Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

O Globo domingo, 19 de maio de 2019

BIOGRAFIA DETALHADA DE ROBERTO MARINHO ATÉ A CRIAÇÃO DO JORNAL NACIONAL

 

Biografia detalha vida de Roberto Marinho até criação do 'Jornal Nacional'

‘Roberto Marinho — O poder está no ar’ é resultado de seis anos de pesquisa do jornalista
 
Roberto Marinho em frente ao Museu do Louvre, em abril de 1956 Foto: Arquivo O Globo
Roberto Marinho em frente ao Museu do Louvre, em abril de 1956 Foto: Arquivo O Globo
 
 
 

RIO — Em março de 1940, a polícia invadiu “O Estado de S. Paulo”, alegando que o jornal articulava para derrubar Getúlio Vargas. O Brasil vivia a ditadura do Estado Novo, e a censura era comum. Após a invasão, foi convocada uma reunião do Conselho Nacional de Imprensa (CNI), em que o governo sugeria uma intervenção no “Estadão” e queria o apoio dos representantes de classe. A Associação Brasileira de Imprensa e o Sindicato dos Jornalistas votaram com o governo. Mas não Roberto Marinho. O varguista Lourival Fontes, que controlava o CNI, argumentou: “O conselho vai aprovar, é melhor que seja por unanimidade. Vai ficar ruim você ser derrotado”.

 

Roberto Marinho respondeu: “Prefiro ser derrotado. Não vou concordar com esse absurdo”.

Naquela ocasião, o jornal dirigido por Marinho, O GLOBO, não era o primeiro, o segundo e nem o terceiro mais importante do país. Mas ele parecia saber onde iria chegar. O primeiro dos dois volumes de sua biografia, “Roberto Marinho — O poder está no ar”, escrito pelo jornalista Leonencio Nossa e que acaba de ser lançado pela editora Nova Fronteira, mostra décadas da História do Brasil pelo olhar de Marinho, destacando a influência política de quem dialogava com todos os lados, mas evitava radicalismos.

Juventude e boêmia

O período coberto por esse primeiro volume vai até 1969, quando foi lançado o “Jornal Nacional”. No início, o livro mostra como Irineu Marinho, um jornalista ilustre do Rio de Janeiro, fundou O GLOBO, em 29 de julho de 1925. O diretor do novo jornal, contudo, morreu 21 dias após a inauguração, deixando para Roberto, o filho mais velho, a tarefa de ser o “homem da casa” e de cuidar dos negócios. Isso tudo se não fossem dois pequenos empecilhos: Marinho tinha 20 anos quando o pai morreu, e a redação do jornal nunca aceitaria seu comando; além de que, com tal idade, havia um desejo compreensível por boêmia. Pelo bem do GLOBO e da juventude do rapaz, o comando do jornal foi entregue, portanto, ao baiano Eurycles de Mattos, antigo companheiro de Irineu.

 

Marinho interessou-se pelo jornal aos poucos. Enquanto isso, como relata o livro, curtia a cidade. Frequentava sambas e fez amizade com Sinhô. Também namorava, e não era pouco.

Apenas em 1931, após a morte de Eurycles, Marinho, aos 26 anos, assumiu completamente o comando da redação. Era um momento conturbado da História, o primeiro dos muitos que ele acompanharia num assento privilegiado. Getúlio, por quem naquele momento Marinho nutria simpatia, havia assumido o poder no golpe da Revolução de 30. Dali em diante, as relações de Marinho com políticos sempre foram ambíguas.

Contra os extremismos

Leonencio foi minucioso em analisar editoriais e manchetes do GLOBO para, assim, compreender a cabeça de seu diretor. João Goulart, o presidente deposto pelo golpe militar de 64, por exemplo, tinha o apreço pessoal de Roberto Marinho, apesar de o jornal criticar aspectos do seu governo. O problema, para o jornalista, era o extremismo: ele combatera em igual medida o comunismo e o fascismo. Mas poupou Goulart. “O presidente foi tratado como um defensor da ‘liberdade’ e da ‘democracia’, mas, ao mesmo tempo, tornava-se, sob o ângulo do jornal de Marinho, uma figura menor no debate sobre a ‘ameaça’ comunista”, escreve Leonencio.

A biografia também aborda casos controversos na trajetória de Marinho, como o acordo da TV Globo com o grupo americano Time-Life, que levou a uma CPI e acabou encerrado em 1971. Trata, ainda, da atuação do que Leonencio chama de lobistas: eram nomes como o poeta Augusto Frederico Schmidt e o advogado Herbert Moses, que atuaram junto a políticos e empresários pelos interesses das empresas de Marinho — na sequência do GLOBO vieram histórias em quadrinhos, revistas, a rádio e a TV.

 

Ao final deste primeiro volume de sua biografia, Leonencio conclui: “A matemática não define o perfil democrático ou ideológico de Marinho. No emaranhado de paradoxos, ele mostrou coerência, em todos esses momentos, ao defender sua empresa”.


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