Espalhadas por Portugal e Espanha, as tascas e tabernas são estabelecimentos modestos que reverenciam a cultura boêmia, com conversas regadas a comida simples, petiscos e vinhos. Algo assim como os nossos botequins — uma herança dos imigrantes lusos e galegos que cá aportaram. O Rio vê agora brotar uma nova geração de tascas contemporâneas, com petiscos inspirados nas terras de Camões e Cervantes, mas com uma pitada de bossa carioca. Inaugurada há dois meses no Leblon (ao lado de outra recente representante do gênero), a Henriqueta, do chef luso-niteroiense Alexandre Henriques, é a caçula dessa turma, que ganha no fim de agosto reforço em Botafogo com a Tasca da Mercearia, irmã mais informal da Mercearia e da Cantina da Praça. Outra novidade, o Polpo é uma taberna do mar nos mesmos moldes da tradicional Adega Pérola, em Copacabana. Ainda na seara espanhola, o Ízär tem como carro-chefe paellas e “arroces”, mas também traz tira-gostos para compartilhar.
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Henriqueta
Lulas à guilho, puxadas no azeite, alho, pimenta e limão, no Henriqueta, casa que abriu as portas no Leblon há dois meses — Foto: Tomás Rangel
Chef do consagrado Gruta de Santo Antônio em Niterói, Alexandre Henriques cruzou a ponte para abrir essa tasca luso-carioca, uma homenagem à matriarca da família. Estão lá belisquetes típicos em roupagem contemporânea, como o pastel aberto de bacalhau (R$ 19), croquetes de alheira (R$ 46) e lulas à guilho, puxadas no azeite, alho, pimenta e limão na frigideira (R$ 66). E vale provar os sandubas típicos da Terrinha, como o prego, que ganha versão com atum (R$ 43). Descem bem com um dos vinhos portugueses que dominam a carta ou um “putinho”, como é batizado por lá o chope garotinho (R$ 7).
- Leblon: Rua Aristides Espínola 121 – 3429-6625. Ter a qui, das 12h à meia-noite. Sex e sáb, do meio-da às 2h. Dom, do meio-dia às 22h.
Sardinha Taberna
Sardinha Taberna: o peixinho que dá nome ao lugar do Leblon em versão frita — Foto: Diana Cabral/Divulgação
Este mês, o ponto, que tem entre os sócios um antigo garçom do Jobi, Cecílio Araújo, e dois portugueses, completa o primeiro aniversário. Os azulejos azuis e brancos remetem às tradicionais casas lusitanas, assim como o cardápio. Das sardinhas fritas (R$ 27,90) às pataniscas de bacalhau (R$ 24,90), passando por bolinhos de alheira (R$ 21,90) e a tábua com presunto cru, chouriço, queijos seco e tipo Serra da Estrela (R$ 49,90). O pastel de nata (R$ 9,90) brilha na seção “para lamber os beiços”. A nova carta de drinques, assinada pelo mixologista William Barão (ex-Sobe), traz dicas como o Cascais, que leva suco de maracujá, cachaça infusionada com pera e espuma de Porto Tawny (R$ 33,90).
- Leblon: Rua Aristides Espínola 101. Ter a dom, do meio-dia à meia-noite.
Tasca Miúda
A Tasca Miúda, no Leblon — Foto: Tomás Rangel/Divulgação
No salão com videiras no teto, móveis coloniais e parede de ladrilhos, receitas tradicionais ganham toques irreverentes dos sócios de negócios como Pabu Izakaya e Maria e O Boi. Comece pelas conservas, como o vinagrete de frutos do mar (R$ 36, 100g) ou tremoços marinados (R$ 15). Entre os tira-gostos há ainda almofadinhas de Serra da Estrela (R$ 32) e bochecha de porco braseada com cogumelos, cerveja, tomates e brandy (R$ 39), além de pratos como o arroz malandrinho de polvo e camarões (R$ 82), tudo servido nas tradicionais louças Monte Sião. Para quem quiser um pouquinho de tudo, a DegusTasquinha, às quintas-feiras, promove um passeio pelo menu a R$ 89, incluindo um item da conservaria, dois bolinhos, entradinha e dois pratos. Em tempo: a turma está abrindo no Leblon um bar de sotaque italiano, o Bocca Del Cappo, onde funcionou a Prima Bruschetteria.
- Leblon: Rua Humberto de Campos 827 – 3518-0810. Seg a qui, do meio-dia às 23h. Sex e sáb, do meio-dia à 12h à meia-noite. Dom, das 12h às 22h.
Ora Pois
Prato do restaurante Ora Pois, na Barra da Tijuca — Foto: Léo Martins
Sob o comando de Clóvis Florêncio, funcionário do já extinto Antiquarius por 36 anos, o bar, que é inspirado nas tascas lisboetas mais contemporâneas e tem varandão de frente para o mar da Barra, dedica um capítulo todo ao bacalhau, protagonista também em entradas como a açorda com azeitonas pretas (R$ 50). A seção de abre-alas inclui ainda pedidas como camarões à Bulhão Pato, salteados no alho e óleo (R$ 80), e bolinho de arroz de pato recheado com queijo da Serra da Estrela (R$ 40). Na ala de sanduíches, um clássico do Porto: a francesinha, com presunto, bife, linguiça e mozzarella no pão de forma (R$ 50). Entre as dicas doces, toucinho do céu (R$ 25).
- Barra: Rua Professor Coutinho Fróis 10 – 3798-2852. Seg a qui, do meio-dia às 22h. Sex e sáb, do meio-dia à meia-noite. Dom, do meio-dia às 20h.
O Patrício
Após dois anos de entregas por encomenda, o português André Diniz abriu há três meses a simpática birosca de comida do mar e do campo. Ele prepara receitas autênticas de sua terra, como o covilhete, espécie de pastel de nata salgado, com carne ou porco com brie (R$ 7,90). Ali, a vocação aparece em combinações como pastel de bacon e mexilhão (R$ 10) e porco à Alentejana (R$ 77 para dois), servido aos domingos. Para beber, leite de tuga virgem (R$ 9), uma cremosa batida de coco.
- Vila Isabel: Rua Hipólito da Costa 12-F – 97256-8139. Qui a sáb, do meio-dia às 22h. Dom, do meio-dia às 18h.
Polpo Taberna do Mar
Com livre inspiração na tradicional Adega Pérola, bastião da petiscaria espanhola há mais de seis décadas em Copacabana, o balcão envidraçado de acepipes, com ênfase nas receitas marítimas, é o protagonista na casa no Leblon, inaugurada em abril deste ano. Com consultoria do chef Ronaldo Canha, as delícias da vitrine, a exemplo do salpicão de frutos do mar, com lagosta, camarão, lula e mexilhão (R$ 54), do tartar de salmão em espuma de vodca (R$ 48) e das ostras em vinagrete de maçã verde e dill (R$ 58), chegam em pratinhos com 150 gramas, mas também há opção de meia-porção. Da cozinha saem opções quentes como sanduíche de lagosta com pepino e aioli de açafrão (R$ 63). Às quintas e sextas-feiras tem jazz ao vivo, a partir das 19h.
- Leblon: Rua Rita Ludolf 87 — 3556-3939. Ter a dom, do meio-dia à meia-noite.
¡Venga!
A cozinha espanhola do ¡Venga! — Foto: Divulgação
Pioneira na onda de tapas à espanhola, a casa inaugurada em 2009 no Leblon é um convite a sentar no balcão para provar receitas típicas como croqueta de jamón (R$ 12), batatas bravas com aioli (R$ 28) e polvo à galega, grelhado com batatas e páprica picante (R$ 59). Mensalmente, a unidade de Ipanema recebe o evento Paella Fest, em que chefs convidados (como Rafa Costa e Silva e Flávia Quaresma) preparam suas versões do prato na varanda. No Chiringuito, de frente para a Praia de Copacabana, o forte são os frutos do mar — destaque para os dados de bacalhau com aioli e mel e espinafre (R$ 42).
- Copacabana: Av. Atlântica 3.880 — 3264-9806. Dom a qua, do meio-dia às 23h. Qui, do meio-dia à meia-noite. Sex e sáb, do meio-dia à meia-noite e meia.
- Ipanema: Rua Garcia d’Ávila 147 — 2247-0234. Dom, e seg, do meio-dia às 23h. Ter e qua, do meio-dia às 23h30. Sex e sáb, do meio-dia à meia-noite e meia.
- Leblon: Rua Dias Ferreira 113 — 2512-9826. Ter e qua, das 18h às 23h. Qui, das 18h à meia-noite. Sex, das 18h à 1h. Sáb, das 13h à 1h. Dom, das 13h às 22h .
O Prego
O pequenino e simpático ponto não é exatamente uma tasca, mas uma sanduicheria portuguesa, no Engenho de Dentro. Estão lá “sandes” típicos da Terrinha, como o que batiza a casa (R$ 32), feito com bife de coração de alcatra maturado com alho e mostarda e batido no martelo para ficar mais macio (daí o nome), e a bifana do porto (R$ 33), com lascas de pernil embebidas em molho temperado e alcoólico. Outra dica, a alheira (R$ 50), um embutido tradicional de frango e porco, é servida com batatas e ovos fritos.
- Engenho de Dentro: Rua Borja Reis 781-C – 97972-8610. Seg a sáb, das 17h às 23h.
O Fado
Inaugurado em janeiro, o restaurante português de pegada contemporânea comandado pelo chef Dalton Rangel (filho de Mônica Rangel, do Gosto com Gosto, em Mauá) aposta em um festival de tapas nas noites de segunda a quinta, a partir das 17h. A lista inclui lula recheada com farofinha de jamón e bochecha de porco cozida lentamente em seu molho com creme esparregado (R$ 29, cada).
- Barra: VillageMall. Av. das Américas 3.900, 3º piso — 3252-2801. Seg a sáb, do meio-dia às 23h. Dom, do meio-dia às 22h.
Izär
Ízär: a novidade à espanhola em Ipanema, paellas e “arroces”, mas também tira-gostos para compartilhar — Foto: Tomás Rangel/Divulgação
Indo além do clima boêmio das tabernas, a nova empreitada dos sócios do contemporâneo Mäska também aposta em releituras de clássicos na gastronomia espanhola. Aberto mês passado no lugar onde funcionou o Bazzar, o restaurante tem como carro-chefe as paellas e os “arroces”, preparados pelo chef Pepe López em uma cozinha aberta em versões como a campera, com ovo caipira, jamón ibérico crocante, tomate verde frito e cogumelos (R$ 210) e o socarrat (arroz caramelizado no fundinho da panela) de lulas e lagostim (R$ 215). Os pratos servem duas pessoas, mas há tapas para beliscar, como huevos rotos, ovos fritos com batata confitada, jamón ibérico e gremolata (R$ 52) e as croquetas de lagostim com chorizo (R$ 53).
- Ipanema: Rua Barão da Torre 538 — 99725-7473. Dom a ter, do meio-dia às 23h. Qua a sáb, do meio-dia à meia-noite.