RIO - O empresário Joesley Batista, dono da JBS e delator na Operação Lava-Jato, afirmou que o presidente Michel Temer lidera “a maior e mais perigosa organização criminosa” do Brasil. A declaração foi dada em entrevista à revista "Época", na qual descreve a relação que mantinha com Temer, os pedidos de propina que teriam sido feitos pelo presidente e seu grupo político e as negociações para os pagamentos ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha depois de preso.
Joesley descreveu Temer como o líder do grupo político do PMDB que comanda a Câmara dos Deputados. Fariam parte desse grupo os ministros Eliseu Padilha (Casa-Civil) e Moreira Franco (Secretaria de Governo), os ex-ministros Henrique Eduardo Alves, que está preso, Geddel Vieira Lima e Cunha.
“Essa é a maior e mais perigosa organização criminosa desse país. Liderada pelo presidente”, declarou Joesley. “O Temer é o chefe da Orcrim da Câmara. Temer, Eduardo, Geddel, Henrique, Padilha e Moreira. É o grupo deles. Quem não está preso está hoje no Planalto”.
À revista, o dono da JBS disse que se aproximou de Temer “em 2009, 2010”, por meio do ex-ministro Wagner Rossi, e desde então manteve uma “relação institucional” com o presidente, a quem via como uma “condição de resolver problemas” de seus negócios.
“Acho que ele me via como um empresário que poderia financiar as campanhas dele — e fazer esquemas que renderiam propina. Toda vida tive total acesso a ele. Ele por vezes me ligava para conversar, me chamava, eu ia lá”, disse o delator.
O primeiro pedido de dinheiro teria sido feito em 2010. Um deles diz respeito ao pagamento de aluguel de escritório na Praça Pan-Americana, em São Paulo; outro pedido se refere à campanha de Gabriel Chalita à prefeitura paulista em 2012. Temer também teria pedido dinheiro para seu grupo político em 2014. O dono da JBS afirmou que o presidente pediu R$ 300 mil para fazer campanha na internet sobre sua imagem antes do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
“O Temer não tem muita cerimônia para tratar desse assunto. Não é um cara cerimonioso com dinheiro”, declarou.