Lewandowski estreou pelo Barcelona com um gol, duas assistências e a conquista do primeiro título — o do torneio amistoso Joan Gamper, organizado pelo clube toda pré-temporada. Foi dado o primeiro passo para que o polaco vire símbolo de um novo Barça, com elenco renovado, sob nova direção, que volta a competir pelas principais taças europeias. Pelo menos, é assim que dirigentes como Joan Laporta, atual presidente, querem contar a história.
Os direitos de Lewandowski, aos 33 anos, foram comprados por 45 milhões de euros. E ele não é o único reforço da associação nesta janela de transferências. Também chegam Koundé, por outros 50 milhões, e Raphinha, por mais 48 milhões. Os valores foram apurados pelo Marca e são todos fixos. Com algumas variáveis cumpridas, esses atletas custarão ainda mais, fora os salários. Todos perguntam: como um clube até outro dia quebrado faz tantos investimentos?
O cartola optou pela estratégia mais corriqueira da história do futebol. A chegada de craque consagrado como Lewandowski passa a mensagem, para a torcida e para o mercado, de que o Barcelona voltou. Chega de falar em virtual falência, porque essa depressão toda só faz mal à autoestima do torcedor e aos interesses políticos do dirigente no comando. A empolgação venderá ingressos e camisas, o faturamento subirá, e esse aumento, dizem, fechará a conta.
As dívidas ainda estão lá, então Laporta acionou o que chama de palancas – em português, alavancas. A primeira foi a venda de 10% dos direitos de transmissão para a Sixth Street, uma companhia que faz investimentos noutras empresas no mundo todo. O Barça recebe 207,5 milhões de euros agora e cede esse percentual sobre a receita por 25 anos. A segunda palanca foi na mesma linha: 320 milhões de euros por mais 15% dos direitos para a mesma investidora.
Momentaneamente, dá-se o problema por resolvido. Lewandowski cumpre seu papel, além dos gols e das assistências, ao acalmar torcida e imprensa. O balanço financeiro aparecerá com lucro, pois incluirá a venda desses ativos. Enquanto Laporta, amparado pelas aprovações políticas de seus associados para cada operação, ganha tempo para tentar a consagração no presente, apesar de sacrificar o futuro. Este é o Barcelona, o mais brasileiro dos europeus.