RIO - Elas já estão entre nós: este mês, começou oficialmente a temporada de observação de baleias no Brasil . Tanto as jubartes quanto as baleias-francas ficam por aqui até novembro, e vêm para aproveitar as águas mais quentes do Atlântico Sul para reprodução.
Não são apenas elas que justificam passeios de observação de animais marinhos pelo país. O segundo semestre, no Brasil , é época também para ver filhotes de botos nas baías de Sepetiba e Guanabara ; e de diversas aves marinhas, como os flamingos, no Rio Grande do Sul (eles chegam em novembro).
Em alguns pontos, como Fernando de Noronha , em Pernambuco , os animais podem ser admirados o ano inteiro. Separamos cinco locais no litoral nacional para quem quer vê-los de pertinho. Mas antes de arrumar as malas, vale o aviso: no Brasil (e em grande parte do mundo), é proibido interagir com a maioria deles, como as baleias, que precisam de espaço para reprodução e costumam nos visitar com filhotes.
Abrolhos, na Bahia
Patrimônio Mundial da Unesco, o arquipélago de Abrolhos, na Bahia, recebe a visita das jubartes até novembro. A espécie chega a 16 metros de comprimento e pesa, em média, 40 toneladas. As embarcações usadas para avistá-las costumam sair da cidade de Caravelas e duram de quatro a seis dias, com hospedagem a bordo.
As baleias também costumam passar em outros locais em sua rota de imigração. Há, inclusive, vídeos na internet que mostram a presença do animal no litoral do Rio em junho. Na Bahia, a Praia Grande é outro bom ponto de observação, mas a probabilidade de encontrá-las no arquipélago baiano é sempre maior.
Segundo o Projeto Baleia Jubarte (baleiajubarte.org.br), cerca de 20 mil delas passam anualmente pelas nossas águas.
Corais: atração extra
Abrolhos também tem a principal formação de corais do Atlântico Sul, mas a temporada para vê-los acabou no mês passado. Em dezembro, o passeio volta a ser oferecido e, embora seja proibido encostar em corais em todo o território nacional, vale mergulhar ao redor deles para apreciar toda a diversidade de formatos, cores e espécies que habita lá. Empresas costumam incluir, no pacote de viagem, cursos de mergulho para iniciantes.
Santa Catarina
Diversas cidades no litoral de Santa Catarina recebem a visita das baleias-francas, que têm 18 metros de comprimento e chegam a pesar 80 toneladas. Este ano, a temporada oficial começou neste mês de julho, mas algumas delas já foram avistadas em cidades como Imbituba e Garopaba, principais pontos para vê-las até novembro. Há passeios embarcados de um dia que promovem a observação, com binóculos, já que é preciso ficar a uma distância segura dos animais.
Porém, também é possível avistá-las em terra firme. Segundo o Projeto Baleia Franca (baleiafranca.org.br), na alta temporada, entre agosto e outubro, quase de qualquer ponto alto da costa é possível avistar os animais. A entidade ainda tem um museu e um centro de visitantes, com informaçõs sobre bons locais para conhecê-las, hábitos e características da baleia-franca.
Fernando de Noronha
Considerado o melhor ponto para observação da vida marinha no mundo, Fernando de Noronha não precisa de calendário. O arquipélago tem a maior concentração regular de golfinhos do mundo, além de 230 espécies de peixes, 40 de aves e 15 tipos de corais diferentes. Outro Patrimônio Mundial pela Unesco, ela também é casa de baleias, tubarões, arraias e tartarugas, entre outros.
Quem faz o maior sucesso por lá são os golfinhos rotadores, que podem ser vistos da terra, no Mirante dos Golfilhos, ou em embarcações. O nome não é à toa: esses animais conseguem completar sete voltas em torno do próprio corpo em apenas um pulo. No mirante, o turista também tem acesso a informações, com pesquisadores disponíveis para explicação e binóculos oferecidos pelo Projeto Golfinho Rotador.
A água cristalina famosa do arquipélago permite que os turistas admirem a rica fauna marinha de Noronha apenas com um snorkel, já que a visibilidade da água chega a 50 metros. Mergulhadores costumam eleger o local como um dos melhores pontos para a prática, exatamente pela rica diversidade encontrada sob suas águas.
Flamingos gaúchos
A partir de outubro, uma ave originária do Chile faz uma parada em sua rota migratória no Brasil. Os flamingos (Phoenicopterus chilensis) ficam pela Lagoa do Peixe, no Rio Grande do Sul, até abril. Por sua frequência e abundância nas imediações, o animal se tornou símbolo do Parque Nacional da Lagoa do Peixe. A espécie pode ser avistada principalmente no município de Tavares.
Outras 200 espécies de aves migratórias param na lagoa para se alimentarem de moluscos, crustáceos e microorganismos abundantes por ali. Há agências de turismo saindo de Porto Alegre que oferecem o passeio, que pode durar entre quatro e sete dias. Dá para fazer o roteiro por conta própria, mas o passeio é mais arriscado. Melhor contar com os guias especializados que conhecem os melhores pontos e horários para se encontrar as aves.
Os botos do Rio
Presente durante o ano inteiro nas baías de Sepetiba e da Guanabara, no Estado do Rio, o boto-cinza também costuma surpreender os turistas com os seus mergulhos e pulos pelas águas. Ameaçado de extinção, a estimativa da Uerj é que existam cerca de 800 indivíduos nos locais. De abril a novembro, é possível avistar filhotes, que também já ensaiam saltos, para delírio dos turistas.
Porém, fica o aviso: apesar da aparência dócil, e ao contrário dos rotadores de Noronha, que costumam se aproximar dos humanos (continua sendo proibido interagir com eles), o boto-cinza é selvagem e arredio. A contemplação aqui é mesmo de longe.
Os passeios do Instituto Boto-Cinza saem diariamente de Mangaratiba (ou de Guapimirim), no período da manhã, mas devem ser agendados com antecedência. Para informações, entre em contato no institutobotocinza.org.