RIO e BRASÍLIA - O crescimento do candidato do PSL àPresidência , Jair Bolsonaro , registrado nas pesquisas de intenção de voto recentes, foi amparado também pelo avanço em segmentos do eleitorado tradicionalmente fiel ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em um primeiro momento da campanha, o petista FernandoHaddad se distanciou do bloco intermediário e se aproximou do adversário justamente em função do apoio nos redutos lulistas. Agora, em uma outra fase da eleição, a dificuldade do ex-prefeito de São Paulo de crescer em ritmo mais acelerado nestes estratos e o aumento da identificação destes setores com o capitão da reserva ajudam a explicar, respectivamente, a estagnação de Haddad e a elevação de patamar de Bolsonaro. Além disso, o candidato do PSL também cresceu entre as mulheres, segmento em que tem rejeição acima de sua média.
Entre os eleitores mais pobres - aqueles com renda familiar mensal de até um salário mínimo -, a vantagem continua com o petista, mas foi reduzida na comparação entre as duas pesquisas Ibope mais recentes. Na quarta-feira da semana passada, Haddad tinha 28% dentro deste recorte, contra 13% de Bolsonaro, o que representava uma diferença de 15 pontos percentuais. No levantamento do início da semana, o domínio petista caiu pela metade: Haddad oscilou dois pontos negativamente e marcou 26%, enquanto Bolsonaro subiu seis pontos e chegou a 19%. A faixa mais pobre do eleitorado é bastante relevante do ponto de vista eleitoral: cerca de 40% dos eleitores ganham até dois salários mínimos por mês.
No Nordeste, outro tradicional reduto do lulismo - e onde estão 26% dos eleitores -, Bolsonaro também, pela primeira vez desde o início da campanha, teve um crescimento expressivo. O candidato do PSL saiu de 15% para 21% das intenções de voto na região, um aumento de seis pontos percentuais. Haddad segue líder, com 35% (cresceu cinco pontos na comparação com a pesquisa mais recente), mas em um patamar no qual ela já havia transitado (registrou 34% em 24 de setembro).