado no Mar Vermelho, na Jordânia — Foto: Reprodução / Brett Hoelzer / Deep Blue Dive Center

Mergulhador explora o avião Lockheed L-1011 TriStar afundado no Mar Vermelho, na Jordânia — Foto: Reprodução / Brett Hoelzer / Deep Blue Dive Center

No corredor principal do avião, as poltronas das fileiras do meio foram retiradas para facilitar o acesso dos mergulhadores, que podem entrar pela parte da frente.

"Os mergulhadores podem sair pelas portas da parte de traseira, que estão a uma profundidade de 28 metros, ou pelas portas do meio, que estão a 20 metros", explicou Holzer à CNN Arabic. "Não é inusual encontrar polvos se alimentando dos corais que já cresceram dentro do avião".


O Globo segunda, 18 de julho de 2022

COPA AMÉRICA FEMININA DE FUTEBOL: BRASIL X VENEZUELA - PIA SUNDHAGE QUE MAIS PRECISÃO E VELOCIDADE NO CONFRONTO

 

Por Laís Malek — Rio de Janeiro

 

Brasil x Venezuela: Pia Sundhage quer mais precisão e velocidade no confronto
A lateral Tamires, veterana da seleção, pode ser uma alternativa utilizada por Pia para concentrar as jogadas pelos lados do campo Thais Magalhães/CBF
 

Depois de quatro dias de folga, o Brasil se prepara para enfrentar a Venezuela na noite desta segunda-feira pela terceira rodada da fase de grupos da Copa América. O descanso acontece porque, em cada etapa, quatro equipes se enfrentam em dois jogos e um time descansa. As goleadas por 4 a 0 sobre a Argentina e 3 a 0 sobre o Uruguai, no entanto, ainda não são suficientes para a técnica Pia Sundhage. A sueca quer mais ritmo de jogo no confronto de hoje, às 21h, no Estádio Centenário de Armênia.

— Nós tivemos alguns dias para recarregar as energias e estamos bem. O importante para nós é criar mais jogadas e movimentar mais a bola no ataque, utilizando todo o espaço do campo — afirmou a treinadora em entrevista coletiva.

Pia ressaltou a necessidade de trabalhar melhor a posse de bola a controlar a ansiedade no ataque. De acordo com a técnica, o Brasil precisa aproveitar melhor as laterais e criar jogadas por lá, e assim chegar à área para as finalizações. Ela também reforçou que a equipe precisa melhorar a precisão dos passes, arriscando no português e pedindo por mais "capricho".

— Se não funcionar pelo meio, precisamos inverter as jogadas, surpreender o adversário, e aí vamos conseguir mais velocidade e mais capricho — avaliou.

Líder do Grupo B, o Brasil está empatado com a Argentina e a Venezuela, que também contabilizam duas vitórias na competição. A rodada se encerra com Peru x Uruguai, que ainda não pontuaram na competição.


O Globo domingo, 17 de julho de 2022

CULTURA: MUSEU DO IPIRANGA SE ATUALIZA PARA REABERTURA EM SETEMBRO

Por Elisa Martins — São Paulo

 

Museu do Ipiranga se atualiza e discute representação dos bandeirantes para  reabertura em setembro
Museu do Ipiranga Edilson Dantas

A chegada de caixas e caixas de madeira com quadros, esculturas e outras peças se mistura ao som de máquinas e operários para anunciar que o acervo está de volta ao Ipiranga. O museu mais antigo de São Paulo se prepara para reabrir as portas em 7 de setembro, no Bicentenário da Independência, após quase dez anos fechado e uma ampla reforma. Durante o período, a sociedade mudou, debates se acirraram e a instituição busca se atualizar para a volta.

 De cara, na forma, com a triplicação da área de exposição, restauros minuciosos e a inclusão de recursos de acessibilidade. Depois, no conteúdo, com a concepção de mostras que pretendem provocar discussões sobre a representação de figuras históricas, inclusive presentes em obras do próprio museu.

A começar pelos bandeirantes, retratados em esculturas de mármore logo na entrada e na escadaria monumental que leva ao salão nobre da instituição também conhecida como Museu Paulista. As peças integram o Eixo Monumental, criado no Centenário da Independência, em 1922, e tombado, ou seja, ele não pode ser modificado.

— As pessoas iniciam a visita inescapavelmente pelo saguão onde estão os bandeirantes, depois a escadaria e o salão nobre — diz Vânia Carneiro de Carvalho, coordenadora-geral das exposições do Ipiranga. — E esta não é uma área tombada por ser resquício ou para legitimar uma atitude conservadora. É um documento tridimensional, criado nos anos 1920, de uma visão de formação do país e do papel de São Paulo. Mas, para a reabertura, era preciso preparar os visitantes para os temas retratados ali. Discutimos muito sobre isso.

 

 

Visões opostas

 

Um dos exemplos é o quadro “Ciclo da caça ao índio” , de Henrique Bernardelli, destacado na escadaria, ao lado de uma estátua de Dom Pedro I. A pintura, encomendada pela elite paulista, representa um bandeirante imponente, tal qual um monarca. No novo material multimídia, ela será justaposta a outra obra do mesmo artista, de 30 anos antes, “Os bandeirantes”, do acervo do Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), no Rio. Nela, Bernardelli representa os bandeirantes bebendo água do chão, como se fossem animais, observados por indígenas.

— Afinal, qual deve ser a representação dos bandeirantes? Animalizada ou heroica? Depende de quem a encomendou, da relação com o poder político que contratou a imagem — diz Paulo Garcez Marins, professor e curador no museu. — Devemos resistir à sedução de que existe uma narrativa certa ou errada. Precisamos debater as narrativas históricas. Esse espaço é um lugar de exercício, para discutir sem destruir.

A referência é ao movimento de derrubada de monumentos que envelheceram sócio e politicamente que tomou o mundo. No ano passado, ele chegou a São Paulo, com o incêndio da estátua do bandeirante Borba Gato, na Zona Sul da capital. Não por acaso, o Ipiranga promoverá debates sobre o que os historiadores frisam ser “uma” e não “a” História do Brasil. Assim, o quadro “Independência ou Morte”, uma das peças mais populares do acervo, é apresentado não como retrato fiel do passado, mas como “uma imagem do pintor Pedro Américo" (sobre a Independência).

 
Escadaria Monumental do Museu do Ipiranga — Foto: Edilson Dantas

Escadaria Monumental do Museu do Ipiranga — Foto: Edilson Dantas

Uma pesquisadora do Ipiranga foi destacada para percorrer acervos e museus da Europa, onde o autor estudou, para detalhar suas inspirações — a mais notória , o quadro “Batalha de Friedland” do francês Ernest Meissonier. A menção aos mestres não é vista como demérito, mas apresentada como “prática dos pintores do século XIX".

— Já vimos tanto esse quadro que pensamos que a cena foi daquele jeito. Mas não é “a” História do Brasil. Ele tem sua própria história, as coleções têm sua própria história. E mostramos isso a partir de muita pesquisa, recursos multimídia, ferramentas que permitem ao público se aproximar das peças de uma maneira nova – diz Marins.

Na reabertura serão expostos cerca de quatro mil itens. Rampas de acessibilidade foram construídas na lateral do edifício-monumento, pisos táteis guiarão visitantes cegos ou com baixa visão pelas exposições, a iluminação e os estímulos nas salas foram adequados a pessoas autistas, e os vídeos já trarão, como padrão, interpretação em libras — quem não quiser, terá que desabilitá-la, e não o oposto.

— O que marca nossa sociedade hoje é a diversidade. E o processo de pensar nossas exposições precisa ser feito a partir de múltiplos olhares e de variedade de linguagens — diz Denise Peixoto, historiadora e educadora do museu há 20 anos.

— Em uma delas, vamos inclusive decompor a imagem dos bandeirantes pra mostrar que se trata de uma construção. Não é verdade, não é mentira, é uma representação que atende aos anseios da época — diz a historiadora.

Na preparação para a reabertura, o museu promoveu encontros com vinte grupos diversos, de professores a crianças, adolescentes, pessoas autistas, cegos, integrantes de movimentos LGBTQIA+, indígenas, negros, monarquistas, entre outros.

— O objetivo era abrir um espaço de escuta, refinar os textos e contrapontos, mas também pensar em como a instituição pode construir uma aproximação com diferentes grupos sociais, criar canais de participação e diálogo através das exposições — conta Denise Peixoto.

É um processo, diz, que continuará após a reinauguração, com a abertura de editais para que outros contrapontos sejam pensados e incorporados às mostras:

— Nada está dado, nem fechado.


O Globo sábado, 16 de julho de 2022

ANIME FRIENDS: SAIBA COMO SERÁ O FESTIVAL DE CULTURA POP ASIÁTICA QUE ESTÁ DE VOLTA AO RIO

 

Por O GLOBO — Rio de Janeiro

 

Saiba como será o Anime Friends, festival de cultura pop asiática que está de volta ao Rio
 

Boa notícia para os fãs da cultural pop oriental: o festival Anime Friends volta ao Rio em sua segunda edição carioca (e a primeira desde a pandemia) neste sábado (16) e domingo (17), no Expo Mag, na Cidade Nova. Consagrado pelo público paulistano desde 2003, o evento reúne shows de atrações nacionais e internacionais, conversas com atores, dubladores e influenciadores, exibição de animes, e os tradicionais concursos de cosplay.

Entre os ídolos que marcarão presença no festival, estão o ator japonês Takumi Tsutsui, conhecido por viver o protagonista Toha Yamaji na série “Jiraiya: O incrível ninja”; a cantora japonesa Matsuko Mawatari, que interpreta a abertura do desenho Yu Yu Hakusho e anunciou que este será seu último show musical; e Hiroshi Watari, que interpretou personagens como o Guerreiro Dimensional Spielvan, o Detetive Espacial Sharivan e o Boomerman (da série "Jaspion").

No time de dubladores, estão Guilherme Briggs, que faz a voz de personagem como Freakazoid, Buzz Lightyear, e de Cosmo (de “Os padrinhos mágicos”), e Wendell Bezerra, que dubla Bob Esponja, Goku, Jackie Chan e o jogo “League of Legends”, além de Marco Ribeiro, Miriam Ficher e Christiano Torreão, que emprestaram suas vozes a personagens de "Yu Yu Hakusho".

Também para conversar com o público, estarão presentes influenciadores digitais dedicados à cultura oriental. Entre eles, Matheus Mendonça, do canal All Blue, que compartilhará suas análises bem-humoradas de mangás, animes e filmes de franquias geeks.

Ao todo, mais de 20 atrações e bandas subirão ao palco levando covers de J-rock (rock japonês) e anime songs, incluindo como YuYu20, Gaijin Sentai, Danger 3 e Wasabi, e ainda o duo brasileiro Nordex, que mescla músicas covers e autorais de animes e jogos.

O evento é o maior do segmento na América Latina, e espera reunir cerca de 30 mil pessoas nos dois dias. A programação completa está disponível em https://animefriends.com.br/programacao-rj/

 

Serviço

 

Rua Beatriz Larragoiti Lucas s/n, Cidade Nova. Sáb. (16) e dom. (17), 10h às 20h. R$ 120 (ingressos para sábado já esgotados).


O Globo sexta, 15 de julho de 2022

ROCK IN RIO 2022: LANÇADO SEGUNDA EDIÇÃO DE PROJETO DEDICADO À AMAZÔNIA

Por Ricardo Ferreira — Rio de Janeiro

 

Rock in Rio lança segunda edição de projeto dedicado à Amazônia
uma aparelhagem de som em formato de barco, projetada pelo artesão João do Som, vai receber DJs que vão tocar ritmos como brega, tecnobrega, guitarrada, lambada, carimbó, entre outros gêneros característicos do norte do país Divulgação/Rock in Rio
 

O Rock in Rio lançou nesta quinta-feira (14), em coletiva na Praça Mauá, a nova edição do projeto NAVE, um espaço dedicado à Amazônia que vai receber shows, entrevistas com artistas da região, conteúdos audiovisuais, projeções e outras ativações inspiradas na floresta.

A Nave vai ocupar uma das arenas do Parque Olímpico, que abriga o Rock um Rio em setembro. O projeto é resultado de uma parceria do festival com um coletivo criativo que tem direção da artista visual paraense Roberta Carvalho, cenografia da artista carioca Daniela Thomas, argumento da contadora de histórias acreana Karla Martins e direção musical da cantora e multiartista paraense Aíla.

- A Nave vem pra falar sobre uma outra Amazônia não tão conhecida. Brincamos que é comum a gente ver aquelas lindas imagens da floresta feitas por drone, mas em setembro nós vamos apresentar uma perspectiva além da exuberância natural, um retrato feito a partir das pessoas e da cultura da Amazônia - disse Luis Justo, CEO do Rock In Rio.

Em meio à projeções de grande formato que vão compor a arena, uma aparelhagem de som em formato de barco, projetada pelo artesão João do Som, vai receber DJs que vão tocar ritmos como brega, tecnobrega, guitarrada, lambada, carimbó, entre outros gêneros característicos do norte do país. A aparelhagem, inclusive, já foi usada em apresentações de artistas como Anitta e Joelma.

- Vamos fazer um mergulho na produção de diversos artistas amazônicos através das projeções. O barco feito pelo João, um mestre da aparelhagem, vai se transformar em uma grande festa - afirmou Roberta Carvalho.


O Globo quinta, 14 de julho de 2022

EXPOSIÇÃO: ARTESÃOS DE TODO O RIO TÊM PRODUTOS EXPOSTOS NO RECREIO SHOPPING

 

Por Maíra Rubim — Rio de Janeiro

 

Artesãos de todo o Rio têm produtos expostos no Recreio Shopping
Nova loja da Faerj no Recreio Shopping tem 150 metros quadrados Divulgação/Lucas Tuché

Seis meses depois de abrir sua primeira loja colaborativa no Recreio Shopping, a Federação do Artesanato do Rio de Janeiro mudou de andar e ocupa agora uma loja bem maior, com 150 metros quadrados. No espaço estão reunidos trabalhos de mais de 70 artesãos do estado.

 — Em menos de seis meses tivemos resultados tão satisfatórios que saímos de uma loja de 60 metros quadrados para uma muito maior. Essa mudança é muito importante para conseguirmos reunir um número maior de expositores. Muitos artesãos passaram dificuldade durante a pandemia e ainda sofrem o impacto — diz a vice-presidente Val Vieira.

O artesão Antônio Jorge Rodrigues Santos, de Nova Iguaçu, vibra com a oportunidade de ver suas obras em uma loja de shopping:

 — Faço objetos com a técnica da marchetaria, que utiliza o 3D e surgiu no Egito. Já consegui realizar algumas vendas e a expectativa é muito alta. Passa muita gente no shopping e aumenta a nossa chance das nossas obras serem vistas.

Val explica que muitos artesãos sobrevivem do artesanato ou complementam sua renda com as peças, por isso a importância da Faerj gerar novas oportunidades. Além das vendas, o espaço no Recreio Shopping será utilizado para a realização de oficinas para que os profissionais possam adquirir conhecimento e aprimorar técnicas artesanais e na área administrativa. As aulas devem começar em julho.

— Outra loja colaborativa deve ser inaugurada no Via Parque e uma no Campo Grande Shopping. O artesanato está em alta e para os shoppings é bom trabalhar com a gente, trazemos visibilidade e eles têm a chance de fazer esse trabalho social. Para o público é bom porque em um só lugar pode ver peças de artesãos de todo o estado, é uma loja diferenciada— diz Val.


O Globo quarta, 13 de julho de 2022

GASTRONOMIA: RESTAURANTES DO RJ APOSTAM EM VERSÕES INUSITADAS PARA FONDUE, DE COOKIE A COGUMELO

Por Gustavo Cunha — Rio de Janeiro

 

Restaurantes do RJ apostam em versões inusitadas para fondue, de cookie a cogumelo
O fondue de cookie da American Cookies, na Barra: panela pode ser saboreada Andria Lustosa/Divulgação

Em solo brasileiro, fondue pode ser tudo — pode, inclusive, não ser fondue. Por aqui, a clássica receita suíça ganha versões inusitadas com doce de leite, cookies, camarão, coxinhas de frango, cogumelos... A seguir, confira uma lista com algumas das maiores invencionices "fondueísticas" em restaurantes do Rio de Janeiro. Aos que dizem que se trata de bizarrice, os chefs retrucam: "Vão se fondue".

 

Fondue de doce de leite

 

O fondue de doce de leite da Casa Julieta de Serpa — Foto: José Renato Antunes/Divulgação

O fondue de doce de leite da Casa Julieta de Serpa — Foto: José Renato Antunes/Divulgação

Até o fim do inverno, a Casa Julieta de Serpa, no Flamengo, serve — apenas às sextas-feiras e sábados — quatro opções de fondue. Além dos clássicos com queijo e carne, há a opção diferentona preparada com doce de leite (R$ 145, para duas pessoas). A iguaria acompanha porções de queijo Minas, biscoito folheado, mini churros e morango, que podem ser mergulhados na ganache de doce de leite.

 

  • Endereço: Praia do Flamengo 340, Flamengo — 2551-1278. Sex, das 11h30 às 23h30. Sáb, das 19h às 23h30.

 

 

Fondue de cookie

 

O fondue de chocolate, servido em panela de cookie, da loja American Cookies — Foto: Thyago Gonçalves/Divulgação

O fondue de chocolate, servido em panela de cookie, da loja American Cookies — Foto: Thyago Gonçalves/Divulgação

Quem experimenta o fondue de chocolate da American Cookies, na Barra, pode não só lamber a panela, mas também comê-la. Por lá, a cumbuca que acolhe 200ml de chocolate ao leite é, a rigor, um grande biscoito com massa amanteigada e trufado com chocolate meio amargo. A novidade serve duas pessoas, e acompanha marshmallows, mini cookies e uvas. Sai a R$ 69,90. É para mergulhar de cabeça.

 

  • Endereço: Barra Shopping. Av. das Américas 4.666, Barra — 98242-8310. Seg a sáb, das 10h às 22h. Dom, das 14h às 21h.

 

 

Fondue de coxinha

 

O fondue de coxinha do Bar da Frente — Foto: Berg Silva/Divulgação

O fondue de coxinha do Bar da Frente — Foto: Berg Silva/Divulgação

A receita inventada pelo Bar da Frente há mais de uma década já é uma dessas iguarias perenes na gastronomia carioca. O local que criou a iguaria serve o tal fondue de janeiro a janeiro. Deleite-se com coxinhas de frango no palito, servidas com creme de queijo ao vinho branco (R$ 35,80, com quatro unidades, e R$ 52,80, com oito). A Liga dos Botecos, que reúne os cardápios de Momo, Cachambeer, Bar da Frente e Botero, oferece a mesmíssima invencionice. Sai a R$ 44,90, com seis unidades.

 

  • Bar da Frente: Rua Barão de Iguatemi 388, Praça da Bandeira — 2502-0176. Qua e dom, do meio-dia às 17h. Qui a sáb, do meio-dia às 22h.
  • Liga dos Botecos: Rua Álvaro Ramos 170, Botafogo — 3586-2511. Ter e qua, das 17h às 0h30. Qui, das 17h às 1h. Sex e sáb, do meio-dia às 1h. Dom, do meio-dia às 23h30.

 

Fondue de camarão e frutos do mar

 

Fondue de camarão — Foto: Rodrigo Azevedo

Fondue de camarão — Foto: Rodrigo Azevedo

É generosíssimo o fondue de camarão e frutos do mar do restaurante Toca da Traíra. O prato com peixe, lula, polvo e camarão VM é servido com seis cumbucas com molhos diferentes — agridoce, berinjela, molho do chef, azeitona, tártaro e queijo cremoso. Acrescente aí também uma porção de risoto cremoso, por que não? E mais: quem encara a iguaria necessariamente ganha um fondue de chocolate, com frutas, para a sobremesa. Tudo fica por R$ 318,90.

 

  • Endereço: Rua Mariz e Barros 1.050, Maracanã — 3344-2020. Diariamente, das 11h às 23h.

 

 

Fondue de cogumelos

 

O mèlange de cogumelos, servido pelo Rosita Café — Foto: Divulgação

O mèlange de cogumelos, servido pelo Rosita Café — Foto: Divulgação

Um dos carros-chefes do Rosita Café, na Barra, é o Mèlange de Cogumelos (R$ 190). Em linguagem clara, trata-se de um mix de cogumelos no fondue de queijo com pedacinhos de pães artesanais e batata röstie. Tudo quentinho, servido numa panelinha.

 

  • Endereço: Downtown. Av. das Américas 500, Barra — 3084-5203. Ter a qui, das 11h às 23h. Sex e sáb, das 1hh à meia-noite.

O Globo terça, 12 de julho de 2022

DICOS: GRAVADORA QUE HERDOU ACERVO DA TOP TAPE LANÇARÁ ÁLBUM COM SAMBAS-ENREDO REMIXADOS

 

Por Madson Gama — Rio de Janeiro

 

Gravadora que herdou acervo da Top Tape lançará álbum com sambas-enredo remixados
Fundador da Quebra Coco, Bonne Rozenblit herdou catálogo da Top Tape Divulgação/ Marcello Krengiel
 

Gravadora que, em 2018, assumiu o acervo da Top Tape, a Quebra Coco Records tem entre seus projetos o relançamento de clássicos da música na voz de novos artistas. A ideia é aproveitar o acervo de mais de duas mil canções da antecessora, que inclui trabalhos de nomes como Ney Matogrosso, Arlindo Cruz, Neguinho da Beija-Flor e Cauby Peixoto.

A Top Tape fez sucesso nas décadas de 1970 e 1980 tendo como carro-chefe os discos reunindo sambas-enredo, além de lançar álbuns de jazz, funk, blues, bossa nova e forró. Com sede na Barra, a Quebra Coco já relançou obras como “É hoje”, de Caetano Veloso; “O amanhã”, de Simone; e “Tico tico no fubá”, sucesso na voz de Carmen Miranda. Sócio e diretor da empresa, Bonne Rozenblit conta que em setembro será lançado, nas plataformas digitais, um álbum com sambas-enredo remixados:

— Cada música terá um intérprete, e o repertório inclui canções como “Bum bum paticumbum prugurundum”, samba de Aluísio Machado e Beto Sem Braço para o Império Serrano; e “Deusa da passarela”, interpretada por Neguinho da Beija-Flor, numa parceria com o Gabriel Boni, que, além de DJ, está fazendo a curadoria e a produção do projeto. Vamos dar uma roupagem mais eletrônica às obras, para ficar com um perfil de pista de dança de festas e boates. O objetivo é internacionalizar a cultura do nosso país, alinhando o que o público de fora está acostumado a ouvir com a linguagem brasileira.

Rozenblit explica que a Top Tape era uma empresa familiar. A sociedade se dissolveu, e ele herdou, do pai, a editora que detinha o acervo da gravadora.

 — Como meu pai teve um conflito com meu tio e temos um legado riquíssimo da Top Tape a preservar, resolvi criar uma outra gravadora, com o intuito de relançar clássicos no mundo do streaming, reaquecendo a cultura com letras que já estão na boca do povo e revelando novos talentos — diz. — Temos, ainda, um projeto de verão, previsto para novembro, que são minifestivais com apresentações de artistas que já fizeram colaboração conosco. Estamos definindo a programação e os locais.

“É hoje” foi regravada por DJ Lucce e Rodrigo Lampreia; “O amanhã”, por Rodrigo Sha, Pedro Tie e João Felippe; e “Tico tico no fubá”, pelo DJ João Brasil.

 


O Globo segunda, 11 de julho de 2022

DIETA CETOGÊNICA: COMO FUNCIONA, PRÓS E CONTRAS E QUEM PODE FAZER

 

Por Laís Malek — Rio de Janeiro

 

Dieta cetogênica: como funciona, prós e contras e quem pode fazer
Dieta cetogênica se baseia na diminuição dos carboidratos e no aumento das proteínas e gorduras Brooke Lark/Unsplash
 

Queridinha do momento, a dieta cetogênica é uma das dietas low carb, ou seja, com baixa ingestão de carboidratos. O plano nutricional consiste em consumir apenas 20% de carboidratos, e os 80% restantes ficam para as proteínas e as gorduras. A estratégia hiperproteica pode ajudar a emagrecer, mas é preciso realizar acompanhamento com um profissional.

A nutricionista Luiza Ferracini explica que as dietas que têm de 20 a 55% do plano alimentar baseado em carboidratos são consideradas low carb, e a cetogênica é a que tem o menor índice entre elas. Com a diminuição dos carboidratos, principal fonte de energia do corpo, o organismo recorre a outros alimentos que produzem energia; no caso dessa dieta, as gorduras. Assim, as células de gordura são quebradas para produzir energia, e o emagrecimento pode ocorrer.

Mas é preciso ter cuidado ao seguir esse modelo, por se tratar de uma mudança brusca em relação à alimentação média dos pacientes. Para quem sofre com problemas renais, por exemplo, a estratégia não é recomendada. Já para pacientes diabéticos, ela pode ser uma boa opção.

— É preciso se adaptar a essa dieta. Nos primeiros dias, os pacientes podem experienciar dor de cabeça e tonturas, então a adaptação é mais complicada. Não são todos que vão conseguir manter a dieta — avalia a nutricionista.

 

O que pode e o que não pode comer na dieta cetogênica?

 

Luiza explica que as proteínas e as gorduras, que compõem a maior parte da dieta, devem vir de “boas fontes”. Ela recomenda carnes magras, principalmente as brancas, como peixe e frango, e ovo. Em relação às gorduras, as oleaginosas são uma boa opção, como abacate, coco, azeite e castanhas.

 

Já o grupo alimentar proibido para essa estratégia é, claro, o dos carboidratos. Luiza explica que os 20% do nutriente que compõem a dieta estão presentes em outros alimentos consumidos ao longo do dia.

— É muito difícil fazer a dieta com alimentos ricos em carboidratos, como arroz, pães e massas, porque só com uma refeição você já atinge os 20% de carboidratos. O carboidrato deve ser obtido através de outros grupos, como os legumes, por exemplo — finaliza.


O Globo domingo, 10 de julho de 2022

RIO: GALETERIA TRADICIONAL DE COPACABANA VIRA PATRIMÔNIO CULTURAL E FETA SERÁ COM *BRANQUINHA*

Por O Globo — Rio de Janeiro

 

Galeteria tradicional de Copacabana vira patrimônio cultural e festa será com 'branquinha'
Galeto Sat's: 50 anos devotados à boemia Reprodução
 

A festa para comemorar o título ainda está em planejamento, mas já é certo que não faltarão alguns dos mais de 400 rótulos de cachaça que animam as noites dos clientes do Galeto Sat’s, cinquentenária referência etílica e de tira-gostos de Copacabana. Só falta escolher o acompanhamento: seja um tradicional galeto ou um frango atropelado à cubana para quem não se preocupa muito com umas calorias a mais. Ontem, a casa entrou para uma lista seleta da prefeitura formada por botequins considerados patrimônio cultural carioca. Dessa lista, fazem parte outros locais de referencias da “boemia-raiz”, tais como como o Bar e Café Lamas (Flamengo), o Nova Capela e o Bar Brasil (Lapa) e o Jobi (Leblon).

 A inclusão do bar consta de um decreto do prefeito Eduardo Paes. A justificativa para a homenagem é que o espaço é um negócio tradicional que é referência não apenas para a noite em Copacabana como para todo o Rio. Agora, o Sat’s receberá da prefeitura uma plaquinha azul que será exibida com orgulho pelos proprietários do estabelecimento.

 

 

Plaquinha azul é o símbolo do reconhecimento — Foto: Reprodução

 

Plaquinha azul é o símbolo do reconhecimento — Foto: Reprodução

 

Com esse título, a casa se torna a “saída de emergência oficial’’ da madrugada da boemia. Afinal, o Sat’s só fecha ali pelas 5 da manhã, às vezes muito mais tarde.

— E sempre com uma cachacinha na mesa, claro — comemorou o atual proprietário, Sérgio Rabello.

Sérgio diz que tem uma relação de amor com a casa. Morador de Copacabana, começou a frequentar o Sat’s com a família, como cliente. Em 2010, trocou de lado do balcão. Sem qualquer experiência, assumiu o negócio quando os espanhóis Garcia e Rivera, que abriram a casa em 1972, decidiram passar o negócio adiante.


O Globo sábado, 09 de julho de 2022

SAÚDE: COMO CURAR A RESSACA, QUANTO TEMPO DURA E QUAIS OS SINTOMAS MAIS COMUNS?

 

 

Por Caio Bitencourt — São Paulo

 

 
 
Como curar ressaca Freepik
 

Depois de uma noite regada a álcool vem a ressaca do dia seguinte, que faz muitas pessoas prometerem, muitas vez em vão, parar de beber. Mas como ela age no corpo, quanto tempo dura, quais os sintomas mais comuns e o que a ciência diz sobre como curá-la?

 O neurocientista Li Li Min, professor titular e Chefe do Departamento de Neurologia da FCM-Unicamp, e Adalberto Studart Neto, com residência em Neurologia pelo Hospital das Clínicas da FMUSP, respondem às principais questões sobre os indesejados efeitos das horas seguintes ao consumo excessivo de bebidas alcoólicas.

 

Por que temos ressaca e quais os sintomas mais comuns?

 

A ressaca ou síndrome de “pós-intoxicação por álcool” é um complexo de sintomas de distúrbios psicofisiológicos que se desenvolvem depois do uso excessivo de álcool. Os sintomas variam entre mal-estar geral, dor de cabeça, fadiga, náusea, boca seca, sede, falta de apetite e alterações mentais e neurológicas (como dificuldade de concentração e déficit cognitivo, por exemplo).

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Li Min explica que o corpo reage para eliminar as substâncias tóxicas, seja aumentando a diurese (a pessoa faz mais xixi) ou até quadro de diarreia e vômito. Segundo Neto, os sintomas mais comuns são fadiga (67%), sede (57%) e dor de cabeça (32%).

 

Quanto tempo dura uma ressaca?

 

Em geral, os sintomas aparecem entre seis e oito horas após o fim do excesso alcoólico e podem ser observados por até 20 horas.

 

Quais bebidas geram ressacas mais intensas?

 

Neto alerta que um fator que contribui para a intensidade dos sintomas de ressaca é o tipo de bebida alcoólica consumida. Algumas contêm grande quantidade de impurezas tóxicas (metanol, óleos fúseis, álcoois superiores, aldeídos). O uso de bebidas alcoólicas com alto teor de impurezas (bourbon, uísque, tequila) é acompanhado por uma ressaca mais intensa.

 

 

Existe uma quantidade ideal para evitar ressaca?

 

— O nosso organismo leva em média uma hora para metabolizar uma dose, que é dez gramas de álcool. Claro, isso depende do tipo de bebida: cerveja, uma dose corresponde a 300 ml. O vinho, 125 ml. Os destilados, 40 ml — afirma Li Min — Numa noite seria aconselhável não tomar mais de cinco doses de álcool (homens) e quatro doses (mulheres, que têm o metabolismo mais lento). O que a gente vê muitas vezes é que a pessoa toma certa quantidade em curto espaço de tempo e isso faz com que o organismo não tenha condições de metabolizar, levando a uma intoxicação muito mais severa.

 

Como curar a ressaca?

 

Neto ressalta que, atualmente, alguns pesquisadores têm desenvolvido métodos de prevenção e alívio com o uso de drogas que aceleram o metabolismo do etanol. A eliminação rápida de etanol e acetaldeído (o produto do metabolismo do álcool) do corpo pode reduzir a intensidade da ressaca.

Sabe-se que a ingestão de alimentos (principalmente os gordurosos) na véspera ou durante o consumo de álcool retarda sua absorção e reduz o pico de concentração sanguínea, enfraquecendo assim a manifestação dos sintomas da ressaca.

Há também informações na literatura científica sobre a eficácia do uso de extratos vegetais para o alívio da ressaca. Em particular, o extrato do ginseng, que normaliza os níveis de glicose e também reduz a gravidade de sintomas, como fadiga, tontura e dor de cabeça.

 

'Beber de novo' cura a ressaca?

 

Li Min alerta contra a prática:

— É basicamente você tentar apagar a fogueira com mais gasolina. E tem mais: beber demais, quer dizer, beber de novo, faz com que a pessoa crie uma certa "tolerância" e a dependência, que é muito prejudicial.


O Globo sexta, 08 de julho de 2022

DIA DA PIZZA: CONFIRA PROMOÇÕES E DICAS DE REDONDAS PARA APROVEITAR UMA DAS DATAS MAIS SABOROSAS DO ANO

 

Por Cláudia Meneses

 

Dia da pizza: confira promoções e dicas de redondas para aproveitar uma das datas mais saborosas do ano
Braz: pizza margherita brandi Divulgação / Roberto Seba
 

A pizza é um dos pratos mais amados no Brasil, com cerca de 1 milhão delas produzidas por dia, segundo dados da Associação Pizzarias Unidas do Brasil. A paixão é tanta que ela tem um dia só dela, celebrado em 10 de julho, no domingo. Para você se organizar, o Saideira fez uma lista com campeãs de sabor. Confira.

Bráz - As dicas são os lançamentos: a bologna, uma pizza branca com mortadela italiana, stracciatella, pistache, manjericão e raspas de limão siciliano (R$ 98 a grande e R$ 62 a individual); a contadino, com creme de abóbora, fior di latte, cogumelo paris, kale, ricota de cabra, pecorino e pimenta do reino (R$ 97 a grande e R$ 61 a individual); a margherita brandi, feita com molho de tomate italiano, creme de burrata e manjericão (R$ 94 a grande e R$ 59 a individual), e a 4 margherite, com quatro receitas de margherita disponíveis na casa (R$ 102). O endereço é Rua Maria Angélica 129, Jardim Botânico.

 

Mamma Jamma - A rede preparou uma receita inédita inspirada em sua campeã de vendas, a pizza Mamma Jamma – que dá nome à casa – contém linguiça calabresa artesanal da Frigor Cinque, ingrediente que será o astro da pizza comemorativa deste ano. Já a Mamma Pepe (R$ 84,50) será feita com massa de longa fermentação da casa, com bordas mais fartas, muçarela de búfala, linguiça calabresa artesanal apimentada, Catupiry, e finalizada com pimenta do reino preta moída na hora. Ficará disponível por o mês de julho nas 10 unidades da Mamma Jamma e também através do delivery. Confira os endereços no site https://mammajamma.com.br/.

Artisani: compre uma e leve duas no dia da pizza — Foto: Divulgação

Artisani: compre uma e leve duas no dia da pizza — Foto: Divulgação

 

Artisani – No domingo, na compra de uma pizza Artisani, o cliente leva duas para consumo no restaurante ou delivery. A Artisani leva muçarela, linguiça calabresa de cura especial, cebola confitada e pimenta biquinho (grande R$ 74; individual R$ 49. Fica no Casa & Gourmet, em Botafogo.

Cantina Orange - A Cantina Orange abriu seu truck em Laranjeiras, com três sabores de pizza com massa de longa maturação: Marinara, com molho pomodoro, lâminas de alho e azeite extra-virgem, finalizada com orégano fresco (R$ 38); Marguerita, com molho pomodoro, muçarela de búfala, manjericão fresco, parmesão e azeite extra-virgem (R$ 44); e Corn and Bacon, com nata de leite, muçarela, provolone, milho verde e fatias de bacon (R$ 46).

Broto - No domingo, quem pedir dois drinques da carta ganhará uma pizza dos sabores marinara ou napolitana, das 18h às 21h. A napolitana leva scarmoza, molho de tomate e basílico. A Marinara leva tomate pelati. lascas de alho e basílico fresco (sem queijo). Para beber, drinques como O Meiga e Abusada (R$28), com vodca, shrub de morango, limão tahiti, água com gás, laranja bahia e hortelã. Já o Mediterrâneo (R$32), combina gim, xarope de alecrim, suco de laranja, maracujá e suco de limão siciliano. Paque quem pedir delivery, foi criado do cupom diadapizza que dá 10% de desconto pedindo no site www.brotopizza.com.

Ferro e Farinha - As pizzas com a autoria do chef Sei Shiroma para comemorar a data são a Classic NY (R$ 53), com molho de tomate com um toque de pimenta calabresa, mozzarella e orégano; a Fráz (R$ 55), com molho de tomate com toque de pimenta calabresa, mozzarella, linguiça calabresa com erva doce e orégano; a Olívia (R$ 52), com ricotta fresca, espinafre marinado em azeite com alho e fior di latte; e a Tokyo Style Atum (R$ 61), com molho de tomate, lâminas de atum cru, alho, tomates marinados e maionese da casa. Os endereços são Barra (Avenida Olegário Maciel 555 / Telefone: (21) 98022-2790); Leblon (Rua Dias Ferreira 48 / Telefone: (21) 99605-0397); e Botafogo (Rua Arnaldo Quintela 23 / Telefone: (21) 99349-4285). Delivery próprio e iFood.

 
Domino's: promoção para o dia da pizza — Foto: Reprodução

Domino's: promoção para o dia da pizza — Foto: Reprodução

Domino’s - Até o dia 10, dará oferecer 50% de desconto nas pizzas grandes ou médias, de massa fina ou tradicional, de qualquer sabor, incluindo os mais pedidos (calabresa, pepperoni e frango com requeijão). A promoção vale para compras em site, aplicativo, Whatsapp, telefone e até balcão.

Suburbanos Pizza: calabresa suprema — Foto: Divulgação / Foto João Maciel

Suburbanos Pizza: calabresa suprema — Foto: Divulgação / Foto João Maciel

Suburbanos - A rede lança massa de fermentação longa, que estará em cartaz a partir de domingo em 40 sabores. A criação é do pizzaiolo e sócio Rodrigo Molina é feita com farinha 00, com 24 horas de maturação. Os destaques são a pizza de bacon com cream cheese (85 - 10 fatias); a de calabresa com pimenta sriracha e cream cheese (R$ 78 - 10 fatias); e a de calabresa suprema (R$ 78 - 10 fatias) – molho de tomate Italiano, muçarela, calabresa em dobro e orégano. A novidade estará nas 18 unidades híbridas da rede (Laranjeiras, Copacabana, Tijuca, Grajaú, Méier, Vista Alegre, Barra da Tijuca, Rio 2, Recreio, Vila Valqueire Freguesia, Taquara, Campo Grande, Bangu, Nova Iguaçu, Duque de Caxias, Niterói e Ilha do Governador). Pedidos on-line por https://menu.ifood.com.br/lojas/suburbanos.

 

Secreta Pizza Bar - Neste domingo, quem comprar uma pizza Secreta média e pagará R$ 5 por uma do mesmo tamanho. A promoção vale para todos os sabores, incluindo os veganos. A chef Anna Bokel sugere a tomate e cabra (R$ 76,50); com tomates assados, queijo boursin e manjericão; a carbonara (R$ 79,90), com bacon crispy e ovo cremoso; e a margherita especial (R$ 77,90), com muçarela de búfalo, azeitona preta e tomate marinado no pesto de manjericão. Endereço: Rua Dezenove de Fevereiro 188, Botafogo. Telefone: (21) 3269-4494 . Delivery: Via Ifood ou site .

Casa Tua: pizza quatro queijos com muçarela, brie, gongonzola e parmesão — Foto: Reprodução

Casa Tua: pizza quatro queijos com muçarela, brie, gongonzola e parmesão — Foto: Reprodução

Casa Tua Forneria - As sugestões de redondas feitas pelo pizzaiolo Rones Carvalho são a quatro queijos com muçarela, brie, gongonzola e parmesão (R$58); a margherita com muçarela de búfula e manjericão (R$52); e a pizza prosciutto, com presunto de parma e rúcula (R$62). O endereço é Rua Érico Veríssimo 190, Jardim Oceânico, Barra da Tijuca. Telefone: (21) 3030-0010 / WhatsApp (21) 99073-7007.

Gávea Beach Club - Os quiosques no Leme e na Barra vão lançar a sua pizza artesanal, servida al taglio, em fatia, cortada em pedaços e servida como petisco (R$75 - serve 2 pessoas). Os sabores são margherita (R$14 - fatia) e presunto com rúcula (R$18 - fatia). Ficam na Barra (Avenida Lúcio Costa 22) e Leme (Avenida Atlântica QL 09/10).

 
Mazzo Pizzaria: a margherita napoletana  — Foto: Divulgação / Foto Bruno de Lima

Mazzo Pizzaria: a margherita napoletana — Foto: Divulgação / Foto Bruno de Lima

Mazzo - No domingo, a tradicional pizza no sabor margheritta napoletana (mozzarella fior di latte, molho de tomate pelati san marzano e basilico (manjericão) e azeite Evo) estará com desconto tanto para quem for até a pizzaria quanto para delivery. A pizza individual (servida no salão) sairá por R$ 38; e pizza grande (apenas para delivery), por R$ 58. O endereço é Rua Muniz Barreto 618, Botafogo. Telefone: (21) 3598-5354 e Whatsapp. (21) 99233-8419.

Ella Pizzaria: caponata  — Foto: Divulgação / Grupo Nebraska

Ella Pizzaria: caponata — Foto: Divulgação / Grupo Nebraska

Ella Pizzaria - As sugestões de autoria do chef Pedro Siqueira são as pizzas nos sabores caponata (R$46), com abobrinha, berinjela, cebola, cogumelos, castanhas e ervas frescas; marguerita (R$ 54), com molho de tomate próprio, scarmoza de búfala, basilicão e fio de azeite; tartufi (R$ 62), com molho de tomate próprio, scarmoza, cogumelos frescos, ovo estalado, crocante de parma e azeite trufado; e a Nut Ella R$ 39), uma pizza doce com creme de Nutella, lâminas de amêndoas e raspas de limão siciliano.   Os endereços são Ella Pizzaria (Rua Pacheco Leão 102,Jardim Botânico / Telefone: (21) 3559-0102) ; e Ella Pizzaria Delivery Zona Sul (Rua Von Matius 325 loja I, Jardim Botânico / Telefone: (21) 3083-9157.

 

Forneria Original - A rede dará até domingo 30% off nos combos Semana da Pizza, que unem uma pizza salgada grande (40cm) e uma pizza doce pequena (20cm) de sabores selecionados. Os descontos serão distribuídos de acordo com o horário: 30% das 17h às 18h30, 20% das 18h31 às 19h30, 10% das 19h31 às 22h e 20% das 22h01 às 23h30. Os sabores do combo são calabresa Seara Gourmet, pepperoni, Levíssimo com provolone e shitake. Para as doces, chocolate ao leite, chocolate branco, chocolate meio amargo e cheesecake. Pedidos por telefone e whatsapp: (21) 4063-5555; App Forneria Original Oficial (iOS e Android); e site www.forneriaoriginal.com/pedido .

Carmelo - O chef Marcos Alvim lança a pizza sabor de chocolate duplo (23cm - R$29), com creme de leite, chocolate meio amargo e chocolate branco. Pra acompanhar o lançamento, o restaurante não cobra taxa de rolha! O endereço é Rua Corrêa Dutra 39, Flamengo. Pedidos por Ifood, dire.to/carmelo, pelos telefones 2225-1890 e 2557-7941; e whatsapp 21 98621-0238.

Parmê: promoção de pizzas — Foto: Divulgação / Agência Nebraska

Parmê: promoção de pizzas — Foto: Divulgação / Agência Nebraska

Parmê - No domingo, apartir das 18h, o rodízio nos restaurantes sairá por R$ 44,90 mais refil. Nas lojas express, quem comprar uma pizza família ganhará outra. A segunda pizza deve ser igual ou de menor valor no mesmo pedido. Os endereços das unidades está no site http://www.parme.com.br/lojas.

 

Bottega 73 - A casa do Flamengo tem quatro novidades no cardápio, servidas a partir das 18h: a pizza salumeria (R$48,90), com molho de tomate rústico, copa, nozes e parmesão; a mineira (R$49,50), com molho de tomate rústico, linguiça de pernil, sweet chilli e queijo canastra ralado fino; a pizza al mare (R$54,90), com molho pesto, camarão, alho confit e queijo meia cura; e a vegetariana (R$48,90), com molho de tomate rústico, fior de late, tomate cereja, rúcula e vinagrete. De sobremesa, o stick de borda de pizza com chocolate e castanha (R$32,20) e na versão de caramelo salgado (R$29,90). O endereço é Rua Paissandu 73, Flamengo. Telefone: (21) 97886-7462.

  

Tutto Nhoque - A rede criou um sabor especial, a Pizza Mezzo Rosso, com costelinha de porco desfiada previamente marinada em gengibre, shoyu, alho e pimenta do reino, coberta com lâminas de cebola roxa e alho poró. A finalização é com chutney de tomate, dando um toque agridoce. Ela estará disponível no domingo com 50% de desconto, de R$56 por R$28. Endereços nas unidades em http://www.tuttonhoque.com.br/

Heaven Cucina: racchetta alla carbonara — Foto: Divulgação / Foto de Vitor Faria

Heaven Cucina: racchetta alla carbonara — Foto: Divulgação / Foto de Vitor Faria

Heaven Cucina - As dicas são a tartufata, com creme de grana padano e Ementhal suíço, mozzarela di búfala, parmesão, salsa tartufata e brotos orgânicos. Há ainda a racchetta, pizza em formato de raquete com o cabo recheado de queijo cremoso, com sabores como Alla Carbonara, com mix de queijos, bacon, gema de ovo caipira e ramos de tomilho; a Di Burrata, com uma burrata inteira, com mix de queijos, tomates assados, azeitonas e rúculas selvagens. Fica no Vogue Square (Avenida das Américas 8.585, Barra da Tijuca.

 

Nonna per Heaven - A dica é a portoghese della nonna, com molho de tomate, presunto em fatias bem finas, pétalas de cebola roxa, mix de queijos, tartar de azeitonas roxas, ovo cozido ralado e rúcula selvagem. Fica no ParkJacarepaguá, na Frguesia.

Olivo Villagio - A novidade do clássico italiano do VillageMall é a Pinsa Romana, que mistura farinha de trigo, de soja e de arroz, que deixa a pizza mais leve. São oito sabores, como Cesare, com molho de tomate San Marzano, mozzarella fior di latte, linguiça e pimentões coloridos; e Nerone com molho de tomate San Marzano, mozzarella fior di latte, cogumelos paris frescos e Grana Padano.

Marinas Café: pizza — Foto: Reprodução

Marinas Café: pizza — Foto: Reprodução

Café Marinas - As pedidas são pizzas em formato retangular em seu menu, como a calabresa (R$ 38), marguerita (R$38) e mussarela (R$34,). Há ainda a rústica de aliche (R$42) e cebola roxa com gorgonzola (R$36). O endereço é Avenida Infante Dom Henrique sem número, loja 1, Marina da Glória. Telefone: (21) 99880-7979 Delivery pelo IFood .

Olivo Cucina e Pizzeria - Os sabores para comemorar a data são o Pugliese, com mozzarela flor di latte, cogumelos frescos e presunto; o Padana, com molho de tomate, mossarela flor di latte, grana padano em lascas e rúcula; e Abruzzese, com brie, linguiça picante e rúcula. De doces, estão as de morango, com chocolate meio amargo; e banana com chocolate branco. Fica na Avenida Érico Veríssimo 690, Barra da Tijuca.

 

Pappa Jack – A pedida é a pizza Pappa Jack (carro chefe da casa), com uma camada de molho de tomate natural, orégano chileno, muçarela de cura especial e linguiça calabresa artesanal gratinada com queijo parmesão (individual - R$ 58,80; e família - R$ 84,80). Fica no Mercado de Produtores, no Uptown Barra.


O Globo quinta, 07 de julho de 2022

GASTRONOMIA: NOVIDADES RENOVAM A RUA CONDE BERNADOTTE, NO LEBLON

Por Natália Boere — Rio de Janeiro

 

Novidades gastronômicas renovam a Rua Conde Bernadotte, no Leblon
O sócio Rafa Brito Pereira na filial recém-inaugurada da padaria Slow Bakery Divulgação/Bossa

Um cheirinho de pão de fermentação natural tomou conta da Rua Conde Bernadotte, no Leblon. Foi lá, no número 26, que aportou, no final de abril, uma filial da Slow Bakery, para fazer companhia às lojas de Botafogo (a fábrica) e Jardim Botânico.

A via, que andava meio esquecida, voltou a ser um centro gastronômico com a recente chegada de outras três novidades: o Porco Amigo Bar, a padaria Grâu Artesanal e a expansão do Peixoto Sushi. Sócio da Slow Bakery, Rafa Brito Pereira afirma que a vocação desbravadora está no DNA da casa:

— Começamos em Botafogo na Rua São João Batista, na frente do cemitério, pior lugar possível. Temos facilidade de formar ponto.

Ele conta, com orgulho, que a nova “filha” já vende de três a quatro toneladas de pão por mês. E adianta que eles vão implantar uma linha de pães :

— Os testes estão começando. Teremos produtos com longuíssima fermentação, como baguetes, ciabatas e pizzas na pedra.

 

Diferentes idiomas num mesmo ponto

 

 Os sócios Dudu (à esquerda) e Nery no Porco Amigo do Leblon: quitutes portugueses são a pedida — Foto: Divulgação/Guiga Lessa

Os sócios Dudu (à esquerda) e Nery no Porco Amigo do Leblon: quitutes portugueses são a pedida — Foto: Divulgação/Guiga Lessa

É uma casa portuguesa com certeza. Após mais de três anos de sucesso em Botafogo, o Porco Amigo Bar foi outro que aterrissou no número 26, a galeria do Teatro Leblon, na Conde Bernadotte, no início de abril. Por lá, as receitas lusitanas ganham sotaque suíno, como o Toca Aê, punheta de filé-mignon suíno curado com picles de cebola roxa e pimenta de cheiro com azeitona picada (R$ 28). Outro destaque entre os petiscos é o Ora que Coxas, coxinha de leitão, acompanhada de creme de queijo defumado (R$ 9,50, a unidade; R$ 35, porção com quatro unidades). 

Os sócios Eduardo Gomes e Nery Owczarzak ainda planejam abrir filiais na Tijuca e na Barra. Mas, por enquanto, os mimos estão mais concentrados na caçula da dupla:

— O Leblon tem um público totalmente diferente, mais exigente. Refizemos o cardápio de lá com uma gastronomia portuguesa, é totalmente exclusivo —destaca Gomes.

O casal Viviane e Beni Schvartz, do Peixoto Sushi — Foto: Divulgação/Genaro Braga

O casal Viviane e Beni Schvartz, do Peixoto Sushi — Foto: Divulgação/Genaro Braga

Já o japonês Peixoto Sushi, que começou como uma peixaria em Copacabana, ganhou expansão na Conde Bernadotte em fevereiro: incorporou as duas lojas do lado e, de uma “portinha”, virou uma casa com capacidade para 70 pessoas. Um dos grandes diferenciais do empreendimento do casal Beni e Viviane Schvartz são os peixes sempre frescos, escolhidos um a um por Beni nos barcos de pesca.

— Um dos nossos hobbies era pescar nas ilhas e levar o peixe para restaurantes japoneses prepararem para comermos. Resolvemos, então, abrir uma peixaria e, quando os clientes começaram a provar nossas degustações e fazer pedidos especiais, vimos a necessidade de ter um restaurante com cozinha — explica Viviane.

O casal Sergio Balaj e Elaine Condor, da Grâu Artesanal — Foto: Divulgação/João Paulo/Markimídia

O casal Sergio Balaj e Elaine Condor, da Grâu Artesanal — Foto: Divulgação/João Paulo/Markimídia

A Grâu Artesanal arriou as malas no mesmo endereço no Leblon em janeiro. A padaria especializada em pães com fermentação 100% natural, produzidos no local, é a realização do sonho de casal Sergio Balaj e Elaine Condor. A casa oferece desde baguetes (R$ 7, a unidade) a brioches com recheios de cúrcuma com avelã (R$ 14, cada) e pão de açaí (R$ 29, com 350g).

— A produção é exclusivamente artesanal, com técnicas francesas de panificação e produtos genuinamente brasileiros — afirma Elaine, discípula do Le Condon Bleu.


O Globo quarta, 06 de julho de 2022

TECNOLOGIA: 5G ESTREIA HOJE NO BRASIL - O QUE MUDA? VOU AGAR MAIS? TIRE SUAS DÚVIDAS

Por O Globo — Rio

 

5G estreia hoje no Brasil: O que muda? Vou pagar mais? Tire suas dúvidas
5G: Preciso trocar de plano ou de celular? Veja o que muda com estreia da tecnologia em Brasília Freepik

A quinta geração da internet móvel — o 5G — estreia nesta quarta-feira em Brasília, marcando uma nova fase das telecomunicações no país. Não há data definida para o início das operações em outras capitais, que já foram escolhidas: São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e João Pessoa.

 Mas o consumidor ainda tem muitas dúvidas sobre como usar e quais são os benefícios. Tire suas dúvidas sobre a nova tecnologia que vai permitir altíssima velocidade na palma da mão.

 

O que é e quais são os benefícios da tecnologia 5G?

 

É a nova geração de conexão de internet móvel que oferece velocidades para baixar e enviar arquivos muito mais rápidas. As bandas de espectro existentes estão ficando congestionadas, levando a falhas no serviço, especialmente quando muitas pessoas na mesma área estão tentando acessar serviços móveis on-line ao mesmo tempo. 

 

O que muda do 4G para o 5G?

 

O 5G puro (chamado de standalone) vai permitir velocidade móvel de até 1 giga por segundo. A velocidade 4G tem média de 13 Mbps e pode chegar a 80 Mbps. Isso significa uma internet muito mais rápida que o atual 4G, possibilitando uma infinidade de novos usos, serviços e “realidades” que vão dividir espaço com os já populares streaming de vídeos e músicas em alta definição.

Essa maior velocidade vai permitir baixar fotos e assistir filmes quase que de forma instantânea. A chamada latência também é baixa na nova tecnologia, o que significa uma transmissão de dados mais fluida e sem demora para carregar.

Além disso, permitirá movimentos simultâneos entre duas pessoas interagindo na rede, como em games ou no uso de um aplicativo de ginástica, por exemplo.

Além de games e filmes, o 5G vai favorecer possibilidades de novas experiências digitais, como realidade virtual e aumentada.

 

Qual a diferença do chamado 5G puro para o 5G DSS?

 

5G DSS é uma tecnologia lançada pelas empresas de telefonia no Brasil e no mundo para oferecer uma velocidade mais rápida que o 4G, mas ainda longe do 5G real. O DSS é uma combinação de frequências usadas para prover o 4G com antenas 5G. Isso permite oferecer velocidades maior, de 200 Mbps. É por isso que 5G DSS é chamado também de non standalone.

Há celulares compatíveis com tanto com o 5G puro como o com o 5G DSS à venda no Brasil. Mas, como a faixa de frequência do 5G puro não estava disponível, os aparelhos rodam apenas com a velocidade do 5G DSS nas faixas do 4G.

 

O 5G "puro" é uma tecnologia que oferece duas características fundamentais das redes móveis de quinta geração: altíssima velocidade e baixa latência (demora entre o envio e o recebimento de uma informação).

A versão "pura" usa uma infraestrutura totalmente nova e dedicada ao 5G, sem aproveitar a estrutura usada até hoje pelo 4G. Por isso, a velocidade e a confiabilidade da conexão são maiores.

 

Onde o 5G já está funcionando?

 

A partir desta quarta-feira a rede 5G "pura" já estará funcionando em Brasília. Segundo a Anatel, 80% do espaço da capital estarão com a nova rede disponível. Claro, Tim e Vivo já estarão aptas a lançarem seus serviços. 

Cada uma das três operadoras instalou 100 estações espalhadas pelo DF, com maior concentração na região do Plano Piloto, área central de Brasília onde ficam a Esplanada dos Ministérios e as sedes de Executivo, Legislativo e Judiciário.

Belo Horizonte, Porto Alegre, João Pessoa e São Paulo serão as próximas cidades, mas ainda não há uma data exata. Pelas regras em edital, todas as capitais terão que ter a nova rede até o fim de setembro.

 

Quais os aparelhos compatíveis com 5G?

 

Quase 70 modelos são compatíveis com a rede 5G. A tecnologia vai funcionar apenas em celulares mais recentes, de empresas como Apple, Samsung, Xiaomi, Motorola, entre outras. Segundo a Anatel, os usuários devem conferir a lista de modelos antes de comprarem um novo celular e verificar o selo de homologação localizado no aparelho ou no manual.

Por isso, se ficar na dúvida, verifique se o celular está apto a operar na faixa de 3,5 gigahertz, a principal faixa leiloada pela Anatel em novembro do ano passado para o 5G.

É possível acrescentar a tecnologia 5G em aparelhos antigos?

 

Não. Só os aparelhos que tem o hardware preparado para se conectar com a antena 5G conseguirão acessar. Mas, de maneira geral, os celulares lançados nos últimos 12 meses suportam a quinta geração da internet. Já aqueles que começaram a ser vendidos há dois ou três anos, geralmente não estão preparados para o 5G.

 

Quais as operadoras que oferecem o 5G?

 

As empresas autorizadas a utilizar a frequência 5G de forma nacional são Claro, TIM e Vivo. Outras teles regionais compraram frequências locais.

 

Será preciso pagar mais à operadora?

 

Neste momento, a expectativa é que não haja reajuste por conta do serviço. Como o 5G puro vai ter mais velocidade, as teles vão criar planos especiais para serviços específicos, embora a estratégia seja guardada a sete chaves.

para evitar que o consumidor fique ainda mais confuso na hora de contratar novos pacotes, a Anatel trabalha em diretrizes para tentar proteger o consumidor na hora de contratar os novos serviços, diante do aumento da diversidade de ofertas.

Os planos terão que considerar a expectativa de benefícios trazidos, como o aumento da velocidade e a melhoria da rede em relação às ofertas.

 

Quais os desafios do 5G?

 

Um dos grandes desafios é a cobertura e disponibilidade de serviço. Os obstáculos a serem superados para a entrada em operação das faixas de 3,5GHz são maiores do que foram para as redes 3G e 4G.

Outro desafio importante da infraestrutura de rede 5G será a necessidade de substituir as conexões de fibra óptica. As velocidades sem fio serão tão rápidas quanto a conexão com fio com a qual ele se comunica. Portanto, as conexões mais lentas precisarão ser substituídas.

Manter os custos de operação e manutenção baixos é outro desafio que as empresas de telecomunicações devem enfrentar. Adicionar o hardware necessário para redes 5G pode aumentar significativamente as despesas operacionais

 

A tecnologia 4G vai acabar?

 

Não. Para que a rede 4G seja desligada seria necessário que todos os brasileiros passassem a utilizar apenas o 5G, algo que não deve ocorrer antes de 2029, segundo especialistas.


O Globo terça, 05 de julho de 2022

TURISMO: GIRASSÓIS, ASAS E *LIKES* NO INSTAGRAM - COMO APROVEITAR O INVERNO NO JARDIM UANÁ ETÊ

Por Eduardo Maia

 

Girassóis, asas e ‘likes’ no Instagram: como aproveitar o inverno no jardim Uaná Etê, no interior do Estado do Rio
As famosas asas do Uaná Etê Jardim Ecológico, que combina paisagismo e instalações artísticas em Engenheiro Paulo de Frontin, no Vale do Café fluminense Eduardo Maia / O Globo
 

Você pode ainda não conhecer o Uaná Etê Jardim Ecológico, parque botânico e artístico na zona rural de Engenheiro Paulo de Frontin, na estrada que liga a cidade a Vassouras, no Vale do Café fluminense. Mas certamente já deparou em redes sociais com fotos de alguém em frente a um imenso par de asas no alto de uma colina.

O sucesso da obra “Liberdade natural”, de Rafael Maia, é imenso, mas há outros belos cenários para colher um canavial de likes. É o que não falta no parque.

A mais nova área com potencial para brilhar nas timelines são os Jardins Suspensos de Pindorama, inaugurados em 21 de junho. Debruçados sobre cinco patamares, um mais alto que o outro, nas franjas do parque e de frente para as montanhas ao redor, a área tem sagus, palmeiras fênix, palmeiras rabo de raposa, jerivás e biri-biris. Mas nenhuma delas chama tanto a atenção quanto os quatro mil girassóis, plantados em fileiras. O jardim fica num caminho que começa atrás do lavandário — outro ótimo ponto para fotografias.

Girassóis do Jardim Pindorama, nova atração do Uaná Etê, no Vale do Café, no interior do Rio de Janeiro — Foto: Eduardo Maia / O Globo

Girassóis do Jardim Pindorama, nova atração do Uaná Etê, no Vale do Café, no interior do Rio de Janeiro — Foto: Eduardo Maia / O Globo

 

Além dos girassóis, o Jardim Pindorama tem um grande círculo no chão, desenhado com pedras, como se fosse um labirinto. A estrutura conversa com outra novidade do parque, a instalação artística meditativa “Éden”, com dez círculos espalhados por todo o parque. Cada um deles representa os frutos da Árvore da Vida da cabala judaica.

A instalação é uma parceria entre a mestra em cabala Sandra Strauss, e a harpista e proprietária do Uaná Etê, Cristina Braga. A ideia da dupla é formar um circuito que pode ser percorrido de maneira paralela às atrações do jardim, e que pode levar de uma hora e meia a três horas para ser concluído, dependendo do tempo gasto para reflexão em cada ponto.

Os três primeiros círculos do circuito estão ao redor do Jardim Cachoeirinha, na parte mais baixa da área visitável do parque, um local que passa despercebido para muitos visitantes, focados em ir logo para a parte mais alta, onde estão as instalações mais conhecidas, como as grandes asas e o Labirinto da Música.

Um dos círculos da instalação 'Eden', que representa a Árvore da Vida da Cabala, no jardim Uaná Etê, em Engenheiro Paulo de Frontin (RJ) — Foto: Eduardo Maia / O Globo

Um dos círculos da instalação 'Eden', que representa a Árvore da Vida da Cabala, no jardim Uaná Etê, em Engenheiro Paulo de Frontin (RJ) — Foto: Eduardo Maia / O Globo

Nesta área mais baixa, o antigo orquidário foi repaginado por Cristina Braga e agora estreia como Jardim de Inverno, uma pequena estrutura coberta que está recebendo, até o dia 16 de julho, o Uaná Jazz Winter, evento que combina música ao vivo e gastronomia, com pratos criados e preparados pela chef Malu Mello, com ingredientes de produtores do Vale do Café (incluindo o sítio de sua família em Paty) e até lambari, peixe típico da bacia do Rio Paraíba do Sul.

 

Para completar, também é possível fazer degustação de cachaças do Vale, como Magnífica (de Miguel Pereira), Pindorama (de Mendes) e Werneck (de Rio das Flores). Cervejas da região, como Ferdinander, produzida em Engenheiro Paulo de Frontin, também têm espaço.

A comida de Malu Mello harmoniza com a música de Cristina Braga e seu marido, Ricardo Medeiros, também proprietário do parque. O casal apresenta o show “Uirapuru Cool Jazz” numa programação que pode ser combinada com a famosa Hora Rosa, o entardecer no parque, que pode ser apreciado por quem compra um tipo de ingresso especial, já que a visita convencional se encerra às 17h (outras informações no site uanaete.com).


O Globo segunda, 04 de julho de 2022

SAÚDE: SEGUNDA SEM CARNE - VALE A PENA?

 

Por Laís Malek — Rio de Janeiro

 

Segunda sem carne: vale a pena? Veja benefícios e como substituir alimentos
Segunda sem carne: Alimentação à base de plantas pode trazer benefícios para saúde Mariana Medvedeva/Unsplash

A "segunda sem carne” é uma campanha realizada pela Sociedade Vegetariana no Brasil há mais de uma década, mas que vem ganhando mais visibilidade nos últimos anos. De acordo com dados da instituição, quando uma pessoa abre mão de consumir produtos de origem animal em um dia da semana, ela deixa de emitir 14kg de gás carbônico na atmosfera e economiza 3,4 mil litros de água. A estratégia é recomendada por especialistas e pode ter impactos positivos para a saúde.

 De acordo com a nutricionista Carolina Oliveira, muitas pessoas começam a transição para o vegetarianismo através da "segunda sem carne". A campanha ajuda a trazer mais informações sobre uma dieta baseada em plantas, e as pessoas têm ficado mais receptivas a reduzir e a cortar o consumo de produtos de origem animal.

— A gente não precisa consumir proteína de origem animal. É possível ter uma alimentação balanceada, com orientação de um profissional, apenas com uma alimentação de origem vegetal — afirma Carolina, que é adepta do vegetarianismo.

  

Como substituir a proteína animal pela vegetal?

 

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o consumo de proteína recomendado por dia deve ser de 0.8 a 1.5g por quilo de peso de uma pessoa. No entanto, não há nenhuma orientação para que esse consumo seja através de produtos de origem animal. A nutricionista explica que a diminuição do consumo de alimentos de origem animal pode significar um menor risco de doenças cardiovasculares e de resistência à insulina. Ela também dá dicas para quem planeja entrar na onda da "segunda sem carne":

As leguminosas, como o feijão, o grão de bico e a lentilha, são consideradas a principal substituição da proteína de origem animal. Outras opções de alimentos ricos em proteína são soja, trigo sarraceno, quinoa, sementes e oleaginosas, como castanhas e amendoim. A nutricionista Luane Magnago explica os impactos positivos para a saúde:

— Quando se troca alimentos de origem animal por vegetal, geralmente está se adicionando mais fibras, mais nutrientes, e aí pode ter um impacto na saúde. Há estudos que apontam que o consumo excessivo da carne vermelha e das carnes processadas, especialmente, tem um grande impacto inflamatório no organismo, o que pode aumentar a chance de desenvolver diversas doenças.

 

Quem pode fazer a "segunda sem carne"?

 

Luane explica que não há nenhuma condição de saúde que seja restritiva, mas que é necessário o acompanhamento de um profissional. Ela explica que, por diminuir o impacto inflamatório no organismo, a dieta baseada em plantas pode ser até mais recomendada para quem sofre com outras condições. A mudança, porém, deve ser feita com cuidado.

— Quem tem doenças associadas não pode fazer essa troca sem orientação, se não essas pessoas podem ter um baixo consumo proteico e prejudicar outras questões. É preciso uma orientação de quanto ela vai substituir e de como fazer isso, quais combinações podem ser feitas — finaliza.


O Globo segunda, 04 de julho de 2022

O AMIGO DA ONÇA - 088

O Globo domingo, 03 de julho de 2022

CULTURA: ROUANET SE ENCANTOU - AOS 88 ANOS, MORRE O ACADÊMICO E DIPLOMATA RESPONSÁVEL PELA LEI BRASILEIRA DE INCENTIVOS FISCAIS À CULTURA

Morre o acadêmico e diplomata Sergio Paulo Rouanet

 

 

Mônica Imbuzeiro

 

 

Aos 88 anos, morreu hoje no Rio de Janeiro o diplomata, ensaísta e ocupante da cadeira de número 13 da ABL há 30 anos, Sérgio Paulo Rouanet. Já há alguns anos era portador da doença de Alzheimer.

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Como secretário de Cultura do governo Collor foi o responsável pela criação da lei brasileira de incentivos fiscais à cultura, em 1991.

 Todo esse arcabouço legal, fundamental para o financiamento do setor nas últimas três décadas, acabou batizado justamente com o seu nome, Lei Rouanet.

A lei que levava o seu nome foi, nos últimos anos, uma espécie de carro-chefe da guerra cultural bolsonarista.

Virou alvo de fake news e foi munição para os aliados do bolsonarismo, uma turma que tem horror à cultura na proporção inversa ao amor que nutrem por armas de fogo.


O Globo sábado, 02 de julho de 2022

MEDICINA - SAÚDE: POR QUE VOCÊ DEVE OLHAR SEU COCÔ TODOS OS DIAS PARA PREVENIR DOENÇAS

 

Por Eduardo F. Filho — São Paulo

 

Por que você deve olhar seu cocô todos os dias para prevenir doenças
Câncer de intestino: os primeiros sintomas costumam surgir nas fezes Unsplash

No último dia 28, a jornalista e influenciadora britânica Dame Deborah James, que se transformou em um símbolo contra o câncer de intestino, justamente por falar abertamente sobre o cotidiano de uma pessoa que convive com o tumor no intuito de desmistificar o tratamento, promover o diagnóstico precoce e arrecadar milhões para a causa, acabou morrendo da doença.

Uma de suas principais frentes era o diagnóstico precoce do câncer e defendia que as pessoas deveriam verificar diariamente suas fezes, pois 90% das pessoas apresentam os primeiros sintomas em uma simples ida ao banheiro. Os primeiros sintomas, não só deste câncer, mas de diferentes outras doenças inflamatórias, como a retocolite ulcerativa e a doença de Crohn, começam na hora da evacuação.

No Brasil, o câncer de intestino, é a terceira de maior incidente na população atingindo cerca de 40 mil novos casos por ano entre homens e mulheres. Entre os principais sinais estão: uma mudança contínua nos hábitos intestinais, como diarreias, prisão de ventre alternados, dor ou desconforto abdominal, fraqueza, anemia, alteração na forma das fezes (muito finas, compridas, pesadas), além da presença de sangue no cocô.

O sinal do plasma nas fezes, sem uma causa óbvia também é um alerta para diferentes doenças inflamatórias. Sangue vermelho escuro ou preto no cocô, por exemplo, pode vir de problemas no estômago ou do intestino. Sangue vermelho brilhante pode ser sinal de vasculite, ou seja, um inchaço nos vasos sanguíneos.

O muco intestinal, que nada mais é do que uma secreção gelatinosa de cor amarelada ou branca, em grandes proporções nas fezes também é uma razão para procurar um médico com urgência. Pode ser o começo de uma retocolite ulcerativa, doença que causa inflamações no intestino grosso (cólon) e no reto, em sua camada mais superficial, a mucosa. Esse processo provoca sintomas como diarreia, hemorragia, cólicas e febre. Normalmente acomete homens e mulheres entre os 15 e 30 anos. Uma minoria dos afetados sofre o seu primeiro ataque entre 50 e 70 anos.

Outra doença com sintomas semelhantes, e que pode ser observada pela presença de mucos nas fezes, é a Doença de Crohn, inflamação no trato gastrointestinal que afeta predominantemente a parte inferior do intestino delgado (íleo) e intestino grosso (cólon), mas pode afetar qualquer parte do trato gastrointestinal. A parede das áreas afetadas é mais espessa, com o aspecto de rocha, e úlceras que podem se estender para todas as camadas da parede do trato digestivo. Geralmente a dor ocorre no abdômen inferior direito.

Os sintomas são parecidos com as outras enfermidades citadas, podendo causar diarreia, cólica abdominal, febre e, às vezes, sangramento retal. São comuns ainda nas juntas e lesões da região anal, incluindo hemorroidas, fissuras, fístulas e abscessos.

 

Tratamento

 

Na maioria desses casos, uma dieta com alimentos suaves e brandos agridem menos o intestino. Fazer pequenas refeições, de cinco a seis vezes ao dia. Beber muito líquido, e sempre consultar um nutricionista ou nutrólogo para adaptar a dieta de acordo com suas necessidades.

 

 

Embora o estresse não seja uma causa de doença inflamatória do intestino, ele pode fazer seus sinais e sintomas piores, além de desencadear crises. Fazer exercícios físicos, de relaxamento e respiração são fundamentais, como meditação, yoga e psicoterapia.

Alimentos que devem ser evitados

 

Há diversas causas que podem aumentar o risco dessas doenças, mas o excesso de peso corporal e uma dieta baseada em gorduras e carnes processadas como salsicha, mortadela, linguiça, presunto, bacon, blanquet de peru, peito de peru, salame, e carnes vermelhas.

Doenças inflamatórias intestinais podem dificultar a capacidade do organismo de digerir ou absorver alimentos com alto teor de gordura. Produtos lácteos também podem agravar sintomas como a diarreia, dor abdominal e gases.

Alimentos ricos em fibras como frutas e vegetais frescos e cereais integrais. Nozes, sementes, milho e pipoca também são grandes vilões quando o assunto são inflamações intestinais.

Evitar ao máximo bebidas alcoólicas, cafeína, e claro, tabagismo.

 

Cura

 

O câncer de intestino na maioria dos casos é tratável e curável, porém, quanto mais precoce ser detectado, maiores as chances de cura. Grande parte desses tumores se inicia a partir de pólipos, lesões benignas que podem crescer na parede interna do intestino grosso. A cirurgia é o tratamento inicial seguido de outras etapas que incluem a radioterapia, associada ou não a quimioterapia, para diminuir a possibilidade de retorno do tumor.

O tratamento depende principalmente do tamanho, localização e extensão do câncer. Quando a doença está espalhada, com metástases para o fígado, pulmão ou outros órgãos, as chances de cura ficam reduzidas. Após o tratamento, é importante realizar o acompanhamento médico para monitoramento de recidivas ou novos tumores.

A maioria das pessoas com retocolite ulcerativa tem períodos de remissão que podem durar por anos. Esses períodos são interrompidos por ocasionais surtos de sintomas moderados. No entanto, algumas pessoas têm os sintomas de colite ulcerativa sempre. Crianças podem ter os mesmos sintomas dos adultos, podendo crescer mais lentamente do que o normal e passar pela puberdade mais tarde do que o esperado.


O Globo sexta, 01 de julho de 2022

ARTE: CHAFARIZ DAS SARACURAS, OBRA DE MESTRE VALENTIM, É RESTAURADO

 

Por Ludmilla de Lima — Rio de Janeiro

 

Chafariz das saracuras, obra de Mestre Valentim, é restaurado após quase dez anos sem funcionar
O chafariz das saracuras está sendo restaurado Ana Branco

Há quase dez anos as saracuras e os cágados do chafariz de Mestre Valentim na Praça General Osório, em Ipanema, andavam sumidos. Alvo de sucessivos furtos, as peças de bronze faziam falta ao conjunto do final do século XVIII, de onde sequer saía mais água, já que a bomba também havia sido levada por ladrões. Enquanto isso, os quatro tanques esculpidos em gnaisse eram usados como banheiro público. Embora tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a obra de um dos artistas mais prestigiados do período colonial era o retrato da degradação da praça, malcuidada e sem grandes atrativos para as crianças.

 Esse triste quadro, no entanto, vem mudando desde que o Instituto Carioca Cidade Criativa (ICCC), criado por dois ex-funcionários da prefeitura, resolveu “sacudir” a iniciativa privada para adotar o espaço. O resultado desse esforço começa a ser visto: a Praça General Osório agora passa por ampla revitalização, ao custo de R$ 1,3 milhão (e sem um centavo público), sendo que o ponto alto será a entrega do Chafariz das Saracuras. Ontem, pela primeira vez, a fonte foi testada com sua cantaria em perfeito estado e as quatro saracuras e os quatro cágados refeitos.

Novo parquinho

 

Nesta semana, chegaram os brinquedos do parcão, para os cachorros, e também os de madeira, como casinha, trenzinho e gangorras, da área infantil. A academia da terceira idade já está lá aguardando a reinauguração da praça — prevista para o fim de julho —, e o novo gradil segue em processo de instalação. Fora isso, o paisagismo ganhará novo projeto e 16 câmeras serão espalhadas para ajudar na segurança. Inclusive das saracuras e dos cágados, elegantes como as originais e reproduzidas de acordo com peças mantidas no depósito municipal e no Parque da Cidade.

— As câmeras vão cobrir a praça inteira. Não haverá um cantinho sem a visão delas, e as imagens serão monitoradas pela base do Ipanema Presente (na própria General Osório) e pelo Centro de Operações da prefeitura — avisa Ana Luiza Piza, que fundou o ICCC junto com Heitor Wegmann.

Ana Luiza, administradora e ex-subsecretária municipal de Relacionamento com o Cidadão, define como “cenário de trevas” o Chafariz das Saracuras antes de iniciada a reforma. A obra, que leva a marca da pirâmide de Mestre Valentim, estava completamente suja e com partes faltando. Dos tanques, foram retirados sacos e mais sacos de dejetos. Coube ao mestre Hermano José Zambe o restauro de toda a cantaria, pedacinho por pedacinho, usando pedras do acervo da prefeitura, que apoiou todo o projeto.

— Foi um trabalho belo e manual, que durou dois meses — diz Ana Luiza.

Os furtos começaram há mais de um século. O chafariz foi projetado para o Convento da Ajuda, que ficava onde está a Cinelândia. A inauguração da fonte, que abastecia de água as freiras clarissas, data de 1795. A placa de mármore Lioz que agradece ao vice-rei Dom José Luiz de Castro e ao Conde de Resende pela concessão do registro de água já foi restaurada. Em 1911, o convento foi demolido em obras de remodelação da cidade. E o chafariz, doado à prefeitura, foi adornar a praça de Ipanema em 1913. Há registro sobre a ação de ladrões já desta época.

Sucessivos furtos

 

Em 1998, réplicas foram furtadas, sendo repostas em 2000. Mas, em 2006, desaparecem mais uma vez. Dois anos depois, na época das obras do metrô, elas foram refeitas, só que não duraram muito: em dois furtos, em 2009 e 2010, sumiram. Em 2011, houve nova tentativa de recuperação, só que em 2013, novamente, ladrões atacaram o monumento. Desde então, o chafariz estava “nu”.

Heitor Wegmann, ex-subprefeito da Zona Sul e hoje, além de diretor do ICCC, presidente da Associação de Moradores e Amigos do Jardim Botânico, vê na parceria com a inciativa privada a solução para áreas públicas degradadas, que não contam com a devida atenção do poder público, até por falta de recursos. O instituto, criado em 2017, recuperou recentemente o Parque da Catacumba e o portão do Parque Guinle.

— Precisamos chamar a atenção do empresariado para os espaços públicos. É difícil governos terem dinheiro para saúde e educação e ainda para praças. Em Nova York, há essa mentalidade de os empresários devolverem com cuidado o que a cidade deu para eles — diz Wegmann, que mira na praça do Parque Dois Irmãos. — O que não falta no Rio são espaços com história precisando de atenção.

No caso da General Osório, garantiram o patrocínio, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, Fecomércio/Sesc/Senac, BTG Pactual, Estácio e a rede Zona Sul.

 

Um artista genial

 

Mestre Valentim deixou sua marca na História do Rio. Artista multifacetado, Valentim da Fonseca e Silva, nascido na Vila de Serro Frio, zona de diamantes em Minas Gerais, era arquiteto, paisagista, escultor, entalhador e marceneiro de móveis e molduras. Ele ainda era desenhista e projetava objetos, como os dois lampadários de prata da Igreja do Mosteiro de São Bento. Ao longo do tempo, algumas obras desse grande gênio do período colonial, que, nunca ganhou oficialmente o título de mestre pela sua cor (ele era visto como “mulato”), se perderam ou foram esquecidas.


O Globo quinta, 30 de junho de 2022

EIO AMBIENTE: CADA BRASILEIRO JOGA, EM MÉDIA, 16 QUILO DE PLÁSTICOS NO OCEANO POR ANO

 

Por Daniela Chiaretti* — LISBOA

 

Cada brasileiro joga em média 16 quilos de plásticos no oceano ao ano
Na Praia de Ipanema, na Zona Sul do Rio, tartaruga foi encontrada presa a plástico durante trabalho do Instituto Mar Urbano Instituto Mar Urbano / Ricardo Gomes / Divulgação
 

Cada brasileiro pode ser responsável por poluir o oceano com 16 quilos de plásticos ao ano. O cálculo foi feito pelo projeto Blue Keepers, ligado ao Pacto Global da ONU. Pelos cálculos do estudo feito pelo Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo, são 3,44 milhões de toneladas de plástico que chegam ao ambiente no país. Isso é um terço de todo plástico consumido no território nacional e que não é reciclado ou reutilizado e acaba poluindo rios e o mar.

O cálculo global que se estima hoje é de 150 milhões de toneladas de plástico circulando no oceano. Isso equivale a um caminhão de lixo cheio de plásticos sendo jogado no mar por minuto. O outro problema é que, com a ação das ondas, os plásticos grandes se tornam microplásticos, o que é ainda mais complicado de ser removido. Há muito plástico já encontrado nos peixes. Em alguns anos, estimam os pesquisadores, haverá mais plástico do que peixes no mar.

 A meta do Blue Keepers é reduzir 30% do lixo plástico que vai para o mar no país até 2030. Os dez itens mais encontrados nas praias serão redesenhados ou entrarão na economia circular. A intenção é ter cem cidades com soluções preventivas ao problema.

O primeiro ponto, por agora, é diagnosticar o problema e depois entender o caminho que a poluição plástica faz até entrar no oceano. Chuvas, ventos, topografia, uso do solo, presença de rios e barragens são fatores que influenciam na probabilidade de o plástico chegar ao oceano, conforme a modelagem feita pelos pesquisadores.

 O estudo mostra que 67% dos resíduos plásticos com propensão para contaminar o ambiente estão nas bacias hidrográficas “com maior risco de entrada no oceano”, diz o texto do trabalho, que foi divulgado em Lisboa, na Conferência do Oceano da ONU, que acontece esta semana.

O trabalho classificou dez bacias hidrográficas de maior risco para poluir o mar, com grandes desembocaduras de rios. O Rio da Prata é o primeiro, e a baia da Guanabara, o segundo hotspot. Seguem-se, na ordem, o Amazonas, o rio São Francisco e o Tocantins.

 

O maior desafio do estudo foi ter que lidar com a falta de dados. “Um município interessado em diminuir sua geração de poluição por plásticos precisa saber onde estão as falhas para agir sobre o problema”, diz o texto dos pesquisadores.

“Todos os caminhos levam ao mar, inclusive o lixo proveniente das áreas mais distantes do território brasileiro. Má gestão de resíduos, baixas taxas de reciclagem e de reuso, consumo excessivo, moradias precárias sem saneamento e coleta de resíduos são causas territoriais e comportamentais da poluição crônica dos oceanos”, diz o texto.

 No mundo, 140 empresas aderiram a um manifesto para acabar com a poluição plástica. Na conferência de Meio Ambiente em Nairóbi, em março, delegados de 175 países acertaram que é preciso criar um acordo internacional, em 2024, para acabar com a poluição por plásticos.

A pesquisa foi feita entre julho e abril deste ano. Envolveu 12 pesquisadores coordenados por Alexander Turra, professor do Instituto Oceanográfico e coordenador da cátedra Unesco pela sustentabilidade do oceano.

A intenção do projeto é identificar as fontes do plástico em dez cidades brasileiras e buscar soluções entre os setores públicos e privados. O Rio de Janeiro será a primeira e ali as ações vão começar no segundo semestre.

Os municípios que terão ações prioritárias para combater o problema nos próximos meses serão Manaus, Belém, São Luís, Fortaleza e Natal, João Pessoa, Recife e Maceió, Aracaju, Salvador e Vitória, Grande Rio, São Paulo, Santos e Praia Grande e Porto Alegre.

O Blue Keepers é uma iniciativa nacional que busca mobilizar recursos e inovação tecnológica no combate à poluição do plástico em bacias hidrográficas e oceanos, com o envolvimento de empresas, governos e sociedade civil.

“Estamos na Década dos Oceanos, e o Brasil tem e deve ter cada vez mais protagonismo no tema. As empresas são parte do problema e devem ser parte da solução. Temos um longo caminho a seguir, mas o diagnóstico trazido pelo estudo conduzido pelo Blue Keepers e o Instituto Oceanográfico da USP mostra o que precisamos fazer imediatamente, que é criar soluções não somente em áreas costeiras do Brasil”, diz Carlo Pereira, CEO do Pacto Global da ONU no Brasil, no texto enviado à imprensa.

O Pacto Global da ONU reúne mais de 16 mil empresas em 164 países. A rede no Brasil é a terceira no mundo, com mais de 1.500 membros.

 

*A jornalista viajou a Lisboa a convite da Earth Journalism Network (EJN) e da Fundação Calouste Gulbenkian


O Globo quarta, 29 de junho de 2022

ROCK IN RIO 2022: PALCO MUNDO SERÁ FEITO COM 200 TONELADAS DE MATERIAL RECICLADO RECOLHIDAS EM TODO O PAÍS

Por Marcella Sobral — Rio de Janeiro

 

Rock in Rio: Palco Mundo será feito com 200 toneladas de material reciclado recolhidas em todo o país
Sucateiros vão ajudar a construir o Palco Mundo, do Rock in Rio, que será todo feito em aço reciclado Lucas Tavares/Agência O Globo
 

Neste Rock in Rio, todo dia vai ser dia de metal. E não tem nada a ver com rock pauleira, não. É aço mesmo. É que, pela primeira vez na história do festival, o Palco Mundo será construído de aço reciclado, que vem de sucata. Serão nada menos do que 200 toneladas de material usadas numa estrutura de 30 metros de altura e 104 metros de largura, por onde vão passar os principais nomes do espetáculo, como Justin Bieber, Guns N’Roses e Ivete Sangalo, entre os dias 2 e 4 de setembro e 8 e 11 do mesmo mês. 

Tão plural quanto o festival, esse palco — o maior de todas as edições do festival — será construído com a colaboração de um milhão de pessoas, como catadores de latinha que vemos nas ruas todos os dias, sucateiros e os envolvidos no processo em si, que ficará a cargo da Gerdau, maior recicladora de aço da América Latina. O resultado será uma estrutura com estética futurista, que será utilizada nos festivais seguintes.

Visual futurista. Projeto mostra como ficará o palco feito de material reciclado — Foto: Divulgação

Visual futurista. Projeto mostra como ficará o palco feito de material reciclado — Foto: Divulgação

 

Considerada lixo para a maioria das pessoas, a sucata ferrosa é o material mais reciclável do mundo. Pode ser reaproveitada integralmente e por várias vezes, o que ajuda a reduzir o consumo de energia e a emissão de gases de efeito estufa. Das 135 mil toneladas mensais de resíduos domiciliares coletadas na cidade do Rio, apenas 9% dos 35% potencialmente recicláveis são transformados em aço, de acordo com a Comlurb. A grande maioria vem mesmo de atividades industriais.

 

— Quem não recicla está enterrando riqueza e gerando um passivo ambiental gigante — diz Bruno Baltar, segunda geração da empresa de sucata Metalpronto, fundada em 1989. — Quando o processo de uma siderúrgica é à base de sucata, o consumo de energia é 65% menor do que quando é feito com minério de ferro. Além de economizar energia, preserva o meio ambiente.

 

Mas é preciso ter olhar apurado. Pode parecer tudo igual, mas não é. Nos pátios chega de tudo, junto e misturado: plástico, papelão, cobre, alumínio. O quilo de sucata ferrosa, a mais bem avaliada no mercado, custa entre R$ 0,80 e R$ 1. E chega é coisa por lá.

 

Para fazer essa mágica acontecer, a sucata virá de 50 fornecedores de todo o país. Mas metade de tudo o que será visto no palco vem mesmo do Rio, de lugares como o pátio de sucata do Santo Cristo, onde Eduardo Campos, de 20 anos, começou a trabalhar há menos de um mês. Lá, ele recolhe e separa material. O jovem não tinha ideia do universo escondido em meio a tanto ferro.

— Aprendi que o que sai daqui pode virar várias coisas, mas nunca imaginei que pudesse se transformar num palco — conta o jovem, que gosta de ouvir pagode, trap e hip-hop, mas nunca imaginou ter um dedinho sequer no festival.

Há 20 anos, Barrinho, de 53 anos, cruza a cidade resgatando o que não serve mais para algumas pessoas. Quando soube que a sucata que recolhe vai virar o palco onde estará Ivete Sangalo, ele logo se animou:

— Gosto dela para caramba. É só me chamar que eu vou e ainda levo um caminhão de sucata.


O Globo terça, 28 de junho de 2022

DIVAS DA MPB: CLAUDETTE SOARES, DÓRIS MONTEIRO E ELIANA PITTMAN

 

Por Silvio Essinger — Rio de Janeiro

 

'Você chegava e cantava... Hoje não tem mais canja', diz Claudette Soares, que canta com Dóris Monteiro e Eliana Pittman
A cantoras Eliana Pittman, Claudette Soares (ao centro) e Dóris Monteiro Divulgação/Fátima Cabral
 

Dóris Monteiro, a diva original do sambalanço, diz não ser a favor dessa modernidade de as pessoas quererem “fazer tudo por celular e e-mail”. Mas aceitou o convite para participar de uma entrevista por Zoom juntamente com Claudette Soares e Eliana Pittman, com quem divide hoje o palco do Teatro Riachuelo, no Centro do Rio, no show “As divas do sambalanço”.

 Idealizado por Thiago Marques Luiz, o espetáculo homenageia um estilo dançante e popular da música brasileira, especialmente no começo dos anos 1960, nascido do encontro do samba, do jazz e dos ritmos caribenhos. Era o som por excelência dos bailes cariocas, com canções suingadas e divertidas, que teve como expoentes o organista Ed Lincoln, seus crooners Orlandivo e Silvio César, e cantores como Dóris, Elza Soares e Miltinho.

— Era um movimento tão lindo, que aconteceu depois da bossa nova, e que ninguém lembrou de fazer um show ou um disco em homenagem — lamenta Claudette, de 84 anos, que começou a cantar bem jovem, foi batizada de Princesinha do Baião e mais tarde modernizaria o sambalanço ao gravar “Se você quiser, mas sem bronquear”, de Jorge Ben.

Dóris, de 87, confirma:

 

— Eu e Claudette sempre gravamos sambalanço. Lancei “Samba de verão” (dos irmãos Marcos e Paulo Sérgio Valle) em 1964, meses depois, os Cariocas e João Donato gravaram.

Eliana, por sua vez, debutou nos palcos adolescente, quando Claudette e Dóris já estavam a toda nas boates de Rio e São Paulo, e o sambalanço começava a perder força. Mas não ficou de todo de fora do estilo.

— Eu cantava Orlandivo e Osvaldo Nunes. E o show foi revelador, pois Thiago descobriu que eu tinha gravado o “Samba de molho”, do Hélton Menezes (em 1965) — lembra a cantora, que fez sucesso nos anos 1970, ganhou o título de Rainha do Carimbó e hoje se desdobra como atriz nas séries “Sob pressão” (Globoplay) e “A sogra que te pariu” (Netflix).

Das três, Claudette é a que mais sente saudade da noite dos anos 1960.

 

— Cantei com todos os grandes músicos. Você entrava em qualquer casa no Rio ou São Paulo e tinha um grande pianista. Existiam as canjas, você chegava e cantava. Hoje não tem mais — lamenta.

A partir da esquerda, as cantoras Eliana Pittman, Claudette Soares e Dóris Monteiro — Foto: Divulgação/Fátima Cabral

A partir da esquerda, as cantoras Eliana Pittman, Claudette Soares e Dóris Monteiro — Foto: Divulgação/Fátima Cabral

Sobre o show, dizem que se completam em cena.

— Somos completamente diferentes. A Eliana com aquele estilo jazzístico, a Dóris com aquele balanço e aquela suavidade... e eu um pouquinho metida, querendo fazer uns balancinhos a mais — brinca Claudette.

No palco, elas passam a limpo o repertório do álbum “As divas do sambalanço”, gravado ao vivo em 2019 e que teve a turnê interrompida pela pandemia, com pérolas como “Bolinha de sabão”, “Samba toff”, “Tamanco no samba”, “Mas que nada”, “Só danço samba” e “Bolinha de papel”.

 

— Com a memória musical do brasileiro, as músicas que cantamos no show são surpresas — ironiza Eliana.

Claudette completa:

— Mas a nossa vingança é estarmos vivas para cantá-las!


O Globo segunda, 27 de junho de 2022

GENTE: LARISSA MANOELA POSTA FOTO COM KLARA CASTANHO E MAISA EM APOIO À AMIGA - *APESAR DE TODA A MALDADE*

 

Por O GLOBO

 


Klara, Maisa e Larissa aparecem juntas em foto — Foto: Reprodução/Instagram

Klara, Maisa e Larissa aparecem juntas em foto — Foto: Reprodução/Instagram

 

rede de apoio a Klara Castanho não para de crescer. Larissa Manoela é umas das famosas a endossar o coro em defesa da atriz, de 21 anos, que vem sendo alvo de debates e ataques nas redes, desde que revelou ter sido vítima de violência sexual, engravidado e colocado a criança para adoção.

"Que, apesar de toda a maldade, a gente ainda possa ter o presente de te ver sorrir. Todo o meu apoio, carinho e amor", escreveu Larissa, na legenda de uma imagem em que aparece juntamente com a amiga e a também atriz Maisa Silva. As três fazem parte de uma mesma geração de atriz mirins que tem uma enorme base de fãs no Brasil.

Klara, que iniciou a carreira no entretenimento ainda bebê e ficou conhecida do grande público em novelas da TV Globo, trouxe o caso a público neste sábado, depois que a notícia da adoção, sem o devido contexto acerca da violência sexual, foi revelada por um colunista de fofoca. Desde então, famosos que já trabalharam com ela ou não passaram a inundar as redes sociais com mensagens de apoio à jovem.

A atriz, por sua vez, agradeceu, na manhã deste domingo, a solidariedade das pessoas. Ela respondeu a algumas postagens com mensagens de carinho nos comentários. “Te amo com todo meu coração”, escreveu, no post da escritora Thalita Rebouças, com quem já trabalhou junto no cinema.

Ela também respondeu às postagens de Dadá Coelho, Bruno Mazzeo e Tais Araújo. “Eu amo você, e não é dessa vida. Obrigada, Tais", escreveu.

Além de famosos, o próprio pai da atriz também usou seu perfil no Instagram para manifestar apoio à filha. Em seu stories, Claudio Castanho botou uma foto dele com Klara e o irmão: "Estarei com vocês até o fim da minha vida", escreveu ele.


O Globo domingo, 26 de junho de 2022

GILBERTO GIL, 80 ANOS: *O TEMPO DO HOMEM VELHO É DIFERENCIADO*

Por Bolívar Torres — RIO

 

Gilberto Gil, 80 anos: 'O tempo do homem velho é diferenciado'
Gilberto Gil completa 80 anos Leo Martins

Quando Gilberto Gil fala ou compõe, é muito raro que faça alguma referência negativa à velhice. Os 80 anos completados neste domingo trazem plenitude, sabedoria e gratidão. E também movimento — intenso até.

A idade deu a Gil uma capacidade única. “Você poder reger sua orquestra inteira: você entra no mundo da regência mais plena, mais próxima do Absoluto”, afirma ele no recém-relançado “Todas as letras” (Companhia das Letras), livro que reúne transcrições de suas letras, comentadas pelo próprio.

Não pergunte, portanto, o que o cantor, compositor e imortal da Academia Brasileira de Letras tem feito nos últimos meses. É mais fácil perguntar o que ele não está fazendo. Neste domingo mesmo, Gil e sua família se apresentam na Alemanha. A turnê se estenderá até final de julho por Dinamarca, Marrocos, França, Itália e Inglaterra, entre outros países.

Gilberto Gil completa 80 anos 
 
 
Gilberto Gil completa 80 anos

A reunião familiar rendeu ainda um reality show, “Em casa com os Gil”, que estreou esta semana no Amazon Prime. E fala-se também de uma possível volta dos Doces Bárbaros, grupo que o baiano criou com Caetano Veloso, Gal Costa e Maria Bethânia nos anos 1970.

Do primeiro piano a maior fortuna do rock: os 80 anos de Paul McCartney em 80 fatos

 

Alô, Rio de Janeiro

 

Mesmo viajando pelo mundo, Gil se diz ligado à sua concha (“como bom canceriano”, justifica). A esposa, Flora, com quem é casado há 40 anos, conta que, para o marido, férias é deixar a mala desfeita e curtir o seu apartamento de 344m² no mítico Edifício Chopin, em Copacabana. Um de seus prazeres cotidianos são as caminhadas na Avenida Atlântica, não muito longe do ninho. Ele comenta:

— É bom sair e fazer coisas, mas nada melhor do que voltar para casa.

O cantor revela que, com a idade, o seu lado caseiro se intensificou. Nos últimos anos, a quarentena forçada pela pandemia lhe tirou o costume do mundo exterior. Quando eventualmente saía de casa, após longos períodos confinado, sentia-se amedrontado com o movimento da cidade:

— Ficava em pânico com a rua, a barulheira, o trânsito, a passagem dos ônibus, dos carros... Só agora voltei a me habituar.

Apesar de tudo, ele ainda sabe apreciar o fluxo urbano e encontrar a paz em todos os cantos. Um caso de graciosidade sob pressão.

— Gosto até do trânsito amarrado — diz Gil. — Mas deixei de dirigir. Não tenho mais aquela coisa do volante do carro, de tentar entender para onde ir, quando frear, quando acelerar. Isso me dá uma possibilidade de andar pelas ruas, nos lugares onde há concentração de gente. E eu sempre acho um jeito de estabelecer uma atitude meditativa nesses lugares. Consigo meditar em qualquer lugar.

Gilberto Gil completa 80 anos — Foto: Leo Martins

Gilberto Gil completa 80 anos — Foto: Leo Martins

 

Eu só quero um xodó

 

Todo esse equilíbrio seria impossível sem a parceria com Flora, uma paulistana de 62 anos. Eles se conheceram em 1978, em uma rua de Salvador. Saindo de um show de Baby do Brasil (então Consuelo) na capital da Bahia, ela pediu carona. Um carro parou: eram a atriz Regina Casé e Gilberto Gil.

Desde então, um complementa o outro. Gil é mais caseiro, Flora é mais da rua, gosta de sair com as amigas. Gil é o sonhador, Flora “a operacional”, segundo o marido. Foi ela que, durante a pandemia, teve a iniciativa de levar o acervo do artista ao Google Arts & Culture.

O material deu origem a “O ritmo de Gil”, primeira retrospectiva sobre um artista vivo feita pelo Google. Lançado na semana passada, o museu digital recuperou e disponibilizou um álbum em inglês, preparado pelo artista em 1982 e dado como perdido.

— Flora é uma zeladora exemplar das questões da minha vida — diz Gil. —Ela toma conta da família inteira e toma conta de mim com naturalidade, sem senso de sacrifício. Assim como ela nasceu para ser casada comigo e me encontrar, eu encontrei ela.

— Gil tem uma frase que levo para a vida: toda solução é um problema para outra pessoa — lembra Flora. — Gil é uma das pessoas mais corretas e generosas que conheço: ele nasceu bom e gosta de cultivar a bondade.

A família de Gilberto Gil — Foto: Divulgação/Prime Video

A família de Gilberto Gil — Foto: Divulgação/Prime Video

 

São todos sãos

 

Os laços familiares são uma forma de Gil se manter atualizado com as novidades. A turnê “Gilberto Gil & Family: Nós a gente” reúne quatro filhos (Bem , José, Preta e Nara) e quatro netos (João, Flor, Sereno e Francisco).

— A naturalidade de convívio, do estar junto em família, elimina a diferença da idade com filhos e netos — diz o artista. — Meus filhos adultos são como irmãos. Já os netos vejo como novos filhos. Está tudo ali, no plano da acomodação natural. Você continua sendo um mentor, no sentido de fazer uma curadoria natural na vida deles. A educação não termina nunca, vai até o túmulo.

No início do mês, Gil ganhou o apelido de “Avô Tiktoker” depois de aparecer com a neta, Flor Gil, na conta dela no TikTok. A rede chinesa virou sinônimo de cultura zennial ao incentivar dancinhas. A participação foi tímida — sentado, ele realiza com um “bater de asas” enquanto Flor executa uma coreografia da Galinha Pintadinha.

 

Eu quero entrar na rede

 

Gil não é adepto das redes sociais, ainda que suas contas no Instagram e Twitter, administradas por sua equipe, contabilizem mais de dois milhões de seguidores cada uma. Mas ele usa WhatsApp “de vez em quando”.

Em 1996, Gil foi um dos primeiros artistas a lançar uma música nova na rede, “Pela internet”, período em que as tecnologias digitais eram vistas com certa inocência e esperança. Mais de 20 anos depois, o amigo Caetano Veloso compôs “Anjos tronchos”, que pinta o Vale do Silício como uma distopia aterrorizante. Gil está ciente do contraste entre as duas músicas e eras. Surpreso, não.

— A internet se tornou um pesadelo como o automóvel se tornou um pesadelo — diz ele. — A tecnologia traz novas possibilidades e novas aflições. Traz modos mais cômodos, mas também retira, inviabiliza, cancela...

“Cancela”? Gil se diz familiarizado com o termo, muito em voga, e que ele define como uma espécie de “censura”, um “banimento parcial ou integral de certos perfis”. Se Chico Buarque já caiu no radar dos canceladores... não poderia acontecer com ele algum dia?

— Não tenho medo disso, não — diz. — Já tenho um espaço garantido na configuração geral das pessoas. São 60 anos de trabalho. Já tenho uma permissão, um crachá para ir e vir. Não faço ideia do que seria um cancelamento que pudesse ser estabelecido (a ele).

 

Nossa turma é da verdade

 

Atualmente, uma das atividades preferidas de Gil é frequentar o chá da Academia Brasileira de Letras (ABL), na qual ingressou oficialmente em abril. De lá para cá, participou de eleições e posses de novos integrantes e ministrou palestras na casa. Na ABL, passou a conviver ainda mais próximo de velhos amigos como Zuenir Ventura, Geraldo Carneiro e Antonio Cicero, e criar novos vínculos, como Edmar Bacha, que conheceu agora no ambiente acadêmico. Para Flora, o marido entrou “na hora certa” na ABL.

Os acadêmicos, por sua vez, o veem como um colega zeloso com seus compromissos, muito participativo, mas ainda tímido na nova casa. Em resumo, uma grande aquisição.

— A gente pensa em outras personalidades oriundas de movimentos de vanguarda, que não tinham previamente espírito acadêmico, mas que, depois de se candidatar, se entusiasmaram e se tornaram membros assíduos. Nisso, ele lembra (o poeta) Ferreira Gullar — conta o acadêmico Antonio Carlos Secchin.

 

Andar com fé

 

A série de hospitalizações em 2016, devido a uma insuficiência renal, reforçou em Gil a crença de que a vida é um aprendizado contínuo. Superados os problemas de saúde, ele volta a seguir a sua máxima: “Conformidade conforme a idade.” Isso se reflete também em uma visão quase zen da situação social, política e cultural do país. Expoente do Tropicalismo, um dos principais movimentos contraculturais brasileiros dos anos 1960, Gil acredita que há, de fato, uma onda conservadora no Brasil e no mundo. Mas também vê o fenômeno como “parcial”:

— Há certos setores da sociedade que encontram mais conforto na retenção, em parar o fluxo, estabelecer controles. Mas esses conservadores estão com um problema sério, porque o conjunto da sociedade está cada vez mais receptivo ao novo, ao inusitado, à dinamização dos direitos. Nós continuamos cada vez mais afeitos ao trânsito, porque quem fica parado é poste.

O agora oitentão deixa um recado às novas gerações:

— Pra frente, que atrás vem gente.

 


O Globo sábado, 25 de junho de 2022

GENTE: MARINA RUY BARBOSA CHEGA A MALDIVAS E ROUBA CENA COM FOTOS DE BIQUÍNI

Por O GLOBO — Rio de Janeiro

 

Marina Ruy Barbosa chega a Maldivas e rouba cena com fotos de biquíni
Marina Ruy Barbosa Reprodução/Instagram

Passando férias nas Ilhas Maldivas, Marina Ruy Barbosa tirou o fôlego de seus seguidores ao publicar uma série de fotos em seu perfil do Instagram, nesta sexta-feira, dia 24. Nas imagens, a atriz, que não costuma postar muitos registros de biquíni, exibe o corpão em um verde fluorescente.

 "Finally Maldives", escreveu ela na legenda da publicação. Em português, a frase quer dizer "Finalmente em Maldivas".

Os seguidores da atriz não deixaram a postagem passar despercebida e deixaram muitos elogios na caixa de comentários da publicação: "PERFEITA SEM DEFEITOS😍", "Radiante!", "Essa mulher é linda demais ❤️", "Maravilhosa 🔥", "Perfeitaa", comentaram alguns internautas.

O Globo sexta, 24 de junho de 2022

BEM-ESTAR: RANKING MOSTRA AS MELHORES CIDADES PARA SE VIVER NO PÓS-PANDEMIA. CONFIRA A LISTA

 

Por Bloomberg — Hong Kong

 

Ranking mostra as melhores cidades para se viver no pós-pandemia. Confira a lista
Viena é considerada a melhor cidade para se viver no pós-pandemia Fernanda Dutra/O Globo

Está à procura de uma mudança de cenário, mas o coração ainda balança pelo burburinho da vida urbana? Tem alguma ideia de que lugar no mundo gostaria de chamar de lar? Se a mais recente classificação das melhores cidades para se viver serve de guia, provavelmente deve começar a buscar na Europa Ocidental ou no Canadá.

 Com a Covid virando apenas uma lembrança em alguns lugares do mundo, o índice de habitabilidade global de 2022, medido pela Economist Intelligence Unit (EIU), está muito parecido com os dias pré-pandemia.

A capital austríaca Viena recuperou o primeiro lugar no ranking, posto que ocupava há três anos antes de cair para 12º lugar em 2021 devido ao fechamento de museus e restaurantes afetados pela Covid. A cidade superou Copenhague graças a uma classificação maior na área de saúde. Zurique, na Suíça, Calgary e Vancouver, no Canadá, completam o top 5.

 

As únicas cidades não europeias ou canadenses listada entre as dez primeiras do ranking foram Osaka, no Japão, e Melbourne, na Austrália, que empataram no 10º lugar.

Nos últimos lugares da lista de 173 países estão Trípoli, na Líbia, a cidade nigeriana de Lagos e Damasco, na Síria.

“Nos últimos dois anos, os rankings globais de habitabilidade da EIU foram em grande parte impulsionados pela pandemia de Covid-19, com bloqueios e medidas de distanciamento social afetando as pontuações para cultura, educação e saúde em cidades de todo o mundo”, diz o relatório. "No entanto, em nossa pesquisa mais recente, o índice normalizou, uma vez que as restrições foram levantadas em muitos países."

Osaka, no Japão, está entre as dez melhores cidades para se viver no pós-pandemia — Foto: Bloomberg

Osaka, no Japão, está entre as dez melhores cidades para se viver no pós-pandemia — Foto: Bloomberg

Outras cidades australianas e da Nova Zelândia não foram bem, segundo o estudo. Ambos os países se beneficiaram com o fechamento das fronteiras no início de 2021, o que manteve o número de casos de Covid em baixa. Mas foram atingidos em cheio pelas variantes mais infecciosas, o que interrompeu a vida normal.

Wellington e Auckland passaram do 46º e 33º lugares, respectivamente, para as maiores quedas da lista.

Entre as que mais se moveram na direção oposta estão Londres, que avançou 27 lugares para ocupar o 33º posto, e Los Angeles, que subiu 18 lugares, passando a figurar na 37ª posição.

Vancouver está na lista das melhores cidades para se viver no pós- pandemia — Foto: Reprodução

Vancouver está na lista das melhores cidades para se viver no pós- pandemia — Foto: Reprodução

O informe ressaltou que a China ainda não havia se beneficiado da suspensão das restrições causada pela Covid uma vez que novos surtos resultaram em fechamentos mais estritos. A invasão da Ucrânia pela Rússia culminou na exclusão de Kiev da lista.

 

  • Segundo o relatório da EIU , as cidades foram classificadas com base em mais de 30 fatores qualitativos e quantitativos em cinco categorias gerais: estabilidade, saúde, cultura, meio ambiente, educação e infraestrutura.

 

 

Confira o top 10 das melhores cidades

 

 

  • 1) Vienna, Áustria
  • 2) Copenhague, Dinamarca
  • 3) Zurique, Suíça
  • 4) Calgary, Canada
  • 5) Vancouver, Canadá
  • 6) Genebra, Suíça
  • 7) Frankfurt, Alemanha
  • 8) Toronto, Canadá
  • 9) Amsterdã, Holanda
  • 10) Osaka, Japão
  • 10) Melbourne, Austrália (empatada com Osaka)

 

 

Confira as dez piores cidades

 

Lagos, na Nigéria, está no ranking das dez piores cidades do mundo para se viver — Foto: Reprodução Wikipedia

Lagos, na Nigéria, está no ranking das dez piores cidades do mundo para se viver — Foto: Reprodução Wikipedia

  • 163) Teerã, Irã
  • 164) Duala, Camarões
  • 165) Harare, Zimbábue
  • 166) Dakar, Bangladesh
  • 167) Port Moresby, Papua Nova Guiné
  • 168) Karachi, Paquiatão
  • 169) Argel, Argélia
  • 170) Tripoli, Líbia
  • 171) Lagos, Nigéria
  • 172) Damasco, Síria

O Globo quinta, 23 de junho de 2022

DANUZA LEÃO: VEJA MOMENTOS ICÔNICOS DA CRONISTA, FALECIDA AOS 88 ANOS

Por O GLOBO — Rio de Janeiro

 

Danuza Leão nua, com Pelé e mais: Veja momentos icônicos da cronista, falecida aos 88 anos
Danuza clicada na década de 70 por Marisa Alvarez Lima Marisa Alvarez Lima
 
 

Danuza Leão viveu muitos momentos icônicos ao longo de seus 88 anos. Do início nas passarelas em Paris, passando pelos encontros com Pelé, até as participações de obras emblemáticas na TV e no cinema. A jornalista morreu na noite da última quarta-feira, no Rio, de insuficiência respiratória, ocasionada por um enfisema pulmonar. A seguir, veja fotos da cronista que atravessou gerações.

A jornalista, nascida em 1933, completaria 89 anos no próximo dia 26 de julho. Nasceu na cidade de Itaguaçu, no Espírito Santo. Aos 10, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro.

 

Na França, com apenas 17 anos, Danuza procurou o estilista Jacques Fath, que lhe arranjou seu primeiro desfile. Ganhava uma “ninharia”, mas ficou famosa no Brasil depois a revista Manchete publicar uma capa com a chamada “Danuza conquista Paris”. “Não era bem assim, mas os brasileiros acreditaram”, confessou em seu livro de memórias. “Foi em Paris que conheci o mundo da sofisticação.”

Naquele momento, o que a consolava eram os sapatos Yves Saint Laurent e Chanel que continuavam intactos por lá, alguns degraus acima dos tênis que usavam para fazer pilates. Além da malhação, adotou uma dieta à base de alface e jabuticaba para manter o corpo do jeito que a agradava.


O Globo quarta, 22 de junho de 2022

CULTURA: DONA ONETE, AOS 83 ANOS, É HOMENAGEADA E LEVA *TREMOR DO JAMBU* AO HISTÓRICO THEATRO DA PAZ

Por Ricardo Ferreira — Rio de Janeiro

 

Aos 83 anos, Dona Onete é homenageada e leva o 'tremor do jambu' ao histórico Theatro da Paz
Dona Onete Divulgação/Julia Rodrigues

Foi a pequena Cachoeira do Arari, cidade de pouco mais de 20 mil habitantes na Ilha do Marajó, no Pará, que deu ao mundo a diva do carimbó chamegado, alcunha pela qual ficou conhecida Dona Onete. Nesta quarta-feira (22), a cantora de 83 anos — que ganhou projeção nacional somente a partir dos 72 — recebe da União Brasileira de Compositores (UBC) o Troféu Tradições, concedido pela instituição a artistas e movimentos que “contribuíram para a formação da cultura brasileira”. A premiação em grande estilo acontece no Theatro da Paz, em Belém, num show que celebra a obra da artista com participações de Fafá de Belém, Jaloo, Mestre Damasceno, Lucas Estrela, Félix Robatto e Aqno Carimbó Sancari. A apresentação será transmitida ao vivo pelo canal da UBC no YouTube (/UBCMusica), a partir das 20h30. 

— Em 2022, celebramos 80 anos de UBC. Essa trajetória será comemorada de forma singular e plural com o Troféu Tradições, em homenagem a Dona Onete, artista paraense talentosa e corajosa, que é uma das principais representantes do carimbó — diz Marcelo Castello Branco, diretor executivo da UBC. — Será a primeira vez que ela se apresentará no tradicional Theatro do Paz, e nós da UBC ficamos felizes em ajudá-la a realizar esse sonho.

 

Palco com história

 

Dona Onete diz que faltava mesmo cantar no Theatro da Paz, um dos primeiros palcos líricos do Brasil, inaugurado em 1878 e batizado em homenagem ao fim da Guerra do Paraguai, oito anos antes. A cantora, que foi professora de História por 25 anos, diz que já atravessou o mundo graças à música e que “o que vier agora é lucro”, mas conta estar ansiosa para botar os pés no palco centenário.

Segundo dados da UBC, Dona Onete tem mais de 300 canções registradas em seu nome, incluindo boleros, carimbós, banguês e lundus, entre outros gêneros. Desde 2012, quando chegou às lojas seu primeiro disco, “Feitiço caboclo”, lançou outros três — “Banzeiro” (2016), “Flor da lua” (2018) e “Rebujo” (2019) —, além de diversos singles e participações com outros artistas, como Gaby Amarantos, Francisco El Hombre, Bangalafumenga e BNegão. A fonte de inspiração vem de histórias que ouve por aí, principalmente as de amor.

— O romantismo nunca acaba. Surge isso, aquilo, mas o romantismo continua. E as pessoas continuam gostando do romântico, do carimbó, do brega. Conto histórias que me contam e que eu vejo que vale a pena fazer uma música. Meus boleros, meu carimbó, minha lambada têm princípio e fim, não gosto de deixar nada subentendido. As pessoas entendem o que eu quero dizer. Às vezes me contam um pedacinho de uma história e minha imaginação flutua, já com ritmo, com tudo — diz a artista, dona do hit “Jamburana”, dos versos “A boca fica muito louca/ com o tremor do jambu/ E o jambu treme, treme, treme/ o tremor vai descendo, vai descendo”. — Eu não entendo nada de teoria musical, não sei qual é a nota dó, ré, mi, nada disso. Mas chego com a música prontinha para os meus músicos, digo se é lambada, bolero, e eles vão definindo, é um processo de que gosto muito.

Disco novo no forno

 

A cantora paraense Dona Onete — Foto: Divulgação/Walda Marques

A cantora paraense Dona Onete — Foto: Divulgação/Walda Marques

Para a noite desta quarta (22), Dona Onete promete um passeio pelo repertório de uma carreira relativamente breve, mas com muita história agregada, e comemora a presença dos convidados (“Fafá já me deu muito colo e agora estou dando colo para ela”).

Sem tempo a perder, ela adianta que já trabalha em um novo disco de inéditas, no qual pretende cantar sobre as belezas de sua terra natal, a Ilha de Marajó.

— Tem gente que com 83 anos já pensa que está acabada, mas não. Se cuidar da saúde, vamos longe. Eu espero fazer muita coisa ainda, e espero também ajudar outras pessoas a subirem como me ajudaram um dia. Tenho uma banda maravilhosa e estou fazendo cada vez mais músicas. Não estou envolvida com internet, televisão, essas coisas, quero estar sempre neste mundo, recuada, bebendo dessa fonte que é a cultura paraense. Quero falar do meu Marajó, o lugar que eu nasci, que é uma enciclopédia de cultura — comemora Dona Onete.


O Globo terça, 21 de junho de 2022

TURISMO: LIBERDADE À BEIRA-MAR 0 POUSADA DE MARAGOGI TERÁ TOPLESS LIBERADO A PARTIR DE AGOSTO

 

Liberdade à beira-mar: pousada de Maragogi terá topless liberado a partir de agosto
Pousada Riia, em Maragogi, será a primeira de Alagoas a permitir o topless das hóspedes, a partir de agosto Divulgação

Conhecido por ter um dos litorais mais bonitos do país, o estado de Alagoas ainda não conta com áreas de naturismo, como as praias de Tambaba, na Paraíba, ou Massarandupió, na Bahia. O primeiro passo, no entanto, pode estar sendo dado por uma pequena pousada em Maragogi, endereço das piscinas naturais mais famosas do Nordeste. A partir de agosto, o topless será liberado dentro da pousada RiiA.

A iniciativa é o desdobramento de uma campanha que os proprietários da pousada, o paranaense Derek Riva e a gaúcha Mari Maia, fizeram em outubro de 2021. Ao longo daquele mês, como forma de chamar a atenção para a conscientização do câncer de mama durante o Outubro Rosa, as hóspedes que quisessem poderiam circular sem a parte de cima da roupa.

— O câncer de mama sempre foi um assunto que me tocou muito. Minha madrasta enfrentou, e venceu, essa doença, e desde então faço questão de apoiar o Outubro Rosa. Para chamar a atenção para esse tema, decidimos liberar o topless durante um mês no ano passado — conta Riva, que conheceu a esposa Mari quando os dois trabalhavam como comissários de bordo.

Piscina da Pousada RiiA, em Maragogi, em Alagoas, que irá permitir o topless a partir de agosto — Foto: Divulgação

Piscina da Pousada RiiA, em Maragogi, em Alagoas, que irá permitir o topless a partir de agosto — Foto: Divulgação

Ele lembra que umas dez hóspedes entraram na onda. Metade delas só para fazer fotos à beira da piscina. As demais aderiram à prática por mais tempo, e se mostraram bem mais à vontade e relaxadas. Foi o comportamento destas que inspirou o casal a pensar em permitir a prática de maneira definitiva.

— Não será obrigatório, é claro. Apenas quem quiser fazer, vai poder fazer. Quando nos decidimos, escolhemos um mês que ainda estivesse com a agenda vazia, para que quem fizesse reserva nessa data já soubesse dessa condição — explica Riva.

Para chegar à essa conclusão, o proprietário conta que foram feitas muitas pesquisas, tanto nas redes sociais da pousada quanto com hóspedes. A resposta foi positiva na maioria dos casos. E para quem demonstrava alguma dúvida, Riva tinha sempre uma analogia na ponta da língua:

— Houve um hóspede que me disse que gostava muito da pousada, mas que ficaria desconfortável. Perguntei a ele se ele gostaria de ir à praia em Barcelona. Ele me disse que sim, e respondi que lá o topless é muito popular e aceito. Se isso não o impede de ir a Barcelona, então também não deveria ser um problema aqui. Na hora ele mudou de ideia.

Praia de Barra Grande, onde fica a Pousada RiiA, em Maragogi, Alagoas — Foto: Divulgação

Praia de Barra Grande, onde fica a Pousada RiiA, em Maragogi, Alagoas — Foto: Divulgação

A iniciativa de permitir topless em sua pousada pode ser uma maneira de os proprietários se destacarem no concorrido mercado de hospedagem de Maragogi, um dos principais destinos turísticos não só de Alagoas, mas de todo o Nordeste. Mas não é gratuita. O casal é praticante de naturismo e acredita no potencial deste estilo de vida da região onde vivem há três anos.

— Nós costumamos ir a Tambaba, que está a três horas e meia daqui. É um lugar incrível, recomendo muito, mas acho que poderia haver algo assim em Alagoas também. Por aqui temos muitas praias ainda desertas, onde se faz um naturismo, digamos, "não oficial". Japaratinga, por exemplo, seria um ótimo lugar para isso. Ela é linda, mas vive à sombra de Maragogi. O naturismo seria uma forma de colocá-la no mapa — defende o empresário, que já levou o assunto a secretários de turismo da região. — Nossa pousada não é naturista, mas não digo que nunca será. Infelizmente, o assunto ainda é tabu por aqui.

Uma das sete suítes da RiiA, a pousada de Maragogi que permitirá topless a partir de agosto — Foto: Divulgação

Uma das sete suítes da RiiA, a pousada de Maragogi que permitirá topless a partir de agosto — Foto: Divulgação

Ao contrário de países como Espanha, França e Itália, em que é bastante comum ver topless em praias e parques durante os meses mais quentes, no Brasil a prática ainda costuma ser tipificada pelas autoridades como ato obsceno, de acordo com o artigo 233 do Código Penal. O crime de ato obsceno tem pena estipulada entre três meses e um ano de prisão ou multa. No momento, há um Projeto de Lei na Câmara dos Deputados que pretende autorizar a exibição da parte de cima do corpo, de homens e mulheres, em todo o território nacional. O texto foi apresentado em fevereiro e desde março aguarda análise na Comissão dos Direitos da Mulher da câmara.


O Globo segunda, 20 de junho de 2022

DIVERSÃO: DISNEY ON ICE ESTÁ DE VOLTA AO MARACANÃZINHO

Por O Globo — Rio de Janeiro

 

'Disney on ice' está de volta ao Maracanãzinho
Espetáculo "Disney on ice" promete encantar a garotada Divulgação/Heinz Kluitmeier
 

A magia do “Disney on ice” está de volta. A turnê “Descobrindo aventuras” promete encantar o público no Maracanãzinho, entre os próximos dias 22 e 26, com um espetáculo que mistura inspiração, coragem e determinação através das histórias de personagens famosos, como Moana e Frozen. Mickey Mouse, Minnie e os seus amigos também são presenças confirmadas nesta festa, cuja proposta é emocionar com performances de patinação sobre o gelo.

Gerente de projetos do “Disney on ice”, Luciano Miron define a turnê “Descobrindo aventuras” com uma palavra:

 — Alegria. Esta palavra representa a possibilidade de voltar a fazer o espetáculo após dois anos parados e o sentimento das crianças ao encontrar os seus personagens favoritos cantando e patinando no gelo. O entretenimento familiar nos proporciona ver a felicidade em rostos das mais diversas idades. Vovôs e vovós, papais e mamães e os pequenos, é claro. O público pode esperar um espetáculo lindo, com muita diversão e vários sorrisos.

Mickey Mouse e sua turma fazem parte do espetáculo "Disney on ice" — Foto: Divulgação

Mickey Mouse e sua turma fazem parte do espetáculo "Disney on ice" — Foto: Divulgação


O Globo domingo, 19 de junho de 2022

SAÚDE: BISCOITO, BATATA FRITA E SALGADINHO -COMO OS ALIMENTOS PROCESSADOS VICIAM COMO O CIGARRO

Por Anahad O’Connor, The New York Times — Rio

 


Especialistas pesquisam sinais de comportamento viciante em relação à comida — Foto: Richard A. Chance

Especialistas pesquisam sinais de comportamento viciante em relação à comida — Foto: Richard A. Chance

Há cinco anos, um grupo de cientistas que pesquisa sobre nutrição estudou o que os americanos comem e chegou a uma conclusão surpreendente: mais da metade de todas as calorias que o americano médio consome vem de alimentos ultraprocessados, que eles definiram como “formulações industriais” que combinam grandes quantidades de açúcar, sal, óleos, gorduras e outros aditivos.

Alimentos altamente processados continuam a dominar a dieta americana, apesar de estarem ligados à obesidade, doenças cardíacas, diabetes tipo 2 e outros problemas de saúde. Eles são baratos e convenientes, e projetados para serem saborosos. São comercializados em altas quantidades pela indústria alimentícia. Mas um número crescente de cientistas diz que outra razão pela qual esses alimentos são tão consumidos é que, para muitas pessoas, eles não são apenas tentadores, mas viciantes, um conceito que gerou controvérsia entre os pesquisadores.

Recentemente, o American Journal of Clinical Nutrition explorou a ciência por trás do vício em alimentos e se os denominados ultraprocessados podem estar contribuindo para excessos e consequentemente obesidade. Contou com um debate entre dois dos maiores especialistas no assunto, Ashley Gearhardt, professora associada do departamento de psicologia da Universidade de Michigan, e o médico Johannes Hebebrand, chefe do departamento de psiquiatria infantil e adolescente, psicossomática e psicoterapia da Universidade de Duisburg-Essen na Alemanha.

No topo da lista estavam pizza, chocolate, batata frita, biscoitos, sorvete e cheeseburguer. Gearhardt descobriu em sua pesquisa que esses alimentos altamente processados têm muito em comum com substâncias que causam dependência. Assim como os cigarros e cocaína, seus ingredientes são derivados de plantas e alimentos naturais que são despojados de componentes que retardam sua absorção, como fibras, água e proteínas. Em seguida, seus ingredientes mais prazerosos são refinados e processados em produtos que são rapidamente absorvidos pela corrente sanguínea, aumentando sua capacidade de iluminar regiões do cérebro que regulam recompensa, emoção e motivação.

A psicologa diz que sal, espessantes, sabores artificiais e outros aditivos em alimentos altamente processados fortalecem sua atração, melhorando propriedades como textura e sensação na boca, semelhante à forma como os cigarros contêm uma série de aditivos projetados para aumentar seu potencial viciante. O mentol ajuda a mascarar o sabor amargo da nicotina, por exemplo, enquanto outro ingrediente usado em alguns cigarros, o cacau, dilata as vias aéreas e aumenta a absorção da nicotina.

Um denominador comum entre os alimentos ultraprocessados mais irresistíveis é que eles contêm grandes quantidades de gordura e carboidratos refinados, uma combinação potente que raramente é vista em alimentos naturais que os humanos comem, como frutas, legumes, carne, nozes, mel, feijão e sementes, explicou a psicóloga Gearhardt. Muitos alimentos encontrados na natureza são ricos em gordura ou carboidratos, mas normalmente não são ricos em ambos.

— As pessoas não experimentam uma resposta comportamental viciante a alimentos naturais que são bons para nossa saúde, como morangos — disse a diretora do Laboratório de Ciência e Tratamento de Alimentos e Dependências da Universidade de Michigan. — É esse subconjunto de alimentos altamente processados que são projetados de uma maneira tão semelhante à forma como criamos outras substâncias viciantes. Esses são os alimentos que podem desencadear uma perda de controle e comportamentos compulsivos e problemáticos que se assemelham ao que vemos com álcool e cigarros — explicou Gearhardt sobre como as substâncias presentes nesses alimentos são semelhantes as de produtos viciantes.

Em um estudo, ela descobriu que quando as pessoas cortam alimentos altamente processados, elas experimentam sintomas comparáveis à abstinência observada em usuários de drogas, como irritabilidade, fadiga, sentimentos de tristeza e forte desejo. Outros pesquisadores descobriram em estudos de imagens cerebrais que as pessoas que consomem frequentemente comidas não saudáveis como fast food, podem desenvolver uma tolerância a eles ao longo do tempo, levando-os a exigir quantidades cada vez maiores para obter o mesmo prazer.

Em sua prática clínica, a psicóloga e professora encontrou pacientes - alguns obesos e outros não - que lutam em vão para controlar a ingestão de alimentos altamente processados. Alguns tentam comê-los com moderação, apenas para descobrir que perdem o controle e comem a ponto de se sentirem doentes e perturbados. Muitos de seus pacientes acham que não podem parar com esses alimentos, apesar de lutarem com diabetes descontrolado, ganho excessivo de peso e outros problemas de saúde.

— O impressionante é que meus clientes estão quase sempre cientes das consequências negativas de seu consumo de alimentos altamente processados, e normalmente tentaram dezenas de estratégias, como dietas radicais e limpezas, para tentar controlar seu relacionamento com esses alimentos — ela disse. — Embora essas tentativas possam funcionar por um curto período de tempo, quase sempre acabam recaindo — lamenta a psicóloga.

— Você pode tomar qualquer droga que vicia, e é sempre a mesma história de que quase todo mundo terá um estado mental alterado depois de ingeri-la. Isso indica que a substância está afetando seu sistema nervoso central. Mas todos nós estamos ingerindo alimentos altamente processados, e nenhum de nós está experimentando esse estado mental alterado porque não há um impacto direto de uma substância no cérebro — disse Hebebrand.

Nos transtornos por uso de substâncias, as pessoas se tornam dependentes de uma substância química específica que atua no cérebro, como a nicotina do cigarro ou o etanol do vinho e da bebida. Eles inicialmente procuram esse produto químico para obter uma alta e, em seguida, tornam-se dependentes dele para aliviar emoções deprimidas e negativas. Mas em alimentos altamente processados, não há um composto que possa ser apontado como viciante, explica o psiquiatra. De fato, evidências sugerem que pessoas obesas que comem demais tendem a consumir uma grande variedade de alimentos com diferentes texturas, sabores e composições. Hebebrand argumentou que comer demais é impulsionado em parte pela indústria de alimentos que comercializa mais de 20.000 novos produtos todos os anos, dando às pessoas acesso a uma variedade aparentemente infinita de alimentos e bebidas. Ele diz ainda que é a diversidade de alimentos que é tão atraente e causadora do problema, não uma única substância nesses alimentos.

Aqueles que argumentam contra a dependência alimentar também apontam que a maioria das pessoas consome diariamente alimentos altamente processados ​​sem apresentar nenhum sinal de dependência. Mas a psicóloga Gearhardt observa que as substâncias viciantes não acontecem com todos que as consomem. Segundo a pesquisa , cerca de dois terços das pessoas que fumam cigarros se tornam viciadas, enquanto um terço não. Apenas cerca de 21% das pessoas que usam cocaína em suas vidas se tornam viciadas, enquanto apenas 23% das pessoas que bebem álcool desenvolvem dependência. Estudos sugerem que uma ampla gama de fatores determina se as pessoas se tornam viciadas, incluindo sua genética, histórico familiar, exposição a traumas e origens ambientais e socioeconômicas.

— A maioria das pessoas experimenta substâncias viciantes e não se torna viciada. Então, se esses alimentos são viciantes, não esperaríamos que 100% da sociedade fosse viciada neles — disse a pesquisadora.

Para as pessoas que lutam para limitar a ingestão de alimentos altamente processados, ela recomenda manter um controle do que você come para que você possa identificar os alimentos que têm mais atração – aqueles que causam desejos intensos e que você não consegue parar de comer uma vez que você começa. Mantenha esses alimentos fora de sua casa, enquanto abastece sua geladeira e despensa com alternativas mais saudáveis ​​​​que você gosta.

Mantenha o controle dos gatilhos que levam a desejos e excessos. Eles podem ligados a emoções como estresse, tédio e solidão. Ou pode ser os alimentos de fast food que você come três vezes por semana. Faça um plano para gerenciar esses gatilhos tomando um caminho diferente para casa, por exemplo, ou usando atividades não alimentares para aliviar o estresse e o tédio. E evite pular refeições, porque a fome pode desencadear desejos que levam a decisões lamentáveis, disse ela.


O Globo sábado, 18 de junho de 2022

GASTRONOMIA: *BUMP* DE CAVIAR - CONHEÇA A NOVA MODA DO CIRCUITO DE LUXO DE NOVA YORK

Por Alyson Krueger / 2022 / The New York Times

 

Você sabe o que é 'bump' de caviar? Conheça a nova moda do circuito de luxo de Nova York
Frequentadores do Temple Bar, em Nova York se preparam para um 'bump' de caviar, quando a iguaria é saboreada diretamente das costas da mão para a boca Dolly Faibyshev/The New York Times

Depois de pedir uma bandeja de frutos do mar, ele abriu uma lata dourada de caviar Regiis Ova, colocou uma colherada das ovas entre o polegar e o indicador, e começou a lambê-la, como o sal depois de uma dose de tequila.

— As pessoas costumavam se drogar. Agora, estamos tendo barato com a comida — disse Han, rindo, enquanto degustava o caviar.

O bump de caviar — em que um punhado de ovas é comido do dorso da mão — é agora a maneira insolente e malandra de consumir a iguaria cara em certos restaurantes, bares da moda, festivais de arte e outros encontros de destaque.

— Uma colecionadora de relógios veio me dizer ontem na Frieze que tinha visto um vídeo meu fazendo isso no Instagram e queria experimentar — contou Kristen Shirley, de 37 anos, fundadora do La Patiala, site de estilo de vida de luxo, mencionando a feira de arte em Nova York em maio.

Stephanie Bennaugh, 32 anos, faz um 'bump' de caviar no Temple Bar, no bairro de NoHo, em Nova York — Foto: Dolly Faibyshev/The New York Times

Stephanie Bennaugh, 32 anos, faz um 'bump' de caviar no Temple Bar, no bairro de NoHo, em Nova York — Foto: Dolly Faibyshev/The New York Times

— Amo bumps de caviar porque você não precisa montar uma enorme tábua de queijo e crudités. Só precisa de uma lata e de uma colher — diz.

Como uma autoproclamada connoisseur de caviar, ela prefere o sabor assim:

— Se você colocar caviar em um blini ou na batata frita ou adicionar cebolinha ou cebola roxa, vai mascarar o sabor. Por que você comeria algo que custa US$ 200 a latinha para sentir gosto de cebola?

Ela pode estar certa. Segundo os especialistas em caviar, é assim que tradicionalmente eles provam as ovas.

— Quando você ia até os pescadores e experimentava cem latas diferentes de caviar para selecionar as que queria, era necessária uma maneira rápida de provar sem alterar o paladar — explicou Edward Panchernikov, diretor de operações do Caviar Russe, restaurante com estrela do "Guia Michelin" em Manhattan, especializado em caviar.

Outra frequentadora do Temple Bar, em Nova York, Kaslyn Bos, de 29 anos, experimenta a nova maneira de degustar caviar — Foto: Dolly Faibyshev/The New York Times

Outra frequentadora do Temple Bar, em Nova York, Kaslyn Bos, de 29 anos, experimenta a nova maneira de degustar caviar — Foto: Dolly Faibyshev/The New York Times

Embora este não ofereça bumps no menu, outros estabelecimentos veem isso como a nova maneira de vender a iguaria.

O Temple Bar, lounge retrô em NoHo, em Manhattan, adicionou os bumps de caviar ao menu (US$ 20) quando reabriu em outubro.

Samantha Casuga, a bartender-chefe do Temple, estima que vende cerca de dez por noite.

— O que acontece é que alguém diz: "Devemos pedir um bump de caviar?", e isso parece ousado. Então outras pessoas veem e querem também.

No Tokyo Record Bar, izakaya de 12 lugares no Greenwich Village, em Manhattan, os comensais podem pedir um bump de caviar com saquê por US$ 20, embora não esteja no cardápio.

— Como sempre temos uma tonelada de caviar, essa pareceu uma maneira divertida de oferecer uma boa experiência às pessoas — afirmou Ariel Arce, o proprietário, que também vende uma marca de caviar chamada CaviAIR. Ele acrescentou que a crescente popularidade dos bumps (e do caviar em geral) é o resultado de técnicas de cultivo aprimoradas, que tornaram a iguaria mais acessível. No passado, o caviar era considerado muito caro para ser servido tão casualmente.

Jason Rodriguez, 34 anos, é outro a entrar na onda do 'bump' de caviar no Temple Bar, em Nova York — Foto: Dolly Faibyshev/The New York Times

Jason Rodriguez, 34 anos, é outro a entrar na onda do 'bump' de caviar no Temple Bar, em Nova York — Foto: Dolly Faibyshev/The New York Times

— O caviar selvagem é completamente inacessível, mas agora a China, os Países Baixos, a França, o Uruguai e os Estados Unidos dominam as práticas de produção, o que o tornou mais acessível.

— Na Fórmula 1 deste ano, ofereci um ao Diplo. Foi muito engraçado. Acho que foi a primeira vez que ele fez isso, e adorou. É bem social. É o que faço na cozinha para me relacionar com alguém, em vez de consumir álcool. Não posso fazer isso quando estou trabalhando.


O Globo sexta, 17 de junho de 2022

DISCOGRAFIA: LP INÉDITO COM COMPOSIÇÕES DE PORTELENS HISTÓRICOS É LANÇADO MAIS DE SEIS DÉCADAS APÓS GRAVAÇÃO

Por Luiz Fernando Vianna; Especial Para O GLOBO

 

LP inédito com composições de portelenses históricos é lançado mais de seis décadas após gravação
Entre inéditos e primeiras versões, LP traz “Manhãs brasileiras”, de Manacéa Luis Alvarenga

Graças a um bando de apaixonados por samba, um tesouro está vindo à tona. O lançamento do LP “Escola de Samba Portela 1959” (neste sábado, 18, a partir das 19h, no Centro Cultural São Paulo) é o final feliz de uma epopeia. No disco há composições dos portelenses históricos Manacéa, Jair do Cavaquinho, Chatim e Walter Rosa.

Como, na fase de pré-venda, esgotaram-se as 40 bolachas de cor branca (R$ 300) e as 25 azuis (R$ 280), só há pretas (R$ 230). A tiragem total é de 500 unidades. A partir da próxima segunda-feira, LPs serão vendidos pela internet. Informações estarão nas páginas do Instituto Glória ao Samba no Facebook e no Instagram. Mais à frente, as músicas ficarão disponíveis nas plataformas digitais.

Integrantes do instituto, uma associação de aficionados pelo gênero, descobriram em 2008, no site do Immub (Instituto Memória Musical Brasileira), a menção a um disco intitulado “Escola de Samba Portela 1959”. Até então, só se conhecia o de 1957. Consultaram pesquisadores e colecionadores, mas ninguém sabia do que se tratava. Havia apenas uma pista: teria sido produzido pelo selo Festa.

A busca começou para valer em 2012. O jornalista Paulo Mathias, que desde então trabalha numa biografia do compositor e líder Paulo da Portela, procurava alguma informação enquanto fazia entrevistas, vasculhava a hemeroteca da Biblioteca Nacional e consultava livros para a sua pesquisa. Foi em 2017 que achou o nome de Gracita Garcia Bueno, identificada como sobrinha de Irineu Garcia, o dono do Festa.

Encontraram o telefone de uma associação de artistas plásticos da qual Gracita fazia parte. Souberam, então, que estava com ela o acervo do selo e que dele fazia parte o material do “Portela 59” — como o disco é mais conhecido. Ela relutou, mas aceitou mostrar.

Faltava tentar saber por que só havia sete, se no site do Immub estavam listadas 12 músicas. E por que o material não fora lançado.

— É um mistério por que não saiu — diz Mathias. — Mas descobrimos que os outros cinco sambas foram compostos apenas nos anos 1960. Então, entraram depois na lista, talvez para algum projeto de compilação.

Capa do disco 'Escola de Samba Portela 1959'. — Foto: Divulgação

Capa do disco 'Escola de Samba Portela 1959'. — Foto: Divulgação

O selo Festa foi fundado em 1955 pelo jornalista Irineu Garcia e pelo editor Carlos Ribeiro para lançar, sobretudo, poesia. Foram gravados, por exemplo, LPs de Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira e João Cabral de Melo Neto declamando seus poemas.

Entre 102 títulos, o Festa também lançou discos de música clássica e alguns de música popular, inclusive o histórico “Canção do amor demais” (1958), com Elizeth Cardoso interpretando Tom Jobim e Vinicius de Moraes, acompanhada, em duas faixas, pelo violão de João Gilberto. No mesmo ano, João lançou “Chega de saudade” num disquinho de 78 rotações por minuto e fez surgir a bossa nova.

— A gente não vai ganhar dinheiro com isso — avisa Mathias. — Importante é a satisfação de ter localizado o material. Como eu jamais vou compor igual a um Cartola ou a um Monarco, mesmo que nascesse mais 15 vezes, essa é a forma de eu contribuir para o samba.

 

Pesquisa apaixonada

 

O Glória ao Samba, criado em 2007, não tem fins lucrativos. São 22 componentes, quase todos de São Paulo, sendo alguns da periferia. Há mestre de obras, vendedor, professor, pintor de parede, mecânico, metalúrgico.

— Só não tem rico — informa o publicitário Fernando Paiva, de Uberlândia.

Ele ficou responsável pela direção de arte do LP, ao lado de Mathias. Já o advogado Lo Ré fez a assessoria jurídica e dividiu a pesquisa histórica com Paulo Mathias e Luís Henrique Vieira. O disco não teve patrocínio e só está saindo porque os associados puseram dinheiro do bolso. O custo ainda aumentou em 25% na pandemia, por causa da escassez de acetato.

— Quisemos fazer um produto de primeira qualidade, como o samba merece — ressalta Paiva.

O álbum tem encarte com as letras, aponta possíveis instrumentistas e registra que todos os direitos foram pagos aos compositores. O único autor cujo nome não se descobriu foi o de “A hora é essa”.

— Ninguém é profissional de cultura. Precisamos aprender esse mundo burocrático — diz Lo Ré.

Ele, Mathias, Paiva e vários outros tocam instrumentos e compõem, mas priorizam a pesquisa. O foco principal são as escolas de samba tradicionais do Rio, como Portela, Mangueira, Império Serrano e Salgueiro. Planejam gravar um disco com inéditas de sambistas dessas escolas.

Dos sete sambas do “Portela 59”, quatro são inéditos e três tiveram ali suas primeiras versões. É o caso de “Manhãs brasileiras” (Manacéa), hoje mais conhecido pelo título no singular. “Mulher ingrata” foi gravado em 2002 pelo autor, Jair do Cavaquinho, como “Você não soube ser mulher”. Do mesmo Jair e de Beatriz Lima da Silva, “Incrível destino” recebeu gravação em 1962 em “Grandes sucessos da E.S. Portela”.

“Vultos e efemérides nacionais” (Jorge Portela e Waldomiro) foi o samba-enredo da Portela em 1958. “Bahia”, de Chatim, era um samba muito cantado na Portelinha, a antiga quadra — ou terreiro, como se chamava. “Crepúsculo” (Walter Rosa) também era muito conhecido na escola, mas como “Indumentariamente”, seu primeiro verso.

Quando esteve na quadra de Madureira, em 2018 — em visita acompanhada pelo GLOBO —, a turma do Glória ao Samba não chegou ao nome da cantora de “A hora é essa”, mas soube que o intérprete das outras faixas era Avelino de Andrade.

— Meu pai cantou em outros discos da Portela — diz Celsinho de Andrade, presidente da escola mirim Filhos da Águia. — E este ninguém conhecia. Quando soube que seis das sete faixas tinham a voz dele, aí a emoção foi maior.

Na capa do LP estão imagens de Manacéa, Jair, Chatim, Walter Rosa e figuras importantes da escola nos anos 50: Dagmar (tocava surdo), Betinho, Nozinho, Nilton Batatinha e Manuel Bam Bam Bam.


O Globo quinta, 16 de junho de 2022

TURISMO: TREM MIAMI–ORLANDO - O QUE SABEMOS SOBRE A FERROVIA DA FLÓRIDA QUE TERÁ ATÉ ESTAÇÃO NA DISNEY

Por Eduardo Maia

 

Trem Miami-Orlando: o que sabemos sobre a ferrovia da Flórida que terá até estação na Disney
Trem da Brightline, ferrovia que ligará Miami a Orlando no começo de 2023 Reprodução / Wikimedia Commons

Entre as novidades mais aguardadas de Orlando, uma não fica nos parques temáticos. O Brightline, trem de alta velocidade que já conecta Miami a West Palm Beach, no litoral sul da Flórida, chegará à região central do estado no começo de 2023. Por representar uma alternativa inédita à conexão aérea e às viagens de carro, o serviço ferroviário entre os dois grandes polos turísticos do estado vem sendo esperado com ansiedade tanto por viajantes quanto pelas empresas do setor.

Abaixo, listamos sete coisas que já sabemos sobre o trem entre Miami e Orlando.

 

Quando a rota será inaugurada?

 

O Brightline começou a operar entre Miami e Fort Lauderdale em 2018, e desde então se fala sobre a expansão para Orlando. Depois de sucessivas mudanças de planos, a previsão atual é que o serviço comece a operar com passageiros no começo de 2023, mais provavelmente no mês de fevereiro.

 

Onde será a estação de Orlando?

 

A estação será conectada ao Terminal C do Aeroporto Internacional de Orlando, que está em construção. O novo terminal será maior e mais moderno que os demais e deve concentrar os principais voos internacionais. O aeroporto fica a cerca de 30 quilômetros do Walt Disney World e a 25 quilômetros do Universal Orlando Resort.

 

Quando tempo levará a viagem?

 

Estima-se que o trem levará até três horas para percorrer os pouco mais de 270 quilômetros que separam Miami de Orlando. Em alguns pontos, entre West Palm Beach e Orlando, a composição poderá atingir uma velocidade máxima de 201 km/h. Mas em outros, como o trecho entre Miami e West Palm Beach, por casa da quantidade de estações (Fort Lauderdale, que já existe, e Aventura e Boca Raton, que devem ser inauguradas ainda em 2022), a velocidade máxima será de 127 km/h.

Trens da Brightline, ferrovia que ligará Miami a Orlando no começo de 2023, na estação de West Palm Beach — Foto: Reprodução / Wikimedia Commons

Trens da Brightline, ferrovia que ligará Miami a Orlando no começo de 2023, na estação de West Palm Beach — Foto: Reprodução / Wikimedia Commons

 

E o preço?

 

Representantes da Brigthline presentes na edição mais recente do IPW, o maior encontro do turismo dos Estados Unidos, que aconteceu na última semana em Orlando, afirmaram que ainda não há uma tabela de tarifas para o serviço, mas estimam que o bilhete deve custar em torno dos US$ 100. Há também a possibilidade de se cobrar a mais por malas despachadas no vagão bagageiro, por exemplo.

 

Vai dar para chegar de trem nos parques?

 

Não nesta próxima fase de expansão, programada para começo de 2023. Para a terceira fase da ferrovia, ainda sem data de conclusão, estão previstas ao menos mais duas estações. Uma delas é em Disney Springs, o antigo Downtown Disney, centro comercial e gastronômico do Walt Disney World que funciona como uma espécie de hub de transporte interno para os parques e hotéis do complexo.

Há ainda um projeto do Universal Orlando Resort de instalar uma estação ferroviária anexa ao terreno onde está construindo seu quarto parque na cidade, o Epic Universe. Essa estação, que atenderia também o Orange County Convention Center, faria parte da ferrovia Sun Rail, que já conecta Orlando a cidades da região, e poderia ter uma conexão com o trecho do Brightline entre o aeroporto de Orlando e Disney Springs.

Onde será a estação final?

 

Quando a terceira fase de expansão da linha sair do papel, a parada final será na cidade de Tampa, na costa oeste da Flórida. A cidade, uma das principais do estado, vem crescendo como destino turístico, apostando em novos hotéis de luxo e numa gastronomia cada vez mais sofisticada. Tampa funciona também como base para quem quer explorar parques temáticos como Busch Gardens, Legoland (e a nova área de Peppa Pig), e para charmosas cidades litorâneas da região, como St. Petersburg e Clearwater. É possível que o terminal fique no histórico bairro de Ybor City.

Interior de um vagão da Brightline, ferrovia que ligará Miami a Orlando no começo de 2023 — Foto: Reprodução / Wikimedia Commons

Interior de um vagão da Brightline, ferrovia que ligará Miami a Orlando no começo de 2023 — Foto: Reprodução / Wikimedia Commons

 

Como é o trem?

 

As composições pintadas em branco, preto e amarelo usadas pela Brightline têm capacidade para até 248 passageiros, divididos em duas classes. Na Select, a mais cara, há fileiras com duas e uma poltrona, e também mesas para quatro pessoas, com direito a bebidas e snacks incluídos. Já na Smart, mais econômicas, as poltronas são separadas por um corredor estreito, e as bebidas são pagas a parte. Os trens contam com Wi-Fi.


O Globo quarta, 15 de junho de 2022

GULTURA: CLEO CONTA QUE CHOROU ESCREVENDO LIBRO SOBRE ABUSO

Por Bolívar Torres — RIO

 

Cleo conta que chorou escrevendo livro sobre abuso: 'Foi um processo de cura'
Cleo: atriz, cantora, produtora e agora escritora Divulgação/ Lucas Menezes

Logo nas primeiras páginas, a multiartista Cleo deixa bem claro o assunto de "Todo mundo que amei já me fez chorar", seu primeiro livro de ficção: “Gostaria de agradecer a todas as pessoas inesperadas que cruzaram meu caminho e me surpreenderam com seu colo (...) quando estava intoxicada e machucada por pessoas que não sabem amar (não foram poucas vezes)".

O assunto é relacionamento tóxico e os vários tipos de abusos (físico, psicológico, moral) gerados por eles. A multiartista, que já havia usado suas redes sociais para falar sobre experiências do tipo (dela e de outras), contou agora com a ajuda da roteirista Tatiana Maciel, co-autora da obra, para transformá-las em contos. Embora as personagens e situações sejam ficcionais, são de alguma forma inspiradas por relatos de outras pessoas. E também ecoam vivências e sentimentos das próprias autoras.

- Os contos são sobre relações tóxicas que acabam tendo espaço para serem abusivas - diz Cleo. - Em todos elas, eu me vi ou vi em alguém muito próximo. O livro foi um processo de cura. Mas dolorido também. Porque você acaba revivendo coisas que achava que estavam resolvidas e acaba sofrendo mais um pouco com o que havia sofrido lá atrás.

Indagada se já esteve em algum relacionamento abusivo sem perceber, como as personagens do livro, a atriz, cantora, produtora e agora escritora solta uma risada:

- A vida inteira!

O processo de escrita a quatro mãos foi todo assim, entre lágrimas e risos, já que a abordagem era tratar o tema de forma "acolhedora e leve".

O livro tem prefácio assinado por Djamila Ribeiro, autora de "O pequeno manual antirracista", e deve se desdobrar futuramente uma música e um videoclipe. Nos contos, Cleo e Tatiana Maciel não chegam a tratar de casos de violência física extrema. Entre os conflitos que as personagens precisam lidar, estão os joguinhos de amor, os interesses não-correspondidos, as tensões com pais autoritários e colegas de trabalho traiçoeiros.

Cleo e Tatiana Maciel — Foto: Divulgação/ Felipe Gomes

Cleo e Tatiana Maciel — Foto: Divulgação/ Felipe Gomes

Há situações, porém, que reavivaram feridas. As autoras dão alguns exemplos, como as dinâmicas abusivas dentro de uma família, as cobranças em relação ao corpo e ao comportamento. E há também aquelas pequenas violências do cotidiano: bater porta, chutar objetos, falar alto...

A questão do corpo, mais especificamente, é algo familiar a Cleo, que desde muito jovem foi tratada como símbolo sexual.

- Sempre consegui deixar as coisas superficiais no lugar delas - conta a multiartista, que se diz muito mais uma admiradora e aliada do feminismo do que uma porta-voz do movimento. - Mas quando vi que (ser ícone de beleza) atingia diversas camadas da minha existência, não só ficou mais divertido isso como acabou me trazendo para lugares onde eu sentia que precisava quebrar esses rótulos. Acho delícia ser considerada sexy, mas não quando isso te limita.

- Foi mágico, de virarmos irmãs tendo se visto umas três vezes por zoom - lembra Maciel. - A empatia foi completa, uma troca de muita confiança. (A união das mulheres) é uma questão de sobrevivência. Se não nos damos as mãos, não sobrevivemos.

Tanto Cleo quanto Maciel contam já ter recebido mensagens defensivas de ex-namorados achando que as histórias sobre abuso eram indiretas a eles.

- Não de forma explícita, mas veladamente - diz Cleo. - Já sofri questionamentos de certas pessoas que estavam incomodadas com a forma como estava falando das coisas da minha vida.

Maciel complementa:

- Até eu, que não sou famosa como a Cleo, já recebi mensagem de ex perguntando se estava no livro ou não!


O Globo terça, 14 de junho de 2022

LEILA DINIZ: O MISTERIOSO ACIDENTE DE AVIÃO QUE TIROU A VIDA DA ATRIZ, HÁ 50 ANOS

Leila Diniz: O misterioso acidente de avião que tirou a vida da atriz, há 50 anos

 

Leila Diniz diante do cartaz do filme 'Edu, coração de ouro', em 1968

 

 

Ninguém queria acreditar. Na sede da TV Globo, no Rio, a atriz Maria Claudia e a repórter Scarlett Moon diziam que alguém devia ligar para o Itamaraty. "Leila é rainha de perder o avião, ela sempre chegou atrasada nos aeroportos, por que haveria de ser pontual logo agora?", questionou Maria Claudia, emocionada.

Mas Leila Diniz não queria perder aquele voo de jeito nenhum. Ela tinha viajado à Austrália para promover o filme "De mãos vazias", do diretor Luiz Carlos Lacerda, no Festival de Cinema de Adelaide. Mas garantira à jornalista e amiga Scarlett Moon que não ia "ficar de bobeira por lá, não". Voltaria correndo para estar de novo com a pequena Janaína, de 6 meses, sua filha com o cineasta Ruy Guerra.

A atriz de 27 anos, famosa por seus trabalhos na TV e no cinema e pelas atitudes libertárias que tanto incomodavam os moralistas da ditadura militar, deixou Adelaide sozinha, antes do encerramento do festival. Ela foi para Tóquio e lá embarcou no Voo 471 da Japan Airlines. O avião parou em Hong Kong, em Bangcoc e chegava na sua terceira escala, em Nova Déli, na Índia, quando colidiu a quilômetros do aeroporto. Eram 20h15 de uma quarta-feira, 14 de junho de 1972, há exatos 50 anos.

 

Leila Diniz. Destroços do Voo 471 da Japan Airlines, em Nova Déli, na Índia

 

 

A tragédia matou 86 pessoas. Entre elas, Leila Diniz e o indiano KKP Narasinga Rao, um veterano da Food and Agricultural Organization (FAO), agência das Nações Unidas voltada para o combate à fome. Ao receber a notícia, a cantora e amiga Elis Regina desmaiou em frente às câmeras, gravando um programa de televisão. Leila morreu no auge da fama. A comoção tomou conta do país.

Janaína Diniz: 'Tenho um encontro marcado com a mãe que não tive'

"O acidente foi um completo mistério", declarou o executivo Yasteru Matusi, gerente-geral da Japan Airlines na Índia, após à tragédia. De acordo com uma reportagem do GLOBO na época, a companhia suspeitava até de sabotagem. Ninguém sabia explicar o que realmente acontecera. Com o tempo, configurou-se uma disputa jamais encerrada de narrativas sobre as causas do desastre. Para investigadores japoneses, houve falha num equipamento do aeroporto. Mas o relatório de autoridades indianas foi enfático ao apontar uma sequência de erros cometidos pela tripulação. 

O Voo 471 saiu de Tóquio com destino a Londres, de onde Leila tomaria outro avião para o Brasil. Hoje, uma viagem entre Japão e Reino Unido traça uma linha cruzando o espaço aéreo da Rússia. Mas, em tempos de Guerra Fria, a rota contornava o território soviético, num "pinga-pinga" interminável por capitais do Sul da Ásia. A carismática intérprete de Maria Alice em "Todas as mulheres do mundo" faria um total de seis paradas até chegar à capital britânica.

 

Carrinho de Janaina, filha de Leila Diniz, após a morte da atriz, em junho de 1972
 

Após uma viagem sem imprevistos desde Bangcoc, na Tailândia, a aeronave modelo Douglas DC 8, com oito anos de uso, aproximava-se do Aeroporto Internacional de Palam, em Nova Déli. Já era noite, e havia uma densa névoa de poeira no ar, o que reduzia drasticamente a visibilidade a bordo. Por isso, a cabine recebeu autorização do aeroporto para realizar o pouso com a ajuda de instrumentos.

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Entretanto, algo de muito errado se sucedeu. Um vídeo detalhado, que usa recursos gráficos para recriar o acidente de meio século atrás, foi publicado no Youtube no ano passado. Nesse vídeo, o áudio com as vozes dos pilotos na cabine sugere que eles começaram a descer depois de visualizar o que, equivocadamente, identificaram como as luzes da pista do aeroporto em Nova Déli.

Uma investigação japonesa argumentou que o equipamento responsável por enviar sinais de rádio para guiar o avião até a pista, durante um pouso por instrumentos, estava com defeito. Já o relatório do governo indiano concluiu que, ao pensar que haviam enxergado a pista, os pilotos abandonaram o procedimento de pouso por instrumentos e, mesmo com todas as limitações de visibilidade, passaram a se guiar pelos próprios olhos, ignorando as informações do altímetro.

 

Leila Diniz desfilando pela Império Serrano no carnaval de 1972

 Como resultado, o Douglas DC 8 continuou descendo às cegas. Quando observou o altímetro, a tripulação se deu conta do erro e tentou arremeter, mas não teve tempo. A aeronave se chocou com as margens do Rio Yamuna, a 16 quilômetros da pista. Além de 82 mortos a bordo, quatro pessoas que estavam no solo também perderam a vida. Uma tripulante e quatro passageiros sobreviveram, milagrosamente. 

Em fotos: Veja uma galeria com imagens da carreira de Leila Diniz

Dois dias depois do acidente, as autoridades indianas encontraram o passaporte de número 896 147, de propriedade de Leila Diniz, colocando fim a qualquer esperança de que ela pudesse ter escapado com vida. Cunhado da atriz, o advogado Marcelo Cerqueira foi a Nova Déli para buscar os restos mortais da artista e voltou no dia 25 de junho, no avião que trouxe também as cinzas da mãe de Janaína. 

Um cortejo com 40 carros percorreu o trajeto do Aeroporto Internacional do Galeão até o Cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul do Rio, onde já estavam milhares de pessoas. Dona Zica, mulher do compositor Cartola, cobriu a urna com a bandeira da escola de samba Mangueira. Antes de ser colocado no jazigo perpétuo 19.886, o caixão foi alvo de uma chuva de flores. Familiares, amigos e fãs de Leila se despediam aos prantos. Vários dias depois, admiradores da querida artista ainda eram vistos deixando suas homenagens no cemitério.

 

Leila Diniz. Sepultamento da atriz no Cemitério São João Batista, em junho de 1972

 

Leila Diniz. Público acompanha sepultamento da atriz, em junho de 1972

O Globo segunda, 13 de junho de 2022

BASQUETE: MÁGIC PAULA - *AS MÁS GESTÕES MATARAM GERAÇÕES DO BASQUETE*

Por Carol Knoploch — Rio de Janeiro

 

Magic Paula: ‘As más gestões mataram gerações do basquete’
Magic Paula, em Vila de Santo Andre, no município de Santa Cruz de Cabrália (Bahia) Arquivo pessoal

Há pouco mais de um ano, Maria Paula Gonçalves da Silva, a Magic Paula, tornou-se a primeira mulher vice-presidente da história da Confederação Brasileira de Basquete (CBB), entidade que sobrevive com a ajuda de aparelhos após décadas de más gestões. A ex-atleta está no olho de um furacão e, ao mesmo tempo, bem longe dele. Com 60 anos recém-completados, ela decidiu “viver de maneira mais tranquila” em Santo André, um vilarejo com menos de mil moradores no município de Santa Cruz Cabrália, próximo a Porto Seguro, na Bahia. Pela internet — ferramenta que também usou para falar com O GLOBO sobre a maturidade e o trabalho —, ela tenta resgatar o brio do basquete nacional.

Como se sente aos 60 anos?

Sempre lidei com a idade de maneira muito tranquila. Nunca me incomodou, e acho que não vai. É preciso ter tranquilidade para lidar com as mudanças do corpo e do rosto e com as marcas. Eu tenho zero problema com isso.

Você está igual...

Mais ou menos. Depende de como se leva a vida. O tempo pode e deve nos fazer seres humanos melhores. Hoje, lido com mais facilidade com coisas que antes me incomodavam. Para me tirar do centro, tem de ser algo forte. Não quero adoecer por ter me estressado com coisas sem importância.

 
A pandemia nos direcionou para um êxodo diferente, me perguntei por que a gente busca tanto a vida nas grandes cidades, que nos levam a consumir o que nem temos necessidade. Tantas roupas e sapatos... Não precisamos de muito
— Magic Paula

Como consegue trabalhar tão bem essa questão?

Temos aquela coisa de construir o futuro e depois se aposentar. Esse período pode acontecer quando não há mais agilidade e ímpeto com a vida. Não queria que fosse com 70 ou 90 anos. Me dei o direito de viver de maneira mais tranquila, buscando o que me faz bem. Durmo e acordo cedo. É optar, escolher e viver com dignidade. Sempre tive dificuldade com peso, mesmo enquanto atleta, e continuo. Então, hoje, a atividade física me dá bem estar. Digo isso porque não vivo do meu corpo e rosto. Hoje, ninguém está feliz com o que tem.

Por isso foi para a Bahia?

Vinha para cá, onde tenho casa desde 2014, a cada dois meses. Fui me encantando e, no ano passado, acabei ficando. A pandemia nos direcionou para um êxodo diferente, me perguntei por que a gente busca tanto a vida nas grandes cidades, que nos levam a consumir o que nem temos necessidade. Tantas roupas e sapatos... Não precisamos de muito.

O que gosta de fazer aí?

Faço hidroginástica no rio, ando de chinelo e me locomovo de bicicleta. Estou no meio da natureza, moro num condomínio com quintal. Cuido das plantas, gosto de pintar um negócio ou outro... Estou sempre fazendo algo.

Magic Paula, em Santa Cruz de Cabrália: local onde escolheu para viver após a pandemia da Covid-19 — Foto: Arquivo pessoal

Magic Paula, em Santa Cruz de Cabrália: local onde escolheu para viver após a pandemia da Covid-19 — Foto: Arquivo pessoal

Como concilia a vida na Bahia e o trabalho na CBB?

Quando fui convidada para ser vice do Guy (Peixoto), foi para estar perto das seleções brasileiras e tentar turbinar o basquete feminino. Isso me encantou. Não o cargo. E, desde o início, o combinado foi não sair da minha casa. Necessitando da minha presença, eu vou, mas nós coordenamos tudo online (Paula deve embarcar esta semana para a Argentina para acompanhar a AmeriCup, com a seleção sub-18). Somos muito disciplinados e a equipe que trabalha com a gente também. As tarefas podem ser cumpridas aqui ou lá. Isso depende do profissional que cada um é... Cheguei a um estágio da vida em que não queria mais o compromisso de estar lá (na sede da CBB) das 9h às 17h.

Você foi eleita justamente no Dia Internacional da Mulher. O desafio é maior para nós?

O esporte foi feito por homens para homens, mas a gente já galgou muito. Principalmente as atletas. Na gestão, estamos muito aquém. Isso acontece também porque a gente não se apresenta para alguns cargos. Às vezes, temos as oportunidades e medo de assumir.

Não tem receio de manchar sua imagem de atleta?

O único medo é sofrer com questões que não estão dentro da minha filosofia. Minha passagem meteórica pelo Ministério de Esportes, em 2003, foi mais ou menos isso. Comecei a ver coisas com as quais eu não concordava e achei melhor me retirar. Mas é o que eu digo: você só verá o tamanho do buraco se estiver próximo dele. Vivemos momentos difíceis, roteiros escabrosos de corrupção no esporte em geral. E não acredito que isso tenha acabado. Mas, enquanto eu estiver dentro do processo e podendo continuar, vou enfrentar o desafio. Não sei se em quatro anos a gente consegue mudar tanta coisa que fizeram ao basquete brasileiro.

Quando assumiu, você disse que a CBB enfrentava dívidas de mais de R$ 45 milhões, processos trabalhistas e cíveis e sofria com a falta de certidão negativa de débitos (o que impede parcerias com entes públicos). A entidade foi suspensa pela Fiba, e as seleções perderam torneios internacionais. Como se chegou a esse ponto?

A culpa é do próprio basquete, porque, quando se reelege alguém que não faz a coisa do jeito que tem de ser, é porque muita gente concordou com isso, certo? Para a gente que não tem certidão negativa de débito, a dificuldade de receber recursos inclui o privado. Hoje, as empresas têm compliance e, quando veem a situação da entidade, é natural que não queiram ser nossas parceiras. A gente passou a negociar e pagar essa dívida, muito em função da nova lei que permite que 20% da verba das Loterias sejam investidas no pagamento dessas pendências. Mas a verdade é que esse recurso, que recebemos via COB, é um terço do que necessitamos. Principalmente com a entrada do 3 x 3. Precisamos urgentemente ter resultados para receber também recursos por eles. O grande legado da nossa gestão seria conseguir essa certidão.

 
Estou aqui de passagem e não posso ter essa cobrança após a terra ter sido arrasada por anos. Não dá para fazer mágica, mas dá para começar. O que quero é classificar para Paris-2024.
— Magic Paula

Pela segunda vez seguida, o Brasil não vai disputar o Mundial Feminino.

Somos uma seleção que precisa treinar, as jogadoras precisam estar juntas. Na minha época, para o Mundial da Austrália (o Brasil foi ouro), treinamos quatro meses. Mas, hoje, a Fiba permite que as atletas fiquem em seus clubes até quatro dias antes da competição. E, olha, a gente perdeu de dois pontos da Coreia do Sul, de seis da Sérvia e de 12 da Austrália. Se ganhasse da Coreia, a gente estava dentro. Bateu muito na trave.

Como se resolve isso?

Estou aqui de passagem e não posso ter essa cobrança após a terra ter sido arrasada por anos. Não dá para fazer mágica, mas dá para começar. O que quero é classificar para Paris-2024. Vamos fazer todo o possível para a gente não ficar de novo fora de uma Olimpíada.

Magic Paula, vice-presidente da Confederação Brasileira de Basquete. — Foto: Divulgação

Magic Paula, vice-presidente da Confederação Brasileira de Basquete. — Foto: Divulgação

E a seleção permanente que foi bandeira na eleição?

Temos duas realidades, de atletas que estão aí há algum tempo e que talvez estejam deixando a seleção, caso da Érika. Mas já temos uma nova geração. O investimento tem de ser feito nas jogadoras de 18, 19 anos. E a ideia de ter uma seleção permanente é para fortalecer esse grupo e obter resultado daqui a quatro, oito anos. Mas isso também exige investimento. A ideia é que elas estivessem no mesmo clube, com o desejo de ter um time jovem. Ainda não conseguimos mesmo com boas conversas com dois times. Também porque não será fácil trazê-las. A maioria atua nos EUA porque aqui não tinha competição, foram para lá por uma questão de sobrevivência. Se a gente não pode oferecer o melhor, que elas tenham o melhor em outro lugar. Pelo menos, voltarão falando inglês e formadas. Se vão virar jogadora é outra história. As más gestões mataram gerações do basquete. A gente sabe que temos uma comunidade que quer resultados imediatos, mas a gente tem de seguir fazendo o nosso trabalho. Muitas vezes o próprio basquete não torce pelo basquete...

Como assim?

Exemplo, a gente convoca uma seleção. Tenho recurso para treinar uma semana. Mas teríamos de treinar um mês. Se não, a outra seleção não se apresenta. Temos de nos adequar. Aí, os cornetas começam: "Mas como treinar só sete dias?". É mais fácil criticar do que ajudar. Eu falo que eu já fui pedra, já estive de fora. Hoje eu vejo que não é bem assim.

 

O que destacaria até agora em um ano de trabalho?

O fortalecimento da equipe da CBB com mulheres, a realização do Brasileiro no ano passado e a escolha de embaixadoras nos estados para nos ajudar a ter um diagnóstico de como estamos no Brasil. Além da ampliação do Adelante, projeto de capacitação do Neto (José Neto, técnico da seleção feminina) e da Adriana (Santos, coordenadora) com mais de 1.500 inscritos. É muito pouco perante o que ainda precisamos.

O que achou do skate, do surfe e da escalada em Tóquio-2020?

A gente que é das antigas acha meio estranho. Mas teve um poder altíssimo de levar a juventude a se movimentar. Esse tem sido um desafio grande. Tem questões nestas modalidades muito diferentes das tradicionais. Essa espontaneidade e essa coisa menos rígida que o esporte traz é bem bacana. Tem de ser mais leve. Se eu tivesse que repetir de novo (carreira como atleta), era isso que eu faria. Seria mais leve e me divertiria mais.

 

E qual a novidade sobre o filme que vai contar sua história e da Hortência?

O filme está em fase de captação e montagem do roteiro. A ideia é mostrar duas mulheres dos anos 90 que eram empoderadas e fizeram o que fizeram com o basquete feminino junto com outras mulheres incríveis. Lá atrás já teve gente que não dava bola para o que a torcida falava e ia atrás dos seus sonhos.

 


O Globo domingo, 12 de junho de 2022

DIA DOS NAMORADOS: PAOLLA OLIVEIRA E DIOGO NOGUEIRA POSAM EM ENSAIO EXCLUSIVO PARA O DIA DOS NAMORADOS

Por Joana Dale

 


Paolla veste saia, sutiã e shorts Intensify Me e Diogo, Emporio Armani — Foto: Fe Pinheiro

Paolla veste saia, sutiã e shorts Intensify Me e Diogo, Emporio Armani — Foto: Fe Pinheiro

No sofá, Paolla Oliveira pede ao fotógrafo esperar antes de clicar, e posiciona a cabeça do namorado, Diogo Nogueira. “Me beija de leve, não pode ser beijão”, orienta. No salão de festas, a atriz tira o cantor para dançar em câmera lenta. “É uma cena”, justifica. Na cama, avisa que ele precisa ficar deitado: “Não largadão”. Durante as três horas da sessão de fotos, Paolla carinhosamente dirige Diogo. “Eu falo mesmo. Conheço a figura. E quero vê-lo melhor do que já é, não vou deixar sair atochado na foto”, diz. “É uma questão de confiança. Quando estou em cima de um palco e ele fala: ‘Não vai para lá’, eu não vou. Aqui, como manjo mais desse métier, falo ‘faz assim’. A gente não discute. A gente confia”.

É a primeira capa de revista protagonizada por Paolla e Diogo, ambos se jogaram no mood proposto pela equipe de ELA: a história de um casal que está curtindo um baile e, mais ainda, o after party, com direito a café da manhã na cama e corridinha — com os dois envoltos em edredons — nos corredores do Copacabana Palace. “Eu me diverti em todas as cenas! Fiz poucos ensaios assim, então fico vendo como ela se movimenta para tentar chegar próximo. Não sou modelo”, diz Diogo. “Começamos super arrumados, com roupas de festa, e acabamos no chuveiro”, diz Paolla. “Como terminam as festas”, emenda Diogo. “E começam as boas coisas...”, gargalha ela. 

Em uma hora de entrevista concedida aos pés da cama king size da suíte, em uma rara terça-feira de folga do casal — a atriz está em ritmo frenético de gravações como protagonista da novela “Cara e coragem”, e o cantor em turnê com o novo disco, “Deu samba” —, Paolla e Diogo refletiram sobre amor, confiança, ciúme, cultura, política e revelaram o desejo de celebrar a união em uma festa de casamento e os planos de terem filhos. Confira os melhores trechos a seguir.

O GLOBO — Vocês estão juntos há um ano, Mas parece mais tempo... também têm essa impressão?

PAOLLA: Menina, não somos bons com data, mas é verdade, um ano! Essa é uma capa de aniversário (risos). Mas, sim, parece que tem mais tempo... Acho que porque é a primeira vez que eu tenho um relacionamento mais público. Mas como esconder essa figura embaixo da cama?

DIOGO: Sem dúvida. A gente não ia conseguir se esconder...

PAOLLA: Não foi uma opção. Somos duas pessoas públicas, a maneira de a gente se encontrar é eu estar num show dele ou ele num evento meu. Então, ficou mais aparente, até virou meme!

O que acham se serem considerados os namoradinhos do Brasil?

PAOLLA: Dá certo por que somamos. Outro dia, uma pessoa me perguntou: ‘O Diogo aprovou sua roupa?’. Oi? Como assim? Somos um casal que soma. Estou aqui puta da vida porque amanhã ele vai para Maceió, mas no fundo estou feliz por ele. Aí trocamos mensagens, falamos por vídeo. Esse moço viaja muito... Fui tentar pegar um fim de semana dele, e só consegui um dia no meio de agosto!

DIOGO: Saudade é amor! E estou feliz por ela estar fazendo novela. Sou noveleiro! Não sei como vou reagir às cenas de beijo. Pode ser que dê aquela irritaçãozinha e que eu prefira levantar do sofá para pegar um copo d’água...(risos).

PAOLLA: Os dois estarem realizados profissionalmente é uma premissa importantíssima. Quando só um está feliz, não dura muito. Tudo isso parece muito clichê... Principalmente em tempos de casais modernos, trisais... Mas nós somos um casal simples, que fala coisas normais. Parceria, admiração e afeto soam como palavras fora de moda?


O Globo sábado, 11 de junho de 2022

ATUALIDADES: GRETCHEN PARABENIZA FILHA PELOS 19 ANOS, E BELEZA DA MENINA ENCANTA WEB

 

Por O GLOBO — Rio de Janeiro

 

Gretchen parabeniza filha pelos 19 anos, e beleza da menina encanta web; veja fotos
Giullia é filha de Gretchen Reprodução
 
Filha de Gretchen — Foto: Reprodução

Filha de Gretchen — Foto: Reprodução

Giulia é modelo a agência Mega e mora sozinha na França. Giu, como é chamada, se mudou há cinco anos para Mônaco, junto com a mãe e a irmã mais nova, Valentina. Acabou ficando pela Europa, onde chegou a trabalhar como entregadora de comida em um restaurante. Ela é fruto do relacionamento de Gretchen com Juliano Cezimbra, ex-segurança de Ratinho. O casal ficou junto entre 2002 e 2003.

Giullia nasceu em Recife. Em diversas entrevistas, já disse que sua relação com a mãe é ótima e que tem profunda admiração pelo trabalho de Gretchen.


O Globo sexta, 10 de junho de 2022

BRASILEIRÃO: AS ÚLTIMAS HORAS DE PAULO SOUSA NO FLAMENGO FORAM CHOCANTES ATÉ PARA O FUTEBOL BRASILEIRO

Martín Fernandez: as últimas horas de Paulo Sousa no Flamengo foram chocantes até para o futebol brasileiro

Clube deu ao técnico a chave do departamento de futebol, um salário alto, um contrato longo. Ao mesmo tempo, faz dele a peça mais descartável
 
Paulo Sousa, técnico do Flamengo Foto: Divulgação
Paulo Sousa, técnico do Flamengo Foto: Divulgação
 

Talvez não devesse mais ser motivo de espanto, mas é impossível evitar a sensação quando o Flamengo fornece provas tão consistentes de que é administrado de maneira aleatória, fortuita. O clube que fatura R$ 1 bilhão por ano, que é parte importante da vida de dezenas de milhões de pessoas, demonstra semana após semana que toma decisões cruciais — como escolher quem comanda o time de futebol — com base em tentativa e erro.

O roteiro das últimas horas de Paulo Sousa como funcionário do clube foi chocante até para os padrões exóticos do futebol brasileiro.

Após a derrota por 1 a 0 para o Bragantino na quarta-feira, Paulo Sousa acordou demitido pela imprensa, que obviamente não inventou nada, e sim publicou qual era a intenção de quem manda no clube. No início da tarde, Dorival Júnior aceitou a proposta do Flamengo e interrompeu por decisão própria um trabalho no Ceará que durou 73 dias e 18 jogos — a categoria sempre colabora decisivamente para esse estado de coisas, mas esta é outra discussão.

 Um pouco depois das 16h, enquanto o Mundo Flamengo já discutia quais mudanças o novo técnico fará no próximo jogo, Paulo Sousa orientou um último treino inútil para jogadores que já sabiam não estar mais sob suas ordens. Só no final da tarde o português e seus auxiliares foram comunicados da demissão pelos mesmos cartolas que seis meses atrás foram buscá-lo na Europa.

O pensamento mágico de reviver 2019 levou a direção do Flamengo a assinar com Paulo Sousa um contrato de dois anos. Não há trabalho em curso na elite do futebol brasileiro que seja tão longevo — Maurício Barbieri está há 21 meses no Red Bull Bragantino, num contexto sem par no Brasil, e Abel Ferreira só dura 19 meses no Palmeiras porque ganhou duas vezes a Copa Libertadores. Mais importante do que isso: ninguém aguentou tanto tempo assim no Flamengo neste século, o que inclui todos os profissionais contratados por esta gestão.

O Flamengo elevou a outro patamar uma prática do futebol brasileiro: dar ao técnico a chave do departamento de futebol, um salário alto, um contrato longo, o poder de indicar reforços, dispensar jogadores e trabalhar apenas com sua própria comissão técnica. Ao mesmo tempo, faz dele a peça mais descartável, a primeira ser trocada em caso de turbulência, a um custo invariavelmente alto. O erro na origem cobra seu preço depois na forma de uma multa rescisória milionária a quem está indo embora e na urgência de contratar um sucessor no improviso, no desespero.

Os erros de Paulo Sousa foram muitos e foram públicos — o que alimentou uma perversa campanha para derrubá-lo do cargo. A questão aqui é como o clube se deixou levar a uma posição tão vulnerável a ponto de não ter nem funcionários próprios aptos a substituí-lo até a chegada do novo treinador. Qual era o plano, afinal? Havia algum?

A troca de Paulo Sousa por Dorival Júnior pode perfeitamente resultar em troféus no fim do ano, afinal a equação é composta por um bom profissional, um elenco qualificado e uma torcida capaz de carregar times nas costas. Mas, ainda que dê certo, também será um pouco fruto do acaso. Tal qual 2019, aliás.


O Globo quinta, 09 de junho de 2022

MÚSICA: HIROMI UEHARA VEM AO RIO PARA MOSTRAR SEU PIANO MUITO ALÉM DO PRETO E BRANCO

 

Por Silvio Essinger

 

 


A pianista japonesa Hiromi Uehara — Foto: Muga Miyahara/Divulgação

A pianista japonesa Hiromi Uehara — Foto: Muga Miyahara/Divulgação

Aos 43 anos, Hiromi Uehara, prodígio japonês do piano, pode dizer que sua evolução está bem documentada. Aos 6, ela se recorda de ter começado a aprender piano com uma professora que tocava música clássica, jazz e pop. Aos 8, já estava obcecada pelo jazz, estilo no qual, diferentemente do clássico, os músicos podiam ir além da partitura e improvisar.

Aos 24, ela misturou tudo o que tinha ouvido e tocado até então em seu álbum de estreia, “Another mind”. Seis anos depois, à beira dos 30, Hiromi lançou “Place to be”, disco de piano solo em que pretendia registrar o momento do seu estilo. Gostou tanto da experiência que, uma década depois, gravou outro disco nesse mesmo formato, “Spectrum”.

— Cada vez que eu toco, nunca é a mesma coisa. É como fazer uma viagem junto com a música — diz por e-mail a pianista, que se apresenta quinta-feira, só com o seu instrumento, no Theatro Municipal, abrindo no Rio a 13ª edição da série Jazz All Night, da Dellarte.

É a segunda vez que Hiromi toca solo na cidade. Em 2016, ela viria com seu trio (formado por dois veteranos do jazz, pop e rock, o baixista Anthony Jackson e o baterista Simon Phillips), mas por alegados problemas de saúde, ela acabou sozinha no palco.

 Agora, a japonesa se apresenta sem acompanhamento por vontade própria: ela quer mostrar “Spectrum”, sua travessia solitária por um vasto conjunto estilístico (e cromático) que inclui composições próprias como “Kaleidoiscope”, “Whiteout” e “Yellow Wurlitzer blues”, um “Blackbird” (Beatles) e um “Rhapsody in various shades of blue”, que vem a ser um azulado medley de “Rhapsody in blue” (George Gershwin), “Blue train” (John Coltrane) e “Behind blue eyes” (The Who).

— Sinto que, quanto mais você toca seu instrumento, mais cores você tem à sua disposição. Tocar música é como pintar: quanto mais cores, mais formas de se expressar você tem. Acho que hoje tenho mais cores na minha paleta do que há dez anos, por exemplo. Também é interessante que tantas cores diferentes de som saiam do piano, que só tem teclas pretas e brancas! — observa a artista, que diz esperar um som “mais rico e mais amplo” do que quando tocou no Rio em 2016.

Como muitos músicos, Hiromi sentiu muito a falta das plateias no isolamento durante a pandemia de Covid-19. Voltar aos palcos a fez sentir “em casa, muito viva”, o que não significa que ela tenha ficado parada durante esse tempo: ela compôs a “Silver Lining Suite”, uma peça em quatro movimentos, para piano e cordas, que gravou de forma remota, em 2021, com os violinistas Tatsuo Nishi e Sohei Birmann, o violoncelista Waturu Mukai e a violista Meguna Naka.

Colaborar com grandes músicos (alguns, gigantes do jazz, como o pianista Chick Corea e o baixista Stanley Clarke) é algo que Hiromi sempre apreciou. Em 2017, ela lançou um álbum ao vivo com o harpista colombiano e o jazzista Edmar Castañeda, a quem só tem elogios:

— Eu amo tanto a energia dele no palco, temos uma ótima química juntos, é simplesmente lindo poder compartilhar isso — diz a artista, que guarda boas lembranças do Rio. — Aproveitei muito o meu passeio à praia! Torço para poder fazer isso de novo.

 


O Globo quarta, 08 de junho de 2022

NUTRIÇÃO: POR QUE DEVO CONSUMIR FIBRAS?

Por que devo consumir fibras?

 

Alimentos ricos em fibras

 

 

A medicina já vem estudando e comprovando a importância da microbiota intestinal para a prevenção de doenças degenerativas e para a manutenção da saúde de forma geral.

As fibras são substâncias encontradas em alimentos de origem vegetal e que não são absorvidas pelo organismo durante a digestão. Seus benefícios vão além do bom funcionamento do intestino, passando pelo controle da glicemia e do colesterol, até aumentar a saciedade e diminuir a fome.

 Porem, além disso tudo, recentemente, pesquisadores do Japão descobriram que as fibras solúveis são capazes de estimular o fortalecimento das boas bactérias no intestino, ajudando a reduzir o risco do surgimento de enfermidades, como a demência.

O estudo foi feito com mais de 3.500 adultos e publicado na revista científica Nutritional Neuroscience, e mostrou que os adultos que consumiam mais fibras, particularmente as fibras solúveis, eram menos propensos a desenvolver demência, comprovando que existe uma interação entre intestino e cérebro.

O estudo aponta que, embora o risco de desenvolver demência, incluindo a doença de Alzheimer, possa ser influenciado pela genética, a alimentação pode ter um importante papel de prevenção. Vale lembrar que o Alzheimer atinge quase 35 milhões de pessoas no mundo. Projeções indicam que uma em cada 85 pessoas serão afetadas pela doença em 2050.

O Japão tem grande histórico de pesquisas sobre os hábitos alimentares de sua população. E segundo alguns desses estudos, um dos maiores fatores de risco genético para a demência se encontra no gene da apolipoproteína E (APOE), que atua no metabolismo dos lipídeos, levando o colesterol pelas células. As fibras conseguiriam reduzir este risco, justamente por serem capazes de “varrer” o excesso de colesterol, reduzindo sua absorção pelo nosso organismo. Esse é o papel das fibras solúveis.

Esse tipo de fibra, é assim chamado porque literalmente se dissolve na água e se transforma em uma espécie de gel, que além de “ir pegando” pelo caminho o excesso de colesterol, também vai trazendo glicose, e ajudando a manter os níveis de açúcar no sangue. Entre outras funções, a fibra solúvel também mantém os níveis de minerais adequados e aumenta o tempo de absorção dos nutrientes no intestino delgado, o que auxilia na maior produção de bactérias boas e no aumento do volume fecal, e por consequência, na eliminação dos resíduos e excessos. Todo esse processo também ajuda a manter a saciedade por mais tempo, já que o esvaziamento gástrico se faz de forma mais demorada. Esse tipo de fibra pode ser encontrada em alimentos como verduras, legumes, frutas e frutos, e alimentos que contem aveia, centeio e cevada.

Outro tipo de fibra que existe é a insolúvel, ou seja, que não dissolve na água. Por isso, elas passam mais rapidamente pelo intestino. É como se ela fosse correndo enquanto as solúveis fossem andando, e na correria, ela leva o bolo fecal mais rápido, ajudando-o a atravessar o longo caminho pelo intestino de forma bem mais eficiente, evitando a prisão de ventre e o câncer de cólon, por exemplo. Essas fibras podem ser encontradas no farelo de trigo, arroz integral, feijão e cereais matinais integrais, e também em algumas frutas como pera, ameixa com casca, laranja e tangerina.

De volta ao estudo japonês, a associação de fibras e demência ainda traz pontos a serem elucidados, mas uma grande possibilidade pode estar na explicação de que a fibra solúvel, através da regulação da composição das bactérias intestinais possa afetar, de forma positiva, a neuroinflamação, que desempenha um papel no início da demência.

Assim como tudo na vida, o equilíbrio é fundamental, e apesar de serem ótimas, as fibras também não devem ser consumidas em excesso. Recomenda-se 14 gramas de fibras a cada 1.000 calorias consumidas por dia. Infelizmente, ainda estamos longe de sofrer por excesso desse consumo, mas sim, pela falta. 


O Globo terça, 07 de junho de 2022

PANDEMIA: COVID-19 - AS CINCO LIÇÕES QUE APRENDEMOS (OU DEVERÍAMOS TER APRENDIDO) PAR A EVITAR NOVAS ONDAS E DOENÇAS

Por Bernardo Yoneshigue

 


Imunização contra a Covid-19 de crianças e com dose de reforço nos adultos segue aquém do esperado. — Foto: Eliane Neves/Fotoarena/Agência O Globo

Imunização contra a Covid-19 de crianças e com dose de reforço nos adultos segue aquém do esperado. — Foto: Eliane Neves/Fotoarena/Agência O Globo

 

Desde março de 2020, uma série de mudanças – como uso de máscaras, ventilação dos ambientes, obrigatoriedade de testes, medidas restritivas, entre muitos outros hábitos – foram incorporadas no cotidiano de milhões de brasileiros. Mais de dois anos depois, com o avanço da vacinação e uma consequente menor gravidade da Covid-19, a situação epidemiológica da pandemia melhorou e diversas práticas ficaram pelo caminho. Porém, o recente aumento de casos, com testes positivos em farmácias do país disparando 326% no último mês, acende um alerta.

Especialistas ouvidos pelo GLOBO apontam alguns costumes que se tornaram – ou ao menos deveriam se tornar – aprendizados permanentes para evitar novas ondas da doença e avanços de outros patógenos. Para além do mais importante entre eles no momento (manter o calendário vacinal em dia), há uma série de medidas que minimizam os riscos de infecção e a severidade de uma nova onda.

— A pandemia trouxe hábitos que deveríamos manter, como lavar as mãos, usar máscaras em locais de risco, preferir espaços abertos aos fechados, isolar-se em caso de sintomas para não transmitir a doença e, claro, se vacinar. No geral, o que já deveríamos ter aprendido é que endemias e pandemias são problemas coletivos e não individuais e, portanto, requerem ações de todos — explica o doutor em saúde coletiva Fernando Hellmann, professor no departamento de Saúde Pública da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

 

As lições que a pandemia trouxe servem não apenas para conter o avanço da Covid-19, como também o de outros agentes infecciosos. É o caso da disseminação da varíola dos macacos pelo mundo, um vírus que até então era restrito a áreas endêmicas de onze países africanos, mas passou no último mês a provocar centenas de diagnósticos em nações de todos os continentes do planeta – com sete suspeitas no Brasil.

Confira abaixo cinco pontos listados por profissionais da epidemiologia, infectologia e saúde pública para frear a transmissão das doenças transmissíveis no país.

 

1 - Calendário vacinal em dia

 

Hoje é unânime entre os especialistas que o mais importante é manter o calendário vacinal atualizado. Isso porque as novas subvariantes da Ômicron – como a BA.2, que é prevalente no Brasil; a BA.4 e BA.5, que levaram ao aumento de casos na África do Sul, e a BA.2.12.1, por trás da nova onda nos Estados Unidos – têm um potencial maior de reinfecção.

Por isso, essas sublinhagens, junto à queda da proteção induzida pela vacina com o passar dos meses, têm motivado o crescimento dos testes positivos, mesmo entre imunizados. Ainda assim, os especialistas ressaltam que, quando contemplada com todas as doses indicadas da vacina, a pessoa tem um risco muito menor de desenvolver formas graves da doença.

No entanto, a proteção só é garantida com o esquema completo, ou seja, duas doses para crianças de 5 a 11 anos; três doses para aqueles com mais de 12 anos e quatro para os acima de 50. No caso dos imunossuprimidos, há ainda a indicação de uma dose adicional além dessas.

 

— É algo que aprendemos: a necessidade da vacinação em massa. Para isso, devemos trabalhar mais na educação, para ampliar a adesão dos faltosos às vacinas. Assim poderemos não só nos proteger, como também aqueles que por algum motivo de saúde não possam ser vacinados — afirma Hellmann.

Segundo um levantamento do Ministério da Saúde, feito a pedido do GLOBO, ao menos 46 milhões dos brasileiros adultos ainda não receberam a dose de reforço, considerada essencial para uma resposta imune adequada contra a variante Ômicron.

 

2 - Uso de máscaras

 

Apesar da série de mudanças nas recomendações dos estados e municípios sobre o uso de máscaras, os especialistas concordam em relação a determinados espaços e situações em que elas ainda não deveriam ser completamente liberadas. É o caso de ambientes com aglomerações, locais fechados e, principalmente, de pessoas com sintomas respiratórios.

A doutora em Epidemiologia das Doenças Transmissíveis pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Andrea Von Zuben, professora do programa de pós-graduação em Saúde Coletiva da universidade, reforça que muitas pessoas dispensam o item por acreditar que os sintomas são de gripe ou resfriado.

No entanto, ela explica que, com a vacinação, os sinais da Covid-19 são mais leves que aqueles relatados em 2020 e, mesmo no caso de outras doenças respiratórias, é importante usar a máscara pois elas também são transmitidas por vias aéreas.

— Quando a gente pensa em doenças respiratórias, a gente não pode mais abrir mão das máscaras, especialmente em ambientes muito aglomerados. Isso para que não aconteça de pessoas andando nas ruas com manifestação desses sintomas contaminando as outras sem saber— diz Andrea.

Na semana passada, o Comitê Científico do governo de São Paulo voltou a orientar o uso da proteção em lugares fechados, como salas de cinema, de aula, academias e escritórios, diante do aumento nas internações pela Covid-19 no estado.

 

 

3 - Testagem em caso de contato com infectado ou sintomas

 

A confusão com outras infecções respiratórias pode levar não apenas os contaminados a deixarem de usar a máscara, como também a não realizar o período de isolamento social orientado pelas autoridades de saúde.

Por isso, o doutor em Doenças Infecciosas e Parasitárias pela USP e professor de infectologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Kleber Luz, que também é consultor internacional da Organização PanAmericana da Saúde (OPAS) para arboviroses, destaca a importância de se realizar o teste no caso de sintomas ou de contato com uma pessoa infectada.

— Durante a epidemia do H1N1, por exemplo, era outro cenário, a disponibilidade dos testes era escassa. Mas com a Covid-19, todo mundo pode se testar independentemente da gravidade do caso. Isso leva a um diagnóstico rápido, então você consegue isolar o caso com mais facilidade e evitar que ele transmita para outras pessoas — explica o professor da UFRN.

 

4 - Vigilância de fronteiras

 

Um fator importante para evitar a disseminação do vírus é uma forte vigilância em áreas de fronteiras, como aviões e aeroportos, destaca Andrea Von Zuben. Por isso, na recente atualização das regras vigentes, a Anvisa decidiu pela manutenção da obrigatoriedade do uso de máscaras nesses locais. Além disso, a depender do local de destino da viagem, ainda é requerido o resultado de um teste negativo antes de embarcar.

A epidemiologista ressalta que isso é necessário pois muitas doenças, como a Covid-19 e a varíola dos macacos, estão se espalhando pelo mundo de forma cada vez mais rápida.

— Então o Brasil tem que ter uma vigilância de portos, aeroportos e fronteiras muito melhor do que ela é hoje. Nesse mundo globalizado, o coronavírus que foi identificado pela primeira vez na China chegou muito rapidamente aos outros países. A gente tem ainda uma deficiência nesse setor e, em viagens, muitas vezes pessoas de países onde algumas doenças não são endêmicas vão a outros lugares, acabam se contaminando e levam a doença — explica Andrea.

 

 

5 - Investimento em vigilância genômica

 

O cenário de alta circulação do Sars-CoV-2, vírus causador da Covid-19, também propicia que o vírus passe por uma série de mutações que o tornem mais transmissível ou aumentem o potencial para escapar dos anticorpos de infecções anteriores ou da vacina.

Por isso, é importante saber qual é a cepa predominante no momento, identificar de forma rápida se uma outra variante que está provocando aumento de casos em outros países chegou ao Brasil e também qual é o comportamento dessas novas versões do vírus em relação à gravidade da doença e à disseminação.

Porém, a epidemiologista da Unicamp explica que isso só é possível com estruturas de vigilância genômica capacitadas, que conseguem realizar o sequenciamento do agente infeccioso e classificá-lo – um aparato que é carente no Brasil. Ainda que instituições como o Instituto Butantan e a Fiocruz sejam consideradas de excelência, os Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacens), lugares de referência para o sequenciamento, não têm a estrutura e a equipe adequada, pontua Andrea.

— A gente tem hoje um monitoramento genômico em relação à Covid-19 e as suas variantes aquém do suficiente. E essa é uma estratégia que não pode deixar de existir porque se na introdução de um novo patógeno você tem um monitoramento precoce, você consegue fazer prevenção e controle. Mas se a gente não tiver essa capacidade de detecção, quando identificamos acaba sendo tarde demais — afirma a professora da Unicamp.


O Globo segunda, 06 de junho de 2022

BRASILEIRÃO - DERROTADO PELO LANTERNA FORTALEZA NO MARACANÃ, FLAMENGO SEM EVOLUÇÃO E PERSPECTIVA POSITIVA

 

Por Rafael Oliveira — Rio de Janeiro

 


Thiago Maia e Rodrigo Caio atônitos com a derrota do Flamengo para o Fortaleza, no Maracanã — Foto: Marcelo Theobald

Thiago Maia e Rodrigo Caio atônitos com a derrota do Flamengo para o Fortaleza, no Maracanã — Foto: Marcelo Theobald

Há cerca de 20 dias, quando o Flamengo empatou com o Ceará e Paulo Sousa sofria forte pressão, havia uma expectativa interna de que a sequência de cinco jogos no Maracanã (sem desgaste com viagens e sem o excesso de desfalques que vinha tendo) ajudaria a equipe a buscar a tão cobrada evolução. Passado este período, o saldo não parece ser positivo. O time obteve uma sequência de quatro vitórias sem atuações consistentes, e, após a derrota (2 a 1) para o Fortaleza, prevaleceu a impressão de que não houve avanços.

O resultado não agradou a torcida. Mas, não fossem os erros individuais e coletivos tão corriqueiros, o placar poderia ser interpretado como um ponto fora da curva. Ainda mais por se tratar do Fortaleza, adversário cuja qualidade é reconhecida por todos, apesar da má colocação na tabela do Brasileiro.

O jogo deste domingo apresentou um conjunto dos principais problemas do Flamengo com Paulo Sousa. Ironicamente, o primeiro com a semana inteira para recuperação e treinos. Até agora, o time não parece ter assimilado uma estratégia de jogo e aposta mais na qualidade individual dos jogadores. Como consequência, em diversos momentos comete pecados como o de não ter amplitude, o que o deixa sem opção de virada no terço final do campo, e, principalmente, de falhar na transição defensiva, tornando-se presa fácil para ligações diretas.

As falhas individuais, como Paulo Sousa gosta de destacar em suas coletivas, também são um problema frequente. E acabam sabotando o time como um todo. Neste domingo, Willian Arão abusou dos passes errados. Como o que parou nos pés de Matheus Jussa e terminou no gol de Robson, aos 27 do primeiro tempo. João Gomes também não foi bem neste quesito. E o Flamengo passou todo o primeiro tempo sem saída de bola. Pedro e Bruno Henrique ficaram isolados na frente.

Na defesa, Pablo teve uma tarde irreconhecível. Errou passes, tempo de bola e posicionamento. Não por acaso, ele e os dois volantes foram sacados já no intervalo.

Bola de Cristal do Brasileirão: As chances de vitória de cada time na rodada

Mas os erros não foram exclusividades do trio. Ayrton Lucas foi uma avenida pela esquerda. E Matheuzinho, embora não tenha comprometido no mesmo nível, nem sempre conseguiu acompanhar as investidas do Fortaleza pelo seu lado.

O time só não desceu para o intervalo atrás no placar porque o adversário teve dificuldade para concluir e porque Éverton Ribeiro, o mais lúcido da equipe rubro-negra, empatou no último lance do primeiro tempo.

O Flamengo do segundo tempo conseguiu errar um pouco menos e levar mais perigo na frente. As entradas de Vitinho e Thiago Maia deram ao meio de campo mais conexão entre os jogadores e levaram a equipe a empurrar o Fortaleza. Mas, tirando o pênalti desperdiçado por Pedro logo no começo, o gol nunca pareceu estar próximo.

A melhora ofensiva não foi acompanhada de mais solidez atrás. Hugo Sousa chegou a fazer duas defesas difíceis antes de sofrer o segundo gol, de Hércules, já nos acréscimos. No lance, havia seis jogadores do Flamengo dentro da área. Mas todos voltados apenas para a tentativa de ataque pela esquerda. Sozinho no centro, o volante teve toda liberdade para aproveitar o rebote. Mais do que a frustração pela derrota, o jogo terminou marcado pela falta de perspectiva para o futuro.

 


O Globo domingo, 05 de junho de 2022

SELEÇÃO BRASILEIRA: COMO TRINTÕES DA GERAÇÃO 92 E JOVENS FUNCIONAM NO BRASIL RUMO À COPA

Por Bruno Marinho — Rio de Janeiro

 


Vini Jr. é recebido por Neymar: eles são os principais nomes de gerações diferentes que se uniram na seleção brasileira — Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Vini Jr. é recebido por Neymar: eles são os principais nomes de gerações diferentes que se uniram na seleção brasileira — Foto: Lucas Figueiredo/CBF

O Brasil provavelmente enfrentará o Japão segunda-feira, em Tóquio, com quatro deles em campo. Alisson no gol, Casemiro e Fred na contenção, Neymar na criação das jogadas. No geral, contando com Danilo, lateral-direito que foi cortado dos amistosos devido à lesão, são nove jogadores que compõem o grupo de Tite com 30 anos ou próximos disso: Alisson, Alex Telles, Casemiro, Philippe Coutinho e Neymar (nascidos em 1992), Danilo e Alex Sandro (em 1991) e Fabinho e Fred (em 1993).

São jogadores no auge das carreiras: com longa experiência no futebol europeu, alguns deles multicampeões por clubes, já experimentados na seleção brasileira. Seis deles estiveram na Copa da Rússia — Alisson, Danilo, Casemiro, Fred, Coutinho e Neymar.

 

A caminho do Mundial do Catar, os trintões proporcionam aos mais jovens a passagem de bastão que nem sempre existiu da melhor forma na seleção. Neymar é o caso mais emblemático disso, talvez na história da amarelinha. Ao ser lançado como referência ainda aos 18 anos em 2010, sem o respaldo de jogadores que deixaram de frequentar o grupo antes do imaginado, casos de Ronaldinho, Kaká, Robinho e Adriano.

Casemiro líder

A despeito do peso inquestionável dos veteraníssimos Daniel Alves e Thiago Silva, emerge como referência desse grupo o volante Casemiro. O simples fato de ter sido ele o escolhido para falar sobre o pequeno atrito ocorrido entre o grupo da seleção e o então presidente da CBF, Rogério Caboclo, no caso da realização da Copa América do ano passado, sinaliza o tamanho do jogador dentro do vestiário.

O volante do Real Madrid acaba exercendo o papel, tanto no clube espanhol, quanto na seleção brasileira, de alguém que tenta controlar as expectativas criadas em torno de Rodrygo e, principalmente, Vini Jr, ambos de apenas 21 anos.

Tecnicamente falando, quem oferece a maior guarida para esses jogadores é Neymar. Rumo à sua terceira Copa do Mundo, talvez a última, se continuar com a ideia de se aposentar da seleção depois do Mundial, o camisa 10, ao entrar em campo, é quem canaliza as maiores responsabilidades em termos de atuação.

Além disso, em termos táticos, Neymar tem migrado para a criação das jogadas do Brasil. Acaba atuando mais em função dos mais jovens do que o contrário, quando a seleção tem a bola. Na goleada sobre a Coreia do Sul, Neymar ocupou muito a faixa intermediária ofensiva e encontrou bons passes em diagonal para os jogadores que avançavam pelas pontas. No ocasião, Lucas Paquetá e Raphinha.

— Por mais que seja pouco tempo de trabalho que a gente tenha juntos, cada um conhece bem o outro dentro das suas características. O Ney consegue entender meu estilo, o estilo do Vini, o Paquetá entende o do Ney e assim por diante — explicou o atacante Raphinha.

O grande desafio dos trintões será se manterem bem fisicamente para a competição no Oriente Médio. Neymar, por exemplo, vive às voltas com problemas de lesão. Ontem, postou nas redes sociais imagens de hematomas no pé direito. Ainda assim, isso não deve ser problema a ponto de tirá-lo do jogo contra o Japão.

Além de Vini Jr, outra provável mudança na seleção em relação aos titulares contra a Coreia do Sul será a entrada de Guilherme Arana no lugar de Alex Sandro na lateral esquerda. Eder Militão participou de parte do treino no lugar de Thiago Silva, ao lado de Marquinhos na defesa.


O Globo sábado, 04 de junho de 2022

ENOLOGIA: VINHOS DE PORTUGAL - PRIMEIRO DIA DO EVENTO É MARCADO POR REENCONTROS, BRINDES E *CALOR HUMANO*

Por O Globo — Rio de Janeiro

 


Ligia Santos, da Caminhos Cruzados, no Salão de Degustação do Vinhos de Portugal 2022 — Foto: Rebecca Alves

Ligia Santos, da Caminhos Cruzados, no Salão de Degustação do Vinhos de Portugal 2022 — Foto: Rebecca Alves

O primeiro dia da nona edição do Vinhos de Portugal foi marcado pelos reencontros. Foram muitos os abraços, os sorrisos trocados, as fotos tiradas e os brindes na sexta-feira (3) no Jockey Club, na Gávea. O evento realizado pelos jornais O Globo, Público e Valor Econômico em parceria com a ViniPortugal continua neste sábado (4) e domingo (5).

Luis Pato, um dos produtores mais conhecidos dos brasileiros, perdeu a conta dos pedidos de selfies que recebeu durante as primeiras horas do evento.

— Estou reencontrando pessoas que não via há dois anos. Esses últimos anos on-line foram ótimos, mas nada como o calor humano —contou ele, que trouxe um espumante sem sulfito para apresentar. — É o primeiro de Portugal assim. Quero integrar também essa nova onda de vinhos mais naturais. Será meu rótulo pensando nesse futuro. Sou formado em Engenharia Química, então cuidei de todos os processos. — disse.

No concorrido Salão de Degustação, cariocas experimentaram as novidades apresentadas pelos 81 produtores participantes. No total, eles trouxeram mais de 600 rótulos para apresentar por aqui. Na Caminhos Cruzados, de Ligia Santos, uma fila de pessoas estava ávida pelas novidades, incluindo dois rótulos inéditos. Ela contou que a vinda ao Rio foi sua primeira viagem depois do período crítico da pandemia.

Para hoje, ainda há ingressos para a prova especial “O melhor terroir de Portugal”, às 12h, comandada pelo Master of Wine brasileiro Dirceu Vianna Júnior. Em seguida, às 15h, o crítico Jorge Lucki apresenta a prova “Moscatel: o néctar de Setúbal”. Os ingressos estão disponíveis no site oficial do evento: vinhosdeportugal2022.com.br

O produtor Luís Pato, da Bairrada, no Jockey Club, para o Vinhos de Portugal 2022 — Foto: Rebecca Alves

O produtor Luís Pato, da Bairrada, no Jockey Club, para o Vinhos de Portugal 2022 — Foto: Rebecca Alves

Já os talk shows — que acontecem na área comum e reúnem críticos, produtores e personalidades em encontros descontraídos, gratuitos e com duração de 30 minutos — hoje começam às 13h, com o chef Rafa Costa e Silva, do Lasai, e seguem com a sommelière Elaine Oliveira, o restaurateur Chico Mascarenhas, do Guimas, a jornalista e crítica de gastronomia Luciana Fróes e a jornalista portuguesa Isabel Lucas, que estará em mesa sobre as trocas culturais entre Brasil e Portugal. As senhas serão distribuídas meia hora antes.

— Estava ansioso para o retorno do evento. Adoro esses encontros em formato descontraído, sempre muito bem pensados, com uma combinação ótima de pessoas e ainda degustação de ótimos rótulos. Não perco — elogiou o aposentado Augusto Abreu.

 

Confira a agenda deste sábado (4) no Vinhos de Portugal

 

Salão de Degustação
Sessões às 11h, 14h, 16h30 e 19h

Sala de Provas
12h O melhor terroir de Portugal (com Dirceu Vianna Júnior)
13h30 Os muitos Alentejos (com Cecilia Aldaz)
15h Moscatel: o néctar de Setúbal (com Jorge Lucki)
16h30 Vinhos raros e seus mistérios (com Dirceu Vianna Júnior)
18h Susana Esteban, uma história singular (com Jorge Lucki)
19h30 O Dão e a gastronomia brasileira: um casamento perfeito (com Alexandra Prado Coelho e Manuel Carvalho)

Talk shows
13h
 Alentejo (com Jorge Lucki, Rafa Costa e Silva, Susana Esteban e Mouchão)
14h Dão (com Manuel Carvalho, Elaine de Oliveira, Magnum e Boas Quintas)
15h Douro (com Manuel Carvalho, Chico Mascarenhas, Niepoort e Taylor’s)
16h Lisboa (com Cecilia Aldaz, Luciana Fróes, Parras Wines e Quinta de Chocapalha)
17h30 Setúbal (com Alexandra Prado Coelho, Elaine de Oliveira, Adega Cooperativa de Palmela e Casa Ermelinda Freitas)
18h30 Douro (com Gabi Bigarelli, Luciana Fróes, Ramos Pinto e Lima & Smith)
19h30 200 anos: o vai e vem entre Portugal e Brasil (com Simone Duarte, Isabel Lucas, Casal Branco e Aveleda)

Festival EA Live
20h30 Tiago Nacarato e Fran

Onde
Jockey Club – tribunas B e C
Praça Santos Dumont, 31 – Gávea


O Globo sexta, 03 de junho de 2022

CINEMA: TRILOGIA *JURASSIC WORLD" CHEGA DO FIM MISTURANDO AVENTURA E DEFESA DE PRESERVAÇÃO

 

Por Eduardo Graça — São Paulo

 


'Jurassic World: Dominio', último filme da segunda trilogia baseada no filme original de Steven Spielberg — Foto: Divulgação

'Jurassic World: Dominio', último filme da segunda trilogia baseada no filme original de Steven Spielberg — Foto: Divulgação

Quem for aos cinemas para ver “Jurassic World: Domínio”, em cartaz desde ontem, encontrará dois filmes em um. Episódio derradeiro da segunda trilogia da franquia idealizada pelo diretor Colin Trevorrow, ele tem duas facetas. Uma é o thriller de aventura, com o casal Chris Pratt (Owen) e Bryce Dallas Howard (Claire) decidido a proteger a menina Maisie Lockwood, que carrega em si o desfecho da história. A outra tem pegada científica e reúne, pela primeira vez desde o celebrado original de Steven Spielberg, de 1993, o trio Laura Dern (a botânica Ellie Sattler, agora, não por acaso, especializada em mudanças climáticas), Sam Neill (o paleontologista Alan Grant) e Jeff Goldblum (o matemático Iam Malcolm). E quando as narrativas finalmente se juntam escancara-se a pauta da vez: a necessidade de se conviver com o diferente para preservar o planeta.

— Este filme tem um teor de horror apocalíptico, o que, creio, nos dá mais relevância. Tratamos da ganância das grandes corporações, da importância da ética na ciência e da preservação de todas as espécies. Namoramos descaradamente com o épico — diz Pratt. 

“Domínio” começa quatro anos após a destruição da Ilha Nublar, no segundo tomo da trilogia atual, e logo descobre-se que alguns dinossauros foram resgatados. Uns estão em uma reserva natural, mas muitos outros estão sassaricando nos quatro cantos do planeta, impulsionando um mercado negro de abate e venda dos seres jurássicos cujo centro é Malta. Uma das sequências de ação mais impressionantes se dá na ilha mediterrânica, é a favorita de Trevorrow e quase transforma Owen e Claire em dois Jason Bourne.

A confusão com o retorno dos dinossauros ao planeta sem estarem confinados em local específico é tamanha que tem a capacidade de alterar sensivelmente a rede de distribuição de alimentos em escala global e causar a extinção dos seres humanos. E a solução pode vir da manipulação genética das duas espécies.

É onde entra a BioSyn, gigante farmacêutica com tiques de Vale do Silício, comandada pelo mesmo Lewis Dodgson (personagem de Campbell Scott), que no original queria roubar embriões de dinossauros. E agora jurando que deseja apenas decifrar o código genético dos dinos para curar doenças nos homens.

 

Reflexão

 

A entrada da velha guarda científica escancara que este é um filme de “mensagens” e “para toda a família”, sem medo de didatismos e simplificações ao mergulhar na dicotomia humanismo versus desenvolvimento tecnológico. A sequência final poderia ter surgido de um programa de tevê especializado no tema ou de material de campanha de algum partido ecológico.

Quando trouxe de volta Dern, Goldblum e Neill, Trevorrow não apostou apenas na nostalgia fácil. Às vésperas de celebrar 30 anos, “Jurassic Park”, de Spielberg, foi um rugido imenso e duradouro. O filme provou que já havia meios para se levar para o telão a sacada de Michael Crichton, autor do livro que deu origem à saga, e impressionar a audiência com dinossauros realistas dos mais variados tamanhos. Mesmo com o salto tecnológico desde então (em “Domínio”, todos os dinossauros interagem de fato com os atores, graças ao avanço da robótica, controlados remotamente), Trevorrow já disse que não ambiciona causar no público o mesmo abrir a boca de 1993. O que ele desejava para sua saída de cena era usar a história para refletir sobre como estamos tratando o planeta que já foi dos dinos e hoje parece ser nosso.

Chris Pratt em cena de 'Jurassic World: Dominio' — Foto: Divulgação

Chris Pratt em cena de 'Jurassic World: Dominio' — Foto: Divulgação

Se Spielberg nos levou para um passeio por um parque de diversões como nenhum outro, Trevorrow nos dá a mão em um mergulho num museu de História Natural onde olhamos para o passado com atenção, mas miramos o tempo todo em um futuro que parece sombrio.

A primeira pista para se entender a mais recente trilogia da franquia era dada no título do primeiro filme, de 2015 — saía Park, entrava World. A ideia central era a de levar os bichanos para o mundo. Uma nova era, Neojurássica, é proposta, e já havia sido sugerida no curta “Jurassic World: a batalha de Big Rock”, em que uma família acampando enfrenta dinossauros soltos tentando entender seu habitat. E a escolha de “Domínio” para o derradeiro filme oferece mais uma peça: tudo leva a crer que são os muito mais velhos que nos deixarão a (não mais) ver navios.

Em “Domínio”, as criaturas não são meros coadjuvantes. Além do T-Rex e dos Velociraptors (Blue está de volta, agora com sua filhotinha, Beta), se destacam o Giganotosauro (“o maior carnívoro que o planeta já viu”, frase, aliás, repetida à exaustão), no céu surge o Quetzalcoatlus, sem esquecer do Pyroraptor, com sua penugem singular.

— Foi tudo muito surreal. Quando Jurassic estreou eu tinha 13 anos. E não tinha a menor ideia que seria um ator. Imagina a minha cara quando estes três chegaram no set e não saíram mais? — diz Chris Pratt.

Para Laura Dern, o retorno de Ellie também serviu de reflexão sobre o original. E de como sua personagem foi pensada como uma cientista de primeiro calibre no mesmo patamar dos personagens de Goldblum e Neill, “algo que não acontecia amiúde nos anos 1990”.

Jeff Goldblum é um dos atores do primeiro 'Jurassic Park' que volta em 'Jurassic World: Dominio' — Foto: Divulgação

Jeff Goldblum é um dos atores do primeiro 'Jurassic Park' que volta em 'Jurassic World: Dominio' — Foto: Divulgação

“Jurassic World: Domínio” é, para o bem e para o mal, um filme pensado para audiências mais novas, propositadamente simplista ao propor uma revisão ética nas decisões sobre o futuro do planeta e nossa saúde, e que parece resolver de vez a história iniciada em 2015, com destinos claros para todos os personagens.

Em uma franquia que já rendeu, só de bilheteria, mais de US$ 2 bilhões mundo afora, e com os dinossauros ainda presentes no inconsciente coletivo geral, não surpreenderá a ninguém um anúncio de que novas caras retornarão ao tema em um futuro não muito distante.


O Globo quinta, 02 de junho de 2022

RAINHA ELIZABETH II: REINO UNIDO CELEBRA SEU JUBILEU DE PLATINHA

Reino Unido celebra Jubileu de Platina da rainha Elizabeth II; acompanhe

Quatro dias de eventos oficiais começam nesta quinta-feira em território britânico


Últimas atualizações

 

Entenda a tradição por trás da parada militar

Príncipes Charles e William, ao lado de princesa Anne, participam de parada militar no Jubileu de Platina

Príncipes Charles e William, ao lado de princesa Anne, participam de parada militar no Jubileu de Platina (Foto: JONATHAN BRADY/AFP)

O nome oficial do desfile desta quinta é Trooping the Colour, uma parada militar que tem suas origens no século XVII e marca o aniversário da soberana do país. Elizabeth completou 96 anos em abril, mas os festejos tradicionalmente acontecem em junho, quando os termômetros já marcam temperaturas mais quentes.

Os soldados que participam da do evento formam um dos regimentos mais antigos do Exército Britânico, a Divisão Doméstica. Na prática, as cores são bandeiras que representam as diferentes divisões do Exército, usadas no passado em conflitos para que os soldados identifiquem seus batalhões.

Na cerimônia, o príncipe Charles foi saudado pelos soldados e, sem seguida, os inspecionou. Logo após, as “cores” foram exibidas, tal qual era feita no passado, e Charles, que representa sua mãe, guiou a parada até Buckingham para uma segunda saudação.

Os três filhos do príncipe William e Catherine, a duquesa de Cambridge, os príncipes George (frente) e Louis e sua irmã, a princesa Charlotte

Os três filhos do príncipe William e Catherine, a duquesa de Cambridge, os príncipes George (frente) e Louis e sua irmã, a princesa Charlotte (Foto: JONATHAN BRADY/AFP)

 

Família real participa de festejos

Os integrantes da família real já saíram do Palácio de Buckingham para a parada. A cavalo e com uniforme militar, o príncipe Charles, primeiro na fila de sucessão ao trono, inspeciona as tropas, uma parte tradicional do evento que marca o aniversário da rainha. Ele é acompanhado pelo príncipe William, segundo na linha sucessória, e a princesa Anne, ex-equestre olímpica. O trio acumula uma série títulos militares honorários.

O príncipe William, no canto esquerdo, ao lado de seu pai, o príncipe Charles, e sua tia, a princesa Anne, durante desfile de aniversário da rainha

O príncipe William, no canto esquerdo, ao lado de seu pai, o príncipe Charles, e sua tia, a princesa Anne, durante desfile de aniversário da rainha (Foto: BEN STANSALL/AFP)

Camilla, a duquesa da Cornualha, e Catherine, a duquesa de Cambridge, saíram de carruagem. Elas estavam acompanhada dos príncipes George e Louis e da princesa Charlotte, os três filhos de Catherine e William. As crianças, em particular, recebem aplausos efusivos de quem acompanha o evento ao vivo.

Vale lembrar que a rainha não participará do desfile militar, mas estará presente na aparição da família real na sacada de Buckingham.

Camilla, a duquesa da Cornualha, Catherine, a duquesa de Cambridge, e o príncipe George participam dos festejos do Jubileu

Camilla, a duquesa da Cornualha, Catherine, a duquesa de Cambridge, e o príncipe George participam dos festejos do Jubileu (Foto: BEN STANSALL/AFP)

Líderes dão seus parabéns à rainha

Vários líderes internacionais e ex-primeiro-ministros britânicos parabenizam Elizabeth II nesta quinta-feira. Em uma mensagem por vídeo, o presidente Emmanuel Macron expressou em inglês seus “parabéns sinceros” à monarca, reconhecendo-a como um pilar das relações franco-britânicas no último século.

Também por vídeo, o ex-presidente americano Barack Obama afirmou que criou uma "relação especial" com a rainha durante seus anos na Casa Branca. De acordo com o democrata, "a sua vida tem sido um presente, não só para o Reino Unido, mas para o mundo.

O ex-premier britânico John Major (1990-1997), por sua vez, descreveu a rainha em uma entrevista de rádio como uma bastiã do “soft power” britânico, cuja força não depende de armas ou Exércitos. A monarca é chefe de Estado, mas seu papel é cerimonial, já que a função de chefe de governo cabe ao primeiro-ministro.

 
 

Integrantes da família real ainda não deixaram o Palácio de Buckingham, mas parada de guardas a cavalo já começou. Os chapéus dos guardas são supostamente feitos do pelo de ursos negros do Canadá e relativamente leves, pesando pouco mais de 2 quilos — menos que vários dos adereços usados no carnaval, por exemplo. Os chapéus, contudo, combinam menos com o clima londrino nesta quinta, que se aproxima dos 20ºC.

 

Quem estará com a Rainha na sacada do Palácio de Buckingham?

Carregadas de simbolismos, as aparições de membros da Família Real na sacada do Palácio de Buckingham, em Londres, são um marco da realeza britânica — tradição iniciada pela rainha Vitória em 1851. Para o Jubileu de Platina da rainha Elizabeth II, a icônica sacada será mais uma vez o palco para um evento histórico na realeza. A monarca estará ao lado de mais 17 membros da Família Real para celebrar os 70 anos de reinado, dando continuidade a uma série de eventos comemorativos durante a semana. Saiba quem serão aqui.

Rainha Elizabeth ao lado do príncipe Philip na cerimônia dos 25 anos de reinado

Rainha Elizabeth ao lado do príncipe Philip na cerimônia dos 25 anos de reinado (Foto: Arquivo/Royal Collection)

Bom dia! O Reino Unido começa nesta quinta-feira as celebrações do Jubileu de Platina, que marca os 70 anos da rainha Elizabeth II à frente do trono britânico.

Os festejos começaram às 10h (6h em Brasília) com uma parada de guardas a cavalo, guardas irlandeses e mais de 1.200 oficiais e soldados da Divisão Doméstica. Os integrantes da família real deixarão o Palácio de Buckingham às 10h30, mas a rainha não deve participar pessoalmente do desfile, sendo representada oficialmente por seu primogênito, o príncipe Charles.

Assim que o desfile terminar e a procissão real retornar ao Palácio de Buckingham, está programada a aparição da Família Real na sacada, como em anos anteriores. Desta vez, a monarca se juntará a seus parentes.

Saiba mais sobre os eventos dos próximos dias.Britânicos celebram nas ruas o Jubileu de Platina da rainha Elizabeth II

 

Britânicos celebram nas ruas o Jubileu de Platina da rainha Elizabeth II (Foto: BEN

 


O Globo quarta, 01 de junho de 2022

SAÚDE: DORMIR DE LADO, DE COSTAS, DE BRUÇOS?

Por Evelin Azevedo

 


Dormir virado para o lado esquerdo também melhora a circulação sanguínea e a digestão.  — Foto: Freepik.com

Dormir virado para o lado esquerdo também melhora a circulação sanguínea e a digestão. — Foto: Freepik.com

Um estudo feito por pesquisadores americanos das Universidades de Rochester, Stony Brook e Langone Medical Center de Nova York, demonstrou que a posição que costumamos dormir pode proteger o nosso cérebro de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer, Parkinson e esclerose múltipla. Durante o sono, o nosso corpo faz uma verdadeira faxina no cérebro, eliminando toxinas e proteínas residuais que, quando acumuladas, iniciam um processo de neurodegeneração.

A limpeza é realizada pelo sistema glinfático — um canal que drena resíduos tóxicos do sistema nervoso central. Os pesquisadores observaram no estudo que a depuração glinfática é mais eficiente quando o sono ocorre na posição lateral (ou de lado), em comparação com as posições supinada (deitada de costas) ou pronada (deitada de bruços).

As razões para esta diferença no funcionamento do sistema glinfático durante o sono ainda não são totalmente compreendidas, relataram os cientistas. Mas os resultados estão possivelmente relacionados aos efeitos da gravidade no corpo, assim como a compressão e alongamento do tecido durante o sono.

Como dormir do jeito certo (e evitar o errado) — Foto: Editoria de Arte

Como dormir do jeito certo (e evitar o errado) — Foto: Editoria de Arte

 

Dormir de lado

 

Além de ajudar na limpeza de toxinas cerebrais, dormir de lado também alivia a pressão feita na coluna, deixando esta estrutura relaxada durante o sono. Mas, para isso, é preciso manter o pescoço alinhado. O travesseiro deve ter o tamanho ideal para que a cabeça fique reta, sem inclinar para cima nem para baixo. Especialistas recomendam também colocar um travesseiro fino entre as pernas para ajustar a posição da coluna.

Estudos mostram também que dormir do lado esquerdo pode ser ainda melhor para a saúde. Isso porque esta posição promove uma melhor circulação sanguínea para o corpo. Deitar no lado esquerdo facilita também a passagem dos alimentos pelo intestino, cenário que favorece a digestão.

Dormir de costas

 

Dormir de costas pode provocar dores na lombar por causa da pressão provocada pela gravidade sobre a região. Mas se você só consegue dormir desta maneira, especialistas recomendam colocar um rolo ou travesseiro mais fino entre as pernas na altura dos joelhos. Essa adaptação alivia a pressão na área da lombar, diminuindo os riscos de dores ao acordar.

Nessa posição também estimula o ronco e a apneia obstrutiva do sono. Deitar de costas provoca o deslocamento da língua e estruturas da faringe para trás, o que reduz o espaço livre para a passagem de ar pelas vias aéreas, causando o barulho irritante durante a noite e dificultando a respiração.

 

Dormir de bruços

 

Apesar de parecer uma posição confortável, dormir de bruços pode causar problemas nas regiões cervical e lombar, podendo causar dores e piorar problemas ortopédicos. Isso porque quando dormimos com a barriga sobre a cama, a nossa coluna perde sua curvatura natural, sendo pressionada a ficar reta. Além disso, para dormir de bruços é preciso virar o pescoço, deixando a região torcida e tensionada durante a noite toda, o que pode causar lesões graves na área.

Deitar de bruços não deve ser uma rotina. A posição só é recomendada para os dias em que não se consegue dormir de lado, quando há dores no quadril, por exemplo. Nos dias em que for preciso dormir de barriga, a dica dos especialistas é deitar sobre um travesseiro fino, o que vai ajudar a manter a curvatura natural da coluna e diminuir a sobrecarga sobre o pescoço.


O Globo terça, 31 de maio de 2022

LUTO: MILTON GONÇALVES SE ENCANTOU - ATOR MORREU, AOS 88 ANOS, NA ÚLTIMA SEGUNDA-FEIRA, 30

Por Lucas Salgado

 


Inicio do velório de Milton Gonçalves no Theatro Municipal, no Rio — Foto: Lucas Salgado/Agência O Globo

Inicio do velório de Milton Gonçalves no Theatro Municipal, no Rio — Foto: Lucas Salgado/Agência O Globo

Acontece na manhã desta terça (31), no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, o velório do ator Milton Gonçalves, que morreu, aos 88 anos, na última segunda-feira (30).

O caixão foi coberto por uma camisa do Flamengo e outra da Mangueira, duas paixões do ator. Na frente, foi colocado o Kikito de homenagem especial que recebeu do Festival de Gramado em 2003. Em volta, havia coroas de flores enviadas por empresas, como a TV Globo, e amigos da área cultural, como o diretor Daniel Filho.

Antes da abertura ao público, que aconteceu pontualmente às 9h30m, o velório foi fechado para familiares. As filhas do ator, Alda e Catarina, foram as primeiras a chegar para velar o pai.

— Minha mãe às vezes reclamava porque a casa estava sempre bagunçada, cheia de discos e livros espalhados — disse Catarina. — E meu pai falava: “deixa espalhado, porque um dia a criança se abaixa e puxa o livro da estante”. Ele era assim, um educador. Neste momento, a dor é profunda, vamos sentir muito a falta do riso e da alma pura dele.

A família está preparando um documentário sobre o artista, algo que ele sabia e que o deixava muito feliz. A ideia é contar a história da vida dele do ponto de vista familiar, "sobre o pai e marido amoroso que foi", segundo Catarina.

 

'Missão cumprida'

 

Amigo do ator, Antônio Pitanga foi um dos primeiros a chegar ao Municipal.

—Milton Gonçalves significou muito em meu crescimento enquanto ser, enquanto criatura pensante. Ele sai da vida e entra na história com uma missão cumprida. E cabe a nós continuar a luta desse cara que estava lá, em 1965, na fundação da TV Globo, e fez o chamamento da negritude para a tela — disse Pitanga.

O velório despertou a atenção de fãs do ator, como Edson Rosa (foto), e pessoas que passavam pelo centro.

Fã do ator Milton Gonçalves em velório — Foto: Lucas Salgado

Fã do ator Milton Gonçalves em velório — Foto: Lucas Salgado


O Globo segunda, 30 de maio de 2022

IMIGRAÇÃO: QUAL O PREÇO DE VIVER EM PORTUGAL?

 

Qual o preço de viver em Portugal? País ainda tem custo de vida baixo, entenda

 

Casal à beira do Rio Tejo, na Ribeira das Naus, em Lisboa

 

 Nem a inflação recorde de 7,2% afastou os brasileiros de Portugal. A principal comunidade estrangeira aumenta a cada mês, seja pela entrada de novos integrantes ou pela regularização progressiva dos residentes que estão na fila do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. 

Cidadania portuguesaLei é regulamentada, e pedidos de brasileiros disparam

 

Mas qual o preço de viver em Portugal agora? Ir ao supermercado, por exemplo, tem sido uma surpresa para muitos brasileiros, que estavam habituados a valores que permaneceram quase congelados por anos. E para a sociedade em geral. Tanto que o governo pagou, na última sexta-feira, um apoio de € 60 (R$ 308) para famílias carentes, que já eram beneficiadas pela Tarifa Social de Energia.

O conjunto dos produtos básicos aumentou € 21 (R$108) desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia. Uma subida de 11,78%, segundo a Associação para a Defesa do Consumidor (Deco). Isso significa gastar cerca de € 205 (R$ 1.056) na compra de bens essenciais.

Ainda assim, o custo de vida em Portugal é um dos menores da Europa, explicou Marcelo Rubin, da consultoria Clube do Passaporte. A informação pode ser confirmada no ranking do Expatisan, especialista em comparações.

Mas este fator depende da cidade, do padrão de vida, renda, objetivo da imigração, profissão, tamanho do núcleo familiar e etc. É preciso ressaltar, ainda, que Portugal mantém uma das políticas salariais mais baixas da Europa, apesar da carga fiscal considerada elevada. 

— Mesmo agora, se comparado com outros países europeus, os valores gerais em Portugal não são altos. Pelo contrário, são os mais baixos entre os países da Europa Ocidental. Por isso, ainda é o destino preferido dos brasileiros que querem deixar o país — garantiu Rubin.

LacunaPortugal termina o ano com 85 mil trabalhadores em falta no turismo

Uma família com dois adultos, vivendo em um apartamento pequeno, de dois quartos e um banheiro, na área central (ou próximo) do centro de Lisboa ou do Porto, gastaria, no mínimo, entre € 1,3 mil (R$ 6,6 mil) e € 1,5 mil (R$ 7,7 mil). A projeção incluiu contas fixas e básicas, sem automóvel (portanto, sem combustível) e com a utilização do Sistema Nacional de Saúde (sem taxas a partir de agora).

A estimativa acima levou em conta o aluguel de apartamentos sem móveis ou eletrodomésticos, encontrados no site de buscas Idealista na última terça-feira: € 630 (R$ 3,2 mil) em Lisboa/Alcântara, e € 610 (R$ 3,1 mil) no Porto/Campanhã. 

Havia apenas um imóvel em cada cidade na faixa de € 600, o que indica a dificuldade de conseguir pagar um aluguel baixo e, por isso, a pesquisa foi incluída na apuração, para destacar a odisseia. Quem fechar um contrato assim no Porto ou Lisboa é considerado inquilino de sorte. Muitos, inclusive, gastam horas e a esperança nas longas filas das visitas. E saem frustrados.

Já os valores máximos desta tipologia se aproximam dos € 2 mil (R$ 10 mil). O mais perto da realidade é pagar entre € 850 (R$ 4,3 mil) e € 1,1 mil (R$ 5,1 mil) por um imóvel de dois quartos. Então, na previsão com aluguel mais elevado, o gasto inicial mensal subiria para cerca de € 2 mil (R$ 10 mil). Porém, no ato da assinatura, é comum o inquilino depositar três meses de caução, prática prevista em lei.

Viver em PortugalBrasil é segundo na compra de imóveis em Lisboa e Porto, com gasto estimado de R$ 2,9 bi em 2020

As demais contas foram apuradas em relação à faturação do mês de maio, informadas por moradores de apartamentos semelhantes. Combo de TV, telefones fixo e celulares e internet (de € 55 / R$ 282 a € 65 / R$ 334 ); luz (€ 60), água (€ 25); supermercado e alimentação eventual fora de casa (€ 400 /R$ 2.056); lazer € 150 (R$ 771); planos de transportes públicos normais (€ 80 / R$ 411). As despesas tendem a subir no inverno devido ao custo das diversas formas de aquecimento dos imóveis.

Caso sejam incluídas despesas com crianças, o valor fixo pode variar um pouco, dependendo dos gastos emergenciais. Mas é preciso levar em conta que a família em questão utilize serviços públicos de creche, escola e saúde. 

aluguel é o responsável por grande parte dos gastos, sendo maior em Lisboa e no Porto. É preciso pesquisar muito para encontrar imóvel bem localizado, que não destrua um orçamento e acomode a família com conforto. Inclusive nas cidades periféricas das regiões metropolitanas das duas maiores cidades. 

A prática de fugir para municípios menores tem sido tendência ao longo do anos, como mostrou O Globo e tem sido tema recorrente aqui no Portugal Giro

— Na maioria dos casos, os apartamentos no centro da cidade tendem a ser menores. Por isso, há uma tendência das famílias irem viver em áreas suburbanas. Obviamente, dependendo do tamanho do imóvel, os valores podem ficar ainda mais altos — explicou Itay Mor, advogado e fundador do Clube do Passaporte.

CidadaniaComo tirar? Netos têm direito? Especialistas tiram dúvidas sobre lei

O custo de vida aumenta se o brasileiro optar por serviços privados, como plano de saúde, que nem é tão caro, dependendo da cobertura: cerca de € 30 por pessoa. Já a escola particular representa uma grande diferença, com mensalidades que podem começar, no Porto, em € 3,6 mil (R$ 18,4 mil) por ano.

— Uma escola particular custa aproximadamente € 9,3 mil (R$ 47 mil) por ano, enquanto uma escola internacional varia de € 23 mil /R$ 117 mil) a € 37 mil /R$ 189 mil) anualmente. Já os custos médios de uma universidade pública (que são pagas) dependem do curso e das bolsas — garantiu Mor.

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O Globo domingo, 29 de maio de 2022

LIGA DOS CAMPEÕES DA EUROPA: COMO VINI JR. SUPEROU O APELIDO DE *NEGUEBINHA* DO FLAMENGO PARA SER SERÓ DO REAL NA CHAMPIONS

Por Diogo Dantas

 


Vini Jr. na final da Liga dos Campeões  — Foto: REUTERS

Vini Jr. na final da Liga dos Campeões — Foto: REUTERS

O protagonismo de Vini Jr. na final da Champions pelo Real Madrid coroou um trabalho pessoal do atacante e de sua família para que o menino de São Gonçalo comprovasse a aposta do clube espanhol em 2017, quando pagou 45 milhões de euros ao Flamengo. Mais do que a evolução em campo, o atacante de 21 anos precisou lidar com desconfiança desde que deixou o Brasil. E ao ir, viver e vencer, motivou muitos comentários carinhosos dos torcedores que acreditavam que ele vingaria.

Alvo de racismo no começo do ano já na Europa, Vini Jr ainda era Vinicius no Flamengo quando começou a ser apelidado de novo Negueba, outro atacante que passou pelo clube sem o mesmo brilho. O "Neguebinha", como era chamado por rivais, teve a venda ao Real Madrid questionada e muita gente chegou a dizer que ele não passaria ao time principal após um período no Real Madrid Castilla, que usa atletas recém-contratados jovens para adquirirem experiência. O apelido depreciativo voltou a ficar entre os temas mais comentados nas redes sociais após o título do Real sobre o Liverpool. Sobretudo pela mobilização da torcida do Flamengo, ainda mais orgulhosa.

Desde antes de se tornar jogador do Flamengo, Vini era torcedor do clube. Formado em escolinha antes de atuar na base rubro-negra e chamar atenção, o garoto criado no bairro do Porto Rosa ia ao Maracanã com a torcida Nação 12, que neste sábado lhe rendeu homenagens ao lembrar da presença do agora craque mundial nas arquibancadas.


O Globo sábado, 28 de maio de 2022

NUTRIÇÃO: POR QUE VOCÊ PRECISA LER O RÓTULO DOS ALIMENTOS

 

Por que você precisa ler o rótulo dos alimentos

 

Saiba a importância de ler os rótulos

 

Se na hora do supermercado você mal presta atenção na embalagem do que está comprando, corre o risco de levar gato por lebre. Como ser saudável é a nova onda, muitas marcas destacam apenas um ou outro item (como "zero gordura”, "zero açúcar” e “integral”), enquanto outras substâncias menos desejadas (corantes, conservantes, gorduras e açúcares) ficam disfarçadas ou quase escondidas, em letras minúsculas.
  
“A lista de ingredientes está em ordem decrescente no rótulo, ou seja, do maior para o menor. Os primeiros ingredientes são presentes em maior quantidade. E essa informação é muito importante, porque, se você vai comprar um suco e, no rótulo, os dois primeiros ingredientes são água e açúcar, melhor escolher outro”, afirma o endocrinologista Luiz Fernando Sella.
 
Os rótulos trazem também a tabela de informação nutricional, as calorias e quantidades por porção de carboidrato, proteína, gordura, fibras, sódio e, eventualmente, nutrientes como cálcio, ferro e vitaminas, além de quanto essas quantidades representam das necessidades diárias, com base em uma dieta de 2.000 calorias. 
 
Em geral, a primeira informação que as pessoas buscam no rótulo é a quantidade de calorias. Mas é importante conferir a que porção elas se referem. Às vezes um pacote pequeno de salgadinho traz as calorias de apenas 1/4 do pacote e uma garrafinha de 350 ml de bebida traz as calorias referentes a apenas 200 ml.
 
Na hora das compras, fique atento: “Os produtos ultraprocessados (comida congelada, salgadinho de pacote, biscoitos, embutidos, sorvete, refrigerantes e refrescos) contém excesso de gordura, açúcar, sal, sódio e aditivos (corantes, conservantes, edulcorantes)”, diz Sella.
 
Ele dá algumas dicas para entender os ingredientes.
  • Fique atento aos nomes disfarçados do açúcar. “Xarope de milho, açúcar invertido, maltodextrina, maltose, extrato de malte, dextrose, glicose, sacarose, frutose, suco de fruta concentrado e mel são tipos de açúcar.”
  • Edulcorante é sinônimo de adoçante, que aparece com nomes como acessulfame k, aspartame, sacarina, ciclamato, sorbitol, sucralose, manitol, estévia, xilitol. 
  • “Nitratos e nitritos são conservantes usados para preservar e salgar embutidos (linguiça, salame, salsicha, presunto, peito de peru). Eles são carcinogênicos: várias pesquisas mostram a associação desses conservantes a diversos tipos de câncer.”
  • A gordura vem com nomes como óleo vegetal, gordura vegetal, óleo de palma, gordura de coco. “Óleo e coco e óleo de palma são gorduras saturadas, que, como a gordura trans, facilitam o entupimento das artérias, aumentando o risco de problemas cardiovasculares, diabetes tipo 2 e demência.”
A pipoca de microondas está entre as campeãs de gordura saturada: são 2 gramas em 1 xícara. E 4,5 gramas de gorduras totais (!?!).
 
As pizzas congeladas também estão no topo da lista de gordura e sódio. A tabela nutricional de várias delas considera uma fatia minúscula, de 77 gramas. A versão mussarela tem 9,4 gramas de gorduras totais e e 406 mg de sódio, 20% do que vc pode consumir no dia.
 
Cuidado com os “sucos” de caixinha. O que precisa para fazer um suco de laranja? Laranja. Pois no rótulo de um suposto suco de laranja encontrei 18 ingredientes: água e açúcar são os em maior quantidade, mas ainda nomes estranhíssimos como carboximetilcelulose sódica, sequestrantes hexametafosfato de sódio e edta cálcio dissódico, além de 2 conservantes, 2 adoçantes e 2 corantes artificiais. Ao olhar melhor o rótulo, em vez da palavra “suco” encontrei apenas ”sabor laranja”. Em letras menores, “néctar misto de laranja e maçã”.
 
Néctar não é suco. Os fabricantes de bebidas só podem chamar de suco os produtos que tiverem cerca de 50% de polpa, a parte comestível da fruta. Segundo determinação do Ministério da Agricultura, ele não pode conter aromas nem corantes artificiais, e a quantidade máxima de açúcar adicional é de 10% de seu volume total.
 
Já o néctar de frutas tem entre 20% e 30% de polpa de frutas – bem menos do que o suco. E, ao contrário dos sucos, pode receber aditivos, como corantes, conservantes, açúcar ou outros adoçantes. Ou seja, é água com açúcar e aditivos, com quase nada de suco. O suco de verdade vem escrito “integral” ou 100% suco.
 
Outra surpresa na minha incursão pelas gôndolas: nos achocolatados, o açúcar é o primeiro ingrediente. E se ilude quem pensa que biscoito de água e sal é inofensivo. Quatro unidades têm cerca de 130 calorias e nenhum valor nutricional. Ingredientes, na ordem: farinha branca, gordura vegetal, extrato de malte (que é um tipo de açúcar), açúcar inervertido, sal, amido e, de novo, açúcar. “Ele deveria se chamar biscoito de água e açúcar”, diz Sella.
 
E fique de olho nas barrinhas de cereais: muitas são enganação. Veja a lista de ingredientes de uma barrinha “light aveia, banana e mel”: xarope de glicose (é açúcar), cereais, açúcar, maltodextrina (é açúcar), extrato de malte (é açúcar), sal, antiumectante, estabilizante, aveia, mel, açúcar mascavo, gordura de palma (é gordura saturada), açúcar invertido, polpa de banana, óleo de milho, antioxidante, corantes e aromatizantes. Tem 7 tipos de açúcar  e 2 tipos de gordura. Prefira as barrinhas de nuts, com amendoim, amêndoas e outras castanhas, mas sempre lendo o rótulo. 
 
Outra decepção está na prateleira dos iogurtes. A maioria nem é iogurte, mas “sobremesas lácteas”. Alimentos que seriam supostamente saudáveis são bombas de açúcar, amido e aditivos. 
 
Eu faço iogurte em casa. O iogurte natural precisa só de dois ingredientes: leite e fermento lácteo. Encontrei alguns poucos iogurtes naturais integrais no supermercado com apenas dois ingredientes. O susto maior aconteceu ao ler o rótulo dos "iogurtes gregos". Encontrei um “grego” com 23 ingredientes (!!!!!), sendo que creme de leite e açúcar líquido aparecem em terceiro e quarto lugar em termos de quantidade. O amido modificado aparece três vezes. Entre os ingredientes estão espessantes, acidulante, estabilizante, corante e conservantes. Tem mais gorduras do que proteínas e quatro vezes mais carboidratos do que proteínas.
 
“A boa alimentação começa com as compras, e ler os rótulos é fundamental para fazer boas escolhas”, diz Sella.
 
Ele conclui com algumas dicas preciosas do livro Regras da Comida, de Michael Pollan (recomendo a leitura!) para comer com sabedoria.
  • Coma comida de verdade.
  • Não coma nada que sua avó não reconheceria como comida.
  • Evite produtos com ingredientes que uma criança na terceira série não consiga pronunciar.
  • Evite alimentos com mais de cinco ingredientes na lista.
Convencido a ler o rótulo nas próximas compras?

O Globo sexta, 27 de maio de 2022

CINEMA: RAY LIOTTA SE ENCANTOU - ATOR AMERICANO MORREU NESTA QUINTA-FEIRA, 26, AOS 67 ANOS DE IDADE

 


Ray Liotta deixa uma noiva, Jacy, e uma filha de 23 anos, Karsen. — Foto: Danny Moloshok / Reuters

Ray Liotta deixa uma noiva, Jacy, e uma filha de 23 anos, Karsen. — Foto: Danny Moloshok / Reuters

 

O ator americano Ray Liotta, que morreu nesta quinta-feira (26), chegou a ser socorrido e recebeu massagens cardíacas no quarto do hotel onde estava hospedado, às 5h59, mas acabou não resistindo ao infarto do qual foi vítima. As informações são do jornal dominicano El Día.

Ray Liotta e a noiva Jacy Nittolo — Foto: Reprodução/Instagram

Ray Liotta e a noiva Jacy Nittolo — Foto: Reprodução/Instagram

Liotta estava comendo em um restaurante quando passou mal e seguiu para o hotel, na República Dominicana, onde realiza as filmagens de "Dangerous Waters". No boletim de ocorrência, consta que alguém pediu socorro para a emergência local em inglês, por meio de um telefone de número estrangeiro, já comunicando que ele não estaria apresentando mais sinais vitais. Segundo informações de jornais locais, a pessoa que pediu o socorro, provavelmente a noiva do ator, Jacy Nittolo, que estava com ele no momento, disse: "Meu deus, ele não está mais respirando!".

 

Quando os paramédicos chegaram, já não havia sinais vitais no ator de 67 anos, mas ainda assim foram realizados quatro ciclos de massagens cardiopulmonares para trazê-lo de volta, sem sucesso. O corpo de Liotta passará por necrópsia na República Dominicana antes de seguir para os Estados Unidos, onde o ator será enterrado.


O Globo quinta, 26 de maio de 2022

TURISMO: CONHEÇA A ILHA DE CANOUAN, ONDE BILIONÁRIOS SE ESCONDEM DE MILIONÁRIOS

Por Gilberto Júnior

 

Conheça a Ilha de Canouan, o lugar onde os bilionários se escondem dos milionários
 

Corre nas altas rodas do Hemisfério Norte que os bilionários já têm um destino para se esconder dos milionários: a Ilha de Canouan, parte do Arquipélago das Granadinas, no Caribe. Embora pareça exagerado, o lugar se tornou o novo hot spot do luxo, jogando St. Barth, até então a queridinha das celebridades, para trás da fila.

Chegar a esse pedaço do mapa exige um tiquinho de esforço. Voos diários partem de Miami — ou seja: é necessário ter um visto americano — direto para Barbados, parada fundamental nessa conexão. Da terra de Rihanna, que tem sua imagem estampada por todos os lados, um jato particular leva os turistas VIPs até ao aeroporto de Canouan, construído com madeira e palha (não esqueça de levar na mala de mão o certificado da vacinação contra a febre amarela). A ilha tem 7,6 quilômetros e cerca de dois mil habitantes. “Temos mais tartarugas do que gente”, afirma um funcionário do campo de aviação.

 

  

O grupo Mandarin Oriental instalou seu primeiro hotel no Caribe — Foto: Divulgação

O grupo Mandarin Oriental instalou seu primeiro hotel no Caribe — Foto: Divulgação

De certos pontos, com a ajuda de binóculos, é possível avistar as vizinhas estreladas: Bequia, Mustique e Petit St. Vincent, que costumam atrair pessoas abastadas, dispostas a espalhar seus iates por marinas poderosas — a de Canouan é abarrotada de lojas e restaurantes e é avaliada em US$ 250 milhões. Mas nesse pedaço de terra o que salta aos olhos são as ruas calmas e as montanhas desobstruídas, que entregam nas curvas uma visão espetacular de uma das maiores barreiras de corais do Caribe. Os moradores — a maioria agricultores e pescadores — também encantam com sua simpatia e desenvoltura na cozinha em pratos como fruta-pão assada e peixe-gato frito.

No meio dessa “simplicidade”, o grupo Mandarin Oriental instalou seu primeiro hotel no Caribe. São 26 suítes, dois tipos de vilas — oito Patio Villas (que seguem a linha contemporânea) e seis Lagoon Villas (com layout colonial). Alguns quartos têm acesso direto à praia. O que mais impressiona, no entanto, é o sistema computadorizado que controla iluminação, cortinas, ar-condicionado e som por meio de um tablet. Há ainda serviço de mordomo privê.

 

“As 32 ilhas e ilhotas de São Vicente e Granadinas têm sido um refúgio tropical precioso para viajantes, com praias idílicas e isoladas e acres de terreno intocados e exuberantes”, diz Pietro Addis, gerente-geral do Mandarin Oriental Canouan.

O grupo Mandarin Oriental instalou seu primeiro hotel no Caribe — Foto: Divulgação

O grupo Mandarin Oriental instalou seu primeiro hotel no Caribe — Foto: Divulgação

Na propriedade, há duas cabanas sobre as águas que funcionam como salas de spa, com tratamentos exclusivos executados por terapeutas asiáticos. Experimente os tratamentos do sono e os faciais com ingredientes naturais da região. Há outras salas ativadas ao lado de montanhas. No roteiro cabem ainda aulas de kitesurf e pesca em alto mar, na Union Island.

“O hotel reúne o que mais amo num destino: o mar azul-turquesa a perder de vista, as praias praticamente desertas, o serviço impecável e a exclusividade. Achei incrível a decoração cor-de-rosa”, avalia a travel blogger Lala Rebelo, que esteve no local em fevereiro de 2020.

O grupo Mandarin Oriental instalou seu primeiro hotel no Caribe — Foto: Divulgação

O grupo Mandarin Oriental instalou seu primeiro hotel no Caribe — Foto: Divulgação

E não para por aí. O próprio Mandarin organiza esses passeios para outras ilhas da região, como Tobago Cays, onde pode-se almoçar em pleno mar. A trilha para Mount Royal é imperdível e tem vista privilegiada do arquipélago. À noite, a pedida é uma visita ao Scruffy’s Bar — a dica é provar a cerveja local Hairoun.<

Dentro do hotel há cinco restaurantes, especializados em culinárias asiática e europeia. Guarde para seu último pôr do sol na ilha o brinde no 13º buraco do campo de golfe do espaço. Dali, é possível contemplar de um lado o Oceano Atlântico e do outro o mar do Caribe.


O Globo quarta, 25 de maio de 2022

CORRIDA: MARATONA DE NITERÓI ESTÁ CONFIRMADA PARA 2023

 

Por Leonardo Sodré

 


 Corredores esperam sinal início da prova no Caminho Niemeyer — Foto: Divulgação/Maratona de Niterói

Corredores esperam sinal início da prova no Caminho Niemeyer — Foto: Divulgação/Maratona de Niterói

A Maratona de Niterói está confirmada para 2023 e deverá ser realizada em maio. Os organizadores da prova, que aconteceu pela primeira vez na cidade no último domingo e contou com 2,3 mil maratonistas, esperam até 5 mil participantes na edição do próximo ano.

Minas Gerais foi alto do pódio das duas principais provas da 1ª Maratona de Niterói que aconteceu no domingo, dia 15. Jocemar Fernandes Correia e Marina Peixoto Fraguas foram os campeões da disputa de 42 Quilômetros solo. A programação contou ainda com revezamento em dupla e quarteto, além da prova de 5 Quilômetros. Os participantes largaram no Caminho Niemeyer e percorreram toda a orla da cidade, fizeram a curva na entrada de Camboinhas e retornaram ao Centro. No Caminho Niemeyer, além dos box para atendimento aos atletas e toda a estrutura operacional do evento , houve ainda feira de adoção de animais e materiais esportivos, área de alimentação e premiação , passeio de balão e show com a banda Bicho Solto.

Sócios-fundadores da 1ª Maratona de Niterói, os triatletas Karen Casalini e Armando Barcellos contam que o número de inscrições superou as expectativas. Eles celebraram o sucesso da prova e esperam que o evento cresça em 2023.

 

— O resultado foi muito positivo. É recorde de público. Para o primeiro ano, nós entramos com o pé direito. E a minha expectativa para o ano que vem é passar dos 3 mil inscritos — afirma o triatleta.

Karen vai além. Sua expectativa é chegar a 5 mil atletas inscritos na segunda edição do evento.

— Estou muito feliz. É uma satisfação enorme realizar a primeira maratona da cidade. É um evento que tem tudo pra crescer ainda mais. Já foi um megaevento. Tivemos uma quantidade histórica de atletas inscritos. Nunca em Niterói houve uma corrida com tanta gente — surpreende-se.


O Globo terça, 24 de maio de 2022

MÚSICA: EMICIDA SOBRE A CANTORA ALAÍDE COSTA *O MUNDO PRECISA VER ESSA MULHER*

 

Por Maria Fortuna — Rio de Janeiro

 


Emicida e Alaíde Costa: 'Uma estrela como Alaíde pode, deve e merece receber prêmio, ovações e reconhecimento nesse plano com ela aqui' — Foto: Divulgação / Ênio Cesar

Emicida e Alaíde Costa: 'Uma estrela como Alaíde pode, deve e merece receber prêmio, ovações e reconhecimento nesse plano com ela aqui' — Foto: Divulgação / Ênio Cesar

 - Fiquei surpresa de o Emicida gostar de mim e de ter tido a vontade de trabalhar comigo. A praia dele é outra. Ele quis nadar na minha, e eu estou na dele - brinca a rainha das canções de fossa, que remou contra a maré durante boa parte de seus 66 anos de carreira ao escolher navegar por bossas líricas e dramáticas quando o mundo lhe sugeria que gravasse samba ou "algo mais animado, um oba-oba".

Capa do novo disco de Alaíde Costa — Foto: reprodução

Capa do novo disco de Alaíde Costa — Foto: reprodução

A ideia do projeto surgiu depois que Preto (diretor musical por trás de discos de Gal Costa, Erasmo Carlos e Nando Reis) enviou ao rapper o material de divulgação de uma live que Alaíde faria (e fez, em 2020) interpretando canções de Johnny Alf. Os dois passaram a trocar mensagens e descobriam que aquela mulher de canto doce e cristalino era uma paixão em comum. E o que chega ao alcance do público agora é o reflexo dela.

Na verdade, uma declaração de amor em forma de disco. E não só de Emicida e Preto, mas dos vários nomes que fizeram canções especialmente para Alaíde: Joyce Moreno ("Aurorear", com Emicida); Erasmo Carlos e Tim Bernardes ("Praga"); Céu e Diogo Pouças ("Turmalina negra"); Fátima Guedes ("Nenhuma ilusão"); Ivan Lins ("Pessoa-Ilha", com Emicida); e Guilherme Arantes ("Berceuse"). João Bosco e o filho Francisco assinam a única não inédita do disco, "Aos meus pés". A essas sete, junta-se "Tristonho", melodia de Alaíde Costa letrada por Nando Reis, lançada como single em abril.

A adesão ao chamado dos produtores para que artistas mandassem composições para um álbum de Alaíde foi tão maciça que virá ainda um segundo disco (sem previsão de lançamento). Desta vez, com músicas de João Donato, Francis Hime, Marcos Valle, Guinga, Gilson Peranzzetta, entre outros. Marisa Monte a Carlinhos Brown também já enviaram uma, batizada de "Moço". Rubel e Emicida já têm pronta "Bilhetinho".

- Estou lisonjeada, feliz por essa turma toda ter abraçado o projeto. São várias gerações e autores famosos, né? Nunca tinha gravado João Bosco e ele mandou uma música belíssima, que é a minha cara - diz ela, referindo-se à letra que diz "comi o pão todinho/ que o diabo amassou". - Sinto que, finalmente, veio o reconhecimento, que ele tardou, mas chegou no fim da vida. Se eu morrer hoje, morro muito feliz e grata.

- Acredito que quando Milton a convidou, fez com a mesma intenção que fazemos agora, que é o sentimento genuíno de que o mundo precisa ver essa mulher! Ela é uma força da natureza, nasceu e segue pronta - afirma Emicida. - Acho que deveríamos fazer mais disso. Às vezes, parece que a música contemporânea do Brasil nasceu de chocadeira, não tem pai, não tem mãe, não tem avó, todo mundo nasceu pronto e ninguém é parte do legado das gerações anteriores. Isso é triste e suicida, porque quem lida mal com seu passado não vai saber lidar com seu futuro, se tiver a sorte de conseguir chegar lá.

O rapper vibra com a oportunidade de homenagear uma artista como Alaíde em vida.

- Temos uma relação problemática com a memória na cultura brasileira. Historicamente, temos grandes heróis e heroínas, mas, infelizmente, eles têm pouco ou nenhum reconhecimento perto do que merecem e ainda mais em vida - analisa. - No final, contar histórias é sobre poder e humildemente o que Marcus Preto e eu temos feito nesse projeto é sugerir que uma estrela como Alaíde pode, deve e, aliás, merece receber prêmios, ovações e reconhecimento nesse plano com ela aqui. Assim, acredito que inspiramos mais gente a fazer o mesmo por seus ídolos também.

Alaíde Costa, Emicida e Marcus Preto — Foto: Ênio Cesar

Alaíde Costa, Emicida e Marcus Preto — Foto: Ênio Cesar

- Penso no que aconteceu com a Elza Soares. Se ela tivesse partido sem gravar "A mulher do fim do mundo", a história seria outra. Estou falando de reconstrução de narrativa, de transformar o que as pessoas pensam sobre ela - diz Preto. - Esse álbum fala de uma mulher de 86 anos que viveu um monte de coisa importante, que viveu à margem, e agora conta o ponto de vista dela. Para mim, Alaíde é a Billie Holiday brasileira, uma artista sofisticadíssima.

Alaíde agradece e diz que, agora, os calos que traz consigo já não doem tanto:

- Hoje, eles dizem: "Finalmente, a coisa está mais amena". E graças a uns meninos que poderiam ser meus filhos.

 


O Globo segunda, 23 de maio de 2022

TEATRO: FESTIVAL DE ÓPERA NO AMAZONAS TEM OBRA DE 1945 E MONTAGEM COM *O MENINO MALUQUINHO*

Por Eduardo Graça — Manaus (AM)

 


Cena de “Peter Grimes”, também montado na Royal Opera House e na Bavarian State Opera este ano — Foto: Cleuton Mendonça/Divulgação

Cena de “Peter Grimes”, também montado na Royal Opera House e na Bavarian State Opera este ano — Foto: Cleuton Mendonça/Divulgação

No palco do Teatro Amazonas, é impossível não fixar o olhar na enorme cabana de madeira de pescador e no bar erguido sobre palafitas, cenários centrais de “Peter Grimes”. Considerada uma das melhores óperas do século XX, a obra-prima de 1945 do inglês Benjamin Britten (1913-1976) é a principal atração do 24º Festival Amazonas de Ópera (FAO), com três récitas concorridas, a última delas amanhã. A edição marca o retorno ao formato totalmente presencial, após o evento não acontecer em 2020 e de uma experiência híbrida no ano passado.

Peter Grimes é um pescador de uma cidadezinha portuária inglesa acusado de causar a morte de seu aprendiz. O avesso da simpatia, fixado no lucro da pesca, cai em desgraça por conta do disse me disse de personagens quase sempre mesquinhos e hipócritas. A aldeia espelha o embrutecimento do protagonista e a tensão cresce em direção a um linchamento aparentemente inevitável.

 O estudo da violência tem atraído encenadores interessados em tratar da polarização política atual, das fake news e do tribunal da internet com sua visão enviesada da justiça e cancelamento sumário de indivíduos. Composto durante a Segunda Guerra Mundial por um barulhento pacifista, “Peter Grimes” teve produções destacadas este ano na britânica Royal Opera House e na alemã Bavarian State Opera.

Em duas semanas a Colômbia vai às urnas para escolher um presidente em eleições marcadas por episódios de violência e a possibilidade de uma vitória inédita da esquerda, com um ex-guerrilheiro, e sua vice, negra, liderando as pesquisas.

— A violência é marca central de nossos dois países e se debruçar sobre ela é vital. Contamos aqui a história de Britten sem nos desviarmos dela, mas não me interessa fazer um museu operático e sim algo que dialogue com o entorno e o público local — diz Salazar.

Os cenários do também colombiano Julián Hoyos, que tomaram forma após pesquisa em comunidades indígenas nos dois lados da fronteira, aumentam a intimidade do público local com o que se vê no palco. No papel-título, o tenor Fernando Portari, aos 54 anos, imprime o tom exato de emoção e já deve incluir o personagem como destaque em uma carreira de êxitos. E a Orquestra Sinfônica da Amazônica, sob a batuta do maestro Luiz Fernando Malheiro, diretor artístico do FAO, brilha ao criar seus próprios sons do mar, de pássaros a apitos de embarcações, das ondas à tempestade, real e figurativa.

No coro de “Peter Grimes”, é possível identificar crianças da vila de pescadores que voltam ao palco no dia seguinte em “O Menino Maluquinho”. O FAO sempre conta com pelo menos uma atração voltada para o público infantil, na busca de se formar profissionais e de trazer as crianças ao Teatro Amazonas. A se levar em conta a reação entusiasmada neste sábado da meninada, a “maluquice” de Ziraldo coube bem no prédio concluído em 1896 para a elite manauara.

— O público do teatro hoje é o avesso do da época de ouro da borracha. Temos ingressos populares, programação acessível o ano todo e chegando à marca de 25 anos de continuidade do festival. Somos a prova cabal de que ópera não é uma atividade exclusiva para as elites do Sul e do Sudeste — diz Malheiro.

“O Menino Maluquinho”: Inspirada em Ziraldo, ópera mantém a tradição da programação infantojuvenil do evento — Foto: Cleuton Mendonça/Divulgação

“O Menino Maluquinho”: Inspirada em Ziraldo, ópera mantém a tradição da programação infantojuvenil do evento — Foto: Cleuton Mendonça/Divulgação

A mais nova encenação da ópera de Ernani Aguiar, com libreto de Maria Gessy de Sales e direção de Matheus Sabbá, de 26 anos, tem elenco todo local, com muitos talentos do Coral Infantil e Infanto-juvenil do Liceu de Artes e Ofício Claudio Santoro, órgão público e gratuito estadual voltado para a formação das artes. Aguiar estará no FAO na semana que vem para as derradeiras apresentações de “O Menino Maluquinho”.

O compositor acaba de estrear outra ópera, “Aleijadinho”, sobre a trajetória do gênio mineiro (1738-1814), composta sobre libreto de André Cardoso. A primeira apresentação reuniu, no dia 29 de abril, quatro mil pessoas na plateia improvisada na praça em frente à Igreja São Francisco de Assis, em Ouro Preto, onde se encontram obras-primas do mestre barroco. A produção foi do Palácio das Artes, de Belo Horizonte, onde o espetáculo teve quatro récitas, a última delas nesta sexta-feira.

Parceria para 2023

 

A busca de um circuito nacional de óperas com ênfase em coproduções foi tratada no 3° Encontro de Economia Criativa e Teatros de Ópera na América Latina, realizado durante o festival. Além de números que atestam o impacto do FAO (a diretora-executiva Flavia Furtado informa que, em duas décadas, dez estabelecimentos e sete hotéis foram abertos em torno do Teatro, e pelo menos 600 empregos são gerados diretamente todos os anos), um dos resultados práticos da reunião foi o anúncio da produção conjunta, pelo Teatro Amazonas, o Theatro Municipal de São Paulo e o Palácio das Artes, da ópera “O contratador de diamantes”, de Francisco Mignone, que estreará no FAO no ano que vem e depois irá às capitais paulista e mineira. A edição deste ano já contou com uma parceria com o Theatro da Paz, de Belém (“Il Tabarro”, de Puccini) e a Orquestra Sinfônica do Espírito Santo (“O caixeiro da taverna”, de Martins Pena).

“Peter Grimes” será apresentada novamente na terça-feira e “O Menino Maluquinho” no sábado. O FAO, que é realizado pelo governo do Amazonas com apoio do Bradesco via Lei Rouanet a um custo de R$ 5 milhões, conta ainda com transmissão pela TV local. A programação segue até o dia 31 na capital e em quatro cidades do interior amazonense.

* Eduardo Graça viajou a convite do FAO


O Globo domingo, 22 de maio de 2022

ENTRETENIMENTO: FESTIVAL VIKING REUNIRÁ JOGOS, MÚSICA, GASTRONOMIA E ARTIGOS DE INSPIRAÇÃO MEDIEVAL NA BARRA

 

Por Madson Gama — Rio de Janeiro

 


Expositores de figurinos são um dos destaques do festival Midgard Market — Foto: Divulgação

Expositores de figurinos são um dos destaques do festival Midgard Market — Foto: Divulgação

Os amantes da era viking terão a oportunidade de tirar as fantasias do armário e aproveitar um evento todo dedicado à temática no fim de semana. Nestes sábado e domingo, dias 21 e 22, o shopping Uptown Barra será palco do festival Midgard Market, que reunirá 72 estandes com o objetivo de expor e comercializar produtos inspirados nessa cultura da Idade Média, como roupas medievais e artigos esotéricos. No espaço, o público poderá se consultar com cartomantes e ciganas, além de ter à disposição sessões de aromaterapia, cromoterapia, alinhamento de chakra e reiki.

— Existe muita gente que é aficionada pela cultura viking. Então, a proposta é reunir artesãos e produtores que trabalham com essa temática para atrair esse público, num clima de grande festa, em que as pessoas vêm caracterizadas e se tornam a atração. É uma feira muito diversa, com pessoas de todos os tipos, raças e religiões reunidas num mesmo ambiente — garante Marcelo de Barros, organizador do evento.

Festival terá estandes comercializando roupas medievais — Foto: Divulgação

Festival terá estandes comercializando roupas medievais — Foto: Divulgação

O festival contará com um espaço para a prática de tiro ao alvo usando arco e flecha e com músicos tocando instrumentos como a gaita de fole.

— A gaita de fole é muito antiga, tocada desde a Idade Média. Teremos artistas como Alex Navar, que é uma referência mundial quando o assunto é o instrumento, e as bandas Fúria Gitana, uma família tradicional que apresenta músicas ciganas; Brazilian Piper, de São Gonçalo e que toca um som irlandês; e Tailten, também com músicas da Irlanda — conta Barros. — Também teremos batalhas medievais, um jogo em que diferentes clãs vão se enfrentar com espada de espuma. Conforme a espada toca o adversário, ele vai perdendo a parte do corpo atingida, até morrer.

Artigos esotéricos e consultas com cartomantes e ciganas estarão à disposição do público — Foto: Divulgação

Artigos esotéricos e consultas com cartomantes e ciganas estarão à disposição do público — Foto: Divulgação

Expositores de hidromel, considerada a bebida dos deuses pelos vikings, também marcarão presença. Néctar dos Deuses, Fafinir Hidromel, Martelo Pagão e Cosbart são alguns deles. Cervejas artesanais de produtoras como Sundog, Noi, Hocus Pocus, Farra, Saideira e Sete Vargas serão outra opção. 

Já na gastronomia, além de hambúrgueres artesanais, crepes, sanduíches e yakissoba, será servido churrasco, sob o comando do chef Luiz Otavio Castro, com cortes tradicionais, costela bovina defumada, cupim defumado e barriga de porco.


O Globo sábado, 21 de maio de 2022

FESTIVAL BRASIL SABOR: VEJA OS PRATOS DOS 11 RESTAURANTES QUE PARTICIPAM NA ZONA SUL

Por Priscilla Aguiar Litwak — Rio de Janeiro

 


No Botequim Restaurante, em Botafogo, (2286-3391), o prato é o Picadinho de Mignon ao Molho de Especiarias (R$ 72) com purê de banana-da-terra e farofa crocante — Foto: Divulgação

No Botequim Restaurante, em Botafogo, (2286-3391), o prato é o Picadinho de Mignon ao Molho de Especiarias (R$ 72) com purê de banana-da-terra e farofa crocante — Foto: Divulgação

Uma seleção de pratos brasileiríssimos, com ingredientes ou técnicas nacionais, mais que aprovados pelo público e com a assinatura do chef. Com esse objetivo, o Brasil Sabor, festival de restaurantes da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), chega a sua 16ª edição, que acontecerá até o próximo dia 29. Sob o tema “Maior do mundo, original do Brasil”, o evento terá modelo híbrido: o cliente pode aproveitar as receitas nos restaurantes ou pedir por delivery.

Na Zona Sul, são 11 estabelecimentos participantes e que servem pratos com preços entre R$ 42,90 e R$ 99. Um exemplo é a Galinhada Caipira, do Aprazível, em Santa Teresa, por R$ 76, servida com arroz que leva galinha caipira e ainda feijão surpresa, couve, banana-da-terra, linguiça mineira e geleia de pimenta. A receita vai bem com uma das cachaças artesanais produzidas na casa.

Festival Sabor Brasil: saiba onde comer pratos brasileiríssimos assinados por chefs

O Páreo, na Gávea (2540-9017), traz para o evento o Nhoque de Milho ao Tucupi (R$ 88) — Foto: Ana BrancoGalinhada Caipira (R$ 76), do Aprazível (96741-3850): arroz, banana-da-terra, feijão e couve — Foto: Divulgação
11 fotos
Picadinho de Mignon ao Molho de Especiarias (R$ 72), purê de banana-da-terra e farofa do Botequim, em Botafogo 2286-3391
De churrasco misto a baião de dois, uma seleção de receitas aprovadas pelos brasileiros em restaurantes da Zona Sul

O Globo sexta, 20 de maio de 2022

MÚSICA: GORILLAZ, ATRAÇÃO DO MITA, TOCA PELA PRIMEIRA VEZ NO RIO

Por Silvio Essinger — Rio de Janeiro

 


Damon Albarn, o frontman real do Gorillaz, durante a apresentação da banda em São Paulo. — Foto: Divulgação

Damon Albarn, o frontman real do Gorillaz, durante a apresentação da banda em São Paulo. — Foto: Divulgação

Ainda que, de fato, quem comande a banda Gorillaz seja o vocalista e multi-instrumentista londrino Damon Albarn, de 54 anos, conhecido por liderar o Blur, são os personagens em desenho animado 2D, Murdoc, Noodle e Russel, integrantes virtuais do grupo britânico de rock alternativo e trip hop, que insistem, um tanto irônicos, em dar esta entrevista. Eles se apresentam pela primeira vez no Rio de Janeiro neste sábado (21), na edição carioca do Mita, festival que aconteceu em São Paulo no último fim de semana e agora chega ao Jockey Club, na Gávea. São eles, os personagens, que ficarão no telão atrás do palco enquanto Albarn desfilará alguns dos sucessos da banda, como “Feel good inc”, “Clint Eastwood” e “On Melancholy Hill”.

Em 1998, quando o Gorillaz foi formado, vocês acreditariam se alguém lhe dissesse que a banda ainda estaria tocando e lançando músicas em 2022?

Murdoc: A resposta, claro, é o CEO inspirador do Gorillaz, Murdoc F Niccals. Coloque-me em uma gola alta e eu sou basicamente Steve Jobs com um baixo.

 Por que fazer essa turnê mundial em 2022 e começar na América Latina?

Murdoc: Entramos fortes nesta turnê para compensar todas as datas que foram cortadas nos últimos dois anos. A América Latina é o ponto de partida óbvio porque nós adoramos e Russ tinha um desejo real por empanadas de chili.

Russel, Murdoc, 2D e Noodles, os personagens virtuais do Gorillaz. — Foto: Divulgação

Russel, Murdoc, 2D e Noodles, os personagens virtuais do Gorillaz. — Foto: Divulgação

Em uma época em que estamos caminhando para um universo virtual de metaversos e NFTs, quanto os Gorillaz querem participar disso?
2D: Onde está o megaverso? Fica perto do MegaBowl? Há um em Crawley.

Você teme o fim do mundo? Quão louco o mundo parece para você agora?
Murdoc: Foi Hunter S Thomspn quem escreveu “os loucos nunca morrem”. Se isso for verdade, não vejo com o que temos que nos preocupar.

Como foram esses tempos de pandemia para vocês, uma banda que ficou conhecida por fazer as coisas virtualmente?
Murdoc: Sem problemas, cara. Faça o que quiser conosco, nós nos adaptamos. Gorillaz são uma força imparável. Bem, eu sou. Os outros três são pedaços de papel usado ou sacolas flutuantes que foram varridas pela minha força imparável. Mas, ainda assim, somos uma equipe.

A onda da música latina, os feats, as ilhas de plástico, o bedroom pop, o presidente Donald Trump... o que o Gorillaz não previu?
2D: Nós nunca pensamos que haveria um Baby Yoda. Isso foi uma surpresa bem grande.


O Globo quinta, 19 de maio de 2022

MÚSICA: BYAFRA, AOS 40, LANÇA MÚSICA PARA MAE E VOLTA A VOAR

Por Silvio Essinger — Rio de Janeiro

 


Cantor e compositor Byafra — Foto: Leo Martins/Agência O Globo

Cantor e compositor Byafra — Foto: Leo Martins/Agência O Globo

A sorte faz graça com Maurício Pinheiro Reis, o Byafra (até alguns anos, Biafra). Cantor romântico de sucesso nos anos 1980, ele vivia uma vida discreta no começo dos 2000, quando foi convidado pelo diretor Nelson Hoineff para dar um depoimento para um documentário sobre Chacrinha (“Alô, alô, Terezinha!”). No meio de sua participação, ele cantava o seu hit de 1984, “Sonho de Ícaro” (aquele do refrão “voar, voar, subir, subir”), quando foi atingido por um parapente.

 A cena virou teaser do filme e viralizou. De uma hora para outra, o nome do sumido cantor voltou à boca do povo e ele foi chamado para uma campanha publicitária de uma companhia de seguros — fazendo graça de si mesmo.

— Que a minha sorte continue assim. A própria “Sonho de Ícaro” foi uma música improvável. Ela tem cinco minutos e 25 segundos, e isso numa época em que as músicas só tocavam no rádio se tivessem três minutos. Comigo é sempre ao contrário! — teoriza o cantor niteroiense de 64 anos, que volta aos palcos pela primeira vez desde o começo da pandemia, no Teatro Rival Refit, para apresentar o muito adiado show “4.0”, dos seus 40 anos de carreira.

A primeira a ser lançada foi “Ione”, feita para a mãe, vitimada pela Covid (“foi a gripezinha que mais matou até hoje, foi muito doloroso, todo mundo teve alguma perda”, lamenta). A próxima a sair nas plataformas é “Solidão a dois”, sobre o que o estresse do confinamento provocou nos casais.

 

Boas notícias

 

Mas durante o isolamento, Byafra também teve boas notícias. Seus LPs de sucesso, dos anos 1980, foram relançados no streaming depois que o cantor Ed Motta incluiu “Leão ferido” (hit de 1981) na coletânea estrangeira “Too slow to disco Brasil” (2018) — hoje, a música tem boa parte de seus ouvintes na Alemanha. E uma de suas mais conhecidas canções, “Te amo”, voltou a tocar depois que a cantora Marília Mendonça a interpretou em uma de suas lives. Mais recentemente, o cantor foi procurado por um de seus mais novos e ilustres fãs: Sebastião, filho de Nando Reis, integrante do trio de música folk Colomy.

— Quando minha mãe me apresentou “Leão ferido”, foi uma explosão de sentimentos. É uma música magnífica, da letra aos caminhos melódicos que ele encontra com os seus agudos. Isso sempre me fascinou — derrama-se Sebastião, que espera seguir com a comunicação (e, espera ainda, parceria) virtual com o ídolo.

 — Estão descobrindo o lado B da minha obra, de canções tipo “Voa, bicho”... Desisti de tentar entender o que está acontecendo, vou deixar rolar! — resigna-se Byafra, que teve seu primeiro hit em 1979, “Helena”, faixa do seu LP de estreia. — Meu primeiro disco saiu junto com a (criação da) Rádio Cidade. “Helena” tocou bastante lá e um dia o Lulu Santos, que na época era produtor da Som Livre, sugeriu que fosse incluída da trilha da novela “Marrom glacê” (depois, eles seriam parceiros em “Pra se levar a vida”).

O primeiro grande hit, “Leão ferido”, fez com um amigo de Niterói, Dalto, num momento de revolta com a gravadora.

— Queriam me enquadrar num modelito. Eu era bem novo e me mandaram uma música que dizia “eu não tô legal”. E eu estava legal, não ia gravar aquilo — conta. — O “Leão ferido” surgiu dessa revolta. “Tenho que ser bandido, tenho que ser cruel”... É uma música revoltada! Eu era um leão ferido, eu não era o padrão. Era um menino tímido cantando um repertório ousado. E o Lincoln (Olivetti, arranjador) sacou que dava para fazer um arranjo grandioso. Depois, a gravadora nunca mais quis palpitar.

Um hit maior estava por vir quando o cantor foi para a gravadora Ariola, em 1984, pelas mãos do diretor Marco Mazzola. Fechado o repertório do LP, Mazzola sentiu que ainda não tinha uma grande música, aquela que ia abrir o caminho das rádios para o cantor. Aí lembrou de uma canção de Piska (guitarrista da banda de Ney Matogrosso) e do letrista Claudio Rabello.

— Eu pedi a música, mas não sabia ainda para que artista. Achava que era para o Ney, mas ele não curtiu. Aí ela acabou ficando com o Byafra, e foi um sucesso que levantou a carreira dele — recorda-se o produtor.

— A explicação que o Claudio deu foi tão complicada que era melhor não ter explicado nada! — diverte-se o cantor, que nos tempos de “Sonho de Ícaro” sofria bullying homofóbico por causa da voz aguda e a pinta de estrela romântica. — Eu dizia para os caras que faziam piadas: “Tanta menina bonita nesse baile e vocês vêm tirar onda comigo!”

Por causa do bullying também foi que ele ganhou no colégio o apelido de Biafra.

— Eu era magro de ver bater o coração. Estava rolando a guerra de Biafra (com imagens de crianças esqueléticas por causa da fome) e deu nisso — explica o artista, que mais tarde teve problemas porque os mecanismos de busca na internet levavam “Biafra” para as páginas relativas à guerra. — Eu botei o Y porque as pessoas procuravam pelo cantor e caíam na África. Uma vez, inclusive, o Luiz Melodia me falou: “Pensava que você era negro!”

 

Serviço

 

Onde: Teatro Rival Refit
Rua Álvaro Alvim 33, Centro
Quando: Qui, às 19h30
Quanto: A partir de R$ 30 (via Sympla)
Classificação: 18 anos


O Globo quarta, 18 de maio de 2022

BEM-ESTAR: VOLTAR A CORRER É MAIS FÁCIL DO QUE SE PENSA, MEMÓRIA É SEGREDO

Por Knvul Sheikh, The New York Times

 


Voltar a correr pode ser doloroso no início, mas encontrar pequenas rotinas ou recompensas que o mantenham ativo pode ajudar — Foto: Custódio Coimbra/ Agência O Globo

Voltar a correr pode ser doloroso no início, mas encontrar pequenas rotinas ou recompensas que o mantenham ativo pode ajudar — Foto: Custódio Coimbra/ Agência O Globo

A boa notícia é que os músculos retêm uma memória de sua força anterior, o que pode facilitar a recuperação do seu condicionamento físico — diferentemente do que ocorreria se você estivesse começando do zero, por exemplo. Caso tenha ficado de fora das atividades por apenas duas ou três semanas, pode ser que uma mudança significativa no seu desempenho nem seja notada, especialmente se você permaneceu fisicamente ativo durante o tempo livre.

Mas, caso o tempo de pausa tenha sido mais longo, você pode não conseguir correr vários quilômetros seguidos. Em vez disso, uma dica é misturar a corrida com a caminhada e reservar um tempo para fortalecer os músculos não utilizados, além de inserir alguns truques para se motivar e recompensar a si mesmo.

 

 

Crie uma rotina

 

É mais provável manter o hábito da corrida se começar com objetivos pequenos. Isso pode significar que você precise maneirar um pouco o ritmo e a distância percorridos.

— É devagar e sempre que se vence a corrida — disse Karena Wu, fisioterapeuta e proprietária da ActiveCare Physical Therapy, em Nova York. O objetivo é desacelerar até conseguir passar no teste da fala, que significa manter uma conversa enquanto corre.

Tente fazer duas a três corridas curtas e fáceis por semana. Você também pode seguir um plano de treinamento de sofá projetado para corredores iniciantes e para aqueles que estão retornando após uma longa pausa. Alternativamente, você pode usar uma estratégia que incorpore pausas de caminhada em suas corridas.

Qualquer que seja o plano escolhido, certifique-se de que ele tenha elementos de treinamento de força, alongamento e descanso. O ponto é permanecer consistente e lembrar que você está usando esse tempo para recondicionar os músculos, tendões, ligamentos e tecidos conjuntivos em suas pernas.

 

Recompensas imediatas

 

Pesquisas sugerem que a motivação por si só nem sempre é suficiente. Combinar recompensas pequenas e imediatas a uma tarefa — como assistir filmes enquanto está na esteira ou se deliciar com um banho de sal após uma longa corrida — pode tornar mais fácil e agradável continuar fazendo essas atividades.

— As pessoas repetem comportamentos de que gostam — disse Wendy Wood, psicóloga pesquisadora da Universidade do Sul da Califórnia. — Se você odeia correr, provavelmente não há muito que você possa fazer para se motivar.

Recompensas de curto prazo podem ajudá-lo nos dias em que sua motivação está em falta. E eles podem até acelerar a formação do novo hábito de corrida.

Estudos também mostram que você pode obter recompensas psicológicas ao correr com um grupo de amigos, ouvindo palavras de afirmação de um treinador ou escutando suas músicas favoritas.

 

Treinamento de força

 

O treinamento de força ajuda a preparar seu corpo para correr novamente e pode mantê-lo livre de lesões a longo prazo. Muitos fisioterapeutas e especialistas em corrida recomendam este treinamento algumas semanas antes de voltar a correr para aumentar a força muscular, a flexibilidade e melhorar a biomecânica geral.

— Acho que muitas pessoas usam a corrida para entrar em forma, mas eu realmente recomendo entrar em forma para voltar a correr — disse Irene Davis, especialista em biomecânica da corrida da Universidade do Sul da Flórida.

Os corredores tendem a ser fracos nos pés e tornozelos, assim como nos quadris e glúteos, disse Davis. Para fortalecer essas áreas, é recomendado o levantamento de peso, yoga, calistenia ou pliometria pelo menos dois dias por semana. Ou seja, exercícios que treinam vários músculos ao mesmo tempo.

 

Aquecimento

 

Um aquecimento bem planejado também pode fazer seu sangue fluir e preparar seus músculos para correr. Wu e Davis recomendaram alongamentos dinâmicos, nos quais você move suas articulações e músculos imitando o movimento que você está prestes a realiza. Para os corredores, geralmente são os mesmos exercícios usados ​​no treinamento de força, como lunges e agachamentos.

Ela também recomendou levar o joelho ao peito, puxar o tornozelo em direção aos glúteos, encostar-se a uma parede para alongar as panturrilhas ou mover os quadris em círculo. Experimente o alongamento e veja se isso faz você se sentir mais flexível ou ajuda a recuperar energia para a próxima corrida.

 

Descanse bastante

 

Só porque seu corpo se lembra de como fazer uma corrida não significa que seus músculos e articulações estão prontos para o pedágio que ela pode exigir. Enquanto você está reconstruindo resistência e força durante as corridas, você também está quebrando seu corpo de várias maneiras. Tirar pelo menos um dia de folga por semana ajudará a evitar lesões e permitirá que você volte mais forte, permitindo que seu corpo se recupere.

Durante cada corrida, seu corpo também esgota suas reservas de glicogênio, um tipo de carboidrato armazenado nos músculos e no fígado. Descansar e reabastecer ajuda a repor essas reservas para que você possa usá-las como energia quando voltar a correr.

Lembre-se de que você está progredindo ao longo de todo o processo. Correr é uma maneira revigorante de se exercitar com a brisa nos cabelos e o chão aos pés. Então tire o pó desses sapatos e saia pela porta.


O Globo terça, 17 de maio de 2022

CULTURA: PASSISTAS DE ESCOLAS DE SAMBA TORNAM-SE PATRIMÔNIO CULTURAL DO ESTADO DO RIO

Passistas de escolas de samba tornam-se Patrimônio Cultural do Estado do Rio

 

Passistas são patrimônio cultural do Rio

 

O governador Cláudio Castro sancionou lei que declara passistas de samba como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado do Rio de Janeiro. O texto saiu na edição de hoje do Diário Oficial do Rio.

Além de exaltar a ala que traz o samba no pé e alegria a todos que assistem ao maior espetáculo da Terra, a iniciativa serve como reconhecimento à importância do carnaval para a cultura e a sociedade fluminense.

 

Em janeiro, o governador declarou, por meio de outra lei, que mestres-sala e a portas-bandeira também são Patrimônio Cultural de natureza imaterial do Rio de Janeiro.


O Globo segunda, 16 de maio de 2022

CULTURA: CHIMAMANDA FALA PARA MILHARES NO RIO, MAS RECHAÇA STATUS DE ÍDOLO POP

Por Renata Izaal — Rio de Janeiro

 


Chimamanda Ngozi Adichie no Rio — Foto: Leo Martins/Agência O Globo

Chimamanda Ngozi Adichie no Rio — Foto: Leo Martins/Agência O Globo

Quando Chimamanda Ngozi Adichie esteve no Brasil pela primeira vez, para participar da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) em 2008, ela era uma promissora escritora nigeriana cujos dois primeiros livros, “Hibisco roxo” e “Meio sol amarelo”, tinham conquistado os meios literários. Quatorze anos depois, voltou ao país no último fim de semana para participar do LER - Salão Carioca do Livro, agora com outro status: ícone cultural e feminista.

Chegou e foi embora como um ídolo pop, posição raríssima para uma escritora. Entre sexta e domingo, o quanto durou sua estadia em um hotel cinco estrelas de Copacabana, cumpriu uma agenda tão intensa que chegou a desmarcar entrevistas. Com o GLOBO, falou durante 30 minutos na van que a levou do hotel ao Maracanãzinho, onde, na noite de sábado, discursou para uma plateia de 3 mil pessoas, a maioria estudantes da rede pública. No caminho, a escritora respondeu a algumas perguntas, mas, sobretudo, fez as suas, ávida em entender o panorama político, racial e de gênero do Brasil, o que, convenhamos, não é lá muito simples de explicar em pouco tempo.

Chimamanda Ngozi Adichie no Maracanazinho — Foto: Leo Martins / Agência O Globo

Chimamanda Ngozi Adichie no Maracanazinho — Foto: Leo Martins / Agência O Globo

Nesses três dias, Chimamanda falou, ouviu muito e deixou recados, alguns políticos e outros afetivos, com a autoridade de quem, desta vez, trouxe consigo um prêmio do National Book Critics Circle pelo romance “Americanah”, 16 títulos de doutora honoris causa, um discurso citado por Beyoncé na canção “Flawless” e o título de uma de suas palestras estampado em uma camiseta da Dior. Aliás, seus dois TED Talks, “O perigo da história única” e “Deveríamos ser todos feministas”, somam 15 milhões de visualizações. Não é de estranhar, então, que a escritora tenha sido ovacionada no Maracanãzinho por uma legião de chimamanders.

O público ouviu, por cerca de uma hora e meia, a conferência “Contando histórias para empoderar e humanizar”, na qual a autora repetiu temas que têm sido mantras nos últimos anos: a importância de formar leitores e, mais ainda, das histórias para a construção de sociedades plurais. Chimamanda subiu ao palco armado no ginásio apresentada pela filósofa Djamila Ribeiro, a quem saudou como “corajosa e inspiradora”. A admiração é mútua.

— Chimamanda é muito lida no Brasil e sua obra dialoga com a realidade do país. Além de excelente escritora, ela tem um trabalho importante como feminista. Tê-la num ginásio, falando para milhares, é um marco. Mostra o poder dela e o alcance de sua obra, ao mesmo tempo que democratiza seus saberes — contou Djamila ao GLOBO.

 

Chimamanda no B

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A escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie posa para O GLOBO no hotel onde se hospedou no Rio, em Copacabana — Foto: Leo Martins
Chimamanda Ngozi Adichie veio ao Rio a convite do LER - Salão Carioca de Livros  — Foto: Leo Martins
Chimamanda Ngozi Adichie fala a 3 mil pessoas no Maracanãzinho, no Rio — Foto: Leo Martins
Escritora nigeriana falou para 3 mil pessoas no Maracanãzinho, no Rio

O texto apresentado na noite de sábado foi alterado horas antes do início da conferência para incluir os pensamentos da escritora sobre tudo o que viu e ouviu no país. Antes de falar ao público, ela jantou com uma turma que incluía o ator Lázaro Ramos, a jornalista Maju Coutinho, a própria Djamila e a escritora Eliana Alves Cruz, cuja obra ela lamentou não poder conhecer (“É preciso traduzir os escritores negros brasileiros”, disse). Deu também uma coletiva de imprensa, onde, para sua surpresa, a maioria das jornalistas eram negras. Um encontro do qual saiu chocada com os casos recentes de trabalho análogo à escravidão, encantada com as tranças das mulheres (“quero saber se há muitos trancistas no Rio, porque vocês têm cabelos lindos”) e emocionada com os relatos.

Acompanhada no Rio pelo irmão, o marido e a filha de 6 anos (os quatro só conversam em igbo, língua do grupo étnico a que sua família pertence: “é a mais bonita do mundo”, diz ela), Chimamanda foi na manhã de domingo a Rocinha, um desejo depois de entender que a maior parte da população das favelas cariocas é negra. No Maracanãzinho, ela não deixou por menos: “É preciso contar as histórias verdadeiras. A história de que as favelas têm maioria negra é incompleta. É preciso começar contando as razões dessa pobreza”, afirmou sob muitos “uhuu”.

 

Enquanto durou nosso passeio de van, Chimamanda quis saber mais sobre a preservação do Cais do Valongo e sobre as falas misóginas do presidente Jair Bolsonaro. Diante de episódios como o da “fraquejada”, não titubeou: “Soa para mim como uma criança estúpida. Como ele tem apelo?”.

No Maracanãzinho, ela se despediu dizendo esperar que a mensagem do Brasil para o mundo seja sua diversidade racial e cultural, não apenas suas praias e biquínis. E assegurou que vai voltar ao país.

“Espero que quando eu estiver aqui de novo vocês tenham um governante que respeite as mulheres”.

 

 


O Globo domingo, 15 de maio de 2022

MÚSICA: MILTON NASCIMENTO ANUNCIA QUE FARÁ A ÚLTIMA TURNÊ

Por Luiz Fernando Vianna; Especial Para O GLOBO — Rio de Janeiro

 


Milton Nascimento fará sua última turnê  — Foto: Divulgação/Marcos Hermes

Milton Nascimento fará sua última turnê — Foto: Divulgação/Marcos Hermes

Ao ouvir Milton Nascimento cantando “Ponta de areia” e tocando sua pequena sanfona, o público dos próximos shows do artista começará a viver um encontro que é também uma despedida. “A última sessão de música” é a turnê final de Milton. Poderá ainda fazer gravações, mas não subirá mais em palcos.

 — De shows, eu quero parar. Mas quero continuar compondo e cantando. Não vou deixar de mexer com música — afirma ele, que completará 80 anos em 26 de outubro.

A série de apresentações ganhará hoje um site próprio: www.aultimasessaodemusica.com. Na quarta-feira, dia 18, começará a venda de ingressos para as noites já confirmadas: 5 e 6 de agosto no Rio (Jeunesse Arena); 26 e 27 de agosto em São Paulo (Espaço das Américas); 13 de novembro em Belo Horizonte (estádio Mineirão).

A pré-estreia — antes de uma viagem para se despedir de palcos europeus — será em 11 de junho, na Cidade das Artes, na Barra. Haverá apenas 400 pessoas na plateia, além de convidados. Elas terão adquirido o NFT Milton Nascimento. NFTs (tokens não fungíveis, na sigla em inglês) são peças únicas, com certificação digital. No caso, darão direito, por exemplo, a pôsteres autografados. A venda também se iniciará na quarta-feira. Os valores serão divulgados no site.

Em seguida, virão na ordem canções de vários discos, de “Milton” (1970) até “Pietá” (2002). No final, entrará “Encontros e despedidas”, faixa-título do LP de 1986.

— Ela é o conceito do show — explica Augusto.

A semana que passou trouxe uma ótima notícia para Milton. “Clube da Esquina”, de 1972, foi escolhido o melhor álbum brasileiro de todos os tempos numa enquete promovida pelo podcast Discoteca Básica.

 

— Não dá nem para falar da alegria que eu estou sentindo. Melhor de todos os tempos eu não pensei. Mas que é bom, é — diz o cantor.

Milton Nascimento fará a última turnê de sua carreira — Foto: Divulgação/Marcos Hermes

Milton Nascimento fará a última turnê de sua carreira — Foto: Divulgação/Marcos Hermes

Juntamente com seu nome na capa entrou o de Lô Borges, então com 20 anos, dez a menos do que o amigo. Mas o álbum duplo foi uma produção coletiva, com criações de diversos compositores (Beto Guedes entre eles) e participações de diversos músicos. Se não bastasse a força das canções, o trabalho surgiu com uma qualidade técnica impensável. O estúdio da Odeon tinha apenas dois canais de gravação, o que obrigava o registro de vários instrumentos ao mesmo tempo.

Do disco clássico, estarão na última turnê “Tudo o que você podia ser”, “Cais”, “San Vicente”, “Clube da Esquina 2”, “Lília” e “Nada será como antes”. Do segundo “Clube da Esquina”, de 1978, entrará apenas a faixa “Maria, Maria”. A ideia é que o roteiro reúna os grandes sucessos. Não faltará, portanto, “Nos bailes da vida”.

Nem tanto sucesso fez “Canção do sal”, mas que está no show porque teve um papel decisivo: foi lançada em 1965 por Elis Regina quando o compositor era um desconhecido no Rio.

 

— Fui na casa dela com o (Gilberto) Gil. Mostrei um monte de músicas, e Elis não disse nada. Ela perguntou: “Não tem mais nenhuma?” Eu falei: “Tem, mas não gosto.” Toquei “Canção do sal”, e ela falou: “É essa!”

Milton fez quatro shows recentemente. Tinham ficado pendentes, pois a turnê “Clube da Esquina” foi suspensa por causa da pandemia. Desde o aparecimento da Covid-19, realizou três lives em casa e uma já no palco — mas sem público — com a Orquestra de Ouro Preto.

— Foram três anos sem fazer música e dentro de casa, sem ver quase ninguém — lamenta.

Coração de estudante. Milton na Passeata dos Cem Mil (sexto da esquerda para a direita na primeira fila), em 1968, com artistas como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Zé Celso, Chico Buarque, Edu Lobo e Othon Bastos: “Se os jovens soubessem o que é uma ditadura, não iam querer” — Foto: arquivo/26-6-1968

Coração de estudante. Milton na Passeata dos Cem Mil (sexto da esquerda para a direita na primeira fila), em 1968, com artistas como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Zé Celso, Chico Buarque, Edu Lobo e Othon Bastos: “Se os jovens soubessem o que é uma ditadura, não iam querer” — Foto: arquivo/26-6-1968

— Eu fiquei paranoico. O que as pessoas falavam sobre grupo de risco era o que se encaixava nele. Eu pensei: vai morrer. Aí tranquei a casa. Até hoje, não chego perto dele sem máscara. Mas, agora, tomou a quarta dose da vacina.

Milton Nascimento se locomove com alguma dificuldade. Precisa controlar a diabete, que já saiu do prumo várias vezes. Reforça não ter Mal de Parkinson. Diz que mexer muito com a mão direita é mania. Em 2014, enfrentou um período de depressão profunda. Daquele ano até o final de 2021, morou em Juiz de Fora (MG). De volta ao Rio, não quer mais sair da cidade. Ele, aliás, é carioca de berço, tendo se mudado para Três Pontas, com seus pais adotivos, aos 3 anos.

— Estava sentindo falta da floresta — diz em sua casa no Itanhangá, com paisagem farta em verde.

A paz é interrompida quando pensa na situação política do país. Assusta-se quando ouve falar na possibilidade de um novo golpe militar. Durante a ditadura, recebia cartas ameaçadoras do CCC (Comando de Caça aos Comunistas). Há poucos anos, encontraram em sua ficha no Dops (Departamento de Ordem Política e Social, órgão de repressão) fotos que mostram que ele era seguido pelo regime. Foi um período em que mergulhou fundo na bebida.

— Se os jovens soubessem o que é uma ditadura, não iam querer. Só espero que não aconteça mais. Outra dessa o país não aguenta — diz ele, em cujos shows tem ouvido coros de “Fora, Bolsonaro”.

Como não poderia deixar de ser, sua voz não é mais a mesma. Os falsetes marcantes não são viáveis, e o canto está mais contido. Ele recorda que até a adolescência era fã de vozes femininas que escutava no rádio, como as de Dalva de Oliveira e Angela Maria.

 

Celebração

 

Nos shows, ele tem o apoio vocal de Zé Ibarra (também violonista) e Wilson Lopes (violão, guitarra e direção musical). A banda tem oito integrantes, que Milton considera uma família. “A última sessão de música” ainda terá cenário com assinatura de Osgemeos e figurinos de Ronaldo Fraga.

&lt;caption&gt;&lt;cutline_leadin&gt;Clube da Esquina.&lt;/cutline_leadin&gt; &lt;EP,1&gt;Lô Borges, Hélcio Jacaré, Milton Nascimento e Beto Guedes na cidade de Três Pontas (MG), onde Bituca cresceu&lt;EP,1&gt;&lt;/caption&gt; — Foto: arquivo/4-6-1972

O cantor considera a turnê uma comemoração de 60 anos de carreira. O marco inicial, que ele estabeleceu, é a mudança de Três Pontas para Belo Horizonte, quando começou a tocar na noite ao lado de Wagner Tiso e outros músicos.

Indício de que a carreira não está se encerrando são as três melodias que compôs recentemente. Uma delas ganhou letra de um de seus principais parceiros, Ronaldo Bastos, e o título “Sorte no amor”. Augusto tem planos de ainda produzir um álbum de inéditas.


O Globo sábado, 14 de maio de 2022

ESPORTES - BRASILEIRÃO, CHELSEA X LIVERPOOL E MASTERS 1.000 DE ROMA SÃO DESTAQUES DESTE SÁBADO

Brasileirão, Chelsea x Liverpool e Masters 1.000 de Roma são destaques deste sábado

 


Últimas atualizações

 

Como será a Fórmula 4, nova categoria do automobilismo que começa neste sábado

Com 16 pilotos no grid, incluindo uma menina e alguns sobrenomes famosos, uma categoria de automobilismo estreia hoje no Brasil com a promessa de oferecer uma possibilidade de crescimento para os novos talentos. A Fórmula 4 terá sua corrida inaugural em Mogi Guaçu (SP). No total, serão seis etapas, compostas por três provas cada, com transmissão ao vivo do canal BandSports e YouTube da Stock Car. LEIA A MATÉRIA COMPLETA

Teste do novo carro da Fórmula-4 no Brasil na pista da Pirelli, no Brasil

Teste do novo carro da Fórmula-4 no Brasil na pista da Pirelli, no Brasil (Foto: Duda Bairros/Divulgação)

Cinco partidas abrem neste sábado a sexta rodada do Brasileiro. Atual líder da competição, o Corinthians encara o Internacional, às 19h, fora de casa. Mais cedo, o Flamengo tenta buscar a recuperação diante do Ceará, às 16h30, também fora. O Fluminense encara o Athletico, às 21h, em Volta Redonda. O sábado também terá a final da Copa da Inglaterra (FA Cup) entre Chelsea e Liverpool, às 12h45 (de Brasília), além de duelos decisivos no Masters 1.000 de Roma. VEJA A PROGRAMAÇÃO DE TV COMPLETA.

Djokovic, Salah eGabigol

Djokovic, Salah eGabigol (Foto: AFP e divulgação)

 

Após a emocionante final da Copa da Liga em 27 de fevereiro, com vitória do Liverpool nos pênaltis (11-10) sobre o Chelsea, as duas equipes voltam a se encontrar na final da prestigiosa FA Cup, neste sábado, às 12h45, em Wembley. Os 'Reds' têm a chance de adicionar o segundo troféu da temporada à galeria de Anfield, duas semanas antes da final da Liga dos Campeões contra o Real Madrid. Já o Chelsea só luta por esse título e buscará a vingança contra o Liverpool após a final da Copa da Liga.

 

Chelsea e Liverpool se enfrentam pelo título da FA Cup

Chelsea e Liverpool se enfrentam pelo título da FA Cup (Foto: Action Images via Reuters/Andrew Boyers)

Médico do Flamengo, Márcio Tannure, com o técnico Paulo Sousa (Foto: Divulgação)

 


O Globo sexta, 13 de maio de 2022

MODA! CABELO AFRO RESISTE AO RACISMO ESTÉTICO

Por Pâmela Dias e Jéssica Marques — Rio

 


Renata Varella reforça a importância da rede de apoio entre mulheres negras — Foto: Leo Martins

Renata Varella reforça a importância da rede de apoio entre mulheres negras — Foto: Leo Martins

Black Power, rastafari, com dreads, cacheados, encarapinhados... Os cabelos das mulheres pretas chegam a este 13 de maio — data que marca a abolição da escravidão — livres e como um dos maiores símbolos da negritude ao lado da pele. Protagonista do debate racial desde sempre, ele volta à roda no Brasil de hoje com o resgate da ancestralidade, na ressignificação do conceito de beleza e na denúncia do racismo estético. Na última semana, por exemplo, ao defender seu crespo, uma mulher negra mobilizou o metrô de São Paulo a externar o preconceito sofrido por ela, após uma senhora branca declarar que temia “pegar doença” ao encostar em seu cabelo.

 Não é de agora que o cabelo afro é tachado de “feio”, “sujo” e “duro”. O processo de colonização da África, que se repetiu no Brasil, deixou como herança uma sociedade que reconhece majoritariamente os fios lisos como belo, de acordo com a antropóloga Denise da Costa, professora da Universidade da Integração da Lusofonia Afro-brasileira. Graças à atuação secular de movimentos negros, que tomaram fôlego entre 1960 e 1970 com o “black is beautiful” (preto é bonito, na tradução), a história de ancestralidade se traduz por números do Google: nos últimos cinco anos, a busca por cabelos cacheados e crespos superou a de lisos em 309%, de acordo com uma pesquisa do Dossiê BrandLab.

 

Transição capilar

 

Não à toa o processo de transição capilar — em que negros deixam de alisar os cabelos para assumir a forma crespa — tem se intensificado. A analista de sistemas, Olívia Raquel, de 23 anos, começou a fazer relaxamento ainda criança, aos 11 anos, por influência da sua mãe branca. Por cinco anos, ela teve os fios lisos para não ouvir comentários de que tinha cabelos “pichaim” ou “duro”.

— Sinto que alisar nunca foi algo que eu realmente queria — diz ela, que deixou a raiz crescer e viu os cachos ressurgirem aos 16 anos.

A modelo gaúcha Tatiani Souza, de 42 anos, hoje assina, artisticamente, “Tati Crespa”. Mas nem sempre foi assim: ela alisou o cabelo por 22 anos. Com o cabelo livre da química há mais de cinco, ela diz que ainda recebe propostas na área da moda para fazer “escova progressiva”. A última oferta foi de R$ 3 mil. Ela recusa e é irredutível, quer que “suas origens sejam respeitadas”.

— Sai Tatiani e entra Tati Crespa. Hoje, quem quiser trabalhar com a minha imagem, vai ter que me aceitar do jeito que sou. Um penteado até vai, mas química nunca mais. Defendo que sou livre para assumir meu cabelo, fazer até uma escova, se eu quiser, mas livre dos preconceitos e imposições — diz. 

O mercado de trabalho, por sinal, é um dos espaços em que a presença do racismo estético é forte. Um estudo publicado na revista “Social Psychological and Personality Science”, em 2020, mostrou que durante entrevistas de emprego, mulheres negras americanas com cabelos crespos eram percebidas como menos profissionais, menos competentes e menos propensas a serem recomendadas para uma vaga do que mulheres negras com cabelos alisados e mulheres brancas com penteados cacheados ou lisos. Uma realidade de preconceito que se parece com a daqui: Cristiane de Almeida, de 51 anos, foi vítima do escárnio de um colega de trabalho quando iniciou a transição capilar, há quatro anos, no Clube das Pretas — salão especializado em cortes e penteados de cabelos crespos e cacheados.

— O processo de transição foi muito difícil. Um colega puxava o meu cabelo e me ridicularizava na frente das pessoas. Eu me senti mal, achei que estava todo mundo olhando para o meu cabelo. E estavam olhando mesmo. Percebi que tais brincadeiras não eram feiras com outras colegas de cabelo liso e brancas — diz Cristiane.

 

Acolhimento

 

Levantando a bandeira do “nós por nós”, uma das criadoras do Clube das Pretas, a professora Renata Varella, de 37 anos, defende que a rede de apoio faz toda a diferença no processo de reconhecimento das madeixas afro.

— A relação da mulher negra com o seu cabelo natural é de anos de sofrimento. É uma busca infinita por achar que nossos cabelos afros são um problema. Mas isso está mudando — diz a professora.

Segundo a antropóloga Denise da Costa, apesar de lento, o aumento da conscientização sobre o racismo no país é notório e pode ter contribuído para que, no caso de racismo no metrô de SP, centenas de passageiros apoiassem a vítima Welica Ribeiro na denúncia contra a húngara Agnes Vajda.


O Globo quinta, 12 de maio de 2022

TURISMO: TAILÂNDIA - REGRAS DE ENTRADA MAIS FLEXÍVEIS E SUSTENTABILIDADE NA RETOMADA DO TURISMO

Por Eduardo Maia

 


Praia mais famosa da Tailândia, Maya Bay foi reaberta ao público em janeiro de 2022, com restrição de visitação — Foto: Athit Perawongmetha/Reuters

Praia mais famosa da Tailândia, Maya Bay foi reaberta ao público em janeiro de 2022, com restrição de visitação — Foto: Athit Perawongmetha/Reuters

Um dos símbolos deste novo momento é Maya Bay, o ponto mais famoso do litoral tailandês, que, depois de ter servido de cenário para o filme “A praia” (2000), com Leonardo DiCaprio, passou por uma explosão turística, até precisar ser fechado totalmente em 2018, para a recuperação de seu frágil ecossistema. Acredita-se que cerca de 50% de seus corais tenham sido destruídos pelas âncoras das embarcações que paravam.

Em 1º de janeiro, a pequena enseada foi reaberta à visitação, mas com novas regras. Agora, barcos turísticos não são mais permitidos, e o acesso se dá por um novo píer, construído na praia vizinha de Loh Samah, a uma curta caminhada de distância. Serão permitidos até três mil visitantes por dia, sendo 300 por vez, e os banhistas poderão ficar apenas na areia ou entrar no mar dentro de uma faixa de 50 metros.

No estande da Tailândia na ILTM Latin America, principal feira do turismo de luxo do país, que aconteceu na última semana, em São Paulo, o representante do turismo na América do Sul, Jefferson Santos, afirmou que a pandemia ajudou o país a reavaliar que tipo de visita quer promover:

— Antes, parte importante dos turistas na Tailândia era de países vizinhos, sobretudo a China, que passavam pouco tempo e iam embora. Agora, é clara a ideia de substituir as visitas mais curtas e rápidas por aquelas que valorizem mais a experiência e o contato com a cultura tailandesa.

 

Banho nos elefantes

 

Criança turista alimenta um elefante num dos santuários dedicados à preservação da espécie na Tailândia — Foto: Divulgação / TATLA

Criança turista alimenta um elefante num dos santuários dedicados à preservação da espécie na Tailândia — Foto: Divulgação / TATLA

Um exemplo dessa nova abordagem passa pelos elefantes. Presentes não apenas nas florestas, mas também na vida da sociedade tailandesa, os maiores animais terrestres do continente por muitos anos vêm sendo explorados também como atrativos turísticos.

Em vez de passeios no lombo dos elefantes, os viajantes estão sendo incentivados a conhecer santuários eticamente responsáveis, muitos com elefantes resgatados de práticas de maus-tratos. Nesses lugares, o turista “adota” um animal e, durante um dia, participa de seus cuidados, da alimentação ao banho. E passando por momentos, digamos, inesquecíveis.

Estes santuários estão espalhados por todo o país. Entre os mais conhecidos e próximos a importantes destinos turísticos da Tailândia estão o Elephant Nature Park, na histórica cidade de Chiang Mai, no Norte; o Phuket Elephant Sanctuary, no movimentado balneário, no Sul do país; e ElephantsWorld, em Kanchanaburi, a duas horas de Bangkok.

Quarto de frente para o Rio Chao Phraya do hotel cinco estrelas Capella Bangkok, aberto no final de 2020  — Foto: Divulgação

Quarto de frente para o Rio Chao Phraya do hotel cinco estrelas Capella Bangkok, aberto no final de 2020 — Foto: Divulgação

Outra maneira de mergulhar na cultura tailandesa, claro, é por meio de sua gastronomia. Para Candy Krajangsri, executiva de Marketing da Autoridade Turística da Tailândia, também presente da ILMT Latin America, quem viaja para o país pensando que encontrará apenas comida condimentada e apimentada costuma se surpreender.

— Nossa comida é tão diversa como o próprio país, e quem prova dela quer sempre repetir a dose, nem que seja em casa. Tanto que um dos programas que mais têm crescido nos últimos tempos é o das aulas de culinária para turistas — comentou.

 

As novas regras

 

O famoso Buda dourado de 18 metros de altura do templo Wat Phra Yai, na cidade de Pattaya, Tailândia  — Foto: Manan Vatsyayana / AFP

O famoso Buda dourado de 18 metros de altura do templo Wat Phra Yai, na cidade de Pattaya, Tailândia — Foto: Manan Vatsyayana / AFP

Antes da pandemia, o turismo representava 12% do PIB Tailandês — que foi de US$ 501 bilhões. A reabertura aos visitantes internacionais vem acontecendo em fases, desde meados de 2021, quando destinos turísticos como Phuket começaram a receber visitantes. Em outubro, mais regiões reabriram, como Bangkok e Pattaya, conhecida, entre outras coisas, pelo Buda dourado de 18 metros de altura do templo Wat Phra Yai.

A mais recente fase começou agora em maio. Nela, viajantes com a vacinação completa precisam apenas preencher o formulário eletrônico Thailand Pass (tp.consular.go.th), onde devem incluir o certificado de vacinação e um seguro de saúde com uma cobertura mínima de US$ 10 mil (antes, era de US$ 20 mil).

Já os não vacinados podem entrar sob duas condições. Se apresentarem um PCR negativo feito com 72 horas de antecedência, não precisarão fazer quarentena nem teste na chegada. Quem não apresentar este teste deve ficar em isolamento no hotel após o desembarque, e precisa fazer um exame após cinco dias para ser liberado.

 


O Globo quarta, 11 de maio de 2022

SELEÇÃO BRASILEIRA: TITE FAZ NOVA CONVOCAÇÃO

Por Bruno Marinho — Rio de Janeiro

 


Tite fez penúltima convocação antes da lista final da Copa do Mundo — Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Tite fez penúltima convocação antes da lista final da Copa do Mundo — Foto: Lucas Figueiredo/CBF

O técnico Tite convocou a seleção brasileira para os amistosos contra Coreia do Sul, Japão e um terceiro adversário, dias 2, 6 e 11 de junho. A grande novidade é a presença de Danilo, do Palmeiras. O volante foi chamado pela primeira vez. Sua inclusão ou não no grupo é uma das poucas questões abertas para o Mundial, a seis meses de seu início. Com a ausência de Raphael Veiga, também do alviverde, as chances do jogador de ir ao Catar ficam bem reduzidas.

Foi a penúltima lista antes da relação final. Ela contou com 27 nomes. O Brasil entrará em campo novamente em setembro, provavelmente contra Argentina e México, e depois jogará contra a Sérvia, dia 24 de novembro, sua estreia pelo Grupo G da Copa do Mundo.

A final da Champions, entre Real Madrid e Liverpool, dia 28, em Paris, vai desfalcar a seleção no começo dos trabalhos, dia 24, e também deve tirar os finalistas convocados por Tite do primeiro amistoso, contra a Coreia do Sul, casos de Alisson e Fabinho, Militão, Casemiro, Vini Jr. e Rodrygo.

Do futebol brasileiro, além de Danilo, o goleiro Weverton, do Palmeiras, e Guilherme Arana, do Atlético-MG, foram chamados. Os jogadores vão desfalcar seus times por no mínimo quatro rodadas do Brasileirão, o que inclui um duelo entre o alviverde e o Galo.

 

Inicialmente, o Brasil realizaria amistoso contra a Argentina, depois de Coreia do Sul e Japão. Entretanto, a CBF foi comunicada pela Pitch, empresa que negocia as partidas amistosas da seleção, que o jogo não seria realizado. O Brasil busca novo adversário, provavelmente um africano, em partida que deve acontecer preferencialmente na Europa.

A lista:

Goleiros: Alisson (Liverpool), Ederson (Manchester City) e Weverton (Palmeiras)

Laterais: Danilo (Juventus), Dani Alves (Barcelona), Alex Sandro (Juventus), Alex Telles (Manchester United) e Guilherme Arana (Atlético-MG)

Zagueiros: Thiago Silva (Chelsea), Marquinhos (PSG), Eder Militão (Real Madrid) e Gabriel Magalhães (Arsenal)

Volantes e meias: Casemiro (Real Madrid), Danilo (Palmeiras), Fabinho (Liverpool), Fred (Manchester United), Bruno Guimarães (Newcastle), Lucas Paquetá (Lyon) e Philippe Coutinho (Aston Villa)

Atacantes: Neymar (PSG), Vini Jr. (Real Madrid), Matheus Cunha (Atlético de Madrid), Gabriel Jesus (Manchester City), Richarlison (Everton), Raphinha (Leeds United) e Rodrygo (Real Madrid), Gabriel Martinelli (Arsenal).


O Globo terça, 10 de maio de 2022

TURISMO: CONHEÇA O HOTEL QUE O JOGADOR HULK ABRIRÁ EM JOÃO PESSOA

Por Eduardo Maia

 


Projeto do Ba'ra, hotel cinco estrelas que abrirá na orla de João Pessoa, na Paraíba, e terá o jogador Hulk como sócio — Foto: Crádito

Projeto do Ba'ra, hotel cinco estrelas que abrirá na orla de João Pessoa, na Paraíba, e terá o jogador Hulk como sócio — Foto: Crádito

Maior artilheiro do futebol brasileiro em 2021, o atacante Hulk, do Atlético-MG, está prestes a marcar mais um belo gol em 2022. A diferença é que desta vez não será no gramado de um grande estádio, e sim de frente para o mar, na Praia de Cabo Branco, em João Pessoa. Na orla da capital da Paraíba será inaugurado em outubro o Ba'ra, hotel que tem o jogador como sócio.

  

Natural da também paraibana Campina Grande, o atacante faz sua estreia no setor com um hotel de 123 quartos, sendo quatro suítes, num dos pontos mais nobres de João Pessoa. Com proposta de luxo e estilo moderno, o hotel terá um restaurante italiano no térreo e um gastrobar no quarto e último andar, com vista privilegiada para o mar.

- Nossa proposta é ser um hotel de luxo, mas descomplicado. Ele foi projetado para se integrar com o calçadão do Cabo Branco, de forma a convidar moradores e visitantes a frequentarem o hotel. Especialmente nossas opções gastronômicas - explica Gefferson Alves, diretor geral do Ba'ra.

Imagem mostra como será o Ba'ra Hotel na Praia de Cabo Branco, em João Pessoa: jogador Hulk é um dos sócios — Foto: Divulgação

Imagem mostra como será o Ba'ra Hotel na Praia de Cabo Branco, em João Pessoa: jogador Hulk é um dos sócios — Foto: Divulgação

A área de maior integração com a comunidade local será o Ba'ra Largo, um espaço aberto que conecta o calçadão da orla ao lobby do hotel, pensado para receber também eventos em geral, de festas a desfiles de moda. Ele é um dos destaques do projeto arquitetônico, assinado pelo escritório colombiano Plan B, que criou um prédio moderno, com grandes jardins suspensos e aproveitamento de luz natural.

Alves conta que o nome Ba'ra vem de um termo tupi-guarani que significa "mar". A proximidade com o oceano, claro, será bastante explorada, especialmente na cobertura, no quarto andar, onde o bar do rooftop e a piscina de borda infinita oferecerão um lindo visual para a orla.

A piscina do Ba'ra Hotel ficará na cobertura, com vista privilegiada para a praia do Cabo Branco, em João Pessoa, Paraíba — Foto: Divulgação

A piscina do Ba'ra Hotel ficará na cobertura, com vista privilegiada para a praia do Cabo Branco, em João Pessoa, Paraíba — Foto: Divulgação

Mas o universo fluvial também tem grande importância na concepção do hotel. Os corredores foram batizados em homenagem a rios brasileiros que correm para o mar. E as categorias de quartos levam nomes de arquipélagos ou ilhas fluviais do país. As principais suítes, por exemplo são das categorias Anavilhanas e Marajó.

A previsão de inauguração é outubro de 2022, mas as pré-reservas já estão abertas no site barahotel.com.br. As diárias variam entre R$ 792 e R$ 2.874 dependendo do tipo de quarto.


O Globo segunda, 09 de maio de 2022

NORDESTE: AÇUDE CEDRO, NO CEARÁ, COM 115 ANOS, VOLTA A TER ÁGUA APÓS SEIS MESES

Por Bruno Alfano — Rio

 


Açude Cedro voltou a ter água em 2022, após seis meses completamente seco — Foto: Divulgação

Açude Cedro voltou a ter água em 2022, após seis meses completamente seco — Foto: Divulgação

Monumento do Império contra a seca de 115 anos de história, o Açude Cedro, em Quixadá, voltou a ter água depois de seis meses completamente vazio. Com capacidade para 125 milhões de m³, o equivalente a 50 mil piscinas olímpicas, a represa no coração do sertão cearense foi a primeira obra para o combate à seca no país. Defasado e pequeno para a região, perdeu importância hidrológica, mas virou orgulho e ponto turístico emoldurado aos pés da Galinha Choca, uma formação rochosa de destaque no local.

 O novo cenário, possível devido às chuvas acima da média que foram registradas mês passado no Ceará, representa apenas 710 mil m³ represados no açude — ou 0,7% do seu volume útil —, ainda assim simboliza esperança.

Açude Cedro, no Ceará, cheio, em 2008 — Foto: Divulgação

Açude Cedro, no Ceará, cheio, em 2008 — Foto: Divulgação

— Quem se identifica com a nossa história, sobretudo os mais velhos que cresceram no interior e têm identificação maior com a água, na verdade, com a falta dela, dá muito valor ao Açude Cedro — conta Francisco Teixeira, secretário de Recursos Hídricos do Ceará.

 

Obra emblemática

 

A estrutura, que no ponto mais profundo chega a marcar 20 metros de altura, começou a ser erguida em 1884 por ordem de Dom Pedro II após uma grande seca que assolou o Ceará em 1877. A previsão era de que a obra fosse concluída em 1887, mas isso só ocorreu 1906, já na República.

No caminho, suspeitas de superfaturamento de um engenheiro inglês, acusado de gastar em excesso, de contratar desnecessariamente trabalhadores estrangeiros e de não seguir o projeto; mudanças da presidência da província do Ceará; e muita disputa entre trabalhadores e governantes.

— No dia 20 de dezembro de 1889 houve uma grande confusão envolvendo os retirantes e a polícia, por causa da ausência de comida para todos que estavam na obra do açude. Na ocasião, somente as mulheres e os inválidos (aqueles que não podiam trabalhar) receberam comida. Por isso inúmeros sujeitos entraram em atrito com a força policial, quando tentaram saquear os armazéns. Na briga, dois retirantes foram mortos — conta Renata Monteiro, historiadora autora da dissertação “Um monumento ao Sertão: ciência, política e trabalho na construção do Açude Cedro”, pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Na época, segundo a historiadora, uma elite intelectual chegou a tratar o açude até com certo desdém. Euclides da Cunha, autor de “Os Sertões”, afirmou que ele seria “único, monumental e inútil”.

— É uma obra emblemática, construída em blocos de pedra, com tecnologia inglesa, mas superdimensionada. Do ponto de vista hidrológico, não atendeu à região. É muito grande para pouca contribuição de água — diz Teixeira.

Atualmente, a prefeitura de Quixadá tenta junto do governo federal a liberação de R$ 1 milhão para a revitalização do entorno do monumento, que é gerido pela União.

Ao longo do tempo, em meio a cheias e secas, o açude terminou a primeira década do século 21 com bastante água após chuvas acima da média em 2004, 2008, 2009 e 2011. No entanto, desde 2012 a região vive com precipitações abaixo do esperado e, em 2016, o Açude do Cedro voltou a secar completamente.

— Há uma década não chove dentro da média lá e muitos reservatórios foram construídos acima dele que interceptam água. Portanto, o Cedro é de difícil recarga. Além disso, a evaporação do sol no sertão leva mais de dois metros de água por ano — explica Teixeira.

Com o fim da água, o açude virou um cemitério de cágados. Uma equipe de biólogos chegou a contar mais de 430 carcaças. Em 2016, foi a quinta vez que o Cedro secou na história (o fenômeno já havia sido registrado em 1930, 1932, 1950 e 1999), e, depois disso, nunca subiu mais do que 5%.

— No Ceará, a gente tem a incerteza da chuva no primeiro semestre e a certeza da seca no segundo — diz o secretário.

O Ceará conta hoje com uma malha de 155 reservatórios para abastecimento d’água. O maior dele é o Castanhão, que recebe até 6,5 bilhões de m³ d’água — 65 vezes maior do que o Cedro. Neste momento, está com 19% da sua capacidade preenchida, o que significa 600 milhões de m³ estocados.

— Um reservatório com 125 milhões de m³ d’água tem relevância em outros locais. Lá no Cedro, não. A chuva é muito irregular e o sol consome demais. Ou seja, a evaporação seca muito rápido e a água não é reposta — diz Teixeira.

Mudanças climáticas

 

Neste mês, os reservatórios cearenses atingiram 35% da sua capacidade, a maior média de volume hídrico desde outubro de 2013. A marca tem relação com chuvas acima da média que vêm sendo registradas no estado. No entanto, apenas o Norte (o litoral) e o Sul recebem os sistemas atmosféricos de chuva. No entanto, o miolo do estado, onde fica o Cedro, tem ficado sem preciptação.

 — É como se os sistemas atmosféricos não tivessem força para entrar no centro do estado, o que foi causado pelas mudanças climáticas. Além disso, as secas estão mais severas, mais prologadas e os períodos de chuva extrema mais esporádicos — afirma o secretário.

Mas a pouca água já faz brotar a esperança. O cineasta Clébio Viriato conta que o açude é o coração de Quixadá.

— Ele seco nos deixa numa tristeza profunda — diz.

O cineasta lembra com clareza das últimas vezes que o Cedro “sangrou”. Ou seja, quando o nível d’água passou da sua capacidade de armazenamento e ele transbordou.

— Foi um verdadeiro acontecimento — recorda-se.

Clébio estava na escola em 1986 quando o Cedro sangrou. O fenômeno só aconteceu seis vezes na história (1924, 1925, 1974, 1975, 1986 e 1989). Menino, ele foi do colégio direto para o açude, pulou na água de uniforme e teve que se explicar em casa.

— Meu pai estava querendo me dar uma pisa, mas depois ele fez foi rir de ver o filho se identificando com o açude que ele e meu avô já se identificavam — lembra Viriato.


O Globo domingo, 08 de maio de 2022

MODA: CONHEÇA A IRREVERÊNCIA E A CRIATIVIDADE DA STYLIST E MULTIARTISTA LULU NOVIS

 

Por Marcia Disitzer

 


Lulu Novis veste tricô Loop Vintage, cinto Madnomad, luva Ohlograma, saia Farm e brincos Lool Store — Foto: Guilherme Nabhan. Styling Felipe Veloso. Beleza Carol Ribeiro

Lulu Novis veste tricô Loop Vintage, cinto Madnomad, luva Ohlograma, saia Farm e brincos Lool Store — Foto: Guilherme Nabhan. Styling Felipe Veloso. Beleza Carol Ribeiro

Lulu: top, saia e chapéu Prada e sapato Clergerie. Antônia: vestido Farm, camisa Mabô, óulos Yayoi Kusamapara Louis Vuitton e tênis All Star. Felipa: camisa bordada Lulu Novispara C&A, salopete e blazer Lulu Lobster — Foto: Guilherme Nabhan

Lulu: top, saia e chapéu Prada e sapato Clergerie. Antônia: vestido Farm, camisa Mabô, óulos Yayoi Kusamapara Louis Vuitton e tênis All Star. Felipa: camisa bordada Lulu Novispara C&amp;A, salopete e blazer Lulu Lobster — Foto: Guilherme Nabhan

Lulu é hoje um dos nomes mais consistentes e criativos da moda nacional. Depois de ter assinado inhas com a Farm e a C&A, que se esgotaram em pouquíssimos dias, uniu-se à portuguesa Bordallo Pinheiro em uma parceria exclusiva, que será lançada no Brasil na ArtRio. Além disso, é consultora criativa da Farm global e parte da Gucci Gang no Brasil, nome dado às amigas da grife. Também coube a ela a tarefa de vestir Mônica Martelli no desfile da São Clemente, em homenagem ao humorista Paulo Gustavo. Para fechar a lista (por enquanto), realiza um sonho em sintonia com o Dia das Mães: lança, amanhã, a própria marca, a Lulu Lobster.

Mas engana-se, e muito, quem acha que essa colheita não custou muitas gargalhadas, algumas lágrim as e noites insones. “Você não sabe o quanto eu caminhei para chegar até aqui”. diz Lulu, usando os versos da canção “A estrada”, do Cidade Negra, para ilustrar a emoção em relação ao atual momento profissional. “É incrível ver minhas criações pelo mundo.”

Vestido e blazer Chanel e brinco Monies — Foto: Guilherme Nabhan

Vestido e blazer Chanel e brinco Monies — Foto: Guilherme Nabhan

A artista mergulhou de cabeça na profissão por meio do jornalismo de moda no começo dos anos 2000, depois de passar quase quatro anos na faculdade de Medicina. “Sempre gostei muito de gente, de olhar para o outro, de ciências e da estética do corpo humano”, explica. “Naquela época, não era comum fazer faculdade de Moda, isso não existia. Então, acabei escolhendo Medicina para exercer a minha vocação de acolher o próximo. Também adorava montar looks para ir ao plantão”, conta. Porém, ao ser confrontada com as doenças, se deu conta de que não continuaria a trilhar aquele caminho. “Sofria junto, não conseguia me separar. Fiz a transição para o jornalismo de moda, já que sempre gostei de escrever.”

A criação dos looks para as meninas começou com o nascimento da primogênita. “No início, eram estudos de padronagens, mas acabou se tornando uma conexão estética afetiva entre nós duas.” Antonia herdou da mãe o bom humor e o espírito fashion: “Brincamos com essa coisa da roupa”, diz.

: Lulu: camisa, calça e quimono Handred, colares Nuassis e Sauer, brincos Alix Duvernoy e tamanco Mari Giudicelli. Antonia: macacão e blazer Lulu Lobster e espadrille acervo. Felipa: vestido Lulu Lobster e tênis Vans — Foto: Guilherme Nabhan

: Lulu: camisa, calça e quimono Handred, colares Nuassis e Sauer, brincos Alix Duvernoy e tamanco Mari Giudicelli. Antonia: macacão e blazer Lulu Lobster e espadrille acervo. Felipa: vestido Lulu Lobster e tênis Vans — Foto: Guilherme Nabhan

Lenny Niemeyer, que teve Lulu na equipe, a define em uma palavra. “Ensolarada”, crava. “Começou a trabalhar comigo bem novinha e sempre foi extremamente talentosa. Amadureceu, criou estilo próprio e faz um mix de coisas superlindas. Tenho orgulho da mulher que ela se tornou”, afirma. “Ela é ensolarada. começou a trabalhar comigo bem novinha e sempre foi extremamente talentosa. faz um mix de coisas lindas ”

A escolha pela sustentável irreverência do ser — “A vida já é tão dura, conseguir tocar as pessoas com meu trabalho me traz uma imensa alegria” —, traduzida em roupas e objetos, fizeram com que as collabs para a Farm, lançada em 2019, e para a C&A, em 2021, se convertessem em sucesso comercial e estabelecessem parcerias longevas. “Lulu cria coleção, apresenta lives e atualmente é responsável pelo projeto de visual merchandising da Farm global, na Liberty, em Londres. Queremos tê-la sempre por pert

Camisa, saia e top BDLN, sandália Ferragamo, pulseiras acervo, colar Sauer e óculos acervo — Foto: Guilherme Nabhan

Camisa, saia e top BDLN, sandália Ferragamo, pulseiras acervo, colar Sauer e óculos acervo — Foto: Guilherme Nabhan

o”, declara Kátia Barros, cofundadora da marca carioca. Os valores nos quais acredita também estão inseridos nessa fórmula. “Minha missão é levar beleza e autoestima para o mundo. Acredito em consumo consciente, em modelagens democráticas, que abriguem diversos corpos, e em tecidos puros. Essas são as premissas para eu criar”, ressalta Lulu. “Por isso, só me relaciono com empresas que façam sentido para mim. O convite da Bordallo, por exemplo. Sou fã deles num grau! Criei uma sardinha em cerâmica, foi muito incrível.” Já as lagostas são uma antiga fixação. “Coleciono desde adolescente, não sei quantas eu tenho”, admite. “Primeiro, me interessei pelo shape elegante e pelas cores. Depois meu encantamento aumentou ao saber que a lagosta, para crescer, quebra a casca, revela a parte mole, que é sua vulnerabilidade, expande e, aí sim, cria uma nova casca. Levo essa metáfora para a vida”, pontua. “Tenho lagostas espalhadas pela casa para me lembrar a todo instante que preciso ser corajosa para correr atrás dos meus sonhos”, diz a stylist, que também tem falos espalhados pela casa e entre seus acessórios. “Fazem parte do fascínio que tenho pelo corpo humano. Na Antiguidade Clássica, simbolizavam sorte e felicidade, e imagens fálicas espantavam más energias”, frisa, sem neuras.

Camisa e saia Neriage, meia Lupo , sandália Prada , brinco Lool Store e cinto Gallerist — Foto: Guilherme Nabhan. Set design: Adriane Lisboa. Assistência de fotografia: Márcio Marcolino. Assistência de beleza: Jô Oliveira. Assistência de estilo: Thalita Santos. Tratamento de imagem: Angélica Marinacci. Agradecimentos: Paloma Danemberg (AD Studio), Catalina Marchesi (La Pomponera) e Tiza Rangel.

Camisa e saia Neriage, meia Lupo , sandália Prada , brinco Lool Store e cinto Gallerist — Foto: Guilherme Nabhan. Set design: Adriane Lisboa. Assistência de fotografia: Márcio Marcolino. Assistência de beleza: Jô Oliveira. Assistência de estilo: Thalita Santos. Tratamento de imagem: Angélica Marinacci. Agradecimentos: Paloma Danemberg (AD Studio), Catalina Marchesi (La Pomponera) e Tiza Rangel.

Segundo o empresário Gustavo Sá, com quem Lulu é casada desde 2008, a criatividade da stylist transborda na vida e na casa. “Que é toda vestida com suas estampas, não tem um pedacinho de parede sem. Lulu traz os valores afetivos dela para o nosso ambiente. Às vezes, fico resistente no início, mas depois vejo que faz todo sentido”, diz. Com as filhas, ela faz questão de estabelecer uma relação horizontal. “Precisamos humanizar as mães”, brada. “Honro e respeito todas. É uma missão desafiadora e cada uma tem seu processo, suas dores. No meu caso, quero ser verdadeira e poder falar sobre qualquer assunto com elas, nada aqui é camuflado. Mostro a minha fragilidade e assumo meus erros”, afirma. “Ela não esconde nada, tudo a gente sabe”, emenda Antonia, que avisou à mãe que não usaria vestidos de babados nesse ensaio. “Eu entendo e respeito. Ela agora está amando vestir as minhas roupas”, entrega Lulu.

A stylist Lulu Novis e as filhas, Antonia e Felipa n cabana de cogumelo: profusão de poás — Foto: Guilherme Nabhan

A stylist Lulu Novis e as filhas, Antonia e Felipa n cabana de cogumelo: profusão de poás — Foto: Guilherme Nabhan

Já a nova marca infantil, Lulu Lobster, cujas peças serão vendidas via Instagram, na multimarcas Pinga e na Ki&Co, é um projeto cultivado há 12 anos. “Cheguei a ir ao Peru grávida de Felipa para pesquisar tecidos. Fiquei gestando essa história e durante a pandemia senti que tinha chegando a hora.” Roupas nos tamanhos de 6 meses a 12 anos vêm em edições limitadas e peças numeradas. “São feitas de forma artesanal. Amo essa coisa de ‘criança vestida de criança’. A infância já é tão curta hoje em dia, é preciso sonhar”, analisa. E injetar fantasia no cotidiano é uma das especialidades de Lulu: “Acredito na arte, na roupa e na liberdade, juntas, andando com fé para celebrar a beleza de ser quem se é”.

Mônica Martelli, atriz e apresentadora


O Globo sexta, 06 de maio de 2022

SAÚDE: OS SETE BRINQUEDOS QUE FAZEM BEM PARA O CÉREBRO DE CRIANÇAS E ADULTOS

Por Evelin Azevedo — Rio de Janeiro

 


Squishmallows: brinquedos ajudam crianças a controlar ansiedade e achar o equilíbrio — Foto: Reprodução

Squishmallows: brinquedos ajudam crianças a controlar ansiedade e achar o equilíbrio — Foto: Reprodução

Brincar é coisa séria. Novos estudos comprovam que alivia a ansiedade e ativa a memória em crianças e adultos. Conduzido pelo The National Institute for Play, organização americana sem fins lucrativos, uma pesquisa foi além e detalhou o papel de brinquedos específicos na saúde cerebral. Lidar com objetos tridimensionais, como o cubo mágico, por exemplo, age no lobo frontal, a área executiva do cérebro. Os mais lúdicos, como bonecas, atuam no sistema límbico, das emoções. Abraçar um ursinho de pelúcia, por sua vez, libera uma série de neurotransmissores, como a endorfina, que acalmam e relaxam.

 A relação estreita dos brinquedos com o cérebro foi deflagrada por um dos maiores sucessos mundiais durante a pandemia, os fidget toys. Inicialmente criados para motivar o desenvolvimento de pessoas com Transtorno do Espectro Autismo, são brinquedos sensoriais que estimulam o bem-estar, a concentração e reduzem o estresse.

Apertar uma bolinha que se expande, usar os dedos para "estourar" uma bolha e ouvir o barulho que isso faz e ter uma pelúcia fofinha para abraçar sempre que sentir necessidade, são algumas das atividades que geram uma sensação de conforto e tranquilidade para pessoas ansiosas. Deixar as mãos ocupadas executando uma tarefa repetitiva ajuda também a focar no presente e a se desligar do motivo que gera a ansiedade, afirmam especialistas.

O impacto é observado tanto em adultos, quanto em crianças. Mas no organismo em formação dos pequenos ele é mais intenso, sobretudo no que tratamento da ansiedade.

Ansiedade infantil

Os sintomas da ansiedade em crianças se dividem em dois grupos, de acordo com a medicina. O primeiro são os chamados sinais internalizantes. Ou seja, pensamentos ruminantes que ocupam as mentes das crianças o tempo todo, fazendo com que elas se preocupem em excesso com aquela questão. O segundo são os externantes, que se traduzem em agitações motoras e verbais: se mexer ou falar sem parar, roer unhas, balançar pernas, suar frio nas mãos, sentir o coração batendo mais rápido, ter dificuldade para dormir, entre outras sensações.

Assim como adultos, crianças podem ficar ansiosas quando estão na expectativa de algum acontecimento muito esperado — como o retorno às aulas ou a tão desejada festa de aniversário — ou quando se deparam com algo que gere uma insegurança sobre o futuro — como a separação dos pais ou a ida ao consultório médico. Apresentar os sintomas da ansiedade nesses contextos, e por um período compatível com a situação, é normal. Diante desses cenários, os brinquedos podem ajudar a aliviar a tensão que a expectativa gera. No entanto, dar sinais por mais de seis meses pode significar um transtorno de ansiedade. 

Segundo Rochele Paz Fonseca, professora de Psicologia da PUC do Rio Grande do Sul e presidente da Sociedade Brasileira de Neuropsicologia, a ansiedade pode ter fatores genéticos e ambientais.

Recentemente, a Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos EUA (USPSTF), apoiada pelo governo americano, recomendou que as crianças a partir de 8 anos sejam avaliadas para ansiedade mesmo que não apresentem sintomas para a condição. O objetivo é diagnosticar preventivamente o problema e prevenir consequências negativas futuras. No Brasil, ainda não há orientações específicas sobre o assunto.

 

 

A família deve ficar atenta a mudanças de comportamento das crianças, principalmente diante de situações que podem servir de gatilho para a ansiedade. Ao notar que há algo de diferente, é preciso agir. O ideal é sempre procurar por uma ajuda especializada, seja de um pediatra ou de um psicólogo, para avaliar os gatilhos que lavaram a criança a ficar ansiosa.

Os melhores brinquedos para ansiedade

Massinha

Massinha tem ação relaxante pelo tato e oferece oportunidade de trabalhar a criatividade — Foto: Reprodução

Massinha tem ação relaxante pelo tato e oferece oportunidade de trabalhar a criatividade — Foto: Reprodução

Apertar uma massinha de modelar deflagra sensação de alívio. Além disso, esse brinquedo ainda proporciona a possibilidade de exercer a criatividade, fazendo a pessoa se concentrar naquele momento e esquecer os problemas que provocam a ansiedade.

O brinquedo de silicone ajuda a aliviar a ansiedade por causa dos movimentos repetitivos, do toque suave à superfície emborrachada e do barulho semelhante ao estouro de bolhas. Tudo isso produz uma sensação agradável, pois ativa áreas do cérebro ligadas à gratificação, ao alívio e conforto.

Spinner

O brinquedo giratório ajuda o cérebro a "desligar" do que acontece no entorno e a focar em apenas uma ação. Isso ajuda a esquecer das questões que geram ansiedade, por exemplo.

Squishmallows

Squishmallows: brinquedos ajudam crianças a controlar ansiedade e achar o equilíbrio — Foto: Reprodução

Squishmallows: brinquedos ajudam crianças a controlar ansiedade e achar o equilíbrio — Foto: Reprodução

As pelúcias feitas de fibra de poliéster (tecido com uma textura macia) e com forma arredondada proporcionam uma estimulação tátil calmante e satisfatória. A superfície agradável e o design fofo são um convite para um abraço apertado. Abraçar libera uma série de neurotransmissores, como a endorfina, que acalmam e relaxam.

Cubo infinito

Esse brinquedo é formado por 8 cubos pequenos que podem girar em qualquer direção e ângulo, sem restrições. Ele ajuda a manter o foco, além de estimular a criatividade.

Slime

Slime: Meleca colorida traz relaxamento por meio do tato — Foto: Reprodução

Slime: Meleca colorida traz relaxamento por meio do tato — Foto: Reprodução

Areia cinética

A capacidade da areia cinética de se juntar ou se espalhar é encantadora. Essa característica traz curiosidade e ativa áreas do cérebro responsáveis pelo mecanismo de recompensa.

Esfera de Hoberman

A possibilidade de movimentos de abrir e fechar podem auxiliar quando é preciso se concentrar na respiração. O movimento de abrir e fechar da bola pode acompanhar a inspiração e expiração, ajudando a relaxar.

Liquid Motion Bubbler Timer

Liquid Motion Bubble funciona quase como "hipnotizante" ao prender a atenção pelos movimentos e cores — Foto: Reprodução

Liquid Motion Bubble funciona quase como "hipnotizante" ao prender a atenção pelos movimentos e cores — Foto: Reprodução

Esse brinquedo lembra os laboratórios de ciências. Bolhas coloridas que giram por um minuto dentro de um cilindro com água prendem a atenção e ajudam a esquecer de tudo o que acontece ao redor. O movimento e as cores têm efeitos "hipnotizantes" e acalmam o cérebro.


O Globo quinta, 05 de maio de 2022

ESPORTES: ANDERSON SILVA - NUNCA MAIS CORRI

'Nunca mais corri, é uma dor insuportável', diz Anderson Silva sobre perna quebrada há oito anos

Lutador afirmou em entrevista para podcast que sente medo de tirar haste que está no joelho
'Nunca mais corri, é uma dor insuportável', diz Anderson Silva sobre perna quebrada há oito anos Foto: Eric Espada / AFP
'Nunca mais corri, é uma dor insuportável', diz Anderson Silva sobre perna quebrada há oito anos Foto: Eric Espada / AFP
 

Quando se pensa em Anderson Silva, a imagem é de um lutador vencedor e muito seguro de si. Mas em entrevista ao podcast 'Mais que 8 Minutos', o ex-campeão do UFC afirmou que ainda sofre com a lesão que sofreu há oito anos, quando quebrou a perna esquerda ao chutar o americano Chris Weidman em dezembro de 2013.

"Eu estava em uma casa na frente da praia. Olhava a galera correndo e falava que ia correr quando a perna ficasse boa. Nunca mais corri. Eu até tento, mas não consigo. Não corro mais. De vez em quando, eu tento correr e começa a doer a perna. É uma dor insuportável. Tem as duas hastes e parafuso no joelho e no tornozelo. O medo agora é de repente ter que tirar a haste. O médico falou que poderia tirar, mas eu falei para deixar", falou Spider, ao explicar o que sentiu no momento da contusão:

"A perna foi um choque, mais do que a dor. Quando eu chutei e senti que quebrou, eu não botei o pé no chão. Caí e segurei a perna. Falei: 'Não acredito que está acontecendo isso comigo'", contou.

Além disso, Spider relatou como foi o processo de recuperação da cirurgia na perna esquerda.

"Quando você quebra a perna, bota aquelas antenas externas. Eu ficava falando que não queria colocar aqueles negócios na perna. Os caras me dando remédio para me acalmar, porque eu achava que ia ficar aquelas paradas para fora. Operei, acordei no outro dia e falei: 'passou'. Passou nada. Aí começou a vir a dor. A minha perna ficava para cima, não bombeava sangue. Quando botava para baixo, descia a pressão do sangue todo. Foi um ano de perrengue."

Coincidentemente, o mesmo Chris Weidman sofreu lesão parecida há um ano, em abril de 2021. Por saber o quão difícil é a recuperação da contusão, Spider afirmou que conversou com o lutador.

"Eu falei com ele. A gente está praticando esporte, mas estamos ali trabalhando. Ele estava defendendo o dele. A mesma dor que eu senti, ele vai sentir também. Se tem alguma coisa misteriosa, espiritual em volta disso, não sabemos, mas o cara quebrou igual. Eu falei que era difícil, mas que ele tem que ter foco. Se você parar um dia a fisioterapia, já vai complicar tudo. Tem que ficar ali na fisioterapia todo dia".

 


O Globo quarta, 04 de maio de 2022

GASTRONOMIA: DO PARÁ À ITÁLIA, A FOLIA GASTRONÔMICA ESTÁ NA MESA

Por Gustavo Cunha

 


Drinques autorais do Bottega Gastrobar, novidade em Botafogo — Foto: Tomás Vélez/Divulgação

Drinques autorais do Bottega Gastrobar, novidade em Botafogo — Foto: Tomás Vélez/Divulgação

 

Há novos sabores na cidade. Das margens do Rio Tapajós para a da Baía de Guanabara, chega o renomado Casa do Saulo e seus sabores amazônicos. No topo do Hotel Nacional, em São Conrado, o The View tem o visual como aperitivo para a mistura de receitas europeias e brasileiras do chef italiano Samuele Oliva. Ainda tem um restaurante de clássicos italianos, outros dois (dois!) dedicados à carne suína e bares.

 

Casa do Saulo

 

Mix Tapajônico,  com iguarias típicas do Pará, do restaurante Casa do Saulo, que abriu filial no Rio de Janeiro — Foto: Hermes Jr./Divulgação

Mix Tapajônico, com iguarias típicas do Pará, do restaurante Casa do Saulo, que abriu filial no Rio de Janeiro — Foto: Hermes Jr./Divulgação

Um dos mais cultuados restaurantes do Pará, às margens do Rio Tapajós, acaba de ganhar uma filial carioca, no Museu do Amanhã. A cozinha tocada por Saulo Jennings tem por base ingredientes amazônicos produzidos por comunidades rurais de Santarém. Quem desbravar essa floresta de sabores pode começar com o Mix Tapajônico (R$ 45,90), uma tábua de petiscos com dadinho de tapioca e geleia apimentada de cupuaçu, bolinho de piracuí com maionese de pirarucu defumada e isca de peixe com geleia de açaí e bacon.

 

Casa do Saulo: restaurante do Pará abre filial no Rio de Janeiro

O ambiente do restaurante Casa do Saulo, no Museu do Amanhã, voltado para espelho d'água à beira da Baía de Guanabara — Foto: DivulgaçãoO ambiente do restaurante Casa do Saulo, no Museu do Amanhã — Foto: Divulgação
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Detalhe na decoração do restaurante Casa do Saulo, no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro — Foto: Divulgação
Premiada casa no Norte do Brasil ganha endereço no Museu do Amanhã

Também para beliscar, tem linguiça de pirarucu com jambu (R$ 49,90), que deixa a língua formigando devido ao efeito da erva típica. Entre os pratos individuais, opções como o Paraíso Verde (pirarucu com bacon, melaço de tucupi e homus de feijão-santarém, R$ 75,90) e a Feijoqueca ( pirarucu e camarão rosa no molho de moqueca com cumaru, feijão-santarém, banana-da-terra e crispy de jambu, R$ 89,90). Ambos com arroz de chicória e farofa.

Museu do Amanhã. Praça Mauá 1, Centro — 3812-1800. Ter a dom, do meio-dia às 18h.

 

The View

 

O restaurante The View, no 30º andar do Hotel Nacional, em São Conrado — Foto: Divulgação

O restaurante The View, no 30º andar do Hotel Nacional, em São Conrado — Foto: Divulgação

O nome do restaurante que ocupa o 30º andar do Hotel Nacional dá a dica sobre o que esperar do endereço recém-aberto. A vista para o mar enche os olhos, mas a casa não se resume à paisagem. Da cozinha comandada pelo italiano Samuele Oliva (ex-Terraço Itália e ex-Casa Camolese) saem pratos que fundem as culinárias espanhola, árabe, portuguesa, brasileira, francesa, italiana e mediterrânea. Entre as opções de pratos principais, destaque para o risoto de frutos do mar com sorbet de alcachofra (R$ 83), o espaguete com camarões ao perfume de limão (R$ 78) e o miolo de chorizo grelhado com batatas ao murro, aspargos, crocante de bacon e espuma de menta (R$ 119).

 

Hotel Nacional. Av. Niemeyer 769, São Conrado — 96855-1818. Seg a qui, das 17h à meia-noite. Sáb e dom, do meio-dia às 16h e das 20h à meia-noite.

 

Bottega Gastrobar

 

O restaurante Bottega Gastrobar, em Botafogo, no Rio de Janeiro — Foto: Tomás Vélez/Divulgação

O restaurante Bottega Gastrobar, em Botafogo, no Rio de Janeiro — Foto: Tomás Vélez/Divulgação

O Bottega, que ocupa um endereço na Rua Paissandu, no Flamengo, agora também marca presença em Botafogo. A filial, inaugurada na última sexta-feira, está instalada numa casa de dois andares e varanda, na Rua Visconde de Caravelas. O cardápio da chef Sol Mass tem por base a cozinha mediterrânea, e tem opções como peixe grelhado com espuma de inhame (R$52,90) e filé de frango crocante com risoto de limão siciliano (R$ 48,90). Na carta de drinques, dezenas de criações irreverentes, como o Sardenha (gim, toque de azeite trufado, vermute tinto, Aperol, calda de mirtilo e manjericão roxo, R$ 36).

Rua Visconde de Caravelas 121, Botafogo — 99644-0701. Ter a qui, das 11h30 às 16h e das 18h à meia-noite. Sex e sáb, das 11h30 à 1h. Dom, das 11h30 à meia-noite.

 

Casa Tua

 

Lombo de cordeiro em crosta de funghi com risoto de ervas frescas, do restaurante Casa Tua — Foto: Roberto Moreyra/Agência O Globo

Lombo de cordeiro em crosta de funghi com risoto de ervas frescas, do restaurante Casa Tua — Foto: Roberto Moreyra/Agência O Globo

 

Desde que abriu as portas no lugar onde funcionou o Gero Barra, há pouco mais de uma semana, o Casa Tua anda cheio. Empreendimento de Alexandre Accioly e Atagerdes Alves (ex-Fasano), o restaurante oferece clássicos italianos e criações autorais. O cardápio é extenso, com opções como o tortelli recheado com carne de vitelo braseado e molho de cogumelos (R$ 94) e o lombo de cordeiro em crosta de cogumelos ao molho de vinho tinto, com risoto de ervas (R$ 182). Ainda neste mês, abre, no mesmo imóvel, o Casa Tua Forneria, endereço com pegada mais descolada, pizzas e sanduíches.

Av. Erico Verissimo 190, Barra — 3030-0010. Ter a qui, do meio-dia às 15h e das 19h à meia-noite emeia. Sex, do meio-dia às 16h e das 19h a 1h30. Sáb, do meio-dia a 1h30. Dom, do meio-dia às 17h.

 

BistrOgro

 

Porc au vin: releitura de clássico francês do restaurante BistrOgro — Foto: Beto Roma/Divulgação

Porc au vin: releitura de clássico francês do restaurante BistrOgro — Foto: Beto Roma/Divulgação

O chef Jimmy McManis — mais conhecido como Jimmy Ogro — abriu, no último mês, um restaurante dedicado à carne suína. No menu, releituras irreverentes para pratos clássicos, como o ceviche de mignon suíno assado com batata chips (R$ 42), a moqueca de porco com farofa e arroz (R$ 54) e o “porc au vin” (R$54), com purê de batata com alho assado. A casa, que também serve hambúrgueres, massas e risotos, ocupa o local onde funcionou o Empório Santa Fé, ao lado do antigo Edifício Manchete.

 

Praia do Flamengo 2, Flamengo — 99343-4442. Seg e ter, do meio-dia às 17h. Qua a dom, do meio-dia a 1h.

 

Porco Amigo Bar

 

Pratos e petiscos do Porco Amigo Bar, que abre filial no Leblon — Foto: Guiga Lessa/Divulgação

Pratos e petiscos do Porco Amigo Bar, que abre filial no Leblon — Foto: Guiga Lessa/Divulgação

E por falar em carne suína... O bar de sucesso em Botafogo abriu há pouco sua primeira filial, no Leblon, no lugar do extinto Desacato. No menu, aperitivos criativos como a coxinha de leitão com creme de queijo defumado (R$ 9,50), a empada de bobó de porco com queijo cremoso (R$ 9,50) e o bolinho de arroz com linguiça suína, queijo meia cura e aioli de alho assado (R$ 9,50). Há opções generosas como as bochechas lusitanas com legumes grelhados (R$ 56) e a costela de porco preto com farofa, vinagrete, batatas e legumes assados (R$ 89).

Rua Conde de Bernadotte 26A, Leblon — 3012-1621. Ter a sáb, do meio-dia a 1h30. Dom, do meio-dia às 22h.

 

Tio Ruy

 

Tio Ruy: nova filial na Barra tem promoção semanal de chopes artesanais — Foto: Bruno de Lima/Divulgação

Tio Ruy: nova filial na Barra tem promoção semanal de chopes artesanais — Foto: Bruno de Lima/Divulgação

 

Com bares na Gávea (no Planetário) e na Barra (no UpTown), a cervejaria Tio Ruy completa cinco anos com um novo endereço, com mesas na calçada, que já virou point na Olegário Maciel. Às terças-feiras, são servidos chopes artesanais em dobro — os copos saem a partir de R$ 8,50 (ou R$ 4,25, na promoção). Há opções em conta para comer, como os palitos de queijo coalho com mel (R$ 26) e as tábuas com linguiça, carne e frango, com farofa e molho à campanha, a R$ 96. No almoço de segunda a sexta-feira, pratos executivos a partir de R$ 25,90.

Av. Olegário Maciel 231, Barra — 97679-1067. Dom a ter, do meio-dia à meia-noite. Qua, do meio-dia a 1h. Qui, do meio-dia às 2h. Sex e sáb, do meio-dia às 3h.

 

Bibi Lab

 

A fachada do restaurante/lanchonete Bibi Lab, novidade em Copacabana — Foto: João Lobo/Diulgação

A fachada do restaurante/lanchonete Bibi Lab, novidade em Copacabana — Foto: João Lobo/Diulgação

Rede de lanchonetes consolidada na cidade há quase três décadas, a Bibi Sucos criou uma espécie de laboratório gastronômico em Copacabana. Por ali, são testadas receitas que, a depender do sucesso com o público, entram no cardápio das lojas. Em teste, sanduíches como o Crok Fish (R$ 45,90), com peixe crocante, aioli, legumes acidulados e couve frita, e o Choripan (R$ 34,90), com linguiça de pernil, salsa de tomate, picles de cebola roxa e aioli.

 

Rua Santa Clara 33, Copacabana — 2236-6000. Diariamente, das 8h30 à meia-noite.


O Globo terça, 03 de maio de 2022

PARIS: MOULIN ROUGE ABRE SEU FAMOSO MOINHO PARA HOSPEDAGEM PELA PRIMEIRA VEZ EM SUA HISTÓRIA

 


O quarto temático dentro do moinho do Moulin Rouge, em Paris, aberto para três noites em junho — Foto: Divulgação / Airbnb

O quarto temático dentro do moinho do Moulin Rouge, em Paris, aberto para três noites em junho — Foto: Divulgação / Airbnb

Uma das construções mais conhecidas de Paris, o moinho vermelho do Moulin Rouge receberá hóspedes pela primeira vez em sua história. Um quarto foi montado dentro da estrutura e poderá ser reservado pelo Airbnb, em três datas ao longo de junho.

O quarto poderá ser ocupado nas noites de 13, 20 e 27 de junho, e as reservas estarão abertas na plataforma de aluguel por temporada a partir do dia 17 de maio. Serão permitidas até duas pessoas por noite, e o valor da reserva é simbólico: apenas 1 euro (R$ 5,30 aproximadamente).

Além da chance de dormir no moinho mais famoso da França, a diária dá direito a um tour pelos bastidores do famoso cabaré, para conhecer sua história e os profissionais que trabalham ali. Os hóspedes terão ainda um aperitivo, no romântico terraço da cobertura, seguido de jantar com três pratos do menu Belle Époque, preparados pelo chef Arnaud Demerville, e um clássico café da manhã parisiense.

Veja imagens: o quarto 'secreto' dentro do moinho do Moulin Rouge, em Paris

A decoração do quarto segue bem o estilo romântico e exagerado do Moulin Rouge, em Paris
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Em junho, será possível reservar um quarto no cabaré mais famoso da França pelo Airbnb

Também estão incluídos dois ingressos para lugares privilegiados do show "Féerie", o espetáculo fixo da casa, em cartaz desde 1999. Os hóspedes, aliás, serão recebidos pessoalmente pela dançarina principal do Moulin Rouge e estrela maior da produção, Claudine Van Den Bergh, e poderão tirar fotos com o elenco.

 A decoração do quarto segue o estilo art nouveau e remete ao final do século XIX, em plena Belle Époque francesa, quando o moinho surgiu homenageando o passado rural da região, onde hoje está o agitado bairro de Montmartre. Erguido em 1889, foi reconstruído três décadas mais tarde, após ser danificado por um incêndio. Para conseguir criar um cenário fidedigno, o Airbnb contou com a consultoria de Jean-Claude Yon, um especialista naquele período.

A decoração do quarto segue bem o estilo romântico e exagerado do Moulin Rouge, em Paris — Foto: Divulgação / Airbnb

A decoração do quarto segue bem o estilo romântico e exagerado do Moulin Rouge, em Paris — Foto: Divulgação / Airbnb

"A Belle Époque foi um período em que a cultura e as artes francesas floresceram – e nenhum local deste período é mais emblemático do que o Moulin Rouge. Este quarto secreto, dentro do famoso moinho do cabaré, foi projetada para levar os hóspedes a uma autêntica viagem no tempo, para conhecer a história da capital francesa, da arte e do prazer”, explicou o historiador, em comunicado à imprensa.

O quarto conta ainda com detalhes curiosos, como um palco de papel em miniatura do cabaré, um camarim com acessórios glamourosos de época, com trajes vintage, perfumes e cartas de fãs e um terraço privativo na cobertura, com móveis característicos da época.

O terraço anexo ao quarto do moinho do Moulin Rouge, em Paris: ótimo lugar para um drinque pós-show — Foto: Divulgação / Airbnb

O terraço anexo ao quarto do moinho do Moulin Rouge, em Paris: ótimo lugar para um drinque pós-show — Foto: Divulgação / Airbnb

As reservas devem ser feitas a partir das 19h do dia 17 de maio, através do site airbnb.com/moulinrouge.


O Globo segunda, 02 de maio de 2022

EMIGRAÇÃO: CIDADANIA PORTUGUESA - LEI É REGULAMENTADA, E PEDIDOS DE BRASILEIROS DISPARAM

 

Cidadania portuguesa: lei é regulamentada, e pedidos de brasileiros disparam

 

Menino pega carona em um bondinho em Alfama, Lisboa

 

 A recente regulamentação das alterações na Lei da Nacionalidade, aprovadas em 2020, ajudou a impulsionar o número de pedidos e consultas de brasileiros que buscam a cidadania portuguesa.

PassaportePedidos de cidadania portuguesa feitos por brasileiros subiram 141%

Entre as principais mudanças de 2020 que foram agora regulamentadas: netos de portugueses estão dispensados de comprovar vínculo com o país. Para brasileiros, basta domínio da língua portuguesa. E podem requerer sem que os pais tenham cidadania. Pessoas casadas com portugueses e portuguesas podem obter a cidadania após três anos de união estável.

 

As modificações na Lei da Nacionalidade não são novas. Mas somente em 15 de abril, com quase dois anos de atraso, entrou em vigor o decreto que altera o Regulamento da Nacionalidade Portuguesa, publicado no Diário da República em 18 de março. 

Especialistas dizem que a regulamentação da lei acrescenta um novo fator de desejo pela cidadania, ao lado dos tradicionais segurança, qualidade de vida e estabilidade na econômica e na política. Ainda mais em ano de eleição presidencial no Brasil. 

ImigraçãoPortugal é o segundo país que mais concede cidadanias na Europa

Assim, houve aumento de consultas e de entradas em pedidos em ao menos quatro dos escritórios mais atuantes no auxílio à imigração consultados pelo Portugal Giro.

No Clube do Passaporte, houve aumento de 368% dos contratos nos quatro primeiros meses deste ano, garantiu Gabriel Ezra, um dos sócios.

— Consideramos o número de clientes fechados nos primeiros quatro meses deste ano, comparados com 2021. Ano passado foram 50. Este ano, 184. É um aumento de 368% — disse Ezra.

O escritório admite que houve aumento acima do esperado após as novas regras, mas ressalta que a procura tem sido intensa desde o início deste ano.

HerançaPerfil dos pedidos de cidadania portuguesa muda e vira saída para incerteza econômica no Brasil

O mesmo aconteceu no Pimentel Aniceto Advogados, assegurou o sócio Fábio Pimentel.

—  A procura aumentou entre 45% e 50%. A regulamentação daquela lei de 2020 reforça o estabelecimento de critérios mais justos e benéficos — disse Pimentel.

O advogado Thiago Huver, sócio da Martins Castro Consultoria Internacional, afirma que houve aumento de 30% nas últimas duas semanas.

— O fato de o domínio da língua portuguesa ser um comprovante de vínculo à comunidade portuguesa facilitou o acesso aos descendentes de netos portugueses — declarou Huver.

Veja o que mudaFator Abramovich faz Portugal apertar acesso à cidadania e presidente de associação judaica fala em insulto 

Na ALM Advogadas Associadas, o aumento foi de 20%. Vanessa Lopes, uma das sócias, ressalta que a possibilidade de fazer o pedido pela internet, previsto no decreto, é promissora. Mas a via eletrônica ainda não está disponível e nem há data para que entre em vigor.

— Acredito que o governo precisa implementar um novo sistema de suporte aos serviços de registro, que funcione de forma menos burocrática e ágil — declarou Lopes.

A advogada Mafalda Dias Martins adverte que a regulamentação da lei não garante imediatamente mais rapidez, mas promete agilidade nos processos, que se acumularam ao longo dos anos. Ela analisa os crescentes pedidos feitos por brasileiros como a possibilidade de ter uma alternativa ao Brasil.

— As eleições presidenciais e a incerteza cambial têm sido alguns dos motivos que levam, cada vez mais, brasileiros a procurar a possibilidade de requerer a cidadania. Não se trata, necessariamente, de uma vontade de se mudarem para Portugal, mas sim a possibilidade de ter um plano B — revelou Martins.

EntendaBusca pela cidadania portuguesa fica mais sofisticada e encontra milhares de brasileiros com direito

O processo do advogado mineiro Francisco Rocha é um dos que estão na fila da análise. Neto de português, ele deu entrada em 2020 antes da alteração da lei, mas precisou requerer primeiro a cidadania do pai, o que atrasou o procedimento.

— Não havia a facilidade de obter a cidadania direto de avô para neto. A do meu pai já saiu. Se pensarmos que talvez a minha demorasse o mesmo tempo, eu já seria cidadão português — disse Rocha.

Na prática, além da regulamentação, o decreto introduz “algumas melhorias na tramitação dos procedimentos de nacionalidade (...)  agilizando alguns aspectos”. Isso poderá acontecer com uma tentativa de padronização dos procedimentos e melhor comunicação eletrônica entre a Conservatória dos Registos Centrais com outros serviços ou entidades.

ReivindicaçãoBrasileiros reconhecidos tardiamente por pais portugueses buscam cidadania no Parlamento

No decreto, Portugal também amplia a cidadania aos bebês nascidos no país, mesmo que os pais não estejam com residência regularizada.

Em relação aos judeus sefarditas, o governo, a partir do decreto, passa a exigir provas de “ligação efetiva e duradoura com Portugal”.


O Globo domingo, 01 de maio de 2022

NATUREZA: O DESAFIO DE SALVAR OS ÚLTIMOS 30 BOTOS-CINZA DA BAÍA DE GUANABARA

 

Por Ana Lúcia Azevedo

 


Boto nada na Baía de Guanabara; ao fundo, a Ilha de Paquetá — Foto: Custodio Coimbra

Boto nada na Baía de Guanabara; ao fundo, a Ilha de Paquetá — Foto: Custodio Coimbra

 

RIO —Num recanto de mar onde o passado de paraíso tropical da Baía de Guanabara persiste, uma fêmea de boto-cinza nada junto a um filhote recém-nascido. O único som é o do esguicho da respiração dos cetáceos ao subir à superfície. A água parece um espelho e o tempo, ter parado. Movimento só o dos botos, que fazem acrobacias na paisagem emoldurada pela Serra dos Órgãos, a mesma cena que há séculos encanta gerações. O silêncio e os animais são os últimos sobreviventes de um mundo quase perdido.

 
Os botos-cinza do Rio de Janeiro 
 

Os botos-cinza do Rio de Janeiro

 

Já não chegam a 30 os botos da Guanabara. E eles materializam a resiliência e os desafios de sobrevivência da própria baía. A fêmea é o boto mais velho e o filhote o bebê mais novo da Guanabara, explicam cientistas do Laboratório de Mamíferos Aquáticos e Bioindicadores (Maqua) da Faculdade de Oceanografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

Há três décadas o Maqua estuda e busca salvar os botos-cinza (Sotalia guianensis) da Guanabara. Existe esperança, mas o portal do tempo onde os botos resistem se estreita à medida que a poluição da água e sonora avançam, alertam os cientistas do Maqua.

— As águas da Guanabara ainda guardam imensa riqueza, mas as agressões só aumentam e afetam a todos nós. Os botos, animais do topo da cadeia alimentar, são as suas sentinelas e o seu maior símbolo. A poluição que os afeta também nos atinge. Salvar os oceanos é salvar a nós mesmos e é possível — destaca José Lailson Brito Junior, oceanógrafo, doutor em biofísica e um dos fundadores e coordenadores do Maqua.

Ouça: os botos-cinza do Rio de Janeiro
 
 
 
 
 A fêmea, apelidada de Titia pelos cientistas, tem mais de 20 anos, já está próxima do fim da vida, pois sua espécie não costuma passar dos 30. Ela nunca teve filhotes, mas, como as fêmeas de sua espécie, participa da criação dos bebês do grupo.
 
 

O bebê é o primeiro nascido este ano e, como a maioria dos botos da Guanabara, tem reduzida chance de chegar a 6 ou 7 anos, idade em que começam a se reproduzir, afirma Alexandre de Freitas Azevedo, especialista em comportamento e bioacústica de cetáceos e também um dos fundadores e coordenadores do Maqua. É essa morte precoce que, ano a ano, coloca o boto da Guanabara cada vez mais perto do fim.

Em seu canto de mar, o grupo de Titia e do bebê, que ainda não foi “batizado” pelos pesquisadores, trabalha com conjunto para capturar peixes. Também coopera para a proteção. O bebê está sempre colado na mãe e em algum adulto, nada o tempo todo sob a vigilância dos mais velhos.

Mas alguns botos apresentam comportamentos peculiares na baía. Parecem se divertir capturando pedaços de lixo plástico com o focinho ou a ponta de cauda e os atirando para outros membros do grupo. Um jogo perigoso, que pode ser aprendizado de caça a cardumes, mas os expõe a engolir e sufocar com detritos contaminados.

Botos-cinza nadam nas águas do Rio — Foto: Custodio Coimbra / Agência O Globo

Botos-cinza nadam nas águas do Rio — Foto: Custodio Coimbra / Agência O Globo

Quando os primeiros europeus chegaram, os botos se contavam aos milhares. No século XVI, o missionário francês Jean de Léry (1536-1613), autor de “História de uma viagem à terra do Brasil”, escreveu que os botos “reuniam-se não raro em tão grande número em torno de nós e até onde alcançava a vista”.

 Os botos foram caçados à beira do extermínio, tiveram seu hábitat progressivamente destruído. Porém, até o início do século XX ainda eram relativamente comuns, ao ponto de estarem no brasão e na bandeira do município do Rio de Janeiro.
 

“O habitante mais curioso da nossa baía e considerado, até a presente data, como exclusivo da Guanabara: é o boto. (...)São os acrobatas da nossa baía, considerados pelos homens do mar como amigos”, escreveu o naturalista e jornalista Armando Magalhães Corrêa (1889-1944), em “Águas Cariocas”, coletânea de crônicas sobre a Guanabara do início dos anos 30 do século XX.

Porém, já na década de 1980, não havia mais que 400 animais. Em 1992, ano em que o Maqua foi fundado, esse número havia caído para pouco mais de uma centena. Em 2014, só 40 foram registrados pelos cientistas do Maqua.

"Os botos-cinza são guerreiros. Resistem, insistem. E nos fascinam", diz Rafael Ramos Carvalho, pesquisador do Maqua. — Foto: Custodio Coimbra / Agência O Globo

"Os botos-cinza são guerreiros. Resistem, insistem. E nos fascinam", diz Rafael Ramos Carvalho, pesquisador do Maqua. — Foto: Custodio Coimbra / Agência O Globo

Este ano, eles não chegam a 30. São os últimos. E a vista quase já não os alcança. Vê-los se tornou prêmio, privilégio. Os cientistas recorrem não apenas aos olhos treinados, mas a equipamentos como hidrofones para encontrá-los, pois é dentro d’água que esses cetáceos se comunicam.

 

Diferentemente dos golfinhos, oceânicos e desinibidos, os botos costeiros são tímidos, evitam se aproximar do ser humano. Estão praticamente confinados num canto da baía junto à Estação Ecológica da Guanabara e à Área de Proteção Ambiental de Guapimirim. Já houve tempo em que acompanhavam a barca para Paquetá e chegassem até a Praia de Ramos.

— Hoje é muito difícil que deixem as áreas protegidas — observa Azevedo.

Nelas, as águas são um pouco menos sujas e há menos ruído. No restante da baía, os navios tornam o fundo do mar mais barulhento do que a Avenida Brasil. Uma cacafonia de estrondos e zumbidos sem regras, gerada pelos motores permanentemente ligados de navios e o vai-e-vem incessante de embarcações. O fundo das águas é mais barulhento do que a superfície, enfatizam os cientistas.

Para os botos, a poluição sonora é intolerável. Eles usam ecolocalização para encontrar seu alimento, principalmente corvinas e camarões. E se comunicam com uma variedade de sons, seja para caçar em grupo, alertar sobre algum perigo ou numa série de interações sociais complexas.

Equivocado sobre a distribuição geográfica da espécie, já que ela é encontrada em baías costeiras de Honduras a Santa Catarina, Magalhães Corrêa, a seu modo, estava certo sobre o quão excepcionais são os botos da Guanabara.

— São guerreiros. Resistem, insistem. E nos fascinam. Nunca conhecemos a espécie tão bem quanto agora graças aos anos de pesquisa, dedicação e tecnologia. Porém, paradoxalmente, eles também nunca foram tão raros e ameaçados — frisa Rafael Ramos Carvalho, pesquisador do Maqua.

Os filhotes de botos da Guanabara têm pouca chance de chegar à idade adulta porque são vítimas de agressão. A primeira é a pesca acidental, não são poucos os que morrem asfixiados ao ficar presos em redes de arrasto.

 

Mas inimiga muito maior é a poluição. Mamíferos, os botos gastam imensa quantidade de energia para sobreviverem na água. Seu metabolismo é intenso e precisam comer muito. Por isso, ingerem também grande quantidade de poluentes presentes na água e nos peixes e crustáceos dos quais se alimentam.

Os poluentes se acumulam no tecido adiposo ao longo da vida do animal. Como as mães passam entre 80% a 90% de sua gordura para o filhote no leite, altamente energético, os botos bebês já recebem poluentes desde o nascimento. Há também transferência na gestação, via placenta.

— Com 6 anos de vida, um boto já tem uma carga brutal de poluentes. É tão grande que quase sempre as fêmeas perdem o seu primeiro filhote, porque ele já nasce com o sistema imunológico comprometido devido à contaminação e não resistem a doenças — explica Brito Junior.

Por volta de 6 anos, também os contaminantes acumulados deixam os animais com o sistema de defesa comprometido e a maioria morre.

Na Guanabara sem saneamento, há esgoto doméstico e poluentes industriais tão agressivos e letais quanto PCBs, ascarel, dioxina (resultado da queima de lixo doméstico e industrial), retardantes de chamas, que persistem por anos após o lançamento.

— Os cetáceos do Brasil têm a maior taxa de contaminação já registrada em um animal do mundo — afirma José Lailson Brito Junior.

Ele enfatiza que os mesmos poluentes também afetam os seres humanos expostos a eles:

— Tudo o que vemos acontecer com os cetáceos ocorre também conosco, em diferentes escalas, mas não deixa de nos afetar. O boto nos avisa — acrescenta.

Em tese, o boto-cinza poderia se aventurar oceano afora. Mas a espécie é residente, vive por toda a vida na baía onde nasceu. E os da Guanabara insistem na baía que Magalhães Corrêa descreveu como “verdadeiro jardim tropical, o maior e mais belo do mundo, onde a biologia está à espera do homem para ensiná-lo.”


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