Foi um fácil, muito fácil encerramento de preparação para a Copa América. Na primeira versão da seleção brasileira definitivamente sem Neymar, o saldo foi um passeio diante da fraca Honduras, no Beira-Rio, em Porto Alegre. A goleada por 7 a 0 não pode ser motivo para euforia excessiva, diante da debilidade do oponente — que ficou com um a menos desde o primeiro tempo. Mas aponta uma postura corajosa da seleção brasileira, que não tirou o pé do acelerador e construiu um placar muito elástico.
O próximo desafio já será com a pressão de corresponder à expectativa pela condição de anfitrião da Copa América: sexta-feira, às 21h30, no Morumbi, em São Paulo.
A atuação coletiva diante de Honduras foi irreparável. Mas quem mais se destacou nesse passeio brasileiro foi Gabriel Jesus, com dois gols. O atacante coloca uma pontinha de dúvida na cabeça de Tite em relação à titularidade, já que o treinador começou a preparação vendo Firmino como dono da posição. Gabriel já chegou ao terceiro jogo seguido balançando as redes pela seleção — ele fez dois contra a República Tcheca e um contra o Qatar.
O camisa 9 fez parte de uma engrenagem ofensiva muito dinâmica, cujos integrantes mostraram muita desenvoltura e nem sentiram falta de Neymar.
O Brasil procurou o gol desde o início, colocando Honduras na parede. A contribuição ofensiva de Daniel Alves mais uma vez fez a diferença. Na jogada do primeiro gol, foi ele quem serviu Gabriel Jesus, após boa combinação com Richarlison. Esse lado direito já tinha se mostrado eficaz contra o Qatar.
Tite não escondia a felicidade à beira do campo. O segundo gol contribuiu para justificar a postura. Thiago Silva aumentou a contagem em um lance muito trabalhado pela comissão técnica: nas bolas paradas, o zagueiro ataca o primeiro poste e chega como uma flecha. Funcionou na Copa, contra a Sérvia, quase deu certo contra a Bélgica e voltou dar frutos diante de Honduras.
Arthur machucado
A nota preocupante da partida ficou por conta de Arthur. O volante saiu aos 31 minutos do primeiro tempo, após sofrer uma falta dura que rendeu um cartão vermelho direto para Quioto. Com dores no joelho direito, Arthur iniciou tratamento ainda no vestiário. A CBF, que na semana passada cortou Neymar, não deu previsão de exame para verificar a gravidade.
Com a expulsão, o jogo ganhou definitivamente cara de treino — não só pelo silêncio das arquibancadas, quebrado eventualmente por alguma defesa de Alisson ou pelos vários gols que vieram a seguir. Foram apenas 16.521 torcedores no Beira-Rio. A ausência de Neymar e o preço do ingresso (o mais barato a R$ 80) podem ajudar a explicar.
Coutinho fez o terceiro gol ainda no primeiro tempo, de pênalti. O quarto foi de Jesus. O quinto veio depois de uma arrancada espetacular de David Neres, que finalizou com extrema frieza. O sexto foi de Firmino, e o sétimo saiu com Richarlison. Uma farra, que permitiu a Tite testar algumas variações táticas. Agora resta esperar para ver se tudo vai dar certo na hora necessária: a corrida pelo título continental.