MOSCOU — Se quisesse (inexplicavelmente) pegar um avião agora e deixar a Rússia para trás, Cristiano Ronaldo o faria com a certeza de que sua Copa do Mundo de 2018, em apenas um jogo, já foi melhor do que as outras três que disputou. Aos 33 anos, ele tem sido mais eficiente do que nunca na seleção: a enxurrada da estreia fez com que igualasse números de três Copas. Cristiano ganhou novas qualidades ao amadurecer, tal qual se passa com um bom vinho do Douro. Mais relaxado em relação ao próprio desempenho, o craque Cristiano agora batalhará pela glória coletiva de Portugal, que busca contra Marrocos, às 9h, sua primeira vitória.
Contra a Espanha, o empate virou detalhe diante da exuberância individual do camisa 7. Três gols deixaram a torcida de queixo caído enquanto Cristiano coçava o seu, na terceira comemoração, como se imitasse um bode. Interpretar o gesto desta forma já traz embutida a vontade de enxergar uma provocação a Messi — bode, em inglês, se escreve “goat”, mesmo som do acrônimo para “melhor jogador de todos os tempos” (“greatest player of all time”, “G.O.A.T.”). Teorias à parte, as trajetórias de ambos, embora se cruzem em vários pontos, seguem tendências distintas. Messi, que começou como um “especialista” pelo lado direito, ampliou sua faixa de atuação para toda a metade ofensiva do campo, adaptando-se às necessidades do Barcelona e da seleção argentina.
— Cristiano começou a jogar numa zona diferente comigo, não em Madri. Lembro que criou-se uma polêmica há alguns anos, quando eu disse que ele não poderia mais ser um ponta, e que deveria jogar mais centralizado — disse o treinador, na segunda-feira.
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As mudanças têm feito melhor à autoestima do português em comparação ao rival argentino. Nos últimos três anos, Cristiano Ronaldo vem mantendo média de pelo menos um gol por jogo pela seleção. O time leva a bola até Cristiano, enquanto Messi tem também a responsabilidade de construir as jogadas para seus colegas.
Desde a última Copa, que representou fracasso para o português — eliminado na primeira fase — e quase glória para o argentino, derrotado só na final, a diferença entre os números é significativa. Cristiano marcou 29 gols por sua seleção desde 2015 e ajudou na conquista da Eurocopa. Messi balançou a rede 18 vezes pela Argentina e amargou três vices, um na Copa do Mundo e dois na Copa América.
Coadjuvante em sua primeira Copa, em 2010, e eliminado antes do mata-mata em 2014, ele vive seu esplendor. Depois de três gols contra a Espanha, tem o Irã, hoje, e ainda o Marrocos na primeira fase, o que o torna o principal favorito para deixar a Rússia como artilheiro do Mundial.