RIO — Faltando menos de duas semanas para os desfiles das escolas de samba na Sapucaí, os amantes da folia já estão precisando controlar a ansiedade. Mas quem estiver quase no limite pode esquentar um pouco os tamborins com a exposição “Elza Deusa Soares”, que a Mocidade Independente de Padre Miguel abre hoje na Biblioteca Parque Estadual, no Centro.
— A Elza gera interesse no grande público por si só, mas a exposição ajuda a despertar ainda mais a expectativa sobre o desfile — acredita Jack Vasconcelos, que pela primeira vez expõe seu trabalho antes de o desfile acontecer.
Outro aspecto da iniciativa da Mocidade, segundo o carnavalesco, é a conexão estabelecida entre o ambiente popular da folia com o universo, em princípio, erudito de uma exposição, ainda muito vinculada a determinada visão sobre quem frequenta museus.
— Para grande parte da população, carnavalesco não é artista. Mas há uma mudança, acredito eu. A internet permite que as pessoas acompanhem todo o processo de criação, durante muitos meses. Há também mais veículos de mídia cobrindo a preparação dos desfiles — diz.
Quem for à exposição, cuja entrada é gratuita, também vai encontrar um material explicativo sobre o desenvolvimento do enredo, que parte da origem humilde da homenageada na favela de Moça Bonita, atual Vila Vintém. Também haverá um sorteio de um par de fantasias, além de rodas de bate-papo com personalidades da escola, do samba e da cidade.
Taisa Ferreira, do Departamento Cultural da Mocidade, conta que os itens levados ao público foram reunidos basicamente com o material que a escola já havia conseguido sem o reforço do acervo pessoal de Elza. Afinal, são mais 40 anos de relação entre a escola e sua musa, que já foi do posto de puxadora, nos anos 1970, ao de rainha de bateria, em 2010.
— Foi uma iniciativa arriscada, ainda mais em tempos de carnaval, mas ela merece. Assim como a Mocidade, Elza foi pioneira, brigou com Deus e o mundo para mostrar poder — celebra Taisa.