Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

O Globo domingo, 16 de maio de 2021

EVA WILMA SE ENCANTOU - AOS 87 ANOS, ATRIZ NOS DEIXA, VÍTIMA DE CÂNCER

 

'Adeus é pra quem deixa de sonhar', disse Eva Wilma ao encenar peça on-line na pandemia

Atriz, que morreu neste sábado, estrelou espetáculo em 2020 e, na ocasião, ressaltou a importância do trabalho dos médicos no combate ao coronavírus
Em setembro do ano passado, a atriz fez "Eva, a live", na qual interpretava canções Foto: Divulgação/Mila Maluhy / O GLOBO
Em setembro do ano passado, a atriz fez "Eva, a live", na qual interpretava canções Foto: Divulgação/Mila Maluhy / O GLOBO
 
 

RIO - Durante a pandemia, a atriz Eva Wilma, que morreu ontem aos 87 anos, vítima de um câncer no ovário, teve que criar conexões com novas formas de exercer sua arte, como muito de seus pares, em tempos de distanciamento social. Em setembro do ano passado, em casa, diante de algumas câmeras e sem o olhar atento da plateia, ela estrelou o espetáculo “Eva, a live’’, com transmissão  no YouTube e no Instagram. "Essa é uma forma de me adaptar temporariamente. Venho de outro tipo de relação com o público. Era uma relação menos efêmera e imediata", contou.

 

Quarentenada, ela comparou o atual momento a uma "terceira guerra mundial", diante de tantas angústicas e incertezas. Mas sempre se mostrou otimista: "Sonhar é necessário. Quem deixa de sonhar se entrega. Noel Rosa dizia que 'adeus é pra quem deixa a vida'. Meu filho tem uma canção que parodia essa frase e que termina dizendo: 'Adeus é pra quem deixa de sonhar'", disse ela, na ocasião. A seguir, trechos da entrevista com a atriz.

Acho que isso é transitório. É uma forma de nos adaptarmos temporariamente e nos mantermos próximos, ativos. Mas eu não gosto muito. Acredito que as lives vão evoluir para uma linguagem própria. Mas uma peça de teatro encenada dessa forma, sem uma adaptação de roteiro e conceito, é só um "quebra galho". Fica muito longe do impacto que um ator, no espaço cênico livre do teatro, pode causar.

 

Qual a sua maior dificuldade com essa nova realidade das artes cênicas na internet?

Tenho dificuldade com a solicitação de vídeos rápidos para promover esses trabalhos, porque venho de outro tipo de relação com o público. Uma relação menos efêmera e imediata. Mas procuro me adaptar e encontrar prazer nestas demandas.

Eva Wilma ensaiando com o filho, o músico Johny Beat, para o espetáculo "Casos e canções" Foto: Divulgação/Mila Maluhy / O GLOBO
Eva Wilma ensaiando com o filho, o músico Johny Beat, para o espetáculo "Casos e canções" Foto: Divulgação/Mila Maluhy / O GLOBO

 

A senhora tem formação musical, e chegou a fazer aulas com Inezita Barroso na infância. Em algum momento, pensou em seguir a carreira de cantora?

Eu sempre fui meio exibidinha, e aquilo me dava muita satisfação. Mas também era bailarina, e acabei tendo uma relação profissional maior com a dança, chegando a participar do balé do 4º centenário, que acabou me levando à profissão de atriz. Acredito que as três profissões estão interligadas, mas a de cantora foi a que menos tentei. Interessante que, nessa altura da vida, depois de 66 anos de carreira, o canto é que me mantém mais forte pra prosseguir, até porque não dá para dançar mais, né? Se não fosse isso, acredito que dançaria novamente. Tudo me mantém viva.

 
 

Onde tem passado a quarentena?

Tenho passado a quarentena na minha casa. Já vivi tantos momentos de incertezas, mas nunca igual a esse, que atingiu o mundo inteiro. Parece que estamos atravessando a Terceira Guerra Mundial. Mas acredito que  a humanidade vai saber se adaptar, como sempre. Daí lembro da canção do Gil, que cantávamos para encerrar nosso espetáculo: "Não me iludo, tudo permanecerá do jeito que tem sido, transcorrendo, transformando, tempo e espaço navegando todos os sentidos".

O que tem pensado neste momento de tantas incertezas?

Acredito que todos sentimos medo. O medo é uma proteção, e faz parte do processo de adaptação. Mas, aos poucos, o medo vai passando, e vemos que podemos confiar nos nossos brilhantes médicos, que enfrentam essa situação de forma brilhante.

Manter-se em atividade profissionalmente é uma maneira de aplacar as angústias?

Sonhar é necessário. Quem deixa de sonhar se entrega. Noel Rosa dizia que "adeus é pra quem deixa a vida". Meu filho tem uma canção que parodia essa frase e que termina dizendo: "Adeus é pra quem deixa de sonhar". Então, sonhar é estar vivo, e sonhar, na minha idade, é o que mais me dá esperanças.

 
Em 1968, as atrizes Eva Todor, Tonia Carreiro, Eva Wilma, Leila Diniz, Odete Lara e Norma Bengell foram às ruas na luta contra a censura durante a ditadura militar Foto: Gonçalves/CPDoc JB / Agência O Globo
Em 1968, as atrizes Eva Todor, Tonia Carreiro, Eva Wilma, Leila Diniz, Odete Lara e Norma Bengell foram às ruas na luta contra a censura durante a ditadura militar Foto: Gonçalves/CPDoc JB / Agência O Globo

 

Você lutou contra a ditadura militar brasileira, e participou da passeata dos cem mil. O que sente quando vê exaltações do atual governo a esse período da história do país?

Prefiro continuar trabalhando e através da arte continuar tentando contribuir para a melhora da nossa cultura e das nossas relações humanas. Sou otimista sempre.


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