Com mais um ano consecutivo de preços da carne em alta no mercado interno, a demanda por ovos de galinha cresceu e a produção atingiu novo recorde, com 22,5 dúzias de ovos produzidas por habitante em 2021. Paralelamente, o rebanho bovino atingiu novo patamar histórico, com 224,6 milhões de cabeça de gado. Tem mais boi do que gente no país.
Os dados são da Pesquisa da Pecuária Municipal do IBGE, divulgados nesta quinta-feira. O crescimento do rebanho bovino no Brasil foi de 3,1% no ano passado e atingiu o maior número de cabeças de gado desde o início da série, em 1974. É o maior rebanho comercial do mundo, o que faz do Brasil também o maior exportador de carne bovina no planeta.
A população brasileira foi estimada em 213,3 milhões de habitantes em 2021, conforme informou o IBGE em agosto do ano passado. E, desses, 33 milhões passam fome, segundo levantamento da Rede Penssan, apesar de o país ser uma potência na pecuária e na agricultura.
O estado do Mato Grosso segue com a maior concentração do rebanho, onde foram estimadas 32,4 milhões de cabeças - equivalente a 14,4% do efetivo nacional. Na análise por município, porém, São Felix do Xingu, no Pará, é que concentrou o maior rebanho bovino do país (2,5 milhões de cabeças).
O mundo em imagens nesta quinta-feira
Queda nas exportações
A estimativa total do rebanho de gado dá continuidade ao crescimento iniciado em 2019 e foi também o maior valor já estimado pela pesquisa, superando o recorde anterior da série histórica, de 218,2 milhões de cabeças de gado em 2016.
"O ano de 2021 foi marcado pela retenção de fêmeas para produção de bezerros, assim como em 2020, além da queda no abate de bovinos, devido à falta de animais prontos para o abate, e pela queda nas exportações", informou o instituto.
A China foi mais uma vez o principal destino da produção nacional, mas o embargo chinês à carne bovina brasileira de setembro a dezembro, devido a dois casos atípicos da “vaca louca”, levou à queda do volume exportado da proteína. Ainda assim, o faturamento cresceu 7% em relação a 2020 e alcançou novo recorde.
Recorde de exportação de suínos
Já o efetivo de galináceos - que inclui animais destinados à produção de frangos de corte - cresceu 3,5% (52,2 milhões de animais) em 2021, quando comparado à mesma data de referência do ano anterior. Ao todo foram contabilizadas 1,5 bilhão de cabeças.
Quando considerado somente as aves fêmeas destinadas à produção de ovos – independente do destino da produção (consumo ou incubação), houve um aumento de 1,1% no efetivo: foram 255,6 milhões de cabeças em 2021.
Número de galinhas cresce, produção de ovo bate novo recorde — Foto: Reprodução
Com mais um ano consecutivo de preços da carne em alta no mercado interno, a demanda por ovos de galinha cresceu e a produção atingiu novo recorde na série histórica da pesquisa. A produção, que vem aumentando desde 1999, superou a marca de 2020 em 1,7% e alcançou 4,8 bilhões de dúzias.
O município líder em produção de ovos foi Santa Maria de Jetibá, Espírito Santo, com 339,5 milhões de dúzias.
O rebanho de suínos, por sua vez, cresceu 3,2% em 2021 em relação a 2020 e totalizou 42,5 milhões de animais - também recorde da série histórica. De acordo com o IBGE, metade desse rebanho está na Região Sul. O município de Toledo, em Paraná, liderou o rebanho pelo segundo ano seguido, com 869,2 mil de cabeças.
O abate de suínos cresceu e as exportações de carne suína seguiram aquecidas, atingindo recordes em volume e faturamento.
Custos de produção em alta
Apesar do aumento no efetivo de bovinos, suínos e galináceos, o IBGE ponderou que o ano de 2021 foi repleto de desafios para a pecuária nacional. "O aumento dos custos de produção, principalmente do milho e do farelo de soja, afetou o poder de compra do produtor e levou ao aumento no preço das proteínas", declarou o instituto.
No caso do leite, a produção foi impactada também pelas condições climáticas. A produção nacional foi estimada em 35,3 bilhões de litros em 2021, o que representa estabilidade entre 2020 e 2021. O efetivo de vacas ordenhadas acompanhou o comportamento da produção leiteira, resultando em 15,9 milhões de animais ordenhados ao longo do ano passado.
"Durante o ano de 2021, geadas e irregularidades climáticas afetaram a pastagem, havendo também a valorização dos grãos e insumos. Os preços ao consumidor se elevaram, porém, não necessariamente compensando os custos ao produtor, desestimulando investimentos na atividade", disse o IBGE.