RIO - A pandemia de Covid-19 reduziu o acesso dos fiéis à Basílica Santuário da Penha, no alto da Serra da Misericórdia, desde março. Até a festa, que tradicionalmente acontece no mês de outubro e atrai mais de 35 mil devotos, foi adiada para 2021, a fim de evitar aglomeração no lugar: excepcionalmente, a celebração dos 365 anos da Igreja da Penha vai acontecer em maio. Ou seja: no ano que vem, Nossa Senhora da Penha terá duas grandes festas, já que o aniversário de 366 anos, a princípio, está confirmado para outubro de 2021, com uma extensa programação. Nesta sexta-feira, dia 23 de outubro, no entanto, a padroeira dos bairros da Leopoldina vai ganhar uma singela homenagem.
A Festa da Penha, que já foi a segunda a maior festa popular do Rio de Janeiro, perdendo apenas para o carnaval, sempre foi comemorada com muito samba. Em anos anteriores, contava com participação do bloco Cacique de Ramos e apresentação da Imperatriz Leopoldinense. O reitor do Santuário lembra que foi lá, em 1917, que o compositor Ernesto dos Santos, mais conhecido como Donga, lançou “Pelo telefone”.
— A Festa da Penha já foi até maior que o carnaval. A origem do samba foi aqui na Igreja da Penha, muito antes de ir para a Avenida Central, hoje a Rio Branco, e depois para a Marquês de Sapucaí — explica padre Sardinha.
Desde de março, as missas na igreja foram suspensas. Elas são realizadas na Concha Acústica, que fica ao lado do estacionamento, na parte baixa da Santuário. O padre Thiago Sardinha conta que outra medida adotada para a prevenção ao novo coronavírus é a realização de missas drive-in, no pátio da igreja, onde os fiéis assistem à celebração de dentro dos seus carros.
No Rio de Janeiro, a devoção à Nossa Senhora da Penha começou no início do século 17, por volta do ano de 1635, quando o Capitão Baltazar de Abreu Cardoso ia subindo o penhasco para ver as suas plantações, uma vez que era proprietário de toda a área no entorno do atual Santuário. Segundo a história, ele foi atacado por uma enorme serpente e, devoto da santa, pediu socorro a ela, gritando: “Minha Nossa Senhora, valei-me!”. Nesse momento, teria surgido um largarto, que travou uma briga com o outro animal, abrindo espaço para Baltazar fugir. Agradecido, ele construiu uma pequena capela, onde pôs uma imagem de Nossa Senhora.