O penúltimo amistoso da seleção brasileira antes da Copa do Mundo mostrou uma seleção brasileira com armas muito claras para o Mundial do Catar. Trouxe também possíveis soluções de Tite para questões que podem ser importantes ao longo da competição. Faltou apenas um maior equilíbrio no ataque para otimizar as chances criadas.
Quem foi bem
O jogador do Paris Saint-Germain ditou o ritmo do ataque, ocupando o espaço entre a primeira e a segunda linha de marcação dos africanos. Prendeu quase nada a bola e suas tomadas de decisão foram quase sempre acertadas.
Vini Jr e Lucas Paquetá foram os maiores beneficiados pelos passes do craque de 30 anos, que parece ter atingido um novo grau de maturidade quanto ao seu papel em campo. Pode ser o destaque do time sem necessariamente apelar para as jogadas individuais.
Richarlison também merece ser citado. Fez dois gols e segura a titularidade com unhas e dentes, mesmo ameaçado por outros centroavantes que gozam de prestígio com Tite, casos de Gabriel Jesus, Matheus Cunha, Firmino e agora, Pedro. Mesmo sem ser o mais técnico entre os concorrentes, compensa a carência com o maior vigor físico entre todos. Tem capacidade para ajudar na marcação e o oportunismo necessário. Hoje, se o Brasil joga com um homem de área, é impossível ser coerente e não escalá-lo como titular.
Sua presença em campo é uma engenharia de Tite para acomodar o que tem de melhor em termos ofensivos: Neymar e Paquetá, os dois pontas abertos e mais um finalizador. Escalar a seleção com cinco homens de ataque é algo que pode obrigar o Brasil a atuar com três zagueiros no Catar. Foi o que aconteceu contra Gana, quando Eder Militão apareceu na lateral direita no lugar de Danilo e jogou ao lado de Thiago Silva e Marquinhos. Os africanos ameaçaram muito pouco, mas o 3-4-3 que Tite tirou da cartola pode ser o pulo do gato para o quinteto ofensivo ser viável mesmo contra seleções mais fortes.
Quem foi mal
Em uma partida tão fácil, quem não aproveita a oportunidade para deslanchar acaba com o fardo das críticas. Contra Gana, Raphinha ficou aquém dos outros jogadores de ataque.
O jogador do Barcelona não deu conta de cumprir uma função que deverá ser recorrente na Copa do Mundo. Explica-se: normalmente, ele está acostumado a ser um atacante mais construtor do que finalizador de jogadas. Quem atua pelos lados do campo geralmente tem esse papel, de dar assistências tanto ou mais do que concluir a gol.
Entretanto, ele dificilmente será esse jogador na seleção brasileira. Com Neymar e Vini Jr. atuando pelo lado esquerdo e se entendendo cada vez melhor, a tendência é que o desenrolar das jogadas ofensivas ocorra no lado contrário ao ocupado por Raphinha.
Isso não quer dizer necessariamente que ele não será acionado. Contra Gana, isso ficou evidente. A diferença é que o Brasil precisou de Raphinha menos como ponta direita e mais como um segundo finalizador dentro da área, ao lado de Richarlison. Vini Jr. procurou o atacante com passes e cruzamentos. Neymar também conseguiu colocá-lo em condição de finalizar. Mas Raphinha não acertou o gol. Na Copa do Mundo, as oportunidades desperdiçadas podem fazer muita falta.