Almanaque Raimundo Floriano
Fundado em 24.09.2016
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)
Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, dois genros e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.
O Globo terça, 10 de julho de 2018
MAIORES FORÇAS OFENSIVAS RESTANTES DECIDEM VAGA NA COPA
Maiores forças ofensivas restantes decidem vaga na final da Copa
Partida entre França e Bélgica acontece nesta terça-feira, às 15h, em São Petersburgo
POR O GLOBO
/ atualizado
Lukaku x Mbappé: destaques de Bélgica e França - EMMANUEL DUNAND AND FRANCK FIFE / AFP
SÃO PETERSBURGO — Apontada por boa parte do público como a final antecipada da Copa do Mundo, França e Bélgica entram campo para a primeira semifinal, às 15h, em São Petersburgo, num duelo que opõe os dois elencos de mais talento entre as seleções sobreviventes. Os franceses já constavam na maioria das listas de favoritos ao título desde antes de o torneio começar — previsão confirmada pela liderança do grupo na primeira fase, e pelas vitórias com sobras contras times tradicionais como Argentina e Uruguai. Do outro lado, a Bélgica sempre foi vista com potencial para chegar longe, e suas credenciais se fortaleceram enormemente com a vitória sobre o Brasil.
São as duas principais forças ofensivas desse Mundial, ainda que de estilos diversos como os dos jogadores que devem atuar no comando do ataque: o francês Giroud, típico centroavante, de perfil discreto na comparação com o frisson causado pelos astros Mbappé e Griezmann; e o belga Kevin de Bruyne, um meio-campista completo, podendo atuar como volante e pelas pontas, e que contra o Brasil se revelou capaz também de jogar como centroavante, um “falso nove”.
Uma semi com raízes africanas
Mbappé e Griezmann. Jogador de área, ainda não fez gol nesta Copa, mas tem sido elogiado por conseguir abrir espaço na marcação para as infiltrações de seus velozes companheiros de ataque.
Já De Bruyne é o nome do momento. Melhor jogador do Manchester City campeão inglês, nunca fora uma estrela e não tem o apelo de marketing de outros ídolos, mas seu futebol fez despertar a curiosidade por sua vida e estilo. Fluente em holandês, francês e inglês, fala também alemão. Sua mãe, Anna, uma engenheira na área de petróleo, nasceu no Burundi, o que tornaria o meia elegível para defender o país africano. Mas a opção foi pela Bélgica, país de nascimento.
Fora de campo, também é um jovem de iniciativa. Em coautoria com um jornalista belga, lançou sua biografia, “Keep it simple”, algo como “Mantenha simples”. De fato, não é dado a extravagâncias e, em campo, executa seu jogo com elegância, eficiência, mas sem teatralidades.
Ficha de Jogo
França: Lloris, Pavard, Varane, Umtiti e Hernández; Kanté, Pogba e Matuidi; Mbappé, Giroud e Griezmann.
Bélgica: Courtois, Alderweireld, Vermaelen, Kompany e Vertonghen; Witsel, Fellaini e Chadli;De Bruyne, Lukaku e Hazard.
Juiz: Andrés Cunha (Uruguai).
Local: Estádio de São Petersburgo.
Horário: 15h.
O Globo segunda, 09 de julho de 2018
PSG PREPARA OFERTA RECORDE POR PHILIPPE COUTINHO
PSG prepara oferta recorde por Philippe Coutinho, Barça cobra multa rescisória
Catalães querem compensação de 400 milhões de euros
POR O GLOBO
/ atualizado
Phillippe Coutinho: jogador está na mira do Paris Saint-Germain - ROMAN KRUCHININ / AFP
O bom desempenho de Philippe Coutinho na Copa do Mundo, na qual chegou a ser eleito o craque da partida nos jogos contra Suíça e Costa Rica, já começa a render frutos ao astro do Barcelona. O jogador de 26 anos é alvo de uma proposta do Paris Saint-Germain (PSG). O clube da capital francesa estaria disposto a desembolsar até 270 milhões de euros (cerca de R$ 1,250 bilhão) pelo jogador revelado nas divisões de base do Vasco.
Esse teria sido o valor de uma proposta feita diretamente aos representantes do jogador, e não ao Barcelona, de acordo com o diário espanhol "Mundo Deportivo". A transferência seria recorde: maior que os 222 milhões de euros (R$ 814 milhões, em câmbio da época) pagos para contratar Neymar.
Philippe Coutinho esteve na marca do PSG antes: em janeiro, antes de fechar com o Barcelona, o jogador brasileiro foi assediado por vários clubes no momento de indefinições que vivia no Liverpool.
Além da qualidade técnica de Coutinho, os analistas esportivos da Espanha apostam que a contratação do meia tem outro papel estratégico: pode ajudar a convencer Neymar a permenecer no clube. Caso a estratégia não dê certo, o jogador, que pode atuar no ataque, ajudaria a repor a perda.
O Barcelona já se manifestou sobre o assunto. O clube sinaliza que o jogador não está à venda e que quem quiser levá-lo deverá pagar os 400 milhões de euros (R$ 1,520 bilhão) que estão em sua cláusula rescisória.
Caso se confirme a saída de Coutinho, essa seria a segunda baixa de brasileiro do Barcelona após a Copa do Mundo. Neste domingo, o clube anunciou a ida do volante Paulinho para o Guangzhou Evergrande, da China, por empréstimo.
O Globo domingo, 08 de julho de 2018
SELEÇÃO BRASILEIRA É APLAUDIDA NA CHEGADA AO RIO DE JANEIRO
Seleção é aplaudida por passageiros na chegada ao aeroporto do Rio
Tite e Coutinho foram os mais assediados por torcedores que madrugaram no Galeão
POR LUCAS ALTINO
/ atualizado
Técnico da seleção brasileira, Tite chega do Rio evitando dar entrevistas - Uanderson Fernandes/Agência O Globo
A seleção brasileira foi aplaudida por passageiros no aeroporto do Galeão na chegada ao Rio de Janeiro. Após a eliminação precoce na Copa, os jogadores não quiseram falar com a imprensa. Somente Casemiro e Tite disseram algumas palavras. Poucos torcedores estavam presentes para recepcionar o time, que chegou por volta das 6h deste domingo. O voo fretado pela CBF fez escala em Madri, onde desembarcou a maioria dos atletas. Casemiro, Neymar, Coutinho, Gabriel Jesus, Taison, Geromel, Douglas Costa e Tite seguiram até o Rio.
Os jogadores se dividiram entre dois portões de saída, numa tentativa de driblar a imprensa. Todos se dirigiram rapidamente aos carros e deram pouca atenção aos pedidos de foto e de entrevista. Neymar foi o único a não ser visto no saguão. Segundo seguranças, saiu diretamente da pista para um helicóptero, com destino à casa que tem em Mangaratiba (Costa Verde do Rio).
O técnico Tite foi um dos mais assediados, posou para fotos e deu autógrafos. Evitando entrevistas, falou rapidamente.
— Tenho orgulho em poder transmitir alguma coisa boa. Só retribuir o carinho que eles estão nos proporcionando. Quero, de coração, agradecer a eles. Obrigado — afirmou.
Phelippe Coutinho foi um dos jogadores mais assediados - Uanderson Fernandes/Agência O Globo
Coutinho foi outro bastante procurado pelos torcedores. Quando apareceu, uma pequena multidão se formou na frente dele, e o cordão de saída foi derrubado.
O volante Casemiro, suspenso no jogo contra a Bélgica por ter recebido dois cartões amarelos anteriormente, pediu que a seleção seja valorizada, apesar de não ter passado para a semifinal.
— Há dois anos o Brasil corria o risco de nem se classificar e, agora, estávamos como favoritos. Há muitas coisas boas. Não é o fim de uma era. Tem que valorizar — disse.
A torcedora Manuella Lopes , de 14 anos, foi uma das torcedoras que conseguiram autógrafos de Tite, Coutinho e Douglas Costa.
— Saí de Guapimirim, onde moro, às 3h para vir aqui. Sou fã do Neymar, queria falar com ele. Mas fiquei feliz com os autógrafos.
O próximo jogo da seleção brasileira é um amistoso em 8 de setembro, contra os Estados Unidos, em Nova York.
O Globo domingo, 08 de julho de 2018
DESABAFO DE NEYMAR: MOMENTO MAIS TRISTE DA CARREIRA
'Momento mais triste da carreira', desabafa Neymar após eliminação
Astro brasileiro se disse sem forças para voltar a jogar futebol
POR O GLOBO
/ atualizado
Neymar definiu a eliminação como o momento mais difícil de sua carreira - MANAN VATSYAYANA / AFP
O craque Neymar desabafou nas redes sociais após a eliminação do Brasil na Copa da Rússia. O astro da seleção de Tite reconheceu que este é "o momento mais triste" de sua carreira e que "a dor é muito grande", já que os jogadores "sabiam onde poderiam chegar". O craque ressaltou que é "difícil encontrar forças" para voltar ao futebol, mas que tira de Deus o apoio para "enfrentar qualquer coisa"
O Globo sábado, 07 de julho de 2018
COUTINHO: A GENTE SABE QUE VAI LEVAR PORRADA
Coutinho: ‘A gente sabe que agora vai levar muita porrada’
Meia lamentou eliminação do Brasil para a Bélgica, nas quartas de final
POR O GLOBO
/ atualizado
A desolação de Philippe Coutinho com a eliminação do Brasil nas quartas de final da Copa - SAEED KHAN / AFP
Um dos destaques da seleção brasileira na Copa do Mundo, o meia Philippe Coutinho falou com a imprensa após a eliminação nas quartas de final para a Bélgica, diferentemente do amigo e companheiro Neymar. Abatido, Coutinho sabe que as críticas não serão poucas.
- Quando se perde, muita é coisa é falada no brasil. Sabemos como são as coisas...A gente sai um pouco frustrado, queríamos muito ter chegado à final. Mas a vida segue, o futebol é assim. A gente sabe que agora vai levar muita porrada - disse Coutinho, na zona mista.
O Globo sexta, 06 de julho de 2018
BRASIL X BÉLGICA: PERSPECTIVA DE GRANDE FUTEBOL
Com dois times técnicos e ofensivos, Brasil x Bélgica é perspectiva de grande futebol
POR CARLOS EDUARDO MANSUR
KAZAN - Nos meses anteriores à Copa do Mundo, quase todas as tentativas de projetar o desempenho brasileiro, alimentadas por uma manifesta preocupação do técnico Tite, passavam pelo desafio de vencer defesas muito congestionadas. A expectativa era a do Mundial da negação do espaço. E, a rigor, o torneio não contrariou a tese, longe disso. Mas a seleção brasileira escapou das grandes retrancas até aqui.
A Suíça, talvez por ter sofrido o gol de Coutinho muito cedo, passou boa parte do jogo no campo brasileiro. A Sérvia adiantou sua linha defensiva, enquanto o México foi para o embate franco. Apenas a Costa Rica foi, de fato, um time dedicado a defender perto de seu gol. E pouca coisa indica que a Bélgica vá fugir às suas características para se plantar à frente de sua meta. Entre outras coisas, porque defende mal. E, fundamentalmente, porque tem o time mais técnico que o Brasil de Tite já enfrentou nos quase dois anos sob as ordens do treinador. Será fascinante o jogo em Kazan.
Ao não deparar com tantas retrancas, algo ficou claro na caminhada da seleção brasileira, sempre associada à busca da bola, à iniciativa dos jogos. A forma como os jogadores do Brasil punem qualquer espaço concedido por rivais reforça um traço de nossa escola atual: produzir, em série, jogadores que amam o contragolpe.
O que é revelador de uma virtude e de um defeito do futebol brasileiro atual. Nossos jogadores rendem melhor quando podem acelerar, correr para o duelo pessoal contra o marcador, ter o espaço para o drible. São os melhores do mundo nesta tarefa. E nem sempre jogar campo rival adentro possibilita tal cenário. Em especial para uma escola que passou longo tempo sem produzir meias organizadores, bons passadores.
Tite, que recentemente adaptou Coutinho à função de meia articulador, fez o Brasil evoluir na capacidade de construir desde a defesa, furar bloqueios. Como mostra o primeiro gol sobre o México. E ter diferentes formas para resolver partidas é um mérito do Brasil.
Modelo de troca de passes segue vivo
Mas o que chama a atenção é como a seleção atual, por vezes, não precisa de longos períodos de domínio da bola, de posses longas. Pode viver de momentos, decidir num espasmo, uma estocada, mesmo quando o rival, atraído a sair de trás, parece controlar o jogo. O Brasil teve apenas 47% da bola contra o México. Contra a Suíça, ficou em 52%. A média da equipe no Mundial é de 55%, número impulsionado pelo jogo com a Costa Rica. Mesmo assim, está dentre os que mais criaram oportunidades de gol.
— A característica dos atletas dá ao time repertório. Podemos fazer jogadas construídas, mas temos contra-ataque muito forte, transição rápida, velocidade. Temos muito drible na frente com Douglas Costa, Neymar, Gabriel Jesus... — destacou Tite antes do jogo com a Bélgica.
É um erro achar que o Mundial representa o fim do jogo de posse de bola por causa das eliminações de Espanha e Alemanha. Estes times tinham problemas de execução. A culpa não é do modelo, da troca de passes, do jogo coletivo, algo que o futebol jamais vai tornar ultrapassado. E a escola brasileira precisa crescer na tarefa de elaborar com a bola. O fato é que o futebol, hoje, premia quem domina várias facetas: o controle da bola e as transições em velocidade.
E aí está a chave do Brasil x Bélgica de hoje. A seleção brasileira tem números defensivos impressionantes. Os belgas, um recorde de gols até aqui. Parecem opostos, mas na verdade há similaridades: são times ofensivos, que buscam construir jogadas, mas que se tornam realmente mortais se ganham a chance de jogar em velocidade. Punem uma perda de bola com contragolpes fatais. Na verdade, é um jogo de xadrez.
Parece difícil acreditar que a formação atual, que vem deixando a Bélgica tão desequilibrada defensivamente, será mantida. Mas se for, Tite tem uma decisão a tomar: contra Hazard e Mertens, dois pontas que não jogam abertos, mas buscam a entrada da área por trás de Lukaku, ter só um volante centralizado pode criar problemas de marcação no setor. Contra o México, o Brasil cresceu ao passar ao 4-4-2, com Paulinho junto a Casemiro. Este último, suspenso, dará lugar a Fernandinho.
Roberto Martínez, técnico da Bélgica, fugiu da pergunta sobre a possível entrada de Fellaini ou uma mudança de sistema para ganhar solidez. Tite evitou responder sobre transformar o Plano B do jogo com o México em Plano A.
— Não dá para ter só uma forma de jogar. Temos as duas dominadas e vamos aperfeiçoando conforme a necessidade.
O jogo será um permanente exercício de equilíbrio, algo que o Brasil teve mais do que a Bélgica até aqui. Mas será um encontro de jogadores especialistas nos duelos pessoais, o um contra um, a busca do drible. A tradição brasileira e o poderio de Neymar, Coutinho, Willian e Jesus podem induzir os belgas a reduzirem riscos e esperarem a seleção atacar; mas trata-se de um time leve, ofensivo e fraco ao defender, o que podem empurrá-lo ao ataque.
Por outro lado a seleção de Tite enfrenta seu rival mais técnico, cheio de astros em clubes de elite. Precisará de cuidados, porque há desacertos defensivos constantemente cobertos pela enorme capacidade de Thiago Silva, Miranda e do hoje ausente Casemiro. Mas também terá que ativar seus homens decisivos na frente. O melhor de tudo é que o duelo tático será travado por homens de alta dose de talento, sempre a postos para desequilibrar. Promete ser fascinante a noite de Kazan.
O Globo quinta, 05 de julho de 2018
SELEÇÃO É RECEBIDA COM FESTA EM KAZAN, ONDE JOGA CONTRA A BÉLGICA
Seleção é recebida com festa em Kazan, onde joga contra a Bélgica
Torcedores levaram samba e gritos de guerra na chegada dos jogadores
POR BRUNO MARINHO / ENVIADO ESPECIAL
/ atualizado
Torcedores brasileiros fazem festa na chegada da seleção a Kazan - Alexandre Cassiano / Agência O Globo
KAZAN — Cerca de 300 torcedores brasileiros fizeram festa no começo da tarde desta quinta-feira, horário de Moscou, quando a seleção desembarcou em Kazan. O grupo chegou à cidade onde o time enfrentará a Bélgica na sexta-feira, pelas quartas de final da Copa do Mundo.
A concentração da torcida em frente ao hotel começou na parte da manhã. Quando o ônibus que trazia a delegação do aeroporto de Kazan chegou, a festa explodiu. Muitos jogadores e membros da comissão técnica filmavam a torcida de dentro do ônibus.
No lado de fora, muitos seguiram registrando a recepção calorosa oferecida pelos torecedores. Neymar foi um dos mais ovacionados pela torcida. Renato Augusto também se mostrou bem feliz com a recepção dos brasileiros.
A programação da seleção em Kazan segue na parte da tarde. O técnico Tite e o capitão Miranda darão coletiva na Arena Kazan, local da partida, seguindo o protocolo da Fifa às vésperas dos jogos. Em seguida, partirá para o treino, que deve acontecer no estádio do Rubin Kazan, no centro da cidade.
Brasil e Bélgica se enfrentarão na sexta-feira, às 15h (de Brasília), disputando uma vaga na semifinal da Copa do Mundo. Quem passar terá pela frente o vencedor do confronto entre França e Uruguai.
O Globo quarta, 04 de julho de 2018
COMO TITE LAPIDOU O SISTEMA DEFENSIVO DA SELEÇÃO
Como Tite lapidou o sistema defensivo da seleção
Entenda o que faz do Brasil a equipe menos vazada da Copa do Mundo, ao lado do Uruguai
POR BRUNO MARINHO E IGOR SIQUEIRA, ENVIADOS ESPECIAIS
/ atualizado
Alisson em ação na vitória da seleção brasileira sobre o México - Alexandre Cassiano
KAZAN E SOCHI - Neymar estampou a capa de todos os jornais e sites depois da vitória sobre o México. Entretanto, se justiça fizessse parte do dicionário do futebol, talvez um representante do sistema defensivo do Brasil estivesse dividindo o holofote com o camisa 10. Tão importante quanto o craque, a capacidade da seleção de não sofrer gols abriu caminho para a classificação para as quartas-de-final da Copa do Mundo. Entender como a equipe chegou a esse ponto, de ser a menos vazada do Mundial, ao lado do Uruguai, com apenas um gol sofrido, é decifrar o próprio estilo de trabalho de Tite.
Tudo começa no ataque e na permanência de Gabriel Jesus no time titular, mesmo sem ter chegado nem perto de marcar um gol nessa Copa. O camisa 9 oferece ao treinador um primeiro combate que há muito tempo a seleção não tinha. Antes de ser convocado, jogadores veteranos, como Jonas e Ricardo Oliveira, vinham ocupando a função, longe de terem a mesma pegada. Mesmo Firmino, aos 26 anos, não possui a capacidade de marcação que o atacante do Manchester City. Contra o México, terminou o jogo no meio de campo, marcando o lateral-direito adversário. O atributo, menor aos olhos da torcida, pelo menos é valorizado pelos companheiros de equipe.
- Você vê o Coutinho, o Neymar correndo bastante, brigando pela bola. O que o Gabriel Jesus rouba de bolas é um absurdo. Uma defesa sólida começa desde o primeiro atacante - destacou Fagner.
Uma equipe toda empenhada na marcação faz com que as jogadas adversárias, ainda que se aproximem da grande área brasileira, não tenham tanta fluidez. O abafa segue forte com a presença de Casemiro à frente dos zagueiros, outra intervenção de Tite na seleção. O jogador virou titular assim que o técnico assumiu a equipe, enquanto que acumulava poucos minutos em campo com Dunga. Com o ex-treinador do Brasil, era preterido a favor de Fernandinho e Luiz Gustavo.
Tite durante a partida entre Brasil e México - Alexandre Cassiano / Agência O Globo
É muito por conta da presença de Casemiro na equipe que o Brasil possui um número expressivo na Copa: apenas quatro finalizações adversárias chegaram efetivamente ao gol da seleção em todo Mundial, média de uma por jogo. Até agora, 12 bloqueios já ocorreram. Em 17 vezes, as finalizações, realizadas sob a pressão da marcação, foram para fora.
- Casemiro está suspenso, não vai jogar contra a Bélgica, mas ele dá um suporte incrível na marcação - reconheceu Thiago Silva.
O zagueiro, candidato à capitão do Brasil numa eventual final de Copa do Mundo, é outro ponto claro que ajuda a explicar o bom momento da defesa da seleção. De volta às convocações com Tite, o jogador tem sido o mais regular da equipe na competição. Foram quatro partidas, quatro boas atuações e a autocrítica de que essa fase positiva acaba contagiando os outros jogadores. Alisson só foi obrigado a fazer três defesas no Mundial até agora, mas quando a bola chegou, o goleiro da Roma foi bem. Miranda, mesmo um pouco abaixo de Thiago, também tem brilhado na Rússia.
- Eu pouco me importo com a possibilidade de ser considerado o melhor zagueiro da Copa do Mundo. Prefiro o título do que ser eu o melhor zagueiro da Copa. Mas é bom estar jogando assim, venho tendo grandes performances e isso dá tranquilidade para o restante do grupo - frisou.
SELEÇÃO COM TITE
6 gols, 25 jogos
Seleção na Copa
1 gol, 4 jogos
As cinco melhores defesas da Copa
1º Brasil: 1 gol/4 jogos
2º Uruguai: 1 gol/4 jogos
3º Croácia: 2 gols/4 jogos
4º Suécia: 2 gols/4 jogos
5º Colômbia*: 2 gols/3 jogos
Os cinco goleiros com menos defesas (somente os que jogaram quatro partidas):
1º De Gea (ESP): 1 defesa/6 gols sofridos
2º Alisson (BRA): 3 defesas/1 gol sofrido
3º Rui Patrício (POR): 8 defesas/6 gols sofridos
4º Courtois (BEL): 9 defesas/4 gols sofridos
5º Muslera (URU): 11 defesas/1 gol sofrido
O Globo terça, 03 de julho de 2018
SUÉCIA X SUÍÇA: O JOGO MAIS POLÊMICO DO MATA-MATA
Suíça x Suécia: o jogo mais polêmico do mata-mata da Copa
Subestimadas, seleções tentam esvaziar repercussões contra atletas naturalizados
POR DIOGO DANTAS, ENVIADO ESPECIAL
/ atualizado
Shaqiri comemora o gol contra a Sérvia imitando a águia símbolo que é de albaneses e kosovares - Gonzalo Fuentes / Reuters/22-6-2018
SÃO PETERSBURGO — Duas das seleções que foram mais assunto na Copa do Mundo não exatamente pela bola que jogaram, Suíça e Suécia fazem a partida mais tensa das oitavas de final, nesta terça-feira, 11h de Brasília. Embora classificadas em grupos fortes, com Brasil e Alemanha, ambas conviveram com polêmicas relacionadas a seus atletas naturalizados que chamaram mais atenção que o futebol.
De um lado, os suíços Xhaka e Shaqiri acabaram multados por comemorarem os gols sobre a Sérvia imitando a águia símbolo dos povos albaneses e kosovares dos quais são descendentes. Na trincheira sueca, o zagueiro de origem turca Jimmy Durmaz sofreu insultos racistas da própria torcida após cometer a falta que ocasionou a virada da Alemanha, também na primeira fase.
Nas coletivas das duas equipes, os treinadores evitaram o tema, mas Xhaka, camisa 10 da Suíça, ao menos concedeu entrevista. Mesmo que tenha fingido não entender a pergunta sobre a sua comemoração, ele respondeu a um jogador sueco que defendeu a sua expulsão pelo gesto.
— Provocação faz parte. Já ouvi muitas coisas — disse Xhaka, sem se estender no assunto.
Já o técnico da Suécia, Janne Andersson, foi questionado se Jimmy estaria pronto para jogar depois do episódio, que levou a uma declaração formal do atleta e ao apoio institucional da federação do país. Classificando toda pergunta do gênero como não relacionada ao jogo em si, o treinador deu respostas vazias e não repudiou o ato contra seu jogador.
— Tem que perguntar para ele como está se sentindo. Mas o meu papel é colocar ele em condições de colaborar para o grupo e fazer um grande jogo - avisou.
Em campo, a expectativa é que a Suíça tenha algo mais a mostrar. Sextos colocados no ranking da Fifa, os suíços venceram apenas a Sérvia, no jogo da polêmica comemoração, e empataram com Brasil e Costa Rica. A Suécia fez uma primeira fase melhor, embora sua colocação no ranking seja de número 24. Venceu o México e a Coréia do Sul e perdeu para a Alemanha nos acréscimos. Foi o que motivou o verbo subestimar a aparecer nas perguntas aos treinadores.
— Podemos ser uma surpresa para os que estão nos subestimando - disse o suíço Vladimir Petkovíc.
— Se outros estão nos subestimando, eles têm que falar. Não perco tempo com esses pensamentos - emendou o sueco, questionado se este seria o lado mais fraco da chave no mata-mata da Copa.
Até agora, sim. E o lado de onde saíram surpresas como a Rússia, sacramentando a eliminação da Espanha. Além, claro, da queda alemã. Suécia e Suíça, até mais a primeira, representam a zebra daqui em diante. E é por isso que querem ser lembradas, não por declarações ou gestos políticos que interfiram no futebol que, por mais que não tenham conseguido, pretendem mostrar.
De volta a uma Copa do Mundo depois de 12 anos, a Suécia quer fazer história novamente e relembrar os áureos tempos, dos times que perderam a final contra o Brasil de Pelé em 1958, e o que parou na seleção de Romário em 1994, na Copa dos Estados Unidos. Com presença constante no Mundial, a Suíça não vai às quartas de final desde 1954. Todos querem ir mais longe, seja em um imaginário barco viking ou nas asas de uma águia.
Suécia x Suíça
Suécia: Olsen, Lustig, Lindelof, Granqvist e Augustinsson; Claesson (Durmaz), Svensson, Ekdal e Forsberg; Berg e Toivonen. Técnico: Janne Andersson.
Suíça: Sommer, Lang, Djourou, Akanji e Ricardo Rodríguez; Behrami, Xhaka, Shaqiri, Dzemaili e Zuber; Drmic. Técnico: Vladimir Petkovic.
Local: São Petersburgo.
Horário: 11h de Brasília.
Árbitro: Damir Skomina (Eslovênia).
Transmissão: Rede Globo, Sportv e Fox Sports transmitem a partida ao vivo.
O Globo segunda, 02 de julho de 2018
DEPOIS DE CAVANI E MBAPPPÉ, CHEGOU A HORA DE MEYMAR BRILHAR
Depois de Mbappé e Cavani, chegou a vez de Neymar brilhar na Copa
Com eliminação de Messi e de Cristiano Ronaldo, caminho está aberto para o brasileiro
POR BRUNO MARINHO / IGOR SIQUEIRA / ENVIADOS ESPECIAIS
/ atualizado
Neymar treina em Samara na véspera de confronto com o México - Alexandre Cassiano / O Globo
SAMARA — Neymar terá, nesta segunda-feira, contra o México, a chance de chamar para si o protagonismo que tanto se espera dele na Copa do Mundo. Nas oitavas de final contra o time de Juan Carlos Osorio, o craque brasileiro precisará decidir que caminho seguir no Mundial.
ra ele chegar ao topo. Do trio de jogadores considerados os melhores do planeta, Neymar é quem ainda sobrevive nesta Copa do Mundo. Cristiano Ronaldo e Messi foram eliminados no sábado, o que proporciona ao craque brasileiro uma possibilidade de "resposta". Enquanto eles foram tão mal, o camisa 10 tem a oportunidade de, enfim, ter uma atuação robusta na Rússia.
Instigado pela oportunidade de um lado, Neymar é provocado por outro. Os dois companheiros de ataque no Paris Saint-Germain podem servir de incentivo para o brasileiro brilhar. Ambos, inclusive, estão diretamente relacionados às despedidas de Messi e Cristiano Ronaldo nas oitavas. Mbappé brilhou e teve uma das melhores atuações individuais da Copa ao fazer dois dos quatro gols da França sobre a Argentina. A dobradinha também veio para Cavani, que mandou os portugueses para casa.
— Por incrível que pareça, fiquei com esse pensamento na cabeça, que no nosso jogo será a vez de o Neymar brilhar, depois de Mbappé e Cavani. Nossa seleção é muito equilibrada, no momento certo, damos essa liberdade para os atacantes resolverem. Esperamos que Neymar esteja inspirado como os outros — afirmou o capitão Thiago Silva, companheiro dos três no PSG.
Até agora, Neymar está no meio do caminho entre os dois extremos. Na média das notas apuradas pelo GLOBO, está atrás de Mbappé e Cavani, mas melhor do que Cristiano Ronaldo e Messi. Até agora, está à sombra de Philippe Coutinho em termos de desempenho. Nos outros quesitos, continua sendo o centro das atenções, seja pelo cabelo, pelas faltas que recebe (ou simula), pelo choro ou pelo temor que ele volte a se machucar.
Depois de três jogos, Neymar fez um gol, o segundo contra a Costa Rica, já aos 52 minutos do segundo tempo. Contra a Sérvia, viu-se um camisa 10 em evolução. Menos egoísta, mais voltado para o avanço das jogadas, em vez de dar uma lambreta no adversário em desvantagem ou chamar uma falta no meio-campo. Cobrando escanteio, deu a assistência para o gol de Thiago Silva.
Nos treinos, passada a fase de rancor pelos questionamentos ao choro pós-Costa Rica, já se vê um Neymar mais leve (assim como todo o grupo). O limiar entre a descontração e a displicência é próximo, mas, a essa altura, nem o preparador físico reclama quando o craque dá "migué" nos alongamentos.
Neymar evolui também porque há um aprimoramento físico. E Tite já ressaltou isso. Ele passou três meses de molho por causa da fratura no quinto metatarso do pé direito. Depois de boas participações em 129 dos 180 minutos dos amistosos contra Croácia e Áustria, Neymar só fez o primeiro jogo completo dele na Rússia, no empate com a Suíça. Do técnico, veio o segundo chamado: ele está no auge para brilhar.
— Ele retomou o nível máximo dele. Nós sabemos o preço que ele pagou para chegar aqui e retomar esse nível. Contra a Sérvia, jogou muito. Baixou para ajudar a marcar o lateral, fez a transição precisa, teve finta em lance individual. Agora, sim, ele retomou o alto nível.
O Globo domingo, 01 de julho de 2018
DANILO É CONFIRMADO NO GRUPO QUE ENFRENTA O MÉXICO EM SAMARA
Danilo é confirmado no grupo que enfrenta o México em Samara
Lateral-direito deve ficar no banco; médico evita confirmar volta de Marcelo
POR BRUNO MARINHO, ENVIADO ESPECIAL
/ atualizado
Danilo faz atividade com a seleção brasileira em Sochi - Hannah McKay / Reuters/30-6-2018
SOCHI - A seleção brasileira terá o reforço do lateral-direito Danilo na partida de segunda-feira, contra o México, pelas oitavas-de-final da Copa do Mundo. O jogador do Manchester City se recuperou completamente do problema muscular na região glútea e deverá ficar no banco de reservas em Samara.
Neste sábado, a seleção realizou o último treino em Sochi antes da viagem para a cidade russa. Pelas imagens da CBF TV, foi realizado um treino leve. Casemiro disse na sexta-feira que a seleção deve fazer treinamentos apenas de ajustes a partir de agora, até uma possível ida para a final.
Marcelo fez uma atividade à parte neste sábado e também deve ser relacionado para o jogo. O médico Rodrigo Lasmar, em entrevista à CBF TV, evitou confirmar o retorno do camisa 12, substituído na partida passada por causa de dores nas costas.
- Vamos esperar um pouco mais. Ele está evoluindo bem, mas precisamos ver as próximas 24 horas e sua reação no período.
Douglas Costa, que teve lesão muscular na coxa direita, seguiu para Samara com o restante dos jogadores, mas não será relacionado. O jogador seguirá a rotina de tratamento com a fisioterapia da seleção.
O Globo sábado, 30 de junho de 2018
TITE AINDA TEM CARTAS NA MANGA PARA O MATA-MATA DA COPA
Tite ainda tem cartas na manga para o mata-mata da Copa; saiba quais são
Seis dos 23 convocados para o Mundial não entraram em campo na Rússia
POR BRUNO MARINHO / IGOR SIQUEIRA, ENVIADOS ESPECIAIS
/ atualizado
Taison é um dos jogadores de Tite que não entraram na Copa - Sergei Karpukhin / Reuters
SOCHI — Seja por lesão ou pela necessidade de mudar a cara de um jogo, o técnico Tite colocou 17 peças em ação na Copa do Mundo da Rússia, até agora. Na findada primeira fase, quatro jogadores de linha não participaram das partidas: os zagueiros Geromel e Marquinhos, o meio-campista Fred e o meia-atacante Taison. Além deles, os dois goleiros reservas, Ederson e Cássio, também seguem sem minutos no Mundial. Se não acontecer algum problema fora da curva a partir das oitavas de final, contra o México, é reduzida a chance de o quarteto entrar em campo.
Tite manteve a média da seleção brasileira nas últimas duas Copas. O último treinador a usar menos jogadores do que ele foi Zagallo, em 1998, até porque não fez uma alteração sequer no último jogo da fase inicial, contra a Noruega. Postura completamente oposta à adotada por Felipão em 2002: na primeira fase, 20 jogadores foram utilizados. Com Tite, a impressão é que, não fossem as lesões, a “economia” teria sido maior. As entradas de Fagner e Filipe Luís, por exemplo, só ocorreram pelos problemas de Danilo e Marcelo, respectivamente.
Marquinhos é a peça que Tite mais lamenta não ter conseguido usar. O defensor é constantemente citado nas coletivas do treinador. Só que a dupla de zaga titular, Miranda e Thiago Silva, está jogando em alto nível. Ambos, inclusive, já fizeram parte do rodízio de capitães na Copa, e Thiago fez um dos gols contra a Sérvia. Tanto ele quanto Miranda seguem sem levar cartões amarelos e, portanto, nem pendurados estão.
Taison é o nome da convocação que gerou mais discórdia, mas ele pode tanto fazer o papel de meia atrás do centroavante quanto jogar pelas pontas. Assim, encaixa-se em um leque maior de possibilidades. Enquanto Douglas Costa estiver fora de combate, vira a alternativa imediata para uma eventual ausência de Willian e até mesmo do pendurado Neymar — desde que o também amarelado Coutinho siga no meio e não seja deslocado para a ponta.
No meio, Fred chegou a participar do amistoso do Brasil contra a Croácia, o primeiro da fase de preparação. Mas uma pancada de Casemiro em um coletivo em Londres o fez perder treinos e ritmo de jogo. No setor em que briga para entrar, a fila também é significativa. A polivalência de Fernandinho, que tem muito moral com Tite, deixa as coisas mais difíceis. O camisa 17 pode atuar em qualquer uma das três posições do meio-campo, substituindo Casemiro, Paulinho ou até mesmo Coutinho. Outro concorrente é Renato Augusto, que foi titular durante toda a eliminatória e só perdeu espaço ao se machucar pouco antes do amistoso contra a Croácia.
No treino desta sexta-feira, o destaque foi o retorno de Danilo aos trabalhos com bola. O lateral-direito tem grandes chances de voltar a ser relacionado por Tite, mas Fagner deve ser o titular. Já Marcelo, que foi substituído contra a Sérvia por causa de dores nas costas, apareceu no treino de chinelos, conversou com o grupo e saiu. Apesar disso, ele provavelmente será escalado contra o México, na segunda.
O Globo sexta, 29 de junho de 2018
MÉXICO PODE DEFINIR FUTURO DE TITE NA SELEÇÃO
México pode definir futuro de Tite na seleção brasileira
Rival foi determinante para queda de Mano Menezes em 2012
POR BRUNO MARINHO / IGOR SIQUEIRA; ENVIADOS ESPECIAIS
O técnico tite no estádio Spartak Stadium, em Moscou, após a partida contra a Sérvia - KAI PFAFFENBACH / REUTERS
SOCHI- Assim como ocorreu seis anos atrás, o futuro do técnico na seleção brasileira passa muito por uma vitória sobre o México. Mano Menezes, em agosto de 2012, foi surpreendido com uma derrota na final dos Jogos Olímpicos que determinou sua saída, confirmada em dezembro daquele ano. Contra o mesmo adversário daquela fatídica tarde ensolarada em Londres, Tite poderá garantir ou não a vaga nas quartas de final da Copa do Mundo e, indiretamente, sua continuidade na CBF.
A vontade da entidade é pela renovação do contrato por mais quatro anos, até a Copa do Qatar. Mas o desempenho da equipe na Rússia tem sua parcela de interferência nas conversas em estágio inicial - Gilmar Veloz, representante do técnico, está hospedado no hotel onde familiares e amigos de jogadores e comissão técnica montaram acampamento em Sochi.
Um confronto contra os mexicanos, sempre considerados azarões contra o Brasil, aumenta a cobrança por resultados, atribui ao jogo um favoritismo que a seleção não teria se estivesse enfrentando a Alemanha. É aí que mora o perigo para Tite. Ser eliminado contra o adversário que terá pela frente em Samara, na segunda-feira, poderá estigmatizar todo um trabalho realizado desde junho de 2016.
Foi em boa parte o que aconteceu com Mano Menezes. Quatro jogadores da atual seleção viram como o técnico foi fritado pela perda do então inédito ouro olímpico - Thiago Silva, Danilo, Marcelo e Neymar faziam parte daquela seleção. O desempenho da equipe principal vinha melhorando, a equipe começava a ganhar corpo no segundo ano de trabalho do treinador, mas a decepção diante do México selou seu destino. Não é à toa que o discurso de Thiago Silva é de respeito ao adversário.
- É sempre muito difícil enfrentar o México. É uma equipe muito motivada, que corre muito e se dedica ao máximo. Eles tiveram um grande resultado contra a Alemanha. Nesse jogo, especificamente, o México mereceu vencer por um placar mais elástico, até. Precisamos tomar cuidado, errar o menos possível e aproveitar as chances - frisou o zagueiro.
Do outro lado, há seis remanescentes do ouro olímpico mexicano, a segunda maior conquista do futebol do país. Corona, Herrera, Fabián, Peralta, Giovani dos Santos e Aquino reforçam o sentimento de que eles não precisam temer os pentacampeões do mundo. Coincidência ou não, o maior título do futebol mexicano também foi contra a seleção brasileira - a Copa das Confederações de 1999, disputada em casa.
Da equipe que ficou lugar mais alto do pódio em 2012, somente Hector Herrera, volante do Porto, de Portugal, é titular na Rússia. Ele era também em 2014, quando México e Brasil ficaram empatados em 0 a 0. Este foi o último dos 17 jogos que as seleções já protagonizaram em competições da Fifa - vale lembrar que os Jogos Olímpicos não entram nessa contagem. A seleção brasileira tem a vantagem no retrospecto, mas sem ter folga - são nove vitórias, um empate e sete derrotas.
O Globo quinta, 28 de junho de 2018
BRASIL X MÉXICO É O DUELO ENTRE QUEM MAIS CHUTA E QUEM MAIS DEFENDE
Brasil x México é o duelo entre quem mais chuta e quem faz mais defesas
O atacante Neymar e o goleiro Guillermo Ochoa lideram os quesitos na Copa do Mundo
Apesar de ser quem mais chuta, Neymar fez apenas um gol na primeira fase - Alexandre Cassiano / O Globo
POR EDUARDO ZOBARAN
/ atualizado
O confronto das oitavas de final entre Brasil e México colocará frente a frente dois líderes de estatísticas importantes. De acordo com os números oficiais da Fifa na Copa do Mundo, nenhum goleiro foi tão acionado quanto Guillermo Ochoa e ninguém foi mais incisivo na primeira fase do que o craque brasileiro Neymar. Eles se enfrentarão na segunda-feira, às 11h (de Brasília), em Samara.
Os números de Ochoa impressionam. Ele foi obrigado a fazer 17 defesas nas três partidas em que esteve em campo. Isso não impediu, no entanto, que o México sofresse cinco gols na primeira fase, três contra a Suécia. O segundo mais acionado foi o dinamarquês Kasper Schmeichel, com 14 defesas. Entre os goleiros com três partidas, o brasileiro Alisson é o segundo com menos defesa: duas. Com apenas uma defesa, só o espanhol David de Gea tem menos.
Ochoa tenta sem sucesso defender pênalti contra a Suécia - JORGE GUERRERO / AFP
Por outro lado, o México vai enfrentar o jogador que mais arrisca neste Mundial. Nos três primeiros jogos, Neymar tentou 17 finalizações, duas a mais do que o vice-líder Cristiano Ronaldo. Ele lidera também o número de chutes que acertaram o alvo. Foram oito finalizações a gol, uma a mais do que o craque português. Com 11 chutes, Philippe Coutinho é o 10º que mais finalizou.
Neymar é alvo principal de faltas
Apesar das tentativas, o camisa 10 do Brasil tem apenas um gol - o artilheiro da competição é o inglês Harry Kane, com cinco marcados e que enfrentará a Bélgica nesta quinta-feira, na última rodada do Grupo G. Pelo México, quem mais chuta é Miguel Layun, lateral que atua como volante. Ele arriscou oito vezes nos três primeiros jogos, cinco no alvo. Em todo o Mundial, ele é o 21º que mais arrisca.
Neymar lidera em outro quesito na Copa. Ele é o jogador mais derrubado por adversários. A liderança é com folga. Foram 17 assinaladas contra o atacante brasileiro. Apenas outros três jogadores receberam dez ou mais faltas na Rússia: Cristiano Ronaldo (13), o espanhol Sergio Busquets (11) e o argentino Lionel Messi (10).
O Globo quarta, 27 de junho de 2018
A HORA DA CALMA: CONTRA A SÉRVIA, BRASIL TENTA EVITAR ELIMINAÇÃO PRECOCE
A hora da calma: contra a Sérvia, Brasil tenta evitar eliminação precoce
Com tradição da seleção em jogo, Tite busca respaldar conceitos na berlinda
POR BRUNO MARINHO E IGOR SIQUEIRA, ENVIADOS ESPECIAIS
Tite comanda treino na véspera da partida contra a Sérvia - Alexandre Cassiano / Agência O Globo
MOSCOU - Passado e futuro da seleção brasileira de Tite estarão sob risco às 15h de Brasília, na capital russa. Na partida contra a Sérvia, a equipe verde-amarelo enfrentará, além de um adversário forte (com a mais alta média de altura), os percalços que fizeram deste o momento de maior questionamento na gestão do comandante gaúcho.
O empate no Estádio Spartak garante a classificação para as oitavas ao menos em segundo lugar. Os três pontos seguidos de uma boa atuação, porém, serão fundamentais para fortalecer novamente o treinador e devolver à equipe a confiança que acompanha dos favoritos. Nos dois primeiros jogos, pontos fortes da sua seleção, como o força do conjunto e o equilíbrio emocional, ratearam contra Suíça e Costa Rica e trouxeram questionamentos.
Tite tem lidado bem com o aumento de indagações a respeito de sua equipe, de pilares do time em baixa (como Paulinho e Gabriel Jesus), e aspectos de sua gestão de pessoas, como o hoje questionado rodízio de capitães. Tudo isso consequência da atuação irregular da seleção no empate com a Suíça e da perda de Douglas Costa, que mudou o panorama e guiou a vitória contra a Costa Rica. Tamanha serenidade não abafa o barulho que uma eliminação ainda na primeira fase de uma Copa do Mundo produzirá. A última vez em que isso aconteceu com a seleção foi na Copa de 1966, na Inglaterra, quando a equipe bicampeã mundial chegou à competição cercada das mais altas expectativas. Naquele ano, o Brasil ficou em terceiro, num grupo em que Portugal e Hungria se classificaram — a Bulgária ficou em quarto lugar.
Desde então, o Brasil flertou com maiores perigos de eliminação na terceira rodada em 1978 e até em 2014, mas sempre avançou. Só em 1974 e 1978 a seleção saiu da fase de grupos em segundo, atrás de Iugoslávia e Áustria, respectivamente. De 1982 em diante, foi sempre primeiro de sua chave.
Mesmo admitindo não estar tranquilo, Tite distribuiu bom humor antes do jogo mais importante de sua carreira. Na ausência de um psicólogo para ensinar ao grupo como lidar com a pressão, Tite se torna modelo de serenidade, mesmo reconhecendo riscos.
— Todas as situações são possíveis. Não descarto uma eliminação como contra o Tolima (em 2011, o Corinthians foi eliminado na pré-Libertadores pelo desconhecido time colombiano). Com uma diferença: eu já estou há dois anos com essa equipe. Quando acabou o segundo tempo contra a Costa Rica, ela me orgulhou. Porque normalmente chegamos aos 30 minutos do segundo tempo e bate o desespero, quebra-se o padrão, quer se apressar a situação. Quando tudo se manteve, pensei "nós vamos fazer, não é possível". Aquilo que eu não tinha contra o Tolima, hoje tenho com a seleção. Mas pode ser. É da vida.
Nome que Tite lançou na seleção principal, Jesus ainda não rendeu no Mundial o que o consagrou nas Eliminatórias. Por isso, o treinador testou Fernandinho em seu lugar nos últimos treinos. No fim das contas, o gaúcho manterá a escalação que iniciou a última partida, dando mais chance ao atacante do Manchester City.
O Globo terça, 26 de junho de 2018
TIME MISTO DA FRANÇA ESPERA DECOLAR NA RÚSSIA
Com Griezmann, time misto da França espera decolar na Rússia
Seleção enfrenta a Dinamarca às 11h desta terça-feira
POR CARLOS EDUARDO MANSUR, ENVIADO ESPECIAL
/ atualizado
O atacante Griezmann sorri no treino da França na segunda-feira - FRANCK FIFE / AFP
MOSCOU — Na era das redes sociais, em que cada jogador virou um veículo de comunicação de massa, manter elencos estelares concentrados numa Copa não é tarefa simples. A França, que chegou à Rússia com um elenco badalado, entre astros emergentes e jogadores estabelecidos, terá um time misto hoje, às 11h (de Brasília), contra a Dinamarca. E uma das poucas estrelas em campo, o atacante Antoine Griezmann, do Atlético de Madrid, é um retrato fiel da atual geração francesa: técnico, cobiçado, valorizado e, de tão midiático, capaz de um sobressalto que abalou o início da caminhada francesa na Rússia.
Sua transferência para o Barcelona era considerada certa. O suspense foi ganhando corpo, em especial após Griezmann decidir que seu futuro seria anunciado em um programa da TV fechada espanhola, realizado pela produtora que tem o zagueiro Piqué, do Barcelona, como sócio. Em suas redes, Griezmann divulgou que a resposta viria no documentário “La decisión”, na noite do dia 14 de junho, a 48 horas da estreia francesa.
E então foi ao ar o programa que revelava que ele ficaria no Atlético. O jogador aparecia fazendo uma tatuagem, depois de uma dissertação sobre a dificuldade da decisão. Até que chegava ao clímax.
— O que você decidiu? — pergunta o entrevistador.
— Decidi ficar.
De imediato, a imagem vai para uma cena noturna do jogador sozinho, na frente de um vazio estádio Wanda Metropolitano, vestindo roupa preta e com a cabeça coberta por capuz. A câmera gira até mostrar o letreiro da casa do Atlético de Madrid. Como num final feliz.
Na França, o corpo técnico teve que negar qualquer alteração da rotina, embora as atenções tenham se voltado para Griezmann. Jogadores como o goleiro Lloris brincaram quando perguntados sobre como reagiram ao ver o filme:
— Rimos muito.
A polêmica chegou a Piqué. Em suas extremamente ativas redes sociais, ele divulgou o programa feito por sua produtora sobre o destino do atacante francês que, a rigor, decidira dizer não ao Barcelona, o clube do defensor. Em entrevista após a estreia espanhola contra Portugal, um grande jogo que terminou 3 a 3, o zagueiro teve que responder sobre o documentário.
— Não traí o Barcelona. Não entendo a reação das pessoas. Conversei com Griezmann e ele me disse que havia uma chance de ir. Disse que iria filmar a decisão, porque seria interessante para as pessoas entenderem o que se passa na cabeça do jogador — afirmou o defensor.
Griezmann chegou ao Atlético de Madrid em 2014, logo após disputar a Copa do Mundo no Brasil. Seus 24 gols logo na primeira temporada no clube já o transformavam numa estrela internacional. Movimentação por todo o ataque, drible, capacidade de dar o último passe e, claro, os gols. Um atacante completo.
A distância da família talvez já não fosse um problema, mas em novembro de 2015 o jogador viveu momentos de angústia: estava em campo no amistoso da França contra a Alemanha, suspenso após a explosão de uma bomba nas proximidades do Stade de France. O incidente foi apenas um episódio da série de atentados que abalou Paris. Um deles, na casa de shows Bataclan, onde morreram 89 pessoas. A irmã de Griezmann estava no local e conseguiu escapar.
COBRANÇAS NA SELEÇÃO
Em campo, clube e seleção sempre foram diferentes para Griezmann. Ele funciona à perfeição no 4-4-2 de Diego Simeone, o que contribuiu para a renovação contratual até 2023, possivelmente levando a cláusula de rescisão para mais de € 100 milhões. Na seleção, muitas vezes em um ataque com três homens, parece ter dificuldade para se acomodar. Agora, sofre com cobranças na França para que seu rendimento se iguale ao do Atlético.
— Ele libertou sua mente para a Copa. É uma boa notícia — disse Didier Deschamps, técnico francês. — (Hoje) Ele pode jogar, como muitos outros. Está em boas condições.
— Na Eurocopa, a primeira fase foi assim. Aos poucos, meu nível subiu — disse o jogador.
Hoje, ele tem nova chance de deslanchar. Um empate leva a França ao primeiro lugar do grupo C. A Dinamarca precisa também de um ponto para seguir na Copa.
O Globo segunda, 25 de junho de 2018
SELEÇÃO DA 2ª RODADA TEM DOIS BRASILEIROS
Com dois brasileiros e liderada por Harry Kane, a seleção da 2ª rodada da Copa
Coutinho, James, Hazard, Modric, Kroos, Quintero e Shaqiri disputam posição entre os melhores no meio
Harry Kane comemora um de seus três gols contra o Panamá - Martin Bernetti / AF
POR THALES MACHADO, ENVIADO ESPECIAL
/ atualizado
MOSCOU - Depois de uma primeira rodada com grande destaque para os atacantes, a segunda rodada viu uma legião de bons meias se destacarem. Você consegue dizer, entre Coutinho, James, Hazard, Modric, Kroos, Quintero e Shaqiri, quem foi melhor? Foi esse o maior desafio da montagem da seleção do GLOBO da segunda rodada da Copa. Com dois representantes da seleção, que não apareceram na primeira rodada, ela foi escalada no 4-4-2 desta vez.
Goleiro: Navas (Costa Rica)
Foi no quase. Grande e solitário destaque do time que enfrentou o Brasil, o goleiro Navas, do Real Madrid, voltou a brilhar na Copa. Salvou a Costa Rica da derrota por 90 minutos, o problema foram os acréscimos: dois gols sofridos e a volta mais cedo para casa.
Lateral-direito: Wagué (Senegal)
Perigoso pelo lado direito, incomodou a defesa japonesa o jogo todo. E ainda fez o gol de desempate que quase deixa Senegal muito próximo das oitavas
Quem poderia estar no banco? Brunn (Tunísia)
Zagueiros: Stones (Inglaterra) e Lovren (Croácia)
Tá certo que a defesa que o inglês Stones faz parte conseguiu a proeza de tomar um gol do Panamá. Mas não foi muito problema: a Inglaterra fez seis e o zaguueiro fez dois. Já Lovren, da Croácia, não fez nenhum, mas foi o xerife croata no quase perfeito esquema defensivo que impediu a Argentina, e Messi de jogar.
Quem poderia estar no banco? Thiago Silva (Brasil), Milligan (Austrália)
Lateral-esquerdo: Marcelo (Brasil)
Entre os onze selecionados, a nota mais baixa é a de Marcelo. Entra porque nenhum colega da posição se destacou. Foi ele que iniciou a jogada do gol salvador de Coutinho para o Brasil.
Quem poderia estar no banco? Sabaly (Senegal)
Philippe Coutinho marcou o primeiro gol brasileiro contra a Costa Rica - Max Rossi / Reuters/22-6-2018
Meias: Xakha (Suíça), Modric (Croácia), Coutinho (Brasil) e James Rodríguez (Colômbia)
O meio campo começa com o suíço Xakha, que não só polemizou na comemoração de seu gol, mas desequilibrou o jogo contra a Sérvia a favor da sua seleção. Modric, o maestro e melhor em campo da Croácia contra a Argentina, entra não só pelo belíssimo gol.
Quem poderia estar no banco? Mooy (Austrália), Kroos (Alemanha), Quintero (Colômbia), Shaqiri (Suíça)
Atacantes: Hazard (Bélgica) e Harry Kane (Inglaterra)
Melhor time da rodada, a Bélgica, que goleou a Tunísia por 5 a 2, teve Hazard jogando mais perto de Lukaku. Deu tão certo que o meia do Chelsea roubou o lugar do colega goleador. E o ataque só não é composto pelos dois belgas porque não teve ninguém melhor que Harry Kane, o craque e capitão do time na segunda rodada. Foi contra o Panamá? Sim, mas na história ficará que o inglês fez um hat trick e chegou, na segunda rodada, a incrível marca de 5 gols, se isolando na artilharia e ultrapassando Cristiano Ronaldo e Lukaku.
Quem poderia estar no banco? Musa (Nigéria) e Lukaku (Bélgica)
COMO É FEITO?
Em todos os jogos da Copa, baseado na observação do jogo e em estatísticas de desempenho, notas são atribuídas a cada jogador de acordo com o que ele fez em campo. As notas são somadas a cada rodada, para que no final se tenha uma seleção da Copa do Mundo da Rússia.
Por enquanto, a seleção da Copa, contando as duas rodadas é: Ochoa (México), Mario Fernandes (Rússia), Lovren (Croácia), Stones (Inglaterra) e Kolarov (Sérvia); Modric (Croácia) Coutinho (Brasil) e Hazard (Bélgica); Cristiano Ronaldo (Portugal), Lukaku (Bélgica) e Harry Kane (Inglaterra)
O Globo domingo, 24 de junho de 2018
ALEMANHA TEM PROBLEMAS, MAS UMA FÉ INABALÁVEL NO SUE JEITO DE JOGAR
Análise: A Alemanha tem problemas, mas tem uma fé inabalável no seu jeito de jogar
Kroos também acreditava: no jeito de jogar do time e nele próprio
O meia alemão Toni Kroos comemora o gol da virada histórica - NELSON ALMEIDA / AFP
POR CARLOS EDUARDO MANSUR/ENVIADO ESPECIAL
SOCHI - Acreditar até o fim. O futebol se encarregou de tornar esta expressão um tanto gasta, de tanto ser usada sem que se soubesse, ao certo, em que se estava acreditando. Definitivamente, não foi o caso da Alemanha e de Toni Kroos em Sochi. Foi, sim, uma vitória alemã que tudo a ver com acreditar. No caso, sabia-se exatamente em que: no modelo, no plano, na forma de fazer futebol que a Alemanha decidiu abraçar e faz tão bem.
Kroos também acreditava: no jeito de jogar do time e nele próprio. Porque, ao intervalo, estava a 45 minutos de se tornar o vilão da eliminação mais precoce do futebol alemão desde que a Copa do Mundo ganhou uma fase de grupos, em 1950. E foi um dos condutores do time, da forma que se habituou a fazer: iniciando jogadas, passando, organizando. Até ser o mentor do lance que decidiu o jogo. Quando se aproximou da bola para cobrar a falta ao lado da área, e antes fez um gesto para Reus, estava claro que tinha um plano. E acreditava no seu chute, fundamento que ajuda a fazer dele um dos grandes meio-campistas do jogo moderno.
Mas voltemos à Alemanha. É notável que um time, sob a enorme pressão de protagonizar o pior resultado da história de um gigante do futebol, mantenha a crença de que o caminho mais curto para evitar o desastre é fazer o jogo em que acredita. Do minuto 1 ao 90, a Alemanha jogou futebol da forma que sua escola atual prega, como se cada jogador tivesse um manual de instruções embaixo do braço. Mesmo quando passou a ter um homem a menos em campo.
É possível argumentar que, no segundo tempo, havia dois homens de boa estatura na área, Muller e Mario Gomez. A formação, além de estar longe de ser inédita, não impediu que a forma de produzir jogadas ofensivas seguisse à risca o modelo de jogo. Acúmulo de jogadores no campo ofensivo, opções à frente da linha da bola, troca de passes pelo centro, sobrecarregando a defesa até a infiltração ou a virada da bola para um dos lados, aproveitando homens abertos nas pontas. Com paciência e, claro, coragem para ocupar todo o campo rival. E, diga-se, coragem até em excesso em alguns momentos. Sobre isso falaremos adiante.
Pode-se dizer, ainda, que o gol decisivo saiu de falta, nos acréscimos. Trata-se de uma grande confusão entre elaboração e finalização. Foi a fé em suas armas, naquilo que faz de melhor, que permitiu aos alemães manterem a bola nos metros finais de campo. A falta é uma consequência do volume de jogo. Mas, também, do enorme conservadorismo da Suécia.
Rudy sangrou nariz após choque com jogador da SuéciaFoto: HANNAH MCKAY / REUTERS
O momento em que Rudy levou um chute no rostoFoto: JONATHAN NACKSTRAND / AFP
Rudy foi atingido pelo sueco Toivonen Foto: JONATHAN NACKSTRAND / AFP
Rudy, com o nariz sangrando, tenta se levantarFoto: DYLAN MARTINEZ / REUTERS
O camisa 19 caiu no gramado após o chute no rostoFoto: JEWEL SAMAD / AFP
O desespero do sueco Granqvist para pedir socorro a RudyFoto: ODD ANDERSEN / AFP
Rudy usa a camisa para estancar o sangue no narizFoto: JONATHAN NACKSTRAND / AFP
A Copa do Mundo se encarrega de mostrar, de uma vez por todas, o quanto é mais difícil construir do que destruir. Ainda mais no jogo atual, físico, de linhas compactas e sistemas defensivos tão disciplinados. Mas poucos times no mundo enfrentam tão bem uma retranca quanto a Alemanha. Permitir que sua defesa seja empurrada contra o próprio gol pelos campeões do mundo custa caro. O México quase pagou na estreia, após um primeiro tempo corajoso e primoroso. A Suécia sofreu da forma mais cruel. O fato é que, em cada um dos jogos, a Alemanha jogou 45 minutos excelentes.
Mas é importante falar de seus problemas. Porque eles existem e tornam a caminhada alemã na Rússia cheia de sobressaltos. Em 2014, apesar do título mundial, houve jogos em que o sistema de jogo baseado na ocupação total do campo adversário impôs riscos sérios. O time de 2018 parece conviver pior com o problema.
Primeiro, porque a estratégia exige que se cuide muito bem da bola. Algo que a Alemanha não fez. Ontem, um erro de passe de Rudiger e outro de Kroos no primeiro tempo deram bolas preciosas à Suécia. Numa delas, saiu o gol. Qualquer time sentiria, numa transição de gerações, a falta de Lahm ou Schweinsteiger. No caso do lateral-direito, Kimmich tem sido excelente. Mas a construção precisa ser muito cuidadosa no meio-campo.
Setor que, também, precisa da difícil combinação entre técnica e vigor. Técnica para sustentar o jogo baseado em construção ofensiva e troca de passes, que exige meio-campistas de certa classe. Vigor para que, assim que a bola seja perdida e o movimento ofensivo não seja concluído, haja uma pressão sufocante pela bola. Quando não ocorre, há espaços demais atrás.
Contra a Suécia, Joachim Löw tentou amenizar o caos gerado na estreia, quando o meio-campo formado por Kroos, Khedira e Özil foi amplamente superado. Tirou os dois últimos e colocou Reus e Rudy, este último volante do Bayern de Munique. Mas Rudy saiu machucado e entrou Gündogan, outro jogador de mais dinâmica. O time ainda sofria, mas acabou penalizado mesmo por erros de passe em saídas de bola. O que não esconde um certo desequilíbrio: a quantidade de jogadores à frente da linha da bola durante a construção ofensiva da Alemanha é muito grande. Uma ousadia, com benefícios pelas opções de passe que gera; riscos pela exposição ao contragolpe.
E a Suécia, com 11 contra 10 em campo, jamais insinuou que tiraria proveito dos espaços. Nunca reteve a bola, nunca foi agressiva na marcação, limitou-se a rebater bolas e torcer pelo fim do jogo.
O fato é que a virada mantém os campeões do mundo vivos. Há um certo clichê sobre força mental alemã. Parece claro que não é folclore. Mas quando se tem um porto seguro ao qual recorrer na dificuldade, parece mais fácil acreditar. A Alemanha tem: chama-se modelo de jogo.
O Globo sexta, 22 de junho de 2018
PHILIPPE COUTINHO: O CAMISA 11 CALADO QUE SE EXPRESSA COM OS PÉS
Philippe Coutinho: O camisa 11 calado que se expressa com os pés
Meia é uma das armas do Brasil para o jogo contra a Costa Rica, nesta se
POR BRUGO MARINHO E IGOR SIQUEIRA
/ atualizado
SÃO PETERSBURGO - Philippe Coutinho está na Rússia acompanhado dos pais, dos irmãos e de Aine, sua mulher. Tem sido assim há 11 anos, desde que iniciou o namoro com a menina que viria a se transformar em esposa e mãe de sua filha. No casulo onde vivem, só há espaço para eles e meia dúzia de amigos. É com eles que verbaliza algo que dificilmente será dito diante das câmeras ou de um gravador — Neymar que o perdoe, mas ele também chegou à Copa do Mundo disposto a ser protagonista. Nesta sexta-feira, às 9h, enfrenta a Costa Rica na Arena Zenit, em São Petersburgo, em busca do segundo passo nesta direção. O golaço contra a Suíça, na estreia, foi o primeiro. Coutinho é daqueles jogadores que falam com os pés.
Aos 26 anos, Coutinho disputa seu primeiro Mundial — ficou fora da Copa de 2014, e seu estilo retraído talvez tenha colaborado para ser preterido por Luiz Felipe Scolari. De tão tímido, não possui assessoria de imprensa há tempos. Prefere vender seu peixe em campo. Impossibilitado de atuar pela esquerda, lugar cativo de Neymar, não se fez de rogado ao surgir a oportunidade de trocar o lado direito do ataque da seleção de Tite pelo meio de campo. Aceitou e passou a ser ainda mais importante para a equipe. Contra a Suíça, recebeu passes em 11 dos 18 quadrantes do campo, de acordo com as estatísticas da Fifa. Ninguém se movimentou mais do que ele.
É dentro das quatro linhas que o jogador revelado no Vasco sai da toca e hipnotiza. Nas comemorações dos gols, um traço recorrente, tanto na seleção quanto nos clubes que defende: o tímido Coutinho celebra sempre com raiva, os punhos cerrados, as veias do pescoço dilatadas, é como se extravasasse de uma só vez tudo aquilo que não se permite dizer quando não está calçando as chuteiras. Dancinhas ou homenagens não são com ele.
— Com certeza, fico bem mais à vontade jogando do que quando estou conversando com vocês — afirmou o jogador do Barcelona na entrevista coletiva da última terça-feira. — Todo gol é um momento de alegria muito grande para mim, acabo comemorando assim.
O CHUTE CERTEIRO
Outra maneira que Coutinho encontrou para se expressar foi nas tatuagens pelo corpo. Além do Mickey Mouse no abdômen, quatro delas chamam a atenção: cada naipe do baralho pintado em um dedo da mão esquerda. Sua cartada em campo, porém, é sempre a mesma. Philippe Coutinho lembra Robben, o veterano craque holandês do Bayern de Munique.
Todo mundo sabe que ele vai pegar a bola no lado esquerdo, carregá-la para o meio e chutar com o pé direito. Mesmo assim, evitar o chute certeiro é tarefa árdua para qualquer goleiro. Foram quatro finalizações contra a Suíça. Somente Neymar buscou tanto o gol na estreia quanto ele.
Esse protagonismo do jogador do Barcelona faz jus ao número que carrega nas costas na Rússia. Coutinho veste a 11, um dos números mais importantes da história da seleção brasileira e que, ironicamente, carrega muita irreverência. Foi com ele que Romário brilhou mais do que todos na conquista do tetracampeonato, em 1994, nos Estados Unidos, e que Ronaldinho Gaúcho levantou o penta, em 2002, na Ásia. Robinho também dava suas pedaladas com a 11 em 2010. Todos eles jogadores, em termos de personalidade, completamente opostos a Philippe.
A timidez vem de casa — no hotel que concentra todas as famílias dos jogadores da seleção brasileira em Sochi, seus familiares estão entre os mais discretos no saguão — e não revela nem mesmo a história já escrita.
Apesar de idolatrado pelo Vasco — é considerado o último craque revelado em São Januário —, ele se deixa levar pela timidez e tem vergonha de visitar sozinho o clube onde surgiu para o futebol.
Mas de vez em quando o clã Coutinho se permite sonhar. No jogo inaugural da Copa da Rússia, a câmera deu um close na Taça Fifa e gerou um pensamento em voz alta:
— Imagina ele segurando essa taça no final...
O Globo quinta, 21 de junho de 2018
ARGENTINA DECIDE NESTA QUINTA SUA VIDA SOB A CRUZ DE MESSI
Argentina decide nesta quinta sua vida sob a cruz de Messi
Craque é ao mesmo tempo visto como salvador e cobrado por não salvar
Lionel Messi cabeceia a bola no treino da Argentina em Bronnitsy - JUAN MABROMATA / AFP
POR CARLOS EDUARDO MANSUR/ENVIADO ESPECIAL
/ atualizado
Níjni Novgorod - A Argentina se preocupa com o aparente abatimento de Messi após o pênalti perdido contra a Islândia e tenta protegê-lo. Enquanto os números escancaram o tamanho de sua influência, o rendimento do time amplia a sensação de que ele é tudo o que a seleção tem. No entorno da equipe, convivem a crença cega de que Messi será capaz de decidir, ainda que sozinho, e a cobrança recorrente sempre que suas intervenções não resultam salvadoras. Chega o jogo com a Croácia, nesta quinta, quase uma decisão para os argentinos, sem que a seleção tenha encontrado razões diferentes de Messi para acreditar que vá seguir adiante. Seu nome está em toda parte.
O técnico Jorge Sampaoli teve que responder sobre o craque. Rakitic, companheiro no Barcelona, também. O treinador croata, Zlato Dalic, foi outro que ouviu perguntas como se estivéssemos diante de um Croácia x Messi. Deve jogar uma Argentina com até três modificações, medidas de urgência diante da falta de jogo. Uma nova escalação que talvez coloque ainda mais peso sobre Messi.
Tão caótica foi a preparação que um dado raro em seleções de elite pode ocorrer contra a Croácia: num jogo decisivo de Copa do Mundo, haverá seis titulares argentinos com, no máximo, dez partidas na carreira com a camisa do país: o goleiro Caballero (quatro), os laterais Tagliafico (cinco) e Salvio (dez) e o meia Meza (três). Confirmadas as mudanças especuladas, entram o meia Acuña (nove jogos pela seleção) e o atacante Pavón (seis).
Isso amplia o peso sobre os mais experientes, Messi entre eles. O craque, que já jogou 121 vezes pela Argentina, soma nove jogos a mais do que oito titulares juntos. Excluídos os experientes Mascherano e Aguero, todos os demais que entrarão em campo hoje somam só 112 aparições pela seleção.
O jogo com a Islândia foi a imagem de Messi assumindo todo tipo de funções. Dos 718 passes que a Argentina trocou, ele foi a origem ou o destino de 141. Ou seja, quase 20%, uma participação inferior apenas à de Mascherano, que iniciava as jogadas ao receber a bola da defesa, e do zagueiro Rojo. Um gráfico que divide o campo em 18 quadrantes mostra que Messi recebeu passes em 12 deles na estreia. Só não foi buscar a bola nos 30 metros mais próximos do gol defendido por Caballero. E foi Messi o responsável por 11 das 26 finalizações do time no jogo.
A impressão, por vezes, é de que Messi carrega uma cruz ao longo da Copa. Tudo é muito delicado. Sampaoli se move no tema Messi como se manuseasse um cristal. Ao assumir, chegou a falar a construir “um time que será muito mais de Messi do que meu”. Agora, para proteger seu craque, ataca as críticas que responsabilizam de Messi pela jejum de 25 anos sem títulos da seleção.
— Quando Messi faz gol com a camisa argentina, gritamos todos e nos sentimos parte. Quando não faz, não ganhamos, a culpa é dele. É muito cômodo para todos que apenas um jogador tenha responsabilidade. Ele é o melhor do mundo, pode mudar um jogo, mas não pode ser responsável por um fracasso — disse Sampaoli. — Messi é um prócer, como foi Maradona em sua época.
As mudanças na escalação são uma cartada ousada. Sampaoli tenta implantar o jogo em que acredita, de ocupação do campo adversário e muito ataque. Logo na partida mais difícil, com uma formação inédita e pouco tempo de trabalho. Sampaoli assumiu o cargo para os quatro últimos jogos das eliminatórias, com a seleção no desespero para se classificar. Apostou em seu modelo, depois recuou e iniciou a Copa com uma formação mais conservadora. Agora, o time terá uma linha de três defensores, alas avançados e tentativa de pressão total num time técnico, com Rakitic e Modric no meio-campo.
— Você precisa se adaptar à realidade e, aos poucos, implantar sua forma de jogar. Mais do que o sistema tático, o importante é o estilo: ficar o máximo com a bola e pressionar para recuperá-la rapidamente — disse Sampaoli.
O Globo quarta, 20 de junho de 2018
CONTRA MARROCOS, PORTUGAL A POSTA EM CR-7 PARA MONTAR NO BODE
Contra Marrocos, Portugal aposta em CR-7 para montar no ‘bode’
Após três gols na estreia, atacante volta a campo para manter boa fase – e provocar Messi
POR BERNARDO MELLO, ENVIADO ESPECIAL
/ atualizado
MOSCOU — Se quisesse (inexplicavelmente) pegar um avião agora e deixar a Rússia para trás, Cristiano Ronaldo o faria com a certeza de que sua Copa do Mundo de 2018, em apenas um jogo, já foi melhor do que as outras três que disputou. Aos 33 anos, ele tem sido mais eficiente do que nunca na seleção: a enxurrada da estreia fez com que igualasse números de três Copas. Cristiano ganhou novas qualidades ao amadurecer, tal qual se passa com um bom vinho do Douro. Mais relaxado em relação ao próprio desempenho, o craque Cristiano agora batalhará pela glória coletiva de Portugal, que busca contra Marrocos, às 9h, sua primeira vitória.
Contra a Espanha, o empate virou detalhe diante da exuberância individual do camisa 7. Três gols deixaram a torcida de queixo caído enquanto Cristiano coçava o seu, na terceira comemoração, como se imitasse um bode. Interpretar o gesto desta forma já traz embutida a vontade de enxergar uma provocação a Messi — bode, em inglês, se escreve “goat”, mesmo som do acrônimo para “melhor jogador de todos os tempos” (“greatest player of all time”, “G.O.A.T.”). Teorias à parte, as trajetórias de ambos, embora se cruzem em vários pontos, seguem tendências distintas. Messi, que começou como um “especialista” pelo lado direito, ampliou sua faixa de atuação para toda a metade ofensiva do campo, adaptando-se às necessidades do Barcelona e da seleção argentina.
Cristiano era um ponta esquerda no início da carreira, migrou gradativamente para perto do gol. Seu estilo passou a envolver atribuições mais típicas às de um centroavante, como o cabeceio, o pivô e o último toque dentro da área. Fernando Santos, técnico do craque em Portugal e também em seu início profissional no Sporting, avoca autoria do feito.
— Cristiano começou a jogar numa zona diferente comigo, não em Madri. Lembro que criou-se uma polêmica há alguns anos, quando eu disse que ele não poderia mais ser um ponta, e que deveria jogar mais centralizado — disse o treinador, na segunda-feira.
As mudanças têm feito melhor à autoestima do português em comparação ao rival argentino. Nos últimos três anos, Cristiano Ronaldo vem mantendo média de pelo menos um gol por jogo pela seleção. O time leva a bola até Cristiano, enquanto Messi tem também a responsabilidade de construir as jogadas para seus colegas.
Desde a última Copa, que representou fracasso para o português — eliminado na primeira fase — e quase glória para o argentino, derrotado só na final, a diferença entre os números é significativa. Cristiano marcou 29 gols por sua seleção desde 2015 e ajudou na conquista da Eurocopa. Messi balançou a rede 18 vezes pela Argentina e amargou três vices, um na Copa do Mundo e dois na Copa América.
Coadjuvante em sua primeira Copa, em 2010, e eliminado antes do mata-mata em 2014, ele vive seu esplendor. Depois de três gols contra a Espanha, tem o Irã, hoje, e ainda o Marrocos na primeira fase, o que o torna o principal favorito para deixar a Rússia como artilheiro do Mundial.
O Globo segunda, 18 de junho de 2018
O QUE FAZER DEPOIS DO EMPATE DA ESTREIA?
O essencial da manhã: O que fazer depois do empate na estreia
Empate mostrou problemas do Brasil, mas não é hora de mudança radical
POR O GLOBO
/ atualizado
Neymar cai no gramado no empate entre Brasil e Suíça - Alexandre Cassiano / Agência O Globo
RIO — O Brasil não teve boas atuações de seus jogadores no empate de 1 a 1 com a Suíça, mas não é hora de fazer mudanças drásticas, analisa Carlos Eduardo Mansur. Ainda mais porque, lembra ele, nenhum dos principais candidatos ao título teve estreias muito melhores que a da seleção brasileira. A campeã Alemanha perdeu de 1 a 0 do México, a Espanha só empatou, a Argentina, também, e a França, mesmo ganhando, não jogou bem contra a fraca Austrália.
O editor de Esportes, Márvio dos Anjos, escreve que houve falta, sim, no gol de Zuber, mas a verdade é que a defesa também falhou feio no lance.
Hoje tem Suécia e Coreia do Sul, às 9h, Bélgica e Panamá, ao meio-dia, e Inglaterra e Tunísia, às 15h. O próximo jogo do Brasil é contra a Costa Rica, na sexta-feira, às 9h.
O Globo terça, 12 de junho de 2018
BRUNA MARQUEZINE: ME SINTO PERSEGUIDA
Bruna Marquezine: “Me sinto perseguida”
POR MARINA CARUSO
São 18h35m. Com o cabelo preso num coque alto, batom vermelho impecável e uma hora e cinco minutos de atraso, Bruna Marquezine chega ao local da entrevista, um restaurante em Ipanema. “Precisei passar em casa para tirar a cara de quem acabou de arrancar as tranças medievais”, diz, sobre as madeixas da vilã que interpreta em “Deus salve o rei”.
Pontualidade, definitivamente, não é o forte da atriz de 22 anos. Soma-se a isso o fato de ela namorar o jogador de futebol mais caro da história e, pronto, está criado o enredo: “Era uma vez uma atriz mimada que chegava atrasada às gravações porque só pensava naquilo”. “Não importa o que eu faça, tudo é associado ao Neymar”, queixa-se Bruna. “É cruel. Disseram que eu teria de escolher entre a carreira e o namoro”. O artilheiro da seleção discorda: “Quem tem de escolher um lado sou eu. E eu escolho o seu”, escreveu ele por mensagem, à namorada. Enquanto esse dia não chega, Bruna vai driblando a saudade pelo WhatsApp e assistindo aos jogos pela TV, como fez ontem, no amistoso contra a Áustria: “Vi com minha família, em casa. Sempre fico nervosa, mas muito feliz por ele”.
O que acredita ter sido fundamental na sua formação para você ser o que é hoje?
A simplicidade do meu pai — que é marceneiro, como o pai dele — e o pulso firme da minha mãe. Sempre fui muito sonhadora e ela me trazia para o chão. Me teve cedo, aos 21 anos. Temos uma relação de amizade, mas conflituosa também. Ela cuidou muito de mim e do meu trabalho. Trabalhar em família é complicado.
Você estreou como atriz aos 5 anos. Não sente que teve a infância roubada?
Não, eu adorava o que fazia. Sinto mais falta da minha juventude do que da infância. O fato de eu esquecer diariamente que tenho só 22 anos me faz mal. Sou cobrada, vigiada e me esqueço que sou uma menina. A pressão começou aos 18, quando fiz a Lurdinha de “Salve Jorge”. Foi a primeira vez que me viram com corpo de mulher. Foi um período muito sofrido. Ainda é. Sinto falta de algo que deveria estar vivendo e não estou.
Na semana passada, você publicou uma carta resposta a um jornalista que disse que era hora de escolher se seria atriz ou namorada do Neymar. Foi você mesmo que escreveu?
Fui e me orgulho disso. Por que ninguém pergunta pro Neymar se ele vai largar a carreira? Por machismo! Peço para minha assessora de imprensa não me mandar coisas negativas ou mentirosas para que eu não queira responder e ponha mais lenha na fogueira dos outros. Mas por causa de um tweet de uma fã me defendendo acabei pegando a matéria para ler. E, como estou chegando no meu limite, decidi me posicionar. Uma matéria por mês te detonando, você aguenta. Três, quatro por semana, não dá. Me sinto perseguida.
O que sua assessora achou da resposta?
Ela disse, brincando: “Bruna, acho que uma revolução começa agora”. E é isso, comecei minha revolução. Sou uma pessoa pública. Preciso usar minha voz. No dia seguinte à carta, recebi uma mensagem do meu namorado que começava com a tal manchete: “Para que lado vai Bruna Marquezine: carreira ou namorada do Neymar?”. E seguia: “Você vai para onde houver luz, porque é uma pessoa iluminada. Não deixe que essas coisas te abalem. Quem tem que escolher um lado, sou eu e eu escolho o seu (chora)”. O texto teve uma função no meu relacionamento. Não vim de um lar feminista, nem ele. Mas o fiz enxergar algo importante, e isso me tocou.
As críticas começaram por conta dos seus atrasos às gravações da novela...
Me atrasei durante um período em que estava passando por mil coisas: problemas pessoais, campanhas publicitárias. Nem tudo é relacionado ao Neymar. Estava cansada, não me comprometi como deveria. Errei. Pedi desculpas ao meu diretor e ele entendeu. Meu vacilo era com o horário, não com o trabalho. Chegava lá com o texto decorado, as cenas na cabeça. Atrasar é horrível, cafona, deselegante. Também não queria ter me atrasado para esta entrevista, mas aconteceu. Agora, relacionar isso com o Neymar é cruel. Tudo é culpa dele? Sou mais do que isso. Minha existência nesse mundo não se resume ao meu namorado.
Como ele reage a essa pressão?
Quando ele diz que a escolha não está na minha mão, mas na dele, e garante estar do meu lado, me respeitando e respeitando meu trabalho, ele está se posicionando, me apoiando. A carreira dele tem curta duração. A minha, não. Se tiver papel para mim com 90 e poucos anos, vou fazer.
Vocês falam em casamento?
Não quero botar o carro na frente dos bois. Nosso próximo passo é morarmos juntos porque, depois de seis anos, entre idas e vindas, queremos ficar grudados. Só vai rolar quando for possível pra mim e pra ele. Todas as vezes em que terminamos e voltamos saíram as mesmas matérias: 1) “teve traição”, 2) “voltaram” 3) “noivaram” 4) “Bruna está grávida”. Já engravidei umas quatro vezes. Também já marquei vários casamentos. Me ofereceram até vestido.
É verdade que vocês rompiam porque ele queria se casar e você não?
Sou muito independente, dona da minha vida. Não suporto a ideia de precisar de autorização ou depender de alguém… Não que eu ache que o casamento significa isso. Mas é uma coisa muito doida. Evito até pensar (risos).
Pensa em carreira internacional?
O mundo está conectado. Não preciso parar o que faço aqui, para tocar um filme lá fora. O que eu quero é estudar. Aprendi tudo na prática, sem faculdade. Me sinto muito despreparada quando sento para conversar com outros atores. Sou crua demais.
Como é ser atriz brasileira com mais seguidores no Instagram (28,2 milhões)?
Faço tudo sozinha. Se algo me acontecer, não sei o que vou fazer porque ninguém tem a minha senha. Ninguém mesmo. Sou louca pelo Instagram, viciadona.
Acabou de fechar com a Puma, e o Neymar é embaixador da Nike. Isso é um problema?
Não. Eu me identifico com a Puma, e ele é patrocinado pela Nike. Somos seres individuais. Posso fechar com a marca que eu quiser.
Mas fizeram uma megacampanha de Dia dos Namorados com a C&A. Não é contraditório se são “seres individuais”?
Estamos num relacionamento mais maduro, resisti por anos, mas não tinha muito como fugir. Somos um casal, estamos sempre juntos. Por que não ganhar dinheiro juntos?
Para, depois, não dizerem que tiveram a privacidade de vocês invadida.
O fato de sermos duas pessoas públicas não dá direito de me perguntarem quantos filhos eu quero ter. Nem meus amigos perguntam isso. A gente morria de vontade de ter um ensaio lindo juntos. Neymar é supervaidoso e eu sou leonina.
Como é a Bruna madrasta?
Adoro o Davi (filho de Neymar com Carol Dantas) e, hoje, me dou bem com a mãe dele. Quando ele pede um irmão, a gente diz: “Fala com a sua mãe”. Amo criança, mas falo firme quando precisa.
E com Marina Ruy Barbosa, como é a relação?
Que bom que você tocou nisso. Gostam de dizer que somos inimigas. Mas não é verdade. A gente se conheceu muito menina e, aos 15, estudou na mesma sala. Éramos grudadas, melhores amigas. Com o trabalho e a correria da vida, nos afastamos. Quando a gente fez a preparação para “Deus salve o rei”, foi mágico. Esclarecemos questões que nem existiam mas estavam ali. Somos da mesma idade, bem-sucedidas, com carreiras parecidas. As pessoas comparam mesmo.
Por falar em “Deus salve o Rei”, é verdade que o Neymar não gosta de José Fidalgo, ator que faz seu par romântico?
Ele não gosta de ver as cenas românticas. Não é específico com o Zé. Quando a novela começou, me mandava prints, baixava na Globoplay. Aí, na primeira cena de beijo, falou: “Vou parar de assistir. Não tenho a capacidade de diferenciar. Você faz as mesmas caras de apaixonada que faz para mim”. Se é para ficar chateado, melhor não ver mesmo.
Vocês falam bastante de trabalho?
Não muito, são universos muito diferentes. Até ele entrar na minha vida, eu não sabia nada de futebol. Não sei ainda. Quando acerto impedimento ou escanteio, me sinto em Harvard, uma gênia. Já disse que só entendo se o Neymar cai ou faz gol (risos). Outro dia desses, ele falou: “Amor, vou jantar na casa do Fulaninho…”
Fulaninho?
É, não vou dar o nome, para não ser indelicada. Aí, eu falei: “Legal, bom jantar, mas eu não faço ideia de quem seja o Fulaninho”. E ele: “Amor, joga comigo na seleção”. E eu: “Mas eu não sei quem é”. E ele: “Bruna, você fez o álbum da seleção, ele tá lá no seu álbum”. E eu: “Ai, meu Deus, não decorei a cara dele!” Vou ter que decorar os nomes e as caras com o álbum. Só decorando mesmo.
Afinal, você vai para os jogos?
Não vou conseguir ir no primeiro jogo. Recebi o roteiro da novela e tenho muitas cenas. Talvez consiga ir no segundo, dia 22. Mas, se conseguir, terei que ficar dois dias e voltar. Já fiz pior. Quando Neymar jogava no Barcelona, fui até lá para ficar só 24 horas e voltei. Se isso não é amor...
O Globo domingo, 29 de abril de 2018
AGILDO RIBEIRO - AOS 86 ANOS, MORRE O HUMORISTA AGILDO RIBEIRO
AOS 86 ANOS, MORRE O HUMORISTA AGILDO RIBEIRO
Ator estava afastado da TV desde 2016, quando fez "Zorra total"
O comediante Agildo Ribeiro, que vai ser homenageado por prêmio de humor criado por Fábio Porchat - Ana Branco / Agência O Globo
RIO - O humorista Agildo Ribeiro morreu em sua casa, no Rio de Janeiro, neste sábado, informa o colunista Ancelmo Gois, em razão de problemas cardíacos. Nascido em 26 de abril de 1932 (havia completado 86 anos na última quinta-feira), o ator foi um dos comediantes de maior sucesso no país.
Filho de um tenente comunista que se desesperou ao vê-lo trocar o Colégio Militar pelo humorismo, Agildo Ribeiro não podia fugir à sua vocação. Para um artista que dizia “carregar uma claque ambulante” consigo mesmo, fazer rir é um compromisso para a vida toda. Que o ator e comediante cumpriu até o fim, mesmo afastado dos palcos e da televisão desde 2016.
— Nas ruas, me chamam de rei da comédia, de gênio, andam atrás de mim pedindo que eu conte piada, faça imitações do Maluf, faça caretas, riem de tudo o que eu falo. É sempre assim — disse o humorista, em entrevista ao GLOBO em março deste ano, quando foi o grande homenageado pelo Prêmio do Humor, promovido por Fábio Porchat.
Rei dos bordões e dos personagens marcantes, Agildo ingressou no elenco de programas pioneiros da TV Globo em 1965 e logo se tornou um dos comediantes mais populares do país a partir dos anos 1970, ganhando a alcunha, merecida, de “capitão do riso".
O humorista Agildo Ribeiro conquistou o público como o professor de mitologia apaixonado por Bruna Lombardi, em um dos quadros do programa "Planeta dos Homens", na TV GloboFoto: Reprodução
Em dos primeiros papeis, ainda na TV TupiFoto: Reprodução
Programa Satiricon, com Jô Soares, Agildo Ribeiro, Zé Vasconcelos e Renato Corte Real, em agosto de 1973Foto: Divulgação/ TV Globo/ Antônio Nery
Programa "A Festa é Nossa", com Agildo Ribeiro e Lúcio Mauro, em fevereiro de 1983Foto: Arquivo O Globo
Agildo Ribeiro em um dos seus papeis femininosFoto: Divulgação
Cena de Agildo Ribeiro, Arlete Salles, Maria Gladys e Luís Salém em "A lua me disse", novela de 2005. Foto: Renato Rocha Miranda / Divulgação / TV Globo/ Renato Rocha Miranda
Agildo na gravação do filme "Casa da Mãe Joana", com José Wilker e Agildo Ribeiro, em abril de 2006Foto: Salvador Scofano / Salvador Scofano
Participação especial de Agildo Ribeiro no último 'Casseta e Planeta, urgente!', em dezembro de 2010Foto: Divulgação TV Globo / Blenda Gomes / Divulgação / TV Globo / Blenda Gomes
Agildo Ribeiro e Elizabeth Savalla, contracenando na novela "De Quina pra Lua", em outubro de 1985Foto: Adir Mera / Adir Mera / Agência O Globo
Há 45 anos, Agildo Ribeiro contracenava com o ratinho Topo GiggioFoto: Gustavo Stephan / Gustavo Stephan/ 28.08.2010
Agildo Ribeiro vestido como Chacrinha, em fevereiro de 1983Foto: C. Leonan / C. Leonan
Encontro de humoristas Agildo Ribeiro e Chico Anysio Foto: Carlos Ivan / Carlos Ivan
Fábio Porchat e Agildo Ribeiro na homenagem do Prêmio do Humor, em março de 2018Foto: Marcos Ramos / Agência O Globo
O sucesso com o público, porém, começara muito antes. Ainda no Colégio Militar, Agildo juntava os alunos para assistir a suas imitações dos professores. Aconselhado a sair da escola, foi parar no teatro. Depois que fez as primeiras peças como bailarino de teatro de revista, uma dúzia de bons papéis no cinema, teatro e televisão. Era, como ele mesmo dizia, “magrinho, arrumadinho, bem bonitinho”.
— Sou muito observador, tenho um ouvido incrível. Tenho mania de imitar os outros e a imitação é o caminho inicial para fazer um tipo — observou ele, sobre o seu talento natural para o site Memória Globo.
A estreia na TV Globo foi no seriado “TNT”, em 1965, no qual interpretava um repórter que narrava a história de três jovens modelos, Tânia (Vera Barreto Leite), Nara (Márcia de Windsor) e Tetê (Thais Muiniz Portinho). Nos anos 1960 e 1970, fez grande sucesso contracenando com o ratinho Topo Gigio e, logo em seguida, pegou o auge dos programas humorísticos de TV. Sua presença era sempre um diferencial em atrações como “Planeta dos Homens”, “Chico City” e “A Escolinha do Professor Raimundo”.
‘Agildo era uma metralhadora também no palco, as pessoas na plateia literalmente passavam mal de tanto rir.’
- FÁBIO PORCHATComediante
Nos esquetes, Agildo dava um toque todo pessoal a personagens escritos por nomes como Max Nunes, Jô Soares, Gugu Olimecha. E era mestre em popularizar bordões. Difícil encontrar quem não conhecesse, na época, o “para com isso, sua múmia paralítica” do professor de Mitologia Aquiles Arquelau (um acadêmico obcecado pela atriz Bruna Lombardi, que sempre descambava para alguma descrição erótica ao explicar um conceito). Outros de seus bordões que caíram na boca do povo foram “Coisa horrorosa!” e “Posso esclarecer?”.
Casado três vezes (com a comediante Consuelo Leandro, a atriz Marília Pera e a bailarina Didi Ribeiro), fez parte de uma geração de ouro do humorismo na TV, junto com Costinha, Golias, Dercy Gonçalves, José Vasconcelos, Chacrinha, Paulo Silvino, Chico Anysio, Lúcio Mauro e Jô Soares. Os que sobreviveram estavam, assim como Agildo, longe das telinhas.
O comediante estava sem papel fixo na TV desde a sua última passagem pelo humorístico “Zorra Total”, em 2016. Mas, no último dia 17, fez uma participação especial no “Tá no ar”. Um mês antes, ele comentou sobre o seu afastamento na entrevista ao GLOBO:
— Sabe o que eu queria? Queria que alguém, algum desses novos humoristas, me imitasse num programa da TV. Pelo menos seria uma chance de me ver na TV outra vez.
— Quando eu era garoto, via tudo que ele fazia — comentou Hélio de La Peña, do Casseta & Planeta.
Fábio Porchat e Agildo Ribeiro na homenagem do Prêmio do Humor 2018 - Marcos Ramos / Agência O Globo
— Fico feliz de ter conseguido homenageá-lo no Prêmio do Humor — disse Porchat. — Eu brincava que ele era muito “versátil” porque contracenou com a Rogéria e com o Topo Gigio. Ele era uma metralhadora também no palco, as pessoas na plateia literalmente passavam mal de tanto rir.
Além da televisão, Agildo também atuou no teatro. Foi João Grilo, um dos principais personagens da dramaturgia brasileira, na montagem de “O Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna.
No cinema, teve como últimos trabalhos os filmes “O homem do ano” (2003) e “Casa da Mãe Joana” (2008).
O corpo do ator está sendo velado neste domingo na capela 1 do Memorial do Carmo, no Caju, das 10h às 14h. A cremação está prevista para 15h.
O Globo domingo, 22 de abril de 2018
MORRE AOS 80 ANOS O CINEASTA NELSON PEREIRA DOS SANTOS
Morre aos 89 anos o cineasta Nelson Pereira dos Santos
Diretor estava com câncer no fígado, descoberto após internação devido a pneumonia
O cineasta Nelson Pereira dos Santos - Camilla Maia / Infoglobo
RIO — Morreu aos 89 anos o diretor de cinema Nelson Pereira dos Santos, um dos precursores do Cinema Novo. O cineasta estava internado desde a quarta-feira, dia 12, com uma pneumonia, no hospital Samaritano. Na internação foi constatado um tumor no fígado, já em estágio avançado, que causou a morte do diretor.
O corpo será velado na Academia Brasileira de Letras (ABL). Nelson faria 90 anos em outubro. Ele deixa a mulher Ivelise Ferreira, quatro filhos e cinco netos.
TRAJETÓRIA
Em 1955, Nelson levou as telas em "Rio 40 graus" a canção-denúncia de Zé Ketti “O morro não tem vez". E, até então, o morro realmente não tinha vez no cinema brasileiro — ao menos não com aquela crueza poética (ou poesia crua), num olhar influenciado pelo neorrealismo italiano.
Por trás da obra que fundou muitas das bases do que viria nos anos (e décadas) seguintes, sobretudo o Cinema Novo, estava o diretor estreante Nelson Pereira dos Santos, aos 27 anos — antes, ele havia feito apenas o curta-metragem “Juventude” e a assistência de direção em “O saci”.
SC Rio de Janeiro (RJ) 29/07/2008 A história do troféu Kikito, do Festival de Cinema de Gramado - Nelson Pereira dos Santos e o seu. Foto Mônica Imbuzeiro / Agência O Globo Foto: Mônica Imbuzeiro / Agência O Globo
Filmografia
Em entrevista dada ao GLOBO em 1998, Nelson Pereira dos Santos comentou seus clássicos mais marcantes. O cineasta morreu neste sábado, de câncer no fígado, descoberto tardiamente após internação devido a pneumonia. Veja o que ele falou sobre sua obra.
Era só o começo da trajetória daquele que se tornaria um dos maiores cineastas do país, um diretor que buscou ler e desenhar o Brasil em cada um de seus trabalhos — até o último, o documentário “A luz de Tom” (2012), sobre o maestro Tom Jobim.
— O Nelson era tudo. Inventou um cinema que só poderia ser feito no Brasil — definiu Cacá Diegues. — É uma perda irreparável. Ele morreu, mas a obra está aí, e deve ser vista.
Em entrevista ao GLOBO em 1998, Nelson falou de seu desejo, herdado dos modernistas, de tentar lançar luz sobre o Brasil — e de como bebeu em outros criadores e intérpretes do país para fazer isso. Ele se referia a nomes como Graciliano Ramos (ele levou às telas “Vidas secas” e “Memórias do cárcere”), Machado de Assis (“Azylo muito louco”), Jorge Amado (“Tenda dos milagres” e “Jubiabá”), Guimarães Rosa (“A terceira margem do rio”), Nelson Rodrigues (“Boca de ouro”), Gilberto Freyre (a série “Casa grande & senzala”) e Castro Alves (“Guerra e liberdade”).
— Sou de uma geração formada por esses escritores e outros artistas do modernismo. Uma geração que cresceu com Oswald, Graciliano, Di Cavalcanti, Villa-Lobos. Para construir um país só faltava o cinema — disse Nelson.
PRIMEIRO CINEASTA A ENTRAR NA ABL
A relação com cinema vem da infância. A mãe o levava às matinês do Cine Teatro Colombo, em São Paulo (onde nasceu, em 22 de outubro de 1928). Ali, ele passava a tarde vendo longas-metragens, seriados e desenhos animados.
Nos anos 1940, na escola, aproximou-se do comunismo e tomou contato com o neorrealismo italiano, que chegava ao Brasil em filmes de cineastas como Roberto Rossellini e Luchino Visconti.
Nelson chegou a se formar em Direito na USP, em 1953 — mas já saiu da universidade sabendo que seria cineasta. Foi nessa época que decidiu mudar-se para o Rio. Ainda em São Paulo, atuou também como jornalista, profissão que manteve no Rio em veículos como “Jornal do Brasil”.
A estreia com “Rio 40 graus” — filme feito com câmera emprestada pelo pioneiro do cinema brasileiro Humberto Mauro — foi celebrada, mas também gerou reações do governo, e a obra chegou a ser proibida. Ele seguiria, porém, a trilha que abrira. Dois anos depois, em 1957, fez “Rio, Zona Norte”.
Filmando documentários sobre a seca do Nordeste, Nelson pensou em fazer um filme sobre aquela realidade. Percebeu que a história que queria estava pronta, no livro “Vidas secas”, que lançaria em 1963. Antes de conseguir realizar o filme, já dentro das propostas do Cinema Novo, mergulhou no universo rodriguiano de “Boca de ouro” (1962).
Nos anos seguintes, Nelson embarcaria nas viagens alegóricas da contracultura (“Fome de amor”, “Quem é Beta?”), na comédia carioca (“El justicero”), nos cinemas históricos (“Como era gostoso meu francês”) e urbano (“Amuleto de Ogum”). Com “A terceira margem do Rio”, de 1994, ele se fez presente na chamada “retomada”. O universo de escândalos políticos do período pós-redemocratização não escapou de seu olhar — ele os retratou, em 2006, em “Brasília 18%”, que faz no título uma referência à baixa umidade da cidade.
— Não que seja uma relação determinista, de que Brasília é daquele jeito por causa das condições geográficas. Mas o clima seco e a poeira combinam bem com o que acontece por lá — disse Nelson ao GLOBO na época do lançamento.
O cineasta foi professor fundador do curso de cinema da Universidade de Brasília (o primeiro do Brasil) e também lecionou na UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles) e na Universidade de Columbia, em Nova York. Desde 2006, era membro da Academia Brasileira de Letras — o primeiro cineasta a ocupar a posição.
O Globo terça, 17 de abril de 2018
MORRE, AOS 97 ANOS, DONA IVONE LARA, ÍCONE DO SAMBA
RIO - Baluarte do samba, cantora e compositora, Dona Ivone Lara morreu na noite desta segunda-feira, na Coordenação de Emergência Regional (CER) Leblon, Zona Sul do Rio. Ela sofreu uma parada cardiorrespiratória. A sambista estava internada desde a última sexta-feira — dia em que completou 97 anos — quando deu entrada com quadro de anemia, e estava no Centro de Terapia Intensiva (CTI). Na tarde desta segunda-feira, o quadro de saúde piorou. Em agosto de 2017, a sambista esteve internada no mesmo hospital, com crise de hipoglicemia.
A sambista será velada nesta terça-feira na quadra do Império Serrano, em Madureira, na Zona Norte do Rio. O sepultamento será no cemitério de Inhaúma, na tarde desta terça.
Filho de Dona Ivone Lara, Alfredo Lara, na porta de unidade hospitalar na madrugada desta terça-feira.
- Marcio Alves / Agência O Globo
No início da madrugada desta terça-feira, parentes da sambista ainda estavam no hospital. Um deles era o filho de Dona Ivone Lara, Alfredo Lara da Costa, de 67 anos. Abalado com a partida da mãe, ele fez questão de ressaltar o legado deixado por ela.
— Minha mãe foi uma mulher valente e corajosa. Nos passou muita coisa boa e, graças a Deus, deixou uma obra maravilhosa. Todos gostavam dela - disse Alfredo, que, emocionado, acrescentou: - Ela viveu muito bem. No princípio, a vida da minha mãe foi sacrifício. Mas tinha a música, era o que mais gostava. Ela foi muito feliz. Eu tenho muito orgulho. A família está sofrendo muito. Mas ela ela foi com uma certa idade. Faz muita falta. Mas só fez o bem. O legado dela fica para sempre.
'ENSINOU MUITO A TODOS NÓS'
A nora de Dona Ivone Lara também estava no local. Eliana Lara Martins da Costa, de 67 anos, contou que conhece dona Ivone Lara desde sua juventude e que a considerava uma mãe.
— Eu tive não uma sogra, mas uma outra mãe, junto com a minha biológica. Sempre foi muito minha amiga. Estou muito triste. Era o doce da família. Uma pessoa gentil, não tinha defeitos. Ensinou muito a todos nós, principalmente as crianças, que hoje já estão crescidas. São apaixonados por ela. Não sei como vai ser, porque os netos eram a coisa mais querida para ela — lamentou a nora da sambista.
Nascida em Botafogo no dia 13 de abril de 1921, Ivonne Lara da Costa demonstrava um talento excepcional desde a infância, a facilidade na composição. Filha de mãe cantora, pai violonista e com um tio cavaquinista — era na casa dele onde assistia às rodas de samba e choro.
Aos 12 anos, ela compôs sua primeira canção, o samba de partido-alto "Tié, Tiê". A inspiração veio a partir de um presente dado pelos rimos e futuros parceiros, Hélio e Fuleiro, um pássaro "Tiê-sangue". Durante a adolescência, teve como professores de música erudita Zaíra de Oliveira, esposa do compositor Donga, e Lucília Villa-Lobos, casada com o maestro Heitor Villa-Lobos.
Aos 17, Ivonne começou a estudar na Escola de Enfermagem Alfredo Pinto e passou a trabalhar como plantonista de emergência. Embora tenha dedicado sua vida adulta à área da saúde, reservava as horas vagas para participar das típicas rodas de choro organizadas na casa do tio, Dionísio Bento da Silva, que tocava violão de sete cordas e fazia parte de grupo de chorões que reunia nomes como Pixinguinha, Donga e Jacob do Bandolim.
Aos 25, foi contratada pelo Instituto de Psiquiatria do Engenho de Dentro, onde permanece por 37 anos até se aposentar. Especializada em terapia ocupacional, Ivonne trabalhou no Serviço Nacional de Doenças Mentais com a doutora Nise da Silveira, médica que revolucionou o tratamento psiquiátrico no Brasil.
PRIMEIRA MULHER NA ALA DE COMPOSITORES
Dona Ivone Lara em dezembro de 2015 - Divulgação
Ainda aos 25, casou-se com Oscar Costa, filho do fundador da escola de samba Prazer da Serrinha. Sempre priorizando o trabalho de enfermeira, mas com um pé na música, programava suas férias em fevereiro para participar dos desfiles de Carnaval.
Com o fim da escola Prazer da Serrinha, começa a frequentar a escola de samba Império Serrano. Compõs alguns sambas e partidos-altos para a agremiação — que eram mostrados aos outros sambistas pelo primo Fuleiro, como se fossem dele — já que o preconceito não abria espaço para mulheres compositoras.
Apesar das desavenças, Dona Ivone foi a primeira mulher a integrar a ala dos compositores de uma escola de samba. Em 1965, a mais nova integrante da Ala dos Compositores do Império Serrano compôs, com Silas de Oliveira e Bacalhau, o clássico samba-enredo "Os Cinco Bailes Tradicionais da História do Rio".
O envolvimento cada vez maior com a agremiação rendeu-lhe, entre outras alegrias, a convivência com Mestre Aniceto do Império, Mano Décio da Viola e Silas de Oliveira, que mais tarde seriam seus parceiros em algumas canções.
PRIMEIRO DISCO EM 1978
Somente aos 56 anos de idade, Ivone passou a dedicar-se exclusivamente à música, lançando em 1978 seu primeiro disco, "Samba Minha Verdade, Samba Minha Raiz", produzido por Sargenteli e Adelson Alves.
Mesmo tendo assumido a carreira musical tardiamente, nas décadas seguintes consagrou-se como grande compositora com músicas gravadas por Clara Nunes, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Beth Carvalho e Marisa Monte. Entre seus maiores sucessos estão “Sonho meu”, "Acreditar" e "Alguém me avisou".
Em 2002, Dona Ivone Lara foi a grande homenageada do prêmio Shell e, em 2012, escolhida como tema do enredo do Império Serrano. Ao longo da carreira, compôs mais de 300 canções e gravou cerca de 20 discos.
Dona Ivone Lara deixa três netos, nora e o filho caçula. Seu primogênito, Odir, morreu na década de 70. Em 1975, o marido da sambista não resistiu após um acidente de carro.
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Para recordar, Sonho Meu, amba de Dona Ivone Lara, que o interpreta com Clementina de Jesus:
O Globo segunda, 16 de abril de 2018
YAGO PIKACHU GARANTIU A VITÓRIA DO VASCO SOBRE O ATLÉTICO
Yago Pikachu, o lateral artilheiro que garantiu a vitória do Vasco
Jogador já balançou as redes oito vezes nesta temporada
POR O GLOBO
/ atualizado
Yago Pikachu comemora o gol da vitória do Vasco sobre o Atlético-MG - Márcio Alves / Agência O Globo
Nos tempos de Paysandu, clube que o revelou, era comum Yago Pikachu aparecer em listas de principais goleadores. A atual temporada, porém, é a primeira em que o lateral-direito curte uma de artilheiro desde que chegou ao Vasco, em 2016.
Com o pênalti convertido neste domingo, que garantiu a vitória de 2 a 1 sobre o Atlético-MG, já são oito gols marcados no ano — Andrés Rios, o segundo na estatística, tem cinco, enquanto os jovens Evander e Paulinho somam quatro tentos cada. Logo após garantir a virada, contudo, Pikachu preferiu a humildade e exaltou o trabalho coletivo do time.
— Merecemos a vitória pelo que fizemos em campo. Acho que é o quinto jogo que conseguimos ganhar nos acréscimos. E contra a gente o Victor sempre vai bem — disse ele, referindo-se ao goleiro rival.
O desempenho da equipe também foi motivo de elogios de Zé Ricardo. Feliz com a virada, o técnico explicou parte das mudanças táticas que adotou para buscar o resultado:
— No segundo tempo, tentamos adiantar o Wellington. Depois usamos o Thiago Galhardo, que tem jogo interessante para fazer algumas combinações. Deu certo — disse ele, que aprovou a entrada de Rildo: — Sua característica é fundamental para o futebol.
O Vasco volta a campo pelo Campeonato Brasileiro no domingo, contra a Chapecoense, em Santa Catarina. Antes, porém, o time viaja a Argentina para enfrentar o Racing, quinta-feira, pela Libertadores
O Globo segunda, 16 de abril de 2018
MTST OCUPA TRIPLEX NO GUARUJÁ QUE LEVOU LULA À PRISÃO
MTST ocupa tríplex no Guarujá que levou Lula à prisão
Grupo estendeu faixas na fachada do imóvel na Praia das Astúrias
POR DIMITRIUS DANTAS
/ atualizado
Manifestantes estenderam faixas de apoio à Lula no tríplex - Reprodução / Reprodução
SÃO PAULO — O tríplex no Guarujá que causou a condenação e prisão do ex-presidente Lula foi ocupado na manhã desta segunda-feira por um grupo de manifestantes da Frente Povo Sem Medo, da qual faz parte o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto(MTST).
O grupo estendeu faixas com os dizeres "Povo Sem Medo", "Se é do Lula, é nosso" e "Se não é, por que prendeu?".
A ocupação foi anunciada no twitter pelo presidenciável Guilherme Boulos, líder do MTST e pré-candidato pelo Psol.
— MTST e a Povo Sem Medo acabam de ocupar o triplex do Guarujá, atribuído a Lula por Moro. Se é do Lula, o povo poderá ficar. Se não é, por que então ele está preso? — escreveu.
O Globo quinta, 05 de abril de 2018
ENTENDA O QUE PODE ACONTECER COM LULA APÓS STF NEGAR HABEAS CORPUS
E agora, Lula? Entenda o que pode acontecer com o ex-presidente após STF negar habeas corpus
Determinação do início do cumprimento da pena cabe ao juiz Sergio Moro
POR O GLOBO
/ atualizado
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - Marcos Alves / Agência O Globo / 28-3-18
RIO — O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou mais perto da prisão depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) negou, por 6 votos a 5, o habeas corpus preventivoapresentado por sua defesa. Em janeiro, Lula foi condenado a 12 anos e um mês de prisão por desembargadores do Tribunal Regional da 4ª Região (TRF-4) pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex no Guarujá (SP). Terminado o julgamento no STF, Lula ainda terá uma última possibilidade de recurso no TRF-4, chamado de embargo do embargo. A defesa do petista tem até a próxima segunda-feira para recorrer, mas este tipo de medida raramente é aceita pelos desembargadores. Antes disso, no entanto, o juiz Sérgio Moro pode decretar a prisão.
Com o habeas corpus negado, Lula pode ser preso imediatamente?
Sim. Essa decisão caberá ao juiz Sergio Moro, responsável pela Lava-Jato em Curitiba. Ele, que condenou o petista no caso do tríplex do Guarujá, tem a prerrogativa de decretar a prisão. O magistrado terá que decidir se expede o mandado de prisão imediatamente ou se aguarda o julgamento do embargo do embargo. Esse é o último recurso à segunda instância, no caso o Tribunal Regional Federal da 4ª Região(TRF-4), e geralmente é considerado apenas protelatório.
Por que Lula ainda não foi preso se ele já foi condenado em segunda instância?
Faltava concluir o julgamento do habeas corpus pelo Supremo Tribunal Federal. Ele tinha sido suspenso, no último dia 22, a pedido dos ministros Marco Aurélio Mello e Ricardo Lewandowski. Eles tiveram que se retirar antes do final da sessão, devido a compromissos pessoais. O STF então concedeu uma liminar para que o ex-presidente não fosse obrigado a cumprir a pena antes da decisão do tribunal. Como o Supremo emendou o feriado de Páscoa, o julgamento só foi retomado na quarta-feira.
O petista ainda pode recorrer a outras instâncias do Judiciário?
Pode, mas não para evitar a prisão neste momento. A defesa pode apresentar um recurso especial ao Superior Tribunal de Justiça, para apontar decisões ou atos do processo que violariam princípios como o da ampla defesa. No STJ, o ministro Félix Fischer, relator da Operação Lava-Jato, examinaria o eventual recurso, caso fosse protocolado. Se eventual pedido for negado, a defesa poderia voltar a apelar para o Supremo Tribunal Federal, em busca de um novo recurso.
O Supremo ainda pode rever a prisão após decisão em segunda instância?
Sim. Além do habeas corpus de Lula, há duas ações declaratórias de constitucionalidade (ADCs) que tratam do tema de forma genérica, sem abordar um caso específico. A presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, tem resistido a marcar a data de julgamento dessas ações. Se isso ocorrer, é possível que haja mudança no entendimento da Corte, seja para permitir a execução da pena somente após o trânsito em julgado (quando esgotados todos os recursos), seja para autorizá-la somente depois de análise do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que funcionaria como uma terceira instância.
Lula ainda poderá concorrer à Presidência da República?
Em tese sim, mas provavelmente não. Pela Lei da Ficha Limpa, uma condenação de um órgão colegiado, como o TRF-4, torna o candidato inelegível. Mas ainda há recursos que podem permitir uma candidatura. Mesmo que a condenação seja mantida pelo TRF-4, o ex-presidente pode recorrer ao STJ e ao STF para tentar obter uma liminar e manter a candidatura. Nesse caso, o desfecho vai depender do juiz que analisar o caso. O prazo final para registro de candidaturas é 15 de agosto.
Lula pode registrar a candidatura enquanto couber recurso?
Sim. Mesmo que Lula esteja inelegível pela Lei da Ficha Limpa, por ter sido condenado por órgão colegiado, no caso o TRF-4, isso não o impede de solicitar o registro de candidatura em agosto. A Lei Eleitoral diz que, com a solicitação feita, o candidato está autorizado a realizar atos de campanha até a decisão definitiva sobre o pedido de registro pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Caso seja preso, Lula também poderá registrar a sua candidatura e aguardar o TSE.
Podemos, então, ter uma campanha de Lula mesmo com ele preso?
Sim, mas é bastante improvável. Nessa hipótese, Lula estaria discutindo sua elegibilidade na Justiça Eleitoral. A Lei Eleitoral estabelece, porém, que os partidos políticos têm até 20 dias antes das eleições para substituir as suas candidaturas. Caso o TSE negue o registro da candidatura, o PT teria que substituí-lo até o dia 17 de setembro. Caso a eventual impugnação saísse depois das eleições, e Lula fosse eleito, haveria um debate jurídico se ele poderia ou não assumir a Presidência da República.
O Globo domingo, 01 de abril de 2018
AMIGOS DE TEMER SÃO SOLTOS, APÓS DECISÃO DE BARROSO
Amigos de Temer são soltos em São Paulo após decisão de Barroso
Os nove presos alvos da Operação Skala deixaram a sede da PF
POR GUSTAVO SCHIMITT
/ atualizado
O advogado José Yunes foi o primeiro a ser liberado - Gustavo Schmitt
SÃO PAULO - Poucas horas depois de o ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso revogar as prisões temporárias da Operação Skala, os presos deixaram a carceragem da Polícia Federal de São Paulo no final da noite deste sábado. Entre os que foram soltos estavam dois amigos do presidente Michel Temer — o advogado José Yunes, ex-assessor especial da Presidência da República, e João Baptista Lima Filho, ex-coronel da Polícia Militar de São Paulo, além do ex-ministro Wagner Rossi.
Temer é investigado neste caso, cujo inquérito apura se o presidente, por meio de decreto, beneficiou empresas do setor portuário de Santos em troca de suposto recebimento de propina. Nove presos estavam na sede da PF em São Paulo desde quinta-feira, quando foi deflagrada a operação.
O ex-ministro Wagner Rossi saindo da sede da Polícia Federal - Gustavo Schimitt
Dentre os acusados, o ex-ministro Wagner Rossi foi o único que falou rapidamente com a imprensa. Como já havia feito ao ser preso, Rossi voltou a negar qualquer relação com as irregularidades apontadas pela PF.
— Eu só queria falar o que já havia dito na entrada, que não tenho nada a ver com esse caso — disse Rossi. Ex-deputado federal, Rossi foi diretor-presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo, estatal administradora do porto de Santos, entre 1999 e 2000. Ele é pai de Baleia Rossi, líder do MDB na Câmara.
Entre os presos, Yunes foi o primeiro a sair. Ao ser indagado pelos jornalistas se gostaria de comentar as acusações, Yunes apenas deu um sorriso de canto de boca. Um dos principais aliados de Temer, Yunes é apontado pelo operador Lúcio Funaro, delator na Lava Jato, como um dos responsáveis por administrar propinas supostamente pagas ao presidente.
Para agilizar a volta para casa, os presos abriram mão de fazer o exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML). As prisões dos alvos da operação eram temporárias (de apenas cinco dias) e terminariam na segunda-feira. No entanto, a Procuradora Geral da República, Raquel Dodge, enviou a Barroso, ainda neste sábado, um pedido para que os mandados de prisão fossem revogados. Dodge pediu a revogação das prisões com o argumento de que as medidas já haviam cumprido o seu objetivo legal: ouvir os investigados e fazer buscas em endereços ligados a eles.
O Globo quinta, 29 de março de 2018
POLÍCIA FEDERAL PRENDE AMIGOS DE TEMER
Ex-assessor de Temer, José Yunes é preso pela Polícia Federal
Barroso também determina prisão de Wagner Rossi, Antonio Celso Grecco e coronel Lima
POR AGUIRRE TALENTO / MATEUS COUTINHO
/ atualizado
José Yunes, ex-assessor do presidente Temer - Divulgação/ YCB
BRASÍLIA — O advogado José Yunes, amigo e ex-assessor do presidente Michel Temer, foi preso nesta quinta-feira, em São Paulo, pela Polícia Federal. Também foram presos o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi, o dono da empresa Rodrimar, Antonio Celso Grecco, e o coronel reformado da Polícia Militar João Baptista Lima Filho. As prisões foram determinadas pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), em decorrência do inquérito que apura irregularidades no decreto presidencial sobre o setor portuário. Os pedidos de prisão foram feitos pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
As prisões são temporárias, ou seja, com prazo de cinco dias. Por volta das 8h, Yunes seguia para a sede da Superintendência da Polícia Federal em São Paulo, no bairro da Lapa. Wagner Rossi foi detido em Ribeirão Preto, e Antonio Celso Grecco, em Monte Alegre do Sul, no interior de São Paulo. O empresário está a caminho da capital paulista, onde ficará detido na carceragem da PF.
Por meio de nota, o advogado José Luis de Oliveira Lima, que defende Yunes afirmou que a prisão de do advogado é “inaceitável” e que seu cliente compareceu espontaneamente para depor nas investigações. “Essa prisão ilegal é uma violência contra José Yunes e contra a cidadania”, diz o texto.
No começo do mês, Barroso já havia determinado a quebra dos sigilos bancários de Temer e Yunes no âmbito da investigação do decreto dos portos. Além dos dois, também foram alvo da medida o ex-assessor especial da Presidência Rodrigo Rocha Loures, flagrado com uma mala de dinheiro dada pelo grupo J&F. A decisão também quebrou os sigilios do coronel João Baptista Lima Filho, amigo de Temer, de Antônio Celso Grecco e de Ricardo Mesquita, diretor do grupo Rodrimar.
AMIGO DE TEMER DESDE 1960
O último encontro de Yunes e Temer ocorreu na última segunda-feira. Fora da agenda, o presidente jantou com o amigo em São Paulo, como revelou o colunista Lauro Jardim.
Amigo de Temer desde a época da faculdade, nos anos 1960, Yunes foi assessor especial da Presidência até dezembro de 2016, quando pediu demissão do cargo após ter sido citado na delação do ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho. O delator disse aos investigadores que Yunes recebeu dinheiro em espécie em seu escritório em São Paulo.
Em sua delação premiada, o doleiro Lúcio Bolonha Funaro, operador financeiro do PMDB, afirmou ter buscado uma caixa com R$ 1 milhão no escritório de Yunes. O dinheiro pertenceria a Temer a partir de um acordo de caixa 2 feito com a Odebrecht. A quantia teria sido remetida a Salvador, mais especificamente para o ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), outro amigo íntimo do presidente da República, preso em setembro do ano passado.
O Globo domingo, 25 de março de 2018
STF CONTRA STF
TF contra STF
POR MERVAL PEREIRA
O julgamento do habeas corpus em favor do ex-presidente Lula no dia 4 de abril colocará o Supremo Tribunal Federal (STF) diante de um dilema que obrigará a eventual nova maioria contra a prisão em segunda instância a se pronunciar sobre o mérito do processo, antecipando uma disputa jurídica com o Supremo Tribunal de Justiça (STJ).
Ficará claro, caso o habeas corpus seja concedido, o que todo mundo já comenta: o STF está tomando uma decisão contrária à sua própria jurisprudência. O Ministro Edson Fachin, relator dos processos da Lava Jato no STF, indeferiu todos os pedidos da defesa do Lula ao apreciar a primeira liminar, assim como o aditamento, após a Turma do STJ ter negado por 5 a 0 o habeas corpus.
Estranhamente, Facchin enviou para o plenário o processo que havia recusado, em vez de simplesmente negá-lo liminarmente, e deu margem a toda essa confusão jurídica. Encaminhou na sessão de quinta-feira um voto de não admissibilidade, e foi derrotado em plenário. Na próxima sessão, o Ministro Facchin vai encaminhar a votação do mérito do habeas corpus, e pretende apresentar uma premissa a seus colegas de STF que vai colocá-los em situação delicada. Se é que isso é possível.
Como tem dito, para ele o mérito a ser julgado consiste em saber se a decisão da Turma do STJ representa abuso de poder, ou contém alguma ilegalidade. Só nesse caso, na opinião de Facchin, é possível acatar o habeas corpus. A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou a concessão de um habeas corpus preventivo pedido pela defesa nos mesmos termos em que foi apresentado ao STF, isto é, para evitar a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva após o julgamento dos embargos declaratórios contra a condenação no TRF-4.
Os votos dos ministros do STJ foram na mesma direção: somente o Supremo Tribunal Federal (STF) pode mudar sua própria jurisprudência. Disse o ministro Reynaldo Soares da Fonseca."Na seara constitucional. a última palavra é do Supremo Tribunal Federal. Não cabe às instâncias ordinárias nem ao STJ alterar o entendimento da Suprema Corte. Somente os membros da Suprema Corte podem alterar, mitigar o efeito vinculante”. Já o ministro Marcelo Navarro foi objetivo: “Em todos os casos em que se discutiu a pena privativa de liberdade, salvo quando havia ilegalidades, esta corte superior entendeu que a execução deveria ter início”.
Essa é a questão central, segundo Facchin. Se o plenário do STF considerar que o STJ cometeu ilegalidade ao negar o habeas corpus a Lula, terá que assumir essa tese, colocando-se contra o STJ, que tomou a decisão com base na jurisprudência do STF.
Se a maioria assim entender, o mérito da ação acabará sendo julgado, mesmo não sendo o objeto do habeas corpus. Ficará claro que a maioria quer que a prisão aconteça depois do julgamento das Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs), que não têm data para entrarem na pauta, ou após julgamento recurso especial no STJ, ou somente após o trânsito em julgado, como querem alguns.
Na verdade, não há nenhuma razão para dar um habeas corpus ao ex-presidente, já que ele não está exposto a nenhuma ilegalidade, mas sim ao que determina uma decisão do próprio Supremo.
A hipotética mudança da maioria, em direção à definição de que a prisão poderá ser feita após decisão da chamada terceira instância, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), que parece ser a tendência predominante hoje na corte, não pode se transformar em uma presunção de ilegalidade para permitir a concessão do habeas corpus.
O Globo terça, 20 de março de 2018
MINISTROS DO STF FAZEM PRESSÃO PARA DEBATEREM PRISÃO APÓS CONDENAÇÃO EM 2ª INSTÂNCIA
Decano do STF pede reunião de emergência para debater com ministros prisão em 2ª instância
Cármen Lúcia resiste em pautar as duas ações que tratam do tema
POR ANDRÉ DE SOUZA E DIMITRIUS DANTAS
Sessão plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) - Jorge William/Agência O Globo/14-12-201
BRASÍLIA E SÃO PAULO — A iminência de um decreto de prisão contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos próximos dias levou ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) a reforçarem a pressão na Corte para que a execução de penas em segunda instância volte a ser debatida pelo plenário. O ministro mais antigo, Celso de Mello, convocou os colegas para uma reunião de emergência ainda nesta terça-feira, na qual o tema deve ser o principal assunto. Apesar da investida dos colegas, a presidente da Corte, Cármen Lúcia, reafirmou na segunda-feira que não vai pautar a matéria.
Cármen Lúcia resiste em pautar as duas ações que tratam do tema, já liberadas desde dezembro para julgamento pelo relator, ministro Marco Aurélio Mello. Ela é favorável à manutenção da regra atual. Celso de Mello, por outro lado, é favorável à prisão somente após esgotados todos os recursos, conforme orientação vigente antes de 2016. Na semana passada, ele disse a Cármen que alguns colegas gostariam de conversar com ela. A reunião será no gabinete da Presidência do tribunal.
O Globo quarta, 14 de março de 2018
MINISTRA CÁRMEN LÚCIA DIZ QUE NÃO SE SUBMETE A PRESSÃO
'Eu não me submeto à pressão', diz Cármen Lúcia sobre prisão após condenação em segunda instância
Ministra voltou a falar contra a volta da discussão na pauta do STF
POR DIMITRIUS DANTAS
/ atualizado
A presidente do STF, Cármen Lúcia - Marcos Alves / Agência O Globo
SÃO PAULO - A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia voltou a se posicionar contra a discussão da prisão após condenação em segunda instância na pauta da Corte. Segundo a ministra, ela não se submeterá a pressão de politicos.
— Eu não lido. Eu simplesmente não me submeto à pressão — disse a presidente do STF após participar de um debate sobre a presença de mulheres no poder promovido pelo jornal "Folha de S. Paulo.
A resposta de Cármen Lúcia foi recebida com aplausos, mas a ministra ficou incomodada após uma das presentes comemorar a resposta gritando "Mostra sua garra, ministra! Lula na cadeia".
O ex-presidente é um dos políticos que querem que o STF volte a discutir a execução provisória da pena. Após o julgamento de seu recurso no Tribunal Regional Federal da 4a. Região, o petista poderá começar a cumprir sua pena de 12 anos e um mês de prisão. Amanhã, Cármen Lúcia irá receber um dos advogados do petista, o ex-ministro do Supremo Sepúlveda Pertence, para tratar do assunto.
A defesa de Lula e de outros interessados no tema indicam que alguns ministros mudaram de posição em relação ao julgamento que permitiu o início do cumprimento da pena após a condenação em segunda instância, como é o caso do ministro Gilmar Mendes.
A ministra Cármen Lúcia vem se negando a colocar o tema da execução provisória de pena em pauta. Ela deixará a presidência do Supremo Tribunal Federal em setembro, dando lugar ao ministro Dias Toffoli, cujo posicionamento é contrário à execução da pena após a segunda instância. O ministro defende que a pena só seja cumprida após a decisão no Superior Tribunal de Justiça, entendimento que pode ser seguido pelo restante do tribunal.
A ministra foi perguntada também sobre a crítica da senadora Gleisi Hoffman, do PT, sobre uma possível inércia do tribunal. Para a ministra, a crítica da petista faz parte da democracia.
— Lutei minha vida inteira pela liberdade de expressão. As críticas são resultado da luta por todas as liberdades — disse.
O Globo terça, 13 de março de 2018
MINISTRO BARROSO AUTORIZA INDULTO DE NATAL, MAS DEIXA CORRUPTOS DE FORA
Barroso autoriza indulto de Natal a presos por crimes não violentos
Condenados por corrupção, no entanto, ficam fora do benefício
POR CAROLINA BRÍGIDO
/ atualizado
O ministro Luís Roberto Barroso, durante sessão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal- Givaldo Barbosa/Agência O Globo/06-03-2018
BRASÍLIA — Em decisão sobre o indulto de Natal decretado pelo presidente Michel Temer no ano passado, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que condenados por crimes do “colarinho branco”, como corrupção e peculato, não podem ser beneficiados pelo indulto de Natal. No despacho, o ministro autorizou a libertação de presos que não tenham cometido crimes de forma violenta, desde que sentenciados a até oito anos de prisão e que tenham cumprido ao menos um terço da pena. Até ontem, o indulto estava integralmente suspenso por decisão da presidente do STF, Cármen Lúcia, que já havia considerado inconstitucional a concessão do indulto aos corruptos.
O Globo quarta, 07 de março de 2018
LULA: APÓS TER HABEAS CORPUS NEGADO, STF PASSA A SER A ÚLTIMA ALTERNATIVA PARA EVITAR PRISÃO
Lula: Após ter habeas corpus negado, STF passa a ser última alternativa para evitar prisão
Ex-presidente pode cumprir pena de 12 anos e um mês pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro
POR ANDRÉ DE SOUZA / CAROLINA BRÍGIDO / GUSTAVO SCHMITD
/ atualizado
Manifestantes a favor de Lula protestam na entrada do STJ - Jorge William / Agência O Globo
BRASÍLIA e SÃO PAULO — Depois de ver um habeas corpus ser negado por unanimidade pela Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a última esperança da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra a prisão reside no Supremo Tribunal Federal (STF). O petista poderá ser obrigado a cumprir, em breve, a pena de 12 anos e um mês, a que foi condenado pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, no caso do tríplex. A expectativa é que o TRF-4, que condenou Lula em segunda instância, julgue a apelação da defesa ainda este mês, logo após o fim das férias do desembargador Victor Laus, que volta ao trabalho no próximo dia 23.
Se no TRF-4 o panorama é desfavorável ao petista, no Supremo a situação não é muito diferente. Não há qualquer previsão de que a mais alta corte do país discuta nos próximos dias o tema das prisões após a condenação em segunda instância. Em outra frente, a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, não definiu nem quando, nem se vai pautar em plenário o julgamento do pedido de habeas corpus da defesa de Lula. Há um mês, o relator da Lava-Jato, ministro Edson Fachin, remeteu o caso ao pleno.
Pelo regimento interno do STF, Fachin poderia forçar a sessão de plenário para o julgamento do habeas corpus, sem depender de decisão da presidente. Ele não fez isso porque quer que Cármen Lúcia agende primeiro o julgamento de duas ações que debatem a prisão de condenados em segunda instância — e que não tratam de nenhum caso específico. Este é o mesmo entendimento da maioria dos ministros da Corte.
A pressão de ministros do STF para que Cármen Lúcia paute logo essas ações – e, na sequência, o habeas corpus de Lula – cresce a cada dia. O mais antigo integrante do tribunal, ministro Celso de Mello, com quem a presidente costuma se aconselhar, tem feito apelos para que a colega inclua o assunto em pauta. Parte da resistência de Cármen Lúcia em agendar o novo julgamento é que a posição dela, de que réus condenados em segunda instância podem ser presos, seja derrotada.
Após o julgamento de ontem, quando os cinco ministros da Quinta Turma do STJ negaram o habeas corpus de Lula, o próprio advogado do ex-presidente, Sepúlveda Pertence, defendeu uma rediscussão do tema no Supremo e disse que o STJ se manteve na “posição punitivista em grande voga no país”.
— A situação hoje no Supremo não pode permanecer com essa divisão, em que o habeas corpus, a concessão ou não de habeas corpus depende do sorteio do relator, na medida em que pelo menos quatro, se não cinco ministros dissentem do precedente que alterou a jurisprudência. Então, a presunção de inocência está expressamente posta na Constituição como pressuposto da execução da pena seja reafirmado — disse Sepúlveda.
RELATOR: PRESEUNÇÃO DE INOCÊNCIA MANTIDA
No julgamento de ontem no STJ, o relator do habeas corpus de Lula, o ministro Felix Fischer, afirmou que a execução da pena neste momento não compromete o princípio constitucional da presunção de inocência. Para o ministro, como a fase de exame das provas é encerrada na segunda instância, as chances de reverter a condenação em tribunais superiores seriam pequenas.
— O que se denota é que, em diversas oportunidades, as turmas do STF afirmaram e reafirmaram que o principio da presunção de inocência não inibiria a execução imediata da pena — disse Fischer.
Os demais ministros da Quinta Turma — Jorge Mussi, Reynaldo Soares Fonseca, Ribeiro Dantas e Joel Ilan Paciornik — acompanharam o relator. Eles destacaram ainda que o TRF-4 não terminou de analisar um recurso de Lula, não sendo portanto o momento para o STJ intervir na questão. Além disso, a decisão de permitir a execução da pena após segunda instância foi do STF, a mais alta corte do país. Assim, somente o STF pode mudar esse entendimento.
Além da de tentar evitar a prisão, a defesa de Lula também queria que a corte afastasse a sua “inelegibilidade”, ou seja, o enquadramento do ex-presidente na Lei da Ficha Limpa por ter sido condenado por decisão colegiada do TRF3. A defesa argumentou que Lula lidera as pesquisas de intenção de voto para a eleição presidencial de outubro, mas não conseguiu sensibilizar os ministros.
No TRF-4, o relator, Gebran Neto, não tem prazo para julgar. No entanto, assim que concluir seu voto levará à apreciação dos outros dois magistrados da 8ª Turma. Caso os três magistrados decidam negar os embargos do ex-presidente, os efeitos da condenação de Lula passam a ser válidos. Nessa hipótese, cabe ao TRF-4 oficiar o juiz Sergio Moro para que determine a execução da pena.
Segundo levantamento feito pelo GLOBO com base em decisões anteriores, os desembargadores costumam levar 37 dias para analisar um embargo de declaração, o que levaria a uma decisão no fim deste mês. De acordo com uma súmula do TRF-4, após a análise do recurso, o réu deve começar a cumprir pena.
Quando Lula pode ser preso?
O presidente da 8ª Turma do TRF-4, desembargador Leandro Paulsen, explicou que o cumprimento da pena acontece após o julgamento de todos os recursos pela corte. No caso de Lula, o recurso deve ser analisado após as férias do desembargador Victor Laus, que retorna no próximo dia 23. De acordo com o STF, a prisão depois da condenação em segunda instância deve ser decidida caso a caso. O TRF-4 adota como regra a execução imediata da pena.
Quais recursos o ex-presidente tem à disposição no TRF-4?
Na segunda instância, Lula ainda tem o embargo declaratório (que serve para esclarecer pontos da sentença proferida pelos desembargadores) contra a decisão no próprio TRF-4. A defesa do ex-presidente já ingressou com esta apelação. Na segunda-feira, o Ministério Público Federal apresentou parecer contra o recurso, recomendando a prisão de Lula. O relator João Pedro Gebran Neto será o primeiro a votar sobre o recurso.
Quais são os recursos nos tribunais superiores?
Se a apelação for negada no TRF-4, a defesa encaminha recurso especial ao STJ, que serve para apontar decisões ou atos do processo que violem princípios como os da ampla defesa. O relator do caso será o ministro Felix Fischer, da Lava-Jato. No STJ, se Lula vencer, ele reverte a condenação penal e afasta o risco de prisão. Caso o pedido seja negado, a defesa ainda poderá apelar para o Supremo Tribunal Federal (STF).
O que mais Lula pode fazer para evitar a prisão?
Outra estratégia foi apresentar um habeas corpus preventivo ao STJ. Esse pedido foi negado em janeiro, em liminar, pelo ministro Humberto Martins. Ontem, a Quinta Turma do STJ negou o mérito. A defesa também já tinha apresentado um habeas corpus ao STF. O relator, Edson Fachin, negou o pedido e enviou o processo para o plenário. Cabe à presidente do STF, Cármen Lúcia, marcar uma data para o julgamento.
Condenado, Lula ainda pode disputar a Presidência?
Pela Lei da Ficha Limpa, a condenação pelo TRF-4 o torna inelegível. Mas ainda há mecanismos que podem permitir a candidatura. A sentença do TRF-4 só entra em vigor após o esgotamento dos recursos. Com a condenação mantida, o ex-presidente ainda pode recorrer ao STJ e ao STF para tentar obter uma liminar, em decisão individual de um ministro, para manter a candidatura.
Até quando o ex-presidente pode manter a candidatura?
Mesmo que Lula esteja inelegível, isso não o impede de solicitar o registro de candidatura. E a Lei Eleitoral diz que, com a solicitação do pedido, o candidato está autorizado a realizar atos de campanha até a decisão definitiva sobre o registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Esta decisão dependerá do julgamento de apelações no próprio TSE e, ainda, de recursos contra a inelegibilidade no âmbito do Supremo Tribunal Federal.
O Globo domingo, 04 de março de 2018
MORRE, AOS 95 ANOS, A ATRIZ TÔNIA CARRERO
Morre aos 95 anos a atriz Tônia Carrero
Artista, que estava internada para uma cirurgia, não resistiu e teve parada cardíaca
POR O GLOBO
Atriz Tônia Carrero - Ana Branco/21-08-2000 / O Globo
RIO - Aos 95 anos, a atriz Tônia Carrero morreu na noite deste sábado, por volta das 22h15, vítima de uma parada cardíaca. Ela havia sido internada na sexta-feira, na Clínica São Vicente, na Gávea, para a realização de um um procedimento cirúrgico simples, mas não resistiu. A clínica confirmou a morte, mas sem dar detalhes. O local e informações do velório ainda não foram definidos pela família.
Em entrevista à GloboNews, a neta da atriz, Luísa Thiré, informou que Tônia estava com uma úlcera no sacro e morreu durante procedimento médico. Segundo Luísa, o velório deve ocorrer neste domingo, e a avó deve ser cremada na segunda-feira.
Consagrada no teatro, cinema e televisão, a atriz, nascida Maria Antonietta de Farias Portocarrero, no Rio de Janeiro, filha do general Hermenegildo Portocarrero e de Zilda de Farias, é mãe do ator Cecil Thiré, e avó dos atores Miguel Thiré, Luísa Thiré e Carlos Thiré.
Apesar de graduada em Educação Física, a formação de Tônia como atriz aconteceu em cursos em Paris, quando já era casada com o artista plástico Carlos Arthur Thiré. Antes de partir para a França, fez um pequeno papel no filme "Querida Susana". Foi a estrela da Companhia Cinematográfica Vera Cruz, tendo atuado em diversos filmes.
A estreia no palco foi no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), em São Paulo, com a peça "Um Deus dormiu lá em casa", em parceria com o ator Paulo Autran. Em São Paulo, filiou-se ao TBC. Após a passagem pelo TBC, formou com seu marido à época, o italiano Adolfo Celi, e com o amigo Paulo Autran, a Companhia Tônia-Celi-Autran (CTCA), que nos anos 1950 e 1960 revolucionou a cena do teatro brasileiro ao constituir um repertório com peças de autores clássicos, como Shakespeare e Carlo Goldoni, e de vanguarda, como Sartre.
Na TV, um dos seus personagens mais marcantes foi a sofisticada e encantadora Stella Fraga Simpson em "Água viva" (1980), de Gilberto Braga. Tônia viria a trabalhar novamente com o autor, em 1983, na novela "Louco amor", dessa vez interpretando a não menos charmosa e chique Mouriel. Em ambas as novelas, Tônia perdeu o papel de vilã para Beatriz Segall e Tereza Rachel, respectivamente. Mesmo assim os dois personagens que interpretou foram um sucesso.
Em entrevista ao EXTRA, em 2015, Cécil Thiré declarou, pela primeira vez, sobre o real estado de saúde da mãe. Segundo ele, na ocasião, a atriz sofria de uma doença chamada de hidrocefalia oculta. Sem dar mais detalhes, Cécil contou que o quadro de Tônia era estável mas que, devido a doença, ela não se comunicava mais e nem conseguia andar normalmente. Tônia vivia em seu apartamento no Leblon, cercada de familiares e sempre recebia visitas de amigos próximos.
O Globo sexta, 02 de março de 2018
STF MANTÉM APLICAÇÃO DO ALCANCE DA FICHA LIMPA
STF mantém ampliação do alcance da Ficha Limpa
Para maioria dos ministros do Supremo, condenados por crimes anteriores a 2010 devem sofer as penalidades; eleitos na última eleição, que são ficha suja, devem perder os cargo
POR CAROLINA BRÍGIDO
Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) - Jorge William / Agência O Globo
BRASÍLIA – O Supremo Tribunal Federal (STF) manteve, nesta quinta-feira, a decisão que ampliou o alcance da Lei da Ficha Limpa, que impede a candidatura de políticos condenados em segunda instância. Para a maioria dos ministros da corte, o prazo de oito anos de inelegibilidade deve ser aplicado a quem foi condenado por abuso de poder político e econômico antes mesmo de a norma entrar em vigor, em 2010. Por esse entendimento, deve ser anulada a eleição de prefeitos, vereadores e deputados estaduais de todo o país que concorreram em disputas passadas, mas não poderiam.
Os políticos nessa situação terão que deixar o cargo, e a Justiça Eleitoral vai realizar novas eleições nos municípios ainda neste ano. Segundo o ministro Luiz Fux, existem 11 casos desse tipo em todo o país. Já o ministro Ricardo Lewandowski disse que há 24 prefeitos nessa situação, além de inúmeros vereadores e deputados. Esses políticos concorreram com liminar. No entanto, pelo entendimento do STF de que a inelegibilidade pode ser contabilizada para fatos anteriores a 2010, essas liminares não teriam mais efeito prático.
O assunto voltou a ser discutido em plenário hoje, com a proposta de Lewandowski de modular os efeitos da decisão – o que, na prática, deixaria no cargo políticos eleitos com as liminares. A ideia era que a interpretação do STF tivesse validade apenas para o futuro. Lewandowski argumentou que a Justiça Eleitoral já tem poucos recursos e não seria viável realizar eleições complementares neste ano, em que o país já vai às urnas para escolher o presidente da República, senadores, governadores, deputados federais e deputados estaduais.
— A modulação que proponho é em respeito ao princípio da legítima confiança, porque os candidatos concorreram com liminar e foram eleitos. Estamos resolvendo uma questão de soberania popular. Não é razoável, a essa altura, que façamos novas eleições em um ano com eleições gerais, gastando uma verba que sabidamente a Justiça Eleitoral não tem — disse Lewandowski.
Seis dos onze ministros votaram pela modulação. No entanto, pelo regimento interno do STF, seriam necessários oito votos para que a decisão fosse tomada. Fux, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foi o principal defensor da manutenção do entendimento anterior, fixado pela corte em outubro do ano passado.
— Candidato que não era ficha limpa efetivamente não tinha o direito adquirido e nem expectativa legítima _ declarou, completando: — Nós já fizemos eleições complementares maiores que essas. Apesar das várias dificuldades do TSE, vamos enfrentar mais uma.
— O impacto anti-isonômico da decisão será maior se permitimos que alguns conservem o mandato, quando a grande maioria não pode nem se registrar — concordou Barroso.
A Lei da Ficha Limpa foi sancionada em 4 de junho de 2010 e foi aplicada pela primeira vez em 2012. Antes, o prazo de inelegibilidade por abuso de poder político e econômico era de três anos. Quem foi condenado depois já era abrangido pela lei. Para quem foi condenado até 2009, o prazo de oito anos termina antes da campanha deste ano. Assim, na prática, os afetados pela decisão do STF na eleição de 2018 serão os que tiveram condenação no primeiro semestre de 2010.
No caso hipotético de um prefeito ou vereador eleito em 2016 e condenado por abuso de poder econômico ou político em 2008 ou 2009, o prazo de três anos já teria se esgotado no momento em que registrou a candidatura. Com a decisão tomada pelo STF no ano passado de elevar o tempo para oito anos, esse político poderia ficar sob seu alcance. O mesmo pode ocorrer com parlamentares e governadores eleitos em 2014.
Nos casos de condenações por outros crimes listados na Ficha Limpa, como corrupção, o julgamento do STF não tem efeitos na prática. Isso porque o prazo de inelegibilidade antes da Lei da Ficha Limpa já era de oito anos.
O Globo domingo, 25 de fevereiro de 2018
STF VAI DECIDIR SOBRE O FIM DO FORO PRIVILEGIADO ATÉ O FINAL DE MARÇO
STF vai decidir sobre fim do foro privilegiado até o final de março
Dias Toffoli, que pediu vista com maioria formada, liberará seu voto
POR DIMITRIUS DANTAS
/ atualizado
O ministro do STF Dias Toffoli - Edilson Dantas / Agência O Globo / 23-2-18
SÃO PAULO — O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou ontem que apresentará até o fim do próximo mês seu voto sobre a limitação do foro privilegiado para autoridades. O julgamento está parado desde novembro do ano passado, quando ele pediu vista. Na ocasião, já se havia atingido maioria entre os ministros a favor da limitação do foro — segundo o entendimento proposto pelo ministro relator Luís Roberto Barroso, os processos respondidos por autoridades como deputados e senadores tramitarão na primeira instância, salvo quando tratarem de crimes relacionados aos mandatos e cometidos durante o exercício da função.
O Globo sexta, 23 de fevereiro de 2018
ADVOGADO E COMPADRE DE LULA ENCRENCADO COM OPERAÇÃO DE HOJE
Advogado e cumpadre de Lula encrencado com operação de hoje
POR LAURO JARDIM
Além da prisão do presidente afastado da Fecomércio, Orlando Diniz, o maior foco da operação Jabuti, mais uma fase da Lava-Jato, que está nas ruas do Rio de Janeiro, são cerca de R$ 180 milhões pagos pela entidade a alguns escritórios de advocacia nos últimos cinco anos.
O MPF suspeita que esses escritório receberiam honorários para distribuir propinas.
O principal deles, é Roberto Teixeira, advogado e cumpadre de Lula.
Na lista do cinco maiores beneficiados, há ainda o Ancelmo Advogados (de Adriana Ancelmo); o Basilio di Marino e Faria Advogados; o Hargreaves & Advogados; e Ferreira Leão Advogados
Apesar disso, não há na decisão de hoje de Marcelo Bretas quaisquer medidas decretadas contra esses escritórios.
O Globo domingo, 11 de fevereiro de 2018
APÓS INTIMAÇÃO, DIRETOR-GERAL DA PF LIGA PARA MINISTRO DO SUPREMO
Após intimação, diretor-geral da PF liga para ministro do Supremo
Segovia e Barroso marcaram uma reunião para o dia 19 para falar sobre declarações de Segovia sobre inquérito contra Temer
POR MANOEL VENTURA
Diretor-Geral da Polícia Federal, Fernando Queiroz Segovia - Jorge William / Agência O Globo
Os dois marcaram um encontro no dia 19, no Supremo Tribunal Federal. Na reunião, Segovia deve explicar ao ministro, que é relator do inquérito, as falas feitas em entrevista à agência internacional de notícias "Reuters", publicada na última sexta-feira. Assessores de Segovia preparam a transcrição da gravação para que o conteúdo seja entregue ao ministro.
Na entrevista, o diretor-geral da PF disse que era possível "concluir que não havia crime" da parte de Temer. Além desse comentário, Segovia fez ressalvas ao trabalho do delegado Cleyber Malta Lopes, responsável pelas 50 perguntas feitas ao presidente.
Numa carta enviada aos servidores da instituição, o diretor-geral da Polícia Federal negou que tenha anunciado o arquivamento do inquérito sobre supostas irregularidades cometidas pelo presidente Michel Temer na edição do decreto dos portos.
No despacho em que intima Segovia, Baroso afirmou que ele pode ter cometido "infração administrativa e até mesmo penal” por conta das declarações. Também pede que o Ministério Público Federal (MPF) tome ciência do caso "para que — na condição de órgão de controle externo da atividade Policial Federal —, tome as providências que entender cabíveis".
O Globo sábado, 10 de fevereiro de 2018
STJ NEGA HABEAS CORPUS PEDIDO POR DEFESA DE LULA PARA EVITAR PRISÃO
STJ nega habeas corpus pedido por defesa de Lula para evitar prisão
Ministro Humberto Martins argumenta que liminar só em caso de risco de prisão ilegal
POR CAROLINA BRÍGIDO
Ex-presidente Lula - Sérgio Lima/AFP/9-10-17
BRASÍLIA — O ministro Humberto Martins, vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), negou nesta terça-feira habeas corpus ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para evitar que ele seja preso depois que se esgotarem os recursos no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) contra a condenação por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A orientação do Supremo Tribunal Federal (STF) é de que as penas comecem a ser cumpridas depois de confirmada a condenação por um tribunal de segunda instância, como o TRF-4.
O Globo domingo, 04 de fevereiro de 2018
SABRINA SATO E JULIANA PAES: DUPLA QUE LEVANTA A AVENIDA
Juliana paes usa Lethicia Bronstein com joias Sara Joias; e Sabrina Sato veste Martu com joias H.SternFoto: Fotos: Jacques Dequeker / Styling: Felipe Veloso. Beleza: Ale de Souza. Produção de moda: Rafael Ourives. Assistente de fotografia: Pedro Henrique. Tratamento de imagem: Victor Wagner.
O Globo terça, 30 de janeiro de 2018
REVISAR A PRISÃO EM 2ª INSTÂNCIA POR LULA SERIA APEQUENAR O SUPREMO, DIZ CÁRMEN LÚCIA
Revisar a prisão em 2ª instância por Lula seria 'apequenar o Supremo', diz Cármen Lúcia
Presidente do STF afirma que assunto não estará na pauta da Corte em fevereiro e março
Cármen Lúcia é presidente do Supremo Tribunal Federal - Ailton de Freitas / Agência O Globo
RIO — A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, defendeu que revisar o início da execução penal após condenação em 2ª instância por causa do processo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é "apequenar muito o Supremo". Durante um jantar em Brasília, promovido pelo site "Poder360" nesta segunda-feira, a magistrada ressaltou que não conversou com os outros ministros sobre o assunto e frisou que não há previsão para o julgamento do caso.
O jantar reuniu empresários e jornalistas no tradicional restaurante Piantella. Há uma semana, os três desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) mantiveram a condenação do ex-presidente Lula no caso do triplex do Guarujá e ainda aumentaram a pena para 12 anos e um mês de prisão. Como a decisão se deu por unanimidae, restou à defesa do petista o recuso dos embargos de declaração — um pedido de esclarecimentos sobre a sentença, sem poder de revertê-la.
O STF já havia decidido que, após a análise dos embargos de declaração no TRF-4, o condenado inicia o cumprimento da sentença. Em diversas ocasiões no ano passado, o tema voltou a ser discutido, informalmente, por ministros da Corte, indicando que poderia haver uma mudança no entendimento do colegiado. Depois do julgamento do petista, cogitou-se que o caso do ex-presidente poderia servir para uma nova avaliação da Corte sobre o momento de início da execução da pena. No entanto, segundo Cármen Lúcia, o tema não estará em pauta em fevereiro e tampouco há previsão da chegada de ações do tipo ao plenário em março.
— Votei igual duas vezes (em favor da prisão em segunda instância). Em 2009 fui voto vencido. Em 2016, fui voto vencedor — afirmou a presidente do STF.
O Globo sábado, 27 de janeiro de 2018
LULA ENFRENTARÁ NOVA SENTENÇA DE MORO EM MARÇO
Lula enfrentará nova sentença de Sergio Moro em março
No mesmo mês, deve ser julgado o recurso final do ex-presidente no TRF-4
POR CLEIDE CARVALHO E GUSTAVO SCHMITT
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - STRINGER / REUTERS
SÃO PAULO — O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não terá muito tempo para se refazer da derrota imposta na última quarta-feira pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região. O juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, julgará no final de março a segunda ação apresentada pela força-tarefa da Lava-Jato contra o petista. No processo, ele é acusado de receber vantagens ilícitas da empreiteira Odebrecht.
O Globo domingo, 10 de dezembro de 2017
MORRE A ATRIZ EVA TODOR, AOS 98 ANOS DE IDADE
Morre a atriz Eva Todor, aos 98 anos
Ela sofria de Mal de Parkinson e estava longe da TV desde a novela 'Salve Jorge'
POR MARTA SZPACENKOPF
A atriz Eva Todor em 1995 - Monique Cabral
RIO — Morreu em casa por volta das 8h50 da manhã deste domingo a atriz Eva Todor, aos 98 anos. A informação foi confirmada por amigos da artista. A causa da sua morte foi pneumonia. Ela estava com os enfermeiros, empregados e o amigo Marcelo Delcima, que frisou que ela vinha sendo bem cuidada, recebendo toda a assistência, com visitas frequentes dos amigos e esteve doente ao longo de todo o ano. Ainda não há informações sobre o velório.
— A Eva vinha sendo muito bem cuidada pelos enfermeiros e recebia visita de amigos com frequência. Ela esteve doente todo o ano e morreu de pneumonia. Eu estava aqui na hora com alguns enfermeiros e empregados. A Eva toda a assistência — disse Marcelo.
Eva Todor sofria de Mal de Parkinson e estava longe da TV desde a novela “Salve Jorge”, exibida em 2012. A última aparição pública da atriz foi em novembro de 2014, quando recebeu uma homenagem feita por amigos artistas no Teatro Leblon. Nascida na Hungria, Eva tem mais de 80 anos de profissão, com trabalhos no teatro e na televisão. A veterana começou a carreira nos palcos ainda criança, como bailarina.
O Globo sexta, 10 de novembro de 2017
MORRE A ATRIZ MÁRCIA CABRITA, AOS 53 ANOS DE IDADE
POR CÉLIA COSTA
RIO – O mundo ficou um pouco mais sem-graça nesta sexta-feira, quando morreu, durante a madrugada, a atriz carioca Márcia Cabrita, aos 53 anos. Comediante de grande talento, que conquistou o amor do público com a personagem Neide Aparecida, de "Sai de baixo", Márcia vinha lutando contra um câncer no ovário, diagnosticado em 2010. Ela estava internada há dez dias, no hospital Quinta D'Or, na Zona Norte do Rio, em decorrência do agravamento da doença.
A atriz deixa uma filha, Manoela, de 16 anos. De acordo com o ex-marido, o psicanalista Ricardo Parente, com quem foi casada por quatro anos, a atriz morreu "em paz" e sem sofrer.
Mesmo após o diagnóstico da doença, a comediante continuou trabalhando. Ela atuou na novela "Morde & Assopra", em 2011, e fez várias participações em séries como "Vai que cola", do Multishow, e "Pé na cova", da Globo. Há três meses, ela precisou se afastar das gravações da novela "Novo Mundo" para cuidar da saúde. Este mês, Márcia começaria a gravar um filme baseado em "Sai de baixo".
A atriz Cacau Protasio publicou uma foto ao lado da artista para se despedir.
"Amiga Vai com Deus, eu tive o prazer, à alegria, a sorte de trabalhar, conviver, contracenar com você, eu amo você, o céu está em festa, pois está recebendo o anjo mais lindo, você fará muita falta, nos encontramos no céu", escreveu Cacau, com uma foto bem-humorada com a amiga.
Filha de imigrantes portugueses, Márcia Martins Alves nasceu em Niterói, no estado do Rio, em 20 de janeiro de 1964. Ao estudar artes cênicas, conheceu Luís Salem, seu parceiro durante toda a carreira. Com ele, fez uma peça infantil produzida por Aloísio Abreu, outro com quem sempre trabalhou.
Juntos, os três montaram o espetáculo "Subversões", encenado no antigo Crepúsculo de Cubatão, em Copacabana. Na trilha sonora, paródias de hits como "Meu nome é Creuza", versão de "Como uma deusa", de Rosana, que acabou fazendo sucesso.
A atriz Márcia Cabrita em um clique de 1991Foto: Paula Johas
Márcia Cabrita e Miguel Falabella em 'Sai de Baixo'. Atriz se despediu do programa no ano 2000Foto: Márcio Sillane
Gravação do programa 'Sai de Baixo' em 1997Foto: Márcio Sillane
O último trabalho de Márcia Cabrita na TV foi na novela 'Novo Mundo' (2017). Na foto, ela posa ao lado do ator Cesar CardadeiroFoto: Paulo Belote
Márcia Cabrita, Luís Salém e Aloísio de Abreu em clique de 1998. Os três eram companheiros no espetáculo "Subversões", encenado no antigo Crepúsculo de Cubatão, em CopacabanaFoto: Cristina Granato / Divulgação
Marcia Cabrita, Marco Nanini e Mauro Faria em foto de janeiro de 2006Foto: Cristina Granato / Divulgação
Márcia Cabrita ao lado de sua parceira de 'Sai de Baixo', Marisa Orth em agosto de 1997Foto: Camilla Maia
Márcia Cabrita e Cláudia Jimenez no Copacabana Palace em 1997Foto: Cristina Granato / Divulgação
Márcia Cabrita posa com os comediantes Marcelo Adnet, Fernando Caruso, Rafael Queiroga em novembro de 2004Foto: Divulgação
Márcia Cabrita posa ao lado do elenco de 'Trair e Coçar é só Começar'Foto: Divulgação
Márcia Cabrita e Tadeu Mello participam do Video Game, comandado por Angélica, em janeiro de 2002Foto: Gianne Carvalho / Divulgação
Márcia Cabrita posa de sutiã e casaco de pele em 1997Foto: Divulgação
Fotos dos 30 anos do Grupo Navegando. Peça 'Ponto e vírgula', de 1998, com Fábio Pilar e Márcia Cabrita.Foto: Guga Melgar / Guga Melgar
Márcia Cabrita e Luís Salém caracterizados como Cosme e DamiãoFoto: Ricardo Gomes
Foto da peça 'Toalete', de 2007, com Márcia Cabrita, Catarina Abdalla e Suzana Pires Foto: Divulgação
Márcia Cabrita e Rita Lee fazem bico nesta foto de outubro de 1998Foto: Divulgação
Sua primeira aparição da TV foi em 1992, na minissérie "As noivas de Copacabana", de Dias Gomes. Fez ainda "Sete pecados" (2007), "Beleza pura" (2008) e "Morde & assopra" (2011).
Irreverente, a atriz publicava posts cômicos em suas redes sociais. Em 2015, escreveu: "Cada vez que um famosão da TV diz que ‘o bichinho do teatro me mordeu’, nasce uma espinha interna no nariz de algum diretor de teatro mundo afora."
Em texto como colunista convidada para Revista O GLOBO, publicado em 2011 - época em que alimentava o blog "Força na peruca", sobre sua relação com o câncer, Márcia criticou a cobrança sofrida por pessoas com a doença. "Ao contrário do que muitos fantasiam, não tirei de letra. Não sei o porquê, mas existe uma ideia estapafúrdia de que quem está com câncer tem que, pelo menos, parecer herói. Nãnãninã não! Quem recebe uma notícia dessas não consegue ter pensamentos belos. Bem... eu não conseguia. A cobrança de positividade acabou se tornando um problema. Me olhava no espelho branca, magrela e de cabelos curtinhos (antes de caírem) e me achava pronta para fazer figuração na Lista de Schindler".
O Globo sexta, 06 de outubro de 2017
JUSTIÇA DECRETA PRISÃO PREVENTIVA DE CESARE BATTISTI
Justiça decreta prisão preventiva de Cesare Battisti
Juiz federal de Mato Grosso do Sul considerou que italiano tentava fugir do Brasil
POR RENATA MARIZ
/ atualizado
O ex-ativista Cesare Battisti foi preso em Corumbá, quando tentava ir para a Bolívia - FABIO MARCHI / AFP 05/10/2017
BRASÍLIA — O ex-ativista italiano Cesare Battisti teve prisão preventiva decretada nesta quinta-feira pela Justiça Federal de Mato Grosso do Sul por suspeita de evasão de divisas e lavagem de dinheiro. O juiz federal Odilon de Oliveira considerou que há indícios "robustos" de que Battisti iria fugir para a Bolívia, sem declarar a quantia que portava (6 mil dólares e 1.300 euros) às autoridades brasileiras, temendo ser extraditado. (LEIA MAIS: Relembre o caso Battisti)
Battisti chegou algemado para a audiência de custódia, realizada na tarde desta quinta-feira por videoconferência. O juiz afirmou na sentença que, apesar de a audiência não se tratar de exame de provas nem julgamento de mérito, é reprovável que o italiano, acolhido no Brasil com todos os direitos dos brasileiros, tente burlar a legislação do país.
O histórico de Battisti também pesou na decisão. O juiz Odilon ressaltou que o italiano sofreu quatro condenações penais em seu país de origem relacionados a fatos gravíssimos. E lembrou que há um pedido de extradição da Itália, onde foi sentenciado à prisão perpétua na Itália.
— Seus antecedentes, gravíssimos, impõem a decretação da prisão preventiva — afirmou o magistrado.
O ex-ativista italiano foi preso ontem em Corumbá (MS) enquanto tentava deixar o país. Segundo a Polícia Federal (PF), ele portava uma “quantia significativa em moeda estrangeira”, o que levou os agentes a detê-lo no momento em que saía do Brasil a bordo de um táxi boliviano.
Ameaçado por um novo pedido de extradição feito pela Itália, Battisti havia sido parado por uma blitz da Polícia Rodoviária Federal (PRF) pouco antes. Os policiais identificaram o italiano, que estava acompanhado por duas pessoas, e acionaram integrantes da PF. Eles, então, seguiram o veículo até a fronteira com a Bolívia, quando Battisti teria cometido o crime de evasão de divisas, caracterizado pela remessa de valores ao exterior sem declarar às autoridades.
SENTENCIADO À PRISÃO PERPÉTUA NA ITÁLIA
Integrante do grupo guerrilheiro Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), na Itália, Cesare Battisti foi acusado de participar de quatro assassinatos no país — de um joalheiro, um policial, um carcereiro e um militante. Os crimes, que são negados pelo ativista, teriam ocorrido entre 1977 e 1979. Após dois anos preso, Battisti escapou da prisão em Roma em 1981 e fugiu para a França, onde viveu clandestinamente, e, no ano seguinte, para o México. Em 1987, ele foi condenado à revelia na Itália, sentenciado à prisão perpétua.
A volta para a França ocorreu em 1990, quando ex-ativistas italianos foram acolhidos pelo presidente François Mitterand. Porém, em 2004, sua condição de refugiado foi revogada pelo governo francês, e Battisti veio para o Brasil.
Depois de três anos no país, o italiano foi preso, no Rio. Sua situação no Brasil mudou em janeiro de 2009, quando o então ministro da Justiça Tarso Genro concedeu ao italiano status de refugiado político. A decisão provocou uma crise diplomática com a Itália, que chegou a chamar de volta seu embaixador no Brasil. Em novembro daquele ano, o STF decidi extraditar o ativista. Porém, no último dia de seu mandato, em dezembro de 2010, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou um parecer para manter Battisti no Brasil. Somente em junho de 2011, o italiano deixou a prisão.
O ativista italiano voltou a ser preso pelas autoridades brasileiras em 2015, depois que a Justiça Federal do Distrito Federal determinou a deportação de Battisti. Porém, o italiano ficou apenas um dia na prisão, já que um desembargador concedeu habeas corpus. Na última quarta-feira, Battisti foi preso no Brasil pela terceira vez.
O Globo segunda, 02 de outubro de 2017
ATIRADOR DE LAS VEGAS TINHA DEZ ARMAS E FOI ACHADO MORTO EM QUARTO DE HOTEL
Atirador de Las Vegas tinha dez armas e foi achado morto em quarto de hotel
Aos 64 anos, Stephen Paddock feriu 406 pessoas e matou 50 em festival coun
POR O GLOBO / AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
/ atualizado
Policiais em Frente ao resort Mandalay Bay - John Locher / AP
LAS VEGAS — O Departamento de Polícia Metropolitana de Las Vegas informou que os agentes encontraram Stephen Craig Paddock, de 64 anos, morto no quarto do hotel em que abriu fogo contra mais de 22 mil pessoas no festival Route 91 Harvest. Ele se matou antes da entrada dos policiais. Havia dez rifles no cômodo, disse o xerife. O homem, de cor branca e morador de Mesquite, no estado americano de Nevada, disparou do 32º andar do Hotel Mandala Bay por volta de 22h20m deste domingo e deixou ao menos 50 mortos — o maior ataque armado da História moderna dos Estados Unidos.
Segundo a polícia, agentes foram deslocados para atender ao chamado de emergência e, ao explodir a porta do quarto de hotel, encontraram o suspeito já morto. O Departamento de Bombeiros do Condado de Clark afirmou que 406 pessoas foram levadas a hospitais da região, sem detalhar o estado de saúde delas.
Entre os mortos, há um policial que não estava em serviço. Outros dois agentes que patrulhavam o local ficaram feridos e têm condição de saúde estável. A polícia destacou que a investigação e o processo de identificação das vítimas está em curso. O FBI solicitou o envio de fotos e vídeos que possam ajudar na apuração do ataque, cuja motivação ainda não foi esclarecida.
O autor do massacre atirou do 32º andar do hotel Mandalay Bay, localizado na avenida central Strip, onde acontecia a terceira e última noite do evento musical. A polícia confirmou a identidade dele e informou que a suposta namorada de Stephen, Marilou Danley, também estava na mira. Mais tarde, a "CNN" destacou que os policiais eximiram a mulher de culpa pelo massacre após interrogatório.
Pessoas procuram por abrigo durante o ataque armado em um festival de música country em Las Vegas, nos EUAFoto: David Becker / AFP
O atirador chamava-se Steven Paddock, e tinha 64 anos. Morador local, foi morto pela polícia de Las VegasFoto: David Becker / AFP
O autor do massacre atirou do 32º andar do hotel Mandalay Bay, localizado na Avenida Central StripFoto: David Becker / AFP
A polícia encontrou diversas armas no quarto do hotel que estava sendo ocupado pelo atiradorFoto: David Becker / AFP
A polícia disse que acreditava ter encontrado uma mulher chamada Marilou Danley, que seria companheira do atiradorFoto: Ethan Miller / AFP
Dentre os feridos, estão dois policiais. Um deles encontra-se em estado crítico, e outro tem ferimentos leves, segundo agentes de segurança. Outro agente de segurança, que estava de folga assistindo ao show, morreu vítima dos disparosFoto: Ethan Miller / AFP
Uma mulher ferida é socorrida. Diversas vítimas foram encaminhadas para hospitais após o ataqueFoto: Chase Stevens / AP
Um par de botas de cowboy é largado no meio da calçada Foto: Steve Marcus / Reuters
, que conseguiu escapar, estava no palco quando os espectadores ouviram os primeiros tiros. Em poucos segundos, a música parou de tocar, segundo um vídeo divulgado nas redes sociais. Na gravação, é possível ver a confusão e o pânico tomando conta do festival sob o som de diversos tiros em sequência. Muitas pessoas pensaram, inicialmente, que o barulho era provocado por fogos de artifício.
"Esta noite vai além do horrível. Ainda não sei o que dizer, mas gostaria de informar a todos que minha equipe e eu estamos seguros. Meus pensamentos e orações vão para todos os afetados esta noite. Meu coração está partido que isto tenha acontecido com qualquer pessoa que estava aqui para ter uma noite divertida", escreveu Aldean no Instagram.
A polícia fechou grande parte da Las Vegas Strip, a avenida onde ficam os principais hotéis-cassinos da cidade, e as autoridades pediram às pessoas que não transmitissem ao vivo ou compartilhassem (nas redes sociais) a posição dos agentes no local. O aeroporto de Las Vegas desviou vários voos após o incidente, mas começou a retomar suas atividades pela manhã.
O Globo quinta, 28 de setembro de 2017
EMPRESÁRIO DIZ QUE ASSINOU RECIBOS DE LULA EM UM MESMO DIA
Empresário diz que assinou recibos de Lula em um mesmo dia
Segundo Costamarques, documentos foram levados pelo advogado do ex-president
POR GUSTAVO SCHMITT, ENVIADO ESPECIAL
/ atualizado
Glaucos da Costamarques em depoimento ao juiz Sergio Moro sobre apartamento que alugou para o ex-presidente Lula - Reprodução
CURITIBA — Dono do apartamento alugado para o ex-presidente Lula em São Bernardo do Campo, o empresário Glaucos da Costamarques diz ter assinado, de uma vez só, todos os recibos de aluguel referentes ao ano de 2015. Os documentos foram assinados pelo empresário quando ele estava internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, em novembro daquele ano. A defesa de Lula apresentou, na segunda-feira, 26 comprovantes de aluguel entre agosto de 2011 e novembro de 2015. Todos com a letra de Costamarques. Segundo a defesa do empresário, os recibos foram levados ao hospital pelo contador financeiro João Muniz Leite, a pedido de Roberto Teixeira, advogado e compadre de Lula
A defesa de Costamarques avalia ajuizar hoje uma petição na 13ª Vara da justiça Federal de Curitiba, onde despacha o juiz Sergio Moro, apresentando justamente a informação de que os recibos foram entregues pelo contador e ainda que parte dos comprovantes foi assinado um seguido do outro. Os advogados pretendem, com isso, provar que os documentos foram confeccionados pela defesa de Lula. Os recibos foram entregues por Costamarques ao contador logo após as assinaturas, ainda no Sírio-Libanês. O empresário ficou hospitalizado entre 22 e 28 de novembro para colocação de um stent.
Na petição, os advogados devem solicitar imagens do circuito interno do hospital. O objetivo é comprovar as visitas feitas a Costamarques pelo compadre de Lula e o contador.
Investigadores da Lava-Jato avaliam o episódio como uma possível tentativa de obstrução à Justiça por parte de Lula, uma vez que a defesa procurou um dos réus ainda com as investigações em curso. No início da Operação Lava-Jato, durante a sétima fase, Moro considerou obstrução à Justiça o fato de empreiteiras apresentaram recibos de pagamento a empresas de fachada do doleiro Alberto Youssef. Na ocasião, a Justiça considerou esse fato para pedir prisões de alguns empreiteiros.
Costamarques sustenta que, apesar de ter firmado o contrato com a ex-primeira-dama Marisa Letícia em 2011, só passou a receber os valores referentes ao aluguel em novembro de 2015, após a prisão do seu primo e pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula. Ainda assim, o empresário disse que alguns pagamentos foram feitos em espécie, por meio de depósitos não identificados, entre novembro de 2015 e fevereiro deste ano, quando a ex-primeira-dama Marisa Letícia morreu em decorrência de um aneurisma.
DEFESA DE LULA FALA EM 'ESPECULAÇÕES'
Desde então, Costamarques passou a receber os pagamentos por meio de transferência eletrônica disponível (TED).
A defesa do ex-presidente Lula informou que “não comenta especulações”. Já o advogado de Teixeira, Antônio Cláudio Mariz de Oliveira — que foi responsável pela defesa do presidente Michel Temer até a semana passada —, disse que deve conversar com seu cliente hoje.
Assinatura de Glaucos Costamarques - Reprodução
Em depoimento ao juiz Sergio Moro, no último dia 13, Glaucos da Costamarques admitiu ter declarado os valores dos pagamentos à Receita Federal, apesar de, segundo ele, “não ter visto a cor do dinheiro até novembro de 2015”.
O aluguel em questão refere-se à cobertura vizinha ao apartamento onde mora Lula, em São Bernardo do Campo (SP). Nos dois mandatos do petista, a Presidência da República alugou o imóvel para garantir a segurança do então presidente. Quando ele deixou o cargo, em 2011, continuou a ocupar o imóvel. A Lava-Jato revelou que, no fim de 2010, o apartamento foi comprado por Costamarques. Para a Lava-Jato, o empresário é intermediário de uma negociação suspeita.
O apartamento teria sido comprado pela Odebrecht e entregue ao ex-presidente Lula como forma de pagar propina pelos benefícios obtidos pela empreiteira no governo federal.
Em interrogatório ao juiz Sergio Moro no processo que apura o uso do apartamento, no último dia 13, Lula disse desconhecer a inadimplência nos pagamentos após ser questionado pelo juiz e prometeu procurar os recibos. Na ocasião, o ex-presidente disse que procuraria pelos recibos para entregá-los à Justiça.
— Tem recibo, deve ter, posso procurar com os contadores para saber se tem — disse o ex-presidente a Sergio Moro.
No mesmo dia, também em depoimento a Moro, Costamarques disse que “levou calote” durante quase cinco anos da família Lula, mas que teria passado a receber os valores devidos apenas depois da prisão de Bumlai, justamente em novembro de 2015.
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O Globo sexta, 22 de setembro de 2017
FUNARO DIZ QUE TEMER, CUNHA E ALVES LEVARAM 250 MILHÕES DA CAIXA
Funaro diz que Temer, Cunha e Alves levaram R$ 250 milhões da Caixa
Segundo delator, propina era repassada por vice-presidências controladas pelo PMDB
POR CLEIDE CARVALHO E GUSTAVO SCHMITT
/ atualizado
O presidente Michel Temer - DARREN ORNITZ / REUTERS 20/09/2017
SÃO PAULO — Em delação premiada, o doleiro Lúcio Bolonha Funaro afirmou que o grupo político formado pelo presidente Michel Temer e pelos ex-deputados Eduardo Cunha e Henrique Alves recebeu cerca de R$ 250 milhões em propinas decorrentes de créditos da Caixa Econômica Federal, repassados pelas vice-presidências de Pessoa Jurídica e Fundos de Governo e Loterias. As duas áreas foram controladas pelo PMDB e comandadas por Geddel Vieira Lima e Fábio Cleto. Operador financeiro do partido, Funaro disse que Cunha funcionava como um “banco de propina” para deputados e, depois, virava o “dono” dos mandatos de quem era beneficiado.
O doleiro afirmou não saber exatamente o valor da propina repassada a Cunha, “mas sabe que este sempre distribuía parte da propina recebida com Henrique Eduardo Alves e Michel Temer, fora outros deputados aliados”.
O ex-ministro Geddel Vieira Lima ocupou o cargo na Caixa entre 2011 e 2014. Segundo Funaro, apenas na área de Geddel o grupo liberou entre R$ 5 bilhões e R$ 8 bilhões para empresas em troca de vantagens. Um valor igual ou superior a este teria sido liberado pelo setor comandado por Cleto. Funaro disse que Geddel recebeu, sozinho, no mínimo R$ 20 milhões e continuou a operar mesmo depois de deixar o cargo, até fevereiro de 2015.
A assessoria do Planalto afirmou, por e-mail, que “o valor da delação e das palavras do doleiro Lúcio Funaro é zero, como já registrou a própria Procuradoria-Geral da República”.
Trecho da delação de Lúcio Funaro, operador do PMDB - Reprodução
Para o Grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, relatou Funaro, foram liberados cerca de R$ 3,04 bilhões em troca de propinas. Foram R$ 1,35 bilhão para a holding J&F e o restante para empresas do grupo — R$ 200 milhões para a Vigor, R$ 250 milhões para a Flora e R$ 300 milhões em crédito para exportação para a Eldorado, além de R$ 940 milhões de debêntures adquiridas. Os irmãos Batista só não pagaram o pedágio dos políticos, segundo o delator, para o empréstimo de R$ 2,7 bilhões feito para a compra da Alpargatas e outro R$ 1 bilhão tomado pela Seara — os dois feitos após Geddel deixar o cargo. Em uma única operação, de R$ 300 milhões para a holding J&F, o grupo político de Temer teria recebido R$ 9,75 milhões. O percentual das propinas, segundo o delator, variava de 2,7% a 3,4% da operação.
PAGAMENTOS ENTRE 2013 E 2015
O grupo também recebeu propina de operações do FI-FGTS. Segundo Funaro, a indicação de Fábio Cleto para a área de fundos e loterias da Caixa foi feita por Eduardo Cunha e Henrique Alves a Antonio Palloci, que encaminhou o pleito ao ex-ministro Guido Mantega. Funaro disse que soube por Cunha que Temer “avalizou a indicação”.
A primeira operação ilícita do FI-FGTS, segundo ele, foi a liberação de valores para a Cibe, empresa do Grupo Bertin. A propina alcançou R$ 12 milhões — 4% do total da operação. Bertin também teria pagado propina por um crédito de R$ 2 bilhões dado à SPMar, concessionária do Rodoanel em São Paulo, outra empresa do grupo. A propina teria igualmente beneficiado Cunha, Henrique Alves e Geddel e, segundo Funaro, os pagamentos foram feitos pela empresa Contern entre março de 2013 e fevereiro de 2015 por meio de notas fiscais fictícias.
Para entregar dinheiro em espécie, contou Funaro, Bertin teria usado a empresa Alambari Construções. Funaro disse que Silmar Bertin lhe contou que em 2010 saíram do caixa da empresa R$ 50 milhões para doações eleitorais por caixa 2. A SPMar afirmou, em nota, que os financiamentos ao Rodoanel e para empresas da família Bertin sempre seguiram o trâmite normal e as doações eleitorais se limitaram a recursos devidamente declarados.
OUTROS LADOS
A defesa de Eduardo Cunha nega as acusações do reincidente em delações Lúcio Funaro e afirma que sua atuação parlamentar sempre se deu dentro dos limites legais.
A defesa do ex-ministro Geddel afirmou que não se manifesta sobre documento ao qual não teve acesso.
A J&F informou que os colaboradores apresentaram documentos que complementam os esclarecimentos prestados à Procuradoria-Geral da República e segue à disposição da Justiça.
A defesa de Henrique Alves afirmou que não é verdade que ele tenha recebido qualquer propina de operações da Caixa e “desafia o delator, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, ou qualquer outro órgão persecutório, a provarem o contrário.”
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O Globo quinta, 21 de setembro de 2017
CUNHA DISTRIBUÍA PROPINA A TEMER, DIZ FUNARO
‘Cunha distribuía propina a Temer, com 110% de certeza’, diz Funaro
Segundo delator, Yunes lavava dinheiro para o presidente com imóvei
POR ANDRÉ DE SOUZA
O doleiro Lucio Bolonha Funaro - André Coelho / Agência O Globo 17/07/2017
BRASÍLIA — “Eduardo Cunha redistribuía propina a Temer, com ‘110%’ de certeza”. A frase, que liga o presidente Michel Temer ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, está em um dos depoimentos prestados em 23 de agosto pelo delator Lúcio Bolonha Funaro, apontado como operador de políticos do PMDB em esquemas de desvio de dinheiro público. Nos depoimentos, há várias citações a casos em que Temer, Cunha e outros integrantes do partido teriam levado propina. Mas também há menções a episódios em que houve divergências internas, como na definição de quem indicaria um cargo na Caixa Econômica Federal (CEF) que renderia vantagens indevidas. Funaro disse ainda que José Yunes, amigo e ex-assessor de Temer, lavava dinheiro para o presidente e que a maneira mais fácil para isso era por meio da compra de imóveis.
Segundo Funaro, durante os governos do PT, os então deputados Michel Temer (PMDB-SP), Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Henrique Alves (PMDB-RN) disputavam cargos, mas de formas diferentes. Cunha atuava no “varejo”, ou seja, focava em alguns cargos. Os outros dois agiam no “atacado”. Na semana passada, Janot denunciou Temer e outros seis peemedebistas, acusando-os de integrarem uma organização criminosa que desviou dinheiro de diversos órgãos públicos e empresas estatais, como Petrobras, Furnas, Caixa, Ministério da Integração Nacional e Câmara dos Deputados.
Segundo o delator, Cunha lhe contou que o ex-sindicalista André Luiz de Souza explicou a Temer como funcionava o FI-FGTS, o fundo de investimento alimentado com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. Souza fazia parte do conselho do fundo e é acusado de desviar dinheiro de lá. Segundo o termo de depoimento de Funaro, “Cunha disse que André de Souza explicou para Temer como funcionava o FI-FGTS, que aquilo seria como um ‘mini BNDES’”. É uma referência ao banco de desenvolvimento que, assim como o FI-FGTS, libera recursos para as empresas investirem em projetos de infraestrutura.
Ainda de acordo com a delação, “Moreira Franco falou para o Temer que isso seria uma ‘oportunidade para fazer dinheiro’”. Assim, “inicia uma briga” entre o grupo formado por Cunha, Funaro e Henrique Alves, contra Moreira Franco. Ele queria manter um indicado seu numa das vice-presidência da Caixa. Moreira conseguiu isso por algum tempo, mas depois o cargo foi preenchido por alguém ligado aos adversários internos. Funaro é claro: o objetivo de seu grupo político “era conseguir o FI-FGTS, pois era uma fonte de renda”.
‘Moreira Franco falou para o Temer que isso (FI-FGTS) seria uma oportunidade para fazer dinheiro’
- LÚCIO FUNARO, OPERADOR DO PMDBEm delação premiada
O delator deu detalhes sobre como Yunes lavaria dinheiro para Temer. Segundo ele, o amigo do presidente, “além de administrar, investia os valores ilícitos em sua incorporadora imobiliária”. Mais adiante disse que “não sabe se tais imóveis adquiridos por Michel Temer estão em nome de Michel, familiares ou fundos”, mas “sabe, por meio de Eduardo Cunha, que Michel Temer tem um andar inteiro na Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo/SP, num prédio que tinha sido recém-inaugurado”.
Funaro disse ainda que Yunes sabia que havia dinheiro em uma caixa entregue a ele no escritório do amigo de Temer. Nessa caixa, afirmou o operador do PMDB, haveria R$ 1 milhão de propina endereçada a Temer. Os recursos viriam do caixa dois da Odebrecht.
Em relação a Moreira, além das irregularidades na Caixa, Funaro citou uma informação que, segundo ele, lhe foi repassada pelo empresário Henrique Constantino, da família proprietária da Gol. Moreira, que já foi ministro da Secretaria de Aviação Civil (SAC), teria atuado na Infraero para transferir sem licitação um hangar da falida Varig para a empresa.
Em nota, Moreira Franco atacou Funaro: “Veja a que ponto chegamos: um sujeito com extensa folha corrida com crédito para mentir. Não conheço essa figura, nunca o vi. Bandidos constroem versões 'por ouvir dizer' a lhes assegurar a impunidade ou alcançar um perdão por seus inúmeros crimes”.
O GLOBO procurou o Planalto, mas a orientação foi falar com a defesa do presidente. O GLOBO não conseguiu contato com a o advogado de Temer, nem com José Yunes e Henrique Constantino.
O Globo quarta, 20 de setembro de 2017
LULA E GILBERTO CARVALHO SE TORNAM RÉUS POR VENDA DE MEDIDAS PROVISÓRIAS
Lula e Gilberto Carvalho se tornam réus por venda de MPs investigada na Zelotes
Juiz federal do DF aceitou denúncia contra o ex-presidente, que se torna réu pela sétima vez
POR ANDRÉ DE SOUZA
/ atualizado
O ex-presidente Lula prestou depoimento ao juiz Sergio Moro - Reprodução
BRASÍLIA — O juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal, aceitou nesta terça-feira denúncia feito pelo Ministério Público Federal (MPF) contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro Gilberto Carvalho e mais cinco pessoas. Com isso, é a sétima vez que Lula se torna réu: são quatro casos na Justiça Federal do Distrito Federal e três na do Paraná. Na denúncia aceita agora, ele é acusado de, em conjunto com Carvalho, ter aceitado promessa de R$ 6 milhões de um grupo de lobistas. Em troca, teria favorecido algumas montadoras com a edição de uma medida provisória.
Lula e Carvalho foram denunciados por corrupção passiva. Três lobistas - José Ricardo da Silva, Alexandre Paes dos Santos e Mauro Marcondes Machado - e dois empresários - Paulo Arantes Ferraz (da MMC, que monta veículos da Mitsubishi) e Carlos Alberto de Oliveira Andrade (do Grupo Caoa, que monta veículos da Hyunday) - foram denunciados por corrupção ativa.
O caso teve início na Operação Zelotes, que investigou inicialmente irregularidades no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), ligado ao Ministério da Fazenda, mas depois ampliou seu leque de atuação. Lula já era réu numa ação penal da Zelotes, suspeito de ter recebido dinheiro para ajudar a empresa sueca Saab numa licitação de caças da Força Aérea Brasileira (FAB).
Vallisney também deu dez dias para os réus se manifestarem, "oportunidade em que poderão arguir preliminares e alegar tudo o que interesse à defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas". Com a ação penal aberta, o caso terá prosseguimento podendo, ao final, levar à condenação ou absolvição dos acusados.
"Está demonstrada até agora a plausibilidade das alegações contidas na denúncia em face da circunstanciada exposição dos fatos tidos por criminosos e as descrições das condutas em correspondência aos documentos constantes do inquérito policial nº 0001/2016-GINQ/DICOR/DF, havendo prova da materialidade e indícios da autoria delitiva", anotou Vallisney em sua decisão.Segundo ele, o MPG descreve "de modo claro e objetivo os fatos imputados aos denunciados, não se tratando de hipótese de indeferimento liminar da peça acusatória", Assim Vallisney conlui não vislumbar neste momento "qualquer elemento probatório cabal capaz de infirmar a acusação".
Dos sete processos em que ele é réu, Lula já foi condenado uma vez. O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelos processos da Operação Lava-Jato, aplicou-lhe uma pena de nove anos e meio de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso da aquisição do tríplex do Guarujá (SP). A execução da pena ainda não começou, porque não houve até o momento confirmação na segunda instância.
A defesa do ex-presidente Lula afirmou em nota que a inocência dele deverá ser reconhecida neste novo processo, pois ele não praticou qualquer ilícito.
“A denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal não tem materialidade e deve ser compreendida no contexto de lawfare que vem sendo praticado contra Lula, usando de processos e procedimentos jurídicos para fins de perseguição política. O ex-presidente jamais solicitou, aceitou ou recebeu qualquer valor em contrapartida a atos de ofício que ele praticou ou deixou de praticar no cargo de Presidente da Republica", disse o advogado Cristiano Zanin Martins, em nota.
Também em nota, o advogado Daniel Gerber, que defende Alexandre Paes dos Santos, afirmou que seu cliente é inocente.
"Lamentável que a cultura punitivista que temos, atualmente, transforme qualquer atividade lícita em suspeita. Ressalta que seu cliente é um empresário respeitado no país e irá demonstrar, nos autos, a inexistência de qualquer ilícito no desenvolver de suas atividades", diz a nota.
O Globo quarta, 06 de setembro de 2017
JANOT DENUNCIA LULA, DILMA E MAIS SEIS POR ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
Janot denuncia Lula, Dilma e mais seis por organização criminosa
Inquérito tem origem na Operação Lava-Jato
POR ANDRÉ DE SOUZA
/ atualizado
A ex-presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2016 - Givaldo Barbosa / Agência O Globo / 12-5-16
BRASÍLIA — O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou nesta terça-feira os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff pelo crime de organização criminosa. Trata-se de um dos inquéritos abertos no Supremo Tribunal Federal (STF) em decorrência da Operação Lava-Jato. O valor da propina recebida por eles e outros seis políticos do PT, segundo Janot, chegou a R$ 1,485 bilhão. O procurador-geral apontou Lula como líder e "grande idealizador" da organização criminosa, devendo inclusive ser condenado a uma pena maior por isso.
Somente Lula teria recebido R$ 230,8 milhões de propina entre 2004 e 2012 paga pelas empresas Odebrecht, OAS e Schahin com recursos desviados de contratos firmados com a Petrobras. O grupo teria atuado de 2002, quando Lula venceu a eleição presidencial, a maio de 2016, quando Dilma deixou interinamente o cargo de presidente em razão do processo de impeachment no Congresso. O crime de formação de quadrilha prevê pena de três a oito anos, podendo ser aumentada em até dois terços dependendo da situação.
A propina de Dilma chegaria a R$ 170,4 milhões, mas, segundo Janot, os valores não ficaram apenas com ela e serviram também aos "interesses do seu grupo político amplamente beneficiado com a sua permanência no poder".
Também foram denunciados: a senadora Gleisi Hoffmann, presidente do PT; os ex-ministros Antonio Palocci, Guido Mantega e Paulo Bernardo, além de Edinho Silva, atual prefeito de Araraquara (SP); e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. De acordo com Janot, a organização criminosa praticou ações não só na Petrobras, mas também em outros órgãos públicos, como o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Ministério do Planejamento. Janot pede ainda que eles paguem ao todo R$ 6,8 bilhões, o que inclui devolução de dinheiro desviado e reparações por danos morais e materiais.
"Pelo menos desde meados de 2002 até 12 de maio de 2016, os denunciados, integraram e estruturaram uma organização criminosa com atuação durante o período em que Lula e Dilma Rousseff sucessivamente titularizaram a Presidência da República, para cometimento de uma miríade de delitos, em especial contra a administração pública em geral", escreveu Janot.
INQUÉRITO FOI DIVIDIDO EM QUATRO
Este é um dos quatro inquéritos abertos no STF para investigar quadrilhas que supostamente se beneficiaram do esquema de corrupção montado na Petrobras. Além dos políticos do PT, há uma investigação voltada a integrantes do PP, uma focada no PMDB da Câmara e outra no PMDB do Senado. A propina nesses outros três casos, segundo Janot, chegou a 1,605 bilhão pelo menos. Somando aos valores do PT, a cifra ultrapassa os R$ 3 bilhões. Ao todo, o prejuízo à Petrobras foi de pelo menos R$ 29 bilhões, segundo dado do Tribunal de Contas da União (TCU) citado por Janot.
Na avaliação de Janot, o papel do PT foi mais preponderante, em razão de ter ocupado a presidência da República entre 2003 e 2016, com Lula e Dilma. No cargo, eles tinham a prerrogativa de fazer as nomeações mais importantes para ocupação de cargos públicos.
"Lula foi o grande idealizador da constituição da presente organização criminosa, na medida em que negociou diretamente com empresas privadas o recebimento de valores para viabilizar sua campanha eleitoral à presidência da República em 2002 mediante o compromisso de usar a máquina pública, caso eleito (como o foi), em favor dos interesses privados deste grupo de empresários. Durante sua gestão, não apenas cumpriu com os compromissos assumidos junto a estes, como atuou diretamente e por intermédio de Palocci, para que novas negociações ilícitas fossem entabuladas como forma de gerar maior arrecadação de propina", escreveu Janot.
O procurador-geral disse ainda que ele foi o responsável pela indicação de Dilma para ser candidata do PT em 2010, o que lhe permitiu continuar influenciando o governo e "a fazer disso mais um balcão de negócios para recebimento de vantagens ilícitas".
Ainda segundo Janot, Lula, "na qualidade de Presidente da República por 8 anos, atuou diretamente na negociação espúria em torno da nomeação de cargos públicos com o fito de obter, de forma indevida, o apoio político necessário junto ao PP e ao PMDB para que seus interesses e do seu grupo político fossem acolhidos no âmbito do Congresso Nacional".
Em relação a Dilma, Janot disse que ela passou a integrara a organização em criminosa em 2003, quando se tornou ministra de Minas e Energia no governo Lula. "Desde ali contribuiu decisivamente para que os interesses privados negociados em troca de propina pudessem ser atendidos, especialmente no âmbito da Petrobras, da qual foi Presidente do Conselho de Administração entre 2003 e 2010. Cumpre ressaltar que compete ao Conselho a nomeação dos diretores da Companhia", anotou Janot.
Em seguida, acrescentou: "Durante sua gestão junto à Presidência da República deu seguimento a todas as tratativas ilícitas iniciadas no governo Lula, com destaque para a atuação direta que teve nas negociações junto ao grupo Odebrecht. Outras vezes atuou de forma indireta, por intermédio de Mantega e Edinho Silva, na cobrança de valores ilícitos junto a empresários".
PROTAGONISMO PASSOU PARA PMDB DA CÂMARA
A partir do impeachment de Dilma, Janot afirmou que o protagonismo passou do PT para o grupo do PMDB na Câmara. Segundo ele, "com a reformulação do núcleo político da organização criminosa, a partir de maio de 2016, os integrantes do PMDB da Câmara passaram a ocupar esse papel de destaque dentro da organização". O grupo reúne políticos próximo ao atual presidente Michel Temer, que é do PMDB e era vice de Dilma antes de assumir o cargo no lugar dela.
O procurador-geral destacou que houve transferências bancárias internacionais para mascarar os valores das propinas e até mesmo a aquisição, por parte da empreiteira Odebrecht, de uma instituição financeira no exterior para facilitar isso.Para que os oito investigados se tornem réus e passem a responder ação penal, é preciso que a Segunda Turma do STF, composta por cinco ministros, aceite a denúncia. Ainda não há data para isso ocorrer. Somente depois é que haverá o julgamento que levará à condenação ou absolvição. O relator é o ministro Edson Fachin, que cuida dos procesos da Lava-Jato no STF.
Além da condenação, Janot quer que, ao fim do mandato, seja declarada a perda de cargo público dos denunciados que possuam algum. Quer também que devolvam R$ 6,5 bilhões à Petrobras, além de pagarem danos materiais no valor de R$ 150 milhões e danos morais também no valor de R$ 150 milhões.
Janot também solicitou que as investigações de outros petistas e pessoas associdadas vá para o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelos processos da Lava-Jato na primeira instância. São eles: os ex-ministros Ricardo Berzoini e Erenice Guerra; o ex-governador da Bahia Jaques Wagner; o ex-senador Delcídio Amaral; Giles de Azevedo, ex-chefe de gabinete de Dilma; o pecuarista José Carlos Bumlai; Paulo Okamoto, presidente do Instituto Lula; e o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli.
No caso de Wagner, o mais provável é que o caso não vá para Moro, mas para o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), em função do cargo que ele ocupa atualmente: secretário de Desenvolvimento Econômico da Bahia. Janot também pediu que as investigações ligadas a Lula, Paulo Bernardo e Vaccari que tratem de organização criminosa em tramitação na Justiça Federal de São Paulo e do Distrito Federal sejam remetidas ao STF.
JANOT UTILIZOU DIVERSAS DELAÇÕES
Janot apontou ação de Lula em 2004 para que José Eduardo Dutra, então presidente da Petrobras, nomeasse Paulo Roberto Costa para a diretoria de Abastecimento da estatal. Caso contrário, todos os integrantes do Conselho da Petrobras seriam demitidos. A indicação de Costa, que se tornou o primeiro delator da Lava-Jato, era para atender o PP, partido cujo apoio era cobiçado por Lula. Uma vez no cargo, ele atuou para desviar dinheiro da Petrobras.
Outros cargos teriam sido negociados com políticos do PP e do PMDB, como a presidência da Transpetro, empresa subsidiária da Petrobras, e a diretoria internacional da estatal. Nesses dois postos, passaram respectivamente Sérgio Machado e Nestor Cerveró, que também firmaram acordos de delação e admitiram ter desviado dinheiro.
Em nota, a defesa de Lula negou irregularidades envolvendo ex-presidente. "Essa denúncia, cujo teor ainda não conhecemos, é mais um exemplo de mau uso das leis para perseguir o ex-presidente Lula, que não praticou qualquer crime e muito menos participou de uma organização criminosa. É mais um ataque ao Estado de Direito e à democracia. O protocolo dessa denúncia na data de hoje sugere ainda uma tentativa do MPF de mudar o foco da discussão em torno da ilegalidade e ilegitimidade das delações premidas no país", escreveu o advogado Cristiano Zanin Martins, fazendo referência a possíveis irregularidades na delação de executivos da JBS.
Para embasar a denúncia, Janot usou elementos obtidos a partir de várias delações premiadas. Entre os colaboradores estão Paulo Roberto Costa, Nestor Cerveró, o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, os marqueteiros João Santana e Mônica Moura e executivos da Odebrecht e da JBS. Além da Petrobras, Janot sustentou que houve desvios em outras obras, como a da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Também fez algumas considerações sobre desvios cometidos por integrantes do PMDB, em especial na Caixa Econômica Federal, embora o inquérito para tratar desse assunto seja outro.
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O Globo quarta, 12 de julho de 2017
MORO PROÍBE LULA DE OCUPAR CARGOS PÚBLICOS POR 19 ANOS
Moro proíbe Lula de ocupar cargos públicos por 19 anos
Proibição precisa ser ratificada por instâncias superiores
POR DIMITRIUS DANTAS* E GUSTAVO SCHMITT
/ atualizado
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - Pedro Kirilos / Agência O Globo / 15-9-16
Lula foi condenado a nove anos e meio de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá. Lula está neste momento na sede do Instituto Lula, onde recebeu a notícia. O Instituto Lula e a defesa do ex-presidente ainda não se manifestaram sobre a condenação.
O ex-presidente recorrerá da sentença em liberdade, segundo o juiz Sérgio Moro. Entretanto, o juiz chegou a afirmar que caberia cogitar a decretação da prisão preventiva do ex-presidente em razão de suas declarações recentes sobre o processo e os depoimentos de Léo Pinheiro e Renato Duque de que Lula teria ordenado a destruição de provas.
"Aliando esse comportamento com os episódios de orientação a terceiros para destruição de provas, até caberia cogitar a decretação da prisão preventiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entretanto, considerando que a prisão cautelar de um ex-presidente da República não deixa de envolver certos traumas, a prudência recomenda que se aguarde o julgamento pela Corte de Apelação antes de se extrair as consequências próprias da condenação. Assim, poderá o ex-presidente Luiz apresentar a sua apelação em liberdade", decidiu Moro.
SENTENÇA
Moro deu a sentença, no começo da tarde desta quarta-feira. Na ação, o Ministério Público Federal (MPF) acusa Lula de ter recebido o tríplex da OAS como propina por contratos obtidos pela OAS na Petrobras.
Apesar da condenação por ter sido o beneficiário da propriedade e reformas de um apartamento tríplex no Guarujá, Lula foi absolvido da acusação feita pelo Ministério Público Federal pelos pagamentos feitos pela empreiteira OAS para o armazenamento de parte do acervo presidencial.
O juiz Sergio Moro considerou que existiram irregularidades no custeio, mas que não há prova de que ela tenha envolvido crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
Para determinar a pena de nove anos, Moro considerou que Lula agiu com "culpabilidade extremada" uma vez que os crimes teriam ocorrido em razão de sua posição como presidente da República.
"O condenado recebeu vantagem indevida em decorrência do cargo de presidente da República, ou seja, de mandatário maior. A responsabilidade de um presidente da República é enorme e, por conseguinte, também a sua culpabilidade quando pratica crime", escreveu Moro.
Essa é a primeira vez que um ex-presidente da República é condenado por corrupção no Brasil.
O Globo quarta, 28 de junho de 2017
RENAN DEIXA A LIDERANÇA DO PMDB DO SENADO
Renan anuncia saída da liderança do PMDB no Senado
Senador diz que não tem 'vocação para ser marionete'
POR CRISTIANE JUNGBLUT
/ atualizado
O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) - Ailton Freitas / Agência O Globo
BRASÍLIA — O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) anunciou na tarde desta quarta-feira sua saída da liderança do partido no Senado. Ao discursar, Renan disse que deixa uma "âncora pesada" e que não tem "vocação para ser marionete ou líder de papel". E voltou a dizer que o governo do presidente Michel Temer é "desacreditado".
— Deixo a liderança do PMDB. Não tenho vocação para ser marionete. Não serei líder de papel e deixo uma âncora pesada — disse Renan, que discursa neste momento.
Segundo peemedebistas, o clima "azedou" de uma forma dentro da bancada, conforme adiantou a coluna Poder em Jogo do GLOBO.
O presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR), se irritou efetivamente com as últimas manobras e declarações de Renan, que tem adotado esse comportamento, porque está em dificuldades sobre o seu futuro eleitoral em Alagoas, onde a rejeição ao presidente Michel Temer é enorme.
O senador Jader Barbalho (PMDB-PA) foi sondado para assumir o cargo de líder, mas recusou. Outro nome apontado é do senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), de perfil conciliador e ex-presidente da Casa.
O Globo terça, 20 de junho de 2017
POLÍCIA FEDERAL ENCONTRA INDÍCIOS DE CRIME DE CORRUPÇÃO CONTRA TEMER
PF encontra indícios de crime de corrupção contra Temer
Supremo Tribunal Federal recebeu relatório parcial das investigações
POR SERGIO FADUL E CAROLINA BRÍGIDO
/ atualizado
Rocha Loures era identificado em Brasília como uma pessoa próxima de Temer, de quem foi assessor. - Divulgação/Rodrigo Rocha Loures
BRASÍLIA — O Supremo Tribunal Federal (STF) recebeu relatório parcial das investigações da Polícia Federal no inquérito do qual o presidente Michel Temer faz parte. Para os investigadores, houve crime de corrupção. A conclusão leva em consideração, além dos indícios e de outras provas, duas conversas entre o diretor da JBS Ricardo Saud e o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures que já foram periciadas e ajudam a reforçar os indícios de crime.
Procurada, a Polícia Federal não comentou o relatório e nem quis se manifestar. Foi pedido ainda um prazo adicional de cinco dias para apresentar uma conclusão sobre o crime de obstrução de Justiça. Esse tempo será usado para concluir a perícia no audio da gravação do dono da JBS Joesley Batista com o presidente Temer. A PF teria optado por ser mais cautelosa nesse ponto.
O prazo inicial dado pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato, foi de dez dias. Depois, a pedido da PF, foram concedidos mais cinco dias. Agora, o ministro vai decidir se estende ainda mais o prazo.
JANOT OPINA CONTRA ARQUIVAMENTO
Michel Temer é investigado pela Procuradoria-Geral da República, que deve oferecer denúncia contra eles nos próximos dias com base na delação dos donos e executivos da JBS. Na semana passada, a defesa de Temer pediu o arquivamento do inquérito, argumentando que não havia elementos probatórios mínimos na investigação para justificar a apresentação de denúncia.
Nesta segunda-feira, o procurador-geral, Rodrigo Janot, enviou ao STF parecer contrário ao pedido de arquivamento do inquérito. Janot argumentou, no entanto, que só vai analisar o pedido mais a fundo quando receber a conclusão das investigações da Polícia Federal. Com o material em mãos, o procurador-geral vai decidir se arquiva ou se apresenta denúncia contra Temer perante o STF.
“Assim, considerando que os autos do inquérito ainda não aportaram a esse Tribunal — já que ainda não foi finalizado o prazo assinalado, a Procuradoria-Geral da República aguardará o recebimento das peças de informação para analisá-las, juntamente com os argumentos aqui expendidos”, escreveu o procurador.
AÇÃO CONTRA JOESLEY
A defesa de Temer entrou hoje com uma ação por calúnia, injúria e difamação contra o dono da JBS, Joesley Batista, na 12ª Vara Federal de Brasília. O motivo é a entrevista concedida pelo empresário à revista “Época”, na qual acusa Temer de chefiar “a maior e mais perigosa organização criminosa do Brasil”. Segundo Joesley, Temer não fazia cerimônia para pedir-lhe dinheiro em nome do PMDB e que o presidente articulava uma campanha para estancar a operação Lava-Jato.
Michel Temer também divulgou, nesta segunda-feira, um vídeo nas redes sociais no qual diz que "criminosos não sairão impunes". Ele não citou o empresário Joesley Batista.
O Globo sábado, 17 de junho de 2017
TEMER LIDERA MAIOR E MAIS PERIGOSA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA DO PAÍS, DIZ JOESLEY BATISTA
Temer lidera maior e mais perigosa organização criminosa do país, diz Joesley Batista
Em entrevista à "Época", dono da JBS relata pedidos de propina feitos pelo presidente e seu grupo político
POR O GLOBO
/ atualizado
O empresário e dono da JBS, Joesley Batista - VANESSA CARVALHO / AFP
RIO - O empresário Joesley Batista, dono da JBS e delator na Operação Lava-Jato, afirmou que o presidente Michel Temer lidera “a maior e mais perigosa organização criminosa” do Brasil. A declaração foi dada em entrevista à revista "Época", na qual descreve a relação que mantinha com Temer, os pedidos de propina que teriam sido feitos pelo presidente e seu grupo político e as negociações para os pagamentos ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha depois de preso.
Joesley descreveu Temer como o líder do grupo político do PMDB que comanda a Câmara dos Deputados. Fariam parte desse grupo os ministros Eliseu Padilha (Casa-Civil) e Moreira Franco (Secretaria de Governo), os ex-ministros Henrique Eduardo Alves, que está preso, Geddel Vieira Lima e Cunha.
“Essa é a maior e mais perigosa organização criminosa desse país. Liderada pelo presidente”, declarou Joesley. “O Temer é o chefe da Orcrim da Câmara. Temer, Eduardo, Geddel, Henrique, Padilha e Moreira. É o grupo deles. Quem não está preso está hoje no Planalto”.
À revista, o dono da JBS disse que se aproximou de Temer “em 2009, 2010”, por meio do ex-ministro Wagner Rossi, e desde então manteve uma “relação institucional” com o presidente, a quem via como uma “condição de resolver problemas” de seus negócios.
“Acho que ele me via como um empresário que poderia financiar as campanhas dele — e fazer esquemas que renderiam propina. Toda vida tive total acesso a ele. Ele por vezes me ligava para conversar, me chamava, eu ia lá”, disse o delator.
O primeiro pedido de dinheiro teria sido feito em 2010. Um deles diz respeito ao pagamento de aluguel de escritório na Praça Pan-Americana, em São Paulo; outro pedido se refere à campanha de Gabriel Chalita à prefeitura paulista em 2012. Temer também teria pedido dinheiro para seu grupo político em 2014. O dono da JBS afirmou que o presidente pediu R$ 300 mil para fazer campanha na internet sobre sua imagem antes do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
“O Temer não tem muita cerimônia para tratar desse assunto. Não é um cara cerimonioso com dinheiro”, declarou.
O Globo sexta, 16 de junho de 2017
TRUMP CANCELA ACORDO DE REAPROXIMAÇÃO COM CUBA
Trump cancela acordo de reaproximação com Cuba de Obama
Presidente restringe comércio e diz que manterá sanções, mas sem romper relações
POR O GLOBO / AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
/ atualizado
Em Miami, Trump assina cancelamento de acordos de reaproximação econômica com Cuba, acompanhado por dissidentes e o governador Rick Scott (centro, ao fundo) e o senador de origem cubana Marco Rubio (direita, ao fundo) - CARLOS BARRIA / REUTERS
MIAMI — O presidente americano, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira em Miami que cancelou o acordo de seu antecessor, Barack Obama, com Cuba, recuando a aproximação feita pelo seu antecessor. O presidente anunciou restrições a viagens de americanos à ilha, a negociações com empresas militares do país e a manutenção de sanções econômicas, denunciando o que chamou de "caráter brutal" do regime de Raúl Castro. A decisão, no entanto, não acarreta numa nova ruptura diplomática como a que durou até recentemente.
Trump condicionou uma possível nova aproximação com a ilha à ampliação das liberdades do povo cubano. Ele afirmou que não vai suspender sanções contra Cuba até que o governo da ilha liberte todos os presos políticos, legalize todos os partidos e organize eleições livres:
— Imediatamente, eu estou cancelando inteiramente o acordo completamente unilateral da última gestão feito com Cuba — anunciou Trump em encontro com a comunidade cubana em Miami. — O alívio da gestão anterior sobre restrições a respeito de viagens e comércio não ajuda o povo cubano, apenas enriquecem o regime cubano.
Ele disse que a embaixada dos Estados Unidos permanecerá aberta na ilha "na esperança de que nossos países possam moldar um caminho muito melhor e mais forte:
— Então iremos respeitar a soberania cubana, mas nunca viraremos as costas ao povo cubano — defendeu.
Trump disse que, agora como presidente, os EUA denunciarão os crimes do regime de Castro, que causou sofrimento ao povo cubano por mais de seis décadas, segundo ele. Antes de começar seu discurso, Trump elogiou três dissidentes do regime cubano presentes no local:
— Pessoas muito corajosas — afirmou. — Os exilados e dissidentes hoje aqui testemunharam o comunismo destruir uma nação, como o comunismo destruiu cada nação onde já foi testado. Mas nós não silenciaremos mais frente à opressão comunista.
Um carro americano antigo é visto estacionado em frente a um hotel em Havana Foto: Ramon Espinosa / AP
Antes da aproximação
Antes de Barack Obama se reaproximar de Cuba em 2014, a maioria dos americanos sem família no país viajava para a ilha em visitas guiadas caras, dedicadas à interação em tempo integral com os cubanos. Atividades que poderiam ser consideradas turismo, que era ilegal, eram evitadas. As empresas precisavam de licenças especiais do governo.
GOVERNO REGULAMENTARÁ MEDIDAS
Trump anunciou medidas administrativas como a proibição de qualquer transação financeira com uma empresa estatal cubana que, de acordo com Washington, beneficia diretamente os chefes das forças armadas do país. Além disso, o governo americano restabelecerá o grupo de 12 categorias de americanos que podem receber o visto para viajar para Cuba.
Nenhuma das novas regulamentações entram em vigor imediatamente, disse uma fonte da Casa Branca. As agências governamentais ainda vão emitir emendas regulatórias nos próximos meses.
Mais de 250 mil americanos visitaram Cuba nos primeiros cinco meses de 2017, o que representa o crescimento de 145% em comparação com o mesmo período de 2016, segundo o portal governista Cubadebate, citando fontes oficiais.
Companhias aéreas e de cruzeiros até Cuba fizeram investimentos milionários nos últimos dois anos para se preparar ao novo cenário. Ainda não se sabe o impacto que as novas medidas de Trump podem provocar neste setor.
A decisão afeta um dos mais notáveis legados políticos do ex-presidente Obama, que junto ao líder cubano, anunciou em dezembro de 2014 o início de uma nova fase nas relações bilaterais, depois de mais de 50 anos de ruptura. Desde o histórico anúncio, os dois países restabeleceram suas relações diplomáticas, e Washington avançou com o progressivo desmonte de normas administrativas para permitir o início de um fluxo de intercâmbio comercial, abrindo as portas para que americanos pudessem viajar para Cuba.
Prevendo um impacto negativo, o setor hoteleiro mostrou sua preocupação.
"Pedimos ao governo de Trump que utilize o turismo como uma ferramenta estratégica para melhorar as relações com Cuba, ao invés de retroceder a políticas do passado", expressou em uma nota Arne Sorenson, presidente do grupo Marriott.
Na Casa Branca, Obama conversa por telefone com Raúl Castro na presença de Ben Rhodes e Ricardo Zúñiga Foto: Casa Branca
Conversas secretas
Durante um ano e meio, Barack Obama e Raúl Castro se aproximaram em conversas secretas, debatendo etapas que seriam possíveis para restaurar os laços diplomáticos rompidos no início da década de 1960. No dia anterior ao histórico anúncio do degelo, Obama foi fotografado na Casa Branca conversando ao telefone com o par cubano.
O Globo sexta, 16 de junho de 2017
CHEFE DE GABINETE EM SÃO PAULO COORDENOU REFORMA NA CASA DA SOGRA DE TEMER
Chefe de gabinete em SP coordenou reforma na casa da sogra de Temer
Arlon Vianna admitiu à TV Globo ter selecionado profissionais para obra em 2014
POR O GLOBO
/ atualizado
Arlon Vianna, chefe de gabinete da Presidência em São Paulo - Reprodução / TV Globo
RIO — Chefe de gabinete da Presidência em São Paulo e tesoureiro do PMDB de São Paulo, Arlon Vianna foi escalado pelo presidente Michel Temer em 2014 para selecionar profissionais para trabalhar em uma reforma na casa de Norma Tedesco, sogra do presidente, de acordo com reportagem do "Jornal Nacional", da TV Globo. À época, Arlon Vianna era assessor da Vice-presidência
Temer se reuniu nesta quarta-feira em seu escritório em São Paulo com Arlon Vianna, o ministro Moreira Franco e sua filha, Maristela Temer. Arlon foi o responsável pela indicação de profissionais para a pintura, limpeza e reparos no imóvel alugado. O Planalto confirmou que ele somente indicou profissionais para "pequenos reparos".
Ao Jornal Nacional, Arlon disse, inicialmente, que "nunca se envolveu" na reforma. "Estou te dizendo, de coração, que não me envolvo nessas coisas. De jeito nenhum. Eu trabalho com doutor Michel há 17 anos, tenho relação muito legal". Informado, então, de que o próprio Planalto havia confirmado que ele indicara profissionais para a reforma, Arlon Vianna atualizou a resposta:
"Não indiquei empresa. Indiquei, se não me falha a memória, um pintor. Que nem sei aonde está. Estou até procurando ele para ele esclarecer. Um pintor, um pedreiro, uma coisa assim. Parou aí. Nem me recordo direito. Pintor ou pedreiro. É a mesma pessoa. Se você vai fazer uma reforminha, tapar buraco, uma pessoa só. Foi até junto com o pai dele. Me parece", disse.
A assessoria presidencial disse que está fazendo um levantamento sobre quanto custou a reforma. Auxiliares do presidente afirmam que Temer pagou a reforma. Perguntado se Arlon fez pagamentos pelos serviços a pedido de Temer, o Planalto afirma que foi realizada com o dinheiro do presidente. Arlon alega que não fez pagamentos.
"Deve ter sido ele [Temer]. Eu não me envolvi, não entreguei dinheiro. Se foi feito foi feito por lá. Não paguei nada. Estou tranquilo, deito e durmo. Toda essa movimentação que estou vendo me choca".
A reforma foi feita em uma casa alugada para que a mãe de Marcela Temer, que morava no interior, pudesse se mudar para São Paulo e ficar perto da filha e do neto. O presidente tem uma casa no mesmo bairro. Arlon Vianna é amigo do ex-coronel João Baptista Lima, responsável pela reforma na casa de outro familiar de Temer, Maristela.
O Globo sexta, 16 de junho de 2017
QUEM É O AMÉRICO PISCA-PISCA CITADO POR GILMAR MENDES
Quem é o Américo Pisca-pisca citado por Gilmar Mendes
Ministro usou personagem criado por Monteiro Lobato para justificar seu voto contra a cassação da chapa Dilma-Temer no TSE
Ministro Gilmar Mendes se inspira em fábula de Monteiro Lobato - Ailton Freitas / Agência O Globo
POR O GLOBO
/ atualizado
Jabuticabas, abóboras e um personagem que nem todos conhecem: Américo Pisca-pisca. Na argumentação usada para justificar seu voto contra a cassação da chapa Dilma-Temer, no julgamento realizado na noite desta sexta (9) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Gilmar Mendes usou e abusou das referências à literatura nacional. Em específico, à fábula sobre o "reformador do mundo", contada pela personagem Dona Benta no livro "A reforma da natureza", de Monteiro Lobato.
Américo Pisca-pisca, em ilustração de LeBlanc - Reprodução
Na história de Lobato, Américo discorre sobre o que ele considera uma imperfeição da natureza. Diz que as colossais abóboras, por seu tamanho, deveriam ser sustentadas pelas árvores maiores no lugar das jabuticabas. E dorme com esta certeza até a queda de uma jabuticaba em sua cabeça, quando vê que, sendo a jabuticaba uma abóbora, ele poderia estar morto. Na conclusão da fábula, Américo se vê convencido a "deixar as coisas como estão", perdendo a "cisma" de corrigir a natureza.
No paralelo criado por Gilmar Mendes, ele opina que a corte eleitoral não seja o espaço de solução para a crise política do país e vota pela manutenção da chapa com Temer. Em seu discurso, Gilmar conclui: "Não sejamos Américos Pisca-pisca".
A conclusão do discurso não é exatamente a conclusão da história criada por Monteiro Lobato. Se Américo Pisca-pisca se conforma com a perfeição da natureza e quase todos os personagens do sítio o acompanham na reflexão, a teimosa Emília insiste em aperfeiçoar a natureza: "Sempre achei a Natureza errada – disse ela – e depois de ouvir a história do Américo Pisca-Pisca, acho-a mais errada ainda. Pois não é um erro fazer um sujeito pisca-piscar? Para que tanto “pisco”? Tudo que é demais está errado. E quanto mais eu “estudo a natureza” mais vejo erros. (...) Por que dois chifres na frente das vacas e nenhum atrás? Os inimigos atacam mais por trás do que pela frente. E é tudo assim. Erradíssimo. Eu, se fosse reformar o mundo, deixava tudo um encanto, e começava reformando essa fábula e esse Américo Pisca-Pisca."
"
O Globo quinta, 15 de junho de 2017
MORENO, REPÓRTER: VIDA DEDICADA AO JORNALISMO
MORENO, REPÓRTER: Vida dedicada ao jornalismo
Aos 63 anos, colunista, mestre da leitura dos fatos políticos, deixa órfã legião de amigos e admiradores
POR MARIA LIMA / CRISTIANE JUNGBLUT / ANDRÉ DE SOUZA /
Jorge Bastos Moreno - Leo Martins / Agência O Globo
Em meados da década de 1970, o menino cuiabano recém saído da UnB, magrelo, preto, pobre, de cabelo escovinha e figurino mal ajambrado, atrevido e de inteligência muito acima da média, iniciava, no “Jornal de Brasília", uma trajetória que o pôs no topo do jornalismo político nacional, passando por diversos veículos de comunicação. Datilografando com apenas dois dedos, como estagiário, repórter de jornal, rádio, TV, blog e plataformas digitais, Jorge Bastos Moreno, ou apenas Moreno, foi espectador privilegiado e protagonista dos principais fatos históricos dos últimos 40 anos. Por 35 anos, escreveu para O GLOBO, como repórter e depois colunista.
Obcecado pela notícia, repórter de corpo e alma, como descreveu um dos companheiros do início de carreira, Moreno tinha um faro apurado e logo pulou da cobertura de cidades para a editoria de política. Numa tarde de 1978, ao cruzar com o fotógrafo do GLOBO Orlando Brito, na saída do trabalho, perguntou por que ele estava carregando tanto equipamento. Brito confidenciou que no dia seguinte iria fazer uma campana no Regimento de Cavalaria da Presidência da República para fotografar o general João Batista Figueiredo, porque estava desconfiado que ele seria o escolhido do presidente Ernesto Geisel para sucedê-lo.
No dia seguinte, enquanto Brito fotografava o general, Moreno apareceu. Depois de desencilhar o cavalo, Figueiredo passou pelos dois. Chamou para tomar um café. Moreno perguntou:
— Tão dizendo que o senhor vai ser, que o senhor pode ser, o futuro presidente da República...
— Quem te falou?
— As fontes, general, as fontes que falam as coisas aí, e tal.
— Não, eu sou o futuro presidente. Eu fui escolhido para ser o futuro presidente da República.
— Nisso, o Orlando Brito, do GLOBO, passa por mim e diz 'você tá com um furo, você tá com um furo'. Eu comecei a ficar nervoso — contou o próprio Moreno, em depoimento ao Memória Globo.
O furambaço no “Jornal de Brasília” catapultou Moreno para O GLOBO. Era o rei do bastidor, um contador de estórias de humor e ironia finos. Sedutor e agregador, Moreno tinha fontes de todos os matizes políticos nos banquetes preparados pela chef e companheira Carlúcia, na casa do Lago Norte, reunia jornalistas da casa e concorrentes, os presidentes da República, artistas e personalidades de todas as áreas.
Capaz de interpretar excepcionalmente os movimentos políticos, e com um senso de humor refinado e afiado, Jorge Bastos Moreno acabou se aproximando do maior expoente da política brasileira na década de 80, o Dr. Ulysses Guimarães. Políticos que conviveram com ambos lembram que Moreno tornou-se um confidente para Ulysses Guimarães. A amizade foi tamanha que Moreno pediu uma breve licença do jornal e se tornou assessor de Ulysses na campanha presidencial de 1989. Anos depois, Moreno lançou em 2013 o livro “A História de Mora. A saga de Ulysses Guimarães”, pela editora Rocco, onde ele conta episódios da trajetória de Ulysses tendo Dona Mora como o fio condutor da narrativa.
Moreno acompanhava os passos de Ulysses em especial quando o parlamentar se tornou presidente da Assembleia Nacional Constituinte, que elaborou a Constituição de 1988. Foi neste ambiente que o repórter se tornou figura presente no gabinete do peemedebista, em conversas longas. O relator da Constituinte, então deputado Nelson Jobim (PMDB-RS), lembra que o trabalho era frenético, mas que à noite o Dr. Ulysses, Moreno, Heráclito Fortes e, às vezes, ele próprio iam para o restaurante Piantela. O restaurante ganhou fama de ser o local dos políticos — e, claro, dos jornalistas. O ‘point’ permaneceu por gerações seguintes.
— Conheci o Moreno via Dr. Ulysses. Ele estava sempre ao lado do Dr. Ulysses. Moreno também adorava o Severo Gomes (que morreu juntamente com Ulysses em acidente de helicóptero). Terminavam as sessões da Constituinte e iam jantar no Piantela. Moreno se tornou confidente do Dr. Ulysses, mas era um confidente curioso, porque Dr. Ulysses também se tornou ouvinte, era bilateral. Moreno fazia confidência a ele, mas ele nunca contava. Era fiel ao silêncio — disse Jobim ao GLOBO.
Já eram 22h56 no dia 7 de dezembro de 2015, quando o blog do jornalista Jorge Bastos Moreno no site do GLOBO anunciava “Exclusivo: Carta de Temer a Dilma". O furo de reportagem, mais um entre os vários na carreira de Moreno, tornava pública uma queixa que ficaria famosa quase que imediatamente: o hoje presidente Michel Temer reclamava à ex-presidente Dilma Rousseff que era apenas um “vice decorativo", sem participação efetiva no governo. Foi também mais um passo em direção ao impeachment de Dilma, que viria a ocorrer meses depois.
Como bom repórter, Moreno contou também com a sorte. Em 22 de julho de 1992, ele passou pela tabacaria da barbearia do Senado para comprar um cigarro e encontrou um amigo que trabalhava no Banco Central (BC). Na conversa, esse amigo, sem se dar conta de que estava revelando uma informação a que nenhum jornalista ainda tivera acesso, lhe disse: “Agora que todos sabem que o Fiat Elba do Collor foi pago com o cheque do fantasma José Carlos Bonfim, não há como mais negar que o presidente estava fora do esquema do PC".
Moreno ficou surpreso. Até então não se sabia o nome que aparecia no cheque. Mas ele teve sangue frio para fingir que aquilo não era nada de mais. O motivo? Ele próprio explicou no texto publicado em 2012: “Se você se mostra interessado, o interlocutor percebe o que fez e vai te implorar de joelhos para você não publicar".
Repórter político experiente, ele também foi responsável por um grande furo do jornalismo econômico. Em 12 de janeiro de 1999, por volta das 19h, começou a circular em Brasília um forte rumor de que o então presidente do Banco Central (BC) Gustavo Franco sairia do cargo. O atual chefe da sucursal do GLOBO em Brasília, Sérgio Fadul, coordenava em 1999 a equipe de economia do jornal na cidade. Ele conta que o horário de fechamento da edição que circularia no dia seguinte se aproximava sem confirmação da notícia. Os primeiros exemplares impressos naquela noite continham uma reportagem apenas mencionando a possibilidade de troca de comando no BC. Fadul pegou então o telefone e ligou para Moreno.
— Perguntei: você pode nos ajudar? Ele respondeu: pode deixar. Em menos de uma hora, ele ligou: pode cravar (a demissão) — conta Fadul.
Veio então a ordem para parar as máquinas do novo parque gráfico do GLOBO, inaugurado apenas horas antes. Seria rodada uma nova edição, com a informação recém-confirmada.
O jornalista Jorge Bastos Moreno morreu no início da madrugada de ontem, no Rio, aos 63 anos. Moreno morreu de edema agudo de pulmão decorrente de complicações cardiovasculares. O corpo do jornalista será sepultado hoje em Cuiabá, onde ele nasceu.
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N. E. - A Coluna do Moreno foi publicada aqui no Almanaque Raimundo Floriano desde quando assinamos o Globo.com. Que ele segure na mão de Deus e vá!
O Globo quarta, 14 de junho de 2017
MORRE O JORNALISTA JORGE BASTOS MORENO, COLUNISTA DO GLOBO
Morre o jornalista Jorge Bastos Moreno, colunista do GLOBO
Um dos mais respeitados repórteres de política do país sofreu edema agudo de pulmão, decorrente de complicações cardiovasculares
POR O GLOBO
/ atualizado
O jornalista Jorge Bastos Moreno trabalhava no GLOBO há 35 anos - Leo Martins / Agência O Globo
RIO - O jornalista Jorge Bastos Moreno, colunista do GLOBO, morreu à 1h desta quarta-feira, no Rio, aos 63 anos, de edema agudo de pulmão decorrente de complicações cardiovasculares. Um dos mais respeitados repórteres políticos do Brasil, Moreno nasceu em Cuiabá e viveu em Brasília desde a década de 1970. Há 10 anos morava no Rio.
Com mais de 40 anos de carreira, Moreno era dono de uma invejável agenda de fontes, que inclui os principais políticos e os grandes nomes do mundo artístico do país.
Trabalhou no jornal O GLOBO por cerca de 35 anos, onde chegou a dirigir a sucursal de Brasília. Seu primeiro grande furo de reportagem foi no "Jornal de Brasília": a nomeação do general João Figueiredo como sucessor do general Ernesto Geisel. Foi apenas o primeiro de grandes furos, conseguidos graças à sua imensa capacidade de conquistar fontes. Sua importância era tamanha que, nos corredores do Congresso, enquanto repórteres costumavam chamar "Senador, Senador" ou "Deputado, Deputado", em busca de uma informação, com Moreno era o contrário: ao entrar no Congresso, eram os políticos que o chamavam, "Moreno, Moreno".
Entre tantos furos, dois se destacam. Durante o impeachment do presidente Fernando Collor, em 1992, quando a própria CPI do PC procurava uma prova cabal que ligasse o presidente aos cheques de "fantasmas" que vinham do esquema PC, foi Moreno que revelou que um Fiat Elba de propriedade do presidente tinha sido comprado pelo "fantasma" José Carlos Bonfim. Uma informação que ainda não era do conhecimento nem do relator da CPI, deputado Benito Gama, nem de seu presidente Amir Lando. A manchete do GLOBO selava o destino do presidente.
Venceu também o Prêmio Esso de Informação Econômica de 1999 com a notícia da queda do então presidente do Banco Central Gustavo Franco e a consequente desvalorização do real. Moreno teve acesso à noticia no início da madrugada, avisou aos diretores e conseguiu um feito com que todos os jornalistas sonham: parou as máquinas do jornal para que seus leitores tivessem ao acordar a notícia explosiva.
No fim da década de 1990, estreou sua coluna de sábado. O primeiro título - "Nhenhenhém" - era inspirado num desabafo do então presidente Fernando Henrique Cardoso para que os jornais "parassem de nhenhenhém" e tratassem do que ele considerava temas mais importantes. Apesar do título, a coluna nada tinha de superficial: no seu estilo irônico, publicava as notícias mais relevantes do bastidor político brasileiro. A coluna, publicada até o último sábado, passou há alguns anos a levar o nome do próprio Moreno. Mais recentemente, passou a escrever o "Cantinho do Moreno", na coluna "Poder em jogo", de Lydia Medeiros.
Era um apaixonado por todas as plataformas de notícia. A todo instante, abastecia também o Blog do Moreno. Desde 10 de março, comandava o talk show "Moreno no Rádio", na CBN, às sextas-feiras à tarde. Era também o âncora do programa "Preto no Branco", do Canal Brasil. E fazia imenso sucesso com suas participacões frequentes na GloboNews.
Também em março, Moreno lançou o livro “Ascensão e queda de Dilma Rousseff”, transformando em relato histórico aquela que talvez seja a forma mais efêmera de comunicação dos tempos digitais: as mensagens de Twitter. Em centenas de microtextos de até 140 caracteres, Moreno teceu comentários que remontam a meados de 2010, quando Dilma se preparava para sua primeira eleição à Presidência da República, e vão até agosto de 2016, mês em que a petista teve seu mandato cassado no Senado.
Moreno era também autor de "A história de Mora - a saga de Ulysses Guimarães", lançado em 2013, após ser publicado em forma de série pelo GLOBO. O livro, que mistura realidade e ficção, traz episódios em torno da figura de Ulysses contados por um narrador especial: dona Ida Maiani de Almeida, carinhosamente apelidada de Mora.
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N.E. Moreno é també uma grande perda para o Almanaque Raimundo Floriano, que vinha publicando sua coluna desde quando passamos a assinar o Globo.com. Que ele segure na mão de Deus e vá!
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O Globo domingo, 11 de junho de 2017
PERFIL DE HERMAN BENJAMIN: FIRME COM A TOGA E AFÁVEL PARA OS AMIGOS
Herman Benjamin: Firme com a toga e afável para os amigos
Relator do processo contra a chapa Dilma-Temer mostrou habilidades lapidadas há muito tempo
POR RENATA MARIZ
/ atualizado
Benjamin tem livros publicados sobre direito ambiental - Ailton Freitas / Agência O Globo
BRASÍLIA - Raciocínio rápido e capacidade de entremear fundamentos jurídicos a expressões de efeito são habilidades lapidadas há muito pelo ministro Antonio Herman de Vasconcellos e Benjamin. Aos 59 anos, o paraibano nascido em Catolé do Rocha, cidade de 30 mil habitantes na Paraíba, exercitou os dotes ao longo do julgamento da ação que poderia ter cassado o mandato do presidente Michel Temer.
Falou em “muralha da China” ou “chinese wall” para enfatizar o quanto o caso Odebrecht, no início da ação, era blindado e pouco conhecido. Explicou o caixa dois do tipo “barriga de aluguel” e classificou a investigação da chapa presidencial vencedora em 2014 como um “milagre” com prova “oceânica”. Discreto, mas vaidoso intelectualmente, Herman estendeu expediente e varou fins de semana a para montar seu extenso voto na ação mais importante da história do TSE.
Os últimos dez anos como ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), não lhe tiraram a verve de promotor. No MP de São Paulo, onde atuou entre 1982 e 2006, é apontado como juiz duro. No trato pessoal, afável e bem-humorado.
Mesmo diante da pressão do julgamento combinada com uma gripe forte, Herman encontrou tempo para achar graça de uma espécie de meme sobre o Dia dos Namorados, segundo uma pessoa próxima. A mensagem sugeria algo como ter, na data comemorativa, uma companhia como Herman, que valoriza as “preliminares” — numa brincadeira com as nove questões de ordem discutidas exaustivamente pelo TSE antes de iniciar o julgamento do mérito.
Avesso a badalações, o círculo de amigos íntimos não é extenso. O adversário contumaz de plenário, ministro Gilmar Mendes, quis se colocar, em certo momento do julgamento, numa situação de proximidade com Herman, ao dizer que voaram juntos de monomotor para Águas de São Pedro (SP). Era a lembrança de mais de 30 anos de um voo para a capital paulista que teve muita turbulência.
GOSTO PELA REALIDADE
Histórias de sufocos em aviões pequenos durante viagens de trabalho, Herman gosta de contar. Chefe do hoje ministro durante os quatro anos como procurador-geral de Justiça de São Paulo, Luiz Antonio Marrey conta que, certa vez, o então promotor voara ao Monte Roraima a serviço quando problemas na aeronave levaram o piloto a ligar para a própria mãe meio que se despedindo. Passado o pânico, o avião pousou a salvo.
—É um episódio engraçado mas que demonstra uma característica forte do Herman Benjamin, de não ficar somente nos tapetes vermelhos. Ele sempre foi de sair do gabinete, de ver a realidade — diz Marrey.
Herman deixou Catolé do Rocha entre o fim da infância e início da adolescência. Não seguiu a carreira do pai, médico. Formou-se em direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Fez mestrado em Illinois (EUA), onde também foi professor visitante, assim como em instituições do Texas e na Bélgica. Tornou-se uma referência no direito do consumidor e principalmente no direito ambiental, hoje reconhecido internacionalmente na área. Tem nove livros publicados e convites frequentes para palestras.
Uma coleção extensa de gravatas na cor verde, uma referência ao meio ambiente, é motivo de comentários de colegas de STJ. Gosta de colecionar tapetes e artesanatos trazidos das muitas viagens internacionais , mas apesar do passaporte abarrotado de carimbos, Herman costuma seguir, de carro, para locais próximos recomendados por amigos.
Gosta da companhia dos sobrinhos nas aventuras a quatro rodas. O ministro tem duas irmãs, que cuidam mais de perto da mãe, de idade avançada. O pai morreu em 2011. O velório contou com a presença de pessoas próximas a família Benjamin, como o cantor e compositor Chico César, também de Catolé do Rocha.
Benjamin tem hábitos naturebas. Não come carne vermelha, prioriza os orgânicos, prefere chá a café e flerta com a homeopatia. Toma vinho moderadamente. É vigilante em relação à balança e preza por cabelos bem pintados e cortados e cuida da pele.
Disciplinado e detalhista, o ministro preparou minuciosamente os capítulos finais da atuação no TSE. Projetou trechos de leis e da ação em telão no plenário da Corte e escancarou contradições do ministro Gilmar Mendes usando o voto do próprio colega, que defendeu a necessidade de ir fundo nas investigações quando a inquilina do Palácio do Planalto era Dilma Rousseff.
Advogados veem o ministro com reservas e queixas. Reclamam de atendê-los em pé e somente se o processo em questão já tiver sido pautado para julgamento. Critério que adotou para repelir a romaria de advogados à porta do gabinete. Desde que assumiu a ação de cassação da chapa Dilma-Temer, especula-se que almeja chegar ao Supremo Tribunal Federal.
O Globo sábado, 10 de junho de 2017
MICHEL TEMER NÃO RESPONDE QUESTÕES DA POLÍCIA FEDERAL E CRITICA CONTEÚDO DAS PERGUNTAS
Michel Temer não responde questões da PF e critica conteúdo das perguntas
Defesa do presidente enviou ao STF 48 razões para ele não prestar esclarecimentos ao órgão
POR RAYANDERSON GUERRA
/ atualizado
Presidente Michel Temer se recusa a responder questões enviadas pela Polícia Federal - Givaldo Barbosa / Agência O Globo
RIO — A defesa do presidente Michel Temer enviou uma petição ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira criticando as 82 perguntas enviadas pela Polícia Federal sobre a delação de Joesley Batista, dono do frigorífico JBS, e de outros executivos da empresa. A defesa pede ainda o arquivamento do inquérito que, aberto após a Operação Patmos, investiga Temer por suspeita de corrupção passiva, obstrução da Justiça e organização criminosa.
Em 14 páginas dirigidas ao ministro do Supremo Luiz Edson Fachin, relator da Lava-Jato, os advogados do presidente apresentam 48 razões para Temer não responder às questões da PF. De acordo com a defesa, o presidente foi "coadjuvante de uma comédia bufa, encenada por um empresário e criminoso confesso e agora está sendo objeto de uma inquirição invasiva, arrogante, desprovida de respeito e do mínimo de civilidade."
"O questionário é um acinte à sua dignidade pessoal e ao cargo que ocupa, além de atentar contra vários dispositivos legais, bem como contra direitos individuais, inseridos no texto constitucional."
A Polícia Federal enviou o questionário ao presidente com autorização de Fachin. As perguntas foram remetida com um prazo inicial de 24 horas para Temer responder, mas a janela foi prolongada para até esta sexta-feira. As 82 perguntas se referem, principalmente, à conversa entre o presidente e Joesley Batista que foi gravada pelo empresário durante um encontro fora da agenda oficial. Entre outras questões, a PF pediu a Temer para esclarecer o que ele quis dizer com a frase "Tem que manter isso", após o dono da JBS dizer que estava bem com ex-deputado federal Eduardo Cunha.
O documento enviado pela defesa ao STF nesta sexta, porém, alega que as autoridades estão mais preocupadas em comprometer o presidente do que mostrar a verdade dos fatos.
"Cumpre inicialmente ponderar que, houvesse Vossa Excelência sido o autor dos questionamentos feitos por escrito ou em colheita de depoimento oral, teria havido, com certeza, uma adequada limitação das perguntas ao objeto das investigações. Indagações de natureza pessoal e opinativa, assim como outras referentes aos relacionamentos entre terceiras pessoas ou aquelas que partem de hipóteses ou de suposições e dizem respeito a eventos futuros e incertos não teriam sido formuladas. No entanto, foram feitas e demonstram que a autoridade mais do que preocupada em esclarecer a verdade dos fatos desejou comprometer o Sr. Presidente da República com questionamentos por si só denotadores da falta de isenção e de imparcialidade por parte dos investigadores ", diz um dos trechos.
A defesa alega que, mesmo sem aguardar a perícia do áudio entre Temer e Joesley Batista, o ministro determinou a formulação das questões para serem respondidas pelo presidente. Segundo a defesa, várias perguntas não dizem respeito às funções presidenciais de Temer.
‘Há pergunta verdadeiramente invasivas, e portando inoportunas, que procuram simplesmente entrar na vida pessoal do Presidente, afrontando a sua intimidade, sem nenhuma conexão com as investigações’
- ADVOGADOS DO PRESIDENTE MICHEL TEMER em petição enviada ao STF
"Desde já, e antecipando alguma das razões que trazem dificuldade para o Sr. Presidente da República responder às perguntas da autoridade policial, deve ser salientado, como se fez acima, que diversos questionamentos dizem respeito a fatos estranhos às funções presidenciais; outros referem-se a períodos não cobertos pelo seu mandado; alguns ao relacionamento entre terceiras pessoas. Note-se, que muitos deles partem da premissa do cometimento induvidoso de delitos e não objetivam perquirir a verdade, mas sim revelar meras circunstâncias de crimes que já estariam provados. "
Um dos argumentos enviados por Temer ao STF é que o questionário demonstra falta de elementos incriminadores contra o presidente .
"O questionário demonstra que os trabalhos investigativos, diante da ausência de elementos incriminadores, perderam-se no caminho. Razões que escapam à nossa razão parecem estar conduzindo as investigações por caminhos e veredas que estão, ao que parece, sendo percorridos à revelia de Vossa Excelência. Buscam, sem nenhum critério, métodos ou limites, encontrar qualquer indício, o mais tênue e frágil que seja, para, com o auxílio da mídia, dar uma repercussão a fato que enganosamente possa parecer grave. Assim tem sido e assim será, até que barreiras éticas impeçam o avanço da incompreensão, da intolerância e da falta de respeito que nos vêm atingindo. "
Em outro ponto, a defesa alega que Michel Temer está sendo "alvo de um rol de abusos e de agressões aos seus direitos individuais e à sua condição de mandatário da Nação que colocam em risco a prevalência do ordenamento jurídico e do próprio Estado Democrático de Direito."
"O vulgo tem questionado “mas o que estão fazendo com o Presidente da República ?” e os seus amigos indagam “por que o Michael está sendo tratado desta forma ?”
O Globo terça, 06 de junho de 2017
POLÍCIA FEDERAL PRENDE HENRIQUE EDUARDO ALVES, EX-MINISTRO DE TEMER E DILMA
PF prende Henrique Eduardo Alves, ex-ministro de Temer e Dilma
Ele foi presidente da Câmara dos Deputados no biênio 2013 e 2014
POR O GLOBO
/ atualizado
O ex-ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves - Jorge William / Agência O Globo
RIO — A Polícia Federal prendeu, na manhã desta terça-feira, o ex-ministro e ex-presidente da Câmara dos Deputados Henrique Eduardo Alves (PMDB/RN). A ação é um desdobramento da operação Lava-Jato, com base nas delações premiadas de executivos da Odebrecht. A informação é da "GloboNews".
A PF também cumpre mandado de prisão contra o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, que já está preso no Paraná. Nesta manhã, 80 policiais federais cumprem 33 mandados judiciais — cinco deles de prisão preventiva e seis de condução coercitiva.
Na Operação Catilinárias, a casa do ex-ministro já havia recebido policiais para o cumprimento de mandado de busca e apreensão. Os investigadores apuraram crimes de corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro no favorecimento de duas empreiteiras responsáveis por construir a Arena das Dunas, em Natal.
O mandado de prisão contra Alves foi expedido pela Justiça Federal do Rio Grande do Norte. Ele foi ministro do Turismo nos governos Dilma Rousseff e Michel Temer, e pediu demissão em junho de 2016 após ser citado em delação de Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, subsidiária da Petrobras.
Em 2014, Alves concorreu ao governo do Rio Grande do Norte, mas foi derrotado no segundo turno.
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O Globo domingo, 04 de junho de 2017
NANDO REIS SERÁ HOMENAGEADO PELA ORQUESTRA PETROBRAS SINFÔNICA
Nando Reis será homenageado pela Orquestra Petrobras Sinfônica
POR MARIA FORTUNA
Depois dos Los Hermanos, é Nando Reis quem ganhará uma homenagem da Orquestra Petrobras Sinfônica. O maestro Isaac Karabtchevsky vai reger um concerto com 13 sucessos do compositor — entre eles, “O segundo sol”, “Relicário” e “Por onde andei”—, que terão novos arranjos de Rafael Smith, Alexandre Caldi e Jessé Sadoc. O encontro único, em outubro, no Teatro Municipal, marca a estreia do projeto “Série Convidados”, da orquestra.
O Globo domingo, 04 de junho de 2017
GLEISI HOFFMAN É ELEITA PRESIDENTE DO PT
Gleisi Hoffmann é eleita presidente do PT com 60% dos votos
Gleise defende Lula e fala sobre o fato de ser ré na Lava-Jato
POR FERNANDA KRAKOVICS / CATARINA ALENCASTRO
/ atualizado
Os senadores Lindberg Farias e Gleisi Hoffmann, candidatos a presidência do Partido dos Trabalhadores durante o Congressodo partido em Brasília - ANDRE COELHO / Agência O Globo
BRASÍLIA - Ré na Lava-Jato, a líder do PT no Senado, senadora Gleisi Hoffmann (PR), foi eleita nova presidente do PT, com 60% dos votos. Seu principal concorrente, o senador Lindbergh Farias (RJ), ficou em segundo lugar, com 38% dos votos dos delegados. Gleisi substitui Rui Falcão no cargo e exercerá a função por dois anos. A eleição contou com o voto de 596 delegados e ocorreu no 6° Congresso Nacional do PT, que contou com a presença dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Ela será a primeira mulher a presidir o partido.
Em sua primeira entrevista coletiva após ser eleita, Gleisi foi perguntada sobre o fato de ser ré na Lava-Jato e se isso pode ser danoso para a imagem do partido.
– Mais do que já fizeram (para manchar a imagem do partido)? – perguntou, ao responder à pergunta.
A senadora reafirmou declarações que Lula fez em seu discurso, minutos antes, e disse que apesar dos ataques que vem sofrendo, o ex-presidente continua liderando as pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais.
– O PT foi desconstruído nesse processo. A gente não teve condições de fazer uma defesa. Não vejo como tentar desconstruir mais a imagem do partido como já foi feito. Quando se faz uma pesquisa de opinião, quem ganha é o presidente Lula. Quem tem ligação com o povo, quem tem legado não é fácil ser desconstruído.
Candidata de Lula, Gleisi afirmou que o partido não fará autocrítica porque não quer fortalecer o discurso de seus adversários. Reunido em seu 6º Congresso, o PT era cobrado, inclusive por setores à esquerda do partido, a reconhecer supostos erros, como o envolvimento em escândalos de corrupção e alianças com partidos como o PMDB.
– Não somos organização religiosa, não fazemos profissão de culpa, tampouco nos açoitamos. Não vamos ficar enumerando os erros que achamos para que a burguesia e a direita explorem nossa imagem – disse Gleisi, ao discursar no congresso petista.
A senadora, que é líder do PT no Senado, reconheceu, no entanto, que o partido se afastou dos movimentos sociais enquanto comandou o governo federal:
– É certo que ficamos com relação mais institucional do que política.
Em campanha para a presidência do PT, Gleisi ressaltou êxitos dos governos petistas, como distribuição de renda e geração de empregos:
– Não teve na história de 500 anos do Brasil governos melhores do que os do PT. Não foi João Goulart, não foi Getúlio Vargas. Temos que erguer nossa cabeça para defender nosso legado e nosso governo.
Ela defendeu bandeiras históricas petistas, como taxação de grandes fortunas e regulação dos meios de comunicação. Para a senadora, um dos desafios da nova direção do PT é nacionalizar o partido, tradicionalmente concentrado em São Paulo. Gleisi também defendeu a candidatura de Lula à Presidência da República e eleições diretas em caso de afastamento do presidente Michel Temer.
Gleisi é acusada de receber R$ 1 milhão do esquema de corrupção na Petrobras para sua campanha em 2010. Ela e seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, respondem por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, mas negam as acusações.
Gleisi enfrentou o senador Lindbergh Farias (RJ) na disputa pela presidência do partido. Candidato pela corrente Muda PT, Lindbergh adotou o discurso da radicalização. Em sua fala final, para pedir os votos dos filiados, o senador afirmou que o partido precisa se preparar para o “enfrentamento”. Ele defendeu que a militância seja fortalecida para “barrar o avanço” do neoliberalismo e da burguesia.
Lindbergh criticou o “afastamento” da atual direção partidária da “realidade”, ao permitir que houvesse o apoiamento a candidaturas de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a presidência da Câmara e Eunício Oliveira (PMDB-CE) para a presidência do Senado.
— Precisamos de um partido preparado para o enfrentamento. Houve um distanciamento da nossa direção da realidade, parecia que não tinha havido um golpe, alguém pensar em apoiar Rodrigo Maia, Eunício Oliveira. Ali eu vi que a gente tinha que dar uma sacudida na burocracia, e encorajar a militância. Petista não vota em golpista — discursou, sendo aplaudido por grande parte da plateia.
O senador pregou a candidatura de Lula e afirmou que o partido tem que defender Lula contra as denúncias que recaem sobre ele. O ex-presidente é réu em cinco ações penais e neste domingo o Ministério Público pediu sua condenação.
— O que fazem com Lula é a campanha mais infame que já fizeram. Lula não está acima da lei, mas não está abaixo da lei. Temos que fazer uma defesa incansável de Lula. Um ataque a Lula é um ataque ao trabalhador brasileiro. Ele é a única possibilidade que o Brasil tem de deter o avanço neoliberal — afirmou.
Para integrantes da CNB, Gleisi errou ao viajar em busca de votos ao lado de Lindbergh, confiando que ele retiraria a candidatura mais à frente. Com isso, a candidatura do senador acabou crescendo no partido. Gleisi intensificou suas articulações e conseguiu, horas antes da votação, contar com a apoio das correntes Movimento PT e Optei, garantindo a ela uma margem segura.
Ainda de acordo com integrantes da CNB, Gleisi chegou a se arrepender de ter aceitado o pedido de Lula para concorrer à presidência do partido.
O Globo sábado, 03 de junho de 2017
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PEDE CONDENAÇÃO DE LULA E MULTA DE 87 MILHÕES NO CASO DO TRÍPLEX
MPF pede condenação de Lula e multa de R$ 87 milhões no caso do tríplex
De acordo com MPF, imóvel está em nome da OAS mas seria, de fato, do ex-presidente
POR CLEIDE CARVALHO
/ atualizado
O ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva - ANDRE COELHO / Agência O Globo 01/06/2017
BRASIL - O Ministério Público Federal pediu a condenação e prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá. Os procuradores também pedem que sejam devolvidos aos cofres públicos R$ 87,6 milhões, referentes a contratos da OAS com a Petrobras. De acordo com o MPF, o tríplex está em nome da OAS mas seria, de fato, do ex-presidente, como contrapartida por contratos que a OAS fechou com a Petrobras no governo do petista.
No documento de alegações finais entregue ao juiz Sergio Moro, os procuradores pedem a condenação com base em provas indiciárias. Afirmam que o Supremo Tribunal Federal tem externado que a prova por indícios é apta a lastrear a condenação, mesmo quando baseada em presunções.
Para eles, a dificuldade de produzir provas de que o apartamento pertence à família de Lula é fruto da profissionalização dos crimes de lavagem de dinheiro.
"O ponto aqui é que disso tudo flui que os crimes perpetrados pelos investigados são de difícil prova. Isso não é apenas um “fruto do acaso”, mas sim da profissionalização de sua prática e de cuidados deliberadamente empregados pelos réus", dizem os procuradores.
Para o MPF, o fato de o apartamento ter se mantido em nome da OAS foi a forma encontrada para que a propriedade fosse ocultada de terceiros.
Os procuradores afirmam que Lula foi o responsável pelo esquema de corrupção na Petrobras, pois no lugar de "buscar apoio político por intermédio do alinhamento ideológico " para governar o país, comandou a formação de um esquema criminoso de desvio de recursos públicos destinados a comprar apoio parlamentar de outros políticos e partidos, que enriqueceu envolvidos e financiou as "caras campanhas eleitorais" do PT.
O MPF afirma ainda que as modernas técnicas de investigação e de coleta de provas admite probabilidades, evidências e "inferência para uma melhor explicação". E lembram que no apartamento de Lula foram apreendidos documentos referentes ao tríplex 164-A, alguns com adulteração.
"Assim, o que se deve esperar no processo penal é que a prova gere uma convicção para além de uma dúvida que é razoável, e não uma convicção para além de uma dúvida meramente possível. É possível que as cinco testemunhas que afirmam não se conhecer, e não conhecer suspeito ou vítima, mintam por diferentes razões que o suspeito matou a vítima, mas isso é improvável", afirmaram no documento.
Os procuradores dizem ainda que, ao depor ao juiz Sergio Moro, Lula admitiu dar a palavra final na nomeação dos diretores da Petrobras e que o modus operandi de manter o triplex registrado em nome da OAS Empreendimentos "serviu para ocultar a origem e dissimular a verdadeira propriedade do apartamento perante terceiros, uma vez que a unidade pertencia materialmente" a Lula e sua mulher, Marisa Letícia, já falecida, facilitando o repasse de valores ilícitos.
O Globo sábado, 03 de junho de 2017
POLÍCIA FEDERAL PRENDE EX-DEPUTADO ROCHA LOURES, O HOMEM DA MALA
Ex-deputado Rocha Loures é preso em Brasília
No pedido de prisão, Janot diz que ex-parlamentar é o executor das ordens de Temer
POR JAILTON DE CARVALHO
/ atualizado
O ex-deputado Rodrigo Rocha Loures - Ricardo Weg/Presidência da República/Divulgação
BRASÍLIA - O ex-deputado e ex-assessor especial do presidente Michel Temer, Rodrigo Rocha Loures, foi preso na manhã deste sábado, segundo informou a Polícia Federal. Ele foi preso em casa em Brasília, onde deve permanecer até o fim das investigações, e levado para a Superintendência Regional da PF na capital. A prisão de Loures complica ainda mais a situação de Temer, investigado no mesmo inquérito do ex-parlamentar, cuja defesa já sondou investigadores da Lava-Jato sobre chande de fazer delação premiada.
A ordem de prisão foi expedida pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal a pedido do procurador-geral Rodrigo Janot. Loures é acusado de receber propina da JBS em nome de Temer. Ambos respondema inquérito por corrupção no STF.
O Ministério Público Federal reapresentou o pedido de prisão de Rocha Loures na quinta-feira, depois que foi formalizada a posse do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) que saiu do Ministério da Justiça e retornou à Câmara. Com o posse de Serraglio, Loures perdeu a vaga por ser apenas suplente de deputado.
"Vale ressaltar que o envolvimento de Rodrigo Santos da Rocha Loures se deu na condição de homem de "total confiança" - verdadeiro Ionga manus do Presidente da Republica Michel Miguel Elias Temes Lulia. Este último permanece detentor de foro por prerrogativa de função no Supremo Tribunal Federal. Em suma, Rodrigo Loures aceitou e recebeu com naturalidade, em nome de Michel Temer, a oferta de propina (5% sobre o benefício econômico a ser auferido) feita pelo empresário Joesley Batista, em troca de interceder a favor do Grupo J & F, mais especificamente em favor da EPE Cuiabá, em processo administrativo que tramita no CADE. Após esse acordo inicial, momento em que o crime de corrupção se consumara, o deputado federal ainda recebeu os valores da propina acertada do também colaborador Ricardo Saud", diz o procurador no novo pedido de prisão.
Em sua defesa, o ex-deputado argumentou que o novo pedido de prisão é uma forma de pressioná-lo para fazer delação premiada. “Por que não diz a verdade, isto é, que quer a prisão para forçar uma delação, como tem sido usual nos últimos tempos?”, questionou o advogado Cezar Bitencourt na peça encaminhada ao relator da Lava-Jato, ministro Edson Fachin.
Em depoimento de delação, o dono da JBS Joesley Batista afirmou que Rocha Loures foi indicado pelo presidente Michel Temer para tratar de assuntos de interesse da empresa.
Numa conversa gravada pelo dono da JBS no porão do Palácio do Jaburu, Temer indicou Loures para conversar sobre "tudo" de interesse do empresário. Logo depois Loures foi flagrado acertando cargos e decisões estratégicas do governo federal com Batista.
Num segundo momento, o ex-deputado foi filmado recebendo uma mala recheada com R$ 500 mil repassada à ele por Ricardo Saud, operador da propina da JBS. A mala de dinheiro fazia parte de uma propina de R$ 480 milhões a ser paga ao longo de 20 anos, conforme indica a investigação.
O Globo terça, 30 de maio de 2017
ROBIN WRIGHT CHEGA AOS 51 NO AUGE DA CARREIRA E DA BELEZA
Robin Wright chega aos 51 anos no auge da carreira e da beleza
Atriz é a tia da heroína em "Mulher-Maravilha" e retorna com a série "House of cards"
POR EMILIANO URBIM
/ atualizado
BELA E FERA. Robin Wright em cena de "Mulher-Maravilha" - Warner / Divulgação
RIO - Uma das expressões menos lisonjeiras da língua portuguesa é “ficar para titia”. Traz embutida a ideia de que o Plano A de toda a mulher é casar e ter filhos e que, caso exista uma criança próxima por laço de sangue ou amizade, há este ambíguo prêmio de consolação. Para demolir este conceito antiquado, nada melhor que a tia da Mulher-Maravilha no filme que estreia quinta-feira seja Robin Wright, uma atriz engajada e poderosa, que chega aos 51 anos (sim, 51) no auge da carreira e da beleza.
Robin vive a General Antíope, irmã da rainha Hipólita (Connie Nielsen). Ao contrário da soberana das amazonas, ela quer preparar a sobrinha (Gal Gadot) e futura super-heroína para o mundo. Basta assistir ao trailer para ver que ela não dá mole durante o treino: entre uma espadada e outra, diz que não se pode esperar justiça nas batalhas que virão.
“O mais legal deste filme é que se trata de um blockbuster sobre uma super-heroína, algo que nunca foi feito antes. Muitos garotos e garotas entrarão em contato com uma mensagem que não tem só a ver com amor e justiça, mas também com afirmação feminina”, disse a atriz à revista “Variety”.
ENGAJADA
Robin hoje está em posição de destaque na indústria do entretenimento, a ponto de comprar briga para ter salário igual ao de Kevin Spacey na série “House of cards” — cuja quinta temporada chega à Netflix na terça-feira, dia 30. “Me disseram que eu estava recebendo o mesmo que Kevin, e eu acreditei. Mas descobri recentemente que não é verdade. E isso é algo a ser investigado”, disse ela em entrevista coletiva no Festival de Cannes 2017, onde está divulgando seu primeiro projeto como diretora, o curta-metragem “The dark of night”.
PRIMEIRA DAMA. Robin Wright e Kevin Spacey em cena da quinta temporada da série "House of cards" (Netflix) - David Giesbrecht / Netflix
Além disso, Robin atua por causas que acredita: é porta-voz de uma ONG do Texas (ela nasceu em Dallasl) contra abuso de álcool e ativista de direitos humanos na República Democrática do Congo.
No início da carreira, a texana teve alguns papéis de destaque, mas parecia estar sempre à sombra do ex-marido Sean Penn (foram casados de 1996 a 2010). Hoje, além de brilhar como a maquiavélica primeira-dama Claire Underwood de “House of cards”, ela estará na aguardada sequência “Blade Runner 2049” — unindo “marcas" que só melhoraram com o tempo.
Robin Wright na quinta temporada de "House of cards" - David Giesbrecht/Netflix
O Globo segunda, 29 de maio de 2017
TEMER PLANEJA FICAR NO CARGO PELO MENOS 4 MESES, MESMO SE FOR CASSADO PELO TSE
Temer planeja ficar no cargo por pelo menos 4 meses, mesmo se for cassado no TSE
Presidente ganharia tempo com recursos e conta com demora na convocação de eleições
POR CRISTIANE JUNGBLUT
/ atualizado
O presidente Michel Temer, durante encontro coma Câmara Brasileira da Indústria da Construção e grupo de empresários (CBIC) - Givaldo Barbosa / Agência O Globo
BRASÍLIA — O presidente Michel Temer definiu uma estratégia jurídica para tentar ter um desfecho favorável no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e traçou diferentes cenários nos quais pode permanecer no cargo por pelo menos 120 dias. O primeiro passo foi tentar devolver ao Ministério da Justiça o status perdido, com a escolha do jurista Torquato Jardim para comandar a Pasta. O Planalto avalia que o respaldo do jurista e especialista Torquato Jardim resulte num ambiente mais favorável no TSE, onde Temer já tem aliados. Torquato é muito respeitado no setor jurídico e foi advogado de vários partidos em questões eleitorais. Em caso de cassação da chapa vencedora da eleição de 2014 e do mandato do presidente, Temer ganharia tempo com vários recursos e contaria com uma demora na decisão de chamar eleições indiretas.
O Globo domingo, 28 de maio de 2017
FUTEBOL - VASCO COMEMORA SEGUNDA VITÓRIA SEGUIDA
Milton Mendes comemora segunda vitória seguida do Vasco e elogia Nenê
Meia é chamado de 'iluminado' pelo treinador após clássico contra o Fluminense
POR RAFAEL OLIVEIRA
O técnico do Vasco, Milton Mendes, cumprimenta o zagueiro Breno no clássico contra o Fluminense - Marcelo Theobald / Agência O Globo
A vitória por 3 a 2 sobre o Fluminense, em partida eletrizante, deixou Milton Mendes em êxtase. O técnico, que começara mal o Brasileiro com o Vasco, agora vê o time chegar ao G-4, ainda que provisoriamente, e a reconquista da torcida. Após o jogo, ele não escondeu o alívio.
- Essa vitória nos dá um alento muito grande. Não só pelos pontos. Mas pela exibição, pelos jogadores, que entraram e conseguiram fazer algo diferente - comemorou o técnico. - Estamos felizes por tudo. Quando se trabalha intensamente, o homem lá de cima olha e diz: 'Vou botar a mão ali". Foi uma grande e enorme vitória. Nos dá tranquilidade. E foi contra uma equipe muito boa
Ainda que não goste de individualizar a atuação dos jogadores, ele acabou se rendendo a Nenê. O meia saiu do banco para marcar o gol da vitória, aos 48 minutos do segundo tempo, e saiu de campo exaltado pela torcida.
- O Muriqui entrou muitíssimo bem, o Nenê também entrou bem... Ele é iluminado. A bola sobrou e ele fez o gol.
Apesar dos elogios, o técnico não quis adiantar se o gol da vitória pode recolocar o meia no time titular. Ele deixou bem claro que suas opções são baseadas no rendimento, e não no nome do jogador.
- O Nenê é um jogador como os outros. Eu, como treinador, não individualizo. O técnico não olha para o rosto. Mas para o corpo e o rendimento. Não é porque tem mais ou menos nome que vai jogar. O que importa, para mim, é o rendimento. E o Nenê, como os outros que estão fora, estão à espera de uma oportunidade neste momento.
Comemorações à parte, o técnico passou por um susto antes de a bola rolar. O ônibus que levaria o time ao estádio enguiçou, e os jogadores tiveram que concluir o percurso de táxi. Viraram motivo de chacota nas redes sociais. Mas, com a vitória garantida, o técnico pareceu não estar nem um pouco incomodado. E até riu da situação.
- Quando se ganha da forma como ganhamos fica marcado. O que ocorreu antes foi engraçado. Quer dizer, agora é engraçado. Mas naquele momento me passaram tantas coisas na cabeça... Mas são coisas que acontecem. O ser humano erra, as máquinas avariam, não temos que botar culpa em ninguém. Tanto que entramos muito bem em campo.
O Globo terça, 23 de maio de 2017
POLÍCIA FEDERAL PRENDE ASSESSOR ESPECIAL DE TEMER E EX-GOVERNADORES DO DE ARRUDA E AGNELO
PF prende assessor especial de Temer e ex-governadores do DF Arruda e Agnelo
De acordo com as investigações, superfaturamento na construção do estádio Mané Garrincha chega a quase R$ 900 milhões
POR JAILTON DE CARVALHO
/ atualizado
Tadeu Filippelli, assessor especial do presidente Michel Temer, é conduzido por policiais federais - Andre Coelho / O Globo
BRASÍLIA - A Polícia Federal prendeu nesta terça-feira os ex-governadores do Distrito Federal José Roberto Arruda (PR) e Agnelo Queiroz (PT) e o ex-vice governador Tadeu Filippelli — também assessor especial do presidente Michel Temer. Eles foram presos em suas residências em Brasília. A operação - denominada "Panatenaico" - cumpre, ao todo, 15 mandados de busca e apreensão, 10 mandados de prisão temporária e três conduções coercitivas.
Filippelli é mais um dos assessores próximos a Temer com problemas com a polícia. Os outros são Rodrigo Rochas Loures, José Yunes e o ex-ministro Geddel Vieira Lima. Os ministros mais próximos ao presidente - Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral) - também respondem a inquérito no Supremo Tribunal Federal.
Filipelli, preso pela PF hoje, dividia sala com Rocha Loures, a exemplo da que fica ao lado do gabinete presidencial, afirma o blog do colunista Lauro Jardim, no terceiro andar do Palácio do Planalto, hoje reservada para Marcela Temer.
O assessor especial do presidente Michel Temer e os ex-governadores Agnelo Queiroz e José Roberto Arruda - Montagem/O GLOBO
A operação é baseada em delação premiada da Andrade Gutierrez sobre um esquema de corrupção nas obras do estádio Mané Garrincha. De acordo com as investigações, o superfaturamento na construção chega a quase R$ 900 milhões — com custo previsto de R$ 600 milhões, o estádio saiu a R$ 1,575 bilhão ao fim de 2014. Trata-se da arena mais cara de toda a competiçã
A renovação da arena seguiu modelo diferente ao dos outros estádios da Copa do Mundo do Brasil, financiados por dinheiro público, com empréstimos do BNDES. Na arena de Brasília, os aportes vieram da Terracap — companhia estatal do DF com 49% de participação da União — embora a companhia não tivesse essa operação financeira prevista entre suas atividades. Sem estudos prévios de viabilidade econômica do Mané Garrincha, a Terracap encontra-se em estado de iminente insolvência.
Segundo a PF, a suspeita é de que com a intermediação dos operadores, os agentes públicos tenham realizado um conluio e simulado etapas das da licitação. A operação também mira agentes públicos, construtores e operadores de propina que atuaram durante três gestões do governo do Distrito Federal.
O nome da operação, "Panatenaico", se refere ao Stadium Panatenaico, sede dos jogos panatenaicos, anteriores aos jogos olímpicos. A arena dos helênicos, que tinha assentos de madeira, foi toda remodelada em mármore por Arconte Licurgo, no ano 329 a.C., e ampliado por Herodes Ático, no ano 140 d.C. Atingiu então a capacidade para 50 mil pessoas. O estádio voltou a receber obras em 1895, para as Olimpíadas de 1896.
BLOQUEIO DE BENS
Além de autorizar a prisão temporária de Tadeu Filippelli, assessor do presidente Michel Temer, e de dois ex-governadores do Distrito Federal (DF), José Roberto Arruda (PR) e Agnelo Queiroz (PT), o juiz da 10ª Vara Federal de Brasília determinou que os três tivessem R$ 26 milhões em bens bloqueados, sendo R$ 6 milhões de Filippelli e R$ 10 milhões de cada ex-governador. Foi determinado ainda o bloqueio de bens de mais sete pessoas, totalizando mais R$ 29,1 milhões, além de outros R$ 100 milhões da Via Engenharia.
O Globo sexta, 19 de maio de 2017
UMA EMBOSCADA MUITO LUCRATIVA, A DE JOESLEY
Uma emboscada muito lucrativa
Joesley, como é conhecido, é essencialmente um apostador do mercado financeiro. Jogou e lucrou com a crise nas últimas dez semanas.
José Casado, O Globo
Michel Temer passou o dia de ontem no Palácio do Planalto dando vazão à sua incredulidade diante da rápida desintegração do seu governo. Estava a milhares de quilômetros de distância do seu algoz, Joesley Batista, principal acionista do conglomerado agroindustrial JBS, maior exportador mundial de proteína animal.
Temer, um político que atravessou mais da metade dos 71 anos de vida escapando de armadilhas, acabou emboscado pelo empresário bilionário de 45 anos de idade numa noite de março, em Brasília. O teor da conversa nada republicana sobre a Lava-Jato, gravada por Batista na residência oficial, expôs Temer no centro de uma trama suspeita para obstrução da justiça, levando o Supremo Tribunal Federal a determinar uma investigação criminal contra o presidente da República.
Temer não sabe como será o amanhã no poder, mas Batista encerrou a jornada de ontem com bons motivos para celebrar nos Estados Unidos, para onde migrou com permissão do Ministério Público Federal: multiplicou sua fortuna desde que grampeou o presidente, e aplainou o caminho para um acordo de leniência empresarial com plena imunidade para si e sua família. Ele e o irmão são protagonistas de cinco inquéritos criminais derivados da Lava-Jato.
Joesley, como é conhecido, é essencialmente um apostador do mercado financeiro. Jogou e lucrou com a crise nas últimas dez semanas. Ganhou cerca de US$ 500 milhões no período em negócios de câmbio no mercado futuro, contam empresários, enquanto negociava um acordo com o Ministério Público.
Lucrou, também, cerca de US$ 100 milhões com discretas operações de venda de ações da JBS para a JBS, empresa sob controle da sua família (44% do capital) e que tem o BNDES e a Caixa Econômica Federal como acionistas minoritários. Juntos, os bancos estatais detêm um terço conglomerado agro-industrial.
Da sede de negócios em Nova York, no antigo edifício Seagram, joia da arquitetura que serviu de cenário para Audrey Hepburn no filme "Tiffany", Joesley vendeu ações na alta, compradas pelos acionistas minoritários da JBS - entre eles BNDES e Caixa -, antes de detonar a crise institucional que está aí. Na última semana também intensificou operações de hedge (espécie de seguro cambial), como revelou ontem a coluna "Poder em Jogo", do GLOBO.
O apostador Joesley fez fama, no período 2006 a 2014, quando chegou a acumular lucros financeiros na proporção de cinco dólares para cada dólar de rentabilidade nas atividades agro-industriais da JBS. Sua principal "alavanca" era o dinheiro barato obtido nos bancos públicos a partir de estranhas transações com a oligarquia partidária do PT e ndo PMDB que atravessou os governos Lula, Dilma e Temer.
Ele ganhou todas as apostas. Por enquanto. Porque a ira de acionistas minoritários, que se julgam perdedores, tende a ser revertida em pressão sobre a Justiça, a comissão de valores, o BNDES e a Caixa para punir os acionistas, e não a empresa JBS, obrigando a família Batista a se retirar do controle do grupo.
Ontem, Joesley mandou divulgar uma nota em que a JBS "pede desculpas aos brasileiros" e lembra que em outros países, como os EUA, onde vive, seus negócios continuam - "sem transgredir valores éticos", garante
José Casadoé jornalista
O Globo quinta, 18 de maio de 2017
POLÍCIA FEDERAL PRENDE ANDRÉA NEVES, IRMÃ DO SENADOR AÉCIO NEVES
PF prende Andréa Neves, irmã do senador Aécio Neves
Polícia Federal fez operação no imóvel de Andréa Neves, no Rio
RIO — A irmã do senador Aécio Neves (PSDB-MG), Andréia Neves, foi presa na manhã desta quinta-feira pela Polícia Federal, cumprindo mandado de prisão expedido pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). Informações davam conta de que ela estava fora do Brasil, mas Andréia foi presa em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Ela foi a responsável pela primeira abordagem ao empresário Joesley Batista, por telefone e via WhatsApp (as trocas de mensagens estão com os procuradores), conforme revelado pelo colunista Lauro Jardim, do GLOBO.
A Polícia Federal fez operação no imóvel da irmã do senador, Andréa Neves, em Copacabana, no Rio, dando início ao cumprimento do mandado de busca e apreensão no edifício Tancredo Neves. No entanto, lá Andréa não foi encontrada. Os policiais precisaram da ajuda de um chaveiro para entrar no apartamento do oitavo andar, onde moraria Andréa Neves. A PF aguardou cerca de uma hora para abrir a porta.
Segundo um morador do prédio, que pediu para não ser identificado, os apartamentos têm 600 metros quadrados e o do oitavo andar estava desocupado.
A PF está na manhã desta quinta-feira em diferentes endereços ligados ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), presidente nacional do PSDB. A operação se estende ainda aos gabinetes no Congresso do próprio Aécio Neves, Zeze Perella e Rocha Loures, além da residência de Andréa Neves.
A fazenda do senador, localizada em Cláudio, no interior de Minas Gerais, também é alvo de mandado de busca e apreensão. Ainda há uma equipe da PF em outra fazenda em Cláudio, esta pertencente a Frederico Pacheco de Medeiros. Primo e homem de confiança de Aécio, ele é apontado como responsável por receber R$ 2 milhões dos donos da JBS a pedido do tucano.
Aécio Neves já responde a seis inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) em decorrência da operação Lava-Jato.
REPÚBLICA GRAMPEADA: REPERCUSSÃO E ANÁLISE DAS NOVAS DENÚNCIAS
República grampeada: repercussão e análises das novas denúncias
Confira o que o GLOBO publicou sobre a delação dos donos da JBS
POR ASCÂNIO SELEME, DIRETOR DE REDAÇÃO
/ atualizado
RIO — Caro leitor, o colunista Lauro Jardim nos trouxe revelações bombásticas capazes de mudar os rumos do país. Preparamos esta edição extraordinária da nossa newsletter para que você possa acompanhar toda a cobertura do grampo que chocou a República. Lauro informou que o presidente Michel Temer foi grampeado pelo dono da JBS dando aval ao pagamento de um cala-boca para o ex-deputado Eduardo Cunha. E mostrou, em outro grampo, o senador Aécio Neves pedindo R$ 2 milhões ao empresário para pagar a um advogado da sua causa na Lava-Jato. O resultado desses grampos será o grande assunto dos próximos dias no país. O GLOBO deu um grande furo hoje. Para um jornal, isso significa muito. Mas, para nós, ainda mais importante que o furo jornalístico é que mais uma vez O GLOBO cumpriu o seu papel de bem informar. Não importa quem seja o objeto da denúncia, se ela for sólida e verdadeira, O GLOBO vai publicá-la em todas as suas plataformas, atendendo ao compromisso permanente que mantém com o seu leitor.
Joesley Batista e Michel Temer - João Quesada / Agência O Globo/12-12-2012
O grampo da JBS
O colunista Lauro Jardim conta os detalhes de uma delação bombástica: o empresário Joesley Batista, dono da JBS, gravou o presidente Michel Temer dando aval à compra de silêncio de Eduardo Cunha.
‘Tem que manter isso, viu?’
— Presidente Michel Temer a Joesley Batista, quando avisado de que o empresário estava dando mesada a Eduardo Cunha e ao doleiro Lúcio Funaro
'Fale com o Rodrigo'
Polícia Federal filma indicado por Temer recebendo propina.
'Jamais solicitou pagamentos'
Em nota do Planalto, Temer confirma encontro com Joesley e diz que "não solicitou" pagamentos a Eduardo Cunha. Presidente se reúne com ministros e auxiliares.
Blog do Moreno
Temer diz que não renuncia e quer ver a fita da conversa com Joesley.
O senador Aécio Neves - Jorge William / Agência O Globo/03-05-2017
Tempestade tucana
Grampo revela que o senador Aécio Neves, presidente do PSDB, pediu R$ 2 milhões ao dono da JBS.
Tranquilidade
Aécio diz que está tranquilo e que relação com Joesley era estritamente pessoal.
O ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega - Givaldo Barbosa / Agência O Globo/08-09-2014
O elo com o PT
Joesley Batista diz que Guido Mantega distribuía propina a parlamentares petistas.
Quem é Joesley
O empresário que fez sua empresa multiplicar de tamanho e se tornou alvo da Polícia Federal.
E agora, Brasil?
O jornalista Alan Gripp analisa os possíveis impactos da delação bombástica de Joesley Batista na política e na economia brasileiras.
Parlamentares da oposição gritam 'Fora Temer' no plenário da Câmara - Givaldo Barbosa/Agência O Globo
— Claudio Lamachia, presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
Efeitos na economia
Parte da equipe econômica do governo Temer já dá como perdidos os esforços para aprovar as reformas da Previdência e trabalhista no Congresso. "Esquece as reformas", diz um economista.
Manifestantes pedem a saída do presidente Michel Temer em frente ao Palácio do Planalto - Jorge William / Agência O Globo
Memes inundaram a internet após a divulgação de gravações da JBS relativas ao presidente Michel Temer - Reprodução Internet
Nas redes
O brasileiro não perde o bom humor: gravação rende piadas e memes na internet.
O Globo quarta, 17 de maio de 2017
CESSÃO GRACIOSA DE DINHEIRO PÚBICO À JBS
Para começo de conversa: A 'cessão graciosa' de dinheiro público à JBS
Veja os principais destaques na manhã desta quarta-feira
POR O GLOBO
/ atualizado
Linha de produção da JBS em Lapa, no Paraná - André Coelho / Agência O Globo/21-03-2017
Perda milionária
Exclusivo: relatório da área técnica do TCU mostra que o BNDES amargou um prejuízo de R$ 711,3 milhões em operações com o grupo JBS. A investigação da PF sobre as operações financeiras tinha, inicialmente, outro alvo: o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antonio Palocci.
Foto do ex-presidente Lula no sítio em Atibaia que foi anexada ao processo sobre o tríplex - Reprodução
Lula e Léo
A PF anexou novas provas contra Lula aos processos da Lava-Jato, entre elas esta foto do ex-presidente com Léo Pinheiro, da OAS, em Atibaia.
O Globo terça, 16 de maio de 2017
RELATOR LIBERA PARA JULGAMENTO PROCESSO DE CASSAÇÃO DA CHAPA DILMA-TEMER
Relator libera para julgamento processo de cassação da chapa Dilma-Temer
Presidente do TSE deve marcar no início de junho
POR O GLOBO
/ atualizado
Dilma e Temer são alvo de ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) - Givaldo Barbosa/ Agência O Globo 01/02/2016
BRASÍLIA – O ministro Herman Benjamin liberou nesta segunda-feira para a pauta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o processo de cassação da chapa de Dilma Rousseff e Michel Temer. Agora, caberá ao presidente da corte, ministro Gilmar Mendes, marcar o dia do julgamento. Gilmar está em uma viagem à Rússia para participar de uma conferência sobre gestão eleitoral e volta ao Brasil na quinta-feira, quando deve agendar uma data. O mais provável é que seja no início de junho.
Inicialmente, a expectativa do início do julgamento era ainda em maio. O atraso será importante para os ministros Admar Gonzaga e Tarcísio Vieira, que tomaram posse no TSE recentemente e precisarão de mais tempo para estudar melhor o processo – que já soma 29 volumes, com várias provas anexadas e depoimentos de mais de 50 testemunhas. O voto do relator deve ser pela condenação da chapa. No entanto, cresce entre os demais ministros a preocupação de costurar uma solução pela absolvição de Temer, para que a crise política e econômica não tome proporções grandiosas no país.
No processo, o PSDB acusou a chapa de ter cometido abuso do poder econômico e político na campanha. De acordo com os autores da ação, houve “desvio de finalidade de pronunciamentos oficiais em cadeia nacional, eminentemente utilizados para a exclusiva promoção pessoal da futura candidata”. Os tucanos também afirmam que houve veiculação de ampla propaganda institucional em período vedado; uso do Palácio do Planalto para atividades de campanha; uso de gráficas de fachada; uso indevido dos Correios na campanha; despesas de campanha acima do limite legal; financiamento irregular; além de falta de comprovantes idôneos para algumas despesas.
Depois que o processo foi instaurado, outros elementos foram incluídos. Houve inclusive o compartilhamento de provas da Operação Lava-Jato por parte do juiz Sérgio Moro, que conduz as investigações em Curitiba. Os documentos atestariam que boa parte das doações eleitorais registradas corresponde a propina acertada no esquema de desvio de dinheiro da Petrobras. Há também indícios de que o marqueteiro João Santana recebeu dinheiro de empreiteiras da Lava-Jato por serviços prestados à campanha eleitoral petista.
O vice-procurador-geral Eleitoral Nicolao Dino voltou a pedir a cassação da chapa Dilma-Temer em parecer apresentado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na sexta-feira. Caso seja aprovado, o pedido do vice-procurador-geral eleitoral resultaria no afastamento do presidente Michel Temer do cargo. A ex-presidente Dilma Rousseff, que já teve o mandato cassado em processo de impeachment no Senado, se tornaria inelegível por oito anos.
O Globo sábado, 13 de maio de 2017
A MINHA GARANTIA ERA LULA, AFIRMA MÔNICA MOURA
A minha garantia era Lula’, afirma Mônica Moura
Delatora diz que confiava no ex-presidente, que teria pedido calma a João Santana sobre dívida de campanha de Hugo Chávez
POR RENATA MARIZ
/ atualizado
BRASÍLIA - Ao relatar que tomou "cano" da Andrade Gutierrez e de Nicolás Maduro, atual presidente da Venezuela, na campanha que reelegeu Hugo Chávez em 2012, a empresária Mônica Moura foi questionada como fazia as cobranças de valores acertados por meio de caixa dois sem contrato formal. Ela disse que a garantia era o ex-presidente Lula e que o marido, o marqueteiro João Santana, chegou a pressioná-lo para receber valores nunca pagos. Lula pediu calma, disse ela.
— A minha garantia era Lula. Eu confiava muito em Lula, que ele ia resolver. E no nosso próprio trabalho, que foi crescendo de uma maneira que...
De forma mais específica, a investigadora pergunta como exatamente Mônica falava com o executivo da Andrade Gutierrez, que arcou com uma parte da campanha de Chávez por caixa dois, na Venezuela:
— Já cheguei a ameaçar: "Gente, se vocês não me pagarem eu vou ter que conversar no Brasil, quem me chamou para cá foi o presidente Lula. Ele não era presidente na época, mas sempre chamei Lula assim. Vou ter que conversar com ele porque não dá".
A procuradora questiona, então, se Lula chegou a ser acionado sobre o assunto:
— O João cobrou, várias vezes. Chegava para ele e conversava. Já tinha acabado a campanha. Chávez foi eleito. Nós estávamos sendo incensados pela mídia venezuelana como os melhores não-sei-o-quê. E o dinheiro não saía (...) O João, uma vez, conversou com Zé Dirceu, que saía fora, dizia que não tinha nada a ver com financiamento, 'só fiz a intermediação'. João conversava com Lula: 'Não, se acalme, vou conversar com o presidente Chávez, isso vai ser resolvido'.
Seis meses depois, Chávez morreu, deixando um "cano de mais ou menos 15 milhões de dólares", afirmou Mônica. Maduro, que mandava buscá-la de carro blindado para entregar "malas de dinheiro", ainda conforme a empresária, tornou-se presidente e nem retornava mais as ligações dela. A Andrade Gutierrez só teria pago US$ 2 milhões de uma dívida apontada como US$ 5 milhões, numa primeira declaração de Mônica, e depois US$ 4 milhões.
— Sucesso por um lado e um fracasso financeiro retumbante — lamenta a empresária, ao falar da campanha que reelegeu Chávez com vantagem ampla.
Ontem, o relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, quebrou o sigilo da delação do marqueteiro João Santana, da mulher dele, Mônica Moura, e do assessor do casal, André Santana. Nesta sexta-feira, href="https://oglobo.globo.com/brasil/divulgados-os-videos-da-delacao-de-joao-santana-monica-moura-21331189" title="">foram divulgados os vídeos dos depoimentos.
Mônica Moura delata empresas que receberam dinheiro de caixa 2 em campanhas - Reprodução
O Globo sexta, 12 de maio de 2017
MORRE CRÍTICO LITERÁRIO ANTONIO CANDIDO, AOS 98 AN0S
Morre o crítico literário Antonio Candido, aos 98 anos
Vencedor de prêmios como o Jabuti e o Camões estava internado em São Paulo
POR O GLOBO
/ atualizado
O estudioso e crítico Antonio Candido de Mello e Souza - André Gomes de Melo / Reprodução Ministério da Cultura
RIO – Morreu na madrugada desta sexta-feira, aos 98 anos, o escritor Antonio Candido. O mais influente crítico literário do Brasil no século XX estava internado no hospital Albert Einstein, em São Paulo. Segundo comunicado da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo, o velório será realizado nesta sexta no Hospital Albert Einstein, das 9h às 17h.
Por sua obra, Candido venceu quatro vezes o Jabuti, principal prêmio literário do Brasil, por "Formação da literatura brasileira" (1960), "Os parceiros do Rio Bonito" (1965), de poesias, e "Brigada ligeira e outros escritos" (1993), reunindo ensaios. Em 1966, recebeu o Jabuti de personalidade do ano. Em 1998, venceu o prêmio Camões.
Nascido 24 de julho de 1918, Antonio Candido de Mello e Souza era filho do médico Aristides Candido de Mello e Souza e de Clarisse Tolentino de Mello e Souza. Natural do Rio de Janeiro, pouco tempo viveu na então capital federal. Neto de barões do Império, descendente de uma tradicional família do interior de Minas Gerais, morou dos 3 aos 10 anos de idade na mineira Santa Rita de Cássia. Dos 10 aos 12 anos, viveu na França e, passando um verão em Berlim, pôde sentir, através de seu olhar de menino, a ascensão das forças nazistas.
Chegou a prestar exame para a faculdade de medicina antes de ingressar, em 1939, nos cursos de Direito e Ciências Sociais na Universidade de São Paulo (USP). Nessa mesma época, em 1940, estreou na imprensa no exercício da crítica literária, na revista "Clima".
A linguagem fluente e a visão aguda fizeram com que rapidamente, somente três anos depois, fosse contratado para assinar críticas “de rodapé” na “Folha da Manhã” (atual “Folha de S. Paulo”) e, em seguida, no “Diário de S. Paulo”. Desde o início, seus textos se caracterizaram pela clareza — assim como o dos modernistas do período, que cultivavam o coloquialismo —, embora, diferentemente destes, Candido pertencesse às primeiras gerações de formação universitária na área de ciências humanas no país, identificado com um estilo de raciocínio estético então novo no país.
Foi um intelectual que transitou, como poucos no país, entre esses dois universos — o da clareza exigida no cotidiano jornalístico e o da profundidade acadêmica —, tendo consolidado em sua obra, sobretudo no clássico “A formação da literatura brasileira”, de 1957, conceitos fundamentais para se entender não apenas a literatura brasileira, como para aprofundar as interpretações sobre a cultura nacional. A crítica e o trabalho teórico de Candido se beneficiaram de sua dupla formação, na área de Ciências Sociais e na de Letras.
Em 1936, foi estudar em São Paulo e, nos anos 1940, os primeiros de sua carreira, formou um primeiro conjunto de estudos nos quais, de acordo com o crítico Roberto Schwarz, os mais de 150 trabalhos publicados na imprensa “são unidos pelo propósito militante de ampliar a compreensão da atualidade”.
Em 1945, publica o seu primeiro livro, “Brigada ligeira”, no qual reúne artigos da coluna semanal Notas de Crítica Literária, da “Folha da Manhã”. A coletânea retrata a literatura brasileira daquela década, com, entre outros, um ensaio sobre Oswald de Andrade e artigos sobre autores então desconhecidos, a quem Candido saudou a estreia, como Clarice Lispector, com “Perto do coração selvagem”, Fernando Sabino, com “A marca”, e o poeta João Cabral de Melo Neto.
A década de 1940 foi o período de maior engajamento na vida do crítico, que já trabalhava, então, como professor assistente de Sociologia na Universidade de São Paulo (USP). Na primeira metade daquela década, Candido se empenhou na oposição ao Estado Novo e foi segundo secretário da sessão paulista da primeira diretoria da Associação Brasileira de Escritores, fundada em 1942. A organização arregimentou intelectuais contra a ditadura e, em 1945, realizou o histórico 1º Congresso Brasileiro de Escritores, em São Paulo, marcando posição contra o governo vigente. Candido era o membro mais jovem da delegação paulista.
Paralelamente às atividades jornalística e política, defendeu em 1945 a tese “O método crítico em Sílvio Romero”, sobre o crítico literário que estabeleceu, em sua monumental obra, segundo Candido, “o cânon” da literarura brasileira. Com o trabalho, obteve o título de livre-docente e começou a abrir caminho para sua transferência para ser aceito como professor do curso de Letras, que era o seu objetivo. Mas não deixou de colaborar com a imprensa e, nos anos 1950 — decisivos em sua carreira —, elaborou o projeto do Suplemento Literário lançado pelo jornal “O Estado de S. Paulo”.
A passagem para a área de Letras só viria a acontecer em 1958, quando se tornou professor de literatura brasileira da Faculdade de Assis, atualmente parte da Universidade Estadual Paulista, no interior do estado de São Paulo, e já tinha publicado sua obra máxima, “Formação da literatura brasileira”.
No prefácio do clássico, Candido faz uma célebre declaração sobre a literatura brasileira, que, segundo disse, “é galho secundário da portuguesa, por sua vez arbusto de segunda ordem no jardim das Musas... Os que se nutrem apenas delas são reconhecíveis à primeira vista, mesmo quando eruditos e inteligentes, pelo gosto provinciano e falta de senso de proporções. Estamos fadados, pois, a depender da experiência de outras letras, o que pode levar ao desinteresse e até menoscabo das nossas. Este livro procura apresentá-las, nas fases normativas, de modo a combater semelhante erro”.
Diz ele ainda: “Comparada às grandes, a nossa literatura é pobre e fraca. Mas é ela, não outra, que nos exprime. Se não for amada, não revelará a sua mensagem”.
A obra é tão profunda em sua tentativa de revelar os caminhos de formação literária do Brasil quanto os clássicos de Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda na busca das raízes da brasilidade. De acordo com Candido, o livro busca reconstituir a história dos brasileiros no seu desejo de terem uma literatura. A crítica, ao observar a aliança entre esforço artístico e missão nacional, realiza a análise interna das obras literárias, assim como salienta seu papel do ponto de vista da cultural nacional.
Para Candido, a crítica equilibrada era a que atenta aos aspectos estéticos, assim como ao conteúdo do texto, levando em conta “o sistema”, do qual fazem parte autor, obra e público. Ele mostrava como a originalidade é “a ilusão dos parvos” e identificava o caráter empenhado da literatura brasileira, com um sentimento de missão que faz dos artistas brasileiros “delegados da realidade”. Sua visão, porém, segundo o próprio crítico, não pretendia ser impositiva, “mas apenas um dos modos possíveis de encarar a contradição entre histórico e estético, fundindo-os dialeticamente no conceito de sistema”.
Candido foi casado com a filósofa, crítica literária e ensaísta Gilda de Mello e Souza (1919-2005), com quem teve três filhas, Ana Luísa, Laura e Marina.
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O Globo sexta, 12 de maio de 2017
LULA DENUNCIA MORO NO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA
Ex-presidente Lula denuncia Sergio Moro no Conselho Nacional de Justiça
Defesa do petista pede que juiz federal seja notificado a prestar informações em 15 dias
POR RAYANDERSON GUERRA
/ atualizado
Lula denuncia Sérgio Moro no Conselho Nacional de Justiça, um dias antes de prestar depoimento - Reprodução
Os advogados Cristiano Zanin e Roberto Teixeira pedem que o juiz Sergio Moro seja notificado para prestar informações no prazo de 15 dias, "sem prejuízo de outras diligências necessárias para apurar as verossimilhanças da imputação". Após o processamento do pedido, os advogados pedem que “sejam adotadas as medidas previstas no Regimento Interno do CNJ, com a eventual imposição de sanções disciplinares” a Sérgio Moro.
O GLOBO entrou em contato com a assessoria da Justiça Federal do Paraná, mas ainda não obteve uma resposta do juiz Sérgio Moro.
O Globo quinta, 11 de maio de 2017
PETISTAS AVALIAM QUE DEPOIMENTO NÃO DEVE IMPEDIR CONDENAÇÃO DE LULA NA LAVA-JATO
Petistas avaliam que depoimento não deve impedir condenação de Lula na Lava-Jato
Dirigentes do partido entendem que ex-presidente se saiu bem diante de Moro
POR SÉRGIO ROXO
/ atualizado
Em ato após depoimento, Lula criticou imprensa e o judiciário - Heuler Andre / AFP
CURITIBA - Dirigentes petistas avaliam que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se saiu bem no depoimento de quarta-feira ao juiz Sergio Moro, mas entendem que isso não deverá ser suficiente para que ele seja absolvido pelo magistrado.
— O depoimento nos deu elementos para absolver o Lula nas praças e nas ruas — disse o vice-presidente da legenda, Jorge Coelho.
Questionado se existe risco do ex-presidente ser impedido de disputar a eleição presidencial do ano que vem, o dirigente petista respondeu:
— Para quem fez o impeachment e deu essa pernada, dar outro golpe é pouco. A política está nas mãos do Judiciário.
O secretário de organização da legenda, Florisvaldo Souza, também acredita que o ex-presidente tem poucas chances de ser inocentado.
— Não existe um processo contra o Lula, existe uma disputa política e uma perseguição.
Florisvaldo avalia que Lula foi bem no depoimento porque teve "firmeza e não deixou de explicar nada".
Lula deixou Curitiba ainda na noite de quarta-feira, após um discurso a militantes no centro da cidade.
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O Globo quinta, 11 de maio de 2017
LULA NÃO EXPLICA REVELAÇÃO DO TRÍPLEX EM 2010, FEITA PELO GLOBO
Lula não explica revelação de tríplex em 2010, feita pelo GLOBO
Ex-presidente é questionado por Moro sobre reportagem
POR SILVIA AMORIM
/ atualizado
SÃO PAULO - Em depoimento ao juiz Sergio Moro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não conseguiu explicar a revelação do tríplex feita pelo GLOBO em 2010. Na versão apresentada pelo petista, ele só soube do imóvel em 2013.
- Consta no processo uma matéria do jornal O GLOBO, de 10 de fevereiro de 2010, na qual se afirmava naquela época, abro aspas: "A família Lula da Silva deverá ocupar a cobertura tríplex com vista para o mar". Relativamente a esse prédio em Guarujá. O senhor saberia me explicar como a jornalista em 2010 poderia afirmar que a cobertura tríplex seria do ex-presidente? - pergunta o juiz.
Lula responde:
- Eu vou lhe explicar, talvez não explique tudo. Mas o jornal O GLOBO nesse mesmo período fez 530 matérias negativas contra o Lula e só duas favoráveis. Então só posso entender que alguém do Ministério Público em São Paulo, que eu não vou dizer o nome, fomentava a imprensa, que fomentava ele (a jornalista). E isso foi tempo. Nós fizemos inclusive representação no Conselho Nacional do Ministério Público.
Moro, então, questiona a divergência nas datas apresentadas por Lula.
– Mas a questão que eu coloco, essa questão do tríplex que o senhor afirma aqui, ela só teria surgido em 2013, segundo o senhor. O senhor tem ideia como o jornalista, lá em 2010, do GLOBO, poderia ter feito uma matéria se referindo a essa cobertura tríplex que o senhor iria ficar? Nesse mesmo local, nesse mesmo prédio?
Lula volta a acusar os procuradores:
- Por que deve ser uma invenção do Ministério Público.
Moro insiste:
- Mas em 2010 nem tinha processo.
E Lula:
– Sei lá quando, fazer ilação se faz em qualquer momento.
O prédio no Guarujá onde ficar o tríplex que seria de Lula - Marcos Alves / Agencia O Globo 27/01/2016
O Globo quarta, 10 de maio de 2017
STJ NEGA TERCEIRO HABEAS CORPUS À DEFESA DE LULA
STJ nega terceiro habeas corpus da defesa do ex-presidente Lula
Ministro Felix Fisher nega última cartada do ex-presidente Lula para adiar depoimento
POR JÚLIA COPLE / RAYANDERSON GUERRA / ANDRÉ DE SOUZA
/ atualizado
RIO — O ministro Felix Fisher, do Superior Tribunal de Justiça, negou o terceiro habeas corpus impetrado pela defesa do ex-presidente Lula, que ainda faltava ser julgado pelo tribunal. O habeas corpus nº 398570 pedia que o STJ considerasse o juiz federal Sérgio Moro suspeito para julgar a ação penal em que Lula . Essa era a última cartada dos advogados do petista para tentar adiar o interrogatório de seu cliente ao juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sergio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava-Jato na primeira instância.
Os advogados recorreram na noite de ontem, contra decisões do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) que contrariam pedidos feitos anteriormente pela defesa. No depoimento que vai prestar nesta quarta, Lula será questionado sobre a aquisição de um apartamento triplex no Guarujá, no litoral de São Paulo. As íntegras das decisões do STJ não foram divulgadas ainda.
Em um dos pedidos negados, os advogados queriam que fosse concedida uma medida liminar para suspender a tramitação da ação penal em até 90 dias, adiando, portanto, o depoimento. No pedido, os advogados alegaram que não teriam tempo de preparar o cliente por causa do volume de documentos. A defesa estimava que cerca de 100 mil páginas foram juntadas ao processo entre 28 de abril e 2 de maio.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Lula foi beneficiado por uma melhora do apartamento, que passou a ser o tríplex, e pelas reformas feitas no imóvel, assim como a compra de móveis sob medida. O tríplex está em nome da empreiteira OAS, investigada na Lava-Jato. O ex-presidente nega ser dono da unidade.
Em outro pedido, dessa vez apresentado pela Defensoria Pública, o ministro Raul Araújo, também do STJ, manteve a decisão da Justiça de Curitiba que proibiu a montagem de acampamentos nas ruas e praças da capital paranaense nesta quarta-feira. Ele também manteve o bloqueio de áreas específicas da cidade para pedestres e veículos, nas imediações da Justiça Federal.
O Globo terça, 09 de maio de 2017
JUIZ CONFIRMA DECISÃO DE MORO E LULA NÃO PODERÁ GRAVAR INTERROGATÓRIO
Juiz confirma decisão de Moro e Lula não poderá gravar interrogatório
Na decisão, Nivaldo Brunoni disse que pedido da defesa era inusitado
POR DIMITRIUS DANTAS*
/ atualizado
O ex-presidente Luiz Inacio Lula da Silva - STRINGER / REUTERS 05-05-2017
SÃO PAULO — O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) negou nesta terça-feira também o pedido da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de gravar o interrogatório do petista ao juiz Sergio Moro, marcado pata amanhã. A decisão foi do juiz federal Nivaldo Brunoni. Mais cedo, o juiz federal, convocado para substituir o desembargador João Pedro Gebran Neto, também negou o pedido da defesa pelo adiamento do depoimento.
Na decisão de ontem, Moro negou o pedido de Lula e manteve o formato atual dos depoimentos, com a câmara focada no réu, além de proibir a gravação em áudio e vídeo pela defesa do ex-presidente. No entanto, o juiz afirmou que, no caso da audiência de amanhã, também será efetuada uma gravação adicional, feita lateralmente e que retratará a sala de audiência com um ângulo mais amplo. As duas gravações serão disponibilizadas após o interrogatório.
Em sua decisão de hoje, Nivaldo Brunoni considerou o pedido inusitado e disse que, após uma década em que as gravações de audiência são realizadas, não há notícia de que alguma tenha sido prejudicial a algum réu.
No pedido, os advogados de Lual afirmaram que seria importante capturar todo o ato, inclusive as expressões faciais e corporais do procurador e do juiz Sérgio Moro. Nivaldo Brunoni, todavia, não concordou com o argumento.
“Ora, o Ministério Público Federal e o juízo não são réus ou testemunhas do processo”, disse Brunoni.
No início da decisão, Brunoni também criticou o uso exagerado do habeas corpus na Lava-Jato. Segundo o juiz, o habeas corpus tem sido utilizado com a finalidade de enfrentar, de modo precoce, questões processuais. Para o juiz, embora o procedimento deva ser utilizado em ilegalidades no curso do processo, seu foco deveria ser quando há risco ao direito de ir e vir dos investigados. O magistrado chegou a chamar a Operação Lava-Jato de “grandiosa” ao criticar o uso do recurso.
“Não está em pauta, pois, o cerceamento à liberdade do paciente, tampouco o risco de que isto venha a ocorrer”, escreveu Nivaldo Brunoni, que completou: “A intervenção do juízo recursal de modo prematuro deve ser evitada, de modo a resguardar o curso natural das ações penais relacionadas à tão complexa e grandiosa 'Operação Lava-Jato'”.
No caso do pedido de Lula, Brunoni considerou que não tinha relação com o exercício do contraditório e da ampla defesa no processo.
“O pedido da defesa não tem adequação ao rito do habeas corpus, pois não há como apontar qualquer nulidade no registro audiovisual do interrogatório do paciente exclusivamente pela serventia. A construção de uma tese indireta de suposta violação à ampla defesa somente se justifica nos dizeres da defesa, pois, de rigor, nem sequer existe pertinência lógica entre uma coisa e outra. Nesse contexto, não merece seguimento a presente impetração, motivo pelo qual indefiro liminarmente o habeas corpus.”
O Globo terça, 09 de maio de 2017
JUSTIÇA DECIDE NESTA TERÇA-FEIRA SOBRE PEDIDO PATA ADIAR DEPOIMENTO DE LULA
Justiça decide nesta terça-feira sobre pedido para adiar depoimento de Lula
Audiência com o juiz Sergio Moro está marcada para quarta-feira
POR CLEIDE CARVALHO / TIAGO DANTAS
/ atualizado
Sede da Justiça Federal em Curitiba, onde Lula vai prestar depoimento ao juiz Sergio Moro Geraldo Bubniak/AGB / Agência O Globo SÃO PAULO - O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) deve decidir nesta terça-feira sobre o pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para adiar a data do depoimento dele ao juiz Sergio Moro, marcada para amanhã. A defesa de Lula afirma que precisa de no mínimo três meses para analisar documentos da Petrobras, que somariam cerca de 100 mil páginas e foram incorporados ao processo no fim de abril. Por isso, pediu ontem a suspensão dos prazos do processo em um habeas corpus ajuizado no TRF-4.
A defesa de Lula tenta adiar o depoimento argumentando que os advogados não tiveram acesso a documentos da Petrobras que estariam relacionados a três contratos da estatal com a construtora OAS, que são alvo de investigação no processo. Lula é acusado de receber da empreiteira um tríplex no Guarujá, litoral paulista, como contrapartida por ter conseguido esses acordos. O advogado Cristiano Zanin Martins afirma ter solicitado os dados em outubro do ano passado. Inicialmente, Moro rejeitou o pedido de inclusão dos dados. Depois, permitiu que as peças entrassem no processo entre 28 de abril e 2 de maio.
“É simplesmente impossível analisar cerca de 5,42 gigabytes de arquivos digitais sem organização e índice, mais de 5 mil documentos técnicos, jurídicos e negociais (estimativa de cerca de 100 mil folhas sem organização e índice) até o próximo dia 10”, afirma o pedido de habeas corpus. Em nota enviada à imprensa, os advogados dizem que a impressão dos documentos ainda não tinha sido concluída ontem, “a despeito da contratação de uma gráfica para essa finalidade”. Para a defesa, como a acusação já conhecia essas informações, não há “paridade de armas".
Outro ponto de discórdia entre o juiz Moro e os advogados de Lula está ligado à gravação do depoimento. Em todas as audiências da Lava-Jato, a câmera fica imóvel e enquadra apenas quem está prestando depoimento, seja ele réu ou testemunha. Na semana passada, os advogados de Lula haviam pedido que a câmera fosse móvel. Eles também tentaram autorização para fazer a própria gravação. Moro negou a solicitação, alegando que o petista quer transformar o interrogatório em “evento político-partidário”. O juiz afirmou que o tribunal vai providenciar a gravação também de imagens de “um ângulo mais amplo” da sala da audiência, que mostrará o réu lateralmente.
Ex-presidente da OAS confirma que tríplex era de Lula
Foto: Marcos Alves / Agencia O Globo 27/01/2016
Depoimento será sobre caso do tríplex
Lula é réu, acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex no Guarujá. O MPF afirma que ele é o verdadeiro dono do imóvel, que teria sido reformado pela OAS. A empreiteira também teria usado dinheiro de propina para pagar o armazenamento do acervo do ex-presidente. Veja todas as acusações contra Lula.
Os advogados recorreram ao TRF-4 também contra essa decisão, que classificaram como “mais uma arbitrariedade” de Moro. Eles disseram que pretendem denunciar o magistrado à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), pois todo defensor tem direito a filmar a audiência.
Um dos objetivos do PT em gravar o depoimento, segundo o blog do colunista do GLOBO Lauro Jardim, é usar as imagens em eventual campanha de Lula à Presidência . Ao negar o pedido, Moro citou a convocação de militantes petistas para manifestações em Curitiba.(Colaborou Marina Oliveira, especial para O GLOBO)
O Globo segunda, 08 de maio de 2017
PROCURADORES REAGEM A LULA CONTRA AMEAÇA
Procuradores reagem a Lula e afirmam que ‘ameaça’ não vai deter ‘marcha serena da Justiça’
Nota da Associação Nacional dos Procuradores da República repudia declarações de ex-presidente na etapa paulista do 6º congresso do PT
POR O GLOBO
/ atualizado
Lula participa da abertura da etapa paulista do 6º congresso do partido ao lado do ex-presidente do Uruguai José Mujica - Edilson Dantas / Agência O Globo
A nota é assinada pelo presidente da ANPR, José Robalinho Cavalcanti, que defende a operação Lava-Jato. Ele diz que as investigações são “técnicas e impessoais” e que uma prova é a semelhança entre o discurso de Lula, de vitimização, e de outros réus. Cavalcanti também afirma que o argumento de que há “uma conspiração universal contra o ex-presidente Lula não se sustenta em fatos”.
Na conclusão da nota, Cavalvanti lamenta a declaração de Lula, de que, se eleito presidente mais uma vez, poderia mandar prender pessoas que publicarem notícias infundadas sobre sua suposta prisão. Cavalcanti afirma que tal declaração não é “digna de quem foi por oito anos foi o supremo mandatário do país”, e que as ameaças não irão deter “qualquer agente de estado ou a marcha serena e impessoal da Justiça”.
Na última sexta-feira (5), Lula usou a abertura da etapa paulista do 6º congresso do PT para se depender de acusações, ainda que não tenha citado diretamente o ex-diretor da Petrobras Renato Duque. Ele disse que nunca pediu dinheiro a empresários e afirmou que a mídia e a Lava-Jato firmaram um “pacto diabólico” contra sua pessoa.
— Essa mesma imprensa que dizia que o PT acabou, dizia todo dia: amanhã, o Lula vai ser preso. Faz dois anos que eu ouço isso. Se eles não me prenderem logo, quem sabe um dia eu mando prendê-los por mentir — declarou o ex-presidente, que participou do evento ao lado de José Mujica e ainda criticou Bolsonaro, a quem chamou de fascista, e João Dória.
Confira a íntegra da nota da ANPR:
“As investigações e processos da Lava-Jato são sérias, técnicas e impessoais. Se prova precisasse disso, é só observar que o discurso do ex-presidente Lula é exatamente o mesmo de dirigentes de outros partidos políticos, também investigados e processados na Lava-Jato.
O argumento de que há uma grande conspiração universal contra o ex-presidente Lula não se sustenta em fatos, muito menos uma conspiração, a que a cada testemunho de um ex-aliado com conhecimento interno da matéria a defesa e o ex-presidente acusam de também participar.
Todos, segundo a defesa, mentem. Apenas o ex-presidente falaria a verdade.
A ampla defesa permite todos os argumentos, é direito de qualquer réu alegar o que quiser. A justiça - independente e técnica - decidirá.
De resto, apenas lamentar a frase, que soa como ameaça, de que - supõe-se legitimamente que depois de mais uma vez eleito presidente - irá mandar prender os que investigam. Isto não irá deter qualquer agente de estado ou a marcha serena e impessoal da Justiça, mas não é uma declaração digna de quem foi por oito anos foi o supremo mandatário do país.
O ex-presidente sabe muito bem que chefes do executivo não 'mandam prender' ninguém em um estado de direito. A justiça é que o faz.”
José Robalinho Cavalcanti, presidente da ANPR
O Globo domingo, 07 de maio de 2017
FERNANDA LIMA FALA SOBRE CHEGADA AOS 40, NUDEZ, FILHOS E MARIDÃO
FERNANDA LIMA FALA SOBRE CHEGADA AOS 40, NUDEZ, FILHOS E MARIDÃO
Em ensaio, apresentadora despe-se de preconceitos para ser, simplesmente, uma mulher
A apresentadora posou com exclusividade para a primeira edição da Ela Revista, suplemento do jornal "O Globo" que será publicado todos os domingos - Claudio Carpi
POR JOANA DALE
/ atualizado
RIO - O lançamento do novo filme da Mulher-Maravilha, que chega aos cinemas mês que vem, inspirou a Ela Revista a convidar a apresentadora Fernanda Lima para estampar a capa de sua primeira edição. Linda, bem-sucedida, mãe de gêmeos fofos, casada com um dos homens mais desejados do país e feminista engajada, não poderia ela representar a nossa Mulher-Maravilha?
Fernanda Lima trata a nudez com naturalidade: “Explico para os meus filhos que é só um corpo, um peito.
Não quero que essas questões virem tabu para eles” - Claudio Carpi
Convite aceito, sexta-feira retrasada, o fotógrafo Claudio Carpi, o stylist Dudu Bertholini e o maquiador Lau Neves — profissionais de confiança da apresentadora — estavam a postos. Acompanhada do seu empresário, Antonio Amancio, ela chega ao estúdio de Claudio, numa simpática casa no Horto, vestida de calça jeans, camisa de linho, casaquinho amarrado na cintura e New Balance vinho nos pés.
Diante dos corpetes, maiôs estrelados, botas e braceletes garimpados pela produção de moda, empresário, fotógrafo, repórter, stylist e apresentadora debatem sobre os caminhos deste ensaio. Fala-se de representatividade, conquistas femininas, cultura brasileira... E chega-se à conclusão de que iremos desconstruir um estereótipo. Os cliques começam com Fernanda metida num macacão preto fechado com zíperes dourados dos pés ao pescoço. Aos poucos, ela vai se despindo de todas as armas e amarras, terminando livre para ser, simplesmente, uma mulher — só de bracelete.
— Brasileiro é assim, Claudio: fala, fala, e acaba pelado — Fernanda brinca com o fotógrafo italiano.
Brincadeiras à parte, a apresentadora encara a nudez com muita naturalidade:
— Meus filhos reclamam que quando faço prova de roupa fico pelada na frente de todo mundo. Explico que é só um corpo, um peito. Não quero que essas questões virem tabu para eles.
Sobre as mulheres-maravilha, ela aponta quem são as suas.
— É aquela que acorda às quatro da manhã, faz café, prepara quentinha para o marido, pega o ônibus, demora três horas para chegar ao trabalho, rala, volta para casa, faz o jantar e dorme no máximo cinco horas por noite. Qualquer outra não é Mulher-Maravilha. Então, não me considero como tal — diz a apresentadora do “Amor & sexo”, da TV Globo. — Acho que acabo ganhando o título de mulher forte, que trabalha, que tem filhos, que tem marido, mais pelo meu discurso no programa do que pelo que sou de fato. Porque eu sou o que toda mulher é.
Na vida real, Fernanda assume o papel da dona de casa que adora trocar os móveis de lugar, molhar as plantas e cuidar do cardápio dos filhos gêmeos, João e Francisco, de 9 anos:
— Levo uma vida muito simples. Um dia tem arroz, feijão, farofa e ovo. No outro, arroz, feijão, banana e farofa. Depois, franguinho ensopado com macarrão. Não tem frescura.
No apartamento onde Fernanda vive com os filhos e o marido, o também apresentador Rodrigo Hilbert, do “Tempero de família” (GNT), todos levam uma vida “de campo na cidade”. Tem café da tarde, bolinho de chuva e chimarrão — maratonas na Netflix estão longe de ser uma realidade (“Prefiro ir ao cinema”, diz ela). Fora isso, marido e mulher priorizam os momentos no aconchego do lar.
— O Rodrigo vem de uma cidade do interior de Santa Catarina (Orleans), então dá muito valor à família — conta a gaúcha radicada no Rio (os gêmeos são cariocas). — Rodrigo é um ferreiro de origem humilde, que ralou muito e sabe fazer as coisas por necessidade. Exalto todas as virtudes dele, que às vezes vêm com marcas difíceis, mas que hoje servem inclusive profissionalmente para ele, que virou um cozinheiro na TV.
Feminista engajada: “Saí de casa com 14 anos e fui para o mundo, São Paulo, Japão, Milão, Suíça.
Tive que me dar ao respeito, colocar limites” - Claudio Carpi
Sobre o fato de o marido arrancar suspiros por onde passa, ela acha graça.
— Rodrigo já virou um patrimônio público. Realmente, ele é suspirante — diverte-se Fernanda, que na última temporada do “Amor & sexo” surpreendeu a todos ao levar o marido ao palco caracterizado como uma drag queen.
A apresentadora está cada vez mais engajada na luta pela igualdade de gênero:
— Acho que sempre fui feminista. Saí de casa com 14 anos e fui para o mundo, São Paulo, Japão, Milão, Suíça. Tive que me dar ao respeito, colocar limites. Com abusos e assédios morais lidamos toda a vida, então temos que estar realmente preparadas.
Por conta da repercussão do programa, no ar desde 2009 e que deve voltar no ano que vem, Fernanda acabou virando uma “especialista” em sexo. Na farmácia, na fila do supermercado, na sala de espera do pediatra dos filhos, no posto de gasolina, em qualquer lugar, alguém lhe pede conselhos.
— As pessoas passaram a me enxergar como uma vizinha, uma amiga. No começo, sentia o peso da responsabilidade, mas logo vi que as questões se repetem e que eu posso ajudar com uma palavra — conta Fernanda, que ao longo das temporadas foi se soltando. — Quando me ofereceram o programa, achei que não seria capaz de falar sobre sexo na TV. Mas fui lendo mais sobre o assunto, vendo documentários e hoje é mais natural para mim. Gosto de falar sobre sexo com meus amigos, com meus filhos e em casa com o Rodrigo, claro.
Mês que vem, Fernanda faz 40 anos. Ela mantém o corpo escultural praticando ioga, jogando vôlei na praia e, nos últimos meses, fazendo uma série de levantamento de peso.
— Sempre fui muito moleca, então ainda não consigo me ver como uma senhora (risos). Até pela minha maneira de ser, de andar, de me vestir. Jogo futebol com as crianças, danço, tento fazer coisas que me tragam essa sensação de juventude. Sou super ativa. Acho que daqui a uns dez anos eu ainda vou estar me sentindo assim — conclui Fernanda.
O Globo sábado, 06 de maio de 2017
PRÉ-SAL RENDEU US$ 133 MILHÕES DE PROPINA AO PT, AFIRMA DUQUE
Pré-sal rendeu US$ 133 milhões de propina ao PT, afirma Duque
No total, estaleiros teriam repassado US$ 200 milhões ao esquema
POR CLEIDE CARVALHO E DIMITRIUS DANTAS
/ atualizado
Renato Duque volta a prestar depoimento à Justiça - Reprodução
SÃO PAULO - Os contratos de sondas para exploração do pré-sal renderam ao PT cerca de US$ 133 milhões em propina, segundo calculou o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque. Esse valor, segundo ele, seria dividido entre o partido, o ex-ministro José Dirceu e o ex-presidente Lula, cuja parcela seria gerenciada pelo ex-ministro Antonio Palocci. Em depoimento ao juiz Sergio Moro na sexta-feira, Duque disse ter feito, na época, uma planilha para justamente calcular quanto ele e os petistas receberiam de propina dos estaleiros responsáveis pelo fornecimento de sondas para a Petrobras.
— Os dois terços do partido Vaccari me informou que iriam para o PT, para José Dirceu e para Lula, sendo que a parte do Lula seria gerenciada por Palocci. Na época eu conversei com (Pedro) Barusco e passei essa informação para ele, falei que ele não estava lidando com peixe pequeno — disse Renato Duque.
O ex-diretor da Petrobras contou que quem primeiro negociou a propina com os estaleiros foi Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras que foi trabalhar na Sete Brasil. O acerto era de 1% sobre o valor do contrato, à exceção dos estaleiros Keppel e Jurong, que pagariam 0,9%. A intenção de Barusco era dividir a propina meio a meio: metade para “casa”, representada pelos executivos da Sete Brasil e Petrobras, metade para o PT.
Quando Vaccari chegou com a determinação de que o PT ficaria com dois terços da propina, Barusco teria reclamado, pois tinha negociado com as empresas e ficaria com a menor fatia.
— Eu intervi. Calma, não é bom reclamar, você pode ser tirado daí e ficar com zero — contou Duque.
O ex-diretor da Petrobras disse que já tinha saído da estatal quando o contrato das sondas foi fechado e que Barusco pediu para usar uma conta bancária dele no exterior, no banco Cramer, na Suíça, para receber os depósitos, pagando em troca um percentual.
Em seu depoimento, Duque contou ainda que toda propina recebida era administrada pelo então gerente executivo da Diretoria de Serviços, Pedro Barusco, que cobrava as empreiteiras e providenciava o depósito nas contas que mantinha na Suíça e em Mônaco. Duque prometeu atuar a partir de agora para tentar facilitar a devolução para a Petrobras de propina depositada no exterior.
O ex-diretor da estatal informou ter recebido valores por meio de três contas, cujo saldo somaria aproximadamente € 20,5 milhões. Os valores foram bloqueados por autoridades do Principado de Mônaco e da Suíça no início de 2015, por causa das investigações da Operação Lava-Jato.
— Gostaria de enfatizar meu interesse de assinar uma repatriação, o que for necessário, para que esse dinheiro venha e volte aí para quem de direito — afirmou o ex-dirigente.
Duque já foi condenado à prisão em função dos valores que detinha no exterior, em contas mantidas no Banco Julius Baer, de Mônaco, em nome das offshores Milzart Overseas (€ 10,2 milhões) e Pamore Assets (€ 10,2 milhões).
DINHEIRO DE SOBRA
Segundo Duque, Barusco o informava dos depósitos. No entanto, após as propinas chegarem a um determinado valor, ele diz ter parado de controlar os pagamentos.
— Não é questão de preguiça. Quando atingiu determinado valor, aquilo era mais do que suficiente. Por que vai querer juntar, juntar, juntar dinheiro? E eu não usei — afirmou Duque, emendando: — Quando atingiu US$ 10 milhões, eu disse “Isso é muito mais do que eu preciso para viver... e a minha terceira geração”. A partir daí, eu nem controlava.
Duque foi delatado por Barusco que, em 2015, disse ter repassado quinzenalmente R$ 50 mil provenientes de propina ao seu ex-chefe. Barusco revelou que Duque era desorganizado com suas finanças, o que o obrigava a administrar suas propinas e a repassar ao ex-diretor da estatal. Segundo Barusco, Duque recebia sempre em dinheiro vivo.
Duque deixou a Petrobras em 2012, mas disse que chegou a receber um pedido, que seria de Lula, para que não saísse.
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O Globo sexta, 05 de maio de 2017
CASOS POLÊMICOS DA LAVA-JATO IRÃO AO PLENÁRIO DO STF, DETERMINA FACHIN
Casos polêmicos da Lava-Jato irão ao plenário do STF, determina Fachin
Mudança de procedimento é para evitar maioria pela libertação dos presos formada na Segunda Turma
POR CAROLINA BRÍGIDO
/ atualizado
O ministro Edson Fachin, relator dos processos da Operação Lava-Jato - Jorge William / Agência O Globo 16/03/201
BRASÍLIA - Depois de seguidas derrotas na Segunda Turma, o relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, decidiu levar ao plenário do STF não apenas o julgamento sobre o habeas corpus do ex-ministro Antonio Palocci, mas todos os casos mais polêmicos sobre as investigações. A decisão foi tomada em conjunto com a presidente do tribunal, ministra Cármen Lúcia, na quarta-feira à tarde. Depois de uma conversa de cerca de uma hora, o ministro Fachin tomou a primeira providência nesse sentido: liberou para julgamento em plenário o habeas corpus de Palocci, cuja liminar tinha acabado de negar.
As decisões da Segunda Turma, que pôs em liberdade quatro investigados na Lava-Jato que cumpriam prisão preventiva ou aguardavam o julgamento de recurso detidos, como era o caso do petista José Dirceu, também provocaram reações do juiz Sergio Moro,
Normalmente, os processos da Lava-Jato são julgados pela Segunda Turma do STF, composta por Fachin e outros quatro ministros. Oficialmente, a mudança de procedimento em casos mais rumorosos tem a intenção de dividir a responsabilidade dessas decisões entre os onze integrantes do tribunal. Mas existe uma outra consequência, não declarada. Enquanto na Segunda Turma tinha se formado uma maioria sólida em favor da liberação dos presos da Lava-Jato, com votos de Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli contra os de Fachin e Celso de Mello, no plenário a decisão volta a ficar em aberto.
Recentemente, com o voto contrário de Fachin, a Segunda Turma decidiu libertar três investigados na Lava-Jato: o ex-assessor parlamentar João Cláudio Genu, o pecuarista José Carlos Bumlai e, o mais polêmico de todos, o ex-ministro José Dirceu. Já na Primeira Turma do STF, com os outros cinco ministros — a presidente não integra nenhum dos dois colegiados —, a tendência era a de manter os investigados presos. Assim, a decisão em plenário pode fixar um entendimento de todo o tribunal.
Os habeas corpus concedidos aos três investigados da Lava-Jato na semana passada deixaram nítida a divergência entre a Primeira e a Segunda Turma do STF. Isso porque, também na semana passada, a Primeira Turma determinou o retorno do goleiro Bruno Fernandes para a prisão. Em todos os casos, havia condenação apenas em primeira instância, sem confirmação de um tribunal de segunda instância.
O Globo terça, 02 de maio de 2017
MINISTROS DO SUPREMO DECIDEM NESTA TERÇA-FEIRA SE SOLTAM OU NÃO JOSÉ DIRCEU
Ministros do Supremo decidem nesta terça-feira se soltam ou não José Dirceu
Fachin tem mantido decisões de Moro, mas 2ª Turma do STF diverge
POR ANDRÉ DE SOUZA E CAROLINA BRÍGIDO
Preso desde 2015, José Dirceu pode ganhar liberdade nesta terça-feira - Geraldo Bubniak 31/08/2015 / Agência O Globo
BRASÍLIA - Há três meses como relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Edson Fachin tem mostrado sintonia com o trabalho do juiz Sergio Moro, que conduz as investigações em Curitiba. Até agora, Fachin julgou sozinho pelo menos nove pedidos de libertação de investigados. Negou todos, mantendo integralmente as decisões de Moro.
Isso nem sempre acontece quando o julgamento é feito pela Segunda Turma do STF, responsável por analisar os processos da Lava-Jato. Dos quatro pedidos de liberdade julgados pelo colegiado, a decisão de Moro foi mantida em apenas um caso. O voto de Fachin foi derrotado em dois desses julgamentos.
O colegiado vai julgar nesta terça-feira o habeas corpus do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, em prisão preventiva há quase dois anos. Fachin já votou contra a libertação do petista. Ainda faltam os votos dos outros quatro integrantes da turma: Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Celso de Mello.
Com base nos benefícios concedidos a dois réus da Lava-Jato na semana passada, a defesa de Dirceu nutre esperança de vê-lo em liberdade. No entanto, a aparente maré de libertação não necessariamente beneficiará o petista. Os próprios integrantes da Segunda Turma do tribunal advertem que, em casos de habeas corpus, não existe uma tendência decisória porque cada investigado teve a prisão baseada em argumentos diferentes.
— Cada caso é um caso — disse Dias Toffoli na quarta-feira.
— O STF é imprevisível. Pode dar qualquer resultado — analisou um integrante da Segunda Turma ouvido pelo GLOBO.
Levantamento feito pelo GLOBO localizou 20 recursos de investigados da Lava-Jato nos quais Fachin se manifestou. Nos 14 casos em que houve decisão monocrática, ou seja, sem consultar nenhum outro ministro, Fachin negou as solicitações. O ministro negou nove pedidos de liberdade apresentados por Dirceu, pelo ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, entre outros. O caso de Genu foi revertido depois na Segunda Turma.
Dos cinco recursos em que não havia pedido de liberdade, Fachin negou solicitação de Cunha para anular sua transferência para outra carceragem. Ele também rejeitou dois pedidos do ex-ministro Antonio Palocci para suspender um processo que está sob os cuidados de Moro, e para mandar o Superior Tribunal de Justiça julgar um habeas corpus. Por fim, foram negados dois pedidos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do senador Aécio Neves (PSDB-MG) para ter acesso a delações premiadas.
O Globo segunda, 01 de maio de 2017
OBRAS DE R$ 120 BILHÕES FORAM FEITAS PARA MANTER ESQUEMA DE PROPINA
Obras de R$ 120 bilhões foram feitas para manter esquema de propina
Odebrecht se envolveu em quatro empreendimentos por causa de tráfico de influência
POR DANIELLE NOGUEIRA E JEFERSON RIBEIRO
Arena Corinthians, em Itaquera, ainda em construção: orçamento inicial de R$ 400 milhões teria triplicado
quando o estádio entrou na lista da Copa de 2014 - Paulo Whitaker/ Reuters/01-04-2014
RIO - Aos olhos de Emílio e Marcelo Odebrecht, a empreiteira da família se envolveu em quatro empreendimentos que não teriam ido adiante se não houvesse tráfico de influência ou se o objetivo não fosse o de alimentar o esquema de corrupção no governo petista, revelam as delações. Juntos, esses investimentos — Sete Brasil, Belo Monte, Arena Itaquera e Porto de Mariel, em Cuba — somam quase R$ 120 bilhões.
Os dois últimos já estão de pé e em funcionamento. Belo Monte deve ser inaugurada em 2019, com quatro anos de atraso. Já o futuro da Sete Brasil é incerto. Criada em 2010 para gerenciar a construção de 28 sondas para o pré-sal e entregá-las à Petrobras, a empresa enfrenta graves dificuldades financeiras. Das 28 sondas, estimadas em US$ 27 bilhões ou R$ 85,6 bilhões, apenas cinco estão em construção. A conclusão depende do plano de recuperação judicial, que será votado em assembleia de credores nesta semana.
Fontes do setor avaliam que, no caso da Sete Brasil, são fortes os indícios de que a criação da companhia visava a irrigar o sistema de propina da Petrobras. Em outubro de 2009, a Petrobras chegou a enviar cartas-convite a estaleiros para que participassem da licitação das duas primeiras sondas, segundo documento ao qual o GLOBO teve acesso. Pouco tempo depois, o leilão foi cancelado, e a Sete foi criada para intermediar as encomendas.
O Globo domingo, 30 de abril de 2017
MORRE O CANTOR E COMPOSITOR BELCHIOR, AOS 70 ANOS
Morre o cantor e compositor Belchior, aos 70 anos
Causa da morte ainda é desconhecida
POR O GLOBO
O cantor e sompositor Belchior - Arquivo
RIO — O cantor e compositor Belchior morreu na noite deste sábado, em casa, em Santa Cruz (RS), aos 70 anos. A causa da morte ainda é desconhecida. O governador do Ceará, Camilo Santana, decretou luto de três dias. O corpo deve ser levado para a cidade de Sobral, no Ceará, onde deverá acontecer o velório e o enterro.
Nascido em Sobral (CE) em 26 de outubro de 1946, Belchior tomou gostou pela música através do estudo na escola e do contato com a cultura popular, nas rua. Estudou medicina até o quarto ano da universidade, mas optou por fazer carreira como cantor e compositor. Entre 1965 e 1970, tentou a sorte em festivais estudantis e tornou-se apresentador de um programa musical na TV local, em Fortaleza.
No Rio, junto a Fagner, Ednardo e outros artistas, integrou um coletivo chamado Pessoal do Ceará. Estreou em disco solo em 1974 e, a partir do segundo álbum, "Alucinação", firmou-se como jovem talento da MPB.
Em 1972, ao gravar "Mucuripe", parceria de Belchior com Fagner, Elis Regina deu grande impulso à carreira do compositor cearense que no ano anterior havia trocado Fortaleza pelas grandes metrópoles do país — primeiro, o Rio, depois, São Paulo.
Sucesso popular e de crítica nos anos 1970 e começo dos 80, Antonio Carlos Belchior desenvolveu uma longa e regular carreira fonográfica até 1999. Nas últimas duas décadas, mesmo sem lançar discos, tornou-se objeto de culto e viu trabalhos como o álbum "Alucinação", de 1976, serem aclamados como obras fundamentais da MPB.
O auto-exílio imposto a partir de 2009, com sumiços da mídia e breves reaparições, só aumentou o culto a seu repertório, que inclui clássicos como "Galos, noites e quintais", "Paralelas", "Apenas um rapaz latino-americano" e "Medo de Avião".
O Globo sábado, 29 de abril de 2017
MORRE VÍTIMA DE ACIDENTE COM CARRO ALEGÓRICO DA PARAÍSO DO TUIUTI
MORRE VÍTIMA DE ACIDENTE COM CARRO ALEGÓRICO DA PARAÍSO DO TUIUTI
A radialista Liza estava internada em estado grave no Quinta D’Or, Zona Norte do Rio
O marido da radialista, Paulo Guterres, chegou a pedir nas redes sociais orações para a mulher:
"Amigos por favor peço uma grande corrente de orações pela minha Liza Carioca o quadro dela se agravou mais e estamos muito preocupados. Quem puder me ajudar o nome dela é: Elizabeth Ferreira Jofre para as pessoas q nao sabem. Obg a tds".
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O Globo sábado, 29 de abril de 2017
MORO AUTORIZA QUE PRESIDÊNCIA BUSQUE 21 PRESENTES GUARDADOS POR LULA
Moro autoriza que Presidência busque 21 presentes guardados por Lula
Em depoimento, ex-presidente disse que recebeu ‘tralhas’ quando terminou o mandato
POR O GLOBO
Adaga está entre os presentes recebidos por Lula e que voltarão ao acervo da Presidência - Reprodução
SÃO PAULO — O juiz Sérgio Moro autorizou que a Presidência da República busque 21 itens que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva guardava em um cofre no Banco do Brasil e foram erroneamente liberados para seu acervo pessoal. Segundo relatório produzido pela Secretaria de Administração da Presidência, como os itens foram recebidos por Lula em trocas de presentes com outros chefes de estado, deveriam ter sido incorporados ao acervo da Presidência e não ao seu acervo pessoal. Outros 155 itens poderão permanecer com Lula.
“Agentes públicos não podem receber presentes de valor e quando recebidos, por ser circunstancialmente inviável a recusa, devem ser incorporados ao patrimônio público”, decidiu o juiz.
Entre os itens que a Presidência pediu que retornassem ao acervo estão esculturas, uma coroa, três espadas e uma adaga. O próprio ex-presidente Lula classificou, em seu depoimento à Polícia Federal, que recebeu “tralhas” quando deixou a Presidência.
— Eu falei tralhas, que eu nem sei o que é, mas é tralha, é coisa... — disse Lula, que completou depois: — Tem bens pessoais e tem bens... Como é que trata os bens, ou seja, são coisas minhas de interesse de domínio público, certo?
O ex-presidente é acusado, em um dos processos em que é réu na Lava-Jato, sobre pagamentos feitos pela empreiteira OAS para o armazenamento de parte de seu acervo pessoal.
O relatório produzido pela Secretaria de Administração baseia-se em um posicionamento do Tribunal de Contas da União que afirma que presentes oferecidos pelo Presidente da República a outros chefes de estado ou de governo estrangeiros são adquiridos com dinheiro dos cofres da União e, portanto, os presentes que recebe em troca também devem ser revertidos ao patrimônio da União.
“Por outro lado, consignaram que os demais bens apreendidos, especialmente medalhas, canetas, insígnias, arte sacra, por terem caráter personalíssimo, devem ser considerados como acervo próprio do Presidente da República”, afirmou Moro.
Moro determinou que os 21 bens sejam entregues à Presidência pelo Banco do Brasil, onde estão guardados.
“Os bens deverão ser entregues pelo depositário à Secretaria de Administração da Presidência da República mediante termo”, disse.
No Rio, greve convocada contra reformas não paralisa serviços como metrô e trens. Nos ônibus, adesão é parcial, com problemas no BRT. Protestos organizados por grupos limitam acesso dos usuários aos transportes e prejudicam o trânsito em vias importantes
PRESIDENTE DO SENADO, EUNÍCIO OLIVEIRA, DESMAIA E É INTERNADO NA UTI
Presidente do Senado, Eunício Oliveira desmaia e é internado na UTI
Suspeita inicial de Acidente Vascular Cerebral (AVC) foi descartada por exame
POR CATARINA ALENCASTRO
/ atualizado
Reunião ocorreu na casa do presidente do Senado, Eunício Oliveira - Givaldo Barbosa / O Globo
Eunício foi atendido, primeiro, na Clínica Daher e, posteriormente, foi transferido ao Hospital Santa Lúcia, ambos em Brasília. Ele segue internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neste último, sob observação. Segundo o laudo médico, o senador "apresenta-se hemodinamicamente estável, sem necessidade de uso de drogas vasoativas".
O Globo quarta, 26 de abril de 2017
APÓS RECUO DE REQUIÃO, CCJ APROVA LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE
Após recuo de Requião, CCJ aprova lei de abuso de autoridade
Requião faz nova concessão e acaba com o crime de interpretação; projeto deve ser votado ainda hoje no Plenário
POR CATARINA ALENCASTRO
/ atualizado
Comissão de Constituição Justiça e Cidadania CCJ, discute projeto de abuso de autoridade, que tem relatoria de Roberto Requião - Ailton Freitas / O Globo
BRASÍLIA - Foi aprovado por unanimidade o projeto que criminaliza o abuso de autoridade na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O resultado só foi possível depois que o relator do projeto, Roberto Requião (PR-PR), fez mais uma concessão, extinguindo a possibilidade de punição à divergência na interpretação da lei, por parte de investigadores e magistrados. A pedido de vários senadores, a CCJ discute agora se votará o fim do foro privilegiado.