SÃO PAULO — A escola Águia de Ourofoi a campeã este ano do grupo especial do carnaval de São Paulo. Desde que foi criada, há 44 anos, a agremiação esperava pelo título. A Águia somou 259,9 pontos e venceu por uma diferença de apenas um décimo da segunda colocada, a Mancha Verde. O presidente da escola, Jurandir Leonardo, destacou a relevância da conquista.
— Eu estou nessa escola nesses 44 anos. Entrei com 9 anos de idade e passei em todos os setores até chegar na diretoria. Esse é um momento histórico para nós — disse Leonardo.
Também bem cotada, a Mancha Verde ficou em terceiro lugar. A Acadêmicos do Tatuapé, que homenageou a cidade de Atibaia, no interior de São Paulo, liderou a maior parte da apuração, mas viu sua pontuação cair durante julgamento do penúltimo quesito. A Águia levou para o sambódromo do Anhembi a evolução do conhecimento humano, num passeio desde a idade da pedra até a geração dos robôs.
—Tenho que agradecer demais a bateria da Águia. Dois dias antes do desfile não tínhamos todas as fantasias. Terminamos a última indo para a avenida — contou o responsável pela bateria da escola, Mestre Juca.
Um dos destaques da Águia de Ouro, escola sediada no bairro da Pompéia, foi um carro alegórico lembrando a bomba atômica de Hiroshima. Integrantes da comunidade japonesa também participaram do desfile.
O presidente da Acadêmicos do Tatuapé, Eduardo dos Santos, lamentou o quarto lugar. A escola ficou quase toda a apuração na liderança da disputa. A reviravolta nos minutos finais da apuração desanimou os dirigentes que acompanhavam as notas.
— Esse ano, diferente do ano passado, a gente achava que tinha feito um bom trabalho e novamente perdemos ponto. Mas vamos acatar, entender o que fizemos de errado. Um carnaval competitivo como o nosso, a gente liderar 7 dos 9 quesitos é um indicador do trabalho bem feito — disse.
Foram rebaixadas para o grupo de acesso X-9 Paulistana e Pérola Negra. A Gaviões da Fiel, sob comando do aclamado carnavalesco carioca Paulo Barros, amargou o 11º lugar. As escolas Vai-Vai e Acadêmicos do Tucuruvi subiram para o grupo especial.
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Carnaval de homenagens e inovações tecnológicas
Em dois dias de desfile pelo sambódromo do Anhembi, Zona Norte da capital, 14 escolas entraram na avenida. Os enredos foram da revolução tecnológica à resistência negra.
No primeiro dia, desfilou a Tom Maior, que homenageou a ex-vereadora carioca Marielle Franco, assassinada em 2018. A escola levou para a avenida um enredo sobre personalidades negras.
Na noite seguinte, a Rosas de Ouro fechou o carnaval falando de inovações tecnológicas e abusou da interatividade, com imagens nos carros que poderiam ser filmadas por um aplicativo e interagia com o público no celular. Na frente da bateria, um robô também fez as vezes de destaque.
A Mocidade Alegre deixou a passarela no último dia de desfile como favorita, mas acabou em terceiro lugar. A Mocidade falou sobre o poder feminino e levantou arquibancada com o samba-enredo e alegorias luxuosas.
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A Liga das Escolas de Samba de São Paulo apostou este ano na ousadia das baterias. As escolas só conseguiriam nota 10 se apresentassem alguma performance diferente no sambódromo. Além disso, a paradinha (quando os integrantes da ala param de tocar os instrumentos por algum segundo) e outros efeitos passaram a ser obrigatórios.
Mais um ano a apuração do carnaval de São Paulo não teve a presença de torcida. Desde o episódio em que um representante de uma escola rasgou fichas dos jurados em 2012 durante a apuração, a divulgação das notas passou a ter a presença apenas para a diretoria das agremiações.