RIO - O lançamento do novo filme da Mulher-Maravilha, que chega aos cinemas mês que vem, inspirou a Ela Revista a convidar a apresentadora Fernanda Lima para estampar a capa de sua primeira edição. Linda, bem-sucedida, mãe de gêmeos fofos, casada com um dos homens mais desejados do país e feminista engajada, não poderia ela representar a nossa Mulher-Maravilha?
Convite aceito, sexta-feira retrasada, o fotógrafo Claudio Carpi, o stylist Dudu Bertholini e o maquiador Lau Neves — profissionais de confiança da apresentadora — estavam a postos. Acompanhada do seu empresário, Antonio Amancio, ela chega ao estúdio de Claudio, numa simpática casa no Horto, vestida de calça jeans, camisa de linho, casaquinho amarrado na cintura e New Balance vinho nos pés.
Diante dos corpetes, maiôs estrelados, botas e braceletes garimpados pela produção de moda, empresário, fotógrafo, repórter, stylist e apresentadora debatem sobre os caminhos deste ensaio. Fala-se de representatividade, conquistas femininas, cultura brasileira... E chega-se à conclusão de que iremos desconstruir um estereótipo. Os cliques começam com Fernanda metida num macacão preto fechado com zíperes dourados dos pés ao pescoço. Aos poucos, ela vai se despindo de todas as armas e amarras, terminando livre para ser, simplesmente, uma mulher — só de bracelete.
— Brasileiro é assim, Claudio: fala, fala, e acaba pelado — Fernanda brinca com o fotógrafo italiano.
Brincadeiras à parte, a apresentadora encara a nudez com muita naturalidade:
— Meus filhos reclamam que quando faço prova de roupa fico pelada na frente de todo mundo. Explico que é só um corpo, um peito. Não quero que essas questões virem tabu para eles.
Sobre as mulheres-maravilha, ela aponta quem são as suas.
— É aquela que acorda às quatro da manhã, faz café, prepara quentinha para o marido, pega o ônibus, demora três horas para chegar ao trabalho, rala, volta para casa, faz o jantar e dorme no máximo cinco horas por noite. Qualquer outra não é Mulher-Maravilha. Então, não me considero como tal — diz a apresentadora do “Amor & sexo”, da TV Globo. — Acho que acabo ganhando o título de mulher forte, que trabalha, que tem filhos, que tem marido, mais pelo meu discurso no programa do que pelo que sou de fato. Porque eu sou o que toda mulher é.
Na vida real, Fernanda assume o papel da dona de casa que adora trocar os móveis de lugar, molhar as plantas e cuidar do cardápio dos filhos gêmeos, João e Francisco, de 9 anos:
— Levo uma vida muito simples. Um dia tem arroz, feijão, farofa e ovo. No outro, arroz, feijão, banana e farofa. Depois, franguinho ensopado com macarrão. Não tem frescura.
No apartamento onde Fernanda vive com os filhos e o marido, o também apresentador Rodrigo Hilbert, do “Tempero de família” (GNT), todos levam uma vida “de campo na cidade”. Tem café da tarde, bolinho de chuva e chimarrão — maratonas na Netflix estão longe de ser uma realidade (“Prefiro ir ao cinema”, diz ela). Fora isso, marido e mulher priorizam os momentos no aconchego do lar.
— O Rodrigo vem de uma cidade do interior de Santa Catarina (Orleans), então dá muito valor à família — conta a gaúcha radicada no Rio (os gêmeos são cariocas). — Rodrigo é um ferreiro de origem humilde, que ralou muito e sabe fazer as coisas por necessidade. Exalto todas as virtudes dele, que às vezes vêm com marcas difíceis, mas que hoje servem inclusive profissionalmente para ele, que virou um cozinheiro na TV.
Sobre o fato de o marido arrancar suspiros por onde passa, ela acha graça.
— Rodrigo já virou um patrimônio público. Realmente, ele é suspirante — diverte-se Fernanda, que na última temporada do “Amor & sexo” surpreendeu a todos ao levar o marido ao palco caracterizado como uma drag queen.
A apresentadora está cada vez mais engajada na luta pela igualdade de gênero:
— Acho que sempre fui feminista. Saí de casa com 14 anos e fui para o mundo, São Paulo, Japão, Milão, Suíça. Tive que me dar ao respeito, colocar limites. Com abusos e assédios morais lidamos toda a vida, então temos que estar realmente preparadas.
Por conta da repercussão do programa, no ar desde 2009 e que deve voltar no ano que vem, Fernanda acabou virando uma “especialista” em sexo. Na farmácia, na fila do supermercado, na sala de espera do pediatra dos filhos, no posto de gasolina, em qualquer lugar, alguém lhe pede conselhos.
— As pessoas passaram a me enxergar como uma vizinha, uma amiga. No começo, sentia o peso da responsabilidade, mas logo vi que as questões se repetem e que eu posso ajudar com uma palavra — conta Fernanda, que ao longo das temporadas foi se soltando. — Quando me ofereceram o programa, achei que não seria capaz de falar sobre sexo na TV. Mas fui lendo mais sobre o assunto, vendo documentários e hoje é mais natural para mim. Gosto de falar sobre sexo com meus amigos, com meus filhos e em casa com o Rodrigo, claro.
Mês que vem, Fernanda faz 40 anos. Ela mantém o corpo escultural praticando ioga, jogando vôlei na praia e, nos últimos meses, fazendo uma série de levantamento de peso.
— Sempre fui muito moleca, então ainda não consigo me ver como uma senhora (risos). Até pela minha maneira de ser, de andar, de me vestir. Jogo futebol com as crianças, danço, tento fazer coisas que me tragam essa sensação de juventude. Sou super ativa. Acho que daqui a uns dez anos eu ainda vou estar me sentindo assim — conclui Fernanda.