Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

O Globo domingo, 14 de julho de 2019

MARIA DO CÉU, VIÚVA DE JOÃO GILBERTO

 

Fico freando, mas quando vou, é pra não perder', diz Maria do Céu sobre relação com João Gilberto

Após uma vida nos bastidores, moçambicana que conheceu o músico em 1984 reivindica o status de companheira e herdeira, em conflito com parte da família. Em entrevista exclusiva, ela detalha a história dos dois
 
 
A moçambicana Maria do Céu, que conheceu João Gilberto em 1984 e pleiteia união estável Foto: Leo Aversa / Agência O Globo
A moçambicana Maria do Céu, que conheceu João Gilberto em 1984 e pleiteia união estável Foto: Leo Aversa / Agência O Globo
 
 
 

RIO - Era 13 de junho de 1984, em Lisboa. João Gilberto havia se apresentado na cidade três dias antes e ainda estava hospedado no Hotel Alfa. O telefone de seu quarto tocou. Era uma fã de 21 anos, moçambicana criada numa aldeia em Portugal (“Sou da roça”). Ela tinha visto o show e ficado fascinada. O músico ouviu a jovem e deteve sua atenção num ponto: “Como é seu nome? Maria do Céu? Vem aqui.”

 

— Aí eu fui e nunca mais saí — diz Maria do Céu Harris, que agora, 35 anos depois daquela ligação, pleiteia na Justiça o reconhecimento de uma união estável com João, um dos pontos-chave da disputa pelo espólio do músico.

Maria do Céu estava com João no momento de sua morte, na tarde de 6 de julho — nos últimos meses, vivia no apartamento do artista, no Leblon, Zona Sul do Rio. Ela alega ter sido sua companheira desde 1984, mas Bebel Gilberto, filha do músico, não a reconhece nesse lugar — ao contrário do irmão, João Marcelo. Maria do Céu está no testamento que João elaborou em 2003 (revogado em 2017), porém no mesmo documento o músico afirma que não tinha companheira. Além disso, em 2004 nasceu Luisa Carolina, filha do cantor com Cláudia Faissol — a quem Maria do Céu, mesmo se recusando a mencionar (“eu não gostaria de me referir a essa senhora”), responsabiliza pela decadência financeira e emocional de João.

Nesta entrevista exclusiva ao GLOBO, concedida no escritório de seu advogado, Roberto Algranti, a moçambicana de 56 anos — personagem que sempre se manteve nos bastidores da vida de João, longe dos holofotes — conta detalhes de sua intimidade com o músico (como o gosto dele por MMA e passeios noturnos de carro), lembra seus últimos momentos e dá sua visão sobre o imbróglio que se tornou a vida do artista na última década. Apesar da voz controlada, fala de si mesma usando expressões como “cangaceira” e deixa claro:

 

— Eu fico freando, freando. Aí, quando eu vou, é pra não perder. Vou pra te botar no teu lugar. E te boto.

LEIA MAIS: Um histórico das brigas de na Justiça que dividem a família de João Gilberto

Como foi o encontro de vocês?

Fui ver um show dele, foram três dias no Coliseu dos Recreios. No dia 10 de junho foi o último show. No dia de Santo Antônio, 13 de junho, resolvi ligar pro João, no Hotel Alfa, em Lisboa. Ela falou: “Como é o seu nome? Maria do Céu? Vem aqui.” Aí eu fui e nunca mais saí. Eu era menina demais, criada na aldeia. A gente não conversou muito. Ele tocou a noite inteira. “Numa casa portuguesa fica bem...” (cantarola) .

Como era sua vida na época?

Eu tinha sido Miss Portugal, era manequim, fazia televisão, gostava de teatro, queria ser atriz. As irmãs de minha mãe cantavam. Tinha uma tia, Astra Harris, que gravou num CD de Martinho da Vila, “Lusofonia”. Fiz só até o Liceu (equivalente ao ensino médio). A minha arte começa com João Gilberto.

Como veio parar no Brasil?

João me falou: “Venha pro Brasil”. Ele teve que pedir dinheiro emprestado pra comprar minha passagem. Veio antes, eu vim em setembro. Saí de lá e passaram-se seis anos sem ninguém da minha família saber de mim. Minha mãe achou que eu tinha morrido. Acho que eu era meio exótica. Minha mãe chorou muito. Quem falou com ela foi João. Eu era doida, né? Depois ele demorou a fazer show lá, eu perguntava por que e ele dizia: “Eu só fui a Portugal pra buscar você.”

Maria do Céu com João Gilberto, em foto de arquivo dela Foto: LEO AVERSA / Reprodução
Maria do Céu com João Gilberto, em foto de arquivo dela Foto: LEO AVERSA / Reprodução

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