Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

O Globo sábado, 05 de junho de 2021

J. K. ROWLING: AUTORA DE HARRY POTTER GARANTE ALGUMA DIVERSÃO EM NOVO LIVRO POLICIAL

 

Sem acertar na literatura adulta como na saga 'Harry Potter', J.K. Rowling garante alguma diversão em novo livro policial

Em meio à campanha de cancelamento por acusações de transfobia, escritora viu vendas de ‘Sangue revolto’, lançado sob o pseudônimo de Robert Galbraith, superar as expectativas no Reino Unido
J.K. Rowling em 2018: quinto livro policial Foto: TOLGA AKMEN / AFP
J.K. Rowling em 2018: quinto livro policial Foto: TOLGA AKMEN / AFP
 
 

Sob o pseudônimo (inútil) de Robert Galbraith, chega ao país mais uma obra da criadora de Harry Potter & Cia. “Sangue revolto”, da inglesa J. K. Rowling, é a quinta aventura de Cormoran Strike e Robin Ellacott, sócios numa agência de detetives particulares. Ele é veterano, já bem respeitado no métier; ela é novinha, competente, um futuro brilhante. Desta vez, investigam um assassinato ocorrido há 40 anos. Conseguirão desvendar o caso?

Claro que sim, ou não haveria livro. Como em thrillers desse tipo, “Sangue revolto” reserva uma surpresinha básica no fim, com resolução coerente, após pistas falsas, personagens suspeitos, avanços e recuos — e é disso que o povo gosta. Tanto que o título, lançado na Inglaterra e nos EUA ano passado, recebeu o prêmio British Book Award de 2020, na categoria Crime e Ficção.

A partir daí, em mais de 900 páginas, Rowling tem espaço bastante para misturar muitas tramas, encher linguiça, confundir o leitor e partir para o final feliz. Escritora experiente e prolixa, bem assessorada, ainda não se mostrou tão inventiva na literatura adulta quanto em “Harry Potter”. Mas, mesmo sem grandes novidades, o entretenimento é garantido.

Strike e Robin são uma dupla afinada, quase feitos um para o outro. Poderiam até render momentos mais calientes, não fosse Rowling tão pudica. Eles vivem num chove-não-molha afetivo, mas algo ainda deve rolar entre os dois nos próximos livros da série — até porque sua criadora já declarou que não pretende dar fim a esses seus personagens tão simpáticos.

A propósito, não falta gente torcendo pelo fim não do casal, mas da própria escritora — e eis aqui a melhor história envolvendo “Sangue revolto”. Desde 2019, quando fez declarações deveras transfóbicas, Rowling já era alvo de críticas pesadas e pertinentes nas redes sociais. A perplexidade era justificada. O caso ficou em banho-maria, mas não morreu.

 

A situação ferveu mesmo quando “Sangue revolto” veio à tona, em setembro de 2020. Isso porque um dos personagens, Dennis Creed, usa roupas femininas para ganhar a confiança de suas vítimas, todas mulheres, antes de matá-las. Quando estas percebem o logro, já era. Com isso, Rowling foi acusada de reforçar o preconceito contra travestis e transgêneros.

Fãs decepcionados

Nesse caso, a crítica já não parece tão pertinente exclusivamente porque se trata, afinal, de uma criação artística — que, por definição, deve pairar acima das censuras. Quanto ao personagem, digamos que cada doido, fictício ou não, abre caminhos para viabilizar suas doideiras, criminosas ou não — e Creed as viabilizava disfarçando-se de mulher. Curioso é que críticos se incomodem com a ideia de um psicopata vestir-se como mulher, e não com os assassinatos em si.

A intriga não para aí. Há quem diga que Rowling adotou o pseudônimo Robert Galbraith em alusão a um psiquiatra homônimo já morto, pioneiro em terapia de “cura gay”, lá pelos idos dos anos 1970. Seria bizarro, mas ela negou, claro. Não adianta: aos 55 anos, a escritora agora está no meio de uma batalha pelo seu “cancelamento”. Milhares de fãs já se declararam decepcionados com ela, livrarias australianas suspenderam as vendas de seus livros e por aí vai. Aguardemos novos capítulos.

De qualquer maneira, esse boicote mostrou-se ótima peça de marketing de “Sangue revolto”. Pretendendo normatizar a criação artística na base do grito, as queixas só aumentaram a expectativa dos leitores. Resultado: as vendas no lançamento, na Inglaterra, ficaram acima do esperado.

Mas uma questão ainda está aberta: para que serve um pseudônimo se todo mundo sabe que é J. K. Rowling por trás dele?

* Nelson Vasconcelos é jornalista


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