Assim que o último dos quatro jogos que fechavam a nona rodada do Campeonato Brasileiro, na quinta-feira, terminou, o torneio nacional entrou em compasso de espera. Ao menos em campo. A próxima partida é só daqui a exato um mês, no dia 14 de julho, uma semana depois do fim da Copa América, que começa nesta sexta-feira em São Paulo com o confronto entre Brasil e Bolívia, às 21h30. Engana-se, porém, quem pensa que os clubes ficarão parados. E não estamos falando de treinos para acertos táticos durante o recesso.
— A Copa América é um campo de observação. Estarão os melhores dos países participantes e, pelo fato de ser no Brasil, teremos oportunidade de acompanhar alguns jogos in loco, o que é ainda melhor para fazermos uma análise mais aprofundada — explica Marcelo Paz, presidente do Fortaleza, que já tem um colombiano e um uruguaio no elenco e não descarta a contratação de outros gringos para o segundo semestre.
Olho no Equador
De acordo com Marcelo, o mercado de jogadores estrangeiros, especialmente sul-americanos, vive uma crescente no Brasil, e os números mostram que ele está certo. Hoje, são 66 estrangeiros em 18 times brasileiros da Série A (só Bahia e Ceará têm elenco 100% nacionais), sendo que 63 deles são naturais de países que disputarão a Copa América.
Existe, claro, uma elite: só 13 atletas do Brasileirão estão de fato convocados para a competição. Três brasileiros e outros dez jogadores de seis seleções diferentes.
— A Copa América será uma grande vitrine para a observação de atletas estrangeiros, mas o ideal seria contratá-los antes de chegarem a este nível, pois o mercado europeu certamente será mais atuante — pondera Rui Costa, diretor de futebol do Atlético-MG.
Há, porém, as barbadas do mercado que podem surgir para quem souber ver potenciais bons negócios. E a dica, talvez, seja ficar de olho nas seleções menos badaladas.
— Eu ficaria atento à seleção equatoriana — revela Rui, sem entregar quem ele quer observar na equipe que estreia contra o Uruguai no domingo, pertinho da Cidade do Galo, no Mineirão.
— Antes, olhávamos mais para Argentina e Uruguai; de uns anos para cá conseguimos ampliar nossos horizontes. Também estamos conseguindo aprimorar mais a busca pelas informações, podendo assim chegar antes dos clubes europeus no momento da negociação com esses atletas — diz o dirigente.
Rede de contatos
Dos 276 jogadores que disputarão o torneio, 40% já estão em times europeus, mas 33% ainda atuam na América do Sul. Uma minoria joga em times do México e dos Estados Unidos (15%) e da Ásia (12%).
—As equipes de analistas aumentaram de uns anos para cá. As redes de contatos também, em especial de profissionais confiáveis — afirma o presidente do Fortaleza.
De acordo com o dirigente, nomes importantes, com algumas Copas América no currículo, ajudam na captação de informações:
—Temos aí Lugano, Aristizábal, Paulo Autuori, pessoas do mundo do futebol que tiveram passagens importantes pelo futebol sul-americano. Basta uma consulta e eles passam informações confiáveis sobre os atletas que atuam fora do país.
A janela de transferências abre para a vinda de jogadores que estão fora do país no dia 1º de julho, no meio da Copa América.