Não fossem as cervejas belgas, pouco teríamos da mesa desse país no Rio. Isso sem falar, claro, de chocolates e gaufres, um primo gorducho do waffle, que volta e meia dá o ar da sua graça em alguns cardápios e em lojas especializadas. Mas restaurante belga mesmo, não tínhamos. E aqui falo no passado, porque, não faz muito tempo, abriu um no Centro, na Rua Andradas. Funciona no térreo de uma bela construção de 1927, restaurada e adaptada para acolher o Belga Hotel, um achado. Tocado por belgas, tem no térreo uma brasserie que abre para o café, almoço e happy hour, com menu de tapas para acompanhar as cervejas chamdo bapas (beer+tapas). Aos sábado, o quadro-negro na porta anuncia: é dia de festival de moules & frites. Não é ótimo?
São quatro versões de mexilhões, que chegam em caçarolas de ferro fumegantes escoltadas por fritas douradas e maionese do chef. A “nature”, só no caldo de vegetais, custa R$ 73, e a moules à l’ail, no alho, R$ 77, mesmo preço das outras duas versões, nas quais mergulhamos de cabeça: Blanche, turbinada com cerveja, e Au vin, com vinho branco no caldo, que trazia aipo, abobrinha, cebola... Tomamos até o fim, de conchinhas.
Entre os “hooffdgerechten”, os pratos principais (ufa), tem espaguete com creme fumê de camarão e camarões frescos (R$ 53) e o clássico poulet sauce archiduc, peito de frango no molho cremoso de cebola com páprica, prato que provei em Bruges, entre muitos copos de cervejas. Não fosse a “belgischecocolademousse”, que mandou uma glicose para dentro, teria deixado o restaurante que conheci na viagem trocando as pernas. E com risco de sumir nos canais. No Centro, que tem a mesma sobremesa (R$ 26), não foi diferente. Só faltaram os canais.