Quando Brasil e Argentina começaram suas caminhadas na Copa América, ninguém apostava que Éverton Cebolinha e Lautaro Martínez chegariam à semifinal como principais candidatos a herói. Depois de iniciar a competição sob a sombra das principais estrelas — que até agora não corresponderam —, os dois aproveitaram suas chances e agarraram a titularidade. Mais do que isso: foram alçados de forma meteórica ao posto de xodós. E, na próxima terça, estarão depositadas neles as expectativas das duas torcidas.
Em campo, o brasileiro se destaca pela velocidade e capacidade de abrir espaços. O argentino, menos veloz, é mais goleador. Mas suas trajetórias no torneio, até aqui, são semelhantes. Cebolinha foi reserva nos dois primeiros jogos. Mas saiu do banco para conquistar a torcida e o técnico Tite. Contra a Bolívia, jogou bem e marcou um dos gols na vitória por 3 a 0. Na rodada seguinte, contra a Venezuela, foi dele a jogada de um dos gols anulados. Foi o suficiente para ganhar a titularidade contra o Peru, quando voltou a marcar, encantar e ficar de vez com a vaga.
— Foi uma aparição muito boa frente à ausência do Neymar. Um jogador a ser considerado — elogiou o técnico argentino Lionel Scaloni, preocupado com o brasileiro.
A caminhada de Martínez teve um começo ainda mais pedregoso. Depois de assistir a toda a derrota para a Colômbia do banco, ganhou uma chance como titular na partida seguinte, contra o Paraguai. Mas se desgastou com Scaloni quando foi sacado no segundo tempo: enquanto ele assegurou estar bem fisicamente, o técnico justificou a substituição por questões físicas. O mal-estar foi resolvido com gols: marcou nos dois jogos seguintes, sendo o último deles, na vitória sobre a Venezuela, de letra. Uma pintura que o fez ser exaltado nos principais jornais e sites argentinos.
— Imaginei que a bola poderia entrar ali, tentei a letra e, por sorte, entrou — comemorou o atacante.
Artilheiro argentino pós-Copa
O Touro, seu apelido no país, não balança as redes apenas por sorte. Com apenas 21 anos, já marcou seis vezes em dez compromissos pela seleção. Um desempenho que faz dele o artilheiro da equipe no pós-Copa da Rússia. Neste período, fez o dobro de Messi, de quem os argentinos ainda esperam um protagonismo maior.
Pelos clubes, o faro também é apurado. Em sua primeira temporada pela Inter de Milão, nove gols em 35 jogos. No último ano pelo Racing, clube que o revelou, fez 18 em 28 partidas. Até os brasileiros sofreram com ele. Na Libertadores de 2018, marcou três no Cruzeiro e dois no Vasco.
Com o bom desempenho na Copa América, a tendência é que seja ainda mais aproveitado na Inter de Milão. Já Cebolinha, com os mesmos dois gols que o argentino na competição, vive a expectativa de ingressar no futebol europeu. Até o momento, o Grêmio ainda não recebeu propostas.
Éverton: titular pela primeira vez
Éverton é um dos caçulas do grupo em idade e, principalmente, em presença na seleção brasileira. Foi fazer sua estreia como titular apenas na partida contra o Peru, há oito dias. Entre os 23 do grupo de Tite na Copa América, todos já haviam tido o gostinho de ouvir o Hino Nacional no gramado antes.
Para o zagueiro Thiago Silva, a entrada do atacante na equipe titular foi um reconhecimento para o momento que ele vive desde a convocação.
— O corte do Neymar nos deu tristeza, mas encontramos o Cebolinha, que entrou num nível incrível, fazendo grandes jogos, uma grande Copa América. Isso vai fortalecendo a nossa equipe — destacou.